bolsa família Combate à pobreza PEC de Transição políticas públicas

Transferir renda é pontapé inicial

Desde o encerramento da eleição presidencial, há pouco mais de um mês, um assunto domina o noticiário político brasileiro: a chamada PEC da Transição.

Dado que o orçamento de 2023 já está fechado, o governo eleito negocia saídas para custear alguns investimentos e, sobretudo, para continuar pagando o valor integral do Auxílio Brasil, que agora volta a se chamar Bolsa Família.

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A importância dos projetos sociais nas favelas

Existem hoje, no Brasil, cerca de 13 mil favelas. Alguns dos desafios mais comuns enfrentados pela população desses territórios são a falta de acesso à educação, ausência de saneamento, serviços de saúde e a falta de mecanismos para enfrentar a pobreza.

Ainda que a resolução desses e de outros problemas exija a união de diferentes setores da sociedade – governo, iniciativa privada e outros –, os projetos sociais, comumente criados por pessoas que vivem ou têm proximidade com a realidade do território, desempenham um grande papel: amparar as necessidades das favelas, normalmente pouco atendidas pelas instituições.

A dignidade plena, sem pobreza, para todas as pessoas não existirá enquanto não houver assistência em territórios vulneráveis. Por isso os projetos sociais nas favelas são tão fundamentais. A seguir, conheça alguns de seus benefícios e como ajudá-los.

Qual a importância dos projetos sociais?

É importante destacar que a favela, frequentemente reduzida a um lugar de insegurança, desorganização e marginalidade, merece ser reconhecida como um lugar de potência. A partir da criação de possibilidades de acesso à dignidade por meio de educação, empregabilidade, cidadania, entre outros, a favela pode se tornar protagonista. Nesse sentido, os projetos sociais ajudam a reimaginar a realidade de crianças, jovens e adultos, combatendo desigualdades.

Pessoas felizes após serem beneficiadas por ótimos projetos sociais feitos pela Gerando Falcões
Empregabilidade, cidadania, educação, esporte e muito mais, a Gerando Falcões atende mais de 6 mil favelas com projetos sociais.

Quais os benefícios dos projetos sociais?

O Favela 3D, liderado pela Gerando Falcões, é um exemplo de projeto social que transforma a realidade de territórios brasileiros. A iniciativa funciona como um grande laboratório social que busca soluções inovadoras para eliminar a pobreza, criando parcerias entre governo, empresários e sociedade civil. Um dos objetivos é zerar o desemprego, garantindo que 100% das pessoas aptas a trabalhar tenham acesso a oportunidades dignas.

Esse foi o caso do Jefferson: “Pra arrumar serviço na favela é meio difícil, tem o preconceito… Porque pensam ‘Ah, mora na favela, tem passagem na cadeia, não vou contratar, esse aí é vagabundo’”, lamenta. 

No vídeo abaixo, Jeferson relata o desafio e comemora a contratação em uma empresa metalúrgica. Auxiliar pessoas na conquista de sua autonomia e dignidade é uma das muitas atividades dos projetos sociais.

 Assista:

Como ajudar projetos sociais?

A contribuição para projetos sociais pode ser feita de variadas formas, por exemplo: por meio da doação de tempo, conhecimento, recursos financeiros ou até mesmo apoiando e compartilhando causas que podem chegar ainda mais longe.

A Gerando Falcões aceita doações monetárias, ajuda voluntária e tem, inclusive, uma plataforma para empregar jovens de favela – se você tem interesse em ofertar vagas, entre em contato aqui. Contribua para que possamos alcançar cada vez mais territórios!

Copa do Mundo cultura brasileira futebol Qatar

Chance de ouro

A bola está rolando no Qatar. Para quase todo brasileiro, Copa é sinônimo de casa cheia nos dias de jogo da nossa Seleção, com amigos e familiares reunidos em torno da TV, atentos a cada lance, sofrendo ou explodindo de alegria.

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campanha de doação Dia de Doar doação ONG solidariedade

Campanhas de doação: onde e para quem doar?

O Brasil já é um país que doa, mas pode ser ainda mais! Você sabia que ocupamos o 54° lugar no ranking de países doadores, segundo o World Giving Index? A solidariedade acontece de muitas maneiras: pode ser por doação de tempo via trabalho voluntário a uma organização, ajudando outras pessoas ou doando dinheiro para instituições sociais ou ambientais. 

Independentemente da forma, a cultura do doar é fundamental para a execução de atividades voltadas a pessoas em vulnerabilidade. Mas onde, como e por que doar? E ainda: qual a importância de doar dinheiro? Essa é a temática que vamos abordar neste texto.

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dia da favela Favela Racismo reflexões

Chance em favela é escolha social

Sexta-feira passada foi o Dia da Favela. A data remete à história do Morro da Providência, no Rio de Janeiro, que no dia 4 de novembro de 1900 se tornou a primeira comunidade chamada de “favela” em um documento oficial.

Mais de um século depois, essa história ainda não teve final feliz. Pelo contrário, os números indicam que a tragédia está se agravando. Em uma década, passamos de pouco mais de 6 mil favelas (2009) para quase 14 mil (2019). O censo deste ano deve revelar um crescimento ainda maior dessas comunidades.

Visto por esse ângulo, o Dia da Favela é um convite mais à reflexão do que à celebração. Reflexão sobre o racismo e a exclusão social, que marcam a história do país. Sobre como as escolhas políticas dos últimos cem anos fizeram com que a sociedade brasileira aceitasse e naturalizasse a existência de territórios nos quais a dignidade humana não está assegurada.

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cultura diversidade cultural diversidade cultural na favela sociedade

O que é diversidade cultural e qual sua importância?

Conviver com a diversidade já faz parte da rotina do brasileiro, mas ainda é preciso falar sobre a valorização dessas diferenças e a compreensão do nosso modo de ser e das pessoas ao nosso redor.

São várias formas de pensar, sentir, viver e agir, e entender isso é importante para se ter uma postura respeitosa diante do próximo.

Bora entender o que é diversidade cultural? Continue a leitura e confira tudo que trouxemos sobre esse tema!

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Um futuro diferente para as crianças da favela

Nova campanha da Gerando Falcões incentiva a repensar a favela de 2050 

O que aconteceria se uma criança de 2050 deixasse um recado pra gente hoje? Essa é a provocação levantada em nossa nova campanha “Eu vou nascer em 2050”, lançada no mês das crianças. No vídeo inédito, a Roberta, uma menina que nascerá na favela daqui a 28 anos, pede uma realidade diferente da atual. 

Desafios enfrentados pelas crianças no Brasil

Hoje mais de 12 milhões de crianças vivem em situação de pobreza – o equivalente ao número da população total da cidade de São Paulo. Fome, abandono e trabalho infantil são alguns dos desafios enfrentados por elas: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 6,5 milhões de crianças não têm o que comer. O dado é de 2018, ou seja, antes de vivermos a pandemia da Covid-19, então presume-se que os dados atuais sejam ainda maiores. 

Além disso, mais de 1,7 milhão de crianças brasileiras trabalham para geração de renda familiar ou na produção para o próprio consumo, e 244 mil crianças e adolescentes estão fora da escola. Os dados refletem o oposto do que se espera para uma infância de respeito e dignidade: os direitos das crianças e dos adolescentes, como acesso à saúde, alimentação, educação, lazer e outros, estão assegurados mundialmente pela convenção dos Direitos Humanos e pelos protocolos facultativos reafirmados pelo Brasil na Constituição Federal (1988) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (Lei n.º 8.069/1990). 

A nova campanha lançada pela Gerando Falcões reforça: para um futuro de direitos garantidos, nós aqui do presente precisamos agir. 

Assista: 

Como ajudar crianças em vulnerabilidade 

Você pode fazer a sua parte e contribuir para um futuro diferente de crianças da favela ajudando os projetos da Gerando Falcões. Atuamos ativamente na garantia de direitos e dignidade para a juventude das favelas brasileiras com ações que integram educação, saúde, cidadania, esporte e lazer, além de aulas e oficinas somadas à capacitação profissional. É possível contribuir financeiramente, a partir de R$ 0,66 por dia, com doações que transformam vidas de jovens e crianças da favela por meio de nossos projetos. 

Acesse nosso site e doe hoje, para que crianças cresçam em uma favela sem pobreza.

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Mariana bio

bazar brechó moda circular sustentabilidade

Moda circular: o que é e quais as vantagens

Cada vez mais os cuidados com o planeta estão se tornando uma preocupação de todos, com a inclusão de práticas sustentáveis e que contribuam para a manutenção da nossa sobrevivência a longo prazo. Nessa lógica de sustentabilidade, um dos setores em que podemos repensar o padrão de consumo é o da moda.

Precisamos olhar para a forma como a indústria da moda está arquitetada. Como estamos escolhendo as nossas roupas? O que estamos fazendo com as que não usamos mais? Debater essas questões traz vários benefícios para a sociedade, principalmente quando pensamos nas próximas gerações.  Continue reading “Moda circular: o que é e quais as vantagens”

debate eleições Favela presidente

O debate que queremos

O Brasil vive uma das eleições mais tensas e polarizadas da sua história. Para quem duvida, basta assistir a um trecho qualquer dos últimos debates presidenciais. Debates são oportunidades preciosas para a sociedade discutir os rumos do país. É o momento em que o eleitor médio, mesmo aquele meio avesso à política, sintoniza sua TV para escutar o que cada candidato tem a dizer.
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comunidade empreendedorismo empreender na favela favelas

Conheça os benefícios do empreendedorismo para as favelas

Empreender significa identificar algum problema ou oportunidade, criar uma solução e investir recursos na criação e implementação dessa proposta para impactar positivamente a sociedade, seja através de um projeto, uma organização ou de um movimento que provoque mudanças reais no cotidiano das pessoas.

O empreendedorismo tem um papel central na economia, e os empreendedores enxergam oportunidades em diferentes cenários e precisam ter coragem para se arriscar. Quando falamos da favela, empreender é uma realidade: de acordo com o Data Favela, 76% dos moradores desses territórios já teve, quer ter ou já tem um negócio. Continue a leitura e saiba mais sobre benefícios do empreendedorismo para as favelas!

Empreendedorismo - Gerando Falcões

Qual a importância do empreendedorismo?

O empreendedorismo está diretamente ligado às iniciativas inovadoras, gerando novos segmentos e transformando a forma como consumimos produtos e serviços. Com as mudanças tecnológicas, o empreendedorismo ganha cada vez mais espaço no mercado.

Também conseguimos ver empreendedores iniciarem negócios com enfoques sociais buscando relacionar os resultados financeiros aos benefícios gerados à comunidade. Essas empresas são chamadas de negócios de impacto ou de empreendedorismo social.

Como empreender nas favelas?

É comum encontrarmos salões de beleza, mercadinhos, lanchonetes e lojas de roupas nas favelas em que pais, filhos e primos trabalham juntos. Normalmente, os comércios familiares das periferias são voltados para o próprio bairro, aceitando apenas o pagamento em dinheiro e trabalhando com aquele famoso caderno para anotar a conta de quem compra fiado.

Esses locais também costumam funcionar em horários diferentes do habitual, extrapolando o período comercial, além de realizar pausas de descanso maiores ao longo do dia. Tudo isso evidencia as vantagens de empreender em vez de trabalhar para terceiros. E mesmo com as dificuldades existentes e com a informalidade, a favela presencia a criação de novas empresas e fomenta um novo ambiente de consumo.

Benefícios do empreendedorismo para as favelas

As favelas têm muito potencial. De acordo com dados do Data Favela, elas movimentaram 120 bilhões de reais em 2019. Por isso, é importante olhar esses territórios como um ambiente onde o empreendedorismo potencializa a economia, fazendo com que o dinheiro circule e gere ainda mais empregos e renda para os moradores.

São muitos os desafios para empreender, ainda mais quando falamos do empreendedor da favela, que enfrenta questões como a falta de estrutura e o preconceito. Mas, ao dar os primeiros passos e começar a ter um retorno financeiro, a pessoa passa a ter poder aquisitivo e acesso a bens e serviços que antes não tinha. Apesar de muitas pessoas que moram na periferia começarem a empreender por necessidade, o empreendedorismo pode auxiliar na autonomia financeira.

Negócios sociais nas favelas

Quer ver na prática como o empreendedorismo funciona nas favelas? Trouxemos três negócios sociais que têm contribuído para o desenvolvimento econômico nas favelas atrpor meio do Programa de Editais da Gerando Falcões.

Frutivar

Essa é uma fábrica de polpa de frutas e sucos naturais, no Morro do Caneca (RN), que possui três importantes objetivos: a sustentabilidade financeira do Motivar, uma instituição que atua com esporte, cultura, cidadania e empreendedorismo para mulheres; o combate ao desperdício de alimentos; e o acesso a um produto natural e com qualidade pela população local.

Frutivar

Opportunità Pizzaria Social

Empregando ex-presidiários que já concluíram o desenvolvimento pessoal, social e profissional no Instituto Recomeçar, que atua com a inclusão social de egressos, a pizzaria Opportunità fica localizada em Poá (SP) e ajuda a obter lucro para a manutenção das atividades da ONG.

Opportunità Pizzaria Social

Banco Social Laguna

A missão do Banco Social Laguna, criado pela ONG Manda Ver, é dar acesso ao microcrédito à comunidade, de forma sustentável, viabilizando recursos e fomentando o empreendedorismo e a economia circular no território de Vergel do Lago (AL).

Banco Social Laguna

 

Bazar Gerando Falcões

O Bazar da GF é um negócio de impacto social que dá acesso a bens de consumo para a população de baixa renda. Oferecemos produtos com valores até 80% mais baratos do que o mercado tradicional e todo o lucro das vendas é destinado aos nossos programas sociais nas favelas.

Além disso, também atuamos diretamente com a educação e profissionalização de crianças e jovens pelo Bazar-Escola, dando a chance para que jovens que passaram por nossos programas de formação tenham essa experiência para chegar ao mercado de trabalho prontos.

Bazar Gerando Falcões

Saiba como contribuir para o nosso negócio social aqui.

#TamoJunto

Confira também: Quais as tendências do empreendedorismo social?

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Laura bio

Brasil desenvolvimento social Nobel prêmio Nobel

Geração Nobel

Andei perguntando para amigos: “Por que o Brasil não tem um prêmio Nobel?”. É difícil chegar a uma conclusão racional e efetiva. Há muitos ângulos a serem analisados. Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, disse que mais importante do que as respostas são as perguntas. Pois percebi que a pergunta acima, com foco no que deixamos de fazer como país, não induz a qualquer ação. Então decidi mudar a pergunta: “Como criar uma geração Nobel em nosso país?”.

Recentemente o escritor e roteirista Antônio Prata colocou a reflexão em números. Prepare-se para a sensação de constrangimento. A Albânia tem 3 milhões de habitantes e 2 prêmios Nobel. A Suécia, com 10 milhões, tem 31. Argentina: 45 milhões, 4. Irlanda, 5 milhões, 8. O Brasil tem 213 milhões de habitantes e nenhum Nobel. Fosse uma Copa do Mundo, teríamos perdido de lavada para todas essas seleções.

Mas vamos continuar mais um pouco com a imagem do futebol. O Brasil tem cinco títulos mundiais. Nenhum outro país tem tantas conquistas. A Alemanha e a Itália, empatados em segundo lugar, têm quatro cada. O que explica o nosso sucesso nessa área? A resposta está na mais básica aritmética, e tem a ver com quantidade. Eu nasci em favela e sei que o sonho da maioria dos moleques – por muito tempo, hoje menos – foi ser jogador de futebol. Ora, se há milhões de crianças e adolescentes jogando na rua e treinando duro nos campos de várzea, é provável que a cada milhão de atletas surja pelo menos um supercraque.

menino com camiseta de futebol

O mesmo se aplica a outras áreas. Ou seja, precisamos aumentar exponencialmente nossos “candidatos” a Nobel. Uma geração pretendente ao Nobel pode ajudar o Brasil a ir para outro patamar nos índices de desenvolvimento social, na proteção do nosso patrimônio ambiental, na equidade racial, na educação universalizada e de qualidade. Um pretendente a Nobel faz um bem gigante ao país. Temos uma lista fabulosa de brasileiros indicados: Barão do Rio Branco, Carlos Chagas, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, dom Helder Câmara, Clarice Lispector, Chico Xavier, Irmã Dulce, Betinho, Marechal Rondon – este indicado por Franklin Roosevelt, presidente dos EUA, e endossado por ninguém menos do que Albert Einstein. A briga é dura. No ano em que Betinho foi indicado, 1994, os vencedores foram os políticos israelenses Yitzhak Rabin e Shimon Peres. Em 1988, ano da indicação da Irmã Dulce, a vencedora foi a ONU. 

Já houve 121 edições do Prêmio Nobel e apenas 31 indicações de brasileiros. É como se tivéssemos um indicado a cada quase quatro anos. Precisamos ampliar o número de candidatos. Para tanto, temos que estimular a nova geração, construindo oportunidades de qualidade – da infância à vida adulta. Estamos muito atrasados. Pesquisa da Branding Brasil apontou que 55% dos brasileiros entre 16 a 20 anos morariam em outro país se pudessem. 

favela

Se algum brasileiro vencer o Nobel, muitos outros virão atrás, porque vai se expandir a consciência do que é possível fazer. É como dizia Ronald Reagan, ex-presidente dos EUA: “Se não nós, quem? Se não agora, quando?” Quero fazer parte de uma geração Nobel. Um dia o Ronaldo Fenômeno quis a Bola de Ouro. Muitos se recordam que ele venceu três vezes, mas poucos talvez se lembrem que ele não passou na última peneira do Flamengo porque faltou ao último teste por não ter dinheiro para a condução. Às vezes, um futuro craque ou Prêmio Nobel depende de um passe – um passe metafórico que só a sociedade, unida e solidária, pode conceder.

*Coluna publicada pelo Jornal O Globo em 27/09/2022

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Edu Lyra Biografia

Impacto da inovação tecnológica nas comunidades

Vivemos em um momento em que muito se fala de metaverso, inteligência artificial e outras tecnologias, o que tem mudado a forma como as pessoas vivem, trabalham, aprendem e se relacionam.

Mas você já parou para pensar que a favela é a prova de que tecnologia e impacto social podem caminhar juntos para promover transformações? Vem com a gente para saber mais sobre o impacto da inovação tecnológica nas comunidades!

O que é inovação tecnológica?

A inovação tecnológica se dá a partir do investimento no desenvolvimento ou na implantação de uma nova tecnologia, resultando no aperfeiçoamento de processos e na otimização de resultados. Uma inovação pode causar uma grande mudança em relação ao que existia antes, sendo chamada de radical, ou melhorar algo que já funciona, conhecida como incremental.

Inovação radical

Trazendo crescimento, a inovação radical modifica completamente o cenário que está sendo trabalhado e possui grandes custos e riscos, mas conta com um grande potencial de retorno.

Inovação incremental

Já a inovação incremental provoca evoluções em algo que funciona bem, contudo precisa ser aprimorado para se manter em operação. Esse modelo demanda menos custos e riscos, mas não traz tanto retorno quanto a inovação radical.

Por que investir em inovação tecnológica em favelas?

A tecnologia também pode ser uma ferramenta para evidenciar as potências e denunciar os problemas sociais das favelas, promovendo a cidadania, expressando a realidade dos moradores e reinventando esses territórios.

Quando o assunto é inovação tecnológica nas favelas, estamos falando sobre usar a tecnologia para salvar vidas. É preciso investir nos talentos da periferia e apresentar soluções inovadoras que cheguem a lugares onde falta infraestrutura, saneamento básico e tantas outras coisas básicas, sendo capazes de mudar essa realidade aos poucos.

Iniciativas tecnológicas da Gerando Falcões

A Gerando Falcões está fazendo parte de uma revolução tecnológica na periferia! A Favela Marte, piloto do projeto Favela 3D (Digna, Digital e Desenvolvida), que fica em São José do Rio Preto (SP), será a primeira comunidade do Brasil a ter acesso à tecnologia 5G – uma nova rede que oferece velocidades de navegação até 100 vezes maiores que as do 4G.

inovação tecnológica

Essa iniciativa conta com a parceria da TIM, que ajudará com a parte da conectividade, da Motorola, que disponibilizará os equipamentos para os moradores, e da American Tower, que cuidará da instalação da infraestrutura. A expectativa é que a conexão 5G esteja disponível a partir do segundo semestre de 2023.

Enquanto isso, a Favela Marte passa por um processo de transformação sistêmica, incluindo a demolição de casas para a execução do plano de urbanização e melhoria das moradias. A cobertura tecnológica possibilita novos projetos de inclusão social, como poder contar com educação remota, com as bibliotecas virtuais; saúde à distância, por meio da telemedicina; e gerar oportunidade para microempreendedores da comunidade com cursos profissionalizantes.

Para mais informações sobre o uso das tecnologias em ações sociais, leia: Transformação Digital e o Terceiro Setor

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Laura bio

coluna do Edu desigualdade insensatez Kayma sonhos

Viva a insensatez

Ouvi do meu amigo Nizan Guanaes, publicitário, empreendedor e grande filantropo, uma frase que me marcou profundamente: “O homem sensato se adapta ao mundo; o homem insensato adapta o mundo”.

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cultura eventos Favela Gala filantropia

Filantropia 2.0

Quando estive nos Estados Unidos, no ano passado, uma das coisas que mais me surpreendeu foi a maneira como aquele país se relaciona com a agenda social e o terceiro setor. Há uma cultura de filantropia muito bem estabelecida por lá, o que contagia da classe média aos bilionários.

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importância do trabalho voluntário trabalho voluntário voluntariado

Conheça qual a importância do trabalho voluntário

O voluntariado está relacionado ao ato de se dedicar, de forma espontânea, a atividades que envolvem o terceiro setor, seja em ONGs, instituições, entidades, igrejas, associações, hospitais ou projetos nos bairros e comunidades, fazendo a diferença na sociedade.

Ou seja, o trabalho voluntário é um pouquinho diferente de trabalhar por necessidade. Às vezes, você pode até ser apaixonado pela função que exerce de maneira remunerada, mas buscou esse emprego com o objetivo principal de se manter financeiramente. Com o voluntariado, as pessoas têm a oportunidade de escolher práticas de que gostam e pelas quais se interessam em realizar enquanto ajudam o próximo.

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corrida especial desigualdade Favela FavElon

Ei, Elon, vem com nóis!

O que um astronauta e um morador da favela têm em comum? À primeira vista, são dois tipos que não poderiam ser mais diferentes um do outro. Mas eles são iguais no essencial: ambos dependem da cooperação para sobreviver no ambiente hostil que enfrentam. 

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bazar como doar como doar para ONGs doação ONG

Doação para ONG: confira como é simples realizar esse ato

A doação para ONGs (Organizações Não Governamentais) é um bom hábito a ser adotado no dia a dia, pois, a partir dele, você assume um compromisso enquanto cidadão e ajuda a mobilizar a sociedade para a causa social escolhida.

Atualmente, é fácil encontrar instituições voltadas para os mais diversos temas e áreas, então basta escolher a que você mais se identifica para fazer a doação. Para realizar esse ato, aconselha-se consultar as orientações sobre o processo diretamente na instituição desejada.

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Pobreza até quando?

Regra básica de qualquer manual de administração: para se atingir um objetivo, é preciso estabelecer prazos. A ausência de um deadline significa que a tarefa em questão não é prioritária e, portanto, pode esperar. Não há empresa no mundo que ignore a importância de um bom cronograma, com data de início e fim dos trabalhos, para o sucesso de uma ação. 

Qualquer um pode intuir esse princípio elementar, que se aplica também à nossa vida pessoal. Quando planejamos uma viagem, uma reforma em casa ou a compra de um bem mais valioso, como um carro, um dos primeiros passos é decidir quando pretendemos atingir nossa meta. Sem um prazo, é mais difícil se organizar financeira e até psicologicamente. 

Pergunte a qualquer liderança política, empresarial e social se ele ou ela concorda que o Brasil deve fazer o possível para erradicar a pobreza. Tenho certeza de que quase todos responderão que sim. Questione então qual prazo mais adequado para o país dar conta desse objetivo: dez anos, quinze, cinquenta? A resposta provavelmente será o silêncio.

Por que não estipulamos uma data-limite para acabarmos com a pobreza extrema no Brasil, assim como fazemos com quaisquer outros desafios? Vivemos em uma sociedade que estabelece prazos até para a conquista de Marte. O que falta para encararmos o problema da pobreza com a mesma seriedade?

Longe de ser mera provocação, trata-se de uma questão prática. Prazos criam senso de urgência e nos ajudam a entender o quão rápido estamos avançando. Com isso, entendemos também onde erramos e o que podemos aprimorar para nos aproximarmos da meta. 

O Brasil fechou o último ano com um PIB estimado de R$ 8,7 trilhões, segundo o IBGE. O Orçamento do país está na casa dos R$ 4,7 trilhões. A maior parte desses recursos está comprometida, mas ainda assim encontramos espaço para financiar uma série de ações, incluindo as de cunho eleitoral. 

Só há uma conclusão possível: um país que se recusa a atacar de frente suas mazelas sociais, mesmo contando com esse Orçamento, elegeu a pobreza como sua principal política pública. 

A Gerando Falcões deve ser uma das únicas instituições do mundo com prazo de validade. Estipulamos um máximo de cinquenta anos para colocar a pobreza da favela no museu, o que tornará dispensável a nossa própria existência enquanto ecossistema do terceiro setor. Meio século, o tempo de apenas duas gerações. É por isso que temos pressa para encontrar uma solução inovadora, financeiramente viável e replicável em larga escala para um problema que vem assolando o Brasil há séculos. 

Estamos trabalhando para não falhar. Mas, se isso viesse a acontecer, tenho certeza de que outras lideranças apareceriam, com ideias ainda melhores e mais inovadoras que as nossas. A pobreza será vencida, nem que seja pela teimosia heroica do povo da favela.  

O que mais importa é que decidimos encarar de verdade o problema, estabelecendo metas temporais que nos obrigam a agir aqui e agora, em vez de naturalizarmos a pobreza e a desigualdade, tratando-as como coisas fadadas à permanência. 

Essa deve ser a atitude de uma sociedade realmente comprometida com uma agenda social. O combate à pobreza, se for pra valer, precisa de deadline.

*Coluna publicada pelo Jornal O Globo em 02/08/2022

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Edu Lyra Biografia

Corinthians, BMG e Gerando Falcões se unem para enfrentar o maior adversário da favela

Fechamos a nossa ação com o BMG com um gol de placa! Na partida contra o Flamengo no último domingo (10 de julho), o Corinthians carregou a marca da Gerando Falcões na camisa em mais um jogo de colaboração. O time do povo jogou representando a Gerando Falcões, a ONG do povo, e saiu com um placar positivo.

Gerando Falcões no jogo do Corinthians
Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Para acompanhar de perto a vitória do Timão na Neo Química Arena, Edu Lyra, fundador e CEO da Gerando Falcões, esteve presente na arquibancada com os líderes sociais Bruno Desiderio e Rafaela Silva; e Janderson Rodrigues, Jamerson da Silva e Deivid Neves, três jovens da Favela dos Sonhos, localizada em Ferraz de Vasconcelos (SP). Eles torceram, vibraram e comemoraram o resultado com muita alegria e orgulho.

Gerando Falcões e Corinthians

Corinthians e Gerando Falcões

Além do logo na posição das mangas do uniforme dos atletas, o placar eletrônico do jogo estampou o nome “Gerando Falcões”. Durante o intervalo, o Corinthians e o Banco BMG nos presentearam com um anúncio feito nos alto-falantes do estádio, que explicou o trabalho da GF e indicou os canais para doação. Confira o vídeo sobre esse momento aqui.

Gerando Falcões e BMG
Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Mesmo que o jogo tenha acabado, os torcedores do Corinthians podem continuar realizando as doações na página exclusiva do Timão, demonstrando toda a paixão pelo seu time do peito e também a dedicação com a nossa causa social!

O Corinthians e o BMG estão com a gente na missão de transformar a pobreza das favelas em peça de museu antes de Marte ser colonizado por meio de projetos de educação, desenvolvimento econômico e cidadania. Juntos vamos dar um cartão vermelho na pobreza! 

#TamoJunto, Corinthians e BMG!

A nossa ação mais que especial com o BMG e os clubes de futebol chegou ao fim, mas continuamos com a campanha #InfluencerDoBem, visando conseguir mais doadores recorrentes para potencializar os programas sociais da GF. 

Contribua para nossos projetos, seja um doador e ajude a acabar com a pobreza nas favelas. Clique no botão abaixo:

Doe aqui 

#InfluencerDoBem #VamoKida

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Laura bio

Em mais um confronto contra a pobreza, Gerando Falcões participa de jogo do Vasco!

Nesse fim de semana, a Gerando Falcões também esteve no jogo do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro. A disputa contra o Sport, que aconteceu no último domingo (3 de julho), contou com um público grande, aproximadamente 65 mil pessoas puderam ver o nosso nome estampado na camisa dos jogadores do Cruzmaltino, no espaço do Banco BMG.

Gerando Falcões e Vasco
Foto: Daniel Ramalho

Essa foi mais uma ótima oportunidade de divulgar a nossa campanha de doação #InfluencerDoBem, visando atingir a meta de 10 mil doadores recorrentes para potencializar os programas da GF de erradicação da pobreza nas favelas.

Para compartilhar esse momento especial conosco, levamos o Pedro, aluno de futebol do instituto Entre o Céu e a Favela, da Rede Gerando Falcões, e também a CEO e fundadora da ONG, Cintia Sant’Anna, até o estádio do Maracanã, e a diversão foi garantida!

Mesmo que o jogo tenha acabado, os torcedores do Vasco da Gama podem continuar realizando as doações na página exclusiva do Gigante, demonstrando toda a paixão pelo seu time do peito e também a dedicação com a nossa causa social!

Vasco, BMG e Gerando Falcões
Foto: Daniel Ramalho

O Vasco e o BMG estão com a gente nessa missão de transformar a pobreza das favelas em peça de museu antes de Marte ser colonizado por meio de projetos de educação, desenvolvimento econômico e cidadania. Juntos, vamos dar um cartão vermelho na pobreza!

#TamoJunto, Vasco e BMG!

Deixa eu te contar um segredo: participaremos de mais uma partida no dia 10 de julho, entre Corinthians e Flamengo. Quem aí vai acompanhar?

Além de torcer, você também pode contribuir para os nossos projetos sendo um doador recorrente! Clique no botão abaixo:

Quero ser um doador

#InfluencerDoBem #VamoKida

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Laura bio

Em parceria com a BMG, Gerando Falcões entrou em campo no jogo do Vozão!

Na 15ª rodada do Campeonato Brasileiro, que foi realizada no dia 2 de julho, o Ceará recebeu o Internacional na Arena Castelão, em Fortaleza, e nós estivemos presentes! Esse foi mais um jogo em que o Banco BMG substituiu a sua marca nas camisas dos jogadores pelo logo da Gerando Falcões, agora no uniforme dos atletas do Ceará.

Gerando Falcões entrou em campo no jogo do Vozão
Foto: Stephan Eilert

O time alvinegro abriu o placar, mas a disputa terminou empatada. Foi uma partida de muitas emoções, e, dessa vez, cinco crianças do Instituto Pensando Bem, da Rede Gerando Falcões, acompanharam tudo de pertinho com Rutenio Florencio, gestor e fundador da ONG.

Mesmo que o apito do juiz tenha decretado fim de jogo no sábado, ainda dá tempo de participar da nossa campanha de doação! Os torcedores do Ceará podem continuar doando na página de #InfluencerDoBem exclusiva do Vozão. Continue demonstrando toda a paixão pelo seu time e dedicação com a nossa causa social!

O Ceará e o BMG estão com a gente na missão de transformar a pobreza das favelas em peça de museu antes de Marte ser colonizado por meio de projetos de educação, desenvolvimento econômico e cidadania. Juntos vamos dar um cartão vermelho na pobreza!

#TamoJunto, Ceará e BMG!

Ceará, BMG e Gerando Falcões
Foto: Felipe Santos

Contribua você também para os nossos projetos! Tornando-se um doador recorrente, você nos ajuda a acabar com a pobreza nas favelas. Clique no botão abaixo:

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#VamoKida

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Laura bio

Cartão vermelho na pobreza: camisa utilizada na vitória do Galo exibiu o logo da Gerando Falcões!

No último sábado, entramos em campo no jogo do Atlético MG contra o Fortaleza, na disputa do Brasileirão, em parceria com o Banco BMG! 

O BMG é patrocinador do Atlético MG e cedeu o seu espaço na camisa dos jogadores para a Gerando Falcões, dando mais visibilidade à nossa missão e nos ajudando a alcançar mais pessoas para a campanha de doação #InfluencerDoBem.

Gerando Falcões e Galo
Fotos: Pedro Souza/Atlético

Representando a GF no Mineirão, estiveram presentes o líder social Leonardo Martins, fundador e CEO do Instituto O Grito, da Rede Gerando Falcões, e duas crianças atendidas pela ONG que são torcedoras apaixonadas do Galo, o Gabriel e a Ana Clara.  

Foi a primeira vez dos dois em um estádio de futebol, e não faltou emoção: nossa presença deu sorte, e o Atlético MG ganhou de virada com um placar de 3 a 2 sobre o Fortaleza. Vibramos com a torcida!

Gerando Falcões e Atlético MG

Gerando Falcões e Atlético MG

Gerando Falcões em jogo de futebol

O Atlético MG e o BMG estão com a gente nessa missão de transformar a pobreza das favelas em peça de museu antes de Marte ser colonizado, por meio de projetos de educação, desenvolvimento econômico e cidadania. Juntos, vamos dar um cartão vermelho na pobreza!  

A partida acabou, mas ainda dá tempo de participar! Os torcedores do Galo podem continuar nos ajudando na missão de transformar a pobreza da favela em peça de museu efetuando doações na página exclusiva do Atlético MG. Demonstre toda a paixão pelo seu time e dedicação com a nossa causa social! 

#TamoJunto, Galo e BMG! 

Nos próximos dias, a Gerando Falcões vai marcar presença em mais três jogos: Ceará x Internacional (02/07), Vasco x Sport (03/07) e Corinthians x Flamengo (10/07). Como parte da ação, os times patrocinados pelo Banco BMG também doarão camisas autografadas, e as peças serão leiloadas pela Gerando Falcões. Todo o valor será revertido para as nossas iniciativas de transformação social nas favelas! 

Contribua para nossos projetos, seja um doador e ajude a acabar com a pobreza nas favelas. Clique no botão abaixo: 

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#InfluencerDoBem #VamoKida

Confira também: responsabilidade social

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Laura bio

 

Desemprego Favela 3D Fome pobreza

Strike na pobreza

Diz a sabedoria popular que o bolso é a região mais sensível do corpo humano. Quando ele esvazia, experimentamos imediatamente a perda da autoestima, o medo do futuro, a fome. A ausência de uma fonte de renda é um nervo exposto.

Claro que inclusão social não se faz apenas pela renda. A noção de cidadania engloba as esferas da saúde, educação, lazer, moradia e do combate ao racismo e à desigualdade de gênero. Sem isso tudo, formamos meros consumidores, não cidadãos.

Mas a renda é o primeiro passo para a inclusão social. Pense num jogo de boliche: a bola lançada na pista não pode derrubar cada pino individualmente, mas, ao acertar o pino certo, provoca uma reação em cadeia. O mesmo vale para a falta de renda. Ela é o pino no qual devemos mirar nossas políticas sociais se quisermos realizar um strike na pobreza.

Por isso o programa Favela 3D, para além da construção de moradias e das ações de reurbanização dos territórios, tem a meta de zerar o desemprego nas comunidades em que está sendo implantado.

Dados concretos amparam essa preocupação: enquanto o desemprego no Brasil está em elevados 12%, nas favelas ele chega a mais de 50%. Uma redução drástica nesse número ajuda a quebrar a lógica da desigualdade, pois coloca a favela como referência em melhoria de indicadores sociais.

Voluntariado em SP - Gerando Falcões

Uma mudança desse porte exige ações em várias frentes. Na favela Marte, em São José do Rio Preto (SP), e na Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos (SP), ambas pioneiras do programa Favela 3D, construímos verdadeiras fábricas de formação profissional, conectadas tanto aos interesses e vocações da população local quanto às necessidades econômicas de cada região.

Promovemos a capacitação técnica em áreas como vendas, logística, elétrica, alimentação, informática. Em poucos meses, vimos florescer startups, cooperativas de costura, hortas comunitárias e projetos de coleta de recicláveis. Os empresários da região, por sua vez, firmaram o compromisso público de priorizar a contratação de mão-de-obra da favela, contribuindo para alcançarmos o pleno emprego.

Os resultados são impressionantes. Já conseguimos bater mais de 40% da nossa meta. Nesse ritmo, pretendemos zerar o desemprego naqueles territórios até o final deste ano.

Isso muda completamente o clima da favela. O morador que vê seus vizinhos conseguindo um emprego sabe que ele pode ser o próximo. Essa percepção concreta de que a vida está melhorando funciona como uma injeção de autoestima na comunidade. Com renda, a favela volta a sonhar.

Renda é sinônimo de autonomia. Ela permite que o morador da favela se liberte da prisão de segurança máxima da pobreza, podendo, não raro pela primeira vez na vida, fazer escolhas conscientes e planejar seu futuro.

Quando alguém não sabe se conseguirá pagar o aluguel, comprar um medicamento ou mesmo garantir a próxima refeição para seus filhos, toda sua concentração se volta para as demandas imediatas. Quem tem fome não consegue traçar planos de médio e longo prazo. Consequentemente, não cria condições para um dia sair da pobreza.

Uma fonte de renda quebra esse círculo vicioso. Logo, investir na inclusão produtiva da favela não melhora apenas suas condições de vida hoje, mas garante que as gerações futuras viverão em um país mais justo e igualitário.

 

*Coluna publicada pelo Jornal O Globo em 08/06/2022

Favela 3D Marte urbanização

Sem saudade da maloca

Se o senhor não tá lembrado, a demolição de malocas traz a marca da injustiça social. Adoniran Barbosa captou toda a tragédia da situação ao contar o caso de três amigos que, impotentes, apenas apreciavam a face mais cruel da especulação imobiliária diante do desmonte do lugar onde viviam. “Que tristeza que nós sentia/ Cada tauba que caía doía no coração”.

Essa é uma cena que, num futuro que já aponta no horizonte, terá espaço apenas num Museu da Pobreza. Sim, porque a realidade identificada pela sensibilidade do cronista já está sendo transformada. Na favela Marte, em São José do Rio Preto (SP), muita “tauba” vai cair a partir do próximo mês – e os moradores, hoje cheios de esperança, estarão felizes.

Como assim? Bem, dá licença de contar.

Num trabalho inédito – feito de dentro para fora e de baixo para cima – uma rede de colaboradores deu um passo importante para mudar essa história. Lá, o projeto Favela 3D (Digna, Digital e Desenvolvida) entra em fase crucial: a reurbanização total do território. Até a metade do ano, as 240 famílias do local serão abrigadas em imóveis alugados, abrindo caminho para a demolição da favela e a construção de um novo bairro a partir do zero.

O projeto das novas moradias foi escolhido em parceria com os próprios moradores, de acordo com suas preferências e necessidades. Além da infraestrutura, a Marte reurbanizada contará com quadras, espaços de lazer, centros culturais, uma Praça da Cidadania e até um Museu da Pobreza, dedicado ao registro da transformação da favela. O caráter único do projeto já despertou o interesse de pesquisadores na USP e na Universidade de Fudan, em Xangai (China).

Conduzidas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), as obras devem durar cerca de um ano e meio. O custo total do projeto será repartido entre o governo paulista (50%), a prefeitura de São José do Rio Preto (25%), responsável pelas obras de infraestrutura, e a Gerando Falcões (25%). As famílias, por sua vez, pagarão a fundo perdido prestações equivalentes a 20% de sua renda, independentemente do tamanho dessa renda, em troca da titularidade das casas.

Um projeto dessa envergadura só pôde decolar graças a um imenso trabalho de equipe nos bastidores. Contamos com as lideranças locais, como Benvindo Nery, presidente da Associação de Moradores, e Amanda Oliveira, CEO do Instituto As Valquírias. Envolveram-se também o ex-governador João Dória, o governador Rodrigo Garcia e o prefeito de São José do Rio Preto, Edinho Araújo. Mas centenas de outros profissionais se engajaram na empreitada, de arquitetos aos técnicos das Secretarias de Habitação estadual e municipal, que agilizaram o licenciamento das obras; das empresas parceiras aos juízes e promotores que facilitaram a regularização fundiária, possibilitando que os moradores tenham escritura de seus imóveis.

É a sinergia entre esses atores que viabiliza o sonho da Favela 3D. A revolução serve de modelo para iniciativas similares em todo o país. Marte é prova de que, quando coordenados, o poder público, a iniciativa privada e o terceiro setor podem encontrar saídas para a superação da pobreza estrutural.

É ali, seu moço, que vamos começar a construir um país mais próspero – e mais justo.

 

*Coluna publicada pelo Jornal O Globo em 24/05/2022

 

Favela X Israel Tecnologia Social

Inovação por necessidade

Imagine que o bairro onde você mora está cercado por bairros inimigos, com grupos armados até os dentes que só aguardam uma oportunidade para atacar. Não é uma situação muito diferente daquela de algumas favelas brasileiras, territórios de disputa entre facções criminosas. Mas hoje não estou falando de favelas.
Esse bairro tem agravantes. Fica no meio do deserto, sem acesso a terras férteis ou a reserva de água suficiente para matar a sede de todos. Além disso, a população local é pequena, incapaz de sustentar a economia apenas com base no mercado interno.
O bairro é imaginário, mas a situação, não. Essa é a realidade de Israel, de onde escrevo esta coluna. Nessas circunstâncias, o que fazer?

Os israelenses têm a resposta. O país enfrenta há décadas esses desafios, o que lhe permite ter uma visão mais aguçada sobre a importância da inovação tecnológica. Para os israelenses, inovar é questão de sobrevivência.
Tantas coisas surgiram ou foram aprimoradas aqui: o pendrive, o drone, a irrigação por gotejamento, a tecnologia de dessalinização da água do mar, os antivírus para computadores. O que explica essa profusão de boas ideias? É o que vim descobrir, como membro de uma comitiva de brasileiros da Associação dos Amigos da Universidade de Tel Aviv.
A resposta passa pela noção de ecossistema criativo. O povo judeu sempre produziu lideranças fortes, de Moises e Davi até gênios contemporâneos, como Albert Einstein, Hannah Arendt, Anne Frank, Steven Spielberg. Neste século, porém, a inovação não virá de um indivíduo, mas de vários, trabalhando em parceria. Os israelenses compreenderam que o Einstein dos nossos tempos será, na verdade, um ecossistema.

inovação social 4

O governo de Israel cria condições favoráveis ao surgimento desses ecossistemas, a começar pela educação de ponta oferecida à população. Políticas de incentivo ou isenção fiscal, além do investimento direto em ideias promissoras, mantém a pista livre para a imaginação e o apetite empreendedor dos jovens israelenses.
O resultado são os mais de 70 unicórnios do país. Só em 2020, o setor criativo atraiu cerca de US$ 9 bilhões em investimentos estrangeiros. Soluções tecnológicas criadas em Israel estão transformando nosso estilo de vida em todo o mundo – basta pensar em como o aplicativo Waze mudou nossa maneira de dirigir e nossa relação com a cidade. Com o tamanho de Sergipe, Israel compete mundialmente quando o assunto é tecnologia. Tudo o que nasce aqui, nasce para ser global ou não passa da fase de testes.
Essa pujança econômica só existe porque Israel passou a encarar a inovação como questão de sobrevivência. O Brasil, morada de judeus ilustres como Elie Horn, Luciano Huck e a família Safra, tem muito a aprender com seus irmãos israelenses. Não enfrentamos as condições políticas e ambientais do Oriente Médio, mas deveríamos tratar também a economia criativa como uma prioridade. É isso, afinal, que decidirá quais nações irão prosperar pelas próximas décadas, em um mercado cada vez mais dinâmico e digital.
Ecossistemas criativos não ficam prontos do dia para a noite, mas eles podem promover saltos de desenvolvimento econômico e social. Sem isso, é quase impossível sonhar com um Brasil livre da pobreza e da desigualdade.

Coluna publicada pelo Jornal O Globo em 09/05/2022

Favela X Metaverso Roblox Tecnologia Social

Qual é o metaverso social?

Nos últimos tempos, tenho levantado essa bola durante algumas entrevistas e palestras que participo sobre futuro e inovação: Como podemos embarcar em tendências como a realidade no metaverso para, de fato, reduzir desigualdades e transformar a vida das pessoas na ponta? Como formar um metaverso com impacto social?
A pandemia já provou que o principal valor da atualidade é a colaboração.

E esta é a grande chance que temos de fazer algo que pode mudar o futuro, sobretudo o futuro das crianças. Saber que nós fazemos parte deste tempo, em que ainda existe uma oportunidade única de fazer a coisa certa, é muito poderoso. Essa estrada segue obviamente um caminho de inovação. Só que sua importância não será medida pelas possibilidades imaginadas, e sim pelo benefício real que trouxer a todas as camadas sociais – especialmente a quem mais precisa. Porque o que foi criado até aqui não é suficiente para salvar as próximas gerações.

 

 

Segundo pesquisa da OCDE ( Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o brasileiro da ponta demora, no mínimo, 9 gerações para sair da pobreza extrema. Se levarmos em conta que cada geração dura 25 anos, quer dizer que uma família vai levar 225 anos para sair da pobreza. Por isso somos incansáveis nessa busca por inovação! Temos que ter a coragem necessária para encontrar uma saída inexplorada 

Na minha visão, o metaverso social é sobre imaginar e construir, dentro da realidade alternativa, uma alternativa para a realidade
Hoje lançamos o game Missão Favela X, projeto em parceria com a Accenture que nasceu com o objetivo de ampliar a consciência de crianças e adolescentes sobre os desafios diários que outras crianças e jovens atravessam na favela. Tudo acontece no metaverso do Roblox, onde grande parte das crianças já está inserida. O jogo se passa dentro de um foguete e cada andar representa um desafio que os moradores da favela enfrentam: infraestrutura, saneamento básico, educação, cultura e tecnologia.  

Assim, é possível atuar em duas frentes: na conscientização das crianças privilegiadas sobre a luta contra a pobreza, de um lado, e na educação das crianças menos favorecidas quanto aos desafios que elas precisam superar na vida para atingir seus objetivos, de outro. 

E tem mais: o Missão Favela X é o primeiro game no Brasil desenvolvido para ajudar as favelas. As empresas apoiadoras do projeto terão a oportunidade de ter suas marcas expostas em nossas comunicações — especialmente dentro do jogo –, além de participar da criação (e evolução) do metaverso social. Todo dinheiro arrecadado será revertido para projetos da Gerando Falcões, que atua na transformação das favelas e na erradicação da pobreza (antes de Marte ser colonizado!). 

Esse é o primeiro movimento da Gerando Falcões no metaverso. Sabemos que há muito ainda para explorar nesse sentido e que podemos, juntos, acelerar o debate sobre educação e inovação social para mudar o Brasil. Mas que fique claro: esse passo é um marco na história da Gerando Falcões rumo à integração de nossa sociedade.  

Vamokida.  

#missãoéaqui #missaofavelax 

Para saber mais e acessar o jogo, clique aqui.

  

Combate à pobreza desigualdade social empreendedorismo Favela

Rebeldes com causa

O trabalho do terceiro setor só existe graças aos empreendedores sociais. Toda forma de engajamento é importante, mas são esses indivíduos, cujo escritório fica dentro da favela, que viabilizam o combate à pobreza nos quatro cantos do país.

Eles têm algo que não pode ser comprado ou simulado: a vivência no território. São líderes que conhecem pelo nome as famílias mais pobres das suas quebradas. Lembram a cor da casa de cada uma delas e sabem dizer se o chão ali é de terra batida ou de piso. Quando alguma criança não consegue vaga na creche, ou quando alguém descobre um problema de saúde, prontamente a notícia chega à sua atenção.

O “olho no olho” com a população local coloca esses empreendedores em uma posição destacada para criar soluções disruptivas de combate à pobreza. Eles são nossos maiores inventores – nossos “rebeldes”, “encrenqueiros”, como gostava de definir Steve Jobs. Dia após dia, eles desenvolvem tecnologias sociais pioneiras. Com coragem, baseados em sua vivência prática, sem medo de errar e aprender, eles testam cotidianamente jeitos inovadores de desarmar a bomba relógio da pobreza e da desigualdade.

Por isso é tão importante valorizar seu trabalho. Uma das metas da Gerando Falcões é identificar essas pessoas extraordinárias e ajudá-las a acelerar suas habilidades. Nosso braço educacional, a Falcons University, existe justamente para que as ONGs da rede possam construir modelos de gestão mais profissionais, em linha com o que as grandes empresas praticam, e desenvolver plenamente as competências sociais e emocionais de suas lideranças.

Mas isso não basta. É preciso convencer a sociedade do verdadeiro tesouro que os empreendedores sociais representam. O Brasil segue preso a um modelo tradicional, ultrapassado, de dinheiro pelo dinheiro, a qualquer custo. Medidos por critérios estritamente financeiros, esses líderes comunitários, de fato, não têm ainda muita expressão. Trato aqui de pessoas que muitas vezes precisam decidir se pagam o aluguel ou a conta de luz atrasada de suas ONGs. Seus “empreendimentos” não estão listados na Bolsa de Valores.

No entanto, se houvesse uma bolsa que negocia o valor social e ambiental das instituições, não tenho dúvida de que o IPO dessas ONGs bateria recordes. É essa mensagem – cada vez mais consensual entre os próprios agentes do mercado em todo o mundo – que precisamos reforçar no Brasil.

O Encontro Nacional de Favelas, realizado nesta semana em São Paulo, será uma boa oportunidade para isso. O evento reúne cerca de 600 líderes sociais de todas as regiões do país. Por meio da arte, da poesia, da música e, principalmente, das histórias inspiradoras dessas pessoas, vamos (re)aprender como é possível, sim, construir novas maneiras de construir o enfrentamento às desigualdades.

Esses líderes são a prova de que o Brasil precisa valorizar mais a sua gente. Eles representam um país vibrante, criativo, generoso e não podem ficar esquecidos. Esses são, afinal, nossos grandes inventores. Enquanto alguns dos melhores cérebros do mundo recebem todo o suporte necessário para concretizar o sonho de colonizar Marte, nossos “rebeldes” e “encrenqueiros” precisam de ainda mais apoio para cumprir uma missão bem mais urgente: transformar a pobreza da favela em peça de museu

coluna edu

Escalando montanhas

“Uma liderança social é como um alpinista escalando uma montanha”. A analogia é de Jorge Melguizo, ex-secretário de Desenvolvimento Social e Cultura Cidadã de Medellín, na Colômbia, cidade que passou por um dos mais arrojados processos de transformação social do continente nas últimas décadas.

De primeira, fiquei intrigado com a comparação. Que relação teria o trabalho de uma ONG, por exemplo, com um esporte radical? Jorge então explicou que, ao desbravar uma montanha pela primeira vez, o alpinista vai fincando grandes “pregos” na lateral da rocha, nos quais ele apoia sua corda e seus equipamentos de segurança.

Terminada a escalada, o que acontece com esses pregos? Permanecem na montanha. Eles servirão agora de apoio para outros aventureiros, que poderão utilizá-los para apoiar novas cordas e, assim, alcançar seus objetivos com mais facilidade.

O alpinista não busca, portanto, apenas uma realização pessoal – ultrapassar seus próprios limites e vencer a montanha. Sua função mais importante é encontrar e construir uma trilha para aqueles que virão depois. É facilitar o caminho de todos os que desejam chegar ao topo, por mais desafiadora que a jornada possa parecer.

Essa talvez seja a mensagem mais importante trazida pela analogia: o líder social não precisa necessariamente chegar ao topo de sua montanha intangível. Ainda que ele falhe, ficam o exemplo e o aprendizado, para que a próxima geração, muito mais bem preparada, possa reiniciar o caminho em direção a uma sociedade mais justa.

A reflexão do colombiano Jorge não poderia ser mais oportuna para nós, brasileiros. Com o crescimento galopante da pobreza, da desigualdade, do desmatamento e de tantos outros problemas, precisamos de agentes sociais com a coragem necessária para desbravar as montanhas mais altas.

