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GEOLOGICO-GEOMOR FOLOGICO
A

- - - - - - - - - -ANTONIO TEIXEIRA GUERRA - - -


FUNDAÇÃO IBGE
PRESIDENTE: ISAAC KERSTENETZKY

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA


DIRETOR-SUPERINTENDENTE: MIGUEL ALVES DE LIMA

Edição do
DEPARTAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO GEOGRAFICA E CARTOGRAFICA

Diretor: Ney Strauch


l
I

Guerra, Antônio Teixeira, 1924-1968


Dicionário Geológico-Geomorfológico - Antônio Teixeira Guerra. 4a. ed.
Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Geografia, 1972.
439 p. ilust., 23cm (Biblioteca Geográfica Brasileira. Série A . Pu-
blicação n. 0 21)

Acima do título : . . . Ministério do Planejamento e Coordenação Geral


Fundação IBGE . . .

1. Geologia - Terminologia - Dicionários. 2 . Geomorfologia - Ter-


minologia - Dicionários. I. Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia. 11. Série.
111. Título.

Biblioteca
do
IBG o SWB kc (caq)
100 G934
Série A Biblioteca Geográfica Brasileira Publicação N. 21
0

MINISTtRIO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇiO GERAL


FUNDAÇÃO IBGE
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA

OI CIONÁRI O
GEO LÓGICO -GEOMORFOLÓGICO

ANTôNIO TEIXEIRA GUERRA

4.a edição

Rio de Janeiro
197 2
Aos meus prezados mestres de
Geologia e Geografia Física:

ALBERTO RIBEIRO LAMEGO


ANDRÉ CAILLEUX
ANDRÉ CHOLLEY
FRANCIS RUELLAN
JACQUES BOURCART
JEAN GRANDILLOT
JEAN TRICART
LEON LUTAUD t
THOMAZ COELHO FILHO
VICTOR RIBEIRO LEUZINGER

dedico êste modesto trabalho


que é, em grande parte, fruto
das lições por êles ministradas.

l.a edição
Homenagem aos estimados mestres
da Geologia do Brasil

OTHON HENRY LEONARDOS


e

SYLVIO FROES ABREU

2.a edição
APRESENTAÇÃO

E sta é a quarta edição do Dicionário Geológico-Geo-


nwrfológico, de Antônio T eixeira Guerra, obra que, com
satisfação, nos é dado apresentar.
]á há muito foi superada a fase dos conhecimentos
empíricos sobre a natureza das rochas e dos solos, bem
como sobre a morfologia da superfície da Terra. Grandes
progressos se fizeram desde então, graças aos recursos
da técnica e pelo esforço dos pesquisadores. As concep-
ções pré-científicas do passado deram lugar à Geologia
e à Geomorfologia modernas, onde sobressai o maior
valor atribuído ao conheci1nento dos processos, como no
caso da Geomorfologia Dinâmica .
H ofe em dia já se encontra à disposição dos novos
pesquisadores uma vasta bibliografia referente às ciên-
cias da Terra. Entretanto, no que se refere às obras de
consulta imediata, este Dicionário ainda permanece como
uma das principais fontes de referência obrigatórias em
português.
O autor, falecido em 1968, foi um incansável tra-
balhador, mas sobretudo um incentivador dos jovens, o
que lhe foi possível graças ao seu entusiástico dinamis-
mo de geógrafo e à constante preocupação de, em suas
atioidades no magistério, transmitir conhecimentos e ex-
periências.
Assim, julgamos do maior valor este lançamento, que
é dirigido a todos os pesquisadores da Geologia e da Geo-
morfologia, especialistas ou !lão, que encontrarão em cada
verbete a informação de que necessitam, traduzida de
forma clara e precisa, com um enfoque prático.
Isso torna a obra, uma valiosa contribuição para o
campo da Geografia Física, cada vez mais desenvolvido
entre nós e com fundamental aplicação ao conhecimento
do meio ecológico, à utilização e à conservação dos re-
cursos naturais, o que quer dizer, de suma importância
para sobrevivência e progresso do homem.

MIGUEL ALvEs DE LIMA


Diretor Superintendente do Instituto Brasileiro
de Geografia
PREFÃCIO DA l.a EDIÇÃO

A primeira idéia que nos animou a escrever o presente dicionário, o


qual começamos em 1949, foi produzida pelo fato de· não existir uma
obra no gênero que facilitasse aos que, por ocasião da leitura de um
trabalho técnico, necessitassem a explicação de certos têrmos de ordem
geológica e geomorfológica. Começamos primeiramente por escrever, sob
a forma de capítulos, alguns verbetes, os quais foram publicados no
"Boletim Geográfico, do Conselho Nacional de Geografia n.os 88, 90, 92,
95 e 99 . Tendo recebido sugestões de diversos amigos, resolvemos ampliar
a primeira idéia de publicar um pequeno glossário, transformanda-o em
dicionário e incluindo vários têrmos de geografia física.
Esta última intenção veio a concretizar-se com o convite que nos foi
feito pela Cvmissão de Geografia do Instituto Pan-Americano de Geo-
grafia e História, de escrever um dicionário técnico a fim de dar cumpri-
mento a uma das resoluções da última Reunião de Consulta s6bre Geo-
grafia levada a efeito na cidade de Washington, em 1952.
Esta primeira edição terá naturalmente falhas, as quais pretendemos
corrigir numa futura edição, bem como colocar nv fim do presente texto
um vocabulário correspondente a outras línguas como: francês, inglês e
espanhol.
Acreditamos que êste dicionário poderá constituir fá uma primeira
base para discussões, e facilitar assim a elaboração de um grande dicio-
nário geográfico, escrito nas diversas línguas faladas nas Américas, com o
vocabulário correspondente às outras línguas do nosso continente.
Um trabalho de tal envergadura não poderá ser executado por uma
só pessoa, mas sim por um grupo de especialistas que poderá fornecer
uma grande contribtitção à ciência geográfica.
No presente dicionário, cuja edição é provisória procuramos ilustrar
as definições na medida do possível com desenhos e fotografias, a fim
de melhor esclarecer o conceito dos têrmos. Uma ressalva que desejamos
fa zer é a de têrmo-nos referido à lista de fósseis que interessam à geo-
logia, apenas ao tratarmos dos períodos e eras geológicas, sem têrmos, no
entanto, definido cada um isoladamente. Este fato foi produzido pela
preocupação de ficarmos sempre dentro do campo dos assuntos geológicos,
que interessam mais diretamente ao geomorfólogo e ao geógrafo.
Finalizando dese;amos agradecer a todos aquêles que, colaborando
conosco, apontem as falhas encontradas, a fim de que, numa próxima
edição, se;am as mesmas devidamente corrigidas.
PREFÁCIO DA 2.a EDIÇÃO

O presente volume constitui uma contribuição que julgamos impor-


tante no campo da Geografia Física (Geomorfologia) e da Geologia.
A publicação de um dicionário, não constitui uma obra destinada ao
grande especialista, mas ao interessado no esclarecimento prévio de um
verbete. O que estamos apresentando não tem a pretensão de ser com-
pleto, nem tampouco poderíamos fazê-lo. Para tal deveria ser desdobrado
em vários tomos e seria necessária tóda uma equipe de especialistas. O
que fizemos foi desenvolver uma série de verbetes que julgamos de grande
valia para estudantes e pesquisadores.
O critério de seleção dos verbetes foi orientado de modo que figu-
rassem têrmos técnicos comuns à Geomorfologia e à Geologia. Além
dêstes incluímos também os que, ligados às duas ciências, apresentam
caráter regional.
Considerando, ainda, as múltiplas relações da Geomórfologia e da
Geologia com outras ciências, acrescentamos uma série de verbetes rela-
cionados a ciências correlatas. A Geologia, as fotos aéreas e a Cartografia
forneceram importantes subsídios para o enriquecimento de vários .con-
ceitos apresentados. Sempre que possível incluímos, na explanação dos
con~eitos, algo ligado à maneira de representar gràficamente o fenómeno
por convenções geomorfológicas ou geológicas.
Nas definições de certos têrmos geológicos, especialmente os ligados
aos minerais e minérios, bem como nas explanações concernentes à Gea-
morfologia aplicada, enfocamos o significado e a importância dos mesmos
para o bem estar dos povos.
As ilustrações foram selecionadas com o objetivo de facilitar a com-
preensão do texto e as fotos visam, essencialmente, à divulgação de
exemplos brasileiros, aos quais procuramos dar ênfase. Para tal contamos,
principalmente, com as fototecas do Conselho Nacional de Geografia, da
Essa Brasileira de Petróleo, Petrobrás, Companhia Siderúrgica Nacional,
Companhia Vale do Rio Doce e de vários colegas. Quanto às ilustrações
gráficas utilizamos várias de nossa autoria e de Jean Demangeon (Boletim
Geográfico n. 0 184) e de Dagoberto Drumond (Boletim Geográfico n. 0 183).
Agradecemos às entidades e colegas que colaboraram neste nosso es-
fôrço, bem como a Sylvio Froes Abreu, Othon Henry Leonardos, José
Setzer, Alberto Filkstein e César Teixeira que gentilmente leram os
originais.
Acreditamos ter atingido, modestamente, os nossos objetivos, pois
cada edição constitui um estímulo para o aprimoramento das definições
e do conteúdo explicativo de cada têrmo.
NOTíCIA SôBRE O AUTOR

ANTONIO TEIXEIRA GUERRA nasceu no estado da Guanabara a


9 de setembro de 1924. Fêz o seu curso ginasial no Colégio Indepen-
dência - 1936-1940, tendo ingressado na Faculdade de Filosofia da Uni-
versidade do Brasil no ano de 1942, onde se licenciou em Geografia e
Histótia no ano de 1945. Entrou para o Conselho Nacional de Geografia
no ano de 1945. Contemplado com uma bôlsa de estudos, fêz vátios cursos
de especialização em Geografia na Universidade de Paris, nos anos de
1947 a 1949. No ano de 1949 estagiou no Instituto Francês da Africa
Negra, percorrendo o oeste africano, o sul do deserto do Saara até a
Guiné Portuguêsa. Participou de vários congressos, tais como o XVI,
XVII, XVIII e XIX Congressos Internacionais de Geografia realiza-
dos respectivamente em Lisboa em 1949, em Washington em 1952, no
Rio de Janeiro em 1956, e em 1960 em Estocolmo, fazendo parte da dele-
gação brasileira; XI Congresso Brasileiro de Geografia, realizado em
Pórto Alegre em 1954, onde foi primeiro secretário da Comissão de Geo-
grafia Física; I Congresso Brasileiro de Geógrafos realizado em Ribeirão
Prêto, em 1954; I e III Reuniões Pan-Americanas de Consulta sôbre Geo-
grafia realizadas, respectivamente, no Rio de Janeiro em 1949 e em
Washington em 1952, como assessor-técnico da delegação brasileira e re-
presentante do IBGE no X Congresso Brasileiro de Geologia. Diplo-
mado pela Escola Superior de Guerra em 1961 . Defendeu tese de Doutor
em Ciências e Livre Docente de Geografia do Brasil na Universidade do
Estado da Guanabara em 1967. Tomou parte ativa em várias Assem-
bléias-Gerais da Associação dos Geógrafos Brasileiros da· qual fêz parte
como sócio efetivo desde 1951. Foi colaborador assíduo dos periódicos
do Conselho Nacional de Geografia, tendo mais de 50 artigos publicados
e vdrios livros.
A 1.0 de outubro de 1968 faleceu Antônio Teixeira Guerra com 44 anos
de idade, uma vida curta, mas tóda ela dedicada ao desenvolvimento da
ciência geográfica.
MAGISTÉRIO

Professor de Geografia de vanos Cursos de Aperfeiçoamento do


Ensino de Grau Médio e de Cursos de Informação, promovidos pelo
CNG/IBGE.
Professor de Geografia da Universidade Federal Fluminense.
TRABALHOS PUBLICADOS
I - Livros
1 - "Estudo Geográfico do Território do Amapá" - Biblioteca Geo-
gráfica Brasileira. Publicação n. 0 10 da Série A "Livros", Conselho
Nacional de Geografi a- lBGE, Rio de Janeiro -;1954 .
2 - "Estudo Geográfico do Território do Acre" - Biblioteca Geográfica
Brasileira. Publicação n. 0 11 da Série A "Livros", Conselho Na-
cional de Geografia - IBGE, Rio de Janeiro - 1955.
3 - "Estudo Geográfico do Território do Rio Branco" - Biblioteca Geo-
gráfica Brasileira. Publicação n. 0 13 da Série A "Livros", Conselho
Nacional de Geografia - IBGE, Rio de Janeiro - 1957.
4 - "Geografia do Brasil" - Vol. I - "Grande Região Norte" - Orga-
nizador e autor de vários capítulos - IBGE - 1959.
5 - "Paisagens do Brasil" - Conselho Nacional de Geografia - IBGE,
Rio de Janeiro, 1961 - I Parte - O meio físico e suas repercussões
na paisagem cultural (6 capítulos).
6 - "Enciclop édia dos Municípios Brasileiros" - II volume - colabo-
ração no capítulo do relêvo e legendas de fotografias.
7 - "Enciclop édia dos Municípios Brasileiros" - VI volume - colabo-
ração no capítulo do relêvo e na economia da zona sul do Espírito
Sarito.
8 - "Enciclop édia dos Municípios Brasileiros" - VII volume - cola-
boração no capítulo do relêvo.
9 - "Enciclopédia Delta - Larousse" - Organizador e colaborador da
parte referente à Geografia do Brasil - Vol. I - vários países da
Améxk::t do Sul - Vol. II. ·
10 - "'Atlas do Brasil" - Conselho Nacional de Geografia - 1959. Co-
mentários dos mapas: relêvo e atividades econômica·s da Grande
Região Norte e relêvo do Brasil.
11 - Vários verbetes da "Enciclop édia Barsa".
12 - Recursos Naturais do Brasil ( Conservacionismo) - Biblioteca Geo-
gráfica Brasileira. Publicação n. 0 25 da Série A "Livros", Instituto
Brasileiro de Geografia - Fundação IBGE (no prelo)
11- Artigos
1 - "O vale do Parnaíba e as cidades-centro de transporte s" - Revista
do Comércio, ano II, n. 0 10 - 1946.
2 - "Terraços marinhos "- Boletim Geográfico, ano VII, n. 0 82- 1950.
3 - "O estudo das fotografias aéreas e o auxílio ao combate do com-
plexo patogênico nas regiões intertropicais" - Boletim Geográfico,
ano VIII, n. 0 86 - 1950.
4 - "Formaçã o, evolução e classificação dos solos . Solos tropicais" -
Boletim Geográfico, ano VIII, n. 0 88 - 1950. .
5 - "As variações do nível do mar depois do Plioceno e métodos de
estudo" - Boletim Geográfico! ano VIII, n. 0 90 - 1950.
6 - "Apreciações sôbre o valor dos sambaquis como indicadores de
variações do nível dos oceanos" - Boletim Geográfico, ano VIII,
n. 0 91 - 1950.
7 - "Litoral da África Ocidental" - Boletim Carioca de Geografia,
ano III, os. 2 e 3 - 1950.
8 - "Contribuição da geomorfologia ao estudo dos sambaquis" - Bo-
0
letim Carioca de Geografia, ano III, n. 4 - 1950.
9 - "Contribuição ao estudo da geomorfologia e do quaternário do li-
toral de Laguna (Santa Catarina)" - Revista Brasileira de Geo-
grafia, no Xll, n. 0 4 - 1950.
10 - "Variações do nível do mar ao longo do litoral da África Ocidental
francesa" - Tese apresentada à V Assembléia Geral Ordinária da
Associação dos Geógrafos Brasileiros, realizada em 1950 e apro-
vada. Anais da Associação dos Geógrafos Brasileiros, vol. IV, to-
mo I - 1949-1950.
11 - "Notas geográficas de uma viagem pelo oeste africano" - Boletim
Geográfico, ano VIII, n. 0 95 - 1951.
12 - "Processo de alteração dos sedimentos e das rochas. Laterização''
- Boletim Geográfico, ano IX, n. 0 98 - 1951.
13 - "Noções gerais sôbre as relações entre rochas, solos e climas" -
Boletim Geográfico, ano IX, n. 0 102 - 1951.
14 - "Reflexões em tôrno de uma geografia da laterização" - Boletim
Geográfico, ano IX, n. 0 103 - 1951.
15 - "Notas sôbre a alteração dos granitos e formação de alguns tipos
de solo" - Boletim Geográfico, ano IX, n. 0 105 - 1951.
16 - "Alguns aspectos geográficos da cidade do Rio Branco e do Núcleo
Colonial Seringal Emprêsa (Território do Acre)" - Revista Brasi-
leira de Geografia, ano XII, n. 0 4 - 1951.
17 - "Nota sôbre alguns sambaquis e terraços do litoral de Laguna
(Santa Catarina)" - Tese apresentada à VI Assembléia Geral Ordi-
nária da Associação dos Geógrafos Brasileiros realizada em 1951 e
aprovada. Anais da Associação dos Geógrafos Brasileiros - Vol. V,
tomo I - 1950-1951. Artigo transcrito no Boletim Paulista de
Geografia, n. 0 8 - 1951.
18 - "Importância da alteração superficial das rochas" - Boletim Geo-
gráfico, ano X, n. 0 106 - 1952.
19 - "Importância da laterização para as construções feitas pelos en-
genheiros de obras públicas na faixa costeira do Amapá" - Boletim
Geográfico, ano X, n. 0 107- 1952.
20 - "Alguns aspectos do território federal do Amapá" - Boletim Geo-
gráfico, ano X, n. 0 108 - 1952.
21 - "A moderna Geografia no Brasil" - Boletim Geográfico, ano X,
n. 0 109 - 1952.
22 - "Notas sôbre o resultado de quatro análises de lat.erito encontrado
no território federal do Guaporé" - Boletim Geográfico, ano X,
n. 0 110 - 1952.
23 "Considerações concernentes · às regiões tropicais" - Boletim Geo-
gráfico, ano X, n. 0 111 - 1952.
24 - "Contribuição ao estudo da geologia do território federal do Amapá"
0
- Revista Brasileira de Geografia, ano XIV, n. 1 - 1952.
25 - "Formação de lat.eritos sob a floresta equatorial amazônica (Ter-
ritório Federal do Guaporé)" - Tese apresentada ao XVI Con-
gresso Internacional de Geografia realizado em Washington em
1952 - Revista Brasileira de Geografia, ano XIV, n. 0 4 - 1952.
26 - "A população do território federal do Amapá e a importância das
atividades econômicas na sua distribuição" - Tese apresentada ao
XVII Congresso Internacional de Geografia realizado em Washing-
ton em 1952. Publicação avulsa da Imprensa Oficial do Território
do Amapá - 1952.
27 - "Laterização das rochas e solos do território federal do Amapá" -
Tese apresentada ao XVII Congresso Internacional de Geografia
realizado em Washington em 1952.
28 - "Aspectos geográficos gerais do território federal do Guaporé"
Boletim Geográfico, ano XI, n. 0 112 - 1952.
29 - "Notas sôbr.e as zonas econômicas do território federal do Acre"
- Boletim Geográfico, ano XI, n. 0 115 - 1953.
30 - "Observações geográficas do território federal do Guaporé" -
Revista Brasileira de Geografia, ano XV, n. 0 2 - 1953 . .
31 - "Aspectos geográficos do território federal do Acre" - Revista
Brasileira de Geografia, ano XVI, n. 0 2- 1954.
32 - "Elaboração de um dicionário geográfico" - Revista Brasileira de
Geografia, ano XVI, n. 0 3 - 1954.
33 - "Ilhas Soares" - Boletim Geográfico, ano XII, n. 0 122 - 1954.
34 - "Ocorrência de lateritos na bacia do Alto Purus (território federal
do Acre)" - Tese apresentada ao XI Congresso Brasileiro de Geo-
grafia, realizado em Pôrto Alegre em 1954 e aprovado para publi-
cação nos Anais - Revista Brasileira de Geografia, ano XVII,
n. 0 1- 1955.
35 - "Nota sôbre alguns sambaquis da cidade de Niterói" - Anais da
Faculdade Fluminense de Filosofia, 1954.
36 - "Notas sôbre a pecuária nos campos do Rio Branco" - Boletim
Geográfico, ano XII, n. 0 123 - 1954.
37 - "Notas sôbre as habitações rurais do território do Rio Branco" -
Boletim Geográfico, ano XIII, n. 0 125 - 1955.
38 - "Notas a propósito dos depósitos conchíferos de São Lourenço, Boa
Vista e Chácara do Vintém (Niterói), Estado do Rio de Janeiro"-
Boletim Geográfico, ano XII, n. 0 126 - 1955.
39 - "Sugestões para os novos currículos de Geografia das Faculdades
de Filosofia" - Boletim Geográfico, ano XIII, n. 0 127 - 1955.
40 - "A Rodovia Plácido de Castro e sua importância no povoamento
e na colonização da região (território federal do Acre)" - Revista
Brasileira de Geografia, ano XVI, n. 0 4 - 1954.
41 - "Ocorrência de lateritos na bacia do Alto Purus" - Revista Brasi-
leira de Geografia, ano XVII, n. 0 1 - 1955.
42 - "Os lateritos dos campos do Rio Branco .e sua importância para a
Geomorfologia" - Revista Brasileira de Geografia, no XVII, n. 0 2
- 1955.
43 "Geografia dos territórios federais brasileiros" - Súmulas das
aulas do Curso de Férias para Aperfeiçoamento de Professôres do
Ensino Secundário - Curso de Geografia - 1954.
44 - "Sugestões de programas de Geografia do nôvo currículo das facul-
dades de Filosofia"- Boletim Geográfico, ano XIV, n. 0 131- 1956.
45 - "Elementos do relêvo e do litoral: hidrografia" in: "Elementos
de Geografia e Cartografia" págs. 271/285 - Separata do "Boletim
Geográfico", ano XVII, n. 0 155 - 1960.
46 - "O ensino da Cartografia e da Geografia Física através do filme"
in: "Boletim Geográfico", ano XVIII, n. 0 157 - 1960.
47 - "Introdução à Geomorfologia" in: "Boletim Geográfico", ano XIX,
n. 0 160 - 1961.
48 - "Viagem de estudos - Informações sôbre a Amazônia" - Escola
Superior de Guerra - 1955.
49 - "Aspectos geográficos do território do Rio Branco" - Revista Bra-
sileira de Geografia, ano XVIII, n. 0 1 - 1956.
50 - "Aspectos Geográficos do Sudeste do Espírito Santo" - Revista Bra-
sileira de Geografia, ano XIX, n. 0 2 - 1957.
51 - "Notas sôbre o palmito em Iguape e Cananéia" - Revista Brasileira
de Geografia, ano XIX, n. 0 3 - 1957.
52 - "Subsídios para uma nova divisão política do Brasil" - Revista Bra-
sileira de Geografia, ano XXII, n. 0 2 - 1960.
53 - "Situação da estrutura econômica do Brasil (Região Amazônica)" -
Tese apresentada na Escola Superior de Guerra.
54 - "Significado geomorfológico do sambaqui de Sernambetiba" - Re-
vista Brasileira de Geografia, ano XXIV, n. 0 4 - 1962.

III - Artigos em Língua Estrangeira

1 - "Terrasses de la rive gauche de l'embouchure de l'Amazone et du


littoral de l'Amapá - pág. 16, gráficos e 1 carta fora de texto: Publi-
cação do "Laboratoire de Geomorphologie" da "Ecole Pratique
des Hautes Etudes de Paris".
2 - "Terrasses et "pointer" dans l'ile de Marajá" in: - "Premier rapport
de la comission pour l'etude e la correlation des niveaux d'erosion
et des surfaces d'aplanissement autour de l'atlantiqu.e" (Recherche
en Amérique du ~ud) - págs. 65/69. Union Geographique Inter-
naciona1e (1956).

IV - Comentários

1 - "L'homme et le Sol" de Henry Pratt - Boletim Carioca de Geo-


grafia, ano III, n. 0 4 - 1950.
2 - "Fotografias aéreas" de Paul Chambart de Lauwe - Boletim Geo-
gráfico, ano IX, n. 0 99 - 1951.
3 - "A propósito da Revista de Geomorfologia Dinâmica" - Boletim
Geográfico, ano IX, n. 0 101 - 1951.
4 - "Degradação dos solos da Guiné Portuguêsa" de A. Ca~tro - Bo-
letim Geográfico, ano IX, n. 0 103 - 1951.
5 - "A noção de erosão no modelado do relêvo terrestre" de Jacques
Boucart - Boletim de Geografia, ano IV, n. 0 1 - 1951.
6 - "La Géologie" de André Cailleux - Boletim Carioca de Geografia,
ano V, ns. 3 e 4- 1952.
7 - "A propósito dos depósitos conchíferos no litoral do oeste africano"
- Revista Brasileira de Geografia, ano XIV, n. 0 1 - 1952.
8 - "Pluviação e enxurrada" - Boletim Paulista de Geografia, n. 0 18
- 1954.
9 - "Amazônia" - Boletim Geográfico, ano XII, n. 0 129 - 1955.
10 - "Produção de Diamantes" - Boletim Geográfico, ano XIV n. 0 132
- 1956.

V - Traduções

1 - "Observações geológicas no oeste do estado de Minas Gerais" -


Boris Brajnikov - Boletim Geográfico ano VII, n. 0 87 - 1950.
2 - "Conquista dos solos das regiões tropicais", Henri Pratt - Boletim
Geográfico, ano VIII, n. 0 89 - 1950 .
3 - "Importância econômica da oceanografia física e da geologia
submarina" C. Francis - Boeuf e V. Romanoviskt - Boletim Geo-
gráfico, ano VIII, n. 0 92 - 1950 .
4 - "Os traços estruturais do vale do São Francisco", B. Brajnikov -
Boletim Geográfico, ano VIII, n. 0 93 - 1950 .
5 - "Tendências atuais da pedologia nas regiões tropicais e subtropi-
cais", Albert Demolon, Georges Aubert, Stephane Henin - Boletim
Geográfico, ano VIII, n. 0 94 - 1951.
6 - "Amazônia", Pierre Gourou - "Boletim Geográfico", ano VIII,
n. 0 94- 1951.
7 - "Noção de erosão no modelado do relêvo terrestre" - Prof. Jacques
Boucart - Boletim Geográfico, ano VIII, n. 0 95 - 1951.
8 - "Morfologia estrutural e morfologia climática" (em colaboração)
Boletim Geográfico, ano XVIII, n.0 155.

VI - Vultos da Geografia

1 - "Jorge Zarur" in: "Revista Brasileira de Geografia", ano XX, n.O 3.


2 - "Roberto Galvão" in: Revista Brasileira de Geografia", ano XX,
n. 0 4.
, ' '
DICIONARIO GEOLOGICO-GEOMORFOLOGICO
AA - Denominação regional usada pelos indí~enas do Havaí para os derrames de lavas
consolidadas formando uma supedície constitmda de material semelhante à escória e
fragmentado em blocos . Quando essa supedície é levemente enrugada, semelhante a maços
de corda, chama-se lava cordada, porém, cortada por algumas fendas denomina-se pahoehoe .
O vulcanismo havaiano é de lavas básicas, não havendo explosões.
ABA - parte mais baixa de uma montanha ou de um anticlíneo, não devendo ser confundída
com os flancos de uma montanha. J;:ste têrmo é usado apenas nas descrições de paisagens
e qualitativamente, sem maiores precisões científicas. Ex.: aba da serra; aba do anticlí·
neo; aba do morro; aba do cône vulcânico etc.
ABAIXAMENTO DA COSTA - vide movimento da costa.
ABALO SlSMICO - o mesmo que sismo ou terremoto (vide) .
ABAULAMENTO - t~rmo usado em geomorfologia com o sentido descritivo, de relêvo
acidentado com a forma de domo (vide), considerando ou não uma estrutura dobrada.
No primeiro caso diz respeito apenas ao aspecto da topografia, enquanto no segundo caso
considera a estrutura gerada pela movimentação tectônica. Os abaulamentos podem ser
produzidos também pela intrusão de batólitos, !acólitos ou mesmo por um movimento epi-
rogênico. Neste último caso tem-se geralmente um arqueamento (vide) .
ABERS - têrmo regional de origem céltica, usado na Bretanha (França), para designar os
estuários que se sucedem na costa alta de falésias, com promontórios agressivos.
ABIGARRADA (rocha) - que apresenta côres variadas. O mesmo que variegada. Como
exemplo podemos citar as argilas variegadas da série Barreiras, ou ainda as argilas abi-
garraâas da bacia terciária de São Paulo .
ABIME - o mesmo que aven (vide) ou algare (têrmo usado em Portugal).
ABióTICO - o mesmo que az6ico, isto é, período da história física da Terra, cuja vida é
desconhecida .
ABISMAL - o mesmo que abismo ou abissal (região) (vide) .
ABISMO - têrmo descritivo usado em geomodologia continental e submarina para designar
grandes profundidades ou penhascos . Tem função qualitativa numa descrição. Os abismos
submarinos são também chamados fossas submarinas (vide). Na linguagem do excursio-
nista o abismo corresponde a despenhadeiro. Na terminologia cárstica é uma chaminé, ou
conduto muito profundo .
ABISSAL ( depósito ) - depósito marinho localizado a uma profundidade superior a 1 000
metros. A subdivisão dos sedimentos - vasas - é dada pela vasa de globigerinas, diato-
máceas, radiolários e argilas vermelhas (vide) ou argilas das grandes profundidades .
ABISSAL (região) - corresponde aos abismos submarinos onde as profundidades são su-
periores a 5 000 metros . Esta região morfológica da geografia do fundo dos mares equivale
a uma área total de 3% dos oceanos (vide hadal) .

1
ABISSAL (rocha) - denominação dada por Brôgger às rochas eruptivas, ou melhor, in-
trusivas, consolidadas a grande profundidade, sendo também sinônimo de plut6nicas (vide) .
ABISSAL (sedimento) - material acumulado nas grandes profundidades dos oceanos.
(Vide abissal, depósito) .
ABISSAL (zona) - denominação dada pelos biogeógrafos à parte profunda dos oceanos,
com sêres vivos diferentes da zona nerítica, batial e hadal (vide) .
ABISSO - nome proposto por A. Brongniart, porém pouco usado, para designar os depó-
sitos formados na zona mais profunda dos mares. O mesmo que região abissal e hadal.
(vide).
ABLAÇÃO - conjunto de processos que 1nic1am o transporte dos detritos das rochas
(vide transporte) . Analisando com rigor, observamos que a ablação é o mesmo que erosão,
no sentido restrito de destruição das formas do relêvo pelos agentes exodínâmicos ou
mais propriamente de transporte do material meteorizado . A ablação é sinônimo de des-
nudaÇão (vide) . Em glaciologia o têrmo ablação fica restrito à redução da própria massa
glaciária, por efeito da evaporação e fusão. Numa geleira tem-se: a) zona de alimentação;
b) zona de ablação .
ABLAÇÃO PLUVIAL - trabalho erosivo de carregamento de solo e rochas decompostas
pelas águas das chuvas, o mesmo que pluvierosão (vide) .
ABRA - pequena enseada com bastante fundo, constituindo u'a miniatura das angras e
dos golfos. Têrmo descritivo usado pelos geomorfólogos.
ABRASÃO - nome dado por Richthofen ao trabalho destruidor do mar na zona costeira.
Nos abruptos escarpados das falésias melhor se pode observar o trabalho de destruição
realizado pelas vagas e correntes. A abrasão se faz por solapamento da base, ocasionando
desmoronamentos sucessivos. Embora o têrmo abrasão tenha sido usado no início para
designar o desgaste produzido pelo mar, hoje engloba tôdas as ações exodinâmicas: fluvial,
eólia, glacial, pluvial etc.
ABRASÃO MARINHA - o mesmo que abrasão (vide) feita pela água do mar.
ABRASIVO - material que produz desgaste por choque ou atrito. Os abrasivos são muito
utilizados na indústria e entre êles podemos citar: diamante, quartzo, sílex, granada, etc.
ABROLHO OU ESCOLHO - acidente do relêvo submarino constituindo um rochedo que
por vêzes aflora próximo aos litorais formando ilhas. Também podem aparecer no leito
dos rios os "escolhos", formando pequenas corredeiras. O têrmo abrôlho é mais comumente
usado para os pequenos picos ou afloramentos de rochas, que aparecem junto aos litorais
e que ficam à flor d'água, exemplo: parcel dos Abrolhos, no estado da Bahia.
ABRUPTO - têrmo de natureza qualitativa, muito usado em geologia e geomorfologia para
descrição da paisagem física, onde aparecem escarpamentos . Os abruptos são encontrados com
mais freqüência nas regiões montanhosas, no litoral do tipo falésia, etc.
ABSORÇÃO DA ÁGUA - diz-se quando as gôtas de água das chuvas ficam retidas na
camada superficial do solo. A água passa a infiltrar-se por efeito da gravidade, se o solo
e o subsolo são porosos; caso contrario, as novas porções de água caídas engrossarão o
lençol de escoamento superficial. :E:ste tipo de escoamento das águas só se verifica, por
conseguinte, quando a precipitação pluvial fôr superior à capacidade de absorção e de
infiltração .
ACADIANA - revolução orogenética que ocorreu no Devoniano da América do Norte.
ACAMADA - têrmo pouco usado para designar rochas sedimentares (vide) .
ACAMAMENTO - vide estratificação.
ACAMAMENTO (plano de) - o mesmo que plano de estratificação
(vide).
ACANALADURA - têrmo usado também com· o mesmo sentido de cane-
lura (vide), ou ainda como sulco, à semelhança de canal horizontal,
cavado pela abrasão marinha ao atacar o sopé de uma falésia. (Figura
Fig. n.o IA n. 0 IA).
Nesse trabalho de desgaste o mar produz na zona do estrão, isto é, na faixa de oscilação
das marés, um rêgo ou sulco chamado de nicho pelos inglêses, e de encoche pelos franceses.
Essas acanaladuras no litoral são muito importantes para os geomorfólogos, pois, quando
êstes sulcos cavados nas rochas são encontrados a vários metros acima do nível do mar
atual, ou se ao contrário as sondagens submarinas revelarem formas semelhantes submersas,
estas indicam imediatamente movimentos de oscilação do nível das terras e das águas no
decorrer dos diversos períodos geológicos.
ACAUSTOBióLITO - rochas sedimentares de origem orgânica não combustíveis que fazem
parte do biólito, segundo a denominação dada por Potonié; ex.: calcários formados por
corais ou lamelibrânquios, vasas de globigerinas, etc.
ACAVALAMENTO - diz-se das dobras em que um dos flancos fica sôbre o outro não
implicando necessàriamente na existência de carreação. Todavia, nas dobras acavalatkls
( chevauchés) verifica-se um deslocamento importante do compartimento superior.
O acavalamento se dá algumas vêzes com um recobrimento quase completo dos ter-
renos mais recentes sob terrenos mais antigos, como é freqüente nas cadeias dos Alpes,
Pireneus, Andes, Rochosas e Himalaia.
ACELERADA (erosão) - o mesmo que erosão biológica (vide) .
ACESSóRIOS (constituintes) - minerais acessórios que revelam certos caracteres da crista-
lização da rocha, mas que não servem para definir o seu tipo, como os chamados minerais
essenciais. Existe uma categoria de minerais acessórios chamados de acessórios auxiliares
ou ocasionais. Nos depÓsitos sedimentares os minerais acessórios aparecem em escassa quan-
tidade, menos de 2%.
ÁCIDA (rocha) - categoria de rocha que possui grande porcentagem de sílica. Existe
uma classificação das rochas, inteiramente baseada na proporção de sílica . As rochas áciMs
possuem mais de 65% de sílica, têm coloração clara e no que se refere à decomposição, ofere-
cem maior resistência à hidratação; as neutras contêm de 52 a 65% de sílica; as básicas
de .45 a 52%; e as ultrabásicas, mencs de 45%. As rochas ácidas são geralmente claras
( leucocráticas) enquanto as básicas são escuras ( melanocráticas) .
A acidez é de grande importância no estudo da erosão diferencial, no tipo de alteração
uas rochas e na formação dos solos. Rochas ácidas intercalas com rochas básicas, estas
últimas resistem menos à erosão que as primeiras. As oxidações, ou melhor, a laterização
das rochas se faz mais ràpidamente nas ricas em elementos ferromagnesianos (rochas bá-
sicas) que nas silicosas (ácidas) . A própria espessura da camada decomposta será maior
nas áreas de rochas básicas que sôbre as rochas ácidas. A natureza e a espessura dos solos
também estão em função da acidez da rocha primitiva. Nos casos acima apontados consi-
deramos sempre as rochas submetidas a um mesmo tipo de clima para podermos comparar
a importância dêsse fator. Pode-se dizer, por conseguinte, que a acidez de uma rocha é
definida pelo teor de sílica, superior ao necessário para formar os feldspatos, dando apare-
cimento ao quartzo livre . A família dos granitos é a mais rica em sílica, isto é, a mais ácida
das famílias de rochas, em oposição à família dos peridotitos, que é a mais pobre em sílica,
sendo por isto a mais básica das famílias de rochas, isto é, rica de ferro e magnésio.
ACIDENTE DO REL1!:VO - denominação usada para qualquer forma de relêvo que ofereça
contrastes com outras que lhe estão próximas. Quando os desnivelamentos são fortes e
constantes, costuma-se denominar a paisagem assim descrita de : região acidentada, relêvo
acidentado, ou terreno acidentado, etc . Estas expressões têm apenas valor descritivo e são
mais usadas pelos geógrafos do que pelos geólogos.
ACIDENTE GEOGRAFICO - o mesmo que acidente do relêvo (vide) . Deve-se, no en-
tanto, salientar as formas topográficas que interessam apenas no plano horizontal, isto é,
as articulações (vide) e as que dizem respeito ao plano vertical ou acidentes pràpriamente
ditos.
ACIDENTE TOPOGRÁFICO - o mesmo que acidente do relêvo (vide) .
ÁCIDO (solo) - contém um pH baixo. A aci~ez de uma solução é expressa pela relação
do número de íons de hidrogênio que a mesma contém. O criador da escala do pH, o
dinamarquês Sôrensen partiu do estudo da água quimicamente pura, e num total de
555 000 000 de moléculas, verificou que continha apenas uma dissociada e constituída de

3
H e OH. O cálculo baseado sôbre o pêso molecular da água permitiu encontrar em 10 000 000
de litros d'água 1 grama de íons de H. A concentração é, neste caso, indicada da seguinte
maneira 1/10 000 000 ou 0,000 000 1. Esta maneira pouco prática de exprimir a concen-
tração de íons de H e OH com uma série de zeros, levou Sôrensen a indicar o pH pelo núme-
ro de algarismos correspondentes aos que seguem depois da vírgula. No caso da água pura
vimos que há 7 algarismos e neste caso diz-se que o seu pH é igual a 7. O estudo do pH
dos solos é de capital importância para a agricultura, pois quanto mais alto o pH mais
alcalino é o solo, e quanto mais baixo, tanto mais ácido. O pH igual a 7 corresponde a
um meio neutro, isto é, os solos não são nem ácidos nem básicos. A escala de acidez vai
de O a 14 e os solos cujo pH é inferior a 4, correspondem a solos muito ácidos e os su-
periores a 10, muito alcalinos. Os dois extremos, isto é, a acidez e a alcalinidade são
elementos nocivos à agricultura e necessitam de corretivos, como o calcário e o enxôfre,
respectivamente para a acidez e para a alcalinidade. Grande parte dos solos brasileiros são
muito ácidos, constituindo lllil problema o seu aproveitamento agrícola .
ACLlNICA - diz-se da camada de rocha que se apresenta na posição horizontal. (Vide
mergulho).

Fig. n.o 2 A - No litoral do estado do Rio de Janeiro, especialmente no trecho, entre Niterói e
Ciunpos tem-se Jrandes depósitos arenosos. Em certos trechos, são as restinJas barrando lagoas, en·
quanto em outros, belas dunas, dando um aspecto todo particular a ~ste trecho da costa fluminense.
Na foto acima vê-se a topografia de um trecho de dunas próximo a Cabo Frio.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

ACLIVE - o contrário de à,eclive (vide), isto é, inclinação de um trecho de uma super-


fície, que pode ser uma encosta de morro, o reverso de uma cuesta, a vertente de uma
serra, etc. O aclive é geralmente forte nas regiões montanhosas e fraco nas regiões planas
ou pouco acidentadas . :li: expresso em porcentagem ou em graus . Podemos dizer por conse-
guinte que o aclive il uma inclinação do Terreno considerada, no entanto, de baixo para cima.
ACROGRAFIA - denominação que se usava antigamente para a parte da geopafia es-
tereográfica (vide) que se ocupava do estudo dos cabds. Hoje tal expressão esta comple-
tamente abandonada.

4
ACUMULAÇÃO - o mesmo que sedimentação (vide) .
ACUMULAÇÃO DE AREIA - diz-se do depósito de grãos de quartzo incoerentes; como
uas dunas, praias, etc. ( Fig. 2A)
ACUMULAÇÃO DE BLOCOS - diz-se do depósito de blocos de desmoronam~nto que
surgem nos taludes (vide) ou mesmo em cursos d'água de regime torrencial.
ADAPTAÇÃO - cor.cordância das formas topográficas, com a estrutura geológica. Em
certos casos, pode-se ter uma adaptação apenas da rêde hidrográfica à estrutura, enquanto
que as formas de relêvo não apresentam tais concordâncias.
ADULARIA - variedade de ortoclasita de brilho vítreo e incolor, geralmente usada nas
joalherias como o nome de pedra da lua . Aparece nas drusas e, mais comumente, nos xistos
cristalinoso

ADVENTtCIA - diz-se das crateras que surgem no cone vulcânico, além da cratera central,
ou seja, a parte terminal da chaminé vulcânica (vide cratera) o

AEROLITO - o mesmo que meteorito (vide) .


AETOBALISMO - denominação dada pelo geólogo Grabau ao metamorfismo de contato.
(Vide metamorfismo) .
AFANtTICA - texiura de rocha de granulação muito fina, cujos constituintes só podem
ser discemíveis ao wicroscópio .
AFLORAMENTO - tôda e qualquer exposição de rochas na superfície da Terra . Geralmente
as rochas aparecem cobertas com materiais decompostos. Nas regiões tropicais a deco~­
posição química é um dos grandes inimigos dos geólogos . Os afloramentos podem ser na-
turais ou artificiais. ( Fig. n.0 3A) . No trabalho de campo a procura dos afloramentos cons-
titui uma das principais tarefas do geólogo . A utilização da pesquisa dêsses afloramentos em

Fig. n. 0 3A - Afloramento artificial de man~:anês na serra do Navio no Território Federal do Amapá.


Vê-se nas partes laterais a densa floresta amazônica.
(Foto !COMI)
fotografias aéreas representa grande economia de tempo no trabalho de campo. O geólogo
já parte para o campo sabendo onde existem os melhores penhascos, alcantilados, penedos
isolados, quais os lados onde a rocha está menos decomposta, barrancos de rios, trechos de
litoral, etc. Como afloramentos artificiais consideramos as perfurações feitas para os poços,
a exploração de minas, cortes de estradas, escavações, pedreiras, etc. Afloramento na lin-
guagem dos trabalhadores de minas é o aparecimento superficial de filões.
AFLUENTE - curso d'água, cujo volume ou descarga contribui para aumentar outro, no
qual desemboca. Chama-se ainda de afluente o curso d'água que desemboca num lago ou
numa lagoa. O trabalho erosivo dos rios afluentes e subafluentes é geralmente menor que o
do rio principal, pois o volume d'água é sensivelmente menor . Além dêste fator, outros
devem ser considerados, como: estrutura, textura, natureza das rochas, estado de de-
composição, cobertura vegetal, declive (perfil longitudinal), clima, etc. Por conseguinte,
vê-se que é difícil sintetizar êsses problemas que dizem respeito à erosão nos cursos d'água,
quer sejam êles principais, afluentes, subafluentes, etc.
AFOSSILlFERO - terreno que não contém fósseis.
AFRICANO (escudo) - velha plataforma de rochas antigas. O mesmo que Etiópico . (Vide
arquearw).
AFRO-BRASILEIRO - parte do grande continente de Gondwana, que se fragmentou nos
meados da era Mesozóica, isto é, no período Jurássico (vide Mesozóica).
AFUNDAMENTO - depressão produzida pela movimentação tectônica das camadas, que
pode dar origem a sinclinais, grabens ou a depressões de ângulo de falha, onde geralmente
se instalam os cursos d'água . Os afundamentos são, no dizer dos partidários da isostasia,
compensados por levantamentos em outras regiões .
ÁGATA - variedade de calcedônia formada de zonas concêntricas de colorações variadas.
Pode-se dizer que a ágata é uma calcedônia multicolorida, de brilho ceroso ou litóide.
Suas principais variedades são: ágata zonada ou em fortificação, ágata dendrítica ou arbo-
rescente, ônix, sernodix e ágata musgosa. As ágatas depois de cortadas, segundo direções
diversas, são muito usadas nas joalherias para jóias e objetos de ornamentação.
AGENTES DE DECOMPOSIÇÃO QUíMICA - compreende-se geralmente como a parte
da erosão elementar ou meteorização das rochas que modifica a natureza e composição
química dos diferentes minerais que integram as diversas famílias de rochas. A hidratação
é o principal elemento da decomposição química das rochas.
AGENTES DE DESAGREGAÇÃO DAS ROCHAS - são os que se manifestam pela de-
sagregação mecânica e pela decomposição química produzidas pela amplitude térmica
diária, gêlo e degêlo, dilatação dos cristais produzida pela hidratação, plantas, raios, etc.
AGENTES DE EROSÃO - conjunto de fôrças que contribuem para o desenvolvimento da
erosão do relêvo (destruição e sedimentação ou construção de novas formas) . Os agentes
de erosão slio, na sua maior parte, de origem climática, podendo derivar direta ou indireta-
mente da ação do clima. Entre os fatôres que derivam diretamente da ação do clima,
temos: variações de temperatura, insolação, variações de umidade, alternância do gêlo e
degêlo, chuvas, ventos, fenômenos elétricos. Entre os fatôres que derivam indiretamente
do clima, temos: o lençol d'água de escoamento superficial, os rios, as correntes marinhas
e vagas. Além dêsses diversos fatôres, podemos citar os de ordem biológica, como os ve-
getais, os animais e os homens (vide erosão) .
As elevações que existem na crosta terrestre estão sendo constantemente trabalhadas pela
erosão que reduz progressivamente a altitude das montanhas, colinas, morros, etc. Progres-
sivamente, tôdas as elevações são reduzidas a um nível baixo bem próximo do nível do
mar ( peneplanos nos climas temperados) . Os elementos responsáveis por esta ação de des-
truição são chamados agentes de erosão .
Existem, no entanto, outras fôrças que de tempos em tempos, elevam certas porções da
crosta, constituindo as montanhas, os planaltos ou as superfícies de arrasamento. Assim
sendo, o relêvo não desaparece completamente, persistindo sôbre os continentes, em algumas
regiões, cadeias montanhosas .
AGENTES DO MODELADO - conjunto de fatôres de ordem externa e interna que contri-
buem para modificar a paisagem física . Essas modificações podem ser lentas, como é o

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caso dos movimentos de costa; ou podem ser súbitas como as observadas após um terremoto.
Esses agentes podem ser agrupados em duas categorias: 1 - fôrças exógenas ou externas,
2 - fôrças endógenas ou internas. Os agentes externos constituem o que denominamos de
agentes de erosão · (vide) e os internos são constituídos pelos fenômenos vulcânicos, sís-
micos e tectônicos .
AGENTES ENDóGENOS - o mesmo que fôrça end6gena (vide) . 11: o oposto aos agentes
ex6genos ou exodinâmicos, isto é, externos.
AGENTES FíSICOS - o mesmo que agentes de erosão (vide) .
AGLOMERA DO - rochas heterogêneas constituindo verdadeiras brechas vulcânicas, nas
quais aparecem bombas, lapili, cinzas, lavas, etc. Os aglomerados não devem ser confun-
didos com os conglomerados, pois os primeiros são de origem vulcânica, enquanto os se-
gundos são de origem sedimentar. Alguns separam os aglomerados dos conglomerados, dizendo
que os primeiros são constituídos apenas de fragmentos de rochas eruptivas, e os segundos
apenas de rochas detríticas.
AGNOTOZói CA (era) - nome dado ao tempo geológic~ dos dois períodos: Arqueano e
Algonquiano. A era Agnotozóica (vida desconhecida) é também chamada de era Az6ica ou
Primitiva.
AGRADAÇÃO DO REL1l:VO - diz-se da acumulação de sedimentos nas zonas de depres-
sões relativas, que toma a superfície da litosfera mais uniforme. As formas de agradação
dizem respeito a formas de relêvo de acumulação, como exemplo, têm-se as planícies, en-
quanto que as formas de degradação, estão ligadas ao desgaste provocado pelos agentes
exodinâmicos . ( Fig. n. 0 4A) .
ÁGUA - é um composto químico formado de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio
( H.O) . A água constitui uma unidade de medida de densidade e a escala termométrica
centesinal ( Celsius) se baseia no seu ponto de solidificação 0° e de ebulição 100°C.
Do ponto de vista geológico e geomorfológico a água constitui, incontestàvelmente, o
principal agente de destruição, isto é, de erosão dos continentes. Devemos ainda ressaltar
que as águas correntes não são puras, pois trata-se de uma dissolução aquosa de vários
sais, ácido carbônico e matérias orgânicas. Assim êste trabalho é feito principalment e através

Fig. n.o 4A - Relêvo de agradação na baixada da Guanabara, vendo-se ao fundo o maciço da


Tijuca,
ou seja, um relêvo de degradação. Na parte central da planíde foi aberto um canal de
drenagem.
(Foto Tibor Jablo·nsky do JBG)
a forma coocentrada (rios) .
da água que escorre, quer sob a forma de lençol difuso quer sob considerar o realizado
Além do trabalho feito pela água de escoame nto superfic ial, devemos
trabalho da erosão vai depende r ainda do clima, e
pelas águas de infiltraç ão. Todavia o topográfica . De um lado
também do solo; com a sua constituição geológica e a sua forma essa fôrça.
temos, pois, a fôrça que age e, de outro, a resistência oposta a
As águas estão em constant e circulaç ão, estando l?resente s tanto na atmosfera sob a
sob a forma líquida, na superfíc ie do solo, ou mesmo no interior
forma de vapor, quanto integram o ciclo hidro-
s. Três são as partes que
do subsolo, constituindo lençóis aqüífero
ão; 3 - Agua de escoamento
lógico (vide): 1 - Água de evaporação; 2 - Água de infiltraç
superfic ial. o estudo do clima, como
As águas de evaporação têm grande importância, não só para das precipitações
o das rochas (decomp osição química ) . Por ocasião
também na alteraçã solo, evapora ndo; consti-
das águas pode não chegar ao
pluviais verifica-se que uma parte vai formar o lençol subter-
tui a umidade ; outra se escoa, e finalmente, a que se infiltra,
râneo. de do terreno vão
Em determin adas condições, devido à inclinação e imperm eabilida m os maiores
as águas de escoame nto superfic ial que produze
se formar constant emente ou mesmo os rios (vide) .
desgastes, erodindo o solo, produzin do ravinas ou voçoroca s (vide),
é dupla, pois, realiza simultân eamente uma ação
A ação direta da água da chuva
regos e sulcos nas argilas
física e química . Aglomera as poeiras e partícul as sôltas, cava de clima tempera do, as
tenras, embebe as rochas permeáveis, favorecendo nas regiões
o calcário graças ao gás
geadas. A água das chuvas dissolve as rochas solúveis e ataca
carbônico que contém em dissolução .
desaparecem, e muitos
Quando as chuvas são abundan tes os elementos solúveis do solode ferro que se deve a
óxidos são transformados em hidróxidos . E é à presença do óxido(vide) .
o
côr vermelh a das rochas de certas regiões desérticas - robefaçã estão em função dos se-
Os efeitos das águas das chuvas sôbre a superfície da Terra
guintes fatôres: decomposição química;
A - Diferentes tipos de clima: a) equatori al - predomínio da
c) tempera do - erosão nor-
b) tropical - decomposição química e desagregação mecânica;
mal (erosão fluvial) . sua grande importância
No tocante ao item clima não podemos deixar de assinalar s superficiais, desa-
águas de infiltraç ão e das águas corrente
para explicar os efeitos das das rochas e dos solos.
ndo e lavando a superfíc ie
gregando, decompondo, erodindo, dissolve mais ou menos plana,
Considerando, por exemplo, uma região equatori al de superfície
observar o predomínio da
onde há uma grande precipit ação durante todo o ano, vamos bem marcadas, a chuvosa
decomposição química . Nas regiões tropicais onde há duas estações
do ano e menor na outra,
e a sêca, o efeito das águas da chuva será intenso numa parte desagregação mecânic a.
feita pela insolaçã o -
onde temos a preparaç ão do material , e na época das chuvas a
Quando esta predomi na, as rochas se diaclasam ou se fraturam
dissolução que produzirão a
água se infiltra levando consigo fragmentos e materiais em
decomposição química .
bem definidas temos a
Nas regiões tempera das onde as quatro estações do ano são
realização do que chamamos erosão normal (vide) .
b) planaltos; c) pla-
B - Volume do re~t'O e coodições topográficas: a) montanh as;
nícies; d) bacias de acumula ção.
ável constituindo as
Nas regiões montanhosas a ação das á~uas das chuvas é consider desgasta por causa
s (vide) . Ha uma grande massa que se
enxurradas (vide) e as torrente para se infiltrar ; o lençol
dos fortes declives . Nestas regiões a água leva pouco tempo desgaste . Nas regiões de
superficial, portanto , corre com rapidez, produzin do um forte
no tôpo do planalto é fraca
planalto êste desgaste vai ser mais forte nas bordas. A erosão . Nas planícies o trabalho
e nas escarpas é mais acentuad a, surgindo as voçoroca s e ravinas
fraca declividade e escavam
da erosão vai ser relativam ente fraco, porque os rios são de
com pouca fôrça o perfil longitud inal. - as águas das regiões
Nas regiões de depressões relativas - bacias de acumula ção
se acumula m e deposita m aí os detritos que foram carregad os em suspens ão.
vizinhas
a) rocha sã
C - Natureza do material: { b) rocha alterada
c) solo
terráque o tem grande
A natureza do material que constitui a superfície do globo os diferentes tipos de
ão da resistênc ia ou da permeab ilidade que
importância na P.xplicaç

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rochas e solos podem oferecer às águas de infiltração e de escoamento superficial. Natural-
mente não se pode estudar a importância da natureza das rochas sem se levar em consideração
os outros fatôres, como ressalto do relêvo, tipos de clima e a cobertura vegetal.
Tôdas as rochas são mais ou menos permeáveis, mesmo o granito, que dá a impressão
de ser impermeável, permite a infiltração da água. O trabalho das águas sôbre as rochas
vai depender do estado das mesmas: sã ou viva - rocha que não sofreu alteração; podre ou
alterada - rocha que sofreu alteração (decomposta) .
Nos grandes maciços de sienitos, granitos, etc., as águas das chuvas penetram com
extrema dificuldade; nas rochas de fácil permeabilidade (areia, calcários diaclasados) a
água da chuva se infiltra com rapidez, ao longo da própria superfície (arenito) ou das
fraturas.
Ainda no tocante às águas de infiltração devemos distinguir as rochas que têm per-
meabilidade de origem, das que têm permeabilidade adquirida, e finalmente as impermeáveis.
a) florestas
D - Cobertura vegetal: { b) campos
A cobertura vegetal constitui um dos elementos de grande importância para explicar
os efeitos das águas correntes, no que diz respeito à erosão do solo, ou mesmo o ravinamento
e a formação de rios. Ao se estudar a importância da cobertura vegetal no tocante às fa-
cilidades de reserva d'água no subsolo, ou no obstáculo oferecido à erosão das águas das
chuvas, não podemos deixar de levar em consideração os fatôres topografia e natureza das
rochas. Nas regiões de topografia plana, cobertas de florestas, não é possível a formação
de enxurradas, e c trabalho do lençol de escoamento se faz com dificuldade. Já nas zonas
de campo, com ce-to declive, o trabalho de erosão em lençol é mais fácil.
ÁGUA ARTESIANA · - água surgente de aqüífero cativo, ou ainda a que atinge a super-
fície pela própria pressão do lençol aqüífero.
ÁGUA CONTINENTAL - Comumente considerada como água corrente (vide). No
entanto, os rios (vide) são na realidade, apenas uma parte das águas continentais em estado
líquido, pois além das águas dos rios devemos destacar as águas paradas e confinadas, isfu
é, os lagos. As fontes e as torrentes são também águas continentais. No estado sólido as
geleiras ou glaciares constituem outra parte das chamadas águas continentais. Na super-
fície do globo, ocupando grande extensão de sua área, têm-se as águas ocednicas (vide) .
ÁGUA CORRENTE - diz-se das águas que se movimentam na superfície dos continentes.
Em sentido restrito usa-se, algumas vêzes, apenas referindo-se aos rios (vide) e torrentes
(vide), em oposição às águas tranqüilas que se referem aos lagos (vide) .
As águas de escoamento superficial são indiscutivelmente as que realizam o trabalho
mais intenso de desgaste das formas de relêvo proeminente. Simultâneamente devemos
também considerar o trabalho de depositação feito pelas águas correntes que dão origem
a bancos, praias, deltas, planícies aluviais, etc.
No estudo das ·águas de escoamento superficial devemos considerar os seguintes itens:
. · 1 1 { I) formação de torrentes - des-
a) escoamento superf ICIa em enço1 barrancamentos erosão
ou difuso fluvial.
b) escoamento concentrado 2) formação de rios .
a) O escoamento superficial das águas em lençol se processa quando a água da
chuva escoa normalmente formando uma capa contínua. O trabalho feito pelo lençol d'água
é um fator muito importante da erosão dos solos. Geralmente é imperceptível e passa
despercebido mesmo aos que se ocupam com o cultivo do solo.
Após cada grande chuva uma delgada película do solo parte juntamente com o lençol
d'água. Daí a razão por que os lavradores sentem o empobrecimento do solo e não percebem
o estrago continuado das águas das chuvas.
b) No escoamento superficial verifica-se a concentração parcial do lençol d'água
dando origem a pequenos filêtes d'água. Conseqüentemente haverá a abertura de sulcos
ou regos, dando origem a um pequeno ravinamento na superfície do solo e das rochas
decompostas .
A ação do lençol de escoamento superficial é semelhante, em parte, ao trabalho ,
feito pelos rios. E, em certos casos de ravinamento, é pràticamente idêntico o trabalho feito
pelas águas das chuvas com o realizado pelos rios e neste caso pode-se falar na exis-
tência de uma rêde hidrográfica em miniatura.

9
c) No escoamento concentrado o trabalho das águas concentradas deixa na superfície
do globo as suas marcas mesmo que êste seja periódico como é o caso das torrentes ou
rios temporários.
As águas ·de enxurrada podem dar aparecimento a pedras movediças ou blocos osci-
lantes às pirâmides de erosão ou pirâmides de terra.
Quanto à formação das torrentes, devemos acentuar que foi o engenheiro Surell quem
primeiro estudou de modo científico as suas origens e evolução examinando as torrentes
alpinas, no ano de 1840.
ÁGUA DE ADESÃO - retenção de água e iônios na superfície de partículas dotadas
de atividade coloidal (solo e rocha decomposta) .
ÁGUA DE CRISTALIZA ÇÃO - Denominação usada para a quantidade variável de água
que as diversas substâncias necessitam para a sua cristalização, CuSO, 5H,O é sulfato de
cobre cristalizado (contém água de cristalização) (vide hidratação) . Deve-se ainda salientar
que há sais hidratados de constituição estável, enquanto, outros, ao contrário, perdem fàcil-
mente a água de cristalização. (Vide eflorescência) .
ÁGUA DE EMBEBIÇÃO - diz-se da água que, infiltrando-se entre os poros das rochas
é capaz de elevar a superfície freática. No caso das areias por exemplo, quando não existe
água enchendo os poros, não há coesão entre os grãos de quartzo.
No estudo da infiltração das águas deve-se considerar:
a - absorção feita pelo solo
b _ infiltração { 1 ) permeabilidad e de origem { a) diácla:ses
2) permeabilidad e adquirida b) juntas de estratificação
c ·- dissolução
d - eluviação e iluviação 1) superficiais - fontes superficiais
e - formação de lençóis aqüíferos { 2) profundos - fontes profundas

De modo geral, os geógrafos se preocupam mais com as águas correntes e seus efeitos,
do que com as águas de infiltração . Todavia a parte do ciclo hidrológico que constitui as
águas de infiltração tem grande importância não só para a geografia física e pedologia,
como também para a geografia humana, lato sensu .
As águas de infiltração vão dar origem a fenômenos importantes de lavagem ( lixiviação)
e dissolução de certos minerais, bem como constituir lençóis d'água superficiais ou profundos
cujas águas poderão servir para dar aparecimento a fontes naturais ou mesmo a poços ar-
tificiais.
A captação das águas subterrâneas constitui, em certas áreas, condição indispensável
para a sobrevivência da espécie humana. No Nordeste do Brasil, sabemos perfeitamente o
quanto é difícil a captação de tais lençóis devido à exigüidade do manto de decomposição,
permitindo dêsse modo que grande parte da água das chuvas se escoe pela superfície do
solo, enquanto uma parcela mínima se infiltra . Também na região semi-árida do Senegal,
o problema de captação de lençóis d'água subterrâneos é grave . Os antigos colonizadores
franceses escavaram poços profundos, às vêzes da ordem dos 200 metros e mais, para ene-
contrar a água. Na perfuração de tais poços e na subida da água para a superfície des-
pendem soma considerável com a instalação de bombas.
O trabalho das águas subterrâneas embora imperceptível, na maioria dos casos, é exer-
cido pelo movimento das águas. E no momento em que a superfície topográfica intercepta
a superfície freática surge então uma fonte. O efeito das águas subterrâneas é mais senslVel
nas regiões calcárias, permitindo o aparecimento de rios subterrâneos, de cavernas ou
grutas, e abismos.
A água é o agente mais necessário na transformação dos sedimentos pois, penetrando
no solo e nas rochas, tem um papel eficaz . na evolução das rochas em tôda a zona su-
perficial.
As rochas mais porosas absorvem naturalmente maior quantidade de água das chuvas.
O armazenament o e a retenção do maior volume do líquido em circulação dependem natu-
ralmente do arranjo e da natureza das diferentes camadas. Nas formações onde predominam
as rochas ígneas e metamórficas a circulação das águas do subsolo se faz por meio de
fendas ou diáclases existentes .
A propósito da circulação interna das águas devemos ainda salientar a dissolução que
elas provocam nas diversas substâncias dos terrenos atravessados, precipitando outras, já

10
dissolvidas. Estas ações de dissolução e precipitação dão origem a águas de composições
diversas, e às vêzes a depósitos minerais de valor econômico .
Qua~to a~ limite de penetração das ág1,1as de infiltra5ão não ·Se deve deixar de 'levar
em constderaçao que as aguas encontradas no subsolo nao podem se infiltrar indefinida-
mente. Naturalmente a capacidade de penetração vai depender da natureza das rochas,
mas também de outro fator, qual seja o grau geotérmico . A êste propósito devemos consi-
derar que o limite é muito variado; segundo certos autores varia entre 3 e 100 km . Todavia
o limite médio, mais aceito pela maioria dos autores, é de 10 a 12 km .
No que diz respeito à passagem da água de infiltração do estado líquido para o
de vapor, no solo, esta só se verifica quando a temperatura é superior a 365°, que é cha-
mada temperatura crítica da água .
Além das águas resultantes da infiltração, podemos também encontrar no subsolo
águas que ainda não integraram o ciclo hidrológico, isto é, águas de origem magmática,
também chamadas águas iuvenis (vide) .
Para as águas encontradas no subsolo, podemos usar de modo geral, a denominação
de águas subterrdneas (vide), porém, se desejarmos maior precisão então teremos que con-
siderar as chamadas: águas edáficas, águas capilares, águas termais, águas vadosas, etc.
Resumindo podemos dizer que as águas subterrâneas são muito importantes para os
grupos humanos e também para explicar o regime hidrográfico dos rios. Assim, nas regiões
onde afloram rochas permeáveis, os cursos d'água tem geralmente águas límpidas carreganrlo
pouco material em suspensão, e cheias lentas. A circulação das águas se faz sobretudo
subterrâneamente. Já nas regiões de rochas impermeáveis onde predominam os efeitos
do lençol de escoamento superficial, as cheias são mais violentas, e no período .sêco, os
rios baixam sensivelmente de nível, podendo mesmo passar à categoria de rios temporários.
(vide).
ÁGUA DE GRAVIDADE - não retida pelo solo e por isso descert_9ente até a superfície
fr&tica. Os iônios nela dissolvidos são extraídos do solo, o qual por isso empobrece e se
acidifica ( descalcificação) .
ÁGUA DE ROLAMENTO - denominação adotada por alguns estudiosos para o lençol de
escoamento superficial ( run-off, dos inglêses; ou ruissellement, dos franceses) (vide).
ÁGUA DORMENTE OU PARADA - denominação imprópria que se dá às águas dos
lagos. Embora, nas grandes bacias lacustres estas possam produzir pequenas ondas e mesmo
marés ( seisches, nos lagos da Suíça) a movimentação das águas não é comparável à dos
rios, daí a denominação de águas paradas.
ÁGUA DURA - denominação dada à água que tem na sua composição grande quantidade
de cálcio e mesmo magnésio em forma de carbonatos, e também de gêsso (sulfato de
cálcio) . Naturalmente as águas duras existem nas áreas onde há rochas calcárias (vide) .
ÁGUA EMENDADA - fenômeno que ocorre quando o divisor de águas de duas bacias
hidrográficas é indeciso, permitindo a livre passagem das águas de uma bacia para outra.
Como exemplo clássico de águas emendadas, podemos citar a ligação que existe entre a
bacia do rio Branco e a do Orinoco, através do canal de Cassiquiare. Também podemos
citar as ligações existentes entre os rios Tocantins e São Francisço, através de seus afluentes
- rio do Sono e rio Sapão (afluente do rio Prêto) . Vários outros exemplos podem ser
citados como as ligações entre o rio Guaporé e rio Paraguai, etc. Sintetizando, podemos
dizer que o fenômeno das águas emendadas ocorre em trechos onde o divisor de águas
(vide) se torna pouco preciso ou indefinido .
ÁGUA INATIVA ou pelicular - retida pelo solo com fôrça superior à desenvolvida pelas
raízes dos vegetais para sua absorção.
ÁGUA JUVENIL - proveniente de fonte~ de origem magmática, por conseguinte águas
que ainda não integraram o ciclo hidrológico (vide) . Para Suess as águas juvenis são devidas
ao lento e contínuo processo de desprendimento de gases do interior do planêta .
ÁGUA-MARINHA - pedra preciosa, constituindo uma variedade azulada do berilo (vide)
muito usada em joalheria .
Nos pegmatitos encontra-se a água-marinha como mineral acessório, acompanhando as
chamadas pedras-coradas, tais como as turmalinas, g~anadas, esmeraldas, etc.

11
Fig. SA - A cidade de Caxambu no Sul de Minas é muito procurada como cidade de veraneio
e de saúde. A hidroterapia é uma prática muito comum para certas moléstias de fundo hepático e
também das vias urinárias, além de várias outras. As cidades·estl\ncias são ainda muito procuradas
pelas pessoas desejosas de férias nas áreas montanhosas. Com isto desenvolve·se o turismo. Na foto
acima vê-se um aspecto do balneário do parque das águas de Cuambu.

ÁGUA METEóRICA - denominação dada de modo genérico às águas das chuvas.


ÁGUA MINERAL - diz-se das águas que emanam de fontes, trazendo em solução muitas
substâncias minerais (vide fonte mineral) ( Fig. n. 0 5A) . Segundo a predominância do
sal contido em dissolução as águas minerais podem ser:
1 - Acídulo-gasosas (com gás carbônico
dissolvido) . Em Caxambu, Lambari, São Lourenço,
2 Alcalinas (contendo bicarbonatos alca- Cambuquira, etc.
linos). Nas mesmas cidades e em Águas do Prata.
3 Magnesianas (com elevada proporção
de sais magnesianos) . - Principalmente em São Lourenço.
4 Sulfídricas (contendo sulfetos alcalinos
em pequena proporção) . Em Araxá e Poços de Caldas .
5 Ferruginosas (contendo bicarbonato
ferroso) . Caxambu, Cambuquira, etc·
6 Radiativas (quase tôdas têm certo grau
de radioatividade) . Lindóia, Araxá e quase tôdas as águas das
7 Termais (que têm temperatura mais estâncias minerais.
elevada que a normal).

12
ÁGUA OCEÂNICA - diz-se da grande extensão de águas salgadas que ocupam 371 mi-
lhões de quilômetros quadrados, ou seja 71% da área do globo, enquanto as terras emersas
cobrem apenas 29% (vide continente) .
ÁGUA PARADA - o mesmo que água dormente (vide), isto é, águas acumuladas dentro
de uma depressão (vide lago ) .
ÁGUA PELICULAR - o mesmo que água de adesão (vide).
ÁGUA SELVAGEM- constitui o lençol d'água que escoa em tôdas as direções (enxurrada),
por conseguinte sem rumo certo, mas procurando naturalmente as linhas de maior declive.
ÁGUA SUBTERRÂNEA - é aquela que se infiltra nas rochas e solos, caminhando até
o nível hidrostático. Na prática se verifica certa confusão entre água vaCÚJsa (vide) e
água subterrtlnea, pois a primeira é a que se encontra acima da superfície freática, isto é,
na zona de aeração. ( Fig. 6A)

ímpermeovet
(a)
Fig. 6A

ÁGUA TELúRICA - o mesmo que água fuvenil (vide) .


ÁGUA TERMAL - é aquel!l cuja temperatura na fonte é superior à temperatura ambiente.
No Brasil as fontes termais mais importantes estão localizadas no estado de Minas Gerais,
ex.: Poços de Caldas. (Fig. n. 0 7A). Os geisers são fontes termais intermitentes, aparecendo
freqüentemente ao seu redor a geiserita (vide) .
ÁGUÀ VADOSA - constituída pela água meteórica que se infiltra nos horizontes do solo
e nas rochas, ficando acima do nível hidrostático .
AGULHA - pico ou elevação de forma cônica terminando em ponta. Tênuo descritivo
usado freqüentemente pelos geógrafos ao caracterizarem a forma dos picos que aparecem
nas regiões por êles descritas. As agulhas são mais freqüentes nas áreas de relêvo jovem.
AGULHAS - têrmo regional brasileiro usado pelos garimpeiros para denominar os fragmen-
tos de rutilo de forma acicular que aparecem nas farmações, isto é, satélites do diamante .
Costumam também os garimpeiros denominar de ruivas a tais satélites.
ALABASTRO - variedade de gêsso e de calcário, de coloração clara, geralmente translúcida
e de textura granular fina. Depois de aparelhado e polido é usado para a fabricação de
objetos de ornamentação, isto é, estatuetas, pedestais, etc.
ALAGADIÇO - terreno sujeito a inundações por parte dos rios ou das marés, conforme a
sua posição em relação ao mar ou aos rios. Os terrenos alagadiços são encharcados apenas
periOdicamente e assim durante certo período podem-se transformar em uma área sêca.
ALBARDÃO - têrmo regional usado no Rio Garande do Sul para designar uma cadeia de
cerras (vide) alternados com lombadas (vide) . Significa também coxilhas pequenas.

13
ALBITA - feldspato plagioclásio calcossódico cuja fórmula é a seguinte: Na.O, AbO,,
2Si0,. Apresenta-se gerahnente como cristais brancos e cristalizados no sistema triclínico.
Encontra-se por vêzes nas macias de Carlsbad, Baveno e Manebach. Aparece com freqüên-
cia nas rochas eruptivas e quando se torna dominante serve para designá-las ex.: granito
albítico, etc.
ALBITIZAÇÃO - transformação que sofre o ortósio ao passar a albita. Na albitização as
moléculas de potássio do feldspato são substituídas uma a uma pelas de sódio,
ALBUFEIRA - têrmo regional de Portugal usado para as depressões na zona costeira
cheias de água salgada. Acham-se separadas do mar, por uma língua de terra mais ou menos
larga, embora estejam em comunicação com o mesmo, através de estreito canal. Costuma-se
no Brasil usar a denominação de laguna (vide ) ou mesmo de lagoa ( vide ) para tais acidentes
da zona costeira .
ALÇA DA FALHA - é o desnível apresentado pelas camadas no espelho de falha (vide) .
Alguns autores preferem, no entanto, utilizar o têrmo rf:ieito (vide) - tradução do têrmo
francês reiet - o qual em português designa também a ganga (vide) de um minério .
ALCALINA (rocha) - diz-se das rochas magmáticas que apresentam um coeficiente mole-
cular de alumina inferior à soma dos coeficientes moleculares constituídos pela potassa
( K,O) e soda ( Na.O) . Buckman, em suas leis de resistência das rochas à meteorização teve
oportunidade de dizer que: um aumento do teor em soda e potassa acelera a decomposição,
mas, com o predomínio da primeira (soda), menor será, ainda a resistência relativa . Por
conseguinte as rochas ácidas nas mesmas condições de igualdade com as rochas alcalinas,
resistem muito mais aos efeitos de meteorização que estas últimas. As rochas alcalinas
são os sienitos, pobres ou ausentes de quartzo e predominantemente formados de feldspatos
alcalinos e feldspatóides .

Fig. n .o 7 A - Em Caldas do Cipó, no estado da Bahia, próximo ao rio ltapicuru existem fontes de
águas termais (370 C) que são radio-ativas e cloretadas mistas, isto é, cálcicas, ntagnesianas e s6dicas.
Vide Agua mi':leral .

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Fig. n. 0 8A - Afloramento de xistos metamórficos - ardóseas, da série São Roque (série Minas), no
estado de São Paulo.
(Foto Tibor Jablo"nsky do IBG)

ALCANTILADO - aspecto do relêvo onde se observa o aparecimento de grandes desnivela-


mentos relativos. T~rmo usado pelos geomorfólogos nas descrições das p aisagens rudes, sem
nenhum valor genérico. D escrevendo-se um litoral onde existem falésias abruptas é comum
dizer-se - costa alcantilada (vide) . Também nos trechos onde o relêvo apresenta ressaltas
topográficos escarpados, usa-se a expressão escarpas alcantiladas (vide) .
ALGARE - denominação usada em Portugal, para certas cavidades naturais, mais ou
menos verticais, que conduzem a cavernas ou rêde de cavernas. O mesmo que aven ou
abime (vide) . Trata-se de fom1as hipogeias, isto é, subterrâneas.
ALGOMANIANO ( revolução diastrófica) - fase caracterizada pelo orogenismo no fim da
era Arqueozóica e início da Proterozóica, que deformou o Sistema Temiskaming da América
do Norte.
ALGONQUIANO ou PRÉ-CAMBRIANO SUPERIOR - compreende os terrenos que estão
logo acima do Arqueano. É também chamado era Proterozóica. A vida nesse período é
insignificante e mal conhecida, havendo referências da possível existência de algas e bacté~
rias. E: provàvelmente ao metamorfismo sofrido pelas rochas dêsse período, que cabe à
responsabilidade da destruição dos fós seis.
Do ponto de vista paleogeográfico é difícil estabelecer exatamente os contornos dos
antigos terrenos algonquianos. E:stes foram arrasados restando somente as camadas mais resis-
tentes ou as que estavam encaixadas em rochas arq ueanas. No continente americano do
norte, registrou-se a revolução orogênica huroniana, no fim do período .
No Brasil os terrenos dêste p eríodo foram divididos nas seguintes séries:
Série de Itacolomi ( Alconquiano superior) .
Série de Minas ( Algonquiano inferior) ( Fig. n. 0 8A) .

15
Fig. n.o 9A - No estado de ~1inas Gerais a scne !tlinas, aflora em vários trechos de sua área. Na
foto acima vê-se uma frente de extração de minério Úe ferro no município de ltabira, pertencente à
Companhia Vale do Rio Doce - Do ponto de vista geomorfológico devemos acentuar o problema da
alteração dos perfis das encostas, em função dos trabalhos realizadlos. Como exemplo mais ncativo
podemos invocar a extração de todo o pico ferrífero de Itabira. A geomorfologia antropogenética (vicie);
ainda não foi devidamente considerada pelos &eólogos e geomorfólogos.
(Foto Tibor JabiO"nSky do IBG)

Alguns autores incluem neste período a sene de Lavras, e outros colocam-na no Cam-
briano (Paleozóico inferior); todavia ainda não se descobriram fósseis que permitissem a
sua colocação definitiva na coluna geológica. No Brasil, nos estados de Minas Gerais e
Bahia, o Algonquiano aflora em maior extensão.
O diastrofismo huroniano também produziu no Brasil dobramentos importantes, prin-
cipalmente a leste, dando origem a grandes elevações, como a Chapada Diamantina, a serra
do Espinhaço em Minas Gerais, serra de Paranapiacaba em São Paulo e Paraná e dos Pi-
reneus, em Goiás.
O Algonquiano tem grande importância econômica no Brasil, devido à riqueza mineral
que encerra nos seus terrenos, tais como, ferro, ouro, manganês, níquel, chumbo, prata,
diamante, etc. As nossas maiores jazidas de ferro, por exemplo, são as do estado de Minas
Gerais e datam dêsse período (Fig. n. 0 9A).
Quanto às jazidas de manganês devemos citar especialmente as da serra do Navio,.
no território do Amapá e as de Urucum, em Mato Grosso, além das que existem em
Minas Gerais .
ALióSIO (mais comumente alios) - arenito de coloração pardo-avermelhada que resulta
de cimentação dos grãos de areia feita pelo óxido de ferro. Os aliósios se formam geralmente
pelas migrações descendentes de sais podendo originar níveis iluviais de espessura variável.
Corresponde aos alias, dos franceses, aos hardpan dos inglêses e aos ortstein dos alemães.
ALITA - têrmo usado por Harrasowitz para os sedimentos residuais compostos por subs-
tâncias hidroaluminosas como a bauxita (vide) . Concentração de alumina e compostos fér-
ricos. Oposto ao grupo sialita (vide) . Não se deve con!undir com o mineral halita.
AL1TICO - diz-se do processo que acarreta a lixiviação de certos silicatos, bem como da
sílica, e a conseqüente formação de hidratos de alumina. A alitização é por conseguinte

16
um processo específico das regwes tropicais e subtropicais úmidas, que dá origem aos pro-
dutos lateríticos (vide alita) - laterito, bauxita, etc .
ALóCTONE - denominação muito usada em geomorfologia referindo-se a solos e rios.
:Este têrmo vem do grego e significa allos - outro, khth6n - terra, por conseguinte são os
depósitos constituídos de materiais transportados de outras áreas. O rio que percorre de-
terminadas regiões e não recebe no seu curso médio e inferior nenhum afluente, diz-se,
neste caso, que é alóctone. O antônimo de al6ctone é aut6ctone.
ALóCTONE (solo) - resulta do transporte do material de outras regiões, isto é, são solos
que receberam elementos de outros lugares; em contraposição são chamados autóctones os
solos formados in situ.
ALOTROMóRFI CO - minerais que se apresentam nas rochas sem suas formas próprias
devido ao fato de serem os últimos a se cristalizarem no conjunto da massa ao se resfriar.
ALPINA - revolução oro genética que ocorreu nos fins do Mesozóico (Cretáceo) e no
Terciário. :E também freqüente encontrar a expressão alpino-andino (Ciclo orogenético
moderno - vide diastrofismo) . Forma de relêvo alpino, isto é, relêvo jovem.
ALTA MONTANHA - denominação usada para as grandes elevações do relêvo com mais
de 1 000 metros .
ALTERAÇÃO DAS ROCHAS - o mesmo que intemperismo, meteorízação ou erosão ele-
mentar (vide) .
ALTERAÇÃO QUíMICA DAS ROCHAS - parte do processo de meteorização (vide).
ALTIPLANO - porções do solo emerso a grandes alturas, de superfície quase horizontal,
isto é, mais ou menos planas. No Chile e na Bolívia os altiplanos estão situados numa
altitude superior a 3 000 metros, acima do nível do mar. Trata-se de planaltos entre alinha-
mentos de cordilheiras .
ALTITUDE - distância vertical de um ponto da superfície da Terra em relação ao nível
zero (vide) ou nível dos oceanos. No estudo descritivo do relêvo de uma região, a altitude
dos diversos pontos tem que ser considerada. :E ela que, registrada nos mapas, fornece a
noção a respeito do tipo de topografia existente, isto é, montanhas, planaltos, planícies e
depressões .
:E preciso não confundir altitude, que corresponde à cota absoluta, com altura, que
corresponde à cota relativa.
A altitude de um ponto pode ser: 1) positiva ~ nos lugares situados acima do nível
zero, 2) negativa - nos pontos localizados abaixo do nível dos oceanos e 3) nula - corres-
pondente aos lugares situados no plano de referência. ( Fig. n. 0 lOA)

I· ALTITUDE- PICO
1· ALTURA E,. RELAÇÃO AOS POHTO!> I E 3
4· ALTITUDE: "UATIVA
O· ALnTU DE "Ul A
Fig. n.o lOA

Freqüentemente se classifi caro as terras do seguinte modo:


I) Terras planas {1) - Baixas - planícies
2) - Elevadas - planaltos
11) Terras acidentadas {
1) Pouco acidentadas (onduladas)
2) Muito acidentadas (montanhas)
Esta classificação tem apenas valor descritivo, pouco significando para a geomorfologia.
Todavia nas "Normas técnicas para as estradas de ferro brasileiras" que acompanham o
Relatório de 30-12-1947 da Comissão de Revisão do Plano Geral de Viação Nacional,
encontra-se a seguinte classificação dos terrenos:
1) Planos - quando a linha de maior declividade tiver inclinação transversal igual
ou inferior a 8%.
2) Ondulados - quando a inclinação transversal estiver compreendida entre 8% e 20% .
.3) Montanhosos - quando- a inclinação transversal fôr maior que 20%.
Embora tal classificação não satisfaça aos geomorfólogos, não se deve deixar de a ela
fazer referência, uma vez que representa algo mais do que qualificativos.
A classificação das terras em relação à altitude, segundo Passarge é a seguinte: 1 -
Depressões - abaixo do nível do mar, 2 - Terras baixas - altitude de O a 500 m, 3 -
Terras médias - altitude de 500 a 1 500 m, 4 - Terras altas ~ altitude de 1 500 a 3 000 m,
5 - Terras alpinas - altitude superior a 3 000 m.
O próprio Passarge em seu livro "Geomorfologia" tece críticas a esta classificação de
terras dizendo: "No tocante às formas de relêvo, nada significam êstes conceitos de altitude.
Uma montanha elevada pode ser formada em parte por amplas planuras; pelo contrário,
terras baixas podem ter as mesmas formas de uma montanha alpina, cortada por profundas
gargantas. Todavia, alturas, isto é, altitudes relativas podem servir para uma divi<'io dos
grandes tipos morfológicos. A altura de +
100 m como máximo determina o tipo de região
ae colinas; de 100 a 500 m região de montes; de 500 a 1 000 m, montanhas médias, e
mais de 1 000 m altas montanhas" .
Adotando-se o critério das altitudes as superfícies das massas continentais podem ser
grupadas em cinco zonas:
TERRAS EMERSAS (Fig. n. 0 llA)

ZONAS Área. em km• Área. em %


1.• 0/ 200 . . . ... . .. . ...... . ................... . 44 480 000 32
2. a 200/ 500 ........... · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 26 410 000 19
3.• 500/1 000 ........ ... ... .. . ... . .... .......... .. . 38 920 000 28
4.• 1 000/ 2 000 ....... . ... .. .. ... .. .. . . ... . . . . . .. . 22 240 000 16
5.• +
2000 ... ... ...... . ..... ... .. . ...... . . . .. . . 6 950 000 5
TOTAL ... ..... .. .. ...... . .... .. ...... . . . ... . . . 139 000 000 1ov

o - 200

200 -500

500 -1000

~ 1000-2000

+2000

Fig. n.o liA


ÁREAS SUBMERSAS (Fig. n. 0 12A)

1 Plataforma continental . ........... . 63 070 000 km2 17% ( O - 200 m)


2 Talude e plataforma abissal ....... . 296 800 000 km• 80% (200 - 5 000 m)
3 Grande fundo submarino ......... . . 11130 000 km• 3% (Além - 5 000)

371 000 000 km 2 - 100%

F:B Ploloformo conlinen!ot


Lill



.

Talude e ploloforma ob1s

Grande fundo slbrnorino


sat·

Fig. n. 0 12A

Áreas submersas 371 000 000 km 2 71%


Áreas emersas ................ ........ ... . 139 000 000 km2 29%

100%

.
Áreas submersos ou oceânicos
.

~ Áreas emer3os

Fig. n. 0 13A

19
A representação vertical das terras emersas, constitui a curva hipsográfica. Foi Ale-
xandre de Humboldt quem, .pela primeira vez, em 1842, tentou calcular a altitude média
dos continentes, reconhecendo a reduzida extensão das grandes altitudes. Em 1862, por
ocasião da grande viagem do Challenger, coube a J. Murray, demonstrar o mesmo, com
relação às grandes profundidades. A primeira curva hipsográfica foi feita por Penck que
representou as superfícies abarcadas pelas diferentes curvas hipsométricas, nos continentes
e pelas curvas batimétricas, nos oceanos.

FORMAÇÃO VERTICAL DAS PARTES DO MUNDO


Curva hipsobatimétrica (Fig. n. 0 14A)

Km . 8. 8<48 m.
8

400 <450 500

Fig. n.o 14A


PERCENTUAL ALTITUDE
PARTES
DO
MUNDO Até 200 500 1 000 Acima.
200m a a. a de Média. Máxima.
500 1 000 2 000 2 000
--- - ---
Europa .............. 57 27 10 5 1 300 4 807 - Monte Branco
Ásia ................. 2ô 18 22 20 14 940 8 840 - Pico Evereste
África ........ ..... .. 15 35 28 !:l J 670 6 010 - Quilimandjare
América. do Norte .... 33 28 15 18 6 730 6 040 - Mac-Kinley
América ào Sul. ...... 43 26 16 6 9 5XO 7 04:J - Acoacágua
Austrália .. ....... . . .. 36 55 6 2 1 360 2 211 - Towsend
Antártida. ... • • • o •••• 4 603 - Markham
- - - --- --- - - -
Total de terras
emersas ...... 29 27 19 17 8 71 8 840 - Evereste

Da observação dêste quadro podem ser tiradas as seguintes conclusões:


1 - Predomínio das terras situadas em altitudes inferi01·es a 500 metros (56%) .
2 - No continente europeu há o predomínio das áreas de planície (57% estão
abaixo de 200 metros ) .
3 - O continente europeu é o que tem a altitude média mais baixa - 300 metros.

20
4 - A Ásia é o continente que tem maior altitude média, 940 metros. ~ neste
continente que está localizado o pico mais alto do mundo.
5 - No exame do quadro percentual da altitude dos continentes, a Ásia apre-
senta na coluna das terras situadas acima de 2 000 metros a maior por-
centagem - 14%.
6 A África tem 35% de suas terras situadas entre 200 e 500 metros. Trata-se
de grandes planaltos .
7 A Austrália é um grande planalto, pois 55% de suas terras estão entre 200
e 500 metros. E 91% de sua área territorial ficam abaixo de 500 metros.
8 O continente australiano apresenta o seu pico mais alto situado a uma
altitude que não vai além dos 2 211 metros.
9 Nos continentes o fato essencial é o predomínio das altitudes inferiores a
1000 metros - 75% - altitude média aproximada - 710 metros.
10 Nos oceanos, as profundidades dominantes entre 3 000 e 6 000 metros cor-
respondem a 75% da área dos fundos oceânicos - a profundidade média
dos . oceanos é de 3 800 metros .
11 - Profundidade média dos oceanos:
a) Atlântico - 3 330 metros.
b ) Indico - 3 900 metros .
c) Pacífico - 4 030 metros .
12 - O relêvo das formas continentais é caracterizado por grandes desnivelament os.
a) 12 picos na cadeia do Himalaia têm altitude superior a 8 000 metros.
b) 70 picos na superfície do globo têm altitude superior a 7 300 metros.
13 - Se tôdas as rugosidades da Terra fôssem niveladas, ela seria coberta por
um oceano universal com a espessura de 2 400 metros aproximadame nte.
ALTITUDE NEGATIVA - ponto localizado abaixo do nível de referência. Trata-se de
um ponto situado em depressão absoluta. (Vide depressão).
ALTITUDE NULA - ponto localizado no nível de referência.
ALTITUDE POSITIVA - ponto localizado acima do nível de referência.
ALTO - denominação dada, no Nordeste do Brasil, a alguns topos de pegmatito, que apa-
recem na paisagem.
ALTO-FUNDO - denominação muito comum para os lugares próximos da costa onde
aparecem depósitos lamacentos que não constituem perigo para as embarcações que nave-
gam à superfície. Certos autores designam estas áreas da mesma maneira que outras onde
a topografia do fundo dificulta a navegação, isto é, banco ou mesmo baixio. A dificuldade
da escolha de apenas um dêsses têrmos advém do fato de não existir ainda certa dis-
ciplina no uso do vocabulário oceanográfico brasileiro. Aliás, os três têrmos: baixio, banco
e alto-fundo .iá constituíram motivo de alguns artigos por parte dos nossos oficiais de mari-
nha, desejosos de precisá-los corretamente.
Os alto-fundos podem ser definidos como elevações ~o fundo do mar constituídas de
qualquer material, porém, não oferecendo perigos à navegação de superfície. Isto pelo
fato da existência de água bastante sôbre si em qualquer maré, facultando a passagem de
um navio sem sofrer nenhum acidente, como definiu o capitão-tenent e A. P. F. Serpa
(vide guyot) .
ALTURA - distância vertical que pode ser dada em referência a qualquer outro lugar,
isto é, um outro ponto. O mesmo que cota relativa, isto é, a altitude dada em referência a
um outro plano que não é o nível dos oceanos. (Vide altitude) .
ALTURA PIEZOM~TRICA - é o gradiente entre a superfície piezométrica e a superfície
topográfica.
ALUDE - denominação pouco usada para o deslocamento rápido das geleiras, isto é, com
grande velocidade . O mesmo que avalancha (vide) .
ALUMINA - mineral abundante na superfície -da crosta terrestre e encontrado em estado
cristalino mais ou menos puro - coríndon, ou com outros óxidos como os rubis, safiras, etc.
O rubi e a safira, por exemplo, são óxidos de alumínio, cujas côres são devidas à
introdução em pequena porcentagem de óxido de cromo e óxido de titânio e ferro, respecti-

21
vamente para o rubi e para a safira. As argilas tanto caulínicas como lateríticas são consti-
tuídas por silicatos aluminosos hidratados. O minério alumínio é extraído principalmente da
bauxita - óxido hidratado de alumínio .
ALUMíNIO - metal leve cujo minério é a bauxita donde se extrai o alumínio. Parece
que ao químico dinamarquês Hans C. Oersted se deve a primeira notícia de haver isolado
o alumínio, em 1825. Todavia atribui-se a primazia da descoberta do processo de extração
a Friederich Wohler que obteve o metal puro em 1827.
A produção do alumínio requer trabalho penoso, sendo o mesmo obtido electro-
liticamente em possantes fomos, pela fusão do seu óxido "alumina'' de alto grau de pureza
com fundentes especiais, como fluo retos de cálcio e sódio (crio li ta) .
A importância econômica do alumínio na vida atual é muito grande, pois êle constitui
elemento ae prímeira ordem, sendo empregado desde a construção dos modestos utensílios
de cozinha até os possantes aviões, trens, automóveis, etc. É também empregado em grande
escala na indústria da eletricidade, indústria química, etc.
ALUNITA - sulfato hidratado de alumínio e de potássio, resultante da alteração de rochas
feldspáticas (mineral acessório das rochas eruptivas e metamórficas) sob a influência de
emanações sulfurosas em certas zonas vulcânicas. A alunita aparece formando concreções.
ALUVIÃO ou ALúVIO - detritos ou sedimentos elásticos de qualquer natureza carregados
e depositados pelos rios. :l!:sse material é arrancado das margens e das vertentes, sendo
levado em suspensão pelas águas dos rios que o acumulam em bancos, constituindo os
depósitos aluvionares. :l!:sses depósitos suspensos, que aparecem algumas vêzes na vertente
de um vale, constituem uma prova morfológica do afundamento do talvegue. Os antigos
perfis longitudinais do rio podem ser estabelecidos com aproximação, porém a altitude exata
aos velhos talvegues não pode ainda ser determinada com precisão. (Vide terraço) .
Os depósitos aluvionares são compostos de areias, seixos de tamanho' diversos e argilas.
Nas cartas geológicas êles podem ser classificados em: aluviões antigas e aluviões recentes.
Num vale, por exemplo, denominamos de aluviões recentes, as que aparecem no leito maior
do rio; e de aluviões antigas as dos terraços escalonados de um e de outro lado do rio.
ALUVIÃO AURíFERA - diz-se das aluviões onde se encontra ouro. O ciclo da mineração
no Brasil, no século XVIII, foi todo baseado na extração do ouro de aluvião. (Vide ouro de
aluvião).
ALUVIÃO METALtFERA - diz-se das aluviões que contêm minerais ou metais pre-
ciosos, como o ouro, o diamante e a platina. São oriundas da destruição das rochas erup-
tivas e metamórficas .
ALUVIONAMENTO - processo de depositação de aluviões (vide). Pode em certos casos
ser sinônímo de colmatagern (vide) .
ALUVIUM - vide Quaternária (era) e Holoceno.
ÁLVEO - rêgo ou sulco por onde correm as águas do rio durante todo o ano; corresponde
ao que denominamos em geomorfologia e em geologia de leito menor, em oposição ao leito
maior - banquetas laterais, que somente na época das cheias são atingidas. Não se deve
por conseguinte confundir a noção de leito menor ou álveo com a de talvegue, como fazem
alguns autores.
ALVÉOLO - vocábulo usado em geomorfologia com duplo sentido: quando tratamos de
erosão fluvial compreende-se o alvéolo como secções alargadas de um vale, geralmente
entulhadas de sedimentos. :l!:ste compartimento maior é produzido pela existência de barras
resistentes, ocasionando estrangulamentos. Como exemplo podemos citar o alvéolo onde se
acha a cidade de Nova Friburgo. O sítio da cidade aproveitou o grande alvéolo produzido
pela barra de rocha dura que o rio Bengala atravessa alguns quilômetros a jusante da
cidade. Juiz de Fora é outro exemplo de sítio urbano aproveitando uma secção alargada
do vale. :l!:sses alvéolos ou ombilics dos franceses são comuns no relêvo do tipo de cristas
apalachianas. Estas formas de rclêvo são, na verdade, planícies intermontanas. Usa-se
também o têrmo alvéolo quando se trata de uma superfície de paredes verticais ou in-
clinadas cheias de buracos ou cavidades (Fig. n. 15A). Branner denominou talvez com
0

mais propriedade de superfície cavernosa ao invés de alvéolo ou mesmo taffone, a

22
êste tipo de buraco em superfícies não horizontais. Estas superfícies cavernosas que foram
observadas pelo grande geólogo norte-americano, no estado da Bahia, são produzidas por
eflorescência salina, em morros de granitos, por causa do clima semi-árido; porém os
alvéolos de dissolução por nós referidos podem aparecer em qualquer tipo de rocha, e mais
especialmente sob a influência de climas úmidos (tropicais) e marítimos. Lucien Cayeux
estudou os alvéolos
dos gnaisses e grani-
tos da ilha de Delos
e os distinguiu dos
taffone. A erosão
alveolar nos gnaisses
estudados por êle,
seguia uma estrutu-
ra definida, ou seja
a estrutura das ca-
madas e, algumas
vêzes, das próprias
diáclases. As perfu-
rações dessas cavi-
dades alcançavam,
algumas vêzes, mais
de 0,50 m de pro-
fundidade, d a n d o
origem a uma ver-
dadeira superfície
esponjosa ou caver-
nosa.
Fig. n.o lSA - Alvéolos produzidos pelo efeito da dissolução num aflo-
Na terminologia
ramento de quartzito na cidade de Gouveia em Minas Gerais A forma cárstica existe um
dessas cavidades é muito variada e a profundidade de penetraÇão no in- tipo de lapiás alveo-
terior da rocha depende do poder de dissolução da decomposição química lar, constituído pela
e d•a natureza do cimento.
justaposição linear
(Foto E. Geisel Sobrinho) de alvéolos ao lon-
go de uma canaleta.
AMARROTADA (rocha) - o mesmo que camadas deformadas por fôrças tectônicas (vide)
ou atectônicas (vide) .
AMAZONIT A - variedade de feldspato potássico ( microclina), cristalizado no sistema tri-
clínico, de coloração esverdeada, muito usada nas joalherias. Esta coloração desaparece
quando o mineral é submetido a aquecimento (vide microclina) . Sua ocorrência é verifi-
cada em pegmatitos .
AMETISTA - mineral de côr roxa, constituindo uma variedade de quartzo hialino, cuja
coloração foi durante muito tempo atribuída ao Óxido de manganês.
AMIANTO ou ASBESTO ANFIBóLICO - quimicamente é um silicato de magnes10
hidratado. Pode também ser um silicato de cálcio ou de ferro. Do ponto de vista econô-
mico o amianto é um mineral incombustível, sendo utilizado na fabricação de roupas
de proteção contra o fogo, para filtrar ácidos, misturado com cimento emprega-se na
fabricação de chapas onduladas e telhas.
AMONTOAD O CAóTICO - o mesmo que caos de blocos (vide) ou compayret dos
franceses.
AMORFO (mineral) - diz-se quando o agrupamento molecular se faz de maneira desorde-
nada, estando a matéria disposta irregularmente e sem ordem, ex. : opala, calcedônia, ágata,
etc. Os minerais amorfos são em regra geral fom1ados pelo endurecimento de colóides, que
podem provir em emulsão ou em suspensão, isto é, de material não cristalino.
AMPELITO - variedade de ardósia, fàcilmente desagregada com a mão, e carregada de
substância carbonosa ou grafitosa, sendo usada pelos carpinteiros para riscar as tábuas.

23
AMPLITUDE RELATIVA DO REL~VO -- diferença entre os pontos mais altos e os mais
baixos, considerada em função de um nível relativo e não do nível do mar. A amplitude
relativa de um relêvo é dada pelas alturas ou cotas relativas que não devem ser confundidas
com a altitude absoluta que é tomada em relação ao nível do mar ou plano de refer~ncia
(nível zero) .
ANAG~NICO - depósito de rochas detríticas ou elásticas constituído de pedaços muito
heterogêneos de rochas diversas, como ocorre em certos conglomerados.
ANALISE GRANULO MÉTRICA - o mesmo que análise mecânica (vide) .
ANALISE MECÂNICA - consiste na medida das dimensões dos componentes elásticos de
um depósito ou de um solo. O mesmo que análise granulométrica. (Vide granulometria).
ANATEXE - denominação usada para as rochas que sofreram verdadeira refusão. O
mesmo que paling~nese ou ultrametamorfismo.
ANDES INA - o mesmo que andesita (vide).
ANDESITA ou ANDESINA - feldspato do tipo plagioclásio, intermediário na série de
Tschermak entre a oligoclasita e a labradorita. Em algumas de suas variedades pode ser
confundido com o ortósio, porém o pêso específico servirá de base para diferençá-los, bem
como o próprio sistema de cristalização.
ANDESITO - rocha vítrea ou finamente cristalizada, de textura porfirítica na qual dominam
os feldspato do tipo plagioclásio, como a andesita ou o oligoclásio. Os andesitos da era
Paleozói~a são comumente de côr avermelhada e recebem o nome de p6rfiro vermelho
antigo. Os andesitos são geralmente de idade terciária e efusivos, enquanto os pórfiros
são pré-terciários (vide profirito ) .
ANEMOCLASTICA - denominação dada por Grabau ao grupo de rochas de origem exó-
gena, formadas pelo acúmulo de material de origem eólia, isto é, transportado pelo vento.
ANFIBóLIO - silicato anidro no qual a alumina pode não aparecer, mas onde existe sem-
pre o óxido de ferro ( FeO), de cálcio ( CaO) e de magnésio ( MgO). Família de mi-
nerais que se aproxima do piroxênio, cujo traço mais notório é a porcentagem maior da
cala, em relação ao magnésio. Na família dos anfibólios dá-se o inverso, isto é, maior por-
centagem de magnésio, em relação à cal.
ANFIBOLITO - rocha metamórfica na qual domina o anfibólio ( hornblenda) associado
a um feldspato básico e a micas, podendo ainda possuir quartzo. É uma rocha pesada
e de coloração muito escura.
ANFITEATRO DE EROSAO - denominação utilizada por certos autores para os circos
de erotão (não confundir com circos de erosão glaciária), muito freqüentes nas bordas
dos chapadões. Nas altas montanhas o anfiteatro é um pequeno vale cuja bacia de re-
cepção é sensivelmente alargada na encosta da montanha. O anfiteatro tem por conseguinte
uma forma semicircular ou oval.
ANFRACTUOSIDADE - grêtas, fendas, ou cavidades de tamanhos variados e profundos
que se encontram numa rocha.
ANCARA (continente) - massa de terras emersas à semelhança de uma grande ilha, ao
norte do mar de Tt:this e que constitui atualmente o núcleo do escudo siberiano. Pelo
desapareciment? do mar de Tethis que se estendia desde a parte que é hc;~ a América
Central até a Asia, deu-se a ligação do continente de Angara com um fragmento do conti-
nente de Gondwana, formando-se assim o continente asiático.
ANGRA - é uma enseada ou baía formando uma reentrância com ampla entrada na costa,
cuja tendência natural é para a retificação, isto é, enchimento ou colmatagem. Acontece, no
entanto, por vêzcs, que o jôgo da erosão diferencial pode facilitar um aprofundamento da
enseada, se a rocha que constitui o fundo da baía fôr menos resistente que as rochas que
lhe estão próximas. A angra, por conseguinte, é uma abertura que aparece num litoral geral-
mente alto e com pequenas colinas. No litoral do Brasil um bom exemplo aparece na costa
do estado do Rio de Janeiro, ex.: Angra dos Reis. ( Fig. n. 0 16A). Assim a angra é menor
que um gôlfo e maior que a abra.

24
Fig. n.o 16A - Aspecto típico de um litoral de ria, vendo-se a invasão marinha em Angra dos Reis,
no estado do Rio de Janeiro. - Grande reentrância na linha de costa e uma série de pequenas iJhas,
constituídas de rochas do Pré-Cambriano, em diferentes níveis altimétricos.
(Foto Tibor JablO'llsky do IBG)

ÂNGULO DE REPOUSO - compreende-se em geologia como o ângulo de máximo declive


em que um material inconsolidado pode manter-se em equilíbrio.
ANIDRITA - sulfato de cálcio anidro.
ANóGENA (rocha) - o mesmo que rocha eruptiva (vide).
ANOROGENÉTICO - período de calma dentro do ciclo orogenético (vide).
ANORTITA - feldspato plagioclásio calcossódico cuja fórmu!à é a seguinte: .......... .
ZS, Q•. AI. Oa CaO. Cristaliza-se no sistema triclínico, porém não é comum aparecer
completamente cristalizado. Tem uma densidade de 2,75, e uma dureza de 6,5. ~ste
mineral aparece freqüentemente nas rochas básicas e é atacável pelo ácido clorídrico.
ANORTOCLASIO - feldspato potássio-sódico, em cuja composição química domina até
certo oonto o sódio, sendo muito semelhante ao ortósio. Cristaliza-se, porém, no sistema
triclínfco e contém um pouco de cálcio.
ANORTóSIO - o mesmo que anortoclá.sio (vide) .
ANTECAMBRIANO - o mesmo que Pré-Cambriano, ou Criptozóico, ou seja, os tempos
geológicos do Arqueano e do Algonquiano.

ANTECEDENTE (rio) - aquêle cujo aparecimento se deu antes do estabelecimento da


estrutura atual, persistindo o ·rio no seu antigo curso previamente traçado. A drenagem
antecedente quando instalada sôbre uma cobertura sedimentar forma por vêzes cortes ou
gargantas superimpostas em rochas do embasamento..._ chegando mesmo a cortar eixos de
anticlinais. Onde as rochas são maciças e pouco plásticas pode-se ver, por vêzes, o rio
cortar um escarpamento de falha, aproveitando-se das fraturas, ou mesmo cortar um batólito
que esteja coberto de sedimentos, ao invés de contornar êste acidente formado de rochas

25
ANTICLI NóRIO - agrupame nto de dobras que no conjunto formam um bombeame
semelhanç a de um vasto anticlinal ( Fig. n. 0 20A), resultante da ligação dos eixos nto à
individuai s
de anticlíneos entre si, formando um grande curvamen to de forma convexa. O
sinclín6rio (vide) . oposto é o

--

Anti. cl i no ri. um
Fig. n. • 20A - Anticlin6rio constitui um abaulament o da superfície do relêvo,
revela tratar-se de um agrupament o de dobras à semelhança de um grande cuja arquitetura estrutural
anticlinal. Os anticliu6rios são
prodUzidos por udobras de fundo".

ANTIEPI CENTRO - ponto situado a 180° do epicentro, e por conseguin te


antípoda do epicentro (vide) de um moviment o sísmico. num ponto

ANTRAC ITO - carvão fóssil sendo o mais duro e o mais denso dos carvões
Esta rocha ainda não foi encontrad a no Brasil. O antracito é compacto, de brilho de pedra.
e contém, algumas vêzes, cêrca de 90% de carbono, o que o torna um dos mais vitroso
important es
combustíveis minerais. ~ste carvão queima sem desprende r grande quantidad e
de fumaça
e cinza. Queima lentament e (vide carvão mineral) .
ANTRAC OL1TICO - denominaç ão usada por alguns geólogos ao gruparem os
terrenos dos
dois últimos períodos da era Primária - Carbonife ro e Permiano . Esta designação
foi dada
por VVaagen em 1891.
ANTRO - denominação pouco comum, usada por alguns autores para as grutas ou
cavernas·
No estado de Mato Grosso costuma-se denomina r também genericam ente a estas
cavidades
subterrâne as de buracos soturnos.
ANTROP OZóiCA - era geológica também chamada de Psicoz6ica ou Quaternár
ia, com-
preende o período da história da Terra decorrido desde os fins do Terciário até
os nossos
dias. O têrmo quaternário é o mais comu~ entre os que consideram os dois
períodos -
Pleistoceno e Holoceno - como formadores de uma era, ou então a denominação
genérica
de Cenozóico, engloband o o .Terciário e o Quaternár io como períodos, e as suas
subdivisões
como épocas .
No século XIX foi aplicado o têrmo quaternário para os detritos inconsolid
geleiras ( drift) e também para. os depósitos terrestres que, à semelhanç a de um ados das
manto de
detritos de pequena espessura, apareciam em grandes partes da Europa.
O Quaternár io parece um dos períodos mais conhecidos por causa da atenção dedicada
pelos geólogos. Porém, longe do que era de se esperar, à medida que surgem
novos resul-
tados fornecidos pela glaciologia, estratigrafia, paleontologia e pré-história, as
divergências
se tornam maiores por causa da não compreensão do método analítico usado.
A. era Quaternár ia é marcada pelo comêço das glaciações, porém, segundo vários
autores
a invasão gfacial começou antes mesmo do Quaternár io, isto é, no fim do Terciário
- gla-

27
nto entre
ciações Gunziana e Mindeliana. Uma grande característica todavia é o aparecimecomo um
os mamüeros, dos primeiros Hominianos cuja importância não pode ser deixada
fa~o de pequena ~onta. l!:le marca verdadei~amente o início da era 0
Antropozóica ou Psico-
ZÓlca. O aparec1mento do homem nessa epoca está provado: 1. - pela conservação
de produtos de seu trabalho, 2.
0
pela descoberta de numerosas ossadas humanas, sobre-
tudo nas cavernas.
Entre os animais dessa era, destacam-se os mastodontes, mamutes ( Elephas primige-
bois al-
nius), ursos das cavernas, veados das turfeiras, leões das cavernas, cavalos, renas,
miscarado s, bisontes, lôbos, panteras, preguiças gigantes, etc.
A mudança momentânea e súbita do clima na zona temperada, embora tenha começado que se
no fim do Terciário, foi mais característica no Quaternário. O clima frio e úmido, por
estabelece u durante uma parte do Quaternár io, produziu nos vales grandes escavações
is, bem como a vinda de materiais de origem glacial e a sua marca
ocasião dos interglacia
nas formas de relêvo resultantes da erosão glaciária .
r A explicação das causas dessas glaciações no Quaternário, isto é, doinvocam-s abaixamento da tem-
peratura, ainda não constitui um ponto pacífico em geologia, pois e fenômenos
astronômicos como: a inclinação do eixo terrestre, variação das manchas solares; fenómenos costa da
geológicos como: a elevação dos Alpes, afundame nto do continente norte sôbre a
Europa que neutralizaria ainda a influência da corrente do Gôlfo, etc.
A geologia dêsse período é apenas diferente da geografia atual, em certos detalhes. nte
A distribuição dos mares e das terras bem como a forma dos mesmos era sensivelme nte esta
semelhante à dos nossos dias. Certo número de fatos caracterizam sensivelme - for-
3
era: 1 - escavamento dos vales atuais, 2 - depósitos de material fino - limons, fluviais,
mação de terraços marinhos na borda dos continente s, 4 - formação de terraços
5 - boa conservação dos sedimentos, 6 - material das glaciações.
As divisões do Quaternário são arbitrárias, tendo sido feitas ora com base nos climas
(glaciações), ora na paleontologia, ora na evolução humana (arqueolog ia) etc.
Os terrenos quaternários no Brasil cobrem uma superfície avaliada em 803 590
km1 ,
as formações do Quaternár io antigo
ou seja 9,45% da superfície do País. As distinções entre
e as do Quaternário recente não são sempre fáceis de ser realizadas .
io
Não houve no Brasil os fenômenos de glaciação que marcaram o início do Quaternárde
na Europa, porém, os agentes exodinâmicos modelaram com forte intensidade as formas antigas.
relêvo primitivo ocasionando grande transporte de detritos arrancados das rochas mais
os terrenos quaternári os afloram ao longo dos ri'os e formam as
Na bacia Amazônica
zonas das várzeas e de alguns trechos da terra-firme.
As aluviões recentes - holocênicas - formam os terrenos mais baixos, permanentemente
te
inundados . Quanto às teJTaS firmes, já estão fora da ação das águas sendo dificilmen "pedra-
inundadas . As areias e as vasas e o arenito vermelho (formação Pará), chamado
vermelha,
-pará" constituem as rochas dos terrenos dessa idade. O arenito pará de coloração Amazô-
ferruginosos, é muito aproveitado em Belém, como pedra de construção. Na bacia
nica ainda há terras de diatomáceas e espongilitos.
As planícies costeiras, constituídas por areias e argilas pouco consolidadas, aparecem
formações
desde o Amapá até o Rio Grande do Sul. Nessas áreas há o aparecimento das
de dunas, de recifes, de restingas e terraços ou concheiros .
A formação do Pantanal em Mato Grosso é constituída por areias, argilas, calcários
e humo que cobrem a depressão paleozóica do alto Paraguai.
im-
Do ponto de vista geral há ainda a. mencionar: as formações de vazantes, muito vale do
portantes no vale do São Francisco; dunas continentais que aparecem também onodiatomito.
São Francisco; formação de cacimba, mais freqüentes na zona do Nordeste;
que além de aparecer no alto Juruá (bacia do Amazonas) e alto Rio Branco, sapropel ocorre ainda
que
nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco; os depósitos de grutas, na
aparecem em Maraú (Bahia), em Jucu (Espírito Santo) etc., os depósitos de
Bahia, em Minas Gerais, e em São Paulo.
os
Alguns depósitos do Quaternário no Brasil têm importância econômica, tais como
de diatomito e turfa, as aluviões auríferas e diamantíferas, e de pedras coradas, etc.
Norte,
APALACHIANA (orogênese) - revolução orogenética que ocorreu na América do
no fim do Paleozóico e no início do Mesozóico.
AP ALACHIANO ( relêvo) - vide estrutura apalachiana.

28
APARADOS - denominação regional do sul do Brasil para os abruptos, que por vêzes
são quase verticais, da serra Geral. No trecho em que esta serra se aproxima do litoral,
como é o caso de Tôrres, os "aparados", isto é, os cortes a pique no trapp, se observam com
maior destaque.
APATITA - fosfato tricálcio fluorífero ou clorífero - Ca.(PO,)a( F,Cl); solúvel no ácido
clorídrico ( HCI) . Aparece nas rochas eruptivas, metamórficas e nos pegmatitos, em
forma de grandes cristais . Do ponto de vista geográfico podemos citar as reservas locali-
zadas nos municífios de: Monteiro (PB), Ipirá (BA), lpanema, Jacupiranga, Guaviruna
( SP) e em Arax ( MG) . No estado de Pernambuco tem-se enc9ntrado a variedade
denominada fosforita. (Forno de Cal, Fragoso e Paulistano no município de Olinda).
APICE - têrmo descritivo usado em geomorfologia para os pontos altos de uma serra, de
um morro de uma montanha, etc.
APICUM - têrmo regional do Brasil usado para os terrenos de brejo, na zona costeira.
Corresponde, algumas vêzes, às zonas marginais de lagunas costeiras parcialmente colma-
tadas, que sofrem inundações produzidas pelas marés.
APLITO - rocha filonar de magma granítico, sendo a cristalização do material que a
compõe muito fina. Jl: constituído de quartzo, feldspato alcalino e muito pouca mica, sendo
esta freqüentem ente a moscovita.
A textura finamente granular dos aplitos faz com que a erosão diferencial deixe comu-
mente em relêvo êstes veios intrusivos por ocasião do seu trabalho destruidor.
Alguns geólogos chamam de aplitos aos granitos de textura muito fina. Há, porém,
aplitos pertencentes aos diversos grupos de rochas eruptivas.
APL'"OVIO - é a sedimentação do material carregado pela água das chuvas. (Vide erosão
pluvial).
APLUVIÃO - partículas carregadas pelas águas das chuvas, expressão análoga a aluvião
(vide).
APLUVIONAMENTO - expressão que deriva do aplúvio (vide) e análoga ao aluviona-
mento (vide) .
APóFISE - parte aguçada ou ramificações dos !acólitos, batólitos ou filões sendo mais largas
junto à massa intrusiva dos mesmos, estreitando-se à medida que se aproxima da extre-
midade.
APTIGMÁT ICO - rochas onde as dobras estão ausentes. Antônimo de ptigmático.
AQUAMARINA - o mesmo que água-marinha (vide).
AQütFERA - rocha cuja permeabilid ade permite a retenção de água dando origem a
águas interiores ou freáticas. A camada aqüífera nos poços artesianos se encontra inter-
calada entre dois terrenos impermeáveis.
ARBORESCENTE ( rêde) - o mesmo que dendrítica - rêde (vide) .
ARCAICA (era) - denominação usada por alguns autores para a era Az6ica ou Agnoto-
z6ica (vide) .
ARCAICO - terrenos formados na era Az6ica e nos quais ainda não foram encontrados
restos orgânicos (fósseis ) .
Os terrenos arcaicos são constituídos principalme nte de rochas eruptivas e metamór-
ficas. Usa-se freqüentemente o vocábulo terreno como sinônimo de rocha, ex. : rochas ar-
queanas ou terrenos arqueanos. "A denominação mais comum, porém, é a de rocha seguida
de um qualificativo.
ARCO DE ILHAS - o mesmo que guirlanda insular (vide) .
ARCóZIO - rocha formada pelas arenas cimentadas, também chamada granito recom-
posto. Na formação das arenas observa-se que vários elementos da rocha primitiva -
fragmentos de feldspato - permanecem no depósito e podem ser cimentados juntamente
com os grãos de quartzo e mica, passando a constituir uma nova rocha chamada arc6zio;

29
Ela poderia ser confundida, em sua gênese, com um arenito no qual aparecesse grande
número de fragmentos de feldspato. Alguns o definem de maneira falha como um arenito
de grãos grosseiros, constituído de detritos graníticos, entre os quais os fragmentos felds·
páticos não são decompostos .
O cimento do arcózio pode ser: caulínico, argiloso, silicoso, ferruginoso, etc. A desa-
gregação e decomposição dessa rocha dará novamente o saibro ou arena (vide) .
ARDóSIA - xisto metamorfoseado em placas finas, tendo várias utilizações industriais.
As ardósias são rochas sílica-argilosas endurecidas em finas !ameias. Na França as me-
lhores são as que se extraem dos terrenos primários.
ÁREA CONTINENTAL - trata-se de um trecho de um continente (vide) e do ponto
de vista paleogeográfico são as regiões que se mantiveram mais tempo emersas (vide
escudo ou embasamento) .
ÁREA DE AFUNDAMENTO - região que está sofrendo movimentos descendentes, cuja
causa pode ser devida a movimentos tectônitos, à erosão cárstica, etc.
ÁREA DE DRENAGEM - o mesmo que bacia de drenagem ou bacia hidrográfica (vide) .
ÁREA DE FRATURAS - o mesmo que zona fraturada, isto é, zona de falhamento.
ÁREA DE SUBSIDf::NCIA ou BACIA DE SUBSIDf::NCIA - é aquela cujo fundo é
móvel em função do pêso dos sedimentos acamados . E preciso considerar-se que se trata
de uma mobilidade relativa em função da pressão exercida pelos pacotes de sedimentos
acamados uns sôbre os outros, ex.: bacia Amazônica .
AREAL - trecho ou área de solo de uma região constituída só de areias. Nos campos de
Macapá surgem êstes depósitos que são denominados regionalmente de areões.
AREÃO - o mesmo que areal (vide) .
AREIAS - grãos essencialmente de quartzo resultantes da desagregação ou da decompo-
sição das rochas em que entra a sílica (Fig. n. 21A). A separação do quartzo das
0

rochas pelos agentes da erosão elementar ou meteorização se faz por causa de sua maior
resistência, tanto ao desgaste de ordem física, quanto à decomposição química. :Esses grãos
de quartzo, uma vez desintegrados da rocha primitiva são transportados pelos diversos
agentes erosivos externos, indo formar as praias, os tômbolas, as dunas, etc. •

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Fig. n.o 21A - Conven~ões para representar as areias, usadas pelos g"ólogos e geomorfólogos.

f::sses grãos, quando transportados -pelos rios ou pelos mares, recebem certo poli-
mento. O mar tem capacidade de desgastá-los mais profundamente devido ao vaivém
constante das vagas. Na classificação do Prof. A. Cailleux, êsse tipo de grão está compre-
endido entre os emOtJSsé luisante ( EL), isto é, grãos polidos. Quando o transporte principal
é feito pelo vento adquirem certo arredondamento, porém apresentam a superfície pi-
cotada ( rond-mat RM) • Finalmente, quando são desagregados e transportados a 0pouca dis-
tância, possuem arestas e constituem os grãos angulosos (non usé· NU). (Fig. n. 22A).
A côr da areia nem sempre é branca dependendo, no entanto, do seu estado de pureza.
As areias misturadas com um pouco de argila apresentam coloração amarelada ou mesmo
avermelhada, nos climas tropicais. Outras vêzes, quando possuem certos minerais, como
a moscovita, a biotita, a ilmenita ou a pirita, adquirem brilhos especiais ou depósitos
arenosos. As areias pretas podem ser produzidas pela mistura de grãos ou fragmentos
de magnetita e ilmenita; as de coloração cinza podem ser produzidas pelas quantidade de

30
lama ou lôdo que se acha misturada com os grãos de quartzo, denominando-se de areias
vasosas. A coloração dourada pode ser dada pela moscovita, pirita, sericita, etc. Assim
os depósitos arenosos podem aparecer com tonalidades de colorações muito diversas, em
função dos minerais ou dos óxidos que as areias contenham. Os depósitos de praias, ou
melhor, as extensões de areias são representadas nos mapas geológicos e geomodológicos
por uma série de pontos, ou ainda por gradação de côres.

Fig. n . 0 22A - Areias angulosas com indícios de trabalho de agentes erosivos de transporte. Esta
amostra de areia foi colhida no "Areão" do Ferro, nos campos de Macapá a cêrca de 100 qui-
lômetros ao norte da capital. Os grãos acimH fotografados foram aumentados 12 vêzes do
tamanho natural.

AREIA CALCÁRIA ou Calcarena - o mesmo que faluns, isto é, areias ricas em fragmen-
tos de conchas. Na baía de Ara tu as calcare nas constituem matéria-prima para a fábrica
de cimento Aratu.
AREIAS GLAUCONíTICAS - são areias coloridas de verde, devido à glauconita.
AREIA GULOSA - têrmo regional da bacia tocantina muito usado na Amazônia para os
bancos arenosos, nos quais o depósito estratificado de areia e lama forma um tiiuco muito

31
diluído onde qualquer animal pesado fàcihnente se atola. A denominação de areia gulosa
constitui um erro de observação do caboclo, pois ·êstes depósitos são idênticos aos que
êle chama de lama gulosa.
O qualificativo gulosa é empregado com muita justeza, pelo fato de êsses depósitos
engulirem, por atolamento, os animais pesados que por ventura por êles passarem .
AREIA MICACEA bancos ou depósitos de grãos de quartzo, nos quais aparecem em
grande quantidade outros minerais como a moscovita e a biotita.
AREIA MONAZíTICA - vide monazita .
ARENA - o mesmo que saibro (vide ) em linguagem popular .
ARENITO - rocha sedimentar resultante da junção dos grãos de areia por um cimento
( Fig. n. 0 22A) . A pala'\Ira arenito foi introduzida recentemente na língua portuguêsa . Uma
nota infrapaginal da "Geologia Elementar" de Branner diz ter sido o Dr. Antônio Barros
Barreto quem propôs o têrmo arenito para o equivalente do francês gres, do inglês sandstone,
e do alemão sandstein, derivando-o do latim arena com a terminação grega ite. Em Por-
tugal êste têrmo já havia sido empregado pelo Prof. A. J. Gonçalves Guimarães em
seus "Elementos de Geologia" (Coimbra, 1895) . ~ste têrmo exprime de maneira muito
feliz a natureza da rocha, pois arenito significa pedra de areia. Alguns ainda conservam entre
nós o têrmo francês - gres, ex.: gres do Pará ou pe~ra-pará . Foi A. W. Grabau quem
deu o nome genérico de arenito para as rochas arenáceas de qualquer tipo, tendo os grãos
~!:~~~~~s c;:ri!~::Íto~n~~a;:!e~ o,~:m~:; /Ji//(?}:~)})()!:}i::
~'::e c;í:ft~s tr::r e~~~~~s .daE:;a~i~:~:â!~ :(!{.}./!:.f!?::./:·::~ ,?.::t(/)? Arenitos
aparecem normalmente na posição hori- ,:;::::.,::\:.::::::::,::){:(:~:}):\~\

:~!flne~~~;~~ctô!~co:~osrax:u:a:~d~s ~~ ::=\\::v~:~~)[/:~::~:;:\~::~~::~:)':;:~~:
frerem os efeitos dos movimentos endó-
genos, podem aparecer dobradas, falhadas
ou mesmo inclinadas . Nas cartas geoló-
gicas e geomorfológicas os arenitos são
representados comumente como assinala a
figura n. 0 23A, na qual vemos os grãos
de areia cimentados em camadas . O ci-
mento que torna o depósito sedimentar Arenitos Co.lccireos
móvel, em uma rocha coerente é muito
importante. A resistência que o arenito
oferece aos diversos agentes externos está
em grande parte na dependência do
mesmo. Os arenitos de cimento silicoso
são mais resistentes à erosão que os de
cimento calcário ou argiloso. Os arenitos
de cimento calcário podem apresentar al-
gumas vêzes fenômenos de dissolução que
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se assemelham aos calcários. O carbonato Ar•" ;tos argi.Losos
de cálcio é dissolvido e os grãos de quart- .._ .. .. .. .. ..
zo ficam novamente soltos constituindo
elementos fáceis de serem transporta- .,_- _- _- _____
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dos . Os arenitos têm gerahnente a côr
clara, podendo, no entanto, aparecer ama- Fig. n ,0 23A - Algumas convenções de arenito usa-
relados ou avermelhados quando o cimen- das nos cortes geol6gicos, nos mapas geol6gicos e
to é ferruginoso ou quando sofre o efeito geomorfol6gicos.
da laterização. Outras colorações ainda
podem ser observadas: negra, por causa do óxido de manganês, verde e azul por causa
da introdução do carbonato de cobre, etc. Algumas vêzes a coloração pode indicar certas
condições de formação como é o caso dos arenitos do Triássico que são avermelhados por
causa do clima que era do tipo desértico durante êsse período (ex.: o arenito de Botucatu
da bacia do Paraná). Os arenitos quando metamorfoseados passam à categoria dos quartzitos
(vide) .

32
Fi~. ns. 24A e 25A - Efeitos da pluverosão IK>S arenitos da fomtação Fumas da série Paraná (DevoniaiK>)
em Vila Velha, estado do Paraná. As fonnas são as mais bizarras, por causa dos efeitos da erosão diferen-
cial (vide). Naturalmente a cimentação dos grãos, as diáclases e os planos dos estratos vão ter grande
importância na produção de tais tipos de fomtas. Antic!lltlente se supunha que estas fomtas existentes
no esta ·o do Paraná fôssem produzidas pela erosão e6Jia.
(Foto Tibor Jabldnsky do IBG)

Do ponto de vista morfológico os arenitos e os quartzitos, quando o cimento é sili-


coso, apresentam, geralmente, o aspecto ruiniforme, ex.: arenito de Vila Velha (Fig. ns. 24A
e 25A), Chapada Diamantina. Os solos produzidos pela desagregação dessas rochas onde
o cimento é silicoso ou ferruginoso, embora férteis nas primeiras colheitas, têm um ciclo
vital muito pequeno. Os arenitos onde o cimento é calcário, como o arenito Bauru, têm
fertilidade maior e a capacidade da exploração f>oderá durar mais tempo.
Do ponto de vista geológico existem arenitos de tôdas as idades na superfície da crosta
terrestre. Em algumas áreas formam afloramentos em grande extensão sendo aproveitados
como pedra de construção. O arenito dos Vosges, de coloração vermelha, é a pedra por
excelência das construções da cidade de Estrasburgo. Na cidade de Diamantina (Minas
Gerais) os quartzitos areníticos afloram em largas extensões, constituindo o material usado
em tôdas as construções e na pavimentação de ruas.
ARENITO EóLIO - resulta da cimentação de areias transportadas pelo vento, isto é,
antigas dunas, sendo a estratificação cruzada.
ARENITO MICACEO - o mesmo que psamito (vide) .
ARENITO OLElFERO - arenito que contém óleo.

34
AREOLAR (erosão) - denominaçã o empregada pelos geomorfólogos para a fôrça de
destruição que age sôbre tôda uma superfície de interflúvio. 1!: o oposto de erosão linear
ou vertical, isto é,· a que se proce~sa ao longo dos talvegues (vide) . Nos diferentes sistemas
morfoclimáticos os processos se desenvolvem diferenteme nte nos talvegues e nos inter-
flúvios. Os agentes da erosão areolar são múltiplos: agentes atmosféricos, biológicos, erosão
de filêtes d'água de escorrência, etc. A erosão areolar é conseqüente mente definida mais
pela área sôbre a qual se exerce do que pelos seus processos.
AREõMET RO - denominaçã o genérica dada a certos aparelhos que servem para de-
terminar a densidade de um líquido.
ARESTA - tôda saliência do terreno de forma mais ou menos aguda, estendendo- se por
uma área de dimensões variadas. As rochas estratificada s, quando a estrutura é inclinada,
dão, com facilidade, apareciment o a arestas. As rochas não estratificada s dão mais dificilmente
o apareciment o de formas agudas.
Aresta de anticlinal, linha que segue pelo alto de um anticlíneo.
ARGILA - silicatos hidratados de alumínio de colorações variadas em função dos óxidos.
As argilas podem ser definidas como caulins sujos, por causa dos óxidos que possuem
colorindo-as de vermelho, amarelo ou verde. Para o pedólogo a palavra argila não designa
uma unidade química e sim uma unidade de tamanho coloidal cujos diâmetros são inferio-
res a 0,002 mm. O caulim é um silicato . Os feldspatos das rochas eruptivas e metamórfica s
ao serem hidratados dão as argilas . A espess1.1ra das camadas argilosas sôbre a rocha é
grande nas regiões de clima tropical úmido e menos espêssa nos climas temperados e mais
rara, por vêzes, nos climas semi-áridos . Quando a argila possui grande teor de ferro toma
a coloração vermelho vivo sendo chamada de argila laterítica. Algumas vêzes encontramo s
a formação de pequenos núcleos ferruginosos na massa argilosa como, por exemplo, nas
argilas mosqueadas da série Barreiras. A argila, quando contém um pouco de água, torna-se
impermeáve l. Algumas vêzes, a água é em excesso, fazendo com que ela se escoe como
correntes de lama. O lençol de escoamento superficial tem feito um forte desgaste nos
morros cariocas, carregando essas argilas para as partes baixas da cidade. O modelado
resultante das águas do lençol de escoamento superficial difuso sôbre o relêvo é a forma-
ção de bad-lands ou o que denominamo s de voçorocas (vide) . A rêde hidrográfica é muito
ravinada nos terrenos a.rgilosos por causa da impermeabi lidade da argila.
As argilas podem ser classificadas em dois grupos principais: a) grupo da caulinita
e b) grupo da montemoril onita. O grupo da caulinita foi empregado desde o início da
civilização no fabrico de cerâmica, segundo o grau de técnica mais ou menos desenvolvida
de capa povo.. Atualmente êste tipo de argila é empregado na fabricação de grande núme-
ro de objetos e utensílios para a espécie humana.
O grupo da montemorilonita até bem pouco tempo era inteiramente desprezado, usado
apenas de modo empírico por um ou outro industrial por causa de sua propriedade desco-
rante e de funcionar como catalizador. O emprêgo dêsse grupo de argilas só se tornou
importante, isto é, do ponto de vista industrial, quando se descobriu que estas argilas
possuem propriedade s de descaramen to, de purificação e de catálise, nas indústrias de óleo .
As argilas, por conseguinte , podem ser definidas como: silicatos hidratados de alumínio
contendo certa quantidade de ferro, cálcio e magnésio, à semelhança de impurezas, as quais
são responsáveis pelas colorações mais freqüentes que conhecemos - alaranjadas e averme-
lhadas. Todavia, os recentes estudos feitos com as argilas aplicando-se os raios X vieram
demonstrar que embora as argilas sejam constituídas de silicatos hidratados de alumínio, os
elementos que nelas ocorrem em quantidade mínima são específicos à sua própria estrutura.
Os raios X demonstram que as argilas são constituídas de pequeninas partículas criptocris-
talinas dispostas em vários arranjos estruturais. As argilas do grupo caulínico possuem duas
camadas de átomos superpostos e as montemorilonitas três camadas de átomos superpostos .
ARGILA ABIGARRADA - o mesmo que argila variegada ou rocha abigarrada.
ARGILA ALóCTON E - diz-se dos depósitos argilosos que sofreram transporte. 1!: o oposto
das argilas autóctones (vide) . Em outras palavras, as argilas alóctones são argilas secundá--
rias (vide), no sentido da formação, o que não significa idade secundária.
ARGILA AUTóCTO NE - o mesmo que argila primária (vide), formada in situ ou seja
o oposto das argilas alóctones ( vide ) .

35
ARGILA XISTOS A - o mesmo que argilito e folhelho.
ARGILA DE JAZIDA - trata-se de uma argila autóctone, isto é, formada da decompo-
sição in situ dos feldspatos, sem que tenha havido transporte. (Vide argila) .
ARGILA DE VÁRZEA aquela que foi depositada em lugares baixos (vide argila se-
cundárla).
ARGILA LATERlTICA - silicato aluminoso hidratado, rico em ferro e alumina, de co-
loração alaranjada ou avermelhada e comum nos trópicos úmidos (vide argila) .
ARGILA PLÁSTICA - diz-se das argilas que, ao se embeberem de água, são passíveis de
serem modeladas com os dedos . As argilas normalmente são plásticas quando se adiciona
certa proporção de água. Todavia se esta fôr em excesso transforma-a numa lama que
poderá escoar-se como líqaido.
ARGILA PRIMARIA - denominação dada à argila que não sofreu transporte, isto é, está
in situ, ex.: caulim. Por conseguinte a denominação de argila primária não está ligada
à idade geológica e sim ao fato de ser um produto de decomposição autóctone (vide) .
ARGILA REFRATARIA - aquela que não manifesta fusão quando sujeita a temperaturas
elevadas, sendo empregada na fabricação de tijolos para revestimento de fornos e em objetos
de cerâmica. Na Baixada Fluminense, por exemplo, existem argilas brancas e cinzentas que
têm um ponto de fusão geralmente acima de 1 700°, podendo, por conseguinte, ser usadas
na fabricação de tijolos e peças refratárias.
ARGILA SECUNDARIA - aquela que, embora tenha a sua gênese ligada aos fatôres
que originaram as argilas primárias (vide), sofreu, no entanto, transporte. Trata-se, por
conseguinte, de material al6ctone (vide) . A presença de argilas, em lugares baixos, está
ligada, às vêzes, ao fator transporte, sendo, neste caso, denominadas argilas de várzea.
ARGILA VARIEGADA - vide abigarrada (rocha) . :Este tipo de rocha pode ser visto,
com freqüência, nos barrancos marginais dos rios que entalham os baixos platôs amazônicos
e ao longo da zona costeira, nos trechos dos tabuleiros .
ARGILA VERMELHA - denominação usada na geomorfologia continental para designar
as argilas coloridas pelo óxido de ferro . :E nas regiões tropicais úmidas onde estas argilas
lateríticas têm maior expressão em área (vide laterização) .
No tocante à geomorfologia submarina, as argilas vennelhas, ou argilas dos grandes
fundos, não têm sua origem devidamente esclarecida pela geologia. ];; possível que estas
argilas derivem de rochas vulcânicas existentes nos fundos submarinos e sua coloração é
produzida por óxido de ferro e compostas de manganês. ];; interessante assinalar que nestes
depósitos de argilas vermelhas também são encontradas esférulas magnéticas microscópicas
e concreções contendo dentes de esqualo.
ARGILITO - rocha compacta produzida pela compressão de argilas e clivando-se segundo
os planos de estratificação. :E também chamada argila xistosa. O argilito é uma rocha
mais dura que as argilas comuns ou os folhelhos e mais mole que as ardósias (vide) .
ARGILIZAÇÃO - diz-se dos processos de transformação dos feldspatos, micas e outros
silicatos aluminosos, em argilas (vide) .
ARGILOSA (rocha) - composta essencialmente de silicatos aluminosos hidratados - argila
- juntamente com pequenos grânulos de quartzo ou outros minerais como: palhêtas de
mica, fragmentos de calcário, óxid.J de ferro, etc. As rochas argilosas podem-se originar
de material alóctone ou ter origem residual. Estas rochas são essencialmente compactas c
impermeáveis ao lençol d'água superficial. As águas ao deslizarem sôbre a superfície
dêsses terrenos dão aparecimento a uma série de valetas, ou a grandes descidas de lama,
em áreas de topografia acidentada. Chama-se de bad-lands aos terrenos sulcados por
essas valetas.
Na borda dos chapadões argilo~os aparecem comumente grandes depressões produzidas
pelas águas das chuvas que carregam o material e acentuam o escavamento constituindo o
que se denomina geralmente de voçoroca, em Madagáscar chama-se de lacaka.

36
O relêvo das áreas argilosas não apresenta fonnas de grandes desníveis relativos
como o de rochas eruptivas ou metamórficas. As formas topográficas resultantes da erosão
em terrenos argilosos são geralmente suaves. A rêde hidrográfica é muito ramificada e
confusa ( rêde dendrítica) por causa da impermeabilidade do solo, apresentando ·muitos
afluentes, subafluentes, etc. O modelado das vertentes nos terrenos argilosos aparece com
formas suaves, convexas. Nunca apresentam vertentes pendentes, como os calcários.
ÁRIDA (região) - aquela onde a precipitação é escassa ou nula . Também se diz da
zona onde a evaporação é superior às precipitações . Nas áreas onde o clima é do tipo
árido, há possivelmente o predomínio da ação mecânica da meteorização sôbre a decom-
J:>OSição química. Há formas de relêvo que lhe são específicas como os pedimentos, bajadas,
dunas, ventifatos, etc. (vide) . Também nas regiões glaciárias o clima é ainda frio havendo
o predomínio da ação mecânica feita pelo degêlo .
ARQUEAMENTO - movimentos epirogênicos de trechos da crosta terrestr~, produzindo
arcos bombeados de grande curvatura, dando aparecimento a áreas levantadas . O arquea-
mento sofrido pelo tscudo Austro-Brasília na direção de NNW-SSE e ENE-WSW, (Fig.
n. 0 26A) deu aparecimento às serras do Mar e da Mantiqueira . A linha principal do arquea-

NNW
NW NE
/ FRATURAS E FALHAS

/
___ (_ENE

SW
/
/
/
SE
wsw-- -- SSE
Fig. n.o 26A

mento do Brasil meridional segue, porém, a direção de maior distensão do escudo cristalino
no rumo NNW-SSE, sendo acompanhada de falhamentos escalonados, perpendiculares a êsse
arqueamento . (Fig. n.0 21A).
ARQUEAMENTO CRUSTAL - o mesmo que
arqueamento da crosta (vide) .
ARQUEANO - período da era Azóica ou pri-
mitiva, também chamado era Arqueozóica, ENE
constituído pelos mais antigos terrenos do globo
terrestre. Az6ica significa era sem organismos
vivos ou, pelo menos, vida desconhecida. Os wsw
terrenos azóicos são constituídos por rochas
pré-aquáticas, segundo o Prof. Alberto Ribeiro
.Lamego, isto é, segundo a teoria magmática .
Forçot Aluon111
Para outros autores podem ter também origem
sedimentar ou magmática, não se podendo des- Fig. n. 0 27A
prezar as de origem mista e controvertidn.
O Arqueano foi o período de maior duração na história física da Terra. A erosão teve
início no Arqueano, pois antes dêsse período a Terra estava ainda em formação e o seu
calor não permitia que as águas das chuvas chegassem à superfície da crosta incandescente.
Após a formação dos primeiros núcleos de rochas emersas (escudos) e as primeiras chuvas,
teve início a erosão. Os estudos dos terrenos do embasamento foram mais aprofundados na

37
Fig n.o 28A - Rochas dio embasamento cristalino, na Serra do Mar, em Correias, estado do Rio de
Janeiro. As encostas abruptas são constituídas na maioria das vêzes por afloramentos rochosos. No
primeiro plano, o rio Piabanha, que corre adaptado a estrutura apalachiana (vide).
(Foto Tibor Jablo'nsky do IBG)

América do Norte e na Escandinávia. A distribuição geográfica dos principais escudos é a


seguinte:
I Fino-Escandinavo
11 - Siberiano
Ill - Canadense ou Laurentides
IV Sul-Africano ou Proto-Afrides
V Guiano ou Orinocoano
VI Brasileiro ou Brasília
VII Patagônico .
0
As rochas mais características dêsse período são os granitos (Figs. n. 28A e 29A),
dioritos, gnaisses basaltos, riolitos, gabros, calcários e grafitas. No decorrer do Arqueano
os terrenos do embasamento foram perturbados pelas revoluções laurenciana e algomaniana.
Para o Prof· A. Lamego a revolução mais antiga é a Brasílíca ocorrida no Brasil. Os terrenos
arqueanos afloram em 1/3 do território, constituindo os seguintes escudos:
I Escudo das Guianas
11 Escudo Bóreo-Brasília
III Escudo Austro-Brasília
IV Pequenos Núcleos
a) Gurupi
b) Bolívio-Matogrossense
c) Goiano-Mato grossense
d) Sul-Riograndense.

38
Fig. n.o 29A - O rio São Francisco desce da superfície do embasamento cristalino pediplanado por
um grande caiion para a planície sedimentar .
(Foto Tibor Jablo'nsky do IBG)

Há autores que usam outras denominações como: Sul-Amazônico, Atlântico, Árqueo-


Atlântida, etc.
Do ponto de vista da geologia econômica encontramos alguns afloramentos de cristal
de rocha, pedras coradas, grafit2, ouro, calcário, hilmenita, tório, columbita, mica, manganês
e monazita. Não podemos também esquecer o valor das rochas arqueanas como material
de construção e para a estatuária.
ÃRQUEO-ATLÃNTIDA - denominação usada por Luiz Flores de Moraes Rego para o
escudo cristalino localizado ao sul da planície amazônica e que K. Caster denominou de
Bóreo-Brasília. Hoje é comumente chamado de Escudo Sul-Amazônico, segundo denomi-
nação proposta por Aroldo de Azevedo.
ARQUEOZóiCA - vide Arqueano.
ARQUI-BRASIL - denominação dada por Djalma Guimarães ao bloco continental da bacia
do São Francisco e do Meio-Norte.
ARQUIPÉLAGO - diz-se do agrupamento de ilhas que se encontram concentradas em
certas áreas dos oceanos. :e: um tênno mais de caráter geográfico, interessando no entanto,
à geologia e à geomorfologia. Como exemplos de arquipélagos podemos citar o das Antilhas,
Indo-malaio, Fernando de Noronha etc. Na foz dos rios deltaicos também se formam os
arquipélagos de natureza sedimentar. Vide delta.
ARRECIFE - o mesmo que recife (vide) .
ARRffiA - denominação usada em Portugal para as costas escarpadas. O mesmo que
falésia (vide) .

39
ARROIO - denomina~ão dada aos pequenos rios no sul do Brasil, ex·: arroio Xuí (Rio
Grande do Sul) . Corresponde aos igarapés (vide) da região amazônica.
ARTERITO - intrusões com textura aplítica sob a forma de veias em gnaisses migmatíticos.
ARTESIANA (fonte) - o mesmo que fonte em repuxo (vide) .
ARTICULAÇÃO DO RELevo - acidente do reMvo ou acidente geográfico (vide) que
interessa apenas no plano horizontal. :Estes elementos são fáceis de ser estudados nas
frentes das cuestas, nos litorais, etc. Assim
as articulações de uma costa, geralmente, se
dividem em salientes e reentrantes. Como
exemplo de articulações salientes podemos citar
os cabos, pontas, promontórios e penínsulas;
enquanto entre as articulações reentrantes de-
vemos citar os golfos, baías, enseadas, abras,
angras, etc. ( Fig. n. 0 30A). Descendo a
maiores minúcias ainda se pode classificar as
articulações reentrantes em função da largura
e da extensão. Tôdas estas indentações têm
grande importância na geomorfologia costeira.
Veja-se o litoral da Noruega, do Chile onde
Fig. n.o 30A há um grande número de indentações: litoral
tipo fiorde.
ASBESTO ANFIBóLICO - o mesmo que amianto (vide) .
ASSENTADA - têrmo regional usado em algt.ns estados, como Bahia e Goiás, para de-
signar um terreno plano no alto de uma elevação . Do ponto de vista geológico diz respeito
à divisão estratigráfica - (vide coluna geol6gica) .
ASSIDERITO - trata-se de meteoritos (vide) rochosos, que apresentam principalmente
silicatos e quantidades variáveis de ferro metálico. :E o oposto do siderito, ou seja meteori-
tos metálicos. Os assideritos possuem uma composição mineralógica semelhante à das ro-
chas ultrabásicas ( gabro, peridotito) .
ASSIMETRIA DO VALE - diz-se das diferenças de inclinação ou pendente de uma ver-
tente em relação ao talvegue do rio . A assimetria é produzida pela erosão diferencial.
Mais comum é a sua observação em terrenos de estrutura inclinada.
ASSISMICOS - denominação dada pelos sismologistas às áreas ou países onde os tremores
de terra são raros, ou mesmo fracos .
ASSOREAMENTO - diz-se dos processos geomórficos de deposição de sedimentos, ex. :
fluvial, eólio, marinho.
ASSOREAR - o mesmo que depositação de sedimentos . Assim ao se estudar a costa ma-
ranhense, ou mesmo a fluminense no trecho entre a baía da Guanabara e Campos tem-se
oportunidade de ver interessantes áreas de sedimentação, isto é, de assoreamento. No
Oriente, podemos citar o exemplo do rio Amarelo, da China, que carreia centenas de
milhares de toneladas de terra, assoreando, principalmente, na embocadura .
ASTENOSFERA - denominação dada por Barrell à zona ligeiramente mais plástica que
está sob a crosta rígida, isto é, a litosfera (vide) .
ATECTôNICO - movimentação das camadas em função de fôrças não endógenas. Como
exemplo podemos citar as camadas da série Tubarão, na depressão paleozóica de São Paulo,
que foram amarrotadas pelos deslocamentos das geleiras do Carbonífero. · ( Fig. n. 0 31A) .
ATERRO - depósito artificial de qualquer tipo de material removido pelo homem. Os
aterros são feitos geralmente no leito das estradas, nos lugares baixos para o estabelecimento
da linha de declive uniforme. Na cidade do Rio de Janeiro temos o exemplo de um grand(
atêrro, em nossos dias, o do enchimento de área periférica da baía de Guanabara m
trecho que vai do aeroporto Santos Dumont até a praia de Botafogo ( Fig. n.0 32A) ( vid•
geomorfologia antropogenética) .

40
Fig. n. 0 31A - No barranco da rodovia entre as cidades de Pôrto Feli~ e Itu (S. Paulo), na depressão
periférica, pode-se ver o amarrotamento das camadas de varvito da série Tubarão produzida pelo
gêlo. Trata-se de uma defonnação a tectônica .
(Foto Tibor Jablo'nsky do IBG)

Os problemas de detalhe dos aterros fogem ao campo da geomorfologia ou da geologia,


interessando, porém, diretamente à geologia aplicada . Mas as duas ciências acima citadas
devem fornecer indicações sôbre o tipo de material decomposto ou do solo existente na
região em estudo. Partindo dessas indicações, a geologia aplicada do engenheiro sabe
quais os materiais que terá de lançar mão para executar um atêrro ou um corte.
ATIVIDADE VULCÂNICA - fenômc:J.Os que vêm das profundidades da crosta terrestre
e se manifestam freqüentemen te na superfície, por intermédio dos vulcões. As atividades
vulcânicas aparecem com mais freqüência nas áreas anteriormente submetida~ à movimen-
tação tectônica .
O resultado da atividade vulcânica é o aparecimento de um t:po de relêvo especial
que pode ser chamado de relêvo vulcânico.
ATLÂNTICO (escudo) - denominação proposta por Aroldo de Azevedo à velha pla-
taforma de rochas do Pré-Cambrian o (vide Austro-Bra.sília) ( Kenneth E. Caster) .
ATLÂNTIDA - nome do nipotético continente que existia entre a Europa e a América,
afundado no local hoje ocupado pelo oceano Atlântico . f:ste afundamento é explicado
por um possível cataclismo (?) - (vide) .
ATMOCLASTICA - diz-se da ação geológica da atmosfera na construção de depósitos
como : cones de dnjeção, depósitos de talude, amontoados caóticos, depósitos piemonte-
ses, etc.

41
ATMOG~NICO - denominação proposta por A. w. Grabau para as rochas formadas pelo
trabalho dos agentes atmosféricos. Como exemplo podemos citar os de origem eólia. (Vide
atmoclástica e atmol6gico) .
ATMOLóGICO - o mesmo que manifestações da atmosfera - são os fenômenos atmosfé-
ricos chamados meteoros. t!:stes interessam particularmente à geologia e à geomorfologia,
tendo em vista o trabalho feito, principahnente, pelos meteoros aquosos e aéreos, remode-
lando a superfície do globo, isto é, a litosfera.
ATMOMETAMORFISMO - diz-se das transformações sofridas pelas rochas quando em
contacto com vapôres que contêm mineralizadores.

ATMONECTON - vide necton.

Fig. n o 32A - Esta grande área plana que se vê na foto acima é resultante de aterros sucessivos,
em ~ão dos desmontes dos morros do Castelo e mais recentemente o de Santo Antônio. No atêrro
da Glória, tem-se hoje uma extensa área de planície, onde outrora, era uma parte da baía de Guanabara.
Os estudos das forrnas de relêvo, produzidos por desmontes e aterros, são naturalmente de pro-
porções bem menores que grandes dobramentos, como a cadeia dos Andes, dos Alpes, ou do Himalaia,
por exemplo.
(Foto Tibor Jablcinsky do IBG)

42
ATOL - termo regional das ilhas Maldivas (localizada ao sul da península Indostânica)
designando recifes mais ou menos circulares (Figs. ns. 33A e 34A), em forma de coroa
fechada, contendo uma laguna central que com o tempo será colmatada de vasa, trans·
formando o arquipélago numa ilha (vide recife) .

+ + + +
Fig. n.• 33A - Corte vertical de um atol, vendo-se em "A" uma superfície emersa
e constituída de detritos, carpaças de organismos jogados pelo mar, já consolidadas.
Na parte central, isto é, "B" temos urna lagoa de forma acentuadamente circular.
Aparecem também duas platafonnas - "C'' - que Por ocasião das marés baixas
podem pennanecer descobertas.

-+- +
+ +
Fig. n. 0 34A - Formação e evolução de uma atol ·
segund.o a teoria de Darwin.

O Atol das Rocas, cêrca. de 200 km ao largo da costa do Rio Grande do Norte, é típico
atol, ao que parece, apoiado sôbre um vulcão truncado pela erosão marinha.
:Este recife de forma elíptica está a oeste do arquipélago de Fernando de Noronha.
Possui um contôrno de 10 kin, com pouco mais de 3 km em seu maior comprimento.
Assenta êste recife sôbre ramificação da Cadeia Equatorial Atlântica.
O Atol das Rocas é um recife de .origem orgânica, constituído pela acumulação de
algas calcárias, cujos esqueletos revestem os depósitos madrepóricos de coloração averme-
lhada ou róseo-esbranquiçada. .
Duas ilhas se destacam: a do Farol, que fica 1,50 m acima das mais altas marés e a
do Cemitério. Estas duas ilhas são totalmente desabitadas.

43
O trabalho de construção do atol continua a se fazer de modo muito lento. Apresenta-se
sob dois aspectos conforme seja observado na hora da preamar ou na baixamar. Na primeira
apenas dois pequenos cabeços permanecem à superfície das águas.
Os recifes de coral são, geralmente, pouco elevados em relação ao nível do mar, pois o
coral não vive se não por pouco tempo fora d'água, na baixamar, cessando a vida quando
fica completamente a sêco.
A lagoa central das Rocas forma uma comunicação para o mar, na preamar as partes
emersas e pouco elevadas são constituídas por dois cômoros ou duas pequenas ilhas de areia
de coral partido e conchas. (Vide Chapeirão).
ATUAL (período geológico) - o mesmo que Holoceno (vide).
ATUALISMO - teoria que se opõe à doutrina dos cataclismos ou catástufes (vide) para
explicar o aparecimento e as transformações dos diferentes acidentes do relêvo. O atualismo
constitui um princípio básico da geologia, formulado por K- A. V. Hoff em 1826 e depois
por Charles Lyell, segundo o qual, os processos geológicos passados devem ter-se realizado
com a mesma intensidade que assistimos hoje. Por conseguinte, as modificações teriam sido
lentas, ou melhor, semelhantes às que conhecemos atualmente. Nas regiões atingidas pelos
sismos, pelos vulcões ou por movimentos tectônicos violentos, observam-se transformações
súbitas na superfície do globo terrestre. Aliás, os que admitem a teoria das catástrofes,
como a doutrina que explica as diversas transformações das formas do relêvo, tomam os
movimentos tectônicos como argumento contrário aos dos partidários do atualismo .
O atualismo diz respeito à gênese e à evolução das formas de relêvo de outros tempos,
pelos mesmos processos que observamos hoje. O atualismo hoje é menos ortodoxo que
inicialmente. Charles Lyell fêz triunfar o atualismo ao publicar seu livro Principies of
geology que teve 12 edições entre 1830 e 1872. O subtítulo da obra é uma verdadeira
aeclaração metodológica do autor: "Princípios de geologia, onde se pesquisa a medida em
que as mudanças áo passado da superfície do globo possam ser explicadas pelas causas
que agem ncs nossos dias" .
E provável que no passado os fenômenos geológicos se regessem por condições di-
ferentes das atuais.
Os fenômenos cíclicos na tectônica não parecem coadunar-se com o atualismo. Não
há necessidade de imaginarmos que os processos geológicos no passado tenham se desen-
volvido exatamente com as mesmas características dos nossos dias. Tem-se para pensar-se
que os processos se desenvolveram ciclicamente e que tempos de calma relativa, conforme
determinadas leis, alternaram com atividades internas exaltadas em grau máximo.
O atualismo significa reconhecer o postulado da lei da permanência da nctureza, ou
melhor, permanência das leis dos fenômenos geológicos no decorrer da história física da
Terra.
A evolução dos fenômenos geológicos e geomorfológicos fêz-se, outrora, pelos mesmos
processos que temos em frente aos nossos olhos. Essa teoria se opõe à dos cataclismos e
destaca que a intensidade e o ritmo dos fenômenos podem variar. Assim encontraram-se em
velhos terrenos do Pré-Cambriano corridas de lavas basálicas, depósitos torrenciais, forma-
ções devidas a alterações subaéreas, morainas, etc. :l!:stes terrenos revelam em sua estru-
tura a marca de suas causas como: vulcanismo, torrentes, ações atmosféricas, glaciação.
Estes são análogos aos que se formam nos nossos dias. A permanência da lei da natureza,
apoiada no atualismo, é da máxima importância para a geomorfologia. Procura explicar a
gênese das formas atuais partindo do seu pass~do. :l!:ste pode recuar a períodos bem antigos.
Todavia, ela não pode avançar, a não ser· pelo emprêgo do raciocínio analógico, partindo
do presente. Por conseguinte, a geologia reconstrói o passado a partir do presente, e a
geomorfologia explica o presente pelo passado. Uma e outra devem então admitir o prin-
cípio do atualismo. O limite da aplicação do princípio da lei do atualismo está na pura
dependência do tempo geológi~o .
AUREOLA DE CONTACTO - parte da rocha encaixante influenciada pelo metamorfismo
de contacto (vide metamorfismo) .
AUREOLA DE METAMORFISMO - o mesmo que auréola de contacto (vide).
AUSTRALO-INDO-MALGAXE - parte do velho continente de Gondwana que na era
Paleozóica ocuparia a área do atual oceano Indico e também as terras de Madagáscar,
lndia e Austrália.

44
AUSTRO-BRASlLIA (escudo) - parte da velha plataforma que compreende hoje as terras
que vão do Nordeste até Santa Catarina. Usa-se, comumente, para esta parte do escudo
Brasileiro a expressão de Escudo Atldntico, segundo denominação proposta por Aroldo de
Azevedo.
AUTóCTONE - formação originada
in situ, ex.: argilas primárias (vide)
carvão mineral. Há certos tipos de al-
terações que dão aparecimento a depó-
sitos ·sedimentares que não sofreram
transporte, sendo também chamados de
residua.is..
AUTóCTONE (solo) - vide solo.
AUTóCTONE CUMULóSICO (solo)
- vide solo.

