Industrialização no Brasil ontem e hoje; entenda todas as fases

A industrialização no Brasil é resultado de uma construção histórica que começa ainda no Império (1822-1889), mas se fortalece apenas a partir da década de 1930, com o fim do ciclo do café. A cultura cafeeira entrou em crise e o país precisou diversificar sua economia, algo que aconteceu, especialmente, no início do governo de Getúlio Vargas.

Assim, quando se trata de caracterizar esse processo, dizemos que ele é tardio em comparação ao resto do mundo. No início, a indústria se concentrava no Sudeste, mas se descentralizou para as demais regiões na década de 1970 em diante.

Neste post, vamos nos aprofundar no contexto industrial brasileiro, do ontem ao hoje.

O que é industrialização? Quais os tipos?

Industrialização é o processo em que uma sociedade ou economia sai de um cenário predominantemente agrícola e artesanal para a produção em grande escala de bens e serviços em instalações industriais, como fábricas e usinas. 

Isso envolve a aplicação de tecnologia, automação e organização eficiente para aumentar a produtividade e a capacidade de produção. 

O processo de industrialização está intrinsecamente ligado à Revolução Industrial e suas fases, que contribuíram para avanços significativos nas áreas de máquinas, energia, transporte e produção em massa. As Revoluções Industriais são marcos históricos que transformaram a sociedade, a economia e a maneira como as pessoas trabalhavam.

Atualmente, elencamos as diferentes formas de industrialização da seguinte forma:

• economia clássica
  Concentra-se na liberdade de mercado, na propriedade privada e na busca do interesse próprio como motores do crescimento econômico. É típica de países desenvolvidos.
• economia planificada
  Esse modelo econômico se baseia na propriedade estatal dos meios de produção e no planejamento centralizado do governo, que detém as decisões econômicas. É comum em economias socialistas.
• economia tardia
  Aqui, o setor privado e o mercado desempenham um papel significativo na alocação de recursos e na tomada de decisões econômicas. Predomina nos países em desenvolvimento, que tiveram um processo econômico tardio.

Contexto histórico-social da industrialização no Brasil

A industrialização no Brasil ocorreu em diferentes fases ao longo da história e recebeu influências de eventos e processos econômicos, políticos e sociais. Com isso, o espaço industrial brasileiro resulta de uma construção histórica que começa ainda no Brasil Império.

No entanto, os processos mais importantes ocorreram tardiamente, durante a década de 1930, com o fim do ciclo do café.

Getúlio Vargas, presidente na época, criou políticas públicas para fomentar e desenvolver a indústria brasileira, que ainda estava incipiente.

Durante a Era Vargas, a industrialização brasileira teve uma virada significativa, em especial com a substituição de importações, incentivando a produção local de bens que antes eram importados.

Mais tarde, o governo de Juscelino Kubitschek (1956 a 1961) promoveu uma política econômica desenvolvimentista e intensificou a industrialização. No período, multinacionais da indústria de automóveis vieram para o país, motivadas pela construção de rodovias. 

A ditadura militar (1964-1985) também teve uma influência significativa na industrialização do Brasil ao implementar políticas econômicas que visavam promover o desenvolvimento industrial, como o protecionismo, além de subsídios à indústria e investimentos em infraestrutura.

Hoje, a indústria brasileira se concentra nas regiões Sul e Sudeste, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas também estão presentes, em menor concentração, no Nordeste.

No Brasil, temos uma economia diversa, que abrange desde a produção de alimentos até a alta tecnologia. Mas o processo de industrialização ainda está em curso e o país enfrenta desafios para se consolidar como indústria de alto nível.

Fases da industrialização no Brasil

A industrialização brasileira se divide em quatro fases distintas, que representam diferentes estágios do desenvolvimento industrial no país. Eles são marcados por períodos históricos, mas não há um consenso sobre quando começa e termina cada fase. 

