Letras para o ENEM

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Aos estudantes, Se analisarmos friamente uma tribo africana, provavelmente iremos identificar o ritual em que seus jovens passam a ser considerados adultos. Já nesse mundo globalizado em que vivemos, no qual as informações chegam numa velocidade jamais vista, essa característica parece ter desaparecido. Será? É evidente que não vemos nenhum ritual de passagem por aí, mas será que não conseguimos encontrar um momento em que nossos jovens ficam diante de sua primeira grande e difícil decisão, no qual são os únicos responsáveis? Vocês já devem ter percebido que estamos falando do vestibular, o primeiro desafio de muitos jovens. E, nesse momento, embora muitas vezes contem com a ajuda de parentes, esses estudantes sabem que as consequências de uma escolha errada, de um sucesso, ou de um fracasso são exclusivamente suas. E para engrossar um pouco mais esse caldo, nosso “ritual de passagem” vem sofrendo drásticas mudanças. Há alguns anos, os vestibulandos eram obrigados a passar por uma verdadeira maratona de provas ao final do ensino médio. Como vocês já devem saber, uma nova tendência ao acesso ao ensino superior brasileiro está alterando todo esse cenário. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por meio de diversas medidas do governo federal, tornou-se o principal vestibular do país, facilitando (e muito) a vida dos candidatos. Nesse novo modelo, a participação no Enem permite concorrer às vagas e bolsas de estudo em inúmeras instituições de ensino superior, além de possibilitar a certificação do Ensino Médio para aqueles que não concluíram seus estudos. Mas não vamos nos deixar confundir. O Enem facilitou a questão do deslocamento e dos gastos que os candidatos tinham, mas não a questão da concorrência. Aliás, essa só aumenta ano após ano. Resumindo: para ingressar no ensino superior, os candidatos precisam estudar e se preparar especificamente para o Enem, já que este se tornou a única porta de acesso para as principais universidades do país. Nós, do infoEnem, notamos ausência de um material que, de fato, prepare esses estudantes para o exame. Da necessidade veio a ideia. Da ideia passamos para o trabalho. E o resultado é esse material que vocês têm em mãos. Apostilas diretas, simples e eficientes que visam treinar e preparar os candidatos para o exame mais importante do Brasil, resolvendo e comentando questões de edições anteriores do próprio Enem. E para isso não poupamos esforços. Procuramos profissionais que realmente pudessem fazer a diferença. Afinal, não almejamos entrar na memória dos momentos felizes desses estudantes. Almejamos ser lembrados como um elemento importante para o sucesso de cada um deles, nesse momento tão decisivo, contribuindo para que estes possam ir em busca de seus sonhos.

Fernando Buglia e Matheus Andrietta Cofundadores do site infoEnem


Orientação aos estudantes Neste momento, antes que você inicie seus estudos através deste material, sugerimos uma metodologia com estratégias para aproveitá-lo da melhor maneira possível. Reforçamos que o estudante deve se preparar basicamente de duas maneiras para uma prova com as características do Enem. A primeira delas é adquirindo e/ou revisando os conteúdos abordados no ensino médio. A segunda se dá através da preparação específica para o modelo da prova. E é justamente nesta última etapa que nosso material entra em ação. Portanto, o foco desta apostila não é o conteúdo exigido, e sim a prova do Enem. Afinal, resolver 180 questões e uma redação, em 10 horas, divididas em dois dias de prova, exige muito mais do que competências e habilidades. Desta forma, o candidato que comprou esta apostila e apenas leu as questões, as resoluções e os comentários, passou longe de otimizar o potencial deste material e consequentemente a sua preparação para o exame. A nossa proposta é que você resolva todas as questões de cada edição da prova, para depois observar a resolução e comentários feitos por nossos professores. Se possível, simule todas as condições que encontrará no dia do exame. Em outras palavras, sente-se numa pequena mesa sozinho, resolva, em média, 45 questões a cada 2 horas, sem se comunicar com ninguém e sem consultar livro algum. Fazendo isso, você sai da sua “zona de conforto” e entende de fato o que é prestar o Enem. Uma prova que, ao mesmo tempo em que se mostra coerente e interdisciplinar, consiste numa verdadeira enxurrada de questões, que exige boa leitura, atenção, interpretação, concentração, calma, paciência, resistência e treino, muito treino. Não pregamos fórmulas mágicas. Partimos do pressuposto que para conseguir a recompensa, seja ela o acesso ao ensino superior ou a Certificação do Ensino Médio, é necessário muito empenho. Temos absoluta certeza que utilizando este material da maneira que recomendamos você potencializará todas as capacidades citadas no parágrafo anterior e aumentará significativamente seu desempenho na próxima edição do Enem. Bons estudos.


Apresentação dos professores – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias De acordo com a divisão feita pela nossa equipe, a apostila de “Linguagens e Códigos” é composta por questões referentes às disciplinas de Português, Inglês e Espanhol. Português Margarida dos Santos Marques Moraes possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (USP – 1995), especialização em Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Nove de Julho (2000) e mestrado em Letras (Letras Clássicas) pela USP, no ano de 2001. Atualmente é Docente em faculdades e na rede particular do interior paulista. Possui experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa,atuando principalmente no tema Filologia Românica. Margarida foi responsável pela resolução e comentários das seguintes questões: Enem 2012 (caderno amarelo) – 96 a 135. Enem 2013 (caderno amarelo) – 96 a 135. Enem 2014 (caderno rosa) – 96 a 135. Enem 2015 (caderno cinza) – 96 a 135. Enem 2016 (caderno azul) – 96 a 135. Enem 2017 (caderno azul) – 06 a 45. Inglês Vitor Muller Junior é graduado em Letras pela Universidade Paulista e em Administração pela Universidade de Sorocaba. Possui vasta experiência como professor de inglês de ensino médio e cursinhos pré-vestibulares. Foi avaliador e orientador do Projeto Oscar Cinema, desenvolvido pelo professor Giovanni Huggler, que premiava os melhores curtas-metragens feitos em inglês por alunos do ensino médio. Atuou como tutor de intercâmbio em Oslo, Noruega, no ano de 1997. Trabalhou também como professor e tradutor (2001-2006) na empresa HEMASI Jandira SP. Foi professor voluntário e responsável pelo setor de relações internacionais da ONG americana Stoneflower Foundation no Brasil, onde além de ministrar aulas para crianças carentes de uma comunidade na cidade de São Roque também era responsável por toda a comunicação com os mantenedores e associados americanos. Atualmente, além de continuar lecionando em diversas escolas e empresas, é proprietário, coordenador e professor da escola de idiomas NORTHWAY INSTITUTE LTDA. Vitor respondeu e comentou as seguintes questões: Enem 2012 (caderno amarelo) – 91 a 95 Língua estrangeira – opção inglês. Enem 2013 (caderno amarelo)– 91a 95 Língua estrangeira – opção inglês. Enem 2014 (caderno rosa) – 91a 95 Língua estrangeira – opção inglês. Enem 2015 (caderno cinza) – 91 a 95 Língua estrangeira – opção inglês. Enem 2016 (caderno azul) – 91 a 95 Língua estrangeira – opção inglês. Enem 2017 (caderno azul) – 01 a 05 Língua estrangeira – opção inglês.

Espanhol Veronica Guadamuz Moraé nascida na Costa Rica, onde graduou-se em Comercio Exterior na Universidade Braulio Carrillo. Ao vir para o Brasil, graduou-se também em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Possui larga experiência como professora e


tradutora, tanto de Espanhol quanto de Português.Atualmente trabalha como professora de Português na Wizard Costa Rica e como freelancer para Terralingua. Veronica respondeu e comentou as seguintes questões: Enem 2012 (caderno amarelo) – 91 a 95 Língua estrangeira – opção espanhol. Enem 2013 (caderno amarelo) – 91 a 95 Língua estrangeira – opção espanhol. Enem 2014 (caderno rosa) – 91 a 95 Língua estrangeira – opção espanhol. Enem 2015 (caderno cinza) – 91 a 95 Língua estrangeira – opção espanhol. Enem 2016 (caderno azul) – 91 a 95 Língua estrangeira – opção espanhol. Enem 2017 (caderno azul) – 01 a 05 Língua estrangeira – opção espanhol.


ÍNDICE Enem 2012 – Questões................................................................................................................ 01 Enem 2012 – Resoluções e Comentários ................................................................................. 17 Enem 2013 – Questões................................................................................................................ 22 Enem 2013 – Resoluções e Comentários ................................................................................. 36 Enem 2014 – Questões ……………………………………………………………………...… 42 Enem 2014 – Resoluções e Comentários ……...…………………………………………...... 56 Enem 2015 – Questões ……………………………………………………………………....... 61 Enem 2015 – Resoluções e Comentários ………...………………………………………...... 75 Enem 2016 – Questões ………………………………...…………………………………........ 80 Enem 2016 – Resoluções e Comentários ………………...………………………………...... 93 Enem 2017 – Questões ............................................................................................................... 99 Enem 2017 – Resoluções e Comentários ............................................................................... 114


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ENEM 2012 – LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

e) a paz será alcançada quando a busca pelo poder deixar de existir.

Questões de 91 a 95 (opção inglês).

Questão 93.

Questão 91. Quotes of the Day Friday, Sep. 02. 2011 “There probably was a shortage of not just respect and boundaries but also love. But you do need, when they cross the line and break the law, to be very tough.” British Prime Minister DAVID CAMERON, arguing that those involved in the recent riots in England need “tough love” as he vows to “get to grips” with the country’s problem families. Disponível em: www.time.com. Acesso em: 5 nov. 2011 (adaptado).

A respeito dos tumultos causados na Inglaterra em agosto de 2011, as palavras de alerta de David Cameron têm como foco principal a) enfatizar a discriminação contra os jovens britânicos e suas famílias. b) criticar as ações agressivas demonstradas nos tumultos pelos jovens. c) estabelecer relação entre a falta de limites dos jovens e o excesso de amor. d) reforçar a ideia de que os jovens precisam de amor, mas também de firmeza. e) descrever o tipo de amor que gera problemas às famílias de jovens britânicos. Questão 92.

Cartuns são produzidos com o intuito de satirizar comportamentos humanos e assim oportunizam a reflexão sobre nossos próprios comportamentos e atitudes. Nesse cartum, a linguagem utilizada pelos personagens em uma conversa em inglês evidencia a a) predominância do uso da linguagem informal sobre a língua padrão. b) dificuldade de reconhecer a existência de diferentes usos da linguagem. c) aceitação dos regionalismos utilizados por pessoas de diferentes lugares. d) necessidade de estudo da língua inglesa por parte dos personagens. e) facilidade de compreensão entre falantes com sotaques distintos. Questão 94.

Aproveitando-se de seu status social e da possível influência sobre seus fãs, o famoso músico Jimi Hendrix associa, em seu texto, os termos love, power e peace para justificar sua opinião de que a) a paz tem o poder de aumentar o amor entre os homens. b) o amor pelo poder deve ser menor do que o poder do amor. c) o poder deve ser compartilhado entre aqueles que se amam. d) o amor pelo poder é capaz de desunir cada vez mais as pessoas.

I, too I, too, sing America. I am the darker brother. They send me to eat in the kitchen When company comes, But I laugh, And eat well, And grow strong. Tomorrow, I’ll be at the table When company comes. Nobody'll dare Say to me, “Eat in the kitchen,” Then. Besides, They’ll see how beautiful I am And be ashamed. I, too, am America. HUGHES, L. In: RAMPERSAD, A.; ROESSEL, D. (Ed.). The collected poems of Langston Hughes.New York; Knopf, 1994.


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Langston Hughes foi um poeta negro americano que viveu no século XX e escreveu I, too em 1932. No poema, a personagem descreve uma prática racista que provoca nela um sentimento de a) coragem, pela superação. b) vergonha, pelo retraimento. c) compreensão, pela aceitação. d) superioridade, pela arrogância. e) resignação, pela submissão. Questão 95. 23 February 2012 last update at 16:53 GMT BBC World Service J. K. Rowling to pen first novel for adults

Author J. K. Rowling has announced plans to publish her first novel for adults, which will be “very different” from the Harry Potter books she is famous for. The book will be published worldwide although no date or title has yet been released. “The freedom to explore new territory is a gift that Harry’s success has brought me,” Rowling said. All the Potter books were published by Bloomsbury, but Rowling has chosen a new publisher for her debut into adult fiction. “Although I’ve enjoyed writing it every bit as much, my next book will be very different to the Harry Potter series, which has been published so brilliantly by Bloomsbury and my other publishers around the world,” she said, in a statement. “I’m delighted to have a second publishing home in Little, Brown, and a publishing team that will be a great partner in this new phase of my writing life.”

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Questões de 91 a 95 (opção Espanhol) Questão 91 Excavarán plaza ceremonial del frontis norte de huaca de la Luna Trujillo, feb. 25 (ANDINA). Tras limpiar los escombros del saqueo colonial y de las excavaciones de los últimos años en huaca de la Luna, este año se intervendrá la plaza ceremonial del frontis norte, en donde se ubica la gran fachada del sitio arqueológico ubicado en Trujillo, La Libertad, informaron hoy fuentes culturales. Después de varias semanas de trabajo, el material fue sacado del sitio arqueológico para poder apreciar mejor la extensión y forma del patio que, según las investigaciones, sirvió hace unos 1500 como escenario de extraños rituales. El codirector del Proyecto Arqueológico Huacas del Sol y la Luna, Ricardo Morales Gamarra, sostuvo que com la zona limpia de escombros, los visitantes conocerán la verdadera proporción de la imponente fachada, tal y como la conocieron los moches. Por su parte, el arqueólogo Santiago Uceda, también codirector del proyecto, dijo que las excavaciones se iniciarán este año para determinar qué otros elementos componían dicha área. “Hace poco nos sorprendió encontrar un altar semicircular escalonado. Era algo que no esperábamos. Por lo tanto, es difícil saber qué es lo que aún está escondido en la zona que exploraremos”, señaló Uceda a la Agencia Andina. La huaca de la Luna se localiza en el distrito trujillano de Moche. Es una pirámide de adobe adornada, en sus murales, con impresionantes imágenes mitológicas, muchas de ellas en alto relieve. Disponível em: www.andina.com.pe. Acesso em: 23 fev. 2012 (adaptado).

O texto apresenta informações sobre um futuro trabalho de escavação de um sítio arqueológico peruano. Sua leitura permite inferir que nações desde o início do processo de colonização. a) a pirâmide huaca de la Luna foi construída durante o período colonial peruano. b) o sítio arqueológico contém um altar semicircular bastante deteriorado. c) a pirâmide huaca de la Luna foi construída com cerâmica. d) o sítio arqueológico possui um pátio que foi palco de rituais. e) o sítio arqueológico mantém escombros deixados pela civilização moche.

Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 24 fev. 2012 (adaptado).

Questão 92. J. K. Rowling tornou-se famosa por seus livros sobre o bruxo Harry Potter e suas aventuras, adaptados para o cinema. Esse texto, que aborda a trajetória da escritora britânica, tem por objetivo a) informar que a famosa série Harry Potter será adaptada para o público adulto. b) divulgar a publicação do romance por J. K. Rowling inteiramente para adultos. c) promover a nova editora que irá publicar os próximos livros de J. K. Rowling. d) informar que a autora de Harry Potter agora pretende escrever para adultos. e) anunciar o novo livro da série Harry Potter publicado por editora diferente.

Nuestra comarca del mundo, que hoy llamamos América Latina perfeccionó sus funciones. Este ya no es el reino de las maravillas donde la realidad derrotaba a la fábula y la imaginación era humillada por los trofeos de la conquista, los yacimientos de oro y las montañas de plata. Pero la región sigue trabajando de sirvienta. Es América Latina, la región de las venas abiertas. Desde el descubrimiento hasta nuestros días, todo se ha trasmutado siempre em capital europeo o, más tarde, norteamericano, y como tal se ha acumulado y se acumula en los lejanos centros de poder. Todo: la tierra, sus frutos y sus profundidades ricas en minerales, los hombres y su capacidad de trabajo y de consumo, los recursos naturales y los recursos humanos. El modo de producción y la estructura de clases de cada lugar han sido sucesivamente determinados, desde fuera, por su


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incorporación al engranaje universal del capitalismo. Nuestra derrota estuvo siempre implícita em la victoria ajena; nuestra riqueza ha generado siempre nuestra pobreza para alimentar la prosperidad de otros: los imperios y sus caporales nativos.

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Questão 94.

GALEANO, E. Las venas abiertas de América Latina. Buenos Aies: Sigio Veintiuno Argentina, 2010 (adaptado).

A partir da leitura do texto, infere-se que, ao longo da história da América Latina, a) suas relações com as nações exploradoras sempre se caracterizaram por uma rede de dependências. b) seus países sempre foram explorados pelos mesmas c) sua sociedade sempre resistiu à aceitação do capitalis mo imposto pelo capital estrangeiro. d) suas riquezas sempre foram acumuladas longe dos centros de poder. e) suas riquezas nunca serviram ao enriquecimento das elites locais Questão 93. Obítuario* Lo enterraron en el corazón de un bosque de pinosy sin embargo el ataúd de pino fue importado de Ohio; lo enterraron al borde de una mina de hierro y sin embargo los clavos de su ataúd y el hierro de la pala fueron importados de Pittsburg; lo enterraron junto al mejor pasto de ovejas del mundo y sin embargo las lanas de los festones del ataúd eran de California. Lo enterraron con un traje de New York, un par de zapatos de Boston, una camisa de Cincinatti y unos calcetines de Chicago. Guatemala no facilitó nada al funeral, excepto el cadáver. *Paráfrasis de un famoso texto norteamericano. NOGUEIRAS, L. R. Las quince mil vidas del caminante.La Habana. Unea, 1977.

O texto de Luis Rogelio Nogueras faz crítica a) à dependência de produtos estrangeiros por uma nação. b) ao comércio desigual entre Guatemala e Estados Unidos. c) à má qualidade das mercadorias guatemaltecas. d) às dificuldades para a realização de um funeral. e) à ausência de recursos naturais na Guatemala.

A personagem Susanita, no último quadro, inventa o vocábulo mujerez, utilizando-se de um recurso de formação de palavra exitente na língua espanhola. Na concepção da personagem, o sentido do vocábulo mujerez remete à a) falta de feminilidade das mulheres que não se dedicam às tarefas domésticas. b) valorização das mulheres que realizam todas as tarefas domésticas. c) inferioridade das mulheres que praticam as tarefas domésticas. d) relevância social das mulheres que possuem empregados para realizar as tarefas domésticas. e) independência das mulheres que não se prendem apenas às tarefas domésticas. Questão 95 Las Malvinas son nuestras Sí, las islas son nuestras. Esta afirmación no se basa en sentimientos nacionalistas, sino en normas y princípios del derecho internacional que, si bien pueden suscitar interpretaciones en contrario por parte de los británicos,tienen la fuerza suficiente para imponerse. Los británicos optaron por sostener el derecho de autodeterminación de los habitantes de las islas, invocando la resolución 1514 de las Naciones Unidas, que acordó a los pueblos coloniales el derecho de independizarse de los Estados colonialistas. Pero esta tesitura es también indefendible. La citada resolución se aplica a los casos de pueblos sojuzgados por una potencia extranjera, que no es el caso de Malvinas, donde Gran Bretaña procedió a expulsar a los argentinos que residían en las islas, reemplazándolos por súbditos de la corona que pasaron a ser kelpers y luego ciudadanos británicos. Además, según surge de la misma resolución, el principio de autodeterminación no es de aplicación cuando afecta la integridad territorial de un país. Finalmente, en cuanto a qué haría la Argentina con los habitantes de las islas en caso de ser recuperadas, la


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respuesta se encuentra en la cláusula transitoria primera de la Constitución Nacional sancionada por la reforma de 1994, que impone respetar el modo de vida de los isleños, lo que además significa respetar sus intereses. MENEM, E. Disponível em: www.lanacion.com.ar. Acesso em: 18 fev. 2012 (adaptado).

O texto apresenta uma opinião em relação à disputa entre a Argentina e o Reino Unido pela soberania sobre as Ilhas Malvinas, ocupadas pelo Reino Unido em 1833. O autor dessa opinião apoia a reclamação argentina desse arquipélago, argumentando que a) a descolonização das ilhas em disputa está contem plada na lei comum britânica. b) as Nações Unidas estão desacreditadas devido à ambiguidade das suas resoluções. c) o princípio de autodeterminação carece de aplicabi li dade no caso das Ilhas Malvinas. d) a população inglesa compreende a reivindicação nacionalista da administração argentina. e) os cidadãos de origem britânica assentados nas ilhas seriam repatriados para a Inglaterra. Questões de 96 a 135 Questão 96.

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ideias e opiniões. O sonho de Kant era que cada um fosse ao mesmo tempo leitor e autor, que emitisse juízos sobre as instituições de seu tempo, quaisquer que elas fossem e que, ao mesmo tempo, pudesse refletir sobre o juízo emitido pelos outros. Aquilo que outrora só era permitido pela comunicação manuscrita ou a circulação dos impressos encontra hoje um suporte poderoso com o texto eletrônico. CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo; Unesp, 1998

No trecho apresentado, o sociólogo Roger Chartier caracteriza o texto eletrônico como um poderoso suporteque coloca ao alcance da humanidade o antigo sonho deuniversalidade e interatividade, uma vez que cada umpassa a ser, nesse espaço de interação social, leitor e autor ao mesmo tempo. A universalidade e a interatividade que o texto eletrônico possibilita estão diretamente relacionadas à função social da internet de a) propiciar o livre e imediato acesso às informações e aointercâmbio da julgamentos. b) globalizar a rede de informações e democratizar oacesso aos saberes. c) expandir as relações interpessoais e dar visibilidadeaos interesses pessoais. d) propiciar entretenimento e acesso a produtos e serviços. e) expandir os canais de publicidade e o espaço mercadológico. Questão 98. O senhor

O efeito de sentido da charge é provocado pela com binação de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a ideia que pretendeveicular. b) ironia para conferir um novo significado ao termo“outra coisa”. c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, oespaço da população pobre e o espaço da populaçãorica. d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundovirtual rico. e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família. Questão 97. Com o texto eletrônico, enfim, parece estar ao alcancede nossos olhos e de nossas mãos um sonho muito antigoda humanidade, que se poderia resumir em duas palavras,universalidade e interatividade. As luzes, que pensavam que Gutenberg tinha propiciado aos homens uma promessa universal, cultivavam um modo de utopia. Elas imaginavam poder, a partir das práticas privadas de cada um, construir um espaço de intercâmbio crítico das

Carta a uma jovem que, estando em uma roda em quedava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu aoautor chamando-o “o senhor”: Senhora: Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele nãoé, de nada, nem de ninguém. Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeuestá em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e triste. Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acon tece essa tristeza; mas também não era a vez pri meira. BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguémgeralmente considera as situações específicas de usosocial. A violação desse princípio causou um mal-estarno autor da carta. O trecho que descreve essa violação é: a) “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase ergueuentre nós um muro frio e triste.” b) “A única nobreza do plebeu está em não quereresconder a sua condição.”


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c) “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugasde minha testa.” d) “O território onde eu mando é no país do tempo quefoi.” e) “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza;mas também não era a vez primeira.” Questão 99.

5 Não somos tão especiais

Todas as características tidas como exclusivas doshumanos são compartilhadas por outros animais, aindaque em menor grau. INTELIGÊNCIA A ideia de que somos os únicos animais racionais tem sido destruída desde os anos 40. A maioria das aves e mamíferos tem algum tipo de raciocínio. AMOR O amor, tido como o mais elevado dos sentimentos, é parecido em várias espécies, como os corvos, que também criam laços duradouros, se preocupam com o ente querido e ficam de luto depois de sua morte. CONSCIÊNCIA Chimpanzés se reconhecem no espelho. Orangotangos observam e enganam humanos distraídos. Sinais de que sabem quem são e se distinguem dos outros. Ou seja, são conscientes.

Que estratégia argumentativa leva o personagem do terceiro quadrinho a persuadir sua interlocutora? a) Prova concreta, ao expor o produto ao consumidor. b) Consenso, ao sugerir que todo vendedor tem técnica. c) Raciocínio lógico, ao relacionar uma fruta com umproduto eletrônico. d) Comparação, ao enfatizar que os produtos apresentados anteriormente são inferiores. e) Indução, ao elaborar o discurso de acordo com os anseios do consumidor.

CULTURA O primatologista Frans de Waal juntou vários exemplos de cetáceos e primatas que são capazes de aprender novoshábitos e de transmiti-los para as gerações seguintes. Oque é cultura se não isso? BURGIERMAN, D. Superinteressante, n.° 190, jul. 2003. O título do texto traz o ponto de vista do autor sobre a suposta supremacia dos humanos em relação aos outros animais. As estratégias argumentativas utilizadas para sustentar esse ponto de vista são a) definição e hierarquia. b) exemplificação e comparação. c) causa e consequência. d) finalidade e meios. e) autoridade e modelo.

Questão 100. Questão 101. Das irmãs os meus irmãos sujando-sena lama e eis-me aqui cercada de alvura e enxovais eles se provocando e provando do fogo e eu aqui fechada provendo a comida eles se lambuzando e arrotando na mesa e eu a temperada servindo, contida os meus irmãos jogando-se na cama e eis-me afiançada por dote e marido QUEIROZ, S. O sacro ofício. Belo Horizonte: Comunicação, 1980.


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O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz líricafeminina que contrapõe o estilo de vida do homem aomodelo reservado à mulher. Nessa contraposição, elaconclui que a) a mulher deve conservar uma assepsia que a distinguede homens, que podem se jogar na lama. b) a palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao ato decozinhar, tarefa destinada às mulheres. c) a luta pela igualdade entre os gêneros depende daascensão financeira e social das mulheres. d) a cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símboloda fragilidade feminina no espaço doméstico. e) os papéis sociais destinados aos gêneros produzemefeitos e graus de autorrealização desiguais. Questão 102. O sedutor médio Vamos juntar Nossas rendas e expectativas de vida querida, o que me dizes? Ter 2, 3 filhos e ser meio felizes?

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mostrar que a separação amigável não interfere no modo de partilha dos bens? Que, seja qual for o tipo de separação, ela não vai prejudicar o direito à pensão dos filhos? Que acordo amigável deve ser assinado com atenção, pois é bastante complicado mudar suas cláusulas? Acho que essas são dicas que podem interessar ao leitor médio. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

O texto foi publicado em uma revista de grande circulação na seção de carta do leitor. Nele, um dos leitores manifestase acerca de uma reportagem publicada na edição anterior. Ao fazer sua argumentação, o autor do texto a) faz uma síntese do que foi abordado na reportagem. b) discute problemas conjugais que conduzem à separação. c) aborda a importância dos advogados em processos deseparação. d) oferece dicas para orientar as pessoas em processos deseparação. e) rebate o enfoque dado ao tema pela reportagem,lançando novas ideias. Questão 104.

VERISSIMO, L. F. Poesia numa hora dessas?! Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

No poema O sedutor médio, é possível reconhecer apresença de posições críticas a) nos três primeiros versos, em que “juntar expectativasde vida” significa que, juntos, os cônjuges poderiam viver mais, o que faz do casamento uma convenção benéfica. b) na mensagem veiculada pelo poema, em que os valoresda sociedade são ironizados, o que é acentuado pelo uso do adjetivo “médio” no título e do advérbio “meio” no verso final. c) no verso “e ser meio felizes?”, em que “meio” é sinônimo de metade, ou seja, no casamento, apenas um dos cônjuges se sentiria realizado. d) nos dois primeiros versos, em que “juntar rendas” indica que o sujeito poético passa por dificuldades financeiras e almeja os rendimentos da mulher. e) no título, em que o adjetivo “médio” qualifica o sujeitopoético como desinteressante ao sexo oposto e inábil em termos de conquistas amorosas. Questão 103. Nós, brasileiros, estamos acostumados a ver juras de amor, feitas diante de Deus, serem quebradas por traição,interesses financeiros e sexuais. Casais se separam como inimigos, quando poderiam ser bons amigos, sem traumas. Bastante interessante a reportagem sobre separação. Mas acho que os advogados consultados, por sua competência, estão acostumados a tratar de grandes separações. Será que a maioria dos leitores da revista tem obras de arte que precisam ser fotografadas antes da separação? Não seria mais útil dar conselhos mais básicos? Não seria interessante

E-mail com hora programadaRedação INFO, 28 de agosto de 2007. Agende o envio de e-mails no Thunderbirdcom a extensão SendLater Nem sempre é interessante mandar um e-mail na hora.Há situações em que agendar o envio de uma mensagemé útil, como em datas comemorativas ou quando o e-mailserve para lembrar o destinatário de algum evento futuro.O Thunderbird, o ótimo cliente de e-mail do grupo Mozilla, conta com uma extensão para esse fim. Trata-sedo SendLater. Depois de instalado, ele cria um item nomenu de criação de mensagens que permite marcar o diae a hora exatos para o envio do e-mail. Só há um pontonegativo: para garantir que a mensagem seja enviada nahora, o Thunderbird deverá estar em execução. Senão, elemandará o e-mail somente na próxima vez que forrodado. Disponível em: http://info.abril.com.br. Acesso em: 18 fev. 2012 (adaptado).

Considerando-se a função do SendLater, o objetivo doautor do texto E-mail com hora programada é a) eliminar os entraves no envio de mensagens via e-mail. b) viabilizar a aquisição de conhecimento especializadopelo usuário. c) permitir a seleção dos destinatários dos textos enviados. d) controlar a quantidade de informações constantes docorpo do texto. e) divulgar um produto ampliador da funcionalidade deum recurso comunicativo. Questão 105. Lugar de mulher também é na oficina. Pelo menos nasoficinas dos cursos da área automotiva fornecidos pelaPrefeitura, a presença feminina tem aumentado ano a ano.De cinco mulheres matriculadas em 2005, a quantidadesaltou para 79 alunas inscritas neste ano nos


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cursos demecânica automotiva, eletricidade veicular, injeçãoeletrônica, repintura e funilaria. A presença feminina noscursos automotivos da Prefeitura – que são gratuitos – cresceu 1.480% nos últimos sete anos e tem aumentado ano a ano. Disponível em: www.correiodeuberlandia.com.br. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado).

Na produção de um texto, são feitas escolhas referentes asua estrutura, que possibilitam inferir o objetivo do autor.Nesse sentido, no trecho apresentado, o enunciado “Lugarde mulher também é na oficina” corrobora o objetivotextual de a) demonstrar que a situação das mulheres mudou nasociedade contemporânea. b) defender a participação da mulher na sociedade atual. c) comparar esse enunciado com outro: “lugar de mulheré na cozinha”. d) criticar a presença de mulheres nas oficinas dos cursosda área automotiva. e) distorcer o sentido da frase “lugar de mulher é nacozinha”. Questão 106.

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Aquele bêbado — Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz comos indicadores. Acrescentou: — Álcool. O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Ìndia Reclinada, de Celso Antônio. — Curou-se 100% de vício — comentavam os amigos. Só ele sabia que andava bêbado que nem um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspanade pôr de sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmerascoroas de exalcoólatras anônimos. ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991 .

A causa mortis do personagem, expressa no últimoparágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, aolongo da narrativa, ocorre uma a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”. b) aproximação exagerada da estética abstracionista. c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem. d) exploração hiperbólica da expressão “inúmerascoroas”. e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas. Questão 108. O trovador Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras ... As primaveras de sarcasmo intermitentemente no meu coração arlequinal ... Intermitentemente ... Outras vezes é um doente, um frio na minha alma doente como um longo som redondo ... Cantabona! Cantabona! Dlorom ... Sou um tupi tangendo um alaúde! ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiais, 2005.

A publicidade, de uma forma geral, alia elementos verbaise imagéticos na constituição de seus textos. Nessa peçapublicitária, cujo tema é a sustentabilidade, o autor procura convencer o leitor a a) assumir uma atitude reflexiva diante dos fenômenosnaturais. b) evitar o consumo excessivo de produtos reutilizáveis. c) aderir à onda sustentável, evitando o consumo excessivo. d) abraçar a campanha, desenvolvendo projetos sustentáveis. e) consumir produtos de modo responsável e ecológico.

Questão 107.

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional érecorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. EmO trovador, esse aspecto é a) abordado subliminarmente, por meio de expressões como “coração arlequinal” que, evocando o carnaval,remete à brasilidade. b) verificado já no título, que remete aos repentistasnordestinos, estudados por Mário de Andrade em suasviagens e pesquisas folclóricas. c) lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressõescomo “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1),“frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som tristedo alaúde “Dlorom” (v. 9). d) problematizado na oposição tupi (selvagem) x alaúde(civilizado), apontando a síntese nacional que seriaproposta no Manifesto Antropófago, de Oswaldo deAndrade.


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e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos doshomens das primeiras eras” para mostrar o orgulhobrasileiro por suas raízes indígenas. Questão 109. Verbo ser QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome?Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer?Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia aser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer?Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender.Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo.Sem ser. Esquecer. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

A inquietação existencial do autor com a autoimagemcorporal e a sua corporeidade se desdobra em questõesexistenciais que têm origem a) no conflito do padrão corporal imposto contra asconvicções de ser autêntico e singular. b) na aceitação das imposições da sociedade seguindo ainfluência de outros. c) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições eculturas familiares. d) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados. e) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença deseus pares.

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aposição do interlocutor na sociedade. A crítica à condutado personagem está centrada a) na imagem do títere ou fantoche em que o personagemacaba por se transformar, acreditando dominar os jogosde poder na linguagem. b) na alusão à falta de articulações e reflexos dopersonagem, dando a entender que ele não possui omanejo dos jogos discursivos em todas as situações. c) no comentário, feito em tom de censura pelo autor,sobre as frases obscenas que o personagem emite emdeterminados ambientes sociais. d) nas expressões que mostram tons opostos nosdiscursos empregados aleatoriamente pelo personagemem conversas com interlocutores variados. e) no falso elogio à originalidade atribuída a essepersonagem, responsável por seu sucesso noaprendizado das regras de linguagem da sociedade. Questão 111. Labaredas nas trevas Fragmentos do diário secreto de Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski 20 DE JULHO [1912] Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobreCrane. Envio-lhe uma carta: “Acredite-me, prezadosenhor, nenhum jornal ou revista se interessaria porqualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobreStephen Crane. Ririam da sugestão. […] Dificilmenteencontro alguém, agora, que saiba que é Stephen Craneou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores queestão surgindo ele simplesmente não existe.”

Questão 110. 20 DE DEZEMBRO [1919] E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou elemesmo, títere voluntário e consciente, como entregava obraço, as pernas, a cabeça, o tronco, como se desfazia desuas articulações e de seus reflexos quando achava nissoconveniência. Também ele soubera apoderar-se dessaarte, mais artifício, toda feita de sutilezas e grosserias, deexpectativa e oportunidade, de insolência e submissão, desilêncios e rompantes, de anulação e prepotência. Conhecia a palavra exata para o momento preciso, a frase picante ou obscena no ambiente adequado, o tom humildediante do superior útil, o grosseiro diante do inferior, oarrogante quando o poderoso em nada o podia prejudicar.Sabia desfazer situações equívocas, e armar intrigas dasquais se saía sempre bem, e sabia, por experiência própria, que a fortuna se ganha com uma frase, num dadomo mento, que este momento único, irrecuperável, irreversível, exige um estado de alerta para a suaapropriação. RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo. Rio de Janeiro:GDR, 1963 (fragmento).

No conto, o autor retrata criticamente a habilidade dopersonagem no manejo de discursos diferentes segundo

Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Soureconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa.Já se passaram dezenove anos desde que Crane morreu,mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London Mercury resolveu celebrar os vinte e cincoanos de publicação de um livro que, segundo eles, foi “umfenômeno hoje esquecido” e me pediram um artigo. FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 (fragmento).

Na construção de textos literários, os autores recorremcom frequência a expressões metafóricas. Ao empregar oenunciado metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelasfolhas de jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre os doisfragmentos do texto em questão, uma relação semânticade a) causalidade, segundo a qual se relacionam as partes deum texto, em que uma contém a causa e a outra, aconsequência b) temporalidade, segundo a qual se articulam as partesde um texto, situando no tempo o que é relatado naspartes em questão.


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c) condicionalidade, segundo a qual se combinam duaspartes de um texto, em que uma resulta ou depende decircunstâncias apresentadas na outra. d) adversidade, segundo a qual se articulam duas partesde um texto em que uma apresenta uma orientaçãoargumentativa distinta e oposta à outra. e) finalidade, segundo a qual se articulam duas partes deum texto em que uma apresenta o meio, por exemplo,para uma ação e a outra, o desfecho da mesma. Questão 112.

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Salário fica lá fora A fome fica lá fora A comida fica lá fora A vida fica lá fora E tudo fica lá fora SIMONAL, W. Aqui é o país do futebol. Disponível em: www.vagalume.com.br. Acesso em: 27 out. 2011 (fragmento).

Na letra da canção Aqui é o país do futebol, de WilsonSimonal, o futebol, como elemento da cultura corporal demovimento e expressão da tradição nacional, é apresentado de forma crítica e emancipada devido ao fato de a) reforçar a relação entre o esporte futebol e o samba. b) ser apresentado como uma atividade de lazer. c) ser identificado com a alegria da população brasileira. d) promover a reflexão sobre a alienação provocada pelofutebol. e) ser associado ao desenvolvimento do país. Questão 114. LXXVIII (Camões, 1525?-1580)

Considerando-se a finalidade comunicativa comum dogênero e o contexto específico do Sistema de Bibliotecada UFG, esse cartaz tem função predominantemente a) socializadora, contribuindo para a popularização da arte. b) sedutora, considerando a leitura como uma obra dearte. c) estética, propiciando uma apreciação despretensiosada obra. d) educativa, orientando o comportamento de usuários deum serviço. e) contemplativa, evidenciando a importância de artistasinternacionais.

Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido. CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.

Questão 113. Aqui é o país do futebol Brasil está vazio na tarde de domingo, né? Olha o sambão, aqui é o país do futebol [...] No fundo desse país Ao longo das avenidas Nos campos de terra e grama Brasil só é futebol Nesses noventa minutos De emoção e alegria Esqueço a casa e o trabalho A vida fica lá fora Dinheiro fica lá fora A cama fica lá fora A mesa fica lá fora

SANZIO, R. (1483-1520). A mulher com o unicórnio.Roma, Galleria Borghese Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012.

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duaslinguagens artísticas diferentes, participaram do


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mesmocontexto social e cultural de produção pelo fato de ambos a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelounicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usadosno poema. b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentaçãopessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema. c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pelasobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura,expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usadosno poema. d) desprezarem o conceito medieval da idealização damulher como base da produção artística, evidenciadopelos adjetivos usados no poema. e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pelaexpressão da moça e pelos adjetivos do poema.

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Na leitura do fragmento do texto Antigamente constatase,pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicaisoutrora produtivos não mais o são no português brasileiroatual. Esse fenômeno revela que a) a língua portuguesa de antigamente carecia de termospara se referir a fatos e coisas do cotidiano. b) o português brasileiro se constitui evitando aampliação do léxico proveniente do portuguêseuropeu. c) a heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo temporal. d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês paraser reconhecido como língua independente. e) o léxico do português representa uma realidade linguística variável e diversificada. Questão 116.

Questão 115. TEXTO I Antigamente Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diantedos pais, e se um se esquecia de arear os dentes antes decair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro.Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugirnem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nemde debicar os mais velhos, pois levava tunda. Aindacedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aospenates. Não ficava mangando na rua nem escapulia domestre, mesmo que não entendesse patavina da instruçãomoral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina debotões para comparecer todo liró ao copo-d’água, se bemque no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos.Os bilontras é que eram um precipício, jogando com paude dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo degalinha. O melhor era pôr as barbas de molho diante detreteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós,e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria oarco.

As palavras e as expressões são mediadoras dos sentidosproduzidos nos textos. Na fala de Hagar, a expressão “écomo se” ajuda a conduzir o conteúdo enunciado para ocampo da a) conformidade, pois as condições meteorológicas evidenciam um acontecimento ruim. b) reflexibilidade, pois o personagem se refere aos tubarões usando um pronome reflexivo. c) condicionalidade, pois a atenção dos personagens é acondição necessária para a sua sobrevivência. d) possibilidade, pois a proximidade dos tubarões leva àsuposição do perigo iminente para os homens. e) impessoalidade, pois o personagem usa a terceirapessoa para expressar o distanciamento dos fatos. Questão 117. Cabeludinho

ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 1983 .

TEXTO II Palavras do arco da velha

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentouaos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio evoltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquelapreposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quemdissesse no carnaval: aquele menino está fantasiado depalhaço. Minha avó entendia de regências verbais. Elafalava de sério. Mas todo-mundo riu. Porque aquelapreposição deslocada podia fazer de uma informação umchiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza naspalavras e uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode


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mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Por depois ouvir um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler. Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro. BARROS, M. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.

No texto, o autor desenvolve uma reflexão sobrediferentes possibilidades de uso da língua e sobre ossentidos que esses usos podem produzir, a exemplo dasexpressões “voltou de ateu”, “disilimina esse” e “eu nãosei a ler”. Com essa reflexão, o autor destaca a) os desvios linguísticos cometidos pelos personagensdo texto. b) a importância de certos fenômenos gramaticais para oconhecimento da língua portuguesa. c) a distinção clara entre a norma culta e as outrasvariedades linguísticas. d) o relato fiel de episódios vividos por Cabeludinhodurante as suas férias. e) a valorização da dimensão lúdica e poética presentenos usos coloquiais da linguagem. Questão 118. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorviae por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lheimportavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nomedos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que eletivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisasde tupi, de folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma!Nenhuma! O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa,o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E aagricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela nãoera fácil como diziam os livros. Outra decepção. E,quando seu patriotismo se fizera combatente, o queachara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente?Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a viamatar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vidaera uma decepção, uma série, melhor, um encadeamentode decepções.A pátria que quisera ter era um mito; um fantasmacriado por ele no silêncio de seu gabinete. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.

O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de LimaBarreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado,a reação do personagem aos desdobramentos de suasiniciativas patrióticas evidencia que a) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimentoda natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades,mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país. b) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-oao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano. c) a construção de uma pátria a partir de elementosmíticos, como a cordialidade do povo, a riqueza dosolo e a pureza linguística, conduz à frustraçãoideológica.

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d) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justificaa reação de decepção e desistência de PolicarpoQuaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete. e) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícolaincondicional faz parte de um projeto ideológicosalvacionista, tal como foi difundido na época do autor.

Questão 119. A marcha galopante das tecnologias teve por primeiroresultado multiplicar em enormes proporções tanto amassa das notícias que circulam quanto as ocasiões desermos solicitados por elas. Os profissionais têmtendência a considerar esta inflação como automaticamente favorável ao público, pois dela tiram proveito etornam-se obcecados pela imagem liberal do grandemercado em que cada um, dotado de luzes por definiçãoiguais, pode fazer sua escolha em toda liberdade. Issojamais foi realizado e tende a nunca ser. Na verdade, osleitores, ouvintes, telespectadores, mesmo se se abandonam a sua bulimia*, não são realmente nutridos por estaindigesta sopa de informações e sua busca finaliza emfrustração. Cada vez mais frequentemente, até, elesressentem esse bombardeio de riquezas falsas comoagressivo e se refugiam na resistência a toda ou qualquerinformação.O verdadeiro problema das sociedades pós-industriaisnão é a penúria**, mas a abundância. As sociedadesmodernas têm a sua disposição muito mais do quenecessitam em objetos, informações e contatos. Ou, maisexatamente, disso resulta uma desarmonia entre umaoferta, não excessiva, mas incoerente, e uma demandaque, confusamente, exige uma escolha muito mais rápidaa absorver. Por isso os órgãos de informação devem escolher, uma vez que o homem contemporâneo apressado,estressado, desorientado busca uma linha diretriz, umaclassificação mais clara, um condensado do que érealmente importante. (*) fome excessiva, desejo decontrolado. (**) miséria, pobreza VOYENNE, B. Informação hoje. Lisboa: Armand Colin, 1975 (adaptado).

Com o uso das novas tecnologias, os domínios midiáticosobtiveram um avanço maior e uma presença mais atuantejunto ao público, marcada ora pela quase simultaneidadedas informações, ora pelo uso abundante de imagens. Arelação entre as necessidades da sociedade moderna e aoferta de informação, segundo o texto, é desarmônica,porque a) o jornalista seleciona as informações mais importantesantes de publicá-las. b) o ser humano precisa de muito mais conhecimento doque a tecnologia pode dar. c) o problema da sociedade moderna é a abundância deinformações e de liberdade de escolha. d) a oferta é incoerente com o tempo que as pessoas têmpara digerir a quantidade de informação disponível.


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e) a utilização dos meios de informação acontece demaneira desorganizada e sem controle efetivo. Questão 120. TEXTO I A característica da oralidade radiofônica, então, seriaaquela que propõe o diálogo com o ouvinte: a simplicidade, no sentido da escolha lexical; a concisão e coerência, que se traduzem em um texto curto, em linguagemcoloquial e com organização direta; e o ritmo, marcadopelo locutor, que deve ser o mais natural (do diálogo). Éesta organização que vai “reger” a veiculação damensagem, seja ela interpretada ou de improviso, comobjetivo de dar melodia à transmissão oral, dar emoção,personalidade ao relato do fato. VELHO, A. P. M. A linguagem do rádio multimídia. Disponível em: www.bocc.ubi.pt. Acesso em: 27 fev. 2012

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Questão 12. Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a vossa! Todo o sentido da vida principia a vossa porta: o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria, derrota... A liberdade das almas, ai! com letras se elabora... E dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frágil, frágil, como o vidro e mais que o aço poderosa! Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam...

TEXTO II A dois passos do paraísoA Rádio Atividade leva até vocêsMais um programa da séria série“Dedique uma canção a quem você ama” Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta Uma carta d'uma ouvinte que nos escreve E assina com o singelo pseudônimo de “Mariposa Apaixonada de Guadalupe” Ela nos conta que no dia que seria o dia mais feliz de sua vida Arlindo Orlando, seu noivo Um caminhoneiro conhecido da pequena e Pacata cidade de Miracema do Norte Fugiu, desapareceu, escafedeu-se Oh! Arlindo Orlando volte Onde quer que você se encontre Volte para o seio de sua amada Ela espera ver aquele caminhão voltando De faróis baixos e para-choque duro… BLITZ. Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em: 28 fev. 2012 (fragmento)..

Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem do rádio,o Texto II apresenta, em uma letra de canção, a) estilo simples e marcado pela interlocução com oreceptor, típico da comunicação radiofônica. b) lirismo na abordagem do problema, o que o afasta deuma possível situação real de comunicação radiofônica. c) marcação rítmica dos versos, o que evidencia o fato deo texto pertencer a uma modalidade de comunicaçãodiferente da radiofônica. d) direcionamento do texto a um ouvinte específico divergindo da finalidade de comunicação do rádio, que é atingir as massas. e) objetividade na linguagem caracterizada pela ocorrênciarara de adjetivos, de modo a diminuir as marcas desubjetividade do locutor.

MEIRELLES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985(fragmento).

O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro daInconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada noepisódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, noentanto, labora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem: a) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras. b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras. c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida. d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças. e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos. Questão 122. Pote Cru é meu Pastor. Ele me guiará. Ele está comprometido de monge. De tarde deambula no azedal entre torsos de cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros, de rato ao podre, vísceras de piranhas, baratas albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos, linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em gotas de orvalho etc. etc. Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento Foi encontrado em osso. Ele tinha uma voz de oratórios perdidos. BARROS, M. Retrato do artista quando coisa.Rio de Janeiro: Record, 2002.

Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema, o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque a) entende a necessidade de todo poeta ter voz de oratórios perdidos. b) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação divina.


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c) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas e a tradição. d) necessita de um guia para a descoberta das coisas danatureza. e) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas.

Questão 123.

A capa do LP Os Mutantes, de 1968, ilustra o movimentoda contracultura. O desafio à tradição nessa criaçãomusical é caracterizado por

O quadro Les Demoiselles d’Avignon (1907), de PabloPicasso, reprensenta o rompimento com a estética clássicae a revolução da arte no início do século XX. Essa novatendência se caracteriza pela a) pintura de modelos em planos irregulares. b) mulher como temática central da obra. c) cena representada por vários modelos. d) oposição entre tons claros e escuros. e) nudez explorada como objeto de arte. Questão 124.

a) letras e melodias com características amargas e depressivas. b) arranjos baseados em ritmos e melodias nordestinos. c) sonoridades experimentais e confluência de elementospopulares e eruditos. d) temas que refletem situações domésticas ligadas àtradição popular. e) ritmos contidos e reservados em oposição aos modelosestrangeiros. Questão 125. Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muitosofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por algunsanos ele sistematicamente me enviava missivas eruditascom precisas informações sobre as regras da gramática,que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dosvocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso erradoque fiz de uma palavra num desses meus badulaques.Acontece que eu, acostumado a conversar com a gentedas Minas Gerais, falei em varreção” – do verbo“varrer”. De fato, trata-se de um equívoco que, numvestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meuamigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalhode fazer um xerox da página 827 do dicionário, aquelaque tem, no topo, a fotografia de uma “varroa”(sic!) (vocênão sabe o que é uma “varroa”?) para corrigir-me do meuerro. E confesso: ele está certo. O certo é “varrição” e não“varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros daroça façam troça de mim porque nunca os vi falar de“varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantarmostra-lhes o xerox da página do dicionário com a“varroa” no topo. Porque para eles não é o dicionário quefaz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas deMinas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”. Oque me deixa triste sobre esse amigo oculto é que


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nuncatenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou seé feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela masreclama sempre que o prato está rachado. ALVES, R. Mais badulaques. São Paulo: Parábola, 2004 (fragmento).

De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo“que se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827do dicionário” sinalizando um erro de grafia, o autorreconhece a) a supremacia das formas da língua em relação ao seuconteúdo. b) a necessidade da norma padrão em situações formaisde comunicação escrita. c) a obrigatoriedade da norma culta da língua, para agarantia de uma comunicação efetiva. d) a importância da variedade culta da língua, para apreservação da identidade cultural de um povo. e) a necessidade do dicionário como guia de adequaçãolinguística em contextos informais privados.

Questão 126. Logia e mitologia Meu coração de mil e novecentos e setenta e dois já não palpita fagueiro sabe que há morcegos de pesadas olheiras que há cabras malignas que há cardumes de hienas infiltradas no vão da unha na alma um porco belicoso de radar e que sangra e ri e que sangra e ri a vida anoitece provisória centuriões sentinelas do Oiapoque ao Chuí. CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

O título do poema explora a expressividade de termos querepresentam o conflito do momento histórico vivido pelopoeta na década de 1970. Nesse contexto, é corretoafirmar que a) o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas comsignificado impreciso. b) “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam asvítimas do regime militar vigente. c) o “porco”, animal difícil de domesticar, representa osmovimentos de resitência. d) o poeta caracteriza o momento de opressão através dealegorias de forte poder de impacto. e) “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes quegarantem a paz social experimentada.

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Questão 127 Desabafo Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinhadivertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem comodisfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. Acomeçar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite.Seis recados para serem respondidos na secretáriaeletrônica. Recados chatos. Contas para pagar quevenceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado. CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento). Nos textos em geral, é comum a manifestação simultâneade várias funções da linguagem, com o predomínio,entretanto, de uma sobre outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois a) o discurso do enunciador tem como foco o própriocódigo. b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que estásendo dito. c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção damensagem. d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais. e) o enunciador tem como objetivo principal a manunteção da comunicação. Questão 128. Entrevista com Marcos Bagno Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescriçõesda pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiamnos usos que os escritores portugueses do século XIXfaziam da língua. Se tantas pessoas condenam, porexemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, comoem “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque osportugueses, em dado momento da história de sua língua,deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.No entanto, temos registros escritos da época medievalem que aparecem centenas desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português,usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porquerecebemos esses usos dos nossos ex-colo nizadores. Nãofaz sentido imaginar que brasileiros, angolanos emoçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesmacoisa. E assim acontece com muitas outras coisas:regências verbais, colocação pronominal, concordânciasnominais e verbais etc. Temos uma língua própria, masainda somos obrigados a seguir uma gramática normativade outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmosnosso bicentenário de independência, não faz sentidocontinuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o quevem de fora.Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões debrasileiros para só considerar certo o que é usado pormenos de dez milhões de portugueses. Só na cidade deSão Paulo temos mais falantes de português do que emtoda a Europa!


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Na entrevista, o autor defende o uso de formaslinguísticas coloquiais e faz uso da norma padrão em todaa extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato deque ele a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa,uma vez que o gênero entrevista requer o uso da normapadrão. b) apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil deser verificado na materialidade do texto. c) propõe que o padrão normativo deve ser usado porfalantes escolarizados como ele, enquanto a normacoloquial deve ser usada por falantes não escolarizados. d) acredita que a língua genuinamente brasileira está emconstrução, o que o obriga a incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu. e) defende que a quantidade de falantes do portuguêsbrasileiro ainda é insuficiente para acabar com ahegemonia do antigo colonizador.

Questão 129. O léxico e a cultura Potencialmente, todas as línguas de todos os tempos podem candidatar-se a expressar qualquer conteúdo. Apesquisa linguística do século XX demonstrou que nãohá diferença qualitativa entre os idiomas do mundo – ouseja, não há idiomas gramaticalmente mais primitivos oumais desenvolvidos. Entretanto, para que possa ser efetivamente utilizada, essa igualdade potencial precisarealizar-se na prática histórica do idioma, o que nemsempre acontece. Teoricamente, uma língua com poucatradição escrita (como as línguas indígenas brasileiras) ouuma língua já extinta (como o latim ou o grego clássicos)podem ser empregadas para falar sobre qualquer assunto,como, digamos, física quântica ou biologia molecular. Naprática, contudo, não é possível, de uma hora para outra,expressar tais conteúdos em camaiurá ou latim, simplesmente porque não haveria vocabulário próprio paraesses conteúdos. É perfeitamente possível desenvolveresse vocabulário específico, seja por meio de empréstimos de outras línguas, seja por meio da criação de novostermos na língua em questão, mas tal tarefa não serealizaria em pouco tempo nem com pouco esforço. BEARZOTI FILHO, P. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. Manual do professor. Curitba: Positivo, 2004 (fragmento).

Estudos contemporâneos mostram que cada língua possuisua própria complexidade e dinâmica de funcionamento.O texto ressalta essa dinâmica, na medida em que enfatiza a) a inexistência de conteúdo comum a todas as línguas,pois o léxico contempla visão de mundo particularespecífica de uma cultura.

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b) a existência de línguas limitadas por não permitiremao falante nativo se comunicar perfeitamente a respeitode qualquer conteúdo. c) a tendência a serem mais restritos o vocabulário e agramática de línguas indígenas, se comparados comoutras línguas de origem europeia. d) a existência de diferenças vocabulares entre osidiomas, especificidades relacionadas à própria culturados falantes de uma comunidade. e) a atribuição de maior importância sociocultural àslínguas contemporâneas, pois permitem que sejamabordadas quaisquer temáticas, sem dificuldades. Questão 130. A substituição do haver por ter em construçõesexistenciais, no português do Brasil, corresponde a umdos processos mais característicos da história da línguaportuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”,no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisaas vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial,tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta ecinquenta do século XVI, encontram-se evidências,embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionadopelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto dehaver como verbo existencial com concordância,lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” noséculo XVIII por Said Ali.Como se vê, nada é categórico e um purismo estreitosó revela um conhecimento deficiente da língua. Há maisperguntas que respostas. Podese conceber uma normaúnica e prescritiva? É válido confundir o bom uso e anorma com a própria língua e dessa forma fazer umaavaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, atravésdeles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra? CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceitolinguístico: do presente para o passado, In: Cadernos de Letras daUFF, n.° 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que a) o estabelecimento de uma norma prescinde de umapesquisa histórica. b) os estudo clássicos de sintaxe histórica enfatizam avariação e a mudança na língua. c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da línguafundamenta a definição da norma. d) a adoção de uma única norma revela uma atitudeadequada para os estudos linguísticos. e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística. Questão 131.


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c) Diminuição da frequência cardíaca em repouso eaumento da gordura corporal. d) Diminuição do tônus muscular e aumento do percentual de gordura corporal. e) Diminuição da gordura corporal e aumento da frequência cardíaca em repouso. Questão 133.

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nasvestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil temforte influência do rococó europeu e está representadaaqui por um dos profetas do pátio do Santuário do BomJesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido empedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa,sua obra revela a) liberdade, representando a vida de mineiros à procurada salvação. b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres deMinas Gerais. c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino. d) personalidade, modelando uma imagem sacra comfeições populares. e) singularidade, esculpindo personalidades do reinadonas obras divinas. Questão 132.

Com o advento da internet, as versões de revistas e livrostambém se adaptaram às novas tecnologias. A análise dotexto publicitário apresentado revela que o surgimentodas novas tecnologias a) proporcionou mudanças no paradigma de consumo eoferta de revistas e livros. b) incentivou a desvalorização das revistas e livrosimpressos. c) viabilizou a aquisição de novos equipamentos digitais. d) aqueceu o mercado de venda de computadores. e) diminuiu os incentivos à compra de eletrônicos.

Questão 134. “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo,Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionavadesafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando oBrasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e Iracema, tido como o paido romance no Brasil. Além de criar clássicos da literaturabrasileira com temas nativistas, indianistas e históricos,ele foi também folhetinista, diretor de jornal, autor depeças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada. História Viva, n.° 99, 2011.

A partir dos efeitos fisiológicos do exercício físico noorganismo, apresentados na figura, são adaptações benéficas à saúde de um indivíduo: a) Diminuição da frequência cardíaca em repouso eaumento da oxigenação do sangue. b) Diminuição da oxigenação do sangue e aumento dafrequência cardíaca em repouso.

Com base no texto, que trata do papel do escritor José deAlencar e da futura digitalização de sua obra, depreendesseque a) a digitalização dos textos é importante para que osleitores possam compreender seus romances. b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária comtemática atemporal. c) a divulgação das obras de José de Alencar, por meioda digitalização, demonstra sua importância para ahistória do Brasil Imperial. d) a digitalização dos textos de José de Alencar teráimportante papel na preservação da memória linguística e da identidade nacional.


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e) o grande romancista José de Alencar é importanteporque se destacou por sua temática indianista. Questão 135. eu gostava muito de passeá… saí com as minhas co legas… brincá na porta di casa di vôlei… andá de patins…bicicleta… quando eu levava um tombo ou outro… euera a::… a palhaça da turma… ((risos))… eu acho que foiuma das fases mais… assim… gostosas da minha vidafoi… essa fase de quinze… dos meus treze aos dezesseteanos… A.P.S., sexo feminino, 38 anos, nível de ensino fundamental.Projeto Fala Goiana, UFG. 2010 (inédito).

Um aspecto da composição estrutural que caracteriza orelato pessoal de A.P.S. como modalidade falada dalíngua é a) predomínio de linguagem informal entrecortada porpausas. b) vocabulário regional desconhecido em outras variedades do português. c) realização do plural conforme as regras da tradiçãogramatical. d) ausência de elementos promotores de coesão entre oseventos narrados. e) presença de frases incompreensíveis a um leitor iniciante.

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Para justificar sua opinião sobre a importância do poder do amor, qual o argumento que Jimi Hendrix utiliza? Que o valor dado a gana pelo poder ofusca a força que tem o poder do amor. Assim sendo a alternativa B é a correta (o amor pelo poder deve ser menor que o poder do amor). Questão que oferece alternativas corretas de acordo com a crença popular, porém fora do contexto da fonte de informação. Neste tipo de questão temos que nos concentrar no tema abordado e abrir mão de nossas próprias opiniões, afinal trata-se de uma prova de múltipla escolha. Tradução livre do texto referente a questão 93 Americano: “Sem chance de ocê ficar aqui no meu país se cê num fala inglês muito bom.” Francês: “Claro. Posso sugerir que o senhor evite o uso de pleonasmos viciosos e não se esqueça de usar um advérbio.” QUESTÃO 93:Alternativa B O que a Charge nos mostra? A intolerância entre os usuários de diferentes formas de linguagem. Neste caso coloquial de um americano e o culto de um estrangeiro, concluímos que a alternativa certa é a B (dificuldade de reconhecer diferentes usos da linguagem). Trata-se de um nativo americano cometendo erros gramaticais, porém corrigindo o estrangeiro que certamente carrega um sotaque incomum, estrangeiro este que por sua vez se põe a mencionar os deslizes do fanfarrão local. Em outras palavras, o americano usa a forma regionalista informal bem pronunciada, enquanto o estrangeiro usa a forma culta com desvios de pronuncia. Não há predominância, aceitação, tão pouco a facilidade de interação entre eles, fato que traz a sátira predominante em CHARGES.

RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS – ENEM2012 Questões de 91 a 95 (opção inglês) Tradução livre do texto correspondente à questão 91

Tradução livre do texto referente a questão 94 Eu também

“Provavelmente houve uma falta de, não somente respeito, mas também, amor. Mas você precisa sim, quando eles ultrapassam os limites e quebram as leis, ser bem rigoroso.” David Cameron, primeiro ministro britânico, afirmando que aqueles envolvidos nos recentes incidentes na Inglaterra precisam de “amor rigoroso” enquanto ele promete se engajar com as famílias britânicas com problemas.

Eu também canto à América

QUESTÃO 91: Alternativa D

Amanhã Eu estarei à mesa Quando a visita chegar Ninguém ousará Mandar-me “Comer na cozinha”, Neste dia

Qual é o foco principal deste texto? Informar que os “jovens problema britânicos” precisam de mais atenção, amor e rigorosidade na sua educação. Por isso a alternativa D é a correta (reforçar a ideia de que os jovens precisam de amor, mas também firmeza). Questão de vocabulário exigente com dependência no conhecimento de conjunções compostas como: BUT ALSO e também da palavra SHORTAGE, que significa falta ou deficiência. Tradução livre do texto correspondente à questão 92 “Quando o poder do amor superar o amor pelo poder, o mundo conhecerá a paz.” QUESTÃO 92: Alternativa B

Eu sou o irmão mais escuro Eles me ordenam comer na cozinha Quando a visita chega Mas eu sorrio E me alimento bem E cresço forte

Além disso, Eles perceberão Quão bonito eu fiquei E ficarão envergonhados Pois eu também sou a América QUESTÃO 94: Alternativa A O sentimento provocado neste escravo pelo exercício do racismo de seus senhores é o de coragem e perseverança, pois ele crê em um amanhã no qual os negros serão vistos como


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irmãos formadores da América tanto quanto os brancos, nos guiando a alternativa A (coragem pela superação). Esta é a única alternativa que traz sentimentos puramente positivos como no poema. – Vergonha é acanhada, não se expressa. Não se compreende o racismo ou a segregação. “Eu, também” é um poema que trata de inclusão e não arrogância. Esta pessoa não resigna, ela persiste, pois claramente acredita na mudança no amanhã. Tradução livre do texto referente a questão 95 J. K. Rowling prestes a escrever seu primeiro romance para adultos Autora J. K. Rowling anunciou planos de publicar seu primeiro romance para adultos que será “muito diferente” da série Harry Potter pela qual ela se tornou famosa. O livro será publicado mundialmente, embora datas e títulos não tenham sido anunciados. “A liberdade de explorar um novo território é um dom que o sucesso de “Harry” me trouxe,” disse Rowling. Todos os livros da série Harry foram publicados pela editora Bloomsbury, porém Rowling escolheu uma nova editora para sua estréia na ficção adulta. “Embora tenha curtido escrever cada pedacinho da mesma forma, meu próximo livro será muito diferente da série Harry Potter, que foi publicada tão brilhantemente pela Bloomsbury e minhas outras editoras mundo afora,” ela disse em uma declaração. “Estou encantada em ter uma segunda editora perto de casa em Little Brown e uma equipe que será ótima parceria nesta nova fase da minha vida como escritora.” QUESTÃO 95: Alternativa D Qual o objetivo do texto? Informar os planos de J. K. Rowling de começar a escrever para o público adulto. A palavra “planos” é fundamental, pois se ignorada poderíamos facilmente cair na armadilha de escolhermos a alternativa B (informar que a autora de Harry Potter agora pretende escrever para adultos) como correta. O título e o primeiro parágrafo são suficientes para chegarmos à conclusão da nossa resposta e excluirmos as demais alternativas, o que por vezes se mostra mais importante. Domínio de tempos verbais como o presente perfeito e o futuro simples, além de uma pitada de conhecimentos prévios sobre a autora em questão também ajudariam muito. Questões de 91 a 95 (opção espanhol) QUESTÃO 91: Alternativa D O texto apresentado nesta questão discorre sobre uma nova escavação num sítio arqueológico peruano. Tal escavação será realizada na praça cerimonial do frontis norte, local onde foram realizados vários tipos de rituais. Os responsáveis pelo projeto têm ótimas expectativas para o resultado da escavação, principalmente após descobrimentos recentes, dentre eles um pátio e um altar semicircular. Apesar do vocabulário um pouco mais complexo, a questão mostra-se puramente interpretativa, de forma que a resposta ao enunciado encontra-se no próprio texto. O item solicita qual das frases (alternativas) pode-se inferir do texto. A opção correta é a D, que afirma que havia um pátio onde ocorreram vários rituais. Com uma leitura atenta o aluno encontraria o trecho que confirma a informação da alternativa correta nas duas últimas linhas do primeiro parágrafo. QUESTÃO 92: Alternativa A

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O texto trazido pela questão apresenta caráter crítico, levando o leitor a refletir sobre como os recursos (inclusive humanos) e riquezas da América Latina sempre tem sido transformados em capital das grandes potências. Primeiramente da Europa, no período de colonização, e posteriormente, dos Estados Unidos. E o autor vai mais além, afirma que inclusive nossas formas de organização também foram impostas pelas grandes potências. Partindo da leitura do texto, a questão pede uma conclusão/definição da história da América Latina. A resposta correta é a opção A, a qual afirma que a relação dos países latino-americanos com as nações exploradoras SEMPRE foi de dependência. O candidato poderia detectar a mensagem do autor já no inicio do texto, quando afirma que mesmo já não sendo um “reino de maravilhas” nossa região continua trabalhando para servir (“Pero la región sigue trabajando de serventia”). QUESTÃO 93: Alternativa A O poema tem a clara intenção de criticar a sociedade consumista de produtos estrangeiros (norte-americanos), tanto que no momento de ritual de sepultamento não há nada de seu próprio país (Guatemala), a não ser o próprio falecido. A questão solicita identificar qual a crítica do texto, de maneira que a resposta correta é a letra A, que indica a dependência de produtos estrangeiros por uma nação, explicitando a principal mensagem do poema. QUESTÃO 94: Alternativa B Esta questão apresenta uma história em quadrinhos da Mafalda. Na tirinha, Susanita e Mafalda mostram-se contra a ideia dos homens de que as mulheres são inferiores, entretanto o conceito de mulher das duas é diferente. Mafalda considera que a mulher não deve fazer somente as tarefas da casa. Já Susanita pensa que os afazeres domésticos valorizam o sexo feminino, fazendo-a sentir-se “mais mulher”. Por essa razão ela usou a palavra "mujerez", que ao empregar o sufixo “rez”, usado para “grande” no espanhol, reforça o valor da mulher. Desta maneira, a resposta correta que explica o significado de "mujerez" na historia em quadrinhos é a opção B, que aponta a valorização das mulheres que realizam tarefas domésticas. QUESTÃO 95: Alternativa C O texto trazido pela questão informa sobre o conflito das Malvinas, território disputado há muito tempo entre a Argentina e Reino Unido, e que no ano de 2012 voltou a gerar tensões e polêmica. Segundo o texto, atualmente este território pertence ao Reino Unido, devido ao direito de autodeterminação e da resolução 1514 das Nações Unidas, que acordava que os povos coloniais podiam se emancipar dos estados. Esta resolução, de acordo com o autor, não se aplica, uma vez que o Reino Unido expulsou os Argentinos das ilhas, contradizendo o direito de autodeterminação. O enunciado solicita saber porque o autor apoia a reclamação da Argentina. A resposta correta seria a C, que conforme explicado anteriormente, aponta a má aplicação do direito de autodeterminação. Questões de 96 a 135 QUESTÃO 96: Alternativa A A construção do humor se dá a partir da polissemia (característica de algumas palavras, que apresentam diferentes significações, em contextos diversos) da expressão “rede social”, que no âmbito da internet refere-se ao entrelaçamento


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de informações e relações no espaço virtual e o objeto ‘rede’, artefato que serve para dormir e na charge é ‘social’ pois é compartilhado com toda a família ao mesmo tempo.

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útil dar conselhos mais básico?”). Não há síntese do assunto, nem se discute a separação em si. QUESTÃO 104: Alternativa E

QUESTÃO 97: Alternativa A A universalidade a que se refere o sociólogo tem a ver com a possibilidade de acesso à rede e aos textos eletrônicos por qualquer pessoa em qualquer lugar e a interatividade se deve à possibilidade de fazer intervenções, pois qualquer pessoa pode opinar (“intercâmbio de julgamentos”), publicar textos e até criar verbetes em enciclopédias (como a Wikipedia), conforme é apresentado na alternativa A. QUESTÃO 98: Alternativa A Embora o texto todo seja a manifestação do desagrado que o pronome “senhor” causou no autor em uma determinada situação, de todos os trechos apresentados, o da alternativa A é o que apresenta explicitamente o mal-estar (a sensação de ser considerado como velho pela personagem) (“Essa palavra (...) ergueu entre nós um muro frio e triste.”)

O texto da questão é do gênero informativo: o objetivo é explicar o funcionamento de um programa, o SendLater, que é capaz de programar o horário (“ampliador da funcionalidade”) de envio de e-mails (“recurso comunicativo”), objetivos apresentados na alternativa E. QUESTÃO 105: Alternativa A Para a compreensão do texto e para a inferência do objetivo do autor é necessário conhecer as mudanças dos papéis femininos na sociedade atual e perceber que há intertextualidade do trecho “Lugar de mulher também é na oficina” com a frase característica do discurso machista “Lugar de mulher é na cozinha”. O objetivo do texto é mostrar que mulher pode e está ocupando espaços tradicionalmente masculinos, como apresentado na alternativa A. QUESTÃO 106: Alternativa E

QUESTÃO 99: Alternativa E Depois de recusar o mesmo produto duas vezes, a personagem foi induzida a mudar de opinião, pois o vendedor associou a fruta a outro produto (celular) que, de modo geral, é objeto de desejo das pessoas.

O discurso publicitário geralmente lança mão de textos verbais e textos não-verbais para convencer o leitor. Neste caso, a intenção é fazer com que o consumidor adquira a sacola retornável e evite a sacola plástica descartável (“consumir produtos de modo responsável e ecológico”).

QUESTÃO 100: Alternativa B

QUESTÃO 107: Alternativa A

Por meio de exemplos e comparações (cada um dos parágrafos do texto contrapõe a homem e algum animal que apresenta a mesma característica), o autor vai desconstruindo a ideia da supremacia dos seres humanos em relação aos demais animais, pelo menos em quatro aspectos, sustentando assim seu ponto de vista, expresso no título da matéria. Não aparecem no texto definições, nem relações de causa/consequência ou meio/fim, tampouco foi feito uso de argumento de autoridade (citação de um autor de renome para fundamentar uma ideia).

O autor usou o verbo “beber” em sentido metafórico (“Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim(...) Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá”). E tendo o personagem bebido tanta obra de arte, dizer que morreu de “etilismo abstrato” assume um efeito irônico. QUESTÃO 108: Alternativa D

QUESTÃO 101: Alternativa E O poema é todo construído na oposição de papéis e valores. A voz do eu-lírico feminino expõe as atividades dos irmãos, a quem tudo é permitido, sempre ligadas à liberdade (“sujam-se na lama”, “lambuzam-se e arrotam na mesa”) enquanto as atividades femininas estão relacionadas ao provimento da casa e à privação da liberdade (“e eu a temperada/ servindo, contida”) o que resulta em “efeitos e graus de autorrealização desiguais” (ou seja, os meninos podem satisfazer suas vontades enquanto as meninas precisam cumprir os papéis determinados pela sociedade), conforme a alternativa E.

O tema da identidade nacional foi um dos mais importantes no Modernismo. E a imagem do “tupi tangendo o alaúde” sintetiza tal tema ao juntar o elemento nativo e primitivo (tupi) ao europeu civilizado (alaúde), proposta que também aparece no Manifesto Antropofágico, de Oswald de Andrade. A ‘antropofagia’ proposta pelos modernistas consistia em, segundo Oswald Andrade, "Devoração cultural das técnicas importadas para reelaborá-las com autonomia, convertendo-as em produto de exportação", ou seja, aproveitar as influências estrangeiras, porém dando-lhes uma ‘roupagem’ nacional. QUESTÃO 109: Alternativa A A angústia do autor refere-se ao eterno conflito entre essência e aparência, entre ser único e autêntico ou obedecer ao padrão imposto, como enunciado na alternativa A.

QUESTÃO 102: Alternativa B QUESTÃO 110: Alternativa A O eu-lírico faz uma proposta amorosa para sua amada, porém a proposta do sedutor não é de felicidade completa: o título o apresenta como alguém mediano (sedutor médio), que propõe que sejam apenas um pouco felizes, ideia acentuada pelo advérbio “meio”. Temos assim uma crítica aos valores impostos pela sociedade (casar e ter filhos é a meta ideal).

A crítica é fundamentada na metáfora do títere (marionete): embora ele acredite dominar as situações de interação por meio da escolha da linguagem de acordo com seu interlocutor (um títere consciente), ele mesmo é quem é dominado pelo discurso, pela conveniência e nunca expressa um posicionamento pessoal autêntico.

QUESTÃO 103: Alternativa E QUESTÃO 111: Alternativa B A estrutura argumentativa da carta baseia-se na crítica ao enfoque dado ao assunto pela revista e sugere que a reportagem fizesse a abordagem de aspectos mais comuns (“Não seria mais

O emprego de jornal como papel de embrulho remete à ideia da passagem do tempo (e à efemeridade do jornal, que só é atual


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por um dia e só os jornais passados transformam-se em papel de embrulho) e destaca o lapso de tempo (sete anos) que existe entre os dois fragmentos do diário. QUESTÃO 112: Alternativa D Prevalece, no cartaz, a função apelativa da linguagem, cujo intuito é persuadir o leitor. Neste caso, a persuasão é no sentido de levar o leitor a obedecer aos prazos da Biblioteca (e aqui entra a relação do tempo com a obra de Dalí, em que o tempo se esvai). O objetivo da campanha é, portanto, educativo.

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O autor deixa claro no texto que o problema está no descompasso entre oferta de informações e o tempo necessário para compreendê-las (“uma desarmonia entre uma oferta, não excessiva, mas incoerente, e uma demanda que confusamente, exige uma escolha muito mais rápida a absorver”). Não se fala em censura/seleção de ideias (como proposto pela alternativa A) nem quantidade de conhecimentos necessários ou em controle dos meios de informação. QUESTÃO 120: Alternativa A

A letra da canção deixa claro que só o futebol é importante e todo o resto fica “Lá fora” (“Esqueço a casa e o trabalho/ a vida fica lá fora/ Dinheiro fica lá fora (...)E tudo fica lá fora”), criticando assim a alienação causada pelo esporte nacional.

Comparando-se os dois textos é possível observar que o texto II coloca em prática a definição de linguagem radiofônica apresentada pelo texto I: a canção simula uma transmissão de programa de rádio, com linguagem simples e direcionada a um ouvinte específico (“A Rádio Atividade leva até vocês / Mais um programa (...) Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta (...)” )

QUESTÃO 114: Alternativa C

QUESTÃO 121: Alternativa B

Tanto o texto verbal quanto o não-verbal retratam a mesma mulher idealizada, com traços delicados, postura equilibrada, imagem característica do movimento artístico do Renascimento, “movimento intelectual que, no século XV, preconizou a recuperação dos valores e modelos da Antiguidade greco-romana, contrapondo-os à tradição medieval ou adaptando-os a ela, e que renovou não apenas as artes plásticas, a arquitetura e as letras, mas também. a organização política e econômica da sociedade.” (Houaiss Eletrônico)

O poema evidencia a força das palavras (“Ai, palavras, ai, palavras/que estranha potência a vossa!”) e sua importância nas relações humanas, pois a mesma palavra que é responsável pela “liberdade das almas” também elabora os “venenos humanos”, ou seja, por meio das palavras é possível inocentar ou condenar um réu, por exemplo, tendo, portanto, “seu equilíbrio vinculado ao significado”, conforme a alternativa B.

QUESTÃO 113: Alternativa D

QUESTÃO 115: Alternativa E O idioma sofre alterações causadas por alguns fatores, como, por exemplo, a passagem do tempo, fazendo com que algumas palavras e expressões (léxico) caiam em desuso e sejam substituídas por outras, o que comprova “uma realidade linguística variável e diversificada” QUESTÃO 116: Alternativa D A expressão “é como se” introduz um verbo no subjuntivo (soubessem), que é o modo verbal empregado para expressar incerteza ou possibilidade. As outras relações não são adequadas nem ao contexto nem à expressão citada, pois não estão presentes no texto as ideais de conformidade ou condicionalidade, como apresentado nas alternativas A e C, e a palavra ‘se’ não é indicador de reflexibilidade ou de impessoalidade, como afirmam as alternativas B e E. QUESTÃO 117: Alternativa E As criações linguísticas a que o autor se referiu, embora sejam desvios da norma culta, mais do que erros, são consideradas criações poéticas e lúdicas, pois “eu não sei a ler (...) ampliava a solidão do vaqueiro” bucolicamente e as outras expressões viraram “instrumento de rir”. QUESTÃO 118: Alternativa C As frustrações expressas pelo protagonista são resultado de suas expectativas construídas sobre ideias irreais de cordialidade e patriotismo do povo, de fertilidade e riqueza do solo e de nacionalismo linguístico. Esses ideais perpassam toda a obra e são sintetizadas nesse excerto. QUESTÃO 119: Alternativa D

QUESTÃO 122: Alternativa E Manoel da Barros, escritor mato-grossense, enquadra-se cronologicamente na geração modernista de 45, mas, pelo teor da sua obra, pela sua temática, identifica-se mais com as vanguardas pós-modernistas, pois fala da natureza, transmutando-a em imagens sem compromisso com a verdade, apenas com a verossimilhança. O texto começa com uma referência intertextual ao texto bíblico, para estabelecer uma identificação entre o personagem Pote Cru e o eu-lírico. A partir daí vai sendo feita a construção do perfil de Pote Cru como alguém que vive entre coisas insignificantes, o que leva à alternativa E. (A opção pela simplicidade é marca na obra de Manuel de Barros) QUESTÃO 123: Alternativa A Pablo Picasso é mais conhecido pelo Cubismo, movimento do qual foi um dos criadores, cuja obra inaugural é exatamente esta. O rompimento com a estética clássica se dá, entre outras características, pela exposição de diversos ângulos, das diversas partes do objeto, num mesmo plano, criando imagens geométricas e irregulares. O Cubismo define-se como “estilo artístico e movimento iniciado na primeira década do século XX, em Paris, com base em obras de Georges Braque (1882-1963), Pablo Picasso (1881-1973) e outros, tendo por princípio mais importante a substituição das representações do espaço tridimensional (e, portanto, da perspectiva) pela apreensão simultânea das diversas formas (decompostas e geometrizadas) que se observam dos muitos ângulos de contemplação dos motivos de uma obra”. (Houaiss Eletrônico – grifo nosso). QUESTÃO 124: Alternativa C Para a resolução desta questão é necessário possuir conhecimentos a respeito dos movimentos de contracultura e tropicalismo; somente as informações fornecidas não são suficientes.


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A contracultura é um movimento cujo auge se deu na década de 1960 e cujas ideias de contestação social e de cultura alternativa e marginal eram difundidas utilizando-se os meios de comunicação de massa. O movimento mais conhecido dentro da contracultura é o movimento hippie. Na esteira dessas ideias, sob influência de correntes artísticas de vanguarda, do concretismo e da cultura pop, surgiu o Tropicalismo. Esses movimentos se caracterizaram pelo experimentalismo em termos de sonoridades e pela mescla de elementos populares e eruditos, como apresentado na alternativa C.

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língua”, ou seja, é preciso conhecer a norma culta, mas aceitar as variações. QUESTÃO 131: Alternativa D Aleijadinho, importante escultor do período Barroco no Brasil, tem sua obra marcada por uma forte inspiração religiosa, porém rompendo com padrões de períodos anteriores, modela suas imagens com feições populares. QUESTÃO 132: Alternativa A

QUESTÃO 125: Alternativa B O autor reconhece a importância do conhecimento da norma culta (defendida ferrenhamente por um dos leitores) em situações de formalidade, como um vestibular, por exemplo, mas justifica seus “deslizes” dizendo que poderia não ser compreendido por seus interlocutores “lá nas montanhas de Minas Gerais”. QUESTÃO 126: Alternativa D O autor faz referências explícitas ao contexto histórico da época (“Meu coração/ de mil novecentos e setenta e dois”), o período do governo militar, marcado por forte repressão. Os agentes da repressão são apontados por meio das alegorias: “morcegos de pesadas olheiras” (muitas ações aconteciam à noite), “cabras malignas”, “cardumes de hienas infiltradas” (muitos agentes infiltravam-se em diferentes grupos para obter informações e identificar quem defendia ideias “subversivas”. QUESTÃO 127: Alternativa B A função emotiva, ou expressiva, da linguagem é aquela que coloca em destaque o próprio emissor (o enunciador do texto), apresentando seus sentimentos e emoções em relação ao assunto do texto (“Desculpem-me (...) Estou nervoso. Estou zangado”), portanto, o que está definido na alternativa B. QUESTÃO 128: Alternativa A

De acordo com o texto, as funções metabólicas tendem a melhorar com a prática de atividades físicas, como apresentado na alternativa A: há aumento de oxigenação do sangue, diminuição da frequência cardíaca e aumento de tônus muscular. QUESTÃO 133: Alternativa A Com o surgimento de novas tecnologias e novos suportes para os textos, surgiu também uma mudança na oferta e procura de livros, jornais e revistas, como se pode perceber na propaganda, que oferece as duas versões: a impressa e a digital. QUESTÃO 134: Alternativa D O texto descreve inúmeras outras facetas de José de Alencar, além daquela mais conhecida, a de romancista (ele era também político – ocupou uma cadeira no Legislativo como deputado e defendia a escravatura, em oposição a José do Patrocínio, ensaísta – defendia o nacionalismo). Pelo fato de ter exercido todas essas as atividades e funções citadas no texto, a digitalização de sua obra é justificada e como “acabou inventando o Brasil”, sua obra tem importância na preservação da memória (linguística e histórica) e na identidade nacional.

QUESTÃO 135: Alternativa A O idioma apresenta diferentes facetas, as variedades ou variantes linguísticas, que estão relacionadas a diversos fatores, como grau de instrução do falante, região geográfica em que é empregado ou ainda à situação de formalidade ou informalidade em que se dá a comunicação. A aparente contradição entre as ideias que o autor defende (de que o uso coloquial como, por exemplo, em ‘hoje tem feijoada’ deve ser aceito e respeitado) e o uso que faz da norma culta se desfaz, pois o autor faz uma adequação à situação de comunicação: uma entrevista requer o uso da norma culta ou norma padrão. QUESTÃO 129: Alternativa D O texto afirma que há diferenças de vocabulário entre os idiomas e, embora também diga que é possível expressar qualquer conteúdo, essas diferenças podem impedir a expressão de ideias estranhas a uma determinada cultura por falta de termos específicos, a menos que haja “empréstimos de outras línguas, (...) criação de novos termos na língua em questão”. QUESTÃO 130: Alternativa E As línguas não costumam ser uniformes e homogêneas, pois existem fatores que provocam alterações. Desta forma uma construção que hoje é aceita, pode ter sido considerada incorreta em outro tempo e vice-versa. O autor afirma que “um purismo (comportamento inflexível em relação à ‘correção’ gramatical) estreito só revela um conhecimento deficiente da

O texto apresentado é a transcrição de uma entrevista e nesse tipo de texto é comum aparecerem expressões e construções da linguagem informal/coloquial (passeá, brinca, a palhaça da turma), as pausas e hesitações (marcadas pelas reticências e a autocorreção (“essa fase de quinze... dos meus treze aos dezessete anos...”)


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ENEM 2013 – LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 91 a 95 (opção inglês). QUESTÃO 91

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Curti bastante.” c) “Eu me inscrevi no Programa Jovens Embaixadores para mostrar o que tem de bom em meu país e conhecer outras formas de ser.” d) “Curto muito bater papo na internet. Meus amigos estrangeiros me ajudam a aperfeiçoar minha proficiência em língua estrangeira.” e) “Pesquisei em sites de culinária e preparei uma festa árabe para uns amigos da escola. Eles adoraram, principalmente, os doces!” QUESTÃO 93

Disponível em: www.gocomics.com. Acesso em: 26 fev. 2012.

A partir da leitura dessa tirinha, infere-se que o discurso de Calvin teve um efeito diferente do pretendido, uma vez que ele a) decide tirar a neve do quintal para convencer seu pai sobre seu discurso. b) culpa o pai por exercer influência negativa na formação de sua personalidade. c) comenta que suas discussões com o pai não correspondem às suas expectativas. d) conclui que os acontecimentos ruins não fazem falta para a sociedade. e) reclama que é vítima de valores que o levam a atitudes inadequadas. QUESTÃO 92 Do one thing for diversity and inclusion The United Nations Alliance of Civilizations (UNAOC) is launching a campaign aimed at engaging people around the world to DoOne Thing to support Cultural Diversity and Inclusion. Every one of us can do ONE thing for diversity and inclusion; even one very little thing can become a global action if we all take part in it. Simple things YOU can do to celebrate the World Day for Cultural Diversity for Dialogue and Development on May 21. 1. Visit an art exhibit or a museum dedicated to other cultures. 2. Read about the great thinkers of other cultures. 3. Visit a place of worship different than yours and participate in the celebration. 4. Spread your own culture around the world and learn about other cultures. 5. Explore music of a different culture. There are thousands of things that you can do, are you taking part in it? UNITED NATIONS ALLlANCE OF CIVILlZATIONS.Disponível em: www.unaoc.org. Acesso em: 16 fev. 2013 (adaptado).

Internautas costumam manifestar suas opiniões sobre artigos on-line por meio da postagem de comentários. O comentário que exemplifica o engajamento proposto na quarta dica da campanha apresentada no texto é: a) “Lá na minha escola, aprendi a jogar capoeira para uma apresentação no Dia da Consciência Negra.” b) “Outro dia assisti na TV uma reportagem sobre respeito à diversidade. Gente de todos os tipos, várias tribos.

After prison blaze kills hundreds in Honduras, UN warns on overcrowding 15 February 2012 A United Nations human rights official today called on Latin American countries to tackle the problem of prison overcrowding in the wake of an overnight fire at a jail in Honduras that killed hundreds of inmates. More than 300 prisoners are reported to have died in the blaze at the prison, located north of the capital, Tegucigalpa, with dozens of others still missing and presumed dead. Antonio Maldonado, human rights adviser for the UN system in Honduras, told UN Radio today that overcrowding may have contributed to the death toll. “But we have to wait until a thorough investigation is conducted so we can reach a precise cause,” he said. “But of course there is a problem of overcrowding in the prison system, not only in this country, but also in many other prisons in Latin America.” Disponível em: www.un.org. Acesso em: 22 fev. 2012 (adaptado).

Os noticiários destacam acontecimentos diários, que são veiculados em jornal impresso, rádio, televisão e internet. Nesse texto, o acontecimento reportado é a a) ocorrência de um incêndio em um presídio superlotado em Honduras. b) questão da superlotação nos presídios em Honduras e na América Latina. c) investigação da morte de um oficial das Nações Unidas em visita a um presídio. d) conclusão do relatório sobre a morte de mais de trezentos detentos em Honduras. e) causa da morte de doze detentos em um presídio superlotado ao norte de Honduras. QUESTÃO 94 National Geographic News Christine Dell’Amore, Published April 26, 2010 Our bodies produce a small steady amount of natural morphine, a new study suggests. Traces of the chemical are often found in mouse and human urine, leading scientists to wonder whether the drug is being made naturally or being delivered by something the subjects consumed. The new research shows that mice produce the “incredible painkiller” - and that humans and other mammals possess the same chemical road map for making it, said study co-author MeinhartZenk, who studies plant-based pharmaceuticals at the Donald Danforth Plant Science Center in St. Louis, Missouri. Disponível em: www.nationalgeographic.com. Acesso em: 27 jul. 2010.


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Ao ler a matéria publicada na National Geographic, para a realização de um trabalho escolar, um estudante descobriu que a) os compostos químicos da morfina, produzidos por humanos, são manipulados no Missouri. b) os ratos e os humanos possuem a mesma via metabólica para produção de morfina. c) a produção de morfina em grande quantidade minimiza a dor em ratos e humanos. d) os seres humanos têm uma predisposição genética para inibir a dor. e) a produção de morfina é um traço incomum entre os animais. QUESTÃO 95 Steve Jobs: A Life Remembered 1955-2011 Readersdigest.ca takes a look back at Steve Jobs, and his contribution to our digital world. CEO.Tech-Guru.Artist. There are few corporate figures as famous and well-regarded as former-Apple CEO Steve Jobs. His list of achievements is staggering, and his contribution to modem technology, digital media, and indeed the world as a whole, cannot be downplayed. With his passing on October 5, 2011, readersdigest.ca looks back at some of his greatest achievements, and pays our respects to a digital pioneer who helped pave the way for a generation of technology, and possibilities, few could have imagined.

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No poema, o eu lírico se compara à cabra e no quinto verso utiliza a expressão “mala leche” para se autorrepresentar como uma pessoa a) influenciável pela opinião das demais. b) consciente de sua diferença perante as outras. c) conformada por não pertencer a nenhum grupo. d) corajosa diante de situações arriscadas. e) capaz de transformar mau humor em pranto. QUESTÃO 92 Pero un día, le fue presentado a Cortés un tributo bien distinto: un obsequio de veinte esclavas llegó hasta el campamento español y entre ellas, Cortés escogió a una. Descrita por el cronista de la expedición, Bernal Díaz del Castillo, como mujer de “buen parecer y entremetida y desenvuelta”, el nombre indígena de esta mujer era Malintzin, indicativo de que había nacido bajo signos de contienda y desventura. Sus padres la vendieron como esclava; los españoles la llamaron dona Marina, pero su pueblo la llamó la Malinche, la mujer del conquistador, la traidora a los indios. Pero con cualquiera de estos nombres, la mujer conoció un extraordinario destino. Se convirtió en “mi lengua”, pues Cortés la hizo su intérprete y amante, la lengua que habría de guiarle a lo largo y alto del Imperio azteca, demostrando que algo estaba podrido en el reino de Moctezuma, que en efecto existía gran descontento y que el Imperio tenía pies de barro. FUENTES, C. El espejo enterrado. Ciudad de México: FCE, 1992 (fragmento).

Questões de 91 a 95 (opção Espanhol)

Malinche, ou Malintzin, foi uma figura chave na história da conquista espanhola na América, ao atuar como a) intérprete do conquistador, possibilitando-lhe conhecer as fragilidades do Império. b) escrava dos espanhóis, colocando-se a serviço dos objetivos da Coroa. c) amante do conquistador, dando origem à miscigenação étnica. d) voz do seu povo, defendendo os interesses políticos do Império asteca. e) maldição dos astecas, infundindo a corrupção no governo de Montezuma.

QUESTÃO 91

QUESTÃO 93

Disponível em: www.readersdigest.ca. Acesso em: 25 fev. 2012.

Informações sobre pessoas famosas são recorrentes na mídia, divulgadas de forma impressa ou virtualmente. Em relação a Steve Jobs, esse texto propõe a) expor as maiores conquistas da sua empresa. b) descrever suas criações na área da tecnologia. c) enaltecer sua contribuição para o mundo digital. d) lamentar sua ausência na criação de novas tecnologias. e) discutir o impacto de seu trabalho para a geração digital.

Cabra sola Hay quien dice que soy como la cabra; Lo dicen lo repiten, ya lo creo; Pero soy una cabra muy extraña Que lleva una medalla y siete cuernos. ¡Cabra! En vez de mala leche yo doy llanto. ¡Cabra! Por lo más peligroso me paseo. ¡Cabra! Me llevo bien con alimañas todas, ¡Cabra! Y escribo en los tebeos. Vivo sola, cabra sola, – que no quise cabrito en compañía cuando subo a lo alto de este valle siempre encuentro un lirio de alegría. Y vivo por mi cuenta, cabra sola; Que yo a ningún rebaño pertenezco. Si sufrir es estar como una cabra, Entonces sí lo estoy, no dudar de ello. FUERTES, G. Poeta de guardia. Barcelona: Lumen, 1990.

Pensar la lengua del siglo XXI Aceptada la dicotomía entre “español general” académico y “español periférico” americano, la capacidad financiera de la Real Academia, apoyada por la corona y las grandes empresas transnacionales españolas, no promueve la conservación de la unidad, sino la unificación del español, dirigida e impuesta desde España (la Fundación Español Urgente: Fundeu). Unidad y unificación no son lo mismo: la unidad ha existido siempre y con ella la variedad de la lengua, riqueza suprema de nuestras culturas nacionales; la unificación lleva a la pérdida de las diferencias culturales, que nutren al ser humano y son tan importantes como la diversidad biológica de la Tierra. Culturas nacionales: desde que nacieron los primeros criollos, mestizos y mulatos en el continente hispanoamericano, las diferencias de colonización, las improntas que dejaron en las nacientes sociedades americanas los pueblo aborígenes, la explotación de las riquezas naturales, las redes comerciales coloniales fueron


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creando culturas propias, diferentes entre sí, aunque con el fondo común de la tradición española. Después de las independencias, cuando se instituyeron nuestras naciones, bajo diferentes influencias, ya francesas, ya inglesas; cuando los inmigrantes italianos, sobre todo, dieron su pauta a Argentina, Uruguay o Venezuela, esas culturas nacionales se consolidaron y con ellas su español, pues la lengua es, ante todo, constituyente. Así, el español actual de España no es sino una más de las lenguas nacionales del mundo hispánico. EI español actual es el conjunto de veintidós españoles nacionales, que tienen sus propias características; ninguno vale más que otro. La lengua del siglo XXI es, por eso, una lengua pluricéntrica. LARA, L. F. Disponível em: www.revistaenie.clarin.com. Acesso em: 25 fev. 2013.

O texto aborda a questão da língua espanhola no século XXI e tem como função apontar que a) as especificidades culturais rompem com a unidade hispânica. b) as variedades do espanhol têm igual relevância linguística e cultural. c) a unidade linguística do espanhol fortalece a identidade cultural hispânica. d) a consolidação das diferenças da língua prejudica sua projeção mundial. e) a unificação da língua enriquece a competência linguística dos falantes.

24 carne de cerdo para ti. Te va a traer muchas cosas para ti [...] Duerme, duerme, negrito, que tu mamá está en el campo, negrito... Trabajando, trabajando duramente, trabajando sí. Trabajando y no le pagan, trabajando sí.

Disponível em: http://letras.mus.br. Acesso em: 26 jun. 2012 (fragmento),

Duerme negrito é uma cantiga de ninar da cultura popular hispânica, cuja letra problematiza uma questão social, ao a) destacar o orgulho da mulher como provedora do lar. b) evidenciar a ausência afetiva da mãe na criação do filho. c) retratar a precariedade das relações de trabalho no campo. d) ressaltar a inserção da mulher no mercado de trabalho rural. e) exaltar liricamente a voz materna na formação cidadã do filho. Questões de 96 a 135 QUESTÃO 96

QUESTÃO 94

TUTE. Tutelandia. Disponível em: www.gocomics.com. Acesso em: 20 fev. 2012.

A charge evoca uma situação de disputa. Seu efeito humorístico reside no(a) a) aceitação imediata da provocação. b) descaracterização do convite a um desafio. c) sugestão de armas não convencionais para um duelo. d) deslocamento temporal do comentário lateral. e) posicionamento relaxado dos personagens. QUESTÃO 95 Duerme negrito Duerme, duerme, negrito, que tu mamá está en el campo, negrito... Te va a traer codornices para ti. Te va a traer rica fruta para ti. Te va a traer

GRUPO ESCOLAR DE PALMEIRAS. Redações de Maria Anna de Biase e J. B. Pereira sobre a Bandeira Nacional. Palmeiras (SP), 18 nov.1911. Acervo APESP. Coleção DAESP. C10279. Disponível em: www.arquivoestado.sp.gov.br. Acesso em: 15 maio 2013.

O documento foi retirado de uma exposição on-line de manuscritos do estado de São Paulo do início do século XX. Quanto à relevância social para o leitor da atualidade, o texto a) funciona como veículo de transmissão de valores patrióticos próprios do período em que foi escrito. b) cumpre uma função instrucional de ensinar regras de comportamento em eventos cívicos. c) deixa subentendida a ideia de que o brasileiro preserva as riquezas naturais do país. d) argumenta em favor da construção de uma nação com igualdade de direitos. e) apresenta uma metodologia de ensino restrita a uma determinada época.


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QUESTÃO 97

25 grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento histórico, retratando a colonização.

TEXTO I QUESTÃO 98 Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. [...] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam. CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

Querô DELEGADO – Então desce ele. Vê o que arrancam desse sacana. SARARÁ – Só que tem um porém. Ele é menor. DELEGADO – Então vai com jeito. Depois a gente entrega pro juiz. (Luz apaga no delegado e acende no repórter, que se dirige ao público.) REPÓRTER – E o Querô foi espremido, empilhado, esmagado de corpo e alma num cubículo imundo, com outros meninos. Meninos todos espremidos, empilhados, esmagados de corpo e alma, alucinados pelos seus desesperos, cegados por muitas aflições. Muitos meninos, com seus desesperos e seus ódios, empilhados, espremidos, esmagados de corpo e alma no imundo cubículo do reformatório. E foi lá que o Querô cresceu. MARCOS, P. Melhor teatro. São Paulo: Global, 2003 (fragmento).

No discurso do repórter, a repetição causa um efeito de sentido de intensificação, construindo a ideia de a) opressão física e moral, que gera rancor nos meninos. b) repressão policial e social, que gera apatia nos meninos. c) polêmica judicial e midiática, que gera confusão entre os meninos. d) concepção educacional e carcerária, que gera comoção nos meninos. e) informação crítica e jornalística, que gera indignação entre os meninos. QUESTÃO 99 Mal secreto

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil: 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm.

Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse;

Disponível em: www.portinari.org.br. Acesso em: 12 jun. 2013.

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária. b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna. c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do ,colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos. d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes verbal e não verbal -, cumprem a mesma função social e artística. e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de

Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia: Brasília: Alhambra, 1995. Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse


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julgamento revela que a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada. b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social. c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja. d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedarse do próximo. e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.

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desenvolvimento emocional das voluntárias. Você provavelmente já sabe quais são as consequências de uma rotina sedentária e cheia de gordura. “E não é novidade que os obesos têm uma sobrevida menor”, acredita Claudia Cozer, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mas, se há cinco anos os estudos projetavam um futuro sombrio para os jovens, no cenário atual as doenças que viriam na velhice já são parte da rotina deles. “Os adolescentes já estão sofrendo com hipertensão e diabete”, exemplifica Claudia. DESGUALDO, P. Revista Saúde. Disponível em: http://saude.abril.com.br. Acesso em: 28 jul. 2012 (adaptado).

QUESTÃO 100 Secretaria de Cultura EDITAL NOTIFICAÇÃO – Síntese da resolução publicada no Diário Oficial da Cidade, 29/07/2011 – página 41 – 511a Reunião Ordinária, em 21/06/2011. Resolução no 08/2011 – TOMBAMENTO dos imóveis da Rua Augusta, no 349 e no 353, esquina com a Rua Marquês de Paranaguá, no 315, no 327 e no 329 (Setor 010, Quadra 026, Lotes 0016-2 e 00170-0), bairro da Consolação, Subprefeitura da Sé, conforme o processo administrativo n o 1991-0.005.365-1. Folha de S. Paulo, 5 ago. 2011 (adaptado).

Um leitor interessado nas decisões governamentais escreve uma carta para o jornal que publicou o edital, concordando com a resolução sintetizada no Edital da Secretaria de Cultura. Uma frase adequada para expressar sua concordância é: a) Que sábia iniciativa! Os prédios em péssimo estado de conservação devem ser derrubados. b) Até que enfim! Os edifícios localizados nesse trecho descaracterizam o conjunto arquitetônico da Rua Augusta. c) Parabéns! O poder público precisa mostrar sua força como guardião das tradições dos moradores locais. d) Justa decisão! O governo dá mais um passo rumo à eliminação do problema da falta de moradias populares. e) Congratulações! O patrimônio histórico da cidade merece todo empenho para ser preservado.

Sobre a relação entre os hábitos da população adolescente e as suas condições de saúde, as informações apresentadas no texto indicam que a) a falta de atividade física somada a uma alimentação nutricionalmente desequilibrada constituem fatores relacionados ao aparecimento de doenças crônicas entre os adolescentes. b) a diminuição do consumo de alimentos fontes de carboidratos combinada com um maior consumo de alimentos ricos em proteínas contribuíram para o aumento da obesidade entre os adolescentes. c) a maior participação dos alimentos industrializados e gordurosos na dieta da população adolescente tem tornado escasso o consumo de sais e açúcares, o que prejudica o equilíbrio metabólico. d) a ocorrência de casos de hipertensão e diabetes entre os adolescentes advém das condições de alimentação, enquanto que na população adulta os fatores hereditários são preponderantes. e) a prática regular de atividade física é um importante fator de controle da diabetes entre a população adolescente, por provocar um constante aumento da pressão arterial sistólica. QUESTÃO 102

QUESTÃO 101 Adolescentes: mais altos, gordos e preguiçosos A oferta de produtos industrializados e a falta de tempo têm sua parcela de responsabilidade no aumento da silhueta dos jovens. “Os nossos hábitos alimentares, de modo geral, mudaram muito”, observa Vivian Ellinger, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), no Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que aqui no Brasil, estamos exagerando no sal e no açúcar, além de tomar pouco leite e comer menos frutas e feijão. Outro pecado, velho conhecido de quem exibe excesso de gordura por causa da gula, surge como marca da nova geração: a preguiça. “Cem por cento das meninas que participam do Programa não praticavam nenhum esporte”, revela a psicóloga Cristina Freire, que monitora o

KUCZYNSKIEGO, P. Ilustração, 2008. Disponível em: http://capu.pl. Acesso em: 3 ago. 2012.

O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais. b) estabelecer uma postura proativa da sociedade. c) provocar a reflexão sobre essa realidade. d) propor alternativas para solucionar esse problema.


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e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo. QUESTÃO 103 O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da “vida quotidiana”. HUIZINGA. J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva. 2004.

Segundo o texto, o jogo comporta a possibilidade de fruição. Do ponto de vista das práticas corporais, essa fruição se estabelece por meio do(a) a) fixação de táticas, que define a padronização para maior alcance popular. b) competitividade, que impulsiona o interesse pelo sucesso. c) refinamento técnico, que gera resultados satisfatórios. d) caráter lúdico, que permite experiências inusitadas. e) uso tecnológico, que amplia as opções de lazer. QUESTÃO 104 Novas tecnologias Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado. Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento. Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados. SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em: http://observatortodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado).

Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias. b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias. c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas tecnologias.

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d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado. e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas. QUESTÃO 105 Olá! Negro Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos e a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredor tentarão apagar a tua cor! E as gerações dessas gerações quando apagarem a tua tatuagem execranda, não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi, negro-fujão, negro cativo, negro rebelde negro cabinda, negro congo, negro ioruba, negro que foste para o algodão de USA para os canaviais do Brasil, para o tronco, para o colar de ferro, para a canga de todos os senhores do mundo; eu melhor compreendo agora os teus blues nesta hora triste da raça branca, negro! Olá, Negro! Olá, Negro! A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro! LIMA, J. Obras completas. Rio de Janeiro; Aguilar, 1958 (fragmento).

O conflito de gerações e de grupos étnicos reproduz, na visão do eu lírico, um contexto social assinalado por a) modernização dos modos de produção e consequente enriquecimento dos brancos. b) preservação da memória ancestral e resistência negra à apatia cultural dos brancos. c) superação dos costumes antigos por meio da incorporação de valores dos colonizados. d) nivelamento social de descendentes de escravos e de senhores pela condição de pobreza. e) antagonismo entre grupos de trabalhadores e lacunas de hereditariedade. QUESTÃO 106 Até quando? Não adianta olhar pro céu Com muita fé e pouca luta Levanta aí que você temmuito protesto pra fazer E muita greve, você pode, você deve, pode crer Não adianta olhar pro chão Virar a cara pra não ver Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer! GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo). Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet. b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas. c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias. d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial. e) originalidade, pela concisão da linguagem.


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QUESTÃO 107

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QUESTÃO 109 Jogar limpo

CAULOS. Disponível em: www.caulos.com. Acesso em: 24 set. 2011.

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a a) a opressão das minorias sociais. b) carência de recursos tecnológicos. c) falta de liberdade de expressão. d) defesa da qualificação profissional. e) reação ao controle do pensamento coletivo. QUESTÃO 108 Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez: apropriada e adaptada, pelo gosto popular. Para sua ocorrência, é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”; pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”, “Chez des dames”, “Chez des chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1976.

As diversas formas de dança são demonstrações da diversidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é considerada uma dança folclórica por a) possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar uma nação ou região. b) abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação. c) apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo, também, considerada dança-espetáculo. d) necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem. e) acontecer em salões e festas e ser influenciada por diversos gêneros musicais.

Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer preço. Convencer alguém de algo é, antes de tudo, uma alternativa à prática de ganhar uma questão no grito ou na violência física – ou não física. Não física, dois pontos. Um político que mente descaradamente pode cativar eleitores. Uma, publicidade que joga baixo, pode constranger multidões a consumir um produto danoso ao ambiente. Há manipulações psicológicas não só na religião. E é comum pessoas agirem emocionalmente, porque vítimas de ardilosa – e cangoteira – sedução. Embora a eficácia a todo preço não seja argumentar, tampouco se trata de admitir só verdades científicas - formar opinião apenas depois de ver a demonstração e as evidências, como a ciência faz. Argumentar é matéria da vida cotidiana, uma forma de retórica, mas é um raciocínio que tenta convencer sem se tornar mero cálculo manipulativo, e pode ser rigoroso sem ser científico. Língua Portuguesa, São Paulo, ano 5, n, 66, abr. 2011 (adaptado).

No fragmento, opta-se por uma construção linguística bastante diferente em relação aos padrões normalmente empregados na escrita. Trata-se da frase “Não física, dois pontos”. Nesse contexto, a escolha por se representar por extenso o sinal de pontuação que deveria ser utilizado a) enfatiza a metáfora de que o autor se vale para desenvolver seu ponto de vista sobre a arte de argumentar. b) diz respeito a um recurso de metalinguagem, evidenciando as relações e as estruturas presentes no enunciado. c) é um recurso estilístico que promove satisfatoriamente a sequenciação de ideias, introduzindo apostos exemplificativos. d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a qual se concretiza no emprego da linguagem conotativa. e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza no leitor ao não desenvolver explicitamente o raciocínio a partir de argumentos. QUESTÃO 110 A diva Vamos ao teatro, Maria José? Quem me dera, desmanchei em rosca quinze kilos de farinha, tou podre. Outro dia a gente vamos. Falou meio triste, culpada, e um pouco alegre por recusar com orgulho. TEATRO! Disse no espelho. TEATRO! Mais alto, desgrenhada. TEATRO! E os cacos voaram sem nenhum aplauso. Perfeita. PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.

Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas características específicas, bem como na situação comunicativa em que ele é produzido. Assim, o texto Adiva


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narra um fato real vivido por Maria José. surpreende o leitor pelo seu efeito poético. relata uma experiência teatral profissional. descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora. defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral.

QUESTÃO 111 Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. [...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-préhistória já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem. c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção. QUESTÃO 112 TEXTO I É evidente que a vitamina D é importante – mas como obtê-la? Realmente, a vitamina D pode ser produzida naturalmente pela exposição à luz do sol, mas ela também existe em alguns alimentos comuns. Entretanto, como fonte dessa vitamina, certos alimentos são melhores do que outros. Alguns possuem uma quantidade significativa de vitamina D, naturalmente, e são alimentos que talvez você não queira exagerar: manteiga, nata, gema de ovo e fígado. Disponível em: http://saude.hsw.uol.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

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TEXTO II Todos nós sabemos que a vitamina D (colecalciferol) é crucial para sua saúde. Mas a vitamina D é realmente uma vitamina? Está presente nas comidas que os humanos normalmente consomem? Embora exista em algum percentual na gordura do peixe, a vitamina D não está em nossas dietas, a não ser que os humanos artificialmente incrementem um produto alimentar, como o leite enriquecido com vitamina D. A natureza planejou que você a produzisse em sua pele, e não a colocasse direto em sua boca. Então, seria a vitamina D realmente uma vitamina? Disponível em: www.umaoutravisao.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012. Frequentemente circulam na mídia textos de divulgação científica que apresentam informações divergentes sobre um mesmo tema. Comparando os dois textos, constata-se que o Texto II contrapõe-se ao I quando a) comprova cientificamente que a vitamina D não é uma vitamina. b) demonstra a verdadeira importância da vitamina D para a saúde. c) enfatiza que a vitamina D é mais comumente produzida pelo corpo que absorvida por meio de alimentos. d) afirma que a vitamina D existe na gordura dos peixes e no leite, não em seus derivados. e) levanta a possibilidade de o corpo humano produzir artificialmente a vitamina D. QUESTÃO 113 O bit na galáxia de Gutenberg Neste século, a escrita divide terreno com diversos meios de comunicação. Essa questão nos faz pensar na necessidade da “imbricação, na coexistência e interpretação recíproca dos diversos circuitos de produção e difusão do saber...”. É necessário relativizar nossa postura frente às modernas tecnologias, principalmente à informática. Ela é um campo novidativo, sem dúvida, mas suas bases estão nos modelos informativos anteriores, inclusive, na tradição oral e na capacidade natural de simular mentalmente os acontecimentos do mundo e antecipar as consequências de nossos atos. A impressão é a matriz que deflagrou todo esse processo comunicacional eletrônico. Enfatizo, assim, o parentesco que há entre o computador e os outros meios de comunicação, principalmente a escrita, uma visão da informática como um “desdobramento daquilo que a produção literária impressa e, anteriormente, a tradição oral já traziam consigo”. NEITZEL, L. C. Disponível em: www.geocities.com. Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado).

Ao tecer considerações sobre as tecnologias da contemporaneidade e os meios de comunicação do passado, esse texto concebe que a escrita contribui para uma evolução das novas tecnologias por a) se desenvolver paralelamente nos meios tradicionais de comunicação e informação. b) cumprir função essencial na contemporaneidade por meio das impressões em papel. c) realizar transição relevante da tradição oral para o


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progresso das sociedades humanas. d) oferecer melhoria sistemática do padrão de vida e do desenvolvimento social humano. e) fornecer base essencial para o progresso das tecnologias de comunicação informação. QUESTÃO 114 Manta que costura causos e histórias no seio de uma família serve de metáfora da memória em obra escrita por autora portuguesa O que poderia valer mais do que a manta para aquela família? Quadros de pintores famosos? Joias de rainha? Palácios? Uma manta feita de centenas de retalhos de roupas velhas aquecia os pés das crianças e a memória da avó, que a cada quadrado apontado por seus netos resgatava de suas lembranças uma história. Histórias fantasiosas como a do vestido com um bolso que abrigava um gnomo comedor de biscoitos; histórias de traquinagem como a do calção transformado em farrapos no dia em que o menino, que gostava de andar de bicicleta de olhos fechados, quebrou o braço; histórias de saudades, como o avental que carregou uma carta por mais de um mês... Muitas histórias formavam aquela manta. Os protagonistas eram pessoas da família, um tio, uma tia, o avô, a bisavó, ela mesma, os antigos donos das roupas. Um dia, a avó morreu, e as tias passaram a disputar a manta, todas a queriam, mais do que aos quadros, joias e palácios deixados por ela. Felizmente, as tias conseguiram chegar a um acordo, e a manta passou a ficar cada mês na casa de uma delas. E os retalhos, à medida que iam se acabando, eram substituídos por outros retalhos, e novas e antigas histórias foram sendo incorporadas à manta mais valiosa do mundo.

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limitado a isso, já que consiste numa forma organizacional que tanto pode ser concebida para o papel como para os ambientes digitais. É claro que o texto virtual permite concretizar certos aspectos que, no papel, são praticamente inviáveis: a conexão imediata, a comparação de trechos de textos na mesma tela, o “mergulho” nos diversos aprofundamentos de um tema, como se o texto tivesse camadas, dimensões ou planos. RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Considerando-se a linguagem específica de cada sistema de comunicação, como rádio, jornal, TV, internet, segundo o texto, a hipertextualidade configura-se como um(a) a) elemento originário dos textos eletrônicos. b) conexão imediata e reduzida ao texto digital. c) novo modo de leitura e de organização da escrita. d) estratégia de manutenção do papel do leitor com perfil definido. e) modelo de leitura baseado nas informações da superfície do texto. QUESTÃO 116

LASEVICIUS, A. Língua Portuguesa, São Paulo. n. 76, 2012 (adaptado).

A autora descreve a importância da manta para aquela família, ao verbalizar que “novas e antigas histórias foram sendo incorporadas à manta mais valiosa do mundo”. Essa valorização evidencia-se pela a) oposição entre os objetos de valor, como joias, palácios e quadros, e a velha manta. b) descrição detalhada dos aspectos físicos da manta, como cor e tamanho dos retalhos. c) valorização da manta como objeto de herança familiar disputado por todos. d) comparação entre a manta que protege do frio e a manta que aquecia os pés das crianças. e) correlação entre os retalhos da manta e as muitas histórias de tradição oral que os formavam. QUESTÃO 115 O hipertexto permite – ou, de certo modo, em alguns casos, até mesmo exige – a participação de diversos autores na sua construção, a redefinição dos papéis de autor e leitor e a revisão dos modelos tradicionais de leitura e de escrita. Por seu enorme potencial para se estabelecerem conexões, ele facilita o desenvolvimento de trabalhos coletivamente, o estabelecimento da comunicação e a aquisição de informação de maneira cooperativa. Embora haja quem identifique o hipertexto exclusivamente com os textos eletrônicos, produzidos em determinado tipo de meio ou de tecnologia, ele não deve ser

Disponível em: http://orion-oblog.blogspot.com.br. Acesso em: 6 jun. 2012 (adaptado).

O cartaz aborda a questão do aquecimento global. A relação entre os recursos verbais e não verbais nessa propaganda revela que a) o discurso ambientalista propõe formas radicais de resolver os problemas climáticos. b) a preservação da vida na Terra depende de ações de dessalinização da água marinha. c) a acomodação da topografia terrestre desencadeia o natural degelo das calotas polares. d) o descongelamento das calotas polares diminui a quantidade de água doce potável do mundo. e) a agressão ao planeta é dependente da posição assumida pelo homem frente aos problemas ambientais. QUESTÃO 117 Mesmo tendo a trajetória do movimento interrompida com a prisão de seus dois líderes, o tropicalismo não deixou de cumprir seu papel de vanguarda na música popular brasileira. A partir da década de 70 do século passado, em


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lugar do produto musical de exportação de nível internacional prometido pelos baianos com a “retomada da linha evolutória”, instituiu-se nos meios de comunicação e na indústria do lazer uma nova era musical.

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QUESTÃO 119

TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalismo. São Paulo: Art, 1986 (adaptado).

A nova era musical mencionada no texto evidencia um gênero que incorporou a cultura de massa e se adequou à realidade brasileira. Esse gênero está representado pela obra cujo trecho da letra é: a) A estrela d’alva I No céu desponta I E a lua anda tonta I Com tamanho esplendor. (As pastorinhas, Noel Rosa e João de Barro) b) Hoje I Eu quero a rosa mais linda que houver I Quero a primeira estrela que vier I Para enfeitar a noite do meu bem. (A noite do meu bem, Dolores Duran) c) No rancho fundo I Bem pra lá do fim do mundo I Onde a dor e a saudade I Contam coisas da cidade. (No rancho fundo, Ary Barroso e Lamartine Babo) d) Baby Baby I Não adianta chamar I Quando alguém está perdido I Procurando se encontrar. (Ovelha negra, Rita Lee) e) Pois há menos peixinhos a nadar no mar I Do que os beijinhos que eu darei I Na sua boca. (Chega de saudade, Tom Jobim e Vinicius de Moraes) QUESTÃO 118

Disponível em: http://clubedamafalda.blogspol.com.br. Acesso em: 21 set. 2011.

Nessa charge, o recurso morfossintático que colabora para o efeito de humor está indicado pelo(a) a) emprego de uma oração adversativa, que orienta a quebra da expectativa ao final. b) uso de conjunção aditiva, que cria uma relação de causa e efeito entre as ações. c) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos. d) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um tratamento formal do filho em relação à “mãe”. e) repetição da forma verbal “é”, que reforça a relação de adição existente entre as orações. QUESTÃO 120

Futebol: “A rebeldia é que muda o mundo” Conheça a história de Afonsinho, o primeiro jogador do futebol brasileiro a derrotar a cartolagem e a conquistar o Passe Livre, há exatos 40 anos Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez, então com a camisa do Santos (porque depois voltaria a atuar pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos), em 1972, quando foi questionado se, finalmente, sentia-se um homem livre. O Rei respondeu sem titubear: – Homem livre no futebol só conheço um: o Afonsinho. Este sim pode dizer, usando as suas palavras, que deu o grito de independência ou morte. Ninguém mais. O resto é conversa. Apesar de suas declarações serem motivo de chacota por parte da mídia futebolística e até dos torcedores brasileiros, o Atleta do Século acertou. E provavelmente acertaria novamente hoje. Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele ano. Pelo reconhecimento do caráter e personalidade de um dos jogadores mais contestadores do futebol nacional. E principalmente em razão da história de luta – e vitória – de Afonsinho sobre os cartolas. ANDREUCCI, R. Disponível em: http://carosamigos.terra.com.br. Acesso em: 19 ago. 2011.

O autor utiliza marcas linguísticas que dão ao texto um caráter informal. Uma dessas marcas é identificada em: a) “[...]” o Atleta do Século acertou.” b) “O Rei respondeu sem titubear [...]”. c) “E provavelmente acertaria novamente hoje.” d) “Pelé estava se aposentando pra valer pela primeira vez [...]”. e) “Pela admiração por um de seus colegas de clube daquele ano.”

Disponível em: www.filosofia.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010.

Pelas características da linguagem visual e pelas escolhas vocabulares, pode-se entender que o texto possibilita a reflexão sobre uma problemática contemporânea ao a) criticar o transporte rodoviário brasileiro, em razão da grande quantidade de caminhões nas estradas. b) ironizar a dificuldade de locomoção no trânsito urbano, devida ao grande fluxo de veículos. c) expor a questão do movimento como um problema existente desde tempos antigos, conforme frase citada. d) restringir os problemas de tráfego a veículos particulares, defendendo, como solução, o transporte público. e) propor a ampliação de vias nas estradas, detalhando o espaço exíguo ocupado pelos veículos nas ruas. QUESTÃO 121 Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela


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Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês gripe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado. RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 novo 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é: a) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.” b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]”. c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.” d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...]”. e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.” QUESTÃO 122 Capítulo LlV – A pêndula Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a contálas assim: – Outra de menos... – Outra de menos... – Outra de menos... – Outra de menos... O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre. Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque a) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros. b) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a

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inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo. c) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas. d) o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas. e) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio. QUESTÃO 123 Para Carr, internet atua no comércio da distração Autor de “A Geração Superficial” analisa a influência da tecnologia na mente O jornalista americano Nicholas Carr acredita que a internet não estimula a inteligência de ninguém. O autor explica descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro humano e teoriza sobre a influência da internet em nossa forma de pensar. Para ele, a rede torna o raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários. Mais: Carr afirma que há empresas obtendo lucro com a recente fragilidade de nossa atenção. “Quanto mais tempo passamos on-line e quanto mais rápido passamos de uma informação para a outra, mais dinheiro as empresas de internet fazem”, avalia. “Essas empresas estão no comércio da distração e são experts em nos manter cada vez mais famintos por informação fragmentada em partes pequenas. É claro que elas têm interesse em nos estimular e tirar vantagem da nossa compulsão por tecnologia.” ROXO, E. Folha de S. Paulo, 18 fev. 2012 (adaptado).

