Documentos de Académico
Documentos de Profesional
Documentos de Cultura
A DEBATE
(2000-2011)
tttt
Coordinacin:
Blanca-Ana Roig Rechou
Isabel Soto Lpez
Marta Neira Rodrguez
(USC)
Edicin:
Helena Prez
Producin:
Antn Prez
Reservados todos os dereitos. O contido desta obra est protexido pola Lei, que prohibe
a reproducin, plaxio, distribucin ou comunicacin pblica, en todo ou en parte,
dunha obra literaria, artstica ou cientfica, ou a sa transformacin, interpretacin ou execucin
artstica fixada en calquera tipo de soporte ou comunicada a travs de calquera medio,
sen a preceptiva autorizacin.
A NARRATIVA XUVENIL
A DEBATE
(2000-2011)
tttttt
Coordinacin:
Blanca-Ana Roig Rechou (USC)
Isabel Soto Lpez (USC)
Marta Neira Rodrguez (USC/CEU-UVI)
Equipo redactor:
Eulalia Agrelo Costas Mikel Ayerbe Pilar Bendoiro Mario
Joo Lus Ceccantini Jess Daz Armas Liliana Dorado
Mar Fernndez Vzquez M del Carmen Ferreira Boo
Jos Antnio Gomes Laura Guerrero Guadarrama Gemma Lluch
Jose Manuel Lpez Gaseni Lourdes Lorenzo
Maria Madalena Marcos Carlos Teixeira da Silva
Nieves Martn Rogero Mari Jose Olaziregi Alice urea Pentedo
Martha-Ana Margarida Ramos Mar Ray Sara Reis da Silva
Mara Victoria Sotomayor Sez Vera Teixeira de Aguiar
NDICE
K
Px
1. Introducin.................................................................... 7
2. Uma escrita de transio. Contributos para uma reflexo
sobre literatura juvenil. Maria Madalena Marcos Carlos
Teixeira da Silva.................................................................. 13
3. La narrativa para los adolescentes del siglo XXI.
Gemma Lluch.................................................................... 39
4. Unha seleccin para a educacin literaria........................ 61
5. Comentarios para a formacin lectora............................ 95
mbito ibrico
5.1. Actualizacin dun mito nunha temtica tab:
A cabeza de Medusa, de Marilar Aleixandre.
Mara del Carmen Ferreira Boo....................................... 97
5.2. Hacia dnde vamos? Unos inquietantes Futuros
peligrosos, de Elia Barcel. Mara Victoria Sotomayor...... 113
5.3. Literatura per sobreviure al maltractament:
M de Lolita Bosch. Mar Ray......................................... 121
1. introducin
ste novo monogrfico xorde, como todos os anteriores recollidos nesta mesma serie, do esforzo por concretar nunha
publicacin e darlles continuidade aos obxectivos marcados
pola Red Temtica Las Literaturas Infantiles y Juveniles del Marco Ibrico e Iberoamericano (LIJMI). Esta Red de investigacin
afonda no estudo de temas concretos que se analizan partindo de
presupostos metodolxicos e tericos actuais e cuxos resultados se
presentan no Curso de Formacin Continua As literaturas infants
e xuvens ibricas. A sa influencia na formacin lectora, que organiza con periodicidade anual a Universidade de Santiago de Compostela coa colaboracin doutras institucins.
O tema obxecto de debate na presente entrega o estudo da narrativa xuvenil publicada no perodo que vai de 2000 a 2011, unha
producin de grande importancia dirixida a unha faixa de idade
rodeada de certa indeterminacin, mais situada entre a infancia e a
idade adulta e fundamental para lograr unha futura fidelizacin do
lectorado e a construcin dun sistema de valores que axuden ao desenvolvemento da personalidade e definicin do papel social que
desenvolvern os adultos do futuro. Nas pxinas que seguen realzase pois un esforzo por delimitar as caractersticas predominantes
da narrativa xuvenil no abano temporal elixido, abordando con
particular interese as temticas, os cdigos do imaxinario xuvenil
7
(2000-2011)
Introducin
K
Resumo: A recente projeco de obras de literatura juvenil tornou
evidente a necessidade de proceder ao estudo da sua especificidade
em relao quer literatura infantil, quer literatura para adultos.
Este estudo constitui uma reflexo sobre um conjunto de caracteres que se destacam como recorrentes em novelas e romances que
integram esta categoria literria. Em primeiro lugar, considerada
a dificuldade de uma definio estvel, normalmente delineada em
termos da teoria da comunicao, dada a heterogeneidade e instabilidade do objecto de estudo, bem como dos conceitos inerentes
(ideia de juventude e de literatura). Assim, a perspectiva utilizada
a da descrio/interpretao de traos referentes aos gneros e s opes enunciativas que condicionam as diversas interpretaes da realidade em geral e da vivncia desta idade de transio em particular.
Palavras-chave: conceito, gneros, literatura juvenil, pontos de vista, tipologia narrativa.
Abstract: The recent outspread of works of young adult literature
made it obvious that there is a need to study its specificity, either
when compared to children literature or to adult literature. This
study consists of a reflection on a set of traits considered recurrent
in novelettes and novels which are included in this literary category.
13
(2000-2011)
First, the difficulty in finding a stable definition is taken under consideration. Such a definition is generally outlined in terms of communication theory, given the heterogeneity and the instability of the
study object, as well as of its inherent concepts (the idea of youth
and of literature). The adopted perspective is one of description/interpretation of the genres and the enunciation options traits which
condition the several ways of interpreting reality in general and to
the way of living typical of this transition age in particular.
Key words: concept, genre, narrative typology, viewpoints, young
adult literature.
Introduo: O problema de uma indefinio
Tradicionalmente includo, de uma forma indistinta, nos estudos
dedicados genericamente literatura infanto-juvenil, o corpus da literatura destinada aos jovens tem sido descurado na sua especificidade comunicativa e enunciativa. Associada a uma fase que a sociedade
actual entende como muito especfica, caracterizada por problemas
bastantes concretos de crescimento, a literatura juvenil envolve uma
constelao de referncias marcadas pela transio e pela marginalidade, que, em muitos e significativos aspectos, se destaca da literatura infantil.
As duas categorias, separadamente ou em conjunto, tm sido alvo
de abundante polmica no que concerne a sua definio. A inteno do autor (usualmente baseada numa idealizao da infncia ou
adolescncia), o julgamento dos mediadores (que envolve interesses
educativos, tambm idealistas, ou, por outro lado, interesses comerciais), e o estudo dos interesses de leitores reais (considerados demasiado imaturos para formularem juzos de valor sobre o contedo e
forma da obra) ou ainda a insustentabilidade de um conceito homogneo (universalista) de infncia ou adolescncia, oposto idade
adulta e a ela subordinado, so factores de ordem comunicativa em
14
Contributos
torno dos quais se tem centrado esta controvrsia. Numa interessante reflexo publicada com o ttulo On Not Defining Childrens
Literature, Marah Gubar divide os estudiosos da rea em definers
e antidefiners. Analisando os argumentos de ambas as partes, a
autora defende que se deve abandonar a tarefa de perseguir uma definio que, no seu entender, no s impossvel como limitadora:
My purpose here is to justify this sanguine position by arguing that we can give
up on the arduous and ultimately unenlightening task of generating a definition without giving upon the idea that childrens literature is a coherent, viable category. More than that, I contend that we should abandon such activity,
because insisting that childrens literature is a genre characterized by recurrent
traits is damaging to the field, obscuring rather than advancing our knowledge
of is richly heterogeneous group of texts (Gubar, 2011: 210).
Admitindo que nem todo o conceito tem definio, a autora afirma que essa condio no invalida o prprio conceito, nem impede
um trabalho de pesquisa que, partindo do estudo dos textos, permita
relevar traos distintivos, eventualmente exclusivos e caractersticos
da literatura infantil e juvenil1. Mas, tratando-se de um conceito
complexo e instvel, h que considerar as alteraes introduzidas
pelo tempo, a heterogeneidade do seu objecto e a mobilidade ou
indefinio das suas fronteiras.
A esta linha de pensamento se acrescenta a prpria inconsistncia
de conceitos subjacentes como o de literatura e o de juventude, pelo
que se afigura mais produtivo traar um quadro descritivo de recursos e valores recorrentes nas obras juvenis. A diversidade de textos
que subjaz a esta reflexo inclui obras integradas em coleces juvenis, mas tambm outras no especificamente dirigidas e este pblico.
No estudo dos textos, a busca de critrios que estabelecessem traos
significativos desta categoria da escrita literria partiu do princpio
de que entre o processo comunicativo e a natureza da mensagem
1. we have neither to throw out the concept of childrens literature nor to
unearth a common trait exhibited by all (and only) childrens texts. The fact that
something is very difficult to define even impossible to define exactly does
not mean that it does not exist or cannot be talked about (Gubar, 2011: 212).
15
(2000-2011)
Situando-se as novelas e romances juvenis quase sempre na esfera da periferia do sistema imposta pela organizao cannica, este
ponto de vista diverso, no impedindo o reconhecimento da maior
ou menor qualidade dos textos, permite a redescoberta e revalorizao de obras que, intencionalmente ou no, se acercam do leitor
comum. E este leitor comum pode ser um jovem que goza da radical
2. Jean-Marc Talpin, Investigador da Association Canadienne de lducation em
Langue Franaise (ACELF), num artigo intitulado Quels enjeux psychiques pour
la lecture ladolescence? , partilha da mesma opinio: La lecture de textes littraires (...) fournit au sujet en crise de repres, en difficult pour savoir qui il est, o
il en est de sa jeunesse existence et vers quoi il dsire aller, un mode de represntation, de symbolisation. En effet, ce que chacun recherche dans la lecture, cest un
discours qui lui parle de lui-mme (Tapin, 2003: 3).
16
Contributos
liberdade de ler apenas o que lhe apetece, dada a sua absoluta indiferena perante critrios em cuja definio no participou; ou pode ser
um adulto que, independentemente da sua formao, procura nas
obras um sentido com que se identifique e que, simultaneamente,
altere e enriquea a sua viso do mundo. E, por razes que j evoquei
noutro trabalho (Silva, 2010), muitas vezes encontra essas obras na
tnue fronteira que separa os livros juvenis dos livros para adultos,
ou naqueles que evitam assinalar essa fronteira.
A Idade do Meio: escrita para jovens ou revisitao da infncia/
juventude?
Paul Hardwick (2000: 23-30)., investigador de Estudos Medievais
na Universidade de York, prope a metfora da Idade Mdia como
forma de designar no apenas a adolescncia, mas, e sobretudo, a
relao que os homens adultos estabelecem com ela. Tomando como
ponto de partida as referncias medievais na obra de Garner, o autor
classifica as duas idades a da histria humana e a da histria individual como categorias-ponte, unidas por uma idealizao que
produto da sociedade actual. Assim, a viso da Idade Mdia que se
projecta na literatura para adolescentes um constructo moderno,
que se caracteriza pelo esbatimento das fronteiras entre razo e irracionalidade/ crena e por um ainda mal contido barbarismo que se
opor ideia de civismo, de base racionalista. Da mesma forma, a
adolescncia um tempo de transmutao e crescimento, no sentido
da transio do pensamento pr-lgico para o predomnio da viso
racionalista e conceptual. Por outro lado, ela representa uma fase de
controle precrio da violncia que, em diferentes nveis, condiciona
o excesso e o desbordamento de sentimentos, convices e reaces,
escapando ainda aos paradigmas cvicos/ civilizados construdos pelos adultos.
Alm disso, as duas idades prefiguram tambm um espao-ponte
entre uma (in)conscincia tranquila do tempo e a antecipao da
17
(2000-2011)
Contributos
Este cruzamento de fronteiras vai ao encontro da crescente conscincia de que tambm imprecisa a linha que divide a literatura
para jovens e para adultos e a consequente transmigrao entre os
dois sistemas comunicativos4. Embora um dos traos distintivos da
literatura juvenil seja a quase total predominncia de protagonistas em fase de crescimento, tambm possvel concluir que nem
sempre essa escolha traduz a delineao de um leitor implcito, mas
corresponde a um recurso expressivo que favorece a reflexo sobre o
mundo actual ou sobre mundos virtuais significativos em termos das
questes existenciais da actualidade.
Adultos e jovens: unidade e disparidade de perspectivas
Os textos de carcter realista constituem, na literatura para adolescentes, uma significativa fatia do conjunto das obras que nela se
incluem, embora, como afirma Jolle Turin (2003: 2), isso no corresponda inteiramente s preferncias dos leitores. Segundo a autora,
existem estudos que demonstram que eles preferem livros menos
colados sua realidade.
A tendncia geral destas obras a da representao de personagens
e situaes muito prximas do quotidiano dos prprios leitores. A
crise do crescimento, as relaes familiares, a integrao no meio
4. Entre a concepo de uma escrita destinada abertamente a adolescentes e a
constituio de um corpus que escapa a esse limite de fronteiras, desenham-se duas
linhas paralelas na poltica editorial para esta faixa etria. Conforme explica Jolle
Turin (2003), temos, por um lado, a tradio da linha editorial, popularizada
na segunda metade do sculo XX, que oferece livros cuja contedo e linguagem
so especificamente formatados no sentido da captao do pblico adolescente:
aqui se incluiriam por exemplo, a maioria das sries de aventuras e aquilo a que
Jolle Turin chama (2003: 1) les petits romans faciles constituindo uma categoria intermediria entre este tipo de escrita e a grande literatura. Por outro
lado, estabelece-se uma linha alternativa, que ignora ou apaga essas fronteiras em
termos de gnese e de destinatrios, o que permite diversas leituras ou leitores e
a circulao plural das obras em termos de edio. A ttulo de curiosidade, Jolle
Turin inclui o nome de Alice Vieira entre autores de diversas nacionalidade que
optam por esta via.
19
(2000-2011)
Contributos
(2000-2011)
Uma outra excepo interessante acontece quando os protagonistas adolescentes tomam a responsabilidade de cuidar dos pais, como
acontece em Caderno de Agosto (1995), operando uma alterao de
papis. Nesta novela, Alice Vieira recorre ainda ao recurso da narrao intercalada, que multiplica os pontos de vista (no sentido de
objectos focados e no sentido da expresso de formas diversas de ver).
Apesar destes exemplos, e quando avaliada pelo prisma das escolhas autorais, esta espcie de auto-excluso levada a cabo pelos
adultos, inclusivamente atravs do apagamento da voz do narrador
heterodiegtico, pode ter duas leituras: ou traduz uma absteno
intencional que pretende ir ao encontro da percepo do mundo
dos destinatrios, ou a recusa de intruso num universo a que se
consideram estranhos e onde a sua presena poderia contaminar a
desejada reconstituio da idade do meio.
Identidade e actualidade a fidelidade ao real
Tudo isto nos conduz ao segundo momento da reflexo a questo da identificao e da actualidade aquilo a que Jolle Tunin
(2003: 2-3) chama le roman miroir: perspectivas, temas e linguagem demasiado prximos do leitor e da sua experincia quotidiana
acarretam o risco de, num tempo de permanente mudana e no contexto de uma cultura juvenil profundamente instvel e em constante renovao, rapidamente perderem esse trao que parece definir
particularmente os textos de carcter realista. Embora se possa alegar
que todas as formas da cultura e todo o uso da lngua esto em constante mutao, h que considerar que o desuso um factor muito
mais relevante na cultura juvenil ou no se tomaria, neste contexto, a actualidade das obras como factor de valorizao.
Apesar do que ficou dito, a questo da referencialidade actual e a
do uso especfico de determinadas formas da linguagem deixaro de
ser factores de peso numa obra em que o rigor da escrita, a introduo do humor, a crtica subtil, a valorizao da intencionalidade est22
Contributos
(2000-2011)
Contributos
(2000-2011)
de gneros se soma o recurso super-abundante a processos diversificados de ilustrao, representando elementos simbolicamente ou
directamente relacionados com o contedo do texto verbal, assim se
multiplicando a sugesto de sentidos.
A escrita comprometida/ empenhada
Nos textos de intencionalidade pedaggica, que abordam questes como o racismo ou formas de aceitao da diferena, a projeco de concepes actuais, particularmente quando esta denuncia
a artificialidade ou superficialidade da viso de um observador externo, continua a constituir um factor de risco no julgamento futuro das obras. Convm lembrarmo-nos da forma como julgamos
negativamente obras do passado quando estas traduzem princpios
ideolgicos que hoje condenamos, apesar de sabermos que elas no
fazem mais do que transmitir o modo de pensar caracterstico do seu
tempo. Ou pensemos ainda na actual discusso sobre o possvel paternalismo e condescendncia que conformam as nossas ideias sobre
a aceitao da diferena.
Um segundo risco, que penaliza uma assinalvel quantidade da escrita comprometida para adolescentes, em Portugal, a ausncia de
uma intriga que permita um tratamento analtico capaz de traduzir
a complexidade destes temas. Quase sempre, eles aparecem a propsito de uma personagem secundria (uma das raras excepes ser
Baunilha e Chocolate [2001] de Ana Meireles) ou de uma situao
pontual. Na obra de Ana Saldanha, Uma Questo de Cor (2002), a
protagonista toma a seu cargo a defesa do primo, personagem secundria, contra ataques quase exclusivamente traduzidos pela superficialidade de preconceitos irreflectidos de personagens secundrias e
contra a vontade da suposta vtima, que recusa esse estatuto. Outras
vezes, estes temas problemticos constituem o cerne de um enredo
construdo medida, um pouco como as narrativas exemplares,
mas sem o envolvimento simblico que implicaria uma leitura mais
26
Contributos
subtil e mais profunda. Repare-se que este segundo risco acaba, quase sempre, por desembocar numa postura de clara condescendncia
paternalista.
Mais uma vez, as opes de ordem enunciativa assumem particular relevncia neste contexto: entre as de maior risco esto as
perspectivas excessivamente egocntricas que se manifestam pela voz
dominante do protagonista-narrador ou de um narrador heterodiegtico. Essa unilateralidade de perspectiva e voz traduz uma autoridade condicionadora da leitura, dando origem a mensagens onde a
projeco autoral se impe. Corre-se ainda o risco de desresponsabilizar modelos negativos (no sentido da passividade, da ausncia de
sentido crtico, da alienao) propostos pela voz do narrador ou do
protagonista exemplo deste ltimo caso , no meu entender, a obra
A Lua de Joana (1994) de Teresa Maia Gonzalez, dada a ausncia de
um ponto de vista alternativo.
Ora, como escreve Alain Rabatel (2009: 15-17), ao rever a classificao dos pontos de vista luz da sua projeco em termos da
enunciao, a pluralidade de pontos de vista enriquece o texto num
sistema dialctico que dota a narrativa ficcional de valor argumentativo indirecto, tanto ou mais poderoso do que o da argumentao
directa, porque implica uma interveno selectiva e crtica do leitor.
Desta forma se altera a unilateralidade da mensagem e se concede ao
receptor a liberdade de julgamento que lhe permite construir a sua
prpria viso do mundo.
A categoria da narrativa de carcter realista inclui um assinalvel
nmero de novelas em srie. Embora aflorando questes da actualidade, raramente estas obras aprofundam questes ligadas ao crescimento, dado que a construo das personagens se mantm uniforme
ao longo de todos os volumes. A maioria delas centra-se em torno de
aventuras de notao policial, viagens no espao e no tempo, conhecimentos da rea da histria e da cultura, e outros interesses juvenis,
como o futebol. Neste sentido, quase todas se enquadram na categoria dos textos de inteno didctica, incluindo muita informao
sobre lugares e povos diferentes, pocas, eventos e personagens de
27
(2000-2011)
interesse histrico. Por vezes, a quantidade de informao sobrepe-se construo de um encadeamento diegtico suficientemente coeso, apresentando-se este quase sempre de forma linear, apoiado na
exterioridade e concedendo pouco espao reflexo.
Aqui e ali, todavia, surgem alguns esforos de renovao do gnero, quer recorrendo alternncia de tempos, quer optando por
formas pouco usuais nas sries. Assim acontece na srie de curtas
novelas, da autoria de Ana Saldanha (1995), que narram viagens
realizadas por Cludia e de um grupo de amigos, registadas sob a
forma de dirio pela protagonista: informao relativa aos eventos
e aos lugares aonde se desloca, somam-se notas sobre as diferentes
personagens e um esboo de mistrio que, no final, ou ainda antes,
se revela como um equvoco de interpretao ou de avaliao por
parte da personagem (o que talvez deva ser lido como a desmistificao irnica desse processo recorrente nas sries). Assim, prevalece
o registo de fragmentos narrativos, frequentemente pontuados pelo
discurso directo que concede voz s outras personagens, pelo que
o dinamismo caracterstico da novela de aventuras ou da narrativa de viagens acaba por se sobrepor anlise intimista e subjectiva
caracterstica do dirio e ao consequente relato de um processo de
crescimento. J no caso dos ciclos, conjunto de obras que implica
um progressivo crescimento das personagens, a necessria evoluo e
transformao dos caracteres implica uma maior complexidade psicolgica. As personagens so foradas a evoluir no conhecimento
da sua interioridade e na sua relao com os outros, buscando um
conhecimento mais aprofundado do sentido da vida. o caso, por
exemplo, do ciclo Pedro e Companhia (2010) de Joo Aguiar a que
regressaremos mais adiante neste trabalho.
Nem todos os textos que se incluem nesta categoria a da escrita
empenhada tero uma inteno pedaggica ou didctica explcita:
eles nascem porque os autores tm algo a dizer, uma histria a contar.
O seu empenhamento, no necessariamente de ordem ideolgica,
traduz-se no tratamento de questes ticas essenciais, integrando-se
28
Contributos
29
(2000-2011)
Contributos
(2000-2011)
Contributos
(2000-2011)
34
Referncias bibliogrficas
Bixler, Phyllis e Lucien Agosta (1984), Formula fiction and childrens
literature: Thornton Waldo Burgess and Frances Hodgson Burnett, en Childrens Literature in Education, vol. 15, n 2, pp. 63-71.
Ceia, Carlos (2011), O poder da leitura literria (contra as formas de
impoder), en Casa da Leitura: Gulbenkian. http://195.23.38.178/
casadaleitura/portalbeta/bo/documentos/ot_leitliter_a.pdf. [Consultado em 22 de julho de 2011].
Gubar, Mara (2011), On Not Defining Childrens Literature, en
PMLA (Publications of the Modern Language Association of America), vol. 126, n 1, January, pp. 209-216.
Hardwick, Paul (2000), Not in the Middle Ages?: Alan Garners
The Owl Service and the Literature of Adolescence, en Childrens
Literature in Education, vol. 31, n 1, pp. 23-30.
Pattee, Amy S. (2004), Disturbing the Peace: The Function of
Young Adult Literature and the Case of Catherine Atkins When
Jeff Comes Home, en Childrens Literature in Education, vol. 35,
n 3, pp. 241-255.
Rabatel, Alain (2009), Pour une analyse nonciative et interactionnelle
des points de vue dans la narration [Extrait de lintroduction du livre
Homo Narrans. Pour une analyse nonciative et interactionnelle du rcit, Limoges: Lambert-Lucas, col. Linguistique, 2 vol.], en Fabula, La
Recherche en Littrature (Atelier). Consultado em 23-7-2009. http://
www.fabula.org/atelier.php?Points_de_vue_dans_la_narration.
(2000-2011)
Silva, M. Madalena Teixeira da Silva (2010), Literatura no armrio. Reflexes sobre a comunicao literria com os jovens, en
Jos Antnio Gomes, Blanca-Ana Roig Rechou, Isabel Mocio e
Ana Margarida Ramos (coords.), Mar de Livros, Porto: Deriva,
pp. 63-75.
Talpin, Jean Marc (2003), Quels enjeux psychiques pour la lecture
ladolescence?, en BBF, vol. 48, n 3, pp. 5-10. http://bbf.enssib.fr. [Consultado em 17 de setembro de 2010].
Turin, Jolle (2003), La Littrature de Jeunesse et les Adolescents,
en BBF, vol. 48, n 3, pp. 43-50. http://bbf.enssib.fr. [Consultado em 17 de setembro de 2010].
36
K
Resumen: El trabajo analiza los relatos para adolescentes publicados
en los primeros aos del siglo XXI. Se diferencia entre los relatos del
circuito de la lectura recomendada en los centros escolares y los de la
compra por impulso, analiza las campaas de venta de las editoriales
que provocan la participacin del lector a travs de la creacin de relatos multimedia e investiga sobre los elementos que los caracterizan
profundizando en el primer captulo, el concepto de originalidad, el
contagio del relato audiovisual y la lectura crossover.
Palabras claves: lector, lectura recomendada, literatura juvenil, promocin lectora, relato.
Abstract: The work analyses the stories addressed to teenagers that
were published in the first years of the XXI century. It is established
the difference between schools recommended readings and the stories that comes from the impulsive purchase. It analyses the publishing houses selling campaigns that provoke the participation of the
reader through the creation of multimedia readings and it researches
the elements that characterise those multimedia readings taking a
deep look into their first chapters, the concept of originality, the
contagious of audiovisual story and crossover reading.