A razão é simples: as mazelas sociais brasileiras são tão profundas que apenas projetos ousados, tidos como impossíveis à primeira vista, serão capazes de superá-las. É preciso testar soluções novas e mais eficientes de combate à pobreza. O país não pode se dar ao luxo de comemorar melhorias tímidas, graduais, pois a população da periferia, que voltou a conviver com o espectro da fome, tem pressa.

A Colômbia, terra de Jorge Melguizo, é um bom exemplo de como vale a pena escalar as montanhas mais altas. Medellín já foi uma das cidades mais violentas do mundo. Com políticas públicas inovadoras, apoiadas no incentivo a projetos culturais e na integração com agentes comunitários, os índices de criminalidade caíram drasticamente.

Leia nosso post sobre a reurbanização de Medellín

O Brasil também tem algumas montanhas enormes a serem desbravadas. Quando a Gerando Falcões começou a implementar o programa Favela 3D na comunidade Boca do Sapo, em Ferraz de Vasconcelos (São Paulo), uma das primeiras ações sugeridas pelos moradores foi renomear a favela. O antigo nome feria sua dignidade, sua autoestima.

O novo nome, escolhido por eles, foi Favela dos Sonhos – e penso que não poderiam ter ficado com uma opção mais apropriada. Porque é lá que iremos zerar a taxa de desemprego, a fila nas creches, os índices de analfabetismo. Queremos que as melhores taxas de crescimento de qualquer indicador social do Brasil sejam registradas nos locais impactados pelo Favela 3D. Esse é o tipo de montanha que a Gerando Falcões decidiu escalar.

  • Artigo publicado em 12/04 no Jornal O Globo.

Colaboração é a única saída para resolver problemas do planeta

A humanidade enfrenta uma das maiores encruzilhadas da História. A desigualdade global vem crescendo, assim como a pobreza e o número de favelas. Cresce também a devastação da natureza, com consequências ainda imprevisíveis sobre o clima do planeta, a agricultura e a segurança alimentar de toda a nossa espécie. Somam-se a isso os desafios impostos pela tecnologia, como o advento da automação, que pode empurrar milhões de pessoas para o desemprego.

Temos no horizonte enormes questões sociais e ambientais que só poderão ser encaradas por meio da colaboração. Instituições globais, governos, empresas, organizações sociais e cidadãos comuns precisam se juntar para produzir soluções novas, mais eficazes, para nossos problemas concretos.

A ideia de que um único ator social tem a chave para resolver todas essas mazelas não têm espaço neste complexo século XXI. Alguns olhariam para o mercado, com sua “mão invisível”, como ferramenta ideal para lidar com a questão social. Outros diriam que cabe ao Estado essa tarefa. Alguns apostariam ainda em soluções locais, baseadas em pequenos grupos comunitários, enquanto o outro lado lembraria a importância dos grandes organismos internacionais. Na verdade, é a colaboração entre essas muitas esferas que pode criar saídas para o labirinto da pobreza e da desigualdade.

A valorização das parcerias é particularmente importante hoje, quando o conceito de ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) se torna consenso no universo corporativo. Mais empresas buscam desenvolver projetos sociais, por isso mesmo é necessário reforçar que a favela não precisa de “salvadores”, mas de parceiros. Ela quer aprender, mas também tem muito a ensinar. O mercado precisa entender que investir na periferia é, sim, um bom negócio — do ponto de vista social e econômico.

A favela precisa de colaboradores, de gente que a ajude a desenvolver, com sua própria força e criatividade, novas fontes de riqueza e saídas inovadoras para suas mazelas. O caminho para isso está na sinergia entre empresas, agentes públicos, terceiro setor e nas próprias lideranças comunitárias. Só assim conseguiremos desenvolver tecnologias sociais de combate à pobreza qualitativamente melhores, adequadas aos desafios do nosso tempo, em vez de repetirmos modelos criados no século passado ou retrasado.

Por isso o “tamojunto” é uma das palavras de ordem na Gerando Falcões. Há muito tempo existe um muro entre o mercado brasileiro e a periferia, mas já passou da hora de ele ser derrubado. Um dos maiores desafios do terceiro setor é construir pontes, garantindo a cooperação entre todos os atores sociais em torno do objetivo de erradicar a pobreza.

Longe de ser uma estratégia restrita à área social, a valorização do esforço colaborativo é uma tendência generalizada, que corresponde às necessidades do nosso tempo. Os grandes desafios deste século pedem respostas complexas que só poderão ser encontradas coletivamente. Mais do que nunca, a união faz a força. Quem não souber trabalhar em sistemas de parcerias se tornará obsoleto e perderá relevância. Nos próximos anos, colaboração será questão de sobrevivência.

  • Artigo publicado em 29/03 no Jornal O Globo.

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Combate à pobreza exige inovação

O título de um dos meus livros é “Da favela para o mundo”. Trato nele das barreiras e preconceitos que enfrentei enquanto jovem favelado e da minha tentativa de vencer a pobreza e expandir horizontes. Muito do que aparece no livro como sonho ou projeto virou realidade nos últimos anos: pude visitar outros países, palestrar em centros universitários de renome, conhecer grandes empreendedores e filantropos.

Essa vivência me convence cada vez mais da importância da inovação para as iniciativas de combate à pobreza e à desigualdade. Por isso levo — e continuo levando — minha experiência das periferias brasileiras por onde passo, mas creio que hoje escreveria um livro diferente, chamado “Do mundo para a favela”.

Estou em Austin, no Texas, participando do SXSW (South by Southwest). Mistura de festival de arte com ciclo de conferências, o SXSW é o maior evento de inovação do planeta. Minha missão aqui é entender o que as melhores mentes, das mais variadas nacionalidades e origens sociais, enxergam para o futuro. Já acompanhei debates sobre emergência climática global, agenda ESG, NFTs (tokens não fungíveis) e impressão de casas em 3-D.

Vim também na condição de palestrante. Dividi o palco com Eco Moliterno, diretor de criação da Accenture Interactive para a América Latina, e falei sobre o trabalho da Gerando Falcões. Apresentei ao mundo nossas tecnologias de combate à pobreza, como o Favela 3D (Digna, Digital, Desenvolvida), o programa Decolagem, o Bazar Social e, principalmente, nossa rede de milhares de lideranças comunitárias.

A favela entende de inovação. Desde muito cedo, observei minha mãe encontrar as soluções mais criativas — hoje diríamos “disruptivas” — para fazer com que menos de um salário mínimo fosse o suficiente para nos alimentar por um mês inteiro. Cresci vendo exemplos parecidos. A inovação do favelado é o que faz uma panela amassada virar um chuveiro, é o que transforma lona e madeira velha num lar.

Por isso digo que a favela é a maior startup brasileira, fonte inesgotável de gente talentosa e origem de nossos produtos culturais mais bem-sucedidos. Acontece que essa startup precisa de investimento e atenção global para prosperar, e não venceremos os problemas do presente com métodos do século XIX ou XX.

Essa foi a principal mensagem que tentei passar aqui no SXSW, diante de alguns dos melhores cérebros do mundo: o combate à pobreza precisa de um salto qualitativo que depende da inovação. Não se trata simplesmente de aperfeiçoar estratégias já existentes ou de investir mais recursos na área social, mas de criar alternativas mais eficientes para o enfrentamento de nossas velhas mazelas sociais.

Daí a necessidade de entendermos como cada conhecimento novo — um app, um algoritmo, um dispositivo ou ferramenta, uma teoria, não importa — pode ser útil para resolver os problemas da periferia. Esse deve ser o compromisso do mundo com a favela.

Há décadas, a humanidade tem recursos suficientes para erradicar a pobreza. Nos faltam estratégias e pactos coletivos que permitam destinar corretamente esses recursos. A inovação social é a chave para que, ainda neste século, coloquemos a pobreza em seu devido lugar: atrás da vitrine de um museu.

  • Artigo publicado em 15/03 no Jornal O Globo.

voluntariado

Voluntariado em SP: saiba onde fazer em São Paulo

Em primeiro lugar, de acordo com o Dicionário Oxford, voluntário é: “tudo que não é forçado, que só depende da vontade; espontâneo”. Voluntariados, portanto, são os seres que praticam essas ações.

Você já praticou o voluntariado em algum momento? De repente com a sua família, na sua escola ou no seu trabalho… e você já parou pra analisar que pode ser um voluntário na sociedade? 

Na verdade, no voluntariado, a pessoa que opta espontaneamente por dedicar o seu tempo a alguma causa e a alguém, na verdade, é sempre o maior beneficiado. 

Por exemplo: antes da pandemia, o voluntariado era majoritariamente a doação de tempo, entre outros atributos, de forma presencial. Contudo, hoje há diversas formas de ser voluntário sem precisar sair de casa.

Trabalho voluntário e a pandemia

Muitos psicólogos, no início da pandemia, optaram por oferecer consultas gratuitas por meio de ferramentas de áudio e vídeo. Além da psicologia, outros profissionais como professores, médicos, entre outros, disponibilizaram o seu tempo e conhecimento para auxiliar pessoas de forma virtual. 

Tudo pela alta demanda de necessidades que passaram a existir com o fechamento de empresas e escolas, falta de acesso a transporte público, entre outras situações.

homem realizando serviço voluntário de forma online

Então, a importância do trabalho voluntário rima com propósito, que, por diversas vezes, nada tem a ver com doar dinheiro ou insumos, mas, sim, doar tempo e tudo aquilo que você sabe fazer de melhor.  

A importância e o significado principal do trabalho voluntário é ser uma via de mão dupla. Então, de um lado o beneficiado principal supre suas necessidades; do outro, o voluntário é presenteado com o retorno de suas ações em prol de uma causa ou projeto. 

Não há limites para ser um voluntário, e muitas pessoas consideram como um verdadeiro “vício” pela sensação de bem-estar que o trabalho voluntário nos oferece. 

Essa entrega, pontual ou recorrente, envolve nossos valores, crenças e tudo aquilo em que acreditamos ser possível oferecer ao mundo para que seja, a cada dia, um lugar ainda melhor de se viver. 

Principais tipos de trabalho voluntário

Atividades-fim

 É toda e qualquer atividade em que o objetivo gira em torno dos beneficiados da instituição. 

Atividades-meio

Geralmente, são ações em áreas administrativas da instituição e se trata de atividades que não têm contato com o público. 

Atividades baseadas em habilidades 

Normalmente, são atividades em que o voluntário precisa comprovar determinadas qualificações e que há a possibilidade de executar testes, a fim de avaliar a aderência do voluntário à necessidade da instituição. 

Outros tipos de voluntariado

Existem outros tipos de trabalho voluntário, como à distância ou on-line. São trabalhos nos quais o voluntário determina o local em que realizará as suas atividades, em casa ou no trabalho, por exemplo. 

Há também o volunturismo (de voluntário + turismo), que são aquelas atividades em que o voluntário se desloca para outras cidades, estados e até países, a fim de atuar em uma comunidade em um tempo determinado. 

Os tipos de trabalhos voluntários ocorrem de maneira pontual (desenvolvidos em um período pré-determinado e que, normalmente, duram pouco tempo) ou recorrente (variando de semanas até anos e possuindo um maior envolvimento com a instituição).

duas pessoas realizando serviço voluntário em uma praia de São Paulo

Quais as atividades do voluntariado?

As principais atividades desenvolvidas em trabalhos voluntários são: 

  • Ambiental: proteção e conservação da natureza;
  • Cultural: imersão e promoção de tradições locais, bem como o contato com outros idiomas;
  • Educativo: compartilhamento de conhecimentos, habilidades e experiências para dar poder a comunidades locais;
  • Saúde: necessitam de certificações e experiência para desempenhar determinadas funções;
  • Social: melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Essas atividades englobam diversas opções, por exemplo: cuidar de animais, assistir pessoas em situação vulnerável, ensinar idiomas, colaborar com iniciativas ambientais, dar aulas de música, esportes, entre outras possibilidades.

Atividades de voluntariado

Como praticar o voluntariado em São Paulo?

Para você, morador de São Paulo, que tem interesse no voluntariado, a primeira dica é procurar uma instituição idônea. Assim, você vai utilizar seus conhecimentos e suas habilidades para impactar de forma positiva a vida de pessoas e animais. 

Organizações para praticar o voluntariado em São Paulo

De antemão, alerto que poderia citar muitas outras causas, mas o que apresento a seguir são apenas alguns exemplos. Se tiver outra área em que você queira atuar, com certeza vai encontrar muitas atividades de voluntariado em São Paulo.

1. PARCEIROS VOLUNTÁRIOS

“Engajar e desenvolver pessoas e instituições por intermédio de tecnologias sociais e voluntariado.” 

2. ATADOS 

“A associação tem como finalidade promover serviços assistenciais, culturais e humanitários com o apoio dos membros associados.”

3. TETO BRASIL

“Transformar a vida de crianças e adolescentes, mostrando que existem outros caminhos.” 

4. ADUS (INSTITUTO DE REINTEGRAÇÃO DO REFUGIADO) 

“Atuar em parceria com solicitantes de refúgio, refugiados e pessoas em situação análoga ao refúgio para sua reintegração à sociedade, buscando a valorização e inserção social, econômica e cultural desses imigrantes.” 

5. GRAAC (GRUPO DE APOIO AO ADOLESCENTE E À CRIANÇA COM CÂNCER)

“Garantir a crianças e adolescentes com câncer, dentro do mais avançado padrão científico, o direito de alcançar todas as chances de cura com qualidade de vida.”

6. ENTREGA POR SP

“Mobilização social sem vínculos políticos e/ou religiosos, que acredita na convivência amigável e solidária entre quem vive e quem não vive na rua.”

7. VIVA E DEIXE VIVER

“Por meio da arte de contar histórias, formamos cidadãos conscientes da importância do acolhimento e que produzem bem-estar a partir de valores humanos como empatia, ética e afeto.”

8. CÃOMINHADA (CENTRO DE ZOONOSES)

“Projeto de voluntariado dentro da DVZ (Divisão Controle de Zoonoses) sob a coordenação da COVISA (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) e da COSAP (Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico).”

Minha vida no voluntariado em São Paulo 

Estou no Rio de Janeiro, mas pratico o voluntariado em São Paulo. Aliás, como voluntária, redatora do blog Gerando Falcões e mentora, me sinto privilegiada pela confiança depositada em mim e por poder fazer parte dessas duas frentes que me engrandecem como ser humano. Além disso, gostaria de deixar registrado o meu amor e a minha gratidão em fazer parte da Gerando Falcões. É algo inestimável, imensurável e indescritível.

Enfim, carrego um orgulho imenso de falar sobre a instituição, sobre os fundadores e sobre as pessoas que estão envolvidas neste projeto. É incrível, pois, a cada dia, ele toma proporções ainda maiores com o intuito de beneficiar pessoas, seres que hoje vivem em situações de miséria e de vulnerabilidade. Contudo, tenho plena certeza de que, em um futuro muito próximo, estarão oferecendo suas habilidades e seu tempo para outras causas.

Torne-se um voluntário da Gerando Falcões

Para você se tornar um voluntário da Gerando Falcões, acesse nosso site e conheça nossos projetos. 

A mentoria de jovens e líderes sociais da Gerando Falcões necessita apenas de ensino superior completo em qualquer área, além de experiência profissional. O ponto-chave para ser um mentor é ter tempo, comprometimento, estar disposto a aprender e auxiliar o desenvolvimento do plano de carreira dos envolvidos. 

Quer saber mais sobre a Gerando Falcões e sobre voluntariado em São Paulo e em todo o Brasil? Conheça 5 motivos para praticar o voluntariado.

Vem com a gente! #vamokida

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Acelerando Sonhos

Enquanto o plano inusitado de viajar até Marte recebe manchetes, missões mais urgentes e menos complicadas aqui na Terra, como o combate à pobreza, não têm merecido a mesma atenção. É para tentar corrigir um pouco essa distorção que logo mais Amanda Oliveira, fundadora e CEO das Valquírias, da rede Gerando Falcões, e eu embarcaremos para a Inglaterra. No final do mês, promoveremos um jantar filantrópico em Londres, que contará com a presença de cerca de cem investidores. A arrecadação será aplicada em projetos sociais em favelas do Brasil. 

O evento não poderia acontecer sem a ajuda da vibrante comunidade brasileira que vive em Londres, que vem nos ajudando a construir pontes com o Reino Unido. Ele tampouco sairia do papel sem os parceiros da Brazil Football Foundation, uma organização sem fins lucrativos sediada na capital britânica e que apoia diversos projetos sociais voltados à comunidade brasileira. 

O jantar é fruto da garra da nossa equipe londrina de voluntários, incansáveis na busca de patrocínio, tenazes nos contatos com doadores em potencial. É uma gente valorosa que não enjeita o trabalho duro, de formiguinha. Seu trabalho, de ampliação de uma rede de solidariedade, pode não ter tanta visibilidade quanto o de um Elon Musk, com seus foguetes de última geração, mas, na minha opinião, é muito mais importante e urgente. São eles que ajudam a encontrar soluções para problemas que já deveriam ter sido extintos há décadas, como a pobreza e a fome. 

Os resultados desse trabalho já aparecem há algum tempo. O jantar da Gerando Falcões em Londres é o terceiro do gênero. No final do ano passado, organizamos eventos similares em Nova York e Miami, com a ajuda decisiva de Maurício Morato, diretor executivo da Gerando Falcões nos Estados Unidos. Nessas ocasiões, encontrei sempre a mesma situação: uma comunidade sensível aos problemas do Brasil e disposta a fazer sua parte. 

Com iniciativas assim, a voz e o olhar da favela chegam ao chamado “primeiro mundo”. Essa é a importância de construir pontes, de encontrar novas maneiras de garantir que cada um assuma sua parcela de responsabilidade perante as mazelas sociais. Daí a importância também de se entender que a pobreza é um problema global. A miséria em qualquer parte é uma ameaça à segurança e à estabilidade de todas as sociedades. 

Já tratei neste espaço do projeto Favela 3D, que a Gerando Falcões está implementando como um piloto em São José do Rio Preto (SP), buscando construir tecnologias sociais inovadoras de combate à pobreza. Essa é a nossa Marte – a favela, não o planeta. É preciso fazer com que as elites globais, em particular a comunidade brasileira que mora no exterior, entenda que esse tipo de projeto não diz respeito a um punhado de pessoas na periferia de São Paulo, mas ao mundo inteiro. 

A pobreza rouba, sobretudo, oportunidades. Quando nos fascinamos com a perspectiva de viajar pelo espaço, devemos lembrar que o próximo salto tecnológico que irá viabilizar esse sonho pode vir justamente de um garoto ou garota da favela. Enquanto os foguetes não decolam, vou a Londres tentar acelerar esse sonho.

Confira também: como ajudar as pessoas 

cultura Favela música

Cultura da favela e seus estilos musicais

Antes de mais nada: você já parou para pensar em quantos estilos musicais nasceram da cultura da favela brasileira?

Então, resolvemos pegar alguns deles e contar um pouquinho de suas histórias. Entenda como nasceu o samba, o rap e o funk nas favelas do Brasil.

Samba: um símbolo da cultura da favela

A cultura da favela que levou a música brasileira para o mundo foi o samba. Aliás, levou o Brasil para Marte, onde astronautas colocaram Beth Carvalho para tocar. Mas o ritmo musical que hoje é uma das marcas da cultura brasileira e da favela começou com o velho preconceito.

Segundo historiadores, o samba nasceu do ritmo de 2 grupos africanos: os bantos, originários da África Central, e os iorubás, que chegaram da África Oriental. A união do ritmo e a introdução das religiões africanas na cultura brasileira foram os pontos cruciais para o samba se solidificar.

Origem do Samba, um símbolo da cultura da favela

No século XIX, o Rio de Janeiro era a capital do Império. Então, a cidade maravilhosa passou a comportar uma leva de negros vindos de outras regiões do Brasil, sobretudo da Bahia. Eles levaram seus batuques para os aglomerados em torno das religiões africanas, em que atuavam mães e pais de santo.

O primeiro samba gravado foi Pelo Telefone (Donga), de 27/11/1916, nas rodas de criação dos terreiros. Até então, era um ritmo escondido, tocado apenas nas favelas e nos arredores da Praça 11. Aliás, quem fosse pego tocando samba seria “tocado” direto para a cadeia.

Os sambas-enredo e a cultura da favela na avenida

Nos anos 30, o preconceito começou a mudar de figura. Artistas brancos, como Noel Rosa, fizeram com que o ritmo da favela começasse a ser aceito. A origem do cantor se deu no mesmo período do surgimento dos primeiros desfiles das escolas de samba.

Além disso, o governo de Getúlio Vargas viu no samba uma espécie de “fumacê positivo” para o seu autoritarismo. No começo, os músicos improvisavam 2 sambas – um na ida e outro na volta da avenida. O ritmo era mais cadenciado e o samba-enredo era pautado pela História do Brasil. 

Noel Rosa e Ary Barroso: samba, cultura da favela e poesia

Nos anos 20, além das escolas de samba, Noel Rosa foi o primeiro que trouxe a cultura viva da favela para a sociedade. Na junção do boêmio carioca de poesia com samba, Rosa lançou sucessos cantados no Carnaval até hoje, como, por exemplo, Com que Roupa (1929), Fita Amarela (1932) e Conversa de Botequim (1935).

Noel Rosa e Ary Barroso: samba, cultura da favela e poesia

Outro sambista que elevou o ritmo cultural da favela de patamar foi Ary Barroso, compositor de um dos maiores clássicos da MPB, Aquarela do Brasil. Quando cantada na voz de Carmen Miranda, a canção conquistou Hollywood e transformou Ary em compositor da Disney.

Cartola e Nelson Sargento: a cultura da favela e o preconceito

Não podemos esquecer Cartola, Nelson Sargento e outros sambistas negros. Os dois citados são dos primórdios da Estação Primeira de Mangueira. Cartola começou compondo sambas que fizeram sucesso na voz de cantores como Ataulfo Alves e Carmen Miranda. Entretanto, só foi reconhecido pelo público no final de sua vida.

Já Nelson Sargento foi músico, poeta, pintor e presidiu o grupo de compositores da Mangueira. Além disso, foi pesquisador da música popular brasileira. Assim como Cartola, só foi reconhecido no final de sua vida, gravando seu primeiro disco solo aos 55 anos. Nelson Sargento morreu em 2021 aos 96 anos.

Cartola e Nelson Sargento: a cultura da favela e o preconceito

Muitos estudiosos apontam que o preconceito racial foi um dos fatores que fizeram com que músicos desse porte só fossem reconhecidos nos últimos anos de vida. Sargento compôs mais de 400 canções, enquanto Cartola foi autor de clássicos, como O Mundo é um Moinho (1976), O Sol Nascerá (1974) e As Rosas Não Falam (1976).

Os “filhos” do samba

Desde então, o samba foi responsável pela criação de vários subgêneros. Nos anos 50, tivemos a introdução do violão da bossa nova de João Gilberto. Na década de 70, Tim Maia e Jorge Ben Jor misturaram a música negra americana com o samba, trazendo o samba soul e o samba-rock para nossa discoteca e enriquecendo a cultura da favela.

Nos anos 80, nasceu o pagode. Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho e outros sambistas trouxeram de volta a cultura da roda de samba e a cultura da favela para as músicas mais tocadas do país.

RAP: da Jamaica para as favelas de São Paulo

Não foi só no Rio de Janeiro que a cultura da favela transformou a música brasileira. Em São Paulo, as favelas que ficam nas margens da capital mais rica do país também tiveram sua participação. O rap veio dos Estados Unidos e logo ganhou um tempero local, cantando o jeitinho e a dor do brasileiro das favelas.

Mas, peraí, por que no título você colocou Jamaica? Calma…

O rap pode ter vindo dos Estados Unidos, mas o ritmo nasceu na Jamaica. Então, nos anos 60, grupos de músicos se juntavam em festas de rua nos guetos do país da América Central. Elas surgiram pelo nascimento dos amplificadores de som. Eles democratizaram as festas, tornando possível fazer uma balada na boate ou na rua do gueto.

Cultura da favela: rap da Jamaica para as favelas de São Paulo

Os donos dessas “baladas” eram DJs, conhecidos como toasters. Então, eles colocavam todo mundo para dançar com base em palavras rimadas e reggae. A princípio, os temas eram descontraídos, porém, com o passar do tempo, eles começaram a falar sobre questões políticas e sociais.

Além disso, as batalhas de improviso também surgiram nessa época. Quem não concordasse com o que um toaster vinha rimando, podia cantar e desafiá-lo com outros versos.

O rap e as favelas de São Paulo

Nos anos 80, o rap aterrissou em São Paulo, mais especificamente na Estação São Bento, onde Jr. Blaw começou a improvisar. Entretanto, há quem diga que o rap veio dos repentistas nordestinos, que já faziam suas rimas há tempos. 

O fato é que a música de origem jamaicana, que já conquistava a cultura negra norte-americana, se consolidou apenas nos anos 90. Em São Paulo, nasceu o Racionais MC’s, grupo de Mano Brown, que teve seu nome inspirado por Tim Maia e seu disco, Tim Maia Racional.

Racionais trazendo a cultura das favelas para suas rimas

Dessa forma, os Racionais colocaram o dedo na ferida em relação à violência e à pobreza das favelas de São Paulo. Mano Brown virou a maior inspiração para outros músicos, como Marcelo D2, do Planet Hemp, que mistura rap com rock e samba. Além disso, tivemos nomes como MV Bill, Sabotage, Emicida, Rashid, Criolo e Negra Li, a musa do rap.

Enfim, todos eles vindos das periferias e trazendo a cultura das favelas para suas rimas.

Funk com F de favela

Foi quando Cartola e Nelson Sargento começaram a aparecer no cenário musical nacional que outro filhote musical da cultura das favelas começou. Nos anos 70, o charme começou a ser levado para as festas das favelas cariocas. Um ritmo que ganhou tempero tupiniquim e virou febre nacional.

“Musicalmente falando, a diferença é que o funk é um ritmo mais acelerado, mais despojado e o charme mais suingado, cadenciado, que tem muita sensualidade”, explica o DJ Michel, em matéria publicada no G1.

O funk começou em formato semelhante ao do rap, com letras que escancararam a desigualdade social e os problemas das favelas e periferias cariocas. Porém, com o passar dos anos, as letras foram ficando mais românticas, fazendo o ritmo ganhar mais seguidores. Hoje, o funk é o maior representante da cultura das favelas no cenário do pop nacional.

Cultura da favela e a origem do Funk com F de favela

De acordo com DJ Marlboro, para muitos, o pai do funk: 

“O Rio de Janeiro, de tempos em tempos, já observei que acontece de 50 em 50 anos, ele cria um novo tipo de música. Teve o samba, 50 anos depois tivemos a bossa nova, 50 anos depois o funk, daqui a 50 anos deve ter alguma coisa nova aí do carioca surpreendendo a gente.”

A cultura da favela circular

Na Gerando Falcões, queremos trazer uma nova veia cultural para a favela: a autossustentabilidade. Assim, com o Bazar da GF, queremos mostrar como a favela pode se estruturar, garantindo receita e produtos com até 70% de desconto em comparação com o mercado tradicional.

Dessa forma, você pode comprar CDs, livros, camisetas, móveis, além de produtos da nossa marca própria, ou doar produtos de qualidade.

cultura da favela circular e o bazar GF

Quem sabe você não acha aquele vinil do Cartola ou do Racionais?

Além disso, quem sabe você não doa pra gente aquelas roupas em bom estado que não cabem mais em você?

Acesse agora o nosso site!

#tamojunto

Confira também: Qual foi a primeira favela do rio de janeiro

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Partiu Marte

No mês que vem, embarco em direção a Marte. Estarei acompanhado por uma tripulação de cerca de 140 pessoas, entre executivos, empreendedores, formadores de opinião, artistas e líderes sociais. A viagem será curta: devemos pisar o solo avermelhado e pedregoso uma hora e meia após a decolagem.

Meu destino é a Favela Marte, em São José do Rio Preto (SP), onde a Gerando Falcões está implementado o programa Favela 3D — digital, digna e desenvolvida. Deixo a conquista do planeta para Elon Musk e seus incríveis engenheiros da SpaceX, dedicados a uma corrida espacial que envolve bilhões de dólares. Nossa corrida é social.

Não temos uma fração da capacidade de investimento de uma Nasa, claro, mas conseguimos costurar um acordo entre o governo de São Paulo, a prefeitura da cidade e a iniciativa privada para financiar o desenvolvimento humano e social daquela comunidade. Serão R$ 52 milhões aplicados com o objetivo central de descobrir maneiras novas e eficientes de superar a pobreza. Tudo decidido com a participação ativa de representantes da favela, que dividiram a mesa de negociações com o governador João Doria e o prefeito Edinho Araújo.

Como o planeta, a favela com chão de terra vermelha oferece um ambiente hostil à vida. Não há água potável nem energia elétrica. Não há saneamento básico, nem espaços que garantam a sobrevivência humana digna. Até a infraestrutura pública se equipara à do planeta — é inexistente.

Ora, é inaceitável que as periferias brasileiras sejam quase tão inóspitas quanto um distante corpo celeste. No projeto da nossa Marte, sob liderança de Amanda Oliveira e Benvindo Nery, os símbolos da pobreza extrema serão derrubados, dando lugar a casas com placas solares, praças com wi-fi, laboratórios avançados de formação humana, espaços de cultura, lazer e esporte. A população terá acesso a cuidados de saúde para a primeira infância, a uma horta urbana, a empreendimentos comunitários.

Porém, antes de aplicarmos o melhor da tecnologia social à transformação da realidade da Marte, é preciso que os atores sociais de fora conheçam como a favela é hoje. Em primeiro lugar, para entender a importância do investimento em políticas de superação da pobreza. Em segundo, para que possam voltar lá em 2023 e avaliar a profundidade das mudanças. Por isso levo uma tripulação tão numerosa.

O Favela 3D, implementado como projeto-piloto, é nossa plataforma de lançamento para a corrida social. Nada contra aqueles que se dedicam à corrida espacial. Pelo contrário, admiro sua ousadia e compreendo a importância dessas empreitadas para o desenvolvimento científico e tecnológico da humanidade.

Mas é uma questão de prioridades. Em julho de 1969, como mostra o documentário “Summer of Soul”, candidato ao Oscar, os milhares de negros reunidos no Festival Cultural do Harlem estavam mais preocupados com a penúria em que viviam naquela quebrada de Nova York do que com a chegada do homem à Lua.

Aqui e agora é a mesma coisa. Marte, o planeta, pode esperar. Marte, a favela, não. Quem tem fome — de “comida, diversão e arte” — tem pressa.

Coluna publicada no dia 15/02 no Jornal O Globo

 

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Pedras de esperança

No ano passado, visitei em Washington o memorial de Martin Luther King, o ativista pelos direitos civis dos negros americanos que se tornou um dos maiores líderes de causas sociais do século XX. Exposta num parque, a enorme rocha de granito de onde emerge sua figura recortada nos obriga a elevar o olhar. Na lateral, lê-se: “Da montanha de desespero, [surge uma] pedra de esperança”. É um trecho do famoso discurso em que ele falava do seu sonho de ver negros e brancos convivendo harmonicamente.

Não deixa de ser simbólico que o monumento tenha sido inaugurado, em 2011, por Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos — um país que, como o Brasil, tem sua história manchada pela escravidão. Foram sementes plantadas por lideranças lúcidas e corajosas como Luther King que permitiram ao país superar leis de segregação que vigoraram até poucas décadas atrás.

A visita me levou a refletir sobre nossa situação. Vivemos num país racista. Sei, até por experiência própria, que é raro um negro que não tenha sido vítima de uma humilhante história de racismo. Feita a constatação, porém, é o caso de perguntar: quais pedras de esperança deixaremos às próximas gerações, para que elas construam edifícios sociais menos desiguais e injustos?

A tarefa é árdua, temos que lidar com uma herança maldita de séculos. Estou lendo com grande interesse o primeiro volume de “Escravidão”, de Laurentino Gomes, e aprendendo sobre as origens das mazelas sociais brasileiras.

Violência urbana e desigualdade racial

A escravidão de africanos não é comparável a escravidões anteriores descritas pela história. O componente racial, o caráter comercial, a escala industrial, tudo isso tornou a escravidão de negros um fenômeno tão único quanto abjeto. Ao longo dos séculos, 12 milhões de seres humanos foram sequestrados e traficados para as Américas. Desses, cerca de 5 milhões vieram para cá. O Brasil extinguiu formalmente a escravidão com a Lei Áurea, em 1888, mas nunca se preocupou em fazer a inclusão social da população negra.

Saiba mais sobre Os Direitos Humanos no Brasil

Os resultados dessa escolha são visíveis ainda hoje a qualquer um que tenha um mínimo de sensibilidade social. As estatísticas são eloquentes. Embora os negros sejam 54% da população, representam 78% do décimo mais pobre dos brasileiros. No alto da pirâmide social, a situação se inverte: entre o 1% mais rico da população, nem 18% são negros.

E mais: a grande maioria dos profissionais com maior qualificação, como engenheiros, médicos e advogados, é branca. Nas 500 maiores empresas do país, negros ocupam 4,7% dos cargos de direção e 6,3% dos cargos de gerência. Pouco mais que 9% da população negra tem pelo menos 12 anos de estudo (em comparação a 22% dos brancos). Além disso, num país violento como o nosso, um homem negro tem oito vezes mais chance de ser vítima de homicídio que um homem branco.

Luther King foi uma pedra de esperança para a população negra dos Estados Unidos. Precisamos, da mesma maneira, tirar uma lasca da nossa montanha de desespero e ajudar a construir um futuro melhor para todos, independentemente da cor da pele de cada um.

Coluna publicada no jornal O Globo 01/02/2022

Combate à pobreza desigualdade social Doar

Pessoas carentes: como ajudar de um jeito único?

Ajudar pessoas carentes é uma das ações que guiam a humanidade desde o seu surgimento. A filantropia começou com as igrejas em ações emergenciais. Porém, enquanto a sociedade foi se modernizando, diversas instituições foram sendo criadas e passaram a se profissionalizar.

Por isso, nos dias de hoje, as doações são meios profissionais e gabaritados de ajudar o próximo e nós mesmos. Isso porque, como você já deve ter lido em diversos lugares, fazer o bem libera substâncias, como a dopamina e serotonina, que causam prazer imediato no cérebro.

E dessa forma, ao ajudar pessoas carentes ou em situações de vulnerabilidades, acabamos de alguma maneira liberando esse mesmo tipo de substância, só que diferente, mais prazerosa e se sentindo bem em saber que a pessoa ajudada será beneficiada por a sua ação.

Leia agora: Responsabilidade social: uma necessidade, não um favor

Neste post, vou mostrar 3 maneiras que muitos não levam em conta quando pensam em como ajudar as pessoas carentes, além de 2 métodos convencionais de doação que às vezes passam batido na correria do dia a dia.

Espero que você saia daqui com uma ideia na cabeça e uma doação na mão.

Você pode ajudar pessoas carentes com cabelo

Estamos acostumados com a cena do idoso colocando sua peruca depois de velho para encantar a senhora ao lado. A peruca é vista por muitos como algo inusitado, do humor. Entretanto, temos pessoas ao nosso lado que sonham com um pouco de cabelo. Entre os mais necessitados, estão pacientes que lutam contra o câncer.

Segundo o Centro de Combate ao Câncer (CCC), os remédios utilizados durante a quimioterapia eliminam as células cancerígenas do organismo. Por outro lado, elas não distinguem as células boas ou cancerígenas, causando vários efeitos colaterais, físicos ou emocionais.

 imagem de uma voluntária tendo o cabelo cortado por uma cabeleireira simulando doar os cabelos para ajudar pessoas necessitadas

A recuperação do cabelo ajuda os pacientes a reerguerem sua autoestima, diminuindo outros sintomas do tratamento, como, por exemplo, a ansiedade.

Existem várias instituições espalhadas pelo Brasil que recebem cabelos. A maioria delas requisita que o doador informe o cabeleireiro que o corte será doado. Assim, ele vai poder cortar e armazenar o cabelo da forma adequada. 

Fique esperto, pois, se doar cabelo molhado, pode ser que a doação tenha que ir para o lixo.

Confira mais sobre doação capilar no site da Organização Rapunzel.

Você pode ajudar crianças carentes com leite materno

Outro ponto que poucas pessoas lembram quando falamos em como ajudar pessoas carentes diz respeito ao leite materno. Os hospitais do Brasil e do mundo imploram por leite materno para crianças órfãs ou que nascem de mães com baixa produção de leite.

Além de ajudar pessoas carentes, doar leite é recomendado pois evita o desenvolvimento de câncer de mama. Além disso, cada 1 litro de leite materno pode alimentar mais de 10 bebês internados. Isso porque a quantidade de leite de que cada bebê precisa varia dependendo do peso ou idade dele.

Outro ponto é que, ao doar, a mãe aumenta sua própria produção de leite devido ao estímulo que acontece no corpo depois de retirá-lo. Assim, a mãe não precisa se preocupar com a falta de leite para o seu próprio bebê.

Agora, é só procurar o hospital mais próximo e ajudar uma criança carente de leite a ter a chance de uma vida melhor.

Ajude pessoas carentes doando seu valioso tempo

Na era moderna, em meio a redes sociais, trabalho, família, trânsito e diversão, o tempo é, cada vez mais, um dos bens mais valiosos da humanidade. Portanto, doar nosso sagrado e valioso tempo é um método de fazer o bem.

Leia agora: 5 motivos para virar voluntário

O voluntariado faz com que você ajude o próximo e a si mesmo. Isso porque, além de ensinar, podemos aprender muito no convívio e troca de experiências com nossos semelhantes. Na Gerando Falcões, você pode ser voluntário de diversas formas. Uma delas é no nosso Programa de Mentoria.

imagem de um casal carregando tijolos simulando ajudar pessoas necessitadas

No Programa de Mentoria, você pode ajudar pessoas carentes sendo o guia de líderes sociais e jovens em busca de um horizonte. Com apenas 1 hora por semana, você pode ajudar um jovem a decidir o seu futuro profissional e orientá-lo nos dilemas da vida. Com 4 horas, você ajuda um líder social a guiar sua Favela de maneira profissional.

Vire um mentor agora!

Ajude pessoas carentes com alimentos

Infelizmente, a falta de alimentação ainda é um mal no Brasil e no mundo. Porém, não há falta de produção de alimentos, mas, sim, de alimentos para todos. Segundo matéria da BBC:

“O chamado Índice de Desperdício de Alimentos 2021 apresenta um número quase assustador: em 2019, foram 931 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados. Isso sugere que 17% da produção total de alimentos do mundo foram para o lixo.”

 imagem de uma pessoa com as mãos estendidas como se estivesse pedindo comida

Então, não estamos falando apenas de comprar e doar alimentos, mas, sim, de ajudar pessoas carentes com alimentos que vão da geladeira para o lixo. Tenho certeza de que, na próxima vez em que você for pegar o doce da madrugada, vai lembrar de doar aquela bolacha largada no fundo do armário.

Você pode ajudar com roupas, livros, móveis e objetos usados

Falando em desperdício: já parou para pensar em quantas roupas, livros, móveis e sapatos também estão parados na sua casa esperando por um novo lar?

Doar objetos é um jeito de fazer a limpa no nosso lar e ajudar pessoas carentes. Alguns até aderem à corrente minimalista depois de se desfazerem de objetos que só faziam volume na sua casa.

 imagem de um grupo de pessoas embalando roupas para ajudar pessoas necessitadas

Na Gerando Falcões, temos o nosso Bazar. Recebemos doações dos mais diversos objetos e vendemos os produtos até 70% abaixo do valor do mercado tradicional. Isso para fazer a economia da Favela circular e ajudar pessoas. Assim, queremos dar a chance para todos adquirem produtos que não passavam pelos seus mais belos sonhos.

Confira tudo sobre o nosso bazar!

imagem com o texto: “Gostou? Não esquece de curtir, compartilhar e comentar nas suas redes. Juntos, vamos fazer esse blog voa!”

Combate à pobreza Energia Solar esg Favela MEIO AMBIENTE Tecnologia urbanização

Favela solar

As últimas semanas nos deram amostras do potencial destrutivo de eventos climáticos extremos. As cenas de cidades submersas na Bahia, em Minas Gerais e no Norte ficarão coladas em nossas retinas cansadas de testemunhar desastres evitáveis. As chuvas intensas, aliadas à estiagem no Sul, foram manifestações locais de uma crise ambiental e social que desconhece fronteiras.

Esses fenômenos, que tendem a ficar cada vez mais frequentes, nos colocam em uma encruzilhada. Nossa geração é provavelmente a última que tem a oportunidade de fazer algo para alterar de maneira significativa o rumo das mudanças climáticas. Ignorar essa responsabilidade equivale a sentenciar as próximas gerações a um futuro de incerteza.

 Ajude agora as vítimas das tempestades

Se nada for feito, resta torcer para que funcione a empreitada de colonizar Marte, propagandeada por Elon Musk, o bilionário fundador da SpaceX – se bem que duvido que os brasileiros mais pobres pegariam carona nessa arca da salvação interplanetária. A solução para a crise ambiental passa por Marte, sim, mas não o distante planeta frio – eu me refiro à favela tropical ensolarada.

Gerando Falcões no combate à vulnerabilidade social

Marte, em São José do Rio Preto (SP), ganhará infraestrutura de placas solares que a tornará a primeira favela do Brasil totalmente autossustentável em geração de energia elétrica. É um projeto pioneiro na América Latina e, talvez, no mundo. Com cerca de 240 residências atendidas, a instalação dos equipamentos será custeada pelo Banco BV, que dá assim um exemplo de como transformar a tão falada agenda ESG (ambiental, social e governança) em ação prática.

A autonomia energética sustentável da Marte é parte do projeto da Favela 3D (digital, digna e desenvolvida), implementado pela Gerando Falcões, que busca transformar aquela comunidade em uma verdadeira base de lançamento de tecnologias sociais. Lá, testamos projetos pioneiros para primeira infância, empoderamento feminino, capacitação profissional, reurbanização e muito mais. Na Marte também estamos implementando o projeto Decolagem, que busca soluções personalizadas e mais eficientes de combate à pobreza, com a ajuda de algoritmos e da ciência de dados. Acredito que todos os agentes sociais – governos, iniciativa privada, organizações da sociedade civil – deveriam perder o medo de implementar ideias ou tecnologias pela primeira vez.

Não se trata de vaidade de querer chegar primeiro – nossa luta, afinal, é coletiva. A questão é que a crise atual pede soluções que ainda estão por ser inventadas. Nesse sentido, temos a obrigação de inovar. Nosso compromisso com as próximas gerações é apostar em conceitos disruptivos que permitam não apenas melhorar processos, mas levem a verdadeiros saltos de desenvolvimento humano e social. Essa é a escala em que devemos atacar nossos problemas.

O combate à pobreza e a proteção ao meio ambiente são agendas que precisam andar de mãos dadas. Com a transformação da Marte na primeira comunidade solar e autossustentável do Brasil, damos mais um passo na direção de um futuro melhor para nossos filhos e netos – e sem depender de vaga em foguete de gringo.

Coluna publicada no Jornal O Globo em 18/01

Combate à pobreza desigualdade social Favela

O que é vulnerabilidade social?

Em primeiro lugar, o conceito de vulnerabilidade social é multifacetado, complexo e diz respeito ao contexto econômico e social de determinado indivíduo ou grupo, relacionado ao seu nível de fragilidade moral e/ou material. Então, pode-se dizer que uma pessoa não nasce vulnerável, mas torna-se pela falta de acesso e apoio da sociedade e do governo.  

De acordo com todas as compreensões do termo, existem diversos processos de exclusão social até a violação dos direitos desses indivíduos e grupos. Isso de acordo com o nível de renda, a localização geográfica, saúde, educação, etc. 

Entretanto a vulnerabilidade social define-se por pobreza, privação, fragilização de vínculos afetivo-relacionais e de pertencimento social. Além disso, a situação de vulnerabilidade social tem relação direta com o resultado negativo entre a estrutura material e o acesso a oportunidades socioeconômicas e culturais que provêm da sociedade, do mercado de trabalho e do Estado. Desse modo existem alguns tipos de vulnerabilidade social, destacados a seguir.

Continue reading “O que é vulnerabilidade social?”

2022 Ano novo Favela Retrospectiva

Ano novo, favela nova!

Ano-Novo é sempre um bom momento para refletir sobre o passado e projetar o futuro. O ano de 2021 foi trágico para os brasileiros. Atingimos a marca de mais de 600 mil vidas perdidas para a Covid-19, com uma crise econômica e social que trouxe de volta antigas mazelas, como a fome.

Foi um ano de dificuldades, mas também de aprendizado. A sociedade brasileira parece ter amadurecido a ideia de que o combate à pobreza é uma responsabilidade coletiva, com consequências diretas sobre a vida de todos nós. Diante da tragédia da pandemia, quebramos recordes de doações e demos visibilidade inédita ao trabalho do terceiro setor, especialmente das entidades que atuam na ponta e conhecem de perto o dia a dia das periferias brasileiras.

O que mais espero para 2022? Que esse impulso de solidariedade se transforme numa verdadeira tomada de consciência, fazendo com que todos os atores sociais se engajem no combate à pobreza de maneira permanente. Sempre digo que o sentimento que promove mudança social não é a culpa, mas a responsabilidade.

Edu Lyra na Favela Marte, primeira favela 3D do Brasil.

Nós, que atuamos na área social, também temos muito trabalho pela frente. É preciso explorar com muito mais afinco as possibilidades abertas pelas novas tecnologias aplicadas a uma agenda social.

Nos últimos dois anos, a Gerando Falcões mobilizou mais de R$ 100 milhões para o combate à fome, doados por cerca de 120 mil pessoas no Brasil e no exterior. Todo esse montante foi arrecadado via campanhas digitais.

Lançamos também o Programa Decolagem, em parceria com a Accenture e aporte de R$ 1 milhão da Fundação Lemman. A ideia central do programa é colocar a ciência de dados a serviço do combate à pobreza, reunindo informações de famílias moradoras de favelas e, com a ajuda de algoritmos, desenvolver estratégias personalizadas de intervenção. O Decolagem é uma ação social piloto, pensada para combater a pobreza de maneira mais efetiva, não massificada, e para evitar o retorno a situações de vulnerabilidade.

Edu Lyra e sua mãe, dona Gorete em Nova York

O ano de 2021 também foi aquele em que a Gerando Falcões deu voos internacionais. Realizamos dois jantares de arrecadação nos Estados Unidos, um em Nova York e outro em Miami. Foram eventos que reuniram parte do PIB nacional para discutir a importância de contribuir com a redução das desigualdades em solo brasileiro.

Para além dos valores arrecadados, pude formar uma rede de contatos no exterior, firmar parcerias para a Gerando Falcões e, é claro, afiar meu inglês. Pude também conhecer de perto a cultura de filantropia madura que existe na sociedade norte-americana, um exemplo que deveria inspirar nossas elites e nossa classe média.

Tudo isso me permite olhar com otimismo para 2022. Em primeiro lugar, entendo que o universo digital não chegou para “competir” com o elemento humano, mas para nos ajudar a construir um novo mundo possível. A tecnologia é a chave para construirmos uma nova favela — digna, digital e desenvolvida.

Que venha, então, mais um ano! Em 2022, estou ansioso para testar ideias inovadoras, algumas até consideradas malucas, e descobrir quão longe podemos fazer avançar a agenda social em nosso país. Quero continuar tentando, aprendendo e inovando. Vaikidá!

desigualdade social empreendedorismo

Empreendedorismo social: saiba como lucro e propósito andam de mãos dadas

A utilização do termo empreendedor social começou entre os séculos XIX e XX com a promoção de avanços sociais por meio de iniciativas privadas. Entretanto, o pioneiro do termo empreendedorismo social foi Bill Drayton.

Em 1980, Drayton popularizou o termo com as primeiras ações sociais da Ashoka, organização fundada pelo americano na Índia. Assim, começou o movimento que transformou a sociedade.

A principal função do empreendedorismo social é o impacto social causado por meio da criação de alternativas dentro do mundo corporativo para transformar vidas. Isso ocorre com a promoção de benefícios sociais, econômicos e políticos.

Essa nova potência transformadora vem gerando empreendedores, mudando seus olhares e o comportamento das empresas. Agora, todos querem firmar parcerias e financiar organizações sociais. Além disso, temos a criação de organizações independentes, que viram no empreendedorismo social uma forma de gerar receita e fazer o bem para a sociedade.

O empreendedorismo social em Bangladesh 

Outro precursor do empreendedorismo social foi o ganhador do prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus, que fundou em 1976 o Grameen Bank

Assim nascia uma das primeiras iniciativas sociais em que pessoas sem renda poderiam pegar um pequeno empréstimo, chamado de microcrédito. O retorno do valor não é garantido, mas a maioria dos clientes paga sua dívida.

mulher com blusa rosa segurando notas de dinheiro

O Grameen Bank já beneficiou quase 10 milhões de pessoas (97% mulheres) para sair da pobreza. Além disso, o programa utiliza a economia circular como pilar. Todo o dinheiro devolvido pela população é reinvestido em projetos de outras pessoas.

Empreendedorismo x Empreendedorismo Social 

Inicialmente, define-se empreendedorismo como um conjunto de hábitos e características baseadas na captação de renda e criação de negócios únicos e inovadores. Ou seja: o foco do empreendedorismo é exclusivamente gerar renda para projetos inovadores ou únicos. 

Dessa forma, o empreendedorismo social é formado por negócios com propósitos inovadores que têm um viés social. Neles, o objetivo principal das empresas é impactar positivamente a sociedade. Assim sendo, o empreendedorismo social é uma ligação entre ações empreendedoras de valor social e o lucro.      

Quais são as principais características do empreendedorismo social?

Dentre as principais características do empreendedorismo social, destacam-se as ações em comunidades locais com o intuito de combater problemas sociais. Outro ponto são as soluções de grandes problemas por meio do trabalho social a longo prazo. 

principais características do empreendedorismo social

Além disso, há 3 pilares centrais que caracterizam o empreendedorismo social:  

1. Identificação 

Primeiramente, é preciso identificar qual é o problema dentro da sociedade que será o foco do empreendimento social. 

2. Oportunidade

Assim que o problema for identificado, é possível definir quais oportunidades podem equilibrar essa situação e, por fim, criar um projeto com cunho para motivar os indivíduos. 

3. Estabilidade 

Após a identificação do problema e criação do projeto, é necessário elaborar as ações dentro da empresa. As ações vão contribuir socialmente para transformar vidas em situação de vulnerabilidade dentro da sociedade. 

Contudo, outros fatores são necessários para definir o empreendedorismo como social. Isso porque é preciso que seja inovador, realizável e autossustentável. Além disso, é preciso que envolva várias pessoas e segmentos da sociedade para promover impacto social. 

A chegada do empreendedorismo social no cenário brasileiro 

No Brasil, a Ashoka Empreendedorismo Social chegou em 1986, dando início aos negócios de impacto social a fim de promover avanços na sociedade brasileira.

Porém, a primeira ação de destaque foi o Comitê de Democratização da Informática (CDI), atual Recode, criado por Rodrigo Baggio em 1995. Rodrigo notou que a tecnologia da informática seria um divisor de águas para combater a exclusão social, unindo jovens de todas as classes sociais.

A chegada do empreendedorismo social no cenário brasileiro

Contudo, apenas jovens da classe alta tinham acesso a computadores. Foi assim que Baggio criou a solução na favela da Dona Marta (RJ). Ali, jovens da periferia teriam acesso à primeira escola de informática na favela, sendo incluídos social e digitalmente.

Hoje, a Recode (antiga CDI) possui mil centros de empoderamento digital em 9 países, gerando impacto social para mais de 1,8 milhão de pessoas. 

Exemplos de projetos que praticam o empreendedorismo social no Brasil 

Nos últimos anos, o empreendedorismo social cresceu muito no Brasil. Veja algumas organizações que estão lutando por um futuro melhor.

Rede Cidadã 

Criada em 2002, a Rede Cidadã é uma entidade de assistência social que atua para desenvolver soluções para que trabalho e renda sejam criados para pessoas que estão na base da pirâmide. Os programas e projetos criados são permanentes e unem sociedade civil, empresas e órgãos públicos.   