AUTOMóRFICO - o mesmo que idio-


m6rfico (vide) .
AVALANCHA - têrmo usado com
duas acepções: para indicar a queda
rápida de uma geleira, o desmorona-
mento ou escorregamento de terra
(barranco) devido à erosão. Esta últi-
ma é também chamada de avalancha
s~ca. Esta designação não é muito
feliz, pois que a água constitui um dos
poderosos fatôres para o escorrega-
mente ou desmoronamento de solos e
rochas decompostas .
"AVEN" ou "ABIME" - têrmos fran-
ceses usados para certas cavidades na·
turais que aparecem geralmente em ter-
renos calcários. f:stes, algumas vêzes,
se ligam com as grutas ou salões sub-
te"âneos (Fig. n. 0 35A). A. Marte!
explicou a existência de avens como Fig. n.• 35A - "Aven" em forma de funil produzido pela
devidos à decomposição química e à circulação da água ao longo de diáclase• em terrenos
calcários. Verüica-se, alg.,umas vêzes, a existência de gran-
desagregação mecânica produzidas pela des salões na base do "aven". O alargamento crescente
infiltração do lençol de escoamento su- é produzido pelo trabalho de dissolução realizado pelo
perficial nas fendas existentes. ácido carbônico sôbre o carbonato de cálcio. Esta foto
foi tirada np.ma pedreira na região da Charente Marithne
O aven pode ser definido, por (França) ora em exploração, o que pennitiu a possibili-
conseguinte, como sendo um conduto dade de se fazer um corte vertical.
pouco largo, mais ou menos vertical, que (Foto do autor)
aparece nos terrenos calcários e liga
diretamente a superfície com o fundo AZóiCA (era) - vide Arqueano.
das grutas. Em Portugal o "aven" cor-
reponde ao "algare". AZON AL (solo) - vide solo azonal.

45

BACIA - depressão de forma variada ou conjunto de terras pouco inclinadas, podendo ser
ocupada ou não com rios, lagos, etc. Esta forma de relêvo se opõe aos maciços, cadeias de
montanhas, planaltos, etc.
O têrmo bacia pode ser tomado em geologia e em geografia com várias acepções, como:
bacia estrutural, bacia carbonífera, bacia fluvial ou hidrográfica, bacia sedimentar, bacia
tectônica, etc.
BACIA ARTESIANA - denominação dada à estrutura geológica onde o aqüifero se
encontra sob pressão, confinado entre duas camadas impermeáveis. O primeiro poço, onde
a fonte surgiu normalmente em repuxo, foi cavado em Artois, na França. (Vide fonte
artesiana) .
BACIA CARBONIFERA - grandes jazidas de· carvão mineral situadas em regiões de
estrutura geralmente muito complicada do ponto de vista tectônico. Seus depósitos datam
da era Primária (período Carbonifero ou Permiano) .
BACIA DE AFUNDAMENTO TECTôNICO - confundida às vêzes com a fossa tectdnica
(vide) ou "graben" (vide), no caso do desabamento tectônico não ser longitudinal. As
bacias de afundamento tectônico são também denominadas de depressão de afundamento
ou "ovale mediterranienne".
BACIA DE DEPOSIÇÃO - área continental deprimida onde os sedimentos ficam aca-
mados. ( Fig. n·0 18) . O mesmo que bacia sedimentar (vide) .
BACIA DE DRENAGEM- o mesmo que área de drenage~ ou bacia hidrográfica (vide).
BACIA DE RECEPÇÃO - parte inicial de uma torrente (vide) .
BACIA DE SINCLINAL - parte côncava do solo que coincide com uma depressão relativa,
cuja explicação se encontra na própria estrutura das camadas da região. Corresponde ao
sinclinal de uma dobra.
BACIA DE SUBSIDtNCIA - o mesmo que área de substdência (vide) .
BACIA ESTRUTURAL - depressão correspondente a uma forma de relêvo resultante de
um tipo de estrutura. Ex.: bacia de um fundo de sinclinal, bacia resultante de um afun-
damento por falhas - fossa, etc. . .
A bacia estrutural correspondente a uma flexura ou smclinal é também denominada
por alguns de bacia tectônica ou bacia de afundamento tectônico .
BACIA FLUVIAL - o mesmo que bacia hidrográfica (vide) .
BACIA HIDROGRÁFICA - conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus
afluentes. Nas depressões longitudinais se verifica a concentração das águas .das chuva_s,
isto é, do lençol de escoamento superficial, dando ~ lençol concent~ado - os nos. A no9~o
de bacia hidrográfica obriga naturalmente a existencia de cabeceuas ou nascentes, dlvl-
sores d'água, cursos d'água principais, afluentes, subafluentes, etc.

46
..
RELEVO EM BACIA

Fig. n.o IB - Bacia sedimentar, vendo-se as áreas mais altas f!Ue são desgastadas, e a parte central
deprimida, onde as camadas se depositam normalmente, segundo o princípio da superposição.

Em tôdas as bacias hidrográficas deve existir uma hierarquização na rêde potâmica,


e a água se escoa normalmente dos pontos mais altos para os mais baixos. :J;: comum o
emprêgo da expressão bacia hidrográfica como sinônimo de vale, como exemplo podemos
citar: bacia do São Francisco ou vale do São Francisco; bacia do Amazonas ou vale do
Amazonas, etc .
O conceito de bacia hidrográfica deve incluir também uma noção de dinamismo, por
causa das modificações que ocorrem nas linhas divisoras de água sob o efeito dos agentes
erosivos, alargando ou diminuindo a área da bacia . Além do mais a bacia hidrográfica pode
ser principal, secundária e mesmo terciária, segundo certos autores, quando constituída de
cursos d'água de menor importância, isto é, os subafluentes geralmente. Podem ser ainda:
litorâneas e centrais ou interiores.
BACIA HIDROGRÁFICA DISSIMÉTRICA - aquela na qual a rêde de drenagem é mais
desenvolvida numa das zonas por ela ocupada. No rio Amazonas, por exemplo, a rêde de
drenagem dos afluentes da margem esquerda é sensivelmente mais curta que a da margem
direita, cujos afluentes são por vêzes muito extensos: o rio Madeira, Purus, Tapajós, etc.
:J;: freqüente nas descrições morfológicas da paisagem se confundir as expressões bacia
hidrográfica dissimétrica com vale dissimétrico, sendo mesmo mais comum empregar-se esta
última. Deve-se, porém, reservar a denominação vale dissimétrico quando se tratar dos
perfis das vertentes ou encosta do vale, e não da rêde hidrográfica .
BACIA LACUSTRE - denominação usada por certos autores ao fazerem referência ao lagos
existentes numa região, bem como todos os cursos d'água que vertem para a concha la-
custre (vide). A expressão mais comum é, no entanto, região lacustre, e neste caso, po-
demos citar a região lacustre dos Grandes Lagos da América do Norte . O Brasil não é muito
rico em bacias lacustt·es, existindo todavia lagos e lagoas de barragem e de erosão.
BACIA SEDIMENTAR - depressão enchida com detritos carregados das áreas circunja-
centes . A estrutura dessas áreas é geralmente composta de estratos concordantes ou quase
concordantes, que mergulham normalmente da periferia para o centro da bacia. Os melhores
exemplos de bacia sedimentar são fornecidos pela bacia Amazônica, bacia do Paraná, bacia
de Paris, etc.

47
como
Nesse tipo de estrutura periclinal é que se encontram os exemplos de "cuesta",
no leste da bacia de Paris, na bacia do Paraná, etc.
porém,
A bacia sedimenta r pode, à primeira vista, coincidir com a bacia hidrográfica, muito
algumas vêzes esta última é bem mais0 extensa e seus rios drenam outros terrenos,
além da área sedimenta r. (Vide fig. n. lB)
desen-
As bacias sedimentares podem ser consideradas como planícies aluviais que se
planícies
volvem, por vêzes, no interior do continente , ex. : Pantanal Mato-Grossense, certas
do interior de Minas Gerais, etc.
da
Nas bacias sedimentares o empilhamento das aluviões dá uma estrutura diferente
nas áreas de rochas cristalinas e cristalofili anas .' Há uma relação estrita entre
observada
a natureza e a estrutura das rochas e as formas de relêvo.
origi-
BACIA TECfôNI CA - unidade morfológica caracteriza da por constituir depressões
altas .
nadas pelo diastrofismo, e entulhadas de sedimentos arrancados das regiões mais
para
A expressão bacia tectônica é usada por certos autores de modo restrito apenas
regular-
designar depressões produzida s por flexuras, nas quais as camadas mergulham
mente da periferia para o centro (mergulho radial) .

BADELEI TA - óxido de zircônio, cuja fórmula é Zr o., e que Eugênio


Hussak havia
o
denominado de brasilita. :l!:ste minério aparece geralmente com a zirconita, constituind é
zircônio
um mineral de zircônio de grande valor comercial. A produção brasileira de
quase tôda devida à badeleíta localizada principalm ente no planalto de Caldas .
e cheias
"BAD-LANDS" - terras más para agricultura, muito erodidas pela erosão pluvial,
de sulcos ou valetas de profundid ades variadas .
No Brasil, nas áreas onde as voçorocas são em grande número e paralelas umas às
outras,
nto de um tipo de paisagem que pode ser comparado às bad-lands .
observa-se o aparecime
s de
BAGAGEIRA - denominaç ão usada pelos garimpeiros para certas favas, constituída
Mineiro, e
óxido de titânio, de côr cinzenta azulada, muito abundante em rios do Triângulo o
mais especialmente no rio Bagagem. Essas favas aparecem nas formações, isto é, constituind
um satélite do diamante.

BAIA - reentrânci a da costa, porém, menor que a de um gôlfo, pela qual o


mar penetra
do litoral
no interior das terras. A porção do mar que avança dentro dessa reeentrllncia da
que a verificada nos gólfos e, além do mais, existe um estreitame nto na entrada
é menor
ter extensões consideráv eis e servir de abrigo às embarcaçõ es.
baía. As baías podem
baías
No estado de Mato Grosso, os habitantes da região do Pantanal chamam de
às imensas lagoas que são separadas por terras altas, as chamadas cordilheira s.
( Fig. n. 2B)
0

BAIXADA - área deprimida em relação aos terrenos contíguos. Geralment


e se designa
zona de
1ssim às zonas próximas ao mar, algumas vêzes usa-se o têrmo como sinônimo de de rios,
ou
planície. Por vezes êsses terrenos de pequena altura na borda do mar, de baías
, etc.
são muito extensos, como é o caso da Haixada Fluminense, Baixada da Guanabara
sendo
No estado de Mato Grosso cumpre di~tinguir a área da Baixada, do Pantanal, é in-
uma fração daquela. Na Baixada o Pantanal é tôda área inundável, cuja cota
êste
ferior a 110 metros. ( Figs. ns. 2B e 3B)
aparece no
BAIXIO - terreno submerso, constituído de detritos, formando bancos e que
ente
leito dos rios, (principal mente na foz), dos lagos e na plataforma continenta l (especialm
se navega
junto à costa) . No litoral amapaense os baixios são em grande número. Quando
mão para
próximo à costa se tem muitas vêzes necessidade de se viajar com o prumo à
evitar os baixios de vasa (lama) .
que os
O têrmo baixio na Amazônia é também usado para designar certas enseadas
Trata-se,
rios formam nas suas margens, onde a água permanece por ocasião das vazantes. as
por conseguinte, de pequenino s lagos temporários, por ocasião das vazantes, e reentrânci
marginais, por ocasião das cheias .
e
No Nordeste do Brasil os baixios são depressões ou vazantes cercadas de serras
constituem-se em verdadeiros reservatórios d'água.

48
Figs. ns. 2B e 3B - A baixada do Pantanal
é uma típica área de planície, onde as lagoas
estão em processo de colmatagem. Estas pe-
quenas bacias lacustres são chamadas de
baías (vide). Nas antigas corografias e mes-
mo alguns comoêndios de geografia chamam
a área do Pantanal de lagoas dos Xaraiés.
A leste desta planície tem-se as escarpas se-
dimentares da estrutura de cuesta (vide) da
bacia do Paraná. - Do ponto de vista eco-
nômico, no Pantanal Matogrossense, se loca-
lizam várias fazendas de criação de gado. Na
foto à direita vê-se um curral de aparte de
gado, na fazenda Tarumã.
(Fotos I. Faludi)
ão a um glaci
"BAJADA" - acumulação de sedimentos que se realiza logo em continuaçation, uma vez
d' erosion. O Prof. J. Dresch denomino u as baia das de glacis de sediment
chamada de glaci
que êste material resulta, em grande parte, do desgaste feito na zona
d'erosion. (Vide pedimen to) •
as montanhas que
BALÃO - denominação pouco comum usada por alguns autores para
têm os seus pontos elevados com forma arredond ada.
estão compre-
BALASTRO - fragmentos de rochas que, segundo o Prof. Jacques Bourcart,
endidos entre os blocos com > 500 mm e grânulos com < 5 mm .
andinavo. (Vide
BÁLTICO (escudo) -terras antigas, o mesmo que Fenoscdrldia ou Fino-Esc
Arquean o).
relativamente
BANCO - camada ou estrato de materi.ll depositado, tendo uma espessura ada - banco
grande: Geralmente se usa êste têrmo para os depósitos de areia estratific
de areuz. rasos, que
O têrmo banco é ta:nbém emprega.:lo para os fundos lamacentos poucode conchas;
rios e nas zonas costeiras ou ainda para os leitos
aparecem no leito de certJs costuma-se usar o
(ou mais especificamente bancos conchíferos) etc. No Sul do Brasil
designar um trecho
têrmo banco para certas ilhotas formadas de aluviões, ou ainda para na Bahia.
de um rio onde há muitas corredeiras, como se faz no município de Ilhéus,
costeira têm sido definidos de modo muito diferente
Os bancos que aparecem na zona
procurou mostrar
pelos diversos autores . Recentemente o capitão-tenente A. P. F. Serpa o, a fiin de
as diferenciações existentes entre os três têrmos - baixio, banco e alto-fund por conseguinte,
tornar mais precisas as definiçõe s da nossa terminolo gia científica . Banco,
extensa do fundo dos mares, próximo ao litoral, formado de
é uma elevação mais ou menos .perigos à navegação
material não consolidado, isto é, não rochoso que oferece, no entanto,de animais marinhos.
de superfície. Os bancos são constituídos de areias, vasas e carapaças dade, ficam des-
Por ocasião das marés baixas os bancos, por se acharem a pouca profundi
cobertos. (Vide alto-fund o) .
BANCO CONCH fFERO - (vide sambaqui e banco) .
dos rios e na beira
BANCO DE AREIA - acumulação de aluviões e seixos nas margens
dos litorais onde predominam as areias. (Vide banco) .
no Sul do Brasil
BANHADO - têrmo derivado do espanhol baiíado e usado principalmente boas para cul-
para as extensões de terras baixas inundada s pelos rios. Constitue m terras
de água parada
turas, ao contrário dos pântanos . O banhado é uin ~erreno encharcado
que pode periodicamente apresenta r-se enxuto.
BANQUETA - o mesmo que leito maior (vide) ou terraço inferior .
autores como
BANQUETA CONTIN ENTAL - expressão pouco comum usada por certos
sinônimo de plataform a continent al (vide) .
das altas lati-
BANQUISA ou ICEFIEL D - acúmulo de gêlo flutuante junto aos litorais tornando -se depois
tudes. A superfíci e da banquisa no comêço da solidifica ção é regular,
constituin do um verdadeir o obstáculo à navegaçã o.
irregular e de aspecto caótico, em liberdade
A fusão das banquisas só se verifica durante o verão, colocando assim ura ou que
enormes massas de gêlo que se vão fundindo à medida que sobe a temperat
descem em direção às baixas latitudes . (Vide iceberg) .
BARCANA - forma de duna semelhante a uma foice.
BARISFERA - esfera de material rígido, cujo significado é esfera pesada. Constitui com
a pirosfera, o núcleo central (vide) da Terra.
O material rígido da barisfera que constitui o centro da crosta terrestre é composto
essencialmente de níquel e ferro, o que levou Suess a denominá-la de Nife.
oposta, isto é, ao
BARLAVENTO - diz-se da encosta voltada para o vento . A encosta o ou de sota-
abrigo do vento chama-se sotavento . A exposição das encostas de barlavent , isto é, as
vento tem grande importân cia na geomorfo logia. De modo geral as primeiras

.50
encostas de barlavento têm uma camada de decomposição qmm1ea mais espêssa que as de
sotavento. No caso do Nordeste brasileiro, expressivo exemplo é a serra da Borborema. Nas
áreas de dunas, no trecho de barlavento o declive é mais suave que na encosta de sotavento.
(Vide duna) .
Nas Antilhas, por exemplo, tem-se do ponto de vista geográfico (Pequenas Antilhas),
ilhas de Barlavento - Guadalupe, Martinica, Barbados, Tobago, Trinidad, etc.; e ilhas de
Sotavento - Oruba, Curaçau, Buen Aire, Margarida, Tortuga, etc.

BARRA - bancos ou coroas de detritos carregados pelos cursos d'água e depositados na


foz dos rios. As barras nos rios constituem geralmente um perigoso obstáculo à navegação.
A barra na foz do rio pode crescer quase que infinitamente; estando todavia, em
função do volume dos detritos carregados por êste. A entrada da barra significa, também,
do ponto de vista geog:··Mico, a entrada de uma baía.

BARRANCA - trecho de um rio onde se observa o aparecimento de margens com fortes


declives que chegam às vêzes a mais de 80° e 85°. As barrancas aparecem geralmente
quando o rio se encaixa.
BARRANCO - escavamento feito pelos agentes naturais, como o das águas ou pro-
vocado pelo homem, num trecho de uma encosta, próximo da base. O têrmo barranco é
um tanto vago, e usado mais na linguagem popular, ou de engenheiros construtores de
estradas ou de edifícios do que pràpriamente pelo geomorfólogo ou geólogo. O desliza-
mento de barreiras, nos cortes feitos em barrancos de material decomposto, constitui um
sério problema para os engenheiros. A maneira de cortar o barranco depende de muita
prática por parte do engenheiro no que diz respeito às rochas decompostas e também um
conhecimento exato do regime das chuvas da região.
As ligações ferroviárias, entre o Rio de Janeiro e o estado de Minas Gerais, algumas
vêzes, ficam ir.terrompidas, após as grandes chuvas, por causa de barrancos que invadem o
leito da ferrovia.
Na via Anchieta, no estado de São Paulo, vários estudos de deslizamentos de barrancos
já foram feitos pelos engenheiros encarregados do seu traçado.
A denominação de barranco é usada em quase todo o Brasil para as margens de um
rio que apresente certa altura relativa.
Usa-se também o têrmo barranco para o ravinamento que aparece em alguns cones
vulcânicos, isto é, uma rêde de drenagem radial centrífuga. Foi Lyell quem em 1872, deu
o nome de barranco às ravinas escavadas no monte Somma, em Nápoles .
BARREIRA - formações terciárias que aparecem como falésias costeiras desde o territó-
rio do Amapá até o estado da Guanabara. :l!:stes barrancos têm por vêzes 50 a 60 metros de
altura e terminam de forma abrupta. As barreiras são constituídas de arenitos friáveis, interca-
lados com folhelhos mais ou menos decompostos, daí a variedade de côres que apresentam.
O vocábulo barreira é usado com diversas significações regionais no Brasil. Assim em
alguns municípios de Minas Gerais compreende-se como sendo fonte perene de águas
minerais; nas margens do Araguaia barrancos escarpados e com extensão de mais de meia
légua. Vulgarmente denomina-se de barreira a parte de um morro, isto é, a uma encosta
onde se explora argila (barro) ou arena (saibro) ou ainda os barrancos argilosos, cujos
deslizamentos, na época das chuvas, causam grandes problemas ao tráfego ferroviário e
rodoviário. Como exemplo, têm-se as quedas de barreiras, na zona da Mata, no estado de
Minas Gerais. No Pantanal as barreiras ou salinas são as baías (vide) que secam total
ou parcialmente na estiagem, apresentando elevada salinidade ou mesmo depósitos salinos.
Do ponto de vista geomorfológico, considera-se como barreira um litoral típico de
falésia. O ponto extremo oriental do Brasil - ponta Seixas - no cabo Branco, na Paraíba,
é um belo exemplo dêsse litoral escarpado de barreira.
Do ponto de vista geológico, não se conseguiu dar uma caracterização perfeita, não
se enquadrando dentro dos critérios estratigráficos a denominação formação barreira, cuja
idade pode ser datada desde os fins do Mesozóico até o próprio início do Quaternário.
No litoral leste do Pará observa-se o contato da série Pirabas ( Mioceno) que está sob os
terrenos considerados da série Barreiras . ~ uma formação afossilífera, com as mais diferen-

51
tes facies. Por isso há uma certa tendência para denominar os chamados terrenos da "série
Barreiras", de formações terciárias indiferençáveis.
A geomorfologia brasileira tem que considerar diferentes formas de relêvo dentro dessas
formações, constituídas principalmente de arenitos, folhelhos e argilas mosqueadas ou varie-
gadas, que se estendem por grandes áreas da bacia Amazônica e pelo litoral nordestino
e oriental, até a baía de Guanabara (ilha do Governador) . Pode-se fazer referência aos
baixos planaltos, aos tabuleiros, ao coluvionamento e às formas de vertentes planas e con-
vexas, encontradas em tais formações. ( Figs. ns. 4B e 5B) .
BARREffiA (recife) - faixas paralelas ao litoral formando na maioria das vêzes um obstáculo
ao acesso à costa. • Quanto a sua natureza podem ser de arenito ou de calcário, conforme
a percentagem dominante das areias ou das conchas (vide recife) .
BARREIRO - denominação usada para as porções de terrenos salobros ou salgados em
áreas de várzeas próximas ao litoral, ou em áreas situadas em zonas de clima árido ou
semi-árido, onde ocorre eflorescência salina. Em grande parte da bacia do rio São Francisco
se encontram afloramentos de rochas com eflorescência salina, da qual os caboclos ex-
traem o chamado sal da terra, e onde os animais passam algum tempo lambendo-o, daí
a expressão "lambedouro" pelos caboclos. ( Fig. n. 0 6B) .

Fie. n. 0 4B - Aspecto típico do litoral escarpado das Barreiras.


(Foto Tibor JabiCinsky do IBG)
O tênno regional barreiro, quando usado na descrição da paisagem física de uma
região, indica o aparecimento de rochas ou de solos com eflorescência salina. No Nordeste
brasileiro usa-se também êste tênno para o tanque ou fôsso escavado em terreno geralmente
argiloso, no qual ficam retid.as as águas pluviais da estação chuvosa, que serão consumidas
na época da sêca; ou ainda para o local onde se amassa o barro para a construção de
casas de taipa.
"BARRENTO VERMELHO" (solo) - denominação regional dada aos solos de côr aver-
melhada, no estado de S. Paulo, que apresentam consideráveis analogias com a terra rossa
(vide) da região mediterrânea.
BARRETA - denominação regional dada aos Pntalhes nos recifes, que permitem a entrada
e a saída das águas das marés. (Ver fig. n.0 5B).
BARRO - tênno regional usado para a argila plástica (vide) . Geralmente denomina-se de
barro, na linguagem popular, a argila vermelha.
BARROCA - o mesmo que voçoroca (vide). Fonna produzida pela erosão acelerada.
BARRO BRANCO - denominação dada pelo povo à argila caulínica. (Vide caulim). Do
ponto de vista estratigráfico, diz respeito a uma camada argilosa que caracteriza um dos
horizontes do carvão em Santa Catarina.
BARRO VERMELHO - o mesmo que argila vermelha. (Vide barro) .
BASALTITO - vide basalto.

Fig. n.o 6B - No Nordeste semi·árido vêem·se às vêzes na paisagem pequenas depressões cheias de
água ('"'barreiros") como se fôssem "lagos naturais". O pisoteio do gado e do homem vão normalmente
retirando material da borda dos mesmos, tomando-os mais largos e também profundos, - Ao lado do
"barreiro~' o nordestino costunta localizar a sua casa de moradia e também um pequeno curral.
(F oto Tibor J ablo·nsky do IBG)
Fig. n. 0 7B - Afloramento de rocha basáltica, no litoral do estado do Rio Grande do Sul, em Tôrres.
O trapp é considerado como o início do Mesozóico (vide), agora. vem sendo atribuído ao cretáceo,
confonne os estudos do Laboratório de Geocronologia de São Paulo.
(Foto Tibor Jabl<Ynsky do IBG)

BASALTO - rocha efusiva de côr escura, pesada, tendo como minerais essenciais o piro-
x:ênio augítico, feldspatos calcossódicos ( plagioclásio), como a labradorita e a anortita.
A olivina é considerada, pela escola francesa, como um dos elementos típicos do basalto. Na
península do Cabo Verde (África Ocidental) observa-se a existência de grandes "olhos
de olivina"; especialmente no derrame dos vulcões Mamelles, do Quaternário.
Tomando-se em consideração a quantidade dos diferentes minerais, pode-se distinguir:
a) ba.salto limburgítico - possui pouco ou nenhum feldspato; b) basaltito constituído de
plagioclásio e piroxênio de grã-fina.
A cristalização dessa rocha básica pode ser feita em prismas hexagonais, - basalto
prismático ex.: Maciço Central Francês, grutas do Fíngal na ilha de Stafa, etc. Quanto à
idade, encontramos basaltos desde o Arqueano até o Pleistoceno. Todavia o maior número
de derrames foi registrado no Pleistoceno.
No Mesozóico ocorreu grande derrame de hvas, especialmente de basalto, no Sul do
Brasil. ( Fig. n. 0 7B ) .
A decomposição do basalto dá aparecimento a uma argila de coloração vermelha, daudo
geralmente solos férteis - terras roxas.

BÁSICA (rocha) - aquela cuja porcentagem de sílica oscila entre 45 e 52%.

55
BATIAL (sedimentação ) - acumulação de detritos que se processa abaixo do nível dos
oceanos, cuja natureza é mais fina que a da nerítica e mais grosseira que a da abissal.
Na sedimentação batia! ou na facies batia!, tem-se a indicação aproximada de que a
deposição dos detritos se realizou em mares relativamente profundos, através da natureza
do material que compõe as camadas, dos fósseis e da regularidade da estratificação.
BATIAL (zona) - região submarina que se estende entre a plataforma continental e a
abissal, isto é, entre 200 e 1 000 metros de profundidade. A zona batia! é também deno-
minada de hipoabissal e corresponde ao que os geomorfólogos denominam de talude con-
tinental.
BATISSISMO - sismo ou terremoto de origem profunda, registrável em todos os sismó-
grafos do mundo.
BATóLITO - grandes injeções maciças de material magmático que aparecem através de
fendas da crosta. ~ste material, que sobe em estado de fusão, geralmente ocasiona um
metamorfismo de contacto, havendo o processo de digestão da rocha encaixante na0 peri-
feria. A massa magmática do batólito tem larga ligação com a parte inferior ( Fig· n. 8B),
e possui uma área superior a 100 km'.

+ +
+ +
+ .. +
+ + + + "f
+ + + + + + ++ + +
+ +- + + + + +
+ + + 1" +
+-t-+++++
-r+-r-r+++
+++++++
+++-t ++ +

Fig. n. 0 8B - Os bató'itos são gr · nde~ injeções ,.,aciças de m 1. terial magmático que


aparecem através de fendas da crosta. t!:ste material, que sobe em estado de fusão,
geralmente ocasicna um metamorfismo de cnn ~ at'l, .~.a vt"ndo o pr< :esso de digestão da
rocha encaixante na periferia. A massa magmática do batólito tem larga ligação com
a parte inferior.

BAUERITIZAÇÃO - denominação dada ao processo de descaramento da mica biotítica,


tornando-a dourada, em função da metcorização . Esta mica dourada quando aparece em
praias de alguns rios é chamada de ouro de gato.
BAUXITA - hidrato de alumínio de coloração clara, ou levemente alaranjada, ou ainda
avermelhada em função da porcentagem do óxido de ferro que por acasp possua. A bauxita
é um laterito branco, cuja formação é resultante da alteração de rochas que contêm grande
quantidade de feldspatos feldspatóides . 1!: por conseguinte um mineral residual formado
in situ.
No estado de Minas Gerais, no planalto de Caldas e próximo a Ouro Prêto, se
encontram as maiores jazidas de bauxita. A bauxita constitui o minério de alumínio.
Na laterização de rochas como os granitos, gnaisses, diabásios, etc., pode-se ver, por
vêzes, num corte, as três zonas distinguidas por Lacroix, a partir de cima para baixo:
1 zona de altl')ração ( zone de concrétion);
2 - zona de hidratação ( zone de départ);
3 - zona da rocha matriz .
Para a formação da bauxita é necessário existirem certas condições de ordem topográ-
fica, climática e mesmo botânica, segundo alguns autores. A topografia deve ser plana ou
pelo menos pouco acidentada, a vegetação de preferência herbácea e o clima com estações
alternadas .

56
Os exames de algumas amostras de bauxita, colhidas em GuaratiP-guetá pelo enge-
nheiro Theodoro Knecht, realizados nos laboratórios do Instituto Geográfico e Geológico do
estado de São Paulo, revelaram:

1 2 3
I 4

Óxido de aluminio .... . . ........ . . . . .. . . .. . . 58,3 53,6 52,0 52,2


Óxido de titânio . . . . : . ... .. ..... . ...... . .. . traços traços traços trac;o,;
Sílica e insolúveis . ... .. . ..... . .... . ........ 9,6 8,4 19,7 18,9
Óxido de ferro ..... . .. . .................... 1,0 6,5 1,9 1,2
Perda ao fogo . ......... .. ..... ... .... . .. . . 31,1 30,7 26,6 27,3

"BEDROCK" - o mesmo que rocha matriz, isto é, substrato ~ vtopo sto a nm depósito
sedimentar.
BENTO - conjunto de sêres vivos que habitam, permanentemente ou preferencialmente,
o fundo dos mares. Dentre os sêres bentogênicos podemos distinguir os sésseis, isto é,
fixos e os vágeis, os rastejantes, ou mesmo, natantes.
BERILO - silicato duplo de alumínio e glucínio com brilho vítreo. O berilo, quando trans-
parente e limpo de incrustações, constitui pedras coradas preciosas e semipreciosas, conheci-
das pelos joalheiros como: berilo, esmeralda, água-marinha, morganita, heliodora, etc.
Atualmente o berilo se acha incluído na categoria dos minerais estratégicos devido a
sua aplicação na construção de bombas e pilhas atômicas, onde funciona como fonte de
produção de neutrons, elementos enigmáticos que constituem o núcleo dos átomos. O berilo
é importante para o raio X por causa da su;~ grande permeabilidade a êsses raios.
~ também usado em ligas com o cúbre, devido a sua grande resistência à fadiga e
com o aço, quando se realiza a construçáo de ferramentas que não dão centelhas, isto é,
ferramentas próprias para o trabalho mecânico em ambiente carregado de substâncias ou
emanações inflamáveis.
O maior produtor e o maior exportador dêste minério, nos últimos 10 anos, tem sido
o Brasil. Em 1964 produzimos 576 t, no valor de Cr$ 65 857 000. Outros concorrentes
ao nosso berilo são: Argentina, Austrália, lndia e produtores de menor importância situados
na África e na Europa.
No Brasil as principais · ocorrências dêsse minério se localizam nos estados da Paraíba,
Rio Grande do Norte, Ceará e Minas Gerais. O minério, que aflora na província meta-
logênica da Borborema, tem cêrca de 11 a 13% de óxido de glucínio, sendo reputado pelo
mercado consumidor estrangeiro. O berilo nos estados nordestinos do Brasil encontra-se
nos pegmatitos.
O berilo ocorre na natureza sempre combinado ao silício e ao oxigênio, formando sili-
catos, os quais podem ter outros elementos associados.
O berilo é um metal tipicamente do século XX, isto é, embora descoberto em 1798,
pelo químico francês Vauquelin, somente no decorrer do século atual começou a ser
utilizado em larga escala.
B~TA - filão constituído essencialmente àe minerais metálicos.
BETUME - material rico êm hidrocarbonetos, isto é, compostos orgânicos de carbono e
-hidrogênio. O betume interessa particularmente à geologia econômica . :E:le pode ser líquido
como o petróleo, ou sólido como o asfalto .
Com o nome de betume "pode-se identificar umas cinco substâncias combustíveis que
seriam o produto de uma destilação ígnea natural, sofrida pela matéria orgânica sepultada
sob as mais diversas capas de sedimentos. Ainda devemos esclarecer que se conhecem por
betume certas substâncias adesivas .que se preparam com resina, breu, óleo e outros ingre-
dientes, empregadas para colar objetos, vedar fendas, etc·
BIOCLÁSTICA - denominação dada por Grabau às rochas exógenas, formadas por acúmu-
lo de fragmentos de organismos. O mesmo que biólito (vide) .

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BIOGEOGRAFIA - estudo da distribuição geográfica dos sêres vivos, no globo terrestre.
Quando trata da distribuição geográfica dos animais é a zoogeografia e no caso dos ve-
getais é a fito geografia.
BióLITO - rocha sedimentar constituída de restos de organismos animais e vegetais.
Potonié divide os biólitos em: acaustobiólito (vide) e caustobiólito (vide) .
BIOLóGICA (erosão) - o mesmo que erosão acelerada (vide) .
BIOTITA - variedade de mica de coloração negra, também chamada micll negra. A biotita
é um silicato hidratado ferromagnesiano, cuja fórmula é a seguinte: (H 2 K2 )0, (Al 2 Fe 2 )0a,
2(MgFe)O, 3Si02 •
A mica biotita é por conseguinte um silicato de alumínio, potássio, magnésio e ferro,
contendo geralmente menos água que a moscovita.
Na natureza a biotita altera-se fàcihnente dando a clorita c a flogopita. A biotita é um
mineral muito importante nas rochas da família dos granitos. Aparece comumente em
quase tôdas as rochas ígneas e em algumas metamórficas e sedimentares.
BITONITA - feldsp2to do tipo plagioclásio muito cálcico e pouco sódico ir.te1mediário
entre a labradorita e a anortita. A bitonita aparece gerahnente em rochas eruptivas básir:as
como: basaltos, gabros, etc.
BLOCO - fragmento de rocha cujos diâmetros são superiores a 500 mm - segundo a
classificação granulométrica do Prof. Jacques Bourcart. Os diâmetros dos blocos, (Fig.
n. 0 9B) assim como o de todo material detrítico, seixos, areias, poeiras e colóides, (!epen-
dem da escala granulométrica adotada pelos diversos autores.

Fig. n. 0 9B - Os blocos abaixo resultaram da fraturação e do trabalhb posterior, realizado pela erosão
elementar (vide). O agente principal de remoção do material decomposto e desagregado ao longo das
diáclases é a água de escorrência, proveniente das chuvas. - O grande bloco abaixo focalizadlo é
chamado de Pedra do Letreiro, por causa das inscrições, indigenas (?) nêle existentes. Está localizado
no sítio Belém, junto ao povoado Brejinho, no sertão Sf"""i·árido de Pernambuco.
(Foto Tibor JabiO'nsky do IBG)
0
Fig. n. IOB - A erosão, trabalhando as linhas de menor resistência das rochas, dá origem na fachada
altãncia do Brasil a fonnas bem diversificadas. Desde a típica alteração laterítica, às espêssas capas
de arenas e argilas até aos pães-de-açúcar, pontões e bouelders ou matacões, como o focaJizado acima.
ltste é um bloco oscilante (vide) que uma vez rompido o equilíbrio, tenderá a rolar pela encosta. Esta
foto foi tirada na costa do Espírito Santo, próximo a Cachoeira do ltapemirim.
(Foto Tibor JabJo·n sky do IBG)

O problema dos diâmetros do material detrítico interessa aos geomorfólogos e geó-


logos no que tange às explicações das formas de relêvo e de sua gênese. Porém, no campo
da geologia aplicada é de máxima importância para os engenheiros, por causa do conhe-
cimento do solo e subsolo onde terão que assentar as construções, como também por causa
dos materiais que terão à sua disposição.
Na geomorfologia e na geologia o que interessa é a extensão do lençol de blocos, a
sua posição, o seu tamanho aproximado e a natureza das rochas que o compõem. Nesse
exame podemos ver se se trata de blocos de desmoronamento, de blocos de decomposição
( boulder), de blocos de cones de dejeção, blocos erráticos, de cabeceiras de rios de re-
gime torrencial, etc.
BLOCO CONTINENTAL - o mesmo que continente (vide), todavia é necessário salientar
que engloba esta expressão não só as áreas emersas ou continentais, como também a área
do planalto continental, isto é, a plataforma litorânea .
BLOCO DE DECOMPOSIÇÃO - o mesmo que boulder (vide) ou matacão.
BLOCO DE DESMORONAMENTO - fragmentos de rochas que, uma vez desagregados
da rocha primitiva, perdem o equilíbrio e descem a encosta rolando ou escorregando devido
à ação da gravidade. No trajeto, isto é, na descida, êstes blocos podem ocasionar esmaga-

59
sopé das encostas . Muitas
mentos e quebramentos de outras rochas. ll:les se acumulam no ou aluvial sendo cha-
vêzes, com o correr do tempo, são envolvid os em material coluvial
mados, de um modo geral, de brechas de declive ou de talude.
pelas geleiras, podendo ter
BLOCO ERRÁT ICO - fragmentos de rochas transportadas deixa bem impresso na
algumas vêzes o pêso de várias toneladas . O trabalho dos gelos am-se freqüen temente
superfíc ie dêsses blocos a sua marca típica que são as estrias. Encontr
que sofreram os efeitos da glaciaçã o pleistocê nica e também em zonas
êsses blocos nas áreas por causa da glaciação que
de sedimentação permocarbonífer a, como no Sul do Brasil,
sofre\} esta área do antigo continente de Gondwa na.
s, pois o transporte foi
Os blocos erráticos apresentam as arestas ligeiramente adoçada ento.
rolamen to, isto é, foram transpor tados pelos gelos por deslizam
feito sem
ou matacão , isto é, fragmentos de
BLOCO ESFOL IADO - o mesmo que boolder (vide) e tornando o
à variação da amplitu de térmica, vão soltando "cascas"
rocha que, devido ão da hipó-
da erosão proporci onou a Agassiz a idealizaç
bloco arredon dado. ll:ste processo
tese de uma glaciação recente no Brasil, dizendo tratar-se de
bwco e"ático (vide) . A
explicação invocada para a ausência das estrias nos blocos
esfoliados era o da intensa
meteorização (vide) tropical .
BLOCO OSCILA NTE OU SUSPENSO - diz-se dos matacões que se encontram em equi-
líbrio instável nas vertentes ( Fig. n. 0
10B) . Nos morros do estado da Guanab ara há bons
) . Alguns autores prefe-
exemplos, especialmente próximo da estação de Sampaio ( EFCB
(vide) .
rem as denominações acima do que blocos de desmoronamento
BLOCO SUSPENSO - o mesmo que bloco oscilante (vide) ou
bloco de desmoronamento
(vide).
BôCA DE SERRA - denominação regional
usada nos estados de Santa Catarina e Paraná
para os vales que, cortando os abruptos dos
planaltos, isto é, os itaimbés (vide), permite m
a subida para os mesmos. As b6cas de serra
acompanham geralmente o leito de um riacho
cujo regime é torrencial. :f: um têrmo descriti-
vo, empregado, no entanto, por certos autores,
que ao descreverem tecnicamente a paisagem
física dêsses estados usam a terminologia re-
gional.
BOCAINA - têrmo regional descritivo usa-
do no Sul do Brasil para designar colo ou
garganta, enquant o na Amazônia e na Guiana
Maranhense sign,ifica foz de um rio ou ainda
a entrada de um lago que se comunica por
um desguadouro com o rio.
BOÇOROCA - o mesmo que ooçoroca (vide);
denominação pouco freqüen te.
"BOGS" - denominação dada na Irlanda às
turfeiras . (Vide turfa) .
BOMBA VULCÂNICA - produto de grande
volume expelido pelos vulcões. Seu tamanho
pode variar desde u' a mão fechada e até vá-
rios metros de diâmetro ( Fig. n. llB). Em
0

1906, o Vesúvio lançou uma bomba de 12 me-


Fig. n. 0 llB - Bombas vulcânica s, lapili e ma· tros cúbicos, pesando 30 000 toneladas. O
teria) de esc6ria do vulcão Tartaret no Maciço vulcão Kirishima no Japão expeliu um bloco
Central Francês, expelidos r. o Quaterná rio. Obser· que mediu 200 metros cúbicos; sendo no en-
'·a-se que êste material está pouco atacado pelos
a1entes da erosão elementar , em virtude do tanto apenas um fragmento que restou do bloco
clima e do pouco tempo de exposição . monstruoso.
(Foto do autor)

60
Fig. n. 0 12 B - Aspecto do boqueirão de Orós, no estado do Ceará. Os rios escavam gargantas \::pigê.
nicas, cortando perpendicularmente à estrutura das rochas, como se vê na foto acima.
(Foto Tibor Jablansky do IBG)

BOJ\-ffiEAMENTO - o mesmo que arqueamento (vide) .


BONECA DE LOESS - concreções calcárias que aparecem no material fino que constitui
o loess (vide) .
BOQUEIRÃO - tênno regional usado no Nordeste do Brasil para as aberturas ou gargantas
estreitas cortadas, por vêzes, em serras por onde passa um rio; como exemplo temos o
boqueirão do Poti que corta a serra da Ibiapaba, entre o Ceará e o Piauí.
O têrmo boqueirão é usado na geomorfologia descritiva seguido, porém, da expli-
cação genética do acidente. Algumas vêzes os boqueirões são verdadeiras gargantas epi-
gênicas. ( Fig· n. 0 12B) .
BóREO-BRASíLIA - parte do escudo brasileiro; o mesmo que Árqueo-Atldntíca. (Vide)
ou Sul Amazónico, segundo Aroldo de Azevedo.
BOSSA - denominação usada por Daly para o afloramento de um estoque (vide) com a
forma circular. O têrmo bossa também é usado pelos geomorfólogos para descrever uma
paisagem em que surjam afloramentos imponentes com a forma de zimbórios.
BOULDER ou MATACÃO - bolas de rochas compactas produzidas pela esfoliação em
forma de casca de cebola (desagregação cortical), sendo geralmente originadas pelos efeitos
térmicos acompanhados dos fenômenos de hidratação. Aliás a melhor prova é que as capas
concêntricas estão geralmente oxidadas e decompostas. (Vide figs. ns. 9B e lOB).
"BOW ALIZAÇÃO" - têrmo usado pelos geólogos africanos para designar o processo de
laterização que dá aparecimento à canga (bowal).

61
"BOW:l!:" - têrmo regional de origem Foula (África Ocidental) para designar crosta de
laterito. O plural de bowé é howal, e o processo que lhe dá origem chama-se bowalização.
BRADISSElSMO - o mesmo que movimentos eustáticos. O têrmo bradisseísmo vem do
grego e significa movimentos len'tos.
BRAQUIANTICLINAL ou DOMO - dobra na qual a largura e o comprimento da parte
elevada com a convexidade para cima ( anticlinal) são idênticos . As camadas têm uma
direção periclinal com mergulhos mais ou menos idênticos, porém, com direções variadas.
O inverso no braquianticlinal é o braquissinclinal. Fazendo-se cortes longitudinais e
transversais êles podem apresentar a forma circular ou elítica.
BRAQUISSINCLINAL - o oposto de braquianticlinal (vide).
BRASILEIRO (escudo) - o mesmo que Brasília (vide).
BRASlLIA - denominação dada às velhas plataformas continentais arqueanas, o mesmo
que escudo brasileiro (vide Arqueano) .
BRASILIDAS - o mesmo que himalaia brasílico - terras erguidas pelos grandes dobra-
mentos da era primitiva os quais foram produzidos no fim dos períodos: Arqueano (Lauren-
ciano), Algonquiano ( Huroniano) . Por conseguinte brasília é a massa continental antiga
formada pelas estruturas arqueanas à qual se agregam também as algonquianas, isto é, as
brasilides.
BRASILIDES - o mesmo que brasília (vide) .
BRECHAS - fragmentos angulosos ligados por um cimento. O traço marcante dêsse ma-
terial é o fato de os fragmentos de rochas serem angulosos, enquanto nos conglomerados ou
poudings são arredondados, isto é, são seixos.
BRECHA CONCHlFER A - o mesmo que lumaquela (vide) .
BRECHA DE ATRITO - o mesmo que brecha de falha (vide) ou brecha de fricção.
BRECHA DE DECLIVE - o mesmo que brecha de talude (vide) .
BRECHA DE FALHA - material anguloso que aparece ao longo das linhas de fricção,
daí ser chamado também de brecha de fricção . A distinção entre a brecha de falha e a
bmcha simplesmente é que na primeira, de modo geral, o material aparece esmagado ou
mesmo metamorfoseado, enquanto na segunda o material aparece apenas cimentado. Muitas
vêzes é a existência dêsse material esmagado e metamorfoseado que permite delimitar
a antiga Hnha de falha, pois a atual frente da mesma pode estar muito dissecada e recuada
vários quilômetros.
BRECHA DE FRICÇÃO - o mesmo que brecha de falha (vide) .
BRECHA DE TALUDE - depÓsito constituído de fragmentos de rochas, carregados prin-
cipalmente pela fôrça da gravidade, e acumulados no sopé das encostas ou vertentes.
BRECHA METEóRICA - constituída por fragmentos de rochas que não sofreram trans-
porte e que se acham misturados com material decomposto. :ll:ste tipo de brecha é diferente
quanto a sua gênese da brecha de declive ou de talude, cujos fragmentos de rochas que
se acham misturados com o cimento ou material decomposto, sofreram transporte, devido
principalmente ao efeito da gravidade.
BRECHA VULCÃNICA - o mesmo que aglomerado (vide).
BRECHóiDE - estrutura de um material ou de uma rocha que toma o aspecto de uma
brecha (vide) .
BR:l!:CIA - o mesmo que brecha (vide) .
BREJO - terreno plano, encharcado, que aparece nas regiões de cabeceira, ou em zonas
de transbordamento de rios.
"BOULDER-CLAY" - denominação usada pelos geólogos inglêses para o material deixado
pelos glaciares - morainas . Os franceses usam o têrmo argile à blocaux. Esta formação
é muito abundante no norte da Europa e da América, por causa das glaciações quaternárias.
BURACO-SOTURNO - denominação regional usada no estado de Mato Grosso para as
grutas ou cavernas (vide) . A mais importante das grutas mato-grossenses é a do Inferno
conhecida pela denominação de Buraco Soturno pelos primeiros habitantes das margens do
rio Paraguai, nas proximidades do antigo forte de Ccimbra .

62
CABECEIRA - área onde surgem os olhos d'água que dão origem a um curso fluvial, é o
oposto de foz. Não se deve pensar que a cabeceira seja um lugar bem definido. Por vêzes
ela constitui uma verdadeira área, e neste caso surge uma série de problemas não menos
difíceis, qual seja o da escolha de um critério para a determinação do rio principal . Como
exemplo d esta dificuldade temos as cabeceiras do rio Amazonas.
As cabeceiras são também denominadas de: nascente, fonte, minadouro, mina, lacrimal,
pantanal, manancial ~te. Os têrmos mais comuns, porém, são os que aparecem em itálico.
CABEÇO - parte mais alta de uma elevação e de fonna arredondada; ou ainda banco
isolado quando se trata de elevação submersa nas águas oceânicas.
CABEDELO - diz-se dos pontais arenosos que se formam na embocadura de certos rios,
prolongando-se em direção ao mar. É um têrmo descritivo, confundindo-se com pontal
(vide), flecha litorânea ou mesmo banco (vide) . Cabedelo é o diminutivo de cabo (vide).
Na terminologia dos acidentes do relêvo costeiro, torna-se urgente uma nova orientação
baseada principalmente na geomorfologia, a fim de que não se continue a usar inconsciente-
mente duas, três, ou mesmo mais denominações p ara o mesmo acidente, pensando que se
está fazendo referências a acidentes diferentes.
CABO - na topografia costeira assim se denomina a parte saliente da costa de regular
altitude que avança em direção ao mar. O aparecimento dêsses acidentes topográficos nos
litorais está ligado à erosão diferencial, que deixa em salitlncia as rochas mais duras, des-
truindo as mais tenras. Na Bretanha e no País de Gales encontramos belos exemplos de
cabos . No litoral do oeste africano há o cabo Manuel ( Dacar) constituído de rochas básicas
( basaltos) , no litoral nordestino brasileiro, o cabo Branco, na Paraíba, de rochas sedimen-
tares da série Barreiras. Os cabos avançam e m forma de ponta, sendo por conseguinte
decrescente a sua largura em direção ao mar, ou a um lago. O cabo é menos extenso que
a península e maior que uma ponta.
CACHOEIRA - queda d'água no curso de um rio, ocasionada pela existência de um
degrau no perfil longitudinal do mesmo. As causas da existência dessas diferenças de
nível no leito do rio podem estar ligadas a falhas, dobras, erosão diferencial, diques, etc.
(Fig· n. 0 lC).
No pé da cachoeira geralmente há o aparecimento de marmitas ou caldeirões, (vide)
produzidos pelo choque da água ao cair. Geralmente as águas carregam materiais sólidos
em suspensão, seixos, etc., que são responsáveis pela escavação das marmitas.
CADEIA DE MONTANHAS - conjunto ou sucessão de montanhas que se ligam entre si, e
apresentam a mesma composição geológica, o mes~o modo de formação ~om estruturas
comuns . As cadeias de montanhas formam um con1unto alongado, que defme geralmente
o alinhamento montanhoso.
Na superfície do globo, no decorrer da história física da Terra, ocorreram certos ~ovi­
mentos orogenéticos que deram origem a 4 tipos de cadeias de montanhas: 1 - huromanas,
2 - caledonianas, 3 - hercinianas e 4 - alpinas. A primeira, isto é, a huroniana diz res-

6.'3
Fig. n. 0 IC - Aspecto das cachoeiras de Iguaçu, no rio do mesmo nome, afluente da margem esquerda
do rio Paraná. Do ponto de vista geomorfológico, estas cachoeiras podem ser explicadas pela erosão
diferencial, tendo em vista a altemincia das camadas de arenito com as efusivas básicas. Há outros
que procuram explicá·las como produzidas por efeitos tectônicos de falhamento.
(Foto Esso Brasileiro de Petróleo)

peito aos movimentos ocorridos no Proterozóico, enquanto o movimento caledoniano e


herciniano, na era Paleozóica e a última revolução diastrófica, acima citada, na era Terciária.
As primeiras estão muito desgastadas pela erosão e as últimas apresentam ainda formas
muito aguçadas, isto é, formas jovens. Alguns autores empregam de modo vago a deno-
minação de cadeia de montanhas para um grupo de elevações de formas relativamente
alongadas.
CADEIA DE ROCHEDOS - diz-se de uma cadeia de montanhas submarinas, cujos picos
afloram à superfície, aparecendo com pequenos intervalos entre si, seguindo, no entanto,
certo alinhamento.
CAL - produto obtido pela calcinação de um calcário, dando formação a óxido de cálcio -
cal virgem. Quando se lhe adiciona água, torna-se um hidrato de cálcio, chamado cal extinta.
A cal é muito empregada para as pinturas de paredes, rebôco e também na agricultura
para diminuir a acidez dos solos.
CALANCIU - têrmo regional italiano da cadeia dos Apeninos, que corresponde à paisagem
do tipo ''bad-lands" (E. Unidos).
"CALANQUE " - têrmo regional usado em Provence (litoral da França - mar Mediterrâ-
neo) para designar anfractuosidades na costa, semelhante ao litoral de rias. Forma verda-
deiros canyon.s em terrenos calcários invadidos pelo mar.
CALCARENA - o mesmo que "areia calcária" (vide).
CALCARIA (rocha) - composta essencialmente de carbonato de cálcio. As águas carregadas
de ácido carbônico dissolvem, com grande facilidade, o carbonato de cálcio, tornando-o um
bicarbonato solúvel que é carregado em dissolução.

64
Fig. n. o 2(.; - A cristalização da c aleita se faz sob diferentes fonnas. As grutas da
região do Eysies oferecem lindos tipos de estalactites, como o observado na foto
acima, na gruta do Grand-Roc.
Foto do folheto "Au pays des grottes Les Eysies Dordogne capitale des
temps pre-historiques" .

65
Nas águas de infiltração no
carste é freqüente a precipita-
ção de carbonato de cálcio na
parede das grutas constituindo
as estalactites ( Fig. n. 0 2C) e
estalagmites ( Fig. 3C).

O relêvo cárstico é o que


apresenta as formas mais boni-
tas e mais impressionantes co-
mo: grutas, rios sumidos (Fig.
n. 0 4C) fenômenos de ressur-
gência, desmoronamentos sub-
terrâneos, vertentes pendentes
( Fig. n. 0 5C) dolinas, aven,
poljé, etc. Nos calcários com-
postos de carbonatos duplos
como o dolomítico - carbonato
de cálcio e de magnésio - ob-
serva-se que o cálcio é mais
fàcilmente dissolvido, ficando
como resíduo o magnésio. Em
Montpellier le Vieux onde aflo-
ra o calcário clolomítico há for-
mas bem curiosas por causa
dessa dissolução diferencial. 06
rios em terrenos calcários não
possuem uma hierarquia como
estamos acostumados a observar,
por causa dos fenômenos de
perdas e ressurg~ncias. As ver-
tentes são modeladas por des-
moronamentos e não pelo len-
çol de escoamento superficial,
por causa da J?;rande permeabi-
lidade do calcário através de
suas fissuras. As dolinas, as
grutas, os lapiás, são formas
muito comuns nos relevos cal-
cários.
Fig. n. 0 3C - Estalagmites do Aven·Annand, no Causses do
Maciço Central Frnnc~s. São constituídas pela precipitação do
carbonato de cálcio, dissolvido na água que circula nesses cal·
drios. 2ste aspecto das estalagmites do Aven-Armand é chamado
de "Foret Vier&e des Choux-fleurs"
(Foto Cartão-Postal P .L .L .P .)

CALCÁRIO - rocha formada essencialmente de carbonato de cálcio. O calcário é um


têrmo latino "calcarius", e significa o que contém cal.
Quanto a sua origem pode ser: biológica ou orgânica e química.
Os calcários de origem orgânica resultam da acumulação de restos de conchas, corais,
etc.; e os de origem química da precipitação do carbonato de cálcio. Na superfície do
globo os afloramentos de calcários de origem orgânica são os mais freqüentes. Do ponto
de vista morfológico, as rochas calcárias oferecem tipos de relêvo muito importantes por
causa da fácil dissolução do carbonato de cálcio, sob a ação do ácido carbônico existente
nas águas de circulação .
O calcário é uma rocha sedimentar cuja aplicação in natura ou com algum beneficia-
mento, é bastante importante. Preliminarmente se deve destacar a sua utilização na pro-
dução de cimento, pedra de construção, cal, mármore (calcário metamorfoseado), na
calcificação dos solos para diminuir a acidez, e também como fundente na metalurgia, além
da produção de barrilha .

66
CALCARIO CAVERNOSO - alvéolos ou cavidades que aparecem em grande número na
rocha calcária. Estas
cavidades são produzi-
das pela dissolução do
carbonato de cálcio.
Um dos melhores exem-
plos é a meuliere que
aflora na bacia de
Paris.

CALCÁRIO LITO-
GRÁFICO - tipo de
calcário compacto no
qual existe uma certa
homogeneidade no ta-
manho dos grãos. ~
constituído de carbona-
to de cálcio quase puro.
Os calcários litográficos
são suscetíveis de ser
cortados em placas e
suportar polimento. Por Fig. n.o 4C - Vales subterrâneo s ou rios sumidos cavado~ no calcário por
esta razão são utilizados efeito da dissolução do carbonato de cálcio solúvel na água. Vemos aqui
para gravação de cartas a ressurgência do Bonheur no Maciço Central Francê~. No fundo do vale,
observamos grande quantidade de blocos originados pelos desabament
e gravuras diversas. os
das partes superiores.
(Foto do autor)
CALCED ôNEA - variedade criptocristalina da sílica. Aparece geralmente nas
cavidades
de rochas eruptivas ou sedimentares, sendo comumente produto de depósito hidroterm
Pode-se dizer que a calcedônia nada mais é que uma sílica semicristalina, constituíd al.
a
uma pasta de sílica amorfa no seio da qual se encontram pequenas agulhas microscóp por
icas
de sílica cristalizada.
Variedades de calcedônia: cornalina (vermelho ), heliotrópio (verde-esm eralda),
dônia (laranja), crisoprásis (verde-ma çã), plasma (verde-esmeralda com alguns sar-
brancos) safirinas (azul-celeste) . Além dessas há ainda as ágatas, o sílex e o faspe pontos
(vide) .
CALCIFICAÇÃO DOS SOLOS - diz-se da aplicação do calcário na correção
da acidez
do solo, de grande importância na agricultur a. Nas regiões intertropicais pluviosas,
o seu
emprêgo é de importância, uma vez que os solos de tais áreas são, na sua quase
totalidade,
ácidos.
O calcário moído é indispensável aos solos tropicais que se destinam ao cultivo.
vêzes a influência do calcário é mais marcante do que a do próprio adubo. O Às
custo do
preparo do solo é menor com a calcificação do que com o adubo. Em São Paulo
e Minas
Gerais estão em funcionamento usinas de moagem de calcário para êste fim.
No litoral
sul, em Cananéia (São Paulo) e Paranaguá (Paraná), certas ilhas contêm concheiras
,
estão sendo explotadas para aproveitar o cakário como corretivo do solo. Também que
litoral do estado do Rio de Janeiro, em Araruama, faz-se a extração de conchas, no
uso na fabricação de cal e de barrilha. para
CALCITA - carbonato de cálcio cristalizado no sistema romboédrico. Depois do
quartzo
é o mineral mais comum na superfície do globo. Sua dureza é pequena, 3, e a
densidade,
2, 7 . - ~ atacada pelo ácido clorídrico mesmo diluído .
No campo, o geólogo a reconhece fàcilmente riscando-a com uma lâmina ou canivete.
As variedades límpidas de calcita são os espatos de Islândia.
A calcita forma estalactites e estalagmites e aparece, de modo geral, nas fendas
terrenos calcários, onde é depositada pelas águas de infiltração carregadas de carbonato dos
cálcio. de
CALCOS SóDICA - rocha essencialmente de plagioclásios.
CALDEIR A - cavidade de forma circular que constitui a cratera de explosão dos
vulcões.
~ um têrmo espanhol usado nas ilhas Canárias e Açôres,
e hoje generalizado para as

67
Fig. n. o 5C - " erosão cárstica é realizada principabnente por dissolução. As ver·
tentes são, algumas vêzes, "surplon" ou pendente. A infiltraçã" do lençol de
escoamento superficial por certas fissuras perde-se no interior da massa e não se
processa a evolução normal da vertente. (Garganta do rio Tam, na França).

cavidades produzidas pelas erupções vulcânicas ao expelirem, por meio de explosão, o


antigo tampão de lavas consolidadas que existiam na antiga chaminé.
ll:sse material, por ocasião da explosão, é pulverizado em grande parte, aparecendo então
a caldeira. A caldeira também pode ser explicada pela subsidência. Trata-se de crateras
vulcânicas de grandes dimensões. Esta é uma das explicações dadas para a grande cratera
de um vulcão extinto em Poços de Caldas .

68
CALDEff iÃO - o mesmo que mannita (vide) . No Nordeste do Brasil também
é
como sinônimo de sumidouro (vide) . Em Minas Gerais esta denominação é empregad usada
as cavidades onde ocorrem "perdas" de água. a para
·
"CAL DE MARISCO" - é obtida calcinando conchas de moluscos. No litoral
sul do
Brasil, os grandes depósitos conchíferos, deb<ados pelos índios, isto é, os sambaquis
estão sendo completam ente destruídos para produção de cal. (vide)

CAL EXTINTA - óxido de cálcio hidratado (vide cal) .


CALEDONIANO - revolução orogenética que ocorreu no Siluriano e se prolongou
meados do Devoniano, na Europa. até os

CALHA - têrmo usado nas descrições da paisagem física como sinônimo de: álveo,
vale, etc.
CALHAU - denominação usada em Portugal para designar os seixos rolados (vide)
.
CALOTA GLACIÃRIA - o mesmo que inlandsis (vide) .
CAL VffiGEM - óxido de cálcio não hidratado (vide cal) .
CAMADA - nome dado em geologia à divisão em leitos ou estratos que aparecem
numa
rocha. Elas são o resultado do depósito de detritos que foram carregados pelos
agentes de
transporte . As camadas depositadas quando não sofreram movimentação orogênica
nem
pressáo aparecem sob a forma horizontal ou levemente inclinada. O estudo da
disposição
das camadas é de grande importtmcia para a tectônica e para a geomorfologia.
A camada
representa o têrmo unitário na classificação estratigráf ica. Cada camada se
origina de
uma mudança no ritmo da sedimenta ção, ou mesmo na qualidade e natureza
do material
acumulado . Decorrem dêsse fato as diferenciações li to lógicas e químicas dos
depÓ§itos
estratificados ou acamados. Pode-se dizer por conseguinte que as camadas se
distinguem
por seus caracteres mineralógicos e mesmo por seus restos fósseis.
CAMADA CHAVE - o mesmo q!lc çamada de refer~ncia (vide) . Alguns também
a de-
nominam de horizonte estratigráfico vu geológico.
CAMADA DE REFEMN CIA - é aquela que pelas suas características litológicas
e fossi-
líferas serve de apoio para determina ção da idàde e das interpretaç ões gcomorfol
ógicas de
uma região.
CAMADA GLACIAL - o mesmo que capa glacial (vide) .
CAMADA GRAN1TICA - denominaç ão adotada por certos geólogos para a
crosta, que
Suess havia chamado de sial, ao discriminar as camadas que constituem o globo
terrestre.
Não tem o mesmo sentido de camada (vide), segundo a geologia estratigráf ica.
CAMADA TíPICA - o mesmo que camada de referência (vide) .
"CAMALEÃO" - denominaç ão regional usada em alguns estados do Nordeste
Oriental
para as pequenas lombas (vide) ou elevações que surgem na paisagem pediplana
da, cor-
responden do na realidade a pequenos pedaços de serrotes, bem diferentes dos
( vide) ou das chapadas residuais (vide) .
inselbergues

CAMBIROTO - denominaç ão usada no _'\.cre e mais especialm ente no município


de Ta-
rauacá, para as pequenas colinas. Estas colinas, se é que assim podemos denominá-
são níveis de terraços, produzido s pelo afundame nto da rêde hidrográfi ca e las,
em lençol, no manto aluvial. pela erosão

CAMBRIANO - compreen de os terrenos da base do Paleozóico inferior, tendo


sido o
período de maior duração da era, cêrca de 90 milhões de anos. O vocábulo
cambriano
vem de Ctlmbria nome romano do País de Gales. A vida animal nesse período
é essencial-
mente constituíd a pelos invertebra dos. Entre os crustáceos, os trilobitas perfazem
mais
de 50% do total da fauna cambriana , os braquiópo dos mais de 30%, distribuind
o-se os
20% restantes, entre os gasterópodos, corais, protozoários, espongiários, vermes,
equino-
dermas, etc. Quanto à vida vegetal se restringia unicament e ao mar, sendo representa
pelas algas, achando-s e as terras ainda completam ente nuas. Os terrenos do da
Cambriano
no Brasil são um pouco duvidosos por causa da falta de fósseis. A série de Lavras
constitui
para alguns geolólogos terreno do Algonquiano, para outros, porém, é incluída
na base do

69
Cambriano. Esta sene recobre grande parte da serra do Espinhaço, nos estados de Minas
Gerais e Bahia. Do ponto de vista econômico é importante porque é nela que aparecem
os diamantes brasileiros.
As séries de Uatumã, na bacia Amazônica, Itajaí em Santa Catarina e Corumbá em
Mato Grosso, são atribuídas, de maneira duvidosa, a êste período.
CAMPO DE FRATURA - denominação dada às regiões de fraturas. Geralmente as fra-
turas não ocorrem isoladas e sim associadas, pois resultam de esforços tectônicos. Num
campo de fratura dá-se como direção principal aquela cuja constância fôr maior. Por
conseguinte o geólogo é obrigado a fazer uma grande série de medidas para tirar a média.
CAMPO DE G:Jl:LO -o mesmo que icefield ou banquisa (vide) .
CAMPO DE LAPIAS - área de afloramento calcário sulcado de canaletas ou lapiás .
CANAL DE ESCOAMENTO - parte da to"ente (vide) que fica entre a bacia de recepção
e o cone de dejeção.
"CANDEIA" (solo) - denominação regional usada para solos maís soltos e mais profundos
que os dos "cerrados", onde predomina a candeia.

+~ ~+~ ~-~
+ + + + + + + + + + +
~+ + + + + + + + + + 3
Caneluras

Fi&. n.• 7C - Em Mimoso do Sul, no Espírito Santo, há numa encosta da Cadeia Frontal da Manti·
queira, um &rande número de caneluras, dando o aspecto de lapiás das rochas calcárias. As rochas de
encosta são na realidade constituída de gnaisses, granitos e xistos.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)
CANELAO - têrmo descritivo que pode ser usado para a abertura de um percée ou
boqueirão (vide), isto é, o canal ladeado de paredes abruptas que foi escavado por um
rio conseqüentemente ao atravessar uma frente de cuesta (vide) ou mesmo um hogback
(vide). Usa-se também o têrmo canelão para a abertura grande de um caiíon .
CANELURA - pequenos sulcos ou regos que cortam as rochas, geralmente no sentido do
declive da encosta. A origem dêsses pequenos sulcos pode ser devida à dissolução da
rocha ao longo de uma diáclase, ou ainda a certas partes esfoliadas de uma escarpa,
que favoreça a incidência das águas de escoamento superficial, contribuindo assim para
o aparecimento das caneluras.
Estes sulcos algumas vêzes são também oblíquos ou mesmo perpendicul ares ao declive
da encosta como se pode ver nos dois morros de granito que existem atrás do colégio da
Fundação Getúlio Vargas, na cidade de Nova Friburgo.
Geralmente é nas encostas de rochas eruptivas como o granito, ou sienito (pico de
Itatiaia) ou em rochas meta-
mórficas, como os gnaisses, que
melhor se pode observar o apa-
recimento dessas caneluras. Nas
rochas estratificadas, quer de
origem sedimentar, quer de ori-
gem metamórfica, as juntas das
camadas constituem pontos fra-
cos muito aproveitados para o
estabelecimento de caneluras.
(Figs. ns. 6 e 7C).
CANGA - têrmo regional usa-
do para as concreções ou cros-
tas ferruginosas no Brasil ( Fig.
n.c BC) . O mesmo que laterito
(vide). ~ uma abreviação de
tapanhoacan ga. Há dois tipos de
canga: 1 - canga comercial de
baixo teor em ferro (menos de
50%), de redução fácil nos for-.
Fi&. n. o SC - Crosta de canga que aparece nos chapadões do
Planalto Central. A idade dessas carapaças ferruginosas é dada nos de carvão de lenha; 2 -
como post·cretácea, Ainda não se descobriu nenhum fóssil que canga no sentido de rocha li-
permitisse datá·las com segurança. Foto tirada na estrada para monitizada misturada com argi-
a colônia agrícola de Ceres a 8 quilômetros da cidade de
Anápolis (Goiás).
la e areia, sendo por conseguin-
(Foto do autor) te imprestável para a extração
do ferro.
CANHÃO - tradução dada ao têrmo de origem espanhola caiíon (vide) .
CA!ilON - nome de origem espanhola usado para designar vales de paredes abruptas, isto
é, vales encaixados. ( Fig. n. 0 9C) . O exemplo clássico é o caiíon do rio Colorado, cujo
desnível entre o fundo da calha e a superfície chega a ser da ordem dos 1 000 a 1 800
metros. Na França o melhor exemplo de vale encaixado é o Tam 110 Causses do Maciço
Central Francês .
O caiíon ou canhão é, por conseguinte, uma denominação dada aos vales profundos
e encaixados, os quais adquirem características mais típicas quando cortam estruturas
sedimentares que pouco se afastam da horizontal. Forma-se uma série de degraus ou
patamares ao longo do corredor escavado pela erosão. Os canhões são na realidade vale3
encaixados, vales em garganta,. isto é, depressões longitudinais (vide), como se fôssem um
grande desfiladeiro, onde a diferença entre a linha de talvegue ou o fundo da calha
aluvial, e o tôpo do planalto é, às vêzes, de algumas dezenas, ou mesmo centenas de
metros . As encostas do vale são abruptas o que demonstra o predomínio da ação erosiva
vertical, resultando numa topografia característica .
Alguns autores consideram os canhões como forma própria de rel~vo cástico, mas
a tendência é generalizar tal denominação para todo tipo de vale em garganta, que seja
bem encaixado .

71
Fig. n. • 9C - O rio São Francisco entalhou um sulco profundo em rochas pré-cambriano na área
da cachoeira de Paulo Afonso. ltste encaixamento parece estar li&ado a uma fraturação de natureza
tectônica. - O leito do rio é talhado em rochas do escudo, onde se destacam os ~~:ranitos e ~~:naisses.
Esta zona, do ponto de vista geomorfol6&ico, se acha na transição do planalto, para a planície costeira
que lhe está mais a leste, ou então mais para jusante. Observamos na foto acima a grande regularidade
da superflcie de erosão que nivelou em ii:fande parte o relêvo desta região.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

Na Região Nordeste existe um exemplo de canhão no rio São Francisco, nos arredores
da cachoeira de Paulo Afonso. A calha está profundamente entalhada no pediplano cons-
tituído de rochas do escudo (em grande parte granitos e gnaisses) . O aprofundamento
do canhão se deu graças à existência de uma rêde de fraturas e falhas . As paredes do
canhão são quase verticais e as rochas estão bastante diaclasadas .
O traçado em ziguezaque dêsse trecho do rio São Francisco está em função da tectônica
quebrantável. As margens abruptas verticais e profundamente diaclasadas mostram uma
diferença de nível da ordem de 40 a 60 metros, entre a superfície de erosão de 240 a
280 metros e o talvegue do rio, na área de Paulo Afonso .
No Sul do Brasil os rios que descem, isto é, que atravessam os "aparados" dos degraus
e patamares da chamada "Serra Geral" em direção ao Rio Grande do Sul, também escavam
belos vales em garganta ou canhões .
C~ON SUBMARINO - o mesmo que vale submarino (vide) encaixado na plataforma
continental.
CAOS DE BLOCOS - diz-se dos afloramentos de grande número de fragmentos ou
blocos de rocha de tamanhos muito variados.
CAPA - denominação usada por alguns geólogos como sinônimo de camada (vide) .

72
CAPA GEOLóGICA - o mesmo que camada ou simplesmente capa.
CAPA GLACIAL - o mesmo que camada glacial, isto é, estrato de material morâinico
till. Não se deve no entanto confundir a camada glacial com a calota ou inlandsis (vide) .
CAPACIDADE DE CAMPO - têrmo de física do solo. ~ o teor de água que o solo pode
reter apesar da fôrça de gravidade. Compõe-se de duas parcelas: água inativa e água
osmótica disponível. Só esta última alimenta as plantas.
CAPTURA - de um rio ou de uma geleira constitui um fenômeno de perda para o rio
ou geleira capturada, e um acréscimo ao capturador. As capturas são mais freqüentes
nas rêdes hidrográficas por causa da grande concorrência entre os cursos fluviais. Trata-se
de um fenômeno normal e não de uma curiosidade geológica ou geomorfológica, como pode
parecer à primeira vista. (Fig. n. 0 lOC)
Divisor de águas

Captura

Fi&'. n. 0 IOC

Constitui por vêzes um fato inevitável no curso da evolução morfológica de um rio.


Os exemplos clássicos de fenômenos de captura são os dos rios Meuse e Mosela, Petite
Morin capturado pelo Mame na bacia de Paris, a captura recente do Mahajamba na ilha
de Madagáscar, etc.
Existem diversas teorias que procuram explicar o fenômeno da captura. A mais re-
cente é a chamada teoria do deversement, que consiste em explicar a captura como
sendo devida a uma diferença de nível existente entre dois rios, resultando o lançamento
( deversement) do rio mais alto, no mais baixo. Em última análise, pode-se também pensar
que a erosão regressiva poderá se confundir, até certo ponto, com o deuersement.
As capturas deixam impressas na paisagem marcas de ordem geológica e geomorfoló-
gica como: cotovêlo na rêde de drenagem, vale morto a jusante do cotovêlo, largura des-
mesurada do vale em relação ao filête d'água a jusante do cotovêlo, material aluvial do
alto curso do rio capturado no vale sêco, intensificação da erosão no rio capturador, etc.
Como se pode observar estas diferentes provas são as que interessam aos geólogos e l!,OS
geomorfólogos ao investigarem a existência dos fenômenos de captura.

73
CARBONACEO (depósito) - acumulações de materiais carbonáceos realizadas durante os
períodos geológicos e que deram origem ao carvão mineral, também vulgarmente cha-
mado de carvão. de pedra, turfa linhito, etc. ( Vide hidrocarbono) .
CARBONADO - o mesmo que diamante negro, ou lavrita (vide diamante).
CARBONIFERO - compreende os terrenos entre o período Devoniano e o Permiano, sendo
sua idade avaliada em 70 milhões de anos. ~ um dos mais importantes períodos para a
economia mundial, pc:>is nos terrenos desta idade se encontram as maiores jazidas de carvão
de pedra da superhcie do globo.
O período Carbonífero é geralmente dividido em Carbonífero superior e inferior. Nos
Estados Unidos e na Inglaterra adotam respectivamente as seguintes divisões: Carbonífero
superior - Pensilvaniano e Stefaniano; Carbonífero inferior - Mississipiano e Westfaliano.
O traço mais característico da vida dêsse período é o grande desenvolvimento da
cobertura florestal, que já havia começado no Devoniano, como atestam as licopodiáceas
encontradas na Escócia.
No Carbonífero as florestas se tornaram luxuriantes e largamente distribuídas. As
calamites, as sigilárlll$, os lepidodendros e os fetos como rhacopteris formavam as imensas
florestas dêsse período. No final do Carbonífero a floresta começou a diminuir de esplen-
dor e da fossilização da cobertura vegetal resultou o aparecimento dos grandes depósitos
de carvão de pedra. Os anfíbios se desenvolveram muito neste período como: o Bran-
chiossauro, o Archegossauro, etc.
O Carbonífero pode ser definido como a idade dos anfíbios e das licopodiácell$.
O velho continente foi intensamente movimentado pelo orogenismo herciniano (nome
tirado da Floresta Negra - Alemanha) que atingiu o sul da Irlanda, o País de Gales, o sul
da Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Espanha e Portugal.
~ste movimento se fêz sentir também no continente asiático do qual resultaram as
montanhas da Ásia Central ( Altai, Tian Shan e Pamir) .
No Brasil foram encontrados depósitos hulhíferos do Carbonífero em sedimentos de
origem fluvioglacial. A distibuição geográfica dos terrenos dessa idade é a seguinte: no
Acre, Amazonas, Pará - série Itaiutuba; na bacia do Meio-Norte; as séries Piauí, Poti e no
Brasil Meridional as séries Itararé e Tubarão. (Vide carvão mineral) .
CARBONO - elemento químico de grande importância na geologia e na geomorfologia.
Aparece êste elemento sob três formas: 1 - carvão negro, também chamado carvão mi-
neral (vide) . 2 - grafita e 3 - diamante (vide) . Do ponto de vista químico é importante
assinalar que se conhecem cêrca de 5ÔO 000 compostos de carbono, enquanto dos outros
91 elementos juntos são conhecidos apenas 60 000 compostos.
CARREAÇAO - o mesmo que nappe de charriage, lençol de arrastamento (vide), ou
ainda manto tecMníco .
CARSICO - o mesmo que cárstico.
CARSO - denom!nação regional da Istria, o mesmo que carte (vide) .
CARSTE - denominação dada aos fenômenos específicos que ocorrem nas rochas calcárias,
como dolinas, polfé, rios sumidos ou aveugles, uvalas, grutas ou cavernas, estalactites,
estalagmites, etc. ( Fig. n. 0 l i C). Esta denominação foi tomada da região calcária dos
Alpes Dinários, Iugoslávia - no Adriático.
O carste é definido pelas suas formas específicas e também pela circulação subterrânea.
Deve-se mesmo excluir do carste tôdas as rochas que não permitam a circulação sub-
terrânea embora possam apresentar certas formas de dissolução. Observa-se, por conse-
guinte, que o fator litológico é o fator inicial e fundamental. As formas cársticas são
muito bem desenvolvidas nos calcários puros e dispostos em camadas espêssas. Os pro-
cessos corrosivos são muito intensos e rápidos. Os dois fatos essenciais e bem marcantes
no carste são: as águas que descem verticalmente em massas calcárias compactas desde
que existam fissuras ou juntas estratigráficas e a formação de depressões fechadas, ou
melhor, formas circulares que se desenvolvem no sentido da vertical.

74
Fig. n.u llC - Fonnas de relêvo cárstico no qual aparecem os lapiés ou lapiás, grutas goufrer e dolinas.

CARSTE EM CONE - paisagem calcária com elevações isoladas. Os franceses chamam


de carste "a piton". Os melhores exemplos dêste tipo de paisagem podem ser vistos nas
áreas calcárias da península da Indochina, no gôlfo de Tonkin.
CARSTE ENCOBERTO - área cartificada que sofreu fossilização no desenvolvimento dos
diversos processos, por causa de um capeamento sedimentar. :€ o oposto ao carste desnudo.
Como exemplo do primeiro caso citaríamos a área do carste da bacia do São Francisco, no
estado de Minas Gerais. E do carste desnudo os Alpes Dináricos, o Causse, ou ainda, a
área da Estremadura, em Portugal.
CARSTE FóSSIL - significa que houve uma flutuação climática; o clima variou de um
ciclo úmido para um ciclo sêco. Trata-se de uma área onde o processo de carstificação
foi paralisado por causa da modificação do clima. Tem grande importância para os estudos
paleoclimatológicos .
CARTA BATIMÉTRICA - aquela onde as curvas batimétric~· ligam os pontos de igual
profundidade, isto é, a topografia submarina . As cartas batim,étricas representam o relêvo
negativo, enquanto as cartas hipsométricas (vide) o relêvo po~itivo (Vide cartografia) .
CARTA FíSICA - mapa executado com o objetivo de representar os fenômenos ligados
à geografia física e à própria biogeografia. A simples visualização das cartas não é o
suficiente para que haja uma aprendizagem . É preciso que se faça uma leitura e se tente
uma explicação das mesmas .
CARTA GEOGRÁFICA - constitui a primeira ferramenta de trabalho, tanto para os
geógrafos, como para os alunos e professôres de geografia.
Nos mapas temos a facilidade de ver, de imediato, qualquer porção da Terra. A
extensão maior ou menor desta área terrestre vai depender da escala.
CARTA GEOLóGICA - elaborada com a finalidade de fornecer uma visão do espaço geo-
gráfico das diferentes idades dos terrenos, b em como a natureza das rochas e respectivas
estruturas . (Vide mapa geológico) . As cartas de geologia aplicada, como no caso das de
geologia econômica, têm po; objetivo indicar a distribuição espacial das diversas jazidas
minerais. Quanto à cartografia geológica do Brasil, esta tem evoluído sensivelmente como
se pode constatar nas cartas de 1942 e 1960, na escala 1/5 . 000.000.
CARTA HIPSOM:€TRICA - aquela onde as isoípsas ou curvas de nível ligam os pontos
de igual altitude (vide) . Estas cartas dão a representação da topografia continental emersa,

75
isto é, o reMvo positivo (vide), enquanto as cartas batimétricas (vide) representam a to-
pografia submersa. (Vide cartografia) .
CARTA PALEOGEOGRAFICA - aquela que fornece dados a propósito das diversas con-
figurações dos continentes e bacias oceânicas no decorrer da história física da Terra. (Vide
Paleogeografia) .
CARTOGRAFIA - ciência e arte da representação gráfica da superfície da Terra, em
parte, ou no seu todo, de acôrdo com a escala (vide) . Trata também da representação
de todos os fenômenos ocorridos na Terra ou com ela relacionados.
Como· produto final da cartografia tem-se o mapa ou a carta.
Convém destacar que o geógrafo e o geólogo não precisam ser cartógrafos, o necessário
é que êles possuam bases para saber: 1 - As principais projeções cartográficas e suas pro-
priedades; 2 - As fases de elaboração de uma carta, desde os trabalhos de levantamento
até a impressão; 3 - Extrair da carta todos os elementos que ela possa dar, em função
da escala e do tipo de projeção; 4 - Ler e interpretar a carta; 5 - Executar caminha-
mentos topográficos expeditos ou com a prancheta; 6 - Ler as fotografias aéreas, por
conseguinte, restituir sumàriamente os elementos da paisagem, e interpretá-los; 7 - Ela-
borar ou esboçar "cartas especiais"; 8 - Elaborar ou esboçar as ilustrações necessárias a
uma obra geográfica ou geológica - diagramas diversos.
A elaboração de um mapa depende de muitos elementos, representando o produto do
trabalho de muitas pessoas especializadas. (Fig. n. 0 12C). Nesse trabalho intervêm as
mais variadas ciências, e daí surgiu a extensão que muitas pessoas querem dar ao vocábulo
cartografia, que, segundo êles, é o conjunto de tôdas as operações que contribuem para
a composição do mapa, desde as medidas no terreno até o de.~enho final. Segundo esta
concepção a cartografia abrange todos os trabalhos astronômicos, geodésicos, topográficos,
fotogramétricos, gráficos, etc., etc.
A carta não é um fim, em si mesmo, visa a proporcionar um meio para atingir um
objetivo prático ou científico.
Os cartógrafos representam a superfície da Terra por mais acidentada que seja
área montanhosa, de planaltos ou de planície. Todos os aspectos da paisagem física ou
cultural são representados através das convenções cartográficas.
A fotografia aérea é uma preciosa fonte de dados para a cartografia modema. Não
se concebe mais cartografia sem aerofotogrametria. Os fevantamentos terrestres são feitos
para fornecer dados de apoio às fotografias aére_a s.
Os aviões, quando saem em missão de fotografar faixas, levam uma tripulação bem trei-
nada, com uma coordenação absoluta.
Os mapas apresentam a superfície da Terra na "escala humana", permitindo-nos a
percepção de formas e posições relativas, percepção que, no terreno, não vai além do
limite de nossa visão e sofre as deformações inevitáveis da perspectiva. Embora sejam
representações no plano, as cartas definem geometricamente a terceira dimensão; desníveis,
distâncias e declives podem ser determinados por meio de operações simples. Estas consi-
derações são importantes para o geomorfólogo, tendo em vista a representação do relêvo
nas cartas.
Geralmente se usam de modo indistinto as denominações cartas e mapas. Todavia, al-
guns cartógrafos costumam distinguir as cartas como sendo de escala topográfica e, às vêzes,
coro gráfica. Ao passo que o mapa ficaria reservado para as escalas geográficas. Os mapas
são, como já dissemos, representações da superfície terrestre, isto é, uma superfície curva
sôbre um plano. Nas grandes escalas as deformações são pouco sensíveis. Nas cartas de
pequenas escalas as deformações se tornam cada vez mais importantes. Seja qual fôr o
sistema de projeção escolhido, a carta é obrigatoriamente uma imagem deformada da
superfície da Terra. Restam ainda as plantas e croquis. As primeiras dizem respeito à escala
topográfica com mais detalhes, enquanto o croqui seria um simples esbôço ou desenho feito
pelo topógrafo .
Mapa - Geografia
Carta - Corografia e topografia
Planta - Topografia com mais detalhe
Croquis - Simples desenho topográfico.
As cartas topográficas são em escala grande, de modo a permitir uma representação
mais minuciosa. Nestas cartas pode-se representar uma série de dados da paisagem cultural,

76
Fig. n. 0 12C - Os t9pógrafos, os ~:eólo~~:os e ~:eomo.rfólo~:os enfrentam condições as mais adversas nos
seus trabalhos de campo. Na foto acima fixamos uma vista parcial do trabalho de um topógrafo durante
a estação invernosa, no Canadá.
(Foto Esso Bmsileira de Petróleo)

77
que por efeito da escala têm que ser omitidos nos mapas geográficos, cuja escala é pequena.
Os mapas geográficos gerais, embora podendo conter, talvez sem prejuízo de sua legibi-
lidade, maior número de dados, estão quase saturados, pois trazem variadas informações
sôbre tudo o que é visível na superfície da Terra: a hidrografia e acidentes correlatos, o
relêvo, a vegetação, as aglomerações humanas, as vias de comunicação e de transmissão,
os limites políticos e administrativos, a nomenclatura dêsses dados todos, etc. o que con-
corre para sobrecarregar o mapa - a paisagem física e paisagem cultural. Um dos prin-
cípios da cartografia é, por conseguinte, a generalização segundo a escala.
Para a leitura de um mapa é necessário um bom conhecimento de elementos de car-
tografia e elementos de geografia.
Nos trabalhos práticos, devemos distinguir bem as tarefas de leitura de cartas das
que dizem respeito à interpretação de cartas. Esta última pressupõe, além do conhecimento
das convenções e da representação do relêvo, isto é, fazer sentir numa superfície plana
a terceira dimensão, através de cotas e de curvas de nível. Os topógrafos, os cartógrafos
lêem as cartas. Mas o geomorfólogo, além desta tarefa, tem que ter a percepção da terceira
dimensão, isto é, interpretar as formas do relOvo.
Ler é apenas ver as formas, imaginar uma paisagem. Interpretar é explicar essas for-
mas, isto é, os diferentes tipos de paisagem. O estudo de uma carta deve resultar numa des-
crição explicativa; para descrever é preciso, em primeiro lugar, ler perfeitamente a carta, para
explicar é preciso ter conhecimentos de geografia geral. A sensibilidade na leitura deve
chegar ao ponto de se poder distinguir cartas baseadas em levantamentos topográficos de
cartas baseadas em fotografias aéreas. Até aí, aliás, chegam muito bem os topógrafos e
cartógrafos, para quem a carta é o objetivo último; o geógrafo precisa ir muito mais além,
pois, para êle, a carta é apenas o documento de base, o ponto de partida na pesquisa
geográfica.
Quanto à classificação das cartas, devido às suas múltiplas finalidades, não é possível
muita rigidez. Todavia, para facilidade de estudo, pode-se usar quanto ao assunto o seguinte:
1 - Geográficas gerais - apresentam aspectos físicos e obras realizadas pelo homem.
2 - Especiais - focalizam objetivos especiais de certos fenômenos:
Mapas de relêvo
Mapa geológico
Mapas estruturais
Mapa mineralógico
Mapa petrográfico
Mapa pedológico
A) Físicos Mapa geomorfológico (Fig. n. 0 13C)
Mapa paleontológico
Mapa sismológico
Mapa geofísico
Mapa hidrográfico
Mapa meteorológico
Mapa climatológico
{ 1 - Fitogeográfico
B) Biogeográficos - 2 - Zoogeográfico
C) Humanos
D) Econômicos
E) Políticos
F) Comunicações
G) Transportes
Astronômicos

78
H) Matemáticos
I Geodésicos
Projeção
Convenção
Quanto à escala do mapa, tem-se:
a) Plantas - maiores que 1/1 000
b) Cadastrais - 1/1 000 a 1/10 000
c) Topográficas - 1/10 000 a 1/100 000
d) Corográficas - 1/100 000 a 1/1 000 000
e) Geográficas - escalas menores que 1/1 000 000.
Cada país costuma trabalhar com uma escala que lhe seja mais conveniente. Devemos,
no entanto, pôr em evidência, que, de um modo geral, os países das regiões temperadas
têm cartas topográficas bem detalhadas, enquanto os países intertropicais, na sua maioria
subdesenvolvidos, têm apenas cartas geográfic(J3. Algumas poucas áreas possuem uma
cartografia na escala topográfica . Como exemplo, podemos citar a recente publicação do
Conselho Nacional de Geografia que é a Carta ao Milionésimo constituída de 46 fôlhas,
cobrindo uma superfície de 8 511 965 km". A Bélgica possui uma carta detalhada, consti-
tuída de 430 fôlhas na escala de 1/40 000 que cobrem uma superfície de 30 507 km" . A
carta francesa do Estado-Maior é de 1/80 000. Na Inglaterra a escala é medida em pole-
gadas e milhas, o mesmo ocorre com as cartas dos Estados Unidos.
No Brasil devemos destacar as cartas topográficas do estado de São Paulo e de Minas
Gerais, na escala de 1/100 000. A carta do antigo Distrito Federal (Guanabara) feita na
escala 1/50 000 pelo Serviço
Yufenfe côncavo >lC Geográfico do Exército. A pri-
meira Carta do Brasil ao Milio-
Verfenfe convexo 4' nésino foi feita pelo Clube de
Engenharia em 1922 e retoma-
da pelo Conselho Nacional de
Geografia, culminando com a
recente publicação no ano de

I
Oesfoca-u ainda: 1960.
Rulura de dt>c/ive .l · r · r . ~. r. A carta ao milionésimo na
.LI.r.LI. projeção policônica é a que se
enquadra na recomendação in-

RebÔrdo de rocha dura ~~ ternacional para o conhecimen-


to de nosso planêta ( Convenção
Internacional reunida em Lon-
dres em 1909) .
Limite de chapada "'!'\' • 1 • 1 • 1 • 1 • r:- (
Quanto aos sisteTTUlS de
proieção, devemos salientar que
Crislo ---- -rem prêloJ o globo terrestre artificial é a

Rio {peren~ --?-- femazu/J


maneira mais exata de repre-
sentar o planêta Terra, pois,

-
guardando as devidas propor-
infermllenfe "'...>-- _ (emozu/J ções, o achatamento polar, que
é de 22 km não aparece num
globo terrestre pequeno. Num
Laço ft:mozu/J globo grande, cujo diimetro
equatorial fôsse de 10 metros, o
Fi&. n. 0 13C
raio equatorial seria exagerado
de apenas 0,035 mm.
A representação de uma superfície estenca, num plano, como é o mapa, traz forçosa-
mente deformações que podem ser de distincias, de áreas e de ingulos. Dêsse modo, quanto
aos erros de representação da Terra num mapa, as projeções podem ser:
Eqüidistantes - as que mantêm as distincias corretas .
Equivalentes - as que conservam a proporcionalidade de áreas entre a superfície da
Terra e a do mapa.
Conformes - quando os ingu\os são iguais na Terra e no mapa.
Para representar a esfera num plano são utilizados os sólidos desenvolvíveis; mais
comumente o cilindro e o cone ou num só plano. Desta forma são chamadas respectivamente
projeções, cilíndricas, cônicas e planas ( azimutais) . ( Fig. n. 0 14C) .

79
falha {íafura ou diÓCiose que fim
/nfluência na óireçõo óos vales
Falho com desnlvel
desnível óo lado do !roço
Falho duvidoso
Jl Jf
Fra/vro --r-
Oiác/ases --
- --
-
Direção e mergulho de camadas
Mergulho perlo da horizonfo/
Mergulho perlo do verl/cal

flexuros zzzzzz
/)obra monoclinal ~5°E

Eixo onf/c/inol <><><><><>


Pobra s/ndinal
!Jobra anl/cllna/
+
+-
eixo s;iJc/ina/ 1><1 C><l C><l t><l

Pobra isocllnol
moveis
Ounas
{ fixas
Cuesfos
Cone de dt!}eção
.
VIVO
Falésia mor!a
{ de oif. indelerm/nada 1><1 [><] 1><1 C><J
Fi&. n. 0
13C
80
Terreno ponlonoso
(talvegue om

Vole ponlonoso --~---:


--
-,r-
Iazul; aspecto
morfológico em
prêto).

O sistema de pro1eçao que


Terraços exagera na direção dos pólos é
a de Mercator ou projeção cilín-
drica, usada nos chamados pla-
nisférios e nas cartas marítimas.
Vole encoi.xodo Os paralelos e os meridianos se
cortam em ângulo reto. A pro-
jeção de Mercator foi usada pela
primeira vez no mapa que êsse
Mormtlo autor construiu em 1538.

No sistema de projeção de
Mollweide, as proporções são res-
peitadas, havendo, no entanto,
uma torção dos continentes na
direção dos pólos.
(Juedos dtiguo No sistema de projeção seg-
mentado ou de Goode, os para-
lelos são horizontais, mas inter-
rompidos. €ste siste'11a de nro·
Casco/o I li jeção é útil nas rotas comerciais.
O sistema de projeção este-
reográfico pressupõe o observador
S:J//4 coscofo, correcle/ro colocado em um ponto da super-
fície terrestre situado no hemis-
fério oposto àquele em que está
o ponto de tangência. €ste sis-
Afeondroobandonadosêco tema de projeção é comumente
usado nos mapas-mundi.
No que diz respeito aos sis-
Meandro abandonado com temas de projeção êstes têm pou-
ca importância nas escalas gran-
dguo e vegetação des, pois as deformações nem
podem ser consideradas, tendo
em vista a pequena área que os
Socados recenfe.s mapas cadastrais representam. Se
fôr apenas uma pequena parte
do globo que tiver de ser mapea-
da, uns 200 quilômetros quadra-
Vossoroco dos, aí então a distorção será bem
próxima da própria dilatação e
contração do papel, não sendo
necessário grandes preocupações.
Pepressào fechado Por conseguinte, as deformações
relativas são tão pequenas que,
do ponto de vista gráfico, são
indiferentes ao tipo de projeção.

-+- As deformações produzidas


pelos sistemas de projeção acar-
retam como conclusão que não
Cr/sfo monoclinol há mapa perfeito. Isto está em
t função da forma e do tamanho da
Terra.

!Jepressoô do ângulo de folha o o 81


Fig. n. 0 13C - Algumas convenções utilizadas em mapas
geomorfol6gicos.
Fie. n. 0 14C - O desenvolvimento do globo: num cone, num cilindro e num plano.

As coordenadas geográficas vão definir, ou melhor, permitir a localização dos fatos


baseando-se na rêde de paralelos e meridianos . Do ponto de vista geográfico a noção
de coordenadas é muito importante, pois, graças a ela, podemos saber imediatamente onde
nos encontramos. A noção de localização espacial está ligada à rêde de paralelos e meri-
dianos, que são círculos imaginários que cortam todo o globo. Entre os círculos máximos
citamos os meridianos e o equador e os círculos mínimos os paralelos.
O ensino das coordenadas geográficas, isto é, a noção de latitude e longitude está
ligada ao grande problema da localização dos fatos na superfície do globo. A noção de
latitude e de longitude é de grande importância para se localizar um acidente, uma ci-
dade, etc. Para o navegante esta noção adquire então significado todo especial. Também
para o geólogo e geomorfólogo é indispensável a noção de latitude e longitude para localizar
as suas observações.
A orientação é a forma de se determinar a direção no terreno, ou melhor, no campo.
A direção é fornecida pela rosa dos ventos, cujas medidas são baseadas no sistema sexa-
gesimal, que é a divisão do círculo em 360°. Os dois processos de orientação mais fre-
qüentes são Sol e bússola.
As convenções são de grande importância, pois os símbolos convencionais, usados na
cartografia, representam o seu alfabeto, ou melhor, as palavras.
O tatnanho dos símbolos e a sua generalização estão em função das escalas usadas.
Nas escalas geográficas os cartógrafos são muitas vêzes obrigados a usar símbolos figura-
tivos convencionais. Como exemplo podemos citar a largura de rodovias e mesmo de certos
rios. Uma rodovia, representada por 0,5 mm numa escala de 1/1 000 000, corresponderia a
500 metros de largura, e isto não corresponde à realidade . São recursos usados pela
cartografia .
A propósito das convenções empregadas na Carta ao Milionésimo do Brasil, podemos
dizer que a simbologia usada é produto da experiência dos cartógrafos, acumulada através
dos séculos, obedecidas as recomendações internacionais .
As regras e metodologia da representação cartográfica visam a facilitar ao leitor apre-
ender, de imediato, os fenômenos mais importantes do terreno. Assim, as côres, as formas

82
e o tamanho de cada uma das convenções estão agrupados com aquêle objetivo, portanto,
cada símbolo deve ser interpretado de acôrdo com o seu próprio valor.
As côres básicas para as convenções planimétricas são :
as localidades _ i cidades, vilas, povoados,
llugarejos, casas

Prêto - r .
os limites _ {internacionais, interestaduais,
intermunicipais, interdistritais
os limites de áreas
as estradas de ferro
as culturas
1 símbolos diversos
Estradas de rodagem carroçáveis
Vermelho - {
Caminhos
Rios
Azul - Hidrografia { Lagos
Pântanos
Verde - Vegetação
Quanto às convenções altimétricas, representativas do relêvo, tem-se:
A) Curvas de nível ( côr sépia )
B) Hachuras
C) Côres hipsométricas
D) Sombreados
As curvas de nível são linhas imaginárias que ligam os pontos situados na superfície
da Terra a igual altitude.
Eqüidisttlncia real é a distância vertical entre dois planos sucessivos. A eqüidistância
reduzida à escala do desenho chama-se eqüidistância gráfica. A expressão da altitude por
algarismos chama-se cota.
Em tôda elevação as cotas das curvas de nível crescem da periferia para o centro,
segundo uma proporção constante - eqüidistância. No caso das depressões e dos vales
as cotas díminuem inversamente da periferia para o centro. f: interessante ressaltar que
a eqüidistância das curvas de nível pode ser muito alterada, segundo se trate de mapa
topográfico ou de carta a pequena escala. Nas primeiras a eqüidistância é mantida nor-
malmente. Nas segundas, isto é, nas cartas geográficas, há grande flexibilidade em função
da generalização admitida pela escala. ·
CARVÃO MINERAL ou CARVÃO DE PEDRA - é uma das formas pela qual o elemento
carbono aparece na natureza de modo abundante em certas regiões do globo. O carvão
mineral resultou da decomposição de grandes florestas que existiram em certas partes do
globo terrestre por ocasião do período Carbonífero da era Primária. A hulha resulta da
transformação da celulose dos vegetais que compõe as árvores pela perda do hidrogênio
e oxigênio com grande enriquecimento de carbono. Duas correntes principais procuram
explicar a origem dos carvões: a) Autóctone e b) Alóctone .
A primeira dessas correntes - autóctone - diz que a hulha é oriunda da decomposição
das grandes florestas no próprio local, enquanto a segunda a considera proveniente da
sedimentação de detritos vegetais carregados pelas águas.
A principal aplicação do carvão é de servir como combustível, embora se possa também
extrair dêle grande número de subprodutos, como o alcatrão, do qual se desfila o benzol
ou benzeno, xilol, toluol, etc. Além dêsses produtos temos ainda o ácido fênico ou fenol,
a naftalina, etc.
Quanto às condições propícias à formação do carvão mineral, isto é, carvão fóssil, de-
vemos acentuar o fato de que a ocorrência de terrenos de idade carbonífera numa área, não
significa, necessàriamente, a existência de carvão mineral .
As jazidas de carvão representam antigos restos de vegetais que foram transformados
in situ, ou transportados a longas distâncias (autoctonismo ou aloctonismo) . Trata-se da

83
decomposição da celulose dos restos vegetais pelo enriquecimento em carbono e perda de
hidrogênio, de decomposição esta em função de bactérias especiais como o Micrococus
carbo. Esta bactéria é anaeróbia, isto é, morre em contacto com o ar. Assim, a celulose
é destruída, perdendo grande parte do oxigênio.
No período Carbonífero existiu no Sul do Brasil um clima que favoreceu o crescimento
de tais florestas, dando uma vegetação exuberante. Entre as condições favoráveis para o
acúmulo dos restos vegetais podemos citar: um relêvo plano com lagos e pantanais capazes
de permitir a deposição da matéria vegetal morta . Em tais depressões do solo, à se-
melhança de lagos, era preciso a existência de um nível d'água sem grande movimento
sazonal, permitindo sempre o acúmulo de novos resíduos e cobrindo sempre os restos
de vegetais mortos.
Nos carvões húmicos há uma parte de matérias minerais ( ar11:ila, areia, pirita ou
marcassita, etc.) e uma parte de matérias combustíveis. Os carvões de boa qualidade são
os que contêm muito pequena quantidade de matérias minerais, pois estas não queimam e,
também, roubam calor aquecendo-se até o ponto de fusão . Ao estudar as jazidas carbo-
níferas do Sul do Brasil, bem poder-se-á aquilatar dos problemas de sua mineração e
de seu pleno aproveitamento, tendo em vista, principalmente, a quantidade de matérias
minerais que elas encerram, ou seja, cêrca de 30%.
Afinal de contas, não é o carvão senão "florestas concentradas, por um processo na-
tural - o da incarbonização - que eliminando o que era inútil dos tecidos vegetais, sob
o ponto de vista energético, concentra o que é útil e nos oferece ao uso, resguardado através
de milhões de anos, nas camadas do subsolo. O grande surto da vegetação no período
Carbonífero foi possível graças à unidade generalizada e à riqueza de anídrido carbônico
na atmosfera; assim se desenvolveram as plantas de organização ainda inferior - os criptó-
gamos vasculares - sem flôres e frutos, com seus caules gigantescos e folhagem robusta,
crescendo nas baixadas paludosas e acumulando matéria vegetal soterrada nas bacias sujeitas
a uma subsidência, que permitirá a formação de novas camadas de matéria vegeta]
acumulada".
No Sul do Brasil, os terrenos de idade permocarbonífera vão desde São Paulo até
o Rio Grande do Sul. A série Tubarão nos interessa particularmente e as cinco camadas
estão, do ponto de vista da geologia histórica, enquadradas na idade do Carbonífero Su-
perior; são estas as camadas possuidoras de carvão. Quanto à origem dos carvões de Santa
Catarina, diz Putzer, que os mesmos tiveram sua gênese em terra firme, sendo formação
límnica-lacustre, em bacias mais ou menos extensas, porém rasas. Por conseguinte, aceita-se
uma formação terrestre predominantemente autóctone, para as camadas gondwânicas no
Sul do Brasil. Pela dia gênese, a camada vegetal dos pântanos foi transformada em carvão.
Na sua maioria, os carvões de Santa Catarina são betuminosos, com teor de matéria volátil
acima de 25%. Há algumas jazidas com carvão semibetuminoso ( 18 a 25%) e mesmo an-
tracitoso (menos de 18%) .
Do ponto de vista geográfico, a área carbonífera mais importante, onde há afloramen-
tos no estado de Santa Catarina, corresponde à zona da "depressão permocarbonífera",
localizada entre os planaltos de rochas do complexo cristalino, ou seja, a chamada serra
do Mar a leste, enquanto a oeste têm-se os degraus e patamares de rochas areníticas e
de efusivas basálticas que constituem o que, genericamente, se chama a serra Geral. A
faixa permocarbonífera do Sul do Brasil forma como que um grande S, indo desde São
Paulo até o Rio Grande do Sul.
A zona carbonífera catarinense tem uma forma aproximadamente retangular, com
1500 km1 de área, compreendendo os seguintes municípios: Orleães, Lauro Müller, Uru-
çanga, Siderópolis e Criciúma. ( Fig. 15C )
O geólogo H. Putzer, estudando o problema das jazidas de carvão em Santa Cata-
rina, disse que a área carbonífera pode estender-se pela planície costeira e plataforma sub-
marina, isto no que diz respeito à direção de leste para oeste da grande falha de Mãe
Luzia.
Esta última afirmativa prende-se ao sustentáculo de que, num furo de sondagem a
oeste da falha, realizado em 1953, a 195 metros de profundidade, há uma camada re-
cuperável de carvão com 1,66 m de espessura.

84
Fig. n.• ISC - Nos estados do Sul do Brasil podemos encontrar u. mineração do c:.arvão feita em moldes
industriais, ou a simples KarimpaJiem. Na foto acima ve.se a bôca de uma mina de carvão mineral
de propriedade da Companhia SiderúrJiiCa Nacional, no estado de Santa Cat.. rina.
(Foto Companhia Siderúrgica :-/acionai)

A série Tubarão foi beip estudada em um trabalho fundamental de White, em 1908,


que deu êste nome à série, tendo uma espessura de 248 m, dividida em:
- Grupo Bonito, com 158 metros;
- Grupo Palermo, com apenas 90 metros .
O Grupo Bonito, que nos interessa pela sua importância econômica, I. C. White o definiu
como composto de camadas arenosas e argilosas, com preponderância das primeiras de flora
de glossopteris e de camadas de carvão. Devemos acentuar que a flora de glossopteris-gan-
gamopteris teve, naturalmente, sua evolução condicionada ao clirna. severo que vigorou
durante a época Itararé. Nessas condições, a vegetação produziu tipos de minguados te-
cidos e inaptos para gerar valiosos depósitos- de carvão .
Coube a White a primazia de discriminar cinco camadas de carvão, assim denominadas:
1 PONTE ALTA
2 BARRO BRANCO 900 milhões de toneladas
3 IRAPUA 10 milhões de toneladas
4 TREVISO
5 BONITO 260 milhões de toneladas .
As camadas Treviso e Ponte Alta, até o presente momento, não apresentam maior
valor econômico. A camada Barro Branco é a mais importante, constituindo mesmo a
base da exploração industrial do carvão catarinense. Com uma reserva de 900 milhões

85
de toneladas, se admitirmos uma produção de 3 milhões de t/anuais, aquelas jazidas per-
mitirão a exploração durante 300 anos.
Um perfil típico da camada Barro Branco mostra os problemas da mineração que
têm de ser solucionados, tendo em vista o tipo de nossas jazidas. As camadas de cima
para baixo apresentam:
1 6 em de folhelho prêto
2 24 " carvão
3 17 " " folhelho prêto
4 7 " carvão
5 30 " " folhelho escuro e prêto
6 - 24 " argila (Barro Branco)
7 18 " carvão
8 6 " " folhelho cinza
9 11 " carvão
10 2 " " folhelho
11 8 " carvão
12 32 " " folhelho cinza e prêto.
O carvão catarinense, sendo o único, até o momento, a fornecer o carvão metalúrgico,
significa possuir quantidade elevada de hidrocarbonetos pesados.
O engenheiro Thomas Fraser, do "Bureau of Mines" assim se refere ao carvão cata-
rinense: "Apesar de tôdas as dificuldades técnicas, provenientes do alto teor de cinzas e de
enxôfre, a qualidade coqueificante, excepcionalmente forte, dêsse carvão Barro Branco, suas
adequadas reservas e sua localização em relação aos mesmos depósitos de minério de ferro
de alto teor, excepcionalmente grandes no Brasil, bem podem colocar o carvão catarinense
entre as mais importantes reservas de carvão coqueificante do mundo, nas décadas futuras".
CARVÃO DE PEDRA - o mesmo que carvão mineral (vide) ou hulha.
CASCALHO - têrmo popular usado como sinônimo de seixos (vide) . Denomina-se tam-
bém de cascalho aos depósitos aluviais que contêm diamantes e ouro, localizados no leito
do rio (Fig. n. 0 15C). Aos depósitos aluviais diamantíferos e auríferos, situados no leito
maior ou em terrenos mais altos denomina-se de grupiara e gorgulho.
CASCALHEIRA - relativo ao depósito de cascalho (vide) . No Planalto Central encon-
tram-se cascalheiras (seixos) em diversas áreas. Estas cascalheiras estão em diversos níveis
e apresentam aspectos bem diferentes uma das outras, havendo muito que esclarecer do
ponto de vista geológico.
Na Amazônia as cascalheiras são depósitos de concreções lateríticas, ou mesmo crostas
em exploração para construções .
CASCATA - sucessão de pequenos saltos em um curso d'água onde aparecem blocos de
rochas . Uma cascata representa uma certa quebra na uniformidade do declive e é expli-
cada pela resistência oferecida por certas soleiras ou bancos de rochas mais resistentes à
erosão. O recuo da cascata se faz de jusante para montante, por causa da erosão re-
montante.
"CASCO DE TARTARUGA" - denomina_ção regional pouco comum, mas usada por certos
autores como sinônimo de "meia laran;a" (vide) .
CASSITERITA - óxido de estanho constituindo hoje um mineral estratégico de primeira
grandeza. Ocorre na superfície da Terra sob duas formas: a) em pegmatitos, b) em alu-
viões, associada geralmente à ~antalita e à columbita.
Há pegmatitos que fornecem exclusivamente cassiterita, outros que dão apenas tanta-
lita e colümbita, e outros nos quais se verifica o aparecimento da cassiterita e tantalita
em proporções iguais.
A cassiterita constitui o único minério explorado para a produção de estanho .
CATA ou CATRA - na linguagem dos garimpeiros, compreende-se como o buraco, por
vêzes profundo, ou mesmo lavra, escavado para procura do diamante e ouro.

86
Fig. n. 0 16C - Cascalho diamantífero no rio Poxoréu, no estado de Mato Grosso, ser.do trabalhado
pelo processo antiquado da garimpagem.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

CATACLASE - ação dinâmica realizada pela orogênese (vide) produzindo uma tritura-
ção ou fragmentação das rochas, sem a presença de uma temperatura elevada, capaz de
recristalizar a massa, como ocorre nos casos de dinamometamorfismo tennal. Por conseguinte
no metamorfismo cataclástico tem-se uma estrutura de rocha cataclástica, isto é, triturada.
CATACLINAL (rio) - o mesmo que rio conseqiiente (vide).
CATACLISMO - antiga teoria seguida pelos geólogos que procuravam explicar as di-
ferentes formas de relêvo que aparecem na superfície do globo às transformações súbitas,
ex.: dilúvio universal, afundamento da Atlântida, etc.
A doutrina dos cataclismos ou catástrofes foi devida principalmente ao sábio francês
Cuvier que procurou explicar a extinção da fauna e flora de certas regiões por causa dos
cataclismos ou catástrofes (vide) . Os geólogos, por analogia, transpuseram essa teoria para
o seu campo de estudo e passaram assim a explicar as transformações da paisagem física
por intermédio dos cataclismos ou catástrofes . A teoria oposta a esta é a do atualismo
(vide).

CATADUPA - denominação pouco comum usada por certos autores, como sinônimo de
catarata (vide) .
CATAMORFISMO - denominação proposta por Van Hise ao conjunto de processos que
acarretam a destruição das rochas . Na atualidade corresponderia ·a mcteorização (vide)

87
das rochas. Todavia é necessano acentuarmos que Van Hise considerava o catamorfismo
como parte do metamorfismo.
CATANDUVA - nome popular dado a terras pobres (São Paulo e Paraná), quase sempre
arenosas, que só podem ser cultivadas esporàdicam ente e com resultados fracos. São terras
piores que as "de cultura de 2.a", mas melhores que "campo" ou "campo cerrado". Nas
análises salta aos olhos o baixíssimo teor de fósforo 1\Ssimilável, o teor de húmus e o
pH são geralmente também muito baixos.
CATARATA -quebra ou degrau no perfil longitudinal de um rio, produzindo grande queda
d'água (vide) .
CATÁSTRO FE (teoria)- o mesmo que cataclismo (vide). Esta teoria se deve a
Cuvier e dominou no século XVIII. O cataclismo é uma grande convulsão da natureza,
imprimindo assim rápidas transformações . As formas de relêvo seriam explicadas por grandes
e violentos movimentos . A extinção da fauna que caracteriza certas formações se deve ao
fato de que a história da Terra se marcou por catástrofes bruscas e de grande amplitude.
As diferentes transformações por que passou a superfície do planêta, tinham como causa,
segundo esta corrente de estudo, uma série de cataclismos, fruto de fórças violentas e
desconhecidas. O erande f\rro dos catastrofistas residiu no fato de não terem levado em
conta o importante fator tempo geologicamente falando. Também na geomorfolo,!!ia não
se pode desprezar o fator tempo.
CATAZONA - parte mais profunda da litosfera onde as rochas são transtormad as pelo
metamorfismo; as ,Partes mais superficiais são chamadas de mesozona e epizona (vide) .
A catazona e caracterizad a por ter as mais elevadas temperatura s e as mais altas
pressões. As denominações catazona, mesozona e epizona são devidas a Grubemann .
CATENA - sucessão de tioos dP. solo. desde um espigão ou qualquer ponto alto, até o
fundo do vale ou da planície, variando de acôrdo com a posição topográfica; independen te
de sua gênese. Isto significa que os perfis de uma catena podem ser feitos em solos aluviais,
coluviais, e residuais, etc.
CATIVO - denominação usada pelos garimpeiros para um satélite de diamante consti-
tuído de fragmentos de um mineral de composição química igual ao rutilo - o anatásio,
apare..:endo em cristais de côr cinzenta. Quando a côr é avermelhad a os garimpeiros deno-
mmam cativo de cobre.
CATIVO DE COBRE - (vide cativo).
CATóGEN A - denominação dada por Kalkowsky para as rochas sedimentares, f01madas
pela ação da gravidade. Como exemplo, podemos citar, as brechas sedimentares, localizadas
em taludes de montanhas .
CATRA - o mesmo que cata (vide) .
CAULIM - argila pura, de côr branca, resultante da decomposição dos feldspatos por efeito
da hidratação. O caulim é explorado, por vêzes, em veios de pegmatito formando material
para a produção de porcelanas. No estado de Santa Catarina existe, entre as camadas
de carvão, uma argila clara denominada de barro branco, que está sendo utilizada para a
fabricação de louças e vários outros produtos. Na fabricação de cerâmica fina o caulim
é o complement o indispensável do feldspato. };; consumido também na indústria do papel.
No Brasil as áreas produtoras mais importantes são as do sul de Minas e a da zona da
Mata (Fig. n. 0 17C) que abastecem o mercado do estado da Guanabara.
CAULINIZAÇÃO DOS FELDSPA TOS- decomposição dos feldspatos (silicatos aluminosos)
das rochas, em argila.
CAUSSE - região cástica do Maciço Central Francês. Alguns autores usam o têrmo causse
como sinônimo de carste (vide) .
CAUSTOB ióLITO - rocha sedimentar combustível constituída por restos de organismos
vegetais, ex.: carvão, linhito, petróleo, etc. As rochas dêsse tipo são também chamadas fito-
ghiicas ou fitólitos.

88
Fig. n.• 17C - Jazida de caulim, em exploração, no município de Bicas, no estado de Minas Gerais.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

CAVERNA - concavidade subterrânea profunda, o mesmo que gruta (vide), comum nos
terrenos calcários .
CENOZóiCA (era) - compreende tôda a história física da Terra decorrida apÓs o Meso-
zóico. Esta era tem a vida inteiramente diferente da que lhe precedeu, com râpido desen-
volvimento dos mamíferos e o desaparecimento dos grandes répteis e dos moluscos
cefalópodos .
Alguns autores costumam separar esta era em duas: Terciária e Quaternária. Esta
divisão em duas eras ou em dois períodos é uma questão que depende apenas do ponto
de vista do pesquisador.
A era Cenozóica, Terciária ou Neozóica compreende os seguintes períodos:
Terciário superior Plioceno
ou neogeno Mioceno
Cenozóica J Terciário inferior Oligoceno

l
Paleogeno, Numulítico Eoceno
ou Eogeno Paleoceno
Quanto ao Quaternário, alguns o separam do Terciário por ter sido no seu início que
apareceram os primeiros hominídeos . Alguns a denominam também da era Antropoz6ica
ou Psicoz6ica. Além do apareéimento do homem, a era é marcada pelas grandes glaciações.
Do ponto de vista estratigráfico não há nenhuma discordância entre o Terciário e o
Quaternário, podendo-se considerar êste último como a continuação daquele .

89
O têrmo Terciário foi adotado, a partir dos meados do século XVIII, pelo professor
G. Arduino, da Universidade de Pádua na Itália, que começou a fazer a divisão dos terre-
nos do sul dos Alpes .
As transgressões marinhas dessa era, embora importantes, não foram tão extensas como
as registradas no período do Ordoviciano (Paleozóico inferior) .
As rochas dessa era . não são muito consolidadas, e os grandes movimentos da revolução
alpina perturbaram as camadas dos grandes depósitos dos geossinclinais. A revolução alpina
se processou desde os fins do Cretáceo até o Plioceno. Os paroxismos dessa revolução se
fizeram sentir em diferentes períodos. A cadeia dos Pireneus, por exemplo, surgiu antes
do soerguimento da cadeia dos Alpes .
O clima dessa era é mais ou menos uniforme, tornando-se mais frio, chegando final-
mente às glaciações, já no fim do Terciário. No hemisfério sul as glaciações foram limitadas.
O Terciário é a idade dos mamíferos, pois verifica-se o grande desenvolvimento dêstes
animais, bem como completo desaparecimento dos grandes répteis que dominaram no Me-
sozóico.
Além da teoria da translação dos continentes, não podemos deixar de referir a das
pontes continentaís, nas migrações das espécies e nos seus isolamentos .
Os protozoários são representados por formas gigantescas que chegam algumas vêzes
a alcançar 4 a 5 centímetros, os numulites. Qs seus depósitos deram formações de calcário,
muito importantes, sendo êste material utilizado em construções como as célebres pirâmides
do Egito.
Na flora há o domínio quase absoluto das angiospermas e nas regiões temperadas
existia uma vegetação semelhante à das regiões tropicais atuais.
Os terrenos terciários no Brasil ocupam uma superfície total avaliada em 1 352 675
quilômetros quadrados, isto é, cêrca de 15,88% do território nacional. Recobrem grandes
áreas do baixo planalto amazônico e maranhense, e zonas litorâneas desde o Maranhão até
Campos e Macaé - no estado do Rio de Janeiro. Não se pode deixar de considerar ainda
as bacias terciárias do médio Paraíba do Sul, da região do vale do Araguaia (afluente do
Tocantins) e também da bacia do Tietê onde se encontra a cidade de São Paulo, e a de
Gandarela em Minas .
Na bacia do Amazonas, há a formação Pebas, série das Barreiras, formações Manaus,
Puca, Rio Branco e Pirabas.
CENTROSFERA - denominação usada por alguns autores para a parte central da Terra,
o mesmo que nife (vide) .
CÉRIO - vide monazita.
Cf:RRO - denominação regional usada em certas áreas do Brasil para as pequenas ele-
vações ou colinas, mais ou menos irregulares, cuja altitude' não excede a uns 50 metros,
apresentando vertentes acidentadas.
CHAMINÉ - na linguagem dos excursionistas e também de certos geógrafos, ao descreve-
rem as paisagens de montanha, compreende-se, como grandes· fendas através das quais
podem subir, ou melhor fazer escaladas em certos casos. Não se deve, por conseguinte,
confundir esta noção com a chaminé vttlcânica (vide) .
CHAMINÉ CARSTICA - o mesmo que sumidouro (vide), ou canal do sumidouro.
CHAMINÉ ENCASTELADA - o mesmo que pirilmide de fada (vide), pirâmide de terra
ou demoíselle .
CHAMINÉ VULCANICA - fenda ou canal por onde escapam os gases e o magma que
vêm do interior da crosta terrestre; põe portanto em comunicação a massa magmática com
o exterior. A chaminé é uma das partes componentes de um vulcão.
CHÃO DE VALE - parte plana e suavemente inclinada para o fundo do vale ou do rio.
O chão de vale engloba, por conseguinte, as terras marginais do leito maior e também
os baixos terraços, quando êstes existem num vale de fundo chqto (vide vale) .
O chão de vale só se desenvolve quando o rio atinge o estágio de madureza, come-
çando, por conseguinte, a incentivar mais a erosão de solapamento ou lateral em detri-
mento da erosão vertical, que predomina no estágio da juventude.

90
CHAPADA - denominação usada no Brasil para as grandes superfícies, por vêzes horizon-
tais, e a mais de 600 metros de altitude que aparecem na Região Centro-Oeste do Brasil.
Também no Nordeste Oriental existem várias chapadas residuais, ex· Araripe, Apodi, etc.
As chapadas são constituídas, em grande parte, por camadas de arenito (Fig. n. 0 18C). A
uma sucessão de chapadas, denomina-se de chapadiío (vide) .
Do ponto de vista geomorfológico a chapada é, na ·realidade, um planalto sedimentar
típico, pois trata-se de um acamamento estratificado que, em certos pontos, está nas
mesm'ls cotas da superfície de erosão, talhadas em rochas pré-cambrianas.
As camadas que formam as estruturas sedimentares das grandes chapadas do Centro-
Oeste, eram consideradas, até bem pouco tempo, como constituídas de rochas pertencentes
ao Cretáceo. No nôvo mapa geológico do Brasil de 1961, no entanto, encontram-se no
Mesozóico indiviso. As bordas do planalto sedimentar (chapada) são erodidas pelas águas
das chuvas dando aparecimento a gratas, grotões (vide) ou ravinas.
A grande "serra" do chamado Espigão Mestre, que no passado se julgava a espinha
dorsal do relêvo brasileiro, é, na realidade, um extenso chapadão, divisor de águas entre
as bacias do Tocantins e do São Francisco. No extenso chapadão do Espigão Mestre, a
desintegração do arenito Urucuia dá aparecimento a grandes areões - solos estéreis.
Deve-se aí citar o fato de existír águas emendadas (vide), entre os rios Sapão, afluente
do Prêto (bacia do São Francisco) e um afluente do rio do Sono (bacia do Tocantins) o
que mostra a indecisão da linha divisora de águas em tal tipo de relêvo.

Fig. n. 0 18C - A nordeste da cidade de Cuiabá existe uma importante chapada constituída de arenitos
devonianos, cujos estratos mergulham na direção de NW. A escarpa é abrupta em virtude do fato de
serem as camadas SU!}eriores constituídas de rochas mais resistentes à erosão. EmbOl'a a Chapada dos
Guimarães tenha uma estrutura inclinada, o seu tôpo é plano. - O flanco sul da "cuesta" dos Gui·
marães é bastante festonado por pequenos rio• obseqüentes, que funcionam apenas na época do "in.
vemo". - O solo do tôpo da Chapada dos Guimarães é bastante arenoso, apresentando mesmo vários
trechos de areões, com escassa vegetação de campo. Todavia, na maior área da chapada o revestimento
vegetal mais importante é o de campo cerrado.
(Foto I. Faludi)
No Nordeste brasileiro as chapadas podem corresponder a verdadeiros testemunhos
da antiga cobertura cretácea dessa área. Constitui o que se denomina chapada residual
(vide) . Como exemplo típico, podem ser çitadas a chapada do Araripe, que se localiza
na zona fronteiriça do Ceará, Pernambuco e um pequeno trecho se estende para o estado
do Piauí, e a chapada do Apodi, entre ·o Ceará e o Rio Grande do Norte.
CHAPADA RESIDUAL - testemunho de forma tabular que identifica, do ponto de vista
morfológico, a existência de um capeamento (vide testemunho) . No pediplano do Nordeste
brasileiro aparecem alguns exemplos de porções de arenitos cretáceos que cobriam o "Es-
cudo Brasileiro", e que hoje foram inteiramente desgastados pela erosão, deixando algumas
chapadas residuais (testemunhos), ex·: chapada do Apodi, do Araripe, etc.
CHAPADÃO - têrmo regional utilizado para uma série de chapadas ou planaltos de su-
perfície regular que aparecem nos estados de Mato Grosso ( Fig· n. 0 5G) e Goiás, princi-
palmente. (Vide chapada) .
"CHAPEIRÃO" - o mesmo que recife i.<Jolado (vide recife), isto é, uma i!l:!a produzida
pelo depósito de pólipos. Os recifes isolados da área dos Abrolhos são também chamados
ae chapeirões, o que significa, literalmente, grande chapéu. o tôpo dessas colunas organó-
genas é geralmente muito irregular. 06 chapeirões, via de regra, não são postos a desco-
berto nem pelas marés mais baixas.
Assim se denomina o grupo de 5 ilhas de origem vulcânica, defronte a barra do rio
Caravelas, situado a cêrca de 30 milhas da costa da Bahia. A maior das ilhas chama-se
Santa Bárbara ( 33 metros de altitude), vindo as outras menores: Redonda, Siriba, Sireste e
Guarita.
Quanto à denominação Abrolhos (vide) parece que o nome deriva da expressão por-
tuguêsa Abra os olhos, nome bastante apropriado às ilhas esbranquiçadas pelo estêrco das
aves marinhas. Os recifes que aparecem nesta área são tão perigosos que, antes do farol
colocado na ilha Santa Bárbara, era exigida muita vigilância da parte dos pilotos dos navios
que passassem por ali.
O recife da ilha Santa Bárbara, segundo Hartt, circunda um têrço da ilha.
Darwin visitou os Abrolhos em sua célebre viagem ao redor do mundo. Em seu trabalho
Geological Observation viu os corais crescendo nos Abrolhos, mas não chegou a ver os
recifes . "O fruto do mar é inteiramente coberto por massas irregulares de coral que, embora
muitas vêzes de ~ande tamanho, não alcançaram a superfície para formar recifes".
CHAP~U DE FERRO - concreções superficiais de limonita denunciando a existência, em
profundidade, dum vieiro onde se encontram murai.<J ferríferos que sofreram alterações
(piritas, por exemplo) .
CHARDANGS - o mesmo que yardangs (vide) .
CHARNEIRA - parte mais convexa de um anticlíneo. (Vide cri.<Jta de anticllnal) .
CHARRIAGE - o mesmo que lençol de arrastamento (vide) .
CHEBKA - nome dado no Saara à topografia que se assemelha aos bad-lands (vide) .
No Saara ocidental é onde se encontra uma rêde de corredores formando a chebka mais
característica. Todavia, sua origem parece ter-se realizado durante um período de es-
coamento normal, ocasião em que foram abertos os corredores ou sulcos, com a desorga-
nização da drenagem aJI6s a degradação. Esta topografia constitui uma possível prova de
variação climática. Chebka, por conseguinte, é a denominação dada às superfície forte-
mente dissecadas, no linguajar árabe ocidental.
CHERNOZEM - o mesmo que tchemozion (vide) .
"CHEVAUCHEMENT" - o mesmo que acavalamento (vide). Não se deve confundir o
acavalamento com o lençol de arrastamento ( nappe de chariage) embora em certos aca-
valamentos o fenômeno da carreação sefa realizado. Porém, nem todo acavalamento é acom-
panhado de carreamento.
CHIFRE-DE-BOI - denominação usada pelos garimpeiros para pequenos seixos rolados
de silimanita ou de fibrolita que aparecem nas formações diamantíferas. :J;:stes satélites dos
diamantes constituem mineralogicamente um silicato de alumínio. Os chifres-de-bcn são
comuns nas areias do rio Jequitinhonha.

92
ClliSTO - grafia outrora adotada por alguns geólogos (vide xisto) .
"CHORO" - denominação usada no Ceará para as pequenas fontes, que aparecem, por
·vêzes, nos sopés das chapadas residuais, como Araripe.
CICLO DAS AGUAS - o mesmo que ciclo hidrológico (vide).
CICLO DE AGRADAÇÃO - o mesmo que ciclo de sedimentação ou de depósito, corres-
ponde à litogênese de geólogos. (Vide ciclo geológico) .

Fi&. n.• 19C

CICLO DE DEGRADAÇÃO - o mesmo


que período de desnudação ou fase glipto-
genética de um ciclo geológico (vide) .
CICLO DE EROSÃO DO REL:EVO - de-
nominação dada pelo geógrafo W. Morris
Davis, às diferentes fases por que passa o
relêvo de uma região - fuventude, madu-
reza, e velhice. A noção de ciclo de erosão
introduzida por Davis nos estudos geomor-
fológicos constituiu uma sistematização
ideal. Esta, porém, tem sido motivo de
grande discussão entre os especialistas. A
tendência moderna de ~Vande número de
autores é combater sistemàticamente a no-
ção dos diversos estágios atravessados pelo
relêvo. Porém, ao tratarem da descrição
física da paisagem recorrem gerahnente à
idéia engenhosa do grande Davis.
A primeira fase, isto é, a fuventude,
é caracterizada por formas de relêvo altas
e muito aguçadas em grandes montanhas;
a madureza por formas simples - planaltos;
e a velhice por planícies, peneplanos. ( Figs.
ns. 19 e 20C). Por conseguinte o ciclo de
erosão, em linhas gerais, pode ser. conside-

...
--- - ...
rado como a transformação de uma região
montanhosa em um penep~ano, segundo as
condições ideais,
, '
. -.~:,-."~""'~-:i-~'.f:-::-".- ·
~.-- . .. CICLO EVOLUTIVO DO REU:VO - o
mesmo que ciclo de erosão (vide), ciclo
geográfico - primitiva denominação dada
FiJ. n.• 20C - Ciclo de erosão, mostrando su· por W . M. Davis ao ciclo evolutivo ou geo-
cintamente a evoulção das formas, desde a m6rfico. Hoje comumente chamamos de
juventude até a fase final de senilidade, passando
pela intermediária, isto é, a maturidade. ciclo de erosão do reMvo (vide) .

93
CICLO GEOLóGICO - compreende-se como as três fases que afetam o relêvo da crosta
terrestre: litog~nese, oro gênese e gliptog~ese. Um ciclo geológico só está completamente
realizado quando as três fases se processarem. Pode-se, por exemplo, ter várias fases de
orogênese e de gliptog~ese: que constituem diversos ciclos de erosão, porém todos contidos
dentro do mesmo ciclo geológico. A fase que assinala a existência de um nôvo ciclo geológico
é a litogênese . O quadro que damos abaixo facilita a compreensão.
litogênese
1.0 ciclo de erosão
{ orogênese
gliptogênese
orogênese
l -0 ciclo geológico 2. 0 ciclo de erosão { gliptogênese
orogênese
3. 0 ciclo de erosão { gliptogênese
litogênese
l. 0 ciclo de erosão orogênese
2.o ciclo geológico f {
gliptogênese

l 2·0 ciclo de erosão {


orogênese
. •
g11ptogenese
O estudo do ciclo geológico é mais importante para as áreas litorâneas, do que as
situadas a grande distância do mar. Aliás as fases de litogênese, de orogênese e gliptogênese
são indispensáveis para se compreender o deslocamento de linhas litorâneas. A morfologia
litorânea oferece com mais freqüência a existência de ciclos geológicos por causa das va-
riações existentes entre o nível dos oceanos e o das terras, no decorrer das eras geológicas.
CICLO GEOMóRFICO - o mesmo que ciclo de erosão (vide) .
CICLO GEOMORFOLóGICO - o mesmo que ciclo de erosão (vide) .

+
+
+ +
.,.. +
.,..
+ ++
+ + +
Fig. n.o 21C - Ciclo das águas. - 1- Lençol de escoamento superficial; 2) Filête de infiltração;
3) Geleiras; 4) Neve.

CICLO HIDROLóGICO ou CICLO DAS ÁGUAS - tem origem na evaporação. As águas


das chuvas ao caírem na superfície do solo tomam os seguintes destinos: uma parte pode
infiltrar-se, outra correr superficialmente, e outra evaporar-se, retornando à atmosfera para
constituir um nôvo ciclo ( Fig. n.0 21C).

94
CICLO OROGENÉTICO - conjunto de movimentos que levam ao soerguimento de ca-
deias de montanhas, intercalados com períodos anorogenéticos (Vide diastrofismo) .
CICLO VITAL - denominação dada pelo geógrafo W . Morris Davis às diferentes fases
por que passa o relêvo de uma região, ou mais especificam ente à evolução da rêde hidro-
gráfica. Não se deve todavia confundir ciclo vital com o ciclo hidrológico ou ciclo das
águas (vide) . No caso dos lagos o ciclo vital é explicado também segundo três períodos:
fuventude, quando o lago recebe mais água do que perde; maturidade quando existe certo
equilíbrio entre os recebimento s e perdas de água, e a velhice quando a água é evaporada
em maior quantidade que a recebida. Neste último caso o lago vai-se entulhando aos
poucos e o resultado final é a colmatagem completa do antigo lago.
C:ffiNCIA DO SOLO - o mesmo que pedologia (vide) .
CIMENTAÇÃO - agregação de grãos de areia ou fragmentos de rochas tomadas coerentes
por um cimento, que pode ser de natureza silicosa, argilosa, calcária ou ferruginosa. Neste
último tipo encontramos os alias que aparecem na base das dunas na região das landes
francesas. O processo de cimentação não é contínuo, varia com as condições climáticas
e geográficas.
A cimentação das partículas sôltas é um processo que se desenvolve durante e após
a formação do depósito, em virtude das substâncias trazidas em solução, em suspensão
ou formadas no próprio local. Os processos de cimentação são muito variados, algumas
vezes se estendem a tôda a espessura das camadas, outras vêzes ficam restritos à parte super-
ficial. A natureza do cimento é muito importante para explicar a resistência das neo-rochas
à erosão diferencial. Uma rocha, de cimento calcário por exemplo, resistirá menos à ação
do lençol de escoamento superficial que a de cimento silicoso ou ferruginoso.
CIMENTO - produto obtido da calcinação de calcário e materiais argilosos em proporções
previamente estabelecida s.
Quando o calcário é muito puro, como o caso do afloramento de Cachoeiro do Ita-
pemirim (Espírito Santo) os técnicos adicionam maior quantidade de argila.
Há três categorias de cimento: 1) cimentos artificiais (cimento Portland, que compreende
cinco tipos ) ; 2 ) cimentos naturais e 3) cimentos de escória .
Constitui o cimento importante produto usado nas construções de alvenaria, pontes,
pavimentaçã o de rodovias etc. Sua fabricação é a que mais utiliza o calcário, no Brasil. A

construções . Neste particular deve-se r·


indústria do cimento tem-se desenvolvido muito no país, por causa do grande número de
r em destaque o grande consumo de cimento pelo
mercado interno. No quadro mundia a cifra irrisória de 1% é o quanto corresponde à
produção brasileira, que em qualidade ( Portland), é igualável, aos melhores do mundo.
O valor da produção de cimento no Brasil está abaixo apenas do da indústria de
ferro e aço, situando-se, significativamente, acima da de carvão e ouro, que se colocam
entre as maiores .
As primeiras tentativas para fabricação de cimento no Brasil datam do fim do século
XIX, ou mais exatamente, 1889, quando o comendador Antônio Proost Rodovalho, instalou
uma fábrica, na fazenda Santo Antônio, de sua propriedade . Os empreendim entos pioneiros
fracassaram por carência de recursos, aliada certamente à deficiência de técnica.
A primeira fábrica que produziu em larga escala, foi a Companhia Brasileira de Ci-
mento Portland, que lançou a marca Perus, no ano de 1926. Após, êste primeiro sucesso,
outras fábricas começaram a entrar em funcioname nto. Em 1963 a indústria de cimento
no Brasil era constituída por 29 fábricas, situadas em 13 unidades da Federação. Umá
das fábricas mais modernas é a de Aratu, na Baía de Todos os Santos, e trabalha com
o calcário de conchas e corais tirados do fundo da enseada de Ara tu.
Na distribuição geográfica das fábricas de cimento constata-se que as mesmas estão
instaladas nas áreas de maior densidade demográfica, junto aos centros de maior desen-
volvimento industrial, ou seja, a zona costeira. A produção brasileira de cimento Portland
distribui-se pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais ( Fig. n. 22C), Per-
0

nambuco, Paraíba, Mato Grosso, Santa Catarina, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul, Bahia,
Paraná e Espírito Santo. Os dois primeiros estados, isto é, São Paulo e Rio de Janeiro,
concorrem com cêrca de metade da produção total.
A conseqüênc ia de tal distribuição geográfica é que as construções realizadas em pontos
afastados dos cc;1tros produtores da matéria-prim a; pagam a mercadoria muito mais caro

95
Fir. n. 0 22C - Fábrica de cimento Cauê, localizada no município de Pedro Leopoldo, no estado de
Minas Gerais. A extração do calcário é feita presentemente na colina que se vê à esquerda da fábrica.
A bacia calcária drenada r>elo rio São Francisco e afluentes é considerada como sendo da série Bambu!
(Siluriano). - ll: importante assinalar a intensificação das extrações de calcário em todo o país para
produção de cimento, tendo em vista o desenvolvimento acelerado das construções.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

por causa da oneração produzida pelo frete. t interessante assinalar que entre as consi-
derações feitas pelo Conselho Nacional de Economia ( 1952), visando ao incremtlnto da
produção de cimento no país, tendo em vista a presente distribuição geográfica das fábricas
e o fato de que o calcário aflora em condições favoráveis em diversos estados do interior,
propôs aquêle órgão urna série de medidas como a instalação de novas fábricas longe
do litoral. Esta medida visa a baratear o preço da matéria-prima tão indispensável ao de-
senvolvimento do país.

CINTA OROG:fl:NICA - depressão alongada onde se verifica a acumulação de sedimentos


( geossinclinal - vide) e a existência de movimentos oro genéticos que dão aparecimento
a grandes montanhas .

CINZA VULCÃNICA - material sólido e pulverulento lançado pelos vulcões por ocasião
das erupções. Constitui grande perigo para as populações que habitam as regiões próximas
do vulcão, pois causa a morte por asfixia. A granulação dêsse material piroclástico oscila
entre 0,25 a 4 mm.
As cinzas caem geralmente nas áreas próximas do vulcão, porém, algumas são carre-
gadas pelos ventos e vão cair a muitos quilômetros do centro de origem. No ano de 512,
cinzas do Vesúvio caíram em Constantinopla e TrípOli; em 1875 uma erupção ocorrida
num vulcão irlandês motivou uma chuva acompanhada de cinzas vulcânicas em Estocolmo,
a cêrca de 1 900 km de distância. O exemplo mais conhecido da disseminação de cinzas
na atmosfera foi produzida pelo vulcão Cracatoa, em 1883.

CINERITO - denominação dada aos depósitos de cinzas vulcânicas expelidas durante uma
erupção vulcânica e que sofreram, posteriormente, cimentação.
Esta denominação foi dada por Lacroix, em 1906, aos tufos wlc4nicos (vide) ou
tufito.
CffiCO GLACIARIO - bacia de recepção, isto é, uma grande cavidade, onde a neve se
acumula.
CIRCULO DE FOGO - denominação dada à sene de vulcões que aparecem ao longo das
zonas continentais, banhadas pelo oceano Pacífico.

96
CIRCUMPAClFICA - denominação dada na América do Norte à revolução orogenética
que iniciando-se no Cretáceo se prolongou pelo Terciário. Corresponde à revolução oroge-
nética alpiruz, do continente europeu.
CIRCúNDESNUDAÇÃO - o mesmo que depressão periférica (vide) .
CISALHAMENTO - fraturação das rochas onde aparecem abruptos, produzida pelos es-
forços tectônicos.
CLASTICA - nome dado às rochas sedimentares compostas de fragmentos desagregados,
ou ainda, à desagregação produzida pela erosão mecânica ao realizar a desintegração das
rochas. Os sedimentos assim desagregados das rochas existentes, podem ser classificados
quanto à sua textura quando agregados em novas rochas em: macroclástico ou psefítos -
conglomerados e criptoclástico ou pelitos - argil,ito.
Do ponto de vista granulométrico, os sedimentos são classificados segundo os diâme-
tros. (Vide granulometria) .
CLIMATOLOGIA - estudo dos climas do globo. últimamente os estudos de clima têm
sido de grande utilidade para explicação de certas formas de relêvo. A ação dos fatôres
geomorfológicos individuais dependem de tôdas as relações do clima da paisagem res-
rectiva, e cada região clim~tica tem um conjunto próprio de formas. Há presentemente
uma corrente de estudos que está desenvolvendo ao máximo a geomorfologia climática.
CLIVAGEM - consiste no fato de alguns minerais se partirem mais fàcilmente ao longo
de certos planos. Isto mostra que a fôrça de coesão é menor nas direções perpendiculares
a êsses planos. As micas, por exemplo, são fàcilmente destacadas em palhêtas. Os planos
de clivagem são paralelos. Num corpo amorfo a coesão é a mesma em tôdas as direções
e portanto não existe plano de clivagem .
CLORETO DE SóDIO - o mesmo que sal de cozinha ou halita (vide), de grande inte-
rêsse econômico.
"CLUSE" - corte transversal ao eixo de um anticlinal ou às direções de camadas, feito
por um rio ( Fig. 23C) . O têrmo cluse deve ser reservado preferencialmente aos cortes
feitos pelos rios nos eixos das dobras, como os observados na região do Jura (França).
COLAR DE FOGO - o mesmo que círculo de fogo (vide) .

Fie. n.• 23C - Clnse ou vale transvenal ao anticlinal.


COLINA - têrmo usado na descrição da paisagem física, pelos geomorfólogos para indicar
pequenas elevações do terreno com declives suaves e inferiores aos outeiros (vide) • A
altitude das colinas não excede 50 metros.
As colinas são formas intermediárias, compostas e complexas segundo a classificação
de A. K. Lobek. São comumente aparentadas às montanhas, diferindo apenas no fato de
estarem isoladas umas das outras, e com baixas altitudes. A colina constitui, em geral, uma
fonna de reMvo derivada. Algumas colinas têm aspecto particular, ex.: as morainas e as
dunas. Trata-se de colinas de acumulação, produzidas pelo depósito de gêlo ou de areia
transportada pelo vento. A grande maioria das colinas, no entanto, são formas de erosão.
COLMATAGEM - trabalho de atulhamento ou de enchimento realizado pelos agentes
naturais ou pelo homem, em zonas deprimidas.
COLO - depressão acentuada numa linha de cristas de uma serra. Olhando-se um perfil
de uma cadeia de montanhas, observam-se certas partes mais baixas, ao lado de pontos
culminantes; denominam-se colos às depressões existentes na linha de crista. Os colos são
mais largos que os desfiladeiros, e mais ainda que os passos ou gargantas.
Os colos desempenham grande importância nas ligações, em regiões acidentadas, fa-
cilitando assim a passagem de uma vertente a outra. A altitude média dos colos é muito
variada e nas cadeias montanhosas, como Alpes e Pireneus, por exemplo, é superior a
2 000 metros.
Os colos podem ser definidos segundo a direção dos vales em: colos de montante e
colos de flanco . Os primeiros são as depressões existentes na linha de crista entre dois
vales de direções opostas e os segundos são os que aparecem numa linha de crista, separando
dois vales, cujos trajetos são mais ou menos paralelos. A função dos colos nas regiões
montanhosas é, como já dissemos, muito importante, e na Europa alguns dêles se tomaram
famosos por causa das funções que desempenharam por ocasião das manobras de guerra.
O colo, por conseguinte, nada mais é que uma depressão numa linha de crista, ou uma
parte um pouco mais baixa entre duas montanhas .
COLO DE FLANCO - depressões que aparecem num divisor de águas que separa dois
vales de trajetos mais ou menos paralelos (vide colo) .
COLO DE MONTANTE- Vide colo.
COLóiDE - matéria em estado de extrema divisão. As moléculas dos colóides são ani-
madas de movimento - movimento browniano.
COLUMBITA - minério de colúmbio cuja fórmula é a seguinte: (FeMn) Cb.Oa. Apare-
ce na superfície da Terra em pegmatitos, ou em aluviões, juntamente com a tantalita e
a cassiterita.
COLUNA BASÁLTICA - forma prismática hexagonal ou pentagonal que toma o basalto
ao se resfriar. São célebres os exemplos da gruta do Fingal e da Calçada dos Gigantes.
No litoral do oeste africano, próximo a Dacar, aparecem escarpamentos de falésias que
chegam a várias dezenas de metros de altura. Estes abruptos litorâneos são constituídos
por basaltos prismáticos.
Algumas vêzes, o observador pouco experimentado, olhando o escarpamento que as
colunas basálticas produzem no relêvo, pode ser induzido a crer na existência de uma linha
de falha.
Nas fotografias aéreas, porém, isto já não acontece, por causa do aspecto prismático
da superfície que lhe está próximo. Além do mais, a própria vegetação e a coloração do
solo revelam imediatamente o fenômeno. No Brasil encontram-se colunas de rochas fono-
líticas nas ilhas de Fernando de Noronha.
COLUNA CALCARIA - diz-se da coluna formada da ligação de estalactites com estalag-
mites (vide) no interior de uma gruta (vide) . O aspecto dessas formas é complicado, por
causa da irregularidade da precipitação da calcita que é carregada sob a forma de bi-
carbonato de cálcio nas águas ricas em gás carbônico (Fig. n. 0 24C).
COLUNA CLÁSSICA - o mesmo que coluna paradigma ou coluna geológica (vide) •

98
Fie. n.o 24C - Coluna calcária, ou melhor, a ligação de uma estalactite com uma estalagmite, na
gruta de Maquiné, no município de Cordisburgo, no estado de Minas Gerais.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

COLUNA GEOLóGICA ou GEOGRAMA - constituída por terrenos fósseis que aparece-


ram nas diversas fases da história física da Terra. Uma série de princípios é seguida pelos
geólogos para o estabelecimento das colunas geológicas regionais e locais, como: 1 - prin-
cípio da superposição das camadas, 2 - princípio da sucessão das faunas, 3 - princípio
da correlação dos fósseis .
Na tentativa de um conhecimento mais profundo, as consultas feitas a diferentes au-
tores deixam no espírito do iniciante no estudo da geologia histórica, contrastes que impe-
dem melhor clareza e compreensão .
Para maior clareza no uso da terminologia científica devemos observar os seguintes
fatos: a desinência ário ou ária, óico ou óica, para designar o grupo (na escala estrati-
gráfica) ou a era (na escala cronológica) : ico para o sistema ou período; iano para o
andar ou idade, ense para a assentada ou fase; prefixos eo ( páleo), meso e neo, aplicados
ao nome do sistema ou período e na ordem · decrescente de antiguidade, para as séries ou
épocas.
A coluna geológica pode, por conseguinte, ser dividida segundo o critério cronológico
ou estratigráfico .
Divisão cronológica Divisão estratigráfica
Eras Grupos
Períodos Sistemas
l':pocas Séries
Idades Andares
Fases Assentadas.

99
As divisões da coluna geológica podem ser feitas com dois critérios paralelos: 1 - di-
visão cronológica, dos intervalos de tempo decorridos na sedimentação; 2 - divisão estra-
tigráfica, das espessuras alcançadas pelos sedimentos.
As grandes divisões do tempo geológico têm o nome de eras que correspondem aos
grupos. Em cada era os sedimentos que se depositaram têm o nome dos grupos. As eras
dividem-se em unidades menores - períodos, intervalos de tempo durante os quais, os
sedimentos formados têm o nome dos sistemas . A divisão em períodos corresponde a fe-
nômenos muito generalizados de transgressões e regressões marinhas. As divisões menores
que os períodos --,. épocas, idades, e fases correpondendo a séries, andares e assentada~
são mais características da coluna local e dificilmente se aplicam a diversos países.
As correlações de camadas são feitas em relação à coluna paradigma geralmente, a
européia ou a americana do norte, onde foram mais bem estudadas as diferentes camadas
que compõem a coluna geo~ógica. .cada país possui . sua .c?lun_a local, b~seada nos dados
da coluna paradigma ou regwnal CUJa ampulheta é a Idenbftcaça.o de fósseiS,. que estab.elece
a determinação da idade relativa. Também o esrudo das factes petrográf1cas permite o
estabelecimento da idade de camadas por analogia .
Eras Períodos
Antropozóica ou Quaternária { Holoceno
Pleistoceno
Plioceno
Mioceno } Neogêneo
Cenozóica ou Terciária IOligoceno
l Eoceno
Paleoceno
Cretáceo
} Paleogêneo

Mesozóica ou Secundária Jurássico


{
Triássico
Permiano
Carbonífero
Paleozóica ou Primária J Devoniano

l
Siluriano
Ordoviciano
Cambriano
Azóica ou Primitiva { Algonquiano } Pré-Cambriano
Arqueano
A duração dessas eras foi muito variada, tendo sido a idade da Terra calculada em
mais de 2 bilhões de anos aproximadamente. Há, mesmo os que dão para a Terra a idade
de 5 bilhões de anos. '
Resumindo podemos dizer que a escala estratigráfica ou coluna geológica válida para
todos os terrenos da superfície do globo só foi estabelecida graças ao princípio da super-
posição de camadas e aos f6sseis.
COLUNA PARADIGMA - .o mesmo que coluna geol6gica (vide·) ou . geograma, a qual
serve de base de comparação para os est~dos das colunas geol6gicas locais.
COLUVIAL (solo) - vide solo.
COLúVIO - material transportado de um local para outro, principalmente por efeito
da gravidade. O material coluvial só aparece no sopé de vertentes ou em lugares pouco
afastados de declives que lhe· estão acima. No material detrítico, rouco grosseiro, de uma
encosta, nem sempre é fácil separarmos a interferência do materia de colúvio, do residual
ou ainda do aluvial. As vêzes, há maior predominância de um dêles, que mascara com-
pletamente os outros.
"COMBE" - vale escavado ao longo do eixo de um anticlinal. O aprofundamento ·cons-
tante do rio pode ocasionar uma inversão de relêvo, passando por conseguinte os sinclinais
a ficar numa alrura superior ao antigo anticlinal. ( Figs. ns. 25C e 26C)

100
Fies. ns. 25C e 26C - Nestes dois desenhos tem·se uma estrutura dobrada onde
se pode ver os rios de anticlinais, isto é, combe. Os abruptos que ladeiam o vale
de combe chamam·se de "cret", l semelhança das comijas em estruturas horizontais
ou monoclinais.

COMBRO - denominação regional dada no baixo rio São Francisco aos diques marginais
ou pestanas (vide) .

CôMORO - o mesmo que duna (vide) .


COMPET:ENCIA DE UM RIO - velocidade da corrente fluvial no fundo do leito, que
permite o transporte de detritos, (principalmente do tipo que Gilbert denominou de ~al­
tation) . De acôrdo com as diversas condições, somente as partículas de determinados
diâmetros são susceptíveis de ser carregadas pela corrente.
COMPLEXO BASAL - o mesmo que embasamento ou complexo cristalino (vide) .
COMPLEXO BRASILEmO - denominação dada pelo geólogo norte-americano J. Casper
Branner, em 1917, ao conjunto de rochas antigas constituidoras do embasamento cristalino
e atribuído ao Arqueano. (Vide complexo cristalino) •

101
COMPLEXO CRISTALINO - constituído pelas rochas mais antigas que aparecem na super-
fície do globo terrestre - período arqueano. J;: também denominado "complexo fundamen-
tal" "substratum· fundamental" ou "complexo brasileiro" ou ainda "sistema brasileiro"
(A· d'Orbigny). Geralmente os estudos do complexo brasileiro eram feitos juntamente com
as rochas do Algonquiano. As rochas do período Arqueano são, para alguns, cristalinas e
metamórficas. Outros incluem também a existência de rochas sedimentares como: calcários
e grafitos.
COMPLEXO FUNDAMENTAL - o mesmo que complexo brasileiro ou complexo í..:rista-
lino (vide) .
CONCHA LACUSTRE - denominação dada à depressão da crosta terrestre, ocupada com
as águas de um lago. Trata-se, por conseguinte, da parte que permanece sempre molhada
pelas águas .
.CONCORDÂNCIA (estratificação) - depósito de camadas sedimentares paralelas, indi-
cando continuidade na sedimentação. J;: também sinônimo de conformidade. O antônímo
de concordância das c,amadas é discordância.
CONCORDANTE - Vide estratificação.
CONCREÇÃO - nódulos que se formam graças a uma precipitação que se processa em
tôrno de núcleos, os quais aparecem nos depósitos sedímentares, assim: baritina nas areias,
piritas nas argilas, calcários nos mármores, sílex nas margas, ou mesmo as concreções sili-
cosas de origem pedológica. f:stes núcleos podem ser: um mineral, um vegetal unicelular
ou mesmo um fóssil. Nos calcários há freqüentemente a formação de "bonecas de calcário".
As concreções são massas de forma usualmente nodular ou acentuadamente arredondada
de dimensões muito variadas, desde pequenos nódulos, até blocos.
A composição química e mineralógica das concreções é diferente da rocha encaixante
e apresenta uma estrutura concêntrica, devido ao modo de sua formação. Assim, as concre-
ções podem ser definidas como concentrações locais de certos compostos químicos, tais
como: os compostos de ferro, carbonato de cálcio, etc. f:stes compostos vão formar grâ-
nulos e, concreções ou nódulos .
CONCREÇÃO CALCARIA - pequeno~ nódulos de carbonato de cálcio, como as bonecas
de calcário, etc. (Vide concreção) .
CONCREÇÃO SILICOSA - vide concreção.
CONE ALUVIAL - o mesmo que cone de dejeção (vide), sendo porém esta últíma de-
signação a mais usada.
CONE DE DE]EÇ.:\.0 - depósito de material detrítico que aparece abaixo do canal de
escoamento de uma torrente. f:sses depósitos são mais comuns nos pontos em que se vêem
maiores contrastes de altitudes relativas, isto é, nas zonas de piemonte, ou na encostas
das escarpas com as planuras (vide torrente) .
CONE DE DE]EÇÃO LACUSTRE - denomina-se assim aos leques de detritos acumulados
por uma torrente, em um lago. São verdadeiras águas selvagens sem bacia de recepção,
cujos melhores exemplos são observados nas Itália.
CONE VULCÂNICO - resulta do acúmulo de materiais expedidos pelos vulcões. São com-
postos geralmente de cinzas, lapili, bombas e lavas. O material acumulado possui uma
estratificação cujo declive está em função da topografia do cone no momento da erupção
( Fig. n. 0 27C). Nos vulcões do Maciço Central Francês vêem-se perfeitamente os diversos
leitos de lapili que foram recobertos sucessivamente por várias erupções. No intervalo
decorrido entre uma e outra há o trabalho realizado pela erosão e também pela meteori-
zação, como se pode observar nas diferenças de coloração das camadas.
CONFETTI DE TRIVOLI - o mesmo que oolito (vide) .
éONFLUf:NCIA - diz-se do local onde dois ou mais rios se encontram.
CONFORME o mesmo que concordante (vide estratificação) .

102
Fig. n.• 27C - Cone vulcilnico do Puy-de-Dome, prox•mo a Clermont Ferrand (França) com
1 465 metros, elevando-se o cone 600 metros, acima do planalto.
(Foto Cartão-postal Yvon)

CONGLOMERADO - seixos rolados, agrupados por um cimento, formando um depósito


consolidado. A natureza do cimento pode ser muito variada: ferruginosa, calcária, silicosa,
argilosa, etc. Os conglomerados são geralmente formados de rochas muito heterogêneas
( Fig. n.0 28C). Pode-
-se ainda definir os con-
glomerados como rochas
elásticas englobando ma-
terial heterogêneo, ro-
lado, com diâmetro su-
perior a 2 mm, e aglu-
tinado por um cimento.
Os conglomerados são
encontrados com mais
freqüência próximo às
áreas litorâneas e na
margem dos rios. Cons-
tituem prova do abai-
xamento do ;nível do
mar, ou o afundamento
de rio. Os conglomera•
dos são também deno-
minados pouding ou
pudim. 1!: preciso, no
entanto, salientar que
Fig. n. 28C -
0 Algumas vêzes certas alterações de rochas mostram a
variação do clima no tempo geológico. Na Bretanha (França), por exem-
atualmente se engloba
plo, há o "pounding" de Saint Lo muito duro, onde o cimento é ferru- de modo genérico den-
ginoso e a alteração é o tipo laterítico, o que prova a exist~ncia de tro da denominação
um clima tropical. 2stcs blocos foram desal'!regndos da falésia do
cabo EarxiY· conglomerado, tanto os
(Foto do autor) poudings, como as bre-

103
chas. Os primeiros são constituídos por seixos rolados e os segundos por fragment
não trabalhados, ou pelo menos, pouco trabalhados, pela erosão. os de rocha,

CONGLOMERADO DE BASE - formação detrítica grosseira, com


seixos, misturados
com areias e conchas e que marca o comêço de uma invasão marinha.
As pesquisas feitas
pelo Prof. Bourcart, na França, acabam de revelar que êles são originado
ximento ( remaniement) do solo continental, ao invés de terem sido s de um reme-
trazidos pela trans-
gressão das águas oceânicas .
CONGLOMERADO DE TOPO - antônimo de conglomerado de base
(vide) - diz-se dos
depósitos indicativos de uma fase de regressão marinha (vide) segundo
Twenhofel; en-
quanto o conglomerado de base é a prova de uma invasão marinha .
CONSEQ üENTE - rio que corre segundo a direção do mergulho das
camadas . Algumas
vêzes diz-se que um rio é conseqüente apenas à sua topografia, isto é,
o rio corre segundo
o declive do relêvo. E, neste caso, pode cortar camadas com inclinação
contrária. Toma-se
preciso frisar que nesta circunstância o rio é conseqüente apenas em
relação ao relêvo
e não à estrutura .
CONTATO (superfíc ie) - separa rochas de naturezas diferentes. O
exame dos contatos
é de grande importância para o geólogo e o geomorfólogo.
Através da delimitação dos contatos pode-se, do ponto de vista geológico
áreas <l.e natureza diversa, descobrir falhas, disc0rdâncias, concordâncias, , separar as
jazidas, etc.
Os contatos em geomorfologia levam muitas vêzes à compreensão de ciclo
de superfícies estruturais, de erosão, etc. Nas estruturas movimentadas de erosão,
é de grande importância o estudo dêsses contatos. Nas bordas litorâneas pelo diastrofismo
mostram as oscilações do nível do mar. muitas vêzes

CONTATO (metamorfismo) - transformações mais ou menos profunda


s sofridas pelas ro-
chas encaixantes, nas proximidades de uma rocha intrusiva. Essas transform
vidas ao calor, gases e soluções emanadas da rocha intrusiva para a rocha ações são de-
mais antiga.
CONTIN ENTE - grandes extensões de terrenos emersos da crosta terrestre
águas dos mares e oceanos. O número de continentes e sua configuração limitadas pelas
no decorrer da história física da Terra, conforme nos ensina a paleografia tem variado muito
(vide) . A partir,
porém, do fim do Terciário e do início do Quaternário êstes se mantiver
am
ração aproximada que aparece nos nossos dias, tendo apenas, certas com a configu-
zonas costeiras,
sofrido transgressões, seguidas porém, de regressões marinhas, as quais afetaram
áreas pouco extensas. A noção de continente é mais geográfica que geológica, no entanto,
fológiCa. Aos especialistas destas duas últimas ciências, o que mais interessa, ou geomor-
como surgiram êst_es fragmentos de terras emersas e como se desenvolv é o modo
eram suas configu-
rações através dos diferentes períodos geológicos . Para o geógrafo, em
interessa é a descrição e a posição dessas massas emersas que constituegeral, o que . mais
m
deixando de lado a sua origem através dos períodos geológicos. A velha os continentes,
divisão dos con-
tinentes em antigo, nôvo e novíssimo corresponde segundo Albert Demange
visão puramen te artificial, que não tem nenhuma expressão, do ponto on a uma di-
de vista geográfico
nem geológico.
Há várias hipóteses que procuram explicar a origem e formação dos continent
as mais importantes, tem-se a de A. Wegener também chamada deriva es. Dentre
dos continentes. 1!:
importante assinalar aqui os contoroos de certas áreas continentais como,
do Nordeste brasileiro e do gôlfo da Guiné (África), que muito inspirara por exemplo,
m esta hipótese,
a qual tem merecido a atenção de vários geólogos e geomorfólogos, sem
contudo chegar-se
a um acôrdq.
A distinção entre o conceito de continente e ilha se ba~eia no critério
arbitrário de
extensão. Assim a Austrália oode s'er considerada o menor dos continent
es com 7 600 000
km•, ou a maior das ilhas. "TÔda a Terra aparece dividida em várias ilhas
de tamanho muito
variado que só convencionalmente se classifica em continentes e ilhas,
pràpriam ente ditas.
Todavia se pode falar de um grande bloco continental quase coerente a
mundial. Dentro dêste, se situam os mares secundários, cercados mais opor-se ao oceano
ou menos por pla-
nícies terrestres, ou se encontram como mares mar~inais nos bor?os
~os oceanos~ detrás
de arcos, ou guirlandas de ilhas, ou como mares mediterrâneos, no mtenor
dos contmentes .

