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| LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO EDITÔRA


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LIVRARIA JOSE OLYMPIO EDITORA


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EDITORA EXPRESSÃO E CULTURA


O Mundo da Arte
PLANO GERAL DA OBRA
A ARTE PRÉ-HISTÓRICA E PRIMITIVA |
Dr. Andreas Lommel, Diretor do Mnseu de Etnologia de Munique

MUNDO ANTIGO | o
Professor Giovanni Garbini, do Instituto de Estudos do Oriente Próximo,
Universidade de Roma

ANTIGUIDADE CLÁSSICA ne
Dr. Donald Strong, Diretor-Assistente do Departamento de Antigiiidades Grega
e Romana do Museu Britânico, Londres

CRISTANDADE CLÁSSICA E BIZANTINA o


Professor Jean Lassus, do Instituto de Arte e Arqueologia, Sorbonne, Paris

MUNDO ISLÂMICO
Dr. Ernst J. Grube, Diretor do Departamento Islâmico, Museu
Metropolitano de Arte, Nova York

MUNDO ORIENTAL
Jeannine Auboyer, Diretora do Museu Guimet, Paris
Dr. Roger Goepper, Diretor do Museu de Antiguidades do Extremo Oriente,
Colônia

MUNDO MEDIEVAL
Peter Kidson, do Instituto Courtauld de Arte, Londres-

O RENASCIMENTO
Andrew Martindale, Catedrático da Escola de Belas Artes,
Universidade de East Anglia

O BARROCO
Michael Kitson, Catedrático de História da Arte, do
Instituto Courtauld de Arte, Londres

ARTE MODERNA
Norbert Lyton, Diretor do Departamento de Arte Histórica e Estudos
Gerais, da Escola Chelsea de Arte, Londres

COPYRIGHT, 1966, THE HAMLYN PUBLISHING GROUP LIMITED


PLANEJAMENTO GERAL DA OBRA: TREWIN COPPLESTONE E BERNARD S. MYERS

Edição em língua portuguêsa

— Supervisão Técnica: Aracy Abreu do Amaral e José Roberto Teixeira


Leite
E Revisão do Texto: Milton Pinto, Roberto Mello, Van
ede Nobre e Joaquim
Gonçálvez Pereira W Tradutores: Álvaro Cabral, Áurea Weissenberg, Don
aldson
Garschagen, Henrique Benevides, Lélia Contijo Soares, Sílvia Jam
beiro e Vera
N. Pedroso E Produção Editorial: Editôra Expressão e Cultura E Composição,
Impressão e Acabamento: AG GS — Indústrias Gráficas S.A.

Distribuição exclusiva:
Livraria José Olympio Editôra S.A. — Páginas anteriores: Os Pais da Igreja.
Rio de Janeiro
Mosaico da Capela Palatina, Palermo.
Indice

8 Introdução
9 O Despertar Os primórdios da Igreja
Dura-Europos
Funerais «dos primeiros cristãos
As pinturas das catacumbas
Sarcófagos cristãos primitivos

33 Constantino A Igreja Triunfante


A construção de igrejas sob Constantino
Motivos decorativos

40 Basílicas e A basílica cristã


Os santuários dos mártires
Santuários Batistérios

47 Ravena e Mosaicos A herança da antigiidade


A decoração da abóbada
Rostos e formas em mosaicos
Cenas narrativas cristãs
Simbolismo

71 A Arquitetura O problema do domo


Uma planta típica de igrejas bizantinas
do Domo Basílicas de Filipos
San Vitale e Hágia Sophia
A extensão da influência bizantina primitiva
Armênia
Geórgia

81 Iconografia Iluminação de manuscritos


Pinturas murais
Iconoclasmo

87 O Ocidente More antiquorum


A arte insular
Manuscritos irlandeses
A renascença carolíngia
Pinturas murais e mosaicos
Miniaturas e manuscritos

A arte imperial em Constantinopla


130 A Expansão Mosaicos bizantinos na Grécia
"Bizantina A difusão da arte bizantina
Capadócia
Itália
Sicília
Os eslavos
Sérvia
Bulgária
Os russos
Os Paleólogos: a última renascença

A arte áulica
160 O Tesouro das Têxteis
Igrejas Escultura e marfins
Trabalhos de ourivesaria
Manuscritos e ícones
Conclusão
Indice das Ilustrações a Côres

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] Parede oeste da sinagoga de Dura-Europos 17 47 Vista da cúpula dourada de Haghia Sophia,
3 Cubiculum “O”, Nova Catacumba, Via Latina, Roma 18 Constantinopla 63
4 O bom pastor. Pintura sôbre rebôco, catacumba 48 Capitel de Hágia Sophia. Mármore. Constantinopla 64
de Santa Friscila, Roma 19 49 Interior de S. Lorenzo, Milão 89
5 Cena pastoral. Pintura sóbre rebôco, catacumba de 50 Santo Ambrósio, Mosaico. Sto. Ambrogio, Milão 90
Domitila, Roma 19 3| Batistério de St. Jean, Poitiers 91
6 Detalhe de um sarcófago. Mármore. Santa Maria 52 Tumba de Theodochilde, Jouarre 92
Antiqua, Roma 19 53 Trono de Carlos Magno. Aachen 92
7 Orans. Pintura sôbre rebôco. Coemeterium Maius, 54 A arca da aliança. Mosaico. Germigny des Prés 93
Roma 20 55 A viagem para Belém. Pintura sôbre rebôco.
8 Ressurreição de Lázaro. Pintura sôbre rebôco. Santa Maria em Castelseprio 94
Catacumba de São Pedro e São Marcelino 20 56 Santo Estêvão ante o sumo sacerdote. St. Germain,
9 Os três hebreus na fornalha ardente. Catacumba Auxerre 95
de Priscila, Roma 21 57 O apedrejamento de Santo Estêvão. St. Germain,
10 Jonas lançado à baleia. Catacumba de São Pedro Auxerre 95
e São Marcelino, Roma 21 58,59 Livro de Durrow 96
11 Noé na arca. Catacumba de São Pedro e São 60 Página do título do Livro de Kells 97
Marcelino, Roma 21 61 São Mateus, do livro de Kells 98
I2 Cristo entre Pedro e Paulo. Catacumba de São 62 Capa dos Evangelhos de Echternach 99
Pedro e São Marcelino, Roma 22 63 Cristo abençoando 100
13 Cristo Helios. Mosaico. Basílica de São Pedro, 64 São Marcos Evangelista 101
Roma 23 65 Primeira Bíblia de Carlos, o Calvo 102
I4 Mosaico de abóbada. Santa Costanza, Roma 24 66, 67 O relicário de Pepino 103
I5 Detalhe da decoração de mosaico. Santa Costanza, 68 A Ascensão 104
Roma 24 69 O Imperador Nicéforos III Botaniatos 113
l6 Interior de Santa Costanza, Roma 25 70 Hosios Lukas 114
17 O mosaico da abside. Santa Costanza, Roma 25 71 Interior do Katholikon, Hosios Lukas 115
18,19 A história de Jonas. Mosaico, Basílica de Aquiléia 26 72 A crucificação. Mosaico. Katholikon, Hosios Lukas 115
20 Cristo ensinando aos apóstolos. Mosaico. Santa 73 Cristo Pantocrator. Mosaico. Dafne, Grécia 116
Prudenziana, Roma 21 74, 76 Pinturas murais em Santa Sofia, Trebizonda 116, 117
21 A nave de Santa Maria Maggiore, Roma 28 75 Interior da igreja escavada na pedra de Elmale
22 Abraão e Ló. Mosaico. Santa Maria Maggiore, Kilisse, Capadócia 117
Roma 29 77 A entrada de Cristo em Jerusalém. Veneza 118
23 Abraão e os anjos. Mosaico. Santa Maria 78, 79 Noé deixa a arca. Veneza 119
Maggiore, Roma 29 80 Mosaico da abside, catedral de Torcello.
24 A travessia do Mar Vermelho. Mosaico. Santa Veneza 120, 121
Maria Maggiore, Roma 30 81 Cristo ressuscita a filha de Jairo. Palermo 122
25 Á captura de Jericó. Mosaico. Santa Maria 82, 83 Mosaicos decorativos do Palazzo Reale. Palermo 123
Maggiore, Roma 30 84 Interior da igreja do mosteiro de Ravanica.
26, 27 Qalat Siman. Santuário. Síria 31 Sérvia 124
28 Planta de Jerusalém. Mosaico. Madaba, Jordão 32 85 A deposição. Nerezi, Macedônia 124
29 A Imperatriz Teodora. Mosaico. S. Vitalc, 86, 87, 88 Três cabeças de Cristo, Boiana 125
Ravena 49 89 Zevastocrator Kaloian e Zevastocratora Desislava 125
30 S. Apollinare in classe, Ravena 50 90 Cristo Emmanuel, Constantinopla 126
31 Interior de S. Apollinare Nuovo, Ravena 50 91 Detalhe do Nascimento da Virgem 126
32 A procissão dos mártires. Mosaico. S. Apolli- 92 Joaquim, Ana e Maria 127
nare Nuovo, Ravena 51 93 Anastasis “127
33 A cura do paralítico, Mosaico. S. Apollinare Nuovo, 94, 95,96 Mistra 128
Ravena 51 97 Eliezer e Rebeca 137
34 A última ceia. Mosaico, S. Apollinare Nuovo, 98 Cristo diante de Pilatos 137
Ravena 51 99 Sermões do monge Kokkinobaphos 138
35 A separação das ovelhas das cabras. S. Apollinare 100 A penitência de David 139
Nuovo, Ravena da 101 O lecionário dos Evangelhos 140
36 O fariseu e o publicano. Mosaico. S. Apollinare 102 O trono de Maximiano 141
Nuovo, Ravena 52 103 As santas mulheres no sepulcro 142
37 O mausoléu de Galla Placidia, Ravena 53 104 O tríptico de Harbaville 143
38 O bom pastor. Mosaico. Galla Placidia, Ravena 54 105 A cruz da esperança, de Beresford, esmalte 144
39 São Lourgnço. Mosaico, Galla Placidia, Ravena 54 106 O tríptico Stavelot 144
40 A abóbada do presbitério de S. Vitale, Ravena 55 107 Pala d'oro. Veneza 145
41 Vista interior de S. Vitale, Ravena 56, 57 108, 109 Tecidos coptas cristãos. 146
42, 43 A Imperatriz Teodora e sua comitiva. Mosaico. 110 Sêda bizantina tecida 147
S. Vitale, Ravena 58. 59 111 Cristo e S. Menas, ícone 148
44 O Imperador Justiniano e sua comitiva. Mosaico. 112 A Virgem, de Vladimir, ícone 149
S. Vitale, Ravena 60 113 São João Batista, ícone grego 150
45 Parte do mosaico da abóbada do batistério dos 114 O sepultamento, ícone russo 151
ortodoxos, Ravena 61 115 Ícone de mosaico 151
46 A transfiguração. Mosaico. Mosteiro de Santa 116 A Anunciação, ícone mosaico bizantino 151
Catarina, Monte Sinai 62 117 A Anunciação, ícone 152
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Medalhão de ouro de Just mano | 534-538.


, Paris.
Anteriormente no Gabinete das Medalhas
Os números às margens referem-se às ilustrações: negrito

Introdução para as lâminas a côres, itálico para as ilustrações em prêto


e branco.

Obras de arte podem ser classificadas de várias formas. desenvolvimento da Igreja: desde o início manifesta-se
Podem ser agrupadas, segundo seu país de origem, como um anseio de glória que faria da arte cristã, devido às
Arte Egípcia; segundo o período, que pode tomar o nome circunstâncias históricas, uma arte triunfal paralela à arte
de um personagem, como Era de Augusto, ou, segundo da Roma Imperial.
o estilo, como Arte Gótica. Também é possível, e legítimo, A pintura, da mesma forma, encontraria novos temas.
estudar em um só grupo tôdas as obras de arte que tenham Os acontecimentos que determinaram as origens da Igreja
sido inspiradas pela mesma religião. e os grandes mistérios da fé foram representados para ins-
Naturalmente é êsse o método que orientará um traba- trução e edificação dos devotos. Naturalmente, também o
lho sôbre a arte cristã. Consideremos inicialmente a forma pintor seria submetido a outras limitações além daquelas
surpreendente pela qual surgiu essa arte. Doze trabalhado- intrínsecas ao texto que ilustraria, sob encomenda,
res da Palestina percorreram o mundo, e o mundo foi A utilização da obra de arte, definida no momento da
mudado, espiritualmente mudado, pois os homens desco- encomenda, é pouco mais que o assunto proposto: é apenas
briram um nôvo objetivo para a vida, caminhando essa um ponto de partida. Na arte cristã as exigências do clero
modificação espiritual a par de uma modificação exterior. eram rigorosas. Sobretudo no Oriente a preocupação com a
Até hoje aldeias se reúnem em tôrno às torres de sua ortodoxia levou à noção da iconografia: a representação de
igreja e as cidades em tôrno de suas catedrais. E os cada um dos temas tornava-se definitiva e seria conside-
maiores artistas, qualquer que seja seu ponto de vista rada válida apenas se realizada naquela primeira forma.
filosófico, quase sempre se voltam, vez por outra, para Havia uma forma tradicional, quase obrigatória, de re-
a criação de uma obra inspirada pelo cristianismo. Os presentar a Adoração dos Reis Magos, ou a Entrada de
modestos textos dos Evangelhos constantemente dão ori- Cristo em Jerusalém. O assunto revestia-se de um valor
gem a novas interpretações pictóricas, o Apocalipse nova- teológico quando se tratava de cenas como O Batismo
mente ilumina os céus, novamente o corpo torturado é de Cristo, a Transfiguração, ou a Descida ao Inferno —
pregado na cruz. cenas de implicações trinitárias ou escatológicas. Os retratos
Tudo isso está profundamente ligado à nossa vida. Mas de Cristo ou da Virgem — talvez inspirados nos retratos
houve um comêço, em alguma parte: a necessidade de atribuídos a São Lucas, que se supõe tenha sido pintor —
construir uma primeira igreja, a criação dos primeiros ou mesmo representações de milagres, como o lençol de
símbolos e a primeira Bíblia ilustrada. Houve uma pri- Verônica, ou de imagens enviadas pelos céus, possuem
meira Virgem e o Menino, um primeiro Crucifixo. A uma realidade mística que não pode ser esquecida. As ima-
disseminação do evangelismo, as formas da hierarquia, as gens foram dotadas dos mesmos podêres atribuídos pela
relações entre a Igreja e o Estado, o desenvolvimento da crença às relíquias; os pintores dotavam de vida os media-
teologia, o surgimento da devoção aos santos — tôda a dores, tanto em situações cotidianas quanto espirituais.
história cristã é retratada em sua arte. Reflete-se não Seus retratos exerciam sôbre os fiéis poder semelhante ao
apenas na chamada arte eclesiástica que serve às neces- poder exercido pelas estátuas dos deuses. Do ídolo ao
sidades imediatas do culto e louva a glória da própria igreja, ícone, a arte não era apenas um meio de expressar um
1 mas também na arte popular, onde é possível apontar a poder sobrenatural, mas uma maneira de fazê-lo viver entre
presença da fé na vida e na alma das criaturas. Éste livro os homens. A natureza sagrada da arte cristã e o respeito
é uma tentativa de descrever o processo de origem, desen- que lhe era votado, embora contribuindo para o seu es-
volvimento e disseminação da arte cristã durante seu pri- plendor, impediram o surgimento de qualquer inovação.
meiro milênio. Consciente ou inconscientemente, o artista seguia os ensi-
A arte religiosa é sujeita às mesmas limitações impostas namentos dos mestres. Sua liberdade era limitada até mes-
a tôda criação artística. A primeira limitação é financeira: mo em nível técnico: ficava-lhe a marca de uma determi-
o arquiteto e o pintor devem trabalhar dentro de um nada escola ou a influência de algum predecessor famoso.
orçamento — pequeno, como nas comunidades primiti- Raramente o artista fugia ao movimento geral orientado
vas, ou de acôrdo com a generosidade com que os estados pelas tradições e pelos métodos de cada período, de cada
convertidos cumulavam os bispos. A esfera de ação é tam- região, e às vêzes de cada cidade. Contudo, mesmo no
bém restrita: a arte religiosa é utilitária. A arquitetura anonimato, que reveste a arte da primitiva cristandade,
das igrejas depende naturalmente de regras impostas pela emergem personalidades individuais que se firmaram atra-
liturgia bem como de considerar o número de fiéis que vés da originalidade, pureza e esplendor de seu trabalho.
participarão das cerimônias, pois nisso também a igreja É tentador considerar a arte cristã nos seus primórdios
cristã difere dos templos pagãos. Torna-se necessário para apenas como uma coleção de documentos arqueológicos
o arquiteto um esfôrço de imaginação, funcionando dentro que fornecem provas referentes ao conteúdo dos ensina-
das formas aceitas com uma consciência das diferentes mentos, à forma da liturgia, à expansão da atividade mis-
formas de edificações, passadas e presentes, que tenham sionária e ao dia-a-dia da Igreja. Mas é necessário ir
preenchido necessidades semelhantes — em qualquer caso, além e procurar a personalidade individual, que se afirma
rigorosamente controladas pelo cliente, seja um doador ou em cada obra pela expressão da vida espiritual do artista
o chefe da comunidade, As edificações cristãs refletem o e do seu ideal de beleza,
O Despertar

OS PRIMÓRDIOS DA IGREJA
Nem é necessário lembrar as restrições que o cercavam.
Uma cidade romana era a representação física de um
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus.” sistema monolítico. O Capitólio, em Roma, dominava o
No momento em que foram enunciadas pel
a primeira vez, Forum, e o Forum era circundado por templos. Nas pra-
essas palavras eram revolucionárias. O Imperador Augu
sto ças públicas das cidades provinciais havia templos e está-
morrera há alguns anos, tornando-se objeto
de culto no tuas dos deuses e imperadores deificados: os ídolos. O
mundo romano. Durante o seu reinado, Augusto
deificara teatro era uma cerimônia dionisíaca; os jogos realizados no
César, mas tentara manter a adulação popular dentro de
anfiteatro tinham valor propiciatório. Cada oficial do
limites controláveis. Se em Roma os antigos cidadã
os da exército era ligado aos deuses através de juramentos; cada
República mantinham ainda as mesmas reservas, no
Orien- funcionário imperial ou municipal de certa forma era um
te, as tradições helenísticas ajudavam a perpetuar uma
sacerdote. Um cristão teria de ficar necessariamente ex-
confusão politicamente eficaz: e na África, o rei berber
e cluído da vida pública de sua época.
Juba II mostrava a sua gratidão ao construir um templo
Se as comunidades cristãs floresceram é porque tinham
para o aliado a quem devia o trono. a oferecer, mais que as misteriosas religiões originárias do
O cristianismo nasceria e se desenvolveria num mundo Oriente, nesse mesmo período, expressão satisfatória às
em que a religião, o império e o patriotismo estavam necessidades de fraternidade, de vida espiritual e de espe-
estreitamente ligados. Templos eram construídos honrando rança. Gradual e discretamente essas comunidades cres-
Augustus e Roma. Vênus, a mãe de César, era a deusa ciam. Eram compostas inicialmente de pessoas comuns
da família ou gens, Julia, e protegia a dinastia. Em épocas — comerciantes judeus e sírios, agrupados em distritos de
diferentes e sob diferentes dinastias, outros deuses eram cidades gregas e romanas, e vizinhos pagãos atraídos pela
convocados para preencher êste papel — Apolo, por exem- novidade do testemunho religioso. Escravos e artesãos
plo, ou Júpiter, Hércules, ou até mesmo Heliogabalus, o parecem ter sido os primeiros a se converter à nova reli-
2 deus-sol adorado em Emese, na Síria. No cerne do paga- gião, assim como mulheres. Mais tarde, e muito lenta-
nismo imperial, da religião do estado, no meio dessa ceri- mente, começaram a surgir conversões entre as classes
monial expressão de lealdade ao trono imperial, desen- mais ricas e as intelectuais. Assim, na primeira fase, não
volveu-se o cristianismo. havia meios suficientes para a criação de uma arte cristã.
Hide

1. O Bom Pastor. Séc. IV. Mosaico. Basílica Teodoriana, | 2. A Apoteose do Imperador Antonino e de sua mulher
Aquiléia, Itália. Motivos simbólicos já tradicionais da Igreja Faustina. 161/169 AD. Mármore. Cortille della Pigna,
Cristã aparecem no mosaico geométrico que reveste O piso Vaticano, Roma. Relêvo da base da coluna de Antonino Pio.
da basílica. A postura familiar do Bom Pastor, carregando O casal imperial é transportado para o céu por um
sua ovelha e flauta de Pã, é encontrada em pinturas de espírito alado, na presença da deusa Roma e de uma
catacumbas e sarcófagos do mesmo período. personificação do rio Tibre. Os imperadores mortos eram
deificados; mesmo em vida tornavam-se objeto de culto,
Havia um templo de Antonino e Faustina no forum.
em À
E 2 E

3. Vista aérea de Dura-Europos. Construída numa curva do 4. Casa da Comunidade Cristã. c. 230. Dura-Europos, Síria.
rio Eufrates por um dos generais de Alexandre, o Grande, A comunidade cristã alojava-se numa moradia que
essa cidade fortificada revelou em suas escavações apenas diferia das demais pelo batistério (em cima, à
exemplares preciosos da arte religiosa do mundo oriental, nos direita), onde foi instalada uma grande banheira sob um
primeiros séculos da nossa era. Ocupada e destruída pelos dossel; as paredes do batistério eram decoradas com
partas em 256, foram encontradas, entretanto, em suas pinturas lembrando cenas do Antigo e Nôvo Testamento.
escavações, uma sinagoga e uma igreja católica. Figura 4, à

lâminas 1 e 2.

Com a herança dos preconceitos judaicos talvez a necessi- caso, o batismo de adultos — deveria revestir-se de todo
dade de tal arte não fôsse sentida. Quando as comunidades o seu significado. Na noite de Páscoa, em cômodo espe-
começaram a incluir cidadãos ricos e influentes entre seus cialmente preparado, os catecúmenos eram imersos três
membros surgiu o problema de adaptar a nova fé a um vêzes num receptáculo para banho, adornado.
mundo que até então tinha sido mantido à parte. Era Essas primeiras igrejas eram tão modestas que por muito
atribuição do clero, da hierarquia já existente, preservar as tempo se tornou impraticável para os arqueólogos desco-
diferenças entre Igreja e mundo, enquanto cada um dos brir qualquer uma delas. Algumas foram destruídas du-
cristãos na sua vida particular tinha de aceitar determina- rante as perseguições, particularmente durante a última
dos compromissos. perseguição, a de Diocleciano, em 305. Depois do triunfo
Num mundo em que a arte era oficial, imperial e paga, do cristianismo, muitas foram demolidas, cedendo lugar
a arte cristã só poderia iniciar-se em pequena escala: o as edificações cada vez mais ambiciosas que as substituíam
que de qualquer forma seria um compromisso com o — foi o que ocorreu às paróquias da antiga Roma —
mundo. Os ídolos pagãos representavam para seus adora- as igrejas titulares. As basílicas dos séculos XI, XIII e
dores a morada dos deuses: para os cristãos êsses mesmos XVIII foram construídas nos sítios de reunião doados à
ídolos eram habitados por demônios. Como, portanto, comunidade no séc. III por Equitius, Vizans ou Aemiliana.
deveriam ser concebidas as estátuas cristãs? Imagens do Edifícios de formas muito diferentes, escavados sob
deus verdadeiro? Elementos judaicos da Igreja rejeitariam igrejas posteriores, e identificados como igrejas primitivas,
a idéia. Mas havia outros fatôres a considerar. Impedidos têm originado controvérsias — como ocorreu com a casa
inicialmente por carência e depois por prudência de cons- da comunidade cristã, chamada titulus Equitii, que alguns
truir edificações especiais para reuniões — que de qualquer estudiosos acreditam ter reconhecido ao lado da Basílica
forma nunca deveriam assemelhar-se a templos — os de S. Martino ai Monti. Em outros lugares, parece que os
cristãos reuniam-se em casas emprestadas ou doadas à co- cômodos usados pelas comunidades para reuniões situa-
munidade por um converso rico. Algumas alterações eram vam-se sempre no primeiro andar, sôbre uma série de lojas,
feitas e derrubavam-se paredes para dar lugar a cômodos como em Santa Anastásia, ou sôbre grandes depósitos escu-
maiores; mas com fregiiência a decoração romana ou ros, como em S. Clemente. Mesmo com a criação de um
helenística das casas era deixada intata. Numa fase expan- grande cômodo, como no segundo caso, a edificação não
sionista, de inúmeras conversões, tanto nas práticas cris- era modificada no seu aspecto exterior. Um santuário
tãs, como nas mitraicas, a cerimônia de iniciação — no mitraico, do outro lado da alamêda, era seu vizinho mais
[1

bida por lei. Numa das esquinas, uma casa ex


atamente
como as outras, com uma porta falsa e um pátio quadra
- 4
do: uma sala ampliada, onde fôra construída uma peque-
na plataforma, uma sala de jantar e, em um dos cantos,
a
única alteração notável, um batistério, com um rec
eptá-
culo para banho, coberto por um baldaquino, e alg
uns
fragmentos de afrescos. Provavelmente o padre habitava
o andar superior.
Pintados nas paredes do batistério, em estilo muito sim-
Ples, similar às pinturas nas paredes dos templos da cida-
de, Adão e Eva, O Bom Pastor, Cristo andando sôbre as 5
águas, Davi e Golias, e uma procissão de mulheres levando
velas, encaminhando-se em direção a um sarcófago ilu-
minado. Na grande sala — utilizada para reuniões da co-
munidade — foi encontrado, intato, um friso, pertencente
talvez ao antigo morador da casa, decorado com flautas
de Pã e máscaras teatrais.
Ao contrário do que poderíamos supor, a comunidade
cristã de Dura-Europos nessa época estava longe de ser
pequena ou pobre: parece provável que tenha sido uma
igreja missionária, onde a comunidade cresceu, em decor-
rência de frequentes conversões de adultos, mais numero-
sas do que as de seus próprios filhos. Estranho golpe de
sorte permitiu-nos entrar numa daquelas igrejas da Meso-
S. Pintura mural do Batistério de Dura-Europos. Séc. IIL potâmia, aparentada às sinagogas da Diáspora, e verificar
Pintura sôbre rebôco. Síria. As pinturas restauradas do os problemas de uma casa da comunidade cristã, e de
batistério apresentam cenas do Velho e do Nôvo Testamento. sua decoração, em um cenário que era naquela época tão
No registro superior (parede à direita), a Cura do oriental quanto possível. A arte de Dura-Europos reviveu
paralítico e Cristo andando sôbre as águas do mar da Galiléia. | nosso conhecimento da chamada arte parta, provável-
Embaixo, as Três Marias no Santo Sepulcro. mente a arte alexandrina da Ásia. São reconhecíveis à
primeira vista convenções e idéias que constituiriam algu-
próximo. Em S. João e em S. Paulo a comunidade era mas das características da arte bizantina — o uso da
proprietária de todo o edifício: em um dos cômodos frontalidade, a ausência de relêvo e a espiritualidade dos
do pavimento térreo foram encontradas pinturas do mar- rostos. Desde os seus primórdios, a arte cristã teve origem
tírio — ao que parece, apócrifas — dos dois santos, en- fora do mundo mediterrâneo, mas foi também dêle de-
quanto a igreja própriamente dita estava situada no pri- rivada.
meiro andar. Por mais vagos que êsses resultados possam As igrejas nas cidades menores poderiam ter sido insta-
parecer, mostram-nos que as primeiras igrejas eram dis- ladas em melhores condições e ornamentadas mais rica-
cretas, instaladas em casas simples, sem qualquer caracte- mente. No entanto, as casas da comunidade cristã eram
rística que as distinguisse de qualquer edifício da capital geralmente de tipo humilde, provavelmente a casa de um
e provavelmente de qualquer outra grande cidade. dos fiéis, e indiferençável das outras. Tal como no mundo
romano, onde as casas eram de diversos estilos, as igrejas
DURA-EUROPOS não possuíam um estilo arquitetônico consistente. Assim,
3 Em Dura-Europos, pequena cidade fortificada nas mar- no início do séc. IV, a igreja em Qirkbizé, norte da Síria, 6
gens do Eufrates, uma guarnição romana, no ano de 265, com pátio fechado, a colunata no lado sul, assim como
cercada pelos partas, temendo pela segurança de um muro todos os detalhes de sua edificação, assemelhava-se à
que o inimigo minava, construiu um alto refôrço de terra excelente casa vizinha, o que ainda hoje pode ser perce-
e detritos atrás das muralhas, para isso derrubando as bido, apesar das alterações dos séculos posteriores.
casas próximas e preservando uma igreja (séc. III), recen- Talvez já existisse uma certa escolha dos temas que se-
temente descoberta. riam representados nas paredes == e talvez. uma forma
Dura-Europos foi construída por um dos generais de definida de representá-los. A simples existência de tal
Alexandre, o Grande, e estava cheia de templos onde eram decoração e iconografia na sinagoga de Dura leva-nos à
cultuados tanto os deuses de Roma e da Grécia, como suposição de que a Igreja primitiva tinha acesso à mesma
também os deuses da Mesopotâmia, Irã e Síria, os deuses espécie de livros de modelos que deram origem aos pisos
das caravanas de Palmyra e os deuses dos cameleiros ára- de mosaicos pagãos, executados paralelamente em todo
bes. Na cidade havia uma comunidade judaica e uma o mundo romano. Mesmo pertencendo à arte local, as
esplêndida sinagoga coberta de pinturas; uma espécie de pinturas da igreja de Dura, menos exóticas o que se
1,2 Bíblia ilustrada, revelando a existência de uma arte judai- poderia imaginar, são concebidas de forma idêntica às
ca e de uma iconografia judaica que entretanto era proi- pinturas das catacumbas romanas.
6. A Igreja de Qirkbize. Séc. IV. Síria Setentrional. A igreja
assemelha-se à casa vizinha. O desenvolvimento da
liturgia nos sécs, IV e V impôs certas modificações internas
e externas no seu interior e exterior — 1. Bema (em prego,
tribuna); 2. cisterna; 3. pátios; 4. iconóstase.

FUNERAIS DOS PRIMEIROS CRISTAOS

A crença numa segunda vinda de Cristo era um dos dog-


mas fundamentais da fé cristã. O Apocalipse de São João
— entre outros apocalipses — narrava o dia terrível em
que o Senhor, aparecendo nas nuvens em tôda a sua glória,
julgaria os vivos e os mortos. Ao som das trombetas, os
mortos ressuscitariam; os corpos voltariam à vida e as
almas a êles se uniriam; os homens seriam chamados a
prestar contas dos pecados cometidos. O tema da ressur-
reição do corpo, tal como era narrado na história do pro-
feta Ezequiel, foi representado nas paredes da sinagoga
de Dura-Europos. Para os primeiros cristãos, o retôrno de
Cristo, vitorioso sôbre a morte, era iminente — e mesmo
depois do comêço do séc. II, aguardado de um dia para
outro. Finalmente, foi anunciado que a profecia seria
cumprida em tempo não definido: mas a esperança
da ressurreição permaneceu no centro do pensamento
cristão.
Provavelmente por isso os cristãos eram proibidos de
cremar os mortos, prática que na história humana se alter-
nava com o costume de sepultamento, e era, nessa época,
quase universalmente aceita. Os romanos usavam a cre-
mação; as cinzas eram colocadas em urnas e as urnas
enterradas ou colocadas em nichos no columbário (colum-
baria). No séc. II houve um considerável retôrno aos
sepultamentos, talvez por influência do cristianismo. Em
conseqiiência, surgiram novos problemas relacionados com
7. Cemitério Cristão. Séc. VI. Timgad, Argélia. Vista sul do
os cemitérios. Era necessário um aumento de espaço, espe-
Cemitério. Os túmulos são simples, feitos de grandes
lápides enterradas no solo; não existe qualquer tipo de
cialmente para os cristãos, que insisttam em preservar
crnamento funerário. algo da individualidade de seus mortos.
8. Catacumba de S. Pânfilo, Roma. Séc. II ou IV. As comunidades cristãs tentaram auxiliar as famílias
Estreitos corredores foram escavados no leito da rocha, na solução do problema. Naturalmente as dificuldades
sendo os lóculos escavados nas paredes, permitindo enterrar eram agravadas quando se tratava dos cristãos pobres
grande número de cadáveres em espaço de restrita superfície. — que constituíam a maioria dos fiéis. Era desejo de
todos, além disso, ser enterrado entre seus irmãos. A
partir do séc. II foram criados os cemitérios cristãos.
Geralmente consistiam em áreas reservadas, ao ar livre,
fora dos muros da cidade, onde, como nos enterros pagãos,
os corpos eram colocados entre duas filas de lápides for-
mando um teto. Sôbre o chão havia uma estela com ins-
crições ou um monumento simples. Às vêzes, os corpos
eram colocados em sarcófagos de pedra, justapostos. Às
vêzes, escavavam-se abóbadas nos lados das colinas ou
em pedras — onde frequentemente os próprios sarcófagos
eram escavados, sob arcos, daí seu nome de arcossólio
(arcosolia). Particularmente em Roma os cristãos adotaram
um tipo de cemitério usado anteriormente pelos pagãos,
embora com pouca fregiiência: consistia numa rêde de
túneis subterrâneos conhecidos como catacumbas. Como
era necessário utilizar o mínimo da terra disponível, os
túneis eram sempre estreitos. Quando todos os lóculos
(loculi) do túnel estavam ocupados, a altura e profundi-
dade do túnel eram aumentadas com a finalidade de rece-
ber mais corpos. Então, novos túneis seriam escavados no
nível inferior, enquanto outros se ramificavam em direções
diferentes. Tudo isso resultou nos impressionantes labi-
rintos em tôrno de Roma tão extensos que ainda hoje
se desvendam novos túneis.
Assim como as casas dos cristãos, inicialmente os cemi-
térios localizavam-se em terrenos particulares, colocados
à disposição da comunidade por alguns dos seus membros.
Mas, por volta do séc. III, parece que o
direito de
associação reconhecido pelos romanos permitiu que fôssem
considerados propriedade da Igreja, e por ela mantidos.
Naturalmente, a administração imperial e à polícia tinham
conhecimento tanto dos locais das igrejas quanto dos cemi-
térios, tolerando-os, a menos que algum acontecimento
especial — uma crise local ou decisão imperial — moti-
vasse uma onda de perseguição.
Nesses cemitérios os corpos dos mártires eram coloca-
dos ao lado dos outros cristãos. No início recebiam todos
visitas, honras e presentes, como era costume na sociedade
romana. Logo foram acrescentadas orações para o re-
pouso dos mortos e orações aos mártires pedindo sua
intercessão. Mas as catacumbas não eram destinadas para
culto, nem usadas como refúgio dos perseguidos: repre-
sentavam o mesmo papel dos cemitérios ao ar livre das 4 Invocação do Paraíso. Pintura mural da catacumba de
províncias do império. Callixtus (segundo Rossi). A decoração das catacumbas
evoca a salvação das almas por símbolos, ou cenas,
desenhados à maneira de esboços.
AS PINTURAS DAS CATACUMBAS

10. a, b. O milagre dos pães e dos peixes. (a) Pintura da


A arte funerária, como em nossos dias, é essencialmente cripta de Lucina, Catacumba de Callixtus, Roma.
simples artesanato quando criada para famílias de meios (b) Mosaico de piso de et-Tagbah (Heptapegon), Israel, na
modestos. Seria exagerado considerar grandes obras de arte Igreja da Multiplicação dos Pães e dos Peixes, Meados do
as pinturas com as quais os cristãos decoravam as galerias e séc. V. Tanto em Roma como no local onde ocorreu o
3,9 cubículos (cubiculae) das catacumbas. Derivam da arte de-
corativa, apenas esboçada, mas encantadora que a partir de
Pompéia passou a ser usada na maioria das casas romanas
— e que poderia adaptar-se sem qualquer esfôrço a novos
assuntos. A decoração cristã é fortemente reminiscente
das pinturas nas casas particulares. Frequentemente os
motivos tradicionais — cupidos, as estações, animais —
misturam-se aos temas criados pelos cristãos.
Essa temática era simples e, de início, puramente sim-
10a,b bólica — âncoras, peixes, cestos cheios de pães e videiras
com pássaros bicando-as. O Bom Pastor, tomado da arte
pagã daquela época, era representado às vêzes como um
4,5 pastor cercado por seu rebanho e tocando uma flauta Be x
bucólica; e às vêzes com uma ovelha nos ombros. A PAR rico FRA |
6,9 orans, representada embora por uma figura de mulher ce ado
rezando com os braços levantados, simboliza a alma de a
uma pessoa morta, homem ou mulher. Êsse tema é tratado VE! A e ZE
ou como um motivo simbólico ou através da representa- TIE By E Ei PA Bon
ção de uma figura cercada de flôres significando os jar- | PrPLEEE EIA AE
Se lembrarmos o Pastor de Hermas e as tp a fo
dins do Paraíso.
visões de Santa Perpétua, essas cenas, pastoral e floral, Eh
podem ser vistas como visões do lugar de luz e de paz. Es EITA
de cenas do Antigo e Nôvo Testamento
J)
CON GVEA
8 Certo número
são também encontradas nas paredes das catacumbas, mas
tratadas de forma tão esquemática e elementar que so 08
fiéis poderiam reconhecer o assunto. Sugerindo ao invés
de representar, não chegavam a ser um método de ria
ção grá fic a par a aqu êle s que não pod iam ler à H O
como os afrescos cristãos posteriores o seriam. É neces-
S P
OP e
RAR RRITo od TRA
sário um conhecimento prévio para reconhecer o enfêrmo
curado de paralisia na figura do. homem carregan o a TARTE AR SERIA CA
ra ED E
Lu o Ca rider
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11 cama às costas; ou para perceber Noé em outra figura PELO
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Sd e A A ET TILT TE
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O

11. Sarcófago de Adelphia, Séc. IV. Mármore. Siracusa. Moisés recebendo a lei, Sacrifício de Abraão, Cura do cego,
Os dois registros do sarcófago são interrompidos por uma Multiplicação dos pães e dos peixes, e Ressurreição
concha com os bustos dos falecidos. Na tampa podem do filho da viúva dentre os mortos. Embaixo: Os jovens
ser identificadas cenas da vida dr. Virzem; à direita, os hebreus diante de Nabucodonosor, Milagre de Canaã,
pastóres diante da manjedoura. No registro superior, entre Adoração dos Magos, Adão e Eva, e Entrada em Jerusalém.
outras cenas bíblicas, Cristo prevendo a negação de S. Pedro Temos aqui um excelente exemplo da complexa
e Cristo curando a mulher que perdia sangue; lado direito: iconografia encontrada nos primeiros sarcófagos.

cujo busto emerge de uma arca e cujas mãos se estendem observar sua realização, pois a ajuda milagrosa que o deus
10 para segurar um pássaro; ou Jonas, no jovem adormecido do Antigo Testamento frequentemente dava a seu povo e
sob o cabaceiro; Daniel na cova dos leões parece mais a ajuda dada por Cristo àqueles que encontrava em suas
com o antigo Gilgamesh — um orans de pé, entre dois viagens eram garantias de uma salvação futura.
animais rastejantes. A alimentação dos cinco mil, uma pre- Nas catacumbas ocorrem também representações de
10a,b figuração da Eucaristia, é simbolizada por uma cesta cheia fatos da vida diária, como na arte funerária paga: existem
de pães e de peixes. Pensava-se que a escolha de tal cenas, por exemplo, de pedreiros construindo uma casa,
método de representação fôsse o resultado da tentativa de comerciantes em suas lojas e, sobretudo, coveiros, que
manutenção dos mistérios da fé. Mas mesmo quando en- se sentiam em casa nesses labirintos que êles tinham
volve várias figuras, elementos decorativos e vestes exó- escavado.
ticas, a cena representada não é mais explícita para os Os estilos de tôdas estas pinturas é fluente e descon-
não iniciados. Para quem não soubesse do castigo impôsto traído; as côres são claras e alegres, e seriam verdadeiros
por Nabucodonosor, aos três blasfemadores hebreus, ne- toques de luz se as pinturas pudessem ser vistas à luz de
9 nhum significado teria a cena dos três jovens lançados à lâmpadas. As atitudes e movimentos das figuras são de
fogueira, com os braços abertos; e em outra cena, um concepção arrojada: os rostos, geralmente, apenas esbo-
homem batendo na pedra com um bastão, fazendo jorrar cados — exceto, às vêzes, no caso de mulheres em oração,
água, jamais poderia ser reconhecido como Moisés, se o quando podem ter sido retratos. Raramente emolduradas,
observador não soubesse que Moisés deu de beber a seu essas pinturas são colocadas freqiientemente contra fundo
povo desta forma milagrosa. Imagens melhor elaboradas claro, ou às vêzes entre composições decorativas mais
aparecem mais tarde, como a adoração dos Reis Magos, complexas. Os trabalhos antigos têm mais importância do
por exemplo, ou cenas de banquete, representando talvez ponto de vista religioso e histórico do que própriamente
uma cerimônia fúnebre, a refeição eucarística, ou um artístico. O batistério de Dura-Europos mostrou que as
9- episódio na vida celestial dos bem-aventurados. casas dos cristãos, como os cemitérios subterrâneos, eram
A variedade dos assuntos é limitada, existindo grande decoradas com pinturas baseadas em temas similares e tra-
número de repetições e variações, o que não se deve à tados no mesmo espírito, podendo ser, consequentemente,
falta de imaginação, mas a uma limitação de escolha. As apenas reflexos. Não seria prudente julgar a arte cristã
cenas do Paraíso são um ponto de partida para a expli- primitiva apenas pelos exemplos que sobrevivem ao tempo.
12 cação dos outros assuntos: representam promessas que os É possível que uma arte bem diferente tenha florescido
mortos levam consigo para a vida seguinte, onde devem nas primitivas igrejas, apesar de tôdas as restrições impos-
15

12. Sarcófago colunar. Séc. IV.


Mármore. Museu de Latrão, Roma.
Ricamente adornadas, as colunas isolam
as figuras, proporcionando elegância
e ritmo à composição. As cenas seguem
a iconografia tradicional. À esquerda,
Sacrifício de Abraão e, a seguir, Prisão
de S. Pedro; ao centro, Cristo
triunfante entrega seus mandamentos a
S. Pedro; à direita, Julgamento de
Pilatos. A falta de ordenação das
cenas é típica dos sarcófagos.
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13. Sarcófago simbólico. Séc. IV. E sgigãe


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Mármore. Museu de Latrão, Roma. Tôda


a frente do sarcófago é coberta por
ramos de videira e povoada pelos
putti, como uma cena báquica pagã.
Apenas as três estátuas do Bom Pastor,
sôbre pedestais ornamentais, indicam
a transposição para o simbolismo
cristão (vide lâmina 6).

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tas. Certas pinturas descobertas no Egito, geralmente de a aparência de Endymion adormecido. Os mortos ainda
período posterior, podem, entretanto, datar de época ante- são representados como bustos em medalhões. 11
rior à Pax Ecclesiae. Pode ser que a arqueologia ainda E através de seus motivos, portanto, que primeiro se
não tenha dado a última palavra. expressa o cristianismo. Os mesmos motivos são encon-
trados nos sarcófagos e nas catacumbas — particularmente
SARCÓFAGOS CRISTÃOS PRIMITIVOS o uso de figuras simbólicas: o Bom Pastor, com a ovelha 6,13
aos ombros e os orans. Mas êsses motivos são mesclados
O sarcófago é um esquife de luxo — um comprido reci- a um fundo tradicional de folhagens ou arquitetura.
piente escavado em pedra, geralmente mármore, para o As tradições das marmorarias demoravam a desaparecer,
corpo que iria conter e proteger, sob uma pesada tampa de tal forma que o caráter cristão de certos sarcófagos
monolítica. Os sarcófagos podem ser agrupados em um torna-se dúbio em consegiiência das dificuldades encon-
sepulcro subterrâneo, num mausoléu construído, ou no tradas para decifrar o simbolismo de alguns motivos. Mas,
solo de um cemitério ao ar livre. Frequentemente eram logo a seguir, as cenas bíblicas foram introduzidas e tra-
decorados, costume que os romanos — e cristãos — tadas como nas catacumbas de uma forma econômica. Os
herdaram dos etruscos e dos gregos. Um desenvolvimento sarcófagos mais característicos são verdadeiras coleções de
contínuo pode ser traçado dos sarcófagos pagãos do quadros, às vêzes justapostos e emoldurados, às vêzes so-
séc. II aos melhores ataúdes católicos do séc. IV: os brepondo-se a outros, de forma que os assuntos só podem
marmoristas usavam as mesmas ferramentas, a mesma téc- ser reconhecidos por olhos experimentados e atentos.
nica e seguiam as mesmas tradições. Apenas alguns motivos Esses temas são curiosamente misturados. O Antigo Tes-
eram novos. Existem sarcófagos cristãos em que as esta- tamento é bem representado: Adão e Eva na cena da ten-
ções, tal como nos séculos anteriores, são representadas tação, o sacrifício de Abraão, Jonas, os jovens hebreus e 11
por putti — figuras infantis aladas de origem pagã. Há Nabucodonosor, Moisés recebendo as Tábuas da Lei, ou
leões montando guarda — além da decoração do fundo, tirando água da pedra, Daniel entre os leões, Jó e muitos
estígeis, por exemplo, ou as colunatas. Nos detalhes das outros. O Nôvo Testamento é representado primeiro por
figuras e das vestes, por exemplo, a tradição desenvol- narrativas dos Evangelhos sôbre a infância de Cristo: a
veu-se exatamente da mesma forma que nos baixos-relevos manjedoura, os Reis Magos; depois pelos milagres: o
oficiais. Ocasionalmente, uma cena ou personagem mito- milagre dos pães e dos peixes, as bodas de Canaã, e as
lógico era tomado de empréstimo e incorporado a uma curas milagrosas: a do homem nascido cego, a do para-
cena bíblica; assim, Jonas adormecido sob o cabaceiro tem lítico, a ressurreição de Lázaro e da filha de Jairo. Final-
16

Esse período também testemunha o aparecimento de


novos temas suficientemente importantes para a decora-
ção de um único friso, O tema pode ser uma cena des-
critiva da travessia do mar Vermelho, tratada à maneira
da vitória de Constantino, na ponte Múlvia, no seu arco
triunfal em Roma; ou composições similares àquelas en-
contradas nas absides das basílicas — que às vêzes surgem
em pinturas de catacumbas datadas da mesma época —
tal como Cristo ensinando aos doze apóstolos, em cenário 12
terrestre ou paradisíaco.
A riqueza, variedade e fantasia dos sarcófagos cristãos
de Roma ou da Provença, por exemplo, fornecem aspec-
tos deliciosos da primitiva arte cristã. Às vêzes a execução
é canhestra — trata-se de trabalho de simples artesãos
— mas o desenvolvimento dos relevos nesse período é
considerável. Figuras baixas com grandes cabeças cheias
de movimento e expressão são encontradas não sômente
nos sarcófagos, mas em outros baixos-relevos e pinturas do
século IV. A intenção é mais de evocação dramática do
que de composição pictórica. Mas essas obras têm grande
ritmo linear, com os planos divididos por colunas, ou
simplesmente pela figura de Cristo, repetida infinitamente
nas cenas de milagres. Representado em escala maior que
as outras figuras, o Cristo é dotado de forte presença e au-
14. Sarcófago da Imperatriz Helena. Séc. IV. Pórfiro. toridade, aliadas à sobriedade de gestos, que nunca variam
2,25 x 2,33 x 1,55 m. Museu Vaticano, Roma. Esculpido
— poderosa reminiscência das invocações da liturgia fú-
em bloco enorme de pórfiro egípcio, o sarcófago de
nebre.
Santa Helena, mãe de Constantino, encontrava-se antes em
seu túmulo, na Via Appia. É decorado com esculturas Antes da Pax Ecclesine, a arte funerária cristã era ape-
em alto-relêvo de cavaleiros romanos e prisioneiros bárbaros. nas obra de artesãos comuns, destinada a cidadãos comuns:
O tratamento em separado dos motivos é devido, não sofreu qualquer modificação mais acentuada, até que
provavelmente, à dureza da pedra. Os putti e grinaldas foi confirmado o triunfo do cristianismo. As pinturas e
acentuam o caráter exclusivamente triunfal da decoração. sarcófagos seguiram um desenvolvimento ininterrupto, o
que explica as dificuldades enfrentadas pelos especialistas
mente, as cenas da Paixão — entrada em Jerusalém, pri- quando tentam passar de uma cronologia relativa a uma
são, julgamento ante Pilatos, e às vêzes, mas de forma cronologia absoluta. Houve desenvolvimento no estilo
simbólica, a Crucificação e a Ressurreição. Os quadros assim como na escolha dos assuntos: que ocorreriam pro-
parecem reunidos ao acaso, como se nenhum elo lógico ou vavelmente de qualquer forma, houvesse ou não mudanças
cronológico 'unisse os episódios. A escolha das cenas tem profundas no status da igreja cristã no século IV.
sido explicada pelo fato de serem elas verdadeiros comen- O maior efeito causado sôbre a arte cristã monumental
tários sôbre as orações da liturgia para o repouso das foi o seu elo com o Estado imperial. Será visto como a
almas dos mortos. São referências à ajuda de Deus — arte cristã se tornou não só livre como também oficial. 14
“protegei-o, Senhor, como protegestes Daniel entre os Antes, os bispos tinham sido pobres e suspeitos: agora,
leões”. Também é possível que os textos, nos quais os podiam pedir e obter generosa ajuda do imperador. Na-
episódios eram baseados, tenham sido esquecidos mais turalmente, surgiria em consegiiência uma arte muito di-
tarde pelos escultores que remanejaram as cenas de acôrdo ferente e muito mais rica.
com suas necessidades — equilibrando a composição deco- Mas, apesar da escassez de materiais e dinheiro nas pri-
rativa, colocando o sepulcro de Lázaro, por exemplo, na meiras comunidades, frequentemente perseguidas e con-
extremidade esquerda e o trono de Pilatos à direita. sideradas suspeitas; apesar da ausência de qualquer espé-
Entre as pias intenções dessas obras não se perdem de cie de ostentação ou de qualquer tendência para o antro-
vista as exigências artísticas. Certos frisos possuem uma pomorfismo, as obras de seus artistas e artesãos mantive-
surpreendente multidão, tal como é encontrado nos sar- ram seu valor: que poderia ser chamado de valor socio-
cófagos pagãos anteriores; outros são dispostos em faixas, lógico, uma vez que expressam, tão amplamente quanto
colocadas sôbre os outros — aumentando o número de os textos, algumas das características mais originais das
interseções. Freqiientemente aparece um sentimento de comunidades cristãs; valor espiritual, pois representam
organização arquitetônica: dispostos os frisos em dois uma tentativa de descobrir uma expressão para a nova
andares, como fachadas, cortados verticalmente por colu- fé, uma encarnação na arte de uma religião do espírito e
nas que sustêm arquitraves ou arcos, Alguns arranjos são da verdade; e, também, valor artístico, uma vez que as
bem sucedidos — mas os sarcófagos mais belos datam formas tradicionais foram infundidas de um espírito nôvo
geralmente da segunda metade do século IV. que inspirava a mão do escultor e do pintor.
1. Parede oeste da sinagoga de
Dura-Europos — Síria Setentrional.
Primeira metade do séc. III. Afrêsco,
transferido para o Museu de Damasco.
A descoberta destas pinturas na
sinagoga revelou a existência de uma
iconografia israelita da Bíblia. No centro
da parede está o nicho para o Livro,
encimado por uma pintura do santuário
do Torah, o Templo de Jerusalém e
o candelabro de sete braços. À direita,
o assento do Mais Velho; em volta
das paredes, os assentos para os fiéis.
Entre as cenas bíblicas, embaixo, à
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Ed direita, a Unção de David, e Moisés salvo


das águas do Nilo; esta última cena
mostra como os sucessivos episódios de
uma narrativa são incorporados
numa única cena,

2 (à esquerda). Detalhe mostrando o


Templo de Jerusalém: à esquerda, um
profeta; em cima, Moisés e a sarça
ardente, e parte de uma cena mostrando
a Travessia do Mar Vermelho.
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3 (página anterior). Cubiculum “0”,
Meados do século IV. Pintura sóbre
rebôco. Nova Catacumba da Via
Latina, Roma. Nesta vista, o efeito total
da pintura das catacumbas em suas
partes mais elaboradas, com os motivos
individuais isolados contra um fundo
simples, dentro de uma moldura
pintada. Grinaldas, pássaros e decoração
geométrica circundam cenas dos
Fvangelhos e da vida diária. Os nichos
à direita e à esquerda são os loculi,
ou sepulturas, e no arcosolium, ao fundo,
está um sarcófago sob um arco
escavado na rocha.

