quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Dicionário Caipira / Sertanejo


C
  
Cabeça secco - Soldado da policia.
Caboclo - Caipira cor de cuia ou cobre, descendente dos bugres.
Cabra - (bom, valente, sarado, etc.) - Individuo.
Cabra - Mulato, ou mulata.
Cabrita - Mulata nova.
Cabreúva - Madeira de lei tambem chamada Oleo ou balsamo.
Cabórge - Força mysteriosa. Valentia sobrenatural. Força occulta proctetora do valente.
Caça - Animaes selvagens.
Caça foice - Vagabundo. Homem inutil.
Cadorna - Pequena perdiz - codorna.
Caguira - Azar. Caiporismo. Medo.
Cahidas - (mulheres). Apaixonadas.
Caieira - Monte de lenha que, logo depois de aceza, toma o nome de fogueira.
Caiçara - Caboclo ruim, incorreto. Não uzam os caipiras do planalto a expressão caiçara, como denominação de caipira da beira-mar. No tupy guarany, "caaiçá" quer dizer "cerca de ramos a que se recolhem os peixes pescados". "Caí" tambem quer dizer o gesto do macaco tapando o rosto. . . Gesto commum ás crianças, caipiras. . . Caiçára tambem quer dizer trincheira, paliçada, arraial.
Caipira - Por mais que rebusque o "etymo" de "caipira", nada tenho deduzido com firmeza. Caipira seria o aldeão; neste caso encontramos no tupy guarany "Capiabiguára". Caipirismo é acanhamento, gesto de occultar o rosto; neste caso, temos a raiz "caí" que quer dizer: "Gesto do macaco occultando o rosto". "Capipiara", quer dizer o que é do mato. "Capia", de dentro do mato: faz lembrar o "capiáu mineiro. "Caapi", - "trabalhar na terra, lavrar a terra" - "Caapiára", lavrador. E o "caipira" é sempre lavrador. Creio ser este ultimo caso mais acceitavel, pois, "caipira" quer dizer "roceiro", isto é, lavrador.
Sinonimos de "caipira" conheço apenas os seguintes-"Capiáu", em Minas; "quejeiro", em Goyaz; "matuto", Estado do Rio e parte de Minas; "mandy", sul de S. Paulo; guasca ou gaúcho no Rio Grande do Sul; "tabaréo", Districto Federal e alguns outros pontos do paiz; "caiçara", no litoral de S. Paulo e em todo o paiz, "sertanejo".
Caipóra ou capóra - Infeliz - Do tupy-guarany: "Caapó" -mateiro. Pessôa do mato. Duende sertanejo, protector das caças, anda montado num grande porco selvagem.
Calhambóla - V. canhimbóra.
Caimbra - (doença). Camaras.
Cambuquira - Grelos, brotos de aboboreira.
Campear - Procurar.
Cambetear - Andar tropegamente. Empurrado, correr sem querer batendo uma perna na outra, quasi cahindo.
Cambaio - Perna torta. Que puxa por uma perna no andar.
Cambito - Pernil de porco. Peça para apertar correias e arreios.
Camera - Camara Municipal.
Canelleira - Arvore imponentemente alta.
Canhimbóra ou Canhambóra - Escravo fugido, tornado selvagem nas matas. Do tupy-guarany - "cañybó": o que foge muito.
Canfrô - Alcanfora.
Candimba - Lebre.
Comatio - Corda de viola.
Capêta - Diabo - Satanaz.
Capoeira - Mata de foice, ou mata nova nascida depois de derrubada a mata virgem. Do tupy-guarany: "Caa - mata- "poera" - que foi.
Capoeirão - Capoeira grossa quasi como mata-virgem: "capoeira de machado".
Capim - Graminea - Do tupy guarany "Caapim".