104
Entre êstes últimos o mar Ártico está inserido no meio do bloco continental, no hemisfério
norte, o mar Mediterrâneo Romano entre a Eurásia e a África, e o mar Austral-Asiático entre
a Ásia e a Austrália, e o Centro-Americano entre ambas as Américas. Daí resulta a divisão
dos continentes:
1 - Eurásia
(50 700 000 km•)
) Velho
J
2

3
Africa
( 29 200 000 km2 )
Austrália
( 7 600 000 km") }
Continente

Novíssimo
Continente
lHemisfério Oriental
87 500 000 km"
= 63% das terras emersas

4 Norte-americano
J
5
(20 000 000 km2 )
Sul-Americano
( 17 600 000 km")
) Nôvo Nôvo
Continent~ Mundo

l
Hemisfério Ocidental
51 600 000 km•
= 27< do< t~ ="""
6 Antártida
( 14 000 000 km")

Quanto à distribuição geográfica das terras e dos mares devemos destacar que as
massas continentais perfazem 139 000 100 km• ou seja 29%, enquanto as bacias aceânicas,
371 000 000 km", ou seja 71%.
Outro fato a assinalar é a distribuição geográgica desigual das massas continentais:
assim no hemisfério norte, há mais terras - 40,4% de terras e 56,6% de águas - sendo
chamado hemisfério continental, enquanto no hemisfério sul, há poucas terras emersas,
tendo os continentes a forma afunilada - 14,4% de terras e 85,6% de águas. Jl: o hemisfério
oceânico ou marítimo, cujo pólo se situa numa das ilhas chamadas Antípodas, a sudeste
da Nova Zelândia, no Pacífico Sul, enquanto o pólo do hemisfério continental fica na
cidade de Nantes, na França.
O exame de uma carta geográfica mostra claramente a concentração de terras no
hemisfério norte, e a terminação para o sul, em forma afunilada da terras da América,
África e Ásia. Há grande contraste entre as duas áreas polares, pois, ao norte tem-se uma
grande depressão, _ocupada pelo oceano ou mar Glacial Ártico e ao sul um grande bloco
de terra coberto totalmente pelas geleiras, que constitui o continente Antártico.
Do ponto de vista geográfico destaca-se a existência entre o continente americano do
norte e do sul, de semelhanças e contrastes; entre as primeiras citam-se a configuração
geográfica, a estrutura, e o relêvo, bem como a população, que foi inicialmente constituída
pelo indígena, o ~egro africano e o colono europeu; entre os contrastes tem-se a situação
geográfica (um no hemisfério norte e outro no hemisfério sul), o que determina outras
diferenças.
Quanto ao continente denominado Oceânia nada mais é que um aglomerado de ilhas,
umas maiores outras menores, existentes no oceano Pacífico, cujas águas as separam das
terras americanas e asiáticas, enquanto o oceano Glacial Antártico (?), das terras polares
do sul. A maior dessas ilhas, que constitui o continente propriamente dito, é a Austrália.
Seu traço característico do ponto de vista geomorfológico são extensos plimaltos de baixa
altitude e pequenas planícies. Sua parte central é formada por um grande deserto. (Vide
altimetria) .
A Antártida ou continente Antártico situado no pólo Sul é inteiramente coberto por
geleiras, não possui vegetação, não sendo possível a vida humana em caráter permanente
nessas regiões, onde apenas vivem pingüins e alguns cetáceos.
Os continentes são também considerados, em partes do mundo a saber:
Ásia, América, África, Europa, Oceânia e Antártida.
A Europa, a Ásia e a África são também consideradas como continente tríplice e
contêm 2/3 da superfície terrestre do globo e 1/6 da sua superfície total. A abertura do
canal de Suez fêz com que os geógrafos considerassem a África como um continente se-
parado do euro-asiático. O valor de tais considerações é muito limitado, no que diz respeito
à geomorfologia .
. Do ponto de vista da extensão, devemos ressaltar que a Ásia é a maior das partes
do mundo, ou dos continentes, como também se considera, e igualmente o que concentra

105
mais da metade da população de todo o globo. 1!: no continente asiático que se localizam
grandes extensões desérticas (desertos frios e desertos quentes) . As terras asiáticas estão
em sua quase totalidade no hemisfério norte, enquanto as terras do continente americano
vão desde as latitudes boreais até o extremo meridional (cabo Hom), muito se aproximando
da Antártida.
A África é constituída de vastas extensões de planaltos, tendo relêvo acidentado, e
especialmente no norte - cadeias de relêvo jovem (Atlas). Quanto à Europa constitui como
que uma grande península do continente asiático . A Oceânia é constituída pela Austrália
e pelos vários arquipélagos ( Micronésia, Polinésia e Melanésia).
CONTRAÇÃO - hipótese antiga .que procurava explicar a origem das diferentes formas
de relêvo pela diminuição da temperatura do interior do globo e seus conseqüentes re-
flexos nas camadas mais externas . Esta hipótese, foi lançada por E li é de Beaumont. Segundo
ela todos os fenômenos tectônicos, vulcânicos ou sísmicos são resultantes da contração do
núcleo. A aceitação desta teoria implica na existência do fogo central, que explicaria a
formação de montanhas e de vulcões.
Ela é uma conseqüência da aceitação da hip6tese de Laplace que admitia o resfria-
mento da crosta terrestre partindo da grande nebulosa. O resfriamento sucessivo de ca-
madas da parte externa, isto é, da periferia para o centro acarretaria o aparecimento de
dobras, falhas e mantos na superfície do globo, em virtude da adaptação da crosta sólida
ao núcleo (deformação tect~nica) .
De acôrdo com a hipótese da contração as montanhas seriam explicadas pelo resfria-
mento das camadas internas. A teoria da contração foi formulada em 1796 nos trabalhos
de Saussure e levou quase um século para se impor.
Segundo a teoria da contração a perda térmica e a cristalização se:iam capazes de
provocar pressões tangenciais que atuariam sôbre a crosta. A hipótese do fogo central,
segundo alguns, explicava a origem dos vulcões e até a das cadeias das moiltanhas. Veri-
fica-se, com efeito, que estas cadeias correspondem a regiões onde as camadas geológicas
se encontram fortemente pregueadas. Ora, êstes enrugamentos eram considerados como o
resultado da contração do globo terrestre em conseqüência do contínuo arrefecimento, visto
que, estando solidificada, a crosta terrestre não podia prestar-se à contração senão por
meio de pregas que reduzissem a sua superfície, "tal como acontece à casca de uma maçã
que ao secar, se enche de rugas".
Entre as causas do abandono desta hipótese, temos:
a) Não há nenhuma prova do resfriamento da crosta terrestre. Se a Terra perde calor
por irradiação, devemos considerar, também, o calor recebido diàriamente pelos
raios do Sol.
b) Sabe-se hoje que existem no interior do globo terráqueo corpos radioativos cuja
desintegração fornece calor, de modo que, é uma contradição da hip6tese da
contração. O que poderia existir é uma dilatação e não uma contração. Devemos
ter a idéia de que a maior parte da massa da litosfera se encontra mantida pela
pressão num estado de rigidez elástica. Nada nos garante que esta massa esteja
em vias de arrefecimento, porquanto conhecemos hoje fontes de energia térmica,
desconhecidas há cinqüenta anos, e que são devidas aos fenômenos de radioati-
vidade.
c) A elevação das grandes cadeias de montanhas e as múltiplas transformações do
globo terrestre não podem ser explicadas pelas simples contrações ou dilatações
do globo terrestre.
No caso dos Alpes êles têm uma largura de cêrca de 150 km. Antes dos dobramentos
a superfície ocuparia cêrca de 600 a 1 200 km. Para que ocorresse uma tal contração seria
necessário um abaixamento de 1 400°C da temperatura do núcleo. O estudo da radioativi-
dade permite nos nossos dias duvidar de tal esfriamento do globo.
Admitindo-se a hipótese da contração, todos os movimentos tectônicos resultariam do
esfriamento progressivo do núcleo central.
Os argumentos de De Martonne publicados em seu livro "Panorama da Geografia"
contrários à hipótese da contração, se encontram no próprio título do tópico referente ao
núcleo terrestre rígido e elástico, onde diz: "O cálculo demonstra que, se a maior parte
da Terra fôsse fluida, o achatamento dos pólos e o bôjo do equador, devido à fôrça cen-
trífuga, seriam mais pronunciados. Deveria até haver marés desta massa fluida interna,

106
que se fariam sentir por meio de deformações periódicas da superfície" diz ainda mais
adiante: "A propagação dos tremores de terra, cuja velocidade se conhece exatamente
pelos sismógrafos instalados num grande número de pontos da superfície do globo, indica
que as vibrações percorrem um meio rígido e elástico". Montessus De Ballore também
trata dêsse problema em seu clássico livro Les tremblements de terre, Geographie séismo-
logique - Paris 1906.
CONTRACOSTA - têrmo regional amazônico para designar a costa setentrional da ilha
de Marajó, desde o cabo Maguari, no município de Soure, até o rio Cajuruna, extremo
do município de Chaves com Afuá.
CONTRAFORTE - denominação dada às ramificações laterais de uma cadeia de monta-
nhas. Os contrafortes quase sempre estão em posição perpendicular, ou pelo menos oblíqua,
ao alinhamento geral. E um têrmo de natureza descritiva usado pelos geomorfólogos
e geólogos ao tecerem considerações sôbre o relêvo de regiões serranas.
CONVENÇÃO ALTIMETRICA - concernente ao relêvo. Há diversos modos de represen-
tação do relêvo em um mapa. Vide curva de nível e hachura.
CONVENÇÃO PLANIMETRICA - concernente à superfície do terreno. Estas convenções
não dão a terceira dimensão. Vejamos alguns elementos planimétricos: linha de limites,
vias de comunicação, rios, aeródromos, barragens, usinas hidrelétricas, etc.
Os detalhes planimétricos naturais e artificiais que se encontram na superfície do solo
podem, por conseguinte, ser classificados em categorias bem definidas a saber: a) as obras
criadas pelo grupo humano; b) hidrografia; c) culturas. Deve-se ainda juntar a estas três
grandes categorias os sinais convencionais diversos utilizados nos limites administrativos, que
devem aparecer nas cartas e que não figuram na superfície do terreno.
CORDÃO LITORANEO - constitui flechas de detritos carregados pelo mar e pelos rios
e acumulados gerahnenle ao longo da costa. Estas flechas ou restingas podem ser para-
lelas à costa, ou algumas vêzes ser perpendiculares ou oblíquas à costa no caso dos t6m-
bolos (vide restinga). As flechas perpendiculares ou oblíquas à costa são também chamadas
de pontal (vide):
CORDILHEIRA - grandes massas de relêvo saliente, produzidas pelo orogenismo. Da
mesma maneira que cadeia de 111.0manhas ou serras, é uma expressão usada geralmente nas
descnções da paisagem física de uma região, na qual a parte técnica é um pouco descuidada.
Geralmente se compreendem as cordilheiras como grandes cadeias de montanhas, ex.: cor-
dilheira dos Andes, Alpes, Atlas, Himalaia, etc.
No estado de Mato Grosso os habitantes da zona do Pantanal chamam de cordi-
lheira os pequenos níveis de terraço que aparecem por entre as lagoas, ou co,mo êles
denominam, de baias (vide) .
CORlNDON - vide alumina.
CORIXO - denominação regional do Pantanal de Mato Grosso, para os pequenos riachos
permanentes que ligam as "baías" (vide) .
"CORNET" - denominação regional do sul dos Cárpatos aos testemunhos de erosão ou
monadnocks (vide), os quais são constituídos por cristas calcárias.
CORNIJA - abrupto saliente capeado por uma camada de rocha dura. - No Planalto Cen-
tral do Brasil é comum o aparecimento de cornijas por causa da capa de crosta ferruginosa
- canga que aparece naquelas superfícies. A cornija é uma forma saliente de dimensões
variadas.
Este têrmo vem do italiano comiche e significa coroa.
COROA - têrmo regional usado para os bancos ou baixios de aluviões que aparecem no
leito dos rios, ou ainda na zona costeira, por ocasião da baixa maré ou da vazante dos rios.
CORRASÃO - têrmo criado por Richthofen para o trabalho feito pelo vento (erosão
e6lia - vide) destruindo as ~rtes mais . salientes, e acumulando nas áreas, relativamente,.
mais baixas. O mesmo que deflação (vide) .
CORREDEIRA - o mesmo que salto (vide) no leito de um rio.
CO:RRENTE DE LAMA - vide argila.

107
CORRIDA DE LAMA - deslocamento de massa, geralmente argilosa impregnada de água.
Esta descida do material é realizada por efeito da gravidade e da água que funciona como
agente lubrificador.
CORRIDA DE LAVA - o mesmo que lençol de laca (vide) - ou derrame de lava.
CORROSÃO - fenômeno . de destruição das rochas por efeito da decomposição química
realizada pelas águas correntes. O exemplo típico é o das águas carregadas de gás carbô-
nico que ao passarem por zonas de terrenos calcários realizam a dissolução do carbonato
de .cálcio, transformando-o em bicarbonato de cálcio solúvel.
CORTE GEOLóGICO - secção longitudinal ou transversal de uma região, na qual se
representa a estrutura e a natureza das camadas por onde passa o perfil. Os cortes geoló-
gicos são muito importantes para os geomorfólogos interpretarem as formas de relêvo da
região.
COSTA- o mesmo que lit01'al (vide) em sentido amplo. Nas descrições da paisagem física
da faixa de contato do relêvo emerso com o relêvo submerso, geralmente os geomorfólogos
se preocupam, apenas, com as formas de relêvo situadas acima do nível dos oceanos, dei-
xando erradamepte, em pl.lllo secundário, o relêvo da plataforma continental.
COSTA ALCANTILADA - o mesmo que costa escarpadlz (vide) ou abrupta.
COSTA ALTA - aquela onde o relêvo costeiro é elevado, (Fig. n. 0 29C) mas não possui
declives e pendentes abruptos como nas alcantiladlzs (vide) .
IALÍSI4

~VAr---------~----------------~-------

Fig. n. • ll9C - Costa alta do ti!'O falésia e a dinâmica do mar trabalhando êste tipo de litoral.

COSTA ARTICULADA - aquela que possui um bom número de indentações, ou seja, de


golfos, enseadas e baías, isto é, um litoral muito recortado que permite geralmente a fácil
ancoragem dos navios.
COSTA BAIXA - é o oposto de costa alta (vide) caracterizada por apresentar formas
suaves sem grandes desnivelamentos relativos.
COSTA CONCORDANTE - diz-se do litoral que segue paralelamente a direção geral das
elevações do terreno (tipo pacífico) . Como exemplo, podemos citar, o litoral meridional
do Brasil.
COSTA DE ABRASÃO - aquela que apresenta um litoral escarpado, onde a abrasão
marinha é ativa.
COSTA DE EMERSÃO - aquela cujos terrenos da faixa costeira, ou melhor, junto à borda
do mar, se acham a diferentes altitudes em relação ao nível atual do mar.
Várias teorias procuram explicar as razões de ser dessa oscilação: eustatismo, epiroge-
nismo e mais recentemente, surgiu a teoria da flexura continental, do Prof. Jacques
Bourcart.
COSTA DE IMERSÃO - aquela cuja oscilação entre o nível das terras e das águas no
decorrer da história física do globo terrestre teve como conseqüência a invasão das terras
pelas águas do oceano.
COSTA DE SUBMERSÃO - o mesmo que costa de imersão (vide) .
COSTA DISCORDANTE - diz-se dos litorais cuja direção é transversal à linha geral da
estrutura, ou melhor, dos alinhamentos montanhosos (tipo atlântico) .
COSTA ESCARPADA ou alcantilada - diz-se do litoral onde aparecem abruptos mais ou
menos fortes na zona costeira. Estas denominações são usadas para descrever a paisagem

108
Fig. n.o 30C - A escarpa da "serra" do Mar, em An~ra dos Reis, é aeomorfolàgicamente uma tfpica
escarpa de bloco falhado. O paredão abrupto constitui um impressionante acidente ao lonao da costa,
desde o estado do Rio de Janeiro até Santa Catarina. Naturalmente, ora ela se afasta mais da linha
de costa, ora se aproxima; mas, uma vez galgada a escarpa, o t&po é de uma extensa superfície de
aplainamento, onde v!rios ciclos de erosão deixaram suas marcas. A estas velhas superfícies deformadas
por epiroaênese, pode-se dar o nome de paleOJ>lainos (vide).
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

física invocando apenas os caracteres topográficos. ( Fig. n. 0 30C ) . Alguns litorais assim
descritos correspondem a falésias (vide) .
COSTA LEVANTADA- o mesmo que costa de emersão (vide).
"COSTEIRA" - têrmo usado em Portugal como tradução do têrmo francês c6te e do
espanhol cuesta (vide) .
"COSTÃO" - denominação regional usada no litoral paulista, para os esporões da serra
do Mar, que penetram na direção do oceano, dando aparecimento a falésias. ll: por con-
seguinte um trecho de costa abrupto e inabordável.
CôTE - denominação regional francesa, proposta por De Martonne, em 1909, para iden-
tificar relevos dissimétricos, devidos à erosão em terrenos de natureza sedimentar - estru-
tura inclinada, isto é, as cuestas. Esta última é a denominação adotada por W. M . Davis,
desde 1899, e foi tirada da terminologia regional do México.
COTOWLO DE CAPTURA - ângulo da rêde hidrográfica, ocasionado pela concorrência
entre dois rios, ou mesmo duas bacias hidrográficas, resultando na captura de um pelo
outro. ll: de grande significação morfológica, pois, pode, por vêzes, indicar à existência
de uma captura ou de fraturas nas rochas . Quando a rêde hidrográfica forma cotovelos
com ângulos mais ou menos constantes, diz-se que tem um traçado em baioneta. A deno-
minação cotovêlo de captura é devida ao geógrafo americano W. Morris Davis.
"COTTON-SOIL" - denominação usada para os solos de coloração negra,· do estado de
Alabama, nos Estados Unidos que são aproveitados para o cultivo do algodão. Cotton-soil
significa terra do algodão .

COXILHA - denominação regional do Rio Grande do Sul usada para as pequenas eleva.
ções ou colinas que aparecem no núcleo sul-riograndense. As coxilhas, portanto, são eleva-
ções arredondadas e de pequena altitude que se destacam, na área peneplanizada, cuja
cumeada se apresenta, quando vista de longe, com o aspecto de uma faca ( cuchilla, em

109
espanhol) e não como serra, como nas regiões acidentadas. Vistas de avião as coxilhas
assemelham-se a um verdadeiro mar de morros.
"COVOÃO" - o mesmo que voçoroca (vide) .

CRATERA - bôca do vulcão, ativo ou extinto, constituindo a cavidade superior de uma


chaminé vulcânica, geralmente de um tronco de cone. A cratera tem a forma acentuada-
mente circular e afunilada. Suas dimensões são variáveis, geralmente, inferiores a 1 km. Nas
crateras dos vulcões extintos é freqüente o aparecimento de lagos, sendo denominados de
cratera lago. A forma da cratera resulta das explosões que produzem a cratera central
e as adventícias.
A cratera central é aquela que aparece na parte central da chaminé, isto é, no cone
de lavas e produtos outros lançados pelas erupções. As crateras adventícias aparecem nas
partes laterais da chaminé vulcânica. O Vesúvio conta com cêrca de 30 crateras adventícias
e o Etna com 700. Além dêsses tipos de cratera já referidos temos ainda: a cratera éguelé
ou ébreché - cuja forma é de uma ferradura por causa do escoamento da lava de um
dos lados da chaminé (Fig· n. 0 30C); crateras de afundamento, etc. O exemplo mais
característico dêste último tipo no Brasil ocorre no maciço de Poços de Caldas, no sul
de Minas.
CRATERA ADVENTICIA ou SECUNDARIA - diz-se da abertura realizada no flanco ou
no cone de um vulcão. (Vide cratera) .
CRATERA CENTRAL aquela que aparece na parte central da chaminé. (Vide era-
tera).

CRATERA "tGUEU" - é um semi-come vulcânico, pois uma das paredes desapareceu


por explosão ou por escoamento.
CRATERA DE EXPLOSÃO- vide caldeira.
CRATERA LAGO- vide cratera.
CRÃ:TERA SECUNDARIA - o mesmo que cratera adventícia {vide).
CIU: - o mesmo que greda (vide) .
CREEP ou RASTEJAMENTO- movimento coletivo lento de solo ou de rocha decomposta.
:Esse fenômeno geomorfológico é muito vasto sendo visível em tôdas as regiões do globo.
Nas zonas de declives mais fortes, o · creep pode ser notado com mais facilidade, e seu
movimento é mais rápido. Na capa de detritos o creep se faz sentir com maior rapidez
na parte superficial, diminuindo de importância à medida que se aprofunda a espessura
do material decomposto. O creep ou raste;amento não interessa apenas ao geomorfólogo,
sendo de grande importância para os engenheiros, que podem ver suas obras fàcilmente
ameaçadas em sua integridade por causa dêsses movimentos da capa superficial de detritos.
Os autores americanos, geralmente, distinguem o creep dos deslocamentos de massas
que ocorrem nas regiões geladas ou periglaciais, denominando-o de solifluxiio. Por conse-
guinte, a solifluxiio nada mais é do que um deslocamento lento da capa de detritos, realizado
em climas glaciais ou periglaciais. Durante as glaciações quaternárias a solifluxão teve
um papel fundamental no modelado das vertentes de numerosos vales.
Na língua portuguêsa, usamos as duas expressões, indistintamente. Quanto ao topônimo
inglês creep, o Prof. V. Leuzinger aportuguesou-o para cripe.
CRESCENTES DE PRAIA ( croissants de plage) - trata-se de séries paralelas nas praias,
de alvéolos semicirculares ou triangulares, ligados, por vêzes, pelos seus lados.
CRETÁCEO - período mais recente do Mesozóico, tendo durado cêrca de 80 milhões de
anos. Compreende os terrenos situados entre o Jurássico e os da base da era Cenozóica.
O têrmo Cretáceo (vem de ereta que no latim significa giz) foi dado a êste período por

110
Fig. n.o 31C - Cratera "écuelé" do Puy de la Vache, no Maciço Central Francês, na qual
se observa a inexistência de uma das partes do cone vulcânico.
(Foto do autor)

causa dos depósitos de greda branca (giz) nêle encontrados. Hoje é sabido que a greda
não aparece em todo o período, restringindo-se apenas ao Cretáceo superior.
A designação cretácea foi originàriamente adotada por d'Halloy, em 1882, para os cal-
cários do sul da Inglaterra.
A vida no Cretáceo é caracterizada no dm;pínio da flora, pelo desenvolvimento das an-
giospermas - dicotiledôneas e monocotiledôneas. Verifica-se o aparecimento no Cretáceo
inferior das primeiras plantas com flôres. O desenvolvimento das cicadáceas foi tão grande
nesse período que a era Mesozóica é também denominada idade das cicadáceas.
No domínio da fauna, há grande desenvolvimento de foraminíferos que deram origem
à greda branca e esverdeada (por causa da glauconita) . Entre os moluscos cefalópodos há
as amonitas de tamanho gigantesco e alguns desenrolados como os baculites. Durante a
última etapa dêsse período os peixes modernos, os teleosteos (arenques, bacalhau, salmões),
principiaram a substituir as formas mais antigas do tipo com escamas ósseas.
Os répteis tiveram grande desenvolvimento, porém, não são tão importantes como os
do Jurássico. Entre os terrestres há o Iguanodons e entre os marinhos o Elasmosaurus. No
Cretáceo superior se dá a extinção dos grandes répteis. O clima do Cretáceo já apresenta
zonas climáticas mais definidas que no Jurássico, pois, já há certa diferenciação na fauna
e flora.
A paleogeografia dos terrenos cretáceos demonstra a existência de dois blocos conti-
nentais no hemisfério norte: o continente Atlântico Norte reunindo as Terras Algonquiana
e Escandinava e o Sino-Siberiano, constituído pelo continente de Angara (vide) que se
desenvolveu no sentido meridional.
No hemisfério sul novas fragmentações se verificam com a separação do continente
Afro-Brasileiro, constituindo a América do Sul e a África e a separação de Madagáscar,
do continente Indo-Malgaxe.

111
Entre os blocos que constituíram os continentes· emersos do hemisfério norte e os
do hemisfério sul, havia o mar de Tethys e, entre os dois continentes do hemisfério norte,
um geossinclinal.
Nesse período há, por conseguinte, grandes geossinclinais ou fossas marinhas, que es-
tabeleciam franca comunicação entre os mares. Nos locais dêsses geossinclinais ergue-
ram-se no decorrer do Terciário as grandes cadeias de montanhas resultantes dos movimentos
alpinos, como: Andes, Alpes, Pireneus, Apeninos, Cárpatos, Himalaia, Atlas, etc. Nos Esta-
dos Unidos ocorreu durante o Cretáceo a revolução laramideana que le·\'antou as mon-
tanhas Rochosas no oeste do continente, e também os planaltos de Arizona e Utah.
Foi nesse período que começou o levantamento dos Andes com grande atividade
vulcânica, prosseguindo pelo Terciúrio, quando se deu, então, a grande emersão da cordilheira
dos Andes.
Os terrenos do Cretáceo
ocorrem em vastos chapadões
do Brasil Central e em peque-
nos trechos na zona litorânea.
~les p erfazem um total de
686 115 km 2 ou seja 8,6% do
território brasileiro .
Os aspectos topográficos e
morfológicos dêsses depósitos
são caracterizados nos pla-
naltos chamados, geralmente,
chapadas ou chapadões, no
interior, (Centro-Oeste) e de
tabuleiros, no litoral. Empre-
ga-se também esta última deno-
minação (tabuleiros) para as
formações terciárias ( Figs. ns.
32, 33 e 34C).
"CREVASSE" - fraturas na
camada de uma geleira.
CRIOCLASTISMO vide ge-
livação.
CRIOPEDOLOGIA parte
da pedologia que estuda os so-
los gelados.
CRIPE - vide creep.
CRIPTODEPRESSÃO de-
pressão relativa, isto é, área de-
primida, situada acima do nível
do mar e coberta de água.
CRIPTOZóiCA (era) - nome
dado por alguns geólogos nor-
te-americanos à era primitiva e
· que significa "vida escondida".
CRISTA - intersecção do pla-
no das vertentes - constitui o
oposto do talvegue. A crista é Figs. ns. 32C e 33C - Dois aspectos do arenito cretáceo no
constituída por urna linha de- estado de Pernambuco, na serra de Tacaratu. No segundo
temos um aspecto parcial dêsse arenito, no qual vemos a
terminada pelos pontos mais existência de uma estratificação entrecruzada. Os vacúolos que
altos, a partir da qual diver- aparecem nas paredes verticais dêsse arenito são devidos à
gem os ,dois declives das ver- dissolução do cimento.
tentes. (Foto Alfredo J. P. Domingues do IBG)

112
A linha de crista - embo-
ra reunindo os pontos mais ele-
vados duma cadeia de serras
não deve ser tomada sempre
como linha divisória de águas.
Ela apenas poderá ser consi-
derada do ponto de vista da
repartição das chuvas que cons-
tituem o lençol de escoamento.
Do ponto de vista hidrográfico,
a análise morfológica da li-
nha de crista com a rêde hi-
drográfica e a estrutura do re-
lêvo devem ser realizadas con-
juntamente.
Podemos ter rios antece-
dentes que cortem esta linha
de crista embora estejam em
zona bem mais baixa. Na ca- Fig. n.• 34C - Camadas de folhelhos sílticos e argilosos e
deia do Himalaia observamos arenitos cretáceos em Monte Serrat (Bahia).
(Foto Alfredo J. P. Domingues do IBG)
que as grandes altitudes estão
no Himalaia, mas a linha di-
visória das bacias hidrográficas
penetra mais profundamente no
interior do continente, estando
localizada no Trans-Himalaia.
O Bramaputra, por exemplo, es-
tá atrás do Himalaia, porém,
sendo um rio antecedente cor-
ta esta cadeia e se lança nas bô- S N
cas do Ganges (Fig. n. 0 35C).
Os estudos geomorfológi-
cos dos tipos de cristas consti-
tuem assuntos que até bem Fig. n.• 35C
pouco tempo não haviam des-
pertado a atenção dos estudio-
sos, uma vez que se tinham concentrado no estudo dos vales e de suas vertentes, em
detrimento das cristas ·e dos divisores de água.
As cristas possuem formas muito variadas, podendo ser bem sentidas com a repre-
sentação em ferfil ou em plano. Neste último caso, isto é, a representação das cristas em
plano, pode ser feita por uma linha curva simples, uma reta, ou ainda uma linha sinuosa
e denteada, etc. Quanto à representação em perfil, as linhas divisórias de uma bacia se
compõem de setores elevados e baixos .
CRISTA DE ANTICLINAL - corresponde à parte mais convexa de um anticlinal, isto é,
à zona da charneira que se encontra de cada lado do eixo.
CRISTA DE DOBRA - forma de relêvo dada pela junção dos pontos mais elevados de
um anticlíneo, definida, porém, por uma mesma camada ao longo do eixo.
CRISTA MONOCLINAL - . diz-se das cristas que surgem freqüentemente em estruturas
inclinadas, possuindo vertentes assimétricas, isto é, escarpa abrupta, a que é contrária ao
mergulho das camadas e encosta suave a que coincide C'Of"<l a inclinação dos estratos.
CRISTA PINACULAR - diz-se da cadeia de crista form ..cta por um alinhamento de pi-
náculos (vide) .
CRISTAL - corpo definido por formas geométrica~, limitado por faces planas e arestas
retilíneas.
CRISTAL-DE-ROCHA - denominação dada ao quartzo (vide) cristalizado. Trata-se de
bióxido de silício (Si o.). O cristal de rocha natural é empregado em instrumentos de óptica

113
e, principalmente, em aparelhos de telecomunicação, enquanto a areia constitui
uma das
matérias usadas na fabricação de vidro e cristal; por sua dureza é também aproveitad
a como
abrasivo ( vide) .
CRISTALINA - rocha que aparece na natureza, constituída de elementos cristalizad
como exemplo, podemos citar as eruptivas. Quando a rocha é inteiramente formada os;
elementos cristalizados diz-se que sua estrutura é halocristalina, no caso inverso, isto de
seus componentes são amorfos chama-se de haloialina ou vítrea. As rochas cristalinas,é, se
conseguinte, são rochas magmáticas nas quais aparece um grande número de cristais por
constituem o corpo da rocha, daí sua denominação de cristalina. :tl:sse tipo de rocha que
não
contém fósseis, pois sua origem é interna, isto é, resultante da subida do magma em
de fusão e de seu posterior resfriamento. estado

CRISTALINO (mineral) - oposto a mineral amorfo.


CRISTALIZADO (mineral) - diz-se quando aparece nas rochas com forma própria
confundível e sempre poliédrica. Os atomos e moléculas estão dispostos ordenadam in-
ente
obedecendo à simetria característica da referida substância.
CRISTALOFILIANA (rocha) - vide cristalofiliano.
CRISTALOFILIANO - nome usado em geologia para designar os terrenos mais antigos
da superfície do globo. Hoje se usa com mais freqüência a denominação de terrenos
queanos ou rochas arqueanas. Usa-se também a denominação de cristalofiliana ar-
para as
rochas que se apresentam no estado cristalino e estratificadas, também chamadas
metamór-
ficas.
CRISTALOGRAFIA - ciência que estuda os sistemas de cristalização. O topônimo cris-
talografia vem do grego e significa - cristal e descrição. Definindo-se de acôrdo
com a
etimologia da palavra, a cristalografia é a descrição das formas que tomam os corpos
ao
se cristalizarem.
CROSTA - concreções duras de óxido de ferro, de quartzo, de calcário e de gêsso, sob a
forma de capa, da superfície do solo. Estas crostas são mais freqüentes nos climas
semi-
-áridos e tropicais.
CROSTA DA TERRA - parte sólida do globo terrestre também chamada
de
( esfera de pedra) . A sua espessura é calculada em cêrca de 60 a 100 quilômetrolitosfera
agora porém o homem conseguiu penetrar cêrca de três quilômetros. As sondagens s . Até
busca de petróleo já ultrapassam de seis quilômetros. em
Não se deve confundir a definição dada acima restringindo-se apenas às terras emer-
sas, mas também às submersas, pois as águas enchem depressões de tamanhos e
grandezas
variáveis, repousando, porém sôbre a crosta. A rigor a crosta terrestre compreende
as zonas
de sial e parte do sima. A primeira constitui as terras emersas, e a segunda o
fundo da
maioria das bacias oceânicas.
Em 1796, Laplace matemático francês em "Exposition du systeme du monde" emitiu
a grande hipótese da existência da imensa. nebulosa que constituiria o sistema planetário
A Terra à semelhança dos outros planetas fazia parte dêsse sistema constituído de .
matéria
ígnea que se foi gradualmente consolidando, formando a crosta terrestre, ~ólida na
superfície
e, guardando no seu interior, matéria em f?são, o que se chama de fogo central
Segundo a teoria de Laplace existiria no centro da Terra um fogo central. Os
elementos - terra, água e ar - se separaram, em função do abaixamento da temperatu três
A hipótese de Laplace pode ser confirmada pelo grau geotérmico - que é o gradiente ra.
necessário para que haja o aumento da temperatu ra à medida que se desce no
sentido
do centro da Terra- 1° para.40 metros em média- junto aos oceanos é da ordem
metros e na proximidade dos vulcões é de 10 a 15 metros. de 100
Na profundid ade de 120 km limite da litosfera com a pirosfera a temperatu ra
seria
de 3 000 graus.
Na Terra, devemos destacar a zona de influ~ncia solar e a zona neutra, além da
não podem penetrar as variações térmicas exteriores (sazonais) . Além desta camada qual
se encontra de 8 a 25 m abaixo da superfície topográfica, o aumento do calor que
só pode
ser devido ao calor central. As experiências revelaram que, em qualquer parte
da Terra,

114
alguns dados a
quando atingimos 8 a 10 metros desapare ce a noção de estação . Vejamos s antigos:.
a natureza das rochas: a) terrenos cristalino
propósito do grau geotérmico e 10 a 15 m;
40 a 120 m; b) áreas de bacias carboníferas 20 m; c) re~ião vulcânicacamada neutra,
da
d) jazimentos de petróleo 10 a 15 m. Princípio de Heinrich: A partir
mesmo raio, verifica-s e que a diferença de temperat ura é diretame nte
acompan hando um
proporcio nal à diferença de. suas profundi dades" .
de Laplace.
O vulcanismo é tido igualmen te como outra prova positiva da teoria
fusão do núcleo central escaparia m por fraturas constituin do os vulcões
As matérias em
(vide).
se aceitar que a
Há porém sérias objeções à hipótese de Laplace: 1 - é difícil de mais pesada
crosta, possa ser suportad a por matérias em fusão . A crosta
matéria ·sólida da globo estivesse
incandes cente líquida; 2 - se o interior do
deveria cair no fundo da massa
líquido, êle deveria sofrer marés análogas às dos oceanos. As marés
da crosta são de pe-
Géologie Appliqué e
quena amplitud e : 18 centímetr os aproxima damente. E. Raguin em sua
crosta terrestre são deformaç ões periódica s do globo sob a influênci a
diz: "As marés da do fato de que
das atrações lunares e solares. Análogas às marés oceânicas , elas provêm
reinante no interior
o globo não é perfeitam ente rígido" ( pág. 9); 3 - A grande pressão
consistência fraca-
da Terra, embora haja elevado grau de temperat ura, poderia dar uma a hipótese.
propagaç ão das ondas . sísmicas condenam por completo
mente elástica; 4 - a
do "fogo central" líquido .
explicar a dis-
De Launay construiu em 1926 um verdadei ro sistema cujo fim era Na fase inicial
1 -
tribuição da matéria, no interior da Terra. Admitiu os seguintes fatos:
dias na fotosfera
da formação da Terra, turbilhõe s parecidos com os que ocorrem nos nossos
os elemento s químicos ter-se-iam estratific ado estritame nte na
solar. Se não fôsse assim,
s que trouxeram êsses corpos de pêso atômico
ordem de suas densidad es. Foram os turbilhõe
de átomos pesados
maior, para a periferia . 2 - No centro da '!'erra há uma concentra ção
3 - Observaçõe~
cuja formação absorveu muito calor - reação fortemen te endotérm ica. s durante
ões na ordem estabelec ida: os turbilhõe
geológicas indicam ter havido perturbaç
terrestre, quedas
o período de fluidez, refusões mais tarde, devidas ao movimento da crosta para um meio
de meteoritos, etc. Em conseqüê ncia dêsses fatos, os elementos trazidos instável. O
físico diferente daquele onde se operou a formação, ficaram em equilíbrio equilíbrio,
a, não é mais do que a quebra dêsse
fenômeno da radioativ idade exotérmic
energia acumula da.
quando sensível aos nossos aparelhos de física, com restituição da
ra cinta de calor
Nas vizinhanças da superfície, ao contrário, encontra- se uma verdadei Cailleux em seu
provenie nte das destruiçõ es exotérmic as dos átomos radioativ os . André
radioativ idade e, de
livro La Géologie diz: "1!:ste calor parece devido, de um lado, à
do Sol" (pág. 23).
outro, pelo calor gerado anteriorm ente pela Terra, quando se separou
o núcleo, em estado sólido, e a superlíci e, uma zona em que a
Parece existir entre
permitir que a matéria esteja em estado fluido
pressão e a temperat ura sejam de molde a
seria onde ocorreriam
viscoso ( pirosfera) . 1!:ste substratum da crosta, altament e viscoso, ções orogené-·
as correntes convectivas e, a parte da Terra, onde se originariam as manifesta
ticas .
o levou a con-
O estudo do núcleo realizado pelo sismologista Montessus de Balare
siderá-lo como de grande rigidez e elástico.
planêta tem uma
Lord Kelvin, em suas medidas, chegou à conclusão que o núcleo do
que as marés da
rigidez vizinha à do aço. E. Raguin em sua Géologie Appliqué e diz
sísmicas confirmam
crosta ( 18 centímet ros) e os dados obtidos pela propagaç ão das ondas
que o centro da Terra tenha rigidez análoga à do aço ( pág. 10).
leves devido à
A crosta externa da zona granítica não é composta apenas de corpos
corrente convectiva intratelúr ica de Dive ou turbilhõe s de De Launay.
a propósito das
A seguir vamos dar algumas indicações fornecidas por vários autores hie Physique
camadas do globo . A estrutura da Terra, segundo M. Codur em seu livro Géograp
et Topologie Cours de L'Institu t Geograp hique National:
15 km - densidad e ~.8 silicato aluminoso
o reservatório'·
I) Sial { 25 km - camada viscosa de basalto. Esta camada seria
do magma que sairia por vêzes pelas crateras dos vulcões
II) Sima - 2 800 km - densidad e de 3 a 5
III) Nife - 3 500 km - densidad e de 8 a 11

115
Segundo Adams, Willianson e Washington, temos:

ENVOLTÓRIO Espessura. Densidade


(km)

Núcleo central. . . . ........... . . .. ..... . .... . 3 400


(ferro-níquel) 10
Zona. litospórica. . . ...... ... .. . ... . ......... . . 700 8
Zona. ferrospórica. . . .. . .. . ..... . .......... . 700 5,8
Zona. peridótica. . ...... . ... . .. . . . .. ... . . 1 540 4
Crosta. terrestre
1 - Zona. basáltica. . . ... .. ... . . . . . ..... . 40 3,2
2 - Zona. gra.nítica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2,8

Segundo M. Derruau o estudo da estrutura interna facilita a compreensão dos movi-


mentos tectônicos, a estrutura interna só é conhecida graças à sismologia e à gravimetria.
Segundo os dados sismológicos temos:
N' le km {a) Centro do núcleo (grão c/ 1 300 km)
1 - uc 0 ou centro, 3 400 b) Núcleo 2 100 km
A natureza do núcleo é mal conhecida: "ignorância do estado do núcleo e do grão que
constituem um meio especial". A densidade cresce da periferia para o centro, de 8 a 12,3
11 - Manto {composto de material ultrabásico como o peridotito
2 900 km Densidade 5
1 - Zona basáltica ( sima)
111 - Crosta 2 - Zona granítica ( sial)
+ 60 km {
3 - Zona detrítica
Para M. Derruau "a espessura total das duas zonas da crosta terrestre varia de um
ponto a outro (Zona Granítica e Zona Basáltica) . No conjunto elas são maiores sob as
regiões montanhosas que nas planícies ou nos oceanos. Sob o Pacífico, parece que a crosta
está mesmo ausente. Quanto à espessura relativa da camada basáltica e da camada gra-
nítica, ela varia muito . A superfície interna que as separa é' extremamente irregular.
O mesmo acontece com a superfície da zona granítica e da zona detrítica". Preci&
de Geomorphologie ( pág. 24)
Segundo Djalma Guimarães a estrutura da Terra pode ser expressa por 3 envoltórios:
Constituído de uma liga de ferro, contendo elevado teor de
a) Núcleo _ níquel e pequena porcentagem de outros elementos (diâmetro
{ do núcleo 6 942 km - espessura 3 471 km - densidade está
entre 10 e 11)
Constituído de rochas densas de composição basáltica - estado
b) Envolt6rio - plástico - espessura 2 880 km - densidade 4
médio J O envoltório médio, ou melhor, a camada de plasticidade maior

l
(simático) estaria segundo cálculos do geofísico W. Schw~::ydar a 120 km
abaixo da superfície.
Barrei chamou à parte inferior a litosfera de astenosfera
Constituída de rochas menos densas, tais como granitos, gnaisses
c) Crosta externa
(envoltório
granítico)
I e rochas sedimentares. :Este envoltório está acima da desconti-
nuidade de Mohorovicic
- espessura de 10 a 30 km
( sial)
- densidade 2,8

116
'
"O que se conhece a respeito do interior da Terra é dado por investigações geofísicas.
O núcleo central, para alguns autores, tem composição dos meteoritos sidéricos, enquanto
para outros seria .análogo à massa interna do Sol" ( Djalma Guimarães Geologia Estrati-
gráfica e Econômica do Brasil - pág. 31) .
O estudo da estrutura da Terra, em função dos últimos dados da propagação das ondas
sísmicas, demonstra:
a) descontinuidade de primeira ordem, que consiste em uma variação relativamente
brusca da velocidade da propagação da onda sísmica - descontinuidade de
Mohorovicic, à profundidade de 30 a 50 km.
b) a segunda descontinuidade consiste numa variação da aceleração descontinui-
dade de Wiechert-Gutenberg a 2 900 km, esta é a mais importante.
Núcleo _ {desde o centro do globo até a descontinuidade de
1 Wiechert-Gutenberg
2 Envoltório { entre as duas descontinuidades
médio

3 A crosta da {desde a descontinuidade de Mohorovicic


Terra ( 30 a 50 km) até à superfície
CROSTA DE ALTERAÇÃO - camada de espessura variável que adquire côr diferente
da rocha originária, ao se decompor. Nas regiões tropicais úmidas, a crosta de alteração
das rochas costuma dar origem a um produto de coloração alaranjada, ou mesmo averme-
lhada, isto é, as argilas lateríticas (vide ) .
CROSTA TERRESTRE - o mesmo que crosta· da Terra (vide). Compreende as terras
emersas e terras imersas, isto é, as áreas dos solos ocei!nicos (vide) .
CUEST A - forma de relêvo dissimétrico constituída por uma sucessão alternada das cama-
das com diferentes resistências ao desgaste e que se inclinam numa direção, formando um
declive suave no reverso, e um corte abrupto ou íngreme na chamada frente de "e11esta". ~
o tipo de relêvo predominante nas bacias sedimentares e nas velhas plataformas, onde apare-
cem depressões em forma de fundo de canoa, nas quais a colmatagem sucessiva acarreta o
aparecimento de camadas inclinadas. As condições necessárias para existência de um relêvo

Reverso do. cuesl o.


j ~
CorniJa.
Frenh da. cueste.

/
Depresc;.ã.o ~ubsequen\e
,f

Fig. n.• 36C - Estrutura concordante inclinada - "cuesta" - na qual há alternância de camadas
duras e tenras. As camadas tenras são mais fàcilmente atacadas e destruídas pela erosão.

117
de cuesta são: existência de camadas inclinadas, alternância de camadas de dureza di-
ferentes, e ataques da erosão fazendo sobressair a frente da cuesta com a sua depressão
subseqüente. O relêvo de cuesta expressa o resultado do trabalho da erosão diferencial.
O têrmo cuesta é de origem mexicana e corresponde ao que os franceses denominam
côte e que em Portugal traduziram por costeira.
A erosão fluvial ao estabelecer progressivamente a hierarquia da drenagem das bacias
sedimentares pode dar apareç:imento a uma série de formas de relêvo: depressões de cir-
cundesnudação, depressões subseqüentes, gargantas epig~icas, "butte temoin" "ante-butte",
etc.
A estrutura sedimentar do tipo cuesta, implica teOricamente num mergulho fraco das
camadas. O valor estabelecido é menor que 30°, acima dêste valor tem-se uma estrutura do
tipo hog-back.
:(:; importante considerar que a rêde hidrográfica que atravessa uma área de cuestas
recebe uma denominação especial: a) rio conseqüente ou cataclinal - corre segundo a
direção do mergulho das camadas; b) rio subseqüente ou ortoclinal - corre segundo a
direção geral das camadas; e) rio obseqüente - corre na frente da cuesta e contrário ao
mergulho das camadas, sendo afluente de um subseqüente; d) rios inseqüentes, resse-
qüentes e os cursos inadaptados; e) capturas - fenômeno freqüente nas estruturas incli-
nadas, em geral.
Como exemplos clássicos de estruturas de cuesta, citam-se as bacias de Pari~, do
Parnaíba e Paraná. Esta última, devido ao derrame basáltico, começa a ser considerada, por
alguns, como não pertencendo à estrutura típica de cuestas, tendo em vista a existência
do trapp.
CUME - parte mais alta ou culminante de um morro ou de uma serra.
CUMEADA - o mesmo que Unha de cumeada, isto é, a linha formada pelos cumes (vide)
gue se sucedem ininte_rrupta~en~e numa serra ou c~deia d.e montan?as . A linha de cumeada
(vide) é por consegwnte, smômmo de linha de crista ( v1de) ou linha de festo.
CURSO D'ÁGUA SUBTERRÂNEO - o mesmo que rio subterrlineo (vide), comum nos
terrenos calcários .
CURVA HIPSOGRÃFICA - gráfico que dá a representação vertical das terras emersas
(vide altitude) .

CURVAS DE NíVEL - são linhas isomé-


tricas, isto é, linhas que unem pontos da
mesma altitude. (Fig. n. 0 37C). A curva
de nível ou isohipsa (vide) foi criada em
1730 pelo holandês Cruquius. Ela permite
representar num plano, com equidistâncias
determinadas, as secções de uma elevação.
As curvas de nível são linhas de igual alti-
tude, e estão acima do nível do mar. Estas
linhas são paralelas entre si, e com dife- 200
100
rença regular, isto é, equidistância.
CURVtMETRO - instrumento utilizado
para a medição de distâncias nas cartas.
Exemplo: a extensão de um rio, de uma
estrada. Fig, D, 0 37C

"CUSCUZEIRO" - denominação regional do estado de São Paulo para pequenas mesas,


os testemunhos de tôpo plano que se encontram na frente da linha da cuesta dissecada.
"CUT-OFF" - têrmo inglês usado para a ruptura do pedúnculo de um meandro. O mesmo
que sacado (vide) .
"CUVÃO DE AREIA" - têrmo regional do leste paraense usado como sinônimo de banco
de areia. (Vide banco) .

118
DAMOURITA - mica moscovita, muito hidratada e untosa ao tato, sin. de sericita.
DECANTAÇÃO SELETIVA - diz-se da seleção realizada pelos agentes de transporte,
corno a água corrente e o vento, ao realizarem a triagem segundo o tamanho e a natureza
do material, a ser transportado .
DECLINAÇÃO MAGNÉTICA - ângulo formado pela agulha imantada com o meridiano
geográfico. (Vide is6gona) .
DECLIVE - antônimo de aclive (vide) . A declividade é a inclinação maior ou menor do
relêvo em relação ao horizonte. Na representação em curvas de nível vemos que quanto
maior fôr a inclinação tanto mais próximas se encontram as curvas de nível. Inversamente
elas serão tanto mais afastadas quanto mais suave fôr o declive.
A declividade entre dois pontos do terreno é medida pela inclinação da reta que os
une com o plano horizontal.
Diferença de nível
Declive -------------- X 100 =
%
Distância horizontal
Exemplo: 300 - 200 = 100 m (diferença de nível)
100
X 100 = 33%
300
Curvas de nível muito afastadas - declive fraco; curvas cerradas - declive for:te; curvas
regularmente espaçadas - declive constante; curvas irregulares espaçadas - declive variável.
DECOMPOSIÇÃO AL1TICA - siterna de alteração das rochas em que ocorre a dissolução,
principalmente da sílica. (Vide alítico) .
DECOMPOSIÇÃO SIAL1TICA - sistema erosivo, fora do mundo tropical, onde a sílica e
a alurnina não são dissolvidas. (Vide sialítico) .
DECOMPOSTA (rocha) - aquela na qual os elementos primitivos foram alterados por pro-
cessos químicos. As alterações de rochas são realizadas mais fàcilmente nos climas quentes
e úmidos, onde a hidratação é maior. O trabalho de decomposição química embora seja
teOricamente separado da desagregação mecânica, na natureza os dois se realizam sirnultâ-
nearnente, dando como resultado final a rocha alterada ç>u decomposta. A zona de alteração
é geralmente observada na superfície exterior pelo fato de a mesma estar em dependência
direta das ações dos agentes de erosão ( exógenos) {fig. n. 0 1D).
DEFLAÇÃO - trabalho executado pelo vento sôbre a superfície das rochas, carregando
os detritos desagregados pela erosão mecânica. Vários autores empregam êste têrmo, proposto ·
por M. Walter, corno sinônimo de corrasão (vide).

119
DEFORMAÇÃO - mo-
dificação de uma rocha
em forma (distorção) e
em volume (dilatação)
produzida por esforços.
Essas deformações po-
dem ser de duas ordens:
1 ) - defonnação adias-
trófica - na qual as mo-
tervêm reforços tectôni-
cos; 2- deformação dias-
trófica - na qual as mo-
dificações introduzidas
no corpq da rocha são de
origem tectônica ou di-
astrófica.

DEFORMAÇÃO ADIAS-
TRóFICA - vide de-
.Fig. n. u
lD - algumas vêzes tornam-se ne(·t~ ssárias certas prt•cau(,·Ô t•s formação .
para não se tomar como alteração de rochas, fatos como o explicado
abaixo. Vê·se na foto uma mistura de lavas e produtos de projeção na
qual aparece um pedaço de '~socle" cristalino dentro da lava do vulcão DEFORMAÇÃO DIAS-
Gravenoire (Maciço Central Francês) que pode ser tomado como TRóFICA - vide de-
incrustação ou núc1eo de &ranito.
(Foto do autor) formação.

DEGRADAÇÃO DO REL~VO - t.ipo de paisagem onde o processo erosional, isto é, o


desgaste se manifesta com grande intensidade. As formas de degradação do relêvo são
opostas às formas de agradaçao. (Vide agradação do relêvo) .
No Brasil podemos citar o planalto dissecado do estado de Minas Gerais, como forma
de relêvo de degradação, enquanto o baixo planalto, a planície amazônica e a planície do
Alto Paraguai, constituem exemplos de formas de relêvo de agradação.
As formas de relêvo degradado são formas terrestres em destruição.
DEGRADAÇÃO DO SOLO - modificações que atingem um solo, passando o mesmo de
uma categoria para outra, muito mais lavada, quando a erosão começa a destruir as capas
superficiais mais ricas em matéria orgânica. (Fig. n. 0 2D). A degradação do solo pode-se
dar por modificações microclimáticas, por destruição do tipo de vegetação, etc· O têrmo
degradação do solo é para os pedólogos sinônimo de erosão do solo (vide) .
DEGRAU - têrmo usado pelos geólogos e geomorfólogos na descrição física de uma pai-
sagem podendo significar: um abrupto do relêvo produzido por falhas, um rebaixamento
desigual do relêvo, feito pela erosão diferencial, dando um escarpamento, uma quebra
na continuidade do perfil longitudinal de um rio, dando um salto, etc.
O topônimo degrau adquire sentido genético e explicativo, numa descrição da paisa-
gem física, quando seguido de um qualificativo.

DEGRAU DE FALHA - forma de relêvo produzida pelo desnivelamento ocorrido entre


dois compartimentos da crosta terrestre que se deslocam, um em relação ao outro, dando
o aparecimento a um degrau, que pode ser abrupto ou suave, conforme a violência do
esfôrço tectônico, rigidez do material submetido à movimentação, ao tempo, ao conse-
qüente trabalho da erosão.

DELTA - depósito aluvial que aparece na foz de certos rios, avançando como um leque,
na direção do mar. Essa deposição exige certas condições comó: ausência de correntes
marinhas, fundo raso, abundância de detritos, etc.
A denominação delta vem da forma da foz do rio Nilo (Egito) que lembra a quarta
letra do alfabeto grego. Os geógrafos passaram então a considerar tôdas as fozes de riós
que apresentassem semelhança com a do Nilo, como sendo do tipo deltaico.

120
:

Fig. n. 0 20 A degradação dos solos se dá desde que seja rompido o equilíbrio morfogenético da
região. Na foto acima vê·se o efeito do pisoteamento do gado pnvocando a erosão acelerada (vide)
numa encosta, no vale do Paraíba do Sul, em São José do Barreiro, São Paulo.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

Hoje a palavra delta possui não só um conceito geomorfológico, mas também genético, .
isto é, depósitos sedimentares que aparecem no local de certos desaguamentos de rios.
Quanto à posição os deltas podem ser: continentais e marítimos ou oceélnicos.
Podemos citar vários exemplos: o delta do Volga, rio que nascendo no planalto de
Valdai, caminha na direção do sul e de sudeste para se lançar no mar Cáspio, através
de mais de 70 bôcas; o delta do Danúbio, constituindo três bôcas principais, que se loca-
lizam no noroeste do mar Negro; o delta do Mississipi, no gôlfo do México; o delta do
Ganges, (no gôlfo de Bengala) que é o maior do mundo; o delta do rio Paraíba do Sul,
o delta do Parnaíba, etc.
DELTA CONTINENTAL - denominação usada para os depósitos aluviais em forma de
leque que aparecem na foz de rios que desembocam num lago.
DELTA DIGITADO - diz-se da foz de certos rios, como o Mississipi, no gôlfo do México,
que apresenta uma série de ilhas aluviais separadas por canais naturais divergentes m>
sentido de jusante.
DELTA MARíTIMO OU OCEÂNICO-
forma de leque que aparece na foz dos
..
...........
.....
rios que desembocam diretamente nos
oceanos ou em mares e, constituído de
....
·····
depósitos aluvionais ou fluviomarinhos.
:J;::sse material detrítico tem extensões va-
.i?,·'
..................
....
rüiveis, conforme o poder de transporte
do rio .

....................
·.~···.· DELTA OCEÂNICO - o mesmo que
.
..........
......
delta marítimo (vide) .
"DEMOISELLE" - o mesmo que pirâ-
mide de fada (vide), pirâmide de terra
Fi~t. n. 0 3D ou chaminé encastelada. ( Fig. n· 0 3D).

121
DEMORFISMO - denominação dada por Grabau à metevrização (vide) .
DENDR1TICA ( rêde) - ramificações da hidrografia à semelhança de galhos de árvores,
muito comum nos terrenos de rochas cristalinas - como os granitos, ou em regiões sedi-
mentares - argilas. (Fig. n. 0 lOR) .
DENDRITO - aspecto em forma de musgo, de algas, ou de fôlhas, que tomam certos
compostos, principafmente de ferro e manganês, dentro das rochas, por efeito das águas de
infiltração. Os dendritos dão geralmente lindos efeitos a certas ágatas, calcedônias e arenitos.
Podem ser confundidos, pelos inexperientes, com impressões fossilizadas de fôlhas .
DENUDAÇÃO ou DESNUDAÇÃO - trabalho gliptogenético, de desbastamento das di-
versas rochas da superfície do globo. Só pode ser percebida quando se examina a disposição
relativa das camadas da crosta terrestre e a superfície do solo.
Os terrenos sedimentares formados de detritos, são a melhor prova da destruição das
rochas preexistentes, desnudando-se e construindo alhures. Esta afirmativa pode ser bem
compreendida se observarmos o grande volume de detritos que foram necessários para
construir as grandes planícies, como a da Amazônia, da bacia do Prata, da bacia de
Paris, etc.
A denudação é, em última análise, o arrasamento das formas de relêvo mais salientes,
pelo efeito conjugado dos diferentes agentes erosivos.
DEPLúVIO - transporte do material carregado pela água das chuvas. (Vide erosão pluvial).
DEPóSITO - conjunto de materiais sólidos acumulados. Segundo o agente mais impor-
tante que concorreu l?ara êsses acúmulos de rochas êles podem ser chamados dos seguintes
modos: depósitos aluviais, depósitos glaciais, depósitos pelágicos, depósitos abissais,
depósitos eólicos, depósitos marinhos, depósitos continentais, depósitos subaéreos, depósitos
subaquáticos, depósitos terrígenos, depósitos de talude, depósitos coluviais,. depósitos fluviais,
depósitos torrenciais, etc.
DEPóSITO ABISSAL - vide abissal (depósito) .
DEPóSITO ALUVIAL - acúmulo de material carregado pelas águas dos rios. A estrati-
ficação dos depósitos aluviais de um delta é bem diferente da encontrada num terraço.
(Vide aluvião) ( Fig· n. 0 4D).
DEPóSITO COLUVIAL - acúmulo de material localizado freqüentemente no sopé de uma
encosta e transportado por efeito da gravidade.
DEPóSITO CONTINENTAL - denominação genérica usada para os acúmulos de mate-
riais que ocorrem nas áreas continentais, em oposição aos depósitos marinhos ou oceânicos,
que aparecem nas bordas dos litorais, ou sob as águas dos oceanos.
DEPóSITO DE DIATOMITO - acúmulo formado pelas diatomáceas, isto é, algas micros-
cópicas que vivem nas águas doces e salgadas, e quando se depositam nos solos formam
uma espécie de lôdo gelatiooso. No território federal de Roraima, no estado do Amazonas,
na zona costeira do estado do Ceará, no Rio Grande do Norte e em vários outros estados
encontram-se depósitos de diatomito.
No Ceará, existe no município de Fortaleza uma companhia explorando o diatomito,
dessa área.
DEPóSITO DE TALUDE - depósito acumulado na base de uma escarpa. 11:sse material
pode ter sido trazido pela erosão do lençol de escoamento superficial, ou pelo efeito da
gravidade. Esta última, constituí, geralmente, o maior responsável pela fotrnação de gran-
des depósitos de talude (material de creep, de desmoronamento, de colúvio, etc.) .
DEPóSITO EóLIO - acúmulo de material transportado e depositado pelos ventos, ex.:
dunas.
DEPóSITO EPICONTINENT AL acúmulo de sedimentos em um mar pouco profundo,
chamado - mar epicontinental, ex.: sedimentação epicontinental no mar do período si-
luriano, na região da atual bacia do São Francisco (Vide epicontinental).
DEPóSITO ESTRATIFICADO - constituído por camadas ou estratos depositados, a prin-
cípio horizontalmente e que posteriormente podem aparecer dobrados, inclinados ou mesmo
falhados, por causa da ação, principalmente, de fôrças endógenas (Vide depósito sedi-
mentar).

122
Fig. n, 0 4D - Depósito aluvial vendO·SC heterogeneidade no material sedimentado.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

DEPóSITO FLUVIAL - material transportado e acumulado pelos rios. Os sedimentos


quando acumulados em camadas, em altitudes diversas, ao longo de um vale, constituem
os terraços (vide) .
DEPóSITO GLACIAL - acúmulo de material carregado pelas geleiras, tais comn as mo-
rainas (vide) . Grande heterogeneidade no material.
DEPóSITO MARINHO - denominação usada freqüentemente para os sedimentos acumu-
lados na borda litorânea ou em regiões mais profundas. Algumas vêzes, êstes depósitos
aparecem acima do nível atual dos mares, em virtude das oscilações entre o nível das
terras e dos oceanos . ( Fig· n. 0 5D).
DEPóSITO MARINHO PROFUNDO - o mesmo que depósito oceânico (vide) isto é,
material acumulado na zona abissal.
DEPóSITO OCEÃNICO - detritos ou sedimentos acumulados no fundo dos mares ou
oceanos . Usa-se também, algumas vêzes, a expressão depósitos marítimos profundos como
sinônimo de depósito oceânico.
DEPóSITO PELAGICO - vide pel:ágio (depósito) .
DEPóSITO SEDIMENTAR - resultante do acúmulo de materiais desagregados das dife-
rentes rochas que aparecem no globo terrestre. De acôrdo com a origem . podem ser: 1 -
depósito aluvial - sedimentos transportados pelos rios, 2 - depósito marinho - transportado
pelo mar, 3 - depósito eólio - transportado pelos ventos, 4 - depósito glacial - transpor-
tado pelas geleiras, 5 - depósito coluvial - transportado pelo efeito da . gravidade, 6 . -
depósito químico - transportado em solução, resultando uma precipitação, 7 - depósito
orgânico - restos de organismos animais e vegetais decompostos e acumulados, ex.: calcários,
carvão mineral, turfa, etc. (Fig. n. 0 6D)

123
~ Depclsltos ~ Corol r7?1 DepÓsitos .DepÓI!tos 11J11!1B11 DepÓsitos ~ Borro
~originários ~ L:::;:d de Globlgerlna de Olotomos 1111111 ele Rodloklrtos E § verme lia
do terra

Fig. n. • SD - Depósito marinho

Pode-se classificar os depósitos sedimentares segundo sua origem em: depósitos detrí-
tícos, ou elásticos, depósitos químicos e depósitos 01'gdnícos.

Fig. n. 0 6D - Depósito sedimentar no litoral do Espirito Santo, vendo-se no trecho onde aflora o
material da série Barreiras, a pequena escarpa sedimentar da antiga falésia fóssil . Na foto acima vê·se
um baixo terraço próximo a Guarapari e ao fundo a escarpa de uma falésia fóssil, em cujo tôpo existe
algumas pequenas placas de canga.
DEPóSITO SUBA~REO - acúmulo de material a céu aberto, isto é, na superfície da
crosta da Terra, ex.: dunas.
DEPóSITO SUBAQtTÃTICO - denominação geral para todo acúmulo de material não
realizado a céu aberto, ex.: depósitos aluviais, depósitos oceânicos, etc.
DEPóSITO TERRlGENO - acúmulo de material grosseiro na zona litorânea, ou melhor,
na plataforma continental, e a pouca distância da costa. O material terrígeno aparece com
mais abundância nas proximidades da foz dos diferentes rios.
DEPóSITO TORRENCIAL - material grosseiro acumulado geralmente, nos cones de
de;eção (vide) .
DEPRESSÃO - área ou porção do relêvo situada abaixo do nível do mar, ou abaixo do
nível das regiões que lhe estão próximas . As depressões do primeiro tipo, isto é, abaixo
do nível do mar são denominadas de depressões absolutas (Mar Morto ou Lago Asfaltite)
e as do segundo tipo, de depressões relativas.
Depressão é, por conseguinte, uma forma de relêvo que se apresenta em posição
altimétrica mais baixa que as porções contíguas. As depressões podem ter dimensões, for-
mas e origens bem variadas . Pode-se chamar um vale de depressão longitudiflUl em
relação ao relêvo circundante. Uma fossa tectônica, como por exemplo a drenada pelo
Reno, entre os Vosges (França) e a Floresta Negra (Alemanha), pode ser considerada
uma depressão entre os dois maciços .
Do ponto de vista geomorfológico, é importante destacar também as depressões das
frentes de cuestas - depressões subseqüentes e as depressões de circundesnudação perifé-
rica que é a zona deprimida entre o maciço das rochas cristalinas ou cristalofilianas e a es-
trutura sedimentar inclinada da cuesta, ex.: depressão periférica paulista.
Uma pequena bacia de dissolução num terreno calcário constitui uma típica depressão
com formas variadas denominada dolina (vide). Também a uvala (ouvala) nada mais
é do que uma série de d_epressões que se recortaram nos terrenos calcários. Ainda em terre-
nos calcários podemos citar depressões alongadas, isto é, os pol;é (vide) . Em rochas cris-
talinas e cristalofilianas encontram-se depressões fechadas, como as -observadas na área
do sertão nordestino - Fig. n. 0 7D - (Brasil). As rochas basálticas também têm, às vêzes,
depressões fechadas, estando a origem das mesmas ligada aos fenômenos de cristalização do
magma, e não ao da dissolução dos minerais que formam a rocha.
Sintetizando vamos apresentar um ensaio de classificação de depressões, quanto à
origem, do Prof. José A. P. Domingues, com algumas pequenas modificações por nós in-
troduzidas:
1) Depressões originatlas por simples deslocamentos locais-de terreno:
a) Devido à larga deformação de natureza sinclinal, podendo nelas formar-se
outras depressões. Ex.: Mar Cáspio, Mar de Aral;
h) Abaixamento dum fragmento da crosta terrestre devido a um sistema de fra-
turas. Ex.: série dos grandes lagos africanos;
c) Depressões devidas a um bombeamento;
d) Por falhas no caso de um deslocamento horizontal.
2) Depressões formadas por remoção do material da superfície:
a) Por escavamento ao longo duma calha fluvial;
h) Por dissolução da rocha, podendo esta dissolução ser superficial ou subterrânea.
Pode haver mesmo a formação "de depressão devido a um desabamento após
a dissolução do terreno subjacente. Formação de panelas de decomposição e
cacimbas:
1 por ação do intemperismo;
2 - por ação b~ológica;
3 - por ação eólia devido à deflação (caso do deserto do Namib);
c) Depressão subseqüente e de circundesnudação periférica;
d) Devido a ações periglaciárias ou glaciárias.
3) Depressões formadas por barragens:
a) Barragem devida a um desmoronamento;
h) Barragem de um rio por material trazido por um afluente, formando-se um
cone de dejeção sôbre o rio principal;

125
• A

-...
Fig. n. 0 7D - No sertão nordestino surgem !,lo r vêzes, aJ~runs Jagedões, em cuja superfície, pode-se
ver degressões fechadas, de tamanho e formas variadas. ~ importante destacar, que tais depressões
ocorrem em rochas do embasamento cristalino do nordeste brasileiro.
(Foto Tibor Jablonsky do JBG)

c) Barragem dum vale por dunas;


d) Barragem por um cordão litorâneo;
e) Barragem ,por um dique marginal;
f) Barragem devido ao abandono de meandros;
g) Barragem formada por uma morena;
h) Barragem formada por ações glaciárias e periglaciárias;
i) Barragem formada por um derrame de lavas;
j) Autobarragens por cursos d'água;
I) Barragens formadas por ação dos animais (castores) .
4) Casos especiais: .
a) Depressão das crateras vulcânicas;
b) Depressão causada por queda de meteoritos;
c) Depressão formada devido à topografia plana e à ação conjunta de vários
outros fatôres;
d) Ação humana.
DEPRESSÃO ABSOLUTA - área situada abaixo do nível dos mares. Vide depressão-.
DEPRESSÃO DE AFUNDAMENTO - o mesmo que bacia de afundamento tectônico (vide).
DEPRESSÃO DE FRENTE DE CUESTA - área deprimida, em função da erosão na es-
carpa de natureza sedimentar, porém, de estrutura inclinada. O mesmo que deJYTessão
subseqüente (vide depressão) .

126
DEPRESSÃO FECHADA - denominação genenca para todo tipo de área deprimida, po-
rém, sem saída aparente para as águas. Uma dolina (vide) é uma depressão fechada nos
terrenos de natureza calcária. As depressões fechadas também aparecem em terrenos de
naturezas cristalina ou cristalofiliana, como exemplo podemos citar as que existem nas
rochas pré-cambrianas do sertão nordestino. Também no maciço sienítico da serra do
Itatiaia há várias pequenas depressões fechadas. Em rochas sedimentares onde existe ma-
terial dt natureza calcária a dissolução do carbonato de cálcio dá freqüentemente o apare-
cimento a depressões, como dolinas (vide), uvala e mesmo os poljé, cuja forma é alongada.
(Vide depressão) .
DEPitESSÃO INTERMONTANA - diz-se da planície de nível de base local, que tem à
jusante um estrangulamento do vale. Alguns autores preferem chamar esta forma de relêvo
de - alvéolo (vide) .
DEPRESSÃO INTERPLANÃI.TICA - área de altitude mais baixa em relação à dos
planaltos que a circundam. Como exemplo podemos citar a própria área sedimentar da
Amazônia, se considerarmos o trecho do planalto das Guianas e a parte setentrional do pla-
nalto brasileiro.
DEPRESSÃO LONGITUDINAL - corresponde a um vale, isto é, uma área mais baixa
em relação ao relêvo contíguo, com a forma alongada, porém, estreita. ~ o oposto a uma
depressão em forma de bacia. (Vide depressão) .
DEPRESSÃO PERIF~RICA - o mesmo que circundesnudação - área deprimida que
aparece na zona de. contato entre terrenos sedimentares e o embasamento cristalino. A
depressão periférica tem a forma alongada.
Examinando-se a natureza do material, de um lado e de outro da depressão, verifica-se
que um é constituído por rochas cristalinas ou metamórficas e outro por camadas sedimen-
tares, cuja direção e mergulho podem ser determinados.
DEPRESSÃO RELATIVA - vide depressão.
DEPRESSÃO SUBSEQtJENTE - o mesmo que depressão de frente de "cuesta ,, (vide) ou
ainda área deprimida em relação à frente de um hogback (vide) .
DERIVA DOS CONTINENTES - o mesmo que translação continental (vide) ou teoria
de A. Wegener.
DERRAME - saída e espraiamento de material magmático vindo do interior da crosta
terrestre, consolidando-se ao ar livre ( Fig. n. 0 8D). O maior derrame de lavas básicas que
se conhece é o ocorrido no sul do Brasil, o trapp do Paraná, durante o Mesozóico. Outro
grande derrame é o planalto do Decã, na índia.

X X Xx

Fig. n. 0 80 - Derrame de lavas básicas em lençol sôbre camadas sedimentares.

tl:sses derrames são produzidos p elo extravasamento de lava em estado líquido, solidi-
ficando-se à superfície .
DESAGREGAÇÃO - separação em diferentes partes de um mineral ou de uma rocha, cuja
origem pode ser devida ao trabalho dos agentes erosivos ou aos agentes endógenos.
DESAGREGAÇÃO CORTICAL - o mesmo que descascamento à semelhança de cascas de
cebola. (Fig. n. 0 9D). Vide desagregação mecânica.
DESAGREGAÇÃO GRANULAR - aquela que dá aparecimento a grânulos, ao invés de
fragmentos, por ocasião do quebramento e da decomposição da rocha pela meteorização.

127
Fig. n.• 9D - Nas áreas de clima intertropical úmido o processo de decomposição química das rochas
é intenso. Os blocos rochosos são trabalhados pela meteorização, dando um arredondamento típico.
Na foto acima observa·se a desagregação cortical ou em casca de cebola de dois blocos de uma rocha
diabásica na rodovia que vai de Nova Friburgo a São Fidélis, no Estado do Rio de Janeiro, - A parte
central do bloco é constituída de rocha sã, e está envolvida de placas alteradas, cuja parte mais
decomposta, transformada em argila, é a mais externa.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

A desintegração granular é mais freqüente nas rochas de composição pouco hetero-


gênea. ~ste tipo de desagregação ainda não foi bem estudado. Nêie intervém uma série
de fatôres múltiplos: hidratação dos cristais, ação disjuntiva dos sais intercalados nas fendas
das rochas, etc. ~stes agentes são favorecidos pelas mudanças súbitas de temperatura e
do grau de umidade.
A desagregação granular é mais característica nas rochas cristalinas, e representa se-
gundo P. Birot um estado intermediário entre a desagregação mecdnica e a decomposição
química.
DESAGREGAÇÃO MECÃNICA - descascamento ou quebramento das rochas maciças pro-
duzido pelas variações das amplitudes diurnas de temperatura e pelo gêlo e degêlo que
agem sôbre as mesmas. f:ste primeiro tipo de erosão elementar ocasiona, nas regiões
tropicais, grandes descascamentos como se verifica nos granitos e gnaisses do Rio de Ja-
neiro, dando o aparecimento de "pães-de-açúcar", bolas ou boulders. Esta esfoliação nos
blocos é também chamada de descascamento em forma de cascas de cebola ou "desagre-
gação cortical". ( Fig. n. 0 90).
A desagregação mecânica ao se processar numa rocha é logo acompanhada de hidra-
tação, ou seja, fenômeno de ordem química. Nos climas áridos e semi-áridos verifica-se
melhor o aparecimento de rochas, onde o efeito térmico se faz sentir com maior facilidade.

128
Além da desagregação mecânica produzida pelos efeitos da amplitude térmica, devemos
considerar o gêlo e o degêlo, cujo resultado é o intenso quebramento das rochas.
Na fragmenta~ão das rochas deve-se distinguir, de um lado, a desagregação, e de
outro, a ablação e o consecutivo depósito.
A movimentação tectônica também é capaz de dar fragmentações de rochas - bre-
çhas de falha ou de fricção - que se prolongam, principalmente, em profundidade.
Interessa no processo de formação dos solos, apenas o quebramento das rochas ocor-
rido na superfície, isto é, na zona de contato com a atmosfera e o mundo vivo ou biosfera.
Quanto aos sêres biológicos, com agentes desagregadores de rochas, os seus traba-
lhos são de ação menos violenta, necessitando de um espaço de tempo muito grande.
Até o momento ainda não se mediu a importância dêsses diferentes fatôres que agem
na desagregação das rochas sob os diversos tipos de clima. Também ainda não mereceu
a desagregação mecânica o destaque que lhe deve ser dado, por ser a primeira fase do
ataque da erosão elementar, juntamente com a decomposição química. Os trabalhos mais
recentes dos geólogos e geógrafos já estão começando a ressaltar o fato de que ela comanda
as outras fases do ciclo erosivo: ablação, transporte e sedimentação. Afirmam ainda que
estas últimas não serão perfeitamente explicadas, enquanto não se conhecer quantitativa-
mente a desagregação mectlnica.
DESBARRANCADO - denominação usada para significar partida ou carreamento de ma-
terial decomposto ou solo, numa região onde existam declives um pouco fortes.
DESCAMAÇÃO - formação de cascas ou escamas sôbre uma rocha, produzida pela erosão
elementar. O mesmo que esfoliação térmica ( vide) .
DESGASTE (de rochas) - o mesmo que ablação (vide), isto é, trabalho gliptogenético
realizado pelos agentes exógenos .
DESERTO - região natural caracterizada pela pequena precipitação de chuva ~mito irre-
gular. Nas regiões desérticas quentes temos formas de relêvo e alterações de rochas espe-
cíficas como: os ergs, harruuiM, regs, rios cuja rêde hidrográfica não tem hierarquização,
dreikanter, verniz do deserto, grande intensidade da desagregação mecânica, dunas, etc.
Do ponto de vista da distribuição geográfica dos grandes desertos, observa-se que êstes
formam uma faixa no hemisfério norte e outra no hemisfério sul. No primeiro caso, isto é,
desertos do hemisfério norte temos: Saara, Arábia, sul do Irã, Turquestão, Mongólia, sul
dos Estados Unidos e norte do México. No segundo caso, isto é; desertos do hemisfério
sul temos: Austrália Central, extremo sul da ilha de Madagáscar, Kalaari (sul da África)
e Atacam a ( Chile) .
A parte da geomorfologia que estuda as formas de relêvo dessas regiões recebe o nome
de geonwrfologia das regiões áridas quentes.
DESERTO DE AREIA - aquêle onde aparece um grande m?.nto de areia, e por motivos
de ordem climática não existe pràticamente vida. Quanto aos agrupamentos humanos, apa-
recem apenas nos oásis. (Vide deserto) . Os mais extensos ergs, isto é, desertos de areia,
são encontrados no Saara ( Africa) .
DESERTO DE PEDRA OU HAMADA - aquêle cuja superfície é formada quase exclusi-
vamente por grandes afloramentos rochosos, ou como se diz vulgarmente de pedra.
DESFILADEIRO - passagem apertada, porém, mais larga que as gargantas entre contra-
fortes de uma serra ou cadeia de montanhas. :1;: célebre na história universal o desfiladeiro
das Termópilas na Grécia, por causa da resistência imposta pelo espartano Leônidas, que
conseguiu defender a península helênica da invasão tentada pelos persas. Assim o desfila.;
deiro é uma passagem aberta na linha de cumeada de uma serra, permitindo a passagem
de um para outro vale.
DESINTEGRAÇÃO DA ROCHA - processo pelo qual as rochas são enfraquecidas em
suas resistências aos diferentes agentes erosivos, sendo conseqüentemente mais fàcilmente
escavadas.

129
l_?ESINTEGRAÇÃO GRANULAR - diz-se da desagregação dos minerais que compõem as
rochas, grão a grão. A predominância da desagregação granular ou da decomposição,
argilosa, depende de fatôres múltiplos. Nos climas quentes e úmidos, a decomposição
química mais rápida conduz ao têrmo final de alteração - produção de argila. Nos climas
áridos e semi-áridos há uma predominância da desintegração granular das rochas com a
formação de fragmentos e grânulos.
DESLIZE CONTINENTAL - o mesmo que translação continental (vide) ou teoria de
Wegener.
DESMORONAMENTO - vide avalancha.
DESNIVELAMENTO RELATIVO DO REL1!:VO - o mesmo que amplitude relativa do
rdêvo (vide) .
DESNUDAÇÃO - o mesmo que denudação (vide) .
DESPENHADEffiO - diz-se das elevações cujas encostas são muito abruptas. 1!: um
têrmo usado nas descrições da paisagem física movimentada, como sinônimo de encostas
alcantiladas, abruptas, etc.
DESPLACAMENTO - o mesmo que esfoliação (vide) - formação de lâminas de rochas
as quais são desagregadas e deixando a marca ou cicatriz no corpo da rocha primitiva. Não
se deve confundir o desplacamento com a descamação ou desagregação cortical (vide)
que é uma ação mecânica devida, no entanto, a uma ação química que é a hidratação, ao
passo que a esfoliação ou desplacamento é puramente mecânica.
DESSECADA - área cuja drenagem foi regularizada, ou cuja superfície freática foi rebai-
xada. Não se deve confundir região dessecado., com região dissecada. Esta última diz respeito
ao intenso trabalho dos agentes erosivos.
DESSOLOAGEM - compreende-se como a remoção da camada superficial de solo arável
ou solo superficial realizada pela erosão. A dessoloagem nas regiões de clima tropical úmido
é sensivelmente acentuada, nas áreas submetidas à prática de agricultura itinerante.
A remoção lenta da camada humosa é feita na maioria dos casos sem causar a mesma
sensação do que o esbarramento ou voçorocagem.
A dessoloagem por conseguinte é sinônimo de erosão do solo propriamente dito.
DETERMINISMO GEOLóGICO - o estudo da geologia, além de explicar a fisionomia do
relêvo, também dá informes valiosos quanto às ocorrências de jazidas minerais de impor-
tância para o homem. Pode-se, neste particular, dizer-se que há um determinismo geológico,
que está sempre relacionado à época histórica e, por conseguinte, à tecnologia.
DETR1TICA (rocha) - aquela formada com os fragmentos ou detritos provenientes da
destruição de outras rochas. (Vide detritos) .
DETR1TICO (depósito) - Vide detritos.
DETRITOS - sedimentos ou fragmentos desagregados de uma rocha. ~sse material des-
tacado da rocha in situ é geralmente susceptível de transporte, indo constituir os depó-
sitos sedimentares . Algumas vêzes os detritos são reunidos por um cimento constituindo
as rochas detríticas ou depósitos detríticos, geralmente compostos de material muito hete--
rogêneo.
DEUTERóGENA - denominação dada às rochas sedimentares que derivam de minerais
em dissolução na água ou de rochas pré-existentes. Vide sedimentar (rocha) .
DEVONIANO - período do Paleozóico médio, compreendendo os terrenos colocados na
coluna geológica entre o Siluriano e o Carbonífero. Sua denominação foi tirada do condado

130
Devon, na Inglaterra, onde se encontrou primeiramente uma boa coluna dos terrenos dêsse
período. É em Nova Iorque, porém, que se encontra atualmente uma das secções mais
completas dos terrenos devonianos .
As rochas do Devoniano se caracterizam por serem arenosas, principalmente, arenitos
de coloração vermelha e de origem continental.
No Devoniano médio e superior ocorreu a revolução acadíana, com intensa atividade
vulcânica, nas províncias marítimas da Nova Inglaterra.
· O clima é o mesmo do Ordoviciano e Siluriano - uniforme de norte a sul. Há alguns
depósitos que indicam climas áridos, porém, não há formação de gêsso e sal. Os tilitos
e varvitos que aparecem no Alasca, na Província do Cabo, ao sul da África e no sul do
Brasil, denunciam um clima do tipo glacial. l!:stes fenômenos devem ter sido, porém,
localizados .
Do ponto de vista da vida, pode-se dizer que o Devoniano é a idade dos peixes. Na
flora, há o súbito desenvolvimento das primeiras florestas. As plantas não tinham fôlhas,
ou se tinham, eram muito poucas. O máximo desenvolvimento alcançado pela floresta se
deu no decorrer do Carbonífero.
No Devoniano da Escócia encontrou-se uma pteridófita, que é considerada como o
primeiro fóssil do reino vegetal. Entre as pteridófitas dêsse período distinguem-se as fili-
cíneas, equissetáceas e licopodiáceas.
O mapa geológico do Brasil mostra que as áreas mais extensas de terrenos devonianos
aparecem na bacia do Amazonas, na região do Meio-Norte, no estado de Mato Grosso, na
Bahia e na bacia do Paraná. Os afloramentos devonianos na bacia Amazônica são maiores,
na margem esquerda do grande rio, sendo representados pelas camadas de Maecuru, Curuá
e Ererê (no Pará) .
No Sul do Brasil, nos estados de São Paulo e Paraná, há a série Paraná dividida em
dois grupos:
Superior - grupo Ponta Grossa (arenito de Tibaji e folhelhos de Ponta Grossa) •
Inferior - grupo Faxina-Furnas (arenito Furnas).
Os terrenos devonianos da bacia paranaense aparecem ainda em Goiás - arenito
Furnas; no alto Araguaia, o grupo Faxina-Furnas e finalmente, em Mato Grosso, a leste
do Pantanal, a série Chapada, que forma uma faixa seguindo mais ou menos a direção
norte-sul.

DIÃBASE - grafia adotada por alguns autores para o diabásio (vide) .

DIABÃSIO - rocha eruptiva intrusiva básica de coloração preta ou esverdeada composta


de plaglioclásios (labradori.ta) e piroxênios, principalmente a augita. l!:ste tipo de rocha se
distingue dos basaltos e microgabros por causa da textura ofítica. Os diabásios ou doleritOii
aparecem mais comumente em filões, diques e em massas intrusivas. Os diabásios têm
a mesma composição química dos microgabros, porém, o traço de distinção entre êstes
dois tipos de rochas é dado pela textura ofítica do diabásio e pela textura microgranular
do microgabro.

DIÃCLASE - fratura, junta ou fenda - aberturas microscópicas ou macroscópicas que


aparecem no corpo de uma rocha, principélmente, por causa de esforços tectônicos, tendo
direções variadas . As diáelases são de grande importância no modelado do relêvo terres-
tre. Constituem pontos fracos de ataque, por parte da erosão ( Fig. n. 0 lOD). Entre as
principais teorias que explicam a origem das fraturas ou diáclases temos: 1 - Teoria da
torção - cujas experiências foram feitas por Daubrée, em lâminas de vidro submetidas a
torções, verificando-se o aparecimento súbito de fraturas que se cortavam em ângulo reto;
2 - Teoria dos terremotos ou choques produzidos pelas ondas ao se propagarem pelas
rochas da crosta; 3 - Teoria da contração segundo a qual as fendas são produzipas pela
perda da água ocasionando uma diminuição de volume e uma conseqüente contração à
semelhança do que observamos nas argilas; 4 - Teoria da pressão e da cristalização - a
pressão por si só é capaz de produzir duas séries de fraturas - empuxo lateral e carga
de camadas subjacentes. A cristalização, ou melhor, o resfriamento de certas lavas bá-

131
Fie. n. 0 IOD - As diáclases cortam as rochas secundo direções diversas. Estas Unhas são aproveitadas
pela erosão, sendo cradativamente alargadas. Foto tirada no município de Anchieta,
no litoral do Espírito Santo.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

sicas - basaltos, se realiza, algumas vêzes, em forma de prismas hexagonais. As diáclases


podem ser verticais, hodzontais ou inclinadas. Nas paisagens muito movimentadas pelo
tectonismo, como nas pontas do litoral de Laguna (Sta. Catarina) observa-se que o fenô-
meno de esfoliação pode ser confundido erradamente com diáclase. Também não se deve
confundir falhas com fraturas ou diáclases . As fraturas aparecem com mais freqüência nas
rochas ígneas e metamórficas. Nas sedimentares compactas também aparecem como no
calcário, por exemplo .
As diáclases têm um grande papel na desagregação das rochas e também na erosão
elementar.
DIAG~NESE conjunto de fenômenos que começam a agir modificando os sedimentos
desde o início de seu depósito. ~ste fenômeno no comêço é unicamente periférico, porém
com o decorrer do tempo passa a ser mais profundo. Em tôdas estas transformações obser-
va-se a eliminação gradual de qualquer traço de vida, e a substituição da cal pela sílica.
Os processos diagenéticos agindo sôbre um depósito sedimentar dão aparecimento a
uma rocha sedimentar coerente . ~stes processos devem ser distinguidos da lapidificação
que inclui as transformações sofridas pelos depÓsitos que haviam sido tomados coerentes
pela dia gênese. Também não se deve confundir a diagênese com a meteorização. Consi-
deramos no primeiro caso a transformação de · sedimentos homogêneos ou heterogêneos em
rochas, ex.: argila em argilito, areia em arenito, etc. E no segundo - meteorização - o
trabalho dos diferentes agentes exógenos que tomam as rochas sãs em rochas alteradas ou
decompostas, está ligado a certos aspectos do metassomatismo.

132
Os depósitos recentes de origem marinha, tluvial ou eólia, sãu constituídos de minerais
e fragmentos isolados de rochas que, sob a ação contínua dos agentes geológicos diagené-
ticos, podem vir a sofrer uma consolidação. As rochas sedimentares consolidadas foram
sem dúvida, em outros períodos geológicos, constituídas de partículas móveis (exceto as
de origem química) . O endurecimento e aglutinação dêsses minerais e fragmentos podem
ter sido devidos a uma cimentação, a um dessecamento, a uma pequena pressão exercida
pelo acúmulo progressivo de sedimento ou à existência de concreções.
A diagênese é caracterizada, de modo geral, pelo fato de as condições de temperatura
e pressão serem semelhantes às existentes na superfície terrestre. Estas condições não
podem ser invocadas para explicar a transformação dos sedimentos em rochas consolidadas.
DIAGt:NESE DO SOLO - transformação por que passa um solo após a sua formação.
Esta evolução é local e posterior à gênese do solo.
DIAMANTE - carbono puro podendo, às vêzes, conter impurezas devido a óxidos metá-
licos. Pela sua dureza, brilho e beleza. é a mais preciosa das gemas. :E: também de grande
interêsse industrial .
Apresenta variedades sendo as seguintes, as mais importantes: a) diamante hialino
ou diversamente colorido - gemas; b) - bort - amorfa ou semicristalina; c) - carbo-
nado, diamante negro ou lavrita. t:ste último tem grande aplicação para a perfuração das
rochas, tendo em vista sua dureza 10. Na Chapada Diamantina, no estado da Bahia são
abundantes os carbonados ou diamantes negros . Deve-se aqui destacar que o próprio
diamante comercial para fins industriais já está sendo substituído em certas atividades por
ligas especiais de cromo, cobalto, etc. como carboneto de tungstênio, nitreto de boro, etc.
O uso do diamante, quando puro, como pedra preciosa, nas joalherias, é impor-
tante. Entre os maiores diamantes encontrados no Brasil deve-se destacar: o Presidente
Vargas em 1938, com 726 quilates, o Darci Vargas, em 1939, com 460 quilates, e o Coro-
mandel também em 1939, com 400 quilates.
O diamante é, por conseguinte, das pedras preciosas, a que alcança maior valor co-
mercial. Deve-se, no entanto, frisar que no Brasil a produção figura com pouco vulto nas es-
tatísticas, tendo em vista que grande parte do produto é contrabandead o . Esta situação não
é específica ao Brasil, pois, êste fato acontece no mundo inteiro. No dizer de Sílvio Fróes
Abreu: "A riqueza mais concentrada que o diamante seriam os sais de rádio, entretanto,
ninguém poderia transportá-los consigo sem perigo para a própria 'ida. Quase todo o
comércio de diamante é caracterizado pelo desvio dos impostos devidos, isso tanto no Brasil
como no resto do mundo" (Produção de diamantes - pág. 144).
O ciclo das pedras preciosas no Brasil desenvolveu-se logo a seguir ao do ouro, tendo
grande significação na economia da colônia e no povoamento de certas áreas como: Minas
Gerais, Chapada Diamantina (Bahia), Mato Grosso e Goiás.
A produção diamantífera do Brasil foi a mais importante do mundo, até a descoberta
das lavras da Africa do Sul e do Congo (província de Catanga) que atualmente ocupam
o primeiro lugar na produção desta importante riqueza.
O diamante no Brasil só existe nas jazidas secundárias, não se conseguindo até o
presente, descobrir a rocha matriz. Na Africa do Sul o diamante é originado em diques
e chaminés vulcânicos onde ocorre o quimberlito.
No estado de Minas Gerais, os especialistas supõem que lá tenha havido erupções dP.
rochas básicas, semelhantes às que geraram o quimberlito africano (regiões a oeste do São
Francisco) . Todavia, Djalma Guimarães criou uma outra teoria que diz serem os diamantes
gerados em pegmatitos filonares intrusivos ácidos na região de Diamantina.
A quase totalidade da produção diamantífera do Brasil é oriunda da garünpagem,
sendo os estados de Minas Gerais, -Goiás, Mato Grosso e Bahia, os que têm maior impor-
tância ( Fig. n. 0 llD).
DIASTROFIS MO (do grego diastrophe - distorção) - conjunto de movimentos tangenciais,
verticais que acarretam na superfície da crosta terrestre o aparecimento de dobras, falhas e
lenç6is de arrastamento . Os diferentes tipos de relêvo são resultantes da intensidade dos
movimentos tectônicos . t:stes estão em função da plasticidade ou da rigidez dos estratos
que poderão ser dobrados, quando plásticos, e falhados, quando rígidos.
Não se deve definir os movimentos diastróficos como movimentos unicamente locais,
pois podem ter grande extensão ( epirogenismo), constituindo, em certos casos, direções

133
Fig. n. 0 llD - Garimpagem do diamante no alto da serra do Tepequém, no Território Federal de Roraima.
(Foto Tomas Somlo)

principais e secundárias do relêvo terrestre. Resumidamente podemos distinguir as seguintes


fases de movimentos: a - revolução laurenciana - diastrofismo ocorrido no Arqueano; deno-
minação tirada da região de São Lourenço (Canadá) onde foram primeiramente estudados;
b) - revolução huroniana - movimentos que perturbaram os terrenos proterozóicos; denomi-
nação tirada do lago Huron (Canadá) onde se formaram as grandes montanhas que foram
produzidas por esta segunda revolução. f:ste movimento, diastrófico foi muito violento,
acompanhado de intrusões ácidas e mineralização muito importante com o aparecimento
de veios de quartzo enfumaçado com turmalinas; c - revolução taconiana - constituída
pela série de movimentos que ocorreram nos Estados Unidos na região de Nova Iorque e
Pensilvânia, no fim do Ordoviciano. f:ste movimento é pouco importante para a geologia
do Brasil tendo em vista a pequena extensão dêsses terrenos no território brasileiro;
d - revolução caledoniana - movimentos ocorridos principalmente no continente europeu,
na Escócia (origem das montanhas Caledônicas), nos Alpes Escandinavos (Noruega - Sué-
cia), etc. Encontramos traços de sua manifestação na França, na Sibéria, na Austrália e na
Africa do Sul; e - revolução herciniana - conjunto de movimentos que atingiram os terrenos
do Carbonífero europeu e seu nome vem da Floresta Negra (Alemanh~) atingiu a França,
Espanha, etc. Na Rússia e na Ásia Central também há indícios da existência dêsses movi-
mentos. Os terrenos da América do Norte se mantiveram mais ou menos estáveis; f - revo-
lução alpina - compreende a série de movimentos do fim do Secundário e início do Terciá-
rio, os quais deram origem às mais altas cadeias de montanhas da superfície do globo:
Himalaia, Alpes, Pirineus, Rochosas e Andes. Os movimentos tectônicos em terras brasileiras
foram mais intensos no início da coluna geológica, isto é, nos terrenos mais antigos, carac-
terizando-se por uma grande calma, após os movimentos caledonianos.
No Brasil os movimentos laurencianos afetaram os terrenos cristalinos do embasamento.
No Proterozóico, os movimentos huronianos perturbaram as camadas sedimentares da série
de Minas. A região mais importante do afloramento dessas rochas se verifica em Minas
Gerais, na serra do Espinhaço e, especialmente, próximo a Belo Horizonte e Ouro Prêto.
f:sses depósitos sedimentares são de facies marinhas do Proterozóico e após o diastrofismo
foram intensamente metamorfoseados, enrugados e dobrados (série de Minas) . Aumentaram
assim a superfície dos terrenos emersos. No Siluriano houve a revolução caledoniana que

134
deu origem a dobramentos, variações de mergulhos e a vinda de filões de eruptivas ácidas.
Os movimentos alpinos não tiveram conseqüências na geomorfologia do Brasil a não ser
indiretamente pelo soerguimento da cadeia dos Andes, na borda ocidental do antigo litoral .
1tstes movimentos tiveram reflexos em terras brasileiras com abaulamentos de grande raio
de curvatura. As drenagens das bacias paranaense e amazônica tiveram suas saídas barradas,
no lado oeste, por causa do aparecimento dessa cadeia montanhosa. ( Fig. n. 0 20P) .
DIATOMITO - rocha proveniente do acúmulo de carapaças de algas diatomáceas (vide
Kieselguhr) . Nos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte as jazidas são da ordem de
milhões de toneladas, ocupando o fundo de lagoas sujeitas a regime intermitente de sêca.
Em Recife (Pernambuco) situam-se as jazidas de Dois Irmãos, lavradas em escala industrial
e com beneficiamento de minério, com calcificação e classificação por peneiramento e
ciclonagem.
DILúVIO ou DILUVIUM - nome dado, de modo geral, aos detritos do Pleistoceno.
A origem dêsse material era explicada como resultante de cataclismos diluviais.
Em alguns depósitos diluviais se encontra fauna da época e mesmo restos de uma
indústria do homem pré-histórico.
DINAMOMETAMORFISMO - modificações por que passam as rochas, às vêzes, até em
sua composição mineralógica, simplesmente por causa do deslocamento de camadas, no
momento de enrugamentos de cadeias de montanhas.
As principais transformações sofridas pelas rochas resultam da compressão de massas
deslocadas num mesmo sentido por ocasião de um dobramento . O estiramento sofrido por
certas camadas as transforma em sua textura, dá-lhes, por vêzes, alguma xistosidade e as
torna cristalinas. Os fenômenos de dinamometamorfismo são mais fáceis de ser observados
em zonas onde tenha havido dobramentos.
O dinamometamorfismo não altera sensivelmente a composição química das rochas,
mas sim as propriedades físicas. Assim certos granitos, pelo efeito do dinamometamorfismo,
adquirem xistosidade e se transformam em gnaisses; as argilas em xisto, ardósias, etc.
DIORITO - rocha holocristalina de textura granular, constituída por um plagioclásio e ele-
mentos ferromagnesianos - hornblenda, pouca biotita, augita, etc. À semelhança do dia-
básio é também uma rocha intrusiva.
Os dioritos são rochas básicas com a coloração escura. Algumas vêzes se apresentam
ricos em quartzo, constituindo os dioritos quartzíferos. Todavia é conveniente assinalar que
os dioritos são pobres em quartzo. Na ilha de Córsega há um tipo de diorito onde se
verifica a existência de camadas concêntricas, sendo chamado de diorito orbicular.
Os dioritos são divididos, de modo geral, em: micáceos, anfibólicos, piroxênicos, etc.,
isto é, segundo o elemento mineralógico dominante.
A distinção principal entre os dioritos e os diabásios é a textura, pois, enquanto os
dioritos possuem textura granular, os diabásios possuem textura ofítica.
Utilizando-nos das fotografias aéreas podemos tentar identificar os afloramentos desta
rocha. O primeiro elemento a ser considerado será logicamente a côr cinza-escura. Todavia
temos que associar ainda o estudo de uma série de outros elementos da paisagem física,
tais como tipo de alteração das rochas, rêde de drenagem, forma das cristas, forma das
vertentes, etc. O conjunto dêsses fatôres relacionados, nos poderão auxiliar a tentar uma
identificação do tipo da rocha, na fotografia aérea.
DIQUE MARGINAL depósito acumulado à beira rio, o mesmo que pestana (vide) •
(Fig. n. 0 12D).
Diques marginais

""""''" ,, '""~
constituído de mate ri oi grosseiro trazido pelo rio durante a enéhente
Fie. n. 0 12D

135
DIQUE ou Fll..ÃO - intromissão de magma em forma alongada através das camadas da
crosta terrestre ( Fig. 13D) . Alguns autores procuram distinguir os diques dos filões, na
realidade isto é impossível.

Fig. n. 0 13D - Arrasamento de uma superfície de estrutura horizontal, vendo-se o relêvo ocasionado
pelo filão que resistiu ao trabalho da erosão. Al&umas vêzes pode-se observar o contrário, isto é, o
aparecimento de uma calha no local onde aflora a intrusão.

O magma quando penetra na crosta litosférica de maneira perpendicular ou oblíqua


aos estratos é comumente chamado de dique ou filão tra1l$Versal; quando penetra em ca-
madas mais ou menos horizontais é denominado de filão camada ou síll.
O filão pode cortar rochas de natureza sedimentar, como também, eruptiva ou meta-
mórfica. Injeta-se, portanto, através de qualquer tipo de rocha.
Na natureza, os lugares mais fáceis para o geólogo identificar a existência de um
dique, são os cortes feitos para se construir uma estrada, ou em qualquer outra escavação
que proporcione o aparecimento de um afloramento mais amplo das camadas.
O geomorfólogo, muitas vêzes, se guia também pela diferenciação no tipo de alteração
ou na maneira como geralmente se desagrega o material dêsses filões. Nas fotografias aéreas,
o problema da determinação da direção do dique e sua extensão, pode ser sensivelmente
simplificado quando êste aflora à superfície.
Do ponto de vista geológico, os filões podem, algumas vêzes, servir para datar a idade
de certos terrenos. Econômicamente, são muito procurados por causa dos minerais que
geralmente contêm. Para o geomorfólogo, o problema dos filões é muito importante no
estudo da erosão diferencial. Geralmente os diques são resistentes e podem aparecer na
paisagem como uma saliência, cuja explicação deve ser procurada na erosão diferencial.
Pode acontecer o inverso, isto é, na faixa onde aparece o dique, a rocha é mais tenra em
relação com as que lhe estão ao redor, resultando daí o aparecimento de uma calha alon-
gada que corresponde ao afloramento do dique.
DIREÇÃO - nome dado em geologia às orientações das camadas tomadas em relação
ao norte magnético . Graças ao estudo das direções e mergulhos é que se desenvolveram,
em grande parte, as pesquisas de geomorfologia estrutural.
A direção da camada é normal ou perpendicular ao mergulho ou inclinação. Repre-
senta a linha de intersecção de uma superfície de camada com um plano horizontal.

DIREÇÃO AMAZôNICA - nome dado por F . Ruellan à direção estrutural dos terrenos
brasileiros do socle guianense que seguem no rumo E-W.
DIREÇÃO BRASU.EIRA - nome dado por F. Ruellan à direção estrutural NE-SW
e NNE-SSW às rochas do escudo brasileiro.

136
DIREÇÃO CARAlBA - nome aplicado por F. Ruellan, baseado em trabalhos de Choubert
na Guiana Francesa, à direção estrutural NW -SE, ao escudo das Guianas e também à área
do Nordeste Brasileiro.
DIREÇÃO SÃO-FRANCISCANA - nome dado às direcões estruturais do escudo brasileiro,
que seguem no rumo N-S, segundo F. Ruellan.
DISCORDANTE - vide estratificação.
DISPOSIÇÃO TECTôNICA - resultado das deformações produzidas pela tectônica (vide).
DISSECADO - ( relêvo) - diz-se da paisagem trabalhada pelos agentes erosivos. ( Fig. n. 0
14D).
DISSOLUÇÃO - o carbonato de cálcio em contato com a água carregada de ácido carbô-
nico ( H'CO' ) se transforma, em bicarbonato de cálcio; o sal-gema, por exemplo, em contato
com a água também se altera. Mesmo certas rochas eruptivas são modificadas em virtude
da ação das águas pluviais atuando sôbre os cilicatos (feldspatos) · Nas regiões intertropicais
úmidas observa-se que as rochas ígneas da categoria dos granitos podem ser alteradas,
isto é, decompostas inteiramente deixando o resíduo que é a "arena" ou "saibro". Nos
arenitos com cimento calcário ou argiloso são freqüentes os fenômenos de dissolução do
cimento.
DIVISOR DE ÁGUA - linha separadora das águas pluviais. Geralmente se pensa em linha
de cumeada (vide), isto é, em divisores formados por altas montanhas . Todavia, um divisor

Fig. n. 0 14D - Na serra do Mar, é freqüente o dissecamento do relêvo, por causa da ruptura do
equilíbrio morfoclimático, tendo em vista a destruição maciça da pujante floresta da fachada atlantica. -
Na foto acima fixamos um trecho da paisa~:em do vale do Paraíba, vendo-se também a Usina Fontes,
próximo a Barra do Piraí, no estado do Rio de Janeiro.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)
de águas não é sempre constituído por elevadas cristas. Como exemplo, podemos citar
alguns divisores do Planalto Central do Brasil, que são suaves convexidades, muitas vêzes,
imperceptíveis, e que servem de separadores de águas pluviais. (Fig. n. 0 15D)

Ojvisor o'óoua (cristas)

Problema do limite MG-ES


tNão há divisor- Cabeças)
Fig. n. 0 ISD

No mapa geológico do Brasil, pode-se marcar os divisores de águas, e observa-se que


as grandes bacias hidrográficas têm seus coletores mais importantes correndo na calha aluvial.
Como exemplo citaríamos o caso das bacias: amazônica, platina e são-franciscana.
Os divisores de águas na escala de l/5 000 000 ultrapassam, por vêzes, as abas das
bacias sedimentares, localizando-se em terrenos de outras idades. Não há coincidência entre
os divisores de águas e as partes terminais das bacias sedimentares, A título de exemplo
indicaríamos o caso dos diferentes trechos do divisor de águas da bacia amazônica, com-
preendendo terrenos, cuja idade vai desde o Arqueano até o Holoceno.
No caso da bacia nordestina, observa-se no Meio-Norte os rios correndo em sua totali-
dade sôbre rochas sedimentares. Enquanto os do Nordeste Oriental apresentam um impor-
tante divisor, a serra da Borborema, em grande parte cristalina. Isto acontece com os rios
que correm para leste, atravessando a zona do Agreste e Mata. Os que vão na direção do
norte, atravessam terrenos de idades mais variadas.
No caso das bacias do Leste, os divisores de águas correspondem às serras do Espinhaço
e Chapada Diamantina, cujos terrenos são em sua quase totalidade do Pré-Cambriano.
Vejamos dois casos de divisores numa estrutura sedimentar concordante inclinada:
a) Os afluentes da margem esquerda do rio Paraguai - Taquari e São Lourenço -
têm suas cabeceiras além da escarpa da linha de cuesta que margeia a planície
sedimentar do Pantanal.
b ) Os rios afluentes da margem esquerda do Paraná ultrapassam por epigenia a
escarpa da chamada "Serra Geral" e têm suas cabeceiras no primeiro planalto
constituído em sua grande parte de rochas do Pré-Cambriano. Quanto ao rio Uruguai
e seus afluentes, todos implantados no planalto arenítico-basáltico, têm seus divi-
sores ou em rochas sedimentares - arenito -, ou em rochas do derrame ( trapp)
- basaltos e diabásios.
DOBJlA - encurvamentos de forma acentuadamente côncava ou convexa - anticlinais e
sinclinais - que aparecem na crosta terrestre. Esta movimentação das camadas da crosta
terrestre resulta de movimentos de fôrças tectônicas.
As camadas só podem ser dobradas quando possuem certa plasticidade. A partir do
momento que os estratos perdem esta plasticidade as camadas adquirem rigidez e a conse-
qüência é a fraturação ou falhamento. (Vide falha) .
As expressões dobra, região dobrada ou estrutura dobrada são tomadas no sentido
geral, de região na qual aparece uma série de anticlinais e sinclinais. ( Fig. n. 0 16D) .
A largura da dobra se mede, considerando-se a distância entre dois eixos de sinclinais.
Geralmente as dobras são bem mais longas que largas, mas se excepcionalmente elas forem
duas vêzes menor em extensão, teremos - braquianticlinais e braquissinclinais, e se forem
mais largas teremos então os domos e bacias.
Nas regiões dobradas verifica-se a existência de uma grande espessura de sedimentos.
Em alguns casos, os dobramentos não se verificam apenas nas séries sedimentares, mas
também nas metamórficas.
Do ponto de vista geomorfológico, o estudo de uma região onde os dobramentos são
de pequenas ondulações, isto é, suaves, é bem mais difícil do que o de uma de fortes

138
·...·. : . .·..
..·..........
... .... ......... .. ARENITO

FOLHELHO
,
CALCAR lO
Fi&. n.• 16D - Relêvo dobrado - Anticlinal e sinclinal.
curvaturas. De modo geral, se a erosão não atacar com violência as dobras, teremos normal-
mente urna paisagem cuja topografia é representada por cristas e calhas, mais ou menos
pronunciadas, isto é, vales de sinclinais. montanhas dobradas. etc.

DOBRA DE FUNDO - aquela que tem um grande raio de curvatura atingindo áreas
muito extensas. ll:ste tipo de dobra é também chamado arqueamento ou bombeamento,
por certos autores.
DOBRA MONOCLINAL - vide laminagem.
DOBRADA (estrutura) - vide dobra.
DOBRAMENTO ALPINO - enrugamentos da crosta terrestre ocorridos na era Terciária.
A denominação foi tomada da cadeia dos Alpes .

DOLERITO (ou diabásio ofítico) - rocha magmática cuja textura é ofítica e tem a
mesma composição química dos .microgabros.
O que distingue um dolerito ou diabásio de um microgabro é a textura e não a compo-
sição química. Existe uma certa confusão a respeito do uso dos têrmos dolerito e diabásio,
por parte de alguns grupos de geólogos, tendo os franceses preferido o uso do têrmo dolerito,
enquanto os americanos preferem diabásio.
DOLINA - depressão de forma acentuada-
mente circular, afunilada, com larguras e
profundidades variadas que aparecem nos
terrenos calcários . As dolinas podem ser
devidas à dissolução ou ao desmorona-
mento de tetos de cavernas. No fundo des-
sas depressões se encontra geralmente
água, que ocasiona a dissolução dos cal-
cários dando aparecimento de terra rossa.
(Vide).
O têrmo dolina parece originário do
Fig. n.• 170 - Corte através de uma dolina de fundo latím dolium - pipa, tonel. Na língua iu-
chato. ~ o tipo de dolina mais importante do ponto goslava, dolina é o diminutivo de vale,
de vista duplo, morfol6gico e econllmico. O fundo
chato, dolac, é recoberto por uma camada vermelha espécie de fossa em forma de funil que
(B). Esta última camada é mais úmida e mais aparece ~m terrenos pantanosos.
untuosa, o que reforça· seu grau de impermeabili·
dade. DOLOMITA - carbonato duplo de cálcio
O escoamento das águas efetua·se sélbre os bor·
e magnésio cristalizado em rornboedros. A
dos, onde se concentram os produtos de desagrega•
dolornita quando entra na composição de
c;ão orgAnica. Assim, pela ação da corrosão lateral,
as vertentes conseguem recuar. urna rocha calcária, dá formas mais resis-
tentes ao processo de carstificação.
Do ponto de vista geomorfológico, os calcários dolorníticos são os que apresentam
as formas mais bizarras, como os de Montpellier de Vieux, por causa da dissolução diferencial
produzida pelas águas de infiltração que dissolvem mais fàcilmente o carbonato de cálcio.

DOLOMITIZAÇÃO - transformação sofrida por um calcário em dolomita, por efeito da


circulação de águas carregadas de sais rnagnesianos, ou mesmo da água do mar. Quando
se dá na rocha um grande enriquecimento em carbonato de magnésio, ela passa a constituir
um calcário dolomítico. Por· ,ocasião da dolornitização a rocha se torna cavernosa e chega
mesmo a perder os traços de estratificação primitiva e, em certos casos, os fósseis.

DOMO - elevação do solo com a forma acentuada de urna meia esfera; o mesmo que
braquianticlinal (vide) segundo alguns autores (vide dobra) .
O têrrno domo é também usado nas descrições da paisagem física, referindo-se a eleva-
ções de forma semelhante a u'a meia esfera, sem levar em consideração a estrutura. Neste
último caso, o domo é urna forma de montanha arredondada produzida pelo efeito da erosão.
No caso do Planalto da Borborema êle é considerado como um domo estrutural por
causa de seu arqueamento.

140
DOMO SALINO - elevação em forma de cúpula, de dimensões variada3, p roduzida pela
penetração de jazidas de sal.

Fig. n . 0 180 - Oomos de sal-gema associados a depósitos de petróleo na costa


do 1ôlfo do México, no sul dos Estados Unidos. 1 - sedimentos terciários. 2
capa de anidrita. 3 - domo de sal-gema. 4 - depósitos de petróleo
e gás natural.

DREIKANTER - seixos facetados e polidos pelos ventos em regwes de clima desértico.


A êste propósito o Prof. André Cailleux chamou atenção dos especialistas para o fato de
que os seixos facetados em três superfícies ou dreikanters têm êste número de faces em
função do número das que o fragmento inicial possuía, não importando que seja uma, oito,
ou mesmo dez. (Fig. n.0 19D). Os dreikanters são também chamados de ventifatos.
DRENAGEM (rêde) - é o traçado produzido
pelas águas de escorrência que modelam a to-
pografia. O conjunto dêstes traçados de dre-
nagem é que dãg os padrões de drenagem.
A análise do traç_ado de drenagem em cartas
ou em fotografias aéreas revela, em parte, a
estrutura e natureza das rochas e a própria
tectônica .
A rêde de drenagem ou rUe hidrográfica
(vide) não pode ser confundida com a bacia
Fi&. n. 0 190 hidrográfica (vide) .
DRENAGEM ANTECEDENTE - vide antecedente (rio) .
DRENAGEM ANULAR - ocorre em tôrno de maciços ou domos dissecados que apre-
sentam cinturões em·olventes de rochas cuja dureza é alternada, isto é, duras e moles.
(Vide fig. lOR).
DRENAGEM POSTECEDENTE - aquela cujo traçado somente se realiza em conseqüên-
cia do aparecimento de certos tipos de acidentes - fraturas, sinciinais, etc., que guiam a
rêde hidrográfica. :Este tipo de drenagem é mais freqüente que a antecedente.
DRENAGEM RADIAL CENTRíPETA - desenvolve-se comumente em áreas de sincli-
0
nais, havendo convergência de vários rios para um rio primário (Fig. n. 20D).

141
0
Fig. n. 200 - Sistema de drenagem radial (centripedo), desenvolvido sôbre a estrutura de um
sinclinal assi"!étrico ( ard6sias e quartzitos), podendo•se observar que um lado do sinclinal apresenta
densidade de drenagem. (Foto aérea - Nascentes na serra do Cocalzinho, Goiás).

DRENAGEM SUBTERRÂNEA - típica nas áreas calcárias. (Fig. n. 0 21D) Vide calcária
(rocha).
DRENAGEM SUPERIMPOSTA - vide antecedente (rio).
DRIFT - nome genérico usado pelos geólogos inglêses para todos os depósitos de origem
glacial, sem tomar em consideração a granulometria dos mesmos. Grande parte do conti-
nente americano do norte, bem como da Europa estão recobertos de materiais erráticos, ou
melhor, argilas glaciárias com blocos de tamanhos variados.
DRIFT CONTINENTAL - o mesmo que translação continental (vide) ou migração dos
continentes, ou ainda, teoria de Wegener.

DRUSA - agrupamento irregular de cristais no interior de um geodo ou em cavidades


encontradas, geralmente, nos filões. As drusas são freqüentes no quartzo, apresentando
cristais muito desenvolvidos.

DUNA - montes de areia móveis, depositados pela ação do vento dominante. A movi-
mentação dos grãos de quartzo é constante, devido à ação do vento ( Figs. ns. 22D e 23D) .
~ste deslocamento contínuo dos grãos . lhes dá grande polimento. Quando estudados no
microscópio binocular é fácil a observação dêsses fatos. O Prof. André Cailleux estabeleceú
estatisticamente uma porcentagem para distinguir os depósitos de origem eólica, fluvial
ou marinha, levando em conta a forma dos grãos de quartzo. Quanto à posição geográfica
as dunas podem ser: 1 - dunas marítimas - localizadas na borda dos litorais; 2 - dunas

142
continentais - no interior dos continentes. As dunas marítimas, também chamada litorâ-
neas, podem alcançar grandes alturas, como as landes francesas com cêrca de 100 metros
ou as do Nordeste, brasileiro. A grande mobilidade dos grãos dá origem aos famosos "ventos
de areia" tão comuns nos desertos do Saara (África), Gobi (Ásia Central), Atacama
(Chile setentrional) , etc .

o ~
~
a l

00
oo

Fig. n. 0 21D - Sistemas de drenagem: interno (Sink·Holes) que correspondem a materiais solúveis
de calcários = Ca, e (I dendrítico com alta densidade que corresponde a ard6sias = Ad. Observa-se
que, quando os traços de drena~em das ardósias, em seu percurso, encontram materiais solúveis (Calcário),
desaparecem em sumidouros, limitando, neste ponto a área de calcário e de ard6sias. Outra observação
é que a maior densidade da cobertura ve~~:etal no calcário indica melhores condições de solo. (Foto aérea
- Nascentes do c6rrego da Areia, afluente do rio Prêto, Minas Gerais.

O levantamento de um mapa topográfico numa região de dunas é muito difícil por


causa do deslocamento contínuo das mesmas e da falta de linhas diretrizes do relêvo. O
Fig. n.• 23D - Dunas vivas na reg1ao de Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. A constante mo·
Yimentação das areias dá aparecimento a uma superfície cheia de "rip]e marks". Quanto à estratificação
do material das dunas esta é cruzada. A topografia é confusa, e a duna apresenta uma forma
dissimétrica com um abrupto na encosta de sotavento.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

Fie. n.• 24D - No litoral do Nordeste aparecem várias dunas. Estas podem ser fixadas usando·se
diversos processos. Na foto abaixo vê-se as dunas fixadas atrás do Quartel do XVI Regimento de
Infantaria a vários quilômetros a leste de Natal.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)
Fig. n. • 25D - No litoral marauhense e cearense as dunas ocupam grandes extensões da franja costeira.
Na foto acima v~se dunaa vivas e dunas estabilizadas ou fixadas pela ver;etação, nos arredores de São Luís.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

estudo da delimitação das áreas das dunas é de grande importância para a ocupação
humana pois do ponto de vista agropecuário são, de modo geral, estéreis êstes solos.
A formação das dunas só é possível onde há um grande estoque de areia disponível
para ser movimentado pelo vento. ( Figs. ns. 24D e 25D). Elas se formam onde existe um
obstáculo. O ângulo da duna a barlavento é suave, (inclinação de 5 a 12°) enquanto a
sotavento pode alcançar uma declividade que chega a 35°. Esta desigualdade de declives
é que motiva o aparecimento da estratificação do tipo diagonal, e por vêzes cruzada.
A estratificação inclinada é modificada para cruzada, por causa da mudança da direção
do vento, movimentando os grãos de areia obliquamente ou perpendicularmente à direção
primitiva, acarretando assim estas modificações.

c) Ounas
.
mo{!) eis

fixas

Fir;. n.• 26D

DUNKERQUIANO - episódio de pequena transgressão marinha ocorrido entre o início


de nossa era e o fim da história da Idade Média

DUREZA - resistência superficial que os diversos minerais possuem, exigindo maior ou


menor esfôrço para se deixarem riscar. A escala de dureza dos minerais vai de 1 a 10. :1!:

145
uma das propriedades dos minerais, usada com freqüência para reconhecimento macros-
cópico dos mesmos.

MINERAIS Escala de Dureza

Talco . .... ..... .. .. . 1


Sal-gema .... . .. .. .. . 2
Calcit& . .. . .. ... ... . 3
Fluorit& . ........... . 4
Apatit& .. .......... . 5
Ortósio ...... . ... . . . 6
Quartzo . . .. .. . ... . . . 7
Topázio ............ . 8
Coríndon .. ....... . . . 9
Diamante ....... ... . 10

Como se vê no quadro acima o diamante é o mais duro dos minerais, riscando todos
os outros. As rochas resultam, muitas vêzes, dos agrupamentos de diversos minerais, de
modo que a sua resistência é verificada em relação ao desgaste que sofre diante do
ataque feito pela erosão.

146

ECTODINAMORFO (solo) - vide solo.
EDAFICO - concernente à parte agrícola ou coloidahnente mais ativa do solo.
EDAFOLOGIA - ciência que estuda o solo, relacionando-o com o aproveitamento
agrícola.

EFLORESCt:NCIA - segregações de substâncias solúveis que se depositam na superfície


das rochas. Estas substâncias sobem por capilaridade, precipitando-se graças à evaporação
da águ~ que acompanha os sais.
EFUSIVA (rocha) - eruptiva que, tendo vindo em estado de fusão até quase a superfície
da crosta terrestre, se consolidou ràpidamente dando uma textura mais fina. 1!: por isso
também chamada de rocha superficial, opondo-se à categoria de rocha abissal, onde a
textura é de maior grossura.
As rochas efusivas, algumas vêzes, chegam à superfície derramando-se sôbre as mesmas,
constituindo as chamadas rochas de derrame.
EIXO DO ANTICLINAL - linha que segue perpendicularmente à parte mais convexa das
camadas ao se dobrarem.
EIXO DO SINCLINAL - linha que segue perpendicularmente à parte mais côncava das
camadas ao se dobrarem.
EJECTóLITO - fragmento de rocha projetado na atmosfera por ocasião da atividade
de um vulcão, podendo ser a própria lava ou ainda as bombas, lapili ou partes das rochas
próximas da parede do cone.
ELEMENTAR (erosão) - vide erosão elementar. O mesmo que meteorização (vide) ou
intemperismo.
ELEMENTO PETROGt:NICO - denominação usada por certos autores para o silício e
o alumínio, tendo em vista a sua grande importância na constituição do sial (vide), isto
é, da camada sólida do globo terráqueo.
ELUVIAÇÃO - movimento de soluções ou de colóides em suspensão de cima para baixo
nos solos quando há excesso de chuvas sôbre a evaporação. Nas regiões equatoriais de
fortes chuvas, como na bacia amazônica o processo da eluviação é muito importante.
Alguns autores chamam o horizonte superior - A - de horizonte eluvial e o infeior -
B - de horizonte iluviado ou iluvial, porém, é mais correto denominar-se estas transforma-
ções de descida de materiais do horizonte superior, de processo de eluviação ou simples-
mente eluviação.
ELUVIAL (solo) - vide solo.
ELUVIÃO - depósito detrítico ou simples CaJ)a de detritos resultantes da desintegração
da rocha matriz permanecendo in situ. O têrmo elúvio ou eluvião é o posto do material
transportado pelas águas dos rios, isto é, alúvio ou aluvião.

147
ELúVIO - o mesmo que eluvião (vide).
EMBASAMENTO, SOCLE ou PEDESTAL - escudo constituído pelas rochas que afloram
desde o comêço da formação da crosta terrestre· As rochas que constituem o escudo brasi-
leiro são o granito e gnaisse, principalmente· Elas pertencem ao Arqueano e constituem o
que Branner denominou de "Complexo Brasileiro".
EMBOCADURA - o mesmo que foz (vide) de um rio.
EMPINAMENTO - diz-se do levantamento de rochas, o qual pode ser produzido pelos
movimentos tectônicos, ou então, pela epirogênese.
"ENCOCHE" - têrmo francês adotado por alguns autores para o sulco sensivelmente
horizontal que aparece na parte inferior das falésias. O mesmo que acanaladura ou canelura
(vide).
ENCOSTA - declive nos flancos de um morro, de uma colina ou de uma serra. São êstes
declives de quando em vez interrompidos em sua continuidade, apresentando rupturas
(rupturas de declives), cuja origem pode estar ligada à erosão diferencial, à estrutura, às
diferenciações de meteorização, às variações de níveis de base, etc. (Vide vertente).
ENCUMEADA - o mesmo que cumeada (vide).
ENDOMORFISMO - diz-se das transfoJ"Il1ações sofridas pela massa ígnea ao ter realizado
o metamorfismo nos terrenos encaixantes. A massa intrusiva realiza um metamorfismo nas
rochas atravessadas e por sua vez esta mesma massa ígnea também sofre transformação
que se denomina endomorfismo.
ENDóGENA (rocha) - oriunda da subida de magma, cuja consolidação se pode realizar
a grande profundidade, como as chamadas rochas plutônicas, abissais ou superficialmente,
como as efusivas.
ENDóGENOS ( fatôres) - também chamados agentes internos ou ainda fôrças subterrâneas,
têm origem no calor que permanece no interior do globo e nas pressões dos gases que são
liberados. Podem se fazer sentir externamente, através de movimentos súbitos, rápidos ou
lentos e imperceptíveis. Entre os agentes internos que contribuem para modificar a paisagem
podemos citar: vulcanismo, sismos, movimentos epírog~icos ou isostátícos, tect6nicos, etc.
Por conseguinte, os fatôres endógenos resultam da dinâmica interna, refletindo-se externa-
mente através das diversas manifestações acima citadas.
ENDOMETAMORFISMO - transformações internas que sofrem as massas de rochas ígneas
ao produzirem o chamado metamcrfismo de contato.
ENDORREICA - regiões onde a drenagem não chega até o mar. Antônimo de enxorreica.
ENRUGAMENTO DA CROSTA - o mesmo que dobramentos (vide dobra). Durante a
era Paleozóica ou Primária, por exemplo, no norte da Europa, elevaram-se algumas cadeias
de montanhas, graças aos chamados enrugamentos caledonianos, hercinianos e terciários.
Como exemplo, _podemos citar, os montes Grampians, no maciço da Escócia, os Alpes
Escandinavos, o Maciço Central Francês, os Vosges e a Floresta Negra.
Na parte meridional e central da Europa, destacamos os enrugamentos terciários, cha-
mados do tipo alpino - Alpes, Apeninos, Pireneus, Cárpatos.
ENSEADA - reentrância da costa bem aberta em direção ao mar, porém, com pequena
penetração dêste, ou em outras palavras, uma baía na qual aparecem dois promontórios
distanciados um do outro.
ENTRINCHEIRAMEN TO - denominação usada por alguns autores para o encaixamento
do rio.
ENXURRADA - água que escoa na superfície da crosta com velocidade capaz de ocasionar
grandes estragos para os grupos humanos. As águas das chuvas ao caírem sôbre a superfície
da crosta terrestre, uma parte se evapora, indo constituir o vapor d'água, outra se infiltra,
constituindo a água de infiltração e finalmente uma outra se escoa e constitui o lençol de
escoamento superficial, ruissellement dos franceses ou ainda run-off dos inglêses· O lençol
de escoamento superficial pode deslizar suavemente sôbre o solo se a topografia é relati-
vamente plana ou de fraco declive. Nas regiões acidentadas porém as águas descem em
obediência à lei da gravidade, sendo sua marcha violenta, de velocidade grande, por cau.sa
da aspereza dos fortes declives, formando-se assim a enxurrada.

148
EO - prefixo grego muito usado em geologia histórica e que significa ''aurora".
EOCENO - período que segue o Paleoceno e antecede o Mioceno; é o de maior duração
da era Cenozóica, tendo começado há uns 55 milhões de anos, e durou 80 milhões, aproxi-
madamente. A palavra eoceno significa aurora do recente.
Os fósseis da América do Norte no Eoceno denunciam a existência de uma ligação
com a Europa, que desapareceu posteriormente. Houve também uma ligação temporária da
América do Norte com a América do Sul, como provam os animais desdentados.
No fim dêsse período começou a se manifestar o orogenismo no mar de Tethys inician-
do-se o soerguimento das grandes cadeias de montanhas, sendo que os Pireneus e os Ape-
ninos já formavam uma cadeia, cujo término se deu no Mioceno.
O clima dêsse período era mais quente que o do Paleoceno e já existiam zonas climá-
ticas distintas. A distribuição das zonas de vegetação era sensivelmente diferente da atual.
Entre os animais, os foraminíferos atingem grande importância, sendo os mumulites tão
numerosos que geralmente se denomina o Terciário inferior de mumulítico.
Continua o grande desenvolvimento dos mamíferos das espécies arcaicas. Entre os
maiores mamíferos eocênios destacam-se o uintatétrio e o luxolôdon, que pertenciam ao
grupo dos dinocerates parecidos com pequenos elefantes.
EOGENO - o mesmo que paleogeno, isto é, a reunião dos dois períodos inferiores do
Terciário ( Eoceno e Oligoceno).
EOLAÇÃO - trabalho realizado pelo vento, isto é, o mesmo que erosão e6lica, compreen-
dendo a corrosão, a deflação e a sedimentação. Pode-se, por conseguinte, dizer que êstes
são três processos comuns da eolação.
EóLIA (erosão) - vide erosão e6lia.
EóLIA (estratificação) - realizada pelo depósito de detritos carregados pelo vento ·os
quais são dispostos de modo muito irregular e entrecruzando os leitos. Esta estratificação
é do tipo discordante ou diagonal.
EóLIA (rocha) - fragmentos de materiais depositados por efeito do transporte realizado
pelo vento. O material resume-se, na maior parte dos casos, em grãos de quartzo, ou então,
em fragmentos muito pequenos de minerais ou de rochas.
EóLIO (efeito) - aquêle que é produzido pelos ventos ex.: erosão eólia, deflação, corra-
são, dunas, etc.
EóLITO - concreções calcárias, de forma acentuadamente esférica e formadas de pequenas
películas concêntricas, muito regulares.
EO-PM-CAMBRIANO - o mesmo que Arqueozóico. Vide Arqueano.
EOZóiCA - o mesmo que Proteroz6ica ou ainda Algonquiano (vide).
EPICENTRO - projeção na superfcie da Terra do centro de um sismo.
EPICICLO - denominação proposta por De Martonne para o fato de não existir uma
constância no ciclo de erosão (vide) .
EPICONTINENTAL (mar) - aquêle cujas águas aparecem na borda dos continentes
atuais e têm pouca profundidade. O têrmo epicontinental vem do grego e significa sôbTe
ou em cima do continente.
Como exemplo de mares epicontinentais atuais, podemos citar o mar Báltico, a baía
de Hudson, etc. No decorrer da história geológica do Brasil tivemos um mar epicontinental
do início do Paleozóico, na bacia do atual São Francisco e Parnaíba.
EPIGENIA - antecedência, ou surimposition dos franceses - afundamento 'do vale cortando
indistintamente rochas tenras e duras, depois de atravessar uma cobertura sedimentar. A
epigenia necessita de uma camada sedimentar e de uma estrutura cristalina .
Há casos mais complexos em que uma espêssa camada de decomposição em discordância
está sôbre um peneplano, podendo aí ser apontado como um caso intermediário. Alguns
autores fazem distinção entre epigenia e antecedência, na prática, porém, toma-se quase
impossível separarmos uma da outra. Para o Prof. Ruellan os dois têrmos têm o mesmo
significado. O Prof. Bourcart chama os rios epigênicos ou superimpostos de rios de trajeto

149
paradoxal. O curso do rio data de uma época anterior, onde a orientação foi dada por
bacias ou sulcos dentro de uma cobertura de rochas sedimentares, hoje desaparecidas. Os
rios epigênicos ou antecedentes são, em geral, perpendiculares .à direção das dobras, ou
ainda, cortam indistintamente sem formar ângulo, os afloramentos de maciços antigos. Isto
porque no momento do afundamento ou da epigenia da rêde hidrográfica, existia uma
cobertura sedimentar que foi removida com o tempo. Uma hipótese muito importante que
necessita de verificação é a de que as gargantas e os vales superimpostos são cavados,
principalmente, em zonas fissura das. As cachoeiras e corredeiras de alguns afluentes da
margem direita do Amazonas que, até aqui, têm sido descritas como produzidas por diques
que cortam transversalmente o leito do rio, nem sempre correspondem à realidade. Tivemos
oportunidade de examinar algumas fotografias aéreas da fronteira entre Mato Grosso e o
estado do Pará e verificamos que o rio Xingu corre largo trecho sôbre arenitos ou quartzitos
e que seu afundamento se deu por epigenia. A cachoeira das Pedras e várias outras corre-
deiras, que aparecem no leito do rio, foram produzidas pelo afundamento do rio Xingu sôbre
a antiga cobertura sedimentar. ( Fig. ns. lE, 2E e 3E) . No mapa geológico, a área em
questão está representada como terrenos pertencentes ao Arqueano e Cambro-Ordoviciano.

Fig. n.• IE - Observa-se que o rio Xinp, no norte de Mato Grosso, atravessa uma área de terrenos
sedimentares, que por generalização estão assinalados nos mapas eeo16eicos, como sendo do embasamento
cristalino. A área dêsses terrenos sedimentares foi intensamente perturbada por movimentos tectônicos
que se prolongam em tôdas as direções. O rio Xingu na altura da corredeira das Pedras está afundado
por epigenia, cortando, conseqüentemente, o mergulho das camadas. As rochas que afloram nessa região
parecem arenitos ou mesmo quartzitos muito resistentes à erosão, como se pode observar no arco de
rochas inclinadas que foram cortadas pelo rio Xinp na altura da corredeira das Pedras. Alguns
quilômetros a jusante há outros afloramentos de bandas de rochas duras que ocasionam pequenas
corredeiras. Na paisagem da reeião observa-se que as cristas, provAvelmente quartzíticas, estão quase
sem veeetação, enquanto as áreas inferiores, mais úmidas, deseastadas pela "erosão", estão cobertas de
matas. Os rios de traçados paradoxais ou epieênicos são produzidos por fundamento da rêde hidrográfica
numa cobertura sedimentar. Nas reeiões tropicais do Brasil a espêssa camada de decomposição pode
favorecer o aparecimento de epigenias sem ser em cobertura sedimentar.
(Foto do Levantamento Fotogramétrico Trimetrogon da Fôrça Aérea Americana )
~
• o • •

\ ..... : .......:·.".".. 3 Outro exemplo de epigenia é a


. ~ : : .. . . garganta do rio Poti ao cortar
perpendicularmente a serra de
~1 lbiapaba, vindo do estado do
Ceará.

Fig. n. • 2E - Rêde de drenaa:em numa estrutura sedimentar concordante inclinada - (tipo cuesta):
1 - Rio conseqüente: corre sea:undo o mera:ulho das camadas. la - Trecho conseqüente de um rio.
2 - Rio subseqüente: corre sea:undo a direção das camadas perpendiculares ao mera:ulho. 3 - Rio
obseqüente: corre no sentido contrário do mergulho das camadas, perpendicular às camadas
e pela encosta mais abrupta ( Fig. n. 2),
0

I Rio Obsequenle
2 Depressão Subsequente
3 Rio Subsequente
4 Rio Consequenle
5 Garganta Epigênica
6 Corni"ja
7 Reverso da cuesta
8 Frente de cuesta festonada
9 Testemunho

EPffiOGt:NESE - movimentos de subida ou de descida de grandes áreas da crosta ter-


restre, de modo lento. Caracteriza-se por um reajustamento isostático de áreas, dominando
assim os movimentos verticais lentos, por vêzes seculares.

151
Os movimentos epirogemcos possuem características especiais, como a de não afetar
as estruturas antigas, podendo porém, apresentar falhamentos marginais por causa do esfôrço
diastrófico. :t também um fenomeno lento e secular, diferente da orog~nese, que se desen-
volve com maior intensidade, dando aparecimento a montanhas e atingindo uma área
menor.
Ainda não se sabe exatamente se existem fôrças diferentes para a orogênese e para a
epirogênese, embora se observe que as intensidades e extensão das áreas sejam bem diversas.
O geólogo Rui Osório de Freitas, estudando o relêvo brasileiro, procurou explicar, várias
de suas formas devidas à tectônica moderna, como produzidas pela epirogênese enquanto
as de formação ante-siluriana, como orogenéticas.
Os autores franceses preferem a denominação movimentos de coniunto, em vez de
epírogênese que foi proposta pelo geólogo norte-americano Gilbert.
EPIZONA - denominação dada por Grubenmans à primeira zona de transformação das
rochas, por efeito de metamorfismo. :t a parte mais superficial, e quanto à mais profunda
é denominada catazona (vide).
:tPOCA - vide coluna geol6gica.
EQUIGRANULAR - cristalização dos minerais, guardando todos as mesmas dimensões
entre si. O resfriamento do magma, algumas vêzes, se realiza de modo lento e dá formação
a cristais com as mesmas dimensões, isto é, equigranulares. Somente nas rochas eruptivas,
consolidadas a grandes profundidades, é possível o aparecimento dêsse tipo de cristalização
do magma.
EQUILíBRIO ESTÁTICO - o mesmo que i.sostasía (vide).
EQUILIBRIO DE PRESSÃO - ou estático, o mesmo que i.sostasia (vide).
ERA GEOLóGICA - corresponde às grandes divisões do tempo geológico. Elas compre-
endem períodos, de durações variadas, os quais se subdividem em épocas, estas em idades
e as idades em fases.

Duração
em
ERAS PERtO DOS milhão Idade da Terra
de
an08
----
Quaternária (Antropozóica) . { Holocênico . ................. .
Pleistocênico . . . ............. . 1
14

(C~"'6i<a)
N eogênico .... { pi!ocên!co .....
T""'lria .. .- .. ·l m10cêmco . .. . .

Paleogênico ... { oligo~nico ... .


eocêmco ......
20
15
20 70 ()()() ()()()
Cretáceo .... . ............. . . . 50
Secundária (Me~ozóica) .. ... { .Jurássico ...... . . . ........... 30
Triá.s5ico . ....... . ......... . .. 40 120 ()()() 000
{ permiano . .... 30
N éo-paleozóico carbonífero ... 60
devoniano .... 40
Primária (Paleozóica) . .J
{ &il urian o . . . . . . 30
I
l
Eopaleozóico . · ordoviciano ...
cambriano ....
50
100 310 ()()() 000
Pré-Cambriana (Arqueozóica
+ Proterozóica) ...... . ... - - 1 500 ()()() 000

152
Alguns fatos ocorridos nas diversas eras geológicas.
1) Era Pr~-Cambriana - costuma-se usar a denominação de terrenos pré-cambrianos
para as rochas que surgiram primeiramente na superfície do planêta, que por vêzes são
difíceis de serem separados em: rochas do período Arqueano ou do Algonquianv.
Não há provas concretas, através de fósseis, da existência de vida nessa era, todavia
a existência de mármores nos terrenos pré-cambrianos é uma prova indireta da existência
de vida, possivelmente através de algas.
Quanto à distribuição das terras sabe-se que existiam dois escudos - Arqueo-Artico,
localizado ao redor do pólo norte e o Afro-Brasileiro-Indo-Malgaxe, na região equatorial,
ambos separados por um mar alongado - mar de Tethis.
2) Era Paleoz6ica (vida antiga) - A vida começou nos mares, com os trilobitas
artrópodos extintos . Há peixes e desenvolve-se a flora.
Distribuição das terras:
Continente de Gondwana ou Indo-Afro-Brasileiro
Terra Canadense ou algonquiana
Terra Sino-Siberiana ou continente de Angara
Terra Escandinava
Terra Tirrenídea.

Movimentos tectônicos:
Diastrofismo tacônico ( cambriano e ordovicinno)
Diastrofismo caledoniano (siluriano e devoniano)
Diastrofismo herciniano (carbonifero e permiano)
3 - Era Mesozóica (vida intermediária). Grandes répteis .
Distribuição das terras:
1 Continente Atlântico Norte
2 - Sino-Siberiano
3 - Afro-Brasileiro
4 - Austro-Indo-Malgaxe

4 - Era Cenozóica (vida recente). Desenvolvimento dos mamíferos. Aparecimento do


homem (Quaternário) . Grandes movimentos devido aos enrugamentos alpinos. Glaciações.
ERG - o mesmo que deserto de at-eia (vide) .
EROSÃO - destruição das saliências ou reentrâncias do relêvo, tendendo a um nivela-
mento ou colmatagem, no caso de litorais, de enseadas, de baías e depressões. Na geomor-
fologia já se observa certa reação contra o sistema didático adotado da separação entre
erosão e sedimentação, pois ambas são elementos integrantes do ciclo de erosão. A uma
fase de erosão ( gliptogênese) corresponde, de modo simultâneo, uma fase de sedimentação
( litogênese) - são concomitante porém, em áreas diferentes.
Considerando o problema da erosão, em face da topografia do globo terráqueo, podemos
concretizar nosso pensamento, falando da existência de duas morfologias superpostas. No
primeiro caso, morfologia infra-estrutural do conjunto do relêvo, resumindo os traços essen-
ciais num mapa, de escala grande. No outro, o caos que raramente as cartas topográficas
representam, isto é, seriam as formas menores devidas à erosão acelerada.
Alguns autores são muito restritos no conceito de erosão, considerando-a, apenas, como
o trabalho mecânico de destruição - exercido pelas águas correntes carregadas de sedi-
mentos. Em nada, porém, se justifica o fato de não se considerar como erosão a decompo-
sição química feita pelas águas correntes, uma vez que se considere no sentido amplo a
destruição das formas salientes. Pode-se distinguir vários tipos de erosão: a) erosão acele-
rada; b) erosão elementar; c) erosão eólica; d) erosão fluvial; e) erosão glaciárla; f) erosão
marinha; g) erosão pluvial.
O têrmo erosão implica, para o geólogo e para o geógrafo, na realização de um con-
junto de ações que modelam uma paisagem. O pedólogo e o agrônomo, porém, consideram-no,
apenas, do ponto de vista da destruição dos solos.

153
Do ponto de vista geomorfológico, analisando-se o trabalho da destruição do relêvo
feito pelas águas correntes e pelos outros agentes erosivos, chegou-se à conclusão de que
há uma diminuição de l/10 de milímetro da altitude do relêvo durante cada ano. Para que
houvesse um arrasamento completo de todo o relêvo das terras emersas, seria necessário
cêrca de 7 000 000 de anos. No entanto, êsse fato não poderá acontecer em virtude do
rejuvenescimento de certas áreas da superfície terrestre, produzido pela orogênese e pelo
vulcanismo.
No tocante à erosão através da história física da Terra, cumpre destacar um fato muito
importante, e já consagrado entre os geólogos, qual seja o da existência de períodos de
erosão, e períodos de sedimentação. André Cailleux teve oportunidade de contestar esta
afirmativa, dizendo que na escala da duração dos períodos geológicos, erosão e sedimentação
não se opõem no tempo e sim no espaço. Por conseguinte, contràriamente ao que foi escrito
até aqui pelos geólogos - não há épocas de erosão e épocas de sedimentação, mas sim como
afirma o Prof. A. Cailleux, lugares onde há o predomínio do escavamento e lugares onde se
registra o acúmulo do material erodido, no mesmo lapso de tempo. O que se observa é
que a erosão e a sedimentação são simultâneas e concomitantes, havendo apenas distinção
de áreas. E, ambas as fases, isto é, escavamento e sedimentação, ocorrem dentro do mesmo
intervalo geológico.

EROSÃO ACELERADA OU BIOLóGICA - também chamada anormal - realizada na


superfície terrestre pela intervenção humana e sêres vivos em geral ocasionando um dese-

Fig. n. 0 4E - O escoamento superficial das águas provoca na superfície do solo um ravinamento, cuja
intensidade vai devender de uma série de fatõres. Naturalmente o desflorestnmento é um dos fatõres
mais importantes, tendo em ·vista o rompimento do equilíbrio ecológico. No sul de Minas êste ravina-
menta toma·se profundo, dando aparecimento a grandes "voçorocas" , como a que focalizamos, no
município de Santo Antônio do Amparo.
Fig. n. 0 SE - Na foto acima observa-se o resultado da erosão acelerada numa encosta de um morro
no Município de Haverá, no estado do Rio de Janeiro. O trabalho direto do homem foi o da destruição da
floresta, deixando a superfície da encosta exposta à erosão das á&uas das chuvas que produziram ravinas
e mesmo voçorocas. Do ponto de vista morfológico, podemos distinpir a forma convexa ~~:era! dos morros
e os entalbamentos das ravinas, dando início a formas côncavas embutidas dentro da vertente convexa.
(Foto Tibor Jablonslcy do IBG)

quilíbrio litogliptogênico . ~ o aceleramento da erosão nas camadas superficiais do solo mo-


tivado por desflorestamento, cortes de barrancos em estradas, etc. ( Figs. ns. 4E e SE) .
EROSÃO ANTRóPICA o mesmo que erosão antropogenética ou acelerada (vide).
EROSÃO ANTROPOGEN~TICA - o desenvolvimento de processos que transformam a
paisagem natural, após a reali:~;ação de um trabalho feito pelo homem. Erosão antropogené-
tica é também sinônimo de erosão acelerada (vide) - Fig. n. 0 SE.
EROSÃO ATMOSF~RICA - denominação usada no sentido amplo de erosão provocada
por agentes geológicos exógenos, como: vento ( eólia), água das chuvas (pluvial), águas
correntes (fluvial), desagregação mecânica e decomposição química ( meteorização), etc....
EROSÃO DE RAVINAMENTO - escavamento produzido pelo lençol de escoamento ~uper­
ficial ao sofrer certas concentrações rill-erosion (vide). - No caso de escavamento mais
profundo, o rill-erosion passa a gully-erosion (vide).
EROSÃO DIFERENCIAL - diz-se do trabalho desigual dos agentes erosivos ao desgas-
tarem a superfície do relêvo. Há rochas que resistem mais a um determinado tipo de erosão,
e outras menos- Da mesma maneira há certos acidentes produzidos pela tectônica, como o
fraturamento, que favorecem o trabalho de certos agentes de erosão.

155
tsse jôgo de
resistência desigual
oposto pelas rochas
aos agentes erosivos,
constitui a erosão di-
ferencial. ( Figs. ns.
6E e 7E).
EROSÃO DO SO-
LO destruição
nas partes altas e
acúmulo nas partes
deprimidas da ca-
m a d a superficial
edafis<.Ja. (V i d e
erosão acelerada ou
biológica) .
EROSÃ O ELE-
MENTAR - con-
Fig. n. • 6E - A erosão diferencial, condicionad a pela meteorizaçã o diferencial, junto de fatôres que
ocasiona o aparecimen to de certas asperezas, dando por vêzes um eriçamento
da superfície, por causa da dissolução e lixiviação de certos silicatos. Na concorrem I e n t a-
foto acíma, tirada no litoral de La&UDa, vemos pequenos filões, mais mente nas transfor-
tentes à meteorizaçã o, que aparecem um pouco saliente na superfícieresis- do mações da paisa-
&ranito mais lavado. gem. Podemos gru-
(Foto do autor)
pá-los nos seguin-
tes: variação de
temperatu ra - as amplitudes térmicas têm
grande importância na fragmentação das ro-
chas - desagre~ação mecânica, esfoliação das
rochas dando 'pães-de-a çúcar" (granitos e
gnaisses do Rio de Janeiro, Espírito Santo);
gêlo e degêlo; decomposição química - re-
duz a fragmentos menores os produtos desa-
gregados pelos agentes mecânicos . A erosão
elementar é também sinônimo de meteoriza-
ção ou intemperismo.

Fi&. n.• 7E
EROSÃO-EM-LENÇOL - o mesmo que len-
çol d'água de escoamento superficial ou run-
off (vide).
EROSÃO EóLIA ou EóLICA - trabalho realizado pelo vento - é- mais important
regiões desérticas, nas zonas semi-áridas (norte do Senegal), ou ainda nas zonas e nas
litorâneas
(grande parte do litoral brasileiro) . A paisagem morfológica das dunas resulta do
transporte
dos grãos de areia realizado pelo vento . A erosão eólia dá origem a formas típicas.
A desagregação de origem térmica é mais importante do que a· decomposição química
nas zonas áridas ou semi-áridas. A falta de hidratação das rochas diminui sensivelme
a decomposição química dos minerais, e isto favorece o trabalho de deflação do nte
vento.
A ação dos ventos pode ser dividida em três fases: 1) destruição; 2) - transporte
3) deposição. São concomitantes, porém realizadas em áreas diferentes. ;

EROSÃO ESPASMó DICA - denominação pouco usada por certos autores, referindo-s
à erosão que age de modo intermitente e com grande violência. Como exemplo podemose
citar ·a erosão produzida pelas torrentes, cujo regime é espasmódico, isto é, intermiten
te.
EROSÃO FLUVIAL - trabalho contínuo e espontâneo das águas correntes na
superfície
do globo terrestre . :f:: também chamada de erosão normal pelos geomorfólogos nas
re~iões
temperadas. Os geólo_gos chamam-na de erosão natural ou erosão geológica. Para os
gistas europeus, ela e restrita apenas ao trabalho de modelagem do re1êvo, feito pelos morfolo-
Os geólogos dão um sentido mais amplo, considerando todos os efetivos dinâmicos rios.
de gliptogênese em que o homem não tenha interferência, como erosão geológica.exógenos

156
A erosão fluvial é de grande importância para os morfologistas, pois, do estudo da
rêde hidrográfica podem, muitas vêzes, tirar conclusões de ordem morfológica. Um traçado
em "baioneta" ou uma série de capturas, por exemplo, é um indício de uma estrutura incli-
nada ( NE da bacia de Paris) . Uma rêde hidrográfica com ângulos pronunciados, e com as
mesmas direções, pode indicar uma adaptação a uma série de diáclases ( SW da Bahia).
Estudando um mapa topográfico em curvas de nível e comparando altitudes constantes
podem-se levantar problemas, no que diz respeito a diferentes ciclos erosivos, retomada
ae erosão, etc. Ao trabalho de destruição, tanto de ordem mecânica, como química, (corro-
são), segue-se o transporte de materiais sólidos, em suspensão ou em dissolução, e, final-
mentê, a deposição. O material detrítico transportado pelos rios é chamado alúvio. O rio
transportará grande quantidade de aluviões, segundo o seu estágio evolutivo, isto é, no
comêço do escavamento de seu perfil de equilíbrio, transporta maior quantidade do que
na fase de velhice ou senilidade.
A dissecação feita pela erosão fluvial está em função do nível de base, do comprimento
do perfil longitudinal, da natureza das rochas, do clima, etc. Uma variação no nível de
base ou uma mudança climática pode originar um tipo de paisagem completamente dife-
rente. Se passarmos de um clima úmido para um semi-árido notamos o aparecimento de
formas de sedimentação, encobrindo o antigo relêvo·
EROSÃO GEOLóGICA - é realizada normalmente pelos diversos agentes erosivos sem
que haja a intervenção do homem, acelerando o trabalho de destruição e construção feito
por êstes agentes. Quando se verifica a intervenção do homem acarretando desequilíbrios
que favorecem o trabalho da erosão, temos então a chamada erosão acelerada ou geológica
(vide).

EROSÃO GLACIARIA - trabalho feito pelas geleiras - de grande importância nas regiões
de clima frio e temperado. (Fig. n. 0 SE) · Nas regiões geladas (polares) a morfologia é
menos conhecida que nas intertropicais. Os trabalhos mais recentes, neste campo, são os
de Pierre George e os de A. Cailleux, que participou em 1949, de uma expedição à Groen-
lândia.
A erosão glaciária cava vales profundos em forma de U. Os terraços são constituídos
pelo material das morainas, isto é, blocos erráticos, estriados, argilas, seixos, etc. :Esses depó-
sitos têm ainda a característica de terem sido revolvidos in loco pela ação do gêlo e degêlo.
As formas de relêvo resultante são geralmente ásperas (ex.: Maciço Central Francês) .

Fig. n. 0 SE

A geologia histórica registra a existência de várias glaciações . As mais conhecidas


são as que ocorreram no Quaternário. Os estudos das glaciações "foram feitos com minúcia
nos países europeus, chegando-se a denominar a última era da coluna geológica - era das
glaciações. No Quaternário houve quatro grandes glaciações.

157
EROSÃO LINEAR - denominação usada, por alguns autores, para a erosão fluvial (vide) •
diferindo da erosão-em-lençol, ou lençol de escoamento superficial (vide) •
EROSÃO MARINHA - trabalho de destruição e construção feito pelas vagas forçadas ou
de translação, ao longo dos litorais. Antigamente se pensava que a ação erosiva das correntes
marinhas fôsse a mais importante. Nas baías e enseadas há uma tendência geral para
a colmatagem. Observam-se, porém, exceções, como nas enseadas Bernardo e Madalena na
península do Cabo Verde (África Ocidental) onde se verifica o contrário. Aí o que entra
em jôgo é a erosão diferencial e não o aspecto topográfico, pois as duas enseadas são
const_ituídas de margas e calcários de mais fácil erosão, enquanto o cabo Manuel - ponto
mais extremo do oeste africano que aí aparece, formado de basalto, rocha mais resistente,
permanece proeminente. ·
O estudo da erosão marinha e dos movimentos de varíação do nível do mar são de
grande importância para a morfologia litorânea e continental. O Brasil, que possui um?
grande faixa costeira, precisa desenvolver as pesquisas, tanto das partes litorâneas, como
da topografia da plataforma continental.
O Prof. André Cailleux, chamando a atenção dos especialistas, frisou que o poder
erosivo do mar é máximo nas áreas litorâneas, e por ocasião das marés enchentes, ao passo
que no momento da maré vazante, e nas zonas de baías, é menos forte.
O trabalho do mar dá como resultado a destruição de certos trechos da costa, e a
construção, em outros. Contràriamente ao que se acreditou durante muito tempo, as areias
não . são prove~ientes da . fragm:nta?ão dos seixos, . mas sim devido à desagregação dos
gramtos, quartzitos e aremtos. D1z amda o Prof. Crulleux que o mar, ou melhor, a e1'0são
marinha não é um produtor de seixos e de areias, mas sim um consumidor dêsses materiais.
Quanto aos depósitos marinhos que aparecem junto aos litorais, de modo geral, o
diâmetro do materiaf que os constitui diminui à medida que nos afastamos da faixa costeira
Todavia esta regra, mais ou menos geral, apresenta algumas exceções que são explicadas
pelas transgressões e regressões marinhas.
EROSÃO NATURAL- o mesmo que erosão geol6gica (vide). Alguns autores a empregam
impropriamente como sinônímo de erosão normal ( vide) em oposição a erosão acelerada
(vide).

EROSÃO NETUNIANA - denominação imprópria que usam certos autores para explicar
o trabalho erosivo das águas subterrâneas. (Vide netunianismo) .
EROSÃO NIVAL - trabalho realizado pela congelação e degêlo das camadas de neve,
provocando assim a remoção de materiais desagregados e decompostos. ];: a erosão nival
que provoca o aparecimento de nichos de nivação (vide) .
EROSÃO NORMAL - segundo os geomorfólogos da zona temperada, trata-se da erosão
feita oelos rios, isto é, erosão fluvial. Todavia se considerarmos a linguagem utilizada pelos
pedó!Õgos, erosão normal é sinônimo de erosão geol6gica ou ainda erosão natural, exercida
pelos agentes exodinâmicos, em oposição a erosão acelerada ou biol6gica, onde o homem
intervém como agente acelerador da erosão.
A erosão normal, no dizer dos geomorfólogos, é a erosão exercida pelas águas de es-
coamento superficial. O escoamento é organizado, isto é, contínuo e progressivo.
O trabalho feito pela erosão normal necessita de uma hierarquia na rêde hidrográfica,
isto é, a concentração progressiva dos riachos, regatos e ribeirões até formar os grandes
rios.
A erosão normal não se processa quando não há um escoamento contínuo, progressivo
e hierarquizado das águas e dos materiais soltos em direção ao mar. Nas regiões áridtzs,
nas regiões calcárias, nas regiões glaciais não se desenvolve o sistema de erosão chamado
erosão normal. O têrmo erosão normal adquire, como frisou André Cholley, um sentido
climático e um sentido morfol6gico.
EROSÃO PLUVIAL ou PLUVIEROSÃO - trabalho executado pelas águas das chuvas na
superfície do relêvo. Compreende três fases: 1) pluvierosão; 2) deplúvio; 3) aplúvio. .A
ação das chuvas será tanto mais importante, quanto maior fôr a quantidade caída no
espaço mínimo de tempo. Os grandes desbarrancados são geralmente resultantes da forte
ação erosiva das águas das chuvas. ( Fig. n. 0 9E) .