4 (em cima à esquerda). O Bom Pastor.


Meados do séc. III. Pintura sôbre
rebôco. 78 centímetros de diâmetro.
Teto da Câmara do Velatio, Catacumba
de Priscilla, Roma. O tema do Bom
Pastor carregando uma ovelha é um
dos mais frequentes nos começos da
arte cristã.

S (em cima à direita). Cena pastoral.


Séc. III. Pintura sóbre rebôco.
SO x 91 cm. Pintura da Catacumba de
Domitilla, Roma. O Bom Pastor era
frequentemente apresentado, cercado
por suas ovelhas numa cena pastoral, que
pode representar o Paraíso. Aqui,
êle segura flautas de Pã, reminiscentes
de Orfeu, refletindo a forma pela qual
os motivos clássicos foram adaptados
pelos cristãos aos seus próprios
significados.

6. Detalhe de um sarcófago. c. 270.


Mármore. Santa Maria Antiqua, Roma.
O Bom Pastor carregando nos ombros
uma ovelha é representado da mesma
forma que nas pinturas de
catacumbas. As árvores formam divisões
entre um personagem e o seguinte;
a direita, parte da cena de
O Batismo de Cristo.
7. Orans. Fins do séc. III. Pintura sóbre
rebôco. 68 cm x 2,03 m. Pintura num
arcosolium do Coemeterium Maius,
Roma. Representa uma mulher com os
braços levantados em súplica e oração,
num cenário que sugere um Paraíso
terrestre, ladeada por dois pastóres, um
dos quais ordenha uma ovelha; o
outro traz uma ovelha desgarrada para
o aprisco, sob os olhos vigilantes de
um cão. Sob a pintura, os loculi, ou
sepulturas, escavadas na parede da rocha.

8 (à esquerda). Ressurreição de Lázaro.


Fins do séc. III. Pintura sôbre rebôco.
c. 81 em x 1,11 m. Pintura da
Catacumba de São Pedro e São
Marcellinus, câmara XIII, Roma.
A extrema simplificação desta cena do
Evangelho, com Lázaro enfaixado como
uma múmia, evitava interpretações por
parte dos pagãos. Tal como as cenas do
Antigo Testamento, à direita,
expressa uma esperança de salvação.
9 (a direita). Os três hebreus na fornalha
ardente. Meados do séc. III. SO x 87 cm.
Pintura na Câmara do Velatio,
Catacumba de Priscilla, Roma. A
história dos três jovens judeus lançados
na fogueira por Nabucodonosor, e
salvos da morte pela intervenção de um
anjo, ilustra outra invocação para a
salvação.

10 (no centro). Jonas lançado à baleia.


Fins do séc. III. c. 40 x 58 cm.
Abóbada de uma cripta, Catacumba de
São Pedro e São Marcellinus, Roma.
A história de Jonas era tanto uma
alegoria de batismo quanto uma
invocação para a salvação. A realística
representação do corpo dobrado de |
Jonas e da alta proa do barco contrasta
com a fantástica concepção da baleia.

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11 (à direita). Noé na Arca. Séc. III.


Catacumba de São Pedro e São
Marcellinus, Roma. Uma vez mais esta
cena simboliza a salvação, com uma
pomba trazendo no bico um ramo de
oliveira. Noé está representado na
postura de um orans; a arca é um cofre
aberto.
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12 (página anterior). Cristo entre Pedro 13. Cristo Helios. Início do sec. IV.
e Paulo. Fins do séc. IV. 2,13 x 2,43 m. Mosaico. Teto de uma câmara da
Cripta dos Santos, Catacumba de necrópole pré-constantiniana sob a
São Pedro e São Marcellinus, Roma. Basílica de São Pedro. Aqu! Cristo
Esta pintura, mais recente, representa aparece em seu papel glorioso — como
abertamente um motivo cristão: o sol em seu carro, o Apolo dos antigos.
Cristo entre os dois Apóstolos, sôbre o
Cordeiro Divino, de pé sôbre um
outeiro de onde nascem os quatro TIOS
celestes. Do lado esquerdo, São
Gorgônio e São Pedro; do lado direito,
São Marcelo e São Tibúrcio. Esta
decoração tem caráter monumental.
14 (à esquerda). Mosaico de abóbada.
Séc. IV. Santa Costanza, Roma.
Primeiros mosaicos em larga escala de
abóbada que sobreviveram; combinam
motivos cristãos e pagãos, e estão
circunscristos numa moldura geométrica,
Este detalhe mostra uma cena báquica,
com bacchi colhendo uvas e bois
transportando a colheita.

15 (embaixo). Detalhe da decoração de


mosaicos. Na parte ao lado, no
deambulatório, mostrando os frutos, as
folhagens e o pavão. Mosaicos
semelhantes adornavam edificações pagãs
nesta mesma época.

16 (página seguinte, em cima). Interior


de Santa Costanza, Roma. Séc. IV.
O magnífico mausoléu de Constantina,
uma das filhas de Constantino,
tornou-se uma igreja. As abóbadas do
ambulatório e as absides dêste belo
monumento circular são decoradas
com mosaicos.

17 (página seguinte, embaixo). O mosaico


da abside. No ambulatório norte,
mostra Cristo de pé sôbre a pedra onde
nascem os quatro rios do Paraíso.
Êle entrega a lei, traditio legis, a
São Pedro, tendo São Paulo à sua
esquerda; as ovelhas a seus pés
representam as almas salvas.
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fa 18 (ei cima). A História de Jonas.


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RungBe Séc. IV. Detalhe do mosaico do piso da
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E mosaicos pagãos desta época. O mar
está cheio de peixes de tódas as
espécies realisticamente representados.

19 (à esquerda). Detalhe dos cupidos


pescando. Mostra como os motivos
pagãos ainda eram empregados lado a
lado com motivos cristãos. O polvo e
os patos sóbre a água são deliciosamente
imaginativos.

20. Cristo ensinando aos Apóstolos. c.


400. Mosaico, Santa Prudenziana, Roma.
Este detalhe do mosaico da abside
(vide figura 22) mostra o Cristo
aureolado, Senhor Conservador da
Iereja de Prudenziana, sentado em seu
trono em plena glória, Atrás dele,
a pedra do Gólgota, com uma
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21 (página anterior). A nave de Santa
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durante o renascimento clássico sob dit piscprçi f ii EST Esabidts E,
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Sixtus III, a larga e majetosa nave da
basílica é ladeada por duas naves
colaterais. Às colunas jônicas sustentam
um clássico entablamento e uni
clerestório e levam ao arco triunfal que
costumava prolongar-se na abóbada
original da abside. Os mosaicos do arco
celebram a Virgem como Mãe de Deus:
na parede esquerda da nave, cenas
da vida de Abraão e Jacó (ilustrações 22
e 23): na parede direita, de Moisés
e Josué (ilustrações 24 e 25),

22 (a direita). Abraão e Ló. Comêço do


séc. V. Mosaico. Santa Maria Maggiore,
Roma. Ás cenas do mosaico estão dentro
de molduras sob as janelas do
clerestório. Esta cena mostra a separação
dos dois irmãos, levando os hebreus
errantes. Abraão, com seu filho, parte
para a esquerda e Ló, com suas filhas, Gta sé St ED, pe
para a direita. Tanto o cenário como E x No ke Paio ps: pipe Jor
as vestimentas são tomados da arte ia a EEE a TORA TE rçés gás
classica sem qualquer tentativa de ita E) Radio asda Ss uu
conceder-lhes côr local. PER o so Po É DIEOAL To Aa te EM dna dal pés
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23 (à direita). Abrãão e os Anjos. UiE pd


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Comêço do séc. V. Mosaico. Santa
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Maria Maggiore, Roma. A história de


Abraão com seus visitantes celestes
está dividida em duas partes; em cima:
o patriarca saúda seus visitantes;
embaixo: ordena que Sara, sua espôsa,
faça “bolos sôbre a lareira” e oferece aos
visitantes uma “vitela tenra e boa”.
É a narrativa da promessa feita por Deus
de conceder um filho ao pai de seu povo.
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24. A travessia do Mar Vermelho.

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Comêço do séc. V. Mosaico. Santa Maria

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Maggiore, Roma. Composição
magnífica, apesar das limitações da

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moldura. Do lado esquerdo, os Filhos

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25. A captura de Jericó. Começo do salva por ter escondido os mensageiros


séc. V. Mosaico. Santa Maria Maggiore, que Josué enviara para a cidade como
Roma. O exército de Josué marcha espiões: registro superior de um painel;
em tórno de Jericó e as muralhas na parte de baixo há uma procissão
caem; à figura dentro da cidade pode com os trombeteiros.
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Qalat Siman. c. 470. Síria. Esta


vista mostra o pórtico da basílica
meridional do santuário cruciforme de
S. Simeão Stilitas. A volta da coluna
sôbre a qual o santo passou trinta anos
de sua vida foi construído um octógono;
daí se irradiavam quatro basílicas,
cada uma com uma nave e duas
colaterais (vide figura 32). O nártex
pode ser visto por trás do arco do
pórtico com ornatos tipicamente sírios. À Vi “tu o
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direita aparece a parte de cima da IRA Ae VER
abside central aos fundos da ua Eua oro LOS
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27 (à direita). Detalhe da decoração da


fachada. Mostrando as pilastras
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acanaladas do pórtico de entrada e os
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28. Planta de Jerusalém. c. 560.


Mosaico. Madaba, Jordânia. A parte
mais bem conservada do mosaico do
piso, mostrando o mapa da Terra Santa,
é a que representa Jerusalém,
vista na parte de cima dêste quadro.
Algumas ruas e edifícios podem ser
reconhecidos; do lado esquerdo, o portão
da cidade, com seu obelisco. Daí, partem
duas ruas alinhadas com
pórticos; no meio da mais baixa destas
duas pode ser vista a Igreja do
Santo Sepulcro (figura 15).
Constantino

A IGREJA TRIUNFANTE
zâncio, destinada a ser a nova Roma — mas o centro de
Constantinopla era o túmulo do imperador e êsse túmulo
Apesar da maciça e retórica narrativa feita por Eusébio era uma igreja, dedicada aos doze apóstolos e destinada a
de Cesaréia, e apesar do vingativo clamor de Lactâncio,
conter suas relíquias. Através do mundo, Constantino cons-
torna-se dificil imaginar a convulsão social causada no
truíia santuários cristãos.
mundo romano com o triunfo do cristianismo. Nossa
Naturalmente alguns dêsses, como a basílica de Latrão,
época familiarizou-nos com revolucionários que abando-
a catedral do bispo de Roma, ou a igreja octogonal de
navam a clandestinidade, com prisioneiros repentinamente
Antioquia, provavelmente uma capela palaciana, não re-
postos em liberdade, e exilados retornando à pátria para
presentavam mais do que a nova aliança — a ajuda que
ocupar os mais altos postos da administração do Estado o império dava à hierarquia e o auxílio que por sua vez
— suas idéias, pouco antes consideradas subversivas, tor-
êle esperava de Deus. Muitas dessas edificações, porém,
naram-se repentinamente a lei do país. Em 305, Diocle-
adquirem caráter diferente, expressivo da atitude de Cons-
ciano queimara as Escrituras, destruindo igrejas e exe-
tantino em relação à verdade do cristianismo.
cutando bispos numa inútil tentativa de preservar a uni-
Em Jerusalém, em resposta ao apêlo do bispo Macário
dade do império em tôrno dos imperadores, que tomavam e seguindo o conselho de um de seus conselheiros, Eu-
como seus modelos Júpiter e Hércules. Repentinamente, sébio, bispo de Cesaréia, da Palestina, Constantino permite
plenos direitos civis tiveram de ser garantidos àquela co- que se iniciem escavações arqueológicas. O objetivo era
munidade antes ilegal. Foi-lhe até mesmo assegurada uma descobrir o sepulcro de Cristo — não para lamentar a 15
espécie de primazia. E para garantir a unidade do império morte do Salvador, mas glorificar a Ressurreição. O mo-
foi também necessário aumentar a unidade dos próprios numento a ser construído no local seria chamado Anas-
cristãos. Em 325, em Nicéia, Constantino presidiu ao pri- tasis, a Ressurreição; a basílica adjunta chamar-se-ia Mar-
meiro Concílio Ecumênico — entre os mesmos bispos que tyrion, ou Testemunho. Tanto a Igreja Triunfante quanto
tinham escapado às perseguições de seu predecessor. Êle o imperador procuravam a prova histórica da Ressurrei-
mesmo, vitorioso graças a um milagre de Cristo, encon- ção — sem a qual, segundo São Paulo, nossa fé seria
trou-se envolvido por razões políticas, e talvez também va. Durante um segundo estágio é que a Verdadeira Cruz
por razões intelectuais e emocionais, num debate teológico. foi descoberta em escavações atribuídas a Helena, mãe do
Antes hesitara entre o paganismo e o cristianismo; agora imperador, de forma que o Calvário foi incluído em posi-
vacilava entre os pontos de vista de seus conselheiros: ção secundária no grupo de edificações: a Paixão tinha
a ortodoxia e o arianismo. Mesmo em seu leito de morte seu valor na Ressurreição. Em Belém, o lugar do nasci-
ainda não fôra batizado na fé que proclamara em Nicéia. mento de Cristo foi procurado e encontrado na caverna
Os negócios da Igreja tinham-se tornado negócios do Es- de uma pedreira. 17,18
tado e as disputas teológicas uma questão de consciência No cume do Monte das Oliveiras foi construído um
para o imperador. monumento em tôrno da pedra encontrada com marcas
A princípio os imperadores cristãos não se dedicaram de pés, que, segundo a tradição, foram deixadas por Cristo,
a perseguir o paganismo; não atacavam nem os deuses antes de iniciar a Ascensão. Outros episódios da vida do 16
que haviam abandonado, nem seus fiéis. Nos meados do Salvador foram ilustrados com a construção de santuários;
século IV houve um renascimento de esperança entre os os arqueólogos descobriram recentemente, nas margens do
pagãos quando Juliano, um sobrinho de Constantino, e Lago Tiberíades, o santuário construído para comemorar
filósofo grego, se tornou imperador. Até o fim do século o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. 10b
havia senadores em Roma, liderados por Símaco, que man- Em Roma foram feitas buscas em três locais para des-
tinham a estátua da Vitória nas salas de assembléia — cobrir vestígios de São Pedro e de São Paulo. O resultado,
50 contra a vontade do imperador Teodósio e de Ambrósio, ad catacumbas, foi uma basílica, agora dedicada a São Se-
o formidável bispo de Milão. Mas desde o princípio a bastião, provavelmente uma edícula (aediculum) funerária
sorte estava lançada. Nada demonstra isso melhor do do século III. Na colina do Vaticano, depois de conside-
que o programa de construções associado a Constantino. rável nivelamento do solo, foi construída uma grande ba- 19a,b
Havia, é verdade, a basílica civil de Maxêncio no Forum sílica em tôrno de um monumento simples, descoberto no
em Roma e as termas de Constantino. Havia a nova ca- altar da Igreja de São Pedro. Com San Paolo fuori le
pital, Constantinopla, construída no local da antiga Bi- mura ocorreu caso semelhante,

15. Santo Sepulcro Séc.


Constantiniano. IV. Jerusalém.
Planta da primeira edificação do Santo Sepulcro,
reconstituída por R. P. H. Vincent, interpretada segundo
aa.

descrição feita por Eusébio, de acôrdo com as paredes que


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foram preservadas. O Santo Sepulcro foi cercado cocosseses so sos dd

com uma rotunda antes do fim do século. O propileu dá


a.

acesso ao átrio diante da abside ocidental da basílica,


com uma nave e quatro altares laterais. Um segundo átrio,
ou pátio, do qual a pedra do Calvário formava um ângulo,
estava em frente à vasta rotunda com sua colunata interna,
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16. Planta de Anastasis. Séc. IV. 17. Planta do Santuário da Natividade. Séc. IV. Belém.
O Santuário comemorativo da A gruta da Natividade foi coberta por um octógono, e poderia
Ascensão no Monte das Oliveiras em ser vista pelos peregrinos através de um oculus (Óculo) aberto
Jerusalém era um octógono, circundando no centro da construção. A edificação era completada por
a pedra onde, segundo a tradição, uma basílica, que foi preservada. O octógono foi
Cristo, ao subir aos céus, deixou a marca substituído, no século VI, por um côro de três absides em
de um dos pés. forma de trevo.

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18. Santuário da Natividade. Séc. IV. Belém. Datando da


época de Constantino, a colunata da basílica do
santuário é um dos exemplos mais antigos da arquitetura
cristã. Notem-se as arquitraves sustentadas pelas colunas,
A autenticidade dessas descobertas é de pouca impor-
tância aqui. Não se pode esperar o rigor
científico comum
ao nosso século de uma época em que
um sonho represen-
tava uma garantia o que para nós não teria o minimo
valor. O Santo Sepulcro, como sabemos através de re-
ferências feitas por Eusébio, deve sua descoberta à um
sonho, assim como as sepulturas de
São Gervásio e São
Protásio, descobertas através de um sonho de Sto. Am.
brósio. Êsses monumentos ilustram a grande obra de Eu-
sébio, a primeira história da Igreja. O que nos importa
aqui é que o Imperador Cristão e seus conselhe
iros pro-
curaram colocar no tempo e no espaço a vida terrena
de
Cristo e verificar e glorificar as origens do cristi
anismo.
A CONSTRUÇÃO DE IGREJAS SOB CONSTANTINO
A ajuda do imperador era indispensável para um progra-
ma de grandes construções — em primeiro lugar, pela
questão das terras. Nas pequenas cidades da África —
e
em outras partes — tornava-se extremamente difícil erigir
uma grande basílica em meio à massa concentrada de cons- 19. a, b. São Pedro de Roma. Séc. IV. Éste monumento,
erigido por Constantino e seu filho, era uma basílica com
truções urbanas: as casas da comunidade cristã não co-
uma nave, quatro colaterais e um transepto. A inscrição
briam espaço suficiente para isso, situando-se inclusive dedicatória consagra a basílica a Cristo, que permitiu ao
fora do centro das cidades. As igrejas do séc. IV localiza- imperador triunfar sôbre seus inimigos. No desenho (a),
vam-se nas proximidades dos arrabaldes das cidades. Era século XVI, a basílica com todos os acréscimos posteriores;
o preço que pagavam para se desenvolverem sem impedi- na planta (b), a edificação como era no séc. IV.
mentos, com tôda a atividade subordinada imposta pela
vida em comunidade. Da mesma forma em Roma, os mo-
numentos aos apóstolos — e também as martyria de outras
cidades — foram construídos sôbre cemitérios onde os
santos eram sepultados, naturalmente fora dos muros das
[O

cidades. A catedral de Latrão foi construída numa grande


propriedade, limitada pelo Muro Aureliano, e doada ao
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a
bispo por Constantino; próxima a ela estava a igreja de

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Santa Croce in Gerusalemme. No Oriente, as igrejas es-
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tavam destinadas a expressar seu próprio triunfo. Em
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Tao,
Constantinopla, a igreja dos Santos Apóstolos, a igreja da
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Sabedoria Divina (Hagia Sophia) e a igreja da Divina


Paz (Hagia Irene) foram construídas dentro da nova ci-
q

dade — o que se tornava fácil, já que elas podiam ser in-


cluídas nas plantas originais. Em Antioquia ou Jerusalém
Ono

tal privilégio envolvia considerável demolição. Contudo


foi descoberto na capital da Síria, próximo ao palácio
+

imperial reconstruído por Diocleciano, na ilha que for-


mava parte do monumental centro da cidade, um terreno
adequado. Em Jerusalém, o sepulcro de Cristo foi des-
coberto sob templos pagãos no centro da Aelia Capitolina,
a cidade que Adriano construíra no lugar de Jerusalém
depois de sua destruição: estava próximo ao monumento
28 com quatro entradas que marcava as encruzilhadas prin-
cipais,
A grande dificuldade era o nivelamento do solo, ne-
cessário para a construção do edifício proposto. O sepul-
cro de Cristo era do tipo subterrâneo, comum no Oriente
naquela época, fechado por pesada pedra circular (que
as santas mulheres temiam não conseguir abrir na manhã
da Ressurreição). Foi transformado em edícula, em tôrno
da qual o santuário seria construído. O nível do solo foi
rebaixado em pelo menos quatro metros, o que represen-
tava considerável esfôrço, envolvendo trabalhosas escava-
ções. A rocha do Calvário, que hoje parece um bloco em ma financeiro. Mesmo quando o imperador pediu ao bispo
forma de cubo, estava cêrca de cem metros a sudoeste do Macário para executar a planta de um santuário tão mag-
sepulcro, sendo incluída no complexo do santuário. A parte nífico quanto possível para Jerusalém, é provável que
de cima da pedra, onde foi fixada a cruz, pôde ser preser- não houvesse meios suficientes para cobrir as enormes des-
vada, mas os lados e áreas circundantes tiveram de ser pesas que a obra exigia. A destruição causada em Cons-
cortados até o nível rebaixado do solo, criando-se um tantinopla pela revolta Nika, no início do reinado de Jus-
patio no qual êsse afloramento ficou em um dos ângulos: tiniano, não justifica, entretanto, o desaparecimento total
mesmo assim, êsse complexo permaneceu em nível mais da capital de Constantino — que talvez não tivesse sido
alto que a rua. Em Belém se fizeram modificações bem construída com a necessária solidez. Em Roma, a igreja
17,18 menores, porque a Gruta da Natividade foi mantida em de São Paulo foi destruída pelo fogo; a antiga catedral de
sua forma natural. Um orifício aberto no teto de rocha São Pedro teve de ser totalmente demolida antes que
— pequeno óculo (oculus) circular, ou pequena janela, Miguel Ângelo pudesse construir uma nova; a basílica
ocupava o centro do octógono comemorativo: os peregri- de Latrão foi ampliada e alterada várias vêzes. Não há
nos ficavam na parte de cima e, através de um parapeito nenhum vestígio do octógono de Antioquia; e é com gran-
circular, olhando para baixo, viam a cripta natural onde de dificuldade que estão sendo feitas tentativas no sentido
se deu a Encarnação. de descobrir trechos das paredes originais do Santo Se-
I9a,b Em São Pedro, Roma, as escavações mostraram como pulcro soterradas sob o rebôco da reconstrução feita pelos
o monumento construído por Constantino fôra edificado Cruzados. Dificilmente alguma coisa resta, exceto a ex-
em tôrno de uma edícula anterior, muito simples — duas celente colunata do santuário de Belém — o octógono 18
pequenas colunas e uma laje horizontal de pedra colocadas construído sôbre a gruta foi substituído, sob Justiniano,
diante de um nicho escavado na parede. Essa estrutura, por um trifólio; uma abside tripla e o mausoléu em Roma
semelhante a certos monumentos funerários de Roma e de uma das filhas de Constantino, Constantina, tornou-se
Ostia, estava situada sôbre um rico cemitério pagão de a Igreja de Santa Costanza. A discussão sôbre êsses mo- 14,15,16,17
período muito posterior à vida do santo. Para a constru- numentos desaparecidos é interminável e a controvérsia
ção da basílica, êsse cemitério foi aterrado. Além disso, o aumenta, embora estejam sendo feitas escavações mais
cume da colina (hoje, Colina do Vaticano), nas encostas metódicas.
da qual a basílica seria construída, teve de ser rebaixado. André Grabar provou que, embora êsses monumentos
Tudo isso envolveu enorme trabalho realizado entre os fôssem de tipos diferentes, a intenção era a mesma: servir
esplêndidos mausoléus da necrópole, inclusive a constru- de santuário para um lugar sagrado e permitir, evitando os
ção de subestruturas de pedra destinadas a sustentar cada danos, sua contemplação pelos peregrinos que chegavam
uma das colunas do santuário. A extensão dêsse trabalho em massa, reunindo-se nas proximidades para as orações
mostra como os construtores submetiam a edificação de comunais. Os espectadores costumavam dispor-se em cir-
um santuário ao monumento que ela comemorava. Os re- culos concêntricos em tôrno de um ponto único. Essa a
sultados da pesquisa arqueológica limitavam o arquiteto, e origem dêsses monumentos circulares ou poligonais se-
a glorificação das relíquias impunha ao cliente uma des- melhantes aos mausoléus imperiais, que tinham propósitos
pesa inevitável. Em Jerusalém, ou em Roma, as santas re- análogos. É por isso que o mausoléu de Constantina, 16
líquias eram encerradas em mármore e cercadas por co- classificado entre as sepulturas imperiais, poderia ser clas-
lunas, balaustradas e lâmpadas. sificado também entre as martyria constantinianas. Êsse
Tendo em vista os gastos despendidos na preparação monumento inclui um pórtico interno circular, como mais
dêsses locais, era necessário que os edifícios fôssem cons- tarde aconteceu com o santuário da Ascensão e com a 15,16
truídos com maior solidez. Mas as formas arquitetônicas rotunda do Santo Sepulcro. Há um desenvolvimento do
cristãs foram estabelecidas numa época em que os outros mausoléu circular para o santuário concêntrico. Mas êsse
tipos de edifícios eram construídos com o emprêgo de tipo de construção não poderia expandir-se indefinidamen-
elaborados métodos técnicos — como na basílica de Ma- te: mesmo com a sua colunata interna, o diâmetro da
xêncio no Forum. Êsses métodos foram usados pela pri- rotunda do Santo Sepulcro não é maior do que o diâme- 15
meira vez nas termas ou banhos públicos — uma grande tro inteiro da cúpula do Pantheon em Roma. Os arquite-
sala, coberta por três abóbadas ogivais, apoiadas em ambos tos foram levados a harmonizar estruturas circulares em
os lados por abóbadas mais baixas, sustentadas por co- grandes salas retangulares, com colunatas. As duas formas
lunas. Assemelhava-se mais a um frigidário (frigidarium) podiam ser justapostas, ligadas apenas pelos pórticos que
do que aos edifícios de colunas e tetos de madeira que as integravam numa única composição, como nas igrejas
formavam as basílicas do Forum original ou mesmo aque- do Santo Sepulcro e na igreja dos Santos Apóstolos, em 15
las de Trajano. Diante das novas necessidades das igrejas Constantinopla. Podiam também ser combinadas, como no
de explorar essas inova- caso de Belém, onde as colunatas abriam diretamente para 17
cristãs, os arquitetos, incapazes
o octógono. — == |
ções, voltavam aos métodos tradicionais, adotando estilos
As necessidades eclesiásticas que determinaram, o de-
menos complexos, talvez por medida de economia. Cons-
tantino erguia uma capital que exauria parte dos fundos senho de São Pedro, em Roma, foram semelhantes: um 19a,b
disponíveis; e a reconstrução das igrejas destruídas durante monumento que permitisse a congregação do povo em
as perseguições, juntamente com as reformas e ampliações tôrno da sepultura do apóstolo, e que glorificasse Cristo,
consideradas imprescindíveis, requeria um enorme progra- de quem o apóstolo tinha sido a primeira testemunha em
3)

20. Catedral Aquiléia. Séc. IV. Veneto, Itália. Ao mesmo catedrais para substituir as igrejas mais modestas destruídas
tempo em que eram erigidos com ajuda do imperador durante a perseguição movida por Diocleciano. A igreja
grandes monumentos para celebrar as grandes lembranças da dupla anterior de Aquiléia foi substituída por uma basílica
Cristandade, em tôdas as partes estavam sendo construídas com uma nave e duas colaterais com um clerestório.

Roma. Mas o arquiteto foi mais longe: acrescentou um MOTIVOS DECORATIVOS


transepto à basílica, separando-a da abside, em frente à
qual foi colocado o monumento ao apóstolo ao centro O desaparecimento quase total dêsses monumentos deixou
de três grandes áreas irradiadas. A basílica com tran- raros vestígios de sua decoração, que foi de extrema ri-
septo teria um longo futuro, especialmente depois da queza. As tradições dos artistas romanos foram adotadas
segunda metade do século VI, quando foi erigido por sem reservas também na decoração e seus motivos usados
São Gregório, o Grande, um altar sôbre o túmulo de São sem qualquer preocupação com as interpretações simbóli-
Pedro — na época em que finalmente desapareceu a cas que poderiam ter por parte dos pagãos. A decoração
diferença entre a igreja como casa da comunidade e o das abóbadas de Santa Costanza é típica sob êsse 14,15
monumento comemorativo. Várias basílicas gregas e a aspecto. Contém complicados padrões geométricos encon-
maioria das igrejas do Ocidente tornar-se-iam então ba- trados em pavimentos de mosaicos contemporâneos ou
sílicas com transepto. Mais tarde a fusão dos dois tipos anteriores. Em Sousse, por exemplo, ou em Cherchel, no
de edificação escolhidos pelos arquitetos de Constantino, Norte da África, existem muitos exemplos dessa combina-
a rotunda e a basílica, resultaria na basílica com cúpula, ção de círculos e polígonos com os lados arredondados
que se tornou o tipo de igreja aceito no Oriente. = contendo pássaros, animais, cupidos ou meninas dançando,
Desde a primeira metade do século IV, os primeiros Da mesma forma, cenas da colheita das uvas que acres-
arquitetos a lidar com as exigências da Igreja Cristã es- centam tanta graça e vida a uma grande voluta de videiras
colheram e criaram soluções definitivas, ou prepararam — OQ carregamento dos carros de bois e camponeses nus 14
os elementos para elas; a basílica, a rotunda e a basílica esmagando as uvas — são encontradas através de tôda a
com transepto. A influência da planta do Santo Sepulcro, arte pagã. Os arabescos de videiras apresentam os conhe-
15,19a,b ou da planta da basílica de São Pedro, seria perpetuada cidos e travessos putti.
em consegiiência da fama dos santuários € do prestígio O motivo parece ter vindo diretamente, sem transição,
artístico das soluções arquitetônicas: elas serviriam de de seu significado dionisíaco para simbolizar a Eucaristia:
modêlo através da história. Se Constantino não exerceu motivos semelhantes podem ser vistos nas catacumbas.
influência nas escolhas, foi êle quem encomendou e custeou Da mesma forma, no grande mosaico da igreja de 20
os trabalhos, tornando possível êsse coméço. Aquiléia, que data de princípios do séc. IV, animais es-
21. Ampulla. Séc. VI. Prata lavrada.
Tesouro da Catedral de Monza, Itália.
Garrafas como esta, trazidas de
Jerusalém pelos peregrinos, teriam
contido óleo da madeira da cruz.
Segundo a tradição, esta ampulla
pertence à coleção oferecida à rainha
lombarda Theodelinda, em 625. Nela
está representada a cena da Ascensão de
Cristo, transportado pelos anjos, num
medalhão. Embaixo: a Virgem reza
entre os Apóstolos. A disposição das
figuras é comparável à das miniaturas
sírias do monge Rabula (figura 55).

tranhos à simbologia cristã estão dispostos em composições nografia cristã, visto como pode ver-se em Sta. Costanza,
geométricas que formam uma moldura em tôrno a pás- nas conchas da capela da abside, onde Cristo é avistado no
saros, bustos humanos, peixes, cenas como o Bom Pastor, céu, sentado sôbre o globo, ou de pé sôbre a rocha da qual 17
e outras, de difícil interpretação: a luta, descrita duas nascem os quatro rios do Paraíso, entregando a Lei aos
vêzes entre o galo e a tartaruga — o galo, segundo dizem, apóstolos Pedro e Paulo. Cenas maiores do mesmo período
simboliza Cristo e a tartaruga representa o arianismo. — são encontradas nas pinturas das catacumbas ou nos lados
Outro momento do piso representa o mar cheio de peixes, dos sarcófagos, representando assuntos semelhantes, mas 12
característica dos mosaicos alexandrinos. Aqui, enfre as das quais participam todos os apóstolos. Contudo, os
tradicionais cenas de pesca, nas quais cupidos seguram monumentos em Jerusalém parecem ter uma grande va-
linhas ou jogam rêdes de suas barcas, o observador pode riedade de temas, a julgar por algumas pequenas ampullae
18,19 descobrir repentinamente Jonas sendo lançado fora do de prata lavrada, trazidas da Terra Santa no séc. VII e
seu barco e engolido pelo monstro marinho. Em outra que costumavam conter o Óleo santificado pelo contato
parte do piso pode ser visto o profeta adormecido sob com a madeira da Cruz, ou com o solo dos Lugares Sa-
o cabaceiro. O motivo cristão é tratado da mesma forma grados. Apresentam tôda uma série nova de cenas, às
que nas catacumbas, embora mais intimamente ligado aos vêzes isoladas, ou agrupadas. A iconografia é estável, dei-
10 temas decorativos tradicionais com os quais está entre- xando supor a existência de modelos conhecidos, prova-
meado. velmente as próprias pinturas e mosaicos que decoravam
Ao mesmo tempo parece que foi desenvolvida uma ico- os Lugares Sagrados. Essas cenas incluem a Ressurreição,
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22. Mosaico da Abside, Sta. Pudenziana. Fins do séc. IV, personificações das Igrejas da Circuncisão e dos Gentios.
Roma. Apesar da grande quantidade de reparos, êste Ao fundo, o Gólgota com a cruz colocada por Constantino
mosaico é um exemplo da decoração de uma abside romana ou Teodósio e os símbolos dos evangelistas. A vista de
do fim o séc. IV. Cristo (vide lâmina 20) está Jerusalém evoca a cidade celestial; já foi sugerido que a
entronizado entre os Apóstolos, acompanhado por rotunda à esquerda lembra o Santuário do Santo Sepulcro.

com as santas mulheres chegando ao sepulcro, recebidas rusalém — os santuários colocados em tôrno dos lugares
pelo anjo. O sepulcro era fregientemente representado sagrados anteriormente mencionados, e que aqui sugerem
pela edícula, erigida pelos arquitetos de Constantino à a Jerusalém celestial. No céu aparecem os símbolos apo-
volta do Santo Sepulcro. Há a Ascensão, a Crucificação, calípticos dos evangelistas.
a Anunciação, a Visitação, a Natividade e Batismo de Tal obra, relacionada com os trabalhos mais simples de
Cristo. Alguns dêstes quadros foram provavelmente intro- Sta. Costanza e com as cenas representadas nos sarcófagos e 17
duzidos nos monumentos da Terra Santa em data poste- catacumbas, revela uma iconografia já estabelecida, na qual
rior; é possível reconhecer, em alguns dêles pelo menos, a vida terrestre e a vida celestial de Cristo estão inter-re-
um reflexo de sua decoração original. lacionadas como significação da união de duas naturezas
O mosaico dos fins do século IV na abside de Sta. numa mesma pessoa. A segunda pessoa da Santíssima
Pudenziana auxilia a interpretação das imagens das am- Trindade viveu na Palestina sob o reinado do imperador
20 pullae. Cristo está entronizado no centro, cercado dos Tibério. Sua vida terrestre logo seria descrita, assim como
apóstolos e de duas figuras femininas, interpretadas como a história dos patriarcas, nas paredes de Santa Maria 22,23,24
alegorias. Uma pedra está atrás do trono — a pedra do Maggiore, em Roma. A partir daí, sua soberania era re-
Calvário — na qual uma cruz está cravada, colocada ali conhecida e representada em cenas nas quais o Salvador
por Constantino, ou por Teodósio II; no caso de se tratar está entronizado em meio aos apóstolos como um im-
da cruz colocada por Teodósio II, o mosaico é de data perador em sua côrte. E a cruz do martírio tornou-se
pouco posterior. Ao fundo, estão os monumentos de Je- através dos tempos o símbolo de seu triunfo.
Basílicas e Santuários

A BASÍLICA CRISTÃ

O reconhecimento da Igreja pelo Estado tranqguilizou os


indecisos e suscitou um considerável aumento de conver-
Saio Expandiram-se as comunidades já existentes e novas
comunidades foram criadas. Mais cedo ou mais tarde
tôda aquela que dispunha de meios providenciou a cons-
trução de sua própria igreja, muitas das quais hoje de-
saparecidas; as que restaram são suficientes para oferecer-
nos uma idéia de sua forma e desenvolvimento. Assim,
em certas províncias do Império Romano as numerosas e
bem conservadas basílicas ali existentes permitem-nos um
melhor conhecimento da arquitetura daquela época do
que as igrejas de países que permaneceram cristãos — ge-
ralmente ampliadas e modificadas segundo as necessidades
mutáveis da liturgia ou de gôsto, raramente apresentando
um quadro completo e não adulterado. Lugares como
Ravena constituem importantes exceções. A posterior in-
vasão da Síria pelos muçulmanos, por exemplo, criou uma
fronteira no Taurus, arruinando os camponeses do norte
da Síria, que viviam do cultivo das oliveiras, ao isolá-los
dos compradores do óleo por êles produzido. Forçados a
descer às planícies, abandonaram suas vilas e igrejas, para
se dedicarem ao cultivo dos cereais. Em conseqiiência,
as edificações guardam quase a mesma forma que tinham
no século VII, descontados os danos causados por ter-
remotos. 23. Planta da Basílica de Kharab Shems. Séc. V. Síria
Examinando tôdas as edificações erigidas para atender Setentrional. Na Síria, as primeiras igrejas cristãs foram
as necessidades litúrgicas da comunidade, percebemos que, melhor preservadas, geralmente em paróquias de pequenas
durante os dois séculos seguintes ao reinado de Constan- aldeias; são modestas mas cuidadosamente construídas
tino, através de todo o mundo mediterrâneo, essas edi- em pedra e madeira de lei. Esta igreja tem uma nave e duas
ficações eram surpreendentemente similares, pelo menos colaterais com uma abside e duas capelas orientais.
à primeira vista. Embora um exame mais minucioso das
plantas evidencie numerosas e importantes diferenças, as uma fórmula conveniente, é provável que fôsse recomen-
semelhanças continuam dominantes. Tôdas estas igrejas dada, oficialmente ou não, pelo exemplo imperial: Ward
Perkins provou que a catedral em Roma, a basílica cons-
23 são basílicas, ou para sermos mais précisos, são basílicas
laterais, de frente para o leste, com uma tantiniana de Latrão, originalmente não possuía o tran-
com três naves
septo mais tarde acrescentado, numa imitação da basílica
abside elevada no lado leste. A nave central é quase
sempre maior e mais alta, iluminada por um clerestório de São Pedro. É possível que êsse exemplo tenha servido 19a,b
sôbre a colunata. Na primeira metade do séc. IV são de protótipo.
poucas as basílicas nas quais, como nas edificações cons- De qualquer forma, foi adotado o modêlo em tóda
tantinianas, as colunas sustentam arquitraves. Depois de parte durante séculos. As igrejas de cada período, apesar
alguma hesitação, mais por razões de economia do que das mudanças de método para a construção dos telhados,
por razões de simbolismo — pois os altos fustes necessá- respondem à mesma descrição. No Ocidente a aparência
rios às arquitraves eram onerosos — as arcadas sustenta- geral seria modificada com a adoção do transepto, pri-
das por colunas foram adotadas em quase tôda parte. meiro criado em São Pedro e no Oriente, pela introdução
Essa definição é muito mais precisa do que aquela for- das cúpulas e estruturas abobadadas. Na Síria havia fa-
necida pelas basílicas civis romanas, que consistiam de chadas com duas tôrres — ancestrais das fachadas To-
uma sala retangular com pilares, com clerestório, e geral- mânicas e góticas — datadas de fins do séc. V.
mente com uma abside num dos lados menores. Com fre- Não nos referimos simplesmente à tradição arquitetô-
qiência, contudo, a edificação era circundada pela co- nica. Uma vez que um tipo particular de basílica era ado-
lados; existem muitas variações tado, tornava-se canônico — sendo preservado mesmo
lunata em seus quatro
delas que não foram encontradas nas igrejas. Os cristãos quando as novas técnicas de construção superavam al-
adotaram um tipo particular de basílica civil, talvez in- gumas de suas fórmulas obsoletas. Assim, mesmo em
fluenciados pelos recintos basilicais encontrados nos pa- nossa época, são mantidas colunas e pilastras em igrejas
lácios imperiais, ou talvez porque esta planta já tivesse construídas de concreto armado que poderiam ser cober-
sido aprovada para reuniões religiosas de outros cultos, tas com um simples vão. É difícil, para as religiões e hie-
como na famosa basílica pitagoriana de Porta Maggiore, rarquias religiosas, deixar de considerar sagradas — cons-
certamente mitraica, ou como em algumas sinagogas. Sendo ciente ou inconscientemente — as tradições do passado.
4]

24. O Trono do Bispo na Abside.


Igreja de Sta. Maria delle Grazie, Grado,
Itália. A abside da igreja (séc. V),
mostrando o mosaico encontrado quase
intato sob um piso posterior, tem o
seu banco circular (synthronon)
preservado para o clero e o trono do
bispo. O altar não costumava ficar
na abside.

Esta fidelidade à tradição é muito mais curiosa con- parada dela por uma cortina antes de ser definitivamente
siderando-se que a basílica não era, mesmo desde o co- separada pela introdução do compartimento conhecido
mêço, necessária para a realização da liturgia. A missa como iconóstase (iconostasis).
não era apresentada como um espetáculo que se efetuasse. Em vista destas variações, a congregação ocupava
na abside, assistida pela congregação sentada na nave € diferentes partes da basílica — especialmente no Oriente,
nas duas colaterais. A abside era mais uma tribuna pre- onde o costume semita de manter os homens e mulheres
sidencial, com o trono do bispo colocado no centro, cer- separados na sinagoga foi mantido. Às vêzes, como em
46
24 cado por um banco semicircular destinado ao clero. Se- Filipos na Macedônia, tôda a nave era reservada aos mo-

a reg ião , e às vêz es na mes ma reg ião , o alt ar vimentos do clero; chegava-se ao extremo de construir
gun do
diferentes lugares na edificação. Na Síria, é galerias sôbre as colaterais, o matroneum, para manter as
ocupava
mulheres separadas.
encontrado às vêzes contra a parede de trás da abside
hav er nes te cas o, nat ura lme nte , O syn - A abside era geralmente isolada, projetando-se além da 29a
— não pod end o
Em outras vêzes, é colocado na frente da abside, extremidade leste, mas com frequência também era en-
thronon.
degraus. Na África do Norte, ou nã cerrada na parede oriental da igreja. Nesse ponto duas
pouco acima dos
en- salas retangulares foram criadas nos lados direito e es-
Grécia, fregientemente o altar fica na nave, imediatam
deg rau s da abs ide , ou mes mo no méi o da querdo, que serviam como sacristias. Na Síria, a partir
te antes dos
A col oca ção do gra dea do que mar cav a à do comêço do século V, a sacristia do lado sul tornou-se
nave central.
destas uma capela dedicada às relíquias dos mártires. Mais tarde,
área reservada para o clero fornece maiores provas
e ser- na liturgia bizantina, vieram a chamar-se prothesis e dia-
25 diferenças. O ambom (ambo), destinado a leituras
vár ias for mas : às vêz es fic ava lig ado ao gra- conicon (diacônico), desempenhando importante papel na
mõe s, tin ha
ia realização da synaxis eucarística.
deado, ou colocado mais para dentro da nave. Na Sír
Numa época em que a liturgia não tinha forma estrita
26 ele era substituído por uma tribuna (bema) — estrado
ici rcu lar , for man do uma con tra -ab sid e no mei o da — mesmo dentro de cada província — a edificação toi
sem
e no qua l o cle ro sen tav a-s e, em vol ta de uma est an- adaptada a necessidades diferentes, simultânea e sucessi-
nav e,
te, para a primeira parte do synaxis. No Oriente, a abside,
vamente. A basílica não era o molde que decidia a forma
ocasionalmente aberta para a nave, geralmente ficava se- a ser tomada pelas cerimônias, mas uma sala adaptável,
25. O Ambom. Séc. V. Leptis Magna, Homs, Tripolitania. alterada pelo clero, segundo suas preferências ou necessi-
O ambom da basílica cristã de Leptis Magna foi dades. É o que acontece ainda hoje: de acôrdo com o
construído com capitéis e lajes de mármore de monumentos recente Concílio do Vaticano, por exemplo, as velhas
pagãos, no eixo da nave da basílica civil erigida pelo basílicas estão mais uma vez sendo submetidas a mudan-
imperador Septimius Severus, em sua cidade natal, e
ças de origem litúrgica.
transformada em igreja durante o reinado de Justiniano.
Deve ser acrescentado que a basílica não se tornou tóda
a igreja, imediatamente. Durante muito tempo a comuni-
26. O “Bema”, Séc. V. Igreja Ocidental em Behyo, Síria
dade cristã utilizara casas de muitos cômodos diferentes.
Setentrional. Visto claramente no centro da nave, o bema
A basílica substituiu apenas o salão de reuniões, sendo cir-
é uma tribuna semicircular, usada na liturgia síria pelo
clero, durante a primeira parte da missa, para leituras e cundada geralmente por uma série de outras edificações,
pregação. dispostas à volta de um pátio, às vêzes em frente à fa-
chada ocidental e tratado como um elemento decorativo
— o átrio (atrium) — e às vêzes ao lado sul, tratado sim-
plesmente como um acréscimo utilitário. Entre essas edi-
ficações devotadas aos vários serviços episcopais estavam
o batistério, a sala de catecismo (o cathecumeneum), ca-
pelas dedicadas aos mártires, capelas funerárias e salas
que devem ter sido usadas como escola, escritórios e aco-
modações para o bispo, o clero e convidados. Novamen- 28
te aqui, havia uma grande série de variações; às vêzes as
plantas parecem ter sido concebidas pelo arquiteto como
um todo: em outras, percebe-se que o edifício cresceu
segundo as necessidades e meios da comunidade.
A forma tanto exterior como interior da basílica era
belíssima. Permitia interpretações tais como as magjestosas
colunatas de Santa Maria Maggiore, em Roma, e da 21
Igreja da Natividade em Belém, ou colunatas mais deli- IS
cadas e graciosas como as de Santa Sabina em Roma €
de S. Apollinare em Ravena. Existe a complexa edificação 27
de Jerash, na Jordânia, com seu propileu (propylaea),
suas duas igrejas uma depois da outra, separadas por um
27. A Nave de Sta. Sabina, 422/432 d.C. Roma. A planta colunas e capitéis, talvez de algum outro edifício mais antigo,
da basílica é tipica das basílicas romanas do séc, V. Belas contribuem para a graça e elegância da igreja.

pátio no qual, em dia de festa, representava-se o milagre


das Bodas de Canaã e o vinho brotava de uma fonte.
Ou ainda, a pitoresca austeridade das basílicas do sul da
Síria devido principalmente ao método de construção pelo
qual os telhados eram cobertos apenas com lava cortada
em grandes placas — o que tornava necessária a exis-
tência de uma série de arcos transversais. É também no-
tável o encanto das pequenas igrejas do norte da Síria,
construídas com suas vilas, com o calcário das colinas em
que estavam situadas, e nas quais há uma proliferação de
decoração esculpida cobrindo os capitéis, vêrgas e arca-
das, enriquecidas com moldagens que se estendem como 27,29b
festões de uma janela para outra ao longo das fachadas.
As basílicas cristãs dos séculos IV e V variam em
arquitetura e em decoração, de Istria a Tripolitânia, da 28
Espanha à Macedônia, o que torna a arte cristã de cada
província digna de um estudo em separado. |
Entre estas províncias algumas seguiram caminhos di-
ferentes, provavelmente em consequência de tradições ar-
quitetônicas diversas. Na Ásia Menor, por exemplo, apa-
receram em Binbirkilisse, as Mil e Uma Igrejas, as primei-
ras basílicas abobadadas. De dimensões limitadas, com na-
58 Vista aérea de Hippo Regius. Argélia. Vista aérea do ves laterais estreitas, quase do mesmo tamanho, cheias de
bairro crisl ão: a basílica com a nave terminando numa absi
de
pesadas colunas, eram muito escuras porque os construto-
e dois altares laterais, circundados por numerosas res não ousaram erigir um clerestório sob as abóbadas.
edificações dependentes — batistério, capelas, pátio, biblioteca,
São pouco mais que curiosidades, mas colocam o pro-
triclínio e moradias. Provavelmente Santo Agostinho aqui
passou seus anos como bispo.
blema que logo alteraria a arquitetura cristã.
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29 a, b. Qalb Louzeh. c. 500. Síria. Exterior da igreja visto OS SANTUÁRIOS DOS MÁRTIRES
do lado norte (a) sólida construção da parede entre
a nave e a colateral, os arcos regulares das janelas do A frequente presença de abóbadas e, aqui, de domos, pro-
clerestório, e a abside arredondada a leste. A porta do
porciona aos monumentos construídos para glorificar os
sudoeste, vista através do arco da extrema direita, é mostrada
mártires uma particular importância arquitetônica. Antes
aqui (b) para apresentar a típica decoração, elaboradamente
da Pax Ecclesiae, os ritos com que se honravam os márti-
esculpida, no portal (vide lâmina 27).
res nos cemitérios eram discretos, sendo êles venerados
pela comunidade da mesma forma com que as famílias
honravam seus mortos. Mas com o triunfo da Igreja
houve uma transformação evidente. Cada igreja orgulha-
va-se de seus mártires: acreditando, com alguma justifica-
tiva, que seu número não progrediria, foi elaborado um
calendário litúrgico, e cada santo passou a ser comemo-
rado no aniversário de sua morte. A Igreja também
começou a honrá-los com santuários que cresciam em ta-
manho e riqueza para receber as multidões que vinham
em peregrinação.
Especialmente em Salona, mas também em Trier em
Gaul, ou em Tipasa na Mauritânia, o desenvolvimento
dos monumentos pode ser traçado desde o simples túmulo,
mais ou menos decorado e ampliado, ao mausoléu ou
santuário. Mesmo em Roma, no sítio que se supõe ad
catacumbas, existia no século III apenas um simples mo-
numento cercado por um pátio para o qual dava uma
sala destinada às festas funerárias. Sabemos que essas edi-
ficações estavam ligadas ao culto de São Pedro e de São
Paulo. Depois da Pax Ecclesiae êsses edifícios foram de-
molidos e no seu lugar foi construída uma grande ba-
sílica semelhante a um circo romano, com uma nave que
provavelmente não era coberta. Em Roma as basílicas
eram construídas sôbre as catacumbas para permitir às
multidões glorificar os mártires sepultados ali, nas ga-
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lerias. Em Salona percebe-se o desenvolvimento das ba- 30


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30. Planta de Martyria, Cemitério de Marusinac.


