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Tucano-de-bico-preto apresenta tonalidades mais opacas, mas cores fortes ainda se manifestam — Foto: Aisse Gaertner/ Vc no TG

Os enormes bicos multicoloridos nos livram de qualquer engano. A principal característica da família dos tucanos é bem evidente e chamativa, o que nos permite saber que estamos diante de um parente, mesmo olhando ao longe.

A cor não é só um artifício estético. As tonalidades chamativas podem coagir outros animais pela estranheza e impedir a chegada de predadores que os atacariam. Dessa forma, mesmo o tucano-de-bico-preto, que aparenta ser mais discreto, tem no interior de seu bico o contraste através do vermelho-sangue.

Araçari-castanho ocupa ocos de árvores, muitas vezes previamente ocupados por pica-paus — Foto: Fabrício Corsi Arias/Acervo Pessoal

Ao todo, sabe-se da existência de 22 espécies pertencentes a essa família no Brasil, sendo 6 dessas tucanos e as outras 16 araçaris. A principal diferença entre tucanos e araçaris está no tamanho. Os primeiros, em geral, costumam ser maiores que seus “primos”.

Na alimentação também é possível ver distinções. Os tucanos são, basicamente, apreciadores de frutos e sementes, que dispersam pelas matas. Entretanto, enquanto os araçaris vivem de uma dieta com predominância de vegetais, os tucanos podem atacar até ninhos de outras aves em busca dos ovos ou dos filhotes para saciar seu apetite por carne.

Tucano-de-papo-branco só encontrado em território amazônico e apresenta um dos cantos mais famosos — Foto: Clodoaldo Costa/VC no TG

Da barriga para as penas

Com um nome que consta no cardápio e na plumagem, o araçari-banana se destaca entre os parentes por possuir essa tonalidade tão marcante. Ele mede de 35 a 39 cm de comprimento e seu peso compreende entre 156 e 169 g.

Araçari-banana vive em florestas altas das regiões montanhosas — Foto: Ananda Porto/ TG

As menores da família

O araçari-miudinho é considerado o menor da família. Um representante de pouco mais de 30 centímetros, que habita a região Nordeste da Amazônia. Com uma mistura de quatro cores diferentes, o bico se assemelha a uma pintura e faz um contraste com outro representante dos “pesos pequenos”. É o caso do tucaninho-verde, que atinge de 33 a 41 centímetros de comprimento e apresenta a plumagem totalmente verde.

Crimson-rumped toucanet, encontrado no Equador, é parente dos menores — Foto: Ananda Porto/TG

A maior da família

O maior representante da família é também o com mais fama, o tucano-toco ou tucanuçu. O integrante do bico alaranjado pode chegar aos 55 centímetros. Vivendo em todo o Brasil central e partes da Amazônia, é um dos símbolos mais marcantes das aves do continente sul-americano e pode ser avistado com muita facilidade.

Observador flagrou tucano-toco no centro da cidade de Piracicaba (SP) — Foto: Helder Prado/Acervo Pessoal

As mais raras

Entre as espécies mais buscadas pelos observadores brasileiros estão o tucaninho-verde e o tucaninho-de-nariz-amarelo. Ambos vivem em pequenas regiões próximas à fronteira, o que aumenta a expectativa pelo encontro em terras brasileiras.

O tamanho, como já antecipado, também dificulta o contato com o pequeno tucaninho-verde, encontrado poucas vezes no Brasil e apenas na transição do País para a Venezuela. O mesmo desafio acompanha o contato com o tucaninho-de-nariz-amarelo, que ocupa o extremo Oeste do Brasil, nos estados do Acre e Rondônia.

As mais ameaçadas

Já encontrar um araçari-de-pescoço-vermelho depende da atenção e de muito cuidado. O motivo é o Estado de Conservação da espécie. A ave, juntamente com o tucano-de-papo-branco e o tucano-de-bico-preto, apresenta o status de vulnerável na natureza.

Araçari-de-pescoço-vermelho ocorre no Sul e Leste da Amazônia — Foto: Ananda Porto/TG

Cabeleira diferente

Ambos os sexos dos araçaris-mulatos apresentam penas negras e brilhantes no alto da cabeça, de modo que lembram um cabelo encaracolado. Os indivíduos, que chegam a medir 46 centímetros, são os únicos que possuem essa particularidade.

Araçari-mulato vive na Amazônia e se destaca pela aparência encaracolada da penugem da cabeça — Foto: Rudimar Narciso Cipriani

Na ponta do bico

Não apenas sinal da beleza, o bico dos tucanos pode ajudar a nomeá-los. Tucano-de-bico-verde e de-bico-preto são alguns dos exemplos, assim como os araçaris-de-bico-branco, marrom e amarelo. Há ainda parentes da família com “estampas” mais diferentes, como a do araçari-de-bico-de-marfim e do araçari-de-bico-riscado, que apresenta uma série de marcas verticais quando adultos.

Araçari-de-bico-branco tem contraste da parte superior do bico com a região inferior, que é negra — Foto: Rudimar Narciso Cipriani / TG

Outra característica curiosa também proporcionada pelos bicos é a manutenção da temperatura corporal dos tucanos. Pesquisadores descobriram que, em um ritmo espantoso, o pássaro pode alterar sua temperatura em até 10 graus Celsius, para o quente ou para o frio.

Esse processo ocorre de forma que, sendo seu bico vascularizado, ele possa enviar sangue para o local para diminuir a temperatura corporal no calor ou fazer o inverso, em casos de frio.

Araçari-miudinho-de-bico-riscado apresenta os traços que o nomeiam destacados em tom preto — Foto: Arquivo TG

Sono merecido

Depois de tanto esforço para ser uma ave tão esperta e habilidosa, os tucanos costumam repousar sobre os galhos e dormirem com o bico escondido entre as asas com a cauda dobrada, cobrindo a cabeça.

Reproduzindo um comportamento comum aos mamíferos, o tucano diminui a temperatura do corpo para economizar energia enquanto dorme. Dessa forma, os pesquisadores acreditam que inserir o bico entre as penas é uma forma de impedir a perda de calor indesejada.

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