158
Fig. n. o 9E - Aspecto da erosão pluvial, trabalhando as diáclases e as juntas de estratificação do arenito
carbonífero de Vila Velha, no estado do Paraná. Esta topografia rude é bem característica do intenso
trabalho das á&uas das chuvas ao lon&o das linhas de menor fraqueza, nas diferentes rochas.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

O lençol de escoamento superfícial terá seu trabalho mais pronunciado, quanto maior
fôr o número de detritos existentes na superfície da crosta.
Na teoria, separa-se a ação mecânica destruidora das gotas da água da chuva do
trabalho de desagregação e de decomposição lenta feita pela erosão elementar. Na prática,
verifica-se que a pluvierosão é favorecida pela erosão elementar. O número de detritos
varia em função da natureza da rocha, das amplitudes térmicas, etc. São motivados pela
ação preliminar da desagregação mecânica e decomposição química. À fase destruidora
segue a de transporte - o deplúvio - e finalmente a deposição - o aplúvio. Além da
destruição mecânica produzida pelas gotas da água da chuva, há a considerar a efetuada
pelo lençol superficial e, ainda, pelo de infiltração que ocasiona, nas regiões tropicais,
a formaçãv de certos níveis iluviais de laterito (ex.: na floresta da Costa do Marfim, no
Amapá, etc.) . Nas regiões de savanas, como na Guiné francesa, ou nos cerrados do Brasil,
a água de infiltração forma um nível superficial duro, verdadeira crosta de ferro (canga,
no Brasil; bowal, na Africa) .
EROSÃO-POR-SALPICO ( spla.sh erosion) - denominação dada por Ellison ao trabalho,
ou melhor, ao bombardeio feito pelas gotas de água das chuvas.
EROSÃO REGRESSIVA - é a que se verifica no leito de um rio, sendo o trabalho de
desgaste do fundo feito a partir de jusante para montante, isto é, da foz para as cabeceiras.
l!:sse tipo de trabalho erosivo facilita, em certas áreas, o aparecimento de rios decapitados
(vide) . Nos degraus das cachoeiras pode-se observar, com mais facilidade, o trabalho
remontante da erosão.

159
EROSÃO REMONT ANTE - o mesmo que erosão regressiva (vide) •
EROSÃO SELETIVA - o mesmo que erosão diferencial (vide) •
EROSÃO SOLAR - denominação dada por alguns autores ao trabalho de desagregação
mecânica realizado pelos raios solares - insolação.
EROSÃO SUPERFICIAL - desgaste da superfície da crosta terrestre. Na maioria dos casos
é sinônimo de erosão dos solos. Vide erosão acelerada ou biol6gica.
EROSÃO T.€RMICA - denominação, até certo ponto imprópria, utilizada por alguns au-
tores para os efeitos da insolação sôbre as rochas. O mesmo que erosão solar (vide) •
Deve-se preferir o têrmo meteorização ( vide) ou mesmo erosão elementar (vide) •
EROSÃO VERTICAL - denominação usada para a atividade de escavamento das águas
correntes e dos glaciais, no sentido de aprofundamento do leito do vale •
.EROSÃO ZOóGENA - processo erosivo de desgaste c depósito provocado por animais.
ERRÁTICO - o mesmo que bloco errático (vide).
ERUPÇÃO - emissão de materiais em estado de fusão que, ao romperem a crosta terrestre,
se consolidam na superfície, ou mesmo a pouca distância dela. As erupções vulcânicas são
constituídas de lavas, bombas, cinzas, lapili, etc. As erupções podem ser lentas ou rápidas
e violentas.
Quanto à posição do local onde se verifica a erupção, êste pode ser terrestre ou
continental e submarino. O que leva a considerar-se a existência de vulcões terrestres e
vulcões submarinos.
ERUPTIVA (rocha) magmática ou ígnea - produzida pelo resfriamento do material ígneo
existente no interior do globo terrestre ao caminhar em direção à superfície. As rochas
eruptivas conforme a posição em que se deu o resfriamento podem ser classificadas, de
modo geral, em dois grupos: a) rochas plutônicas ou plutonitos; b) rochas efusivas ou
vulcanitos.
As primeiras (plutônicas) são as que se cristalizaram a grande profundidade. As efu-
sivas formam a categoria de rochas, cujo resfriamento foi feito mui superficialmente.
A textura da rocha eruptiva está em função da profundidade, da pressão, de tempera-
tura, o que ocasiona um aspecto diferente no arranjo dos minerais entre si, por causa das
condições diferençadas exigidas pelos minerais, por ocasião do seu resfriamento. As crista-
lizadas a grandes profundidades têm textura constituída por cristais grandes, granular e
as resfriadas à superfície têm textura mais fina.
Nas rochas eruptivas os elementos essenciais são:
1 - quartzo anidrido silícico
ortoclásio

2 - feldspatos

3 - micas
Iplagioclásio

potássica - moscovita
{ ferromagnesiana - biotita
albita
{ anortita, etc.

4 - anfibólios
piroxênios
peridotos
1-illO>tM feuomag""""n'"
Do agrupamento dêsses minerais resultam as seguintes rochas : granitos, sienitos (sem
quartzo), dioritos, gabros, traquito, fonolito, rio li to. Os granitos e sienitos se cristalizam
em profundidades variadas. 06 de textura porfirítica são rochas intrusivas consolidando-se,
no entanto, a pequenas profundidades ( microgranitos e microssienitos) . O traquito, fonólito
e riólito são efusivas, cristalizando-se à superfície on em diques.

160
Quanto à posição original das rochas eruptivas, podem ter tido origem a grande pro-
fundidade, como os batólitos e lacólitos, ou ainda a pequenas profundidades, como os
filões, camadas e os diques. Estas últimas são chamadas hipoabissais e as primeiras, isto é,
consolidada a grande profundidade, são as abissais ou plutônicas.
As efusivas desmonstram sempre a existência de derrame e têm extensões bem maiores
que as intrusivas. Do ponto de vista geomorfológico é muito importante saber-se o tipo
de afloramento da rocha eruptiva em questão. As intrusivas que não pertencem ao em-
basamento só podem aparecer à superfície da crosta quando as rochas que lhe estão
acima são removidas pela erosão .
Nos trabalhos de gabinete, os geólogos e geomorfólogos estão lançando mão da inter-
pretação das fotogratias aéreas para descobrir a natureza das rochas. 1!: preciso salientar
que êstes estudos só têm valor quando controlados no campo, isto é, com excursões ou
itinerários que dêem possibilidade de conhecer todos os pontos típicos e duvidosos.
As rochas eruptivas ou ígneas podem ser reconhecidas nas fotografias aéreas através
do seguinte esquema:
1) Formas maciças
2) Formas específicas
a) Colunas prismáticas
b) Diques
c) Necks
d) Sill ou lençol camada
e) Corrida de lava
3) Formas secundárias
a) Diáclases
b) Formas de desagregação e decomposição química
4) Formas específicas da rêde hidrográfica.
Um elemento de grande valor a ser considerado pelos interpretadores é a coloração
preta e branca, no caso das fotografias não serem coloridas. Também a vegetação, em
certos casos, poderá auxiliar a descobrir a extensão do afloramento .
ESBARRANCAMENTO - o mesmo que voçoroca (vide) .
ESCALA - relação existente entre as dimensões representadas na carta c as dimensões
reais do terreno. As escalas que vêm sempre indicadas nas cartas, podem ser de três tipos :
numérica, gráfica ou de linhas transversais (esta última raramente é usada).
J
A numérica pode ser representada de dois modos: 1:100 000 ou - - - - - o que
100 000
significa que 1 em na carta corresponde a 100 000 em no terreno, ou seja 1 km.
A escala gráfica é uma reta, dividida em partes iguais, onde cada divisão corresponde
a certo número de metros ou de quilômetros, dependendo da escala.

o 2 4 6 10 km

O mapa geológico do Brasil na escala 1/5 000 000, por exemplo, nos fornece uma série
de indicações de caráter geral. Quanto maior a escala maior sera o número de detalhes a
ser .representado pela carta. De modo que uma fôlha geológica na escala 1/80 000 tem
uma riqueza de informações que não pode figurar na escala de 1/5 000 000.
No mapa de escala grande pode-se localizar afloramentos ou jazidas de minério, o
que não pode ser feito nas cartas de escala pequena. Há casos em que a carta geológica
é um auxiliar indispensável, ou mesmo, um instrumento na pesquisa de jazidas. Não se
pode pensar em extrair os recursos minerais de um país sem primeiramente· se ter elaborado
uma boa cartografia geológica .
ESCALA ESTRATIGRÁFICA - constituída pelas eras, períodos e suas subdivisões, servindo
para classificar os terrenos no tempo geológico. A escala estratigráfica é formada com o
auxílio do princípio estratigráfico da superposição e os fósseis achados. l=:stes últimos cons-
tituem restos indispensáveis para o estabefecimento correto de uma cronologia dos diversos
terrenos.

162
ESCALA GEOGRAFICA - são cartas elaboradas com escalas de denominadores grandes.
Dêsse modo elas têm uma generalização relacionada com os objetivos e também com a
área a ser representada. As escalas geográficas são menores de 1:1 000 000, e se destinam
aos estudos gerais - fenômenos físicos e humanos. Uma carta geográfica (vide) cobre
uma grande extensão e não permite que se façam medidas precisas . O cartógrafo tem que
aplicar o princípio da generalização.
ESCALA TOPOGRÁFICA - as fôlhas são preparadas com um denominador pequeno,
ex. 1:50 000. Isto significa dizer que a área representada no papel corresponde a um trecho
da superfície terrestre que foi reduzido 50 000 vêzes.
Nas cartas topográficas todos os acidentes da natureza podem ser representados. A
distância gráfica de 1 milímetro corresponde a uma distância linear de 50 metros . A área
terrestre cartografada é geralmente pequena, ao passo que nas cartas geográficas (vide),
embora se utilize o mesmo tamanho de fôlha, a área terrestre representada é bem maior.
Como exemplo citaríamos um mapa de 1: 1 000 000, onde cada milímetro da carta
corresponde a uma distância de 1 000 metros no terreno. Os elementos da paisagem física
que serão representados têm que ocupar uma extensão considerável. Quanto maior o
número do denominador da fração, tanto menor será a escala da carta.
Os planisférios físicos dos Atlas são geralmente elaborados em escalas como:
1:190 000 000, ou mesmo 1:100 000 000. Neste último caso colocamos o mundo esférico
numa superfície plana correspondente a uma fôlha de papel do tamanho ofício de
22 x 33 centímetros .
Os mapas, elaborados em escala topográfica ( 1: 10 000 a 1:100 000), servem ·para
planejamento local, implantação de indústrias, locação de estradas, linhas de transmissão,
comunicações, etc. NtJ campo físico êles são utilizados pela geologia estrutural, pela geologia
econômica, pela geomorfologia, pela fitogeografia, pela pedologia, pelo agrogeógrafo, etc.
ESCANO - pequena plataforma que aparece nas bordas dos lagos à semelhança de uma
banqueta; vinao logo a seguir um forte declive ou talude constituído de aluviões.
ESCARPA - rampa ou aclive de terrenos que aparecem nas bordas dos planaltos, serras,
testemunhos ( butte temoin), etc.
- De modo genérico podemos distinguir os seguintes tipos de escarpas do relêvo
brasileiro:
a) Escarpas tect6nícas, isto é, abruptas produzidas por fôrças endógenas. No
caso das escarpas do ''Planalto Atlântico" são frentes dissecadas, cujos escar-
pamentos foram provocados por deslocamentos epirogênicos .
b) Escarpas de erosão - são aquelas cujos abruptos foram escavados pelos
agentes erosivos. Como exemplo podemos citar as frentes das cuestas da bacia
sedimentar do Paraná, a lbiapaba na fronteira do Ceará com o Piauí, ou
ainda as escarpas dos chapadões sedimentares do Centro-Oeste, ou mesmo,
os abruptos das chapadas residuais do Nordeste, como a do Araripe, etc.
ESCARPA ALCANTILADA - diz-se de um abrupto importante que dá certo traço ca-
racterístico a uma paisagem. Trata-se de uma expressão descritiva. Do ponto de vista ge-
nético, uma escarpa alcantilada, pode ter origem endógena, ou exógena. Isto significa dizer
que tanto pode ser produzida por fôrças tectônicas, como por fôrças erosivas.
ESCARPA DE CIRCUNDESNUDAÇÃO - denominação proposta pelo geomorfólogo Aziz
Ab'Saber ( 1949) para as "falésias" conc~tricas (vide) ou depressão periférica (vide) re-
ferindo-se, naturalmente, às escarpas dissimétricas, provocadas pela erosão. No dizer de
Ab'Saber a "Serra" Geral constitui, em quase tôda a sua extensão, um sistema de escarpas
de circundesnudação, dos mais típicos e gigantes de que se tem notícia.
ESCARPAMENTO DE FALHA - paredão de forma mais ou menos abrupta, em função
da idade da falha e do clima da região. Os escarpamentos de falhas quando antigos já
se acham mais trabalhados pela gliptogênese, que ocasiona um dissecamento no espelho
da antiga falha, produzindo assim um recuo e um rebaixamento no degrau da falha.
Um dos indicios, para os geomorfólogos reconhecerem a existência de uma falha res-
ponsável pela topografia, é o escarpamento com abruptos, como os encontrados ha serra
do Mar. Nesse tipo de pesquisa, o grande perigo é a afirmação da existência de certa
morfologia, baseando-se apenas na identidade da forma, sem procurar verificar a estrutura
geológica da região.

163
Algumas frentes de cuestll8, quando observadas de longe, podem ser tomadas por es-
carpamentos de falhas, porém, o exame da estrutura geológica imediatamente revelará
tratar-se de uma região de estrutura inclinada, com rios conseqüentes, subseqüentes, obse-
qüentes, etc.
Existe certa controvérsia entre os geólogos e geomorfólogos na denominação dêsses
grandes abruptos produzidos por esforços tectônicos. Assim procuram êles diferençar es-
carpas de falha de escarpas de linha de falhas, dizendo que no primeiro caso o abrupto
está no seu ciclo inicial, ou melhor, a erosão ainda não trabalhou o espelho da falha,
enquanto no segundo caso a antiga frente se acha, por vêzes, consideràvelmente recuada
e mesmo rebaixada. O Prof. Francis Ruellan denominou a êste último tipo de escarpamento
de origem tectônica de frente de falha dissecada.

ESCARPAMENTO DE LINHA DE FALHA - vide escarpamento de falha.

ESCOLHO - o mesmo que abrôlho (vide) .


ESCóRIA - lava de aspecto esponjoso, ou melhor, vacuolar, expelida pelos vulcões . A
escória, nada mais é do que u' a massa grosseira, cujo material adquire tamanho muito
variado, em virtude do resfriamento sofrido de modo desigual pelas lavas.

ESCORREGAMENTO DE TERRENO - descidas de solo ou das massas de rochas de-


compostas, geralmente por efeito da gravidade. Nas estruturas inclinadas, os escorrega-
mentos de terrenos são mais facilitados. Não se deve, porém, confundir o escoregamento
com os desmoronamentos de blocos ou mesmo com o afundamento de terrenos, na zona de
carste.
ESCUDO - primeiros núcleos de rochas emersas que afloraram desde o início da for-
mação da crosta. Zonas atualmente estáveis quanto à tectônica. A distribuição geográfica
dos principais escudos é a seguinte: 1 - Fino-Escandinavo, 2 - Siberiano, 3 - Canadense,
4 - Sul-Africano, 5 - Guiano, 6 - Brasileiro, 7 - Patagônico (vide Arqueano) . O têrmo
escudo foi aplicado originàriamente por E . Suess aos escudos canadense e báltico .
ESCUDO ANGARANO - vide Angara (continente) .
ESFOLIAÇÃO T:t!:RMICA - desagregação ou desintegração das rocha~ produzida
pela variação diária da temperatura até que haja uma fadiga do material. Não se deve
confundir as fendas produzidas pela desagregação de origem térmica com as diáclases.
Estas últimas são geralmente verticais, inclinadas ou mesmo deitadas, e nunca circulares
como as lascas esfoliadas das vertentes .
Na natureza podemos, algumas vêzes, encontrar verdadeiras fendas produzidas de início,
pelas diácla,ses e erosão . elementar. Principalmente o fator temperatura pode, por vêzes,
acarretar o quebramento :de boulders separando-os em duas partes como se observa no
litoral de Laguna. As diáclases não devem ser confundidas com os efeitos da esfoliação
térmica ou descamação nos boulders, nas vertentes, etc .
ESMERALDA - silicato de alumínio e berilo (vide) de côr verde intensa, muito utilizada
em joalheria. Esta coloração é devida ao óxido de cromo.
ESMERIL - denominação usada pelos garimpeiros para o pó fino de magnetita que apa-
rece nas formações, como satélites indicadores da existência de diamantes. Em certas lavras
diamantíferas é também denominado de tinteiro . O legítimo esmeril ecoríndon .
Usa-se também a denominação de esmeril para as pedrll8 de amolar (formadas de
carborundo e alumina) .
ESPECULARITA - tipo de hematita especular (minério de ferro) (vide) .
ESPELElSTA - amador em assuntos da espeleologia. Vide espeleólogo .
ESPELEOLOGIA - ciência que estuda a topografia e as formas subterrâneas exis.tentes nas
rochas calcárias. A espeleologia é, por conseguinte, a ciência das grutas ou cavernas.
E. A. Matei, é considerado como um dos fundadores dessa ciência, a qual exige além
de uma boa cultura geológica e geomorfológica, grande dose de coragem e resistência física

164
Fig. n.• lOE - Entrada da gruta de Maquiné, no munJclplO de Cordisburgo, a poucos quilômetros ao
norte da cidade de Belo Horizonte. A espeleologia entre nós ainda não constitui uma especialidade que
tenha entusiasmado &rande número de técnicos. Esta obra feita pela natureza - a carstificação - precisa
ser melhor explorada, do ponto de vista turístico.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

para suportar o desgaste a que se submetem os exploradores das anfractuosidades sub-


terrâneas.
Os geomorfólogos se valem dos conhecimentos adquiridos pela espeleologia para
explicar as formações dos salões subterrâneos e fendas de dissolução que ligam a superfície
da Terra aos vazios subterrâneos.
Espeleologia é, por conseguinte, a ciência que estuda a natureza, a origem e a formação
das cavernas, bem como sua fauna e flora. (Figs. ns. lOE e llE).
ESPELEóLOGO - técnico que estuda cientificamente as grutas. Enquanto o espeleísta
é o leigo ou excursionista que desce em buracos ou grutas, como amador.
ESPELHO DE FALHA OU SUPERFíCIE DE FRICÇÃO - face polida que aparece no
abrupto, resultante de uma falha. O polimento dessa face é devido à fricção que sofrem
os blocos ao se deslocarem .
No campo dificilmente se vêem êstes espelhos de falhas por causa do trabalho reali-
zado pela erosão elementar ou meteorização mascarando a rocha, ou então trabalhando o
abrupto e dissecando-o.
ESPELHO TECTôNICO - o mesmo que espelho de falha (vide) .
ESPESSURA - o mesmo que pussança (vide) da camada, do dique, etc .
ESPIGÃO - denominação dada geralmente aos altos ou dorsos das serras, constituindo
penhascos de arestas vivas ao longo das mesmas. t: necessário destacar que, algumas vêzes,

165
os esp1goes não são forma-
dos de arestas vivas e sim
de uma superfície plana
como os observados no
Planalto Central, nos cha-
padões de Goiás, Mato
Grosso, etc.
O chamado Espigão
Mestre do relêvo brasileiro,
que outrora se acreditava
tratar-se de uma elevada
serra existente entre os es· -
tados da Bahia e de Goiás
é, na realidade, um pla-
nalto que apresenta um es-
carpamento voltado para o
estado de Goiás e um de-
dive suave, para a Bahia.
Hoje, já se substituiu a de-
nominação Espigão Mestre,
por serra Geral de Goiás.

ESPELUNCOLOGU. - o
mesmo que espeleologia
( vide), do grego spelaion
(caverna), isto é, estudo
das grutas ou cavernas, que
occrrem comumente nos
terrenos calcários. Em 1895
foi ftmdada em Pa!is uma
sociedade de espeleologia,
que possuía uma publica-
ção intitulada Spelunca.

ESPEOLOGIA - o mes-
mo que espeleologia (vi-
de).

ESPODUM:l;:NIO mi-
Fig. n. 0 llE - Pedro Guilhenne de Lund, naturalista dinamarquCs, neral constituído por wn
dedicou os últimos anos de sua vida às explorações das lapas ou silicato duplo de alumí-
cavernas de Minas Gerais. A primeira vez que veio ao Brasil foi
em 1827 e a partir de 1834 fixou residência em Lagoa Santa - nio e lítio. As variedades
região calcária do vale do São Francisco, tendo morrido nesta região
em 1881. O busto de Lund está junto ao seu túmulo, na cidade de de espodumênio usadas pe-
Lagoa Santa. los joalheiros são: kunzita
(Foto Esso Brasileira de Petróleo) e hideníta (vide).

ESPORÃO têrmo usado em topografia para a parte terminal de uma linha de crista,
ou mesmo, para o ressalto numa encosta, que não forma um declive continuo, conforme
esclarece a figura, isto é, um mamelão de importância secundária, interrompendo a con-
tinuidade da declividade. ( Fig. n. 0 12E)
· Recentemente está se fazendo uso do têrmo esporão nas descrições da paisagem, em
geomorfologia.

"ESPORõES" - denominação usada por Alberto Ribeiro Lamego para os pontais secun·
dários no interior das lagunas. Essa denominação, segundo aquêle autor, advém da analogia
com os pontudos esporões do galo .

166
ESQUISTO - o mesmo que xisto (vide) .
ESSENCIAL (mineral) - vide mineral.
ESTALACTITE - forma pendente do teto de
uma gruta e resultante da precipitação do bi-
carbonato de cálcio, trazido em dissolução na
água ( Fig. n. 0 13E}
ESTALAGMITE - proveniente de pingos
d'água que caem do teto de grutas, carrega-
dos de bicarbonato de cálcio. Às vêzes, en-
contram-se em certas grutas apenas estalag-
mites, como ocorre na gruta Aven-Armand
( Fig. n. 0 13E) no Maciço Central Francês.
No Brasil, nos estados de Minas Gerais e Bahia,
há várias grutas onde aparecem também êsses
elementos - estalactites e estalagmites. Estas
últimas são o inverso das ~stalactites, que pen-
dem do teto.

ESTEATITA - variedade compacta de talca,


encontrada geralmente nos xistos cristalinos,
também denominada pedra-sabão. É emprega-
da, com freqüência, no fabriro de talco, e tam-
bém como matéria isolante, nos aparelhos elé-
tricos. ( Figs. ns. 4P, 5P e 6P) .
ESTEREOGRÁFICA (geografia) - denominação antiga, usada por certos autores, para a
parte da geografia física que se ocupa do elemento sólido - crosta da Terra. Atualmente
usamos mais corretamente fisiografia ou geomorfologia, sendo mesmo entre nós mais co-
mumente usada esta última designação.
Fig. n. 0 13E - Estalactites da gruta de Maquiné, no mumc•p•o de Cordisburgo, no estado de Minas
Gerais. Estas formas produzidas pela Natureza, poderiam ser aproveitadas, do ponto de vista turístico,
como se faz nonnalmente em outras partes do mundo.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

" I
ESTU...O TECTôNICO - produzido pelos movimentos do mesmo nome, dando um aspecto
particular à paisagem. Varia em função da intensidade do movimento e da natureza e
espessura dos sedimentos. Pode-se distinguir o estilo jurássico, de dobras largas e amplas
(cadeia do Jura), do estilo alpino com dobras e falhas enérgicas, vales apertados e grandes
desnivelamentos (Himalaia, Andes, Alpes, etc.) .

ESTIRÃNCIO ou ESTRÃO - faixa do litoral situada entre a mais alta e a mais baixa maré,
sendo, por conseguinte, a zona lavada do litoral. ( Fig. 14E)
ESTIRÃO - denominação usada pelos geógrafos ao se referirem a extensos trechos de rios
em linha reta ou quase reta.
ESTOQUE ( stock) intrusão semelhante a um bat6líto (vide), com menos de 100 km2,
segundo Daly.
ESTRÃO - o mesmo que estirâncio (vide), sinônimo de zona lavada.
ESTRATIFICAÇÃO - disposição paralela ou subparalela que tomam as camadas ao se
acumularem formando uma rocha.
A estratificação pode ser concordante ou discordante. No primeiro caso, quando as
camadas se superpõem uma~ às outras; no segundo, quando se verifica uma discordância
angular ou de erosão nas camadas . Suponhamos, por exemplo, um certo depósito de uns $
a 6 metros de espessura: se a erosão cortar uma de suas bordas e seguir-se a essa fase de
erosão uma de acumulação, pode-se encontrar uma discordância nos estratos geológicos.
Pode ser também transgressiva ou 1-egressiva (vide sedimenta_ção) .
A estratificação pode ser, por conseguinte, definida como a maneira particular de se
depositarem as rochas sedimentares. ( Fig. n. 0 15E) .
ESTRATIFICAÇÃO (planos de) - superfícies que separam as diversas camadas num de-
pósito de sedimentos . Quando a sedimentação é uniforme não há formação de planos de
estratificação, pois o depósito forma um todo. O mais comum é o aparecimento da alter-
nância de camadas, as quais são diferenciadas pela sua natureza química: silicosa (arenosa),
argilosa, etc.

168
Fig. n. • ISE - Barranco, na estrada que liga Ponta Grossa a Guarapuava, Terceiro Planalto (no estado
do Paraná), vendo·se a alternância de arenitos e folhelhos, rochas da série Passa Dois. No presente
perfil tem·se a impressão que as camadas se encontram pràticamente na posição horizontal, todavia.
dentro da re&ião elas mer&ulham para a calha do rio Paraná, Constitui no conjunto uma estrutura
inclinada de cuestas.
(Foto Tomas Somlo)

Mesmo entre os depósitos de uma só natureza qmmiCa como os silicosos - areias


ora estas são mais grosséiras, ora mais finas, podendo, por vêzes, dar aparecimento a planos
de estratificação .
ESTRATIFICAÇÃO CONCORDANTE - aquela em que as camadas se dispõem paralela-
mente ao plano basal original de sedimentação.
ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA OU ENTRECRUZADA produzida por uma variação
complexa na estratificação do tipo diagonal.
ESTRATIFICAÇÃO DIAGONA:L - o mesmo que estratificação discordante (vide).
ESTRATIFICAÇÃO DISCORDANTE - aquela cujas camadas aparecem inclinadas em re-
lação ao seu plano basal de sedimentação. ll:ste tipo de estratificação é também chamado
diagonal. Verifica-se nos depósitcs eólios - dunas, nos depósitos fluviais como os del-
taicos, etc.
ESTRATIFICAÇÃO NORMAL o mesmo que estratificação concordante (vide) .

169
ESTRATIFICADA (rocha) ·- vide sedimentar (rocha).
ESTRATIGRAFIA - ciência que estuda a sucessão das camadas ou estratos que aparecem
num corte geológico. Não se deve definir a estratigrafia como a sucessão vertical das rochas
sedimentares. O estudo estratigráfico não pode ser feito sem a colaboração da paleontologia.
As considerações de ordem paleoclimáticas interessam à natureza da facies nas determina-
ções da gênese do material. A estratigrafia tem duas bases: a dos fósseis, que dá idéia
da sucessão das camadas - idade; a da facies, ou seja, o aspecto da rocha.
Graças ao desenvolvimento da estratigrafia podem-se, algumas vêzes, datar certas
camadas por analogia com os sedimentos que aparecem em outros continentes. 06 terre-
nos pré-cretáceos do Triângulo Mineiro, por exemplo, são datados, em certos casos, pela
analogia com os do continente norte-americano. No oeste africano são raros os fósseis, o
mesmo se verificando no Brasil. As idades dos terrenos são datadas, em alguns casos, pelos
caracteres litológicos .
O estudo estratigráfico deve ser aliado ao paleontológico, pois nas regiões falhadas
ou dobradas é muito perigoso aventurar-se datar os dobramentos e as camadas, sem uma
boa base paleontológica.
A estratigrafia, por conseguinte, nada mais é do que a história física da Terra narrada
através do exame dos terrenos sedimentares e dos fósseis que êles podem conter, estabele-
cendo-se assim a cronologia. O Prof. Bourcart definiu a estratigrafia como sendo o estudo
das rochas sedimentares, as quais são, na sua maioria, de origem marinha. Raras são as
formações lacustres e além do mais ficam restritas às pequenas bacias, enquanto os mares
representam cêrca de 71% da área do globo.
O objeto da estratigrafia é, por conseguinte, determinar a idade relativa das camadas,
isto é, estudar a sucessão das camadas e as lacunas ou os hiatos existentes.
ESTRATO - o mesmo que camada ou capa. A noção de estrato não significa que estamos
apenas nos referindo às rochas sedimentares, mas também às metamórficas, onde os mi-
nerais estão dispostos em camadas. Os estratos podem ser: concordantes, discordantes, con-
vergentes, divergentes, superpostos, intrusivos, chave, ou referência, etc.
ESTREITO - diz-se da porção de mar entre duas costas, não muito distantes, ex.: estreito
de Gilbraltar; estreito de Magalhães, que separa a ilha da Terra do Fogo da parte me-
ridional da América do Sul, permitindo a comunicação das águas do Atlântico com as
do Pacífico; estreito de Behring, que permite a passagem das águas do oceano Pacífico para
o mar Ártico, outrora considerado oceano.
"Estreito" na língua portuguêsa também pode significar o trecho de um rio em que
a largura normal se reduz até a: décima parte, ou menos. Usa-se ainda o têrmo "estreito"
com o significado de desfiladeiro, garganta, etc.
ESTREITO DE UM RIO - diz-se das passagens relativamente mais apertadas de um
curso d'água. No Brasil, o estreitamento do rio Amazonas na zona de óbidos é o mais
conhecido. Aí o rio tem mais ou menos 2 km de largura e 83 m de profundidade.
Na Europa, podemos destacar o desfiladeiro de Kazan, onde o rio Danúbio tem
apenas 148 metros de largura; no rio Ebro, passagem através das montanhas costeiras,
perto de Mora, Catalunha.
Nos estreitamentos fluviais não se deve pensar que haja margens abruptas à semelhança
de desfiladeiros . O que há é uma simples aproximação das margens, diminuindo assim a
largura do rio .
ESTRIA - sulcos não muito profundos que aparecem nas rochas, seguindo, por vêzes, de-
terminada direção . Vide estriada (rocha).
ESTRIA DOS MINERAIS-- caneluras ou pequenos sulcos dispostos paralelamente na face
dos minerais, resultantes da sua cristalização.
ESTRIA GLACIAL - vide. estriada (rocha) .
ESTRIADA (rocha) - rochas nas quais aparecem pequenas caneluras ou sulcos, muitas
vêzes não paralelos, resultantes do atrito produzido pelas massas glaciais sôbre a super-
fície das mesmas. As estrias apresentam-se com sulcos de profundidades muito variadas
por causa da desigual resistência oposta pela parte superficial da rocha. Têm grande signi-
ficação para a geomorfologia e também para a geologia, pois graças a elas, muitas vêzes,
se podem explicar as direções gerais do glaciares e também de certas formas do. relêvo.

170
Atuahnente se emprega em geomorfologia o têrmo estria para designar o polimento
realizado .por seixos ao atravessarem um banco ou banda de rocha dura. Certos autores, ao
invés de utilizarem a expressão polimento causado pelos seixos, usam estriagem da rocha
causada pelos seixos. Esta confusão, de pequena importância no presente, poderá ter grandes
conseqüências no futuro.
ESTRUTURA - arranjo macroscópico dos cristais nas rochas, constituindo, t:m mineralogia
e em petrografia, unidades maiores que a textura . Os geólogos e os geomorfólogos fazem
certa confusão no uso dos têrmos estrutura, textura e natureza das rochas .
Entre os diferentes tipos de estrutura podemos citar os seguintes: vacuolar, cristalina,
colunâr, folheada ou xistosa, esferolítica, orbicular, etc. ·
Quanto à natureza, as rochas podem ser grupadas em três grandes ramos: eruptivas ou
cristalinas, sedimentares e metamórficas ou cristalofilianas.
Nas rochas cristalinas podemos distinguir os seguintes tipos de cristalização: 1 - holo-
cristalina, 2 - holoialina, 3 - hipocristalina, 4 - criptocristalina.
As rochas metamórficas apresentam uma estrutura em camadas, e vislvelm:entt: crista-
lizada, podendo ser dividida da seguinte maneira: elástica, maculosa, xistosa, granulosa e
gnáissica.
As rochas sedimentares apresentam uma estrutura que não é tão bem definida como
a das rochas (;!ruptivas. Trata-se, algumas vêzes, mais de uma caracterização de certos
estados da rocha, do que propriamente de estrutura. Ela pode ser: detrítica, porosa, homo-
gênea, heterogênea, cavernosa, friável, plástica, xistosa, etc.
A estrutura, do ponto de vista geológico e geomorfológico, é o estado estático das
rochas, tais como as observamos nos diversos cortes. 1!:, em ultima análise, a disposição
arquitetura! do subsolo, - ex.: estrutura tabular ou horizontal, dóbrada, inclinada ou mono-
clinal, falhada, discordante, etc. Em geomorfologia e geologia o têrmo oposto a estrutura
é tectônica. (Vide tectónica) .
Alguns autores estão procurando contornar a situação usando os têrmos estrutura geo-
lógica e estrutura microscópica, os quais correspondem respectivamente ao que definimos
como· estrutura e textura (vide) .
O estudo da estrutura geológica é indispensável para o geógrafo que deseja compreen-
der e explicar a distribuição geográfica das jazidas minerais.
Na coluna estratigráfica do Brasil deve-se considerar, em primeiro lugar, as riquezas
minerais das formações pré-devonianas, e em segundo, as bacias sedimentares.
O máximo de concentração de minérios é encontrado nos terrenos proterozóicos, isto
é, nas séries: Minas, ltacolomi e Lavras. Quanto à idade desta última, alguns autores
preferem colocá-la na base do Paleozóico, isto é, no Cambriano, enquanto outros a consi-
deram como sendo do Algonquiano superior. 1!: nas formações proterozóicas que se en-
contram as grandes jazidas de minério de ferro (Fi~. n. 0 llF), manganês (Fig. n. 0 1M),
níquel (Fig. n. 0 3N), chumbo, filões auríferos, ocorrencia de diamantes, rutilo, bauxita, etc.
O ·minério de ferro, por exemplo, ocorre na série Minas, de idade proterozóica, e nas
séries idênticas como: São Roque (estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul),
série Jacobina no estado da Bahia e série Ceará, no estado do mesmo nome, e série
Vila Nova, no território do Amapá.
Muitas formações calcárias do Algonquiano foram metamorfoseadas, transformando-se
em verdadeiros mármores, enquanto outras são aproveitadas como fundentes, na siderurgia.
Os terrenos mais antigos, atribuídos ao Arqueano, embora ocupem grande área do Pais,
nêles, apenas eventuahnente, surgem algumas ocorrências de jazidas minerais dignas de
menção.
Deve-se também frisar que os gnaisses arqueanos, com elevado grau de metamorfismo,
que ocorrem na Bahia, Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, possuem
minérios magnéticos.
No dizer de Sílvio Fróis Abreu a maior parte da produção mineral do Brasil provém
de rochas arqueanas e algonquianas, que produzem mais de 2/3 do valor total.
Nas bacias sedimentares brasileiras os dois recursos minerais mais importantes são:
carvão de pedra e petróleo. Além dêstes, deve-se assinalar também a ocorrência de xisto
betuminoso, linhito, sal-gema, magnesita, calcários e os fosfatos de sais de potássio.
No período Siluriano, a série Bambuí, na bacia do São Francisco, é caracterizada pela
abundância de calcário, especial para a fabricação de cimento Portland. Além das possantes
jazidas de calcário nos estados de Minas Gerais e Bahia, deve-se assinalar iguahnente as
jazidas de calcário siluriano da série Bodoquena em Mato Grosso, série São Roque e Açun-
gui de São Paulo e Paraná.

171
ESTRUTURA ANTICLINAL - diz-se das camadas geol6gicas que apresentam dobramen-
tos com mergulhos divergentes a partir da charneira. };; mais comum empregar-se a ex-
pre.ssão estrutura dobrada ao invés de estrutura anticlinal, uma vez que o anticlíneo é a
parte convexa do enrugamento do solo, enquanto o sínclíneo é a parte côncava. Assim numa
estrutura dobrada original sempre encontramos um anticlial, seguido de um sinclinal .
ESTRUTURA APALACHIANA - é a que compreende uma série de dobras com notável
paralelismo entre as cristas e os vales. As camadas são constituídas de rochas com dureza
alternada. Os rios antecedentes atravessam transversalmente a estrutura regional (fig.
n. 0 16E). Costuma-se definir o relêvo sudeste do Brasil como sendo do tipo apalachiano.
:Esle enquadramento está mais em função da direção dos rios e falhamentos do que pelas
charneiras dos anticlinais .

ESTRUTURA CONCORDANTE PERICLINAL - diz-se quando se observa a existência de


estratos ou camadas acumuladas, normalmente, dentro de uma bacia. Ocorrendo erosão na
parte periclinal é freqüente o aparecimento de es·carpamentos assimétricos - cuestas, como
é o caso da lbiapaba, ou ainda na bacia do Paraná.
ESTRUTURA DA TERRA - partindo do interior para o exterior, isto é da massa de maior
densidade para o exterior, tem-se: 1 - Barisfera (espera pesada), chamada por alguns de
metalosfera. Acredita-se que no centro da Terra haja as maiores minas de ferro e níquel.
Por êste motivo, segundo Eduardo Suess, esta camada seria o nife. 2 - Pirosfem - camada
de matéria pastosa, o ''magma", que para Suess seria o sima devido à existência de grande
quantidade de silício e magnésio. Estas duas camadas são chamadas endosféricas. 3 -

Fig. n. 0 16E - O rio Paraibuna corre no dizer do Prof. F. Ruellan, num relêvo de estilo apalachiano.
- ~ comum verem·se no leito do rio vários afloramentos, barras e blocos de rocha. - Outro traço
característico da paisagem é o aparecimento de grandes paredões abruptos como o da Pedra de
P&raibuna, que é considerado por alguns autores como sendo uma "escarpa de falha,.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)
Litosfera - camada externa - parte consolidada da Terra. Segundo Suess esta é o sial, devido
à predominância de sílica e silicatos de alumina. 4 - Hidrosfera - ocuparia os espaços exis-
tentes entre os blocos do sial ou mesmo as depressões da própria litosfera - parte líquida
da Terra. 5 - Críosfera - compreende as grandes capas de gêlo que formam os inlandsis
que cobrem grande parte da superfície terrestre. Como exemplo temos os inlandsis da An-
tártica e da Groenlândia. 6- Atmosfera- camada de ar que envolve a Terra (Fig. n. 0 17E).

C. I 10Jf/lt~

ftiVCLCO CENTifAL

N(j~LCO EJfTCIIID/1

Fiz. n .0 17E

Alguns autores procuram incluir no contacto à as três camadas: litosfe. a, hidrosfera e


atmosfera, a camada chamada biosfera ou psicosfera .
ESTitUTURA EPIROG~NICA - foi G . K. Gilbert quem primeiro fêz a distinção entre
êste tipo de estrutura e a orogenética. Esta última implica em movimentação tectônica,
enquanto a primeira diz respeito apenas à variação de mvel.
ESTRUTURA INCLINADA - o mesmo que relêvo assimétrico (Fig. n. 0 18E) .
Reverso
Frente da cuesto

/
++
+
+
+ +
Fi&. n.• 18E

ESTRUTURA MICROSCóPICA - denominação usada por certos autores para o arranjo


dos diversos minerais que compõem os diferentes tipos de rochas. Corresponde ao que
definimos como textura (vide ) . A expressão estrutura microscópica não é muito feliz, pois
grande número de texturas são perfeitamente discerníveis a ôlho nu..
ESTRUTURA OROG~NICA - diz respeito às formas de relêvo atingidas pelo tectonismo,
que dá origem a montanhas. (Vide estrutura epirog~nica) .
ESTUÁRIO - forma de desaguadouro de um rio no oceano, oposto ao delta, que aparece
geralmente constituído por vários braços, cujo exemplo clássico é o do rio Nilo, Mississipi,
Ganges, etc. O estuário forma uma bôca única e é, geralmente, batido por correntes

173
marinhas e correntes de marés que impedem a acumulação de detritos, como ocorre nos
deltas.
Os estuários têm a forma aproximada de um triângulo cuja pequena base se encon-
tra na dir,eçãp. do oceano e o vértice na direção do continente.
Em certos casos, porém, o estuário do rio se confunde com um gôlfo, tal a forma de
alargamento que possui. Os mais típicos exemplos de rios, cuja foz é dessa forma, são:
Gironda (França), São Lourenço, (Canadá), Gurupi, Jaguaribe (Brasil), etc.
Os estuários representam porções finais de um rio, estando sujeitos aos efeitos sen-
síveis das marés. Por conseguinte, o estuário de um rio é a parte vizinha da costa invadida
pelas marés, correntes e vagas.
EUSTASIA - o mesmo que eustatismo (vide) .
EUSTATISMO - têrmo criado por Suess para designar as variações lentas do nível dos
mares. Os movimentos eustáticos podem ser: positivos - quando as águas invadem as
terras, também chamados de transgressões marinhas; negativos - quando as águas se
afastam da linha litorânea, também denominados regressões marinhas.
O acúmulo de águas sôbre os continentes na forma de gêlo acarretou regressões
marinhas importantes, no decorrer do Quaternário, o que podemos chamar de eustatismo
glacial. Há ainda um outro tipo de movimento de abaixamento ou soerguimento lento do
fundo da bacia oceb.Íca ocasionado pelo diastrofismo isto é, eustatismo de deformação lenta
dos fundos ocetlnicos.
Os fenômenos de transgressões e regressões marinhas são explicados, principalmente,
pela fusão ou pela estocagem do g~lo sôbre os continentes .
O acúmulo de gêlo sôbre determinada área continental, como no caso da Escandi-
návia, provocou movimento isostático de abaixamento; hoje com a fusão do inlandsis há
o levantamento contínuo no decorrer dos séculos. Também no rio Colúmbia (E.U. e Canadá)
e na África do Sul, grande carga de massa basáltica determinou subsidência do substratum.
Estes fatos levaram Djalma Guimarães a dizer que: "a hipótese de "movimentos eustáticos"
não explica vários dos fenômenos de movimento da crosta da Terra e oferece somente uma
visão falsa das causas reais" (Geologia econômica e estratigráfica do Brasil, pág. 115).
A isostasia é contrária ao glacioeustatismo, tendo em vista o fenômeno dinâmico do equilíbrio
constante dos continentes e marés .

EVOLUÇÃO DO RELÊVO EM ESTRUTURAS DOBRADAS

(b)
(a)

.......
. . ·,,,, ~.~

.···
-~~ ... . .
~~ (c) (d)
Fie. n.• 19E - a) - anticlinais e sinclinais. Diáclases nas cbaneiras dos anticlinais. b) - Arrasa·
mento e afloramento de rochas resistentes nas encostas. c) - Esbi\ço da inversão do relêvo. d) -
Inversão do relêvo - sinclinal suspenso do ponto de vista geomorfol6cico.

174
Evolução das vales segundo a natureza e
posição dos rochas

(a)

7(b)

-
formoçao da plataforma

(c) vale sinclinal

(dl -vale anticlinal ___.....

- rochas resistentes

rochas tenras
Fig. n.• 20E - a) - Estrutura horizontal - rocha resistente na parte superior. 1 - comija, 2 __:
alargamento do vale, 3 - destruição do planalto e 4 - morros testemunhos, b) - Estrutura horizontal
rocha resistente na r-arte intennediária. 1 - afundamento do talvegue e 2 - patamares estruturais.
c e d) - Estruturas dobradas.

175
EVAPORITO - rocha sedimentar formada de resíduos de evaporação das águas carregadas
de substâncias químicas dissolvidas, ex.: anidrita, sal-gema, etc.
EVOLUÇÃO DAS VERTENTES - recuo ou modificações obsen:adas no perfil das en-
costas. O trabalho do modelado de uma vertente é complexo e resulta da ação ·de vários
elementos, sendo a desagregação das rochas e a decomposição química, os dois que pri-
meiramente modelam as vertentes . Duas teorias principais procuram expl~car a evolução
das vertentes: a de W. Penck e a de Henri Baulig.
EVOLUÇÃO DO REUVO DOBRADO - nos blocos da fig. n. 0 19E, vê-se os diferentes
estágios atravessados por uma área de estrutura dobrada.
EVOLUÇÃO DOS VALES - a forma dos vales depende de uma série de fatôres geológicos
e geomorfológicos. Entre os principais destacaremos: a disposição das rochas; a natureza
das rochas; a tectônica em certos casos. Também a topografia, os climas e a vegetação
devem ser considerados.
No caso da configuração dos vales não podemos deixar de destacar o estágio cíclico.
EXARAÇÃO - têrmo pouco usado para o trabalho feito pelas geleiras ao escavarem e
transportarem materiais. Vide erosão glaciária.
EXODINÃMICO (agente) - o mesmo que agente de erosão (vide) . :11: o oposto às fôrças
endógenas, ou agentes internos.
EXóGENA (rocha) - formada da destruição de rochas externas, sendo por isto tainbém
chamada sedimentar. O antônimo de ex6gena é end6gena; denominações estas dadas por
Humboldt.
EXóGENO (fator) - aquêle que resulta de fôrças geológicas que ·agem externamente,
modificando a paisagem. Estes fatôres geológicos são representados pela gravidade, calor
solar, águas correntes, gelos, ventos e sêres biológicos. 11:sse conjunto de agentes dinâmicos
exteriores age constantemente modificando o aspecto externo da paisagem .
EXOMETAMORFISMO - transformações sofridas pelas massas de rochas encaixantes ao
entrarem em contato com massas de rochas ígneas, ainda quentes. Vide termometamorfismo.
EXORR11:ICA - diz-se quando a drenagem é hierarquizada, ou melhor, organizada até
o mar. Antônimo de endorréica.
EXTRATELúRICO - antônimo de intratelúrico (vide).
EXTRAVASAMENTO DE MAGMA - o mesmo que derrame oulcânico. No Sul do Brasil,
no decorrer do Triássico ou do Rético, deu-se grande derramento de magma constituindo
o chamado trapp do Paraná.
EXTRUSÃO.- saída de lava muito compacta que permanece sob a forma de domo, agulha
ou cúpula, obturando completamente a cratera, ex·: montanha Pelada, na ilha de Martinica.
As extrusões constituem elementos característicos dos vulcões denominados peleanos.

176
FACETADO (seixos) - produzidos pelo trabalho do gêlo ou do vento. Apresentam for-
mas diferentes dos seixos fluviais e marinhos, nos quais o trabalho de polimento das arestas
é devido ao rolamento e ao atrito. Os seixos facetados de origem glacial são quase sempre
estriados. Do ponto de vista morfológico, todo trabalho das geleiras deixa, geralmente,
as rochas esfriadas. Também nas regiões de clima desértico encontram-se seixos facetados,
com faces planas, formadas pela ação do vento, quando sopra com violência e constância
numa determinada direção. Alguns autores adotam o têrmo alemão dreikanter para os seixos
facetados de origem eólia, isto é, os ventifatos. (Vide dreikanter) .
F ACIES - conjunto de caracteres de ordem litológica e paleontológica que permite co-
nhecer as condições em que se realizaram os depósitos . Graças à natureza da facies pode-se
tirar várias conclusões, tanto para a geologia estrutural, como para a geomorfologia. Distin-
guem-se, de modo geral, dois grupos de facies : 1) Facies continentais ou temgenas
(fluvial, eólia, glacial, lacustre, vulcânica, etc.) . 2) Facies marinhas (litorânea, nerítica,
batial e abissal) .
No estudo da facies, alguns geólogos consideram, apenas, os caracteres de ordem
litológica, e quanto aos fósseis dizem que êstes caracterizam os horizontes; outros, ao
contrário, englobam as duas noções, isto é, dos caracteres litológicos e paleontológicos
dentro do estudo da facies .
FACIES CONTINENTAL ou TERRIGENA - compreende-se dentro dêste grupo as ca-
madas sedimentares que apresentam caracteres diferentes dos depósitos acumulados nas
bacias oceânicas, isto é, facies marinhas. Exemplos de facies continentais: fluvial, eólia,
glacial, lacustre, vulcânica, etc.
F ACIES MARINHA - depósitos acumulados nos oceanos e que revelam a região .em que
se depositaram, segundo sua natureza, ex.: litorânea (intercotidal), nerítica, batial, abissal,
etc.
F ACIES TERRIGENA - o mesmo que facies continental (vide) .
F ACóiDE - textura de rochas metamórficas ou ígneas na qual aparecem grandes olhos
ou agregados minerais de forma lenticular ou arredondada, sendo muito freqüente nos
gnaisses brasileiros. Em grande parte das construções do estado da Guanabara esta pedra
é utilizada. Tôda a antiga muralha da avenida Beira-Mar no Rio de Janeiro foi construída
com gnaisse facoidal. A palavra é de origem grega e significa em forma de lente.
"FAGNES" - denominação dada às turfeiras na região das Ardenas (vide turfa) •
FALDA ou SOPt - denominação usada nas descrições das paisagens acidentadas refe-
rindo-se apenas à parte da base das montanhas ou das colinas, ou mesmo das serras, distinta,
no entanto, de aba (vide ) . São têrmos puramente descritivos e correspondem ao que cha-

177
roamos, às vêzes, de talude, ex.: falda da montanha, sopé da serra, etc. O têrmo sopé é
também usado para designar a parte baixa de um abrupto, ex.: sopé da falésia.
F AL~SIA - têrmo usado indistintamente para designar as formas de relêvo litorâneo
abruptas ou escarpadas ou, ainda, desnivelamento de igual aspecto no interior do continente .

Fie. n.• IF

(Figs. ns. IF, 2F e 3F). Deve-se, no en-


tanto, reservá-lo, exclusivamente, para definir
tipo de costa no qual o relêvo aparece com
fortes abruptos, como na Bretanha (França),
no cabo Manuel, em Dacar, no cabo Branco,
na Paraíba, etc.
O trabalho do mar nas falésias se faz
pelo solapamento da base. De modo geral,
no estudo de uma falésia, também, não se
pode esquecer o trabalho dos agentes exodi-
nâmicos sôbre o relêvo da topografia costeira.
A falésia representa o resultado do trabalho do
mar, como também dos outros tipos de erosão
na topografia costeira. No sudoeste da Groen-
lândia tem-se a falésia de Ovifak, cuja altura
che~a a 700 metros. No litoral brasileiro do
Esp1rito Santo para o norte, temos por vêzes, Fig. n. • 2F - Falésia de fonna abrupta quase
vertical, de 35 metros de altura, constituída de
bons exemplos de falésias talhadas em ter- basalto prismático, na ilha Gorée, em frente A
renos argilosos da série das Barreiras. cidade de Dacar, no Cabo Verde (África).
(Foto do autor)

F AL~SIA CONC~NTRICA - denominação proposta por ~lie de Beaumont para os arcos


de "cuestas" oriundos da circundesnudação, o mesmo que depressão periférica (vide) . Um
dos bons exemplos, no Brasil, é a depressão paleozóica que vai de São Paulo até Santa
Catarina.

178
Fig, n. 0 3F - Falésia no litoral português, em Cascais próximo a Lisboa,
escavada em rocha calcária, cuja estrutura é quase horizontal. Encontram-se
ainda nessa falésia algumas &rutas que apresentam o teto desabado.
(Foto do autor)

FALHA - ruptura e desnivelamento na continuidade das camadas que apresentaram certo


grau de rigidez por ocasião dos movimentos tectônicos . :Estes esforços dão o aparecimento
de certas formas de relêvo chamadas estruturas falhadas. Na frente da falha quase sempre
se verifica a existência de um desnível relativo entre as diferentes camadas (rejeito) .
Tipos de falha: vertical ou normal (Fig. n. 0 4F); inversa ou anormal (Fig. n. 0 5F); in-
clinada ( Fig. n.0 6F) de arrastamento; flexura monoclinal; etc.

Fi&. n.• 4F - Falha vertical.

Chamamos falhas de arrasta-


mento ( decrochet) quando há
um desnivelamento no sentido
vertical, seguido de um arrasta-
mento horizontal; flexura mono-
élinal quando há desnível das
camadas com certo adelgaçamen-
to das mesmas, não se verifican-
do o rompimento da sua conti-
nuidade.
O reconhecimento das falhas
é mais fácil nas rochas metamór-
ficas ou cristalofilianas e nas se-
dimentares; nas eruptivas a iden- Fi;. n. 0 6F - Falha inclinada.
depósito de talude

--
F ir. u, • 7F - Falha iDcliDada na qual a camada 1 do compartimento abaixado foi carrerada pela erosão.
Geralmente são a1 camada• do compartimento superior mais fllclllnente erodidas. Neste caso é de supor
que o atual compartimento alto estêve mais baixo, tendo conservado a camada. No escarpamento da
falha M um depósito de talude,

tificação do fenômeno é mais difícil. Esta tarefa pode vir a ser facilitada se existir nas proxi-
midades um fil~o que tenha sofrido uma ruptui:a na sua continuidade.
Do ponto de vista morfológico, as falhas são reconhecidas pelo aspecto que imprimem
à paisagem (Fig. n. 0 7F). A frente do degrau é, geralmente, erodida estando recuada
em relação à linha da falha original. Dêsse modo é mais exato falar-se em frente dissecada
do escarpamento da falha. Deve-se, ainda, considerar o caso das falhas niveladas devido à
erosão, resultando um arrasamento no degrau da falha, ficando os dois compartimentos na
mesma altura. Neste caso, a existência da falha é revelada pela diferenciação dos terrenos
ao longo de uma linha estanque. Um tipo complicado de falhas é a falha acavalada ( faile
de chevauchement); cujo plano é quase próximo da horizontal e a. parte superior é des-
locada por várias dezenas de quilômetros, em certos casos.
Do ponto de vista prático da explotação das minas, cumpre destacar a importância
do escavamento de galerias, a continuidade, a espessura e o nível das camadas a serem
explotadas, e os problemas que advêm das falhas. Daí a necessidade da existência de mapas
pormenorizados d_a estrutura das zonas de minas .
FALHA NIVELADA - diz-se qundo o degrau da falha é arrasado pela erosão. O aspecto
topográfico é o de uma superfície plana e somente o exame da estrutura da natureza do
material das camadas e, às vêzes, a existência de brechas tect6nicas permite identificar a
existência da falha.
No momento do rompimento da elasticidade das camadas pode acontecer que o com-
partimento arrasado dê aparecimento a terrenos da mesma natureza, de um e do outro
lado da fratura. Neste caso somente a existência da brecha tectônica constitui um indício
mais seguro do que a direção e do que a própria extensão da fratura. (Fig. n.0 8F)

~ ---=;::~\ l
~~J~~4~~r-r-~~--

A
Flr. u.• 8F - Falha vertical e posterionnente nivelada pela erosão. A) Falha vertical;
B) Falha nivelada.
FALHA DE DIREÇÕES CRUZADAS - aquela que dá aparecimento a bacias de afun-
damento tect6nico (vide) ou depressão de afundamento.
FALUM - têrmo francês usado para os depósitos acamados de areias e detritos de cal-
cários, oriundos de fragmentos de conchas. O mesmo que areias calcárias.
F AMtLIA DOS GRANITOS - ocupa uma área extensa do globo terrestre, sendo definida
pelo aparecimento de dois minerais leves, ricos em sílica: quartzo e um feldspato alcalino
( ortósio).
F AMlLIA DOS PERIDOTITOS - definida pela ausência total de minerais claros e leves
ou ricos em sílica. Esta família de rochas não possui quartzo, feldspatóides, feldspatos,
nem mica branca, limitando-se, apenas, aos minerais escuros, pesados, pobres em sílica,
mas ricos em ferro, magnésio, peridoto, anfibólio, piroxênio, biotita, etc. (Vide ácido solo) .
F ANERlTICA - rocha cujos elementos são normalmente superiores a 0,2 mm e, por con-
seguinte, visíveis a ôlho nu. Vide afanítica.
FANGLOMERADO - depósito de piemonte litificado, no qual aparecem blocos de dimen-
sões e formas variadas juntamente com material fino.
FARINHA FóSSIL - Vide trípoli.
FATORES DA EROSÃO- Vide agentes de erosão.
F AVAS - nome dado pelos garimpeiros aos seixos rolados de forma discóide de superfície
muito polida. Sob esta denominação é incluída uma grande variedade de minerais. Hussak
classificou entre as mais importantes as seguintes; favas de 6xido de titdnio, de zircônio,
fosfatadas, etc. Duas espécies novas de minerais fosfatados de alumínio, bário e cério
foram descobertas por Hussak, às quais denominou de gorceixita e harttita em homenagem
a Henrique Gorceix e Charles Frederic Hartt.
FEIÇÃO MORFOLóGICA - o mesmo que paisagem geomorfológica, ou formas de relevo
(Vide rel~). ( Fig. n.0 9F) •

f/1/!II/UltUIQ//Q/Iti/Q/U!t/Hitt!llllfthú!IHiíd

-
Fig. n.• 9F - Feições morfol6&icas da paisagem: 1 - Planura, 2 - Encosta, 3 - Bacia e planície,
4 - Planalto, 5 - Vales, 6 - Mesa, 7 - Inselbergue, 8 - Pico, 9 - Paisagem com vales.

FEIXE DE DOBRA - conjunto de dobras cujos eixos seguem aproximadamente um mes-


mo rumo e, às vêzes, são convergentes .
FELDSPATIDEOS - denominação dada por Lapparent aos feldspatos propriamente ditos.
FEDSP ATO - família de minerais sílico-aluminosos com uma base de potássio, sódio e
cálcio: feldspatos potássicos ( ortósio e microclina); feldspato calcoss6dico ( plagioclásio, al-
bita, oligoclásio, andesina, labradorita, anortita) . A família dos feldspatos é muito impor-
tante, pois êles aparecem em quase tôdas as rochas eruptivas e metamórficas. A escola
dos petrógrafos franceses, até bem pouco tempo, baseava suas classificações de rochas nos
feldspatos; rocha com ortósio, plagioclásio, feldspatóide, sem elementos brancos, etc.
Os feldspatos constituem os minerais mais comuns na superfície do globo, depois do
quartzo. Apresentam-se nas rochas em pequenos cristais, ou mesmo microscópicos. Somente
os feldspatos potássicos se apresentam em grande cristais, em massas consideráveis.

181
A alteração dos feldspatos se faz, principalmente, por efeito da decomposição química,
transformando-se em argilas de colorações variadas em função dos óxidos que contêm e
do clima da região . Os feldspatos nada mais são que silicatos duplos de alumina associados
a silicatos de cálcio, potássio e sódio.
FELDSPATóiDE - gênero de silicato aluminoso alcalino das rochas eruptivas recentes,
no qual aparece a nefelina ou a leucita. ~ste grupo de minerais de composição química e
associações petrográficas que se encontra nas rochas, é semelhante aos feldspatos, sendo
por isto incluído por diversos autores na família dêstes minerais.

Fig. n. 0 10 F - As fendas ou diáclases constituem linhas de menor resistência de uma 1'0cha. Na foto
acima focalizamos um afloramento de granito no município de ltu (São Paulo) vendo-se o alargamento
da fenda, produzido pela meteorização.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

182
FELSITICO - textura de rochas de granulação muito fina cujos cristais somente com o
auxílio do microscópio podem ser distinguidos. É sinônimo de afanítica ou microcristalina .
O têrmo felsítico foi utilizado originàriamente para indicar a massa fundamental dos pór-
firos. Também se emprega êste têrmo como sinônimo de textura criptocristalina, ou ainda
para as rochas efusivas claras, leucocráticas.
FELSITO - variedade compacta de feldspato ortoclásio que aparece nas rochas, no con-
tato com eruptivas, ex.: petrossílex, microfelsito, euritito.
Ft::MICO- Vide ferromagnesiano.
FENDA - qualquer tipo de abertura - grande ou pequena - na crosta terrestre (Figura
n. 0 10F).
FENOCRISTAL - cristais de tamanhos maiores que aparecem nas rochas eruptivas ou
metamórficas, destacando-se da massa ( basal) de cristais menores . A textura das rochàs
onde aparecem os fenocristais ou facóides é chamada porfidoidal, ocelada ou ainda facoidal.
FENôMENO GEOLóGICO - entende-se como sendo tôda a série de fatôres que ocasio-
nam a evolução das camadas superficiais do globo. t::sses fenômenos constituem o próprio
objeto da geologia.
Os fenômenos geológicos podem ser de duas ordens: A) Físicos, B) Biológicos. Os
fenômenos físicos compreendem: a) litogênese, b) oro gênese, c) gliptogênese, e os fen~
menos biológicos: fósseis .
FENôMENO TECTôNICO - resulta da ação de fôrças endógenas, dando como conse-
qüência o aparecimento de falhas, dobras, fossas tectônicas, horst, etc.
FENOSCÃNDIA - escudo continental pré-cambriano que se estende na península escan-
dinava e na Finlândia. t::ste escudo é também conhecido pela denominação de escudo báL-
tico ou ainda fino-escandinavo.
FERRO - metal não encontrado em estado livre na natureza a não ser nos meteoritos.
É o segundo dos metais mais abundantes da crosta terrestre. Geralmente é encontrado no
estado de óxido (hematita - sesquióxido de ferro anidro - Fe.O.; limonita - sesquióxido
de ferro hidratado ( Fe.OaHO); magnetita - óxido de ferro magnético ( Fe•O<); goetita -
sesquióxido de ferro hidratado FeO ( CH); sulfato (pirita; carbonato ( siderose) .
Na metalurgia só são explorados os óxidos e também, às vêzes, os carbonatos, pois,
os outros minérios dão ferro de qualidade inferior e de difícil purificação. O ferro usado
no comércio é o resultado de uma liga de Fe + C, na qual segundo varie a porcentagem
de um dêsses elementos têm-se: o ferro fundido, ferro doce, ferro-gusa, aço, etc. No Brasil
estão localizadas as maiores reservas de minério de ferro, nos estados de Minas Gerais,
São Paulo e Paraná.
No XI Congresso Internacional de Geologia, realizado em Estocolmo, Suécia, em
1910, o Brasil revelou que no centro de Minas Gerais estavam localizadas as maiores re-
servas mundiais de minério de ferro de alto teor. Até essa época o Brasil não tinha pen-
sado, ainda, em exportar minério de ferro, interessando-se, apenas pela sua industrialização
dentro do País e, principalmente, junto às jazidas.
O minério do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais teve a seguinte classificação no
simpósio apresentado ao XIX Congresso Internacional de Geologia realizado em Argel,
em 1952:
1.0 Minério compacto (hematita compacta) - minério com a média de 66% de
ferro ou mais, com pouca produção de pó;
2.0 Minério brando (hematita pulverulenta) - com a média de 66% de ferro
ou mais;
3. 0 Minério intermediário, com as características físicas intermediárias dos dois
tipos acima citados e a média de 66% de ferro ou mais. Freqüentemente
xistoso;
4. 0 Itabirito - rocha metamórfica laminada, constituída de quartzo granula\" e
óxido de ferro.

183
A proximidade dos centros consumidores é, portanto, um atestado da boa escolha da
região próxima de Barra Mansa, para a localização da grande usina siderúrgica. Neste par-
ticular deve-se salientar sua influência no desenvolvimento industrial do País . Atualmente se
precisa cada vez mais, dos produtos de Volta Redonda, que abastece o parque industrial
do País economizando divisas para outros produtos manufaturados.
A Usina de Volta Redonda, além de produtora de ferro-gusa (Fig. ns. llF e 12F),
laminados, aço, fornece os seguintes subprodutos da destilação do carvão: alcatrão bruto,
óleo desinfetante, piche, sulfato de amônio, toluol e xilol.
No desenvolvimento da siderurgia brasileira o grande entrave tem sido a falta de
combustíveis. Em Minas Gerais, especialmente no vale do rio Doce, a proximidade de
extensas florestas condicionou o funcionamento da indústria siderúrgica, com o carvão
vegetal.
Quanto aos fatôres negativos que têm contribuído para o lento progresso da siderurgia
nacional, deve-se ressaltar que nêles não se incluem as matérias-primas acessórias, uma
vez que jazidas consideráveis de manganês, calcários e dolomitas se encontram em pro-
porções consideráveis nas mesmas formações geológicas, onde ocorrem as rochas ferríferas.
As recentes estimativas das reservas de minério de ferro no Brasil, ( Fig. n. 0 13F) rea-
lizadas por Luciano Jacques de Moraes, e outros, são as seguintes :

1.0) Minério compacto, com mais de 66% Fe . ...... . 500 OOOOOOt


2.0) Minério friável, com mais de 66% Fe •.... .. ... 250 OOOOOOt
3.0) Minério com menos de 66% Fe e mais de 60% 500000 OOOt
4.0) Minério com menos de 60% e mais de 50% Fe 2 000 000 000 t
5·0) Minério com menos de 50% e mais de 30% Fe 3 500 000 000 t

Fie. n. • l i F - Vista panorlmica da crande jazida de ferro de Casa de Pedra, localizada em Minas
Gerais. Esta mina ~ de propriedade da Usina Siderúrgica Nacional, cujo min~rio ~ enviado para
Volta Redonda.
(Foto Companhia Siderúrgica Nacional)
Fig. n. 0 12F - Grande usina siderúrgica, Presidente Vargas, localizada em Volta Redonda, no estado
do Rio de Janeiro.
(Foto Companhia Siderúrgica Nacional)

FERRO MAGNESIANO - minerais nos quais os elementos ferro e magnésio predominam


na sua composição. Têm geralmente coloração escura e são densos, ex.; hornblenda, bio-
tita, augita, e peridoto. A êste grupo de minerais que entram na composição hipotética
de rima rocha chama-se de minerais fbnicos.
FERRO OLIGISTO - o mesmo que hematita compacta. No estado de Minas Gerais é
que se encontram as maiores jazidas de ferro, como o pico do Cauê. O quadrilátera. ferrí 4

fero de Minas Gerais abrange as regiões de Congonhas do Campo, Jeceaba, Casa da Pedra,
São Julião, Bação e Marinho Serra.
Ft!:STO - o mesmo que linha de f~sto ou linha de cumeada (vide) ou c1ista (vide) .
FILÃO - usa-se êste têrmo de modo indistinto para as intrusões de rochas eruptivas de
Muena possança ou ainda dique, também para as grandes intrusões de forma acentuada
de cunha ou de lente (Fig. n. 0 14F). O têrmo filão-camada é também usado para o caso
de intrusões entre camadas. Quando os filões são formados pelo depósito lento motivado
pela circulação de água contendo substâncias minerais são fi1ões metalíferos.
FILÃO-CAMADA- Vide dique e filão.
FILÃO METALlFERO - Vide filão.
FILt!:TE DE ROLAMENTO - denominação adotada por alguns estudiosos para o fluxo
laminar· (vide), que corresponde ao ron-off dos inglêses e ao roissellement dos franceses.
FILITO (do grego phyllon = fôlha) - rochas argilosas, metamórficas, de estrutura cris-
talina, intermediárias entre os argilitos e rnicaxistos. Na sua composição mineralógica

185
Fig•.n. 0 13F - Na ria de Vit6ria, cuja paisagem física muito se assemelha à da Guanabara, acham·se
instalados os cais de minério de ferro. - No primeiro plano, vê·se o cais de Paul, com a linha de
acesso para o embarque de minério fino. Além das diversas instalações da Companhia V ale do Rio
Doce, vê·se ao fundo (assinalado pela seta) o grande cais de minério.
(Foto Companhia Vale do Rio Doce)

êstes xistos argilosos são pouco miCaceos, possuindo silicato de alumínio, um pouco de
quartzo, e dificilmente, feldspatos. Mais freqüente é encontrar-se a clorita, a sericita, a
magnetita, a granada, a estaurolita, a pirita, a turmalina, o rutilo etc. Em Belo Horizonte
e no Triângulo Mineiro verifica-se a intercalação do itabirito com os filitos. Os filitos
podem ter côr avermelhada, acinzentada, esverdeada, amarelada ou azulada. Alguns
arenitos possuem certa quantidade de elementos argilosos estratificados, como por exemplo,
os arenitos friáveis da depressão do Quebra-Anzol entre os planaltos da serra da Mata
da Corda e a borda do Triângulo Mineiro. Diz-se, neste caso, que possuem elementos
filíticos.
FINO-ESCANDINAVO - o mesmo que escudo báltico ou fenoscândia (vide).
FIORDE - corredores estreitos e profundos num litoral alto, cavados pela erosão glaciária,
são hoje submersos invadidos pelo mar. No litoral da Noruega e da Groenlândia aparece
muito bem representado êste tipo de costa. Também na península do Labrador, na Terra
Nova, no sul do Chile e na Islândia aparecem costas altas com vales de origem glacial, de
paredes abruptas e invadidos pelo mar, constituindo costas do tipo fiord ou fiorde. As

186
costas ou melhor os vales que constituem os fjords avançam cêrca de 30 a 40 quilômetros
para o interior e têm profundidades de 400 a 600 metros. A escavação dêsses vales foi
feita a um nível bem mais alto que o atual, sendo sua posição altimétrica explicada por
abaixamento das terras, com conseqüente invasão marinha, transformando os antigos vales
em verdadeiros golfos. Da mesma maneira que nos vales glaciais os fjords têm a forma
do leito em U.

Fig. n. 0 14F No corte acima vemos uma série de diques cortando várias camadas
horizontais e dois pequenos filões-camadas.

"FffiTHS" - denominação dada na Escócia aos vales glaciais invadidos pelo mar. O
mesmo que fiorde (vide), que passou de têrmo regional da Noruega a caracterizar êste
tipo de litoral, em todo o mundo.
FíSICA DO GLOBO - o mesmo que geofísica (vide) .
FíSICA TELúRICA - o mesmo que geofísica (vide).
FíSICA TERRESTRE - o mesmo que geofísica (vide) .
FISIOGEOGRAFIA - denominação usada por certos autores para os estudos de geografia
física ou, mais especialmente, das formas de relêvo, isto é, geomorfologia, ou simplesmente,
morfologia.
FISIOGRAFIA - do grego physis - natureza e graphos descrição, por conseguinte fisio-
grafia seria a descrição da natureza. Todavia, não nos podemos contentar com esta simples
definição. Alguns autores usam indistintamente físiografia, geomorfologia, fisiogeografia,
geomorfogenia, etc. Preferimos, no entanto, a denominação geomorfologia (vide) .
FISSURA - fraturas ou fendas pouco alargadas de uma rocha, de um terreno, ou mesmo
de um mineral.
FITóGENA - rocha oriunda da decomposição de vegetais, como por exemplo o carvão
de pedra. Algumas vêzes rochas fitógenas são tratadas, de modo geral, com as prove-
nientes da decomposição de animais, sob a denominação de rochas orgânicas (vide) •
FITOGEOGRAFIA - parte da biogeografia (vide) que estuda a distribuição geográfica
dos vegetais na superfície do globo. Na geomorfologia moderna, a fito geografia está
adquirindo grande importância, tendo em vista o desepvolvimento dos sistemas morfoge-
néticos, dentro das áreas morfoclimáticas. (Vide geomorfologia climática) .

187
FITóLITO - o mesmo que fit6geoo ou caustobi6lito (vide) .
FJORD - o topônimo oriundo do litoral da Noruega e aportuguesado fiorde (vide) .
FLANCO - o mesmo que lado de um morro ou de uma montanha. Geralmente é usado
êste têrmo nas descrições da paisagem física onde aparecem elevações do terreno.
Alguns autores chamam de flanco às massas rochosas dos lábios de uma falha ou
de um anticlíneo.
FLANDRIANO - período de transgressão correspondente à fusão de uma boa parte dos
glaciares wurmianos.
FLECHA LITORÂNEA - o mesmo que restinga (vide) .
FLEXIBILIDADE - propriedade que têm certos minerais e rochas de se curvarem quando
submetidos a esforços, sem produzir fraturas. Entre as rochas temos o itacolomito e entre
os minerais a mica, que apresentam flexibilidade bem acentuada.
FLEXURA - vide laminagem.
FLEXURA CONTINENTAL - teoria exposta pelo Prof. Jacques Bourcart, que diz serem
os terraços e os canyons submarinos produzidos pela combinação de dois moVimentos: um
de abaixamento do fundo oceânico e, outro, de soerguimento do bloco continental. 1l:stes
dois movimentos de sentidos opostos se realizam em tômo do eixo da flexura. Procura, assim,
êste grande mestre da geologia francesa, explicar todos os terraços marinhos e canyons, exis-
tentes na plataforma continental, como originados pelo jôgo dêsses deslocamentos de di-
reções opostas.
FLOCULAÇÃO - processo pelo qual o lôdo ou lama (vasa) e a matéria coloidal trans-
port?.da em suspensão nas águas fluviais são reunidos em flocos, e depositados no fundo
dos rios . A floculação se dá geralmente quando entram em ação certas substâncias cha-
madas eletrólitos como: cloreto de sódio, ácidos e álcalis, bem como a cal. Além dêstes
elementos temos que levar em conta o fator gravidade, cuja importância é capital para
explicar a floculação da vasa, no litoral amapaense. A floculação é uma propriedade dos
colóides.
FLOGOPITA - variedade de mica moscovita de coloração amarelada ou parda, sendo um
silicato de magnésio com proporções variáveis de ferro. Constitui uma transição entre as
micas potássicas e as ferromagnesianas contendo ainda um pouco de flúor e lítio. A al-
teração metassomática da biotita dá geralmente aparecimento à flogopita. 1l:sse tipo de
mica é explorado, principalmente, no Canadá.
FLUVIAL - (erosão) - vide erosão fluvial.
FLUVIAL (sedimento) - detritos depositados por correntes de água doce. Os bancos que
resultam são também chamados de aluviais.
FLUVIOGLACIAL - trabalho de erosão ou de acumulação devido aos rios e aos glaciais.
FLUVIOMARINHO - trabalho de erosão e acumulação devido aos rios e aos mares.
FLUXO LAMINAR - têrmo usado para designar de modo incorreto o escoamento super-
dai das águas das chuvas . (Vide lençol de escoamento superficial) •
:FOGO CENTRAL - denominação imprópria para a massa incandescente em estado de
fusão que constitui o núcleo central, nife, segundo Suess, ou barisfera (vide) .
FOLHEADO - sedimentos mais ou menos metamorfizados que se apresentam em delgadas
camadas, como se fôssem fôlhas. Algumas vêzes as rochas eruptivas, quando submetidas
a uma forte pressão, também apresentam um folheamento.
FOLHELHO - rocha sedimentar finamente laminada, não metamórfica, constituída de
material muito fino. Têrmo generalizado no Brasil pelo Dr. Barros Barreto ao traduzir
a Geologia Elementar do geólogo norte-americano J. C. Branner.

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FOLHETO - rocha sedimentar, cuja estrutura é laminada ( 8emelhante às fôlhas de um
livro).

FONóLITO - rocha microcristalina, formada de feldspatos, nefelina e egerita. Os felds-


patos são dispostos em tabletes, sendo a rocha fragmentada em pedaços retangulares,
algumas vêzes bem alongados. No Maciço Central Francês as erupções do Pliocenp superiot
ocasionaram a formação de vários lençóis, diques, damos e mesmo picos, como áo Tulliere
e Sanadoire. Como exemplos brasileiros citaríamos os que afloram no Tinguá, Campo
Grande (GB), São Gonçalo (RJ), Poços de Caldas (MG), Cabo Frio (RJ), etc. (Figura
n. 0 15F).
Quando se bate com um martelo num fragmento de fonólito produz ressonância, daí
o seu nome.

FONTE - lugar onde brotam ou nascem águas. Algumas vêzes usa-se no plural, isto é,
fontes, como sinônimo de cabeceira (vide) de um rio.
A fonte é um manancial de água, que resulta da infiltração das águas nas camadas
permeáveis, havendo diversos tipos como: artesianas, termâis, voclusianas, etc.
Os diferentes tipos de fontes estão em função da topografia e da posição do aqüífero.
Há 4 tipos de fontes:

1) Fontes ordinárias, fixas ou de afloramento.


2) Fontes de vales, também chamadas de talvegues ou móveis.
3) Fontes em repuxo ou artesianas.
4) Fontes voclusianas ou torrenciais.

FONTE ARTESIANA, isto é, POÇO ARTESIANO são mananciais que aparecem à su-
perfície graças a diferenças de pressão hidrostática (vide bacia artesiana) .

Fig. n. 0 15F - Dois picos constituindo como que duas arulhas peleanas de fonolito e andesitos ácidos
do Sanadoire e· Tulliere. (Maciço Central Francês). Observe-se ainda um ~~:rande corredor em forma
de U, vale ~~:laciário de Rochefort. Os dois vulcões Sanadoire e Tulliere fazem parte da cadeia de Puy.
(Foto G. d'O.)

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FONTE DE TALVEGUE - o mesmo que fonte de vale (vide).
FONTE DE VALE, DE TALVEGUE - formada por aqüífero, cortado em seu trajeto pelo
talvegue de um vale. Estas fontes são chamadas de móveis, por causa da altura em que o
aqüífero aflora, segundo se considera a época das chuvas, ou a estação sêca.
FONTE FIXA - o mesmo que fonte ordinária (vide) .
FONTE MINERAL - denominação usada para as águas ricas em sais. Podem ser águas
ferruginosas, magnesianas, sulfurosas e radioativas. No sul do estado de Minas Gerais
temos vários exemplos importantes, tais como as fontes de Caxambu (Fig. n. 0 5A}, São
Lourenço, Cambuquira, Lambari, etc.
FONTE ORDINÁRIA, FIXA ou de AFLORAMENTO - formada por aqüíferos que se
encontram no limite de uma camada permeável que repousa sôbre uma camada imper-
meável. Chama-se também "fixa" essa fonte, porque não varia de posição, pois o aflo-
ramento do aqüífero está situado no limite da camada permeável, que repousa na im-
permeável.
FONTE SURGENTE - aquela cujo aqüífero se encontra entre duas camadas impermeá-
veis. l!:ste tipo de aqüífero é também chamado de aqüífero cativo ou artesiano. O apareci-
mento de tais fontes se dá graças ao fato de a água se acumular sob pressão. Pode surgir
por uma fenda natural, ou por uma perfuração . As fontes artesianas aparecem à superfície,
graças à pressão hidrostática.
FONTE TERMAL - aquela cujas águas são mais quentes que a temperatura ambiente,
(Fig. n. 0 7A), como é o caso de Poços de Caldas, Araxá (MG}, Cipó (BA), etc. Ainda
entre as fontes termais podemos incluir os geysers (vide) e as que ocorrem em terrenos
fraturados.
FONTE TORRENCIAL - o mesmo que fonte voclusiana (vide) .
FONTE VOCLUSIANA - manancial d'água que aparece em reg10es cársticas, consti-
tuindo um fenômeno de ressurgência. Estas fontes, também chamadas de fontes torrenciais,
não passam de verdadeiros rios sumidos que ressurgem num determinado ponto (vide
ressurgência} . O nome advém da fonte Vaucluse, nos Alpes franceses .
FôRÇA ENDóGENA - diz-se das fôrças internas que provocam modificações na superfície
do globo terrestre. O mesmo que f6rça tectônica (vide) .
FôRÇA TECTôNICA - os esforços que as camadas da crosta terrestre sofrem em função
das fôrças end6genas, como: dobramentos, falhamentos, terremotos e vulcões.
FORMAÇÃO - conjunto de rochas ou de minerais que possuem caracteres mais ou menos
idênticos, quer de origem, quer de composição, quer de idade. A formação geológica ca-
racteriza uma idade, sendo expressa algumas vêzes pela facies. Representa unidade lito-
genética fundamental na classificação local das rochas .
As formações podem ser quanto à sua gênese: fluviais, e6lias, glaciárias, marinhas,
continentais e mistas.
No Triângulo Mineiro as formações continentais secundárias são separadas por uma
discordância angular, das formações cristalofilianas, isto é, metamórficas de origem marinha
de profundidade. As formações algonquianas da série de Minas são geralmente ricas em
minerais preciosos, como o ouro, o diamante, etc., e as formações silurianas da série Bambuí
são ricas em calcários, como no vale do São Francisco.
FORMAÇÃO ELUVIAL - vide eluvião.
FORMAÇÃO FISIOGRÃFICA - expressão usada por certos autores como sinônimo de
unidade morfológica ou unidade fisiográfica (vide) .
FORMAÇÃO SEDIMENTAR - ou terreno sedimentar - depósito provindo da destruição
de outras rochas tais como as eruptivas ou metamórficas .

190
FORMAÇÃO SUPERFICIAL - denominação usada em geografia, para o lençol consti-
tuído de material decomposto ou edafizado que recobre a rocha sã. Engloba, por conse-
guinte, as noções de solo e, parte do subsolo. Quanto à origem as formações superficiais
podem ser autóctonas e alóctonas.
Elas resultam das transformações externas que sofrem as rochas por efeito dos agentes
de erosão, sendo as da erosão elementar (desagregação mecânica e decomposição química)
as mais importantes .
FORMAS DE ACUMULAÇÃO - resultam do depósito de detritos, ex.: planícies aluviais
(de montanha, de piemonte de nível de base geral), planaltos típicos, terraços, cones
vulcânicos, etc.
FORMAS DE RELf:VO - o mesmo que tipos de relêvo, paisagens geomorfológicas,
feições morfológicas, etc. (Vide relêvo) .
FORMAS DO RELEVO SUBMARINO são pouco precisas e figuram nas cartas graças
ao traçado das linhas batimétricas .

FORMAS GEOFISICAS - denominação imprópria, ou melhor erraàa, usada por certos


autores, para explicar as diferçntes formas do relêvo que aparecem na paisagem de urna
região (vide relêvo) .
FORMAS LITORÃNEAS - o estudo da morfologia litorânea significa, geogràficamente,
considerarmos as formas de relêvo que ocorrem ao longo de 262 000 quilômetros de ex-
tensão. O trabalho incessante de destruição e de construção realizado pelo mar, verifica-se
com mais intensidade no estrão e na parte supralitorânea imediatamente contígua ao estrão.
O desgaste feito pelo mar, isto é, a abrasão, é capaz de dar na zona supralitorânea
superfícies aplainadas com grande regularidade. t!:ste fato levou Ramsay, em 1846, na
Grã-Bretanha, a generalizar tal processo de aplainamento ( peneplanícies).
A isoipsa de zero metros atual foi no decorrer da glaciação Wurmiana + 150 metros.
Isto significa, em outras palavras, o estudo de formas devidas a transgressões e regressões
marinhas. A variação do nível do mar segundo os eustatistas é por causa da flutuação
climática, pois a água foi-se estocar sôbre os continentes constituindo grandes inlandsis.

FOSFORIT A - são os fosfatos de cálcio de origem sedimentar de composição semelhante


à da apatita, porém amorfas e provenientes de organismos marinhos. (Vide apatita) .
~ na zona costeira de Pernambuco (O linda) que êste importante recurso mineral foi
descoberto. A jazida de fosfato parece ter origem orgânica, sendo seu depósito de caráter
continental. A maior parte da jazida encontra-se acima do nível do mar. O produto é be-
neficiado na usina de Fosforita de Olinda.
Foi sondando um manancial de água radioativa que o químico Dr. Paulo Duarte, em
1951/52, constatou a existência de fosfato natural no município de Olinda, a seis quilô-
metros de Recife.
A produção de fosforita de O linda teve início em 1957. A fosforita depois de concen-
trada é moída finarnente e vendida para aplicação direta no solo ou fabricação de super-
fosfatos. O estado de Pernambuco é o maior centro produtor brasileiro dêste recurso
mineral.
FOSSA - denominação geral usada para as cavidades largas e profundas que aparecem
nas terras emersas e nas áreas imersas. As fossas são também denominadas de: fossas conti-
nentais, fossas marinhas, fossas marginais, "grabens" fossas tectônicas, etc. As fossas deri-
vam na quase totalidade de movimentos tectônicos, especiarnente as falhas escalonadas,
dando uma bacia de afundamento tectônico ou graben.

FOSSA CONTINENTAL - depressão tectônica que aparece nas terras emersas, enquanto
as fossas submarinas são depressões produzidas pelo tectonismo e estão no fundo dos mares.

FOSSA MARGINAL - depressão ou abismo submarino que aparece na plataforma conti-


nental e nas proximidades do litoral.

191
FOSSA SUBMARINA - grande depressão encontrada no fundo dos oceanos. O mesmo
que abismo submarino. Costuma-se. todavia, reservar a denominação de fossa submarina
para a ár~a de maior profundidade de uma depressão.
No oceano Pacífico se encontram trinta e duas das cinqüenta e sete fossas conhecidas .
FOSSA TECTôNICA ou "GRABEN" - depressão de forma alongada, enquadrada por
uma série de degraus produzidos por falhas paralelas (Fig. n. 0 16F) : O cl~ssico exemplo
de fossa tectônica é o vale. do rio Reno, que corre entre o maciço da Floresta Negra (Ale-
manha) e a cadeia dos Vosges (França). A baía de Todos os Santos, no estado da Bahia,
também é uma depressão alongada produzida por desabamento tectônico dêsse tipo. O an-
tônimo da fossa é o horst.

u.
'(UL///,

li
Fie. n.• 16F - Fossa tectbnica limitada de ambos os lados por dois pilares ou horst.

FóSSIL - resto ou vestígio de sêres orgânicos (vegetais ou animais) que deixaram suas
pegadas na rocha da crosta terrestre. Constituem a ampulheta geológica ( Fig. n. 0 17F).
A idade das camadas não é uma idade absoluta em anos, o que seria impossível, mas uma

Fig. n. 0 17F - Collenia itnpevensis sp. n. fóssil-cambriano encontrado por Fernando Flávio Marques
de Almeida, em dolomito• da série Açungui, na zona sul do estado de São Paulo. Observam·se
na fi&Ura acima três colônia• de collenia itnper;ensis.
(Foto F. Flávio M. de Almeida)

192
idade relativa, ou seja o lugar ocupado pela camada, em relação às outras. Nas camadas
mais recentes, as espécies fósseis são idênticas às espécies atuais, enquanto nas camadas
antigas são bem diferentes, a tal ponto que podemos dizer que são tão mais diferentes
quanto mais antigo fôr o fóssil. Graças aos fósseis podemos identificar, por exemplo, a
idade de um terreno na América do Sul, na América do Norte, na Europa, na Ásia, na
Austrália, etc. e dizer qual a sua posição na coluna geológica.

FOSSILlFER O - diz-se dos terrenos que contêm fósseis.

FOSSILIZAÇÃO . - processos mais ou menos complexos que transformaram os restos ve-


getais e animais fósseis.

FOZ - bôca de descarga de um no. ~ste desaguamento pode ser feito no mar, num lago,
numa lagoa, ou mesmo num outro rio. A forma da foz pode ser classificada em dois tipos:
1 - estuário, 2 - delta. A do primeiro tipo é copstituída por um longo canal de forma
afunilada; e a do segundo, quando se verifica o aparecimento da construção de uma série
de ilhas, braços e canais formando intrincada rêde potâmica, ex.: o delta do Nilo, Mississipi,
Parnaíba, etc. O aparecimento do delta só se torna possível quando se verifica a existência
de uma série de condições como: grande quantidade de material sólido em suspensão,
pouca profundidade na foz, ausência de fortes correntes marinhas, etc.
Algumas vêzes não há concordância de altitude, estando a foz do rio a vários metros
acima do rio principal; neste caso, tem-se o que se denomina, em geomorfologia, rio de
foz suspensa. Tal fenômeno é produzido por um afundamento mais rápido do rio principal.
Alguns movimentos de costa também podem fazer variar o nível de base, e conseqüentemente
dão aparecimento a um rio de foz suspensa. No caso de rios que percorrem regiões calcárias,
e que ao chegarem ao litoral têm a foz - suspensa, dá-se o nome de valleuse (vide) a êste
tipo de costa.
Os degraus que aparecem na foz de um rio podem ser devidos à erosão mais forte
no rio principal, ou ainda, a uma falha. Quando o degrau não está em função da erosão
diferencial ou de falhas, pode ser uma prova de erosão cíclica.
O tipo de desaguadouro de um rio, isto é, sua foz ou bôca, está em função da to-
pografia costeira, da natureza das rochas, da cobertura vegetal ou melhor, do sistema mor-
foclimático reinante na bacia de drenagem e, também, da dinâmica marinha.
A acumulação maior ou menor de sedimentos na foz vai depender do volume trazido
pelo rio, como também das correntes costeiras. Uma bacia de drenagem existente numa
área equatorial ou tropical úmida, terá uma carga aluvial predominantemente argilosa e
o depósito na foz do rio dará origem a praias de lama. Como exemplo, pode-se citar o delta
interno do Amazonas, na região do furo de Breves.
O delta do Amazonas apresenta um caso complexo, uma vez que o aluvionamento é
interno, enquanto na parte externa não há pràticamente 'aluvionamento. A observação
das cartas geográficas revela que os deltas dos rios como o Mississipi e o Nilo se projetam
na direção do gôlfo do México ou do mar Mediterrâneo, dando uma forma convexa ao
litoral, enquanto o do Amazonas é reentrante.
A foz deltaica típica é a do rio Nilo, no continente africano. t;;ste tipo de foz é bem
diferente do tipo estuário, onde o fluxo fluvial se lança livremente no oceano.
FRANE - têrmo italiano para as bad-lands (vide), e que José Setzer prefere usar em
português, paisagem voçorocada.
FRATURA - o mesmo que dáclase (vide).
FRATURAS FOTOGEOLó GICAS - são as que só podem ser detectadas em fotografias
aéreas sob visão estereoscópica.
FRENTE DE FALHA - abruptos ocasionados pelos deslocamentos verticais de estratos,
dando aparecimento na passagem a mn escarpamento, ou seja, a frente de falha (vide
falha). ·

FRENTE DE FALHA DISSECADA - vide escarpamento de falha.

193
FRIAVEL - propriedade dos minerais e das rochas de se fragmentarem fàcilmente, até
mesmo por simples pressão dos dedos.
FUCHSITA - mica potássica de coloração verde, devido ao cromo.
FULGURITO - rocha vitrificada produzida pela fusão dos elementos ~inerais quando sô-
bre êles cai um raio. Geralmente o fulgurito se reduz a um pequeno tubo de forma
irregular e de dimensões reduzidas. Por extensão chama-se ainda de fulgurito a certas
rochas que sofreram refusão. Lindos exemplos são os fulguritos de hematita do pico de
Itabira, em Minas Gerais. Todavia, sob~;etudo nas áreas das dunas, é onde se encontram
mais freqüentemente os fulguritos. ~stes possuem, às vêzes, vários decímetros de compri-
mento, sendo inteiramente formados de areia vitrificada. Os melhores exemplos de fulgu-
ritos . são encontrados na Sibéria e no Saara.
FUMAROLA - grêtas ou fendas que aparecem em regiões vulcânicas, por onde saem gases
sulfurosos e vapôres d'água carregados de algumas outras substâncias. As exalações de-
pendem principalmente da temperatura: H, Cl ( temp. alta), Cl, SO,, CO,, H 2 0 (tempera-
tura baixa) .
Estas emanações gasosas aparecem quando a atividade vulcânica diminui de inten-
sidade. 1l: importante ressaltar que a temperatura varia até cêrca de 800°C. Fouqué
dividiu as fumarolas em: 1 - fumarolas s~cas - cuja temperatura é superior a 500°C e
contém vapor d'água e cloretos (de sódio, de cobre, etc.); 2 - fumarolas ácidas -
temperaturas variando entre 400 e 300°C, contendo vapor d'água, anidrido carbônico e
anidrido sulfuroso; 3 - fumarolas alcalinas - temperatura da ordem dos 100°C, com
emanações de muito vapor d'água, cloreto de amônio e gás sulfídrico; 4 - fumarolas frias
- temperatura inferior a l00°C, contendo gás carbônico e gás sulfídrico.
As fumarolas são formas secundárias de erupções à semelhança das sulfataras, mofetas,
sofionis, salsa, geysers, etc. Nenhuma das formas secundárias de erupção tem importância
para formação ou mesmo modificação do relêvo terrestre apenas no detalhe. No entanto,
estas manifestações secundárias, têm grande destaque na geologia econômica. Como exemplo,
podemos citar as jazidas de enxôfre das sulfataras ( vide) .
"FURADOS" - têrmo regional usado pelos praianos da área costeira do estado de São
Paulo, para designar os vales, mais ou menos encaixados, que conseguem atravessar bacias
de sedimentos litorâneos, que represavam águas interiores.
FURNA - cavidade que aparece na encosta dos barrancos formada geralmente pelo acúmulo
de blocos de origem glaciária ( morainas), ou de desmoronamentos ou, ainda por disso-
lução, como acontece nas fumas de Agassiz, na encosta sul do maciço da Tijuca. (Vide
gruta). São, em parte, formadas por blocos de granito e gnaisse que desmoronaram da
encosta. Na região de Nova Friburgo, há as fumas do Catete, formadas por blocos de
granito e gnaisse acumulados uns sôbre os outros, de modo irregular, numa encosta do
vale do rio Bengala. No estado de Minas Gerais, denomina-se de fuma, a uma gruta na
encosta de barranco, maior que a lapa.
FURO - denominação regional amazônica para os braços d'água que ligam um curso
d'água a outro, ou a um lago, ou ainda, pelo montante da foz, ao curso d'água em que
deságua. Na Amazônia, são característicos na região das ilhas, onde os furos de Breves
formam um verdadeiro labirinto de canais anastomoseados.

194
GABRO - rocha holocristalina de coloração escura e de consolidação profunda. Sua com-
posição química e mineralógica é a mesma do diabásio, porém sua textura não é ofítica, e
sim granular. Os elementos mineralógicos que compõem esta rocha são: plagioclásios ( bá-
sicos e calcossódicos), piroxênios, e como minerais acessórios, magnetita, ilmenita, apatita, etc.
Variedades de gabros: gabros comuns, norito, norito micáceo, gabro de olivina, etc.
A palavra gabro é de origem italiana. Os gabros são muito usados como pedras de
ornamentação nas construções.
GALENA - principal mineral do qual se extrai o chumbo. Geralmente aparece associada
à prata. Quanto ao seu modo de jazimento aparece em filões e em rochas calcárias.
A galena é, como já dissemos, o principal minério de chumbo; sendo, geralmente, ar-
gentífero, é também um minério de prata. Quanto à ganga devemos dizer que se liga
comumente a elementos silicosos e também se apresenta associada às piritas de ferro, à
baritina, à blenda e a outros minerais. Vide galenita.
GALENITA - o mesmo que galena (vide), trata-se de um sulfeto de chumbo, com
86,6% de Pb teórico.
GANGA ou REJEITO - rochas ou minerais inaproveitáveis que acompanham um minério,
ou os minerais úteis. A ganga é quase sempre de natureza diferente do mineral a que
ela está associada. A palavra reieito (vide) é também usada para designar os desnivela-
mentos que ocorrem nos terrenos falhados .
GARGANTA - passagem apertada e profunda de um vale. Às vêzes também se usa êste
têrmo como sinônimo de colo (vide) . A garganta é, no entanto, uma passagem mais aper-
tada que um desfiladeiro (vide) .
GARGANTA ANTECEDENTE - aquela que foi escavada por um rio antecedente (vide) .
O mesmo que garganta epiglfuica (vide) .
GARGANTA CATACLINAL - o mesmo que garganta epigênica (vide).
GARGANTA EPIG~NICA - passagem aped:ada, escavada por um rio de trajeto paradoxal
ao realizar o afundamento do talvegue. Antecede geralmente à garganta um alvéolo de
largura variada, em função dQ volume d'água disponível do rio e, também, da resistência
imposta pela rocha da soleira (vide epigenia) . O rio Poti ao atravessar a serra da Ibiapaba
escava uma típica garganta epigênica. O mesmo ocorre com diversos rios conseqüentes ao
perfurarem a estrutura da "serra" Geral no Brasil meridional.
GARGANTA GLACIAL - passagem apertada e profunda de um vale cujo agente mais
importante no escavamento toi a erosão glaciária.
GARUPA - têrmo usado pelos topógrafos, bem como pelos geomorfólogos, para designarem
as formas de relêvo que se aproximam da garupa do cavalo; sem tomar em consideração
a estrutura ou a natureza das rochas. Trata-se, por conseguinte, de um têrmo topográfico

195
e puramente descritivo. As garupas apresentam formas diversas, mais ou menos alongadas,
não sendo, por vêzes, muito nítida a linha de crista. Nas descrições da paisagem física,
pode-se dizer que as três formas topográficas mais importantes são representadas pelos
vales, crlst08 e garup08.
GEANTICLINAL - formação de um anticlinal mediano nas profundidades de um geossin-
clinal.
GEANTICLtNEO - grandes cadeias de montanhas como os Andes, as Rochosas, o Hima-
laia, os Alpes, os . Pireneus que tiveram origem em geossinclinais (vide). O geanticlineo
é a denominação dada a estas grandes elevações oriundas de profundo tectonismo, alte-
rando os sedimentos acumulados nos geossinclinais.
GEL ou SOL - colóide em forma de geléia ou em suspensão.
GELEIRA - massas de gêlo formadas em regiões onde a queda de neves é superior ao
degêlo. Há dois tipos importantes de geleiras: 1 - alpina ou de vales; 2 - continental ou
inlandsis. ( Fig. n. 0 1G) . Essas massas de gêlo estão em movimento lento e ocasionam nos
seus deslocamentos, destruição e construção. Há certas formas que são típicas dos glaciais,
como: vales em forma de U, vetToux glaciários, rochas moutonneés, isto é, encarneiradas,
marmitas, estrias nas rochas morainas, etc .

Fig. n.• IG - Tlpo1 de trelelras: A - Glaciais locaÍI - circos trlaclals, B Glaciais de vale, C -
Glaciais de "piem.ont", D - Glaciais de planalto.

GELEIRA ALPINA - o mesmo que geleira de montanha (vide) ou de vale.


GELEIRA CONTINENTAL - o mesmo que inlandsis (vide) .
GELEIRA DE MONTANHA ou de VALE- constituída pelo acúmulo de neve em altitudes,
dando formas de "circos", rochas encarneiradas e os diferentes tipos de moraintl8.
GELEmO - depósitos de neve que, pela compactação, dão origem aos gelos. Fases do
depósito : neve, nevado, gêlo globuloso, e finalmente, gêlo compacto.
Os geleiros estão em função de dois fatôres : latitude e altitude.
GELIVAÇÃO - trabalho feito pelo gêlo e degêlo arrebentando, ou melhor, fragmentando
as rochas, em função do período sazonário.

196
Gi!:LO - água em estado sólido, cuja dureza é de 1,5 e o pêso específico a 0°C é de 0,9175.
A importância do gêlo para a geomorfologia é muito grande nas regiões das altas lati-
tudes ou das elevadas cadeias de montanhas. Na superfície dos mares das altas latitudes
também se dá a formação de gêlo - banquisas.
Os gelos podem ser classificados em: 1 - gt2lo de altitude e 2 - gêlo de latitude.
GEMA - o mesmo que pedra preciosa (vide) .
GEMINADO - o mesmo que macla (vide) .
GEOCLASE - fenômenos de fraturação, falhamento, xistosidade e diaclasamento. Estes
quatro tipos de geoclase são resultantes da movimentação das camadas da crosta terrestre.
As distinções existentes entre as fraturas e as diáclases nos levam a opinar pelo emprêgo
apenas do têrmo diáclase, por ser o mais usado, distinguindo porém : 1 - microdiáclase;
2 - diáclase que poderá, na maioria dos casos, vir seguida do adjetivo grande, significando,
assim, exatamente o sentido expresso pelas fraturas, isto é, geoclases maiores que as
diáclases. As geoclases atingem tôdas as rochas de uma região. Graças a elas se pode
observar as zonas onde a tectonia de choque tem os maiores efeitos, ou o inverso, isto é,
onde ela foi menos sentida. Alguns autores empregam o têrmo geoclase apenas para as
falhas de grande extensão, como a que aparece no leste do continnte africano e vai até
o mar Morto, na Jordânia - Oriente Médio.
GEODINÃMICA ou GEOLOGIA DINÃMICA - parte da Geologia Física que estuda as
diferentes transformações por que passa o relêvo devido ao trabalho realizado pelos agen-
tes geológicos exodinâmicos .
GEODO - pequenas cavidades ôcas que se encontram nas rochas, sendo porém revestidas
interiormente de cristais ou incrustações.
GEOECTODINÃMICA - parte da geodíndmica que estuda os fenômenos geológicos externos
e superficiais, isto é, os fatôres ex6genos.
GEOENDODINÃMICA - parte da geodindmíca que estuda os fenômenos geológicos de
origem interna, que provocam transformações na superfície do nosso planêta, isto é, fatdres
end6genos.
GEOFlSICA - ciência que estuda a forma, dimensões e estrutura da Terra, bem como os
diversos fenômenos físicos que ocorrem no globo terrestre, como: gravidade, magnetismo,.
sismicidade, fenômenos elétricos, etc. A geofísica é também denominada de física terrestre,
física do globo, física telúrica, etc. Alguns autores empregam erradamente o têrmo geofísica
quando se referem aos fenômenos do campo da geografia física ou puramente geomórficos.
A geofísica estuda apenas os fenômenos físicos que influem na forma da Terra, nos
seus movimentos, na atmosfera, no mar, etc. :E: uma ciência cujos resultados das pesquisas
muito interessam à geografia. Como se vê a geofísica é constituída por um aglomerado
de ciências muito diversas. Todavia o seu campo de estudo é a constituição interna do
globo terrestre, para cuja tarefa lança mão de métodos diversos, entre os quais se salientam
os fornecidos pela sismologia.
GEOFISIOGRAFIA - denominação pouco usada para as descrições das formas de relêvo,
ou para a paisagem física de modo geral (vide geomorfologia) •
GEOGENIA - parte da geologia que trata da origem e formação da Terra.
GEOGNOSIA - parte da geologia histórica que estuda as rochas ou sêres que viveram
em tempos idos, através da estratifigrafía (vide) e paleontologia (vide) •
GEOGRAMA - o mesmo que coluna geológica (vide) .
GEóiDE - corpo geométrico ideal que corresponde à forma da Terra. O geóide se apro-
xima, em sua forma, a um elipsóide de revolução, conforme foi determinado pela geodésía.
O têrmo geóide foi empregado primeiramente por Listing. Por conseguinte o geóide
é a figura da Terra, cuja superfície é, em todos os lugares, perpendicular à direção da
gravidade, supondo-se assim uma calma completa para o mar e prolongando-se sob os

197
continentes esta linha imaginária, que se localizaria na fase intermediária, entre a preamar
e a baixamar.
GEOLOGIA - ciência que estuda a estrutura da crosta terrestre, seu modelado externo
e as diferentes fases da história física da Terra. A ge..:.logia é uma ciência de campo muito
vasto, necessitando de sólidos conhecimentos de química, física e botânica. Geologia
significa: geo - terra, lagos - estudo. Parece ter sido usado êste têrmo, a primeira vez, pelo
bispo Richard de Bury, em 1473, distinguido os teólogos dos juristas que se preocupavam
com as coisas terrenas. Os estudos geológicos eram feitos, na antiguidade, de maneira
empírica. Nesse tempo, geologia era sinônimo de ciência da Terra.
Podemos definir geologia como a ciência que estuda a Terra em todos os seus aspectos,
isto é, a constituição e estrutura do globo terrestre, as diferentes fôrças que agem sôbre
ás rochas, modificando assim as formas do relêvo e a composição química original dos
diversos elementos, a ocorrência e a evolução da vida através das diferentes etapas da
história física da Terra (estudo dos sêres antigos). Para André Cailleux: "A geologia se
propõe a descrever e explicar os aspectos e a disposição das rochas e das terras sôbre as
quais vive o homem. Pesquisa de água, carvão e petróleo, prospecção e exploração de ja-
zidas minerais, escolha de sítios e locais de barragens lúdrelétricas, e oub·os trabalhos de
arte; proteção e melhoramento . dos solos de cultura, só são possíveis graças aos dados da
geologia". Para Hobbs a geologia é a "ciência que trata dos capítulos da história da Terra
anteriores aos primeiros escritos do homem". Segundo Grabau - "Geologia é a ciência
que trata da Terra em todos os seus aspectos, exceto no que respeita às relações dêste
com os outros planêtas, inclusive o astro central do nosso sistema planetário".
A geologia é uma ciência descritiva, histórica e explicativa, ou em outras palavras, é
uma ciência de observação, de interpretação, e de experimentação. O trabalho de campo
do geólogo tem por fim: 1 - Procura de afloramentos e natureza dos mesmos; 2 - Pro-
cura de fósseis; 3 - Estudo dos diferentes tipos de estruturas; 4 - Prospecção.
O obieto da geologia é o estudo dos fen6menos geológicos, os quais podem ser de
duas ordens: físicos e biológicos.
Os fenômenos geológicos de ordem física são: litogbwse (formação de rochas), orogê-
nese (formação de montanhas), gliptogênese (destruição e modelagem do relêvo) . Os fe-
nômenos geológicos de ordem física correspondem ao ciclo geológico. E, os biológicos dizem
respeito aos restos de organismos, isto é, os fósseis encontrados nas rochas. Os diversos
ramos em que podemos dividir a geologia são: 1 - Geologia Física: A - Geologia Estru-
tural - estudo dos depósitos e das diferentes camadas; B - Geologia Dinâmica ( Geodinâ-
mica) - estuda as diversas transformações por que passa a superfície da crosta terrestre
devido ao trabalho realizado pelos fatôres exógenos; 11 - Geologia Histórica - estuda as
diferentes eras geológicas. Pode-se ainda defini-la como a "lústória física da Terra". Ela
se preocupa com o estudo do desenvolvimento da vida na superfície do globo.
A Geologia Estrutural ou Geostática estuda, por conseguinte, a arquitetura ou arca-
bouço do subsolo, enquanto a Geologia Diruimica ou Geodiruimica compreende o trabalho
realizado pelos vários agentes e fôrças, como as águas correntes, os ventos, correntes ma-
rítimas, os gelos em movimento, a atividade vulcânica, etc.
A Geodinâmica vem a ser a Geomorfologia e é por isso que existe a luta entre geó-
grafos e geólogos. Uns querem considerar a Geomorfologia como uma parte da Geografia,
dentro da ciência geográfica, e outros como uma parte da Geologia. Atualmente, baseados
em vários autores, acreditamos que a Geomorfologia constitui uma ciência independente.
A Geologia Histórica ou Geo-história estuda a história da Terra, através da vida animal
e vegetal, no decorrer das eras geológicas, através da Paleontologia e, as modificações so-
fridas pela superfície do planêta, através da Paleogeografia (vide).
Outras divisões podem ser adotadas . A título de exemplo daremos mais uma:

Geogenia
Fisiografia
fGeral { Petrografia
Litologia { Petrologia
Geologia
Externa
lHistórica Geodinâmica
{ Tectônica
{ Interna

19~
Um quadro muito elucidativo para se compreender a pos1çao da geologia e suas re-
lações com as ciências geológicas e demais ciências foi realizado por Field com adaptação
feita pelo Pro f. T. Coelho Filho. ( Fig. n. 0 2G)

MINERALOGIA S ISMOLOGIA
GEOHISTÓRIA

RIQUEZAS

METÁLICAS E

NÃO METÁLICAS

GEO-ECONOMICA
HISTOR IA- ECO NO MIA- BIOLOGIA
Fig. n. 0 2G - Diagrama das relações •da Geologia com as demais ciências afins.

Do ponto de vista filosófico vejamos algumas considerações a propósito das fronteims


da geologia e da geografia e a unidade desta ciência, segundo E. Backheuser "A necessidade
da especialização é irrefragável; é uma contingência do crescimento natural das próprias
ciências que se parcelam, é uma vantagem para elas e para a cultura geral da humanidade.
Ninguém condena a especialização e todos a desejam. Mas por grandes especialistas que se
torne cada técnico, cumpre-lhe não esquecer a verdade que decorre de todo êste discurso,
isto é, que as ciências se tocam, cambiam informes, prestam-se auxílio mútuo" ( pág. 639)
- In: Revista Brasileira de Geografia, ano III, n- 0 3.
Mais adiante diz: "Nascida no século XVIII, a Geologia tem um nome parecido com
a Geografia. Os primeiros geólogos, Buffon, Hutton, Deluc, Leopoldo de Buch, se ocuparam
quase exclusivamente de fenômenos que na atualidade se consideram dentro do domínio
da Geografia física. Esta circunstância, como disse Emmanuel de Martonne, é de muito
interêsse para a história da Geografia e explica, inclusive nos nossos dias, os vínculos tão
estreitos entre a Geologia e a Geografia, dificultando a separação dos dois campos de ação
de ambas as ciências" ( pág. 5) .
"Tornai de um compêndio de Geografia Física, do de De Martonne, do de Supan, que
são os clássicos, verdadeiros alcorões dos geógrafos, e lêde-lhes os índices. Grande parte

199
dêsses volumes são ocupados com matéria considerada pelos geólogos como de sua le-
gítima propriedade. Vereis versado com igual largueza, por geógrafos e geólogos, e, o
que é mais grave, tratados no mesmo ângulo didático, assuntos vários: o relêvo do solo,
os deslocamentos da crosta, a gênese das montanhas, a ação erosiva das águas, a ação dos
geleiros, a ação dos ventos, a ação sedimentária ou destruidora dos oceanos, etc". ( Backheu-
ser - artigo citado págs. 640-641) .
As investigações geológicas se orientaram através de sua história seguindo primeira-
mente a corrente que procura explicar todos os acidentes do relêvo como devidos a cataclis-
mos (vide). E, só muito mais tarde surgiu outra corrente de idéias, a qual é aceita nos
nossos dias, qual seja o atualismo (vide) .
A teoria dos cataclismos procura explicar tôdas as transformações do planêta (super-
fície) através de movimentos violentos. Os adeptos dos cataclismos não admitem trans-
formações lentas. A teoria do atualismo procura conhecer o passado à luz do presente.
Diz que isto é resolver o desconh~cido pela aplicação do conhecido. O paí da geologia
Charles Lyell retornou ao conceito sôbre o atualismo, que havia sido emitido por K. A. V.
Hoff, sendo no presente a corrente adotada. O fator tempo em geologia é fundamental
para se compreender o atualismo.
GEOLOGIA CRONOLóGICA denominação adotada por certos autores para a geologia
histórica (vide) .
GEOLOGIA ECONôMICA - é a geologia aplicada aos problemas econômicos. Há pro-
blemas particulares concernentes ao solo e subsolo que só podem ser resolvidos por geó-
logos. Entre os diversos exemplos destacaríamos o abastecimento· de uma cidade em água
potável, a construção de edifícios (implantação e gabarito), a localização e construção de
barragens, as pesquisas minerais, etc. Ainda reina certa confusão entre o campo de trabalho
dos geólogos e dos engenheiros de obras públicas. No nosso entender os primeiros fazem
os estudos básicos e dizem dos locais onde se deva realizar a obra. Os engenheiros fazem
os cálculos e a execução da obra.
O engenheiro não pode trabalhar desligado do geólogo e vice-versa. De modo que
há necessidade de se desenvolver as pesquisas fundamentais que se aplicam naturahnente
à solução de alguns problemas particulares.
A geologia econômica é um ramo da Geologia que estuda as matérias-primas do reino
mineral que o homem extrai para suas necessidades e comodidades. A geologia econômica
estuda os jazimentos de minerais metálicos, também, os não-metálicos, sendo que o valor
atual dêstes últimos é, em vários casos, três vêzes maior que os primeiros . Além do mais
estuda a aplicação da geologia nos recursos minerais.
A geografia econômica dos recursos minerais estuda de modo circunstanciado a loca-
lização das diferentes matérias-primas do reino mineral e as suas possibilidades industriais.
A geografia econômica proporciona uma série de informações importantes à geologia
econômica . Destacaríamos em primeiro plano os cartogramas da localização e da produção
de minérios, além dos diagramas quantitativos da referida produção .
Compete à geologia econômica explicar a origem das diferentes jazidas minerais, en-
quanto à geografia cabe a missão de cartografar, ou melhor de fornecer mapas em que
as jazidas possam ser visualizadas no espaço terrestre.
GEOLOGIA ESTRUTURAL ou TECTôNICA - estudo das deformações crustais, o mesmo
que o estudo do arcabouço do subsolo (formas estruturais primitivas ou originais) .
Na geologia de mineração, os mais importantes depósitos metalíferos estão sempre rela-
cionados com o tectonismo.
GEOLOGIA FISIOGRAFICA - denominação adotada por alguns autores como sinônimo
de geodindmica ou mesmo de geomorfologia (vide) .
GEOLOGIA HISTóRICA - estudo da seqüência dos acontecimentos passados na Terra em
tempos idos como nos revelam as rochas e os fósseis. A geologia histórica nada mais
é que um dos ramos da geologia que se propõe descrever as diversas etapas da história
da Terra desde os tempos de sua origem até os nossos dias. Para êste mister da recons-
tituição dos fatos passados na superfície do globo terráqueo lança-se mão principahnente

200
de dois métodos: estratigráfico e paleontoló
se está usando para datar certas formações gico. Um processo que mode mam ente também
tabili dade das desintegrações sofridas pelos é a desintegração radioativa. Fund a-se na imu-
A reunião teórica de todos os terrenosminerais radioativos .
movimentação tectônica, parte dos mais superpostos normalmeu,e sem terem sotrid
antigos para os mais recentes; os fóssei o
incluídos tamb ém seguem a mesma suces s nêles
são. (Vide coluna geológica).
A importância, o objeto e os métodos da
Geologia Histórica pode m ser resumidos
seguinte quadr o: no
GEO LOG IA HIST óRIC A ~OBJETO
~HISTóRIA F1SICA DA TERR
A +-- --1
Posição das camadas
Natu reza dos sedimen-
tos das camadas
EstratigráÍtco Origem dêsses sedi- Coluna geol ó--
mentos Observações e gica
Estratificação deduções
Camadas típicas
Princípios da sedi-
Métodos mentação Paleogeografia -1
Aparecimento dos sê-{
Paleontológico E:~~ção Observações e
{ Faun a e flora deduções
Bioestratigrafia

Desintegração de minerais radioativos Observações,


cálculo e
f dedu ção
Podemos estud ar a Geologia Histórica
graças à existência da coluna estratigráfi (idad e das camadas dos diversos conti nente s),
ca paradigma que é a coluna estratigráfi
típica, onde foi possível calcular a idade ca mais
ou impressões de organismos vivos) que das camadas, graças à existência de fósseis (restos
existiram duran te um deter mina do lapso
geológico, ou seja, duran te um perío do. de tempo
GEOLOGIA InST óRIC A ORGÂNICA
-
ou mesmo ciência autônoma, segundo certos o mesmo que paleontologia, parte da geologia,
no passado, do globo terráq ueo. autores, que se preoc upa com o estudo da
vida,
GEOLOGIA MECÃ.""liCA - tamb ém
denom inada de tectônica, ou ainda de diastr
é o ramo da geologia que já está pràtic ofismo,
assim uma ciência autônoma, a qual estudamen te emancipado dessas ciências, constituindo
a as deformações sofridas pelas diferentes
na superfície do globo. Pode-se, por conse rochas
arqui tetura do subsolo, ou melhor, da litosf guinte, definir tectônica, como o estudo da
era.
GEOLOGIA NUC LEAR - estud a a
distri
Este capítulo da geologia está fadad o a tomabuição geoquímica dos elementos radioativos.
vista a importância econômica dos miner r grand e desenvolvimento no futuro, tendo
ais. radioativos, no mund o moderno. em
GEOMORFOGENIA - denominação usada
da geografia física - ou da geologia que por alguns autores para a geomorfologia,
estud a as formas de relêvo e sua evolu parte
também ainda usadas, de modo indistinto, ção. São
genia, etc. as denominações fisiografia, morfologia,
moif0 •
As bases da geomorfologia foram lançadas
e de la Noe, na Franç a, e W. M. Davis, por Richt hofen , na Alemanha, E. de Margerie
na América do Norte.
GEOMORFOLOGIA - ciência que estud
a as formas de relêvo , tendo em vista a
estrutura, natur eza das rochas, o clima da origem,
região e as diferentes fôrças endógenas e
que, de modo geral, entra m como fatôre exógenas
s
Estud a o relêvo atual , enqu anto a paleogeogrconstrutores e destruidores do relêvo terrestre·
as formas de relêvo no decorrer da história afia é a ciência que se encarrega de reconstituir
física da Terra. O campo de estudo da paleo
grafia (ramo da Geologia-História para
alguns geólogos) é algumas vêzes inteir geo-
amente

201
Tôdas as hipóteses de trabalho, mesmo as
hipotético, ex.: paleogeografia do Arqueano. causa do campo hipotético de pesquisa. A
mais exageradas, não podem ser rejeitadas por
uma divisão da geologia ( geodinâmica),
geomorfologia não deve ser considerada como de Davis, Penck e outros; e o quantitativo
pois tem seus métod os própr ios - o qualit ativo
(físico-químico) - moderno.
al e sistemático das formas de relêvo
A geomorfologia ou morfologia é o estudo racion e e a evolução. A geomorfologia pode
determ inaram a gênes
baseando-se nas leis que lhes (mode lado terres tre); B) Geomorfologia
ental
ser dividida em: A) Geomorfologia contin
submarina (modelado submarino) .
s: 1 - Forma; 2 - Descrição; 3 -
No conceito básico da geomorfologia çonsideramo
Gênese; 4 - Evolução.
rfologia, segundo diferentes autores:
Vejamos a seguir alguns conceitos de geomo
estuda a transformação do relêvo,
A) Passarge: Geomorfologia é a ciência que
elaborada pelas fôrças geológicas.
ciência natural cujo objeto é o estudo
B) Francis Ruellan: A geomorfologia é uma hes a origem e a evolução.
das formas do terreno a fim de determ inar-l
da geografia física que
C) Frederico Machatschek: Geom nas e o desenramo orfolo gia é o
volvim ento do relêvo terrestre.
trata dos processos e formas exóge
"O estudo das forma s terres tres esculpidas pelos
D) Othon H enry Leonardos: tui o camp o da geomorfologia. A fisiografia, no
agent es superf iciais consti
afos, se incumbe da descrição
sentido restrito que lhe emprestavam os geógr nome geomorfologia, literal-
planê ta. O mode rno
das formas físicas do nosso interpretação da paisagem, na
mente estudo da forma da Terra, implica natambém das feições fisiográficas
análise do relêvo atual e de sua evolu ção e,
paleoclimáticas, etc." ''A geo-
pretéritas, das reconstituições paleogeográficas,Mineração e Metalurgia número
logia é a carreira do geólogo" - Engen haria,
159 (1958 )·
plenamente consagrado. Usam , alguns
O uso do têrmo geomorfologia ainda não está fisiografia, orografia, morfologia, geo-
inaçõe s:
autores, como sinÔnimo as seguintes denom O têrmo orografia era muito empregado nos
morfogênese, topografia, geomorfografia, etc. nhas. Enqu anto a geomorfologia estuda na
compêndios antigos, mas ficava restrito às nwnta as depressões, cuestas, hogbacks, horst,
as planíc ies,
realidade as nwntanhas, os TJlanaltos, interf lúvios.
monadnocks, peneplanos, pediplanos, criopl anos,
emers as consta de duas partes principais: 1 -
O estudo geomorfológico das áreas e cuja fase final é a peneplanizaçã.o nos
iro
Relêvo; 2 - Erosão, que trabal ha sôbre o prime
climas temperados oceânicos.
relêvo são devidos aos movimentos tectô-
Os aspectos morfológicos mais importantes do dêles resultam.
. As grand es cadeia s de monta nhas
nicos ( endógenos)
movim entos tectônicos podem ser de duas
Os tirs de deformação ocasionados pelos s sendo, dêsse modo, um movimento
~nicos , abran gem contin entes inteiro
ordens: 1 - Epirog deform ações localizadas.
conce rnente s às
de conjunto. 2) - Orog~os,
pois, dêstes movimentos dos continentes
O primeiro é muito importante na morfologia, ( corrente dos epirogenistas) . As fôrças
regres sões marin has
resultam as transgressões e as de relêvo: de dobra, de falha e de lençóis
tectônicas podem dar origem a diversos tipos
de arrastamento ( nappe de charriage). -se os vários aspectos do relêvo apenas
Até os fins do século passado consideravam hando em uma estrutura de camadas
, a erosão trabal
como reflexo da estrutura. Assim o
relêvo horizontal. Em um relêvo dobrado,
horizontais, a resultante seria um tipo de rlireçõ es divers as com aspectos anticl inais e
resultado seria o de camadas mergulhando em
sinclinais .
gia estrutural, a climática considera pre-
Em contraposição ao conceito da geomorfoloncia do clima. As mesmas rochas podem
ponderante, além da estrut ura da rocha , a influê
Rio de Janeiro e no leste do Espírito Santo,
dar relevos diferentes em climas diferentes. No apresentam formas semelhantes às do Pão de
por exemplo, os relevos graníticos e gnáiss icos
posição química é muito intensa. No Maciço
Açúcar. Por outro lado, neste clima, a decom

202
Centra l Francê s as rochas graníticas oterece m aspecto
s bem diversos. Nota-se o aparec imento
de uma camad a de decomposição - arena graníti ca
devidas à ação erosiva provoc ada pelo congelamentoou saibro - recobrindo formas abaula das
da água
Tem-se verificado certa ativida de na criação de laborat durant e os invernos.
ou das medidas dos diferentes fenômenos físicos. órios para o estudo quanti tativo
Não é possível, porém , realizar experi-
mental mente todos os fenômenos espontâneos que
têm por teatro a nature za.
A geomorfologia é como já dissemos um ramo da
autore s, e se divide em: 1 - Geomorfologia descrit Geografia Física, segund o certos
iva, 2 - Geomorfologia evolutiva.
A primei ra estuda as formas topográficas e suas caracte
etapas pelas quais passa um determ inado relêvo terrest rísticas, e a segunda, as diversas
(Prof. Franci s Ruella n). re, até chegar à fisionomia atual.
Divisão da geomorfologia segundo Passarge:
1 - Morfografia
2 - Morfologia geológica
3 - Morfologia fisiológica

A primei ra se preocu pa com o estudo descritivo das


as formas, baseando-se no estudo geológico e a formas; a segund a procur a explicar
terceira considera as formas como uma
resultante da atuaçã o dos agentes erosivos. A Morfog
rafia estuda apenas a forma de relêvo
segundo a topografia. Todav ia nenhum estudo geomo
rfológico sério (interp retação da paisa-
gem) pode ser · feito, considerando-se, apenas, êsse
aspecto superf icial. :E: necessário então
gue o geomorfólogo estude a estrutu ra (parte geológ
ica). Mas diz Passarge: "A paisagem
tísica sofre contínuas transformações. Essas transformaçõe
exógenos ( agentes externos) como pelos fatôres endóge s são produz idas tanto pelos fatôres
nos (agent es interno s) .
Os fatôres externos e internos vão provoc ar então
estuda do pela Morfologia Fisiológica·" o dinamismo da paisagem que será
Divisão da geomorfología feita por Freder ico Macha
tschek:
1) Morfologia fisiológica - coloca em evidên cia
os processos exógenos.
A geomorfologia parte das formas atuais e dos process
os
acôrdo com o princípio que as mesmas estrutu ras interio que as produz em, de
totalm ente diferentes, segund o a categoria, a intensi res produz em formas
dade e duraçã o dêstes pro-
cessos. També m considera que as formas iguais, ou
mais ou menos parecid as,
podem nascer de estrutu ras interiores muito diferentes.
2) Morfologia genética - explica a história e o
desenv
morfológicas em conexão com a estrutu ra ' geológica. olvimento das paisagens
3) Morfologia climática - investiga as relações entre '
condições climáticas. a gênese das formas e as

Divisão segundo A. C. Lawso n ( 1894).


1) Geomorfologia - descrição racional das formas.
2) Geomorfogenia - explicação das formas segund o a
gênese.
Divisão da geomorfologia de P. Fourm arier:
1) Morfologia estrutural ou con.strotiva - interve nção de
2) Morfologia escultural ou erosiva - fôrças de destrui fôrças edificadoras.
modeladoras. ção e, por conseguinte,

Objeto e campo da geomorfologia:


A) Objeto - Estudo das formas de relêvo. :ll:ste é feito,
atual ( Geomorfologia do Quater nário) e o reMvo antigo considerando-se o re~o
geogra fia); ou pretérito ( paleo-
B) Campo de estudo - Nature za terrest re; seus concei
tos deverão abrang er todo
o globo.
André Cholley define o objeto da geomorfologi
isto é, a pesqui sa das condições que o determ inama como a explicação do relêvo atual,
em função dos fatôres estruturais e

203
Kirk Bryan diz que
climáticos, sendo o seu campo de estudo a própria natureza . Todavia, Isto significa
as formas atuais do relêvo estão, em grande parte, ligadas a formas antigas. relêvo encontradas
a existência de uma herança das formas atuais. Muitas das formas de em consideração
numa região não podem ser explicadas pelo atual tipo de clima. Levando "Por conseguinte, a
êste princípio da herança das formas de relêvo, Kirk Bryan afirma:
essência da geomorfologia é a discrimin ação entre o antigo e o moderno. 1!:, pois, essen-
na ciência geográ-
ciahnente, um ramo da Geologia Histórica . " ("O lugar da geomorfologia
fica" Boi. Geqgráfico n. 0 108 - pág. 306)·
~ste mesmo autor afirma em outro trecho do seu artigo
que: "Assim a interpretação
A geomorfologia,
das formas da Terra ( relêvo) baseia-se mais e mais na Paleoclimatologia. um dos instru-
uma vez bem desenvolvida sob êste ponto de vista, tornar-se-á, ela mesma,mais perfeita da
{llentos no aperfeiçoamento da Paleoclimatologia e levará a uma história
Terra" (pág. 309)·
Relações da geomorfologia com a geologia:
A) A geomorfologia é um dos ramos da geologia (Escola American
a do Norte).
B) Geomorfologia pura - perigosa em suas cooclusões. 1!: uma atitude
anti-rea-
ia
lista que Russel exprimiu numa frase, chamando de "culto" da morfolog
pura. s,
Grande perigo a explicação de formas, sem levar em conta as estrutura co-
por causa das "formas converge ntes". Frederico Machatsc hek diz: "O
s têm
nhecimento insuficiente da geologia e o desprêzo às bases geológica mente
produúd o, com certa freqüência, conclusões geomorfológicas completa
falsas." ( "Geomorfologia", pág. 6) .
C) Distinçilo entre a geomorfolOgia geológica e a geográfica - segundo
R. Joel
está, principal mente, no contraste entre conclusõe s de significaç ão
Russel,
vertical ou horizonta l.
A geomorfologia geográfica é, por conseguinte, aquela que, ao caracteri-
zar as formas de uma paisagem, procura encontrar, em outras áreas, a mesma corre-
identidad e de formas assinaladas. Trata-se da aplicação do princípio da
lação da ciência geográfica.
A geomorfologia é, como afirma Kirk Bryan, uma ciência geológica quanto
a se
ao método de trabalho. Todavia, ela só poderá ser considerada geográfic
s.
forem tomados, apenas, os resultados da distribuição espacial dos fenômenoda
Siegfried Passarge considera a geomorfologia geográfica como a teoria
repartição das formas e paisagens sôbre a superfície da Terra.
D) Geomorfologia geológica (clássica ) , estruturalista em grande parte. Excesso
de geologia na geomorfologia.
A geomorfologia é uma grande auxiliar da geologia ortodoxa, no mundo
tropical, onde o manto de decomposição tudo encobre e mascara. Frederico na
Machatschek diz que: "o geólogo pode obter preciosos pontos de apoio
sua tarefa, por intermédio dos resultados das pesquisas geomorfológicas"
("Geomorfologia", pág. 6)·
geólogo),
Ferdinan do Richthofen (um dos fundadores da geomorfologia e um grande
como tendo apenas
considerava, ao seu tempo, a separação da geomorfologia da geologia,
um valor teórico.
método de tra.
Kirk Bryan diz: "a geomorfologia é uma parte da geologia geral e um
seu corpo docente,
balho da geologia tectónlca e histórica. Tôda escola superior tem, no os geomorfólogos
um geomorlólogo (algumas vêzes considerado glaciólogo) . Quase todos conhecidos por
fazem parte dos departam entos ou de planos geo1ó~icos. Muitos são também logia nas Ciências
suas contribui ções a outros ramos da geologia" ('O Lugar da Geomorfo
Geográficas" - pág. 305).
ia da geologia,
Walther Penck considerava a geomortologia como uma ciência subsidiár via êle a
da tectônica , uma vez que, pelo estudo das formas do relêvo terrestre,
ou melhor
possibilidade de determin ar o passado tectônico da Terra .
das formas
..A geomorfologia é uma ciência geográfica porque se aplica ao estudo e os movimentos
superficiais e só recorre à geologia naquilo em que a natureza, a estrutura
agentes externos"
do subsolo têm uma influência sôbre as formas do terreno modeladan.s0 pelos 153). Esta discussão
(F. Ruellan ''Tr11tado de geomorfologia in: Boletim Geográfico
ao fato de que,
metodológica da posição da geomorfologia no quadro geral das ciências liga-se

204
na Europa, a geomorfologia é, de um modo geral, ligada à geografi
a geomorfologia alcançou o lugar equivalente ao de uma ciência a. Nos Estados Unidos,
a maioria d~s . g~omorfólogos exerce o magistério nas faculdades geológica, de modo que
onde se ensina a geologia.
No Brasil, a geomorfologia começou com os geólogos e hoje,
da França na escola geográfica brasileira, a geoinorfologia ficou graças à grande influência
Com a recente criação das escolas de geologia é de se esperar que, mais afeta aos geógrafos.
venha a ter maior importância entre os geólogos. no futuro, a geomorfologia
Henri Baulig diz: "A geomorfologia, ciência das formas do relêvo
meiro, um ramo da geologia e como tal tem sido considerada terrestre, é, em pri-
Europa, ao contrário, a geomorfologia constitui uma disciplina na América do Norte. Na
particular, praticad a quase
que exclusivamente por ~eógrafos. Como tôdas as ciências, ela está
conscientemente, sôbre 'princíp ios" e "noções básicas" , sendo apoiada, mais ou menos
a geologia, enquant o outras lhe são mais particul ares." (''Essais algumas delas comuns com
gina 31). de geomorphologie", pá-
Fourma rier considera que: "Os aspectos de um país são
.de fôrças edificadoras e ações destrutivas. A morfolo{!.ia é a parteo resultado da intervenção
da geografia física que se
ocupa da explicação das particularidades da paisagem, isto é, das formas
de geologie - Tomo 11 - pág. 1 032). do terreno" (Príncipes
A geomorfologia é tida, por um grande número de autores, como
pendent e. Frederic o Machatschek considera que! "entre as ciências uma ciência inde-
primeiro lugar a geologia, da qual se separou há cêrca de 60 vizinhas se coloca em
científico individu al" ( "Geomorfologia" - pág. 5): Todavia, anos, tomando -se um ramo
no parágraf o precede nte a
esta afirmativa, o mesmo autor considera a geomorfologia
Física. Devemos aqui frisar que a geomorfologia é uma ciência como um ramo da Geografia
geológica nos Estados Unidos,
enquant o na Europa, de um modo geral, é uma ciência geográfi
ca.
A geomorfologia é mais uma ciência de superfície. Tanto
superficiais é o seu grande campo. Derruau diz: "A geologia que o estudo das formações
estuda mais a estrutur a do
subsolo que as formações superficiais. A geomorfologia se interess
mente dá importância particul ar às formações que nem sempre a pela superfície, lOgica-
são
geológicas. " ( Precis de Geomorphologie - pág. 6) . De acôrdo cartografadas nas cartas
Derrúau estuda as formações superficiais do seguinte modo: com estas considerações

eólios
1 - Depósitos diversos -

2
3
Regolito
Solo
I fluviais
marinhos
glaciais

Métodos geomorfológicos:
1 -Método indutivo aplicado no estudo geomorfológico, consiste
primeiramente
na observação e na descrição dos processos sem idéias preconcebidas.
geomorfológicos são narrados tais como êles se apresentam. Estabele Os fatos
após uma hipótese explicativa dos mesmos. cem-se
M. Derruau em seu Precis de Geomorphologie assinala: "O primeiro
balho do geomorfólogo é, por conseguinte, a observação direta das tra-
terreno, observação que deve evidente mente evitar as ilusões formas do
de
procura r ver o relêvo sob ângulos diferentes. Esta observação não ótica e
tada a um simples registro de formas, ela deve ser orientada logo fica limi-
da interpretação, ou das interpretações eventuais. Para escoli1er em função
articulações o geomorfólogo deve, sem cessar, confrontar com asas principais
possíveis" ( pág. 3) . explicações
2 - Método dedutivo, usado de modo abusivo na geomorfologia,
estabelecer, em primeiro lugar, as formas de relêvo (modelos consiste em
típicos) que
devem derivar das fôrças que agem na superfície da Terra e verific;~r
se estas formas coincidem com as existentes. depois
3 - Método explicativo ou genético, de W. M. Davis:
a) Combinação dos métodos: dedutivo e indutivo .
b) O método adotado por Davis é, no entanto, tachado de dedutivo
.

205
do método de Davis deve-se
c) Na análise de uma paisagem com o emprêgo
proce der da seguin te forma :
isto é, observações próprias
1 ) Reun ir e analisar o material disponível, áficas ;
ou descrições alheia s, e cartas geogr
ativas;
2) Induz ir generalizações e hipóteses explic de cada hipótese;
S) Dedu zir as conseqüências que derivam fatos em aprêço e tirar as
4) Confrontar essas conseqüências com os
primeiras conclusões provisórias;
bidas;
5) Rever e aperfeiçoar as explicações concea das diferentes hipóteses;
6) Tirar uma conclu são final sôbre a justez
submetidas, rece-
as hipóteses que resistirem às provas a que foram
berão o nome da teoria .
fico no campo da geomorfologia -
4 - Método de exposição de um trabalho cientí
Exposição da pesquisa: e dos processos);
A) Parte descritiva (narra ção das paisagens
B) Parte explic ativa (inter pretaç ão)·
s não vêm obscurecer ou
Com tal separação, as incertezas das teoria ção. Davis, por exemplo,
relêvo evoca do pela descri
pertu rbar a imagem do - ao mesmo tempo morfológico
criou uma terminologia com sentido de gênese
e explicativo.
5 - Método descritivo ou qualitativo: am a geomorfologia geral inse-
As fases davisiana e penckiana dedutivas tomar lançar am esta ciência numa crise
gura. ~stes funda dores da gE;om orfolo gia
e ataqu es veeme ntes de Penck aos conceitos básicos de Davis
angustiosa. Houv os de pesqu isa. A geomorfologia
- ciclo geomorfológ ico, penep lano e métod
. hoje teve sua sistem atizaç ão feita por William
qualitativa que conhecemos um dos jovens ramos da ciência
Morris Davis ( 1850-1934), de modo que é
de seu sistem atizad or ter sido um
geográfica. Isto, considerando-se o fato
geógrafo. vérsias geomorfológicas em
Para que se tenha uma idéia dessas contro o Leuzinger no capítulo
diz o Prof. Victo r Ribeir
pontos básicos, vejamos o que a evolu ção geomórfica se processa
final de sua tese: "Assim, Davis supõe que
ico e que, via de regra, as trans-
duran te longos períodos de repouso tectôn ico são desprezíveis, constituindo
forma ções duran te o levan tamen to tectôn
ente o contrário e considera
caso partic ular raro; Waltht-. Penck admit e exatam duran te o repouso tectônico; no
como pouco digna de atençã o a evolu ção
a conve xidad e é atribu ída por Davis e Gilbert ao
problema das encostas, superf icial, por Penck ao levan-
cripe, por Fenne man e Laws on ao escoa mento
susten ta serem despre zíveis as causas
tamento acelerado; e cada um dêles rovérs ias geomo rfol6g ícas - págin a
que outros tomaram como decisivas" (Cont
172). mas se encontra no método
A grand e deficiência na solução dêstes proble
da pesquisa até agora utiliza do.
iano são ambos essencial-
''Os sistemas geomorfológicos davisiano e penck postulados resultantes do
em duvid osos
mente empíricos qualitativos, baseados em questões que somente têm
emprêgo do método qualitativo de pesquisa(Controvérsias geomorfol6gicas -
solução segur a pelo métod o quant itativ o."
pág. 190).
ação que lançará a geomorfologia num
6 - Método quantitativo - é a única orientrá com a quase totalidade das contro-
campo seguro e possiv elmen te acaba
ra muito fecundo em outras
vérsias existentes. O método experimental, embo na geomo rfologia atual, porquanto
ciências naturais, não se aplica com sucess o
ciona m os proble mas geomorfológicos
a multiplicidade de fatôres .que condi interpretação os resultados das
toma apare nteme nte dispar atado s e de difícil
a mecânica dos solos - grand e
experiências - situação idênti ca atravessou geofísica e da geoquímica. Por
auxílio poder á a geom orfolo gia receb er da
levará os laborat6ríos de geo-
conseguinte, a experimentação constante é que
morfologia a estabelecerem as medidas-pa drão.
que ainda não ocorreu em
Leuzinger afirma: "Temos que reconhecer geral das propriedades físicas e
geomorfolog ia a comp reensã o da impor tância
em sistem atizar a sua determ inação quantitativa : não basta
não se pensou

206
dizer, por exemplo, que um solo é ou não permeável, cumpre ainda que se
determine o seu grau de permeabilidade. E também, com maior razão, não
se aprendeu a necessidade do exame físico de rotina nos trabalhos de geo-
morfologia, e nem tão pouco se cogitou de estabelecer, para os problemas
de relêvo, teoria que relacione as fôrças naturais com as formas de relêvo
em função das propriedades físicas. Mas, que propriedades físicas cumpre
investigar? Como realizar os ensaios? Como desenvolver as teorias sem as
quais os exames físicos têm pouco valor?" (Controvérsias geomorfol6gicas,
pág. 194).
O método quantitativo (físico-quantitativo) estabelece relação entre as
propriedades físicas do solo e as formas de relêvo:
a) dimensões de partículas ( granulometrià) ;
b) meteorização progressiva dos detritos (redução gradual de cima
para baixo na dimensão da partícula) .
O estudo das formações pode ser feito do ponto de vista morfoscópico
e granulométrico:
a) Marfoscopia - exame das formas dos elementos - grãos, seixos e
blocos;
b) Granulometria - estudo do calibre do material. (Curvas e histo-
grama)·
As formas dos grãos de areia, segundo André Cailleux são as seguintes:
1 - Não usadas (NU)
2 - Emoussée s luisantes (Polidos) ( EL)
3 - Rond-mat (Picotado ) ( RM )
A análise morfoscópica dos grãos dirá se se trata de uma antiga duna,
de um terraço fluvial, em via de desmantelamento, ou de urna forma de erosão
numa área de deposição marinha.
Quanto ao estudo dos seixos e blocos pode ser feito do seguinte modo:
1 - Grau de arredonda mento (índice de e11W1lssé);
2 - Grau de achatamento;
\3 - Dissimetria e orientação (têm que ser medidos no campo).
Há ainda o estudo dos minerais pesados nos depósitos sedimentares.
As experiências feitas em laboratórios, com várias amostras de diferentes
tipos de rochas, submetidas a variações térmicas brutais, demonstraram que
não é verdadeira a afirmativa da grande fragmentação das rochas.
Para o estudo do processo da erosão nos climas frios, a fragmentaçãc>
pelo gêlo se tomou grande.
Os laboratórios realizam experiências em modelos reduzidos. Os labora-
tórios de hidráulica já estão bem aparelhad os. Também há laboratórios de
dobramentos experimentais .
Referindo-se às medidas, M. Derruau no capítulo introdutório de seu
Precis de Geomorphologie diz: "Se as relações da geomorfologia com uma
ciência natural, corno a geologia ou a pedologia, são relativamente fáceis de
ser definidas, o mesmo não acontece nas suas relações com a matemática.
O número tem o seu lugar na descrição, que para ser exata deve também
ter urna avaliação. ~ difícil realizar-se um acôrdo sôbre a questão de se saber
se as leis morfológicas são suscetíveis de expressão matemáti ca." ( pág. 7) .
As leis geomorfol6gicas decorrem das fôrças endógenas e exógenas. As fôrças geomorfo-
l<Sgicas que dão as formas de relêvo são várias. Estas formas de relêvo são devidas
a várias
ações simultâneas e, além do mais, descontínuas. Diz Derruau que parece difícil conseguir-
uma expressão matemática para o perfil de equilíbrio fluvial, ou a curva da evolução se
uma vertente. de
A hidráulica e a aerodinâmica são as duas ciências que mais contribuem no forneci-
mento de certos valôres numéricos, para a geomorfologia.

207
Os fenômenos geomorfol6gicos são os fatôres que explicam a evolução ou as transfor-
mações da superfície da Terra. Paul Macar esquematiza do seguinte modo:
A) Fôrças que atuam;
B) Substâncias sujeitas à ação destas fôrças;
C) Modificações sofridas pelas formas antigas e o aparecimento de novas formas.
Segundo Derruau o estudo dos fenômenos geomorfol6gicos pode ser feito do seguinte
modo:

1 -I Fatôres tectônicos

1
Fôrças edificadoras
Relêvo
Relêvo
Relêvo
dobrado
falhado
de soerguimento tectônico
Relêvo de afundamento

2 - Fatôres de erosão
rêde
Aguas correntes - organizada
1
Processo de degradação
ou não

1
Regularização da superfície
Gêlo
Vento
terrestre Ações químicas
Gravidade
nivelamento de
acidentes

3 - Fatôres litológicos Formas cíclicas


(retomada de erosão)

1
Maior ou menor dureza da
Formas estruturais
Forma de erosão diferencial
rocha ou retilínea

Qualquer parte da litosfera pode ser modificada de três maneiras diferentes:


1 - Pode ser deformada por movimentos tectônicos - Rel~vo tectônico.
2 - Pode ser modificada por adição de material - acumulação de origem vulcâ-
nica, duna - Relêvo de acumulação.
3 - Pode ser modificada pela retirada de material, como fazem, por exemplo, as
vagas nas falésias - Rel~vo de erosão.
O meio continental é caracterizado pela erosão - domínio dos agentes
erosivos (desgaste + acumulação).
O meio marinho é caracterizado pela sedimentação.

208
Nos estudos geomorfológicos temos que considerar as f6rças que atuam (ou agentes
do modelado) .
1 - Agentes externos, o mesmo que agentes erosivoS! ou exógenos: a) Meteorização
das rochas ( erosão elementar ou intemperismo ); b) Erosão fluvial (erosão
normal); c) Erosão pluvial ( pluvierosão); d) Erosão eólia; e) Erosão glaciária
e nival; f) Erosão marinha; g) Erosão acelerada (devido à intervenção hu-
mana}.
Os processos devidos aos agentes externos estão em função de: variações
de temperatura e umidade; alternância de gêlo e degêlo; precipitações sob
diversas formas; vento; vagas e correntes marinhas; rios; as águas no estado
sólido; águas das chuvas que escorrem na superfície e as que se infiltram.
2 - Agentes internos ou endógenos: a) Diastrofismo 1 - Tectônico (movimento
orogênico); 2 - Epirogenismo (movimento de conjunto); b) Vulcanismo;
c) Sismos.
As rochas são as substâncias sujeitas à ação das fôrças internas e externas.
Destas fôrças resultam: a) Deformações, b) Desgastes, c) Acumulações.
Qualquer forma de relêvo primitivo ou original é passível de modificação,
porém, as deformações de maior importância são as que resultam da ação de fôrças
endógenas, especialmente as que são devidas à tectônica.
Frederico Machatschek afirma que: "A tarefa da explicação geomorfológica é, então,
o exame e a separação sistemática das formas produzidas por grandes grupos de fôrças e
processos que trabalham em conjunto, e contrários um ao outro, no modelado da superfície
terrestre. De um lado, os que têm o seu foco a certa profundidade, deslocando partes da
crosta no sentido horizontal e vertical e alternando as condições originárias, e pressionando
as massas existentes no estado ígneo do interior da Terra. Se houver fôrça suficiente, chegam
à superfície. ( Geomorfologia, pág. 9) . -
Importância da geomorfologia para o topógrafo e o cartógrafo - Há uma relação muito
estreita entre êstes três ramos do saber humano. Os levantamentos topográficos são indis-
pensáveis para a confecção de mapas geomorfológicos. O conhecimento da geomorfologia,
por sua vez, vai concorrer para uma melhor representação cartográfica dos acidentes. Ruellan
salienta a importância dos conhecimentos geomorfológicos por parte do cartógrafo, dizendo:
"no problema da generalização, a primeira condição a se considerar é o conhecimento, per
parte do cartógrafo, das formas do relêvo, de maneira a fazer ressaltar as linhas diretrizes
do terreno, sem tirar o caráter típico dessas formas" (Curso de Geomorfologia Geral -
Cap. II -Boletim Geográfico n. 0 83- págs. 13-23). Também Derruau afirma que a "visão
direta do terreno não dispensa a leitura da carta topográfica", que é de grande significação
para o geomorfólogo.
A escala da carta topográfica tem grande importância para o estudo da geomorfologia.
As escalas mais úteis para os trabalhos de geomorfologia são as que estão compreendidas
entre l/20 000 e 1/100 000. As escalas maiores que 1/20 000 só são úteis para as observações
de microgeomorfo logia - detalhes de dunas, rochas calcárias etc.
A importância de uma boa carta topográfica para os estudos geomorfológicos é evidente.
Derruau afirma: "A carta topográfica permite que se façam perfis indispensáveis ao estudo
da origem do relêvo. O perfil não é semelhante ao gráfico feito por um físico ou economis-
ta que liga, por seguimentos retos, pontos determinados. l!:le é uma representação do relêvo
com suas irregulari:lades eventuais e, por cqnseguinte, representa as curvas do modelado"
(pág. 5).
Importância das fotografias aéreas para a geomorfologia - Pode ser esquematizad a do
seguinte modo:
a) Observação da paisagem feita no terreno e de bordo de aviões.
b) As fotografias aér~as são mais fiéis que as cartas topográficas. Nestas, o topó-
grafo e o cartógrafo podem agir subjetivamente, na hora de representar as
formas de relêvo. Dern:au diz: "Mais fiéis que a carta topográfica, as foto-
grafias aéreas tornaram-se um instrumento de trabalho incomparável, a tal
ponto que as novas cartas são feitas a partir das fotografias" ( pág. 5).
c) Faixas de vôo e pares estereoscópicos - é possível a restituição.
d) A interpretação das fotos aérea5 não dispensa o contrôle terrestre .

209
e) Análise dos elementos físicos constituidores das fotos aéreas: 1 - O relêvo
e suas diferentes formas - Tipos de rochas, estrutura geológica e geomorfo-
16gica, clima e vegetação; 2 - Trabalho das águas: - rêde hidrográfica (erosão
fluvial); - pluvierosão (águas das chuvas); - erosão marinha.

ImporMncia da geomorfowgia para a geologia - a geowgia considera o estudo do globo


terráqueo (no sentido vertical), enquanto a geomorfologia estuda de cima para baixo, ficando
restrita à parte superficial. Isto significa que o geómorfólogo ao encontrar uma forma de
relêvo vai buscar sua explicação no subsolo e correlacioná-lo ao tipo de clima. A radical
diferença de mentalidade entre o geólogo e o geomorfólogo deve ser' procurada no método de
trabalho utilizado por êstes dois especialistas.
Ruellan diz a êste propósito: "Os métodos da pesquisa geomorfológica, muito diferentes
dos que se aplicam em geologia, trazem a esta última ciência interpretaçã o às quais ela não
poderia chegar pelos meios que lhe são próprios." ("Tratado de Geomorfologia" in Boletim
Geográfico, n·0 153).
O geólogo físico ou estruturalista tem grande necessidade dos estudos geomorfológicos.
Nas relações entre a geomorfologia e a geologia, Ruellan acentua que as mesmas são muito
estreitas, "porque a geologia informa a respeito da qualidade e disposição dos materiais, nos
quais são esculpidas as formas . Dêste modo, a geomorfologia tem por base essencial a
petrografia, que dá conhecimentos sôbre os materiais, mais que a geologia histórica. A
petrografia analisa a formação das rochas e também os processos de sua desagregação e
decomposição, enquanto cada um dos seus elementos minerais constitui o objeto dos estudos
mineralógicos, mais afastados da geomorfologia porque interessa mais aos geomorfólogos o
conhecimento das rochas que o conhecimento dos minerais, elementos isolados, que constituem
a.S rochas e que são o objeto da mineralogia ("Notas de Geomorfologia", in Boletim Geográ-
fico n. 0 152, Set., Out. 1959) .
A geomorfowgia e a geo~ 10 tocante à constituição das formas de relêvo atual e,
de, eras antigas, têm que estar ,das no postulado da perman~ncia das leis da natureza.
Isto significa que não se pode saoer alguma coisa do passado, sem se admitir que as leis
de evolução atual não sofreram mudanças.
A geomorfologia procura explicar as formas atuais pela sua gênese, pelo seu passado,
que pode remontar a tempos muito recuados. Todavia, ela não avançou, se não baseada mun
raciocínio lógico partindo do presente. A geologia reconstitui o passado a partir do pre-
sente, e a ~eomorfolcgia explica o presente pelo passado, uma e outra devem admitir então
9 ..atualismo.
Ruellan fornece um eJ~emplo bem claro das ligações entre o geomorfólogo e o geólogo
dizendo: "A geomorfologia fornece aos geólogos informações preciosas. Assim, a origem das
grandes escarpas, como a serra do Mar e Mantiqueira , assunto dos mais discutidos entre
geólogos, seria o resultado de falha ou de erosão? Estudando o terreno, o geomorfólogo
vê que não se pode tratar unicamente da erosão fluvial, pois ela agiria igualmente nas
duas encostas destas serras. Não há motivo para que os rios do Atlântico, mais avantajados
pela pluviosidade, tenham erodido mais lentamente que os outros. l!:stes rios não cavaram
senão vales muito elementares, enquanto os que vão 0 para o interior erodiram muito mais
("Notas de Geomorfologia", in Boletim Geográfico, n· 152).

Importtlncia da geomorfowgia para a geowgia econômica

a) Estudo de depósito aluviais ( placers) em antigos leitos fluviais - reconstituição


do traçado do antigo curso fluvial.
b) Depósito de placers em terraços marinhos escalonados e também em terraços
fluviais. ·
c) Localização de certas linhas salientes em relêvo pleneplanad o, correspondendo
a pegmatitos - exemplo, os pegmatitos heterogêneos do Nordeste, que são
portadores de minerais valiosos. Os pegmatitos homog~neos não são portadores
de minerais de grande valor.
d) Localização de chapadas (planaltos) no Ceará, no Rio Grande do Norte, onde
há depósitos de gêsso.

210
Sintetizando, podemos dizer que a geomorfologia é o estudo racional e sistemático das
formas de relêvo, baseando-se nas leis que lhe determinam a gênese e a evolução. Estu-
dam-se, por meio dela, as formas em sua origem e as transformações sofridas até nossos dias.
Assim, é o estudo da relação entre estrutura e topografia.
A geomorfol~gia é, portanto, a ciência que tem por objeto o estudo das formas terrestres,
definindo-as pelo seu aspecto, por sua dimensão por sua {!.ênese e pela sua evolução. E,
analisando-se êste conceito observa-se que o aspecto nada mais é que a descrição, à dimensão
correspondem as medidas; a gênese é a origem das diferentes formas, e evolução é o processo
de formação e de transformação dos diferentes acidentes do relêvo.
O desenvolvimento dos estudos geomorfológicos prova : que, no passado, as pesquisas
se orientaram ou melhor estavam por demais calcadas na estrutura e na natureza das rochas.
Ttldas as formas de relêvo eram descritas e explicadas em função daqueles elementos geoló-
gicos - geomorfologia estrutural - atualmente, além dêsses elementos, especial destaque
é dado, como já salientamos," ao clima e à vegetação.
O estudo ecológico das formas de relêvo - geomorfologia climática - levou os Profs.
Jean Tricart e André Cailleux a desenvolverem as formas zonais ou melhor, os sistemas mor-
foclimáticos ou zonas bioclimáticas. Anteriormente aos estudos dêsses dois autores, A. Cholley
havia distinguido, no globo, 7 regimes morfoclimáticos, tendo cada um o sistema de erosão
peculiar: 1 - Regimes dos países temperados úmidos ( geornorfologia normal); 2 - Regime
árido; 3 - Regime glaciário; 4 - Regime dos trópicos úmidos; 5 - Regime dos trópicos
úmidos sazonais ( regime de savanas) ; 6 - Regime mediterrâneo (subtropical); 7 - Regime
periglaciário ou subnival.
A moderna geomorfologia climática intensamente desenvolvida, na França, por Tricart
e Cailleux, é atualmente seguida por vários geomorfólogos. ~les substituíram a denominação
de sistema de erosão (de Cholley) por sistema morfoclimático, pois consideram esta expres-
são mais genérica do que a primeira. Dividiram o globo em 12 zonas morfoclimáticas, a
saber: 1 - Regiões glaciárias; 2 - Regiões periglaciárias com pergelissolo (solo perpetua-
mente gelado); 3 - Regiões periglaciárias sem pergelissolo; 4 - Florestas sôbre pergelissolo,
quaternário; 5 - Zonas florestais de médias latitudes, marítimas, sem invernos rudes; 6 -
Zonas florestais de médias latitudes com invernos rudes; 7 - Zonas florestais de médias
latitudes - variedade mediterrânea; 8 - Estepes e pradarias subdesérticas com estepes
degradadas com invernos rudes; 11 - Savanas; 12 - Forestas intertropicais. M. - regiões
acidentadas, onde a altitude tem papel predominante. Através dessa enumeração das dife-
rentes zonas, pode-se bem compreender as expressões: ecologia das formas de reMvo, zonas
bioclimáticas ou ainda sistemas morfoclimáticos.
GEOMORFOLOGIA APLICADA - a evolução da geomorfologia clássica e especulativa,
ocupada apenas no estudo do ciclo erosão e das peneplarúcies, caminhou para uma nova
modalidade que interessa a todo geólogo, que é a geomorfologia aplicada. Ela fornece im-
portantes dados aos engenheiros que estão pouco afeitos ao mecanismo dos processos exóge-
nos. Como exemplo podemos citar os problemas de implantação de barragens para produção
de energia elétrica, traçado de ferorvias etc. As cartas geomorfológicas são instrumentos de
valor indispensável para a geomorfologia aplicada e cheias de importantes dados para geólo-
gos, engenheiros. Vejamos algumas das aplicações da geomorfologia: 1 - nas pesquisas
minerais; 2 no contrôle de movimentos coletivos de solos e massas de rochas decompostas,
numa vertente; 3 - erosão acelerada. Enxurradas e ravinamentos; 4 - locação de traçados
rodoviários, ferroViários e aeroportos; 5 - implantação de cidades - escolha de sítios, - uso
da terra - declividade das encostas e uso de implementos agrícolas.
GEOMORFOLOGIA ANTROPOGENtTICA - o estudo da ação do homem sôbre as formas
da superfície da Terra, particularmente o desatêrro antropogenético ( desnudação, erosão) e
o atêrro antropogenético (acumulação).
Segundo E. Felds, "a geornorfologia, cujo estudo e progresso constituem geralmente o
objetivo dos geógrafos, foi considerada do seu início, até hoje, como a ciência da ação
e da eficácia das fôrças da .natureza inanimada, modelando a multiplicidade das formas da
superfície da Terra". Todavia, só muito tardiamente se reconheceu ~ue a natureza viva e
particularmente o homem, têm importância na criação das formas. ' O homem como fator
geomorfol~gico. não entrou ai~da na consciência e ~o domínio da inve;tig_ação dos geógrafos".
~ste fato e fàctlmente observavel quando se examma qualquer compendio de geomorfologia.

