ESTUDANDO A MEDIUNIDADE – MARTINS PERALVA – 15

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desdobramento-espiritual-2

A MEDIUNIDADE abrange vários tipos de fenômenos, manifesta-se de diversas maneiras, existem variados dons. A própria palavra “mediunidade” não é muito adequada para definir tudo o que se passa na interação entre os espíritos encarnados e desencarnados. Nem sempre o médium está, exatamente, servindo de intermediário, como o termo sugere, mas emancipando-se como espírito e fazendo coisas no plano espiritual.  Essas questões são tão complexas que eu não me atrevo a entrar em detalhes, por me faltar competência. Minha intenção é comentar com os irmãos  alguns aspectos para solidificar conhecimentos, a maravilharem-se com as possibilidades postas à nossa disposição para o serviço de assistência recíproca. Neste caso de hoje, um relato de André Luiz sobre o que ocorreu no plano espiritual quando um dos médiuns em uma reunião espírita se desdobrou, isto é, seu espírito (obviamente com seu perispírito) afastou-se do seu corpo-e realizou uma excursão com a assistência de dois amigos do plano espiritual, mantendo o grupo informado sobre o que o que vai prresenciando. Só queremos lembrar que esses dons jamais devem ser exercitados por diletantismo ou demonstrações circenses de habilidades  pessoais: tudo deve visar a uma atividade  séria e útil para estudo e auxílio ao próximo.