39
(2000-2011)
La
(2000-2011)
idneos los libros para la lectura infantil o juvenil. Los criterios que
utilizan para seleccionar las lecturas, o para destacarlas del resto, van
desde los valores que trasmiten, la adaptacin a una competencia
lingstica o cultural del nio al que se dirige el libro, la calidad literaria de la propuesta, etc.
La otra figura clave es la del lector, porque a diferencia de la comunicacin literaria cannica, tenemos que hablar de un doble receptor: un primer lector, el padre o el profesor, que es el primero en
leer o conocer la obra, porque es el responsable de comprarla o recomendarla. De hecho, funciona como un primer filtro que selecciona
lo que finalmente leer el segundo receptor, ahora s, el lector real
del libro. Este es el circuito habitual de la lectura en cataln, euskera,
gallego y el mayoritario en castellano.
Con el nuevo siglo, pero sobre todo como consecuencia del fenmeno de Harry Potter, se establece un nuevo circuito creado por
las llamadas lecturas por impulso. Este sistema de comunicacin
no sigue las pautas del anterior, principalmente, porque las lecturas
no estn pensadas para el circuito escolar sino para el mercado, y la
lectura juvenil se sita al lado de los libros dirigidos a un pblico no
marcado por la edad y cerca de los objetos de consumo cultural o de
ocio dirigidos al mismo perfil consumidor: el joven.
42
La
(2000-2011)
Una de estas nuevas posibilidades son los foros (Prez Canet, 2006;
Scharber, 2009). En un momento como la (pre)adolescencia, internet
facilita el intercambio para encontrarse entre iguales sin el esfuerzo de
superar la vergenza, ayuda a crear lectores que se sienten a gusto hablando de sus preferencias, intercambiando lecturas, hablando con sus
autores, en definitiva, sintindose parte del proceso del libro.
44
La
Si valoramos estos foros enormemente es porque sacan al adolescente lector del ostracismo al que una valoracin contraria a la cultura le haba condenado y lo lanza a la modernidad. Desde nuestro
punto de vista, los foristas transforman la lectura en una experiencia
compartida, a travs de ella interpelan a desconocidos a los que
reconocen como iguales y con los que construyen su identidad de
lectores, de jvenes en calidad de lectores. Una identidad colectiva
que se celebra en comunicacin virtual con los otros. Adems,
cualquier profesor de lengua no habituado a este tipo de herramienta encontrar sorpresas agradables como, por ejemplo, descubrir
como las intervenciones en los foros estn reguladas con una serie
de normas de escritura que sern tiles para la clase de lengua (vid.
Zayas, 2009).
Un buen ejemplo de foro institucional es Qu llegeixes? http://
www.quellegeixes.cat, un foro producido por la Instituci de les Lletres catalanes dentro del Plan de Fomento de la Lectura. Se crea en
2005 y pone en contacto a lectores por franjas de edad para que
hablen de todos aquellos aspectos relacionados con la lectura en general y las lecturas que les gustan en particular.
1.4 Una lectura que cruza edades y generaciones
Tenemos claro, y as lo hemos expuesto en otras publicaciones
(Lluch, 2009), que la saga protagonizada por Harry Potter no pasar la historia de la literatura, es un perfecto relato paraliterario
(Lluch, 2005) que ha sabido establecer relaciones intertextuales con
los ms conocidos relatos populares. Pero esta saga s es estudiada y
ser analizada desde la perspectiva de la sociologa de la lectura porque ha cambiado muchos hbitos anteriores. Entre ellos, el hecho de
compartir lectura adolescentes y adultos, es decir, muchos adultos
accedieron a la lectura de los libros de la saga y la editorial dise
unas tapas diferenciadas segn el tipo de lector dando una apariencia
doble: una fotografa para la edicin dirigida a la lectura adulta y una
ilustracin a la adolescente.
45
(2000-2011)
La
(2000-2011)
Un ejemplo interesante lo proporciona la escritora Stepheni Meyer con la tetraloga iniciada con Crepsculo (Alfaguara, 2005), que
comparte muchas de las caractersticas de las series audiovisuales
del momento (Lluch, 2005, 2009), por ejemplo, la hibridacin de
gneros con mltiples referencias al drama amoroso, como Romeo
y Julieta o al gnero gtico, como Drcula, pero estableciendo la
relacin no con los textos literarios sino con series como Buffy, la
cazavampiros (Buffy, the vampireslayer, 1997-2003) o su spin-off ngel (Angel, 1999-2004). Cascajosa (2007) presenta estas series como
una propuesta novedosa porque articulan tramas episdicas y seriales, presentan un protagonismo coral y una hibridacin de gneros:
48
La
El tema musical de Buffy, cazavampiros era un buen ejemplo de ello: los primeros segundos sonaban como una meloda de terror gtico antes de transformarse en un himno rock. La serie es a ratos un drama de adolescentes, una
comedia, una cinta de terror y un vehculo de accin.
(2000-2011)
La
(2000-2011)
Son inicios similares a los de las narraciones audiovisuales: impactantes y con numerosas incgnitas para que no se cambie de canal o
se clique otro archivo o se elija otro libro.
2.4 El concepto de originalidad en la narracin popular
Y por ltimo, hablaremos del concepto de originalidad porque a
menudo conceptos que configuran la literatura cannica se reformulan en las literaturas populares y no son tiles para valorar la adecuacin o no de un determinado relato. Recordemos que un comportamiento narrativo comn a todos los relatos populares desde la
narrativa oral ha sido la utilizacin de unos mismos parmetros narrativos que se van adaptando a las diferentes audiencias, reciclando
elementos de cada poca y de cada grupo de consumidores.
Ballo (2005: 9) en su estudio Yo ya he estado aqu dice que:
La atraccin por la serialidad es una de las expresiones ms genuinas de la narrativa contempornea. En la era de su reproductibilidad tcnica, la ficcin no
aspira nicamente a la constitucin de objetos nicos, sino a una proliferacin
de relatos que operan en un universo de sedimentos, en un territorio experimental donde se prueban, y a menudo se legitiman, todas las estrategias de la
repeticin.
La
(2000-2011)
relatos proponen se define desde el consumo de narrativas que circulan en forma de libro y por pantallas y que provocan nuevos relatos
multimedia que circulan mayoritariamente en castellano e ingls y
que son generados por los mismos lectores.
3. Son relatos que proponen unas caractersticas discursivas (narrador, estructura del relato, personajes, etc.) con ciertas complejidades, pero siempre hablando de un relato comercial o paraliteratura
(Lluch, 2005), que en ocasiones son mayores que algunas de las lecturas recomendadas en el circuito escolar.
Ahora, la seleccin de los mejores relatos en cataln, gallego, euskera y castellano seleccionados y la lectura de las reseas crticas ponen el contrapunto a lo analizado en este captulo.
54
Bibliografa
Ario, Antonio (dir.) (2006), La participacin cultural en Espaa,
Madrid: Fundacin Autor, SGAE.
Ball, Jordi y Xavier Prez (2005), Yo ya he estado aqu. Ficciones de
la repeticin, Barcelona: Anagrama.
Bombini, Gustavo (2005), La trama de los textos. Problemas en la
enseanza de la literatura, Buenos Aires: Lugar Editorial.
Boyer, Alain-Michel (1992), La paralittrature, Pars: Presses Universitaires de France.
Cascajosa, Concepcin (2007), La caja lista: televisin norteamericana de lujo, Barcelona: Laertes.
Cerrillo, Pedro (2007), Literatura infantil y juvenil y educacin literaria, Barcelona: Octaedro.
Chartier, Roger (2000), Las revoluciones de la cultura escrita, Barcelona: Gedisa, 1997.
Chilln, Albert (1999), Literatura y periodismo. Una tradicin de relaciones promiscuas, Bellaterra: Universitat Autnoma de Barcelona.
Cougnas, Daniel (1992), Introduction a la paralitterature, Pars:
ditions du Seuil.
Daz Armas, Jess (2006), Personajes de la literatura juvenil: cambio y maduracin, en V. Sotomayor (ed.), Personajes y temticas
en la literatura juvenil, Madrid: MEC, pp. 73-98.
(2000-2011)
Fernndez de las Peas, Alejandro (2006), Vender libros para jvenes: disear una estrategia de mercado, en Primeras Noticias de
Literatura Infantil y Juvenil. Monogrfico El lector adolescente en el
mercado cultural, n 218.
Jenkins, Henry (2006), Confronting the Challenges of Participatory
Culture: Media Education for the 21st Century, Massachusetts:
Institute of Technology [Documento en lnea: http://digitallearning.macfound.org/atf/cf/%7B7E45C7E0-A3E0-4B89-AC9CE807E1B0AE4E%7D/JENKINS_WHITE_PAPER.PDF].
Lara, Tiscar, Felipe Zayas, Nestor Alonso Arrukero, Eduardo Larequi (2009), La competencia digital en el rea de Lengua, Barcelona:
Octaedro.
Lluch, Gemma (2005), Mecanismos de adiccin en la literatura
juvenil, Anuario de Investigacin en Literatura infantil y Juvenil,
Vigo: Universidad de Vigo, Vol. 3, pp. 135-156. [Documento en
lnea: Biblioteca Virtual Cervantes Virtual: http://213.0.4.19/FichaObra.html?Ref=31729].
(2009), Las nuevas lecturas deslocalizadas de la escuela, en E.
Gil Calvo, J. Martn-Barbero, R. Morduchowicz, G. Antonio
Arellano y P. Cerrillo, Las lecturas de los jvenes (un nuevo lector
para un nuevo siglo), Madrid: Anthropos.
Martn-Barbero, Jess (2002), Jvenes: comunicacin e identidad, Pensar Iberoamrica. Revista de Cultura, n 0 [Documento
en lnea http://www.oei.es/pensariberoamerica/ric00a03.htm].
(2003), De los medios a las mediaciones, Bogot: Convenio Andrs
Bello.
Morduchowicz, Roxana (2009), La generacin multimedia, en
E. Gil Calvo, J. Martn-Barbero, R. Morduchowicz, G. Antonio
Arellano y P. Cerrillo, Las lecturas de los jvenes (un nuevo lector
para un nuevo siglo), Madrid: Anthropos.
56
La
57
4. UNHA SELECCIN
PARA A EDUCACIN LITERARIA8
resentamos nesta seleccin corenta e cinco fichas bibliogrficas que recollen un total de cincuenta e un ttulos da narrativa xuvenil xa que se contemplan varias triloxas publicados entre 2000 e 2011: vinte e sete do marco ibrico (5 obras
castels, 7 catals, 5 galegas, 6 portuguesas e 4 vascas), e quince do
iberoamericano (6 brasileiras, 6 mexicanas e 3 uruguaias), s que se
suman nove mis procedentes da literatura inglesa. Nos descritores
destcanse aspectos argumentais e outras caractersticas relevantes,
co obxectivo de dar a coecer obras de calidade.
A seleccin proposta responde unificacin de varios criterios, tales
como a relevancia dos autores, a apertura de correntes e/ou temticas
innovadoras ou a consecucin de galardns no perodo de estudo.
Quen se achegue s obras desta seleccin recoecer a presenza de
narracins dunha gran heteroxeneidade nas que se recorre a temticas
como a utilizacin do pasado como material literario; a presentacin
de heroes que viven conflitos e/ou situacin lmites; relacins diversas
entre figuras adultas e adolescentes en proceso de formacin e madu8. O labor de escolma para realizar esta seleccin foi consensuado polos membros
da Red LIJMI a partir das sas directrices, coa axuda dos colaboradores.
61
(2000-2011)
Unha
(2000-2011)
Unha
(2000-2011)
Unha
(2000-2011)
(Anad) que viu en un petit poble del Pirineu descobreix que pertany a una antiga nissaga de bruixes (les Omar) enfrontades des
de temps immemorials a les sanguinries bruixes Odish. Ella ser
lelegida de la profecia per a liderar lenfrontament entre els dos
clans. La segona novella (El desert de gel) desenvolupa el viatge
desesperat de lAnad a la recerca dels orgens de la seva nissaga,
en la qual t un paper preponderant la seva via Selene. El tercer
relat (La maledicci dOd) mostra com la complexitat de la vida
i dels sentiments fan difcil el desenvolupament de la profecia i
que la lnia que separa el b i el mal no s sempre clara ni fcil de
distingir. La trilogia s una proposta intelligent, ben treballada,
que mant en tot moment linters del lector amb un desenvolupament no linial de la trama i que fa un savi s de la conjunci
entre relat fantstic i relat realista (el mn mtic de les bruixes i la
vida quotidiana duna noia de 14 anys en el mn actual). Tamb
cal remarcar que lautora situa la seva obra en el Pirineu catal i
utilitza les tradicions i la rica mitologia prpia daquesta zona,
allunyant-se dels referents cltics i nrdics habituals en el fantasy.
Cruz, Afonso (2010), Os livros que devoraram o meu pai. A Estranha
e Mgica Histria de Vivaldo Bonfim, Prmio Literrio Maria Rosa
Colao 2009, Alfragide: Editorial Caminho, 14-16 anos, 127 pp.
(ISBN: 978-972-21-2095-1).
Subintitulado A Estranha e Mgica Histria de Vivaldo Bonfim
(expresso paratextual que, alis, constitua o ttulo desta obra
quando, em 2009 foi reconhecida com o Prmio Literrio Maria
Rosa Colao), esta narrativa de Afonso Cruz (Figueira da Foz,
1971), autor, mas tambm ilustrador pertencente a uma nova gerao, estrutura-se em 27 captulos, seguidos de um eplogo. Num
discurso coloquial, muito vivo e fluente e no qual se pressente a
vontade de celebrao de uma especial cumplicidade entre aquele
que conta a histria e aquele que a l, narra-se a histria de Elias
Bonfim, um rapaz de doze anos que decide procurar o pai que se
perdeu dentro dos livros que lia. Aventurando-se, ento, na imen68
Unha
sa biblioteca que fora do pai, situada no sto da av, o protagonista percorre uma multiplicidade de ttulos, partindo do livro
que parece ter sido a perdio do pai A Ilha do Dr. Moreau,
de H. G. Wells e lendo um livro atrs de outro, assinados por
autores clssicos da literatura universal como Stevenson, Dostoievski, Dante, Calvino ou Borges, por exemplo. Simultaneamente
humorstica e reflexiva, a narrativa parece prever uma variedade
de potenciais destinatrios extratextuais. A intertextualidade e o
seu aproveitamento ldico ou o cruzamento de leituras e de livros representa talvez a estratgia criativa mais importante desta
narrativa, observando-se, com efeito, o recurso a procedimentos
como a interseo de planos diegticos, a metalepse e/ou a metatextualidade.
Dickens, Charles (2006), Oliver Twist (Oliver Twist, 1837-1839),
trad. Moiss Rodrguez Barcia, Vigo: Galaxia, col. Clsicos Universais, [lectorado mozo], 540 pp. (ISBN: 978-84-8288-971-9).
Con esta obra Charles Dickens (1812-1870) puxo de manifesto a
precaria situacin dos orfanatos e das parroquias inglesas da poca, vez que enfrontou dous mundos contrapostos: o rural e o
urbano. Trtase dunha novela social do xnero de aventuras, pero
tamn de iniciacin, na que o protagonista vive na Inglaterra vitoriana e tenta atopar o seu lugar nesta sociedade, un lugar que
sabe que lle corresponde por dereito propio, pois foille usurpado
dende o seu nacemento. A novela constite unha crtica social da
poca (consecuencias da revolucin industrial e do capitalismo),
con personaxes idealizados que responden ao prototipo dos bos
e malos para profundar na crtica s inxustizas sociais. O espazo
no que teen lugar os feitos a cidade de Londres, que descrita
como un lugar labirntico no que domina a miseria e a inmundicia,
con xente que malvive ou tenta sobrevivir como o propio Oliver.
Dill, Lus (2008), Todos contra D@nte, So Paulo: Companhia das
Letras, 96 pp. (ISBN: 978-85-359-1191-6).
69
(2000-2011)
Unha
(2000-2011)
Gallego, Laura (2011), Donde los rboles cantan, Madrid: SM, 478
pp (ISBN: 978-84-675-5003-0).
A pesar de insertarse en el gnero de la alta fantasa, con sus ingredientes habituales, que garantizan una excelente recepcin entre
los lectores juveniles: ambiente medievalizante, seres intermedios,
estructura de aventura pica, proceso de formacin, aventura, la
propuesta de Laura Gallego (Quart de Poblet, Valencia, 1977)
pone del revs un esquema narrativo fuertemente estereotipado,
gracias a la adopcin de una mirada femenina (narracin heterodiegtica focalizada sobre la protagonista), y no tanto por el hecho
de sea una muchacha la protagonista y la destinada a salvar un
mundo amenazado, sino porque ello permite centrar la reflexin
sobre el destino de la mujer en los conflictos blicos y trazar, al
mismo tiempo, un aprendizaje sentimental transgresor que nos
permite hablar de bildungsroman femenino. Esta inversin afecta
incluso a algunos de los numerosos ecos intertextuales que pueden
encontrarse en la obra, como el motivo mitolgico de Dafne y
Apolo.
Ganem, Eliane (2010), O caso do elefante dourado, Rio de Janeiro:
Galera Record, 160 pp. (ISBN: 978-85-01-08927-4).
Trata-se de uma novela policial de Eliane Ganem (Rio de Janeiro)
em que Tide, uma senhora de 71 anos, se v envolvida em uma
srie de acontecimentos em que traficantes, falsrios de arte, menores de rua e policiais corruptos tentam se apossar de um bibel,
o elefante dourado, chave para o mistrio a desvendar. Ao contar
de forma dinmica as peripcias policialescas vividas pela personagem, suas incurses pelo mundo do crime e pelo espao dos
esportes radicais, a narrativa, em terceira pessoa, em linguagem
coloquial, cheia de dilogos e humor, consegue manter o suspense
e o interesse do leitor at o final. O predomnio da ao, que percorre toda a histria, no impede, contudo, que questes sociais
sejam abordadas, e se quebrem posturas maniquestas, uma vez
que o processo de caracterizao das personagens, tanto jovens
72
Unha
quanto maduras, enfatiza a relatividade dos comportamentos humanos, apresentando-as com qualidades e defeitos. Tambm conhecimentos sobre literatura e arte so apresentados, por meio de
referncias a autores como Drummond, Poe e Simenon, a museus
e acervos, em mecanismos de intertextualidade que enriquecem a
leitura.
Garcia Llorca, Antoni (2004), Terramolsa, Premi Guillem Cifre de
Colonya 2004, Barcelona: La Galera, col. Grumets (8-12 anys),
173, 136 pp. (ISBN: 84-246-9583-6).
Antoni Garca Llorca (Barcelona, 1971) es consolid amb aquesta
obra premi Guillem Cifre de Colonya- com un dels ms prestigiosos i reconeguts escriptors en llengua catalana per a joves. Es
tracta duna novella breu protagonitzada per animals un poc a
lestil dels fabularis dpoca medieval- que tracta en clau simblica- de la violncia del nostre mn. Lautor caracteritza a la perfecci els personatges i construeix una trama que enganxa el lector
des de la primera pgina tant per largument com pel llenguatge,
ric, acurat i gil que utilitza, amb nombroses referncies a la tradici popular. Aix, el gos guardi Nasf, lastuta i lladregota guineu
anomenada Lo Guillot, lespavilat gat Peus Lleugers i altres personatges del seu entorn dibuixen un fris de relacions i sentiments
que reflecteixen a la perfecci la condici humana i que recreen la
vella lli de la uni fa la fora.
Gil, Eve (2009), Sho-shan y la Dama Oscura, ilust. Murasaki Fujita,
Mxico: Suma de letras, 218 pp. (ISBN: 978-607-11-0255-3).
Primer tomo de una saga de Eve Gil (Hermosillo, 1968) a la que
se describe como la primera narracin manga escrita en Mxico,
porque es una obra tejida de intertextualidades con el gnero manga y los dinmicos animes japoneses; por esta razn en su confeccin abundan los elementos dramticos, los toques violentos, la
lucha por la libertad y la bsqueda de la identidad ms los secretos
familiares que trastornan a los personajes. Narrada en primera per73
(2000-2011)
Unha
historia de una adolescente criada por su abuela despus de haberse quedado hurfana. Sus padres murieron cuando era muy
pequea, poco despus de haber salido de la crcel y tenerla hecho frecuente entre los presos polticos, Se trata de una novela
polifnica, en el sentido bajtiano, en la que varias voces cuentan la
historia desde puntos de vista conflictivos. A su complejidad contribuyen tambin, las mltiples anacronas temporales que permiten narrar historias de dos pocas separadas por un lapso de treinta aos. La protagonista, Lily, una joven de diecisiete aos cuyo
verdadero nombre es Libertad, investiga la historia familiar para
rearmar el rompecabezas de su propia identidad. Conversaciones
telefnicas, diarios ntimos, encuentros con una ta fantasma, monlogos interiores, el discurso senil de una abuela de 90 aos, cuya
razn se apaga da a da, son algunos de los recursos que Helguera
(Montevideo, 1960) pone en juego para reconstruir el pasado de
la protagonista y hacer visible las secuelas que las violaciones de
los derechos humanos dejaron en sus vctimas, al mismo tiempo
que mostrar el efecto daino del pacto de silencio por el que optaron algunos sectores de la sociedad uruguaya.
Helguera, Magdalena (2002), Siempre la misma egosta, Premio del
Ministerio de Educacin y Cultura de Uruguay a obra indita
2000, Goyoaga-Montevideo: Ediciones Trilce, col. Infantil-Juvenil, 129 pp. (ISBN: 9974-32-287-1).
Escrita en forma de diario ntimo, la novela nos presenta a Macarena, una adolescente hurfana de padre, que vive con su madre,
su hermana mayor y su abuelo en la Costa de Oro uruguaya. Al
comienzo de la obra, la narradora-protagonista explica que escribe
como una forma de autoconocimiento. Sin embargo, poco despus, confiesa que le encanta escribir, que es una lectora voraz y
que por ello es considerada por sus padres como un bicho raro.
Escribir ser un vicio que guarde con celo. La actividad escritural
se convertir al final de la obra, en una experiencia central, cuando las vicisitudes personales y familiares la lleven a aventurarse a
75
(2000-2011)
76
Unha
Jaureguizar, Santiago (2006), A cova das vacas mortas, Premio Fundacin Caixa Galicia de Literatura Xuvenil 2006, ilust. Miguel
A.Vigo, Vigo/Santiago: Edicins Xerais de Galicia/Fundacin
Caixa Galicia, col. Fra de xogo, n 95, 129 pp. (ISBN: 84-9782480-6/84-96494-77-2).
O xornalista e escritor Santiago Jaureguizar (Bilbao, 1965) ambienta esta historia na vila de Negueira de Muiz, marcada pola
construcin dun encoro que provocou o abandono dos vecios e
a ocupacin das casas na dcada dos setenta polos hippies. Neste ambiente vive Xoel, un rapaz de dezaseis anos, algo perdido e
desencantado, que se enfronta s sas particulares circunstancias
vitais e familiares cunha sorprendente madureza, xa que el quen
asume as responsabilidades da casa e coida da sa nai. A rutina de
Xoel rompe cando chega o av, procedente do seu Berln natal,
enfermo de alzheimer, que engade novas responsabilidades para o
adolescente xa que agora, ademais, debe estar pendente del. Mais
co av chega tamn unha historia de intriga arredor do seu pasado e da sa posible relacin coa cineasta alem Leni Riefenstahl,
envolta sempre na sospeita de se se trata dunha fantasa froito da
cruel doenza do av ou dun feito real. Os datos inseridos sobre a
vida e da obra da cineasta contrapoen das ideoloxas tan afastadas como a dos hippies e a dos nazis. A novela tamn conta cunha
trama amorosa, grazas aparicin de Iria, quen esperta dbidas
no rapaz sobre o nazismo e sobre o contraditorio poder dos sentimentos. Na fotografa da cuberta de Manuel G. Vicente aparece
unha cmara Super 8 coa sa correspondente bobina de pelcula
para a filmacin, elementos que gardan relacin co relato.
Landa, Mariasun (2003), Krokodiloa ohe azpian (Un cocodrilo bajo
la cama / Un crocodilo debaixo da cama), Premio Nacional de Literatura Infantil y Juvenil 2003, Irn: Alberdania, col. Ostiral saila,
n 18, 58 pp. (ISBN: 84-95589-33-8).
El cuento Krokodiloa ohe azpian de la escritora vasca Mariasun
Landa (Rentera, 1949) aborda, en clave de literatura del absurdo,
77
(2000-2011)
78
Unha
Machado, Germn (2011), Tamandu killer, Premio Bartolom Hidalgo 2011, ilust. Germn Scotellaro, Montevideo: Fin de Siglo, col.
Montaa errante, 129 pp. (ISBN: 978-99-7449-513-5).
