Identidade cultural e pós modernidade

Identidade cultural e pós modernidade

A identidade cultural está na pessoa, além de reconhecer-se como pessoa, reconhecer-se pertencente a um conjunto de pessoas. Neste sentido faz-se necessário buscar o processo de construção epistemológica, o processo de construção cultural e processo de construção do conhecimento. Assim, no Iluminismo o homem era reconhecido como o centro da própria humanidade por ser dotado de razão, de consciência e razão fomentando o individualismo que formava uma concepção de "coletivo de idênticos". Ao progredir o conceito de homem, vemos que houve a noção de "sujeito sociológico", como nos ensina Stuart Hall, em que refletia a interatividade do homem com a sociedade. A Teoria do fato social de Émile Durkheim nos ensina que o homem é resultado de sua interação com a sociedade. Tanto esse reconhecimento de si mesmo como pessoa, quanto essa interação social produz conhecimento e cultura em que as pessoas podem ter uma identidade cultural.

Na visão pós moderna (Hall, 2003) a identidade do homem não é fixa, é uma dinâmica móvel formada, construída, transformada e reformada constante e ciclicamente. Enquanto a modernidade pregava o determinismo pragmático e metodológico advindo do cientificismo, a pós-modernidade traz uma quebra de paradigma que amplia o reconhecimento da figura humana e seus direitos.

É importante neste reconhecimento da figura humana e seus direitos, a busca do processo de construção de conhecimento e conhecimento cultural para identificar causalidades de vulnerabilidades.

Segundo Wilmar Luiz Barth (2007) o homem pós-moderno tem 5 ideologias presentes em sua vida: O Materialismo, o Hedonismo, o Permissivismo, o Relativismo e o Consumismo. Por isso a identidade pós-modernista é dinâmica, pois o homem pós moderno dialoga e interage com todos os campos de conhecimento, construindo um conhecimento e identidades próprios. Como diz Leonardo Boff: “a pós-modernidade participa de todos os pós-ismos (pós-histoire, pós-industrialismo, pós-estruturalismo, pós-socialismo, pós-marxismo, pós-cristianismo, etc.) com aquilo que eles têm em comum: a vontade de distanciamento de certo tipo de passado ou a recusa a certo tipo de vida e de consciência, a percepção de descontinuidade sentida e sofrida no curso comum da história, e a sensação de insegurança generalizada”. (Barth 2007).

Se em outrora, a ideia de liberdade era vinculada a controle e ordem, na pós-modernidade a liberdade rejeita tais conceitos de controle e ordem. Como salienta Zygmunt Bauman em  O mal-estar da pós modernidade (1998), o advento da era moderna coincidiu com a exaltação da ordem como uma desejável realização capaz de construir um mundo estável, seguro, coerente, limpo, sólido, enfim, puro. Uma epistemologia Kantiana, ou seja inspirada por Immanuel Kant. A ideia moderna fomentada por pensadores como Hobbes e Rousseau que exaltava o controle social para êxito da liberdade individual, a pós modernidade está baseada exatamente na flexibilização do controle para ampliar a liberdade individual. É uma "Modernidade líquida" como afirma Bauman.

Nesta sociedade com construções "líquidas" e fluidas é que se constrói o conhecimento e a cultura e, portanto, a identidade cultural. Faz-se necessário dar espaço para novas construções de processo de conhecimento, faz-se necessário reconhecer os conhecimentos e culturas já construídas, já estabelecidas. Não se pode negar ou omitir uma cultura ou conhecimento pelo desconhecimento prévio do processo de construção do conhecimento ou cultura sob o risco de assassinar identidades culturais e memória.

Lucas Batista de Carvalho Pinheiro, gestor público, pós-graduando em Direitos Humanos.

Cassio Ornelas

Institutional Affairs I Projects and Partnerships I Public Management

3 a

Excelente texto, parabéns!

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