15 DESDOBRAMENTO MEDIÚNICO
O capítulo “Desdobramento em Serviço” esclarece essa singular
mediunidade, realmente pouco comum entre nós.
As ocorrências relacionadas com o desprendimento do Espírito do médium
Castro — a começar no recinto dos trabalhos e terminando em esfera espiritual
de reajuste, onde Oliveira, recém-desencarnado, refazia as próprias forças –
favorecem a compreensão, inclusive de criaturas pouco afeitas a raciocínios
mais profundos, desse maravilhoso fenômeno.
Ainda existe, mesmo em círculos espiritistas, quem faça uma certa
confusão entre «médium de transporte» e «médium de desdobramento».
Vez por outra, ouve-se a informação: «Fulano é médium de transporte…
E quando são pedidos detalhes, verifica-se que o Fulano mencionado é
simplesmente um médium de desdobramento.
Médium de transporte é o de efeitos físicos e que serve de instrumento
para que os Espíritos transportem objetos, flores, jóias, etc., do exterior para o
interior e vice-versa.
Esse é o médium que, corretamente, podemos denominar de “transporte”.
Médium de desdobramento é aquele cujo Espírito tem a propriedade ou
faculdade de desprender-se do corpo, geralmente em reuniões.
Desprende-se e excursiona por vários lugares, na Terra ou no Espaço, a
fim de colaborar nos serviços, consolando ou curando.
Esse é o médium de desdobramento.
Castro, nosso conhecido de «Nos Domínios da Mediunidade», é médium
de desdobramento e está sendo preparado para maiores cometimentos na
seara da fraternidade.
Dispensamo-nos de comentários mais amplos, porque essa exigência,
mais técnica que moral, já foi atendida com o diagrama organizado para o
estudo dessa faculdade e já incorporado a este livro, no presente capítulo.
Há condições, de ordem moral especialmente, das quais não pode o
médium de desdobramento prescindir, se deseja aprimorar a sua faculdade e
aumentar os seus recursos, como sejam:
a) — Vida pura
b) — Aspirações elevadas
c) — Potência mental
d) — Cultivo da prece
e) — Exercício constante
Além dessas condições, que reputamos indispensáveis ao médium, os
componentes do grupo têm também deveres e responsabilidades, uma vez que
lhes compete auxiliar o desprendimento, acompanhar mentalmente a trajetória
do Espírito do médium e encorajá-lo, também pelo pensamento, em sua
viagem.
Assim sendo, lembramos que três fatores essenciais são requisitados dos
encarnados, nos serviços de desdobramento, a saber:
a) — Auxílio, através da prece
b) — Concentração
c) — Exortação
A exortação, como não podia deixar de ser, é tarefa do dirigente encarnado
dos trabalhos, isto no plano físico.
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Há médiuns de desdobramento que recordam as ocorrências da excursão,
enquanto outros, embora façam o relato durante o desdobramento, voltam ao
corpo como se tivessem saido de prolongado sono.
Sutilezas do mediunismo…
Alguns necessitam de auxílio magnético dos encarnados, para
conseguirem o desdobramento, enquanto outros se desprendem fàcilmente,
com a maior espontaneidade.
A nosso ver, nos trabalhos do Espiritismo Cristão, onde toda atividade
deve caracterizar-se pela espontaneidade; no Espiritismo Cristão, onde se
enxugam lágrimas e se abraçam almas revoltadas, é mais aconselhável aproveitar-
se a cooperação daqueles que se desdobram com naturalidade, apenas
com o concurso magnético dos Protetores Espirituais.
«Incipiente ainda nesse gênero de tarefa», Castro contou, em sua
excursão astral, com a cooperação de Rodrigo e Sérgio, dois companheiros da
Espiritualidade, os quais «lhe aplicaram à cabeça um capacete em forma de
antolhos», a fim de que a sua atenção não se desviasse, no trajeto, para as
peculiaridades do caminho, evitando-se a dispersão dos seus próprios
recursos, inclusive para não dificultar o esforço volitivo.
«Vimos o rapaz, plenamente desdobrado, alçar-se no espaço, de mãos
dadas com ambos os vigilantes» — informa André Luiz.
E mais adiante:
«O trio volitou em sentido oblíquo, sob nossa confiante expectação. »
E à medida que avançavam noite a dentro, espaço a fora, o médium,
«adormecido», descreve a viagem:
«Seguimos por um trilho estreito e escuro!… Oh! tenho medo, muito
medo… Rodrigo e Sérgio amparam-me na excursão, mas sinto receio! Tenho a
idéia de que nos achamos em pleno nevoeiro…”
A situação é perfeitamente compreensível: o Espírito de Castro atravessa
zonas próximas à Terra, impregnadas da substância mental (piche aerificado,
como costumam definir os Amigos Espirituais) expelida pelas Inteligências
encarnadas e a traduzirem os habituais desequilíbrios humanos…
Desejos inferiores, caprichos, ódios, ambições, crimes…
Raul Silva, o dirigente dos trabalhos, vigilante, «elevou o padrão vibratório
do conjunto, numa prece fervorosa em que rogava do Alto forças multiplicadas
para o irmão em serviço. »
«A oração do grupo — informou Áulus —, acompanhando-o na
excursão e transmitida a ele, de imediato constitui-lhe abençoado tônico
espiritual.
Ah! sim, meus amigos — prosseguia Castro, qual se o corpo físico lhe
fosse um aparelho radiofônico para comunicações a distância —, a prece
de vocês atua sobre mim como se fosse um chuveiro de luz… Agradeçolhes
o benefício!… Estou reconfortado… Avançarei!… »
E assim, estimulado pela prece de Raul Silva, pela concentração dos
encarnados e pelo concurso de Rodrigo e Sérgio, chega Castro ao ponto
terminal da excursão, onde se entrega às alegrias do reencontro com Oliveira,
dedicado companheiro do núcleo mediúnico, recentemente desencarnado.
Essa visita possibilita-nos a observação de interessante fenômeno: Oliveira
transmite ao grupo, por Intermédio de Castro, uma mensagem de
reconhecimento e júbilo: «Meus amigos, que o Senhor lhes pague. Estou bem,
etc. etc.»
Castro (Espírito) recebe e retransmite ao próprio corpo as palavras do
amigo desencarnado. E elas ressoam, efetivamente, junto aos companheiros
encarnados:
«Meus amigos, que o Senhor lhes pague. Estou bem, etc., etc…»
Esse fato leva-nos a recordar oportunas conclusões doutrinárias, no
tocante ao mecanismo de certas comunicações de entidades superiores.
Suas palavras, até chegarem ao cenário terrestre, nos grupos mediúnicos,
sofrem uma série de não sabemos quantas retransmissões, à maneira das
recomendações de um general que, passando pelos oficiais imediatos, em
escala descendente, chegam até ao simples soldado…
É a confirmação do princípio doutrinário de que, quanto maior a elevação,
maior também a distância do comunicante.
Retornando ao corpo, Castro esfrega os olhos, como quem desperta de
grande sono».
A tarefa da noite estava concluída.

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