La obra ha sido definida por su autor como un thriller, una novela
de suspense que tiene, al mismo tiempo, ingredientes propios de
la novela de aventuras y la policial. La accin es narrada desde el
punto de vista de un narrador omnisciente, transcurre en un da
y medio y presenta un misterio a desvelar: quin es el responsable del asesinato masivo de los ltimos tamandus que viven
en la regin del Delta? Los tamandus son osos hormigueros en
extincin que habitan Amrica del Sur; el Delta es un territorio
ficcional donde Machado (Montevideo, 1966) sita a dos amigos
adolescentes que deben revelar la incgnita que supone que un
buen da comiencen a aparecer osos hormigueros degollados y sin
lengua. Como en el gnero policial, para resolver la incgnita, los
investigadores tienen que interpretar pistas, establecer hiptesis y
confrontarlas con la realidad. Sin embargo, el relato se torna ms
complejo e interesante con la incorporacin de una organizacin
de defensa de los animales y la presencia de investigadores cientficos con distintas visiones acerca de su papel en la sociedad. Se
plantea as, un debate sobre hechos de nuestro tiempo tales como
la depredacin de la naturaleza en aras del progreso y los lmites
ticos de la investigacin cientfica. Un libro en el que Germn
Machado cumple con la triple funcin de la literatura: conmover,
entretener y educar.
Malpica, Antonio (2008), Billie Luna Galofrante, Mxico: Grupo
Editorial Norma, col. Novela juvenil, 338 pp. (ISBN: 978-97009-1950-0).
Narrada en primera persona desde una protagonista adulta y madre de dos nios inteligentes y contestatarios. La novela teje dos
historias, la de esta mujer empecinada, trabajadora, viuda, esforzada, objetiva y realista que debe cambiar sus parmetros para encontrar el amor y la felicidad, ms el relato del padre que despierta
79
(2000-2011)
Unha
(2000-2011)
distintas das das cidades, bem como a representao de um espao social feito de gentes do campo e povoado de figuras mais
ou menos tipificadas, como o amolador ou os ciganos, a par do
dono da Tasca, o Sr. Saul ou, at do Tolinho do Rio, o Gabriel,
imprimem a este romance juvenil um carter simultaneamente
visualista e realista. Alm disso, o relato pontuado por diversas
referncias histrico-culturais (por exemplo, ao regime salazarista,
guerra colonial ou pobreza) e, ainda, a certas lendas e supersties populares (por exemplo, coruja e sua associao morte,
entre outras). Temas como a infncia, o sonho, o amor e at as
injustias sociais so estruturantes neste texto de Antnio Mota
(Lisboa, 1964) que, tambm neste romance, se revela detentor
de um estilo pessoal que sabe conjugar um registo popular por
vezes, rude e amargo com um humor muito especial.
Moure, Gonzalo (2006), En un bosque de hoja caduca, Premio Anaya
de Literatura Infantil y Juvenil, ilust. Esperanza Len, Madrid:
Anaya, 120 pp. (ISBN: 978-84-667-5193-3).
Novela realista de Gonzalo Moure (Valencia, 1951) que narra el
trnsito de la niez a la adolescencia de una mujer adulta, Luca, a
travs de sus vivencias de un verano, cuando tena 12 aos, en que
se dedic a estudiar a una familia de ruiseores. En sus anotaciones quedaron todos los detalles observados, que le sirvieron para
descubrir la vida y la muerte, la belleza, la alegra y el dolor. Con
ellas, la Luca adulta escribe el cuento El bosque de hoja caduca,
insertado como tal en la novela, cuyo final lo inclina hacia lo maravilloso. Una historia de vida cotidiana que habla de la memoria,
de recuerdos y sentimientos. En su preocupacin por el buen uso
del lenguaje y los recursos narrativos, el autor prescinde de la adjetivacin fcil y consigue un tono emotivo, ntimo y cercano para
describir el hondo sentimiento de la naturaleza y las emociones de
la protagonista.
Muoz Ledo, Norma (2010), Supernaturalia. Una seleccin, Mxico: Alfaguara, Serie roja, 223 pp. (ISBN: 978-607-11-0800-5).
82
Unha
Norma Muoz Ledo (Mxico, 1967) rene ms de ochenta relatos cortos del universo sobrenatural de Mxico, historias recopiladas de distintas regiones del pas con mltiples voces. En sus pginas encontramos testimonios de personas comunes y corrientes
que han tenido contacto con lo extraordinario, ellos son quienes
cuentan con el sabor legendario del narrador tradicional. Ante la
mirada asombrada del lector aparecen duendes como el Chaneco,
los chaneques o aluxes; encantos y apariciones; chamanes y magos; la magia y los animales sobrenaturales de una nacin donde
el realismo mgico pervive. El contenido del libro est dividido
en siete secciones que inician con una reflexin de la autora sobre
el tema que va a desarrollar, aportaciones que enriquecen nuestra
comprensin sin restarle brillo a las historias.
Pasqual i Escriv, Gemma (2007), La mosca. Assetjament a les aules, Premi de Narrativa Juvenil Benvingut Oliver 2007, Valncia:
Perifric Edicions, col. Narrativa, 17, 106 pp. (ISBN 978-84935498-7-9).
Gemma Pasqual i Escriv (Almoines, 1967) escriu una histria
curta per intensa que administra la informaci que dna al lector
per crear un equilibri entre un ritme rpid i la reflexi que el tema
proposat reclama. Largument principal inclou altres histries
secundries que aconsegueixen formar-ne part sense resultat sobrants sin que enriqueixen la trama principal i amplien els punts
de vista del lector. Els jocs intertextuals evidenciats pel narrador
com lallusi a El senyor de les mosques de William Golding o la
referncia al poema de La mosca de Joan Brossa dota el relat de
mltiples capes que diferencien aquesta novella daltres que tracten el mateix tema per des dptiques menys riques.
Pullman, Philip, (2007, 2008, 2009), A materia escura (triloxa): A
aurora boreal (Northern Lights / The Golden Compass, 1995) / O
coitelo sutil (The Subtle Knife, 1997) / O anteollo de mbar (The
Amber Spyglass, 2000), trad. Fernando Moreiras, Vigo: Faktora K
de Libros, Coleccin Narrativa, 340 pp./ 272 pp./ 432 pp. (ISBN
83
(2000-2011)
Unha
en Miquel descobreix i que el colpeix profundament. El personatge central s en Miquel, protagonista i narrador. Lavi t tamb
gran importncia, s qui ajudar en Miquel a construir la seva
personalitat. El nen s lleial, observador, impulsiu i inquiet; lavi
s tolerant, comprensiu i amb un punt dironia. Es complementen i senriqueixen mtuament. Na Maria significa la descoberta
de latracci sexual. Al final, na Maria ser un bell record. Hi ha,
tamb, una petita galeria de personatges secundaris cada un dels
quals aporta matisos a la relaci entre en Miquel i el seu avi i alguns personatges incidentals. El llibre sacompanya dunes exquisides illustracions de Pablo Auladell.
Rendn Ortiz, Gilberto (2007), El caballero de la Negra Armadura,
ilust. Beatrix G. de Velasco, prol. Gloria Prado, Mxico: Junco,
col. La pluma mgica. Avanzados, 153 pp. (ISBN: 968-9083-04X).
Novela de fantasa heroica que juega intertextualmente con el
Quijote de la Mancha y otras novelas clsicas de caballera, una
parodia llena de irona y humor, narrada en tercera persona. Intercala citas de obras extraordinarias e inexistentes, nombra autores contemporneos, retoma personajes clsicos como Merln o
Mimm para refigurarlos en nuevas situaciones y posturas, mezcla
guios metatextuales. Gilberto Rendn Ortiz (Cuautla, Mxico,
1946) con todos estos recursos narra la historia de dos chicos, un
prncipe y un siervo, unidos extraamente por la magia de un maligno fraile y destinados ambos a morir para alimentar con su fuerza
vital la vida de un dragn. El destino los ha separado y el fraile prepara una nueva reunin para culminar el sortilegio y con ese teln
de fondo se tejen las aventuras del Caballero de la negra armadura
llena de equvocos y fantasa, un hroe quijotesco destinado a terminar con el dragn.
Riter, Caio (2006), O garoto que no era de Liverpool, So Paulo:
SM, col. Barco a vapor. Srie vermelha, n 12, a partir de 12/13
anos,128 pp. (ISBN: 978-85-7675-118-2).
85
(2000-2011)
Unha
(2000-2011)
Unha
(2000-2011)
vo. Trtase dunha obra monumental ateigada de personaxes mitolxicos e idealizados situados nun espazo e nun tempo fantsticos
(Terra Media, Terceira Idade do Sol) que se alian en prototipos
(bos e malos) en permanente loita. O autor, a travs dun narrador
omnisciente, os monlogos das personaxes e o estilo indirecto libre,
vai esfiaando temas de permanente actualidade: a corrupcin do
poder, a visin apocalptica dun mundo industrial despersonalizado
e a recompensa que merece a conduta tica do individuo.
Vieira, Alice (2010), Meia Hora para Mudar a Minha Vida, Alfragide: Editorial Caminho, 12-16 anos, 154 pp. (ISBN: 978-97221-2105-7).
Meia Hora para Mudar a Minha Vida um romance juvenil da autoria de Alice Vieira (Lisboa, 1943) que recupera alguns dos temas
centrais da obra desta autora, nomeadamente os contextos familiares e afetivos e os universos femininos. A narrativa, em primeira
pessoa, conta a histria de Branca, uma criana que apesar de ter
nascido num contexto familiar aparentemente disfuncional, sem
conhecer quaisquer elementos da famlia biolgica para alm da
me, cresce feliz e equilibrada no seio de um grupo muito especial
de atores e artistas de bairro, na cidade de Lisboa. Esta pequena e original comunidade, que partilha casa, palco, afetos e uma
paixo avassaladora pelo dramaturgo Gil Vicente e pelo Benfica,
funciona como a referncia afetivamente mais marcante da narradora, mesmo aps a morte da me e do regresso casa da av.
Perspetivando, a partir de um ponto de vista singular, o universo
infantil, as dores do crescimento e a construo de uma identidade pessoal, o romance, seguindo a linha realista e intimista, ainda caraterizado pela presena do humor. Com um discurso fludo
e cativante, a autora conquista os leitores, mantendo-os presos ao
fio de uma narrativa que os interroga e questiona tambm a sociedade e a forma como esta v e entende a infncia.
Villoro, Juan (2011), La calavera de cristal, ilust. BEF, basado en
el guin de Nicols Echeverra y Juan Villoro, Mxico: Editorial
90
Unha
(2000-2011)
92
5. COMENTARIOS
PARA A FORMACIN LECTORA
oa finalidade de axudar o mediador no seu labor de educar literaria e artisticamente, e para orientalo hora de
se enfrontar lectura e ao traballo coa narrativa xuvenil,
ofrcense neste apartado un total de vinte e dous comentarios crticos, quince do mbito ibrico, seis do mbito iberoamericano e un
doutras linguas, neste caso do ingls, que reproducen os parmetros
terico-metodolxicos indicados na seleccin.
Os comentarios aparecen ordenados alfabeticamente a partir dos
apelidos dos autores e autoras do texto literario.
95
MBITO IBRICO
(2000-2011)
Comentarios
por Teora do caos; o Premio de poesa Caixanova en 2006 por Mudanzas; e o Premio Fundacin Caixa Galicia de Literatura Xuvenil
en 2008 por A cabeza de Medusa.
At a actualidade ten contribudo literatura xuvenil con cinco
novelas que se adscriben a das lias temticas dominantes: a novela de aventuras, practicada nO rescate do peneireiro (1990)10 e A
expedicin do Pacfico (1994)11; e a novela realista que se achega ao
tratamento de conflitos, tanto sociais coma persoais, nA banda sen
futuro (1999)12, Ra Carbn (2005)13 e A cabeza de Medusa. Nestas
obras pdense estabelecer uns trazos comns da potica narrativa
de Marilar, como son a preferencia polo protagonismo feminino, o
emprego do dilogo intertextual e o tratamento do proceso de madureza e superacin persoal, dos conflitos ao redor da identidade e
de temas da actualidade, unha potica baseada no deseo da Literatura Infantil e Xuvenil galega cun peso especfico, emparentada coa
tradicin universal e vez asentada e debedora da autctona, unha
intelixente mestura do popular e do culto (Soto, 2007: 29).
A cabeza de Medusa: estrutura e argumento
No ano 2008 un xurado composto por especialistas e por estudantes conceda por unanimidade o III Premio Fundacin Caixa
Galicia de Literatura Xuvenil novela A cabeza de Medusa, coa que
se rachaba o silencio da literatura xuvenil galega ao redor dunha
temtica pouco tratada: o tema da violacin, un feito traumtico e
10. Ilust. Fran Jaraba, Vigo: Edicins Xerais de Galicia, col. Merln, serie Laranxa
(de 11 anos en adiante), 1990.
11. Ilust. Fran Jaraba, Vigo: Edicins Xerais de Galicia, col Merln, serie Marrn
(de 13 anos en adiante), 1994. // col. Fra de xogo, n 47, 2000.
12. Premio Lazarillo de Literatura Xuvenil 1999, Premio Lecturas de literatura
xuvenil 2001, Vigo: Edicins Xerais de Galicia, col. Fra de xogo, n 40, 1999.
13. Finalista do Premio Nacional de LiteraturaInfantil e Xuvenil 2006, Vigo: Edicins Xerais de Galicia, col. Fra de xogo, n 86, 2005.
99
(2000-2011)
Comentarios
Marilar conta unha historia que atrapa e sintetiza a tripla violacin fsica, cultural e social s que as mulleres fomos e somos
suxeitas (...) como desafogo dunha natureza masculina supostamente indombel, como medalla de virilidade, como arma de guerra e
moeda de cambio ou simple ancdota cando as mulleres nada valan (Pual, 2009: 9). E faino dunha maneira directa, obxectiva
e natural, sen dramatismos nin tabs, cunha dose equilibrada de
narracin, descricin e dilogo e cunha linguaxe axeitada e prxima
ao lectorado xuvenil, achegndose aos gustos musicais e flmicos,
por medio das diferentes referencias que presenta na narracin, e s
sas inquietudes e preocupacins, como son os estudos e as primeiras relacins amorosas.
Temas: violacin, mito, amor...
Dous son os temas principais que se relacionan ao longo da obra:
a violacin de Sofa e Lupe e o mito de Medusa, metfora e elo que
entretece en todo o relato a mitoloxa co drama actual, a violencia
fsica coa violencia simblica, reflectidas na vida real e nas obras literarias.
O tema da violacin vai estar omnipresente en todo o texto narrativo e tamn nos diferentes elementos paratextuais inseridos, como
as citas, os exercicios escolares (a traducin das Metamorfoses de Ovidio) e os textos xornalsticos e administrativos que se inclen para
dar conta dos avances da investigacin policial e da investigacin a
Matas, un compaeiro de Sofa e Lupe, acusado de cuspir e facer
pintadas insultantes no bao feminino. Todos estes recursos permiten mostrar diferentes visins narrativas dun mesmo acto. Por un
lado, achgase o punto de vista das vtimas: o seu ofuscamento nos
primeiros intres nos que son conscientes do que lles aconteceu, a
mltiple vitimizacin que supn contarlles de novo o acontecido s
familias, polica e aos avogados, o medo e o estigma social que
se ven sometidas por parte dalgns compaeiros que, como no que
101
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
105
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
109
Bibliografa
Aleixandre, Marilar (1997), Autopotica, Boletn Galego de Literatura, n 18, Creacin, 2 semestre, pp. 193-196.
Dacosta, Marta (2009), Sobre A cabeza de Medusa de Marilar
Aleixandre, A Nosa Terra, n 1.345, Cultura, 5-11 febreiro, p.
26.
Estvez-Saa, Jos Manuel (2010), O poder formativo da arte e o
mito na literatura actual, El Correo Gallego, Cultura, 14 marzo,
p. 64.
Fernndez, Mara Jess (2009), A Cabeza de Medusa. Marilar
Aleixandre, CLIJ. Cuadernos de Literatura Infantil y Juvenil, n
223, Libros. Ms de 14 aos, xaneiro, p. 60.
Lpez Prez, M Jos (2000), Expediciones a la fantasa. La narrativa infantil de Marilar Aleixandre, en Eloy Martos Nez, Jos
M Corrales Vzquez, Arturo Gonzlez y Sara Moreno Valcrcel
(eds.), Historia crtica de la Literatura Infantil e Ilustracin ibrica.
Actas del II Congreso de Literatura Infantil y Juvenil, Mrida: Editora Regional de Extremadura, pp. 241-244.
Nicols, Ramn (2009), Reivindicacin da dignidade, La Voz de
Galicia, Culturas, 28 marzo, p. 11.
Pena Presas, Montse (2008), E Medusa volveu vivir, Grial. Revista Galega de Cultura, n 180, Tomo XLVI, O espello das letras,
outubro, novembro, decembro, p. 104.
Comentarios
111
Resumen: Siete relatos de ciencia ficcin que recrean la posible realidad de un futuro cercano: violencia, sueo de eterna juventud, fantico culto al cuerpo, salvaje lucha por la vida, emigracin Situaciones que implican cambios tecnolgicos no logrados todava pero
peligrosamente posibles, lo que plantea problemas de ndole moral y
social que nos interrogan en el presente.
Palabras clave: futuro, relato fantstico, utopa.
Abstract: It is about seven science fiction stories that recreate the
possible reality of a near future: violence, the dream of eternal youth,
fanatic cult to body, wild struggle for life, emigration They represent situations that imply still unachieved technological changes but
14. Zaragoza: Edelvives, col. Alandar, 2008.
113
(2000-2011)
likely to occur, a fact which arises social and moral problems that
question us in the present.
Keywords: fantastic story, future, utopia.
Bajo un acertado ttulo, que sintetiza perfectamente los dos ingredientes comunes a los siete relatos que componen este volumen,
la autora despliega un abanico de situaciones inquietantes, a veces
fantsticas, a veces reales, que componen un certero relato de nuestra sociedad actual. Una sociedad desarrollada y opulenta que exhibe sus excesos ante quienes carecen de todo, al tiempo que levanta
sueos y construye mitos con los que conjurar su debilidad y sus
miedos: la eterna juventud, la vida saludable, la sociedad solidaria y
comprometida, polticamente correcta. Porque esta sociedad avanzada, poderosa, donde todos los deseos pueden alcanzarse con dinero
y medios tcnicos, no ha logrado vencer el miedo a la muerte, al
deterioro fsico y mental, a la insatisfaccin con la propia vida.
Con este planteamiento, y utilizando con eficacia los recursos del
gnero fantstico, la ciencia ficcin y la utopa, la autora pone ante
nuestros ojos, y, ms an, ante nuestro pensamiento y nuestra conciencia, historias que podran ocurrir en un futuro prximo. Algunas
son escenas puntuales, breves, que podran ocurrir casi en nuestros
das; otras se sitan en un futuro ms lejano, aunque el punto de
arranque las hace igualmente posibles, ya que consisten siempre en
estirar las posibilidades que actualmente ofrecen algunos avances
cientficos, biolgicos o sociales.
Son, pues, futuros posibles: as los sentimos al leer estas historias
de deseos cumplidos, concursos de telerrealidad, clonaciones, longevidad y entrevistas de trabajo. Pero son tambin futuros peligrosos.
A dnde nos conduce este desarrollo cientfico que nos har capaces
de vencer a la muerte? Cmo ser esa sociedad de realidades virtuales donde la vida humana llega a perder su valor en aras del ocio y
la diversin?
114
Comentarios
Quiz los mayores peligros son los que reconoce la propia autora
en su dedicatoria a los jvenes: la violencia y la banalidad. El mundo futuro que despliega ante nosotros ha acabado con la libertad
individual, los sueos y la posibilidad de encontrar sentido a la vida.
Alcanzar los sueos eternos de la humanidad no significa, paradjicamente, ser ms feliz, sino vivir en una constante insatisfaccin,
atenazados por un sentimiento de prdida y vaco frente al que no
hay otra respuesta que la generosidad, la libertad de elegir, el amor y
la solidaridad hondamente sentida.
Dentro de este marco general de literatura de anticipacin (y, por
ello, fantstica) hay dos tipos de relatos claramente diferenciados:
aquellos ms prximos a la utopa o la ciencia ficcin, con una mayor carga de elementos fantsticos, y los que se encuentran ms cercanos al presente, con menos carga fantstica y planteamiento ms
realista, aunque la realidad se observa con una lente de aumento que
hace ms evidentes sus defectos.
En este segundo grupo se encuentran El hombre de cristal, Fumando espero y, quiz, Viejos.
El hombre de cristal viene a ser un testimonio de plena actualidad, muy vinculado a la circunstancia histrica: una entrevista de
trabajo. Basada en el dilogo, lleva al extremo los detalles o aspectos
de la vida del aspirante que se evalan en dicha entrevista; los lleva
a un extremo que conduce al absurdo pero que se intuye, paradjicamente, como real y hasta posible en nuestro mundo de hoy. Es un
relato bien construido: la ambientacin, el lenguaje empleado y el
juego de personajes generan expectativas que hacen sorprendente el
final. Un final verosmil y real, en efecto, pero inesperado desde los
presupuestos narrativos en los que la autora sustenta y desarrolla la
historia.
Fumando espero, por su parte, cuenta la pequea historia (o el
pequeo drama) de Jaime, un hombre de 98 aos que se cuestiona la
vida de sacrificios que le ha permitido llegar a esta edad longeva. Se
cuestiona el ideal de la vida saludable no fumar, no tomar grasas ni
alcohol, hacer deporte al observar la situacin en que se encuen115
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
Resum: El maltractament i la violncia domstica sn el tema principal de la novella amb qu Lolita Bosch va merixer l11 Premi
de Literatura Protagonista Jove i el Premi de la Crtica Serra dOr
Juvenil lany 2007. Emmarcada dins el corrent anomenat realisme
crtic, la histria atrapa el lector des del primer moment amb un estil
gil i rpid, ple de reiteracions, elements habituals en la narrativa de
lescriptora catalana.
Paraules clau: maltractament, realisme crtic, violncia domstica.
Abstract: Maltreatment and domestic violence are the main topics
in the novel for which Lolita Bosch received the awards 11 Premi
de Literatura Protagonista Jove and the Premi de la Crtica Serra
dOr Juvenil in 2007. Following the lines of the literary tendency
15. Barcelona: Crulla, Gran Angular, col. Alerta roja, 2005.
121
(2000-2011)
known as critical realism, the story traps the reader since the very beginning thanks to a quick and agile style, full of reiterations, which
is a repeated element in the narrative of the Catalan writer.
Keywords: critical realism, domestic violence, maltreatment.
Lolita Bosch (Barcelona, 1970) ens adverteix ja des de la primera pgina: el protagonista de la seva novella morir. Divuit hores
desprs del moment en qu comena la seva histria, M un jove
estudiant de setze anys ser assassinat pel seu pare. Un pare que,
abans de matar el seu fill, haur mort la seva filla i, desprs, rematar
la seva dona que jeu agonitzant al terra de la llar familiar. Bosch ens
narra a M les hores prvies a aquestes tres morts, conseqncia del
maltractament i la violncia domstica.
Lautora ens demana disculpes per aquest inici S que s un
principi difcil per a un llibre. I creu-me que ho sento, per la seva
intenci s que sapiguem que encara que agafis afecte a M, haurs
de deixar-lo anar. Molt aviat (p. 7), per aquest s un llibre-crit,
s novella-denncia (que quedaria emmarcada dins lanomenat realisme crtic), que vol deixar constncia del fet que, tot i que avui en
dia es treballa intensament contra la xacra social del maltractement
i la violncia domstica, encara ens cal fer molt de cam fins arribar
a la seva total desaparici: El tema de la violncia familiar afecta
actualment a la societat espanyola i creix cada any (Riveros, 2010),
afirmava Bosch en una entrevista. I la novella, de fet, va sorgir del
testimoni que vctimes (dones i infants) confiaren a lescriptora: El
llibre reflexa un treball dinvestigaci que vaig fer amb dones maltractades i nens violentats (Riveros, 2010).
La novella presenta uns fets tan actuals i realistes que els protagonistes de la histria podrem ser qualsevol de nosaltres. Per aix, en
cap moment lautora ens diu el nom dels personatges que hi surten.
Sn la mare, el pare, lvia. Sn la directora de linstitut, lentrenador, el professor de laboratori. Ella (la germana), en J (el seu millor
122
Comentarios
(2000-2011)
I a M, tamb, Bosch fa s duna reiteraci constant, tret caracterstic de la narrativa de lescriptora. La reiteraci ajuda a fer avanar la
histria per sobretot al lector, per aquesta difcil narraci. Situacions, escenes, descripcions, dilegs... es repeteixen captol rera captol
amb la voluntat de fixar en la nostra memria lectora determinats
detalls de la histria, i situar-nos en la cronologia dels fets, que ella
fa anar i venir del present al passat i daquests al futur:
En una entrevista dIrene Tarrs, Lolita Bosch parla daquest trencament en
lordre cronolgic del relat, daquestes repeticions tan prpies de les seves novel
les:
-Hi ha una voluntat de difuminar el moviment (...) en les repeticions i en els
salts endavant i endarrere del relat?