Os eventos da História que envolvem a economia são processos longos e contínuos, por isso, dificilmente possuem uma data específica de ocorrência. Na maioria dos casos, essa data é simbólica, geralmente são anos escolhidos por historiadores e economistas para representar o início e o fim das fases. Vamos conhecê-las?

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Primeira fase (1500 a 1808)

A primeira fase da industrialização no Brasil vai de 1500 a 1808. Com uma economia baseada na agricultura e na extração de recursos naturais, toda produção era majoritariamente artesanal, com destaque para os engenhos de açúcar.

No período, a mão de obra escrava desempenhou um papel central na economia colonial e a instalação de indústrias foi proibida pela Coroa Portuguesa. Existia certo receio, por parte de Portugal, de que as colônias se tornassem autônomas financeiramente. 

Segunda fase (1809 a 1929)

Nesse período, que compreende os anos de 1809 a 1929, foi revogada a proibição da instalação de indústrias no Brasil. Então, as primeiras indústrias começam a se instalar, com medidas protecionistas que visavam estimular a produção e o crescimento do campo industrial no país.

Terceira fase (1930 a 1955)

Com o início da Era Vargas em 1930, houve uma mudança significativa, com a implementação de políticas industriais para a substituir as importações. Ocorreram investimentos em infraestrutura, educação e crédito para o setor industrial. Assim, setores-chave da indústria, como aço, petroquímica e automóveis, se desenvolveram. Esse período compreendeu os anos de 1930 a 1955.

Quarta fase (1956 até hoje)

A quarta fase da industrialização no Brasil está em vigor desde 1956 e tem como marco a abertura da economia brasileira ao mercado global, além da entrada de multinacionais no país. Enfrentamos desafios e crises econômicas nesse período, mas esse processo continuou, com crescimento em setores como tecnologia da informação, telecomunicações e automóveis. 

Desconcentração industrial

Após o fim da ditadura militar (1964-1985), a industrialização no Brasil entrou em fase de crise. Com a abertura da economia brasileira ao mercado internacional, as mudanças tecnológicas e a globalização, houve a desindustrialização de alguns setores.

Nesse contexto, a desconcentração industrial é o processo no qual atividades industriais se dispersam geograficamente, afastando-se de áreas urbanas ou regiões altamente concentradas. Isso tende a ocorrer como resposta a vários fatores, incluindo custos de produção, desenvolvimento da infraestrutura, avanço tecnológico e investimentos regionais.

A desconcentração industrial pode trazer benefícios, como:

1. estimular o crescimento de regiões menos desenvolvidas;
2. reduzir a pressão sobre as infraestruturas já congestionadas nas áreas urbanas
3. melhorar a distribuição dos empregos.

Ao mesmo tempo, apresenta desafios, como:

1. a necessidade de desenvolver infraestrutura básica em novas áreas;
2. garantir que os benefícios econômicos sejam equitativamente distribuídos.

É importante observar que a desconcentração industrial não significa necessariamente o fim da concentração industrial em áreas urbanas tradicionais; muitas vezes, é um processo de diversificação e expansão para outras regiões.

Principais indústrias brasileiras

O Brasil é um país diverso economicamente, mas existem algumas indústrias que se destacam em todo o mundo, são elas:

• indústria automobilística
  O Brasil é o 8º maior produtor de veículos do mundo. 
• indústria de bens de consumo duráveis
  Inclui a produção de eletrodomésticos, móveis, eletrônicos, eletroeletrônicos, entre outros produtos. 
• indústria de alimentos e bebidas
  Somos um grande produtor de alimentos e bebidas. Essa indústria é responsável por abastecer o mercado interno e externo.
• indústria química
  É responsável pela produção de produtos químicos, como fertilizantes, defensivos agrícolas, plásticos, e produtos farmacêuticos.
• indústria de siderurgia e metalurgia
  Produz aço e outros produtos metálicos. A indústria de siderurgia e metalurgia é importante para a construção civil e demais setores da economia.