211
Fig, n. 0 3G - O centro da cidade do Rio de Janeiro é um dos bons exemplos para se estudar as
transfonnações da paisagem física, especialmente no que diz respeito aos desmontes e aterros antro-
pogenéticos. Como exemplos recentes têm-se o morro do Castelo e o de Santo Antônio. Na foto
acima vê-se um aspecto do desmonte do morro de Santo Antônio, cujo material foi carreeado para baía
de Guanabara. Ao fundo, o cenário da cidade e a silhueta da serra da Tijuca.
(Foto Tibor Jablonsky do lDG)

E. Felds, em recente trabalho publicado na Alemanha ( 1954), descreve amplamente


a ação do homem como modificador da face da Terra. A atividade econ6mica do homem
muda a face da Terra (258 págs.).
De Martonne diz que o homem como fator morfológico não pode ser comparado aos
fatôres endógenos ou, ainda, aos exógenos. ''E, sem dúvida, incapaz de produzir desnivela-
mentos comparáveis, pela sua amplitude e continuidade, àqueles que são devidos às fôrças
tectônicas e às erosões que atuam durante séculos. Pode agir indiretamente, acelerando
determinados processos, e até mesmo criar, diretamente, certas formas de dimensões reduzi-
das" (in Panorama da Geografia, voL I, pág. 473).

Fig. n. 0 4G - Os traçados das ferrovias e das rodovias obrieam aos eneenheiros a realizarem muitas
vêzes crandes cortes, ou imensos aterros. :2stes .vodem ser feitos ou com a rocha meteorizada, ou m:-smo
com a rocha sã. Todos êstes movimentos de materiais feitos pelos erupos humanos alteram a fisionomia
das reeiões. O equilíbrio das vertentes, não raro, é rompido e, com êle, uma série de fenômenos
ocorre, Como exemplo, pode-se citar os deslizamentos de barreiras, ou mesmo as corridas de blocos. -
Na rodovia !tio-Belo Horizonte é interessante ressaltar o fato de que em certos trechos, loeo nas pro•
ximidades da cidade de Belo Horizonte, esta foi cortada sôbre afloramentos de minérios de ferro. - Na
foto ao lado, tirada próximo de Ouro Prêto, vê-se, por exemplo, um barranco onde aflora a jacutinga,
isto é, minério de ferro pulverulento.
(Foto Ti!>or Jablonsky do IBG) ~

212
Ações imediatas ou diretas dos grupos humanos:
A) Fenômenos nos quais o homem intervém, na qualidade de agente geomorfo-
l6gico, com emprêgo de utensílios de trabalho sempre mais possantes, provo-
cando deslocamentos de massas consideráveis:
a) Construção de habitações isoladas e povoados.
b) Exploração das minas. O deslocamento de massas, na exploração das mi-
nas, ultrapassa de muito o vulcanismo atual.
c) Regularização de costas marítimas - criação de tipos de costas artificiais.
d) Grandes deslocamentos provocados pela agricultura nas montanhas; a
cultura nas montanhas; a cultura em terraços freia a erosão.
e) Nos desertos, a luta da população contra a invasão da areia nos oásis
é de vital interêsse para os palmeirais.
f) Cortes e aterros na construção das vias de transporte.
B) Fenômenos que influem sôbre a ação geomorfol6gica das águas continentais
e obrigam a submeter seu trabalho natural à vontade do homem.
a) Trabalhos hidráulicos, como: irrigação de terrenos secos, proteção contra
as grandes enchentes, desobstrução de rios e portos, construção de barra-
gens para captação de energia, etc. No conjunto, os trabalhos hidráulicos
são dominados pela preocupação de diminuir o escoamento no percurso
da água ao mar, guardando-a mais tempo, para o serviço do homem.
b) Grande número de lagos de barragem artificial.

Ações mediatas ou indiretas dos grupos humanos:


Estas ações são, hoje, muito mais fortes que as influências geomorfol6gicas diretas. Elas
se produzem em conseqüência de o homem operar intervenções no revestimento vegetal da
Terra. ( Figs. ns. 3G e 4G) .
Como exemplo, tivemos os desflorestamentos e o consecutivo aceleramento da erosão
(Erosão dos solos, antropogenética ou humana), os fiumares mediterrâneos (torrentes do
Mediterrâneo) se intensificaram com o grande desflorestamento ocorrido na região.
Erosão antropogenética ou erosão humana é pois o desencadeamento de processos que
trànsformam a paisagem natural, após a realização de um trabalho feito pelo homem. Erosão
antropogenética é também sinônimo de erosão acelerada.
O Prof. Jean Tricart dá, em seu Curso de Geomorfologia Climática, bastante ênfase ao
trabalho humano, tendo em vista o desencadeamento dos processos erosivos em áreas flores-
tadas e desflorestadas.
O geógrafo Alfredo José Pôrto Domingues no seu estudo sôbre "As superfícies de
aplainamen to" diz o seguinte: "Grandes transformações se verificam hoje em dia na pai-
sagem onde e~ grandes áreas predomina um sistema erosivo antropogenético. Basta para
isto considerarmos a série de colinas da serra do Mar, que foram desprovidas de vegetação,
tornando-se domínio das enxurradas onde surge a rniúde os ravinamentos e voçorocas. :11:
uma nova paisagem onde os equilíbrios foram rompidos e na qual o homem deve procurar
por todos os meios corrigir os efeitos da erosão anormal" ("In: Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros, vol. XIII).
Entre os diferentes sistemas de erosão, Derruau considera o antrópico, dizendo: ''O
homem pode modificar o clima, ou mais propriamente, a cobertura vegetal natural, criando
assim condições biológicas novas, colocando em marcha um sistema de erosão original, o
sistema antr6pico" ( Precis de geomorphologie - pág· 200). ~ste autor considera apenas o
trabalho dos :homens como agente morfológico indireto. Trata-se apenas do trabalho de erosão
das águas das chuvas e dos ventos.
Na própria Alemanha, Felds assinala que os geomorfólogos não são unânimes em aceitar
êste capítulo intitulado homem, agente geomorfol6gico. Tanto assim, que Machatschek (1952)
e O. Maull, ( 1938), não fazem nenhuma referência em seus compêndios. ~ste último diz
mesmo que elimina de sua cogitação tôda e qualquer transformação que possa ser introdu-
zida pelo homem.
GEOMORFOLOGIA CLIMÁTICA - recente escola de geomorfologistas que procuram
explicar as formas de relêvo, dando ênfase ao clima no trabalho do modelado. o clima é
na realidade um fator de grande importância, porém, não se pode deixar de levar em
consideração os fatôr~ estrutura e natureza das rochas. A geomorfologia climática constitui

214
uma corrente que relega a chamada geomorfologia normal, deixando cair por terra a noção
de erosão Mrmal e passando a considerar os sistemas de erosão como os verdadeiros respon-
sáveis pelas formas de relêvo, combinados com outros fatôres como: natureza das rochas e
estrutura.
A corrente dos adeptos da erosão normal, isto é, da geomorfologia normal constitui
uma verdadeira abstração da realidade. É um têrmo chocante para o espírito científico,
o mesmo ocorre com as explicações dadas. Ao lado dessa geomorfologia normal (das regiões
temperadas ) deveria logicamente existir uma geomorfologia a7U!rmal.
André Cholley, em seu artigo: "Morphologie structurale et morphologie climatique" diz
que se compreende o sucesso obtido pela expressão "morfologia climática", pois: "Ela marca,
de alguma maneira, a reação contra a atividade da maior parte dos geógrafos que faziam
da estrutura o princípio de tôda morfologia" .
A geomorfologia climática é pois o estudo das formas de relêvo comandadas pelo clima.
Para André Cholley, "a expressão morfologia climática não designa corretamente a realidade
que ela quer escolher. Engloba fatos muito diferentes"· •
A geomorfologia climática representa a moderna orientação que se opõe à geomorfologla
estrutural, segundo alguns autores. Cholley acentua que se deve evitar a "distinção entre
uma morfologia estrutural e uma morfologia climática. Tôda morfologia deriva de um
sistema de erosão desenvolvido pelo clima e que se exerce nos terrenos e nos relevos diversos,
devidos à estrutura e à tectônica. Os têrmos morfologia estrutural e morfologia climática
devem portanto ser evitados, em virtude de seu significado dúbio que não permite que se
apreenda convenientemente a realidade".
Há processos azonais que completam a geomorfologia, como: 1 - Modelado do litoral;
2 - Ações eólias; 3 - Modelado do leito das águas correntes. Cada um d~sses grupos
de
processos está na depend~ia de leis físicas próprias. As formas elementares do reMvo
resultam de antagonismo ou de equilíbrio, entre o ataque da rocha in situ, por certos pro-
cessos, e a resistência da própria rocha a êste mesmo processo. A relação entre fatôres
estruturais e fatôres climáticos comanda de modo diverso o relêvo, segundo a escala con-
siderada.
Topografia morfoclimática e estrutural - até certo ponto é possível distinguir uma
topografia com dominância morfoclimática e outra com o predomínio estrutural. Opor uma
à outra seria fazer uma violência nos fatos, e deformá-los por um espírito simplista. Não
há exclusivamente o dilema (influências estruturais ou influências climáticas), mas a combi-
nação em proporções variáveis, ao mesmo tempo que a oposição ou adaptação.
Fatôres zonais e fatôres azonais- pertencem conjuntamente ao grupo de fôrças externas
que agem na morfogênese. Além dos dois conjuntos: geomorfologia estrutural e geomorfologia
climática, deve-se juntar a geomorfologia azoMl. Neste particular, deve-se acentuar que,
embora exista uma categoria de fatôres morfoclimáticos sôbre os quais podemos assentar
o estudo de uma parte da geomorfologia, esta categoria todavia não pode ser isolada do
resto; pois, devem ter sempre presente o espírito da unidade da natureza.
Cholley considera os sistemas de erosão de máxima importância na Geomorfologia Cli-
mática. Acentua que no estudo de uma paisagem física "deve-se encontrar na morfologia
de uma região os traços de tantos sistemas de erosão, quantos tenham sido os tipos de
climas que ela conheceu"·
São os seguintes os sistemas morfoclimáticos ou sistemas de · erosão, segundo alguns
autores:
André Cholley:
1. 0 Regime dos países temperados úmidos ( geomorfologia normal) ;
2. 0 Regime árido;
3. 0 Regime glaciário;
4. 0 Regime dos trópicos úmidos;
5. 0 Regime dos trópicos úmidos sazonais (regime de savana);
6· 0 Regime mediterrâneo (subtropica l);
7. 0 Regime periglaciário ou subnival;
Jean Tricart e André Cailleux:
1 Regiões glaciárias;
~ Regiões periglaciárias com pergelissolo (solo perpetuame nte gelado);
3 Regiões periglaciárias sem pergelissolo;

215
4 - Florestas sôbre pergelissolo quaternário;
5 - Zonas florestais de médias latitudes, marítimas, sem invernos rudes;
6 - Zonas florestais de médias latitudes com invernos rudes;
7 - Zonas florestais de médias latitudes - com variedade mediterrânea;
8 - Estepes e pradarias subdesérticas com invernos rudes;
9 - Desertos e estepes degradadas sem invernos rudes;
10 - Desertos e estepes degradadas com invernos rudes;
11 - Savanas;
12 - Florestas intertropicais;
M - Regiões acidentadas onde a altitude tem papel predominante.
As variações climáticas numa área darão: 1 - Formas atuais ou vivas; 2 - Formas
relíquias ou fósseis ou ainda mortas; 3 - Formas exumadas (eventualmente).
De Martonne acentua: "o clima surge como um fator essencial do relêvo, no sentido
em que determina as características do modelado. Porém, não devemos atender sàmente à
distribuição atual dos climas. Os efeitos do modelado glaciário quaternário tendem a desa-
parecer nas regiões onde atualmente trabalha a erosão normal, mas são ainda evidentes em
grandes extensões" (Panorama da Geografia, vol. I, págs. 472/473)·
GEOMORFOLOG IA NORMAL - o estudo das formas de relêvo das regiões temperadas.
As pesquisas mais minuciosas referentes à morfologia terrestre foram feitas nessas regiões.
l!:ste neologismo implica, porém, na existência de uma geomorfologia anormal, tôda vez
que se tratasse de estudos feitos em regiões de clima quente. Mas, na realidade, a geornor-
fologia tropical é normal, pois suas caracteírsticas são peculiares ao próprio clima.
O conceito de geomorfologia normal começa a tornar-se confuso, segundo se considere
os diversos autores que têm tratado dêste assunto.
A) Para Davis a geornorfologia normal dizia respeito às áreas que tivessem sido
modeladas pelo clima temperado úmido, como ocorre no nordeste dos Estados
Unidos, no noroeste da Europa e em alguns outros poucos lugares da Terra,
inclusive na Nova Zelândia (importantes estudos de Coton - discípulo de
Davis).
B) Para Paul Macar a geomorfologia normal é uma parte da geomorfologia.
De maneira geral, podemos distinguir diferentes tipos de modelado terrestre
em ligação com os tipos de clima. Neste caso, podemos falar de modelado
desértico, de um modelado glaciário e, por conseguinte, de uma geornorfologia
das regiões áridas etc. As formas de relêvo de cada uma dessas paisagens
diferem muito das que são encontradas nas regiões de clima temperado úmido
que recebe o nome de geomorfolOgia normal. Esta denominação liga-se ao
fato de que o modelado das regiões temperadas é o mais estudado e, por
conseguinte, o mais conhecido.
C) Cholley adota as expressões erosão normal e geomorfologia normal dando as
seguintes justificativas:
1 - normal, porque corresponde ao modo de escoamento normal e regular
das águas sôbre a superfície do globo.
2 - porque reflete um trabalho regufar progressivo e suscetível de alcançar
uma última etapa.
3 - agindo sôbre rochas diferentes, o trabalho contínuo, realizado pelos rios
terá como resultado diferentes tipos de relêvo. Impressão de ordem e
hierarquia que satisfaz ao espírito.
4 - seu campo abrange a maior parte do globo terrestre, 70%, excetuando-se
as regiões polares e desérticas.
5 - os estudos morfológicos feitos em regiões temperadas são mais acurados,
pois nelas vive grande parte da população culta da humanidade.
D) Para De Martonne a denominação modelado normal teve um sentido restrito,
já que se limita à erosão fluvial. "Olhando em tôrno de nós, analisando os
melhores mapas topográficos do território francês, achamo-nos em presença
de um modelado cujo agente principal é incontestàvelmente a erosão das
águas correntes e cujo resultado é a multiplicação dos vales que são a
forma dominante. Todos os fragmentos topográficos reproduzidos neste capí-

216
tulo correspondem mais ou menos a êste caso. E é isso o que a topografia
considera como "caso normal" (Panorama da Geografia - Vol. I - pág. 457).
-G EOMORFO LOGIA SUBMARINA - trata-se de uma especialidade, dentro do imenso
campo da geomorfologia. O seu estudo é muito complexo, e na maioria das vêzes feito de
modo indireto, através da leitura e interpretaçã o das cartas batimétricas. Estas, por sua vez,
são muito precárias, quando se consideram os oceanos como um todo, tendo em vista o
pequeno número de sondagens existentes.
Na geomorfologi:l submarina podemos de modo geral selecionar os seguintes grupos de
formas: I - as formas marginais dos oceanos; 11 - formas escavadas e Ill - formas salientes.
No primeiro grupo, tem-se a plataforma continental, a plataforma insular, o talude ou
declive continental. Entre as formas escavadas destacamos: bacias, fossas submarinas,
canhões etc.
No terceiro grupo de formas submersas, ou sejá, as formas salientes, temos maciços
submarinos, dorsais ou espigões, planaltos, montanhas, planícies abissais, pico submarino,
montanha tabular guyot (vide) etc.
GEOMORF OLOGIA TROPICAL - estuda as formas do relêvo existentes nas regiões inter-
tropicais de clima úmido. Certas formas de relêvo, certos tipos de alteração das rochas
constituem características do clima da região e não entram no panorama das regiões de
clima temperado. Assim, a Europa desconhece os lateritos (canga), peculiares ao clima
tropical úmido. Reciprocamente, as regiões tropicais atuais desconhecem os trabalhos feitos
pelo gêlo e pela neve (exceção feita às altas montanhas) , própria das regiões temperadas.
Na morfologia tropical há portanto grande número de características próprias que a
difere das regiões temperadas :
A) Grande espessura da camada de rochas decompostas que mascaram as formas
estruturais.
B) Coloração dominantemente vermelha ou alaranjada dos solos e regolitos -
aparecimento de latossolos (solos lateríticos) e de laterítos (crostas de canga).
C) Vertentes convexas e formas típicas de pão-de-açúcar e pontões, nas áreas
cristalinas.
D) Vales de fundo chato, grandes alvéolos e escassez de material aluvionar (sei-
xos) em terraços, por causa da grande dissolução. (Vide geomorfologío
normal).
GEOMORF OMETRIA - é a medida das fom'las de relêvo. Trata-se de uma geomorfologia
quantitativa .
GEOSFERA - denominação dada à parte sólida do nosso planêta. O exame da estrutura
da geosfera demonstra a existência das seguintes camadas: 1 - Litosfera (esfera de pedra)
- a edafização de sua parte superficial dá aparecimento ao solo, 2 - Pirosfera, também
denominada sima, ou mesosfera e 3 - Barisfera, nife, ou ainda, núcleo central.
GEOSSINC LINAL - depressão alongada onde os sedimentos, por efeito da subsidência,
acarretaram um afundament o progressivo no decorrer dos tempos geológicos, permitindo
assim a acumulação de grandes espessuras de materiais. :l;:sses, posteriormente, vieram a ser
elevados por efeito de pressões laterais, como explica a teoria da migração dos continentes.
Os geossinclinais correspondem às zonas de intensa movimentação tectônica onde apa-
recem os diversos tipos de dobras, charriages, falhas e vulcanismo.
Os -geossinclinais representam áreas de afundament o produzidas pelo acúmulo de sedi-
mentos e separam as áreas continentais. Hoje, já existe certa oposição a esta teoria da
subsidência produzida pelo pêso dos detritos acumulados nessas zonas de fraca resistência.
O têrmo geossinclinal ou geossinclínico foi criado pelo geólogo James D . 1 Dana.
GEOSTÃTI CA ..:.... o mesmo que geologia estrutural. Vide geologia.
GEOTECT ôNICA - o mesmo que tectdnica (vide) ou geologia mecdnica (vide).
G~SSO ou GIPSO - rocha formada pela hidratação do suHato de cálcio, isto é, a gipsita,
cuja fórmula é a seguinte: SO,Ca + 20H. = SO,Ca 20H•.
O gipso se encontra geralmente em camadas, cuja textura granulada· fina e coloração
clara ou levemente amarelada, pode confundi-lo com um calcário. Experimentando-se, porém, .
o ácido clorídrico imediatamente se observará que não apresenta nenhuma reação, além
do mais, fàcilmente riscado pela unha, pois sua dureza é 2 a 3 .

217
Algumas vêzes, aparecem nos bancos de gipso cristais de gipsita, muito desenvolvidos,
que são chamados pelos franceses de gipses fer de lance.
Quanto à sua utilização, quando constitui o alabastro gessoso é usado na fabricação de
·estatuetas, substituindo a pedra mármore. O gêsso compacto é ainda usado na fabricação
de estuques e também na agricultura. O gêsso é o gipso calcinado - semi-hidratado para
que a desidratação não seja completa.
GEYSER - jatos de água quente contínuos ou intermitentes que irrompem do solo. Os
geysers podem· ser considerados como fontes termais intermitentes. Junto aos · geysers é comum
o depósito da geiserita.
Os geysers são abundantes na Islândia e no Parque Yellostone, nos Estados Unidos.
(Vide água termal)
GEYSERITA - rocha depositada junto aos geysers (vide).
GIPSITA - sulfato de cálcio hidratado cuja fórmula é a seguinte: - CaSO' 2H20, cristali-
zado no sistema monoclínico e dureza variando de 2 a 3.
A gipsita é o material que constitui o g~sso ou gipso. Apresenta-se sob diversas formas:
finamente granulada, fibrosa com longo brilho etc. Ela constitui a matéria-prima para a
fabricação do cimento e também do gêsso. Pode ser usada ainda como alabastro. Sob a
forma pulverizada pode servir como fertilizante na correção do pH dos solos.
1!: no Meio Norte e no Nordeste onde se localizam os maiores produtores de gipso do
Brasil ,sendo Pernambuco, Maranhão, Ceará e o Rio Grande do Norte os maiores produtores.
No Nordeste há reservas de gipso pràticamente inesgotáveis.
As jazidas de gêsso do Ceará estão relacionadas à fórmação geológica do Araripe, isto
é, devido à evaporação das águas do mar cretáceo que existiu no sul do Ceará. O mesmo
ocorre com as de Pernambuco ( Araripina).
As minas de gipsita de Mossoró (Rio Grande do Norte), que fornecem a maior parte
do gêsso necessário à indústria nacional, provêm de camadas horizontais, situadas logo
abaixo do manto de depósito da formação Barreiras. Foi esta a área pioneira da exploração
de gêsso em nosso país.
O gipso da área da chapada do Araripe no Ceará é transportado pela estrada de ferro
até o pôrto de Fortaleza, onde é beneficiado e embarcado para o sul do País.
O gipso no município de Mossoró é transportado por estrada de ferro até Areia
Branca, onde é embarcado com destino ao Rio de Janeiro e São Paulo.
No estado de Pernambuco, o gipso é explorado na região de Araripina, na parte oci-
dental do estado. Desta área, segue por ferrovia até Juàzeiro e depois pelo rio São Francisco
até Pirapora e daí a Belo Horizonte, ou em caminhão diretamente para o Rio de Janeiro e
São Paulo.
O gipso é utilizado na produção de gêsso e também de cimento para dar pega.
GIPSO - o mesmo que gêsso (vide).
GIZ - rocha calcária de coloração branca, friável e constituída de grande número de
pequenos detritos orgânicos, carapaças de foraminíferos radiolares e mesmo corais. Os aflo-
ramentos dessas rochas são muito fissurados sendo, por conseguinte, muito permeávt>:s.
Geralmente, encontram-se no seio dêsse tipo de rocha, nódulos e concreções de sílex de
forma e tamanho muito variados .
Segundo os elementos que entram na composição do giz, êste pode ser margoso, glauco-
nítico, midáceo e mesmo fosfatocálcio. O giz é também chamado greda branca e corresponde
à cráie dos geólogos franceses.
GLACIAÇÃO - formação de glaciais em uma determinada região e em diversas épocas
da história física da Terra. As glaciações deixam suas marcas impressas na paisagem por
causa do efeito das geleiras. Como já dissemos, nas diversas fases da história. física da Terra
existiram períodos glaciais, cujas extensões foram, por vêzes, universais, isto é, atingiram
quase tôda a superfície do globo, enquanto outros se restringiram, apenas, a certos locais.
No fim do Plioceno começaram as glaciações mais importantes, sendo, porém, no Quaternário
que os seus efeitos se fizeram sentir com mais intensidade e é por isso chamado de era
glacial.
Os efeitos da glaciação se traduzem na paisagem através das morainas, das argilas com
blocos erráticos, estrias de rochas, seixos facetados etc.

218
GLACIAL (depósito ) constituído por materiais deixados pelos glaciares
~ morainas, tilito,
drift glacial etc.
GLACIARIA (erosão) - vide erosão glaciária.
GLACIOLOGIA - ciência que estuda sistemàticamente as geleiras e
as glaciações. Na
Suíça é onde encontramos atualmen te grandes especialistas dedicados
às pesquisas glacio-
lógicas.
"GLACI S" - denominação usada por alguns autores para os taludes
de fraco declive.
"GLACIS D'EROS ION" '-- vide pedimento.
"GLACIS DE SEDIME NTATIO N" - o mesmo que "bajada" (vide).
GLAUCONITA - hidrossilicato de ferro e P-otássio, de coloração verde,
cuja fórmula é a
seguinte: (Fe, K') O, (Fe• Al'O'SiO ' + H O),. B um mineral caracterís
marinhos atuais e se forma na zona submarin a de 200 a 2 000 m de tico de depósitos
profundi dade. Nos
mares atuais a glauconita aparece, geralmente, misturad a com concreções
preciso frisar que nenhuma relação genétir.a existe entre a formação fosfatada s. Toma-se
fosfato de cálcio. da glauconita e do
A glauconita pode aparecer em grânulos isolados ou em grãos cimentad
argila. Constitui um elemento fertilizante dos terrenos onde aparece, por os por uma
em potassa. causa do seu teor

GLIPTOG~NESE - fase do ciclo geológico na qual se verifica


o domínio do escavamento,
representando a última fase do respectivo ciclo (vide ciclo geológico)·
GLUCI NIO- o mesmo que berílio (vide); não se encontra livre na natureza.
leve, cujo minério é o silicato de alumínio e berílio. ll: um metal
GNAISSE - rocha cristalofiliana com os mesmos elementos do granito -
e mica - porém orientados . Essa orientação das camadas ( xistosidade) pãoquartzo, feldspatos
deve
dida com estrias, como pensam alguns, pois, estrias são as marcas deixadas ser confun-
das rochas pelas morainas glaciais. na superfície
Os gnaisses se dividem em dois grupos: paragnaisse e ortognaisse, segundo
do metamorfismo em depósitos sedimentares ou de origem ígnea. provenham
GOETIT A - óxido de ferro hidratado muito semelhante à limonita e de
aspecto mamelonar.
GõLFO - ampla reentrânc ia da costa, bem larga, na qual o mar penetra
como uma ponta. Os golfos, em geral, são maiores que as baías (vide), com profunde za
e são definidos
como grande porção do mar que. se intromet e pela terra entre pontas ou
por conseguinte, são . amplas reentrâncias da costa com grande abertura, cabos. Os golfos,
constituindo assim
amplas baías, e englobando, por vêzes, baías, enseadas, sacos e portos.
GONDUANA - o mesmo que gondwana (vide).
GONDWANA - denominação dada ao continen te hipotético que existiu
no hemisfério sul,
o qual compreendia massas continentais da América do Sul, África do Sul,
lndia e Austrália.
No decorrer da era Mesozóica deu-se a fragmentação dêste continen te.
GONDWANIDES - denominação usada para os terrenos antigos (Paleozó
ico) do continente
de Gondwana (vide).
GONFO LITO - conglomerado cujo cimento é de naturezl;l calcária.
GORGU LHO - depósitos aluv4is diamantíferos ou auríferos situados
Denomina-se também de gorgulhos aos bancos de areia ou de seixos que em terraços altos.
obstruem, parcial-
mente, a foz de alguns rios.
GRÃ - têrmo usado em geologia é em petrografia como sinônimo de
grão.
a textura de uma rocha e a sua granulação, diz-se: grã fina, grã média, Ao se estudar
grã grossa, ao
invés de grão.
GRABEN - o mesmo que fossa tectdnica (vide) é o oposto de horst.
GRADIE NTE GEOT:Il:RMICO - o mesmo que grau geotérmico (vide).
GRANIT ITO - vide granito.

219
GRANITO - rocha eruptiva composta de três minerais essenciais : quartzo, feldspato alca-
lino e micas. A textura é, geralmente, granular, na qual aparecem elementos passíveis de
serem apreciados a ôlho nu. A densidade do granito oscila entre 2,55 e 2,75.
Na composição do granito, além dos minerais essenciais, aparecem outros que servem
para designar o tipo de granito, ex.: granito cam anfib6lio, piroxhlio, mica branca, biotíta
e duas micas. Os granitos podem aflorar em batólitos, !acólitos, filões, camadas etc. Há
na nomenclatura estrangeira certa confusão entre as diversas denominações de granito e
granitito. As escolas francesa, norte-americana, alemã e inglêsa entendem de maneira dife-
rente êstes têrmos, Assim o granito de duas micas ( biotita e moscovita) recebe dos autores
anglo-saxões a denominação de granito, propriamente dito. No Brasil, não há discussão,
porém chama-se, de maneira geral, granito às rochas eruptivas que contêm quartzo, feldspatos
e mica preta; aliás, essa é a orientação da escola fra,ncesa. Granitito, para os norte-americanos,
inglêses e alemães, é o que denominamos de granito biotita.
Ainda há o têrmo granulito, isto é, um granito onde domina a mica branca (vide
leptinito).
Os granitos são denominados de alcalinos ou plagioclásio, quando domina o feldspato
ort6sio, associado a um feldspato plagioclásio.
Os granitos leucocráticos são aquêles em que existe grande número de minerais
claros.
Os afloramentos de granito aparecem geralmente em grandes maciços, e representam
cêrca de 5 a 10% da área total das rochas que aparecem na superfície do globo.
Mlora em grande quantidade no "complexo cristalino brasileiro", geralmente, associado
aos gnaisses. Podemos encontrar os granitos desde o Arqueano até o Terciário. No maciço
do Morvan (França) encontram-se granitos terciários, em pequenos afloramentos. Não
há nenhuma referência a granitos quaternários.
Os afloramentos de granitos, como já vimos, são muito disseminados na superfície do
globo, aparecendo, geralmente, nas áreas dos escudos. O mais freqüente é encontrar aflora-
mentos destas rochas em largas extensões e, mais raramente, em pequenas áreas, como a
do Morvan.
A decomposição do granito nas áreas intertropicais de clima úmido se faz com grande
facilidade e a rocha como que se funde sob a ação dos agentes de decomposição.
O trabalho da erosão elementar dá surgimento a u'a massa argilosa de coloração aver-
melhada por causa da hidrólise dos feldspatos que se transformam em argila. Os granitos,
na regiões onde domina a esfoliação térmica, dão aparecimento a um grande número de
fragmentos de formas muito variadas. Os granitos se decompõem dando origem, principal-
mente, à arena granítica - (saibro). Todavia, na região de clima mediterrâneo e tropical
úmido, também .observamos o aparecimento de argilas vermelhas.
Através das fotografias aéreas já se pode pensar em estudar a delimitação dos terrenos
graníticos, bem como formas de relêvo. Cumpre, todavia, assinalar que existe uma série de
elementos que deverão ser considerados em conjunto, para se conseguir identificar êste
tipo de rocha. Os primeiros elementos a serem considerados nas fotografias aéreas são as
diferentes toneladidades de coloração cinza-claro e também, pequenas manchas mais claras
que assinalam a presença da arena granítica. Nem sempre podemos basear nossas observações
nas côres; é preciso recorrer, também, aos outros elementos que porventura possam dar
aparecimento a um número maior de indícios que confirmem a identificação, tais como, rêde
de drenagem arborescente ou dendrítica, escarpamentos, forma dll vertente etc.
GRANITO RECOMPOSTO - denominação usada por certos autores para o arc6zio (vide) .
GRANITóiDE - vide granulação.
GRANULAÇÃO - tama11ho dos elementos cristalinos que entram na composição de umil
rocha. A textura das rochas pode ser granular ou compacta. Os granitos apresentam, geral-
mente, textura granular, também chamada granit6ide.
O tamanho dos elementos da granulação permite a seguinte divisão: fina, aquela em
que os grãos são reconhecíveis a ôlho nu, e são inferiores ou igual a 1 mm; média, grãos
cujo tamanho oscila entre 1 e 10 mm e, grosseira, de 10 a 30 mm. Usa-se ainda para as
rochas eruptivas e metamórficas o têrmo mi.crocristalina, para designar a textura cujos ele-
mentos só são reconhecíveis com o uso do microscópio.
GRANULAR - vide granulação.
GRANULAR (desintegração) - vide desintegração granular.

220
GRANULITO - o mesmo que leptinito (vide).
GRANULOMETRIA - especificação da dimensão dos diâmetros dos materiais detríticos.
No estudo dessa ordem, o Prof. Jacques Bourcart fêz também entrar, em linha de conta, os
fatôres de ordem química que caracterizam êsse material. A divisão proposta por êste autor
é a seguinte:
I - Classe dos seixos ou balastro > 0,002 mm.
11 - Classe das areias de 0,002 m a 0,02 mm.
III - Classe das poeiras de 0,02 mm a 0,001 mm.
IV - Classe dos precolóides ou suspensóides < 0,001 mm.
O número de classificação do material que compõe o solo, ou os depósitos sedimentares,
é muito variado, e a título de exemplo daremos ainda a classificação de Atterberg e, também,
a americana.
Classificação de Atterberg
Material Diâmetro
Matacão ............... .. . . . . ... ....... . > 200,0mm
Cascalho grosseiro ......................... . 200,0 a 20,0 mm
Cascalho fino ... .. ... . ..... .. ............. . 20,0 a 2,0 mm
Areia grosa . ........ .......... 2,0 a 0,2 mm o • o • o • o • o •••••

Areia fina ........... ........ ............. . 0,2 a 0,02mm


Silte ... o . o. o • o. o o o 0,02 a 0,002 mm
•• • o ••• o. o. o •• o •••••• o •

Argila .. ... ........... < 0,002mm o •••• ••• •••••••• •••

Classificação americana
Seixo fino ... .......... . . .... 2 a 1 em o ••••••• •••• • •••••

Areia grossa ................................. .. 1 a 0,5 em


Areia média . .. . ... .... ..... . ..... ..... .. ..... . 0,5 a 0,25 em
Areia fina . .... . . ................. ... 0,25 a 0,10 em o •••••••••

Areia muito fina ..... . .. . ...... ... . . .... ... . . . . 0,10 a 0,05 em
Silte .. o o ••••• o. o ••• o. 0,05 a 0,02 em
o ••• o • • • • o o • o •••••••••••

Argila . . . ..... .... o •••


< 0,02 em o ••••••••••••••••••••••

Os estudos granulométricos são de capital intlirêsse para os engenheiros, especialmente


para os especializados na construção de estradas. Do Congresso Nacional de Estradas de
Rodagem, realizado em 1950, constou uma série de teses que trataram do assunto referente
à granulometria dos materiais, bem como de suas denominações. No trabalho de escavação
e nos materiais de construção, em geral, a granulometria é muito importante.
Na geomorfologia, mais que na geologia, o emprêgo dêste método, no estudo do material
sedimentar está trazendo novos esclarecimentos muito importantes na interpretação da morfo-
logia terrestre. Nas questões referentes aos terraços marinhos e fluviais, êste método está
trazendo maiores revelações. Quanto aos edafólogos, desde longa data, usaram a granulome-
tria na caracterização mecânica dos solos.
GRÃO - pedaços de minerais de tamanho e formas diversas. O mesmo que grã (vide) ·
GRAU GEOTÉRMICO ou GRADffiNTE GEOTÉRMICO - número de metros necessários
de aprofundamento, no interior do globo terrestre, para que se verifique o aumento de 1.0
centígrado na temperatura. A maior profundidade alcançada com as sondagens foi da ordem
de 7 400 metros. Na Europa, a sondagem mais profunda foi feita em Bastennes - Gaujac,
a 20 km de Dax, cuja profundidade foi de 4 163 metros Numa sondagem de 5 000 metros, o

a temperatura encontrada foi de 150° centígrados. Na América do Sul, temos a destacar


as minas de Morro Velho, as quais parecem constituir, no momento atual, uma das galerias
mais profundas do hemisfério ocidental, onde o homem já conseguiu descer cêrca de
2450 m.
As maiores profundidades alcançadas nas sondagens não passaram de 7 400 metros,
como já dissemos, e, no entanto, admite-sé que o grau geotérmico varie regularmente até
a profundidade aproximada de 100 quilômetros, onde a temperatura deve chegar a uns
3 000° centígrados. Todos os corpos conhecidos (exceto o carbono) estão em estado de
fusão a esta temperatura.

221
Fig. n. 0 SG - Aspecto tabular da topografia dos chapadões de Mato Grosso. Trata-se de um planalto
típico, isto é, sedimentar, cuja escarpa foi entalhada por "Grotões" (vide).
(Foto I. Faludi)

No fundo da mina de Morro Velho (município de Nova Lima) em Minas Gerais


2 450 metros - a temperatura é de 64°. Descontando-se a temperatura média anual de 18°,
temos um aumento de temperatura de 46° o que dá um gradiente de 54 metros.
Em uma sondagem em Cururu, na Ilha de Marajó, foram encontradas as seguintes
temperaturas:
146°C em 3 021 m de profundidade.
176°C em 3 845 m de profundidade.
17SOC em 3 872 m de profundidade.
A temperatura média da região é de 25°C, o gradiente geotérmico é de 25 metros.
O grau geotérmico depende de vários fatôres, como: condutíbilidade térmica das
0
rochas, variando a média da profundidade necessária para se verificar o aumento de 1.
centígrado entre 30 e 34 metros; tipo da estrutura, as camadas inclinadas possuem um
gradiente térmico mais curto que as horizontais; distância a um foco térmico, como um
vulcão, por exemplo.
GRAUVACA - denominação dada à rocha que constitui um intermediário entre as brechas,
os conglomerados, os arenitos e os xistos. Apresentam, por conseguinte, fragmentos de
quartzo, de feldspato, de mica, pedaços de xistos argilosos, reunidos por um cimento silicoso,
sílico-argiloso e, mais raramente, calcário. As grauvacas devem seu nome ao colorido, geral-
mente cinzento, da rocha.
GREDA - calcário de coloração branca, de origem orgânica também chamada craie. Na
história física da Terra observamos que a denominação de um dos períodos da era Mesozóica
- Cretáceo - foi motivada pelo fato de ter-se encontrado depósito de greda branca (giz)
em terrenos dêsse período (vide Cretáceo).

222
GR.tl:S - denominação usada em português, por certos autores, utilizando-se do têrmo francês.
(Vide arenito).
GRl!:TA - denominação usada por alguns autores para as funtas ou diáclases (vide) que
surgem nos afloramentos. Geralmente prefere-se a denominação diáclase à grêta, reservando-se
esta última para as juntas produzidas pelo dessecamento (vide grfta de contração ) .
GR.tl:TA DE CONTRAÇÃO - pequenas fendas estreitas produzidas pela desidratação. l!:ste
fenômeno é muito comum nas argilas, dando a desagregação de pequenos polígonos e solos
poligonais por causa do fendilhamento produzido pela desidratação. A espessura dos polígonos
do solo está na dependência da espessura da argila e do grau de dessecamento sofrido.
As argilas assim rachadas ou gretadas se tornam novamente plásticas quando embebidas
em água .
"GRIT" - arenitos cujos grãos são angulosos, isto é, sofreram pequeno transporte.
GROTA - têrmo regional usado para as depressões do solo que aparecem em encostas
alcantiladas. Nas bordas dos chapadões são freqüentes essas depressões cavadas pela erosão
que, quando muito grandes, são denominadas grotões. ( Fig. n. 0 5G) .
GROTÃO - aumentativo de grota (vide).
GRUPAMENTO CRISTALINO - vide macla.
GRUPIARA - depósito sedimentar diamantífero ou aurífero encontrado em baixadas, ou
na zona do leito maior dos rios - Aos depósitos sih~ados e!? terraços mais altos denomina-se
de gorgulho.

GRUTA ou CAVERNA- cavidade de fonnas


variadas que aparecem mais freqüentemente
nas rochas calcárias ( Fig. n. 0 6G) ou em are-
nitos de cimento calcário. .tl:stes buracos são
realizados pela dissolução do carbonato de cál-
cio produzida pelo ácido carbônico, pela erosão
mecânica e também pela pressão hidrostática.
Constituem, às vêzes, verdadeiros salões, geral-
mente, muito procw:ados pelos turistas. Outra
teoria para explicar a formação das grutas é c
desmoronamento ou escorregamento irregular
de camadas, dando aparecimento a cavidades
pequenas. Nas regiões onde afloram rochas
eruptivas ou metamórficas, algumas vêzes, o
amontoado irregular de blocos desmoronados
dá aparecimento ao que chamamos de furna,
geralmente confundida pelos leigos com as
cavernas, propriamente ditas. Ai não encon-
tramos as estalactites e estalagmites que ~ão
formações produzidas pela precipitação da
calcita, de formas bizarras e muito curiosas. No
estado de Minas Gerais, porém, designa-se de
furna a uma gruta maior que a lapa.
No Causses, do Maciço Central Francês,
encontram-se lindas grutas como a do aven
Armand, que já se acha preparada para os tu-
ristas, existindo um jôgo de iluminação d"
côres muito bonito. As mais lindas grutas do
mundo são as de Fingal, nas ilhas Hébridas, a
noroeste da Escócia. Na Baviera, nas grutas Fig. n.• 6G - Gruta litorânea no calcário da
falésia de Cascais (Lisboa). Por efeito da va•
de Offnet, fizeram-se importantes descobertas riação entre o nível das terras e dos mares, ou
arqueológicas e antropológicas. Na Espanha, a por um movimento tect8nico local, ou ainda
gruta de Altamira famosa por suas pinturas; epirogênico, as grutas marinhas aparecem acima
do nível das águas oceânicas, algumas vêzes a
no México a gruta de Carlsbad, onde se encon- várias dezenas de metros.
tra a maior estalagmite do mundo, com cêrca (F oto do autor)

223
de 186 metros; no sul da França, a famosa gruta de Lourdes, venerada pelos cristãos de
todo o mundo.
No Brasil, as grutas de Minas Gerais, como a da Lapinha e Maquiné, estão pràticamente
abandonadas e sem preservação das estalactites e estalagmites que comumente são quebradas
pelos que por acaso as visitam. A gruta do Bom Jesus da Lapa, na Bahia, na margem direita
do rio São Francisco ( Fig. n. 0 7G) é muito visitada, porém, devido mais à existência de
uma igreja no seu interior. Estas últimas grutas aparecem num calcário de coloração escura
e, do ponto de vista de sua idade, são do Eopaleozóico.
Em Minas Gerais, na região de Lagoa Santa, o sábio dinamarquês P. Lund encontrou
vários crânios e esqueletos de interêsse antropológico.
GRUTA MARINHA - cavidades produzidas pelo trabalho do mar nas rochas do litoral
( Figs. ns. 6G e BG) ou na plataforma continental. Têm grande importância quando apare-
cem na borda do litoral, pois provam indiscutivelmente uma variação de nível entre terras e
águas. Estas grutas também poderiam ser denominadas de marmitas emersas à semelhança
das fluviais. No Menez Lux, em Telgruc, no Finistere, foi descoberta uma antiga ·gruta
marinha a 135 metros acima do nível do mar atual. Igualmente no Uruguai, em Punta
Ballena, encontram-se cavidades emersas produzidas pela abrasão marinha. Nas grutas ma-
rinhas emersas, podemos encontrar uma prova geomorfológica, isto é, uma cavidade emersa
acima do nível do mar, ou ainda uma prova geológica, quando há seixos e areias depositados
pelo mar.
GUANO - fosfato cálcico originado do acúmulo de excrementos de aves marinhas em ilhas
que aparecem no litoral do Peru e, também, na costa chilena. O guano é muito utilizado
como adubo na agricultura. A palavra guano é de origem quíchua e si~ca estêrco ( prin-
cipalmente de aves marinhas). O guano recente, além de conter o fosfato de cálcio, possui
também fosfato de magnésio, oxalato . de amônio, urato de amônio, sulfatos de potássio e
sódio, matéria orgânica dos dejetos e detritos de animais mortos.

FiJ. n.• 7G - Grutas Calc,rias do São Francisco - Bom Jesus da Lapa


(Bico de pena de Percy Lau)
GUAPIARA - o mesmo que grupiara (vide).
GUIRLANDA INSULAR - constituída por um conjunto de ilhas, mais ou menos alinhadas
em forma de arco, que aparecem a pouca distância do continente. A guirlanda insular
corresponde a um arquipélago cujas ilhas têm um çerto alinhamento.

Fig. n . o SG - Antiga gruta produzida pelo trabalho de dissolução das águas das chuvas e do 1r.ar.
Vê·se na foto acima uma depressão de forma circular que constituía uma &ruta cujo teto desabou,
ficando atuabnente ligada ao mar por um pequeno canal que se acha encimado por um teto de pouca
espessura e largura pequena. No litoral português, em Cascais, é freqüente o aparecimento de grutas
dêsse tipo, nas falésias calcárias.
(Foto Coleção Passaporte "Loty")

"GULLY-EROSION" - denominação usada para o escavamento acelerado mais ativo,


advindo de um riU-erosion (vide) . As diferentes fases atravessadas pela erosão em lençol
podem ser sintetizadas do seguinte modo: 1 - sheet-erosion, 2 - rilt-erosion e 3 - gully-
-erosion.
GUPIARA - o mesmo que grupiara (vide) .
GUYOT - diz-se da montanha submarina em rorma de cone truncado, de mais de 200
metros de profundidade, cujo tôpo é uma plataforma topo-
gràficamente quase horizontal. ( Fig. n. 0 9G) . Se esta pro-
----
fundidade fôr inferior a 200 metros, é preferível usar-se o
têrmo banco. Tentando dirimir dúvidas, usamos dados alti-
métricos, a fim de se distinguir o guyot do banco, e êste
do alto fundo (vide). Por conseguinte: o guyot estaria numa
cota negativa superior a - 200 metros, o banco cota negati-
va inferior a - 200 metros e o alto fundo da ordem dos -
1 000 metros· Fig. n.o 9G
HACHURAS - técnica, ao mesmo tempo artística e relativamente pouco precisa, para a
representação do relêvo no mapa. Quanto mais forte o declive tanto mais serradas as hachu-
ras. Uma planície de declive muito fraco aparece em branco, ao passo que uma montanha
será cinza carregado.
HADAL (zona) - denominação usada modernamente para as áreas submarinas profundas,
além dos 5 000 metros . Parte desta zona era antigamente incluída de modo genérico dentro
da denominação abissal (vide). Alguns procuram chamar a zona hadal de ultra-abissal.
"HAFFEN" - denominação usada na Prússia Oriental para os lagos de barragem marinha
(laguna), como a nossa lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. Podemos citar, como
exemplo, o haffen de Kurische e Frische.
HALITA - o mesmo que sal de cozinha ou, ainda, sal-gema (vide), sendo êste último
acumulado em jazidas.
HAMADA - o mesmo que deserto de pedra (vide), tem a superfície constituída não só
pelo afloramento de lajes de rocha, mas também um grande número de dreikanter que dão
à paisagem um verdadeiro aspecto caótico.
HARDPAN - nome dado pelos inglêses às crostas ferruginosas que aparecem a certa pro-
fundidade do solo (vide ali6sio) .
HEMATITA COMPACTA - sesquióxido de ferro anidro, maciço, compacto e sem clivagem.
A hematita é encontrada nas rochas eruptivas, metamórficas e, mesmo, sedimentares. ~sse
mineral é, também, conhecido pelos nomes de hematia vermelha, ferro oligisto etc.
HEMATITA LAMINADA - o mesmo que itabirito (vide).
HEMATITA MICACEA - o mesmo que itabirito (vide).
HEMATITA PULVERULENTA - denominação usada por certos autores como smommo
de facutinga (vide). No "simposium" apresentado ao XIX Congresso Internacional de Geo-
logia realizado em Argel, em 1952, a propósito do minério de ferro, estabeleceu-se que
hematita pulverulenta é um minério brando com a média de 66$ de ferro, ou mais.
HEMATITA TERROSA- vide ocre.
HEMERA - é a menor porção, ou melhor, a menor camada que se pode precisar, na
escala estratigráfica, enquanto a fase é o seu correspondente na escala cronológica. Segundo
outros autores, a hemera diz respeito à divisão cronológica que tem o seu correspondente
na divisão estratigráfica, nos andares.
HEMIPELAGICO (sedimento) - depósitos de rochas e carapaças de animais marinhos,
cujos detritos foram transportados e depositados a pouca distância da costa. Os sedimentos

226
hemipelágicos são diferentes dos pelágicos, isto é, dos que forram o grande fundo dos
oceanos, e estão longe do litoral.
HERCINIANO (dobramento) - movimentação de camadas da crosta terrestre ocorrida
durante o período carbonífero, da era primária, tendo dado origem ao dobramento central
da Europa. Seu nome provém dos Bosques H~rcínios, na Floresta Negra (Alemanha). l!:ste
movimento de caráter orogenético também se- fêz sentir em outros continentes.
J-UATO - o mesmo que lacuna estratigráfica (vide) .
HIDENIT A - variedade de espodum~nio ( silicato duplo de alumínio e lítio) de côr
verde, usada pelos joalheiros.
HIDRATAÇÃO - penetração da água nas rochas facilitada pela permeabilidade ou pelas
fissuras - diáclases. Tôdas as rochas que afloram na superfície do globo são mais ou menos
permeáveis à água. A hidratação ocasiona nas rochas um aumento de volume e, conse-
qüentemente, uma diminuição na densidade. As águas que circulam no interior das rochas
podem ser consideradas como as responsáveis mais importantes da decomposição química.
Assistimos, por exemplo, o sulfato de cálcio transformar-se em g&so, SO<Ca +20H, =
CaS0<.2H.O (gêsso) a hematita se hidratando passa a limonita 2Fe 0•3HO, isto é, óxido
de ferro hidratado. A limonita é um material que se formou devido à hidratação de
uma substância ferrosa; em razão de sua formação ela não .pode apresentar grande ~omo­
geneidade de composição. Nos granitos, a desagregação é duas vêzes mais lenta, no en-
tanto, os fenômenos de hidratação asseguram a produção de elementos cada vez mais finos,
sendo o trabalho da água feito em virtude dos descascamentos superficiais, da clivagem
e das espécies minerais, mais ou menos alteradas. A hidratação ocas!ona nos granitos e
gnaisses a transformação dos feldspatos em argilas - silicatos aluminosos hidratados. Nas
regiões tropicais a hidratação se faz em maior profundidade devido a temperatura ser
mais elevada.
A hidratação é uma das responsáveis pela diminuição da área dos afloramentos rochosos,
pois, as rochas são transformadas em produtos alterados.

HIDRATOS - corpo resultante da combinação dos óxidos com água (vide água de cris-
talização) . Interessam particularmente os processos de penetração das águas nas rochas e
as conseqüentes modificações que sofrem os minerais, isto é, a hidratação (vide) .
HIDROCARBONETOS :- materiais carbonáceos como: petróleo, gás natural, asfalto e di-
versos compostos ele petróleo .
HIDROGEL - os gels ou solos cheios de água (vide gel) .
HIDROGRAFIA - segu:J?-dO o conceito etimológico, é a parte da geografia física que estuda
as águas correntes, águas paradas, águas oceânicas e as águas subterrâneas. A hidrografia
pode ser dividida do seguinte modo: 1) hidrografia subterrélnea; 2) hidrografia superficial
terrestre; 3) hidrografia marítima. Por conseguinte os trabalhos de hidrografia aplicada
têm grande importância nos laboratórios de geomorfologia. A hidrografia é o estudo do
elemento líquido como os oceanos, mares, lagos, rios, etc.
HIDRóLISE - o mesmo que hidratação (vide) .
HIDROSFERA - conjunto das partes líquidas, que aparecem na superfície do globo terrestre,
compreendendo 71%, enquanto as terras emersas perfazem 29%. A espessura média da
hidrosfera pode ser avaliada em 3 km e sua densidade igual a 1,02.
HIDROSSOL - o mesmo que hidrogel (vide).
HIMALAIA BRAS1LICO - denominação dada, por alguns geólogos, às elevações do relêvo
brasileiro na sua parte oriental, resultantes dos movimentos oroge.néticos do laurenciano e
huroniano, no fim dos períodos: Arqueano e Algonquiano. O têrmo Himalaia Brasílico é
devido ao saudoso geólogo Matias Roxo.
HIPO-ABISSAL (rocha) - aquela que se forma numa profundidade média entre as plu-
tônicas ou abissais e as efusivas ou vulcânicas. Sua ocorrência é verificada através de
Jacólitos, filões, etc.,· e pela textura porfírica ou microgranular.

227
HIPO-ABISSAL (zona) - área submarina que se estende entre a plataforma continental e
a abissal, isto é, entre 200 e 1 000 metros de profundidade. A zona hipo-abissal é também
chamada de zona batial e correspondente ao que os geomorfólogos denominam de talude
continental.
HIPOCENTRO - vide sismo.
HIPOCRISTALINO - vide estrutura.
HIPóTESES COSMOGÕNICAS - diz-se das diferentes teorias a propósito da origem do
sistema planetário e, particularmente, da Terra.
A) Hipóteses antigas com fundo religioso:
1 - Hesíodo no século VIII a.C. acreditava ser a Terra oriunda de um caos
primitivo.
2 Os egípcios acreditavam que a Terra se havia originado de um ôvo gi-
gantesco chocado nas margens do Nilo. A metade de baixo seria terra,
e a de cima o céu.
3 - Os israelitas seguiram a idéia do verbo criador que se universalizou pelo
Cristianismo .
B) Hipóteses com fundo científico:
1 - Hipótese de Buffon - os planêtas e satélites seriam o resultado de massa~
expelidas pelo Sol, em virtude da queda de cometas sôbre êste. Tais
massas passavam a constituir globos que pela condensação originavam
aquêles astros.
2 - Hipótese de Kant - (Teoria do caos) - foi o primeiro a conceber que
o sistema solar ter-se-ia originado de uma nebulosa primitiva. Antes de
se formar o mundo havia confusão de todos os elementos . A substância
formadora do Sol e dos planêtas estava na origem espalhada no espaço.
Finalmente deu-se uma acumulação da matéria cósmica no ponto onde
se encontrava o Sol.
3 Hipótese de Laplace - foi descrita no seu livro intitulado Exposição
do Sistema do Mundo (1796), cuja síntese é a seguinte:
a) Grande nebulosa animada de movimento de rotação de oeste para
leste;
b) Movimento lento, tornou-se rápido;
c) Destacamento de anéis em virtude da fôrça centrífuga, superior à
centrípeda ( atração ) ;
d) Movimento dêsses anéis em tôrno do globo central (Sol) - pla-
nêtas e satélites . ( Heliocentrismo) .
Objeções a esta hipótese:
1 - Partiu de uma nebulosa circular, quando as conhecidas possuem formas
espirais, não podendo ter-se originado de formas circulares .
2 O desprendimento dos anéis não poderia ser dos grandes planêtas, e
sim planetóides .
3 Pela análise espectral, sabe-se que as nebulosas são constituídas de par-
tículas sólidas e líquidas e não de gases.
4 - O movimento retrógrado de alguns satélites (2 de Júpiter, 1 de Saturno,
4 de Urano e 1 de Netuno); a não ser que êstes satélites sejam cometas
capturados .

Há outras hipóteses como a de Faye, de Flammarion, de Moreux, planetesimal de


Chamberlin e Moulton, teoria das marés, de Jean Jeffrey e James Jean e a Teoria de
Dauvillier.
Segundo a hipótese planetesimal de Chàmberlin e Moulton -, a matéria de q~e s.e
constituem os planêtas e satélites era outrora um enxame de partJculas ou planeteSJmms
que se ~spunham em espiral em tôrno de um núcl~o do Sol. Pel~. passagem de outr~ es~
trêla proxima do Sol, desprendeu-se grande quantidade de matena. Os corpos maiOres

228
formam, em seu giro, absorvendo os menores e, portanto, aumentando de volume como se
dera com o nosso planêta.
Há quem acredite que os meteoros atuais são partes destas partículas, reliquias dos
planetésimos, da mesma forma a luz zodiacal.
HIPSOMETRIA - diz respeito às medidas altimétricas ex.: mapas hipsométricos . (Vide
altitude)
A hipsometria é a representação altimétrica do relêvo de uma região, no mapa, pelo
uso de cores convencionais . De acôrdo com as normas cartográficas as côres verdes repre-
sentam as áreas mais baixas e as de tom marrom e avermelhado as das grandes altitudes.
O mapa publicado no Atlas Nacional do Brasil compreende 6 gamas de côres hipso-
métricas a saber: O - 100, 100 - 200, 200 - 500, 500 - 800, 800 - 1200, e acima de
1200 metros . A separação de uma gama para outra é feita por curvas de nível.

QUADRO DA ALTIMETRIA DO BRASIL

HIPSOMETRIA Zonas Superfície Porcentagem


hipsométricas aproximada da superfície

Terras baixas .... . .. . ... . .......... { o- 100 2 050 318 24,1


100- 200 1 439 235 16,9
200- 500 3 151 615 37,0
Planaltos e Serras. . . . . . . . . . . . . . . . . { 500- 800 1 249 906 14,7
800- 1 200 574 624 6,8
Áreas Culminantes .. .. . .... ..... .. . . mais de 1 200 46 267 0,5
TO'l'AL DO BRASIL .... . . . .. - 8 511 965
I 100,0

Fie. n. 0 IH - Hocback da serra do Curral dei Rei, em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais.
O tôp0 desta serra é constituído de itabirito, isto é, minério de ferro.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)
"HOGBACK" - tênno inglês usado para definir uma estrutura inclinada semelhante a de
uma cuesta, mas na qual o mergulho das camadas é, geralmente, superior a 30°. Algumas
vêzes, certos autores usam o tênno sem a devida precaução de observar a estrutura, limi-
tando-se apenas à topografia. (Fig. n· 0 IH)

Worizonfc tlc acumulação

Horizonfr e lu vuú.

B Hortz.ont' ilavia.l.

Jm\mmTim \\\~
Rocha dtcomposta
c

+ + + ...
+ + + + + Rocha ma.frtz.
+ + + + + + + +
+
+ + + + + + + + +
-+ + -+ + -t + + + +
Fie. n. • 2H - Perfil ideal do solo.

HOLOGtNIO - quaternário recente ou aluvião em oposição ao Pleistoc~nio ou Quaternário


antigo - último período do tôpo da coluna geológica. f: também chamado de época post-
-glacial. Tôdas as espécies atuais estão nêle representadas.
Na divisão do tempo quaternário feita pelos arqueólogos, êste período corresponde ao
neolítico.
Os terrenos holocênicos são representados pelas rochas de formação recente e, muitas
vêzes, contemporâneas dos nossos dias - praias, dunas, restingas, terraços, etc.
HOLOCRISTALINA - vide estrutura.

Fie. n.• 3H - Horst.


HOLOIALINA - v1de estrutura.
HOLOLEUCOCRÃTICA - rocha na qual há o predomínio absoluto dos minerais de côr
branca ( holos - inteiramente, leucos - branco, cratica - domirlante) .
HOLOSSIDERITO - o mesmo que siderito, isto é, meteorito (vide) metálico. Oposto
aos assideritos (vide), isto é, meteoritos rochosos .
HOMOCLINAL . - conjunto de camadas que possuem um mergulho regular e na mesma
direção.
HORIZONTE - diferenciação de côr, de textura e de composição química das diversas
camadas que compõem o solo (vide solo). Os diferentes horizontes reunidos constituem
o que se chama perfil ckJ solo (Fi". n. 0 2H ) .
HORIZONTE ESTRATIGRÁFICO - camadas definidas pelos seus caracteres paleontoló-
gicos. Não se deve confundir a noção de horizonte com a de facies, pois esta engloba si-
multâneamente caracteres litológicos e paleontológicos .
HORIZONTE GEOLóGICO - o mesmo que horizonte estratigráfico (vide) .
HORST ou PILAR - parte elevada ou saliente em relação ao relêvo contíguo . Esta proe-
minência pode ser devida à elevação do terreno por falha escalonada ( Fig. n·0 3H), ou
ao contrário, por causa do estabelecimento de uma fossa tectéJnica ou graben.
HULHA - costuma-se usar êste têrmo para designar a todos os tipos de carvão de pedra
ou carvão mineral (vide) . Todavia, em geologia, a bulha é um tipo de carvão mirleral,
intermediário entre o antracíto ( vide) e o linhito (vide) .
HULHA SUB-BETUMINOSA - diz-se das camadas mais puras de linhito.
"HUM" - têrmo iugoslavo usa:do para os pequenos testemunhos rochosos de calcário exis-
tentes num poljé (vide), isto é, numa planície cárstica.
HURONIANO - movimento tectônico ocorrido no Arqueano (vide diastrofismo) .

231
ICEBERG - blocos de gêlo oriundos dos continentes glaciais (geleiras continentais). Estas
massas de gêlo flutuante são carregadas pelas correntes marinhas e constituem grandes
perigos à navegação. A parte que fica emersa corresponde a uma pequena fração, apenas
1I 1O do se!l total.
A origem dêsses blocos de gêlo e das banquisas é completamente diferente . Os pri-
meiros são formados no continente e quando penetram no oceano são postos a flutuar;
enquanto a banquisa é produzida pelo congelamento da própria água dos oceanos come-
çando de preferência junto aos litorais .
Os icebergs, devido ao fato de se formarem sôbre os continentes, carregam consigo
muito material detrítico, o qual pode ser depositado, por causa do degêlo, em regiões
submarinas longe das que estão sujeitas à glaciação.
ICEFIELD - o mesmo que banquisa (vide), ou campo de gélo .
IDADE - subdivisão cronológica do tempo inferior à época (vide coluna geológica) .
IDADE DA TERRA - avaliação aproximada ou mesmo hipotética da duração das diversas
eras geológicas, isto é, a duração dos diferentes períodos da história física da Terra. A
idade da Terra é tomada considerando-se, naturalmente, a idade das rochas . Porém, a
noção clássica de que o reino mineral não tem vida, e apenas os reinos animal e vegetal
nascem, crescem, envelhecem e morrem, faz com que não se conceba que a Terra também
envelheça já que o globo terráqueo é constituído de um conjunto de minerais e êstes não
têm vida.
Vários processos têm sido usados para determinação da idade da Terra. De modo
geral, êstes são baseados na física, na geologia, na astronomia, que conjugados permitiram
as conclusões que hoje conhecemos.
Os estudos físicos servem para o globo solidificado, a geologia para os estudos da
Terra solidificada com sua atmosfera envolvente, e a astronomia, quando a Terra era u'a
massa fluída participante da grande nebulosa. Quatro métodos distintos, baseados exclusiva-
vamente. em fenômenos geológicos, podem ser citados, como os utilizados neste cálculo da
idade da terra: 1 - perda de calor do Sol e da Terra, 2 - extensão necessária para a acumu-
lação dos sedimentos e depósitos de sais, 3 - ~ão da erosão através do passado, 4 -
radioatividade dos minerais (urânio e tório ) .
O primeiro e o terceiro métodos apontados são muito hipotéticos. A avali;~.ção d:;. idade
da Terra pelo segundo método foi calculada em 100 milhões de anos . O mais importante
dos cálculos é o baseado no princípio da radioatividade e que deu como idade aproximada
da Terra cêrca de 2 bilhões de anos distribuídos da seguinte maneira :
Era Cenozóica ... . ........ . . .. .... . 60 milhões de anos
Mesozóica ... .. .... .. ... . .... . 140
Paleozóica . ..... . .... . ... . ... . 340
Criptozóica . ........ . . .. .. .. . . 1500
( Proterozóica + Arqueozóica) .

232
Segundo pesquisas rnodemas feitas por Rutherford, usando o processo da evolução re-
lativa do urânio e de seu isótopo actino-urânio, calculou-se 1 idade da terra em 3 400 milhões
de anos. (Vide tempo geológico) .
IDIOMóRFICO - diz-se dos minerais que no momento da cristalização conservam formas
próprias. Os minerais que freqüentemente se apresentam idiornórficos são os fenocristais.
O oposto aos minerais idiornórficos são os alotriornórficos, os quais se apresentam nas rochas
sem as suas formas próprias .
IGAPó - denominação regional da Amazônia para os terrenos que ficam alagados por
ocasião do transbordamento dos rios, e onde existe cobertura ·florestal. O têrmo do
vemáculo correspondente ao igapó é lezíria ou lezira (vide) .
IGARAPÉ - denominação dada aos pequenos rios, na grande Região Norte (Amazônia).
Igarapé é um têrmo indígena que significa "caminho de canoa" (de igara - canoa e pé -
trilha, caminho) . Corresr.nde aos arroios da região sul. Todavia o volume d'água de um
igarapé é, de modo gera , muito superior ao de um arroio.
lGNEA (rocha) - vide eruptiva (rocha) .
ILHA - porções relativamente pequenas de terras ernersas circundadas de água doce ou
salgada. As ilhas constituem massas de terras ernersas cuja definição é a mesma que se
dá para os continentes. Porém a grande diferença está no grau da escala referida, isto é,
na extensão. As ilhas têm geralmente extensões pequenas. A Austrália pode, por exemplo,
ser considerada corno o menor dos continentes ou a maior das ilhas. Outra característica,
a ser salientada, é que existem ilhas cujas terras estão circundadas apenas por água doce,
enquanto os litorais de todos os continentes estão cercados apenas por água salgada .
As ilhas podem ser classificadas em dois grandes grupos :
I) ilhas continentais ou costeiras :
1 ilhas de erosão
2 ilhas de sedimentação
3 ilhas de erosão e afundamento
4 ilhas de afundamento
5 ilhas residuais
li ) ilhas oceilnicas ou isoladas:
1 - ilhas vulcânicas
2 - ilhas de origem biológica
O estudo da origem do crescimento e das transformações do relêvo dessas massas de
rochas que constituem as ilhas é que interessa ao geólogo e ao geornorfólogo. Por conse-
guinte, pode-se dizer que a ilha é urna porção de terra cercada de água por todos os lados,
isto é, urna miniatura de um continente .
.Nas chamadas ilhas continentais ou costeiras incluem-se as ilhas fluviais e as lacustres,
além das marítimas ou costeiras, isto é, que estão próximas da costa. Do ponto de vista
da extensão, oito são as maiores ilhas do mundo (excluindo-se a Austrália) : Groenlândia,
Nova Guiné, Bornéu, Terra de Baffin, Madagáscar, Sarnatra, Honshu e Bretanha.
Antigamente os compêndios de geografia costumavam rotular o capítulo do estudo das
ilhas com a denominação de nesografia (vide) .
No Brasil podemos citar grande número de ilhas continentais como: Marajó, Ca-
viana, Mexiana, Bailique, Maracá, São Luí~ Itamaracá, Govemador, Grande, Santa Catarina,
São Francisco, Bananal etc. Já o número de ilhas qceânicas é bem menor. Podemos citar
corno exemplo: o arquipélago de Fernando Noronha, constituído de cinco ilhas: Fernando,
Rata, Rasa, Meio, Lucena; os rochedos de São Pedro e São Paulo; Trindade, Martim Vaz,
atol das Rocas, etc.
ILHÉU - ilha pequena constituída de rochedos, o mesmo que ilhota.
ILHOTA - o mesmo que ilhéu (vide).
ILUVIAÇÃO - processo que resulta no aparecimento de um horizonte, constituído por urna
camada compacta. Ao contrário da eluviação, ela recebe as partículas, os colóides e as ·solu-
ções que vêm de cima. A crosta assim formada é chamada de alios pelos franceses, hardpan
pelos inglêses e ortsteín pelos alemães.

233
ILúVIO- vide solo.
IMPERMEÃVEL - diz-se dos terrenos e rochas que deixam passar a água com certa difi-
culdade. Nos terrenos impermeáveis, como os argilosos, é freqüente o desenvolvimento de
uma rêde hidrográfica muito ramificada. As rochas mais permeáveis são constituídas pelos
depósitos arenosos.
INCLINAÇÃO - vide mergulho.
INCLINAÇÃO MAGNtTICA - ângulo que a agulha magnética forma com o plano do
horizonte, pois quando se suspende por um fio uma agulha imantada ela se inclina para
o solo . Isto é de grande importância, pois é um dos métodos da prospecção geofísica
utilizado na pesquisa de jazidas minerais sensíveis à agulha magnetizada.
INFRACRETÃCEO - série de andares compreendidos entre os terrenos do tôpo do Ju-
rássico e os da base do Cretáceo superior.
INFILTRAÇÃO - capacidade de penetração da água das chuvas, devendo-se considerar
dois aspectos: o que diz respeito à permeabaidade de origem, como é o caso das areias;
e a permeabilidade adquirida, produzida pela fraturação e pelas juntas de estratificação .
Como exemplo podemos citar os calcários, ou mesmo os basaltos, diabásios, etc. (Vide
permeabaídade. )
INICIAL (forma) - vide original (forma de relêvo) .
INJEÇÃO - o mesmo que intrusão (vide) .
INJEÇÃO ABISSAL - diz-se das penetrações e consolidações do magma a grandes pro-
fundidades. Porém, em certas circunstâncias a pressão é tal que o magma se vem conso-
lidar à superfície. Vide abissal (rocha).
INLANDSIS - espêssas camadas de gelos continentais cobrindo tôdas as formas de relêvo,
como ocorre na Groenlândia.
No decorrer das eras geológicas temos exemplos de grandes inlandsis que cobriram, no
antrocolitico, parte do continente de Gondwana. No Pleistoceno vastas capas de gêlo ( ín-
landsís) cobriram o norte da Eurásia e da América do Norte.
Atualmente imensas calotas glaciais cobrem tôda a Groenlândia, Spitzberg, a Terra de
Francisco José e a Antártida. :l!:stes campos de gêlo estão sujeitos a progressões ou recuos
sucessivos segundo as estações, escoando-se em direção ao mar.
O nome de inlandsis foi dado primeiramente para os campos de gêlo da Groenlândia
e hoje é extensivo a tôdas as calotas glaciais, cujos aspectos se aproximem do existente na
Groenlândia .

Fig. n. 0 1I - Na re&•ao de Patos, na Paraíba, vê·se uma superfície pediplanada, onde surge uma
série de umontanhas-ilhas"' isto é, inselbercues.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)
INSELBERGU E - denominação usada por Bornhardt para as elevações ilhadas que apa-
recem em regiões de clima árido. (Fig. n. 0 1 I) Hoje êste têrmo está sendo usado de modo
confuso por certos geomorfólogos para designar cones vulcânicos, formas de pães-de-
·açúcar, etc.
Os ínselbergues são como que resíduos da pedíplanação, em climas áridos quentes
e semi-áridos, à semelhança dos monadnocks, devidos à peneplainação, em regiões de clima
úmido. Neste particular podemos citar o caso do Prof. De Martonne que usou a denomi-
naçãq de ínselbergue na descrição do Itatiaia. Aliás, se ativermo-nos à definição dada
acima, o Itatiaia não deve ser descrito como sendo um ínselbergue.
O Prof. Wilhelm Kegel ao estudar os serrotes, na região da serra dos Cariris Novos
(Ceará-l'iauí) diz que os mesmos formam, em certos casos, ínselbergues. Concebe-os
neste caso, como elevações pouco alongadas, e relativamente ilhadas, cuja evolução se fêz
em função de um sistema: de erosão, com o clima semi-árido.
INSOLAÇÃO - quantidade de calor enviada pelos raios solares à superfície da Terra.
A importância da variação da amplitude térmica diária, isto é, da insolação, é grande, pois
ela explica o aparecimento de certas formas de relêvo. Nas regiões de grandes contrastes
diários, como nos desertos, a insolação se faz sentir com mais intensidade.
Na superfície do globo observamos que a insolação varia com a latitude e a altitude,
pois é produzida pelos raios solares. Mas outros fatôres locais entram em linha de
conta, sendo a cobertura vegetal a mais importante. Nas zonas de florestas, o microclima
aí existente faz com que o efeito da insolação seja bem menor; que nas superfícies de
campo, onde a exposição aos raios solares é maior.
tNSUA - denominação usada para as ilhas fluviais ou lacustres de pequena dimensão
Nos ~ios meândricos é freqüente o aparecimento temporário dessas ínsuas.
INSULA - o mesmo que ínsua (vide) .
INTEMPERIS MO - conjunto de processos mecânicos, químicos e biológicos que ocasionam
a desintegração e decomposição das rochas . O uso do têrmo intemperismo tem sido com-
batido por certos autores que preferem o de meteorízação, pelo fato de melhor corres-
ponder ao têrmo inglês weatheríng. Talvez mais feliz que o emprêgo do têrmo meteorização
seria o de erosão elementar, tendo em vista que esta constitui a etapa preliminar, ou mesmo,
elementar, na realização de qualquer dos outros tipos de erosão .
INTERTIDAL - zona costeira que compreen-
de a faixa localizada entre a maré baixa e
a maré alta. Chama-se de linhas cotidais aque-
las que, sôbre um mapa, unem pontos que B A
apresentam a mesma altura de maré, numa
determinada hora . (Vide estrão) .
INTERFLÚV IO - pequenas ondulações que
separam os vales, cujas vertentes são na maio-
ria dos casos de forma convexa, constituindo + . ,_.:;+
pequenas colinas. Fig. n.0 2 I (Vide areolar +
Fi~. n .0 2 I
erosão).
INTERFLúV IO DISSIMÉTRI CO - pequenas colinas de declives assimétricos que apare-
cem em regiões de estrutura inclinada, ex.: região do Soiassonais (França) .

INTERZONAL (solo) - vide solo.


INTRACRUSTAL - rocha magmática consolidada no interior da crosta terrestre. Constitui
sinônimo de rocha plutónica, abissal ou mesmo endógena . As rochas intracrustais são o
oposto das supracrustais, que se consolidam na superfície da crosta.

INTRATELú RICO - têrmo aplicado a todos os fenômenos e rochas ·que se originam no


interior do globo terrestre, oposto a extratelúrico.

235
INTRUSÃO - penetração de rochas eruptivas ou em fusão, entre outras formações, ex·:
bat6lito, lac6lito, dique, sill ou filão camada e neque (neck). Chama-se também a êste
fenômeno de inieção (vide) .
INTRUSÃO MAGMATICA - o mesmo que intrusão (vide).
INTRUSIVA (rochas) - são as produzidas pela intrusão de magma e podem aparecer à
superfície tanto sob a forma de maciços intrusivos, como também filonares graças ao trabalho
de erosão (vide intrusão) . As rochas intrusivas resultaram, por conseguinte, da consolidação
do. magma sob a superfície .
INVASÃO MARINHA - o mesmo que transgressão marinha (vide), isto é, o avanço das
águas sôbre as terras emersas. Os resultados de uma transgressão marinha podem ser, não
somente um avanço do mar sôbre o continente, como afirmou o Prof. Jacques Bourcart, mas
também, um aumento da profundidade para os sedimentos que virão a ser depositados. No
caso inverso, isto é, por ocasião de uma regressão marinha, vai aparecer uma diminuição
de profundidade para os outros sedimentos que serão depositados. A conseqüência dessa
variação das profundidades, nos dois casos, será uma mudança no tipo de facies. Estas
oscilações entre o nível das terras e das águas acarretarão também variações climáticas
e modificações na flora e na fauna local ( Fig. n.0 3 I)
INVERSA (falha) - vide falha.

Fi,. n.• 3I

INVERSÃO DO REL~VO - diz-se das formas outrora proeminentes que, ao sofrerem o


trabalho de arrasamento feito pela erosão, se tornam zonas mais baixas. Nas estruturas
0
dobradas é que se observa com facilidade a inversão das formas de relêvo (Fig· n. 4 I) .
IPU - denominação dada no Ceará a terrenos alagados adjacentes aos serrotes, ou mesmo
a pequ~nos lagos .

236
ISOBASE - linha que une os pontos da superfície do globo que tiveram os mesmos levan-
tamentos tectônicos .
ISóBATA - linha que une os pontos de igual profundidade. As cartas isobáticas ainda
não foram suficientemente exploradas pelos geógrafos . Uma circunstância também deve
ser apontada, no estudo do relêvo submarino, que é a grande generalização que se faz por
causa do -pequeno número de sondagens existentes. Apenas certas áreas da plataforma
continental têm sido mais bem estudadas, devido a interêsses estratégicos.
Nos mapas hidrográficos elaborados pelo Serviço de Hidrografia e Navegação do
Ministério da Marinha os símbolos e abreviaturas usados nas cartas náuticas têm de ser
conhecidos. No caso das sondagens, por exemplo, estas são expressas em metros para as
profundidades menores que 20 metros e também indicados os decímetros, com tipo de
letra menor, à direita do número inteiro em metros.
Os bancos e pedras que cobrem e descobrem os canais dragados são demarcados po1
linhas tracejadas, devendo conter a indicação da profundidade, mês e ano da última
dragagem. Várias outras convenções específicas figuram nessas cartas náuticas .
ISOCATABASE - linha que liga os pontos de igual abaixamento tectônico .
ISóCLINA - linha que liga Oil_ pontos de igual inclinação e igual intensidade !Jlagnética.
ISOCLINAL - conjunto de camadas ou de dobras que se orientam com a mesma inclinação.
ISOGEOT:ftRMICA - linha que une os pontos de igual temperatura interna do globo
terrestre. Não se deve confundir com isotermas, isto é, linhas que ligam os pontos de
igual temperatura média, na superfície do globo terrestre.
ISóGONA - linha que liga os pontos da mesma declinação magnética. Isto advém do
fato de que a agulha não se orienta segundo o meridiano. O ângulo que a agulha forma
com o meridiano do lugar chama-se declinação.
ISOIPSA - linha que li~a os pontos de igual altitude, situados acima do nível do mar.
O mesmo que curva de mvel. (Fig. n. 0 51) . Considerando-se as isoípsas de 100, 200, 300,
600, 900, 1 500 e 3 000 m, determinadas no mapa hipsométrico, o relêvo do Brasil pode
ser expresso através dós seguintes dados altimétricos:

ALTITUDES Área. em km•

At.é 100 m ...................... ............ ....... .... . . . 1 902 735


De 101 a 200 m ............ ... . ......... . ............. . . . ...... . 1 574 475
De 201 a 300 m .. ...... . . . ... .. . ....... . . .. . . . ... . ............. . 1 463 770
De 301 a 600 m .... ..... ............................... ... ....... . 2 331 361
De 601 a 900 m .... . ... ... ....... . .... . .... . ... . ...... . ....... . . 979 562
De 901 a 1 500 m ... .. ............................ . .... . .. . . . . . 254 886
Acima de 1 500 m .. . ...... . ..... . ... .. ...... . ... .. ..... . .. .. . . . .. . . \1 248

BRASIL .. .... .. .... . . . . . ..... . . . ... . ..... ... .......... ... ..... . 8 516 037

FONTE: Anuário Estat!stico do IBGE - 1949. ll:stes dados de medida de áreas hípsométricas não
foram mais atualizados pelo IBGE. Atualmente a área do Brasil é de 8 511 965 km2 •

Fi~:. n. • 4 I - l\elêvo com comêço de invenão devido ao afundamento de dois vales de anticlinais ficando
em destaque o sinclinal.

237
IIIU._A._ iM CU._VU Dl NÍVU UM VALI P.O,UNDUifNTl fNCAIItf.DO fNU(
DUAl MONUNt!AS ALINHADAS NA OIIUÇiO NO.DUU-SUDOlSTI . O ,U,.DO
DO VALf UTÁ A 4WO lllrT.OI 1 liNDO OUI A fLfVAÇÁO POISUI 1110 lU•
• TROS . O ALTO OA (L (V AÇÃO TOPO Í. IUAV(IUNU ONDULADA .

(OUIDIST&NCIA DAl CUIII'IAI ~ 10 lllfT.OI IIC . VIRT.! I


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•o o v /,
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400

JOO

200

100

o I
••• ••• •••
Fie. n.• 5I
ISOMAG NtTICA - o mesmo que is6gona (vide) .
I.SOMtTR ICA - o mesmo que isoipsa (vide).
ISOSSEIS MICA - o mesmo que isossista (vide) .
ISOSSISMAL - o mesmo que isossista (vide) .
ISOSSIST A - linha que liga os pontos de igual intensidad e sísmica, dispondo-s
e em forma
concêntrica, ou irregularm ente, ao redor do epicentro (vide ) .
ISóSTASE - grafia usada em Portugal para isostasia (vide).
ISOSTASIA - teoria devida a Pratt, em 1869, e aperfeiçoa da por Hayford,
em 1909,
segundo a qual a Terra tende a tomar permanen temente uma forma de equilíbrio
isostático,
isto é, de compensação de pressões. Quando se faz uma sobrecarga numa região
a massa
de sial é obrigada a penetrar no sima. Como compensação outras regiões próximas
sofrem,
necessàriamente, uma elevação .
O trabalho erosivo dos agentes externos modeladores da paisagem destroem os
pontos
altos do relêvo, carregand o os detritos para os rios e êstes, algumas vêzes, para
os oceanos.
Raciocinando com a teoria isostática, a tendência normal é para um soerguimento
lento da
litosfera devido ao contínuo desbastam ento realizado pela erosão.
O escudo escandinavo, por exemplo, que no Quaternár io foi coberto com espêssa
capa
de gêlo teve uma sobrecarga que lhe forçou certo abaixamen to. Depois da
retirada dos
glaciares, êste movimento suave de descida não foi estancado repentinam ente
e continuou
a se processar. Atualment e assistimos a um soerguimento lento que se está processand
o nu
ritmo de 1 metro por século.
:l;;sse equilíbrio isostático se verifica porque a litosfera é composta de silicatos
nosos que flutuam sôbre silicatos magnesianos mais pesados ( sima) . O vocábulo alumi-
vem do grego e significa equilíbrio de pressão, equilíbrio estático. A isostasia isostasia
é o nível,
pôsto em equilíbrio, para o qual a gravidade tende a reduzir um corpo p)anetário
, quer
seja homogêneo ou não. Se o globo terrestre fôsse de constituição homogêne a,
sua figura
seria de um elipsóide de revolução perfeito. Todavia, sendo heterogêne o, existe
acúmulo
de material nas partes menos densas, e depressão nas partes mais densas.
A fase da hipótese da isostasia está nas diferenças, no valor da intensidad e da
gravi-
dade, que é maior nas bacias oceânicas e menor nos maciços continentais; maior
nas mon-
tanhas velhas (desgastad as) e menor nas montanhas jovens.
De forma muito esquemáti ca, pode-se comparar a crosta terrestre como constituíd
a de
uma série de blocos siálicos, flutuando sôbre o sima. Pode-se assemelhar com um
conjunto
de embarcações que ao serem carregadas de material, afundam-s e, em relação
à linha de
flutuação. Estas mesmas embarcações, ao serem descarregadas, elevam-se à primitiva
de flutuação. linha
No caso dos blocos siálicos, o equilíbrio isostático é também feito em função da
carga
(aumento de depósito) ou da desnudaçã o ( retirada de material), conseqüen te
diminuição
de pêso e nôvo reajustame nto isostático se realiza.
Isostasia é, portanto, uma condição de equilíbrio que se realiza entre as diversas
partes
da crosta terrestre. :E: o equilíbrio fundamen tal entre as massas continentais e
oceânicas.
Os blocos siálicos emergem, tanto mais alto quanto mais leve forem. O têrmo
isostasia
foi proposto pelo geólogo C. E. Dutton, em 1889, para a teoria do equilíbrio
gravitativo
entre superfícies contíguas, relativamente extensas, de altitudes diferentes.
Na realidade o equilíbrio se verifica entre os blocos de espessura diferente e,
como
o fluído não é comparáve l à água, possuindo grande viscosidade, não tem um
equilíbrio
hidrostático, mas sim um equilíbrio isostático. O equilíbrio dos blocos, no entanto,
iguala a uma profundid ade de 60 km - superfície de compensação isostática. se
Leon Moret
em seu Précis de Géologie diz que esta compensação deve ser realizada numa
camada
de aproximad amente 300 km de espessura, baseado nos trabalhos de Pratt.
As medidas
recentes de Hayford colocam a 113 km e Bowie 96 km .
A teoria da isostasia admite que cones de abertura igual, com o vértice no centro
Terra, contêm massas iguais, seja qual fôr a altitude da forma da superfície da
topográfic a.

239
Abaixo da superfície de compensação isostática, no dizer de Derruau, "a repartição
da massa é regulada, segundo uma disposição em zonas concêntricas" ( Précis de Géomor-
phologie - pág. 26) .
Para Airy, a superfície de compensação isostática não existe, ela é profundamente
irregular. Está, como já vimos, em função da densidade do material. Para Pratt e Hayford,
os blocos de material de densidade diferente, em relação ao bloco contíguo, parte da su·
perfície de compensação que é uniforme.
O equilíbrio isostático da superfície pode ser rompido:
1 Quando se dá a formação de uma cadeia de montanha.
2 Se a erosão tomar-se muito vigorosa num ponto da crosta carregando grande
quantidade de material ( desnudação) .
3 Se um reaquecimento fizer fundir uma calota glacial ( glácio-isostático) .

O restabelecimento do equilíbrio se fará por movimentos verticais. O bloco tornado


mais leve se levantará, e o bloco sobrecarregado se afundará. 11:ste reequilíbrio deve estar
ligado a movimentos intracorticais de matérias fluidas.
As anomalias da gravidade põem em evidência a diminuição geral da mesma nas
regiões montanhosas e um aumento nos meios oceânicos.
Estas anomalias são explicadas pelo fato de a constituição do globo terrestre ser muito
heterogênea. Medidas feitas por Pratt, em 1885, na cadeia do Himalaia (planície lndo-Gan-
gética - ( Kaliane - Kaliampur) mostraram que o desvio registrado não correspondia aos
cálculos teóricos sendo bem menor do que se poderia esperar em montanhas daquela
elevação e daquele porte. Nas ilhas oceânicas isoladas, é superior, próximo dos litorais e,
em geral, pouco diferente da calculada teoricamente.
As anomalias locais são aproveitadas na prospecção geofísica de jazidas minerais, e
de estruturas geológicas, tais como, anticlinais, etc. O estudo das anomalias da gravidade
vai-nos dar precisão sôbre a estrutura da parte superficial da crosta terrestre, como afirma
Max Derruau. ( Précis de Géomorfologie - pág. 25) .
Para satisfazer o seu equilíbrio, as partes mais densas têm menos material e as
partes menos densas vão formar as elevações montanhosas. A tendência da erosão é des-
gastar as partes altas e depositar nas depressões, pela sedimentação. A conseqüência dêsse
deslocamento de material é que no restabelecimento do equilíbrio, há a movimentação,
repelindo para os continentes o seu conteúdo e, conseqüentemente , a formação de montanhas,
provocada pelo empuxo unilateral.
G. B. Airy, astrônomo inglês, para explicar a anomalia da gravidade diz: "Podia-se
encontrar uma justificativa, na existência de "raízes" sob os maciços montanhosos, tal como
se êstes flutuassem no magma subjacente (de densidade maior que a litosfera), sendo a
parte imersa no magma tanto mais profunda, quanto mais alta a montanha. Haveria assim
uma compensação parcial, entre a atração da montanha e deficiência de atração, resultante
da menor densidade da raiz em comparação com o magma" ( Lysandro Vianna Rodriguez
O problema do datum geodésico - págs. 38/39) .
A isostasia, por si só, não parece suficiente para explicar a formação das montanhas. Mas,
somente, para provocar a elevação de certas áreas da crosta terrestre (Movimentos epiro-
genéticos) . No caso da península escandinava, ela foi no Quaternário, coberta por um
inlandsis de 1 500 a 2 000 metros de espessura. Sob o pêso do gêlo processou-se um afun-
damento da península escandinava; segundo os cálculos de Rudzk, o inlandsis da Escan-
dinávia teria abaixado o continente de 930 metros. Com a fusão do gêlo e a erosão gla-
ciária, o bloco cotinental perdeu aquela sobrecarga tornando-se, então, mais leve. Conse-
qüentemente começou a soerguer-se para que fôsse restabelecido o equilíbrio isostático.
E, segundo as medidas realizadas, êsse levantamento é de 20 centímetros por século, na
entrada do gôlfo da Finlândia e 1 metro, no fundo do gôlfo de Bótnia. Em conseqüência
dêste fato, as construções portuárias foram feitas levando em conta êste levantamento .
E, por várias vêzes, tiveram- as mesmas que ser deslocadas .
Há vários argumentos a favor da existência da isostasia:
1 - Estratigráfico - a geologia estratigráfica prova que os processos erosivos,
embora cíclicos foram, no passado, pràticamente iguais ao presente (Atualis-
mo). Neste caso, se não fôra a isostasia, desdl há muito que todo o globo
terráqueo estaria coberto por uma capa hídrica contínua, de 3 km de altura.

240
2 - Paleogeográfico - a distribuição geográfica e estratigráfica das rochas sedi-
mentares e dos fósseis, através dos tempos, tem sido variada. Areas de terras
firmes, temporàriamente, sofreram transgressões marinhas, e posteriormente,
tornaram-se emersas. A peneplanação de uma área leva a perder o eq4ilíbrio
isostático e, muitas vêzes, o conseqüente levantamento de fundo epirogené-
tico para a estabilização do equilíbrio antigo - relevos policíclicos em plata-
formas cristalinas.
Ruy Ozório de Freitas diz: "O peneplano, fisiogràficamente, aparece
como forma topográfica de equilíbrio entre a estrutura, a natureza da rocha
e a erosão, porém francamente de desequilíbrio isostático por ter-se tornado
uma área leve de um compartimento da crosta" ("Relevos policíclicos na
tectônica do escudo brasileiro" - Boletim Paulista de Geografia n .0 7 - pági-
na 3).
3 - Estrutural - a história geológica da região do Grande Caiión do Colorado,
onde há um empilhamento estratigráfico de sedimentos marinhos do Cam-
briano ao Cenozóico. Nestas camadas existem inúmeras discordâncias que
provam repetidos períodos ele levantamento com desnudação e novos de-
pósitos.
Os calcários marinhos do Pérmico que hoje formam os bordos do Grande
Caiión estão estratigràficamente há 3 200 metros acima das formações cam-
brianas marinhas, na base do Paleozóico. Estas formações, agora bem acima
do nível do mar, deveriam ter estado a 1 600 metros abaixo dêsse nível,
no tempo em que se acumularam os sedimentos marinhos do Pérmico.
4 - Geomórfico - os peneplanos soerguidos em busca de um nôvo equilíbrio
isostático .
Vejamos algumas objeções à isostasia:
1 Contraste entre a grande regularidade da ação isostática com a irregularidade
da oro gênese.
2 A isostasia não é capaz de explicar a contemporaneidade das grandes cadeias
do globo e, particularmente, a extrema complexidade do seu traçado, de
sua estrutura e de suas ramificações.
ISTMO - estreita faixa de terra situada entre dois mares, correspondendo, de modo geral,
a uma zona onde se verificou um afundamento do solo, ou ao contrário, uma invasão do
mar. O trabalho de rasgamento de um braço de terra dêsse tipo - construção de um
canal pelo homem, pode ·fazer com que grande economia de tempo seja conseguida pelos
navios, ex.: canal de Suez, Panamá, etc.
ITABIRITO - quartzito hematítico, rocha metamórfica, xistosa, constituída de grãos de
quartzo e palhêtas de hematita micácea. Ocorre no Brasil na formação Itabira, da série
Minas, do Pr-é-Cambriano ·Suoerior. Os Itabiritos menos silicosos constituem bom minério
de ferro. Pela perda total do- quartzo passam a hematita pura. A substituição metassomá-
tica da sílica pelo óxido férrico dá lugar aos maciços de hematita compacta que formam,
em Minas Gerais, os proeminentes picos de Itabirito ( Itabira do Campo), Cauê ( ltabira
do Mato Dentro), Conceição, Mutuca, Jangada, etc. As reservas itabiríticas do quadrilá-
tero ferrífero, MG, somam entre 50 e 100 bilhões de toneladas, e estão entre as maiores
do mundo.
ITACOLOMITO - quartzo flexível, no qual aparecem lâminas de mica. Esta rocha de
coloração branca é muito flexível, sendo encontrada, principalmente, no Brasil e, sobretu-
do, no estado de Minas Gerais.
"ITAIMBt" ou TAIMBt - denominação dada para os grandes abruptos da ''serra" Geral
no sul do Brasil. Também usam o têrmo aparado (vide) para êstes escarpamentos.
ITAIPAVA - denominação usada em certos estados do Brasil, como sinônimo de corredeira,
cachoeira ou salto. No estado do Pará, há mesmo uma corredeira no rio Xingu com o nome
de Itaipava.
ITAPIOCANGA - o mesmo que canga ou laterito (vide).
"ITARANA" - denominação regional dos lateritos (vide) no município de 1\.farapanim, na
zona do Salgado, estado do Pará .

241

JACUTINGA - têrmo usado por grande número de autores para a hematita pulverulenta.
( Fig. n. 0 4G) O têrmo facutinga tem sido usado, no entanto, com um sentido vago, por
vários geólogos que têm estudado as jazidas de minério de ferro, no estado de Minas
Gerais. Hoje carece de significação precisa, logo deve ser abandonado pela literatura
científica .
JANELA TECTôNICA - abertura escavada pela erosão num lençol de arrastamento
( nappe de charriage) ou em dobras deitadas ou ainda inclinadas, permitindo ao observador
ver o substrato ou a existência de camadas mais recentes, sob mais al}tigas (Fig. n. 0 lJ).

+
+ +
+ +
+ + + +
++++++
+ + + + + +
+++++++
+++++++
+ + + + + + + +
+ ++++++++
++++++++++
+++ + + + + + + + +
Fig. n. 0 I J - Observamos uma dobra deitada que recobriu parte de rochas eruptivas. Uma grande
janela foi aberta na estrutura dobrada que nos permite observar a rocha cristalina que lhe está abaixo -
Na parte direita da ilustração vemos nm resto da parte terminal do dobramento que no momento de
seu deslocamento foi represado pelo pequeno pilar aí existente.

:Este fenômeno geológico é de grande importância nos estudos morfológicos das regiões
dobradas, como os Alpes, Himalaia, Andes etc.
JASPE - calcedônia impura de côres variadas, sendo a vermelha a mais comwn. As prin-
cipais variedades são: jaspe vermelho - contém sesquióxido de ferro que lhe dá tal colo-
rido; jaspe roxo, amarelo, negro, pedra da lídia ou lidita, que é a pedra de toque dos
joalheiros, muito dura e opaca. Costuma-se ainda chamar de jaspe à argila carregada de
sílica que se torna dura e compacta .
JAZIDA MINERAL - ocorrência anormal de minerais constituindo um depósito natural
que existe concentrado em certos pontos da superfície do globo terrestre. Consideram-se
assim tôdas as substâncias minerais de origem natural, mesmo as de origem orgânica, como:
carvão, petróleo, calcário, etc.
As jazidas podem ser classificadas segundo a sua origem, o seu aproveitamento, a sua
prvfundidade, etc.
Segundo a origem podem ser divididas do seguinte modo:
A) Origem magmática:
1 - Ortomagmática

242
2 - Pneumatolítica ( pegmatítica)
3 - Hidrotermal
B) Origem sedimentar.
C) Origem metamórfica.
D) Origem metassomática.
As fazidas magmáticas são também chamadas de filonares ou intrusivas, devido ao fato
do seu jazimento ser em "forma de filão incrustado ou intrusivo, isto é, cortando as rochas.
Quanto à profundidade, as jazidas podem ser divididas em: 1 - fazidas superficiais,
2 - fazidas profundas.
As jazidas de minerais não têm grande significado no que tange às formas de relêvo.
Geralmente são áreas restritas e pouco extensas. A sua maior importância é no que diz
respeito à geologia econômica por causa do valor comercial ou da utilização que podem
fornecer certos minerais e rochas.
A ocorrência de jazidas de diamantes e ouro no Brasil, ~r exemplo, teve importância
histórica no povoamento e nos ciclos econômicos que o pa1s atravessou ( século XVIII).
JOVEM - denominação usada, por certos geógrafos e geólogos, ao aplicarem a terminologia
de Davis, quando descrevem os diferentes aspectos do relêvo ou da hidrografia. (Fig. n. 0 2J)·
Costuma-se empregar o têrmo fovem para as formas de relêvo áspero e pouco desgas-
tado pela erosão, ex.: os picos das cadeias terciárias. Na descrição da rêde hidrográfica a
fase da juventude é caracterizada pela existência de um grande número de corredeiras,
vertentes íngremes e falta de regularização do perfil longitudinal e transversal do rio. Por
conseguinte, a fase .da juventude é caracterizada pelo predomínio do escavamento vertical
no leito dos rios . (Vide ciclo de erosão do rel~o) .

Fig. n. 0 2J - No primeiro bloco vêem-se as formas agudas do relêvo jovem. No segundo bloco, tôdas
as saliências jai estão arrasadas pela erosão, relêvo maduro.

JUNTA - contato de uma camada com outra. Nas rochas estratificadas e, principalmente,
nas de natureza sedimentar se observa que as juntas são da máxima importância para se
estudar o ritmo da sedimentação e a separação da natureza do material depositado. O têrmo
junta também é usado, às vêzes, para significar as fendas, as fraturas ou diáclases encon-
tradas nas rochas (Vide diáclase) ·.
JUNTA DE ACAMAMENTO - coincide com os planos de estratificação (vide estratifi-
cação, plano de) .
JUNTA ESTRATIGRÁFICA - o mesmo que funta de acamamento ou planos de estratifi-
cação (vide estratificação, plano de) . São os interstícios exi~tentes entre as camadas ou
estratos concordantes que podem · ser originados pela variação no tipo de sedimentação.
JURÁSSICO - compreende os terrenos do Mesozóico situados entre o Triássico e o Cretáceo.
Foi no maciço do Jura, na · França, onde se encontrou a melhor coluna de terrenos dêsse
período, daí o seu nome. Na França e na Inglaterra os depósito's dêsse período são muito
espessos.
A vida no Jurássico é caracterizada pelo máximo desenvolvimento dos répteis em di-
versidade e tamanho . Esses répteis eram extremamente especializados em suas funções c
adaptados a diversos hábitos de vida .

243
Entre os grandes répteis terrestres do grupo dos dinossauros distinguem-se: Triceratops,
lguanodon, Atlantossauro, Brontossauro, Ceratossauro, Alossauro, Megalossauro e Tiranossauro,
entre os voadores os Pterodactilos e Pteranodon e entre os marinhos os lctiossauros e Plesios-
sauros.
Verifica-se o aparecimento das primeiras aves, entre as quais a Archueopterix, encontrada
em Solenhofen na Baviera, com caracteres de réptil, gigantesca e com dentes.
Do ponto de vista da flora, há o desenvolvimento das cicadáceas e abundância de
coníferas, sobretudo do tipo Araucária.
A paleogeografia dos terrenos do Jurássico revela importante modificação no conti-
nente austral, com a fragmentação do continente de Gondwana.
No Brasil, não há nenhuma indicação segura da existência de terrenos jurássicos, devido
à ausência de fósseis. As formações Uberaba (Minas Gerais) e Caiuá (São Paulo) são
colocadas de maneira duvidosa neste período.
Alguns admitem que as erupções de rochas alcalinas que aparecem, em pequenas
áreas, são dêste período. Entre essas rochas alcalinas predominam os sienitos nefelínicos
ou fonólitos, tinguaítos, etc. Alguns afloramentos aparecem no Itatiaia, nas divisas de
Minas Gerais com o estado do Rio de Janeiro, nas ilhas Trindade e Fernando de Noronha,
nos rochedos São Pedro e São Paulo; em Cabo Frio e no Tinguá, no estado do Rio de
Janeiro; em Minas Gerais, em Araxá e Poços de Caldas; e nas divisas do estado do Rio de
Janeiro com o estado da Guanabara, em Jericinó - Medanha, e em São Paulo, em lpanema.
JUSANTE - denomina-se a uma área que fica abaixo de outra, ao se considerar a corrente
fluvial pela qual é banhada. Costuma-se também empregar a expressão re"Mvo de fusante
ao se descrever uma região que está numa posição mais baixa, em relação ao ponto con-
siderado. O oposto de ;usante é montante.
JUVENIL - o mesmo que água de origem magmática, isto é, águas que não participam
do ciclo hidrológico.

244

KARREN ou SCHRALTEN - terminologia germânica para os lapiás (vide) que no Jura
são regionalmente chamados de rascles.
KARST - topografia típica de terrenos calcários como os que aparecem a noroeste da pe-
nínsula balcânica. Esta designação foi tomada da região de Cartso, no Adriático. Karst -
grafia iugoslava de carste (vide) .
KATAZONA - grafia antiga do têrmo catazona (vide).
KEEWATIANA - uma das épocas em que se divide o Arqueano, da América do Norte.
KEUPER - divisão do Triássico superior dos terrenos europeus, situados acima dos do
Muschelkalk.
KIESELGUHR - denominação alemã, adotada por alguns autores, para o diatomito (vide) .
Kll.,ARNEANA - revolução orogenética ocorrida no fim do Pretcrozóico da América do
Norte. As revoluções oro genéticas Laurenciana, Algonquiana e Kilarneana foram as res-
ponsáveis pela formação de cadeias de montanhas da era Proterozóica da América do Norte
(engloba os períodos Arqueano e Algonquiano) .
KIMBERLITO - breccia peridotítica encontrada em Kimberley, na África do Sul, da qual
é extraído o diamante.
KNICK - ângulo formado pelo sopé do inselbergue (vide) com a superfície topográfica de
um pedimento ou de um pediplano (vide) . '
KUM - denominação dada na Ásia para as grandes extensões de areia nos desertos . O
mesmo que erg - árabe. (Vide deserto de areia) .
KUNZITA - variedade da espodum~nio (silicato duplo de alumínio e lítio) de côr lilás,
rosa, ou mesmo incolor, usada pelos joalheiros.

245
LABRADORITA - feldspato do tipo plagioclásio, intermediário na série de Tchermak,
entre a andesita e a bytownita. 1!: um silicato duplo de alumina e cálcio contendo pequena
proporção de soda. .
Aparece, gerahnente, nas rochas eruptivas básicas como: basaltos, doleritos, etc. :Este
mineral é aproveitado nas joalherias.
LABRADORITO ou PóRFIRO LABRADORITICO - variedades de basaltos ou meláfiros
que não possuem olivina.
LACóLITO - intrusão na qual há um estreitamento inferior e um alargamento concordante
na massa superior, constituindo, algumas vêzes, verdadeiros lençóis-camadas no espaço entre
os estratos. O !acólito é pôsto a aflorar devido à erosão e tem a aparência de um "lago de
pedra", daí o nome proposto por G. K. Gilbert. Os !acólitos são também chamados de
vulcões frustros (fig· n.0 lL). No continente europeu são pouco numerosos, e mais fre-
qüentes na África do Sul e na América do Norte. Na França, um dos mais célebres !acó-
litos é o de Dramont, perto de São Rafael (Var) .

--------------------

+
+ t + +
+ + + + + +
Fig. n. 1 L - Lac6litos são as intrusões nas quais há um estreitamente inferior
0

e um alara;::amento na massa superior constituindo algumas vêzes verdadeiros


Jençóis·camadas no espaço entre os estratos. O )acólito pôsto a aflorar devido à
erosão dá a aparência de um "Iaro de pedra", donde o seu nome.
LACUNA ESTRATIGRÁFICA ou HIATO - falta de uma camada na sene normal dos
terrenos. Podemos ter dois tipos: 1 - Lacuna de sedimentação; 2 - Lacuna de erosão.
No caso da figura, ( Fig. n ·0 2L) observamos que na parte esquerda do corte há uma lacuna,
pois a camada II não está representada. Esta camada pode ter sido depositada, e posterior-
mente, a erosão tê-la carregado, não deixando vestígios, mas também, pode nunca ter sido
depositada .

T.JI_:·.

I
Fir;. n. 0 2L Lacuna estratir;ráfica.

LACUSTRE (sedimento) - diz-se dos depósitos detríticos ou de restos orgânicos acumu-


lados em antigos lagos. É através do estudo da facies que podemos determinar a origem da
rocha sedimentar.
LADEIRA - têrmo descritivo usado, com pouca freqüência, em geomorfologia para designar
terreno inclinado de uma encosta, ou melhor, de uma elevação do relêvo.
l.AGO - depressões do solo produzidas por causas diversas e cheias de águas confinadas,
mais ou menos tranqüilas, pois dependem da área ocupada pelas mesmas. As formas, as
profundidades e as extensões dos lagos são muito variáveis. Geralmente são alimentados por
um ou mais rios afluentes. Possuem também rios emissários o que evita o seu transborda-
mento . Os lagos são mais freqüentes nas regiões montanhosas e no hemisfério norte.
Quanto à origem os lagos podem ser: lagos tect6nicos, vt~lcânicos, residuais, de erosão,
de batTagem, (Fig. n .0 3L) mistos, etc.
Quanto ao regime os lagos podem ser de caráter temporário ou permanente ( Fig. 4L) .
Os lagos situados na borda litorânea que possuem ligações com o oceano são, geral-
mente, chamados de lagoas, ex.: lagoa dos Patos, Mirim, Rodrigo de Freitas, etc. (Vide
lagoa).
Até o presente momento são poucos os estudos referentes aos lagos do Brasil. Esta
situação esta ligada ao fato de as bacias lacustres ocuparem uma extensão muito pequena,
quando comparada à massa hidrográfica e à extensão territorial do País.
Vejamos, a seguir, alguns dados comparativos entre a extensão de nossos lagos, lagoas e
lagunas e os de outros países.

ÁREA DOS GRANDES LAGOS

GRANDES LAGOS PAIS Área em km2

Cáspio ...... .. . ... . . . ..... . Rússia - Irã .. ... ......... .... ..... . . . 440 000
Superior ................... . Estados Unidos - Canadá ... . .. ....... . 82 500
Vitória .. .. . .. .... .... .... . . T~n~anica - Uganda - Quênia na África 67 000
Aral. . ...... ... ........... . Russia .... . ........................... . 66 000
Huron .. . .... ... . . .... ..... . Estados Unidos - Canadá ............. . 59 525
Michigan ..... ... ... .. ..... . Estados Unidos ..... ................... . 58 000
Baical. . . .................. . RIÍssia ......... . . . ......... . ..... . 33 000

247
Os dados referentes às áreas lacustres de nosso país são ainda muito escassos. Mas, a
título de informação, vamos dar alguns :
ÁREA DAS LAGOAS BRASILEIRAS

ESTADO NOME Ãrf'a em km•


---------------------l------------------------ -----1-----------
Patos .................... . . .. ......... . 9 ~50
Mirim .................. .............. . 2 ~:i47
Rio G•ando do Sul ......... \
Mangueira . . .. . ... ................. . .. . 815
Itapema .. . .........· .................. . 120

Ca.morim ......... . ................... . 11


Guanabara ....... .... ...... { Marapendi ... . ............... . ........ . 3
Rodrigo de Freitas .. ................. . . 3

Feia ... . .. ......... . .................. . 328


Rio de Janeiro ............. { Araruama .......... . ............... . 207
Saquarema .. ..... .............. .. ..... . 36
Jequiá ................. ........... .... . 20

~· · · ···· ··· · ········ \


Poxim ............ . . ........ .. . ....... . 10
Manguaba ...... ..... ......... ... .. . . . . 57
Munda•1 ....... .... .. ... .. ... ......... . 30

Fig. n.• 3L - Aspecto da paisagem da lloresta hileiana, (sul da Amazônia), vendo-se um pequeno lago
de barragem e a formação de ilhall aluv&ais no leito do rio Teles Pires, nos limites do estado do Pará
c:mn Mato Grosso.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)
Ao longo do litoral brasileiro aparecem
várias lagoas e lagunas de barragem. Estas
são de diversos tipos. A variação do nível
dos mares é de grande importância na ex-
plic:lção de vários lagos das terras firmes da
Amazônia, ou .a inda das áreas dos tabu-
leiros terciários de Alagoas e do Espírito
Santo. A decomposição química também
constitui outro elemento de real importân-
cia para explicar o aparecimento de vários
(a)
lagos da zona calcária do estado de Minas
Cerais. Finalmente há lagos conseqüentes
das fôrças endógenas (técnica antiga e re-
cente) - exemplo os antigos lagos da fossa
tectônica do Paraíba, os lagos do baixo
planalto na área do baixo rio Negro e do
Pantanal Mato-grossense.
A região dos lagos do Amapá está
compreendida entre os rios Amapá e Ara-
guaia. Esta região é muito baixa, estando
os pontos mais altos quase ao nível do mar.
Pequenas lombadas, isto é, os "tesos" ou (b)
''firmes" e os "altos dos baixios", isto é,
os lagos e suas margens, constituem os tra-
ços físicos dominantes destas áreas.
f:sses lagos reprto<Jntam depressões
ainda não entulhadas, situadas na planície
flúvio-marinha originada da deposição dos
sedimentos carreados pelos tributários dire-
tos do Atlântico, ou sejam os rios Araguari,
Amapá, Flechai, Uraçá e pela formidável
massa de argila pela corrente norte-equato-
rial. Como exemplo pode-se citar lago Nôvo, (c)
Duas Bôcas, Comprido, Mutuca, Piratuba, Fi~t. 4L - Evolução cíclica de um lago. No
estágio final (C) a colmatagem deu aparecimento
Cujubim. a uma planície lacustre.

Na zona costeira do Espírito Santo os lagos do baixo rio Doce podem ser divididos em
lagos da zona de restingas - planície periodicamente inundada e lagos da zona dos ta·
buleiros.
As margens do rio Doce, a jusante de Linhares, são baixas e inundadas periodicamente.
Na paisagem, fazendo-se um perfil entre a pequena escarpa sedimentar dos tabuleiros e a
linha do litoral, vê-se uma sucessão de cordões de areia que se estendem, às vêzes, por vários
quilômetros. Entre as línguas das restingas encontram-se regiões inundadas e extensas
lagoas. ·
A formação dessas lagoas de barragem prende-se à gênese dos cordões arenosos de
idade holocênica. As partes mais deprimidas do solo ficam cheias d'água durante a estação
chuvosa, principalmente por ocasião das enchentes. O entulhamento dessas depressões do
solo converte, em pouco tempo, as lagoas em extensos pântanos e isso devido à deposição
de sedimentos argilosos e acumulação de matéria orgânica, trazidos pelos rios. Dêste modo
podem-se distinguir, neste trecho da costa, dois tipos de lagoas: a) formada pela acumu-
lação da água das chuvas; b) alimentada pelos rios e lençóis subterrâneos.
Pode-se, então, dizer que um lago é uma vasta extensão de água confinada, cercada
de terra por todos os lados. As lagoas podem também ter água salobra ou mesmo salgada :
Ao passo que os lagos têm mais comumente água doce, embora existam lagos de á~ua
salgada como é o caso do chamado lago Salgado, no oeste dos Estados Unidos.

249
Na Finlândia, encontramos um grande número de lagos de barragem glaciária, bem
como de erosão provocada pelas geleiras. Contam-se 33 500 lagos na Finlândia, e aparecem
mais densos, na área compreendida pelos paralelos de 61° e 62° de latitude norte.
LAGOS CORDIFORMES - são os que apresentam a configuração de coração. Na costa
do Rio Grande do Sul - Lagoa Pinguela, Palmital e Malva foram descritos pela primeira
vez por Patrick Delaney em 1960. tstes lagos estão alinhados de tal forma que apresentam
a ponta do coração voltada para o sul. Acredita-se que tenham sido formados em áreas
de drenagem incerta. Os ventos sopram com mais constância de NE .
LAGOS DE BARRAGEM - os que resultam do fechamento de sinuosidades na zona lito-
rânea por línguas de areia. Também na área da planície sedimentar amazônica vê-se vários
lagos de barragem fluvial.
O grande predomínio dos lagos, lagoas e lagunas de barragem no Brasil tem explicação
nos seguintes fatos:
Erosão fluvial realizada em função de um outro nível de base mais baixo que o
atual.
Transgressão marinha afogando as antigas embocaduras.
Depósito de sedimentos barrando a antiga foz dos rios.
Os lagos, lagoas e lagunas de barragem são produzidos pelo crescimento, ou melhor,
justaposição de cordões arenosos, e argila-arenosos fechando antigos golfos, baías, angras
e enseadas.
LAGOS DE BARRAGEM EóLIA - as grandes dunas de litoral, especialmente no nordeste
e no leste, causam, freqüentemente, a obstrução "dos. pequenos cursos d'água que buscam
alcançar o mar, dando origem a várias lagoas. Neste tipo inclui-se a lagoa de Abaeté, pró-
ximo a ltapoã na Bahia .
LAGOS DE CRATERA - acumulação de água que aparece nas crateras dos vulcões (vide
cratera) . tsse tipo de lago tem, geralmente, pouca duração, pois, não possui rios afluentes,
e vive na dependência exclusiva da água das chuvas.
LAGOS DE EROSÃO - são mais comuns e numerosos os que apresentam a forma de cres-
cente e resultam de meandros abandonados. Outro tipo de lagos de erosão são os resul-
tantes da acumulação de águas em depressão do terreno, por ocasião do transbordamento
do rio.
Há em Minas Gerais um bom número de pequenas lagoas na área calcária do vale
do São Francisco. Estas lagoas localizam-se em dolinas, onde houve a lenta dissolução
dos calcários e a migração parcial das substâncias dissolvidas, arrastadas pelas águas e em
parte redepositadas em outras baixadas - são portanto lagos de erosão. Como exemplo po-
demos citar a Lagoa Santa. Na realidade há duas lagoas, uma de curta extensão - a lagoa
do Sumidouro e, outra, a Lagoa Santa, propriamente, situada no centro da cidade. Outras
lagoas do município de Lagoa ~anta: Lagoa ôlho D'água e Poço Azul.
LAGOS EM ROSÁRIO - diz-se de uma série de lagos rec()rtados. Na costa do Espírito
Santo e também na costa do Rio Grande do Sul vê-se alguns exemplos. Neste último estado
citado os lagos em rosário situam-se na retaguarda do campo de dunas. S·ão alimentados
por chuvas e água doce. Os lagos dêsse tipo aparecem no trecho entre Cidreira e Rio
Grande no campo de dunas. Como exemplos citamos: Lago dos Peixes e Rincão dos Veados .
LAGOS TECTôNICOS - a observação da padronagem da rêde hidrográfica e de algumas
bacias lacustres levou o Prof. Hilgard O'Reilly Sternberg a identificar vários lagos, nas
proximidades de Manaus, como oriundos de movimentação tectônica. Muitos lagos de terra
firme formam ângulos quase retos ou "joelhos de fratura", ocupando linhas de falhas ou

Fig. n. • SL - Aspecto do relêvo da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Do ponto .de vista geológico
observa·se dois tiyos dominantes de estruturas: 1 - alinhamento de serras e pontões, 2 - as antigas
restingas fonnando a área da planície. A lagoa Rodrigo de Freitas é resultado de um processo de
barragens devidas a justaposição de restingas sucessivas. Observar ainda a importância da ponta do
Arpoador entre as praias de Copacabana e a de lpanema.

250
e, finalmente, inva-
vales tect&nicos, posteriormente alongados e aprofundados pela erosão : Lago Grande de
didos e afogados pela água do Amazona s. Citam-se os seguintes exemplos
Manacapuru,. Anamã, Badajós, Piorini, Miná.
do médio Paraiba
LAGOS TECTôN ICOS COLMATADOS - a bacia de Taubaté no vale
de rochas. Des-
do Sul foi no terciário um extenso lago onde se depositaram vários tipos
taque deve ser feito aos folhelhos oleíferos de Trememb é .
tectônica uma
.Hoje, tem-se naquela área outrora ocupada por um lago de origem
extensa planície - bacia terciária de Taubaté.
bacia terciária
Em direção a jusante, surge outro lago colmatado que constitui hoje a
de Rezende .
dentro de grandes
LAGOS DE TERRA FIRME - são massas d'água que se encontram
ros de largura, cavadas pela erosão, no planalto terciá-
trincheiras com dezenas de quilômet
de aluviões, exem-
rio. Os lagos de terra firme são massas d'água represadas pelas. restingas
Tefé, Coari e Mamiá. ~stes lagos são embocad uras afunilada s que podem ser
plo: lago
aesdobradas em duas ou mais bôcas.
do a outro
O escavamento da maioria dêsses lagos de terra firme se encontra relaciona
por ocasião de
nível de base geral. Isto significa que o escavamento dos mesmos deu-se
inferior; em valor,
uma regressão marinha, seguida de transgressão, cujo nível das águas foi rios da Amazônia.
ao do recuo. Conseqüentement e houve um afogamen to na drenagem dvs
é, áreas ainda · não
LAGOS DE VÃRZEA - ocupam depressões . da planície aluvial, isto
enchente s, ·no processo normal da construção das
colmatadas inteiramente pelo material das
abandonados ou a
várzeas amazônicas. Freqüent emente êles correspondem a meandros s e seus afluen-
porçõeb de longos trechos de paranás e mesmo de antigos leitos do Amazona
tes abandonados na planície de inundaçã o.
planícies mar-
Os lagos de várzea, em sua maioria, são depressões rasas situadas nas
de várzea se locali-
ginais ao leito do rio, que s~ enchem de águas de inundaçã o. Os lagos
na ilha do Careiro,
zam, também, na parte central das ilhas aluviais, como o lago dos Reis, do Tapara.
Negro. Outro exemplo é o lago Piracacir a na ilha Grande
situado na foz do rio
ainda destacar os lagos de várzea que se localizam entre a faixa da várzea do
Deve-se
lago Grande
rio principal e a base da escarpa do baixo planalto terciário, como o enorme
foz do Tapajós e a
do Curuai (ou de Vila Franca), na várzea do Baixo-Amazonas, entre a
divisa para o Amazonas.
Amazonas e
Em síntese pode-se dizer que houve o aprofundamento dos vales do -se outros
to positivo da região; a êsse movimen to seguiram
afluentes, causado por um· movimen
do nível de base
em sentido inverso, porém de menor amplitude, ocasionando o abaixamento
e a invasão dos vales inferiores pelas águas.
a circulares - de
LAGOA - depressão de formas variadas - principalmente tendendo
profundi dades pequenas e cheia de água doce ou salgada.
dade.
As lagoas podem ser definidas como lagos de pequena extensão c profunditransforman·
Algumas lagoas são temporárias e existem apenas na estação das águas,
lagoas é o seu
do-se em pastos por ocasião da estação sêca. A tendência natural dessas ção lagoa
Muito comum é reservarm os a denomina
enchimento, isto é, sua colmatagem.
com o oceano, ex.:
para as lagunas situadas nas bordas litorâneas, que possuem ligações
de Freitas ( Fig.
lagoas dos Patos e Mirim, no estado do Rio Grande do Sul e Rodrigo
n.u 5L), no estado da Guanaba ra.
Três tipos de
As iagoas do litoral alagoano são autênticos rios invadidos pelo mar .
da costa brasileira . As oriundas de estuários de rios maiores,
lagoas existem neste trecho
Mundaú, do Sul ou
fechados por restiugas e cordões litorâneos, como a lagoa do Norte ou
Manguab a e Roteio. do rio Mun-
A lagoa do Mundaú é a mais importante do estado e foi outrora a foz
de Maceió . A de Manguab a foi o estuário do
daú. A barragem foi feita pela restinga
rio Paraíba do Meio, sendo a maior do estado.
Servem de via
Estas duas lagoas são ricas em peixes e alguns crustáceos ( sururu) .
de comunicação, utilizando-se 2lanchas e canoas . que fecha
A lagoa do Roteio (8 km ) é formada por um cordão de recifes de arenito
quase totalmente a embocad ura do rio São Miguel. ~ rica em camarão.

252
Essas lagoas, formadas por rios que têm a sua foz barrada por terraços marinhos, san-
gram para o mar através de canais como o Niquin, Jequiá, Poxim.
A lagoa do Jequiá é a terceira do estado em área. Parece um tronco de árvore com
poucos galhos, fom1ados pela rêde hidrográfica. A barragem foi feita por um terraço flúvio-
-marinho e comunica-se com o mar por um rio-canal aberto na extremidade sul da lagoa.
Finalmente · o terceiro tipo é constituído pelas lagoas oriundas de estreitos e profundos
vales de riachos de pequeno curso, originários dos tabuleiros e que tiveram as suas desem-
bocaduras barradas pela praia, no trecho das falésias do Jequiá, Doce, Pacas, Comprida,
Mangues, Taboada, Azêda e Jacarecica.
t;:stes tipos de lagoas são explicados, em parte, pelo fato de o mar ser um agente mais
poderoso, provocando, assim, o fechamento da bôca dêsses rios que, tendo .suas águas
represadas, procuram uma saída em local da barragem mais propício, constituindo-se em
verdadeiras lagunas invadidas pelo mar.
As línguas de restingas, os recifes, os terraços de acumulação flúvio-marinho e a
formação de praias, servem de elementos na constituição dessas lagoas costeiras.
Ao ex3J1linar-se o mapa de Alagoas, nota-se que a distribuição dos lagos segue um
eixo longitudinal perpendicular à linha da costa. Todos êsses lagos são separados do mar,
por tabuleiros baixos, de areia sôlta, que geralmente estão dispostos em compridas e estreitas
línguas. Na formação dêsses cordões litorâneos muito contribuem os ventos alísios.
As lagoas das margens do São Francisco são resultantes dos processos erosivos do rio e,
também, dos seus depósitos nos terraços marginais, sempre aprisionando, depois de invadir,
o trecho de confluência dos seus tributários. São típicos lagos de várzea.
De Penedo para jusante os lagos aí existentes são resultantes do afogamento, pelas
marés, da extensão arenosa situada entre as antigas linhas par(\lelas da praia.
As lagoas das terras interiores resultam de acumulações de água, durante a estação
chuvosa, em pequenas depressões, ou de formações de cabeceiras de alguns rios menores.
As lagoas da planície costeira do norte do Espírito Santo podem ser filiadas a dois
tipos principais: a) alimentadas pela rêde potâmica e b) pelo lençol subterrâneo. Estas
últimas têm vida mais longa. Algumas delas estão sendo intensamente colmatadas pelas
aluviões dos rios ou pelo formidável desenvolvimento da vegetação aquática. A êste segundo
grupo pertencem as chamadas "lagoas em rosário", ligadas entre si e alinhadas em extensões
de dezenas de quilômetros, indo ter a um grande rio, ou a uma lagoa diretamente ligada
ao oceano. Como exemplo temos a lagoa do Cupido, Pau Atravessado, Suçuarana e Durão.
São do tipo de barragem e formadas por línguas de restingas.
As lagoas existentes nos tabuleiros encontrados no Espírito Santo são devidas à disse-
cação que produziu uma série de vales separados por elevações alongadas . A forma das
lagoas nesses tabuleiros é bastante singular, correspondendo ao curso de um rio, por vêzes
importante, mas, em geral, relativamente pequeno. São, quase sempre, alongadas, cheias de
braços, que correspondem aos afluentes. Constituem testemunho de uma fase de afogamento
da costa, após um trabalho de erosão fluvial, que se fêz muito abaixo do nível atual. Em
virtude de as rias que vêm ter às mesmas não transportarem muita aluvião, não foram
colmatadas, restando estranha paisagem lacustre . São exemplos a lagoa de Juparanã, Jupa-
ranã-Mirim, Palmas, Palminhas.
Na Baixada Campista a lagoa Feia é resultante da transforma-ção de antiga baía, como
conseqüência da formação do delta do Paraíba. Constitui-se em amplo reservatório regu-
lador das águas da planície. Seu nível é controlado pelo canal da Flexa e pela desobstru-
ção dos vertedouros naturais.
Na lagoa de Araruama a faixa sedimentar que a separa do mar revela a existência
de duas direções de restingas : uma com a sedimentação dos esporões orientadas no sentido
de oeste para leste, e outra no sentido de sudeste para noroeste. Essas restingas são
cortadas por dunas formadas pelos ventos de nordeste. A lagoa é ligada ao mar pelo
canal de Itajuru ( Fig. 62) .

253
A genese da lagoa de Saquarema pode ser explicada pela língua de areia vinda de
Ponta Negra que progrediu até o rochedo de Nazaré, fechando as antigas enseadas e
formando as lagoas de Uruçanga, Jardim, Boqueirão e de Fora, ligadas, primitivamente,
entre si numa só laguna . O canal de escoamento está sempre barrado pelas marés .
Na lagoa de Maricá cêrca de 20 quilômetros de restingas barram a antiga enseada .

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+ +

OCEANO ATLANTICO

Fig. n.• 6L

Do ponto de vista geomorfológico tôdas essas lagunas tendem a desaparecer, aterradas


que estão sendo com os detritos trazidos pelos rios que nelas vão ter. Os poucos se irão
transformando em pantanais e, posteriormente, em grandes campinas, com pequenas cole-
ções de água, constituindo pequenas lagoas e charcos esparsos.
Ao sul do maciço da Tijuca e da Pedra Branca existiram várias enseadas que foram
colmatadas em parte. Ne_sse processo evolutivo de formação das lagoas deve-se salientar
a justaposição de restingas sucessivas, como a que deu origem às lagoas Rodrigo de Freitas,
Jacarepaguá, Camorim.
Quanto ao sistema lagunar da planície costeira do Rio Grande do Sul há vários tipos
de lagos e lagoas, cuja explicação se liga à formação da costa quaternária.
Dentre as grandes lagoas dessa região destacam-se a dos Patos, Mirim e Mangueira.
A lagoa dos Patos, com 9 850 km' de superfície, apresenta, ao norte, v:~sto estuário
(Guaíba), onde se vêm reunir as águas dos rios Jacuí e Caí. Liga-se à lagoa Mirim pelo
canal de São Gonçalo, e ao oceano pelo canal do Norte. Juntamente com o zstuário do
Guaíba e talvez com a lagoa Mirim formavam baías que foram barradas no Quaternário
recente por cordões arenosos. Os principais rios da vertente atlântica como o Jaguarão,
Piratini, Camaquã, Guaíba e outros menores deságuam nessas lagoas .
As lagoas do trecho norte do litoral do Rio Grande do Sul relacionam-se às rochas
sedimentares mais antigas (arenito Botucatu) e foram modificadas pela ação do vento.
São elas a dos Barros, Itapeva e Quadros. A primeira tem, apenas, 10 metros de profun-
didade, assemelhando-se a uma grande panela. Recebem as águas de alguns rios.

254
Estas lagoas obedecem à seguinte formação no seu processo evolutivo: 0
1. a construção
de restingas como conseqüência da ação das vagas que incidem obliquam
ente sôbre a costa,
produzinçlo uma língua arenosa de forma ·alongad a que vem barrar
uma baía ou uma
enseada, transformando-a em laguna. Neste estágio, considerado juvenil,
é que se encontra
a lagoa de Mangueira; 2· 0 A atuação das fôrças exógenas como agente
de colmatagem,
incluindo a ação eólica, aqui representada pelo "pampei ro" e pelo "carpinte
iro da praia",
com ação dupla nesse processo, vindo provocar o entulham ento dessas
lagoas, transforman-
do-as em banhados e posteriormente em planícies.
Na grande planície sedimentar do sudoeste do estado de Mato Grosso
são encontradas
várias formas de lagoas.

Fie. n. • 7L - Flexura ou dobra monoclina l.

De acôrdo com o Prof. Sternberg diversos aspectos desta planície decorrem


da evo·
lução meândrica do rio Paraguai . Nêles· estão incluídas as depressões circulares
ou elípticas
separadas por tratos de terrenos mais elevados, denominados regionalm
ente "cordilhe iras".
As lagoas em forma de crescente ou ferradura são resultantes de um processo
de formação
denominado "saca.do", mas há outras suposições a respeito da origem
dessas lagoas, aí
denominadas de "baías", como, por exemplo, resultante da evolução
por acomodação do
material aluvial carregado nas cheias ou, ainda, por influência da deflação.
O Prof. Sternberg põe em destaque, em certos casos, a padronagem
ortogonal nas
direções NE-SW e NW-SE . na região de Corixa Grande e Lagoa Uberaba,
o que vem
sugerir a possibilidade de existência de grandes blocos abaixados e limitados
por falhas.
Estas continuaram em atividade, mesmo no Holoceno, atingindo a superfíci
e recém-deposi-
tada de entulhamento do Pantanal .
Deve-se, ainda, salientar o fato de algumas das lagoas do Pantanal
possuírem água
salobra, acumulando em suas margens certa concentração de sal, que
na época da sêca
atrai o gado, que vem a procura dêsse elemento para sua complementação
alimenta r.
Do ponto de vista científico ainda não foi bem explicada a origem dessa
salinidad e.
A rêde de drenagem na planície apresenta numerosos casos de anastomo
se, existindo
numerosas "baías" e "corixos" de escoamento intermite nte.

Fi!!. n, 0 8L
Horizonte. f:ste aspecto
Fig. n. u 9L - Afloramen to de calcário da série Bambuí ao norte de Belo Francisco são
Ao longo do vale do São
ruiniforme do calcário é produzido pela dissolução da rocha. abruptas e crivadas de lapiás (vide).
comuns os aflorament os de calcário. As escarpas rochosas são nuas,
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

s cheias de água, as
LAGOA EM CRESCE NTE ou FERRAD URA - pec1uenas depressõe
aparecem no leito maior dos rios e resultam de um sacado (vide) .
quais
.
LAGOA EM FERRAD URA - o mesmo que lagoa em crescente (vide)
a na borda litorànea .
LAGUNA - depressão contendo água salobra ou salgada, localizad
da laguna das do mar pode-se fazer por um obstáculo mais ou
A separação das águas
pondo em comunica ção as duas águas.
menos efetivo, mas não é rara a existência de canais,
vêzes, se usa erradame nte o têrmo lagoa (vide) ao invés de laguna.
Na maioria das
do uma área de
LAJEADO - aflorame nto de rocha sã na superfície do solo, constituin
extensão variável.
LAMA - o mesmo que ~;asa (vide).

LAMA GULOSA - denomina ção regional dada às vasas no litoral amapaen se.
das chuvas, ou mesmo
LAMAÇAL -'-- diz-se das áreas de terreno encharca do pelas águas
rio, a um lago, etc. Lamaçal é sinônimo de
pela inundaçã o de zonas margir.~is a um
leziria (vide) .
aos solos arenosos
LA.\.fEIRÃO - denomina ção regional dada no baixo rio São Francisco
e argilosos que são aproveita dos com a rizicultur a .

256
LAMELA - têrmo pouco usado como sinônimo de camada (vide).

LAMINAGEM - adelgaçamento das camadas por ocasião de um dobramento. ~ste fenô-


meno é mais fácil de ser observado nas f!exuras ou dobras monoclinais. ( Fig. n. 0 7L) . Do
ponto de vista geomorfológico, o aspecto topográfico é, mais ou menos, semelhante ao de
um escarpamento de falha. Porém, o exame da estrutura das camadas, imediatamente revela
a existência de continuidade dos estratos, tratando-se, apenas, de um desnível sem ruptura,
por causa da plasticidade das camadas.

LAPA - denominação dada em alguns estados e, principalmente, em Minas Gerais, ..


cavidades ou grutas que aparecem nas encostas das rochas. Usa-se, tambe1n, esta denominação
para o chão de u'a mina em exploração. O teto da mina chama-se capa e as partes laterais
pés direitos.
O têrmo lapa é usado ainda para designar, por vêzes, o afloramento de rochas de
supedície chata que aparecem na borda do litoral, nas marés vazantes.
LAPIDIFICAÇÃO - vide diagBnese .

LAPIAS - caneluras ou regos paralelos que entalham a supedície das rochas. ~ um .fenô-
meno próprio das rochas solúveis como o calcário gipsito, etc. Fato análogo pode ser obser-
vado, porém, nos arenitos, e mesmo em certos granitos, o que prova que estas rochas podem
ser, em certos casos, sensíveis à corrosão química e lavagem feitas pelo escoamento super-
ficial das águas. ( Figs. ns. 8L e 9L)
Os lapiás são mais comuns e mais bem estudados nas rochas calcárias. No Brasil, pode-
mo~ observar, em certos granitos e gnaisses que a superfície das rochas é cortada, por lapiás
(Fig. n·0 7C), como, por exemplo, na ilha do Tatu, na baía de Sepetiba. Algumas vêzes,
a instalação dêsses lapiás se faz por meio da rêde de diáclases existentes na rocha. Por
conseguinte, estas caneluras na supedície horizontal resultam de decomposição quimica
realizada pelos agentes exógenos ao longo das diáclases. ~ freqüente no cruzamento das
diáclases aparecerem, mesmo, pequenos alvéolos. Geràlmente, nesses lapiás se encontra uma
vegetação de musgos, líquens e às vêzes, pequenos arbustos. Além da decomposição, no
trabalho de construção dos lapiás, temos a salientar a corrosão e deflação, que constituem
os agentes principais das formas de erosão nos climas áridos e semi-áridos, onde os mesmos
aparecem.
O Prof. Jean Tricart, na região setentrional de Belo Horizonte, distinguiu os seguintes
tipos de lapiás : 1 - lapiás de juntas, 2 - lapiás alveolares horizontais, 3 - lapiás celulares
e 4 - lapiás em marmita.

LAPIASADA - diz-se das superfícies calcárias cortadas de lapiás (vide).

LAPttS - grafia francesa muito adotada, cuja tra"dução em português é recente - lapiás
(vide).

LAPffiZ grafia adotada por vários autores para o têrmo francês lapiés (vide) .

LAPILI produto sólido lançado pelos vulcões cujo tamanho pode variar de 5 mm a
5 em. A forma dêsses fragmentos pode ser angulosa, arredondada, etc. No cone vulcânico o
lapili, geralmente, aparece misturado com cinza, bombás e blocos. No Maciço Central Fran-
cês, certos vulcões, em determinadas ocasiões, expeliram quase que exclusivamente lapili,
cujos leitos possuem inclinações diversas e mesmo alterações, o que prova que êsses leitos
foram expelidos em datas diversas .

LATERITO - rocha ferruginosa que aparece nas reg10es de climas intertropicais úmidos,
resultante da alteração que se realiza em qualquer tipo de rocha. Esta alteração está ligada
essencialmente. ao clima, pouco importanto a natureza da rocha.

257
No processo da laterização verifica-se uma hidratação e oxidação dos elementos minerais,
sendo o ferro liberado sob a forma de hidróxido ft·rri co. O silício e o óxido de magnésio são
eliminados quase completamente, restando
um resíduo insolúvel na superfície de: F c,
AI, Ti e Mn - lateritos. A Jaterização acar-
reta uma perda em volume e em pêso, por
causa da partida de certos elementos. Os
Jateritos quando cavernosos adquirem certa
permeabilidade.
Para a formação dêsse tipo de altera-
ção intertropical é necessária uma série de
condições específicas, além do clima, tais
como: topografia plana e cobertura · vege-
tal. Esta última, ainda não constitui ponto
pacífico, sendo para alguns indispensável a
existência de campos cerrados; para outros,
ela se forma mesmo sob florestas.
Do ponto de vista regional estas for-
mações são denominadas de "canga" (no
Brasil), Bieno-ho (na península da Indo-
china) e de Bowal ( têrmo Foula usado
pelos geólogos africanos para a crosta de
laterito) ( Fig. n. 0 lOL). A canga é de as-
pecto cavernoso ( Figs. ns. llL e 12L), com
alvéolo de côr vermelha, constituindo uma
variedade da hematita. Quanto à distribui-
ção geográfica do laterito verifica-se o -i.eu
aparecimento apenas na faixa intertropical
de clima úmido, sendo desconhecido nas
outras partes do globo, onde tal tipo de
clima não tenha existido.
No continente africano, a crosta ferru-
ginosa ( cuirasse) das savanas tem sido re -
ferida por quase todos os geólogos que per-
correram a região. Na Ásia, temos os tra- J." ig. n,
0
IOL - A crosta de Jaterito chamado de
balhos dos inglêses, na fndia, e dos fran- Bowal pelos geólogos africanos atinge, algumas vêzes,
ceses na península da Indochina. No Brasil, grande espessura. A foto acima foi tirada em Bafatá
(Guiné Portuguêsa), onde vemos a crosta de laterito
a crosta de canga aflora .em grandes exten- coberta por uma pequena camada de solo como
sões nos chapadões do Centro-Oeste brasi- assinalamos na foto. A árvore que aparece é um
"bicelão", cujas raízes não conseguem penetrar
leiro. Na floresta amazônica, encontram-se, profundamente no solo. Esta árvore chega a alcançar
algumas vêzes, blocos de laterito no meio 30 a 40 metros de altura.
da floresta: em Teresina (serra do Navio (Foto do autor)
- Amapá), estrada de Oiapoque à Cleve-
lândia, etc. No Nordeste do Brasil, de clima semi-árido, é mais difícil encontrarmos êste
tipo de alteração. Aparece, no entanto, na Chapada do Araripe, bem como no litoral da
Paraíba, no cabo branco (pequenas concreções e arenitos ferruginosos)·
Os primeiros estudos referentes a êste tipo de alteração foram feitos, em 1807, por
F. Buchanan, na tndia, com material proveniente de um granito alterado. (Vide canga).
O processo de laterização consiste, como já dissemos mais acima, numa meteorização
intensa de um solo ou de uma rocha, com a lixiviação dos minerais primários e uma
concentração de hidróxidos de alumínio e de ferro, acompanhados ainda dos outros ele-
mentos lateríticos, como: óxido de titânio, manganês, etc. Segundo Harrassowitz, a caracte-
rística fundamental que distingue um laterito, na superfície do terreno, é mais a presença
do hidróxido de alumínio, do que a do hidróxido de ferro.
Procuramos dar ênfase no caso da localização, ao fato de os lateritos estarem limitados
apenas às zonas intertropicais úmidas. - Polynov, no entanto, disse que o fenômeno se
dá nos climas tropicais, não porque sejam daí exclusivos mas porque na presente época
geológica o processo de acumulação de sesquióxidos atingiu o máximo nessas regiões.

258
LATERIZAÇÃO ou LATOLIZAÇÃO - processo característico das regwes intertropicais
de clima úmido e estações chuvosa e sêca alternadas, acarretando a remoção da sílica, e o
enriquecimento dos solos e rochas em ferro e alumina. Vide laterito e solo laterítico.
A laterização constitui fundamental-
mente um processo de diagênese resultank
em aumento do caráter electropositivo do,
colóides do solo. Quando o processo se
completa, temos solos transformados em
rochas ( laterito).
LATOSSOLO - solo submetido ao proces-
so de laterização .
LAURENCIANO- subdivisão inferior dos
terrenos arqueanos, na coluna geológica
dos Estados Unidos. (Vide Arqueano).
LAVA - material em fusão natural no es-
tado líquido ou viscoso, resultante de uma
erupção vulcânica. As lavas podem-se so-
lidificar ràpidamente - quando ácidas, c
podem percorrer grandes extensões
quando básicas. Uma lava vulcânica é, por
conseguinte, um magma cuja solidificação
podemos assistir ao presenciarmos uma
erupção vulcânica. Os derrames vulcânicos
podem alcançar, por vêzes, grandes extensões,
e formar camadas espêssas, como ocorreu
com o trapp do Paraná. As lavas podem ser
atuais ou pertencer a outros períodos da
coluna geológica.
A saída das lavas pode-se dar por fen-
das laterais da chaminé vulcânica, ou então Fig. n. 0 llL - Laterilo cavernoso que aparece na
falésia da costa africana, na localidade de Barra,
pela cratera central, situada no tôpo do nas proximidades da foz da ria Gâmbia, na margem
cone. direita. Na parte superior aparece um depósito se-
A superfície de um lençol de lava tem dimentar que atesta uma variação entre o nível das
terras e dos oceanos.
o aspecto de escória ao resfriar-se, o que (Foto do autor)
é feito a partir da su-
perfície. Durante o mes-
mo, às vêzes, se verifica
o aparecimento de ver-
dadeiros prismas, como
se vê em certas rochas
básicas.
LAVA CORDADA
aquela cuja solidificação
dá uma superfície seme-
lhante a uma série de
cordas; daí o seu nome.
Os indígenas do Havaí
denominam as superfícies
dêsse tipo de "pahoe-
hoe". A lava cordada ,
por conseguinte, nada
mais é que um vasto der-
rame de magma básico,
o qual se resfriou lenta- Fig. n . o 12L - Grandes blocos de laterito cavernoso d esagregados do
mente (vide aa) . litoral no Cabo Verde (África Ocidental).
(Foto do autor)

259
LAVA EM BLOCO - aquela que, ao consolidar-se, dá aparecimento a verdadeiros blocos .
.LAVAKA - denominação dada às profundas mordeduras da erosão, que rasga sulcos
amplos nas vertentes dos vales em Madagascar ( Fig. n. 13L) . No Brasil, estas formas são
0

denominadas de voçorocas (vide).

Fig. n.• 13L

LAVRA - lugar onde se realiza a exploração de mina, geralmente de ouro ou de diamante.


Lavra significa, por conseguinte, exploração econômica da jazida.
LAVRAR - explorar minas na acepção mais larga do têrmo.
LEHM ou LIMO - uma argila colorida com grande proporção de quartzo. O loess (vide)
por lixiviação se transforma em lehm.
LEITO FLUVIAL - canal escavado pelo talvegue do rio para o escoamento dos materiais
e das águas. Em função do escavamento dêsse talvegue resulta a forma do vale, das
vertentes e também das próprias cristas. O leito fluvial é também chamado de álveo.
LEITO MAIOR - banqueta de forma plana, inclinada levemente na direção de jusante e
situada acima do nível das águas, na estação sêca. O leito maior dos rios é ocupado,
anualmente, durante a época das chuvas, ou então, por ocasião das maiores cheias. Esta
banqueta lateral, acima do leito menor, é também chamada de terraço. ( Fig. n. 14L) .
0

LEITO MENOR - canal por onde correm, permanente mente, as águas de um rio, sendo
a sua secção transversal melhor observada oor ocasião da vazante. Durante as cheias, os
cursos d'água sobem e inundam a banquetã superior, leito maior ou terraço, ocasionando,
algumas vêzes, calamidades. A êste respeito são bem conhecidos os efeitos das cheias do
Paraíba do Sul e do São Francisco. O rio deixa o seu curso normal e extravasa acima do
leito maior, inundando as áreas próximas .

