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E se um burrinho se tornasse o seu “guia espiritual”? 

Randonnée avec un âne

© Shutterstock

Edifa - publicado em 31/12/19

Foi um burro que acompanhou Abraão até à Terra Prometida. Foi também sobre um burro que José e Maria foram para Belém. E foi nas costas de um burro branco que Jesus entrou em Jerusalém, uma semana antes da sua Paixão. E se este animal muito amigável fosse o melhor "guia espiritual"? 

O burro já anda ao lado do homem há sete milénios. Não para o levar à guerra, como o seu primo distante, o cavalo, mas para o ajudar no trabalho no campo. Ao homem foi dada a lei de Deus para trabalhar seis dias e descansar no sétimo, mas desde então esqueceu o fim da sentença: “No sétimo dia descansarás, para que o teu boi e o teu burro descansem” (Ex 23,12). Na Bíblia, o burro é um dos animais mais frequentemente mencionados. Um símbolo de humildade, serve como uma montagem para o Cristo criança. E foi nas costas de um burro branco que Jesus entrou em Jerusalém, uma semana antes da sua Paixão.

O lugar do burro, ao lado do boi, ao redor do presépio, não é autenticado pelos Evangelhos canônicos. Mas está presente nos Evangelhos apócrifos e é lógico que o burro que acompanhou a santa família desde Nazaré até Belém também esteja presente no momento da Natividade do Salvador.

O companheiro favorito de santos e monges

Na Idade Média o burro era celebrado, a “missa dos burros”, na véspera do início da Quaresma. Mas demasiados excessos nesta festa levaram a Igreja a proibir a sua realização no final do século XVII.

Este animal também é o companheiro preferido de santos e monges. São Nicolau e São Martinho o usaram como montagem, entre outras coisas. E em 1195, o Papa Inocêncio III ordenou aos monges da ordem dos Mathurins que viajassem com um burro, sob pena de serem suspeitos do pecado do orgulho. Sempre o mesmo símbolo de humildade.

Mas esta benevolência bíblica e religiosa para com o burro não parece estar correlacionada com as crenças populares. De acordo com os ditos, até teria somente defeitos. É enganoso, já que se deve ter cuidado com o famoso “pontapé do burro”. É uma tolice, já que é um boné de burro que os idiotas levam na escola. Acima de tudo, ele é terrivelmente obstinado. 

Um animal obstinado? Não, cuidadoso.

Obstinado? Incorreto  e arcaico, responda aos defensores do animal. “É um animal que, por um lado, foi condenado e, por outro, elogiado, comenta Jacky, um criador de burros.”

Um animal teimoso? Não, cuidadoso. “Tudo pode ser explicado quando se estuda o seu comportamento com um pouco de cuidado”, diz Jacky. O burro, pensa primeiro e observa os obstáculos antes de se lançar. Por isso, não vale a pena lhe agredir com um pau, é preciso lhe dar tranquilidade para que avance.

Isto não faz dele um animal medroso. Apesar da sua docilidade, ele é capaz de defender um rebanho. “Ele tem um instinto gregário muito forte”, diz Jacky. Quando ele acompanha a transumância nos pastos da montanha, ele tranquiliza muito as ovelhas. “Ele é capaz de desviar os ataques dos predadores pelo simples fato de zurrar”. Ao mesmo tempo, ele é capaz de ser muito delicado com as crianças e deixa os mais pequenos lhe puxarem as orelhas sem se mexer. Com os adultos, também sabe como tocar os cordões do coração, alternando entre ser terno ou brincalhão. Tantas coisas que o homem pode aprender com este animal! 

Véronique Hunsinger

Tags:
Espiritualidade
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