Séc. V. 31. Martyrion de St. Babilas, 381 d.C. Antioquia-Kaoussié,
Salona, Dalmácia. Os túmulos dos mártires eram cobertos
sul da Turquia. Monumento cruciforme erigido em tôrno da
com um grande mausoléu ou mesmo uma basílica, às
sepultura do mártir Bispo Babilas. Não tem abside; o
vêzes precedida de pórticos. Alguns santuários foram ponto focal para culto situava-se no quadrado central, onde
agrupados num cemitério, com um pátio e algumas sepulturas foi colocada uma plataforma para o clero, próxima ao
de devotos cristãos. sarcófago do santo. O Bispo Melécio, que mandou construir
a igreja, também desejava ser sepultado ali.

abside lateral tríplice é encontrada em Corinto e Tebessa: mente do mausoléu de Galla Placídia em Ravena, que
isolada, em Jerusalém, ela forma o martyrion de São João tem um esquema análogo em miniatura. Esta planta seria
Batista. No Monte Nebo vamos encontrá-la sôbre o Tú- desenvolvida primeiro em Éfeso; sôbre o túmulo de São
mulo de Moisés; no Mosteiro Branco de Sohag, no Egito, João, em volta de um monumento quadrado com quatro
ela substitui a abside. Na Armênia, o quadrifólio (com arcos, similares ao de Antioquia-Kaoussié, foram construí-
quatro absides) é encontrado em vários lugares, em Ba- das quatro basílicas para formar uma cruz. O monumento,
garan e Vagarshapat, a moderna Echmiadzin, mas há planejado, parecia de alguma forma com uma basílica
também uma em Tsaritchingrad, na Sérvia. com o transepto projetado. Por outro lado, em Qalat
O quadrifólio também pode se tornar um baldaquino Siman, norte da Síria, em tôrno da coluna no tôpo da 26,27
aberto, ou dossel, com pilares e colunas circundando as qual S. Simeão Stilitas viveu durante trinta anos, foi eri-
absides. Do lado de fora, o monumento que a contém gido um octógono com oito arcos e, neste octógono, fo-
pode reproduzir seu formato, ou manter uma linha mais ram construídas quatro basílicas radiais, cada qual com 32a,b
simples, uma rotunda, por exemplo. Monumentos em tri- uma nave central e duas laterais. Não se sabe se o octógo-
fólio são encontrados na Síria, em Seleucia Pieria, Apa- no era coberto ou não: foi até sugerido que havia um
mea, Bosra e mais tarde em S. Sergio em R'safah. Há quadrifólio. Em tôrno dêste vasto e complexo monumen-
também um em Atenas, no pórtico de Adriano e outro to, de concepção brilhante, foram erigidos alguns edi-
em Perústica, na Bulgária. Talvez o exemplo mais antigo fícios monásticos, um batistério e igrejas adjuntas. Ao
49 da série seja encontrado em Milão, em S. Lorenzo. É longo de um caminho triunfal, saindo do vale e entre-
o mais monumental e o mais fiel ao método de construção cortado de arcos, ficava uma cidade de peregrinação com
romanos, tornando-se evidente que derivou dos mausoléus hospedarias e mosteiros. Este magnífico grupo de edifícios,
da Roma Imperial, apesar do nôvo desenvolvimento das ainda notâvelmente preservado, é o exemplo mais am-
plantas. Mas todos êstes edifícios tinham de enfrentar o bicioso e bem sucedido de arquitetura cristã anterior a
problema muito delicado da junção das abóbadas — pen- Hagia Sophia, em Constantinopla. S. Simeão Stilitas fa-
sadas em têrmos diferentes, segundo a forma da concha lecera em 459 e a construção do santuário foi iniciada
exterior. Mais do que o balanço da cúpula, às vêzes muito logo depois. Essa edificação é indicativa das honras pres-
leve, ou frequentemente substituído por um fôrro circular tadas aos ascetas, que agora recebiam em parte a venera-
de madeira, ou piramidal, era o trabalho dêstes -comple- ção antes tributada pelo povo aos mártires. O corpo de
xos secundários, quase sempre repetidos nos andares mais S. Simeão foi trazido de volta para Antioquia para pro-
altos, que forçava os arquitetos às inovações. teger a cidade, cujos muros tinham sido destruídos por
O desenvolvimento de formas mais simples é também um terremoto em 458. É possível que o Imperador Zenão
evidente. Em 381, em Kaoussié, nos arrabaldes de Antio-
tenha encorajado a construção do santuário em tôrno da
mandou construir um grande coluna numa tentativa de restabelecer a união entre os
31 quia, o Bispo Melécio
martyrion em honra de seu predecessor, S. Babilas, mar- cristãos, o que tentava ao mesmo tempo através de seu
tirizado sob o Imperador Décio. Constava de um qua- Henotikon, ou Édito da Paz.
drado com lados de quinze metros de comprimento, for- BATISTÉRIOS
mados por quatro arcos, um tetrápilo, semelhante áqueles
que eram construídos em encruzilhadas de estradas. Atrás Com exceção dos martyria, um estudo dos edifícios com
dêsses arcos estavam quatro recintos, cada um com vinte planta centralizada deveria incluir os batistérios, que
e quatro metros de comprimento, formando uma cruz nunca se desenvolveram de forma tão monumental. O ba-
livre, com os braços orientados para norte, sul, leste € tistério permaneceu o centro de uma das cerimônias fun-
oeste. Êiste monumento não era abobadado, diferente- damentais da Igreja em expansão. Na noite de Páscoa os
46

32 a, b. Qalat-Siman, 459/480. Síria. Santuário e convento os edifícios pórticos do mosteiro. Abaixo, cúpula do
de S. Simeão Stilitas. (a) Vista reconstruída do complexo batistério flanqueada por basílica lateral e prédios para
por volta do ano 500 segundo desenho de Georges Tchalenko. hóspedes. Os portões monumentais marcam o início do
Ácima, as pedreiras, depois o grande monumento caminho sagrado que desce para o vale, onde se desenvolveu
cruciforme irradiando de um octógono (bh) erigido em tôrno uma cidade de peregrinação com mosteiros e hospedarias
à coluna onde o santo viveu por trinta anos. À direita, lâminas 26 e 27).

catecúmenos adultos davam provas de sua preparação re- recimento da diferença entre os dois tipos de edificação,
ligiosa, recitavam os símbolos da fé e eram trazidos pe- que nunca tinham sido completamente divorciados. A
rante o bispo para a cerimônia de iniciação: mergulha- igreja tornou-se um martyrion e o martyrion tornou-se
dos nus três vêzes, e depois, ungidos e vestidos de branco, uma igreja, tendendo ambos a uma semelhança. Em
eram admitidos ao rito da Eucaristia. Em tôrno do re- Antioquia-Kaoussié não existe uma abside a leste, ao 31
ceptáculo de banho usado para imersão, coberto geral- passo que existe uma tanto em Éfeso como em Qalat 26.32a,b
mente por um dossel de pedra, os batistérios eram qua- Siman.
drados ou circulares, com uma planta em trifólio ou cru- O segundo fator foi a descoberta da planta cruciforme.
ciforme. Como os martyria êles introduziram o uso de Os santuários sempre tinham sido construídos em forma
cúpulas, as quais, como pode ser visto em Djemila na de cruz, quer os braços aparecessem do lado exterior da
Argélia ou em Salona na Dalmácia, quebram a unifor- edificação, ou ficassem no interior do prédio. Os braços
midade linear dos tetos das basílicas, pórticos e edifícios naturalmente resultavam das vigas necessárias aos pila-
externos. Dentro de um programa definido e com as res que sustentavam um domo. Da mesma forma, o tran-
formas tradicionais encontradas em tôda parte, os pri- septo de São Pedro formava uma cruz. Mas não se pode 19a,b
meiros arquitetos cristãos ainda eram capazes de expri- afirmar que a adoção dessa forma fôsse intencional. Na ar-
mir sua própria personalidade. quitetura pagã existiram muitos edifícios, termas e mauso-
Em todos êstes monumentos, a cúpula e a planta cen- léus, baseados numa planta cruciforme, para os quais não
tralizada por um lado, ou a basílica de outro, são justa- se dava um valor simbólico. Foi no fim do séc. IV que os
postos ou combinados, mas nunca mesclados. Cada ele- bispos — Santo Ambrósio talvez tenha sido o primeiro 50
mento mantém seu próprio sistema de construção. Mesmo — pensaram no símbolo: Forma Crucis templum est. O
nas basílicas com transepto, a existência de naves laterais templo é na forma de uma cruz: o templo é o Sinal da
perpendiculares não apresenta O problema da cobertura Cruz. Assim, à expansão do transepto ea introdução da
de um quadrado central: o teto retilíneo do transepto cúpula para 0 centro da basílica foram dados razão €
é perpendicular âquele da nave que se apóia contra êle. valor religioso, A basílica foi mantida, embora já não
Dois fatôres não-arquitetônicos levariam os arquitetos terminasse na abside, mas em um quadrado que precedia
do fim do século V a enfrentar o problema da cúpula. a abside, com os braços projetados e perpendiculares para
O primeiro dêstes foi a introdução do culto dos már- o norte e para O “sul, pronto para receber o domo bi-
tires na igreja paroquial e mesmo na catedral. Durante zantino. E foi o domo bizantino com o seu pêso e im-
muito tempo, a missa tinha sido rezada nos martyria dos pulso que modificou completamente os métodos e formas
cemitérios. A fusão dos dois cultos resultou no desapa- da arquitetura cristã no Oriente.
Ravena e Mosaicos

A HERANÇA DA ANTIGUIDADE

Para uma melhor compreensão da


arte nos sécs. V e VI,
nada melhor do que ir a Ravena. Esta cidade-refúgio nos
charcos que limitam o Adriático deve sua fortuna a
Augusto, que fêz de seu pôrto, Classe, a base para a frota
do Adriático. No início do séc. Vo Imperador Honório
ali se estabeleceu e sua irmã, Galla Placídia, governando
o Estado para o filho, Valentiniano III, de 425 a 450,
deu à cidade uma aparência de capital. Teodorico, o
chefe godo que, pelo acôrdo de Constantinopla, se tornou
o rei da Itália, também passou a residir em Ravena, con-
tinuando a embelezar a cidade. Na época da conquista
justiniana, Belisário fêz de Ravena a capital do exarcado
que representava o Estado Bizantino no Ocidente. O
desenvolvimento local da arquitetura e da arte dos mo-
saicos mostra uma mistura de tradição italiana com in-
fluências orientais. A importância relativa de uma dessas
influências, numa obra determinada, ou em Ravena como
33. Piso de Mosaico das Quatro Estações. Séc. IV. Antioquia,
um todo, estará sempre aberta a discussões. Mas em todo
Turquia. Composição típica de cenas irradiando de um
caso trata-se de um dos exemplos mais bem sucedidos e ponto central — mais tarde adotada para a decoração das
facilmente estudados de arte cristã. abóbadas em mosaicos. Êsse piso mostra a tradição dos
Durante dez séculos os mosaicos seriam a decoração pisos de mosaico usados na época de Constantino;
das igrejas orientais. Em Ravena, os mosaicistas tiveram influenciados pelos modelos clássicos, por sua vez
de resolver todos os seus problemas — técnicos, decora- influenciaram os mosaicistas posteriores.
tivos, figurativos e iconográficos. Sabe-se pouco da exten-
são em que os mosaicos murais eram usados antes do 34. Decoração da abóbada do Pantheon. c. 120. Roma.
A decoração de painéis em relêvo, típica da solução
séc. IV, apesar de terem sobrevivido magníficas coleções
romana para decoração de abóbadas.
de mosaicos de piso. 'O desenvolvimento desta arte pode
ser traçado a partir de suas origens na Grécia, de onde
se tornou extraordinariamente popular através de todo o
império romano. Descobertas recentes têm permitido o
35 estudo dos mosaicos de piso do séc. IV — na Síria, na
África, e, sobretudo na Piazza Armerina, a grande vila
siciliana para onde se retirou, segundo se supõe, o Im-
perador Maximiano, o sócio de Diocleciano, depois da vo-
Juntária dissolução da tetrarquia em 305. Nada sabemos
sôbre as paredes desta construção, nem de muitas vilas
africanas do mesmo período; contudo, parece que o afrêsco
ainda era a forma comum de decoração mural. Surprêsas
são sempre possíveis: em Pompéia, por exemplo, os mo- . “e sb si co

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saicos eram usados apenas na decoração de fontes. No


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século IV, são de alguma forma usados em monumentos


13 funerários, como no Cristo-Helios, ou Cristo-Sol, em um
dos mausoléus descobertos sob São Pedro em Roma e,
também, desta vez de uma forma monumental, nos mo-
14,15 saicos das abóbadas de Santa Costanza.
Não parece ter havido quebra de continuidade: os mo-
tivos decorativos de Santa Costanza, como já vimos, estão
diretamente relacionados à composição dos mosaicos de
piso da época. A primeira diferença surgiu mais tarde no
uso cada vez maior de cubos de vidro — os mosaicistas
limitavam-lhe o uso ao decorar os pisos,
naturalmente
por razões de durabilidade — cubos dourados para jóias,
vermelhos ou azuis para a plumagem de certas aves, às
vêzes verdes e azuis para representar o mar. Como seria
de esperar, êstes mosaicos mostraram-se muito frágeis e,
de uma forma geral, desapareceram.
Esta limitação não era mais necessária para os mosaicos
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35. Exterior de S. Vitale. 546/548. Ravena. Octógono da abside, cercada por suas complexas e simétricas capelas
exterior claramente identificável nesta ilustração; erigido sôbre dependentes. Não há embelezamento externo, sendo as
êle, o octógono central que circunda a cúpula. Do lado paredes de tijolos separadas apenas por ligeiros contrafortes.
direito a nave lateral é interrompida pelo teto perpendicular (vide lâminas 40 e 41),
do presbitério. A janela de arcada tríplice está acima

murais. Os fundos feitos de pedra calcária ou mármore bitério, tôda a decoração em mosaicos. Havia não só pa- 40,41
foram substituídos primeiro pelos azuis; depois pelos dou- redes inteiras a decorar mas também paredes interrompi-
rados, proporcionando às composições um brilho esplêndi- das por janelas e arcadas cegas, tímpanos semicirculares
do, e a mesma luminosidade dos interiores das igrejas e absides hemisféricas, cúpulas e abóbadas oferecendo tô-
bizantinas, encontrados pela primeira vez em Ravena. O das problemas complexos, mas excitantes para a imagina-
37,38,39 efeito azul do mausoléu de Galla Placídia, enriquecido ção dos decoradores.
pelo brilho dourado das placas de alabastro das janelas, As soluções básicas para os diferentes problemas não fo-
revela uma nova sensibilidade e sentimento de côr. Os ram necessâriamente encontradas nas oficinas de Ravena.
34 monumentos romanos com sua plástica decoração em pai- Muitas já existiam, bem como os motivos correspondentes
néis, cercando motivos pintados com profundas molda- escolhidos, nas pinturas das catacumbas cristãs ou sarcóta-
gens, não poderiam ter produzido nada que se assemelhas- gos, na arte monumental romana e mesmo em épocas an-
ce a êstes mosaicos. Nessa arquitetura de tijolos e re- teriores. Desde os assírios, ou mesmo antes, o motivo da
bôco são quase sempre as tiras de mosaicos e não as mol- procissão tinha sido adaptado pelos artistas numa compo-
dagens que são usadas para acentuar a estrutura das edi- sição retangular onde as figuras de igual altura seguiam
umas às outras em direção determinada pelo eixo do
ficações.
Os mosaicistas agora se defrontavam com superfícies a monumento. O tema da procissão militar foi seguido pelo
ser decoradas — ou melhor, com tôdas as áreas sólidas da procissão triunfal com um movimento em direção a
do interior, no meio das quais ficavam os espectadores. um deus ou um rei sentado ao trono, cercado às vêzes
(Continua na pág. 65)
Já em Ravena pareciam comprazer-se nas variações dessas
superfícies e massas. Havia basílicas cristãs do tipo normal, 29 (página seguinte). A Imperatriz Teodora. Séc. VI. Mosaico.
col una s, cle res tór io, teto s com vig as e abs ide aboba-
30,31, 42 com S. Vitale, Ravena. A pálida face atenta de Teodora, com
dada em forma de meia cúpula, e monumentos com uma seus enormes olhos fixos, aparece cercada com as pedras
planta centralizada — os batistérios poligonais abobadados preciosas de seu diadema, brincos e colarzs trabal
hados em
os
37 e o mausoléu cruciforme de Galla Placídia. Mas de tod madrepérola. A representação total está imbuída de um
espírito da
35 esses é o octógono de S. Vitale, monumento plenamente hierarquismo imperial. A glória de Ravena e O
ato da
bizantino, que alcança a culminância do estilo; incom- era biza ntin a estã o cap tad os nest e maj est oso retr

39 parâvelmente leve, conserva ainda intata, em seu pres- Imperatriz.

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30 (em cima). S. Apollinare in Classe, 31 (embaixo). Interior de S. Apollinare
Classe, perto de Ravena. À igreja Nuovo. c. 490. Ravena. A Basílica
foi consagrada em 549 por Maximiano, de S. Apollinare Nuovo foi construída
o primeiro Arcebispo de Ravena, por Teodorico. No interior, uma nave,
depois da reconquista bizantina. Esta duas colaterais e uma abside. As
vista mostra a projeção quadrada no colunas suportam arcos sóbre os quais
fim no nártex, o simples exterior da ala está o clerestório. Os painéis escondem
norte com seu clerestório e o as vigas do teto.
campanário construído mais tarde.

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curado, levando a cama aos ombros.


esquerdo, o homem miraculosamente
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35 (em cima). A separação das ovelhas 36 (embaixo). O fariseu e o publicano. narrativas ao lado, a decoração em
das cabras. Comêço do séc. VI. Comêço do séc. VI. Mosaico. S. mosaico do mausoléu em forma de cruz,
Mosaico. S. Apollinare Nuovo, Apollinare Nuovo, Ravena. Como na continua sem interrupção sôbre tôda a
Ravena. Outra cena da parede norte, parábola os dois homens rezam no superfície superior. As divisões
uma composição monumental com um templo: ao lado direito, o fariseu; ao arquitetônicas são indicadas pelas orlas
Cristo imberbe, entronizado entre dois lado esquerdo, o humilde publicano de mosaicos compondo grinaldas e
anjos. Esta cena é uma prefiguração do pedindo perdão. A apresentação simples motivcs geométricos. Dedicado a S.
Juízo Final. não desmerece a poderosa expressão, Lourenço, continha os sarcófagos de
Honório, Galla Placidia e seu marido
37 (página seguinte). O mausoléu de Constâncio III. A parte inferior das
Galla Placidia. Meados do séc. V. paredes é revestida de mármore
Ravena. Em contraste com as cenas cinzento.
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38 (em cima). O Bom Pastor. Meados 39 (embaixo). São Lourenço, Meados


do séc. V. Mosaico. Mausoléu de Galla do séc. V. Mosaico. Mausoléu de Galla
Placidia, Ravena. Sôbre a porta, a Placidia, Ravena. Ao entrar-se no
familiar cena pastoral do Bom Pastor mausoléu esta abóbada de luneta é vista
com seu rebanho. Próxima à arte exatamente em frente à porta. Esta
clássica e à pintura das catacumbas, esta cena deu origem a discussões, mas sem
representação difere apenas na dúvida representa São Lourenço
execução forte, graciosa, apesar de carregando a Bíblia e a Cruz, e O
fria. As côres se mesclam ao conjunto armário dos livros dos Evangelhos à
e a magnífica decoração da abóbada esquerda. Sob a janela de alabastro está
acima (figura 36). representada a armação onde o santo
foi torturado.

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40 (em cima). A abóbada do presbitério 41 (páginas seguintes). Vista interior de lhas de Mármara; a planta de edificação
de S. Vitale. 546/548. Ravena. S. Vitale. 546/548. Ravena. Os c os meios de construção também
Quatro arcos, um déles, decorado com magníficos arcos da igreja circundam as foram, provavelmente, importados de
medalhões de Cristo e dos Apóstolos, arcadas mais leves do deambulatório Constantinopla.
suportam uma abóbada de arestas; e do presbitério (em primeiro plano)
os unjos em meio à decoração foliácea dando ao monumento um efeito de
seguram em triunfo o festão central espaço e leveza. Os cupitéis € as colunas
do Cordeiro Abençoado. foram importados das oficinas das
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42 (página anterior). Detalhe das vestes 43. A imperatriz Teodora e sua comitiva.
de uma aja de Teodora, 546/548. 546/548. Mosaico. Parede sudoeste do
Mosaico. Parede sudoeste do presbitério presbitério de S. Vitale, Ravena.
de S. Vitale, Ravena. O manto é tecido Teodora e suas aias avançam em
com motivos geométricos e, sob o manto, procissão em direção ao Cristo,
O vestido simples tem suas bordas representado na abside. Carrega um cálice
ornadas de flôres. As côres e a habilidosa incrustado de jóias e está ataviada de
colocação das tésseras podem ser adereços majestosos. Dois dignitários a
vistas aqui em seu efeito total. precedem na igreja, na frente da qual
está uma requintada fonte. Os rostos
nobres de grandes olhos e côres
magníficas são a essência da arte
gloriosa de Bizâncio.
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46. A Transfiguração. c. 540. Mosaico.


Abside da Igreja da Virgem no
Mosteiro de Santa Catarina, Monte
Sinai. O soberbo mosaico permanece O
mesmo desde os dias de Justiniano,
assim como as vigas esculpidas do teto,
com inscrições dedicatórias. A
iconografia da Transfiguração permanecs
a mesma por muitos séculos: os
apóstolos nos medalhões sob o arco são
como aquêles de Ravena (vide
ilustração 40); aqui-e ali, parece certa à
presença de artistas bizantinos.
47. Vista da cúpula dourada de Hagia
Sophia, c. 563. Mosaico. Constantinopla.
A magnífica cúpula de mosaicos da
basílica foi construída pela primeira vez
em 537. Caiu em 558 e foi substituída
pela cúpula atual, que sofreu danos
em 939 e 1346. Apesar dêstes azares, à
gloriosa abóbada que paira sôbre
o majestoso espaço da nave permar
impressionantemente soberba.
65

de dignitários. A frisa do Parthenon era uma variação piscopal, nos batistérios, ou no presbitério de S. Vitale, é 41
livre dêste tema: os deuses no lado oeste recebiam uma
possível perceber uma decoração completa que parece ter
procissão de Panathenaeas, duas colunas de fiéis que uma maior unidade com as demarcações integradas num
depois de se reagruparem a leste, avançavam em direção todo, as faixas em tôrno dos arcos, e janelas com suas
a eles pelo norte e pelo sul. Êste tema tradicional foi colunas e moldagens. Agora as figuras tratadas individual-
3132 usado com magnífico resultado em S. Apollinare Nuovo: mente tendem a desaparecer. Certas figuras, integradas
partindo das cidades de Ravena e Classe, os mártires numa folhagem dourada, como em Galla Placídia, per- 37
saem do pórtico em direção à abside para oferecer suas deram qualquer identidade que poderiam ter apresentado.
coroas a Cristo e à Virgem. É curioso que o artista bi- Outras, cujos traços visuais estavam fixados pela tradição,
zantino do séc. VI tenha redescoberto o gôsto pela estrita são apenas notadas e reconhecidas numa segunda observa-
repetição e pela côr evidente na procissão de arqueiros ção; pois parecem à primeira wista apenas manchas de
em Persépolis. Sua técnica e o efeito produzido são cer- côr, cujo valor é dependente do esquema total. As pa-
tamente pessoais, embora o tema básico seja tradicional. As redes laterais dos presbitérios de S. Vitale são decoradas 41
procissões circulares dos zodíacos egípcios parecem ser as quase inteiramente com um fundo de pedras estilizadas,
| precursoras da procissão de apóstolos disposta em tôrno folhagens, flôres e animais, todos primorosamente dese-
de um medalhão central da cúpula do batistério. nhados. Sôbre êste fundo estão colocadas as figuras de
33,34,35 Em S. Apollinare Nuovo quadros históricos foram profetas, tão integrados nesta decoração profusa que di-
36,22,23 colocados em painéis sôbre o clerestório, da mesma forma ficilmente são notados, apesar de representarem episódios
2425 que em Santa Maria Maggiore, meio século antes; talvez específicos, tais como Moisés amarrando as sandálias. Da
os cristãos tenham revivido a tradição da decoração das mesma forma, na abóbada, os anjos segurando a grinalda
basílicas onde a forma arquitetônica determinava o es- que circunda o triunfante Cordeiro de Deus tornam-se 40
quema decorativo. Os apóstolos e profetas entre as jane- os elementos focais da decoração de folhagens que os
las, com magníficas conchas vermelhas e douradas sôbre circundam. A própria arquitetura é não só acentuada
as cabeças, são reminiscentes da disposição clássica das pelas côres que a cobrem, mas parece ter sido reinterpre-
estátuas em nichos. O todo dêste arranjo parece ser uma tada.
tentativa de reproduzir uma decoração em relêvo em OSAI CS
or jái$ estava deli-
5 . A decoração; das absides
| ensões OR MAS EM, MOS
RO STUS (HoROR AEO
duas dim
20 neada também, como pode ser vista em Santa Pudenziana, Contudo, logo que o observador deixa de olhá-las as fi-
e para as quais deve haver provas na Palestina. Em 5. guras assumem sua importância real mais uma vez. O pe-
42 Vitale e em S. Apollinare in Classe consiste a decoração ríodo coberto pelos monumentos de Ravena é particular-
em uma cena triunfal desenrolada no céu — o triunfo de mente instrutivo no desenvolvimento da representação da
Cristo ou de um santo numa cena simbólica ou figurativa figura humana. Comparando os dois grupos de apóstolos
do Paraíso. Êste tipo de representação, envolvendo uma ou os dois medalhões representando o Batismo de Cristo
vista frontal da figura principal, e a simetria das figuras nos batistérios dos arianos e dos ortodoxos, e comparando 45,37
de apoio e da decoração, apresenta uma visão global, até os profetas entre as janelas, e a procissão de mártires em
à extremidade da igreja, de uma imagem de devoção, S. Apollinare Nuovo, o observador defronta-se com a 31
portadora de notável efeito dramático. Através de tôda mesma profunda mudança. Desde o século V a estilização
das vestes vinha sendo muito acentuada, mas os rostos
a arte bizantina êste tipo de representação é encontrado:
mesmo quando a pintura apresenta uma cena definida, a ainda eram tratados como se fôssem retratos pintados,
com extrema sutileza na forma e arranjo das tesseras, nos 42
46 Transfiguração, na abside da igreja do mosteiro do Monte
Sinai, por exemplo, a frontalidade e a simetria são man- tons, no sombreado e na colocação de luminosidades.
tidas. Longe de ter havido uma tendência para a simplifica-
ção, ou decadente falta de graça no século VI, havia um
A DECORAÇÃO DA ABÓBADA nôvo estilo, mais bem adaptado à decoração monumental,
A composição da basílica com a distribuição de espaços € e que procedia de um espírito nôvo. Nas vestes, por exem-
massas e a existência de um teto independente do es- plo, não há prâticamente nenhuma tentativa de modelar
quema decorativo significa que a decoração é normal- ou sombrear as côres; elas são simplesmente indicadas por
um jôgo de linhas destinado a sugerir tanto o movimento
mente fragmentária. Mas com a construção das abóbadas
os mosaicos ganham domínio e a edificação recebe uma do material quanto os músculos que cobrem. Este uso de
arquie- contrastes de motivos escuros contra um fundo claro é
36,37,38 nova unidade. Seja em Galla Placídia, na capela
um efeito de côr. Isso é visto mais claramente quando a
48 (página anterior). Capitel de Hagia Sophia. Séc. VI. toga é substituída pelas clâmides (chlamys) e os tecidos
Éste belo exemplo de capitel e brocados. A indi-
brancos lisos pelos debruns coloridos mais
Mármore. Constantinopla. cação das dobras se torna cada apenas esboços;
vez
bizantino, com o monograma de Justiniano, o desenho
rendilhado e aberto das fôlhas de acanto, os rolos de de outra forma elas se afastariam da harmonia e con-
O À as.”
aminho e o motivo floral do ábaco, é um requintado
din: típico da magnificência de tôda a basílica. O mármore tinuidade dos esplêndidos e fielmente reproduzidos tecidos
bizantinos. É isto, em Ravena, que cria O surpreendente cá
veio provavelmente das pedreiras das Ilhas Mármara, de 5. Apollinare Nuovo
os capitéis e colunas de S. Vitale, Ravena contraste entre as duas procissões
assim como
(lâminas 40 e 41, figura 97). na qual as magnificentes vestes da côrte de santos são
36. Abóbada central de Galla Placídia,
Séc. V. Mosaico. Ravena. A cruz em
céu estrelado e os simbolos dos
evangelistas nos pendentes é uma simples
evocação do Apocalipse. Abaixo, os
Apóstolos erguem a cabeça em aclamação
(vide lâmina 37).

37. O Batismo de Cristo. Séc. VI.


Mosaico. Abóbada do batistério dos
Arianos, Ravena. Composição
processional dos Apóstolos: homenagem
ao trono simbólico de Cristo em
tôórno à cena do batismo coloca temas
litúrgicos e teológicos num cenário
arquitetônico. O ritmo da composição e
o caráter vigoroso da decoração
são notáveis.

38. O mosaico da abóbada. c. 500.


Capela do Palácio do Arcebispo,
Ravena. A disposição do assunto é
característica. Os anjos carregando o
medalhão com a cruz procedem da arte
triunfal romana. Os símbolos dos
evangelistas ocupam o espaço entre
os anjos.

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39. Presbitér IO de S. Vitale 546/548, a

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dois andares de colunas. A decoração
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do presbitério (vide lâmin a 41).

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as figuras dos mártires mantêm um certo relêvo, apesar ção da igreja, e as faces mais anônimas das mulheres e
da simplicidade com a qual as dobras de suas togas bran- guardas é uma boa indicação dos graus de estilização que
cas são desenhadas. É a isso que os dois famosos quadros ainda eram possíveis. Não é apenas devido ao corte e à
43,44 em 5. Vitale, representando Justiniano e Teodora trazendo côr das barbas que São Pedro e São Paulo sobressaem 40a,b
seus presentes à igreja, devem sua singularidade e magni- dentre os outros apóstolos e entre si. O mosaicista bizan- 4ab
ticência. Por mais característicos que sejam os rostos do tino ainda pode retratar individualidades dentro das limi- 4d í
29 Imperador, da Imperatriz, do bispo e seus seguidores, o tações do tipo estilizado. É
que primeiro surpreende o observador é o brilho incom- Também há muitas ocasiões em que as figuras deixam
parável da superfície colorida na qual o esplendor das de ser fixadas numa posição frontal por causa da simetria
vestimentas eclesiásticas e a riqueza dos costumes da côrte seja nas procissões ou em uma das cenas mais ativas. Eh:
mesclam-se a uma espécie de maravilhosa tapeçaria. contram-se alguns rostos completamente de perfil; entre-
Mas isto não é tudo. Contrariamente às aparências, os tanto, mesmo antes do séc. VI havia uma tendência para
personagens dêstes quadros não são estáticos. Longe de a adoção da atitude frontal em muitas faces. Os mártires
ser a representação de grupos de figuras sem movimento de S. Apollinare Nuovo, por exemplo, cujo movimento 32
que porventura tenham posado para o artista, os quadros de andar está sutilmente indicado pela inclinação nas bai-
compõem procissões, grupos de figuras caminhando, em nhas dos seus mantos ou roupagens, são mostrados quase
cenários diferentes, em direção a um Cristo Triunfante no totalmente de frente com suas auréolas criando o efeito
tim da abside, apesar dêste movimento quase desaparecer de medalhões, de tal forma que é o ângulo dos olhos o
na rigidez das vestes e na frontalidade das figuras. Esta que dá movimento à cabeça e mesmo ao corpo,
tradição artística é estranha ao Ocidente Romano, ori- Com o triunfo destas tendências penetramos numa nova
ginando-se no Oriente helenizado, onde as tradições que estética, na qual o realismo e o respeito por volumes e
Alexandre levou quase às fronteiras da Índia desenvolve- formas cede lugar à côr e à visão. É um mundo bidimen-
ram-se segundo suas próprias regras e resultaram em sional que se presta à expressão e ao simbolismo. Estas
formas artísticas bem diferentes de suas fontes européias. figuras hieráticas cercavam os fiéis, cujos olhares eram
Estas formas — que nos são mais familiares desde as vencidos por aquêles olhos que pareciam pertencer a pre-
escavações realizadas em Dura-Europos na Mesopotâmia senças sobrenaturais.
— têm sido desde então reconhecidas e analisadas. For- Em Ravena a contribuição oriental não chegou em solo
mam o que Michael Rostovtzeff chamou de arte parta virgem, sendo modificada e superposta às tradições oci-
e exerceram uma influência decisiva sôbre a pintura bi- dentais, que a arte cristã já havia adaptado: o que pro-
zantina. porcionou à arte de Ravena um sabor particular — sob
Naturalmente, os rostos são transformados — e é isso os auspícios do Estado Imperial e das necessidades da
que causa uma impressão mais significativa. A frontalida- Igreja.
de cria geralmente uma simetria total nas figuras: a cabeça,
| Aquas NAS NARRATIVAS siaCRISTÃS
vista completamente de frente, é dividida em duas partes CE
por um nariz que às vêzes ainda é apresentado com uma Foi dentro destas edificações monumentais e segundo esta
sombra lateral mas é no mais das vêzes sombreado dos nova estética que os artistas de Ravena trataram os assun-
dois lados. O nariz tende a desaparecer completamente tos cristãos que lhes foram encomendados.
e o rosto não é mais visto em relêvo, o que não é o mais É curioso observar que em Ravena a história religiosa
importante. Os olhos agora desempenham um papel es- — o Antigo e o Nôvo Testamento — parece ter sido re-
29 sencial: olhando fixamente, acentuados por uma espêssa legada a um segundo plano. Encontra entretanto sua ex-
arcada dos cílios fortemente sombreados, êles encaram pressão essencial nas duas séries de pequenas cenas co-
o espectador impiedosamente, criando a impressão de uma locadas no alto, entre as janelas de S. Apollinare Nuovo. 32,34
presença viva, sobrenatural. É fácil compreender como Esta decoração data da época de Teodorico e não nos
estas figuras tornaram-se objeto de devoção e ícones. surpreende descobrir em uma das séries de cenas a in-
Talvez no início isso fôsse apenas o resultado de uma téc- fluência direta da arte cristã primitiva, que sabemos ter
nica de representação, como nos retratos funerários de existido em Roma, nas pinturas de catacumbas e sarcóta-
Faiyum que no segundo século substituíram as máscaras gos. Nas representações dos milagres de Cristo; 0 para- 33
em relêvo nas múmias. Mas o efeito obtido é o que mais lítico, a mulher com hemorragia, a ressurreição de Lá-
tarde foi àvidamente procurado — e do qual a espiritua- zaro — as composições são as mesmas encontradas nos
lidade bizantina faria uso pleno. sarcófagos. Aqui também o Salvador, sem barba, está
Contudo, êstes rostos fixos, de olhos imensos, nada per- isolado, a meio perfil, seguido apenas por um discípulo,
deram de seu caráter. A forma oriental de representação tendo à sua frente os personagens do milagre, identifica-
certamente capta suas personalidades de uma forma di- dos por suas atitudes. Aqui e ali a composição varia: para
ferente, espiritualizando-as de certo modo. O rosto de o milagre da multiplicação dos pães, a perfiguração da
Eucaristia, e para a sepa raçã o das ovel has e das cabr as, 35
44 Justiniano, redondo, avermelhado e que mada tem de belo,
adquire uma certa majestade, mas permanece dêste mundo, um sinal do Juízo Final; a composição toma inesperada-
mente uma form a simé tric a e uma gran deza inte iram ente
E a diferença entre os retratos do Bispo Maximiniano e
o da figura que alguns estudiosos tentaram reconhecer nova,
*
69

41 a, b, c, d, e. Retratos de São Paulo


em mosaico, Ravena. Sécs. V e VI.
(a) no mausoléu de Galla Placídia,
(b) na capela arquiepiscopal, nos
batistérios (c) dos ortodoxos e (d) dos
arianos, (e) S. Vitale; a similaridade
das figuras mostra que a aparência
física do Apóstolo tinha sido firmemente
estabelecida não apenas por uma
descrição precisa, mas pelo modêlo
assim reproduzido.

Na outra parede, entre as cenas da Paixão, passa-se à cena estão ali como testemunhas bem conhecidas. Da
diretamente da traição de Judas para a Ressurreição: mesma forma em outras partes, os profetas e mártires,
como na arte mais antiga não há por que representar Cris- Reis Magos e anjos que nos transportam para além de
to humilhado, açoitado, crucificado e sendo descido da nosso mundo estão na cidade celestial. Os cordeiros de
cruz. As santas mulheres chegam imediatamente ao se- S. Apollinare in Classe são mostrados deixando seu re- 42
procura no corpo de Cristo a prova banho assim como os santos deixam o palácio de Teo-
pulcro; São Tomé
tangível da Ressurreição, e no mesmo momento comunica
dorico e o pôrto de Classe em seu caminho para o Paraíso.
O próprio Paraíso às vêzes é representado como um jar-
o resultado. Duas cenas desta série têm um encanto par-
36 ticular; a parábola do fariseu e do publicano e à negação dim de delícias, como aquêle do Pastor de Hermas, ou
como uma visão da Virgem e de Cristo guardados pelos
de São Pedro, às quais o artista concede subitamente
anjos, recebendo Cristo os fiéis como um imperador em
uma vitalidade pessoal e um gôsto pela vida, só encontra-
seu palácio. Em Galla Placídia os símbolos apocalípticos
dos nas outras cenas, entre os personagens secundários, Jó
com o estã o por um Cris to des uma niz ado e hie- dos quatro Evangelistas estão reunidos em tôrno de uma
ecli psad as
cruz de jóias colocada no céu: o boi (Mateus), a águia
rático. o homem (João). E na
(Lucas), o leão (Marcos) e
SIMBOLISMO. abside de S. Vitale, Cristo está sentado sôbre o globo
o, terrestre.
Mesmo quando ilustram algum outro episódio bíblic
Esta evocação de um mundo melhor, envôlto pelo azul
as pinturas com personagens nos outros edifícios de Ra-
o do céu e o dourado do sol, é encontrada em tôdas as
vena parecem ter um valor simbólico. Assim, o Batism
obras — e confere à decoração seu real valor. Profetas,
45,37 de Cristo, cena central na cúpula dos dois batistérios, as-
santos, apóstolos, mártires, estão em tôdas as partes pro-
sume ao mesmo tempo o valor de uma epifania, uma
sto -De us. Os apó sto los que assistem clamando e aclamando a divindade de Cristo e a verdade
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42. A abside, S. Apollinare in Classe. Séc. VI. Ravena. de cima, Cristo abençoando entre os símbolos dos
A paisagem encantadora e as ovelhas representam uma cena evangelistas. As doze ovelhas subindo em sua direção, partindo
do paraíso com S. Apolinário adorando uma cruz colocada das cidades de Belém e Jerusalém, representam as
em um medalhão estrelado, flanqueado pelos bustos dz almas salvas de fiéis. À direita e à esquerda, os arcanjos
Moisés e Elias numa evocação da Transfiguração. Na parte Gabriel e Miguel; figuras de santos aparecem entre as janelas.

de sua promessa. Em seus símbolos, como em suas córes, resplandecem como palácios e nos quais não há trevas,
a decoração das igrejas de Ravena revive a esperança de tristeza nem penitência. A traição de Judas e a negação
salvação. Alguns estudiosos têm observado a serenidade de Pedro são episódios do passado: aconteceram para
com que as pinturas das catacumbas representavam O des- consumar as profecias. Cristo veio e ocupa seu lugar real
tino dos pecadores; ali não há demônios, pecados, julga- no mundo onde mesmo os imperadores devem servi-lo.
mentos ou inferno: estamos muito longe dos Cristos ater- Cercado por seus anjos e santos, êle espera os fiéis no
rorizadores, demônios saltitantes e as multidões de amal- Paraíso. Até mesmo o Apocalipse se torna uma promessa
diçoados lançados ao inferno que por muito tempo man- e não uma causa de temor. Em Ravena o observador é
teriam o temor nos homens. Essas imagens estão igual- levado mesmo a indagar sôbre a eventual existência de
mente ausentes nestes santuários destinados aos vivos, que amaldiçoados.
43. Hagia Sophia. 532/537. Constantinopla. Entre os meias-cúpulas dos dois lados da cúpula central, e os
minaretes turcos a magnífica basílica desenhada por Antêmio contrafortes de suporte para o arco lateral.
de Trale e Isidoro de Mileto, é vista aqui mostrando as

O PROBLEMA DO DOMO O verdadeiro problema surgiu quando a cúpula teve de


ser colocada sôbre uma base quadrada: o que ainda era
Dizer que a arquitetura bizantina nasceu da introdução fácil, quando se tratava de monumentos pequenos, como
do domo na estrutura das igrejas — pode ser uma de- aquêles incontáveis marabouts, ou sepulcros de santos,
finição correta, se bem que inadequada. Afinal de contas cobertos com um domo, que acrescentam tanto encanto
já havia monumentos com cúpulas antes de Justiniano, às paisagens islâmicas. Uma pedra colocada depois de
alguns dêles realmente grandes, o Pantheon em Roma, por cada canto do quadrado era bastante para formar uma
exemplo, que data da época de Augusto. Houve até mes- base octogonal sôbre a qual a base circular da cúpula
mo certos santuários cristãos que adotaram a forma dos podia ser colocada. Esta pedra pendente pode ser subs-
mausoléus imperiais, sendo o primeiro a rotunda cons- tituída por um arco: ao ligar êste arco aos cantos com fé
truída sôbre o sepulcro de Cristo em Jerusalém. Mas os uma parte de parede abobadada, temos uma trompa; e
domos ainda eram tampas colocadas sôbre cilindros, em a cúpula apoiada em trompas teria uma longa história
paredes espêssas que não apresentavam dificuldade de tanto na arte cristã da Mesopotâmia quanto na arte romà-
suportar êsse pêso. As abóbadas de concreto inventadas nica do Ocidente.
pelos romanos para suas termas foram arredondadas em A dificuldade aumenta quando a cúpula deve ser co-
forma de cúpulas sôbre as caldaria, domps monolíticos, locada não sôbre um cubo de paredes mas sôbre quatro
que mais tarde tentaram tornar mais leves, misturando grandes arcos, como aquêles do martyrion de S. Babilas 31
pedra vulcânica, e até mesmo cadeias de cerâmica cilin- em Antioquia-Kaoussié. Estes apoiavam um teto pirami-
drica com a argamassa. As meias-cúpulas das basílicas dal de madeira, Para substituir êste teto por um domo,
forneceram também algum treino aos pedreiros. Algumas, mesmo o mais leve possível, é preciso que primeiro seja
na Síria, eram feitas de pedra escavada, mas em outros resolvido o problema dos apoios. Uma cúpula não esmaga
lugares eram de concreto mais ou menos leve — o que simplesmente os pilares que a sustentam, mas tende a for-
se tornava fácil, desde que as paredes de suporte fôssem çá-los para fora e cair.
redondas. A Ásia bizantina usava o tijolo como seu material de
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45. Planta de Hosios Lukas. c. 1040. Stiris, Grécia. Este


exemplo típico de igreja bizantina em formato de cruz no
quadrado, mostra como a cúpula central era suportada
por quatro suportes diferentes, formando um quadrado. As
três absides a leste também são características. A igreja
principal, o Katholikon, mostra a transição do quadrado para
a cúpula sem suporte interior, por meio de um octógono
sôbre arcos.

construção. Os romanos conheciam o tijolo, usando-o para


revestimento, trabalhos em série e, raramente, para a cons-
trução de paredes inteiras ou arcos de suporte: nunca
para as cúpulas. O tijolo é um material barato, de fabri-
cação simples, fácil de colocar e alinhar e fácil, por meio
de diferentes juntas de cimento, de formar um arco numa
moldura. Os engenheiros do séc. V tinham aperfeiçoado
a técnica da abóbada de berço — semicilíndrica — da abó-
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bada de arestas e, finalmente, o domo: então tornou-se
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fácil fazer as junções de cobertura de que as idéias au-
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daciosas de um arquiteto poderiam necessitar. Sabemos
muito pouco sôbre os desenvolvimentos preparatórios que
levaram a estas realizações técnicas. As obras-primas bi-
zantinas surgiram quase simultâneamente nos primeiros
trinta anos do século VI. Não se desenvolveram a partir
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da arquitetura romana, nem da antiga arquitetura da Me-


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sopotâmia, onde os tijolos tinham sido usados para a
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construção de paredes extremamente espêssas, mas em


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drado destinado a suportar uma cúpula. O pendente é um
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q triângulo esférico. É uma seção da cúpula que começa no
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canto do quadrado a partir do capitel do pilar e se ergue
E, 2) entre dois arcos perpendiculares até atingir o seu tôpo.
Os quatro pendentes encontram-se formando um círculo
colocado em cima do baldaquim formado pelos pilares e
arcos; êste círculo, portanto, repousa em quatro pontos
nas chaves dos arcos e também nas trajetórias sucessivas
dos pendentes. E a partir dêste círculo que a cúpula é
44. A Trompa. A igreja de Sta. Fosca, construída no séc. XI, erigida: quer diretamente ou a partir de um tambor —
em Torcello, mostra claramente o emprêgo de duas paredes levantadas sôbre plano circular — da altura de-
trompas, colocadas uma sôbre a outra progredindo das paredes sejada; não demorou muito para êste tambor passar a ter
verticais dos arcos para o tambor redondo que sustenta a janelas. A pressão do domo é assim distribuída sôbre todo 50
súplica (neste caso substituída por um teto circular de madeira). o extradorso — ou curva externa dos arcos — e desce,
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46 a, b, c, d. Filipos. Macedônia. (a) A igreja do séc. V é não afetam o plano básico da basílica. (c) As colunatas do
uma basílica com colunatas com abside projetada e séc. V suportavam teto de madeira de altura limitada
um transepto. (b) Uma planta análoga foi reinterpretada no enquanto a cúpula do séc. VI (d) domina tôda a construção
sexto século, onde a cúpula central e os apoios necessários da basílica, dando-lhe uma majestade inteiramente nova.

através dos arcos e dos pendentes, para os quatro pilares a estrutura básica estiver dentro de quatro paredes. No
do baldaquim. Assim, êstes pilares e arcos tinham de ser último caso haveria salas em cada um dos quatro cantos,
reforçados para que não caíssem com o pêso. As soluções que poderiam ser ligadas a um grande recinto cruciforme
eram em número limitado: de uma combinação destas se fôsse necessário, por aberturas de qualquer tamanho
soluções surgiriam os princípios básicos da arquitetura desejado e cujas abóbadas contribuiriam para o equilíbrio
bizantina. de todo o edifício. Estes esquemas teóricos, na verdade,
A primeira e mais simples destas soluções era conside- são plantas reais que foram usadas nas igrejas talvez com
rar cada pilar do baldaquim como o ângulo de duas pare- a adição de uma abside a leste e um vestíbulo — um
des: assim haveria quatro naves, em forma de uma cruz, nártex — a oeste.
procedente de um quadrado central. Naturalmente elas É igualmente possível, segundo os lados do quadrado,
seriam abobadadas: as paredes reforçariam os pilares e fornecer diferentes tipos de sustentação que na planta
a abóbada reforçaria os arcos, controlando assim a pres- e na elevação criariam dissimetrias. Por exemplo, poderia
são da cúpula. Estas naves abobadadas poderiam ser subs- haver uma abside com três abóbadas cilíndricas — de
tituídas por absides, cujas aberturas iriam fundir-se nos berço —, três absides e uma abóbada cilíndrica ou uma
arcos da cúpula e lançar seu pêso nas paredes que os abside, duas abóbadas cilíndricas e uma segunda cúpula.
apoiavam; e uma abóbada: poderia ser colocada entre o Estas complexas soluções seriam particularmente po-
arco e a abside. Finalmente os arcos da cúpula central pulares pela originalidade da igreja de planta basilical.
poderiam ser justapostos com quatro cúpulas secundárias, Esta planta constiste de um retângulo, que tem um eixo
de caráter semelhante ou não, que suportariam a primeira. dominante — e não quatro ou mesmo oito, como numa
Essas cúpulas, por sua vez, teriam de ser reforçadas do construção baseada no quadrado. Para que êste eixo
lado de fora. Portanto, temos três esquemas que automã- leste-oeste fôsse estendido podiam ser empregados vários
ticamente produzem plantas cruciformes — seja como recursos: simples acréscimos — uma abside no extremo
uma cruz livre, se os elementos de apoio são deixados se- leste, uma nave mais comprida a oeste. Mas as próprias
parados, ou como uma cruz encerrada num quadrado, se estruturas também podiam ser adaptadas. Assim, a partir
de um princípio técnico aparentemente rígido desenvol- Macedônia, uma do séc. V e outra do séc. VI. Suas plan-
veram-se vários esquemas distintos, dos quais surgiram tas, segundo os trabalhos de P. Lemerle, são muito seme-
algumas edificações perfeitamente originais. São êstes edi- lhantes. Parece evidente que o cliente, isto é, o clero,
fícios excepcionais que geralmente representam a arte bi- impôs ao segundo arquiteto uma planta-baixa que se
zantina nos livros: como todos os estilos também esta arte tornara necessária pelo costume. Mas os próprios prin-
é representada por suas obras-primas. Entretanto parece- cípios de construção tinham mudado — e quando erigi-
nos mais útil examinar primeiro a planta que era usada dos, os dois edifícios pareciam completamente diferentes.
mais comumente e que resultou da aplicação normal de Deixando de lado os exteriores — os pátios monumen-
princípios básicos. tais que davam para a velha basílica, o batistério que
continuava sua fachada e os dois anexos das absides la-
UMA PLANTA TÍPICA DE IGREJAS BIZANTINAS
deando a abside principal da basílica abobadada — os
A planta da cruz inscrita, com um domo central e abó- dois edifícios principais, incluindo o nártex, tinham 55 e
badas internas de sustentação, iria tornar-se depois do S4 metros de comprimento, respectivamente. Eram por-
primeiro período a planta típica de uma igreja bizantina, tanto de tamanho comparável; mas a fachada do mais
desempenhando o mesmo papel que a basílica com uma antigo tinha apenas 29 metros de frente, e 39 metros no
nave, duas colaterais e teto inclinado no período anterior. transepto, enquanto a outra atingia uma largura uniforme
O domo é o centro, assim como o tôpo, dêste tipo de de 33 metros.
edifício. Repousa na interseção de quatro naves de lar- A igreja do séc. V era uma basílica com três colaterais 46a,c
gura igual e geralmente muito curtas. O extremo da nave e galerias; tinha uma transepto projetado, 14 metros pelo
leste abre-se para uma abside projetada. A cruz está ins- lado de dentro, e uma única abside separada, A colunata
crita num quadrado, quatro recintos ligando as paredes continuava em tôrno do transepto, mantendo assim uma
das naves e as paredes externas. Êstes recintos são mais nave colateral da, mesma largura: uma balaustrada, co-
ou menos ligados com a cruz central dependendo do nú- locada entre as colunas, parece ter vedado o acesso da
mero de aberturas entre elas. Suas paredes podem ser congregação à nave central, assim como ao côro. O
perfuradas por várias portas, ou podem ser substituídas nártex, que também tinha uma galeria, era coberto por
por arcos apoiados em pilares nos quatro cantos do qua- um teto inclinado; a nave tinha um teto inclinado duplo
drado central. Os recintos adjacentes são abobadados, de que se elevava a 17 metros sôbre um clerestório; as ga-
forma a contribuir para a sustentação do prédio e as abó- lerias das colaterais tinham tetos inclinados simétricos. O
badas desempenham um papel mais importante quando edifício guardava algumas características originais, mas
as paredes são abertas. Podem ser achatadas, e podem era construído segundo a planta normal de seu período.
estar ocultas do lado de fora do prédio sob telhados com A basílica do séc. VI é baseada no mesmo esquema. É 46b,!
inclinação única, ou podem tornar-se domos — colocados uma basílica com transepto mas seus braços não se pro-
não nos braços da cruz mas entre êles — domos menores jetam para o exterior. Tem o mesmo nártex, a mesma
que se acrescentam à altivez do domo central. abside e também a mesma disposição litúrgica no côro:
As igrejas da Grécia, dos Balcãs e da Rússia geralmen- o synthronon, o altar colocado entre os dois tronos la-
te são baseadas neste tipo que, tratado às vêzes em grande terais, a balaustrada e o ambom estão em posições quase
escala, foi com certas variações o tipo de construção mais idênticas. Eram as exigências litúrgicas que tinham de
comum nos sécs. XI, XII e XIII, e mesmo posteriormente. ser atendidas no primeiro exemplo. Mas desta vez a in-
Entre os muitos exemplos em Constantinopla está Zeirek terseção da nave e transepto é coberta por uma cúpula,
Cami (Igreja de Cristo Pantocrator) e na Grécia, a igreja apoiada em pilares a cada lado da abside e no extremo
45 menor em Hosios Lukas em Fócida e a pequena Metro- da colunata da nave. A sustentação por trás da abside e
polis em Atenas. Também é encontrado entre as igrejas as paredes mais grossas nos ângulos das colaterais mos-
monásticas do Monte Athos e mesmo tão longe quanto tram uma preocupação no sentido de uma maior estabili-
50 em Trebizonda em Santa Sophia. dade.
Quando uma dessas igrejas tem suportes suficientemen- As colunatas terminam nos pilares: não continuam no
te leves e arcos abertos, o espectador encontra-se num transepto, formando, assim uma grande área de espaço,
recinto de aspecto quase basilical, com nave central e com altas abóbadas de berço — cilíndricas — nos braços
colaterais, não importando a forma do teto. Às vêzes do transepto e o domo central, que alcançava uma altura
tem-se a impressão de estar num único recinto sustentado, de 34 metros. A intenção é clara: a abside e os braços do
mas não dividido pelas colunas, e terminando muma transepto controlavam em três lados a pressão da cúpula.
abside. Poder-se-ia esperar uma outra solução simples no lado
ocidental quadrado central: mas aqui surge a necessidade
BASÍLICAS DE FILIPOS
de manter a forma da basílica — a exigência de cola-
O problema é diferente quando o arquiteto realmente terais separadas da nave central por uma colunata, e
quer preservar um tipo de planta já consagrado. Um também a necessidade de preservar uma galeria. Neste
exemplo particular ajuda-nos a compreender as profundas ponto o arquiteto teve de fazer inovações e considerou
mudanças na estrutura trazidas pelas novas técnicas e o todo de sua nave central, a área dentro das colunas,
o esfôrço imaginativo consegientemente exigido do en- como um recinto retangular, que cobriu com uma abó-
genheiro. Foram descobertas duas basílicas em Filipos na bada de arestas com 18 metros de largura e 26 metros de
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47 a,b,c, d. A Planta de(a) S. Vitale, Ravena, é praticamente de S. Vitale (c) dotou o monumento de elegância e
idêntica à da construção contemporânea de H. Serpgius leveza no alto das aberturas do octógono, efeito não obtido
e Bacchus (b), do séc. V. Os cortes indicam como o arquiteto na igreja de H. Sergius e Bacchus (d).