2.60
Divisor Doguo

+ Leito Maior
+
+ I LeitoMe~
+ +
~~~-7-~--------~r~, +
Fir;, D. 0 14L

LEITURA DE CARTA - consiste em saber interpretar o que os mapas ou as cartas


representam por meio de sua simbologia convencional. Para os que lidam com êsses ins-
trumentos de pesquisa é necessário perfeito conhecimento de tudo que possam representar
para se obter o máximo proveito, inclusive conhecê-los no seu valor, quanto a suas limi-
tações e precisões.
Hoje em dia está-se dando cada vez mais importância a essa prática no meio estu-
dantil, e não causará surprêsa se tais estudos tiverem início no nível primário para terminar
no curso superior.
Na utilização profissional não é necessário que se saiba fazer um mapa, exigindo-se,
entretanto, conhecimento cabal de suas convenções. Todavia aquêles que são capazes de
confeccionar um mapa, terão maiores facilidades na interpretação de qualquer outro, em
função de sua escala, sistema de projeção e objetivo a que foram destinados.
Tais considerações são objeto de atenção por parte das universidades estrangeiras,
que dão suma importância ao exercício da leitura de cartas na formação dos universitários
que se irão dedicar a êsse ramo profissional. Por outro lado, em nossos meios universitários
muitos professôres se vêem a braços com a carência de boas cartas para ministrarem exer-
cícios práticos de leitura.
Sôbre o assunto deve-se ressaltar, ainda, que não existem, ao que parece, manuais
que exponham, de modo sistemático, a leitura de cartas.
LEMúRIA - continente hipotético que, possivelmente existiu no oceano lndico, formado,
em parte, pelas terras que hoje constituem a lndia e Madagáscar. :l!:ste continente ter-se-ia
fragmentado no Cretáceo superior, tendo a zona intermediária afundado, deixando traços
de altos-f~.mdos (- de 4 000 m) .
"LENÇóiS MARANHENSES" - denominação dada às dunas, na zona costeira do estado
do Maranhão, no trecho compreendido entre a foz do Parnaíba e a baía de São José.
LENÇOL AQtJlFERO - até bem pouco tempo correspondia ao que se chamava de lençOl
d'água subterrlineo. Hoje são chamados simplesmente de aqiiíferos (vide).
LENÇOL D'ÁGUA ARTESIANO - o mesmo. que aqüífero cativo (vide) .
LENÇOL D'ÁGUA CATIVO - diz-se do aqüífero que se encontra entre duas camadas
impermeáveis. O mesmo que aquifero artesiano. A importância da água subterrânea é muito
grande para os grupos humanos, condicionando certos tipos de habitat. :l!:sse tipo de dep6-
sito d'água é o menos visível, e o mais difícil de ser medido, tendo em vista a sua situação
interna, isto é, abaixo do solo ( Fig. n. 0 15L).

LENÇOL DE ARRASTAMENTO - urna grande dobra deitada horizontalmente que sofreu


carreamento, por vêzes, superior a vários quilômetros. Nas grandes cadeias terciárias dos
Alpes, Andes, Rochosas, Atlas, Cárpatos e Himalaia, o fenômeno das nappes de charriage
foi mais extenso . Dêsses grandes dobramentos, os Alpes narP.cP.m constituir o que maior
complexidade apresenta do ponto de vista tectônico .

261
O estudo morfológico das áreas, onde a tect&nica é muito complicada, só pode ser
feito com a existência de bons mapas topográficos, estruturais e tect&nicos.

.- .---- . ..-- .--- .----


__.,
Fig. n. • 15L - Influência do lençol de escoamento na concentração
da drenagem lateral para o rio A.

LENÇOL DE CARRIAGEM - o mesmo que lençol de arrastamento (vide).


LENÇOL DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL ( ruissellement dos franceses ou run-off dos
inglêses) - formado pelas águas das chuvas, que ao caírem na superfície da terra escorrem
imediatamente no sentido do maior declive. As águas dêsse lençol que correm pela superfície,
alimentam de modo irregular os rios, por causa da sua dependência das chuvas.
Em português usam-se de modo indiferente, várias expressões: água selvagem, filête
de rolamento, água de rolamento, água de escoamento superficial e fluxo laminar, etc. (vide).
LENÇOL DE LAVA - também denominado corrida de lava (vide lava) é constituído de
camadas de material vulcânico. As camadas ou melhor os lençóis de lava podem alcançar
grandes extensões quando são de natureza, essencialmente, básica.
Com as fotografias aéreas é, relativamente, fácil cartografar-se os derrames pouco
antigos, isto porque a superfície do lençol de lava é um pouco caótica, e além do mais,
a vegetação é diferente das áreas circunvizinhas.
LENÇOL EFUSIVO - constituído pelo derrame de material magmático, isto é, lavas sôbre
a superfície do solo. Não se deve, porém, confundir êste tipo de lençol, com os chamados
lençois intrusivos, cuja textura da rocha é bem diferente, pois seu afloramento só ocorre
graças à erosão.
LENÇOL INTRUSIVO - o mesmo que sill (vide) ou filão camada.
LEPIDOLIT A - variedade de mica branca, tendendo ao violeta. :f: um silicato de alumínio,
potássio e lítio, contendo flúor. A sua exploração é, geralmente, feita visando à obtenção
do lítio.
LEPIDOMELANA - variedade de mica biotita muito ferrífera e de côr prêta carregada.
LEPTINITO - rocha constituída, essencialmente, de quartzo e feldspato, podendo conter
um pouco de mica. ~ste têrmo dos franceses corresponde aos granulitos dos alemães.
Nos leptinitos, aparecem ainda como minerais acessórios, em pequena quantidade, a
apatita, o distênio, o rutilo, a turmalina, etc.
LEQUE DE ALUVIÃO - o mesmo que cone de dejeção. (Vide}.
LEQUE DE DEJEÇÃO - denominação, pouco usada, por certos autores, para os depósitos
de sedimentos que são acumulados após o canal de escoamento de uma torrente; o mesmo
que cone de dejeção (vide).
LEUCITA - silicato aluminoso podendo conter cêrca de 22% de potassa.
LEUCOCRÃTICA - rocha 'em cuja composição predominam (mais de 50%) os minerais de
coloração clara ou esbranquiçada. As rochas leucocráticas são, ·geralmente, silicOias. :f: o
antônimo de melanocrática.
LEVANTAMENTO DA COSTA - (vide eustatismo e epirogênese). Na linguagem dos
oficiais de marinha, entende-se como sendo os trabalhos de topografia realizados na zona
costeira, os quais permitem o traçado da costa na carta náutica. Para os geólogos e geomor-
fólogos pode significar um movimento na linha do litoral.

262
LEZIRIA ou LEZIRA - denominação usada para trechos de áreas alagadiças por ocas1ao
das cheias, junto a certos rios, isto é, na planície de inundação ou leito maior. Esta denomi-
nação é pouco usada, preferindo-se as denominações regionais como: igapó, banhado, tre-
medal, lamaçal, ipueira, ipu, etc. O têrmo lezíria restringe-se, apenas, ao campo descritivo
da paisagem física do leito m!lior. onde há depressões que são invadidas pelas cheias.
LIMNOLOGIA - parte da geografia, ou mais propriamente, da hidrografia, que estuda os
lagos, lagunas e as lagoas.
LIMO - o mesmo que lehm (vide) .
LIMONITA - óxido de ferro hidratado, Fe•o• H 20, resultando da alteração da hematita,
da pirita, da siderita ou de outros minérios de ferro. Pêso específico 3,7 a 4,0 e dureza 5,5.
2
É composta de hidrato de ferro, 14% de H 0, geralmente, acompanhada de um pouco de
sílica (SiO')· Seu aparecimento na superfície do globo se verifica sob duas formas: crosta
limonítica ou concreções de tamanhos muito variados.
A limonita pode aparecer sob o aspecto fibroso, ou sob a forma de pequenos grãos,
oolitos, ou ainda em grânulos mais desenvolvidos, os pisolitos. A limonita é, algumas vêzes,
muito friável e tenra e, em outros casos, mais compacta e resistente.
LIMONIT A TERROSA - vide acre.
LINHA COSTEIRA - o mesmo que linha de costa (vide), isto é, a intersecção do plano
das águas de mar com as terras emersas.
LINHA DE COSTA - denominação dada à zona de contato entre as terras emersas e as
águas do oceano. Logo não se trata, propriamente, de uma linha, mas sim, de uma zona.
Correntemente usamos esta expressão para as terras da faixa costeira. Todavia para os
hidrógrafos da marinha a linha de costa deve ser restrita à linha até onde se faz sentir o
efeito da maré. E a costa ou litoral propriamente dito, é a parte situada acima da linha
de costa. Em geomorfologia quando definimos o litoral, (vide) nós o consideramos como
uma zona ou faixa, e não fazemos esta distinção.
LINHA DE CRISTA - pontos altos do relêvo alinhados segundo certas direções. As linhas
de crista, algumas vêzes, se confundem com a linha de cumeada, isto é, divisor de águas.
A linha de crista ou espigão, pode ser definida topogràficamente como a linha de
menor declive entre as linhas de maior declive (vertentes), isto é, uma linha divisora de
águas.
As linhas de cristas constituem traços fundamentais de um relêvo juntamente com os
vales. A utilização das fotografias aéreas veio facilitar de muito .a tarefa dos pesquisadores,
pois, o estudo de uma crista pode ser fàcilmente realizado através da análise de pares de
fotografias com um simples estereoscópio. O rendimento do trabalho e a noção do conjunto
da crista são obtidos de modo mais eficiente, através das fotografias aéreas do que no
próprio campo.
LINHA DE CUMEADA - linha que une os pontos mais altos de uma cadeia de montanha,
tornando-se o divisor de águas. Por vêzes, a linha de cumeada não constitui um divisor de
águas, quando existem, por exemplo, cortes produzidos por epigenia ou por imposição tectô-
nica, etc.
A denominação linha de crista ou de cumeada é reservada, por alguns autores, apenas
para as formas montanhosas em que os pontos mais altos se dispõem formando como que
uma linha.
LINHA DE Ft::STO - denominação usada em topografia com o mesmo sentido de linha
divisora de águas, linha de crista (vide), linha de cumeada (vide).
LINHA DIVISORA DE ÁGUAS - o mesmo que divisor de águas.
LINHITO - carvão fóssil de coloração castanho-negra de valor secundário, sendo sua-
formação atribuída aos terrenos terciários, como nas bacias de Gandarela e Fonseca (estado
de Minas Gerais) , Caçapava (estado de São Paulo), e também, na bacia amazônica, princi-
palmente, na sua parte oeste, nos municípios de Tabatinga e Benjamim Constant. É provável
que exista linhito, também, em terrenos do Mesozóico.

263
O linhito representa um carvão secundário quanto ao seu valor, estando numa situação
intermediária entre a turfa e o carvão betuminoso. No Brasil existem várias áreas onde há
linhitos como em Tabatinga, no oeste do estado do Amazonas.
LIPARITO - denominação antiga que se dava ao riolito (vide).
LtTIO - metal muito leve, extraído da lepidolita (um tipo de mica), do espodu~nio
(silicato duplo de alumínio e lítio com as duas variedades : kunzita de côr lilás e ambligonita
- fo~fato duplo de alumínio e lítio) .
. O metal lítio é empregado em pequena percentagem em certas ligas na indústria meta-
lúrgica. Recentemente sua importância foi acrescida, passando êste metal a ser considerado
como . um elemento estratégico por causa do seu uso na física nuclear.
LITóCLASE - diversos tipos de fratura, fendas, diáclases, falhas etc. , que afetam as
rochas; vem a ser o mesmo que geoclase (Vide). A denominação litóclase toi criada pelo
geólogo francês Daubré, para designar um plano de separação das rochas, quer o de simples
tratura, quer o de falhas.
LITOGf:NESE - fase do ciclo geológico assinalada por uma cobertura sedimentar - trans-
gressão marinha. (Vide ciclo geológico).
LITOLOGIA - estudo científico da origem das rochas e suas transformações. Esta parte
da geologia é também denominada de petrografia. E uma importante cü~ncia auxiliar da
geomorfologia no estudo das formas do relêvo terrestre.
LITOLOGIA SUBMARINA - estuda a origem e a transformação dos sedimentos orgânicos
ou inorgânicos que forram o leito ou fundo dos oceanos, isto é, as rochas de origem marinha.

LITORAL ou COSTA - faixa de terra emersa, banhada pelo mar. Não se deve definir o
litoral como sendo apenas, a linha de contato entre o relêvo terrestre e as águas oceânicas,
devido à movimentação rítmica da água do mar - marés, vagas, correntes etc. - o que
ocasiona uma variação do nível das águas oceânicas.
Em sentido restrito, o litoral compreende uma faixa que tem os seguintes limites :
a) inferior - nível das marés baixas, b) superior - nível das marés altas. Trata-se de uma
estreita nesga cuja linha de costa tem a extensão global de 262 000 km. A zona localizada
abaixo do nível das marés de vazante é a zona sublitorânea, e a que está acima do limite
das marés montantes é a zona supralitorânea. Do ponto de vista geomorfológico as zonas
litorâneas são interceptadas por um plano de referência - nÍt;el zero, a partir do qual se
medem as altitudes positivas ou negativas - relêvo emerso e relêvo imerso. Todavia, é preciso
acentuar que o atual nível zero era a isoipsa de + 150 metros, por ocasião de glaciação
wurniana. Dêste modo, as atuais zonas litorâneas são, até certo ponto, costas de submersão.
O plano de referência é variável no decorrer da história físicà da Terra.
O estudo do litoral sempre preocupou os geólogos, geógrafos e geomorfólogos e, d .::
modo geral, cada um, procura esboçar uma classificação para os diferentes tipos de costa.
Eduardo Suess dividiu os litorais em : 1) Tipo Atlântico e 2) Tipo Pacífico. Os primeiros
têm uma estrutura de dobramento ou de falhamento, oblíqua à costa. Como conseqüência,
tem-se um litoral mais rico em acidentes salientes (cabos, pontas etc.) e reentrantes (baías,
~olfos, enseadas etc.). Quanto às do tipo pacífico, a estrutura do dobramento é paralela
a crista; como exemplo, pode ser citada a da Dalmácia, Andes, Rochosas etc.
A costa do tipo atlântico é discordante enquanto a do tipo pacífico é concordante. Isto
significa que, na primeira, as elevações do relêvo formam um ângulo maior ou menor, com
a linha do litoral, enquanto na segunda, elas são paralelas. As costas discordantes são
também chamadas transversais, enquanto as concordantes recebem a denominação de longi-
tudinais.
O geógrafo K. Ritter classificou os litorais em: 1) Costa de adensamento, isto é, arti-
culada e 2) Costa de repulsão, isto é, retilínea. Johnson dividiu as costas em vários tipos :
1 - submergentes, 2 - emergentes, 3 - neutras, 4 - complexas ou mistas.
Na realidade o exame de uma carta geográfica revela como os contornos atuais dos
continentes são bastante variados. Cabe à geomorfologia explicar estas diferenças existentes,
pois, pode-se tratar de influência estrutural, natureza das rochas, sistema morfogenético -

264
pretérito, movimentos epirogênicos, isostáticos ou eustáticos etc. Embora exista uma grande
variedade de formas litorâneas, ainda não se conseguiu chegar a um acôrdo sôbre uma
classificação, sist~mática.
Os aspectos costeiros não são devidos exclusivamente ao trabalho da dinâmica das
águas do mar, através das vagas, marés, correntes etc., pois, em muitos casos, depende do
relêvo continental. Assim, numa costa acidentada e escarpada a erosão vai ser grande, nas
partes salientes, enquanto nas reentrantes, haverá depósito. A tendência normal será para a
regularização da linha de costa. Já nas costas baixas, o desgaste é, de modo geral, bem
menor que nas acidentadas e escarpadas.
A linha de costa, quanto à sua articulação, pode ser retilínea ou muito recortada, segundo
a natureza das rochas e sua estrutura. As costas articuladas, ou melhor, as que poss11em grande
número de baías, angras e golfos, freqüentemente, apresentam maiores possibilidades de
ancoradouros para os navios.
Ainda do ponto de vista geográfico, as costas podem ser segundo o seu aspecto geral:
baixas ou planas ( Fig. n. 0 16L) e altas ou abruptas. As primeiras se caracterizam por um
declive suave, descendo lentamente para o largo, com extensa plataforma continental (vide)
ou planalto costeiro submerso. Já nas costas altas, do tipo pacífico, como no caso dos Andes,
por exemplo, observa-se que as grandes culminâncias da cadeia andina, têm a oeste, grandes
profundidades, a pouca distância da linha de costa. A plataforma continental é portanto
muito estreita.
Do ponto de vista geomorfológico, as características topográficas da superfície costeira
de baixa altitude, são muito diversificadas, tendo-se por exemplo: planície costeira de
acumulação, superfície de um peneplano, dunas, sk;ers etc.
Quanto às costas altas ou abruptas há uma grande variedade de tipos. Convém acentuar
que a distinção entre costas baixas e costas altas, tem o mesmo valor que na topografia
continental, a distinção entre montanhas, planaltos, planícies, colinas, não impedindo, por
exemplo, que haja costas baixas de várias origens e mesmo as que resultam da transformação
de costas abruptas .

Fig. n. 0 16L - A topografia costeira pode ser baixa ou alta, retilfnea ou articulada. Naturalmente o
do
tipo de topografia está estreitamente relacionado com o relêvo costeiro. Neste trecho do olitoral que lhe
Espírito Santo, em Nova Almeida a plataforma litorânea de canga é relativamente extensa um ·
dá um aspecto de costa baixa. No entanto, acima do nível atual das praias, vê·se mais a oeste
litoral do tipo falésia (altitude 10 a 20 metros) de material da série Barreiras (vide).
(Foto Tibor Jahlonsky do IBG)
A topografia da linha costeira depende da erosão diferencial levada a efeito pelo mar,
como já acentuamos, mas também, da erosão .Produzida pela meteorização pela erosão eólia
e pela erosão .fluvial nos terrenos marginais ao oceano.
A configuração geográfica dos continentes tem variado bastante no decorrer da história
física da Terra (vide continente e paleogeografia). E, segundo os movimentos da linha de
costa, pode-se ter costas de emersão e costas de imersão. No segundo caso, ter-se-á uma
transgressiúJ 11Ulrinha (vide) e conseqüentemente, pode-se ter um envelhecimento no relêvo
litorâneo.
Na borda dos litorais encontram-se por vêzes depósitos detríticos, juntamente com outros
materiais, como sejam conchas e carapaças de moluscos diversos, que indicam uma variação
entre as terras e as águas.
Há uma extensa nomenclatura para designar os diferentes tipos de costa, sendo alguns
têrmos meramente descritivos e outros mais geomorfológicos. De modo sintético podemos
considerar costas de emersiúJ e costas de submersão. Do primeiro tipo podemos citar: costa
de lido, de haffen, li11Ulns, de dunas e de restinga; no segundo grupo tem-se: costa de estuário,
sk;ers, fiorde, ria, dálmata, falha e anses (enseada).
A costa baixa de lido - tipo mexicana - pelo fato de todo o gôlfo do México possuir
um litoral dêsse tipo, caracteriza-se pela existência dum grande número de lagunas que
se estendem por centenas de quilômetros e são devidas à formação dum cordão litorâneo
avançado, geralmente coberto de dunas. Outro exemplo dêsse tipo de costa ocorre no. Bon-
lonais francês, na embocadura do Sena (França) .
As costas de estuário e costas de li11Ulns - tipo Marilândia, nos Estados Unidos, onde
se encontra o tipo mais perfeito dêsse litoral - são costas baixas de imersão com contôrno
litorâneo muito irregular, .onde os moles submersos formam estuários ramificados. As costas
de sk;ers - costa da Suécia e da Finlândia, de onde vem o nome - são um litoral originado
pela imersão de uma planície glaciária. Apresenta-se imensamente retalhado, cheio de canais,
formando verdadeiros labirintos, baías, promontórios, ilhas de todos os tamanhos dando
um aspecto característico a êste litoral. As costas abruptas, tipo dálmata, pois é na Dalmácia
que· se encontra o exemplo mais perfeito, são costas de submersão de estrutura longitudinal.
Já as costas do tipo anse são de estrutura transversal; sua principal característica é a largura
das baías, dando um aspecto de angras arredondadas; daí chamar-se, também, costa de
angras - exemplo típico ocorre na Ásia Menor. As costas de rias têm sua origem numa
imersão do litoral com a conseqüente invasão do mar, nos vales modelados pela erosão
fluvial. T êrmo originado· da Galiza (vide ria). A costa tectônica tem seus melhores exemplos
na Nova Zelândia, região trabalhada por deslocação muito recente. A costa epigênica de ·
monstra a influência da estrutura sôbre a evolução do litoral - melhor exemplo na Nova
Inglaterra (América do Norte). Também é denominada de contracosta. Na costa de escultura
glaciária, a principal característica é o vale glaciário invadido pelas águas. São as costas
denominadas fiorde, na Noruega. (Vide fiorde).
O litoral brasileiro, que se estende por 7 367 km, desde o cabo Orange, na foz do rio
Oiapoque, até o arroio Xuí, no estado do Rio Grande do Sul, embora não possua golfos
profundos, nem penínsulas salientes, apresenta uma paisagem bastante variada.
Diversas classificações têm sido propostas para o litoral brasileiro, nas quais, o critério
descritivo tem sido o dominante. Delgado de Carvalho fêz uma classificação geológica do
litoral, dividindo-o do seguinte modo: a) Costa Quaternária do Norte; b) Costa Terciária
Oriental; c) Costa Granítica do Sul; d) Costa Quaternária do Extremo Sul.
Q; aspectos morfológicos da Costa Quaternária do Norte podem ser assim caracterizados:
uma grande área baixa e lamacenta que se estende do Oiapoque ao Golfão Maranhense,
( Fig. n. 0 17L). Todavia, fora desta faixa de influência das marés, sucedem-se vários níveis
escalonados de terraços, atestando os movimentos do mar até a cota de 100 metros, falésias
fósseis, rias, e mesmo plataformas lateríticas submersas, como as de Salinópolis e da ilha de
Marajó.
A Costa Terciária Oriental compreende o trecho litorâneo entre o Golfão Maranhense
e o cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. Essa denominação é muito genérica, pois, as
intrusões graníticas, arqueanas, por conseguinte, ocorrem em vários trechos, especialmente
na Bahia.

266
No Nordeste as grandes extensões de falésias estão bem caracterizadas nos barrancos
abruptos dos sedimentos pliocênicos da série Barreiras. Também no sul da Bahia e nos
estados do Espirito Santo e Rio de Janeiro, as Barreiras chegam a dar aparecimento a
antigas falésias fósseis. .
As dunas e os recifes são outros traços morfológicos comuns neste trecho do litoral
brasileiro. No estado do Maranhão, as grandes extensões dunosas recebem a denominação
regional de Lençóis Maranhenses. Quanto aos recifes, são na sua maioria, constituídos pela
consolidação de antigas praias, tratando-se por conseguinte de recifes de arenito. Um dos
melhores exemplos destas linhas de recifes costeiros pode ser observado na capital do estado
de Pernambuco, donde veio o nome da cidade do Recife. (Fig. n. 0 SB).
A Costa Granítica do Sul é definida e caracterizada, em suas linhas gerais, pelos "espe-
taculares" escarpamentos da "serra" do Mar que desde Santa Catarina até o estado do Rio
de Janeiro se mantém pràticamente junto ao litoral. Em Angra dos Reis e em Santos obser-
vam-se os trechos mais característicos.
No estado do Rio de Janeiro, o trecho da costa de Angra dos Reis, ou mais propriamente
de Mangaratiba a Cabo Frio, é mais baixo que a parte sulina, isto é, de Santa Catarina,
Paraná e São Paulo, uma vez que a "serra" do Mar é antecedida pelos maciços costeiros
e pela grande Baixada Fluminense. No trecho entre Niterói e Cabo Frio as faixas arenosas
de restingas, dunas e lagoas são traços bem individualizadores desta costa.
No litoral sulino, as baixadas pràticamente desaparecem, podendo-se citár apenas as de
Santos e Ribeira do Iguape. tste trecho do litoral brasileiro forma como que um grande S
maiúsculo e foi impropriamente chamado de Gôlfo de Santa Catarina, por Pierre Deffontaines.
A maior reentrância nesta costa é a baía de Guanabara que, segundo os estudos geomorfoló-
gicos de Ruellan, pode ser explicada como uma grande ria.
Os estudos da paisagem física dêsse acidentado trecho da costa também revelaram a
existência de níveis escalonados de terraços, que segundo Ruellan têm sua cota máxima a
100 metros de altitude.

u 20 2J

Fir;. n.• 17L - Litoral afor;ado, na costa do Pará·Maranhão.


A Costa Quaternária do Extremo Sul tem início ao sul dos cabos de Santa Marta Grande
e Pequena, compreendendo vastos areões que barraram, a leste, as lagoas dos Patos e Mirim.
No limite norte da costa rio-grandense os "aparados" da "serra" Geral chegam quase ao
0
litoral, como se pode ver na altura aproximada de Tôrres. ( Fig. n. 7B).
O litoral atlântico do Brasil apresenta, por conseguinte, uma série de aspectos geomór-
ficos cuja compartimentação está na dependência do grau de generalização empregado, devido
à natureza do objetivo em vista.
LITOSFERA - ou esfera de pedra - parte sólida da crosta terrestre cuja espessura máxima
segundo Suess é avaliada em 60 a 120 km. :1!: form ada, principalmente, de sílica e alumina c
por isso toma o nome de sial. Flutua sôbre o sima, constituído de sílica e magnésio .
O geomorfólogo tem como campo de observação a crosta superficial terrestre, isto é,
a litosfera .
Dois geoqúímicos - Clarke e Washington - dedicaram-se ao estudo da composição
química das diversas rochas que afloram à superfície do globo. Durante 30 anos examinaram
mais de 5 508 amostras, chegando à conclusão de que apenas oito elementos principais cons-
tituem 98,58% das rochas que aparecem na crosta terrestre . São os seguintes :

1 Oxigênio . . . .. .... ... . . ... . .... .. ...... . .. . ... . . ... . 46,71%


2 Silício .... . . .. . .. . .... . .. . .. . .. . .. . .. ... ....... .. . . 27,69%
3 Alumínio ... . .. . . .. ... . ..... . ..... . ... .. . .... .. . . . . . 8,07%
4- Ferro ..... ... .. .. . ..... . . . .. . .. . ... . .. . ..... . . . ... . 5,05%
5 - Cálcio . . .. . . ..... . ... . .... . .. . ..... .. . . ...... . . ... . 3,65%
6 - Sódio ... . ... .. ... . ...... .. . . ...... . ..... .. ... . .... . 2,75%
7 - Potássio .. ...... . . . .. . .. . . .. .. . .......... .. ........ . 2,58%
8 - Magnésio .... .. .... . .. . ....... . . . ... . ~ ..... . . .. .. . . . 2,08%

98,58%
TOTAL • • o •• • •• • •• • ••••• o. o ••• •• •••• o • • •••• o •••

Estes oito elementos entram na composição dos principais minerais: quartzo, feldspato,
micas, anfibólios, piroxênios, peridoto, que por sua vez constituem as várias rochas; sendo
que o silício, o alumínio e o oxigênio formam 82,47% das rochas da litosfera. Por conseguinte,
a litosfera nada mais é do que o conjunto das partes sólidas do globo terráqueo, isto é, o
rial, secundado pelo sima, material situado abaixo do sial.
O eitudo da litosfera é de importância tanto para .a geologia, como para a geomorfologia,
devido, principalmente, aos seguintes fatos :
1 - A crosta sólida, isto é, a litosfera, é constituída por diferentes tipos de rochas
( eruptivas, sedimentares, metamórficas) .
2 - A litosfera é a camada da crosta terrestre cujas formas topográficas dependem
dos agentes geológicos exógenos e endógenos . Ela vai preocupar, particular-
mente, ao geomorfólogo por ser a camada que possui as formas de relêvo,
sôbre as quais age a erosão.
3 - A película superficial da litosfera alterada e edafisada, constitui o que deno-
minamos, comumente, de solo.
4 - Na litosfera encontramos importantes jazidas de minérios.

LITOSSOLO - diz-se dos solos em cujos horizontes se verifica o predomínio da rocha


matriz (vide solo).
LIXIVIAÇÃO - processo que sofrem as rochas e solos, ao serem lavatlos .pelas águas das
chuvas. Nas regiões equatoriais, e nas áreas de clima úmido, com abundantes precipitações
sazonais, verificam-se, com maior facilidade, os efeitos da lixiviação .
Nas regiões intertmpicais de clima úmido os solos tornam-se estéreis com poucos anos
de uso, graças, em grande parte, aos efeitos de lixiviação produzidos pela água das chuvas.
LIXOSSOLO - solo residual de clima úmido sem estiagem ou superúmido com estiagem,
condições estas de extrema lixiviação sem possibilidades de retômo dos iônios lavados .

268
LLANO - têrmo originado do latim "planus", que significa grande extensão de terrenv
mais ou menos plano, onde não há elevações.
LôDO - o mesmo que vasa (vide).
LOESS - sedimento eólio de granulação fina constituído de argila muito quartzosa e rica
em calcário. ~ste concreciona-se fàcilmente, dando aparecimento às "bonecas de loess" (pou-
pées de loess) . A coloração dêsse material, transportado pelo vento, é amarelada: Nas regiões
da China, estas terras constituem os melhores exemplos a serem estudados. Na Europa,
também, encontramos loess, na França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Polônia, etc. Os solos
de loess são bons para a agricultura, sendo por isto muito procurados.
LOMBA - vide lombada.
LOMBADA - diz-se das ondulações do terreno, que ora se tomam mais acidentadas, ora
mais suaves. ~ um têrmo de caráter descritivo não possuindo qualidade específica, que
permita uma definição mais clara. Todavia alguns autores definem as lombadas, como
constituídas por uma série de colinas pequenas, isto é, por uma série de lombas.
LOMBADA JUSTAFLUVIAL - denomi-
nação usada por certos autores para os
diques marginais ou pestanas (vide). Por
vêzes, pode dar origem a um lago de bar-
ragem. Fenômeno freqüente nos baixos
cursos dos rios da Amazônia.
LOPOLITO - denominação dada por
Grout às intrusões de magma que muito se
aproximam dos lac6titos (vide). O teto
porém dos lopolitos, é de forma quase
tabular e deprimido, ao contrário dos la- Fi~:. 0 ,o 18L _ Lopolito.
cólitos, que apresentam o teto arqueado.
Comumente os lopolitos se confundem com os lacólitos, sendo, pGrtanto, o teto, a dife-
rença única, entre estas duas intrusões. ( Fig. n. 0 18L) .
LUMAQUELA (do italiano - lumacha - lesma, caramujo) - brecha conchífera.

269
MAAR - o mesmo que lago de cratera (vide). ~ste tipo de lago todavia se encontra numa
cratera de um vulcão embrionário (vide), cuja atividade vulcânica se limitou a uma única
explosão, sem ter havido derrame de lavas.
MACIÇA (rocha) - o mesmo que rocha fresca e compacta.
MACIÇO - têrmo descritivo, usado em geografia para as áreas montanhosas que já foram,
parcialmente, erodidas, ex.: maciço armoricano (Bretanha), maciço guiano, maciço brasileiro
etc. No estudo das formas de relêvo do Brasil, o Prof. Delgado de Carvalho teve oportunidade
de fazer uma classificação sistemática usando o têrmo maciço, indistintamente, para as rochas
sedimentares, recentes, como é o caso dos chapadões, que foram por êle denominados de
Maciço Central, ou ainda a região do Maciço Atlântico, compreendendo as serras do Mar, da
Mantiqueira e também a serra Geral, cuja origem e aspectos morfológicos são completamente
diferentes das duas outras serras.
O têrmo maciço deve ficar reservado para as grandes massas de rochas eruptivas ou
metamórficas, que abranjam áreas relativamente extensas .
MACIÇO RESIDUAL - constitui restos de antigas superfícies, ou melhor, de antigos
peneplanos ou pediplan.os geralmente relacionados com as rochas mais duras, ex.: maciços
de granitos, de sienitos, etc. Podemos dizer que os maciços residuais são quase verdadeiros
monadnocks, ou ainda inselbergues, todavia, abrangem extensões muito grandes.
MACLA - grupamento de dois ou mais cristais constituindo, às vêzes, um conjunto gemi-
nado. No estudo microscópico das rochas, a geminação constitui, algumas vêzes, o traço fun-
damental na verificação, e na identificação de certos minerais. Outras vêzes, êste indício
aurilia, também, nos reconhecimentos macroscópicos, ex.: o ortósio possui as macias que
se produzem segundo as leis de: Carlsbad, Baveno e Manebach.
MACROFORMA - forma de relêvo que ocupa uma grande . extensão, oposto micrqforma.
Como exemplo podemos citar a cadeia dos Andes, que forma uma unidade geomorfológica
bem extensa. E, nas rnicroformas, citaríamos os lapiás (vide), ou ainda as demoiselles (vide).
MACROSCóPICO - antônimo de microscópico, significando o exame das rochas que pode
ser feito a ôlho nu, no campo, ou mesmo, com o auxílio de uma pequena lupa. tl:sse tipo de
exame das rochas só é praticável em trabalhos de reconhecimento, tanto geológicos como
geomorfológicos.
MACROSSISMO - movimentos sísmicos das camadas da crosta terrestre, percebidos pelo
homem sem o uso de aparelhos.
MADUREZA - diz-se dos relevos onde as fQrmas foram completamente destruídas.
MÁFICO - mineral de côr escura como os silicatos ferromagnesianos, ex.: biotita, anfibólio,
piroxênio, etc.

270
MAGMA - material ígneo que está no interior da crosta terrestre e que deu origem às
rochas eruptivas que se encontram no globo terrestre. As lavas expelidas pelos vulcões são
magmas não solidificados . A composição química dos magmas é um campo vasto para
discussões. Algumas vêzes, êsse magma pode atravessar rochas sedimentares, ou mesmo,
eruptivas constituindo um dique, um filão camada, um lacólito, um batóliro, um lopolito,
dependendo da forma que tomar após a solidificação.
MAGMASFERA - denominação usada por certos autores como sinônimo de sima, isto é,
da esfera que se encontra sob o sial.
MAGMATICA (rocha) - originada da consolidação do magma. Consoante a posição em
que o magma sofrêu consolidação, as rochas são classificadas em: plutônicas, vulctlnicas e
hipoabissais· Das rochas magmáticas, a família dos granitos é a que ocorre com mais fre-
qüência, na superfície do globo. ];: caracterizada pela coexistência de dois minerais claros
relativamente leves e ricos em sílica: quartzo e feldspato alcalino.
As rochas magmáticas são classificadas segundo vários critérios:
1) Composição química e mineralógica.
2) Origem e disposição dos minerais no corpo da rocha.

MAGNETITA - mineral de ferro que aparece, geralmente, em terrenos metamórficos, em


pegmatitos, e em algumas rochas sedímentares ou eruptivas. A magnetita é um óxido duplo
de ferro FeO Fe.Oa cuja fórmula química é Fe.O,, Forma u'a massa compacta e possui
magnetismo natural, sendo denominada de pedra ímã.
A magnetita pode também resultar da alteração da limonita ou de uma hematita. ];:
um excelente minério de ferro. A magnetita aparece mais freqüentemente nos basaltos .
MALACACHETA - têrmo popular usado para a mica branca ou moscovita (vide mica).
MAMELÃO - forma topográfica piramidal, porém, arredondada, constituída por pequena
elevação, às vêzes isolada. Nos mamelões, geralmente, é difícil distinguir-se a linha de
cumeada. Quando o mamelão termina com a forma aguda chama-se pico; quando termina
com a forma aproximada a uma elipse chama-se domo (comum em terrenos graníticos),
finalmente, quando isolado e de tôpo mais ou menos plano, chama-se mesa. Este último
é mais comum nas áreas sedímentares.
MANGANES - metal cinzento, duro, quebradiço, densidade 7,2 e símbolo químico Mn.
Há vários minerais de manganês, ex.: pirolusita, manganita ou acerdésio, polianita, braunita,
rodonita, etc.
O manganês, embora tivesse sido usado pelos romanos há vários anos antes de Cristo,
somente a partir do ano de 1808, foi classificado como elemento químico definido.
Na antiguidade, fôra usado na indústria do vidro, agindo como descorante quando
misturado à massa vítrea. Atualmente o manganês representa verdadeira chave da preparação
do aço. Mais de 90% do manganês são empregados no preparo de aço. Na fabricação do
aço o manganês atua como desoxidante e dessulfurizante.
Os vários minérios de manganês que citamos acíma ora são óxidos, ora são carbonatos.
As jazidas de manganês podem ser classificadas, de modo geral, em dois tipos principais:
1 - jazidas filonares, 2 - jazidas sedímentares superficiais, 3 - jazidas de intemperismo
de silicatos. O Brasil possui jazidas de manganês que se distribuem por diversos estados.
Entre as mais importantes citam-se as que ocorrem no centro de Minas Gerais, Amapá, Mato
Grosso e Bahia.
No centro do estado de Minas Gerais, destaca-se a jazida do morro da Mina, em Con•
selheiro Lafaiete, com uma reserva estimada em 4 milhões de toneladas de minério, sendo
sua produção dirigida principalmente para o exterior. Atualmente, foi estabelecido um siste-
ma de redução progressiva da exportação de manganês de Minas Gerais. Esta situação
provocou uma intensificação na explotação do minério de manganês de Mato Grosso. Em
Urucum, próximo a Corumbá, ocorre possante jazida estimada em 30 000 milhões de toneladas
de minério.

271
Fig. n. 0 IM - Afloramento de minério de man~~:anês, ora em explotação, na Serra do Navio, no território
do Amapá. - A jazida está cubada em 25 milbões de toneladas, apresentando teor de 49%. - Em
virtude da ~~:rande importância dêste minério, para a indústria siderúrll:ica, é exportado para os Estados
Unidos e representa uma boa fonte de receita para o Brasil.
!Foto !COMI)

A descoberta do manganês no território do Amapá data de 1945, tendo a prospecção


começado dois anos após. As minas da serra do Navio, nas margens do rio Amapari, afluente
do Araguari, possuem uma reserva de mais de 20 milhões de toneladas.
A explotação do minério está sendo feita pela firma arrendatária, Indústria e Comércio
de Minérios S. A. de Belo Horizonte (I COMI).
Deve-se acentuar que a concorrência do minério explotado na serra do Navio será cada
vez maior no comércio de exportação. A Bethlehem Steel Co., assegura um consumo anual
de 500 mil toneladas de minério do Amapá. ( Figs. IM e 2M) .

272
Fig. n.• 2M - Beneficiamento do manganês na serra do Navio, no Território Federal do Amapá.
(Foto !COMI)

No estado da Bahia os depósitos de manganês estão localizados em Nazaré, Jacobina,


Bonfim, Santo Antônio de Jesus e Urandi. Deve-se ressaltar que, embora 0 manganês seja
de alto teor - 50 a 52%, todavia as reservas são pequenas e as exportações têm sido da.
ordem das 1 000 toneladas mensais.
MANGROVITO - depósitos vasosos paludais, correspondendo, por vêzes ao shorre. No
litoral do Paraná, encontram-se no rio Guaratiba, na praia de Matinhos, mangrovitos,
aterrados com areias eólias, como cita J. J. Bigarela.
Na costa amapaense há, possivelmente, mangroV:itos nas proximidades da cidade de
Amapá, na Ilha de Maracá. Também no litoral da Ribeira do Iguape, no estado de São
Paulo, o Prof. João Dias da Silveira identificou linhas de mangrovito consolidado de 7 a 8
metros, acima do nível do mar.
MANGUE - terreno baixo, junto à costa, sujeito às inundações das marés. ~sses terrenos
são, na quase totalidade, constituídos de vasas (lamas) de depósitos recentes.
MANTO - o mesmo que capa geológica ou camada, com a diferença, toçlavia, de ser,
geralmente, de pouca espessura. Também é freqüente usarem-se as denominações: manto de
decomposição, manto detrítico, manto aluvial, manto de intemperismo, manto de terra. Para
os geofísicos, o manto é uma das camadas do globo terrestre, sob a litosfera.
MANTO ALUVIAL - o mesmo que capa ou camada de sedimentos aluviais.
MANTO DE DECOMPOSIÇÃO - o mesmo que manto de intemperismo (vide) . Todavia
deve-se acrescentar o predomínio da decomposição química das camadas expostas à ação
da erosão elementar ou meteorização. Sinônimo de rególito.

273
MANTO DE INTEMPERISMO - material deCQmposto que forma a parte externa da
crosta terrestre podendo ser rocha alterada ou solo. Esse manto pode ser formado de produto
decomposto in sUu denominando-se residual, ou ao contrário transportado. (Vide intempe·
riamo).
MANTO DE TERRA - expressão usada para a camada de material decomposto e, geral-
mente, edafizado, isto é, solO (vide) .
MANTO DETRITICO - o mesmo que capa ou camada de sedimentos desagregados das
rochas circunvizinhas.
MANTO TECTôNICO - o mesmo que lençol de arrastamento (vide).
MAPA GEOLóGICO - de uma área é elaborado de acôrdo com os afloramentos existentes.
A geologia é a ciência que estuda a estrutura da crosta terrestre, ·as rochas, sua composição
e estrutura, e a vida no decorrer da história do planêta.
A carta geológica destina-se a dar uma informação a propósito da natureza das rochas,
da idade, da estrutura e mesmo das jazidas .de recursos minerais que ocorrem numa região.
Estes diferentes fatos são indicados por convenções, côres, ou símbolos, e seu maior ou menor
número depende da escala.
Os mapas geológicos têm por objeto representar, sôbre um fundo topográfico apropriado,
a distribuição geográfica das formações geológicas e, em certos casos, os recursos minerais
que af ocorrem, bem como a natureza e a estrutura das rochas. Os terrenos geológicos da
mesma idade são sempre representados com a mesma escala de côres. Também se pode fazer
a representação dos terrenos geológicos em duas côres - branco e prêto, desde que se utilizem
as convenções internacionais.
A carta geológica deve indicar, portanto, os diferentes tipos de rochas e as idades dos
terrenos, baseando-se nos afloramentos. (Fig. n. 0 3M) Representa os terrenos sem considerar
a camada superficial alterada, ou, ainda, os diferentes solos (carta pedológica). Todavia, o
material superficial alterado ou a terra vegetal pode fornecer indicações para identificação
da rocha-matriz. Um dos grandes obstáculos para a elaboração de uma carta geológica é a
vegetação, especialmente as florestas. Como exemplo citaríamos, no caso brasileiro, as áreas
da Amazônia, também, da encosta atlântica, onde a vegetação forma uma cobertura contínua.
No sertão nordestino onde dominam o clima do tipo semi-árido e a vegetação de caatinga; os
afloramentos são bem visíveis e constantes.
Os ge6logos das áreas de clima ·temperado ao realizarem a elaboração de um mapa
geológico encontram condições de alteração química bem diferentes das observadas em seus
países de origem. A intensa meteorização das rochas · mascara os afloramentos nas áreas onde
o clima é tropical úmido ou equatprial.
As cartas geológicas têm por finalidade a representação das formações geológicas e
minerais sôbre uma carta topográfica. Estas podem ter sido observadas diretamente ou
ainda por suposição, isto é, interpolação de conhecimentos dos fatos existentes ao redor.
Os mapas geológicos têm grande importância científica e prática. Como exemplo desta-
caríamos a geologia econômica (recursos minerais), geomorfologia (evolução das formas de
relêvo), trabalhos de obras públicas ( geologia aplicada), etc.
Do ponto de vista da escala destacamos as cartas geológicas detalhadas e as cartas
geólógicas de conjunto.
As cartas geológicas de conjunto, como a que estamos estudando, têm por objetivo a
geologia teórica e o ensino, quanto às de detalhe se prestam a estudos técnicos locais, ou
sejam, de aplicação.
As cartas geológicas são verdadeiras sínteses de numerosas informações e muitos eJlo
sinamentos. No entanto, é necessário o hábito de seu manuseio, para se conseguir tirar da~
mesmas a melhor soma de informações. As cartas geológicas têm sua precisão relacionada
com as pesquisas de campo realizadas pelos geólogos e, também, com a escala.
As cartas geológicas estão sujeitas à evolução dos conhecimentos a propósito da coluna
geológica do País. Para efeito de compreensão do que estamos afirmando, vamos traçar um
breve bosquejo comparativo entre os mapas geológicos do Brasil do ano de 1942 e o de 1960.

274
éri.slulino
Cen/;a/(b#-;xrd/tl4}

JHrdo Central
l.iyoçiio
doJ bndct~
c,b /Vorle e Sul

Crislul/no
01'/en.lo/

Fig. n. 0 3M - Mapa &eol6gico esquemático do Brasil.

A coluna geológica na carta de 1942 é bastante simplificada em relação à de 1960. As


generaiizações na primeira carta são maiores que na segunda. As séries metamórficas dos
terrenos antigos acham-se especificadas nas suas subdivisões na carta de 1960.
A grandes manchas de terrenos cretáceos do Brasil Central da carta de 1942, foram
consideradas como do Mesozóico indiviso. A grande bacia sedimentar pleistocênica das cabe-
ceiras do Xingu e as planícies de terrenos holocênicos que não se conheciam segundo a carta
de 1942, foram cartografadas no mapa geológico de 1960. Veja-se áinda . a diferença na
extensão dos terrenos polocênicos e pleistocêi)icos do rio Araguaia nas. proximidades da ilha
de Bananal ( 1942 e 1960).
As modificações registradas nessas duas cartas geológicas do País dizem respeito a
melhor conhecimento que se está adquirindo, pois, a escala das duas cartas é a mesma
1/5 000 000.
Do ponto de vista didático veja-se a generalização realizada no. pequeno mapa geoló-
gico do Atlas Geográfico Escolar, 1964 (pág. 20), cuja escala é de 1/32500000 . Por conse-
guinte, exigiu uma generalização dos conhecimentos registrados na escala maior. Veja-se o
grupamento realizado na legenda dêste pequeno mapa.
MAPA GEOMORFOLóGICO - são os que mostram a configuração da crosta terrestre,
incluindo a hidrografia e ressaltam com destaque as unidades do relêvo. Constituem, com
freqüência, a base de várias outras classes de mapas.

275
O mapa de geornorfologia do "Atlas Nacional do Brasil" indica; em sua legenda, várias
unidades geornórficas: baixos platôs, planície (sedimentos recentes), tabuleiros (sedimentos
recentes), zona plana (sedimentos antigos e basaltos), zona ondulada (sedimentos antigos
e basaltos), escarpa em sedimento antigos e basaltos, zona plana (rochas cristalinas pré-
carnbrianas), escarpas (rochas cristalinas pré-carnbrianas), zona ondulada (rochas crista-
linas pré-carnbrianas), área pediplanada, inselberg, domo, escarpas de falhas. ·
MAPA MORFOGRAFICO - o método usado para a confecção dêsse tipo de mapa parte
de um princípio totalmente distinto do usado nos topográficos ou geornorfológicos. Ao invés
de se representar declives e elevações, figura-se o aspecto do tem;mo mediante sinais mais
ou menos · pictóricos tornados de vistas aéreas ( Fig. n. 0 4M)
:Este método vem a ser uma derivação dos diagramas fisiográficos empregados nos fins
do século XIX por Williarn Morris Davis. Para representar as diferentes classes de superfí-
cies emprega-se um sistema de sinais convencionais muito indicado nos mapas vistos verti-
calmente.
,
NIGARAGUA

Fi~~:. n. 0 4M - Mapa morfográfico.


O primeiro mapa representado por êste sistema foi feito em 1921 por A. L. Lobeck e
representava os Estados Unidos. l!:ste método foi aperfeiçoado por Erwin Raisz que, em
1931, classificou a superfície terrestre em 40 tipos morfológicos (veja as páginas 146-147 de
Cartografia de Erwin Raisz) . Acrescido de uma escala hipsométrica de côres apresenta a van-
tagem de não só mostrar as formas do relêvo como também indicar certas cotas altimétricas.
Sua principal vantagem é ser perfeitamente compreendido por qualquer pessoa de
cultura mediana. Tem-se a impressão de se estar contemplando o próprio terreno. Todavia,
não oferece precisão para o geomorfólogo. t um mapa de caráter descritivo, não se devendo
confunilir com os geomorfológicos, que dão as unidades morfológicas, conseqüentemente, a
gênese e a evolução das formas .
"MAR DE MORROS" - denominação criada pelo geógrafo francês Pierre Deffontaines
para as colinas dissecadas que formam verdadeiros níveis, na zona da serra do Mar, Manti-
queira; como exemplo podemos citar a região de Santana, no estado do Rio de Janeiro,
descendo-se da serra do Mar em direção à baixada. Pode-se dizer, em última análise, que
um mar de morros é um conjunto de meias laranjas como as que são vistas no médio Paraíba
(vide).
MAR EPlRICO - o mesmo que mar epicontinental (vide epicontinental - mar).
MAR UNIVERSAL - o mesmo que Pantalassa (vide).
MARAUITO - variedade de turfa terciária que aparece em Maraú, no estado da Bahia.
l!:ste nome foi proposto pelo geólogo Orville Derby. O marauito é formado pela acumulação
de algas oleígenas. Esta deposição lhe dá uma estratificação nítida, "na qual as fitas escuras
provêm da acumulação de humo. Certos trechos do afloramento mostram, por vêzes, uma
estratificação nebulosa escura.
A aparência externa do marauito é de uma rocha amarelo-clara, terrosa, assemelhando-se
ao linhito amarelo-claro de natureza húmica. O marauito é um carvão - boghead - na fase
de formação do linhito.
Segundo estudos antigos a reserva da turfa, em Maraú, é da ordem de 450 000 tone-
ladas; aparecendo em dois tipos: o marauito legítimo e o pobre em óleo e rico em cinzas,
possuindo uma boa estratificação, à semelhança de um folhelhó betuminoso.
O marauito legítimo forneceu os seguintes dados: 2,58% de água; 70,09% da matéria
volátil e inflamável; 10,20% de substância não volátil e combustível; 17,20% de cinza. O
folhelho betuminoso que aparece em Maraú sôbre rochas cristalinas é de idade cretácea,
enquanto a turfa com 15 a 30% de substância volátil, na fase de formação do linhito, é o
marauito de idade terciária.
MARAUNITO - denominação introduzida por Orville Derby pa_ra a turfa que denominamos
hoje de marauito, conforme proposição feita pelo geólogo Gonzaga de Campos.
MAREMOTO - diz-se das grandes ondas, extremamente violentas, devidas a tremores de
terra submarinos. Os maremotos são também chamados de raz de maré ou ainda de tsumani
pelos japonêses. l!:ste fenômeno pode-se fazer sentir a vários quilômetros da zona litorânea.
MARGA ou MARNE - resultado do acúmulo de argila, juntamente com carbonato de
cálcio . t um misto de argila e calcário, sendo por isto definida como um calcário argiloso
ou uma argila com teor calcário.
As margas são rochas mais ou menos duras e compostas, como já dissemos, de carbonató
de cálcio ( calcário ) e silicatos aluminosos ( argila ) .
MARGEM - faixa de terras emersas ou firmes junto às águas de um rio, de um lago, ou
uma lagoa.
As margens de um rio são denominadas de esquerda e direita, tomando-se sempre como
orientação o sentido da corrente. O observador dá as costas para montante, isto é, as cabe-
ceiras, e terá do seu lado direito a margem direita e do lado oposto, a margem esquerda.
MARGEM CôNCAVA ou DE CHOQUE - aquela cujo fluxo da corrente fluvial, num
meandro, ataca diàriamente, enquanto na margem oposta, convexa, verifica-se a deposição
de detritos. A margem côncava é abrupta e escavada diàriamente.

277
MARGEM CONTINENTAL - denominação dada por J. Bourcart e Umbgrove à reumac
das duas zonas submarinas chamadaS de plataforma continental e talude continental (vide) .
Alguns autores, porém, usam indistintamente êstes dois têrmos como sinônimos.
MARGEM CONVEXA - aquela que no curso de um meandro fica oposta à margem de
choqut' ou cdncava e na qual se verifica a deposição · dos detritos ( Figs. 8M e 9M ) . ~
também chamada de. margem de siMncío.
MARGEM DE CHOQUE - o mesmo que margem cóncava de um meandro.
MARGEM EMERSA - denominação imprópria, porém usada por certos autores, em substi-
tuição à palavra terraço (vide) .

MARGEM LITORÂNEA - faixa de terras con~íguas ao mar (vide litoral) .


MARINHA (erosão) - vide erosão marinha.

MARINHO (sedimento) - detritos depositados pelo mar . São classificados, geralmente,


segundo a zona em que foi feita a deposição em: nerítico, batial e abissal.

MARIPOSITA - mica cromífera, de coloração verde, empregada, geralmente, para fins


decorativos. Sinônimo de fuchsita.

MARMITA - buracos que aparecem no leito dos rios produzidos pelas águas turbilhonares
( Fig. n.0 5M). Estes buracos aparecem, «<mumente, logo após uma cachoeira, ou então,
quando há rápido desnível sendo, no entanto, o leito do rio de rocha dura c compacta. As

Fig. n. 0 51\f - l\tannitas produzidas peJo atrito constante dos seixos. Nesta rocha calcária compacta
do siluriano (série Bambu!) o rio São Francisco cava êsses buracos pelo efeito do eixo vertical
turbilhonar. Há, porém a acrescentar o efeito da dissolução. O aumento do diâmetro da marmita pode,
algumas vêzes, ser produzido pelo recortamento de várias PNtnenas, fonnando sOmente uma grande.
(Foto do autor)

278
marmitas são produzidas pelo eixo vertical dos turbilhões. Segundo alguns morfologis
tas,
o afundame nto dos talvegues dos rios é realizado, apenas, pelas marmitas e seus
mentos ( Fig n. 6M) .
0 recorta-
No fundo dessas marmitas encon-
tramos sempre seixos e areias que pa-
recem responsáveis pela erosão. Isto pro-
va a existência de uma evolução progressi-
va muito localizada. Denomina-se ainda a
estas cavidades hemisféricas ou cilíndricas
de marmita dos gigantes.
As cavidades ou buracos de forma cir-
cular que aparecem no leito das torrentes
são designadas de marmitas torrenciais.
MARMITA DE DISSOL UÇÃO- peque-
nas cavidades produzidas pela dissolução
na superfície das rochas especialmente as
que são ricas em carbonato de cálcio. A
origem dêsses buracos é, geralmente, di-
ferente das marmitas do leito dos rios ou
da zona litorânea, onde o escavamento
principal é produzido pelo atrito dos sei-
xos, enquanto o fenômeno de dissolução
pode, muitas vêzes, ser inteiramente re-
negado a segundo plano . Fi!!. n. o 6!\1 - Recortamen to de marmita.
MARMITA TORREN CIAL- vide mal'mita .
MÁRMORE - calcário cristalino, ou melhor, um carbonato de cálcio metamorfi
zado c
recristalizado. As diversas variedades de côres e veios que aparecem nos mármores
são
devidas aos minerais que contêm ou substância orgânica. Em estado de pureza,
coloração branca. O mármore é muito usado na estatuária e também coma, material
é de
de cons-
trução, em geral.
A extração do calcário metamorfoseado, só é realizada quando a rocha possui estrutura
e coesão que permitem polimento . No comércio, e, mesmo, para os engenheiros,
em geral,
dá-se o nome de mármore, aos calcários que podem receber polimento, mesmo
que não
seja uma rocha metamórfica.
O primeiro tear de serrar blocos de mármore foi instalado no Brasil, no ano de 1910
Representa êste fato, a primeira iniciativa do aproveitamento do mármore nacional .
Brasil importou muito mármore dos seguintes países da Europa: Itália, Portugal e . O
França.
Entre os edifícios importantes da cidade do Rio de Janeiro onde o mármore europeu
utilizado, pode-se citar: Palácio Monroe, ltamarati, o Palácio do Catete, o Palácio Guanabarafoi
.
a Igreja da Candelária, etc.
No período da primeira grande guerra - 1914-1918 -, as poucas instalações de
corte
existentes desempenharam importante papel no suprimento da indústria de artefatos.
O mármore nacional, em geral, é muito atacado pelos agentes de meteorização.
Neste
particular, deve-se frisar que depois de 10 anos, as pedras expostas ao tempo são,
mente, muito atacadas. geral-
O estado brasileiro que mais se distinguia na produção do mármore era Minas Gerais,
todavia em 1960 sua produção caiu muito, sendo mesmo sobrepujada, em algumas
toneladas
pela do estado do Rio de Janeiro, que vinha ocupando o 2. 0 lugar. A seguir,
vêm os
estados do Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Paraná, São Paulo, Alagoas, Santa
Cata-
rina e Bahia . O mármore de Gandarela é caracterizado pelos seus coloridos
variados .
Quanto à exploração de mármores do tipo fino, como o mármore branco de
Carrara,
que o Brasil importava da Itália, foi substituído pelo mármore encontrado no
Espírito
Santo, em Cachoeiro do ltapemirirn e em Minas Gerais, no município de Mar de
Espanha .
Do ponto de vista da distribuição geográfica das J"azidas de mármore conhecida
pode-se dizer que traçando-se uma linha reta que partin o do centro do Rio Grande s,
Sul alcance a fronteira do Piauí com o Ceará, ela corta o país em duas regiões: do
a pri-

279
Fig. n. 0 7M - Jazida de mármore branco no município de !\lar de Espanha (Minas Gerais). A extra~ão
do mánnore é feita mecânicamente com perfuratrizes e serras, produzindo blocos que são vendidos,
principalmente para o Rio de janeiro, São Paulo, Niterói, Belo Horizonte, etc.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

meira, a leste, que encerra mais de 90% das minas; e a segunda, quase em branco, exce-
tuando algumas manchas no Maranhão, Pará, Goiás e Mato Grosso. Dentre estas considera-
ções pertinentes à distribuição geográfica das minas de mármore, deve-se pôr em destaque,
que em 1950, calculava-se em 2 000 as jazidas conhecidas, sendo o estado de Minas Ge-
rais ( Fig. n. 0 1M) o que as possuía em maior número. No estado da Guanabara, estavam
mais de 5% das máquinas beneficiadoras existentes no País.
A produção de mármore, embora venha tendo desenvolvimento, ainda não é suficiente
para o consumo do País, importando-se, por conseguinte, similares de Portugal, Bélgica e
Itália, principalmente. Em 1964 produzimos 50 952 t, sendo o estado de Minas Gerais
o que mais contribuiu - 23 386 t. Em 1962 a produção foi de 50 393 t, tendo. baixado
nos anos subseqüentes.
MARNE - o mesmo que marga (vide) .
"MARSCHEN" - denominação usada na Alemanha para as áreas de solo conquistadas
ao mar. O .mesmo que "polders" da Holanda.
MASSA BASAL - vide fenocristal.
MASSAP1!: - denominação popular para os solos argilosos. No Estado de São Paulo, são
constituídos por solos oriundos da decomposição do granito. No Nordeste, são solos férteis,
nos quais o calcário concorre para a sua formação, sendo muito cultivados com os grandes
canaviais. Na Bahia massapê é o barro originado pela alteração dos folhelhos da bacia
cretácea do Recôncavo .

280
MATACÃO - designação regional usada para as bolas,,de rochas compactas; o mesmo que
boulder (vide) .
MEANDRO - sinuosidades descritas pelos rios, formando, por vêzes, amplos semicírculos,
em zona de terreno' planos, sendo então, chamados de meandros divagantes. O têrmo
genérico !?ara designar estas voltas coleantes dos cursos d'água veio do rio Meandro,
hoje Menderes, na Anatólia (Ásia Menor). Neste tipo, como o seu nome está a indicar,
o leito do rio muda com facilidade de lugar, em função da erosão. ( Figs. ns. 8, 9 e 10M) .
Outro tipo de sinuosidade descrita pelos cursos d'água são os meandros encaixados, nos
quais as margens são altas e o vale se acha· profundamente escavado. ( Fig. n. 0 10M).
Nestes meandros é . freqüente o recortamento (sacado), fazendo uma passagem reti-
línea entre as duas extremidades do arco de círculo, dando aparecimento a um lago em
forma de crescente, com uma ínsua, cujo destino é a colmatagem e conseqüente de-
saparecimento.

,. r ,I Turbilhões Horizontais
'\'-,_.............._ _ _ _ _ _ _ __

'
C.. Solapamento_' .... "_,::..
\ \,-

Fig. n. 0 8M

MEDAO - têrmo pouco usado para os montes de areia ou dunas ao longo da costa.
MÉDO - o mesmo que cômoro ou duna (vide) .
MEGASSISMO - denominação dada aos terremotos de grande intensidade, isto é, abalos
catastróficos.. É o oposto ao mícrossismo (vide) .
~GASCóPIO - o mesmo que macrosc6píco (vide) .
"MEIAS-LARANJAS" - denominação regional usada por Pierre Deffontaine para as fomus
de relêvo que aparecem como calotas. Algumas vêzes, essas "meias-laranjas" dão um &3-
pecto típiC9 ao relêvo, sendo então denominadas de mar de morros.
As "meías-laranfas" são formas arredondadas que aparecem em rochas graníticas, pois,
os gnaisses dão mais freqüentemente aparecimento a "pães-de-açúcar". No vale do Pa-
raíba do Sul, pode-se observar vários níveis de "mar de morros" .
MELAFIRO - denominação dada por alguns geólogos aos basaltos vacuoiares antigos, isto
é, de idade primária. Certos autores dão esta denominação a todos os basaltos que apre-
sentam vermiculações e vacúolos, cheios, por vêzes, de zeólitas. Outros consideram-na uma
denominação obsoleta.
MELANIZAÇÃO - processo em que a matéria orgânica se incorpora ao suio. Conseqüen-
temente há um escurecimento dos horizontes, onde se processa esta incorporação.
MELANOCRATICA - rocha em cuja composição dominam os minerais de t:::>loração escura
e, geralmente, subsilicosos. É o antônimo de leucocrática.

281
Fig. n. 0 9M - Os rios de meandros litn"e• são típicos de áreas de planície. Já nos trechos de planaltos,
os meandros são comumente encairados. O mecanismo da erosão fluvial manifesta-se pelo solapamento
nas mareens c8ncavas e o conseqüente depósito nas margens convexas. - A topografia drenada pelo
baixo curso do rio Jequitinhonha é quase plana, vendo-se amplos meandros, bancos e praias de areia
no primeiro plano, e em tôda a re&ião a densa e pujante floresta da costa atiAntica.
(Foto Tomas Somlo)

MERGULHO - inclinação dos estratos geológicos em relação com o plano horizontal dado
pelo nível dos mesmos . A direção perpendicular ao mergulho é a inclinação . Do ponto de
vista geológico e morfológico, há uma certa confusão entre os dois têrmos. Preferimos a
utilização de mergulho, apenas, para os estratos ou camadas do terreno, e inclinação para
o reiêvo. Supondo um anticlinal ligeiramente dissimétrico, ou deitado, verificamos que as
camadas mergulham para oeste e o relêvo é inclinado para leste ( Fig. n.0 11M) .
O ângulo do mergulho é medido com o auxílio de uma bússola com clinômetro ou
bússola de geólogo. Nos terrenos sedimentares e nas rochas metamórficas, além do valor
do ângulo do mergulho, mede-se sua direção e o das diferentes camadas. Nos terrenos
cristalinos não há determinação da direção das camadas, nem do mergulho. Nos mapas
geológicos ou geomorfológicos estruturais, os mergulhos são representados por uma pequena
seta perpendicular à direção das camadas. O tamanho da seta varia em função do valor
do ângulo do mergulho. Nas zonas de grandes movimentos, c mergulhos são fortes e com
direções variáveis.
"MESOCARSTE" - fenômenos cársticos, em rochas margosas (vide marga) .
MESA - remanescente de uma antiga superfície, cujos terrenos ao redor foram escavados
e retirados pela erosão. ll:ste tipo de relêvo é constituído, geralmente, por uma forma que
lembra no seu tôoo uma mesa cujas bordas terminam, geralmente, por escarpas de acen-
tuado declive (vide testemunho) .

282
MESETA - denominação regional da Espanha Central para os planaltps cuja topografia
é acentuadamente plana.
A meseta é uma
forma de , relêvo ta-
bular, situada em
altitude elevada e
ocupa, às vêzes,
grandes extensões .
As mesetas da Espa-
nha são constituídas
por estratos sedi-
mentares que foram
perturbados por der-
rames vulcânicos .
Nas áreas de mese-
tas, distinguem os
geomorfólogos, as
plataformas estrutu-
rais e as platafor-
mas de efusão vul-
cânica. As primeiras
são constituídas por
superfícies de estra-
tos mais ou menos
horizontais e mais
resistentes à erosão,
que carregou as ca-
madas tenras. As se-
gundas são consti-
tuídas peJo. aflora- Fig. n. 10M - Seção transversal de um meandro, e embaixo,
0

meandro encaixado.
mento de derrame
vulcânico.
O têm1o meseta tem sido empregado de modo generalizado, até para superfície de
erosão.
Os autores de 'língua espanhola usam meseta, indistintamente, para tôdas as formas de
relêvo que se aproximam das formas do planalto, e - quando estas são muito elevadas -
empregam ainda: altiplanície - geralmente a mais de 3 000 m, e altiplano - a mais de
4000 m.
MESOCRATICA - rocha de coloração média, sendo um intermédio entre as melanocráticas
e leucocráticas.
MESOPOT ÃMIA - têrmo usado nas descrições geográficas para denominar terra entre rios.
MESOSFERA - denominação dada, por alguns autores, à camada da geosfera que se lo--
caliza entre a litosfera (vide) e o núcleo central (vide) .
MESOSSILICIO - grupo de rocha em que a quantidade de sílica varia entre 52 e 55%;
mais comumente chamadas de rochas neutras. Vide ácida (rocha). Como exemplo de rocha
mesossilícica podemos citar o andesito.
MESOSTASIS - o mesmo que material vítreo, que se encontra nas rochas eruptivas de
derrame ou nas que possuem textura porfirítica.
MESOZóiCA ou SECUNDÁRIA - era que sucede a primária e antecede a cenozóica. A
duração de seu tempo geológico é bem inferior à do paleozóico - cêrca de 140 milhões de
anos - e superior à cenozóica.
A era mesozóica não se refere à parte média da história física da Terra, e sim à idade
média da evolução da vlda.
Esta era é subdividida em três períodos: triássico, furássico e cretáceo.
Do ponto de vista orogênico, a era mesozóica é caracterizada por uma grande calma,
que precede às grandes revoluções alpinas que se vão desenvofver no Terciário. Há, porém,

283
Fig. n. 0 11M - Nas ilustrações acima vê-se primeiramente a maneira como se apresentam as camadas,
e posterionnente a detenninação da direção do mergulho e o seu valor.

lentos movimentos epirogênicos do solo que vão ocasionar deslocamentos das linhas li-
torâneas.
A vida no Mesozóico é caracterizada pelo grande desenvolvimento dos répteis, po-
dendo-se dizer que é a era dos répteis. Nessa era, êstes animais dominaram em quase tôdas
as condições de vida: ar, terra e água. Atualmente, existem apenas 5 ordens de répteis,
tendo existido, no Mesozóico, 25.
Entre os répteis marinhos destacam-se o Ictiossaum e o Plesiossauro. Quanto aos répteis
terrestres eram muito grandes, distinguindo-se, entre os herbívoros Díplodocus, Brontossauro,
Iguanodonte, Tríceratops; entre os carnívoros, o Ceratossauro e Tíranossauro. Os répteis voa-
dores são representados pelos Pterodáctilo e Pteranodonte.
A evolução dos moluscos cefalópodos, no Mesozóico, foi grande, sendo as amonitas e
e beleminitas os mais típicos .
Aparecem os primeiros pássaros e mamíferos evoluindo ràpidamente para as formas
atuais, todavia somente no cenozóico é que alcançaram pleno desenvolvimento .
No reino vegetal, a flora mesozóica é muito diferente da paleozóica. Na primeira
metade da era, dominam os gímnospermas e no cretáceo, os angíospermas, aparecendo a~
monocotiledônias e as dicotiledôneas .
O clima é no início da era, ainda quente, e uniforme, manifestando-se porém, uma
tendência para o resfriamento dos pólos. As zonas climáticas começam a se estabelecer, bem
como as estações .
Do ponto de vista paleogeográfico,. no fim dessa era, já começavam a aparecer os
continentes do hemisfério sul, com as formas aproximadas que possuem atualmente.
MESOZONA - zona de transformação das rochas por efeito do metamorfismo. situada
entre a epizona e a catazona, no dizer de Grubenmann.
METALESFERA - o mesmo que barisfera (vide).
METAMóRFICA (rocha) - cristalofiliana, que inclui os xistos cristalinos - resulta da
transformação de outras rochas preexistentes . Quando esta transformação é feita em rochas
eruptivas, estas são chamadas de ortometam6rficas, e no caso das rochas sedimentares,
denominam-se de parametam6rfícas.

284
As rochas metamórficas resultam das condições de pressão e de temperaturas elevadas .
Sua grande característica é possuir orientação de camadas, daí ser também denominada
de cristalofiliana. Quanto às rochas eruptivas, não possuem camadas, e os cristais se dis-
tribuem indiferentemente na massa; são por isto rochas sem orientação. Há nas metamór-
ficas, 0 alinhamento de cristais em leitos ou camadas, que constitui, muitas vêzes, um fator
importante na direção da erosão sôbre o relêvo .
Entre as principais rochas metamórficas podemos citar: quartzitos, gnaisses, filitos,
ardósias, micaxistos, mármore etc. ( Fig. n. 0 12M)
METAMORFISMO - conjunto de proces-
sos pelos quais os depósitos detríticos ou Ardósia
outros tipos de rochas venham a ser trans-
.formados. As alterações das rochas devidas
ao metamorfismo são de vários tipos: me-
tamorfismo de contato, r.egional ou geral, Filifos
hidrometamorfismo, etc. Estas alterações
não devem ser confundidas com as motiva-
das pela ação dos agentes erosivos exóge-
nos, isto é, dinâmicos externos. No hidro-
metamorfismo podemos ter a albitização em
granitos, granitização em gnaisse, saussuri-
tização dos tordilitos em feldspatos, etc.,
,,.,
m . Ç)uarlzifos {Mefamo'rficos)

além das transformações dos elementos má-


,4/icO.J(IJfOS
ficos em cloritóides, arenitos com cimento
recristalizado, arenitos ricos em calcedô-
nia, etc. Fi:. n. 0 12M - Convenção utilizada nas cartas
geológicas, para representação das ro.c bas
O metamorfismo pode ser endógeno e metamórficas.
exógeno. No primeiro caso, quando por
contato a auréola da rocha que estava próxima foi metamorfizada e englobada após uma
série de transformações; no segundo, quando o magma efusivo extravasa sôbre a rocha
encaixante. (Vide regional - metamorfismo) .
METAMORFISMO ENDóGENO - o mesmo que endometamorfismo (vide).
METAMORFISMO EXóGENO .;_ o mesmo que exometamorfismo (vide) .
METAMORFISMO CATACLÃSTICO (vide) cataclase.
METAMORFISMO REGIONAL - metamorfose susceptível de atingir grandes áreas e terre-
nos de várias idades geológicas. O metamorfismo regional é também denominado de meta-
morfismo geral em oposição ao metamorfismo local.
METASSOMATISMO - processo diagenético que acarreta modificaçÕes q~ímicas nos mi-
nerais e sêres orgânicos. O metassomatismo nada mais é que as .transformações de ordem
química sofridas pelas rochas podendo ser devidas a: hidratação, oxidação, redução, dissolu-
ção, decomposição, dolomitização, silificação dos calcários, etc. Verifica-se uma mudança de
substância, nestes processos, sendo alguns minerais das rochas substituídos por outros. Os fe-
nômenos metassomáticos podem-se restringir, exclusivamente, à parte superficial, ou então,
penetrar prof1,mdamente, graças à .existência de fendas ou diáclasses . As rochas cristalinas
e maciças são mais difíceis de serem atacadas em profundidade, porém, a circulação da
água ao longo das diáclases vai ocasionar hidratação que pode chegar a vários metros .
METEORITO - corpo metálico ou rochoso caído na superfície da Terra, tendo vindo dos
espaços interplanetares ou interestelares. ~. por conseguinte, matéria rochosa ou mineral
de origem extratelúrica. O estudo da composição química dos diversos minerais que
compõem os meteoritos é de grande importância para se conhecer a petrografia dos outros
astros e compará-la com a do nosso planêta.
Tomando-se por base a composição química e, em parte, a estrutura, os meteoritos
podem ser classificados do seguinte modo: a) sideritos ou holossideritos, b) siderolitos, c)
aerólitos-condritos, d) aerólitos, c) vítreos.

285
Como exemplo podemos citar o meteorito de Bendeg6, caído no rio do mesmo nome,
no estado da Bahia, e achado em 1789. Seu pêso é de 5 360 kg. Está atualmente exposto
no Museu Nacional.
METEORIZAÇÃO - conjunto de fatôres exodinâmicos que intervêm sôbre uma rocha
acarretando modificações de ordem mecânica e química. Na geomorfologia, consideramos
de modo mais amplo, englobando os fenômenos de desagregação mecânica, decomposição
química, dissolução, hidratação, etc. É o complexo de fatôres que vai ocasionar a alteração
das rochas. Na ciência dos solos, alguns pedólogos encaram a meteorização como. a trans-
formação de rochas decompostas em solos ( edafização) . Para o geólogo e o geomorfolo-
gista, a decomposição é causada pela atuação dos diversos agentes exodinâmicos, que
transformam a rocha inicial, numa rocha alterada ou decomposta .
De acôrdo com os diversos tipos de climas, podemos sinteticamente, distinguir: nos
climas quentes e úmidos - tipo equatorial e tropical - predomina a decomposição química;
nos climas secos e quentes (áridos) e frios ( nevosos) predomina a desagregação mecânica;
nos climas úmidos moderados - a desagregação mecânica e a decomposição química se
contrabalançam .
MICA - família de minerais constituída por silicatos hidratados de alumínio, potássio,
sódio, ferro, magnésio e, algumas vêzes, lítio, titânio, cromo, manganês e flúor. A família
das micas divide-se em dois grupos: 1 - micas potássicas, ex.: moscovita; 2 - micas ferro-
magnesianas, ex.: biotita. ( Fig. n. 0 13M) .
As micas têm densidade de 2,7 a 3,1 c dureza de 2 a 3.

Fig. n . o 13~1 - Placas de mica que vão ser classificadas para emprêgo na indústria, em geral.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

286
A importância das micas para a geologia economiCa é devida ao fato de apresentarem
um conjunto de propriedades que as tornam de grande utilização. A clivagem fácil permite
que sejam separadas em lâminas de espessura, por vêzes, insignificante, flexíveis e elásticas.
Esta propriedade aliada a outras como: a má condutibilidade calorifica e elétrica, resistên-
cia a altas temperaturas e as mudanças súbitas, tornam as micas de grande valor econômico.
As micas conforme o seu aspecto, isto é, o tamanho das placas ao serem extraídas das
jazidas, podem constituir tipos comerciais como: as grandes placas de moscovita e flo-
gopita, ou pulverizadas, e, neste caso, vendidas em menor escala, como a biotita e clorita.
Em 1964 o Brasil produziu 1470 t, sendo que o estado de Minas Gerais contribuiu com
1 361 t e os estados de Goiás e Ceará com, apenas, 89 e 20 t respectivamente.
t.IICAXISTO - rocha de origem metamórfica, constituída essencialmente de micas, quartzo,
alguns feldspatos e vários minerais secundários. Como tôda rocha metamórfica, ·aparece
na natureza disposta em camadas de espessuras muito variadas sendo porém muito laminada.
A decomposição do micaxisto da aparecimento a um material argiloso, untuoso ao
tato e, geralmente, estéril para a agricultura.
MICROCLINA - feldspato potássico semelhante ao ortósio quanto à compostçao qumuca,
dureza, pêso específico e caracteres gerais; porém, cristalizado no sistema triclínico, en-
quanto o ortósio cristaliza no sistema monoclínico.
A variedade verde de microclina é de largo emprêgo nas joalherias sendo denominada
de amazonita ou. pedra das amazonas.
MICROFORMA - o mesmo que forma de relêvo de pequena dimensão. Oposto de ma-
croforma (vide) .
MICROGRANITO - variedade de rocha em que a textura se aproxima de um granito
porfiróide, mas na qual a dimensão dos grãos só pode ser distinguida no exame micros-
cópico de uma lâmina. Sinônimo de quartzo-p6rfiro.
MICROL1TICA - textura das rochas cujo resfriamento dos m,ineraís se fêz em dois tempos:
um intratelúrico e outro embora profundo, porém, mais superficial em ' relação ao primeiro.
Observa-se, por conseguinte, a· existência de cristais de tamanhos menores - os mais su-
perficiáis - e de tamanhos maiores - os mais profundos.
MICROSSffiNITO - vide traquito.
MICROSSISMO - movimento sísmico das camadas, de pequena intensidade, perceptívei
apenas por meio de sismógrafos.
MIGRAÇÃO DOS CONTINENTES - o mesmo que translação continental (vide) ou teoria
da mobilidade dos continentes segundo A. Wegener.
MILONITO - rocha finamente triturada que aparece, comumente, junto às linhas de falha.
Os milonitos podem ser definidos como rochas esmagadas ao longo de fraturas .e falhas.
Em zonas onde a erosão arrasa as formas salientes de relêvo produzidas pelas falhas,
podem-se descobrir as linhas de falhas, com certa facilidade, quando se encontram milonitos.
MINA - é o depósito mineral (jazida) em exploração pelo homem. Um pegmatito' decom-
posto e inexplorado é uma fazida; o mesmo em estado de exploração, com galerias, escava-
deiras, etc., é uma mina. A designação de mina, para os jazigos de rocha, é usada, apenas,
quando se trata de um minério ou de material usado nas construções ou em objetos de arte.
Costumam alguns autores reservar a palavra mina para as galerias de onde os homens
extraem metais, combustíveis, ou quaisquer substâncias minerais.
A atividade extrativa dos minerais no Brasil é, em grande parte, realizada de modo
primitivo, isto é, a garimpagem ou faiscação . As lavras concedidas ou manifestadas têm
produção pequena, por · falta de capital, de organização, e de conhecimento científiéo do
potencial da jazida .
No decorrer dos tempos coloniais dava-se o nome de faiscadores aos que explotavam
o ouro~ enquanto se reservava a denominação de garimpeiros para os que explotavam
diamante.

287
Caio Prado Júnior tecendo considerações a propósito do garimpeiro no período do
monopólio da explotação dos diamantes pela Coroa frisou: "Odiado e perseguido pela
administração, admirado pelo povo, temido por todos, VIVIa o garimpeiro à margem da
lei, constanteme.nte a um passo da fôrca ou do tiro de uma espingarda, invadindo as áreas
proibidas para minerar nelas, desafiando não raro as autoridades a quem chegava a fazer
frente de armas na mão" ("Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia", pág. 179) .
Hoje, não se faz tal distinção, dando-se, genericamente, ambas denominações, para
os que vivem da explotação de recursos minerais, de modo primitivo.
Sylvio Froes Abreu corrobora em nossa afirmativa, dizendo que a mineração do Brasil
tem um caráter predominantemente de garimpagem, pois, 50% do ouro produzido, 90% do
quartzo, 100% do diamante, 100% do rutilo, 100% da tantalita, 100% da cassiterita, 100% do
berilo, provêm da garimpagem. (Fig. n. 0 14M)
Do ponto" de vista da política de mineração é interessante observar o que ocorre
na extração de carvão mineral no estado de Santa Catarina, pois ao lado de importantes

Fig. n. 0 14~1 - l\lincr;.u,·ão de garimpagem, é o traço mais característico da economia mineira dos
países subdesenvolvidos. A garirn,agem constitui, na grande maioria dos casos, uma verdadeira dela~
pidação dêsses recursos. Na foto acima vê·se a mineração do cristal de rocha, no estado de Goiás.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

288
instalações industriais como é o caso da Companhia Siderúrgica Nacional há várias
minas
de garimpagem .
A indústria mineira, no Brasil, teve intenso desenvolvimento nos últimos 30 anos,
especialmente, no período de 1939 a 1950, devido à grande procura da matéria-pr e mais
ima mi-
neral pelos países beligerantes, que tiveram que recorrer a outros países, como
do Brasil. No dizer expressivo de Mário da Silva Pinto.: "a demanda criou a
é o caso
atividade,
numa espécie de aplicaÇão no campo econômico, da afirmação da fisiologia
de que a
função cria o órgão" (''As perspectivas da mineração no Brllsil", pág. 28).
Deve-se, por conseguinte, pôr em destaque, o fato de que ao lado de uma mineração
adiantada, persiste ainda no Brasil o tipo primitivo da garimpagem, coexistindo
como que em flagrante contradição, uma indústria moderna e uma arcaica reminiscOn assim,
do século dezoito. (Vide minério) . cia

MINERAL - massa inorgânica natural, de composição química definida, com um


ou vários
tipos de cristalização. Os minerais compõem as rochas que constituem a litosfera.
Pode-se,
pois, definir rocha como um conjunto de minerais ou apenas como um mineral consolidad
Por exemplo a calcita isolada constitui um calcário, a sílica em estado cristalizado, o.
o quartzo.
As rochas podem ser identificadas pelos minerais que as integram. Dêsse modo quando
mineral caracteriza um tipo de rocha passa a ser considerado como "mineral essencial'~ um
. O
~ranito é constituído por três minerais essenciais: quartzo, micas
e feldspatos. Há
'minerais acess6rios" que revelam condições especiais de cristalização e os "mineraisainda os
dários" que aparecem_ nas rochas depois de sua formação. secun-
Ná Física Mineral há uma série de propriedades cujo conhecimento se torna indispen-
sável para um rápido reconhecimento macroscópico: estrutura mineral (minerais
amorfos,
cristalizados e cristalinos) , clivagem, fratura, brilho, c6r, propriedades organolépticas
sidade, aspereza, sabor, odor), opacidade, etc. (unto-
Existe ainda uma categoria de minerais indispensáveis para as operações industriais
de certos países, os quais são denominados de minerais estratégicos. Esta categoria
minerais indispensáveis para a indústria de um país, resulta todavia dos recursos de de
exploração
de um outro país. Por conseguinte o estanho é um mineral estratégico para os
Estados
Unidos e não acontece o mesmo com a Bolívia que o produz, etc. Podemos dizer,
que um mineral é uma substância inorgânica que existe na superfície da Terra, então,
e provéin
da própria constituição da: crosta terrestre.
Características físicas dos minerais:
a) Estado cristalizado, cristalino e amorfo .
A maioria dos minerais são cristalizados. Na natureza, os minerais cristalizados somente
se formam em condições de absoluta tranqüilid ade, anulando, por conseguinte, a
influência
das perturbaçõ es exteriores, exigindo ainda extrema lentidão. Os minerais cristalizad
os ca-
racterizam-se pela sua forma geométrica, pela sua regularida de.
Nos minerais amorfos não _há formas geométricas regulares, uma vez que não há
nêles
uma estrutura molecular que dê aparecimento a faces planas como nos minerais
lizados. As substâncias amorfas podem ser compactas ou pulverulentas assemelha crista-
ndo-se ao
vidro (substância vitrosa), à porcelana . Podem apresentar-se também em estado
coloidal .
Os minerais cristalinos são aquêles que à primeira vista parecem amorfos, não
suindo formas geométricas regulares, mas estudados ao microscópico, revelam propriedad pos-
dos corpos cristalizados e são, por isso, chamados cristalinos. es
b) Dureza - é a resistência oposta pelo mineral ao risco que se faz na sua super·
fície. Um corpo é mais duro do que o outro, quando o risca . A resistência
considerada na mineralogia, é ao risco e não ao choque. A dureza dos minerais
depende da coesão superficial das moléculas .
A escala de dureza organizada por Mohs é a seguinte:
1 - Talco, 2 - Gipsita, 3 - Calcita, 4 - Fluorita, 5 - Apatita, 6 - . Ortósio,
Quartzo, 8 - Topásio, 9 - Coríndon, 10 - Diamante . 7 -
• A escala de dureza mais comum é a unha, o aço, o vidro e o diamante.
Qualquer
dos têrmos risca o anteceden te e é riscado pelo conseqüen te.

289
c) Densidade - é muito variável; há minerais pesados, médios e leves. A deter-
minação da densidade dos minerais pode ser feita com a balança de ]olly ou
com o vaso de Pisani.

cassiterita - 6,8
Minerais pesados: { barita - 4,5

Minerais médios: biotita - 3,0

opala- 2,2
Minerais leves: { ortósio - 2,51

Maneira de oco"ência dos minerais nas rochas


Os minerais das rochas podem-se apresentar em formas diversas: dentríticas, lamelares,
geodes, lenticulares e filiformes. :Esses minerais podem dispor-se em: filões, bossas, disse-
minados e domos .
Quanto à sua importância, na c:omposição e caracterização das rochas, podem ser
élassificados em: 1 - essenciais 2 - acessórios e 3 - secundários.
Os minerais essenciais - quartzo, feldspatos e micas - quando distribuídos de ma-
neira não alinhada, constituem um granito . A rocha possuind? êstes três elementos, porém,
de maneira alinhada, formando verdadeiros olhos ou fitas, vai constituir outro tipo, isto
é, o gnaisse.
Ao lado dos minerais essenciais, devemos destacar outros, os chamados acessórios
que nus permiteHi conhecer a profundidade aproximada e as condições onde a rocha
foi consolidada. Quanto aos minerais 'Secundários, são aquêles que se formam da alteração
dos outros minerais, isto é, dos essenciais e acessórios.
A sílica livre, isto é, o quartzo e alguns silicatos como os feldspatos, ortósio, plagio-
clásio, feldspatóides, as micas e os anfibólios, piroxênios e peridotos ( silicatos pesados) en-
tram na composição de quase tôdas as rochas eruptivas e metamórficas.
Os recursos minerais do Brasil ainda não estão completamente conhecidos, do ponto
de vista de sua importância econômica. Conhece-se a existência de afloramentos de di-
versos minerais, em vários trechos do país, mas pouco se sabe do verdadeiro significado
de tais jazidas.
Muita incerteza e controvérsia existe por exemplo, a propósito da verdadeira impor-
tância econômica dos minerais atômicos.
Na pesquisa de campo, ou melhor, na "caça" feita aos afloramentos de minério, deve-se
salientar que, com a implantação do primeiro Código de Minas, regido por Decreto-lei de
1934, o país experimentou as verdadeiras atividades da mineração. A nova Constituição
Federal de 1946, que modificou a aplicação do aproveitamento das jazidas e minas, dando
preferência ao proprietário do solo onde se situassem os depósitos, restringiu o desenvol-
vimento mineiro do País.
Há no subsolo brasileiro muitos recursos minerais indispensáveis à estruturação do de-
senvolvimento industrial moderno do País, porém, falta a prospecção das jazidas .
A descoberta de minérios no Amapá, especialmente, as grandes jazidas de manganês
da serra do Navio, constituiu surprêsa para todos os que trabalham no campo da mine-
ração. :Este fato· foi provoc:;~do pela ignorância que se tem da estrutura geológica de grande
parte do território nacional. O advento da aerofotogrametria, aerogeologia e aerofísica
dará certamente acesso a diversas jazidas, que dificilmente seriam encontradas com os
métodos antigos.
Para Sylvio Froes Abreu, quatro são a~ áreas de alta concentração mineral, no Brasil:
1 - Area da Borborema: Berilo, Tungstênio, Tantalita; 2 - Chapada Diamantina:
Diamantes; 3 - Centro e leste de Minas Gerais : Ferro, Manganês, Ouro; 4 - Sul de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul: Carvão. Hoje incluiríamos também as áreas manganiferas do
Amapá e Mato Grosso.

290
No Nordeste ocorrem intrusões pegmatíticas, onde os minerais são procurado
insistência. Nas chapadas cretácicas do Rio Grande do Norte e Ceará, há depósitos s com
so. No Recôncavo Baiano e Carmópolis (SE) salienta-se a descoberta do petróleo. de gês-
Região Leste do País, os gràndes afloramentos de roc.has algonquianas constituem Na
a sede de
importantes ocorrências minerais. No algonquiano do estado de Minas Gerais, destaca-se
ouro de Morro Velho, o manganês de Lafaiete e Burnier e o ferro em ltabira, Congonha o
vale dó Paraopeba . s e
Nos terrenos permocarboníferos, que formam a depressão periférica do sul
há vários horizontes de carvão mineral (vide) enquanto nos terrenos algonquian do Brasil,
os atraves-
sados pelo Ribeira de Iguape, na chamada serra de Paranapia caba, há grandes
ja~das de
chumbo.
Na região amazônica há o petróleo, em Nova Olinda, descoberto na área sedimenta
ainda, o ouro, diamante, ferro e manganês, em terrenos algonquianos, que afluam r e,
extremo setentrional do planalto e no sul do planalto das Guianas . no
Na Região Centro-Oeste, só alguns minerais são explorados, como o ouro, diamante,
cristal de rocha e manganês . O estado de Mato Grosso tem um dos maiores depósitos
manganês do mundo, nas proximidades da Bolívia. Em Goiás há gràndes jazidas de
de níquel,
destacando-se o município de Niquelând ia, sendo o estado, também, muito rico
em cristais
de rocha. 11: o estado de Minas Gerais o maior produtor de níquel.
O minério de ferro é, das ' matérias-primas do reino mineral, o que se tem em maiores
jazidas. Possivelmente a URSS, em conjunto, seja a única potência do globo que
ultrapassa
o Brasil.
Ao sul e a sudeste de Belo Horizonte, numa área de 5 000 km 2 , há depósitos valiosos
de minério de ferro, formando o chamado "quadrilát ero ferrífero" cujas reservas
estão esti-
madas em várias dezenas de bilhões de toneladas .

BENS PRIMÁRIOS MINERAIS

ouro
Metais preciosos
{ prata
platina
selênio colúmbio

METÁLIC OS
Metais raros

Metal estrutural-ferro
I telúrio -
radium -
zircônio -
tântalo
lítio
berílio

cromo - tungstênio
Metais de liga
! níquel - titânio
vanádio . - molibdênio
manganes
estanho
zinco
Metais não-ferrosos
( cobre - sódio leves alumínio
chumbo { magnésio

METALó iDES lDo utilizoção no Quimko


!
bromo - arsênio
enxôfre - cálcio
fósforo - flúor
potássio - iôdo
Carvões

ENERGJl:TICOS fPetróleo
Gás natural

tUrânio
Tório

291
argila - amianto
construção areia - gipsita
- calcário
[ cascalho
asfalto - mármore

eletricidade - quartzo - mica


DIVERSOS Utilizados em
diamante - rubi
safira - esmeralda
joalheria f água-marinha - turmalina

l topázio - granada
zircônio - ametista

MINERAL ESTRA TtGIC O- vide mineral .


o dos minerais. Pode ser
MINERALOGIA - ciência que estuda a natureza e a formaçã trata do estudo das
dividida em duas partes: Mineralogia Geral e Especia l. A primeira ação e descrição
química s e fisicoqu ímicas; e a segunda da cfassific
propriedades físicas,
das espécies.
sejam ciências muito
A mineralogia não deve ·ser confundida com a petrografia, embora ição dos minerais,
já dissemos , a gênese e a constitu
afins, pois a primeira estuda, como
entos de minerais que
isto é, os minerais isolados; a petrografia, os complexos ou agrupam
constituem as rochas. , que pode ser explo-
MINí:R IO · - é um mineral ou uma associação de minerais (rocha) ente associada ao
noção de minério está intimam
tado do ponto de vista comercial. A
rendime nto econôm ico.
minério importante,
Um mineral que, durante determinadas épocas, se torna um
a circunst âncias de ordem cultural , moment o lúst6rico , etc., pode perder sua
devido a substituí-lo, podendo,
importância, desde que outros produtos naturais ou sintéticos venham
também, dar-se o contrári.o . hoje, porém, ela se
Primitivamente, a noção de minério estava circunscrita aos metais;
mesmo as não me-
acha generalizada a tôda substância mineral utilizada comerciahnente,
tálicas. nto na explotação
As necessidades da vida moderna, exigindo um máximo de rendime a qual fornece
da chamad a ciOncia mineira,
dos minérios, determinaram o desenvolvimento
indispen sáveis para o estabele cimento de grandes emprêsa s.
os dados ção de diversos
Os minérios, por conseguinte, representam o resultado geral da combina estrutur a o ácido
Outros existem, que apresent am em sua
metais com o oxigênio e enxôfre. s nos compostos do
carbônico - como os carbonados, os quais são, por vêzes, grupado aquecido . Finahnente,
metal e oxigênio, desprendendo fàcihnente o gás carbônico, quando de um metal, como
mais importa nte são aquêles que se compõem de mais
o grupo de minérios pode-se extrair, apenas,
no caso do chumbo, prata, ferro, cobre, etc. Neste último caso
deixandn naturahn ente o
o metal mais valioso ou, então, retirar-se- todos os metais úteis,
resíduo, a ganga.
(era Cenozóica), e
MIOCE NO - período que marca o comêço dos terrenos do neogei'UJ 18 milhões. A palavra
adament e 12 milhões de anos, tendo começad o há uns
durou aproxim
mioceno significa que contém mais ou menos a · metade das
espécies atuais.
u o segundo f.aroxismo
No fim dêsse período ou, mais exatamente, no Pontiano, termino parte axia , que já
m na
dos Alpes. Dobramentos póstumos e carreamentos se realizara
na. Pireneus e Apeninos
estava elevada desde o oligoceno, como também na fossa pré-alpi o no eoceno .
têm nesse período o segundo paroxism o, tendo-se o primeiro verificad
ericana, que até bem pouco
MISSISSIPIANO - período na .coluna geológica regional norte-am terrenos do período Missis-
tempo era considerado como uma divisão do carbônic o. Hoje, os
Pensilvtlnico.
sípico são considerados como os que se encontram abaixo do
o pelos agentes erosivos.
MODEL ADO - aspecto do relêvo, resultante do trabalho realizad o mais importante trans-
s - erosão fluvial - é
O trabalho executado pelas águas corrente

292
formador do relêvo primitivo . A esculturação do relêvo terrestre pela erosão fluvial é
universalmente admitiaa. Os principais agentes do modelado do relêvo terrestre são, além
da erosão fluvial: ·erosão elementar, eólia, marinha, glaciária, pluvial e biológica.
MODELAGEM - ação dos agentes erosivos trabalhando o relêvo, (vide modelado) .
MOFETA - nome dado às últimas manifestações gasosas da atividade vulcânica. ];: o
período caracterizado pelas exalações de gás carbônico (CO.) frio, quase sêco, podendo
também misturar-se com água formando fontes ácid::s.
As rochas têm grande importância nas paisagens morfológicas graças às diferentes rea-
ções, ou respostas aos agentes do modelado. Todavia, não se deve pensar, apenas, em
afloramentos de rocha sã, pois, nas áreas sujeitas ao clima trvpical úmido, a intensil decom-
posição química dá um manto de intemperismo que mascara tôda a estrutura.
A meteorização ou erosão elementar constitui o processo inicial de tôdas as modifi-
cações impostas pelos agentes do modelado. Por conseguinte, a desagregação mecdnica
e . a decomposição química vão fornecer máteriais diversos, segundo o tipo de clima. Os
processos elementares da meteorização se realizam na parte exterior da crosta terrestre. Não
têm grande profundidade e o mecanismo se realiza a partir da superfície para o interior.
Exceção deve ser feita à dissolução química que se verifica nas áreas calcárias . (Processo
da carstificação) .
A decomposição das rochas da superfície da crosta terrestre dá origem a um material
diferente da rocha sã. Quando submetido aos processos pedogenéticos ou de edafização
tem-se o solo, que é diferente do subsolo. ·
O trabalho de erosão, vai mostrar que o desgaste da crosta terrestre está condicionado
a uma série de fatôres, em que a natureza das · rochas entra com grande parcela de res-
ponsabilidade. Na geomorfologia antiga eram a litologia e a estrutura as que definiam cate-
·goricamente as formas de relêvo.
MOLHE - o mesmo que pilar ou horst. O têrmo mais usado é o de horst, para designar
as elevações produzidas por esforços tectônicos . O molhe pode ser .produzido por causa
do aparecimento de um graben, isto é, de uma fossa de desabamento, ou então, de uma
região que foi erguida e acompanhada de falhas em degraus.
Algumas vêzes êste têrmo é usado como sinônimo de maciço .
.W:OLISSOLO - área de clima frio, cuja superfície degela numa ·espessura de três metros,
nos meses de verão . (Vide pergelissolo) .
"MONADNOCK" - são designadas assim, as elevações residuais que resistem mais à
erosão, em áreas peneplanizadas . Geralmente usamos êste têrmo como sinônimo de teste-
munho ( butte temoin) . Aliás, o mais comum é usar-se indiferentemente os dois têrmos .
Davis distinguiu dois tipos de monadnocks: a) resíduo de divisores de água, que so-
freram fraca erosão (Femling, do alemão) e b) resíduos oriundos de rochas mais resistentes
e, por conseguinte, menos atacadas ·pela erosão (H iirtling, do alemão) .
"MONADNOCK" DE POSIÇÃO ou FERNLING - denominação dada pelos geomorfó-
logos alemães, para os · testemunhos localizados nas linhas divisórias de águas.
"MONADNOCK" RESIDUAL ou HARTLING - denominação utilizada pelos geomorfó-
logos alemães, para os testemunhos localizados nas linhas divisórias de águas.
MONAZITA - fosfato de cério, lantânio, tório, mesotório e outros metais raros existentes
nas chamadas areias monazíticas. Estas são, geralmente, muito coloridas não só por causa
dos cristais intrínsecos à sua composição e que lhe dão a coloração amarelo-alaranjada ou
avermelhada, mas também em virtude de outros minerais que aparecem juntamente com
a monazita, tais como: ilmenita, granadas, turmalinas, zircônio, rutilo, etc.
A monazita se acha disseminada nas rochas eruptivas e o seu aparecimento se verifica
após a desagregação mecânica e decomposição química sofridas por estas rochas, liberando
assim êstes minerais cuja alteração se faz com maior dificuldade.
A exploração das areias monazíticas nas praias dos estados da Bahia, Espírito Santo
e Rio de Janeiro é feita visando à extração do tório, mesotório e do cério. Sua aplicação
industrial será sensivelmente modificada com o possível emprêgo do tório na energia atô-

293
Fig. n. 0 15M - Vista parcial da praia de areias monazíticas de Guarapari, no estado do Espírito
Santo. Ao fundo vê· se a escarpa sedimentar (vide falésia) da série Barreiras que assenta diretamente
sôbre o embasamento cristalino. As areias monazíticas constituíram motivo de debates entre especialistas
e deputados, tendo em ·vista o a.vroveitamento das mesmas (minérios atômicos). - A geologia entre nós,
ou melhor, os geólogos ainda não estão de posse de dados suficientes para dar o volume de minério
existente em tais areias. De modo que os dados quantitativos heterogêneos mais acirraram os debates.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

mica, o qual parece constituir um dos elementos indispensáveis da bomba de hidrogênio.


O cério também tem aplicações importantes, entre elas a fabricação de ferrocério (pedras
de isqueiro) .
O Brasil é o maior produtor de monazita do mundo. Em 1898, em Corumaxatiba
(Prado) na zona praieira -do Espírito Santo descobriram-se as primeiras jazidas de mona-
zita e ilmenita no Brasil. De 1900 a 1947 o Brasil exportou cêrca de 62 115 toneladas
distribuídas do seguinte modo: Bahia e Rio de Janeiro 23 315 toneladas e Espírito Santo
.'38 000 toneladas ( Fig. 15M) . Comercialmente, a areia monazítica refinada deve ter os
teores médios de 23 a 28% de P.O. e 55 a 60% de terras raras e óxido de tório; embora
o teor de ThO. da monazita possa variar de 1 até 33%, acha-se, na maioria das vêzes,
compreendido entre 4 a 10%.
Diferentes tipos de iazidas: I) Monazita em cristais de dimensões microscópicas, disse-
minados nas rochas graníticas, nos gnaisses magmáticos e outras rochas. A monazita se
acha disseminada nas rochas eruptivas e o seu aparecimento se verifica após a desagregação
mecânica e a decomposição química, sofridas por estas rochas, 1iberando assim êstes minerais,
cuja alteração se faz com maior dificuldade; Il) Monazita em cristais discemíveis micros-
côpicamer te, nos pegmafitos; 111) Concentração de monazita nos depósitos aluviais e
mesmo em aluviões; IV) Depósitos praieiros constituídos da destruição de falésias pr6-
:dmas ou de materiais transportados pelos rios que se acumulam no litoral; V) Monazita
no• arenitos da formação Barreiras, pliocênica. Diz Othon H. Leonardos que do mesmo
modo que nas praias atuais, houve tambérr concentração de monazita nas praias e restingas
terciárias, que constituem a formação Barreiras.

294
MONOCLINAL (relêvo) - diz-se quando a estrutura ·das camadas é inclinada numa só
direção (vide cuesta) .
MONTANHA - grande elevação natural do terreno com altitude superior a 300 metros e
constituída pór um agrupamento de morroo.-A orog~nese é o ramo da geologia que estuda
a origem e a formação das montanhas .
As montanhas podem ser classificadas segundo diversos critérios: a) quanto à origem:
1 - montanhas de dobras, 2 - montanhas de falhas, 3 - montanhas vulcânicas, 4 - mon-
tanhas de erosão; b) quanto à idade: 1 - montanhas novas, 2 - montanhas velhas, 3 -
montanhas rejuvenescidas.
Esta classificação simplista quanto à origem tem apenas função didática para a sis-
tematização de um conhecimento muito mais complexo das formas que aparecem na na-
tureza . Os tipos, por exemplo, de montanha de dobra e de falha, dificilmente podem ser
separados na natureza, pois, o comum, é o aparecimento simultâneo de dobramentos, falha-
mantos, carreamentos e, por vêzes, até mesmo o vulcanismo, por ocasião da manifestação
das fôrças orogênicas. .
Quanto às montanhas de erosão, restringem-se, mais especialmente, a testemunhos e
são de pequena extensão. Não se deve considerar as formas resultantes do trabalho erosivo
pondo em destaque as estruturas produzidas pelo tectonismo e pelo vulcanismo (montanhas
de deslocamento e vulcélnica, com montanhas de erosão, pois aquelas têm grande extensão) .
Alguns autores distinguem as montanhas de acumulação, numa categoria separada da
de erosão, chegando a incluir as dunas como montanhas de acumulação.
A montanha típica é uma grande elevação de terreno, que foi formada por fôrças
tectônicas, isto é, orogênese. Estas fôrças são desenvolvidas no interior da crosta terrestre,
sendo capazes de amarrotar as camadas formando dobras, ou provocar fraturas que podem
ser acompanhadas de desnivelamento entre as camadas, isto é, falhas.
Nas montanhas típicas, encontra-se, :vor conseguinte, uma série de dobras c falhas.
Como exemplo, pode-se citar a grande Cadeia dos Andes que se esten9.e por todo o oeste
da . América do Sul. Esta grande cordilheira é bem diferente das chamadas "serras" bra-
sileiras.
A Cadeia dos Andes é uma típica cadeia orogênica e de relêvo iovem. Isto significa
qúe foi pouc9 trabalhado pelos agentes de desgaste ou erosivos. No caso das chamadas
"serras" brasileiras o aspecto é bem diferente. As elevações são, de modo geral, de baixa
altitude e os topos bastante regularizados pelo trabalho de desgaste feito, principalmente,
pelas águas das chuvas e, também, pelos rios. Além do mais, as serras não têm duas en-
costas tão nítidas, como acontece com a Cadeia dos Andes ou com a Cadeia das Rochosas,
na América do Norte, ou com as outras grandes cordilheiras da Europa (Alpes, Apeninos,
Cárpatos e Pireneus); Ásia (Himalaia); África (Atlas), etc. No caso brasileiro o que se
observa é a existência de grandes escarpamentos ou abruptos, como os da serra do Mar
ou da Mantiqueira, com um tôpci de relêvo mais ou menos ondulado. A vertente oposta
quase que não existe, pois o planalto desce suavemente.
Quanto à idade, as montanhas novas são aquelas que têm formas aguçadas. Estas
montanhas tiveram origem, de modo geral, na era terciária. Quanto às montanhas velhas
são aquelas que já sofreram o trabalho de vários ciclos de erosão, tendo suas formas e suas
altitudes bastante suavizadas e rebaixadas. As reiuvenescidas são as que, após modeladas
pela erosão, sofreram nova movimentação orogenética, dando novamente formas aguçadas.
Quanto à altituàe as montanhas podem 'ser classificadas de modo geral em' duas
grandes categorias: 1 - montanhas baixas - aquelas cujo relêvo relativo apresenta desnive-
lamentos que oscilam de 300 a 900 metros, medidos numa área de 100 km 2 ; 2 - mon-
tanhas altas - aquelas que apresentam desnivelamentos relativos superiores a 900 metros,
medidos numa área de 100 km2 , (destaca-se na paisagem, e com a altitude compreendida
entre 200 e 300 metros) .
A montanha é, portanto, uma elevação do relêvo, com certa amplitude. Os geógrafos
antigos davam valor extraordináro à altitude e às formas que tais elevações tinham na
paisagem.
Do ponto de vista geomorfológico as montanhas são produzidas por fôrças endógenas
ou hipogênicas, dando origem a formas estruturais originárias ou primárias. (Vide geomor-
fologia). Também há certas formas de acumulação que são consideradas como produtoras

295
de montanhas; exemplo: acumulação vulcânica (relêvo postiço de De Martonne), ou ainda,
as elevações produzidas por dunas (formas de relêvo sobrepostas de Machatschek) . A
geomorfologia moderna não pode, assim como a topologia ou a geografia, contentar-se
com uma definição simplória e descritiva - montanha: conjunto de montes, que por sua
vez, são elevações consideráveis do terreno.
Tôdas estas elevações têm uma gênese, e possuem uma explicação .evolutiva. Seu
aspecto, ou seja seu perfil pode ser caracterizado tecnicamente pela geomorfologia mo-
derna.
);; preciso ressaltar que tais formas de relêvo surgiram desde as épocas mais remotas
da história física da Terra, e em função da idade, o perfil das montanhas se apresenta
bastante variado. Assim, as montanhas surgidas por revoluções oro genéticas laurenciana,
huroniana, caledoniana ou herciniana, apresentam uma topografia rebaixada e intensa-
mente desgastada, quer pela meteorização, quer pelos agentes de erosão, no sentido amplo.
As montanhas produzidas pelo ciclo orogenético alpino são grandes cadeias ou cor-
dilheiras, com picos aguçados e de relêvo jovem. As montanhas, portanto, também têm
idade, isto é, podem ser jovens, maduras e velhas, em função do perfil que as mesmas
apresentam .
No continente europeu pode-se citar as jovens cadeias do enrugamento alpino como
Pircneus, Alpes, Apeninos, Cárpatos, cuja topografia é completamente diferente dos velhos
maciços Xistoso-Renano, ou ainda dos Montes Grampians, ou mesmo dos chamados Alpes
Escandinavos. Também no continente americano do norte, êste contraste frisante entre
montanhas jovens e montanhas velhas pode ser observado entre as Montanhas Rochosas,
do lado do Pacífico e as Montanhas Laurencianas do Canadá, ou mesmo com o relêvo
rejuvenescido da cadeia dos Apalaches. Na América do Sul, também o contraste entre as
montanhas jovens da cadeia andina e as velhas montanhas desgastadas do Brasil Atlântico,
é bem marcante.
MONTANHA ANTICLINAL - denominação utilizada por certos autores para elevação do
terreno que constitui u'a montanha, em razão de um dobramento. Todavia é necessário
frisar que se trata mais de uma noção teórica, do que propriamente de fenômeno encon-
trado com facilidade na natureza.
MONTANHA-ILHA - denominação que pode ser usada como sinônimo de inselbergue
(vide).
MONTANTE - diz-se de um lugar situado acima de outro, tomando-se em consideração
a corrente fluvial que passa na n•gião. O t·eMvo de montante é, por conseguinte, aqnêle
que está mais próximo das cabeceiras de um curso d'água, enquanto o de fusante (vide)
está mais próximo da foz.
MONTE - grande elevação do terreno, sem se considerar a sua origem. Apenas se leva
em conta o aspecto topográfico, ao descrever-se a região onde aparecem êstes tipos de
acidentes de relêvo.
O tênno genériC'o de monte se aplica, de ordinário, às elevações que surgem na
paísagem como formas isoladas.
Na morfologia dos lagos, monte corresponde ao talude (vide) sotoposto à plataforma .
MORAINA ou MORENA - amontoados de blocos e argila carregados pelas geleiras. Se-
gundo a sua posição na língua glacial, elas podem ser classificadas em : moraina de fundo,
laterais, frontais, medianas, etc.
MORAINA TERMINAL - o mesmo que vallum morainico (vide) .
MORENA - o mesmo que moraina (vide).
MORFOGENIA - parte da geomorfologia que estuda a origem das formas do relêvo.
MORFOLOGIA - o mesmo que geomorfologia (vide) .
MORFOLOGIA DO SOLO - diz-se da constituição física do solo como: textura, estrutura,
consistência, porosidade, côr e espessura dos horizontes, considerando-se cada perfil de solo.

29()
MORFOT.ECTÕNICA - estudo das correlações e interações existentes entre a morfologia
e a tectônica, compreendendo o exame das formas devidas à tectônica inicial e
à deter-
minação da influência das deformações tectônicas sôbre a morfologia.
MORRO - monte pouco elevado, cuja altitude é aproximadamente de 100 a 200 metros.
Têrmo descritivo para o gemorfólogo, e muito us ado pelos topógrafos.
MOSQUEADA (rocha) - diz-se das rochas que· apresentam pintas de côres diferentes:
ex.: argila mosqueada.
MOVIMENTO DE CONJUNTO - o mesmo que epirog~nese (vide) .
MOVIMENTO DA COSTA - diferentes variações existentes entre o nível das terras e dos
oceanos no decorrer da história física do globo . Estas variações podem ser explicadas de
modos diversos, segundo a corrente que adotamos: eustatistCI8, epirogenistCI8, isosta8ista ou
ainda a da "flewra continental", teoria mais recente .
MOVIMENTO NEGATIVO - abaixamento lento do continente, acompanhado de uma
transgressão marinha (vide eustatismo) .
MOVIMENTO OROG11:NICO - designação dos movimentos que deram origem às grandes
cadeias de montanhas compreendendo uma série de deformações que afetaram a crosta
terrestre desde o seu comêço - Arqueano.
MOVIMENTO OROG11:NICO PóSTUMO - no dizer de Haug, é o movimento cuja di-
reção é a mesma dos iniciais, isto é, dos movimentos anteriores .
MOVIMENTO POSITIVO -'- soerguimento lento do continente, acompanhado de um recuo
das águas do mar (vide eustatismo) •
MOVIMENTO TECTôNICO - vide diastrofismo .
MURALHA - segundo a geologia estrutural são os grandes abruptos, produzidos por e~.
forços tectônicos, ex.: serra do Mar, Mantiqueira, Espinhaço, etc.
· A serra do Espinhaço forma uma grande muralha cuja origem é devida a uma dis·
tensão do escudo cristalino, orient.a da na direção - WNW-ESE, resultando, como assinalou
Rui Osório de Freitas, no aparecimento de linhas de ruptura NNE-SSW.
As muralhas são consideradas, de modo geral, pelos tectonistas como o lado elevado
de um horst, ou melhor Q.e um bloco falhado com escalonamentos. Para êles, o têrmo mu-
ralha não tem necessàriamente conexão com a forma de relêvo, porquanto a erosão· pode
ter arrasado parte do referido bloco, porém, a estrutura intrínseca persiste .
"MURUNDUS" - têrmo usado no pantanal mato-grossense para pequenas elevações cir-
culares, com mais ou menos ' 1 metro de altura, por 4 a 6 m de diâmetro, tratando-se, possi-
velmente, de dunas incipientes . .Os murundus situam-se na periferia das baías (vide) ou
nas encostas das cordilheirCI8 (vide) . .
O têrmo murundu é usado em várias partes do Brasil, como nos estados do Rio Grande
do Sul, Bahia e Ceará, com o sentido de montículo. Na Chapada Diamantina, no estado
da Bahia, alguns caboclos denominam os montículos. dos cupins de murundus.
MUSCOVITA ou MOSCOVITA - mica clara, também chamada mica branca ou malaca-
cheta. A moscovita é um silicato hidratado potássico, sendo sua fórmula: (H.K.)O,
A10a, 2 SiO•.
A alteração da moscovita se faz com mais dificuldade que a da biotita, resultando a
damourita, sericita, paragonita. As micas brancas caracterizam os granulitos.
As grandes lâminas dêsse tipo de mica, empregadas no comércio, são encontradas nos
pegmatitos . Constituem a variedade inais procurada para o comércio, sendo mesmo a ún;,.,.
mica lavrada no Brasil.
Na indústria de automóvel, a moscovita devido à propriedade de não estilhaçar, por
ocasião de choques e a sua transparência, é muito empregada unída à sílica, nos pára-brisas.
:1!:, também, usada quando reduzida a pó, na fabricação de papéis reluzentes para forrar
objetos, paredes, leques, caixas de fantasia, cenários de teatros, etc. A sua maior impor-
tância econômica, no. entanto, é devida ao seu uso nos aparelhos elétricos .

297

"NAPPE DE CHARRIAGE" (designação francesa) - o mesmo que lençol de a"astamento
(vide) ou acavalamento. Formas de relêvo comuns nos grandes dobramentos terciários do
tipo alpino. ( Fig. n. 0 IN).

I
ARENITO CALCAR IO

§; ~ FOLHELHO ~
~
CONGLOMERADO
Fi&. n.• lN

NASCENTE - o mesmo que cabeceira (vide) de um rio. Geralmente não é um ponto c


sim uma zona considerável da superfície da terra.
"NECK" - conduto de um vulcão, enchido de lava solidificada, cujo afloramento é reali-
zado pelo trabalho seletivo da erosão diferencial que desbasta as rochas tenras que lhe
estão ao redor. Pode-se dizer, por conseguinte, que o "neck" é um pedaço ou testemunho
de uma antiga chaminé vulcânica ( Fig. n. 0 2N). Constitui, algumas vêzes, uma saliência

298
estranha de relêvo com a forma mais ou menos arredondada. Nas fotografias aéreas, alguns
"necks" são fàcihnente identificáveis, não só por causa da forma, mas também por causa
da quantidade de diáclases, da coloração, da pequena elevação, da vegetação, etc.

Fig. n. 0 2N - Neck.

NECTON - denominação dada por Haeckel ao conjunto de organismos das águas dos
mares e lagos possuidores de movimentos próprios, em oposição ao plancton. A designação
necton é, também, extensiva aos organismos voadores: atmonecton.
NEFELINA - silicato de alumínio e sódio apresentando cristais de forma hexagonal. 1!: um
mineral incolor e hialino do grupo dos feldspatóides.
NEGATIVO (movimento) - vide movimento negativo .
NEOGENO - grupamento dos dois períodos superiores do Terciário, ist&---é, Miocênio e
Pliocênio. Vide cenozóica (era) .
NEOLíTICO - subdivisão da era Quaternária, do ponto de vista da pré-história, correspon-
dente ao aparecimento do homem da época da pedra polida.
NEOZóiCA (era) - o mesmo que era cenozóica (vide) .
NEQUE - grafia portuguêsa do têrmo neck (vide) .
NERlTICA (região) - aquela que se estende desde a zona intertidal, até a isóbata de
200 metros.
NERlTICA (sedimentação) - material, relativamente, grosseiro, terrígeno que se acumula
junto à costa. O material que compõe êste tipo de facies é, geralmente, de estratigrafia
confusa,- em relação· aos depósitos batiais.
Sedimentação nerítica significa depósito em mares rasos, e se ·opõe à sedimentação
batial ou abissal.
NER1TICA (zona) - vide .zona nerítica.
NESOGRAFIA - antiga denominação dada à parte da geografia estereográfica (vide) que
se ocupava do estudo das ilhas. Hoje está completamente abandonada tal denominação.
NETUNIANA (rocha) - denominação antiga use <:ia para as rochas sedimentares cujo depó-
sito foi realizado no fundo dos mares. A teoria do netunismo foi criada por G. Werner; expli-
cava a formação das rochas sedimentares pelo efdto das águas.
NETUNISMO - teoria antiga que atribuía à ação das águas, um papel importante, na
formação das rochas sedimentares .
NEUTRA (rocha) - aquela que possui um teor de sílica que varia entre 52 e 65%, isto
é, menos que as ácidas e mais do que as básicas.
NICHO - designação usada em geomorfologia, com duplo sentido; para indicar as cavi-
dades que se encontram nas paredes de uma rocha (o mesmo que taffone), ou ainda para
o sulco escavado nas falésias pela erosão marinha - acaraladum (vide) eTicoche.
NICHO DE NIVAÇÃO - pequenas depressões produzidas pela erosão nival (vide) .

299
NIFE - núcleo central do globo terrestre, composto de níquel e ferro, segundo E. Suess.
Abrange tôda a região central da terra e é constituído de materiais pesados, tendo uma
densidade média de 7,5.
Segundo os dados da geofísica moderna, êsse núcleo tem uma rigidez elástica, e não
é constituído pelo fogo central - pirosfera - como admitiam alguns. A temperatura su-
posta é de 3 000°C e a espessura de 3 500 km. O nife é, também, denominado de barisfera
ou centrosfera.
NíQUEL ( Ni) - metal branco acinzentado pesado que é empregado na preparação de
várias ligas, e também no aço-níquel. Serve para revestir objetos de ferro - niquelagem.
Em 1964 o Brasil produziu 54 494 t de minério de níquel. No estado de Goiás en-
contram-se importantes jazidas de níquel (município de Niquelândia - Fig. n.• 3N). Destaque
também deve ser feito ao morro do Níquel em Pratápolis, no estado de Minas Gerais. Esta é
a unidade da Federação que mais produziu minério de níquel, pois em 1964 contribuiu com
54 084 toneladas das 54 494 t produzidas. O maior produtor dêste metal no mundo é
o Canadá.
Supõe-se que o núcleo central da Terra possua êste metal em grande quantidade, daí
a denominação de nife (vide), dada.. por Suess.

Fig. n.• 3N - Aspecto parcial de uma mineração de Níquel, no município de Niquelândia - Goiás.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

NíVEL DE BASE (de um rio) - ponto limite abaixo do qual a erosão das águas correntes
não pode trabalhar, constituindo o ponto mais baixo a que o rio pode chegar, sem prejudicar
o escoamento de suas águas. O .nível de base, embora seja um ponto instável, no perfil
longitudinal dos rios, é no entanto, mais estável, comparando-se com a fragilidade da insta-
bilidade dos outros pontos.
O nível de base geral de todos os rios é o nível do mar. Existe, porém, uma série de
níveis locais ou regionais, em função dos quais, os rios realizam o escavamento do perfil
de equilíbrio. Qualquer variação no nível de base do rio acarreta modificações na erosão,
ocasionando uma parada ou, então, uma retamada da erosão (vide) .

300
NíVEL DE BASE DE EROSÃO - o mais baixo nível a que um grupo de agentes exodi-
nâmicos, e mais raramente auxiliados por movimentos de origem endógena, pode reduzir
determinada superfície; ex.:
Nível de base das águas correntes
Nível de base dos agentes eólicos
Nível de base da erosão marinha.
O nível de base .de erosão é, por conseguinte, o limite inferior, abaixo do qual não
pode haver mais erosão. O nível do mar, isto é, o nível zero, é o nível de base geral, que
comanda tôda erosão . Além dês te nível geral, temos que considerar os níveis de base locais.
1!: em função dêsses níveis locais que se formam, por exemplo, as chamadas planícies de
f7W11tanhas ou ainda planícies locais.
NíVEL DE BASE DE DEPOSIÇÃO - o mais alto nível que um depósito pode alcançar.
NlVEL DO MAR - o mesmo que nível do oceano ou nível zero (vide) . l!:ste nível é
instável.
NlVEL DO OCEANO - plano de referência ou nível zero utilizado para as diferem.,~
medidas de desnivelamentos dos acidentes terrestres, isto é, medidas de altitudes e de
profundidades. (Vide amplitude relativa do reMvo) . Por conseguinte, o nível do mar é a
altura média ideal das águas oceânicas tomadas como nível de referência para tôdas as
medidas de altimetria e batimetria. Assim, o nível dos oceanos representa o nível instantâneo
de referência para as medidas altimétricas. Todavia, o que mais iriteressa é o nível médio
do mar, que nos é dado pelos marégrafos .
NlVEL ESTRATIGRÁFICO - o mesmo que horizonte estratigráfico (vide).
NlVEL HIDROST~TICO - a distância medida entre a superfície do solo e a superticie
freática, num poço. O mesmo que nível estático.
NíVEL ZERO - plano de referência adotado para medir as altitudes e as profundidades,
isto é, os desnivelamentos de relêvo. O nível zero adotado é o nível dos oceanos . (Vide
amplitude relativa do reMvo) •
NóDULO - concreções que se formam nos depósitos sedimentares, graças à precipitação
de substâncias minerais, em tômo de um núcleo, de um eixo, ou ainda o enchimento de
pequenas cavidades. Há também as concreções de origem pedológica. (Vide concreções).
NúCLEO CENTRAL - parte do globo terrestre abaixo da esfera de pedra - litosfera.
Durante muito tempo pensaram alguns cientistas, que êsse núcleo fôsse constituído por
um fogo central, recebendo a denominação de pirosfera, e outros, de metais pesados -
barisfera ou metalisfera.
Atualmente, considera-se o núcleo central como composto pela pirosfera ( sima) e
barisfera ( nife) .
NUMULITICO - denominação dada ao Terciário inferior, ?.elo fato de ter sido neste
período que se verificou o maior desenvolvimento dos foramimferos do tipo . numulities.
"NUNATACK" - relêvo residual que subsistiu ao trabalho da erosão glaciária, surgindo
como um relêvo ilhado, à semelhança de um inselbergue, num inlandsis (vide) . No alto
do ressalto topográfico ilhado encontra-se gêlo, enquanto as suas encostas são, algumas
vêzes, os únicos afloramentos rochosos na região.

301
• .
(i

OBSEQOENTE (rio) - aquêle que corre perpendicular ao mergulho das camadas num
relêvo de cuesta. Desce da escarpa da cuesta para a depressão subseqüente. Os rios obse-
qüentes correm contrários aos rios conseqüentes . Geralmente são rios de curto percurso e
de forte declive.

OBSIDIANA - rocha da família dos riolitos conhecid.a, também, sob a denominação de


vidro dos vulcões. Sua côr é verde escura, algumas vêzes, tendendo ao negro; fratura con-
cloidal lisa e extremamente brilhante, como o vidro. Esta rocha não contém água na sua
composição, portanto, quando aquecida no tubo de ensaio a sêco, não desprende vapor
d'água; possui cêrca de 55 a 78% de sílica e, também, alumina, óxido de ferro e de cálcio .
A textura das rochas obsidianas é vítrea.

OCEANOGRAFIA - ciência que estuda os oceanos, em todos os seus aspecto~ como: a


forma, as propriedades físicas e químicas da água, os seus movimentos, a vida etc. Os dados
oceanográficos que interessam, particularmente, aos geomorfólogos são os que dizem respeito
às sondagens, natureza do material encontrado, os movimentos da água do mar e as suas
possibilidades no transporte de sedimentos, o poder erosivo nos litorais, etc.

OCOR~NCIA - modo como aparecem, ou como afloram os minerais e as rochas.


OCRE - argila cuja coloração é devida ao óxido de ferro hidratado ou anidro. Algumas
vêzes, êstes óxidos predominam de modo sensível na argila, constituindo uma lirrwnita ter-
rosa de coloração amarelada ou, e~tão, uma hematita terrosa de côr vermelha vtva.
Os ocres vermelhos e pardos estão geralmente associados com minérios de ferro ( he-
matita) . Com a tostação da pirita de ferro também se obtém ocre vermelho. Do ponto de
vista da geologia econômica devemos dizer que alguns ocres são suficientemente puros
para serem utilizados depois de uma simples dessecagem, seguida de uma trituração e
peneiragem. Outros, ao contrário, têm de ser cuidadosamente lavados e levigados.
Quanto à utilização do ocre, êle é empregado na fabricação de encerados, linóleos,
nas fábricas de papel para colorir a pasta, e na pintura de casas.

OLD RED SANDSTONE - arenito vermelho, característico do período devoniano da In-


glaterra.

óLEO MINERAL - denominação usada por certos autores para o petrôleo, em virtude
da análise do têrmo, o qual significa pertrae - pedra ou rocha e oleum - óleo. ( Fig.
n. 0 1 O) . Etimologicamente, portanto, petróleo significa 6leo de pedra (vide petr6leo) .
ÕLHO D'ÁGUA - designação dada aos locais onde se verifica o aparecimento de uma
fonte ou mina d'água. As áreas onde aparecem olhos d'água são, geralmente, planas e
brejosas.
OLIGISTO - vide hematita compacta.

302
Fig. n. 0 1O - Aspecto da paisagem monótona da Arábia S<Judita, vendo· se uma tôrre de perfuração
para extração do óleo mineral. Na foto acima vê·~e o " passado e o presente" ou melhor, as bases
econômicas da Arábia Saudita.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

303
OLIGOCENO - compreende os terrenos que se sobrepõem aos do Eoceno e que precedem
os do Mioceno, sendo o término dos terrenos chamados numulíticos (Cenozóica); significa
que contém poucas espécies atuais e sua duração foi curta, cêrca de uns 7 milhões de anos,
tendo começado há uns 25 milhões . Os terrenos dêsse período estão bem representados na
Alemanha.
No fim do oligoceno acentuou-se o levantamento dos Alpes, constituindo o primeiro
dos dois grandes paroxismos oro genéticos (o segundo se verificou no rnioceno) .
Na Mongólia (Ásia), encontrou-se urna fauna muito rica e relacionada, principal-
mente, com a americana, sobretudo no oligocerio inferior. Aí foi encontrado o maior rna-
müero terrestre, o Baluchiterium.
OLIGOCLASITA - feldspato do tipo plaglioclásio, intermediário na série de Tschermak,
entre a albita e a andesita, cuja fórmula é a seguinte: (NaCa) Ab0.2Si0, e a densi-
dade é 2,64. E:ste tipo de feldspato é comum nas rochas eruptivas.
OLIVINA - silicato de magnésio e ferro de côr verde que aparece sob a forma de cristais
ou de grãos nas rochas eruptivas e metamórficas. Pertence à família dos peridotos. Este
mineral tem a propriedade de riscar o vidro e não ser riscado por urna lâmina de aço.
A olivina é, por vêzes, um mineral essencial na caracterização macroscópica de certos
basaltos. Altera-se fàcilrnente, transformando-se em serpentinas (vide) . Os basaltos e rnelá-
firos que não contêm olivina são designados pelos geólogos franceses de - labradorito ou
p6rfiro labradorítico .
OMBREIRA - patamares que surgem nas encostas de vales escavados por glaciares.
OOLITICO - textura de rochas sedimentares, em cujas camadas aparece uma porção de
minúsculos grãos, semelhantes a ovos de peixe, reunidos por um cii:nento calcário ou ferru-
ginoso. Os oolitos calcários são típicos da região do Jura francês, tendo servido aos geó-
logos para denominar um dos níveis de terrenos do jurássico .
A textura semelhante a esta, mas do tamanho do grão de ervilha é denominada de
pisolítica (vide pisolito) .
OPALA - mineral amorfo, de aspecto vitroso ou resinoso. 1!: uma variedade de sílica hidra-
tada apresentando-se, muitas vêzes, com a textura botrioidal ou mamilonar.
A opala é solúvel com facilidade na potassa cáustica, a quente. A proporção de água
é variada, comumente entre 5 a 10%. Existem algumas variedades que podem conter
até 30%.
Entre as variedades de opalas, temos: opala nobre ou preciosa, muito procurada pelos
joalheiros; opala comum; opala de fogo; opala hidr6fana e opala f!.CÍSerita, que aparece
comumente próxima aos gêiseres .
ORDOVICIANO - período posterior ao Cambriano (Paleozóico inferior)," cujo nome foi
retirado da tribo Ordovices, que habitava o País de Gales, no tempo d11 dominação romana.
Sua duração é avaliada em 70 milhões de anos (tempo correspondente ao Siluriano e De-
voniano juntos) .
A vida no Ordoviciano é caracterizada pelo grande domínio da fauna marinha, maior
que no período precedente. Aparecem novas classes de invertebrados, constituindo os grapto-
litos, os fósseis mais característicos. A flora também continua, apenas, nos mares, represen-
tada pelas algas. Não há ainda vestígios da vida terrestre nesse período.
O clima é suave e uniforme, existindo fósseis semelhantes, desde o Ártico até as baixas
latitudes.
Verificaram-se nessa época as maiores transgressões marinhas, que cobriram quase todos
os Estados Unidos, Canadá e México.
Os terrenos do Ordoviciano no continente americano do norte foram perturbados no
fim do período com a revolução taconiana ou tacônica, acompanhada de intenso vulcanismo .
No Brasil, é m~ito hipotética a ocorrência de terrenos dêsse período. Não há nenhuma
prova cientüica da sua existência, pois, todo o continente estava emerso, não se verificando
transgressões marinhas.

304
ORGÂNICA (rocha) - aquela que provém do acúmulo de sêres biológicos, tanto do reino
animal como vegetal. As do primeiro tipo são chamadas zo6genas e as do segundo, fit6genas.
Os principais tipos de rochas orgânicas são as de natureza calcária e combustíveis minerais.
ORffiNTAÇÃO DE CAMADAS - é medida com a bússola (vide direção).
ORIGEM DE RELEVO - o conceito de relêvo tem grande significado para o geomorfólogo,
pois esta ciência dedica-se especialmente, a explicar as diferentes formas do rel~o.
O qbjeto da geomorfologia é o estudo dos tipos de relêvo segundo os processos desen-
volvidos. Têm-se formas de relêvo ligadas à estrutura geológica, ex.: as cuestas, frentes de
blocos falhados, etc., ou ainda ligadas ao sistema morfoclimático, ex.: pediplanos, peneplanos,
crioplands,· etc.
A crosta terrestre _sofre ações oriundas dos meios antagônicos: o end6geno (interno)
e o exógeno (externo) . As formas do relêvo representam o resultado da ação dêsses dois
grupos de fôrças antagônicas. Podemos então considerar· as formas do reMvo como resultantes
dos agentes geológicos internos e externos.
A crosta terrestre sólida não tem uma superfície plana - apresenta elevações, depressões,
superfícies onduladas, horizontais, etc.
As teorias são várias, e desde a mais remota antiguidade os filósofos gregos, tentararr:
a seu modo dar interpretação cabível na época, para explicar diferentes formas de relêvo.
Ainda até bem pouco tempo a teoria dos catastrofistas ou dos cataclismos era aceita como
a única capaz de explicar o aparecimento das grandes cordilheiras do globo, ou ainda, dos
grandes vaies como: Reno, Volga, etc. Outras teorias se sucederam como: contração, isostasia,
atualismo, ciclismo dos fenômenos orogenéticos, etc. ·
ORIGINAL (forma de relêvo) - diz-se em geomorfologia segundo o geógrafo Davis -
das formas novas que não derivaram de formas análogas, isto é, formas que se encontram
no início de sua evolução morfológica. Davis distinguiu as formas originais das formas iniciai.•.
pois, estas últimas existem no comêço de um ciclo de erosão, mas podem originar-se de
formas anteriores análogas.
ORIGINAL (rio) - o mesmo que rio conseqüente, segundo a classificação feita por Davis,
nos anos de 1889 e 1890. Os .tios dêsse tipo correm conforme ao declive da superfície do
terreno, correspondendo à direção do mergulho das camadas. ~ste tipo de rio se desenvolveu
antes dos subseqüentes.
Antes da sistematização feita por Davis, já em 1862, J. B. Jukes havia usado o têrrno
subseqüente, e outros autores como De La Noe e De Margerie haviam usado os têrrnos cursos
d'água originais, cursos d'água subordinados e cursos d'água de primeira e segunda ordem.
OROG~NESE - conjunto de fenômenos que no ciclo geol6gicp (vide) levam à formação
de TIUintanhas ou cadeias TIUintanhosas, produzidas principalmente pelo diastrofismo (dobra-
mentos, falhas, ou combinações dêstes). Geralmente se emprega, também, esta denominação
para as formações montanhosas originadas pela atividade vulcânica ou mesmo pela erosão.
As causas da orogênese são discutíveis existindo várias teorias que procuram explicá-la,
como a teoria das contrações, a teoria das migrações dos continentes e as teorias magmáticas.
A orogênese reflete os diversos aspectos das fôrças endógenas, porém, as formas de
relêvo dela resultantes estão sempre esculpidas pelos agentes exógenos.
Os estudos orogenéticos têm necessidade de serem apoiados pela tectônica e pela
estratigrafia. Somente com o auxílio dêstes dois ramos do conhecimento humano pode-se
compreender a origem, o desenvolvimento e a determinação da idade dos movimentos oroge-
néticos.
OROGENICO - vide movimento orogénico.
OROGRAFIA - estudo descritivo geral das montanhas. Na moderna geografia, ela está
inteiramente em desuso por causa do seu. caráter empírico e unicamente descritivo. Alguns
retrógrados ainda insistem em usar êste têrmo como sinônimo de geomorfologia. Analisando-
-se etiomologicamente o vocábulo "orografia", êle significa apenas o estudo das montanhas,
ao passo que a geomorfologia é o estudo genético evolutivo das diferentes formas do relêvo
como: planaltos, planícies, peneplanos, pediplanos, montanhas, depressões, etc.

305
ORTOCLASITA - o mesmo que ort6sío (vide).
ORTOCLINAL (rio) - o mesmo que rio subseqüente (vide).
ORTOGEOSSINCLINAL - o mesmo que geossinclinal típico, ou seja, aquêle onde o
orogenismo foi intenso dando um geoantíclinal.
ORTOGNAISSE - gnaisse produzido pela transformação de rochas eruptivas (vide gnaisse).
ORTOMETAMóRFICA - rocha metamórfica oriunda da transformação de uma rocha
eruptiva.
ORTóSIO ou ORTOCLASITA - feldspato potássico contendo às vêzes um pouco de sódio
cuja fórmula é a seguinte K AI Si" 0". O ortósio é o único dos feldspatos cuja cristalização
se dá no sistema monoclínico, pois, os demais cristalizam-se no sistema triclínico.
O ortósio apresenta, comumente, as macias de Carlsbad, de Baveno e de Manebach. As
principais variedades de ortósio são: sanidina e adulária. O ortósio é um mineral muito
comum nas rochas eruptivas.
ORTSTEIN - nome dado pelos alemães às crostas ferruginosas que aparecem a certa pro-
fundidade da superfície do solo. O mesmo que "hardpan" dos inglêses, ou ali6sio (vide)
dos franceses.
OSTREIRA - denominação usada por certos autores para os montes de conchas que surgem,
principalmente, na zona costeira. O mesmo que sambaqui (vide) .
OURO - metal precioso, muito difundido na natureza, principalmente, no estado nativo.
Seu símbolo é Au, pêso específico 19, dureza 2,5 a 3, côr amarela e brilho metálico. Surge
em várias partes do mundo em aluviões e rochas ígneas. Os depósitos mais produtivos são
os da União Sul-Africana, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Gana, Rodésia, México, Co-
lômbia, etc.
No Brasil o ouro se encontra em veios de quartzo ricos em piritas (S" Fe) e arsenopiritas
( S As F e) sendo mais importantes os que estão sendo explorados em Minas Gerais nas
minas de Morro Velho e Passagem.
No decorrer dos primeiros séculos da colonização do Brasil constituiu o ouro, o alvo
da cobiça pelas terras recém-descobertas. Graças a êle e, também, às pedras preciosas, como
os diamantes, várias áreas do interior foram devassadas - entradas e bandeiras - e povoadas.
. No século XVIII, o ouro foi o principal produto da economia brasileira, condicionando
o povoamento das Minas Gerais. (Fig. n.• 2 O). ll: preciso que se ponha em evidência que,
naquela época, a extração das pepitas de ouro, além de mais abundante, era mais fácil,
uma vez que a bateia era pródiga.
A produção aurífera atual do Brasil é muito pequena, o que influi sensivelmente na
economia geral do país e no bem-estar social da população.
Na produção do ouro, destaca-se o oriundo da garimpagem, isto é, da lavagem das
aluviões, e o oriundo da extração de filões profundos, ou ainda, os trabalhos de dragagem
industrial. Os dois últimos exigem instalação custosa, devendo-se acentuar que o teor do
metal ouro, não é grande, nos filões até agora explotados.
Presentemente, as minas auríferas de maior destaque são as de Morro Velho, Espírito
Santo e Rapôso, situadas nos municípios de Nova Lima e Sabará, em Minas Gerais, e de
propriedade da St. John dei Rey Gold Mining Company Limited, hoje da Mineração Nova-
Limense. Esta emprêsa produz a maior parte do ouro extraído do solo brasileiro.
Quanto à garimpagem, pode-se fazer, do ponto de vista da distribuição geográfica, as
seguintes referências: alto rio Branco (território do Roraima) ; vale do Oiapoque, serra
Lombarda, vale do Jari; (território do Amapá); vale do Gurupi, zona de Tucuruí (Pará),
interior da Bahia; Diamantina e Triângulo Mineiro (Minas Gerais); sul do Espírito Santo;
vale do Ribeira do Iguape, (São Paulo); Brusque (Santa Catarina), Lavras no Rio Grande
do Sul, e ainda, em Goiás e Mato Grosso.
A situação atual das aluviões auríferas é de baixa concentração de ouro; daí a pequena
produção.
Os dados estatísticos da produção aurífera do Brasil, do período df" 1835 a 1955 revelam
que o mínimo foi registrado em 1835 com uma produção de 77 045 g, tendo o máximo

306
ocorrido em 1944, com 5 174 937 g no valor de Cr$ 117 115 000. No ano de 1955, a produção
aurífera do Brasil alcançou, apenas, 3 408 826 g, no valor de Cr$ 290 671 000. Dêsses totais,
é preciso destacar que só o estado de Minas Gerais concorreu com 3 403 662 g, no valor
de Cr$ 290 195 000. Em 1964 o total foi de 4 432 toneladas, sendo oriundas de Minas Gerais
( 4 402 t) e Paraná ( 30 t), segundo o Anuário Estatístico do IBGE - A. 19o;,
OURO DE ALUVIÃO - diz-se dos pláceres auríferos que se encontram nos depósitos
aluviais. Resultam da destruição de b~as (vide), pelos agentes exógenos principalmente as
águas co"entes (vide).
"OURO DE GATO" - denominação popular dada à mica biotita d~scorada pelo processo
de baueritização (vide) .
OUTEIRO - denominação dada aos pequenos morros, cuja altitude média varia entre 50
e 100 metros. Têrmo descritivo usado pelos topógrafos, e aproveitado pelos geomorfólogos
ao narrarem os aspectos físicos de uma paisagem.
"OUVALA" - depressões bem maiores que as dolinas existentes em terrenos calcários, e
que lembram os "sotch", do Maciço Central Francês. E no Kart iugoslavo, onde se encontram
'lS mais típicas ouvalas.
Elas resultam da coalescência de várias dolinas dando uma depressão com a forma
de uma rosácea irregular. Também podemos dar esta denominação, quando há coalescência
de depressões alongadas, articuladas a um sistema de fendas.
"OVALE MEDITERRANIENNE" - corresponde à bacia de afundamento tect6nico (vide)
onde existe uma série de falhas cruzadas e, na parte central, apenas, aparecem algumas
poucas radiais.
OXIDAÇÃO - compreende-se como sendo qualquer mudança que sofra um mineral, uma
rocha ou, mesmo um solo, graças à adição do oxigênio ou seu equivalente químico.
óXIDO - diz-se das combinações do oxigênio com elementos electropositivos e dos com-
postos de metalóide e oxigênio, incapazes de se unirem com a água para dar origem a
ácidos.

307
"PAHOEHOE" - denominação regional do Havaí a um certo tipo de corrida de lava
cordada. (Vide aa).
PALEOBOTANICA ou PALEOFITOLOGIA - divisão da paleontologia que estuda os
1
vegetais fósseis.
PALEOCENO - período intercalado entre o cretáceo e eoceno - tem feições de cenozóico
e sua denominação foi criada por Cope. A sua duração foi de 5 milhões de anos, tendo
começado há uns . 60 milhões.
Os animais dêste período são bem mais primitivos que os do eoceno.
O clima se tomou mais frio que o do cretáceo, havendo abundância de coníferas nos
Estados Unidos (sequóias) e raras palmeiras.
Entre os mamíferos arcaicos há o Creodonta, correlacionado à hiena e, alguns arúmais
de casco, da ordem dos Amblipoda e Condylartra. Os fósseis quase não têm re1ação com a
fauna atual.
A existência do paleoceno é ainda problemática, em vários continentes, tendo sido
reconhecida na Europa e na América do Norte. No Brasil, possivelmente, a bacia de Itaboraí
possa ser relacionada ao paleoceno.
PALEOCLIMATOLOGIA ·- estudo dos climas existentes em eras passadas. :l;:ste tipo d'3
pesquisa é feito através dos fósseis animais e vegetais, das laterações de rochas, dos diferentes
depósito, da estratificação do material e da próprias formas de relêvo. É de grande
imj:?Ortância o estudo dos paleoclimas para explicar as formas atuais do relêvo. (Vide
paleoformas).
PALEOFITOLOGIA- o mesmo que paleobotânica (vide).
PALEOFORMA - diz-se das formas de relêvo desarmônicas existentes dentro de um
sistema morfoclimático diferente do atual. Exemplo: inselbergues dentro da área do sistema
morfoclimático equatorial; crostas de canga capeando ''mesas" em áreas de clima temperado
etc.
PALEOG:I;:NESE - denominação dada às rochas que sofreram uma verdadeira refusão.
PALEOG:I;:NEO - denominação dada a dois períodos do Terciário. Vide Cenoz6ica (era) :
PALEOGEOGRAFIA - ramo da geologia histórica que se ocupa com· o estudo da distri-
buição das terras e mares "nas diferentes eras geológicas. A paleogeografia dos terrenos
arqueanos é quase tôda hipotética, baseada em reduzido número · de observações.
O aspecto que possui hoje a crosta emersa, bem como os seus contornos têm variado
com o decorrer da história física da Terra. A paleogeografia tem por fim estudar essas
diversas transformações e dar as modificações que afetaram essa distribuição dos diferentes
blocos continentais. Alguns autores a definem como sendo a geografia física das épocas anti~as
da superfície do globo. A paleogeografia é, portanto a reconstituição, em cada época geoló-
gica, da distribuição das terras e dos mares. Em cada época geológica, esboça · o relêvo

308
continental existente, o sentido da drenagem, os arcos insulares, as fossas submarinas e,
também, a posição relativa dos pólos.
O estudo dQs continentes, em eras passadas, é o objeto da paleogeografia. Cabe a ela,
baseada nos dados fornecidos pela geologia, especialmente a geologia histórica, formular
hipóteses e procurar demonstrar as distribuições das terras e dos mares nos diversos períodos
geológicos, bem como as formas de relêvo existentes. Dêsse modo, a geomorfologia tem
como campo de estudo as formas atuais de relêvo, enquanto a paleogeografia estuda as
formas pretéritas. Ela tenta reconstituir a vida da Terra no decorrer das idades geológicas,
o que significa dizer, que estuda a configuração geral dos continentes e suas transformações.
Até certo ponto, pode-se dizer que a paleogeografia é uma paleogeomorfologia, como afirma
Francis Ruellan, ou ainda, segundo De Martonne, uma, geografia antiga, uma vez que con-
sidera a extensão das terras e dos mares, das planícies, das montanhas e até dos climas.
Na reconstituição das formas passadas, a paleobotânica, a paleozoologia e a estratigrafia
fornecem elementQs preciosos ao paleogeógrafo. Levando em consideração êstes fatos, Ruellan
dividiu a geomorfologia (vide Geomorfologia) em descritiva e evolutiva. Para êste autor,
a geomorfologia evolutiva compreende uma parte pretérita (que seria a paleogeografia) e
uma parte atual, que representa o resultado da evolução havida.
A paleogeografia ao traçar as suas cartas tem que utilizar fatos isolados e observados,
pois a interpretação só é possível a partir dêsses dados. Dêsse modo, as hipóteses têm
grande acolhida nesta ciência, sendo os estudos tanto mais hipotéticos, quanto mais antigo
fôr o período. Assim a paleogeografia dos terrenos arqueanos é como já acentuamos quase
tôda hipotética, e baseada em reduzido número de observações.
É importante ressaltar que absolotamente não se pode considerar a paleogeografia como
sinônimo de geografia histórica, pois, esta trata das mudanças da paisagem geográfica, após
o paleolítico, e que se efetuaram sob a influência dos grupos humanos. Para S. V. Kalesnik,
a paleogeografia é o terceiro ramo da geografia física:
1 - geografia física geral, 2 - geografia regional; 3 - paleogeografia. Esta última se
ocupa especialmente da história do desenvolvimento do landschaft - esfera ( paleogeografia
geral) e as paisagens geográficas tomadas separadamente (paleogeografia regional) em todo
decorrer de sua existência.
PALEOGEOMORFOLOGIA - parte da geomorfologia q_ue estuda as formas de relêvo no
decorrer da história física da Terra (vide paleogeografia).
PALEOLíTICO - período da pré-história em que a homem se utilizava da pedra lascada
(vide).
PALEONTOLOGIA - ciência que estuda os sêres vivos que existiram nos diferentes pe-
ríodos da história física da Terra . Pode-se dividi-la da seguinte maneira: Paleozoologia,
estuda os sêres animais fósseis. 2 - Paleobotdnica ou Paleofitologia, estuda os sêres vegetais
que apareceram na superfície do globo . Esta ciência é uma auxiliar muito importante da Geo-
-história. Graças a ela, pode-se datar com segurança a idade das diferentes camadas da
crosta terrestre; as mais antigas se encontram, normalmente, sob as mais recentes.
Graças à paleontologia, os geólogos puderam definir e caracterizar os andares da coluna
geológica. A determinação da idade dos terrenos só pode ser feita com segurança quando
baseada em dados fornecidos pela paleontologia.
PALEOPLANO - antigas superfícies aplainadas, isto é, peneplanos (vide) soerguidos. As
altas superfícies de aplainamento do "Planalto" Atlântico do Brasil Sudeste são consideradas
por Ab'Sáber como paleoplanos.
PALEOZóiCA (era) - também denominada era primária, compreende a história física do
globo terrestre decorrida entre o proterozóico e o mesozóico. É dividida, comumente, nos
seguintes períodos:
permiano
Paleozóico superior { carbonífero
devoniano
siluriano
Paleozóico inferior { ordoviciano
cambriano

309
Os nomes dêsses períodos foram quase todos retirados dos lugares onde pela primeira
vez foram seus terrenos estudados, ou das tribos que aí habitavam. Assim temos: tribos dos
Ordovices e Silures, do País de Gales; Câmbria e Devon, localidades da Grã-Bretanha; Perm,
aldeia da Rússia. Os terrenos dos dois últimos períodos do paleozóico superior são geralmente
denominados pennocarboníferos ou antracolíticos.
A era paleozóica durou cêrca de 340 milhões de anos, sendo caracterizada pela existência
de um clima quente, úmido, pouco diferenciado, desde a zona dos pólos até o equador e,
sàn estações. No permiano e no cambriano, todavia, se verificaram duas glaciações. Do ponto
de··,~ista da vida, caracteriza-se pelo domínio dos trilobitas e graptolitos. Quanto à cobertura
vegetal, só começou a desenvolver-se no devoniano, culminando mais tarde, no carbonífero,
com o desenvolvimento abundante de uma flora de calainitas, sigilárias, lepidodendros e
grande abundância de fetos arborescentes.
As principais revoluções orogênicas dessa era são as seguintes: penoquiana - no
cambriano; taconiana - no ordoviciano; caledoniana - no fim do siluriano; acadiana - no
fim do devoniano e herciniana - no carbonífero.
PALEOZOOLOGIA - divisão da paleontologia (vide) que se ocupa do estudo dos animais
fósseis.
PANGÉIA - grande bloco de terra emersa que, no dizer de A. Wegener, constituía o único
continente que existia até o período cretáceo.
P ANIDIOMóRFICO ou ALOTRIOMóRFICO - o mesmo que textura sacaroidal ou aplitica.
(Vide textura).
PANTALASSA - denominação dada por Suess para o grande mar universal, isto é, a camada
liquida ou hidrosfera, que atualmente constitui 71% da superfície do globo terrestre.
PANTANAL - denominação dada a uma unidade geomorfológica do estado de Mato
Grosso. Abrange esta unidade uma área de 388.995 km•, ou seja, 31% da área do estado
( Figs. ns. 2B e 3B ) . Geomorfologicamente o Pantanal pode ser definido por uma extensa
planície de sedimentos holocênicos, onde se encontram alguns blocos falhados ex.: maciço
do Urucum. A bacia sedimentar do Pantanal é uma área de afundamento tectônico. Vide
baixa.CÚJ.
PÂNTANO - terreno plano, constituindo baixadas inundadas, junto aos rios.
"PÃO-DE-AÇúCAR" - denominação regional brasileira, usada para os cumes arredondados
e bastante abruptos, como se pode observar no Rio de Janeiro, (Fig. n. 0 lP) e no Espírito
Santo. Neste último estado, costuma-se, também, chamar esta forma de · relêvo de "pontão".
PARACLASE - o mesmo que falha (vide).
PARAGNAISSE - gnaisse oriundo do metamorfismo de sedimentos, constituindo assim uma
rocha do tipo cristalofiliana. Pode-se, também, chamar o paragnaisse de gnaisse sedimentar.

Fig. n . o 1 P - O Pão de Açúcar, crande elevação páissica de 390 m de altitude, localizado à entrada
da Bala de Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)
Na prática é muito difícil distinguir um gnaisse desse tipo de um ortognaisse, isto é, de
origem eruptiva (vide gnaisse).
PARAGONITA - variedade sódica de mica, de coloração esbranquiçada ou prateada. A
paragonita muito se assemelha à moscovita, porém, nela o potássio é substituído pelo sódio.
PARALOMETRIA - estudo da articulação do litoral, ou seja, a relação entre a costa real
e a costa envolvente com a extensão da frente costeira e a superfície continental correspon-
dente. Esta noção é de especial valor, para a geografia comparada de zonas costeiras.
PARAMETAMóRFICA - rocha metamórfica oriunda da transformação de uma rocha sedi-
mentar.
PARCEL - têrmo descritivo usado por alguns autores ao considerarem as áreas costeiras
onde existem obstáculos como: baixio (vide), escolho (vide), recife (vide), ou mesmo
restinga (vide) . Ex.: parcel dos Abrolhos, no acidente citado é o mesmo que arquipélago.
No parcel das Paredes os chapeirões apresentam-se estreitamente unidos, formando
imenso recife, que se mostra um pouco acima da tona nas marés baixas. Sua parte nordeste
recebe o nome de recife do Lixo, apresentando sua superfície certa uniformidade de altura
e coberta em tôda sua extensão de areia calcária. Para o sul o resto do parcel é formado por
dois outros recifes: o de Leste e o da Pedra Grande.
Ao sul do parcel das Paredes há outras áreas onde se verifica a presença de recifes em
grandes extensões. Um dêles é o Coroa Vermelha, transformado em ilha pelas areias que
se amontoam no centro.
PAROXISMO - período de maior aceleração das atividades vulcânicas, sísmicas, tectônicas,
etc. O paroxismo corresponde a uma aceleração violenta dessas atividades geológicas.
PATAMAR CONTINENTAL - denominação usada por certos autores como sinônimo de
plataforma continental (vide) . ·
PATAMAR DE VERTENTE - corresponde a uma superfície plana que interrompe a conti-
nuidade do declive de uma vertente. 1l:stes patamares ou replat (dos franceses) podem ser
motivados por uma retomada de erosão, sendo neste caso considerados como terraços, ou
ainda, devidos à estrutura, daí a denominação de patamar estrutural. Nos vales glaciários,
denomina-se de ombreiras a êstes patamares escavados pelas geleiras.
PATAMAR ESTRUTURAL - vide patamar de vertente.
PATINA -coloração produzida pela ação do tempO (meteorização) nas superfícies expostas
ao ar livre. A pátina, por conseguinte, nada mais é do que a gradual transformação das
superfícies expostas, pelo efeito da oxidação.
PEDALFER - têrmo introduzido por Marbut para os solos onde há acumulação de ferro
e alumínio, após lixiviação da cal. 1l:ste tipo de solo aparece com grande freqüência nas
regiões tropicais.
PEDESTAL - o mesmo que embasamento (vide).
PEDIMENTAÇÃO - diz-se das superfícies aplainadas por um sistema de erosão devido a
um clima árido quente ou semi-árido - coalescência de pedimentos (vide). (Figura n. 0 2P).
PEDIMENTO - formação que
aparece nos países de clima árido
quente ou semi-árido, cujo ma-
terial é trazido pelos rios que
fazem um lençol à semelhança de
um grande leque, logo à saída da
montanha. Todavia esta zona de
lençol de detritos será aplainada
e constituirá o chamado "glacis
d' erosion". 1l:sse material será as-
sim transportado mais para baixo,
dando origem a uma planície de Fig. n. 2P - Na zona A é o domínio da erosão vertical; zona
0
aluviões chamada de "baiada" ou B da erosão lateral (~:la eis de erosão - vide) e zona C de
de "glacis de- sedimentation". acumulação (~:la eis de sedimentação).

311
Nessas planícies de "bafadas" podemos encontrar depressões onde se acumulam águas de
caráter permanente ou temporário, as quais são denominadas de "playas".
Os aplainamentos atuais de maior extensão e mais nítidos caracterizam as regiões de
clima semi-árido.
PEDIPLANAÇÃO - é o processo mais eficaz de aplainamento de superfícies extensas do
globo terrestre, submetidas a clima árido quente ou semi-árido. Tricart e Cailleux afirmam
que a pediplanação é seguramente a única capaz de elaborar tão extensas e tão planas super-
fícies.
Os aplainamentos estão-se tornando cada vez menos extensos e menos perfeitos, passan-
do-se, progressivamente, dos pediplanos aos replats, mais ou menos ' vagos.
PEDIPLANO - denominação proposta por L. C. King para as planuras formadas pelas
justaposições de "glacis". ( Fig. n. u 3P) O pedi plano é urna superfície inclinada, formada
pela coalescência de pedimentos (vide). Nos pediplanos ou nos pedimentos podem-se encon-
trar relevos residuais, isto é, os inselbergues (vide).
As áreas desérticas atuais sofreram no decorrer da história física da Terra várias flutua-
ções climáticas. De modo que, ao lado de formas ligadas ao sistema morfoclimático árido
quente - seriam formas atuais ou harmônicas -, encontramos formas desarmônicas ou
fósseis, isto é, ligadas a outros sistemas, que não o atual. Como exemplo de formas desar-
mônicas podemos citar as formas cársti.cas do Saara, e os grandes vales fluviais; hoje êstes
estão transformados em uedes.

Fig. n. 0 3P - Pediplano, vendo-se: K - Imick, G - glacjs d'erosion (pedimento), R - raiía, I -


inselbergue, B - bajada ou playa e S ~ sebkra.

Os pediplanos são grandes superfícies de erosão modeladas nos climas áridos quentes
e semi-áridos, não devendo ser confundidos com as peneplanícies (vide) de Davis.
PEDIPLANO INTERMONTANO - superfície aplainada pelo sistema erosivo de climas
semi-áridos ou mesmo áridos quentes, que se localiza entre trechos montanhosos. Segundo
Ab'Sáber, os campos do alto rio Branco são típicos pediplanos intermontanos, localizando-se
entre as serras Ocidentais e Orientais, oo Planalto das Guianas.
PEDOCAL - têrmo introduzido por Marbut, para os solos calcários, onde não há acúmulo
de ferro e alumínio (vide pedalfer). Formam-se em regiões cuja precipitação não seja
abundante. As grandes regiões agrícolas do mundo estão em solos da classe dos pedocálcios.
PEDOGENÉTICO (processo) - diz-se dos processos que dão origem à formação dos solos
e sua evolução.
PEDOLOGIA - ciência que estuda a origem e o desenvolvimento dos solos. Seu campo
de estudo vai desde a superfície do solo até a rocha decomposta. As investigações pedoló-
gicas são de grande valor para o agrogeógrafo, o geomorfólogo e o geólogo. E, de não
menos importância para a ciência dos solos, são também as pesquisas feitas por estas duas
ciências.
Os primeiros estudos sistemáticos referentes· à pedologia foram iniciados pelos russos,
por causa de suas preocupa.ções agrícolas.
PEDRA - denominação genérica usada para qualquer pedaço de rocha (vide).

312
PEDRA-DA-LUA - vide adulária.
PEDRA-DAS-AMAZONAS - o mesmo que amazonita (vide).
PEDRA DE AMOLAR - denominação usada para os quartzitos e arenitos duros os quais
podem ser utilizados para amolar objetos cortantes. Nas viagens de exploração pelo interior
do Brasil as indicações dos habitantes da região no que diz respeito à existência de pedras
de amolar, bem como de pedras para caieiras, fornecem dados sôbre a ocorrência de
quartzito ou arenito e de calcário.
Qualquer pedra que possua camadas duras como a do quartzito pode ser utilizada
como pedra de amolar.
PEDRA DE AREIA - denominação dada ao depósito de grãos de quartzo (areia) cimen-
tados ou aglutinados. O mesmo que arenito (vide).
PEDRA-DE-GALHO - denominação dada pelos canteiros ao gnaisse lenticular. Rocha muito
comum na cidade do Rio de Janeiro, cuja aplicação é grande nos trabalhos de cantaria.
PEDRA DE GõTA - denominação dada aos depósitos de calcita, dentro das grutas,
correspondentes, geralmente, às estalactites (vide) e às estalagmites (vide). Dada a variedade
de condições sob as quais a depositação se faz, as pedms de goteiras são também diversifi-
cadas em suas formas.
PEDRA DE GOTEIRA - o mesmo que pedra de gôta (vide).
PEDRA-FERRO - denominação usada pelos caboclos, no estado de São Paulo, para o
diabásio.
PEDRA-íMÃ - vide magnetita.
PEDRA LASCADA - pedaços de rocha grosseiramente quebrados, que serviam aos homens
do período paleolítico, como armas. :ll:sse período é mesmo conhecido como o da Pedro
Lascada; em oposição ao período posterior, em que os grupos humanos embora se utilizassem
das pedras, todavia, davam-lhes polimento. :ll:ste período do neolítico é chamado da Pedro
Polida.

Fig. n. 0 4P - Pedaços de "pedra sabão", utilizadlos na fabricQ!ão de panelas, potes, cinzeiros, estatuetas,
etc. Há em Congonhas, Minas Gerais, uma verdadt.ira indúotria baseada nesta rocha.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)
PEDRA LITOGRÁFICA - variedade de calcário com muito poucas impurezas de grã-fina,
relativamente poroso e com certa porcentagem de sílica, que lhe empresta um pouco de
dureza. Era utilizada para impressão, antes de surgir o processo off-set.
PEDRA POLIDA - período do neolítico, no qual o homem se utilizava da pedra, dando-lhe
polimento (vide pedra lascada).
PEDRA-POMES - o mesmo que pomito (vide).
PEDRA PRECIOSA - diz-se das substâncias minerais que, por qualidades diversas, podem
ser transformadas em jóias, ornamentos e objetos de arte. As pedras preciosas são bastante
duras, não se deixando riscar por uma ponta de aço, sendo transparentes, ou pelo menos,
translúcidas. Podem ter côres e nuances diversas. Dentre as gemas preciosas podemos citar:
zirconita, diamante, safira branca, topázio branco, turmalina, água marinha, etc.
As pedras preciosas constituem um importante capítulo da geologia econômica. O ciclo
da mineração no século XVIII teve grande importância no desbravamento e ocupação do
solo brasileiro.
PEDRA PRETA - denominação dada aos lateritos (vide) pelos habitantes da ilha de
Marajó e no leste paraense.
PEDRA-SABÃO - rocha de coloração esverdeada, untuosa ao tato, sendo uma variedade
compacta de talco, encontrada nos xistos cristalinos (Figs. ns. 4P, 5P e 6P) (vide esteatita).
PEDREIRA - jazida de onde se extraem pedras para as construções. Nas pedreiras do
estado da Guanabara se exploram, na quase totalidade, rochas do embasamento cristalino,
granito e gnaisses, principalmente.
PEGMATITO - rocha, geralmente filonar, intrusiva, da mesma composição do granito. A
cristalização dos minerais nos pegmatitos se faz em grandes cristais, superiores a 15 milímetros,
por vêzes. Nos pegmatitos se verifica, geralmente, o aparecimento de minerais de grande