Projeto ICA

Fundado em 1997, em Mogi Mirim, por Sofia Mazon, esse projeto se apresenta como um espaço que valoriza o ser humano. O ICA promove o autoconhecimento, autoestima e senso crítico mais consciente de crianças e jovens das comunidades. Dentre os principais pilares do programa, encontram-se o atendimento à criança, educação, arte, dança e palestras. 

Entre os inovadores sociais que realizam tais ações e investem o lucro obtido na sociedade, além de Eduardo Lyra, podemos falar sobre o trabalho do empreendedor social Preto Zezé. 

Como o empreendedorismo social da CUFA impacta a desigualdade social brasileiro?   

Criado nos asfaltos de terra da cidade de Fortaleza (CE), Preto Zezé é atualmente o presidente nacional da Central Única das Favelas (CUFA). Há mais de 20 anos realiza diversas atividades para promover a integração e inclusão social dos jovens das favelas do Brasil. 

A CUFA surgiu em 1999 na Cidade de Deus, favela do Rio de Janeiro. Hoje está presente em 5 mil favelas do Brasil e em mais de 15 países do mundo. 

Assim sendo, foi da união de vários jovens das favelas da cidade do Rio de Janeiro, envolvidos na cena da música Hip Hop, que a CUFA iniciou o seu trabalho. Em primeiro lugar, começou debatendo sobre a marginalização da cultura Hip Hop brasileira por parte da sociedade. 

Veja: Preto Zezé no Flow Podcast

A organização vem se desenvolvendo e aumentando a sua atuação no Brasil e no mundo por meio de ações de políticas socioculturais e cursos de formação profissional. Tudo isso por meio de contratos e parcerias com empresas privadas, fundações e o Estado. 

 Os novos negócios digitais do projeto vão de encontro com o compromisso da CUFA, que de acordo com Preto Zezé, é “o desejo da favela ser feliz, dos favelados protagonizarem algum momento de transformação das vidas para gerar felicidade”. 

Como a Gerando Falcões impacta o empreendedorismo social brasileiro? 

A Gerando Falcões possui inúmeras iniciativas inovadoras para contribuir positivamente com o impacto social na sociedade. Em primeiro lugar, damos a líderes sociais a chance de aprender como serem empreendedores de sucesso. Acreditamos que só assim vamos mandar a pobreza das favelas para o museu.

Veja alguns exemplos de projetos que estamos tocando atualmente: 

Falcons University

Em primeiro lugar, temos uma universidade feita na favela para a favela. A Falcons University é onde formamos líderes sociais de todo o Brasil. São empreendedores sociais que acreditam no fim da desigualdade social e querem aprender e se desenvolver como líderes e empreendedores.

edu lyra da gerando falcões sentado em uma sala conversando sobre empreendedorismo socia

Na Falcons, temos aulas que vão desde o aprendizado socioemocional, passando por Recursos Humanos (RH), financeiro e de gestão, tudo para que as favelas sejam comandadas por profissionais capacitados.

Favela 3D

Em segundo lugar, temos a Favela 3D – digna, digital e desenvolvida –, um projeto multissetorial, que busca a união de governo, iniciativa privada e população para construir favelas dignas, digitais e desenvolvidas. 

Atualmente, o projeto está presente em 4 favelas: Vergel do Lago (AL), Morro da Providência (RJ), Favela Marte (SJRP) e Boca do Sapo (SP).

Quer saber mais sobre Favela 3D e ser parceiro? Preencha o formulário e entraremos em contato com você! 

Bazar G.F. 

Nosso bazar conta com diversas peças de vestuário, calçados e eletrônicos com valores até 70% mais baratos do que os praticados no mercado tradicional. Além disso, todo o valor arrecadado nas vendas é revertido em investimento em programas de transformação nas periferias e favelas.

homem de máscara, vestindo verde, dentro do bazar da gerando falcões olhando uma peça de roupa

Nosso bazar também é uma escola para a formação de jovens aprendizes. Nele, nossos estudantes podem ter vivências profissionais para decidir qual é a melhor trajetória para a sua vida. Tudo isso com supervisão socioemocional e muito aprendizado.

Saiba como doar e ser um Anjo do nosso Bazar G.F.

Então: quer sonhar com a gente? Decole agora no foguete que vai colocar a pobreza das favelas no museu antes de Marte ser colonizado!

Confira também: Favela 3D | 5 curiosidades sobre a corrida espacial

imagem de compartilhamento do artigo empreendedorismo social

elenara souza redatora que escreveu o artigo sobre empreendedorismo social

Favela pobreza Tecnologia terceiro setor

Combate à pobreza é tech

Você já ouviu falar de NFT? É uma sigla em inglês para non-fungible token, ou “token não fungível”. Traduzindo: é a representação digital (token) de um ativo de caráter exclusivo, único, insubstituível, como uma obra de arte — ou seja, um ativo “não fungível”.

Num mundo digital, em que podemos copiar e compartilhar indefinidamente qualquer conteúdo, o NFT funciona como um certificado de autenticidade, protegido pela mesma tecnologia usada nas criptomoedas, conhecida por blockchain, a comprovar que determinado indivíduo possui o “original” de uma obra de arte virtual.

O que isso tem a ver com o combate à pobreza no Brasil? Muito mais do que pode parecer à primeira vista. Quase todo final de semana passo pelo menos uma hora conversando com Leonardo Framil, presidente da Accenture na América Latina, um amigo que sempre tem muito a me ensinar sobre tecnologia. Ele insiste na importância de a Gerando Falcões se antecipar às tendências e de não ter medo de testar o novo. Eu, que sou apenas um aprendiz nesse universo, tento seguir seus conselhos.

transformação digital

 

Na semana passada, promovemos, com a BMW e o artista Gabriel Wickbold, o primeiro leilão de NFTs do Brasil. Gabriel produziu cinco obras virtuais e, nesse encontro com jovens empresários em São Paulo, arrecadamos R$ 300 mil. A interseção entre arte, negócios e tecnologia é uma maneira inovadora de levantar recursos para combater a pobreza.

Confesso que, no começo, fiquei apreensivo com a ideia. Afinal, como seria possível organizar um leilão sem objetos físicos? Quem iria querer comprar uma obra de arte para colocar não na sala de casa, mas na “nuvem”? Será que o evento daria certo?

Foi preciso vencer resistências. Estamos diante de um mundo novo, cada vez mais digital, que precisa ser rapidamente assimilado por nós, do terceiro setor. Conceitos como NFT, criptomoeda, blockchain, metaverso e outros podem ser enigmáticos para quem não cresceu imerso na cultura digital. Mas têm de chegar à favela, onde podem se transformar em armas poderosas de combate à pobreza e de fomento a novos modelos de negócios.

Leia agora nosso post sobre transformação digital e o terceiro setor

No setor ambiental, é possível adquirir tokens que representam uma árvore plantada e, pelo metaverso — um ambiente digital, onde a comunidade de doadores pode interagir e acessar algumas funções exclusivas —, acompanhar o crescimento dessa árvore em tempo real.

Por que não importar soluções parecidas para a favela? Em vez da simples doação, seria possível adquirir um token representativo do valor necessário para transformar uma vida — um ativo que se valoriza à medida que as condições de vida num território melhoram. Ou construir metaversos em que a comunidade de doadores pudesse acompanhar em tempo real a construção de casas ou a implementação de projetos sociais.

Sou apenas um aprendiz, mas aprendo rápido. O sucesso do primeiro leilão de NFTs no Brasil mostrou que as novas tecnologias abrem caminhos promissores não apenas de captação de recursos, mas também de gestão inteligente e segura desses recursos.

Também sou otimista. Sinto que ferramentas como os NFTs podem viabilizar um salto qualitativo para erradicar a pobreza. Basta estarmos dispostos a aprender e a abraçar o novo.

Coluna publicada em 21/12/2021 no Jornal O Globo

Confira também: 5 curiosidades sobre a corrida espacial

coluna edu

justiça social

O que é, qual a importância da justiça social?

Antes de mais nada, justiça social na Era Moderna é basicamente a busca por uma sociedade igualitária. Apesar da oficialização da data ter sido realizada na Assembleia das Nações Unidas de 2007, a discussão começou muito antes, na Europa do século XIX. 

Foi quando o Velho Continente atingiu o domínio global que questões como democracia, direitos humanos e nacionalismo começaram a ser debatidas como centrais. Além disso, tivemos algumas revoluções, como a de 1848, conhecida como a Primavera dos Povos.

Importância da justiça social na garantia de direitos básicos

Tais acontecimentos geraram um anseio pela garantia de direitos básicos, como educação, saúde, trabalho, acesso à Justiça, entre outros. Portanto, estamos falando de um mundo que começava a olhar para as desigualdades sociais.

A justiça social hoje

Porém tal anseio veio antes do século XX e das 3 Revoluções Industriais. O crescimento global desenfreado e a criação da indústria, tecnologia, além do avanço das ciências, fazem com que esses debates sejam jogados para debaixo do tapete. Assim, a poeira da justiça social ficou cada vez maior e difícil de limpar.

Veja: 8 livros e filmes incríveis para entender a desigualdade social

Nos dias de hoje, a justiça social enfrenta, além dos desafios já pontuados, o crescimento da desigualdade social. Nesse ponto, temos como último golpe a Terceira Revolução Industrial e a globalização.

A justiça social hoje

A primeira trouxe para a sociedade os mesmos desafios das outras revoluções, intensificados pela globalização. Isso porque, com a Revolução Industrial da Era Digital, tivemos perda de empregos, empoderamento das startups, além da redução do número de pessoas nas empresas.

A redução no quadro de funcionários trouxe um “mercado paralelo” advindo das startups, o qual ajudou a potencializar a precarização do trabalho, parecido com o que ocorreu com os call centers, que ganharam força após a segunda revolução. 

Justiça social x justiça civil

Eu sei, você está se perguntando: mas e a justiça civil? E a estátua vendada?

A justiça social é diferente da justiça civil. Enquanto a civil é amparada pela imparcialidade pura e neutra, baseando suas decisões em aparatos legais, a justiça social procura analisar a conjuntura de cada disputa, procurando as melhores ações.

Uma basicamente trata sobre igualdade, já a outra prega equidade. Entretanto, nenhuma das duas pode viver sozinha.

Justiça social é diferente da justiça civil

A equidade

Falando em equidade…

A justiça social nos nossos tempos é fundamental para garantir a difusão e proliferação de uma palavra: EQUIDADE. 

A equidade é um termo que veio da Grécia Antiga. Sua principal função é que todos estejam em condições iguais na sua vida: mas isso não é igualdade?

Calma, vou explicar melhor. 

Igualdade é quando há duas barras de chocolate e duas crianças recebem uma barra cada. Já a equidade é quando uma dessas crianças fica com as duas barras porque ela passa fome, enquanto a outra comeu chocolate na Páscoa até dizer chega.

Saiba mais sobre equidade no nosso blog.

O estado de bem-estar social

É quando a equidade volta à pauta, na virada do século XX, que temos a volta da reflexão sobre o bem-estar social. Ele sempre esteve lá, mas, nas Revoluções Industriais, a economia virou o carro-chefe para ditar as ordens para o que seria uma sociedade com igualdade de deveres e direitos.

Como promover a justiça social?

Porém, com os efeitos da globalização, pensar em um Estado em que, independentemente de fatores econômicos, todo indivíduo tenha direitos básicos iguais voltou à tona. Assim sendo, a visão é que, apesar dos recursos, é justo que a pessoa tenha os seus direitos básicos garantidos pela sociedade.  

Como promover a justiça social?

A promoção da justiça social depende da junção entre governos e instituições da sociedade civil, incluindo o terceiro setor, para que todos os povos tenham o básico para sobreviver.

Para exemplificar como o Estado traz justiça social, temos duas políticas públicas: o salário-mínimo e as cotas raciais.

Em primeiro lugar, uma lei que ninguém discute. O salário-mínimo traz justiça social quando assegura que, independentemente da sua função, o trabalhador receba o que o Estado considera o básico para a sua sobrevivência em sociedade. Podemos contestar os limites desse “básico”, mas não que ele é dado pelo governo.

salário mínimo traz justiça social

Em segundo lugar, colocamos algo mais polêmico. As cotas raciais vieram com o objetivo de trazer mais negros para dentro das universidades. Um lado acha sem discussões perante a história dos negros no Brasil. Um outro considera absurdo a cor da pele dar vantagens para ingressar no ensino superior. Porém o que não podemos discutir é que temos uma questão de justiça social.

A Gerando Falcões e o terceiro setor na justiça social

Outro ponto fundamental para trazer justiça social são as instituições do terceiro setor. O empreendedorismo social trouxe um novo olhar para que as ONGs possam chegar aos rincões onde o Estado não chega.

A Gerando Falcões e o terceiro setor na justiça social

Na Gerando Falcões, cada projeto é pensado não só para que a justiça social seja cumprida dando o básico para o morador da ponta. Temos a convicção de que podemos, e vamos, dar o direito de ele ter “além”.

E por sonhar com o infinito e além, como o personagem Buzz da Disney/Pixar, que nasceu nossa campanha Favela X.

Para finalizar: o que é o básico para você?

Confira também: Favela 3D | 5 curiosidades sobre a corrida espacial

desigualdade social Favela Tecnologia

Competindo com robôs

Num mundo globalizado, é comum que decisões tomadas no Vale do Silício, em Pequim ou Bruxelas afetem mais nosso país do que aquelas saídas de Brasília. Ou que uma criação tecnológica patenteada por uma universidade alemã ou sul-coreana vire de cabeça para baixo o funcionamento da economia nacional. No debate sobre inovação, o Brasil ainda está em busca de um assento na mesa dos adultos, e essa falta de protagonismo nos coloca em posição de risco.

Para a população da favela, creio que o maior desses riscos é a automação. A substituição da mão de obra por robôs e drones multiplicará o rol de habilidades mínimas exigidas pelo mercado. Vagas em galpões, serviços de entrega e linhas de montagem desaparecerão, reduzindo a oferta de trabalho para quem tem menos escolaridade.

Veja :5 preconceitos que assombram a empregabilidade

A história de uma amiga, Talita Ribeiro, ilustra bem os riscos — mas também as oportunidades — da automação da economia. Recém-divorciada, ela se mudou para Delaware, nos Estados Unidos, e passou a trabalhar num armazém da Amazon. Conheceu gente do mundo inteiro, de todas as classes sociais. Ficou fascinada pelos robôs — braços de metal gigantes, articulados — e pelas esteiras, verdadeiras veias daquele organismo. Guiada pela curiosidade, entrou para um programa de aprendizado em mecatrônica e robótica mantido pela própria empresa. Era o início de uma nova carreira. Muitos cursos e muitas horas de estudo depois, hoje minha amiga — uma das poucas mulheres na sua área — é responsável pela manutenção dos robôs.

Talita pôde trilhar esse caminho porque teve incentivo para se qualificar. Mas disse estar preocupada com suas antigas colegas de trabalho — mulheres negras, latinas, imigrantes — que não poderiam conciliar uma rotina de estudos com seus dois ou três empregos. Está ciente de que, no médio prazo, o emprego dessas pessoas está sob risco.

Populações socialmente vulneráveis — do imigrante nos EUA ao morador de favela no Brasil — precisam de políticas públicas que garantam sua chance de requalificação profissional diante do tsunami da automação. Robôs são mais eficientes, o que é bom para o mundo dos negócios. Não há como competir com eles. O que temos de fazer é requalificar a mão de obra para as pessoas não se tornarem supérfluas nessa mudança inevitável.

Quando o escritor Yuval Harari esteve no Brasil, perguntei-lhe o que deveríamos ensinar hoje aos jovens das periferias. Yuval ponderou que é muito difícil pensar numa resposta, pois, dado o ritmo da evolução tecnológica, algo ensinado hoje poderá estar obsoleto em uma década. A possibilidade de erro é muito alta.

Ele então sugeriu que, antes de ensinarmos qualquer coisa, nos preocupássemos em ampliar o repertório emocional dos jovens, para que eles saibam lidar com a possibilidade, absolutamente real, de que suas profissões podem desaparecer em questão de anos — e, mesmo assim, tenham força interior para se reinventar e construir novas carreiras.

O Brasil tem pela frente esse grande e urgente desafio. Combater a pobreza, afinal, é também garantir que os jovens da periferia tenham condições de competir no ambiente cada vez mais tecnológico e automatizado que se desenha para as próximas décadas.

Texto publicado no Jornal O Globo, em 07/12

Confira também: Características do empreendedorismo social

 

coluna edu

Combate à pobreza Nova York

Do mundo para a favela

Minha temporada em Nova York está chegando ao fim. Depois de quatro meses na metrópole que, mais que um ícone do capitalismo, é conhecida por lidar com complexidades econômicas e sociais, preparo-me para voltar. Saí do Brasil, mas o Brasil não saiu de mim: da favela para o mundo, do mundo pra favela.

Edu Lyra e sua mãe, dona Gorete

Considero cumprida a missão de ter ajudado a viabilizar o estabelecimento do escritório internacional da Gerando Falcões, liderado por Mauricio Morato. Ainda há uma longa e sinuosa estrada pela frente, sim, mas podemos olhar pelo retrovisor e constatar que parte do caminho já foi percorrido.

Levantamos o equivalente a quase R$ 5 milhões em diversas ações. Só um jantar aqui, organizado pelos empresários e amigos Carlos Brito, Cláudio Ferro e Jorge Paulo Lemann, foi responsável por 60% dessa arrecadação. Num evento similar em Miami — com apoio da XP, Accenture e dezenas de embaixadores —, captamos mais R$ 1,4 milhão. Outros doadores também se fizeram presentes ao longo desse período.

Dinheiro é importante para financiar causas sociais — mas não é tudo. Por isso dediquei parte do tempo no exterior a construir pontes. Novas relações foram criadas. Desenvolvemos comunidades de apoiadores. Tudo isso contribui para a agenda de combate à pobreza. A favela terá muitos frutos a colher nos próximos anos. E continuamos plantando. No próximo ano, iremos a Londres, Lisboa e Boston, cidades onde estamos mapeando parceiros e redes de pessoas que queiram usar sua cidadania para reduzir as desigualdades em nosso país.

Não se faz isso tudo sem inglês. “Você precisa aprender inglês”, cantava Caetano Veloso em “Baby”, para irritação dos puristas da língua portuguesa. Mas o compositor tinha razão, precisamos aprender inglês. Quando aqui cheguei, the book was on the table. Ainda está, e sei que o livro nunca mais sairá da minha mesa. Mas, estudando na Kaplan, com bolsa do STB, evoluí.

Tem sido um curso intensivo, com aplicação instantânea. Um pouco do que aprendi em aula usei na semana passada no Bloomberg New Economy Forum, em Cingapura, onde, ao lado de Lemann e Edu Mufarej, representei o Brasil. O evento contou com a presença de chefes de Estados, ministros, empresários e inventores sociais da Ásia, África e América Latina. Apresentações de gente como a ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton e Bill Gates, que, por meio de sua fundação, doa bilhões de dólares a países do mundo todo para combater as mazelas da pobreza. Consumi conteúdo de ponta, participei de reuniões estratégicas, debati a reinvenção das cidades.

O combate à pobreza precisa ser uma agenda global, coordenada em rede, com envolvimento de toda a sociedade. Estamos numa encruzilhada econômica, social e moral. A pobreza em qualquer lugar é uma ameaça à estabilidade global. Transformar a pobreza em peça de museu precisa ser a prioridade número um, não apenas da Gerando Falcões, mas de todos os cidadãos, em todas as partes do mundo.

Minha mãe me ensinou: “Não importa de onde você vem, mas para onde você vai”. Eu sei para onde eu vou. Vou para onde a causa social me chamar. Vou para o Brasil. Bye-bye, Nova York. Hello, Guarulhos.

Coluna publicada no jornal O Globo em 23/11/2021

Confira também: Características do empreendedorismo social

coluna edu

moradia urbanização

Moradia: um direito ou um luxo?

Em primeiro lugar, moradia define-se por um local de habitação que satisfaça as necessidades básicas do ser humano, a fim de construir uma vida digna. Contudo, a realidade de cerca de 25% dos brasileiros é outra. Isso porque, sem uma propriedade física, essas pessoas que estão em estado de miséria são acolhidas — em sua grande maioria — pelas ruas.

Moradia: um direito ou um luxo?

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em 2019, a triste e assustadora marca de 51.742 milhões de brasileiros sem moradia, ou seja, 24,7% da população brasileira está abaixo da linha de pobreza.

Saiba mais no nosso post sobre reurbanização.

Nesse sentido, a principal questão entre as pessoas que possuem ou não moradia está diretamente ligada às diferenças sociais decorrentes do processo de urbanização brasileira, no início do século XX.

Em que moradias vivem os brasileiros?

Posto que somos descendentes desse deslocamento da população rural para as zonas urbanas, há uma diversidade sobre os tipos de moradia brasileira, que estão divididos em:

  • oca (unidade residencial indígena feita de palha e madeira, sem divisões internas);
  • maloca (assemelham-se às ocas, são maiores e possuem divisões internas);
  • palafita (construções residenciais localizadas em regiões de alto nível pluviométrico);
  • barraco (unidade em alvenaria sem reboco);
  • bandeirista (unidade retangular ou quadrada feita de taipa de pilão);
  • moradia de pau a pique (construída com tramas de peças de madeira ou bambu no chão, amarradas por cipós, em que os vazios são preenchidos com barro);
  • casa de taipa de pilão (construída a partir de uma forma de madeira que será retirada após os pilões de madeira compactarem a terra, o sal e o cascalho);
  • moradia de enxaimel (construída com a combinação de peças de madeiras e a formação de treliças com elementos horizontais, verticais e diagonais, são preenchidas com tijolos, pedra ou terra).

Barracos: a moradia oficial da favela

Sob o mesmo ponto de vista do crescimento das metrópoles estar em um ritmo desenfreado versus o número crescente de pessoas sem moradia, o IBGE (2019) divulgou que 5.127.747 milhões de brasileiros vivem em favelas. A comunidade da Rocinha (RJ) detém o maior número de domicílios com infraestrutura precária, totalizando 25.742 domicílios.

Barracos: a moradia oficial da favela

Os barracos ocupam o primeiro lugar no estado de São Paulo (1.066.813). Em segundo lugar, temos o estado do Rio de Janeiro (716.326), sendo a Rocinha com mais moradias localizadas em favelas. Se as moradias estão carentes de serviços públicos essenciais, então podemos dizer que esses cidadãos estão desassistidos pelo direito social prescrito no artigo 6º da Constituição Federal, que coloca como obrigatório o direito à moradia.

Como a falta de moradia nos atinge enquanto sociedade

Mesmo que não seja claro para muitos, o déficit habitacional cria diversas barreiras para o desenvolvimento das zonas urbanas. Ainda que trinta anos tenham se passado com diversos programas de moradias de baixo custo, ainda não foi o suficiente.

Isso porque, mesmo que as famílias de baixa renda tenham acesso a esses programas, estima-se que 24,4% das moradias urbanas no Brasil vivem uma realidade precária nas questões fundiárias e de infraestrutura. Resumindo: elas têm lugar para morar, mas não é o básico.

Atualmente, segundo relatório das Nações Unidas, o Brasil possui 33 milhões de pessoas sem moradia. Desse número, 24 milhões não têm moradia e/ou não têm infraestrutura domiciliar.

As moradias abandonadas e o vírus da indiferença

Entretanto, esse  número absurdo poderia diminuir se, pelo menos, 6 milhões de domicílios fossem vagos em nosso país, considerando também os que estão em construção.

Segundo o programa Profissão Repórter, da Rede Globo, São Paulo tem cerca de 30 mil imóveis vazios, sendo que 42 deles estão ocupados. Se fizermos uma continha rápida e boba, pensando em uma média de 4 pessoas por família, esses imóveis tirariam cerca de 120.000 pessoas das ruas ou moradias precárias.

As moradias abandonadas e o vírus da indiferença

Para o geógrafo Miltons Santos, a moradia e como está o território são os melhores panoramas para analisar em que pé está uma nação. “Não há melhor indicador da crise por que passa a Nação que o território; pela sua nervosidade, pela sua instabilidade, pela sua ingovernabilidade, como território”, afirma o autor.

Quem é o verdadeiro culpado pela falta de moradia?

Em uma de suas obras, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda afirmou: “Somos ainda hoje desterrados em nossa terra”. Lógico que a frase tem o sentido tanto no que diz respeito à moradia quanto ao senso de pertencimento do brasileiro. Mas ela ajuda a entender a influência do Estado na questão da moradia.

As favelas não participam dos projetos de expansão de todos os serviços públicos. Portanto, essas comunidades estão automaticamente excluídas. Assim, criamos uma realidade marginalizada, em que um grupo social está totalmente desfavorecido perante a camada visível da população.

Então, a invisibilidade das favelas e moradores de rua perante o Estado é o principal problema que enfrentamos.

E como seguir nossas vidas sem olhar para essas pessoas?

Nesse ínterim, a Gerando Falcões busca diariamente amparar essa fatia da população que está carente de habitações com condições dignas e demais direitos sociais. No projeto Favela 3D, vamos dar, além de moradia digna, um projeto que vai trazer autossustentabilidade para as favelas, fazendo delas ambientes Dignos, Digitais e Desenvolvidos.

projeto favela 3D da Gerando Falcões

Assim sendo, entendemos que não adianta ter moradia se não houver emprego; não adianta emprego se não tiver escola para as crianças; não adianta escola se não tiver segurança.

Porém, sabemos que esse não é um projeto imediatista que será construído de uma hora para outra. Como disse Edu Lyra, em entrevista para a revista Exame: “Não adianta oferecermos respostas simples para problemas complexos”.   

Confira também: Favela 3D | Características do empreendedorismo social

 

Sugestões de conteúdo:

esg

O que é ESG e por que uma sigla pode mudar o mundo

Antes de mais nada: Environmental, Social and Governance. Essas três palavras em inglês, que significam meio ambiente, social e governança, têm sido muito faladas ultimamente e se referem a práticas que as empresas adotam para medir seus impactos ambientais, sociais e de sua governança interna.

Veja mais: O que é ESG (InfoMoney)

A sigla ESG surgiu, pela primeira vez, no relatório “Who Cares Wins”. Uma iniciativa liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com o Banco Mundial, que reuniu 20 instituições financeiras de 9 países (incluindo o Brasil). 

O objetivo era definir práticas e diretrizes sobre como incluir questões ambientais, sociais e de governança nos arquivos, produtos, enfim, no dia a dia das grandes corporações.

O relatório identificou que, incorporando esses fatores, o mercado financeiro geraria mais sustentabilidade e melhoria nos seus resultados sociais. Portanto, estamos falando de unir o útil ao agradável.

conheça o curso ESG da Gerando Falcões

Mas o que cada uma dessas coisas quer dizer?

Em primeiro lugar, vamos ver o que cada um desses tópicos significa.

Ambiental

Conforme falamos anteriormente, o E, em ESG, fala sobre o meio ambiente, além de questões ligadas a como as empresas lidam com o meio ambiente e suas ações para ajudar a preservá-lo, incluindo:

  • mudanças climáticas;
  • aquecimento global;
  • água
  • necessidade de diminuir lixo tóxico (gestão de resíduos);
  • necessidades de regulação em relação às fronteiras planetárias.

Social

Já o S da sigla refere-se a questões sociais ligadas à nossa sociedade e ao desenvolvimento. Assim, diz respeito a como as empresas lidam com as pessoas dentro e fora das companhias, incluindo questões como:

  • diversidade e inclusão;
  • igualdade de gênero;
  • erradicação da pobreza;
  • respeito à comunidade e às leis;
  • relações com consumidores;
  • proteção de dados

Governança

Por último, o G, em ESG, refere-se à administração da própria empresa e olha para temas como:

  • programa anticorrupção;
  • composição de conselho;
  • remunerações;
  • auditorias, etc.

Como o ESG pode mudar o mundo?

Hoje, cada vez mais pessoas têm olhado principalmente para questões ambientais e sociais. Assim, vemos pessoas abandonando marcas que consumiram a vida toda por não concordarem com sua postura social, ambiental ou política.

Como o ESG pode mudar o mundo?

Uma vez que a população tem conhecimento sobre as práticas, é mais fácil monitorar se as empresas com as quais temos relacionamentos seguem essas práticas. Isso porque já existem vários selos e certificações voltadas ao ESG.

Leia também: Responsabilidade social: uma necessidade, não um favor

Segundo matéria da revista Exame, 26% dos brasileiros escolhem produtos levando em conta questões, principalmente, ambientais e de sustentabilidade. Assim, temos um efeito claro sobre a reputação comercial de várias empresas que não seguem ou têm programas de ESG. 

Além disso, a pesquisa realizada pelo Instituto FSB Pesquisa mostrou que jovens de até 24 anos têm maior tendência a usar essas métricas para escolher seus produtos preferidos. Aliás, os dados também mostram que esse consumidor está, majoritariamente, nas classes mais altas da sociedade e mora nas capitais.

E aquele tal de Greenwashing?

O Greenwashing é a prática de maquiar resultados e fazer parecer que a empresa está preocupada com questões relacionadas a ESG, quando, na verdade, não está. 

Empresas realmente preocupadas com ESG têm implementado práticas internas e externas. Além disso, aplicam cursos e palestras aos funcionários, pois cuidar do meio ambiente é um dever de todos nós.

Veja também: O que é Greenwashing?

Segundo o vídeo acima, do canal Menos 1 Lixo, uma das principais ações das empresas está inserida nas embalagens dos produtos. Diversas marcas colocam rótulos, logos ou até descrições dizendo ser “ambientalmente consciente”, mas a realidade é o oposto.

O ESG virou questão de sobrevivência

Porém, se refletirmos um pouco, podemos achar um lado positivo nos Greenwashing. Isso porque, se as empresas não estivessem mais preocupadas ou ao menos fingindo demonstrar preocupação com o ESG, não estariam indo atrás de fake news como essas.

Como exemplo, podemos ver o mercado financeiro. Mesmo com a crise do coronavírus, em 2020, o Climate Bonds Initiative (CBI)  aponta que teremos um crescimento de 36% nos investimentos ESG em comparação com 2019.

Outro ponto que demonstra o quanto o mundo está preocupado com tais ações é a nova regra para fundos ESG na União Europeia. Os europeus criaram um sistema de classificação financeira. Quem não atender às normas vai ficar de fora da chamada “taxonomia verde”.

ESG com F de Favela

Assim sendo, hoje existem vários cursos disponíveis para pessoas interessadas de diversas instituições, inclusive aqui na Gerando Falcões. No Rio de Janeiro, na primeira favela do Brasil, tivemos a nossa primeira turma do curso de ESG.

Além do embasamento teórico, trazemos nossos alunos para dentro da favela. Além disso, na conclusão do curso, a empresa participante propõe uma solução para um problema da favela. Tudo isso junto aos moradores, para que haja troca contínua de conhecimentos e feedbacks.

O que é ESG

Então, se você tem interesse em saber mais sobre ESG e como implementar na sua empresa, te convido a conhecer os cursos da Gerando Falcões sobre ESG com um programa prático e esclarecedor.

Confira também: Favela 3D | Características do empreendedorismo social

 

 

Algoritmos desigualdade social Tecnologia

A digitalização do combate à pobreza

Um país tão desigual quanto o Brasil não pode se contentar apenas com iniciativas pontuais de distribuição da riqueza. Ações limitadas podem melhorar o sono de quem as pratica, mas, enquanto sociedade, a única maneira de combater a pobreza é por meio do esforço coletivo. Precisamos superar a pobreza em escala. Para tanto, porém, devemos enfrentá-la também de forma personalizada. Parece contraditório, mas não é. Essa combinação entre a ação geral e individualizada é justamente uma das grandes novidades da era digital.

Gigantes como Google, Facebook, Amazon e Netflix descobriram e aperfeiçoaram essa fórmula há muito tempo. Por meio de algoritmos, essas empresas estudam os gostos e comportamentos de cada um dos usuários e lhes oferecem produtos e anúncios personalizados. Ora, por que não levar esse conhecimento à favela, para ajudar quem está na linha de frente do combate à miséria?

 

É o que estamos tentando fazer. Na semana em que comemoramos o Dia da Favela, a Gerando Falcões anunciou a criação do programa Decolagem, com uma tecnologia inédita de construção de trilhas individuais de superação da pobreza. O programa, dirigido pela Nina Rentel, é fruto de uma parceria com a Accenture, representada por Leonardo Framil, CEO para a América Latina, um líder que nunca deu as costas para a favela. Trata-se da empresa mais bem preparada para ajudar a favela nessa Missão X. Contamos também com um aporte da Fundação Lemann, de Jorge Paulo Lemann, que me apoia desde quando eu não tinha recursos nem para pagar o aluguel da sede da Gerando Falcões.

Confira nosso post sobre a transformação digital  no terceiro setor

O Decolagem reúne engenheiros e programadores focados na construção de algoritmos que permitam organizar os dados dos moradores das favelas. Queremos colocar nas mãos do terceiro setor o melhor da tecnologia de predição, análise comportamental e gestão de risco, já amplamente usada pelas gigantes do Vale do Silício.

O programa piloto irá reunir, por enquanto, dados de 500 famílias. Nosso objetivo é mapear as vulnerabilidades de cada uma delas. Queremos entender também suas perspectivas, para ajudá-las a aproveitar as oportunidades. Por fim, esperamos identificar antecipadamente situações que pudessem empurrar novamente essas famílias para a pobreza extrema.

O combate à pobreza no Brasil ainda é analógico. Pensamos em grandes programas sociais de transferência de renda – que são necessários, é claro, especialmente em momentos de crise aguda como a que atravessamos –, mas deixamos de refletir sobre um programa da era digital. Ou iremos nos contentar com modelos do século passado?

Contamos hoje com ferramentas que permitem combater a miséria e a desigualdade de maneira muito mais assertiva, com base em um universo de dados inimaginável até pouco tempo atrás. Precisamos ampliar, sim, nossas iniciativas, mas precisamos, sobretudo, de um salto qualitativo de eficiência.

Na Gerando Falcões, trabalhamos para derrubar muros e construir pontes. O programa Decolagem é mais uma dessas pontes, dessa vez entre a favela e o universo dos algoritmos e da tecnologia digital. Juntar criativos, engenheiros e empreendedores sociais pode acelerar o futuro. O povo da favela merece ver a ciência de foguete aplicada no combate à pobreza.

Coluna publicada no Jornal O Globo em 09/11/2021

Confira também: Características do empreendedorismo social

desigualdade social urbanização Violência urbana

5 fatos da sociedade que demonstram a desigualdade social

A desigualdade social é um processo que permeia as relações dentro da sociedade e como elas foram construídas com o passar dos anos. Assim, temos as questões de raça, gênero, crença e grupo social, como parâmetros que foram formando as bolhas sociais e distanciando grupos de indivíduos e suas condições de vida. Continue reading “5 fatos da sociedade que demonstram a desigualdade social”

A pobreza dos ricos

Aqui em Nova York, onde tenho passado as últimas semanas divulgando a causa da Gerando Falcões e estudando, não me canso de receber lições informais, dessas que podem vir de uma conversa, de um passeio pela cidade ou de uma visita ao museu.

A mais recente ocorreu graças à galeria Nara Roesler, que me colocou em contato com o artista plástico Vik Muniz. Nascido na periferia de São Paulo, ele é reconhecido no mundo inteiro por um trabalho que serve de metáfora da sua própria trajetória. Vik transforma lixo em arte. Extrai beleza daquilo que a sociedade rejeitou.

Já conhecia e admirava seu talento, mas agora pude conhecer de perto sua sensibilidade social. Perguntei como seria, em sua visão, um museu da pobreza. Vik devolveu a pergunta com uma provocação: “Qual pobreza, a do rico ou a do pobre?”.

Conhecemos bem a pobreza que aflige parte da população brasileira e mundial, mas há que destacar também a pobreza dos ricos, especialmente em nosso país. O rico brasileiro não sai de casa sem carro blindado, não anda de metrô, não vive sem a proteção de uma cerca elétrica e uma portaria 24 horas. Usa relógio caro no exterior, mas teme exibir qualquer jóia no Brasil. Seus filhos estudam nas melhores escolas e fazem intercâmbio, mas nunca brincaram na rua ou passearam sozinhos pela cidade. Sua família já visitou a Disney muitas vezes, mas nunca pisou numa favela a poucos quilômetros de sua casa.

A pobreza do rico é existencial. Ele é pobre de experiências. Desfruta tudo aquilo que o dinheiro pode comprar, mas não usufrui plenamente a cidade, não se integra à comunidade que o cerca, não troca experiências com vizinhos. Não importa quantos dígitos apareçam no saldo da conta bancária, ele é escravo do medo dentro da bolha que o protege e o sufoca.

Leia agora, Segurança pública no Brasil escravocrata

O contraste entre a realidade brasileira e o que tenho visto nos Estados Unidos só fortalece minhas convicções. Realizamos aqui, há poucos dias, um evento de arrecadação para a Gerando Falcões. Parte do PIB brasileiro compareceu. Ninguém chegou acompanhado de seguranças. Alguns vieram a pé ou de metrô.

Os Estados Unidos estão longe de ser perfeitos, mas, em lugares onde a desigualdade social não é tão obscena como a do Brasil, cenas assim se tornam possíveis. Ou alguém consegue imaginar um bilionário em São Paulo ou no Rio andando tranquilamente de metrô?

Por isso, quando falo em transformar a pobreza em artigo de museu, trato dessas duas dimensões da palavra. Quero que a fome, a miséria, a falta de saneamento, a escola precária e o hospital sem remédios se tornem relíquias do passado. Mas quero superar também esse estilo de vida paranoico e belicoso — pobre, enfim – de parte das nossas elites.

Só conheço um caminho para alcançar esses objetivos: os donos do dinheiro precisam assumir um compromisso de combate à desigualdade. É preciso entender que, quando o tecido social é esgarçado pela fome e pela miséria, todos pagam, inclusive os ricos.

Crescimento sem distribuição de renda nos empobrece como sociedade. A saída é ricos e pobres trabalhando em cooperação. Quando conviverem, ambos deixarão de ser pobres — um de recurso, outro de experiência.

Confira também: Oficinas Gerando Falcões

 

Texto publicado na edição de 28/09 do Jornal O Globo

coluna edu

Favela, uma nova Amazônia

O mundo se comove com a situação da Amazônia. Com razão: a floresta é uma das mais ricas em biodiversidade, serve de morada a vários povos originários e desempenha papel fundamental na regulação do clima. Se a Amazônia está em perigo, o planeta está em perigo.

Como os países já entenderam essa lição, há engajamento em escala global. O mundo desenvolvido faz aportes milionários para garantir a preservação da floresta e implementa sanções econômicas a quem insiste em lucrar com a destruição do bioma. A Amazônia é percebida como um desafio para a humanidade, e isso une lideranças políticas e empresariais dos quatro cantos do mundo.

A favela precisa se tornar uma nova Amazônia. A comunidade global precisa aprender que a miséria em qualquer parte é uma ameaça concreta à estabilidade do mundo. Logo, a situação da favela é também problema de todos nós.

O mundo ainda não conhece o valor da favela. A periferia tem garra e resiliência contra um Estado que teima em negar seus direitos mais básicos. É criativa, desenvolvendo tecnologias sociais altamente sofisticadas para garantir sua sobrevivência. A periferia gera oportunidades, mesmo em territórios que foram ignorados e segregados durante séculos.

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Assim como lutamos pela preservação da Amazônia, é preciso lutar também pela preservação da vida e da dignidade humana na favela. Não se trata, é claro, de espalhar a miséria, mas justamente de combatê-la, para garantir a sobrevivência física e cultural da população que habita esses territórios. As favelas do Brasil, da Argentina, da Índia, da África do Sul ou de qualquer outro lugar são o coração pulsante da humanidade.

Acabamos de realizar o jantar da Gerando Falcões em Nova York. Com a ajuda dos anfitriões Jorge Paulo Lemann, Claudio Ferro e Carlos Britto, reunimos famílias e empresários interessados na causa da favela e angariamos R$ 3 milhões, que serão integralmente investidos no enfrentamento à pobreza no Brasil.

Só conquistamos esse aporte porque convencemos parte do PIB brasileiro de que a favela é responsabilidade de todos. Essa mensagem ainda precisa alcançar as lideranças do mundo desenvolvido, os bancos internacionais, as grandes fundações. A riqueza do mundo ainda não está unida buscando soluções para o problema da miséria.

Mas sou otimista por natureza. Circula entre tenistas profissionais a ideia de que um dos segredos do campeão Rafael Nadal é a insistência. A cada partida, a cada rally, sua dedicação é tão grande que, em determinado momento, acaba dobrando o adversário.

Gosto dessa anedota porque devemos encarar a favela da mesma forma. A sociedade precisa deixar claro que não desistirá enquanto não transformar a miséria em relíquia do passado. Para nossos planos sociais, organizaremos mais jantares, mobilizaremos mais talentos para o terceiro setor, recrutaremos mais vozes influentes, levantaremos mais recursos.

Precisamos deixar de tolerar o intolerável. Se o mundo pôde se conscientizar a respeito dos problemas ambientais, transformando a Amazônia em preocupação global — mesmo que seus problemas estejam longe de ter sido superados —, podemos fazer o mesmo com a miséria e a desigualdade. Reconhecer o valor da favela significa lutar pela preservação do melhor que a humanidade tem a oferecer.

Coluna, Edu Lyra, 14/09, O Globo.

Confira também: Como ajudar pessoas carentes

coluna edu

Favela repensada

Qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça, leitor, leitora, quando você pensa em favela? Pobreza, responderão uns, apontando para as responsabilidades do Estado ausente. Violência, dirão outros, lembrando-se da criminalidade impulsionada pelo tráfico de drogas.

São associações incontornáveis, sim. Eu, no entanto, que venho da favela, tenho o privilégio de poder olhar para ela por outros ângulos. Para mim, a favela, para além das carências que oprimem seus moradores, é também a mais bem-sucedida startup do Brasil.

Exagero? Acho que não. Anitta é favela. Seu sucesso internacional projeta o subúrbio carioca em que nasceu. KondZilla é favela. Sua bem-sucedida produtora musical deu visibilidade ao melhor do funk. O samba do Rio de Janeiro desceu para a cidade depois de ter nascido nos morros. A feijoada preparada nos barracos com teto de zinco preserva a autenticidade do prato original dos tempos das senzalas. Favela é ainda moda, design, esporte – quantas medalhas olímpicas não trazem a marca de suor das favelas? Até a Faria Lima em São Paulo é favela, que deixou sua impressão digital nos imponentes edifícios envidraçados que abrigam boa parte do PIB brasileiro.

https://www.youtube.com/watch?v=7llA4D06ciU&t=6s

O Brasil precisa aprender a valorizar as coisas que tem – e uma delas é a favela. Saudar a favela não é compactuar com a desigualdade social que a gerou. Ao contrário, é enaltecer a resiliência de seus habitantes. A sensação de orgulho tem a ver com o potencial que não se dobra às adversidades. Visitar a favela Marte, projeto-piloto da Gerando Falcões, é conhecer um centro de tecnologias de sobrevivência, um polo de resistência ao Brasil institucional, o Brasil que abandonou os pobres.

A palavra “favela” é uma invenção brasileira que ganhou o mundo. Aqui em Nova York, onde passo um breve período de estudos, os americanos falam em “shanty town”, mas áreas decaídas em outros países não são a mesma coisa. Favela, para o bem e para o mal, só no Brasil. Até o nome é sonoro, tem a musicalidade da nossa língua e rima com tanto com mazela como com coisa bela. Aliás, se se sentir confortável, considere falar “favela”, e não “comunidade”, como se a assepsia do vocábulo pudesse esconder seus problemas. Conversando com meus amigos Nizan Guanaes e Eco Moliterno sobre o reposicionamento da favela no mundo, chegamos à conclusão de que ela está muito mais para solução do que para problema.

Veja 5 livros que explicam a história das favelas

Aprendi com Jorge Paulo Lemann a sonhar grande, para só então correr atrás dos meios para transformar o sonho em realidade. Em setembro, Lemann, Carlos Brito e Claudio Ferro serão anfitriões do jantar da Gerando Falcões em Nova York. Vamos colocar a favela no centro do mundo desenvolvido e apresentar sua agenda social, uma verdadeira plataforma de mudanças. Quando transformarmos os territórios das favelas em 3D (digitais, dignos e desenvolvidos), o nome “favela” se tornará símbolo de reinvenção e inovação.

Responsabilidade social
Edu Lyra e a família Lemann

O Vale do Silício não tem só silício. Tem cérebros. A favela não tem só bandidos. Tem cérebros também, ainda que em estado latente, prontos para serem lapidados. Nossa missão é impedir que, por falta de oportunidade, eles se repliquem indefinidamente em Escadinhas e Zé Pequenos.

Coluna da edição de 31 de agosto do Jornal O Globo

Confira também: História das favelas | Como ajudar pessoas carentes

3 mistérios de marte + 1 surpresa

Marte, planeta vermelho, “Estrela de Fogo”, é o quarto planeta do sistema solar. Seu nome veio da Roma Antiga, mas vamos falar disso um pouco mais pra frente. Além do Império Romano, o planeta, visto de noite como uma estrela vermelha, também causou inquietação na Ásia antiga, quando foi chamado de “Estrela de Fogo”.

Nos últimos tempos, Marte ganhou os noticiários mundiais. O planeta voltou a ser uma obsessão humana. Temos o empresário Elon Musk que tem como ideal de vida colonizar o planeta a todo custo. 

A Nasa também está nessa história. A missão dos americanos começou em 1997, quando o robô Rover Sojourner foi enviado para atestar se conseguia andar em Marte. Em 2004, a agência mandou outros 2 Rovers, que provaram que o planeta já teve água circulando em sua superfície.

Em 2020, enviou para Marte o robô Rover Perseverance, que pousou no planeta em 2021, com o objetivo de descobrir se já houve vida por lá.

 

Perseverance pousou com segurança na Cratera Jezero, local escolhido a dedo. Isso porque cientistas acreditam que lá já foi um rio e teve um lago. Assim sendo, um local muito bom para examinar se houve vida ou não.

A última empreitada antes da publicação do nosso blogpost foi a de que a NASA estava procurando 4 voluntários para viverem no planeta vermelho. Eles terão de ser americanos e não fumantes, além de terem conhecimento científico.

Mas, afinal de contas, por que temos essa obsessão tão grande por Marte? Por que Elon Musk quer colonizá-lo? 

Óbvio que não temos a resposta. Porém, trouxemos algumas curiosidades sobre Marte que podem ampliar o seu horizonte sobre os mistérios da estrela vermelha.

Os 7 minutos de terror

Nessa animação da Nasa, podemos ver um pouco sobre o que são os 7 minutos de terror antes de pousar em Marte. 

Esse é o nome que os cientistas deram para o pouso do robô Perseverance, que chegou ao planeta em 18 de fevereiro de 2021. Isso porque, nesse espaço de tempo, o robô foi, em 7 minutos, de 19.500 km/h na atmosfera marciana para mais ou menos 3 km/h quando pousou sobre a cratera Jezero, no planeta vermelho.

 

 

Além disso, ao atravessar a atmosfera marciana, Perseverance teve que resistir a temperaturas de até 2.100°C. Tudo isso enquanto viajava encapsulado em uma caixa de duas partes que tinha um escudo traseiro e outro térmico.

Então, acaba por aí?

 

Não, ainda tem mais…

Quando estava a cerca de 11 km do solo de Marte, a espaçonave que o robô viajava o lançou por um paraquedas que reduziu sua velocidade de 2099 km/h para 320 km/h. Então, o seu escudo térmico se separou da tampa traseira deixando Perseverance cair no solo por um tempo curtinho. 

 

Depois disso,  foram  acionados 8 retrofoguetes que fizeram  a manobra “skycrane” (guindaste no céu). Só assim o nosso querido robô conseguiu descer lentamente com três cordas de náilon. Então, quando as rodas chegaram ao solo, ele pôde andar livremente em Marte.

Veja um vídeo super legal que explica o skycrane

Lembrando: Tudo isso em 7 minutinhos!

Marte foi a primeira fake news a bombar na mídia

A Guerra dos Mundos, de H.G Wells. Este foi o primeiro livro a tratar sobre marcianos invadindo a Terra. Foi nele que o povo de Marte ficou conhecido como figuras horrendas, do mal, além de mais inteligentes que os humanos. Além disso, a obra também foi a mãe da primeira grande fake news da história da humanidade.

Isso porque o livro ficou realmente conhecido, quando, na véspera do Halloween de 1938, a CBS transmitiu um drama narrado pelo cineasta e radialista Orson Welles, diretor do aclamado Cidadão Kane e outros longas. Segundo relatos da época, o povo entrou em frenesi, com alguns até acreditando que aquilo era verdade.

 

https://www.youtube.com/watch?v=o_k7wCRE2A0&t=499s

Porém, especialistas apontam que não foi bem assim. Alguns dizem que apenas algumas pessoas ficaram apavoradas. Entretanto, também há teorias que relatam que todo mundo percebeu que era uma “pegadinha” de feliz dia das bruxas.

Então, quer saber sobre a relação do livro com o   criador do primeiro foguete da história?

Marte é o pai do Cupido

A mitologia romana e a grega são muito parecidas. Historiadores afirmam que a relação entre os 2 impérios veio desde o século 12 a.C. Assim, várias tradições se misturaram, incluindo a dos deuses. Eles nasceram na cultura grega, que surgiu 1000 anos antes da romana.

Porém, apesar de a maioria dos deuses terem a mesma vocação, os romanos optaram por nomes diferentes que, depois, viraram nome de diversos planetas. Por exemplo, o “Zeus” romano se chamava Jupiter.

 

Marte é um guerreiro forte, impiedoso e sangrento. Filho de Júpiter e Juno, ele tinha uma irmã chamada Minerva. Minerva era mais diplomática e gostava de trabalhar os conflitos na base do diálogo. 

Então, podemos perceber que a relação dos irmãos não era a melhor possível. Na Guerra da Tróia, Minerva virou a casaca. Protegia os gregos, enquanto Marte ajudava os troianos que, depois do caso do cavalinho, perderam a guerra para os gregos.

marte

Apesar de sua crueldade, Marte se apaixonou perdidamente por Vênus, deusa do amor. Deusa do amor que era casada com Vulcano, fazendo de Marte seu amante. Foi deste relacionamento extraconjugal que nasceu Cupido e sua flecha do amor.

Outro ponto fundamental é que, para os romanos, Marte era seu descendente direto, já que Rômulo (aquele que junto com seu irmão Remo, bebeu leite da loba)  era filho de Marte.

Marte é o nome da primeira Favela 3D

Enfim, chegou a hora da surpresa.

Além de Roma, Robô ou Fake News, Marte agora é o nome de uma Favela.

E não é qualquer favela não!

Marte é o nome da Primeira Favela 3D (Digna, Digital e Desenvolvida), localizada em São José do Rio Preto (SP). O CEO da Gerando Falcões, Edu Lyra, esteve lá e contou tudo sobre Corrida Espacial, Campanha Favela X e Elon Musk.

Confira também: 5 curiosidades sobre a corrida espacial

Assim sendo, os moradores ficaram tão empolgados por fazer parte dessa história que decidiram trocar o nome de Vila Itália para Favela Marte.

Sim, a Gerando Falcões chegou em Marte antes de Elon Musk.

Em um Marte Digno, Digital e Desenvolvido, como vão ser todas as nossas Favelas 3D.

Seja nosso sócio e ajude a criar mais ” Favelas Marte!

Confira também: Como ajudar pessoas carentes

 

impacto social

 

Olimpíada social

Quinto maior país do planeta, o Brasil tem desafios sociais do tamanho da sua extensão. Segundo o Global Wealth Report, a desigualdade no país atingiu em 2020 o recorde das duas últimas décadas. Todos nós, brasileiros, temos uma Olimpíada social para disputar. Por enquanto, estamos muito distantes do pódio.

Como um atleta profissional, precisamos de foco, de estratégia. Não adianta reclamar ou se desesperar. Para começar, vamos observar o que está funcionando socialmente num país em que nada parece dar certo nessa área. Alguns protótipos merecem atenção. Em vez de reclamar da educação, vamos nos mirar em Sobral, no Ceará. Que tal “sobralizar” o ensino?