Carpir - Cortar cerce o pequeno mato. Tupy-guarany, "Caapi".
Carapina - Tupy-guarany Carpinteiro.
Carona - Peça de couro collocada sob o arreio e sobre os baixeiros. Gozar sem pagar um divertimento.
Carpa - Capinação.
Capanga - Indivíduo assalariado para guarda de alguem, e que obedece quando o pagante manda agredir ou matar. Em Minas, Goyaz e Norte, tambem têm o nome de "jagunço".
Capanga - Pequeno sacco que se traz a tiracollo.
Cardume - (de peixe) - grande quantidade.
Cardósa - Feminino de Cardoso, como Ribeira o é de Ribeiro.
Carreiro - Trilho feito e seguido pelas caças.
Carreira - Rima obrigatoria nas danças caipiras. Ha a carreira do "Sagrado" (toda a rima em ado), ha a de S. João, do Itararé, do Marruá etc.
Carancho Ave de rapina. O maior dos gaviões.
Carreação - Diarrhéa. Desinteria. "Destempero".
Carreador - Caminho improvisado na lavoura para se tirar em carros o producto da lavoura.
Catingueiro - Variedade de capim. Pequeno veado.
Caugdo ou Cáudo - Cágado.
Cavorteiro - Velhaco.
Caraminguás - Miudezas. Dinheiro miúdo achado no fundo da algibeira ou da mala. Tupy guarany: "Carameguá" -caixa ou cesto para miudezas.
Catira ou Cateretê - Dansa de caboclos formando duas linhas de seis ou mais pessoas, dois a dois, frente a frente, com violas. Cantam em dueto os cantadores seus amores ou os factos principaes do bairro e redondezas, respondendo o côro, sapateando nos intervaílos sob compassos marcados a palmas. O som dos pés no chão e as palmas formam variada musica.
Casaca de ferro - Empregados encasacados de circos de cavallinhos. Serventes encasacados.
Cassununga - Pequena e bravíssima vespa.
Catirina - Prostituta.
Cavado - (amigo, dinheiro). Arranjado. Conquistado.
Cerne - Amago da madeira. Pau que dentro d'agua não apodrece. Estar no cerne (homem) resistir o tempo; não envelhecer.
Cêrto de bocca - Cavallo adestrado e docil ás redeas.
Cerrado ou cerradão - Mata rachitica e escassa em terras que absolutamente nada produzem; nem capim de bôa qualidade.
Cerigote - Arreio semelhante ao lombilho.
Ceriema - Ave pernalta dos campos.
Cerelepe - Espécie de esquilo. Canxinguelê, do Norte.
Chavié ou xavi - Desinchabido - Desapontado.
Chan-chan - Ave trepadora que com seu canto avisa a approximação de alguem, avisando o caipira. É nome onomatopaico. "Cão-cão", do Norte e "Can-can", dos bugres.
Chabó - Andorinha grande de cabeça chata. Taperá-guassú.
Chapadão - Crapada - Rechã - Planalto. Araxá.
Charrôa - Remate de uma obra de couro trançado.
Chimbica - Jogo de cartas tambem chamado manilha.
Chimburé - Peixe de escamas, d'agua doce.
Chico-lerê - Passaro patéta. . . Paulo-pires; jucurêrê.
Chichica - Escremento. Sujidade.
Chiqueirador - Grosso relho com cabo de madeira em forma de chicote.
Chimbéva (homem). Nariz chato, do tupy guarany: "Ti": nariz; "péva": chato.
Chilenas - Esporas grandes.
Chilipe - Carcere.
Chilique - Desmaio.
Choren - Cão sarnento. Gafo.
Chuva - Bebado - Alcoolico.
Chuãã - Cesto ponteagudo para transporte de fructas. É tupy guarany.
Chucro - Bebado - Cavallo não domado ou amansado.