-S, magrada com ho veus. Hi ha una intenci de difuminar. No exactament
el moviment, sin el temps. I de posar unes veus al damunt de les altres (Salvatella, 2011: 13).
Bosch va nixer a Barcelona lany 1970, i des de ben petita va viatjar i viure arreu del mn (Estats Units, ndia, Ciutat de Mxic...).
Ha escrit literatura infantil i juvenil i tamb per a adults (contes,
novelles i obres de teatre), en catal i en castell, i ha estat traduda a
langls, a lalemany i al polons. La seva literatura sol tractar
la memria i el record, lexili, lamistat, el silenci, el somni, la por... En cada
novella hi ha una recerca literria i dexploraci duna nova tcnica: el trencament en lordre cronolgic del relat, el plantejament de larquitectura del relat,
124
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Una dona que no consola els seus nts quan aquests ho necessiten.
Que menteix, que permet una realitat que podria ser ben diferent.
Com podria ser diferent la relaci que M tengus amb el seu pare.
De fet, M es planteja demanar-li si est orgulls de que la seva prpia famlia li tengui por, si no sestimaria ms que lestimessin. Qu
laparena que fa no fos sols una faana sin quelcom real. Perqu
en realitat, ning simaginava que pogus ser un maltractador. La
imatge que projecta el pare fora de casa s la duna persona equilibrada, incapa de maltractar la famlia, incapa dassassinar la dona i
els fills. Ning entn el que ha passat. Tampoc els personatges principals de la histria: Abans no eres aix li diu la mare de M un
dia, quan el pare sembla penedir-se de la seva agressivitat: Potser
s culpa de la feina. O la casa, els nens... No ho s. Totes aquestes
obligacions em posen molt nervis. Tinc por de fer-ho malament, de
no saber fer-men crrec (p. 43).
I per canalitzar aquesta por, el pare utilitza la seva dona i els seus
fills com si fossin ninots, com si fossin els protagonistes duna broma
macabra; com la germana petita utilitza les seves nines per representar, de forma simblica, el que viu a casa i exterioritzar tant de
patiment silenciat.
M imagina un futur amb la germana i la mare, sols, sense el pare,
lluny de la seva violncia. El jove es planteja que seria capa de renunciar al que ms li agrada si amb aix pot salvar la mare i la germana de la situaci insostenible en la que viuen. Lolita Bosch descriu
al llarg de la novella, al llarg de les 18 hores prvies a la mort de M,
que una de les principals preocupacions de M s com manifestar-li
al seu entrenador que ha decidit no competir i, per tant, truncar la
seva carrera com a possible esportista professional. No sap com dirli sense semblar desagrat, sense defraudar a alg que s un referent
per a ell. Perqu M renunciar al seu somni, per no allunyar-se de sa
mare i sa germana, per protegir-les del seu pare. I Lolita Bosch ens
far veure que finalment, tanta preocupaci no haur servit per res,
perqu ser el pare qui decidir per ell. Mort M, ja no ha de renunciar al seu somni. El somni morir amb ell.
128
Comentarios
Un futur en el que fins i tot fos possible tornar a ser un nen i poder reescriure la seva histria de vida: perqu encara que M ja sigui
gran, a vegades voldria tornar a ser un nen perqu les coses poguessin
passar duna altra manera (p. 47). I el preu que paga per imaginar-se
un futur millor (per a ell, per sa mare, per la seva germana), s la
mort:
-Finalment et quedars sol diu al pare.
I el pare respon amb una pregunta:
-I aix s el que vols, oi? (p. 78).
La novella va ser premiada amb l11 Premi de Literatura Protagonista Jove 2007 i tamb amb el Premi de la Crtica Sera dOr Juvenil del mateix any. Crtics i lectors es van posar dacord a lhora de
reconixer el valor de lobra, no sols per la temtica que desenvolupa
sin per la manera com est contada. Lolita Bosch diu, quan agraeix
a les famlies i dones que han compartit amb ella les seves prpies
histries, sobre les quals ha pogut fer la novella, que sense les seves
experincies ens costaria ms entendre, i creure, que posar fi a la
violncia s possible (p. 93).
129
Bibliografa
Ma, Teresa (2006), Ressenya literria, Faristol, n 55, Barcelona:
Consell Catal del Llibre per a Infants i Joves.
Riveros, Carlos (2010), Lolita Bosch, un experimento literario no terminado (en lnea), Connecticut: La Voz Hispana de Connecticut,
maig (ref. mar 2012). Disponible a Internet: http://www.uc3m.
es/portal/page/portal/biblioteca/aprende_usar/como_citar_bibliografia. Traducci de Mar Ray.
Salvatella, Pilar (2011), Itineraris de Lectura. Lolita Bosch, Barcelona: Instituci de les Lletres Catalanes.
Resumo: Delinanse as claves coas que Marcos Calveiro est a construr a sa potica antes de analizar O pintor do sombreiro de malvas,
pola que mereceu o Premio Lazarillo 2009 e outros destacados premios e recoecementos. Incdese nas innovacins que este escritor
vilagarcin achegou LIX galega e explcase a significacin desta
novela xuvenil dentro da sa producin literaria.
Palabras chave: intertextualidade, narrativa xuvenil, pintura, recreacin literaria.
Abstract: The key factors with which Marcos Calveiro is creating
his poetics are commented before analyzing O pintor do sombreiro
de malvas, the work by which he received the Lazarillo award in
16. Vigo: Edicins Xerais de Galicia, col. Fra de xogo, 2010.
131
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
tica, como xa apuntei. Nesta novela aborda distintos temas cos que
consegue engarzar a relacin entre os diferentes personaxes e achegar
verosimilitude a unha biografia que converte en materia literaria.
A maiora dos temas acenan directamente cara ao personaxe protagonista Vincent, por exemplo os referidos ao seu labor pictrico,
a sa morte e a amizade que estabelece co mozo narrador; pero o
personaxe adolescente, polo forte binomio que forma co pintor, acada un protagonismo destacado, que narrativamente Calveiro resolve
dndolle entidade fronte a Vincent: expn as causas que o levaron
a vivir a Auvers, a nula relacin coa ta Jojo, a diferente formacin
intelectual que os mozos da vila, o seu gusto pola soidade, o temor a
que sexa certo o que insinan o xendarme da vila e o padre Teissier
sobre a sa nai, o seu primeiro amor Adeline, o medo e dor ante a
morte dalgun prximo, e a incerteza ante o futuro.
tal a importancia da relacin mozo-adulto que cando o narrador
madurece deixa atrs Auvers e todo o que o rodea no momento en
que falta o seu mestre (Neira Rodrguez, 2011: 113) a finais de
xullo de 1890, xa que o pintor lle amosara os trazos mis amables da
sa personalidade: xenerosidade, sabedora, facundia e s, cando a
depresin o minguou, os da sa face mis escura: angustia existencial, irritabilidade (Neira Rodrguez, 2010: 49).
A modo de conclusin
Nesta novela obsrvase a documentada investigacin previa de
Marcos Calveiro sobre aspectos menos descoecidos deste xenial
pintor a quen a depresin lle provocaba que se mostrase ansioso,
irascbel e agresivo mesmo co seu irmn e o doutor Gachet que coidaban del, o que derivou na perda de amigos como Gauguin tras
unha disputa na que Van Gogh perdeu parte do lbulo da orella
esquerda. Calveiro obvia esta ancdota por ser bastante coecida e
para que o lectorado realice unha lectura activa, pero alude causa
da liorta e ao autorretrato posterior (pp. 34-35); e ademais pon na
141
(2000-2011)
142
Bibliografa
Agrelo, Eulalia (2009), Rinocerontes e quimeras, de Marcos Calveiro, en Malasartes. Cadernos de Literatura para a Infncia e a Juventude, no 17, Porto: Porto Editora, Recenses e notas crticas,
abril, pp. 87-88.
Gomes, Jos Antnio (2009), Leitura e memria, en Jos Antnio
Gomes, Ana Margarida Ramos, Sara Reis da Silva, Blanca-Ana
Roig Rechou e Marta Neira Rodrguez (coords.), A Memria nos
Livros: Histria e histrias, Porto: Deriva Editores, pp. 13-21.
Len Viloria, Esther de (2011), Lois Pereiro por Calveiro: de escritor a protagonista, en El Correo Gallego, Tendencias, ELOS de
lectura, 17 maio, p. 49.
Neira Rodrguez, Marta (2010), Unha homenaxe pintura, en El
Correo Gallego, Tendencias, ELOS de lectura, 22 xuo, p. 49.
(2011), O pintor do sombreiro de malvas, de Marcos Calveiro,
en Malasartes. Cadernos de Literatura para a Infncia e a Juventude,
nos 21-22, Porto: Porto Editora, Recenses e notas crticas, novembro, pp. 112-113.
Roig Rechou, Blanca-Ana (coord.) (1996-2011), Informes de Literatura. Santiago de Compostela: Centro Ramn Pieiro para a
Investigacin en Humanidades/Xunta de Galicia.
Soto, Isabel (2008), O carteiro de Bagdad, de Marcos Calveiro, en
Malasartes. Cadernos de Literatura para a Infncia e a Juventude,
(2000-2011)
144
Resumen: El despertar de Perico a la vida se produce en un ambiente rural de la posguerra espaola, el pueblo costero de Umbra. Su
atraccin por lo diferente le hace entablar amistad con un fotgrafo
ingls, el seor Foster, quien le ensea otra manera de ver la realidad.
Pero todo se complica cuando, tras perder el billete para pagar la licencia del barco de su padre, se ve envuelto en una trama de falsificadores de dinero. Entonces ha de enfrentarse al arrepentimiento y la
culpa, y discernir sobre la moralidad de otros habitantes enfrentados
en el pueblo. El sargento Efrn odia a Ismael, un curtidor de pieles
represaliado por el franquismo, y el contacto de Perico con ambos le
ayudar a apreciar la solidaridad al mismo tiempo que la ambigedad de la condicin humana.
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Otro de los aspectos que apoya la inclusin de la novela en el gnero del bindunsgroman es la presencia de la intertextualidad. En la
narrativa juvenil es frecuente que los autores, conscientes de la funcin formadora que cumple la lectura, aludan en sus obras a otros
libros que, segn su criterio, pueden servir de modelo y canalizar las
situaciones conflictivas que viven los personajes, casi siempre perdidos en la bsqueda de una identidad propia. En Ok, seor Foster, la
enciclopedia o el intertexto de los lectores se activa y ampla a partir
de referencias literarias variadas.
En el captulo titulado Saint Brendan Perico conoce la casa de
su reciente amigo, el seor Foster, y descubre con asombro la placa en la que figura un navo sobre una ballena. El ingls explica al
muchacho que el que aparece con un bculo en la mano es Saint
Brendan (en castellano san Brandn o san Borondn), un monje irlands cuyas peripecias fueron difundidas a partir de un manuscrito
medieval perteneciente al gnero de los libros de viaje. El carcter
maravilloso de dicho periplo, conocido por el episodio del descubrimiento de una isla movediza que luego resulta ser una ballena, sirve
en la novela para resaltar la condicin imprevisible de la vida.
Por otro lado, uno de los intertextos con ms peso en el crecimiento de Perico es Miguel Ostrogoff: El correo del zar la clebre novela
de Jules Verne; cuando el chico acepta la misin de llevar el correo
al seor Foster, este le regala el libro, y ello le hace sentirse importante. Las tribulaciones del personaje se le ofrecen como modelo para
afrontar el peligro y la gravedad de las situaciones y, adems, le hacen
acercarse a su amiga Bellita. El ingrediente de amor adolescente est
apenas esbozado en la narracin, pero constituye otro de los hitos de
la maduracin del protagonista. Adems, el libro de Verne ayuda al
autor implcito a mostrar la posicin de los jvenes ante la lectura
de una forma no forzada. Bellita es la encargada de traducir el libro,
puesto que Foster le ha regalado un ejemplar a Perico escrito en
ingls, y lo primero que destaca es la carencia de dibujos, recordndonos el comienzo de la Alicia de Lewis Carroll. Perico en cambio
insiste en su lectura, l es un muchacho que apenas va a la escuela,
148
Comentarios
(2000-2011)
sin manifiesta del sargento Efrn hacia Ismael porque piensa que
le oculta algo.
La perspectiva de un narrador externo faculta al autor para explayarse en una prosa potica y un lenguaje rico en matices, lo cual
resulta un aliciente en la novela. La relevancia que se da a las palabras, a partir de diferentes situaciones, como el uso de trminos
extranjeros ok, podaroshna (salvoconducto en ruso) o la bsqueda
en el diccionario de vocablos desconocidos infundios, cuitas, aflicciones afirma otro de los descubrimientos de Perico. A la vez que
ayuda a caracterizar a Ismael, un hombre que debido a la represin
se ve obligado a cambiar de identidad, lo que supone abandonar su
mquina de escribir. Su descripcin de un sueo a Foster expresa de
manera simblica su sed de palabras impresas.
El narrador maneja de forma hbil los resortes de la trama y abandona la linealidad, en el momento preciso, para introducir hechos
del pasado esenciales para completar el perfil de los personajes. De
este modo desvela la historia de Ismael y su amistad con Foster; obligado a esconderse tras la guerra por su colaboracin en el bando
republicano, el primero llega a Umbra aconsejado por el ingls, y
tiempo despus, cuando el segundo vuelve a Espaa en 1950, su
reencuentro les hace compartir libros y confidencias hasta llegar al
presente de Perico. Los prolegmenos de su relacin en 1939, cuando los dos trabajaban en el mismo peridico, son en cambio puestos
en boca de Foster.
Junto a la voz del narrador se entrecruzan otras voces, propio del
plurilingismo de la novela mencionado por Bajtin, y esta confluencia de perspectivas ampla la mirada del lector. Una de ellas es la del
protagonista, quien duda ante las situaciones que se le presentan y
tambin ante el comportamiento de los personajes adultos. El foco
de casi toda la narracin es Perico, de forma que los hechos se contemplan desde su especial visin de la vida, una visin condicionada
por la edad. En varias pginas se asiste a un debate interno sobre el
remordimiento, la culpa, la mentira y el despertar de la conciencia,
que debe juzgar entre el bien y el mal. La representacin de este
150
Comentarios
La novela promueve el dialogismo y el cruce de perspectivas sociales e ideolgicas, de manera que no solamente prime el discurso inamovible del narrador, discurso que en ocasiones y debido al carcter
formativo que se supone a la narrativa juvenil, resulta aleccionador
en exceso.
Se trata de una novela que, aunque no se articule en torno a los
personajes, s presenta unos caracteres modelados que sufren una
evolucin. El mejor ejemplo lo tenemos en el proceso de maduracin del protagonista, propio del gnero del bildunsgroman. Perico
al final de la peripecia todava no ve clara la distincin maniquea
entre malos y buenos, porque, a excepcin de los falsificadores de
billetes que consiguen atrapar al fin a la aventura, otros personajes
resultan ms ambiguos. Ismael le haba ocultado que saba leer y
escribir, convirtindose en un mentiroso, y por otro lado Foster lleva
una actividad un tanto misteriosa en la isla y escribe en un peridico
ingls con seudnimo. El muchacho se pregunta por su verdadera
identidad casi al trmino de la novela: Era fotgrafo? Periodista?
Viajero? O acaso un agente ingls infiltrado en Umbra, como una
vez oy decir al sargento? En la narrativa moderna el crecimiento del hroe no supone una integracin en una sociedad racional y
ordenada; de hecho al joven se le siguen planteando interrogantes
cuando llega el desenlace, y la relacin con su padre no llega a ser la
esperada.
151
(2000-2011)
Comentarios
Y la fotografa que fija a los personajes principales de la historia, Perico, Bellita, Ismael, el sargento Efrn y el propio Foster, queda para
la posteridad de los anales de Umbra, mostrando la imprevisibilidad
de la condicin humana.
153
Resumo: Despois de referirse producin literaria xuvenil de Agustn Fernndez Paz, comntase a sa novela Corredores de sombra, coa
que pecha a triloxa da memoria centrada nas dramticas consecuencias da guerra civil e na recuperacin da memoria das sas vtimas. A este propsito contribe Clara Soutelo coa sa narracin, por
medio da cal revela o misterio que rodea a aparicin dun enigmtico
esqueleto, vez que descobre o verdadeiro pasado da sa familia,
vive con intensidade o seu primeiro amor e abandona a etapa da
infancia.
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Todas estas razns alntana, pois, a enfiar unha historia que arrinca
no vern dos seus dezaseis anos, cando presenciou dun xeito ines160
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
paseos nocturnos, respectivamente. Ademais disto, Sebastin explcalles que co fin da guerra don Pablo regresara como un heroe, co
rango de capitn e cuberto de medallas (p. 171), para xa como
alcalde gobernar ao seu antollo, o que sorprende a Clara que, unha
vez mis, comproba como o silencio e a ocultacin sempre planaran
sobre a sa familia.
A intencin de Fernndez Paz de ser obxectivo e mostrar o sentir dos bandos enfrontados xustifica que a prxima testemua sexa
Demetrio Lamela, un dos mis fieis aclitos de don Pablo na guerra
e na alcalda. Fronte ao exposto at agora, Demetrio cualifica o av
de Clara de home extraordinario. Un espaol ntegro e un autntico patriota (p. 179) e considera a guerra como algo duro, pero
necesario (pp. 177), pois daquela Espaa estaba moi mal, por iso
houbo que facer a guerra, non quedaba outra sada (pp. 177-178).
Ante as incisivas preguntas de Clara, o ton e actitude de Demetrio
endurcense, vez que argumenta a morte dos mestres dicindo que
A maiora simpatizaba cos roxos, eles eran os que envelenaban os
rapacios, metndolles na cabeza as ideas comunistas (p. 178), ademais de aclararlle que eran os mesmos roxos os que se mataban entre
si; habera axustes de contas entre eles, anda que logo nos botasen a
culpa aos nacionais (p. 179).
Tras a informacin obtida nestas logradas entrevistas, a descuberta
dun estoxo cunhas cartas de Rafael, tres fotos, un colgante e un frasco
de digoxina, as esculcas do to Carlos e a descuberta do revlver, as
diferentes pistas lvanos a centrar toda a sa atencin no matrimonio
de don Pablo e dona Rosala, quen accedera a casar con el despois de
non saber nada de Rafael durante moitos anos. A resolucin definitiva chega por medio da declaracin de Vicente, un antigo servente
do pazo, que, s portas da morte, confesa a autora de don Pablo no
asasinato de Rafael instigado pola obsesin que senta por Rosala,
a quen tampouco tratara ben no seu matrimonio, mais que, como
muller intelixente, sabera tomar a xustiza pola sa propia man.
Ao mesmo tempo que se dan todos estes pasos para desvelar a
identidade do cadver e van atando os diferentes cabos que os con164
Comentarios
(2000-2011)
tanto defendes? Non ser ese morto de fame, o aprendiz de mecnico co que che deu por sar? (p. 185). Este mesmo sentir compartido polos que agriden a Miguel, que o intimidan con darlle unha
malleira maior se segua remexendo no que non deba (p. 194),
aln de advertilo de que non esqueza o que lle pasara sa familia
durante a guerra, se non quera ter que vivir el o mesmo (p. 194) e
de que a do pazo era moito para el (p. 194). Un cmulo de ameazas que volven incidir na persistencia das xenreiras e odios derivados
do conflito do 36 no inconsciente colectivo, neste caso, de Vilarelle.
Para acentuar a caracterizacin de cada un dos personaxes, Fernndez Paz fundamenta o seu deseo en marcadas oposicins. Ante
a personalidade dominante do pai de Clara, a nai trazada como
unha muller abnegada, que pasara toda unha vida dndolle a razn
ao seu home para manter unha felicidade e unha paz ficticias, esa
felicidade de cartn-pedra tan importante para ela (p. 186). As
mesmo, co seu irm Carlos s mantn un leve parecido fsico, xa que
o seu carcter e modo de entender a vida eran opostos. O to Carlos
resida en Barcelona, onde rexentaba tres galeras e unha pequena
editorial e a onde, por indicacins da avoa Rosala, encamiara os
seus pasos para vivir con maior liberdade a sa homosexualidade,
unha opcin sexual at o de agora non abordada na literatura xuvenil galega con tanta transparencia. A diferenza do seu irmn, el
saba que era un Soutelo, pero que tamn era unha persoa con ideas
propias, polo que renunciara ao orgullo da sa estirpe.
A empata que Clara sente por Carlos provocar que atope nel
a tenrura e complicidade ausentes nos seus pais e que, segundo vai
madurando, se distancie cada vez mis deles e se aproxime mis ao
to, que se converte nese cmplice e protector tan necesario cando
se deixa a infancia para alcanzar a madurez. De feito, o nico que
defende a Clara ante as acusacins do pai dicndolle que ten unha
filla extraordinaria, madura e reflexiva como hai pouca xente (p.
186), ademais de aconsellarlle que en canto tea ocasin fuxa como
el o fixera ao comprobar que aquel non o seu mundo. Antes de
procurar acubillo ao p de Carlos, Clara anda ter que pasar uns
166
Comentarios
anos difciles, soportando unha situacin familiar asfixiante e de soidade, sobre todo polo seu pai, un exilio interior que soportou grazas
s cartas que intercambiaba con Carlos e Miguel.
A estes anos de ostracismo alude Clara no ltimo captulo da novela, co que se pecha todo o ciclo narrativo, ao situarse no mesmo
plano temporal do captulo inicial e desvelar o que o futuro lle tia
reservado: unha trabada amizade con Miguel, quen estudara coa
axuda do to Carlos, e o forte golpe da morte deste familiar, que a fixera depositaria, xunto ao seu compaeiro sentimental, de Memoria
de min, unha crnica lcida e nada compracente da realidade que
lle tocara vivir (p. 216), como a que Clara foi desanobelando ao
longo de mis de duascentas pxinas para que este escrito meu sexa
o berro silencioso dese Rafael que mia avoa amou, e de tantos coma
el que tamn amaron e soaron en tempos difciles, deixndose guiar
pola forza da vida que latexa en calquera ser humano (p. 217).
A modo de sntese, s dicir que Corredores de sombra resultado
da amlgama de recursos tirados da novela de misterio e intriga,
da novela de aprendizaxe e da novela de memoria, convertndose
pola solvencia e axilidade da sa escrita, a tensin da sa trama e os
sentimentos e reflexins que dela se desprenden, nun eficaz antdoto
contra a desmemoria e nunha magnfica ponte cara a outras moitas
lecturas recomendbeis.
167
Bibliografa
Gomes, Jos Antnio, Ana Margarida Ramos e Sara Reis da Silva
(coords.) (2009), A Memria nos Livros: Histria e histrias, Porto:
Deriva Editores.
Roig Rechou, Blanca-Ana, Pedro Lucas Domnguez e Isabel Soto
Lpez (coords.) (2008), A guerra civil espaola na narrativa infantil e xuvenil, Vigo: Edicins Xerais de Galicia.
40. Ilust. Pablo Amargo, Madrid: Anaya, col. Leer y pensar, 2006.
169
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
con otros muchos ejemplos de las vanguardias histricas (dadasmo, surrealismo); con Rodari y sus prcticas para el desarrollo de la
creatividad o sus cuentos breves y sorprendentes o con los de otros
autores ms cercanos, como Gonzalo Surez o, ya en la literatura
infantil y juvenil, Paco Martn, Carles Cano o Miquel Obiols; o
tambin, muy especialmente, con Borges y sus citas falsas y su erudicin inventada. De hecho, el libro de Vctor Gonzlez podra haber
dado por fin naturaleza, muy especialmente, a esa enciclopedia china
que Borges hace comentar a Franz Kuhn en su cuento El idioma
analtico de John Wilkins (Otras inquisiciones), y donde se clasifica
a los animales en
(a) pertenecientes al Emperador, (b) embalsamados, (c) amaestrados, (d) lechones, (e) sirenas, (f ) fabulosos, (g) perros sueltos, (h) incluidos en esta clasificacin, (i) que se agitan como locos, (j) innumerables, (k) dibujados con un
pincel finsimo de pelo de camello, (1) etctera, (m) que acaban de romper el
jarrn, (n) que de lejos parecen moscas.
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
alusiones. El catlogo de referencias intertextuales es tan heterogneo como el propio libro: Lope, Diego Hurtado de Mendoza, Baltasar del Alczar, Rabelais (Un dragn), el ro Leteo (El ro que se
secaba los jueves), los cuentos populares judos sobre los necios de
Chelm (Los patos de Chelm), el aduanero Rousseau, rimas infantiles de la tradicin anglosajona como Hey, diddle, diddle, cmics
como Astrix, Spirou o Batman, novelas como La isla del tesoro o El
seor de los anillos, o incluso famosas declaraciones de algn poltico
de nuestro entorno (El loro de Sabiago... se saba de memoria los
seis primeros captulos de El Quijote en francs, segn la edicin de
Gallimard, aunque slo los recitaba en la intimidad, pp. 37-38).