Veja mais: O que faz de Sobral a capital da educação brasileira

Há outros exemplos que estabelecem paradigmas igualmente relevantes. Na semana passada, estive no Recife, onde fui aprender lições para o Favela 3D, programa de enfrentamento da pobreza da Gerando Falcões. A cidade é dirigida por um jovem de 27 anos que representa muita esperança para o Brasil: João Campos. Visitei o Compaz, considerado pela Oxfam Brasil como o melhor programa de redução de desigualdades do país. Liderado por Murilo Cavalcanti, secretário de Segurança Cidadã, o programa é tão consistente que deveria ser implementado país afora.

Subi encostas íngremes para conhecer o Mais Vida nos Morros. Recife é a quinta cidade do país com a maior concentração de favelas. Quase todas as favelas de Pernambuco (97%) estão na Região Metropolitana. Tullio Ponzi, secretário executivo de Inovação Urbana e líder da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), fundou em 2016 uma espécie de startup dentro do governo que apresenta protótipos para soluções urbanas nos morros. Com resiliência, reinventa-se a cidade e se combate a desigualdade socioespacial a partir do protagonismo comunitário e da promoção do desenvolvimento sustentável e de um espaço urbano melhor para as crianças.

Edu Lyra e Tullio Ponzi

Tullio tem sensibilidade para entender que o morador da favela é o maior especialista em favela e, portanto, deve estar no centro da construção das soluções. Juntos, eles transformam microvazios urbanos: vielas abandonadas, em quadras esportivas; calçadas esburacadas, em espaço para pular amarelinha; um veículo abandonado, em carro-jardineira. Tudo isso num cenário de paredes pintadas com muita cor (com apoio empresarial das Tintas Coral) e com a ajuda de centenas de voluntários. A partir do desejo dos moradores, o programa integra as demais áreas do governo para instalar iluminação pública e infraestrutura social básica.

A estratégia inicial do programa estava associada a uma abordagem de defesa civil e prevenção de desastres. Hoje, promove o desenvolvimento dos territórios, por meio do estímulo ao protagonismo dos adultos e sobretudo das crianças, todos cidadãos. Ouvi moradores emocionados dizendo que têm orgulho da comunidade onde moram. Eles relatam que a violência diminuiu e que até suas casas valorizaram.

Saiba mais sobre a reurbanização de Medellín

O Brasil não tem só problemas. Tem soluções também.

O Brasil não tem só burocratas. Tem Murilos e Tullios também.

Basta vontade política para identificar e reproduzir o que eles fazem em seus laboratórios sociais para merecer o ouro na Olimpíada social.

Coluna da edição de 03 de agosto do Jornal O Globo

Confira também: o que são ongs

 

Do favelês ao inglês

Há um mês, eu estava morando temporariamente num motorhome na favela Marte, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Agora estou num flat em Nova York, centro financeiro dos Estados Unidos. A rua de terra batida deu lugar à grama verde do Central Park, onde escrevo estas linhas.

Reviravoltas assim podem confundir a mente. Quando estamos no chão, a sociedade vaia. Quando ascendemos, aplaude. As duas reações embutem riscos: sensação de impotência, no primeiro caso; armadilha do deslumbramento, no segundo. A serenidade é fundamental para combatê-las e continuar seguindo em frente, não importa se beijando a lona ou subindo ao pódio.

Minha essência é servir aos brasileiros mais pobres da melhor maneira que posso. Foi isso que me trouxe a Nova York. Estou aqui como estudante, descobrindo experimentos sociais bem-sucedidos, absorvendo conhecimento de ponta para levar de volta à favela. Agradeço à ajuda do amigo Carlos Brito, ex-CEO da AB Inbev, que bancou minha estada, e à Kaplan e ao STB Brasil, que investiram numa bolsa de estudos.

Edu Lyra na Biblioteca Pública de Nova Iorque

Já me perguntaram se sofro com o inglês. “Yes, I do.” Certa vez, com a intenção de sugerir uma foto ao lado do megainvestidor Warren Buffett, a quem acabara de ser apresentado, convidei-o para tomar banho.

Mas isso vai mudar. Sempre gostei de correr atrás de metas, e dominar o inglês é uma delas. Todo idioma é uma ferramenta de transformação social. Quero usá-la para mobilizar parcerias no mundo desenvolvido, trazendo essa força para as periferias brasileiras.

Tenho em quem me inspirar. Anitta é um exemplo. Fala com desenvoltura inglês, espanhol, francês. Sua carreira aponta para o futuro, para o que podemos ser. Trata-se de um produto da favela de sucesso mundial.

Não saio do zero. Já domino dois idiomas: o português e o favelês. Todos os dias faço tradução simultânea entre a língua que se fala na Faria Lima, nas universidades, nas empresas, na política, e a língua que usamos na Gerando Falcões, o idioma que a periferia entende e de que se orgulha. É assim que trocamos conhecimentos.

https://www.youtube.com/watch?v=7llA4D06ciU

Brinco que, da próxima vez em que encontrar Warren Buffett — provavelmente junto a meu amigo e parceiro Jorge Paulo Lemann, que é seu sócio —, vou usar meu inglês afiado para pedir a senha de sua conta bancária e resolver o problema da miséria no Brasil.

Caso a abordagem hipotética não funcione, já tenho uma alternativa. Criei uma unidade de mobilização de recursos nos EUA, liderada pelo parceiro Maurício Morato, da Gerando Falcões, um apaixonado pelo potencial da favela.

O pouco tempo que passei nos EUA serviu para confirmar que a pobreza é sempre uma ameaça à estabilidade global. Não importa o país ou a região. Enquanto houver miséria, a humanidade toda corre perigo.

É preciso, pois, construir pontes. Daí a importância de dominar aquela que, na prática, é a língua do mundo. Se juntarmos inglês, português e favelês, talvez possamos ajudar o planeta a falar um esperanto social — o transformês.

Coluna da edição de 17 de agosto do Jornal O Globo

Confira também: o que são ongs

coluna edu

Impacto social:Como avaliá-lo em uma ONG?

Do latim impactus, o impacto é o efeito diretamente atribuível a uma ação, ou a consequência de determinado esforço para atingir um fim estabelecido.

 Impacto é simplesmente o conjunto de mudanças produzidas pela intervenção do homem dentro de uma causa ou empresa. 

Então, tais mudanças podem ser intencionais ou não intencionais; positivas ou negativas; diretas ou indiretas. Por essa razão, é essencial entender que o impacto pode ser mais amplo do que, por exemplo, os objetivos de uma organização ou negócio.

O que é avaliação de impacto social?

Impacto social é o quanto um projeto, organização ou empresa estão impactando positiva e negativamente o meio social no qual estão incluídos. Muitas vezes a mensuração é negativa. 

Avaliação de Impacto é o método usado para trazer os impactos produzidos ou que se espera produzir com o intuito de detectar ou comprovar que eles foram, pelo menos em parte, gerados pelo projeto, programa, política ou negócio.

Porém, quando pensamos no polo negativo, logo vem a questão ambiental. Realmente, o impacto ambiental é fundamental para o mundo contemporâneo, mas não é a única avaliação.

impacto social

Por exemplo: uma empresa ou ONG pode estar cuidando de todo o meio-ambiente local, reflorestando, despoluindo o rio que recebeu seus dejetos por anos. Entretanto, seus empregados recebem menos benefícios do que exige a lei. Ela vai estar ok com o impacto ambiental, mas no social, devendo horrores.

Esse é um exemplo mensurável de impacto social. Mas tem um outro lado que é de difícil mensuração e exige técnica.

Por que a avaliação de Impacto Social é diferente?

A avaliação de impacto social é diferente das outras avaliações de projetos por buscar elementos que tragam uma relação de causa e efeito entre a intervenção e seus impactos. Laços de casualidade é o como ficou conhecida essa relação.

Segundo o historiador britânico, Roger Owen, essa avaliação está na esfera mais complexa dos campos de avaliação. Isso porque, para avaliar o impacto social é necessário que a empresa ou organização tenha a análise de necessidades, avaliação de processos, avaliação de resultados, avaliação econômica, dentre outras.

SROI (Retorno Social sobre Investimento)

Retorno Social sobre Investimento é uma das diversas formas de medir o Impacto Social de uma organização ou empresa. 

São 6 estágios: estabelecer escopo e identificar os stakeholders; mapear os resultados; evidenciar os resultados e atribuir valores; estabelecer impactos; calcular SROI; relatar os resultados.

Saiba mais sobre cada estágio

Existem 2 tipos de SROI:

  1. SROI de avaliação: avaliação de impacto social baseada em resultados reais, que já tenham acontecido. 
  2. SROI de previsão: avaliação de impacto social  baseada na previsão  do valor social que será criado, caso as expectativas se concretizem.

Entretanto, o SROI analisa muitos outros aspectos comparativos. Assim, temos um embate entre o valor investido x valor gerardo para a sociedade com essa iniciativa. Para chegar nesse valor o IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), aplica várias técnicas. Porém, um dos maiores trunfos da técnica é a percepção de que o impacto social deve ser avaliado pelo ponto de vista de quem  está diretamente envolvido no projeto social

impacto social

Assim sendo, o método ajuda a unir os dados qualitativos e quantitativos. O primeiro dá uma visão clara sobre o impacto no projeto. Tudo isso por meio de depoimentos dos envolvidos. Já o quantitativo gera amostras estatísticas que trazem a intensidade das mudanças

 SROI no Brasil

Embora a avaliação de impacto social tenha entrado cada vez mais em pauta, sua prática ainda é pouco desenvolvida no nosso país. Suas bases e conceitos são mal ou pouco utilizados. Além disso, organizações têm dificuldade em analisar os indicadores.

Por exemplo, várias dizem que mensuram seu impacto. Mas, se formos ver direitinho, elas estão apenas vendo o número de pessoas ou famílias atendidas. Lógico que esses dados são essenciais, porém, olhar somente para eles não é o caminho para saber o impacto real das ações.

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O buraco é muito mais embaixo quando falamos de SROI. Monetizar o impacto é algo desafiador. Isso porque temos um déficit de dados e estimativa financeira no Brasil. Assim, muitas vezes as pesquisas têm que usar dados primários, deixando a análise vulnerável.

Impacto Social, SROI e Gerando Falcões

Entretanto, a Gerando Falcões resolveu, mais uma vez, olhar para o céu e decolar rumo à inovação. Em parceria com o IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), fizemos o estudo para analisar o impacto social da Rede.

impacto social

No estudo, que avaliou todos os nosso meios de desenvolvimento social d, tivemos um resultado extremamente positivo. Na Gerando Falcões, de cada R$ 1 investido há um retorno social de R$ 3,50. Isso quer dizer que se estivéssemos na Bolsa de Valores, nosso retorno seria de mais de 250%.

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impacto social

 

A educação pela terra

Estou morando há alguns dias num motor home na favela Vila Itália, em São José do Rio Preto (SP), que será a primeira 3D do Brasil — digital, digna e desenvolvida. Esse talvez seja o mais ambicioso projeto da Gerando Falcões.

Eu poderia tocar o projeto no conforto da minha casa, mas não acredito que esse seja o caminho da verdadeira transformação social. Cada território tem suas próprias necessidades, que só se revelam de perto. É a educação pela terra — a terra urbana, da periferia, onde está sendo engendrado um ecossistema social que esconde saberes preciosos, à espera de um ouvido disposto a aprender. Uma escuta generosa é fundamental para azeitar as engrenagens de qualquer projeto comunitário.

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Políticas públicas bem-intencionadas morrem na praia porque são traçadas de cima para baixo. Nossos gestores ainda não aprenderam a ouvir as demandas da quebrada. Já disse neste espaço: a periferia não precisa de tutela, mas de parceria.

Queremos construir um laboratório social, testando soluções que, no futuro próximo, poderão ser repetidas país afora. Nossa ambição é inventar um programa social escalável, capaz de transformar a miséria em relíquia do passado. Quem pretende mudar o cotidiano da favela tem de fazer dela seu escritório. É por isso que estou na Vila Itália.

Elaboramos uma lista dos “Dez Mandamentos do Território”. É um conjunto de regras e recomendações que orientam o trabalho da Gerando Falcões. Os seis primeiros reforçam a importância do diálogo e da atitude receptiva. São eles: entender profundamente o território; mapear suas potências e fragilidades; estar nele presente a maior parte do tempo; construir soluções com seus habitantes; valorizar a crítica e o protesto dessas pessoas; e lembrar-se de que ninguém entende melhor um território do que aqueles que moram nele. O conhecimento útil sobre um território é sempre construído coletivamente.

O sétimo mandamento trata da implementação prática de projetos sociais: aceitar que a decisão final sobre o que será ou não construído cabe sempre aos moradores do território, ainda que, do nosso ponto de vista, eles estejam equivocados. O oitavo mandamento recomenda nunca prometer o que não se pode cumprir. É preciso moderar as promessas, respeitando a inteligência, o discernimento e a confiança das comunidades. O mesmo vale para o nono mandamento — esclarecer a finalidade de cada ação. Não basta ao agente social informar o que está sendo feito; ele deve explicar cada ação.

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O décimo mandamento talvez seja o mais importante: ter paciência. Não existe fast-food social. Melhoria concreta não se faz do dia para a noite. É preciso aceitar, com resiliência, o potencial e as fragilidades de cada território.

O conhecimento mais avançado sobre gestão social não está nos livros, mas escondido na favela. Essa mina de ouro em sabedoria é desperdiçada quando nos recusamos a escutar as vozes de seus moradores. Que possamos mudar essa atitude, buscando em cada território a inspiração necessária para enfrentar a pobreza brasileira.

Coluna da edição de 20 de julho do Jornal O Globo

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Tutela não, obrigado

Nossas cidades foram construídas num fundamento de desigualdade e iniquidade. Não se consegue oferecer oportunidades reais para a população mais pobre, o que gera um ciclo corrosivo de miséria e violência, uma sensação de estarmos enxugando gelo. 

Como resolver? Não tenho respostas prontas, mas faço perguntas e tento aprender. Na semana passada, embarquei para Medellín, na Colômbia, para uma imersão técnica com meu time na Gerando Falcões. Lá fomos nós, Lemaestro, Nina RentelLisania Pereira, Isabella Valente e eu. 

 

Saiba Mais sobre a história da reurbanização de Medellín

 

Cidade que já foi a mais violenta do mundo, com taxa de 400 homicídios por 100 mil habitantes, Medellín deu uma guinada, tornou-se exemplo global de inovação social. O que nos impressionou não foi tanto o que foi feito, mas como foi feito. 

Não adianta ficar no meio do caminho. O Rio de Janeiro reproduziu a ideia dos teleféricos sobre a favela, mas não atentou para como foram implantados. Resultado: depois de todo o investimento, a infraestrutura de mobilidade urbana nos morros está desativada, aumentando a desconfiança da população em relação ao poder público.

 

O “como” tem a ver com a participação cidadã nos processos sociais, segundo Jorge Melguizo, ex-secretário de Desenvolvimento Social de Medellín. Não se trata de fazer para os pobres, mas a partir da escolha dos pobres. 
Embora muitas obras sejam realizadas em favelas, os aparelhos públicos construídos com frequência acabam esvaziados de público e sentido. Qual o erro? Ninguém pergunta aos moradores se aquilo era o que mais queriam e precisavam. Eles não são ouvidos, sua inteligência é subestimada. A experiência tem mostrado que, enquanto projetos saídos de pranchetas em escritórios com ar-condicionado tendem a fracassar, aqueles nascidos nas comunidades triunfam. 
reurbanização
Em Medellín, a participação cidadã passa por construir a capacidade instalada no território, criar comitês temáticos, delegar incumbências e descentralizar decisões, como ocorre no orçamento participativo, em que a população define como o recurso público será investido no local. Cada comuna tem seu próprio plano de desenvolvimento social. Com voz ativa nas políticas públicas, ela se sente parte do processo, responsável pela manutenção, uso e proteção dos equipamentos. 
A participação cidadã não é apenas uma ferramenta social — é a essência da transformação. Sem ela, o que se tem é uma tosca e vã tentativa de tutela. Ninguém precisa de projetos decididos de cima para baixo, em que as inaugurações — para fins eleitorais ou eleitoreiros — são mais importantes que o impacto social de longo prazo. 
Vencer a pobreza exige técnica apurada. É preciso conhecer a geografia física, social e humana do território. É preciso elaborar planos junto aos moradores e valorizar sua história. É preciso ouvir seu protesto. É preciso envolver toda a sociedade, da iniciativa privada à universidade. É preciso, por fim, criar laboratórios sociais, descontinuando o que não funciona. 
Os pobres estão nas margens, seja na periferia das cidades, seja longe das oportunidades. Temos de colocá-los no centro da nossa escuta, do nosso investimento e das nossas decisões sociais.
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5 curiosidades sobre a corrida espacial

A corrida espacial foi uma batalha entre EUA e União Soviética durante a guerra fria, com o objetivo de ver quem conseguia levar o homem à lua. O estopim se deu em 1957. O Conselho Internacional da Ciência disse que seria o ano da geofísica, para incentivar a cooperação tecnológica entre os dois blocos da Guerra Fria.

corrida espacial foi uma batalha entre EUA e União Soviética durante a guerra fria, com o objetivo de ver quem conseguia levar o homem à lua.

O tiro saiu meio que pela culatra. Isso porque os EUA anunciaram que iriam criar um satélite para orbitar a Terra. Os soviéticos levaram aquilo como uma afronta. Então, em outubro de 1957, o Sputnik 1 foi lançado pelos russos ao espaço. Em novembro, o Sputinik 2 levou a cachorrinha Laika para o infinito.

Mas, outros eventos que vão do cômico ao trágico margearam a história da corrida espacial (guerra fria).

Então, a gente escolheu 5 deles para contar pra você.

O último é o mais especial, e você vai amar…

A corrida espacial começou com um bom livro de ficção científica

A corrida espacial nasceu de um sonho. Mas não daquele sonho que surge do nada, como um espasmo. A corrida espacial nasceu do sonho de ver se histórias contadas na ficção científica poderiam ou não se tornar reais.

Por exemplo, o livro Da terra à Lua (1865), de Júlio Verne, foi a maior inspiração do cientista russo Konstantin Tsiolkovisy, considerado o avô da astronáutica. O russo foi o autor dos primeiros trabalhos sobre a possibilidade de uma exploração cósmica.

livro Da terra à Lua (1865), de Júlio Verne

No livro, um membro de um clube com ex-combatentes da Guerra da Secessão americana, resolve que é a hora de enviar um projétil para a Lua. Para muitos, o francês é um escritor para crianças e adolescentes. Porém, em suas histórias, vemos a intenção do autor em educar o mundo sobre a ciência e a tecnologia.

5 LIVROS PARA ENTENDER A HISTÓRIA DAS FAVELAS

Guerra dos Mundos: um livro inglês, narrado nas rádios dos EUA, que inspirou um alemão

Outro exemplo é o do físico Robert Goddard. Quando adolescente, Goddard era fascinado pela obra A Guerra dos Mundos, de H.G Wells. Este foi o primeiro livro a tratar sobre marcianos invadindo a Terra.

https://www.youtube.com/watch?v=o_k7wCRE2A0

A obra ficou realmente reconhecida quando, na véspera do Halloween de 1938, a CBS transmitiu um drama narrado pelo cineasta e radialista Orson Welles, diretor do aclamado Cidadão Kane e outros longas. Segundo relatos da época, o povo entrou em frenesi, com alguns até acreditando que aquilo era verdade.

Outro ponto interessante é que algumas características da obra podem ser vistas nos filmes e livros de ficção científica até hoje:

  1. A terra sendo invadida por seres de outro planeta
  2. Os ETs como seres asquerosos, só se tornando atraentes quando fantasiados de humanos (geralmente mulheres)
  3. A fixação do homem por Marte (Por que não Vênus que é mais perto?)
  4. Os marcianos como seres superiores em tecnologia, além de sua frieza, querendo sempre dominar o nosso planeta

Décadas depois de ler o livro, Godard foi o inventor do primeiro foguete movido a combustível líquido. Anos depois, seus trabalhos foram continuados pelo cientista da Alemanha nazista, Werner Von Braun. O alemão foi quem projetou o primeiro foguete balístico da história, chamado de V2, feito durante a Segunda Guerra.

Um nazista ganhou a corrida espacial

Mas a corrida espacial não foi uma briga entre União Soviética x EUA para ver quem chegava primeiro à Lua? O que Hitler tem a ver com isso?

Você deve estar fazendo essas perguntas. Porém, digamos que os americanos e russos tiveram uma ajudinha dos alemães com a Operação PaperClip.

Então, em maio de 1945, Washington enviou um telegrama para mais de 1.000 cientistas alemães. Era o início da Operação PaperClip, que tinha 3 objetivos iniciais:

  1. Que os alemães ajudassem na rendição do Japão no pós Segunda Guerra (Lembre-se das bombas-atômicas)
  2. Os EUA queriam as tecnologias para criar novas armas, mas também evitar que eles voltassem a ter as suas próprias armas
  3. Utilizar o potencial tecnológico e científico dos alemães

O líder da operação era o alemão Werner Von Braun — sim, aquele mesmo que criou o foguete V2. Ele desenvolveu mísseis balísticos para o exército americano. Além disso, também atuou na NASA por 10 anos, coordenando a criação dos foguetes.

Ele foi o responsável pelos foguetes da família Saturn. Dentre eles, um tal de Saturn V, de uma missãozinha chamada Apollo 11. que levou o homem à Lua.

homem na lua com bandeira dos EUA

Muito legal esse vídeo sobre a operação Apollo 11

Entretanto, durante muito tempo, a PaperClip foi uma operação confidencial. Ela durou até 1990, chegando a ter 1.600 colaboradores. Outro ponto curioso é que, para a lei, os cientistas alemães eram uma espécie de indenização por danos morais pelos prejuízos causados durante a Segunda Guerra Mundial.

Os animais são os verdadeiros vencedores da corrida espacial

Em terceiro lugar, temos um fato que não pode ser tratado com nenhum sarcasmo, mas sim, com dó e reflexão. Antes de Yuri Gagarin e Neil Armstrong chegarem ao espaço, foram os animais que pagaram um preço alto para o homem chegar à Lua.

Para analisar diversos fatores, como, por exemplo, o desempenho de seres sem gravidade e órbita terrestre ou lançamento, diversos animais foram usados como cobaias durante a corrida espacial. 

As moscas da sopa foram enviadas em 1942 para ajudar a ver como o homem lidaria com os efeitos de uma viagem de longa duração. Contudo, apesar de parecerem diferentes de nós, elas são enviadas ao espaço para experimentos até hoje. Isso porque elas têm 75% dos seus genes iguais aos nossos.

Laika: a cachorrinha que durou 5 horas no espaço

Em princípio, os americanos realizaram experimentos com moscas, ratos e macacos. Porém, os russos pensavam que o cachorro poderia sobreviver melhor ao ócio espacial. Além disso, havia uma questão de marketing. Como todos sabemos, é muito mais atrativo ver um cachorrinho fofo com a roupa espacial do que uma mosca ou um rato.

cachorrinha Laika na corrida espacial

Mas, provavelmente, por tudo o que envolveu a sua curta viagem espacial, um dos animais mais famosos foi a cachorrinha Laika, que decolou em 4 de outubro de 1957. Laika foi o primeiro animal a orbitar na Terra. Entretanto, infelizmente, o voo durou apenas 5 horas, antes dela morrer por estresse e problemas técnicos.

Além disso, a ida de Laika gerou polêmica na época, pois já se sabia que estavam enviando um ser inofensivo com passagem só de ida para o espaço. Porém, para os russos, a missão com o foguete Sputnik 2 foi um baita sucesso. 

Os macacos americanos no espaço

Então, em 1942, Albert 1 foi o primeiro macaco que a NASA enviou para o espaço, partindo do Novo México direto para a morte por sufocamento durante o voo. A falta de documentação e relatos sobre o macaco fizeram de Albert 1 um herói da corrida espacial.

Mas, mesmo com a morte, a NASA não desistiu de levar nossos irmãos primatas. Então, logo após a segunda guerra, foi enviado Albert 2, que morreu ao retornar à Terra. No total, 5 macacos chamados Albert foram enviados ao espaço sem voltar com vida.

Bakar foi lançado no espaço em 1959, sendo a primeira primata a voltar com vida para o seu lar. Por fim, Bakar morreu em 1984, com 27 anos, de insuficiência renal.

Na década de 1960, diversos animais foram enviados e voltaram com vida do espaço. A União Soviética enviou répteis, coelhos e ratos. Porém, outra que ficou na história foi a gata Félicette, enviada pela França. Ela é o único gato a viajar para o espaço.

Corrida espacial virou uma guerra entre empresários

Por conseguinte, vamos falar sobre a curiosa virada de chave que a corrida espacial teve nos últimos anos. Isso porque, até então, os governos eram quase que “donos” das corridas espaciais. Empresários ainda não tinham aberto seus cofres para o cosmos. Porém, de uns tempos pra cá, isso mudou completamente de figura.

Segundo matéria do O Globo, de 13 de Junho:

“Agora, a briga é dos bilionários: o americano Jeff Bezos, dono da Amazon, da Blue Origin e da maior fortuna do mundo; o sul-africano Elon Musk, terceiro mais rico e fundador da Tesla e da SpaceX, e Sir Richard Branson, o britânico que detém a Virgin Galactic”.

Matéria O Globo Corrida Espacial Elon Musk, Jeff Bezos, Richard Branson

O leilão de Bezos na nova corrida espacial

Contudo, a briga ganhou novos contornos nos últimos tempos, quando Bezos anunciou que vai ao espaço no primeiro voo tripulado com sua  Blue Origin. A viagem será feita com seu irmão Marl, além de uma tripulação profissional, a bordo do foguete New Shepard.

Além disso, o voo terá um terceiro passageiro, que segundo a matéria do jornal carioca:

“Foi objeto de um leilão que mobilizou mais de 6 mil participantes de 143 países, elevando o lance inicial para cerca de US$ 5 milhões, pouco mais de R$ 25 milhões”.

Mas, mesmo com a nova empreitada, o líder da nova corrida espacial continua sendo Elon Musk, empresário sul-africano, dono da Tesla e da SpaceX, que sonha em colonizar Marte.

Além disso, em abril, Musk ganhou uma espécie de “edital” da NASA. Assim, a SpaceX irá coordenar a próxima viagem do homem à Lua, além de receber suporte da NASA para a execução do projeto.

Entretanto, diferente da Guerra Fria, quando o foco era só a Lua, os bilionários têm diferentes ambições na nova corrida espacial. Musk quer colonizar Marte, como podemos ver no documentário Marte, da Netflix. Entretanto, Bezos tem uma paixão maior pela Lua, enquanto Branson sonha em difundir o turismo espacial.

Corrida Espacial x Corrida Social

Então, se os novos bilionários querem fazer a sua corrida espacial, a Gerando Falcões, quer fazer uma Corrida Social. Utilizando ciência de foguete, tecnologia de ponta, network e tudo mais que o homem usou para chegar até à Lua, queremos apenas uma coisa:

COLOCAR A POBREZA DAS FAVELAS NO MUSEU!

Por fim, é nessa missão que entra o nosso novo projeto: o Favela-X.

Afinal de contas, você já parou para pensar em uma coisa:

Pois, se o dinheiro gasto para chegar a Marte fosse investido na pobreza, existiria pobreza?

Mas, em breve, vamos falar mais sobre o Favela-X aqui no blog e em todos os canais da Gerando Falcões:

Então, #tamojunto nessa?

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Thiago costa autor de 5 curiosidades sobre a corrida espacial

Dez anos, e contando

A Gerando Falcões, que completa dez anos nesta semana, é filha da improbabilidade. Por muito pouco, deixou de ser uma iniciativa natimorta. No início, não havia dinheiro para nada, nem para pagar funcionário. Este o limão que me coube. A limonada veio na forma de sociedade. Afinal, sócios trabalham até de graça. A simples conveniência inicial, no entanto, se revelaria muito mais que isso. Foi um acerto estratégico. São meus sócios sociais Amanda Boliarini, craque da tecnologia; Lemaestro, cientista da última milha; e Mayara, gestora padrão Ambev, com quem eu viria a me casar. Se você tem o time certo, você tem futuro.

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O primeiro escritório da Gerando Falcões foi no quarto da minha casa. Uma casa sem reboco por fora e por dentro. A escassez material era compensada pela fartura de imaginação. Larguei a faculdade para poupar o pouco que tinha e escrevi “Jovens Falcões”, livro publicado de forma independente, com captação de patrocínio na cidade de Poá, no extremo leste da Região Metropolitana de São Paulo. Treinei um time de 30 jovens. Vendíamos o livro de porta em porta por R$ 9,99. Em três meses, comercializamos 5 mil exemplares na periferia e na favela. Com o dinheiro, iniciamos nosso sonho.

aniversário

Eu sabia que estava isolado socialmente. Minha network eram os moleques da quebrada. Precisava me conectar com o mundo dos negócios, furar a bolha da Faria Lima. Decidi derrubar os muros psicológicos da minha cabeça. Só assim destruiria muralhas sociais e construiria pontes entre a periferia e o centro do capitalismo. É esse o peso que, sem exagero, atribuo ao encontro que promovi na favela com Jorge Paulo Lemann, da Ambev, e Satya Nadella, CEO Global da Microsoft.

Quem não muda muito não muda nada. Nos últimos dez anos, nós mudamos muito. Deixamos de ser uma única ONG na favela e nos tornamos um ecossistema de desenvolvimento social, presente em mais de 700 favelas, entregando serviços de educação, desenvolvimento econômico e cidadania, em colaboração com centenas de ONGs aceleradas em nossa plataforma. Na fase pandêmica, criamos uma campanha de combate à fome e estamos próximos da marca de R$ 60 milhões mobilizados e 1 milhão de pessoas alimentadas com doações de mais de 100 mil pessoas.

O que é uma ONG?

Nossa missão é transformar a pobreza da favela em peça de museu antes de Elon Musk colonizar Marte. Erradicar a desigualdade não pode ser mais desafiador do que a aventura espacial do empreendedor bilionário. Estamos atrasados, sim, mas temos nosso moonshot —a Favela 3D, um laboratório de tecnologias sociais de combate à pobreza, que está fazendo intervenção sistêmica na favela para interromper o ciclo de pobreza e criar um motor de prosperidade. Vamos entregar ao Brasil uma tecnologia escalável de transformação integral das favelas.

Venci a pobreza na favela uma vez. Sei que dá para vencê-la em escala. A Gerando Falcões existe para resgatar os pobres desse sequestro social. Mas não deve existir para sempre. Ao contrário das empresas do best-seller de Jim Collins, ela não foi feita para durar. Pelo menos, não além do tempo em que nosso objetivo for alcançado. Não vejo a hora de nos tornarmos desnecessários.

Obrigado a todos e todas que acreditaram nesse sonho.

Coluna publicada no Jornal O Globo, em 22/06/2021

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Seja glóbulo branco, seja herói

Nos meus tempos de colégio, aprendi que o corpo humano está exposto a milhões de germes e microrganismos perigosos. Só não adoecemos o tempo todo porque contamos com os glóbulos brancos. Essas células são a linha de frente do nosso sistema imunológico. Viajando pela corrente sanguínea, elas atacam e destroem substâncias prejudiciais ao corpo, preservando nossa saúde.

A sociedade não é tão diferente do organismo humano. Também enfrentamos vírus nefastos. São eles a fome, a pobreza, a desigualdade social, o ódio, o racismo, as fake news — patógenos que prejudicam o bom funcionamento do corpo social. Para combatê-los, precisamos de pessoas e entidades que cumpram a função dos glóbulos brancos. Sem elas, colocamos em risco a democracia, a economia, a educação, o meio ambiente — tudo aquilo que gera riqueza, material ou imaterial. Cedemos terreno às doenças sociais, como a desigualdade e a pobreza.

O planeta precisa como nunca de glóbulos brancos. Gente capaz de identificar que vírus estão adoecendo a sociedade e descobrir formas inteligentes de atacar essas mazelas. Heróis de carne e osso, que curem as doenças de seu tempo superando quaisquer dificuldades.

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Os glóbulos brancos sociais são, na verdade, de todas as cores. Lideranças negras como Martin Luther King, como Mandela, ou Cíntia Santana, da ONG Entre o Céu e a Favela, e Lisania Pereira, da ONG Mandaver, são glóbulos brancos. A paquistanesa Malala também. O mesmo vale para o ambientalista Ailton Krenak. Todos eles, guiados por seus valores e circunstâncias, escolheram ingressar na luta contra as doenças sociais. Os glóbulos brancos têm todas as cores e também todos os gêneros, etnias, classes, regiões, culturas.

Ninguém nasce glóbulo branco. É preciso escolher e assumir esse papel. É preciso entender que a tarefa de lutar por uma sociedade melhor não pode ser delegada. Essa briga é nossa.

Já passou da hora de o Brasil firmar um grande acordo social e, sem meias palavras, declarar guerra à pobreza. Só assim poderemos montar um enorme exército de glóbulos brancos para atacar o cerne da nossa doença social.

É preciso localizar e, principalmente, empoderar esses glóbulos brancos. Quem são os prefeitos e vereadores glóbulos brancos? Quem são os empresários glóbulos brancos, dispostos a colocar a mão no bolso para apoiar ações de combate à pobreza? Quem são os glóbulos brancos nas favelas? Quem são os cidadãos glóbulos brancos, que doam o que podem em plataformas virtuais de arrecadação para apoiar programas sociais? Quem são os voluntários glóbulos brancos, que cedem tempo, conhecimento e know-how em ações solidárias?

Essas pessoas existem aos montes, espalhadas pelo país. Cabe ao poder público organizar e concentrar esse gigantesco poder transformador na única guerra que realmente importa: a guerra contra a pobreza sistêmica, hereditária, doença grave que rouba o futuro de milhões de brasileiros.

Não há espaço para neutralidade nessa luta. Vamos atualizar o poema-bandeira de Hélio Oiticica: “Seja glóbulo branco, seja herói”.

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Coluna publicada no Jornal O Globo em 08/06

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Segurança pública no Brasil escravocrata

Segundo o artigo 144 da constituição federal:

 “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

  • I – polícia federal;

  • II – polícia rodoviária federal;

  • III – polícia ferroviária federal;

  • IV – polícias civis;

  • V – polícias militares e corpos de bombeiros militares;

  • VI – polícias penais federal, estaduais e distrital”

Portanto, no Brasil, estes órgãos gerenciam e são responsáveis por manter a ordem para um convívio harmonioso da população, mantendo todos seguros perante a lei.

Mas, não devemos olhar para a segurança apenas no que diz respeito à relação com a polícia. A relação entre Estado e Sociedade é o que pauta a segurança pública. Portanto, é uma disputa eterna entre modelos de proteção, democracia e acesso à justiça.

Segundo o deputado federal Marcelo Freixo, especialista em segurança pública, um dos maiores problemas da constituição de 1988 foi tratar do tema de maneira universal.  Freixo afirma que  a segurança foi colocada na nossa lei de maneira muito ampla, sem especificaçõe, o que abriu muito o leque para diversas ações.

Segurança pública na história do Brasil

Segundo o historiador Perry Anderson, os estados nacionais europeus que vieram após a crise feudal, nasceram para acabar com dois continentes: África e Américas. Tudo pautado na base da conquista e domínio.  O Brasil  e a sua segurança pública nasceram desse samba do mal.

 Sérgio Buarque de Holanda acreditava que a  colônia portuguesa chegou ao Brasil trazendo três sentidos principais:

  1. Militar (proteção)
  2. Mercantil (lucro)
  3. Religioso (alma)

Assim sendo, vemos que os portugueses chegaram ao nosso país com o intuito de dominá-lo de maneira impositiva e através do medo. Então, resolveram  catequizar os índios, criar uma polícia para proteger a nobreza dos escravos e plantar cana de açúcar até dizer chega.

O papel dos preconceitos na segurança pública: a questão do “outro”

Quem é esse “outro”?

O “outro” seria os homens que, devido aos preconceitos históricos embutidos na sociedade brasileira, viraram “inimigos” do Estado. O exemplo clássico que temos é o negro, pobre e desempregado das periferias e favelas.

A fundação da polícia

Antes de mais nada, as  forças policiais nasceram com a chegada de Dom João VI, que fugia de Napoleão Bonaparte, prestes a invadir Portugal. O papel da segurança policial era simples: defender a nobreza dos escravos e manter suas terras intactas, sem índios ou negros por perto.

Resumindo: o “outro” era o escravo que veio da África ou os índios que já habitavam nossas terras. Por isso, não temos como falar sobre segurança pública, sem falar do racismo.

O racismo e o “outro” na segurança pública

Primeiramente, os escravos eram o alvo da polícia durante a monarquia. Porém, mesmo com a lei áurea, continuaram sendo perseguidos e colocados de fora da sociedade. Segundo historiadores, cerca de 12,5 milhões de negros passaram pela “porta do não retorno” – nome dado aos portões de embarque dos navios negreiros. 

Para entender mais, leia nosso post sobre a história das favelas

De tal forma que isso manten-se enraizado na nossa cultura. Então, não há como refletir sobre a segurança pública sem pensar no racismo. De cada 100 pessoas que entravam no Brasil nesse período, 86 eram escravos e 14  europeus.

segurança publica

Segundo o Atlas  da Violência, a taxa de homicídios na população negra cresceu 33% nos últimos anos, enquanto os não negros tiveram um aumento de apenas 3%. Além disso, de cada 10 mulheres mortas por violência no Brasil, 7 são negras.

Segurança pública e o sistema carcerário

Essa visão do “outro” também fica clara quando pensamos no sistema carcerário brasileiro. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o Brasil tem a terceira maior população de presos do mundo. Nos últimos 10 anos, fomos o país que mais prendeu.

Mas, como somos, ao mesmo tempo, quem mais prende e o país da impunidade? Se matamos e prendemos muito, deveríamos ser um exemplo de segurança pública, não? 

Então, entramos em um debate sobre o porquê prendemos. 

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, dos 812.000 presos do Brasil, 42% ainda não foram julgados. Já os estudos do Sistema Prisional em Números, de 2019, apontam que a taxa de superlotação carcerária é de 166%.

Então,nesse quadro, temos alguns perfis que poderiam estar fora das grades: o jovem pego com gramas de drogas, o morador de rua que roubou um pacote de biscoito no mercadinho por estar morrendo de fome ou a mãe que pegou a fralda da farmácia por puro desespero.

Porém, enquanto temos centenas de políticos e pessoas da “nobreza” que ficam anos nos tribunais, sem nunca visitar um presídio, temos o lado do “outro”, que é facilmente preso. Assim, vemos claramente a cultura enraizada de um país que, infelizmente, ainda não superou a era escravocrata.

Segurança Pública no Brasil e a falta de diálogo 

Além dos problemas históricos e sociológicos, também temos os deslizes da lei.

Em 2018, Renato Sérgio Lima, professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV),  falou   com o canal Um Brasil. Na entrevista, relatou que em nenhum momento a constituição fala sobre o que significa segurança pública. Com isso, vemos o quanto o tema foi historicamente mal trabalhado.

segurança publica

Além disso, Renato relata que, na sua visão, os artigos que dizem respeito à segurança pública não dialogam entre si. Foram leis feitas em períodos distintos da história, que passaram por revisões cruas. Portanto, houve uma atualização no texto, mas não no sentido das leis.

Os órgãos também conversam pouco

Se o que diz a lei não conversa, imagina os que fazem essa lei sair do papel. Outro gargalo estrutural da segurança é a falta de diálogo entre os órgãos responsáveis. A Polícia Militar não sabe da Rodoviária que, por sua vez, nem tem noção de quantos carros dos Bombeiros estão quebrados no galpão.

Assim, vários problemas que poderiam ser resolvidos com um simples telefonema, se transformam em dramas intermináveis. Portanto, temos mais um ponto para analisar: como a segurança pública tem relação direta com as ações globais do Estado.

Segurança pública + Educação = a coisa tem jeito!

A evasão escolar e a exposição à violência são os fatores que mais prejudicam a segurança pública. É uma bola de neve: o Estado não oferece o básico para a família do menino ou menina. A família, por sua vez, vem de uma sociedade escravocrata, onde as oportunidades foram negadas por  séculos.

Então, temos um jovem que se vê obrigado a largar os estudos e ir para a vida sem o mínimo de conhecimento. A partir daí, vemos aquela história clássica do traficante bem na parada que atrai esse jovem, ora por pura necessidade, ora por vislumbre pela nobreza que aquele membro da sua favela adquiriu.

Segundo pesquisa de doutorado realizada pela Universidade de São Paulo (USP), a cada 1% investido em educação, há uma redução de 0,1% no índice de violência. E não estamos falando só da educação dos jovens, mas, também, dos egressos no sistema carcerário.

A educação de qualidade seria uma quebra brusca nesse ciclo. Assim, com uma escola de qualidade real, onde o jovem é acolhido de fato, com  professores bem remunerados, que viram referência para aquela criança, vemos, por fim, uma luz no fim do túnel.

Lógico que temos que pensar em todo o resto da estrutura calamitosa das nossas favelas e periferias e na quebra dos preconceitos. Mas, uma escola boa de verdade, já seria algo revolucionário: você não acha?

Então, qual a sua opinião sobre a segurança pública no Brasil?

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segurança pública

pandemia

Culpa não enche prato

O Brasil tem 14 milhões de famílias na pobreza extrema. A esmagadora maioria recebeu a miséria como herança. Pobreza herdada não se resume à renda. Ela é multidimensional. Falta dinheiro a essas pessoas? Claro que sim. Mas, antes disso, faltam saneamento básico, moradia, luz elétrica, transporte, creche, escola de qualidade.

Quem cresce rodeado por carências não terá, quando adulto, as ferramentas necessárias para conseguir uma renda digna. A pobreza herdada é especialmente cruel porque tritura milhões de brasileiros logo na primeira infância, roubando-lhes o futuro.

A pobreza no Brasil é como uma prisão de segurança máxima. Por mais que o favelado se esforce, acorde às 5 horas da manhã, enfrente trem lotado, recolha latinha na rua, faxine a casa dos patrões, ele não consegue escapar. O muro da prisão é alto demais. Os pobres cumprem pena de prisão perpétua por um crime que não cometeram.

Entenda a história da pobreza e da favela no Brasil

Você, leitor, já deve ter pensado nessas questões. Quase 119 milhões de brasileiros estão atualmente em situação de insegurança alimentar. Em um país como este, qualquer pessoa de classe média ou alta já atentou para o problema da desigualdade. A maioria de nós, os “privilegiados”, provavelmente já sentiu até culpa. É natural

Mas culpa é um sentimento paralisante. Ninguém cria um programa social porque se sente culpado. A culpa é desagregadora, nos divide em vítimas e algozes. Não há vantagem em ver uma parte do país se sentindo culpada pela chaga da desigualdade. O sentimento do qual estamos precisando urgentemente é outro – é a responsabilidade.

Cada indivíduo conta com recursos que podem aprofundar ou amenizar a tragédia brasileira. A questão decisiva é o uso que fazemos desses recursos. Quem se sente responsável socialmente mobiliza o que tem – empresa, cargo político, reserva financeira, conhecimento, ou visão de mundo – para criar oportunidades. Quando não há responsabilidade social, essa rede poderosíssima de recursos é desperdiçada.

A pobreza no Brasil não é um acidente, é um projeto. Nossa máquina de produzir favelados não está com defeito – ela foi construída para essa finalidade. Precisamos de outra máquina. Temos que combater o projeto da pobreza elaborando, enquanto sociedade, um projeto alternativo.

A Gerando Falcões tenta dar sua contribuição por meio do programa Favela 3D, que entra agora em fase de execução em uma comunidade de São José do Rio Preto. É um experimento, um laboratório social, para testar ações que podem compor, no futuro, um plano de desfavelização aplicável nos quatro cantos do país. Nossa ambição é criar um protótipo de favela digital, digna e desenvolvida – 3D – para inspirar novas ações sociais.

Projetos como esse são movidos pelo senso de responsabilidade. Imbuídos desse sentimento, podemos descobrir quais tecnologias sociais são capazes de interromper o ciclo vicioso da miséria.
Que nós, cidadãos com responsabilidade de construir oportunidades, possamos um dia desativar, pela simples falta de detentos, a prisão de segurança máxima da pobreza social.

  • Coluna de Edu Lyra publicada no Jornal O Globo em 25/05/2021

Confira também: O que é empreendedorismo social

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O saneamento básico no Brasil e o Marco Legal

 

Antes de mais nada, a  palavra sanear vem do latim, e significa: “tornar saudável, higienizar e limpar”.

Assim sendo, o saneamento básico é o conjunto de serviços fornecidos no Brasil e no mundo, na maioria das vezes pelos estados, para garantir uma vida saudável e plena. As medidas principais, são: distribuição de água potável, tratamento de esgoto, coleta, drenagem urbana e coleta de resíduos sólidos (o popular lixo).

Segundo historiadores, a humanidade tem uma preocupação antiga com o tratamento de água e esgoto. Por exemplo, na Roma Antiga, tivemos a construção do aqueduto Aqua Appia, com 17 km de extensão. Alem disso, o saneamento também era feito com a construção de diques e projetos de irrigação.

O Saneamento Básico no Brasil

Em primeiro lugar: o saneamento básico no Brasil está longe de ser  motivo de orgulho. Atualmente, 100 milhões de brasileiros não contam com a coleta de esgoto. Além disso, 34 milhões estão vivendo sem água tratada.

A distribuição  ajuda a entender a nossa desigualdade social. Segundo a tabela da SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), que avalia o saneamento básico nas 100 maiores cidades do Brasil, as 10 primeiras colocadas estão localizadas na região sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Paraná). Porém,  9 das 10 piores cidades do ranking estão  no Rio de Janeiro ou na região Norte.

Veja aqui a tabela completa!

Segundo a Constituição de 1988 , é papel dos municípios garantir o saneamento básico da população. Apesar disso, a grande maioria deles não têm grana para executar os projetos, tendo que recorrer às licitações estaduais.

Marco Legal do Saneamento básico no Brasil

Esse foi um dos muitos motivos que levaram o governo a aprovar, em 2020, o Marco Legal do Saneamento Básico no Brasil. 

Marco Legal do Saneamento

Segundo o site do governo

“O principal objetivo da legislação é universalizar e qualificar a prestação dos serviços no setor. A meta do Governo Federal é alcançar a universalização até 2033, garantindo que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e a coleta de esgoto”.

Assim sendo, se você tem um filho de 10 anos, provavelmente é isso que ele vai ter que decorar para o vestibular. Basicamente são estas as metas centrais do Marco Legal do Saneamento, que entrou em vigor em 15 de agosto de 2020. Porém, sabemos que o buraco é sempre um pouco mais embaixo.

Leia o nosso post sobre a reurbanização de Medellín 

Segundo matéria da Folha, para que tenhamos a meta de saneamento básico cumprida até 2033, o custo é de R$ 700 bilhões. Mas, para muitos especialistas, isso é impossível de acontecer. Na pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria),  vemos  que, com os gastos atuais, a meta só vai ser cumprida em 2060.

Por isso, o assunto causa estranhamento entre direita e esquerda. Um lado acredita que a lei é a solução para todos os problemas. Já o outro, imagina que a conta pode ficar cara, pois, em ambientes hostis e que demandem tempo, dificilmente as empresas irão cobrar contas baratas e entregar o serviço adequado.

O que a direita pensa sobre o Marco Legal do Saneamento?

Os membros da direita acreditam que o marco é a solução para todos os problemas do saneamento básico no Brasil. Um dos principais argumentos é o de por um fim na burocracia do sistema. Isso porque, um dos maiores gargalos do Brasil não é a falta de recursos, mas sim, a demora para colocar os projetos de pé.

Além disso, o novo tratado traz a possibilidade das licitações serem feitas em blocos. Com isso, os partidos acreditam que será mais fácil  que as empresas façam o seu trabalho sem interferir no preço do boleto que chega todo mês. Atualmente, apenas 6% das cidades brasileiras têm empresas terceirizadas tratando do saneamento básico.

A burocracia do saneamento no Brasil

Juro que não bebi  enquanto traçava estas linhas. Na frente do meu computador temos apenas o refrigerante negro e água tratada. Porém, o que vou dizer é coisa de maluco: um dos maiores problemas dos projetos de saneamento básico no Brasil é a dificuldade de usar recursos disponíveis.

A burocracia do saneamento básico no Brasil

Assim, vemos como a burocracia é um mal para o saneamento. O FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) é o maior responsável por financiar a “causa”. Porém, o tempo médio entre o início do trâmite e a chegada do dinheiro na empresa responsável pela obra é de 27 meses.

Outro exemplo da lentidão que a burocracia traz.  Em estudo da CNI  para mostrar atitudes que poderiam transformar os projetos de saneamento básico, uma das dicas era a digitalização do sistema. Sim, muita coisa ainda é feita na base dos  arquivos e pastas.

A falta de concorrência também é um argumento

Outro ponto  defendido pela direita é que, com a abertura do saneamento básico para as empresas, a concorrência vai aumentar. Com isso, vamos ter serviços mais baratos , que vão trazer uma maior qualidade de vida para as cidades, com um valor mais acessível.

Por isso a lei traz a possibilidade de cidades menores formarem blocos de licitação. Assim, elas teriam mais chances de conseguir bons projetos e empresas para tocá-los. Essa medida é vista por especialistas como um modo de “blindar” um dos maiores argumentos de quem é contra o projeto.

O que a esquerda pensa sobre o Marco Legal do Saneamento básico no Brasil?

Em primeiro lugar, os membros da esquerda são contra medidas que escancarem a privatização. Por isso, é fácil entender o porquê não gostam muito  das novas regras do saneamento básico no Brasil.

Para eles, os serviços básicos (saúde, saneamento, educação, etc.) têm que estar sob a tutela do Estado. Isso para evitar um aumento excessivo de preços, serviços ruins ou ações indesejadas.

Como a corrupção atrapalha o saneamento básico no Brasil

Fora a privatização, eles batem na tecla sobre o benefício que o saneamento traz para os cofres públicos de maneira indireta. Segundo diversas pesquisas, a cada R$ 1 investido em saneamento básico, o governo poupa R$ 5 na pasta da saúde. 

Isso porque o saneamento básico traz mais qualidade de vida e evita doenças, como a cólera, febre tifóide, leptospirose, dentre outras. Inclusive, até o corona entra no jogo. Somente um ambiente com plenas condições de higiene pode fazer com que o vírus não se espalhe ainda mais rápido.

As ações em bloco não bastam

Se para um lado as ações em bloco vão fazer com que todos tenham direito ao saneamento básico, para o outro, a banda não toca bem assim. A esquerda acha difícil que as empresas toquem  com a mesma vontade projetos em cidades ou regiões periféricas. Assim sendo, eles acreditam que o tratamento será diferente dependendo do retorno que os empreiteiros tiverem.

A privatização não deu certo em muitos países

Outra alegação da esquerda é que a privatização não deu certo em vários cantos do mapa. Em matéria de 2017, a BBC trouxe um levantamento com 267 casos de remunicipalização do saneamento básico. Segundo a mesma pesquisa, em 2000 erm apenas 3 casos.

Principais problemas de saneamento básico no brasil

Os estudos apontam que os motivos básicos são a precarização dos serviços básicos e da manutenção das redes de esgoto, coleta de lixo e tratamento da água.

Segundo Satoko Kishimoto, uma das autoras da pesquisa:

“Em geral, observamos que as cidades estão voltando atrás porque constatam que as privatizações ou parcerias público-privadas (PPPs) acarretam tarifas muito altas, não cumprem promessas feitas inicialmente e operam com falta de transparência, entre uma série de problemas que vimos caso a caso”

Então, para você: Qual o melhor caminho para o saneamento básico no Brasil?

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Qual o melhor caminho para o saneamento básico no Brasil?

 

Confira também: Como doar móveis usados | Curso de ESG da Gerando Falcões

Autor Thiago da Costa Oliveira

#tamojunto

 

Disco voador!

A ação policial mais letal da história do Rio de Janeiro reforçou o que todo mundo já sabe ou intui: entrar nas favelas atirando para matar não resolve o problema da criminalidade. 

O drama é antigo. No início dos anos 90, Jorge Benjor já alertava os pequenos traficantes de Jacarezinho sobre a presença ameaçadora da polícia: “Avião, cuidado com o disco voador!” 

O Estado brasileiro, infelizmente, empresta atualidade à crônica do compositor, que popularizou as gírias para entregadores de drogas (avião) e as forças policiais (disco voador). É um Estado especialista nesse tipo de operação, que traumatiza a população e aumenta a vulnerabilidade social, além de colocar em risco a vida dos próprios policiais.