valor econômico. As fotografias aéreas estão fadadas a prestar grandes serviços à humanidade

Fig. n. • SP - Na cidade de Congonhas, em Minas Gerais, encontra-se o Santu,rio do Senhor Bom


Jesus, que possui a mais bela coleção escultural do Estado, os 12 profetas, trabalho em pedra·sabão,
ie autoria do famoso Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
• (Foto Esso Brasileira de Petróleo)
Fig. n. • 6P - A foto mostra com mais nitidez um dos profetas, podendo·se observar a perfeição da
obra do &rande mestre da arte brasileira.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

315
no que tange à pesquisa mineral nos pegmatitos. l!:les podem ser assim cartografados, deter-
minando-se a sua possança, sua direção e seus limites.
Os pegrnatitos são freqüentes em granitos e sienitos, porém, podem cortar outros tipos
de rochas. O têrmo pegrnatito, sem outro qualificativo, indica urna rocha de caráter granítico,
na qual aparecem cristais de grandes dimensões, constituindo o antônimo de aplito.
Do ponto de vista da geologia econômica devemos destacar a produção de colurnbita,
berílio e tântalo, que são extraídos dos pegmatitos que formam o "altos" da Borborerna.
A explora.ção dos pegrnatitos portadores de berílio, tântalo, colurnbita, cassiterita, quartzo
e mica, foi muita ativa no período da segunda Grande Guerra, dando ensejo à exploração
de perto de quatrocentas jazidas dêsse minério.
Atualmente a produção é pequena e ainda está no domínio da garimpagem. Os minerais
dêle extraídos são aplicados em especialidades metalúrgicas e sua ocorrência no mundo é
muito restrita.
O Brasil se apresenta corno maior produtor e a maior parte de sua produção foi
destinada aos Estados Unidos, França, Alemanha e Itália.
PELÃGICO (depósito marinho) - formado em grandes profundidades oceânicas e, conse-
qüentemente, a grande distância das bordas continentais. l!:sses depósitos são constituídos de
argilas finas e carapaças de organismos que foram transportadas pelas correntes marinhas,
pelos inselbergues, etc.
Os depósitos pelágicqs são constituídos de material muito fino que forra o grande
fundo dos oceanos. l!:stes depósitos são constituídos, como já dissemos, de detritos orgânicos,
e onde êstes faltam ou se tomam mais raros, estende-se uma fina película de argila com
partícula de óxido de ferro e de manganês, ex.: argila vermelha dos . grandes fundos oceânicos.
Os sedimentos pelágicos se encontram nas seguintes zonas marinhas - batial ou hípoa-
bissal e abissal (vide).
PELITO - rocha criptoclástica formada de materiais muito finos, os quais podem, também,
apresentar-se consolidados ex.: vasa, argilito, etc.
PENDA-LIMITE - denominação dada por A. Surrell ao perfil de equilíbrio dos rios (vide).
PENDOR - vide mergulho.
PENEDIA - o mesmo que falésia (vide), ou ainda lugar cheio de penedos (vide) .
PENEDO - nome regional dado aos penhascos ou pontões constituídos pelo afloramento
de rocha nua. O barão de Capanerna usou êste têrmo na acepção geológica de afloramento
de rochas duras, corno o granito, gnaisse, etc.
O penedo é, portanto, o afloramento de um pontão de rocha saliente nas encostas, no
alto de um morro, ou ainda, nos mares, no leito dos rios, lagos, geralmente de difícil acesso
ou acostagem. ( Fig. n. 0 7P).
PENELAGO - o mesmo que lago re-
sidual ou litorâneo, isto é bacias lacus·
tres que se individualizaram graças a
um dos seguintes fatôres: regressão ma-
rinha, emersão da linha da costa, ou
ainda, pelo depósito de sedimentos na
forma ·de bancos de areia, cordões li-
tor-âneos e deltas fluviais. As águas
acumuladas na bacia lacustre, assim for-
mada. vão-se dessalgando e tomam-se,
por fim, lagos de água doce, o ·que se
convencionou, então, chamar lagos re-
siduais ou relíquia.
PENEPLAÇÃO ou PENEPLANIZA·
ÇÃO - conjunto de processos ou siste- Fi&. n. 0 7P A pirâmide do bairro do Grajaú,
ma de erosão que degrada, ou melhor modelada pela esfoliação do gnaisse. Note-se a
semelhança com o Pão de Açúcar da entrada
regulariza, as asperezas de urna super- da Guanabara.
fície topográfica. (Des . de S. F. Abreu)

316
No trabalho ralizado pela erosão, as rochas duras ficam em relêvo, e nas rochas tenras
tem-se as partes mais deprimidas, com a implantação dos talvegues. Nas superfícies de
aplainamento encuntramos pequenas bossas ou elevações de rochas mais resistentes que consti-
tuem o que Davis chamou de monadnocks. Algumas vêzes, estas elevações não coincidem
com as rochas duras, existindo em função de sua localização, por exemplo, em zonas de
cristais. Neste último caso os alemães chamam a estas elevações, acima da superfície de
aplainamento, de fernling. E, quando coincide com rochas duras é o hartling.
PENEPLAINAÇÃO - diz-se do aplainamento de um peneplano, não se devendo confundir
com a peneplanização, isto é, a evolução normal dos processos de erosão que tendem à
construção de um peneplano (vide).
PENEPLANtCIE - o mesmo que peneplano (vide).
PENEPLANIZAÇÃO - o mesmo que peneplanação (vide).
PENEPLANO - superfície plana ou levemente ondulada, resultante de um ciclo geomor-
fológico, cujo trabalho se realizou até a extrema senilidade. O peneplano ou peneplanície
aparece, por conseguinte, como uma forma topográfica de equilíbrio entre a estrutura, a
natureza da rocha e a erosão. A superfície topográfica de um peneplano não implica em que
êle seja inteiramente plano, porém, a ondulação de que é possuidora se resume, no seu
conjunto, a pequenos bosselamentos que, algumas vêzes, correspondem a "testemunhos". O
peneplano é, pràticamente, uma superfície senil e possui uma estrutura na qual o trabalho
modelador da erosão foi o de arrasamento.
O têrmo peneplanície vem do inglês peneplain, e foi criado pelo geógrafo americano
W. M. Davis. Corresponde a peneplanície dos geólogos a uma superftcie de erosão, ou melhor,
superfície de aplainamento dos geógrafos. A superfície de erosão é utilizada pelos geógrafos,
num sentido amplo, englobando: superfície de erosão aplainada e superfície de erosão ondu-
lada .
Na França, o general De La Noe e Emmanuel De Margerie, no trabalho intitulado
Les Formes du Terrain (Paris - 1888) haviam proposto o têrmo de superfície de base.
A topografia seria ~ensivelmente aplainada e evoluiria para uma superfície limite, apoiada
sôbre os perfis de equilíbrio e esta superfície, inclinada para o nível de base, com pequenas
ondulações correspondentes aos vales, que se afundam na planície aluvial.
Douglas Johnson criticou o têrmo peneplain - peneplanície - preferindo peneplane
- peneplano - pois, no primeiro caso indica erradamente relêvo de acumulação, e no segun-
do, relêvo aplainado. Os peneplanos correspondem ao último têrmo da erosão e podem
ser confundidos com as planícies. Daí, a necessidade de estudar a natureza e a estrutura do
material que constitui a superfície topográfica sub-horizontal que se esteja considerando.
A planície é um relêvo de acumulação, enquanto o peneplano é um relêvo resultante
essencialmente da erosão. E a superfíd e sub-horizontal do peneplano corta indistintamente
rochas tenras e duras, com estruturas diversas, nivelando-as indistintamente. Por conseguinte,
trata-se de duas formas de relêvo, cuja origem e evolução são completamente diferentes,
porém, de topografia final semelhantes.
O peneplano ou superfície de aplainamento compreende uma superfície de erosão que
corta estruturas diversas, possuindo formas fracamente onduladas e planas.
No dizer de Rui Osório de Freitas - "o peneplano, fisiogràficamente, aparece como
uma forma topográfica de equihbrio entre a estrutura, a natureza e a erosão, porém, franca-
mente d~, desequilíbrio isostático por ter-se tomado uma área leve de um éompartimento
da crosta .
No tocante ao problema da origem dos peneplanos podemos sintetizar da seguinte
maneira:
I - O conceito mais antigo é o de Ramsay que em 1846, "observando a altura uniforme
dos cimos da região meridional do País de Gales, admitiu serem êles remanescentes de um
antigo plaino, hoje profundamente entalhado pela erosão". Segundo êste geólogo inglês, a
formação dêstes plainos era devida à erosão marinha, constituindo antigas plataformas de
abrasão marinha. .
2 - O conceito de Von Richthofen é bastante semelhante ao de Ramsay . . Todavia êste
autor estudando os maciços hercinianos da Europa e as montanhas existentes na Ásia,
combina o trabalho de abrasão marinha com um desabamento tectônico lento das terras.

317
3 - Conceito de Powell - Ao estudar o efeito das águas correntes sôbre as rochas
que afloram na superfície do globo, procurou êste autor demonstrar que, por mais que
seja a resist~nci,a. oferecida pelas rochas, a ação continuada dos agentes destruidores acaba
reduzindo a um plaino situado proximamente ao nível do mar.
4 - Conceito de Davis - Peneplanície é uma superfície levemente ondulada, resultante
da degradação provocada por um ciclo geomórfico normal que se tenha desenvolvido até a
extrema senilidade.
Davis definiq a peneplanicie como uma superfície ondulada que corta uma estrutura,
geralmente dobrada, que se desenvolve em relação a um nível de base geral. Por conseguinte,
se desenvolve, em função de uma rêde hidrográfica exorreica.
O trabalho dos agentes exógenos é exaltado, principalmente, através da ero$ãO fluvial.
];: pelos rios que vai ser evacuado todo material do leito fluvial e, também, das próprias
vertentes. Em outros têrmos, podemos dizer que todo ciclo de erosão vai funcionar segundo
!l erosão fluvial.
5 - Conceito de D. W. Johnson - Os plainos continentais, mesmo os mais extensos,
podem formar-se pelo trabalho da erosão maríliha, não sendo necessário fazer intervir conco-
mitantemente desabamentos, nem movimentos positivos do nível do mar, como havia feito
Ramsay, em 1846.
6 - .A. De Lapparent estudando os peneplanos da Europa pôs em evidência um argu-
mento geológico muito importante, provando que tais superfícies de antigas montanhas
niveladas estavam quase sempre recobertas por uma camada de depósito continental. E,
sôbre êste depósito repousavam, então, as camadas devidas à invasão marinha. Por conseguinte
o modelado de tais superfícies de aplainamento, no dizer de A. De Lapparent, só poderia
ter sido feito pela erosão normal.
Explicação dos peneplanos pelo Prof. F. Ruellan.

Classificação das superfícies de aplainamento quanto à extensão:


As superfícies de aplainamento podem ter extensões muito variadas; de modo gera~ ,
podemos classificá-las em:
1 - Superfície de aplainamento local
2 - Superfície de aplainamento regiona1
3 - Superfície de aplainamento geral
4 - Superfície de aplainamento continental
5 - Superfície de aplainamento intercontinental.

Denominações impr6prias para os peneplanos:


1 - Peneplano embrionário
2 - Peneplano em nascimento
3 - Peneplano parcial

Peneplanos soerguidos em planaltos


A confusão dos peneplanos elevados com os planaltos advém do fato de os autores se
prenderem à superfície topográfica, sem considerar a estrutura geológica. Nos planaltos, a
topografia sub-horizontal deve corresponder a idêntica estrutura. Se tivermos, no entanto,
uma topografia sub-horizontal, porém, uma estrutura geológica complicada, com falhas e
dobras niveladas, em altitude relativamente elevada, concluímos evidentemente que se trata
de um peneplano soerguido. Como exemplos dêsse tipo de peneplano, podemos citar a Ardena
(Bélgica), os planaltos do leste africano, o planalto de Kibaras, no Katanga.
No estudo dos plainos elevados deve-se considerar ainda o caso complexo das platafor-
mas estruturais ou superfícies estruturais que muitas vêzes podem ser confundidas com
peneplanos. E isto é tanto mais fácil, quando há um trabalho um pouco mais intenso da
erosão entalhando vales e dando aparecimento a ondulações suaves. Nestas circunstâncias
tem-se uma superfície de erosão levemente ondulada e não um peneplano ou superfície de
erosão aplainada.

318
No estado da Guanabara a parte montanhosa, constituída de rochas do embasamento,
está cortada por uma superfície de erosão soerguida, e não pode ser confundida com uma
supedície estrutural.
O Nordeste brasileiro foi dado por Pierre Denis como um grande peneplano. Hoje,
porém, sabemos que na realidade o que encontramos no Nordeste são vários níveis de
pediplano, e não como pensa o grande geógrafo francês.
A região do noroeste da França - Bretanha - é uma das regiões mais típicas de pene-
plano, citada pelos geomorfólogos.
Em recentes estudos sôbre a tectônica do relêvo brasileiro Rui Osório de Freitas teve
oportunidade de mostrar a existência de relevos policíclicos em áreas consideradas estáveis
como era o caso dos escudos cristalinos brasileiros provando geologicamente a movimentação
dessas áreas peneplanizadas por compensação isostática.
O peneplano é, por conseguinte, o estado final do trabalho de arrasamento feito pelos
agentes erosivos e representa uma superfície na qual existe já certo equilíbrio nas diferentes
formas de relêvo e no perfil dos rios .
PE:!IiESSlSMICOS - denominação dada às áreas onde os fenômenos sísmicos se fazem
·sentir com certa freqüência, porém não apresentam o mesmo aspecto desastroso, como nas
áreas sísmicas.
PENHA ou PENHASCO - grande massa de rocha saliente, formando um monólito isolado,
na encosta ou no dorso de uma serra.
PENHASCO - penha elevada e pontiaguda.
PENíNSULA - ponta de terra emersa cercada de água por todos os lados, excetuando-se
apenas um dêles, pelo qual se liga ao continente. Apresentam extensões muito variadas, e
o critério usado para se considerar uma península é, por vêzes, confuso. Assim, a Europa
pode ser considerl!da como uma grande península do continente asiático.
As massas de terras emersas que formam as penínsulas podem ser constituídas de
partes integrantes do continente ou então de fragmentos independentes que se ligaram poS'-4
teriormente à sua formação. Os problemas ligados à gênese e à evolução das massas de
rocha que constituem as penínsulas interessam mais diretamente aos geólogos e aos geomor-
fólogos, sendo que aos primeiros interessa a natureza das rochas, e aos segundos a gênese
do relêvo e a sua evolução.
Na Europa temos bons exemplos de penínsulas como: Escandinava, Ibérica, Itálica,
Balcânica, etc. No continente africano, no extremo oeste da costa, tem-se a peninsula do
Cabo Verde, a qual foi ligada ao continente por flechas de areia, constituindo atualmente
uma península típica. Nos outros continentes também existem várias penínsulas. Por conse-
guinte, uma península é uma porção de terra de forma mais ou· menos alongada, e cercada
de água por todos os lados, excetuando um que está em ligaçã() com o continente.
PENSILVANIANO - período da coluna geológica regional norte-americana, que até bem
pouco tempo era considerado como u' a divisão do Carbonífero . Hoje, os terrenos do período
Pensilvaniano são considerados como os que se encontram abaixo do Permiano e acima do
Mississipiano.
PERAU ou GARGANTA EPIGtl:NICA - lugar fundo de um rio, próximo às margens, mas
que não dá pé. ll: o oposto de vau (vide) .
"PERC:tl:E" - abertura feita por um rio conseqüente ao atravessar uma frente de cuesta.
No Nordeste brasileiro, o têrmo regional usado para êste fenômeno geomorfológico é o
boqueirão (vide), ex.: o Poti ao atravessar a cuesta da Ibiapaba.
PERFIL DE EQUILíBRIO - curva hiperbólica descrita por um curso d'água quando se
verifica a existência de uma estabilidade nas condições hidrodinâmicas, isto é, o rio não
escava nem aluviona. A noção de perfil de equilíbrio corresponde a uma situação ideal só
conseguida teoricamente. .
O Prof. Baulig, da Universidade de Strasburgo, introduziu uma. noção nova distinguindo
dois tipos de perfis: perfil de equilíbrio provisório e outro definitivo. No primeiro caso, o
rio limita-se, apenas, a levar até o mar os detritos fornecidos pelas vertentes; no segundo
caso, isto é, no perfil definitivo, o rio não carrega detrito algum.

319
É preciso salientar que o perfil de equilíbrio definitivo constitui uma noção abstrata,
pois qualquer modificação nas condições hidrodinâmicas é suficente para acabar com o
antigo equiHbrio e iniciar um nôvo ciclo de erosão. Não se pode, portanto, considerar um
perfil de equilíbrio como definitivo.
PERFIL DE EQUILlBRIO DE UMA SUPERFíCIE - diz-se de uma superfície, onde a
erosão e a deposição mais qu menos se equivalem em seus efeitos finais. Em outros têrmos,
podemos dizer que uma superfície de terreno está em equilíbrio, quando não há rebaixamento
pelo desgaste, nem alteamento pela sedimentação: trata-se, por conseguinte, de uma noção
teórica.
PERFIL DE EQUILlBRIO TRANSVERSAL DE UM RIO - o trabalho de aprofundamento
do talvegue vai dar origem ao perfil longitudinal dos rios; por sua vez, as águas que escoam
pelas encostas dos vales vão escavar e rebaixar as vertentes, em função do talvegue que
funciona, assim, de nível base. Por conseguinte, o perfil de equilíbrio transversal se realiza
em função do talvegue, que em cada ponto funciona como nível de base da encosta do vale.
Diz-se que a encosta do vale está em equilíbrio quando as águas das chuvas escoam nor-
malmente sem produzir erosão. Neste caso o vale tem encosta com declive suave, é um vale
largo e de fundo chato.

Fi&. n. 0 8P - Parte periclinal de um anticlinal.

PERFIL DO SOLO - corte do terreno, no qual observamos a sucessão dos horizontes.


f:ste perfil, algumas vêzes, possui todos os horizontes, indo desde o horizonte até à rocha
decomposta e, gradativamente, chegará à rocha matriz. Outras vêzes encontramos perfis nos
quais há ausência de certos horizontes.
PERFIL GEOLóGICO - o mesmo que corte geológico (vide).
PERFIL TOPOGRÁFICO - é a representação da superfície da crosta, mostrando uma
secção ao longo do trajeto escolhido. Normalmente se mantém a mesma escala da carta
para as distâncias, . exagerando-se a escala vertical.
PERGELISSOLO - área onde o solo permanece sempre gelado. (Vide tiale). Perto do
lago Baical (URSS) o pergelissolo tem a espessura de 400 metros. No Alasca o pergelissolo
começa a cêrca de 3 a 4 metros, de modo que não impede a formação da floresta ( taiga).

320
PERICLINAL - parte terminal de um dobramento. Nas fotografias aéreas são fáceis de ser
identificadas com grande rapidez. Quando observamos um relêvo dobrado e arrasado vemos
que, na parte periclinal, as camadas aparecem na paisagem à semelhança de lâminas concên-
tricas, com fracos ou fortes mergulhos e, em arco de círculo, em tôdas as direções, como se
observa na fig. n. 0 8P. A presença de falhas, em qualquer direção, complica a morfologia da
parte terminal do dobramento. Na fig. n. 0 9P vemos uma falha e um arrastamento (der.roche)
em direção do sul. Por causa dêsse mergulho variável acompanhando um arco de círculo,
denomina-se a esta parte do anticlinal como o término periclinal do enrugamento.
Denomina-se, ainda, de periclinal, a estrutura sedimentar de camadas depositadas em
bacias de forma, acentuadamente, circular e onde os mergulhos das camadas se fazem em
direção ao eixo do vale.
PERIDOTO - silicato de ferro e magnésio que constitui a família dos seguintes minerais:
olivina, forsterita, hilosiderita, faialita, etc. São, geralmente, encontrados nas rochas erup-
tivas e metamórficas. Por alteração, os peridotos são também transformados, freqüentemente,
em serpentinas (vide).
PERíODO - é uma das divisões da era geológica. Vide coluna geológica.
PERíODO GLACIÃRIO - denominação usada para as épocas da história física da Terra,
nas quais ocorreram glaciações. No Pleistoceno, verificou-se uma grande glaciação e, por
generalização, os autores denominam êste lapso de tempo, de era glaciária ou periodo
glaciário.

Fi&. ri. • 9P - Periclinal de arrastamento.

PERMEABILIDADE - propriedade das rochas e dos terrenos de se deixarem atravessar,


fàcilmente, pela água de infiltração. Há terrenos que são mais permeáveis que outros, por
causa da dimensão e do modo de agregação dos elementos mineralógicos constituidores das
camadas. Nas rochas sedimentares estratificadas, a penetração das águas se faz mais fàcil-
mente ao longo dos estratos, isto é, dos planos de estratificação.

321
Os terrenos arenosos são mais permeáveis que os argilosos. As aguas das chuvas fàcil-
mente se infiltram nas areias, enquanto nas argilas, onde o material é impermeável, a infil-
tração se faz com maior dificuldade. (Fig. n. 0 lOP).
O fator permeabilidade é de grande
importância para os geomorfólogos, e tam-
bém para os engenheiros encarregados da
captação de águas subterrâneas. Nos terre-
nos impermeáveis a água das chuvas oca-
siona, geralmente, erosão (desgaste), muito
mais acentuada que nos terrenos permeá-
veis, onde as águas se infiltram para cons-
tituir o aqüífero subterrâneo. + + + +
IM;;ERMEÁVEL +
A permeabilidade é, portanto, a capa- +
cidade que possuem certas rochas e solos
+ + +
Fig. n.• lOP
de transmitir a água pelos poros ou interstí-
cio; sendo expressa pela quantidade de
água que passa por uma secção em uma unidade de tempo, segundo um gradiente e
hidráulico.
A permeabilidade é inerente a certos tipos de rochas como: areias e seixos. Também
certas fendas que atravessam um afloramento, podem constituir vias de permeabilidade no
seio da rocha. A permeabilidade das rochas é de grande importância para o regime dos
rios, pois os cursos d'água que atravessam áreas muito permeáveis podem sofrer grandes
perdas. Porém, em áreas onde a permeabilidade não é excessiva, os rios têm um regime
mais regular.
PERMIANO - compreende os terrenos entre o Carbonífero e o Triássico, sendo sua duração
de uns 40 milhões de anos. Sua denominação lembra o distrito de Perm, na Rússia. Com
o período rermiano termina a era Paleozóica. A separação dos terrenos do Permiano, dos
do Carbonífero, é muito incerta, do mesmo mouo que a do Permiano e o período Triássico,
da base da era Mesozóica ou Secundária. Essas imprecisões existentes do ponto de vista
paleontológico e estratig~:áfico na separação do período Carbonífero do Permiano, têm levado
muitos pesquisadores a reuni-los num só sistema, denominando-os de Antracolítico ou Per-
mocarbonífero.
A vida animal e vegetal no Permiano é caracterizada como uma fase de transição entre
as eras Paleozóica e Mesozóica. Na flora há uma diminuição na pujança observada no
Carbonífero.
Quanto à fauna há. diminuição grande dos invertebrados marinhos. Os trilobitas
desaparecem eompletamente. A característica principal da vida animal é o desenvolvimento
dos répteis. em número e espécies. Tinham, no entanto, porte bem menor que o alcançado
pelo grupo dos dinossauros, do Jurássico. Os principais répteis do Permiano são o mesossauro,
o sfereostemo e o paleossauro. Foi na Rússia que se encontrou maior número de fósseis de
répteis dêsse período.
No Brasil, os terrenos permianos foram primeiramente estudados por I. C. White, que
os distinguiu no sistema Santa Catarina, coluna clássica do Brasil Meridional.
A distribuição geográfica dos terrenos permianos pode ser resumida da seguinte manei-
ra: Série Parnaíba - sudeste do Pará, parte do Maranhão, quase todo o Piauí e norte de
Goiás; Série Estância (idade duvidosa) - Sergipe e Bahia; Série Passa Dois com os grupos
Ira ti (inferior) e E"strada Nova Inferior (superior) que se estendem em uma faixa longa,
estreita e mais ou menos contínua, desde o norte de São Paulo até o Rio Grande do Sul e,
ainda, em trechos de Goiás e Mato Grosso.
As rochas permianas, no Brasil, são constituídas pelos folhelhos, calcários, arenito~ .
tilitos, etc.
As glaciações . que se verificaram durante o Permiano atingíram o Brasil Meridional,
tendo vindo do norte para o sul e deixaram depósitos de tilito e varvitos (Fig n. 6V) que
0

provam sua existência.


O Permiano, no Brasil, é importante do ponto de vista econômico por terem sido. nêle
encontrados os depósitos hulhíferos, os quais têm sido explorados nos estados do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná. O carvão do norte do Paraná ocorre intercalado com
camadas glaciais. Há também indicações da existência de petróleo nos xistos de Irai:i.

322
PERMOCARBONIFERO - denominação dada por alguns autores aos terrenos dos períodos
Carbonífero e Permiano, em virtude da dificuldade de distinguir um do outro. :E: também
chamado antracolítico.
P:E:ROLA DAS GRUTAS ( hohlen-perlen dos austríacos) - o mesmo que e6lito (vide) .
PERSILlCICA - denominação proposta por Clarke para as rochas ácidas (vide), isto é,
as que contêm maior quantidade de sílica.
PESTANA ou DIQUE MARGINAL- pequena acumulação de material aluvial, que aparece
ao longo de rios cujo declive é muito fraco. A denominação pestana é mais usada no interior
do Brasil, em detrimento de dique marginal. Em certos rios da planície amazônica, excepcio-
nalmente nos baixos cursos, podem-se ver a1guns bons exemplos de diques marginais.
PETROG:t::NESE - parte da geologia que estuda a origem das rochas.
PETROGRAFIA - pa~~e da geologia que estuda a origem e as transformações das diversas
rochas. Os elementos mineralógicos que entram na composição das rochas não têm todos o
mesmo tamanho e, além do mais, são às vêzes, de tamanho muito pequeno e não discerníveis
a ôlho nu. O microscópio constitui um precioso auxiliar no estudo petrográfico.
PETRóLEO BRUTO - combustível líquido, escuro ou amarelo esverdeado, formado por
uma mistura de hidrocarbonetos. Um traço característico do petróleo, que o diferencia dos
carvões é a ausência de oxigênio e, apenas, traços de azôto e enxôfre. (Figs. n.0 llP e 12P).
A palavra petr6leo etimologicamente significa 6leo de pedra ( petrae =
pedra ou rocha e
oleum = 6leo), razão pela qual é, também, conhecido com a denominação de 6leo minera!.
O petróleo é, de modo geral, encontrado no subsolo donde é extraído .à custa de sonda-
gens. As rochas porosas são as que podem conter petróleo embebido, ex.: areias, arenitos,

Fig. n. 0 llP - Vista panorilmica das numerosas tôrres de peduração para extração de petróleo,
mantidas sôbre estacas, no lago Maracaibo, na Venezuela.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

323
Fig. n. 0 13P - Refinaria de Manguinhos, localizada na baixada da Guanabara - na Avenida Brasil
na cidade do Rio de Janeiro, vendo-se ao fundo o maciço da Tijuca.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

arcósio, calcários, etc. A rocha matriz do petróleo é, geralmente, argilosa, êste porém, escapa
para as rochas porosas, encontrando-se, freqüentemente, em regiões dobradas, nos anticlinais.
Os diversos tipos de petróleo podem ser distinguidos sumàriamente uns dos outros da
seguinte maneira: carbonetos saturados ou parafinados da série de meta na ( cnH'"+"); car-
bonetos naftênicos ( cnH"") pobres em parafina; e carbonetos do tipo benzeno ou aromáticos.
Dois grupos principais de teorias podem ser apontados para explicar a origem do petró-
leo: teorias inorgânicas e teorias orgânicas. Segundo os indícios mais freqüentes a presença
constante de fósseis animais e vegetais nas jazidas petrolíferas, constitui um argumento a
favor da teoria orgânica.
A importância do petróleo é grande pela série de produtos que dêle se obtém: gasolina,
querosene, solventes, óleos lubrificantes, coque, parafina, vaselina, etc.
A distribuição geográfica dos principais produtores é a seguinte: Estados Unidos, Méxi-
co, Oriente Próximo, região do mar Cáspio, Venezuela ( gôlfo Maracaibo), etc. Quanto ao
Brasil, o petróleo está sendo explorado na região do Recôncavo Baiano, Carmópolis (SE)
e Tabuleiro do Martins (AL), havendo possibilidade de sua existência comercial em outros
po!'ltos do País .
Podemos dizer, por conseguinte, que o petróleo é um líquido viscoso, cuja densidade
é inferior à da água, coloração escura e odor penetrante. Desde a mais remota antiguidade
foi utilizado como combustível. Hoje é uma matéria-prima de grande valia, fornecendo os
produtos petroquímicos.
No território naciona~, a história da pesquisa do petróleo começa com Eugênio Ferreira
de Camargo, que nos fin$ do século XIX, segundo Glycon de Paiva, conseguiu em Bofete,
no Estado de São Paulo, fazer uma sondagem que atingiu 410 metros, segundo uns, e 448
metros, de acôrdo com a tradição. Dêsse poço, apenas jorrou água sulfurosa.
O ano de 1918 pode ser considerado como o início da segunda fase da pesquisa do
petróleo, com a criação da Emprêsa Paulista de Petróleo, que no ano de 1919 fêz uma
sonrlagem em Rio Claro, no lugar chamado Assistência, alguns quilômetros a nordeste da
cidade de São Pedro, tendo atingido 300 metros de profundidade.
O Recôncavo baiano apresenta-se como a região de maior produção na atualidade,
seguindo-se as de Sergipe ( Carmópolis) e Alagoas.
Desde 1925 era discutida a possibilidade de existência dêste recurso na região, mas
sàmente a partir de 1936 obteve-se resultado mais satisfatório.
Em 1932, Oscar Cordeiro, presidente da Bôls'a de Mercadorias da Bahia, foi informado
do aparecimento de petróleo em cacimbas abertas para obtenção de água, na localidade de
Lobato. Auxiliado pelo Eng. Manoel Inácio Bastos, mandou abrir um poço de 5 metros de
profundidade, onde encontrou uma camada de arenito com pequena exsudação de óleo.
Em 1935 e 36 foram feitas pesquisas na área, chegando-se à conclusão da existência de
petróleo, após as perfurações dos poços de n.0 153 ( 22 metros de profundidade) e 153A
( 71 metros), confirmando os indícios com a presença de um arenito impre~nado de óleo.
Mais tarde, em 1938, com sonda de maior capacidade, foi encontrado um leito de arenito

Fig. n.o 12P - Exsudação de petróleo no Canadá. Do ponto de vista geológico, devemos salientar que
~ raramente o geólogo tem a chance de veriHcar o extr~vasam<>nto superficial de petróleo. O mais
comum é o processo custoso das prospecções, seguidas por perfurações.
(Foto Esso Brasileira de Petróleo)

325
na profundidade de 214 metros com forte impregnação de óleo . Mas foi 21 de janeiro
de 1939 que foi considerado oficialmente como data da descoberta do petróleo no Brasil.
A bacia do Recôncavo foi considerada por Derby e Branner, em sua estrutura, como
sendo de camadas em sinclinal, de pequena espessura sedimentar. Atualmente sabe-se que
é um graben limitado a leste pela falha de Salvador e a oeste pela de Maragogipe. A camada
sedimentar alcança 4 000 metros, sendo, predominantemente, de idade cretácea.

Fig. n. 0 14P - A indú~tria do !letrólco fornece inúmeros suh!'rodutos. Entre êles destacam·se os
fertilizantes. Na foto acima vê·se a fábrica de fertilizantes em Cubatão, no litoral de São Paulo. No
município de Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro, a Petrobrás instalou uma refinaria,
cujo subproduto mais importante será a borracha sintética.
(Foto PETROBRAS)

Os principais campos produtores são Agua Grande (51%), Taquipe ( 17%), Buracica
(11~). Candeias (11%), Dom João (8%) e Mata Grande (I~) .
No estado de Sergipe o campo de Carmópolis se apresenta com perspectivas promissoras.
Em Alagoas o petróleo é encontrado nas éamadas do Cretáceo, que ali se apresentam
com a estrutura de blocos falhados, estendendo-se pouco para o interior do continente, mas
ocupando grande área na plataforma continental. Tabuleiro do Martins e Coqueiro Sêco
são seus campos produtores.
A bacia do Maranhão foi considerada pelo geólogo Plummer como um campo, possi-
velmente de uma categoria semelhante à encontrada no Texas . Todavia, até o presente
momento, não apresentou nenhum poço produtivo, enquanto estudos mais recentes revelaram
no litoral daquele estado, na bacia de Barreirinhas, uma esperança promissora. Possui. essa
bacia, a maior espessura sedimentar já encontrada em nosso país.
Os campos da Bahia estão produzindo, segundo a Petrobrás, mais de 90 000 barris
diários. ~ste grande salto não foi devido à expansão de atividade exploratória ou de desco-
bertas importantes de novos poços produtivos, e sim o aproveitamento da produção de poços

326
do Recôncavo anteriormente paralisados por causa da falta de meios para o escoamento do
óleo. Foi a construção do terminal Madre de Deus que proporcionou o aproveitamento
daqueles poços que de outra forma continuariam sem exploração.
Na bacia amazônica várias sondagens foram realizadas com resultados infrutíferos, até
que em 1955 jorrou o precioso líquido na localidade de Nova Olinda, alguns quilômetros ao
sul da cidade de Manaus, de interêsse apenas para a pesquisa, pois o poço não é comercial.
A faixa costeira do Nordeste com suas bacias cretácicas marinhas apresenta possibilidades
de possuir petróleo, estando bem localizada, do ponto de vista geográfico. ( Figs. ns. 13P
e 14P). ·
pH - anotação incluída por Sorensen para designar acidez e alc~linidade de um solo.
PIÇARRA - têrmo usado para indicar, por vêzes, o estado de decomposição, de certas
rochas, no qual elas se acham semi-agregadas, ex.: areia grosseira; outras vêzes usa-se para
designar o cascalho que aparece no solo, ou ainda, para as concreções ferruginosas, como
as que aparecem no território do Amapá.
Os garimpeiros ou faiscadores chamam de piçarra aos afloramentos rochosos do fundo
dos rios, onde deixa de aparecer o cascalho. Distinguem, ainda, dois tipos de piçarra: n)
piçarra de sebo quando o fim do cascalho é lamacento, e b) piçarra de pedra, quando o
fim do cascalhc é pedregoso.
PIÇARRA DE PEDRA - vide piçarra .
PIÇARRA DE SEBO - vide piçarra.
PICO - ponto culminante de uma montanha ou de uma serra. Apresenta, geralmente, a
forma pontiaguda. Os picos são formados de rochas mais duras e, por efeito seletivo produzido
pela erosão, tornam-se pontos proeminentes do relêvo. ( Fig. n. 0 15P).
A tendência geral da erosão é para o rebaixamento, ou mesmo,
total arrasamento dos picos salientes. A forma dos picos depende,
muitas vêzes, da natureza da rocha. Os granitos, por exemplo, dão
àparecimento a formas de picos, já as rochas metamórficas muito
fitadas podem dar aparecimento a picos em forma de lâminas, etc.
Estas formas J>riginais são, todavia, mascaradas e complicadas por
causa do efeito da erosão elementar e dos outros tipos de erosão que Fig. n. o ISP
modificam o aspecto primitivo, tanto da natureza das rochas, como
da estrutura. O pico, por conseguinte, nada mais é do que um ponto saliente de um relêvo
de montanha. ·
PIEMONTE (depósito) - acumulação de material muito heterogêneo, constituído de blocos,
seixos, areias, argilas, limo, que lítificado constitui um fanglomerado (vide). Os depósitos
de piemonte se realizam sob um clima temperado e ocupam grande extensão, cujo exemplo
clássico é registrado no norte da Itália, nas encostas meridionais do Alpes. Não se deve
confundir êste tipo de depósito com os encontrados nas regiões de clima semi-árido, isto é,
os pedimentos (vide), ou mais especificamente "baiadas" (vide).
PILAR - o mesmo que horst segundo os geólogos estruturalistas (vide).
PINÁCULO - formas de relêvo aguçado como se fôssem pontões alongados no sentido da
vertical, à semelhança do Dedo de Deus, na serra dos órgãos. (Fig. n.0 16P). Para que
·tenhamos o aparecimento desta forma é necessário .uma desagregação no sentido das diáclases
e um conseqüente transporte de todo o material decomposto e desagregado. De modo geral
êsses produtos meteorizados são carregados pela gravidade, pela erosão pluvial, fluvial, eólia,
glaciária, nival, etc. Por conseguinte, para que tenhamos um pináculo, é necessário que o
material meteorizado não permaneça in situ, isto é, seja carregado pelos diferentes agentes
de transporte da erosão.
PIRÂMIDE DE FADA - formas de relêvo q'!le aparecem, principalmente, devido à erosão
diferencial realizada pelo lençol de escoamento superficial que carrega os detritos, deixando,
porém, em destaque pequenas pirâmides protegidas por blocos ou pequenas placas de rochas
mais resistentes. ·Essas formas de relêvo são muito localizadas e sem grande extensão.

327
Fig. n. 0 16P - A grande escarpa rochosa da serra dos Órgãos vista da Baixada Fluminense ou da
Baixada da Guanabara tem um aspecto bem característico, que lhe é dado pelos grandes caninos ou
pináculos. O Dedo de Deus ( 1 695 metros de altitude) é um pináculo bem caracteristico, vendo·se várias
diáclases. No futuro a parte superior dêste pontão desmoronará, tendo em vista a desagregação que se
está processando ao longo de tais diáclases.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

Nos locais de aterros novos, realizados em zonas de declives regulares, com material
heterogêneo, é comum observarmos o aparecimento das pirâmides de terra ou de fada, após
uma forte chuva ( Fig. n. 0 3D).
PffiÃMIDE DE TERRA - o mesmo que pirâmide de fada (vide).
PIRATARIA FLUVIAL - denominação usada por alguns autores para o fenômeno de
captura hidrográfica (vide captura) .
PffiOCLÁSTICA (rocha) - resultante de material de origem vulcânica lançado na atmos-
fera por ocasião das erupções ou explosões, tais como: cinzas, lapili e bombas. l!:sse material
é que dá origem aos tufos vulcânicos (vide) .
PffiOMETAMORFISMO - o mesmo que termometamorfismo (vide).
PffiOSFERA - esfera de material em fusão, cujo significado é esfera de fogo. Constitui com
a barisfera, o núcleo central (vide) da Terra.
Na massa magmática da pirosfera domina o silício e o magnésio, o que levou Suess a
denominá-la de sima.

328
PIROX:I!:NIO - grande família de minerais, formada de meta-silicatos ferromagnesianos e
cálcicos, e raramente aluminosos. A composição química dessa família de minerais é i' quase
análoga à dos anfibólios, sendo que nos piroxênios o cálcio é mais abundante que o magnésio,
enquanto nos anfibólios verifica-se o oposto, isto é, o magnésio domina sôbre o cálcio.
Os piroxênios podem ser: ortorrômbicos (bronzita, enstatita, hiperstenita), monoclínicos
( diopsídio, salita, jadeíta, augita, dialágio, aegirita) e triclínico ( wolastonita) .
PIROXENITO - rocha granular, escura, cujo principal mineral é o piroxênio e na qual
falta a olivina. Outra característica muito importante é a ausência de feldspatos nestas
rochas. Alguns geólogos, todavia, denominam de modo genérico a diversas rochas eruptivas
e metamórficas, que contêm feldspatos e, nas quais há dominância do piroxênio, de piroxenito.
Um gnaisse com piroxênio se toma, por exemplo, um piroxenito, desde que perca os seus
feldspatos.
PISOLITO - concreções semelhantes aos oólitos (vide oolítico) porém, de granulação sensi-
velmente maior - quase do tamanho de um grão de feijão ou de ervilha. São comuns nos
calcários e em rochas ferruginosas.
PLAGIOCLÁSIO - nome genérico dado a todos os feldspatos calcossódicos isomorfos.
Constitui uma grande série de silicatos aluminosos de sódio e cálcio, denominada série de
Tschermak. Os têrmos desta série são: 1 - albita, 2 - oligoclasita, 3 - andesita, 4 - labra-
dorita, 5 - bitonita e 6 - anortita.
PLAGIOCLASITO - rocha da família dos gabros, constituída quase que essencialmente por
feldspatos calcossódicos ( plagioclásio) .
PLAINO - designação proposta por Leuzinger para as superfícies de fraca acidentação,
aproximadamente planas e horizontais, correspondendo aos têrmos alemães flachland e ebene .
O têrmo plaino, quando não está seguido de um adjetivo, tem apenas valor descritivo.
PLAINO DE ABRASÃO - o mesmo que plaino de erosão marinha (vide).
PLAINO DE ACUMULAÇÃO - trata-se de superfícies de agradação, isto é, de acumulação
de sedímentos, ex.: planícies, terraços, etc. O oposto à superfície de erosão em sentido restrito.
PLAINO DE EROSÃO - denominação proposta por Leuzinger para designar as superfícies
de topografia plana que se formam junto ao nível de base geral, quaisquer que sejam as
suas origens. Neste caso, a palavra peneplano ( peneplanície) fica resguardada para as super-
fícies aplainadas pela erosão normal segundo o ciclo geomórfico de Davis (climas tempe-
rados).
As formas de plainos de erosão são tabulares nas quais os agentes erosivos atuaram
nivelando os acidentes. Os plainos de erosão em sentido restrito correspondem às superfícies
de degradação.
A superfície de equilíbrio, onde houver o máximo de arrasamento de todos os acidentes
topográficos,. chama-se de peneplanície ou peneplano. Por conseguinte, podemos dizer que
os processos de peneplanização estão ligados aos climas temperados.
A superfície de erosão extensa e modelada no sistema morfoclimático árido ou semi-
-árido é Õ pedíplano. O processo da pediplanação é o das grandes enxurradas.
PLAINO DE EROSÃO MARINHA - diz-se das superfícies aplainadas pelo trabalho do
mar (o mesmo que plaino de abrasão).
PLAINO DE EROSÃO NORMAL - o mesmo que peneplano (vide).
PLAINO ESTRUTURAL DESNUDO - o mesmo que plataforma estrutural (vide).
PLANALTO - extensão de terrenos sedimentares mais ou menos planos, situados em alti-
tudes variáveis. Em geomorfologia usa-se, às vêzes, êste têrmo como sinônimo de superfície
pouco acidentada, para designar grandes massas de relêvo arrasadas pela erosão, constituindo
uma superfície de erosão. Diz-se, então, que a superfície do planalto é muito regular.
Constitui assím um têrmo de valor, apenas descritivo, se não fôr associado ao problema
da estrutura. 1!:, por conseguinte, uma superfície levemente ondulada constituída de rochas

329
cuja estrutura é, no seu conjunto, horizontal ou levemente sub-horizontal. Esta mesma defi-
nição, empregada para os planaltos típicos, pode ser usada para as planícies desde que se
faça intervir o fator altimétrico. Dêsse modo, os têrmos planalto e planície têm sido empre-
gados com vários significados. O têrmo planalto é usado para definir uma superfície elevada
mais ou menos plana delimitada por escarpas íngremes onde o processo de degradação supera
os de agradação.
As formas de relêvo da área sedimentar, ou melhor da bacia sedimentar amazônica,
referindo-se aos terraços do baixo Amazonas, os planaltos terciários e, outras vêzes os baixos
platôs são do Pleistoceno. Constituem, portanto, os planaltos ou platôs - têrmos descritivos
que dão idéia da forma, sem significação do ponto de vista da origem, a não ser, em
certos casos, quando seguido de um qualificativo, ex.: planalto de erosão, planalto de
acumulação (lava, e nunca sedimento), planalto de deslocamento, etc.

PLANALTO

RIO

PlANICIE

Fi~~:. n, 0 17P

Alguns autores classificam, porém, os planaltos quanto à sua origem em: 1) planaltos
tectônicos, 2 ) planaltos de erosão, 3) planaltos vulcânicos. Os planaltos tectônicos são os
que resultam do soerguimento ou do abaixamento de superfícies mais ou menos planas da
crosta terrestre. Os de origem vulcânica são constituídos pelo capeamento feito pelas lavas
acumuladas. Não se deve pensar que o empilhamento de lavas seja muito espêsso, pois êste
pode ser pequeno e cobrir uma topografia que outrora se apresentava em altitude um
pouco mais baixa, quando sem a cobertura de lava. Quanto aos planaltos de erosão, são
os mais comuns e os mais extensos na superfície do globo.
Nas descrições morfológicas da paisagem usa-se freqüentemente a designação de planalto
para as terras situadas acima de 200 metros, cuia superfície seia relativamente plana.
No sentido restrito, há geomorfólogos que só aceitam os planaltos típicos de estrutura
sedimentar. Para êles o planalto é a forma de relêvo tabular, extensa, que ao menos por
um dos dois lados é circundada por superfícies mais baixas ( Figs. ns. 17P e 18P) . O planalto
típico apresenta analogia com as planícies, sendo que nêle há o predomínio do desgaste
sôbre o da depositação e a saída desta superfície é por declives, ao menos numa certa
extensão. Quanto às planícies, a saída é por aclives, havendo condições favoráveis para o
depósito (vide planície).
O estudo da implantação e de desenvolvimento de uma rêde de drenagem num planalto,
revela que há com mais freqüência que nas planícies, o escavamento de vales encaixados.
O perfil longitudinal dos rios de planalto é sempre entrecortado por rápidos e cachoeiras.

330
As escarpas, ou melhor, as bordas dos planaltos, são entalhadas por ravful!.s. cnjó desen-
volvimento maior ou menor depende do sistema rnorfoclimático (vide geom'OI'fologia cli-
mática) .

Planalto T(pico
Fie. n.• 18P

Os planaltos típicos são constituídos, .à semelhança das planícies, de rochas sedimen-


tares com estrutura horizontal ou sub-horizontal. (Fig. n. 0 18P).
Não se deve confundir as superfícies de erosão ou as superfícies de peneplano, mesmo
as soerguidas, com os planaltos típicos. Como exemplo pode-se citar os chapadões do Centro-
-Oeste (Mato Grosso e Goiás), que são típicos planaltos sedimentares, alternando com
superfícies de erosão entalhadas em rochas pré-cambrianas (vide chapada) .
O planalto de Colorado, nos Estados Unidos, é um relêvo tabular sedimentar caracte-
rístico isto é, um plapalto. Enquanto, outras superfícies topográficas planas, como os planaltos
dos Grandes Lagos (África Oriental), planalto de Catanga são na realidade peneplanos
soerguidos (vide peneplano). Nêles a natureza das rochas e a estrutura são bem diferentes
das encontradas nos planaltos típicos.
Resta fazer referência aos baixos planaltos, ou baixos platôs, nos quais a natureza das
rochas e a estrutura são de uma planície. Em virtude da evolução geomorfol6gica da região,
estas superfícies dão saídas por declives, havendo o predomínio do desgaste. Como exemplo
tem-se o baixo planalto do norte da Bélgica, ou ainda o baixo platô das terras firmes na
Amazônia. •
Vejamos a. seguir uma síntese dêste assunto segundo Paul Macar in ·Geomorphologie
normale de modo a fixar melhor o que foi dito:
A) Planaltos típicos
B) Peneplanos soerguidos em planaltos
C) Baixos planaltos

O planalto, de modo geral, ·designa uma parte da superfície da crosta te~estre de fraco
relêvo, mas de altitude relativamente elevada, de superfície quase horizontal e que pelo
menos, de um lado, está acima de um relêvo de altitude mais baixa. O planalto apresenta
certas analogias com a planície. Todavia, além do fator altitude, êle pode ser contornado
por relevos mais baixos, pelo menos contornado de altitudes superiores, mas apresenta
sempre, em um dos lados, um rebôrdo abrupto.
A) Planaltos típicos - do ponto de vista geológico são constituídos, como uma planície,
de rochas horizontais ou sub-horizontais. :l!:les correspondem às vêzes a um bloco soerguido da
crosta terrestre. Podem resultar de uma larga ondulação epirogênica anticlinal .

331
Fig. n. 0 19 P - Aspecto da escarpa sedimentar desgastada pelas águas de escorrenc1a. Trata-se de um
típico planalto sedimentar da grande região do Centro-Oeste - chapada dos Guimarães no estado
de Mato Grosso. Na foto acima vê-se dois níveis da topografia sedimentar do planalto.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

Podem ser também devidos à formação de um horst. Podem resultar da combinação de


dois movimentos, ex.: planalto do Biano ou Manika, no Catanga. De um lado um abrupto
correspondente a uma série de falhas, do lado oposto uma inflexão apenas marcada pelas
camadas.
B) Peneplanos soerguidos em planaltos - topogràficamente se assemelham a um
planalto mas, geologicamente, sua estrutura é bem mais complicada que a de um planalto
típico e, geomorfolôgicamente, a sua evolução, também, é diferente, ex.: planalto do Catanga,
planalto do leste africano.
C) Baixo planalto - áreas mais ou menos planas de baixa altitude, com um abrupto
em relação à região vizinha. Ex.: o baixo ph~tô de terras firmes da Amazônia, onde há um
rebôrdo nítido em relação às terras de várzea.
PLANALTO CONTINENTAL - o mesmo que plataforma continental (vide) ou margem
continental (segundo a denominação do Prof. Jacques Bourcart) .
PLANALTO INSULAR - o mesmo que plataforma insular (vide).
PLANALTO SUBMARINO ou PLANALTO OCEÂNICO- constitui uma elevação do fundo
oceânico, cujo tôpo é mais ou menos plano e suas paredes laterais abruptas, destacando a
referida forma de relêvo submerso.
PLANALTO T1PICO - estrutura sedimentar horizontal ou sub-horizontal onde há o predo-
mínio da degradação (vide planalto) .

332
PLÃNCTON - organismo . aquático que flutua livremente, sem domínio dos seus movi-
mentos, sendo arrastado segundo a direção do movimento das águas. :l!:sse nome foi dado
por Hensew.
A abundância de plâncton é um dos fatôres que determina a riqueza dos oceanos em
peixe. O plâncton, por conseguinte, é uma denominação geral dada aos sêres aquáticos flu-
tuantes, encontrados em profundidades diversas e em grandes extensões d'água.

"PLANESES" - denominação regional do Maciço Central Francês para os planaltos basál-


ticos.

PLANíCIE - extensão de terreno mais ou menos plano onde os processos de agradaçãa


superam os de degradação. f: necessário salientar que existem planícies, que podem estar
a mais de 1 000 metros de altitude, que constituem as chamadas planícies de nível de base
local, ou planície de montanha.
Nas áreas de planícies, a topografia é caracterizada por apresentar superfícies pouco
acidentadas, sem grandes desnivefamentos relativos.
A planície no sentido restrito de planura, não existe. Trata-se de terrenos mais ou menos
planos, de natureza sedimentar e, geralmente, de baixa altitude. Alguns geógrafos antigos
escravizam-se ao conceito de altitude, chamando planaltos às superfícies planas com mais
de 200 metros de altitude, enquanto as planícies são aquelas planuras baixas com menos
de 200 metros.
f: preferível, como já dissemos, chamar planaltos . às superfícies elevadas mais ou menos
planas que são modeladas em rochas sedimentares delimitadas por escarpas que constituem
declives. As planícies são superfícies modeladas em rochas sedimentares delimitadas por
aclives. Assim sendo, pode-se caracterizar as planícies de montanhas que são encontradas
em diversas altitudes, onde os vales apresentam grande quantidade de aluviões (ex.: planície
de São Paulo, planície de Taubaté, etc.).
No estudo da origem do baixo planalto e da planície amazônica, observa-se que o
soerguimento dos Andes, barrando a comunicação franca existente entre o Atlântico e o
Pacífico levou à formação de um grande braço de mar. :l!:ste foi totalmente enchido, isto é,
col!'IWtado com aluviões carregadas, não só da grande cadeia jovem que surgira na era
Terciária, mas também com o material carreado dos dois grandes maciços velhos e desgas-
tados. Um ao norte - !'IWciço ou Planalto das Guianas e outro ao sul - !'IWCiço ou Planalto
Brasileiro. (Fig. n. 0 20P).
A planície é uma forma de relêvo, geralmente extensa, cuja superfície plana ou suave-
mente ondulada lhe confere um caráter monótono e é assim que, do ponto de vista descritivo,
deve ser considerada. Geomorfolàgicamente não deve ser confundida com a forma topográ-
fica plana de um peneplano (vide) ou de uma superfície de erosão.
O exame da natureza do material e da estrutura de uma área de planície revela tratar-sf'
de rochas sedimentares relativamente recentes e acamadas horizontalmente ou na sub-hori-
zontal. A planície é, portanto, uma forma de relêvo onde os processos de deposição são
superiores aos de desgaste ou dissecação da paisagem. Isto significa dizer que a verdadeira
planície é uma forma de relêvo relativamente recente.
Examinando-se a área sedimentar da Amazônia, observa-se que a extensa parte sedi-
mentar considerada "terras firmes" é, na realidade, um baixo planalto, enquanto os .trechos
ribeirinhos e "alagados", isto é, as várzeas, são as verdadeiras planícies da Amazônia.
As planícies podem ser classificadas quanto à situação em marítimas ou costeiras e
continentais. Como exemplos das primeiras, pode-se citar a planície báltica, a grande planí-
cie do litoral atlântico dos Estados Unidos, as planícies costeiras do Brasil, especialmente,
nas áreas das restingas, etc. As planícies continentais podem, em certos casos, ter grande
extensão e constituírem-se em forma dominante da paisagem. No dizer do geomorfólogo
Paul Macar, estas planícies são formas de relêvo de acumulação de origem tectônica -
afundamento. Como exemplo tem-se a típica planície da Alsácia, entre os Vosges (França)
e a Floresta Negra (Alemanha); a planície da bacia congolesa, na África; as grandes planícies
a leste das Montanhas Rochosas, no Canadá e Estados Unidos; no Brasil, inclui-se nesse tipo
a grande área sedimentar amazônica, com a distinção baixo planalto e planície típica, e o
pantanal mato-grossense.

333
FORMAÇÃO DA BACIA E PLANÍCIE AMAZÔNICA
SEGUNDO ORVIllE OER9Y
.-------------------~

GOLFO
Dt LESTE

, ,
111-ERA TERCIARIA IV-OUATERNARIA
Fie. n.• llOP

Há, ainda, as planícies lacustres, resultantes do entulhamento de lagos, como por exemplo
no Maciço Central Francês; as planícies aluviais, que como o próprio nome indica são
aquelas justapostas ao fluxo fluvial, e apresentam largura e extensão bastante variadas.
As planícies são comumente drenadas por rios de escoamento lento e que descrevem
meandros, ou se dividem em vários braços. O exame de uma planície, do ponto de vista
geológico, revela, em sua parte supedicial, rochas sedimentares relativamente recentes, na
posição horizontal ou sub-horizontal. Estas rochas podem ser marinhas ou continentais.
Vejamos a seguir uma síntese feita do capítulo referente às formas do relêvo, de autoria
de Paulo Macar - Geomorphologie normale.
A) Planícies marítimas ou costeiras:
1 - Planície marítima ou costeira de origem tectônica ( epirogênese)
2 - Planície marítima eustática (uma noção teórica ligada a transgressões e regressões
marinhas).

Como exemplo temos: grande planície báltica - deve sua existência a uma série de
movimentos do solo - começa em Calais (França), Flandres (Bélgica), Holanda, Alemanha
(parte norte) Polônia e Dinamarca e finda nos países bálticos; a grande planície do litoral
Atldntico dos Estados Unidos, começa em Nova York e vai-se alargando para o sul. No Gôlfo
do México tem, em certos lugares, mais de 400 km de largura. As camadas do subsolo
descem, na escala geológica, até o Cretáceo, no gôlfo do México. O seu declive é suave
para o mar.

334
B) Planícies continentais - podemos distinguir:
1 - Planícies continentes de acumulação simples
a) Planícies lacustr~es
b) Planícies aluviais ou fluviais
2 - . Planícies continentais de acumulação de origem tectônica.
As planícies continentais são essencialmente relevos de acumulação. Todavia, quando
estas planícies atingem grande extensão, passando a fornecer os traços maiores do :relêvo,
constma-se que uma acumulação de tal ordem está ligada a fenômenos tectônicos. Neste
último caso, têm-se as planícies· localizadas em zonas onde o afundamento em forma de
sinclinal . ou de fossa, foi entulhado.
a) Planícies lacustres - vários lagos de barragem vulcânica no Maciço Central Francês
foram colmatados, dando uma pequena planície.
b) Planícies aluviais ou fluviais - têm formas. alongadas (quando de nível de base
local) e são produzidas pelos depósitos deixados pelos rios. Podemos ainda éitar as planícies
le piemonte ou de sopé e as planícies de nível de base geral.
2 - Planícies continentais de acumulação de origem tectônica
Ex.: Planície do Gongo
A parte central congolesa é atualmente uma vasta planície. O subsolo é constituído por
camadas que se depositaram num vasto lago que ocupava a região. A planície corresponde,
em sua parte superior, a uma acumulação de depósitos recentes do fim do Terciário e do
Quaternário. O aspecto de sinclinal das camadas secundárias mostra a existência de um
movimento epirogênico que é, em sua essência, a causa da própria formação do lago. A
planície da Alsácia, por exemplo, é uma grande área de acumulação, que se estende entre
a Floresta Negra e os Vosges. O subsolo é formado de terrenos terciários e quaternários de
fácies lagunares e fluviais. As camadas superiores foram acumuladas pelo Reno e seus afluen-
tes. A planície corresponde, neste caso, a um graben.
As grandes planícies a leste das Rochosas, que se estendem, às vêzes, numa largura de
600 km, oferecem um belo exemplo. Esta planície foi formada pelas aluviões trazidas pelos
rios que descem das Rochosas, em direção de leste. A espessura dos sedimentos pode chegar
a ser de 600 metros . A acumulação resulta essencialmente da presença de uma zona deprimida
ao lado de um forte relêvo fornecedor de materiais.
PLANtem eARSTieA - o mesmo que polié (vide).
PLANtem DE INUNDAÇÃO - banqueta pouco elevada acima do nível médio das águas
sendo freqüentemen te inundada por ocasião das cheias. A planície de inundação é, também,
chamada terraço, várzea, leito maior, etc. ( Fig. n. 21P)

-
11111 vos ante (a)
enchen1e
Fie. n.o 21P

PLANtem MARGINAL DE ALAGAMENTO - denominação usada por certos autores como


sinônimo de leito maior (vide).
PLANíMETRO - aparelho utilizado pelo cartógrafo para a medição de determinada área
no mapa. Exemplo: a medição das áreas onde ocorre afloramento de rochas pré-cambrianas,
no mapa geológico do Brasil, ou da região de planaltos, ou planícies em um mapa do relêvo
terrestre, é feita com êste aparelho.

335
Fig. n. 0 22P - Na fachada costeira do sul do Espírito Santo, vê.se na parte leste uma frente escarpada
e contínua de serras, constituídas por uma série de -eabeços e pontões, oi-a isolados, ora mais gnapados.
Aspecto parcial do pico de Itabira, no município de Cachoeira do ltapemirim.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

PLANO DE ALEITAMENTO - o mesmo que plano de estratificação (vide estratificação


- planos de) .
PLANO DE FALHA - o mesmo que superfície de falha (vide).
PLANO DE SEDIMENTAÇÃO - o mesmo que plano de estratificação ou plano de aleita-
mento (vide estratificação - planos de ) .
PLÁSTICO - diz-se de um material capaz de ser moldado sem se romper, ex.: argila
plástica (vide). Não se deve, no entanto, confundir a plasticidade de um material com a
sua friabilidade ( vide friável) .
PLATAFOR.\!A CONTINENTAL - planalto submerso que orla todos os continentes. O
aspecto topográfico é de uma superfície quase plana, cujos declives são pouco acentuados
até a cota de - 200 metros. Na morfologia submarina é nêle que encontramos o maior
número de acidentes, pelo fato de o efeito da erosão submarina não se fazer sentir a grandes
profundidades.
A plataforma continental possui depósitos de origem continental, algumas vêzes grosseiros,
que se vão tornando mais finos, à medida que aumenta a profundidade e a distância da
linha da costa.
O problema da origem dêsses planaltos submersos ainda constitui um assunto cujas
controvérsias se fazem sentir no campo da geomorfologia das áreas submersas. A corrente
mais aceita, é a que diz se terem êles originado por efeito da erosão das vagas nas bordas
litorâneas e o seu consecutivo desgaste.
A região da plataforma continental aparece em continuação às terras firmes, ou melhor,
às terras, emersas e constitui como que um prolongamento da área continental emersa.
Em têrmos numéricos temos, por conseguinte, para a plataforma continental, a área que vai
desde o nível zero até a isóbata de 200 metros.
O planalto continental representa, por assim dizer, o limite batimétrico da penetração
da luz solar e das variações da temperatura, em função da mudança das estações. Marca,
ainda, o planalto continental, o limite da existência da vegetação submarina e, conseqüente-
mente, da fauna herbívora. Abaixo dess" zona oceânica, isto é, a partir do talude continental,
encontramos uma fauna carnívora.

336
A política atual dos diversos países é de incorporação dessas áre:.s como constituindo
o bordo exterior do continente, e não como uma região continental marinha, por causa do
perigo que representam estas porções juntas aos litorais.
PLATAFORMA DE ABRASÃO - diz-se da zona costeira ou zona do litoral (vide) onde
o mar realiza o seu trabalho de erosão, isto é, depósito e desgaste.
PLATAFORMA ESTRUTURAL - área cuja topografia é coincidente com a estrutura (vide
superfície estrutural).
PLATAFORMA INSULAR ou PLANALTO INSULAR- denominação dada à região sub-
marina que vai do nível zero até a cota negativa de 200 metros, ao redor de uma ilha.
PLATô - o mesmo que planalto (vide).
"PLAYAS" - constitui uma depressão, um lago, ou mesmo um pântano, que aparece,
algumas vêzes, nas "bajadas". Trata-se de uma forma de relêvo dos sistemas morfoclimáticos
áridos, quentes ou semi-áridos (vide pedimento) .
PLEISTOCENO - período que segue ao Plioceno e marca o início do Quaternário. Durou,
aproximadamente, cêrca de um milhão de anos. Nesse período apareceu a maioria das
espécies atuais. Corresponde ao paleolítico dos arqueologistas.
O Pleistoceno é também chamado época glacial ou recente, ou ainda quaternário antigo
ou diluviano.
PLIOCENO - término da coluna de terrenos do Terciário superior. :1!: o período mais curto
do Cenozóico, tendo durado apenas 5 milhões de anos, começado a uns 6 milhões de anos;
contém mais espécies atuais.
Os terrenos dêsse período estão bem representados na Itália. Aliás, os nomes dos
terrenos dessa idade foram retirados de localidades italianas.
Os primeiros hominídeos (primitivos representantes da espécie humana) são atribuídos
ao Plioceno. O Eoanthropus dawsoni é considerado por alguns estudiosos como um membro
primitivo da transição para a espécie humana.
PLISSADO ( relêvo) - denominação usada para as formas de relêvo resultantes de movi-
mentos tectônicos em que predomina a estrutura dobrada. O mesmo que relêvo dobrado.
PLUTÕNICA (rocha) - rocha ígnea consolidada a grandes profundidades. O mesmo que
rocha abissal. A textura é caracterizada por apresentar os cristais bem desenvolvidos.
PLUTONISMO - . conjunto de fenômenos intratelúricos, relacionados com a subida de
magma que provoca intrusões como batólitos, !acólitos, filões, camadas, necks, etc. &ses
fenômenos que · ocorrem no interior da crosta terrestre, também se acham estreitamente
relacionados com o orogenismo.
PLUTONITO - o mesmo que rochas intrusivas (vide) ou, mais especificamente, rocha cuja
consolidação se deu a certa profundidade da superfície, ex.: batólitos.
PLUVIEROSÃO- o mesmo que erosão pluvial (vide), isto é, erosão provocada pelas águas
das chuvas.
PLUVIAÇÃO - ação geológica direta das águas das chuvas. Adotahdo-s~ critério análogo
ao trabalho das águas fluviais ou do vento, consiste a pluviação em: a) pluvierosão, b)
deplúvio, c) aplúvio . .
PLUVIAL (erosão) - vide erosão pluvial.
POÇO ARTESIANO - poço de água com pressão suficiente para jorrar acima da bôca
do mesmo - Fonte artesiana (vide) .
PODZOL (solo) - grupo zona! de solos de coloraçãa cinza que possui uma camada orgânica
e um mineral lixiviado e descorado, assentando sôbre um horizonte iluvial marrom. ~ste
tipo de solo surge nas florestas temperadas.
O processo da podzolização consiste, por conseguinte, na lavagem, ou melhor, na
eluviação do horizonte A e na concentração, por vêzes, de óxido de alumínio, óxido de ferro
e matéria orgânica, no horizonte B.

337
Solos podzólicos são aquêles formados, total ou parcialmente, sob a influência do
processo da podzolização.
PODZOLIZAÇÃO - processo atinente à formação do podzol (vide).
"POLDERS" - denominação dada aos solos lamacentos da costa baixa da Holanda, que
foram conquistados ao mar.
POLIGONAL (solo) - originado pelo dessecamento ou congelamento de um solo argiloso
que estêve muito encharcado de água.
POLIMET. t\MóRFICA - rocha metamórfica que sofreu um pré-metamorfismo. Na prática
não é fácil distinguir os diferentes tipos de rochas metamórficas, segundo a origem, isto é,
ortometamórficas, parametamórficas, polimetamórficas, etc.
"POLJ:€" - grande depressão de fundo plano, em terreno calcário, estende-se por vêzes,
por dezenas de quilômetros. Deve-se aqui frisar que polfé significa simplesmente planície.
Todavia, os geomorfólogos reservam a denominação polfé, para as planícies cársticas.
POMITO - rocha efusiva, cheia de vacúolos que a tornam muito leve, sendo sua densidade
de 0,7 a 1,1. Flutuam quase sempre sôbre a água. O pomito é muito poroso, por causa do
grande número dP. bôlhas gasosas que o magma continha e que persistem, também, na nova
rocha consoliL ada.
Sua denominação vulgar é pedra pomes, nome empregado, geralmente, para designar
qualquer tipo de rocha muito vacuolar, cujo aspecto relembra um pouco o desta rocha.
Quando observamos o pomito com uma boa lupa, vemos que êle é cheio de pequenas
cavidades, alongadas ou não, e estreitas - cêrca de 1 milímetro, por vêzes -, que ocupam
mais da metade do volume da rocha, tornando-a assim muito leve. As pedras pomes podem
ser classificadas segundo a composição mineralógica e as formas das cavidades em: pedra
pomes basáltica, riolítica, traquítica, andesítica, fonolítica, etc. Generalizando, podemos
dizer que a pedra pomes é constituída por lava leve e esponjosa.
"PONOR" - têrmo iugoslavo para designar a perda de um rio, que drene um polfé (vide),
já que as planícies cársticas não têm gargantas subaéreas.
PONTA - extremidade saliente da costa, de fraca elevação, que avança de forma aguçada
em direção ao oceano, sem ter porém grande altura. Do ponto de vista geomorfológico, as
pontas coincidem, geralmente, com o aparecimento de rochas duras que resistem mais ao
efeito da erosão diferencial. .
PONTAL - língua de areia e seixos, de baixa altura, disposta de modo paralelo, oblíquo,
ou mesmo perpendicul ar à costa e que se prolonga, algumas vêzes, sob as águas, em forma
de banco. No primeiro caso pode mesmo ser considerada uma restinga. No caso dessa língua
de areia ligar o continente a uma ilha, temos um t6mbolo (vide). Vários exemplos podem
ser encontrados no litoral da Guanabara e do estado do Rio de Janeiro.
"PONTÃO" - têrmo regional, usado no estado do Espírito Santo, 0para as formas de relêvo
que possuem cumes arredondados e bastante abruptos. ( Fig. n. 22P) . O mesmo que
pão-de-açúcar (vide).
Os pontões parecem constituir resíduos ou núcleos de antigas superfícies deslocadas e
erodidas posteriormente, isto é, verdadeiros monadnocks (vide) .
PONTÃO CARSTICO - denominação dada à paisagem calcária onde, sôbre uma superfície
extensa, emerjZem, de 'modo enérgico, pontões de rocha calcária. A expressão francesa para
êsse tipo de relêvo, estudado pela primeira vez por A. Leclerc, na China e no Tonquim é
region karstique de pitons ( 1900). O. Lehmann empregou o têrmo alemão Kegelkarst ( 1925).
Estas superfícies são formadas pela corrosão lateral, de modo que não têm os mesmos
caracteres das superfícies fluviais . Distinguem-se estas superfícies pela regularidade do
aplainamento.
PONTO FIXO - denominação devida a A. Surrei usada, ainda, por certos autores, ao invés
de nível de base (vide) dos rios. Não se pode esquecer que a expressão ponto fixo não é
muito feliz, uma vez que o nível de base representa um ponto de estabilidade relativa, · em
função do qual a erosão fluvial escava o seu leito.
PORFIRITICA - tipo de arranjo dos minerais numa rocha (vide textura) .

338
PORFIRITO - rocha intrusiva do tipo hipocristalina, constituída por fenocristais numa
massa de magmas dioríticos pré-terciários. Assemelha-se aos andesitos, dos quais se distingue
por questões de idade ecológica (vide andesito) . Por conseguinte, porfirito é um andesíto
de idade pré-terciária.
PóRFIRO - denominação geral que abrange diversos tipos de rochas ácidas, neutras e
básicas de textura porfiróide (vide porfirito) .
PóRFIRO ELEOLlTICO - denominação dada por alguns autores aos fonolitos de idade
paleozóica.
PóRFIRO LABRADORlTICO ou LABRADORITO - variedades de meláfiros e basaltos
que não possuem olivina.
PóRFIRO QUARTZíFERO - denominação dada aos riolitos pré-terciários (vide riolito) .
PóRFIRO VERMELHO ANTIGO - trata-se de andesítos (vide) da era Primária ou
Paleozóica.
PORFIROBLÁSTICA - textura de rocha pseudoporfírica, comum em algumas rochas me-
tamórficas, como os gnaisses e os xistos. Os porfiroblastos, isto é, os grandes cristais, são
minerais novos que se desenvolveram mais que o resto da massa envolvente.
PORFIROBLASTO - vide porfiroblástica.
POROLOGIA - vocábulo pouco usado para a ciência que estuda as grutas ou cavernas,
isto é, a espeleologia (vide).
PORTAL EPIGENÉTICO _..:. o mesmo que garganta epig~nica (vide).
POSSANÇA - espessura de uma camada, de um dique, de um sill, etc. Nas regiões dobra-
das, o estudo da espessura das camadas pode fornecer muitas vêzes a reconstituição das
formas do relêvo logo após o efeito tectônico.
De não menor importância é o estudo das espessuras dos sedimentos numa bacia sedi-
mentar, para o conhecimento de sua evolução geológica e geomorfológica.
Em geologia aplicada, a possança é definida como o volume do material utilizável.
POTf:NCIA - o mesmo que possança (vide).
POTO-POTO - denominação regional dada às vasas _no litoral do oeste africano.
POUDINGUE ou PUDIM - o mesmo que conglomerado (vide).
PRAIA - depósito de areias acumuladas pelos agentes de transportes fluviais ou marinhos.
As praias representam cintas anfíbias de grãos de quartzo, apresentando uma largura maior
ou menor, em função da maré. Algumas vêzes podem ser totalmente encobertas por ocasião
das marés de sizígia. Quanto ao material que compõe as praias, há um domínio quase
absoluto dos grãos de quartzo, isto é, as areias.
Os depósitos de praia, quando situados a alguns metros acima do alcance das marés
de sizígia, servem como indicadores da oscilação entre o nível dos oceanos e das terras.
Os depósitos de praias permitem ainda a seguinte divisão: a) praias ordinárias e b)
praias de tempestade. Estas últimas são constituídas pelo acúmulo de areias lançadas na
costa pelas vagas de tempestade.
PRAIA BARREIRA - denominação usada para os cordões de restinga que, ao colmatarem
uma angra, um g6lfo, ou baía, formam uma planície costeira. As fotografias aéreas de praias
dêsse tipo, no litoral do estado do Rio de Janeiro e na Guanabara, permitem uma boa visão
dêsse depósito costeiro.
PRAIA SUSPENSA - denominação usada por certos autores para designar os terraços (vide)
que aparecem na zona litorânea.
PRAIRIE (pradaria) - grande grupo de solos zonais desenvolvidos em clima subúmido,
com chuvas bem distribuídas, verão muito quente e inverno bem frio (conservação da
matéria orgânica por meio ano ( 3 meses no verão e 3 meses no inverno). E genericamente
o solo mais rico do mundo, pois a riqueza da rocha enriquece a superfície sem que a
deficiência de chuvas impeça alta produtividade agrícola. Exemplo: estado de Iowa, USA.

339
PRt-CAMBRIANO ou ANTECAMBRIANO - denominação genérica dada à sucessão das
rochas anteriores ao Cambriano, englobando assim o Arqueano e o Algonquiano, hoje desig-
nado~ Pré-Cambriano Inferior e Pré-Cambriano Superior.
PREGA - o mesmo que dobra (vide).
PREGA-FALHA - vide lamiMgem.
PRIMÁRIA (era) - o mesmo que Paleozóica (vide).
PRIMITIVA (era) - também chamada Az6ica (era sem vestígios de vida) ou Agnotoz6ica
(vida desconhecida). Dividida geralmente em dois períodos: Arqueano e Algonquiano (vide).
PROMITO - rocha elástica, formada de elementos de granulação pequena, porém macros-
cópicos, ex.: arenitos.
PROMONTóRIO - denominação dada aos cabos quando terminam por afloramentos rocho-
sos escarpados.
PROTEROZóiCA (era) - sinônimo de Algonquiano e Pré-Cambriano Superior.
PROTóGENA - denominação genérica dada às rochas eruptivas, em virtude de sua origem
primitiva, isto é, não derivando de modificações de rochas preexistentes.
PROTUBERÂNCIA ANTICLINAL - diz-se da forma de relêvo onde a saliência do terreno
corresponde a um anticlinal (vide) .
PSAMITO - denominação usada para as rochas elásticas, cujo diâmetro do material é
menor do que os seixos. Trata-se, por conseguinte, dos acamamentos de areias lapidificadas,
ou não. O tipo de rocha sedimentar que tem textura psamítica é o arenito (vide). Grabau
chama êste tipo de textura de arenácea.
PSEFITO - rocha macro-elástica iormada de elementos grosseiros, rolados ou não: ex.:
conglomerados, brechas, etc. Trata-se, por conseguinte, de um tipo de textura das rochas
elásticas. Na classificação do geólogo Grabau as rochas, com esta textura grosseira, são
denominadas de ruditos e a textura é rudácea.
PSICOZóiCA (era) - o mesmo que Antropoz6ica (vide).
PTIGMÁTICO - rocha onde as dobras estão presentes, antônimo de aptigmático.
PUDIM ou POUDINGUE - depósito formado pela cimentação de seixos rolados com outros
materiais detríticos; o mesmo que conglomerado (vide).

340
QUATERNÁRIA (era) -Vide Antropozóica (era).
QUARTZITO - rocha metamórfica constituída, essenciahnente, por grãos de quartzo,
alinhados em camadas. Os quartzitos, geralmente, resultam do metamorfismo sofrido por
certos arenitos, sendo mesmo definidos, por alguns, como um arenito metamorfizado, no
qual o cimento que ligava os grãos de areia se cristalizou.

Fi&. n. 0 1 Q - A garimpagem no Brasil constitui uma atividade depredadora de nossos recursos minerais.
Vemos na foto acima uma cata de cristal de rocha perto de Cristaiina no estado de Goiás. Esta
cidade está a poucos quilômetros ao sul de Brasilia, e foi o maior centro produtor de cristal de rocha
durante a seganda guerra mundial. Hoje é uma cidade fantasma.
(Foto Tomas Somlo)
Do ponto de vista geomorfológico, estas rochas dão aspectos ruiniformes, semelhantes
aos dos arenitos. Quando atacados pela desagregação mecânica, os quartzitos se transformam
novamente elll grãos de areia. Geram solos muito arenosos e pobres para a agricultura.
QUARTZO - sílica quimicamente pura ( SiO.), cristalizada no sistema romboédrieo, apre-
sentando prismas retos de base hexagonal, terminando em duas pirâmides. Na escala de
dureza dos minerais é um dos mais duros - 7.
O quartzo é um mineral que tem distribuição geográfica muito grande, pois entra na
composição de numerosas rochas eruptivas, metamórficas e sedimentares.
Do ponto de vista de suas propriedades químicas, o quartzo é a sílica anidra sendo
constituído de 46,7% de Si e 53,3% de O. O único ácido capaz de dissolvê-lo é o ácido
fluorídrico.
O seu ponto de fusão é de 1 775° C, transformando-se assim em vidro. Ao resfriar-se,
não retoma à forma cristalina. Toma o molde em que fôr colocado, sendo por isto larga-
mente utilizado na indústria.
As variedades de quartzo podem ser 1.:onsideradas segundo a coloração, cristalização, etc.
A classificação dos cristais de quartzo quanto à coloração pode ser dividida em dois
grupos: 1 - quartzos que apresentam uma coloração única : quartzo hialino ou cristal de
rocha ( Fig. n. 0 1Q) muito empregado no fabrico de lentes, aparelhos de física e química;
prasio - coloração verde (por causa de
um hidrossilicato de ferro); quartzo enfu-
!7Uiçado; ametista - coloração roxa sendo o
óxido de manganês, o responsável por esta
côr; citrino ou falso topázio; quartzo lei-
toso - coloração branca; rubi-da-boêmia,
coloração rósea. 2 - quartzos que apre-
sentam incrustações visíveis macroscopi-
camente e que dão lindos efeitos artísticos,
quartzo cloritoso, ôlho-de-gato, cabeleira-
-de-vênus ou setas-de-amor, sagenita,
aerídrico, aventurino, etc.
Quanto à cristalização temos as cal-
cedônias criptocristalinas e as opalas, mi-
neral inteiramente amorfo.
O quartzo tem papel muito impor-
tante na geomorfologia. :l!:ste mineral
quando aparece· em estado livre toma a
rocha mais resistente à erosão diferencial
(Fig. n. 0 20). No Amapá, sob um clima
equatorial observa-se, algumas vêzes, o
aparecimento de superfíéies de granito
erícaclas por cau.sa da grande dissolução
dos silicatos. em ~teral, restando apenas a
sílica em esta<Io livre.
QUARTZO HIALINO - o mesmo que
cristal de rocha (vide) quando transpa-
rente.
QUEDA D'ÁGUA - degrau existente no
perfil longitudinal de um rio fazendo com
que se verifique uma intemtpção na con-
tinuidade do declive. :l!:sses degraus podem
ser produzidos por movimentos tectônicos, Fig. n. 2Q - A desagregação do quartzo dá, de
0

ex.: falhas; podem ser devidos à erosão modo geral, aparecimento a um solo arenoso e cheio
de fragamcntos onde a erosão elementar ainda não
diferencial, etc. os tenha também reduzido a areia. Na cidade de
As quedas d'água, assim como as Diamantina, em Minas Gerais, a desagregação do
al~~:onquiano dá fonnação a um sólo muito
cachoeiras, catadupas, cataratas, e, mesmo quartzito
cheio· de pedregulhos e frapnentos menores, denomi ..
as corredeiras, c.onstituem variedade de nado regionalmente de "'piçara". Vê-se ainda na foto
saltos cuja denominação varia, de modo acima uma canela de burro (Vellozia sp. em flor).
geral, com as regiões (vide salto). To-

342
davía poderíamos reservar o têrmo quedá d'água para as descidas rápidas de água de um
rio fazendo estrépito.
QUEDA DE BARREIRAS - denominação dada no Brasil ao fenômeno de solifluxão tropical
(vide); em sentido amplo às corridas de terra ou lama.
QUEROSENE - produto líquido extraído do petróleo e muito usado para iluminação nas
regiões desprovidas de luz elétrica. Atualmente êste combustível adquiriu grande importância
com os avíões a jato.
QUILHA DA DOBRA - denomina-se ao prolongamento do plano axial de um sinclinal.
RACHADURA DE CONTRAÇÃO - o mesmo que gr~ta de contração (vide) ou fenda de
dessecação.
RAMPA - o mesmo que declive, usado porém, pelo geólogo e geomorfólogo, quando se
descuram um pouco da linguagem técnica. ~ste topônimo é, todavia, muito empregado
pelos engenheiros construtores de rodovias e ferrovias.
RÁPIDO - trecho curto de um rio, no qual seu perfil longitudinal é ligeiramente acentuado
no seu declive ocasionando um aumento na velocidade da corrente fluvial. Verifica-se uma
quebra na continuidade dêsse perfil, formando-se assim um degrau, ou uma sucessão de
degraus, sem haver, no entanto, sutura na superfície da corrente.
Os rápidos, num curso d'água coincidem, geralmente, com o afloramento de rochas
duras. Ou em outras palavras, êles são na maioria dos casos devidos à erosão diferencial.
RASTEJAMENTO - denominação usada por alguns geólogos, para o movimento de desli-
zamento do solo, isto é, creep (vide) ou cripe.
RAVINAMENTO - a água de escoamento superficial ao sofrer certas concentrações passa
a fazer incisões, passando do sheet-erosion (vide) para o rill-erosion (vide), isto é, erosão
de ravinamento (Fig. n. 0 IR).

TOPOGRAFIA TABULAR-+ RAVINAS

Fi&. n. 0 IR - Tipos de ravina na encosta de uma mesa

RAZ DE MAR~ - o mesmo que maremoto (vide) ou tsunami dos japonêses.


RECALQUE EUSTÁTICO - diz-se das oscilações de abaixamento produzidas pelo mar
no decorrer dos períodos geológicos, acarretando as transgressões e regressões marinhas (vide
eustatismo).
RECALQUE TECTôNICO - diz-se das oscilações continentais de abaixamento produzidas
por epirog~nese (vide).

344
Fig. n. 0 2R - Aspecto da platafonna de aTTecifes em franja, próximo à fortaleza dos Reis Magos,
litoral do Rio Grande do Norte, em Natal. - A natureza da rocha no recife acima focalizado é de
um arenito, cuja ori&em foi devida à cimentação de uma anti&a praia. De modo que a atual posição
do cordão rochoso dêste recife, constitui uma prova de variação do nível do mar. - Na paisagem
acima devemos destacar as inúmeras mannitas (vide) existentes na superfície do recife, e ao fundo
as dunas e as barreiras.
(Foto Tibor Jabionsky do IBG)

RECIFE - formações geralmente litorâneas que aparecem próximas à costa. O têrmo recife
deriva da palavra árabe razif que quer dizer, literalmente, pavimento. A forma arrecife é
usada algumas vêzes. Os recifes podem ser classificados segundo a sua origem em: a) recifes
de arenito b) recifes de corais. ·
Os primeiros resultaram da consolidação de antigas praias por cimentação dos grãos de
quartzo; e os. segundos por acumulação de corais.
Os corais são animais celenterados que exigem uma série de condições principais para
viverem como: temperatura superior a 20°, águas límpidas e profundidades não superiores
a 40 metros.
Os recifes coralígenos aparecem de preferência na faixa intertropical. Assim a maior
parte dêsses recifes do oceano Atlântico se encontra nas Antilhas e Flórida; no Pacífico, na
Austrália e nas ilhas da Oceânia, e no Indico, no mar Vermelho, nas ilhas de Sonda e
Madagáscar.
No oce:.no Atlântico, já na extremidade da faixa tropical, temos os recifes das Bermudas
o 22° de latitude norte, porém, muito beneficiado com a corrente do Gulf Stream, que eleva
sensivelmente a temperatura.
O desenvolvimento dos recifes pode ser estudado e grupado segundo a sua posição em:
1 - recifes em fran;a quando se prendem por um dos lados à costa, 2 - em barreira quando

345
se desenvolvem a pouca distância da costa, formando um verdadeiro obstáculo, 3 - circulares
ou atol.
Em tôda a costa nordestina o tipo que ocorre com mais freqüência é o de barreira.
Mas, além dêste, menção deve ser feita ao tipo isolado, encontrado na costa baiana, em
Abrolhos, e do tipo atol, como o que é visto nas Rocas. Os recifes do tipo franja estão,
na maioria, incorporados na zona do estrão, não tendo o mesmo significado geomorfológico
do que aquêles que estão a poucos metros da linha de costa, constituindo obstáculo bem
destacado nas marés baixas .
Os recifes· em frania.. por conseguinte, estão presos diretamente à costa, ao passo que
os do tipo barreiras deixam um espaço entre o recife e a costa. f:ste fato tem grande signi-
ficação para a nave~ação de cabotagem .
Os recifes corahgenos que aparecem na costa do Brasil são formados pela classe dos
antroziários e hidrozoários.
Em certos pontos da costa brasileira os recifes de. arenito repousam diretamente sôbre
o granito, como no cabo de Santo Agostinho. Em outros locais, como em Mamanguape,
Natal, sôbre material terciário. Nesses casos são do tipo franja, isto é, colados à costa
atual. A superfície dêles apresenta-se acidentada em tôda sua extensão por uma série de
pequenas marmitas, decorrentes do movimento turbilhonar causado pelas vagas, que conse-
guem ultrapassar a barreira em certos pontos denominados "barretas". f:stes recifes emersos
testemunham as variações do nível do mar .
Alguns dêles apresentam estratificação entrecruzada das camadas depositadas em épocas
recuadas . A erosão diferencial dá origem a uma superfície muito irregular. As pequenas
depressões espalhadas na sua superfície ficam cheias de água, onde são encontrados molus-
cos, crustáceos e algas calcárias.
A ilha de Itamaracá, em Pernambuco, apresenta recifes em barreira ao longo de sua
costa e a quatro quilômetros distante dela um outro, bastante cimentado, que fica à mostra,
em .sua maior parte, durante a baixamar, separado do litoral por um declive suave, com
muitos trechos em sêco .
Formam linhas paralelas a costa, constituindo-se em faixas duplas ou triplas, separadas
apenas por canais interrompidos pelos rochedos e areias deslocadas.
Em Alagoas é comum o aparecimento de "recifes duplos". A trinta quilômetros a NE
de Maceió encontra-se um recife de arenitos superpostos a bancos de corais . f:ste fato
constitui argumento a favor da hipótese da oscilação marinha, quando numa fase não
muito distante da atual, constatando-se a variação da linha de costa, uma vez que o depósito
arenoso está sôbre o banco de corais.
~ importante acrescentar, ainda, a existência de "barretas" na foz dos rios. f:ste fato
ocorre, provàvelmente por causa dos ácidos húrnicos contidos nas águas fluviais, que dissol-
vem o cimento calcário existente entre os grãos arenosos depositados.
As linhas paralelas de recifes, segundo J. C . Branner, correspondem a antigas linhas
de praias, hoje inundadas e marcadas pela primeira transgressão, nos princípios do Plioceno.
Existem duas teorias principais que procuram explicar a origem dêsses diferentes tipos
de recifes: 1 - teoria da subsid~cia ( Charles Darwin e J. D. Dana) a qual admite um
abaixamento lento do substrato, acarretando a passagem de recife em franja para um
recife em barreira; e o atol devido ao afundamento de um recife em barreira com uma ilha
em subsidência dando assim o aparecimento de recife arredondado; 2 - teOria do contrôle
glacial ou da plataforma antecedente ( Daly e outros) explica baseando-se na eustasia -
o mar .durante o início do Quaternário, isto é, no Pleistoceno, sofreu um abaixamento de
nível, começando assim a formação dos recifes, que com o degêlo foram obrigados a um
crescimento para cima por causa da subida do nível do mar.
A distribuição geográfica dos recifes de corais está limitada à faixa tropical, extrava-
sando até os paralelos de 32° de lat. norte e sul.
Na costa setentrional e oriental, entre as latitudes de 4° 43' e 19° 50' sul, isto é, desde
o Ceará até o sul do estado da Bahia (arquipélago dos Abrolhos), estende-se ao longo da
linha do litoral a muralha rochosa descontínua dos recifes de arenito e coral.
~ importante acentuar que, no período de 1866/67, Hartt foi o primeiro a verificar a
existência de recifes de corais. Foi em Pôrto Seguro, na Bahia, que êsse ·eminente cientista
afirma ter visto pela primeira vez êsses recifes . Até a publicação de seu trabalho, em 1870,
acreditava-se que no litoral brasileiro existissem apenas recifes de arenito.

346
O estudo pormenorizado dos recifes brasileiros, forma e estrutura, entretanto, foi feito
por John Casper Branner, em 1904.
A formaçl!o dos recifes se verifica em áreas da costa de pouca profundidade, cujo relêvo
se apresenta eri1 declive suave para as regiões abissais. No caso dos recifes de arenito são
antigas praias cimentadas, cuja posição atual depende da variação do nível do mar.
A irregularidade na distribuição dos recifes nordestinos corresponde, sem dúvida, ao
regime hidrográfico, que sofre aí variação marcante, condicionada à humidade atmosférica,
responsável, por sua vez, pela precipitação pluvial, com longos períodos de escassez, afetando
diretamente a descarga dêsses rios exorréicos e, conseqüentemente, o transporte de sedimen-
tos para a zona costeira.
Quando ocorrem várias linhas de recifes paralelas à atual linha da costa, sabe-se que
a litificação dos antigos cordões se dá em nível diferente do atual. ~ irnporta,n te citar o
fato de encontrar-se, às vêzes, seixos rolados inclusos na massa dos recifes de arenito, que
são constituídos por uma muralha de rocha de 30 a 60 metros de largura, que fica bem
a descoberto na ocasião da baixamar, enquanto os de corais, bem mais largos, de contômo
extremamente irregular, deixam apenas parte à mostra nas condições acima mencionadas.
Quanto à gênese dêsse tipo de recife deve-se destacar a relação entre o clirria e a rêde
hidrográfica, assim como a litificação do material arenoso acumulado na zona costeira. O
cimento aglutinador dos grãos de areia pode ser considerado de dois tipos: ferruginoso
e calcário.
Os recifes coralígenos ou biológicos são encontrados, na sua maioria na linha externa
dos "recifes areníticos", quando êstes são paralelos, ou ocupando a face externa das
restingas. .
Na formação dêsses recifes contribuem de maneira expressiva os polipeiros, ou colônias
de pólipos que, na sua constituição orgânica, ·são capazes de segregar substância calcária
(carbonato de cálcio), que se vai acumulando na rocha base, à medida que os indivíduos
dessa espécie nascem, desenvolvem-se e extinguem-se, progredindo em tôdas as direções,
mas deixando suas carcaças calcárias solidamente aderidas à rocha.
Nessa parte do litoral brasileiro, devido à ausência de correntes frias e beneficiando~se
dos efeitos da intensa luminosidade aí verificada, as algas zooxantelas associam-se aos poli-
peirós, vivendo fàcilmente até à profundidade de 10 metros.
Considerado sob determinado aspecto morfológico o recife coralígeno se caracteriza
por apresentar vertentes dissimétricas. Na parte exposta à ação abrasiva do mar aglo-
meram-se pólipos como o Millepor aleicomis, em convívio com gasterópodos, crinóides, equi-
nocermos, decápodos, esponjas e algas calcárias compondo espêssa couraça. Nessa vertente,
ainda, são modeladas verdadeiras plataformas de abrasão.
Deve-se dar atenção ao fato de a localização dêsses recifes atualmente não correspon-
der à posição onde, biologicamente, teriam condições de proliferarem. Exemplificando
vamos encontrar, entre a ponta do Calcanhar e o cabo de São Roque um grupo dêles em
profundidade de até 64 metros. Entre Cabedelo, na Paraíba, e Pernambuco atingem a
75 metros. Nas condições atuais o desenvolvimento dessas espécies está limitada à profun-
didade de 40 a 50 metros. Tal fato revela que na época da formação dêsses recifes eram
outras as profundidades aí existentes, sugerindo variação do nível do mar e conseqüente
afastamento da linha de costa, como também pelo aspecto apresentado pelos mesmos, que
antes eram do tipo em "franja" e atualmente "barreiras imersas".
RECIFE DE ARENITO - diz-se dos recifes (vide) que resultam da cirnentação de antigas
praias, isto é, dos grãos de quartzo outrora incoerentes. ( Fig. n. 0 2R) . Distinguem-se dos
recifes de corais (vide) , que são organógenos.
RECIFE DE CORAIS - formações que resultam do crescimento de colônias de pólipos.
(Vide recifes) .
RECIFE DE PEDRAS - denominação usada por certos autores como sinônimo de re-
cife de arenito (vide) .
RECIFE LAGUNAR - o mesmo que atol (vide) .
RECOBRIMENTO - vide lençol de arrastamento, ou nappe de charriage.
MDE DE DIÁCLASE - o mesmo que rMe de fratura (vide) .

347
~DE DE DRENAGEM - o mesmo que rM.e hidrográfica (vide) .
~DE DE DRENAGEM ANASTOMóTICA - ocorre nas áreas de fraca declividade, onde
os meandros se, recortam ( Fig. 3R) .
Rtl:DE DE DRENAGEM DENDR1TICA - é aquela que apresenta a disposição dos rios
formando um esgalhamento como a que se vê na fig. n. 0 4R . :1!: comum nos terrenos
argilosos, ou ainda em rochas cristalinas como o granito.

Fig. n. 0 3R Fotografia aérea que apresenta o sistema de drena& em anastomático, Trata·se de uma
planície de meandros. Observem·•~ os distintos meandros abandonados (linha interrompida), no
processo de fonnação da planície. (Foto aérea - Rio Paraíba - Município' Pindamonhan&aba -
Estado de São Paulo - Brasil - Com. T. de Souto Crasto.)

~DE DE FRATURA OU DE DIÁCLASE - fendas que aparecem nas rochas cortando


indistintamente os. minerais, e possuindo ou não, direções que seguem certos alinhamentos
( Figs. ns. 5R e 6R). AI; rêdes de fratura resultam dos esforços tectônicos sofridos pelas rochas
(vide diáclase) .
MDE DE DRENAGEM RADIAL - aquela onde os cursos d'água primários são diver·
gentes a partir de uma área central. f:ste tipo de rêde se liga a um ~ne vulcânico ou,
então, a um domo intrusivo como é o caso da fig. n. 0 7R.
MDE DE DRENAGEM RETANGULAR - nesse caso os rios se dispõem de modo geo·
métrico, convergindo em ângulo reto ( Fig. n. 0 8R) . l!:ste tipo de traçado está relacionado
com os movimentos tectônicos .
Rtl:DE HIDROGRÁFICA - maneira como se . dispõe o traçado dos rios e dos vales ( Figs.
ns. 9R e 10R), existe uma grande variedade de formas de drenagem.
No estudo da paisagem física de uma regiãf' as cristas e os talvegues fornecem o
canevá geral do relêvo. Existe uma grande variedade de formas de drenagem, as quais
podem ser esquematizadas do seguinte modo: 1 - dendrítica arborescente, 2 - paralela,
3 - subparalela, 4 - retangular, 5 - angular, 6 radial centrifugante, 7 - radial centri-
petante, 8 - areJar, 9 - anastomoseada e 10 - desorganizada.
Tôdas as grandes formas da paisagem são sulcadas por rios que vão esculpir de modo
particular o relêvo, quer destruindo as partes altas, quer acumulando nas partes baixas.

348
A drenagem do relêvo se faz segundo a declividade geral da região. (Fig. n. 0 llR). A réde
hidrográfica tem muitas vêzes um traçado característico segundo a estrutura das rochas, ou
segundo a natureza das mesmas . Assim nos terrenos de decomposição das rochas cristalinas,
como os granitos, do planalto brasileiro, é comum o aparecimento de uma riMe dendntica
arborecente hierarquizada.

Fig. n. • 4R - Fotografia aérea que apresenta o sistema de drenagem dentrítico. Observa-se que os
cursos primários, secundários, etc., não a!JreSentam nenhum contrôle do solo e subsolo, conservando
uma uniformidade marcante em sua direção e alta densidade. Trata-se de materiais muito finos,
de sedimentos argilosos. Em Agi, Ag2 e A~:;3 há uma diferença quanto à densidade, devido à
diferença de granulometría dos mesmos materiais (Foto aérea - Mesa County - Colorado
EE.UU. Com. T. de Souto Crasto)

Nas áreas onde afloram terrenos calcários, como na bacia de São Francisco, é freqüente
o aparecimento de grandes depressões cheias de água - dolínas, ou então de cavernas ou
grutas que tanto entusiasmo causam aos leigos. Nas áreas de afloramentos calcários, os
fenâmenos cársticos não permitem o estabelecimento de uma rêde hidrográfica hierarqui-
zada, tanto assim que os vales secos, as perdas e as ressurgtmcias são comuns.
O homem que mora nas proximidades de um rio sabe perfeitamente que o seu nível
não se mantém constante durante todo ano. Ora êle aumenta (período de cheias), ora
êle baixa de nível (período de vazante) . A subida e a descida do nível d'água no leito
ou álveo é muito importante para a geomorfologia. Quando a água do rio transborda, carre-
gada de aluviões, vai formar então pequenas planícies de aluviões.

S49
O trabalho das águas correntes é para o aprofundamento longitudinal do talvegue e o
conseqüente solapamento das margens, enquanto o das águas pluviais é para uma desnu-
dação geral. Dêsse modo ter-se-á desgaste, isto é, erosão nas montanhas, nas bordas ou
escarpas de planaltos e acumulação ou sedimentação, nas partes baixas, isto é, nos vales,
nas depressões e nas planícies.
REGIÃO - tem sido considerada segundo várias facêtas, . de acôrdo com o rigor cien-
tífico de cada autor, tendo em vista o "excesso de verbalismo" existente na geografia.
Para fixar o conceito da região, os geógrafos são obrigados a se utilizar dos princípios bá-
sicos da geografia como: localização (onde?), extensão (até onde?) e analogia ou conexão

Fig. n.• 5R - Rede de diáclases cortando o afloramento de quartzito da serra do Cachimbo, no sul do
estado do Pará. Na parte esquerda da fotografia pode-se observar claramente o produto da desagregação
meclnica, isto é, as "areias". Os Anplos retos da ~de de 6i'c1ases, que se v.ê na foto acima, constituem
um bom exemplo didático sôbre o assunto. A presente foto foi gentilmente cedida pelo Professor Lúcio
de lô:astro Soares, e pertence ao document..-io da viagem que foi realizada ao pôsto Xingu do S.P .I.
na serra do c~ chimbo, )UDtamente com o Professor F. Ruellan.
(Foto Thomas Somlo)
(como?) . Há vanos critérios para se classificarem as regiões. Assim, podemos falar em
regiões elementares ou primárias, regiões naturais ou fisiográficas, regiões humanas e re-
giões geográficas.
As regiões elementares são as áreas da superfície do globo terrestre individualizadas
por um elemento da paisagem. Assim, podemos falar em: região geomorfológica - indi-
vidualizada pelas formas de relêvo; região climática - individualizada por um tipo de
clima; região fitogeográfica - pela vegtação; região ou província geológica - definida
pela estrutura ou pela geocronologia; região pedológica - pelo tipo de solo; região. hu-
mana - individualizada pelo tipo étnico; região lingüística, região econômica, etc.

351
Fig. n. o 7R - Fotografio: aé1ea que apresenta diferente::i sistemas de drenar.em, detenninando a
estrutura de um anticlinal (Domo). O conjunto da drenagem do domo seria um sistema de
drenagem anular; entretanto, na parte central do mesmo, com maior densidade, está bastante nítido
o sistema dendrítico e nos bordos do anticlinal apresenta-se uma drenagem do sistema em parreira.
(Foto aérea do EE. UU. )
Embaixo - sistema de drenagem radial. Observa-se que os cursos primários dispersam-se a
partir de uma área central, em fonna de radial. Trata-se de uma rocha intrusiva (Domo de
quartzodiorito) em rochas sedimentares. Na área de drenagem radial há uma menor densidade do
que na área de rochas sedimentares e com certo contrôle, em conseq{i:~ncia do falhamento. Ao
mesmo tempo apresenta certo paralelismo devido a um declive regional.
(Foto aérea - Departamento de Sucre - Bolívia - Com. de T. Souto Crasto)
Na classificação das regiões, podemos àinda considerar vários elementos naturais ou
vários elementos culturais, para identificar, respectivamente, as regiões naturais ou fi-
siográficas e as regiões culturais.

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•• 'I

Fig. n. 0 8R - Fotografia aérea que apr~senta o sistctna de drenaf:em retangula-r. Observa-se que
os cursos primário e secundário apresentam um forte contrôle convergindo em ângulo reto sendo
maior o contrôle no curso principal. Trata•se de rochas que têm uma estrutura xistos a. Pode-se
também observar que tem uma direção dominante, a qual obedece à direção da xistosidade.
Ad = ardósias e Ad - A~ = ald6sias alternadas com arenitos.
(Foto aérea Ribeirão São José, afluente do Rio l'rêto, Estado de Mii\IIS GetaiJ - Com. T. de Soúto Crasto)

Na caracterização geográfica das grandes regiões complexas, os geógrafos utilizam


de modo generalizado, fatôres fisiográficos, como delimitadores, uma vez que êstes são
mais estáveis, quando comparados aos fatôres culturais. Todavia encontram sérios problemas
na escolha de critérios para delimitar uma região geográfica. Nos trechos limítrofes de
uma região com outra, tem-se comumente uma área de transição, pois na natureza os fe-
nômenos não terminam bruscamente. Isto significa dizer que os limites rígidos traçados
numa carta correspondem, na realidade, a faixas de transição.
Dentro de uma região geográfica podemos ter diferentes tipos de estruturas geoló-
gicas, diversas bacias hidrográficas, diferentes tipos de solos, cobertura vegetal e, conse-
qüentemente, diferenh:o recursos naturais básicos e ainda, de acôrdo com o grau de cultura
do grupo humano, aiferentes atividades econômicas - extrativismo vegetal, mineral, agri-
cultura rotineira ou com técnica moderna, o mesmo ocorrendo com a ~riação de gado,
indústrias, etc. Todos êstes dados são fornecidos· pela geografia das regiões. !'l.ão se trata
de fatos ou elementos isolados, mas correlacionados dentro das regiões.
REGIÃO ACIDENTADA - vide acidente do rel~o.
REGIÃO FISIOGRÁFICA - a que é individualizada e caracterizada pelos diversos fe-
nômenos físicos. Alguns autores usam esta expressão de modo restritivo e como sinônimo
de região geomorfológica.
REGIÃO GEOLóGICA - o mesmo que província geológica, isto é, área caracterizada
por determinados tipos de rochas, ou idades.

853

REGOLITO - material decomposto que repousa diretamente sôbre a rocha matriz sem
ter sofrido transporte. No perfil ideal dos solos observa-se que o rego lito é horizonte C,
ou ainda, a rocha decomposta ou alterada.
O material do regolito é um resíduo que não sofreu ainda o processo da edafização.
Por conseguinte, o regolito constitui um material decomposto, isto é, resultante da meteori-
zação e não edafização, o que leva alguns pedólogos a denominá-lo de solo cru.

REGOSSOLO - solo raso de perfil mal desenvolvido devido ao fato de que a rocha quase
aflora.

REGRESSÃO MARINHA - afastamento do mar, ou melhor, abaixamento do nível das água,


oceânicas. Por ocasião de um recuo das águas oceânicas haverá grandes transformações na
paisagem morfológica da zona costeira e do interior. Com o recuo das águas do mar pode
haver o aparecimento de praias marinhas suspensas (terraços litorâneos), variações nos
níveis de base dos rios, retomadas de erosão, etc.
Do mesmo modo qu~ as transgressõ~s~ as ~egressõe.~ marinhas podem ser e~pJi~adas
REGIÃO GEOMORFOLóGICA - o mesmo que área da crosta terrestre, individualizada
por certo número de formas de relêvo. (Vide região) .
REGIÃO GLACIAL - o mesmo que zona glacial (vide) .

Legenda
Limites antigos

Modifico çoãs propostos-· ·-··-

Distrito de Eva

Fill. n. • 9R - Rêde de drenagem orientada pela tectônica

REGIÃO LACUSTRE - diz-<e das áreas onde se encontra um ctl{to número de lagos.
Como exemplo podemos citar a região dos Grandes Lagos, na América do Norte, Finlândia
ou ainda a região lacustre da Suíça. Alguns autores usam indistintamente as expressões:
região lacustre e bacia lacustre (vide) .
REGIÃO PELÃCICA - denominação dada à zona mais profunda dos oceanos. O mesmo
que região abissal (vide) dos biogeógrafos.

354

8
cro-relêvo. Compreende as formas do relêvo emerso e as formas de relêvo submerso, com
dimensões muito variadas. Assim, os pequenos sulcos e pequenas formas com um metro ou
menos constituem as microformas do relêvo, enquanto as extensas cadeias de dobramento
fazem parte das macro formas.
Em topografia o relêvo é sempre definido como a difertnça dt- cota ou altitude exis-
tente entre um ponto e outro, porém, na geologia e morfologia é um têrmo descritivo
sujeito a explicação e interpretação. Usa-se a expressão como sinônbio de diferentes tipos
de paisagens .
As diferentes formas de relêvo t êm sido explicadas segundo várias teorias. Do ponto
de vista histórico pode-se citar as teorias do catastrofismo e a do atualismo (vide) . A pri-
meira procurava explicar a origem das formas de relêvo por grandes catástrofes ou cata-
clismos enquanto a se~unda afirma que as formas são explicadas pelas mesmas fôrças que
. atuam no presente, portanto, por movimentos lentos. Ainda a teoria dos nctunistas ou
plutonistas que procurava explicar as formas do relêvo terrestre como produzidas por fôrças
vulcânicas ou ação de pressão interna.
Outra teoria é a da contração, que em síntese, explica o relêvo como sendo o resultado
de um resfriamento do material magmático e tendo conseqüentemente uma diminuição de
volume.
O relêvo é o resultado da atuação de dois grupos de fôrças que podem ser sucessivas
ou simultâneas: endógenas (dobras, falhas, mantos de charriage, vulcões, terremotos) e,
exógenas (desgastes e acumulação) .
Walter Penck, chefe da escola geomorfológica alemã, considerou o relêvo, como um
produto de ações simultâneas de fôrças endógenas e das fôrças exógenas, atuando as
primeiras, em geral, no sentido de acentuar o relêvo c as segundas no sentido de atenuar,
nas suas linhas gerais. As formas atuais constituem, portanto, o resultado final dessas ações
contrárias. Para Davis as fôrças exógenas só começavam a trabalhar depois que cessa
o trabalho das fôrças oriundas do interior do globo.
As fôrças endógenas dão origem às formas maiores (grupo-de formas de segunda ordem
de Lobeck). Formas originais ou primitit'!lS dando aparecimento a estruturas deslocadas.
A relação entre a erosão e a tectônica - Erosão mais rápida, ou melhor, funcionando
com uma intensidade maior que o soerguimento tectônico: A) Primarrumpf de Walter Penck.
Em certos casos a superfície apresenta-se plana com anticlinais que não chegam a nascer
em vista de a erosão ser mais intensa que o levantamento tectônico ( Torso Primário de
Victor Ribeiro Leuzinger) .

RELÊVO TABULAR

.. ·..... .
. . .· .... : ·.. : : : . ..

ARENITO CALCÁRIO

XISTO . ARENOSO CRIST4LINO

Fig. n. 0 13R
A

RELEVO DOBRADO

~CALCÁRIO § XISTO ARENOSO

I 9 XISTO l2.I] ARENITO

Fig. n.• 14R

B) Endrompf é a supedície mais ou menos plana onde o levantamento tectônic<;l teve


aceleração forte dando uma cordilheira. Cessado o movimento de soerguimento, a degra-
dação leva ao arrasamento e ao aparecimento de uma supedície aplainada ( TOf'so Final
de V. R. Leuzinger) .

RELÊVO FALHADO

~ .. ;-,..
/.:- --:\

k:.<:<J/ ..":j ARENITO § XISTO ARENOSO

rn XISTO B ONÊISSE

~ CALCÁREO

Fig. n.• UH

358
RELÊVO TECTÔNICO EM GERAL

C) Um rebôrdo de falha, onde o movimento tectônico seja lento, o ressalto, isto é,


o degrau de falha, nunca aparece porque a erosão o destrói.
D) O fenômeno de antecedência de certos rios é explicado pelo fato da subida tec-
tônica lenta de uma área e o trabalho continuado do rio que atravessa a reg1ao.
O relêvo é o elemento fundamental da paisagem física e por isto suas formas são
estudadas com muito cuidado pelos geógrafos, pois elas fornecem muitas vêzes a explicação
de certos tipos de paisagens culturais.
O relêvo é caracterizado pelas formas salientes e forn1as deprimidas, através de linhas
diretrizes - cristas e talvegues - que constituem o canevá da paisagem física. Nos grandes
conjuntos de paisagens de relêvo pode-se fazer referência às montanhas, planaltos, planí-
cies e depressões - principais formas do relêvo . No estudo de detalhe das cartas geomor-
fológicas, pode-se entrar em minúcias ao se analisar pequena frente de cuesta (vide cuesta),
gargantas epigênicas, inselbergues, terraços, superfícies de aplainamento, etc.
O relêvo é o resultado global da ação continuada dos agentes endógenos ou hipogênicos
e dos agentes exógenos ou epigênicos. As formas resultantes dos primeiros são estruturais
ou originais, enquanto as formas produzidas pelos agentes exógenos isto é, pelo desgaste,
são esculturais e as produzidas pelos depósitos são formas sobrepostas. Estas duas últimas
podem também ser chamadas formas derivadas ou secundárias (vide geomorfologia) .

Fig. n. 0 17R

As fôrças tectônicas são consideradas como produtoras de rormas elevadas - cadeias


de montanhas, mas também de formas deprimidas - fossas tectônicas, ou mesmo depressões
absolutas. As formas do relêvo representam um estágio da evolução da paisagem física

359
B) Constituídas de rochas sedimentares ou magmáticas, mais ou menos consoli-
dadas: 1 - Planaltos interiores; 2 - Bacias em forma de concha; 3 - Planícies
.de· lava; 4 - Cones vulcânicos.
C) Constituídas por terrenos calcários, com as formas do relêvo cárstico e as ilhas
coralígcnas.

11 - Unidades de estruturas deslocadas ou perturbadas -


A) Constituídas por terrenos dobrados e fraturados, com rochas consolidadas.
Saliências em domo (!acólitos e batólitos). Montanhas dobradas e fraturadas.
B) Constituídas por massa rígida de terrenos muito antigos, como os "escudos"
de rochas plutônicas e metamórficas, as regiões peneplanizadas e as ~eleiras
continentais.

Classificação das formas de relêvo de Siegtried Passarge:


~ - Planícies - no sentido matemático de planura, não existem na natureza. As planícies
são extensões de terreno com diferenças de níveis e pendentes pouco pronunciadas.
2 Relevos ou formas acidentadas
As formas montanhosas com pendentes mais ou menos inclinadas podem ser divi-
didas do seguinte modo: 1 - Cimos em pontas ou montes; ·2 - Montes tabulares
- altiplanos; 3 - Cristas lineares; 4 - Monte anular - forma circular, semicircular;
5 - Montanhas com ferradura, etc.

3 - Formas de escavação ou ôcas: 1 - Grutas ou cavernas; 2 - Vales; 3 - Fossas.

Classificação das formas de relêvo, segundo Lobeck.


I - Formas de primeira ordem ou formas maiores - considerável grau de permanência:
A) Continentes; B) Bacias oceânicas.
Pelo princípio da isostasia, quando se mantiver, substancialmente, a diferença
de densidade das rochas constitutivas dos fundos oceânicos (bacias oceânicas),
não se compreende que possa haver alteração permanente e de vulto nos grandes
níveis da crosta: áreas continentais e bacias oceânicas - Desde o Pré-Cambriano
as áreas emersas são os escudos, embasamento ou pedestal. As velhas plataformas
ou bouclier, dos franceses, são zonas rígidas e que a pouca variação de nível, esti-
veram sujeitas.

RELÊVO TABULAR DE PLANALTO

. . BASALTO

~CALCÁRIO ê+.t ª GRANITO

EJ:2I ARENITO

Fig. n. 0 18R

362
11 - Formas de segunda ordem ou de construção;
A) Planícies
B) Planaltos
C) Montanhas
D) Vulcânicas (Fig. n. 0 18R)
111 - Formas de terceira ordem ou de destruição (fôrças exógenas}
A) Formas de degradação (desgaste pela erosão)
B) Formas de agradação (acumulação)
C) Vales, bacias, escarpas e cristas.

IV - Formas intermediárias compostas e complexas. Colinas.

Classificação das formas de rel.Wo por Paul Macar ( Geomorphologie Normole).


I - Planície
A) Planícies Marítimas ou Costeiras; 1 - Planície de origem tectônica ( epirogê-
nese); 2 - Planície marítima eustática (é mais uma noção teórica) - trans-
gressão marítima seguida de regressão.
B) Planícies Continentais: 1 - De acumulação simples, planícies lacustres e
pluviais (fluviais); 2 - De acumulação de origem tectônica.

11 - Planaltos
A) Planaltos típicÔs
B) Peneplanos soerguidos em planaltos
C) Baixos planaltos

111 - Montanhas
A) Montanhas típicas ou de origem orogemca
B) Montanhas de origem-epirogênica (mais comumente bordas de planalto).
C) Montanhas de acumulação.

Explicação sumária das causas formadoras do reMvo terrestre;


A) Movimentos tectônicos de epirogênese e de órogênese;
1 Formas fundamentais ou primárias ou de primeira ordem; 1 - Conti-
nentais; 2 - Bacias oceânicas.
2 Formas hipogênicas; 1 - Planícies; 2 - Planaltos; 3 Cadeias de
montanha ; a) dobra; b) falha; c) complexa; d) domo; e) formas vul-
cânicas.
B) Erosão - degrada as elevações - Formas epigênicas; 1 - Erosão; 2 -
Acumulação; 3 - Residuais.
C) Condições litológicas do material submetido às deformações tectônicas e pos-
teriormente à erosão. Rochas da mesma natureza podem dar formas diferentes,
segundo os tipos de climas.

Farmas primitivas ou originais do relêvo segundo a tectônica; a) dobramentos, b) mo-


vimentos epirogênicos, c) rejuvenescimento, d) afundamentos - falhas.
Os dobramentos são devidos às fôrças de direção sensivelmente horizontais - movi-
mentos orogênicos ;
1 Grande fossa marinha alongada onde se acumulam os sedimentos;
2 Subsidência;
3 Geossinclinal e o geoanticlinal (existem desde o Primário) .
A - As cadeias de montanhas são zonas enrugadas da crosta terrestre, oriundas
de movimentação tectônica.
B - As cadeias de montanhas não são tôdas da mesma idade, conseqüentemente
as formas vão apresentar sensíveis diferenças, já que os movimentos tectônicos
foram produzidos em épocas diversas.

363
das regiões montanhosas. O reMvo glaciário está ligado à ação de um agente do modelado
- o gêlo. Trata-se de um capítulo da geomorfologia climática, em função da isoterma zero
grau centígrado.
As ações de aplainamento nas áreas periglaciais, tendem, por ablação e por depósitos,
a reduzir os declives e nivelar os relevos - equiplanação (segundo D. D . Caimes -
1912), altiplanação (M. H. Eakin - 1916), c1·ioplanação (de K. Bryan).
As formas ligadas aos sistemas morfoclimáticos glaciários e periglaciários são de modo
geral bem conhecidas, por causa dos estudos feitos especialmente na Europa e na América
do Norte ..
O processo de gelivação das rochas constitui um importante capítulo na morfologia
glaciária, tendo em vista o material fornecido para a erosão glaciária. Quanto à área geográ-
fica atual onde se processa o modelado glaciário, esta é bem restrita nos nossos dias. A
paleoclimatologia nos mostra que no decorrer das diferentes eras geológicas ocorreram várias
glaciações em outras áreas que atualmente estão sujeitas a outros tipos de climas.
RELtVO KARSTICO (deve-se preferir a grafia cárstico) - formas àe relêvo devidas, prin-
cipalmente, ao processo de erosão de dissolução. No modelado cárstico não se observa a
hierarquia na rêde de drenagem. Derruau considera um tipo de relêvo "anormal". (Vide
reMvo calcário).
REUVO NEGATIVO - constituem as áreas de terrenos situadas abaixo do nível do mar,
tais como os solos ocednicos e as depressões continentais, cujos fundos estão abaixo do plano
de refer~ncia. Os lagos não podem ser considerados como relevos negativos a não ser aquêles
que ficam abaixo do nível ao mar como: mar Morto, mar Cáspio, etc.
REUVO ONDULADO - diz-se das áreas onde há pequenas movimentações do terreno.
Expressão utilizada na geomorfologia com um duplo caráter: 1 - puramente descritivo
(Fig. n.0 19R) e 2 - estrutural. Todavia, acreditamos não estar longe o dia em que a
geomorfometria poderá usar esta expressão baseando-se nos declives médios e nas altitudes
relativas, medidas numa área considerada.
Na geomorfologia estrutural, não se pode deixar de assinalar o fato de que, em certos
casos, pode-se considerar o reMvo ondulailo, pelo tectonismo. Neste caso, as partes convexas
coincidem com anticlinais, e as côncavas com sinclinais.
Na topologia militar, o terreno ondulado é assim considerado quando a variação de
nível é sensível, dando-Ihe o aspecto de ondas do mar. Significa, por conseguinte, bastante
suavidade na topografia.

Fie. n.• ·l9R - Relho ondulado e uma floresta caleria.

RELtVO POLIC1CLICO - a-quêle que foi sujeito a diversas fases de erosão e conseguinte
parada. tste fato deixa na paisagem marcas importantes para os geomorfólogos e ge6logos,
como sejam: ru.Pturas de declives em vertentes, foz suspensa dos rios afluentes, terraços,
formas mostrando escavamento e paradas de erosão, etc.
RELtVO POLIGtNICO - elaborado por sistemas de erosão sucessivos, podendo em certos
casos chegar a um penep~n.o . Relêvo pol.igêni~o não é sinônimo de reMvo policíclico (vide) .
Pode-se ter relevos policlClicos que esteJam bgados, por exemplo, à variação de níveis de

366
bases. Pode, no entanto, haver coincidência de um relêvo policíclico com um poligênico.
Significa sistemas de erosão desencadeados por flutuações climáticas (sistema de erosão
diferente do precedente).
REL~VO POSITIVO - diz-se das áreas de terrenos situados acima do plano de refer~ncia,
isto é, do nível do mar.
REL~VO RELATIVO - formas de acidentes expressas não em relação ao nível do mar
(nível zero), mas a qualquer nível teórico, tomado para efeito de comparação. Nas áreas
de intenso movimento tectônico, isto é, cadeias de montanhas, encontram-se os maiores
desnivelamentos relativos ou amplitudes relativas do reMvo. Nas áreas de planície se encon-
tram as menores amplitudes relativas do relêvo.
REL~VO TECTôNICO - formas topográficas da superfície do globo terráqueo que resul-
tam da movimentaçãc feita pelas fôrças tectônicas (Fig. n. 0 20R).
REL~VO VALONADO - vide vallons.
A ...

RELEVO TECTONICO

Fig. n. 0 20R

RELtVO VULCÂNICO - as formas devidas ao vulcanismo, apresentam interêsse particular


aos geomorfólogos. Elas significam o reflexo dos agentes geol6gicos end6genos e constituem-se
em verdadeiros aparelhos reveladores da existência de um material igneo sob a crosta sólida.
Ao geomorfólogo interessam particularmente os tipos de erupção no que diz respeito às
formas dela resultantes. Pois trata-se de formas postiças, segundo De Martonne cuja hierar-
quia dentro do ciclo geo~J?orfológico não é importante. São formas que podem surgir de
repente.
Contrastes grandes são encontrados entre formas vulcânicas do tipo havaiano e formas
vulcâni9as rlo tipo peleano.
REMANSO - trecho de um rio no qual a corrente fluvial fica como que parada.
REMONTANTE (erosão) - escavamento realizado pela erosão fluvial, que se faz da foz
para as cabeceiras, isto é, de jusante para montante em função do nível de base. Dá-se, por
conseguinte, o nome de erosão remontante ao escavamento feito de modo regressivo, a partir
do nível de base, para as cabeceiras.
RENDZINA - tipo de solo de coloração vermelha, originada da decomposiçã::- do calcário.
Neste tipo de solo a massa argilosa colorida pelo óxido de ferro está misturada com pedaços
de calcário, ainda não decomposto. Quando êstes fragmentos desaparecem, surge um solo
constituído inteiramente de argila, chamado terra rossa.

367
RESIDUAL (solo) -· vide solo.
RESSEQüENTE (rio) - aquêle que corre na direção do mergulho das camadas, sendo
geralmente afluente de rios subseqüentes. Os rios resseqüentes aparecem depois dos conse-
qüentes e subseqüentes, e são paralelos aos conseqüentes.
A distinção dos rios resseqüentes dos conseqüentes é feita quando se olha o conjunto
da região, para se ter noção do tipo da drenagem de tôda a área.
RESSURG:ENCIA - fonte de água que aparece em terrenos calcários, sendo também cha-
mada de fonte voclusiana ( Vaucluse na França). Estas fontes são caracterizadas pela grande
abundância de água e, também, pela intermitência. Na maioria dos casos não passam de
antigos cursos d'água sumidos, que ressurgem.
Estas fontes são também chamadas de fontes torrenciais.
RESTBERGE - denominação dada pelos alemães para as pequenas montanha, ,esiduais
que surgem numa área peneplanada. O mesmo que hartling ou fernling (vide monadnock) .
RESTINGA ou FLECHA LITORÂNEA - ilha alongada, faixa ou língua de areia, deposi-
tada paralelamente ao litoral, graças ao dinamismo destrutivo e construtivo das águas
oceânicas. :Esses. depÓsitos são feitos com apoio em pontas o~ cabos que comume~te pode~n
barrar uma sene de pequenas lagoas, como acontece no htoral, do sul da Bahia ao R10
Grande do Sul.
O problema da origem dêsses depósitos litorâneos ainda é um pouco controvertido. Há
três teorias principais: 1 - as correntes marinhas secundárias, 2 - influência do modelado
do fundo do mar, sendo a praia formada nos limites da ação das vagas, 3 - o efeito das
vagas de translação, e as correntes de marés. Do ponto de vista geomorfológico o litoral de
restinga possui aspectos típicos como: faixas paralelas de depósitos sucessivos de areias,
lagoas resultantes do represamento de antigas baías, pequeninas lagoas formadas entre as
diferentes flechas de areias, dunas resultantes do trabalho do vento sôbre a areia da restinga,
formação de barras obliterando a foz de alguns rios, etc.
Na Amazônia chama-se de restinga aos diques marginais ou pestanas, que se depositam
na planície do leito maior, junto ao curso d'água. O mecanismo genético de tais diques é o
transporte de aluviões por uma corrente fluvial, no momento de uma inundação, ou melhor,
alagação.
RETINITO - rocha cuja composição química se aproxima da obsidiana (vide). O retinito
ou pechsteins é uma rocha de coloração muito escura e de textura vítrea.
RETOMADA DE EROSÃO - aparecimento de condições que permitem o comêço de uma
nova fase de erosão. Isto se verifica quando há uma variação do nível de base ou uma
mudança climática numa bacia hidrográfica.
RIA (costa) - originada de uma imersão do litoral com a conseqüente invasão do mar
nos vales modelados pela erosão fluvial. As costas dêsse tipo são altas e os rios afogados e
de larga embocadura.
A ria é, portanto, um tipo de costa de submersão, caracterizada por apresentar vales
muito largos com foz em forma de trombeta. O nome ria foi introduzido por M. de Richthofen
para designar os golfos digitados, com litoral escarpado, como os da costa da Galizia, no
noroeste da Espanha ( de onde se origina o têrmo), onde se instalaram importantes portos
como os de Pontevedra e Vigo. Mais tarde êste conceito foi estendido, adquirindo um
sentido mais genérico, isto é, todo vale afogado, sem levar em conta a altitude. Quanto aos
golfos digitados caracterizam-se como foz do tipo trombeta.
Outros exemplos de ria podem ser observados na Bretanha (França) e no oeste africano
(ria de Sine - Saloum, de Gâmbia e Casamance).
No litoral brasileiro, é na costa leste do estado do Pará e no noroeste do Maranhão,
onde se pode identificar certos exemplos de rias. Também no litoral oriental do Brasil têm-se
as rias da Baía de Todos os Santos, Paraguaçu, Vitória e Guanabara - estas correspondem
ao conceito inicial de Richthofen. Por êstes diferentes exemplos, conclui-se que o litoral
de rias tanto pode ser baixo, como alto e relativamente acidentado . Todavia a característica
mais importante é a de apresentar rios com a foz totalmente afogada, em virtude de trans-
gressões marinhas. O leito atual dos rios é então desproporcional à largura do vale, cujo
talvegue anterior à transgressão está muito abaixo do nível das planícies do leito maior
do atual fundo de vale.

368
"RIFT-VALLEY" ou VALE DE DESABAMENTO TECTôNICO- aquêle cuja calha ocupa
pràticamente o fundo de um graben. O têrmo rift-valley foi usado por J. W. Gregory para
significar vales produzidos por fôrças de tensij.o ou de compressão. Entre os vales dêsse tipo
temos, o do rio Reno e do São Francisco, segundo Rui Osório de Freitas.
"RILL-EROSION" - pequenas incisões feitas na superfície do solo quando a água de
escoamento superficial passa a se concentrar e a fazer pequenos regos. A rêde de ravina-
menta não é sempre paralela, sendo por vêzes cruzada e anastomoseada. Tentamos traduzir
rill-erosion por ravinamento .
RIO - corrente líquida resultante da concentração do lençol d'água num vale. Um curso
d'água pode, em tôda sua extensão, ser dividido em três partes: 1 - curso superior, 2 -
curso médio, 3 - curso inferior.
No curso superior, geralmente, há o grande predomínio do escavamento vertical, isto
é, a erosão intensiva do talvegue longitudinal; é a parte do rio mais próxima de suas cabe-
ceiras. Já no curso médio há um certo predomínio do transporte e um acentuado modelado
das vertentes, isto é, um rebaixamento das enc..,stas. Finalmente no curso inferior há o
fenômeno de aluvionamento.
A velocidade do rio depende de uma série de fatôres, como declive do talvegue, volume
d'água, estação climática, etc. Igualmente variável é a largura do rio, dependenrlo da sua
fôrça erosiva, da natureza do material atravessado, etc.
O rio pode ser definido pelo talvegue, pelas vertentes e pelos terraços. Um rio constitui,
por conseguinte, a reunião do lençol d'água numa calha cujo declive contínuo permite uma
hierarquização na rêde hidrográfica. ll:les possuem várias cabeceiras que dão origem ao seu
curso e recebem vários afluentes. São limitados lateralmente pelas margens, e pelas vertentes·
as quais dão a forma, ou melhor o tipo de vale. E, chegam ao mar, ou a um lago, desembo-
cado, às vêzes, por um longo canal, outras vêzes a foz é constituída por uma série de ilhas,
sendo no primeiro caso chamado de estuário e, no segundo, de delta. .
Os rios podem originar-se das águas das chuvas, isto é, da junção de vários filêtes, de
fontes, da fusão de neve e geleiras, ou ainda, de emissários de lagos.
O desenvolvimento dos rios se realiza segun~o determinadas leis, as quais são conheci-
das por leis hidrográficas ou ainda Regras de Brisson, muito utilizadas pelos topologistas e
podem ser sintetizadas do seguinte modo:
1 - "Os rios são, em geral, sinuosos e, nas sinuosidades, a margem voltada para o
lado convexo comanda a margem oposta".
2 - "Quando o rio segue uma direção sensivelmente retilínea, o vale é, em geral,
apertado, grofundo e estreito, e suas vertentes apresentam forte declive".
3 - Quando o rio se divide em ramos sinuosos, formando ínsuas, o vale ordinário, é
largo; pouco fundo c de superfície quase horizontal".
4 - "Quando o vale é formado de vertentes da mesma altura, o rio corre, via de regra,
a igual distância delas; quapdo, ao contrário. as vertentes são de alturas diferentes, o rio
corre mais próximo da de maior altura".
A declividade do talvegue de um rio é muito importante, pois os rios com um declive
superior a 2%, são chamados de rios torrenciais, e geralmente correm em regiões montanhosas
ou mesmo de planaltos, enquanto os cursos d'água que correm nas regiões de planícies têm
fraca declividade e são geralmente navegáveis.
Aqui não vamos tratar propriamente do regime dos rios, porém, desejamos deixar esbo-
çadas algumas noções que julgamos importantes no tocante ao escoamentq fluvial, tais
como: índice pluviométrico, índice de escoamento e deficit de escoamento.
V"
lndice pluviométrico P:
s
v• = volume total da água caída S = superfície da bacia hidrográfica.
v4
lndice de escoamento E :
s
v4 = descarga anual do rio =
s superfície da bacia de alimentação.
Deficit de escoamento - ou coeficiente de escoamento D =
P - E

369
O índice de escoamento depende da chuva, da temperatura e do declive.
No tocante aos elementos que formam os rios devemos considerar: as cabeceiras, o
álveo co·m o leito menor e o leito maior, mar"gens, afluentes e subafluentes, confluência, foz e
seus diferentes tipos, bacias hidrográficas, talvegue e divisor de águas.
Os rios e os vários cursos d'água, de menor importância, muito dependem da reg1ao
que atravessam. Assim, o que se chama de rio no sul do Brasil, na Amazônia poderá ser
um simples igarapé.
RIO ALóCTONO - Jiz-se dos cursos d'água que, ao atravessarem uma determinada região,
no trecho médio e inferior do seu curso, não recebem a contribuição de nenhum afluente.·
Assim, o rio corre graças à alimentação recebida no curso superior. Como exemplo podemos
citar o Loa, no norte do Chile. (Vide alóctono).
RIO CAPTURADO - aquêle que é subtraído, em parte, de seu curso. Nos fenômenos de
capturas são freqüentes as decapitações. (Vide captura). Nos Andes, e mais especialmente
na Patagônia, é freqüente êste fenômeno, pois rios que outrora desaguavam no Atlântico
tiveram suas cabeceiras cortadas e desviadas para o Pacífico.
RIO DE FOZ SUSPENSA - aquêle que possui o seu nível de base acima do nível do
rio principal ou oceano. O fenômeno da existência dêsse tipo de rio pode ser explicado pelo
escavamento mais rápido do vale principal que do afluente; degrau de falha na foz do
rio; erosão glaciária; movimento negativo do mar, etc.
Usa-se, inrliferentemente as expressões vale suspenso ou rio de foz. suspensa. :l;:stes vales
podem ser classificados segundo a sua gênese, do seguinte modo: vales suspensos de f!.laciação,
vales suspensos costeiros, vales suspensos de rios tributários e vales suspensos de falha.
RIO DECAPITADO - curso d'água que teve capturadas as suas fontes ou mesmo o alto
curso (vide rio capturado).
RIO EF:i;:l\fERO - o mesmo que rio temporário (vide).
RIO EMISSÁRIO - de um lago, isto é, rio que tem sua orige1u em um lago.

RIO INTERMITE~TE - vide rio temporário, que corre durante a época das chuvas. Como
exemplo citaríamos os rios da zona do sertão nordestino. ~stes rios, segundo o linguajar dos
caboclos "cortmr." na época da sêca.
RIO PERENE- cursos d'água cujo leito menor (vide) está sempre transportando o deflúvio
da bacia contribuinte.

RIO PRIMITIVO - vide conseqüente (rio) .

RIO SUBTERRÂNEO - diz-se do curso d'água que corre em parte do seu percurso enco-
berto. Aliás, êste tipo de rio s6 pode existir em áreas onde afloram rochas solúveis, como:
calcário, gipso, etc.

RIO SUMIDO - ocorre quando há uma "perda" em rocha calcária. (Vide vale s~éo).

RIO TEMPORÁRIO - diz-se do curso d'água cujo regime não é permanente. No caso dos
rios que atravessam a zona do sertão nordestino, o leito dos mesmos fica sêco na época da
estiagem. Por ocasião das chuvas, as águas se avolumam com grande rapidez no leito do
rio, adquirindo grande correnteza, tendo mesmo características torrenciais, provocando inun-
dações. Regionalmente, o caboclo do interior da caatinga costuma denominar êstes rios
temporários,- de rios que cortam, isto é, deixam de €xistir periodicamente, embora haja água
no subálveo.
Rio temporário é sinônimo de rio ef~o, no entanto, os hidrologistas costumam dis-
tinguir uma outra categoria de tipo de curso d'água, que chamam de intermitente. Neste
caso os rios do interior nordestino seriam intermitentes, reservando-se a denominação de
temporários para aquêles cujo deflúvio é Unicamente das águas superficiais, e subsuperficiais.

370
RIOLITO ou LIPARITO - rocha efusiva correspondente ao magma granítico, tendo, porém,
textura porfirítica ou felsítica. Os riolitos anteriores à era Terciária são chamados também
de p6rfiros quartzíferos.
Os riolitos mais antigos são geralmente de coloração rosa e contêm palhêtas macros-
cópicas de ferro oligisto. Os riolitos recentes têm gerahnente a coloração cinzenta, branca
e às vêzes preta.
A família dos riolitos pertencem, geralmente, os pomitos, retinitos, cerat6firos, obsidia-
nas, perlitos, etc.
"RIPPLE MARKS" - ondulações visíveis que aparecem nas camadas sedimentares, origina-
das pela ondulação das vagas ou pelas águas correntes, Os ripples marks fósseis são visíveis
mais fàcilmente quando produzidos em certos tipos de rochas, como nos calcários de depó-
sitos de fundos rasos.
ROCHA - conjunto de minerais, ou apenas um mineral consolidado. O estudo das rochas
interessa aos geólogos e aos geógrafos. Enquanto, porém, os primeiros estudam-nas em si
mesmas, analisando-lhes a composição química, o sistema de cristalização, a textura e estru-
tura, os segundos estudam-nas, principalmente, tendo em vista a maneira como reagem aos
vários tipos de erosão.
As rochas que afloram na . superfície do globo terrestre não apresentam sempre o mesmo
aspecto. As suas diferenciações estão ligadas a uma série de fatôres tais como: origem,
composição química, estrutura, textura, tipo de clima, declive, cobertura vegetal, tempo
geologico, etc. Todos êstes fatôres intervêm em grau maior ou menor nas diferenciações que
as rochas superficiais possam apresentar. ·
As classificações mais diversas são datadas pelos geólogos mineralogistas, geógrafos e
engenheiros. Cada especialista procura usar certo número de critérios de modo a satisfazer
suas necessidades. As classificações mais comuns são ás baseadas na origem, na composição
química, na textum e na estrutura.
Quanto à origem podem ser classificadas em três grupos: 1 - eruptivas, 2 - sedimen-
tares, 3 - metamórficas; quanto à composição química das rochas o assunto é muito com-
plexo. A escola americana é a -partidária mais entusiasta dessa classificação. Se tomarmos
por exemplo, como ponto de partida a acidez da rocha, isto é, a porcentagem da sílica, elas
podem ser classificadas em: 1 - ácidas, 2 - básicas, 3 - neutras, 4 - ultrabásicas; quanto
ao estado de cristalização da estrutura cristalina podem ser divididas em: 1 - holocristalina,
2 - holoialina, 3 - criptocristalina, 4 - hipocristalina e quanto à textura em: 1 - granular,
2 - porfir6ide ( microlítica e micro granular), 3 - vítrea.
A composição química das rochas sãs reflete, de modo geral, fielmente as variações das
composições mineralógicas, fornecendo, como já vimos, as bases, de uma classificação de
rochas. Exige, porém, longas e custosas análises e representa de modo mais exato a composi-
ção mineralógica e a natureza do magma original. Esta é a única que pode ser aplicada
para as rochas vítreas, isto é, que não possuem minerais cristalizados - obsidiana e vidro.
Para os engenheiros construtores de estradas, a classificação dos materiais de escavação
constitui um sério problema. Não existe uma classificação que satisfaça inteiramente e que
tenha aplicação a tôdas as regiões. Geralmente êles classificam as rochas nas seguintes cate-
gorias: rocha branda, rocha semíbranda, e rocha dura. Em certos casos especificam mais
ainda, classificando-as em: rocha duríssima e rocha lamelar. Em geologia, ou em geomorfo-
logia, esta classificação das rochas feita pelos engenheiros não tem nenhum valor científico.
O que realmente interessa é a gênese, a composição química, a textura, e a estrutura.
Por conseguinte rocha em geologia é todo material que compõe a crosta terrestre (ex-
cluindo a água e o gêlo) que se estende por áreas com extensões diversas, apresentando
todavia os mesmos caracteres. Uma rocha pode ser formada de um agrupamento de minerais
ou por um único mineral. E inversamente um mineral pode entrar na constituição de rochas
muito diferentes.
Atualmente, de inestímável valor para os geólogos e geomorf6logos é a utilização de
fotografias aéreas para se identificar os diferentes tipos de rochas que aparecem na super-
fície do globo. Exige êste estudo o emprêgo de aparelhos simples que auxiliam o interpretador
a distinguir as diversas tonalidades de coloração cinza que aparecem nos pares estereoscópicos
de fotografias em prêto e branco. Não só a coloração, mas todos os detalhes geomorfológicos

371
têm que ser analisados para se chegar a determinar o tipo de rocha. Também as próprias
tonalidades de coloração da vegetação podem fornecer indícios para a existência de uma
mudança no tipo de solo e, possivelmente, no tipo de rochas.
Empregando-se fotografias coloridas, o reconhecimento do tipo de rocha será mais
simples. Todavia êstes estudos interpretativos da natureza e do tipo de rochas só têm valor
quando se fazem excursões de contrôle, isto é, alguns itinerários cortando os principais aflo-
ramentos e alguns contactos mais duvidosos. Tem-se, assim, um mapa geológico de uma
região feito com grande economia de tempo e de dinheiro.
ROCHA BIOGt!:NICA - o mesmo que rocha sedimentar de origem orgânica, como carvão
mineral, recifes de corais, etc. As rochas desta categoria sempre mostram na sua estrutura
vestígio dos organismos que deram origem ao corpo da rocha.
ROCHA CATACLASTICA - vide cataclase.
ROCHA DE FILÃO - aquela cuja consolidação se processou em fendas existentes na
crosta terrestre. 1!: também chamada de rocha intrusiva.
ROCHA DO EMBASAMENTO - aquela que faz parte do escudo, ou do embasamento,
como é o caso de certos gnaisses, granitos, quartzitos, etc.
ROCHA ENCARNEIRADA - aquela cuja superfície se acha estriada e na qual aparecem
pequenas formas arredondadas assimétricas, produzidas pelas geleiras.
ROCHA ERUPTIVA - vide eruptiva (rocha).
ROCHA ESTRATIFICADA - denominação dada às rochas sedimentares (vide sedimentar
- rocha).

Fig. n.• 21R - Pico culminante do Territ6rio Federal de Fernando de Noronha, com 321 m de :tltilude.
J;:ste arquipélago é de natureza vulcânica. O pico focalizado acima é uma agulha fon\>lítica diaclasada.
No primeiro plano vê-se a proia da Concdção.
(Foto Lúcio de Castro Soares do lBG)
Cada material depositado corresponde a uma rocha sedimentar:

Depósito Rocha sedimentar


Argila Argilito
Areia Arenito
Seixos Conglomerado

ROCHA FRESC:A- o mesmo que rocha .sã (vide).


ROCHA lGNEA - vide eruptiva (rocha)
ROCHA MAGMATICA - vide eruptiva (rocha).
ROCHA MATRIZ ou ROCHA "SÃ" - é aquela em que os elementos originais ou primitivos
não sofreram transformações motivadas pela meteorização. Nos climas intertropicais úmidos
as rochas são mais fàcilmente atacadas, que nos climas secos ou semi-áridos onde a meteori-
zação não tem o mesmo poder para modificá-las.
ROCHA METAMóRFICA - vide metamórfica (rocha).
ROCHA MISTA- segundo alguns autores o mesmo que rocha metamórfica (vide). A deno-
minação de rocha mista advém do fato de possuir ela propriedade das rochas eruptivas e
também das sedim~ntares. Como as primeiras, são cl'istalinas e como as últimas, são comu-
mente estratificadas, isto é, dispostas em camadas.
ROCHA P ALINGEN:l!:TICA - trata-se de rochas preexistentes que sofreram refusões graças
ao fenômeno de anatexe (vide), formando um nôvo magma, cuja consolidação dá a rocha
palingênica ( Palingênese '-- vem do grego e palin significa novamente).
ROCHA PERSILlCICA - antônimo de rocha básica (vide) ou subsilícica.
ROCHA PRIMARIA - denominação dada às rochas ígneas, tendo em vista sua origem que
é devida à consolidação, ou à cristalização do magma . Também pode-se usar, do ponto de
vista da geologia histórica, esta denominação quando nos referimos às rochas antigas da
era Primária ou Paleozóica (vide).
ROCHA SECUNDARIA - denominação dada às rochas sedimentares e metamórficas, tendo
em vista que elas se originam da transformação de rochas preexistentes. Também se pode
usar do ponto de vista da geologia histórica esta denominação quando nos referimos às
rochas da era Secundária ou Mesozóica (vide) .
ROCHA. SEDIMENTAR - vide sedimentar (rocha) .
ROCHA VIVA - o mesmo que rocha matriz (vide) ou rocha sã .
ROCHA VULCÂNICA - o mesmo que rocha eruptiva de derrame, ou extrusiva (Fig. n. 0
21R) - constitui o oposto das rochas plut6nicas ou também denominadas abissais (vide) .
RUBEFAÇAO - operação metassomática pela qual o óxido de ferro, contido nas rochas,
vem à periferia, formando assim uma película, cuja espessura é variável em função do
microelima e das condições locais. A rubefaçãó na superfície de uma rocha, ou num depósito
de sedimentos, ocasiona o aparecimento imediato da coloração alaranjada ou avermelhada,
segundo o tempo de exposição e a quantidade de óxido de ferro contido na rocha.
RUBI - mineral constituído pelo óxido de alumínio juntamente com óxido crômico, tendo
a coloração avermelhada. O rubi é uma variedade de coríndon de coloração avermelhada,
usado geralmente pelos joalheiros (vide alumina) .
RUDACEA - tipo de textura das rochas elásticas, como os conglomerados e brechas. ~ste
tipo de rochas constitui a categoria dos ruditos (vide) .
RUDITO - denominação usada pelo geólogo Grabau para as rochas elásticas que têm
textura do tipo rudácea, como os conglomerados e brechas.
RUGA - o mesmo que dobra (vide) .

373
RUGA OROGEN11:TICA - ou simplesmente roga (vide).
RUIVA - vide agulhas.
"RUN-OFF" - tênno inglês significando o mesmo que água de escoamento superficial (vide).
RUPTURA DE DECLIVE - falta de continuidade de um aclive numa encosta de vale
ou de montanha, produzida por influência estrutural, tectônica, erosiva, etc.
As rupturas de declives têm grande importância para o geomorf6logo e,. por vêzes,
fornecem dados da estrutura da região, ou mesmo do jôgo da erosão diferencial.
RUTILO - óxido de titânio, cujo símbolo químico é TiO,; encontra-se freqüentemente
nas rochas metamórficas, granitos, dioritos, alguns calcários rnetarnorfizados, etc. O rutilo
é um dos minerais mais constantes entre os satélites de diamantes, sendo por isto considerado
corno bom indicador da existência de diamantes. Os garimpeiros denominam de agulhas
aos fragmentos de rutilo de forma acicular que aparecem nas formações.

374
SABÃO (pedra) - vide pedra sabão (Fig. n. 0 4P).
SACADO - corte natural feito por um rio, tornando mais retilínio o seu -curso. Os sacados
são muitos comuns nos rios com meandros digavantes ou livres.
SACARóiDE - textura granular das rochas, que se assemelha ao açúcar cristalizado. Esta
denominação é usada, geralmente, para os arenitos, calcários, mármores, etc.
SACO - têrmo descritivo usado para designar certo tipo de reentrância do litoral, caracte-
rizado pela estreiteza da bôca e largura da parte interior. Exemplo temos no Saco de SãO'
Francisco, situado a nordeste da enseada de Jurujuba.
SAFIRA - mineral composto pelo óxido de alumínio e os óxidos de titâni<> e ferro. Muito
usàdo como pedra preciosa nas joalherias. As safiras podem ser de côr branca ou azul.
Denomina-se comercialmente a safira de côr azul segundo domine a . totalidade escura ou
clara de safira macho e safira fbnea.

Fi&. n." IS - Salinas de Cabo Frio.


(Foto Esso Brasileira de Petróleo)
A safira, por consegu!nte, nada mais i· elo í]ll C uma va ri edade de coríndon de coloração
geralmente azulada.
SAIDRO ou ARENA
material devido à decom-
posição in situ do granito
ou do gnaisse, com a par-
tida dos silicatos alumino-
sos hidratados (argila) que
são levados pelas águas do
lençol de escoamento su-
perficial. Essas arenas são
geralmente de grã grossa
por causa da falta de trans-
porte. Nos exames morfos-
cópicos e na natureza do
depósito, verifica-se que:
1) os grãos de quartzo são
todos não trabalhados ( ca-
tegoria dos non usés -
NU de A. Cailleux) por
causa da decomposição in
situ, pràticamente sem
transporte; 2) misturado
com a sílica ainda resta um
pouco de silicato aluminoso
não hidratado - os felds-
patos porém, desa-
gregados. O saibro pode
provir do granito ou de
um gnaisse. ll: muito co-
mum aparecer nos terrenos
de socle (pedestal ou em-
basamento) brasileiro sen-
do usado na argamassa pa-
ra as construções.
SAL DE COZINHA - sal
marinho ou simplesmente
sal - cloreto de sódio, ele-
mento mineral, indispensá-
vel à vida ·humana, ao gado
e também a uma série de
indústrias. ( Fig. ns. 1S e Fig. n.u 2S - É no litoral do Rio Grande do N1)rtc, onde se cn ·
2S). contra o nosso maior parque ~ :tlineiro . Na foto acima damos um
O Brasil até o ano de aspecto parcial das salinas de Macau.
1925 era um país importa- (Foto E sso Brasileira d e Petróleo)
dor de sal, principalmente
da Espanha. Na atualidade, há auto-suficiência, existindo, no entanto, o problema do
transporte.
Está-se desenvolvendo no Brasil a campanha do sal iodetado, no combate ao bócio e
também do sal cwroquinado, no combate à malária residual. Deve-se ainda lembrar as
vantagens do emprêgo do sal iodetado na alimentação do gado. Inúmeras experiências nestes
últimos anos demonstram a importância do iôdo na alimentação dos animais domésticos.
A indústria salineira pode ser esquematizada através das seguintes etapas: a) colheita
da água do mar, b) concentração das águas, c) cristalização, d) retirada do sal, e) benefi-
ciamento.
O principal processo de extração do sal marinho usado nos parques salineiros da costa
do Brasil é o da obtenção do produto graças à evaporação ao sol e ao vento. A atividade
salineira da extração do produto fica restrita à estação sêca.

376
Na extração do sal deve-se também assinalar a existência de um processo mais moderno
para a decantação do sal, que é o da vaporização em retortas.
No parque salineiro de Cabo Frio, no litoral fluminense está localizada a usina pioneira
dêste processo, no Brasil.
As paisagens salineiras tanto do Nordeste, quanto do estado do Rio, no dizer do Pro-
fessor José Veríssimo, são expressas por certas analogias, como: vento intenso (alísios);
aridez mais ou menos pronunciada; vegetação rasteira, psamófila, mesclada de cactáceas e
bromeliáceas; série de dunas paralelas orlando as praias e constituindo as iminências, reves-
tidas de mato ralo, que barram, às vêzes, a brancura típica do quadro geográfico. :l!:stes
aspectos da paisagem física são completados pelas instalações técnicas das salinas, para a
evaporação da água do mar visando à cristalização do sal . Como elementos essenciais da
paisagem salineira têm-se: os trabalhadores, os moinhos de vento, o tabuleiro quadriculado
dos "cristalizadores", entremeados pelas "eiras" alvacentas que jazem esparsas "chorando"
ao relento.
No tocante à preparação do sal, por muito tempo houve um ambiente de suspeição em
tômo do sal nacional, em virtude da putrefação da carne salgada, quando preparada com o
sal recentemente colhido. Todavia, a explicação, conforme Dioclécio D. Duarte, estava no
fato de que o sal verde, além de conter menor teor de cloreto de sódio, devido à água de
interposição e cristalização, está saturado com os sais deliquescentes de cloreto de sódio e
sulfato de magnésio.
Mas, os verdadeiros responsáveis pela putrefação da carne preparada com o sal verde
são a fauna e flora microscópica, onde se destaca o Chlodistrium flabelliforme e a Sarima
rósea.
O sal curado é indispensável à indústria de carnes, lacticínios e derivados. Devido à
falta de estoque, mesmo o Ml verde, isto é, recentemente colhido, é exportado.
As três maiores áreas salineiras do país, estão localizadas no litoral dos estados do
Rio Grande do Norte - Areia Branca, Macau, a mais importante; Rio de Janeiro - no
trecho entre Araruama e Cabo Frio e no Ceará.
~ de grande importância a produção salineira de todo o Nordeste. Todavia é no litoral
do Rio Grande do Norte, devido a vários fatôres favoráveis, que se localiza imenso parque
salineiro.
A área dessas salinas forma um triângulo compreendido pelas cidades de Macau, Areia
Branca e Mossoró, ocupando os baixos vales afogados dos rios Piranhas ou Açu c Apodi ou
Mossor6.
A topografia da região se apresenta plana e de suave inclinação ao longo dos rios,
permitindo que a influência das marés se faça sentir bem longe de suas embocaduras. :l!:sse
detalhe f;1vorece a localização das salinas às margens dêsses fios, dando condições a que o
produto tenha fácil transporte.
As condições climáticas, com chuvas concentradas apenas no outono e apresentando os
outros meses acentuada secura atmosférica, o que vem provocar nessa área o maior índice de
evaporação, constituem fatôres altamente favoráveis para a produção salineira.
Os processos geralmente empregado~ para a obtenção do sal aí nessa região, são, ainda,
primitivos, não se verificando, como seria desejável, a mecanização total. Os tradicionais
cataventos impulsionados pelos alísios, constantes na . costa nordestina~ acionam uma bomba
hidráulica que, aspirando a água em local de nível inferior, lança-a em longas valeta,s deno-
minadas "levadas", conduzindo-as aos tanques de evaporação, conhecidos como "chocadores".
Após a cristalízação do sal e seu empilhamento em local apropriado do tanque, resta
no mesmo o Q.ue se conhece por ''água-mãe", água residual de alta concentração de sais além
do cloreto de sódio, o que seria aproveitado caso fôssem modernizados os processos de
extração dêsse produto, com a mecanização dessa indústria. Os subprodutos daí oriundos,
pelo seu alto valor comercial, como sejam sais de magnésio, potássio e cromo, soda cáustica
e adubos, justificariam a mecanização.
No Rio Grande do Norte, Macau é o ·centro das maiores salinas, que se estendem nas
duas margens dos rios Amargozinho-Açu e dos Cavalos. A salina Conde é a mais importante
do Brasil.

377
Dioclécio D. Duarte, ao tratar do parque salineiro do Rio Grande do Norte, assim se
expressou: "Para a indústria do sal, nenhuma região do planêta apresenta melhores condições:
temperatura elevada, ventos constantes, amplitude normal das marés, ausência quase absoluta
de chuvas durante seis meses no ano, ausência ainda de vertentes de água doce nas encostas
dos vales" (A indústria extrativa do sal e a sua importância na economia do Brasil, pág. 67).
Para amparar e orientar tôda a produção salineira do Brasil, foi criado pelo govêmo
em 1940 o Instituto Nacional do Sal.
Os portos de Camocim, Aracati, Areia Branca e Macau, localizados no litoral nordestino,
são os principais exportadores do sal.
Tratando-se da produção salineira, deve-se fazer referência aos "barreiros", isto é,
depósitos de sal-gema (verde) existentes no vale do São Francisco, cuja importância remonta
aos primeiros anos da colonização. São conhecidos depósitos profundos de sal-gema nos
estados de Sergipe, Alagoas e Amazonas.
A produção das salinas naturais do vale do São Francisco tinha certo vulto e satisfazia
às necessidades dos sertões. Hoje a extração do sal dos ''barreiros" é uma atividade quase
desaparecida, não resistindo à concorrência da extração do sal realizada na zona do litoral,
especialmente, no Rio Grande do Norte.
A produção salineira do Brasil tem sofrido sensível aumento; todavia, o suprimento de
sal para o uso doméstico e para as indústrias no sul e sudeste do país se faz com certa
dificuldade.
ll:ste fato está ligado ao, baixo preço .do produto e à localização dos principais centros
produtores da matéria-prima, em relação à posição dos mercados consumidores. A deficiência
dos tra~ortes constitui, por conseguinte, importante 6bice no suprimentn de sal aos centros
consumidores.
SAL DE TERRA - denominação dada pelos caboclos para as eflorescências salinas, onde
o gado passa algum tempo lambendo o sal (vide barreiro) .
"SALÃO" . - denominação dada no Nordeste do Brasil aos solos salinos, tendo eflorescências
de sais na superfície.
SALÃO SUBTERRÃNEO - denominação usada por alguns autores como sinônimo de
grutas (vide) .
SAL-GEMA - sal de cozinha, sal comum, halita ou simplesmente sal - cloreto de sódio
encontrado no subsolo. A acumulação do sal-gema se realizou pela evaporação da água
dos mares nas épocas da história física da Terra. Na Alemanha se realizaram os melhores
estudos teóricos e práticos sôbre o sal-gema, na jazida de Stassfurt.
O sal-gema também 'se epcontra em eflorescência nos climas semi-áridos e desérticos.
Foram descobertas espêssas camadas de sal-gema a grande profundidade, em Sergipe,
Alago_as e Amazônia.
rodemos dizer que o sal-gema é um sal f6ssil no sentido de sua antiguidade.
SALITRE - nitrato de potássio ou de sódio. O conhecido salitre do Chile, muito usado
na agricultura, é do tipo sódico-. Nas grutas calcárias aparece, algumas vêzes, a formação
de nitrato de cálcio .
SALMOURÃO - solo argiloso com alto teor de areia grossa. ll:ste nome popular no Centro-
-Sul do País parece provir das encostaS lavadas apresentando-se como que cobertas de sal
grosso, pois as argilas são carregadas pelas águas e a areia grossa sobressai na superfície.
São geralmente originados de granitos em clima úmido: o feldspato é decomposto em argila,
enquanto o quartzo só sofre alguma fragmentação "in situ".
SALSA ou VULCÃO DE LAMA - pequenos montículos cônicos, de onde corre lama
salgada, carregada de gás, especialmente a nafta e carburetos de hidrogênio - terrenos
ardentes do Cáucaso, ~icília e na Península Itálica.
SALTO - denominação genérica dada a todos os tipos de desnivelamento ou degraus en-
contrados no perlp longitudinal de um rio, ex.: cascata, catarata, catadupa, queda d'água,
cachoeira, corredéira, etc. Ao geomorfólogo o que mais interessa não é propriamente o
têrmo usado na descrição, mas sim a explicação da razão de ser da existência de seme-
lhantes degraus ou simples desnivelamentos. Alguns autores definem os saltos como sendo
apenas uma queda súbita das águas de um rio, como que havendo uma separação das
partes: superior da inferior.

378
As corredeiras e cascatas são forln<~.das por fracos desnivelamentos em relação às cata-
ratas1 cachoeiras e quedas d'água.
SAMBAQUI - acúmulo de moluscos marinhos, fluviais ou terrestres, feito pelos índios
( Figs. ns. 3S e 4S). Nesse jazigo de conchas se encontram, correntemente, ossos huma-
nos, objetos líticos e peças de cerâmica.

Fig. n.<" 3S ·- Lt·itos estr~tificados horizontalmente de conchas e areia


nas margens da lagoa do Imaruí, constituindo um terraço sob o sambaqui
do Perrichil. Observa-se claramente a existência de uma estrutura ho-
rizontal na qual se verifica a altern.Ancia de Jeitos de areia com Jeitos
de conchas. Aspecto inteiramente diferente dos sambaquis.
(Foto do autor)

Fig. n . 0 4S - Esque~eto humano enterrado a 12 metros de profundidade,


no monte de conchas do sambaqui da Cabeçuda, ou seja 10 metros acim•
do nível do mar. O esqueleto se achava envolvido por um depósito de areia.
{Foto do autor)

Os sambaquis silo monumentos arqueo,ogicos e não perténcem ao campo da geo-


logia ou da geomorfologia. Até o presente tem havido grande confusão entre sambaqui
de origem . artificial, que corresponde ao Kjoekkenmoedding dinamarquês e os de origem
natural e mista.

379
Os chamados sambaquis de origem natural, melhor qesignados concheiros, são
depósitos realizados pelos agentes geológicos, constituindo o que denominamos em geomor-
fologia de terraço. Quanto à teoria mista, esta afirma que os sambaquis podem ser
tanto de origem natural como artificial, o que constitui grande esperança para a so-
lução da questão. Porém, a realidade dos fatos observados demonstra que o sambaqui
correspondc a um depósito artificial de conchas deixadas pelos indígenas, nada tendo a
ver com os chamados concheiros, que constituem terraços.
Os sambaquis representam testemunhos pré-históricos dos nossos antepassados não po-
dendo ser confundidos com os tetTaços, testemunho de origem geológica e de grande signi-
ficação geomorfológica .
No quadro sumário que segue procuramos dar as principais características que dis-
tinguem os terraços dos sambaquis.
SANIDINA - variedade de álcali-feldspato transparente, de brilho vítreo, encontrando-se
geralmente nas rochas eruptivas recentes.
SAPROPEL - vasa depositada com restos orgânicos, derivados de plantas e animais, na
beira de lagos, estuários e na borda do mar. Por efeito de transformação diagenética o
sapropel passa a sapropelito (vide) .
A acumulação de vegetais microscópicos e de restos de animais, juntamente com seus
excrementos, forma a matéria-prima das rochas betuminosas.
SAPROPELITO - vide sapropel.
SARÇA ARDENTE - o mesmo que vulcões de lama, terrenos ardentes ou salsas (vide) .
SATÉLITES DO DIAMANTE - constituem os elementos anunciadores das formações
diamantíferas. Estas foram muito estudadas por Hussak e Henri Gorceix e a êste último
se deve a expressão satélites do diamante. Os garimpeiros são muito práticos no reco-
nhecimento desses elementos que acompanham o diamante. Todavia, é preciso acrescentar
que a presença dêste satélite não significa em absoluto a existência do mineral típico.
Os garimpeiros denominam, com nomes muito expressivos, os minerais que acompanham
o diamante como: agulha, bagageiras, cativos, cativos de ferro, chifre de boi, esmeril, favos,
feijão prêto, og6, 6vo de pombo etc.
Por conseguinte satélites do diamante são os minerais que acompanham freqüente-
mente o diamante nos depósitos secundários. Segundo E. Hussak pode-se CO!ltar êstes
satélites em número de 56.
SAUSSURITIZAÇÃO - transformação dos feldspatos plagioclásios, alterados em zoisita,
epidoto, albita, actnita e granada. A saussuritização é comum nos plagioclásios, sobretudo
nos gabros. Os feldspatos embora resistentes e çom aspecto compacto, sem clivagem nem
macia têm uma coloração clara ou esverdeada, porém, sem brilho.
SCHISTO - grafia adotada por alguns geólogos (vide xisto) .
SCHORRE - superfície vasosa que aparece numa altura superior à slikke e que raras
vêzes é recoberta pelas águas salgadas ou salobras. O schorre é separado da slikke por
uma microfalésia. (Vide vasa) .
SEBKRA - denominação dada no Saara ( linguajar árabe ocidental) ao fundo de depressões
fechadas. Trata-se de região de evaporação, sempre salgada e nua.
SECUNDÁRIA (era) - o mesmo que Mesozóica (vide).
SEDIMENTAÇÃO - processo pelo qual se verifica a deposição dos sedimentos ou de
substâncias que poderão vir a ser mineralizadas. Os depósitos sedimentares são resultantes
da desagregação ou mesmo da decomposição das rochas primitivas. l!:sses depósitos po-
dem ser de origem fluvial, marinha, glaciária, eólia, lacustre, vulcânica, etc.