La intertextualidad es tambin, pues, parte del catlogo heterclito, que puede llegar a producir que, en un repaso minucioso de los
amantes ms famosos de la historia, se incluya a Batman y Robin o
a Pixie y Dixie junto a Abelardo y Elosa (p. 124), o que, en claro
ejercicio de la irona intertextual, se reinterprete la tradicin al insertarla como si nada dentro de un catlogo de rasgos o de objetos.
As, por ejemplo, en un repaso de las cualidades de la sombra, podr
citarse, entre las menos benficas, la de Alejandro de Macedonia,
que tambin era mala y as se lo hizo saber Digenes el Cnico en
cierta ocasin (p. 216), o, al catalogar los ms famosos ejemplos de
amores difciles, se harn las siguientes afirmaciones:
A veces a los enamorados se les ponen las cosas muy cuesta arriba. Abelardo y
Elosa, por ejemplo, lo pasaron fatal. Sobre todo a Abelardo, no vamos a contar
otra vez por qu (p. 123).
De aquella unin nacera el Minotauro, que, como todo el mundo sabe, fue un
nio con serios problemas afectivos toda su vida (p. 124).
(2000-2011)
(2000-2011)
Comentarios
Nonsense
Dicen los expertos que los nios empezaron a divertirse con la literatura infantil y juvenil cuando comenzaron a leer nonsense. En la
senda de lo propuesto por Edward Lear o Lewis Carroll, el nonsense
subvierte la lgica de la realidad, gracias a propuestas estilsticas que
gustan de combinaciones extraas de palabras e ideas. Pero adems, el
nonsense supuso en s una actitud realmente revolucionaria a la lnea
179
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
183
(2000-2011)
Es en esta parodia de los prospectos de los medicamentos antidepresivos donde el narrador nos da la clave de lo que padece el protagonista J.J.: un cuadro de angustia que, como dice en la pgina 54,
se torna por momentos paralizante, y va acompaada por sntomas
como ansiedad o aislamiento. Dicho cuadro le es revelado al protagonista gracias a la lectura de los prospectos de los medicamentos:
Sentimiento de abandono, situacin de aislamiento, augestin sexual, trastornos de la ilusin, agresividad camuflada Todo aquello
era lo que le pasaba a l. Eso s que era dar en el clavo! (p. 43).
As se siente J.J., al hilo de la definicin que la R.A.E. da de angustia: acongojado, con un constante temor cuya causa le es, en
principio, desconocida. Y, en realidad, no es nada balad que el libro
est dedicado al psicoanalista J.L. Ruiz de Munain, pues el psicoanlisis tiene mucho peso en Un cocodrilo bajo la cama. No deberamos olvidar que para Jacques Lacan el cocodrilo es el smbolo de
esa madre asfixiante que devora al nio, lo anula, y no deja que se
autonomice de ella.
Podramos completar este juego de anlisis intertextuales con la
referencia, casi obligada, a la obra de Franz Kafka, considerado como
el artfice ms importante de la literatura del absurdo. Aunque el
escritor de Praga no escribi ficciones sobre cocodrilos, s lo hizo
sobre escarabajos, perros, chimpancs, caballos, topos... Nos ofreci
un universo narrativo en el que la distorsin de la realidad hace que
esta se vuelva ms creble, ms humana, si cabe.
184
Comentarios
185
Bibliografa
Bakhtin, Mikhail (1984), Rabelais and His World, Bloomington: Indiana University Press.
McGillis, Roderick (1996), The Totality of Literature: Myth and
Archetype, en The Nimble Reader. Literary theory and Childrens
Literature, New York: Twayne Publishers, pp. 49-74.
Olaziregi, M.J. (1999), Mariasun Landa o la potica de la ternura,
CLIJ, n 122, pp. 7-21.
(2004a), Literatura infantil y juvenil vasca. Dilogos desde el
margen, Boletn Galego de Literatura. Monogrfico: Para entenderte mellor. As literaturas infants e xuvens do marco ibrico, n 32, 2
semestre, pp. 121-139.
(2004b), Comentario cara formacin lectora. Un crocodilo debaixo da cama, de Mariasun Landa, Boletn Galego de Literatura.
Monogrfico: Para entenderte mellor. As literaturas infants e xuvens
do marco ibrico, n 32, 2 semestre, pp. 231-242.
(2000-2011)
Comentarios
Aztergai dugun obran, Bestiarioa. Hilerrikoiak, Karlos Linazasorok proposamen ezin bitxiagoa eskaintzen digu lan-utzialdian dagoen Karlos izeneko liburuzain protagonistaren bitartez, zeinaren
helbururik behinena eleberri bat idaztea baita. Liburuzain hori literaturaz erabat gaixorik dagoela ematen du, beste Karlos hari, abizenez Linazasoro, gertatzen zaion gisa berean. Era horretan, hasiera
ematen zaio ispilu-jolasari.
Liburu hau argitaratua izan zen garaitsuan eskaini zuen elkarrizketa batean, Karlos Linazasoro liburuzainak esan zuen idazle batzuek
(errealismoaren irudikeriak jota?) bizi izandakoaz idazten dutela,
baina berak irakurritakoaz idazten duela. Oso koherentea liburuzain
batentzat, pentsatuko du norbaitek; baina kontua ez da dirudien
bezain sinplea.
Dagoeneko esan dugun legez, obra honetan, Karlos Linazasoro
bibliotekariak Karlos izeneko liburuzain bat aukeratu du protagonista gisa, bere burua fikzionalizatu du narrazioaren barruan, autofikzio izena hartu ohi duen baliabidea dela medio, baina ez kanpoko
errealitateko abentura bat kontatzeko, literatura barruko abentura
bat kontatzeko baizik: idaztearen abentura. Hori dela eta, testu hori
klabe errealistan irakurriko duena harritu egingo da: ez delako, inola ere, testu errealista. Idazle errealistek fikzioz mozorrotzen zuten
errealitatea; Karlos liburuzainak, berriz, errealismo apur batez jantzi
nahi izan du (meta)fikzioa.
Liburuko protagonistaren helburu nagusia berriro aipatzearren,
nobela bat idaztea da; berez ez du behar, bere bizitza literaturaz egina dagoelako; eta, azkenean, nobela bat ez, bi idatziko ditu (oso
bereziak, egia esatera): liburuari izena ematen diotenak: Bestiarioa
eta Hilerrikoiak.
Dagoeneko garbi geratuko zen legez, dena da literarioa liburu honetan: euskal literaturaz dezente dakiten mus jokalari langabetuak:
Eta, halaxe nengoela, musean egitera gonbidatu ninduten. Ezetz esan nien,
jakina, bazkal aurretik musean egitea debekatuta dagoelako batik bat, eta, gainera, enkargutara joan behar nuelako.
-Sei hamarrekotako hirura, gizona.
189
(2000-2011)
Horrela esanda, ez zegoen ezetz esaterik. Ez nituen hiru gizon haiek ezagutzen,
baina bikain edaten zuten. Ez nekien zer esan, eta esan nuen:
-Hiru gizon bakarka, beraz.
Itxura guztien arabera, ez zuten txistea ulertu, barre zozo batzuk egin zituzten
arren. Ezin nuen sinetsi.
-Ez duzue Gandiaga irakurri? Ezin dut sinetsi!
Oker nenbilen, ordea. Horixe ezagutzen zutela Gandiaga! Batek Elorri aipatu
zidan, hango erlijiosotasuna; bigarrenak, Denbora galdu alde-ren zintzotasuna;
eta hirugarrenak, Uda batez Madrilen liburuak eragin zion zirrara. Ez zutela
neuk aipaturikoa irakurri, zoritxarrez, baina ezin zela argitaratzen zen guztia
irakurri, batetik langabeziak ez zielako denbora libre askorik uzten, eta bestetik,
asko argitaratzen zelako, gehitxo gauza onerako (47-48 oo.).
190
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
45. Jos Manuel Lpez Gaseni, Las normas preliminares en la literatura infantil
y juvenil traducida al euskera, ANILIJ, n 28, 2010, pp. 29-43.
193
Un bibliotecario
a travs do espello:
Bestiarioa. Hilerrikoiak
[Bestiario. Populares
do cemiterio]46,
de Karlos Linazasoro
Jose Manuel Lpez Gaseni
(Universidade do Pas Vasco / Euskal Herriko Unibertsitatea)
Resumo: Karlos Linazasoro un escritor atpico, de difcil clasificacin. Nesta obra, que inaugura unha coleccin que se sita na franxa
mis alta da literatura xuvenil, raiando coa de adultos, Linazasoro
desprega un xogo especular por medio do protagonista, un bibliotecario enfermo de literatura chamado Karlos, imaxe do propio autor,
cuxo principal obxectivo escribir unha novela e quen, finalmente,
non escribir unha soa novela, senn das, as que dan ttulo ao libro:
das coleccins de aforismos; a primeira sobre animais e a segunda sobre a morte. Trtase dunha obra metaliteraria que, unha vez
mis, narra a aventura da escrita, nesta ocasin por medio dunha
46. Donostia: Elkar, col. Ateko banda, 2006. A traducin ao galego desta colaboracin, dende o orixinal en casteln facilitado polo autor, foi realizada por Marta
Neira Rodrguez.
195
(2000-2011)
Comentarios
197
(2000-2011)
Comentarios
leran a obra que me referira, pero non se poda ler todo o que se publicaba,
por unha parte porque o desemprego non lles deixaba moito tempo libre e, por
outra, porque se publicaba moito, demasiado para cousa boa].
Non menos curioso resulta o coqueteo do protagonista coa caixeira do Hipermegatroski, cuxo nome, Jasone (Ascensin), d lugar ao
desenvolvemento dunha hilarante conversacin:
-Nongoa zara zu, Jasone? Zure begiek garabiak dirudite.
-Eta zure begiak, zubi-altxagarriak.
-Zuk jasotzen dituzulako, Jasone, bihotza eta korda.
-Gorritu egingo nauzu, Karlos, eta alarma guztiak dirade saltatuko.
-Zu eta ni, biok, salbatuko bagina, egina legoke Paradisua, kutxazain nirea.
-Joanen nintzateke zurekin, oi, baina nagusia begira daukat. Berrehun eta lau
euro guztira, mesedez (55-56 oo.).
[-De onde es, Jasone?, os teus ollos parecen gras.
-E os teus ollos, pontes levadizas.
-Porque ti os elevas, Jasone, co corazn e a corda.
-Fars que me ruborice, Karlos, e saltaran todas as alarmas.
-Se nos salvsemos ti e mais eu, o Paraso sera realidade, caixeira mia.
-Oh, ira contigo, pero o xefe estame vixiando. Son douscentos catro euros,
por favor].
199
(2000-2011)
Trtase de pasaxes que sen dbida deberan figurar en calquera antoloxa da metaliteratura de humor, se existise algo parecido. Incluso
entre os azares da vida que lle impiden escribir ao bibliotecario en
excedencia Karlos, pode encontrarse a sombra dalgn autor coecido; e as contadas veces que consegue poerse a escribir, borboralle
na orella interesantes consellos literarios:
Eta idazteko, gauza ororen gainetik, sosegua eta bakea behar dira, patxada eta
isiltasuna... Besterik ez dela behar esango nuke, gainera. Gainerakoak, musak
eta etorria eta sena eta ofizioa eta talentua eta inteligentzia, literatura huts besterik ez da, literaturari buruzko literatura (edo, nahi bada, metaliteratura) (7.
or.).
[Para escribir, por enriba de todo son necesarios o sosego e a paciencia, a quietude e o silencio Atreverame a afirmar que non necesario nada mis. Todo
o demais, iso das musas e a inspiracin e o xenio e o oficio e o talento e a intelixencia, non mis que literatura, literatura sobre a literatura (ou, se se prefire,
metaliteratura)].
200
Comentarios
ate guztiak ixten direla, arrazoi jakinik gabe, eta egunak eta egunak pasatzen
direla postura hartan, arazoa konpontzen ezin asmaturik. Begitartea piztu zitzaidan. Hasieran, jakina, ez dago aparteko larritasunik: segituan konponduko
dute huts elektronikoa. Gainera, non han baino jaki eta edari gehiago? Itxita
gelditzez gerotan, hipermegatroski bat bezalakorik ez dago. Baina, ai jauna!,
ateak irekitzen ez, eta jendea, hamabost egunen buruan, etsitzen hasita dago.
Paroxismoa. Kanibalismoa. Bestialismoa. Segituan konturatu nintzen, ordea,
halakoen antzekoak Karlos Linazasoro izeneko idazle batek idazten dituela
(neu bezalaxe, hura ere liburuzain dena, bidenabar esanda), eta, jakina, oso
itsusia litzatekeela haren plajio bat egitea, Linazasorok berak, han-hemenka
esaten denez, nahikoa lotsagabeki Mrozek deitzen den idazle poloniarrari ipuinak eta nobela plajiatzen dizkion arren (54-55 oo.).
[Enchn o carro ao tope e coloqueime na caixa. Na longa fileira da caixa, quero
dicir. Aquel era un lugar excepcional para ambientar unha novela. De repente,
pchanse todas as portas, sen razn aparente ningunha, e quedan as das e das,
sen que ningun poida atopar unha solucin. Iluminuseme a cara. Por suposto, ao principio non hai demasiada inquietude: arranxaron decontado o fallo
electrnico. Por outra parte, en que lugar encontrar mis comida e bebida que
al? De quedar encerrado, non hai nada coma un hipermegatroski. Pero, ai!, as
portas non se abren e aos quince das a xente comeza a desesperarse. Paroxismo.
Canibalismo. Bestialismo. Deseguido reparei en que un autor chamado Karlos
Linazasoro (quen, coma min, tamn era bibliotecario, dito sexa de paso) escriba cousas semellantes, as que, claro, sera moi feo plaxialo, a pesar de que,
segundo teo entendido, o propio Linazasoro lle plaxia os contos e as novelas
ao escritor polaco Mrozek].
Finalmente, as das novelas que escribir redcense a senllas coleccins de aforismos, a primeira sobre os animais (Bestiarioa) e a
segunda arredor do tema da morte (Hilerrikoiak). E precisamente
este, ao meu xuzo, o punto mis feble da narracin; non as coleccins de aforismos propiamente ditas, xa que o bibliotecario Karlos
Linazasoro conta cunha habilidade impresionante para dotar as palabras e as locucins dun dobre e ata triplo sentido (sirva como exemplo a esplndida coleccin de aforismos Isiltasunaren adabakiak, xa
citada), senn o modo un tanto forzado de inserir eses aforismos
na (meta)ficcin. Por exemplo, antes de fixalos definitivamente no
papel, Karlos ten o costume de poer unha chaqueta con capucha,
coller un spray vermello e sar con nocturnidade a escribilos nas paredes da sa vila, coma se dun poeta annimo se tratase. As creou
algn dos seus aforismos, como Beti zaude inoiz baino ederrago
201
(2000-2011)
Comentarios
47. Jos Manuel Lpez Gaseni, Las normas preliminares en la literatura infantil
y juvenil traducida al euskera, ANILIJ, n 28, 2010, pp. 29-43.
203
5.10. Memrias
de um tempo difcil:
Filhos de Montep,
de Antnio Mota48
Ana Margarida Ramos
(Universidade de Aveiro)
Jos Antnio Gomes
(ESE-Instituto Politcnico de Porto)
Sara Reis da Silva
(Universidade do Minho)
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
partilhar com ela o essencial da dimenso ideolgica que, em Portugal, a enformava, entre finais dos anos trinta e a dcada de sessenta
do sculo XX.
Dedicado a sua mulher e a dois amigos, mas em geral sbrio no
plano paratextual, sem epgrafes nem ilustraes51 e apenas com
uma pequena vinheta na capa representando uma coruja animal
cujo piar arrepia Ablio e o irmo mais novo, Antnio, sempre que,
na histria, as cenas noturnas geram inquietao e medo , o livro anuncia, logo desde o ttulo, o espao da ao (a aldeia pobre
do interior rural onde tudo se passa). O termo filhos remete cifradamente para algumas das personagens principais o narrador-protagonista e os seus irmos , mas tambm para o conjunto dos
habitantes da aldeia (v. p. 107). A presena do topnimo neste ttulo
temtico parece indiciar a vontade de conduzir o leitor ao cerne do
romance, ou seja, a um conjunto de experincias de vida que s
podem ser entendidas em contexto. Os filhos de Montep so,
portanto, os filhos no apenas de um espao fsico, mas tambm de
um contexto sociocultural, de uma comunidade e de um lugar marcados pela historicidade: a de uma regio e de um pas sob a vigncia
de um sistema ditatorial (o salazarismo no seu estertor). Ou seja, um
regime que mantm a sociedade portuguesa presa a uma guerra colonial poltica e moralmente injustificvel em Angola, Moambique
e Guin, para onde so mobilizados milhares de jovens a fim de
combater os movimentos de libertao africanos. E tudo isto num
quadro poltico nacional de denegao da liberdade, da democracia
e do pluralismo e, acima de tudo, num cenrio de atraso econmico
e cultural, refletido em vidas sem perspetivas, em especial nos meios
51. Mas com um texto de contracapa (acompanhado de uma nota biobibliogrfica
sobre Antnio Mota), em que a obra apresentada ao pblico leitor em termos
bastante esclarecedores, muito provavelmente da lavra do prprio Escritor: Em
Montep, terra de um Portugal remoto e esquecido, vive Ablio, um rapaz que,
como todos os da sua idade, est a acordar para o mundo, para a vida, para o primeiro amor Calejado pelas agruras de uma vida difcil vai aprendendo sombra
de decees e mnguas; mas vai, tambm, crescendo, acalentado pela magia das
histrias e dos sonhos que lhe do nsias de fugir em busca de outros destinos.
210
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
rajoso e aventureiro, nos antpodas da figura paterna (com o consequente descrdito moral desta ltima aos olhos do filho, face ao
problema do alcoolismo e da violncia domstica) estas as linhas
principais que no romance se entretecem, tornando coesa a sua teia
temtica e ideolgica.
O recurso explcito intertextualidade heteroautoral com a literatura oral tradicional e com o fabulrio permite ainda a Antnio
Mota adensar certos aspetos do romance, sublinhando a sua relevncia em termos semnticos. o que acontece com o desejo de Ablio
de escapar claustrofobia e pobreza de Montep, atravs da aluso,
no captulo 15, ao famoso conto da tradio popular A velha e a
cabaa (tambm conhecido por Corre, corre, cabacinha): Como
seria bom ter uma cabaa que nos levasse de Montep para terras
estranhas, cheias de mistrios! (p. 85). Por outro lado, no captulo
23, a recordao da conhecida fbula de Esopo A Coruja e a guia
(que diversos autores recontaram e que amide figurava em manuais escolares do Ensino Primrio, no Estado Novo, para salientar a
singularidade do amor materno) produz um efeito de intensificao da dor pela ausncia da me, cuja busca Ablio empreende at
finalmente a encontrar j perto do desfecho, refugiada no moinho
em trabalho de parto (captulo 27). Curiosamente, e de forma algo
paradoxal (deixaremos de lado as implicaes psicanalticas da ambivalncia afetiva aqui simbolicamente esboada), a coruja maternal
da fbula , todavia, evocada (v. pp. 132-134) por associao mental
com a efetiva presena de uma coruja, cujo arrepiante piar na escurido acompanha permanentemente o protagonista na sua procura
pela me, como j antes mencionmos.
Registem-se, ainda, as referncias intertextuais de tipo homoautoral, que, a considerarmos a totalidade da produo literria de Antnio Mota como um macrotexto, se traduzem, neste caso, na retoma
ou antecipao de personagens e lugares de outros livros, de que so
exemplos o topnimo Pedrinha do Sol (v. Histrias da Pedrinha do
Sol. Lisboa: Texto, 2009) e a personagem do Homem da Boina, o
amolador ambulante de facas e tesouras, oriundo da Galiza, cuja
216
Comentarios
histria em parte recontada em Filhos de Montep, depois de inicialmente ter sido apresentada no conto, de 1986, A grande viagem
do Espanhol Espanholito60. Esta personagem introduz no romance
a questo do estrangeiro, o de condio diferente, sublinhando, em
simultneo, o isolamento de Montep, dado que a presena do galego particularmente apreciada pelas crianas, devido sua errncia,
ao idioma diferente e ao uso quer da gaita que anuncia a sua chegada
quer de uma estranha traquitana (o seu carrinho de amolador, p.
150) constitua uma quebra na rotina quotidiana de uma comunidade quase parada no tempo.
O Homem da Boina apenas uma das diversas figuras secundrias
que integram uma galeria de personagens marcadas pelo pitoresco
como habitual na escrita de Antnio Mota. Desse conjunto destaque-se tia Olinda, irm do pai de Ablio e, tal como a me, situvel
numa esfera feminina da positividade e dos afetos, cujo discurso, por
outro lado, permite colocar em evidncia o obscurantismo que caracteriza Montep, assente em crendices e numa religiosidade ingnua.
Refira-se tambm o velho, solitrio e algo sinistro tio Paulino, somtico caador que d trabalho ao pai de Ablio; Pedro Pirata, o vendedor
de azeite com um olho vazado coberto por uma pala de couro, que
de algum modo partilha com o galego a condio da errncia; e ainda
Gabriel, o Tolinho do Rio, com nome de arcanjo, personagem-tipo
do local idiot, marginal escarnecido pelos habitantes da aldeia, que no
entanto a histria reabilita, quase no final, pelo seu papel decisivo no
apoio me de Ablio ao aproximar-se o momento do parto.
Saliente-se, por ltimo, a figura do av, que vem enriquecer o ncleo de personagens idosas, detentoras quase sempre de saberes antigos mas valiosos, que povoam os romances e contos de Antnio Mota
e com os quais os protagonistas juvenis estabelecem uma relao de
proximidade e, em certos casos, de assumida cumplicidade. Neste
60. O conto A grande viagem do Espanhol Espanholito (in Jos Viale Moutinho
(coord.), Sempre, Porto: Comisso Promotora das Comemoraes do XII Aniversrio do 25 de Abril, 1986, p. 9) viria a ser reescrito, editado num livro infantil em
formato de lbum e reintitulado A Viagem do Espanholito (Porto: Gailivro, 2006).
217
(2000-2011)
218
(2000-2011)
Comentarios
221
(2000-2011)
Comentarios
deix tallar darrel el conflicte. Aix fa que, malgrat que en les nombroses ocasions en qu la Isona, la Laila o el Miquel sn vctimes
dels assetjadors, tots tres sanimen a explicar-ho als seus pares o professors, cap dels tres satreveix ni vol fer-ho, per vergonya, per por,
perqu els sembla que no servir de res:
-Aquesta agressi lhas de denunciar el va aconsellar el Joan una vegada el
Miquel es trobava ms calmat.
-No, no vull ms embolics.
-Ho has de fer Miquel. Quantes vegades nhem parlat? Tu sempre dius que
aquests coses shan dexplicar als pares i als professors li va recordar la Laila.
-S, per s molt fcil opinar des de fora. Aquesta gent s molt perillosa, portaven ja dies avisant-me, enviant-me missatges annims de correu electrnic
amb frases del tipus com et vas a cagar marieta, el dilluns, matana del porc
(p. 58).
223
(2000-2011)
224
Comentarios
Pertot arreu,
a les parets,
a les fustes,
els mobles,
les portes,
el sostre,
la mosca,
la mosca intolerable.
225
Resum: El cementiri del capitn Nemo s un cant al paisatge mediterrani i al final de la infantesa, dos dels temes centrals de la narrativa de
lescriptor mallorqu Miquel Ray. La decoberta del mn adult i del
primer amor sn tamb presents en aquesta novella breu de carcter
realista, narrada en segona persona. El llibre, que sacompanya amb
les illustracions de Pablo Auladell, va ser mereixedor del XV Premi
Ala Delta lany 2004.
Paraules clau: infncia, Mediterrani, vellesa.
Abstract: El cementiri del capitn Nemo is a song to Mediterranean
landscape and the end of childhood, two of the main topics in the
narrative of the Majorcan writer Miquel Ray. The discovery of the
62. Barcelona: Baula, Seri verde, 2004.
227
(2000-2011)
adults world and the first love are also present in this second person
narrative realistic novel. The book, illustrated by Pablo Auladell, was
awarded with XV Ala Delta award in the year 2004.
Keywords: childhood, Mediterranean, old age.
El cementiri del capit Nemo aplega molts dels fils temtics amb
qu Miquel Ray (Palma, 1952) sol teixir les seves obres: la natura, el mar, lornitologia, la infncia perduda, lamistat, la lectura...
El volum de ttols publicats fins ara per aquest escriptor mallorqu,
ens permet conixer la seva predilecci per determinades temtiques.