Outras indústrias importantes no Brasil são: indústria têxtil, de papel e celulose, de mineração e de energia.

Benefícios e impactos da industrialização brasileira na atualidade

A industrialização do Brasil teve impactos significativos na sociedade brasileira, tanto positivos quanto negativos.

Impactos positivos

• Geração de empregos e renda: a indústria é um setor importante da economia brasileira, que gera empregos e renda para milhões de pessoas.
• Desenvolvimento econômico: contribui para o desenvolvimento econômico do país, impulsionando o crescimento do PIB e a geração de riqueza.
• Aumento da oferta de produtos: é responsável por produzir uma grande variedade de produtos para atender às necessidades da população.
• Transferência de tecnologia: podemos considerar a indústria um vetor de transferência de tecnologia, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico do país.

Impactos negativos

• Impacto ambiental: a industrialização é uma das principais causas da poluição ambiental, tanto na atmosfera quanto nos recursos hídricos.
• Precarização do trabalho: em alguns setores, os trabalhadores são submetidos a condições precárias, com jornadas extenuantes e salários baixos.
• Desigualdade social: pode contribuir para o aumento da desigualdade social, concentrando a riqueza nas mãos de poucas famílias.

Diante da importância da industrialização, é necessário encontrar maneiras de mitigar os impactos negativos e promover um desenvolvimento mais sustentável. 

Resumo: industrialização no Brasil

Vamos aos pontos mais importantes sobre a industrialização no Brasil?

• Esse processo começou por aqui no século 19, quando o país ainda era uma colônia portuguesa;
• Ao longo do tempo, passamos por diversas fases, com destaque para a Era Vargas e o governo JK, que impulsionaram a produção industrial. 
• A indústria brasileira se diversificou, abrangendo setores automobilístico, de alimentos, tecnologia e petroquímica.
• Embora tenha contribuído para o crescimento econômico, a industrialização também trouxe desafios, incluindo questões de desigualdade social e impactos ambientais.

Como a industrialização no Brasil cai no Enem e nos vestibulares

No Enem, questões sobre as mudanças que resultam do processo de industrialização aparecem com mais frequência. Essas mudanças podem ser culturais, sociais e econômicas, e o estudante precisa estar atento aos impactos e transformações desse processo no Brasil.

Além disso, os motivos que resultaram na desconcentração industrial são relevantes.

O Brasil teve uma industrialização tardia e isso também é abordado nas provas, assim como a inserção tecnológica, com destaque para a influência da globalização. 

Exemplo

(Enem 2021) Constatou-se uma ínfima inserção da indústria brasileira nas novas tecnologias ancoradas na microeletrônica, capazes de acarretar elevação da produtividade nacional de forma sustentada. Os motores do crescimento nacional, há décadas, são os grupos relacionados a commodities agroindustriais e à indústria representativa do antigo padrão fordista de produção, esta última também limitada pela baixa potencialidade futura de desencadear inovações tecnológicas capazes de proporcionar elevação sustentada da produtividade.

ARENO, M. A industrialização do Brasil ante a nova divisão internacional do trabalho. Disponível em: www.ipea.gov.br. Acesso em: 16 jul. 2015 (adaptado).

Um efeito desse cenário para a sociedade brasileira tem sido o(a)

a) barateamento da cesta básica.   

b) retorno à estatização econômica.   

c) ampliação do poder de consumo.   

d) subordinação aos fluxos globais.   

e) incentivo à política de modernização.   

Resposta: [D]
O texto diz que a indústria brasileira teve uma "ínfima inserção" nas novas tecnologias ancoradas na microeletrônica, que poderiam elevar a produtividade nacional de forma sustentada. Isso sugere que o Brasil não está acompanhando efetivamente os avanços tecnológicos globais na indústria, o que resulta em uma subordinação aos fluxos globais de inovação e desenvolvimento tecnológico.