Enquanto isso, os “soldados do crime” baleados são prontamente substituídos, porque o tráfico tem um programa de trainee e um RH mais robustos que os de muita empresa. Para esse mercado que opera em escala industrial, não há crise econômica ou lockdown. 

Resultado: temos 28 mortos, uma comunidade estigmatizada, crianças assustadas, mulheres exaustas sem conseguir dormir na própria casa – e nenhum ganho, nada que atinja a espinha dorsal do crime. Continuamos enxugando gelo. 

Nosso erro é ignorar a raiz do problema. O Estado entra na favela esporadicamente e vestindo farda. Não funciona. Ele precisa estar o tempo todo nas periferias, oferecendo não só o braço da polícia, mas um portfólio completo de serviços sociais. 

Veja que legal essa matéria da Super Interessante sobre a música W Brasil

As favelas brasileiras aprenderam a se autogerenciar, para o bem ou para o mal, porque o Estado ignora suas obrigações. “Nossa máquina pública está muito inchada”, dizem. Não na favela. Lá o Estado é mínimo – ou inexistente. E alguém ocupou o vácuo. O jovem com um fuzil na mão é a evidência inequívoca de um Estado não soube criar oportunidades. 

O que enfraquece o crime é planejamento social coletivo. É o Estado subir o morro para levar à favela médicos, educadores, urbanistas, psicólogos, assistentes sociais, wi-fi, centros de tecnologia, cursos de formação, quadras esportivas. É levar para aqueles meninos e meninas tudo aquilo que já faz parte do cotidiano do jovem do asfalto. A polícia tem seu papel, claro, mas injustiça social não se corrige à bala. 

Nossos vizinhos colombianos aprenderam essa lição. Medellín integrou tecnologias sociais e políticas públicas nas chamadas “comunas” e, em alguns anos, desmantelou as engrenagens da violência. Hoje, Pablo Escobar ou o Cartel de Cali são coisas do passado, expostas no Museu da Memória da Violência. 

O Brasil ainda pode mudar de rumo, mas o tempo é curto. A fotografia mostra um cenário de pobreza, desigualdade, violência, falta de perspectiva. Somos testemunhas da pandemia de Covid-19, da morte de George Floyd, dos 20 milhões de brasileiros passando fome e, agora, da ação policial mais letal do Rio. Quem está atento aos sinais escuta o tique-taque da bomba-relógio. 

A sociedade precisa evitar que a revolta do oprimido e a inconsequência do opressor levem este país a uma guerra civil. Nosso fracasso social demanda um desafio coletivo. 

Coluna Publicada no Jornal O Globo em 12/05/2021

Confira também: O que é responsabilidade social

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Por uma elite transformadora

Costumamos olhar para o favelado como alguém que tem muito a aprender. Em parte, isso é verdade. Os mais pobres precisam de escolas de qualidade, de capacitação profissional, de educação financeira, de mais acesso à cultura. Porém, a favela também tem muito a ensinar, inclusive para o andar de cima.
Na última semana, encerramos os trabalhos da primeira turma do Hawks, curso de formação da Gerando Falcões sobre a agenda social do país. Pudemos discutir as várias faces do abismo social brasileiro e estudar exemplos mundiais bem sucedidos de políticas sistêmicas para a redução da pobreza e o combate às desigualdades.

O Hawks é como um MBA em assuntos sociais. Acontece que esse MBA é voltado a jovens das principais famílias empresariais do Brasil. Além de filhos e filhas de quem tem capital e influência social, eles são empreendedores, executivos, arquitetos, criadores, que podem impactar a sociedade com seu conhecimento.
Como assim, Edu? Um curso da favela para gente endinheirada?
Isso mesmo. O Brasil não vai mudar enquanto não tivermos uma elite realmente participativa.

Precisamos alcançar esses jovens que já têm poder econômico e trabalhar para que eles desenvolvam também poder social. Ou seja, capacidade e disposição para construir soluções, para mudar a realidade do país.

Elite é uma palavra que tem má fama. Faz as pessoas torcerem o nariz. Mas é preciso diferenciar o que é ser da elite e o que é ser simplesmente rico.
Para ser rico, basta ter muito dinheiro. Brinco com a ideia de que há pessoas tão pobres que tudo o que têm é dinheiro. O rico é alguém que vive apartado da realidade. Não dá as caras, não coloca a mão na massa e, consequentemente, não tem projeção social. Tanto é assim que o rico costuma ser inacessível. Se tentamos contato, conseguimos no máximo falar com algum de seus assessores, sempre de prontidão para negar nossos pedidos. O rico é uma pessoa blindada. Desconhece seu próprio país e não se interessa em melhorá-lo.

Responsabilidade social

Elite é outra coisa. É quem utiliza seu capital em prol da transformação social. É quem influencia o debate público, propõe soluções, faz filantropia. A elite exerce plenamente a cidadania, pois utiliza sua posição privilegiada para combater desigualdades e preservar a democracia. Ela se envolve na vida do país e, em troca, a sociedade a escuta.
A elite não acumula aquilo que recebe. Ela processa, aprimora e redistribui. Isso vale para qualquer coisa: conhecimento, tecnologia, networking, capital político, doações, dinheiro. A elite entende que riqueza que não circula é riqueza morta, estéril, o que vai contra seus próprios interesses.

Veja no nosso blog tudo sobre Responsabilidade social

Precisamos urgentemente converter mais ricos em elite. Um curso de formação como o Hawks busca formar líderes ainda mais capacitados para intervir na realidade social. Gente disposta a sujar o sapato nas vielas da favela. Afinal, só quem conhece de perto um problema poderá um dia fazer parte da solução.
Precisamos, sim, da elite, e não de gente que sonha apenas em acumular dinheiro. A favela quer a parceria de quem busca construir um novo projeto de país, mais acolhedor e solidário.

Confira também: Como surgiu a primeira favela do brasil

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5 livros sobre pandemia/ epidemias que assolaram a humanidade

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a pandemia é:

 “A disseminação mundial de uma nova doença, e o termo passa a ser usado quando uma epidemia, surto que afeta uma região, se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa.

Então, não precisamos falar aqui que o mundo está sofrendo com uma pandemia, isso já virou clichê. O que viemos trazer para você, leitor(a), são as outras pandemias que assolaram a humanidade.

Durante vários períodos da história, o homem passou por desafios vindos de doenças trazidas, primordialmente, dos animais. Desde a gripe, que veio das aves e dos porcos, até o HIV – que foi passado depois de uma caçada infeliz de um chimpanzé.

Nos últimos anos, as doenças infecciosas têm aumentado por causa da nossa densidade demográfica, além da facilidade de locomoção. Assim, antes da agricultura, uma tribo africana que contraísse varíola poderia ser dizimada pela doença em menos de 1 ano. Entretanto, o vírus não era transmitido para outras tribos. 

Porém, como o assunto já está muito batido e cansativo, resolvemos trazer uma visão diferente sobre o tema. Para isso, elencamos 5 livros que podem ajudar a entender as pandemias e, ao mesmo tempo, ler grandes autores da literatura mundial.

Veja mais dicas incríveis de livros e filmes sobre Desigualdade social

  Peste negra: A pandemia que levou 40% da Europa para o caixão

A peste negra foi uma pandemia que assolou a Europa e o mundo na baixa idade média. O seu maior impacto veio entre 1345 e 1355. A doença tem origem na peste bubônica, disseminada através de pulgas e piolhos vindos de diversos animais, entre eles os ratos.

O seu nome tem origem nos bubões, nome dado na época aos inchaços no corpo. Já o nome Peste Negra tem origem nas gangrenas dos tecidos da pele que escureciam.

A pandemia matou cerca de 40% da população da Europa, além de exterminar 100 milhões de pessoas por todo o mundo. Um exemplo claro de como a doença era letal é que 60% das mortes aconteciam na primeira semana de contaminação. 

Porém, devido à dúvida sobre como aquela doença assolou a humanidade, várias teorias foram inventadas. Uma delas dizia que era um castigo bíblico, que deveria ser pago com penitências. Entretanto, uma outra parcela  colocava a culpa em outros povos, como os judeus, pessoas com hanseníase e romanos. 

O diário do ano da Peste (Daniel Defoe)

Sim, caro leitor, o cara que escreveu Robinson Crusoé também foi um dos precursores do estilo novela reportagem. Em o Diário do Ano da Peste, Daniel Defoe retrata como a pandemia da peste negra assolou a Inglaterra.

O narrador da obra vai atrás de todos os meandros da doença. Ele descobriu, inclusive, que os dados das mortes poderiam ser muito maiores do que o que foi veiculado pela mídia da época. Além disso, descobriu que os primeiros casos da Inglaterra vieram dos holandeses.

 

Capa de um livro sobre pandemias “Um diário do ano da peste” com ilustração de homens e esqueletos em carruagem

O texto também traz alguns pontos curiosos para entender a cultura medieval. Por exemplo: nele, descobrimos que, para identificar o número preciso de mortos, você tinha que ir para todas as paróquias, pois eram elas que tinham o número de cadáveres.

Outro ponto fundamental é descobrir que a doença foi escondida dos ingleses. A pandemia foi retirada, por cerca de 2 meses,  dos catálogos paroquiais de óbitos. Então, a peste negra já estava lá, mas ninguém queria que ela fosse descoberta.

Além de um retrato fiel da pandemia da peste, o livro de Defoe pode ser definido como um dos primórdios do jornalismo literário. Isso porque, nele, vemos tanto uma narrativa muito bem traçada da crise da pandemia, quanto dados e especificações que trazem um contexto histórico da época.

 

 Gripe Espanhola : A pandemia que matou mais do que a guerra

Em primeiro lugar, é bom deixar claro que a gripe causada pelo vírus H1N1, não veio da Espanha. O nome foi dado porque, na Europa da primeira guerra mundial, os espanhóis eram um dos poucos países que estavam fora da batalha. Assim, era um país com mais liberdade de imprensa, divulgando a doença antes dos outros.

Outro ponto que fez parecer que a doença nasceu na terra das touradas foi a quase morte do Rei Afonso XIII, que levou o resto da Europa a acreditar que a doença era espanhola.

 

 ilustração de cepas de vírus

 

Segundo alguns estudiosos, a primeira pandemia da era moderna nasceu no Kansas (EUA), onde teve a primeira morte pelo vírus identificada. Porém, outra corrente afirma que o vírus transmitido de pessoa para pessoa veio de Étaples (França), que abrigava uma das maiores bases militares britânicas.

Entretanto, o importante é que, nas duas hipóteses, temos lugares com uma alta aglomeração de pessoas, em um espaço pequeno e sem higiene. Na França, por exemplo, a pequena cidade passou, durante a guerra, de 5 mil para 80 mil habitantes. Além disso, fica claro que, nos dois casos, a primeira guerra foi o carro-chefe para o vírus fazer a festa. 

A gripe espanhola matava, em média, 25 em cada 1000 infectados. Além disso, ela contaminou 5 milhões de habitantes, o equivalente a 25% da população mundial da época. Como rodou o mundo todo, a doença matou mais do que a primeira guerra mundial inteira. Por isso, havia uma teoria na época que falava que a doença era criação de Hitler.

O mez da Grippe (Valêncio Xavier)

Apesar de ser uma gripe que assolou a Europa, resolvemos trazer uma visão brasileira e inusitada da pandemia. Em o Mez da Grippe (sim, o título é esse mesmo), o escritor, dramaturgo e cineasta, Valêncio Xavier, conta, através de colagens, matérias de jornais, fotos, publicidade e notas oficiais, tudo sobre a pandemia da Gripe Espanhola em Curitiba.

Então é só um livro de colagens, o que tem de inovador nisso?

Pois bem, dentro da obra, os arquivos escolhidos são, às vezes, tão bizarros e inusitados, que o leitor fica em dúvida se estamos em um grande livro reportagem ou em uma obra de ficção. 

 

 

Além disso, o escritor traz relatos pessoais de diversos personagens que dão relatos absurdos sobre a cidade durante a pandemia, trazendo dúvidas.

Porém, ler estas colagens em plena pandemia assusta. Não pelos acontecimentos, mas, pelas semelhanças e acontecimentos parecidos. Por exemplo: logo que a pandemia chega à capital paranaense, o autor coloca colagens com remédios que prometem curar de forma natural o vírus. Outro ponto interessante são as passagens negacionistas, de moradores que acham que o vírus é uma invenção e, mesmo já tendo matado ⅔ da população do Rio de Janeiro, seja uma mentira.

Capa de um livro sobre pandemias “O mez da Grippe” com ilustração de cinco pessoas no tem de azul

O livro é uma reflexão profunda sobre como a sociedade atua de maneira circular durante episódios de crise, sem mudar. A pandemia da Gripe Espanhola chegou ao Brasil em 1918, em uma embarcação portuguesa e teve 35.000 óbitos registrados.

Poliomielite: A epidemia que assombrou os EUA na segunda guerra

Antes de falar sobre a última obra escrita por Philip Roth, vamos explicar um pouquinho sobre a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil. O poliovírus é  quem causa a doença, que afeta o intestino.

A poliomielite é uma doença proveniente de infecção direto de pessoa a pessoa, além do contato com muco, catarro, ou, até mesmo fezes. As maiores epidemias da doença vieram entre os anos 20 e 50. Antes da vacina, todo verão era assombrado pela paralisia infantil que, apesar do nome, também infectava adultos.

 ilustração de cepas de vírus em tons rosa e alaranjados

Segundo matéria da revista planeta, escrita por Carl Kurlander, diretor do documentário, The Short Felt Round The World:

Em 1952, o número de casos de poliomielite nos EUA atingiu o pico de 57.879, resultando em 3.145 mortes. As pessoas que sobrevivem a essa doença altamente infecciosa podem acabar com algum tipo de paralisia, que as força a usar muletas, cadeiras de rodas ou a serem colocadas em um pulmão de aço, um grande respirador de tanque que puxa o ar para dentro e para fora dos pulmões, permitindo que elas respirem”.

 

É nesse período nefasto que se passa Nêmesis, um livro sobre a guerra, poliomielite e a culpa de um ser humano.

Nêmesis (Philip Roth): Epidemia x segunda guerra mundial e uma mente humana

Nêmesis é a deusa grega da vingança ou, para outros, o incêndio que tomará o planeta terra e extinguirá o ser humano. Porém, fiquemos com a parte da Deusa Grega para entender a obra de Roth.

O livro se passa na cidade de Newark, onde o autor nasceu. O protagonista, Eugene, é um professor de educação física traumatizado por não ir para a segunda guerra. Isso porque o exército não o aceita por causa de sua miopia. Assim, temos o primeiro paralelo com a mente perturbada de Eugene e os conflitos de sua existência.

 

 

Então, Eugene continua com suas atividades no centro esportivo do bairro, quando um grupo de italianos chega cuspindo e sujando o chão de propósito. Segundo os próprios vândalos, eles querem transmitir poliomielite para as crianças do local.

Confira 5 livros sobre a história das favelas no Brasil

Eugene limpa o local da maneira adequada. Porém, logo depois do incidente, várias crianças começam a contrair a doença, deixando o professor cada vez mais perturbado e culpado. Ora, ele gostaria de estar com seus amigos defendendo os EUA na guerra, ora, acha que é sua culpa as crianças judias do bairro estarem contraindo o vírus da paralisia infantil.

Capa de um livro sobre pandemias “Nêmesis ” com ilustração de jovens pulando em rio

Assim, o livro mostra a mente humana durante uma pandemia e o quanto a culpa pode ser um inimigo voraz para nós. A novela traz um narrador inesperado, que traz um tempero especial para a narrativa.

Nêmesis faz parte da tetralogia de mesmo nome que, junto com outros 3 livros, fecha a carreira de Philip Roth com novelas que abarcam a mente humana, além dos traumas podem invadir a nossa vida. 

Cólera e suas pandemias

Enfim, chegamos a uma doença que pode ser dita do homem para o homem. Isso porque é o Vibrião Colérico que causa  a cólera. A bactéria jamais foi encontrada em outro animal. Depois de conseguir sobreviver à acidez do estômago, ela chega ao nosso trato digestivo, causando vômitos, diarreia, além de cólicas abdominais.

Além disso, a doença deixa o enfermo rapidamente desidratado e com um tom meio azulado e pele murcha. 

Então, vemos que a morte se dá pela perda excessiva de água, queda no volume de sangue circulando, hipertensão arterial e arritmias cardíacas. Também podemos colocar na conta a falência das funções de circulação do sangue e rins.

ilustração de cepas de vírus em fundo azul

A cólera foi da Índia para o mundo. No país asiático, temos notícias da doença desde 500 a.c. Porém, o maior responsável pela disseminação da doença foram os ingleses e seu exército, que levaram ela para Londres e todos os países que fizeram escala no oceano Índico. De lá para o mundo, foi um passo.

Assim, a doença se espalhou por todo o mundo no século XIX. As maiores epidemias aconteceram de 1817 a 1896, povoando o mundo até hoje. Portanto, não precisa dizer que a medicina não encontrou uma cura efetiva para as bactérias.

E teve um escritor que usou todo esse drama  para fazer um dos maiores romances da história.

O amor nos tempos de Cólera (Gabriel García Marquez) 

O livro é mais uma obra fantástica de Gabriel García Marquez que tem a cólera como estopim inicial para descrever o homem na sua essência. O romance é baseado em um triângulo amoroso bizarro de Fermina Daza, Florentino Fernandes e Juvenal Urbino.

O enredo começa no fim. Fermina e Florentino se encontram, depois de 50 anos, na morte de Juvenal Urbino, médico com quem Fermina passou a vida depois de uma suspeita de cólera na família. 

Capa de um livro sobre pandemias “O amor nos tempos do cólera” com ilustração de uma rosa vermelha

Porém, na mesma época, ela tinha tido um amor juvenil com Florentino. Um romance com traços clássicos do cara pobre, apaixonado pela garota da família rica e decadente que queria se reerguer. Inclusive, o pai de Fermina saiu da cidade para os dois não terem contato, fazendo com que o casal se comunicasse por telégrafo.

Depois de um tempo, Fermina volta à sua cidade natal para viver seu amor, mas percebe que Florentino não é mais o cara. Assim, depois do já citado caso de cólera na família, se casa com o médico Urbino.

Com a doença envolvida no enredo, o romance não traz em nenhum momento o amor platônico correspondido, mas sim uma reflexão sobre os diversos tipos de relação amorosa que podemos ter. O leitor não encara Urbino como vilão, nem Florentino como um santo.

A peste (Albert Camus): Uma pandemia do Homem Revoltado

  O livro foi baseado na pandemia da peste negra que Albert Camus escreveu o que, para alguns, é a sua maior obra: A peste. O filósofo argelino/francês escreveu o livro em 1947, muito sobre a Peste, mas também muito em função da humanidade na segunda guerra mundial.

Então, a obra desbrava a cidade fictícia de Oran, dando sempre a entender que fica na França, pois diversos personagens falam sobre o desejo de ir até Paris.

Capa de um livro sobre pandemias “A peste (Albert Camus): Uma pandemia do Homem Revoltado” com ilustração roxo e preto

Os ratos causam a peste na cidade. No começo do livro, eles morrem de maneira abrupta se espalhando pela cidade. Só depois de muito tempo perceberam que os ratos e a epidemia eram uma alegoria aos alemães nazistas de Hitler que invadiram a Europa.

Como todos os romances de Camus, o livro traz o seu viés existencialista, incorporado muito pelo seu protagonista, o Dr. Her. Assim, o médico traz o ideal do Homem Revoltado do filósofo, trazendo toda a angústia existencialista por todo e qualquer mal que assombra a humanidade.

A filosofia por trás da pandemia

Além disso, o romance traz paralelos interessantes com a pandemia do coronavírus. A epidemia do livro afeta os mais pobres, parcelas da população ficam desacreditadas quanto à veracidade da doença, além de cenas horrendas do médico com seu hospital lotado, lutando para ter alguma perspectiva de salvar, pelo menos, uma vida. 

Outro ponto interessante da obra é como ela retrata a solidariedade. Isso porque um dos pilares de Camus no romance era o de mostrar como, em meio ao caos de uma pandemia, guerras e outros males, o homem se transforma.

Assim, ele traz um conceito que trabalha muito em sua outra obra, O Mito de Sísifo e do homem revoltado. O homem revoltado  vive no absurdo do nosso cotidiano, sem deixar de lutar, além de ser feliz por melhorar o planeta terra.

 

Então, agora você entendeu por que fechamos com esse livro, não é mesmo? Compartilhe essa lista de livros sobre pandemias com alguém que vai gostar!

Confira também: Favela 3D  | O que é empreendedorismo social

pandemia

Fique no barraco!

Em meio ao pior momento da pandemia, o Brasil diz novamente para a favela: “Fique em casa”. Mas pouca gente se pergunta: que casa? Eu respondo, leitor. O barraco na favela tem 15 metros quadrados, pouco mais, pouco menos. É construído com madeira catada na rua. O chão é de terra batida, e uma lona faz as vezes de telhado. Mães, filhos e avós se espremem em um ou dois cômodos sem reboco. “Fique em casa!” Mas que casa? Milhares de brasileiros vivem ao lado de um córrego fedorento, sem acesso a água encanada e esgoto.

O banheiro se resume a uma fossa, um buraco cavado no chão. Quando chove, a enchente leva embora o pouco que se pôde conquistar — uma geladeira, um colchão, algumas roupas. Outras tantas famílias estão empilhadas em beiras de encosta, rezando para que, no próximo temporal, um deslizamento não as soterre. “Fique em casa”, sim, mas que casa? Tem gente que abre a geladeira e não vê nada além de água.

Há quem coloque os filhos para dormir sem poder lhes oferecer nem um copo de leite. Dormir, aliás, pelo menos engana a fome. Quando o favelado acorda, é que começa o pesadelo. Ficar em casa é um apelo racional, que atende a recomendações dos epidemiologistas. Mas como viabilizar esse confinamento? No barraco não há computador, muito menos wi-fi.

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O favelado não faz home office. Precisa entregar comida de bicicleta, catar latinha na rua, faxinar a casa dos patrões.  As igrejas e os bares lotam. Sim, está errado, e tudo deve ser feito para desestimular tal comportamento. Mas como explicar a esses garotos e fiéis que é ok se expor ao vírus para trabalhar, mas não no momento de oração ou de lazer? As condições são muito desiguais para cada um cumprir as regras de isolamento.

A sociedade não pode simplesmente dizer “fique em casa” sem levar em conta o país em que vivemos. Aqui na favela, 37% das pessoas sonham em um dia ter uma casa, segundo o DataFavela. Sonham, acima de tudo, com um lar, uma moradia acolhedora que permita viver bem, não apenas sobreviver. Sem considerar essa radiografia social, dizer “fique em casa” é tiro n’água.

Nenhum lugar do mundo fez isolamento em meio a tanta carência. Lockdown é política pública ou não é nada. Se o favelado não tiver condições de ficar em casa com um mínimo de dignidade, ele vai sair e buscar seu sustento. E não se engane: esse não é um problema apenas da periferia. Se o vírus não parar de circular, perdemos todos, moradores da favela ou do condomínio de luxo.

Conheça a história de Medellín, cidade que depois de Pablo Escobar se tornou um exemplo de favela?

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A sociedade precisa fazer uma escolha. Ou continuamos repetindo ao vento “fique em casa”, ou damos condições para que esse conselho seja seguido. O retorno do auxílio emergencial não vai bastar, porque R$ 150 não sustentam uma família. A periferia precisa como nunca de um olhar solidário, de doações, de engajamento.

A fome não mata apenas os mais pobres. Mata também a nossa civilidade. Felizmente, as doações, que estavam na UTI, começaram a reagir. Que esse “fique em casa” deixe de ser um bordão inócuo para uma imensa parcela da população e se torne uma pergunta: do que você precisa para poder ficar em casa?

Confira também: O que é responsabilidade social 

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Direitos Humanos no Brasil

A DUDH (Declaração Universal dos Direitos Humanos) é composta por 30 artigos, proclamados na Assembleia Geral das Nações Unidas de Paris, em 1948.  Assim, a ONU (Organização das Nações Unidas) nasceu em 1945, a partir de uma carta assinada por 50 nações – incluindo o Brasil -, com as regras, normas e valores para evitar, entre outras coisas, uma terceira guerra mundial.

Com isso, podemos perceber que os direitos humanos não são uma pessoa, mas sim uma declaração universal que visa estabelecer o direito de todos os que habitam o planeta Terra.  Por exemplo: se um E.T chegasse aqui amanhã e quisesse saber como a banda toca, provavelmente, é esse documento que ele iria receber.

 

No âmbito jurídico, a Declaração é vista como um marco, pois foi o primeiro instrumento global que reconheceu o direito dos indivíduos e de suas liberdades, independente de sua nacionalidade, raça, gênero, religião ou classe social.

Além da DUDH, temos 2 documentos importantes que são vistos como complementos fundamentais. Em 1966, foram homologados o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

Direitos Humanos no Brasil

Os Direitos Humanos no Brasil passaram a vigorar, em tese, a partir de 1948. Porém,  traçamos uma linha do tempo para ver como  foram seguidos os direitos humanos em vários momentos da história tupiniquim, passando por fases onde a ONU era uma mera utopia ou já estava consolidada.

Direitos Humanos no Brasil dos escravos (Constituição de 1824)

Nossa linha do tempo começa em 1822. Na independência do Brasil, o grito pode ser interpretado como o início dos direitos humanos. Foi a partir dela que tivemos a primeira constituição do Brasil. 

Em 1823, houve uma Assembleia Constituinte, dividida entre portugueses e brasileiros. Em resumo, um lado queria que continuássemos sendo portugueses com certeza, enquanto o outro queria a independência. Nenhum lado era santo ou queria o bem geral da nação dizendo apenas ao povo que fico.

 

 

Pelas encrencas na assembleia, Dom Pedro resolveu que iria marcar um novo evento, para deixar tudo acertado. Porém, o evento também ficou para escanteio e foi formado um conselho de estado que elaborou o que viria ser a Constituição Brasileira de 1824.

E os direitos humanos?

Pois bem, na primeira constituição, tivemos a descrição de que os cidadãos tinham o direito à liberdade, segurança e propriedade. Então, o artigo 3 já estava começando a ser cumprido por Dom Pedro e o seu estado moderador.

Porém, esses direitos eram apenas para cidadãos livres, naturais ou naturalizados no Brasil. Resumo da ópera: o escravo continuava sendo escravo.

Outro ponto que atacava fortemente o que viriam a ser os direitos humanos era em relação ao voto. Só podiam votar pessoas com uma renda mínima e de maneira indireta, ferindo brutalmente os direitos humanos no Brasil.

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 A Religião se destacou na primeira constituição. A monarquia se dizia Católica Apostólica Romana. Apesar de permitir cultos de outras religiões de maneira particular, ela proibia a expressão das religiosidades de maneira pública.

Mesmo com todos esses aspectos negativos, para muitos historiadores, a Constituição de 1824 era uma das mais libertárias da época e, portanto, uma das que mais seguia os artigos dos Direitos Humanos.

Os direitos humanos nos Estados Unidos do Brazil (Constituição de 1891)

Primeiramente, não é pegadinha. A Constituição de 1891 dizia respeito à República dos Estados Unidos do Brazil. Uma alusão direta ao sistema norte-americano, que foi quem inspirou a maioria das decisões de Marechal Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa e Prudente de Moraes, que foram os responsáveis pelo texto homologado em 24 de fevereiro.

Para muitos historiadores, ela foi um golpe do, até então, monarquista Marechal Deodoro da Fonseca, contra o seu, até então, amigo Dom Pedro II. Na época, o exército estava dividido em 2 correntes ideológicas, ambas sem muito gosto pelos soldos e recursos que a Monarquia cedia para os militares.

 A República foi proclamada de maneira provisória. A ideia era que o povo decidisse através de um plebiscito se seríamos uma República ou Monarquia. O Plebiscito aconteceu. Porém, em 1993, 104 anos depois da proclamação. Portanto, durante 104 anos, o Brasil foi, perante sua constituição, uma República provisória.

Agora vamos aos direitos humanos no Brasil da época.

E os direitos humanos nos Estados Unidos do Brazil?

Em primeiro lugar, temos que falar que a abolição da escravidão veio nesse periodo, trazendo um pouco mais dos direitos básicos para a população como um todo. Apesar disso, ainda havia alguns meios de burlar a lei e fazer com que o cidadão se mantivesse no cabresto do seu “dono”.

 Leia sobre a relação entre a abolição da escravidão e as favelas

Outra conquista importante para os direitos humanos no Brasil foi no aspecto religioso. O estado se desvinculou totalmente da igreja, fazendo dos Estados Unidos do Brazil, um estado laico, dando plena liberdade religiosa para o seu povo.

 

 

Na democracia, o Brasil evoluiu com a garantia das eleições de deputados, senadores, presidente e vice-presidente. Contudo, o voto ainda era restritivo, com mulheres, mendigos e analfabetos de fora das urnas. Além disso, tivemos o direito à livre associação e reunião.

Também tivemos avanços no campo jurídico, no que diz respeito ao Artigo 7 dos direitos humanos, que defende que todos têm de ser julgados igualmente, sendo iguais perante a lei. Na constituição, o brasileiro ganhou direito ao habeas corpus, em casos de violência, agressão ou abuso de poder.

Os direitos humanos no início da Era Vargas (Constituição de 1934)

Começamos com o fim da República do café com leite. Até então, a chamada República Velha elegia ,de forma alternada, paulistas e mineiros – estados mais ricos do período, pelas produções de café (São Paulo) e leite (Minas Gerais). Mas, em 1930, o presidente paulista Washington Luís decide apoiar o seu conterrâneo Júlio Prestes, deixando os mineirinhos com a faca entre os dentes.

 

 

Assim, como vingança, os mineiros colocam o gaúcho Getúlio Vargas como seu candidato. Os paulistas vencem as eleições, mas os estados derrotados não aceitam. Por isso, em 3 de junho de 1930, o assassinato do governador da Paraíba João Pessoa vira o estopim para uma batalha que colocou Getúlio Vargas como presidente de forma provisória.

Revolta de 1932: Vargas chega ao poder de fato

Depois da posse de Getúlio Vargas no Governo provisório, tivemos a Revolução Constitucionalista de 1932. Em resumo, os paulistas queriam porque queriam voltar ao poder e tentaram tirar Vargas, reivindicando uma Assembleia Constitucionalista.

direitos humanos

Os paulistas perderam a batalha em apenas 3 meses. Mas, no ano seguinte, acontece a assembleia, onde os deputados elegem Getúlio Vargas para governar o país por mais quatro anos, que culminam na Constituição de 1934.

A Constituição de 1934: Mais Direitos Humanos por apenas 3 anos

A Constituição de 1934 durou apenas 3 anos, mas, no que tange aos direitos humanos no Brasil, trouxe vários avanços em questões trabalhistas e sociais:

  • Um ponto fundamental é a proibição do trabalho para menores de 14 anos. 
  •  A proibição da diferença salarial para um mesmo trabalho ou em razão da idade, gênero, nacionalidade ou estado civil.
  • Emprego noturno para quem tinha menos de 16 anos. 
  • Além disso, temos o tão sonhado salário mínimo, o descanso semanal e a limitação de jornada de trabalho para 8 horas diárias.

Porém, como já dissemos, a constituição durou apenas 3 anos. Ela chegou ao fim com o início do Estado Novo, em 1937, período no qual os Direitos Humanos voltaram a ser uma mera utopia.

Os Direitos Humanos no Brasil do Estado Novo (Constituição de 37)

Em 28 de Setembro de 1937, membros do governo articularam o Plano Cohen. Era um documento falso, redigido por aliados de Vargas, que dizia que judeus comunistas estariam articulando um plano para colocar o Brasil nas garras do comunismo. Dentre outras atrocidades, a carta dizia, por exemplo , que eles queimariam igrejas.

Então, dois dias depois, no programa A Voz do Brasil, Getúlio Vargas lê o Plano na íntegra, dizendo que era uma conspiração e, por isso, tomaria o poder no Brasil, implementando o Estado Novo. O nome veio inspirado no Estado Novo criado pelo Ditador Salazar, em Portugal; portanto, ele não era tão novo assim.

Depois de um tempo, o documento foi dado como verídico, e apoiadores do governo homologaram um estado de sítio no Brasil. Então, em 10 de novembro de 1937, depois de uma votação no congresso com 138 votos favoráveis, Getúlio Vargas instaura o Estado Novo.

A constituição de 1937 

Em primeiro lugar, é bom dizer que o jurista Francisco de Campos, responsável pela redação da Constituição de 1937, foi o mesmo que escreveu os Artigos Institucionais da ditadura militar (AI-5 foi o mais genocida deles). Portanto, sabemos que os direitos humanos não seriam o forte daquela constituição.

Apesar de manter a maioria dos direitos trabalhistas adquiridos em 1934, a constituição colocou o país em um estado totalitário.  

Como exemplo, podemos citar as seguintes medidas que ferem os direitos humanos dos brasileiros:

  •  o governo tirou o direito à greve 
  •  manteve os estados sobre o comando de interventores
  •  reintroduziu a pena de morte
  •  deu total poder à polícia especial

Chamada de Constituição Polaca, por ser parecida com a constituição repreensiva da Polônia, o texto já começava fechando os 3 níveis do poder legislativo (Congresso Nacional, Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais). Além disso, colocava o Poder Judiciário como subordinado ao Executivo.

 

 

O Estado Novo chegou ao fim em 1946. Com o fim dos governos autoritários na Europa, novamente tivemos uma constituição mais livre e com os direitos humanos em pauta. Porém, como todos sabem, a festa não durou muito.  O golpe militar veio em 1964, colocando todos os direitos humanos do Brasil para debaixo do tapete.

Os Direitos Humanos no Brasil da ditadura

Em 1964, os militares tomaram o poder no Brasil. Primeiramente, disseram que seria algo breve, para espantar de vez o comunismo. O Golpe foi dado devido à possibilidade de João Goulart assumir o poder. Dito como um político de esquerda, ele não era bem visto pelas classes altas brasileiras, que temiam o comunismo.

Acima de tudo, o Brasil passava por uma crise profunda. Então, em 1964, as elites e a igreja organizaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu cerca de 500.000 pessoas. Era o que faltava para explodir a bomba. Em 31 de março, os militares iniciaram a tomada do poder com a deposição de João Goulart.

 

 

Em abril de 1964,  a ditadura decretou o Ato Institucional 1, escrito pelo mesmo Francisco de Campos, que havia redigido a constituição da Era Vargas. Assim, no mesmo mês, o Marechal Castelo Branco foi empossado como presidente, com mandato até 1967. Era dado o famoso golpe militar.

E os direitos humanos no Brasil militar?

Antes de mais nada, não preciso dizer que os direitos humanos ficaram meio que esquecidos durante a ditadura que governou o Brasil até 1985. A cada Artigo Institucional, o governo minava mais direitos da população, até culminar no famoso AI-5, onde o estado resolveu chutar o pau da barraca, decretando medidas restritivas e absurdas:

Leia o AI-5 como foi publicado na época

  • Fechou o Congresso Nacional, assim como as Assembleias Legislativas (estaduais) e as Câmaras de Vereadores (municipais)
  • Decretou a intervenção do Governo Federal nos municípios e estados e nomeou interventores para os cargos
  • Cassou mandatos políticos de deputados, senadores e vereadores
  • Suspendeu os direitos políticos de cidadãos
  • Decretou estado de sítio sem necessitar da aprovação do Legislativo
  • Apreendeu recursos de cidadãos
  • Proibiu o direito de habeas corpus àqueles que fossem acusados de cometer crimes políticos
  • O governo não tinha que explicar à Justiça qualquer ação realizada com base no AI-5

As coisas só começaram a melhorar em 1974, quando começou o processo de reabertura democrática. Em resumo: os militares queriam deixar o governo aos poucos, para amansar seus crimes e não pagar o pato pela repressão e desrespeito aos direitos humanos no Brasil da época.

Em 1979, durante o governo de João Baptista Figueiredo, tivemos a lei de anistia. Nela, os exilados políticos poderiam voltar ao Brasil livremente, sem correr nenhum risco.

Contudo, a lei tinha uma pegadinha: era irrestrita. Quer dizer: a anistia era também para os militares, desimpedindo o estado de penalizar ou prender os generais, coronéis, ou qualquer outra pessoa, que tivesse cometido tortura e outros males que feriram os direitos humanos do Brasil durante os anos de chumbo.

Mas a Ditadura terminou como?

Em 1984, aconteceu uma das manifestações mais importantes do povo brasileiro, as Diretas Já. Era o povo lutando por eleições democráticas para presidente. Porém, o ato teve muita repercussão, virou um marco histórico da democracia no Brasil, mas não atingiu o seu objetivo.

No ano seguinte, o Brasil realizou eleições indiretas. Assim, o governo seria do mineiro Tancredo Neves, que morreu pouco antes de assumir, gerando uma comoção no Brasil inteiro. No seu lugar, entrou José Sarney, o primeiro presidente civil do Brasil desde o golpe. 

Artigo 25 e  a Fome 

 A Constituição de 1988, vigente atualmente,  trouxe vários direitos de volta. Apesar disso, sabemos que, mesmo com a lei garantindo todos os direitos, eles não são cumpridos com maestria.

 

 

Agora, vamos nos ater especificamente à fome, que vem sendo a luta da Gerando Falcões na volta da Campanha #CORONANOPAREDÃO, FOME NÃO. 

Artigo 25 Direitos Humanos

  1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
  2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Então, no primeiro tópico, a ONU colocou a alimentação como fundamental para um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família uma vida digna. 

Confira também: O que é responsabilidade social

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O bilionário cuja a riqueza foi levar comida à favela onde vivia

Um bilionário amigo meu morreu dias atrás. O caso não repercutiu na grande imprensa, então talvez você não tenha ficado sabendo da vida de Emanuel Pedrosa.

Alagoano, morador de comunidade, era pedagogo, empreendedor social e fundador do Instituto Girassol, que integra a rede Gerando Falcões. Deixou a esposa, Silvia, e uma filha, Rebeca, ainda no ventre da mãe.

Emanuel atuava na linha de frente do combate à pandemia. Ajudou a colocar comida no prato da favela. Levou álcool em gel para quem não tinha água encanada. Permitiu que os filhos dos pobres tivessem acesso à educação.

Foi um herói de carne e osso, como tantos profissionais de saúde e do terceiro setor – e acabou vencido pela Covid-19.

Emanuel não acumulou bens materiais. Sua riqueza era social. Em outros tempos, seria sepultado como um guerreiro, com louvores, cantos e oferendas. Hoje, corre o risco de morrer esquecido, exceto pelas centenas de garotas e garotos impactados por sua ação na comunidade. Perdemos a capacidade de medir a riqueza de grandes homens como Emanuel. Nossos rankings detectam fortunas de maneira unidimensional. Louvamos o dinheiro pelo dinheiro. Medimos a produtividade e a criatividade de alguém sob um ponto de vista apenas econômico. Esse critério está incompleto.

A verdadeira riqueza é tridimensional. Ela engloba os patrimônios econômico, ambiental e social. As três linhas de força precisam estar concatenadas para gerar progresso coletivo. Desacoplar o econômico do ambiental ou do social é o mesmo que pisar no acelerador e no freio de um carro ao mesmo tempo. O resultado está aí, para quem quiser ver: estamos perto de fundir o motor. Hoje, a sobrevivência da nossa espécie depende do balanceamento dessas três dimensões da abundância.

Encarar a riqueza de forma tridimensional é colocar a sociedade no lado da mudança, não da omissão. É torná-la sócia da inclusão e do progresso. Por isso chamo meus investidores de sócios. Eles entendem de negócios e de finanças. Eu entendo do social. Nos completamos e podemos, com isso, multiplicar patrimônio, inclusive aquele que não se mede em cifrões. Não fosse assim, morreríamos todos pobres – econômica, ambiental ou socialmente.
A pandemia retirou à força algumas das traves que nos cegavam para as gritantes desigualdades do Brasil.

Que a partida de Emanuel e de tantos outros ensine de uma vez por todas que precisamos reequilibrar valores, mudar prioridades e encarar a riqueza em todas as suas dimensões. Pra ontem.
Silvia me disse por telefone: “Edu, vamos honrar a história do meu marido”. Também alagoana e educadora, ela sabe perseverar em tempos difíceis. E o legado de Emanuel merece, mesmo, todas as honras.

Nascido na exclusão e na pobreza, pode ser uma bússola que nos guiará no caminho da prosperidade.

Obrigado, meu amigo, por dedicar sua vida à mudança. Faremos de tudo para que a Rebeca cresça em um mundo diferente. Um mundo melhor. Vá em paz.

Confira também: Como surgiu a primeira favela do brasil

  • Coluna publicada no jornal O Globo, no dia 02/03/2021

5 preconceitos que assombram a empregabilidade

Empregabilidade é a capacidade de uma pessoa conquistar e manter o seu emprego. Portanto, envolve desde a entrevista, até a hora que o sujeito está sentado na cadeira do escritório por um ano, ouvindo pacientemente seu chefe, sem perder a compostura.

Contudo, sabemos que os currículos não são analisados e avaliados apenas pela formação do indivíduo ou sua postura exemplar em uma entrevista. Como ele se veste, sua árvore genealógica, a cor da sua pele, opção sexual, também são levados em conta – às vezes de maneira até inconsciente -, pelos responsáveis por dar uma vaga de emprego.

empregabilidade

Então, resolvemos mostrar 5 preconceitos que assombram a possibilidade de um cidadão se manter na corda bamba da empregabilidade. Porém, para entendermos o que assombra a empregabilidade, precisamos, em primeiro lugar, compreender o que move ela.

5 conceitos que movem a empregabilidade

Por isso, separamos uma lista com 5 tópicos do autor José Augusto Minarelli, especialista em empregabilidade:

  1. Vocação: Em primeiro lugar, vem o clássico gostar do que faz e fazer o que gosta. É aquele papo de seguir o seu dom e sua vocação. Assim, não adianta pedir para o marceneiro vender eletrodomésticos ou para o perito em eletrônica construir a mesa perfeita. Empregabilidade tem sim a ver com dom.
  2. Competência profissional: Em segundo lugar, você tem que estudar e saber surfar conforme a onda da sua profissão. Mas sempre tentando fazer isso de uma maneira única e própria, para deixar a sua marca e manter a sua empregabilidade.
  3. Ética: Em terceiro lugar, temos o ponto de ter honestidade, respeito e valores. Afinal de contas, ninguém vai manter um mentiroso empregado.
  4. Faça o seu pé de meia: Poupança, cofrinho, pé de meia, fundos ou guardar notas no travesseiro. O que interessa aqui é que, guardando uma verba, você vai poder planejar o seu futuro. Assim, vai poder tomar decisões mais sensatas quanto à sua empregabilidade.
  5. Relacionamentos: Uma boa rede de amigos é fundamental para alcançar uma boa empregabilidade. Porém, existem as relações orgânicas e naturais.

Primeiramente, temos o chefe que você não vai com a cara, mas tem que manter uma boa impressão e ser “amiguinho”. No segundo tópico, temos aquela relação natural e harmoniosa que tem de ser mantida.

Agora que já sabemos um pouco mais sobre empregabilidade, vamos ver os grupos que mais sofrem para mantê-la.

Negros, o racismo estrutural e o emprego

Segundo matéria do portal UOL, racismo estrutural é:

“O termo usado para reforçar o fato de que há sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em detrimento das outras.”.

Então, vemos aí a concepção de racismo estrutural. Ele é  o modo como o negro vem sendo tratado pela sociedade. Isso porque,  desde o seu início, o ser-humano demonstrou  com seus xingamentos, atitudes e discriminação, o quanto o racismo é  algo comum, sem motivos para ser questionado.

 

Segundo pesquisa do IBGE, em 2016, a taxa de desempregados entre negros e pardos girava em torno de 14%, enquanto que os demais ficavam nos 12%. Além disso, a pesquisa mostra que, mesmo quando os negros têm o mesmo nível de escolaridade dos brancos, os salários são 43,2% menores.

Mas também temos a dificuldade dos negros em terem empregabilidade em cargos mais altos. Segundo pesquisa de 2017, pretos e pardos são maioria em setores com remuneração mais baixa: agropecuária (60,8%), construção civil (63%) e serviços domésticos (65,9%).

Porém, para o morador da favela, a questão da empregabilidade fica difícil para todos quando pensamos em deslocamento. É normal que as vagas de emprego deem preferência para quem mora perto do local de trabalho. Assim, é difícil imaginar que o escritório fique só a um ônibus de distância da favela.

Empregabilidade x aparência

Em segundo lugar, vamos tocar em um assunto que envolve vários temas. Poderíamos colocar nesse balaio se o cara usa terno ou a mulher usa vestidos “aceitos” pelo mercado de trabalho. Entretanto, optamos por estéticas que geraram um debate mais recente no mundo da empregabilidade.

Assim, vamos falar sobre o preconceito com as tatuagens, piercings, alargadores e afins. Segundo especialistas, esse é um tema que já superou muitas barreiras quando tratamos de preconceito. Em alguns setores, virou até charmoso ter profissionais com estilos diferentes.

 

 

Porém, em áreas mais rígidas, a empregabilidade ainda entra em risco dependendo do que você faz no seu corpo. Como exemplo, temos as forças armadas que, em seus editais, descrevem como um postulante à carreira militar pode ou não ter uma tatuagem. Ela não deixa que alguém vire militar se tiver, por exemplo, uma tatoo no pescoço.

Entretanto, ela vai contra a lei 9029, de 1995, que relata que nenhum profissional pode ser demitido ou deixar de ser empregado por ser tatuado.

Um travesti tem chance de trabalhar?

Em primeiro lugar, não são apenas os transexuais que sofrem preconceito no universo LGBT; porém, eles têm uma dificuldade ainda maior de ingressar no mercado. Segundo a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), 90% das travestis e transexuais encontram sua “empregabilidade” na prostituição.

Mas as dificuldades vão além de conseguir o emprego. Em muitos casos, depois de conseguir um lugar no mercado de trabalho, os profissionais encontram a barreira no seu nome social. Assim, a empresa aceita contratar, mas obriga o contratado(a) a permanecer com o nome e gênero que constam na sua certidão de nascimento.

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Porém, algumas ações importantes já vêm sendo tomadas para mudar esse cenário. Criado em 2013, O Fórum de Empresas LGTBQ + conta com o apoio de cerca de 100 empresas para dar mais empregabilidade e oportunidade para os profissionais. O projeto é pautado por 10 compromissos que as empresas devem seguir com os empregados.

A mulher e o emprego

Aqui temos uma pegadinha, pois, para muitos, esse já é um tema quase superado. Porém, não é isso o que dizem os números. Segundo matéria do site infomoney, a pandemia e o quadro econômico de 2020 geraram uma piora na empregabilidade, impactando mais as mulheres.

Assim, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), apenas 45,8% das mulheres estão trabalhando. É a menor porcentagem dos últimos 31 anos, já que, em 1990, eram 44,2% de mulheres inseridas no mercado.

Além disso, temos a velha briga salarial. As mulheres no mercado de trabalho continuam recebendo menos do que os seus pares do sexo masculino. Pesquisas recentes apontam que as mulheres em cargos de liderança ganham 23% a menos que os homens. O único cargo onde as mulheres ganham mais é no de assistente, com salário 2% maior.

A pesquisa também mostrou que a disparidade aumenta quando o assunto é o grau de escolaridade. Profissionais com MBA chegam a receber 47%  a menos do que os homens. Já as com ensino fundamental, recebem, em média, 17% a menos no banco.

Leia a matéria completa

Empregabilidade e as doenças ocupacionais

Então, chegamos ao final do nosso blogpost com um tema que, de certa forma, abrange todos os outros: o socioemocional. Timidez, depressão, síndrome do pânico, são tabus para a empregabilidade de muitas pessoas. Às vezes, a própria pessoa não procura emprego por achar que aquilo a impossibilita de trabalhar.

Porém, há um outro aspecto muito importante para a empregabilidade: as emoções para permanecer empregado. Com isso, chegamos às doenças ocupacionais.

Doenças ocupacionais e empregabilidade

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), as doenças ocupacionais são problemas de saúde que vêm em decorrência do nosso trabalho. Assim, são problemas que afetam a empregabilidade, pois, muitas vezes, tiram a pessoa do seu emprego.

De acordo com a Secretária da Previdência, em 2019, 193,6 mil pessoas foram afastadas  devido a problemas relacionados a acidentes ou doenças de trabalho. Além da depressão, síndrome de Burnout, insônia , ansiedade, os trabalhadores também sofrem muito com problemas pulmonares, coluna, visão, perda parcial ou total da visão, dentre outros.

Empregabilidade na Gerando Falcões

Na Gerando Falcões, estamos preocupados e de olho em todos esses problemas. Por isso, no nosso time interno, pregamos pela pluralidade, trazendo para o nosso quadro todos os tipos de pessoas possíveis. Acreditamos que isso não é um favor, mas sim algo que agrega aos nossos projetos como um todo.

 

Além do nosso time interno, também nos preocupamos com a formação dos jovens das favelas. No nosso post sobre educação socioemocional, você pode conferir mais sobre o nosso plano pedagógico. Aqui, queremos falar o quanto achamos importante preparar o(a) jovem, negre, tatuade, para ter como competir e ser um(a) profissional de destaque.

Confira também: Bazar GF

 

reurbanização

Reurbanização e a Medellín pós Pablo Escobar

 

Em síntese, reurbanização é o ato de fazer um novo modelo de cidade, para arrumar as marcas do tempo. Porém, não são apenas mudanças na área da arquitetura. Então, reurbanizar é transformar o meio urbano como um todo, seja pelas suas construções, ações comunitárias ou serviços prestados pelo público e privado.

Também falamos sobre reurbanização no post sobre a história das favelas!

Reurbanização x Urbanização

Em primeiro lugar, é bom falarmos que as urbanizações foram processos que aconteceram depois da revolução industrial, com a debandada da população do campo para as cidades. Como foi algo muito rápido e conturbado, tudo foi feito sem nenhuma estratégia.

Assim, com o passar dos anos e o cenário caótico, surgiu a necessidade de reconstruir as cidades, ou seja, precisava reurbanizá-las. As Américas Central e do Sul, África, além de parte da Ásia, foram as regiões que mais sofreram e, por consequência, as áreas que mais precisam ser reurbanizadas.

Isso porque, na Europa, a revolução industrial começou bem mais cedo do que nos países mais pobres, dando tempo e condições para que as migrações fossem feitas de maneira mais racional e estratégica. 

Mas temos uma “irmã” de continente que tem projetos brilhantes quando falamos de reurbanização. Na Colômbia, algumas cidades foram reurbanizadas depois da guerra contra o tráfico de drogas, dentre elas, a terra de Pablo Escobar, Medellín.

A Colômbia pré reurbanização

Mas, antes de falarmos da nova  Medellín, é importante contextualizar o que era o país de Gabriel Garcia Marquéz  antes do processo de reurbanização.

Os Cartéis de Cali e Medellín

Na década de 70, a Colômbia virou o maior exportador de cocaína do mundo. Os traficantes locais viram no Canal do Panamá uma oportunidade de levar o “ouro branco” de forma rápida e fácil até os EUA. Curiosamente, território que os próprios Estados Unidos ajudaram a tirar da Colômbia, em 1903, após a fatal guerra dos mil dias.

 

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Enquanto Cali era vista como o território mais violento, o cartel de Medellín ficou conhecido como o mais rico. Liderado pelo traficante Pablo Escobar, ele criou alianças inimagináveis para o mundo do crime, unindo juízes, políticos e empresários em torno de uma frase de Escobar: “promo ou plata” (chumbo ou grana). 

Pablo Escobar e o  cartel de Medellín

O Cartel de Medellín, liderado por Pablo Escobar, foi um marco no mundo do crime. Segundo dados da prefeitura local, de 1983 a 1994, morreram mais de 46.000 pessoas. Além disso, fontes policiais calculam que Escobar foi o responsável por 5.000 destas mortes.

 

 

Na época, a cocaína era consumida por gente da elite americana. No seu auge, “El Patron”, como era conhecido Escobar, e seu cartel eram donos de 80% do mercado mundial de cocaína. Além disso, ele chegou a ganhar U $60 milhões por dia.

Só para ilustrar a força e liderança de Escobar: de 1987 a 1993, “El Capo” figurou 7 vezes na lista dos homens mais ricos do mundo da revista Forbes.