A crítica do jornalista norte-americano que justifica o título do texto é a de que a internet a) mantém os usuários cada vez menos preocupados com a qualidade da informação. b) torna o raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários. c) desestimula a inteligência, de acordo com descobertas científicas sobre o cérebro. d) influencia nossa forma de pensar com a superficialidade dos meios eletrônicos. e) garante a empresas a obtenção de mais lucro com a recente fragilidade de nossa atenção. QUESTÃO 124 Na verdade, o que se chama genericamente de índios é um grupo de mais de trezentos, povos que, juntos, falam mais de 180 línguas diferentes. Cada um desses povos possui diferentes histórias, lendas, tradições, conceitos e olhares sobre a vida, sobre a liberdade, sobre o tempo e sobre a natureza. Em comum, tais comunidades apresentam a profunda comunhão com o ambiente em que vivem, o respeito em relação aos indivíduos mais velhos, a preocupação com as futuras gerações, e o senso de que a felicidade individual depende do êxito do grupo. Para eles, o sucesso é resultado de uma construção coletiva. Estas ideias, partilhadas pelos povos indígenas, são indispensáveis para construir qualquer noção moderna de civilização. Os verdadeiros representantes do atraso no nosso país não são os índios, mas aqueles que se pautam por visões


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preconceituosas e ultrapassadas de “progresso”. AZZI, R. As razões de ser guarani-kaiowá. Disponível em: www.outraspalavras.net. Acesso em: 7 dez. 2012.

Considerando-se as informações abordadas no texto, ao iniciá-lo com a expressão “Na verdade”, o autor tem como objetivo principal a) expor as características comuns entre os povos indígenas no Brasil e suas ideias modernas e civilizadas. b) trazer uma abordagem inédita sobre os povos indígenas no Brasil e, assim, ser reconhecido como especialista no assunto. c) mostrar os povos indígenas vivendo em comunhão com a natureza, e, por isso, sugerir que se deve respeitar o meio ambiente e esses povos. d) usar a conhecida oposição entre moderno e antigo como uma forma de respeitar a maneira ultrapassada como vivem os povos indígenas em diferentes regiões do Brasil. e) apresentar informações pouco divulgadas a respeito dos indígenas no Brasil, para defender o caráter desses povos como civilizações, em contraposição a visões preconcebidas. QUESTÃO 125

a) b) c) d) e)

33 reconhece a espécie do animal avistado. tem dúvida sobre a pronúncia do nome do réptil. desconsidera o conteúdo linguístico da pergunta. constata o fato de um bicho cruzar a frente do carro. apresenta duas possibilidades de sentido para a mesma palavra.

QUESTÃO 127

(Tradução da placa: “Não me esqueçam quando eu for um nome importante.”) NAZARETH, P. Mercado de Artes I Mercado de Bananas. Miami Art Basel, EUA, 2011. Disponível em: www.40forever.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

CURY, C. Disponível em: http://tirasnacionais.blogspot.com. Acesso em: 13 nov. 2011.

A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude a) crítica, expressa pelas ironias. b) resignada, expressa pelas enumerações. c) indignada, expressa pelos discursos diretos. d) agressiva, expressa pela contra-argumentação. e) alienada, expressa pela negação da realidade. QUESTÃO 126 Dúvida Dois compadres viajavam de carro por uma estrada de fazenda quando um bicho cruzou a frente do carro. Um dos compadres falou: – Passou um largato ali! O outro perguntou: – Lagarto ou largato? O primeiro respondeu: – Num sei não, o bicho passou muito rápido. Piadas coloridas. Rio de Janeiro: Gênero, 2006.

Na piada, a quebra de expectativa contribui para produzir o efeito de humor. Esse efeito ocorre porque um dos personagens

A contemporaneidade identificada na performance / instalação do artista mineiro Paulo Nazareth reside principalmente na forma como ele a) resgata conhecidas referências do modernismo mineiro. b) utiliza técnicas e suportes tradicionais na construção das formas. c) articula questões de identidade, território e códigos de linguagens. d) imita o papel das celebridades no mundo contemporâneo. e) camufla o aspecto plástico e a composição visual de sua montagem.


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QUESTÃO 128 Quadrinho quadrado

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O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais. b) forma clássica da construção poética brasileira. c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol. d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética. e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais. QUESTÃO 130 O que a internet esconde de você

XAVIER, C. Disponível em: www.releituras.com. Acesso em: 24 abr. 2010

Sites de busca manipulam resultados. Redes sociais decidem quem vai ser seu amigo – e descartam as pessoas sem avisar. E, para cada site que você pode acessar, há 400 outros invisíveis. Prepare-se para conhecer o lado oculto da internet.

Os objetivos que motivam os seres humanos a estabelecer comunicação determinam, em uma situação de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se caracteriza por a) tentar persuadir o leito acerca da necessidade de se tomarem certas medidas para a elaboração de um livro. b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta para sua obra seus sonhos e histórias. c) apontar para o estabelecimento de interlocução de modo superficial e automático, entre o leitor o livro. d) fazer um exercício de reflexão a respeito do princípios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro. e) retratar as etapas do processo de produção de um livro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra. QUESTÃO 129

GRAVATA, A. Super interessante, São Paulo, ed. 297, nov. 2011 (adaptado).

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prol Gráfica, 2012.

Analisando-se as informações verbais e a imagem associada a uma cabeça humana, compreende-se que a venda a) representa a amplitude de informações que compõem a internet, às quais temos acesso em redes sociais e sites de busca. b) faz uma denúncia quanto às informações que são omitidas dos usuários da rede, sendo empregada no sentido conotativo. c) diz respeito a um buraco negro digital, onde estão escondidas as informações buscadas pelo usuário nos sites que acessa. d) está associada a um conjunto de restrições sociais presentes na vida daqueles que estão sempre conectados à internet.


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e) remete às bases de dados da web, protegidas por senhas ou assinaturas e às quais o navegador não tem acesso. QUESTÃO 131 O que é bullying virtual ou cyberbullying? É o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mensagens difamatórias ou ameaçadoras circulando por emails, sites, blogs (os diários virtuais), redes sociais e celulares. É quase uma extensão do que dizem e fazem na escola, mas com o agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara. Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos ou formar novos”, explica Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Disponível em: http://revistaescola.abríLcom.br. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado).

Segundo o texto, com as tecnologias de informação e comunicação, a prática do bullying ganha novas nuances de perversidade e é potencializada pelo fato de a) atingir um grupo maior de espectadores. b) dificultar a identificação do agressor incógnito. c) impedir a retomada de valores consolidados pela vítima. d) possibilitar a participação de um número maior de autores. e) proporcionar o uso de uma variedade de ferramentas da internet. QUESTÃO 132 Casados e independentes

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a) exemplifica o aumento da expectativa de vida da população. b) explica o crescimento da confiança na instituição do casamento. c) mostra que a população brasileira aumentou nos últimos cinco anos. d) indica que as taxas de casamento e emprego cresceram na mesma proporção. e) sintetiza o crescente número de casamentos e de ocupação no mercado de trabalho. QUESTÃO 133 Lusofonia rapariga: s.f., fem. de rapaz: mulher nova; moça; menina; (Brasil), meretriz. Escrevo um poema sobre a rapariga que está sentada no café, em frente da chávena de café, enquanto alisa os cabelos com a mão, Mas não posso escrever este poema sobre essa rapariga porque, no brasil, a palavra rapariga não quer dizer o que ela diz em portugal. Então, terei de escrever a mulher nova do café, a jovem do café, a menina do café, para que a reputação da pobre rapariga que alisa os cabelos com a mão, num café de lisboa, não fique estragada para sempre quando este poema atravessar o atlântico para desembarcar no rio de janeiro. E isto tudo sem pensar em áfrica, porque aí lá terei de escrever sobre a moça do café, para evitar o tom demasiado continental da rapariga; que é uma palavra que já me está a pôr com dores de cabeça até porque, no fundo, a única coisa que eu queria era escrever um poema sobre a rapariga do café. A solução, então, é mudar de café, e limitar-me a escrever um poema sobre aquele café onde nenhuma [rapariga se pode sentar à mesa porque só servem café ao balcão. JÚDICE, N. Matéria do Poema. Lisboa: D. Quixote, 2008.

Um novo levantamento do IBGE mostra que o número de casamentos entre pessoas na faixa dos 60 anos cresce, desde 2003, a um ritmo 60% maior que o observado na população brasileira como um todo...

...e um fator determinante é que cada vez mais pessoas nessa idade estão no mercado de trabalho, o que lhes garante a independência financeira necessária para o matrimônio.

O texto traz em relevo as funções metalinguística e poética. Seu caráter metalinguístico justifica-se pela a) discussão da dificuldade de se fazer arte inovadora no mundo contemporâneo. b) defesa do movimento artístico da pós-modernidade, típico do século XX. c) abordagem de temas do cotidiano, em que a arte se volta para assuntos rotineiros. d) tematização do fazer artístico, pela discussão do ato de construção da própria obra. e) valorização do efeito de estranhamento causado no público, o que faz a obra ser reconhecida. QUESTÃO 134

Fontes: IBGE e Organização Internacional do Trabalho (OIT) * Com base no último dado disponível, de 2008 Veja, São Paulo, 21 abr. 2010 (adaptado).

Os gráficos expõem dados estatísticos por meio de linguagem verbal e não verbal. No texto, o uso desse recurso

Art. 2o Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. [...] Art. 3o A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social,


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em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4o É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária [...] BRASIL. Lei n. 8 069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. Disponível em: www.planalto.gov.br (fragmento).

Para cumprir sua função social, o Estatuto da criança e do adolescente apresenta características próprias desse gênero quanto ao uso da língua e quanto à composição textual. Entre essas características, destaca-se o emprego de a) repetição vocabular para facilitar o entendimento. b) palavras e construções que evitem ambiguidade. c) expressões informais para apresentar os direitos. d) frases na ordem direta para apresentar as informações mais relevantes. e) exemplificações que auxiliem a compreensão dos conceitos formulados. QUESTÃO 135 O sociólogo espanhol Manuel Castells sustenta que “a comunicação de valores e a mobilização em torno do sentido são fundamentais. Os movimentos culturais (entendidos como movimentos que têm como objetivo defender ou propor modos próprios de vida e sentido) constroem-se em torno de sistemas de comunicação – essencialmente a internet e os meios de comunicação – porque esta é a principal via que esses movimentos encontram para chegar àquelas pessoas que podem eventualmente partilhar os seus valores, e a partir daqui atuar na consciência da sociedade no seu conjunto”. Disponível em: www.compolitica.org. Acesso em: 2 mar. 2012 (adaptado).

Em 2011, após uma forte mobilização popular via redes sociais, houve a queda do governo de Hosni Mubarak, no Egito. Esse evento ratifica o argumento de que a) a internet atribui verdadeiros valores culturais aos seus usuários. b) a consciência das sociedades foi estabelecida com o advento da internet. c) a revolução tecnológica tem como principal objetivo a deposição de governantes antidemocráticos. d) os recursos tecnológicos estão a serviço dos opressores e do fortalecimento de suas práticas políticas. e) os sistemas de comunicação são mecanismos importantes de adesão e compartilhamento de valores sociais. RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS – ENEM2013 Questões de 91 a 95 (opção inglês) QUESTÃO 91: Alternativa C De volta às tradicionais e cômicas tirinhas ou charges do Enem. Calvin tenta explicar ao pai de maneira culta e articulada que é uma vítima do sistema e que seus erros acontecem por conta de má influência e valores corrompidos. O pai, não comovido com a estória do filho e na certeza de que ele ainda precisa desenvolver sua personalidade e valore sociais, manda-o retirar

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a neve da entrada da casa. Calvin muito desapontado, conclui que as conversas nunca chegam ao ponto que ele pretende. Questão de âmbito cultural que chega a ser difícil, pois permeia o assunto sobre conhecimentos e interações humanas. A chave para sua solução está no último quadrinho, que pela imagem de descontentamento e a própria fala de Calvin, mostram que o resultado da discussão foi diferente do que ele queria, contemplando o que pede o enunciado da pergunta. A redação das alternativas utiliza dos falsos cognatos e outras palavras presentes na charge para conduzir os mais apressadinhos ao erro, como na alternativa D, em que a palavra FAULT, presente no primeiro quadro da charge, é relacionada a fazer falta, quando na verdade significa CULPA. QUESTÃO 92: Alternativa C Esta generosa questão nos traz uma situação muito comum na comunicação eletrônica: o comentário relacionado ao tema abordado em um site. O texto fala basicamente sobre a campanha para inclusão e diversidade cultural lançada pela Aliança das Nações Unidas das Civilizações, incentivando e indicando formas de como participar e celebrar o dia mundial da diversidade cultural. Nesta questão, tínhamos que julgar como apropriado um dos comentários tecidos sobre o artigo das Nações Unidas. A dica quatro do texto dizia: “Spread your own culture around the world and learn about other cultures”, ou seja, “Espalhe sua própria cultura ao redor do mundo e aprenda sobre outras culturas”. Todas as alternativas traziam comentários que abordavam superficialmente questões culturais, porém, nestes casos, uma boa dica é procurar buscar a alternativa mais significativa em relação ao assunto abordado. A alternativa “C” traz o comentário mais adequado e as informações mais correspondentes a abordagem da ONU sobre os assuntos diversidade cultural e inclusão, pois trata da menção de um programa mundialmente reconhecido como “Youth Ambassadors” ou “Jovens Embaixadores”. QUESTÃO 93: Alternativa A Quando o assunto tratado é um artigo de jornal, revista ou site de notícias, podemos somente esperar que o tema de tal artigo seja prontamente revelado na manchete de jornal, título do artigo de revista ou na página inicial do site. Vamos recordar: “After prison blazes kills hundreds in prison in Honduras, UN warns overcrowding.” Sendo o enunciado da questão: “Os noticiários destacam acontecimentos diários, que são veiculados em jornal impresso, rádio, televisão e internet. Neste texto, o assunto reportado é a:” Se na indagação utilizada na prova lêssemos “Neste/a artigo/manchete o assunto reportado é a:”, imediatamente nos concentraríamos no título, tornando esta uma questão mais fácil. E agora vamos à resolução. Este artigo não foi adaptado para leitores brasileiros como frequentemente podemos notar nos rodas-pés de créditos de inúmeras provas que todos nós já fizemos. Nesta, vários termos não são tão familiares assim. Usaremos um glossário para nos “aproximar” do assunto: Blaze=fire=fogo=incêndio Overcrowding=overpopulation=superpopulação=lotação Tackle=resolve=resolver=encarar Adviser=consultant=consultor=conselheiro Toll=number=número Thorough=complete=complete As Nações Unidas compõem um órgão internacional que tenta garantir que os direitos humanos sejam respeitados, assim, um incêndio onde trezentas vidas humanas são perdidas por conta de superpopulação em um presídio, num país do terceiro mundo como Honduras, se torna uma ocorrência obrigatória, não


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somente de averiguação, mas também de orientação. Um representante da ONU chamou atenção ao problema de super lotação nos presídios do terceiro mundo dizendo que ela pode ter sido responsável pelo elevado número de mortes neste acontecimento. Para concluir, você pode ainda ter ficado em dúvida entre as alternativas A e B, porém, se lembrarmos o verdadeiro motivo pelo qual este artigo fora escrito, o pontual incêndio em um presídio em Honduras que matou mais de 300 prisioneiros, nós chegaremos à resposta certa, que é a A. Questão de nível elevado que exige bom vocabulário do estudante, para que este não se confunda. QUESTÃO 94: Alternativa B Questão labirinto da área biológica, que traz alternativas confusas por conta da menção de partes do texto-fonte em todas elas, além disso, uma questão em forma de indagação que não nos ajuda muito. Este recurso é utilizado pelo redator de prova com o intuito de selecionar candidatos através da profundidade de sua leitura. O enunciado indaga, de forma indireta (pois pergunta sobre o entendimento do texto no ponto de vista de um estudante), qual a informação principal da matéria. Para facilitar a resolução, o aluno poderia sublinhar as palavraschave entre o texto e a resposta correta: Texto - “The new research shows that mice produce the incredible painkiller – and that humans and other mammals possess the same chemical road map for making it ...” Alternativa – “Os ratos e os humanos possuem a mesma via metabólica para a produção de morfina”. Novamente, uma questão que exige vocabulário razoável do candidato para sua resolução. Sem conhecimento do significado das palavras abaixo o estudante poderia facilmente se confundir e cair na armadilha das alternativas C, D ou E. Mice=ratos Produce=produção Humans=humanos Possess=possuem The same=a mesma Road map=via metabolic Incredible painkiller=morfina QUESTÃO 95: Alternativa C O método de rastreamento e identificação de informação através da comparação entre duas línguas distintas se mostra muito eficaz e rápido na solução desta questão. Ele permite que mesmo os leitores com menor experiência na leitura e compreensão de textos em um novo código possam facilmente identificar a alternativa correta. Prestem atenção na resolução que segue: “Readersdigest.ca takes a look back at Steve Jobs and his contribution to our digital world.” E agora veremos a alternativa correta que é a C. “Enaltecer sua contribuição para o mundo digital.” Concentremos nossa atenção nas palavras sublinhadas anteriormente. Por comparação simples e rápida reconhecemos cognatos e palavras comuns da língua inglesa bem como, contribution/contribuição, digital/digital e world/mundo. Não podemos nos esquecer do verbo “Enaltecer”, que foi usado na alternativa correta (C) da questão em discussão. Ele pode ser encontrado no último parágrafo do texto na forma da expressão “pay respect to”. Esta forma de composição nos lembra que uma boa prova e um bom redator usam sempre o conteúdo total da fonte para extrair o máximo do candidato, sendo assim explore todo o vocabulário usado no texto, pois ele será utilizado nas alternativas às questões do mesmo.

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Questões de 91 a 95 (opção espanhol) QUESTÃO 91: Alternativa E Para compreender este poema, é importante saber que a palavra “cabra” em espanhol, além de dar nome ao animal, também é usada para identificar pessoas com pouco juízo, que estão loucas ou são muito esquisitas. Sabendo o anterior, podemos interpretar que o poema conta sobre uma pessoa que é chamada pelos outros de “cabra” por diferentes razões, o que poderia fazer com que ficasse brava, porém como o próprio poema indica, “En vez de mala leche yo doy llanto”. Esse verso não deve ser interpretado literarmente, como “a cabra em vez de leite ruim dá pranto”, pois poderia confundir o estudante e levá-lo a eliminar a alternativa correta. O que o eu-lírico tenta dizer no trecho é que em vez de ficar brava, a cabra chora, sendo assim, a resposta para a representação de “mala leche” no quinto verso é a opção E Capaz de transformar mau humor em pranto. Portanto, o ponto-chave para a resolução da questão estava presente na expressão “mala leche”, que ao pé da letra significa ¨leite ruim¨. O estudante que soubesse que esta conhecida expressão espanhola é usada para uma pessoa que está brava ou de mauhumor, chegaria tranquilamente à alternativa correta. QUESTÃO 92: Alternativa A O texto conta a história de uma indígena (escrava) que foi entrgue para um espanhol (Cortés) como tributo na época da conquista. Ela foi muito importante porque aprendeu a língua espanhola e foi tradutora / amante de Cortés, permitindo que este se comunicasse com o povo e aprendesse como era a vida e os costumes no reino de Moctezuma, tirando proveito, para então, poder conquistá-lo. O trecho ¨[...] pero su pueblo la llamó la Malinche, la mujer del conquistador, la traidora a los indíos.¨ (mas seu povo a chamou Malinche, a mulher do conquistador, a traidora dos indíos) já era suficiente para que o candidato chegasse a opção A, que indica que Malinche ou Malintzin atuou como intérprete do conquistador, possibilitando-lhe conhecer as fragilidades do império. Esta resposta pode se confundir com a opção B, ¨escrava dos espanhóis, colocando-se a serviço dos objetivos da coroa¨, pois apesar de escrava, seu papel mais importante e pelo qual foi dado o nome de Malinche foi por ser a intérprete do conquistador. QUESTÃO 93: Alternativa B O texto “Pensar la lengua del siglo XXI” fala sobre as diferenças entre o espanhol da Espanha e o espanhol das colônias, explicando como a real academia espanhola tenta fazer uma unificação da língua, de forma que todas as nações falem espanhol da mesma maneira que se fala na Espanha. Entretanto, o autor defende a unidade em detrimento da unificação, em que as culturas nacionais de cada língua têm suas caraterísticas que estavam impostas desde que se deu a colonização e teve início a formação dos povos. Em outras palavras, cada língua tem suas carateríticas devido as diferentes formas que os respectivos países foram colonizados, assim como, depois da independência se foram modificando as culturas segundo as outras culturas que as influenciaram. As duas últimas frases explicitam bem a ideia do texto, de que o espanhol da Espanha é uma língua dentro das 22 do mundo hispânico, e que todas têm a base do espanhol original, porém cada uma com sua própria identidade nacional que a torna diferente e a enriquece, tornando o espanhol do século XXI pluricentral. Neste sentido, a resposta que sintetiza a questão da língua espanhola no século XXI é a B, que aponta que as


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variedades do espanhol têm igual relevância linguística e cultural.

históricos, mitológicos, paisagens e objetos, ou seja, faziam a ‘arte pela arte’.

QUESTÃO 94: Alternativa C

QUESTÃO 100: Alternativa E

A charge apresenta uma situação de disputa com personagens na atualidade. Como estamos na era digital, usam como elementos para sua briga um joystick e um teclado, os quais fazem referência a um duelo eletrônico. Como há poucas palavras e o vocabulário é simples, uma vez que a maioria das palavras podem ser facilmente traduzidas, cabia ao estudante apenas interpretar da maneira correta a charge para resolver a questão. O efeito humorístico reside na substituição dos objetos tradicionais de um duelo por equipamentos que remetem a nossa atualidade / realidade, motivo pelo qual a resposta correta é a C, "sugestão de armas não convencionais para um duelo".

A questão cobrava do candidato um conhecimento mais extenso de vocabulário, uma vez que o termo “tombamento” é polissêmico, isto é, apresenta vários significados. Além de “sofrer uma queda”, o termo significa também “colocar sob a guarda do governo, imóveis de interesse histórico”, significado apropriado ao texto em questão.

QUESTÃO 95: Alternativa C Duerme negrito é uma cantiga que conta como um bebê tem que ficar em casa com outra pessoa enquanto a mãe tem que trabalhar muito no campo, sem receber salário. O enunciado questiona qual é a problemática social que a cantiga traz, e a resposta pode ser encontrada nas duas últimas passagens da canção “Trabajando e no le pagan” e “trabajando si”, as quais direcionam o aluno para a alternativa C, “retratar a precariedade das relações de trabalho no campo”. Esta questão ainda poderia ser resolvida tranquilamente por eliminação de alternativas, pois todas as outras respostas não apresentavam nenhuma problemática.

QUESTÃO 101: Alternativa A O primeiro parágrafo do texto apresenta informações sobre as mudanças de hábitos alimentares dos jovens, enquanto o segundo apresenta informações sobre a prática de atividades físicas (ou melhor, a falta dela). Já o terceiro parágrafo, relaciona as informações anteriores, apresentando o impacto dessa combinação na saúde dos jovens. Essa relação é apresentada na alternativa A. QUESTÃO 102: Alternativa C

Questões de 96 a 135

O artista coloca, frente a frente, duas crianças puxando um trem, um de brinquedo e outro real, realçando, dessa forma a disparidade social existente entre elas e provocando uma reflexão sobre essa diferença, conforme apresentado na alternativa C. Não existe, na obra, nenhuma menção à origem de tal diferença, nem proposta de solução para o problema, tampouco referência à maneira como diferentes países tratam a questão. É uma obra de temática ampla, universal e atemporal.

QUESTÃO 96: Alternativa A

QUESTÃO 103: Alternativa D

O texto da questão apresenta uma descrição escolar a respeito da Bandeira Nacional, que evidencia o patriotismo do período e serve como retrato de época para o leitor atual.

Quando o autor afirma que o jogo é acompanhado “de uma consciência de ser diferente da ‘vida quotidiana’”, deixa claro que essa atividade permite experiências inusitadas, conforme apresenta a alternativa D. Embora o texto fale em regras, não menciona táticas, técnicas, tecnologia ou competitividade, mesmo que, implicitamente esses elementos possam estar presentes, de modo geral, nas atividades lúdicas. Para a resolução desta questão, era importante também que o candidato tivesse um vocabulário amplo, para relacionar o adjetivo ‘lúdico’ ao substantivo ‘jogo’.

QUESTÃO 97: Alternativa C Os dois textos, embora com linguagens distintas (verbal – que emprega palavras e não-verbal – que emprega imagens ou outros códigos), mostram a chegada dos colonizadores ao Brasil. A carta de Caminha é o primeiro documento a respeito dos indígenas e apresenta uma visão do homem dito ‘civilizado’ sobre os nativos, a partir da mentalidade europeia dos séculos XV-XVI. Já a pintura de Portinari, com um olhar mais crítico, apresenta a surpresa dos nativos em relação à chegada dos colonizadores. QUESTÃO 98: Alternativa A A repetição ‘insistente’ tem a intenção de transmitir ao leitor a intensidade do sofrimento físico (“de corpo”) e moral (“de alma”), capazes de gerar, nos meninos, um sentimento de ódio pela sociedade, responsável por tal tratamento cruel. QUESTÃO 99: Alternativa A Embora seja parnasiano, este poema difere da temática frequente nessa escola literária, pois discute a questão metafísica da oposição Essência X Aparência (“Quanta gente que ri, talvez existe,/ Cuja ventura única consiste / Em parecer aos outros venturosa”). O Parnasianismo tinha um apreço pelo rigor formal (a estrutura mais empregada era o soneto e as rimas sempre ricas ou raras), nem sempre importando o conteúdo, que poderia ser uma representação de fatos

QUESTÃO 104: Alternativa D Um mecanismo argumentativo bastante persuasivo é o emprego das formas de 1ª pessoa do plural (verbos e pronomes). Dessa forma, o autor inclui o leitor no grupo das pessoas que desenvolveram “uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação”, torna-o ‘copartícipe’ conforme indicado na alternativa C, induzindo-o a compartilhar a mesma opinião do autor. QUESTÃO 105: Alternativa B O eu-lírico faz um contraponto entre a cultura negra e a branca, enfatizando, nos versos iniciais, a tentativa (sem sucesso) de apagamento da herança cultural africana (“tentarão apagar a tua cor!” / “não apagarão de suas almas, a tua alma, negro!”). Já nos versos finais, há novamente referência ao valor da cultura negra (“eu melhor compreendo agora os teus blues”), ligando-a à apatia cultural dos brancos (“nesta hora triste da raça branca” / “A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!”).


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QUESTÃO 106: Alternativa D A coloquialidade, presente em situações informais de comunicação, aparece fortemente na letra da música, por meio do emprego de formas contraídas (pra, pro), do emprego de pronome oblíquo no início da frase (Se liga) e pela mistura de formas de 3ª pessoa (você) e 2ª pessoa (te). Essa combinação de elementos confere espontaneidade ao texto. QUESTÃO 107: Alternativa E O cartum é construído a partir de um jogo antitético (de oposições) em que contrastam as cores (branco x preto) e a direção em que caminham os personagens. Assim, o único personagem que destoa do conjunto representa uma reação ao controle, uma vez que todos os demais são representados como bonecos movidos à corda. QUESTÃO 108: Alternativa B Conforme o texto, apesar de ser originária da França, a quadrilha foi “apropriada e adaptada pelo gosto popular. (...) No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações”, como apresentado na alternativa B. Essa questão, embora abordasse questões culturais, não precisava de conhecimentos específicos, apenas de leitura atenta e identificação de informações-chaves no texto. QUESTÃO 109: Alternativa C Um pouco de gramática: aposto é o termo que esclarece/explica/especifica o termo anterior e o tipo mais comum e facilmente identificado de aposto é aquele que vem marcado por pontuação. No texto, o autor optou por colocar a pontuação por extenso, mas não deixou de empregá-la com sua função gramatical, que é manter a sequência das ideias e introduzir o aposto. QUESTÃO 110: Alternativa B O poema é de fato narrativo, mas não apresenta uma cena real, conforme a alternativa A, tampouco uma experiência teatral profissional (alt. C), uma vez que a personagem parece ser uma cozinheira (“desmanchei em rosca quinze kilos de farinha”). A surpresa fica por conta do inusitado da evolução da personagem, que é apresentada nos primeiros versos como uma pessoa simples e evolui para uma ‘diva’ do teatro, pela atuação solitária diante do espelho. QUESTÃO 111: Alternativa C Por meio do emprego da função metalinguística (em que o emissor emprega um código para fazer referência ao próprio código – neste caso, a escrita), o narrador (onisciente e ‘intruso’) expõe suas reflexões sobre a linguagem e sobre a construção da narrativa (“sou eu que escrevo o que estou escrevendo”; “esta história será o resultado de uma visão gradual”), além de apresentar reflexões existenciais (“Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou”; “como a morte parece dizer sobre a vida”). QUESTÃO 112: Alternativa C Embora ambos os textos refiram-se à importância da substância para o nosso organismo, eles se contrapõem, pois o texto II questiona se a vitamina D é mesmo vitamina, uma vez que é sintetizada por nosso corpo e não está presente numa dieta comum. A questão não é complexa, nem exige conhecimentos específicos, mas há necessidade de atenção na leitura e na

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identificação de informações-chaves em cada texto, para reconhecer a divergência nos argumentos de um e de outro. QUESTÃO 113: Alternativa E É cobrada, nesta questão, a necessidade de atenção na leitura e na identificação de palavras-chaves. A questão pede que se indique como a escrita contribui para a evolução das novas tecnologias e o texto apresenta essa informação no trecho em que afirma que “a impressão é a matriz que deflagrou todo esse processo comunicacional eletrônico.” QUESTÃO114:Alternativa E A questão exigia a identificação da metáfora presente na manta: a colcha de retalhos simbolizava a história da família, construída aos poucos, retalho por retalho, portanto todos da família faziam parte da manta, o que a fazia muito valiosa, e, por isso, disputaram-na. O ato de acrescentar retalhos na manta ao longo do tempo também contém um paralelo com a tradição oral, em que informações vão sendo transmitidas e enriquecidas com o passar do tempo. QUESTÃO 115: Alternativa C O primeiro parágrafo do texto já apresenta, no seu tópico frasal (primeira frase, a qual contém, como na dissertação, a apresentação do assunto a ser desdobrado ao longo do parágrafo) a caracterização do hipertexto: exigência de participação de mais vários autores, a alteração nos papéis dos autores e leitores, além da revisão no entendimento dos processos de leitura e escrita. Essas informações estão sintetizadas na alternativa C. QUESTÃO 116: Alternativa E Os recursos verbais (texto) e não verbais (imagem) se complementam, com a intenção de causar uma reflexão sobre o papel do leitor (e das pessoas de modo geral) na questão do aquecimento global. A pergunta “(...) você tem certeza que quer conjugar este verbo?” deixa implícito que somos, ao mesmo tempo, vítimas desse problema ambiental e responsáveis por ele. A questão exigia do candidato a percepção das várias possibilidades semânticas (de significado) e dos implícitos do verbo ‘derreter’, associadas à imagem da Terra dentro da gota. QUESTÃO 117: Alternativa D A questão exigiu do candidato algum conhecimento cultural de época. O Tropicalismo deu lugar ao rock e o grupo Os Mutantes, do qual Rita Lee era integrante, seguiu essa tendência, incorporando a cultura de massa e se adequando ao gosto popular – o refrão ‘baby, baby’, da música “Ovelha negra” é um exemplo disso. Além disso, essa música é a única, dentre as alternativas, que corresponde à época enfocada pelo enunciado da questão. QUESTÃO 118: Alternativa D A presente questão exigia que o candidato reconhecesse as diferentes normas linguísticas. Embora seja um texto de caráter informativo, pertencente ao gênero textual jornalístico e, por isso, geralmente escrito empregando-se a norma culta (aquela que respeita rigorosamente os padrões ditados pela Gramática Normativa), o autor usa uma expressão coloquial logo no início (“pra valer”), conferindo um ar de informalidade.


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QUESTÃO 119: Alternativa A Entre os aspectos estudados em Morfologia estão as Classes de Palavras. Já a Sintaxe estuda a relação entre as palavras na construção dos sentidos. A questão cobrava então o conhecimento dessas áreas para identificar que a conjunção mas, ao introduzir uma ideia de oposição entre o pecado da preguiça e o respeito devido à maternidade, introduz uma quebra de expectativa do leitor, pois transforma a preguiça em algo conveniente, como é confirmado pela postura da personagem no quadrinho.

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intenção de se fazer crítica. Na tirinha, o uso da ironia é percebido pela flagrante contradição entre a legenda e a cena/fala exposta em cada quadrinho. QUESTÃO 126: Alternativa C O efeito de humor das piadas geralmente reside na quebra de expectativa, numa reação inusitada por parte de alguma personagem. No caso do texto da questão, a graça fica por conta de um dos falantes não ter compreendido que a pergunta era de cunho linguístico e não dizia respeito ao animal propriamente dito.

QUESTÃO 120: Alternativa B QUESTÃO 127: Alternativa C Seguindo a tendência forte, o exame cobrou do candidato, nesta questão, a capacidade de relacionar o texto verbal (construído com palavras) e o texto não verbal (construído com imagens). A frase do filósofo Parmênides (“Não há movimento”) é confirmada pela imagem do congestionamento, criando uma ironia a respeito da mobilidade urbana.

QUESTÃO 121: Alternativa E Elipse é o mecanismo que permite o ‘apagamento’ de um termo que pode ser identificado pelo contexto (é o caso do sujeito elíptico ou oculto) ou pode ser reconhecido porque já foi citado anteriormente (nesse caso é uma variação da elipse, chamada ‘zeugma’). Tal procedimento é empregado, entre outras coisas, para manter a coesão textual, retomando uma ideia sem, no entanto, repetir palavras. Entre as alternativas, aquela que apresenta um sujeito elíptico é a alternativa E, na qual o verbo fizesse refere-se ao termo agarrar, presente na frase anterior.

Na instalação do artista estão presentes fortes traços contemporâneos, relacionados à globalização (identidade e território), uma vez que é um artista brasileiro, apresentando uma placa escrita em espanhol, numa exposição em Miami, EUA. Existem também outras críticas, por exemplo, ao modo como a nossa identidade cultural é vista de forma negativa, expressa pela ironia da imagem envolvendo as bananas, produto característico ligado às culturas latino-americanas. QUESTÃO 128: Alternativa D Sempre que um emissor constrói um texto existe uma intenção, a qual determina o predomínio de uma das chamadas funções da linguagem. Entre as diferentes funções está a metalinguagem, que emprega o código para fazer referência ou levantar reflexões sobre ele próprio. Ao apresentar diferentes definições sobre o objeto livro, os quadrinhos levam o leitor a refletir como o conteúdo e a forma de um livro são estruturados, conforme a alternativa D.

QUESTÃO 122: Alternativa D QUESTÃO 129: Alternativa A Ao afirmar que o barulho do relógio, nos momentos de insônia, costumava incomodar e que, naquela noite não mais o aborrecia, o narrador-personagem Brás Cubas tem seu comportamento ‘redirecionado’ e a percepção sobre o tempo, representado pelo relógio, passa a ser materializado, conforme a alternativa D. QUESTÃO 123: Alternativa E

As anotações à volta do poema constituem comentários críticos e esclarecimentos sobre os termos com que se construiu o poema modernista. Dessa forma, direcionam a leitura, enriquecendo-a com informações histórico-culturais (Cette é um clube francês; a expressão ‘meia dúzia’ é forma comum de se referir ao numeral ‘seis’, os números como versos são, na verdade, resultados dos jogos etc.).

Questão de interpretação que exigia do candidato a percepção da ideia principal, apresentada no primeiro e segundo parágrafos (“a rede torna o raciocínio (...) mais raso, além de fragmentar a atenção”) que é ‘amarrada’ com a citação presente no último parágrafo: “(...) É claro que elas têm interesse em nos estimular e tirar vantagem da nossa compulsão por tecnologia.” Essa relação entre as ideias vem sintetizada no título do texto e aponta para o que é apresentado na alternativa E.

QUESTÃO 130: Alternativa B

QUESTÃO 124: Alternativa E

QUESTÃO 131: Alternativa B

Ao iniciar o texto com a expressão “Na verdade”, o autor anuncia sua intenção de apresentar informações que contrariam o que comumente se divulga. Em seguida, vai apresentando dados que contrariam o senso comum e que fazem com que se perceba que são povos com um grau de civilização semelhante às noções modernas, embora ainda sejam vistos por muitas pessoas sob um olhar preconceituoso. Assim, a alternativa E é a que vai ao encontro dessa interpretação.

Ao afirmar que ‘o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentário e das ameaças”, o texto destaca a dificuldade de identificação da autoria e da inibição do comportamento, como afirma a alternativa B.

QUESTÃO 125: Alternativa A A figura de linguagem denominada ironia é caracterizada pela expressão do contrário daquilo que se pensa, geralmente com a

Mais uma questão do Enem 2013 que cobrava do candidato a leitura do texto verbal (que emprega palavras) em conjunto com o texto não-verbal (que emprega imagens). O texto da revista faz menção à manipulação e ocultação de informações, o que é reforçado pelo pano preto vendando a figura humana, numa representação da impossibilidade de ver a realidade.

QUESTÃO 132: Alternativa E Leitura e interpretação de gráficos também é presença frequente nas questões do Enem, em diferentes áreas do conhecimento. Na presente questão, existe apenas a síntese da evolução no número de matrimônios na faixa etária em destaque e a participação destas pessoas no mercado de trabalho. Não há exemplificação e/ou explicação para o fenômeno, relação dele


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com a questão da confiança na instituição do casamento, tampouco as taxas cresceram do mesmo modo. A alternativa adequada é, portanto, a letra E. QUESTÃO 133: Alternativa D Quando um texto verbal tem como tema/objeto o próprio idioma em que ele é construído, diz-se que está presente a função metalinguística (ou metalinguagem). É o que temos no presente texto, a começar pelo título (“Lusofonia”, palavra que está relacionada aos países e regiões em que se fala a Língua Portuguesa) e, ao longo do texto, uma reflexão a respeito do significado diferente que o termo ‘rapariga’ pode assumir nos países lusófonos. Está presente também a função poética, visto se tratar de uma poesia (mesmo que com versos livres, sem métrica fixa e sem rima). A alternativa que se refere a construção da própria obra e seus elementos é a alternativa D. QUESTÃO 134: Alternativa B Os textos deste gênero (jurídico) são construídos com o emprego da variante culta da língua (aquela que obedece rigorosamente às regras da Gramática Normativa), mas apenas isso não é suficiente para que as ideias sejam expressas com clareza. Dentro da norma culta e do vocabulário específico da área jurídica, também são feitas escolhas de palavras e construções que evitem a ambiguidade. QUESTÃO 135: Alternativa E Questão de interpretação que exigia do candidato a identificação da ideia principal e os argumentos de sua sustentação. Ao afirmar que a internet é um dos sistemas pelo qual os movimentos culturais alcançam as pessoas que partilham os mesmos valores, o pensador dá a dimensão da importância desses meios e das redes sociais, as quais foram empregadas para a mobilização popular no Egito. A relação entre as ideias do sociólogo e o evento político dá força ao argumento expresso pela alternativa E.

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ENEM 2014 – LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 91 a 95 (opção inglês) QUESTÃO 91

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(Global English) é uma variedade da língua inglesa que a) tem status de língua por refletir uma cultura global. b) facilita o entendimento entre o falante nativo e o não nativo. c) tem as mesmas características de projetos utópicos como o esperanto. d) altera a estrutura do idioma para possibilitar a comunicação internacional. e) apresenta padrões de fala idênticos aos da variedade usada pelos falantes nativos. QUESTÃO 93 A Tall Order The sky isn’t the limit for an architect building the world’s first invisible skyscraper.

Disponível em: http://wefeedback.org. Acesso em: 30 jul. 2012.

A internet tem servido a diferentes interesses, ampliando, muitas vezes, o contato entre pessoas e instituições. Um exemplo disso é o site WeFeedback, no qual a internauta Kate Watts a) comprou comida em promoção. b) inscreveu-se em concurso. c) fez doação para caridade. d) participou de pesquisa de opinião. e) voluntariou-se para trabalho social. QUESTÃO 92 If You Can’t Master English, Try Globish PARIS — It happens all the time: during an airport delay the man to the left, a Korean perhaps, starts talking to the man opposite, who might be Colombian, and soon they are chatting away in what seems to be English. But the native English speaker sitting between them cannot understand a word. They don’t know it, but the Korean and the Colombian are speaking Globish, the latest addition to the 6,800 languages that are said to be spoken across the world. Not that its inventor, Jean-Paul Nerrière, considers it a proper language. “It is not a language, it is a tool,” he says. “A language is the vehicle of a culture. Globish doesn’t want to be that at all. It is a means of communication.” Nerrière doesn’t see Globish in the same light as utopian efforts such as Kosmos, Volapuk, Novial or staunch Esperanto. Nor should it be confused with barbaric Algol (for Algorithmic language). It is a sort of English lite: a means of simplifying the language and giving it rules so it can be understood by all. BLUME, M. Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 28 out. 2013 (fragmento).

Considerando as ideias apresentadas no texto, o Globish

Charles Wee, one of the world’s leading high-rise architects, has a confession to make: he’s bored with skyscrapers. After designing more than 30, most of which punctuate the skylines of rapidly expanding Asian cities, he has struck upon a novel concept: the first invisible skyscraper. As the tallest structure in South Korea, his Infinity Tower will loom over Seoul until somebody pushes a button and it completely disappears. When he entered a 2004 competition to design a landmark tower, the Korean-American architect rejected the notion of competing with Dubai, Toronto, and Shanghai to reach the summit of man-made summits. “I thought, let’s not jump into this stupid race to build another ‘tallest’ tower,” he says in a phone conversation. “Let’s take an opposite approach — let’s make an anti-tower.” The result will be a 150-story building that fades from view at the flick of a switch. The tower will effectively function as an enormous television screen, being able to project an exact replica of whatever is happening behind it onto its façade. To the human eye, the building will appear to have melted away. It will be the most extraordinary achievement of Wee’s stellar architectural career. After graduating from UCLA, he worked under Anthony Lumsden, a prolific Californian architect who helped devise the modem technique of wrapping buildings inside smooth glass skins. HINES, N. Disponível em: http://mag.newsweek.com. Acesso em: 13 out. 2013 (adaptado).

No título e no subtítulo desse texto, as expressões A Tall Order e The sky isn’t the limit são usadas para apresentar uma matéria cujo tema é: a) Inovações tecnológicas usadas para a construção de um novo arranha-céu em Seul. b) Confissões de um arquiteto que busca se destacar na construção de arranha-céus. c) Técnicas a serem estabelecidas para a construção de edifícios altos na Califórnia. d) Competição entre arquitetos para a construção do edifício mais alto do mundo. e) Construção de altas torres de apartamentos nas grandes metrópoles da Ásia. QUESTÃO 94 Come you masters of war You that build all the guns


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You that build the death planes You that build all the bombs You that hide behind walls You that hide behind desks I just want you to know I can see through your masks. You that never done nothin’ But build to destroy You play with my world Like it’s your little toy You put a gun in my hand And you hide from my eyes And you turn and run farther When the fast bullets fly. Like Judas of old You lie and deceive A world war can be won You want me to believe But I see through your eyes And I see through your brain Like I see through the water That runs down my drain. BOB DYLAN. The Freewheelin’ Bob Dylan.Nova York: Columbia Records, 1963 (fragmento).

Na letra da canção Masters of War, há questionamentos e reflexões que aparecem na forma de protesto contra a) o envio de jovens à guerra para promover a expansão territorial dos Estados Unidos. b) o comportamento dos soldados norte-americanos nas guerras de que participaram. c) o sistema que recruta soldados para guerras motivadas por interesses econômicos. d) o desinteresse do governo pelas famílias dos soldados mortos em campos de batalha. e) as Forças Armadas norte-americanas, que enviavam homens despreparados para as guerras. QUESTÃO 95 The Road Not Taken (by Robert Frost) Two roads diverged in a wood, and I — I took the one less traveled by, And that has made all the difference. Disponível em: www.poetryfoundation.org. Acesso em: 29 nov. 2011 (fragmento).

Estes são os versos finais do famoso poema The Road Not Taken, do poeta americano Robert Frost. Levando-se em consideração que a vida é comumente metaforizada como uma viagem, esses versos indicam que o autor a) festeja o fato de ter sido ousado na escolha que fez em sua vida. b) lamenta por ter sido um viajante que encontrou muitas bifurcações. c) viaja muito pouco e que essa escolha fez toda a diferença em sua vida. d) reconhece que as dificuldades em sua vida foram todas superadas. e) percorre várias estradas durante as diferentes fases de sua vida.

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Questões de 91 a 95 (opção espanhol) QUESTÃO 91 Aunque me cuesta mucho trabajo y me hace sudar la gota gorda, y, como todo escritor, siento a veces la amenaza de la parálisis, de la sequía de la imaginación, nada me ha hecho gozar en la vida tanto como pasarme los meses y los años construyendo una historia, desde su incierto despuntar, esa imagen que la memoria almacenó de alguna experiencia vivida, que se volvió un desasosiego, un entusiasmo, un fantaseo que germinó luego en un proyecto y en la decisión de intentar convertir esa niebla agitada de fantasmas en una historia. “Escribir es una manera de vivir”, dijo Flaubert. Discurso de Mario Vargas Llosa al recibir el Premio Nobel de Literatura 2010. Disponível em: www.nobelprize.org. Acesso em: 7 maio 2014 (fragmento).

O trecho apresentado trata do fazer literário, a partir da perspectiva de Vargas Llosa. Com base no fragmento “me hace sudar la gota gorda”, infere-se que o artifício da escritura, para o escritor, a) ativa a memória e a fantasia. b) baseia-se na imaginação inspiradora. c) fundamenta-se nas experiências de vida. d) requer entusiasmo e motivação. e) demanda expressiva dedicação. QUESTÃO 92 Para los niños anchos espacios tiene el día y las horas son calles despejadas abiertas avenidas. A nosotros, se estrecha el tiempo de tal modo que todo está apretado y oprimido. Se atropellan los tiempos Casi no da lugar un día a otro. No bien ha amanecido cae la luz a pique en veloz mediodía y apenas la contemplas huye en atardeceres hacia pozos de sombra. Dice una voz: entre vueltas y vueltas se me fue el día. Algún ladrón oculto roba mi vida. MAIA, C. Obra poética. Montevidéu: Rebecalinke, 2010

O poema El robo, de Circe Maia, poetisa uruguaia contemporânea, trata do(a) a) problema do abandono de crianças nas ruas. b) excesso de trabalho na sociedade atual. c) angústia provocada pela fugacidade do tempo. d) violência nos grandes centros urbanos. e) repressão dos sentimentos e da liberdade.


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QUESTÃO 93

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QUESTÃO 95 Emigrantes

En todo emigrante existen dos posibles actitudes vitales: una la de considerar su experiencia como aventura pasajera, vivir mental y emocionalmente en la patria de origen, cultivando su nostalgia, y definir la realidad presente por comparación con el mundo que se ha dejado; la otra es vivir el presente tal como viene dado, proyectarlo en el futuro, cortar raíces y dominar nostalgias, sumergirse en la nueva cultura, aprenderla y asimilarla. El drama personal del emigrante reside en el hecho de que casi nunca es posible esa elección en términos absolutos y, al igual que el mestizo, se siente parte de dos mundos sin integrarse por completo en uno de ellos con exclusión del otro. DEL CASTILLO, G. C. América hispânica (1492-1892). In: DE LARA, M. T. Historia de Espana. Barcelona: Labor, 1985.

O texto apresenta uma reflexão sobre a condição do imigrante, o qual, para o autor, tem de lidar com o dilema da a) constatação de sua existência no entrelugar. b) instabilidade da vida em outro país. c) ausência de referências do passado. d) apropriação dos valores do outro. e) ruptura com o país de origem. QUESTÃO 94 En un año de campaña paraguaya, he visto muchas cosas tristes... He visto la tierra, con su fertilidad incoercible y salvaje, sofocar al hombre, que arroja una semilla y obtiene cien plantas diferentes y no sabe cuál es la suya. He visto los viejos caminos que abrió la tiranía devorados por la vegetación, desleídos por las innundaciones, borrados por el abandono. BARRET, R. Lo que he visto. Cuba: XX Feria Internacional del Libro de la Habana, 2011.

Rafael Barret nasceu na Espanha e, ainda jovem, foi viver no Paraguai. O fragmento do texto Lo que he visto revela um pouco da percepção do escritor sobre a realidade paraguaia, marcada, em essência, pelo(a) a) desalento frente às adversidades naturais. b) amplo conhecimento da flora paraguaia. c) impossibilidade de cultivo da terra. d) necessidade de se construírem novos caminhos. e) despreparo do agricultor no trato com a terra.

Disponível em: http://azaral-canarias.blogspot.com. Acesso em: 28 maio 2014 (adaptado).

As marcas de primeira pessoa do plural no texto da campanha de amamentação têm como finalidade incluir a) o enunciador no discurso para expressar formalidade. b) agregar diversas vozes para impor valores às lactantes. c) forjar uma voz coletiva para garantir adesão à campanha. d) promover uma identificação entre o enunciador e o leitor para aproximá-los. e) remeter à voz institucional promotora da campanha para conferir-lhe credibilidade. Questões de 96 a 135 QUESTÃO 96 TEXTO I Seis estados zeram fila de espera para transplante da córnea Seis estados brasileiros aproveitaram o aumento no número de doadores e de transplantes feitos no primeiro semestre de 2012 no país e entraram para uma lista privilegiada: a de não ter mais pacientes esperando por uma córnea. Até julho desse ano, Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Norte e São Paulo eliminaram a lista de espera no transplante de córneas, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, no Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos. Em 2011, só São Paulo e Rio Grande do Norte conseguiram zerar essa fila.


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TEXTO II b)

c)

d)

e)

45 rimas e o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo. o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”. a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem. a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto existencial. a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.

QUESTÃO 98 O negócio Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 11 ago. 2013 (adaptado).

A notícia e o cartaz abordam a questão da doação de órgãos. Ao relacionar os dois textos, observa-se que o cartaz é a) contraditório, pois a notícia informa que o país superou a necessidade de doação de órgãos. b) complementar, pois a notícia diz que a doação de órgãos cresceu e o cartaz solicita doações. c) redundante, pois a notícia e o cartaz têm a intenção de influenciar as pessoas a doarem seus órgãos. d) indispensável, pois a notícia fica incompleta sem o cartaz, que apela para a sensibilidade das pessoas. e) discordante, pois ambos os textos apresentam posições distintas sobre a necessidade de doação de órgãos. QUESTÃO 97 Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundíssimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme — este operário das ruínas — Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de

Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às donas que se abastecem de pão e banana: — Como é o negócio? De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é uma promessa a recusa: — Deus me livre, não! Hoje não... Abílio interpelou a velha: — Como é o negócio? Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o trato. Com a dona Julietinha foi assim. Ele se chegou: — Como é o negócio? Ela sorriu, olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa partir. Manhã cedinho saltou a cerca. Sinal combinado, duas batidas na porta da cozinha. A dona saiu para o quintal, cuidadosa de não acordar os filhos. Ele trazia a capa de viagem, estendida na grama orvalhada. O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar a proeza. No crepúsculo, pum-pum, duas pancadas fortes na porta. O marido em viagem, mas não era dia do Abílio. Desconfiada, a moça surgiu à janela e o vizinho repetiu: — Como é o negócio? Diante da recusa, ele ameaçou: — Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu conto! TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979 (fragmento).

Quanto à abordagem do tema e aos recursos expressivos, essa crônica tem um caráter a) filosófico, pois reflete sobre as mazelas sofridas pelos vizinhos. b) lírico, pois relata com nostalgia o relacionamento da vizinhança. c) irônico, pois apresenta com malícia a convivência entre vizinhos. d) crítico, pois deprecia o que acontece nas relações de vizinhança. e) didático, pois expõe uma conduta a ser evitada na relação entre vizinhos.


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QUESTÃO 99 A última edição deste periódico apresenta mais uma vez um tema relacionado ao tratamento dado ao lixo caseiro, aquele que produzimos no dia a dia. A informação agora passa pelo problema do material jogado na estrada vicinal que liga o município de Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no local em questão, a reportagem encontrou mais uma forma errada de destinação do lixo: material atirado ao lado da pista como se isso fosse o ideal. Muitos moradores, por exemplo, retiram o lixo de suas residências e, em vez de um destino correto, procuram dispensá-lo em outras regiões. Uma situação no mínimo incômoda. Se você sai de casa para jogar o lixo em outra localidade, por que não o fazer no local ideal? É muita falta de educação achar que aquilo que não é correto para sua região possa ser para outra. A reciclagem do lixo doméstico é um passo inteligente e de consciência. Olha o exemplo que passamos aos mais jovens! Quem aprende errado coloca em prática o errado. Um perigo! Disponível em: http://jornaldacidade.uo.com.br. Acesso em: 10 ago. 2012 (adaptado).

Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma notícia veiculada no jornal. Tal diferença traz à tona uma das funções sociais desse gênero textual, que é a) apresentar fatos que tenham sido noticiados pelo próprio veículo. b) chamar a atenção do leitor para temas raramente abordados no jornal. c) provocar a indignação dos cidadãos por força dos argumentos apresentados. d) interpretar criticamente fatos noticiados e considerados relevantes para a opinião pública. e) trabalhar uma informação previamente apresentada com base no ponto de vista do autor da notícia. QUESTÃO 100 Óia eu aqui de novo xaxando Óia eu aqui de novo para xaxar

a) b) c) d) e)

46 “Isso é um desaforo”. “Diz que eu tou aqui com alegria”. “Vou mostrar pr’esses cabras”. “Vai, chama Maria, chama Luzia”. “Vem cá morena linda, vestida de chita”

QUESTÃO 101 Em uma escala de 0 a 10, o Brasil está entre 3 e 4 no quesito segurança da informação. “Estamos começando a acordar para o problema. Nessa história de espionagem corporativa, temos muita lição a fazer. Falta consciência institucional e um longo aprendizado. A sociedade caiu em si e viu que é uma coisa que nos afeta”, diz S.P., pósdoutorem segurança da informação. Para ele, devem ser estabelecidos canais de denúncia para esse tipo de situação. De acordo com o conselheiro do Comitê Gestor da Internet (CGI), o Brasil tem condições de desenvolver tecnologia própria para garantir a segurança dos dados do país, tanto do governo quanto da população. “Há uma massa de conhecimento dentro das universidades e em empresas inovadoras que podem contribuir propondo medidas para que possamos mudar isso [falta de segurança] no longo prazo”. Ele acredita que o governo tem de usar o seu poder de compra de softwares e hardwares para a área da segurança cibernética, de forma a fomentar essas empresas, a produção de conhecimento na área e a construção de uma cadeia de produção nacional. SARRES, C. Disponível em: www.ebc.com.br. Acesso em: 22 nov. 2013 (adaptado).

Considerando-se o surgimento da espionagem corporativa em decorrência do amplo uso da internet, o texto aponta uma necessidade advinda desse impacto, que se resume em a) alertar a sociedade sobre os riscos de ser espionada. b) promover a indústria de segurança da informação. c) discutir a espionagem em fóruns internacionais. d) incentivar o aparecimento de delatores. e) treinar o país em segurança digital. QUESTÃO 102

Vou mostrar pr’esses cabras Que eu ainda dou no couro Isso é um desaforo Que eu não posso levar Que eu aqui de novo cantando Que eu aqui de novo xaxando Óia eu aqui de novo mostrando Como se deve xaxar Vem cá morena linda Vestida de chita Você é a mais bonita Desse meu lugar Vai, chama Maria, chama Luzia Vai, chama Zabé, chama Raqué Diz que eu tou aqui com alegria BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www.luizluagonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento).

A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é:

WILL. Disponível em: www.willtirando.com.br. Acesso em: 7 nov. 2013.

Opportunity é o nome de um veículo explorador que aterrissou em Marte com a missão de enviar informações à Terra. A charge apresenta uma crítica ao(à) a) gasto exagerado com o envio de robôs a outros planetas. b) exploração indiscriminada de outros planetas.


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c) circulação digital excessiva de autorretratos. d) vulgarização das descobertas espaciais. e) mecanização das atividades humanas. QUESTÃO 103

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popular que empregam esses mesmos instrumentos: a) Maracatu e ciranda. b) Carimbo e baião. c) Choro e samba. d) Chula e siriri. e) Xote e frevo. QUESTÃO 105 Vida obscura Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro, ó ser humilde entre os humildes seres, embriagado, tonto de prazeres, o mundo para ti foi negro e duro. Atravessaste no silêncio escuro a vida presa a trágicos deveres e chegaste ao saber de altos saberes tornando-te mais simples e mais puro. Ninguém te viu o sentimento inquieto, magoado, oculto e aterrador, secreto, que o coração te apunhalou no mundo, Mas eu que sempre te segui os passos sei que cruz infernal prendeu-te os braços e o teu suspiro como foi profundo! SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.

CLARK, L. Bicho de bolso. Placas de metal, 1966.

O objeto escultórico produzido por Lygia Clark, representante do Neoconcretismo, exemplifica o início de uma vertente importante na arte contemporânea, que amplia as funções da arte. Tendo como referência a obra Bicho de bolso, identifica-se essa vertente pelo(a) a) participação efetiva do espectador na obra, o que determina a proximidade entre arte e vida. b) percepção do uso de objetos cotidianos para a confecção da obra de arte, aproximando arte e realidade. c) reconhecimento do uso de técnicas artesanais na arte, o que determina a consolidação de valores culturais. d) reflexão sobre a captação artística de imagens com meios óticos, revelando o desenvolvimento de uma linguagem própria. e) entendimento sobre o uso de métodos de produção em série para a confecção da obra de arte, o que atualiza as linguagens artísticas. QUESTÃO 104 Por onde houve colonização portuguesa, a música popular se desenvolveu basicamente com o mesmo instrumental. Podemos ver cavaquinho e violão atuarem juntos aqui, em Cabo Verde, em Jacarta, na Indonésia, ou em Goa. O caráter nostálgico, sentimental, é outro ponto comum da música das colônias portuguesas em todo o mundo. O kronjong, a música típica de Jacarta, é uma espécie de lundu mais lento, tocado comumente com flauta, cavaquinho e violão. Em Goa não é muito diferente. De acordo com o texto de Henrique Cazes, grande parte da música popular desenvolvida nos países colonizados por Portugal compartilha um instrumental, destacando-se o cavaquinho e o violão. No Brasil, são exemplos de música

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação. b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social. c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes. d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais. e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã. QUESTÃO 106 A História, mais ou menos Negócio seguinte. Três reis magrinhos ouviram um plá de que tinha nascido um Guri. Viram o cometa no Oriente e tal e se flagraram que o Guri tinha pintado por lá. Os profetas, que não eram de dar cascata, já tinham dicado o troço: em Belém, da Judeia, vai nascer o Salvador, e tá falado. Os três magrinhos se mandaram. Mas deram o maior fora. Em vez de irem direto para Belém, como mandava o catálogo, resolveram dar uma incerta no velho Herodes, em Jerusalém. Pra quê! Chegaram lá de boca aberta e entregaram toda a trama. Perguntaram: Onde está o rei que acaba de nascer? Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo. Quer dizer, pegou mal. Muito mal. O velho Herodes, que era um oligão, ficou grilado. Que rei era aquele? Ele é que era o dono da praça. Mas comeu em boca e disse: Joia. Onde é que esse guri vai se apresentar? Em que canal? Quem é o empresário? Tem baixo elétrico?


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Quero saber tudo. Os magrinhos disseram que iam flagrar o Guri e na volta dicavam tudo para o coroa. VERÍSSIMO, L. F. O nariz e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1994.

Na crônica de Veríssimo, a estratégia para gerar o efeito de humor decorre do(a) a) linguagem rebuscada utilizada pelo narrador no tratamento do assunto. b) inserção de perguntas diretas acerca do acontecimento narrado. c) caracterização dos lugares onde se passa a história. d) emprego de termos bíblicos de forma descontextualizada. e) contraste entre o tema abordado e a linguagem utilizada. QUESTÃO 107 FABIANA, arrepelando-se de raiva — Hum! Ora, eis aí está para que se casou meu filho, e trouxe a mulher para minha casa. É isto constantemente. Não sabe o senhor meu filho que quem casa quer casa... Já não posso, não posso, não posso! (Batendo com o pé). Um dia arrebento, e então veremos!