Chupim - Passaro preto menor que o vira-bosta. Come os óvos do tico-tico e põe os seus no lugar, criando o tico-tico os filhos do chupim, apesar da enorme differença. O tico- tico é rajado e o chupim é preto.
Chupim - Marido de professora quando sustentado por ella.
Chumbeado - Bebado.
Cobre - Dinheiro mesmo em papel moeda.
Cócre - Pancada com os "nós dos dedos" na cabeça, tendo a mão fechada.
Cócre de - Cocoras. Sentado sobre os proprios calcanhares
Cogote - Toutiço, cangote.
Coivara - Galhos e ramos que resistiram o fogo das queimadas, ficando apenas com as cascas queimadas ou chamuscadas. Geralmente os autores têm confundido "coivara" com "encoivarar", que quer dizer reunir as "coivaras" para queimar, afim de "destrancar" a roça.
Colondria - de ladrão - Quadrilha de ladrões.
Como que - Extremamente.
Comeu-chão - Venceu grande distancia, em marcha.
Consoante - De accordo. Conforme.
Convencido - Soberbo. Emproado. Vaidoso.
Coró - Verme. Bicho de pau pôdre.
Coróte - Ancorote. Vaso de madeira em fórma de pequeno barril portatil a tiracolo.
Corymbatá Peixe de escama, papa-terra.
Corpo. - Cadaver.
Corruira - Passarinho caseiro insectivoro. Carriça - Cambaxirra, do Norte. Ha a "corruira d'agua" que faz seus ninhos labyrinthicos de milhares de pausinhos, impenetrável para as cobras e mais inimigos.
Criozena - Petroleo, Kerozene.
Cren-dós-padre - Creio em Deus, Pae.
Crioulinhos (Em desuzo) - Pretinhos, filhos de escravos.
Cria - (estar com) - Filho novo de animal cavallar, caprino, ovino ou bovino.
Curupira - (No tupy guarany não ha r forte). Duende selvagem. do Norte, pouco conhecida é a sua lenda em S. Paulo.
Cuzarruim ou Coiza-ruim - Satanaz - Diabo.
Curió - Passaro canoro dos pantanaes.
Cuja - A metade de um porungo ou cabaça.
Cuitélo - Beija-flor. Colibry.
Cuipeva - Colhér.
Cuipé - Pá de madeira para o forno.
Cuéra - Decidido. Valente. Bom. No tupy-guarany quer dizer convalescente.
Cuiára - Habil no jogo. Velhaco. Espertalhão. Rato silvestre.
Cumieira - Parte mais elevada da casa.
Currução - Molestia nervosa. Deita-se a victima, sem dores, e não ha o que a faça deixar o leito. Come se lhe dão comida, sinão, pouco se incomoda.Há moléstia semelhante que na França chamam "corru".
Cumerações - Calculos.
Curtindo - Suportando, triste, uma paixão ou ciume.
Curiango - Ave nocturna.
Cururú - Dansa em que tomam parte os poetas sertanejos, formando roda e cantando cada um por sua vez, atirando os seus desafios mutuos. Os instrumentos usados são: a "puyta", (Instrumento africano trazido pelos escravos), rouquenha, em forma de um pequeno barril tendo o fundo de couro de cabra com uma varinha ao centro; a trepidação produzida com um panno molhado empalmado pelo executante, produz o som, um verdadeiro ronco; o "réqueréque" que é um gommo de bambú, de meio metro, dentado, em que o tocador passa compassadamente uma palheta do mesmo vegetal, secco; o "pandeiro", os "adufes", e a celebre "viola". Os "cururueiros" cantam sem amostras de cansaço, desde o anoitecer até o amanhecer.
É uma dansa mixta do africano e do bugre.