altura, que permanecia dominada pela cúpula principal examinar mais de perto um edifício do mesmo período:
mas ajudava a equilibrá-la, tendo sua própria estabilidade S. Vitale, em Ravena. S. Vitale, como Hagia Sergius e 41,39,48
mantida pelas abóbadas superpostas do nártex e das co- Bacchus em Constantinopla, é um caso especial. O domo
laterais. é sustentado não por um quadrado, mas por um octógono,
4bc,d A comparação das seções mostra o contraste completo marcado por oito pilares de canto, paralelos às paredes ex-
entre os dois edifícios. A basílica anterior com sua longa ternas, que suportam oito arcos elevados. ÉÊstes oito arcos
colunata de dois andares deve ter sido de aspecto agra- são as aberturas de oito meias-cúpulas, que assim su-
dável, e talvez até majestoso. Mas nada tinha de com- portam a cúpula central. Os arcos, por sua vez, não são
parável à área de espaço obtida no segundo edifício pela formados por paredes sólidas, mas por duas filas de co-
sucessão no eixo da abóbada de arestas e a cúpula. Esta lunas muito finas e arcos muito leves que proporcionam
solução, completamente nova e bem sucedida, parece, da a tôda estrutura uma aparência arejada, transparente. Estas
mesma forma, um recurso destinado a resolver um pro- meias-cúpulas são necessàriamente sustentadas por colunas,
blema particular: fidelidade à tradicional planta-baixa, em duas filas, unindo-as às fortes paredes externas. Na
que o clero certamente exigia. colateral circular formada desta forma, a colocação das
Os arquitetos de Justiniano usariam método semelhante colunas é tão complexa que tôda a planta parece estar
na igreja de Hagia Irene em Constantinopla. Haveria duas oculta; pitorescas perspectivas são criadas acrescentando
cúpulas sucessivas, a primeira mais baixa do que a se- um encanto inesperado a uma estrutura puramente ló-
gunda e oval em seu formato. Não haveria um transepto, gica. As diferenças entre S. Vitale e Hagia Sergius e 47a,b,c,d
e as colunatas das colaterais continuariam em direção à Bacchus mostram o quanto o arquiteto ganhou com a
abside, a cada lado da cúpula principal. Era um outro tipo acentuação da altura e pela substituição das cornijas ho-
de basílica que, por meios semelhantes, foi reinterpretado rizontais por arcadas para sustentar a galeria, e ao fazer
em um nôvo estilo. seus módulos mais delgados. Mesmo dentro de um esque-
ma exigente e altamente técnico o talento individual pode
SAN VITALE E HAGIA SOPHIA
contribuir com alguma inovação.
Podemos agora estudar a planta da obra-prima da arqui- O problema que se deparava a Antêmio de Trala e
43 tetura bizantina, Hagia Sophia (Santa Sofia) em Cons- Isidoro de Mileto, os arquitetos de Hagia Sophia, era de
tantinopla. Precisamos, para compreender sua estrutura, ordem muito maior. A tarefa que Justiniano lhes con-
48. Interior de H. Sergius e Bacchus. Constantinopla. 525.
Os robustos arcos do interior desta basílica dão a
impressão de uma vasta área, mas faltam-lhes a leveza e
a delicadeza da arquitetura de S. Vitale, em Ravena.

ferira era da maior importância. Durante a revolta Nika da cúpula do Pantheon em Roma) a 23 metros do solo e 49b
que se seguira à sua ascensão ao trono, vários edifícios colocá-la sôbre quatro arcos: o que seria o ponto mais
construídos por Constantino em sua nova capital tinham alto de uma série de abóbadas, cobrindo uma área quatro
sido destruídos e queimados pelos rebeldes: como acon- ou cinco vêzes maior.
teceu com diversas igrejas, particularmente as da Sabedo- Decidiram adotar uma planta de simetria simples. De- 49a
ria Divina (Hagia Sophia) e a da Paz Divina (Hagia sejavam construir uma basílica retangular, na qual o com-
Irene). Hagia Sophia era tanto uma catedral quanto igre- primento fôsse o dôbro da largura. Portanto, o compri-
ja do palácio, que estava situado entre a igreja e o hi- mento era suficiente para estabilizar o domo por inter-
pódromo. Era preciso que o imperador declarasse seu médio de meias-cúpulas colocadas entre os arcos laterais
poder e sua glória com um monumento que fôsse mais e consequentemente com o mesmo diâmetro da cúpula
deslumbrante do que qualquer um já visto pelos homens. principal. Cada uma destas meias-cúpulas era sustentada
Segundo a lenda, o imperador, ao entrar na catedral fi- por três outras, ao passo que em S. Vitale o apoio é feito
nalmente concluída, exclamou: “Salomão, triunfei sôbre por quatro. Duas destas eram sustentadas por duas filei-
vós”. ras de pequenas colunas. A oriental era fechada para for-
O problema técnico que se deparava aos construtores mar a abside da basílica. No lado oeste, era substituída
era de uma escala semelhante. Tinham de levantar uma por um pórtico interno. Assim o eixo principal do edi-
47 cúpula com 23 metros de diâmetro (o mesmo tamanho fício tinha cêrca de 75 metros de comprimento.
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49 a, b. H. Sophia. 532/537. Constantinopla. E possível ver (b) A cúpula principal foi reconstruída em 588 por um
imediatamente na planta a grande área de espaço criada sobrinho de Isidoro de Mileto após um terremoto que destruiu
pela decisão dos arquitetos de manter a cúpula em seu eixo a original, de silhuêta mais achatada. A cúpula foi
principal com duas meias-cúpulas do mesmo diâmetro. reconstruída uma terceira vez depois de 989.

Os arcos dos lados esquerdo e direito da cúpula tam- | das outras. É um espaço único, não dividido por uma
bém tinham de ser sustentados: foram preenchidos por sucessão de curvas nas áreas superiores. Quando a luz 50
uma parede lateral de uma basílica, composta de uma inunda o esplêndido interior as magníficas paredes de 48
fileira de cinco colunas de pórfiro, suportando uma ga- mármore, as colunas de pórfiro e o ouro dos mosaicos
leria com mais cinco colunas que sustentavam uma cor- realçam sua majestade.
nija sob uma parede semicircular trespassada de janelas. a:
A EXTENSÃO DA INFLUÊNCIA BIZANTINA PRIMITIVA
50 Esta parede trespassada, forte como era, não suportava
completamente o pêso do grande domo: assim, enormes A arquitetura bizantina começou — ou quase — com sua
vigas internas foram colocadas contra a parede, por trás obra-prima. As edificações requeriam meios que já se
dos pilares, o que constituía apenas uma resistência es- encontravam à disposição dos arquitetos: mas os prin-
tática; quando mais tarde a cúpula foi superada, o pêso cípios utilizados de maneira tão magistral seriam usados
teve de ser aumentado e assim continuamente através da por muito tempo depois. Desde o primeiro período, e
história. Abóbadas de aresta superpostas entre os fortes dentro do domínio de influência de Constantinopla, gran-
arcos cobriam as duas naves colaterais de dois andares. de quantidade de igrejas mostraria uma excepcional ri-
Em S. Vitale as perspectivas são maravilhosas com as queza de imaginação.
abóbadas douradas aparecendo entre colunas com o céu Foi durante o renascimento macedônico que paralela-
através das árvores. Mas a impressão principal é da pró- mente à planta de cruz-no-quadrado, que já examinamos,
pria nave: quando se caminha do nártex através da porta se tornou comum um outro tipo de edificação que havia
central, vê-se a magnífica abside oriental e a cúpula prin- aparecido anteriormente na Macedônia e revivia a antiga
cipal brilhando com suas várias janelas. O observador é técnica de colocar a cúpula sôbre arcos. Foi formado um
levado a imaginar, com Paulo, o Taciturno, autor do recinto quadrado no qual a cúpula era sustentada por
sermão de inauguração, se ela não estaria suspensa aos oito pontos ao invés de quatro: os arcos das estruturas
céus por uma corrente de ouro. arcadas transformando o quadrado num octógono sôbre
Ao contrário das catedrais do Ocidente êste vasto re- os arcos principais. O desenvolvimento dos suportes in-
cinto aparentemente não é interrompido por reentrâncias, troduziu entre o recinto central e a parede externa, que
nem por colaterais; nem a surpreendente altura das abó- também era um quadrado, uma série de anexos de formas
badas parece deslocada da largura. Os anexos laterais pa- diferentes.
recem desaparecer. A largura é preservada em tôda a ex- Algumas das igrejas mais conhecidas do mundo grego
tensão do edifício; a cúpula e as duas meias-cúpulas pa- são dêste tipo, inclusive aquelas famosas por sua decora-
recem afastar as paredes ao invés de aproximá-las umas ção de mosaicos, que serão discutidas mais tarde.
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S0. Interior de Hagia Sophia. 532/537. Constantinopla. perfuradas dos arcos laterais são claramente visíveis
A elevada cúpula e a espaçosa abside da grande obra-prima nesta fotografia. Os medalhões árabes datam da época em que
bizantina parecem repousar numa sucessão de arcos. o prédio foi usado como mesquita.
Os pendentes sustentando a cúpula e as arcadas, e as paredes
st. A Catedral de Aghf'amar. 915/9721 Lago Van. Armênia.
A fachada oriental da igreja mostra a decoração
esculpida original, as volutas ornadas de folhagens e as
figuras em baixo-relévo. Construída para o Rei Gagik pelo
arquiteto Manuel, é um plano quadrado sustentado DOI quatro
absides, compreendidas no plano de uma cruz livre.

Os métodos de construção adotados pelos arquitetos


bizantinos não foram universalmente aceitos — mas se
disseminaram principalmente pelo mundo grego e eslavo.
No Ocidente, como veremos, o poder das tradições roma-
nas, no plano eclesiástico assim como no artístico, levou
a arte merovingia e a arte carolíngia em direção diferente.
Mesmo no Oriente, as regiões que tinham desenvolvido
anteriormente uma arquitetura particular persistiram em
suas próprias formas e através de sua resistência modifi-
caram os modelos, apesar de procurarem algumas vêzes
uma nova inspiração. A arquitetura síria do séc. VI de-
senvolve-se dentro de seus próprios têrmos. Sejam ba-
silicas ou edificações com a planta centralizada, as igrejas
da época de Justiniano provêm de precedentes locais. Nas
igrejas mais magnificentes havia uma tendência para subs-
tituir as colunatas das basílicas por grandes arcos coloca-
dos sôbre pilares baixos — como em Brad e Ruweha, o
que já tinha sido feito em Qalb Louzeh na segunda me-
tade do século anterior. Da mesma forma, as absides
projetadas, as fantasias das moldagens nas fachadas, as
formas achatadas de folhagem esculpida e os mosaicos
de formas florais fizeram parte da tradição síria durante comando nos exércitos e mesmo no próprio império. Ape-
cêrca de cingiienta anos. Quando construído por um dos nas Leão V (813-20) é reconhecido como armênio pelos
arquitetos de Justiniano ou sob sua influência direta — historiadores bizantinos; mas Basílio II, nascido na Ma-
como o grande dique de Antioquia no vale do Parmenios, cedônia, certamente pertencia a uma família armênia e
a capela e palácio em Qasr-ibn-Wardan na margem Constantinopla foi governada por famílias armênias duran-
do deserto, a cisterna da cidadela de Aleppo, o côro tri- te duzentos anos. Como prova de seu vigor, os armênios
fólio em Belém — o edifício parecia estrangeiro à região. permaneceram cristãos sob a ocupação árabe e, quando a
Em R'safah no meio do deserto, a cidade de peregrinação dominação bizantina, que progredira consideravelmente
construída em tôrno da sepultura de S. Sérgio, talvez seja durante o séc. XI, foi batida pelos seldjuques, em
o único exemplo de um compromisso. Manzikert, em 1071, os armênios cruzaram o Taurus, e
No Egito acontece o mesmo, e acreditamos que não se estabeleceram na Cilícia para escapar a esta nova
houvesse quebra de continuidade entre os edifícios dos dominação.
séculos V e VI, ou mesmo aquêles que os coptas con- A evangelização da Armênia foi realizada muito cedo.
tinuaram a construir depois da conquista islâmica. Come- Parece improvável que tenha sido um dos apóstolos quem
çaram como basílicas, às vêzes com um transepto, como primeiro tenha feito um sermão na Armênia; mas já em
na igreja de peregrinação de S. Menas próxima a Ále- 301 o rei Tiridates foi convertido por São Gregório, o
xandria, ou novamente como em Sohag e nos mosteiros Jluminador, e fêz do Cristianismo a religião oficial do
de Wadi-Natroun, com uma colunata interna ao longo Estado. Assim, como em outras regiões, nos séculos IV e
das quatro paredes, e um santuário trifólico: um tipo V estavam sendo construídas basílicas com três naves,
semelhante, datado do séc. VI, pode ser encontrado em que, em suas plantas, eram muito semelhantes às da Síria.
El Flousiyah (Ostracine). Mas os arquitetos armênios tinham seus próprios métodos
de construção, de tal forma que nesta época a maioria
ARMÊNIA de suas igrejas eram abobadadas -— abóbadas de cimento
Os monumentos da Armênia são mais complexos e ricos sôbre paredes de pedra com superfícies ligadas, mas com
pois a ocupação árabe não durou tanto e sua influência pedras cimentadas entre os revestimentos. As basílicas
foi menos profunda; a influência bizantina era também armênias em Ereruyk e Tekor têm assim um caráter pró-
mais direta. prio bem definido e são decoradas com moldagens ele-
Os armênios são uma raça voluntariosa e independente, gantes, como na Síria,
mas raramente foram capazes de manter sua liberdade, No século VII a arquitetura armênia tomou nôvo impul-
no alto planalto que ocupavam ao norte da Mesopotâmia, so: como em Bizâncio, tornou-se a partir daí uma arqui-
entre os territórios romanos e o Irã. Conquistados, suces- tetura do domo sôbre uma planta quadrada. Este esque-
sivamente, pelos romanos, persas e árabes, mantiveram ma que foi adotado na catedral de Echmiadzin, já no
personalidade suficiente para que os persas € árabes con- século V, resultou na criação de formas surpreendentes.
fiassem o govêrno de suas províncias armênias a mem- Os métodos de construção não tinham mudado: o tijolo
bros da aristocracia local; os armênios residentes em Cons- ainda não era empregado. Apesar das tentativas de tornar
tantinopla chegaram a atingir as mais altas posições de a massa mais leve pela mistura de matéria vulcânica com
S()

2 Catedral em Mtskhet. Séc. X. Geórgia. A planta da


catedral é comparável à de Ani, mas sua interpretação é mais
complexa. As belas moldagens que decoram a fachada também
são comparáveis às da igreja armênia.

mando um friso, e moldagens arredondadas sôbre as


janelas; mas o restante espaço livre é coberto ao acaso
por figuras em tamanho natural, medalhões e animais
em baixo-relêvo e por cabeças de boi e de leão em pleno-
relêvo. Os anjos e santos colocados frontalmente, em suas
linhas gerais e a técnica de incisão usada nas vestes,
lembram a transposição, para outra arte, das pinturas
armênias que são muito próximas à arte bizantina, cujos
traços foram conservados nesta mesma igreja. Mas a im-
pressão geral é completamente original; vários detalhes
parecem derivar de tradições não-bizantinas: os pés em
perfil, como na arte parta, por exemplo, ou um rei curvan-
do-se até o chão, como na arte sassânida, para não se
mencionar outras características que, como também rea-
parecem nas miniaturas armênias, podem ser consideradas
de origem nacional — com uma especial e encantadora
mescla de realismo e estilização. Esta escultura de facha-
da, estranha à arte de Bizâncio, acentua a qualidade inten-
samente individual da arte armênia.
GEÓRGIA

A arte georgiana encontrou problemas semelhantes: a


região do Cáucaso também era afetada por influências
políticas e culturais da Mesopotâmia e Síria, por um lado,
e do Irã sassânida, pelo outro: foi Miriam, o filho de
um rei persa, Sapor I, que se tornou rei da Geórgia, e
foi convertido em 323, quem primeiro trouxe o Cristia-
nismo para o país. Contudo, até o século VI, a Igreja da
Geórgia era um ramo da Igreja de Antioquia, portanto,
com uma dupla dependência.
Mas, a Geórgia, tal como a Armênia, desenvolveu uma
arquitetura original: usavam-se abóbadas, preferindo-se,
por isso, capelas com uma única nave e, mais tarde,
basílicas com as naves separadas por grossos pilares de
o cimento, domos de concreto muito mais pesados do que madeira ou mesmo por paredes não-vazadas. Assim, em
os domos das igrejas bizantinas foram colocadas sôbre Bolnisi-Kapanachki, nos séculos V e VI, apareceram igre-
paredes de pedra — de grande espessura, com pequenas jas tríplices. Também havia casos em que as três naves
aberturas para as portas; muitas das plantas das igrejas abobadadas davam para um nártex perpendicular que as
parecem compactas, com absides que se assemelham a unia (Nikapari, Zegani, no século VI). Outras basílicas
nichos e estreitos recintos laterais semelhantes a corre- com grandes arcadas são reminiscentes de edificações
dores. Internamente, porém, os edifícios parecem estranha- sírias.
mente mais leves: e no lado exterior, a planta parece Paralelamente, desenvolveu-se uma arquitetura com
estar compreendida em áreas cruciformes, com telhados cúpulas, baseada antes de tudo numa planta-baixa centra-
ocultando os domos e abóbadas, produzindo assim as li- lizada. Depois do século X a cúpula foi adaptada às basí-
nhas gerais de uma igreja. licas com grandes arcadas, que se tornou no século XII,
Êstes leves e graciosos edifícios de pedra são decorados finalmente, o tipo aceito. Nesta época, os laços entre os
no exterior com excelentes arcadas que acentuam ainda reis da Geórgia e Constantinopla estavam mais próximos:
mais a elevação. Às vêzes é acrescentada uma decoração a sobrinha de Bagrat IV da Geórgia casara-se com o basi-
esculpida que pode ser geométrica, com os motivos acha- leu Isaac Comnenus. Sem dúvida isto explica como os
tados, como em Ani, com moldagens leves, como em esquemas bizantinos foram introduzidos na Geórgia, e
Ptghavank, ou com volutas foliáceas rodeando figuras de imediatamente adaptados aos métodos e locais de constru-
animais. Todos êstes motivos são encontrados numa igreja ção, e como as plantas criadas na Geórgia passaram para
51 que é a obra-prima mais antiga (c. 915) da decoração o Ocidente — o que foi ajudado pela construção de
escultórica cristã, em Aght'amar, numa ilha do lago mosteiros georgianos no Monte Athos ou em Jerusalém.
Van. Salientando-se da parede de pedra e acompanhando Tais intercâmbios mostram a limitação da expansão bi-
tôda a fachada externa de um complexo edifício de zantina que se totalizava apenas quando não encontrava
planta cruciforme, cúpula octogonal e trompas nos cantos, tradições técnicas florescentes numa determinada área —
esta decoração não obedece a nenhuma regra. Há uma onde os novos desenhos podiam ser aceitos mas eram
cornija contínua sob o telhado, uma voluta foliácea for- adaptados de forma original.
Iconografia
ILUMINAÇÃO DE MANUSCRITOS
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O Cristianismo é uma religião do Livro. Em suas duas
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partes, o Antigo e o Nôvo Testamento, a Bíblia Cristã n

é preliminarmente Dce4 0604 vo Licor otras eres que povo] vo flu yu


um livro de história —. a história do
povo judeu e a biografia de Jesus. Certos capítulos têm
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um caráter lírico, litúrgico ou profético — os Salmos


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o Deuteronômio, o Apocalipse. Mas no todo o caráter
narrativo é dominante. je x
Foi talvez por razões pedagógicas ou por uma profunda " É
dA,
necessidade de retratar caracteres e acontecimentos do
texto sagrado que os cristãos muito cedo se voltaram para
a ilustração de livros. Há uma grande quantidade de exem-
plos de Octateucos, ou livros de Evangelhos, ilustrados
com miniaturas. Com poucas exceções, tais como os mag-
97,98 níficos manuscritos púrpura do Gênesis de Viena, ou os
Evangelhos de Rossano, que remontam ao século IV.
segundo se supõe, os exemplos que foram preservados
sao geralmente dos séculos X e XI, nas sem dúvida deri-
vando de uma longa tradição.
100 De geração em geração as iluminuras, assim como os
textos, foram recopiadas não apenas por espírito de imi-
tação ou carência de imaginação, mas porque as figuras
partilhavam do caráter sagrado e inviolável do livro que
lustravam: constituíam uma iconografia.
Ao mesmo tempo que os primeiros miniaturistas, os
pintores de afrescos e mosaicistas, procurando glorificar
os acontecimentos principais da história cristã nas igrejas,
também faziam representações, mas de determinados epi-
sódios. A disposição destas imagens separadas na arqui- 53. Crucificação. Séc. X. MSS Grec. 74, fol. 99. Biblioteca
tetura às vêzes tendia a formá-las em ciclos, e é difícil Nacional, Paris. As cenas seguem-se umas às outras numa
dizer quem apareceu primeiro, se o mosaicista ou o minia- estreita faixa sob o texto, segundo uma iconografia fixada,
turista. Parece que em alguns casos as ilustrações usadas embora o estilo tenha grande personalidade.
para apresentar determinadas cenas eram simplesmente to-
madas de empréstimo à arte monumental. Outras vêzes, posterior de um original primitivo. Pelo próprio tipo de
pelo contrário, parece que o pintor de igreja, precisando superfície disponível, as imagens seguem-se umas às outras
ampliar seu repertório, tomava um manuscrito ilustrado sem interrupção, em longas tiras, como a decoração da
55,56 como modêlo. Há uma homogeneidade explícita entre colunã de Trajano. Em manuscritos posteriores as cenas
muitas representações, não importando o meio pelo qual frequentemente apresentam, dentro de um espaço delimi-
se tenha originado. tado, composições que foram cortadas ou reagrupadas de
Os Evangelhos e Octateucos eram amplamente ilustra- uma forma que parece indicar a existência de antigos
dos. Cada parágrafo, quase cada versículo, tinha seu co- modelos. .
mentário pictórico. Como nas histórias em quadrinhos da A partir do século IV, os manuscritos, com frequência
imprensa moderna, é possível seguir a narrativa simples- cada vez maior, passaram a tomar forma de livros de per-
mente acompanhando as miniaturas; além do próprio gaminho — ou códices — nos quais a ilustração ainda
texto algumas poucas palavras gregas frequentemente são estava colocada em colunas, mas onde também podia ex-
apenas um breve comentário, registrando pouco mais que pandir-se até tomar tôda a página. Com isso as miniaturas
os nomes das figuras principais. A ilustração é contínua. tornaram-se verdadeiros quadros onde pintores qualifica-
Sabemos pouco sôbre a origem ou o antigo caráter des- dos podiam exercer seus talentos.
tas séries. No século IV, gregos e romanos usavam duas Geralmente o mesmo esquema é usado na representação
espécies de livros. Ainda havia os volumina, os longos de uma determinada cena, de um manuscrito para outro.
rolos de papiro, que aparecem nas mãos de tantas está- Nos episódios dos Evangelhos, que eram ilustrados cada
tuas de cidadãos romanos, e nos quais o texto seguia vez que o texto era recopiado, a semelhança é indiscutível.
regulamente de uma coluna para a seguinte. Segundo Para distinguir determinadas filiações de estilo, G. Millet,
os fragmentos que conseguimos reunir, parece que nêles em seu Iconographie de VÉEvangile, muitas vêzes teve de
a ilustração era limitada à largura da coluna e executada prestar minuciosa atenção a diferenças de detalhe.
54 por artesãos. O Rôlo de Josué, em pergaminho, é consi- Na tentativa de formar uma idéia do protótipo do qual
derado por K. Weitzmann como uma obra do século XI os manuscritos posteriores derivam, as cópias que sobre-
— e não, como outros estudiosos pensavam, uma cópia viveram até nossos dias têm sido estudadas de modo a
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54. O Pergaminho de Josué. Séc. X. Biblioteca do Vaticano, cenas recebendo os enviados da cidade de Gibeon, por
Roma. Exemplo da ilustração de texto com figuras justapostas êle vencida, que lhe pedem ajuda contra o Rei de Jerusalém
dando impressão de continuidade. Josué é visto em duas e seus aliados. Observem-se as personificações em estilo clássico.

55. A Ascensão. 586. Miniatura dos Evangelhos de Rabula. 56. A Ascensão. Séc. XV. S7 x 38 cm. Coleção Hann,
Biblioteca Laurenziana, Florença. O efeito monumental da Pensilvânia, Novecentos anos mais tarde, a mesma composição
composição lembra a iconografia das ampullae da Terra ainda é utilizada. Comparem-se especialmente os Apóstolos
Santa. A mesma disposição é encontrada em tôda a arte e os anjos, e a postura da Virgem Maria,
cristã ocidental (vide lâmina 115), exceto quanto ao
carro de Ezequiel, aqui transportando Cristo, anunciando
sua segunda vinda.
83

envolver uma análise em profundidade. Geralmente essa


s7 análise leva à conclusão de que no início havia apenas
um pequeno .número de modelos distintos, que mesmo
então tinham raizes em comum. E não deve ser esquecido
que no caso do Antigo Testamento a descoberta do ciclo
1,2 de pinturas na sinagoga de Dura-Europos significa não
se poder mais excluir a possibilidade de modelos judeus,
talvez até mesmo Bíblias hebraicas ilustradas, na Meso-
potâmia.
Mas êste respeito pelo modêlo não privava os pintores da
oportunidade de demonstrar sua habilidade. Nos Octateu-
cos, encantadoras variações revelam o naturalismo, o gôsto
pelo exótico, e o estilo cheio de vida de diferentes minia-
99 turistas. Embora o artista tivesse de manter fidelidade aos
modelos precedentes, essa obediência nunca era rígida,
havendo consequentemente grande margem de liberdade
para a interpretação dos manuscritos. É o que acontece
também e sobretudo no caso de pinturas em grande escala.

PINTURAS-MURAIS

A pintura bizantina foi considerada por muito tempo mo-


nótona, rígida e tão brilhante a ponto de ser de gôsto
duvidoso. Talvez para distinguir suas sutilezas fôsse neces-
sário estudá-la mais de perto: atualmente é possível dis-
tinguir não só as escolas provinciais mas também seus di-
ferentes estágios de desenvolvimento. Naturalmente sem-
pre se começa em Constantinopla e estuda-se o desenvol-
vimento da arte na capital; em seguida, a importância
dêste desenvolvimento na arte de cada província, perce-
57. A Noite e a Oração de Isaías. Séc. X. 36 x 26 cm.
bendo-se assim sua unidade bem como sua diversidade.
Saltério (Livro de Salmos) de Paris (MSS Grec. 139),
Talvez devêssemos começar nossa análise diretamente
Biblioteca Nacional, Paris. A clássica personificação da
do princípio. A arte cristã estava em suas experiências Noite ainda mantém as vestes, o véu esvoaçante e a atitude
iniciais quando o império, com a fundação de uma nova da pintura helenística, assim como a técnica, neste livro
capital no Bósforo, começava a perceber a importância bizantino de salmos, copiado de um manuscrito anterior
fundamental de suas: províncias orientais. Mas estas pro- (vide lâmina 100).
víncias, por sua vez, eram afetadas por influências que
vinham do oriente mais distante, da Mesopotâmia e do dade e volume. As roupas são afetadas pelo vento e pelo
Irã sassânida. Esta influência é fortemente sentida em sol, os rostos destinados a exprimir sentimento e, no ce-
33 certos pisos de mosaico dos fins do século IV descobertos nário, os edifícios afirmam sua solidez e as árvores são
em Antioquia, e também nas tapeçarias coptas dos mes- tocadas pelo vento.
mos períodos. A arte imperial de Constantinopla era sen- O estilo oriental, por outro lado, tende a apresentar o
sível a estas inovações, ocupando, por sua vez, uma parte mundo em duas dimensões. O espaço é abolido e substi-
considerável no desenvolvimento da arte cristã que foi tuído por fundos de uma única côr forte — azul-pro-
afetada portanto quase desde o início por uma influência fundo ou ouro-brilhante, Quando o fundo — edifícios ou
oriental, mesclada às tradições helenísticas que floresciam paisagens — não é suprimido, tende a ser pouco mais do
em ambas as partes do império. Foi o que já observamos que indicações de uma cena sem perspectiva ou ilusão. As
em Ravena, onde confronto de modelos e estilos de Roma figuras perdem seus corpos e tornam-se séries de contor-
e Constantinopla é evidente em cada edifício. Entre os nos frontais. O tratamento dos brocados é achatado e 58
temas que a tradição cristã transmitiria às gerações mecânico e suas dobras uma série de linhas geométricas,
seguintes, alguns foram tratados originalmente em estilo substituindo o modelado por uma repetida decoração co-
helenístico e outros em estilo oriental. Mas, dentro de um lorida ou um jôgo abstrato de linhas. As características
dado motivo, fregiientemente podiam ser feitas tentativas faciais são desenhadas forte e simêtricamente sôbre uma
de transcrevê-lo de um estilo para outro. superfície achatada onde os grandes olhos, envoltos na
60 Para sermos mais precisos, o estilo helenístico é espaço- contemplação do Além, brilham com um esplendor sobre-
so, leve, flexível e gracioso, cheio de figuras fluentes, natural. Estamos num mundo hierático e magnificente,
movimentando-se num mundo tridimensional, conseguido que evoca, com certos gestos adequados, cenas transporta-
com efeitos de chiaroscuro (claro-escuro). O desenho cria das do mundo real para o da liturgia.
figuras vivas às quais as côres sombreadas dão profundi- Naturalmente estas duas tendências se entremeiam, espe-
cialmente pelos recursos da pintura bizantina, que pode se
valer de quatro técnicas, pelo menos. Há a pintura de
cêra para os ícones, geralmente retratos pintados em pe-
pedaços de madeira; a miniatura, usada para ilus-
quenos
trar manuscritos em pergaminhos, onde as ilustrações de
página inteira às vêzes se assemelham a ícones, e cenas
complexas algumas vêzes relacionam-se aquelas encontra-
das na decoração mural, mas tratadas em escala muito
pequena; há o mosaico mural, que é tanto decoração mo-
numental quanto uma figuração de personagens e cenas
dramáticas ou estáticas; e, finalmente, afrescos, que tra-
tam dos mesmos assuntos, mas com uma flexibilidade
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muito maior.
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Cada técnica tem suas limitações e suas preferências. O


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mosaicista não tem nem a liberdade do pintor de afrescos,


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de córes brilhantes. Os assuntos são os mesmos, a maneira


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pela qual serão representados geralmente está predeter-


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minada, mas o mosaicista, como o miniaturista ou o pintor


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tor de afrescos. Parte de seu sucesso deve-se ao aspecto


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monumental de sua técnica. A Virgem' na abside de Tor- 80
cello, uma delgada forma azul contra um céu dourado,
deve muito de seu esplendor ao próprio material de que
é feita; e o Pantocrator em Dafne também deve seu efeito 73
esmagadoramente majestoso ao material. Muitos ícones e
miniaturas extraem um efeito de magnificência de seus
fundos em ouro, o que é surpreendente em obras tão
pequenas, mas que de nenhuma forma prejudica a deli-
cadeza da expressão. Mas os mosaicistas são quase inca-
pazes de captar a vivacidade e atmosfera que chega natu-
ralmente ao pintor de afrescos e pode ser vista no traba-
lho de alguns miniaturistas.
Todo artista deve usar sua própria técnica, ser guiado
pelas qualidades de seu material e escolher o efeito que
deseja obter com os meios à sua disposição. Mas pode
também abusar dêstes meios, ou traí-los. Há muitos mo-
saicistas que tentavam esconder o fato de estarem justa-
pondo cubos e procuravam pintar com os cubos. Também
há pintores de afrescos que cobriam suas paredes com
falsos mosaicos, como se a escolha de seu método esti-
vesse simplesmente ligada a um desejo de economia.
É possível que as diferenças de estilo que estamos ten-
tando estabelecer coincidam com uma diferença de téc-
nica: que o mosaico e o ícone fôssem naturalmente uma
forma mais oriental, o afrêsco e a miniatura mais helenis-
ticos. O gôsto pessoal de um artista é afetado não neces-
sariamente pela escolha de algo que apresente maior faci-
lidade mas por sua escola e período e pelos próprios sen-
timentos religiosos e artísticos que êle deseja expressar.
Este conflito, e alternação, esta mistura de duas corren-
om , tes estilísticas é universal — o que só recentem ente foi
S8. S. Sérgio. Séc. VI. Mosaico. Igreja de S. Demétrio, seslvel tercobe d fot ar ae forrar
Salonica. Os pilares da igreja foram decorados com ex-votos, P j ER É quam o as ENCEATIAS: GH POLE ai gs
doados pelos fiéis, retratando S. Demétrio e outros santos. possíveis comparações válidas entre obras que, distantes
Os mosaicos são em estilo oriental, estritamente frontais, pelo lugar de origem, são de impressionante semelhança
excluindo assim todo relêvo. em seus esquemas.
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59. Os Três Pais da Igreja. Séc. XII. Mosaico. Cappella séc. XII com os traços faciais estabelecidos pela tradição
Palatina, Palermo. Sicília. S. Gregório, S. Basílio e S. João (vide S. João Crisóstomo, lâmina 69).
Crisóstomo estão representados neste mosaico siciliano do

Neste campo os julgamentos de valor são perigosamen- sições mais simples como a cena da fileira de apóstolos
te subjetivos: um crítico sensível à arte decorativa, e que no Apocalipse de Kahrie Cami.
tente considerar as obras no cenário para o qual foram No meio de tantas obras, abrangendo nada menos de
concebidas, olhando-as da distância e ângulo certo, terá setecentos anos, estas observações ajudam-nos a sentir as
uma preferência natural por um estilo vigoroso, simplifi- ' semelhanças e as diferenças: a reconhecer em cada ocasião
cado e contudo sutil, que se mescle à arquitetura; êle se o que deriva de uma tradição e o que deriva de outra,
À 70,81 sentirá bem em Hosios Lukas (Mosteiro de S. Lucas) e a discernir em que momento intervieram a própria per-
ou mesmo em Monreale. Tratando-se de um crítico que sonalidade do artista, a expressão de seu próprio gôsto
seja atraído pela atmosfera, que julga cada composição e de sua sensibilidade.
por seus próprios méritos absorvendo o encanto das pai- ICONOCLASMO
sagens e os sentimentos expressos pelas figuras, sua pre-
Para explicar qualquer pintura bizantina é preciso consi-
ferência se inclinará para as obras helenísticas — os afres-
85,86 cos em Nerezi ou Boiana, onde será influenciado pelos
derar antes de mais nada a iconografia e a dualidade da
costumes estéticos adquiridos em contato com as pintu- inspiração do pintor. Finalmente, um importante fato his-
| | tórico não deve ser esquecido: durante uns cem anos a
ras de Pompéia, da Renascença Italiana.
as página s de um livro sóbre pintura bizan- arte figurativa foi declarada um anátema. Esta época é
Ao folhear
conhecida como a crise da iconoclastia. .
tina, o observador é atingido por êste intercâmbio de
estáticas Poucas provas artísticas desta crise foram conservadas.
59 estilo. As fileiras de santos ou de anjos e as cenas
Foram destruídos não só os textos oficiais dos impera-
da coroação do Imperador ou da Crucificação são alter-
os vastos movim entos da Trans figur ação ou da dores iconoclastas, mas também tôdas as obras de arte
nadas com
ao Limbo . Um exame mais detido mostra a orga- que tinham sido produzidas segundo os princípios do ico-
Descida
assumindo o contrôle das noclasmo. Pelo que sabemos, o iconoclasmo começou com
nização do estilo monumental
como na Natividade de Martorana, em uma intervenção de Leão III, o Isauriano, em 726, orde-
cenas complexas,
Palermo, ou infiltrando uma vibração de vida em compo- nando que fôsse destruída a imagem de Cristo em frente
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60. Agonia no Jardim. 1295. Pintura sóbre rebôco. Igreja 1. Destruição dos Ícones. Séc. XI. Saltério de Chludov,
de Santa Maria Peribleptos, Ochrid, Macedônia. Museu Histórico do Estado, Moscou. Livro de salmos,
Composição tradicional, mostrando Cristo três vêzes: duas contém ilustrações marginais, onde as miniaturas livremente
rezando, na presença dos anjos, e uma terceira vez, vindo desenhadas não estão emolduradas. A crucificação é
despertar os Apóstolos. O grupo de Apóstolos é apresentada com dois iconoclastas (à esquerda) cobrindo.
surpreendentemente variado e expressivo, Afrêsco assinado um ícone de Cristo com cal.
por Michael e Eutychios.

do Portão de Bronze do palácio imperial substituindo-a dos Concílios da Igreja, que naturalmente apoiavam as
por uma cruz. À inscrição colocada sob a cruz explicava decisões dos imperadores. A principal fonte de conflito
que o Imperador preferia um símbolo que representasse residia nas diferenças entre os imperadores e os diversos
Cristo ao invés de uma imagem muda e sem vida. Esta candidatos à sucessão. O restabelecimento final das ima-
luta entre os que apoiavam o simbolismo e os favoráveis gens, em 843, foi obra da espôsa do Imperador iconoclasta
ao antropomorfismo nas imagens já ocorrera na Igreja, Teófilo, a Imperatriz Teodora, agindo por seu filho Mi-
retornando neste período com uma violência não conhe- guel III. A nova fase se inicia com a restauração da
cida anteriormente, talvez por influência judaica ou, mais imagem de Cristo nos portões do palácio. A crise termi-
provavelmente, pelo exemplo dos muçulmanos. A relu- nava onde começara: tudo que restava era alterar mais
tância muçulmana de criar representações de sêres vivos uma vez a decoração das igrejas — Hagia Sophia em
nos lugares de oração, por mêdo da idolatria, trouxe como Constantinopla, por exemplo. O acontecimento ainda é
resultado a criação de uma arte decorativa, à qual edifí- celebrado na Igreja Oriental como um triunfo da orto-
cios como o Domo da Pedra, construído pelo califa omía- doxia. As miniaturas do Saltério (Livro de Salmos) de
da Abd al-Malik em Jerusalém, em 691, devem sua ex- Chludov faz uma série de alusões pitorescas aos aconte- 61
traordinária beleza. O édito iconoclasta de Yazid II, em cimentos dêste período.
721, causara a destruição em grande escala de imagens, Êste intervalo dramático e o desaparecimento de duas
inclusive de símbolos cristãos, nas igrejas da Palestina. séries de obras de arte não interromperam o desenvolvi-
E nem todos os cristãos, nem mesmo os bispos, eram mento da arte bizantina, como seria de esperar. Nota-se
insensíveis à acusação de idolatria. Muitos sentiam-se infe- contudo uma renovação nas relações entre a arte religiosa
riorizados diante daquela busca de pureza, particularmente e a arte imperial, cujo desenvolvimento até ali tivera
nas províncias orientais da Ásia Menor, onde 1esidia o rumos próprios com empréstimos ocasionais de uma a
apoio principal da dinastia isauriana, outra arte mas sem que houvesse uma mescla sistemática
A crise que se prolongaria com dramáticos altos e das duas. Mas os soberanos posteriores ao iconoclasmo
baixos, por mais de cem anos, causou a destruição de insistiriam em relacionar o Imperador a Cristo e seus
inumeráveis obras de arte, tanto em igrejas quanto em santos. O resultado foi tôda uma série de imagens que
outros edifícios. Isto explica os lapsos de nossa informa- expressavam claramente a natureza de uma monarquia
ção quanto à arte cristã oriental, anterior ao século IX. teocrática cuja autoridade procedia diretamente de Deus
O apoio dado pelos papas aos bispos favoráveis às ima- — que a havia investido, ao passo que a própria arte reli-
gens trouxe finalmente uma nova mudança na política giosa parece ter voltado às suas antigas tradições.
O Oadente

62. Sarcófago de mármore dos Pirineus. Séc. VII. Museu


de Ioulouse. A existência de oficinas onde artesãos
continuaram a trabalhar o mármore com motivos livremente
adaptados da arte clássica mostra a continuidade das
pesquisas artísticas no período merovíngio.

“MORE ANTIQUORUM” tetura do que as crises econômicas inevitâvelmente pro-


duzidas pelas profundas mudanças no sistema político e
Através do império romano — com as diferenças criadas nas relações sociais, como aconteceu nos séculos V e VI.
pela penetração desigual do Cristianismo nas províncias, Os chefes bárbaros, entretanto, demonstraram um desejo
arquitetos e decoradores deparavam-se com os mesmos imediato de construir: atitude que indicava sem dúvida
problemas, a partir dos mesmos princípios fundamentais. um estágio de certa estabilidade, finalmente atingido, com
Nos fins do século III e durante o século IV, a arte impe- o abandono de todo um passado nômade. Mesmo sem
rial não ofereceu suficientes variações entre as diversas atingir o nível das obras realizadas em Ravena por Teo-
regiões que nos levassem a esperar diferenças muito pro- dorico, que fôra educado em Bizâncio, todos os chefes
fundas. Havia os mesmos conceitos básicos, as mesmas desejavam edificar palácios e doar a seus súditos, conquis-
técnicas e precedentes: as variações de estilo que podem tadores e conquistados, vastas igrejas elaboradamente de-
ser descobertas, e às vêzes são encantadoras, não se afas- coradas. Em Toulouse, a catedral — a Dourade — pro-
tam da unidade religiosa e estética da arte crista. clama até em seu nome o esplendor de seu teto de ouro,
Portanto, é natural que não se encontrem contrastes fun- e em Auxerre e em Paris os príncipes gôdos e francos
damentais entre as edificações ocidentais e orientais. Foi competiam entre si, Clóvis construiu uma basílica dedi-
apoiada bâsicamente na arte romana que a arte cristã se cada aos apóstolos, à qual mais tarde foi dado o nome
62 desenvolveu na Gália: os sarcófagos da Provença estão de Ste. Geneviêve; e Childeberto, novamente em Paris,
63 diretamente ligados aos sarcófagos de Roma e as basílicas construiu uma igreja chamada Ste. Croix, em St. Vincent,
e batistérios do século IV foram construídos segundo prin- e uma catedral dedicada a St. Étienne.
cípios universalmente aceitos. É possível descobrir ocasio- Os lombardos em Pavia, Monza ou Como e os saxões
nalmente, além de influências diretamente romanas, uma em Kent ou na Nortúmbria exerceram esfórço compará-
certa inspiração síria, talvez na forma de um batistério vel ao dos francos e gôdos. Mas que modelos seus cons-
ou no desenho de uma voluta foliácea — devido à intro- trutores poderiam ter usado? Quais eram as suas tradi-
dução do Cristianismo entre os galo-romanos, primeiro nas ções? Quem eram êles, e quem eram seus operários? É
colônias sírias do vale do Ródano. Mas isso é questão de evidente que essas tribos nômades não dispunham de ar-
diferenças irrelevantes, quitetos nem de pedreiros na época em que finalmente
A Gália se mostraria depois mais conservadora do que se fixaram numa região. As edificações descobertas em
o Oriente. Em grande parte, pelo empobrecimento que várias partes da Alemanha, feitas de vigas de madeira
atingiria todo o Ocidente, como consegiiência de sucessi- e de barro, dificilmente poderiam exercer mais influência
vas invasões. A insegurança não é mais favorável à arqui- do que as tendas dos nômades árabes, em regiões nas
O
e.
quais os romanos tinham introduzido ou desenvolvido uma
magnífica arquitetura em pedra e argamassa. Os bárbaros
se lançavam ao império provavelmente por terem sido
expulsos dos territórios que ocupavam anteriormente como
resultado de uma convulsão social em cadeia que se ori-
ginava nas profundezas da Ásia; mas eram também im-
pulsionados pela atração de uma lendária civilização ba-
seada na agricultura e na cidade. Procuravam terra culti-
vada, e moradia: os habitantes da região seriam obrigados
a trabalhar para êles. As descobertas arqueológicas feitas
nos territórios pelos quais êsses nômades passaram mostram
a atração que um objeto do império romano despertava
nêles — quer tivesse sido por troca, negociações diplo-
máticas ou simplesmente pelo saque ou pilhagem. Uma
vez fixados, estabeleciam-se nas terras dos romanos, em
suas fazendas, em suas casas, em suas igrejas, obrigando
63 a, b, c, d. Plantas de antigos batistérios cristãos. Séc. V. os habitantes da região conquistada a construir: o que
(a) Albenga tinha uma planta octogonal com nichos internos, era feito, naturalmente, dentro do gôsto nativo local e
como às vêzes se vê na caldaria dos banhos romanos; de técnicas tradicionais. Na Itália, Gália, Espanha e Afri-
(b) Riez, uma planta quadrada com nichos nos cantos e ca, a arquitetura romana continuou em suas formas pro-
uma arcada interna octogonal; (c) a planta de Frejus, vinciais, às vêzes declinando durante os períodos de ba-
também quadrada, tinha nichos em arcos alternados em talhas e crises, às vêzes redescobrindo parte de seu antigo
forma retangular e de ferradura; (d) Marselha, uma planta
vigor quando um chefe estabelecia seu poder e fortuna.
quadrada com o octógono interior, nichos nos
cantos e colunatas. Se os migrantes não traziam consigo novos métodos
64. Decoração em bronze para uma bôlsa de dinheiro. arquitetônicos, pelo menos tinham desenvolvido, como os
Séc. VII. Encontrada em Wingles (Pas de Calais, França). celtas antes dêles, suas próprias técnicas para as artes
Museus Reais de Arte e de História, Bruxelas, Bélgica. menores, gravação em relêvo e esmalte, aprendidas pelo
Nos motivos angulares é possível decifrar motivos entrelaçados menos em parte com os persas ou os gregos do Mar Negro
e cabeças de pássaros. A peça central é composta por oito quando ainda estavam na Ásia ou no sul da Rússia. Ti-
animais em forma de S entrelaçados em volta de uma cruz. nham suas armas e armadilhas, vasilhas para beber, joa-.
lheria, e provavelmente também, apesar de nada ter res-
tado, seus tecidos e tapêtes. Todos eram decorados no
mesmo estilo que nada tem a dever à arte mediterrânea.
Este estilo não é representativo, mas decorativo, geomé-
trico e estilizado, às vêzes cobrindo a superfície com um
desenho linear; outras vêzes introduzindo motivos que
podem ser identificados tendo origem em vegetais, volutas
foliáceas, embora longe do realismo — e mesmo da trans-
posição mais abstrata — da arte greco-romana. Tudo é
sujeito ao ritmo complexo, à proliferação de linhas curvas:
e mesmo quando são introduzidas figuras de animais no
esquema decorativo, êsses motivos passam por tôdas as
transformações exigidas pela continuidade do desenho. 64
Essa arte poderia passar do bronze ao velino dos ma-
nuscritos. Era mais difícil transpô-la para a pedra e poucas
tentativas foram feitas com êsse objetivo, exceto nas Ilhas
Britânicas. De qualquer forma, o Cristianismo teria tido

(Continua na pág. 105)

49 (página seguinte). Interior de S, Lorenzo, Milão. c. 370.


A enorme estrutura em quadrifólio de S. Lorenzo é de
desenho de concha dupla, com o interior cercado de
deambulatórios e galerias, como pode ser observado nesta
vista da abside oriental. Apesar de muito ter sido alterado em
remodelações posteriores, a grandeza da planta e construção
originais ainda oferece uma idéia da importância de
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Milão no comêço da arquitetura cristã no Ocidente.