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c) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica. d) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica. e) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica. QUESTÃO 109 E se a água potável acabar? O que aconteceria se a água potável do mundo acabasse? As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém mais tomará banho todo dia. Chuveiro com água só duas vezes por semana. Se alguém exceder 55 litros de consumo (metade do que a ONU recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados, não haveria carne, pois, se não há água para você, imagine para o gado. Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg de carne. Mas, não é só ela que faltará. A Região Centro-Oeste do Brasil, maior produtor de grãos da América Latina em 2012, não conseguiria manter a produção. Afinal, no país, a agricultura e a agropecuária são, hoje, as maiores consumidoras de água, com mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros grãos.

PENA, M. Quem casa quer casa. www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 dez. 2012.

Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012.

As rubricas em itálico, como as trazidas no trecho de Martins Pena, em uma atuação teatral, constituem a) necessidade, porque as encenações precisam ser fiéis às diretrizes do autor. b) possibilidade, porque o texto pode ser mudado, assim como outros elementos. c) preciosismo, porque são irrelevantes para o texto ou para a encenação. d) exigência, porque elas determinam as características do texto teatral. e) imposição, porque elas anulam a autonomia do diretor.

A língua portuguesa dispõe de vários recursos para indicar a atitude do falante em relação ao conteúdo de seu enunciado. No início do texto, o verbo “dever” contribui para expressar a) uma constatação sobre como as pessoas administram os recursos hídricos. b) a habilidade das comunidades em lidar com problemas ambientais contemporâneos. c) a capacidade humana de substituir recursos naturais renováveis. d) uma previsão trágica a respeito das fontes de água potável. e) uma situação ficcional com base na realidade ambiental brasileira.

QUESTÃO 108 QUESTÃO 110 O exercício da crônica Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado. MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.

Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui a) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista. b) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.

Disponível em: http://info.abril.com.br. Acesso em: 9 maio 2013 (adaptado).

O texto introduz uma reportagem a respeito do futuro da televisão, destacando que as tecnologias a ela incorporadas serão responsáveis por a) estimular a substituição dos antigos aparelhos de TV. b) contemplar os desejos individuais com recursos de


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ponta. c) transformar a televisão no principal meio de acesso às redes sociais. d) renovar técnicas de apresentação de programas e de captação de imagens. e) minimizar a importância dessa ferramenta como meio de comunicação de massa.

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O uso que prima Constança faz dos ditados populares, no texto II, constitui uma maneira de utilizar o tipo de saber definido no texto I, porque a) cita-os pela força do hábito. b) aceita-os como verdade absoluta. c) aciona-os para justificar suas ações. d) toma-os para solucionar um problema. e) considera-os como uma orientação divina.

QUESTÃO 111 QUESTÃO 113 Quando Deus redimiu da tirania Da mão do Faraó endurecido O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Páscoa ficou da redenção o dia. Páscoa de flores, dia de alegria Àquele Povo foi tão afligido O dia, em que por Deus foi redimido; Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia. Pois mandado pela alta Majestade Nos remiu de tão triste cativeiro, Nos livrou de tão vil calamidade. Quem pode ser senão um verdadeiro Deus, que veio estirpar desta cidade O Faraó do povo brasileiro. DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta aos anos 1970, quando da proliferação dos chamados “bailes black” nas periferias dos grandes centros urbanos. Embalados pela black music americana, milhares de jovens encontravam nos bailes de final de semana uma alternativa de lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, formavam-se equipes de som que promoviam bailes onde foi se disseminando um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados. No Rio de Janeiro ficou conhecido como “Black Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lançando discos de “equipe” com as músicas de sucesso nos bailes, difundia a moda pelo restante do país. DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por a) visão cética sobre as relações sociais. b) preocupação com a identidade brasileira. c) crítica velada à forma de governo vigente. d) reflexão sobre os dogmas do cristianismo. e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como uma forma de a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas periferias urbanas. b) entretenimento inventada pela indústria fonográfica nacional. c) subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes. d) afirmação de identidade dos jovens que a praticam. e) reprodução da cultura musical norte-americana.

QUESTÃO 112

QUESTÃO 114

TEXTO I

A forte presença de palavras indígenas e africanas e de termos trazidos pelos imigrantes a partir do século XIX é um dos traços que distinguem o português do Brasil e o português de Portugal. Mas, olhando para a história dos empréstimos que o português brasileiro recebeu de línguas europeias a partir do século XX, outra diferença também aparece: com a vinda ao Brasil da família real portuguesa (1808) e, particularmente, com a Independência, Portugal deixou de ser o intermediário obrigatório da assimilação desses empréstimos e, assim, Brasil e Portugal começaram a divergir, não só por terem sofrido influências diferentes, mas também pela maneira como reagiram a elas.

Ditado popular é uma frase sentenciosa, concisa, de verdade comprovada, baseada na secular experiência do povo, exposta de forma poética, contendo uma norma de conduta ou qualquer outro ensinamento. WEITZEL, A. H. Folclore literário e linguístico. Juiz de Fora: Esdeva, 1984 (fragmento).

TEXTO II Rindo brincalhona, dando-lhe tapinhas nas costas, prima Constança disse isto, dorme no assunto, ouça o travesseiro, não tem melhor conselheiro. Enquanto prima Biela dormia no assunto, toda a casa se alvoroçava. [Prima Constança] ia rezar, pedir a Deus para iluminar prima Biela. Mas ia também tomar suas providências. Casamento e mortalha, no céu se talha. Deus escreve direito por linhas tortas. O que for soará. Dizia os ditados todos, procurando interpretar os desígnios de Deus, transformar os seus desejos nos desígnios de Deus. Se achava um instrumento de Deus. DOURADO, A. Uma vida em segredo. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990 (fragmento).

ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.

Os empréstimos linguísticos, recebidos de diversas línguas, são importantes na constituição do português do Brasil porque a) deixaram marcas da história vivida pela nação, como a colonização e a imigração. b) transformaram em um só idioma línguas diferentes, como as africanas, as indígenas e as europeias. c) promoveram uma língua acessível a falantes de origens distintas, como o africano, o indígena e o europeu.


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d) guardaram uma relação de identidade entre os falantes do português do Brasil e os do português de Portugal. e) tornaram a língua do Brasil mais complexa do que as línguas de outros países que também tiveram colonização portuguesa.

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QUESTÃO 117

QUESTÃO 115

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 28 jul. 2013.

Essa propaganda defende a transformação social e a diminuição da violência por meio da palavra. Isso se evidencia pela a) predominância de tons claros na composição da peça publicitária. b) associação entre uma arma de fogo e um megafone. c) grafia com inicial maiúscula da palavra “voz” no slogan. d) imagem de uma mão segurando um megafone. e) representação gráfica da propagação do som. QUESTÃO 116 Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não! Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas. POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).

Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber a) descartar as marcas de informalidade do texto. b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla. c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico. d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto. e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29 out. 2013 (adaptado).

Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para a) informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la. b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia. c) dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia. d) destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período. e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo. QUESTÃO 118 eu acho um fato interessante... né... foi como meu pai e minha mãe vieram se conhecer... né... que... minha mãe morava no Piauí com toda família... né... meu... meu avô... materno no caso... era maquinista... ele sofreu um acidente... infelizmente morreu... minha mãe tinha cinco anos... né... e o irmão mais velho dela... meu padrinho... tinha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar... foi trabalhar no banco... e... ele foi... o banco... no caso... estava... com um número de funcionários cheio e ele teve que ir para outro local e pediu transferência prum local mais perto de Parnaíba que era a cidade onde eles moravame por engano o... o... escrivão entendeu Paraíba... né... e meu... e minha família veio parar em Mossoró que era exatamente o local mais perto onde tinha vaga pra funcionário do Banco do Brasil e: ela foi parar na rua do meu pai... né... e começaram a se conhecer... namoraram onze anos... né... pararam algum tempo... brigaram... é lógico... porque todo relacionamento tem uma briga... né... e eu achei esse fato muito interessante porque foi uma coincidência incrível... né... como vieram a se conhecer... namoraram e hoje... e até hoje estão juntos... dezessete anos de casados... CUNHA, M. A. F. (Org.). Corpus discurso & gramática: a língua falada e escrita na cidade do Natal. Natal: EdUFRN, 1998.


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Na transcrição de fala, há um breve relato de experiência pessoal, no qual se observa a frequente repetição de “né”. Essa repetição é um(a) a) índice de baixa escolaridade do falante. b) estratégia típica de manutenção da interação oral. c) marca de conexão lógica entre conteúdos na fala. d) manifestação característica da fala regional nordestina. e) recurso enfatizador da informação mais relevante da narrativa.

A mídia é um dos importantes estímulos ao uso de suplementos alimentares ao veicular, por exemplo, o mito do corpo ideal. Em 2001, a indústria de suplementos alimentares investiu globalmente US$ 46 bilhões em propaganda, como meio de persuadir potenciais consumidores a adquirir seus produtos. Na adolescência, período de autoafirmação, muitos deles não medem esforços para atingir tal objetivo.

QUESTÃO 119 O boxe está perdendo cada vez mais espaço para um fenômeno relativamente recente do esporte, o MMA. E o maior evento de Artes Marciais Mistas do planeta é o Ultimate Fighting Championship, ou simplesmente UFC. O ringue, com oito cantos, foi desenhado para deixar os lutadores com mais espaço para as lutas. Os atletas podem usar as mãos e aplicar golpes de jiu-jitsu. Muitos podem falar que a modalidade é uma espécie de vale-tudo, mas isso já ficou no passado: agora, a modalidade tem regras e acompanhamento médico obrigatório para que o esporte apague o estigma negativo.

Sobre a associação entre a prática de atividades físicas e o uso de suplementos alimentares, o texto informa que a ingestão desses suplementos a) é indispensável para as pessoas que fazem atividades físicas regularmente. b) é estimulada pela indústria voltada para adolescentes que buscam um corpo ideal. c) é indicada para atividades físicas como a musculação com fins de promoção da saúde. d) direciona-se para adolescentes com distúrbios metabólicos e que praticam atividades físicas. e) melhora a saúde do indivíduo que não tem uma dieta balanceada e nem pratica atividades físicas.

CORREIA, D. UFC: saiba como o MMA nocauteou o boxe em oito golpes. Veja, 10 jun. 2011 (fragmento).

QUESTÃO 121

O processo de modificação das regras do MMA retrata a tendência de redimensionamento de algumas práticas corporais, visando enquadrá-las em um determinado formato. Qual o sentido atribuído a essas transformações incorporadas historicamente ao MMA? a) A modificação das regras busca associar valores lúdicos ao MMA, possibilitando a participação de diferentes populações como atividade de lazer. b) As transformações do MMA aumentam o grau de violência das lutas, favorecendo a busca de emoções mais fortes tanto aos competidores como ao público. c) As mudanças de regras do MMA atendem à necessidade de tornar a modalidade menos violenta, visando sua introdução nas academias de ginástica na dimensão da saúde. d) As modificações incorporadas ao MMA têm por finalidade aprimorar as técnicas das diferentes artes marciais, favorecendo o desenvolvimento da modalidade enquanto defesa pessoal. e) As transformações do MMA visam delimitar a violência das lutas, preservando a integridade dos atletas e enquadrando a modalidade no formato do esporte de espetáculo. QUESTÃO 120 Uso de suplementos alimentares por adolescentes Evidências médicas sugerem que a suplementação alimentar pode ser benéfica para um pequeno grupo de pessoas, aí incluídos atletas competitivos, cuja dieta não seja balanceada. Tem-se observado que adolescentes envolvidos em atividade física ou atlética estão usando cada vez mais tais suplementos. A prevalência desse uso varia entre os tipos de esportes, aspectos culturais, faixas etárias (mais comum em adolescentes) e sexo (maior prevalência em homens). Poucos estudos se referem a frequência, tipo e quantidade de suplementos usados, mas parece ser comum que as doses recomendadas sejam excedidas.

ALVES, C.; LIMA, R. J. Pediatr. v. 85, n.4. 2009 (fragmento).

TEXTO I João Guedes, um dos assíduos frequentadores do boliche do capitão, mudara-se da campanha havia três anos. Três anos de pobreza na cidade bastaram para o degradar. Ao morrer, não tinha um vintém nos bolsos e fazia dois meses que saíra da cadeia, onde estivera preso por roubo de ovelha. A história de sua desgraça se confunde com a da maioria dos que povoam a aldeia de Boa Ventura, uma cidadezinha distante, triste e precocemente envelhecida, situada nos confins da fronteira do Brasil com o Uruguai. MARTINS, C. Porteira fechada. Porto Alegre: Movimento, 2001 (fragmento).

TEXTO II Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e viesse, menos complicação com os homens, mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares que sempre dão para descolar algum, fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo escabreado pedindo referências, e referências eu só tinha do diretor do presídio. FONSECA, R. Feliz Ano Novo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 (fragmento).

A oposição entre campo e cidade esteve entre as temáticas tradicionais da literatura brasileira. Nos fragmentos dos dois autores contemporâneos, esse embate incorpora um elemento novo: a questão da violência e do desemprego. As narrativas apresentam confluência, pois nelas o(a) a) criminalidade é algo inerente ao ser humano, que sucumbe a suas manifestações. b) meio urbano, especialmente o das grandes cidades, estimula uma vida mais violenta. c) falta de oportunidades na cidade dialoga com a pobreza do campo rumo à criminalidade. d) êxodo rural e a falta de escolaridade são causas da violência nas grandes cidades.


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e) complacência das leis e a inércia das personagens são estímulos à prática criminosa. QUESTÃO 122

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Na organização do poema, os empregos da conjunção “mas” articulam, para além de sua função sintática, a) a ligação entre verbos semanticamente semelhantes. b) a oposição entre ações aparentemente inconciliáveis. c) a introdução do argumento mais forte de uma sequência. d) o reforço da causa apresentada no enunciado introdutório. e) a intensidade dos problemas sociais presentes no mundo. QUESTÃO 124 O Brasil é sertanejo

Jornal Zero Hora, 2 mar. 2006.

Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um intertexto: os traços reconstroem uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados pelo bombardeio a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval, recebe destaque a figura do carro, elemento introduzido por Iotti no intertexto. Além dessa figura, a linguagem verbal contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao explorar a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referente tanto do texto de Iotti quanto da obra de Picasso. b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evidenciando-se a atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro. c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo caótico presente tanto em Guernica quanto na charge. d) uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à permanência de tragédias retratadas tanto em Guernica quanto na charge. e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra pictórica quanto ao contexto do trânsito brasileiro. QUESTÃO 123 Tarefa Morder o fruto amargo e não cuspir Mas avisar aos outros quanto é amargo Cumprir o trato injusto e não falhar Mas avisar aos outros quanto é injusto Sofrer o esquema falso e não ceder Mas avisar aos outros quanto é falso Dizer também que são coisas mutáveis... E quando em muitos a não pulsar — do amargo e injusto e falso por mudar — então confiar à gente exausta o plano de um mundo novo e muito mais humano. CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.

Que tipo de música simboliza o Brasil? Eis uma questão discutida há muito tempo, que desperta opiniões extremadas. Há fundamentalistas que desejam impor ao público um tipo de som nascido das raízes socioculturais do país. O samba. Outros, igualmente nacionalistas, desprezam tudo aquilo que não tem estilo. Sonham com o império da MPB de Chico Buarque e Caetano Veloso. Um terceiro grupo, formado por gente mais jovem, escuta e cultiva apenas a música internacional, em todas as vertentes. E mais ou menos ignora o resto. A realidade dos hábitos musicais do brasileiro agora está claro, nada tem a ver com esses estereótipos. O gênero que encanta mais da metade do país é o sertanejo, seguido de longe pela MPB e pelo pagode. Outros gêneros em ascensão, sobretudo entre as classes C, D e E, são o funk e o religioso, em especial o gospel Rock e música eletrônica são músicas de minoria. É o que demonstra uma pesquisa pioneira feita entre agosto de 2012 e agosto de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). A pesquisa Tribos musicais — o comportamento dos ouvintes de rádio sob uma nova ótica faz um retrato do ouvinte brasileiro e traz algumas novidades. Para quem pensava que a MPB e o samba ainda resistiam como baluartes da nacionalidade, uma má noticia: os dois gêneros foram superados em popularidade. O Brasil moderno não tem mais o perfil sonoro dos anos 1970, que muitos gostariam que se eternizasse. A cara musical do país agora é outra. GIRON, L. A. Época, n. 805, out. 2013 (fragmento).

O texto objetiva convencer o leitor de que a configuração da preferência musical dos brasileiros não é mais a mesma da dos anos 1970. A estratégia de argumentação para comprovar essa posição baseia-se no(a) a) apresentação dos resultados de uma pesquisa que retrata o quadro atual da preferência popular relativa à música brasileira. b) caracterização das opiniões relativas a determinados gêneros, considerados os mais representativos da brasilidade, como meros estereótipos. c) uso de estrangeirismos, como rock, funk e gospel, para compor um estilo próximo ao leitor, em sintonia com o ataque aos nacionalistas. d) ironia com relação ao apego a opiniões superadas, tomadas como expressão de conservadorismo e anacronismo, com o uso das designações “império” e “baluarte”. e) contraposição a impressões fundadas em elitismo e preconceito, com a alusão a artistas de renome para melhor demonstrar a consolidação da mudança do gosto musical popular.


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O texto apresenta um histórico da linotipo, uma máquina tipográfica inventada no século XIX e responsável pela dinamização da imprensa. Em termos sociais, a contribuição da linotipo teve impacto direto na a) produção vagarosa de materiais didáticos. b) composição aprimorada de tipos de chumbo. c) montagem acelerada de textos para impressão. d) produção acessível de materiais informacionais. e) impressão dinamizada de imagens em revistas.

QUESTÃO 125

QUESTÃO 127 Cordel resiste à tecnologia gráfica

Scientific American Brasil, ano 11, n. 134, jul. 2013 (adaptado).

Para atingir o objetivo de recrutar talentos, esse texto publicitário a) afirma, com a frase “Queremos seu talento exatamente como ele é”, que qualquer pessoa com talento pode fazer parte da equipe. b) apresenta como estratégia a formação de um perfil por meio de perguntas direcionadas, o que dinamiza a interação texto-leitor. c) utiliza a descrição da empresa como argumento principal, pois atinge diretamente os interessados em informática. d) usa estereótipo negativo de uma figura conhecida, o nerd, pessoa introspectiva e que gosta de informática. e) recorre a imagens tecnológicas ligadas em rede, para simbolizar como a tecnologia é interligada. QUESTÃO 126 Linotipos O Museu da Imprensa exibe duas linotipos. Trata-se de um tipo de máquina de composição de tipos de chumbo, inventada em 1884 em Baltimore, nos Estados Unidos, pelo alemão Ottmar Mergenthaler. O invento foi de grande importância por ter significado um novo e fundamental avanço na história das artes gráficas. A linotipia provocou, na verdade, uma revolução porque venceu a lentidão da composição dos textos executada na tipografia tradicional, em que o texto era composto à mão, juntando tipos móveis um por um. Constituía-se, assim, no principal meio de composição tipográfica até 1950. A linotipo, a partir do final do século XIX, passou a produzir impressos a baixo custo, o que levou informação às massas, democratizou a informação. Promoveu uma revolução na educação. Antes da linotipo, os jornais e revistas eram escassos, com poucas páginas e caros. Os livros didáticos eram também caros, pouco acessíveis. Disponível em: http://portal.in.gov.br. Acesso em: 23 fev. 2013 (adaptado).

O Cariri mantém uma das mais ricas tradições da cultura popular. É a literatura de cordel, que atravessa os séculos sem ser destruída peia avalanche de modernidade que invade o sertão lírico e telúrico, Na contramão do progresso, que informatizou a indústria gráfica, a Lira Nordestina, de Juazeiro do Norte, e a Academia dos Cordelistas do Crato conservam, em suas oficinas, velhas máquinas para impressão dos seus cordéis. A chapa para impressão do cordel é feita à mão, letra por letra, um trabalho artesanal que dura cerca de uma hora para confecção de uma página. Em seguida, a chapa é levada para a impressora, também manual, para imprimir. A manutenção desse sistema antigo de impressão faz parte da filosofia do trabalho. A outra etapa é a confecção da xilogravura para a capa do cordel. As xilogravuras são ilustrações populares obtidas por gravuras talhadas em madeira. A origem da xilogravura nordestina até hoje é ignorada. Acredita-se que os missionários portugueses tenham ensinado sua técnica aos índios, como uma atividade extra-catequese, partindo do princípio religioso que defende a necessidade de ocupar as mãos para que a mente não fique livre, sujeita aos maus pensamentos, ao pecado. A xilogravura antecedeu ao clichê, placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usualmente zinco, que era utilizada nos jornais impressos em rotoplanas. VICELMO, A. Disponível em: www.onordeste.com. Acesso em: 24 fev. 2013 (adaptado).

A estratégia gráfica constituída pela união entre as técnicas da impressão manual e da confecção da xilogravura na produção de folhetos de cordel a) realça a importância da xilogravura sobre o clichê. b) oportuniza a renovação dessa arte na modernidade. c) demonstra a utilidade desses textos para a catequese. d) revela a necessidade da busca das origens dessa literatura. e) auxilia na manutenção da essência identitária dessa tradição popular. QUESTÃO 128 Em bom português No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em desuso. Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas,


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chamou minha atenção para os que falam assim: — Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem. Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com um ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher. SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984 (adaptado).

A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica essa característica da língua, evidenciando que a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas. b) a utilização de inovações no léxico é percebida na comparação de gerações. c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica. d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identificadores da classe social a que pertence o falante. e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as regiões. QUESTÃO 129 O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a) a) diário, por trazer lembranças pessoais. b) fábula, por apresentar uma lição de moral. c) notícia, por informar sobre um acontecimento. d) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras. e) crônica, por tratar de fatos do cotidiano. QUESTÃO 130 Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal — eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais. Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo — também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa

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brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério... mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar. LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.

Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”. b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”. c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”. e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”. QUESTÃO 131 Era um dos meus primeiros dias na sala de música. A fim de descobrirmos o que deveríamos estar fazendo ali, propus à classe um problema. Inocentemente perguntei: — O que é música? Passamos dois dias inteiros tateando em busca de uma definição. Descobrimos que tínhamos de rejeitar todas as definições costumeiras porque elas não eram suficientemente abrangentes. O simples fato é que, à medida que a crescente margem a que chamamos de vanguarda continua suas explorações pelas fronteiras do som, qualquer definição se torna difícil. Quando John Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições, ele ventila a arte da música com conceitos novos e aparentemente sem forma. SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. São Paulo: Unesp, 1991 (adaptado).

A frase “Quando John Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições”, na proposta de Schafer de formular uma nova conceituação de música, representa a a) acessibilidade à sala de concerto como metáfora, num momento em que a arte deixou de ser elitizada. b) abertura da sala de concerto, que permitiu que a música fosse ouvida do lado de fora do teatro. c) postura inversa à música moderna, que desejava se enquadrar em uma concepção conformista. d) intenção do compositor de que os sons extramusicais sejam parte integrante da música. e) necessidade do artista contemporâneo de atrair maior público para o teatro. QUESTÃO 132 Censura moralista Há tempos que a leitura está em pauta. E, diz-se, em crise. Comenta-se esta crise, por exemplo, apontando a precariedade das práticas de leitura, lamentando a falta de familiaridade dos jovens com livros, reclamando da falta de bibliotecas em tantos municípios, do preço dos livros em livrarias, num nunca acabar de problemas e de carências. Mas, de um tempo para cá, pesquisas acadêmicas vêm


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dizendo que talvez não seja exatamente assim, que brasileiros leem, sim, só que leem livros que as pesquisas tradicionais não levam em conta. E, também de um tempo para cá, políticas educacionais têm tomado a peito investir em livros e em leitura. LAJOLO, M. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 2 dez. 2013 (fragmento).

Os falantes, nos textos que produzem, sejam orais ou escritos, posicionam-se frente a assuntos que geram consenso ou despertam polêmica. No texto, a autora a) ressalta a importância de os professores incentivarem os jovens às práticas de leitura. b) critica pesquisas tradicionais que atribuem a falta de leitura à precariedade de bibliotecas. c) rebate a ideia de que as políticas educacionais são eficazes no combate à crise de leitura. d) questiona a existência de uma crise de leitura com base nos dados de pesquisas acadêmicas. e) atribui a crise da leitura à falta de incentivos e ao desinteresse dos jovens por livros de qualidade. QUESTÃO 133 Blog é concebido como um espaço onde o blogueiro é livre para expressar e discutir o que quiser na atividade da sua escrita, com a escolha de imagens e sons que compõem o todo do texto veiculado peia internet, por meio dos posts. Assim, essa ferramenta deixa de ter como única função a exposição de vida e/ou rotina de alguém — como em um diário pessoal —, função para qual serviu inicialmente e que o popularizou, permitindo também que seja um espaço para a discussão de ideias, trocas e divulgação de informações. A produção dos blogs requer uma relação de troca, que acaba unindo pessoas em torno de um ponto de interesse comum. A força dos blogs está em possibilitar que qualquer pessoa, sem nenhum conhecimento técnico, publique suas ideias e opiniões na web e que milhões de outras pessoas publiquem comentários sobre o que foi escrito, criando um grande debate aberto a todos. LOPES, B. O. A linguagem dos blogs e as redes sociais. Disponível em: www.fateczl.edu.br. Acesso em: 29 abr. 2013 (adaptado).

De acordo com o texto, o blog ultrapassou sua função inicial e vem se destacando como a) estratégia para estimular relações de amizade. b) espaço para exposição de opiniões e circulação de ideias. c) gênero discursivo substituto dos tradicionais diários pessoais. d) ferramenta para aperfeiçoamento da comunicação virtual escrita. e) recurso para incentivar a ajuda mútua e a divulgação da rotina diária.

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QUESTÃO 134 Camelôs Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão: O que vende balõezinhos de cor O macaquinho que trepa no coqueiro O cachorrinho que bate com o rabo Os homenzinhos que jogam boxe A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma. Alegria das calçadas Uns falam pelos cotovelos: — “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu acender o charuto. Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...” Outros, coitados, têm a língua atada. Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades. E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice... E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância. BANDEIRA, M. Estrelada vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque a) realiza um inventário dos elementos lúdicos tradicionais da criança brasileira. b) promove uma reflexão sobre a realidade de pobreza dos centros urbanos. c) traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de significação corriqueira. d) introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma poética nova. e) constata a condição melancólica dos homens distantes da simplicidade infantil. QUESTÃO 135 Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar com frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem


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o que é puro efeito de relações sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandaralhe tirar o retrato a óleo. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança paterna. b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e torturava os escravos. c) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da filha Sara. d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias irmandades. e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo. RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS – ENEM2014 Questões de 91 a 95 (opção inglês) QUESTÃO 91: Alternativa C Cumprindo o seu papel social, a prova do Enem teve em sua questão 91 o tema: Filantropia através da internet. A página eletrônica WeFeedback (sharing food, changing lives = partilhado alimentos, mudando vidas) motiva os potenciais doadores por intermédio de sua calculadora “alimente de volta”. Ao inserir o seu nome, o prato que deseja compartilhar e seu custo usual, a calculadora “alimenta de volta” converte o total de sua conta em número de crianças que serão alimentadas com sua doação. Uma interpretação simples da imagem é o suficiente para levar o candidato a alternativa correta. Vocabulário chave: Help – ajudar Change – mudar Hungry – faminto School children – Crianças na escola Share – compartilhar Servings – porções Feed – alimentar Sobreposição Texto/Resposta Help change the lives of hungry school children Fez doação para caridade QUESTÃO 92: Alternativa D Agora no seu papel de motivador à comunicação global, o Enem traz a tona o Globish. Um passo a frente do “International English”, o Globish trata de ser uma versão ainda mais simplória do inglês que o próprio “International English”.

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Seu criador – Jean-Paul Nerrière – diz não se tratar de um idioma, mas uma simplificação do inglês com regras acessíveis que pode ser compreendido por todos. Questão de interpretação simples, porém com vocabulário um pouco mais exigente. Vocabulário chave: Means of communicaton – meio de comunicação A means of symplifying the language – um meio de simplificar o idioma Giving it rules so it can be understood by all – dandoregrasquepodemserentendidasportodos. SobreposiçãoTexto/Resposta A means of symplifying the language and giving it rules so it can be understood by all. Altera a estrutura do idioma para possibilitar a comunicação internacional. QUESTÃO 93: Alternativa A O título deste texto já nos deixa curiosos acerca da inovação, ao menos no que trata o objetivo maior dos grandes arquitetos do nosso planeta. E aí, vos deixo a pergunta: que arquiteto projetaria um arranha-céu revolucionário que não poderá ser visto? Afinal, nenhum pai deseja ter um filho invisível, deseja? Trata-se de uma inovação ideológica, pois, principalmente no Oriente, necessitamos de espaço. No entanto, não necessitamos de mais poluição visual fixada no horizonte. A solução de Charles Wee é criar a ilusão de que o arranha-céu desaparece ao projetar a exata imagem do que há atrás do prédio em sua fachada. Há muita informação neste interessante texto, porém o título e os dois primeiros parágrafos são suficientes para obtermos a resposta com sucesso. Vocabulário chave: World’s first invisible skyscraper – primeiro arranha-céu invisível do mundo His infinity tower will loom over Seoul until somebody pushes button and it completely disappears – A ”infinity tower”dele imperará nos céus de Seul até que alguém aperte um botão e ela desapareça por completo. Sobreposição Texto/Resposta He has struck upon a novel concept: the first invisible skyscraper – Elecriou um novo conceito: o primeiro arranhacéu invisível. As the tallest structure in South Korea, his infinity tower will loom over Seoul. – Comoa mais alta estrutura na Coréia do Sul, a “Infinity Tower” dele imperará nos céus de Seul. QUESTÃO 94: Alternativa C No âmbito político desta prova, nos deparamos com a canção Masters of War de Bob Dylan. A canção retrata a teoria de conspiração que Bob Dylan prega com relação aos mentores das guerras. Ele os identifica como políticos protegidos por paredes e escondidos atrás de suas escrivaninhas de escritório. Além disso, Bob credita aos mesmos as armas, bombas, aviões de combate, a destruição e a matança. Bob também questiona a postura evasiva e defensiva dos políticos que se distanciam das áreas de conflitos e não participam das ações que os mesmos dão início. A compreensão do título da canção “Masters of War” (Mestres da Guerra) e da primeira estrofe, juntamente com o próprio


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enunciado, que indica que a letra apresenta “questionamentos” e “reflexões”, já apontam para a resposta da alternativa C. QUESTÃO 95: Alternativa A Na seção literatura/poesia, o Enem trouxe a bela passagem do poema: The road not taken (A Estrada Não Percorrida), de Robert Frost. Esta passagem do poema nos conduz a uma bifurcação e o autor ressalta que ele optou pelo lado menos explorado. Ele finaliza dizendo que esta decisão fez toda a diferença. Certamente, trata-se da questão mais clara da prova, pois as três frases da poesia são, relativamente, fáceis de entender: Two roads diverged in a wood, and I Dois caminhos se iniciavam em uma floresta e eu I took the one less traveled by Eu escolhi aquela menos explorada And that has made all the difference. E isso tem feito toda a diferença. A prova do inglês do Enem 2014 se alinha, ainda que apenas no formato, as provas de proficiência (TOEFL, IELTS etc.) e no quesito interpretação de texto. Isto se mostra na opção de variar no número de textos e ressaltar assuntos relevantes aos propósitos da prova. Iniciativa mais que válida, dada a acessibilidade aos programas de estudo internacionais oferecidos para os universitários brasileiros atualmente. Questões de 91 a 95 (opção espanhol) QUESTÃO 91: Alternativa E “Sudar la gota gorda” é uma expressão idiomática em espanhol, utilizada para indicar algo que precisa de um esforço maior. É similar da expressão “suar a camisa”, em português, a qual se diz quando um trabalho pesado é feito. Se o candidato não conhece essa expressão, pode se confundir, no texto, com a letra “D – requer entusiasmo e motivação”, devido ao fato de o escritor mencionar que, algumas vezes, possui problemas de imaginação. Deve-se aqui, entretanto, focar na expressão idiomática em si. QUESTÃO 92: Alternativa C O poema contrasta o tempo quando somos crianças, em que o dia rende e as horas são como ruas despejadas. Depois compara com nós, adultos, no qual, pelo contrário, as horas nos parecem estreitas e oprimidas e não nos alcança o dia entre uma coisa e outra. Fazendo esta análise, podemos chegar facilmente à resposta que indica sobre o que trata o poema, alternativa C, pois as outras respostas colocam outras interpretações do poema que não são válidas. QUESTÃO 93: Alternativa A O texto fala da dicotomia que vivem os emigrantes, os quais têm a opção de viver mentalmente e emocionalmente na sua pátria, sem se deixar envolver pela nova cultura ou deixar de lado o passado (suas raízes) e começar a viver o presente (nova realidade). Porém, o autor indica que, como é sabido, não é possível fazer isto em termos absolutos. A frase “se siente parte de dos mundos sin integrarse por completo en uno de ellos” (sente-se parte de dois mundos sem entregar-se completamente a um deles) resume o dilema e nos permite chegar à resposta correta. As outras opções colocam os diferentes problemas que possui o emigrante e não o dilema por ele vivido.

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QUESTÃO 94: Alternativa A No texto, o autor fala sobre a natureza paraguaia com sua terra fértil que dá muitos frutos e, ao mesmo tempo, causa uma série de desastres naturais que ocasionam diferentes problemas, tais como destruição da vegetação e inundações, entre outros. Por esta interpretação, a resposta correta é alternativa A. Entretanto, o candidato menos atento poderia se confundir com a resposta “E”, que indica “despreparo do agricultor no trato com a terra”, já que o texto aborda os problemas que o ser humano tem depois de semear. Porém, como este não é o problema central do agricultor de acordo com o texto, a resposta correta é a primeira. QUESTÃO 95: Alternativa D No texto, usa-se o verbo no presente e na forma verbal de conjugação “nosotros” (nós). Este recurso é utilizado em espanhol para incluir o leitor dentro do que se fala e, assim, chamar atenção do leitor para o texto. Devido à utilização desta técnica, a resposta correta é a alternativa D. Nesta questão também poderia haver confusão com a alternativa “C – forjaruma voz coletiva para garantir adesão à campanha”, pois “podemos” remete a uma voz coletiva, mas o intuito aqui é tão apenas aproximar o leitor ao texto que tem caráter informativo. Questões de 96 a 135 QUESTÃO 96: Alternativa B Os dois textos pertencem a gêneros diferentes: o primeiro, do gênero jornalístico, traz informações sobre transplantes de córneas e a extinção da fila de espera por esse tipo de cirurgia, mas não incentiva claramente a doação (embora fique implícito que o fato de zerar a fila foi resultado das doações feitas). Já o segundo, um texto publicitário, incentiva a doação, portanto há, entre eles, relação de complementaridade. QUESTÃO 97: Alternativa D Augusto dos Anjos (1884-1914) vivenciou o Parnasianismo e o Simbolismo e dessas escolas manteve o rigor formal parnasiano (soneto dodecassílabo) e o gosto simbolista por imagens incomuns, porém trouxe inovação no modo de escrever, com termos científicos (Eu, filho do carbono e do amoníaco,/Monstro de escuridão e rutilância,/Sofro, desde a epigênese da infância,/A influência má dos signos do zodíaco) e a angústia existencial como tema. A divergência dos assuntos tratados por Augusto dos Anjos em seus poemas em relação aos dos autores da época faz com que sua obra se encaixe na fase de transição para o modernismo, chamada de Pré-modernismo. QUESTÃO 98: Alternativa C Dalton Trevisan é escritor paranaense com fama de recluso e autor de inúmeros livros, entre os quais “O vampiro de Curitiba (que acabou virando seu epíteto). Na crônica em questão, ele aborda a infidelidade de maneira irônica, o que pode ser observado na ambiguidade e aparente inocência da pergunta/proposta (cheia de malícia) “Como é o negócio?” QUESTÃO 99: Alternativa D Tanto o editorial quanto a notícia são gêneros textuais comumente publicados em jornais. A diferença entre eles está no fato de a notícia apresentar a função de linguagem conhecida como referencial, em que o foco recai sobre a informação, sendo, portanto, um texto objetivo, uma vez que não há expressão de pontos de vista do jornalista. Já o editorial é um


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texto opinativo, em que há análise crítica de uma dada situação ou fato noticiado, sendo caracterizado pela linguagem subjetiva e expressão de juízos de valor. QUESTÃO 100: Alternativa C A letra da música remete ao universo nordestino já no início, quando menciona o xaxado, ritmo originário do interior de Pernambuco, cujo nome alguns estudiosos atribuem ao som do arrastar dos pés durante a execução da dança. Além disso, no verso transcrito na alternativa C, encontra-se o termo cabra, empregado na região como sinônimo de ‘indivíduo’. QUESTÃO 101: Alternativa B A questão não apresenta um alto grau de dificuldade, mas exige do candidato atenção na leitura, para interpretar corretamente as informações. Usando o chamado argumento de autoridade, por meio de citação de declaração de um pesquisador especialista na área, o texto destaca a importância da promoção da indústria na área de segurança cibernética (“de forma a fomentar essas empresas, a produção de conhecimento na área e a construção de uma cadeia de produção nacional”). QUESTÃO 102: Alternativa C A questão faz uma combinação de texto verbal (com palavras) e texto não verbal (com imagens). A leitura do texto verbal cria a expectativa de uma imagem de cunho científico, que é quebrada pelo desenho, em que se vê o robô tirando uma ‘selfie’, um autorretrato, construindo, assim, uma crítica ao comportamento de muitos usuários das redes sociais, que se expõem excessivamente, empregando esse tipo de publicação, as ‘selfies’. QUESTÃO 103: Alternativa A O neoconcretismo foi um movimento artístico-literário, que surgiu como uma reação aos excessos do Concretismo, trazendo mudanças, como a volta da subjetividade para o processo de criação artística, a proposta de uso de novos meios para a produção (além da tela e do papel), a transformação na forma de receber essas obras de arte (que agora aparecem fora do espaço tradicional dos museus) e, principalmente a busca de maior interação com o público. Essa última característica é o que se percebe na imagem, na qual se observa a manipulação da obra de arte pelo espectador. QUESTÃO 104: Alternativa C A questão envolve mais conhecimentos gerais do que especificamente conhecimentos linguísticos. O maracatu tem origem ligada aos escravos negros, relacionada aos ritos do candomblé. O carimbó tem origem indígena. A chula tem origem portuguesa, mas é sapateado e no sul do Brasil tem caráter de desafio de habilidade entre os participantes. O siriri tem origem incerta, mas é dança com elementos notadamente indígenas. O xote e o frevo também são danças. O primeiro tem origem europeia, na dança de salão denominada ‘scotish’ (o nome em português é o resultado da corruptela do termo original) e o segundo tem seu nome originário do termo ‘ferver/frever’ e passos que misturam capoeira, balé e dança russa (cossaca). A ciranda é dança de roda, de origem portuguesa. O baião é gênero musical e dança, eternizados por Luiz Gonzaga e utiliza muito os seguintes instrumentos musicais: viola caipira, triângulo, flauta doce e sanfona. Restam, como gêneros musicais, o choro e o samba, conforme a alternativa C.

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QUESTÃO 105: Alternativa A O eu lírico se identifica com o interlocutor no sofrimento silencioso e na discriminação sofrida (“Mas eu que sempre te segui os passos / sei que cruz infernal prendeu-te os braços / e o teu suspiro como foi profundo!). Cruz e Souza, filho de exescravos, sofreu a ‘cruz infernal’ da discriminação a que se refere nos versos do poema, colocando na sua obra a ‘sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada”, como afirma o enunciado da questão. QUESTÃO 106: Alternativa E O autor brinca com as diferentes variedades linguísticas. Para fazer referência aos temas sacros (no caso, o nascimento de Jesus) costuma ser empregada a variante padrão da linguagem (norma culta) e a quebra dessa expectativa, uma vez que o texto apresenta uma série de gírias, é o elemento gerador do humor da crônica. QUESTÃO 107: Alternativa B O gênero teatral tem características próprias, entre as quais estão as rubricas. São marcas que orientam a atuação dos atores, mas, como o texto teatral permite aos diretores e atores que imprimam suas leituras e interpretações particulares, podem ser alteradas, gerando diferentes montagens e versões de um mesmo texto. QUESTÃO 108: Alternativa E As funções da linguagem dizem respeito ao elemento da comunicação (emissor, receptor, mensagem, referente, canal, e código/linguagem) colocado em destaque no texto pelo autor. No presente texto, Vinícius de Moraes usa o gênero ‘crônica’ para falar a respeito da própria crônica e sua criação. Emprega, portanto, a linguagem para falar da linguagem, o que configura a função metalinguística (ou metalinguagem). QUESTÃO 109: Alternativa D O emprego do verbo ‘dever’ na locução verbal acrescenta a ideia de potencialidade e, no texto, indica previsão (algo que pode vir a acontecer), como ocorre também na frase “O Congresso deve votar a emenda ainda hoje”. QUESTÃO 110: Alternativa B Ao afirmar que o espectador pode assistir ao que quiser e quando quiser, além de ter a opção de utilizar a segunda tela para se conectar às redes sociais, fica evidente que o desejo do espectador é o elemento mais relevante para a nova tecnologia, como afirma a alternativa B. QUESTÃO 111: Alternativa C Representante do Barroco brasileiro, Gregório de Matos recebeu a alcunha de Boca do Inferno por suas críticas ácidas a comportamentos de membros da sociedade e aos políticos da Bahia. Neste soneto, a crítica é dirigida ao governador, ao qual se refere como ‘Faraó do povo brasileiro’, caracterizando-o como tirânico e opressor. QUESTÃO 112: Alternativa C Relacionando a definição dada no texto I sobre ditados populares (que apresentam conhecimentos/verdades obtidas pelo senso comum) e o texto II, percebe-se que a personagem Constança emprega-os para justificar suas ações, o que fica


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comprovado no trecho “Dizia os ditados todos, procurando interpretar os desígnios de Deus, transformar os seus desejos nos desígnios de Deus.”. QUESTÃO 113: Alternativa D De acordo com o texto, os bailes na periferia (fornecendo o lazer antes inexistente) disseminavam “um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados.” Essa valorização servia como afirmação da identidade dos jovens dessas regiões, conforme afirma a alternativa D. QUESTÃO 114: Alternativa A As línguas são vivas e são o reflexo e o registro dos falantes que as empregam. Assim, sofrem diferentes tipos de influências que vão fazendo com que elas se modifiquem com o passar do tempo, assimilando as mudanças pelas quais passa a sociedade que as emprega. Como o autor afirma no início do texto da questão, é marcante a presença de termos indígenas e africanos, como consequência da colonização portuguesa: os termos indígenas foram assimilados para fazer referência a elementos tipicamente brasileiros, para os quais a Língua Portuguesa trazida pelos colonizadores não tinham palavras para definir ou nomear. Os termos africanos (trazidos pelos escravos) e dos povos que aqui chegaram pela imigração (como os italianos) entraram no vocabulário do português posteriormente, mas pelo mesmo motivo: não havia na cultura brasileira palavras que dessem conta dos elementos estrangeiros, sendo devidamente assimiladas e incorporadas. QUESTÃO 115: Alternativa B A questão exige a leitura atenta e a identificação da relação entre texto verbal (com palavras) e texto não verbal (imagens). O megafone (que representa a voz, o discurso) foi mesclado com um revólver, transformando-se em um instrumento híbrido que funciona como uma metáfora da voz/palavra como arma para a transformação social.

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na maior parte das vezes, uma resposta imediata por parte do receptor, na língua falada, o pensar e o produzir a mensagem são quase instantâneos. Por isso, na fala, são comuns períodos de hesitação e o emprego de marcadores que têm função de ‘segurar’ a atenção do receptor, como o ‘né’, presente no texto da questão, que aparece como índice do emprego da função fática de linguagem (a que coloca o foco no canal, no meio pelo qual a mensagem é transmitida). QUESTÃO 119: Alternativa E A questão exige leitura atenta e interpretação das informações do texto. Ao fazer o histórico breve do MMA, o texto menciona que a modalidade é considerada por alguns como ‘vale-tudo’, mas que essa não é a realidade atual, uma vez que existem regras e a necessidade de acompanhamento médico obrigatório. Essas informações levam à alternativa E, pois fica clara a preocupação com a delimitação da violência do esporte, bem como com a integridade dos participantes. QUESTÃO 120: Alternativa B O texto apresenta informações sobre o crescimento do consumo de suplementos, principalmente por adolescentes, seguidas de menção à mídia como incentivadora do ‘mito do corpo ideal’, o que está descrito na alternativa B. Não há, no texto, informações mais técnicas sobre a indicação das substâncias para quem pratica atividades físicas ou para melhorar a saúde de pessoas sedentárias, como se lê nas demais alternativas. QUESTÃO 121: Alternativa C Embora as duas personagens tenham origens diferentes (no texto I, João Guedes veio da campanha – regionalismo gaúcho para fazer referência à zona rural para a cidade – e no texto II, o narrador já se encontra na cidade), ambas têm em comum o fato de encontrarem dificuldade de colocação no mercado de trabalho e de terem sido levadas à criminalidade. QUESTÃO 122: Alternativa E

A questão retoma o tema das variantes linguísticas, associando o ‘português correto’ ao grau de formalidade da situação de comunicação. Cabe ao emissor, segundo o autor do texto, fazer a adequação do nível da linguagem ao receptor e à situação de comunicação, conforme é apresentado na alternativa D. Não existe, portanto, somente uma maneira de se expressar ‘corretamente’, nem se devem desprezar outras variantes diferentes da norma culta.

Polissemia é a multiplicidade de sentidos de uma palavra ou locução e intertextualidade é o ‘diálogo’ entre duas ou mais obras (em linguagem verbal ou não-verbal), em que uma faz referência explícita ou implícita à outra. Na charge, o autor lançou mão da intertextualidade, fazendo sua charge usando como referência a obra Guernica, de Pablo Picasso, em que o pintor descreveu os horrores da Guerra Civil espanhola. O elemento que relaciona a violência do trânsito brasileiro e a da guerra é a expressão ‘quadro dramático’, pois ‘quadro’ tanto pode significar ‘situação’, como ‘obra de arte’.

QUESTÃO 117: Alternativa C

QUESTÃO 123: Alternativa C

A propaganda traz a ideia de violência personificada na imagem de monstro, associado ao pesadelo, que tira o sono e a tranquilidade infantis, para enfatizar a dimensão do problema da violência contra a criança, além de destacar a importância da denúncia. Mais uma questão que cobra do candidato a leitura de texto verbal (com palavras) e texto não verbal (imagens) e a identificação da relação entre eles.

As conjunções adversativas introduzem as orações coordenadas (sintaticamente, as coordenadas são orações com sentido completo, que não apresentam uma dependência entre si) adversativas (que apresentam uma relação de oposição ao que foi expresso na oração anterior). Semanticamente, as adversativas destacam o argumento mais forte. No texto, o primeiro verso apresenta duas ideias, e o verso seguinte, iniciado pelo ‘mas’ é a ideia mais relevante, destacando-se das anteriores, estrutura que se repete ao longo do poema.

QUESTÃO 116: Alternativa D

QUESTÃO 118: Alternativa B A língua oral tem características próprias e difere da língua escrita em muitos aspectos. Um deles é o ‘imediatismo’ na produção, ou seja, enquanto na língua escrita existe um tempo maior de reflexão, de raciocínio entre o surgimento da ideia e seu registro, há possibilidade de revisão e correção e não existe,

QUESTÃO 124: Alternativa A Entre as diversas estratégias de argumentação mais utilizadas estão o “argumento de autoridade” (citação) e a apresentação de dados de fontes confiáveis. É o segundo tipo que se verifica no


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texto, já que emprega as informações do Ibope como fundamentação da ideia defendida.

crônicas); alguns são os escritores; e essa resume as orações anteriores.

QUESTÃO 125: Alternativa B

QUESTÃO 131: Alternativa D

A característica dos textos publicitários é a presença da função apelativa da linguagem, aquela que destaca o receptor da mensagem. Nesta peça publicitária, o receptor é instado a responder às perguntas para verificar se ele se encaixa no perfil, o que faz com que haja uma interação dinâmica entre texto e leitor.

Usando a personificação (figura de linguagem em que se atribuem características ou ações humanas a seres não humanos), ao dizer que Cage “encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições”, o autor afirma, de forma figurada, que John Cage pretendia que sons extramusicais passassem a integrar suas obras. Por ser uma atitude de vanguarda, é difícil que essa nova concepção musical seja definida como ‘música’ pelos conceitos conhecidos até então, como se afirma no início do texto.

QUESTÃO 126: Alternativa D O texto apresenta um histórico da linotipo, indicando o autor e a data da criação, explicando seu funcionamento e outras informações, porém a contribuição em termos sociais, pedida pela questão, vem indicada ao final do texto, quando se afirma que foi possível produzir material “a baixo custo, o que levou informação às massas”. QUESTÃO 127: Alternativa E A ideia de manutenção da tradição já aparece no título do texto (“Cordel resiste à tecnologia gráfica”). Em seguida, o texto afirma que a literatura de cordel “atravessa os séculos sem ser destruída pela avalanche de modernidade que invade o sertão (...)” e acrescenta que a manutenção do sistema artesanal de impressão “faz parte da filosofia do trabalho”, mantendo assim a identidade cultural dessa tradição popular nordestina. Essas afirmações vão ao encontro do que está expresso na alternativa E. QUESTÃO 128: Alternativa B A questão envolve o reconhecimento das variantes linguísticas e dos fatores que causam as variações. O autor da crônica brinca com o envelhecimento das pessoas e das palavras, pois ambos estão ligados. Entre os fatores que causam as variações nos idiomas está a passagem do tempo (variante diacrônica). Assim, a faixa etária de um falante está relacionada com determinado vocabulário que pode cair em desuso, sendo, portanto, desconhecido por falantes de gerações diferentes (mais jovens ou mais velhos). QUESTÃO 129: Alternativa D Segundo o dicionário Houaiss, aforismo é uma “sentença que, em poucas palavras, explicita regra ou princípio de alcance moral”, semelhante a um ditado ou provérbio. Assim, pelo uso dos verbos no presente do infinitivo (com aspecto de presente universal) e pela reflexão sobre a vida, o desabafo de Riobaldo pode ser considerado um aforismo. QUESTÃO 130: Alternativa A Para manter a unidade e a uniformidade das partes de um texto, recorre-se aos elementos de coesão, entre os quais estão os pronomes e as conjunções, além de outras classes que podem retomar e/ou substituir termos, evitando assim a repetição. É a chamada coesão referencial (pois faz alusão a alguma informação presente no texto), a qual pode seranafórica (retoma uma informação já dada anteriormente) ou catafórica (antecipa uma informação ou termo que vai ser citado/aprofundado logo a seguir). Nisso, isso, alguns e essa são os pronomes empregados no texto como elementos coesivos que remetem a informações presentes na crônica: nisso antecipa o fragmento “botar a cara na janela”; isso remete a escrever crônicas (ou ‘botar a cara na janela” escrevendo

QUESTÃO 132: Alternativa D O texto, de caráter dissertativo, apresenta o posicionamento da autora diante da chamada ‘crise da leitura’, afirmando que essa ideia de crise pode estar equivocada e apresenta o argumento baseado em citação de pesquisas acadêmicas. O argumento que contraria o conceito geral (“Mas, de um tempo para cá, pesquisas vêm dizendo que talvez não seja exatamente assim, que brasileiros leem, sim, só que leem livros que as pesquisas tradicionais não levam em conta”) é apresentado pela conjunção ‘mas’, que reforça a oposição de ideias, questionando, portanto, o que geralmente é divulgado. QUESTÃO 133: Alternativa B O texto apresenta uma descrição de como eram os blogs (contração dos termos web log “diário da rede”, espécie de diário eletrônico em que o internauta expunha sua vida/rotina) e como se transformaram, em seguida, em “espaço onde o blogueiro é livre para expressar e discutir o que quiser”, “um espaço para discussão de ideias, trocas e divulgação de informações”, conforme se lê na alternativa B. QUESTÃO 134: Alternativa C O enunciado já traz a informação de que o Modernismo incorporou elementos do cotidiano à produção artística. No poema, o cotidiano é representado pela figura do camelô apregoando sua mercadoria, no caso, brinquedos simples e marionetes (bonecos movimentados por cordéis). O lirismo reside no fato de esses vários brinquedos, alegre e espontaneamente movimentados pelo vendedor, resgatam nos adultos que passam “os mitos heroicos da meninice”, delicada e momentaneamente tirando-os da melancolia e monotonia do cotidiano. QUESTÃO 135: Alternativa B O dicionário Houaiss esclarece que ironia é a “figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender”. O emprego dessa figura é um dos traços marcantes da prosa de Machado de Assis, e, no trecho, é empregada pelo autor ao atribuir ao “efeito das relações sociais” a crueldade de Cotrim no tratamento dado aos escravos, banalizando assim a maldade do personagem, supostamente isentando-o de perversidade, atribuindo-a à “necessidade’ de agir assim numa sociedade escravocrata. Na verdade, há uma crítica ácida a esse sistema cruel, disfarçada no pretexto de justificar as atitudes do personagem.


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ENEM 2015 – LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 91 a 95 (opção inglês). QUESTÃO 91 Why am I compelled to write? Because the writing saves me from this complacency I fear. Because I have no choice.Because I must keep the Spirit of my revolt and myself alive. Because the world I create in the writing compensates for what the real world does not give me. By writing I put order in the world, give it a handle so I can grasp it. ANZALDÚA, G. E. Speaking in tongues: a letter to third world women writers. In: HERNANDEZ. J. B. (Ed.). Women writing resistance: essays on Latin America and the Caribbean. Boston: South End. 2003.

Gloria Evangelina Anzaldúa, falecida em 2004, foi uma escritora americana de origem mexicana que escreveu sobre questões culturais e raciais. Na citação, o intuito da autora é a) b) c) d) e)

evidenciar as razões pelas quais ela escreve. compensações advindas da escrita. possibilidades de mudar o mundo real. maneiras de ela lidar com seus medos. escolhas que ela faz para ordenar o mundo.

QUESTÃO 92 How fake images change our memory and behaviour For decades, researchers have been exploring just how unreliable our own memories are. Not only is memory fickle when we access it, but it's also quite easily subverted and rewritten. Combine this susceptibility with modern imageediting software at our fingertips like Photoshop, and it's a recipe for disaster. In a world where we can Witness news and world events as they unfold, fake images surround us, and our minds accept these pictures as real, and remember them later. These fake memories don't just distort how we see our past, they affect our current and future behavior too from what we eat, to how we protest and vote. The problem is there's virtually nothing we can do to stop it. Old memories seem to be the easiest to manipulate. In one study, subjects were showed images from their childhood. Along with real images, researchers snuck in manipulated photographs of the subject taking a hot- air balloon ride with his or her family. After seeing those images, 50% of subjects recalled some part of that hot-air balloon ride - though the event was entirely made up. EVELETH. R. Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 16 jan. 2013 (adaptado).

A reportagem apresenta consequências do uso de novas tecnologias para a mente humana. Nesse contexto, a memória das pessoas é influenciada pelo(a) a) alteração de imagens. b) exposição ao mundo virtual. c) acesso a novas informações. d) fascínio por softwares inovadores. e) interferência dos meios de comunicação.

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QUESTÃO 93 ------------------------------------------------------------------------NOTICE OF BAGGAGE INSPECTION ------------------------------------------------------------------------To protect you and your fellow passengers, the Transportation Security Administration (TSA) is required by law to inspect all checked baggage. As part of this process, some bags are opened and physically inspected. Your bag was among those selected for physical inspection. During the inspection, your bag and its contents may have been searched for prohibited items. At the completion of the inspection, the contents were returned to your bag. If the TSA security officer was unable to open your bag for inspection because it was locked, the officer may have been forced to break the locks on your bag. TSA sincerely regrets having to do this, however TSA is not liable for damage to your locks resulting from this necessary security precaution. For packing tips and suggestions on how to secure your baggage during your next trip, please visit: www.tsa.gov ------------------------------------------------------------------------Smart Security Saves Time ------------------------------------------------------------------------Transportation Security Administration. Disponível em: www.tsa.gov. Acesso em: 13 jan. 2010 (adaptado).

As instituições públicas fazem uso de avisos como instrumento de comunicação com o cidadão. Esse aviso, voltado a passageiros, tem o objetivo de a) solicitar que as malas sejam apresentadas para inspeção. b) notificar o passageiro pelo transporte de produtos proibidos. c) informar que a mala foi revistada pelos oficiais de segurança. d) dar instruções de como arrumar malas de forma a evitar inspeções. e) apresentar desculpas pelo dano causado à mala durante a viagem. QUESTÃO 94 My brother the star, my mother the earth my father the sun, my sister the moon, to my life give beauty, to my body give strength, to my corn give goodness, to my house give peace, to my spirit give truth, to my elders give wisdom. Disponível em: www.blackhawkproductions.com. Acesso em: 8 ago. 2012.

Produções artístico-culturais revelam visões de mundo próprias de um grupo social. Esse poema demonstra a estreita relação entre a tradição oral da cultura indígena norte-americana e a a) transmissão de hábitos alimentares entre gerações. b) dependência da sabedoria de seus ancestrais. c) representação do corpo em seus rituais. d) importância dos elementos da natureza. e) preservação da estrutura familiar.


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QUESTÃO 95

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c) identificar as vagas reservadas aos cadeirantes. d) eliminar os obstáculos para o trânsito de cadeirantes. e) facilitar a locomoção de cadeirantes em estacionamentos. QUESTÃO 92

RIDGWAY, L. Disponível em: http://fborfw.com. Acesso em: 23 fev. 2012.

Na tira da série For better or for worse, a comunicação entre as personagens fica comprometida em um determinado momento porque a) as duas amigas divergem de opinião sobre futebol. b) uma das amigas desconsidera as preferências da outra. c) uma das amigas ignora que o outono é temporada de futebol. d) uma das amigas desconhece a razão pela qual a outra a maltrata. e) as duas amigas atribuem sentidos diferentes à palavra season. Questões de 91 a 95 (opção espanhol) QUESTÃO 91

Los guionistas estadounidenses introducen cada vez más el espanol en sus diálogos En los últimos anos, la realidad cultural y la presencia creciente de migrantes de origen latinoamericano en EE UU ha propiciado que cada vez más estadounidenses alternen el inglés y el espanol en un mismo discurso. Un estudio publicado en la revista Vial-Vigo International Journal of Applied Linguistics se centra en las estrategias que usan los guionistas de la versión original para incluir el espanol en el guión o a personajes de origen latinoamericano. Los guionistas estadounidenses suelen usar subtítulos en inglés cuando el espanol que aparece en la serie o película es importante para el argumento. Si esto no ocurre, y sólo hay interjecciones, aparece sin subtítulos. En aquellas conversaciones que no tienen relevancia se anade en ocasiones eI subtítulo Speaks Spanish (habla en espanol). “De esta forma, impiden al público conocer que están diciendo los dos personajes que hablan espanol”, explica la autora del estudio y profesora e investigadora en la Universidad Pablo de Olavide (UPO) de Sevilla. Disponível em: www.agenciasinc.es. Acesso em: 23 ago. 2012 (adaptado).

De acordo com o texto, nos filmes norte-americanos, nem todas as falas em espanhol são legendadas em inglês. Esse fato revela a) a assimetria no tratamento do espanhol como elemento da diversidade linguística nos Estados Unidos. b) escassez de personagens de origem hispânica nas séries e filmes produzidos nos Estados Unidos. c) desconsideração com o público hispânico que frequenta as salas de cinema norte-americanas. d) falta de uma formação linguística específica para os roteiristas e tradutores norte-americanos. e) carência de pesquisas científicas sobre a influência do espanhol na cultura norte-americana. QUESTÃO 93

Disponível em: www.lacronicadeleon.es. Acesso em: 12 mar. 2012 (adaptado).

A acessibilidade é um tema de relevância tanto na esfera pública quanto na esfera privada. No cartaz, a exploração desse tema destaca a importância de se a) estimular os cadeirantes na superação de barreiras. b) respeitar o estacionamento destinado a cadeirantes.

En el dia del amor, ¡no a la violencia contra la mujer! Hoy es el dia de la amistad y del amor. Pero, parece que este dia es puro floro, porque en nuestro país aún existen muchos casos de maltrato entre las parejas, sobre todo hacia las mujeres. Por eso, el Ministerio de la Mujer y Poblaciones Vulnerables (MIMP) lanza la segunda etapa de la campana “Si te quieren, que te quieran bien”. Esta campana busca detener de una vez el maltrato contra la mujer y para eso, concientizar sobre la importancia de denunciar estos casos. Y es que las cifras son preocupantes. Cada hora se denuncian 17 casos de violencia contra la mujer y en total los Centros de Emergencia de la Mujer (CEM) y el MIMP atendieron en un ano a más de 36 mil denuncias delas cuales 7 mil eran de ninas y adolescentes menores de 17 anos. Un abuso. Si eres testigo o víctima de algún tipo de violencia ya sea física, psicológica o sexual debes llamar gratuitamente a la línea 100 desde un teléfono fujo o celular.