Os estudos litológicos estão em grande progresso, constituindo a "sedimentologia", para
alguns geólogos, uma ciência autônoma. Já em 1949 se realizou, na região de Charente
Maritime (França), um congresso exclusivamente dedicado às questões de sedimentação e
Quaternário.
O Prof. A. Çailleux do Laboratório de Geomorfologia da Escola Prática de Altos
Estudos de Paris desenvolveu um nôvo método morfológico para o estudo dos grãos de
areia e dos seixos . Os estudos morfoscópicos e granulométricos são de grande importância

381
para a sedimentologia. Usando êstes dois métodos A. Cailleux consegue distinguir
a origem fluvial, marinha e e6lia dos grãos de areia, ou mesmo quando há vários agentes
sucessivos de transporte . Essas técnicas são importantíssimas, especialmente na região lito-
rânea para a distinção dos terraços fluviais e marinhos.
Os diferentes tipos de materiais uma vez depositados dão início à sedimentação, que
pelos efeitos diagenéticos pode dar origem a uma rocha coerente, como os arenitos, ar-
coses, conglomerados, brechas, etc.
Distinguem-se dois tipos de coberturas sedimentares: transgressiva e regressiva. No
primeiro caso quando os estratos mais novos ao se acumularem numa bacia, cobrem total-
mente o mais antigos; no segundo, nas bordas da bacia de sedimentação quando afloram
camadas mais velhas, ficando as novas mais no centro ( Fig. n. 0 55) .
A sedimentação representa o têrmo final da ablação e do transporte de fragmentos
que depositados, constituem as rochas sedimentares. Estas, por sua vez, quando edifizadas
se transformam em solos (solos al6ctones) . A sedimentação representa por conseguinte um
predomínio da fôrça de gravidade sôbre a fôrça transportadora, dando depósitos elásticos,
químicos ou orgdnicos.

SE.OINENTAÇÀO TRANSGRESSIVA

++ ++ ++ + t
+
+ + + + + + + +

SED!t1ENTAÇÂO REGRESSIVA
Fig, n. 0 5S - Tipos de sedimentação.

SEDIMENTAÇÃO REGRESSIVA - (Vide sedimentação) .


SEDIMENTAÇÃO TRANSGRESSIVA - (Vide sedimentação).
SEDIMENTAR (rocha) - resulta da precipitação química, da deposição de detritos de
outras rochas ou de acúmulo de detritos orgânicos. A deposição de fragmentos de outras
rochas, ou de minerais quando acumulados os sedimentos constitui o que denominamos
de depósito sedimentar (vide) .
A deposição se faz em camadas separadas por iuntas de estratificação, muito impor-
tantes na erosão; daí a denominação de rocha estratificada (vide).

382
Em geral a sedimentação se realiza em estratos ou camadas horizontais. Porém, apÓs
o depósito tôda uma série de fatôres pode vir a perturbar a horizontabilidade das camaaas.
Os espaços que separam uma camada sedimentar de outra, são as "juntas de estratifi-
cação" também denominadas de diáclases horizontais. Estas diáclases do ponto de vista
morfológico, têm importância por causa da erosão diferencial - isto é, do trabalho desigual
da erosão que quando atua sôbre uma camada tenra age com mais intensidade que quando
trabalha uma resistente. Vários acidentes ocorrem na sedimentação: a) alternância do
material grosseiro e do material fino, b) os ripples marks - pequenas ondulações, que
aparecem nas areias, ocasionadas pelo movimento de pequenas ondas, c) as impressões
deixadas por restos orgânicos (fósseis), d) as fendas que surgem nos solos (principalmente
nas argilas) . O exame do material quer no que se refere à natureza química, quer no t~o
de facies é da maior importância para a geomorfologia aluvial. Nos depósitos sedimentares
dos rios, é comum identificarmos o regime reinante na época da deposição, de acôrdo
com o exame da natureza do material acumulado e da alternância das camadas .
Classificação das rochas sedimentares - tentaremos num quadro relativamente minucioso
expor as principais rochas sedimentares:
I - Rochas grosseiramente detríticas:
ar~ias grossas
a) detríticas não consolidadas { seiXos
blocos
1) poudingues - material trabalhado
detríticas consolidadas {conglomerados ( Fig. n. 0 6S).
b} {
2) _brechas - material anguloso .

II - Rochas silicosas:
1) areia
2) saibro
a) silicosas detríticas não consolidadas areias micáceas
{ 3)
4) areias vasosas
h) silicosas consolidadas - arenitos.
. ' . • . {1) sílex
sili·cosas de ongem qmmtca e orgamca 2 ) certos tipos de calcários.
c)

III Rochas argilosas:


a) Caulim
b) Argila
c) Margas ou mames
d) Xistos argilosos
IV - Rochas calcárias:
a) Calcários de água doce - os estalactites e
estalagmites
b) Calcários lacustres

c) Calcários marinhos {de or~gem or~â~ca


de ongem qurmtca.
V.- Rochas salinas:
a) Cloreto de sódio
b) Cloreto de magnésio
c) Cloreto de potássio
d) Gipso.
VI - Dep6sitos continentais de origem orgdnica
Fig. n. o 65 - Conglomerado quaternário
a) Turfa com cimento ferrugino~o, no rio Verde Pe·
b) Linhito queno, na estrada rodoviária Urandi - Monte
c) Hulha Azul - Limite Bahia com 1\finas Gerais.
d) Petróleo (Foto Alfredo J. P . Domingues do IBG)

383
As rochas sedimentares são formadas, em parte, pelos grãos e poeiras de origem conti-
nental. Estas partículas resultam da desagregação e da decomposição das rochas eruptivas,
metamórficas e mesmo sedimentares, que são carregadas pelos ventos, pelo lençol d'água
de escoamento superficial, pelas geleiras e mesmo pelo efeito da gravidade, etc.
Quanto à origem, as rochas sedimentares se dividem em:
a) Clástica (fragmentadas ou detríticas)
b) Orgânica
c) Química

a - rochas sedimentares de origem detrítica ou elástica: são constituídas por fragmentos


desagregados das diversas rochas existentes (eruptivas, metamórficas ou mesmo sedimen-
tares) que, transportados para outras regiões, são depositados em estratos. Ex.: areia,
arenito, conglomerado, argila, xisto argiloso, tilito.
b - rochas sedimentares de origem orgânica: são formadas pela ação dos sêres vivos ve-
getais, animais. O carvão de pedra resultou da transformação das grandes florestas que
existiam na superfície do globo durante o pE:ríodo Carbonífero. No caso do Brasil, as
nossas florestas são mais recentes e datam do período Permiano ou Pérmico.
c - rochas sedimentares de origem químicc.: são formadas pela precipitação, dissolução,
pela ação coloidal ou ainda por uma reação .
O fenômeno de dissolução na rocha calcári.t é muito fácil de ser observado porque as
águas carregadas de gás carbônico, dissolvem o carbonato de cálcio, transformando-o em
bicarbonato, o qual é carregado pelas águas. Em dado momento, êsse bicarbonato precipita-se
novamente dando lugar à formação da calcita.
Quanto à coerência de seus elementos, podem ser:
a - Coerente - arenitos - conglomerados, argilas calcárias.
b - Incoerentes - areia - cascalho.
A textura das rochas sedimentares elásticas pode ser subdividida segundo o tamanho
dos seus elementos em:
1 - Psifitas - grãos maiores do que os da areia grosseira, cimentados com outras
menores. Corresoonde à textura rudácea de Grabau e as rochas consolidadas são chamadas
de ruditos. (Conglomerados Bruchar) .
2 - Psamitas - os grãos são menores que o grão de arroz, e às vêzes quase mi-
croscópicos. Correspondem à textura arenácea de Grabau e as rochas consolidadas dessa tex-
tura são os arenitos.
3 - Pelitas - os grãos são finíssimos, tornando-se por vêzes um pó impalpável, ou
farinha de rocha. Corresoondem à textura lutácea de Grabau e as rochas consolidadas são
os rutitos (rochas de Jàma) - argilas - xistos argilosos - margas - limo - loess
(Fig. n.• 7S).
SEDIMENTO - material originado pela destruição de rochas pré-existentes, susceptível
de ser transportado e depositado. Os sedimentos classificam-se segundo o ambiente de
sedimentação, ou segundo o tipo de sedimentação.
Os sedimentos continentais podem ser subdivididos em: fluviais, lacustres, eólios, gla-
ciais; os marinhos, segundo a zona que ocupam, em nerítico, batia! e abissal. Quanto ao
tipo de sedimentação temos: elástico ou mecânico, químico e biológico .
SEDIMENTO HEMIPELÁGICO - vide hemipelágico (sedimento) .
SEDIMENTO MARINHO - material depositado abaixo do nível do mar, ocupando as
zonas intercotidal, nerítica, batia! ou abissal. Em certas áreas litorâneas, no entanto,
também podemos encontrar sedimentos de origem marinha situados a vários metros acima
do nível atual dos mares, provando uma oscilação entre as terras e as águas. 11: preciso
todavia chamar a atenção dos estudiosos, como fêz A. Cailleux, que a velha concepção
que aparece em alguns compêndios antigos e cartas geológicas, considerando todos os
antigos depósitos, próximos ao litoral, como sef}do forçosamente marinhos, deve ser abando-
nada. Examinando-se o material depositado podemos, em certos casos. encontrar seixos pouco
gastos, intercalados de solos formados ao ar livre ou mesmo de dunas, o que prova ser
material acumulado acima do nível elas águas oceânicas.

384
Areias finas
Conglomerados

Are/as qro.sseiras
Br~cha

Seixos roLados ~·· ~ Xistos a.rgilo.-os

r:!!?1 Seixos angulosos Marga (arçilet calcd.rea.)


~

Ca.lcáreos ma.rnous
Argda

Lama

Giz (Gipsifa}
Blocos

"" ~ Ar~nilos calcáreos


~ Arenitos
~
p~ Pudim (Conglomerado}
fff-m Ç)oartzitos {sedimentares)
~
Fie. n. 0 7S

Os sedimentos marinhos são constituídos em cêrca de 50% pelas conchas, pólipos


foraminíferos, espículas de espor.ja, ouriços, etc. ll:ste material é também denominado de
depósito zo6geno .
SEDIMENTOLOGIA - estuda m sedimentos e os ambientes de sedimentação das facies.
Isto si~nifica em considerar os caracteres litológicos e também paleontológicos.
"SEIF' - denominação dada pelos árabes às dunas longitudinois (vide duna) .
SEIXO - fragmentos de rochas transportados pelas águas, cujo resultado é um arredonda-
mento das arestas ( Fig. n. 0 BS) . Usa-se também o têrmo cascalho como sinônimo de
seixo. Alguns pedólogos se referem à existência de pedregulhos no solo, que muitas vêzes
nada mais são que seixos. Na língua portuguêsa não há a mesma riqueza de vocábu:;<
para a designação das variedades de seixos como na língua francesa. Os têrmos cascalho e
pedregulho devem ser abolidos dos geomorfólogos, em preferência do vocábulo seixo, que

385
Fig. n, 0 8S - Oc1'ó!)ito til' ~t·ixos rolado!), con!)tituído dt' rochas dl' naturc~.:a di,t: r,a, na frontl'ira do
Piauí con1 o estado do Ceará.
(Foto Tibor Jablonsky do !BG)

tem um sentido genético seguido de adjetivos (grande, médio e pequeno) exprimindo a


grandeza dos mesmos. Na classificaç.lo das rochas não coerentes, o Prof. Bourcart adotou
as seguintes dimensões para o eixo maior.
franc~s português
1 - > 500mm blocs blocos
2 - de 500mm a 25mm galets seixos grandes
3 de 25mm a lOmm graviers ou gravillon seixos médios
4 - de lOmm a 2mm granule seixos pequenos

Usando-se esta terminologia - bloc6s, seixos grandes, seixos médios e seixos pequenos
estaremos falando a mesma linguagem e compreenderemos fàcilmente a unidade do
tamanho referido. Os fragmentos levados pelos rios, ou ainda os fragmentos de rochas
desprendidos dos litorais e transportados a longas distâncias, tomam formas denunciadoras
do trabalho a que foram submetidos preliminarmente. Os seixos fluviais têm geralmente a
forma de uma esfera ou mesmo de uma elipse. Os seixos transportados pelas vagas oblíquas
e correntes marinhas tomam formas muito achatadas por causa do vaivém (flotement)
das águas do mar junto ao litoral. Aliás esta é a razão pela qual as areias marinhas no
exame granulométrico são geralmente mais finas.
Os seixos estriados são os transportados pelas geleiras. Num depósito de origem glaciária,
se não fôsse a existência da argila com blocos que tão bem caracterizam os depósitos
de morainas, o exame dos seixos com a série de estrias bastaria para revelar a origem
do depósito.

386
A forma dos seixos depende também em grande parte da natureza da rocha e da
distância a que foi transportado o fragmento. Os 1>eixos de argila têm duração efêmera,
os de rochas xistosas tomam fàcihnente a forma achatada, como é o caso dos seixos de
ardósia, de gnaisse, etc.; os de rochas maciças, como o granito, o basalto, dioritos, diabásios,
sienitos etc. revelam no estudo de suas formas o agente principal do transporte; os de
lateritos ou de canga cavernosa apresentam gerahnente formas estravagantes.
Na geologia o estudo dos seixos é feito principahnente tendo em vista a natureza do
material que os constitue e a idade geológica do jazido depositado. Para o geomorfólogo
os leitos de seixos são da mais alta significação para o estudo interpretativo da evolução
das diversas formas de relêvo. Nos barrancos ou nas encostas dos vales, nas falésias ou
nos litorais, um depósito de seixos evidencia um afundamento do talvegue do rio, uma
variação do nível do mar, etc. A pequisa pormenorizada dos depósitos de seixos, constitui
um capítulo importante da geomorfologia aluvial, existindo atualmente grandes especia-
listas nesse campo de estudo.
SEMI-SERRA - denominação proposta pelo geógrafo francês Pierre Deffontaines para os
escarpamentos do planalto brasileiro, os quais são designados de serra, ex.: serr.1 do Mar,
Mantiqueira, Espinhaço, Borborema, etc.
SENIL (forma) - a que, segundo o geógrafo Da vis, está no estado final da sua evolução
(ciclo de erosão) . E representa formas onde domina a sedimentação. Ao contrário do
estágio da juventude, onde domina a fase erosiva, temos a da maturidade, onde as formas
aparecem pràtic.amente em equilíbrio. Esta concepção ideal das formas de relêvo, que
teve tantos entusiastas no comêço da sistematização da geomorfologia, começa a ser aban-
donada nos nossos dias .
SERICITA - variedade sedosa de moscovita, dando um produto alterado untuoso ao tato,
que por vêzes ganha a coloração esverdeada.
A sericita aparece em grande número de rochas que formam os terrenos da série de
Minas (Algonquiano).
S:I!:RIE - vide coluna geol6gica.
S:I!:RIE DE MINAS - nome dado pelo geólogo americano Orville Derby aos terrenos brasi-
leiros da base do Proterozóico. Como o seu nome indica os terrenos desta série são muito
importantes por causa da riqueza mineral que contêm: ouro, diamante, ferro, manganês,
etc. A região típica dos terrenos desta série é a serra do Espinhaço (bacia do rio Doce) .
SERNAMBI - denominação usada por alguns autores para os sambaquis (vide).
SERPENTINA - silicatos hidratados de magnésio e ferro. A serpentinização se verifica
também em certos minerais, sem alumina como os piroxênios, anfibólios e peridotos. O
nome serpentina vem das malhas, ou da semelhança do colorido da rocha com algumas
serpentes.
SERRA - têrmo usado na descrição da paisagem física de terrenos acidentados com
fortes desníveis. No Brasil elas designam, às vêzes, acidentes variados, como escarpas de
planaltos com alturas de 50 a 100 metros, na região amazônica, no planalto mato-grossense,
etc.
O vocábulo serra é usado com sentido muito amplo na linguagem corrente, porém,
tecnicaiJ!ente, êle está renegado pelos geomorfólogos, em vista da utilização de outros
têrmos que implicam numa explicação genética-evolutiva como sejam: escarpa de falhas,
nappe de chaniage, crista monoclinal, cuesta, hogback, horst, cornija, flexura, etc .
As serras são às vêzes divididas quanto a sua extensão em: serras curtas e serras longas.
As linhas de serras não constituem linhas contínuas, e além do mais nem sempre podem
ser tomadas por divisores de águas. Há fenômenos geomorfológicos como: antecedhlcia,
epigenia, captura, bem como tipos de relêvo - apalachiana jurássico, que explicam per-
feitamente a não coincidência de uma linha de altos picos, ou mesmo de um relêvo mais
acidentado constituindo um divisor de águas. Pode-se, por conseguinte, dizer que nem tôda
serra corresponde a um divisor de águas, e nem todo divisor de águas é uma serra.
As serras são estudadas pela orografia, isto é, ramo da geograha que estudada as eleva-
ções do terreno. Trata-se de uma descrição empírica. Constitui t;:t:nbém um têrmo técnico
da moderna geomorfologia e, neste caso, são estudadas do ponto de vista de su1 origem

387
e evolução. As descrições das serras, embora detalhadas, têm pouco valor para a geomor-
fologia. As denominações serras curtas, serras longas, são qualificativos meramente descri-
tivos. Assim também, serras maciças, serras finas, serras delgadas, serras alongadas, serras
em forma de arco, ou curva, etc. Para o especialista em geomorfologia o que interessa
é a gênese e a evolução de cada um dêsses tipos .
O conceito de serra é, pois, do ponto de vista geográfico muito impreciso. Não há
possibilidade de empregá-lo com exatidão, tendo em vista as próprias variações de sentido
de uma regiao para outra. Assim, serras, montes, colinas, maciços, cadeias de montanhas,
sistema montanhoso, cordilheira, são têrmos usados com o sentido descritivo, para formas
de relêvo, cuja origem e evolução podem ser completamente diferentes. O geomorfólogo
prefere empregar como já dissemos têrmos que possuem uma explicação genética .
No Brasil o vocábulo serra é usado de maneira bastante ampla. Tomando-se alguns
exemplos observa-se que, de modo geral, as serras brasileiras, ora constituem escarpas de
blocos falhados, como serra do Mar, Mantiqueira, Espinhaço, ora escarpas de erosão, como
serra Geral, Botucatu, Serrinha, lbiapaba; ora escarpas de chapadas residuais, como Ara-
ripe, Tiracambu, Mangabeira, ora agrupmentos de inselbergues, como Meruoca, Urubure-
tama, Baturité, etc.
Muitas das chamadas "serras" são portanto, escarpas dissimétricas, p<;>ssuindo uma
vertente com desnível abrupto, enquanto a outra encosta é uma superf1cie fracamente
inclinada. Estão neste caso a "serra" de Botucatu, Ibiapaba, Apodi, etc.
Outro fato que deve ser destacado é o aspecto do tôpo destas serras, bem como a
continuidade das mesmas. Algumas apresentam o tôço re1ativamente pouco acidentado,
como por exemplo a serra do Mar ou da Mantiqueira, que constituem velhas superfícies
de erosao. Não se deve pensar que elas possuem o tôpo à· semelhança de uma serra, com
dentes e reentrância, isto é, picos e colos. l!:stes aspectos são encontrados nas cadeias jo-
vens. No relêvo velho e desgastado das serras do Brasil, a parte elevada é de velhas su·
perfícies desgastadas e erodidas.
SERRA ISOLADA - denominação usada por certos autores no Nordeste do Brasil para
as elevações de rocha~ resistentes. Sinônimo de inselbergue. Como exemplo podemos citar as
serras de Baturité, Uruburetama, Meruoca, Pedra Branca e Maranguape, tôdas no estado
do Ceará.
S~SSEIS - sêres bentogênicos fixos, dúre:1tes dos vágeis (vide bento) .
"SHEET-EROSION" - denominação usAda para a erosão produzida pelo lençol de escoa-
mento superficial (vide) sem produzir ravinamento ( 1·ill-erosion) . Costuma-se ainda distin-
guir a sheet-erosin produzida pela água e a sheet-erosion feita pelo vento . Em ambos
os casos, os efeitos dêsse tipo de erosão são menos evidentes que os tipos de erosão que
produzem debarrancados.
SIAL - combinação de sílica e alumina ( silicatos aluminosos) que constitui a crosta sólida
do globo terrestre - segundo denominação de Suess. ~ a capa de material solidificado
que repousa sôbre o sima ou magma existente logo abaixo. A espessura da camada do
sial é muito variável, havendo grandes penetrações no sima, que ocorrem sob as áreas
montanhosas . Na estrutura da cros!a há uma interconexão do sial com o sim a. As partes
emersas do globo, isto é, os continentes são formados de sial que por ter densidade inferior
ao do sima flutua sôbre êste. O fundo dos oceanos ao contrário é quase inteiramente for-
rado de sima. A espessura média da crosta do sial é avaliada de 60 a 100 km (segundo E.
Suess) . O sial é de grande importância tanto para o estudo da geologia, como da geomor-
fologia. A frimeira se preocupará mais com a estrutura e com as idades, enquanto a se-
gunda . ficar apenas no campo superficial estudando as formas externas, seus agentes e sua
evolução.
SIALIT A - denominação usada por Harrassowitz para os sedimentos residuais,. compostos
essencialmente de silicatos aluminosos, porém, não Iaterizados (vide alita) .
SIALITICO - processo que dá origem a produtos secundários sílico-aluminosos hidratados,
como as ·argilas. l!:ste processo de meteorização é próprio das regiões úmidas (vide sialita) .
SIDERITA - o mesmo que siderose (vide).
SIDERITO - meteorito metálico, o mesmo que holossiderito (vide), composto de ferro
metálico com certa proporção de niquel (vide meteorito) .

388
SIDEROSE ou SIDERITA - carbonato de ferro, minério bem inferior aos óxidos dêsse
metal, como: hematita, limonita ou a magnetita. A siderita pode ser um minério primário.
ou mesmo secundário, isto é, resultar de um produto de alteração, onde existem minerai!
contendo ferro .
SIDEROSFERA - o mesmo que núc!eo da Terra, ou nife (vide) .
SIENITO - não é uma rocha tão co:num quanto os branitos. Forma geralmente pequenos
maciços. Os minerais são os JT esmu; do granito, notando-se a ausência do quartzo e a
freqüência da homblenda. A• Jrin .•pais ocorrências situam-se nos maciços do Itatiaia,
Poços de Caldas e na ilha de São Sebastião - litoral norte de São Paulo.
SlliROZIOM - tipo de solo que aparece nas faixas de climas frios (vide solo árido) .
SíLEX - variedade criptocristalina de sílica tornada opaca pela grande quantiqade de
impurezas. E formado por pequenos elementos cristalinos de quartzo ou tridimita e ligados
pela opala.
O sílex aparece apenas em nódulos, sendo que sua origem ainda não está perfeita-
mente explicada . Foi o sílex o material usado pelos homens primitivos na fabricação de
seus utensílios.
Suas principais variedades são sílex córneo (amarelo), sílex negro ou piromaico, sílex
pardacento ou menilite, sílex néctico de estrutura porosa, muito leve, sílex resinite - de
aspecto resinoso.
Os nódulos de sílex resultam, de modo geral, de uma concentração de sílica em tômo
de um núcleo que, na maioria das vêzes, é constituído de corpos orgânicos em decompo-
sição . Até ao presente só se encontraram afloramentos dessa rocha sob a forma de con-
creção ou de nódulos de tamanhos diversos .
SíLICA ou óXIDO DE SILíCIO - substância polimorfa que se apresenta na natureza em
vários estados: 1 - amorfa e hidratada ( sílica gelatinosa e opala) ; 2 - cristalizada e·
anidra (quartzo, tridimita, cristobalita e calcedõnia) .
A sílica é um composto extremamente estável na natureza. Som~nte o ácido fluorídrico
é capaz de decompô-la a frio.
Entra na formaçã:o de grande número de minerais podendo-se dizer que é o eixo de
todo o reino mineral.
SILICATO - composto salino r~sultante do óxido silícico. Pode ser dividido em 3 grupos:
1 - silicatos das rochas ácidas; 2 - silicatos das rochas básicas; 3 - silicatos de meta-
morfismo.
Os silicatos são abundantes na natureza e formam os: feldspatos, micas, pirox~nios,
anfib6lios, peridotos, etc.
SILICIFICAÇÃO DOS CALCÁRIOS - substituição parcial do carbonato de cálcio pela
sílica sob a forma de quartzo, opala ou calcedônia, mas rochas calcárias, como acontece
com a meuliere da bacia de Paris, que é extremamente cavernosa e constitui a pedra de
construção por excelência da região parisiense .
SILL - intrusões magmáticas ou derrame de lavas em forma de lençol . O sill também
chamado filão - camada, se distingue das outras formas intrusivas como os necks, lacólitos,
lopolitos e diques, devido ao seu modo de jazimento.
Nas fotografias aéreas podemos identificar com certa facilidade os sills - quando
afloram na superfície, bem como a natureza das rochas, pois geralmente são constituídos
pelos diabásios ou basaltos. l!:ste tipo de paisagem é freqüente nos estados do Paraná e
São Paulo, nos arenitos de Botucatu da série São Bento. l!:sses derrames são mais generica-
mente conhecidos por trapp do Paraná.
SILTE - grãos que entram na formação de um solo ou de uma rocha sedimentar cujos
diâmetros variam entre 0,02 mm e 0,002 mm . Outros consideram os seguintes diâmetros:
0,05 a 0,005 mm .
SILURIANO - período que segue o Ordoviciano e rrecede o Devoniano. Com êste período
termina o Paleozóico inferior. O seu nome foi tir<.::Io de Silures, designação dada pelos
romanos e uma tribo do País de Gales .
A vida no Siluriano ainda é essencialmente aquática com o aparecimento de peixes
cobertos com carapaças ósseas - ostracodermos. Aparecem também nesse período os pri-
meiros animais terrestres, os escorpiões . Quanto à flora, parece constituída por algas, bac-

389
térias e talvez algumas plantas terrestres, devido ao seu súbito desenvolvimento no período
seguinte.
O clima p.o Siluriano continua o mesmo dos períodos precedentes, isto é, uniforme,
apresentando todavia zonas áridas, como nos Estados Unidos, por exemplo, com formações
de sal e gêsso.
As rochas do Siluriano são representadas principalmente por arenitos, folhelhos, ar-
dósias e calcários .
No fim do período houve a grande revolução caledoniana, que afetou principalmente
o norte da Europa (Escandinávia, Escócia, etc.) .
No Brasil êste diastrofismo apenas produziu dobramentos de pequena importância, pois,
há mtdto que já estava formada a terra firme chamada Brasília pelos geólogos.
A distribuição geográfica dos terrenos silurianos no Brasil é a seguinte: baixo planalto
amazônico em estreita faixa desde a confluência dos rios Negro e Branco até o baixo
curso do Amazonas, nos estados de Minas Gerais e Bahia, no alto e médio vale do São
Francisco, grandes extensões de sedimentos silurianos da série Bambuí, ::10 vão do Paraná,
em Goiás, no Pantanal Mato-Grossense, e no Rio Grande do Sul.
Devido à grande ocorrência de calcários na série
Bambuí são freqüentes as grutas, entre as quais se
destacam as de Maquiné em Minas Gerais e a de
Bom Jesus da Lapa, na Bahia.
SIMA - zona que vem abaixo do sial formada na
maior parte de silicatos, predominando os de magné-
sio e ferro, com pêso específico próximo de 3,4. O
sima aflora em grande parte nos fundos oceânicos.
1!: também chamado de envolt6rio basáltico, ou ainda
subtrato basáltico da litosfera.
SíMBOLOS GEOLóGICOS e GEOMORFOLóGI-
COS - convenções usadas nos cortes e mapas, quer
geológicos, quer geomorfológicos, à semelhança das
convenções topográficas.
SINCLINAL ou SINCLtNIO - parte côncava de
uma dobra, na qual as camadas se inclinam de modo
convergente, formando uma depressão. O fundo dos
sinclinais constitui como que uma bacia ou vale alon-
gado ( Figs. ns. 9S e lOS).
Os rios que se instalam nos sinclinais são cha-
mados de primitivos ou ainda conseqüentes.
SINCLINóRIO - a~rupamento de dobras deprimi- Fig. n. lOS - A erosão trabalhando ao 0

das como um sinclimtl de grande extensão, reunindo, pode longo dos anticlinais (vide - combe)
ser um sinclinal "perchée", isto é,
no entanto, vários sinclinais e anticlinais ( Figu- suspenso. (Vide - inversão do relilvo.)
ra n. 0 llS).

''
''
' ~

'' .....
..... ....
.... _

Fig. n.o llS - Sinclin6rio.


SINFRATISMO - denominação prop
gional, também chamado de pressão, osta pelo geólo~~ Grab au para o metamorfismo re-
de geossinclinal, ou ainda, dintlmico
SISMO - tremores súbitos da crost .
a terrestre, que pode m ser de forte
tido pelo homem, ou fraca intensidad inten
e e registrados ap<'nas pelos aparelho sidade, e sen-
onde parte m as ondas vibratórias é s. A fonte de
denominada de hipocentro ou foco,
perfície localizado diretamente sôbre e o ponto da su-
o foco de epicentro.
SISM óGR AFO - aparelho usado para
grama pode-se sabe r o tipo de onda registrar os terremotos ou sismos. Por meio do sismo-
vibratória e sua inten sidad e.
SISMOLOGIA - ciência que estud a
os terremotos.
SISTEMA - vide coluna geol6gica.
SISTEMA BRASILEIRO - denomina
complexo cristalino ou brasileiro. ção dada pelo geólogo A. d'Orbig::
y às rochas do
SISTEMA DE CRISTALIZAÇÃO -
se cristalizarem. De modo geral pode diferentes formas que apresentam os minerais após
mos esquematizar os tipos de crista
seguinte quadro: lização dent ro do
1 - sistema cúbico (cub o)
2 -sis tem a quadrático (pris ma reto
de
3 - sistema ortorrômbico (pris ma reto base quad rada )
onde
4 sistema hexagonal (pris ma reto de base a base é um losango ou romb o)
5 sistema romboédrico (para lelep íped o hexagonal regu lar)
6 onde tôdas as f-&ces são losangos iguais)
sistema monoclínico (pris ma oblíquo
7 sendo a base um losango)
sistema triclínico (é um prisma oblíq
uo de base paralelogrâmica) .
Cristalizam no sistema cúbico: halit
conita; no ortorrômbico: topázio e a, galena e fluorita; no quadrátic
baritina; no hexagonal: quartzo e berilo: rutilo e zir-
drico: calcita, coríndon e hemacita;
no monoclínico: ortósio e gipsita; no o; no romboé-
SISTEMA DE EROSÃO - associação triclínico: albit a.
orgânica de processos, nos quais há
de fôrças que atuam para escultura uma combinação
r ou
regiões segundo a influência do clim modelar as várias formas de relêvo. Nas diversas
dominam a insolação, o gêlo e degê a encontra-se um conjunto de processos nos quais
lo, a hidratação, etc. Assim teremos
sagregação mecânica, ou da decompos o domínio da de-
ição química ou mesmo o seu equi
SISTEMA DE EROSÃO MOR FOG líbrio .
ENÉ TICO - expressão usada por
tema do modelado de De Martonne Derr
dando, no entanto, especial desta que uau para o sis-
mod elad o). aos climas (vide
SISTEMA DE MONTANHA - deno
minação usad a por certos autores quan
as montanhas de acôrdo com o carát
er genético, grupando-as no seu conj do classificam
os livros didáticos usavam até bem unto. No Brasil
e Sistema Brasileiro . Todavia esta pouco tempo a seguinte classificação: Sistema Parima
mento ou posição, e não o carát er gené class ificaç ão era feita erradamente se5 mdo o grup
tico do relêv o considerado . a-
SISTEMA MOR FOC LIM ÃTIC O -
Trica rt em substituição à que vinha esta expressão foi preferida por A. Cailleux e Jean
sendo adotada, ou seja, sistema de
A. Cholley. Dizem aquêles autores erosão (vid e) de
que as zonas bivd imatológicas têm
na explicação das formas de relêvo, gran de importância
de relêvo . ( Fig. 12S) . pode ndo-se mesmo falar num a ecologia
das forrri(U
O sistema morfoclimático representa
fológicos, que têm início nos proce o compler'> de interação dos proce
ssos eleme>ttares, isto é, desagregação ssos geomor-
decomposição quím ica. Dos elementar mecamca, ou
proc essos morfogen éticos e morfoclim es, passa-se aos processos complexos, e finalmente aos
áticos.
Os sistemas morfoclimáticos representa
de elementos. Para melhor compreens m um complexo por associação e
dado pelos naturalistas - ciência ão vejamos, por exemplo? o conceito imbricação
biológica que trata da relação dos de ecologia
meio, e entre si. No caso da geom sêres
orfologia moderna as formas de relêv vivos com o
consideradas em relação com a natu o passam a ser
reza
- como os vegetais, animais, e os grup litológica, a estru tura e, tamb ém, o meio orgânico
os humanos.

391
Fig. n. 13S - O sistema morfoclimático das áreas da floresta hileiana de terras finnes (baixo planalto)
é bem 0 diferente do sistema morfoclimático das áreas de floresta temperadas. - Na espessa cobertura
florestal com árvores cujas co!)aS chegam a 30 e 40 metros de altura, fonnando como que um toldo
interposto à in~olação, ou aos eleitos da pluverosão, desenvolveram·se processos diferentes dos existentes
nas áreas campestres. - Na foto acin>a, um aspecto da floresta amazônica, na rodovia Plácido de
Castro que liga Rio Branco ( cap. do estado do Acre) a Plácido de Castro, na fronteira com a Bolívia.
(F9to Tibor Jablonsk-y dll JBG)

No Brasil a localização geográfica do sistema morfoclin)ático equatorial é a área da


grande Região Norte, isto é, Amazônia . Dentro desta grande área submetida ao sistema
morfoclimático equatorial e tropical úmido têm-se dois morfogenéticos, ou seja, J das florestas
equatoriais e o dos campos cerrados .
No sistema morfoclimático equatorial ( Fig. n. 0 13S), o processo elementar de maior
importância é a me teorização química. Espêssa é a camada de decomposição das rochas
nesteNo de clima.
tiposistema morfoclimático árido, o processo elementar dominante é a meteorização
física, isto é a desagregação mecânica, por causa da intensa insolação das rochas, e a
grande amplitude térmica diária.
O processo elementar dominante no sistema morfoclimático glaciário é a meteorização
mecânicã produzida pelo efeito do congelamento.
"SKIDES" - denominação dada aos litorais baixos e muito acidentados, cujo modelado
foi devido à erosão glaciária, tendo sofrido posteriom1ente uma invasão marinha, como
no caso do litoral- sueco.
SKROURS - denominação dada pelos árabes às cristas de quartzito acima do nível do
peneplano do Marrocos Ocidental, isto é, testemunhos de erosão ou monadnocks (vide) .
SLIKKE - parte baixa dos terrenos vasosos que permanece quase sempre sob as águas.
Esta superfície é separada do schorre, parte mais alta, por microfalésia (vide vasa) .

392
SOCALCO INSULAR - o mesmo que plataforma insular (vide) .
SOCLE - o mesmo que embasamento, pedestal ou escudo.
SOCO ANTIGO - sinônimo de área continental (vide escudo) .
SOCO CONTINENTAL - denominação pouco comum, usada por certos autores para a
plataforma continental (vide) .
SOFIONI - jatos de vapor d'água, de gás sulfídrico e gás carbônico, a uma temperatura
que varia entre 100 a 175°. Os sofioni são numerosos na Toscana (Itália), cuja condensação
em bacias-lagoni dá apar~cimento ao ácido bórico.
SOL - vide gel.
SOLEIRA - barra de rocha dura que funciona como nível de base num ciclo de erosão.
As soleiras são muito importantes nos leitos fluviais, pois são elas que servindo de nível
de base, comandam a erosão .
No relêvo submarino as soleiras constituem elevações largas e extensas com declivi-
dades suaves.
SOLFATARA - o mesmo que sulfatara (vide) ou sulfureira.
SOLIFLUXÃO - movimento de determinada massa de solo ou rocha decomposta embe-
bida de água. :E:ste fenômeno ocorre em virtude da fusão das neves ou do degêlo, ou ainda
por causa de chuvas persistentes (vide creep) .
SOLIFLUXÃO TROPICAL - diz-se do movimento de descida de grande massa de argila
ou de arena granítica por ocasião das chuvas muito intensas. :E:ste fenômeno é comumente
denominado de queda de barreiras. :E:stes movimentos de solo e rochas decompostas são
acelerados, isto é, int~nsificados pelos desflorestamentos realizados pelo homem.
SOLO - camada superficial de terra arável possuidora de vida microbiana. Algumas vêzes
o solo é espêsso, outras vêzes pode ser reduzido a uma delgada película ou mesmo deixar
de existir. As rochas que afloram na superfície do globo estão submetidas a ações mo-
dificadoras dos diversos agentes exodinâmicos. Um dos processos mais importantes na
formação dos solos é a alteração do material inicial, ficando no próprio local sem ter
sido transportado. Isto tanto pode ser solo, como pode ser rocha decomposta . A diferença
primordial entre um e outro, é que mesmo no estado màis avançado da decomposição, a
rocha não possui vida microbiana. Os solos possuem vida. Esta nasce geralmente com a
alteração das rochas, desenvolvendo-se com elas as associações vegetais. Com a desagre-
gação mecânica das rochas, temos o comêço das formações móveis sedimentares.
A pedogênese propriamente dita, só começa com o aparecimento da vida microbiana.
Os solos podem evoluir à maneira de um ser vivo, isto é, possuírem um "ciclo vital". As
associações vegetais que têm sua fonte de alimentação no manto superficial de terra arável
estão. em íntima interdependência com o meio ecológico.
O solo é o único ambiente onde se encontram reu11idos em associação ínhma, os quatro
elementos: domínio das rochas ou pedras - litosfe1~; domínio das águas - hidrosfera;
domínio do ar - atmosfera; e domínio da vida - biosfera. 11: um complexo vivo elaborado
na superfície de contato da crosta terrestre, com seus invólucros: atmosfera, hidrosfera e
formado de organismos vegetais e animais que lhes dão a matéria orgânica .
O solo no dizer de Dokoutchaiev, é um corpo natural completamente diferente do
mundo mineral, vegetal e animal, sendo rio entanto um mundo vivo, pois um solo pode
ser jovem (incompleto na sua formação) adulto (bem formado), velho e morto (fóssil).
Por causa de sua gênese, sua. evolução e suas propriedades, o solo difere dos três reinos
da natureza, devendo ser considerado como um quarto reino .
Os pedólogos adotam várias denominações para os diferentes tipos de solo, segundo
sua gênese. No presente, há uma certa confusão de terminologia,. devido à falta de con-
ceitos claros, nas diferentes disciplinas correlatas com a pedologia.
Solo geológico, ou solo físico corresponde ao que denominamos de "rocha decom-
posta" em geomorfologia; e solo biológico ao que designamos solo ou "solo propriamente
dito". Segundo o processo genético, os solos podem ser: solos autóctonos, eluviais ou
residuais, istÇ> é, formados unicamente de elementos provenientes da "rocha-mater"; solos
alóctonos os que receberam elementos "exógenos". Os "minerais-residuais" que aparecem

393
nos solos autóctonos devem ser considerados como provenientes da "rocha-mater", e de
evolução irreversível.
A atuação de alguns fatôres exteriores, consegue eliminar, em certos casos, quase
completamente os elementos que haviam sido tomados da "rocha-mater" . :t!:ste tipo de
solo recebe o nome de "ectodinamorfo". Em tôdas as rochas sílico-aluminosas, os silicatos
de alumina são decompostos em sílica hidratada. A alumina hidratada ( alumogel) carre-
gada pela água de infi1tração se acumulará nos solos juntamente com os hidratos de ferro
formando argilas lateríticas ou crostas .
A alteração das rochas nem sempre se verifica na formaçãp de fragmentos, pois
nos climas intertropicais úmidos temos o aparecimento de crostas ferruginosas - lateritos;
e nas estepes, crostas calcárias, ambas resultantes da alteração de rochas ou de solos.
Os solos autóctonos ou residuais são, como já vimos, os que resultam de uma alteração
local da rocha, com a elimininação de certos materiais, ficando apenas o resíduo no próprio
local. Nesta categoria de solos temos também os que são formados por agentes orgânicos,
isto é, solos aut6ct011os cumul6sicos.
Os solos aluviais e coluviais, juntamente com os solos de origem eólia e os produzidos
pelos depósitos morâinicos são solos alóctonos.
Verificamos por conseguinte que há dois grupos de fatôres que intervêm na formação
dos solos: 1 - fátôres endodinâmicos - que dizem respeito às rochas, 2 - fatôres exodi-
nâmicos - conjunto formado pelo clima e pelos organismos vivos que vão atuar sôbre a
rocha-mater. Esta última categoria de fatôres pode ser subdividida em: mecânica, química,
e biológica. Os sêres vivos que atuam sôbre as rochas são os micro-organismos e macro-or-
nismos da flora e fauna terrestre.
Uma vez formado o perfil geológico do solo, observam-se certas diferenciações de côr,
de textura, e de composição química, que constitue~ os horizontes . Nos solos tropicais,
grande lixiviação da parte superficial ocasiona a emigração das partículas para o horizonte
inferior, horizonte iluvial. O superior, isto é, horizonte A (duvial), passará a ter uma
textura mais porosa, e o inferior começará a ganhar uma textura compacta constituindo,
em certos casos, uma crosta - o "ilúvio".
O horizonte C, muito compacto, está próximo da rocha inalterada, não constituindo
sua parte superficial uma rocha sólida, e sim um agregado de minerais inconsistentes.
Constitui o material que está abaixo do horizonte B, no qual a ação da erosão elementar
ainda não teve tempo de realizar seu completo desenvolvimento. Em certos casos o material
pode estar completamente decomposto e transformado em argila. O horizonte A é também
chamado horizonte eluviado, e o B, horizonte iluviado.
Em face das necessidades da moderna agricultura científica tem-se procurado definir,
com mais eficiência, os diversos tipos de solos . Historicamente temos a escola russa, como
a iniciadora dêsses estudos, no último quarto do século passado, com Glinka, Dokoutchaiev
Sibertev, etc. As primeiras classificações propostas foram vagas; assim os solos eram conhe-
cidos como: argiloso, arenoso, vermelho, etc.
A equação genética dos solos que, segundo Dokoutchaiev, é resultante de um sistema
de variáveis: clima, vegetação, rocha matriz, aspecto topográfico e tempo, levou Sibertev
a estabelecer a classificação zonal dos diferentes tipos de solos que aparecem na superfície
do globo. Os solos podem se..; classificados segundo sua gênese, sua côr, sua composição
física, sua composição química, etc.
O solo é o resultado primordial da ação do clima sôbre as rochas (de modo geral) .
Tomando-se em consideração êste fato temos seis categorias de solos:
Úmido { quente ... ............ . . laterito
frio .. ...... . .......... . podzólito
Subúmido ......... ..... ...... . . pradarias
Semi-árido ..................... . tchernozion
Quente ........................ . solontchak
Áridos frios ....... .. ........... . sie.rozion.
:Estes solos chamam-se zonais - grupados segundo diferentes tipos climáticos (suas
características morfológicas e pedogenéticas dependem do clima) .

394
Algumas vêzes não é o clima, e sim a topografia que domina; neste eàSo êle é
designado de interzonal. Finalmente, se o fator rocha sobrepuja os outros, temos um solo
azonal ou litossolo.
Segundo a carta esquemática dos solos do mundo, da autoria de Glinka, revista por
V. Agafonoff, temos: 1 - solos de tundra, 2 - solos podzólicos, 3 - solos escuros de
"Ramann" e solo amarelo, 4 - rendzinas (solos carbonatados hurníferos), 5 - solos
degradados e lixiviados, 6 - tchemozions e solos do mesmo tipo, 7 - solos castanhos e
escuros, 8 - solos cinzentos e estepe sêca ( sierozion), 9 - solos arenosos de estepes desér-
ticas, 10 - solos vermelhos de estepes desérticas, 11 - desertos das latitudes temperadas
e subtropicais, 12 - solos vermelhos de clima quente temperado. 13 - solos lateríticos
e lateritos (clima subtropical) com predominância de solos vermelhos, 14 - lateritos e
solos vermelhos lateríticos, com predominância dos lateritos, 15 - solos das regiões mon-
tanhosas (zonas verticais) .
O Prof. H. Pratt distribuiu os solos segundo os climas ( pedoclímax) da seguinte
maneira: 1 - Solos das regiões frias, 2 - Solos das regiões temperadas chuvosas, 3 - Solos
das regiões mediterrâneas . 4 - Solos das regiões áridas: estepes e desertos, 5 - Solos das
florestas e savanas equatoriais . :esses são os principais tipos de solos segundo os diferentes
autores. Como subsídio não devemos esquecer que dentro do quadro geral temos as va-
riações locais devidas à altitude, à exposição, ao subsolo, às -Condições hidrológicas ,etc.
que vão influir nas diferenciações regionais. (Fig. n. 0 14S)
Os solos tropicais mereceram grande distinção dos países colonizadores . Assim os inglêses
na fndia e na Africa, os belgas no Congo e nas ilhas do oceano Pacífico, os franceses na
Africa e na península da Indochina procuram dar maior informação no que tange ao
campo da edafologia tropical. Deve-se acrescentar, no entanto, que a maioria dêsses técnicos
recebeu formação adequada às zonas temperadas, encarando sempre com pessimismo os
solos intertropicais úmidos . ~ necessário que se desenvolva ao máximo o conhecimento
edafológico dos solos tropicais a fim de podermos lutar com mais eficiência contra o esgo-
tamento rápido das terras, e evitar que o processo de laterização continue fàcilmente
acelerando o aparecimento de concreções ferruginosas e de lateritos .
Os solos tropicais são, de modo geral, ácidos e pouco ricos em bases trocáveis. Nos
climas intertropicais úmidos temos o aparecimento de urna alteração que lhe é específica,

Fig. n.• 14S - Repartição geográfica dos diferentes tipos zona is de solo segundo H. Pratt: 1 - tundras;
2 - solos podzólicos e solos pardos; - 3 - tchernozion; 4 - solos esqueléticos de montanhas; 5 -
solos mediterrâneos; 6 - solos de estepes e desertos; 7 - zona laterítica. Os solos 3 e 6 compreendem
os pedocálcicos e os 2 , 4 e 7 os pedalferes.

395
ou seja a laterização e laterito. ~stes processos de alteração aparecem unicamente nos
climas intertropicais úmidos, não estando ligados ao tipo de rocha. O laterito tem sido
definido por diversos autores e as opiniões são muito desencontradas até ao presente. Em
certas condições especiais de topografia, de vegetação e clima, temos o aparecimento de
crostas lateríticas que afloram formando grandes carapaças ferruginosas chamadas de bové
( têrmo Foula) pelos geólogos africanos (vide laterização e laterito) .
O solo é, por conseguinte, a parte mais externa da litosfera, e as cartas pedológicas,
usadas por geomorfólogos são raras. As cartas zonais, isto é, os estudos zonais dos solos não
têm grande valor científico, se não vejamos o caso do Brasil com 8 511 965 km 2 aparece
com apenas dois tipos: 1 - solos latenticos, 2 - solos solontchak.
SOLO ABC - diz-se dos solos em cujo perfil se encontra o horizonte A, seguido dos ho-
rizontes B e C.
SOLO AC - denominação usada para os perfis de solo que possuem somente os horizontes
A e C (vide solo ABC).
SOLO ALUVIAL - grupo de solo azonal, constituído de detritos ou sedimentos que foram
arrancados de outras áreas mais altas e depositados em zonas mais baixas. Todavia é
necessário acrescentar que tal depósito aluvial só passará à categoria de solo, quando sofrer
edafização do material.
SOLO ÁRIDO - película de terra arável formada sob um clima árido. ~ste tipo de solo
é freqüentemente rico em sais, sendo portanto alcalino. Os solos dêsse tipo, gerados nos
desertos quentes, são chamados de solontchak e os áridos frios sierozion.
SOLO AZONAL - qualquer grupo de solo, onde o perfil não se apresenta perfeitamente
desenvolvido, havendo por conseguinte grande influência da natureza geológica da rocha,
ou o tipo de topografia (vide solo) .
SOLO BIOLóGICO - vide solo.
SOLO BC - diz-se dos solos que tiveram removidos ·pela erosão a capa mais externa, isto
é, o horizonte A (vide solo ABC) .
SOLO CRU - o mesmo que regolito (vide) segundo alguns pedólogos. Através do tempo
passa a solo semimaduro e finalmente senil.
SOLO GEOLóGICO - vide solo.
SOLO IMATURO - denominação usada para os solos cujos perfis não estão completamente
desenvolvidos; o mesmo que solo jovem.
SOLO LATERlTICO - grupo zona! de solos que surgem nas regiões intertropicais de clima
úmido com estações alternadas. O solo adquire uma coloração avermelhada por causa da
concentração do minério de ferro e da lixiviação das bases trocáveis, tomando-o, assim,
ácido.
SOLO MADURO - denominação usada para os solos, cujo perfil está perfeitamente deo
senvolvido e em equilíbrio com as condições ecológicas ambientais.
"SOLO OCEANICO" - denominação dada às terras imersas, isto é, ao relêvo submerso
ou das bacias ocednicas, não devendo ser confundida com a denominação solo no sentido
pedol6gico. Geogràficamente, "solo oceânico" significa configuração do relêvo submerso.
f: o oposto de relêvo do solo ( vide ) .
SOLONTCHAK - grande grupo de solos zonais do clima árido quente. São salinos e
alcalinos devido à concentração de sais solúveis na superfície.
SOLONffiTZ - solontchak em que a salinidade sódica predomina sôbre a cálcica por questão
de natureza da rocha-mãe ou em conseqüência de cultivos com irrigação, sem drenagem
perfeita .
SOPf: - base de um abrupto ou de uma elevação do terreno, ex.: sopé da falésia, sop8
da montanha, etc. O mesmo que aba (vide) .
SOTAVENTO - encosta abrigada do vento. Oposto a barlavento (vide). Do ponto de
vista da geomorfologia, os processos de meteorização das rochas são bem diferentes nos
dois tipos de encosta. Assim, nas encostas marítimas de barlavento há o predomínio da
decomposição química, enquanto nas de sotavento predomina a meteorização mecânica.
"SOTCH" - têrmo regional usado no Maciço Central Francês para as grandes dolinas da
área do C ausses.

396
STOCK - vide estoque.
STRACTUM - o mesmo que camada (vide) .
SUBSEQüENTE (rio) - aquêle que segue a direÇão das camadas aproveitando linhas de
mais fraca resistência, como juntas ou planos estratigráficos, diáclases, falhas, etc. Por
causa dêste fato é também chamado de rio direcional. Não se deve confundir o rio conse--
qüente com o subseqüente, pois enquanto o primeiro corre segundo a direção do -mergulho,
isto é, conseqüente à inclinação das camadas, o segundo corre na direção das camadas
e forma-se em tempo subseqüente ao rio conseqüente. O perfil transversal dos vales subse-
qüentes é geralmente assimétrico por causa do tipo de estrutura inclinada em que êle
entalha o seu leito.
SUBSEQüENTE (vale) - vide subseqüente (rio) .
SUBSILtCICA - denominação proposta por Clarke para as rochas que contêm pouca sílica,
correspondendo assim às rochas básicas (vide) .
SUBSOLO - corresponde à parte que segue ao solo, ou melhor, ao horizonte A. O subsolo
é pobre em matéria orgânica e constituído principalmente de material mineral, correspon-
dendo ao horizonte B dos perfis de solo . Sobrepõe-se ao manto de rocha decomposta ou
regolito, isto é, o horizonte C .
SUBSTRACTUM FUNDAMENTAL - o mesmo que complexo brasileiro ou complexo cris-
talino, na geologia brasileira, e socle ou embasamento na geologia, em geral.
"SUDDS" - denominação usada no alto Nilo (Egito), para as turfeiras (vide - turfa) .
SUL-AMAZôNICO (escudo} - denominação dada à velha plataforma cristalina, localizada
ao sul da área amazônica. Luís F. de Moraes Rêgo denominou-o de Arqueo-Atlântida.
(vide) e K. Caster de B6reo-Brasília.
SULFATARA - emanações gasosas carregadas de vapor d'água de anidrido sulfuroso e
gás sulfídrico, os quais ao se decomporem em contato com o ar dão origem aos impor-
tantes depósitos de enxôfre.
SUMIDOURO - depressões onde pode existir uma circulação subterrânea à semelhança do
aven (vide) . O mesmo que chaminé cárstica .
.SUPERFtCm DE APLAINAMENTO - diz-se quando uma superfície de erosão corta
estruturas diversas, mostrando no entanto formas fracamente onduladas. Numa superfície
de erosão podemos encontrar formas levemente onduladas, mamelonadas e mesmo nive-
ladas. (Fig. n. 0 15S)

Fig. n. 0 ISS - Superfície de &!Jlainamento ou de arrasamento, vendo-se dois vales encaixados, por
causa de uma retomada de erosão, e uma pequena crista produzida por um dique.

SUPERFtCm DE BASE - denominação proposta pelo general De La Noe e Emmanuel


De Margerie para .a superfície inclinada no sentido do níve! de base (vide) com pequenas
ondulações, as quais são produzidas pelas planícies aluviais dos vales, que se encontram
em posição relativamente mais baixa que as áreas próximas. Por conseguinte ruperfície
de base pode ser, até certo ponto, sinônimo de peneplanície ( têrmo criado por W. M.
Davis}.
SUPERFtCm CAVERNOSA - denominação dada por Branner aos alvéolos (vide), que
aparecem numa· superfície rochosa.

397
SUPERFíCIE DE EROSÃO - área do relêvo com estruturas diversas, aplainada ou cortada
de modo indiferente pela erosão, dando uma forma topográfica discordante da estrutura
( Fig. n. 0 16S). O mesmo que superfície de aplajnamento (vide).
SUPERFíCIE DE FALHA ou PLANO DE FALHA - é o plano ao longo do qual se ve-
rifica o deslocamento dos compartimentos de rochas .

Fig. n.o 16S - Super:icie topoeráfica horizontal resultante do arrasamento de estrutuns divenas.

SUPERFíCIE DE FRICÇÃO - o mesmo que espelho de falha (vide) .


SUPERFíCIE ESTRUTURAL - aquela cuja topografia coincide com a estrutura. Os tra-
balhos dos agentes erosivos nas massas de rochas dão, neste caso, formas de relêvo que
coincidem com a estrutura geológica, colocando em destaque as camadas duras.
A expressão superfície estrutural foi introduzida na geografia física por Emmanuel de
Margerie e de La Noe r..o Livro Les formes de terrain, assinalando a existência de super-
fícies terrestres de formas próprias, resultantes da coincicMncia de formas topográficas com
as formas estruturais, mesmo depois da ação dos agentes exodinâmicos. Por conseguinté
podem-se ter superfícies estruturais resultantes da própria gênese, ou ainda as que foram
submetidas a ações dinâmicas da erosão ou de deslocamentos .
SUPERFíCIE EXUMADA - é a superfície fóssil que foi descoberta parcial ou totalmente
pela erosão desnudacional. Exemplo: a superfície pré-cambriana do Nordeste e as cha-
padas cretáceas.
SUPERFíCIE FóSSIL - superfície topográfica encoberta por sedimentos mais recentes.
Como exemplo podemos citar as superfícies de rochas pré-cambriana do Nordeste do Brasil,
que foram capeadas por sedimentos do Cretáceo.
SUPERFíCIE PRIMITIVA ( urfliiche dos geomorfólogos alemães) - diz-se da superfície
que existia antes do início do modelado feito pelos agentes erosivos. 11:, como diz Paul
Macar, a superfície dos fundos submarinos antes de sua emersão, ou as superfícies de
corridas de lava no momento em que se acabam de formar. Na prática a superfície pri-
mitiva não pode ser vista, já que a erosão é um fenômeno que se faz sentir em tôda a
superfície do nosso planêta.
SUPERIMPOSIÇ!O - o mesmo que epigenia (vide) .
SUPERIMPOSTO - vide epigenia .
SUPERSATURADA (rocha) - rocha magmática que contém sílica em excesso, dando apa-
recimento ao quartzo, ex.: o granito.
SUPRACRUSTAL - rocha magmática efusiva consolidada na parte superior da crosta
terrestre. A rocha supracrustal constitui o oposto da intracrustal, que se consolida no
interior da crosta.
SURRAIPA - denominação usada em Portugal para os horizontes ferruginosos que os
franceses chamam de alias, os inglêses de hardpan e os alemães de ortstein .
SUSPENSO (vale) - vide rio de foz suspensa, comum nas áreas da morfologia glaciária.

398
TABATINGA - têrmo regional usado para designar argilas em geral, de colorações diversas.
Os indígenas, porém, a usavam apenas para o barro branco, pois tínga na língua tupi,
significa branco.
TABULEmO - forma topográfica de terreno que se assemelha a planaltos, terminando
geralmente de forma abrupta. No Nord~ste brasileiro os tabuleiros aparecem de modo
geral em tôda a costa. Paisagem de topografia plana, sedimentar e de baixa altitude também
aparece na zona costeira da Bahia e do Espírito Santo.
TABULEmO CONTINENTAL - denominação usada para designar a plataforma litordnea
(vide) segundo certos autores.
TAFFONE ou NICHO - cavidades hemisféricas cavadas em granito de paredes íngremes.
Os taffoni (plural de taffone) aparecem ao longo da costa Qcidental da ilha de Córsega
( têrmo original corso) e particularmente na Balagne desértica. :J;:stes buracos ou cavidades
aparecem apenas nas paredes proximas da vertical, sendo que a parte alta, isto é, a super-
hcie mais ou menos horizontal parece intacta. Foram estudados por KL:k Bryan e Jacques
Bourcart, sendo que êste último os distinguiu dos alvéolos ou erosão alveolar que também
pode aparecer nas superfícies mal3 ou menos verticais. Os taffoni e os alvéolos são ele-
mentos importantes da paisagem da Córsega.
TAGUÁ - nome popular das argilas aluviais pretas ou cinzentas escuras da parte super-
ficial ,de banhados e alagadiços. É geralmente camada superposta à tabatinga (vide) .
"TAIMBÉ" - o mesmo que itaimbé (vide).
TALCO - silicato hidratado de magnésio, contendo por vêzes ferro. O talco é um produto
resultante da alteração dos seguintes minerais: piroxênios, anfibólios, granadas, olivinas,
feldspatos, carbonatos, etc.
O talco é um hidrossilicato, cuja fórmula é a seguinte: 3 MgO, 4 SiO,, H.O. :J;:le se
aproxima da clorita sendo igualmente encontrado nos xistos cristalinos.
"TALHADÃO" - têrmo regional do sudoeste de Mato Grosso usado como sinônimo de
txnnbadouro, isto é, escarpa da frente de cuesta da orla ocidental da bacia do Paraná.
TALUDE - superfície inclinada do terreno na base de um morro ou de uma encosta de
vale onde s€ 'ncontra um depósito de detritos . O talude é um têrmo topográfico muito
usado em geomorfologia adquirindo, por vêzes, sentido genético quando seguido de um
qualificativo - talude estrutural, de erosão, de acumulação, etc. (Vide dep6sito de talude) .
TALUDE CONTINE:l\!ITAL - região submarina que se estende de 200 a 1000 metros
de profundidade e se encontra entre a plataforma continental e a zona abissal. O talude
continental corresponde à zona que os biogeógrafos denominam de batíal ou hipoabi.ssal
(vide).
TALUDE INSULAR - zona de declive do relêvo submarino que vem em continuação ao
planalto insular (vide J • O talude insular liga, por intermédio de um forte declive, a zona
do planalto insular à zona abissal.

399
TALUDE MONOCLINAL - denominação proposta por J. Tricart como sinônimo de
cuesta (vide) ou côte.
TALUDE TECTôNICO - o mesmo que tatus tectônico (vide) .
T ALUS TECTôNICO - escarpamento produzido a uma falha.
TALVEGUE - linha de maior profundidade no leito fluvial. Resulta da intersecção do•
planos das vertentes com dois sistemas de declives convergentes; é o oposto da crista. O
têrmo talvegue significa "caminho do vale".
Num vale, às vêzes, podemos ter mais de um talvegue, como acontece no caso dos
que são de fundo chato. Nos vales em V, só se observa a existência de um talvegue.
O estudo do talvegue é de grande importância morfológica, devendo ser traçado com
o máximo de exatidão. Em qualquer região as águas normalmente se concentram nos tal-
vegues. Por conseguinte, o talvegue é a linha que une os pontos mais profundos num
vale, e onde se concentram as águas que descem das vertentes. Topograficamente é a
linha de menor declive entre as linhas de maior declive que representam as vertentes, em
regiões acidentadas .
Nas planícies, onde a calha é muito larga, muitas vêzes não se distinguem bem as
vertentes, de modo que neste caso não podemos dizer que o talvegue seja a linha de
menor declive circundada por linhas de maior declividade.
TANTALITA - tantalato de ferro e manganês, principal minério de tântalo. Mineral raro,
aparecendo por vêzes com a cassiterita e columbita. O Brasil é o maior produtor mundial
de tanta lita.
TAPANHOACANGA - denominação da qual se originou o têrmo canga (vide) .
TCHERNOZION - grupo de solo zona! de coloração negra, rico em humo, cuja espessura
média é de 1 metro, correspondendo a um clima quente e úmido no verão e, frio no
inverno, com um tapête vegetal composto de gramíneas (estepe) . :Jl: uma terra muito boa
para a agricultura.
Esta denominação foi tirada da região do sul e centro da União Soviética, sendo em
português denominada de terra negra ( tcherrw - negrume, e ziom - terra no sentido de
grande extensão) e massapé preto.
Os solos dêsse tipo são levemente alcalinos, devido ao fato de a evaporação ser muito
maior que a precipitação e a existência do aqüífero freático a uma profundidade constante
de alguns metros da superfície.
TECTôNICA - ramo da geologia que estuda a movimentação de camadas, por efeito de
fôrças endógenas causando uma arquitetura especial do subsolo . A tectônica estuda tam-
bém o dinamismo das fôrças que interferem na m<wimentação das camadas da crosta. O
mesmo que geologia mecânica (vide) .
De modo geral o resultado
dessas fôrças dá como conseqüên-
cia o aparecimento de dobras,
falha~. fraturas, lençóis de arras-
tamento, etc. ( Fig. n. 0 1 T). Ahl-
almente existe já uma certa cor-
rente de estudiosos que está
procurando fazer dêste ramo da
geologia estrutural uma ciência
autônoma.
A tectônica pode ser defi-
nida como fêz o Prof. Bourcart, '-,;;M;;.;,.;;-;~.~,;:.------~L______.:::y
como simples descrição geométri-
ca das deformações da crosta Fie. n.o I T - Dobra-fa!ha
terrestre, e das diferentes teorias
que procuram explicar o seu mecanismo . Por conseguinte é tôda deformação das rochas
oriundas de fôrças internas .
TECTôNICO ( relêvo) - vide relêvo tectônico .

400
TECTONISMO QUEBRANTAVEL - diz-se das formas de relêvo oriundas principalmente
por causa de fenômenos de falhas e fraturas. Na fachada atlântica do planalto brasileiro
de sudeste, pode-se ver os efeitos do tectonismo quebrante nas serras do Mar e da Man-
tiqueira, como bem demonstrou F. Ruellan.
TECTONOSFERA - denominação dada por alguns geólogos à reunião das camadas sial
e sima. Esta denominação advém do fato de ser nestas duas camadas que se realizam
os esforços tectônicos cujo resultado é o aparecimento das cadeias de montanhas.
TEMPO GEOLóGICO - a noção de tempo em Geologia é uma noção capital, porque
vai permitir compreender as diferentes transformações sofridas pela paisagem terrestre,
de modo lento. E graças a esta concepção que a geologia moderna do atualismo pôde
antepor fortes argumentos à geologia antiga, catastrofismo. O desaparecimento de certos
fósseis e o surgimento de outros só era compreendido através de catástrofes. Hoje, sabe-se
que êstes fatos estão justamente em função do tempo.
A formação de grandes cadeias de montanhas, bem como o surgimento de fossas ocupa-
das por rios, também tiveram as mesmas explicações dadas pelos seguidores da corrente
do catastrofismo. Esqueciam-se êles do agente, ou melhor, do fator mais importante que
é o tempo geológico .
A noção de tempo é, pois, fundamental em geologia. E, não possuindo esta ciência
meios precisos para medir o tempo, costuma empregar a expressão geologicamente falando,
com os adjetivos grande ou pequeno, longo ou curto para designar intervalos ou lapsos,
que do ponto de vista humano significam longos períodos. Assim um milhão de anos, geo-
logicamente falando, pode dizer respeito a um lapso de tempo relativamente curto. Di-
ferentes processos são mados para o cálculo da idade da Terra; podemos grupá-los em três:
1 - Processos geológicos: a) salinidade dos oceanos, b) sedimentação, c) desnudação.
2 - Processos astronômicos: a) perda de calor do Sol e da Terra, b) evolução das
órbitas dos planêtas e satélites .
3 - Processos físicos (método radiogênico) .
Processos geológicos são aplicados ao conhecimento da idade da Terra já solidificada
e com sua atmosfera expurgada do excesso do vapor d'água. 1!: fácil compreender isso,
considerando-se o sistema solar e a origem do globo terrestre.
O cálculo da idade da Terra, baseado na atual concentração salina dos oceanos, daria
para a Terra, cem milhões de anos. Quanto ao processo da sedimentação, é muito falho e,
considerando-se que para a formação de uma camada de 30 em de calcário, são necessários
5 000 anos, os geólogos chegaram à conclusão de que a Terra teria de 1 bilhão e 500 mi-
lhões de anos a 3 bilhões de anos. O processo da desnudação é também extremamente falho.
Os processos astron6micos consideram a massa fluida, iniciando o percurso de sua
órbita astronômica. ll:les se preocupam em datar não só a idade da Terra, propriamente
dita, mas também a idade do sistema solar. Pelo processo astronômico que estuda a evo-
lução das órbitas dos planêtas e dos satélites, chegou-se à conclusão, pelo estudo da evo-
lução da órbita do planêta Mercúrio, que o sistema solar teria a idade de mil milhões a
dez mil milhões, enquanto a Lua teria como idade, quatro mil milhões de anos.
Ainda no processo astronômico, devemos considerar a perda de calor do Sol e da Terra.
Os períodos glaciais parecem resultantes do deslocamento do eixo da terra em relação à
eclítica.
Quanto ao processo físico, consiste na aplicação do chamado método radiog~nico on
do hélio, ou ainda, de Strutt, que diz respeito às transformações dos minerais radioativos
em chumbo. Os elementos de urânio e de tório, na rocha, se desintegram:
a - o urdnio produzindo os chamados rádio G.
b - o tório produzindo por sua vez, o tório D.
Um átomo de urânio se desintegra e dá origem a: 8 átomos de hélio e 1 átomo
de chumbo.
Um átomo de tório se desintegra e dá origem a: 6 átomos de hélio e 1 átomo de
chumbo.
Dêstes 3 processos, o mais importante é o físico, porque aplica o chamado método
radiog~nico que é o mais seguro para se datar a idade da Terra.

401
A totalidade pois, dêsses processos é inteiramente falha com exceção do radiogênico,
baseado, como dissemos, na desintegração atômica dos átomos de urânio e de tório .
TEORIA DE WEGENER - vide tramlação continental .
TERCIÁRIO - vide Cenozóica (era).
TERGO - o mesmo que crista ou linha de cumeada (vide) .
TERMINAÇÃO PERICLINAL - vide periclinal.
TERMINANTE DE EROSÃO - têrmo proposto por A. Philippson para o perfil de equi-
líbrio (vide) que atingiu a forma mais rebaixada . O rio, neste caso, tem fraca energia
e apenas transporta pouca quantidade de material em suspensão, sem nenhum arrastamento .
Diz Leuzinger que por terminante de erosão se deve entender a forma de perfil de equi-
líbrio que chegou a se tornar pràticamente invariável.
TERMOMETAMORFISMO ou PIROMETAMO RFISMO- é aquêle produzido pelo contato
de massa de rochas eruptivas aquecidas, ocasionando assim o metamorfismo de contato.
Nessas transformações pode-se verificar a alteração de parte da massa das rochas encai-
xantes - exomorfismo, ..JU ainda a transformação da própria massa em fusão, ocasionando
o endomorfismo .
TERRA DIATOMÁCEA - vide trípoli.
TERRA ARÁVEL - denominação dada à película de solo superficial humoso, na qual
existe uma vida microbiana que fornece os elementos -orgânicos minerais para os vegetais .
A terra arável é também chamada de solo agricultura[, terra vegetal ou simplesmente
solo, e corresponde ao horizonte A.
"TERRA CAlDA" - denominação dada na região amazônica ao escavamento produzido
pelas águas dos rios, fazendo com que os barrancos sejam solapados intensamente, assu-
mindo por vêzes aspecto assustador. Em alguns casos, podem-se ver pedaços grandes de
terra sofrerem deslocamentos como se fôssem ilhas flutuantes .
TERRA DE ANGARA - vide Angara (continente) .
TERRA DE FULLER - denominação dada a certas argilas que são usadas na refinação
de óleos . Estas argilas pertencem ao grupo da montemorilonita (vide argila) .
TERRA DE PORCELANA - o mesmo que caulim (vide) , isto é, argila pura de côr
branca (vide argila) .
TERRA EMERSA - o mesmo que áreas de relêvo positivo, isto é, terras ·acima do nível
médio dos mares (vide altitude) .
"TERRA FIRME" - expressão usada para os terrenos do baixo planalto amazônico, que
estão fora da ação das águas dos rios e das marés.
TERRA IMERSA - antônimo de terra emersa (vide). Muitas vêzes as terras imersas são
tratadas como áreas submersas ou solo oceânico, de modo genérico .
TERRA NEGRA - vide tchermozion . No Brasil as terras negras ou também terras prêtas
ocorrem, principalmente, na área amazônica e no Rio Grande do Sul .
"TERRA POENTA" - denominação regional dada a um dos mais ricos solos do estado
de Minas Gerais - município de Patos - A terra poenta ocupa alguns milhares de qui-
lômetros quadrados, e é resultante da decomposição de tufos vulcânicos, geologicamente
recentes, que se acham misturados com arenitos.
TERRA PRETA - o mesmo que terra negra (vide) .
TERRA ROSSA - solo oriundo da decomposição do calcário (vide rendzina) .
TERRA ROXA - denominação popular dada em São Paulo às argilas férteis de coloração
vermelha ou roxa, resultantes da decomposição de rochas básicas como: basaltos, diabásio,
etc. No sul do Brasil, a.5 terras roxas resultaram da decomposição sofrida pelo demime
basáltico - trapp do Paraná - ocorrido na era Secundária (período Triássico) .

402
A terra roxa constitui solos lateríticos muito ricos em matéria orgânica, porém, quando
expostos à erosão, por ocasião do seu aproveitamento com culturas abertas, fàcilmente se
degrada, sendo difícil a sua recuperação.
TERRA VEGÉTAL - o mesmo que terra arável, solo agricultural ou solo. :1!: constituída
pela película superficial de solo na qual existe vida microbiana. A terra vegetal é por
conseguinte, restrita apenas aos horizontes mais superficiais. (Vide solo) .
TERRAÇO - su~rfície horizontal ou levemente inclinada, constituída por depósito sedi-
mentar, ou superficie topográfica modelada pela erosão fluvial, marinha ou lacustre e limi-
tada por dois declives do mesmo sentido. :1!: por conseguinte, uma banqueta ou patamar
interrompendo um declive continuo (Fig. n. 0 2T). Os terraços aparecem com mais fre-
qüência ao longo dos rios, ou ainda na borda dos lagos, lagoas e mesmo ao longo do
litoral. Podemos classificar os terraços em: fluviais, marinhos, lacustres, estruturais, etc.

RUTURA DE
DECLIVE

:.-
Fig. n. 0 2T - Terraços fluviais.

Estudando o Quaternário, vamos observar a existência de vários movimentos, uns nega-


tivos, isto é caracterizados pelo recuo das águas do mar; outros positivos, pelo avanço do
oceano sôbre as superfícies emersas. As diferentes oscilações do nível do mar são ates-
tadas pela existência de depósitos de origem marinha, como é o caso das praias suspensas,
ou terraços, ou então, dos canyons submarinos, das rias, etc. O problema das "praias sus-
pensas" tem suscitado grandes discussões entre eutatistas e epirogenistas. Para os eus-
tatistas, uma transgressão marinha é caracterizada pela superposição de um depósito de
origem marinha sôbre uma superfície terrestre emersa. O Prof. Arnold Heim procurou
fazer no seu estudo pmblemas de erosi6n submarina y sedimentaci6n pelágica del presente
y del pasado uma distinção para as questões referentes a êstes depósitos. Propõe o têrmó
transmersion, para as superfícies terrestres, onde se encontrem êsses depósitos marinhos, cuja
origem seja apenas a da subida do nível das águas do mar, sem que tenha havido movi-
mento do continente. A terminologia para êstes movimentos é muito rica, e alguns se deno-
minam de movimentos "hidrocráticos", o abaixamento da costa; e os levantamentos são
"geocráticos". Aliás, na prática, é muito difícil se comprovar se se trata de um movimento
da parte sólida emersa, ou da parte sólida imersa, ou simplesmente do nível das águas
oceânicas . Os que são epirogenistas procuram explicar todos os movimentos do litoral como
sendo exclusivamente devidos aos movimentos do continente . Os movimentos epirogênicos
são harmoniosos com os princípios da isostasia e, em certos casos, há uma relação íntima
entre a orogênese e a epirogênese, como justificam, os trabalhos de Geer, Ramsay e outros,
sôbre a Escandinávia, Finlândia e Canadá. Outros geólogos, como Issel, Lyell, Leopoldo
de Buch, os consideram como sendo devidos aos tremores de terras, e os denominaram de
Bradíssismo. Quanto aos canyons submarinos existentes, nas plataformas continentais (mar-
gem continental de Bourcart) são originados pela erosão subaérea. Estas explicações
foram dadas pelo Prof. Bourcart. Mais tarde, o seu discípulo Francis-Boeuf, ao estudar as
rias bretãs, descobriu a existência de meandros encaixados, submersos, que somente po-
deriam ter sido cavados pela erosão fluvial. Já l!:mile Haug, em seu tratado de geologia,
tinha emitido uma hipótese semelhante à de Bourcart, quando diz que a maioria
dos rios que se lançam no Atlântico, continuam por um leito submarino cavado na plata·
forma continental, cuja explicação plausível, é a de ter havido uma imersão ·da borda

403
continental, após a mesma ter sofrido a erosão produzida pelos vales. ll:ste é um argu-
mento muito importante para comprovar favoràvelmente a hipótese da "Flexura Conti-
nental" de Bourcart. Outros procuram explicar os canyons submarinos como devidos
à existência de "falhas; mas, cabe no entanto, assinalar que geralmente, não se encontra
diferença de nível entre as duas margens do canyon, e além do mais, a existência dêsses
meandros encaixados é mais um argumento para se supor a erosão fluvial, como primeiro
agente, e que o litoral atualmente, está submerso graças à sua deformação pela flexura.
O geólogo português Freire de Andrade diz que, na foz dos rios, os vales submarinos são
relativamente freqüentes. Quando de pequena profundidade, são produzidos pela erosão
provocada pela corrente rápida dêsses rios nos sedimentos fluviais depositados no fundo
do mar, junto à foz. Quando êsses vales passam a ter profundidade superior a 40 metros
já nllo é provável resultarem da simples ação das águas correntes que desaguam no mar.
Muitos representam acidentes geográticos de antigas costas submersas. Aliás, esta hipótese,
devido à erosão sub aérea, é a mais aceita em nossos dias. Alguns vales são a continuação
nítida de outros existentes na superfície terrestre, havendo também, os de origem tectônica
que têm correspondentes na superfície emersa.
Há um certo número de provas geológicas e geomorfológicas que dão indicação para
o traçado dos litorais dos diversos níveis, segundo o período da história física da Terra
que estejamos considerando. De maneira sumária temos:
1 - "Lacuna estratigráfica", isto é, falta de uma camada na série normal dos terrenos .
2 - ''Corrosão ou alteração no limite de duas camadas". Se tivermos uma camada
perfurada de moluscos é indício de que ela é de origem submarina e de pequena profun-
didade. Estas cavidades que até bem pouco tempo constituíram um indício seguro e sem
contestação, hoje já estão sendo motivos de controvérsias. Bigarella diz que a bibliografia
existente no que se refere à biologia dêstes equinodermas, não contém informações satis-
fatórias sôbre a possibilidade de êles viverem fora d'água, durante certo tempo. Do que.
se conhece realmente sôbre a respiração dêsses animais, sabemos que não são capazes de
resistir normalmente fora d'água, entre os intervalos das marés.
Se a camada além de perfurada, estiver alterada, trata-se de uma zona de sedimen-
tação marinha, hoje emersa.
3 - "Intercalações de camadas de origem marinha e continental" . Pode-se encontrar
entre duas camadas de origem marinha, uma continental, o que atesta, neste caso, movi-
mentos de subidas e descidas do oceano.
4 - "Conglomerado· de base" é uma formação detrítica de elementos grandes que
marcam o início de uma invasão marinha.
5 - "A forma topográfica de superfícies horizontais ou sub-horizontais" que abran-
gem longas extensões na borda do litoral, também pode servir para caracterizar um nível
( em certos casos por analogia) .
6 - "Discordância angular na sedimentação" (em certos casos). Para a explicação das
diversas praias suspensas e das linhas litorâneas fósseis que se encontram num litoral, nada
mais racional, que procurar a existência de movimentos, quer do meio líquido, quer da
parte sólida emersa e submersa. Os fósseis marinhos quaternários, a pouca distância do
litoral, constituem, incontestàvelmente, a prova de que o mar aí estêve presente.
7 - Grutas marinhas emersas .
8 - Furos de ouriços .
9 - Além das provas citadas temos as do relêvo imerso - canyons submarinos, etc.
Deve-se ainda levar em consideração que é extremamente difícil determinar a extensão
máxima de uma transgressão, pois, a ablação feita pelas águas correntes e os diferentes
processos de alteração agem imediatamente. A tendência natural dêsse trabalho erosivo
será para o desaparecimento das antigas linhas do litoral, e a subsistência de um pequeno
testemunho dos depósitos transgressivos.
O problema dos terraços marinhos tem deixado grande margem para discussão, quer
para os eustatistas, quer para os epirogenistas. Deperet e o general de La Mothe são os
iniciadores de uma classificação de terraços que podem estar encaixados segundo as dife-

404
rentes variações do nível do mar ( Fig. n. 0 3T), no decorrer do Quaternário, e que são
representados pelos seguintes níveis:
1 ) 80 a 100 m Siciliano (formação do gôlfo de Palermo, na Sicília) ;
2) 55 a 60 m - Milazziano ( definido em Milazzo, nas costas da Sicília);
3) 30 a 35 m ~ Tirreniano;
4) 19 a 20m Monasteriano;
5) 2 a 6m - Flandriano (Fig. n. 0 3T).
r

Fi~~:. n. o 3T - Nível dos terraços, se~~:undo os eustatistas.

O siciliano é caracterizado por ter sua fauna intimamente ligada ao Plioceno superior
das regiões da Calábria, sendo ainda de notar o desaparecimento de alguns fósseis e o
aparecimento de espécies frias, como a Cydrena islandia no Mediterrâneo, etc. A jazida
típica dêsse andar se encontra no gôlfo de Palermo, num mar cujo nível estaria entre 80
e 100 metros acima do nível atual.
O milazziano, segundo alguns, ainda não está suficientemente definido e, por esta
razão colocam-se juntamente com o siciliano . O Prof. R. Furon, na sua Paleografia, diz que
os terraços sicilianos estão na altitude média de 60 a 100 metros. O tirreniano é a época
da fauna quente de Strombes no Mediterrâneo, e começa com o segundo interglacial ( Min-
del-Elster). A fauna é composta pelos Elephas antiquos, Mamouth, Rhinoceros Merchi e
Hippopotamus maior, etc.
Finalmente, a transgressão flandriana cobriu tôda a platafanna emersa durante o Paleo-
lítico superior; esta é a idade da rena e do mamute.
Essas diferentes cotas mostram a importância da variação, tendo esta diferido profun-
damente de uma transgressão para a outra.
Antes de expor a nova explicação fornecida pelo Prof. Bourcart, a reSJ)eito dos ter-
raços marinhos e dos canyons submarinos, vejamos alguns exemplos citados pelo Prof.
Furon na sua Paleogeografía. O terreno do Plioceno superior, que está a 150 metros de
altitude em Montpellier, está a 500 metros nos Apeninos e 1 000 metros na Calábria e
na Sicília; um terraço quaternário, tirreniano, que está na cota de 30 metros ao largo
do cabo Creus, está a 100 metros em Reggio, na Calábria e a mais de 350 metros no
istmo de Corinto . ~ste sincronismo de depósito deve ter sido feito com um paralelismo
das cotas. Como compreender, no entanto, êstes terraços marinhos, li to logicamente iguais,
mas que, em virtude de deformação posterior, foram colocados em níveis diferentes? Foi
levando em consideração _êstes fatos nas costas do Marrocos e de Portugal, que o Prof.
Bourcart criou a sua "Teoria da Flexura Continental" . Os exemplos citados poderão dar
margens a discussões, pois, a zona referida está justamente ao lÕngo de regiões que so-
freram grandes movimentos tectônicos, cuja paralisação não podemos assegurar estar per-
feitamente realizada em nossos dias. O que a teoria da flexura continental ainda não
conse~uiu explicar é a razão da existência de certos níveis, cuja altitude parece ser uni-
versal . Aliás, é esta a razão que tem levado certos esJ)ecialistas em terraços, a manter o
entusiasmo !?elo eustatismo. O Prof. Tricart, na falta de uma teoria mais concreta, lançou

405
mão, de maneira provisória, da teoria do eustatismo juntamente com a de terra~s de origem
climática, para explicar certas deformações nos depósitos aluviais dos terraços da bacia
de Paris.
Acreditamos que tanto o eustatismo como a flexura têm muito a dar em benefício
do conhecimento mais amplo das praias suspensas. Uma não exclui a outra, pelo contrário,
completam-se.
A teoria da "flcxura continental" procura explicar estas plages soulevées em função
da deformação da zona litorânea. Ela é definida por um eixo anticlinal, separada da farte
deprimida sinclinal pelo "eixo da flexura" ( Figs. ns. 4T e ST). A flexura continenta é a
zona onde o continente e o fundo dos oceanos mudam o sentido do declive. Se . o eixo da
flexura é quase vertical, temos um indício de que as diferenças hipsométricas entre o
continente e o oceano são fracas, sendo tôda mudança do nível do mar, traduzida por um
avanço ou recuo do eixo da flexura. Bourcart mostia, ainda, que todo aumento ou dimi-
nuição da curvatura continental nesta teoria acarreta, concomitantemente, a da curvatura
do fundo dos oceanos, resulta conseqüentemente uma modificação da inclinação do eixo
da flexura e ainda o nível do oceano.

Fi1. n.• 4T Fi1. n.• ST

O têrmo terraço é usado em geologia e em geomorfologia também como explicação


de formas horizontais e sub-horizontais, cuja gênese é bem diferente da que seguimos aqui,
procurando adotar o critério seguido pela Comissão da União Geográfica Internacional
encarregada do estudo dos terraços e das superfícies de erosão.
TERRAÇOS DE CONCREÇõES - denominação muito pouc;o comum, adotada por certos
autores para as superfícies relativamente planas, onde aparec«;Jm concreções calcárias, silico-
sas, etc. Incluem-se ainda os terraços constituídos de travertino (vide) neste grupo.
TERRAÇO DE FALHA - superfícies horizontais ou mais comumente inclinadas qu3 são
deslocadas por falhamento e desniveladas, isto é, colocadas em altitudes diversas. Uma
cuesta sendo falhada pode dar aparecimento a êste tipo de terraço. Todavia preferimos
continuar a adotar o têrmo terraço, como foi definido pela Comissão da União Geográfica
Internacional, de tal estudo, e das superfícies de erosão. (Vide terraço) .
Os chamados terraços de falhas são confundidos, em certas regiões, com os degraus de
falha, sendo porém esta confusão injustificável.
TERRAÇOS DE LOESS - designação muito imprecisa usada para qualquer tipo de terraço
ou mesmo superfície topográfica relativamente plana, desde que esteja coberta por uma
camada de loess. Algumas vêzes pode o terraço de loess resultar do escavamento realizado
pela erosão num manto dêsse material, dando assim um degrau de erosão, ao invés de
depósito de loess sôbre uma superfície topográfica já modelada . Podem-se também en·
contrar degraus de falhas afetando zonas cobertas pelo loess, dando aparecimento a su·
perfícies desniveladas, que alguns autores denominam de terraços de loess .
TERRAÇO ESTRUTURAL - superfícies estruturais resultantes da desnudação de cama-
das tenras. Os terraços estruturais são também denominados por alguns autores de terra-
ços tectônicos (vide) . 1!: preciso frisar todavia que o conceito de terraço estrutural cons-
titui ainda uma noção duvidosa, diante da atual concepção de terraços (vide) .

406
TERRAÇO FLUVIAL - depósitos aluviais que se encontram nas encostas de um vale
(vide terraço) .
TERRAÇO INFERIOR - denominação usada por certos autores para o leito maior (vide)
dos rios, ou banqueta.
TERRAÇO LACUSTRE - vide terraço.
TERRAÇO MARINHO - depósito sedimentar de origem marinha situado acima do nível
médio atual (vide te"aço) . ( Fig. n. 0 6 T)
TERRAÇO MORÃINICO - resulta do acúmulo de material transportado pelas geleiras ou
mais especificamente, pelas morainas laterais abandonadas pelas retiradas dos glaciais.
TERRAÇO TECTôNICO ou ESTRU-
TURAL - constitui superfícies dobra-
das, escalonadas, porém num sistema de
camadas inclinadas e fls vêzes deitadas
ou quase horizontais.
TERREMOTO - vibrações das cama-
das da crosta da Terra produzidas pelo
tremor e oriundas de fenômenos tectô-
nicos ou vulcânicos. Essas vibrações são
produzidas por ondas longitudinais e
transversais. As primeiras se propagam
com a velocidade aproximada 13 km por
segundo, enqaunto as segundas, 7 km.
As vibrações quando fracas não são
notadas pelo homem, sendo porém re-
gistradas pelos sism6grafos, denominan-
do-se de micf'Ossismos. - Quando fortes,
ocasionam grandes estragos materiais,
destruindo casas e matando a população
das regiões assoladas. Fi&'. n.• 6T

TERREMOTO DE CARSTE - diz-se dos abalos da crosta terrestre oriundos dos desmoro-
namentos em terrenos calcários. São também conhecidos por pseudoterremotos.
TERRENO - depósito de substâncias m~nerais ou mineralizadas acumuladas no decorrer
dos diversos períodos da história física da Terra.
Os terrenos geológicos se subdividem em: eras, períodos, épocas, idades e fases - se
gundo õ critério cronológico; e em: grupos, sistemas, séries, andares, assentadas - segundo
o critério estratigráfico.
TERRENO ACIDENTADO- vide acidente do relêvo.
TERRENO MOVIMENTADO - denominação empregada para as formas topográficas de
terrenos fracamente ondulados, sem que corresponda todavia a dobramentos. Pe modo geral
usa-se a denominação de terreno ondulado qqando se descreve a paisagem, isto é, não se
levando em conta a estrutura das formas de relêvo.
TERRENO ONDULADO - o mesmo que reUvo ondulado (vide).
TERRtGENO (sedimento) - detritos de rochas costeiras arrancados do continente e deposi-
tados sob a forma de lamas ou acgilas a pouca distância do litoral. t!:sse material é, geral-
mente, ainda, um pouco grosseiro, revelando a proximidade da linha da costa.
"Tt!:SO" - nome dado na região amazônica às elevações que ficam fora do alcance das
águas por ocasião das inundações. Os tesos são também chamados de, modo geral, de firmes.
Na região das ilhas c no litoral do Pará e Amapá os tesos têm a altura de 6 a 15 metro~.
constituindo níveis de terraços os quais se encontram, por vêzes, capeados pelo arenito
pará que resistiu ao trabalho de dissecação feito pela erosão. t!:stes níveis de terraços são
também chamados níveis de Mara;6.

407
TESTEMUNHO - resto de antigas superfícies erodidas - butte temoin dos franceses,
monadnock do americano. São de grande importância para a geomorfologia, pois graças a
êles é possível a reconstituição dos ciclos erosivos. Apresentam forma tabular quando a
estrutura é horizontal e de cristas, quando inclinada (Figs. 7T e 8T).
No Centro-Oeste brasileiro aparecem testemunhos constituindo grandes "mesas", graças
ao trabalho erosivo, numa estrutura tabular.

+ +·+ + + + + +
++++++++
+ +

...
Fig. n.• 7T - Testemunhos.

TESTEMUNHO PERICLINAL - diz-se das lâminas que restaram do arrasamento realizado


pela erosão num anticlíneo ou mesmo num pequeno pedaço de sinclinal. Neste último caso,
na área onde existe êste fenômeno, há logicamente uma inversão do relêvo.
TETO OROGRÁFICO - denominação usada na descrição da paisagem para maciço elevado
ou planalto, como o Itatiaia ou o pontão do Bandeira por exemplo.
TEXTURA - maneira como os minerais se organizam e se dispõem nas rochas. Nas rochas
eruptivas podemos distinguir os seguintes tipos: 1 - granular, 2 - porfiróide (microlítico
e micro granular), 3 - vítrea.
A textura granular típica dos granitos, é composta de grãos pequenos, tendo a cristali-
zação se realizado lentamente e a certa profundidade. Na textura porfir6ide houve dois
tempos de cristalização: na microlita a cristalização se processou sob forma de agulhas finas,
que para serem estudadas necessitam do emprêgo de microscópio, e na microgranular obser-
va-se a formação de cristais maiores integrados na massa mais fina. Na textura vítrea não
se nota formação de cristaís.
A distinção por nós adotada entre textura e estrutura, bem como a nomenclatura empre-
gada ainda não constituem ponto pacífico. Alguns denominam a textura granular de fanerítica
e as porfiroidais, de porfirica-afanítica.
Estas classificações geológicas têm a seguinte importância morfológica:
1 - As rochas holocristalinas são, em geral, as mais resistentes à erosão. 2 - As rochas
de textura equigranular de minerais muito pequenos revelam, geralmente, consolidação a
pouca profundidade. 3 - As texturas porfiróides do tipo microgranular revelam cristalização
mais profunda. 4 - As de textura vítrea são as efusivas. 5 - Quanto ao .tipo de textura, a
erosão diferencial se vai manifestar, com mais dificuldade, nas granulares e com mais facili-
dade nas microgranulares. 6 - A decomposição química se fará mais fàcilmente sôbre as
rochas porfiroidais e mais dificilmente sôbre as de textura granular.
Devemos ainda considerar certas complicações que aparecem, como a de texturas iguais
reagirem de maneira diferente à erosão. Porém embora macroscopicamente elas sejam iguais,
pode-se observar no microscópio que as diferenciações de reação aos agentes erosivos estão
em função de diáclases microscópicas existentes nos cristais, devido a esforços tectônicos.
Nas rochas sedimentares podemos ter os seguintes tipos de textura: 1 - granular -
grânulos que se associam (rocha elástica); 2 - amorfas - formadas pela precipitação
química (rocha de precipitação). Nas rochas biogênicas pode-se ver também a textur.a da
rocha, que se acha marcada pelos vestígios dos organismos. A textura das rochas sedimentares
pode ser resumida do seguinte modo: 1 -granular, 2 - granulosa, 3 - sacaroidal, 4 - oolítica,
5 - conglomerática, 6 - brechoidal.

408
Fi&. n.• 8T - Testemunho na área de chapa!las, em Poxoreu, Mato Grosso.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

As rochas metamórficas possuem também três tipos essenciais de textura: 1 - cristalo-


blástica; 2 - granoblástica ( cristais de iguais dimensões) ; 3 - porfiroblástica (cristais de
tamanhos diferentes - dois tempos de cristalização).
THAL WEG - vocábulo de origem alemã significando caminho do vale. Vide talvegue.
TI]UCO - denominação regional da Amazônia usada como sinônimo de lama gulosa (vide)
ou vasa (vide). Tijuco é um vocábulo tupi cujo significado é líquido corrupto ou podre.
TILITO - sedimento de origem glacial consolidado e não estratificado. :J;: constituído de
argilas com material finíssimo, juntamente com seixos arredondados e estriados. Os depósitos
de tilito ocorreram em vários períodos geológicos. No sul do Brasil temos tilitos de idade
permocarbonífera. Os tilitos são também chamados de conglomerado glaciário.
TILL - depósito elástico não consolidado, originado do transporte feito pelas geleiras -
principalmente as morenas internas e basais ( Fig. n. 9 T). A consolidação dêsse material
0

pré-pleistocênico dá aparecimento a um tipo de rocha chamada tilito (vide).


TINTEIRO - denominação usada pelos garimpeiros para o pó fino de magnetita que
aparece nas formações, como satélites indicadores da existência de diamantes. Em certas lavras
diamantíferas é também denominado de esmeril.
TJALE - têrmo sueco usado para os solos gelados. Tricart, diz que se deve preferir o
têrmo pergelissolo (vide), já que o têrmo tjale é também aplicado aos solos que degelam.
"TOMBADOR" - denominação usada para lugares íngremes das encostas de uma colina
ou montanha e também para as próprias montanhas. Neste particular desejamos destacar
a serra do Tombador, a oeste de Jacobina, no estado da Bahia.
TõMBOLO - é denominação proposta por Gulliver para as línguas ou flechas de areia e
seixos ligando uma ilha a um continente. Os tômbolos conhecidos podem ser: simples, duplos

409
Fig. n. • 9T - Na depressão periférica (vide) penno-carbonífera do sul do Brasil, pode-se ver em
certos locais, como nas proximidades de ltu (São Paulo) os efeitos da glaciação do fim do Paleozóico.
Na foto focalizamos um dobramento em varvitos e tilitos produzido pela movimentação das massas de gêlo.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

e triplos. Como exemplo podemos citar os tômbolas de Monte Argentário, a península de


Quiberona e Giens. Na Guanabara existem vários tômbolas fósseis, isto é, profundamente
modificados. Como exemplo, citaríamos o tômbola em formação da Pedra de Guaratiba.
TôPO - diz-se da parte mais elevada de um morro ou de uma elevação. Usa-se, algumas
vêzes, como sinônimo de cume. ~ um têrmo descritivo sendo comum dizer-se: no tôpo do
morro, no tôpo da montanha, no tôpo do planalto, etc.
TOPOGRAFIA - diz respeito à altitude e aos declives. A topografi.a é a arte de representar,
em uma fôlha de papel, uma determinada área da superfície do globo terrestre com todos
os pormenores naturais (paisagem física) e artificiais (paisagem cultural) que aí se encon-
tram. A topografia pode 5er dividida do seguinte modo:
I - Topologia
Altimetria
li - Topometria . t na
{ Pl amme .
III - Desenho topográfico
A topologia e a geologia são duas ciências indispensáveis à geomorfologia, como exemplo
podemos citar a importante obra: Les formes du terra in de Emmanuel De Margerie (geólogo)
e general De La Noe (topógrafo). No dizer de De Martonne "a topografia é mais do que uma
ciência auxiliar da geomorfologia é a própria base do estudo do relêvo". Também Frederico
Machatschek comentando êste fato, ao se referir aos mapas de grandes escalas diz : "um bom
mapa topográfico representa, até certo ponto, um mapa morfológico" ( Geomorfologia pág. 7) .

410
TOPOGRAFIA ARGILOSA - diz respeito ao modelado em terrenos argilosos. O mesmo
que morfologia das argilas. Poderíamos aqui colocar todos os tipos de rocha e tratarmos
das formas que lhe são específicas. Significa, por conseguinte, o estudo das formas de relêvo
considerando a natureza das rochas e os diferentes agentes do modelado.
TOPOGRAFIA CALCARIA - denominação adotada como sinônimo de formas de relêvo
em rocha calcária, conhecidas por carste. O aspecto da superfície dessa topografia. é, geral-
mente, uniforme.
TOPOGRAFIA GRANíTICA - denominação usada como sinônimo de formas de relêvo
nas rochas graníticas. Por conseguinte, a topografia granítica é sinônimo de morfologia dos
granitos.
TóRIO - metal radioativo existente nas areias monazíticas, sendo mais abundante que o
urânio. Tem sido _usado na energia atômica apenas nas pesquisas, embora se presuma sua
utilização como matéria-prima na fabricação da bomba atômica (vide monazita) .
TORRENTE - cursos d'água periódicos produzidoS' por enxurradas selvagens, algumas vêzes
de grande violência. O regime hidrográfico dêsses rios frustras é temporário e espasmódico,
realizando-se apenas por ocasião das chuvas. Nas torrentes encontramos por algumas horas
ou por alguns dias a concentração temporária da antiga água de escoamento superficial.
Por isto as denominamos de rios frustros temporários, de pequeno percurso e de um declive
longitudinal forte. A pequena depressão onde se concentram as águas de escoamento supere
ficial é a bacia de recepção (Fig. n. 0 lOT) . Essas águas, por efeito da gravidade começam
a descer por uma calha de secção transversal pequena e profunda que constitui o canal·de

Fi&. n. 0 IOT - Esbôço esquemático de uma torrente

escoamento. Carregam grande quantidade de detritos que' se acumulam na base do canal de


escoamento constituindo os cones de defeção, ( Figs. ns. 11 T e 12T) também chamados de
cones de detritos (vide enxurrada). Na borda dos chapadões do Centro-Oeste brasileiro são

411
muito típicas as cavidades ou bacias de recepção das águas das chuvas. O engenheiro Surell,
ao estudar a escolha de um sítio para a instalação de uma barragem para o aproveitamento
de energia hidrelétrica nos Alpes, foi quem priiTieiro chamou a atenção dos naturalistas e
geógrafos para o estudo das torrentes e sua função destruidora dos relevos aguçados.

Ca.no.l de escoo.man\:.o .. _®
d.e ~nfle :JCao

Fi~. n. 0 llT - Perfil de uma torrente.

Entre as medidas tomadas para evitar os efeitos catastróficos das torrentes, podemos
distinguir:
1 - A escavação realizada pelas águas correntes faz-se da foz para as cabeceiras.
2 - Correção do leito de uma torrente, construindo-se barragens sucessivas em degraus,
principalmente, no canal de escoamento.

Fig, n. 0 12T - Aspecto de uma torrente vista num mapa topor;ráfico: Eqüidistlncia das curvas
de nível: 10 metros.

412
Leis de Surell
1 - A escavação realizada pelas águas correntes faz-se da foz para as cabeceiras, partin-
do-se de um ponto fixo (nível de base), situado na parte terminal do declive.
2 - O perfil longitudinal forma, a partir do nível fixo, uma curva regular, côncava para
o céu, tangente ao horizonte, no curso inferior, e se eleva gradualmente para as nascentes,
tornando-se tangente à vertical.
TORRENTE COMPOSTA - aquela onde o canal de escoamento serve para dar vasão a
duas ou mais bacias de recepção.
TORRENTE EMBRIONÁRIA - denominação dada às enxurradas que, ao descerem uma
encosta, podem dar origem ao escavamento de um canal de escoamento e cone de detritos
sem, no entanto, possuírem bacia de recepção.
TORRENTE TíPICA - trata-se de uma torrente onde as três partes, isto é, a bacia de
recepção, o canal de escoamento e o cone de dejeção, surgem de maneira típica.
TORSO FINAL - tradução da denominação dada por Penck (Endrumpf) à degradação do
relêvo montanhoso, cujo soerguimento foi mais rápido que o desgaste. Quando o desgaste
foi superior ao soerguimento deu Penck o nome de torso primário (vide).
O torso final de Penck se confunde, neste caso, com a explicação dada por Davis para
os plainos de erosão normal, isto é, os peneplanos (vide) .
TORSO PRIMÁRIO - neologismo introduzido por V. R. Leuzinger ao traduzir o têrmo
alemão Primiirrumpf, empregado por W . Penck, para os plainos de erosão normal (peneplano
de Da vis). O processo genético, segundo a explicação de Penck, é completamente diferente
da explicação do geomorfólogo americano. Enquanto êste explica o peneplano como sendo o
produto do arrasamento de uma região montanhosa e de forte declive cujo soerguimento foi
rápido, Penck admite um levantamento suficientemente lento para que a degradação seja
capaz de se dar na mesma medida, não permitindo a formação de um relêvo alto ou aciden-
tado.
TRAPP - têrmo sueco utilizado para designar lençol de lavas efusivas basálticas consolidadas
à superfície, dando aparecimento a uma topografia em patamares como se observa no sul do
Brasil, no derrame basáltico que cobre mais de 1 milhão de quilômetros quadrados na bacia
do Paraná. Iniciado no fim do Triássico, êsse vulcanismo prolongou-se até o Cretáceo. ( Fig.
n.0 13T).
TRANSGRESSÃO MARINHA invasão da zona costeira pelas águas oceamcas, causada
pela variação do nível entre águas e terras. As transgressões marinhas ocorridas no Quater-
nário são as mais conhecidas. A explicação mais generalizada é que elas são ocasionadas pela
fusão dos gelos acumulados sôbre os continentes ( eustatisrno) (vide terraço ) .
TRANSGRESSIVA - vide sedimentação.
TRANSLAÇÃO CONTINENTAL ou TEORIA DE WEGENER - supõe os continentes cons-
tituídos por fragmentos de blocos de sial boiando sôbre u' a massa viscosa, o sima. :l;:sses blocos
flutuando em equilíbrio isostático sofrem uma deriva para o oeste e para o norte. Os
grandes dobramentos existem na suprefície do globo, como o Himalaia, Alpes, Atlas,
Rochosas e Andes; são explicados pela hipótese de Wegener. Esta teoria tem o mérito de
ter sido aproveitada por grande número de especialistas na geologia, para explicação de
uma série de fenômenos.
A hipótese de \'Vegener surgiu em 1912 com a publicação de um interessante livro
intitulado G~nese dos continentes e oceanos.
A quase totalidade dos geólogos aceita como resultado dos reajustamentos isostáticos,
a produção de movimentos verticais no bloco do sial, e conseqüente corrente horizontal do
sima subjacente. Admitindo que isto seja verdadeiro, a hipótese de deslocamentos horizontais
da camada superficial da crosta também é verdadeira. De Martonne citando o trabalho de
P. Dive La dérive des continents et les mouvements intratelluriques, afirma que êste autor
empregando "a análise matemática chegou a demonstrar a realidade de correntes intratelú-
ricas, visto ser o interior da Terra, e o próprio sima, considerado como um fluido viscoso
cuja rotação não se poderia fazer em bloco" (Panorama da Geografia, pág. 86). Estas cor-
rentes intratelúricas do sima seriam produzidas no dizer de M. Codur pela rotação da Terra
e também pela atração da Lua ( Geographie Physique et Topologie, pág. 18) .

413
Segundo a teoria de Wegcncr os continentes permaneceram agregados até o Paleozóico
médio Pangea, (Carbonífero). No Mesozóico se iniciou a formação dos continentes indivi-
duais. A massa continental do Gondwana separou-se em: América do Sul, África, Madagáscar,
Austrália, lndia e Antártica, e a América do Norte separou-se da Eurásia, surgindo o oceano
Atlântico. Referindo-se às terras gonduânicas, De Martonne diz que a hipótese de Wegener
"explica melhor do que os abatimentos de grande amplitude, não somente o agrupamento
das antigas plataformas, como também as afinidades da flora e da fauna de regiões atual-
mente separadas." A migração dos pólos, postulada por essa teoria, permite explicar também
a extensão, durante a época primária, duma glaciação que afetou tôdas as terras gonduânicas,
então reunidas em tômo do pólo austral. Contudo, o sistema wegeneriano esbarra com
graves objeções. Os seus partidários não conseguiram, até agora, colocar os dois . pólos simul-
tâneamente em posições concordantes com os climas indicados pelos dados paleontológicos.
Por outro lado, não houve períodos glaciários durante duas eras geológicas: o Secundário e
o Terciário (Panorama da Geografia, pág. 751).
Os blocos de sial estão flutuando sôbre a massa viscosa, o sima. Esta por sua vez está
sujeita às correntes, em virtude da rotação da Terra e da atração da Lua.
Quanto aos deslocamentos, há deslocações intercontinentais que explicam certos movi-
mentos intracontinentais:
a) As Américas para o oeste dando a compressão do geossinclinal, que daria os
Andes e as Rochosas. No Jurássico o bloco da América do Sul se separou da
África e caminhou para oeste seguindo posteriormente para o norte. O Atlântico

Fig. n. 0 13T - Na bacia do Paraná a estrutura sedimentar de cuestas, apresenta '"'degraus e patamares"
bem característicos. Esta paisagem está ligada à natureza das rochas - arenitos e o "trapp". Na foto
abaixo vê-se patamares que correspondem ao afloramento da efusiva basáltica. Neste trecho o rio lapó,
(na fazenda Pinheirinho - no estado do Paraná) tem um ~r:rande afundamento do seu talvegue, dando
aparecimento a um vale do tipo caiion. - Na borda dos patamares pode-se ver as comijas que
correspondem aos afloramentos de basalto.
(Foto Tibor Jablo,.;ky do IBG)
sul formou-se primeiro que o Atlàntico norte. O deslocamento da América do
Norte separando-se da Europa ocorreu, segundo Wegener, no fim da era
Terciária.
b) A Groenlândia afasta-se hoje da Europa cêrca de 20 a 30 m por ano.
c) A lndia ( Decão) na direção do norte contra o mar de Tétis dando o Himalaia.
d) Deslocamento para o norte do bloco africano, dando aparecimento às cadeias
do sul da Europa, norte da África.
e) O conjunto Europa-Ásia se separa lentamente do pólo Norte.
Derruau comentando a hipótese de Wegener diz: "a teoria da formação de cadeias de
montanhas por cerramento entre dois blocos não resistiu aos progressos da geologia e da
geofísica. Ela permitiu a um geólogo como E. Argand escrever uma cativante obra de
síntese sôbre a tectônica da Ásia, mas nós veremos que é difícil aceitarmos hoje a tectônica
argandiana" ( Precis de Geomorphologie, pág. 28).
Os principais argumentos que inspiraram Wegener foram:
1 - Isostasia e a existência possível de correntes subjacentes no siri:la.
2 - A similitude aparente da costa africana no gôlfo da Guiné e o nordeste da América
do Sul.
A hipótese de Wegener é grandiosa e sedutora, tendo a seu favor a isostasia, argumentos
geodésicos, geofísicos, geológicos, paleontológicos e paleobotdnicos.
Argumentos que apóiam a teoria de l, 'egener:
1 A costa oriental das Américas e a costa ocidental -da África e da Europa se encaixam.
2 - Similitude das séries estratigráficas e das floras antigas da América do Sul, África,
Madagáscar, lndia e Austrália. Obrigam êstes fatos a admitir que certamente estas
terras faziam parte de um mesmo continente - Gondwana.
3 Os dobramentos pré-cambrianos e as massas cristalinas se ajustam dos dois lados
do Atlântico.
4 As glaciações de idade primária aparecem e desaparecem no mesmo momento em
tôdas as terras de Gondwana.
5 A distância em longitude entre duas estações, uma na América e outra na Europa,
varia sensivelmente - 1 metro por ano. Fato êste que supõe uma certa mobilidade
lateral dos dois continentes ( M. Derruau - Précis de Géomorphológie, pág. 27) .

Críticas à teoria de Wegener:


1 - O encàixamento das costas orientais das Américas com a costa ocidental da África
e da Europa é apenas aproximado. Betim Pais Leme fêz interessante.s estudos de-
monstrando a fragilidade dêste argumento tão importante da teoria de Wegener,
no seu artigo "Estado dos conhecimentos geológicos referentes ao Brasil - Relação
da teoria de Wegener sôbre a deriva dos continentes". (Boletim Geográfico ns.
75 e 78).
2 A similitude das glaciações poderia ser explicada por outra causa que não fôsse a
continuidade topográfica - por exemplo, grandes correntes frias no oceano.
3 Quanto à variação de longitude entre dois pontos determinados de dois continentes
diferentes não se faz constantemente no mesmo sentido. Os dois pontos tanto se
distanciam como se aproximam.
4- Afirma Derruau que, do ponto de vi~ta geofísico, não se pode admitir nenhuma
fôrça, que seja tão forte, capaz de provocar a deriva dos continentes. Neste parti-
cular a fôrça centrífuga que faz migrar os continentes dos pólos para o equador
é muito fraca ( pág. 28) .

Recentes pesquisas de Reinhard Maack Sôbre o problema dos deslizes continentais


procuram mostrar a separação das terras brasileiras das africanas, a partir do Jurássico.
1 - Pesquisas geológicas e geofísicas efetuadas nos últimos anos, principalmente no
Brasil, África do Sul e Austrália, revelaram resultados que atUalizaram novamente
o problema do movimento transversal da crosta terrestre ou do drift continental,
re_spectivamente.

415
2 - Surpreendente concordância do desenvolvimento do Devoniano inferior do Paraná,
da série Campos Gerais, com as formações do sistema do Cabo e a ocorrência de
depósitos glaciais pré-devonianos em ambas as regiões, os quais documentam uma
zona climática unitorme para as partes atualmente separadas da terra de Gondwana.
3 - Os típicos seixos guias dos tilitos do sul do Brasil são constituídos por inúmeros
quartzitos avermelhados, violáceos, purpúreos ou, mais raramente, quartzitos azul
claro. Formações glaciais pré-gonduânicas, que poderiam fornecer rochas desta
espécie, são desconhecidas em território brasileiro-uruguaio-argentino.
Maack encontrou no sul da África o paredão de onde provieram os seixos de
gnaisse de quartzito de coloração vermelha e violácea, pertencentes ao sistema
Waterberg, na cadeia de Zouptansberg, ao norte do Transvaal.
No dizer de Maack os deslocamentos transversais da crosta terrestre, durante
longos períodos geológicos têm maior importilncia na formação do aspecto da Terra
que os movimentos verticais de compensação isostática e de contração. ( Reinhard
Maack "Sôbre o problema dos deslizes continentais" in.: Engenharia, Mineração e
Metalurgia. Vol. XXV, junho 1957, págs. 301-304).

TRANSPORTE - fase do trabalho erosivo que segue à ação de destruição realizada pelos
agentes exógenos. Numa definição mais ampla, pode-se dizer que o transporte é todo o
conjunto de fenômenos geológicos que acarreta deslocamento de massa de solo e de rochas,
de um ponto a outro.
Os rios, os ventos, as geleiras, os mares e a gravidade são as principais fôrças do trans-
porte de materiais na superfície do globo terrestre.
No estudo das formas de relêvo não se pode deixar de considerar esta etapa do trabalho
de erosão, que para facilidade didática é dissociada da fase de desgaste, e de acumulação.
TRAQUITO - rocha efusiva correspondente ao magma dos sienitos quanto a sua composição
química e constando essencialmente de ortoclasita e de biotita ou homblenda ou augita.
Os traquitos são os correspondentes dos sienitos, tendo grande importância nas erupções
vulcânicas da era Terciária.
A textura dos traquitos é microgranular, isto é, com dois tempos de consolidação, muito
se parecendo com os microgranitos; sendo por isto também chamados de microssienitos.
TRAVERTINO - rocha semelhante ao tufo calcário, porém, mais compacta. Muitos calcários
lacustres de textura brechoidal são travertinos (vide tufo calcário).
O travertino é porém um calcário poroso que aparece mais comumente próximo às
fontes ricas em cálcio.
TRAVESSÃO - banco de rocha transversal ao leito do rio e que dificulta ou impede a livre
navegação. O travessão pode constituir, por vêzes, uma soleira de grande importância geomor-
fológica, ou pode ser um pequeno afloramento de rocha dura constituindo um nível de base
local no leito de um rio.
No leito do rio Tocantins os "travessões" são inúmeros. Neste caso, "travessão" é usado
como sinônimo de cachoeira.
TREMEDAL - têrmo usado na descrição de paisagem de terrenos encharcados, sendo
sinônimo de lezíria (vide), banhado, ipu, igap6, etc.
TRIÁS - o mesmo que triássico (vide) .
TRIÁSSICO - período da base da era Mesozóica. O seu nome lembra os três tipos de
terrenos que aparecem nessa idade: arenitos, calcários e margas. Os melhores depósitos foram
encontrados na Alemanha. Na Europa, em geral, não há uma separação muito marcada entre
os terrenos do Permiano e os da base do Triássico. As divisões mais aceitas são as seguintes:

Triássico superior ou Keuper


Jl Ladiano
Virgloriano
Noriano
Triássico médio ou Muschelkalk { Craniano

Triássico inferior ou Bunter Sandstein.

416
Quanto à vida, os répteis começam a se tornar abundantes e quase tôdas as ordens estão
representadas, não tendo ainda alcançado o tamanho que vão atingir no Jurássico. Os moluscos
aumentam sensivelmente, principalmente os gasterópodos e amonitas. Entre os anfíbios cul-
minam os stegocefalia.
Quanto aos mamíferos, há os mícrolestes, pequenos, marsupiais que aparecem no Keuper
da Alemanha.
No domínio da flora, as plantas terrestres do Triássico inferior são muito semelhantes
às do Permiano. No Triássico superior já se observa grande mudança na evolução das plantas,
sendo os fetos muito abundantes.
No Brasil há ausência de fósseis nos depósitos do Triássico, o que acarreta dificuldades
para separar os terrenos dessa idade. De modo geral são caracterizados pelo aparecimento
de uma grande cobertura sedimentar de arenitos e pelos derrames de lavas básicas que
constitui o chamado trapp do sul do Brasil, que é atribuído ao andar do Rético - :ll:ste
porém, ainda não constitui ponto pacífico em relação a sua idade. (Vide Fig. n. 0 6B). A
escola francesa o colocou na ba$e do Jurássico, os italianos e alemães fizeram um sistema
à parte, e outros o colocam no Triássico superior, acima do Keuper. No mapa geológico
publicado na Geologia do Brasil de O. H. Leonardos e A. I. de Oliveira, êles adotam esta
última corrente.
O Triássico brasileiro pode ser classificado da seguinte maneira:
Lavas da Serra Geral ( trapp)

Grupo Botucatu { Formação arenito Botucatu


Formação Pirambóia
Formação Santa Maria
Grupo Rio do Rasto
{ Formação Serrinha
Formação Teresinha.

Acima do grupo do Rio do Rasto encontramos o de Botucatu, no qual os arenitos de


Botucatu, de coloração avermelhada denotam um clima do tipo desértico. Acima dêles
e intercaladas com filões, camadas e diques, aparecem rochas de basalto e de diabásio, que
constituem o maior derrame de lavas básicas, conhecido no mundo. Cobre uma área de
900 000 km" e chega a alcançar em certos lugares 600 metros de espessura. :ll:sse derrame
de lavas cobriu quase todo o sul do Brasil, parte do centro-oeste brasileiro e o Uruguai.
Do ponto de vista da alteração das rochas e os solos delas resultantes, observamos que
os arenitos de Botucatu dão solos muito fracos, quase estéreis, enquanto as lavas básicas dão
a famosa terra roxa, tão importante para a cultura do café.
No Brasil, embora tenha havido grande derrame de lavas, êste período é, no entanto,
caracterizado por calma orogênica. As lavas saíram por fraturas, não havendo dobramentos.
As falhas são inúmeras, porém algumas sem desníveis, sendo mais propriamente denominadas
de fraturas.
TRIBUT ARIO (rio) - o mesmo que rio afluente (vide afluente).
TRIDIMITA - variedade de sílica anidra, apresentando-se sob a fonna romboédrica ou
hexagonal. 1!: mais rara que o quartzo e encontrada nas rochas efusivas.
TRlPOLI ou FARINHA FóSSIL - sílica organógena constituída por ca~apaças de diato-
máceas. Pode ser considerada como uma variedade de opala, ou então classificada entre as
opalas e os sílex. 1!: utilizada como areia de clarear ou de polimento.
Os lugares onde estas carapaças aparecem se chamam terras diatomáceas. A rocha resul-
tante do acúmulo das carapaças de diatomáceas · recebe o nome de diatomito.
TROMBA - têrmo regional usado como sinônimo de itaímbé (vide).
TSUNAMI - denominação dada pelos japonêses ao maremoto (vide) ou raz de maré.
TUFITO - o mesmo que tufo vulcdnico ou cínerito (vide).
TUFO - êste tênno se aplica a dois tipos de rocha: a) tufos vulcdnicos e b) tufos calcá1ios.
Ramiz Galvão ao traduzir o livro de A. de Lapparent Resumo de geologia propôs o têrmo
tophos - formado do latim e que constitui a melhor tradução do francês tuf.

417
TUFO CALCÁRIO - depósitos de calcário de água doce em cuja massa se podem ver por
vêzes os vestígios das plantas que os formaram. Sua coloração é esbranquiçada. Os tufos
são incrustações irregulares originadas da ressurgência em terrenos calcários cujo depósito
de carbonato de cálcio se vai endurecendo com o tempo e incorporando plantas, conchas, etc.
(Vide travertino).
TUFO VULCÂNICO - rochas vulcânicas resultantes da consolidação de materiais detrí-
ticos como: lapili, bombas, cinzas e lavas, expelidas pelos vulcões. A decomposição dessa
rocha dá uma argila de côr vermelha muito viva.
Os tufos vulcânicos são constituídos por conseguinte, de fragmentos de tamanhos diversos,
expelidos pelos vulcões, durante o período de sua atividade. As rochas dêsse tipo são também
chamadas piroclásticas.
TURFA - depósito recente de carvões, formado principalmente em regiões de clima frio
ou temperado, onde os vegetais antes do apodrecimento são carbonizados. Esta transformação .
exige que a água seja límpida e o local não muito profundo. As regiões de turfeiras consti-
tuíam, por conseguinte, área de alagadiços.
A turfa é u'a matéria lenhosa que perdeu parte do seu oxigênio por ocasião da carbo-
nização, transformando-se assim em carvão, cujo valor econômico como combustível é no
entanto, pequeno. A marcha do crescimento da espessura da turfa varia conforme as condi-
ções do meio, podendo ser desde alguns centímetros até um metro ou mais por século.
No norte da Europa e principalmente na Irlanda e Inglaterra, a turfa é usada para o
aquecimento doméstico. No Brasil existem depósitos de turfa em Macaé, Maricá, na baixada
de Jacarepaguá, no alto da serra da Bocaina, Itatiaia, etc.
TURFEIRA -· terreno úmido e pantanoso onde se encontra um depósito de turfa (vide) .

418
UEDES - cursos d 'água temporários ou intermitentes das reg10es desérticas. 06 uedes se
originam, em parte, nas épocas de maior precipitação pluvial.
ULTRA-ABISSAL - denominação usada por alguns para a zona haqal (vide) .
ULTRABÁSICA (rocha) - aquela cuja composição química revela a existência de um
teor em sílica inferior a 45%, o que acarreta assim uma pobreza, ou mesmo ausência, de
feldspatos .
ULTRAMETAMORFIS MO - denominação usada para rochas que sofreram profunda refu-
são, como por exemplo uma rocha mista, se transformar.do num verdadeiro granito, através
da granitização. Ultrametamorfismo é o mesmo que anatexia ou palingOnese.

UNDAÇÃO - denominação dada por Stille ao empinamento (vide) produzido pela epiro-
gênese.
UNIDADE FISIOGRAFICA ou UNIDADE MORFOLóGICA - região caracterizada por
certos elementos de ordem física (morfológica), isto é, estrutura e natureza das rochas.
~stes elementos serão completados com as indicações da 'rêde hidrográfica, do clima, do
aspecto topográfico e da idade das rochas. A extensão da unidade fisiográfica vai depender
da escala tomada por base. A bacia de Paris, por exemplo, forma uma unidade morfológica
com a sua estrutura inclinada ( cuesta) no entanto, pode ser dividida em quatro regiões
devido à rêde hidrográfica. A unidade morfológica, em certos cas?s, depende mais da rêde
hidrográfica que da estrutura. Observa-se que a hidrografia é que fornece o "canevá morfo-
lógico", pois a estrutura, na maioria dos casos, é passiva. Os chapadões do Planalto Central
do Brasil podem ser considerados como uma unidade morfológica de estrutura tabular; o
pediplano do Nordeste ou ainda o peneplano da Bretanha (França) são outras regiões
morfológicas.
Os primeiros a tentarem os estudos sistematizados de "regiões" foram os geólogos.
Atualmente, os estudos regionais constituem objeto primordial dos geógrafos.
Alguns autores procuram, em vez de definir uma unidade fisiográfica, tratar de "for-
mação fisiográfica", que vem a ser o conjunto de caracteres geomorfológicos, topográficos,
pedológicos e climáticos semelhantes, que definem uma região geográfica. Se incluirmo~
nesta série de elementos a parte biogeográfica da área considerada, ela se confunde com o
que os geógrafos definem como "regiões naturais".

UNIDADE GEOTECTôNICA - compreende-se como sendo uma área individualizada por


movimentos tectônicos, quer de natureza orogênica ou epirogenética. Não se deve confundir
unidade fisiográfica (vide) com unidade tectônica, embora em certos casos uma determinada
unidade fisiográfica pode coincidir com uma unidade geotectônica:
No Brasil, segundo o geólogo Rui Osório de Freitas, podemos individualizar as seguintes
unidades geotectônicas: bacias e planaltos tectônicos. Dentro destas duas grandes unidades
podemos distinguir deformações de fundo epirogênico menores e modernas, as quais são

419
representadas pelas muralhas, fossas e vales de afundamento. l;:stes traços estruturais orientam
a geologia do Brasil desde o período Devoniano, isto é, desde o fim do último movimento
orogenético ocorrido no Siluriano caledoniano, até os nossos dias.
UNIDADE MORFOLóGICA - o mesmo que unidade fisiográfica (vide) .
UNIDADE TECTôNICA - o mesmo que unidade geotect6nica (vide) .
UNIFORMIT ARIANISMO - o mesmo que atualismo (vide).
UR..\LITA - anfibólio de coloração verde originado da transformação de piroxênios pela
uralitização.
URALITIZAÇÃO - processo da passagem de piroxênios a uralita, que ocorre principal-
mente em certos gabros e diabásios tomando-os de textura xistosa. A uralitização é explicada
por alguns como produzida pela metassomose, e por outros, como um fenômeno de transfor-
mação ocorrido na massa magmática ainda em estado pastoso.
URÂNIO - metal de aspecto semelhante ao aço, pouco duro, maleável, dúctil e 80% mais
denso que o chumbo. Sua importância principal está no fato de ser material radioativo,
possuindo três isótopos, sendo o principal o U.,., utilizado na bomba atômica. 11: extraído da
uranilita ou pechblenda e de outros minérios contendo fosfatos e arseniatos uraníferos.
O urânio aparece geralmente nas rochas eruptivas e nos pegmatitos associados ao tungs-
tênio. Suas maiores concentrações estão, porém, nas rochas sedimentares.
UVALA - o mesmo que ouvala (vide).

420
VACUOLAR - textura de rochas lfU" possuem na sua massa pequenos vazios que dão
origem a cavidades de formas diversas. Nas rochas eruptivas os vacúolos são devidos aos
gases existentes nos magmas que ficam aprisionados por ocasião do resfriamento dêste ao
caminhar para a superfície ex.: pedra pomes. Além das rochas eruptivas podemos encontrar
êste tipo de textura em rochas sedimentares, como em certos calcários, e arenitos, etc. O
laterito também apresenta freqüentemente grande número de vacúolos, sendo mesmo chamado
neste caso de laterito cavernoso ou vacuolar.
VÁGEIS - sêres bentogênicos rastejantes ou mesmo natantes, diferentes dos sésseis, (vide
bento).
VALE - corredor ou depressão de forma longitudinal (em relação ao relêvo contíguo) que
pode ter, por vêzes, vários quilômetros de extensão. Os vales são formas topográficas consti-
tuídas por talvegues e duas vertentes com dois sistemas de declives convergentes. O vale é
expresso pela relação entre as vertentes e os leitos (leito menor, leito maior e terraços).
A forma do vale (Fig. n. 0 1 V) e o seu traçado estão em função da estrutura, da natureza
das rochas, do volume do relêvo, do clima e também da fase em que se encontre dentro
do ciclo morfológico. Em última análise, a forma de um vale de erosão depende sempre
da relação entre a resistência das rochas e a fôrça da erosão ( Fig. n. 0 2V ) . Os vales em V
aparecem em terrenos . argilosos e onde o modelado das vertentes é feito de maneira muito
diversa das rochas calcárias ou mesmo de certos arenitos, onde aparecem vales com vertentes
abruptas - vales e1n garganta.
Os vales podem ser classificados segundo vários critérios: quanto à origem, .quanto ao
valor hidrográfico, quanto à forma do fundo, quanto à orografia, quanto à forma das ver-
tentes, etc.
1 - Quanto à origem:
1 - Vale de sinclinais
a) vales primitivos ou conseqüentes
I 2 - Vale de fossas tectônicas
3 - Vale de cordilheira
4 - Vale de estrutura mónoclinal
1 - escavado por águas fluviais
h) vales de erosão 2 - escavado por águas pluviais
{
3 - escavado por glaciais
2- Quanto ao valor hidrográfico:
a) vales principais
h) vales secundários - afluentes e subafluentes
3 - Quanto à forma do fundo :
a) vales de fundo chato
h) vales de fundo côncavo
c) vales de fundo em V ou ravina. Vale de fundo estreito.

421
Vale de slnclinol Vale de fossa teclonlca

Vale de cordilheira de montanha Vale de lu~do chato

Vele de fundo concovo Vale em V Vale e m garganta

Fig. n. • 1 V - Tipos de vales.

4 - Quanto à orografia da região:


a) vales longitudinais
b) vales transversais
5 - Quanto à forma das vertentes :
a) vale em garganta
b) vale em V ou normal (Fig. n. 0 3V)
c) vale em mangeàoura ou calha
d) vales dissimétricos ou monoclinais.
Ao definir-se um vale tem-se sempre em mente os ocupados de modo permanente pelas
águas. Há também os vales secos, cujo leito se apresenta sem água durante a estação sêca;
ou ainda as simples ravinas, ou pequenos vales secos, que apenas durante a época das chuvas
concentram, de modo periódico e espasmódico, as águas de escoamento superficial. Neste
último caso, podemos dizer, por conseguinte, que um vale representa uma depressão de forma
alongada entre duas elevações relativas.

422
VALE ANTECEDENTE - é o que foi escavado por rios antecedentes (vide).
VALE "AVEUGLE'! · - denominação dada pelos geomorf6logos franceses aos rios subter-
râneos em rochas calcárias. Também podemos chamar êste tipo de rios sumidos, de vales
o.cultos ou ainda sumidouros (referindo-nos apenas ao fenômeno de pe1·da) .
VALE DE AFUNDAMENTO - o que resulta de falhas escalonadas constituindo autênticos
grabens ou rif-valley segundo a expressão usada por J. W. Gregory.

Fig. n. 0 2V - Encaixamento do rio Tarn (França) (JUe escavou o seu vale


em rochas calcárias.
(Foto: Cartão Postal "Ivon")
VALE DE AFUNDIMENTO - expressão usada pelos geólogos portuguêses e que corres-
ponde ao que denominamos no Brasil de vales de afundamento (vide) ou de desmorona-
mento.
VALE DE ÁNGULO DE FALHA - escavado ao longo de uma linha de falha. Os vales
dêsse tipo apresentam geralmente grande parte do seu curso com o traçado retilíneo muito
regular. Não se deve, porém, confundir êsses vales com o rift-valley os quais são mais com-
plexos e correm no fundo de fossas de desabamento.
VALE DE ANTICLINAL - o mesmo que combe, isto é, o estabelecimento de um vale
que escavou o seu curso em cima do eixo de um anticlinal.
VALE DE BRECHA - denominação usada para o entalhe produzido pelos rios conseqüentes
ao romperem uma frente de cuesta, ou ainda ao cortarem por epigenia um anticlinal.
VALE DE FALHA - o mesmo que vale de ilngulo de falha (vide) ou vale de linha de
falha .
VALE EM CORNIJA
- aquêle que aparece
escavado em reg10es
onde existem alternân-
cia de rochas tenras e
duras e nas quais estas
últimas formam capea-
mento constituindo cor-
nijas bem delineadas ao
longo dos vales ( Fig.
n.0 4V). O trabalho da
erosão se faz com maior
rapidez nas rochas ten-
ras e mais lentamente,
nas rochas duras que
por vêzes formam pe-
quenas plataformas es-
truturais. Fig. n. 0 4V

VALE EM GARGANTA - diz-se de um vale encaixado (vide) à semelhança de um caiíon


(vide). O vale em garganta adquire maior expressão quando o entalhe é feito numa estrutura
sedimentar horizontal ou sub-horizontal.

VALE ENCAIXADO - diz-se dos vales cujo


afundamento do talvegue foi muito grande,
dando aparecimento a margens poucos largas
e vertentes de fortes declives.
VALE OCULTO - o mesmo que vale "aveu-
gle" (vide).
VALE S!;;CO - aquêle cujo leito aparece sêco
temporária ou permanentemente. As causas
dêsse fenômeno são várias, podendo estar liga-

do Nordeste brasileiro, cujos leitos ficam intei- -=========--~----


das ao clima da região, como em certos rios
Fig. n.• 5V
- -------
ramente secos durante o verão; ou podem estar
ligadas à natureza das rochas atravessadas, à estrutura, etc. Nas regiões de rochas calcárias
por exemplo, é freqüente o aparecimento de antigos cursos de rios inteiramente secos, por
causa das perdas que se verificam com a formação de rios sumidas ou "aveugle".
Em certos casos, onde o lençol freático é inclinado e alimenta mais diretamente o rio
A, ocasiona normalmente no rio B a tendência para se tornar um vale sêco.
O modelado das vertentes nesses vales secos é feito apenas pela erosão pluvial.

Fig. n. 0 3V - Vale em V encaixado em rochas antigas do chamado "complexo brasileiro". Na foto


vêem-se os escarpados paredões rochosos do rio lpiranga, no litoral do estado do Paraná. O entalha·
menta do talveg:ue foi muito vie:oroso, e tendo em vista a natureza das rochas, a erosão fluvial deve ter·
se adaptado a uma fratura. De modo que a erosão das encosta~ é muito mais lenta que a erosão vertical.
. (Foto Esso Brasileira de Petróleo)
VALE SUBMARINO ou "CA~ON" SUBMARINO - sulcos existentes na plataforma conti-
nental. Algumas vêzes êstes rios submersos penetram a mais de 3 000 metros de profundidade,
como o encontrado diante da foz do rio Congo. Diversas teorias procuram explicar êste
importante acidente da morfologia submarina. Alguns acreditam que êstes vales foram cavados
por ocasião das regressões marinhas ( eustatistas); outros, que se tratam de falhas perpendi-
culares ao litoral; há ainda os que acham que os pequenos sulcos tenham sido cavados pela
própria erosão marinha. O Prof. Jacques Bourcart criou a teoria da "Flexura Continental"
para a explicação dêsses vales e dos terraços marinhos. Segundo êste autor êstes vales são
cavados pela erosão fluvial e posteriormente foram suhmersos graças a um movimento de
flexura da borda do litoral. Um dos argumentos mais importantes é o das "rias" e meandros
encaixados submersos existentes na região da Bretanha (noroeste da França), pois somente
a erosão fluvial poderia ter cavado êstes meandros.
Em alguns casos podem-se encontrar pequenos vales submarinos que aparecem como
fissuras na plataforma continental ou na insular, e que não são propriamente cafíons subma-
rinos.
VALE SUBTERRÂNEO ou VALE SUMIDO - denominação usada por alguns geólogos
para os rios que, durante parte do seu curso, deixam de correr a céu aberto infiltrando-se
subterrâneamente por vários quilômetros . 11:sses fenômenos de perdas e ressurgências são
freqüentes nas rochas calcárias.
VALE SUSPENSO - vide rio de foz suspensa.
"VALLEUSE" - têrmo francês utilizado para designar os rios de foz suspensa que correm
numa região calcária, na qual o escavamento do talvegue não se processúu normalmente.
11:ste fato ocasiona a existência de um degrau no nível de base dêsses rios, ao desaguarem
no oceano. (Fig. n. 0 6V).
"VALLONS" - paisagem física relativa-
mente plana e cortada, ou melhor, levemen-
te dissecada por uma série de vales peque-
nos. ~ um têrmo francês que traduz um
tipo de paisagem ondulada com subidas e
descidas à semelhança da montanha russa,
. . constituindo o que podemos denominar de
Ftr;. n.• 6V - Esquema de uma costa calcána I' l d ( llo é)
do tipo "valleuse". re evo va ona o va nn .
VALLUM MORÃINICO - o mesmo que moraína terminal - depósito formado de materiais
colocados na extremidade jusante de uma geleira.
VÃO - têrmo regional usado no planalto goiano para designar vales profundamente esca-
vados, por onde corre um rio, ex.: vão do Paraná, dos Angicos, etc.
VARIEGADA - o mesmo que rocha abígarrada (vide).
VARVE - depósito inconsistente, glaciário, constituído de camadas de silte e de matéria
orgânica sedimentada. No verão acumula-se a camada de silte, no inverno cessa o silte e
deposita-se a matéria orgânica. O varve consolidado torna-se o varvíto (vide) .
O varve é um têrmo oriundo da língua sueca e significa ciclo.
VARVITO - rocha sedimentar de facies glacial ou lacustre, composta por uma sucessão de
camadas - argilosas e siltosas. Estas indicam ciclos anuais, e possuem espessura que varia.
de 1 mm até 2 ou .'3 em. (Fig. n. 0 7V).
Os varvitos são constituídos de leitos ou camadas de coloração clara e escura, os quais
foram respectivamente depositados no verão ou no inverno, nos lagos glaciais. Contando-se
e comparando-se estas camadas nos diversos lagos puderam chegar a datar certos varvitos
e o mais antigo que se pôde datar por êste processo, é do ano 13 000 A.C .
VARZEA - terrenos baixos e mais ou menos planos que se encontram junto às margens
dos rios. Constituem a rigor, na linguagem geomorfológica, o leito maior dos rios. Em certas
regiões, as várzeas são aproveitadas para a agricultura. No Brasil, êste tipo de aproveita-
mento do solo é comum no rio São Francisco, no Parnaíba, etc. 11:ste tipo de cultura é,
por vêzes, denominado de modo diferente, segundo a região : no São Francisco - cultura
de vazante; no Acre, na cidade de Rio Branco - cultura de praia, etc.

426
Fig. n. o 7V - Vista parcial de um afloramento de varvito próximo a I tu (São Paulo). A estratificação
das lamas glaciais dentro de antigos lagos nos dá nonnalmente uma estrutura horizontal ou subahori ..
zontal. As placas do varvito são extraídas e utilizadas COIJlO pedra de revestimento ou mesmo sob a
fonna de pequenas lajotas yara construção de muros ou ainda cortadas em fonnas &eométricas regulares,
para calçadas, etc.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

VASA - . depósito argiloso, de partículas muito finas, de coloração cinza-escura, ou mesmo,


esverdeada, muito pegajoso; escorregadio e com acentuado odor fétido de ovos podres, devido
ao gás sulfídrico que contém ( H.S) .
Os bancos de vasas ou lamas aparecem nas orlas costeiras e na foz dos rios, devido
ao efeito da floculação e da gravidade por ocasião das marés cheias. Os depósitos de vasas
atuais aparecem ao nível das águas dos rios e do mar, sendo chamada de slikke a parte
atingida. (Fig. n. 0 8V).
Além das vasas costeiras ernersas há também as dos fundos oceânicos, corno: as vasas
de globigerinas, diatornáceas, radiolares, etc. As vasas de globigerinas são formadas de cara-
paças calcárias, de animais microscópicos e formadas, sobretudo, nas regiões tropicais. As
vasas de radiolares são constituídas de conchas silicosas e aparecem mais freqüentemente no
oceano Pacífico, enquanto as vasas de diatomáceas aparecem nas regiões árticas, e são devidas
a carapaças silicosas e algas.
VAU - palavra portuguêsa usada para os trechos de rio onde o nível das águas permite
travessia a pé, ou a cavalo. Trata-se, por conseguinte, de um têrrno descritivo, usado princi-
palmente pela geografia.
VAUCLUSIANA - têrmo da morfologia cárstÍca vide voclusiana (fonte).
VAZANTE - . denominação dada na geologia do Brasil a urna formação sedimentar pleisto-
cênica das margens do rio São Francisco. Do ponto de vista hidrográfico significa época

427
de águas baixas no leito de um rio. t o oposto a cheias. No pantanal, vazante é a denomi-
nação dada aos pequenos riachos temporários que ligam as baías (vide), pois os riachos
permanentes chamam-se de corixos (vide) .

ANTIGO SCHORRE
de 4a Sm
SCHORRE
,
3.Som I
..
MICRO·FALESIA
SLII<KE

-::-~-~-~0
/-:.:-~
~~:c?.\" (.

. · .. ( '
, \\ AMAPÁ PEQUENO
, .. • t'

Fie n. 0 8V

VEEIRO -- o mesmo que vieiro (vide).


VEIO - o mesmo que vieiro (vide).

vv
y

I
I
I}(

Fie. n. 0 9V - Tipos de vertentes: (1) Vertente côncava. (2) Vertente convexa.


( 3) - Intersecção de vertentes planas. ( 4) - Intersecção de vertentes côncavas.
( 5) - Intersecção de vertentes convexas. x - y - Linha de cristas ou espieões

428
Fig. n. 0 lOV - Vertentes convexas típicas de rochas anti&as do precambriano caracterizam a paisagem
da encosta Atlântica do Brasil Sudeste. Os &randes desplacamentos e caneluras também são freqüentes.
(Foto Tibor Jablonsky do IBG)

VEIO-CAMADA - diz-se do filão interestratificado de modo concordante num depósito


sedimentar. O mesmo que filão-camada (vida) .
"VEREAU" GLACIÁRIO - bloco rochoso ou soleira saliente no leito de um vale, barrando
a continuidade do declive de um vale glaciário.
VERNIZ DO DESERTO - película pouco espêssa que aparece cobrindo os afloramentos
rochosos ou mesmo os seixos nas regiões desérticas, dando uma coloração escura tendendo,
às vêzes, ao avermelhado, porém brilhante. :l!:ste verniz é produzido pelos sais de ferro e
manganês, polidos pela erosão e6lia.
VERTEDOURO DE UM LAGO - denomina-se assim aos rios emissários, isto é, os rios
que drenam as águas de um lago.
VERTENTE - planos de declives variados que divergem das cristas ou dos interflúvios,
enquadrando o vale. Nas zonas de planícies, muitas vêzes, as vertentes são mal esboçadas
e o rio divaga amplamente. Nas zonas montanhosas as vertentes podem ser abruptas e
formarem gargantas. Aí as vertentes estão mais próximas do leito do rio, enquanto nas
planícies estão mais afastadas.
As vertentes apresentam formas muito variadas, porém para efeito didático podemos
grupá-las em três tipos: côncava, convexa, e plana ( Figs. ns. 9V e lOV).
Os tipos de vertentes que aparecem na natureza estão em função principalmente do
clima da região, da natureza da rocha, da estrutura e do volume do relêvo. Os fatôres
exodinâmicos atuam de maneira complexa, sendo impossível dissociá-los.

429
As rochas eruptivas, como os granitos, sienitos, e mesmo algumas metamórficas, como
os gnaisses, dão, nas regiões tropicais úmidas, o aparecimento a vertentes de forma convexa
e a rochedos nus. Nas regiões de clima árido quente ou semi-árido os contrastes entre as
vertentes abruptas das serras e as baixadas são bem pronunciados, aflorando as rochas em
quase todos os pontos. Nas regiões de calcário são freqüentes as escarpas de vale de forma
vertical ou mesmo pendente- surplon (Fig. n. 0 llV). A erosão elementar é um dos fatôres
mais importantes no trabalho lento e contínuo do modelado das vertentes.

Fig. n.o llV - Vertente pendente típica em rocha calcária

O problema da explicação do~ diferentes tipos de vertentes constitui ainda, nos nossos
dias, um assunto muito controvertido, segundo as diferentes escolas geomorfológicas. A êste
propósito, em uma bem fundamentada critica, o Prof. Victor Ribeiro Leuzinger sintetizou
o problema mostrando que: para Davis a evolução geomórfica das vertentes se processa
durante longos períodos de repouso tectônico e, via de regra, as transformações durante o
levantamento tectônico são desprezíveis, constituindo caso particular raro. Penck, profundo
conhecedor dos estudos geomorfológicos, explica a evolução das vertentes exatamente ao
contrário das idéias de Davis, considerando como pouco digna de atenção a evolução das
vertentes durante o repouso tectônico. A convexidade é atribuída por Davis e Gilbert ao
creep, por Fenneman e Lawson ao escoamento superficial e finalmente por Penck, ao levan-
tamento acelerado do continente. Como se conclui dos dados acima, ainda nos parece neces-
sário um número bem maior de estudos regionais, em diferentes tipos de clima, a fim de
que se possam tirar conclusões de ordem geral.
VIDRO - produto resultante da fusão de areia (vide quartzo).
VIDRO DOS VULCOES - o mesmo que obsidiana (vide).
vmmo - intrusões, constituindo diques, pegmatitos ou filões, onde se encontra grande
número de minerais principalmente não metálicos, de valor econômico.
Os vieiros se distinguem, por vêzes, dos diques e pegmatitos por causa de sua formação,
sendo o material depositado na fenda, de modo muito lento.
O processo do enchimento dos vieiros é assunto ainda muito controvertido, existindo
uma série de hipóteses para explicar a sua formação.

430
Fi.:. n. 0 12V - Voçoroca

VIRGAÇÃO - dobramento no qual os seixos dos anticlinais se separam gradativamente uns


dos outros, de maneira oposta ao da "serrage". Para observação dêste fenômeno temos que
considerar o feixe das dobras, a posição de cada eixo de anticlinal, comparativamente com
o eixo mais próximo e suas direções sucessivas. Assim a virgação é o agrupamento de dobras
em forma de bouquet.
VITRóFIRO - rocha microlítica, assemelhando-se a um riólito, cujo fundo é inteiramente
vitroso. Tipo de rocha muito rara de ser encontrada.
VOCLUSIANA (fonte) - típiea das áreas calcárias (vide ressurgência).
VOÇOROCA - escavação ou rasgão do solo ou de rocha decomposta,. ocasionado pela
erosão do lençol de escoamento superficial (Fig. n. 0 12V). Nas regiões récentemente desflo-
resta9,as como no vale do Paraíba ( RT e SP), por exemplo, observa-se, por vêzes o apareci-
mento de grandes esbarrancamentos de material decomposto, e de solos que são carregados
pelas enxurradas. As voçorocas, quando em grande número e relativamente paralelas, dão
aparecimento a verdadeiras áreas de badland (vide), ou ainda área 1Joçorocada.
VOLFRAMITA - tungstênio de ferro, e manganês, sendo sua fórmula a seguinte: WO'
(Fe Mn), cristaliza-se no sistema monoclínico, seu pêso específico é 7,1 a 7,55. Cêrca de
76$ da volframita é de WO'.
J;:ste mineral ocorre na superfície do globo em veios de quartzo, ou ainda em areias
aluvionares junto com a cassiterita, a monazita, etc. Em São Paulo, no município de Jundiaí,
está sendo explorada, em veios de quartzo, em ltupeva.
VOLUME PONDERAL DE UMA ROCHA - compreende-se em hidrologia subterrânea
como sendo o pêso de água que uma dada rocha pode absorver, em relação ao seu pêso.

431
VOSSOROCA - grafia adotada por certos autores (vide voçoroca) ou ainda boçoroca.
"VRULJES" - fontes submarinas que aparecem ao longo do litoral adriático. J;: preciso
relembrar que a circulação subterrânea no carste pode-se fazer abaixo do nível do mar
(várias centenas de metros) devido ao fato de a água circular sob pressão. Os fatos mostram
que a circulação das águas em cavidades subterrâneas se efetua em tôda massa calcária,
independentemente do nível do mar. Do ponto de vista científico, devemos dizer que esta
circulação subterrânea está na dependência de leis originais que não são ainda conhecidas
com precisão.

4S lO 1S 15 )() 45 GO 75 90 lOS 120 1)5 ISO 165

OROGENÉTICA.S MODERNAS , ONDE iAMeÊM SE SITUAM OS PRINCIPAIS FÓCOS DE ABALOS sr..HICOS


e VULCÕES MODERNOS

Fi,. n. • 13V - Distribuição 'eo,ráfica dos vulcões

VULCÂNICA (rocha) - originada da consolidação de material magmático extravasado na


superfície da Terra por ocasião das erupções. Corresponde à categoria de rochas de derrame
ou efusivas.
VULCANITO - o mesmo que rochas· efusivas (vide) ou de derrame. J;: preciso chamar
atenção para o fato de as rochas consolidadas a pouca profundidade serem consideradas
também como vulcanitos, ex.: lac6litos; enquanto os plutonitos compreendem as rochas
consolidadas a grande profundidade.
VULCANISMO - atividade própria dos vulcões (vide). Do ponto de vista geomorfológico
deve-se frisar ctue do vulcanismo resultam formas pa•ticulares que constituem o reMvo 1>Ul-
cânico, e no dizer de De Martonne constitui-se num relêvo postiço.
VULCÃO - é o "aparelho" natural que nos permite ter um conhecimento direto do material
ígneo que se encontra sob a crosta sólida, isto é, a litosfera (vide). Há diferentes tipos de
vulcões e conseqüentemente, diferentes tipos de formas de relêvo produzidas pelas atividades
vulcânicas. Na paisagem podemos ter formas vulcânicas achatadas, ou melhor
produzidas por lavas bastante fluídas formando mesas, planezes ou trapp. No caso de
material ácido como nos vulcões do tipo peleano, tem-se uma obturação da cratera e a
formação de grande canino, cujo melhor exemplo é o da montanha Pelada, na ilha de
Martinica. De modo geral, podemos falar na existência de várias formas de relêvo vulcânico,

432
segundo o tipo de vulcão . Ex.: vulcanismo do tipo fissura[ da Islândia, grandes corridas de
lava; vulcanismo do tipo havaiano, denominação retirada dos vulcões das ilhas Havaí (oceano
Pacífico), ainda os vulcões do tipo estromboliano e peleano, cujos cones têm aspecto. pro-

S.PfDRO
S. PAULO
••

AIJRÓLHOS TRIND~D~

6RANIJES REGIOÊS NATURAIS •


(!) REG/AO NORTE

0 NOROESTE
G) LESTE

@ SUL

@ CENTRO OESTE

fundamente diferente dos dois anteriormente ci-


tados. Areas do Brasil afetadas por afi.,idades
vulcânicas no possado geológico.
Não se deve definir um vulcão como sendo Aarea coberta ~los dvrames basálticas na
u'a montanha, de cujo tôpo saem as lavas. Na bacia do Paraná é a maior do mundo. achando-se
cobert11 por sedimentos posteriores da cretáceo.
maioria dos casos a elevação é o resultado da
atividade vulcâníca. Podemos então, dizer que CENOZÓICO eYukanismo~ ilh11s
um vulcão é uma abertura, ou uma fenda na cros- tTtrciório?Pitl'&foctnc!J oc~4nica•

ta terrestre, através da qual saem materiais, como • . -{~Basollo t•po•fo


<SOZOICO
lavas, cinzas, gases, etc. "'
~ 'f:Jl/,':,;gferlo por
PALEOZÓICO .Ó. Quortzo-pórjiro
VULCÃO DE LAMA - o mesmo que sarça ar-
dente (vide), isto é, pequenos montículos cônicos
MESO-CENOZÓJCO Â Roclt#l 6/ca/inas
de onde jorra água lamacenta, fria, salgada, car- tcntdceo-TerciórioJ
regada de bôlhas de gás, formadas principalmente
de petróleo e hidrocarbonetos que se inflamam LimJJes das 9f"t!ndu
reg1ota noturf1fS
•" a • a.
fàcilmente .
Fi&. n.• 14V

433
VULCÃO EMBRIONÁRIO - aquêle cuja atividade vulcânica se limitou a uma uruca ex-
plosão, sem ter havido derrame de lavas. A cratera pouco profunda pode ser ocupada por
um lago, donde o nome de lago de cratera ou maar.
VULCÃO FRUSTRO - denominação usada por certos autores para os lac6litos (vide), não
se devendo confundir com os vulcões embrionários.
VULCÃO SUBMARINO - diz-se das erupções que ocorrem no solo oced.nico (vide) .

434
WOLFRAMIT A - grafia antiga de volfranita (vide) .
XENóLITO - é o pedaço de rocha encaixante, isto é, da parede ou do teto que se
encontra acidentalmente incluída numa rocha magmática.
XILITA - é um tungstato de cálcio extraído de depósitos eluviais, encah:ados nos contactos
entre os xistos do Serid6, e lentes calcárias, cuja área de ocorrência mais importante é a
dos pegmatitos da Borborema.
Durante a última guerra foram exploradas mais de duzentas jazidas nessa região, cons-
tituindo, possivelmente, a maior reserva dêste minério no hemisfério ocidental.
O mercado interno s6 pode absorver pequena parte da produção de tungstênio, sendo
o Nordeste responsável por 90% da produção nacional. Os Estados Unidos e a União Soviética
são os nossos principais compradores.
XISTO - rocha metamórfica na qual os diferentes minerais se encontram dispostos em
camadas, ao contrário do que se observa nas eruptivas.
XISTO ARGILOSO - rocha resultante das transformações sofridas pelas argilas sob o
efeito da pressão, perdendo parte d'água, de embebição dos col6ides. Progredindó o efeito
da pressão e, por vêzes, da temperatura, pode-se dar o aparecimento de um xisto cristalino,
ex.: argilito ou argilas xistos as.

~-

Fi&. n. • 1 X - Formação de xistosidade.

435
XISTOSA - estrutura caractenstica das rochas metamórficas (vide) . Os minerais são orien-
orientados no corpo da rocha segunuo os planos de xistosidade (vide), por causa de certas ten-
sões que ocorrem no metamorfismo. tFig. n.0 lX)
XISTO BETUMINOSO - são existos ricos em betume, e, na maioria dos casos, quando
esta riqueza é grande, se tornam inflamáveis (vide betume) .
XISTO CRISTALINO - denominação antiga dada por certos geólogos às rochas meta-
mórficas tendo em vista ser a xistosidade uma propriedade comum a êsse tipo de rocha.
O xisto cdstalino resulta do metamorfismo sôbre o xisto argiloso (rocha sedimentar) .
XISTOSIDADE - divisão das rochas estratificadas em lâminas finas, segundo certos planos
de tensão, que não coincidem com os planos de estratificação. A xistosidade pode ser
devida às pressões temporárias ou permanentes que atuam sôbre as rochas. Somente em
casos excepcionais, os planos de estratificação coincidem com os de xistosidade ( Figu-
ra n. 0 1 X).

436
YARDANG - sulcos ou canaletes profundos que aparecem na superfície das
rochas, esca-
vados ~la erosão eólia. ( Fig. n. 0 1 Y) . Não se deve confundir os yardangs com
os lapiás
como fazem alguns autores. Os sulcos produzido s pelas deflação aparecem no
sentido do
vento dominante que ataca as rochas ao longo de linhas de menor resistência .
Os tipos clássicos de yardangs ou chardangs são encontrados na Ásia Central
- de-
serto de Lop e Tarim, no Turquestã o.

Fir;. n,o 1Y

ZINCO - metal branco, ligeiramen te azulado, de grande emprêgo em objetos


doméstico s.
Entra na composição de várias ligas de latão, bronze, s~ndo também usado
nas pilhas
elétricas e nas oficinas zincográficas .
Os principais minerais de zinco são: h lenda ou esfalerita zincita, cala nu na e smithsonit
a.
ZINWALD ITA - ·mineral da família das micas, que constitui .uma transição
entre as micas
brancas e as pretas. Na sua composição química entram o potássio, o lítio e o flúor.
ZIRCÕNIO - metal raro encontrad o principalm ente sob a forma de silicatos,
cuja utilização
tem \lUmentado de modo quase imprevisív el. Do minério de zircônio são extraídos
apenas
dois minerais com grande aproveitam ento comercial - zirconita e badeleíta .
A ocorrência
dêsse minério se dá .nos depósitos aluvionares ou filonares, juntament e com
o rutilo e a
monazita.
O Brasil, no momento, constitui pràticame nte o único produtor de badeleíta do
mundo,
sendo esta reserva calculada em 2 000 000 de toneladas, e quase tôda localizada
no estado
de São Paulo. Quanto à zirconita, as reservas são bem menores e estão localizada
s nas
praias do litoral do estado do Espírito Santõ.
A utilização intensiva do zircônio começou muito recenteme nte, pois o seu
uso se
restringia, de modo precário', ao fabrico de produtos de cerâmica refratária
e de certas
ligas de aço e ferro .
Hoje êsse mineral é consjderad o estratégico por causa do seu uso na fabricação
espoletas especiais para artilharia, nos obuzes, nas couraças para tanques, navios de
(material
resistente aos projéteis de alto poder de penetraçã o) . :l;:sse minério é também
usado em
certas ligas de aços especiais, de elevada dureza. Em estado metálico o zircônio
é usado
como filamento de lâmpadas incandesce ntes, de lâmpadas elétricas de alta luminosida
de,
microscópios, projetores, aparelhos de ótica, etc.
O seu mais recente emprêgo é na fabricação de ligas refratárias , nos trabalhos
de
construção da bomba atômica, e outras atividades referentes à energia nuclear.
N9 pre-
sente, ainda se desconhec e o ·seu verdadeiro valor na energia nuclear.

437
brilho vítreo; fór-
ZffiCONITA - silicato de zircônio, cujo sistema cristalino é quadrático, de muito dura,
mula SiO, Zr; pêso específico 4,68 a 4,70 e dureza 7,5. A zirconita embora
é riscada pelo quartzo, cuja dureza é 7 .
sienito, e nas
ll:ste mineral é encontrado com freqüência nas rochas eruptivas, como
da sua resistência
rochas sedimentares, principalmente nos depósitos aluviais, por causa
A zirconita aparece,
à meteorização. 11: um mineral raro que aparece nas areias monazíticas.
por vêzes, incolor ou ainda amarela, verde, vermelha ou azul.
s foram
O maior produtor dêsse mineral é a Austrália, porém, os primeiros produtoredevida à
tôda
a Espanha e Portugal. Quanto à produção de zircônio do Brasil é quase
badeleita .
Terra delimitadas
ZONA - do ponto de vista geográfico, compreende-se como as faixas da
elas apresentam
pelos trópicos e pelos círculos polares . Para os geólogos e geomorfólogos
formas de reMvo,
um interesse especial, por causa, da melhor compreensão das famílias de
.
ligadas aos diferentes sistemas de erosão ou sistema morfoclimático (vide)
pelos biogeógra fos para as regiões mais profundas
ZONA ABISSAL - denominação usada
dos oceanos. (Vide zona hadal).
ZONA BATIAL - o mesmo que zona hipoabissal. (Vide batial - zona).
. Todavia para
ZONA COSTEm A - geomorfolôgicamente é sinônimo de zona do litoral a zona do
entre estas duas zonas. Assim
õs hidrógrafos da marinha há uma distinção
a zona costeira
litoral é o espaço compreendido entre uma preamar e a baixamar, enquanto
ao talude con-
é a outra parte da plataforma continental (vide) que se segue em direção
tinental (vide) .
ZONA DE ABRASÃO - o mesmo que plataforma de abrasão (vide) .
ZONA DE ALTERAÇÃO - o mesmo que zona de metevrização ou de
demorfismo (vide).
que fica subja-
ZONA DE ANAMORFISMO - denominação dada por Van Hise à parte
cente à zona de catamorfismo (vide) .
ZONA DE CATAMORFISMO - denominação dada por Van Hise às
zonas de alteração
ou de demorfismo e as de cimentaç ão.
o das águas se faz
ZONA DE CIMENTAÇÃO - abaixo do nível hidrostático a circulaçã cedem lugar
com muita lentidão, de maneira que os processos de dissolução e alteração .
ão por via aquosa, daí a denomina ção de zona de cimentaç ão
à cimentaç
e a barisfera,
ZONA DE COMPENSAÇÃO ISOSTÁTICA - aquela situada entre a litosfera
segundo alguns autores, isto é, no contacto entre o sial e o simo .
marés, da arreben-
ZONA DE CONFLI TO - é a faixa costeira onde se verifica a ação das
trecho da faixa costeira é trabalhad o incessant emente pelo mar.
tação e ressaca. ll:ste
ção dada por Grabau à zona de alteração ou de
ZONA DE DEMOR FISMO - denomina entre a superfície
meteorização da litosfera. 1!:, por conseguinte, o espaço que medeia
freática e a superfície do solo.
nela circulando
A zona de alteração está, por conseguinte, acima do nível hidrostático e
carregada s de oxigênio e ácido carbônico operam a dissolu. ç ão dos minerais
as águas nas rochas super-
solúveis com que deparam e, também produzem profunda s modificaç ões
ficiais que atravessam.
ou bacia de subsi-
ZONA DE SUBSIDt!:NCIA ....- o mesmo que área de subsid~ncia (vide)
dência.
:::ona costeira).
ZONA DO LITORA L - ~m .sentido restrito é o mesmo que estrão (vide
áreas onde se verifica o aparecim ento de
ZONA FRATURADA - denominação dada às
número de fraturas ou diáclases . Geralmen te se prefere reservar a denominação
grande
ento, encontram-se
de zona fraturada, para aquela onde, além de se verificar o diaclasam
também falhamentos com desníveis variáveis .
muitos dias do
ZONA GLACIAL - constituída pelas áreas onde o frio é intenso durante os nas
da região apresenta traços bem diferente s dos que são encontrad
ano e a paisagem
regiões de climas temperad o, tropical, árido e quente, etc.

438
Nas áreas setentrionais dos continentes próximos do pólo Norte e no continente Antár-
tico, se encontram as duas regiões permanentemente geladas da superfície do globo. Na
ilha da Groenlândia já foram levadas a efeito várias expedições científicas, e nelas par-
ticiparam especialistas franceses, como André Cailleux, que muito se têm preocupado com a
morfologia glacial e periglacial.
ZONA HIPOABISSAL - o mesmo que zona batial (vide hipoabissal - zona).
ZONA LAVADA - para os hidrógrafos da marinha é o mesmo que estriio (vide) ou
estirâncio.
ZONA MARINHA - no fundo do mar encontramos uma série de organismos vivos dife-
renciados desde a zbna interditai até os grandes fundos oceânicos. Do ponto de vista
biogeográfico podemos dividir as regiões submarinas do seguinte modo: 1) zona nerítica,
2) zona batia[ ou zona hipoabissal, 3) zona abissal, e 4) zona hadal. ( Fig. n.• 1 Z) .

.t- ftfll'fotleo 1 z- "CM.ooco


1.>0~'\ti.'VQO.,..--+-------------- -----

Fie. n.o IZ

ZONA NERITICA - parte situada entre o !1Ível zero, isto é, o nível dos oceanos e a cota
negativa de 200 metros, aproximadamente, correspondendo à plataforma continental (vide) .
Nesta zona observa-se a existência de sedimentos terrígenos, muito mais grosseiros que nas
outras zonas submarinas.
ZONA S!SMICA - áreas onde os tremores de terra são verificados com grande freqüência.
No istmo de Panamá, no espaço de tempo decorrido entre 1931 e 1939, registraram-se 1 610
abalos sísmicos. Outras regiões freqüentemente atacadas pelos sismos são: o arquipélago
japonês, a península italiana, etc.
ZONAL (solo) - maturos, cujo perfil se encontra perfeitamente desenvolvido, e nos quais
o fator clima sobrepujou os demais fatôres de sua formação.
ZOóGENA - depósito ou rocha onde se reconhece a existência de restos de animais (vide
orgânica - rocha.
ZOOGEOGRAFIA - parte da biogeografia (vide) que estuda a distribuição geográfica
dos animais no globo terrestre. O seu estudo vem adquirindo grande relevância para o
geomorfólogo, tendo em vista a importância crescente que a biogeografia está adquirindo
com a geomorfologia climática (vide) .
ZOóLITO - o mesmo que zo6gena (vide) .

439
INSTI .;R AFIA
DEPARTAMEN 1 ' ú L 'O AÇÃ E o... . J Gt '• CARTOGRÁFICA

l:HJ\T .lO'iEt..:A GEOGRÁFICA BHASILEll

(Série A - Livros)

O Hom em e o Brejo - ALBERTO RmEJRO L AMECO - Publicação n. 0 l.


O Homem e a Restinga - ALBERTO HmEJHO LAMECO - Publicação n .0 2.
Pantanais Mato-Grossenses - VmcÍLIO CoRHÊA FILHO - Publicação n. 0 3.
A Bacia do Médio São Francisco - JoRGE ZAnu n - Publicação n. 0 4 .
O Homem e a Guanabara (2." edição) ALBERTO HrnEIHO L.u.mco - Publi-
cação n. 0 5.
Os Solos do Estado de São Pal}lo - JosÉ SETZEH - Publicação n. 0 6.
Geogmfia dos Transportes no Brasil - MoACIH M. F. SILVA - Publi cação n. 0 7.
O Homem e a Serra - (2.a edição) ALBERTO HmEIHO LAMECO - Publicação
n .0 8.
O "Mato Grosso de Goiás" - SPEHIDIÃO F AISSOL - Publicação n. 0 9.
Estudo Geográfico do Território do Amapá - ANTÔNIO TEIXEIHA GuEHHA
Publicaçào n. 0 10.
Estudo Geográfico do T erritório do Acre - ANTÔNIO TEIXEIHk GuEHHA - Pu-
blicação n. 0 11.
Estudos Rurais da Baixada Fluminense - PEDRO PrNCHAS GEICEH e MÍIUAM
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BIBLIOTECA
GEOGRÁFICA
BRASILEIRA

Publicação n.o 21 .
S é rie A - "Livro s" ·

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RIO DE .JANEIRO 1972

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