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S3 (página anterior). Trono de Carlos 54 (em cima). A Arca da Aliança,
Magno. Séc. IX. Placas de mármore. 799/818. Mosaico. Abside do Oratório
Aachen (Aix la Chapelle), Alemanha. O em Germigny des Prés. Um dos
trono está situado na tribuna, ou poucos mosaicos sobreviventes da época
galeria, no extremo oeste da capela de Carlos Magno; nêle há traços do
octogonal do palácio, construído para espírito bizantino, especialmente nos
celebrar a grandeza do Imperador do anjos maiores, o que pode ser um
Ocidente. De frente para o altar, o resultado da influência italiana. O
trono foi usado para as coroações pequeno oratório foi construído por
imperiais durante a Idade Média. Theodulf, Bispo de Orleans e Abade de
St. Benoit-sur-Loire, uma das figuras
mais notáveis da côrte de Carlos Magno.
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55 (página anterior). A Viagem para 56 (em cima). Santo Estêvão ante o 57 (embaixo). O apedrejamento de Santo
Belém. Séc. X. Pintura sôbre rebôco. Sumo Sacerdote. Séc. IX. Pintura sôbre Estêvão. Terceira cena na capela
Santa Maria em Castelseprio, Norte da rebôco. Cripta da Igreja de St. Germain lateral de St. Germain, Auxerre. O
Itália. Êstes afrescos parecem ser o em Auxerre, França. Os afrescos na Diácono volta-se para rezar em direção
trabalho de pintores gregos de pequena capela lateral dedicada a Santo à Mão de Deus enquanto é apedrejado
Constantinopla, e parecem pertencer à Estêvão representam três cenas da por dois hebreus. A porta de Jerusalém
arte da renascença macedônica. Contudo, vida do santo, Foram comparadas a é representada do lado esquerdo.
os italianos que os descobriram manuscritos mas devem ser derivações A cena é cheia de movimento e já
datam-nos do século VII. As graciosas da pintura de catacumbas ou antigos anuncia a pintura românica.
cenas cobrem as paredes de uma mosaicos de Roma.
pequena capela.
S&8 (à esquerda). Livro de Durrow,
Séc. VII. 24 x 16,5 cm. Trinity College
Library, Dublim. Esta página espiral
(fo. 3v, Codex Dumarchensis) mostra o
quanto êste motivo favorito dos
miniaturistas irlandeses pôde ser
entrelaçado e desenvolvido. Aqui o
desenvolvimento é altamente original e
mostra vínculos com a arte céltica
da Irlanda do período pré-romano,

59 (embaixo). Detalhe do livro de


Durrow. Séc. VII. Trinity College
Library, Dublim. O detalhs do elaborado
padrão entrelaçado de uma página
cheia de áreas decorativas similares
mostra a intricada tessitura das formas
com cabeça e cauda de animais e as
córes brilhantes, tão características dos
manuscritos srlandeses.

60 (à direita). Página de título do livro


de Kells. Fins do século VIII, comêço
do séc. IX. Trinity College Library,
Dublim. O comêço do Evangelho segundo
São Mateus: Christi generatio (fo. 34 r.)
mostra a ilimitada imaginação gráfica
e senso de côres do artista. À letra
toma a página tôda, enriquecida com
curvas e motivos cuidadosamente
equilibrados, cada um diferente do
seguinte.
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(página anterior). São Mateus. Fins do 62 (em cima). Capa dos Evangelhos de os outros painéis representam os
61
Echternach. c. 990. Marfim, ouro símbolos dos Evangelistas e vários santos.
séc. VIII, comêço do séc. IX. 33 x 24 em.
lavrado, esmalte e pedras preciosas. O painel de marfim, primorosamente
Livro de Kells (fo. 28v), Trinity
Germanisches Nationalmuseum, esculpido, representa a Crucifixão, com
College Library, Dublim. A figura do
Nuremberg. Os manuscritos dêste e dos a cruz sustentada pela figura agachada
Apóstolo parece estar de pé, embora
ços períodos anteriores (vide figura 76) da Terra, enquanto, na parte de cima, O
esteja sentado numa cadeira de bra
geralmente tinham capas de magnífico Sol e a Lua lamentam o Cristo
que se mescla à moldura decorativa,
artesanato, O exemplo mostrado crucificado,
Da mesma forma, as dobras de suas
vado provavelmente foi feito por encomenda
vestes formam parte do desenho avi
padrões entrelaçados da viúva Rainha Theophanu,
pelos típicos
irlandeses, e as formas de animais
representada na parte de baixo, à direita;
espiralados em volta das margens,
Seu filho, Otto III, está à sua frente;
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63 (em cima). Cristo Abençoando, bizantinas, e o motivo do entrelaçado Magno. Biblioteca Nacional, Paris.
c. 781. Biblioteca Nacional, Paris. De um da arte irlandesa. Este manuscrito, caracteristicamente
Evangelistário encomendado ao escriba carolíngio, foi dado ao mosteiro por Luis,
Godescalc, da escola da córte de Carlos 64 (página seguinte). São Marcos o Pio, em 827. Os motivos partem
Magno. Esta página contém elementos Evangelista. Comêço do séc. IX. basicamente de fontes bizantinas, mas
derivados das antigas tradições Evangelho de St. Médard de Soissons interpretados num estilo muito livre.
romano-cristãs (vide ilustração 12) e (fo. 180v.) Escola do Palácio de Carlos
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Carlos, o Calvo. 851. Biblioteca Nacional.

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Paris. O frontispício da Bíblia do Conde

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leigo de St. Martin de Tours (ao centro,
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em primeiro plano), dedicando ao
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e formal pela qual a Bíblia é oferecida
indica a preciosa natureza do presente.
Os detalhes arquitetônicos da moldura
são típicos das tendências clássicas
em Tours.

66. 67. O Relicário de Pepino. Séc. IX.


Ouro, esmalte e pedras preciosas.
18,5 x 18,6 x 8,8 cm. Tesouro da
Abadia, Conques, França. O relicário
foi doado à Abadia por Pepino de
Aquitânia (817/838). E um pequeno
cofre de madeira, coberto de placas de
ouro, lavrado em filigranas e decorado
com esmalte alveolado e pedras
preciosas. Na parte da frente, em cima,
a Crucifixão, com Cristo ao centro,
numa cruz emoldurada de pérolas; a um
lado, a Virgem, e do outro, São João;
na inclinação da tampa, o sol e a lua,
geralmente partes da iconografia das
crucifixões medievais. O outro lado do
relicário (embaixo) tem na tampa
duas águias com brilhantes asas de
esmalte translúcido. A parte de cima do:
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lavrado central do painel da tampa é


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decorada com um entalhe corneliano.


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Esta peça mostra poucos sinais de


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influência bizantina: pertence estritamente


à arte do Ocidente.
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dificuldades em introduzir sua iconografia em um sistema


gráfico tão estranho a tódas as suas representações, Jul-
es ga-se que Daniel entre os leões pode ser reconhecido na
fivela de um cinto encontrada na Suíça; mas êstes leões
são heráldicos e o próprio profeta está rigidamente estili-
zado — muito mais próximo ao Gilgamesh dos selos da
Mesopotâmia do que ao profeta das catacumbas. Na ver-
dade, através de todo êste período, arquitetos e pedreiros
diziam estar continuando a regra vitruviana: trabalhavam
more antiquorum, ou à maneira dos antigos.
Uma prova da atividade dos construtores, à parte os
textos, é a existência de oficinas nos Pirineus, onde o már-
more era extraído, sendo feitos ali sarcófagos, colunas e
capitéis que se espalharam através da Gália, com a rea- 65. Daniele os leões. Séc. VII, Bronze. 10 cm de comprimento,
bertura das vias de comunicação. Os capitéis, que são Museu de Friburgo. Suíça. Fivela de cinto encontrada numa
baseados em modelos de Corinto, são geralmente encan- sepultura em Tronche-Belon, perto de Friburgo, adaptação
tadores em sua originalidade extremamente bem trabalha- da arte dos povos migratórios a um motivo cristão. Tanto a
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técnica quanto a estilização do tema são características.
da. Mas, mesmo quando se afastam dos antigos cânones,
as fôlhas de acanto ainda se curvam afastando-se do ca-
lathos com grande flexibilidade para apoiar as volutas
projetadas nos cantos do ábaco. Segundo a maneira antiga,
os capitéis sãb encimados por partes de uma arquitrave:
mas desenvolvem-se segundo suas próprias linhas, bem di- 66. A cripta de St. Laurent, Grenoble. Séc. VIII.
Grenoble, França. Edificação em quadrifólio abobadado,
ferentes das linhas seguidas pelos marmoristas bizantinos
decorada com arcadas cegas e pequenas colunas de
— reduzindo as achatadas e pontudas fôlhas de acanto a capitéis pirinaicos.
uma alternação de triângulos prêtos e brancos.
51 Uma edificação como o batistério de St. Jean, em Poi-
tiers, um dos poucos exemplos sobreviventes dêste pe-
riodo, com sua decoração interior de arcadas cegas com-
pletando a linha dos arcos de apoio, tem um estilo muito
próprio, acentuado pelos sólidos capitéis em mármore dos
Pirineus, e as pesadas molduras que sustentam. Na cripta
em Jouarre, que provavelmente foi profundamente alte-
rada em seu caráter por uma reconstrução românica das
abóbadas, há colunas e capitéis pirinaicos, às vêzes quase
clássicos em estilo, ou encantadoramente originais. Cir-
52 cundam alguns sarcófagos muito diferentes, entre os quais
o da Abadêssa Theodochilde (662), cuja sóbria decora-
ção deriva de uma dupla fileira de conchas, separadas por
faixas de uma escrita que é em si decorativa.
A

66 A transição dêstes edifícios para os do próximo perio-


5

do nada tem de repentina — a cripta de St. Laurent, em


Grenoble (século VIII), ou o oratório de Germigny des
Prés, construído por um bispo da época de Carlos Magno.
Apesar do pouco conhecido a respeito das basílicas do
séc. VII, parece que, a partir do séc. VIII ou IX, elas
estavam ligadas de maneira definida às tradições romanas,
Em St. Denis, a igreja do mosteiro onde estava situado O

do
68 (página anterior). A Ascensão (fragmento). Comêço
mstadt.
séc. IX. Marfim. 14 x 9,3 cm. Landesmuseum, Dar
Este fragmento de marfim, pertencente a um tríptico, foi
Carlos
executado provavelmente nas oficinas da côrte de
Magno. A Virgem e os Apóstolos formam um BIUPO
compacto apontando em direção aos céus. O Cristo,
em
transportado pelos anjos, estava sem dúvida representado
outro painel. A intensa graça e movimento dêste
trabalho transformam o esquema bizantino.
67. Bainha Céltica. Lisnacroghera
(Antrim), Irlanda. Numerosos objetos
célticos em bronze foram encontrados
na Irlanda, datando de época anterior
à conquista da Inglaterra pelos romanos,
e nos quais se encontram motivos que
mais tarde foram retomados pela arte
cristã irlandesa.

68. O Cálice de Ardagh. Séc. VIII.


Bronze e esmalte. Museu Nacional,
Dublin, Irlanda. O ornato irlandês em
faixas é encontrado em trabalhos de
metal, assim como em cruzes de pedra
e nas miniaturas de manuscritos.

sepulcro do apóstolo da Gália foi construída no período Escócia, colonizada pelos irlandeses no século V: o que
merovíngio e redesenhada pelo Abade Fulrad sob o rei- parece ter sido resultado de um desejo de romper com
nado de Pepino, o Breve. Antes de ser concluída por tudo que lhe era caro; os monges irlandeses continuariam
Carlos Magno em 775, tinha uma planta baseada na ba- no mesmo espírito, emigrando em grupos para regiões
sílica de São Pedro, em Roma, uma basílica com uma distantes e às vêzes desoladas. Em 590, um monge cha-
nave central e duas colaterais, um transepto e uma abside mado Columban, da abadia em Bangor, partiu com doze
projetada. A capela da Abadia de Fulda tem uma planta companheiros para a Gália, estabelecendo-se finalmente
semelhante, mas com uma contra-abside, e o santuário de em Luxeuil, nos Vosges. Depois de muitas tentativas, e
São Bonifácio, o apóstolo dos germanos, desempenhava deixando na Suíça um de seus discípulos, Gall (cujo
o mesmo papel nacional. A introdução do monasticismo sepulcro iria tornar-se o local da famosa abadia), fixou-se
por St. Martin no século V criaria uma necessidade de em Bobbio, ao sul de Milão, onde morreu em 615. Pouco
esquemas mais complicados, que seriam tratados segundo depois, outro dos seus discípulos, St. Aidan, partiria de
os métodos tradicionais. Iona, estabelecendo-se em Lindisfarne, ao norte de Nor-
No que diz respeito à arquitetura, a Renascença Caro- túmbria, na costa leste, onde fundaria comunidades, tanto
língia não chegou a representar um nôvo ponto de par- ao sul como em Essex.
tida mas um florescimento de tradições. O monasticismo irlandês assim parece ter se espalhado
rapidamente pela Europa ocidental. Tinha suas próprias
A ARTE “INSULAR” regras particularmente severas e tendências teológicas pró-
prias que eram consideradas arcaicas pela cristandade ro-
No século VII a arte das Ilhas Britânicas contribuiria com mana e levaria a vários conflitos. Representava uma con-
um repertório nôvo de formas e um nôvo conceito de siderável realização intelectual; manuscritos latinos assim
decoração para tôda a Europa ocidental, o que alcançaria como irlandeses eram copiados e entre os monges havia
seu ponto mais alto na ilustração de manuscritos — que poetas, historiadores e cronistas. Logo começaram a escre-
desempenhou a maior influência no exterior. S. Columba, ver a vida de seus santos — começando com S. Columba.
nascido na Irlanda cêrca de 521, foi o fundador de um A partir de sua base em Lindisfarne, os irlandeses se
movimento cristão de grande intensidade espiritual. Agru- lançariam à conversão da Inglaterra saxônia, para onde
pando seus discípulos em mosteiros ou eremitérios, cons- já tinham ido missionários enviados por Roma. No século
tituídos de um grupo de cabanas em tôrno a uma pobre VI, por ordem de Gregório, o Grande, Agostinho esta-
capela, em Derry e em Durrow, tentava instruí-los, am- belecera-se em Canterbury (Cantuária); no séc. VII, um
pliando-lhes o conhecimento e tornando-os mais piedosos. asiático, Teodoro de Tarso, introduziu a cultura mediter-
69a,b,c Ele mesmo copiava manuscritos — e um dêles, o Cathach, rânea na Inglaterra. A êles devemos a construção das pri-
um fragmento de um livro de salmos, escrito na forma meiras igrejas de pedra na Inglaterra e, com a segunda
arcaica irlandesa de letras maiúsculas, e um dos poucos missão, todo um florescimento da arte romana, sem pa-
que sobreviveram, provavelmente é obra sua. ralelo no mundo germânico ou mesmo, naquela época,
S. Columba criou outros mosteiros na Irlanda antes de no reino franco. Essa influência é particularmente notável
se estabelecer em Iona, uma ilha distante da costa da na decoração de certas cruzes de pedra e na cópia de certos 70
manuscritos de inspiração italiana, tais como o Codex zida pela missão romana em Nortúmbria, foi que os
Amuatinus. irlandeses e seus discípulos nortumbrianos voltaram aos
O conflito entre as duas missões, que teve seu ponto de temas célticos para opor uma arte à outra.
crise com a fixação da data da Páscoa, terminaria com É certo que esta arte insular (usando-se o têrmo inten-
a nítida ascendência da organização romana sôbre a irlan- cionalmente para evitar controvérsias) está ligada, apesar
desa. Mas a atividade evangelística dos monges irlandeses de uma grande lacuna, dentro do que conhecemos a êsse
não perderia sua fôrça nem a sua originalidade. Assim, respeito, à primitiva arte céltica. Têm sido feitas várias.
em 678, Wilfred de York empreendeu a conversão da tentativas de preencher esta lacuna. Nils Aberg e Françoise
Friesland e foi seguido por Willibrord, que fundou a Henry têm enumerado esculturas ou objetos religiosos
abadia de Echternach no Luxemburgo. E foi de Friesland feitos de ouro, encontrados na Irlanda e que datam dos
que Wynfrith Boniface partiu como legado papal para sécs. VII, VI ou mesmo do séc. V — e cujos motivos
converter os germânicos. formam parte do vocabulário decorativo das armas e jóias
Na Grã-Bretanha, nos fins do século VIII, as invasões do período La Têne, isto é, anterior à chegada dos roma-
vikings tinham forçado os monges à abandonar primeiro nos na costa norte do Canal da Mancha. Incluem o escudo
em seguida lona, e depois dos terríveis mas- Battersea, ou as bainhas de espada encontradas em Lisna-
Lindisfarne,
croghera Grannog. As espirais com que estão decoradas 67
sacres a ordem retirou-se para Kells; mas logo os próprios
um também são encontradas no broche Arkakillen Grannog,
mosteiros irlandeses seriam ameaçados e destruídos, 68
ou no excelente cálice Ardagh, do século VIII. Curiosa-
após outro.
ociden- mente combinados com outros relacionados à arte copta,
Este movimento monástico difundira na Europa
das êstes motivos formam a própria base da iluminura insular.
tal uma arte da mais alta qualidade e bem diversa
Sua orig em ofer ece cont rové rsia s. Pare ce natural Parece notável que já possam ser encontrados em forma
outr as.
a arte embrionária em tôrno de algumas iniciais do Cathach. O 69a,b,c
que os monges irlandeses tivessem levado consigo
provar que que é mais surpreendente nos manuscritos mais decora-
irlandesa: contudo, certos estudiosos tentaram
s manu scri tos orig inár ios da Irla nda — o pri- dos é que, apesar de alusões à arte cristã do Egito, há
os prim eiro
o Cath ach de S. Col umb a — são carentes de uma ausência da própria tradição romana. Essa arte,
meir o foi
poucas concebida fora da influência das comunidades roma-
decoração mais preciosa, consistindo apenas de
grá- nizadas da Grã-Bretanha, decora a grande maioria dos
694,b,c iniciais em maiúsculas, levando a desenvolvimentos
o manuscritos escritos em irlandês; e mesmo se sua origem
ficos muito simples. Acreditam que a austeridade do sant
is- não fôsse de todo irlandesa era a arte dos mosteiros da
se opunha ao luxo da decoração, e que só em Lind
quando entraram em contato com à arte introdu- Irlanda.
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69 a, b, c. Iniciais do Cathach de St. Columba. Séc. VI. 70. A cruz de Bewcastle, Sécs. VII e VIII.
A fusão de
Academia Real Irlandesa, Irlanda. As iniciais dêste figuras ornamentais bárbaras e do tema dos
rolos de vinhas
manuscrito são de esplêndida qualidade gráfica. Procedem pode ser vista nesta antiga cruz nortumbr
iana. Motivos
das tradições célticas e anunciam as miniaturas irlandesas. similares são encontrados nos manuscri
tos irlandeses.
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71. St. Matthew. Séc. VII. 24 x 16,5 cm. Biblioteca do 72. Os Quatro Evangelistas. Fins do séc. VIII. 32 x 24 cm.
Trinity College, Dublim. O trabalho em faixas pode ser Livro de Kells. Biblioteca do Trinity College, Dublim. Os
visto novamente nesta página do Livro de Durrow, e o símbolos dos evangelistas são tratados como motivos
símbolo simplificado do Evangelista está ornamentado com heráldicos numa interpretação gráfica completamente
um motivo do tipo de mosaico também encontrado em livre. A moldura dividida em faixas permite grande variação
algumas das páginas alfombradas dêste manuscrito de motivos em espiral e entrelaçados. Os motivos não são
(vide lâminas 58 e 59). | sempre repetições exatas.

MANUSCRITOS IRLANDESES no, tão inexpressivo, tão prêso dentro de sua moldura,
simbolizando São Mateus no livro de Evangelhos de 71
Esta arte se constitui de elementos geométricos e temas Durrow, seria tomado no movimento do desenho no Livro
não figurativos — a decoração geométrica existia na de Kells. Não há apenas uma rejeição do espaço, mas o 60,61
arte mediterrânea dos períodos romano e cristão, mas era desenho gráfico substitui a forma externa. 72
uma decoração que emoldurava figuras, cenas ou fazia Mas as páginas manuscritas, apesar de completamente
parte de um mosaico de piso: nunca elaborada por si. Na dominadas por estas volutas, são extremamente variadas.
arte insular, por outro lado, o motivo domina tôda uma A forma das iniciais maiúsculas, a importância dada às
página: como prova disto, basta ver a primeira página linhas da escrita, as molduras que repentinamente surgem
do Livro de Durrow, que é de um intrincádo elaborado, na decoração, as formas decorativas às vêzes simétricas,
estranho à arte mediterrânea. A supressão quase total da às vêzes espontâneas, a magnificência das côres, que são
linha reta e do ângulo reto dentre os motivos dá às faixas tão ricas e arbitrárias quanto nos esmaltes, tudo isto
e margens a aparência de fitas que tendem a invadir todo contribui para uma impressão de exuberante imaginação
o espaço disponível, o que pode ser visto imediatamente — algo por demais vertiginoso para um artista mediter-
nas grandes iniciais. | râneo. Essa arte da Irlanda, que há apenas cingiienta anos
Quando motivos tomados do mundo animal são introdu- atrás era considerada como obra de bárbaros, é agora
zidos nesta decoração, parecem ser completamente envol- apreciada como uma surpreendente expressão da fé
vidos na dinâmica geral. Como foi visto, essa tendência cristã.
existia na arte dos povos nômades; e aparecera também
A RENASCENÇA CAROLÍNGIA
58,59 nas iniciais italianas. Em uma página do Livro de Durrow,
dificilmente é possível identificar cabeças ou patas no fim A Renascença Carolíngia não é mais considerada como
ou comêço das volutas; ou mesmo quando o rosto huma- uma iluminação repentina causada pelo gênio e autori-
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73 a, b, c. A Capela do Palácio. Aachen. Fim do séc. VIII.


(a) A vista interior da catedral em Aachen mostra a
disposição em três andares dos arcos do octógono central
na planta (b). O modêlo (c) mostra o exterior da igreja.

dade de Carlos Magno, apesar de ser tentadora a idéia origem de sua planta: um octógono muito alto, com um
de atribuir ao imperador franco um papel no Ocidente deambulatório. Pela planta octogonal e também por suas 73a
comparável aquele de Constantino ou Justiniano. Carlos colunas superpostas, lembra S. Vitale em Ravena. Mas é 39
Magno fôra a Ravena em 786 e a Roma no ano 800, e preciso examiná-la mais detidamente. A planta é bâsica-
certamente sonhava com gloriosos precedentes como Roma, mente simples e, como sua construção de grandes pedras, 73b
Bizâncio e Ravena quando decidiu criar uma residência é romana. Particularmente surpreendente é a firmeza, espa-
permanente para si em Aachen, uma pequena estação de ço e “altura do octógono interior — não apenas uma
águas numa região agrícola. Cercava-se de germanos que ambiciosa e hábil articulação de uma complexa e sutil
sempre ocupavam os postos de comando militar ou, como construção de pilastras. É uma questão de fôrça, não de
Eginhard, estavam encarregados da administração, mas leveza: em cima os arcos possuem um vão curto; os
capi-
tinha também assessóres estrangeiros. Alcuim, nascido em téis parecem romanos e não são coroados pela imposta
Yorkshire em 786, adquirira tal reputação por seus conhe- bizantina — uma almofada piramidal muito característi
ca
cimentos que o Imperador convidou-o para Aachen con- — mas por partes de uma arquitrave no estil
o romano.
fiando-lhe a tarefa de fazer reviver.a arte e as ciências. A interação das abóbadas parece uma série de
improvi-
Seu papel na organização das escolas, a Academia e a sações, particularmente a descaída da
abóbada de berço
capela do palácio, onde os manuscritos eram copiados, da galeria. Fundamentado em uma tradição
romana, com
foi de importância decisiva; graças à sua ação vigorosa alguma idéia talvez da compartimentização
bizantina, o
as influências artísticas insulares foram mantidas vivas na arquiteto teve de inventar suas próprias
fórmulas, sempre
côrte. Permaneceram estranhamente subordinadas, porque que sua experiência não lhe fornecia uma
solução: uma
em Aachen também havia provençais, Iombardos, roma- altura considerável, que de alguma forma
é oculta exte-
nos, sicilianos, gregos e gregos bizantinos — além de ára- riormente pela expansão do telhado da
galeria sob a lan- 73c
bes e judeus. Nesta córte cosmopolita, à qual o monarca terna da cúpula mas que parece surpre
endentemente ma-
confiava a proteção à cultura, arte e educação, foi dada jJestosa no interior.
a certos homens a tarefa de transcrever os textos litúrgi- A capela do palácio em Aachen lembra-nos mai
cos e sagrados em um nôvo estilo de escrita, a minúscula s S. Lo-
renzo em Milão — e os desenvolvimentos ma
carolíngia, e de ilustrá-los. Havia ourives e construtores —
is estrita- 49
e era necessário fundir tôdas as diferentes tradições.
53 Além de sua própria beleza, a capela do palácio em certa austeridade majestosa, que se devem à
Aachen tem importância fundamental pelo problema da altura e soli-
dez das juntas, e ao caráter mais decorativo
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74. Pavilhão de entrada para o mosteiro de Lorsch. 75. Tôrre da igreja paroquial de Earl's Barton. Séc. X.
c. 830, Alemanha. Encantadora decoração composta Northamptonshire. Tipo pouco usual de decoração; as
de uma série de colunatas, uma sôbre a outra, e uma tradições locais interpretam a arte carolíngia de
fachada policrômica. forma original.

trutivo da colunata interior. Em Aachen não há suporte Earl's Barton, com a decoração dos arcos angulares — 75
externo definido, mas um desenvolvimento original basea- êstes exemplos mostram que com respeito a elevações e
do em formas tradicionais, bem conhecidas no Ocidente. fachadas havia arquitetos de vigorosa imaginação.
Basta o exemplo do Domo da Pedra, construído em Jeru- PINTURAS MURAIS E MOSAICOS
salém, em 691, pelo califa Abd al-Malik, e baseado numa
[6 planta similar copiada da igreja da Ascensão no Monte As construções ocidentais do século V, como aquelas do
das Oliveiras, para sentirmos o abismo que separa os dois século IX, tinham sido decoradas em côres — por afrescos
mundos: a diferença entre o quiosque — todo aera- e mosaicos. Infelizmente êstes sofreram mais do que os
ção, côr e luz — e esta tórre -alta, ambiciosa e sombria. edifícios, e os poucos fragmentos autênticos que sobrevi-
Em nenhuma outra edificação carolíngia é encontrada veram em cada província tornaram-se por essa razão muito
a mesma ousadia: mas seus arquitetos mostrariam a mes- mais valiosos. Nota-se com alguma surprêsa que perten-
ma mestria. Jean Hubert descobriu as simples regras geo- cem a tradições diversas, tanto que às vêzes é difícil acre-
métricas nas quais êsse trabalho foi baseado: o triângulo ditar que pertençam ao mesmo período. Na Itália, natu-
equilátero. O palácio de Carlos Magno em Aachen, os ralmente, a tradição romana ainda era dominante. Suas
mosteiros como St. Gall (820) ou St. Riquier
(890) tendências iconográficas e técnica pictórica podem derivar
davam oportunidade a vastas € ordenadas concepções ar- dos mosaicos de Sta. Maria Maggiore, que data de 432-40.
Estas tendências e técnicas reaparecem mais tarde, por 22,23
quitetônicas, nas quais havia perspectivas de desenvolvi-
para volta de 470, em Milão, nas capelas ligadas a S. Lorenzo 24,25
mento de novas técnicas e novas formas. Voltavam-se
quando havia necessid ade de modelos. Depois da ou St. Ambrogio. Um gôsto pelo movimento, pelo grande
Roma
de São Pedro, número de figuras e cenas complicadas dá a êstes quadros 49,50
grande igreja da abadia de Fulda, a planta
de Roma, nada perdeu do seu prestígio. Reaparece, com uma certa vitalidade divertida, quase popular. As figuras
variações, em Hersfeld (980), Tours (995) e em St. Remi individuais perderam seu pêso e relévo, mas contrária-
Rheims (1000). As edificações dos séculos IX e X mente ao que frequentemente acontece na arte bizantina,
em
muito há em suas atitudes e traços faciais uma liberdade de
que sobreviveram até nossa época são certamente
diferentes entre si. A surpreendente fachada da abadia expressão que lhes confere personalidade. Estas tendências
de Corvey, na Alemanha (822), esbelta, achatada, avivada permanecem dominantes do século VI ao VIII nos peque-
tórres e altas galerias estreitas e marcheta das, a nos santuários romanos.
por suas
requintada fachada policrômica do portal do mosteiro de Contudo, numa pequena capela do século IX, em Castel-
74 Lorsch (princípio do séc. VIII); a tôrre quadrada de seprio, na Lombardia, descobrem-se afrescos que são ver- 55
dadeiramente bizantinos. Mostram grande encanto no jeito
pelo qual representam, através da côr, os caracteres da
tradição iconográfica. Podem ter sido pintados por um
ocidental, mas certamente por alguém que aprendeu dire-
tamente no Oriente. As influências bizantinas também são
encontradas em Cividale; mas muito mais ao norte, entre
Milão e o Tirol, mais uma vez encontram-se tradições
romanas: o surpreendente ciclo que cobre as paredes da
capela em Mustair, nos Grisons, com uma série de cenas

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do Antigo e do Nôvo Testamento e um Juízo Final,

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mantém a aparência de uma obra ocidental tanto em seu
colorido (rosa e ocre) quanto na composição da cena.

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As duas decorações em Mustair e em Castelseprio são

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quase contemporâneas e datam de período imediatamente
posterior à Renascença Carolíngia.
Entre as obras produzidas por esta renascença encon-
tram-se as mesmas disparidades entre as diversas edifi-
cações, quer seja dentro de uma mesma região ou de uma
região para outra. Como no Oriente, havia uma tendência
para a hostilidade aos ícones entre o clero franco dos
sécs. VIII e IX que resultou em Lorsch, na Alemanha,
76. Cristo e os Símbolos dos Evangelistas. Séc. VII. Os e em Oviedo, na Espanha, em uma decoração arquitetôni-
Evangelhos de Echternach (Cod. 61, fo. IV). Tesouro ca, por exemplo, em que as paredes eram divididas em
da Catedral. Trier, Alemanha. Os motivos em faixas dos painéis geométricos, ou pintadas em cenas de arquitetura
manuscritos irlandeses são evidentes nesta miniatura do fantástica. Subjacente a estas obras estava a forte tradição
famoso livro de Evangellhos do séc. VII, trazido para romana da decoração mural em mármore esculpido.
a Abadia de Echternach por monges irlandeses. Os símbolos
Em outros lugares os mosaicos permanecem figurativos:
estão pintados de maneira simplificada e estilizada,
na cúpula da capela em Aachen os velhos do Apocalipse
andam em procissão em tôrno ao Cristo triunfante —
77. St. Matthew. c. 750, 39 x 32 cm. Codex Aureus
um motivo criado no século IV em S. Paolo fuori le
(Evangelho) fo. 9v, Kungl-Biblioteka, Estocolmo. Esta
miniatura é uma obra-prima da arte monástica anglo-saxônica Mura, em Roma. Em Germigny des Prés, não muito dis-
de inspiração clássica. Em outras páginas do manuscrito, tante de sua abadia de Saint-Benoit-sur-Loire, Theodulf, 54
pintado em Canterbury, há um arranjo de ornatos em faixas bispo de Orléans, e amigo de Carlos Magno, escolheu
em estilo tipicamente insular. uma complicada decoração numa tradição clássica. Sabe-
mos, pelos textos, que representava personificações das
sete artes liberais e das quatro estações. Restam poucos
fragmentos da decoração floral — palmas e volutas foliá-
ceas — que parece ter sido afetada por influências islã-
micas, talvez procedentes dos castelos omíadas da Espa-
nha. Também há dois anjos alados sôbre uma arca deco-
rada com querubins. Talvez o grupo todo estivesse des-
tinado a representar o Paraíso.
Os afrescos de St. Germain d'Auxerre representam de
forma surpreendentemente intensa o apedrejamento de
S. Estêvão e outras cenas tiradas dos Atos dos Apóstolos. 56,57
Também havia figuras de bispos e papas de pé sôbre pe-
(Continqa na pág. 129)

69 (página seguinte). O Imperador Nicéforos III Botaniatos.


c. 1078. (MS. Coislim 79 fo. 2 v.) Biblioteca Nacional,
Paris. Esta miniatura é de um famoso manuscrito das
Homilias de São João Crisóstomo. O Imperador é
representado entre São João e o Arcanjo Miguel. As vestes
resplandecentes e o modêlo plano da figura imperial podem
ser comparados ao, painel de mosaicos de Zoé e Constantino
em H. Sophia (figura 78); são retratos oficiais. As
atitudes dos personagens e a excelência da execução
testemunham a supremacia das oficinas da côrte e a influência
definitiva que seus trabalhos tiveram no império bizantino.
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70. Hosios Lukas. Séc. XI. Fócida,
Grécia. O Katholikon (à esquerda) foi
construído cêrca de 1020, e o Theotokos
(à direita), cêérca de 1040. Estas
magníficas igrejas do mosteiro de
Hosios Lukas (São Lucas em Stiris)
defrontam-se com um grande vale
ondulante, ao sul da estrada de Atenas a
Delfos. O Katholikon é um dos mais
belos exemplos de planta octogonal em
cruz grega. Esta vista de leste mostra a
cúpula poligonal sôbre a abside. O
Theotokos é típico da planta da
cruz-no-quadrado (vide figura 45). A
disposição decorativa dos tijolos, os
frisos, as janelas duplas, com seus arcos,
e a lanterna do domo de telhas da
igreja menor são elementos típicos das
igrejas bizantinas na parte continental
da Grécia,
71. Interior do Katholikon, Hosios
Lukas. c. 1020. Fócida, Grécia. O
espaçoso interior do octógono abobadado
e da cruz-no-quadrado é decorado em
tôdas as superfícies disponíveis. Nas
absides, a Virgem e o Menino; na cúpula,
a cena do Pentecostes, com os apóstolos
parcialmente visíveis recebendo o
Espírito Santo de um trono central
simbólico. As figuras nos pendentes são
as nações que êles evangelizaram.

72. A Crucifixão. c. 1020. Mosaico


Katholikon, Hosios Dukas na Fócida,
Grécia. Os mosaicos no nártex da
igreja são de uma autoria diferente
daqueles no corpo principal da igreja. A
estilização das figuras e a maneira
pela qual estão isoladas entre si por
brilhantes áreas douradas parecem
próximas do estilo das oficinas da côrte. mind,
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cenas representadas no nártex; nas


abóbadas, medalhões e figuras de
mártires e bispos.
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73 (à esquerda). Cristo Pantocrator.


1100. Mosaico. Dafne, Grécia. Esta
representação geralmente ocupa a cúpula
central ou a abside principal das igrejas
bizantinas. A terrível figura de Cristo
Todo-Poderoso é um conceito mais
oriental do que o conceito do mortal
sofredor das igrejas ocidentais posteriores.
A Segunda Pessoa da Santíssima
Trindade medeia entre Deus e a
Humanidade, salva por Êle, que a
julgará no fim.

74, 76. Pinturas murais em Santa Sofia,


Trebizonda. c. 1260. Pintura sôbre
Extremo Oriental do Mar Negro,
Turquia. Durante o período em que as
oficinas de Constantinopla estavam
comparativamente inativas depois da
captura da cidade pelos Cruzados, as
regiões mais distantes do império
prosseguiam com as tradições artísticas.
Estas belas pinturas de Santa Sofia
mostram nítida semelhança com as
pinturas na Sérvia e Macedônia
(ilustrações 84 e 85). A derivação comum
dos modelos da côrte podes ser vista
tanto nas atitudes quanto na execução
destas e do Cristo Pantocrator, em
cima. Cristo entre os Doutôres (embaixo,
à esquerda) mostra o jovem Cristo
imberbe, na mesma posição que na
ilustração 12. Ao lado esquerdo, José e
Maria; ao lado direito, os detalhes
arquitetônicos típicos dos afrescos e
mosaicos bizantinos posteriores,
especialmente aquêles de Kahrie Cami.
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demônio da filha da mulher de Canad
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(do outro lado, embaixo) mostra como


a côr local pode aumentar a expressão
de cenas menos familiares.

75 (página seguinte, em cima). Interior


da igreja escavada na pedra de Elmale
Kilisse. Séc. X. Pintura sôbre rebôco.
Vale de Goreme, Capadócia, Turquia.
Os surpreendentes interiores das capelas
e igrejas do vale de Goreme são
escavados na rocha e com os elementos
típicos das igrejas bizantinas. Aqui, em
uma das igrejas mais famosas, a abside
é decorada com Cristo, o Legislador.
O anjo na cúpula acima está separado
e cercado por faixas decorativas;
figuras de santos e mártires, profetas
e intercessores ocupam os arcos
e colunas.
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80 - Mosaico da abside,
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Torcello. Séc. XII. Torcello, Veneza. O
tema da Virgem de pé na ab 51 de dourada
conhecido de exemplos anteriores nas
igrejas de Nic éia € Salonica (atualmente
destruída) , é usado aqui com e feito
magnífico. A alta e elegante figura da
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Virgem domina a abside e destaca-se


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“1 (do outro lado). Cristo ressuscita a


filha de Jairo. 1180/1190. Mosaico.
Catedral de Monreale, Palermo. O vasto
ciclo de mosaicos que cobre todo u
interior da Catedral de Monreale foi
executado sob o patrocínio de Wilham II.
A iconografia e execução das cenas
apontam mosaicistas bizantinos, apesar de
o trabalho provavelmente ter sido feito
por artesãos sicilianos treinados nas
oficinas bizantinas. As figuras alongadas,
o fundo arquitetônico e o agrupamento
de Cristo e Apóstolos, à esquerda, e
dos participantes do milagre, à direita,
lembram os afrescos e mosaicos de
Constantinopla. As côres menos vivas
e a composição rígida diminuem
ceu encanto estético. FUER
ns pat

82. 83, Mosaicos decorativos do


Palazzo Reale. c. 1160/1170. Palermo,
Sicília. Em completo contraste com as
cenas dos mosaicos bizantinos nas igrejas
sicilianas. a decoração das câmaras
normandas no palácio de Palermo
mostra a presença das influências
muçulmanas nesta ilha que acabava de
ser libertada dos árabes. Os animais
s
estilizados, árvores e cenas de caçada
cão motivos dos têxteis persas, há
longo tempo infiltrados na arte bizantina;
os mosaicistas sicili anos poderiam
facilmente mesclar as tradições.
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84 (em cima). Interior da igreja do RREO. CARAS a e REC E re ais ri ra q eia ct


mosteiro de Ravanica. Séc. XIV. DEAR, VAGAS Saida io RREO 7 4 Ap (ESA e a SRU “AÍ BRST
Pintura sôbre rebôco. Sérvia. O efeito
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das igrejas com afrescos pintados, da


Macedônia e da Sérvia, pode ser julgado
neste panorama do colorido interior Am R

da pequena igreja do mosteiro em


Ravanica. Ao fundo, uma Crucifixão; POR

depois, um medalhão de Deus Pai, com a 7 F

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a pomba do Espírito Santo. Nas


outras partes, fileiras de santos. Existem
alguns sinais de executores diferentes: a 1

parte da restauração não é fiel eds


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ao original.
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85 (a direita). A Deposição. c. 1164. E


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Pintura sôbre rebôco. Nerezi, Macedônia. Jo

As magníficas e expressivas pinturas


murais de Nerezi são de uma qualidade
excepcional, e provavelmente foram
executadas por artistas vindos da capital.
Cenas como esta da Deposição mostram
um desejo de exprimir simplesmente
as emoções dos retratados e uma graça
e liberdade de movimentos até aí não
encontradas na arte monumental
bizantina, mas que teriam profundo
efeito por todo o império.
125

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86, 87, 88. Três Cabeças de Cristo.


1259. Pintura sôbre rebõôco. Igreja de
S. Nicolau, Boijana, perto de Sófia,
Bulgária. Estas três representações de
Cristo mostram a concepção pessoal
das pinturas: o menino Cristo (a
esquerda), mostrado sem sua mãe, é uma
criança encantadoramente humana,
como raramente é encontrado na pintura
bizantina. À jovem cabeça de uma
cena de Cristo entre os Doutóres é
uma imagem poderosamente expressiva,
enquanto aquela de Cristo Abençoando
é mais tradicional em concepção, embora
também pessoal em sentimento.

89. Sevastocrator Kaloiam e


Sevastocratora Desislava, 1259. Pintura
sôbre rebôco. Igreja de S. Nicolau,
Boiana, perto de Sófia, Bulgária. A
influência de Constantinopla ainda é
evidente nas pinturas murais que
revestem esta igreja búlgara. Contudo,
há uma nova preocupação com as
emoções, com os detalhes realísticos e
naturalísticos; nestes retratos, O
Sevastocrator apresenta um modêlo da
igreja de S. Nicolau, representada à sua
esquerda, A sevastocratora levanta
as mãos em oração. Ambas as figuras
usam vestes ricamente bordadas, dos
boiardos búlgaros do séc, XII.
90. Cristo Emmanuel, c. 1300/1320,
Mosaico. Kahrie Cami (Igreja de Chora),
Constantinopla. Esta igreja foi
reconstruída — tal como é agora —
no séc. XI e decorada durante os
duzentos anos seguintes. A maior parte
da decoração de mosaicos foi executada
ao mesmo tempo, entre os quais os |
dois painéis sôbre as portas do nártex,
representando Cristo e a Virgem. Apesar
da atitude ainda tradicional do Cristo,
seus traços são menos severos; não é
mais o temível Pantocrator, mas o
refúgio da humanidade. |

91 (embaixo). Detalhe do Nascimento


da Virgem. c. 1300/1320. Mosaico.
Kahrie Cami (Igreja de Chora),
Constantinopla. A história da Virgem
é um dos temas principais da decoração

DO
TES, SR 207
ESPN II RAR RR de mosaicos conservada em Kahrie
dSO a RENAS dd DEAD Cami. A riqueza dos detalhes
arquitetônicos, a mobília e a atividade
das figuras dão um efeito dramático
às cenas. Éste detalhe é particularmente
realista, com o berço preparado ao lado
esquerdo, o pai ansioso olhando, à |
direita, e a preparação para o banho
da Virgem, na extrema direita.
92. Joaquim, Ana e Maria. c. 1300 ou
1320. Mosaico. Kahrie Cami (Igreja
de Chora), Constantinopla. Os
mosaicos da abóbada mostram a mesma
preocupação com detalhes arquitetônicos.
Pela primeira vezjna arte cristã êstes
mosaicos mostram uma cena de ternura
familiar: os pais da Virgem acariciam
a pequena criança que será a
Theotokos — a mãe de Deus.

93 (embaixo). Anastasis, c. 1305. Pintura


sôbre rebôco. Kahrie Cami, (Igreja de
Chora), Constantinopla, O parecclesion,
ou pequena capela, que se estende pelo
comprimento da igreja de Chora é
decorado com magníficos afrescos
relacionados com a morte, e a vida Eu
depois da morte. Esta Ressurreição, PAPIRO O AD Rg
ou Descida de Cristo ao Limbo, está dede 9% ro do ENA RAD SRD E RI DR Pe PINTO
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na abside. Um maior ajuntamento READ espe: És ENO Wa)


de pessoas, a amplidão de movimento RS | DER IN AR ARE E 7 o UNR
e as côres vívidas oferecem dramaticidade E mio LIC, RE ce A > RE
à iconografia tradicional.
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destais. Por um lado, estamos em meio a tradições


roma- Pela forma com que estão desenhados, êstes animais lem-
nas e, por outro, em contato com a
pintura carolingia de bram um de seus predecessores, que foram incorporados
miniaturas.
ao desenho. Portanto, não é surpreendente encontrar moti-
Estas tendências diversas continuariam sem
interrupção vos básicos de origem irlandesa em relicários de metal
através da arte românica, que com seu poder de
expressão ou de marfim feitos no império franco.
uniu-as e transformou-as em um estilo nôvo e vig
oroso. Quando Carlos Magno decidiu criar uma oficina oficial
na côrte, para a reprodução de manuscritos, seus pintores
MINIATURAS E MANUSCRITOS
também se defrontariam com essas tendências diferentes
— sendo cada um dêles afetado à sua maneira. Foi o
Mesmo possuindo certa originalidade, os mosaicistas e
pintores
Evangelho de Godescale, encomendado por Carlos Magno 63
ocidentais de murais nunca tiveram o descon- quando voltou de Roma em 781, depois do batismo de
certante poder dos miniaturistas seus contemporâneos. É
seu filho Pepino, que marcou a abertura da oficina real.
raro descobrir tão violento contraste entre duas artes de
Como os grandes manuscritos imperiais de Constantinopla,
um mesmo período. E isso porque a partir do século VIII
as miniaturas estavam sujeitas à influência irlandesa, que é escrito em ouro e prata sôbre pergaminho púrpura, con-
tendo Cristo em Majestade e os quatro Evangelistas. A
não tocava a arte monumental.
composição é tradicional, mas a execução é de influência
O chamado Evangelho Echternach, pintado por volta de
italiana, usando uma grande escala de côres, que con-
690 na Irlanda, ou numa abadia irlandesa da Inglaterra,
trasta nitidamente tanto com as anteriores ilustrações oci-
toi trazido pelos monges para a abadia fundada por Willi-
dentais quanto com a pintura bizantina de miniaturas.
brord em 698, em Echternach. Mais do que no Livro de
Durrow, subordina a figura humana a uma interação de Tôda uma série de obras-primas sairia da capela do
ondulações e volutas. Muitos outros documentos origi- palácio, entre as quais os admiráveis retratos dos Evange-
nais, tão característicos quanto êstes, chegaram ao reino listas, sentados diagonalmente em um assento que parece
franco desta forma, ser parte da arquitetura; os retratos possuem intensa vita-
Existem poucas obras tão intelectualmente estimulantes
lidade; os Evangelistas são mostrados em magníficas ar-
quanto essas miniaturas, nas quais essa arte insular con- cadas com seus animais simbólicos (o Evangelho de
fronta-se com a arte mediterrânea em sua própria região. St. Médard “de Soissons). Também há retratos de impe- 64
Esta convergência já é notável em obras de origem inglêsa, radores entronizados, cercados pela côrte e clero — remi-
77 como o Codex Aureus de Estocolmo, pintado em Canter- niscentes da arte clássica. Alguns anos mais tarde, uma 65
nova escola do palácio descobriria técnicas ainda mais
bury por volta de 750, no qual há retratos dos evange-
antigas, como nos chamados Evangelhos da Coroação que
listas, sentados tranquilamente sob arcadas decoradas com
motivos tirados de mosaicos ornamentais, como fitas ondu-
representam quase uma volta à pintura clássica; há vários
manuscritos que reviveram esta técnica.
lantes; em outros, a decoração insular é aplicada a um
62 texto pesadamente emoldurado. Também em obras como Curiosamente, estas obras altamente gráficas trariam um
renascimento da arte do desenho. O Evangelho Ebbo, de
o Evangelho da catedral de Trier (Trêves), pintado em
Echternach por volta de 730, a decoração insular é mais Reims, marca o florescimento de uma nova sensibilidade
disciplinada e disposta de forma a deixar espaço para os — um desejo por parte dos artistas em não estilizar, à
76 animais — os símbolos dos Evangelistas — emoldurados. medida que as desenhavam, as dobras que tinham acabado
de aprender a pintar. Isto resultou no Livro de Salmos
de Utrecht, desenhado em Reims por volta de 820, que
representa uma revolução completa nos hábitos artísticos.
94, 95, 96 (página anterior). Mistra. c. 1350. Peloponeso,
Grécia. As ruínas da pequena cidade de Mistra estão Os salmos eram ilustrados não de acôrdo com seu sentido
dispersas aos pés da colina de Taygetus e dão para d planície geral, nem segundo os acontecimentos históricos em sua
de Esparta. A cidade foi cedida pelos francos a Miguel composição, mas pela abordagem de cada alusão à me-
Paleólogo no fim do séc. XIII e a maioria das pinturas dida que ela ocorria em cada verso. Como resultado as
murais data do séc. XIV. 4 Igreja de Pantanassa páginas estão cobertas por uma massa de figuras estra-
(embaixo, à esquerda) segue a planta das igrejas bizantinas; nhamente realistas representadas contra um fundo de mon-
seu exterior trabalhado, suas cúpulas principais e secundárias tanhas, ou arquitetura onírica, lado a lado com interpre-
e as pinturas do interior são típicas das igrejas espalhadas tações alegóricas habilmente dramatizadas. Alguns estu-
|
pela cidade. 4 Ressurreição de Lázaro (em cima) é da diosos acreditam que o miniaturista recorreu a modelos
Igreja de Pantanassa. Aqui, à profundidade e efeito dramático
do início da cristandade; o observador pode constante-
dêstes afrescos do séc. XIV podem ser vistos
plenamente. A figura de Cristo à esquerda
e Lázaro mente relembrar trabalhos anteriores, mas o surpreendente
ressuscitado (à direita) ainda em seu sudário estão dispostos artesanato gráfico imprime unidade às ilustrações do volu-
Peribleptos
contra um cenário rochoso. Ás À bóbadas de me, executadas de forma tão original que o observador
magníficas
(embaixo, à direita) são recobertas de é levado a abandonar qualquer tentativa de descobrir suas
s: Cristo Pantoc rator, na abóbad a azul; nos arcos
pintura origens (vide o MUNDO MEDIEVAL, figura 22).
circundantes, 4 Ascensão, À Natividade, A Transfiguração, Cada uma destas séries de pinturas voltava-se para fontes
A Última Ceia, A Incredulidade de 5. T omé e o Pentecostes.
são execut adas com riqueza de detalhes, antigas, mas tôdas vão além destas fontes: não estamos
Tôdas as cenas
mais nos primórdios da cristandade, mas na Idade Média. 66,67,68
grande liberdade de movimento e em côres brilhantes,
A Expansão Bizantina
A ARTE IMPERIAL EM CONSTANTINOPLA

Um magnífico renascimento do poder bizantino no Orien-


te quase coincidiu com o fim da disputa iconoclástica.
Miguel III e seu tio, Bardas, intensificaram a política de ndo
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conversão dos eslavos, aos quais Cirilo e Metódio levaram r
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não só os Evangelhos mas também um alfabeto criado ls


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especialmente para êles. Depois Miguel III ajudou seu


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nôvo favorito, Basil, a eliminar Bardas; Basil, por sua 1 1


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vez, tornou-se tão poderoso que pôde livrar-se de seu pro- E

tetor e fundar a dinastia macedônia. Esta dinastia desti- nd

nava-se a brilhante reinado a partir do fim do século IX Er


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até a metade do século XI. Em 880, Bizâncio reconquis- qe


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tou as posições que havia perdido na Itália. Basil II livrou


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os Balcãs das ameaças búlgaras e russas. Nicéforo II ex-


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pulsou os árabes, reconquistando primeiro a Cilícia; depois


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a Síria, Armênia e Chipre foram novamente ocupados.