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Disponível em: http:/lnapa.com.pe. Acesso em: 14 fev. 2012 (adaptado).

QUESTÃO 95

Pela expressão puro floro, infere-se que o autor considera a comemoração pelo dia do amor e da amizade, no Peru, como uma oportunidade para a) proteger as populações mais vulneráveis. b) evidenciar as eficazes ações do governo. c) camuflar a violência de gênero existente no país. d) atenuar os maus-tratos cometidos por alguns homens. e) enaltecer o sucesso das campanhas de conscientização feminina.

Caña El negro junto al canaveral. EI yanqui sobre el canaveral. La tierra bajo el canaveral. ¡Sangre que se nos va! GUILLÉN. N. Sóngoro cosongo. Disponível em: www.cervantesvirtual.com. Acesso em: 28 fev. 2012 (fragmento).

QUESTÃO 94 Atitlán El lagoAtitlán está situado en el centro de América, en Guatemala. Su belleza es extraordinaria y tiene un gran interés social. En sus márgenes conviven tres culturas: Ia indígena, Ia espanola y la mestiza. Presididos por tres majestuosos volcanes (el Atitlán, el Tolimán y el San Pedro), trece pueblos bordean el Iago. Los habitantes del lago son en su mayoría indígenas, aunque crece el porcentaje de ladinos (mestizos). Un buen número de extranjeros - misioneros o investigadores - comparte en los pueblitos la forma de vida de los nativos. A partir de los anos setenta, numerosas colonias de hippies se asientan en Atitlán. Jóvenes de todo el mundo, atraídos por el paisaje, el clima semitropical y la sencillez de la vida de los indios, acampan cerca del lago. Además, muchos comerciantes guatemaltecos y extranjeros se han instalado en el pueblo de Panajachel para establecer diversos negocios hoteleros, deportivos y artesanales. A cada dia el lago Atitlán atrae a sus costas a más turistas y científicos. Unos llegan buscando sosiego ante el espejismo del lago; otros van a mezclarse con los orgullosos y apacibles indígenas en iglesias y mercados; muchos atraviesan el lago para recorrer los diferentes pueblos y para recrearse en la variada indumentaria de sus habitantes; otros estudian las diferentes lenguas y dialectos que se hablan en la zona y muchos investigan con pasión la rica fauna del lago y de las tierras volcánicas. Realmente, es impresionante la convivencia de tantas etnias y culturas. En el corazón de América hay un lago y unos volcanes que son símbolo y reflejo de lo que es Hispanoamérica: un mosaico de culturas y un ejemplo de convivencia. SUAREZ, M.; PICO DE COANA, M. Sobre iberoamérica. Madrid: Ediciones SM, 1998.

De acordo com o texto, a região do entorno do Lago Atitlán, na Guatemala, e de grande relevância social por representar o(a) a) patrimônio histórico-geográfico que a área abriga. b) diversidade turística que atrai estrangeiros. c) prosperidade econômica que advém de diferentes segmentos comerciais. d) multiculturalidade característica da identidade hispanoamericana. e) valorização da cultura indígena observada entre as comunidades locais.

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Nesse poema de Nicolás Guillén, no qual o poeta reflete sobre o plantio da cana-de-açúcar na América Latina, as preposições junto, sobre e bajo são usadas para indicar metaforicamente a) desordens na organização da lavoura de cana-deaçúcar. b) relações diplomáticas entre os países produtores de cana-de-açúcar. c) localidades da América Latina nas quais a cana-deaçúcar é cultivada. d) relações sociais dos indivíduos que vivem do plantio da cana-de-açúcar. e) funções particulares de cada profissional na lavoura da cana-de-açúcar. Questões de 96 a 135 QUESTÃO 96 O rap, palavra formada pelas iniciais de rhythm and poetry (ritmo e poesia), junto com as linguagens da dança (o break dancing) e das artes plásticas (o grafite), seria difundido, para além dos guetos, com o nome de cultura hip hop. O break dancing surge como uma dança de rua. O grafite nasce de assinaturas inscritas pelos jovens com sprays nos muros, trens e estações de metrô de Nova York. As linguagens do rap, do break dancing e do grante se tornaram os pilares da cultura hip hop. DAYRELL. J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005 (adaptado).

Entre as manifestações da cultura hip hop apontadas no texto, o break se caracteriza como um tipo de dança que representa aspectos contemporâneos por meio de a) movimentos retilíneos, como crítica aos indivíduos alienados. b) improvisados, como expressão da dinâmica da vida urbana. c) suaves, como sinônimo da rotina dos espaços públicos. d) ritmados pela sola dos sapatos, como símbolo de protesto. e) cadenciados, como contestação às rápidas mudanças culturais.


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d) transita entre o humor e a ironia para celebrar o caos da vida cotidiana. e) satiriza a matemática e a medicina para desmistificar o saber científico.

QUESTÃO 97

QUESTÃO 99 Aquarela O corpo no cavalete é um pássaro que agoniza exausto do próprio grito. As vísceras vasculhadas principiam a contagem regressiva. No assoalho o sangue se decompõe em matizes que a brisa beija e balança: o verde – de nossas matas o amarelo – de nosso ouro o azul – de nosso céu o branco o negro o negro

Zero Hora, jun. 2008 (adaptado).

Dia do Músico, do Professor, da Secretária, do Veterinário... Muitas são as datas comemoradas ao longo do ano e elas, ao darem visibilidade a segmentos específicos da sociedade, oportunizam uma reflexão sobre a responsabilidade social desses segmentos. Nesse contexto, está inserida a propaganda da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em que se combinam elementos verbais e não verbais para se abordar a estreita relação entre imprensa, cidadania, informação e opinião. Sobre essa relação, depreende-se do texto da ABI que, a) para a imprensa exercer seu papel social, ela deve transformar opinião em informação. b) para a imprensa democratizar a opinião, ela deve selecionar a informação. c) para o cidadão expressar sua opinião, ele deve democratizar a informação. d) para a imprensa gerar informação, ela deve fundamentar-se em opinião. e) para o cidadão formar sua opinião, ele deve ter acesso à informação.

Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Cacaso edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando a) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura. b) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado. c) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura. d) o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência. e) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado.

QUESTÃO 98

QUESTÃO 100

Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.

Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançando em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra da rebelião, fiquei furiosa.[...] É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-Ihe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis?

BONASSI, F. 15 cenas do descobrimento de Brasis. In: MORICONI, Í. (Org.). Os cem melhores contos do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

A narrativa enxuta e dinâmica de Fernando Bonassi configura um painel evolutivo da história da humanidade. Nele, a projeção do olhar contemporâneo manifesta uma percepção que a) recorre à tradição bíblica como fonte de inspiração para a humanidade. b) desconstrói o discurso da filosofia afim de questionar o conceito de dever. c) resgata a metodologia da história para denunciar as atitudes irracionais.

CACASO. In: HOLLANDA, H. 8 (Org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.

TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.


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Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a) a) convivência frágil ligando pessoas financeiramente dependentes. b) tensa hierarquia familiar equilibrada graças à presença da matriarca. c) pacto de atitudes e valores mantidos à custa de ocultações e hipocrisias. d) tradicional conflito de gerações protagonizado pela narradora e seus tios. e) velada discriminação racial refletida na procura de casamentos com europeus.

65 Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno. MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963 (fragmento).

QUESTÃO 101 TEXTO I

A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana, a) a sublimação espiritual graças ao poder de se emocuonar. b) o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo. c) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas. d) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente. e) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas. QUESTÃO 103 Essa pequena

FREUD, L. Francis Wyndham. Óleo sobre tela, 64 x 52 cm. Coleção pessoal, 1993.

TEXTO II Lucian Freud é, como ele próprio gosta de relembrar às pessoas, um biólogo. Mais propriamente, tem querido registrar verdades muito específicas sobre como é tomar posse deste determinado corpo nesta situação particular, neste específico espaço de tempo. SMEE, S. Freud. Köln: Taschen, 2010.

Considerando a intencionalidade do artista, mencionada no Texto II, e a ruptura da arte no século XX com o parâmetro acadêmico, a obra apresentada trata do(a) a) exaltação da figura masculina. b) descrição precisa e idealizada da forma. c) arranjo simétrico e proporcional dos elementos. d) representação do padrão do belo contemporâneo. e) fidelidade à forma realista isenta do ideal de perfeição. QUESTÃO 102 Cântico VI Tu tens um medo de Acabar. Não vês que acabas todo o dia. Que morres no amor.

Meu tempo é curto, o tempo dela sobra Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora Temo que não dure muito a nossa novela, mas Eu sou tão feliz com ela Meu dia voa e ela não acorda Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas Não canso de contempla-Ia Feito avarento, conto os meus minutos Cada segundo que se esvai Cuidando dela, que anda noutro mundo Ela que esbanja suas horas ao vento, ai Ás vezes ela pinta a boca e sai Fique à vontade, eu digo, take your time Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas O blues já valeu a pena CHICO BUARQUE. Disponível em: www.chicobuarque.com.br. Acesso em: 31 jun. 2012.

O texto Essa pequena registra a expressão subjetiva do enunciador, trabalhada em uma linguagem informal, comum na música popular. Observa-se, como marca da variedade coloquial da linguagem presente no texto, o uso de a) palavras emprestadas de língua estrangeira, de uso inusitado no português. b) expressões populares, que reforçam a proximidade entre o autor e o leitor. c) palavras polissêmicas, que geram ambiguidade. d) formas pronominais em primeira pessoa. e) repetições sonoras no final dos versos.


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c)

QUESTÃO 104 Carta ao Tom 74 Rua Nascimento Silva, cento e sete Você ensinando pra Elizete As canções de canção do amor demais Lembra que tempo feliz Ah, que saudade, Ipanema era só felicidade Era como se o amor doesse em paz Nossa famosa garota nem sabia A que ponto a cidade turvaria Esse Rio de amor que se perdeu Mesmo a tristeza da gente era mais bela E além disso se via da janela Um cantinho de céu e o Redentor É, meu amigo, só resta uma certeza, É preciso acabar com essa tristeza É preciso inventar de novo o amor MORAES. V.; TOQUINHO. Bossa Nova, sua história, sua gente. São Paulo: Universal; Philips,1975 (fragmento).

o conhecimento acadêmico tivesse sido priorizado pelos engenheiros. d) a língua tupinambá tivesse palavras adequadas para descrever o solo. e) o laboratório tivesse sido construído de acordo com as leis ambientais vigentes na época. QUESTÃO 106 Azeite de oliva e óleo de linhaça: uma dupla imbatível Rico em gorduras do bem, ela combate a obesidade, dá um chega pra lá no diabete e ainda livra o coração de entraves Ninguém precisa esquentar a cabeça caso não seja possível usar os dois óleos juntinhos, no mesmo dia. Individualmente, o duo também bate um bolão. Segundo um estudo recente do grupo EurOIive, formado por instituições de cinco países europeus, os polifenóis do azeite de oliva ajudam a frear a oxidação do colesterol LDL, considerado perigoso. Quando isso ocorre, reduz- se o risco de placas de gordura na parede dos vasos, a temida aterosclerose - doença por trás de encrencas como o infarto. MANARINI, T. Saúde é vital. n. 347, fev. 2012 (adaptado).

O trecho da canção de Toquinho e Vinícius de Moraes apresenta marcas do gênero textual carta, possibilitando que o eu poético e o interlocutor a) compartilhem uma visão realista sobre o amor em sintonia com o meio urbano. b) troquem notícias em tom nostálgico sobre as mudanças ocorridas na cidade. c) façam confidências, uma vez que não se encontram mais no Rio de Janeiro. d) tratem pragmaticamente sobre os destinos do amor e da vida citadina. e) aceitem as transformações ocorridas em pontos turisticos específicos.

Para divulgar conhecimento de natureza científica para um público não especializado, Manarini recorre à associação entre vocabulário formal e vocabulário informal. Altera-se o grau de formalidade do segmento no texto, sem alterar o sentido da informação, com a substituição de a) “dá um chega pra lá no diabete” por “manda embora o diabete”. b) “esquentar a cabeça” por “quebrar a cabeça”. c) “bate um bolão” por “é um show”. d) “juntinhos” por “misturadinhos”. e) “por trás de encrencas” por “causadora de problemas”.

QUESTÃO 105

QUESTÃO 107

No ano de 1985 aconteceu um acidente muito grave em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, perto da aldeia guarani de Sapukai. Choveu muito e as águas pluviais provocaram deslizamentos de terras das encostas da Serra do Mar, destruindo o Laboratório de Radioecologia da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, construída em 1970 num lugar que os índios tupinambás, há mais de 500 anos, chamavam de Itaorna. O prejuízo foi calculado na época em 8 bilhões de cruzeiros. Os engenheiros responsáveis pela construção da usina nuclear não sabiam que o nome dado pelos índios continha informação sobre a estrutura do solo, minado pelas águas da chuva. Só descobriram que Itaorna, em língua tupinambá, quer dizer “pedra podre”, depois do acidente. FREIRE, J. R. B. Disponível em: www.taquiprati.com.br. Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado).

Considerando-se a história da ocupação na região de Angra dos Reis mencionada no texto, os fenômenos naturais que a atingiram poderiam ter sido previstos e suas consequências minimizadas se a) o acervo linguístico indígena fosse conhecido e valorizado. b) as línguas indígenas brasileiras tivessem sido substituídas pela língua geral.

Obesidade causa doença A obesidade tornou-se uma epidemia global, segundo a Organização Mundial da Saúde, ligada à Organização das Nações Unidas. O problema vem atingindo um número cada vez maior de pessoas em todo o mundo, e entre as principais causas desse crescimento estão o modo de vida sedentário e a má alimentação. Segundo um médico especialista em cirurgia de redução de estômago, a taxa de mortalidade entre homens obesos de 25 a 40 anos é 12 vezes maior quando comparada à taxa de mortalidade entre indivíduos de peso normal. O excesso de peso e de gordura no corpo desencadeia e piora problemas de saúde que poderiam ser evitados. Em alguns casos, a boa notícia é que a perda de peso leva à cura, como no caso da asma, mas em outros, como o infarto, não há solução. FERREIRA. T. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 2 ago. 2012 (adaptado).

O texto apresenta uma reflexão sobre saúde e aponta o excesso de peso e de gordura corporal dos indivíduos como um problema, relacionando-o ao a) padrão estético, pois o modelo de beleza dominante na sociedade requer corpos magros.


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b) equilíbrio psíquico da população, pois esse quadro interfere na autoestima das pessoas. c) quadro clínico da população, pois a obesidade é um fator de risco para o surgimento de diversas doenças crônicas. d) preconceito contra a pessoa obesa, pois ele sofre discriminação em diversos espaços sociais. e) desempenho na realização das atividades cotidianas, pois a obesidade interfere na performance. QUESTÃO 108 Posso mandar por e-mail? Atualmente, é comum “disparar” currículos na internet com a expectativa de alcançar o maior número possível de selecionadores. Essa, no entanto, é uma ideia equivocada: é preciso saber quem vai receber seu currículo e se a vaga é realmente indicada para seu perfil, sob o risco de estar “queimando o filme” com um futuro empregador. Ao enviar o currículo por e-mail, tente saber quem vai recebê-lo e faça um texto sucinto de apresentação, com a sugestão a seguir: Assunto: Currículo para a vaga de gerente de marketing. Mensagem: Boa tarde. Meu nome é José da Silva e gostaria de me candidatar à vaga de gerente de marketing. Meu currículo segue anexo. Guia da língua 2010: modelos e técnicas. Língua Portuguesa, 2010 (adaptado).

O texto integra um guia de modelos e técnicas de elaboração de textos e cumpre a função social de a) divulgar um padrão oficial de redação e envio de currículos. b) indicar um modelo de currículo para pleitear uma vaga de emprego. c) instruir o leitor sobre como ser eficiente no envio de currículo por e-mail. d) responder a uma pergunta de um assinante da revista sobre o envio de currículo por e-mail. e) orientar o leitor sobre como alcançar o maior número possível de selecionadores de currículos. QUESTÃO 109 À garrafa Contigo adquiro a astúcia de conter e de conter-me. Teu estreito gargalo é uma lição de angústia. Por translúcida pões o dentro fora e o fora dentro para que a forma se cumpra e o espaço ressoe. Até que, farta da constante prisão da forma, saltes da mão para o chão e te estilhaces, suicida, numa explosão de diamantes. PAES, J. P. Prosas seguidas de odes minimas. São Paulo: Cia. das Letras. 1992.

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A reflexão acerca do fazer poético e um dos mais marcantes atributos da produção literária contemporânea, que, no poema de José Paulo Paes, se expressa por um(a) a) reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações no processo criativo, manifesto na expressão “Por translúcida pões”. b) subserviência aos princípios do rigor formal e dos cuidados com a precisão metafórica, como se observa em “prisão da forma”. c) visão progressivamente pessimista, em face da impossibilidade da criação poética, conforme expressa o verso “e te estilhaces, suicida”. d) processo de contenção, amadurecimento e transformação da palavra, representado pelos versos “numa explosão / de diamantes”. e) necessidade premente de libertação da prisão representada pela poesia, simbolicamente comparada a “garrafa” a ser “estilhaçada”. QUESTÃO 110 Palavras jogadas fora Quando criança, convivia no interior de São Paulo com o curioso verbo pinchar e ainda o ouço por lá esporadicamente. O sentido da palavra é o de “jogar fora” (pincha fora essa porcaria) ou “mandar embora” (pincha esse fulano daqui). Teria sido uma das muitas palavras que ouvi menos na capital do estado e, por conseguinte, deixei de usar. Quando indago às pessoas se conhecem esse verbo, comumente escuto respostas como “minha avó fala isso”. Aparentemente, para muitos falantes, esse verbo e algo do passado, que deixará de existir tão logo essa geração antiga morrer. As palavras são, em sua grande maioria, resultados de uma tradição: elas já estavam lá antes de nascermos. “Tradição”, etimologicamente, é o ato de entregar, de passar adiante, de transmitir (sobretudo valores culturais). O rompimento da tradição de uma palavra equivale à sua extinção. A gramática normativa muitas vezes colabora criando preconceitos, mas o fator mais forte que motiva os falantes a extinguirem uma palavra é associar a palavra, influenciados direta ou indiretamente pela visão normativa, a um grupo que julga não ser o seu. O pinchar, associado ao ambiente rural, onde há pouca escolaridade e refinamento citadino, está fadado à extinção? É louvável que nos preocupemos com a extinção de ararinhas-azuis ou dos micos-leão-dourados, mas a extinção de uma palavra não promove nenhuma comoção, como não nos comovemos com a extinção de insetos, a não ser dos extraordinariamente belos. Pelo contrário, muitas vezes a extinção das palavras é incentivada. VIARO. M. E. Língua Portuguesa, n. 77, mar. 2012 (adaptado).

A discussão empreendida sobre o (des)uso do verbo “pinchar” nos traz uma reflexão sobre a linguagem e seus usos, a partir da qual compreende-se que a) as palavras esquecidas pelos falantes devem ser descartadas dos dicionários, conforme sugere o título. b) o cuidado com espécies animais em extinção e mais urgente do que a preservação de palavras. c) o abandono de determinados vocábulos está associado a preconceitos socioculturais.


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d) as gerações têm a tradição de perpetuar o inventário de uma língua. e) o mundo contemporâneo exige a inovação do vocabulário das línguas. QUESTÃO 111 Poesia quentinha Projeto literário publica poemas em sacos de pão na capital mineira Se a literatura é mesmo o alimento da alma, então os mineiros estão diante de um verdadeiro banquete. Mais do que um pãozinho com manteiga, os moradores do bairro de Barreiro, em Belo Horizonte (MG), estão consumindo poesia brasileira no café da manhã. Graças ao projeto “Pão e Poesia”, que faz do saquinho de pão um espaço para veiculação de poemas, escritores como Affonso Romano de Sant'Anna e Fernando Brant dividem espaço com estudantes que passaram por oficinas de escrita poética. São ao todo 250 mil embalagens, distribuídas em padarias da região de Belo Horizonte, que trazem a boa literatura para o cotidiano de pessoas, além de dar uma chance a escritores novatos de verem seus textos impressos. Criado em 2008 por um analista de sistemas apaixonado por literatura, o “Pão e Poesia” já recebeu dois prêmios do Ministério da Cultura. Língua Portuguesa, n. 71, set. 2011.

A proposta de um projeto como o “Pão e Poesia” objetiva inovar em sua área de atuação, pois a) privilegia novos escritores em detrimento daqueles já consagrados. b) resgata poetas que haviam perdido espaços de publicação impressa. c) prescinde de critérios de seleção em prol da popularização da literatura. d) propõe acesso à literatura a públicos diversos. e) alavanca projetos de premiações antes esquecidos. QUESTÃO 112 da sua memória mil e mui tos out ros ros tos sol tos pou coa pou coa pag amo meu ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998

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Trabalhando com recursos formais inspirados no Concretismo, o poema atinge uma expressividade que se caracteriza pela a) a interrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica racional. b) reestruturação formal da palavra, para provocar o estranhamento no leitor. c) dispersão das unidades verbais, para questionar o sentido das lembranças. d) fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças. e) renovação das formas tradicionais, para propor uma nova vanguarda poética. QUESTÃO 113 A emergência da sociedade da informação está associada a um conjunto de profundas transformações ocorridas desde as últimas duas décadas do século XX. Tais mudanças ocorrem em dimensões distintas da vida humana em sociedade, as quais interagem de maneira sinérgica e confluem para projetar a informação e o conhecimento como elementos estratégicos, dos pontos de vista econômicoprodutivo, político e sociocultural. A sociedade da informação caracteriza-se pela crescente utilização de técnicas de transmissão, armazenamento de dados e informações a baixo custo, acompanhadas por inovações organizacionais, sociais e legais. Ainda que tenha surgido motivada por um conjunto de transformações na base técnico-científica, ela se investe de um significado bem mais abrangente. LEGEY. L.-R.; ALBAGLI, S. Disponível em: www.dgz.org.br. Acesso em: 4 dez. 2012 (adaptado).

O mundo contemporâneo tem sido caracterizado pela crescente utilização das novas tecnologias e pelo acesso à informação cada vez mais facilitado. De acordo com o texto, a sociedade da informação corresponde a uma mudança na organização social porque a) representa uma alternativa para a melhoria da qualidade de vida. b) associa informações obtidas instantaneamente por todos e em qualquer parte do mundo. c) propõe uma comunicação mais rápida e barata, contribuindo para a intensificação do comércio. d) propicia a interação entre as pessoas por meio de redes sociais. e) representa um modelo em que a informação é utilizada intensamente nos vários setores da vida. QUESTÃO 114 Embora particularidades na produção mediada pela tecnologia aproximem a escrita da oralidade, isso não significa que as pessoas estejam escrevendo errado. Muitos buscam, tão somente, adaptar o uso da linguagem ao suporte utilizado: “O contexto é que define o registro de língua. Se existe um limite de espaço, naturalmente, o sujeito irá usar mais abreviaturas, como faria no papel”, afirma um professor do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Cefet-MG. Da mesma forma, é preciso considerar a capacidade do destinatário de interpretar corretamente a mensagem emitida. No entendimento do pesquisador, a escola, às vezes, insiste em ensinar um registro utilizado apenas em contextos específicos, o que acaba por


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desestimular o aluno, que não vê sentido em empregar tal modelo em outras situações. Independentemente dos aparatos tecnológicos da atualidade, o emprego social da língua revela-se muito mais significativo do que seu uso escolar, conforme ressalta a diretora de Divulgação Científica da UFMG: “A dinâmica da língua oral e sempre presente. Não falamos ou escrevemos da mesma forma que nossos avós”. Some-se a isso o fato de os jovens se revelarem os principais usuários das novas tecnologias, por meio das quais conseguem se comunicar com facilidade. A professora ressalta, porém, que as pessoas precisam ter discernimento quanto às distintas situações, a fim de dominar outros códigos. SILVA JR.. M. G.; FONSECA. V. Revista Minas Faz Ciência. n. 51. set.nov. 2012 (adaptado).

Na esteira do desenvolvimento das tecnologias de informação e de comunicação, usos particulares da escrita foram surgindo. Diante dessa nova realidade, segundo o texto, cabe à escola levar o aluno a a) interagir por meio da linguagem formal no contexto digital. b) buscar alternativas para estabelecer melhores contatos on-line. c) adotar o uso de uma mesma norma nos diferentes suportes tecnológicos. d) desenvolver habilidades para compreender os textos postados na web. e) perceber as especificidades das linguagens em diferentes ambientes digitais. QUESTÃO 115

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a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita. d) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários. e) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes. c)

QUESTÃO 116 Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti. Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação. Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios. O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, a substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia- se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito. POMPÉIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

O contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela a) a ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades pessoais. b) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo educacional. c) produção pioneira de material didático, responsável pela facilitação do ensino. d) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos escolares. e) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo interesse comum do avanço social.

a)

QUESTÃO 117

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social. b) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.

João Antônio de Barros (Jota Barros) nasceu aos 24 de junho de 1935, em Glória de Goitá (PE). Marceneiro, entalhador, xilógrafo, poeta repentista e escritor de literatura de cordel, já publicou 33 folhetos e ainda tem vários inéditos. Reside em São Paulo desde 1973, vivendo exclusivamente da venda de livretos de cordel e das cantigas


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de improviso, ao som da viola. Grande divulgador da poesia popular nordestina no Sul, tem dado frequentemente entrevistas a imprensa paulista sobre o assunto.

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QUESTÃO 119

EVARISTO, M. C. O cordel em sala de aula. In: BRANDÃO. H. N. (Coord.). Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político, divulgação científica. São Paulo: Cortez, 2000.

A biografia é um gênero textual que descreve a trajetória de determinado indivíduo, evidenciando sua singularidade. No caso específico de uma biografia como a de João Antônio de Barros, um dos principais elementos que a constitui é a) a estilização dos eventos reais de sua vida, para que o relato biográfico surta os efeitos desejados. b) o relato de eventos de sua vida em perspectiva histórica, que valorize seu percurso artístico. c) a narração de eventos de sua vida que demonstrem a qualidade de sua obra. d) uma retórica que enfatize alguns eventos da vida exemplar da pessoa biografada. e) uma exposição de eventos de sua vida que mescle objetividade e construção ficcional. MAGRITTE, R. A reprodução proibida. Óleo sobre tela, 81,3 x 65 cm. Museum Boijmans Van Buningen, Holanda,1937.

QUESTÃO 118 A pátria Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, E um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera, Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha... Quem com o seu suor a fecunda e umedece, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste! BILAC, O. Poesias Infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1929.

Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza. b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo. c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais. d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento. e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.

O Surrealismo configurou-se como uma das vanguardas artísticas europeias do início do século XX. René Magritte, pintor belga, apresenta elementos dessa vanguarda em suas produções. Um traço do Surrealismo presente nessa pintura é o(a) a) justaposição de elementos díspares, observada na imagem do homem no espelho. b) crítica ao passadismo, exposta na dupla imagem do homem olhando sempre para frente. c) construção de perspectiva, apresentada na sobreposição de planos visuais. d) processo de automatismo, indicado na repetição da imagem do homem. e) procedimento de colagem, identificado no reflexo do livro no espelho. QUESTÃO 120 Yaô Aqui có no terreiro Pelú adié Faz inveja pra gente Que não tem mulher No jacutá de preto velho Há uma festa de yaô Ôi tem nêga de Ogum De Oxalá, de Iemanjá Mucama de Oxossi é caçador Ora viva Nanã Nanã Buruku Yô yôo Yô yôoo No terreiro de preto velho iaiá Vamos saravá (a quem meu pai?) Xangô! VIANA, G. Agô, Pixinguinha! 100 Anos. Som Livre, 1997.


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A canção Yaô foi composta na década de 1930 por Pixinguinha, em parceria com Gastão Viana, que escreveu a letra. O texto mistura o português com o iorubá, língua usada por africanos escravizados trazidos para o Brasil. Ao fazer uso do iorubá nessa composição, o autor a) promove uma crítica bem-humorada às religiões afrobrasileiras, destacando diversos orixás. b) ressalta uma mostra da marca da cultura africana, que se mantém viva na produção musical brasileira. c) evidencia a superioridade da cultura africana e seu caráter de resistência à dominação do branco. d) deixa a mostra a separação racial e cultural que caracteriza a constituição do povo brasileiro. e) expressa os rituais africanos com maior autenticidade, respeitando as referências originais. QUESTÃO 121

Máscara senufo, Mali. Madeira e fibra vegetal. Acervo do MAE/USP.

As formas plásticas nas produções africanas conduziram artistas modernos do início do século XX, como Pablo Picasso, a algumas proposições artísticas denominadas vanguardas. A máscara remete à a) preservação da proporção. b) idealização do movimento. c) estruturação assimétrica. d) sintetização das formas. e) valorização estética. QUESTÃO 122 Ao se apossarem do novo território, os europeus ignoraram um universo de antiga sabedoria, povoado por homens e bens unidos por um sistema integrado. A recusa em se inteirar dos valores culturais dos primeiros habitantes levou-os a uma descrição simplista desses grupos e à sua sucessiva destruição. Na verdade, não existe uma distinção entre a nossa arte e aquela produzida por povos tecnicamente menos desenvolvidos. As duas manifestações devem ser encaradas como expressões diferentes dos modos de sentir e pensar das várias sociedades, mas também como equivalentes, por resultarem de impulsos humanos comuns. SCATAMACHIA, M. C. M. In: AGUILAR, N. (Org.). Mostra do redescobrimento: arqueologia. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo – AssociaçãoBrasil 500 anos artes visuais, 2000.

De acordo com o texto, inexiste distinção entre as artes produzidas pelos colonizadores e pelos colonizados, pois ambas compartilham o(a) a) suporte artístico. b) nível tecnológico.

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c) base antropológica. d) concepção estética. e) referencial temático. QUESTÃO 123 Na exposição “A Artista Está Presente”, no MoMA, em Nova Iorque, a performer Marina Abramovic fez uma retrospectiva de sua carreira. No meio desta, protagonizou uma performance marcante. Em 2010, de 14 de março a 31 de maio, seis dias por semana, num total de 736 horas, ela repetia a mesma postura. Sentada numa sala, recebia os visitantes, um a um, e trocava com cada um deles um longo olhar sem palavras. Ao redor, o público assistia a essas cenas recorrentes. ZANIN, L. Marina Abramovic, ou a força do olhar. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br. Acesso em: 4 nov. 2013.

O texto apresenta uma obra da artista Marina Abramovic, cuja performance se alinha a tendências contemporâneas e se caracteriza pela a) inovação de uma proposta de arte relacional que adentra um museu. b) abordagem educacional estabelecida na relação da artista com o público. c) redistribuição do espaço do museu, que integra diversas linguagens artísticas. d) negociação colaborativa de sentidos entre a artista e a pessoa com quem interage. e) aproximação entre artista e público, o que rompe com a elitização dessa forma de arte. QUESTÃO 124 TEXTO I Um ato de criatividade pode contudo gerar um modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra sambódromo, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo, camelodrómo. AZEREDO. J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.

TEXTO II Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, daí as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Fórmula 1. GULLAR. F. Disponível em: www.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.

Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o Texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.


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b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras. c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de palavras por leigos. d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos neologismos. e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego. QUESTÃO 125

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atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor a) emprega sinais de pontuação em excesso. b) recorre a termos e expressões em desuso no português. c) apresenta-se na primeira pessoa do singular, para conotar intimidade com o destinatário. d) privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar conhecimento especializado. e) expressa-se em linguagem mais subjetiva, com forte carga emocional.

Assum preto Tudo em vorta é só beleza Sol de abril e a mata e frô Mas assum preto, cego dos óio Num vendo a luz, ai, canta de dor

QUESTÃO 127

Tarvez por ignorança Ou mardade das pió Furaro os óio do assum preto Pra assim, ai, canta mió Assum preto veve sorto Mas num pode avuá Mi veiz a sina de uma gaiola Desde que o céu, ai, pudesse oiá GONZAGA, L; TEIXEIRA, H. Disponível em www.luizgonzaga.mus.br. Acesso em: 30 jul, 2012 (fragmento)

As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da aplicação de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. No texto, é resultado de uma mesma regras a a) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”. b) pronúncia das palavras “travel” e “sorto”. c) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá” d) redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em frô”. e) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”. QUESTÃO 126 Exmº Sr. Governador Trago a V. Exa. Um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928. […] ADMINISTRAÇÃO Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precise disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha – um telegrama; porque se deitou pedra na rua – um telegrama. Porque o deputado F. esticou a canela – um telegrama. Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929. GRACILIANO RAMOS RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama

Disponível em http://farm5.static.flickr.com. Acesso em: 2 out. 2011 (adaptado)

Nas peças publicitárias, vários recursos verbais e não verbais são usados com o objetivo de atingir o público-alvo, influenciando seu comportamento. Considerando as informações verbais e não verbais trazidas no texto a respeito da hepatite, verifica-se que a) o tom lúdico é empregado como recurso de consolidação do pacto de confiança entre o medico e a população. b) a figura do profissional de saúde é legitimada, evocando-se o discurso autorizado como estratégia argumentativa. c) o uso de construções coloquiais e específicas da oralidade são recursos de argumentação que simulam o discurso do médico.


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d) a empresa anunciada deixa de se autopromover ao mostrar preocupação social e assume a responsabilidade pelas informações. e) o discurso evidencia uma cena de ensinamento didático, projetado com subjetividade no trecho sobre as maneiras de prevenção. QUESTÃO 128 Rede social pode prever desempenho profissional, diz pesquisa Pense duas vezes antes de postar qualquer item em seu perfil nas redes sociais. O conselho, repetido à exaustão por consultores de carreira por aí, acaba de ganhar um status, digamos, mais científico. De acordo com resultados da pesquisa, uma rápida análise do perfil nas redes sociais pode prever o desempenho profissional do candidato a uma oportunidade de emprego. Para chegar a essa conclusão, uma equipe de pesquisadores da Northern Illinois University, University of Evansville e Auburn University pediu a um professor universitário e dois alunos para analisarem perfis de um grupo de universitários. Após checar fotos, postagens, número de amigos e interesses por 10 minutos, o trio considerou itens como consciência, afabilidade, extroversão, estabilidade emocional e receptividade. Seis meses depois, as impressões do grupo foram comparadas com a análise de desempenho feita pelos chefes dos jovens que tiveram seus perfis analisados. Os pesquisadores encontraram uma forte correlação entre as características descritas a partir dos dados da rede e o comportamento dos universitários no ambiente de trabalho. Disponível em: http://exame.abril.com.br. Acesso em: 29 fev. 2012 (adaptado).

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qualquer das formas – apenas em sociedades estratificadas (sumérios, egípcios, chineses, gregos etc.). O fato é que os povos indígenas no Brasil, por exemplo, não empregavam um sistema de escrita, mas garantiam a conservação e continuidade dos conhecimentos acumulados, das histórias passadas e, também, das narrativas que sua tradição oral criou, através da transmissão oral. Todas as tecnologias indígenas se transmitiram e se desenvolveram assim. E não foram poucas: por exemplo, foram os índios que domesticaram plantas silvestres e, muitas vezes, venenosas, criando o milho, a mandioca (ou macaxeira), o amendoim, as morangas e muitas outras mais (e também as desenvolveram muito; por exemplo, somente do milho criaram cerca de 250 variedades diferentes em toda a América). D’ANGELIS, W. R. Histórias dos índios lá em casa: narrativas indígenas em tradição oral popular no Brasil. Disponível em: www.portalkaingang.or.br. Acesso em: 5 dez. 2012.

A escrita e a oralidade, nas diversas culturas, cumprem diferentes objetivos. O fragmento aponta que, nas sociedades indígenas brasileiras, a oralidade possibilitou a) a conservação e a valorização dos grupos detentores de certos saberes. b) a preservação e a transmissão dos saberes e da memória cultural dos povos c) a manutenção e a reprodução dos modelos estratificados de organização social d) a restrição e a limitação do conhecimento acumulado a determinadas comunidades e) o reconhecimento e a legitimação da importância da fala como meio de comunicação QUESTÃO 130

As redes sociais são espaços de comunicação e interação online que possibilitam o conhecimento de aspectos da privacidade de seus usuários. Segundo o texto, no mundo do trabalho, esse conhecimento permite a) identificar a capacidade física atribuída ao candidato. b) certificar a competência profissional do candidato. c) controlar o comportamento virtual e real do candidato. d) avaliar informações pessoais e comportamentais sobre o candidato. e) aferir a capacidade intelectual do candidato na resolução de problemas. QUESTÃO 129 As narrativas indígenas se sustentam e se perpetuam por uma tradição de transmissão oral (sejam as histórias verdadeiras dos seus antepassados, dos fatos e guerras recentes ou antigos; sejam as histórias de ficção, como aquelas da onça e do macaco). De fato, as comunidades indígenas nas chamadas “terras baixas da América do Sul” (o que exclui as montanhas dos Andes, por exemplo) não desenvolveram sistemas de escrita como os que conhecemos, sejam alfabéticos (como as escrita do português), sejam ideogramáticos (como a escrita dos chineses) ou outros. Somente nas sociedades indígenas com estratificação social (ou seja, já divididas em classes), como foram os astecas e os maias, é que surgiu algum tipo de escrita. A história da escrita parede mesmo demonstrar claramente isso: que ela surge e se desenvolve – em

Disponível em: www.behance.net. Acesso em: 21 fev. 2013 (adaptado)

A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço anunciado, funcionando como estratégia de persuasão em relação ao consumidor do Mercado gráfico. O recurso da linguagem verbal que contribui para esse destaque é emprego a) do termo “fácil” no início do anúncio, com foco no processo.


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b) de adjetivos que valorizam a nitidez da impressão. c) das formas verbais no futuro e no pretérito, em sequência. d) da expressão intensificadora “menos do que” associada à qualidade. e) da locução “do mundo” associada a “melhor”, que quantifica a ação. QUESTÃO 131 Riscar o chão para sair pulando é uma brincadeira que vem dos tempos do Império Romano. A amarelinha original tinha mais de cem metros e era usada como treinamento militar. As crianças romanas, então, fizeram imitações reduzidas do campo utilizado pelos soldados e acrescentaram numeração nos quadrados que deveriam ser pulados. Hoje as amarelinhas variam nos formatos geométricos e na quantidade de casas. As palavras “céu” e “inferno” podem ser escritas no começo e no final do desenho, que é marcado no chão com giz, tinta ou graveto. Disponível: www.biblioteca.ajes.edu.br. Acesso em: 20 maio 2015 (adaptado)

Com base em fatos históricos, o texto retrata o processo de adaptação pelo qual passou um tipo de brincadeira. Nesse sentido, conclui-se que as brincadeiras comportam o(a) a) caráter competitivo que se assemelha às suas origens. b) delimitação de regras que se perpetuam com o tempo. c) definição antecipada do número de grupos participantes. d) objetivo de aperfeiçoamento físico daqueles que a praticam. e) possibilidade de reinvenção no contexto em que é realizada.

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QUESTÃO 133 Por que as formigas não morrem quando postas em forno de micro-ondas? As micro-ondas são ondas eletromagnéticas com frequência muito alta. Elas causam vibração nas moléculas de água, e é isso que aquece a comida. Se o prato estiver seco, sua temperatura não se altera. Da mesma maneira, se as formigas tiverem pouca água em seu corpo, podem sair incólumes. Já um ser humano não sairia tão bem quanto esses insetos dentro de um forno de micro-ondas superdimensionado: a água que compões 70% do seu corpo aqueceria. Micro-ondas de baixa intensidade, porém, estão por toda parte, oriundas de telefonia celular, mas não há comprovação de que causem problemas para a população humana. OKUNO, E. Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 11 dez. 2013.

Os textos constroem-se com recursos linguísticos que materializam diferentes propósitos comunicativos. As responder à pergunta que dá título ao texto o autor tem como objetivo principal a) defender o ponto de vista de que as ondas eletromagnéticas são inofensivas. b) divulgar resultados recentes de pesquisas científicas para a sociedade. c) apresentar informações acerca das ondas eletromagnéticas e de seu uso. d) alertar o leitor sobre os riscos de usar micro-ondas em seu dia a dia. e) apontar as diferenças fisiológicas entre formigas e seres humanos.

QUESTÃO 132 QUESTÃO 134 Em junho de 1913, embarquei para a Europa a fim de me tratar num sanatório suíço. Escolhi o Clavadel, perto de Davos-Platz, porque a respeito dele me falara João Luso, que ali passara um inverno com a senhora. Mais tarde vim a saber que antes de existir no lugar um sanatório, lá estivera por algum tempo Antônio Nobre. “Ao cair das folhas”, um de seus mais belos sonetos, talvez o meu predileto, está datado de “Clavadel, outubro, 1895”. Fiquei na Suíça até outubro de 1914. BANDEIRA, M. Poesia complete e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.

No relato de memórias do autor, entre os recursos usados para organizar a sequência dos eventos narrados, destaca-se a a) construção de frases curtas a fim de conferir dinamicidade ao texto. b) presença de advérbios de lugar para indicar a progressão dos fatos. c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os acontecimentos d) inclusão de enunciados com comentários e avaliações pessoais. e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do escritor.

14 coisas que você não deve jogar na privada Nem no alo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente dos animais. Também deixa mais difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar entupimentos: Cotonete e fio dental; Medicamento e preservativo; Óleo de cozinha; Ponta de cigarro; Poeira de casa; Fio de animais; Querosene, gasolina, solvente, tíner. Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como o óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a destinação final adequada. MORGADO, M; EMASA. Manual de etiqueta. Planeta Sustentável, julago. 2013 (adaptado)

O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função conotativa da linguagem, predomina também nele a função referencial, que busca a) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que beneficiarão a sustentabilidade do planeta.


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b) informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre como fazer o correto descarte de alguns dejetos. c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplo de atitudes sustentáveis do autor do texto em relação ao planeta. d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre ações de sustentabilidade está sendo compreendida. e) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos utilizados de forma a proporcionar melhor compreensão do texto. QUESTÃO 135 Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados adequadamente Todos os meses são recolhidas das rodovias brasileiras centenas de milhares de toneladas de lixo. Só nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são 41,5 mil toneladas. O hábito de descartar embalagens, garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias persiste e tem aumentado nos últimos anos. O problema é que o lixo acumulado na rodovia, além de prejudicar o meio ambiente, pode impedir o escoamento da água, contribuir para as enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o trânsito e até causar acidentes. Além dos perigos que o lixo representa para os motoristas, o material descartado poderia ser devolvido para a cadeia produtiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodovias poderia ter melhor destino. Isso também vale para os plásticos inservíveis, que poderiam se transformar em sacos de lixo, baldes, cabides e até acessórios para os carros. Disponível em: www.girodasestradas.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

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A questão dependia da visualização e entendimento da palavra ´COMPELLED` (obrigada, forçada) seguida do repetido uso da palavra `BECAUSE` (porque), que se repetiu 4 vezes ao todo). Levando-se em conta o uso e traduções da palavra `BECAUSE` (por causa, porque, etc), podemos relaciona-la a alternativa A: razões pelas quais ela escreve. QUESTÃO 92: Alternativa A Este exercício traz à tona as questões psicológicas e sociais do bombardeio de imagens vinculadas a notícias e eventos que, muitas vezes não verídicos, nos atingem constantemente através das novas tecnologias de informação. Por conta da leitura superficial e a falta de verificação das fontes, muitos são levados a acreditar em tais imagens ou notícias e as disseminam como verdades. Além disso, a pesquisa mencionada mostra que até nossa memória pode ser manipulada através da exposição a imagens montadas (alteradas) sobre o nosso passado, causando lembranças de momentos que, na verdade, nunca vivemos. O caminho para a solução desta questão está atrelado as expressões: image-editting (edição de imagem), Photoshop (conhecido software de computador), fake images (imagens falsas), fake memories (lembranças falsas), real images (imagens reais), manipulated photographs (fotos manipuladas ou alteradas) sendo essa última a chave para a resposta correta que foi a alternativa A: alteração das imagens. QUESTÃO 93: Alternativa C O texto apresentado trata-se de um bilhete do Departamento de Segurança do Transporte e vem se tornando cada vez mais conhecido entre os viajantes com destino aos EUA. A questão referente a ele, dependia do conhecimento de falsos cognatos (notice, que não significa notícia, e sim notificação!) e conhecimento prévio sobre abordagem por órgãos públicos através de alertas. Dado o título da notificação:

Os gêneros textuais correspondem a certos padrões de composição de texto, determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade. Pela leitura do texto apresentado, reconhece-se que sua função é a) Apresentar dados estatísticos sobre a reciclagem no país. b) Alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do Mercado de recicláveis. c) Divulgar a quantidade de produtos reciclados retirados das rodovias brasileiras. d) Revelar os altos índices de acidentes nas rodovias brasileiras poluídas nos últimos anos e) Conscientizar sobre a necessidade de preservação ambiental e de segurança nas rodovias. RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS – ENEM 2015

NOTICE OF BAGGAGE INSPECTION = Notificação ou Aviso de inspeção de bagagem E a passagem final do primeiro parágrafo: As part of this process, some bags are opened and physically inspected. Your bag was among those selected for physical inspection. = Como parte deste processo, algumas malas são abertas e fisicamente inspecionadas. Sua mala estava dentre aquelas selecionadas para a inspeção física. Este conjunto de informações, rapidamente, nos leva a alternativa correta (C).A única opção que poderia gerar dúvida e confundir o candidato era a alternativa A, que poderia ser eliminada por considerar o texto uma solicitação, e não um aviso, informe. QUESTÃO 94: Alternativa D

Questões de 91 a 95 (opção inglês) QUESTÃO 91: Alternativa A Esta questão aborda um texto da saudosa autora hispanoamericana, Gloria Evangelina Anzaldúa, que costuma focar em temas culturais e raciais. Nada mais apropriado que usar o esclarecimento e a visão de uma mulher forte e inteligente como ela para representar um dos itens de língua estrangeira de uma prova importante como o ENEM.

Neste poema indígena norte-americano, podemos observar a estreita relação deste grupo com as estrelas e corpos celestiais. Já nas duas linhas iniciais encontramos: STAR (estrela), EARTH (Terra), SUN (Sol) e MOON (Lua). Partindo destas palavras e por eliminação de outras alternativas, chegamos a única que de fato trata dos elementos da natureza – D: importância dos elementos da natureza. QUESTÃO 95: Alternativa E


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As tiras sempre trazem questões culturais, aspecto que as torna complexas por concepção. Nesta, especificamente, temos que observar a dinâmica do diálogo. No primeiro quadro, a amiga diz que chegou a “estação” que ela odeia. A outra logo rebate dizendo no segundo quadro: “Deixa disso, Anne! As crianças estão na escola. O ar está fresco, as folhas estão mudando de cor.” A primeira então, interrompe: “Não me refiro ao outono, tolinha! Estou falando do futebol.” O que nos faz entender que SEASON neste caso seria TEMPORADA e não ESTAÇÃO do ano, . A alternativa E: as duas amigas atribuem sentidos diferentes à palavra season. Questões de 91 a 95 (opção espanhol) QUESTÃO 91: Alternativa B A frase escrita no cartaz, significa, em tradução livre: "se quer ficar com minha vaga no estacionamento também pode ficar com minha deficiência". Ou seja, este cartaz chama a atenção daqueles que fazem uso indevido das vagas do estacionamentos para as pessoas com algum tipo de deficiência, que vale também para casos de vagas idosos. Com uma simples interpretação, o aluno chegaria a opção correta, que é a alternativa B: "respeitar o estacionamento destinado a cadeirantes". As outras respostas poderiam facilmente ser eliminadas, pois chamam a atenção para os cadeirantes e não para os usuários das vagas, como indica o alerta. QUESTÃO 92: Alternativa A O texto mostra a dicotomia que existe nos filmes norteamericanos, pois, apesar da influência da cultura latinoamericana e do espanhol nos Estados Unidos, muitas vezes as falas neste idioma não são traduzidas. Isso evidencia que este idioma, para os norte-americanos, não tem o mesmo valor linguístico que o inglês, sendo deixado de lado. A palavra "assimetria" na alternativa correta, que pode ser substituída por "diferença" (no tratamento do espanhol como elemento da diversidade linguística nos Estados Unidos), poderia confundir o estudante. QUESTÃO 93: Alternativa C "Puro floro" é uma expressão idiomática usada no Peru que em português significaria algo como "enrolação", "mentira". Porém, nem todos conhecem esta expressão, justamente por ser específica deste país. Mesmo assim, pode-se deduzir seu significado através do texto. Vamos ver como: o autor explica sobre o dia do amor e amizade e depois coloca a palavra "pero" que pode ser traduzida como "mas" em português, a qual indica uma objeção, e depois informa sobre os problemas de maustratos que existem entre casais, o que nos permite inferir que a frase significa que nem tudo é amor, apesar da data. Assim a resposta correta é a Alternativa C (camuflar a violência de gênero existente no país). O candidato poderia se confundir com a resposta "D- atenuar os maus-tratos cometidos por alguns homens", mas essa é incorreta, uma vez que a comemoração não pode atenuar algo que foi feito, como se o problema não existisse. QUESTÃO 94: Alternativa D O texto trata do lago Atlitán, no qual, vivem diferentes culturas como a indígena, a espanhola e a mestiça, assim como outros grupos que foram se estabelecendo nesta região devido à beleza da natureza e a paz do local. A pergunta é sobre a relevância social do lago e, conforme eslcarecido na passagem final "[…] símbolo y reflejo de lo que es Hispanoamérica: un mosaico de culturas y un ejemplo de convivencia.", por interpretação atenta

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o candidato poderia chegar a resposta correta "Dmulticulturalidade caraterística da identidade hispanoamericana". O estudante poderia se confundir com a alternativa "E- valorização da cultura indígena observada entre as comunidades locais", pois é também um tema tratado no texto, porém não consiste na sua ideia principal, que é a multiculturalidade presente nas proximidades do lago. QUESTÃO 95: Alternativa D Neste poema podemos ver como o escritor usa as preposições (junto, sobre, bajo) para indicar as posições sociais em que se encontram as partes envolvidas no cultivo de cana-de-açúcar. Sendo assim, o negro é o que trabalha, o "yanqui", que é americano quem administra, e a terra que faz crescer o plantio de cana-de-açúcar, que nos levam a repostas correta. A resposta podia se confundir com a alternativa "E- funções particulares de cada profissional na lavoura de cana-de-acucar", pois as preposições permitem identificar, assim com os envolvidos, também suas funções, mas o objetivo do escritor não era exatamente este, e sim fazer uma crítica sobre o trabalho de lavoura na América Latina em que socialmente se impõe a organização antes citada. Questões de 96 a 135 QUESTÃO 96: Alternativa B O break consiste em uma dança improvisada, com movimentos que representam a vida urbana, veloz e descontínua em vários aspectos. A estrutura da ‘batalha’ lembra muito o repente nordestino, no que diz respeito ao improviso e à criatividade: dos movimentos na dança e das rimas, no repente. A questão exigia que o candidato tivesse conhecimentos de cultura geral e já tivesse visto apresentações do gênero para fazer a associação, uma vez que o texto da questão não apresenta descrição das ‘disputas’. QUESTÃO 97: Alternativa E Tradicionalmente, o ENEM pede que o candidato interprete diferentes tipos de linguagem. É a exigência aqui: em um anúncio que combina texto não-verbal (imagem) e texto verbal (com palavras), a campanha da ABI mostra que a informação, elemento fundamental da associação, é imprescindível para que o cidadão formule suas opiniões com criticidade, ideia que está exposta na alternativa E.

QUESTÃO 98: Alternativa D Por meio de referências a vários tipos de discursos diferentes, do bíblico (“Primeiro surgiu o homem”) ao científico (“em seguida se criou a filosofia”), o autor faz uma paródia bemhumorada sobre a evolução do homem e o caos da modernidade (“Foram inventados o calmante e o estimulante (...) e cada um se vira como pode”). QUESTÃO 99: Alternativa D O poeta Cacaso se utiliza das cores da bandeira, e sua tradicional e ufanista interpretação – verde das matas; amarelo do ouro; azul do céu e branco da paz – para metaforizar a violência sofrida por muitos durante o período de ditadura militar, o que é reforçado pela imagem das vísceras expostas e do sangue no assoalho: a bandeira é o corpo no cavalete, sendo torturado. O poeta estabelece também uma relação intertextual com a obra de Castro Alves, “Navio Negreiro” (“Auriverde pendão da minha terra/ que a brisa [do Brasil] beija e


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balança”), no qual também há referência à crueldade no tratamento do ser humano. QUESTÃO 100: Alternativa C A questão exigia do candidato a habilidade de fazer inferências a partir de informações implícitas. A família ideal e digna de admiração, ‘propagandeada’ pela avó era apenas a imagem construída a partir de segredos e pactos, que a personagem Margarida desconstrói “naquela noite negra da rebelião”, apesar dos protestos indignados da narradora, que não queria ver o ideal familiar ruindo. QUESTÃO 101: Alternativa E A questão exigia do candidato a habilidade de relacionar texto verbal (texto II) e não verbal (a pintura) para concluir que o quadro reproduz a definição que Lucian Freud costumava dar de si mesmo, um biólogo, portanto um cientista, com compromisso com a verdade. Lucian, neto de Sigmund Freud, era pintor, que produziu seus primeiros quadros seguindo as tendências do Surrealismo, passando, mais tarde, a pintar pessoas, principalmente amigos artistas. Segundo o próprio Lucian, ele pintava as pessoas como elas, por acaso, se pareciam. No quadro, percebe-se a quebra do padrão acadêmico de Beleza, ao se retratar Lucian com realismo, isento do ideal de perfeição, de acordo com a própria tendência do retratado, como mencionado na alternativa E. QUESTÃO 102: Alternativa A Dirigindo-se ao interlocutor (“Tu tens medo de acabar”), o eu lírico mostra que a morte é uma certeza da condição humana, mas mostra também que há vários ‘tipos’ de morte, as quais não são encerramentos definitivos, são fechamentos de ciclos, que se renovam. Passando reiteradas vezes por esses ciclos ao longo da existência, perde-se o medo da Morte, momento no qual, então, haverá a sublimação espiritual, apresentada na alternativa A. QUESTÃO 103: Alternativa B A questão abrange a utilização de diferentes variantes linguísticas. Devemos lembrar que uma língua não é homogênea, existem diferentes fatores que podem ocasionar variações, como a região em que é empregada, o grau de escolaridade e a idade dos falantes ou ainda o grau de formalidade da situação, o que levaria o falante a se expressar de modo a obedecer, com mais ou com menos rigor, às regras da chamada norma culta. No caso da música, como o enunciado mesmo menciona, há o emprego de uma linguagem informal, que pode ser verificada pela presença de expressões populares (“Meu dia voa”; ‘‘vou penar’’; “anda noutro mundo”), como expresso na alternativa B. QUESTÃO 104: Alternativa B O gênero textual em questão, a carta, tem características bem particulares, como o contato direto entre emissor e receptor e o referente desse tipo de comunicação pode ser muito diversificado. Entre os assuntos tratados por meio de cartas pode estar a troca de notícias entre os interlocutores. Na letra da música, essa é a tônica: em tom saudosista, Vinícius de Moraes relembra ao receptor, Tom Jobim, um Rio de Janeiro que já não existe mais (“Ipanema era só felicidade”), inclusive do ponto de vista urbanístico (“E além disso se via da janela/ Um cantinho de céu e o Redentor”) QUESTÃO 105: Alternativa A

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Os povos primitivos baseavam-se nos dados concretos e no conhecimento do mundo em que estavam inseridos para nomear os elementos como plantas, animais lugares e acidentes geográficos. O texto ressalta que, se esses conhecimentos, no caso o acervo linguístico (o significado da palavra ‘itaorna’ em tupinambá), fossem valorizados e tivessem sido levados em consideração pelos engenheiros, teria sido possível prever acidentes e minimizar danos. QUESTÃO 106: Alternativa E O registro da língua portuguesa pode ser formal (norma culta, a que obedece rigorosamente às regras da Gramática Normativa) ou informal (coloquial, que pode apresentar desvios em relação às regras, sendo tais desvios mais acentuados ou menos, de acordo com a situação de comunicação ou conforme o nível de escolarização do indivíduo). Essas marcas de formalidade/informalidade podem estar presentes tanto no texto escrito como no falado. Para se aproximar do leitor, o autor do texto recorreu a algumas marcas de oralidade/informalidade no início e no final do texto. As expressões coloquiais poderiam expressar a mesma ideia, sem alteração de sentido, apenas de registro, fazendo-se a substituição proposta na alternativa E, pois as demais alternativas mantêm expressões coloquiais. QUESTÃO 107: Alternativa C O texto cita afirmação da Organização Mundial da Saúde, traz o parecer de um médico e afirma, no segundo parágrafo, que “O excesso de peso e de gordura no corpo desencadeia e piora problemas de saúde que poderiam ser evitados.” Podemos reconhecer aqui a necessidade de domínio da habilidade H10 (Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em funçãodas necessidades cinestésicas). A única alternativa que apresenta relação com esses dados é a letra C. QUESTÃO 108: Alternativa C Uma das funções sociais da linguagem é instruir. O texto apresentado, publicado originalmente em um guia que apresenta modelos e técnicas para elaboração de textos, cumpre essa função ao dar sugestões ao leitor para que não ‘desperdice’ oportunidades ao enviar currículos sem critérios precisos e instrui para que o envio de seus currículos seja mais eficiente, o que está expresso na alternativa C. QUESTÃO 109: Alternativa D A função metalinguística (que utiliza um código para fazer referência a ele mesmo) aparece no texto de José Paulo Paes, ao lado da função poética. Embora o poeta crie o texto dirigindose à garrafa, esta é, na verdade, uma metáfora para a própria poesia. Em cada estrofe há uma etapa da produção poética: a contenção da palavra (a seleção lexical, a métrica e a rima), o seu amadurecimento no texto, com a tomada de forma e, por fim, a transformação da palavra, que apoteoticamente culmina numa explosão de sentidos/diamantes, que pode ser comparada à estrutura com versos livres do rigor formal. QUESTÃO 110: Alternativa C A língua apresentas diferentes variantes, entre as quais uma está relacionada à condição social do falante. Na maioria das sociedades, a variante de maior prestígio social é a ‘eleita’ como padrão e as demais acabam sendo consideradas ‘desprestigiadas’. No texto, a palavra ‘pinchar’, como outras tantas, está associada ao “ambiente rural, onde há pouca escolaridade e refinamento citadino”, o que faz com que sofra o


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chamado preconceito linguístico e acabe sendo abandonada, correndo risco de extinção. É o que vemos expresso na alternativa C. QUESTÃO 111: Alternativa D Ao utilizar o papel do saco de pão como suporte para a escrita, veiculando poemas, o projeto “Pão e Poesia” promove a democratização da literatura, fazendo com que as obras cheguem a um público muito amplo, a pessoas que, possivelmente, não tivessem acesso à poesia na forma de livros. QUESTÃO 112: Alternativa D O Concretismo, movimento literário que procura associar a poesia a formas arquitetônicas ou esculturais, portanto ligar o texto escrito ao espaço ocupado por este no papel, cria a chamada poesia visual. No poema de Arnaldo Antunes, as palavras foram fragmentadas de modo a ocupar um espaço estreito, do mesmo modo como as lembranças do eu lírico vão se estreitando e se fragmentando. QUESTÃO 113: Alternativa E O texto aponta que a sociedade da informação está ligada a mudanças que “ocorrem em dimensões distintas da vida humana em sociedade (...) dos pontos de vista econômicoprodutivo, político e sociocultural” o que aparece expresso na alternativa E.