Temtiques que revisita de forma constant, i que podem detectar
tamb en aquest obra guanyadora, lany 2004, del XV Premi Ala
Delta de Literatura Infantil. La relaci cmplice que sestableix entre un net (en Miquel) i el seu padr (lavi) durant els sis estius en
qu el primer passa les vacances al poble coster on viu el segon, s
el transfons duna histria que ens parla del final de la infantesa, del
descobriment de lamor i de lentrada al mn dels adults.
El cementiri del capit Nemo s un cant al paisatge mediterrani, a la
seva naturalesa. Amb quatre pinzellades com daquarella, delicades
per precises, lescriptor situa amb destresa al lector en lespai que
emmarcar la histria (que no es denomina en cap moment per
que podria ser Mallorca), i aconsegueix contagiar-lo de lamor que
sent per lentorn privilegiat en el que ha viscut i en el que fa viure
els principals personatges: en Miquel (novament, un protagonista de
Ray porta el seu mateix nom) i el seu padr (novament, lescriptor
presenta a un adult que esdevindr un model didentificaci per a un
infant). El padr, sembla que agermanat amb Ray en la conscincia
de viure en un lloc privilegiat, no pot evitar transmetre aquest amor
al seu nt i per aix, en les seves passejades, li descobreix el paisatge
de lindret on viu, en les sortides a pescar, en les passejades, en les
baixades diries fins al cal, fins a la pedrera: ...per un cam vorejat
dargelagues, destepes i de tiges seques dalbons. En les parets de la
228
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
esguardant la mar amb en Miquel assegut als seus peus, el mar en els
ulls de la nena, la vella fotografia del vellmar, en Miquel en el seu
pas dinfant a adolescent, quan aquest anys desprs reposa sota
lombra del pi blanc...
La nostlgia que Auladell llegeix a lobra de Miquel Ray, s caracterstica en els llibres de lescriptor, per sobretot en els vint-i-dos
captols que formen El cementiri del capit Nemo. Lenyorana dun
temps passat potser idealitzat?, de la infncia perduda; aquella en
la qu cada dia s sorpresa, en la qu la innocncia ho embolcalla tot
i en la qu sempre hi ha un adult en qui emmirallar-nos: Ell just es
limit, ara ho comprens i ho agraeixes, a contemplar i a protegir la
teva infantesa... (p. 50).
I daqu neix la tendra complicitat entre els dos personatges principals: un padr i un nt que sacompanyen en el seu cam vital: I
texplicava (...) que els camins no es poden fer sense fer passes i que
fer-les cansa, i que, per fer-les, cal que tamb el temps faci les seves
(p. 9).
I si s cert que el major cuida el petit, no s menys cert que aquest
tamb vetlla al gran, a qui la vellesa surt a cam, prenent forma en la
conscincia den Miquel: (...) de sobte (...) va venir-te com la llanternada dun far en la nit la conscincia que el padr era vell, molt
vell (p. 58).
Perqu en El cementiri del capit Nemo, Ray parla tamb de la
vellesa, de forma subtil, mitjanant els advertiments que els pares
den Miquel li fan aquell darrer estiu; en els arravataments de tristesa
i lenyor que t el major, en la minva de les passejades fins al cal
que el vell fa amb el nt fins al cal... Per el pas del temps no noms
afecta als majors sin tamb als petits:
Tants de pics exaltat i sempre inquiet, aleshores comenares a cercar, en canvi,
estones dassossec, dintimitat i de silenci. Preferies com mai la lectura tranquil
la a la biblioteca de cal padr. Vares crixer, doncs, aquell estiu. Suaves duna
altra manera. Tasseies duna altra manera. Comenaves a sentir qualque mena
de rara vergonya si feies alguns jocs que abans tapassionaven (p. 67).
232
Comentarios
I aqu apareix na Maria: amb els seus ulls (...) de color de cel.
Amb irisacions verdes. Com si hi tinguessin, a lalbir de corrents marins secrets, tanys dalgues que es gronxassin (p. 69), obrint una segona part de la novella, Miquel Ray introdueix hbilment el personatge que acabar de definir la lnea entre la infncia i ladolescncia,
i que ser determinant per a levoluci del protagonista: Quedares
tan embambat, que tardares a adonar-te que el padr et cridava (p.
69). De primer, na Maria s una visi llunyana: I tu llavors creies
que ella semblava, quan nedava tan lleugera sota laigua transparent
i turquesa de la cala, una sirena (p. 81) que poc a poc esdev realitat i provoca tot tipus de sentiments desconeguts: tendresa, emoci,
enamorament. Sempre cmplice, com un vigilant feli i permissiu,
el padr: Assegut a lombra dun pi, (...) us observava discretament,
somreia com un beat (p. 92).
Na Maria s la neboda de don Bernat, lapotecari del poble i amic
del padr, i aix permetr que els dos infants puguin descobrir-se, ara
a la platja, ara a la rerabotiga... El mar vetllar els avanos de la recent
descoberta amistat; Nemo esguardar les lectures compartides entre
els dos adolescents En la taula hi teneu un llibre obert. Lhaveu
llegit una estona. En una de les planes hi havia estampada amb tinta
negra la figura imponent i solitria dun home trist (p. 107); lamor
innocent animar el primer bes...
En la novella hi ha espai per a les emocions dolces, per Miquel
Ray no se nest de tractar tamb encara que en aquesta novella
ho faci molt superficialment o, ms aviat, com a rerafons impalpable
per omnipresent- la guerra civil i les seves conseqncies. El conflicte bllic s present en la novella en forma dombra silenciada.
Quelcom del que no es pot parlar: Llavors, els nins creixeu sense
saber-ne res, de la guerra(p. 86); quelcom que conv no remoure,
com les tombes: Ves-ten! No miris! Calla!. Velant-ho tot, sempre,
el silenci: Hi havia, en aquells anys, un gran imperatiu de silenci escampat sobre els homes, com una boira grisa o com un tel embastat
de malfiana (p. 29).
233
(2000-2011)
234
Bibliografia
Aloy, Josep M. (2008), Ressenya literria a la revista Ooohee, n
5, Palma: Institut dEstudis Balearics
(2010), Et diran que llegeixis, Bernat. Mig segle de literatura catalana per a joves (1960-2010), Barcelona: Edicions de lAlb (Idees).
Laburpena: Ramon Saizarbitoriaren ibilbide literarioaren aurkezpen labur baten ondotik, gazte sailean argitara emandako Kandinskyren tradizioa lana aztertuko da jarraian. Lehenik, nobela laburraren argumentua eta beste ezaugarri esanguratsu batzuk aipatuko
dira; aztergai dugun obrak egilearen beste zenbait kontakizunekin
duen intratestualitate loturak zerrendatuko dira gero; eta azkenik,
nobelak eskaintzen dituen interpretazio bide ugariak aditzera emateko, irakurle intertestuaren kontzeptuaz baliatu eta Kandinskyren
tradizioa-ren irakurketa aukerak berriak proposatzen saiatuko gara.
63. Donostia: Erein, col. Bioleta saila, 2003; Madrid: Palas Atenea Ediciones,
2003.
64. Lan hau Euskal Herriko Unibertsitateak lagunduriko EHU10/11 Ikerketa
Proiektuan kokatzen da.
237
(2000-2011)
Comentarios
65. Lan honen baitan bost kontakizun biltzen dira: Gudari zaharraren gerra galdua; Rossetti-ren obsesioa, Marcel Martinen aitatasun ukatua; Bihotz bi, hilobi bat
eta Asaba zaharren baratza. Narrazio autonomoak euren artean lotzen dituen hari
tematikoa kontakizun guztietan esanguratsua den deshilobiratze bat egotea da.
239
(2000-2011)
Miren protagonistak Nina Kandinskyren Kandinsky eta ni liburuan irakurritako anekdota da abiapuntua: urtezahar gau batez,
Nina kalera irten zen, Errusiako usadio bati jarraiki, topatzen zuen
aurreneko gizonari izena galdetzera. Gizon gazteak Wassily izena
zuela esan ondoren, Nina desilusionatu egin omen zen, berak betidanik Gregor izeneko norbaitekin ezkontzeko desira izan baitzuen
eta tradizioak agindutakoaren arabera, urtezahar gauean aurkituriko
gizonaren izen bereko norbaitekin ezkonduko zen. Halaxe izan, handik denbora batera Wassily Kandinskyren emaztea izan baitzen.
Irudi hori buruan, Mirenek ere froga bera egitea erabakitzen du,
urtezaharretan kalean aurkitzen duen aurreneko gizonezkoaren izena Aitor izango denaren esperantzaz. Mireni betidanik izen biribila iruditu baitzaio, indarra du, maskulinoa da erabat eta guztiz
geurea (8). Dena den, birjintasuna ere ametsetako Aitor hori azaldu
arte gorde duelarik, lagunen esamesak saihesteko jolas moduan irudimenezko senargai bat asmatzen du: Bastida herriko Manuel, arte
ederren ikaslea eta, Miren bezala, Kandinskyren jarraitzaile sutsua
dena. Baina Aitor izeneko gazte ederra ezagutuko du azkenik urtezahar gauean eta ezusteko enkontruak ezusteko garapena izango
du, Miren benetako harremanean murgilduko delako Aitor ezagutu
berriarekin. Aldi berean, ordea, protagonistak ez dio uko egiten Manurekin fantasiazko harreman bat izateari eta lagunekin ere gezurretako mutil atsegin, gozo eta delikatu eta finean, senargai idealaren
gertaerak izango ditu hizpide:
Garai hartan Manurekin nuen irudimenezko harremana lagunei kontatzen nienean () hitz egiten hasten nintzaiela eta konturatu gabe, halabeharrez, kontakizunak berak eramaten ninduela, benetan bizi izan banu bezala, asmatua izan
ez balitz bezala alegia, kontakizunaren kabuz eta ezinbestean, erraz eta leun,
ondorio atsegingarri batera (Saizarbitoria, 2003b: 45-46).
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
Egia da, ongi begiratuta, istorio batek ez duela ez hasierarik ez amaierarik izan;
amaitu ohi dena liburua da, baina ez historia ordea; istorioek liburu batetik
bestera egiten dute salto (Saizarbitoria, 2003b: 48).
243
(2000-2011)
Comentarios
245
Bibliografia aipatua
Etxaniz Erle, Xabier (2007), Literatura eta ideologia, Donostia:
Utriusque Vasconiae.
Kortazar, Jon (2003), Introduccin, in Saizarbitoria, Ramon,
Kandinskyren tradizioa = La tradicin de Kandinsky, Madrid: Atenea.
Mendoza Fillola, Antonio (2001), El intertxeto lector. El espacio de
encuentro de las aprtaciones del texto con las del lector, Universidad
de Castilla-La Mancha.
Olaziregi, Mari Jose (2002), Euskal eleberriaren historia, Bilbao: Labayru ikastegia / Amorebieta-Etxanoko udala.
Rifaterre, Michael (1991), Compulsory reader response: the intertextual drive, in Michael Worton, & Judith Still, Intertextuality:
theories and practices, New York: Manchester University Press, 5678 orr.
Saizarbitoria, Ramon (2003b), Hemen nago, liburuz inguratuta,
zutaz pentsatzen, in A.A. (2003), Begiz jotako ipuinak, Donostia:
Alberdania-COFF.
Wilde, Oscar (2000), Fidel izan beharraz, Euba: Ibaizabal [1895].
Resumo: Despois dunha breve introducin sobre a traxectoria literaria de Ramon Saizarbitoria, analzase a novela curta titulada Kandinskyren tradizioa [A tradicin de Kandisky] publicada nunha coleccin
xuvenil. En primeiro lugar, resmense as caractersticas temticas e estilsticas da obra. A continuacin, detllanse as relacins intratextuais
da narracin con respecto a outros traballos do autor. Para conclur,
66. Donostia: Erein, col. Bioleta saila, 2003; Madrid: Palas Atenea Ediciones, 2003.
67. Este traballo inscrbese no marco do Proxecto de Investigacin EHU10/11
axudado pola Universidade do Pas Vasco. A traducin ao galego desta colaboracin, dende o orixinal en casteln facilitado polo autor, foi realizada por Marta
Neira Rodrguez.
247
(2000-2011)
propense, introducindo o concepto do intertexto lector, outras posbeis lecturas que amosan a riqueza interpretativa que ofrece a novela.
Palabras chave: intertexto lector, intratextualidade, literatura xuvenil vasca.
Abstract: After a brief introduction to Ramon Saizarbitorias literary
production, it is analysed the short novel entitled Kandinskyren tradizioa [Kandiskys tradition], published in a juvenile collection. First
of all, the thematic and stylistic characteristics of the work are summed up. To continue with, the intratextual relations of the narrative
among this one and other works by the same author are established.
To conclude, it is proposed, by means of the introduction of the
concept of reader intertext, other possible readings that show the
interpretative richness that this work offers.
Keywords: Basque juvenile literature, intratextuality, reader intertext.
As poticas e tcnicas narrativas renovadoras de Ramon Saizarbitoria (Donostia-San Sebastin, 1944), autor cannico e relevante da
literatura vasca, marcaron un antes e un despois na novelstica vasca
contempornea. Nos anos sesenta fundou a editorial Lur xunto a
outros escritores como Arantxa Urretabizkaia e Ibon Sarasola e, mis
tarde, a editorial Kriseilu. Malia colaborar en diversas revistas literarias como Ustela e Oh! Euzkadi, publicar varios estudos de socioloxa, o
poemario Poema banatua [Poema partido] (1969) e o ensaio Aberriaren alde (eta kontra) [A favor (e en contra) da patria] (1999), a novela
o xnero que mis cultivou.
A traxectoria narrativa de Saizarbitoria divdese en das etapas.
Na primeira, destacan tres novelas nas que a escritura en si se converte nunha continua busca: Egunero hasten delako [Porque comeza
cada da] (1969), Ehun metro (1976) (Cien metros, 1979) e Ene Jess
248
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
obras Cien metros e Los pasos incontables xira arredor do conflito poltico, armado e social. Porn, ao igual que en La obsesin de Rossetti, as
alusins a feitos relacionados co conflito non son determinantes no
desenvolvemento argumental, de modo que la situacin de violencia es un elemento ms del contexto realista de la novela inicitica
(Etxaniz, 2004: 91). Os protagonistas escoitan unha explosin cando estn na cama do hotel da estrada e ao volver casa no coche crzanse cun control da Garda Civil. E anda que estes feitos non son
primordiais no transcurso da novela si son moi significativos, xa que
a presenza dos temas que abordan o conflito vasco foi aumentando
e concretndose tanto na literatura infantil e xuvenil vasca coma na
dirixida a adultos.
Por ltimo, como habitual nas novelas de Saizarbitoria, atopamos numerosas referencias intertextuais de escritores, artistas e outras referencias culturais que enriquecen, multiplican e xustifican
nesta novela a cualificacin de culta. Desde o mesmo paratexto do
ttulo acapara importancia a figura de Kandinksy, e tamn o da sa
muller Nina, e a novela est ateigada de cuestins relacionadas co
pintor. Tamn se citan, e s veces en mis dunha ocasin, autores
e obras da tradicin literaria rusa tales como Tolstoi, Dostoievski,
Pasternak, Doutor Zhivago (p. 61), Ana Karenina, O don apracbel
(p. 141); e outras referencias como Flaubert e Madame Bovary (p.
12); Picasso (p. 61); Miro (p. 147); Pierre Loti e Ramuntxo (p. 95),
Drcula (p. 91), Mad about a boy (p. 80)...
Outros, se as referencias intertextuais levan consigo un peso importante na novelstica de Saizarbitoria, as chiscadelas, as reescrituras
e, en consecuencia, a intratextualidade ou autotextualidade que as
obras ofrecen entre si abre un camio de anlise moi interesante. O
exemplo mis claro sera a recreacin de Gerrako kronikak (Amor y
Guerra) que supn a obra Bi bihotz, hilobi bat (Dos corazones en una
tumba) ata o punto de que a reescritura non s lcita, senn que
necesaria, como indica Olaziregi (2003: 113).
A continuacin, propoemos un estudo comparativo entre Kandinskyren tradizioa e o relato publicado o mesmo ano Hemen nago,
252
Comentarios
Nesta breve narracin, un mozo que traballa nunha biblioteca namrase dunha muller despois de bater coa sa foto no interior dun
libro. O protagonista queda coa foto e enmrcaa para observala na
sa mesa de traballo. Cando a empregada da limpeza lle pregunta
pola muller da foto, o protagonista fai unha broma e dille que se
trata da sa moza. Mis tarde mete a foto na carteira, lvaa canda si
a todas partes e cntalles a mesma mentira aos seus amigos. Como
estes non o acaban de crer, recrase na sa mentira:
aita zendu zenean, amari Torreviejara lagundu nion bidaian egin nuen andregaia zela berretsi nien eta ez nuela ezer gehiago kontatzeko asmorik, hain zuzen
ere trantze txar batean geundelako momentu hartan (p. 52).
[Conteilles que a coecn na viaxe a Torrevieja, cando acompaei a mia nai
despois do falecemento de meu pai e que non pensaba dar mis detalles, xa que
nese momento estabamos nun momento difcil].
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
256
Bibliografa
Etxaniz Erle, Xabier (2004), La ideologa en la literatura infantil
y juvenil, en CAUCE, Revista de Filologa y su Didctica, n 27,
pp. 83-96.
Kortazar, Jon (2003), Introduccin, en Kandinskyren tradizioa La tradicin de Kandinsky, Madrid: Atenea.
Mendoza Fillola, Antonio (2001), El intertexto lector. El espacio de
encuentro de las aportaciones del texto con las del lector, Universidad
de Castilla-La Mancha.
Olaziregi, Mari Jose (2002), Euskal eleberriaren historia, Bilbao: Labayru ikastegia / Amorebieta-Etxanoko udala.
Rifaterre, Michael (1991), Compulsory reader response: the intertextual drive, en Michael Worton & Judith Still, Intertextuality:
theories and practices, Nova York: Manchester University Press, pp.
56-78.
Saizarbitoria, Ramon (2003b), Hemen nago, liburuz inguratuta,
zutaz pentsatzen, en A.A. (2003), Begiz jotako ipuinak, Donostia:
Alberdania-COFF.
Wilde, Oscar [1895] (2010), La importancia de llamarse Ernesto,
Barcelona: Editorial juventud.
Resumo: Autora destacada no panorama literrio portugus destinado infncia e juventude, Ana Saldanha publicou, em 2009, o
romance juvenil Para Maiores de Dezasseis, uma obra que perspetiva, de forma desassombrada, as relaes juvenis e os problemas de
crescimento e de afirmao individual. Centrado na relao de uma
jovem de 15 anos com um homem mais velho, que a seduz, o romance permite, igualmente, refletir sobre as relaes familiares e os
afetos, as crises existenciais e geracionais, construindo uma imagem
polifacetada do universo juvenil contemporneo.
70. Alfragide: Editorial Caminho, 2009.
259
(2000-2011)
Comentarios
de ser, simultaneamente, ligeiro e profundo, srio e divertido. A escrita da autora tem conhecido assinalvel evoluo, como as obras
mais recentes Para Maiores de Dezasseis (2009) ou Todo-o-Terreno
e Outros Contos (2010) ilustram. Este ltimo uma colectnea de
sete narrativas breves, onde temas atuais, alguns polmicos, como a
questo da pedofilia (dois contos tematizam duas tentativas de abuso
sexual de adolescentes, respetivamente um rapaz e uma rapariga) ou
do alcoolismo e suas consequncias, mas tambm das dinmicas familiares mais ou menos desestruturadas, so a linha coesiva da publicao. A contemporaneidade e, at, a ps-modernidade encontram
aqui uma voz narrativa poderosa, da qual esto ausentes moralismos,
julgamentos ou tomadas de posio explcitas. O cariz aberto dos
finais e a opo por uma estrutura narrativa episdica, s vezes fragmentria, tambm os afasta de concluses definitivas.
As narrativas de Ana Saldanha, ao contarem uma histria, um
episdio ou um conjunto mais ou menos vago de situaes que se
sucedem a um ritmo veloz, valem pela fora das imagens, e por exigirem ao leitor um esforo de deduo considervel, tecendo a intriga
a partir de vrios fios diferentes. A crtica implcita falncia da
famlia, sobretudo aos pais (incapazes de proteger e de amar, porque
tambm parecem perdidos procura de si mesmos) motiva reflexo
e chega a ser perturbante. Em outros casos, a inocncia infantil
recriada com um lirismo inabitual na prosa.
Quanto ao volume em estudo, que analisaremos de forma mais
detalhada, tematiza uma srie de comportamentos sexuais desviantes
numa narrativa densa que cruza vrios tempos, discursos e perspetivas. Protagonizada por uma adolescente que procura a sua identidade (fsica e emocional) em resultado de processos conturbados de
crescimento e de dinmicas familiares complexas, a narrativa apresenta a protagonista Dulce como uma presa fcil de um efebfilo,
dando conta das estratgias predatrias a que recorre. Ao mesmo
tempo, so problematizadas inmeras questes candentes, ligadas s
vivncias e rotinas das famlias contemporneas, das relaes entre
geraes, dos grupos, propondo aos leitores uma viagem a um uni261
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
e o prprio filho, Raul, que, apesar de tudo, cresce de forma independente e relativamente equilibrada. Frustradas as suas aspiraes
pessoais, que procura compensar com relaes inconsequentes, assume um comportamento individualista e autocentrado. J Regina,
semelhana da filha, mais uma personagem-tipo, uma vez que
revela poucos traos de comportamento e personalidade individualizantes. Completamente entregue famlia, a quem dedica todo o
seu tempo e ateno, perde individualidade, personalidade e autonomia, revelando-se particularmente frgil na relao desequilibrada
que estabelece com o marido e com a filha.
, pois, em torno destes universos que se desenvolve a intriga
principal e as secundrias, atravs da aproximao e cruzamento,
num espao e tempo limitados, de todas as personagens referidas.
Um fim de semana na casa de frias de Senfins dos pais de Tit
vai potenciar todo um conjunto de acontecimentos que, de algum
modo, j estavam em marcha, atingindo, agora o seu auge.
Ao nvel do tratamento do tempo do discurso, veja-se como so
construdas e introduzidas na narrativa principal analepses sucessivas para momentos distintos do passado das personagens, ora mais
longnquo, como acontece com a infncia de Dulce, o casamento e
o divrcio dos pais, o encontro de Laura e Dionsia e as suas memrias de juventude, ora mais recente, como a aproximao de Eddie
atravs da rede social Facebook ou episdios escolares comuns a Tit
e Dulce. A construo da narrativa, abrindo com o interrogatrio
policial a Tit sobre o desaparecimento da amiga, obriga igualmente
a uma manipulao temporal, de modo a reconstituir, em jeito de
narrativa policial ou detetivesca, os antecedentes do caso, estabelecendo o percurso da vtima e identificando o seu paradeiro (chegada, dia anterior, noite, concerto, partida). Ser exatamente este
esforo de memria e de reconstituio dos acontecimentos que d
corpo ao enredo e, de alguma forma, prende a ateno dos leitores
ao mistrio que abre o romance.
O espao, semelhana do tempo, igualmente relevante para o
desenrolar da ao. O facto de ser limitado e concentrado, obrigan266
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
269
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Mercrio tinha-me contado que havia pases que, de um dia para o outro acabavam. Ou mudavam de nome. Ou encolhiam (p. 140).
O recurso a mecanismos estilsticos como o jogo temporal ou a interseco de fios narrativos, por exemplo, a par das inmeras sugestes ou os no ditos, sustentam uma atmosfera densa que reclama
do leitor a aceitao de um especial pacto de leitura, cujas principais
exigncias talvez sejam a capacidade de contabilizao de pequenos
pormenores e uma certa perspiccia na associao de factos, nomes
e situaes narradas.
Diversos apontamentos de crtica social surgem intencional e estrategicamente disseminados pelo relato, alguns deles mesmo quebrando o dramatismo de certos episdios e dotando a narrativa de
um toque de humor e de malcia. A acuidade do olhar crtico (por
vezes, manifestamente irnico) de Alice Vieira, uma das marcas singularizadoras da sua escrita, um apelo ateno do leitor, mesmo
do mais distrado, interrogando-o indirectamente e motivando-o
a questionar a sociedade coeva e as formas como encara a infncia, a
famlia ou os desacertos sociais, alm de questionar a validade/pertinncia de certos organismos/mecanismos estatais de Aco Social,
aqui representados, com perspiccia, pelas personagens A-Mais-Nova e A-Mais-Velha.