Dicionário Caipira / Sertanejo

B
  
Bacaiáu - (Bacalhau). Instrumento de tortura usado noutros tempos contra escravos. Era um mixto de relho e chicote, com quatro tiras de couro no extremo, em logar da tala.
Bacazio - Tiro forte, com grande estampido.
Baderna - Bebedeira acompanhada de desordem.
Bagre - Peixe de couro.
Baguá - Bagoal. Cavallo inteiro. Grande. Volumoso.
Bandeirantes - Desbravadores dos sertões brasileiros eram, geralmente, paulista de tempera jamais igualada, pois sem estradas e bussolas, percorreram todo o Brasil á cata de ouro e pedras preciosas. Levaram os hespanhóes até o Rio da Prata e chegaram a collocar marcos de posse em pleno centro do Perú. Os bandeirantes demarcaram as fronteiras da Patria, dilataram a Nação, e fizeram o Brasil.
Muitos delles só se dedicavam á escravisação dos indios.
Bangué - Padiola em desuzo, podendo transportar uma familia. Tinha quatro cabeçalhos para um animal em cada ponta, sendo carregada suspensa sobre dois animaes.
Banzé - Desordem. Conflicto. "Rôlo".
Banzativo - Preocupado. Pensativo. Triste.
Bacapary - Deliciosa fructa sylvestre, trepadeira, menor que a jaboticaba.
Barba-de-bode - Capim (graminea) de terra exgotada. Marca de terra ruim.
Bardeado - Transportado.
Barróca - Despenhadeiro. Valle. Grota. Sulco profundo na terra.
Batuira - Ave ribeirinha, pernalta, a que tambem chamam "monjolinho" ou "monjoleiro".
Bate-pé - Dansa cabocla. O mesmo que "sapateado", "cateretê ou "catira".
Batê-bocca - Discussão. Altercação.
Batuque - Dansa de pretos. Formam roda de sessenta e mais pessoas, que cantam em côro os ultimos versos do "cantador" e ao som dos tambús, - tubos de madeira com uma pelle numa das extremidades e que produz sons altos com diversas graduações, - requebram e saltam homens e mulheres, dando violentas umbigadas uns contra os outros. Usa-se tambem nessas dansas, o quingengue - semelhante ao tambú, tendo inteiriça a metade do volume. O compasso é marcado também com palmas. - Hoje raramente dansa-se o batuque. Confundem-no com o jongo e este com o samba. . . Batuque é dansa de negros e o samba é dansa de caboclos...
Bão-de-sá - Bem temperada (comida).
Bebudo - beudo - Alcoolisado. Embriagado.
Beicinho - Movimento de pouco caso com os labios. Distensão do labio inferior, prenunciando chôro e desaponto.
Bentinho - Medalha com imagem benzida pelo padre romano.
Berne - Verme que se introduz na pelle das aves e no couro dos animaes.
Bitatá - Fogo fatuo. Do tupy guarany: "Mboytatá" - mboy:cobra, - tatá: fogo. Diabo. Espirito dos não baptisados.
Birro - nome onomatopaico de um passaro que procura para habitação casas e igrejas velhas.
Boava - Portuguez, no sentido pejorativo. Do tupy guarany "Amboabaê" - pessoa estranha.
Bobagem - Tolice.
Bocage Palavriado insultuoso e depravado.
Bocó - Vasilha feita de couro ou crosta do tatú: sem tampo o bocó está sempre aberto, d'ahi chamarem "bocó" ao "bocca-aberta", palerma ou bobo, ou "bobó".
Bocó - Pateta.
Bodoque - Arma rustica de pau em arco, com cordas e malha para arremesso de pedras ou pelote de barro.
Bolantim - Circo de cavallinhos. Artista equestre ou gymnasta.
Bolo - Pancada com a mão, palmatoria ou regua, na palma da mão.
Botá-a-cuié-torta - Intrometter-se onde não é chamado.
Bóto - (a faca) - Metto a faca.
Botá - Pôr. Collocar.
Braba - Bravia - (Sertania) - Inculta, desconhecida.
Branca - Aguardente de canna.
Bragado - Cavallo manchado de branco e zaino.
Brascuiá - Vasculhar.Remexer no fundo do bolso.
Broca - Ferida profunda que só ataca as mãos, não os pés, do cavallo ou burro.
Bruaca - Grandes bolsas de couro crú, para transporte em lombo de animal - Duas bruacas formam o cargueiro.
Bruaca - (pejorativo) - Mulher velha, imprestavel.
Bufar - Dizer-se valente.
Bugio - Macaco barbado. Engenhoca para canna; produz sons na moagem iguaes ao roncar do bugio.
Bugre - Selvicola - Indio do Brasil.
Buquinha - Beijo.
Buré - Sopa do caldo de milho verde.
Burcão - Bulcão - "Cummulus" prenunciadores de chuvas.
Burbuia - Bolhas de ar que sóbem á tona d'água; bolhas de puz. Do tupy-guarany "bubúi": sobre-nadar.
Buta - (comer) - Ser logrado, enganado. Butia, é um vegetal medicinal, muito amargo; o estrangeiro, metido a sabichão, ao ver-lhe o fructo, colhe, elogia-lhe a doçura e. . . mete-lhe os dentes. . . Comeu Buta. . . a fructa é amarga.
Buxa - Logro, velhacamente preparado num negocio ou barganha.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dicionário Caipira / Sertanejo

Continuando com as novidades começamos a apresentar o Dicionário Caipira / Sertanejo.


Brasileirismos, archaismos e corruptelas coligidos por Cornélio Pires e empregados na "Musa Caipira", "Scenas e paisagens de minha terra", "Quem conta um conto...", e em muitas de suas obras literárias. Foi mantida a ortografia da época por respeito ao trabalho do autor.