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QUESTÃO 117: Alternativa B O gênero textual em questão é o biográfico, em que se destacam, geralmente em ordem cronológica, fatos, eventos e características marcantes do biografado. Neste caso, há um destaque para a trajetória profissional, iniciada na marcenaria e vai passando por outras atividades que culminam na atuação como divulgador da cultura popular nordestina. QUESTÃO 118: Alternativa B Ao exaltar veementemente as qualidades da terra brasileira, Olavo Bilac faz parecer que a prosperidade não tem relação com as políticas governamentais, mas é fruto exclusivamente dos esforços individuais, o que fica evidente nos versos “Quem com o seu suor a fecunda e umedece, / Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!”. QUESTÃO 119: Alternativa A O surrealismo surgiu em Parisna década de 1920. Foi bastante influenciado pelas teorias psicanalíticas Sigmund Freud (18561939) e enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa, a qual se afasta da lógica e do pensamento racional, por isso apresenta imagens ‘nonsense’ ou oníricas (do mundo dos sonhos). Essa falta de lógica é claramente observada na obra de Magritte, A reprodução proibida, que apresenta a justaposição de imagens díspares do homem frente a um espelho. QUESTÃO 120: Alternativa B

QUESTÃO 114: Alternativa E O texto apresenta a crítica de um pesquisador, segundo o qual “a escola, às vezes, insiste em ensinar um registro utilizado apenas em contextos específicos” (a norma padrão) quando deveria instrumentalizar o aluno de modo que, segundo outra pesquisadora, as pessoas tivessem “discernimento quanto às distintas situações, a fim de dominar outros códigos’’, tornando o aluno conhecedor das diferentes variantes linguísticas para usá-las de modo adequado à situação de comunicação. Isso leva ao exposto na alternativa E. QUESTÃO 115: Alternativa E

Os autores, ao mesclarem a língua portuguesa e a iorubá, deixam claro que a cultura africana se mantém viva nas manifestações culturais populares, como a música. QUESTÃO 121: Alternativa D As culturas primitivas produziram muitas manifestações artísticas em que as formas eram representadas de maneira sintética, esquemática, muito diferente do detalhamento acadêmico (na máscara apresentada distingue-se apenas um ‘esboço’ de rosto). Essa ‘arte simplificada’ serviu de inspiração para muitos artistas modernos, como Pablo Picasso.

A questão exigia do candidato atenção ao texto do poema e a associação com conhecimentos de outras áreas, especialmente a História, já que o texto foi produzido durante a Ditadura Militar e faz referência a outro período de repressão, a Inconfidência Mineira. De contemporâneo, o texto apresenta a ruptura das palavras e dos versos (pelo acréscimo do símbolo &) e associado ao enunciado há referências aos inconfidentes (muitos dos quais eram também expoentes do Arcadismo) como Cláudio Manuel da Costa, o qual foi encontrado enforcado na Casa dos Contos, que servia de prisão em Ouro Preto. Juntam-se, assim, no poema, dois períodos de opressão aos que sonhavam com a liberdade.

QUESTÃO 122: Alternativa C

QUESTÃO 116: Alternativa A

A tendência contemporânea de ‘arte em construção’ e de ‘arte colaborativa’, em que os espectadores podem ser integrantes ou participantes da instalação ou da ‘performance’ está presente na obra de Marina Abramovic, apresentada na questão. Como há interação entre artista e espectador, pode-se dizer que há ‘negociação colaborativa de sentidos’, conforme a alternativa D.

O trecho apresenta, no 3º parágrafo, a comparação entre a propaganda feita pelo diretor do Ateneu, colégio afamado, aos estabelecimentos “que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa”. Há também a menção aos livros apresentados em profusão “de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco (...) oferecia-se ao pasmo venerador” das pessoas que buscavam instrução. Tais procedimentos mostram que a Educação era tratada como mercadoria associada à vaidade do diretor, o que está apresentado na alternativa A.

O texto afirma que colonizados e colonizadores têm em comum os mesmos impulsos humanos (“As duas manifestações devem ser encaradas como expressões diferentes dos modos de sentir e pensar das várias sociedades, mas também como equivalentes, por resultarem de impulsos humanos comuns”) e, portanto, a arte criada por ambos apresenta o mesmo valor, pois têm a mesma base, a antropológica, mas essa conclusão dependeria de o candidato conhecer o objeto de estudo da Antropologia. QUESTÃO 123: Alternativa D

QUESTÃO 124:Alternativa A Os textos discorrem sobre o processo linguístico de criação de palavras e mesmo que o segundo texto apresente uma opinião


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desfavorável à escolha dos formantes para a criação da palavra ‘sambódromo’ (criada por hibridismo, processo em que se somam formantes de origens diferentes, no caso português e grego), é indiscutível a presença de certo dinamismo nesse processo criativo, conforme a alternativa A. QUESTÃO 125: Alternativa B A variante linguística empregada pelos autores da música é característica de comunidades isoladas onde as pessoas apresentam pouca ou nenhuma escolaridade, o que faz com que empreguem a língua em desacordo com a norma padrão, mas nem por isso deixam de ter a capacidade de expressão de sentimentos. Existem uma série de alterações que seguem uma ‘regra’ interna, como a supressão do ‘r’ final dos verbos no infinitivo (cantá), ou a redução do ditongo nasal a uma única vogal (furaro). Dentre as alternativas, a única dupla que segue o mesmo tipo de alteração está na alternativa B, em que se observa a troca do ‘l’ pelo ‘r’, fenômeno conhecido por rotacismo. QUESTÃO 126: Alternativa E A redação oficial, da qual faz parte o relatório, deve ser pautada pela impessoalidade, pela objetividade e pela formalidade. A formalidade está presente, no emprego adequado do pronome de tratamento e seu respectivo vocativo, porém a linguagem é marcada pela subjetividade, destacando-se a ironia de Graciliano ao mencionar o uso exagerado de telegramas, o que consome o dinheiro público inadequadamente. QUESTÃO 127: Alternativa B O texto verbal da campanha traz informações relevantes sobre a prevenção à doença, com linguagem clara e objetiva, empregando verbos no imperativo, marcando a presença das funções referencial (foco na informação) e apelativa (foco no receptor, para induzi-lo a seguir as informações) da linguagem. Já os elementos não verbais, notadamente a imagem de uma médica (o jaleco e o estetoscópio indicam a profissão) dão força à mensagem, funcionando como argumento de autoridade para obter a persuasão do leitor. QUESTÃO 128: Alternativa D A revista Exame menciona um trabalho científico que verificou a semelhança entre análises dos dados pessoais de perfis de redes sociais e análise de desempenho profissional dessas mesmas pessoas (“Os pesquisadores encontraram uma forte correlação entre as características descritas a partir dos dados da rede e o comportamento dos universitários no ambiente de trabalho”) permitindo considerar a alternativa D como correta. QUESTÃO 129: Alternativa B Questão de interpretação de texto que exigia leitura atenta e identificação da informação principal que é anunciada logo no tópico frasal do parágrafo (“As narrativas indígenas se sustentam e se perpetuam por uma tradição de transmissão oral”) de onde se infere que, mesmo sem o desenvolvimento de um sistema de escrita, os saberes relevantes para os povos foram mantidos por meio da transmissão oral. QUESTÃO 130: Alternativa C No texto, o ‘pulo’ de uma forma verbal de futuro (“vai ser bom”) diretamente para o pretérito perfeito (“não foi”) indica que a ação ocorreu no breve intervalo da enunciação da frase,

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denotando a rapidez na execução do trabalho, conforme expresso na alternativa C. QUESTÃO 131: Alternativa E Muitas brincadeiras têm o caráter imitativo: crianças, desde a antiguidade, brincam de imitar os adultos, o que realça a possibilidade de reinvenção das brincadeiras, adaptando-se aos contextos em que são praticadas. QUESTÃO 132: Alternativa C Embora entenda-se o tempo pretérito com aquele que expressa ações anteriores ao momento da comunicação, existe uma subdivisão desse tempo em pretérito imperfeito, perfeito e mais que perfeito. O primeiro é empregado para dar a ideia de ação inconclusa ou repetida no passado; o perfeito apresenta ações concluídas no passado e o mais que perfeito também indica que a ação teve um fim, porém ocorreu anteriormente a outra já passada, ou seja, o pretérito mais que perfeito é o ‘passado do passado”, ou ainda, é o pretérito mais ‘antigo’ que o perfeito. Dessa forma, os emissores podem organizar as informações já passadas, empregando essas possibilidades temporais. Assim, ‘’falara’’, “estivera’’ e “passara” são fatos anteriores a “embarquei’’ e “escolhi”, conforme a alternativa C. QUESTÃO 133: Alternativa C O texto explica que as micro-ondas são ondas eletromagnéticas que apresentam frequência muito alta, causando a vibração das moléculas de água. Isso leva o alimento a ser aquecido. Assim, se as formigas tiverem pouca água em seu corpo, elas sobrevivem, ao serem colocadas no micro-ondas, mas, o mesmo não ocorreria com os seres humanos, já que estes têm um grande percentual de água no seu organismo. Ao dar toda essa explicação como resposta para a pergunta, o texto apresenta o funcionamento e o uso das ondas eletromagnéticas, como indicado na alternativa C. QUESTÃO 134: Alternativa B A questão cobra do candidato o conhecimento das funções da linguagem. No texto apresentado podem ser identificadas a função conativa (ou apelativa) que coloca em destaque o receptor e caracteriza-se pelo uso dos verbos no imperativo. Ao lado dessa, há também a função referencial, cujo foco é a informação, o assunto. Sendo esse um texto do gênero informativo, ele tem a intenção de esclarecer o leitor, como afirma a alternativa B. QUESTÃO 135: Alternativa E Ao apresentar dados estatísticos sobre o lixo jogado nas rodovias, os perigos que a prática do descarte inadequado representa e as possíveis destinações para tal material, o texto tem a função de conscientizar o leitor sobre o problema, incentivando-o a repensar tais práticas, cumprindo a função social característica do gênero textual informativo.


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ENEM 2016 – LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 91 a 95 (opção inglês).

a) b) c) d) e)

80 ações do governo local referentes a calamidades. relatos de sobreviventes em tragédias marcantes. tipos de desastres naturais possíveis de acontecer. informações sobre acidentes ocorridos em Connecticut. medidas de emergência a serem tomadas em catástrofes.

QUESTÃO 91 QUESTÃO 93 Frankentissue: printable cell technology In November, researchers from the University of Wollongong in Australia announced a new bio-ink that is a step toward really printing living human tissue on an inkjet printer. It is like printing tissue dot-by-dot. A drop of bioink contains 10,000 to 30,000 cells. The focus of much of this research is the eventual production of tailored tissues suitable for surgery, like living Band-Aids, which could be printed on the inkjet. However, it is still nearly impossible to effectively replicate nature’s ingenious patterns on a home office accessory. Consider that the liver is a series of globules, the kidney a set of pyramids. Those kinds of structures demand 3D printers that can build them up, layer by layer. At the moment, skin and other flat tissues are most promising for the inkjet. Disponível em: http://discovermagazine.com. Acesso em: 2 dez. 2012.

O texto relata perspectivas no campo da tecnologia para cirurgias em geral, e a mais promissora para este momento enfoca o(a) a) uso de um produto natural com milhares de células para reparar tecidos humanos. b) criação de uma impressora especial para traçar mapas cirúrgicos detalhados. c) desenvolvimento de uma tinta para produzir pele e tecidos humanos finos. d) reprodução de células em 3D para ajudar nas cirurgias de recuperação dos rins. e) extração de glóbulos do fígado para serem reproduzidos em laboratório. QUESTÃO 92

Italian university switches to English By Sean Coughlan, BBC News education correspondent 16 May 2012 Last updated at 09:49 GMT Milan is crowded with Italian icons, which makes it even more of a cultural earthquake that one of Italy’s leading universities — the Politecnico di Milano — is going to switch to the English language. The university has announced that from 2014 most of its degree courses — including all its graduate courses — will be taught and assessed entirely in English rather than Italian. The waters of globalisation are rising around higher education — and the university believes that if it remains Italian-speaking it risks isolation and will be unable to compete as an international institution. “We strongly believe our classes should be international classes — and the only way to have international classes is to use the English language”, says the university’s rector, Giovanni Azzone. COUGHLAN, S. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em 31. jul. 2012.

As línguas têm um papel importante na comunicação entre pessoas de diferentes culturas. Diante do movimento de internacionalização no ensino superior, a universidade Politecnico di Milano decidiu a) elaborar exames em língua inglesa para o ingresso na universidade. b) ampliar a oferta de vagas na graduação para alunos estrangeiros. c) investir na divulgação da universidade no mercado internacional. d) substituir a língua nacional para se inserir no contexto da globalização. e) estabelecer metas para melhorar a qualidade do ensino de italiano. QUESTÃO 94 Ebony and ivory Ebony and ivory live together in perfect harmony Side by side on my piano keyboard, oh Lord, why don’t we? We all know that people are the same wherever we go There is good and bad in ev’ryone, We learn to live, we learn to give Each other what we need to survive together alive McCARTNEY, P. Disponível em: www.paulmccartney.com. Acesso em: 30 maio 2016.

Disponível em: www.ct.gov. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Orientações à população são encontradas também em sites oficiais. Ao clicar no endereço eletrônico mencionado no cartaz disponível na internet, o leitor tem acesso aos(às)

Em diferentes épocas e lugares, compositores têm utilizado seu espaço de produção musical para expressar e problematizar perspectivas de mundo. Paul McCartney, na letra dessa canção, defende a) o aprendizado compartilhado. b) a necessidade de donativos. c) as manifestações culturais. d) o bem em relação ao mal. e) o respeito étnico.


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QUESTÃO 95 BOGOF is used as a noun as in 'There are some great bogofs on at the supermarket” or an adjective, usually with a word such as 'offer' or “deal” - “there are some great bogof offers in store”. When you combine the first letters of the words in a phrase or the name of an organisation, you have an acronym. Acronyms are spoken as a word so NATO (North Atlantic Treaty Organisation) is not pronounced N-A-T-O. We say NATO. Bogof, when said out loud, is quite comical for a native speaker, as it sounds like an insult, “Bog off!” meaning go away, leave me alone, slightly childish and a little old-fashioned. BOGOF is the best-known of the supermarket marketing strategies. The concept was first imported from the USA during the 1970s recession, when food prices were very high. It came back into fashion in the late 1990s, led by big supermarket chains trying to gain a competitive advantage over each other. Consumers were attracted by the idea that they could get something for nothing. Who could possibly say “no”? Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 2 ago. 2912 (adaptado).

Considerando-se as informações do texto, a expressão “bogof” é usada para a) anunciar mercadorias em promoção. b) pedir para uma pessoa se retirar. c) comprar produtos fora de moda. d) indicar recessão na economia. e) chamar alguém em voz alta. Questões de 91 a 95 (opção espanhol) QUESTÃO 91 La Sala II de la Cámara de Casación Penal ordenó que Marcela y Felipe Noble Herrera, los hijos adoptivos de la dueña de Clarín, se sometan “a la extracción directa, con o sin consentimiento, de mínimas muestras de sangre, saliva, piel, cabello u otras muestras biológicas” que les pertenezcan de “manera indubitable” para poder determinar si son hijos de desaparecidos. EI tribunal, así, hizo lugar a un reclamo de las Abuelas de Plaza de Mayo y movió un casillero una causa judicial que ya lleva diez años de indefinición. Sin embargo, simultáneamente, fijó un límite y sólo habilitó la comparación de los perfiles genéticos de los jóvenes con el ADN de las familias de personas “detenidas o desaparecidas con certeza” hasta el 13 de mayo de 1976, en el caso de Marcela, y hasta el 7 de julio del mismo año en el de Felipe. La obtención del material genético no será inmediata, ya que algunas de las partes apelarán y el tema inevitablemente desembocará a la Corte Suprema, que tendrá la palabra final sobre la discusión de fondo. “Es una de cal y otra de arena, es querer quedar bien con Dios y con el diablo”, resumió la presidenta deAbueIas, Estela Carlotto, su primera impresión de la resolución que firmaron Guillermo Yacobucci, Luis García y Raúl Madueño. Aun así la evaluó como “un paso importante” porque determina que “si o sí la extracción de sangre o de elementos que contengan ADN debe proceder”. “Lo que nos cayó mal”, acotó, es “la limitación” temporal que permitirá que la comparación se haga sólo con un grupo de familias. “Seguimos con la historia de que acá hay de primera y de segunda. ¿Por qué todos los demás casos siempre se han

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comparado con el Banco (de Datos Genéticos) completo y en éste no?", se preguntó. HAUSER. I. Disponível em: www.pagina12.com.ar. Acesso em: 30 maio 2016.

Nessa notícia, publicada no jornal argentino Página 12, citam-se comentários de Estela Carlotto, presidente da associação Abuelas de Plaza de Mayo, com relação a uma decisão do tribunal argentino. No contexto da fala, a expressão “una de cal y otra de arena” é utilizada para a) referir-se ao fato de a decisão judicial não implicar a sua imediata aplicação. b) destacar a inevitável execução da sentença. c) ironizar a parcialidade da Justiça nessa ação. d) criticar a coleta compulsória do material genético. e) enfatizar a determinação judicial como algo consolidado. QUESTÃO 92 Preámbulo a las instrucciones para dar cuerda al reloj Piensa en esto: cuando te regalan un reloj te regalan un pequeño infierno florido, una cadena de rosas, un calabozo de aire. No te dan solamente el reloj, que los cumplas muy felices y esperamos que te dure porque es de buena marca, suizo con ancora de rubíes; no te regalan solamente ese menudo picapedrero que te ataras a la muñeca y pasearás contigo. Te regalan - no lo saben, Io terrible es que no lo saben -, te regalan un nuevo pedazo frágil y precario de ti mismo, algo que es tuyo pero no es tu cuerpo, que hay que atar a tu cuerpo con su correa como un bracito desesperado colgándose de tu muñeca. Te regalan la necesidad de darle cuerda todos los dias, la obligación de darle cuerda para que siga siendo un reloj; te regalan la obsesión de atender a Ia hora exacta en las vitrinas de las joyerías, en el anuncio por la radio, en el servicio telefónico. Te regalan el miedo de perderlo, de que te Io roben, de que se te caiga al suelo y se rompa. Te regalan su marca, y la seguridad de que es una marca mejor que las otras, te regalan la tendencia de comparar tu reloj con Ios demás relojes. No te regalan un reloj, tú eres el regalado, a ti te ofrecen para el cumpleaños del reloj. CORTÁZAR. J. Historias de cronopios y de fatias. Buenos Aires Sudamericana, 1963 (fragmento).

Nesse texto, Júlio Cortázar transforma pequenas ações cotidianas em criação literária, a) denunciando a má qualidade dos relógios modernos em relação aos antigos. b) apresentando possibilidades de sermos presenteados com um relógio. c) convidando o leitor a refletir sobre a coisificação do ser humano. d) desafiando o leitor a pensar sobre a efemeridade do tempo. e) criticando o leitor por ignorar os malefícios do relógio.


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QUESTÃO 93

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QUESTÃO 95

Agua al soñar que un cántaro en la cabeza acarreas, será éxito y triunfo lo que tú veas. Bañarse en un río donde el agua escalda, es augurio de enemigos y de cuchillo en la espalda. Bañarse en un río de agua puerca, es perder a alguien cerca. ORTIZ. A.; FLORES FARFAN, J. A. Sueños mexicanos. México: Artes de México, 2012.

O poema retoma elementos da cultura popular mexicana que refletem um dos aspectos que a constitui, caracterizado pela a) percepção dos perigos de banhar-se em rios de águas poluídas. b) crença na relevância dos sonhos como premonições ou conselhos. c) necessidade de resgate da tradição de carregar água em cântaros. d) exaltação da importância da preservação da água. e) cautela no trato com inimigos e pessoas traiçoeiras. QUESTÃO 94 Inestabilidad estable Los que llevan toda la vida esforzándose por conseguir un pensamiento estable, con suficiente solidez como para evitar que la incertidumbre se apodere de sus habilidades, todas esas lecciones sobre cómo asegurarse el porvenir, aquellos que nos aconsejaban que nos dejáramos de bagatelas poéticas y encontráramos un trabajo fijo y etcétera, abuelos, padres, maestros, suegros, bancos y seguradoras, nos estaban dando gato por liebre. Y el mundo, este mundo que nos han creado, que al tocarlo en la pantalla creemos estar transformando a medida de nuestro deseo, nos está modelando según un coeficiente de rentabilidad, nos está Iicuando para integrarnos a su metabolismo reflejo.

ACCIÓN POÉTICA LIMA. Disponível em: http://twitter.com. Acesso em: 30 maio 2016.

Nesse grafite, realizado por um grupo que faz intervenções artísticas na cidade de Lima, há um jogo de palavras com o verbo “poner”. Na primeira ocorrência, o verbo equivale a “vestir uma roupa”, já na segunda, indica a) início de ação. b) mudança de estado. c) conclusão de ideia. d) simultaneidade de fatos. e) continuidade de processo.

Questões de 96 a 135 QUESTÃO 96 Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. E, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma outra não prevista.

FERNANDEZ ROJANO, G. Disponível em: http:/ /diariojaen.es. Acesso em: 23 maio 2012.

LAJOLO. M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática. 1993.

O título do texto antecipa a opinião do autor pelo uso de dois termos contraditórios que expressam o sentido de a) competitividade e busca do lucro, que caracterizam a sociedade contemporânea. b) busca de estabilidade financeira e emocional, que marca o mundo atual. c) negação dos valores defendidos pelas gerações anteriores em relação ao trabalho. d) necessidade de realização pessoal e profissional no sistema vigente. e) permanência da inconstância em uma sociedade marcada por contínuas mudanças.

Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de a) ressaltar a importância da intertextualidade. b) propor leituras diferentes das previsíveis. c) apresentar o ponto de vista da autora. d) discorrer sobre o ato de leitura. e) focar a participação do leitor. QUESTÃO 97 O hoax, como é chamado qualquer boato ou farsa na internet, pode espalhar vírus entre os seus contatos. Falsos sorteios de celulares ou frases que Clarice Lispector nunca disse são exemplos de hoax. Trata-se de boatos recebidos por e-mail ou compartilhados em redes sociais. Em geral, são mensagens dramáticas ou alarmantes que acompanham imagens chocantes, falam de crianças doentes ou avisam sobre falsos vírus. O objetivo de quem cria esse tipo de mensagem pode ser apenas se divertir com a brincadeira (de


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mau gosto), prejudicar a imagem de uma empresa ou espalhar uma ideologia política. Se o hoax for do tipo phishing (derivado de fishing, pescaria, em inglês) o problema pode ser mais grave: o usuário que clicar pode ter seus dados pessoais ou bancários roubados por golpistas. Por isso é tão importante ficar atento. VIMERCATE, N. Disponível em: www.techtudo.com.br. Acesso em: 1 maio 2013 (adaptado).

Ao discorrer sobre os hoaxes, o texto sugere ao leitor, como estratégia para evitar essa ameaça, a) recusar convites de jogos e brincadeiras feitos pela internet. b) analisar a linguagem utilizada nas mensagens recebidas. c) classificar os contatos presentes em suas redes sociais. d) utilizar programas que identifiquem falsos vírus. e) desprezar mensagens que causem comoção.

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dele, sedento, farejando ouro, urubu, atrás do Santo Antônio devoção.

atacado de verdadeira hidrofobia. Vive como um cachorro da molest'a, como um sangue dos outros. Mas ele está enganado. há de proteger minha pobreza e minha

SUASSUNA. A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest'a” contribui para a) marcar a classe social das personagens. b) caracterizar usos linguísticos de uma região. c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens. QUESTÃO 100

QUESTÃO 98 Soneto VII Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera! TOZZI. C. Colcha de retalhos. Mosaico figurativo. Estação de Metrô Sé. Disponível em: www.arteforadomuseu.com.br. Acesso em: 8 mar. 2013.

COSTA. C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012

Colcha de retalhos representa a essência do mural e convida o público a a) apreciar a estética do cotidiano. b) interagir com os elementos da composição. c) refletir sobre elementos do inconsciente do artista. d) reconhecer a estética clássica das formas. e) contemplar a obra por meio da movimentação física.

No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma a) angústia provocada pela sensação de solidão. b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido. d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem. e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.

QUESTÃO 99 QUESTÃO 101 PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra. BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você. EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele. BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções. EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não! BENONA: Isso são coisas passadas. EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás

O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade? Não. O riso básico – o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e da vocalização - nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas que nós não somos capazes de perceber - e que eles emitem quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos animais é que


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não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada. Disponível em: http://globonews.globo.com. Acesso em: 31 maio 2012 (adaptado).

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele estabelece com a oração seguinte uma relação de a) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de vocalização dos ratos. b) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à vocalização dos ratos. c) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização dos ratos. d) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos e o dano causado no cérebro. e) proporção, já que à medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização dos ratos. QUESTÃO 102 Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes navegações, os portugueses davam à costa ocidental da África. A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos consideravam bruxos os africanos que ali habitavam - é que eles davam indicações sobre a existência de ouro na região. Em idioma nativo, manding designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando sinônimo de feitiço, sortilégio. COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009 (fragmento).

No texto, evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de um(a) a) contexto sócio-histórico. b) diversidade étnica. c) descoberta geográfica. d) apropriação religiosa. e) contraste cultural. QUESTÃO 103 TEXTO I Nesta época do ano, em que comprar compulsivamente é a principal preocupação de boa parte da população, é imprescindível refletirmos sobre a importância da mídia na propagação de determinados comportamentos que induzem ao consumismo exacerbado. No clássico livro O capital, Karl Marx aponta que no capitalismo os bens materiais, ao serem fetichizados, passam a assumir qualidades que vão além da mera materialidade. As coisas são personificadas e as pessoas são coisificadas. Em outros termos, um automóvel de luxo, uma mansão em um bairro nobre ou a ostentação de objetos de determinadas marcas famosas são alguns dos fatores que conferem maior valorização e visibilidade social a um indivíduo.

84 LADEIRA, F. F. Reflexões sobre o consumismo. Disponível em: http:// observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 18 jan. 2015.

TEXTO II Todos os dias, em algum nível, o consumo atinge nossa vida, modifica nossas relações, gera e rege sentimentos, engendra fantasias, aciona comportamentos, faz sofrer, faz gozar. Às vezes constrangendo-nos em nossas ações no mundo, humilhando e aprisionando, às vezes ampliando nossa imaginação e nossa capacidade de desejar, consumimos e somos consumidos. Numa época toda codificada como a nossa, o código da alma (o código do ser) virou código do consumidor! Fascínio pelo consumo, fascínio do consumo. Felicidade, luxo, bem-estar, boa forma, lazer, elevação espiritual, saúde, turismo, sexo, família e corpo são hoje reféns da engrenagem do consumo. BARCELLOS. G. A alma do consumo. Disponível em: www.diplomatique.org.br. Acesso em: 18 jan. 2015.

Esses textos propõem uma reflexão crítica sobre o consumismo. Ambos partem do ponto de vista de que esse hábito a) desperta o desejo de ascensão social. b) provoca mudanças nos valores sociais. c) advém de necessidades suscitadas pela publicidade. d) deriva da inerente busca por felicidade pelo ser humano. e) resulta de um apelo do mercado em determinadas datas. QUESTÃO 104 Quem procura a essência de um conto no espaço que fica entre a obra e seu autor comete um erro: é muito melhor procurar não no terreno que tica entre o escritor e sua obra, mas justamente no terreno que tica entre o texto e seu leitor. OZ. A. De amor e trevas. São Paulo: Cia, das Letras. 2005 (fragmento).

A progressão temática de um texto pode ser estruturada por meio de diferentes recursos coesivos, entre os quais se destaca a pontuação. Nesse texto, o emprego dos dois pontos caracteriza uma operação textual realizada com a finalidade de a) comparar elementos opostos. b) relacionar informações gradativas. c) intensificar um problema conceitual. d) introduzir um argumento esclarecedor. e) assinalar uma consequência hipotética.


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QUESTÃO 105

a) b) c) d) e)

85 banalização da pirataria na rede. adoção de medidas favoráveis aos editores. implementação de leis contra crimes eletrônicos reavaliação do conceito de propriedade intelectual. ampliação do acesso a obras de autores reconhecidos.

QUESTÃO 107 Em casa, Hideo ainda podia seguir fiel ao imperador japonês e às tradições que trouxera no navio que aportara em Santos. [...] Por isso Hideo exigia que, aos domingos, todos estivessem juntos durante o almoço. Ele se sentava a cabeceira da mesa; a direita ficava Hanashiro, que era o primeiro filho, e Hitoshi, o segundo, e à esquerda, Haruo, depois Hiroshi, que era o mais novo. [...] A esposa, que também era mãe, e as filhas, que também eram irmãs, aguardavam de pé ao redor da mesa [...]. Haruo reclamava, não se cansava de reclamar: que se sentassem também as mulheres à mesa, que era um absurdo aquele costume. Quando se casasse, se sentariam à mesa a esposa e o marido, um em frente ao outro, porque não era o homem melhor que a mulher para ser o primeiro [...]. Elas seguiam de pé, a mãe um pouco cansada dos protestos do filho, pois o momento do almoço era sagrado, não era hora de levantar bandeiras inúteis. NAKASATO, O. Nihonjin. São Paulo: Benvirá. 2011 (fragmento).

National Geographic Brasil, n. 151, out. 2012 (adaptado).

Nessa campanha publicitária, para estimular a economia de água, o leitor é incitado a a) adotar práticas de consumo consciente. b) alterar hábitos de higienização pessoal e residencial. c) contrapor-se a formas indiretas de exportação de água. d) optar por vestuário produzido com matéria-prima reciclável. e) conscientizar produtores rurais sobre os custos de produção. QUESTÃO 106 Até que ponto replicar conteúdo é crime? “A internet e a pirataria são inseparáveis”, diz o diretor do instituto de pesquisas americano Social Science Research Council. “Há uma infraestrutura pequena para controlar quem é o dono dos arquivos que circulam na rede. Isso acabou com o controle sobre a propriedade e tem sido descrito como pirataria, mas é inerente à tecnologia”, afirma o diretor. O ato de distribuir cópias de um trabalho sem a autorização dos seus produtores pode, sim, ser considerado crime, mas nem sempre essa distribuição gratuita lesa os donos dos direitos autorais. Pelo contrário. Veja o caso do livro O alquimista, do escritor Paulo Coelho. Após publicar, para download gratuito, uma versão traduzida da obra em seu blog, Coelho viu as vendas do livro em papel explodirem. BARRETO. J.; MORAES, M. A internet existe sem pirataria? Veja, n. 2 308. 13 fev. 2013 (adaptado).

De acordo com o texto, o impacto causado pela internet propicia a

Referindo-se a práticas culturais de origem nipônica, o narrador registra as reações que elas provocam na família e mostra um contexto em que a) a obediência ao imperador leva ao prestígio pessoal. b) as novas gerações abandonam seus antigos hábitos. c) a refeição é o que determina a agregação familiar. d) os conflitos de gênero tendem a ser neutralizados. e) o lugar a mesa metaforiza uma estrutura de poder. QUESTÃO 108 Centro das atenções em um planeta cada vez mais interconectado, a Floresta Amazônica expõe inúmeros dilemas. Um dos mais candentes diz respeito à madeira e sua exploração econômica, uma saga que envolve os muitos desafios para a conservação dos recursos naturais às gerações futuras. Com o olhar jornalístico, crítico e ao mesmo tempo didático, adentramos a Amazônia em busca de histórias e sutilezas que os dados nem sempre revelam. Lapidamos estatísticas e estudos científicos para construir uma síntese útil a quem direciona esforços para conservar a floresta, seja no setor público, seja no setor privado, seja na sociedade civil. Guiada como uma reportagem, rica em informações ilustradas, a obra Madeira de ponta a ponta revela a diversidade de fraudes na cadeia de produção, transporte e comercialização da madeira, bem como as iniciativas de boas práticas que se disseminam e trazem esperança rumo a um modelo de convivência entre desenvolvimento e manutenção da floresta. VILLELA, M.; SPINK, P. In: ADEODATO, S. et al. Madeira de ponta a ponta: o caminho desde a floresta até o consumo. São Paulo: FGV RAE. 2011 (adaptado).

A fim de alcançar seus objetivos comunicativos, os autores escreveram esse texto para


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apresentar informações e comentários sobre o livro. noticiar as descobertas científicas oriundas da pesquisa. defender as práticas sustentáveis de manejo da madeira. ensinar formas de combate à exploração ilegal de madeira. demonstrar a importância de parcerias para a realização da pesquisa.

QUESTÃO 109

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a)

configura uma percepção que reforça o valor do sofrimento e do esquecimento para o processo criativo. b) ilustra o conflito entre a procura do novo e a rejeição ao elemento exótico. c) concebe a criação literária como trabalho progressivo e de autoconhecimento. d) expressa a ideia de atividade poética como experiência anônima e involuntária. e) destaca o efeito introspectivo gerado pelo contato com o inusitado e com o desconhecido. QUESTÃO 111

Disponível em: www.paradapelavida.com.br. Acesso em: 15 nov. 2014.

Nesse texto, a combinação de elementos verbais e não verbais configura-se como estratégia argumentativa para a) manifestar a preocupação do governo com a segurança dos pedestres. b) associar a utilização do celular às ocorrências de atropelamento de crianças. c) orientar pedestres e motoristas quanto à utilização responsável do telefone móvel. d) influenciar o comportamento de motoristas em relação ao uso de celular no trânsito. e) alertar a população para os riscos da falta de atenção no trânsito das grandes cidades. QUESTÃO 110 Pérolas absolutas Há, no seio de uma ostra, um movimento – ainda que imperceptível. Qualquer coisa imiscuiu-se pela fissura, uma partícula qualquer, diminuta e invisível. Venceu as paredes lacradas, que se fecham como a boca que tem medo de deixar escapar um segredo. Venceu. E agora penetra o núcleo da ostra, contaminando-lhe a própria substância. A ostra reage, imediatamente. E começa a secretar o nácar. É um mecanismo de defesa, uma tentativa de purificação contra a partícula invasora. Com uma paciência de fundo de mar, a ostra profanada continua seu trabalho incansável, secretando por anos a fio o nácar que aos poucos se vai solidificando. É dessa solidificação que nascem as pérolas. As pérolas são, assim, o resultado de uma contaminação. A arte por vezes também. A arte é quase sempre a transformação da dor. [...] Escrever é preciso. É preciso continuar secretando o nácar, formar a pérola que talvez seja imperfeita, que talvez jamais seja encontrada e viva para sempre encerrada no fundo do mar. Talvez estas, as pérolas esquecidas, jamais achadas, as pérolas intocadas e por isso absolutas em si mesmas, guardem em si uma parcela faiscante da eternidade. SEIXAS. H. Uma ilha chamada livro. Rio de Janeiro: Record. 2009 (fragmento).

Considerando os aspectos estéticos e semânticos presentes no texto, a imagem da pérola

Querido diário Hoje topei com alguns conhecidos meus Me dão bom-dia, cheios de carinho Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus Eles têm pena de eu viver sozinho [...] Hoje o inimigo veio me espreitar Armou tocaia lá na curva do rio Trouxe um porrete a mó de me quebrar Mas eu não quebro porque sou macio, viu HOLANDA. C. B. Chico. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2013 (fragmento).

Uma característica do gênero diário que aparece na letra da canção de Chico Buarque é o(a) a) diálogo com interlocutores próximos. b) recorrência de verbos no infinitivo. c) predominância de tom poético. d) uso de rimas na composição. e) narrativa autorreflexiva. QUESTÃO 112 Galinha cega O dono correu atrás de sua branquinha, agarrou-a, lhe examinou os olhos. Estavam direitinhos, graças a Deus, e muito pretos. Soltou-a no terreiro e lhe atirou mais milho. A galinha continuou a bicar o chão desorientada. Atirou ainda mais, com paciência, até que ela se fartasse. Mas não conseguiu com o gasto de milho, de que as outras se aproveitaram, atinar com a origem daquela desorientação. Que é que seria aquilo, meu Deus do céu? Se fosse efeito de uma pedrada na cabeça e se soubesse quem havia mandado a pedra, algum moleque da vizinhança, aí... Nem por sombra imaginou que era a cegueira irremediável que principiava. Também a galinha, coitada, não compreendia nada, absolutamente nada daquilo. Por que não vinham mais os dias luminosos em que procurava a sombra das pitangueiras? Sentia ainda o calor do sol, mas tudo quase sempre tão escuro. Quase que já não sabia onde é que estava a luz, onde é que estava a sombra. GUIMARAENS, J. A. Contos e novelas. Rio de Janeiro: Imago. 1976 (fragmento).

Ao apresentar uma cena em que um menino atira milho às galinhas e observa com atenção uma delas, o narrador explora um recurso que conduz a uma expressividade fundamentada na a) captura de elementos da vida rural, de feições peculiares.


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b) caracterização de um quintal de sítio, espaço de descobertas. c) confusão intencional da marcação do tempo, centrado na infância. d) apropriação de diferentes pontos de vista, incorporados afetivamente. e) fragmentação do conflito gerador, distendido como apoio à emotividade. QUESTÃO 113 Sem acessórios nem som Escrever só para me livrar de escrever. Escrever sem ver, com riscos sentindo falta dos acompanhamentos com as mesmas lesmas e figuras sem força de expressão. Mas tudo desafina: o pensamento pesa tanto quanto o corpo enquanto corto os conectivos corto as palavras rentes com tesoura de jardim cega e bruta com facão de mato. Mas a marca deste corte tem que ficar nas palavras que sobraram. Qualquer coisa do que desapareceu continuou nas margens, nos talos no atalho aberto a talhe de foice no caminho de rato. FREITAS FILHO, A. Máquina de escrever: poesia reunida e revista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.

Nesse texto, a reflexão sobre o processo criativo aponta para uma concepção de atividade poética que põe em evidência o(a) a) angustiante necessidade de produção, presente em “Escrever só para me livrar/ de escrever”. b) imprevisível percurso da composição, presente em “no atalho aberto a talhe de foice/ no caminho de rato”. c) agressivo trabalho de supressão, presente em “corto as palavras rentes/ com tesoura de jardim/ cega e bruta”. d) inevitável frustração diante do poema, presente em “Mas tudo desafina:/ o pensamento pesa/ tanto quanto o corpo”. e) conflituosa relação com a inspiração, presente em “sentindo falta dos acompanhamentos” e “figuras sem força de expressão”. QUESTÃO 114

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A origem da obra de arte (2002) é uma instalação seminal na obra de Marilá Dardot. Apresentada originalmente em sua primeira exposição individual, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, a obra constitui um convite para a interação do espectador, instigado a compor palavras e sentenças e a distribuí-las pelo campo. Cada letra tem o feitio de um vaso de cerâmica (ou será o contrário?) e, à disposição do espectador, encontram-se utensílios de plantio, terra e sementes. Para abrigar a obra e servir de ponto de partida para a criação dos textos, foi construído um pequeno galpão, evocando uma estufa ou um ateliê de jardinagem. As 1500 letras-vaso foram produzidas pela cerâmica que funciona no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, num processo que durou vários meses e contou com a participação de dezenas de mulheres das comunidades do entorno. Plantar palavras, semear ideias e o que nos propõe o trabalho. No contexto de Inhotim, onde natureza e arte dialogam de maneira privilegiada, esta proposição se toma, de certa maneira, mais perto da possibilidade. Disponível em: www.inhotim.org.br. Acesso em: 22 maio 2013 (adaptado).

A função da obra de arte como possibilidade de experimentação e de construção pode ser constatada no trabalho de Marilá Dardot porque a) o projeto artístico acontece ao ar livre. b) o observador da obra atua como seu criador. c) a obra integra-se ao espaço artístico e botânico. d) as letras-vaso são utilizadas para o plantio de mudas. e) as mulheres da comunidade participam na confecção das peças. QUESTÃO 115 O nome do inseto pirilampo (vaga-lume) tem uma interessante certidão de nascimento. De repente, no fim do século XVII, os poetas de Lisboa repararam que não podiam cantar o inseto luminoso, apesar de ele ser um manancial de metáforas, pois possuía um nome “indecoroso” que não podia ser “usado em papéis sérios”: caga-lume. Foi então que o dicionarista Raphael Bluteau inventou a nova palavra, pirilampo, a partir do grego pyr, significando 'fogo', e lampas, 'candeia'. FERREIRA, M. B. Caminhos do português: exposição comemorativa do Ano Europeu das Línguas. Portugal: Biblioteca Nacional. 2001 (adaptado).

O texto descreve a mudança ocorrida na nomeação do inseto, por questões de tabu linguístico. Esse tabu diz respeito à a) recuperação histórica do significado. b) ampliação do sentido de uma palavra. c) produção imprópria de poetas portugueses. d) denominação científica com base em termos gregos. e) restrição ao uso de um vocábulo pouco aceito socialmente. QUESTÃO 116 Primeira lição Os gêneros de poesia são: lírico, satírico, didático, épico, ligeiro. O gênero lírico compreende o lirismo. Lirismo é a tradução de um sentimento subjetivo, sincero e pessoal. É a linguagem do coração, do amor.


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O lirismo é assim denominado porque em outros tempos os versos sentimentais eram declamados ao som da lira. O lirismo pode ser: a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase sempre a morte. b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres. c) Erótico, quando versa sobre o amor. O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a endecha, o epitáfio e o epicédio. Elegia é uma poesia que trata de assuntos tristes. Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa morta. Era declamada junto a fogueira onde o cadáver era incinerado. Endecha é uma poesia que revela as dores do coração. Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras tumulares. Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta. CESAR, A. C. Poética. São Paulo: Companhia das Letras. 2013.

No poema de Ana Cristina Cesar, a relação entre as definições apresentadas e o processo de construção do texto indica que o(a) a) caráter descritivo dos versos assinala uma concepção irônica de lirismo. b) tom explicativo e contido constitui uma forma peculiar de expressão poética. c) seleção e o recorte do tema revelam uma visão pessimista da criação artística. d) enumeração de distintas manifestações líricas produz um efeito de impessoalidade. e) referência a gêneros poéticos clássicos expressa a adesão do eu lírico às tradições literárias. QUESTÃO 117 Você pode não acreditar Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os leiteiros deixavam as garrafinhas de leite do lado de fora das casas, seja ao pé da porta, seja na janela. A gente ia de uniforme azul e branco para o grupo, de manhãzinha, passava pelas casas e não ocorria que alguém pudesse roubar aquilo. Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os padeiros deixavam o pão na soleira da porta ou na janela que dava para a rua. A gente passava e via aquilo como uma coisa normal. Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que você saía à noite para namorar e voltava andando pelas ruas da cidade, caminhando displicentemente, sentindo cheiro de jasmim e de alecrim, sem olhar para trás, sem temer as sombras. Você pode não acreditar: houve um tempo em que as pessoas se visitavam airosamente. Chegavam no meio da tarde ou à noite, contavam casos, tomavam café, falavam da saúde, tricotavam sobre a vida alheia e voltavam de bonde às suas casas. Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que o namorado primeiro ficava andando com a moça numa rua perto da casa dela, depois passava a namorar no portão, depois tinha ingresso na sala da família. Era sinal de que já estava praticamente noivo e seguro. Houve um tempo em que havia tempo. Houve um tempo. SANT'ANNA, A. R. Estado de Minas, 5 maio 2013 (fragmento).

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Nessa crônica, a repetição do trecho “Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que...” configura-se como uma estratégia argumentativa que visa a) surpreender o leitor com a descrição do que as pessoas faziam durante o seu tempo livre antigamente. b) sensibilizar o leitor sobre o modo como as pessoas se relacionavam entre si num tempo mais aprazível. c) advertir o leitor mais jovem sobre o mau uso que se faz do tempo nos dias atuais. d) incentivar o leitor a organizar melhor o seu tempo sem deixar de ser nostálgico. e) convencer o leitor sobre a veracidade de fatos relativos à vida no passado. QUESTÃO 118 O livro A fórmula secreta conta a história de um episódio fundamental para o nascimento da matemática moderna e retrata uma das disputas mais virulentas da ciência renascentista. Fórmulas misteriosas, duelos públicos, traições, genialidade, ambição – e matemática! Esse é o instigante universo apresentado no livro, que resgata a história dos italianos Tartaglia e Cardano e da fórmula revolucionária para resolução de equações de terceiro grau. A obra reconstitui um episódio polêmico que marca, para muitos, o início do período moderno da matemática. Em última análise, A fórmula secreta apresenta-se como uma ótima opção para conhecer um pouco mais sobre a história da matemática e acompanhar um dos debates científicos mais inflamados do século XVI no campo. Mais do que isso, é uma obra de fácil leitura e uma boa mostra de que é possível abordar temas como álgebra de forma interessante, inteligente e acessível ao grande público. GARCIA. M. Duelos, segredos e matemática. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 6 out. 2015 (adaptado).

Na construção textual, o autor realiza escolhas para cumprir determinados objetivos. Nesse sentido, a função social desse texto é a) interpretar a obra a partir dos acontecimentos da narrativa. b) apresentar o resumo do conteúdo da obra de modo impessoal. c) fazer a apreciação de uma obra a partir de uma síntese crítica. d) informar o leitor sobre a veracidade dos fatos descritos na obra. e) classificar a obra como uma referência para estudiosos da matemática. QUESTÃO 119 A partida de trem Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto – e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se


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pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho. Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou: – A senhora deseja trocar de lugar comigo? Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini: – É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?

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d) incerteza da expectativa de mudança por parte das futuras gerações. e) crueldade atribuída à forma de punição praticada pelos mais velhos. QUESTÃO 121 Antiode Poesia, não será esse o sentido em que ainda te escrevo: flor! (Te escrevo: flor! Não uma flor, nem aquela flor-virtude — em disfarçados urinóis).

LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento).

A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano e recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a) a) comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada. b) anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação. c) incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes. d) constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas. e) sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.

Flor é a palavra flor; verso inscrito no verso, como as manhãs no tempo. Flor é o salto da ave para o voo: o salto fora do sono quando seu tecido se rompe; é uma explosão posta a funcionar, como uma máquina, uma jarra de flores.

QUESTÃO 120 Esses chopes dourados [...] quando a geração de meu pai batia na minha a minha achava que era normal que a geração de cima só podia educar a de baixo batendo quando a minha geração batia na de vocês ainda não sabia que estava errado mas a geração de vocês já sabia e cresceu odiando a geração de cima aí chegou esta hora em que todas as gerações já sabem de tudo e é péssimo ter pertencido à geração do meio tendo errado quando apanhou da de cima e errado quando bateu na de baixo e sabendo que apesar de amaldiçoados éramos todos inocentes. WANDERLEY. J. In: MORICONI. I. (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001 (fragmento).

Ao expressar uma percepção de atitudes e valores situados na passagem do tempo, o eu lírico manifesta uma angústia sintetizada na a) compreensão da efemeridade das convicções antes vistas como sólidas. b) consciência das imperfeições aceitas na construção do senso comum. c) revolta das novas gerações contra modelos tradicionais de educação.

MELO NETO. J. C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).

A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de a) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados. b) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX. c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética. d) uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial. e) um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico. QUESTÃO 122 Qual é a segurança do sangue? Para que o sangue esteja disponível para aqueles que necessitam, os indivíduos saudáveis devem criar o hábito de doar sangue e encorajar amigos e familiares saudáveis a praticarem o mesmo ato. A prática de selecionar criteriosamente os doadores, bem como as rígidas normas aplicadas para testar, transportar, estocar e transfundir o sangue doado fizeram dele um produto muito mais seguro do que já foi anteriormente. Apenas pessoas saudáveis e que não sejam de risco para adquirir doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue, como hepatites B e C, HIV, sífilis e Chagas, podem doar sangue. Se você acha que sua saúde ou comportamento pode colocar em risco a vida de quem for receber seu sangue, ou


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tem a real intenção de apenas realizar o teste para o vírus HIV, NÃO DOE SANGUE. Cumpre destacar que apesar de o sangue doado ser testado para as doenças transmissíveis conhecidas no momento, existe um período chamado de janela imunológica em que um doador contaminado por um determinado vírus pode transmitir a doença através do seu sangue. DA SUA HONESTIDADE DEPENDE A VIDA DE QUEM VAI RECEBER SEU SANGUE. Disponível em: www.prosangue.sp.gov.br. Acesso em: 24 abr. 2015 (adaptado).

Nessa campanha, as informações apresentadas têm como objetivo principal a) conscientizar o doador de sua corresponsabilidade pela qualidade do sangue. b) garantir a segurança de pessoas de grupos de risco durante a doação de sangue. c) esclarecer o público sobre a segurança do processo de captação do sangue. d) alertar os doadores sobre as dificuldades enfrentadas na coleta de sangue. e) ampliar o número de doadores para manter o banco de sangue. QUESTÃO 123 TEXTO I Entrevistadora – eu vou conversar aqui com a professora A. D. o português então não é uma língua difícil? Professora – olha se você parte do princípio... que a língua portuguesa não é só regras gramaticais... não se você se apaixona pela língua que você... já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu professor cativa você a ler obras da literatura... obras da/ dos meios de comunicação... se você tem acesso a revistas... e ... a livros didáticos... a ... livros de literatura o mais formal o e/o difícil é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais. TEXTO II Entrevistadora – Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil? Professora – Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais. MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez. 2001 (adaptado).

O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio. O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos a) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações. b) são modelos de emprego de regras gramaticais. c) são exemplos de uso não planejado da língua. d) apresentam marcas da linguagem literária. e) são amostras do português culto urbano.

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QUESTÃO 124 De domingo — Outrossim... — O quê? — O que o quê? — O que você disse. — Outrossim? — É. — O que é que tem? — Nada. Só achei engraçado. — Não vejo a graça. — Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias. — Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo. — Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira. — Não. Palavra de segunda-feira e “óbice”. — “Ônus”. — “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”. — “Resquício” é de domingo. — Não, não. Segunda. No máximo terça. — Mas “outrossim”, francamente... — Qual o problema? — Retira o “outrossim”. — Não retiro. E uma ótima palavra. Aliás é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”. VERISSIMO. L. F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM. 1996 (fragmento).

No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a) a) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana. b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais. c) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras regionais. d) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados pouco conhecidos. e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos interlocutores do diálogo. QUESTÃO 125 Receita Torne-se um poeta não cansado, Uma nuvem de sonho e uma flor, Três gotas de tristeza, um tom dourado, Uma veia sangrando de pavor. Quando a massa já ferve e se retorce Deita-se a luz dum corpo de mulher, Duma pitada de morte se reforce, Que um amor de poeta assim requer. SARAMAGO. J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997.

Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem reconfigurar-se em função do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de gêneros, pois a) introduz procedimentos prescritivos na composição do poema.


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b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita. c) explora elementos temáticos presentes em uma receita. d) apresenta organização estrutural típica de um poema. e) utiliza linguagem figurada na construção do poema. QUESTÃO 126

Espetáculo Romeu e Julieta, Grupo Galpão. GUTO MUNIZ. Disponível em: www.focoincena.com.br. Acesso em: 30 maio 2016.

A principal razão pela qual se infere que o espetáculo retratado na fotografia é uma manifestação do teatro de rua é o fato de a) dispensar o edifício teatral para a sua realização. b) utilizar figurinos com adereços cômicos. c) empregar elementos circenses na atuação. d) excluir o uso de cenário na ambientação. e) negar o uso de iluminação artificial. QUESTÃO 127 O humor e a língua Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em sua constituição linguística. Por isso, embora a afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio que posso garantir que se trata de uma verdade quase banal: as piadas fornecem simultaneamente um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os problemas com os quais uma sociedade se debate, uma coleção de piadas fornecerá excelente pista: sexualidade, etnia/raça e outras diferenças, instituições (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo isso está sempre presente nas piadas que circulam anonimamente e que são ouvidas e contadas por todo mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a devida atenção a esse material, que poderia substituir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas participantes. Saberemos mais a quantas andam o machismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos uma coleção de piadas do que qualquer outro corpus. POSSENTI, S. Ciência Hoje. n. 176, out. 2001 (adaptado).

A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira, sobretudo na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por a) sua função humorística. b) sua ocorrência universal. c) sua diversidade temática.

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d) seu papel como veículo de preconceitos. e) seu potencial como objeto de investigação. QUESTÃO 128 O filme Menina de ouro conta a história de Maggie Fitzgerald, uma garçonete de 31 anos que vive sozinha em condições humildes e sonha em se tornar uma boxeadora profissional treinada por Frankie Dunn. Em uma cena, assim que o treinador atravessa a porta do corredor onde ela se encontra, Maggie o aborda e, a caminho da saída, pergunta a ele se está interessado em treiná-la. Frankie responde: “Eu não treino garotas”. Após essa fala, ele vira as costas e vai embora. Aqui, percebemos, em Frankie, um comportamento ancorado na representação de que boxe e esporte de homem e, em Maggie, a superação da concepção de que os ringues são tradicionalmente masculinos. Historicamente construída, a feminilidade dominante atribui a submissão, a fragilidade e a passividade a uma “natureza feminina”. Numa concepção hegemônica dos gêneros, feminilidades e masculinidades encontram-se em extremidades opostas. No entanto, algumas mulheres, indiferentes às convenções sociais, sentem-se seduzidas e desafiadas a aderirem à prática das modalidades consideradas masculinas. E o que observamos em Maggie, que se mostra determinada e insiste em seu objetivo de ser treinada por Frankie. FERNANDES, V.; MOURÃO, L. Menina de ouro e a representação de feminilidades plurais. Movimento, n. 4. out.-dez. 2014 (adaptado).

A inserção da personagem Maggie na prática corporal do boxe indica a possibilidade da construção de uma feminilidade marcada pela a) adequação da mulher a uma modalidade esportiva alinhada a seu gênero. b) valorização de comportamentos e atitudes normalmente associados à mulher. c) transposição de limites impostos a mulher num espaço de predomínio masculino. d) aceitação de padrões sociais acerca da participação da mulher nas lutas corporais. e) naturalização de barreiras socioculturais responsáveis pela exclusão da mulher no boxe. QUESTÃO 129 Entrevista com Terezinha Guilhermina Terezinha Guilhermina é uma das atletas mais premiadas da história paraolímpica do Brasil e um dos principais nomes do atletismo mundial. Está no Guinness Book de 2013/2014 como a “cega” mais rápida do mundo. Observatório: Quais os desafios você teve que superar para se consagrar como atleta profissional? Terezinha Guilhermina: Considero a ausência de recursos financeiros, nos três primeiros anos da minha carreira, como meu principal desafio. A falta de um atletaguia, para me auxiliar nos treinamentos, me obrigava a treinar sozinha e, por não enxergar bem, acabava sofrendo alguns acidentes como trombadas e quedas. Observatório: Como está a preparação para os Jogos Paraolímpicos de 2016? Terezinha Guilhermina: Estou trabalhando intensamente, com vistas a chegar lá bem melhor do que


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estive em Londres. E, por isso, posso me dedicar a treinos diários, trabalhos preventivos de lesões e acompanhamento psicológico e nutricional da melhor qualidade.

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QUESTÃO 132 TEXTO I

Revista do Observatório Brasil de Igualdade de Gênero, n. 6. dez. 2014 (adaptado).

O texto permite relacionar uma prática corporal com uma visão ampliada de saúde. O fator que possibilita identificar essa perspectiva é o(a) a) aspecto nutricional. b) condição financeira. c) prevenção de lesões. d) treinamento esportivo. e) acompanhamento psicológico. QUESTÃO 130 É possível considerar as modalidades esportivas coletivas dentro de uma mesma lógica, pois possuem uma estrutura comum: seis princípios operacionais divididos em dois grupos, o ataque e a defesa. Os três princípios operacionais de ataque são: conservação individual e coletiva da bola, progressão da equipe com a posse da bola em direção ao alvo adversário e finalização da jogada, visando à obtenção de ponto. Os três princípios operacionais da defesa são: recuperação da bola, impedimento do avanço da equipe contrária com a posse da bola e proteção do alvo para impedir a finalização da equipe adversária. DAOLIO. J. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos modelo pendular a partir das ideias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. out. 2002 (adaptado).

Considerando os princípios expostos no texto, o drible no handebol caracteriza o princípio de a) recuperação da bola. b) progressão da equipe. c) finalização da jogada. d) proteção do próprio alvo. e) impedimento do avanço adversário. QUESTÃO 131 BONS DIAS! 14 de junho de 1889 Ó doce, ó longa, o inexprimível melancolia dos jornais velhos! Conhece-se um homem diante de um deles. Pessoa que não sentir alguma coisa ao ler folhas de meio século, bem pode crer que não terá nunca uma das mais profundas sensações da vida, – igual ou quase igual à que dá a vista das ruínas de uma civilização. Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do passado. ASSIS. M. Bons dias! (Crônicas 1888-1889). Campinas: Editora da Unicamp: São Paulo: Hucitec. 1990.

O jornal impresso e parte integrante do que hoje se compreende por tecnologias de informação e comunicação. Nesse texto, o jornal é reconhecido como a) objeto de devoção pessoal. b) elemento de afirmação da cultura. c) instrumento de reconstrução da memória. d) ferramenta de investigação do ser humano. e) veículo de produção de fatos da realidade.

BACON. F. Três estudos para um autorretrato. Óleo sobre tela. 37.5 x 31.8 cm (cada), 1974. Disponível em: www.metmuseum.org. Acesso em: 30 maio 2016.

TEXTO II Tenho um rosto lacerado por rugas secas e profundas, sulcos na pele. Não é um rosto desfeito, como acontece com pessoas de traços delicados, o contorno é o mesmo mas a matéria foi destruída. Tenho um rosto destruído. DURAS. M. O amante. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Na imagem e no texto do romance de Marguerite Duras, os dois autorretratos apontam para o modo de representação da subjetividade moderna. Na pintura e na literatura modernas, o rosto humano deforma-se, destrói-se ou fragmenta-se em razão a) da adesão à estética do grotesco, herdada do romantismo europeu, que trouxe novas possibilidades de representação. b) das catástrofes que assolaram o século XX e da descoberta de uma realidade psíquica pela psicanálise. c) da opção em demonstrarem oposição aos limites estéticos da revolução permanente trazida pela arte moderna. d) do posicionamento do artista do século XX contra a negação do passado, que se torna prática dominante na sociedade burguesa. e) da intenção de garantir uma forma de criar obras de arte independentes da matéria presente em sua história pessoal. QUESTÃO 133 Lições de motim DONA COTINHA – É claro! Só gosta de solidão quem nasceu pra ser solitário. Só o solitário gosta de solidão. Quem vive só e não gosta da solidão não é um solitário, é só um desacompanhado. (A reflexão escorrega lá pro fundo da alma.) Solidão é vocação, besta de quem pensa que é sina. Por isso, tem de ser valorizada. E não é qualquer um que pode ser solitário, não. Ah, mas não é mesmo! E preciso ter competência pra isso. (De súbito, pedagógica, volta-se para o homem.) É como poesia, sabe, moço? Tem de ser recitada em voz alta, que é pra gente sentir o gosto. (FAZ UMA PAUSA.) Você gosta de poesia? (O HOMEM TORNAA SE DEBATER. A VELHA INTERROMPE O DISCURSO E VOLTA A LHE DAR AS COSTAS, COMO SEMPRE, IMPASSÍVEL. O HOMEM, MAIS UMA VEZ, CANSADO, DESISTE.) Bem, como eu ia dizendo, pra viver bem com a solidão temos de ser proprietários dela e


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não inquilinos, me entende? Quem é inquilino da solidão não passa de um abandonado. É isso aí. ZORZETTI, H. Lições de motim. Goiânia: Kelps, 2010 (adaptado).

Nesse trecho, o que caracteriza Lições de motim como texto teatral? a) O tom melancólico presente na cena. b) As perguntas retóricas da personagem. c) A interferência do narrador no desfecho da cena. d) O uso de rubricas para construir a ação dramática. e) As analogias sobre a solidão feitas pela personagem. QUESTÃO 134 A obra de Túlio Piva poderia ser objeto de estudo nos bancos escolares, ao lado de Noel, Ataulfo e Lupicínio. Se o criador optou por permanecer em sua querência Santiago, e depois Porto Alegre, a obra alçou voos mais altos, com passagens na Rússia, Estados Unidos e Venezuela. Tem que ter mulata, seu samba maior, é coisa de craque. Um retrato feito de ritmo e poesia, uma ode ao gênero que amou desde sempre. E o paradoxo: misto de gaúcho e italiano, nascido na fronteira com a Argentina, falando de samba, morro e mulata, com categoria. E que categoria! Uma batida de violão que fez história. O tango transmudado em samba. RAMIREZ, H.; PIVA, R. (Org.). Túlio Piva: pra ser samba brasileiro. Porto Alegre: Programa Petrobras Cultural, 2005 (adaptado).

O texto é um trecho da crítica musical sobre a obra de Túlio Piva. Para enfatizar a qualidade do artista, usou-se como recurso argumentativo o(a) a) contraste entre o local de nascimento e a escolha pelo gênero samba. b) exemplo de temáticas gaúchas abordadas nas letras de sambas. c) alusão a gêneros musicais brasileiros e argentinos. d) comparação entre sambistas de diferentes regiões. e) aproximação entre a cultura brasileira e a argentina. QUESTÃO 135 L.J.C. — 5 tiros? — É. — Brincando de pegador? — É. O PM pensou que... — Hoje? — Cedinho. COELHO. M. In: FREIRE. M. (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial. 2004.