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Segundo matéria do G1, estudos apontam que, na sua primeira aparição, o fluxo de caixa do traficante alcançava U$3 bilhões, com seu patrimônio líquido ultrapassando os U$2 bilhões – o que equivale ao PIB (Produto Interno Bruto) de países como Serra Leoa e Suriname.

Porém, alguns podem dizer até que Escobar “ajudou” no começo da reurbanização de Medellín. Na década de 80, ele sonhava ser presidente da Colômbia. Então, para agradar o povo, entregou cerca de 4 mil casas populares, reurbanizando um lixão da cidade, popularmente conhecido como Bairro Escobar.

Neste período, Escobar tentou ingressar para a política e fez diversas ações sociais em Medellín, sendo visto por muitos como um Robbin Hood. Depois da emboscada que resultou na sua morte, em 2 de dezembro de 1993, cerca de 25.000 pessoas compareceram ao seu velório.

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Plano Colômbia: O início da reurbanização

A morte de Escobar só aconteceu depois que a Colômbia, em união com os Estados Unidos, entrou, literalmente, em guerra contra o tráfico. Assinado em 1999, o Plano Colômbia pode ser colocado – com muitas ressalvas- como o início do processo da reurbanização colombiana.

Eternizado pela série Narcos, da Netfilix, foi um primeiro passo fracassado se analisarmos o lado social e comunitário. Isso porque, apesar de ser um plano bilateral que visava combater as FARC e as guerrilhas da esquerda, ele deixou a sociedade em guerra e desamparada, sem conseguir vencer o tráfico.

Segundo matéria da BBC Brasil, é contestável se os efeitos do plano foram positivos ou negativos:

“Um dos resultados mais alardeados por americanos e colombianos é a redução de quase 50% na área plantada de coca na Colômbia. Apesar dos altos investimentos americanos, a mais vistosa ação antidrogas no continente não conseguiu interromper o tráfico de narcóticos para os Estados Unidos, onde 95% da cocaína consumida ainda tem origem no país sul-americano”.

 

A reurbanização precisava de todos

Para muitos estudiosos, a lição que o Plano Colômbia trouxe para a reurbanização e reestruturação de Medellín é que o processo não poderia ser feito combatendo apenas uma frente. Portanto, não era só acabando com o tráfico e a violência: eles tinham que combater, também, questões estruturais e sociais.

E um dos grandes responsáveis por essa visão e transformação foi o urbanista Gustavo Rastepro, que foi quem comandou a reurbanização de Medellín de 2003 a 2011. Neste período, a cidade passou de um mar de sangue e lama para um exemplo de transporte, urbanismo, limpeza, educação e muito mais.

 

Segundo matéria publicada pelo Diário de Pernambuco, em 2017,o arquiteto relatou os principais desafios de sua jornada:

“O nosso propósito era dignificar a vida do cidadão, melhorando a habitação, as ruas, o meio ambiente e as infraestruturas urbanas. Nos bairros onde a gente melhorava a qualidade de vida das pessoas, o narcotráfico não encontrava espaço e migrava para outros locais da cidade”.

 

No processo de reurbanização, o arquiteto destaca a união de 3 pontos centrais para que a cidade consiga progredir: o sistema público, os técnicos e especialistas em cada área, além, é claro, da população.

As 5 frentes que a reurbanização deve combater

Assim, Gustavo acredita que a base para reurbanizar é pensar a estratégia como um triângulo. Na base, temos o estado e as autoridades técnicas decidindo como o dinheiro será usado de forma racional para atender a comunidade, que é quem está na ponta do triângulo.

 

Segundo o urbanista, a reurbanização de uma cidade ou bairro deve ser feita baseando as suas ações em 5 tópicos. Além disso, os 5 processos devem ser feitos de maneira integrada, pois, se forem feitos de maneira isolada, vai ser um trabalho em vão:

  1. Reurbanização  ambiental

Em primeiro lugar, o processo inclui integrar o meio ambiente para uma melhor qualidade de vida, promovendo um intercâmbio ambiental. Com áreas arborizadas e limpas. Tudo isso, respeitando o ecossistema local e tentando adequar o sistema a ele e não o contrário.

Um exemplo fantástico deste tópico, que temos em Medellín, é o projeto Kapta, onde os moradores ganham pontos ao colocar garrafas plásticas para reciclagem. Ao colocar a garrafa na máquina, o morador consegue bilhetes de metrô, ingressos de cinema, dentre outras coisas.

    2.Respeitando o sistema fluvial

Em segundo lugar, é fundamental respeitar o sistema de vias fluviais da cidade e como ele se conecta e articula. Assim, como na questão ambiental, tentar articular a transformação a partir dele para, literalmente, não nadar contra a corrente.

      3. A questão da moradia

Em terceiro lugar, temos uma questão óbvia, mas primordial para a reurbanização. O ponto que Gustavo destaca aqui é o modo como encaramos a moradia básica. Para o urbanista, não se refere apenas a quantos metros tem o imóvel ou a um lugar fechado para o cidadão dormir. Assim, está incluso: ventilação, iluminação, respeito a quem habita, dentre tantas outras coisas.

     4.Reurbanizar é Ocupar o território

Por ocupar o território, esqueça apenas construir casas, mercados e padarias. Ocupar aqui diz respeito a trazer atividades que enriquecem o convívio social e a qualidade de vida, como: áreas de trabalho, lazer, serviços públicos, além de programas que desenvolvam a comunidade e tragam um censo de pertencimento ao local.

Um exemplo disso são as pequenas bibliotecas distribuídas por toda Medellín. Em diversos bairros das periferias, existem bibliotecas pequenas, mas que atendem a população local, trazendo cultura para todos os polos da cidade.

      5.Uma infraestrutura além do básico.

Aqui, ele bate de novo na tecla sobre o que é o básico. O básico não é tratar o esgoto e pronto. Tratar o básico é tratar o esgoto, trazer água, energia, telefonia e internet. Com isso, estamos falando de trazer uma infraestrutura que permita que a favela funcione de forma integral.

Por exemplo: podemos falar sobre o transporte. Quando falamos em transporte, sempre pensamos em metrôs, trens e ônibus, certo?

Porém, cercada por montanhas, Medellín não podia ficar refém do básico. Por isso, foram construídos teleféricos, que ligam os morros mais altos às partes mais baixas da cidade, trazendo um transporte fácil e ágil para os moradores.

Mas o que a reurbanização trouxe pra Medellín?

Além de tudo o que já falamos no decorrer do texto, há alguns dados marcantes que mostram como a união do estado, privado e população, pode ajuda a  reurbanizar. Então, podemos começar com a violência: Segundo pesquisas locais, em 1990, Medellín tinha 380 mortes, para cada 1000 habitantes. Hoje, são 26 mortes.

Segundo matéria da revista Exame, em 2010, o PIB da região vem crescendo 3% ao ano. Ao mesmo tempo, o desemprego caiu de 12,8% para 9,6%. Além disso, a taxa de pessoas abaixo da linha de pobreza saiu de 25% em 2008, para 14%.

Leia a matéria completa

Então, em 2013, a cidade de 2,5 milhões de habitantes foi eleita a cidade do ano em um concurso do The Wall Street Journal, em parceria com o Citibank. Mas é importante falar que regularmente a cidade vem se destacando nos rankings internacionais de inovação, na frente, inclusive, das nossas capitais.

Redesenho de Favelas: A reurbanização da Gerando Falcões

No final de 2020, o CEO da Gerando Falcões, Edu Lyra, foi até Medellín para ver, ao vivo, todas as transformações da cidade. Posteriormente, voltou pasmo e encantado com os avanços, acreditando ainda mais no projeto do Redesenho de Favelas.

“Eu vi escada rolante na favela, teleférico, biblioteca pública, distribuição de saneamento básico, água potável, gás. Não vi fuzil. Não vi granada. A solução dos maiores problemas não virá de um grupo iluminado, mas da junção de todos nós!” Edu Lyra

Veja o texto que Edu escreveu na Veja São Paulo sobre a reurbanização em Medellín

Em 2021, nós vamos começar a nossa “Medellín”. Na Vila Itália, em São José do Rio Preto (SP), comunidade com cerca de 600 mil habitantes, vamos reconstruir uma favela. Reurbanizar o ambiente, trazendo Dignidade, Desenvolvimento e Transformação Digital.

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Então, nosso projeto será dividido em 3 fases: diagnóstico, cocriação e prototipagem.  Nos primeiros meses, vamos ter uma prévia das maquetes e desenhos do que deve ser construído, com base no diagnóstico que já está sendo feito na comunidade.

Confira também: Bazar GF | violência urbana

 

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Formação continuada: As emoções em sala de aula

 A formação continuada consiste em uma tese simples; porém, com muitas complexidades. Podemos dizer que ela é aquela velha história de que o profissional (no caso o professor) não pode parar nunca de se aperfeiçoar. Além disso,  deve sempre aprender continuamente com novas técnicas e insights.

“Os educadores precisam compreender que ajudar as pessoas a se tornarem pessoas é muito mais importante do que ajudá-las a tornarem-se matemáticas, poliglotas ou coisa que o valha.”(Carl Rogers)

Portanto, a formação continuada faz o profissional da educação ensinar de maneira prática, colocando, muitas vezes, o aluno como protagonista da aula. Na formação continuada, o professor tem, em conjunto com sua instituição de ensino, que criar uma base de aprendizados contínuos. Assim, através da formação continuada,  o professor tem que fazer com que seus métodos se aperfeiçoem, além de serem práticos e gerarem resultados significativos.

 

Então, se pensarmos bem, é um  processo fundamental para o mundo atual, onde vivemos em uma transformação social e tecnológica contínua. Além disso, os professores são treinados para trazer conhecimentos socioemocionais para seus alunos.  

Portanto,  estes processos fazem com que eles tenham capacidade para terem estrutura e inteligência emocional para lidar consigo mesmos em sociedade.

 

A HSE na formação continuada

Até pouco tempo atrás, a educação era pautada em um sistema conhecido como HS (Habilidade Social). Quer dizer: o professor tinha a responsabilidade de transmitir para o seu aluno conhecimentos da sociedade, além de como interagir com ela. 

formação continuada

Então, o professor de matemática tinha que ensinar a somar, o de português os mistérios da crase e o de geografia o porquê o Triângulo das Bermudas não é um fantasma. Além disso, tinha de falar que era feio falar palavrões, brigar com o colega de turma ou cuspir na janela da sala só para mostrar que está ali.

Porém, o processo de formação continuada trouxe um novo olhar para o professor. Nela, o aperfeiçoamento não está só no conteúdo de sua disciplina, mas, também, no seu conhecimento de HSE (Habilidades SocioEmocionais) e na melhor maneira de transmitir ele para os seus alunos.

Para isso, o professor tem que virar um perito em inteligência emocional. Assim, precisa desenvolver as habilidades primeiro nele para, depois, transmitir para os seus alunos no processo de formação continuada

Inteligência Emocional na formação continuada

Então, para entender este processo, primeiro precisamos conhecer a Inteligência Emocional e seu fundador,  o jornalista e psicólogo americano, Daniel Goleman.

Daniel Goleman: O avô da formação continuada

Em 1995, Daniel Goleman, professor, psicólogo, escritor e ex-jornalista do The New York Times, lançou o best-seller Inteligência Emocional. O livro vendeu mais de 5 milhões de cópias, além de ter tradução em 40 idiomas. Assim, trouxe para o debate global a importância da inteligência emocional.

Porém, é importante citar que antes de Goleman lançar seu livro, outros trabalhos já vinham sendo desenvolvidos na área. Como exemplo, podemos falar sobre os psicólogos Peter Salovey e Jhon D Mayer, que escreveram um artigo sobre como expressamos nossas emoções, em 1990. 

https://www.youtube.com/watch?v=M3wnoxF9Z3Q

Contudo, é unânime que quem colocou o holofote do mundo para o termo foi Goleman que, antes do livro ser publicado, já colaborava com o método CASEL, precursor da formação continuada. 

 O método CASEL

Então, em 1994, o Instituto Fetzer convidou Daniel Goleman e mais 5 profissionais de diversas áreas para realizar estudos sobre a educação. Assim, foi formada a CASEL (Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning) com o objetivo de estabelecer a aprendizagem social e emocional de alta qualidade, baseada em evidências, fazendo nascer a formação continuada.

 

As 5 bases do método CASEL 

 A formação continua tem como parte de seus pilares, as  5 bases do método CASEL:

  1. Autoconhecimento: capacidade de reconhecermos nossas emoções, objetivos de vida e valores pessoais, além de nossos potenciais e limitações;
  2. Autogestão: as habilidades para gerenciar as emoções, pensamentos e comportamentos, de maneira efetiva, em diferentes situações e alcançar objetivos e aspirações;
  3. Consciência Social: as habilidades para entender as perspectivas de empatia com o próximo, incluindo aqueles de diversas origens, culturas e contextos;
  4. Relacionamento: as habilidades para estabelecer e manter relações saudáveis e solidárias e efetivamente navegar em configurações com diversos indivíduos e grupos;
  5. Tomada de decisões: as habilidades para fazer escolhas carinhosas e construtivas sobre o comportamento pessoal e interações sociais em diversas situações.

 

Formação continuada na  Gerando Falcões

O meio social, onde nossos jovens vivem, joga, todos os dias um vírus, dizendo que eles não são capazes. Nós rejeitamos esta ideia e, todos os dias, também, passamos o antivírus dizendo que, apesar de tudo, é possível.

É óbvio que, na Gerando Falcões, temos um desafio mais complexo para estabelecer uma formação continuada e socioemocional de qualidade. Sendo assim, além de sensibilizar e desenvolver tudo o que já falamos na cabeça dos alunos, temos uma pedra a mais no caminho: a desigualdade social.

 

https://www.youtube.com/watch?v=bOXFOE6G0Ao&t=2s

Por isso, temos que lutar para que crianças/ jovens da periferia tenham a capacidade de serem educados emocionalmente em uma sociedade em que , muitas vezes, são discriminados.

Além da discriminação, temos que ter em mente que as crianças não tiveram a chance de desenvolver as HSE ou se perderam no caminho por uma série de motivos que conhecemos muito bem.

Mesmo assim, acreditamos que o jovem da favela deve ter a formação continuada, que ainda é quesito de luxo no Brasil. 

Então, gostou do nosso post?

Também temos um texto super legal sobre como entender a Favela Em 5 Livros

Confira também: Bazar GF | responsabilidade social

 

Formação continuada

Transformação Digital e o terceiro setor

A transformação digital é o uso da tecnologia de dados para executar mais tarefas analógicas com  dispositivos digitais. Então, estamos falando do aplicativo de rotas de trânsito ao invés do mapa gigante voando pela janela do seu carro, enquanto você tenta apagar o cigarro.

Mas não é só isso. O principal desafio da transformação digital é trazer os dados e a capacidade dos computadores para dentro da área de inteligência humana, poupando cada vez mais o homem de funções repetitivas. Assim, poderemos poupar tempo para usá-la em atividades, digamos, mais criativas.

Porém, para uma parcela da população, isso vai acabar com várias áreas de trabalho, enquanto  abrirá possibilidade de novos empregos. Segundo especialistas, o processo é muito parecido com o que aconteceu na terceira revolução industrial, quando a eletrônica entrou no jogo, fazendo com que milhões de áreas sumissem do mercado.

Por isso, para entender a transformação digital, temos que entender um pouco da história da indústria como um todo.

Transformação digital e as 3 revoluções industriais

Antes da transformação digital, do celular, do aplicativo de comida ou do robô que varre a casa sozinho, o homem teve que inventar a máquina. Assim, foi na Inglaterra do século XIX que surgiram as primeiras máquinas a vapor. As primeiras máquinas mais fortes do que um animal.

 

 

Então, foi nesse período que ocorreu o êxodo rural, com a saída de trabalhadores ingleses e de outros países do campo para a cidade. O processo aconteceu de forma desordenada e com várias sequelas que duram até hoje, como, por exemplo, o início das favelas.

O fordismo e a segunda fase da Revolução Industrial (1850-1914)

Neste período, temos um ponto-chave para entender a revolução industrial. As linhas de produção surgiram a partir da primeira grande tecnologia inventada pelo homem: a luz elétrica.

Com ela, as indústrias começaram a se modernizar, criando as primeiras máquinas de linhas de montagem, iniciadas por Henry Ford. Era simples: vários funcionários, em fileiras, faziam trabalhos mecânicos. A máquina se movia lentamente, enquanto cada um colocava uma peça ou apertava um parafuso para que, no final, um produto estivesse pronto.

 

 

Mas a segunda fase não ficou conhecida apenas pelo carro. Nela, também surgiram produtos como o telefone, as redes elétricas, a lâmpada, os motores e a indústria naval.

A terceira fase e o início da transformação tecnológica (1950 até: Hoje?)

Na terceira fase da revolução industrial, começam os primeiros sinais de transformação digital, pois ela veio  junto da eletrônica. Assim, as linhas de produção foram dizimadas. Nesse sentido, ao invés de um homem para apertar cada parafuso, você tinha uma máquina que apertava todos de uma só vez.

Por isso, com a terceira fase veio o desemprego em massa. Milhares de trabalhadores, acostumados a funções mecânicas, se viram sem futuro. Além disso, temos que lembrar que estamos no pós-segunda guerra mundial, com a Europa aos trapos pelas batalhas de Hitler e seus capangas.

Porém, nessa época, também tivemos os primeiros empregos da área de TI ( Tecnologia da Informação), como programadores e técnicos de informática.

Revolução 4.0 e a transformação digital

Chegamos lá. Ou, melhor dizendo, chegamos no aqui e agora. Chegamos ao nosso mundo. Pode não parecer, mas a quarta revolução industrial está acontecendo agora, neste exato momento, enquanto alguns de vocês leem estas linhas pelo celular, esperando a pizza que pediram pelo aplicativo chegar.

Aliás, uma prova cabal de que a transformação digital está acontecendo – além do fato de você poder, com um celular, pedir uma pizza, ler um texto e ouvir música ao mesmo tempo-, vem de um dado muito simples; porém, extremamente complexo:

Você sabia que o seu celular tem mais tecnologia do que os computadores que levaram o homem à lua?

 

 

Sim, o pequeno passo para o homem era menor em capacidade de armazenamento de dados e tecnologia do que o aparelho que você usa pra ouvir música, ler meus textos e procurar namorad@. Assim, podemos  ver como a revolução 4.0 chegou e já está causando, como as outras, estragos e benefícios para o mundo.

Antes da transformação digital, uma transformação cultural

Então, chegamos a uma divisão. Para o sociólogo Baumann, o mundo passou de sólido para líquido depois da terceira revolução, mas, com a quarta, ele será aéreo. Resumindo: antes tudo era concreto (família, emprego, cidade, igreja), tudo em princípios extremamente consolidados. 

Entretanto, agora, tudo é mais líquido, maleável e alterável. É só pensar em como os produtos em geral – não só os digitais -, ficaram menos duráveis com o passar dos anos. Móveis,  carros e tantos outros têm um prazo de validade menor. Para alguns especialistas, os dados da transformação digital são o novo “petróleo”.

 

transformação digital

Mas não basta apenas criar redes sociais, fazer vídeos para o youtube ou usar programas e aplicativos para facilitar o trabalho de todas as áreas de sua empresa. Além disso, é importante que a transformação digital seja parte da cultura organizacional. É importante que isso  vire  algo comum e típico para a empresa e seus funcionários.

Aliás, é importante ressaltar que a transformação digital não acontece sem a transformação cultural. Isso porque é no trabalho de formiguinha de criar uma nova forma de pensamento de tudo o que acontece ao nosso redor que a cultura se transforma. Portanto, não adianta só mandar um e-mail dizendo: “viramos digitais”.

 

Transformação digital e o terceiro setor

Filantropia: a palavra que dá vida às ONGs tem, na sua essência, o amor. Esse amor à humanidade, onde causas sociais mobilizam grupos de pessoas a criarem ações de assistência social, Assim, a transformação digital ajuda na transparência com o dinheiro doado e as ações de impacto social realizadas por organizações do terceiro setor.

Então, para que as ações de assistência social sejam mais transparentes e assertivas, a utilização de dados e tecnologia é cada vez mais importante. Tudo isso, para trazer visibilidade externa, bem como a utilização de informações que colaboram nas tomadas de decisões.

Entretanto, apesar dos benefícios, a inserção de tecnologia e dados podem trazer receios de perder a essência da organização. Além disso, podem dar insegurança de não saber lidar com essa nova forma de atuação.

Então, para acalmar um pouco, vamos dar um exemplo de como uma ONG norte-americana utiliza a transformação digital

Um exemplo de transformação digital no terceiro setor

Um exemplo de transformação digital no mundo das ONGs é o Food bank – Capital Area – ONG dos EUA que utiliza dados para para aumento do impacto social.

Pois, por meio dos dados e da tecnologia, montaram o mapa da fome por estado. Assim, foi  possível ter clareza sobre o custo da comida, a taxa de vulnerabilidade das pessoas naquele estado, entre outros dados que permitem uma tomada de decisão nas necessidades específicas de cada região. Com isso, era mais assertivo na distribuição de comida para quem realmente precisa, potencializando o impacto social. 

Transformação digital na Gerando Falcões

A Gerando Falcões resolveu ser a vanguarda do empreendedorismo social no Brasil, utilizando, desde o início, tecnologia de forma gratuita para conseguir vender o livro, marcar palestras nas escolas ou levar a mensagem da Gerando Falcões nas favelas de São Paulo. 

inovação social 4

Mas, à medida que foi crescendo, também viu a necessidade de adquirir computadores, mesmo que usados, para fazer postagens em mídias sociais, organização de agendas, divulgação para a captação de recursos. 

Assim, mesmo sem grandes recursos, desde o início, havia a necessidade de usar a tecnologia para viabilizar as ações. Então, foi agindo pequeno, mas sonhando grande, que ela foi se estruturando, implantando o uso de planilhas para controle, diário de bordo, entre outras pequenas ferramentas que ajudaram a estruturar a sua expansão.  

 

Um voo digital 

Então, em 2020, estabeleceu a meta de alcançar 100 unidades aceleradas, 540 líderes sociais formados pela Falcons University, em 1200 favelas no Brasil. Por si só, esse grande desafio necessitava do uso de mais tecnologia e consumo de dados.

Mas, com a chegada da pandemia, a transformação digital que estava acontecendo de forma gradual, fez uma grande expansão para conseguir atingir as famílias que estavam passando fome na favela. Assim, foram feitas ações como: 

  • Utilização de cartão alimentação para a distribuição de cesta básica
  • Implantação de sistemas no Financeiro + RH + na Prestação de Contas das Aceleradas, aumentando a transparência dos processos
  • Estruturação da área de dados e construção do Data Lake – um armazenamento dos dados da GF
  • Bolsa Digital #DoeuumFuturo
  • Mídias Sociais com analytics, utilizando dados para aumentar a visibilidade da GF e assim conseguir captar mais doações
  • Falcons University – Seleção e formação dos líderes sociais e dos Jovens totalmente digital, ajudando a compreender onde a GF consegue ajudá-los a se desenvolver ainda mais. 

 

Mas não para por aí!

Logo mais, teremos a favela inteligente, que tem o objetivo de fazer parcerias com o setor público e privado para o redesenho de favelas, dando um passo grande para colocar a favela no museu e transformar digitalmente o terceiro setor.

Confira também: O que é filantropia?

 

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O que é filantropia?

Filantropia vem das expressões gregas philos (amor) e anthropos (ser-humano). Assim, podemos dizer que filantropia é o amor à humanidade. Na sua origem, a filantropia traz o desejo de ajudarmos, individual ou coletivamente, ao próximo.

 

 

Segundo historiadores, o termo foi criado pelo imperador romano Claudio Juliano (10 a.c a 54 d.c), responsável por restaurar o paganismo como a religião dos romanos. Por isso, resolveu imitar a igreja cristã, criando o termo filantropia para concorrer com a caridade da igreja católica.

Mas, com o passar do tempo, os dois termos foram se diferenciando. Porém, tal diferença não se deu apenas pelos aspectos religiosos, mas, também, por aspectos culturais que foram definindo o que era caridade e o que era filantropia.

Filantropia X Caridade

A filantropia está diretamente ligada ao carinho e generosidade pelo próximo. Seu sentido vem da necessidade de encarar e enfrentar problemas, principalmente, sociais e ambientais. Com tudo isso, mostrando e fazendo ações que minimizem estes problemas. A filantropia é diretamente ligada à transformação social através das doações.

 

Por isso, é importante ter em mente que a filantropia tem como base as ações que empresas, ONGs ou instituições realizam perante as doações recebidas. Não é só receber a doação, mas, também, fazer com que ela tenha utilidade e seja usada da melhor maneira possível.

 No caso da caridade, é o simples beneficiar o próximo ou os mais pobres. A palavra caridade nasceu das instituições católicas de misericórdia que atuavam, na maioria das vezes, no setor médico-hospitalar. Por isso, estão vinculadas às ações que procuram melhorar de forma paliativa as condições adversas de quem precisa de refeições, roupas, um lar e outras coisas.

Filantropia e caridade são ligadas a atos de generosidade. Mas a filantropia tem como viés a transformação social e a mobilização contínua das doações para desenvolver um ambiente.

 

E, no Brasil, há filantropia?

Segundo o Brasil Giving 2020, pesquisa realizada pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social), em parceria com o CAF(Chairits Aids Foundation), as coisas melhoraram no ano da pandemia. A pesquisa aponta que 78% dos brasileiros realizaram, pelo menos, uma atividade beneficente no último ano. Além disso, 67% deles realizaram doações em dinheiro.

A pesquisa também aborda que as causas mais impactadas são:

  1. Religiosas: 49%
  2. Apoio a crianças ou jovens: 39%
  3. Combate à pobreza: 30%

Além disso, a pesquisa mostrou que o valor médio doado aumentou. Em 2018, eram doados, em média, R$532,00. Porém, na última pesquisa, o valor subiu para R$632,00. Isso mostra que o brasileiro se sente mais preocupado com os problemas sociais, mas confiante nas ONGs e instituições filantrópicas nacionais.

 

 crianças caminhando descalças em um local com situação precária e desigualdade social

 

Os brasileiros também acham que as empresas têm um papel importante nas comunidades. Assim, 86% concordam que elas devem apoiá-las, enquanto 83% acreditam que as empresas internacionais devem apoiar as comunidades em que atuam. Por isso, fica claro que o brasileiro apoia e quer a filantropia dentro do país.

Porém, a filantropia brasileira movimenta pouco dinheiro. Enquanto, nos EUA, corresponde a 2% do PIB, aqui nos trópicos ela equivale a somente 0,2%.

Estados Unidos e a cultura de doar

Na terra do Tio Sam, a filantropia é algo enraizado na cultura nacional. Segundo matéria da Revista Exame:

As doações feitas pelos americanos para entidades assistenciais, incluindo igrejas, somaram mais de 420 bilhões de dólares em 2018 (último dado disponível), segundo o relatório Giving USA, que monitora o setor anualmente. O montante equivale a cerca de 2% do PIB americano.” 

Mas, nos Estados Unidos, as leis colaboram com o aumento das doações. Por exemplo: as empresas ou cidadãos que doam seus recursos podem ter até 60% de isenção em seus impostos, fazendo com que até os menos bondosos ajudem ao próximo.

Além disso, em 2016, o empresário Warren Buffet se uniu ao instituto Giving Pledge,  fundado por Bill Gates e Melinda Gates, doando 83% de sua fortuna. Sendo assim, o instituto conta com diversos bilionários do mundo inteiro, que se comprometeram a doar mais de metade de seus recursos para a filantropia.

 

Contudo, não são só os bilionários que fazem doações nos EUA. Segundo pesquisas, os americanos doaram US$373 bilhões em 2015. Assim, as doações de indivíduos correspondem a 70% do total do montante. 

Outro dado interessante, que mostra o quanto a filantropia é “habitual” para o americano, é  que cada família doa, em média, US$3.000,00 por ano. Além disso, os dados apontam que as fundações doam cerca de US$268 bilhões, além dos US$18 bilhões das empresas.

Filantropia e o terceiro setor

Grande parte das doações vão para ONGs e instituições religiosas. No entanto, a filantropia ainda é vista com certo receio pelo brasileiro. Neste sentido, muitos ainda desconfiam das organizações, imaginando que o dinheiro pode não estar indo para o estado.

 

 

Filantropia e o terceiro setor

No nosso post sobre ONGs, abordamos que, segundo pesquisa do IDIS, de 2016, 40% dos entrevistados não sabiam se uma ONG ia fazer o prometido com o dinheiro doado. Além disso, 47% acreditavam que o dinheiro não iria ajudar alguém que realmente necessitasse da doação.

Para saber mais, leia o  artigo: O que é uma ONG?

Por isso, nós, da Gerando Falcões, realizamos, todo ano, uma auditoria feita pela KPMG. Assim, mostramos para onde vai todo o recurso que captamos, além de nossas ações sociais.

 No nosso site, você pode conferir todos os dados da auditoria, além dos dados das nossas campanhas.

Confira também: Bazar GF

banner bazar filantropia

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Responsabilidade social: Uma necessidade, não um favor

Primeiramente, responsabilidade social é tudo que uma pessoa física ou jurídica pode fazer para que o mundo seja melhor. Então, se engana quem pensa que são só os atos que grandes empresas fazem. O que você faz com o seu lixo ou o xixi do seu cachorro também fazem parte desta causa.

Porém, a responsabilidade social ficou mais reconhecida nas empresas devido às ações da ONU depois da primeira guerra mundial. Mais especificamente, com a fundação da OIT (Organização Internacional do Trabalho)

 

 

Segundo o site da organização: 

Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, a OIT adotou seis convenções. A primeira delas respondia a uma das principais reivindicações do movimento sindical e operário do final do século XIX e começo do século XX: a limitação da jornada de trabalho a 8 horas diárias e 48 horas semanais”. 

Assim, podemos ver que a organização foi a primeira a colocar a responsabilidade social nas empresas e requerer direitos aos trabalhadores. Mas,  com o passar dos anos, as responsabilidades foram aumentando. Além disso, trabalhadores e empresas também começaram a cumprir normas ligadas às questões ambientais e sociais.

Responsabilidade social nas empresas

Então, a responsabilidade social empresarial é, basicamente, dividida em 3 esferas: Corporativa, Empresarial e Ambiental. As duas primeiras dizem respeito às ações das empresas com seus funcionários e a sociedade que estão inseridas. Porém, a ambiental ,visa o quanto a empresa se preocupa com o bem-estar do nosso planeta.

 

 

edu lyra ao lado da família lemann

 

1-) RSC (Responsabilidade Social Corporativa)

 

Ela representa a responsabilidade social da empresa com o seu corpo de funcionários. Assim, a ideia é que todos tenham condições de trabalho dignas e humanas. Além disso, ela trata de cuidar da qualidade de vida de seus familiares e da sociedade.

 

 

Assim sendo, um bom plano de saúde para os seus funcionários e familiares é um exemplo de responsabilidade social corporativa. Isso porque, com ele, a empresa está ajudando e colaborando para o bem-estar do funcionário, de sua família e, em paralelo, da comunidade como um todo.

 

2-) RSE (Responsabilidade Social Empresarial)

Ela é muito parecida com a responsabilidade corporativa; porém, tem uma amplitude maior de atuação. Além de colaborar com os funcionários e familiares, a responsabilidade empresarial visa ajudar, também, a comunidade que a empresa está inserida e seus stakeholders.

Como exemplo disso, temos o coronavírus. Por isso, empresas como a Ambev – que usaram o seu álcool para produzir álcool gel para a comunidade -,  são um exemplo de responsabilidade social empresarial. Nesse sentido, além de colaborar com seus funcionários, também ajudaram no combate de uma pandemia que afeta o mundo.

 

  3-) RSA (Responsabilidade Socioambiental)

 

Agora, temos um assunto que mudou a discussão sobre responsabilidade social empresarial e individual. Depois das conquistas para os trabalhadores, surgiu, nos movimentos políticos e sociais dos anos 60, a necessidade das empresas cumprirem com normas e regras para manter o nosso planeta “vivo”.

Além disso, as questões ambientais começaram a ser debatidas junto com o surgimento de ONGs de relevância internacional. Primeiramente, as organizações pregavam pelo meio-ambiente como um todo, mas, com o decorrer dos anos, a causa foi indo para o efeito que a produção industrial tinha no meio-ambiente.

 

 

A sustentabilidade virou assunto-chave a partir de 1987, quando o World Comisssion on Economic Development (WCED) popularizou o termo Desenvolvimento Sustentável. Assim, na comissão, ficou definido que ele era: “o desenvolvimento que reúne as necessidades do presente, sem comprometer a habilidade das gerações futuras”.

 

De favor à necessidade das empresas

No começo, a responsabilidade social era vista, em muitos casos, apenas como um favor que os empresários e as pessoas faziam para a sociedade. Uma espécie de filantropia. Porém, com o passar dos anos, ser uma pessoa ou empresa com responsabilidade social se tornou uma questão primordial para ter parceiros ou amigos. 

Então, em novembro de 2017, a Revista Época divulgou uma pesquisa da consultoria Edelman Earned Brand. Nela, 56% dos brasileiros diziam consumir ou boicotar marcas de acordo com o posicionamento delas diante de questões sociais relevantes. 

Em 2019, a Revista Istoé mostrou outra pesquisa que demonstra como a responsabilidade social vem virando questão obrigatória para as empresas. Em parceria com Bridge Research, a Samsung Brasil descobriu que 85% dos brasileiros creem ser fundamental que marcas abordem questões de diversidade de gênero na sua comunicação.

Na mesma pesquisa, 80% disseram que uma comunicação com diversidade demonstra que as marcas respeitam as pessoas e suas diferenças. Assim, podemos constatar que responsabilidade social virou questão obrigatória para as empresas.

 

RSI (Responsabilidade Social Individual)

 

O debate sobre Responsabilidade Social Individual apareceu no Workshop for Civic Initiatives Foundation, na Bulgária. Lá, definiram responsabilidade social individual como: “a responsabilidade que todo indivíduo tem de agir de forma a preservar o bem-estar da sua comunidade”.

 

5 exemplos de RSI (Responsabilidade Social Individual)

Então, como já dissemos, a responsabilidades social também está ligada às nossas ações individuais. Por isso, segue 5 exemplos de como ser responsável socialmente:

1-) Voluntariado

A filantropia e o voluntariado são os meios mais antigos de responsabilidade social. Neles, além de fazer o bem ao próximo e ajudar a sua comunidade, você também pode ajudar a si mesmo.

Fizemos um blogpost especial com 5 motivos para você fazer trabalho voluntário.

Acredite: Fazer o bem faz bem!

 

2-) Doações

As doações também são um meio de ajudar a sua comunidade e ter responsabilidade social. Sempre temos aquela peça de roupa, cadeira, brinquedo ou qualquer outro objeto que fica jogado no fundo da sala, sem nem ser notado mais: Por que não dar para alguém que precise daquilo?

 

 

 grupo de pessoas dentro de uma grande loja de roupas

 

Na Gerando Falcões, temos o nosso Bazar Gerando Falcões, um projeto que recebe doações e vende os produtos com até 60% de desconto. Assim, queremos ser autossustentáveis e gerar mais renda para os nossos projetos sociais, como a bolsa digital.

 

3-) Recicle o seu lixo

Já falamos sobre doação, que é um tipo de reciclagem. Entretanto, temos que prezar pelo meio-ambiente. Acredite: o simples fato de separar o lixo ajuda a desafogar os aterros sanitários e ainda gera renda para pessoas que trabalham com isso.

 

4-) Plante uma árvore

Outra ação simples, mas que ajuda muito o nosso planeta, é o simples fato de plantar uma árvore em casa. Uma única árvore na sua casa pode ter um efeito imenso para o meio-ambiente e para a sociedade.

Uma única árvore pode durar cerca de 4.800 anos. Além disso, em apenas um ano, ela inala cerca de 12kg de CO2 e exala oxigênio que mantém uma família de até 4 pessoas respirando por 12 meses.

 

5-) Deixe o carro na garagem de vez em quando

Mais uma ação simples, mas praticada por poucas pessoas. Os automóveis são responsáveis por 97% da emissão de CO (Monóxido de Carbono) nas grandes cidades. O Monóxido de Carbono é tóxico, e pode causar até reações no sistema nervoso central.

Em cidades europeias, como Lisboa (Portugal) e Amsterdã (Holanda), já há áreas onde os veículos não podem circular. No Brasil, a prefeitura de São Paulo deixa a Avenida Paulista sem a circulação de carros aos domingos. Pesquisas apontam que os carros ocupam 25% do espaço urbano das grandes cidades.

Confira também: O que é filantropia?

Ajude o Bazar Gerando Falcões

Então, qual vai ser o seu primeiro ato de responsabilidade social individual depois de ler nosso post?

Vai plantar uma árvore, deixar o carro na garagem ou encher o saco do seu chefe para que a empresa despeje menos resíduos no rio?

curta e compartilhe nosso post sobre responsabilidade social

Conte pra gente nos comentários!

Autor: Thiago da Costa Oliveira

 

5 motivos para praticar o voluntariado

Segundo a Fundação Abrinq, quem faz parte do voluntariado é:

 “ O ator social  e agente de transformação, que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade. Doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional”.

Eu vou um pouco além, pois, pra mim, voluntariado foi uma mudança significativa no modo de ver o mundo. Então, se engana quem lê estas linhas e pensa que só falo por trabalhar no terceiro setor

Aliás, eu vim parar na Gerando Falcões por me encantar pelo projeto Corona no Paredão e me oferecer como voluntário da área de comunicação. Fiquei um tempo ajudando nas redes sociais, até que me convidaram para trabalhar no blog.

Mas isso é papo pra outro dia…

Eu entrei para o mundo das ONGS em 2007, com 18 anos. Como dizia um amigo, “ quando o bicho do voluntariado te pica, você pega a doença pro resto da vida”. É uma doença boa, onde você começa a olhar o próximo, a vida e você mesmo por outra perspectiva. 

Além disso, você começa entender que, realmente, todos somos humanos.

Por isso, resolvi escrever um post com alguns motivos para você, que ainda não foi picado pelo “bicho” do voluntariado, receber essa mordida do bem.

Então, vem com a gente!

 

1-) Você aprende a viver de maneira mais simples

Primeiramente, esqueça aquele papo de que fazer o bem ao próximo é algo que faz bem pelo simples fato de ser caridade. O buraco é mais embaixo. Porém, no voluntariado, é normal que você se veja em um tom superior ao local que você está ajudando. Mas, com o tempo, vários pontos da vida simples e cotidiana vão te contaminando.

voluntariado 2

Assim, chega uma hora que você começa a se perguntar: “Como tem gente feliz com tão pouco?”, ou “Será que eu preciso mesmo de uma blusa de marca para me sentir tão bem?”. São questões que o voluntariado coloca na nossa mente, fazendo a gente refletir sobre como a vida pode ser feliz com o básico.

Nesse sentido, uma vez, quando fui a uma favela próxima a um bairro de elite de São Paulo, perguntei a uma senhora: “Como você mora em frente ao shopping e nunca foi lá?”. A resposta foi um soco eterno no estômago: “Mas pra que olhar tudo aquilo se quem eu amo está aqui do meu lado, moço? Quem gosta de lá é minha filha, mas eu prefiro comer o meu churrasco e ver quem eu gosto”, foi o que disse a senhora.

 

2-) Com o voluntariado, você sai da sua bolha

Sim, estou escrevendo sobre a bolha social que todos nós vivemos. Pois, independente se você é pobre ou rico, homem ou mulher, gay ou evangélico, todos nós carregamos um modelo de sociedade embutido no nosso “eu”, como aquela marca que fazendeiros colocam no seu gado.

Então, o voluntariado ajuda a derrubar esses muros que envolvem a nossa vida. Assim, conhecer pessoas novas, com vidas diferentes (na maioria das vezes, bem piores), lugares diferentes, sotaques, comidas ou jeitos de encarar o mundo. Tudo isso é algo que expande o nosso mundo, fazendo com que nossa “bolha” aumente.

 

 

Quando a minha “bolha” de voluntariado estourou

Por exemplo: a primeira vez que pisei em uma favela foi um baque muito grande. Mas o baque não foi só negativo, como muitos podem pensar. 

Do mesmo jeito que lembro com clareza de pisar naquele terreno insalubre, com esgoto a céu aberto e moradias que não poderiam ser chamadas de casas, também lembro do sorriso aberto de vários rostos.

Além disso, recordo com clareza da cumplicidade de seus moradores uns com os outros. Mas tal fato me trouxe outra reflexão que vou compartilhar com vocês – com certa vergonha. Vendo moradores compartilhando o pouco de comida que tinham, lembrei que eu não sabia o nome do meu vizinho: Voluntariado é, também, tapa na cara!

Enfim, naquele momento, a minha bolha aumentou. Percebi que a favela era um lugar com condições de vida precárias, mas, por outro lado, com seres humanos incríveis. Pessoas que, no meio daquele caos, conseguiam conviver, muitas vezes, de forma mais harmoniosa do que nos bairros mais ricos.

Portanto, entrar para o voluntariado é entender como o estado de comunidades carentes é caótico. Mas, além disso, perceber que ali tem seres humanos que estão muito longe da figura midiática do malandro ou do traficante. São pessoas de carne e osso que só tiveram, muitas vezes, uma coisa a menos que você: sorte. 

Toda essa reflexão ajuda que entendamos o quão grande é o mundo e o quanto somos pequenos e temos o que aprender. 

 

3-) Ser voluntário faz você encontrar a sua razão de ser

 

Nietzsche escreveu uma frase que poderia definir o voluntariado:

voluntário

Eu sei que você vai pensar que existir já é uma bela razão de ser. Mas a questão aqui é o quanto a sua existência está sendo produtiva e, além disso, fazendo bem para você mesmo. 

Duvido que, em nenhum momento, você encostou a cabeça no travesseiro e pensou: “Será que eu podia estar fazendo um pouco mais?”, ou “Será que é só isso?”

 

voluntariado 1

 

O voluntariado traz parte dessa resposta. Pois, trabalhando em uma causa ambiental, social ou política, toda vez que você deitar no travesseiro, o rosto de uma criança sorrindo, uma senhora conversando ou um cachorro sendo acariciado, vai aparecer na sua mente. Tudo isso afagando o seu coração e deixando-o feliz.

Entretanto, não estou dizendo aqui que você não vai precisar mais de um namorad@, um trabalho estimulante ou uma boa roda de amigos. O fato é que o voluntariado leva você a ter certeza de que, no aspecto social, você vai para o caixão deixando algum legado para um mundo melhor.  

4-)  Voluntariado faz você reencontrar a sua causa

Para deixar um legado para um mundo melhor, precisamos encontrar uma causa que nos encante. E o trabalho voluntário pode nos ajudar tanto a encontrar a nossa causa, quanto ajudar e praticar uma atividade que faz parte da nossa essência.

Um exemplo simples: o sujeit@ adora música. Assim, toca violão desde os doze anos, é fã de vários cantores e compositores; tira música de ouvido. Enfim, a pessoa só não virou profissional da música pelos acasos do destino.

Ess@ sujeit@ pode viver uma vida frustrada, até passar em uma casinha simples com a placa, “procuramos voluntários para dar aulas de violão”. O coração dele/dela se acelera. Sem pensar, ele/ela entra ali e já fala que quer dar as aulas. Descobre que são para alunos carentes, de uma favela.

Esse é um caso típico, não de quem encontra, mas sim reencontra a sua causa de vida através do voluntariado. A paixão pela música volta. Além disso, ver aqueles jovens dedilhando seus rocks favoritos e falando que amaram Beatles traz uma nova razão de existir para aquele ser:

Por fim, faço uma provocação: Quem está ajudando quem?

5-) Cientificamente, fazer o bem faz bem

Até agora, falei muito de impressões pessoais que tive com o voluntariado. Mas  chegou a hora de tratarmos de dados e ciência. Portanto, chegou o momento de dizer para você, tudo o que tem de bom no voluntariado, segundo a ciência.

Voluntários são mais felizes

Segundo estudo da Universidade de Oxford, de 2005, o cérebro de quem pratica voluntariado libera mais hormônios, como a dopamina e a serotonina, responsáveis diretos pela felicidade e bem-estar.

 

 

Voluntariado prolonga a vida

Sim, todos iremos morrer um dia. Mas um estudo, realizado em 2013, publicado pela American Psychological Association, atestou que o voluntariado reduz em 47% o risco de mortalidade em adultos e idosos. 

Além disso, em estudo da Universidade de Michigan, foi comprovado que as pessoas que fazem trabalho voluntário têm, em média, 4 anos a mais de vida do que os que não praticam o voluntariado.

Então, bora levar o vovô e a mamãe pra ONG com você!

Voluntários têm 10 vezes mais chances de serem saudáveis

No livro The Healing Power of Doing Good (O Poder Curativo do bem), Allan Luks retrata todos os benefícios do voluntariado. Em uma das passagens, ele afirma que “quem realiza, pelo menos, 4 horas de trabalho voluntário por mês, tem dez vezes mais chances de ter uma boa saúde”. 

 

Voluntariado tem que vir do coração

Porém, em todas as pesquisas citadas, os profissionais alertam que os efeitos só virão se a pessoa estiver fazendo o trabalho voluntário de corpo e alma. Se for só para colocar no Linkedin e ganhar uns pontos com o chefe, melhor ficar em casa mesmo.

 

Voluntariado na Gerando Falcões

Na Gerando Falcões, há várias maneiras de ajudar.

 

https://www.youtube.com/watch?v=IMLDgCg8Kx0&feature=emb_logo

 

Então, acesse o nosso site, veja as diversas opções ou procure uma das unidades aceleradas da Rede para ver do que eles estão precisando.

Confira também: Violência urbana

ong

 

Quem sabe não é com a gente que você vai ganhar uns aninhos a mais de vida?

#tamojunto #bemfazbem

voluntariado 5

O que é uma ONG, sua história e como surgiram no Brasil

Segundo o artigo  Constituição Jurídica das Organizações não Governamentais,  do advogado Ricardo Vanzin Siqueira, ONGS  são: ” um conjunto de entidades que integram o Terceiro Setor , mas que não devem ser confundidas com ele. Está incluída no conceito de Terceiro Setor toda e qualquer entidade sem fins lucrativos, independente das finalidades pelas quais é constituída”.

A primeira notícia sobre ONG,  vem do  Conselho Econômico Social da ONU ( Organização das Nações Unidas), nos anos 40. Assim, foi no período pós segunda guerra que as organizações de auxílio a causas humanitárias, sem recursos do estado, começaram a aparecer.

 

 

 

No Brasil, as ONGS surgiram no mesmo período. Porém, tiveram o seu primeiro boom na ditadura militar, com o objetivo de defender os direitos humanos e lutar pela democracia.

Entretanto, quando Ricardo diz que as ONGS não devem ser confundidas pelo conceito de terceiro setor, é devido ao  termo ser confuso para a legislação brasileira. Na verdade, a palavra ONG não está inserida no artigo 44 do código civil, que é o que rege as instituições sem fins lucrativos.

Então, é importante entender onde as ONG se encaixam para o jurídico brasileiro, para saber o que elas são de verdade.

 

As ONGS e a lei

 

Relaxa, não estamos dizendo que uma ONG  é um pirata forasteiro no mundo da justiça ou que, em breve,  ela e seus voluntários estarão nas cadeias.  Mas o fato é que o termo ONG é uma denominação genérica, que não está inclusa na lei brasileira.

A expressão ONG não está definida em  lei. Porém, em 2014, tivemos a implementação do MIROSC ( Marco Regulatório da Sociedade Civil), que  criou um conceito legal de OSC ( Organização da Sociedade CIvil) para fins de parceria com a administração pública.

 

História das ONGS e a lei

 

Assim, com o marco, todas os antigos modelos de organizações puderam se tornar OSC( Organizações da Sociedade Civil). Mas muitas  ainda não se atualizaram, permanecendo com os mesmos estados de antes.

Para saber mais sobre o terceiro setor e sua legislação, leia: Terceiro Setor: do social ao jurídico

História das ONGS

 

ONG e igreja sempre estiveram vinculadas, pois, não tem como dizer que a ONG não começou com a filantropia. Então, é só  pensarmos que a igreja sempre cumpriu o papel de fazer doações e ações para os mais necessitados, antes de surgirem as instituições de pessoas físicas e empresas.

As Pastorais sociais  são um belo exemplo disso. Assim, podemos dizer que essas organizações para a criança, terra e pobreza,  foram as primeiras ONGS do mundo. Com o tempo, o homem foi sentindo que estado e  igreja não estavam  ajudando em outras ações. Nesse sentido, começaram a aparecer uma ONG aqui e outra ali com temas diversos.

Na era moderna, depois da primeira guerra mundial,  surgiram as ONGS ligadas a outros problemas da sociedade. Com o enfraquecimento do poder das igrejas, começaram a surgir organizações ligadas a pessoas e problemas diferenciados, como: meio-ambiente, preconceito (racismo, LGTB, dentre outros), deficiência, posicionamento político, e outros.

Como a história das ONGS é parecida em todo o mundo, resolvemos contar mais detalhadamente como elas se formaram e foram mudando no Brasil. Pois, assim, conhecemos a ONG no nosso país.

E no Brasil, como nasceu a ONG?

Em pesquisa realizada em 2016, o IBGE identificou 526.000 ONGs no Brasil. Mas,  segundo Dulce Pandolfi, diretora do IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), as primeiras ONGs brasileiras surgiram na década de 50.

 a ONG apareceu no território nacional com ações de “ Cooperação Internacional”  ligadas à igreja católica e protestante, governos internacionais  ou organizações de solidariedade. Eram ações de pessoas e instituições de países ricos que queriam auxiliar o terceiro mundo.

 

Portanto, eram organizações focadas em auxílio aos pobres, alimentação, amparo a crianças, ou seja, focadas em ações sociais. Mas foi a partir da ditadura militar que começou a surgir a ONG voltada para questões políticas e ambientais, além de outros assuntos ligados às políticas públicas.

ONG e a ditadura militar

Então, foi na ditadura militar ( 1964 a 1985 )  que essas organizações entraram com mais força no nosso país. O foco da maioria delas era devolver a democracia ao Brasil. Assim, foram  fundadas ONGS voltadas a assuntos de cunho social e político ( sem terra, LGBT, fome, democracia e etc.). 

Nos anos 60 e 70, vieram vários centros de “ educação popular” e de auxílio aos movimentos sociais, com o intuito de transformar e conscientizar socialmente o brasileiro. Um dos principais pilares desse período foram as ONGS fundadas com base nos métodos  do pedagogo  Paulo Freire.

 

 

 

Assim, houve o fortalecimento das ONGS ligadas diretamente à política e à democracia. Contudo, durante a ditadura, as organizações ligadas à igreja também tiveram muita relevância. Isso por causa das Comunidades Eclesiais de Base (CEB), que militavam pela liberdade com base na Teologia da Libertação..

A ONG e o boom dos anos 90

A próxima reviravolta da ONG se deu nos anos 90. Com a democracia enraizada, as lutas mudaram um pouco de foco. Segundo estudo do IPEA, 62% das ONGS brasileiras foram criadas nos anos 90.

O estudo As Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, do IPEA em parceria com o ABONG, de 2005, apontou que, entre 1996 e 2005, o número de ONGS cresceu 215,1%. Outro dado interessante é que, em média, cada ONG tinha cerca de 12 anos, mostrando que surgiram no início dos anos 90.

A ONG ia crescendo ao mesmo tempo que os movimentos sociais perdiam a sua força. Assim, elas perderam parte da sua luta e posicionamento contra o estado. Com isso, a ONG começou a se aproximar do  governo, criando uma linha tênue entre a administração pública e o terceiro setor.

 

A ONG e o estado

A aproximação de várias ONGS com o estado trouxe certa antipatia de um setor da população. Segundo Pesquisa do IDIS ( Instituto de Desenvolvimento e Investimento Social),de 2016, 40% dos entrevistados não sabiam  se uma ONG  ia fazer o prometido  com o dinheiro doado. Além disso, 47% acreditavam que o dinheiro não iria ajudar alguém que realmente necessitasse da doação.

Isso mostra o quanto a aproximação do terceiro setor com o estado arranhou a imagem das ONGS. Isso porque muitas pessoas começaram a criar uma ONG com o intuito de obter lucros e outras coisas “do mal”. Assim, qualquer ONG passou a ser vista por muitos como um meio de “maquiar” ações ilícitas.