A
 
Aááb! - Exclamação correspondente a "Ave Maria", "Aáááh!...Maria Credo".
Abancamos - Sentamo-nos em bancos.
Abancar - Correr fugindo ou em perseguição de alguém.
Abrir-o-pala - Fugir correndo.
Acauan - Ave que se alimenta de reptis. Seu canto prenuncia a chuva.
Acabritada - Amulatada - Mestiça de branco e preto.
Aceiro - Terreno capinado ao redor da roçada a ser queimada.
Afincar o pé - Caminhar com energia. Correr.
Afiniz - Doce - Alfenim.
Agarrar ou Garrar - Principiar. Segurar. Tomar um caminho -"Garrei a estrada".
Agregado - Indivíduo que vive parasitariamente em terra alheia.
Agua-de-assucar - Agua com assucar.
Aguado - Diz-se do cavallo que adoece vendo os outros comer ou beber tendo elle fome e sede.
Aguia - Finorio. Intelligente. Astuto.
Aiva - Desorientado. Fóra de si. Misterioso. Esquesito. Sensação indefinivel.
Alentado - Robusto. Forte.
Alimá - Animal cavallar ou muar.
Aluncio - Annuncio.
Amarrano - Cão negaceando a presa. Preando a perdiz.
A'me! - Exclamativo: "homem"!
Amiudá - Diz-se quando os gallos vão diminuindo o canto ao amanhecer.
Amó-que - A modos que... Parece-me...
Amóde - Por causa de...
Andasso - Epidemico.
Antónho Conseiêro - Pantomima extrahida da grande tragedia bahiana em que o governo chacinou sem razão os sertanejos chefiados pelo caipira Antonio Conselheiro.
Anún - Pássaro preto insectivoro, que acompanha os animaes no campo. Há tambem o "anún branco".
Anún - ficar de - Nú.
Apalermado - Boquiaberto. Abobarrado.
Aparêio - Isqueiro, pedra de fogo de fuzil. Apparelho de fogo.
Após-as-aguas - Depois das chuvas. Aguas, tem o sentido de "chuvas".
Aporrinhar - Cacetear. Amolar. "Ser páo". Vem de porrete.
Ara. . . se - O'ra. . . se. . . Vale a pena
Araponga ou Guaraponga - Ave cujo canto imita o retinir do martello na bigorna, entre sons similhantes aos produzidos por lima, ao se afiarem as grandes serras "traçadeiras". Chamam-lhe porisso o "Ferreiro" ou "Serrador": "Gúiraponga", do tupy-guarany.
Araribá - Arvore grande.
Arejar - Estupôr no cavallo que apanha golpe de ar estando suádo.
Arimbá - Vasilha de barro.
Arisca - Mulher facil. Esposa infiel.
Arriba! - Acima! "Arriba o samba"! Sús!
Arrebentado - Fallido. Empobrecido.
Arrendado - (animal) - Descadeirado. Animal de montaria que, forçado pela redia e espora, deixa o trote natural, para marcha, transformando-se assim um "trotão" em "marchador". A definição dada noutros volumes está errada). -Nota do Autor.
Arrotar - Fazer-se valente. Provocar com arrôtos e escarros. Gabolice.
Arrudado - Zangado. Impulsivo. Bravo
Arma-penada - Duende. Assombramento. Espirito que paira sem destino.
Arma do padre Aranha - Celebre assombração que perseguia os tropeiros.
Arvado - Parte em que se encaba a foice.
As-coisa-feito - Feitiçaria. Magia negra. Bruxaria.
Atiçar - Açular. Instigar. Compellir.
Atripeçar - Sentar-se em tripeça.
Atrodia - (istrodia - strudia - trodia - estrodia) - Noutro dia. Ha poucos dias.
Avacalhar-se - Desdizer-se. Retratar-se. Abandonar seus companheiros em politica, sem-vergonhamente, a pretesto de tranzigencia.
Aviamento - Apetrecho para a caçada. Polvora, chumbo e espuletas.
Azeite de carro - Oleo grosso de mamona.
Azeitinho - Oleo de ricino, purgativo.
Azoretado - Irritadiço. Nervoso. Zangado.
Azucrinado - A mesma coisa que "Azoretado".

Nossas Receitas - Arroz Carreteiro Mineiro

Bom dia pessoal. Estamos voltando depois de um tempo afastado para trazer novidades. Logo a seguir uma receita deliciosa de se preparar e de se deliciar: Arroz Carreteiro Mineiro.

Vamos em frente!!!

Tempo de Preparo: 40 min.
Nível de Dificuldade: Fácil

Ingredientes:

½ kg de carne seca;
250 g de lingüiça de carne de porco defumada;
100 g de toucinho defumado cortado em cubinhos;
3 colheres (sopa) de óleo;
1 dente de alho amassado;
1 cebola picada;
2 xícaras de arroz;
2 cubinhos de caldo de carne

Modo de Preparo:

Cortar a carne em vários pedaços e deixar, de véspera, de molho, em bastante água.
Escorrer e enxugar.
Picar em cubinhos.
Retirar a pele da lingüiça, cortando-a em rodelas finas.
Fritar o toucinho, refogar o alho e a cebola.
Acrescentar a carne e a lingüiça, e fritando mais um pouco.
Acrescentar o arroz e o caldo de carne, dissolvido em 4 xícaras de água fervente.
Cozinhar em fogo baixo, em panela tampada, por 20 minutos. 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Nossas Receitas - Arroz Doce

Ingredientes:

2 colheres de açúcar
1 cabeça de cebola roxa
canela em pau a gosto
1 litro de leite
1 pitada de sal
4 gemas


Modo de Preparo:

Cozinhar o arroz só com água. Depois de cozido e seco, adicionar o leite. Esperar ferver. Colocar o açúcar e o sal. À parte, dissolva as gemas num pouquinho de leite e misturar ao arroz-doce. Não deixar talhar. Colocar a canela por último.