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gressão de sua glória, sua arte teria naturalmente poderosa

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expansão. Mesmo em regiões como a Sicília, onde os nor- x

mandos tinham estabelecido um reino cuja fórça era sufi-


ciente para impor respeito aos árabes e bizantinos, igrejas
basilicais de tipo quase ocidental foram decoradas com
mosaicos bizantinos por artistas gregos.
O ponto de partida desta nova expansão era natural-
mente Constantinopla e sobretudo Hagia
78. O Imperador Constantino II e a Imperatriz Zoé. 1030.
Sophia, dotada
Mosaico. Galeria Sul, Hagia Sophia, Constantinopla.
de uma nova decoração imperial. Mosaicos cobriam as
O mosaico originalmente retratava Romanos III, segundo
paredes do nártex e galeria, celebrando a coroação de im- espõso de Zoé. Bastou apenas mudar a cabeça para que
peradores e imperatrizes, como as estátuas imperiais nos passasse a retratar seu terceiro marido. Os soberanos
foros de épocas anteriores: mais uma vez o ícone substi- presenteiam Cristo com uma bôlsa de ouro e uma doação
tuía o ídolo, e a pintura — neste caso o mosaico — — para que a proteção divina desça sôbre a família imperial.
substituía a escultura. No portal oeste, Leão VI (886-912) é
representado diante de Cristo em Majestade, sentado em dita-se que esta tenha fornecido o modêlo para uma outra,
um trono dourado, entre medalhões nos quais a Virgem a da Assunção em Nicéia, que foi destruída em 1922, mas
e um anjo representam a cena da Anunciação. No portão da qual foram conservadas fotografias. Mostram um grupo
sul onde a Virgem é mostrada entre Constantino e Justi- de arcanjos e um excelente retrato da Virgem, de pé
niano, os dois imperadores parecem irmãos, vestidos da sóbre um plinto, segurando o Menino à sua frente, em
mesma forma em túnicas de púrpura e longas estolas dou- uma vasta cúpula dourada. Esta composição simples mais
radas habilmente drapeadas. Leão VI é representado com tarde foi usada em Murano e Torcello — e produz um 80
barbas, e simboliza uma transição entre o retrato imagi- surpreendente efeito de grandeza.
nário e o real.
MOSAICOS BIZANTINOS NA GRÉCIA
Em 1030, o Imperador Romanos III e a Imperatriz
Zoé foram representados, na galeria sul, tendo Cristo ao Três igrejas gregas também dão provas do esplendor da
meio. Depois da morte de seu segundo marido, Zoé ca- renascença macedônia. Tôdas três são igrejas de mostei-
78 sou-se com Constantino Monômaco, que, por sua vez, ros: Hosios Lukas na Fócida (comêço do século XI), a 70
se tornou imperador; como nas estátuas dos imperadores Nea Moni em Chios (cêrca de 1050) e o mosteiro de
romanos, cujas cabeças eram removíveis, tudo que se fazia Dafne na estrada de Atenas a Eleusis, Essas iniciativas 79b
necessário era mudar o rosto do imperador. monásticas podem ser consideradas independentes da arte
Os Comnenos seguiram o exemplo dos macedônios: da côrte e podem ter sido realizadas por artistas gregos
como o fizeram João II Comneno e a Imperatriz Irene estranhos à capital, Ainda é surpreendente descobrir nes-
em 1118. Acrescentando-se a êstes os esplêndidos frontis- sas edificações alguns toques peculiares à inspiração bizan-
pícios dos livros pintados nos estúdios da córte, temos tina primitiva dêste período.
uma série preciosa de retratos imperiais, inclusive os de A igreja do mosteiro de São Lucas — Hosios Lukas — 70
Basil II no Saltério de Veneza e o de Nicéforos Boto- tem uma cúpula central dominada por um medalhão de
69 niatos (1078) nas Homílias de São João Crisóstomo. Todos Cristo Pantocrator, cercado de arcanjos e profetas. Na
êstes quadros são estáticos e profundamente imperiais: abside, uma Virgem sentada, e acima dela, em uma cúpu- 71
a arte da côrte sobrepuja a arte religiosa. la, os Apóstolos sentados em círculo recebem a ilumi-
Basil II mandou construir uma nova igreja em Constan- nação do Espírito Santo, Nos nichos colocados sob a
tinopla — a Nea — que mais tarde foi destruída, Acre- cúpula estão representadas a Anunciação, a Apresentação
719 a, b. Dafne. Segunda metade do séc. XI. Grécia. As
paredes douradas do mosteiro-igreja de Dafne (b), circundado
por pinheiros e ciprestes, erguem-se contra as áridas
vertentes da colina. (a) Os magníficos mosaicos do interior
são iluminados pelo ouro (vide lâmina 73). A crucificação
é da maior expressividade em suas linhas sóbrias.

no Iemplo e o Batismo no Jordão. No nártex, oposto à a


fixo, a Virgem e São João são tratados isoladamente. São
entrada, a Crucificação — Cristo na cruz com a Virgem João é apresentado como uma estátua — o que sugere
e São João, a Ressurreição, representada pela descida ao antecedentes fora da arte cristã, da escultura grega antiga.
limbo e, nos extremos da galeria, a Lavagem dos Pés e A atitude da Virgem é tradicional, mas o rosto mostrado
a Incredulidade de Tomé. Esta série de cenas históricas é em meio-perfil, erguido para a cruz, está carregado de
complementada por todo um exército de santos e bispos um sofrimento contido. O Cristo na cruz é também trata-
— Intercessores e testemunhas — nas abóbadas, nos arcos do sóbriamente — o corpo curva-se ligeiramente de um
e nos topos das paredes. lado, a musculatura é apenas visível, e os olhos estão
Nas cenas do Evangelho há uma dignidade superior, fechados numa expressão quase serena. Êste belo quadro
manifesta na atitude de Cristo no Limbo, mostrado de é pleno de respeitosa adoração.
frente: apesar do esfôrço feito no sentido de tirar Adão É surpreendente descobrir a mesma sobriedade — neste
de sua sepultura, não há perda no equilíbrio. Seu gesto é caso talvez como o resultado de uma certa falta de sen-
o de um imperador que conquista — a lança substituída timento — em cenas como a Incredulidade de Tomé,
pela cruz — de pé sôbre o inimigo derrotado, represen- na qual o Cristo ressuscitado, representado em escala
tado aqui pelas mandíbulas abertas do inferno. Por outro maior que seus Apóstolos, se oferece impassivamente para
lado, a Natividade é uma narrativa pitoresca, com os a verificação, enquanto os Apóstolos à sua volta parecem
motivos relacionados em escala diferente. isolados e distintos. O Anastasis, que é mais dramático
As cenas em Nea Moni — o Nôvo Mosteiro — na Ilha em plano, só consegue criar emoção no rosto de Eva. Na
de Chios talvez sejam mais próximas aos modelos de Entrada em Jerusalém, o belo semblante de Cristo tem
Constantinopla (1042). O observador é surpreendido pelas uma aparência distante e há uma espécie de congelamento
pálpebras vermelhas e sombras verdes no rosto da Virgem, nos gestos entusiásticos e nas nobres faces dos assistentes.
que repousa sua face na mão de Cristo, enquanto Ele é Não há rigidez, mas uma técnica irrepreensível e emoções
retirado da cruz: êsse rosto, de uma hábil dissimetria, e sentimentos sempre controlados. Em Dafne, a arte bi-
é cheio de tristeza. Os traços de Cristo, de São João e do. zantina é revelada como expressão de uma civilização
anjo são mais impassíveis — como no excelente quadro realizada.
do Batismo. Todos êstes monumentos, quer sejam imperiais ou mo-
O mosteiro em Dafne, como muitos no Ocidente, e mais násticos, oferecem uma impressão de dignidade, discrição
79b ainda no Oriente, parece um oásis. A cúpula ergue-se sôbre e nobreza. A influência de uma arte da côrte pode ser
paredes brancas e douradas, entre altos pinheiros e cipres- sentida mesmo em mosteiros distantes. É a mesma im-
tes, e os mosaicos saúdam o visitante com uma luz inten- pressão que se tem ao folhear as páginas de um manus-
73 sa, apesar de sua gravidade e certa frieza — que se pode- crito imperial desta época, o Saltério de Paris 139, o 100
79a ria dizer clássica. A Crucificação, por exemplo, é sur- Saltério de Veneza ou as Homilias de Gregório Nazianzeno
preendentemente sóbria. Como em Hosios Lukas, o cruci- — obras em que a emoção religiosa é contida dentro da 69
cal
| 80. Sta. Sophia. Trebizonda. Antes
de 1260. Situada na distante costa
sudeste do Mar Negro, é um dos poucos
exemplos sobreviventes da arquitetura
bizantina sob os Paleólogos. A básica
planta cruz-no-quadrado de cúpula
se expandiu com a projeção de pórticos
para o norte, o oeste e o sul (vistos
nesta foto). O interior é decorado com
afrescos (vide lâminas 74, 76).

pureza de estilo. Ecos clássicos surgem constantemente, CAPADÓCIA


não apenas quando a figura personificada do Jordão apa-
rece no rio, ou quando a da noite participa da visão do Embora a contribuição da Capadócia à história da pin-
profeta. É difícil não ser afetado por êsse encantamento tura cristã seja imensa, sua posição não parece ter sido
— mesmo se o observador prefere obras mais poderosas, devidamente apreciada. E isso não porque às obras falte
menos dependentes da tradição helenística. sua data de origem, mas porque sua composição e concep-
ção são tão originais, que elas continuam a ser considera-
A DIFUSÃO DA ARTE BIZANTINA
das como uma nova província da arte bizantina, como o
A tomada de Constantinopla pelos Cruzados em 1204 inter- Rev. Padre Jerphanion escreve no título do livro publicado
rompeu o desenvolvimento da arte bizantina na capital a êsse respeito.
por meio século. Mas ela não morreu — não mais do Afrescos decoram igrejas rupestres — isto é, igrejas
que o império do qual era expressão. Parece que, quando escavadas na pedra, que não eram como no Egito ou na
os artistas foram obrigados a fugir, simplesmente insta- Síria, cavernas naturais habitadas por anacoretas; a estra-
laram seus estúdios em outros lugares. nha paisagem da região de Urgub, a oeste de Cesáreia,
Antes de tudo, seguiram os membros da família impe- por exemplo, é pontilhada de cones rochosos, e geralmen-
rial que tinham conseguido escapar e estabelecer sua auto- te habitações eram escavadas nas faces verticais das rochas. 8la
ridade em alguma província mais ou menos distante do O mesmo método foi adotado para as incontáveis igrejas
império decapitado. Foram primeiro para Nicéia, na outra da região — e estas cavernas artificiais tomavam formas
margem do Bósforo, onde Teodoro Láscaris elegeu um de igrejas tradicionais. Há capelas com uma única nave,
patriarca, para que fôsse coroado imperador. Apesar dos verdadeiras basílicas e igrejas cruciformes, com uma ou
esforços de Balduíno, o imperador latino, êle conseguiu várias cúpulas. Tôda a estrutura é sempre escavada na
manter sua posição, embora não tivesse conseguido rea- pedra. As fachadas são de estilo contido — geralmente
grupar sob sua autoridade todos os territórios que não uma simples entrada emoldurada por um arco em forma
tinham sido conquistados pelos francos. Um despotismo foi de ferradura. Mesmo os mosteiros podem ser inteiramente
estabelecido em Epirus, e um outro império em Trebi- subterrâneos, os refeitórios, as celas dos monges e as ofi-
zonda, com Alexis e David Comneno, que se conside- cinas, bem como as capelas. De fato, é uma falsa arqui-
ravam representantes da dinastia legítima. tetura, enriquecida pelos contínuos ciclos de pinturas que 81be
Durante o período do silêncio de Constantinopla, foi cobrem as paredes. 75
sob êles que a arte bizantina continuou seu desenvolvi- A partir da primeira metade do século VII, a província
74,176 mento, o que se evidencia nas excelentes pinturas de Sta. bizantina da Capadócia estava ameaçada pelos árabes que
80 Sophia em Trebizonda (1260), recentemente trazidas à dominavam o Eufrates superior e as passagens do Taurus
luz sob a direção do Professor Talbot Rice, com a remo- e se lançavam em incursões contra a Ásia Menor. A região
ção do rebôco que as cobria. Estas pinturas, infelizmente desfrutou de um período de paz, do império de Miguel III,
incompletas, revelam uma perfeita mestria técnica e ele- particularmente o de Basil I (867), até à chegada dos
gância de forma; e entre os temas tradicionais comuns seldjuques (1060). Foi apenas a partir de 1210, quando
são encontradas curiosas inovações em detalhes. Mas o o poder dos seldjuques diminuiu, que a paz voltou à região
que é mais surpreendente acêrca delas é sua estreita rela- e durou pelo menos até o fim daquele século.
ção com as pinturas que surgiram na Macedônia na mesma Alguns grupos de edificações são decorados apenas com
época e nas quais há o mesmo frescor de inspiração, a motivos abstratos: formas geométricas ou volutas foliá-
mesma preocupação com a expressão — em suma, um ceas. Estas decorações têm sido atribuídas ao período ico-
enriquecimento dos assuntos. noclata. Usando a iconografia como indicador, estudiosos
É.

81a,b,c. As igrejas escavadas na pedra da Capadócia.


Turquia. (a) O Vale Goreme é composto de extraordinárias
formações rochosas nas quais foram escavadas moradias
e igrejas. (b) A rocha é escavada para formar as cúpulas,
absides, naves e colaterais de plantas de igrejas comuns.
As elaboradas arcadas de Toquale Kilisse são um exemplo
disso. As pinturas do séc. XI revelam uma camada inferior
de decoração não-figurativa provavelmente feita durante
o iconoclasmo. (c) A Crucificacão é um tema típico
das lunetas destas igrejas.
82. Interior de São Marcos. Séc. XII
Veneza. O glorioso efeito resplandecente
do interior da grande basílica veneziana
é conseguido através da decoração
quase total das paredes com mosaicos
(vide lâminas 77, 78 e 79). As altas
lanternas da cúpula são guarnecidas
de janelas. Esta basílica seguiu o modêlo
da igreja dos Santos Apóstolos,
construída por Justiniano em
Constantinopla.

83. São Marcos. Sécs. X e XI. Veneza,


A vista aérea mostra Os cinco domos
da basílica formando uma cruz grega,
A altura do domo maior e o formato das
lanternas — aberturas — dão à
construção um caráter completamente
original.

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têm afirmado que alguns dos edifícios datam de época papel que o quadro deve desempenhar no conjunto do
anterior à crise. Entretanto, é do período macedônio que edifício.
as igrejas, talvez elas mesmas de um período anterior, Nas cúpulas descobre-se o Pantocrator, ou o Cristo da
foram decoradas com as pinturas figurativas que as tor- Ascensão, sendo carregado em sua mandorla pelos anjos
naram famosas. Há inscrições suficientes para nos permi- e, embaixo, o círculo dos apóstolos, com as cabeças ergui-
tir distinguir as datas de várias séries de obras e classi- das para o alto. Nos nichos, a Virgem e o Menino, ds
ficá-las de acôrdo: do século XI ao XIII e talvez até mais pé ou sentados. Nas lunetas — aberturas — é possível
tarde. A mais antiga consagração, em Tavchanle Kilisse, ver uma Natividade ou uma Crucificação, e depois, em lc
menciona Constantino Porfirogeneta e parece datar de margens superpostas, ciclos completos, tais como a vida da
913/20. Em tôrno dêste exemplo foi agrupada tôda uma Virgem, a Infância de Cristo, os Milagres de Cristo ou a
série de construções, particularmente entre as igrejas do Paixão. Também há vidas de santos — de S. Simeão
vale do Goreme (Qalecar Kilisse, Toqale Kilisse etc.). Stilitas em Zilve, ou Sta. Bárbara em Soghanle, os patro-
Um outro grupo, do século XI, compreende as igrejas nos das respectivas igrejas — ou séries de retratos de
colunadas do Goreme, e mostra uma crescente influência apóstolos, profetas ou bispos, também encontrados no fecho
bizantina. Com a invasão seldjuque, no século XII, as de uma abóbada, como bustos em medalhões.
pinturas diminuem em número e qualidade: na interpre- Dentro de cada grupo de igrejas a iconografia não
tação dos modelos, prêviamente vindos de Bizâncio, houve parece variar muito, talvez por ter sido feita a decoração
uma volta à tradição popular. No século XIII houve um pelo mesmo pintor ou pela mesma oficina, ou talvez por
nôvo período de grande atividade: várias igrejas magni- causa da imitação local. Detalhes como a forma da água
ficamente decoradas datam de 1222 (Souvasa) e 1293 do Jordão na cena do Batismo ou a disposição dos após-
(Ortakeuy). tolos na Ascensão tornam mais evidentes estas conexões.
Ao examinar de perto estas pinturas da Capadócia, o Certas cenas são tratadas com uma plenitude particular,
observador talvez se sinta menos surpreendido pelas dife- como a Bênção aos Apóstolos, mostrados em duas filas
renças do que pelas características de que partilham em encarando o espectador ou de pé ao longo dos lados de
comum. Os temas e modelos adotados em Constantinopla uma abóbada, com Cristo avançando ao meio. Os Qua-
são identificáveis, e êste ou aquêle detalhe de Qaraback renta Mártires de Sebaste, na igreja que tem seus nomes,
Kilisse, por exemplo, é particularmente próximo a êles. estão dispostos da mesma forma,
Mas, na ousadia e rapidez de execução e brilho das côres, Mas é a impressão total que causa um maior impacto,
o observador geralmente sente-se diante de uma interpre- deixando uma maior surprêsa: decoração cobrindo tudo,
tação que é não só local mas também popular em tradi- às vêzes hâbilmente separada segundo os componentes
ção. Os modelos estão presentes, mas os artistas utili- arquitetônicos — arcos, tímpanos, abóbadas e cúpulas —
zam-nos à sua própria maneira, dentro dos limites de um acentuados por molduras, ou às vêzes, ao contrário, sem
estilo comum: as figuras são muito altas e ocupam tôda a qualquer interrupção entre as cenas. Até mesmo mais do
área pictórica. Novamente a arquitetura preenche as pou- que em Monreale ou em Kahrie Cami, a iconografia
cas lacunas existentes. Não há problemas de refinamentos domina o fiel com sua multidão de santos e sua acumu-
artísticos, de efeitos delicados de luz e sombra ou de lação de quadros.
originalidade em expressão. São pinturas simples, auda-
ITÁLIA
ciosas, e às vêzes, em período posterior, como em Balleq
Kilisse, quase infantis; cada uma trata seu assunto tanto Sob os macedônios a Itália passou por dois episódios em
poderosamente quanto com restrição e nunca esquece o suas relações com o Império Bizantino que seriam da
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maior importância em sua história. Não há dúvida de que a tradição bizantina, representa-
Os bizantinos assistiram primeiro à formação e depois da para o Gênesis do nártex, por exemplo, pela Bíblia
à expansão do poder de Veneza. O império ainda possuía Cotton do século VI, fôra a partir do século XII inter-
a Dalmácia e sua presença era um freio à expansão vene- pretada pelos venezianos à sua própria maneira, embora
ziana. Mas os carolíngios e seus sucessores representavam desejassem permanecer fiéis a ela. Mas parece que seria
um perigo muito mais imediato: tanto que os Doges geral- melhor dizer que há uma escola veneziana de mosaicos
mente preferiam uma aliança com Bizâncio, que abria as bizantinos.
rotas do comércio para o Oriente. Em cada episódio nas Percebe-se que as cenas mais antigas dentro da igreja
lutas dos macedônios e Comnenos contra os búlgaros, os foram distribuídas entre diferentes oficinas. Na Tentação
árabes e os normandos, Veneza desempenhava um papel de Cristo ou na Entrada em Jerusalém o estilo é cheio 77
frequentemente determinante. Mas quer fôsse protegida, de simplicidade e nobreza, enquanto na Ascensão, na
em aliança, ou hostil, Veneza era entretanto afetada por cúpula central, revive com movimento e vigor o tema
suas relações com a metrópole do Bósforo. ilustrado em Sta. Sofia de Salonica: os apóstolos correm
Isto explica como começou, por volta de. 1100, a cons- em tórno, gesticulando, enquanto assistem à subida do
trução da catedral de São Marcos e os primeiros estágios Senhor aos céus, e abaixo dêles, entre as janelas, as Vir-
da sua decoração em mosaicos. tudes e Beatitudes lembram dançarinas, enquanto os tran-
83 São Marcos em Veneza é uma igreja com cinco cúpulas quilos evangelistas, nos pendentes, são obra de outras
dispostas em forma de cruz, cercada por uma colateral, mãos.
com colunas entre os pilares. No extremo leste esta cola- O Gênesis do século XIII nas cúpulas do nártex ainda
teral é transformada em capelas laterais, de tal forma que é uma série encantadora, apesar de ter sido considerâvel-
assim a igreja fica com três absides. Um pórtico exterior, mente retocada. A Criação, a Queda e o Dilúvio têm 78,79
coberto por uma série de pequenas cúpulas, circunda o uma expressão aparentemente ingênua, mas efetiva, devido
lado oeste para criar cinco entradas profundas na facha- à precisão do desenho e à técnica na colocação dos cubos:
da, cobertas com pequenas colunas: na planta-baixa elas os animais na arca, a chuva caindo sôbre os afogados e
formam a scenae frons de um teatro romano — nichos o tôpo dos edifícios surgindo das águas, enquanto Noé
alternados, quadrados e semicirculares. Esta estrutura, cuja solta a pomba, são inesquecíveis. |
disposição geral deriva da Igreja dos Santos Apóstolos, | A escola veneziana também foi ativa em Torcello, uma 80
em Constantinopla, conforme reconstrução por Justiniano, ilha da laguna, onde duas obras-primas estão frente a
cria um belo efeito, realçado no extérior pela elevação frente: a abside dourada, datando do século XII, na qual
posterior das cúpulas principais e no interior, como no está representada uma esbelta Virgem azul mostrando o
82 nártex, pelo brilho dos mosaicos. Menino, acima de uma série de apóstolos, dá para
Naturalmente os mosaicos foram colocados em épocas a parede interna da fachada, dominada por um extraordi-
diferentes, e com acréscimos, consertos € redistribuições. nário Juízo Final, com cinco registros de alturas crescen-
Aqui e ali é possível descobrir um santo barroco, com tes, onde sobressai a tradicional cena da Ressurreição
as vestes revôltas, mas os fundos dourados foram dei- — a descida de Cristo ao Limbo, ladeado por dois anjos
xados intatos e o efeito permanece. As cúpulas, “brilhando vestidos como dignitários imperiais. Em cima, Cristo,
com sua própria luz não-terrestre” (Marcel Proust), são entronizado entre os apóstolos: embaixo, a separação entre
melhor vistas das galerias interiores. Então as questões os bem-aventurados e os condenados pelos anjos: uma
de iconografia e cronologia são esquecidas; a arquitetura disposição de cenas já tratadas, mas ligadas pela primeira
bizantina é equilíbrio, mas é também côr. vez e compondo um impressionante conjunto.
SICÍLIA fícios: foi iniciada em 1131. Na abside, um Cristo Pan-
tocrator de rosto sereno segura uma bíblia para os fiéis,
O segundo acontecimento de grande importância para a na qual está escrito “Eu sou a luz do mundo”, de um
Itália foi a conquista da Sicília, primeiro pelos árabes, lado em latim e do outro em grego. Mas nada há de
depois pelos normandos. Foi em 827, enquanto os mu- latino em seus traços ou atitudes. Abaixo dêle, a Virgem
çulmanos do Egito estavam ocupando Creta, que os mu- entronizada entre os arcanjos e depois os bispos e os
çulmanos da África realizaram seu ataque vitorioso à santos — um arranjo tradicional. Na catedral em Mon-
Sicília. Apesar de sucessivos contra-ataques, as posições reale, construída por volta de 1190, descobrimos o Pan-
bizantinas pouco a pouco tornavam-se insustentáveis. 'Os tocrator na abside, e depois a Virgem circundada por
normandos, trazidos pela primeira vez a esta luta, como anjos e santos. Mas a nave, o transepto em cima dos
mercenários, logo estabeleceram seu domínio sôbre a Apu- arcos, entre as janelas do clerestório, as paredes das naves
lia e a Sicília. Os Comnenos foram forçados a negociar laterais e, finalmente, a parede da fachada estão cobertas
com êles em 1073 e em 1172, oferecendo Porfirogenetes com quadros históricos em mosaicos, narrando detalhada-
em casamento. Rogério II, rei das duas Sicílias de 1130 a mente o Antigo e o Nôvo Testamento. A iconografia 81
1154, negociou. em condição de igualdade tanto com o é tradicional; a execução é forte e mantém um caráter
Império Bizantino quanto com o Império do Ocidente. de imagística narrativa, sem qualquer preocupação ex-
Os contatos criados por tal sucessão de crises deram pressiva. Os fundos, arquitetura e paisagens, as atitudes
origem, na Sicília, a uma arte muito complexa. Sua arqui- das figuras e as vestes, tudo parece conforme as normas.
tetura é às vêzes de tipo ocidental, como nas basílicas de A côr é brilhante, e ocasionalmente aparece uma cena
Cefalu e Monreale. Por outro lado, a Martorana em mais viva e uma figura mais Interessante.
Palermo, uma encantadora igreja de cúpula, é muito bi- Os mosaicos da Martorana em Palermo são de melhor
zantina em seu interior, mas toma uma forma islâmica qualidade e sua posição na estrutura de uma igreja bizan-
no exterior. tina lhes permite maior variedade e encanto. A capela
Grande quantidade de mosaicos da região de Palermo palatina, a jóia do palácio de Rogério II, é decorada sob
foi conservada, o que se deve em parte ao fato de os tetos mouriscos e uma cúpula sustentada por arcos, com
mosaitistas bizantinos terem sido seguidos quase que ime- evangelistas, filas de santos com rostos semelhantes aos
diatamente por mosaicistas locais. Como resultado há dis- originais de Constantinopla e cenas ao longo das paredes.
paridades e desigualdades de estilo, evidentes a um exame Têm um frescor muito mais atraente do que os mosaicos
mais detido, mas que diminuem em muito pouco o efeito de Monreale. O Cristo bizantino é mostrado coroando
geral. A catedral em Cefalu é o mais antigo dêstes edi- Rogério II no nártex da Martorana e Guilherme II em 84
Monreale. Os reis normandos aparecem com a mesma
veste usada pelos imperadores nas cenas de coroação em
Constantinopla. Mostravam sua grandeza ao tomar não só
as roupas dos imperadores, mas também seus artistas.
A influência árabe também se faz sentir: em uma das
salas do palácio em Palermo o observador é surpreendido
ao encontrar cenas completas de caçadas e cenas de ani-
mais, colocadas entre árvores, que lembram certas com- 82,83
posições de piso em Antioquia, tomadas dos sassânidas
sob Justiniano, mas em sua versão islâmica. O gôsto dos
príncipes normandos por ricos tecidos resultou sem dúvida
no estabelecimento de tecelagens, sendo também respon-
sável, certamente, pela importação de sêdas não só de
Bizâncio mas também da Pérsia.
Este ecletismo dos príncipes normandos, que é como
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um reflexo da história da Sicília do século IX ao século


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Mecklenburg, no coração da Alemanha, onde estavam
s4. Cristo coroando Rogério IH. 1143/115!. Mosaico, Igreja
alguns poucos sobreviventes do terrível campo de Dora,
de Martorana, Palermo. Rogério Il era o rei normando da
Sicília. A cena da coroação seguiu o exemplo da arte disse ao professor de civilização bizantina que o recebeu
oficial da córte de Constantinopla (vide figura 78);
o quadro pode ter sido executado por um mosaicista grego. (Continua na pág. 153)
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97 (em cima). Eliezer e Rebeca, Séc. VI.


Pergaminho púrpura, Biblioteca
a

Nacional, Viena. Conhecido como


E NE E
Ra OE
v Aa =| Ro o Gênesis de Viena. êste famoso
Mm HI F Lis ma manuscrito é um dos raros exemplos
CH CANTECAV ária das primeiras iluminuras bizantinas e é
EA UCA E .

de data e procedência incertas. Mas


embora nada havendo de definitivo com
que compará-lo, o gósto pela anedota
e a paisagem são de Alexandria, Rebeca
deixa a cidade, aproximando-se da
fonte, e dá de beber ao mensageiro
e Jacó antes de dessedentar seus
camelos. O texto é ilustrado com um
movimento Minterrupto de maneira
encantadora e informal.

98 (à esquerda), Cristo diante de Pilatos.


Séc. VI. Pergaminho purpura.
30,7 x 26 cm. Tesouro da Catedral,
Rossano, Itália. O Códex de Rossano
tem a mesma continuidade de imagens
que o Gênesis de Viena, Neste exemplo,
as cenas aparecem mais destacadas
umas das outras. Pilatos, no registro
superior, ouve o caso dos sumos
sacerdotes. Embaixo, à esquerda, Judas
é vencido pelo remorso e devolve as
trinta moedas de prata; à direita, Judas
já enforcado. A solene simetria da
cena do julgamento é seguida por outras
de estilo mais íntimo.
m Ii votre ceras Mec
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“Pão. ="f
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99 (ao lado). Sermões do Monge Tiago tratadas da mesma forma espontânea imperiais de Constantinopla, foram
Kokkinobaphos. Séc. XI. 23 x 16,5 em e magistral, Sua importância reside na evidentemente copiadas de um manuscrito
Biblioteca Nacional, Paris (MS Grec completa originalidade da iconografia. anterior; como muitos manuscritos do
1208 fo, 47). A expulsão de Adão e mesmo período, parece uma continuação
do Paraíso é aqui representada de 100 (em cima). A penitência de David, direta da arte clássica. Nesta cena,
Eva
Séc. X. Manuscrito, 36 x 26 cm.
maneira deliciosamente original, Os David, repreendido pelo profeta Nathan,
Sermões sóbre a Virgem, por Tiago Biblioteca Nacional, Paris (MS Grec. arrepende-se de ter raptado Betsabá.
Kokkinobaphos, são uma série de
139). As miniaturas do famoso Livro de À direita, uma personificação da
os e do Salmos, Paris, que provêm das oficinas penitência: uma tradição alexandrina.
discussões tiradas dos Evangelh
Tódas as ilustrações são
Apocrypha.
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102 (em cima). O trono de Maximiano. c. clássico; os painéis da frente do trono,


101 (página anterior). O Lecionário dos
550. Marfim. 1,50 m x 60,5 cm. Museu representando São João Batista e os
Evangelhos. Séc. XI. Manuscrito.
Arquiepiscopal, Ravena. Maximiano Evangelistas, são de dois escultores
33 x 258 cm. Biblioteca Pierpont
cabeça foi arcebispo de Ravena de 545 a 553, diferentes; as placas narrativas têm uma
Morgan, Nova York. Esta típica iconografia original e variada,
segundo o que é datado no próprio trono,
de capítulo começa O Evangelho
ao Contudo, o trono é feito de numerosas especialmente nas cenas da vida de
São João. À esquerda, à Descida
inspirado placas em estilos diferentes, o que deu José, que era um popular tema egípcio.
Limbo, o Anastasis; à direna, O
cenas origem à discussões quanto às suas
Fvanpgelista dita seu livro. As
em el ab or ad a moldura origens. Às placas intrincadamente
estão en ce rr ad as
duas colunas esculpidas com foliáceas, a cada lado
decorativa e encabeçam as
ia seguida do monograma, povoadas de pássaros
de texto — disposição que ser
e animais, têm um sabor acentuadamente
em manuscritos posteriores.
103. As Santas Mulheres no Sepulcro,
Séc. V. Marfim. 31 x 13,5 cm. Coleção
Trivulzio, Castello Sforzesco, Milão.
A beleza simples desta antiga placa
cinzelada sôbre a fôlha de um díptico
é característica da passagem da arte
clássica para a cristã. As duas cenas,
uma sôbre a outra, representam dois
momentos da ação: os guardas
adormecidos e o anjo saudando as
Santas Mulheres na entrada do sepulcro.
O Cristo Ressuscitado não é representado
— a arte cristã procede por alusões. O
sepulcro lembra a edícula (aediculum)
construída sôbre o Santo Sepulcro
no século IV. Notem-se as cenas
cristãs em suas portas.
104 (página seguinte). O tríptico de
Harbaville (detalhe). Séc. X. Marfim.
24 x 14 cm. Louvre, Paris. O painel
central dêste magnífico exemplo de
gravação em marfim bizantino mostra
Cristo entronizado entre a Virgem e
João Batista, no registro superior.
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Embaixo, e nos outros painéis, os


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uma surpreendente variedade de
detalhes. A perfeição técnica do
cinzelamento do marfim foi mantida
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105 (à esquerda). A Cruz da Esperança de Beresford,
Séc. IX. Esmalte alveolado sôbre ouro, montado em prata
dourada. 8 x 5 cm. Museu Vitória e Alberto, Londres,
Êste pequeno relicário ítalo-bizantino da Verdadeira Cruz
mostra a técnica do esmalte cloisonné (alveolado) em todo
o seu efeito. Essas incrustações cheias de côr eram uma
forma favorita de decoração nos relicários e objetos

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preciosos bizantinos. A Virgem, de braços abertos, está
entre São Pedro e Santo André; São João Batista, em
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cima, e São Paulo. O outro lado mostra Cristo na cruz entre
a Virgem e São João.

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106 (embaixo) . O Tríptico Stavelot. do artesanato ocidental. Juntamente com postura de Legislador. Nos discos que
c. 1150, Cobre, prata dourada, esmaltes os manuscritos e ícones, os relicários a cercam, os quatro Evangelistas;
champlevé — em relêvo negativo. — portáteis em ouro e marfim tiveram em cima, cenas de O Batismo, a Última
31 x 63 cm. Biblioteca Pierpont parte importante na difusão da Ceia, a Crucifixão e a Ressurreição,
Morgan, Nova York. Éste altar portátil arte bizantina. e o símbolo do Espírito Santo.
foi feito por Godefroid de Claire para Santos e mártires ocupam os nichos
o Abade de Stavelot. Os pequenos 107 (página seguinte). Pala D'Oro. circundantes. Os esmaltes foram trazidos
trípticos de esmalte colocados no centro Sécs. X a XIV. Esmaltes montados de Constantinopla, no séc. X, e mais
foram feitos provavelmente em em moldura gótica de ouro e prata, tarde, no séc. XIII, depois da captura
Constantinopla para relíquias da decorada com pedras preciosas. Basílica da cidade. A atual montagem data de
Verdadeira Cruz. O pequeno tríptico, na de São Marcos, Veneza. Êste detalhe 1345 e inclui elementos muito
parte de cima, mede 6 x 11 cm; e o do glorioso retábulo de São Marcos anteriores, em sua moldura gótica,
que está mais abaixo, 11 x 20 cm. mostra o centro do elaborado painel segundo o gôsto pela magnificência que
Os esmaltes das duas portas são e a magnífica placa de Cristo entronado os venezianos adquiriram com
posteriores; provavelmente, trabalhos do último período bizantino na familiar os bizantinos.

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108, 109. Tecidos Coptas Cristãos.
Séc. VI. Linho bordado a sêda. Museu
Vitória e Alberto, Londres. O belíssimo
disco da Anunciação e da Visitação (em
cima) pertence à mesma série da cena
da Última Ceia (fragmento embaixo):
o motivo da moldura é o mesmo.
A iconografia, os grandes olhos e o
uso de côres brilhantes são típicos dos
tecidos religiosos feitos e bordados no
Feito, no séc. VI. Mostram que o gôsto
por têxteis narrativos apareceu muito
cedo no mundo cristão e iria
desenvolver-se em Constantinopla num
estilo menos espontâneo sob influência
imperial. Aqui, a iconografia das
cenas é familiar, especialmente na
Última Ceia, que pode ser comparada
ao mosaico do séc. VI em Ravena,
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111 (acima). Cristo e São Menas, 112 (página seguinte). A Virgem de
Séc. VI. Pintura sôbre madeira. Vladimir. c. 1125. Pintura sôbre madeira.
Louvre, Paris. O admirável ícone do Galeria Tretyakov, Moscou. O tipo
Mosteiro de Santa Catarina, no piedoso do ícone, conhecido como
Monte Sinai (vide ilustração 46), é um Nossa Senhora de Vladimir, era
exemplo do estilo mais provincial da desconhecido do pintor do ícone acima,
arte copta, a ser comparado com os e dos primeiros pintores de ícones
tecidos das ilustrações 108 e 109: o bizantinos, para os quais a Virgem
mesmo gôsto pelas côres brilhantes, e o Menino eram símbolos da fé.
especialmente no verde (agora Essa atitude terna e humana ea
desbotado) e nos brilhantes amarelos primorosa execução da pintura
e vermelhos. A informalidade das excrceriam grande influência, pois
a
figuras contrasta com a frontalidade, Virgem de Vladimir, embora pintada em
a falta de proporção e o sentido de Constantinopla, mais tarde foi lev
ada
divindade transmitido pelos rostos para a Rússia, iniciando tôda uma
escola
simétricos com seus enormes de ícones russos,
olhos fixos,
e
e
113. Sao João Batista, Fins do séc. XV, expressa seus ensinamentos: como o do renascimento Paleólogo,
Pintura sôbre madeira, 32 x 23,5 cm. “Arrependa-se, pois está chegando o A figura macilenta e a disposição das
Louvre, Paris, Esse ícone grego mostra Reino dos Céus” (Mateus III. 2). A vestes lembram as das pinturas
São João pregando no deserto, natureza dramática do personagem e o murais em Mistra,
protegido pela mão de Deus. O texto cenário selvagem marcam o estilo
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114 (em cima, à esquerda). O Sepultamento,


Andrey Rublev. Fins do séc. XIV. Pintura sôbre madeira.
Galeria Tretyakov, Moscou. A riqueza de colorido desta
cena trágica e os gestos expressivos da lamentação das
mulheres e apóstolos são uma indicação do realismo que
se desenvolveria nos ícones do séc. XV. Andrey Rublev foi
o maior mestre na pintura russa de ícones; em suas côres
há uma suavidade e uma luminosidade que mais tarde
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seriam imitadas por muito tempo.


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115 (em cima, à direita). Ícone de mosaico. Comêço do


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séc. XIV. 28 em. de altura. Opera del Duomo, Florença.


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As cenas neste díptico-miniatura ilustram as Doze Festas
salém,
Igreja. As quatro mostradas aqui são a Entrada em Jeru
.
Crucifixão, Anastasis ou Descida ao Limbo e a Ascensão
Na mesma face estão Pentecostes e o Sono da Virgem; do
de Cristo.
outro lado, seis cenas da primeira parte da vida

o
do séc. XIV.
116 (à direita). A Anunciação. Comêço É

Mu se u Vi tó ri a e Alberto, Londres.
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em nome de seus companheiros de prisão: “Espero que


o Macedônia. Na encantadora pequena igreja de Nerezi 85
senhor logo reassuma seu trabalho. Eu lhe pediria
para (1164), de aparência muito grega com suas cinco cúpulas
não esquecer que a civilização bizantina está nas raizes
da
e elevado tambor — paredes levantadas em plano circular
civilização russa”,
— a iconografia tradicional repentinamente é dominada
Estas palavras são indicativas da importânc
ia que a por um surpreendente poder emocional. A Deposição tem
adoção do Cristianismo Ortodoxo pelos povos eslavos
um nôvo aspecto dramático na sua liberdade de movimen- 85
ainda representa hoje em dia, com os conceitos imperiais tos. O Sepultamento é igualmente dramático — com os
de poder e administração e, finalmente, a arte bizant
ina. rostos da Virgem e de São João, e mesmo os dos anjos
Este surpreendente desenvolvimento que continua até
flutuando no céu, crispados pelo sofrimento. É possível
nossos dias, traz consigo, apesar de tantos séculos de
his- acreditar que seja o trabalho de um pintor de Constanti-
tória e mudanças profundas, as formas de pensament
o, nopla e que esta repentina sensibilidade e perfeição de
piedade e expressão artística originada em Bizâncio
entre estilo devem muito ao nôvo ambiente dramático no qual
os séculos VI e XII. A tomada de Constantinopla pelos a piedade bizantina se encontrou. Contudo, em Sta. Sofia,
Cruzados em 1204 parecia haver extinto aquela luz: vi- em Ochrid, havia pinturas datadas de 1056 — cem anos
mos como mesmo durante êste eclipse, novos centros de
mais antigas. Além das obras tradicionais, também há ce-
luz estabeleceram-se em Creta, em Trebizonda e também nas nas quais os rostos repentinamente revelam uma
na Macedônia, Sérvia e Bulgária. Quando os Paleólogos tentativa de expressão, uma certa tensão dolorosa — mais
tomaram o poder, a influência da metrópole seria sentida cruamente executadas, é verdade, mas que pernunciam o
novamente mesmo entre os povos mais impermeâvelmente supreendente sucesso em Nerezi.
independentes. E depois da chegada dos turcos em Cons- Na Sérvia as duas igrejas dêste período com as mais
tantinopla em 1453, quando as concepções de Antêmio belas pinturas são as de Milesevo e Sopocani. Datam da
de Trala e Isidoro de Mileto inspirariam o grande arquite- época em que Constantinopla estava sob o domínio franco
to Sinan a adornar Constantinopla com magníficas mes- — e o observador é levado a imaginar se os artistas em
quitas, os eslavos continuaram a viver no passado. Com fuga da capital conquistada não teriam estabelecido ali
o tempo, as formas se desenvolveram, a iconografia al- alguns de seus estúdios.
terou-se ligeiramente e outras influências intervieram. Mas As pinturas em Milesevo datam de cêrca de 1235. In-
não houve qualquer rompimento: os álbuns recentemente cluem um excelente retrato que se parece ao doador, o
publicados na União Soviética sôbre os ícones e pinturas Rei Vladislav, que reinou de 1230 a 1237. Conhecemos
de Andrei Rublev e outros pintores russos do séc. XIV e os nomes de três dos pintores, e esta divisão do trabalho
séculos subsequentes são prova suficiente disto. provavelmente explica as diferenças de estilo entre as di-
versas partes da igreja. Mesmo em uma única cena — a
SÉRVIA
Ressurreição, por exemplo — o observador é surpreendi-
As fronteiras geográficas da arte cristã do Oriente são de do pela reserva das Santas Mulheres, a clássica grandeza
fato as da própria Igreja Ortodoxa. Na Iugoslávia é do anjo, impássivel e vestido em belas vestes brancas, li-
possível traçar as fronteiras das áreas de influência das geiramente estilizadas, e a massa confusa de soldados ador-
missões romanas e bizantinas pela forma das igrejas — mecidos que forma uma espécie de base para o quadro.
por um lado as basílicas e de outro as igrejas com cúpulas A Virgem da Anunciação, por outro lado, é muito di-
— e pelo caráter da decoração pintada. Este é o resultado ferente dos modelos tradicionais e recebe seu visitante
do confronto da atividade evangélica grega de Cirilo e celeste com graciosa reserva.
Metódio com os esforços do papado romano e de Aquiléia. Em Sopocani por volta de 1265, durante o reinado do
84 Durante o primeiro período a Sérvia e a Macedônia Rei Urosh, apareceram composições com muitas figuras,
eram províncias próximas a Constantinopla e também a que invadiram quase todos os esquemas tradicionais: por
Salonica, que, através da história de Bizâncio, era um exemplo, a Descida ao Limbo, com sua multidão de fi- 86
centro artístico muito influente. Raras pinturas dêste pe- guras ressuscitadas, ou o Sono da Virgem, com uma
ríodo — anterior ao fim do séc. XII — têm sido descober- reunião de sacerdotes e uma grande guarda de anjos. Ao
tas. Mas nosso conhecimento foi ampliado com a des- mesmo tempo a cabeça de Cristo mais pesarosa com a
coberta, sob rebôco, dos afrescos de Ochrid e Nerezi na morte de sua mãe do que feliz em entregar sua alma aos
anjos, curva-se ternamente em direção a seu ombro.
O movimento iria continuar — em Prizren, Studenica,
117 (página anterior). A Anunciação. Comêço do séc. XIV. Gracanica, Decani e, mais uma vez, em Ochrid, na igreja
92 x 68 em. Coleções do Estado Macedônio, Skopje, de Santa Maria Peribleptos (agora igreja de São Clemen-
Macedônia. Ícone de dois lados, provavelmente te), através dos sécs. XIII e XIV e até o séc. XV, com
obra de um mestre de Constantinopla, embora pertença à uma coragem de composição, complicados fundos com
igreja de São Clemente, em Ochrid. Ícone para procissão, motivos arquiteturais, desenho mais firme, mas ocasional-
seria carregado em um mastro. O outro lado mostra a mente, nas cenas comuns, com os rostos repentinamente
Virgem e o Menino, mas a graciosa beleza da Anunciação animados por êxtase ou por mágoa,
tornou-a uma das pinturas bizantinas mais famosas, A
Os pintores que trabalhavam nessas igrejas eram es-
tradicional reserva na expressão de sentimento é preservada
lavos, como os que trabalhavam, por exemplo, para o
aqui, mas outros ícones (lâmina 116), embora mantendo
a mesma composição, estão imbuídos de uma nova emoção. Rei Miliutin nos fins do séc. XIII. Certas cenas tomam
85. A Comunhão dos Apóstolos. 1164.
Pintura sôbre rebôco. Igreja de
S. Nicolau, Nerezi, Macedônia. O
afrêsco se estende em volta da abside,
mostrando os anjos no centro agitando
os leques litúrgicos, ripidia, ladeando
os sacramentos. Cristo aparece duas
vêzes, segundo a iconografia tradicional,
— veylocrao Oo distribuindo pão e vinho entre os
S PETANHACE
E EMAZECKÁE+ Apóstolos. A expressão de seus
rostos é particularmente dramática.

86. Jesus entre os Doutóres. 1265.


Pintura sôbre rebôco. Sopocani, Sérvia.
A Virgem e São José encontram Cristo
sentado no centro de um synthronon
entre os doutôres que lhe fazem
perguntas. Éle já está dando a bênção.
É digna de nota a perspectiva dos
elementos arquitetônicos.

uma nova, e às vêzes muito comovente intensidade, que dêste período. Mas as cerâmicas de Patleina, particular-
realça seu valor religioso. mente um surpreendente retrato de S. Teodoro, pintado
Em época próxima à invasão turca, uma última série antes do cozimento em uma série de ladrilhos, são prova
de pinturas, no vale do Morava, voltou às figuras alon- da presença de técnicas tomadas da arte iraniana.
gadas, esbeltas e algo preciosas, agrupadas diante de com- Foi o segundo reino búlgaro que, depois de 1185, de-
plicados segundos-planos arquiteturais. O professor Tal- senvolveria sua própria escola de pintura sob a influência
bot Rice salientou o contraste entre a terrível situação mi- bizantina: a forma das igrejas de tijolos e a extensão e
litar e esta arte plena de encanto recusando-se a considerar composição dos ciclos de pinturas mostram as conexões
isso como um sinal de decadência: “A mansidão é uma com a metrópole, que sem dúvida enviava artistas acom-
virtude cristã”. panhando seus missionários, ou treinava os próprios artis-
tas búlgaros. A capital do reino era em Tirnovo, onde
BULGÁRIA no séc. XIII e especialmente no séc. XIV desenvolveu-se
Na Bulgária a situação era diferente: os búlgaros de uma escola na qual o predomínio bizantino não impediu
Asparukh — turco-tártaros — se estabeleceram em Do- a expressão de temperamentos originais.
broudja, com a permissão de Basileus Constantino II, a Os afrescos em Boiana, uma pequena cidade perto de 87
partir da metade do séc. VII. Às custas dos ávaros, ti- Tirnovo, datam de 1259. Foram pintados a pedido do
nham aumentado seu território consideravelmente, fundin- Sevastocrator Kaloian, que foi representado com sua es- 89
do-se à população eslava. Em 870, o Rei Bóris foi ba- pôsa, a Sevastocratissa Desislava, em magníficos retratos
tizado e recebido na Igreja Grega: seu padrinho foi o nos quais a serenidade muito humana das faces contrasta
imperador, Miguel III; e os discípulos de Metódio re- com o esplendor e rigidez das vestes. A jovem mulher,
ceberam permissão para evangelizar o país em dialeto es- sorrindo ligeiramente, tem uma graça muito real que con-
lavo. Os elementos da civilização búlgara estavam agora trasta com a grande, mas irreal beleza das outras figuras
unidos. Infelizmente sobreviveram poucos documentos das pinturas. Há grande quantidade destas figuras, por
87. A Igreja de Boiana. Sécs. XI e XIIL Bulgár
ia. As
três partes da igreja foram construídas em épocas difere
ntes.
A igreja original dedicada a S. Nicolau é o setor mais
oriental cuja abside pode ser vista aqui. A parte central
toi construída em 1259 pelo Sevastocrator Kaloian e tem
dois andares. Na lâmina 86 êle é visto ao lado de sua
esposa apresentando sua igreja. O anexo foi acrescentado
no século XIX.

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costume, ou as figuras mescladas em cenas, como no an-
sioso grupo agitado dos doutôres em tôrno de Cristo.
Mas o observador é mais surpreendido ainda com as
representações do próprio Cristo; primeiro, Cristo como
criança, depois Cristo ensinando e, finalmente, o formidá-
vel Cristo em triunfo, da Transfiguração. Foi preciso pou-
co mais do que o endurecimento das sombras, uma mu-
dança de côres para que a expressão fôsse recriada. Mais
tarde, a pintura búlgara desenvolveu-se em duas direções.
No meio do séc. XIV, os afrescos em Ivanovo foram
executados com grande flexibilidade, virtuosismo e córes
vibrantes. Quase ao mesmo tempo, em Zemen, uma arte 88 a, b. Sta. Sofia. 1037-46. Kiev, Rússia.
mais popular levou ao desenvolvimento de um desenho (a) A planta básica de cruz-no-quadrado da igreja foi
sucessivamente ampliada por duas naves colaterais ao longo
que era enfático e mesmo abrupto, mas expressivo e es-
dos três lados a partir das absides orientais. (b) O número
pontâneo, como no extraordinário grupo de apóstolos dor- de cúpulas foi assim aumentado; sua altura e formato
mindo no Jardim das Oliveiras, enquanto Cristo está em são caracteristicamente russos.
oração.
A existência destas duas correntes na pintura búlgara
é prova suficiente de que a arte búlgara não representava
de forma alguma apenas uma cópia da arte bizantina mas
uma arte na qual as diferentes tradições e temperamentos
entravam em contínuo confronto, entremeando-se, para
formar uma escola individual.