Podemos ver isso com mais clareza no filme Tropa de Elite. Nele, alunos de uma faculdade de advocacia particular são voluntários de uma ONG em uma favela carioca, onde o dono é futuro candidato a vereador e o principal patrocinador é o traficante local.

 

 

Você sabe que há ONG como a do filme, mas também há as que querem apenas fazer o bem. O problema é que o noticiário vive de tragédias. Portanto, é mais fácil sair na mídia a ONG financiada pelo tráfico e presidida pelo futuro vereador, do que uma ONG da favela, criada por empreendedores sociais que só querem fazer o bem.

 

 Autossustentabilidade: um novo passo para as ONGS

 

O mundo está mudando. Alguns retratam que estamos vivendo a Revolução 4.0, com o crescimento de startups, bitcoins e outros negócios ligados ao digital. Outros, como o sociólogo Bauman, nos colocam em um mundo líquido e fluido onde a vida gira ainda mais rápido.

 

 

 

Como a ONG se sustenta hoje

O fato é que cada ONG é como um peça que está tendo que se encaixar nesse novo tabuleiro digital, virtual e, muitas vezes, sem contato humano. Não dá mais pra viver só de doação.

Até então, a ONG se sustenta  por 3 pilares:

  1. Doações de pessoas  e empresas
  2. Parcerias com o Estado
  3. Pequenos negócios próprios e eventos

 

1-) ONG e as doações

Quando falamos de pessoas físicas, o principal problema é a insegurança quanto ao destino do dinheiro. Na pesquisa do IDIS (Instituto para o Desenvolvimento e Investimento Social), 25% dos entrevistados não haviam feito doações em 2015. 

 

Como a ONG se sustenta hoje?

 

O dado revela a insegurança em realizar a doação, além da falta de aproximação das instituições com o seu doador. Por isso, sempre batemos na tecla que um serviço de comunicação eficiente pensando tanto no doador quanto em quem vai receber a doação é fundamental.

No Brasil, a dificuldade em doações também tem relação com a lei. Por exemplo: nos Estados Unidos da América, muitos cidadãos montam suas ONGS ou deixam dinheiro para elas, pelo simples fato de que isso é abatido dos impostos estrondosos que seus herdeiros teriam que pagar se o dinheiro ficasse para eles.

Então, os cidadãos com recursos, muitas vezes não tão bondosos assim, preferem deixar parte da sua herança para uma organização do que na mão do estado.

 

2-) ONG e as empresas

Na relação com as empresas, a ONG tem passado por uma situação inusitada. As grandes empresas e corporações começaram a criar suas próprias instituições filantrópicas. Muitas delas se tornam parceiras de uma ONG, mas outras resolveram criar os seus próprios mecanismos de filantropia.

Outro ponto fundamental também passa por compreender o mundo moderno. Na fase de transformação que o mundo vem passando, a relação de cliente e empresa vem mudando muito. Agora, as empresas precisam mostrar uma ideia de mundo diferenciada para atrair seus clientes. Não basta mais só o vídeo da mesa de margarida no intervalo do Jornal Nacional.

Assim, as empresas que não vêm montando as suas próprias instituições, estão buscando amparar ONGS que tenham uma relação direta com a sua causa. Além, é claro, de organizações que sejam marcadas por lisura e comprometimento social.

Além disso, diversas empresas estão procurando trazer um caráter administrativo para as ONGS, passando conceitos e modelos de trabalho do segundo setor para que o terceiro setor possa se aprimorar cada vez mais.

 

3-) ONG e seu pequeno negócio

 

Todo mundo já viu, em algum filme, aquela cena clássica da criança procurando doações para os escoteiros americanos. Lá, a relação entre ONG e obtenção de recursos próprios começou bem antes do que no Brasil.

Devido aos fatores da lei que já apontamos e o maior vínculo dos cidadãos com as organizações, desde os anos 60, as ações envolvendo venda de recursos próprios para terceiros vêm fomentando muitos projetos nos Estados Unidos.

No território americano, é normal que instituições de cunho social ou recreativo ofereçam produtos e serviços para manter os seus negócios. Fator que, no Brasil, é visto com certo preconceito, em função de nós levarmos tudo para o lado da picaretagem e aproveitamento.

Um exemplo disso são os escoteiros que sempre geraram recursos a partir de vendas, festas e rifas para manter os seus grupos. Sim, os escoteiros fazem ações voluntárias, mas não são uma ONG.

 

 

Porém, mais uma vez, estamos vivendo uma nova era. O momento de virar a chave e buscar o novo. Com o apoio de grandes empresas na parte administrativa e de prestação de serviços, a Gerando Falcões vem tentando quebrar uma barreira quanto à autossustentabilidade e diversificação de receitas.

 

Bazar Gerando Falcões: Economia circular, sustentabilidade e a profissionalização da ONG

 

Olhando o panorama do terceiro setor e das ONGS do Brasil, percebemos que a autossustentabilidade é fundamental para um projeto inovador como o nosso. Além disso,  nosso ano de 2020 foi pautado em fazer a economia circular e o dinheiro gerado na favela, sustentar, em parte, ela própria.

Assim, resolvemos dar mais um salto. No dia 26 de novembro, inauguramos o Bazar da Gerando Falcões. Todos os anos já fazíamos bazares pontuais para arrecadar receitas. Mas, com a ajuda de nossos conselheiros do empresariado, parceiros e voluntários, percebemos que poderíamos ir além.

 

Bazar Gerando Falcões

Sonhar não custa nada. Porém, na Gerando Falcões, eles viram realidade. O Bazar da Gerando Falcões vende roupas, eletrodomésticos, eletrônicos, livros e muito mais produtos com até 60% de desconto.

 

 

Estamos recebendo doações de empresas e pessoas físicas. Segundo a pesquisa do IDIS, 62% da população brasileira fez algum tipo de doação de bens, enquanto 52% diz fazer qualquer tipo de doação em dinheiro.

Então, fica claro que todo o terceiro setor não pode perder a oportunidade de receber bens e utilizá-los para gerar receita ou caridade. Podemos doar bens, mas também fazer receita com eles de maneira profissional e estruturada.

Confira também: Violência urbana

 

Conheça o Bazar Gerando Falcões

O Bazar da Gerando Falcões fica na Avenida Vital Brasil, 57, em frente à praça da bíblia.

Até o final de 2020, funcionaremos das 9h às 19h, de segunda a sábado.

#tamojunto

Autor: Thiago da Costa Oliveira

A desigualdade social em 8 filmes e livros

“Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” , é o que diz o artigo 3 da constituição federal, que trata da redução da desigualdade social e da pobreza.

Porém, sabemos que o tema está longe de ser reduzido ou erradicado. Por isso, precisamos refletir muito para entender e saber como podemos ajudar. 

Assim, resolvemos aliar desigualdade social e cultura. Afinal de contas, a cultura é algo que o homem faz para explicar o próprio homem.  

Então, para explicar 8 pilares fundamentais da desigualdade social, escolhemos 8 livros e filmes sobre a sociedade para você:

 Pegue a pipoca, o guaraná, suco de caju e não esquece a goiabada para a sobremesa.

Desigualdade social e a má distribuição de recursos públicos

Nosso primeiro tópico nessa mega lista sobre desigualdade social e cultura é a distribuição de recursos públicos. Ou, melhor dizendo, a má distribuição deles. Um problema estrutural da desigualdade social é o destino do dinheiro que damos para o governo. 

Pois bem, se pensarmos que até o pão que a gente come tem imposto no meio, não é possível que o dinheiro esteja sendo distribuído com igualdade e equidade pelo estado. Mas, como ainda estamos no começo do nosso texto, resolvemos passar algo mais leve e descontraído.

 

Cartaz do filme Saneamento básico, o filme. Como exemplo de filmes que abordam temas sociais

 

Então, se liga na primeira dica:

É filme nacional, de comédia e fala, ao mesmo tempo, de esgoto, produção de filmes e o interior gaúcho.

Saneamento básico, o filme ( 2007)

Desigualdade social não precisa ser só tragédia para a sétima arte. Portanto, o sarcasmo e a comédia também ajudam a entender os problemas cotidianos. Por isso, vamos começar com um filme brasileiro, leve e que trata a má distribuição dos recursos públicos como poucos.

 

 

Então, em uma vila do sul do país, a falta de saneamento básico é gritante. Apesar do ambiente lindo, o cheiro é insuportável e o esgoto está por toda a parte. Então, sem ajuda do governo, os moradores descobrem que há um concurso de cinema (oferecido pelo mesmo governo) com o prêmio em dinheiro. 

Assim, para conseguir dinheiro para comprar os canos, os moradores resolvem produzir um filme. É nessa luta do dinheiro que falta para o saneamento, mas tem para a cultura que entra a crítica do filme.

Com um elenco de peso ( Fernanda Torres, Wagner Moura, Lázaro Ramos, além da direção de Jorge Fernando), o filme é leve e crítico. Além disso,  traz  para dentro do cotidiano a questão do dinheiro público junto com as dificuldades de produzir cultura no Brasil.

 

Desigualdade social e o sistema capitalista

Um dos conceitos básicos para entender a desigualdade social é compreender tudo o que envolve o sistema capitalista. Não estamos falando que o sistema é errado ou certo. Porém, não podemos deixar de constatar que a desigualdade social vem do sistema que o mundo vive.

Assim sendo, para representar essa parte da história, escolhemos o livro As Vinhas da Ira , do escritor americano, ganhador do Nobel  de 1962,  John Steinbeck. Esse livro poderia representar vários outros tópicos do nosso compilado, mas, pela sua forte relação com a crise de 1929 e as consequências da revolução industrial para o trabalhador rural, deixamos ele aqui.

 

 

O livro ganhou uma adaptação para o cinema em 1940, que ganhou duas estatuetas do Oscar. Dirigido por John Ford, o mesmo do clássico Cidadão Kane, conseguiu levar para as telas a mesma emoção do livro.

 

As Vinhas da Ira ( 1929)

A desigualdade social já nos pega de cara nas primeiras páginas da obra, quando Tom Joad está voltando da prisão em busca de sua família. Nela, ele olha como tudo está mais desigual e pobre do que quando foi preso.

Cartaz do filme As vinhas da ira (1929). Como exemplo de filmes que abordam temas sociais

Ao encontrá-los, Tom descobre que os Meeiros estavam em extinção. Tratores e máquinas vinham substituindo os trabalhadores rurais, que não tinham como se sustentar. Apesar disso, na cidade, começam a aparecer panfletos de produtores das vinhas (a Califórnia até hoje é famosa por sua produção de vinhos), oferecendo trabalho.

 

 

A família do ex-presidiário entra no caminhão e vai em busca de oportunidades, mas não demora para perceber que os panfletos não refletem a realidade. Mostrando a escassa oferta de emprego, o oportunismo dos empresários com os trabalhadores e a luta para sobreviver, o livro é um retrato completo da desigualdade social.

Além disso, as descrições do autor quanto às paisagens do estado da Califórnia e o meio rural trazem uma poética ímpar para a obra. Ao mesmo tempo que ficamos perplexos com a desigualdade social, Steinbeck nos deixa encantados com a beleza daquele lugar.

A falta de assistência social 

O terceiro ponto relevante para entender a desigualdade social é a falta de assistência do estado. É só pensar que, se o estado fizesse tudo o que promete, esse blog, e a Gerando Falcões, nem precisariam existir.

A assistência social é uma conquista recente da sociedade. Para entender, pense que as leis trabalhistas só começaram a vigorar no Brasil a menos de 60 anos. Se voltarmos cem anos atrás, direitos, como voto, mobilidade, saúde, dentre tantos outros, não estavam nem no radar da lei.

 

Cartaz do filme Os miseráveis. Como exemplo de filmes que abordam temas sociais

 

Mas, como dissemos no post sobre equidade, grande parte destes direitos começaram a entrar na cabeça do povo a partir da revolução francesa. Por isso, nada melhor que uma obra francesa para falar sobre o tema.

Os Miseráveis (1862)

No livro, a desigualdade social devido à falta de assistência aparece de forma explícita no início da narrativa. Acompanhamos a vida do presidiário Jean Valjean, que é preso por, literalmente, roubar um pedaço de pão para alimentar os seus sobrinhos.

Sua pena vai sendo prorrogada por diversas tentativas de fuga. Mas, em uma delas, ele consegue fugir. Depois de um episódio transformador que acontece entre ele e o Bispo Myriel, sua vida ganha outro tom. Assim, ele resolve que sua missão será ajudar o próximo.

 

 

Porém, para fugir do carma de ser um ex-presidiário, ele muda de nome e vira dono de uma fábrica que emprega mulheres em situação de desigualdade e sem assistência social do estado. Não bastante, a desigualdade social se escancara quando ele se envolve com uma ex-prostituta que morre, deixando de herança sua filha.

Jean Valjean vive perseguido por Javert, um inspetor de justiça que suspeita dele ser um presidiário. Com a regeneração do ex-presidiário por conta própria, as mulheres que ele ajuda e a criança que ele acolhe, enquanto vive perseguido por um inspetor de justiça e a margem da lei, o escritor francês gera uma questão: 

Quem é o verdadeiro miserável da sua obra?

Desemprego, subemprego e a desigualdade social

Quando o assunto é desigualdade social, uma das primeiras coisas que vêm na cabeça – e com razão- , é o desemprego. Porém, por ser um assunto tratado com frequência, resolvemos falar dele abordando um segundo tópico: o subemprego.

 

Cartaz do filme Intocáveis (2011). Como exemplo de filmes que abordam temas sociais

 

Para muitos, esse é um dos grandes males da humanidade. Com as tecnologias, afrouxamento de leis trabalhistas e o próprio desemprego, vários cidadãos se veem de mãos atadas.  Pessoas que, por não ter para onde correr, se submetem a formas, muitas vezes, escravocratas de ganhar a vida.

 

Intocáveis (2011)

 

Aqui, temos racismo, imigração, subemprego e diferença de classes. Tudo em uma salada louca e poética sobre a desigualdade social e a igualdade que devemos ter. Mas, de “bônus”, ainda temos um senhor das classes mais abastadas, tetraplégico para mostrar como a deficiência, independente da classe social, se torna um mote da desigualdade social.

Driss é um imigrante negro que sempre é demitido dos subempregos que consegue na França, Porém, um belo dia, sua vida se cruza com a de Philipe, um tetraplégico rico, que precisa de auxílio para todas as tarefas do dia a dia.

 

 

Não é o emprego que Driss deseja. Entretanto, o negro passa longe de ser o ajudante dos sonhos de Philipe. Porém, já dá para imaginar que os dois vão aprendendo e criando um amor único com a convivência, provando que todos somos, lá no fundo, humanos.

 

Desigualdade social e o racismo

Em quinto lugar, escolhemos uma obra para falar sobre o racismo. Quando se trata da desigualdade social, o racismo é importante para entender como o homem se dividiu durante a sua história. Além disso, ajuda a entender e o quanto isso colaborou para a distância entre ricos e pobres.

 

Imagem do filme Faça a coisa certa (1989). Como exemplo de filmes que abordam temas sociais

 

Pois, se pensarmos com calma, o racismo é um mal da humanidade e acarretou a desigualdade social impositiva. Os negros foram tirados de seus lares e colocados à força em todos os cantos do mundo para trabalhar. Assim, não tiveram a oportunidade de se estabelecer e ter oportunidades iguais aos outros. 

 

Faça a coisa certa (1989)

Filmado em 1989, Faça a coisa certa trata a desigualdade social e racial de uma forma única. O filme se passa no Bronx (Nova York). O conflito da trama se dá em uma pizzaria de descendentes italianos.

Nela, um morador do bairro, Buggin’ Out, interpretado por Spike Lee, percebe que nas paredes da pizzaria, dentre várias celebridades italianas, não há a foto de um negro.

 

 

O filme poderia caminhar para o clichê dos “bandidos” brancos x os “mocinhos” negros. Mas, é muito mais do que isso. O longa mostra a desigualdade social e o preconceito em várias esferas. 

Spike lee aborda o preconceito do negro com o próprio negro, do branco com o negro, do negro com o imigrante, do imigrante com o próprio imigrante. Enfim, temos uma trama de anti-heróis fantástica, com todos os aspectos do racismo representados em suas diferentes esferas.

Desigualdade social e a luta de gêneros

A luta de gêneros, assim como o racismo, é algo que foi deixando a desigualdade social ainda mais desigual. Por isso, se pensarmos que o direito ao divórcio só veio no começo do século XX e o voto no meio dele, já dá para perceber a disparidade de oportunidades entre os dois sexos.

Cartaz do filme Cinco graças (2015). Como exemplo de filmes que abordam temas sociais

Além disso, temos uma luta estrutural, em uma sociedade patriarcal, onde as leis dos homens foram feitas e pensadas, basicamente, para um lado da moeda.

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Cinco Graças (2015)

Por isso, escolhemos o filme franco-turco Cinco Graças para falar sobre o gênero dentro da desigualdade social.

Em uma pequena aldeia turca, 5 irmãs começam a trama brincando com amigos em uma praia paradisíaca. Uma brincadeira boba ou ingênua para muitos. Porém, uma vizinha daquelas chatas vê a cena e conta para avó e para o tio, que são com quem as meninas vivem.

Depois disso, suas vidas mudam radicalmente. Consideradas como pervertidas segundo os preceitos islâmicos, as meninas são tiradas da escola, começam a ter casamentos arranjados e veem-se, literalmente, em uma prisão domiciliar.

 

 

Mas, a liberdade fala mais alto e vemos uma luta de cinco mulheres em corpo de meninas, contra uma sociedade patriarcal e machista. Assim, o filme retrata de maneira mágica como tudo isso é letal e digerido de maneira distinta por cada uma das meninas. 

Tudo narrado pela irmã mais nova, o que traz para a trama ainda mais ingenuidade e compaixão.

Além disso, mesmo sabendo que o islamismo é o “pai” de todo esse contexto, o filme consegue se distanciar da religião. Por isso, consegue mostrar que muitos dos padrões do machismo são estruturais, sendo seguidos de maneira robótica pela sociedade.

Desigualdade social e a luta de classes

Desigualdade social é luta de classes. Não tem como desconectar uma coisa da outra. Desde os primórdios, a guerra entre pobres e ricos é um marco da sociedade. Antes, a luta era, digamos, mais amena. Pobres aceitavam mais a pobreza. Havia tons mais místicos e as punições eram mais severas.

Foi a partir da Revolução francesa que a coisa começou a mudar de figura. Depois, com a revolução industrial, homens como Marx começaram a questionar se o espaço entre as classes era digno.

 

Cartaz do filme Parasita (2019). Como exemplo de filmes que abordam temas sociais

 

Escolhemos um filme coreano, que ganhou o oscar para representar a luta de classes dentro da desigualdade social. Um longa que mistura, na mesma obra, suspense, drama familiar, terror e comédia.

Parasita (2019)

O filme do diretor coreano Bong Joon-Ho foi o vencedor do Oscar de 2020, como melhor filme estrangeiro. A trama, que aborda a ascensão social da família Ki-Taek, através de vários golpes dados no clã dos Park, mostra a luta de classes de uma maneira brutal.

Um exemplo é quando a família pobre luta contra uma enchente que acaba com a sua casa. Na mesma sequência de cortes, a matriarca rica louva a chuva, dizendo que ela era muito boa para limpar o clima poluído da Coreia do Sul.

Temos anti-heróis dos dois lados da trama. Os pobres conseguem um lugar ao sol com golpes na família rica. Essa se mostra ingênua no começo; porém, por outro lado, os ricos começam amigos dos mais pobres. Mas, quando a trama vai se alongando, o papel patrão e empregado vai ficando cada vez mais claro.

 

 

Outro exemplo que mostra a intenção do roteirista e diretor de mostrar os paralelos da sociedade é no uso das escadas como ponto fundamental da trama. Em diversos momentos, vemos os ricos subindo escadas, enquanto os pobres descem as mesmas. Um paralelo incrível com a divisão entre as classes.

Porém, para entender a mensagem do filme, é fundamental, o fato de que ambas as famílias têm a mesma quantidade de membros: mulher, marido e dois filhos (um de cada sexo). Por isso,  é interessante e reflexivo perceber como a vida pode ser diferente e desigual, com o mesmo número de pessoas.

 

Desigualdade social e a  concentração de poder

Por fim, trataremos sobre um tema que é consequência de todos os outros: a concentração de poder. A luta de classes, desemprego, luta de gênero, distribuição de renda, ou todos os pontos começam e terminam com a concentração do poder em poucas mãos.

 

Imagem do documentário O fim do sonho americano noam Chomsky (2018). Como exemplo de filmes que abordam temas sociais

 

E aqui não falamos da concentração só em poucas pessoas, mas, também, em poucos países. Segundo dados do Hun-Habitat, 86% das favelas do mundo estão localizadas nos continentes mais pobres. Ou seja: temos o dinheiro alocado em poucas pessoas, de poucos lugares.

 

O Fim do Sonho Americano Noam Chomsky (2018)

Para entender a concentração de poder, temos que entender os Estados Unidos da América. E ninguém melhor do que o linguista, filósofo, sociólogo e intelectual, Noam Chomsky para falar sobre a sua terra natal. 

Neste documentário, feito a partir de 4 anos de entrevistas com o intelectual, autor de mais de 40 livros, a questão do sonho americano é colocada em cheque. Mais do que isso: Chomsky demonstra com dados e fatos o quanto o sonho americano está prestes a acabar.

 

 

Usando 9 motivos para a existência da desigualdade social, Noam Chomsky destrincha a economia, política e modelo de vida americano. Assim, ele  debate a possibilidade do fim do sonho americano. Um documentário impactante, onde entendemos a desigualdade social dentro do capitalismo. 

Assim, podemos ver com mais clareza o poço sem fundo que é a desigualdade social, além de previsões com fundamentos para o futuro. Por fim, podemos refletir como podemos ajudar a virar esse jogo. Um jogo cruel, com poucos vencedores.

 

 

Então: gostou do filme?

Tem mais alguma dica para gente?

Portanto, é só comentar, compartilhar e curtir!

Se quiser ler livros que contam a história das favelas, acesse o nosso post

Confira também: Como doar móveis usados | Curso de ESG da Gerando Falcões

imagem com o texto: “Gostou? Não esquece de curtir, compartilhar e comentar nas suas redes. Juntos, vamos fazer esse blog voa!”

#tamojunto

 

 

desigualdade social

Equidade: Da Grécia à favela

Para Aristóteles, a equidade se resumia a:“E essa é a natureza do equitativo: uma correção da lei quando ela é deficiente em razão da sua universalidade”. 

Ele entendia que a equidade era uma maneira de corrigir “desvios” da sociedade com relação a causas que a igualdade pura e simples não poderia mais combater.

Aliás, foi ele o primeiro a abordar o tema na Grécia Antiga.

 

Equidade e a Grécia Antiga

 

A equidade entrou na pauta da humanidade na Grécia antiga, junto com o direito. Lá, as leis eram feitas a partir do pensamento e das regras  impostas pelos membros da elite.Por isso, nada era colocado no papel. Portanto, eram normas invisíveis, formuladas pelos nobres.

Assim, no século VII a.c, membros das classes pobres começaram a entrar para a nobreza. Então,  ficaram incomodados, questionando as regras impostas e querendo participar das decisões. Assim, surgiu a necessidade de colocar as leis no papel e criar normas estabelecidas pelo estado grego.

 

 

 

Então, foi nesse contexto que  surgiu a ideia de equidade, justiça e igualdade. O termo equidade foi falado de forma mais clara pelo filósofo Aristóteles, em sua obra  Ética a Nicômaco . No capítulo 10, o filósofo questionou a importância da equidade:

equidade

Além disso, Aristóteles alertava que a equidade era uma forma de discutir e desafiar as pessoas. Para ele, era um modo de  facilitar o convívio e ver as prioridades do povo como um todo. Por isso, ele acreditava que era um jeito de entender quem era ou não favorável ao bem do coletivo.

Porém, foi na Revolução Francesa que a igualdade e a equidade foram, pela primeira vez, uma luta do povo contra as elites. 

 

Revolução francesa: igualdade, equidade e direitos humanos

 

Outro período da história que colocou a equidade como ponto fundamental para o desenvolvimento humano foi a revolução francesa. Porém, o maior debate ali era sobre a igualdade entre o povo e os seus governantes. 

Foram 10 anos de luta. Entre 1789 e 1799, a França viveu um período que demarcou, entre outras coisas, a liberdade, igualdade e os direitos humanos. Além disso, houve a queda da monarquia absolutista de Luís XVI, dando o primeiro passo para o fim da era medieval.

 

Estado estamental

 

Assim, para entender a importância da revolução para a equidade, é fundamental falar sobre a estrutura de governo francês. Era um estado estamental. Isso quer dizer que os cidadãos não tinham como sair de suas classes sociais. Quem era nobre iria morrer nobre e quem era pobre ia viver e morrer  pobre. Não existia o de cima “ sobe” e o de baixo “desce”.

Além disso, a nobreza e o clero não pagavam impostos. Por isso, toda a grana dada para o estado vinha do povo. É lógico que uma hora as classes baixas iam acordar e lutar pelos seus direitos. Porém, por mais incrível que possa parecer, isso só aconteceu depois que o rei resolveu fazer uma votação.

O povo luta por igualdade

Em 1787, o rei Luís XVI estava incomodado com a situação econômica e com medo de perder o trono. Por isso, realizou uma assembleia onde os 3 estados do estamento (Clero, Nobreza e Povo), iriam decidir sobre se todos teriam ou não que pagar impostos. Lógico que o povo perdeu, pois Clero e Nobreza não queriam tirar uma moeda de seus bolsos. 

 

 

O povo não ficou feliz e fez um juramento do jogo de Pela, onde decidiu que ia lutar para limitar o poder do rei e criar uma guarda nacional. Isso gerou várias revoltas, que culminaram na famosa Queda da Bastilha, o primeiro marco da equidade na sociedade moderna.

 

A queda da Bastilha e a Declaração dos Direitos Humanos

 

A Bastilha era uma prisão, para onde o rei mandava os seus maiores inimigos. Então, por consequência, era onde tinha a maior quantidade de munição para o povo usar na guerra contra o estado. Por isso, a invasão da Bastilha foi algo fundamental para a revolução francesa e a luta pela equidade entre as classes.

Pois, foi depois da invasão que ocorreu a Crise do Grande Medo e outros eventos que culminaram na criação da constituição francesa. Nela, o governo saiu da monarquia absolutista para a monarquia constitucional. Além disso, em 1789, foi constituída A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS.

 

 

Sem ela, a equidade nunca entraria para a pauta da humanidade. Foi depois de ter direitos iguais descritos por lei, que a humanidade começou a pensar na importância da igualdade. Mas, diferente da Grécia, na França, tivemos o protagonismo do povo na luta pelos seus direitos. Tudo isso foi o primeiro passo para trazer a equidade para a lei.

 

A Liberdade Guiando o Povo, Eugêne Delacroix, 1830.

 

 

Afinal de contas, é só pensar: se você tem 5 biscoitos para dividir entre um jovem que tomou café da manhã e uma criança que não come há 2 dias, o que fazer?

O certo não é pensar somente na igualdade de direitos, mas sim, na necessidade de diferentes indivíduos. Para deixar mais claro, falaremos um pouquinho do SUS (Sistema Único de Saúde), que é louvado no mundo inteiro por tratar seus pacientes com equidade. 

 

SUS: Um exemplo de Equidade

 

Em primeiro lugar, é bom ressaltar que, independente do governo, o SUS sempre teve uma postura única no mundo da saúde. Respeitado no mundo inteiro por dar saúde gratuita para todos os brasileiros, o sistema também é reconhecido pela forma como lida com os pacientes e a equidade.

Portanto, é nesse sentido que entramos na equidade. No Sistema Único de Saúde, os doentes são tratados segundo a gravidade de suas doenças e características, como: idade, passagens hospitalares anteriores, condições, renda, dentre outros.

 

equidade

 

Assim, se duas pessoas chegarem com a mesma doença a um hospital público, na mesma hora e com apenas um médico, a equidade vai entrar em cena. Ao analisar todo o histórico do paciente e as chances individuais de cada um sobreviver, o médico vai escolher a ordem de atendimento. 

Com isso, podemos analisar um pouco melhor a equidade. Nela, não há a negação de direito para qualquer ser humano. Porém, vemos uma forma de alinhar os benefícios, levando em conta as necessidades de cada indivíduo.

 

Equidade, Meritocracia e a Favela

 

Um dos dilemas da sociedade moderna é a “batalha” entre meritocracia e equidade. São dois conceitos que não casam. Parece simples dizer que quem trabalha mais merece ganhar mais, ou quem se esforça mais merece melhores oportunidades. Mas sabemos que o mundo não funciona bem assim.

Como vimos, durante a história, classes elitistas sempre tomaram o poder e as vantagens que ele oferecia. Assim, esses privilégios fizeram a desigualdade se transformar em uma bola de neve.

Então, para ficar mais claro, vamos pensar na história do Brasil. Pense no descendente de escravos que mora no Morro da Providência, local da primeira favela do Brasil. Seus bisavós tiveram que subir o morro sem nenhuma ajuda, construir a casa aos trancos e barrancos. Tudo, sem nenhum auxílio do estado.

Confira também: Exemplos de empreendedorismo social

Seus filhos, provavelmente, não tiveram acesso à educação, tendo que se contentar com empregos braçais que geraram pouca renda. Alguns acabaram indo para o crime, outros seguem suas vidas, e um gênio ou outro teve a sorte de subir na vida e hoje está nas elites sociais. Porém, conseguiu isso com pouco ou nenhum auxílio do governo.

É aí que entra a equidade. A equidade é fazer com que essas pessoas tenham a mesma oportunidade que o bisneto do fazendeiro, que formou o filho em advocacia e hoje tem o bisneto estudando em uma universidade pública.

Segundo estudos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), nosso país é o penúltimo colocado no ranking de mobilidade social, que analisou 30 países. Pela pesquisa, para uma família brasileira sair da pobreza e ter uma renda média, podem ser necessárias nove gerações.

 

A equidade por quem viveu na favela

 

Vamos pensar em um exemplo dado pelo CEO da Gerando Falcões, Edu Lyra, em sua live para o jornal Valor Econômico:

Quando uma pessoa de classe média compra um pão, ela paga cerca de 20% de impostos. Quando o morador da favela compra o mesmo pãozinho, ele paga os mesmos 20% de impostos. Mas o melhor das políticas públicas ficam nas regiões mais ricas. Mas o pior da política pública – quando chega-,  vai pra vida da pessoa mais pobre. Isso é um problema ético no Brasil”.

Portanto, a equidade busca justamente trazer a justiça social para a sociedade. Fazer com que todos tenham direito aos mesmos serviços e com o mesmo nível de qualidade. No momento em que estamos vivendo, isso não vai poder ser feito de maneira igual ou meritocrática, mas sim, com equidade.

 

Então, deu pra pensar direitinho sobre a importância da equidade nas nossas vidas?

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equidade

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Educação online: Aprender em qualquer lugar 

 

Educação online é ensinar por meios digitais, sem aulas presenciais ou mesclando aulas/ atividades presenciais e online. Assim, o importante é que tenha o meio digital  dentro da grade de ensino. 

As aulas online começaram em baixa. No começo, os cursos eram discriminados. Isso porque todos achavam que, sem a parte presencial, era impossível ter uma educação de qualidade. Afinal de contas, muito da educação vem do contato professor e aluno. Assim, muitos achavam que tal fator seria perdido na educação online.

 

 

Nesse sentido, foi com o crescimento das tecnologias e melhora das disciplinas e técnicas, que os cursos online evoluíram. Hoje, eles são divididos em EAD ( Ensino à Distância) e semipresenciais.

A seguir, vamos explicar o papel dos dos dois na educação online.

 

Educação online e o EAD

 

EAD ( Educação à Distância) são os cursos universitários, cursos livres e corporativos, ministrados de maneira online. Dentro da educação online, os EADs são os que têm a maior parte do conteúdo através dos meios digitais.

Segundo pesquisa realizada pela ABED ( Associação Brasileira de Ensino à Distância), em 2018, os cursos cresceram 17%. Neles, estão presentes mais de 9 milhões de alunos, que optam pela educação online. Destes, 43% fazem cursos em instituições da região sudeste do Brasil.

Passo a passo, os EADs vêm ganhando credibilidade junto com o ensino online. Inclusive, nas 10 maiores universidades de Ensino à Distância do Brasil, temos cursos que são iguais ou melhor avaliados pelo MEC do que os seus pares presenciais.

 

educação online

 

Mas não pense que os EADs não podem ter nenhum conteúdo presencial. Ao contrário, nos cursos, há datas presenciais com encontros que variam entre semestrais e anuais. Além disso, eles são obrigatórios para a formação dos alunos. 

Inclusive, há um modelo de educação online semipresencial com base no EAD, que falaremos um pouco mais a seguir.

 

Os 2 modelos de educação online semipresencial  

 

A educação online semipresencial é feita de duas formas no Brasil: com cursos do modelo presencial e adaptados do modelo EAD.

Cursos Semipresenciais vindos do sistema presencial

Dentro da Educação Online, temos os cursos semipresenciais. Podemos dizer que foram os primeiros a surgir. Além disso, eles começaram como parte da formação de alunos de cursos presenciais. Em geral, eram “bônus”, com conteúdos extras, que pudessem agregar mais conhecimento aos estudantes interessados. 

Este formato ficou conhecido como os cursos vindos do sistema presencial. Pois, se analisarmos bem, é somente a adequação de algumas matérias do presencial para o online. 

Contudo, com a evolução das tecnologias e a regulamentação do estado, eles viraram um tipo de formação que mescla o digital e o presencial. Para ser validado como semipresencial, o curso pode ter, no máximo, 20% do seu conteúdo ministrado de maneira online.

Fica a cargo das instituições de ensino dizerem para os seus alunos quando serão feitas as aulas presenciais. Além disso, as avaliações finais dos cursos têm que ser feitas de maneira presencial.

O semipresencial EAD

Os semipresenciais baseados no EAD foram criados pelas principais instituições de educação online do país, com o intuito de mesclar, de fato, os dois modelos. Tudo com o intuito de fazer com que os alunos pudessem usufruir mais do espaço e da infraestrutura das universidades.

Assim, eles têm aulas nas instituições uma ou duas vezes por semana, além de atividades fixas dentro da universidade. Muitos cursos neste formato oferecem a transmissão ao vivo das aulas, com os professores na instituição, utilizando os equipamentos, enquanto os alunos assistem de casa.

 

3 problemas centrais da educação online

 

Mas, como todos sabemos, nem tudo são flores em nenhuma área da humanidade. Portanto, a educação online também sofre com problemas estruturais que precisam ser citados:

Muitos abandonos

A educação online ainda sofre muito com a alta taxa de evasão escolar. Sendo assim, muitos alunos abandonam os cursos no meio, por diversos motivos. Estes vão desde os alunos que deixam por falta de tempo, até a falta de humanidade do curso.

Falta de humanidade

Principalmente no sistema EAD, uma das maiores críticas vem da falta de humanidade dos cursos. Mesmo com interações em sequência, diálogo com os professores e amigos virtuais, a pessoa pode se sentir deslocada e desistir pela falta de um ombro amigo para chorar depois da nota baixa.

Além disso, outro fator que entra nesse campo, mas que merece uma abordagem especial, com um tópico próprio, é a falta de acessibilidade de muitos cursos de educação online.

Acessibilidade

Essa é uma pauta mais humana. A falta de acessibilidade é um problema estrutural da educação online. Por falta de aparato – ou de tecnologia mesmo- , muitos alunos com necessidades especiais não conseguem fazer os cursos da melhor maneira possível.

E isso aborda todos os tipos de deficiência. Segundo a pesquisa mais recente do ABAD, 18,5% dos cursos não têm nenhum programa de acessibilidade. Tal postura causa dificuldade para que cegos, surdos ou até mesmo pessoas com cegueira parcial consigam participar das aulas e concluir os cursos de educação online.

Educação online e a desigualdade social

 

Para ter uma boa educação online, você precisa ter um bom computador; para ter um bom computador, com uma boa internet, você precisa de dinheiro. É neste círculo vicioso que se instaura a educação online. Em tempos de pandemia, tal situação se mostrou ainda mais grave.

Segundo matéria da revista Forbes, que você pode conferir clicando aqui, o acesso à internet é tão importante para a igualdade social contemporânea, quanto a eletricidade. Segundo pesquisa citada na matéria, 48% dos brasileiros das classes C e D não têm acesso à rede mundial de computadores.

 

 

 

Assim, metade da população mais pobre do país nem pode sonhar em fazer um curso online. Outro ponto fundamental nesta discussão é a qualidade do acesso. A educação online evoluiu muito. Assim, os materiais ficaram mais pesados, necessitando de uma ótima conexão para que o aluno possa se manter focado.

Por um lado, tal avanço é bom. Mas, se pensarmos que, dentro dos brasileiros que têm acesso à internet, uma grande parte tem conexões fracas, com acesso limitado, começamos a ver um problema. Segundo matéria do uol, 94% dos provedores brasileiros, oferecem internet inadequada para assistir vídeos ou baixar arquivos.

 Uma ferramenta para todos

 

Que a educação online é uma ferramenta potente para o presente da humanidade, isso é óbvio. Entretanto, também é óbvio que temos que refletir se a educação online será um campo aberto para todos, ou mais um polo exclusivo das áreas mais ricas da humanidade, que vai colaborar para aumentar o buraco da desigualdade social.

Agora, nós, da Gerando Falcões, queremos dar acesso à internet + educação online para crianças e jovens das periferias.

Afinal de contas, se a internet é mais ou tão importante que a eletricidade, temos que fazer nossos jovens terem acesso a ela.

Para assinar o nosso streaming do coração, é só clicar aqui.

 

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Inovação social e o terceiro setor 

Inovação social, segundo o The Open Book of Social Innovation, é: “Novas ideias (produtos, serviços e modelos) que atingem necessidades sociais e criam novas relações sociais ou colaborações. Em outras palavras, são inovações que são boas para a sociedade e que aumentam a capacidade desta de atuar”.
Mas, antes de inovação social, tivemos a explosão do termo Inovação na economia. Processo que veio com a teoria da destruição criativa, do economista austríaco, Joseph Schumpeter.

inovação social 1
Joseph Schumpeter.

Inovação e a Destruição criativa

É bom dizer que o termo inovador não era novo. Porém, foi com o economista austríaco que ele ganhou dimensões econômicas. No trabalho sobre a Destruição criativa, de 1942, Schumpeter falou sobre como a destruição de ideias colaboravam para a economia girar e fazer novas ideias aparecerem.

Assim, o ponto central é que, de tempos em tempos, o mercado financeiro “se mata”, para conseguir gerar novas ideias, nas mais diversas áreas. Assim, surgem novas perspectivas criativas em todas as áreas.
Um exemplo vem da indústria da música. Os atuais streamings, como Spotify e Deezer, “mataram” o modo como a indústria da música funcionava. Por isso, os novos meios fizeram dos cds produtos exclusivos para quem ama a música.

O mercado musical “se matou” a partir de uma inovação. Ela gerou recursos incríveis e fez o mercado se renovar com um novo modelo de negócio.

 

inovação social 2

Inovação Social: É um termo recente ?

Inovação social não é recente, mas foi criado no meio acadêmico. Calma, vamos explicar direitinho.
Assim como o empreendedorismo social, a inovação social surgiu a partir da preocupação pelo coletivo que apareceu nos anos 60, após a primeira e a segunda guerra mundial. Neste período, surgiram instituições e ações com finalidade social, fora das igrejas e do estado.

 

Inovação social: Veio da academia?

É um termo que surgiu no campo acadêmico. Segundo o artigo Is social innovation the future of the economy?, da Paris Tech Review , a inovação social foi criada na década de 60, mas só ganhou relevância na década passada, por vários estudos acadêmicos.

O texto foi escrito por Peter Drucker, consultor administrativo e autor da área e Michael Young, fundador da Open University. Além disso, em 2008, a inovação social também foi abordada pela Stanford Social Innovation Review.

Inovação social x Empreendedorismo social

Mas, você que já leu o nosso blog deve estar pensando: “parece muito com o que vocês escreveram sobre empreendedorismo social”. Sim, parece mesmo. Porém, há uma linha tênue entre as duas definições.

O empreendedorismo social pode e deve ser algo inovador socialmente. Contudo, aqui não podemos usar a expressão “ e vice-versa”, pois inovação social não tem que ser, necessariamente, algo empreendedor.

Relaxa, vamos explicar melhor no próximo tópico, com um exemplo incrível e que veio direto das favelas.

Inovação social nas favelas

Com certeza, a favela é um dos berços da inovação social. Se pensarmos bem, elas já nasceram como um projeto inovador. Haja visto que subir um morro para construir moradias com restos do que era usado pelas camadas sociais mais ricas era algo inovador e muito perigoso.

Segundo Ezio Manzini, professor de Design na Politécnica de Milão e autor do livro Design para Inovação Social e Sustentabilidade, a definição de inovação social mais precisa é: “ as mudanças no modo como indivíduos ou comunidades agem para resolver os seus problemas ou criar oportunidades”.

Então, é aí que vamos explicar sobre o porquê a inovação não precisa ser empreendedorismo social. Resolver um problema não tem que vir de um empreendimento social.

Vamos usar a educação e a filosofia como exemplo. O estudante de história Marcelo Marques criou o canal Audino Vilão, para falar sobre o trabalho de filósofos famosos.

Porém, a inovação social que ele trouxe foi falar sobre Nietzsche, Platão e Marx, com uma linguagem típica das favelas e periferias de São Paulo. Assim, ele está inovando socialmente; porém, não é um empreendedor social.
Para saber mais sobre a vida e o canal de Marcelo Marques, clique aqui.

Inovação social para o Empreendedor social

No post sobre empreendedorismo social, falamos que neste blog a palavra inovação seria repetida várias e várias vezes. Assim, estamos cumprindo nossa promessa, mas, também, fazendo você refletir sobre ela dentro de sua organização.

Se você quer mesmo inovar socialmente, terá que seguir 3 tópicos básicos:

1-) Busque inspiração

Inovação social precisa de inspiração. Não, inspiração não é aquele conceito de sentar na cadeira do parque, ficar olhando as estrelas e esperar a ideia cair na sua cabeça como a maçã na de newton: Inspiração vem da transpiração.

 

Por isso, ande pela comunidade, converse com as pessoas, veja ao vivo o que todo mundo está passando. Nós sabemos que é difícil a notícia da periferia chegar no jornal da televisão. Então, meu caro, busque inspiração e informação dentro da sua comunidade com os seus moradores.

 

2-) Evidências

Achou o problema? Ótimo!
Agora, vamos procurar evidências sobre como, onde e por que ele está acontecendo. Pesquise sobre o tema e veja o que já foi feito. É sempre importante lembrar: inovação social não é deixar tudo o que foi feito de lado.

 

3-) Diagnóstico

Encontramos um problema e, além disso, trouxemos as evidências do quanto ele atrapalha a nossa comunidade. Assim, chegou a hora de elaborar um diagnóstico completo sobre ele.
Diagnóstico é juntar todo o material de uma maneira organizada. Com isso, você vai poder refletir sobre o problema e achar outras fontes para ter mais conhecimento. Com tudo isso, em algum momento, a maça vai cair na sua cabeça, com uma ideia inovadora, que virá de muito suor, trabalho e dedicação.

Um exemplo de Inovação Social

Na Gerando Falcões, trabalhamos muito para inovar socialmente. Além disso, queremos sempre dar um passo além do esperado. Pensamos que estamos construindo uma ponte. Uma ponte que liga a periferia ao centro; o pobre ao rico; o gay ao religioso; a criança à educação.

Nosso próximo passo será a auto-sustentabilidade. Dessa forma, queremos continuar recebendo doações de pessoas físicas e empresas. Mas, além disso, sabemos que uma hora essa fonte de pessoas de bem que querem fazer o bem pode diminuir.

Assim, resolvemos inovar socialmente, criando o nosso Bazar da Gerando Falcões. Nele, vamos receber doações de produtos e revendê-los por um preço mais baixo para o morador da favela.

 

inovação social 5

Em suma, com o desenvolvimento do projeto, vamos trazer mais recursos para a Gerando Falcões. Assim, vamos gerar empregos para moradores das favelas que vão trabalhar no bazar. Com isso, iremos fazer com que a economia circule, trazendo benefícios para todos.

Outro ponto de inovação dentro do nosso bazar está na sua estratégia logística. Não queremos que seja um mero bazar com roupas espalhadas e móveis colocados de qualquer jeito. Estamos passando por um processo de estruturação logística para que ele funcione como as grandes redes de varejo do Brasil e do mundo.

A inovação social aí veio dos pilares apontados no tópico anterior:

1-) Buscamos inspiração :
Primeiramente, fomos atrás do nosso calcanhar de Aquiles. Depois de muito transpirar, percebemos que teríamos de inovar quanto à captação de recursos.

2-) Evidências:
Em segundo lugar, estudamos para ver a melhor maneira de executar o projeto. Como já fazíamos bazares e com sucesso, tínhamos a evidência de que a chance dele gerar receitas sendo uma loja fixa seria muito grande.

3-) Diagnóstico:
Em terceiro lugar, colocamos tudo no papel, e percebemos que a coisa não podia ser feita de qualquer jeito. O diagnóstico foi: temos as evidências sobre o sucesso do bazar, mas a estratégia tem que ser muito bem montada, para que dê sucesso. Por isso, fomos estudar o processo logístico das grandes empresas para colocar o bazar de pé.

 

Fazer o Bem Faz Bem!

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Confira também: Como doar móveis usados | Curso de ESG da Gerando Falcões | Terceiro Setor: do social ao jurídico

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Inteligência Financeira e Terceiro Setor

Inteligência financeira é o conhecimento profundo de tudo o que envolve saúde econômica, seja em âmbito doméstico ou de negócios. Assim, é ser inteligente para gastar, guardar e investir o seu  suado dinheirinho. Além disso, inteligência, para o dicionário Aurélio, é: “Faculdade de conhecer, de compreender: a inteligência distingue o homem do animal. / Compreensão; conhecimento profundo: ter inteligência para os negócios”. 

Porém, você poderá pensar:  Por que vocês não vão falar de inteligência só para os negócios?  

 Meu caro (a):  se não tivermos inteligência financeira para gerir nossas contas básicas, não teremos para gerir um empreendimento social ou uma empresa. 

 Por isso, vamos começar falando sobre a pequena diferença entre inteligência financeira e educação financeira. 

 

inteligência financeira

Educação Financeira x Inteligência Financeira  

Se você chegou aqui, com certeza já esbarrou nestes dois termos. Assim sendo, se você é um leigo no assunto,  sabemos que  já ficou perdido dentro de um vídeo sobre Inteligência Financeira, achando que aquilo era Educação Financeira ou vice-versa. 

Então, vamos por partes: 

Educação financeira é a orientação que se dá para que você possa fazer 3 coisas: 

  1.  organizar o seu orçamento 
  2. sair das dívidas 
  3.  fazer investimentos. 

 Até pouco tempo atrás, assim como a inteligência financeira, ela era ignorada no Brasil. Para muitos, bastava ser mão de vaca, mas, para outros, era só deixar de gastar com besteiras. Porém, ninguém entendia que havia uma inteligência naquele processo e que ela precisava ser aprendida, antes de ser executada. 

Veja o que o historiador, Leandro Karnal, falou sobre o tema no Jornal da Cultura: 

 

Tudo bem, você pode dizer: ” Mas a educação financeira entrou para a grade das escolas brasileiras”. Entretanto, mesmo assim, a moda não se traduziu em prática no nosso país. 

Então, é aí que entra a diferença entre educação e inteligência financeira. 

Nesse sentido, Educação Financeira é ensinar a organizar o dinheiro, sair das dividas e investir o seu salário, enquanto a inteligência financeira é, basicamente, a educação financeira colocada na prática. 

Assim, aprender a montar uma boa planilha com todos os seus gastos, quer dizer que você foi educado financeiramente. Porém, você apenas será inteligente financeiramente, quando não comprar, por preguiça, o chocolate da padaria que é vendido por metade do preço no mercado do outro lado da rua.  

3 objetivos da inteligência financeira 

Os objetivos centrais da inteligência financeira, são: ajudar todos a acionar gatilhos mentais, processos de compreensão e benefícios de curto prazo ligados às finanças. Assim, podemos tornar o nosso cotidiano mais rico em relação às experiências e realizações pessoais:  

Gatilhos mentais 

 Esta charge poderia se chamar: gatilhos mentais. 

 

inteligência financeira 1

A criança está na fase de compreensão através da cópia. Então, tudo o que a mãe dela faz é certo e tem que ser repetido pelo pequeno, que ainda não é inteligente ao ponto de compreender e diferenciar o melhor para ele. Quando ficamos adultos, tais hábitos viram robóticos. Assim, vão moldando o nosso cérebro. Por isso, inconscientemente, mantemos estes hábitos no nosso cotidiano. 

Por exemplo: A criança que vê a alegria da mãe no shopping está enviando para o seu cérebro que o consumo é algo prazeroso. Não porque, como bebê, consiga identificar aquilo, mas sim, por ver que sua mãe está feliz fazendo aquela ação. 

Portanto, se você fica feliz torrando dinheiro na padaria, provavelmente, há algum gatilho mental que faz aquilo parecer, para o seu cérebro, algo que traz paz e tranquilidade. Por isso,  ele precisa ser trabalhado e abandonado para que você alcance a sua inteligência financeira. 

 

Processos de Compreensão  

Compreender é outro ponto chave da inteligência financeira. É nada mais do que perguntar para si mesmo: Mas, por que estou guardando este dinheiro? Por que comprar menos coisas vai ser bom para mim? 

Se pararmos para pensar, guardar dinheiro e emagrecer são coisas que fazemos pelo simples fato de ver outras pessoas fazendo e acharmos que devemos segui-las. Porém, sempre é importante que olhemos para dentro de nós e compreendamos o porquê aquilo é importante para a nossa vida, no nosso contexto. 

Benefícios a curto prazo 

Passamos a vida ouvindo o mantra que ter inteligência financeira é, acima de qualquer coisa, pensar a longo prazo. Você tem que guardar o seu dinheiro para se aposentar, para, daqui há alguns anos, comprar um imóvel, trocar de carro ou ter a sonhada casa na praia. 

Com certeza são coisas importantes, mas, também temos que ter em mente que somos seres criados para pensar e trabalhar a curto prazo. O homem das cavernas tinha que pensar nos benefícios instantâneos. Então, se tinha comida, comia o máximo que pudesse, pois não sabia quando outro mamute morto estaria dando sopa. 

Assim sendo, é inteligente financeiramente darmos  ao nosso cérebro benefícios a curto prazo, também quando falamos de finanças. Ao invés de juntar dinheiro só para o carro, junte uma quantia menor para comprar algo mais simples e que o satisfaça. Com certeza, tal recompensa irá demonstrar para o seu cérebro que guardar dinheiro é bom e prazeroso.  

 

5 dicas para ser inteligente financeiramente 

Assim, segue 5 dicas quentinhas para você ser  um expert em inteligência financeira:

1-) Hierarquize os seus gastos 

Ter inteligência financeira é saber o que é mais importante para você e para onde está indo o seu dinheiro. Portanto, é  ótimo montar uma planilha setorizando os seus gastos por: 

  •  básicos (luz, água, internet) ; 
  •  pessoais (plano de saúde, transporte, academia) ; 
  •  entretenimento (bares, restaurantes, shows)

 

2-) Gaste menos do que você ganha! 

Você está achando isso óbvio, não é mesmo? Um dos maiores clichês da humanidade. Porém, tenho uma pergunta para você: Quantas vezes você ficou no vermelho nos últimos anos? 

Pois bem, um dos pontos para ter inteligência financeira é entender que gastar menos do que ganhamos não é um mero clichê. Assim sendo, é uma coisa que demanda esforço, planejamento e disciplina. 

3-)  Poupar os excedentes 

Ser inteligente nas finanças é o oposto de ser inteligente na balança. Vamos falar mais uma vez do homem das cavernas e sua alimentação. Eles comiam tudo o que tinham para ganhar gordura; para ter como se sustentar até a próxima alimentação. Assim, eles guardavam os seus excedentes, para usar em um momento de emergência. 

Portanto, na vida financeira, temos que nos inspirar neles. Conseguiu criar uma gordurinha no banco? Aproveite e coloque ela na sua “barriga” financeira.  