Uma nota, ainda, para assinalar o grafismo/design do volume analisado, em concreto da sua capa. Seguindo uma linha de renovao pictrica j visvel na edio/reedio de outros romances da
autora, Meia Hora para Mudar a Minha Vida apresenta uma capa e
uma contracapa que formam uma unidade semntica/visual assente
numa ilustrao da autoria de Bernardo Carvalho, ilustrador premiado e ligado tambm editora Planeta Tangerina. Neste quadro
visual, construdo com base numa reduzida paleta de cores, visivelmente suaves, enfatiza-se implicitamente o protagonismo de uma
figura juvenil, marcada por uma expresso inquieta e observadora,
aparentemente na clandestinidade ou sem querer ser vista. A representao parcial de um automvel (um txi ou um carro da polcia?),
276
Comentarios
277
Referncias bibliogrficas
Freire, Miguel Vzquez (2000), A recepcin da obra de Alice Vieira
en Galicia e Espaa, in No Branco do Sul as Cores dos Livros (Actas
do Encontro sobre Literatura para Crianas e Jovens Beja, 25 e 26
de Fevereiro de 1999), Lisboa: Caminho, pp. 97-119.
Gomes, Jos Antnio (1991), Uma leitura de Os Olhos de Ana
Marta, de Alice Vieira, in Jos Antnio Gomes, Literatura para
Crianas e Jovens. Alguns Percursos, Lisboa: Caminho, pp. 99-104.
(1998), Introduo s obra de Alice Vieira, Lisboa: Caminho.
(2000), Em busca da identidade perdida: a obra de Alice Vieira
e o caso de Os Olhos de Ana Marta, in No Branco do Sul as Cores
dos Livros (Actas do Encontro sobre Literatura para Crianas e Jovens
- Beja, 25 e 26 de Fevereiro de 1999), Lisboa: Caminho, pp. 27-44.
(2005), Comentrio com vista formao leitora. Os Olhos de
Ana Marta, de Alice Vieira, in Boletn Galego de Literatura, n
32, 2 semestre 2004, Santiago de Compostela: Universidade de
Santiago de Compostela, pp. 221-230.
Guimares, Ana Paula (2000), Atravs de Alice: a tradio ao espelho, in No Branco do Sul as Cores dos Livros (Actas do Encontro
sobre Literatura para Crianas e Jovens - Beja, 25 e 26 de Fevereiro
de 1999), Lisboa: Caminho, pp. 63-95.
Maia, Joo (1980), Rosa, minha irm Rosa (recenso) (26/02/80)
disponvel em http://www.leitura.gulbenkian.pt/index2.ph
p?area=rol&task=view&id=952&print=no (consultada no dia
20/02/10).
Comentarios
279
MBITO
IBEROAMERICANO
Resumo: Laura Bergallo, em Alice no espelho, relata a difcil trajetria de uma adolescente vtima de transtornos alimentares, bulimia, rumo superao de suas carncias afetivas. A narrativa, no
primeiro momento, apresenta as relaes de Alice no meio familiar
e suas preocupaes com a aparncia; no segundo, a menina, em
coma anorxico, transportada para o mundo do espelho, espao
que desencadeia a retomada da conscincia e o consequente autoreconhecimento.
Palavras-chave: Alice no espelho, Laura Bergallo, narrativa juvenil
brasileira.
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Mas no tem mais histrias de Alice, risadas altas, a barba crescida do pai roando seu rosto num carinho meio spero. Alice procura esquecer. Mas tambm procura lembrar. Lembrar-se do pai ficar mais um pouco junto dele. Mas
tambm faz Alice viver de novo aquele abandono, que no parece muito justo
com ela (p. 11).
O excerto transcrito permite o reconhecimento da perspectividade na narrativa. Com o emprego da expresso a gente, tanto ns,
os leitores e o narrador, quanto a garota, somos todos includos na
observao do mundo narrado. Por alguns momentos, a perspectiva
retomada pelo narrador, que se distancia da personagem Alice
precisa de um plano para escapar do jantar [...]; depois, conforme
ocorre o adensamento das emoes no esprito da menina, o embricamento de perspectivas favorece o discurso ambguo: Definitivamente, esto todos contra o seu regime.
O relacionamento ruim com a me, sempre ocupada em malhar
na academia, no permite que a garota supere a lacuna criada pelo
284
Comentarios
afastamento paterno: Em algum lugar de sua histria, Alice procura uma culpa que explique essa ausncia. E j no acredita no
pas das maravilhas (p. 12). Aps breve flash back narrativo, vamos
encontrar Alice com 15 anos e h muito tempo sem notcias do pai,
que ia se tornando to irreal quanto um coelho que fala (p. 13),
sensao que d contornos ao conflito relativo situao familiar: a
ausncia do pai, apontada como traio pela me e pela av, que o
criticam o tempo todo. Quanto s aspiraes e desejos mais ntimos
da garota, so exatamente os mesmos de uma gerao encantada por
modelos magrrimas: Felicidade, o que mesmo? Ser linda, jovem
e magra, eis o que (p. 20). Se a felicidade est na leveza, preciso
busc-la a todo custo; os regimes alimentares tornam-se freqentes e
crescem as desconfianas em casa, principalmente por parte da av,
sempre mais atenta aos problemas da garota. No est fcil driblar a
vigilncia: Mas e o jantar, como que vai ser? No est disposta a
sair da dieta que est fazendo, mas a av no pode, de jeito nenhum,
saber que ela est de regime outra vez (p. 21).
As angstias de Alice no se revelam da mesma maneira para a
me e para a av, almas diferentes. Apenas o espelho, espao de convergncia para o interior, reflete o sofrimento da garota: D uma
olhadinha no espelho e faz uma careta horrvel: est gorda, gorda,
gorda! (p. 26). A crise de identidade ganha vulto na adolescncia e
a imagem que Alice v no espelho a de seu desequilbrio emocional. Obrigada a comer, resolve o problema no banheiro com a ajuda
do cabo da escova de dentes, mas a av est atenta: Acho que est
doente. J reparou que ela vai sempre ao banheiro logo depois das
refeies? E ainda fica um tempo l dentro, com aquele som ligado
aos berros? (p. 28).
A segunda parte da narrativa inicia-se com o desmaio de Alice,
logo aps uma sesso de comilana desenfreada. A partir de ento,
o mundo narrado construdo pelo processo do nonsense, marcado
pelo jogo de sentido proposto pela ambigidade entre identidade e
alteridade, uma vez que a concepo de identidade somente se completa com a cooperao de seu duplo ou avesso a alteridade , cujo
285
(2000-2011)
significado fundamenta-se no pressuposto de que, em sociedade, interagimos e somos interdependentes de outros indivduos. Sob tal
prisma, apenas mediante o contato com o outro, o eu individual
pode existir. Essa existncia est, portanto, determinada pela viso
do outro, pela diferena, complementada pelo olhar do prprio indivduo. Laplantine (2000), em suas consideraes sobre o conceito,
observa que a elaborao da experincia da alteridade permite que
o indivduo reconhea que, mesmo seus mais insignificantes traos
comportamentais, nada tm de natural e que seu eu individual
torna-se pleno a partir do conhecimento do outro.
Configurando-se o jogo narrativo, marcado pelo reconhecimento
da existncia de um outro lado em sua identidade, a personagem,
como a Alice de Lewis Carrol, transporta-se para o mundo do espelho, onde v refletida a imagem que seu olhar doente elabora de si
mesma, a gorda Ecila, seu avesso: Levanta do cho e fica em p na
frente do espelho emoldurado. Nele v uma garota gordona olhando
para ela feito pateta (quem seria?). Atrs dela, um quarto igualzinho,
s que com tudo em posio invertida (p. 52).
Nesse espao especular, reflexo de seu interior em crise, cujo acesso permitido pelo estado de coma, em razo do choque anorxico,
Alice depara-se com elementos e questes s aparentemente diferentes do mundo fora do espelho, porque fatos e pessoas so projees
de seu ntimo: a nova amiga, Ecila, tambm possui fortes laos com
o pai ausente; os habitantes desse lado so modelos de beleza desejados pela garota, como o corpo de Mirna Lee e o garoto Tiago, por
quem pensa estar apaixonada.
Se garota gorda o outro, o lado oposto de Alice, justamente
a partir da perspectiva da alteridade que a menina poder reconhecer-se como individualidade. Inicia-se, assim, pela mo de Ecila, o
processo de reflexo, que desencadeia a retomada da conscincia e
o reconhecimento de sua identidade. Embora cercada da mesmice,
de modelos estticos sonhados por Alice, Ecila aprecia a diferena,
como seu pai, leitor de Alice no pas das maravilhas, e no quer fazer
a transformao, procedimento cirrgico que a tornar linda e jo286
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
tematizam de modo sensvel questes relativas identidade e s apreenses de emoes da adolescente no mundo narrado.
O movimento empreendido pela perspectividade, ao desvelar a
evoluo do processo de construo da identidade de Alice, imprescindvel interao entre leitores e texto. A reao provocada
pelas diferentes perspectivas pode ser considerada a partir das categorias de recepo (Jauss, 1974: v. 5, n. 2), elementos fundamentais
para aqueles que se preocupam com as relaes entre o texto literrio
e seus potenciais receptores, neste caso, jovens leitores. A atuao
das personagens provoca duas modalidades de identificao, principalmente: a catrtica, prpria da tragdia, e a irnica, que se
manifesta com reaes antagnicas do leitor, de aproximao e de
rejeio. O cumprimento da funo catrtica pode ser observado
no momento da reflexo final de Alice, e os leitores, ao perceberem
que se dissipam as angstias que assaltam a personagem, podem reconhecer as emoes que experimentam no cotidiano das relaes
humanas, promovendo, ao mesmo tempo, a liberao de temores
que os assaltam e angustiam. Por sua vez, no desempenho da funo
irnica, contraditria por natureza, a identificao ocorre, justamente, pelo reconhecimento de que as dvidas e angstias das personagens so comuns aos leitores; o distanciamento permite que eles,
marcados pela mobilidade e instabilidade do sujeito ps-moderno,
possam refletir sobre sua prpria situao, rejeitando-a ou no.
289
Bibliografia
Chevalier, Jean e Alain Gheerbrant (1988), Dicionrio de smbolos,
trad. Vera da Costa e Silva, Raul de S Barbosa, Angela Melim,
Lcia Melim, Rio de Janeiro: Jos Olympio.
Hall, Stuart (2003), A identidade cultural na ps-modernidade, trad.
Tomaz Tadeu da Silva & Guaracira Lopes Louro, Rio de Janeiro:
DP&A, 7 ed.
Iser, Wolfang (1999), O ato da leitura, Vol. 2, trad. Johannes Kretschmer. So Paulo: Editora 34.
Jauss, Hans Robert (1974), Levels of identification of hero and
audience, em New literary history, Charlotte Ville, Virgnia.
Laplantine, Franois (2000), Aprender antropologa, trad. MarieAgnes Chauvel, So Paulo: Brasiliense.
Santos, Boaventura Sousa (1997), Pela mo de Alice. O social e o
poltico na ps-modernidade, So Paulo: Cortez, 4 ed.
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
296
Comentarios
Onde est calor, qualquer que seja a intensidade, a temperatura desce a zero
grau; onde est muito frio, qualquer que seja a intensidade, a temperatura sobe
a zero grau. Por cerca de uma hora, todo o planeta apresenta a mesma temperatura (p. 63).
A beleza do espetculo, porm, no descrita quanto s consequncias naturais do evento. O efeito moral registra-se nas convenes de
cientistas dedicados a resolverem o problema do lixo mundial:
Organizaes ambientalistas, muitas delas discriminadas e at mesmo perseguidas, acusadas de diferentes formas de terrorismo verde, so rapidamente
convidadas a dar consultoria privilegiada a multinacionais e governos por todo
o planeta (p. 68).
Diante de tanto empenho o leitor pode desconfiar das consequncias dessa mudana de atitude diante do lixo. Consultorias e relatrios
desse tipo j no existiam? At quando duraria o efeito moral dos cometas de merda? E depois das intervenes, tudo continuaria bem?
Da mesma forma, as intervenes anteriores levaram a problemas
econmicos de grandes propores: Ainda se calcula o impacto social de milhares de trabalhadores desempregados pela agora intil
indstria de armas (p. 42); a esses desempregados acrescentam-se
os muitos milhares de pediatras, professores e escritores de livros
infantojuvenis, entre tantos outros profissionais, que neste instante
se perguntam o que faro e como sobrevivero nos prximos dez
anos e mais (p. 47), pois a segunda interveno limitara o nmero
de filhos por mulher, por um perodo de duzentos anos, em uma
gravidez de apenas uma criana. A incluso dos professores e escritores de livros infantojuvenis no rol dos que so penalizados no
contexto dessa nova ordem pode ser lida como uma pequena nota
auto-irnica, que convida o leitor ao distanciamento da matria narrada e perspectiva crtica.
A tomada de conscincia dos animais, na quinta interveno, gera
cenas de violncia nas quais o ser humano pode perder o controle
da situao:
297
(2000-2011)
No domingo mesmo em que ela acontece, os espetculos de exibio de animais mostram cenas nunca vistas. Nos rodeios, cavalos recusam-se a saltar mesmo esporeados, aguardando a melhor oportunidade para jogar o cavaleiro no
cho e atac-lo diretamente (p. 78).
A observao do narrador sobre as conseqncias dessa modificao na relao com os outros seres parece reduzir seu impacto diante
da violncia comum humanidade: Dado o tamanho do estrago
provocado por essa nova revoluo dos bichos, o nmero de mortos
e feridos, entre os seres humanos, bem menor do que se esperaria
(p. 81). A relao com a obra de George Orwell (1903-1950) vem
ao encontro do narrador de Monte Verit, que lembra o leitor de A
revoluo dos bichos (1945), conforme registra a narrativa (p. 75):
Muitos se lembram de um romance ingls antigo no qual os bichos
de uma fazenda se revoltam, mas nesse romance os animais so apenas metforas de situaes polticas humanas (p. 75), ou seja, em
Monte Verit as intervenes no se fazem em sentido simblico,
mas no mbito denotativo, trazendo ao leitor discusses sobre temas
fundamentais para a espcie humana.
Ainda nessa perspectiva de aproximao com a obra de Orwell,
o narrador desenvolve um discurso prximo ao politicamente correto, destacando a diferena da revoluo registrada dos bichos e
daquela que est ocorrendo sob a escrita de Manuel:
Entretanto, porcos mesmo, ou quaisquer outros animais, nunca agiram nem
agiriam assim. A linguagem cotidiana tem reforado a pressuposio da superioridade humana quando chama de animal e desumano um criminoso, por
exemplo, quando atos condenveis que ele tenha cometido s poderiam ser
realizados por um ser humano (p. 75).
Comentarios
(2000-2011)
Recorrer histria do pensamento humano permite encontrar solues diversas a problemas que historicamente vinham se tornando
normais aos humanos de todo o globo.
Antes de anunciar a interveno final, o leitor compreende que todas as intervenes anteriores colocaram em xeque conceitos consolidados sob a gide de termos como desenvolvimento, progresso,
evoluo. Finalmente, a humanidade encontrar outra sada, bem
300
Comentarios
Em outros termos, instaura-se a tica como padro comportamental, como possibilidade ideolgica num mundo em que o prprio
discurso da diversidade justifica, muitas vezes, a manuteno de situaes de opresso e alienao de direitos essenciais dignidade
humana.
A obra mantm, portanto, um delicado equilbrio, que consegue
passar ao largo do moralizante e do doutrinrio, para situar-se no
mbito do reflexivo e do filosfico, convergindo para a esfera da tica. Na ltima interveno, por meio da tica que o leitor mais
jovem convidado ao debate e reflexo sobre sua realidade, sobre
a vida de Manuel, sobre o mundo, sem que a fico perca sua fora
geradora de criatividade e imaginao, fontes preciosas para o questionamento da realidade de um mundo distpico.
301
(2000-2011)
ces is discussed, and also the development of more than one narrative line and the interpolation of a personal diary that adds another
historical time to the present of the narrative in order to show the
nowadays effects of the Statal terrorism in the Twentieths century
seventies.
Keywords: identity, polyphony, statal terrorism.
Magdalena Helguera (1960) es una de las voces ms personales y
reconocidas de la literatura infantil y juvenil uruguaya. Ha recibido
mltiples premios por su dilatada labor, dedicada mayoritariamente
a la narrativa, que incluye libros dirigidos a todas las franjas etarias
que componen la LIJ. No debe olvidarse su labor como investigadora: es la autora del nico estudio de envergadura sobre la evolucin de este subsistema de la literatura uruguaya, desde sus inicios, a
principios del siglo XX, a la renovacin que se produce despus de la
cada del rgimen militar, al final de los aos ochenta77.
Su novela rboles blancos se destaca por conectar una temtica
tpica de la novela juvenil, la bsqueda de la identidad personal, con
los hechos polticos vividos en el Uruguay durante la dictadura militar (1973-1985). Es, en ese sentido, una novela pionera, la nica, al
momento de su publicacin, que trata de las consecuencias sobre el
presente de la represin poltica de los aos setenta78. Por otra parte,
la obra es tambin innovadora en lo que respecta a su composicin,
ya que se presenta como una novela de cierta complejidad, por la
alternancia de tiempos histricos y voces narrativas, por los cambios
de focalizacin y la inclusin de varios hilos ficcionales. El narrador
77. A salto de sapo. Narrativa uruguaya para nios y jvenes. Configuracin y vigencia
del primer canon (1918-1989), Montevideo: Trilce, 2004.
78. A nivel de la literatura infantil uruguaya, algunos aos despus Federico Ivanier retomara este tema con Los viajes del capitn Tortilla (Buenos Aires: SM,
2011). De acuerdo a la propia Helguera, son las dos nicas obras de la LIJ uruguaya que abordan la temtica de la historia reciente.
304
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
criado por la abuela, ya que sus padres fueron detenidos poco despus de su nacimiento. La abuela se las ha arreglado para mantener
a los hermanos distantes, de modo tal de poder crear un pasado
falseado para la adolescente y protegerla del horror de su verdadera
historia. Lili naci despus de que sus padres fueron liberados pero,
como tantos presos polticos, enfermaron muy prematuramente de
cncer y murieron. Por mucho tiempo, la joven ha credo que su
drama personal se explica por haber sido la hija de padres mayores.
Su abuela, enferma ahora de Alzheimer, ha empezado a revelar, en
sus delirios, detalles de un pasado que Lili desconoce, lo que la lleva
a investigar la historia familiar con vistas a reconstruir la verdad. La
novela da cuenta de la bsqueda emprendida por la protagonista
cuando siente que no puedo seguir por el mundo como si hubiera
nacido de un repollo, sin saber nada de mi historia (p. 41). La casa
familiar se ha reducido a un espacio nfimo por la falta de ingresos
econmicos adecuados, que se ha compensado con el alquiler de la
planta baja, gracias a la revalorizacin de la zona por la construccin de un centro comercial en la acera de enfrente. Lili y la abuela
comparten el nico dormitorio disponible, aunque existe otro que
ha permanecido siempre cerrado y que la protagonista sospecha que
guarda algn secreto importante. La historia narrada en la novela
empieza con la bsqueda de la llave para entrar a ese cuarto. Cuando
la consigue, Lili descubre que la habitacin, mantenida como una
pieza de museo, fue el dormitorio de la hermana de su padre, la ta
Mariela, fallecida a los 18 aos, vctima indirecta de la dictadura. El
cuarto sigue all, con el pster de los Beatles, la ropa de los setenta,
que Lili describe como genial, la colcha tejida, los almohadones de
colores, en fin un cuarto de lujo como resume su amigo Maxi. Una
vez burlada la prohibicin de la abuela, sobreviene el descubrimiento del diario de la ta y el conocimiento de una verdad mantenida
oculta por diecisis aos.
Tal como lo ha sealado Isabel Soto (2008) para la novela de Agustn Fernndez Paz Noite de voraces sombras, la obra se ajusta a las caractersticas de la novela de iniciacin, en la que un protagonista ado307
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
omos la voz de los personajes, quienes irrumpen, sin presentacin, con sus discursos. El lector se encuentra de plano, con valores y
creencias enfrentadas, con las informaciones, a veces contradictorias,
errneas o, simplemente, falsas que manejan los personajes, sin que
exista esa instancia exterior que los presente y site en la historia,
que sopesa, corrige o explica. Esta renuncia del autor a comunicar su
punto de vista, y esta preferencia por poner en primer plano voces
mltiples, con sus propias ideas y puntos de vista conflictivos, acta
como elemento fundamental en la creacin de la polifona del texto.
La heteroglosia, o sea los distintos registros de lengua determinados por las edades de los personales, su procedencia social, as como
los contextos histricos y estilos personales, est presente en una novela donde se mezclan diferentes ideologas y vivencias personales,
al tiempo que tres subculturas generacionales, lo que produce marcas evidentes a nivel lingstico. En la obra conviven la generacin
de la abuela, nacida en 1917; la de los aos setenta, que enfrent
la dictadura y fue su blanco preferido, expresada preferentemente a
travs del diario de Mariela y, en menor grado, en las opiniones de
los padres de Maxi y sus amigos; y la generacin actual, representada
por la protagonista, su amigo Maxi y su hermano Ernesto. Las tres
confrontan modos de hablar, adems de visiones del mundo. En este
sentido, se encuentra presente la heteroglosia y la polifona tal como
las entiende Bajtn: la representacin de un amplio rango de discursos sociales, ideolgicos y lingsticos.
Un tema central para ver esta polifona se da en la confrontacin
de las visiones del mundo de las distintas generaciones. El idealismo
de los jvenes que enfrentaron a la dictadura, con su confianza en las
utopas, su intolerancia ante la injusticia, su compromiso poltico y
su creencia en el valor y el sentido del sacrificio personal, contrasta
con la visin de los jvenes postmodernos, representados por los
personajes ms jvenes. Los ltimos se muestran ms individualistas,
con valores ms orientados a lo personal que a lo social, con preocupaciones vinculadas a la vida familiar, emocional y sentimental, e
indiferente a la poltica y las metas colectivas. Estas distintas maneras
312
Comentarios
de ver el mundo, dialogan y, a veces, entran en conflicto, como veremos, a manera de ejemplo, a continuacin.
Conflictos generacionales
El diario de Mariela se presenta en la obra marcado tipogrficamente por el uso de la letra cursiva y la presencia de la fecha; estas
marcas le indican al lector que se ha pasado del discurso oral al escrito. El diario transmite la cosmovisin y el lenguaje de la generacin
de los padres de Lili, la generacin diezmada por la represin de
Estado. A diferencia de ellos, la ta Mariela, un poco menor, no fue
una militante poltica y su muerte precoz tuvo que ver con el despotismo de manera indirecta. Hija menor y mujer, su madre (la abuela
de Lili), la envi a un colegio de monjas, para mantenerla alejada de
la militancia estudiantil. El diario consigna las protestas de la joven
ante esto, as como la admiracin por su hermano mayor y otros
jvenes que como l, se jugaban todo en la lucha por un mundo ms
justo. Muchas de las entradas son reflexiones sobre las responsabilidades ciudadanas y la necesidad de entender e involucrarse en los
acontecimientos colectivos:
Yo creo que a mi edad ya debera saber algo de poltica y de muchas cosas ms,
creo que con casi quince aos ya debera entender muchas ms cosas de las que
entiendo, pero a este paso, con tanto con tanto callarse y tener cuidado no se
cundo ni cmo voy a enterarme (p. 65).
(2000-2011)
Comentarios
86. Se refiere al poema IX de Versos sencillos de Jos Mart, poema que todo uruguayo conoce de memoria por haber sido musicalizado por el popular do Los
Olimareos.
315
(2000-2011)
316
Bibliografa
Jorques Jimnez, Daniel (1997), Interpelacin y espacios comunicativos, Valencia: Univrsitat de Valencia.
Lluch, Gemma (2004), Cmo analizamos relatos infantiles y juveniles, Bogot: Norma.
McCallum, Robyn (1999), Ideologies of Identity in Adolescent Fiction: The Dialogic Construction of Subjectivity (Childrens Literature
and Culture), New York: Garland Pub.
Mirza, Roger (1995), Memoria, desmemoria y dictadura. Una
perspectiva desde el sistema teatral, en Hugo Achugar, Carlos
Demasi, Roger Mirza, lvaro Rico, Marcelo Viar, Uruguay:
Cuentas pendientes. Dictadura, Memorias y desmemorias, Montevideo: Trilce.
Soto, Isabel (2008), Literatura contra la desmemoria: una lectura
de Noite de voraces sombras, de Agustn Fernndez Paz, en BlancaAna Roig Rechou, Pedro Lucas Domnguez, Isabel Soto Lpez
(coords.), A Guerra Civil espaola na narrativa infantil e xuvenil,
Vigo: Edicins Xerais de Galicia.
Villanueva, Daro (2006), El comentario del texto narrativo: cuento y
novela, Madrid: Mare Nostrum.