OS RUSSOS

Mais a leste, os eslavos tornavam-se mais uma vez uma


coleção de tribos desorganizadas depois do colapso dos
ávaros, que dominaram: normandos da Escandinávia —
os russos a quem os bizantinos chamavam varangianos —
que tinham chegado a esta região seguindo as rotas do co-
mércio, estabeleceram um domínio em Kiev e lá reinaram
de 862 a 957. Os sucessores de Ruric, Oleg, Igor e Olga
têm nomes eslavos mas parecem ter sido russos. Foram êles
que, durante os sécs. X e XI atacaram Bizâncio, assina-
ia-
ram acôrdos de comércio e foram convertidos ao crist
nismo. Já em 880, o patriarca Fócio tinha tentado con-
vertê-los; mas foi só em 957, em Bizâncio, que a Rainha
foi bati zada ; em 989 seu suce ssor , Vlad imir , casou-se
Olga
com à irmã do Imperador Basil II, e impôs o cristianismo
a seu povo.
Mais uma vez não nos surpreende que a arte religiosa lagre deve ser atribuído à Igreja Ortodoxa — à Igreja
de Kiev, desde o comêço, pareça bizantina. A igreja de Grega da Constantinopla. E também se deve ao próprio
$8a,b Santa Sofia em Kiev foi fundada pelo Príncipe Yaroslav prestígio da cidade de Constantinopla, que sintetizou a
por volta de 1037 e consagrada entre 1042 e 1049 pelo civilização através da Idade Média — tanto para os árabes
Arcebispo Theopemptes: era uma catedral metropolitana quanto para os búlgaros que desejavam conquistá-la, quan-
destinada a ter o mesmo papel de Hagia Sophia em Cons- to para os francos que o conseguiram — e cuja surprêsa
tantinopla. Várias vêzes ela foi destruída, restaurada, am- ao ver a cidade foi tão bem comunicada por Villehar-
pliada, abandonada e reconstruída. A pesquisa recente re- douin. Com as viagens de Cosmas Indicopleustes desde a
construiu uma história detalhada da igreja e descobriu época de Justiniano esta glória estendera-se até à Etiópia
novas partes de sua decoração. e dali ao Ceilão. Veneza, desejando partilhar de sua be-
O núcleo original da igreja é uma cúpula pequena na leza imitou-a. Assim como a antiga Roma tinha atraído
interseção de uma nave e transepto de igual comprimento. os bárbaros, a nova Roma os fascinava — e êles vinham,
As abóbadas de berço do transepto são sustentadas por procurando riqueza e cultura.
arcos, correspondentes a naves secundárias que também Encontraram uma religião — uma fé, ritos, uma hie-
são abobadadas, ou por absides, das quais parece ter ha- rarquia e igrejas. Esta religião fornecia uma moldura
vido cinco no comêço. Foi construída uma nave externa para a vida diária, governava as mentes e os corações,
que circundava três lados do edifício e que também ter- determinava o ritmo das atividades do dia, oferecia a
minava em absides sendo mais tarde incorporada ao pró- todos a magnificência de suas edificações e suas cerimô-
prio edifício. Uma segunda nave mais larga, com tôrres nias. Mas esta religião era a do inimigo; e por muito
assimétricas foi então acrescentada. De tal forma que fi- tempo os povos à volta de Bizâncio recusaram-se a abra-
$8a nalmente o edifício possuía nove naves, nove absides e çá-la — a religião imperial poderia ser um meio de es-
sete cúpulas — uma espécie de dilatação progressiva de cravidão. Assim, nos sécs. V e VI foram os hereges —
uma planta baseada na cruz inscrita. É um bom exemplo monges exilados pelos concílios da Igreja ou fugindo
dos desenvolvimentos que as plantas bizantinas sofreriam da polícia imperial — que realizaram conversões, pois
na Rússia. eram inofensivos aos olhos dos bárbaros que os recebiam
A decoração interior consiste de mosaicos e afrescos, porque não representavam o poder imperial. Assim os
no que poderia ser chamado de estilo bizantino simplifi- godos tornaram-se arianos, os mesopotâmios, nestorianos e
cado. Há o Cristo Pantocrator na cúpula, sôbre os anjos os etiópios, monofisitas. A arte seguiu logo depois.
severamente desenhados, com os evangelistas nos penden- Mas na Europa a ortodoxia iria mais longe. O godo
tes. Na abside, uma Virgem, de pé, na atitude de um Ulfilas, que se convertera ao arianismo em Constantino-
orans, que também é tratada de maneira simples e pouco pla, criara para seu povo uma forma escrita para sua lín-
graciosa. Embaixo, uma cena representando a comunhão gua, para que pudessem ler a Bíblia; era o que Cirilo
dos apóstolos, segundo a iconografia antiga, com seis e Metódio fariam pelos eslavos. Para alcançar os fiéis
apóstolos de cada lado. O mosaicista teve o cuidado de que não falavam grego, a Igreja Ortodoxa tinha de apren-
manter a individualidade dos rostos, que são tratados sim- der a falar o vernáculo, e traduzir os textos sagrados para
plesmente, mas desta vez com uma certa intenção de obter o eslavo, ou qualquer outra língua que fôsse falada pelos
expressividade. A mesma cena tinha sido representada povos convertidos. Naturalmente os reis e chefes vinham
em Kiev em uma outra igreja do séc. XI, a de São Mi- a Constantinopla para ser batizados — em grego — ou
guel, com efeitos diferentes no agrupamento de figuras, eram batizados em suas próprias capitais por missionários
com menos audácia e menos sentimento. gregos enviados pelo patriarca. Mas o uso da língua es-
Mais embaixo, uma tradicional fila de santos; os san- lava logo levou à formação de um clero eslavo, ou de
tos também foram usados para decorar, desta vez em um clero nacional — que, por sua vez, levou à formação
afrescos, outras partes do edifício. São apresentados fron- de igrejas nacionais, à secessão. Aparentemente a Igreja
talmente, dispensando-se grande atenção a cada figura, Ortodoxa sofria um processo de fragmentação: mas a fé
individualmente, o que é menos bem sucedido, parece, em permanecia a mesma, as liturgias não foram alteradas e a
Boiana. Também há cenas, particularmente, de episódios arte das igrejas permaneceu fiel às tradições. Além da
na vida da Virgem, incluindo uma bela e sensível cena separação lingiística foi preservada uma unidade es-
de casamento. Outros afrescos, representando o príncipe piritual, expressa numa unidade estética.
Yarislav e sua família estão em condições muito pre- Quer sejam icones, mosaicos ou afrescos, as obras
cárias. mantêm antes de tudo seus temas iconográficos: por exem-
Na tôrre sudoeste estão cenas profanas — caçadas de plo, há uma longa linha de descendentes da Virgem de 112
ursos e esquilos com arco e flecha — reminiscentes das Vladimir, um ícone pintado em Constantinopla no início
clássicas venationes; entretanto, o hipódromo, com a sua do séc. XII, transportado para a Rússia, que no séc. XIV
arquibancada real também é mostrado. Em outras cenas seria encontrado com o nome de Mãe de Deus do Don,
há lutadores, músicos, animais — até mesmo um camelo. nas pinturas atribuídas a Andrei Rublev, e mesmo mais
Estas pinturas naturalmente derivam do palácio de Cons- tarde. Da mesma forma, o mesmo tipo de Cristo, a um
tantinopla. tempo nobre e gentil, continua imutável de ícone para íco-
É um milagre da arte bizantina o fato de tornar-se sem ne até o séc. XVI. A iconografia das histórias da vida de
quebra de continuidade a arte dos povos eslavos. Êste mi- Cristo é repetida continuamente, tornando possível em cada
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89. Cristo Curando. c. 1310. Mosaico. Kahrie


omstantiwonis: até Cami, um dos casos encontrar um original no repertório bizantino.
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aqi do : casa uma cena de milagre: Os santos e notáveis seculares, mostrados frontalmente ou
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Apóstolos quase frontalmente, mantêm
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estilizados e rí-
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a e o objeto do milagre ao lado direitc. O interior gidos chlamydes. Os anjos correm com os mesmos mo-
da igreja é decorado com cenas da vida da Virgem
eda vida de-Cristo. vimentos e seus ,mantos sempre caem com as mesmas do-
bras sóbre suas túnicas. A expressão facial permanece a
mesma — quer sejam velhos ascetas com barbas encara-
coladas, calvos Pais da Igreja com altas testas, ou anjos
com belos traços, com as cabeças inclinadas e cabelo
curto encaracolado — é a mesma humanidade animada
pela mesma espiritualidade. Naturalmente surgiram novos
temas, ou melhor, novas versões de antigos temas, como
na refeição dos três anjos, provavelmente derivada da
philoxenia de Abraão, e que se tornou o símbolo da
Trindade. Êsse mesmo quadro seria repetido por Andrei
Rublev, uma obra-prima.
Enquanto no Ocidente a arte bizantina seria eclipsada
e desapareceria, em consequência de profundas revoluções
como o aparecimento da arte românica, da arte gótica e
da arte clássica do Renascimento, a Igreja Ortodoxa per-
maneceu fiel às antigas tradições. Foi dentro destas li-
mitações que através dos mundos grego e eslavo, espe-
cialmente na arte russa, os artistas esforçaram-se por ex-
primir uma nova sensibilidade religiosa, uma nova pro-
cura da beleza.
OS PALEÓLOGOS: A ÚLTIMA RENASCENÇA
Antes de deixarmos a arte bizantina voltemos a Constan-
tinopla. Miguel Paleólogo, que estava em Nicéia, e assu-
miu o poder depois da morte de Teodoro II Láscaris,
conseguiu com a ajuda dos genoveses expulsar os francos
de Constantinopla (1261), fundando uma dinastia sufi-
cientemente forte para resistir a todos os ataques até à

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queda de 1453. De início era um império bem
que antes, com os seldjuques na Anatólia, os
menor do
armênios
XA ] o) NU EE do ET ; na Cilícia, os búlgaros e os sérvios independentes nos
y ASF Ô 1.8. Balcãs, enquanto o império de Trebizonda e a autocracia

90. Kahrie Cami (Igreja de Chora). 1300. Constantinopla.


A própria igreja é apenas um quadrado coberto por um
domo; à frente, tem dois pórticos, sendo flanqueada por
uma capela lateral.
de Epiro mantinham sua independência e o Peloponeso,
apesar da conquista de algumas cidadelas, permanecia
nas mãos dos francos. Durante êste período difícil, a pin-
tura bizantina renasceria mais uma vez, primeiro em
Constantinopla, depois no próprio império, em particular
na cidadela peloponesa de Mistra.
909 A igreja do Salvador em Chora, hoje Kahrie Cami, tem
todo um ciclo de mosaicos datados do início do séc. XIV.
A Igreja é muito pequena, 25 x 25 metros, no todo ou,
sem os acréscimos, nove metros. As paredes são inteira-
mente cobertas com mosaicos surpreendentemente vivos,
92 narrando a vida de Cristo e da Virgem e acrescentando
aos episódios tradicionais alusões aos hinos que acaba- Ni
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vam de ser introduzidos na liturgia. As cenas tomam um As o


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nôvo desenvolvimento graças à atenção dada aos detalhes


91. A Ascensão. Pintura sôbre rebôco. Igreja de
do acontecimento, aos caracteres secundários, ao fundo
Pantanassa, Mistra, Peloponeso, Grécia. Os afrescos da
decorativo e aos acessórios. O mosaico do nascimento da abóbada do santuário incluem o belo detalhe da Ascensão.
91 Virgem torna-se ocasião para uma grande cena: com ser- A praça e realismo das expressões e vestimentas são
ventes carregando archotes e preparando uma refeição notáveis (vide lâmina 96). A Virgem, e os Apóstolos,
para a mãe enquanto outras mulheres ficam a um canto entre as árvores, testemunham o milagre da Ascensão
preparando o banho para a recém-nascida sob a discreta representado na abóbada.
vigilância do pai olhando da entrada.
O Evangelho apócrifo de S. Tiago forneceu outros mo-
tivos pitorescos e tocantes como a Anunciação a Isabel, consigo a mais recente inspiração artística da capital, que
ou a cena em que a Virgem está aprendendo a andar e usufruía de uma verdadeira vida intelectual. Apesar de
tropeça em direção à sua mãe. Na vida de Cristo, o Evan- seu relacionamento com a cultura ocidental — a cidade
gelho narra sua infância interpretada de maneira seme- estava cercada por principados francos e vários dêstes
lhante como no censo de Quirino, no qual S. José apre- príncipes, casados com princesas. italianas — Mistra foi
senta sua mulher ao governador e escrivão, ou novamente muito pouco afetada em sua decoração e arquitetura pelas
na Fuga para o Egito, precedida pelo sonho premonitório influências estrangeiras. A arquitetura é bizantina e a pin-
89 de José. Os milagres de Cristo também possibilitam a tura era dependente de Constantinopla. 95
disposição de um pitoresco grupo de mendigos e aleijados Existe tôda uma série de igrejas decoradas entre 1290 e
em oposição aos majestáticos, e algo distantes, apóstolos. 1430, embora mostrem ter havido um gradual desenvol-
Isso representa de fato uma vitalidade nova na narração vimento de estilo. Na mais antiga, a de S. Demétrio, a
dos Evangelhos. Virgem figura na abside, como em Nicéia, um pouco
Oposto a êstes quadros, que estão no nártex, numa ar- acima de a Comunhão dos Apóstolos, e o estilo é um
90 cada do exonártex, o Cristo Emmanuel permanece majes- tanto frio e oficial. Mas as composições repentinamente
tático e impassível. Na abside da capela lateral, decorada libertam-se dos limites dos sécs. XIII e XIV e desenvol-
com afrescos, a Anastasis, também representada aqui pela vem-se em vários níveis ao mesmo tempo, em paisagens
93 descida de Cristo ao Limbo, adquire um nôvo poder dra- dramáticas ou em andares arquiteturalmente complexos.
mático em sua extensão por sôbre os lados desta abside. As figuras, cujas características físicas são acentuadas e
Na parte superior desenvolve-se uma representação do cujas vestes estão iluminadas pelas côres, agitam-se nestes
Juízo Final, na qual Cristo está entronizado, cercado por cenários líricos, como se temendo nêles se perder como,
um synthronon de apóstolos e uma hoste de anjos sôbre por exemplo, na igreja de Peribleptos.
as pequenas figuras dos condenados. E nas cenas da Con- Na Pantanassa, Cristo anda à frente de uma multidão 94
sagração, em mosaicos, uma com Teodoro Metochetes, o através de uma garganta de pedras para a sepultura de
fundador da igreja, uma outra com o Príncipe Isaac Por- Lázaro, cuja porta abre-se na rocha. Alguns homens aca-
firogeneta e sua irmã Maria a seus pés, o Cristo, acom- baram de remover a porta de mármore rosa; Lázaro le-
panhado neste segundo quadro por uma Virgem da In- vanta-se em suas ataduras precedido por um amigo, que
tercessão, tem a mesma solene majestade presente em ainda mantém um lenço no nariz. Uma lacuna na super
tôdas as obras do período anterior. Contudo a humani- fície da pintura nos priva da apreciação das duas irmãs
dade das cenas de grupo é um nôvo ponto de partida e prostradas. É uma mise-en-scêne grandiosa, dramática e
mostra que mais uma vez a arte bizantina estava tentando impressionante.
revitalizar suas convenções com mais ousadia do que em As abóbadas de Peribleptos levam diretamente ao céu; 96
qualquer período anterior. na abside, a Virgem recebe a homenagem dos anjos; sob
É o que pode ser visto, e com uma liberdade maior o arco precedente está a Ascensão, na qual a mandorla
ainda, nos afrescos das igrejas de Mistra no Peloponeso. de Cristo abençoando é carregada por quatro anjos sôbre
No séc. XIV a cidade dependia de Constantinopla; era a Virgem e os Apóstolos que permanecem gesticulando
governada por um dos filhos do imperador, que trouxera numa paisagem de árvore em flor, Esta cena é seguida
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92. O Mosteiro de Lavra. 903. Monte Athos, Grécia, são claramente visíveis, assim como os domos do Katholikon;
O complexo do mosteiro fortificado visto do sudoeste. no centro, a igreja principal.
A história das edificações é complicada, mas as fortificações

pela Entrada em Jerusalém com uma colorida multidão Estamos muito longe da definição com a qual começa-
de espectadores acotovelando-se em frente aos edifícios mos. Seria interessante levar a comparação mais longe,
de vários andares. Na cúpula está o Cristo Pantocrator estudar lado a lado, página por página, as realizações
em um medalhão sôbre os apóstolos sentados em círculo. dos pintores no Ocidente e no Oriente, começando com
91 Nos outros braços da cruz, a Natividade, o Batismo, a Giotto e o mosaicista de Kahrie Cami. As grandes co-
Transfiguração e a Descida do Espírito Santo sôbre os leções de obras na história da arte são obrigadas a con-
Apóstolos, são tratados com a mesma exuberância plena servar classificações geográficas assim como cronológicas.
de alegria. Mas seria fascinante ver que lugar seria ocupado pelos
Um bom meio de apreciar esta transformação na pin- pintores de Mistra se fôssem repentinamente confrontados
tura bizantina é através de uma comparação teatral. Nor- no mesmo livro com os pintores de Siena, Florença ou
malmente as figuras são tradicionalmente colocadas em Pádua. É provável que êles apareceriam, como êstes, tão
palco estreito em uma parede simples. A representação é livres, tão imaginativos e tão profundamente humanos.
solene e convencional. O cenário é preparado pela co- A existência desta arte bizantina se prolongaria bem
locação de alguns apoios no palco. No século XIII o além da revolução da época dos Paleólogos, o que não
fundo simples é substituído por fundos variáveis apresen- se deve apenas aos princípios por ela lançados e aos quais
tando várias complicadas cenas arquiteturais, mas os per- a arte dos eslavos continuaria fiel; mas também porque
sonagens permanecem isolados dêstes cenários por um na própria região de Constantinopla, mesmo durante as
muro que os confina em suas estreitas plataformas e que vicissitudes da conquista turca, os mosteiros agiram como
lhes permite ficar contra superfícies sêmples e brilhantes. conservatórios nos quais as obras do passado eram piamen-
No séc. XIV o fundo é substituído por andares. A parede te preservadas e onde as novas obras continuavam a ser
é rompida e disposta em várias profundidades, o palco produzidas segundo formas imutáveis. O mais famoso dês-
tes mosteiros era o do Monte Athos. Na Montanha Sa- 92
torna-se mais profundo e repleto. Os atôres, também,
são dispostos em profundidades diferentes, separados por grada, isolados em sua península, os mosteiros aumenta-
ram em número, pelo menos a partir do séc. IX. Separadas
elementos arquitetônicos ou por pedras nas cenas cam-
umas das outras, fechada dentro de suas paredes, cada
pestres. Ao mesmo tempo OS atôres se movem e gesticulam
livrem ente e os figura ntes, até ali algum as raras fi- comunidade possuía várias igrejas. Havia, como em Va-
mais
topedi e Chilandari, grupos de pinturas tradicionais. Os
guras que permaneciam imóveis nos lados do palco, agora
aumentam em número e tomam uma parte mais animada
iconóstases mantinham seus ícones, fregiientemente repin-
na ação. A superfície bidimensional foi quebrada. Agora
tados, infelizmente, e as bibliotecas preservaram manus-
e con- critos preciosos, Evangelhos, Livros de Salmos, livros de
a ação se desdobra dentro de estruturas complexas
flitantes, com perspectivas contraditórias: pode não ser o orações e vários tipos de obras devocionais. Desta forma
espaço ocidental, organizado em perspectiva, mas é es- o mundo religioso de Bizâncio sobreviveu até hoje através
paço. do monasticismo.
O Tesouro das Igrejas

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A ARTE ÁULICA Também é fácil compreender porque os imperadores


deveriam ter encorajado a cópia de manuscritos, produzi-
A natureza teocrática do Império Bizantino, a união fun- dos para êles, alguns de qualidade suprema. Em tôdas as
damental entre a teologia e a política, torna necessário nossas bibliotecas, os manuscritos mais famosos preser-
um capítulo à parte sôbre o fausto bizantino em um vados até hoje em Londres, Paris, Roma, Veneza, Moscou
livro que verse sôbre a arte cristã. Há outros períodos ou no Monte Sinai, trazem o nome e até mesmo a ima-
da história em que os soberanos, além de encorajar ar- gem do imperador para o qual foram criados.
tistas e artesãos encarregando-os de decorar seus palácios Uma indústria como a da escultura em marfim sempre
e capelas, também fundaram estúdios e oficinas, decreta- foi reservada, nem que seja apenas pelo seu alto custo,
ram monopólios e centralizaram em sua pessoa todo o aos deuses e aos reis. Basta referir o leito criado pelos fe-
trabalho das indústrias de luxo de sua época. Basta lem- nícios para Azarel, o rei de Damasco, e descoberto nas
brar Luís XIV ou Jorge IV. Portanto não nos surpreen- escavações em Aslan Tash — para onde tinha sido levado
de que os basileis tenham proibido o uso de sêda e púr- pelos conquistadores hititas — ou as estátuas criselefanti-
pura, e através do cultivo organizado de amoreiras, a nas de Fídias, Palas em Atenas e Zeus no Olimpo. A pro-
criação de bichos-da-sêda importados da China, o mo- dução das oficinas imperiais era tão prolífica que exem-
nopólio do trituramento do murex para a produção das plos ou imitações dela são encontrados em todos os mu-
tinturas de púrpura, na Fenícia e em outras partes, tenham seus da Europa e da América.
tornado êsses tecidos suntuosos o próprio sinal de sua Obras-primas de metais preciosos e jóias também são
grandeza: os Porfirogenetas, os nascidos na púrpura, eram destinadas apenas àqueles que são ricos e poderosos. Os
membros da família imperial; e era necessário pertencer trabalhos em ouro e prata, a incrustação de pedras pre-
à côrte ou gozar de alto cargo e prestígio para usufruir ciosas e o esmaltamento, do período bizantino, criaram
do privilégio de entremear alguns fios de sêda à lã das objetos de inigualável riqueza e de uma perfeição poucas
vestimentas. Os ricos brocados que seriam encontrados vêzes alcançada. Novamente é o esplendor da côrte de
nos túmulos de reis e de santos no Oriente e no Ocidente Constantinopla que se reflete através da sua decoração
trazem a marca de sua origem nas oficinas imperiais de e de suas cerimônias, o esplendor que envolvia pessoas
Constantinopla. e coisas.
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pra Dr afrppestesop psuSapkaisrosa PN cpeurCAT É também às igrejas; vestiam não só os imperadores mas
= “am *” a A % da a . a ”
pour dy Ereppynmpmsopó|Daçar Kastrop Capaurrqueda E também os patriarcas e serviam de mortalha aos corpos
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dos príncipes e dos santos. Os manuscritos, escritos e
apisada tan * apa jp ETLupVe rop paginas - >
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' ilustrados nos estúdios imperiais, eram sagradas escrituras
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Gregório de Nazianzo. Os marfins são relicários assim 69
prot rop Ses D opere = dim êr repre rop rep € como os objetos de uso pessoal — e nos dois casos são de-
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corados com retratos de santos ou cenas piedosas, de tal
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forma que os raros cofres decorados com figuras de ca-
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Ás Drarsvpnem rupea sas 4) o ana fa rippnateropi3triepe trexa noclasta. Os trabalhos em ouro, agora conservados nos

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tesouros das igrejas, foram criados na maioria dos casos
94. O Evangelho de São João (acima). Séc. VIII. Pergaminho.
30 x 22,5 cm. Biblioteca da Divinity School, Duke University, para as igrejas — cálices de ouro e pátenas de Ônix, re-
Carolina do Norte. Detalhe típico das margens e iniciais licários esmaltados e cruzes peitorais cobertas de pedras
decorativas de um manuscrito bizantino. preciosas. O imperador colocou o luxo de uma civilização
refinada a serviço da fé e da Igreja.
93. Epitaphios de Salonica (ao lado). Sêda bordada. Museu
Contudo êste luxo em objetos acrescentou sômente uma
Bizantino, Atenas. O painel central mostra Cristo velado
nota final ao surpreendente concêrto de córes de uma
pelos anjos; à esquerda e à direita, duas cenas da Comunhão
igreja bizantina. As brilhantes cúpulas de mosaicos são 47
dos Apóstolos; a moldura consiste numa série de cruzes
gregas dentro de medalhões. peças gigantescas de ourivesaria; os santos ficam ao longo
das absides como figuras em tôrno de um vaso; o ico-
95. Séda Bizantina. Séc. VIII. Catedral de Sens, França. nóstase talvez só seja menos impressionante do que a
Sudário de São Vitor; êste tecido mostra o motivo do Pala d'Oro, e seus ícones dourados menos esplendorosos 107
estrangulador de leões, de origem mesopotâmica. Traduzido
do que o brilho dos esmaltes. O Cristo e a Virgem nas
para os temas cristãos, o herói Gilgamesh foi identificado com
cúpulas estão vestidos como imperadores, os anjos como
Sansão. Neste exemplo o efeito decorativo é
particularmente notável. alto dignitários ou soldados da guarda imperial. E a li-
turgia que tem lugar na nave e no côro é reminiscente
do esplendor das cerimônias imperiais,
A unidade de civilização bizantina emerge dessa iden-
tidade.

TÊXTEIS

A antiga história dos têxteis tem dado margem a enganos


pela própria fragilidade do material em si. Temos abun-
dantes informações sôbre os tecidos egípcios-coptas —
aos quais, como aconteceu com os papiros, o clima sêco
forneceu excelentes condições de preservação. Exceto
por umas poucas descobertas no deserto da Síria, onde
foram encontrados fragmentos nas sepulturas de Palmyra
ou numa tórre em Halabiye no Eufrates, no que concerne
à Antiguidade estamos limitados a provas inadequadas de
documentos ilustrados que apresentam as formas ou as
córes, mas não fornecem indicações dos materiais em-
pregados ou dos métodos de tecelagem. No caso dos têx-
teis bizantinos, pelo menos no que diz respeito às sêdas
mais luxuosas, podemos julgá-los uma vez que possuímos
exemplos autênticos; aquêles que estão nos museus ou no
tesouro das igrejas vêm de sepulcros ou sarcófagos suficien-
temente bem selados para preservá-los por séculos, em
boas condições.
Muitos dos tecidos coptas que chegaram até nossos dias 108,109
pertencem à arte cristã, continuando diretamente aquêles
que tinham tratado motivos pagãos ou simplesmente mo-
tivos decorativos — embora êsses também tenham conti-
162

nuado populares. Os têxteis coptas eram tapeçarias, tra-


balhadas em lã sôbre um fundo de linho, ou bordados.
Misturados com a lã encontram-se fios de sêda ou até
mesmo fios de metal — fios de ouro; às vêzes o material
empregado é o algodão.
A tapeçaria é como o mosaico: é possível seguir ou
recusar a técnica. Portanto há casos em que a imitação
da pintura helenística é surpreendente em seus efeitos de
luz e sombra; mas em outros exemplos nota-se o apareci-
mento de motivos que são definitivamente de origem sas-
sânida. Alguns dêstes apareceram no reinado de Justinia-
no, nos mosaicos de Antioquia: tapêtes de flôres, íbexes
alados, leões com guirlandas que também são encontrados
novamente na arte copta, iniciando assim uma linha de
desenvolvimento que iria passar através de tôda a arte
bizantina: era possível traduzir motivos como cavaleiros,
cujos cavalos adotam o galope voador, com as patas tra-
seiras alongadas, e caçadores de animais selvagens para
cenas de santos — São Miguel, em particular, ou São ? y a Ps — |

Jorge. O desenho inscrito dentro de um círculo ou de um ESSES


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OS Ae Sp O
e

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quadrado, fregúentemente repetido, torna-se um motivo
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tão decorativo quanto os elefantes ou grifos, que não pa-


recem ter assumido um caráter simbólico com a sua re-
presentação em ambiente cristão.
Os têxteis bizantinos saídos das oficinas imperiais eram, 96. Placa de santuário de Constantinopla. Séc. X. Mármore.
São Marcos, Veneza. A escultura decorativa bizantina
110,95 sobretudo, sêdas com motivos repetidos, frequentemente
tem frequentemente, além dos motivos geométricos,
em tamanho grande e influenciados por tradições irania- representações estilizadas de animais e folhagens, dispostas
nas, como nas grandes águias de sêda encontradas no sar- segundo uma simetria completamente oriental. A moldura
cófago do bispo St. Germain em Auxerre, ou os elefan- de rosetas também é encontrada em marfins.
tes do sudário de Carlos Magno em Aachen. São sêdas
de côr púrpura nas quais o motivo é trabalhado com fio que é glorificado numa famosa sêda do séc. X, na Ca-
de ouro, muitas vêzes apresentando figuras de origem tedral de Bamberg, é o sepultamento de Cristo que é 93
religiosa como a conservada no Vaticano, datada do séc. representado no epitaphios de Salonica — com um relêvo
VII, com medalhões mostrando contra um fundo verme- e uma magnificência que permitem a esta mortalha con-
lho cenas da vida da Virgem — a Anunciação, a Na- ceder uma impressão de triunfo até mesmo à lamentação
tividade; ou o excelente tecido antes conservado no Kaiser da Sexta-Feira Santa.
Friedrich Museum em Berlim, com o tema do profeta
Daniel na cova dos leões, cercado por outros santos: com ESCULTURA E MARFINS

uma particular qualidade oriental em suas vestes enquanto Não existe uma escultura religiosa bizantina nem tam-
as fileiras de pequenas igrejas, tôdas iguais, representadas pouco uma escultura imperial, depois dos primeiros sé-
nas bordas, são reminiscentes de Antioquia, a capital síria. culos. Êste desaparecimento se deve ao temor da idolatria.
Os mesmos materiais são encontráveis em documentos Mesmo em marfim existe apenas uma Virgem (atualmen-
ilustrados, usados tanto por imperadores quanto santos, te no Museu Victoria e Albert, em Londres), tratada em
anjos e Cristo. Assim os dignitários que no decorrer das pleno-relêvo: não tem mais de 30 centímetros de altura
cerimônias caminhavam em procissão ao longo das fi- e não se diferencia muito das outras Virgens tratadas em
guras em mosaicos nos palácios e igrejas, estavam ves- alto-relêvo sôbre placa. Da mesma forma, as figuras es-
tidos em tecidos igualmente suntuosos que resplandeciam culpidas nos sarcófagos, que tinham sido a glória dos
com a luz da mesma forma que os mosaicos. As aias da primórdios da arte cristã, desapareceram rapidamente.
42,43 imperatriz usam roupas decoradas com motivos geomé- Em consegiiência, a escultura limitou-se quase exclusiva-
tricos ou florais, e o manto de Teodora tem um painel mente aos capitéis, placas de santuários e relevos decora- 96,97a,t
bordado representando a Adoração dos Reis Magos. tivos. A característica da decoração bizantina esculpida, p

Uma série de tecidos ou vestes litúrgicas ricamente bor- que ao renunciar às três dimensões torna-se semelhante a
dadas, geralmente de períodos posteriores, também sobre- trabalho em vime ou renda — contrastando motivos bran-
viveu até nossos dias. Como já foi dito, existem tecidos cos contra um fundo prêto — é frequentemente ressal-
iconográficos coptas, que devem ter sido usados pelo tada por uma surpreendente perfeição técnica. Mais uma
clero para seus serviços; o bordado permite que as cenas vez a impressão de grandeza e luxo surpreende o observa-
mais complexas sejam transferidas para tecidos — em dor no acabamento do trabalho. Os capitéis das marmora- 97a,b
qualquer escala que se torne necessária, Aqui novamente rias das Ilhas Mármara ou das oficinas da capital frequen-
as liturgias cristã e imperial se unem; se é um imperador temente eram exportados e copiados, adaptando-se per-
E jtnii

97 a, b. Capitéis Bizantinos. (a) A semelhança entre êste Constantinopla, são alguns dos melhores exemplos da
capitel de S. Apollinare Nuovo, em Ravena, com o da escultura bizantina do século VI, de motivo finamente
direita é notável; provavelmente os dois saíram das mesmas vazado de fôlhas de acanto, estilizadas.
oficinas. (b) Os capitéis de H. Sergius e Bacchus, em

feitamente na arquitetura entre as paredes de mármore e todos os períodos. Atribuído ao séc. IV, o Marfim de
os mosaicos. Trivulzio representa a Ressurreição de Cristo. 103
A transição tornava-se fácil com os marfins, que são Um grande cofre com tampa plana, do séc. XI ou XII, 98
numerosos e de grande beleza; muitos dos objetos nesta atualmente no Museu de Arte de Cleveland mostra uma
categoria são de uma riqueza e perfeição surpreendentes. Ilustração da queda de Adão e Eva em uma moldura de
Geralmente constituem painéis pequenos — a maioria dos rosetas justapostas — um motivo muito comum neste
quais com menos de 30 centímetros de altura. As repro- período. As figuras estão isoladas, o desenho e o relêvo
duções dão a impressão de que os originais tinham sido são executados de forma algo sumária, mas a composição
muito maiores —- mas os detalhes são tão bem trabalhados é muito expressiva em seu todo. Há cenas que são apre-
que o conjunto não é prejudicado pela mudança de es- sentadas de forma muito mais dramática como a Morte 99
cala. Estas placas às vêzes eram usadas como ícones: da Virgem, datada do séc. XI, atualmente no Museu de
tratadas como objetos de devoção e colocadas nos iconós- Arte de Worcester. A iconografia desta peça é tradicional,
tases. Também eram usadas como partes de pequenos mas o escultor tentou muito mais do que outros artistas
cofres, relicários, capas de manuscritos e até mesmo em mostrar a tristeza dos Apóstolos, na variedade de suas
peças de mobiliário — como o trono luxuosamente tra- atitudes e expressões, e fazer aparecer os movimentos do
102 balhado do Bispo Maximiano em Ravena (datado do Cristo.
séc. VI). Naturalmente as cenas ilustradas nos marfins obede-
Contrastes semelhantes são encontrados em séculos pos- cem às regras gerais da iconografia. Mas as mudanças
teriores entre obras de grande nobreza na discrição e qua- na técnica permitiram talvez ao artista uma melhor ex-
lidade hierática de suas composições e estilo, e em outras pressão: geralmente, êstes quadros em baixo-relêvo, avi-
mais livres e cheias de vida. O tríptico de Harbaville, do vados pelo jôgo de sombras assumem um valor emocio-
104 séc. X, atualmente no Louvre, mostra Cristo entronizado nal muito maior do que o das pinturas.
entre a Virgem e o Anunciador, cercado por cinco filei-
TRABALHOS DE OURIVESARIA
ras de santos. A perfeição da técnica concede uma su-
prema elegância a essa obra, apesar da simplicidade, para O trabalho em metal da arte cristã parece ter existido
não se dizer monotonia, da composição. desde muito cedo, É natural que as comunidades dese-
Em contraste com estas representações um tanto rígidas, jassem celebrar suas missas com taças e pratos, cálices e
também existem cenas animadas ilustrando as sagradas pátenas mais ricas possíveis. Eram usados vidro dourado
escrituras; delas podem ser encontrados exemplos em e vidros com retratos de santos ou cenas narrativas gra-
98. Cofre bizantino em marfim. Sécs. XI e XIL Severance e J. H. Wade. As placas de marfim aplicadas
c. 13 x 46,5 x 19,5 cm. Museu de Arte de Cleveland, sôbre o cofre de madeira representam cenas da vida de Adão
Ohio. Doação de W. G. Mather, F. F. Prentiss, John L. e Eva. As faixas de rosetas são características do período.

= 99. A Morte da Virgem. Séc. XI. Marfim. c. 11,5 x 16,5 cm.


da da
4

Worcester Art Museum. Worcester, Massachusetts. O


entalhe é simples e a iconografia tradicional, mas a
rerrEprr

tentativa de expressar sentimento teve resultado excepcional


especialmente no grupo de Apóstolos à direita. A placa
pertencia a um cofre bizantino em marfim.
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100. A Sagração de Davi (embaixo à esquerda). Séc. VII.


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Pátena de prata encontrada em Chipre. 26,5 cm de diâmetro.


Metropolitan Museum of Art, New York. Esta cena é
representada de forma mais complexa nas ilustrações dos
Livros de Salmos. Ao fundo, uma colunata com um arco
central, frequentemente encontrada nesta espécie de objeto,
Na frente, o altar para sacrifícios e os animais. O caráter
clássico desta pátena bizantina é muito acentuado.

vadas, pedras preciosas incrustadas e o ouro e a prata


lavrados. Na Síria dos sécs. V e VI era dada grande aten-
ção aos utensílios litúrgicos: cálices incrustados de pe-
dras preciosas eram decorados com inscrições e cruzes e
às vêzes, quando o metal estava sendo trabalhado, orna-
mentados com medalhões contendo bustos dos Apóstolos.
Deve ser feita menção especial ao cálice de Antioquia —
cuja autenticidade foi tão amargamente e em vão disputa-
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EE? E a" da — no qual, em tôrno de um vaso simples, um reves-
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timento de prata lavrada é coberto por uma voluta de fô-
lhas de videira, nas quais estão sentados Cristo e os
Apóstolos. Os pratos eram mais ricos em seus desenhos:
uma série excelente foi descoberta em Chipre, represen-
tando episódios da vida de David. Às vêzes, como em
David caçando, ou em David e Golias, o desenho lembra
cenas bucólicas dos objetos helenísticos em ouro onde
a decoração e composição de cenas como a Sagração, ou o
Casamento de David, lembram as baixelas imperiais — 100
como no famoso Escudo de Teodósio atualmente em
Madrid, por exemplo. Mais surpreendentes, pela com-
plexidade de uma iconografia que freqiientemente é en-
contrada na abside das igrejas, são as bandejas de comu-
nhão, como a pátena de Riha, na qual a Comunhão dos
Apóstolos, recebendo o pão e o vinho, é representada em
uma cena única,
A liturgia requeria outros objetos. A partir do
séc. VI
há queimadores de incenso com cenas narrativas,
ripidias
— Jeques cerimoniais — e relicários: como aqu
êle re-
101 presentando S. Simeão Stilitas cercado pela ser
pente, do
qual existe um fragmento no Louvre.
Constantinopla produziria obras ainda mais
suntuosas,
primeiro ao substituir a prata pelo ouro nos trabal
hos la-
vrados, e depois acrescentando ao ouro uma
brilhante E ai
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série de pedras preciosas, camafeus e esmaltes. A cruz ça [e]

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erigida no Gólgota foi coberta com pedras preciosas. E
Pyie Bes firs, eA A
suas reproduções, feitas por tôda parte antes e partic
ular-
mente durante o período iconoclasta, foram realiz
adas
por ourives: a cruz aparece, por exemplo, nos mosaicos

ad ca
20,22 de Sta. Prudenziana em Roma, dela se originando uma
série de cruzes de altar e cruzes de procissão ricamente
decoradas. Os cálices e pátenas brilhavam e refulgiam.
Chegaram até a ser esculpidos em pedras duras — ônix

A
ou jaspe — com elaboradas montagens de ouro, e decora-

pI
dos com motivos cinzelados ou gravados. Relicários e ca-

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ya
pas de manuscritos eram enriquecidos com pedras pre-
É e
ciosas. Através da arte do esmalte alveolado — cloisonné
— os quadros coloridos, tão essenciais aos devotos, po- E)
g E
102 cam Cro E sil Procon bus- 101. Relicário de S. Simeão Stilitas. Séc. VI. Prata lavrada,
guravam vestígios de douração. Louvre, Paris. O santo visto em cima
tanto a clareza do desenho quanto a limitação das côres, de sua coluna, assediado por uma serpente.
105,106 eram encerrados em placas de ouro para formar ícones,
retábulos, relicários e crucifixos; também são encontrados sôltas da coleção de homilias de São João Crisóstomo, da 69
entre as jóias particulares e as eclesiásticas. Esta técnica Biblioteca Nacional de Paris, o santo está entregando seu
refinada apesar de ser de origem bárbara produziu algu- trabalho ao Imperador Nicéforo Botoniato (1078-81).
107 mas obras-primas surpreendentes: o Pala d'Oro, no te- Os ícones geralmente são retratos: representam em ta-
souro da Catedral de São Marcos em Veneza, apresenta manho natural, ou mais frequentemente como bustos,
uma coleção sem rival. Cristo, a Virgem, e os santos, segundo certos tipos bem 111
O trabalho de ouriversaria podia ser usado eventual- definidos. O retrato imaginário de Cristo é relacionado tão
mente para emoldurar ícones: chegava às vêzes a invadir próximo a um protótipo como o teria sido se fôsse pos-
mesmo os próprios ícones, ao substituir um fundo pin- sível ao artista referir-se a um original autêntico: é exa-
tado em ouro por rendilhados de ouro ou prata também tamente o que fizeram, identificando seu modêlo por sua
com incrustações. Atribuem-se êstes embelezamentos a origem miraculosa. Examinando certo número de ícones, o
período muito posterior. Tornaram-se muito comuns nos observador percebe que os retratos de Cristo mantêm
países eslavos; contêm às vêzes elementos de grande es- uma maior semelhança entre si do que diferentes retratos
tilo, que frequentemente eram repetidos. de um mesmo homem: quase tanto quanto cópias dife-
Este gôsto pelo luxo na decoração do altar e sua al- rentes de uma mesma fotografia.
faia chegou ao Ocidente através da arte carolíngia. Desta Esta semelhança transformou o ícone num objeto de
forma, as cerimônias eclesiásticas ocidentais também devoção, conferiu-lhe uma presença, acontecendo o mes-
mantiveram algo dos esplendores da côrte imperial de Bi- mo no caso da Virgem, seja a Virgem da Anunciação, ou
zâncio. a Virgem com o Menino, com a diferença de que os
pintores poderiam escolher entre modelos igualmente au-
MANUSCRITOS E ÍCONES tênticos indo do modêlo mais hierático de uma Virgem
Devemos voltar aqui aos manuscritos e ícones, também com o Menino até as representações mais humanas e
objetos de luxo. Experimenta-se um curioso sentimento maternais: chega-se desta forma à Virgem de Vladimir, e 112
de respeito quando a Biblioteca do Vaticano entrega ao à Virgem da arte russa.
visitante, com cuidado extremo, um dos brilhantes códices, Os santos também tiveram sua iconografia fixada, que
101,94 nos quais entre as colunas de uma caligrafia impecável, pode muito bem ter sido baseada em retratos autênticos; 113
sob as bordas de folhagem estilizada enriquecida com de fato, havia nas paredes das igrejas uma boa quan-
belos fios de ouro, estão ilustrações, brilhantes como es- tidade de retratos de doadores de forma que os protótipos
maltes. Mesmo quando muito pequenas, nada falta às podem ser encontrados algumas vêzes. Embora as faces
complexas cenas representadas; às vêzes é possível mesmo sejam frequentemente tratadas simplesmente com algu-
perceber os diferentes estágios de uma narrativa contínua; mas diferenças entre si, devido talvez aos caprichos do
a imagem muitas vêzes toma tôda uma página e é apresen- pintor, encontra-se, na Macedônia, por exemplo, retratos
tada como uma pintura em escala total, Como nas fólhas de S. Nicolau com o cabelo branco encaracolado, ampla
102. São Pedro. Séc. XI. Esmalte sôbre ouro. Metropolitan
Museum of Art, New York. Doação de J. Pierpont Morgan
em 1917. Medalhão bizantino pertencente ao conjunto
de um ícone de São Gabriel, antes numa velha igreja
do Mosteiro de Jumati na Geórgia; mostra como a aparência
e a atitude tradicional do santo foram conservadas mesmo
na difícil técnica do esmalte alveolado (cloisonné).

103. Johanes Climacus. A Escada Celestial. 1082. 27 x 20 cm,


Princeton University Library, Princeton. Estados Unidos.
Guia bizantino para a vida monástica, decorado com
ilustrações extremamente vívidas em suas margens
tais como esta escada para os céus.

104. Arcanjo. Sécs. XIV e XV. Andrei Rublev. Pintura


em painel. Galeria. Tretyakov, Moscou. Êste arcanjo pertence
ao painel esquerdo de um ícone Deesis, de Zvenigorod.

testa, barba arredondada, e uma expressão bondosa em com a volta das figuras em pequena escala, a mesma
tôrno de uma bôca levemente sorridente: mas o mesmo vitalidade e verve das miniaturas, embora às vêzes, tam-
rosto é encontrado em vários ícones, e as ligeiras difen- bém, paradoxalmente, com o objetivo das composições mo-
ças que se devem naturalmente aos diferentes autores têm numentais. Como nos manuscritos, as cenas tiradas das
menos importância do que a certeza da identificação. vidas dos santos são particularmente vívidas; estas cenas
A identificação é ajudada naturalmente pela igualdade de milagres ou martírios permitem uma liberdade mais
das vestes. No caso da Virgem isto é levado muito longe ampla e às vêzes tendem quase à caricatura.
— há a mesma borda do véu escuro sôbre a testa, as Não devemos esquecer que muitos ícones são pintados
mesmas belas bordas douradas, o manto é traspassado e de ambos os lados: ficavam dentro de uma moldura no
ajustado da mesma forma sôbre o ombro e freqientemen- iconóstase, oferecendo ao fiel a ajuda de intercessores que
te há as mesmas cruzes pequenas bordadas no eixo do estariam prontos a vir em sua ajuda. É como se a piedade
rosto e sob os ombros. dos cristãos ortodoxos, que vinham beijar as imagens, fôs-
Nas cenas mais complexas descobre-se os mesmos es- se justificada pela gravidade, nobreza e espiritualidade das
quemas iconográficos que governam tais representações serenas figuras — Cristo, a Virgem, anjos e santos — 104
em manuscritos e na pintura monumental. Novamente, que recebem seu fervor. O luxo que cerca a expressão
há variantes mas estas se devem mais às diferenças entre artística dos sentimentos religiosos dos bizantinos sem
116,117 os modelos do que ao capricho dos artistas. A Anuncia- dúvida é desconcertante para algumas almas, mas devia
ção, por exemplo, frequentemente é representada num ser assegurada a outros crentes a sua necessidade de con-
único painel ou em dois painéis idênticos destinados, tal- sagrar ao serviço de Deus suas possessões mais belas e
vez, a formar a porta de um iconóstase. mais preciosas. Contrâriamente ao que pode ter aconte-
A Virgem, sentada ou de pé, em frente a uma ca- cido em outras épocas e em outros países do mundo cris-
deira, dá as costas para sua casa, enquanto o anjo, colo- tão, a influência da arte imperial e o luxo de tantos aces-
cado contra um céu dourado, acaba de descer. Pode-se sórios empregados nos serviços nunca prejudicaram a dig-
compreender que a Virgem está algo surprêsa com 'a nidade, a reserva ou a piedade da decoração bizantina.
chegada dêste visitante celestial; deixa cair seu fuso e le-
CONCLUSÃO
vanta a mão direita num gesto de defesa.
Representa sempre uma surprêsa oferecer uma descri- Ão emergir das tentativas iniciais do período das catacum-
ção, quer seja técnica ou subjetiva, de diversos quadros bas — com exceção das brilhantes manifestações das minia-
ao mesmo tempo — reafirmando-se, de cada vez, a exis- turas irlandesas — não há dúvida que a arte cristã foi
tência de uma expressão pessoal em cada um dêles. Mas dominada durante um longo período de sua história pela
esta expressão pessoal está suficientemente definida, dei- iconografia bizantina. Mesmo quando o nascimento da
xando que o observador possa reconhecer em diversos arte românica interrompeu êste domínio tudo continuou
ícones a mão do mesmo pintor. em grande parte do Ocidente e do Oriente: a iconografia
Finalmente, há grupos de ícones que apresentam uma bizantina foi repetida no tempo e no espaço; e a Trans-
série de quadros inter-relacionados. Dispostos como uma figuração pintada na Rússia por Rublev no séc. XIV era
moldura em tôrno a um quadro central êles podem re- a mesma Transfiguração que, no séc. VI, foi feita em mo-
latar episódios da vida do santo representado, ou podem saicos na abside do Mosteiro de Santa Catarina, no Monte 46
consistir de seis ou nove quadros agrupados em um re- Sinai, O mesmo Cristo de aparência terrível ameaça o es-
115 tângulo, representando, por exemplo, as principais festas pectador do alto das cúpulas e, nas absides, a mesma Vir-
da Igreja segundo a iconografia usual. Descobre-se aqui, gem de rosto grave oferece sua intercessão. Milhares de
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gelico e a apreensão de Grúnewald nos acostumaram à


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santos idênticos ou similares estão de pé ao longo das pa-


redes, nos lados dos pilares e ao longo das bases das outras harmonias e talvez nos comovam mais. Mas não
cúpulas de igrejas. O livro do pintor era usado em tódas é possível conhecer a expressão bizantina sem ser afetado
as partes nas encomendas de trabalhos; as cópias de de- por ela. A profundidade daqueles olhos, a modéstia da-
talhes de ícones e miniaturas, levadas de um lugar para queles lábios, a liberdade de movimentos, o vôo das asas,
outro. Com a mesma firmeza com que eram impostos os e o brilho daquelas luzes celestiais certamente têm um
dogmas da fé, eram impostas as mesmas interpretações significado espiritual para nós. Pois a arte bizantina é
das mesmas cenas a todos os artistas, quer fôssem pintores uma arte religiosa.
de afrescos, mosaicistas, miniaturistas ou executores de Talvez nos confunda saber que essa arte é também uma
trabalhos em marfim. Todos eram cativos de um sistema, arte imperial: que as vestes sejam as mesmas da cóôrte;
uma implacável ortodoxia. Temos de admitir que a teo- e estas obras repletas de detalhes de etiquêta, pareçam
cracia bizantina — a íntima união da Igreja e do Império possuir um desejo esmagador de magnificência e brilho.
— representava uma ditadura sôbre a arte que se esten- É necessário pesar cuidadosamente êste anacronismo, pois
dia para além das fronteiras do império grego e mesmo estamos em meio a uma Cristandade triunfante que é a
além dos limites da cristandade grega. religião do imperador nascido em púrpura. Nada poderia
Mas o leitor levado pelas ilustrações, e viajando de ser bom demais para Cristo. Basta pensarmos na nave
Salonica a Veneza, da Bulgária à Capadócia, dos coptas de Hagia Sophia.
aos carolíngios, dificilmente toma consciência disto. Não Também deveríamos ir além da côrte: afinal de contas,
é que tôdas as diferenças lhe tenham escapado: elas não esta arte imperial, esta arte da grandeza, tâmbém é a
afetam. De fato, tôdas estas obras tinham um único arte dos monges do Sinai e do Athos, dos camponeses
o
sérvios que vinham a Nerezi assistir à missa, dos artesãos
pensamento, transmitido, por assim dizer, por uma mi-
de Kiev e dos mercadores venezianos. Em seu esplendor
ríade de vozes cantando em uníssono. Mas como um
ela trouxe a todos um maior conhecimento de Deus, uma
ator recitando um poema famoso que outros recitaram
revelação das relações entre o homem e Cristo, a certeza
antes dêle, o pintor executando novamente um quadro
da intercessão, um caminho para a santidade — direta-
famoso não podia deixar de expressar suas próprias emo-
mente, através de sua própria presença. E esta presença
ções. Inicialmente não era sua própria emoção que êle Crisóstomo, S. Simeão Stilitas,
dc não é só a de São João
tentava expressar através do modêlo mas as intenções
as emo: Jonas ou Noé. É também a mesma do pintor, do intérpre-
primeiro pintor que êle percebia, tentando recriar
agens te individual, que mais uma vez expressou o que se €s-
ções que êste primeiro pintor tinha por seus person
da Nati- perava dêle, mas à sua maneira, através de sua própria
— para os pastôres ouvindo o canto dos anjos
mestria, ou inadequação técnica, seu entusiasmo ou sere-
vidade, os Doutôres no Templo perturbados com a inte-
jovem Jesus, O apósto lo trêmul o prestes a nidade, sua alegria ou angústia. Talvez nosso conhecimen-
ligência do
rem to sociológico seja insuficiente para nos permitir saber
beber do cálice na Última Ceia. Longe de representa
eram mensa gens que podia m ser trans- tôda a contribuição, digamos, do temperamento sérvio ou
frias conve nções ,
linhas € côres, assim como, através de pala- da piedade armênia, Quaisquer tentativas de distinguir
mitidas por
manei ra mais comple ta. Em meio a estas ima- entre as diversas escolas devem ser baseadas num critério
vras, ou de
vador mergu lha em um Evang elho vivo — formal. E entre os diferentes pintores, só podemos distin-
gens o obser
guir mãos diferentes. Onde tanto permanece em conjectu-
passado de um artista para outro.
o nosso Evang elho e pode parece r-nos estran ho, ra, cada um de nós deve investigar mais profundamente
Não é
percep ção de Giotto , a graça de Fra An- por si mesmo.
de início. A
Í [300 [ [400 | 500 | jsoo | [oo | [so
os Teodósio | es Zeno 8 Justiniano | OS Justiniano | (

os Constantino, o Grande es Anastásio | 00 Leão |

e 6 Teodósio Il ee Heráclios as É
O Missões cristãs na Armênia e Henótikon de Zenão €—S Mavrice ]
O Fundação de Constantinopla OM. de 5. Simeão Estilita o A

e—s Gallo Placidia governa Ravena e Os persas capturam Jerusalém

e Belisário captura Ravena $ |


O Missões cristãs na Geórgia
€ Separação das igrejas do Oriente e do Ocidente pelo Codex Theodosianus dá
Bi Izant Ino

6-9 Perseguição dos cristãos € Saque de Roma por Alarico O M. de Teodora


O M. de 5. Babilas O Revolta de Nika 09 Ataques sarracenos a Constantind”

O Perseguição dos cristãos por Diocleciano € Conquista da Espanha pelos bizantinos 1

e Concílio de Éfeso e Expulsão dos bizantinos da Espanha

6 1.º Concilio de Nicéia o M. de Maomé O Sínodo de Whitby 20


O Eusébio, História da Igreja O Invasão da Itália pelos lombardos €9 Intervenções :* e
e

O Pox Ecclesioe em Milão € Saque de Roma pelos vândalos O Ecgfrith na Northumbria


f IVO Cristão

O Retirada das legiões romanas da Bretanha O Theodochilde é sepultado em Jova!