4-) Invista a curto, médio e longo prazo 

Eu sei que escrevemos lá em cima focado sobre inteligência financeira a curto prazo. Mas isso tem uma explicação. O investimento a curto prazo é o menos ensinado. Segundo o sociólogo Bauman, estamos em uma transição entre o mundo sólido e o mundo líquido. 

 

Quer dizer: antes, vivíamos na era onde ter uma casa enorme, um carro chique e uma bela casa na praia era essencial. Entretanto, nas novas gerações, a coisa é mais líquida e flexível. Nos dias atuais, muitos pensam que alugar um apartamento para ter a liberdade de mudar de lar quando quiser é a melhor escolha de vida. Por isso, é fundamental entendermos a importância de equilibrar os investimentos a curto, médio e longo prazo.

 Portanto, faça uma planilha com essas perspectivas e desenhe um mindsetmostrando como você pode executá-la. Planeje desde a compra da pizza do final de semana , do ingresso pro show do mês até chegar no carro ou casa nova. 

5-)  Planejamento, disciplina e comprometimento 

Temos mais uma questão que todos nós já fomos educados, mas poucos são inteligentes financeiramente para executar.  Planejar os gastos, ter disciplina e comprometimento para realizá-los é a chavinha que temos que girar no cérebro, com o intuito de deixar de ser apenas um sujeito educado financeiramente, para nos transformar em um inteligente financeiro. 

Por isso, é fundamental perceber as vantagens de tal disciplina. Para isso, precisamos encontrar o nosso modelo de inteligência financeira. Como tudo na vida, temos que aprender o melhor jeito de desenvolver nossas habilidades para ter independência financeira. 

Assim sendo, não basta copiar o João que passou 10 anos juntando dinheiro para comprar um carro, deixando de ir à academia. Se você não vive sem academia, seja flexível e busque o seu jeito de guardar a mesma quantia. Ou seja: Procure a sua inteligência financeira! 

Inteligência financeira no terceiro setor 

Com o intuito de ajudar você a ser mais inteligente financeiramente, fizemos esse apanhado de técnicas e dicas de inteligência financeira para chegar neste tópico e dizer, de novo: se você consegue manter a sua vida privada em ordem financeiramente, você terá mais chances de ter sucesso administrando o seu empreendimento social. 

Lógico que temos aqui coisas muito mais difíceis, que trabalharemos em breve, com posts específicos sobre finanças e o terceiro setor. Mas, queremos que o empreendedor social entenda que, da mesma forma que uma mãe tem que usar criatividade, disciplina e planejamento pra dar comida para os seus filhos, ele deve ter para manter o seu projeto de pé. 

 

Então, vamos dar um exemplo simples:  

Imagine que daqui há algum tempo as suas doações cessaram. Por isso, você perdeu parceiros com a crise, doadores físicos e não tem mais para onde correr. Dessa forma, você vai se perguntar: Por que eu não tentei algo diferente? Será que eu tinha que ter ficado preso aos valores tradicionais? 

Claro que não! Assim como a mãe desempregada começa a vender doces de porta em porta, reinventando a sua economia, você também deve ter planos b,c  ou d para as finanças do seu empreendedorismo. Afinal de contas, você não pode dizer para a criança que depende da sua oficina de capoeira que a fonte secou, certo? 

Por fim, vamos dar como exemplo algo que estamos tentando fazer aqui na Gerando Falcões. 

Inteligência Financeira e nosso Bazar Social 

 

inteligência financeira 2

Depois do sucesso da cesta digital, ficamos pensando muito em como fazer a economia circular. Queríamos ser inteligentes financeiramente. Afinal de contas, o cartão digital fez com que o dinheiro circulasse dentro das favelas.  

Tudo isso fez com que pensássemos em como fazer a economia da Gerando Falcões circular. Queremos muito receber doações, ter nossos parceiros ao nosso lado. Mas, ficamos nos perguntando: E se a fonte secar? E se a crise fizer com que a doação não chegue? 

 

Bazar Gerando Falcões

Planejando e criando muito, pensamos em algo que já fazíamos por aqui há alguns anos. Sempre fizemos bazares, com produtos doados e recebidos de empresas. Tudo, com o propósito de revender os produtos por um valor baixo para a população de Poá. 

Porém, por que não transformar esse bazar em algo fixo? 

Pois, com ele, podemos garantir uma receita para a Gerando Falcões, que fará com que a mãe que vende doces possa comprar um fogão usado de ótima qualidade, por um preço baixo. Assim, com esse fogão, ela poderá fazer mais e melhores doces, aumentando as suas vendas. 

Por consequência do aumento das vendas, ela vai conseguir comprar mais do mercado que está afundado na crise da pandemia. Por causa disso, no mercado, mais um funcionário não será demitido. Assim sendo, ele vai para o bazar comprar um tênis de marca, por um preço acessível. 

Outro ponto que pensamos foi a geração de empregos. Para isso, a ideia é que os funcionários do bazar sejam todos das favelas. Com isso, estaremos vendendo o produto, para gerar empregos e trazer receita para uma família – que, eventualmente, pode até ser a mesma que comprou o produto. 

Dessa forma, faremos a economia circular, trazendo dinheiro e recursos para todos da comunidade! 

 

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Confira também: Como doar móveis usados  | Curso de ESG da Gerando Falcões


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Terceiro Setor: do social ao jurídico

Terceiro setor é o conjunto de organizações não lucrativas que realizam ações que seriam, em um primeiro momento, responsabilidade do estado. Por isso, é um setor cunhado entre o público e o privado, com características únicas e regulamentação própria.

Além disso, o termo terceiro setor vem dos Estados Unidos da década de 70, mas caiu em desuso. Porém, na década de 80, devido ao grande número de organizações do terceiro setor que surgiram por questões ambientais e sociais, o termo voltou à tona.

É sempre bom lembrar que, apesar de ser usado pela primeira vez neste período, o terceiro setor sempre esteve presente na sociedade. Neste sentido, basta lembrarmos das ações das igrejas de todas as religiões, desde suas fundações.

fiel em frente a uma igreja de madeira

 

 Terceiro Setor e o lucro

“Terceiro Setor é um termo “guarda-chuva” que inclui vários tipos de organizações no qual, ao mesmo tempo, incluem-se vários e diferentes marcos teóricos”. Isso é o que afirma  Mário Aquino Alves, em sua tese, Terceiro Setor: as origens do conceito.

Na expressão “guarda-chuva”,  vemos que o terceiro setor tem como característica primordial ser uma nomenclatura que coloca embaixo de si cerca de 14 modelos de organizações contemporâneas. Estas, vão desde a filantropia , até as O.S ( Organizações Sociais), que prestam serviços ao estado.

Mas, é sempre importante colocar que tudo o que está debaixo desse guarda-chuva tem uma questão em comum: o lucro. Assim,  para colocar qualquer coisa como terceiro setor – seja por questões políticas ou sociológicas –  tem que estar ligado às instituições privadas que não vão visar ao lucro.

pessoa exibindo notas de dólares nas mãos

Origem do Terceiro Setor

Como já dissemos, o terceiro setor veio dos Estados Unidos dos anos 70, onde já tínhamos o primeiro setor da economia como tudo o que move questões relacionadas ao estado. Já o segundo setor, como toda e qualquer estrutura que obtenha lucros ( isso vai do vendedor de balas do sinal, até o dono da megacorporação).

Além disso, o terceiro setor surgiu para nomear as crescentes instituições privadas, sem fins lucrativos, que realizavam ações em áreas de responsabilidade do estado. Isso porque, naquela época, surgiram diversas organizações do terceiro setor focadas no meio-ambiente e bem estar social, que não tinham ligação com a igreja.

 

 

Entretanto, a definição mais utilizada sobre o terceiro setor vem de Salomon e Anheier. Em 1997, os  sociólogos norte-americanos visitaram 22 países e apresentaram uma “definição estrutural-operacional”, composta de 5 características básicas que devem reger as organizações do terceiro setor.

 

O Terceiro Setor em 5 tópicos

Aqui, veremos com mais clareza os 5 tópicos que regem o terceiro setor em seu aspecto sociológico e político.

 

 Formalmente Constituídas:

Para fazer parte do terceiro setor, toda e qualquer instituição deve estar formalmente constituída. Pode ser de maneira legal ou ilegal ( aqui, entendamos ilegal o fato de não ter ainda formalização perante o estado). Assim, mesmo não tendo legalidade, é fundamental que a organização tenha normas e regras próprias.

 

Estrutura básica não governamental:

São  organizações  privadas. Por isso,  tem que, obrigatoriamente, ter a sua estrutura fora do quadro estatal. Ela pode ter setores envolvidos com o governo, além de prestar serviços para ele. Porém ,  as organização do terceiro setor não podem pertencer integralmente ao estado.

 Gestão Própria:

A entidade pode ter a parceria e colaboração de membros do segundo setor, quando tratamos da gestão do seu negócio. Mesmo assim, tal gestão não pode ser integralmente pertencente a terceiros. Assim, a organização tem que ter uma estrutura para realizar suas gestões operacionais e financeiras.

 Sem fins lucrativos:

Parece um ponto óbvio, mas temos aqui uma questão importante. A organização do terceiro setor não pode ter lucros. Apesar disso, ela pode e deve manter uma estrutura de negócio onde os recursos obtidos sejam revertidos para ações futuras. Sempre, é claro, com um planejamento financeiro estruturado.

 

  Trabalho Voluntário:

O terceiro setor nasceu com base no voluntariado. Assim,  desde as igrejas, até o surgimento das ONGS, o trabalho voluntário é o pilar central das organizações do terceiro setor.
Mas isso não quer dizer que a organização não possa ter profissionais remunerados e sejam empreendedores sociais.

As 5 entidades do terceiro setor no Brasil

pessoas participando de um projeto de caridade em uma entidade de terceiro setor

No âmbito jurídico, o terceiro setor no Brasil se divide em 5 áreas distintas. Cada uma com  características e normas próprias:

 

Organização Social (O.S)

Aqui estão associações, sociedades ou fundações privadas com vínculo contratual de gestão com o estado. Mas é importante frisar que os contratos são discricionários. Isso quer dizer que qualquer deslize legal da empresa pode fazer com que o vínculo termine ou até que ela volte a ser P.J ( Pessoa Jurídica).

Dentro do terceiro setor, as O.S são quem têm a ligação mais forte com o estado. Nenhuma outra entidade do terceiro setor pode, por exemplo, ter funcionários públicos dentro das suas organizações. Nesse sentido, isso faz com que elas tenham a obrigatoriedade de uma gestão mista, com membros do estado dentro dos seus conselhos.

Regida pela  lei federal 9.637, de 1998, elas foram criadas durante o governo Fernando Henrique Cardoso, na sua reforma de estado. Além disso, para muitos juristas, as O.S são, na verdade, concessionárias disfarçadas, ou seja: concessionários que não passam por contratos de concessão.

As Organizações Sociais têm o objetivo de colaborar para o estado em um número restrito de áreas:

  • ensino
  • pesquisa
  • científica
  • desenvolvimento tecnológico
  • proteção e preservação do meio-ambiente
  • cultura
  • saúdeAs 5 entidades do terceiro setor no Brasil

Organização da Sociedade Civil e Interesse Público ( OSCIP)

Diferente das Organizações Sociais, as OSCIPS têm contrato de parceria com o estado, e não de gestão. Isso acarreta uma possibilidade menor de vínculos com o governo. Porém, assim como as O.S, elas também têm o direito de receber e utilizar bens do estado, mas não de gerenciá-los.

Além disso, as Oscips, regidas pela lei federal 9790, de 1997, podem receber apenas fomento do estado. Para isso, são obrigadas a passar pela autorização dos conselhos públicos das suas áreas. Uma fundação ligada à Saúde tem que passar pelo conselho de Saúde, o mesmo que uma ligada à educação, e assim por diante.

Sendo assim, a vantagem delas em relação às Organizações Sociais é o leque de áreas que podem atuar.

Por exemplo: Uma OSCIP pode atuar na concessão de rodovias, o que é impossível para uma O.S. Entretanto, as duas seguem controle rígido. Assim. em caso de irregularidades, ela pode ter, por exemplo, os bens de seus conselheiros sequestrados, entre outras penas.

Organização da Sociedade Civil ( OSC)

Essa é a regulamentação mais recente dentro do terceiro setor. Baseada na Lei nacional 13017, de 2014. As OSC abarcam vários tipos de sociedades cooperativas e também religiosas, além das organizações que podem fazer parte das O.S e OSCIP.

As OSC não dependem de qualificação para receber seus benefícios. Por isso, elas devem apenas seguir a regulamentação prevista na lei. Neste sentido, as Organizações da Sociedade Civil têm direito a 3 tipos de parceria com o estado:

  1. colaboração
  2. fomento
  3. cooperação.

Em geral, as contratações são feitas através  do estado, perante questões essenciais, como: saúde, educação, dentre outros. Por serem oriundas de uma lei nacional, as Organizações não precisam se submeter às regras específicas de estados e municípios. No caso das outras entidades do terceiro setor há a submissão por leis federais.

Serviço Social Autônomo e Sistema S

Aqui, trataremos de entidades privadas paraestatais. O que as diferencia das OSCIP, O.S e OSC, vem do fato de que são privadas, mas criadas por decretos de lei. Portanto, sua criação e funcionamento são contemplados por dispositivos legais.

Elas também funcionam de maneira híbrida. Mesmo aparecendo em decretos de lei, não deixam de possuir regulamento próprio. Este é, ao mesmo tempo, aprovado pela sua confederação e por um ministério. Além disso, sua fiscalização é feita dentro das leis do estado.

 

Sistema S no terceiro setor

Dentro delas, estão os SESI, SENAI,SESC, SEBRAE , que junto com outras instituições, compõem o Sistema S.  Elas se sustentam, em geral, de maneira parafiscal, ou seja: cobrando impostos de seus membros. Mesmo assim, elas podem obter recursos cobrando por atividades e vendas de produtos próprios.

Fundações de Apoio Privado Não Estatal

As fundações de apoio também são paraestatais. Isso quer dizer que elas  estão dentro de um grupo que, de maneira ampla, aborda: associações atléticas, associações de “amigos” ( amigos do museu, amigos do parque), centros acadêmicos, dentre tantas outras. Elas são entidades privadas, criadas para apoiar o estado e, em alguns momentos, apoiar os seus próprios membros.

E é dentro desta gama que estão as Fundações de Apoio Privadas Não Estatais. São elas que, dentro do âmbito jurídico, entram no terceiro setor com regras e leis próprias. Mas, a lei atual só regulariza as fundações federais, deixando estados e municípios gerindo as que estão na sua esfera.

Basicamente, elas são formadas para contribuir com uma IES ( Instituição de Ensino Superior ) ou uma ICT ( Instituição de Ciência e Tecnologia). Isso, com o intuito de cooperar no desempenho de pesquisa, ensino, extensão, inovação ou desenvolvimento institucional.

As fundações de Apoio podem:

  • contratar serviços;
  •  realizar obras ou mercadorias;
  • realizar atividades simultâneas por docentes e pesquisadores;
  • organizar cursos de extensão.

Contudo, não há uma lei nacional para as Fundações de apoio. Porém, temos a lei federal 8958, de 1994, que foi criada para definir as finalidades, coibir desvios, conflitos de interesse. Além, é claro, da  má-gestão de recursos financeiros nas fundações federais.

 

O terceiro setor e as ONGs

Em breve, faremos uma publicação com tudo o que envolve as ONGs. Mas, agora, vamos nos ater às características jurídicas delas, para saber o seu papel dentro do terceiro setor.

Em primeiro lugar, não há uma legislação específica para ONGs. A lei que mais se aproxima delas é a  lei federal 9790, que trata das OSCIPS. Por isso, em muitos lugares, você vai ouvir a seguinte expressão: “ Uma OSCIP pode ser uma ONG,mas a ONG não pode ser uma OSCIP”. Isso porque o termo ONG não aparece na lei de forma específica.

 

As ONGs no código Civil

No código civil Brasileiro, as ONGs estão descritas no artigo 44º, onde se enquadra também todo o terceiro setor. Elas estão inseridas em duas bases jurídicas: associações e fundações. Portanto, qualquer uma dessas titularidades pode ser  uma Organização Não Governamental.

Além disso, há uma banalização no termo ONG. Na imprensa, de um modo geral, toda e qualquer instituição destas que descrevemos acima é uma ONG. Você já viu que a coisa não é tão simples. Apesar disso, podemos pensar nas ONGS como quase tudo o que abarca o terceiro setor.

Em pesquisa realizada em 2016, o IBGE identificou 526.000 ONGs no Brasil. Porém, é bom ressaltar que, na pesquisa, houve a inclusão de condomínios, cartórios e a retirada do Sistema S. Mesmo assim, as demais instituições que vimos no texto estavam na pesquisa.

 

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Thiago autor de Terceiro Setor: do social ao jurídico

A linha do tempo da Favela

A favela, como tudo no mundo, têm sua história. Apesar de parecer que sempre estiveram ali, os conglomerados habitacionais sem condições humanitárias mínimas, nasceram de várias lutas. E, se pensarmos bem, todas lutas por um mundo mais igualitário.

Assim, podemos dizer que tais lutas começaram com a lei áurea; passando pela derrubada dos cortiços cariocas; desembocando na árvore Favela, que dava nome ao morro de onde o canhão A Matadeira dizimou a população de canudos.

Enfim, são, como tudo na humanidade, milhares de fatores que fizeram esse aglomerado urbano, chamado favela, do jeito que o vemos hoje. Nesse sentido, favelas se transformaram em seres únicos, com identidade própria. Assim, para alguns, cada favela é como um indivíduo, com vida e vontade própria.

E, para entender um indivíduo, precisamos sempre, antes de tudo, entender a sua história. Por isso, tentamos fazer um “pout pourri” dos principais acontecimentos. Tudo para você ter um primeiro contato com essa história de sofrimento, dor, mas, antes de tudo, de luta.

 

 A abolição da escravatura e o Cortiço Cabeça de Porco (1893)

É óbvio que, para entender a favela, temos que falar sobre a abolição da escravatura. Primeiro, falar que a lei assinada pela Princesa Isabel em 1888, deu apenas liberdade para os escravos, mas não direitos trabalhistas.

 

A abolição da escravatura

A lei Áurea foi uma canetada da época, mas a luta pela abolição havia começado muito antes, quando o Rei Dom João Sexto veio morar no Brasil, fugindo de Napoleão. Ele veio escoltado pelas tropas inglesas. Elas queriam que não houvesse mais escravos no Brasil, o único país do globo que ainda aceitava a escravidão.

Contudo, a Inglaterra não era santa. Havia abolicionistas na inglaterra da época, mas também tinham interesses econômicos ali. Afinal de contas, se um país continuasse tendo escravos, poderia produzir a um custo baixo, confrontando com o país que era os “Estados Unidos” da época.

 

escravos caminhando e trabalhando sobre ordens dos superiores

 

Outro ponto fundamental é entender que a lei para abolição da escravatura foi uma novela que durou 50 anos. Entre canetadas, deputados ruralistas que não iam para as sessões para votar a lei, e outros percalços, os escravos continuaram sendo traficados como as drogas de hoje.

Sendo assim, os negros saíram da escravidão com uma mão na frente e outra atrás. Com isso, os cortiços se popularizaram no Rio de Janeiro. Moradias precárias, que alojavam negros, nordestinos, prostitutas, capoeiras, mulatos. Enfim, tudo o que era considerado “descartável” na sociedade da época. Eram as favelas deles.

Verdades sobre a abolição da escravatura

Além disso, havia vários cortiços no centro do Rio de Janeiro, que, no começo do século XX, passou por uma reurbanização. Nesse sentido, todos os casarões dos ricos tinham sido abandonados. Eles estavam caindo aos pedaços e sendo habitados por futuros favelados. E um deles se chamava Cabeça de Porco, perto do Morro da Providência.

 

A construção da Favela e a destruição dos Cortiços

No final do século XIX, mais de 2000 casas foram derrubadas no centro do Rio de Janeiro. E tudo com a prerrogativa de fazer uma reurbanização, saneamento básico e civilizar o centro da cidade maravilhosa. Na verdade, foi uma dizimação completa da população miserável, que teve que subir o morro e habitar a primeira favela.

Na época, o maior cortiço do centro carioca se chamava Cabeça de Porco. Nele, houve a maior chacina por parte do estado para a reurbanização do Rio de Janeiro. O governo queria construir um túnel que ligava o centro a orla carioca.  Foi a destruição desse cortiço que inspirou Aloizio de Azevedo a escrever a sua obra, O Cortiço, que retrata com maestria o comportamento dos moradores destas comunidades “pré-favela”.

 

O Cortiço Cabeça de Porco e a Favela da Providência

 

“Quem suporia que uma barata fosse capaz de devorar uma cabeça de porco em menos de 48 horas?”. Assim, o jornalista Ângelo Agostini, da Revista Ilustrada, retratou a chacina do estado, comandado pelo então governador Barata Ribeiro, contra o cortiço carioca Cabeça de Porco. Tudo para construir um túnel.

 

capa da revista ilustrada

 

O túnel dos marinheiros fazia parte da reurbanização do centro carioca. E por reurbanização, entendamos uma nova Paris para as elites. Não, não estou brincando. Para se ter uma ideia, quando inaugurada, a Avenida Rio Branco só recebia pessoas de fraque e vestidos chiques.

 

História Avenida Rio Branco

Parte do cortiço, que era habitado por cerca de 4000 pessoas,  ficava ao lado do Morro da Providência. Relatos da época dizem que os moradores subiram o morro com os restos de madeira do cortiço, para construir os primeiros barracos da primeira favela.

Favela, que só viria a se tornar substantivo relacionado à moradia, nos anos 20, depois da guerra de Canudos.

 

A Guerra de Canudos e as favelas (1896-1987)

Quem diria que a árvore favela, que povoava um morro no sertão da Bahia, onde havia o arraial de Canudos, viria a ser o nome dado aos morros habitados de maneira precária em todo o Brasil. Um quebra-cabeças de sangue, luta e reflexão sobre a eterna guerra de classes que assola o nosso país. A seguir veremos como surgiram as favelas.

 

A história das favelas e uma árvore

 

A planta favela tem uma picada ardida. É daquelas cheias de pontinhos espinhentos. Por isso, é preciso tomar cuidado, pois tais espinhos são daqueles que podem trafegar pelo nosso corpo, criando um caminho próprio. Assim, a dor fica insuportável.

Além disso, a árvore favela é prima da seringueira, da família das Euforbiáceas. Assim como sua prima, ela produz um látex grudento; que arde no contato com a pele, podendo causar queimaduras.

Sendo assim, era por ser proliferado com várias Favelas que o morro atrás do arraial de canudos foi batizado de morro da favela. Agora, veremos como essa árvore  virou substantivo relacionado à habitação.

 

 

O MORRO DA FAVELA E A MATADEIRA

O Morro da Favela ficava atrás do Arraial de Canudos. Ou o Arraial ficava na frente do Morro da Favela, mas não interessa agora. O que importa é que havia um morro ali, junto da sociedade evangélica autossustentável, com cerca de 5.000 casas e 25.000 moradores, comandada por Antônio Conselheiro.

 

 

imagem área do morro das favelas
landscape of the Cantagalo favela

Como na demolição dos cortiços cariocas, a madeira também teve papel fundamental. Se lá ela foi usada para construir os primeiros barracos, na Bahia, madeiras compradas por Canudos não haviam sido entregues. Era a madeira para construir a nova e suntuosa Igreja do Arraial de Canudos.

O grupo de Conselheiro já tinha desavenças com o governo federal. Conselheiro era monarquista e não acreditava em um estado laico. Além disso, se desentendeu com os governantes, sobretudo quando começaram a cobrar impostos de Canudos. Ele alegava que, como o estado nunca havia ajudado Canudos, não podia cobrar nada.

 

grupo de antônio conselheiro reunidos

 

Assim, um grupo de Antônio Conselheiro foi para Juazeiro ( BA), atrás dos seus direitos. Contudo, voltaram com as mãos abanando, além da morte de 10 soldados na conta. Além disso, trouxeram a raiva dos governantes e do proletariado local, gerando o estopim para a guerra de canudos.

 

 

O canhão no Morro da Favela

A República acabara de ser instaurada no Brasil. O governo não podia deixar que os favelados nordestinos da época fizessem tal afronta. Por isso, mandaram tropas com cerca de 500 homens para a Bahia. Os nordestinos conseguiram entocar os soldados federais, algumas vezes, em uma espécie de Vietnã do sertão.

Além disso, os nordestinos já haviam vencido o exército 3 vezes. Óbvio que o governo não iria deixar barato. Então, em agosto de 1897, o presidente Prudente de Moraes enviou o ministro da Guerra, Carlos Machado Bittencourt, para acabar com Canudos de vez.

 

pessoas sendo ameaçadas e com armas apontadas

 

No Morro da Favela, colocaram um canhão chamado A Matadeira. Foi um massacre! 25.000 nordestinos morreram. Quando Antônio Conselheiro morreu, em 22 de setembro de 1897, seus seguidores levantaram bandeira branca. Porém, o exército continuou matando sem dó, nem piedade.

Os soldados voltaram para o Rio de Janeiro. O governo havia prometido uma espécie de “Minha casa, Minha Vida” para os combatentes. No entanto, eles nunca receberam casa nenhuma. Por isso, fizeram greves e mais greves no ministério do exército, atrás do Morro da Providência (olha ele aí outra vez).

Em seguida, cansados de esperar, resolveram subir o morro. Já haviam barracos ali – lembre-se do Cortiço Cabeça de Porco. E os soldados não paravam de falar que aquilo parecia o Morro da Favela. Nesse sentido, foi de tanto o termo ser cunhado pelos soldados enganados, que o nome foi se perpetuando na cabeça de todos. Assim, no Morro da Providência, nascia a primeira Favela do Brasil.

A linha do tempo das favelas em 3 acontecimentos

Abolição da escravatura ( 1888) – Com a abolição, os escravos ficaram sem rumo. Sem direitos trabalhistas, começaram a se mudar para os bairros abandonados. Foram criados os primeiros cortiços, que eram as favelas da época.

Reurbanização do Rio de Janeiro ( 1904)- O centro do Rio de Janeiro vinha caindo aos pedaços e o presidente Prudente de Moraes resolveu reurbanizar a área. A polícia dizimou mais de 2000 moradias, dentre elas, o cortiço Cabeça de Porco, conhecido como o avô das favelas.

Guerra de Canudos ( 1896-1897): Soldados foram enviados para combater em Canudos com a promessa de que, ao voltar para o Rio de Janeiro, teriam uma casa. A promessa não foi cumprida pelo governo. Então, eles resolveram subir o Morro da Providência e se juntar aos ex moradores dos cortiços cariocas, na primeira favela.

Confira também: Como doar móveis usados | Curso de ESG da Gerando Falcões

 

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Linha do tempo da Favela por Thiago da Costa Oliveira

A favela em 5 livros

Favela: Como nasceu? De onde veio?

Aposto que tais questões já passaram pela sua mente.  Temos um texto sobre a história das favelas. Mas, se você é daqueles que prefere conhecer a história através da literatura, fizemos uma lista especial, com livros sobre a favela.

Para isso, pegamos 5 livros que explicam as favelas desde os Cortiços do século XIX, até a loucura das favelas de Capão Redondo (SP), no século XXI. No fim, de bônus, ainda vamos trazer uma dica sobre uma  livro sobre as favelas cubanas ( os cortiços deles).

Então: Vem com a gente!

Cortiços: A favela antes da favela

Para começar, vamos descobrir como eram as favelas, antes do nome favela entrar para o dicionário (como moradia, pois, a planta Favela, já estava lá).

Assim, nos cortiços do século XIX, viviam milhares de pessoas com as mesmas características das nossas favelas.

Comunidades repletas de diversidade cultural, étnica e com um estilo de vida próprio. Porém, diferente das favelas, os Cortiços tinham – e têm até hoje-, seus donos, que, para muitos, foram os primeiros milicianos do Brasil.

capa de livro sobre favela

O Cortiço (1890)

Se você quer saber como era a vida das camadas mais pobres nas grandes cidades, antes das favelas, leia o livro naturalista do escritor maranhense, Aluísio de Azevedo. Para escrevê-la, Aluísio se inspirou no Cortiço Cabeça de Porco, demolido em 1893, no Rio de Janeiro. Podemos dizer que foi um dos primeiros livros sobre os primórdios das favelas.

Os cortiços cariocas foram demolidos durante a reurbanização do centro do Rio de Janeiro. Por isso, O Cabeça de Porco, deu lugar ao atual viaduto dos marinheiros, na região portuária do Rio de Janeiro. A reurbanização e a revolta da vacina, foram o que desencadeou a subida dos pobres para as atuais favelas.

Devido aos acontecimentos da época,  a habitação destruída pelo então governador, Barata Ribeiro, é conhecida, como,  o “avô” das favelas.

favela do século XIX

O “avô” das favelas, como personagem central da obra

O Cortiço explica as primeiras moradias das classes mais baixas. Nele, vemos desde a ascensão social de seu dono, o português João Romão, até as características de seus moradores: soldados, baianas, homossexuais, evangélicos. Pessoas simples e lutadoras, vivendo em uma comunidade única.

Entretanto, para muitos, o livro expõe uma característica que marca até hoje as favelas brasileiras. Literatos afirmam que O Cortiço, como um todo, é o personagem central do livro.  Pois, ali, a vida em comunidade vira uma unidade única, muito parecida com a vida nas favelas brasileiras.

Então, para entender a favela, precisamos entender a Guerra de Canudos e a comunidade criada por Antônio Conselheiro, perto do morro da Favela.

capa de livro sobre favela

A favela e o seu povo

As favelas são os seus moradores. Você já ouviu essa frase em algum lugar. Mas, como foi a origem dos favelados? Chegaram do nada ao morro e começaram a transformar árvores em barracos?

Se você também tem essa dúvida, veja a relação entre a Guerra de Canudos (1896 a 1897), com as favelas.

Os Sertões (1902)

O jornalista carioca Euclides da Cunha, então repórter do jornal O Estado de São Paulo, vai para o sertão baiano achando que encontraria um bando de monarquistas loucos, que queriam a volta de um rei. Isso, pouco tempo depois da república ser instaurada no Brasil.

Mas o que ele encontra em frente ao morro da Favela, no sertão da Bahia, é uma comunidade evangélica estruturada, que está prestes a ser dizimada pelo exército do sul do país.

Mas tudo começou por causa de madeira. Canudos havia comprado madeira em Juazeiro(BA). A madeira não chegava. Então, Conselheiro fez seus homens irem atrás da madeira e pegá-la à força, afinal de contas, eles haviam pago por aquilo.

A notícia chegou ao Rio de Janeiro. O exército achou que aquilo era uma afronta. Nordestinos queriam destruir a república recém instalada no Brasil.

O confronto final e o nascimento da favela

Resumindo: o governo ficou perplexo por haver uma comunidade tão grande no nordeste, comandada por um monarquista/ evangélico e com dinheiro para comprar tanta madeira.

Foram vários combates. Os nordestinos, entocados, conseguem algumas vitórias. Cansado, o exército coloca um canhão no morro da favela (estamos chegando lá) e dizima mais 25.000 seguidores de Conselheiro.

Dividido em 3 partes: a terra; o homem ; o Confronto, Os Sertões descreve não só a guerra de Canudos, mas a origem árida e tenebrosa dos futuros habitantes do Morro da Providência ( onde nasceu a primeira favela). Nele, vemos o confronto entre o sul rico e o nordeste pobre.

Assim, o jornalista Euclides da Cunha chegou pensando que iria retratar um combate do exército brasileiro com monarquistas bárbaros do nordeste. No final, percebeu que havia presenciado o confronto do “Brasil de cima” x “Brasil de baixo”. O Brasil visível do sul x O Brasil, até então, invisível do Nordeste.

E para conhecer como ficou o morador das favelas de hoje em dia, indicamos um livro que quase ganhou o Oscar.

capa de livro sobre favela

A favela pelo favelado

Cidade de Deus é um marco. Não apenas por ser o filme que quase levou o Brasil ao oscar, como seu antecessor, Central do Brasil. Mas, por ser um livro escrito por um favelado que, além de viver, estudou as favelas.

Cidade de Deus (1997)

Não é um filme sobre as favelas?

Calma, resolvemos ir pela ordem cronológicas dos fatos. O jornalista e escritor Paulo Lins, escreveu Cidade Deus no fim da década de noventa. Entretanto,  Fernando Meirelles  trouxe Buscapé, Zé Pequeno e outros personagens da favela carioca para as telas de todo o mundo, em 2002.

 

Paulo Lins trouxe o favelado para contar uma história da favela. Não sei se você havia percebido, mas, os outros livros que conversamos eram de escritores das classes altas, tentando explicar o Brasil das favelas.

“ Pra gente que morou em periferia, transformar a nossa vivência em literatura, é algo muito interessante. Nós expomos a ferida de outra forma”, disse o escritor, oriundo da favela Cidade de Deus, no programa da SESCTV, Super Libris.

Em entrevista para a  revista istoé, o fotógrafo José Wilson dos Santos, relata que Lins usou várias de suas histórias no personagem central do livro, Buscapé.  Isso mostra o quanto o autor mostrou a verdade nua e crua daquela Favela.

Cidade de Deus e a literatura marginal

Podemos colocar este livro como um dos marcos da literatura marginal brasileira, que começou na década 70. Porém, nos tempos da ditadura, literatura marginal estava muito vinculada aos autores que escreviam contra o governo militar.

Alguns especialistas não colocam Cidade de Deus neste nicho, devido a Paulo Lins ter estudado e descrito as favelas com aspectos acadêmicos. Apesar disso, ninguém contesta que foi uma obra feita por um favelado, sobre a favela.

A ideia da literatura marginal  sempre foi trazer, na linguagem mais simples e usual possível, a literatura para dentro das periferias e favelas. Isso, contando histórias a partir da perspectiva de quem as viveu – ou conviveu.  Portanto, a ideia é escrever como se fala, de maneira livre, incluindo o uso de palavrões e acontecimentos que permeiam as vidas nas favelas.

E é nessa linha que entra Capão Pecado, de Ferréz. Foi o autor do Capão Redondo ( SP)  quem trouxe para os livros, as favelas de São Paulo.

capa livro sobre favela

A favela no Castelo

São Paulo é como um castelo. As favelas ficam perto das marginais, nas beiradas da cidade. Com isso, quanto mais no centro da cidade, menos barracos, periferias e favelas. Assim, São Paulo tem uma estrutura de exclusão social completa.

É como os castelos feudais, com o rei no centro do povoado, enquanto o seu povo, pelas beiradas, pede por dinheiro. Uma cena clássica em vários desenhos da Disney, que é a realidade das favelas da maior cidade do Brasil.

Capão Pecado (2000)

A literatura marginal também representa tudo o que acontece “ à margem” da academia. Quer dizer: todas as obras de pessoas que não estão inseridas nos meios universitários. Foi para falar sobre quem está à margem de todos. Quem está “ da ponte João Dias para cá”.  Um termo que Ferréz disse em várias entrevistas, parafraseando a música “ Da ponte pra cá”, de Mano Brown, que o escritor resolveu entrar na literatura.

Assim, para descrever as margens das favelas de São Paulo,  nasceu Capão Pecado. Um retrato real de uma das regiões mais violentas da grande São Paulo, e, por consequência, do mundo. Nele, vemos escolas abandonadas, postos de saúde sem remédio, tráfico e tudo o que permeia as grandes favelas.

No triângulo amoroso entre Paula, Riel e Matcherros, Ferréz  conseguiu trazer as favelas de Capão Redondo para o mundo. Assim como Aluízio de Azevedo transformou O Cortiço em um personagem, Ferrez fez  do Capão Redondo o eixo central de seu romance.

Um livro escrito para o morador da favela

A favela está dentro de Ferréz. Em diversas entrevistas, o escritor relata que começou a escrever por se sentir “excluído” no meio literário. Quando ia em livrarias, ele não conseguia ler nada que se parecesse com as histórias das favelas.

Então, foi por esse sentimento que o jovem da favela do Capão Redondo, pegou um papel e começou a fazer o mapa de sua obra. Ele escreveu todo o triângulo amoroso, colocando aspectos e nuances das vidas nas favelas de São Paulo.

Em Cidade de Deus,  Paulo Lins, além de morador, estudou e refletiu de maneira acadêmica sobre sua obra. Ferrez conta uma história do coração, trazendo o ambiente da favela para o cerne da questão.  A única preocupação é falar e dizer como o favelado vive e sente.

O autor também se preocupa com o seu público. Capão Pecado fez sucesso entre os jovens das favelas. Isso porque  a obra foi escrita com gírias, jargões e situações ligados aos jovens das favelas. Segundo, Ferrez: “ Eu queria que o jovem da favela visse o cara de moto indo pegar a mina depois de um dia de trampo”.

E foi com essa visão que o cubano Pedro Juan Gutiérrez  escreveu um dos maiores livros da literatura marginal mundial.  Para fechar, como bônus para você que nos leu até aqui, resolvemos trazer uma obra que retrata uma favela de outro lugar do mundo.

capa livro sobre favela

Bônus: As favelas do Mundo

Só existem favelas no Brasil?  Com esse nome preciso, sim. Mas, uma das magias da literatura é poder viajar para qualquer canto do mundo, gastando muito pouco:

Que tal conhecer como é uma “favela” de outro país?

Então, vamos direto para Cuba, embarcar nas favelas da terra de Fidel Castro: Preparado para conhecer REI-NALDO e a obra de Pedro Juan Gutiérrez  ?

O REI DE HAVANA ( 1999 )

 Você gostou mesmo desse papo sobre favelas e literatura, né? Por isso, como é clichê, deixamos o melhor para o fim. Não me refiro ao melhor livro, pois, assim como no futebol, não é muito bom discutir gosto literário. Estou falando do prazer de apresentar uma história mágica, curta e contagiante sobre as favelas.

REI-NALDO e as favelas cubanas

Sim, coloquei o hífen para tentar fazer com que você, meu querido leitor, entenda que o título, O Rei de Havana, vem do nome do protagonista. Relaxa, não é por ele ser da monarquia. É apenas um jogo de palavras que Pedro Juan Gutiérrez  autor cubano, resolveu usar para dizer que todo cara das favelas tem um rei/ herói dentro de si.

https://www.youtube.com/watch?v=UxNG8vbJA44

Esse livro é importante para entender o quanto a favela e os favelados são universais. Nele, vemos o quanto a pobreza e a miséria absoluta carregam os mesmos traços, independente do local onde a história está sendo narrada.

Garanto que em vários momentos você vai pensar: “ Peraí, isso é uma favela de Cuba ou do Rio de Janeiro?”. Tudo isso, devido às semelhanças que a falta de higiene, alimentação precária e emprego trazem para os favelados.

A ausência materna

Além disso, o Rei de Havana mergulha fundo em uma questão psicológica típica das favelas: os efeitos da ausência paterna e materna. Durante todo o livro, Reinaldo procura uma mulher que seja a cópia de sua mãe, tendo diversas desavenças amorosas.

Outro ponto interessante neste aspecto,  são os dois lados distintos do protagonista. Reinaldo é um “Rei” por enfrentar todos os dilemas da vida de frente, sempre lutando pelo que acredita. Por outro lado, é um homem frágil, na busca eterna por aprovação da sociedade e status

Pedro Juan Gutiérrez  consegue escancarar a pobreza em sua face mais crua. O livro faz você refletir sobre a condição de vida dos que estão abaixo da linha da pobreza. Porém, ele também mostra a força que esses guerreiros trazem ao traçar suas vidas no meio do caos das favelas cubanas:

Mas, o que é um CoronaVírus para quem nasceu no meio da pandemia eterna das favelas?

Gostou do nosso texto? Já leu algum dos livros?

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Confira também: Como doar móveis usados | Favela 3D | Violência urbana

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Autor: Thiago da Costa Oliveira

Quais as tendências do empreendedorismo social?

A princípio, empreendedorismo social, é: qualquer ação feita de forma inovadora para alavancar causas sociais e ambientais de primeira necessidade. Empreender vem do francês “entrepeneur”, que quer dizer: fazer algo novo. Portanto,  prepare-se para ouvir muito a gente falar sobre inovação.

Entretanto, este  é um tema que gera muitas dúvidas, receios, às vezes até angústias, devido ao sistema político e social do nosso Brasil. Além disso, temos uma tendência a julgar ações sociais, mas, sempre com uma pulga atrás da orelha, questionando: “ Mas será que não tem um rolo aí? Será que é, realmente, tudo pro bem e para fazer o bem?”

Infelizmente, não vamos conseguir dizer o que está por trás de cada ONG do nosso país, mas, se você ler este artigo até o fim, com certeza, terá uma visão única sobre o empreendedorismo social.

Então: Vem com a gente!

 

Empreendedorismo Social: Como nasceu?

O empreendedorismo social nasceu na década de 80, nos Estados Unidos, quando Billy Drayton, fundou a Ashoka. Uma rede que reúne empreendedores sociais em mais de 70 países do mundo, incluindo o Brasil. Nesse sentido, Drayton tinha o objetivo de potencializar as transformações sociais, apoiando empreendedores sociais.

Assim, em 1987, o nome Ashoka foi registrado. Ele é inspirado pela palavra sânscrita Ashoka ( ausência ativa de tristeza),  porém, ele também foi inspirado pelo imperador indiano de mesmo nome. Ashoka unificou a Índia no século 3 a.c , além de ser um dos líderes mais inovadores da história. Entretanto, depois de uma fase de guerras e sangue, o rei converteu-se ao budismo, passando a governar pela paz e o bem-estar social.

Outro pilar para a fundação do empreendedorismo social foi o banqueiro bengalês, Muhamadd Yunnus. O empreendedorismo social na vida de Yunnus começou em 1976. Depois de estudar economia na Universidade Vanderbilt ( EUA), o empreendedor resolveu fornecer microcrédito para os cidadãos em situação de extrema pobreza. Tudo, sem as habituais cobranças dos bancos.

Até hoje, a única exigência de Yunnus é que o dinheiro seja aplicado nos negócios. Segundo o site de Yunnus, o Grammer  Bank tem mais de 8,4 milhões de mutuários, sendo que 97% deles são mulheres pobres das zonas rurais de Bangladesh.  Assim ,  em 25 anos, o empreendedor social tirou 10% da população do país asiático da extrema pobreza.

https://www.youtube.com/watch?v=QvzOnXektmw

 

Empreendedorismo social x Empreendedorismo

No início do século XIX, o economista francês, Jean Baptiste Say, definiu o empreendedor, como: “ aquele que transfere os recursos econômicos de uma área mais baixa, para uma área de maior produtividade e maior rendimento”.

Em resumo: É quem vê no meio de um lixão, a chance de construir uma linda escultura e transformá-la  em lucros.

Portanto, é essa a linha tênue que diferencia o empreendedor, do empreendedor social. Sendo assim, o empreendedorismo social  usa a mesma visão futura e inovadora do empreendedorismo para causa de primeira necessidade.

Então, o empreendedor social também vê uma escultura no meio do lixo, mas, ao invés de visar o lucro, pensa em uma cooperativa onde artistas de rua farão a obra de arte para poderem sobreviver.

 

homem sentado em cima de lixo em aterro sanitário

 

O Empreendedorismo social pode pensar no Lucro?

Muitas pessoas acham que o empreendedorismo social não pode, em nenhum momento, pensar ou sequer cogitar a oportunidade de lucrar.

Elas estão erradas.

Financeiramente, empreender socialmente é fazer com que as ações  tenham receitas para quitar os seus dividendos, além de lucros para ações futuras. Fatores que, em conjunto, vão melhorar a organização e viabilizar a realização de novos projetos.

Mas, não podemos esquecer nunca que o empreendedorismo social é um, digamos,  irmão do empreendedorismo. Ou seja, os dois são motivados pela inovação e querem mais recursos. Porém, com visões diferentes do que fazer com ele. Ninguém mais certo ou mais errado do que o outro.

A instituição também precisa pagar suas contas e fazer uma boa poupança para pensar em novos projetos novos. Por isso, não pense no dinheiro como algo extremamente ruim, mas sim, como um parceiro que irá lhe ajudar a construir pontes, rumo a um futuro próspero.

 

Então, qualquer ação do bem é empreendedorismo social?

Muitas pessoas fazem essa pergunta, porém,  ficam confusas quando a resposta é: NÃO!

O empreendedorismo social visa tratar de ações de primeira necessidade para o ambiente onde ele foi criado.

Então, você deve olhar para a estrutura social onde está inserido, perceber as mazelas dela e inovar, mas, sempre pensando em atender a um assunto de primeira necessidade. Pode ser lindo, mas, abrir uma creche em uma favela com acesso à educação, é uma ação filantrópica, mas não, empreendedorismo social.

Por fim, vou dar mais um exemplo: Se você fizer uma ação para vender água potável bem baratinho em uma cidade minúscula, abarcada pela seca nordestina, é empreendedorismo social. Porém, se você vendê-la, pelo mesmo preço, no centro de São Paulo, não.

Empreendedorismo social é inovação a serviço do próximo.

 

3 exemplos de empreendedorismo social no Brasil

Para sua inspiração, veja 3 exemplos de empreendedorismo social para que você possas refletir sobre a melhor ação para a sua favela:

Instituto Legado:

Criado em 2013, o Instituto Legado visa aumentar o empreendedorismo social na área socioambiental, através da educação. Através de editais, empreendedores sociais da área são capacitados com o intuito de alavancar suas ações.

GRAAC:

o Graac é referência mundial quando o assunto é tratamento do câncer infantil. Isso, pela instituição conseguir curar 70% do seus pacientes, através de parcerias com hospitais, universidades e a iniciativa privada. Além do combate ao câncer, a instituição, fundada em 1991,  é reconhecida pela sua gestão.

AdaptSurf.

Fundado em 2007, o adaptsurf tenta trazer para o esporte de Bruno Medina, pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.  Além disso, os empreendedores do projeto também lutam por melhorias na acessibilidade das praias.

 

 Como posso ser um empreendedor social?

Empreendedorismo social é : I-NO-VA-ÇÃO!

Então, pense além da linha do equador, viaje na maionese: sonhe alto. Mas não é fazer isso pensando em tudo como um sonho impossível, que jamais sairá do papel.

Enfim: pense, acredite no seu sonho, trabalhe, e transforme o seu projeto em realidade!

É fácil?

Não, não é fácil!

Mas, se você tem uma coceirinha do bem que vem  toda noite pra dizer que você deve mudar alguma coisa no mundo: acredite no seu potencial!

Coce bastante,  trabalhe duro, inove, que uma hora essa coceira do bem vai virar empreendedorismo social. E para tudo ficar mais claro na sua mente, siga os 5 tópicos a seguir.

 

Empreendedorismo social em 5 tópicos

Por fim, quero deixar 5 pontos fundamentais que você deve ter em mente se quiser empreender socialmente:

 

Inovação e empreendedorismo:

Vamos repetir exaustivamente este termo aqui, mas não tem como fugir dele: Pense no novo, viaje na maionese, sonhe alto, relembre sua infância. Você não pode ser o superman, mas pode voar alto se tiver um sonho e souber como trabalhar ele.

Identifique um problema, pense em uma solução e foque para fazer aquilo dar certo.

 

Planeje e estude para ser um empreendedor social:

Se é difícil planejar uma compra de supermercado, imagina uma organização que precisa de recursos, ações inovadoras e capital. Então, bora pegar o caderninho, comprar um lápis e partir para a ação.

Coloque a sua situação no papel, desenhe tudo com muito carinho, para poder estar preparado para conseguir mais recursos. Para isso, assista tudo o que envolve empreendedorismo e sua ação, leia, aprenda e planeje a sua organização como os empresários planejam suas grandes empresas.

 

Engajamento e Comunicação o transformam em empreendedor:

Ninguém lê um blog se ele não for divulgado, assim como ninguém ajuda um  empreendedor social que deixar o seu projeto lá na gaveta.

Se já tem uma ideia pronta, espalhe  pra todo mundo que você conhece. Pra isso,  crie perfis em todas as redes sociais, conte pro papagaio, interaja com o vizinho.  Enfim, para alguém nos ajudar, precisamos pedir socorro.

Se você conseguir fazer uma comunicação sólida, suas chances de conseguir parceiros, voluntários e pessoas que se inspirem no seu ideal  crescerão muito. Quanto mais barulho consciente você fizer, maior é a chance do estado e das grandes empresas olharem para a sua causa com carinho.

Não tem dinheiro para contratar ninguém da área? Procure um voluntário! Com certeza algum aluno da área de comunicação vai querer ser coautor de um projeto inovador. Transmita toda a sua alma e faça com que cada foto e legenda seja o seu amor pelo próximo e pela sua causa.

 

Obtenha recursos para empreender socialmente:

A partir de um belo engajamento, o empreendedor social tem mais chances de obter recursos. Mas, obter recursos não é apenas pedir dinheiro para pessoas físicas. Essa é uma pequena parte do pacote.

Fique de olho em editais, oportunidades com empresas, instituições que ajudam organizações ( Como Ashoka e Changemaker), além, é claro, do processo de colaboração. Identifique todos as instituições que trabalham na sua área de atuação: empreendedorismo social é colaboração, e não competição.

E quando sua organização chegar a um patamar sólido, pense com carinho em obter recursos próprios. Comece vendendo refrigerante e salgadinhos nas atividades com os voluntários. Depois, você pode colocar sua logo em camisas e vender para quem gosta da sua causa.

Com o tempo, crie atividades com os voluntários vendendo um produto, ao invés de apenas pedirem dinheiro. Tudo pensado com carinho para que, um belo dia, você acorde e veja um bazar físico e online com todos os produtos da sua organização. Tudo para gerar receitas próprias e depender menos de receitas externas.

 

Foco é a base do empreendedorismo social:

Não adianta querer começar dando água potável para os moradores do sertão e depois de uma semana, decidir que o que você quer dar é acesso à internet.

Tenha foco!

Pense, viva e transpire o seu empreendedorismo social. Um cientista não vira especialista em uma doença se, durante sua vida acadêmica, decidir mudar de área a cada dois meses.

Lógico que depois que você  for um empreendedor social de renome, você vai poder auxiliar em diversas áreas que precisam de ajuda. Porém, no começo de tudo, escolha um foco central.

Ouça o seu coração, siga sua causa e faça dela a sua vida!

Um exemplo de empreendedorismo social

Para fechar, vou fazer você refletir sobre uma história que aconteceu faz pouco tempo aqui na Gerando Falcões:

Em 2020,Edu Lyra, CEO da Gerando Falcões, no meio da crise do coronavírus, resolveu, “ viajar na maionese”. Ao invés de arrecadar dinheiro e doar cestas básicas para as famílias das favelas atendidas pela rede, ele e sua equipe resolveram INOVAR.

Um exemplo de empreendedorismo social

Imediatamente,  foi criado um cartão digital que deu para 66.667 famílias o direito de escolher o que gostariam de comprar. No total, a campanha arrecadou R$20 milhões  (400.000 cestas básicas).

Além de ajudar as famílias, ela deu um gás na economia das favelas atendidas pela rede, devido aos gastos com o cartão serem feitos nos mercados, padarias, farmácias, enfim, nos negócios de cada comunidade. Isso não seria possível se eles, simplesmente, recebessem uma cesta básica das grandes redes de supermercado.

Empreendedores sociais dentro de supermercado em uma ação da gerando falcões

Dessa forma, Edu acreditou no seu sonho, viajou na maionese, viu além da linha do equador. No meio de uma pandemia,  olhou uma questão de primeira necessidade e com estratégia, foco e muito trabalho, conseguiu colocar a campanha Corona no Paredão, Fome Não, de pé.

Com isso, a campanha está em outro estágio. De novo, a Gerando Falcões resolveu inovar. Pensando nas milhares de crianças e jovens que estão sem acesso à educação e à internet,  criamos um aplicativo  com  aulas online e acesso à internet de graça, através da campanha Corona no Paredão, Doe um Futuro.

Sem dúvida você gostou de saber um pouco mais sobre empreendedorismo social: não gostou? Lembrou daquele amigo que há anos luta para ter o seu projeto no mundo?

Então, compartilhe com ele, curta nosso post e comente.

O seu feedback é fundamental pra gente =D

Confira também: Como doar móveis usados | Curso de ESG da Gerando Falcões | o que é Vulnerabilidade social

#tamojunto #doeumfuturo.

empreendedorismo social 5