(2000-2011)
320
Comentarios
(2000-2011)
Billie deber ajustarse a los cambios aunque se resiste constantemente por lo ilgico de la situacin. Por un lado enfrenta la realizacin de un proyecto nuevo y arriesgado para su empresa ms un
incipiente enamoramiento y, por el otro lado, no sabe cmo actuar
con sus padres, porque la madre es una cmplice absoluta del pap
y tampoco sabe qu hacer con sus hijos. Frente al caos terrible de la
vida diaria y sus constantes demandas de tiempo y atencin est la
alegra de la ficcin que ilustra su padre y el arte del jazz. Toda la novela est aderezada por este humor relajante, por esta chispa que salta
322
Comentarios
De lo cotidiano a lo maravilloso
El sinsentido de la obra es un elemento clave que coquetea con el
gnero de lo maravilloso, pues los acontecimientos sobrenaturales
no provocan en l sorpresa alguna (Todorov, 1974: 4688), as, sin
88. Introduccin a la literatura fantstica, trad. Silvia Delpy, Buenos Aires: Tiempo
contemporneo, 1974.
323
(2000-2011)
324
Comentarios
A partir de ahora eres otra, Billie Luna. A partir de ahora vers cosas que antes
no veas, sentirs cosas que antes no sentas. Disfrutars ms, bailars ms, reirs ms. En fin, todo eso. () A partir de ahora cuando alguien te diga que vio
un rinoceronte morado en patineta sobre el perifrico t pensars que alguna
vez charlaste con un fantasma. O un ngel. T ponle el nombre que quieras. Y
vers que en este mundo de frmulas exactas, no hay respuesta, an, para todo
(p. 304).
89. http://www.galofrando.com
325
5.20. Supernaturalia.
Una seleccin90, de Norma
Muoz Ledo. Criptozoografa
mestiza de Mxico
Laura Guerrero Guadarrama
(Universidad Iberoamericana, Ciudad de Mxico)
Resumen: Una obra de recopilacin y recreacin de los seres mticos de Mxico. Las voces de los informantes funden las creencias
con los hechos, son historias que ellos han vivido o que otros les
han contado sobre presencias sobrenaturales reales. Realidad y ficcin forjan una suprarrealidad que da cuenta de la cosmovisin del
mundo de un pas pletrico de criaturas mgicas ancestrales y de su
mestizaje con la cultura occidental. Tiene como referente el volumen Supernaturalia: Una aventura por la tradicin oral de Mxico de
la misma autora, editado por Altea.
Palabras clave: leyendas, mitos, narracin oral, seres mgicos.
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
La Llorona es un ser con el que se puede topar uno cualquier noche, sobre todo si estamos cerca de una laguna, as la narradora relata
su experiencia que es la suma de mltiples vivencias compartidas por
cientos de personas:
Cada vez que ella gritaba Aaaaaay mis hijos, mis hijos, mis desgraciados hijos!,
un dolor fsico traspasaba mi pecho como una lanza, no poda creer que semejante pena tuviese cabida en este mundo. Me tap los odos y me tir al suelo,
sintiendo en mi corazn el vrtice creciente de un torbellino de vaco y miseria
que se hunda en mi alma. El fro del ambiente haba penetrado todo mi cuerpo
dejndome inmvil en el suelo, en posicin fetal. En ese momento, me asalt
un pensamiento que me era imposible alejar: Es un fro de muerte, me dije,
y al momento reconoc que no era la muerte en s, era la muerte del espritu
derrotado (pp. 157-158)
Comentarios
Otras partes que conforman el volumen son: Duendes, Encantos, El reino de la muerte y los tesoros enterrados, Seres antropomorfos, Animales sobrenaturales, Brujas, nahuales y uays:
narraciones donde duendes, lugares encantados, objetos mgicos,
la muerte, los tesoros, seres antropomorfos, zoomorfos, brujas, nahuales y uays irrumpen en la vida cotidiana y rutinaria de personas
comunes, trastornando su mundo (p. 11).
Esta seleccin del material para la coleccin juvenil de Alfaguara nos
parece acertada, porque seduce con el sabor de las historias y despierta el inters del lector propiciando nuevas bsquedas. Comienza por
ubicarnos en los lugares, comunidades pequeas, ranchos, poblados,
puentes, caminos, cerros, casas, las palabras frescas brotan de manera
natural y nos atrapa el tono secretista, de chisme, de aviso o advertencia. Viajamos a esos sitios donde la historia se forj con los
testigos o actores mismos de los hechos. Hay un escalofro que nos
acompaa porque estamos hurgando en el misterio:
Los crari bimortari son como sombras purpurinas que se distinguen en medio
de la niebla. Se desconoce su gnero, aunque se piensa que hay tanto mujeres
como hombres. A la mayor parte de ellos les disgusta encontrarse con los hu-
331
(2000-2011)
La autora es una escucha atenta, investigadora infatigable, enamorada de Mxico y sus tradiciones, en el volumen rene testimonios
de todo el pas, enriquece el texto con sus observaciones muy personales y se nutre de la bibliografa pertinente.
Tambin otorga cuerpo y vida al bagaje inmenso recopilado por
el Proyecto de Investigacin y Recopilacin de Tradiciones Orales
Populares (PIRTOP) del Consejo Nacional de Fomento Educativo
(CONAFE). Acervo forjado por los informantes de las diversas comunidades y capturado por los recopiladores e instructores comunitarios entre 1986 y 1996.
Ciertamente es una obra magnfica, divertida, con un pie en lo
antropolgico y el otro en la magia de la ficcin. Un homenaje al
imaginario humano que da cuerpo a las experiencias sobrenaturales
de la existencia. Con los mtodos de la ciencia alude a lo sobrenatural, juega con las posibilidades y riquezas de una realidad que se
extiende ms all de lo racional hacia lo evocado, sugerido y proyectado por los smbolos, las metforas y las analogas del arte.
Con un lenguaje que guarda las riquezas y recursos de la oralidad,
las historias estn depuradas, dosificadas de manera inteligente, con
argucias y estrategias literarias que resaltan el suspenso, el enigma, el
asombro o el terror.
De esta obra que le llev ms de siete aos de esfuerzo y depuracin ha comentado la autora lo siguiente:
Supernaturalia, el ltimo libro que escrib, me ha dejado una huella muy muy
profunda, al grado de poder decir que me transform el alma. El tema son los
seres fantsticos de Mxico y hacerlo requiri una combinacin de muchas cosas, por un lado una incursin bastante intensa en la tradicin oral, buscando
332
Comentarios
en recopilaciones la presencia de seres mitolgicos vigentes, como un gambusino que busca pepitas de oro en un arroyo. Por otro lado, el descubrimiento
fascinante de un Mxico profundo con creencias y tradiciones profundamente
mgicas que se viven y se respetan en un mundo inmerso en la tecnologa y
la globalizacin. Vivimos en medio de una fabulosa paradoja y eso me parece
irresistiblemente maravilloso. A eso le sumo la necesidad de dejar a un lado una
mente racional y dar paso a una manera de pensar mucho ms intuitiva que fue
la que, a final de cuentas, gui la creacin de todo el libro. Habra mucho ms
que decir, pero solo te digo lo ltimo y quiz lo ms importante que me dej:
una consciencia de que soy parte de algo mucho ms grande, de que los seres
humanos formamos parte de una biodiversidad que se extiende mucho ms all
de lo que pueden constatar los sentidos. Lo sobrenatural, dice el diccionario de
la real academia, es lo que excede los trminos de la naturaleza. Escribir Supernaturalia me oblig a comprender el verdadero significado de esa definicin
(Nevrez).
333
Bibliografa
Muoz Ledo, Norma (2012), Supernaturalia. Una aventura por la
tradicin oral de Mxico, ilust. Helguera y Hernndez, Mxico:
Altea.
Nevrez, Alejandra, Norma Muoz Ledo, una escritora mexicana
fiel a la narracin oral y cmplice de la magiaentrevista en la revista electrnica literaturainfantilyjuvenil.com.mx.
Tolkien, J.R.R. (1994), Sobre los cuentos de hadas, en rbol y
hoja y el poema Mitopoeia (intr. Christopher Tolkien), Barcelona:
Minotauro, pp. 13-100.
91. Ilust. Daniel Og, So Paulo: tica, col. Palavra libre, 2009.
335
(2000-2011)
Abstract: The article analyses the extent at which the work cited in
the title can be considered juvenile literature, taking into account
the aesthetical treatment of the main topic, which mixes historical
and fictional facts, and the conception of book addressed to a specific marketing age. It is a police novel which has as its main character
a well-known Brazilian romantic poet who is involved in the murder
of a young girl as he should help solving it to save a friend, unfairly
accused.
Keywords: art and market, Brazilian juvenile literature, police novel.
O papel de destaque que os livros destinados aos jovens vem ocupando no cenrio da literatura brasileira a partir das ltimas dcadas
do sculo XX est relacionado a, no mnimo, dois fatores: o surgimento da juventude, faixa situada entre a infncia e a idade adulta,
como instncia de relevante atuao social (o que no acontecia at
ento), e o desenvolvimento do mercado livreiro, que v nesse segmento promissor espao de circulao e consumo de seus produtos.
Da decorre que todo o esforo para conceituar a literatura juvenil,
delimitando sua especificidade, deve levar em conta tais questes.
Em outras palavras, importa no s a proposta do texto enquanto
representao esttica do imaginrio jovem, mas ainda a concepo
fsica do livro-objeto, para o qual o projeto grfico-editorial providencia roupagem, contedos acessrios e distribuio de toda a
matria. A leitura de Alma de fogo: um episdio imaginado da vida
de lvares de Azevedo visa abarcar tais aspectos, verificando como a
obra se realiza no universo da literatura juvenil, em termos de atendimento a esse pblico especfico.
Trata-se de uma histria policial cujo protagonista lvares de
Azevedo, conhecido poeta romntico brasileiro (1831-1852). Uma
moa morta e um dos amigos do escritor acusado pelo crime. A
partir da, o heri empenha-se em descobrir o criminoso, em uma
336
Comentarios
(2000-2011)
repetitivas. Assim, lvares de Azevedo (Maneco) pode andar s voltas com fatos corriqueiros que, ao mesmo tempo, remontam sua
conhecida tendncia ao mrbido:
Maneco, por mais confiana que tivesse em Teresa, no podia falar a verdade,
que ele e Bernardo haviam profanado uma cova.
- At agora, nada.
- Sabes que o Marqus esteve aqui? Jurou de ps juntos que tu o ests assombrando! Desde que armaram a farsa do velrio, ele est convencido de que ests
morto e que voltaste do inferno para lev-lo contigo!
- Na qualidade de fantasma, ordenei a ele que assuntasse em todos os cantos
sobre a moa morta.
- No h muito o que descobrir. Moa simples, filha de alguma enjeitada como
ela. Foi para as ruas muito cedo, morreu antes da hora (p.66).
Comentarios
339
(2000-2011)
340
Comentarios
A histria policial que voc acabou de ler foi inventada. Contudo, tirando a
fantasia do serial killer, o resto (quase) tudo verdade. (p. 180)
O plano literrio desenhado pelos demais paratextos que acompanham a narrativa, como as epgrafes que abrem o livro e cada
captulo, todas retiradas da obra potica de lvares de Azevedo, da
qual h ainda uma antologia anexa. Eis algumas epgrafes:
Alma de fogo, corao de lavas
(O Conde Lopo) (p. 1).
Poetas! Amanh ao meu cadver
Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Faam dela uma corda e cantem nela
Os amores da vida esperanosa!
(O poeta moribundo) (p. 9).
No me odeies, mulher, se no passado
Ndoa sombria desbotou-me a vida.
(Noite na taverna) (p. 67).
Vagabunda de amor, bela e plida.
(Glria moribunda) (p. 125).
A vida noite: o sol tem vu de sangue:
Tacteia a sombra a gerao descrida...
Acorda-te, mortal! no sepulcro
Que a larva humana se desperta vida! (p. 163).
341
(2000-2011)
Bernardo Guimares, que se consagrou bem depois com o seu romance A escrava Isaura (1875), escrevia tambm poemas satricos que compunham seu
bestialgico, um tipo de poesia sem p nem cabea que tinha como principal
finalidade divertir (p. 154).
A personalidade de lvares de Azevedo geralmente esteve associada de uma
pessoa triste, melanclica, frgil, tomada pelo sentimento de morte. Se essas
caractersticas correspondem de fato ao que foi o jovem poeta, no podemos
ignorar outras, que, embora poucas vezes mencionadas, fizeram parte tambm
da sua personalidade: a dedicao aos estudos, a empolgao pelos embates
acadmicos, o senso de humor, a paixo pelas folias juvenis e o gosto pela vida
noturna (p. 158).
Tais contornos psicolgicos e sociais transferem-se para a personagem de Alma de fogo, desencadeando com xito um processo de
identificao do leitor com lvares de Azevedo poeta-detetive. De
um lado, suas caractersticas emocionais instveis e sombrias so caras ao jovem, que vive uma fase de descoberta da individualidade, de
construo do mundo de valores e afetos, enfim, de preparao para
os relacionamentos da vida adulta. De outro, sua atuao decidida
e seu papel de liderana atraem o leitor, que est estruturando sua
personalidade e definindo seu papel social. Tudo isso, introspeco
e ao, vem embalado em um livro-objeto que agrada juventude e
lhe oferece emoo e informao.
A obra consiste, pois, em material de leitura de qualidade para o
pblico em foco, tanto por seus aspectos materiais e formais quanto
pela escolha e pelo tratamento do tema, em que a fico vem sustentada por referncias literrias e histricas. Isso acontece porque a
qualidade do projeto grfico-editorial est em sintonia com a natureza do contedo desenvolvido, no que ele possui de informao e fantasia. As linguagens visual e verbal so, tambm, complementares, e
o dilogo entre elas propicia a multiplicao de sentidos. A soma de
todos os procedimentos redunda na produo de uma obra ao gosto
do jovem, capaz de incentiv-lo a tornar-se um leitor permanente e,
portanto, ter seus horizontes existenciais e culturais ampliados. Paralelamente, os estudiosos encontram em Alma de fogo material significativo para os estudos voltados conceituao da literatura juvenil.
342
NOUTRAS LINGUAS
5.22. Adaptando o terror: The legend of Sleepy Hollow /
A lenda de Sleepy Hollow, de Washington Irving92
Lourdes Lorenzo
(Universidade de Vigo)
(2000-2011)
1. Introduccin
Dende que os medios audiovisuais apostaron por series como
Sabrina93 (1996) ou sagas como Twilight94 (2008) a narrativa gtica95, tanto nos seus formatos audiovisuais como literarios, acadou
un xito mundial sen precedentes, especialmente entre un pblico
93. Baseada nos cmics Sabrina, the Teenage Witch (1962-). A serie titulouse Sabrina, cosas de brujas en Espaa e Sabrina, la bruja adolescente, en Amrica Latina.
94. Baseada na novela homnima de Stephenie Meyer, publicada en 2005. A saga
foi traducida ao espaol como Crepsculo.
95. O adxectivo gtico deriva de godo, que fai referencia sa vez aos pobos
xermnicos orientais aos que os romanos chamaban brbaros. O seu uso como
descritor da literatura de terror ten que ver co feito de que nestas zonas xeogrficas
abundan castelos e mosteiros medievais, lugares moi queridos polos autores para
desenvolver este tipo de historias.
344
Comentarios
adolescente. Os mozos, transitando por esa etapa tendente ao exceso emocional na que o neno que foi ten que deixar paso ao adulto
que ser, gustan de consumir historias de terror nas que lobishomes,
vampiros e outras criaturas do aln escenifican medos ancestrais e o
permanente engado do perigoso.
Pero as primeiras novelas gticas aparecen xa no sculo XVIII,
cando escritores como Horace Walpole ou Ann Radcliffe tocaban
as teclas do terror e con elas as fibras mis sensbeis do ser humano.
Cun pouso romntico de base, os seus relatos ambientbanse nas
tebras, cemiterios, pramos ou castelos poboados por pantasmas,
vampiros... A noite e as tempestades tamn eran compaeiras habituais destes contos, que logo acadaron o seu momento de mximo
esplendor no sculo XIX con figuras de renome como Mary Shelley
(Frankenstein, 1818), Edgar Alan Poe (The Fall of the House of
Usher, 1839), Bram Stoker (Drcula, 1897) ou Oscar Wilde (The
Canterville Ghost, 1887). O sculo XX non perdeu o amor polo sobrenatural, o oculto e o macabro, que foron explorados por autores
como Lovecraft (The Tomb, 1922) ou a propia J.K. Rowling, cando imaxina a vida dun neno mago (heptaloxa Harry Potter, 19972007).
Malia que como acabamos de comprobar as races da temtica gtica se achan nos pases anglosaxns, axia resultou fascinante para
escritores (e, xa que logo, lectores) doutros moitos lugares: en Francia
Guy de Maupassant (Le Horla, 1886) sentiu a chamada do gtico;
en Italia igualmente o fixo Antonio Fogazzaro (Malombra, 1881);
en Espaa cultivaron o xnero Bcquer (Maese Prez, el organista,
1861) e Zorrilla (Recuerdos y fantasas, 1844), entre outros; en
Rusia, Ggol, Baratynski, Somov ou Karamzin escribiron contos de
terror que mesmo contan con adaptacins cinematogrficas; e en
Suecia podemos nomear autores contemporneos como Lindqvist,
que publicou case toda a sa producin no xnero de terror (Lt den
rtte komma in, 2004; Pappersvggar, 2006).
En Galicia tamn hai autores nos que a pegada gtica evidente
e que recoecen influencias mis ou menos conscientes dalgn dos
345
(2000-2011)
Comentarios
(2000-2011)
Comentarios
traduciu das obras ademais das que acabamos de comentar (Planilandia, Abbott e Felpeto, 2009) e O retrato de Dorian Gray (Wilde e
Felpeto, 2010).
Cristina Felpeto licenciada en Filoloxa Hispnica pola Universidade de Santiago de Compostela e, segundo figura no seu perfil
profesional101, traballou como tradutora para o Grupo SM, tradutora-correctora ortotipogrfica para Urco Editora e como bolseira do
proxecto CORDE da Real Academia Espaola de la Lengua. A traducin galega da lenda est contida nun volume de 196 pxinas xunto
con outros catro relatos de Irving (Rip Van Winkle, O espectro
do noivo, O demo e Tom Walker e A aventura do estudante alemn). Vn precedida dun pequeno estudo introdutorio ao autor e aos
contos recollidos que, malia aparecer sen sinatura, semella da autora
da tradutora.
Como elementos positivos da traducin podemos nomear os seguintes:
- Estilstica de calidade
O galego do TM resulta natural e fludo (a, b), con aqueladas
frases feitas (c), equivalencias atinadas dos refrns do TO (d) e unha
riqueza lxica que proba a mestra da tradutora no manexo da lingua
(e):
(a) TO: He was always ready for a fight or some prank. However, he was more
mischievous than malicious. Despite his roughness he had a good sense of
humor (p. 24).
TM: Estaba sempre preparado para unha liorta ou unha brincadeira, pero tia
mis bromas ca arroutadas no seu comportamento e, con toda a sa imperiosa
rudeza, posua no fondo un forte compoente de bulideiro bo humor (p. 37).
(b) TO: The mysterious event caused a lot of speculation at church on the following Sunday. Most people thought that Ichabod had been carried off by the
Headless Horseman (p. 46).
TM: O caso da desaparicin do mestre foi o dxomedxome de todos na igrexa
o domingo seguinte. Grupos de latriqueiros [...] falaban en extenso diso []
o pobre mestre fora raptado pola pantasma do xinete sen cabeza (p. 77-78).
101. http://es.linkedin.com/pub/cristina-felpeto-garc%C3%ADa/35/369/757
349
(2000-2011)
(c) TO: The wages he received from the school were small, not enough to pay
for his daily needs. Even though he was thin, he had an enormous appetite
(p. 10).
TM: O soldo que perciba da escola era cativo, e non tia abondo para se fornecer de pan diario, porque era de bo dente [...] (p. 24).
(d) TO: The schoolmaster was a conscientious man and followed the general
rule of spare the rod and spoil the child (p. 10).
TM: A dicir verdade era un home concienciado e sempre tia en mente a mxima de A letra con sangue entra (p. 23).
(e) TO: It was the midnight when Ichabod rode sadly home (p. 38).
TM: Foi hora das bruxas [] cando Ichabod, [...] pensativo e con moita dor
no seu amargado corazn tomou o camio de volta [...] (p. 64).
Comentarios
Mentres que en (f ) o TO analizado acompaa a Tarry Town dunha nota a rodap necesaria para entender o porqu do nome (El
verbo to tarry, cado en desuso, significa detenerse, demorarse o entretenerse), o TM galego non recolle esta indicacin.
De novo en (g), o TO desmiza nunha nota o significado de
sleepy hollow (literalmente significa el Valle Adormecido), pero
o TM non ofrece axuda para que o lector estabeleza conexins. Esta
forma de proceder s pode ter das lecturas: quer a tradutora confa
en que a maiora dos lectores coecen suficiente ingls como para
ver que se trata de nomes motivados (algo que parece bastante improbbel, especialmente no caso dun verbo como to tarry, de uso
limitado), quer non tivo en conta a necesidade de explicar os elos
de unin.
- Erros de traducin: miscelnea
Avaliada en conxunto estamos ante unha boa traducin que funciona ben na cultura meta, pero hai algns erros que deberan corrixirse en posteriores edicins, se as houber. Algns son a prob351
(2000-2011)
4. Conclusins
A anlise desta traducin fai que a poidamos cualificar de boa
en termos xerais, especialmente polo uso dun galego rico, natural e
idiomtico; acdase o obxectivo marcado por autores como Toutain
(1997) para as linguas minorizadas como a galega: enriquecer o sistema literario e mobilizar os recursos da lingua, explotando as sas
potencialidades. A sa posicin equilibrada entre estratexias domesticadoras (paso de millas a quilmetros) e estranxeirizantes (topni103. A rapaza poda ser colorada como un melocotn maduro, pero non madura,
se s tia dezaoito anos.
352
Comentarios
353
Bibliografa
Even-Zohar, I. (1993), A funcin da literatura na creacin das nacins de Europa, Grial, n 120, pp. 441-458.
Franco, J. (2000), La traduccin condicionada de los nombres propios
(ingls-espaol). Un anlisis descriptivo, Alacant: Universidade de
Alacant.
Hernndez-Sacristn, C. (1994), Aspects of Linguistic Contrast and
Translation, Frankfurt/Main: European University Studies/Peter
Lang.
Lefevere, A. (1997), Traduccin, reescritura y la manipulacin del canon literario, trad. espaola de C. frica e R. lvarez, Salamanca:
Ediciones Colegio de Espaa.
Nord, Ch. (1997), Translating as a Purposeful Activity. Funcionalist
Approaches Explained, Manchester: St. Jerome.
Oittinen, Riitta (2005), Traducir para nios, trad. espaola de Isabel
Pascua e Gisela Marcelo, As Palmas: Universidade das Palmas de
Gran Canaria.
Toury, G. (1980), In Search of a Theory of Translation, Tel Aviv: The
Porter Institute for Poetics and Semiotics/Tel Aviv University.
Van Coillie, J. (2006), Character Names in Translation, en J. Van
Coillie e W.P. Verschueren (eds.), Childrens Literature in Translation. Challenges and Strategies, Manchester: St. Jerome, pp. 123139.
354
Comentarios
White, M. (1992), Childrens Books from Other Languages: A Study of Successful Translations, Journal of Youth Services in Libraries, 5, 3, pp. 261-275.
Wilss, W. (1996), Knowledge and Skills in Translator Behaviour, msterdam/Philadelphia: John Benjamins Pub.
Woodsworth, J. (1988), The role of the translator in literary translation, en K. Nekeman (ed.), Translation, Our Future, Maastricht: Euroterm, pp. 193-199.
355
6. Equipo redactor
e coordinador
K
O equipo redactor das achegas que contn este volume rene integrantes da Red temtica Las Literaturas Infantiles y Juveniles del
Marco Ibrico e Iberoamericano e outros investigadores convidados
que colaboran coa Rede e participan tamn neste volume cos seus
estudos sobre a temtica obxecto de anlise.
Todos eles e mais as encargadas da coordinacin do volume esperamos ter afondado nos obxectivos e lias de investigacin marcados
pola Red dende a sa creacin.
As coordinadoras desexamos reiterar unha vez mis, o noso de
sexo de contar con calquera suxestin que o lector ou lectora queira
achegarnos, dada a intencin de continuidade destas monografas.
359
NDICE
K
Px
1. Introducin.................................................................... 7
2. Uma escrita de transio. Contributos para uma reflexo
sobre literatura juvenil. Maria Madalena Marcos Carlos
Teixeira da Silva.................................................................. 13
3. La narrativa para los adolescentes del siglo XXI.
Gemma Lluch.................................................................... 39
4. Unha seleccin para a educacin literaria........................ 61
5. Comentarios para a formacin lectora............................ 95
mbito ibrico
5.1. Actualizacin dun mito nunha temtica tab:
A cabeza de Medusa, de Marilar Aleixandre.
Mara del Carmen Ferreira Boo....................................... 97
5.2. Hacia dnde vamos? Unos inquietantes Futuros
peligrosos, de Elia Barcel. Mara Victoria Sotomayor...... 113
5.3. Literatura per sobreviure al maltractament:
M de Lolita Bosch. Mar Ray......................................... 121