Os sinais de pontuação são elementos com importantes funções para a progressão temática. Nesse miniconto, as reticências foram utilizadas para indicar a) uma fala hesitante. b) uma informação implícita. c) uma situação incoerente. d) a eliminação de uma ideia. e) a interrupção de uma ação.

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RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS – ENEM 2016 Questões de 91 a 95 (opção inglês) QUESTÃO 91: Alternativa C Na questão 91, o texto é sobre tecnologia a serviço da medicina e o título provocativo diz: “Tecido Frankenstein: Tecnologia de célula imprimível”. O artigo fala sobre um biopigmento para ser usado em impressoras que pode chegar a ser a fonte de tecidos humanos vivos apropriados para cirurgias de reposição de pele e outros tecidos planos. É como imprimir tecido vivo ponto a ponto e cada gota do pigmento contém entre 10 mil e 30 mil células. O texto também aponta dificuldades desta tecnologia em reproduzir padrões mais complexos como os de rins e fígado. Com relação à resposta correta, o risco de errá-la se dá pela simplicidade de redação da alternativa correta. Sem detalhes, palavras ou números que nos conduzissem de volta à parte específica do texto. Mesmo assim, a compreensão da última frase “At the moment, skin and other flat tissues are most promising for the inkjet” (No momento, a pele e outros tecidos planos são mais promissores para a jato de tinta) encaminha o aluno para a alternativa certa. A dica que fica neste tipo de item é que se a compreensão não estiver clara e duas ou mais alternativas apresentarem menções claras de dados do texto, suspeite e procure respostas mais simples e diretas. QUESTÃO 92: Alternativa E No âmbito do serviço social e informação à população, a prova de 2016 trouxe esta cartilha do estado americano de Connecticut que, em sua capa, provoca o residente a refletir sobre seu grau de preparação em caso de alguma emergência e, em seu conteúdo, traz um guia de conduta em caso de ocorrência de desastre. Com relação à resposta correta, se houve observação completa do texto pelo candidato, a única alternativa que poderia, com pouca chance, confundir seria a C, porém, a alternativa E retrata claramente a função de um guia para conduta em caso de desastre. O maior aprendizado nesta questão está na análise profunda da ilustração fornecida e ligação com as alternativas da questão. Se prestarmos atenção na capa do guia, veremos as palavras “Connecticut guide to emergency preparedness” (Guia para preparação de emergências de Connecticut), título provido de palavras cognatas suficientes para, mesmo os mais inexperientes, resolverem esta questão facilmente. QUESTÃO 93: Alternativa D Todos os anos, o ENEM ressalta a importância de estudar uma língua moderna global e, em 2016, o exame trouxe este texto curioso e provocativo que informa sobre a decisão da Universidade Politécnica de Milano de passar a ofertar a maioria de seus cursos em língua inglesa. No final do primeiro parágrafo, temos a passagem crucial para a escolha da alternativa correta da questão: “The university has announced that from 2014 most of its degree courses – including all its graduate courses – will be taught and assessed entirely in English rather than Italian.” Quando analisamos a tradução da passagem: “A universidade anunciou que a partir de 2014 a maioria de seus cursos de formação – incluindo todos seus cursos de graduação – serão lecionados em inglês ao invés de italiano.”, observamos que a pergunta explorou o conteúdo da informação superficialmente,


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não exigindo detalhes que poderiam dificultar a questão, considerada de nível fácil.

juntamente com um entendimento raso do texto, já eram suficientes para levar o candidato a alternativa correta.

QUESTÃO 94: Alternativa E

QUESTÃO 92: Alternativa C

Na seção cultural do ENEM 2016, tivemos o prazer de nos depararmos com esta brilhante analogia de Paul McCartney, feita através do equilíbrio, apoio, interdependência, harmonia, atividade e passividade, demonstrada pelas teclas de um piano que, apesar de ter cores e sons diferentes, compõem, juntas, uma sociedade completa em prol da execução de um trabalho. Esta questão pode ser complicada, pois seu título se torna crucial para a escolha da alternativa que exprime a intenção da canção e da questão. Não se trata de palavras do cotidiano, sendo “Ebony and Ivory” (Ébano e marfim) o preto e branco, respectivamente. A falta de ciência dessas palavras poderia, facilmente, nos conduzir a alternativas erradas como a alternativa C, que se relaciona muito bem com o enunciado da questão, porém não com sua intenção. No caso do desconhecimento das palavras do título, a passagem “We all know that people are the same wherever we go” (Todos sabemos que as pessoas são iguais onde quer que vamos) consiste na principal pista do texto para a resolução do item. Questão de nível médio.

No fragmento desta questão Julio Cortázar nos conta sobre o relógio que foi dado como presente a uma pessoa em seu aniversário. Ele descreve todo o comportamento que isso desencadeará devido ao significado que normalmente se atribui ao objeto [relógio], que parece ter mais valor do que seu próprio dono. A última frase exemplifica muito bem o pensamento do escritor: “No te regalan un reloj, tú eres el regalado, a ti te ofrecen para el cumpleaños del reloj” (Não te presentearam com um relógio, você é o presente e te oferecem para o aniversário do relógio). A questão é essencialmente interpretativa, por isso tal passagem, assim como “miedo de perderlo” e outras, conduzem o aluno a alvertaniva correta, letra C, convidar o leitor para a refletir sobre a coisificação do ser humano. A resposta da letra E (criticando o leitor por ignorar os malefícios do relógio) pode gerar confusão, pois parece que o texto critica o leitor, porém o intuito não é em fazer uma crítica e sim levar o leitor a realizar uma reflexão sobre a “coisificação” do humano. QUESTÃO 93: Alternativa B

QUESTÃO 95: Alternativa A O domínio do primeiro parágrafo do texto se faz, única e exclusivamente, necessário para o sucesso nesta questão. A ligação entre a palavra “offer” do inglês e “oferta” do português nos levará à resposta correta. Primeiramente, vamos à intenção informativa do texto: BOGOF – expressão de origem do inglês americano. Surgida durante a recessão econômica dos Estados Unidos na década de 70 para se referir a alimentos em promoção nos supermercados. BOG OFF – verbo frasal de origem inglesa. Este verbo frasal significa: “cai fora”. É geralmente usado quando alguém está bravo com a outra pessoa e deseja que a outra a deixe em paz. Como podemos observar nos créditos do texto, se trata de uma publicação britânica (www.bbc.co.uk) que se preocupa em explicar, minuciosa e comicamente, o encontro de duas expressões que têm pronúncia igual, porém significados totalmente diferentes. Temos que considerar esta como uma questão de nível médio, pois todas as suas alternativas contém armadilhas relacionadas ao texto. Podemos concluir que precisamos de domínio total dos enunciados das questões para caminharmos na direção correta. Questões de 91 a 95 (opção espanhol) QUESTÃO 91: Alternativa C Neste texto se conta a história sobre a Associação “Abuelas de Plaza de Mayo” (Avós da Praça de Maio), na argentina, que usa da coleta de material genético para tentar encontrar pessoas desaparecidas durante a ditadura e reuni-las as suas famílias. Apesar de ordenar a extração direta das amostras de DNA dos envolvidos, a justiça, no entanto, determinou que para o caso noticiado o material obtido vai ser comparado somente com um grupo de famílias. Em virtude disso, uma das integrantes da associação, Estela Carlotto, se referiu ao caso da seguinte forma: “Es una de cal y una de arena, es querer quedar bien con Dios y con el Diablo”. A expressão “uma de cal e outra de arena” é utilizada em espanhol de forma irônica para indicar a obtenção de coisas opostas. No contexto da notícia, a frase é utilizada justamente para criticar a “incoerência” da justiça, o que nos leva a resposta C, ironiza a parcialidade da justiça nesta ação. A tradução e o conhecimento prévio da expressão,

Único poema que apareceu na prova de espanhol do Enem 2016, “Agua” tem como tema principal as diferentes interpretações que podem ser feitas dos sonhos, que neste caso específico tratam a água como elemento principal. O nome do poema pode gerar confusão, pois pode levar o candidato a pensar que o tema principal são ações que envolvem a água, porém é importante prestar atenção na primeira oração: “al soñar que un cántaro” (quando sonhar com um jarro). Esta frase, juntamente com o título da obra “Sueños mexicanos”, dá a dica para entender que o poema trata da interpretação dos sonhos, que é uma característica das comunidades indígenas e da cultura popular mexicana, levando o candidato a alternativa B, crença na relevância dos sonhos como premonições ou conselhos. QUESTÃO 94: Alternativa E O texto expõe como a busca pela vida estável, a qual nos indica a família e os bancos, entre outros, tem seu sentido alterado com o passar do tempo, de forma que o que nos dizem sobre o mundo acompanha tal transformação, em busca de uma estabilidade em constante processo de mudança. Como o enunciado diz respeito ao título do texto, “Inestabilidad estable” (Instabilidade estável), um dos caminhos para se resolver a esta questão consistia em identificar, nas alternativas, aquela que trata de pontos relacionados as duas palavras. Assim, por eliminação, o estudante poderia chegar a resposta E, permanência da inconstância em uma sociedade marcada por contínuas mudanças. As outras respostas não tratam sobre o tema da instabilidade e sim dos fatores que estão transformando nossas vidas. QUESTÃO 95: Alternativa B Esta frase é muito conhecida em espanhol e chama a atenção porque utiliza os diferentes usos do verbo “poner” (pôr), o qual pode ser usado para indicar algo que vou colocar em algum lugar, algo que vou vestir, ou ainda para indicar mudanças de estado de humor das pessoas. Na primeira oração, “ponerme” indica vestir uma roupa e, “me puse”, na segunda, indica uma mudança de estado para “feliz”, mesmo que não se saiba qual era o estado anterior do autor do grafite. A chave para a


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resolução da questão está no uso do adjetivo feliz, que nos encaminha para a letra B, mudança de estado. QUESTÃO 96: Alternativa D Quando os textos colocam em destaque um dos elementos da comunicação (emissor, receptor, mensagem, referente, canal e código), dizemos que estão presentes as chamadas funções da linguagem e aquela em que o código é empregado para referirse a ele próprio ou ao seu funcionamento é a função metalinguística (ou metalinguagem). É a presença dessa que se verifica no texto, que trata do próprio ato de leitura, com o objetivo de explicá-lo ao leitor, ou seja, lemos um texto que fala sobre leitura. QUESTÃO 97: Alternativa B O texto trata do hoax, termo que define os boatos e farsas que são disseminados por meio da internet e espalham notícias falsas, vírus ou denigrem a imagem de pessoas e empresas, como “falsos sorteios de celulares”, “frases que Clarice Lispector nunca disse”, “mensagens dramáticas ou alarmantes que acompanham imagens chocantes, falam de crianças doentes ou avisam sobre falsos vírus”, por exemplo. Fica, portanto, subentendido que se deve ficar atento à linguagem empregada nas mensagens para evitar esse tipo de ameaça, pois ela (a linguagem) é usada para ‘atiçar’ a curiosidade sobre essas mensagens dramáticas e chocantes ou tentadoras. QUESTÃO 98: Alternativa A O aproveitamento de retalhos de tecido (sobras da confecção de roupas ou reaproveitamento de roupas já descartadas) para produzir colchas de retalhos e outras peças (artesanato também conhecido como ‘patchwork’) é comum no dia a dia de muitas comunidades. Assim, o mural “Colcha de retalhos” eleva o trabalho cotidiano ao status de arte e, exposto numa estação de metrô, convida os passantes a apreciar a estética do cotidiano, conforme afirma a alternativa A.

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(...)” é uma oração subordinada adverbial reduzida, sem conjunção a ligá-la à oração principal. Se tal oração estivesse na sua forma desenvolvida, a conjunção explicitaria a ideia de condição (“Caso aconteça de o cientista provocar um dano...” ou “Se acontecer de o cientista provocar um dano...”). QUESTÃO 102: Alternativa A As línguas apresentam variações (variações linguísticas) que são ocasionadas por diferentes fatores, entre os quais os encontros entre diferentes culturas. No caso específico do contexto histórico das Grandes Navegações e dos descobrimentos, os europeus se depararam, nas terras exploradas, com diferentes idiomas e, nem sempre havia equivalência exata entre os vocábulos das línguas europeias e as línguas dos povos recém-conhecidos, o que resultou em empréstimos linguísticos e incorporação de novas palavras aos idiomas europeus. Outras vezes, apesar de haver termos na língua do colonizador, o termo nativo acaba se sobrepondo ou coexistindo, transformando-se em sinônimo, como ocorreu com o termo ‘mandinga’: “A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos consideravam bruxos os africanos que ali habitavam (...)”. O texto mostra, portanto, que o sentido da palavra é resultado de um contraste cultural. QUESTÃO 103: Alternativa B No texto I, o autor afirma que “(...) é imprescindível refletirmos sobre a importância da mídia na propagação de determinados comportamentos que induzem ao consumismo exacerbado.” No texto II, afirma-se que “Todos os dias, em algum nível, o consumo atinge nossa vida, modifica nossas relações, gera e rege sentimentos, engendra fantasias, aciona comportamentos,(...)”. Relacionando-se as informações dos trechos destacados, podemos inferir que o consumismo provoca mudanças nos valores sócias, traduzidas por mudanças nos comportamentos. QUESTÃO 104: Alternativa D

QUESTÃO 99: Alternativa B Ariano Suassuna é um dos maiores nomes nordestinos da Literatura Brasileira. Tendo vivido no sertão da Paraíba, ele se familiarizou com os temas e as formas de expressão regionais que, mais tarde, povoariam a sua obra, como se pode observar nas expressões empregadas pela personagem. QUESTÃO 100: Alternativa E Neste soneto, Cláudio Manuel da Costa, poeta árcade (cujo pseudônimo era Glauceste Satúrnio - pseudônimos pastoris eram comuns aos autores árcades, num procedimento que os aproximava da Arcádia grega) apresenta um eu lírico que se depara com uma natureza devastada e manifesta estranheza diante dela, não a reconhecendo como um espaço do seu passado. Na última estrofe, percebe que o espaço não era o mesmo de seu passado, mas também se dá conta de que a paisagem devastada reflete o seu estado psíquico. QUESTÃO 101: Alternativa C Como o próprio enunciado diz, “a coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto”, e ela pode ser estabelecida por meio de conectivos, pronomes, sinônimos ou pela ausência desses elementos (coesão por elipse, quando o próprio contexto indica qual a relação entre as ideias ou termos das orações). No texto da questão, a oração “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro

Os sinais de pontuação, entre outros empregos, podem ser usados na tentativa de imprimir na escrita o ritmo e a musicalidade características da língua falada, mas podem, também ser empregados com função sintática. Nessa construção, os dois-pontos introduzem uma explicação do termo “erro”, na forma de uma oração apositiva, apresentando um argumento que esclarece o termo anterior, que o deixa mais preciso e claro. QUESTÃO 105: Alternativa A O texto, composto por elementos verbais (palavras) e nãoverbais (imagens), apresenta função apelativa, ou seja, tem a intenção de persuadir o leitor a adotar práticas sustentáveis. Por meio de informações sobre o volume de água consumido em diferentes atividades econômicas, empregada na produção de bens de consumo e na produção agropecuária, por exemplo, o texto da campanha pretende conscientizar o leitor a respeito do consumismo e do desperdício (não diretamente da água, mas da água ‘virtual’), o que fica evidente, principalmente, pela frase “Economizar bens de consumo e evitar o desperdício também é poupar água”. QUESTÃO 106: Alternativa D A questão exigia do candidato observação de informaçõeschaves no texto, como a transcrição da entrevista com o diretor do instituto de pesquisas americano Social Science Research


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Council. Ao reproduzir a declaração dele de que “Há uma infraestrutura pequena para controlar quem é o dono dos arquivos que circulam na rede. Isso acabou com o controle sobre a propriedade e tem sido descrito como pirataria, mas é inerente à tecnologia”, o texto mostra a necessidade de reavaliar o conceito de propriedade intelectual. QUESTÃO 107: Alternativa E A descrição feita pelo narrador da posição dos integrantes da família à mesa segue a tradição japonesa trazida pelos imigrantes, na qual a família, como a sociedade, tinha estrutura patriarcal: o lugar do pai era à cabeceira da mesa com os filhos do sexo masculino distribuídos hierarquicamente por idade e a esposa e as filhas em pé. Dessa forma, a estrutura e a disposição da família podem ser consideradas como uma metáfora da estrutura da sociedade japonesa tradicional. Essa questão exigia, além da capacidade de interpretação das informações do texto, um certo conhecimento de mundo e noções de História e Geografia, para o reconhecimento da estrutura social tradicional japonesa. QUESTÃO 108: Alternativa A Temos aqui um texto com função referencial e metalinguística: referencial porque apresenta ao leitor o livro Madeira de ponta a ponta, informando os conteúdos abordados, dando ênfase ao referente/assunto da obra. E há função metalinguística, pois é um texto que discorre sobre como o texto foi construído, dizendo, por exemplo, que os autores empregaram um “olhar jornalístico, crítico e ao mesmo tempo didático”. Assim, podemos identificar no texto o que se apresenta na alternativa A. QUESTÃO 109: Alternativa D Novamente, nesta questão, temos um texto, do gênero propaganda composto por elementos verbais (palavras) e nãoverbais (imagens) que apresenta função apelativa, ou seja, tem a intenção de persuadir o leitor a adotar determinada prática. Por meio da combinação de imagens da via e da tela do celular pretende-se que o leitor compreenda os riscos que o uso do celular implica, a fim de não utilizar o aparelho quando estiver dirigindo. QUESTÃO 110: Alternativa C O autor usa a pérola como metáfora para a criação literária: da mesma forma que a pérola é formada em um processo contínuo de dor e de adaptação (“As pérolas são, assim, o resultado de uma contaminação” fruto de uma partícula que vence as paredes lacradas da ostra, produzindo, após anos a fio, “Com uma paciência de fundo de mar”, uma pérola), as obras literárias passam pelo mesmo processo: resultam do trabalho progressivo e minucioso do autor, bem como pela dor, transmutada em arte pelo processo de autoconhecimento. QUESTÃO 111: Alternativa E O gênero textual diário é um gênero narrativo, caracterizado por apresentar a função emotiva (ou expressiva) da linguagem, cuja marca é o texto em 1ª pessoa, apresentando, na narrativa, fatos ocorridos com o eu lírico, além da expressão das suas emoções, sentimentos e reflexões. Essas características podem ser resumidas no que se apresenta na alternativa E.

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QUESTÃO 112: Alternativa D Neste excerto temos um narrador que afetivamente, por meio dos diminutivos “branquinha” e “direitinhos”, apresenta a cena em que o menino alimenta as galinhas. Utilizando o recurso do discurso indireto livre (em que há mescla das palavras do narrador e dos pensamentos das personagens), podemos identificar os diferentes pontos de vista, nos diferentes parágrafos: no primeiro, são os pensamentos do garoto, perplexo com a desorientação da galinha, que se manifestam em meio à narração (“Que é que seria aquilo, meu Deus do céu?”); já no parágrafo seguinte, é a ave que apresenta sua angústia com a cegueira, misturada às palavras do narrador (“Por que não vinham mais os dias luminosos em que procurava a sombra das pitangueiras?”). QUESTÃO 113: Alternativa C Empregando a função metalinguística (em que o código é empregado para referir-se ao próprio código – no caso a linguagem poética é empregada para apresentar a criação do poema – o texto evidencia o processo de criação pautado pelo “agressivo trabalho de supressão”, com cortes de conectivos e de palavras, que, apesar disso, ainda guarda as marcas do apagamento, processo que já fora anunciado no próprio título (“Sem acessório nem som”). QUESTÃO 114: Alternativa B No livro “Obra Aberta”, o estudioso italiano Umberto Eco apresenta o conceito de indeterminação das poéticas contemporâneas, tanto em literatura, como em artes plásticas e música. Como espectador, o observador é convidado a participar ativamente na construção do objeto artístico. É essa a proposta da instalação A origem da obra de arte, de Marilá Dardot: os visitantes podem contribuir com a construção da obra semeando as letras-vaso, montando palavras e textos, que poderão ser observados e reconstruídos por outros espectadores. QUESTÃO 115: Alternativa E As línguas apresentam variantes que refletem diferentes aspectos culturais. Vocábulos que são empregados em situações informais ou por falantes pertencentes a camadas mais baixas da sociedade nem sempre são aceitos nas camadas mais altas ou por falantes de maior ‘prestígio social’. O texto da questão exemplifica um caso de renomeação de um inseto pelo fato de seu nome original ser considerado “indecoroso” e, por isso, “pouco aceito socialmente”. QUESTÃO 116: Alternativa B O poema em questão apresenta, além da função poética, a metalinguística: ele didaticamente discorre sobre as diferentes poéticas, é um poema falando sobre os gêneros da poesia, criando uma forma peculiar de expressão poética. Tal peculiaridade está no uso do tom explicativo e contido, que se insere no gênero didático, apresentado pela autora no primeiro verso, procedimento que foge ao que habitualmente se encontra nas poesias, sendo frequente nos textos didáticos, escolares, teóricos. QUESTÃO 117: Alternativa B A repetição de estruturas no início de versos ou de frases e orações constitui uma figura de linguagem denominada anáfora. No texto em questão, a anáfora foi empregada para chamar a atenção do leitor para a diferença entre as relações interpessoais, os comportamentos e as relações com o próprio


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tempo, num tempo passado, conforme apresentado na alternativa B. QUESTÃO 118: Alternativa C O texto, que pertence ao gênero resenha literária, tem a função de fazer a apreciação crítica de uma obra de modo sintético: inicialmente se apresenta o resumo do livro e, em seguida, são feitos alguns comentários críticos, mostrando pontos fortes e fracos das obras. No caso do livro A fórmula secreta, os comentários são positivos (“Esse é o instigante universo apresentado no livro”) e a leitura é recomendada para que se conheça um pouco mais da história da matemática (“ótima opção para conhecer um pouco mais sobre a história da matemática”), mesmo por quem não é especializado (“acessível ao grande público”). QUESTÃO 119: Alternativa E Ficam evidentes nas passagens, com marcas de discurso indireto livre (no qual os pensamentos de personagens se misturam às palavras do narrador) o reconhecimento do próprio envelhecimento (“A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça.”) e a sensação de solidão da personagem (“Uma velha não pode comunicarse.”). A solidão e o isolamento são tão fortes nela que a aproximação de uma pessoa desconhecida e um gesto de delicadeza são recebidos com enorme espanto, como se fosse improvável alguém se aproximar e ser delicado com ‘uma velha’. QUESTÃO 120: Alternativa B No poema, o eu lírico reflete sobre certos valores culturais, suas mudanças, o estabelecimento das certezas propagadas pelo senso comum e a angústia causada pela consciência das falhas no que pregava esse senso comum. A construção dessa angústia se dá na progressão temática: na primeira estrofe, apresenta-se a certeza de que “a geração de cima / só podia educar a de baixo / batendo”; em seguida, na segunda, surge a ideia de instabilidade dos valores da geração anterior, uma vez que a geração do eu lírico “ainda não sabia que estava errado” bater, “mas a geração de vocês”, a geração seguinte, “já sabia e cresceu odiando a geração de cima”; e, por fim, na última estrofe o eu lírico se dá conta de que “é péssimo ter pertencido à geração do meio”. Essa sensação de ‘inadequação’ por pertencer à geração do meio leva à “consciência das imperfeições aceitas na construção do senso comum”, como apresenta a alternativa B. QUESTÃO 121: Alternativa A João Cabral de Melo Neto – poeta da 3ª geração modernista–, num processo metalinguístico (em que a linguagem poética é empregada para explicar a construção poética), associa a poesia a uma flor, mas vai retirando da palavra “flor” os sentidos mais comumente associados a ela e passa a valorizar a palavra em sua materialidade, fazendo o caminho oposto ao de uma ode (o que já está anunciado no título “Antiode”) e construindo novas metáforas (“Flor é o salto/ da ave para o voo”). Assim, ele ressignifica a palavra, renovando os sentidos de ‘flor’. É uma “Antiode”, porque, ao contrário de uma ode, que é um poema de celebração, não faz referência ou homenagem aos sentidos positivos que tradicionalmente são associados às flores, mas cria metáforas inusitadas, procedimento comum na obra desse poeta.

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QUESTÃO 122: Alternativa A O texto do Instituto Prosangue apresenta duas das funções da linguagem: a apelativa e a referencial. A função apelativa (ou conativa), a principal no texto da campanha, aparece em textos que têm a intenção de persuadir o leitor em relação a algo. Neste caso, o apelo se dá em relação à responsabilidade sobre a saúde do doador ao fornecer sangue e, consequentemente, sobre a qualidade do sangue doado, pois ele é quem sabe de seu histórico clínico e sobre possíveis comportamentos de risco. Aparece também, secundariamente, a função referencial, uma vez que há esclarecimentos sobre a segurança para o doador e para o receptor e sobre a chamada ‘janela imunológica’. QUESTÃO 123: Alternativa E O idioma apresenta as chamadas variações linguísticas, que são ocasionadas por diferentes fatores: o grau de escolaridade e a classe social do falante, o nível de formalidade da situação de comunicação, a faixa etária em que se enquadra o emissor entre outros. Como menciona o enunciado, o primeiro texto é a transcrição de uma entrevista dada por uma professora de português – temos então um falante culto, de formação universitária. Já o texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Embora uma entrevista nem sempre apresente um alto grau de formalidade, o fato de ser enunciado na modalidade falada do idioma é o suficiente para apresentar características próprias, que diferem da língua escrita, a qual é, geralmente, pautada pela obediência às regras da gramática normativa. Desse modo, o que os textos apresentam em comum é o fato de serem amostras do português urbano culto. QUESTÃO 124: Alternativa B Entre as chamadas variações linguísticas está aquela ocasionada pelo grau de formalidade da situação de comunicação. No texto, que tem a presença da função metalinguística, o tom humorístico é resultado da ocorrência de palavras que normalmente são empregadas em contextos formais, mas que, no diálogo, aparecem numa situação coloquial e a ‘aparência formal’ dos vocábulos é o objeto da conversa entre as personagens. QUESTÃO 125: Alternativa A Os textos se dividem em diferentes gêneros, conforme sua função na comunicação e tais gêneros apresentam características distintas. Entre os mais conhecidos estão o narrativo, o descritivo e o dissertativo, comuns aos textos literários, mas no cotidiano encontramos outros, como o jornalístico (notícias e reportagens), o prescritivo (receitas, manuais de instruções, bulas de remédio), o epistolar (cartas). Entre os textos literários, encontramos os poemas, caracterizados pelo emprego de figuras e pela função poética da linguagem. O poema da questão faz uma mistura de gêneros na sua composição: como em um texto culinário, há expressões típicas de uma receita, tais como “tome-se”, “três gotas” e “quando a massa já ferve e se retorce”, contudo esses elementos estão relacionados à construção de um poema lírico, de temática amorosa. QUESTÃO 126: Alternativa A Na foto, observa-se que o Grupo Galpão, na montagem de Romeu e Julieta, manteve vários elementos do teatro tradicional, como figurinos, adereços e objetos para compor o cenário, mas o público está sentado no chão, ao ar livre, e não há palco nem sinais de edificação de um teatro tradicional, por isso pode-se inferir que seja uma apresentação de teatro de rua.


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QUESTÃO 127: Alternativa E

QUESTÃO 132: Alternativa B

Segundo o professor Sírio Possenti, da Unicamp, “as piadas fornecem simultaneamente um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade, por um lado, e uma coleção de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona uma língua, por outro”. Por esse motivo ele vem estudando há tempos os textos anedóticos, um gênero textual que está entre os mais recorrentes na cultura brasileira, principalmente na língua falada. Dessa forma, é um corpus rico para ser utilizado como material de pesquisa (sobre hábitos linguísticos, comportamentos, preconceitos) e objeto de investigação, conforme aponta o que se apresenta na alternativa E.

Os textos – sejam verbais ou não-verbais – não são neutros. De modo geral carregam marcas de seus autores e esses, por sua vez são influenciados pelo contexto social e histórico em que vivem ou viveram. No caso de ambos os autorretratos, podemos associar a deformação a duas razões principais: o impacto, nas sociedades, de eventos como grandes guerras e revoluções e, no caso da subjetividade, às descobertas, pela psicanálise, de um universo psíquico interior e subjetivo, sobretudo a partir dos trabalhos de Sigmund Freud e seus discípulos.

QUESTÃO 128: Alternativa C De acordo com o texto, “(...) a feminilidade dominante atribui a submissão, a fragilidade e a passividade a uma “natureza feminina”. Numa concepção hegemônica dos gêneros, feminilidades e masculinidades encontram-se em extremidades opostas”, porém, o roteiro do filme apresenta uma personagem disposta a quebrar os paradigmas (presentes fortemente na personagem de Clint Eastwood, o treinador Frankie Dunn) e entrar no universo do boxe, um esporte tradicionalmente masculino. O filme promove, assim, uma discussão sobre a transposição de barreiras de gênero, já que “(...) algumas mulheres, indiferentes às convenções sociais, sentem-se seduzidas e desafiadas a aderirem à prática das modalidades consideradas masculinas”.

QUESTÃO 133: Alternativa D No texto teatral não há a presença do narrador para informar ao leitor as ações, os pensamentos das personagens, ou para descrever as expressões faciais, corporais ou tom de voz empregados nas cenas. O elemento que cumpre essas funções é a chamada rubrica – indicações que vêm isoladas do discurso direto, das falas das personagens, ou antes dessas falas, instruindo o ator sobre o modo como elas devem ser enunciadas, ou entre parênteses, acrescentando informações sobre movimentações no palco, durante a cena. No texto da questão esse elemento aparece nos trechos: “(...) (De súbito, pedagógica, volta-se para o homem.) É como poesia, sabe, moço? Tem de ser recitada em voz alta, que é pra gente sentir o gosto. (FAZ UMA PAUSA.) Você gosta de poesia? (O HOMEM TORNA A SE DEBATER. A VELHA INTERROMPE O DISCURSO E VOLTA A LHE DAR AS COSTAS, COMO SEMPRE, IMPASSÍVEL. O HOMEM, MAIS UMA VEZ, CANSADO, DESISTE.) (...)”

QUESTÃO 129: Alternativa B QUESTÃO 134: Alternativa A No texto do gênero entrevista, a atleta destaca que há uma relação muito estreita entre prática esportiva e uma visão de saúde de modo amplo: para obter os melhores resultados, Terezinha mencionou a dedicação aos treinos, o trabalho de prevenção de lesões e o acompanhamento psicológico e nutricional de qualidade. Esse trabalho de acompanhamento, porém, só foi possível depois que ela venceu seu principal desafio, a falta de recursos financeiros no início de sua carreira.

Ao definir como paradoxo o compositor Túlio Piva ter nascido na fronteira com a Argentina, onde prevalecem gêneros típicos como a milonga, o xote (na versão gaúcha, diferente do nordestino), a vanera ou vanerão, o fandango entre outros e, mesmo assim, ter sido compositor de samba, gênero musical mais comum na região sudeste, o texto usa o argumento de contraste para ressaltar o valor artístico e o talento do músico.

QUESTÃO 130: Alternativa B

QUESTÃO 135: Alternativa B

Tal qual na construção de um texto, alguns esportes coletivos têm características que se assemelham a um texto com argumentação e contra-argumentação – ataque e contra-ataque – e uma progressão, temática no texto, em direção à marcação de ponto, no jogo. Dessa forma, o ato do drible, uma ação individual na qual o jogador utiliza uma habilidade técnica com o objetivo de ludibriar o adversário, caracteriza a progressão da equipe, pois ele ocorre para obter a posse de bola ou durante essa posse no avanço em direção ao alvo, com o objetivo de pontuar no jogo.

Os sinais de pontuação podem ser empregados na tentativa de imprimir na escrita o ritmo e a musicalidade características da língua falada, mas podem, também, ser empregados com função estilística. Neste miniconto, as reticências indicam uma informação implícita: o que um policial teria pensado antes de matar alguém acidentalmente. Embora as reticências sejam usadas frequentemente para indicar a interrupção, neste caso a progressão do texto, na continuação do diálogo é que informa a ocorrência de uma interrupção.

QUESTÃO 131: Alternativa C Machado de Assis, além de escrever algumas obras tardiamente românticas e os romances marcantes do Realismo, como Memórias Póstumas de Braz Cubas e Dom Casmurro, também foi um observador sagaz do cotidiano e produtor de crônicas, publicadas nos jornais da época. Neste texto, ele destaca a importância do jornal como um elemento fundamental na reconstrução da memória da sociedade, como pode ser observado no trecho “Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do passado”.


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ENEM 2017 – LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 One of the things that made an incredible impression on me in the film was Frida’s comfort in and celebration of her own unique beauty. She didn’t try to fit into conventional ideas or images about womanhood or what makes someone or something beautiful. Instead, she fully inhabited her own unique gifts, not particularly caring what other people thought. She was magnetic and beautiful in her own right. She painted for years, not to be a commercial success or to be discovered, but to express her own inner pain, joy, family, love and culture. She absolutely and resolutely was who she was. The trueness of her own unique Vision and her ability to stand firmly in her own truth was what made her successful in the end.

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a)

enfrentará a guerra vigente e deliberada contra a propriedade intelectual no Reino Unido. b) abandonará a política de contratação de universitários como agentes secretos. c) recrutará jovens jogadores de Xbox como ciberespiões das agências de inteligência. d) implantará um esquema de capacitação de adolescentes para atuarem como agentes secretos. e) anunciará os nomes dos jovens a serem contratados pelas agências de inteligência. QUESTÃO 03

HUTZLER, L. Disponível em: www.etbscreenwriting.com. Acesso em: 6 maio 2013.

A autora desse comentário sobre o filme Frida mostra-se impressionada com o fato de a pintora a) ter uma aparência exótica. b) vender bem a sua imagem. c) ter grande poder de sedução. d) assumir sua beleza singular. e) recriar-se por meio da pintura. QUESTÃO 02 British Government to Recruit Teens as Next Generation of Spies In the 50 years since the first James Bond movie created a lasting impression of a British secret agent, a completely different character is about to emerge. Britain’s intelligence agencies are to recruit their next generation of cyber spies by harnessing the talents of the “Xbox generation”. In an expansion of a pilot program, Foreign Secretary William Hague announced Thursday that up to 100 18-yearolds will be given the chance to train for a career in Britain’s secret Services. The move to recruit school-leavers marks a break with the past, when agencies mainly drew their staff from among university graduates. “Young people are the key to our country’s future success, just as they were during the War”, Hague said. “Today we are not at war, but I see evidence every day of deliberate, organized attacks against intellectual property and government networks in the United Kingdom.” The new recruitment program, called the Single Intelligence Account apprenticeship scheme will enable students with suitable qualifications in Science, technology or engineering, to spend two years learning about Communications, security and engineering through formal education, technical training and work placements. JEARY, P. Disponível em: http://worldnews.nbcnews.com. Acesso em: 19 nov. 2012.

Segundo informações veiculadas pela NBC News, a geração digital já tem seu espaço conquistado nas agências britânicas de inteligência. O governo britânico decidiu que

Reader’s Digest, set. 1993.

Nesse texto publicitário são utilizados recursos verbais e não verbais para transmitir a mensagem. Ao associar os termos anyplace e regret à imagem do texto, constata-se que o tema da propaganda é a importância da a) preservação do meio ambiente. b) manutenção do motor. c) escolha da empresa certa. d) consistência do produto. e) conservação do carro. QUESTÃO 04 Letters Children and Guns Published: May 7, 2013 To the Editor: Re “Girl’s Death by Gunshot Is Rejected as Symbol” (news article, May 6): I find it abhorrent that the people of Burkesville, Ky., are not willing to learn a lesson from the tragic shooting of a 2-yearold girl by her 5-year-old brother. I am not judging their lifestyle of introducing guns to children at a young age, but I do feel that it’s irresponsible not to practice basic safety with anything potentially lethal — guns, knives, fire and so on. How can anyone justify leaving guns lying around, unlocked and possibly loaded, in a home with two young children? I wish the family of the victim comfort during this difficult time, but to dismiss this as a simple accident leaves open the potential for many more such “accidents” to occur. I hope this doesn’t have to happen several more times for legislators to realize that something needs to be changed. EMILY LOUBATON Brooklyn, May 6, 2013. Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 10 maio 2013.


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No que diz respeito à tragédia ocorrida em Burkesville, a autora da carta enviada ao The New York Times busca a) reconhecer o acidente noticiado como um fato isolado. b) responsabilizar o irmão da vítima pelo incidente ocorrido. c) apresentar versão diferente da notícia publicada pelo jornal. d) expor sua indignação com a negligência de portadores de armas. e) reforçar a necessidade de proibição do uso de armas por crianças. QUESTÃO 05 Israel Travel Guide Israel has always been a standout destination. From the days of prophets to the modem day nomad this tiny slice of land on the eastern Mediteranean has long attracted visitors. While some arrive in the 'Holy Land’ on a spiritual quest, many others are on cultural tours, beach holidays and ecotourism trips. Weeding through Israefs convoluted history is both exhilarating and exhausting. There are crumbling temples, ruined cities, abandoned forts and hundreds of places associated with the Bible. And while a sense of adventure is required, most sites are safe and easily accessible. Most of all, Israel is about its incredibly diverse population. Jews come from all over the world to live here, while about 20% of the population is Muslim. Politics are hard to get away from in Israel as everyone has an opinion on how to move the country forward — with a ready ear you’re sure to hear opinions from every side of the political spectrum. Disponível em:www.worldtravelguide.net. Acesso em: 15jun. 2012.

Antes de viajar, turistas geralmente buscam informações sobre o local para onde pretendem ir. O trecho do guia de viagens de Israel a) descreve a história desse local para que turistas valorizem seus costumes milenares. b) informa hábitos religiosos para auxiliar turistas a entenderem as diferenças culturais. c) divulga os principais pontos turísticos para ajudar turistas a planejarem sua viagem. d) recomenda medidas de segurança para alertar turistas sobre possíveis riscos locais. e) apresenta aspectos gerais da cultura do país para continuar a atrair turistas estrangeiros. Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 El carpintero Orlando Goicoechea reconoce las maderas por el olor, de qué árboles vienen, qué edad tienen, y oliéndolas sabe si fueron cortadas a tiempo o a destiempo y les adivina los posibles contratiempos. Al cabo de tantos anos de trabajo, Orlando se ha dado el lujo de comprarse un video, y ve una película tras otra. No sabía que eras loco por cine le dice el vecino. Y Orlando le explica que no, que a él ni le va ni le viene, pero gracias al video puede detener las películas para estudiar los muebles.

100 GALEANO, E. Disponível em: http://elcajondesastre.blogcindarrio.com. Acesso em: 18 abr. 2012.

No conto de Galeano, a expressão ni le va ni le viene encerra uma opinião a respeito de cinema que a) desconstrói a ideia central do conto sobre a importância das atividades de lazer. b) contradiz a percepção que o narrador tem em relação à profissão exercida por Orlando. c) revela o descaso do narrador com relação ao ofício desempenhado por Orlando. d) reforça a impressão do vizinho de que Orlando gostava de filmes. e) evidencia a extrema devoção do carpinteiro ao seu ofício. QUESTÃO 02 El virus del papiloma humano (HPV) también es un problema de hombres Para algunos hombres, el virus del papiloma humano (HPV) es algo muy lejano. Se olvidan de que ellos también se infectan y de que, al contagiamos, nos están regalando un pasaporte mágico para el cáncer cérvico-uterino — segunda causa de muerte entre las mujeres de México —; incluso me ha tocado escuchar en boca de algunos de ellos que “sólo se trata de una infeccioncita”. Pues bien, el HPV también es un problema de hombres, no sólo porque propaga la infección entre la población femenina, sino también porque este virus produce otros problemas de salud tanto en hombres como en mujeres, incluyendo verrugas genitales y cáncer de boca y garganta que, si bien no son tan conocidos o alarmantes por su cantidad, como otros tipos de cáncer, también constituyen un riesgo. Por lo anterior, la Academia Americana de Pediatría decidió enfrentarse al HPV mediante vacunas que se ponen tanto a mujeres como hombres. Los especialistas afirman que la vacuna es más efectiva si se administra antes de que el nino se vuelva sexualmente activo, y responde mejor en el organismo de varones entre 9 y 15anos. ALBITER, K. Disponível em: http://vivirmexico.com. Acesso em: 10 jul. 2012 (adaptado).

O texto aborda a temática do HPV. Ao discorrer sobre o contágio e a prevenção do papiloma humano, a autora informa aos leitores que esse vírus é a) estudado pela Academia Americana de Pediatria por seus efeitos em crianças. b) responsável pelo aumento de casos de câncer na população jovem mexicana. c) ignorado pelos homens por se restringir à população feminina. d) combatido por vacinas que devem ser aplicadas tanto em mulheres quanto em homens. e) classificado como um problema superável pela facilidade com que se enfrenta a infecção. QUESTÃO 03 Aqui estoy establecido, En los Estados Unidos, Diez anos pasaron ya, En que crucé de mojado, Papeles no he arreglado, Sigo siendo un ilegal. Tengo mi esposa y mis hijos, Que me los traje muy chicos,


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Y se han olvidado ya, De mi México querido, Del que yo nunca me olvido, Y no puedo regresar. [...] Mis hijos no hablan conmigo, Otro idioma han aprendido, Y olvidado el espanol, Piensan como americanos, Niegan que son mexicanos, Aunque tengan mi color. LOS TIGRES DEL NORTE. Jaula de oro. Woodland Hills, Califórnia: Fonovisa, 1986 (fragmento).

A letra de canção coloca em cena um dilema por vezes vivenciado por imigrantes. Esse dilema se configura no sentimento do pai em relação ao(à) a) diluição de sua identidade latino-americana, advinda do contato cotidiano com o outro. b) andamento dos filhos, gerado pela apropriação da língua e da cultura do outro. c) preconceito étnico-racial sofrido pelos imigrantes mexicanos no novo país. d) desejo de se integrar à nova cultura e de se comunicar na outra língua. e) vergonha perante os filhos de viver ilegalmente em outro país. QUESTÃO 04 Emotivo encuentro en la universidad pública El entonces mandatario uruguayo recibió el carino de sus compatriotas residentes en Nueva York e informo sobre la evolución del país, las políticas de gobierno, los avances y cuentas pendientes. Como en ocasiones similares, se multiplicaron las muestras de respeto y emoción. “Una nación es un formidable sentimiento de un 'nosotros’”, dijo. Mujica comenzó su discurso relatando lo recogido de otras experiencias de comunidades en el exilio. “Muchos de ustedes echaron raíces, tienen hijos y no pueden cometer la agresión de descuajarle la vida. Tienen que cargar con esa nostalgia de ser de allá, pero estar acá”, dijo. “Estamos metidos en la lucha por mejorar las circunstancias, con el sueno de que las generaciones que vengan, puedan venir con más soltura, con más apoyo”, dijo el Presidente. Mujica se refirió a algunas críticas que reciben algunas políticas sociales. “Nos acusan de que damos sin contrapartida. Nos dicen 'a la gente no hay que darle pescado, sino ensenarle a pescar’. Sí — razonó el Presidente —, pero cuando le afanaste la cana, le afanaste el bote, ¿qué le vas a pedir? Para atrás no arreglamos, arreglamos para adelante.” Disponível em: www.republica.com.uy. Acesso em: 26 set. 2013 (adaptado).

No discurso dirigido aos compatriotas radicados em Nova York, o então presidente Mujica expressa o desejo de que os cidadãos que vivem no Uruguai a) apoiem as políticas públicas afirmativas. b) integrem-se ao processo de globalização. c) cultivem o sentimento nacionalista. d) ofereçam uma contrapartida à nação. e) tenham melhores condições de vida.

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QUESTÃO 05 El eclipse Cuando Fray Bartolomé Arrazola se sintió perdido aceptó que ya nada podría salvarlo. La selva poderosa de Guatemala lo había apresado, implacable y definitiva. Ante su ignorância topográfica se sentó con tranquilidad a esperar la muerte. Al despertar se encontró rodeado por un grupo de indígenas de rostro impasible que se disponía a sacrificarlo ante un altar, un altar que a Bartolomé le pareció como el lecho en que descansaria, al fin, de sus temores, de su destino, de sí mismo. Tres anos en el país le habían conferido un mediano dominio de las lenguas nativas. Intento algo. Dijo algunas palabras que fueron comprendidas. Entonces floreció en él una idea que tuvo por digna de su talento y de su cultura universal y de su arduo conocimiento de Aristóteles. Recordó que para ese día se esperaba un eclipse total de sol. Y dispuso, en lo más íntimo, valerse de aquel conocimiento para enganar a sus opresores y salvar la vida. — Si me matáis — les dijo — puedo hacer que el sol se oscurezca en su altura. Los indígenas lo miraron fijamente y Bartolomé sorprendió la incredulidad en sus ojos. Vio que se produjo un pequeno consejo, y espero confiado, no sin cierto desdén. Dos horas después el corazón de Fray Bartolomé Arrazola chorreaba su sangre vehemente sobre la piedra de los sacrifícios (brillante bajo la opaca luz de un sol eclipsado), mientras uno de los indígenas recitaba sin ninguna inflexión de voz, sin prisa, una por una las infinitas fechas en que se producirían eclipses solares y lunares, que los astrônomos de la comunidad maya habían previsto y anotado en sus códices sin la valiosa ayuda de Aristóteles. MONTERROSO, A. Obras completas y otros cuentos. Bogotá: Norma, 1994 (adaptado).

No texto, confrontam-se duas visões de mundo: a da cultura ocidental, representada por Frei Bartolomé Arrazola, e a da mítica pré-hispânica, representada pela comunidade indígena maia. Segundo a narrativa, a) os catequizadores espanhóis avalizam os saberes produzidos pelas comunidades indígenas hispanoamericanas. b) os indígenas da comunidade maia mostram-se perplexos diante da superioridade do conhecimento aristotélico do frei espanhol. c) o catequizador espanhol Arrazola apresenta-se adaptado às culturas autóctones, ao promover a interlocução entre os conhecimentos aristotélico e indígena. d) o episódio representa, de forma neutra, o significado do conhecimento ancestral indígena, quando comparado ao conhecimento ocidental. e) os conhecimentos acadêmicos de Arrazola são insuficientes para salvá-lo da morte, ante a sabedoria astronômica da cultura maia. Questões de 06 a 45. QUESTÃO 06 Romanos usavam redes sociais há dois mil anos, diz livro Ao tuitar ou comentar embaixo do post de um de seus vários amigos no Facebook, você provavelmente se sente privilegiado por viver em um tempo na história em que é possível alcançar de forma imediata uma vasta rede de contatos por meio de um simples clique no botão “enviar”.


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Você talvez também reflita sobre como as gerações passadas puderam viver sem mídias sociais, desprovidas da capacidade de verem e serem vistas, de receber, gerar e interagir com uma imensa carga de informações. Mas o que você talvez não saiba é que os seres humanos usam ferramentas de interação social há mais de dois mil anos. É o que afirma Tom Standage, autor do livro Writing on the Wall — Social Media, The first 2 000 Years (Escrevendo no mural — mídias sociais, os primeiros 2 mil anos, em tradução livre). Segundo Standage, Marco Túlio Cícero, filósofo e político romano, teria sido, junto com outros membros da elite romana, precursor do uso de redes sociais. O autor relata como Cícero usava um escravo, que posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma espécie de rede de contatos. Estas pessoas, por sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus próprios comentários e repassavam adiante. “Hoje temos computadores e banda larga, mas os romanos tinham escravos e escribas que transmitiam suas mensagens”, disse Standage à BBC Brasil. “Membros da elite romana escreviam entre si constantemente, comentando sobre as últimas movimentações políticas e expressando opiniões.” Além do papiro, outra plataforma comumente utilizada pelos romanos era uma tábua de cera do tamanho e da forma de um tablet moderno, em que escreviam recados, perguntas ou transmitiam os principais pontos da acta diurna, um “jornal” exposto diariamente no Fórum de Roma. Essa tábua, o “iPad da Roma Antiga”, era levada por um mensageiro até o destinatário, que respondia embaixo da mensagem. NIDECKER, F. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 7 nov. 2013 (adaptado).

Na reportagem, há uma comparação entre tecnologias de comunicação antigas e atuais. Quanto ao gênero mensagem, identifica-se como característica que perdura ao longo dos tempos o(a) a) imediatismo das respostas. b) compartilhamento de informações. c) interferência direta de outros no texto original. d) recorrência de seu uso entre membros da elite. e) perfil social dos envolvidos na troca comunicativa. QUESTÃO 07 Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero [...]. Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver, mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa. ASSIS, M. A causa secreta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 9 out. 2015.

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No fragmento, o narrador adota um ponto de vista que acompanha a perspectiva de Fortunato. O que singulariza esse procedimento narrativo é o registro do(a) a) indignação face à suspeita do adultério da esposa. b) tristeza compartilhada pela perda da mulher amada. c) espanto diante da demonstração de afeto de Garcia. d) prazer da personagem em relação ao sofrimento alheio. e) superação do ciúme pela comoção decorrente da morte. QUESTÃO 08 Mas assim que penetramos no universo da web, descobrimos que ele constitui não apenas um imenso “território” em expansão acelerada, mas que também oferece inúmeros “mapas”, filtros, seleções para ajudar o navegante a orientar-se. O melhor guia para a web é a própria web. Ainda que seja preciso ter a paciência de explorá-la. Ainda que seja preciso arriscar-se a ficar perdido, aceitar “a perda de tempo” para familiarizar-se com esta terra estranha. Talvez seja preciso ceder por um instante a seu aspecto lúdico para descobrir, no desvio de um link, os sites que mais se aproximam de nossos interesses profissionais ou de nossas paixões e que poderão, portanto, alimentar da melhor maneira possível nossa jornada pessoal. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

O usuário iniciante sente-se não raramente desorientado no oceano de informações e possibilidades disponíveis na rede mundial de computadores. Nesse sentido, Pierre Lévy destaca como um dos principais aspectos da internet o(a) a) espaço aberto para a aprendizagem. b) grande número de ferramentas de pesquisa. c) ausência de mapas ou guias explicativos. d) infinito número de páginas virtuais. e) dificuldade de acesso aos sites de pesquisa. QUESTÃO 09 TEXTO I Terezinha de Jesus De uma queda foi ao chão Acudiu três cavalheiros Todos os três de chapéu na mão O primeiro foi seu pai O segundo, seu irmão O terceiro foi aquele A quem Tereza deu a mão BATISTA, M. F. B. M.; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiro da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado).

TEXTO II Outra interpretação é feita a partir das condições sociais daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem cantava a cantiga, a música falava do casamento como um destino natural na vida da mulher, na sociedade brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A música prepara a moça para o seu destino não apenas inexorável, mas desejável: o casamento, estabelecendo uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho, marido), de acordo com a época e circunstâncias de sua vida. Disponível em: http://provsjose.blogspot.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012.


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O comentário do Texto II sobre o Texto I evoca a mobilização da língua oral que, em determinados contextos, a) assegura a existência de pensamentos contrários à ordem vigente. b) mantém a heterogeneidade das formas de relações sociais. c) conserva a influência religiosa sobre certas culturas. d) preserva a diversidade cultural e comportamental. e) reforça comportamentos e padrões culturais. QUESTÃO 10 Essas moças tinham o vezo de afirmar o contrário do que desejavam. Notei a singularidade quando principiaram a elogiar o meu paletó cor de macaco. Examinavam-no sérias, achavam o pano e os aviamentos de qualidade superior, o feitio admirável. Envaideci-me: nunca havia reparado em tais vantagens. Mas os gabos se prolongaram, trouxeram-me desconfiança. Percebi afinal que elas zombavam e não me susceptibilizei. Longe disso: achei curiosa aquela maneira de falar pelo avesso, diferente das grosserias a que me habituara. Em geral me diziam com franqueza que a roupa não me assentava no corpo, sobrava nos sovacos. RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1994.

Por meio de recursos linguísticos, os textos mobilizam estratégias para introduzir e retomar ideias, promovendo a progressão do tema. No fragmento transcrito, um novo aspecto do tema é introduzido pela expressão a) “a singularidade”. b) “tais vantagens”. c) “os gabos”. d) “Longe disso”. e) “Em geral”. QUESTÃO 11

CIPRIANI, F. Disponível em: www.snmsolutions.com.br. Acesso em: 15 maio 2013 (adaptado).

O consumidor do século XXI, chamado de novo consumidor social, tende a se comportar de modo diferente do consumidor tradicional. Pela associação das características apresentadas no diagrama, infere-se que esse novo consumidor sofre influência da a) cultura do comércio eletrônico. b) busca constante pelo menor preço.

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c) divulgação de informações pelas empresas. d) necessidade recorrente de consumo. e) postura comum aos consumidores tradicionais. QUESTÃO 12 A língua tupi no Brasil Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase sinônimo de falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a Portugal que só mandasse padres que soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”. Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no século XVII, graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos índios. Muitos bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, o paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua. “Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o historiador e antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou o tupi paulista, que, além da influência do português, ainda recebia palavras de outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado. ÂNGELO, C. Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado).

O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel do tupi na formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos lugares designados. b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também está a fala de variadas etnias indígenas. c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, vindos de Lisboa. d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas investidas contra o Quilombo dos Palmares. e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a língua dos bandeirantes paulistas. QUESTÃO 13 O farrista Quando o almirante Cabral Pôs as patas no Brasil O anjo da guarda dos índios Estava passeando em Paris. Quando ele voltou de viagem O holandês já está aqui. O anjo respira alegre:


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“Não faz mal, isto é boa gente, Vou arejar outra vez.” O anjo transpôs a barra, Diz adeus a Pernambuco, Faz barulho, vuco-vuco, Tal e qual o zepelim Mas deu um vento no anjo, Ele perdeu a memória... E não voltou nunca mais. MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.

A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que a) configura um ideal de nacionalidade pela integração regional. b) remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta. c) repercute as manifestações do sincretismo religioso. d) descreve a gênese da formação do povo brasileiro. e) promove inovações no repertório linguístico. QUESTÃO 14 PROPAGANDA — O exame dos textos e mensagens de Propaganda revela que ela apresenta posições parciais, que refletem apenas o pensamento de uma minoria, como se exprimissem, em vez disso, a convicção de uma população; trata-se, no fundo, de convencer o ouvinte ou o leitor de que, em termos de opinião, está fora do caminho certo, e de induzi-lo a aderir às teses que lhes são apresentadas, por um mecanismo bem conhecido da psicologia social, o do conformismo induzido por pressões do grupo sobre o indivíduo isolado.

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b) confirmar o uso da norma-padrão em contexto da linguagem poética. c) enfatizar um processo recorrente na transformação da língua portuguesa. d) registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro. e) reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem. QUESTÃO 16 TEXTO I Criatividade em publicidade: teorias e reflexões Resumo: O presente artigo aborda uma questão primordial na publicidade: a criatividade. Apesar de aclamada pelos departamentos de criação das agências, devemos ter a consciência de que nem todo anúncio é, de fato, criativo. A partir do resgate teórico, no qual os conceitos são tratados à luz da publicidade, busca-se estabelecer a compreensão dos temas. Para elucidar tais questões, é analisada uma campanha impressa da marca XXXX. As reflexões apontam que a publicidade criativa é essencialmente simples e apresenta uma releitura do cotidiano. DEPEXE, S. D. Travessias: Pesquisas em Educação, Cultura, Linguagem e Artes, n. 2, 2008.

TEXTO II

BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de política. Brasília: UnB, 1998 (adaptado).

De acordo com o texto, as estratégias argumentativas e o uso da linguagem na produção da propaganda favorecem a a) reflexão da sociedade sobre os produtos anunciados. b) difusão do pensamento e das preferências das grandes massas. c) imposição das ideias e posições de grupos específicos. d) decisão consciente do consumidor a respeito de sua compra. e) identificação dos interesses do responsável pelo produto divulgado. QUESTÃO 15 Sítio Gerimum Este é o meu lugar [...] Meu Gerimum é com g Você pode ter estranhado Gerimum em abundância Aqui era plantado E com a letra g Meu lugar foi registrado. OLIVEIRA, H. D. Língua Portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento).

Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra “Gerimum” grafada com a letra “g” tem por objetivo a) valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.

Homenagem ao Dia das Mães 2012. Disponível em: www.comunicacao.com. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado).

Os dois textos apresentados versam sobre o tema criatividade. O Texto I é um resumo de caráter científico e o Texto II, uma homenagem promovida por um site de publicidade. De que maneira o Texto II exemplifica o conceito de criatividade em publicidade apresentado no Texto I? a) Fazendo menção ao difícil trabalho das mães em criar seus filhos. b) Promovendo uma leitura simplista do papel materno em seu trabalho de criar os filhos.


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c) Explorando a polissemia do termo “criação”. d) Recorrendo a uma estrutura linguística simples. e) Utilizando recursos gráficos diversificados. QUESTÃO 17 Textos e hipertextos: procurando o equilíbrio Há um medo por parte dos pais e de alguns professores de as crianças desaprenderem quando navegam, medo de elas viciarem, de obterem informação não confiável, de elas se isolarem do mundo real, como se o computador fosse um agente do mal, um vilão. Esse medo é reforçado pela mídia, que costuma apresentar o computador como um agente negativo na aprendizagem e na socialização dos usuários. Nós sabemos que ninguém corre o risco de desaprender quando navega, seja em ambientes digitais ou em materiais impressos, mas é preciso ver o que se está aprendendo e algumas vezes interferir nesse processo a fim de otimizar ou orientar a aprendizagem, mostrando aos usuários outros temas, outros caminhos, outras possibilidades diferentes daquelas que eles encontraram sozinhos ou daquelas que eles costumam usar. É preciso, algumas vezes, negociar o uso para que ele não seja exclusivo, uma vez que há outros meios de comunicação, outros meios de informação e outras alternativas de lazer. É uma questão de equilibrar e não de culpar. COSCARELLI, C.V. Linguagem em (Dis)curso, n. 3, set.-dez. 2009.

A autora incentiva o uso da internet pelos estudantes, ponderando sobre a necessidade de orientação a esse uso, pois essa tecnologia a) está repleta de informações confiáveis que constituem fonte única para a aprendizagem dos alunos. b) exige dos pais e professores que proíbam seu uso abusivo para evitar que se torne um vício. c) tende a se tornar um agente negativo na aprendizagem e na socialização de crianças e jovens. d) possibilita maior ampliação do conhecimento de mundo quando a aprendizagem é direcionada. e) leva ao isolamento do mundo real e ao uso exclusivo do computador se a navegação for desmedida. QUESTÃO 18 O mundo revivido Sobre esta casa e as árvores que o tempo esqueceu de levar. Sobre o curral de pedra e paz e de outras vacas tristes chorando a lua e a noite sem bezerros. Sobre a parede larga deste açude onde outras cobras verdes se arrastavam, e pondo o sol nos seus olhos parados iam colhendo sua safra de sapos. Sob as constelações do sul que a noite armava e desarmava: as Três Marias, o Cruzeiro distante e o Sete-Estrelo. Sobre este mundo revivido em vão, a lembrança de primos, de cavalos, de silêncio perdido para sempre. DOBAL, H. A província deserta. Rio de Janeiro: Artenova, 1974.

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No processo de reconstituição do tempo vivido, o eu lírico projeta um conjunto de imagens cujo lirismo se fundamenta no a) inventário das memórias evocadas afetivamente. b) reflexo da saudade no desejo de voltar à infância. c) sentimento de inadequação com o presente vivido. d) ressentimento com as perdas materiais e humanas. e) lapso no fluxo temporal dos eventos trazidos à cena. QUESTÃO 19 A ascensão social por meio do esporte mexe com o imaginário das pessoas, pois em poucos anos um adolescente pode se tornar milionário caso tenha um bom desempenho esportivo. Muitos meninos de famílias pobres jogam com o objetivo de conseguir dinheiro para oferecer uma boa qualidade de vida à família. Isso aproximou mais ainda o futebol das camadas mais pobres da sociedade, tornando-o cada vez mais popular. Acontece que esses jovens sonham com fama e dinheiro, enxergando no futebol o único caminho possível para o sucesso. No entanto, eles não sabem da grande dificuldade que existe no início dessa jornada em que a minoria alcança a carreira profissional. Esses garotos abandonam a escola pela ilusão de vencer no futebol, à qual a maioria sucumbe. O caminho até o profissionalismo acontece por meio de um longo processo seletivo que os jovens têm de percorrer. Caso não seja selecionado, esse atleta poderá ter que abandonar a carreira involuntariamente por falta de uma equipe que o acolha. Alguns podem acabar em subempregos, à margem da sociedade, ou até mesmo em vícios decorrentes desse fracasso e dessa desilusão. Isso acontece porque no auge da sua formação escolar e na condição juvenil de desenvolvimento, eles não se preparam e não são devidamente orientados para buscar alternativas de experiências mais amplas de ocupação fora e além do futebol. BALZANO, O. N.; MORAIS, J. S. A formação do jogador de futebol e sua relação com a escola. EFDeportes, n. 172, set. 2012 (adaptado).