Nossas Receitas - Abóbora recheada com carne de sol

Ingredientes:

2 colheres de requeijão cremoso
2 colheres de leite de coco
100 gramas de carne de sol desfiada
1 abóbora de 100 gramas


Modo de Preparo:

Abóbora:
Cozinhar a abóbora na água com sal por cerca de 15 minutos. Desfiar a carne de sol. Depois da abóbora cozida, cortar a tampa e retirar as sementes. Obs.: Antes de desfiar a carne, deixá-la de molho de um dia para o outro.

Recheio:

Misturar a carne de sol, o requeijão, leite de coco e algumas folhas de manjericão. Acomodar a mistura dentro da abóbora. Levar ao forno por mais ou menos 7 minutos. Depois colocar no prato decorado com o repolho e o tomate cereja. Para Decorar Tomate cereja, repolho roxo e manjericão.

Nossas Receitas - Abobrinha Sertaneja

Ingredientes:

1 colher (sopa) de extrato de tomate
100 gramas de carne de porco salgada
100 gramas de toucinho defumado
100 gramas de lombinho defumado
100 gramas de linguiça de porco
100 gramas de carne seca
1 dente de alho socado
1 cebola roxa grande
1 pimentão vermelho
1 Kilo de abobrinha
1 pimentão verde
1 tomate verde

Modo de Preparo:

Lavar a abobrinha e cortar em rodelas. Colocar água para ferver com sal e afervente a abobrinha por 5 minutos. Escorrer. Retirar o sal das carnes e cortar em pedaços. Fritar o toucinho e juntar a carne até dourar. Adicionar o alho e deixar dourar. Cortar os pimentões em tirinhas, picar o tomate e a cebola, juntar o vinagre e o extrato de tomate. Acrescentar tudo à carne e misturar bem. Retirar do fogo, não deixar os temperos fritar. Retirar toda a carne da panela, deixando um pouco de gordura. Colocar a abobrinha nessa panela e levar ao fogo baixo, mexendo para envolvê-la bem na gordura. Retirar do fogo e colocar a abobrinha numa fôrma. Despeje por cima a carne com os temperos. Servir quente.

Rendimento:

8 porções

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mineiro de Fato


Minas Gerais é um coração de ouro em peito de ferro


Nossas Receitas - Torta Mineira com Queijo

Tempo de Preparo: 45 min.
Nível de Dificuldade: Moderado

Ingredientes:

2 1/4 de xícara (chá) de farinha de trigo
1/2 colher (chá) de fermento em pó
1/2 colher (chá) de sal
1/2 xícara (chá) de manteiga gelada picada
1/2 xícara (chá) e 4 colheres (sopa) de leite
1 cebola picada
3 dentes de alho picados
5 tomates médios sem pele e sem sementes
3 colheres (sopa) de azeite de oliva
1 colher (sopa) de molho inglês
1 colher (sopa) de orégano
2 1/2 xícaras (chá) de queijo de minas meia cura
1/2 colher (chá) de molho de pimenta
1 gema batida



Modo de Preparo:

Prepare a massa: junte 2 xícaras (chá) de farinha de trigo, o fermento, o sal e a manteiga.
Misture com as mãos até obter uma farofa.
Junte 4 colheres (sopa) de leite e amasse.
Faça uma bola, embrulhe em filme plástico e ponha na geladeira.
Prepare o recheio: refogue a cebola, o alho, o tomate e o azeite por 5 minutos, mexendo às vezes.
Abaixe o fogo para médio, tampe e cozinhe por 10 minutos.
Adicione o molho inglês e o orégano.
Dissolva 1/4 de xícara (chá) da farinha de trigo no restante do leite e junte à panela, com o queijo e o molho de pimenta e mexa por 5 minutos até engrossar e deixe esfriar.
Para montar: com um rolo, abra a massa sobre o fundo da forma.
Com uma faca, apare a borda e encaixe o aro.
Forme rolinhos com uma parte da massa restante.
Pressione-os na lateral da forma até revesti-la.
Recheie e cubra com a massa restante.
Pincele com a gema reservada e asse por 40 minutos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nossas Receitas - Suflê de Abóbora

Boa tarde pessoas. Estamos aqui para postar mais uma receita deliciosa: Suflê de Abóbora.

