Adaptar, ser acessível ou para todos?

Adaptável, acessível, universal? Quais são as diferenças?

Considero relevante esclarecer, de uma forma bem simples, quais são as diferenças de termos muito utilizados quando se fala em acessibilidade, mas qua na maioria da vezes, muitos não sabem distinguir quando usar um ou outro termo.

"Desenho adaptável" ou "desenho acessível" são muito utilizados quando queremos nos referir a pessoas com deficiência, são medidas, providências e decisões que visam garantir o acesso dessas pessoas a qualquer ambiente, poder executar tarefas, ter acesso à informação.

Porém, quando nos referimos a algo que já existe, mas que não é acessível, falamos em Desenho Adaptável, e as providências para tornar um ambiente, um processo ou um produto acessível, podemos denominar (conforme Romeu Sassaki se referia) como Adaptações Razoáveis. Por exemplo, o prédio da sua empresa não tem banheiro acessível, a reforma dele é uma providência de adaptação, um departamento que acabou de receber um colaborador com deficiência visual irá providenciar instalação de software de voz no computador desse colaborador, alguns processos internos precisam mudar para que esse colaborador possa executar suas tarefas. Uma escola não tem rampa ou elevador para que alunos cadeirantes ou mobilidade reduzida possam ir ao andar superior. Em resumo, são medidas para "eliminar barreiras".

Já o termo Desenho Acessível é quando um novo projeto arquitetônico, um novo processo, um novo produto podem ser pensados e produzidos de forma que pessoas com deficiência possam usufruir com igualdade de condições, com equiparação de oportunidades. Em termos de acessibilidade arquitetônica, já existem diversos dispositivos legais que torna obrigatório que os novos projetos contemplem as normas de acessibilidade da ABNT, sob o risco do projeto não ser aprovado pelos órgãos competentes. Quando um professor, ao elaborar uma prova, inclui descrição de imagens, ele já está utilizando a filosofia do desenho acessível. Essa prova atenderá alunos que não tem deficiência, mas também aluno com deficiência visual, por exemplo.

Já a proposta do conceito de Desenho Universal, que foi criado pelo arquiteto americano Ron Mace, na década de 1980, parte do princípio que os projetos de produtos e de ambientes devem contemplar todas as pessoas, o que inclui crianças, idosos, pessoas com deficiência, pessoas com limitações temporárias. Que todos possam usar sem restrições, sem a necessidade de adaptações. São projetos pensados para atender todas as pessoas, atendendo suas características pessoais, como idade, habilidades individuais, limitações.

Segundo o conceito do Desenho Universal, o projeto ou produto deve ser:

1) SER IGUALITÁRIO, podendo ser usado por pessoas com difetentes tipos de habilidades;

2) GARANTIR FLEXIBILIDADE DE USO, de modo a atender diferentes necessidades, e permitir que o usuário escolha a melhor forma de usar;

3) USO SIMPLES E INTUITIVO, ser de fácil entendimento por todos;

4) FÁCIL PERCEPÇÃO, ser fácil comunicar, informar e instruir qualquer pessoa, ou seja que todos entendam;

5) SEJAM TOLERANTES AO ERRO, atenuando as consequência e protegendo as pessoas;

6) Que não demandem muito ESFORÇO FÍSICO das pessoas;

7) Que possa atender um amplo grupo de pessoas, que considere os diferentes corpos existentes. Ou seja, tenha ABRANGÊNCIA DE ACESSO, USO E MANIPULAÇÃO.

Em resumo, o Desenho Universal deve primar por atender públicos mais amplos e diversos.

Termino convidando os leitores a pensarem nos espaços onde convivem, nos processos em que estão inseridos, nos produtos que utilizam ou produzem. Eles precisam ser adaptados para diferentes necessidades? Eles precisam ser substituídos por outros que contemplem as diferentes necessidades e limitações de alguns grupos de pessoas? Quais produtos podemos modificar? Quais processos podemos repensar?

Por tomadas de decisões inclusivas que contemplem medidas para tornar as coisas possíveis para todos.

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