Ao abordar o fato de, no Brasil, muitos jovens depositarem suas esperanças de futuro no futebol, o texto critica o(a) a) despreparo dos jogadores de futebol para ajudarem suas famílias a superar a miséria. b) garantia de ascensão social dos jovens pela carreira de jogador de futebol. c) falta de investimento dos clubes para que os atletas possam atuar profissionalmente e viver do futebol. d) investimento reduzido dos atletas profissionais em sua formação escolar, gerando frustração e desilusão profissional no esporte. e) despreocupação dos sujeitos com uma formação paralela à esportiva, para habilitá-los a atuar em outros setores da vida. QUESTÃO 20 Declaração de amor Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. [...] A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.


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Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la — como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes a galope. Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo em minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida. Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega. Se eu fosse muda e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas, como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

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TEXTO II Na sua produção, Goeldi buscou refletir seu caminho pessoal e político, sua melancolia e paixão sobre os intensos aspectos mais latentes em sua obra, como: cidades, peixes, urubus, caveiras, abandono, solidão, drama e medo. ZULIETTI, L. F. Goeldi: da melancolia ao inevitável. Revista de Arte, Mídia e Política. Acesso em: 24 abr. 2017 (adaptado).

O gravador Oswaldo Goeldi recebeu fortes influências de um movimento artístico europeu do início do século XX, que apresenta as características reveladas nos traços da obra de

LISPECTOR, C. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999 (adaptado).

a) O trecho em que Clarice Lispector declara seu amor pela língua portuguesa, acentuando seu caráter patrimonial e sua capacidade de renovação, é: a) “A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve.” b) “Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já feita.” c) “Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.” d) “Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada.” e) “Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.”

b)

c)

QUESTÃO 21 TEXTO I

d)

e) GOELDI, O. Sem título. Bico de pena, 29,4 x 24 cm. Coleção Ary Ferreira Macedo, circa 1940. Disponível em: https://revistacontemporartes.blogspot.com.br. Acesso em: 10 dez. 2012.

QUESTÃO 22 TEXTO I A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Rodrigues, há 40 mil índios que falam o idioma. A maioria


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mora ao longo do Rio Solimões, no Alto Amazonas. É a maior nação indígena do Brasil, sendo também encontrada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena e apresenta complexidades em sua fonologia e sintaxe. Sua característica principal é o uso de diferentes alturas na voz. O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado pela proximidade de cidades ou mesmo pela convivência com falantes de outras línguas no interior da própria área ticuna: nas aldeias, esses outros falantes são minoritários e acabam por se submeter à realidade ticuna, razão pela qual, talvez, não representem uma ameaça linguística. Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 (adaptado).

TEXTO II Riqueza da língua “O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentido mais amplo do que o latim foi na era passada e o francês é na presente”, dizia o presidente americano John Adams no século XVIII. A profecia se cumpriu: o inglês é hoje a língua franca da globalização. No extremo oposto da economia linguística mundial, estão as línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcula-se que hoje se falem de 6 000 a 7 000 línguas no mundo todo. Quase metade delas deve desaparecer nos próximos 100 anos. A última edição do Ethnologue — o mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais —, de 2005, listava 516 línguas em risco de extinção. Veja, n. 36, set. 2007 (adaptado).

Os textos tratam de línguas de culturas completamente diferentes, cujas realidades se aproximam em função do(a) a) semelhança no modo de expansão. b) preferência de uso na modalidade falada. c) modo de organização das regras sintáticas. d) predomínio em relação às outras línguas de contato. e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas minoritárias. QUESTÃO 23 As atrizes Naturalmente Ela sorria Mas não me dava trela Trocava a roupa Na minha frente E ia bailar sem mais aquela Escolhia qualquer um Lançava olhares Debaixo do meu nariz Dançava colada Em novos pares Com um pé atrás Com um pé a fim Naturalmente Sem nem olhar a minha cara Tomavam banho Na minha frente Para sair com outro cara Porém nunca me importei Com tais amantes

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[...] Com tantos filmes Na minha mente É natural que toda atriz Presentemente represente Muito para mim CHICO BUARQUE. Carioca. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2006 (fragmento).

Na canção, Chico Buarque trabalha uma determinada função da linguagem para marcar a subjetividade do eu lírico ante as atrizes que ele admira. A intensidade dessa admiração está marcada em: a) "Naturalmente/ Ela sorria/ Mas não me dava trela". b) "Tomavam banho/ Na minha frente/ Para sair com outro cara". c) "Surgiram outras/ Naturalmente/ Sem nem olhar a minha cara". d) "Escolhia qualquer um/ Lançava olhares/ Debaixo do meu nariz". e) "É natural que toda atriz/ Presentemente represente/ Muito para mim". QUESTÃO 24 E aqui, antes de continuar este espetáculo, é necessário que façamos uma advertência a todos e a cada um. Neste momento, achamos fundamental que cada um tome uma posição definida. Sem que cada um tome uma posição definida, não é possível continuarmos. É fundamental que cada um tome uma posição, seja para a esquerda, seja para a direita. Admitimos mesmo que alguns tomem uma posição neutra, fiquem de braços cruzados. Mas é preciso que cada um, uma vez tomada sua posição, fique nela! Porque senão, companheiros, as cadeiras do teatro rangem muito e ninguém ouve nada. FERNANDES, M.; RANGEL, F. Liberdade, liberdade. Porto Alegre: L&PM, 2009.

A peça Liberdade, liberdade, encenada em 1964, apresenta o impasse vivido pela sociedade brasileira em face do regime vigente. Esse impasse é representado no fragmento pelo(a) a) barulho excessivo produzido pelo ranger das cadeiras do teatro. b) indicação da neutralidade como a melhor opção ideológica naquele momento. c) constatação da censura em função do engajamento social do texto dramático. d) correlação entre o alinhamento político e a posição corporal dos espectadores. e) interrupção do espetáculo em virtude do comportamento inadequado do público. QUESTÃO 25 Uma noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil. Editora Planeta, 296 páginas. Mas foi uma noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso país. Parou pra ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos chamado Eduardo Lobo, o Edu Lobo, saiu carregado do Teatro Paramount em São Paulo depois de ganhar o prêmio máximo do festival com Ponteio, que


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cantou acompanhado da charmosa e iniciante Marília Medalha. Foi naquela noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro, o arranjador. Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao som das guitarras dos Beat Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque com os Mutantes. Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo Calil, agora virou livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite, ampliada e em estado que no jargão jornalístico chamamos de matéria bruta. Quem viu o filme vai se deliciar com as histórias — e algumas fofocas — que cada um tem para contar, agora sem os cortes necessários que um filme exige. E quem não viu o filme tem diante de si um livro de histórias, pensando bem, de História. VILLAS, A. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 18 jun. 2014 (adaptado).

Considerando os elementos constitutivos dos gêneros textuais circulantes na sociedade, nesse fragmento de resenha predominam a) caracterizações de personalidades do contexto musical brasileiro dos anos 1960. b) questões polêmicas direcionadas à produção musical brasileira nos anos 1960. c) relatos de experiências de artistas sobre os festivais de música de 1967. d) explicações sobre o quadro cultural do Brasil durante a década de 1960. e) opiniões a respeito de uma obra sobre a cena musical de 1967. QUESTÃO 26 Apesar de muitas crianças e adolescentes terem a Barbie como um exemplo de beleza, um infográfico feito pelo site Rehabs.com comprovou que, caso uma mulher tivesse as medidas da boneca de plástico, ela nem estaria viva. Não é exatamente uma novidade que as proporções da boneca mais famosa do mundo são absurdas para o mundo real. Ativistas que lutam pela construção de uma autoimagem mais saudável, pesquisadores de distúrbios alimentares e pessoas que se preocupam com o impacto da indústria cultural na psique humana apontam, há anos, a influência de modelos como a Barbie na distorção do corpo feminino. Pescoço Com um pescoço duas vezes mais longo e 15 centímetros mais fino do que o de uma mulher, a Barbie seria incapaz de manter sua cabeça levantada. Cintura Com uma cintura de 40 centímetros (menor do que a sua cabeça), a Barbie da vida real só teria espaço em seu corpo para acomodar metade de um rim e alguns centímetros de intestino. Quadril O índice que mede a relação entre a cintura e o quadril da Barbie é de 0,56, o que significa que a medida da sua cintura representa 56% da circunferência de seu quadril. Esse mesmo índice, em uma mulher americana média, é de 0,8.

108 Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 2 maio 2015.

Ao abordar as possíveis influências da indústria de brinquedos sobre a representação do corpo feminino, o texto analisa a a) noção de beleza globalizada veiculada pela indústria cultural. b) influência da mídia para a adoção de um estilo de vida salutar pelas mulheres. c) relação entre a alimentação saudável e o padrão de corpo instituído pela boneca. d) proporcionalidade entre a representação do corpo da boneca e a do corpo humano. e) influência mercadológica na construção de uma autoimagem positiva do corpo feminino. QUESTÃO 27 Nuances Euforia: alegria barulhenta. Felicidade: alegria silenciosa. Gravar: quando o ator é de televisão. Filmar: quando ele quer deixar claro que não é de televisão. Grávida: em qualquer ocasião. Gestante: em filas e assentos preferenciais. Guardar: na gaveta. Salvar: no computador. Salvaguardar: no Exército. Menta: no sorvete, na bala ou no xarope. Hortelã: na horta ou no suco de abacaxi. Peça: quando você vai assistir. Espetáculo: quando você está em cartaz com ele. DUVIVIER, G. Folha de S. Paulo, 24 mar. 2014 (adaptado).

O texto trata da diferença de sentido entre vocábulos muito próximos. Essa diferença é apresentada considerando-se a(s) a) alternâncias na sonoridade. b) adequação às situações de uso. c) marcação flexional das palavras. d) grafia na norma-padrão da língua. e) categorias gramaticais das palavras.


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QUESTÃO 28

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página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida. PESSOA, F. O livro do desassossego. São Paulo: Brasiliense, 1986.

A linguagem cumpre diferentes funções no processo de comunicação. A função que predomina nos textos I e II a) destaca o “como” se elabora a mensagem, considerando-se a seleção, combinação e sonoridade do texto. b) coloca o foco no “com o quê” se constrói a mensagem, sendo o código utilizado o seu próprio objeto. c) focaliza o “quem” produz a mensagem, mostrando seu posicionamento e suas impressões pessoais. d) orienta-se no “para quem” se dirige a mensagem, estimulando a mudança de seu comportamento. e) enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, apresentada com palavras precisas e objetivas. QUESTÃO 30 Contranarciso em mim eu vejo o outro e outro e outro enfim dezenas trens passando vagões cheios de gente centenas

Disponível em: www.agenciapatriciagalvao.org.br. Acesso em: 15 maio 2017 (adaptado).

Campanhas publicitárias podem evidenciar problemas sociais. O cartaz tem como finalidade a) alertar os homens agressores sobre as consequências de seus atos. b) conscientizar a população sobre a necessidade de denunciar a violência doméstica. c) instruir as mulheres sobre o que fazer em casos de agressão. d) despertar nas crianças a capacidade de reconhecer atos de violência doméstica. e) exigir das autoridades ações preventivas contra a violência doméstica.

o outro que há em mim é você você e você assim como eu estou em você eu estou nele em nós e só quando estamos em nós estamos em paz mesmo que estejamos a sós

QUESTÃO 29 TEXTO I Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição, porque nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou e consagrou. LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.

TEXTO II Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie — nem sequer mental ou de sonho —, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal

LEMINSKI, P. Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.

A busca pela identidade constitui uma faceta da tradição literária, redimensionada pelo olhar contemporâneo. No poema, essa nova dimensão revela a a) ausência de traços identitários. b) angústia com a solidão em público. c) valorização da descoberta do “eu” autêntico. d) percepção da empatia como fator de autoconhecimento. e) impossibilidade de vivenciar experiências de pertencimento. QUESTÃO 31 No esporte-participação ou esporte popular, a manifestação ocorre no princípio do prazer lúdico, que tem como finalidade o bem-estar social dos seus praticantes.


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Está associado intimamente com o lazer e o tempo livre e ocorre em espaços não comprometidos com o tempo e fora das obrigações da vida diária. Tem como propósitos a descontração, a diversão, o desenvolvimento pessoal e o relacionamento com as pessoas. Pode-se afirmar que o esporte-participação, por ser a dimensão social do esporte mais inter-relacionada com os caminhos democráticos, equilibra o quadro de desigualdades de oportunidades esportivas encontrado na dimensão esporte-performance. Enquanto o esporte-performance só permite sucesso aos talentos ou àqueles que tiveram condições, o esporteparticipação favorece o prazer a todos que dele desejarem tomar parte. GODTSFRIEDT, J. Esporte e sua relação com a sociedade: uma síntese bibliográfica. EFDeportes, n. 142, mar. 2010.

O sentido de esporte-participação construído no texto está fundamentalmente presente a) nos Jogos Olímpicos, uma vez que reúnem diversos países na disputa de diferentes modalidades esportivas. b) nas competições de esportes individuais, uma vez que o sucesso de um indivíduo incentiva a participação dos demais. c) nos campeonatos oficiais de futebol, regionais e nacionais, por se tratar de uma modalidade esportiva muito popular no país. d) nas competições promovidas pelas federações e confederações, cujo objetivo é a formação e a descoberta de talentos. e) nas modalidades esportivas adaptadas, cujo objetivo é o maior engajamento dos cidadãos. QUESTÃO 32 Segundo quadro Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Durante a mutação, ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, “viva o prefeito” etc. Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, o vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa. ODORICO — Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu. Aplausos vêm de fora. ODORICO — Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério. Aplausos, aos quais se incorporam as personagens em cena. ODORICO — (Continuando o discurso:) Botando de lado os entretantos e partindo pros finalmente, é uma alegria poder anunciar que prafrentemente vocês já poderão morrer descansados, tranquilos e desconstrangidos, na certeza de que vão ser sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em mim, basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido.

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b) denunciar a escassez de recursos públicos nas prefeituras do interior. c) censurar a falta de domínio da língua padrão em eventos sociais. d) despertar a preocupação da plateia com a expectativa de vida dos cidadãos. e) questionar o apoio irrestrito de agentes públicos aos gestores governamentais. QUESTÃO 33 João/Zero (Wagner Moura) é um cientista genial, mas infeliz porque há 20 anos atrás foi humilhado publicamente durante uma festa e perdeu Helena (Alinne Moraes), uma antiga e eterna paixão. Certo dia, uma experiência com um de seus inventos permite que ele faça uma viagem no tempo, retornando para aquela época e podendo interferir no seu destino. Mas quando ele retorna, descobre que sua vida mudou totalmente e agora precisa encontrar um jeito de mudar essa história, nem que para isso tenha que voltar novamente ao passado. Será que ele conseguirá acertar as coisas? Disponível em: http://adorocinema.com. Acesso em: 4 out. 2011.

Qual aspecto da organização gramatical atualiza os eventos apresentados na resenha, contribuindo para despertar o interesse do leitor pelo filme? a) O emprego do verbo haver, em vez de ter, em “há 20 anos atrás foi humilhado”. b) A descrição dos fatos com verbos no presente do indicativo, como “retorna” e “”descobre”. c) A repetição do emprego da conjunção “mas” para contrapor ideias. d) A finalização do texto com a frase de efeito “Será que ele conseguirá acertar as coisas?”. e) O uso do pronome de terceira pessoa “ele” ao longo do texto para fazer referência ao protagonista “João/Zero”. QUESTÃO 34

GOMES, D. O bem amado. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.

O gênero peça teatral tem o entretenimento como uma de suas funções. Outra função relevante do gênero, explícita nesse trecho de O bem amado, é a) criticar satiricamente o comportamento de pessoas públicas.

Época, n. 698, 3 out. 2011 (adaptado).

Os textos publicitários são produzidos para cumprir determinadas funções comunicativas. Os objetivos desse cartaz estão voltados para a conscientização dos brasileiros sobre a necessidade de


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as crianças frequentarem a escola regularmente. a formação leitora começar na infância. a alfabetização acontecer na idade certa. a literatura ter o seu mercado consumidor ampliado. as escolas desenvolverem campanhas a favor da leitura.

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QUESTÃO 36

QUESTÃO 35 Aí pelas três da tarde Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde invejáveis escreventes dividiram entre si o bom- senso do mundo, aplicando-se em ideias claras apesar do ruído e do mormaço, seguros ao se pronunciarem sobre problemas que afligem o homem moderno (espécie da qual você, milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído), largue tudo de repente sob os olhares a sua volta, componha uma cara de louco quieto e perigoso, faça os gestos mais calmos quanto os tais escribas mais severos, dê um largo “ciao” ao trabalho do dia, assim como quem se despede da vida, e surpreenda pouco mais tarde, com sua presença em hora tão insólita, os que estiveram em casa ocupados na limpeza dos armários, que você não sabia antes como era conduzida. Convém não responder aos olhares interrogativos, deixando crescer, por instantes, a intensa expectativa que se instala. Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto, libertando aí os pés das meias e dos sapatos, tirando a roupa do corpo como se retirasse a importância das coisas, pondo-se enfim em vestes mínimas, quem sabe até em pelo, mas sem ferir o decoro (o seu decoro, está claro), e aceitando ao mesmo tempo, como boa verdade provisória, toda mudança de comportamento. NASSAR, R. Menina a caminho. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.

Em textos de diferentes gêneros, algumas estratégias argumentativas referem-se a recursos linguísticodiscursivos mobilizados para envolver o leitor. No texto, caracteriza-se como estratégia de envolvimento a a) prescrição de comportamentos, como em: “[...] largue tudo de repente sob os olhares a sua volta [...]”. b) apresentação de contraposição, como em: “Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto [...]”. c) explicitação do interlocutor, como em: “[...] (espécie da qual você, milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído) [...]”. d) descrição do espaço, como em: “Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde invejáveis escreventes dividiram entre si o bom-senso do mundo [...]”. e) construção de comparações, como em: “[...] libertando aí os pés das meias e dos sapatos, tirando a roupa do corpo como se retirasse a importância das coisas [...]”.

VALENTIM, R. Emblema 78. Acrílico sobre tela. 73x 100 cm. 1978. Disponível em: www.espacoarte.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.

A obra de Rubem Valentim apresenta emblemas que, baseando-se em signos de religiões afro-brasileiras, se transformam em produção artística. A obra Emblema 78 relaciona-se com o Modernismo em virtude da a) simplificação de formas da paisagem brasileira. b) valorização de símbolos do processo de urbanização. c) fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia. d) alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional. e) composição simétrica de elementos relativos à miscigenação racial. QUESTÃO 37

ERNESTO NETO. Dengo. 2010. MAM-SP, 2010. Disponível em: http://espacohumus.com. Acesso em: 25 abr. 2017.

A instalação Dengo transformou a sala do MAM-SP em um ambiente singular, explorando como principal característica artística a a) participação do público na interação lúdica com a obra. b) distribuição de obstáculos no espaço da exposição. c) representação simbólica de objetos oníricos.


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d) interpretação subjetiva da lei da gravidade. e) valorização de técnicas de artesanato. QUESTÃO 38 Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros movimentos da vida na roça. Num demorou nem um tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar daquela rema letárgica derivada da longa noite de sono. Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas fui em frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns instantes, mas o despertar foi imediato. Já aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha. Foi quando dei reparo da figura esguia e discreta de uma senhora acompanhada de um garoto aparentando uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa em proseio íntimo com a dona da casa. Depois de um vigoroso “Bom dia!”, de um vaporoso aperto de mãos nas apresentações de praxe, fiquei sabendo que Dona Flor de Maio levava o filho Adão para tratamento das feridas que pipocavam por seu corpo, provocando pequenas pústulas de bordas avermelhadas. GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado).

A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas palavras e expressões usadas no texto está a serviço da a) localização dos eventos de fala no tempo ficcional. b) composição da verossimilhança do ambiente retratado. c) restrição do papel do narrador à observação das cenas relatadas. d) construção mística das personagens femininas pelo autor do texto. e) caracterização das preferências linguísticas da personagem masculina. QUESTÃO 39 Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma mulher tinha se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas jurou e não cumpriu, fingiu e me enganou, pra mim você mentiu, pra Deus você pecou, o coração tem razões que a própria razão desconhece, faz promessas e juras, depois esquece. O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos da Neusa, emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena. Era a história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo fechava os olhos e soltava a voz: Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/ Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/ Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/ Um corpo alvo sem par/ E os pés muito pequenos./ Enfím eu vi nesta boneca/ Uma perfeita Vênus. CASTRO, N. L. As pelejas de Ojuara: o homem que desafiou o diabo. São Paulo: Arx, 2006 (adaptado).

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O comentário do narrador do romance “[...] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena” relaciona-se ao fato de que essa valsa é representativa de uma variedade linguística a) detentora de grande prestígio social. b) específica da modalidade oral da língua. c) previsível para o contexto social da narrativa. d) constituída de construções sintáticas complexas. e) valorizadora do conteúdo em detrimento da forma. QUESTÃO 40 A lavadeira começou a viver como uma serviçal que impõe respeito e não mais como escrava. Mas essa regalia súbita foi efêmera. Meus irmãos, nos frequentes deslizes que adulteravam este novo relacionamento, eram dardejados pelo olhar severo de Emilie; eles nunca suportaram de bom grado que uma índia passasse a comer na mesa da sala, usando os mesmos talheres e pratos, e comprimindo com os lábios o mesmo cristal dos copos e a mesma porcelana das xícaras de café. Uma espécie de asco e repulsa tingia-lhes o rosto, já não comiam com a mesma saciedade e recusavamse a elogiar os pastéis de picadinho de carneiro, os folheados de nata e tâmara, e o arroz com amêndoas, dourado, exalando um cheiro de cebola tostada. Aquela mulher, sentada e muda, com o rosto rastreado de rugas, era capaz de tirar o sabor e o odor dos alimentos e de suprimir a voz e o gesto como se o seu silêncio ou a sua presença que era só silêncio impedisse o outro de viver. HATOUM, M. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.

Ao apresentar uma situação de tensão em família, o narrador destila, nesse fragmento, uma percepção das relações humanas e sociais demarcada pelo a) predomínio dos estigmas de classe e de raça sobre a intimidade da convivência. b) discurso da manutenção de uma ética doméstica contra a subversão dos valores. c) desejo de superação do passado de escassez em prol do presente de abastança. d) sentimento de insubordinação à autoridade representada pela matriarca da família. e) rancor com a ingratidão e a hipocrisia geradas pelas mudanças nas regras da casa.


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QUESTÃO 41

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a)

retrata a ausência de opções de lazer para a população de baixa renda, por falta de espaço adequado. b) ressalta a irrelevância das opções de lazer para diferentes classes sociais, que o acessam à sua maneira. c) expressa o desinteresse das classes sociais menos favorecidas economicamente pelas atividades de lazer. d) implica condições desiguais de acesso ao lazer, pela falta de infraestrutura e investimentos em equipamentos. e) aponta para o predomínio do lazer contemplativo, nas classes favorecidas economicamente; e do prático, nas menos favorecidas. QUESTÃO 43 TEXTO I

Revista Bolsa, 1986. In: CARRASCOZA, J. A. A evolução do texto publicitário: a associação de palavras como elemento de sedução na publicidade. São Paulo: Futura, 1999 (adaptado).

Nesse cartaz publicitário de uma empresa de papel e celulose, a combinação dos elementos verbais e não verbais visa a) justificar os prejuízos ao meio ambiente, ao vincular a empresa à difusão da cultura. b) incentivar a leitura de obras literárias, ao referir-se a títulos consagrados do acervo mundial. c) seduzir o consumidor, ao relacionar o anunciante às histórias clássicas da literatura universal. d) promover uma reflexão sobre a preservação ambiental ao aliar o desmatamento aos clássicos da literatura. e) construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a exploração alegadamente sustentável à produção de livros. QUESTÃO 42 Fim de semana no parque Olha o meu povo nas favelas e vai perceber Daqui eu vejo uma caranga do ano Toda equipada e o tiozinho guiando Com seus filhos ao lado estão indo ao parque Eufóricos brinquedos eletrônicos Automaticamente eu imagino A molecada lá da área como é que tá Provavelmente correndo pra lá e pra cá Jogando bola descalços nas ruas de terra É, brincam do jeito que dá [...] Olha só aquele clube, que da hora Olha aquela quadra, olha aquele campo, olha Olha quanta gente Tem sorveteria, cinema, piscina quente Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo Pra molecada frequentar nenhum incentivo O investimento no lazer é muito escasso O centro comunitário é um fracasso RACIONAIS MCs. Racionais MCs. São Paulo: Zimbabwue, 1994 (fragmento).

A letra da canção apresenta uma realidade social quanto à distribuição distinta dos espaços de lazer que

SPETO. Grafite. Museu Afro Brasil, 2009. (não é legenda) Disponível em: www.diariosp.com.br. Acesso em: 25 set. 2015.

TEXTO II Speto Paulo César Silva, mais conhecido como Speto, é um grafiteiro paulista envolvido com o skate e a música. O fortalecimento de sua arte ocorreu, em 1999, pela oportunidade de ver de perto as referências que trazia há tempos, ao passar por diversas cidades do Norte do Brasil em uma turnê com a banda O Rappa. Revista Zupi, n. 19, 2010.

O grafite do artista paulista Speto, exposto no Museu Afro Brasil, revela elementos da cultura brasileira reconhecidos a) na influência da expressão abstrata. b) na representação de lendas nacionais. c) na inspiração das composições musicais. d) nos traços marcados pela xilogravura nordestina. e) nos usos característicos de grafismos dos skates. QUESTÃO 44 O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete, Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país, SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.


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A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação de determinadas regras de pontuação a) revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero romance. b) provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança. c) singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico. d) representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica. e) colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado. QUESTÃO 45 TEXTO I

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DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte moderna. Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 8 jun. 2017.

A obra de Rauschenberg chocou o público na época em que foi feita, e recebeu forte influência de um movimento artístico que se caracterizava pela a) dissolução das tonalidades e dos contornos, revelando uma produção rápida. b) exploração insólita de elementos do cotidiano, dialogando com os ready-mades. c) repetição exaustiva de elementos visuais, levando à simplificação máxima da composição. d) incorporação das transformações tecnológicas, valorizando o dinamismo da vida moderna. e) geometrização das formas, diluindo os detalhes sem se preocupar com a fidelidade ao real. RESOLUÇÕES E COMENTÁRIOS – ENEM 2017 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01: Alternativa D O excerto destacado no texto evidencia que, apesar de todas as alternativas terem realmente sido citadas no texto, com exceção das indicadas nas letras C e B, o que de fato impressionou o autor foi o a celebração de uma beleza única exibida por Frida. Aqui é de suma importância que tenhamos atenção ao que foi solicitado para extrair do texto, sendo fundamental o trecho "[...] Frida's comfort in and celebration of her own unique beauty" ([...] confiança e celebração de Frida de sua própria e única beleza).

RAUSCHENBERG, R. Cama. Óleo e lápis em travesseiro, colcha e folha em suporte de madeira. 191,1 x80x 20,3 cm. Museu de Arte Moderna de Nova York, 1995. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

TEXTO II No verão de 1954, o artista Robert Rauschenberg (n.1925) criou o termo combine para se referir a suas novas obras que possuíam aspectos tanto da pintura como da escultura. Em 1958, Cama foi selecionada para ser incluída em uma exposição de jovens artistas americanos e italianos no Festival dos Dois Mundos em Spoleto, na Itália. Os responsáveis pelo festival, entretanto, se recusaram a expor a obra e a removeram para um depósito. Embora o mundo da arte debatesse a inovação de se pendurar uma cama numa parede, Rauschenberg considerava sua obra “um dos quadros mais acolhedores que já pintei, mas sempre tive medo de que alguém quisesse se enfiar nela”.

Tradução: Uma das coisas que muito me impressionou no filme foi a confiança e celebração de Frida de sua própria e única beleza. Ela não tentou se encaixar nas ideias ou imagens convencionais sobre feminilidade ou o que torna algo ou alguém bonito. Ao invés disso, ela se fez valer completamente de seus próprios talentos, sem particularmente se importar com o que os outros pensavam. Ela era magnética e bonita do seu próprio modo. Ela pintou por anos, não para ser um sucesso comercial ou para ser descoberta, mas para expressar a suas dores, alegrias, família, amor e cultura. Ela era absolutamente e resolutamente quem ela era. A verdade de sua própria e única visão e sua habilidade para se posicionar firmemente em sua própria verdade foi o que a tornou bem sucedida no final das contas. QUESTÃO 02: Alternativa D Questão 100% interpretativa. Nos excertos destacados na tradução do texto (abaixo) podemos observar com clareza que a intenção da Secretaria era contratar adolescentes de 18 anos para atuação em um sistema de capacitação. Tradução: Governo Britânico Prestes a Recrutar Adolescentes como a Nova Geração de Espiões Nos 50 anos desde o primeiro filme de James Bond, o filme criou uma impressão duradoura de um agente secreto britânico, um personagem completamente diferente está prestes a emergir. As agências britânicas estão prestes a recrutar sua próxima geração de espiões cibernéticos através do aproveitamento dos talentos da “geração Xbox”. Em uma expansão de um programa piloto, a Secretaria Estrangeira William Hauge anunciou na quinta que mais de 100 adolescentes de 18 anos serão presenteados com a chance de treinar para uma carreira no serviço secreto da Grã-Bretanha. O movimento de recrutar


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recém formados no ensino médio marca uma quebra com o passado, quando as agências geralmente destinavam seu quadro de funcionários para pessoas graduadas em uma universidade. “Pessoas jovens são a chave para o futuro sucesso de nosso país, exatamente como elas foram durante a Guerra.”, Hague disse. “Hoje nós não estamos em guerra, mas eu vejo evidências todos os dias de ataques organizados e deliberados contra a propriedade intelectual e as redes governamentais no Reino Unido”. No novo programa de recrutamento, intitulado a Única Conta da Inteligência, o esquema de capacitação habilitará estudantes com a devida qualificação em ciências, tecnologia ou engenharia, para passar dois anos aprendendo sobre comunicação, segurança e engenharia por meio de educação formal, treino técnico e uma posição de trabalho. QUESTÃO 03: Alternativa C Take your car just anyplace for an oil change, and you may regret it. down the road. .,.. • Reader's Digest, set. 1993. A imagem, a escolha de palavras como "um lugar qualquer" (anyplace) e ao remeter-se ao sentimento de arrependimento (regret), o autor claramente apela para que seja dada uma atenção maior a escolha da empresa para fazer a troca de óleo. Tradução: Leve seu carro a um lugar qualquer para uma troca de óleo e você poderá arrepender-se no meio da estrada.

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é mostrar aspectos gerais da cultura para estrangeiros. O título do texto também é uma grande dica para a alternativa certa, já que traz as palavras "guia turístico". Tradução: Guia turístico de Israel Israel sempre foi um destino em destaque. Desde os dias dos profetas aos nômades modernos, esse pequeno pedaço de terra do leste mediterrâneo tem atraído muitos visitantes. Enquanto alguns chegam à ‘Terra Sagrada’ em uma jornada espiritual, muitos outros estão em tours culturais, feriados praianos e viagens de ecoturismo. Desbravar a conturbada história de Israel, é tanto emocionante quanto exaustivo. Existem templos desmoronados, cidades em ruínas, fortes abandonados e centenas de lugares associados com a bíblia. E enquanto um senso de aventura é requerido, a maioria dos lugares são seguros e de fácil acesso. Acima de tudo, Israel se destaca pela sua população incrivelmente diversificada. Judeus vêm de todos os lugares do mundo para viver aí, enquanto cerca de 20% da população é muçulmana. É difícil se desprender de assuntos políticos quando se trata de Israel já que todos possuem uma opinião sobre como fazer o país evoluir – com um ouvido apurado você com certeza escutará opiniões de todos os lados do espectro político. Questões de 01 a 05 (opção espanhol) Questão 01: Alternativa E

QUESTÃO 04: Alternativa D No texto desta questão podemos observar que o foco do autor não está na proibição de armas, mas sim na conscientização da devida segurança e atenção que precisam ser consideradas quando o porte de arma é autorizado. Muitas pessoas, pelas críticas feitas no texto, podem ser induzidas a acreditar que para o autor o problema está no porte, porém essa passagem nos esclarece a intenção real do autor - "I am not judging their lifestyle of introducing guns to children at a young age, but I do feel that it's irresponsible not to practice basic safety with anything potentially lethal" (Eu não estou julgando o estilo de vida deles ao introduzir armas a crianças pequenas, mas eu realmente sinto que é irresponsável não praticar segurança básica com qualquer coisa potencialmente letal). QUESTÃO 05: Alternativa E Israel Travel Guide Israel has always been a standout destination. From the days of prophets to the modern day nomad this tiny slice of land on the eastern Mediteranean has long attracted visitors. While some arrive in the 'Holy Land' on a spiritual quest, many others are on cultural tours, beach holidays and eco-tourism trips. Weeding through lsrael's convoluted history is both exhilarating and exhausting. There are crumbling temples, ruined cities, abandoned forts and hundreds of places associated with the Bible. And while a sense of adventure is required, most sites are safe and easily accessible. Most of all, Israel is about its incredibly diverse population. Jews come from all over the world to live here, while about 20% of the population is Muslim. Politics are hard to get away from in Israel as everyone has an opinion on how to move the country forward - with a ready ear you're sure to hear opinions from every side of the political spectrum. Neste texto a dica para a resposta certa não se concentra apenas em uma passagem como nos demais itens, mas sim estão no fragmento como um todo. As escolhas lexicais, o modo de abordagem, a abrangência generalizada sem focar em um detalhe específico nos levam a entender que a intenção do autor

A expressão “ni le va ni le viene” é usada em espanhol para indicar que alguma coisa não tem muita relevância, assim como o "tanto fez tanto faz" no português. Se o aluno desconhece a frase, a chave para chegar a compreensão da expressão está na palavra “ni”, que é uma conjunção que em espanhol é usada para referir-se a coisas negativas. Desta forma, a expressão sobre os filmes não pode ser positiva, o que permite mostrar que a verdadeira devoção de Orlando são os móveis e as madeiras e que os filmes são apenas mais uma ferramenta para compreender melhor seu trabalho. Sendo assim, a resposta correta é a E (evidencia a extrema devoção do carpinteiro ao seu ofício). Questão 02: Alternativa D O texto desta questão expõe a problemática do vírus HPV Human Papiloma Virus - e como este afeta atualmente não somente as mulheres como aos homens, e quais são algumas das doenças que pode acarretar. Também introduz a importância da vacina que a Academia Americana de Pediatria desenvolveu para lutar contra esta doença. Sendo assim, o intuito da autora não é falar da doença propriamente dita e sim informar da vacina que foi criada para combatê-la e que também deve ser aplicada aos homens, motivo pelo qual a resposta correta é a D (combatido por vacinas que devem ser aplicadas tanto em mulheres quanto em homens). A alternativa da letra A pode gerar confusão para o leitor pois o texto também informa sobre onde foi desenvolvida a vacina e que público é mais beneficiado, porém o objetivo não é informar sobre os estudos da vacina, mas sobre como combater a doença. Questão 03: Alternativa B A música desta questão trata sobre a problemática de um pai Mexicano que vai morar nos Estados Unidos e leva sua família com ele. Depois de 10 anos seus filhos que foram junto ainda crianças agora falam outra língua, pensam como americanos e negam suas raízes mexicanas mesmo tendo a mesma cor de pele e sangue que o pai. Como o vocabulário da canção é bem simples e objetivo, uma simples leitura, mesmo que o candidato


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não tenha muito conhecimento da língua espanhola, poderia conduzir a resposta correta, alternativa B, , que mostra o dilema do pai (distanciamento dos filhos, gerado pela apropriação da língua e da cultura do outro). As outras respostas colocam outros tipos de problemáticas que sentem os imigrantes, mas a chave que pode ajudar o aluno a chegar à resposta está na frase “Piensan como americanos, niegan que son mexicanos” (Pensam como americanos, negam que são mexicanos) Questão 04: Alternativa E Este texto mostra um fragmento de uma palestra dada por Mujica (José Alberto Mujica Cordano), ex-presidente uruguaio aos compatriotas radicados nos Estados Unidos, na qual ele fala sobre algumas das mudanças que vem fazendo para melhorar o país que têm sido criticadas. O enunciado questiona qual é o desejo que o ex-presidente quer transmitir. Para conseguir responder a questão podemos ir ao parágrafo que contém o trecho “estamos metidos en la lucha por mejorar las circunstancias, con el sueño de que las generaciones que vengan, puedan venir com más soltura más apoyo” (estamos fazendo a luta para melhorar as circunstâncias, com o sonho de que as novas gerações possam vir com mais facilidades, mais apoio). Aqui sua mensagem é clara de que quer que os cidadãos que estão no Uruguai tenham uma melhor qualidade de vida o que leva o leitor com interpretação atenta do excerto a alternativa correta, E - tenham melhores condições de vida. Questão 05: Alternativa E Este fragmento traz a história sobre o Fray Bartolomé Arrazola, espanhol, que vive na Guatemala muitos anos e que um dia se perdeu na floresta e que foi encontrado por indígenas da região que decidiram sacrificá-lo. Ele lembra que nesse dia aconteceria um eclipse e, para salvar sua vida, pensando que os indígenas não tinham os mesmos conhecimentos que ele tinha de astronomia e de cultura universal, decidiu usar isso como um ponto a seu favor. Ele achou que isto o salvaria da morte, porém não sabia do grande conhecimento que tinham os maias sobre os eclipses solares e lunares que seus astrônomos tinham estudado e anotado. Para responder esta questão precisamos entender qual é a problemática do conto, que é se o Fray Bartolomé consegue ou não se salvar da morte. Depois disto, é importante procurar no texto uma frase que nos guie, neste caso a frase “dos horas después el corazón de Arrazola chorreaba su sangre vehemente sobre la piedra de los sacrifícios” (duas horas depois o coração de Arrazola pingava com seu sangue veemente sobre a pedra dos sacrifícios), que nos mostra que não se salvou de sua morte. Sendo assim fica o candidato pode chegar tranquilamente a resposta correta que é a E “os conhecimentos acadêmicos de Arrazola são insuficientes para salvá-lo da morte, ante a sabedoria astronômica da cultura maia”. QUESTÃO 06: Alternativa B O gênero mensagem se caracteriza pelo compartilhamento de informações entre emissor (quem envia uma mensagem, dentro do processo comunicativo) e receptor (quem recebe essa transmissão), independentemente do período histórico e do perfil social ou econômico dos interlocutores. Não há, nesse compartilhamento a interferência de outras pessoas no texto original e, segundo o texto, as respostas das mensagens não eram imediatas, na Roma Antiga, a velocidade da transmissão dependia dos mensageiros.

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QUESTÃO 07: Alternativa D Nesse trecho do conto machadiano “A causa secreta” há, de fato, a demonstração de espanto [“(...) Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado (...)”] com a suposição de que havia um envolvimento amoroso entre Garcia e Maria Luísa. Não é, porém, esse sentimento que se destaca, é, na verdade o prazer da personagem, perceptível no último período do trecho, no qual o narrador afirma que Fortunato “saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa”, prazer esse que, na gradação ascendente de sua descrição, denota o caráter sádico de Fortunato. QUESTÃO 08: Alternativa A O estudioso Pierre Levy apresenta a internet como um território imenso, cuja exploração, por meio de ações como "penetrar", "explorar" e "descobrir", deve ser metacognitiva, (metacognição é a capacidade humana de monitorar e autorregular os processos de aprendizagem), pois a web é um "espaço aberto para a aprendizagem" e o ‘melhor guia para a web é a própria web”. QUESTÃO 09: Alternativa E Os textos costumam refletir a época em que são produzidos, mostram mais explicitamente ou não as influências do contexto histórico e social em que se formam seus emissores. Assim, observa-se que o texto I mostra a tradição popular das cantigas evocando o contexto social, para, neste caso, "reforçar comportamentos e padrões culturais", pois o casamento era o destino da mulher em uma sociedade patriarcal, não uma opção e as cantigas populares eram uma maneira de apresentar às crianças o mundo adulto, preparando-as, por meio das brincadeiras, para o que viria no futuro. QUESTÃO 10: Alternativa D A questão exige as noções de coesão e progressão textuais. Por coesão entende-se a articulação, a ligação entre partes do texto, estabelecendo relações entre as ideias e informações. Já a progressão é o ‘avançar’ das ideias, a partir da retomada de informações, há o acréscimo de novos aspectos e o consequente avanço (‘crescimento’) do texto. No caso, o texto caminha pelos ‘elogios’, pautados pela ironia, feitos ao narrador e o novo aspecto, a percepção de que era alvo de zombaria, a qual, no entanto não o ofende, mas lhe suscita certo apreço, dá-se a partir da expressão ‘longe disso’. QUESTÃO 11: Alternativa A Na questão, que exige a interpretação da relação entre texto verbal (que emprega palavras) e não-verbal (que emprega imagens ou outros elementos), observam-se as características do “Novo consumidor social” e todas elas, direta ou indiretamente, estão ligadas à cultura do comércio eletrônico, mostrando que ele sofre influência forte do meio digital (“usa novos canais on-line”; confia em conselhos de amigos on-line; “lê e cria (...) post em blogs”). QUESTÃO 12: Alternativa A As línguas sofrem diversas influências, entre elas a contribuição de outros idiomas (por razões históricas, políticas ou culturais) e, do contato entre idiomas diferentes surgem vocábulos novos ou adaptações que vão, pouco a pouco, enriquecendo-as. No caso específico do tupi, as contribuições muitas vezes foram incorporadas por não haver termo adequado para nomear aquele objeto ou situação na língua do


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colonizador. Entre as muitas contribuições da língua tupi para o português do Brasil, o trecho do texto da questão destaca os topônimos (nomes de lugares), principalmente os casos em que a denominação levou em conta peculiaridades dos locais – como “Avanhandava (lugar onde o índio corre)” e “Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol)” e “Itu” (cachoeira). QUESTÃO 13: Alternativa B O Modernismo retoma o interesse pelo tema do nacionalismo e pela formação de nossa identidade nacional, mas do modo diverso do Romantismo, que tratava esse mesmo tema com reverência. O poema de Murilo Mendes apresenta a história do Brasil sob uma ótica iconoclasta (o que contesta/condena a vereação de ícones), pois trata os fatos de maneira irônica e sem compromisso com versões consagradas pela historiografia, do mesmo modo que alguns poemas de Oswald de Andrade (“Quando o português chegou / Debaixo duma bruta chuva / Vestiu o índio / Que pena! Fosse uma manhã de sol / O índio tinha despido / O português”) QUESTÃO 14: Alternativa C O texto publicitário tem como característica a presença da função conativa ou apelativa da linguagem (aquela que coloca em foco o receptor). Sendo assim, sua intenção é a de persuadir o receptor a “comprar” a ideia do emissor. Para tanto é feita uma seleção de argumentos de modo a levar o leitor/ouvinte a crer nas ideias de um grupo específico, como se fossem da maioria das pessoas.

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para manter os aspectos positivos da internet como ferramenta de obtenção de conhecimento. QUESTÃO 18: Alternativa A O poema faz uma lista, enumerando diversos elementos do passado, uma coletânea afetiva de suas memórias, por meio de uma sequência de descrições do espaço de caráter subjetivo e sensível: “Sobre esta casa e as árvores que o tempo /esqueceu de levar. Sobre o curral/ de pedra e paz e de outras vacas tristes/ chorando a lua e a noite sem bezerros”. Os elementos concretos são associados a sensações emotivas, por meio de metáforas. Não há ressentimento com perdas, desejo de voltar à infância, inadequação à realidade ou lapsos temporais. QUESTÃO 19: Alternativa E O texto faz reflexões sobre o futebol, esporte que é uma das manifestações culturais de maior impacto em nossa sociedade, e apresenta os dois lados da formação voltada para o esporte profissional: é um forte elemento de ascensão social, proporcionando oportunidade a algumas crianças e adolescentes, mas também é caracterizado por competição, seletividade e exclusão dos menos aptos. O autor destaca as más condições de preparo de vários adolescentes, que sonham com uma carreira promissora no futebol e, por isso, acabam não se preparando para atuar em outros setores da vida, preparação essa que seria útil no caso de uma impossibilidade de seguir carreira no esporte: “[...] eles não se preparam e não são devidamente orientados para buscar alternativas de experiências mais amplas de ocupação fora e além do futebol”.

QUESTÃO 15: Alternativa E QUESTÃO 20: Alternativa B A variação linguística é um tema frequente nas provas do Enem e esta questão trata de variação diatópica (variação geográfica ou regional), além da variação diastrática (influenciada pela posição social do falante). A forma gerimum foge da forma prescrita pela Gramática normativa, que a registra com ‘j’: jerimum. Segundo as regras oficiais da ortografia, palavras de origem indígena (ou africana) devem ser grafadas com a letra “j”e ao escrever com “g”, o autor, como o eu-lírico confirma (“Este é o meu lugar (...)/ Meu Gerimum é com g/ Você pode ter estranhado”), emprega a variante regional, não a padrão. QUESTÃO 16: Alternativa C Polissemia é a característica, apresentada por muitos vocábulos, de conter vários significados (o contexto se encarrega de dar as pistas para a escolha adequada da interpretação pelo leitor; a polissemia difere da homonímia por ser a mesma palavra com sentidos diferentes, e não palavras com origens diferentes que convergiram fonética ou graficamente). O conceito de “criação” pode ser entendido como “geração de vida” ou “educação” e a propaganda apresenta o termo “criação” de forma a atribuir às mães a criatividade, no sentido de ter imaginação, como também a criatividade na educação dos filhos. QUESTÃO 17: Alternativa D A questão pede que se encontre o argumento favorável à ideia defendida pela autora de que a internet é um instrumento positivo à aprendizagem e os trechos “[...] mas é preciso ver o que se está aprendendo e algumas vezes interferir nesse processo a fim de otimizar ou orientar a aprendizagem, mostrando aos usuários outros temas, outros caminhos, outras possibilidades diferentes [...]” confirmam as ideias de ampliação do conhecimento pela aprendizagem direcionada,

O texto de Clarice Lispector, em que está presente a função metalinguística, declara seu amor pela língua portuguesa, como sugere o título, mas, apesar do caráter patrimonial, marcado pela referência a Camões e ao termo “herança”, é uma herança que não basta, não é “uma língua já feita”, não é suficiente para a autora, que sente a necessidade de explorar a capacidade de renovação do idioma. QUESTÃO 21: Alternativa A O Expressionismo trabalha a deformação da realidade para expressar de forma subjetiva a natureza e o ser humano, dando ênfase à expressão de sentimentos em relação à simples descrição objetiva da realidade. O Fauvismo pretendia ser, de acordo com Henry Matisse, em "Notes d'un Peintre", "uma arte do equilíbrio, da pureza e da serenidade, destituída de temas perturbadores ou deprimentes". No México, a tradição da pintura mural, o muralismo, também praticada por algumas culturas na era pré-colombiana, ressurgiu nas primeiras décadas do século XX, coincidindo com o movimento revolucionário e os artistas da época viram nesse estilo um caminho para amalgamar as ideias sobre uma arte nacional popular e engajada. O cubismo é um movimento artístico surgido no século XX, tendo como principais fundadores Pablo Picasso e Georges Braque e tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas, representando as partes de um objeto no mesmo plano. A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real das coisas. O surrealismo foi um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920, fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas do psicólogo Sigmund Freud e enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. A obra do gravador brasileiro Oswaldo Goeldi apresenta influências do expressionismo europeu presentes também no trabalho do artista austríaco Alfred Kubin. Os aspectos formais


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das obras, como os tons sombrios, e as temáticas (medo, melancolia, morte, sonho, angústia e desespero) são comuns à escola expressionista.

emprego, pois nem sempre um vocábulo pode ser empregado no lugar de outro, há que se observar o contexto comunicativo e escolher o mais adequado, como indica a alternativa B.

QUESTÃO 22: Alternativa D

QUESTÃO 28: Alternativa B

Uma pista para interpretar corretamente os textos expositivos ou dissertativos é observar o tópico frasal e identificar a ideia ali apresentada (tópico frasal, ou frase-núcleo, é a primeira frase do parágrafo dissertativo que serve como introdução ao que se vai apresentar e desenvolver no parágrafo). No texto I, temos a informação de que “A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros” e no texto II, a frase do presidente estadunidense John Adams, “O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentido mais amplo do que o latim foi na era passada e o francês é na presente”. Ambas as frases, mesmo se tratando de culturas diferentes, levam à escolha da alternativa D. A título de curiosidade: existe um Atlas produzido pela Unesco que mapeia as línguas do planeta, que pode ser consultado em http://www.unesco.org/languagesatlas/index.php

O cartaz, uma combinação de texto verbal e não verbal, tem como tema uma campanha sobre a violência contra a mulher e seus desdobramentos. Textos de campanha costumam ter como funções da linguagem predominantes a referencial, que destaca o assunto da mensagem conativa (ou apelativa), que tem como foco o receptor e como esse texto não indica um receptor específico, infere-se que seja destinado a toda a sociedade, toda a população.

QUESTÃO 23: Alternativa E Os textos apresentam diferentes funções da linguagem, conforme a intenção de seu emissor. Neste caso, a função emotiva da linguagem é que marca subjetividade do eu lírico ante as atrizes que ele admira. A principal característica dessa função é o foco dado à 1ª pessoa que, nesta canção, também apresenta a maneira singular com que o enunciador vê as atrizes, marcando a intensidade dessa visão em palavras que apresentam juízo de valor, como adjetivos e advérbios presentes nas expressões “natural”, “presentemente” e “muito”, no trecho da alternativa E. QUESTÃO 24: Alternativa D Há uma referência ao possível barulho produzido pelo ranger das cadeiras, que é relacionado ao incômodo que o público pode sentir ao longo da peça, se as pessoas não tiverem definida sua posição política, já que a peça apresenta engajamento político-social e há uma analogia sutil entre a posição dos espectadores nas cadeiras e a posição ideológica da população em face do regime militar. QUESTÃO 25: Alternativa E O gênero resenha é caracterizado por apresentar um breve resumo da obra, seguido de avaliações, opiniões, pareceres sobre a qualidade dela, além de informações sobre a autoria. Na resenha de “Uma noite em 67”, verifica-se uma avaliação crítica positiva sobre o livro, depois da descrição da noite da final do III Festival da Record, na qual se destaca seus momentos mais marcantes. QUESTÃO 26: Alternativa D Questão que exige atenção às palavras-chaves para a interpretação correta de texto. O texto apresenta a palavrachave ‘medidas’ no seu início e, em seguida, analisam-se as medidas da boneca Barbie para demonstrar como suas proporções não poderiam representar de modo fiel um corpo humano, apresentando também os problemas fisiológicos decorrentes das medidas inverossímeis. QUESTÃO 27: Alternativa B Sinônimos são termos que apresentam o mesmo significado ou significados muito próximos, mas é preciso atenção no

QUESTÃO 29: Alternativa B Dentre as funções da linguagem – emotiva, conativa, poética, fática, referencial e metalinguística – é a metalinguística que coloca em destaque o próprio código em que o texto foi produzido, ou seja, usa o código para fazer referência a ele mesmo. Na questão, ambos os textos têm como foco o código, portanto apresentam função metalinguística: no primeiro, o autor explica a fundamentação da norma culta; no segundo, o escritor revela seu encantamento pelo uso artístico da linguagem. QUESTÃO 30: Alternativa D Narciso é a personagem da mitologia grega que se apaixona pelo próprio reflexo, como castigo dos deuses, o que ocasiona sua destruição. Ele é, portanto, a figura que ressalta o centro do universo no seu próprio ‘eu’. No poema, a expressão “Contranarciso” apresenta postura inversa à mitológica, pois o eu lírico encontra sua identidade ao olhar para diversos outros. Esse olhar é também marcado pela empatia, pelo se colocar no lugar do outros (“em mim / vejo o outro (...) o outro / que há em mim / é você (...) e só quando / estamos em nós / estamos em paz / mesmo que estejamos sós”) QUESTÃO 31: Alternativa E Todas as alternativas, exceto a E, fazem referência ao esporteperformance, uma vez que os atletas são selecionados pelo melhor desempenho, excluindo-se os demais. O esporteparticipação, tema do texto, tem como o envolvimento dos cidadãos, pois está associado ao horário do lazer, com adaptações das regras, dos locais e dos níveis de habilidades motoras. QUESTÃO 32: Alternativa A A frase latina ‘ridendo castigat mores’ (a rir corrigem-se os costumes) é o princípio que fundamenta as comédias como a peça teatral da questão. A função social desse gênero textual tem, entre suas características, a crítica aos costumes, no caso, ao comportamento de pessoas públicas por meio do sarcasmo, pela imagem caricatural que se faz delas (como a importância do cemitério em detrimento de outros problemas na administração de uma cidade e o tráfico de influência, na ‘doação’ do enterro se fosse dito ao padre que era eleitor do Odorico). QUESTÃO 33: Alternativa B É comum ver o emprego dos tempos verbais de acordo com a seguinte estrutura: presente, algo que ocorre no momento da fala; pretérito, algo anterior ao momento da fala e futuro, algo projetado para após o momento da enunciação. Essas não são,


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porém, as únicas maneiras de empregar os tempos verbais. Há também uso do presente do indicativo no lugar do pretérito, expediente denominado “presente narrativo”, empregado no texto jornalístico e no texto histórico, para imprimir maior vivacidade aos fatos citados, atualizando-os, o que funciona como expediente para despertar o interesse do leitor, neste caso, em relação ao filme resenhado. QUESTÃO 34: Alternativa B O texto publicitário da questão, que combina linguagem verbal (com palavras) e não verbal (com imagens), tem como tema uma campanha sobre a importância de se iniciar o hábito da leitura já na infância. Os textos publicitários são caracterizados pelo predomínio da função conativa (ou apelativa) da linguagem, que tem como foco o receptor e sua característica marcante é o emprego de verbos no imperativo (“Leia para uma criança”) e a imagem que ilustra a peça, um menino sorridente abraçado a um livro, reforça a ideia da importância da leitura na infância. QUESTÃO 35: Alternativa C Um mecanismo de que lançam mão vários escritores é o de dirigir-se diretamente ao hipotético leitor, numa tentativa de aproximar-se e envolvê-lo na narrativa. Vários cronistas e romancistas, como Machado de Assis, já empregaram o expediente. No fragmento em questão, o narrador se aproxima do interlocutor ao se dirigir a ele pelo uso do pronome ‘você’ ("espécie da qual você, milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído") e também, por meio da prescrição de comportamentos (como no uso das formas imperativas). QUESTÃO 36: Alternativa C Modernismo brasileiro tem como uma das características mais marcantes o ‘abrasileiramento’ de elementos estéticos europeus, adequando-os à nossa realidade cultural (são exemplos disso, na literatura, muitos poemas de Oswald de Andrade e a obra Macunaíma, de Mário de Andrade). Nessa obra, Rubem Valentim emprega elementos da religiosidade afro-brasileira (símbolos típicos da representação doe orixás), mesclando-os com elementos geométricos típicos da vanguarda europeia. QUESTÃO 37: Alternativa A Segundo a curadoria do MAM, Museu de Arte Moderna, “O ambiente de Ernesto Neto convida ao encontro. (...) Nunca estamos isolados: há sempre lugar para mais alguém, mesmo que ainda não tenha chegado. (...) A obra de Ernesto Neto expande a forma dos objetos escultóricos para a experimentação sensorial, pois às vezes lhes esticamos as partes, outras nos sentamos sobre suas gotas, ou enfiamos o nariz em seus perfumes. O material elástico de redes e membranas que compõe a instalação é assim contaminado pela vida do público. Gentil e suave, Dengo é um convite ao mergulho numa forma incapturável, cuja liberdade está em mudar a cada novo encontro conosco.” Assim, pela definição da curadoria para a exposição, conclui-se que a participação do público, interagindo ludicamente com a obra, foi a intenção do artista. QUESTÃO 38: Alternativa B O ambiente rural remete à “vida na roça”, que remete ao ‘falar caipira’ (variante diatópica da linguagem ou regionalismo). Ao empregar alguns elementos dessa variante (em expressões como “tomar tenência”, “num demorou nem um tiquinho”, “na

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buscação de derrubar a fome”), o narrador estabelece verossimilhança com o ambiente retratado na narrativa, pois caracterizam o personagem como um típico habitante da zona rural. QUESTÃO 39: Alternativa A Questão que exige conhecimento das diferentes variantes linguísticas. A variante linguística empregada pelas camadas sociais que detêm maior prestígio carrega também esse prestígio. A valsa cantada por Zé Araújo apresenta palavras típicas da variedade culta, como “circúnvagos”, “liriais” e “divinais”. Não pertencente a esse estrato social (usuário da norma culta), o narrador demonstra, no trecho, a admiração pela música, que considera “bonita que só a gota serena”. QUESTÃO 40: Alternativa A O trecho do romance do escritor manauara de origem libanesa Milton Hatoum aborda uma situação social em que se verificam relações de convivência entre personagens de classes sociais distintas [“A lavadeira começou a viver como uma serviçal que impõe respeito e não mais como uma escrava” e passou a “comer na mesa da sala, usando os mesmos talheres e pratos”] e os estigmas de classe e de raça estão presentes e são marcantes na atitude preconceituosa das personagens [“eles nunca suportaram de bom grado que uma índia passasse a comer na mesa da sala, usando os mesmos talheres e pratos”] QUESTÃO 41: Alternativa E O cartaz é de uma empresa que produz papel e celulose e utiliza árvores como matéria-prima do papel para impressão de livros. A questão conta com a interpretação de implícitos: o candidato precisa conhecer as referências literárias, para relacionar as árvores aos livros e perceber que, mencionando clássicos da literatura, a propaganda tem a função de criar uma imagem positiva do anunciante, uma vez que associa a ideia de sustentabilidade à produção de livros. QUESTÃO 42: Alternativa D A questão de interpretação de texto traz uma música cuja letra faz um contraponto entre as possibilidades de lazer à disposição de classes sociais distintas e coloca em destaque instrumentos de exclusão. De acordo com a canção, embora o “povo nas favelas” tenha espaço de diversão, como as “ruas de terra”, onde “brincam do jeito que dá”, não conta com a mesma infraestrutura das classes mais favorecidas, já que “Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo / Pra molecada frequentar nenhum incentivo / O investimento no lazer é muito escasso / O centro comunitário é um fracasso”. Enquanto os uns contam com “parque” onde há “brinquedos eletrônicos” e um “clube poliesportivo”, nas favelas “o investimento no lazer é muito escasso”. QUESTÃO 43: Alternativa D A xilogravura é uma antiga técnica de impressão na qual o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. É muito popular na região Nordeste do Brasil, onde estão os mais populares xilogravadores e é frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel. Já o grafite é uma manifestação artística urbana, e sua origem está ligada ao movimento cultural do Hip Hop nova-iorquino. O artista Speto une a cultura nordestina ao grafite, estabelecendo um diálogo entre as técnicas, na obra em questão.


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Enem 2017

QUESTÃO 44: Alternativa C A obra do autor português José Saramago é caracterizada por um emprego bastante particular dos sinais de pontuação e da paragrafação. Ele costuma empregar sinais de pontuação para marcar o fluxo da fala dos personagens, mas não o encerramento de frases, criando, assim, períodos longos, marca do seu estilo. A pontuação do excerto selecionado também sugere um clima caótico, marcando a tensão da situação de cegueira coletiva, ponto de partida do enredo dessa obra. QUESTÃO 45: Alternativa B O ready-made é a apropriação de algo que foi produzido com finalidade prática e não artística e a elevação desse objeto à categoria de obra de arte. É a principal estratégia de produção artística do dadaísta Marcel Duchamp (como o urinol batizado de “A Fonte”, por exemplo). O Dadaísmo do início do século XX foi um dos movimentos de vanguarda que antecederam o Modernismo. Robert Rauschenberg é um neodadaísta e sua obra “Cama” segue a tendência de retirar o objeto do cotidiano e fazer uma releitura artística a partir dele, retomando os ‘ready-mades’ de Duchamp.

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