Vamos em frente!

Tempo de Preparo: 30 min.
Redimento: 07 porções
Nível de Dificuldade: Fácil

Ingredientes:

01 abóbora média
02 ovos
01 colher (sopa) de farinha de trigo
Queijo ralado
01 cebola ralada
02 colheres (sopa) de margarina
Sal e pimenta-do-reino a gosto



Modo de Preparo:

Cozinhe a abóbora e amasse com um garfo.
Coloque em uma tigela e adicione os outros ingredientes, mexendo até formar uma massa homogênea.
Passe margarina em uma assadeira, coloque a massa e leve ao forno quente para assar.
Quando dourar, retire e sirva.



domingo, 22 de julho de 2012

Nossas Receitas - Grão de Bico a Mineira

Boa noite "pessoar". Estamos ai com mais uma receita "à la Mineira". Grão de Bico a Mineira.

Vamos cozinhar.

Tempo de Preparo: 1 h
Nível de Dificuldade: Fácil
Rendimento: 10 porções

Ingredientes:

500g de grão de bico
250g de linguiça defumada
02 cebolas picadas
Pimenta
Azeite
01 colher (sopa) de vinagre
sal a gosto
02 dentes de alho
02 tomates picados
02 ovos cozidos
Azeitonas
Cheiro-verde



Modo de Preparo:

Deixe o grão de bico de molho na véspera.
No dia seguinte, cozinhe bem e refogue com alho e cebola fritos no azeite, pimenta, sal, tomates, ovos, azeitonas e cheiro-verde.
Em outra panela, cozinhe a linguiça.
Depois de cozida, pique bem e misture ao grão de bico com o caldo.

Nossas Receitas - Dobradinha a Mineira

Tempo de Preparo: 2 h
Nível de Dificuldade: Fácil
Rendimento: 10 porções

Ingredientes:

1 kg de dobradinha
2 colheres (sopa) de caldo de limão
2 colheres (sopa) de óleo
3 tomates
1 cebola
4 dentes de alho
Cheiro verde
Cominho
Colorau
Pimenta a gosto



Modo de Preparo:

Lavar muito bem a dobradinha com limão.
Deixar de molho em água fria por uma hora.
Partir em pedaços pequenos.
Cozinhar em panela de pressão.
Quando estiver bem cozida, refogar com todos os temperos picados.
Juntar água e deixar ferver até formar um molho grosso.
Servir com arroz e limão

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Nossas Receitas - Galinhada Mineira

Tempo de Preparo: 50 min.
Nível de Dificuldade: Moderada
Rendimento: 10 porções

Ingredientes:

250 gramas de arroz
1cebola média
1cheiro verde
1 galinha
1 folha de louro
4 colheres de óleo
2 pimentões
3 tomates maduros
1 colher (sobremesa) de tempero mineiro
Tempero mineiro:
200 gramas de alho
1/2 kg de cebola
1 molho de cebolinha verde
2 pimentões verdes
1 molho de salsa
sal à gosto


Modo de Preparo:

Tempero mineiro: picar a cebola, o alho, o pimentão, cebolinha e salsa. Bater no liquidificador. Colocar o sal.
Galinhada: limpar, lavar e cortar a galinha em pedaços, pelas juntas.
Aquecer bem o óleo numa panela.
Juntar a cebola em rodelas, os tomates, pimentões picados e demais temperos.
Juntar a galinha e deixar cozinhar.
Adicionar o arroz e refogar.
Acrescentar água fervendo e deixar cozinhar em fogo forte, reduzindo depois para fogo brando, cozinhar com a panela tampada.



Nossas Receitas - Bolo Cremoso de Milho Verde

Tempo de Preparo: 50 min.
Nível de Dificuldade: Moderada

Ingredientes:

02 xícaras (chá) de milho verde
02 xícaras (chá) de açúcar
01 xícara (chá) de leite
01 xícara (chá) de leite de coco
03 colheres (sopa) de manteiga
04 colheres (sopa) de queijo ralado
03 ovos inteiros
05 colheres (sopa) de farinha de trigo



Modo de Preparo:

Bater todos os ingredientes no liquidificador.
Misturar levemente 1 colher de fermento em pó.
Levar ao forno para assar em forma untada.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Nossas Receitas - Biscoito de Polvilho Doce

Bom dia. Continuando com as receitas de quitutes e quitandas hoje apresentamos o Biscoito de Povilho Doce. Ideal para um belo café da manhã. 

Tempo de Preparo: 50 min.
Nível de Dificuldade: Médio

Ingredientes  

2 copos (americanos) de polvilho doce  
1/2 copo (americano) de óleo  
1 copo (americano) de água  
3 ovos  
Sal a gosto  
1 colher (sobremesa) de açúcar cristal


Modo de preparo  

Ferva a água com o óleo.  
Em seguida, escalde o polvilho.  
Coloque sal a gosto, o açúcar e os ovos um a um.  
Dependendo do tamanho dos ovos, usará de 3 a 5 para a massa não ficar dura.  
Sove bem.  
Em assadeira, modele os biscoitos com o bico de confeitar.  
Leve ao forno quente para assar.




Nossas Receitas - Abóbora a Mineira

Tempo de Preparo: 35 min.
Nível de Dificuldade: Fácil

Ingredientes
 
2 litros de água  
1 colher (sobremesa) de sal  
2 abobrinhas caipira médias em cubos grandes  
3 colheres (sopa) de manteiga  
1/2 colher (sopa) de óleo  
2 cebolas em rodelas  
Sal e pimenta do reino à gosto  
2 colheres (sopa) de farinha de rosca  
1 xícara (chá) de queijo minas padrão ralado


Modo de preparo  

Em uma panela, ferva a água com o sal.  
Coloque a abobrinha e cozinhe por 3 minutos.  
Escorra e reserve.  
Em uma panela, aqueça a manteiga com o óleo e refogue a cebola.  
Junte a abobrinha, tempere com sal e pimenta.  
Disponha em um refratário pequeno.  
Misture a farinha com o queijo e polvilhe sobre a abobrinha.  
Leve ao forno médio, pré aquecido, por 10 minutos ou até dourar.  
Sirva em seguida.
Rendimento:  4 porções


terça-feira, 3 de julho de 2012

Nossas Receitas - Bolo de Fubá Caipira

Boa tarde. Iniciamos mais uma etapa no quadro Nossas Receitas. Vamos postar também receitas de "quitantas" e "quitutes" de Minas Gerais. E para começar: Bolo de Fubá Caipira.

Tempo de Preparo: 50 min.
Nível de Dificuldade: Fácil

Ingredientes:

- 3 xícaras de fubá,
- 1 xícara de farinha de trigo,
- 3 ovos inteiros,
- 2 xícaras de açúcar,
- 1 pitada de sal,
- 2 xícaras de leite,
- 1 colher (sopa) de fermento,
- erva-doce moída.

 

Modo de Preparo:

Ferva o leite junto com a erva-doce, para que o bolo fique impregnado de seu aroma. Em seguida misture os ingredientes líquidos e vá adicionando, aos poucos, os sólidos. Coloque numa fôrma untada, leve ao forno bem quente e deixe por 40 minutos.

 

 

 

Nossas Receitas - Delícias Mineiras - Resume

A cozinha mineira encanta não somente porque é a mais característica do Brasil, mas sobretudo porque é feita de pratos ricos em sabor e cheios de histórias próprias. São histórias bem brasileiras que remontam à época dos escravos, o ciclo do ouro, das pedras preciosas e que nos falam de cidades importantes como Ouro Preto, Diamantina, Sabará e outras, onde se escreveram muitas páginas da história brasileira.       A preparação desses pratos em ambientes modestos e com poucos recursos, termina por despertar um espírito criativo, seja nas misturas dos ingredientes, seja nos seus temperos, dando lugar assim a uma cozinha típica, muito rica e bem variada. O prato "feijão tropeiro", por exemplo, era feito pelos homens encarregados do transporte do ouro desde as minas até a capital do país e era justamente nas paradas feitas durante a viagem que eles preparavam este prato duma maneira bem simples.
      A cozinha mineira é toda baseada nos produtos de fundo de quintal, o porco, a galinha, o quiabo, a couve, o fubá. Por isso mesmo, é simples mas de um sabor inigualável e marcante. Está intimamente ligada à cultura do povo que a iniciou através das cozinheiras das grandes fazendas.
A Cozinha Mineira seduz principalmente pelos aromas. E eles nunca saem da memória de quem já sentiu a cálida presença no olfato de um lombinho crepitando no forno, de um feijãozinho imerso em temperos, do torresmo saltando em pururuca numa velha travessa de ferro, da lingüiça que toma forma com seu principal tempero, a paciência , e onde as panelas agüentam horas sobre o calor para que as carnes se impregnem de sabores e liberem os aromas que calam fundo na memória de alguém que, algum dia, caminhou displicentemente pelas ruas de uma cidade do interior mineiro.
       Hoje, está disseminada em todo o país pela sua alta qualidade e sabor.