O Conversão dos visigodos —— e we


O——S Ambrósio, Bispo de Milão
€———q Teodorico na Itália O Fundação!

€ Concílio de Constantinopla O Chegada de Santo Agostinho à Inglaterra


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co Dura Europos € Qalat Siman, Síria €O—S Pátena de Riha


Mundo

e... Qirkbizé, Síria e 5. Apollinare Nuovo, - e Âmbula de Monza — vem


Ravena

Santo Sepulcro Constantiniano, Jerusalém ce S. Demétrio, Salonica Ee

—o——u—o——Oo—o—
oo o—O o
Santuário da Natividade, 69 S. Vitale, Ravena
do

Jerusalém

O Galla Placidia, Ravena 6 5. Apollinare in Classe


ticos

€ Martyrion de Antioquia-Kaoussié

co Gênesis de Viena
IS

os e Cotacumbas, Roma co Trono de Maximiliano


r
Art

Basílica de São c.8 Codex Rossano € Evangeliário de Rabula Ée


Pedro, Roma
e

o——————— ———o——O—o—Oo—o—Oo—=E
o —Oo—
Santa Constanza, Roma 99 Hagia Sophia, Constantinopla
OFicos

meme
=== Catedral de Aquiléia O Hagia Sophia, Constantinopla, reconstrução da

6 Arco de Constantino, Roma OH. Sérgio e Baco, Constantinopla


65. Lorenzo, Milão


Hist

- e em tuo amd cm um = Basíilicas de Filipos


6-9 Santa Maria Maggiore, Roma
Marcos

uq (ou, a e e e Coder da S, Columbé O Codex Aureur


Gen

Neste crenograma dos = pyz da Bewcastle — — = Lim


principais fatos políticos, religiosos
e ortísticos do mundo bizantino, os pontos indicam dotas 1
Coniadicos os ira onnuos períodos fixos de atividade
e os linhas pontilhados periodos aproximados de atividade, RES 2a IE oa O Evongs;
n. = nascimento; m, = morte) € = circa, Livro de Durrow gei

--- Abadia de Notre Dame, Jouarre O Capelo


Cy
a
| [900 | [1000 | [1100 | [1200 | [1300 | [1400 ]
6-4 Teófilo O ——€ Romanos | O-€ Miguel Iv S€ Miguel VIII Paleólogo
e—s Zoé
Às Leão V os Leão VI (o Sábio) os Alexius | Comenenos 06 Teodoro | Láscaris

Iconoclasmo O—————S Basílio II €o Alexius | 2—6 João VI Contacuzeno


O Conversão da Bulgária ao cristianismo €9 Nicéforos Botaniatos es Imperadores latinos de Constantinopla
o
4 Dinastia macedônia

6 Fundação de St. Gall €€ Romanos III | e o Dinastia dos


Paleólogos
€—s Constantino IX Monômaco
e Colapso dos Ávaros es Imperadores gregos de Nicéia
e Ataque muçulmano à Sicília e € Dinastia Comnenos
O Tratado de Verdun € Imposição do cristianismo aos russos

O Invasão da Capadócia pelos seldjuques

O Batalha de Manzikert

9 (juerras saoxônicas e invasões vikings € Tomada de Jerusalém pelos cruzados


guy da abadia de St. Dennis OD Terceira Cruzada

6 Coroação de Oto | como Imperador O Expulsão dos francos de Constantinopla


de Alcuino O Coroação de Oto Ill como Imperador O Saque de Constantinopla pelos cruzados
€ Fundação do abadia de Lorsch os Conquista normanda da Sicília

8 Carlos Magno O Batalha de Hastings O Magna Carta


Coroação de Carlos Magno como Imperador do Ocidente
EEE DEE EO P]PW O
>>>]

ae = ias o ie o e ia Igrejas capadócias escavadas na rocha O Afrescos de S. Sofia, Trebizonda

| €-% Aght'amar, Armênia e—s 5. Sofia, Kiev.

St mm mm mm ----—— Saltério de Chludov e-—s Hosios Lukas O Virgem de Vladimir O Afrescos em Boiana
(Mosteiro de S. Lucas)

E e - Igreja da Assunção, Nicéia c.€ Homilias de S. João Crisóstomo O Afrescos em Milesevo

O Mosteiro de Lavra, Athos C.6 Nea Moni O Afrescos em Nerezi — mto Mistra
(Nôvo Mosteiro)
e - Rôlo de Josué co Dafne -—-- Anunciação de Ochrid

RR A —=—=--=— Saltério de Paris 6 S. Clemente, Ochrid

SS --==-== Tríptico de Harbaville O Kahrie Cami (Igreja Chora)

Fo S Iconoclasmo e Hagia Sophia, Constantinopla, reconstrução da cúpula O Igreja Pantanassa, Mistra

—- e Mosaicos de Zoé e Constantino, Hagia Sophia cúpula

; O S. Sofia, Ochrid
cO Sermões de S. Gregório Nazianzeno

e—s Catedral de Ani

co S. Marcos, Veneza € Afrescos de Giotto na igreja de S. Francisco, Assis


O Bíblia
IDO de Carlos, t o Calvo

—. Construção de Germigny des Prés pelo bispo Theodulf O Cotedral de Cefali

=== —— == - Afrêsco, S. Germano, Auxerre 6-6 Martorana, Palermo


f de Kells =-————

eliário de Godescale.----=------—-—=- Pala d'Oro O Catedral de Monreale

--——----——— = —=— Afrescos de Castelseprio € Mosaico da abside, Catedral de Torcello


tiers

==" ====22200 Igreja de Earls Barton


2 palatina, Aachen
O Saltério de Utrecht

a -———— Cividale
Glossário

Ábaco — laje lisa colocada no tópo de um Basileus — (plural, basileis) — Termo grego Cruciforme -—- Em formato de cruz. Designa-
capitel. que significa rei ou imperador. ção de uma igreja cuja planta forma uma cruz,
Uma igreja cujas naves, abside e transepto,
Abóbada — Fórro curvo de pedra ou teto Basílica — Na arquitetura cristã primitiva, gran- formam uma cruz pode ser chamada de cruci-
curvo. A, de berço: teto contínuo, geralmente de edifício retangular, com uma nave central e forme mesmo que o todo seja contido numa
de seção semicircular, que repousa sôbre mu- colaterais, iluminado por um clerestório ce ter- parede exterior retangular (cruz no quadrado)
ros de sustentação, A. de arestas: abóbada minado geralmente por uma abside. (ver figuras 45, 5l, 88a),
gerada pela interseção de duas abóbadas de
berço iguais, o pêso dessa abóbada repousa Batistério — Local onde se situa uma pia ba- Cúpula — Domo sustentado por uma parede
apenas nos cantos, tismal; podia ser um edifício separado ou um repouse sôbre quatro arcos
circular ou que
recinto dentro do corpo principal de uma igreja. (ver lâmina
formando um quadrado na planta
Abside — Recinto semicircular ou poligonal
em que termina uma Bema — Têrmo prego que significa tribuna; 71).
igreja, uma capela ou,
mais raramente, um transepto. Quando situada plataforma elevada reservada para o clero, ge-
na extremidade Jeste de uma igreja, ecra origi- ralmente situado na abside, ou, como na Síria, Deambulatório — Galeria curva ou poligonal,
nalmente reservada ao clero; mais tarde, o no meio da nave (ver figura 26). geralmente contornando o santuário de uma
altar passou a ser normalmente colocado na igreja
abside (ver figura 42, lâmina 46). Caldário (de caldarium; plural, caldaria) —
Sala para banhos quentes nas termas romanas. Deesis — Esquema iconográfico representando
Ad catacumbas — Frase originalmente restrita Cristo entre a Virgem e São João
ao cemitério cristão-primitivo, situado nas pro- Capitel — Bloco de pedra, geralmente moldado
ximidades de Roma, e hoje denominado “di ou esculpido, colocado no tôpo de uma coluna Diacônico — Nas igrejas bizantinas, recinto ao
San Sebastiano"; mais tarde, a expressão pas- e que sustenta o ábaco (ver figuras 66, 97, sul do santuário que servia como sacristia e
sou a designar qualquer lugar de sepultamen-
lâmina 48). vestiário. Estava a cargo dos diáconos e nela
tos com galerias subterrâneas. Ver catacumba,
se guardava os livros, os paramentos e os
Catacumba — Recinto funerário subterrâneo vasos litúrgicos necessários ao altar. Hoje, sa-
Aduelas — Blocos de pedra em forma de
usado pelos cristãos primitivos, formado por cristia (ver figura 23).
cunha que constituem as partes de um arco. longos túneis ao longo dos quais se alinhavam
nichos cavados nas paredes de rocha; por vêzes Diáspora — A dispersão dos judeus; original-
Ambom — Tribuna situada sôbre um ou dois
havia capelas e pequenas câmaras funerárias mente restrita a certas partes do Egito, Ásia
degraus, da qual se liam a Epístola e o Evan-
gelho; pode ter
(ver figura 8, lâmina 3). Menor e Ásia, por fim espalhou-se a todo o
aspecto semelhante zo púlpito
(ver figura 25). Império Romano,
Chrismon — Monograma de Cristo BR Ou
Anastasis — Téêrmo
P). formado pelas duas primeiras letras de Dórica — Uma das ordens da arquitetura gre-
prego que significa
ressurreição
XPISTOL, reproduzido por Constantino nos ga; caracterizada pela ausência de uma base
(ver figura 16, lâmina 93),
estandartes (labarum) de seus soldados. para a coluna, proporções pesadas, capitel sim-
Arcada — Fileira de colunas ou pilares que ples e, no entablamento, a alternância de mé-
Circo — Pista de corridas romana. Cada uma
suportam arcos, frequentemente usada para se- topas e tríglifos,
das equipes do circo de Constantinopla, co-
parar a nave das colaterais; nesse caso, pode
nhecidas por suas côres (vermelhos, verdes Edícula — Moldura de janela ou nicho, for-
designar uma colunata que sustente um enta-
etc.), era apoiada por grupos de desordeiros mada por duas colunas sustentando um enta-
blamento (ver figura 29a). A. falsa: arcada
que provocavam constantes distúrbios. blamento ou frontão.
em miniatura simulada, construída sôbre uma
parede com fins decorativos (ver figura 66). Clâmide — Manto curto ou capa, prêso por
Empena -—- Face inclinada dos frontões, de
um broche ao ombro direito e que cobria todo
Arcossólio — Antiga forma de túmulo, muito seção triangular.
o ombro e o braço esquerdos (ver lâmina
comum nas catacumbas; cortava-se a rocha, em
44). Emposta ou Imposta — Na arte bizantina, bloco
forma de arco, e escavava-se a parte inferior,
uma espécie de sarcófago natural (ver lâmina em forma de pirâmide truncada invertida, co-
Clerestório — Parte da parede da nave de
1). locado sôbre o capitel em lugar de um ábaco.
uma igreja que se eleva sôbre o nível das
colaterais, e na qual se abrem janelas (ver
Arquitrave — Unidade horizontal sustentada Epifania — Cena em que se manifesta a di-
figura 66, lâmina 32).
por colunas; originalmente, a primeira, de bai- vindade de Cristo (Adoração dos Magos, Ba-
xo para cima, das três partes principais do Codex ou Códice — Têrmo latino que significa tismo, Bodas de Canaã etc).
entablamento clássico (ver figura 18). livro (ver figura 77).
Epitaphios — Pano litúrgico bizantino, usado
Arlanos — MHeréticos que sustentavam não ser Colateral — Numa igreja em forma de basílica, para cobrir o ataúde de Cristo na procissão
eterno o Filho de Deus, tendo sido criado as colaterais são as áreas paralelas a cada da Sexta-Feira da Paixão (ver figura 93).
pelo Pai a partir do nada. O arianismo — de lado da nave (ver figuras 19b, 23).
Arius, asceta alexandrino (270-336) — foi a Estuque — Revestimento de gêsso ou cimento
principal heresia da igreja primitiva, e o pri- Columbário — Tumba com pequenos nichos sôbre pedra ou tijolo; o melhor estuque era
meiro Concílio Geral de Nicéia, em 325, con- destinados às urnas contendo cinzas de cre- feito de pó de mármore.
denou-o, afirmando a consubstancialidade do mações.
Pai e do Filho. Exarcado — A jurisdição (distante de Cons-
Comnenos — Dinastia de imperadores bizan- tantinopla) governada por um exarca que pres-
Átrio — Pátio fregientemente com arcadas, tinos (1071-1185). Depois que a dinastia Ma- tava vassalagem ao imperador bizantino.
situado defronte da entrada principal de algu- cedônia chegou ao fim, os Comnenos ascen-
mas das primeiras igrejas cristãs (ver figura deram ao poder após longo período de agita- Exedra — Recinto aberto, de planta retangular
15). ções; restauraram a estabilidade política e pro- ou curva,
Jongaram a influência de Bizâncio e de sua
Ávaros — Povo mongolóide, cujos últimos re- arte, Exonártex — Nas igrejas de dois nártexes, O
manescentes ocupam a parte oriental do Cáu- primeiro a partir da entrada.
caso. Islamizados. Originários da Ásia Central Concha — Tôpo de um nicho semicircular; um
fundaram um reino nas estepes da alta Ásia, quarto de esfera, em forma de concha, com Extradorso (extrados) — Curva exterior das
de 407 a 553, Ameaçaram Constantinopla no nervuras salientes, aduelas de um arco, normalmente concêntrica
início do século VII, penetraram em Panônia em relação ao intradorso; superfície superior,
e alcançaram a Itália, depois Basiléia, detidos Coríntia — última das três ordens principais quando visível, de um arco ou abóbada.
por Carlos Magno em 796, que os converteu da arquitetura grega. A coluna apresenta pe-
em parte, fixando-os nas regiões da atual Áus- destal alto e capitel baseado na fôlha de acan- Fiada — Fileiras de pedras ou tijolos, for-
tria, Hungria e Bélgica, Desde então, desapa- to. Foi a ordem mais popular na arquitetura mando padrões regulares de textura ou côr,
receram sem deixar vestígios, salvo os rema- romana e continua a ser utilizada, com modi-
nescentes do Cáucaso, ficações, durante todo o período cristão-primi- Frigldário — Sala de banhos frios nas termas
tivo e bizantino, romanas,
Baldagulm ou Baldaquino — Dossel ou co-
bertura ornamental, sustentado por colunas, sô- Cosmas Indicopleustes — Primeiro geógrafo Herotikon — Fórmula teológica promulgada em
bre um altar, fonte batismal, túmulo ou reli. bizantino; como mercador fêz grandes viagens 482, sob o Imperador Zeno, para assegurar &
cário. até se retirar para um mosteiro do Sinai, união entre os monofisitas e os ortodoxos.
|
171

Hetimasis — Representação do trono do Sal outra humana, em contraste com a concepção Propileu — Entrada
vador, substituindo a imagem de Cristo como monumental de um ta
ortodoxa da unicidade do Cristo, que é ao
rei (ver figura 37), mesmo tempo Deus e homem. cinto religioso.

Hipogeu — Câmara funerária subterrânea Proskynesis — Em prego significa adoração.


ou Nika, revolta de — Distúrbio ocorrido em
grupo de câmaras funerárias subterrâneas para Constantinopla, Atitude de prostrar-se, reverência ritual diante
no ano 532, envolvendo as di-
uso particular. ferentes facções do de Cristo ou do Imperador.
Circo (q.v); um de seus
resultados foi a destruição da basílica cons-
icone — Imagem, geralmente portátil, de um tantiniana Prothesis — Nas igrejas bizantinas, câmara ao
de Santa Sofia.
tema, pessoa ou acontecimento sagrado (ver norte do santuário, na qual se procedia à pre-
figuras 56, 104, lâminas 111-117). Ninfeu — Santuário paração solene do pão e do vinho eucarísticos
romano dedicado a uma
ninfa, geralmente constituído por uma série de (ver figura 23).
Iconoclasmo — Destruição de imagens; o le- nichos numa parede, diante da qual havia uma
vante iconoclasta mais famoso ocorreu no mun- fonte. Mais tarde, o têrmo Quadrifólio —- Forma simétrica formada por
passou a ser apli-
do bizantino entre 726 e 843, cado a uma sala com um tanque quatro porções de arco, como um trevo de
ornamental
ou a uma fonte monumental. quatro fôólhas,
Iconografia — Transmissão de informação atra-
vês de simbolismo pictórico. Octógono — Figura ou forma Reticulado —- Método de decoração de super-
arquitetônica de
oito lados (ver figura 32). fícies murais utilizando quadrados dispostos
Iconóstase — Painel que separa a bema da diagonalmente. Característico da era de Au-
area principal de uma igreja ortodoxa orien- Octateuco — Oito primeiros livros do Velho gusto, voltou a surgir nos edifícios carolingios.
tal, decorado com numerosos ícones, Testamento; quando escritos em pergaminho, e
possivelmente ilustrados, seriam muito volumo- Ripidion — Pequeno leque cerimonial usado
Intradorso — Superfície inferior de arco ou sos pelo que frequentemente eram encaderna- na liturgia Ortodoxa Oriental (ver figura 85).
abóbada. dos em separado,
Scenae frons — Fundo arquitetônico baseado
Jônica — Uma das ordens da arquitetura gre- óculo — Pequena abertura ou “ôlho” no cen- no cenário do teatro romano, imitado por ar-
ga, caracterizada por base baixa, proporções tro da cúpula de alguns templos romanos cir- tistas da igreja cristã primitiva e posteriores.
delgadas e capitel com volutas. culares,
Semicoluna — Coluna engastada numa parede
Lóculo — Tipo mais comum de tumba nas Orans — Têrmo latino que significa “orando”.
ou contraforte.
catacumbas, consistindo de um nicho retangu- Uma figura na atitude cristã-primitiva de ora-
lar horizontal escavado na rocha (ver figura ção, ou seja, em pé e com os braços levan-
Synaxis — Culto público nas igrejas gregas.
8, lâmina 7). tados (ver lâmina 7).
- Synaxis cucarística: a missa.
Macedônia — Dinastias de imperadores bizan- Paleólogos — Dinastia de imperadores bizan-
tinos que se manteve no poder desde 1261 até Synthronon — Na igreja oriental, banco ou
tinos (867-1057), fundada por Basílio T, o Ma-
a queda de Constantinopla em 1453, Começou bancos reservados ao clero; dispostos em semi-
cedônio; a dinastia revigorou o Império e deu
com Miguel VIII Paleólogo e terminou com circulo na abside ou em fileiras de cada lado
ensejo a um renascimento nas artes (ver lâmi-
Constantino XI (lâminas 113, 116). da bema (ver figuras 24, 36).
na 55).
Pantocrator — '“*Aquéle que governa tudo”, A Tepidário —- Sala nas termas romanas inter-
Mandorla — Térmo grego que significa amêén- representação de Cristo, geralmente em busto mediária entre o Caldário e o Frigidário.
doa. Auréola luminosa de forma amendoada ou meio-corpo, segurando um livro dos Evan- Tessera — Pequenos cubos de mármore colo-
que circunda figuras sagradas como o (Cristo gelhos aberto e abençoando com a mão direita rido, calcário ou vidro para a preparação de
na Ascensão (ver figura 21, lâmina 93). (ver lâmina 73). mosaicos (ver lâmina 42),
Martyrion (plural martyria) — Local de sepul- Parousia — O aparecimento de Cristo no céu, Termas — Estabelecimentos de banho; na ar-
tamento de um ou mais santos, ou santuário no Dia do Juízo, como foi descrito no Apo-
quitetura romana, possuíam grandes dimensões
erigido no local (ver figuras 30, 31). calipse,
e eram de extrema suntuosidade; incluiam bi-
Matroneum — Galeria reservada às mulheres, Pax Eccleslae — “Paz da Igreja”, referindo-se bliotecas e ginásios.
sôbre a colateral de uma basílica, quando os ao chamado Édito de Milão, no ano de 313,
no qual Constantino concedia aos cristãos liber- Tetrápilo — Que tem quatro portas, isto é,
sexos eram separados durante o culto.
dade de culto. um arco cerimonial com aberturas nos quatro
lados.
Mitraísmo — Religião iraniana praticada pelos
romanos e fundada por Mitras; tornou-se culto Pendentes ou Pendentivos — Forma côncava
resultante da junção de um quarto de círculo Tetrarquia — Govêrno exercido por quatro reis
imperial no período de Cômodo (180-92), po-
horizontal com dois arcos em ângulo reto; um ou imperadores, como ocorreu no Império Ro-
pularizando-se sobremaneira entre os soldados, “triângulo esférico”. Construindo-se pendentes mano no tempo de Diocleciano, ao fim do
pelo que se encontram monumentos mitraístas
nos cantos de quatro arcos que formem um século III.
em muitos territórios longínquos do Império sôbre éles um domo
quadrado, pode-se levantar
Romano, ou uma parede cilíndrica (ver figura 50). Tímpano — Espaço entre a vêrga de uma
porta e o arco semicircular que o encima,
Moldagem — Contôrno contínuo, de forma de- Pilar — Qualquer suporte isolado; pode refe-
finida, aplicado aos cantos ou à superfície de rir-se a uma coluna ou a um suporte de seção Transepto — Numa igreja cruciforme, os “'bra-
uma peça arquitetônica (ver figura 52). quadrada ou retangular. ços” da cruz; as partes da igreja que se pro-
jetam para norte e sul, e que separam o côro
Monofisismo — Doutrina segundo a qual na Pilastra — Versão nivelada de uma coluna, ou a abside da nave (ver figura 19).
pessoa do Cristo só existe uma natureza, di- com base, caneluras, capitel etc. construída
seção de
vina, em contraposição à concepção ortodoxa da contra uma parede ou contraforte;
Trifólio — Forma simétrica constituída por
de Cristo: humana € divina. um pilar utilizado dessa forma (ver lâmina 27).
dupla natureza três porções de arco, como o trevo.
Essa heresia chegou ao ápice em meados do
convocou-se O Plinto — Peça baixa, saliente, simples ou com
século V; para sua condenação Trompas — Pequenos arcos construídos nos
ornatos, que serve de base a uma parede ou
Concílio de Calcedônia. cantos de uma estrutura quadrada para con-
colunata; a base de uma unidade arquitetônica
verter a parte superior em octógono ou círculo,
— Formado por um único bloco ou de todo um edifício.
Monolítico As trompas servem a objetivo idêntico ao dos
de pedra. Porflrogenetas — “Nascido em púrpura”. Nome pendentes,

Nártex — Vestíbulo de uma igreja, que Se dado a todos os membros das famílias dos
fi- imperadores bizantinos nascidos num determi- Tufo — Pedra de construção comum na arqui-
estende ao longo de tôda a fachada (ver
nado aposento palaciano revestido de púrpura. tetura romana, de origem vulcânica, de textura
gura 45, lâmina 72). porosa, e na qual se escavavam as catacum-
central de uma basílica, Pórtico — Colunata ligada por um teto à pa- bas.
Nave — A longa área
colaterais e iluminada pelo cle- rede externa de um edifício, No caso de uma
ladeada pelas Volumen (plural volumina) — Rôlo de perga-
27, lâminas 21, 31). igreja, também chamado nártex; em tôrno de
restório (ver figura minho no qual, antes do aparecimento dos livros
um pátio, chama-se átrio ou claustro,
manuscritos — ou códices — tôda comunica-
Nestorianos — Adeptos da doutrina de Nestor
rnado Presbitério — Parte da igreja situada a leste ção escrita de qualquer extensão devia ser ins-
(— 451), segundo a qual no Cristo enca
e do côro e reservada ao clero (ver figura 35) crita,
havia duas pessoas separadas, uma divina
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Indice

Aachen 109, 110, 111, 112, 162, 73, 53 Cesaréia 132 Galla Placídia 47; mausoléu de,
Adelphia, Sarcófago de Siracusa 1] Ravena 45, 48,
Champagne 111 65, 69, 36, dla, 379
Altares (portáteis) 106 Chilandari 159 Galo-romanos 87
Ambo 41, 74, 25
China 160 Geórgia RB
ET

Ampullace 38-9, 2] Chios, Nea Moni 130, 131 Germigny des Prés 105, 112, 54
Anastasis 33, 158, 93 Chlamys 65, 157
Anastasis, Monte das Oliveiras de 16 Giotto 159, 167
Clóvis, rei dos Francos 87 Godefroid de Claire 106
Anglo-saxônica, Arte 77 Codex Amiatinus 106
Antropomorfismo R6 Godescale, Evanpeliário de 129, 63
Codex Aureus 129, 77
Antioquia 33, 35, 36, 79, 83, 136, Godos 87, 156
162, 33: Cordices 81
cálice 164; igreja de 80 Gólpota 165
Coemeterium Maius, Roma 7
Antonino, Imperador 2 Goreme, Vale do 134, 81, 75
Columbaria 12 Gótica, Arte 40, 157
Árabes 11, 79, 87, 110, 130, 132, 135, 136, 156 Como 87
Árca 14 . Grabar, André 36
Constantino, Imperador 33, 36, 37, 39, 40, 44, Gracanica 153
Arquitetura: 75, 109, 130; arco de 16, thermae 33 Grécia 11, 15, 41, 74, 88, 130-2, 167
— armênia 79-80, 5] Constantino 1I, Imperador 154, 78 Greco-romana, Arte 88
— búlgara 87 Constantinopla 33, 36, 47, 77, 79, 80, 83, 129, Gregório, o Grande 106
— bizantina 46, 71-7, 110, 158, 43, 45, 47-50, 150, 131, 132, 136, 153, 156, 157, 158, 159, Grenoble 105, 66
79-80, 90, 30, 31, 41, 70, 71, 95 160, 164; igreja dos Santos Apóstolos 35, Grisões 112
— carolíngia 105-6, 110, 66, 73 36, 135; igreja do Santo Sepulcro 36; H. Ire- Gruta da Natividade, Belém 36, 17
— cristã primitiva 9-11, 35-7, 40-6, 87, 4, ne 35, 75, 76; H. Sérgio e Baco 75, 47b, d, Grúnewald, M. 167
15, 16, 42, 19,:20, 23, 27; 28, 48, 97b; H. Sophia 35, 45, 75-7, 86, 130, 156,
29, 63, 26, 27, 49 167, 43, 49, 50, 78, 47, 48; Kahrie Cami 85,
— egípcia 79 134, 158, 159, 89, 90, 90-3; Nea 130; Zirak H. Irene, Constantinopla 35, 75, 76
— franca 87, 51 Cami 74 H. Sérgio e Baco, Constantinopla 75, 47b, d,
— peórpica 80, 52 Corintiano, Estilo 105 48, 97b
-— romana 33, 40, 87, 88, 110 Corinto 45 H. Sophia, Constantinopla 35, 45, 75-7, 86, 130,
— russa 74, 156, 88 Creta 136, 153 156, 167, 43, 49, 50, 78, 47, 48
— siciliana 136 Cristo, túmulo de 33, 36 Harbaville, Tríptico de 163, 104
— bizantino-veneziana 135, 82, 83 Crucifixos 165 Helena, Imperatriz (Sta. Helena) 33; sarcófago
Arquitraves 18 Cruzes: de Jd
drcosolia 12, 7 — de altar 165 Heliogábalo 9
Arianismo 33, 38, 156 — da Esperança, de Beresford 105 Helenístico 9, 10, 83, 84, 85, 132, 162, 164
Ásia Menor 43, 132 — peitoral 161 Henotikon 45
Assírios 48 — processional 165 Henry, Françoise 107
Atenas 45, 74 — de pedra 106, 70 Hércules 9, 33
Atrium 42, 15 Cubiciula 13 Hersfeld 111
Augusto, Imperador 9, 47, 71 Hippo Regius 28
Auxerre 87, 162, 56, 57 Homilias de S. Gregório Nazianzeno 132, 161
Agzarael, rei de Damasco 160 Dalmácia 46, 135 Homilias de S. João Crisóstomo 130, 161, 69
Dafne 84, 130, 131, 79, 73 Hosios Lukas na Fócida 74, 85, 130-1, 45, 70,
Daurade, Toulouse 87 TVL, :TÊ
Baparan 45 David Comnenus, Imperador 132 Hubert, Jean 111
Bagrat IV, da Geórgia 80 Dentelle 165
Baldaquim 45, 72, 73 Diaconicon 41
Balcãs, 74, 130, 157 Diaspora 11 Iconoclástica, Crise 85-6, 130, 134, 165
Batismo 10 Diocleciano, Imperador 33, 35, 47 Iconographie de VEvangile (G. Millet) 81
Batistério dos Arianos, Ravena 65, 37, 40a, 4lc Dionisíaco 9, 38 ícones 8, 68, 84, 112, 130, 156-7, 159, 161, 163,
Batistério dos Ortodoxos, Ravena 65 40b, 41b, Domo do Rochedo, Jerusalém 165-6, 167, 104, 111-17
45 Domitila, Catacumba de, Roma 5 Idolatria 86, 162
Bárbaros 87, 156, 165 Dora 136 Igor, Príncipe 155
Basílio I, Imperador 130, 132
Dura-Europos 11, 15, 68, 83, 3, 4,5,1,2 índia 68
Durrow 106; livro de 107, 109, 129, 71, 58, 59 Iona 106, 107
Basílio II, Imperador 79, 130, 155
Dypeve, M. M. 15 Irã 11, 79, 80, 83, 88, 136
Behyo 26
Belisário 47 Irlanda, arte irlandesa 106-7, 109, 129, 166, 68,
69, 71, 72, 76, 58-62
Bema 41, 26 Echternach, Abadia de 107, 129; evangeliário
Irene, Imperatriz 130
Beresford, Cruz da Esperança de 105 129, 76, 62
Isauriana, Dinastia 86
Bobbio 106 Ecumênico, Concílio, Primeiro 33
Edicto de Paz 45 Isidoro de Mileto 75, 153, 43
Boiana 85, 154, 156, 87, 86-9
Egito 15, 45, 79, 132, 136 Islâmica, Arte 71, 112; conquista 79
Bosra 45
Elmale Kilisse 75 Ístria 43
Brad 79
Epitaphios 162 Itália 88, 111, 130, 134-6
Bronze, Trabalhos de 88
153, 154-5, 156, Escultura: armênia 80, 51; bizantina 162-3, 96-9, Ivanovo 155
Bulgária, Búlgaros 45, 130, 135,
157, 167, 87, 86-9 48; cristã primitiva 15, 16, 162, JI-I4; grega
Bizâncio 33, 87, 109, 134, 135, 136, 153, 155, (clássica) 131
Esmalte 88, 109, 160, 161, 165, 102, 105, 106, Jasper 165
156, 165
107 Jerusalém 15, 33, 35, 36, 38, 39, 80, 28: Domo
Etiópia 156 do Rochedo 86, 110; Santo Sepulcro 36, 37,
Eufrates, Rio 1], 132, 161 39, 71, 15; Martyrion de São João Batista 45
Calathos 105
Eusébio de Cesaréia 33, 35 Joalheria 88, 160, 165
Caldaria 71]
de, Roma 9, I0a Evangelismo 8, 79 Judeus 9, 10, 81, 86, 110
Calixto, Catacumba
Extrados 72 Juliano, Imperador 33
Calvário 33, 36, 39
Júlio César 9
Cantuária 106, 129
Julius Argentarius 68
Capitéis:
48 Faustina, Imperatriz 2 Jumati 102
— bizantino 97,
105, 66 Florença 159 Júpiter 9, 33
— pirenaico
Roma 9 “Forma crucis templum est" 46 Justiniano, Imperador 36, 47, 68, 71, 75, 79,
Capitólio,
Magno 105, 109, 111, 112, 129; sudário Forum, Roma 9, 33, 36 109, 130, 135, 136, 156, 162, 44
Carlos
162; trono 53 Francos, Franco 87, 106, 129, 132, 153, 156,
Catacumbas 11, 12, 13, 44, 166, 8; pintura 11, 157, 158
Kahrie Cami, Constantinopla 85, 134, 158, 159,
13-15, 16, 38, 39, 48, 68, 70, 88, 9, 10, Friesland 107
89, 90, 90-3
3-5, 7-12 Frigidarium 36
Fulda 106, 111 Kaoussié 45, 46, 71, 31
Cathecumeneum 42
Fulrad, Abade de 105 Kells 107; livro de 109, 72, 60, 61
Cáucaso, Montanhas do 80
Funerárias, Capelas 42 Kent 87
Cefali 136
Kharab Shems 23
Celtas, Céltico 88, 107, 67, 69
Kiev 155, 16); igreja de S. Miguel 156; Sta.
Cemitérios: Sofia 156, 88
— cristão primitivo 12-13, 46, 7 Gália 44, 87, 88, 105, 106
Gall 106 Kokkinobaphos, James 99
-— pagão 12, 36
| 74

Lactâncio 33 Palestina 8, 39, 65, 86 S. Basílio 59


La Têne, Período 107 Palas 160 S. Benoit sur Loire 112
Latrão, Basílica de, Roma 33, 35, 36, 40 Pantheon, Roma 36, 71, 76, 3º S. Bonifácio 106
Lavra 92 Parthenon 65 Sta. Catarina, Mosteiro de, Monte Sinai 166,
Lemerle, P. 74 Pavia 87 46, 111
Leo JII (o Isauriano), Imperador 86 Pax ecclesiae 15, 16, 44 S. Clemente, Ochrid (Sta. Maria Peribleptos)
Leo VW, Imperador 79 Peloponeso 157, 158 153, 60, 117
Leo VI, Imperador 130 Pepino I, da Aquitânia 129; relicário 66, 67 S. Clemente, Roma 10
Leptis Magna 25 Pepino III, o Baixo 105 Sta. Columba 106
Loculi 12 Pérsia (v. Irã) Sta. Costanza, Roma 36, 37, 38, 39, 47, 14-19
Lombardia, Lombardos 87, 110, 111 Philoxenia, de Abraão 157 Sta, Croce in Gerusalemme, Roma 35
Londres 160 Piazza Armerina 47 Ste. Croix et St. Vincent, Paris 87
Luis XIV, da França 160 Pintura: S. Demétrio, Salonica 58
Luxemburgo 107 — armênia 80 S. Demétrio, Mistra 158
Luxeuil 106 — búlgara 154-5, 86-9 S. Denis 105
— bizantina 83-6, 111, 112, 129, 130, 131, St. Étienne, Paris 87
158-9, 91, 74, 76, 93, 94, 96, 113, 117 Sta. Fosca, Torcello 44
Macarius, Bispo 33, 36 —. capadócia 132, 134, 75 S. Gall 111
Macedônia 41, 43, 74, 77, 79, 132, 153, 165 — carolíngia 112, 56, 57 Ste. Geneviêve, Paris 87
Macedônica, Dinastia 130, 134, 135 — de catacumba 11, 13-15, 16, 38, 39, 48, 68, S. Jorpe 162
Madaba 28 70, 88, 9, 10a, 3-5, 7-12 St. Germain d'Auxerre 112, 162, 56, 57
Mandorla 134 — copta 111. S. Gervásio 35
Manuel 51 — cristã primitiva 11, 15, 83, 5, 1, 2 SS. Giovanni e Paolo, Roma 10
Marabouts 71 — irlandesa 106, 107, 109, 166, 69, 71, 72, S. Gregório, o Grande 37, 59
Mármara, Ilhas de 162 76, 58-62 S. Gregório, o Taumaturgo 79
Marselha 63d — lombarda 111-12, 55 Sta. Irene, Constantinopla (v. H, Irene)
Martyria 36, 44-5, 46, 71, 30, 31 — macedônia 153, 60, 85, 85 St. Jean, Poitiers 105, 51
Martyrion 33 — russa 153, 156-7, 166, 104, 112, 114 S. João Batista 45
Matroneum 41 — sérvia 153-4, 86, 84 S. João Crisóstomo 167, 59; homilias de 130,
Mausoléus: Poitiers 105, 51 161, 165, 69
— cristão primitivo 36, 44 Pompeii 13, 47, 85 St. Laurent, Grenoble 105, 66
— romano imperial 45, 46, 71 Portáteis, Altares 106 S. Lorenzo, Milão 45, 110, 111, 49
Maximiano, Imperador 47 Priscila, Catacumba de, Roma 4, 9 S. Lucas 8
Maximiano, Bispo 68; trono, Ravena 163, 102 Prizren 153 S. Ee id Veneza 135, 165, 82, 83, 96, 77-59,
Mediterrâneo 88, 107, 108, 129 Propylaea 43
Meroviíngio 19, 105, 62 Prothesis 41 Sta. Maria Antiqua, Roma 6
Mesopotâmia 11, 68, 71, 72, 77, 79, 80, 83, 105 Proust, Marcel 135 Sta. Maria in Castelseprio 55
Metal, Trabalhos em: Putti 15, 38, 13, 14 Sta. Maria delle Grazie, Grado 24
— bizantino 160, 161, 164-5, 100-2, 105-7 Sta. Maria Maggiore, Roma 42, 65, 111, 21-5
— celta 107, 67 S. Martinho 106
— sírio 163-4 Qalat-Siman 45, 46, 32, 26, 27 S. Martino ai Monti, Roma 10
Metropolis, Atenas 74 Qalb Louzeh 79, 29 Sta. Maria Peribleptos (igreja de S. Clemente),
Missionárias, Igrejas 11 Qaledjar Kilisse 134 Ochrid 153, 60, 117
Mistra 158-9, 91, 94-6 Qaraback Kilisse 134 St. Médard de Soissons, Evangeliário de 129, 64
Monarquismo 8 Qirkbizé 11, 6 - Menas 79
o SA o cn tn (a tn

Monreale 85, 134, 136, 81 Miguel 162


Monza 87 Miguel, Igreja de, Kiev 156
Mouro 136 Ravanica 84 Nicolau, Boiana 86-9
Mosaico, Pavimentos em 11, 37, 47, 83, 107, Relicários 161, 164, 165, 101, 66, 67 - Panfilo, Catacumba de, Roma 8
136, 162, 10b, 24, 33, 18, 19, 28 Renascença 85, 157 Paolo fuori le Mura, Roma 35, 36, 112
Mosaicos: Retábulos 165 - Paulo 33, 44, 68, 69
— bizantino 47-8, 65, 68-70, 77, 111, 130-2, Ródano, Vale do 87 Sta. Perpétua 13
158, 159, 36-42, 78, 79, 89, 29, 32-40, S. Pedro 33, 37, 44, 68, 41
Ripidia 164, 85
42-7, 50, 71-3, 90-2 S. Pedro e S. Marcelino, Catacumba de, Roma
Roma 8, 9, 10, 11, 33, 36, 44, 83, 106, 109,
— carolíngio 112, 54 8, 10, 11, 12
156, 160; Arco de Constantino 16; Capitólio S. Pedro, Catedral, de, Roma 35, 36, 37, 40,
—. cristão primitivo 37, 38, 39, 111, 1, 22, 24,
9; VW. Catacumbas; Forum 9, 33, 36; basí- 46, 47, 105, 111, 19, 13
13-25
lica laterana 34, 35, 36, 40; Pantheon 36, 71,
— russo 156 S. Protásio 35
76, 34; “basílica pitagórica"', Porta Magegio- Sta. Prudenziana,
— siciliano 136, 59, 84, 81-3 Roma 39, 65, 165, 22, 20
re 40; Sta. Anastásia 10; S. Clemente 10; St. Remi, Reims
— bizantino-veneziano 135, 77-80 111
Sta. Costanza 36, 37, 38, 39, 47, 14-17; Sta. St.
Moscou 160 Riquier 111
Croce in Gerusalemme 35; SS. Giovanni e Sta.
Murano 130 Sabina, Roma 42, 27
Paolo 10; Sta. Maria Antiqua 6; Sta. Maria
Murex 160 S. Sebastiano, Roma 33
Maggiore 42, 65, 111, 21-5; S. Martino ai
S. Sérgio e Baco, Constantinopla (v. H. Sérgio
Monti 10; S. Paolo fuori le Mura 35, 36, 112; e Baco)
catedral de S. Pedro 35, 36, 37, 40, 46, 47, S. Simeão Estilita 45, 134,
Nártex 73, 74, 72 105, 111, 19, 13; Sta. Prudenziana 39, 65, 164, 167, 32, 101,
Nea, Constantinopla 130 26, 27
165, 22, 20; Sta. Sabina 42, 27; S. Sebas- Sta. Sofia, Constantinopla
Nerezi 85, 153, 167, 85, 85 tiano 33; coluna de (v. H. Sophia,
Trajano 81; colina do Constantinopla)
Nika, Revolta de 36, 75 Vaticano 35, 36
Notre-Dame, Jouarre 105, 52 Sta. Sofia, Kiev 156, 88
Evangeliários de Rossano 81, 98 Sta. Sofia,
Nôvo testamento, Temas em pintura do 13, 15, Ochrid 153
Rotundas 36, 37 Sta. Sofia, de Salonica
68, 81, 112, 136 135
Rublev, Andrei 153, 156, 167, 166, 114 Sta. Sofia, Trebizonda 74, 132, 80, 74, 76
“Rupestrianas'"' (talhadas na rocha), Igrejas S. Teódoro 154
132, 81 S. Vitor (sudário), Sens 95
Ochrid 153, 60, 117
Rurik 155 S. Vitale, Ravena 48, 65, 68, 69, 75, 76, Ts
Oculus 36
Rússia, Russo 74, 88, 130, 155-7 110, 35, 39, 4le, 47a, c, 29, 40-4
Oleg, Príncipe 155 Salona
Ruweha 79 44, 46, 30
Olga, Rainha 155 Salonica 153, 162, 167, 58
Orans 13, 14, 15, 156, 7 Santuários 33, 36, 44-5, 46
Ortodoxa, Cristandade, Igreja da 153, 156, 157,
Sto, Aidan 106 Sapor I, da Pérsia 80
166
S. Ambrogio, Milão 111, 50 Sarcófagos 13, 15, 16, 38, 39, 48, 68-9, 87, 105,
Óstia 36
Sto. Ambrósio 35, 46, 50 162, IlI-14, 62, 6
Oto III, Imperador 62
Sta. Anastásia, Roma 10 Sassaniano 80, 83, 136, 162
Oviedo 111, 112
S. Apollinare in Classe, Ravena 65, 69, 42, 30 Saxões 87, 106
S. Apollinare Nuovo, Ravena 42, 65, 68, 97a, Sebaste 134
Pádua 159 31-6 Seldjuques 79, 132, 134, 157
Paganismo 9, 10, 33, 38 Sto. Agostinho 106 Sermões sôbre a Virgem 99
Pala d'oro 161, 165, 107 S. Babilas 45, 71, 31 Sérvia, Sérvio 45, 153, 154, 157, 167
Palazzo Reale, Palermo 82, 83 Sta, Bárbara 134 Sicília 130, 136
[75

Sinnpopas 11, 12, 40 Tiridates, Rei de Parta 79


Síria O, 11. 40, 41, 43, 45, 47 Veneza, Saltério de 110 19
Tirol 112
Sophanle 134 Túmulo de Cristo 13, 36 Via Latina, Catacumba da, Roma 3
Gonhnp 48, 79 “Túmulo de Moisés" 4s Viena, Génesis 41, 9
Sopocani 152, 86 Vikings 107
Torah, Santuário de 1
Souvasa 134 Torcello R4, 1%0, 1s, 44, RQ Villehardouin 146
Suiça RR, 106 Virgem, de Viadimir 156, 165, 1H
Toulouse 87
Svnaxis 4] Vitrúvio 103
Tours 111
Synthronon 41, 74, 15R, 24, 86 Trajano, Imperador 36: coluna Vladimir 155
R1 Vladislav, Rei da Sérvia 151
Trebizonda 132, 1%3, 157: Sta. Sofia 74, 132, Polnmina 81
O, 74, 76 Vosges
Talbot Rice, David 132, 154 106 o
Tripolitânia 43
Tarrasa 111
Turcoáriaros 154
Taurus, Montanhas 40, 79, 132 Turcos 153, 154, 159 Wadi-Natroun 79
Tebassa 45
Tekor 79 Weitsmann, K. di
Templos (pagãos) 9, 11, 35 Wilfred de York [06
Ufilas 156 Willibrord 107. 129
Teodora, Imperatriz (mulher de Justiniano) GB, Urgub, Região de 142 Wingles 64
29, 43
Urox, Rei da Sérvia 151
Teodora, Imperatriz (mulher de Teófilo) 86 Utrecht, Saltério de 129
Teodorico 47, 6B, 69, R7, 31 Yaroslav, Príncipe 156
Teodoro Mctochetes 158 Yazid Tl R6
Teodoro de Tarso 106 Valentiniano 1II, Imperador 47
Teodósio, Imperador 33, 165 Van, Lago 80
Têxteis: Varangianos 155 Zegani 80
— bizantino 160 161-2, 93, 95, 110 Vaticano, Colina Zemen 155
do, Roma 35, 16
— copta 161, 162, 108, 109 Vatopedi Zeno, Imperador 45
159
Thecophanu, Rainha 62 Zeus 160
Venationes 156
Thermae 33, 36, 46, 71 Zilve 134
Veneza 135, 136, 156, 160, 167; S. Marcos 115, Zoe, Imperatriz 130, 74
Tibério, Imperador 39 165, 42, 83, 96, 77.9, 107 Zvenigorod IM

Agradecimentos
desenhos déste volume basearam-se em ilustrações das publicações 20, 21; Victoria and Albert Muscum, Londres Ll6, John Webb, Londres
Os
108, 109, 110; Roger Wood, Londres 46, JP, Ziolo/ André Held, Paris
abaixo relacionadas:
3, 4, 95,7, 8, 9, M, &1, IA 15

Préio é branco: ACA. Bruxelas 64; Alinan, Florença 2, 77, 6, 12, M,


97a; Alinani Anderson, Florença 14, 37, 34, 4a, ále, 99, Bibliothéque
Grabar; Martyrium, Colltge de France 30; Lassus, Sancluaires de Synie, Nationale, Paris 53, 57; Bildarchiv Folio Marburg 20, 35, 66, Ta, Ná,
Paris 4, 6, 15, 16, 17, 23, 3); Krautheimer, Early Christian 90, 92; Osvaldo Bohm Fotografico, Veneza 24, 44, 9%; Boudot-Lamotte,
Geuthner,
le, Phu-
and Byzantine Architecture, Penguin Books, Londres 49, Lemer Paris 34, 49b, 74, Bnitish School, Roma 2%, Bulgarski Houdoshnik,
de la
lippes et la Macédoine orientale 46; Tchalenko, Villages antiques Sofia 87; Colitge des Hautes Etudes, Paris 61, Cleveland Museum af
Kunst, Ber-
Syrie 26, 324; Wulff, Altchristliche Kunst und Byzantinische Art, Obio 98, Duke University Library, Carolina do Norie MM; John
45, 47a, Db. er
lim, Freeman, Londres 104; German Archeological Institutes, Roma dia, 4lb,
As fotografias foram fornecidas pelas seguintes instituições:
41d; Giraudoa, Pans 95; Mladen Greevic, Zagreb 45a, 45b, dSc, MW,
Green Studio, Dublin 71, 72; Ara Guler, Istambul 50, úla, 49; Mudio
Cor: Archivio Fotográfico dei Civici Musei, Milão 104; F. Anderegs, 18; Paul Hanlyn Archive 22, 52, Só, 60, 43, 104, Atelier
UniversidadeParisde 63,
Nationule, Michigan
64, 65, 1, 69,2; 99,
C. Bevilacqua, MilãoLamottc,
100; E. Boudot 47; Bibliothêque
Paris 30,
Haig, Amã
Niko Haus, Tner 76; Humer Verlag, Munique LL, 12, 13, 24, 3%, 4,
42, 78, D. Hughes-Gilbey, Londres 794, Geraldine Kenway, ÁAtanas Sá,
Bulgarski Houdoshnik,
Archive, Londres Sofia Ferruzi,
28; Foto B6, 87, Veneza
BB, 59; 79, A. Germanisches
Duncan, dideio am
National. T9b, 9), 93; AF. Keesting, Londres 43, Kungiga Bibliotcsst, Eso-
colmo 77; Professor Jcam Lassus, Paris 1, 5, 7, 194, 2a, Do, Ny
muscum, Nuremberg 62; Giraudon, Paris 56, 57, 66, 67, 113; ee Louvre Photographic Serviçe, Paris JUL, Metropolitana Museum of Art,
Studio, Dublin SB, 59, 60, 61; Ara Hirmer
Guler, Verlag,
Istambul Munique
14, 19, 45,
99; 98,SAE
MT; Nora York 100; Musée d'Art et Histoire, Fnburgo 65, Naticasl Buil-
ches Landesmuscum, Darmstadt 68;
Michael Holford, Londres 14, 105; D. Hughes-Gilbey, Londres 71, 72; dings Record, Londres 70; Pisrpont Morgan Library, Nova Yock OZ,
Proceion Universiy Library 103, Prncetos University, Department ví
Geraldine Kenwey, Atenas 70, 73, 94, 98; AF. Kersting, Londres 26, Art and Archeology 33; Pontifícia Commisstone di Archeulugia Sacra,
27. sá; FA. Mella, Milão 18, 19, 41, 102; S. Mileusnic, Belgrado 85; Cidade do Vaticano 3; Josephine Powell, Roma 43, dlb, 97h, Jesa Rou-
Ann Munchow, Aachen 53; Ósterreichische Nationalbibliothek, Viena 27; bier, Paris 62; Guido Sazsonl, Roma 55; Edwin Sath, Saitroa Waluea
Prerpont Morgan Library, Nova York 101, 106, Josephine Powell, Romy 28, Fotokronika Taas, Mor
90, 9), 92, 96, Rapho, Paris S1, S2, 54; Réunion des Mustes Nationavx, 75;
cou
Siadiarchiv,
St; Tuwskish
Aschen
Tourist
Tic,
Office,
E. Sigwski
Londres sic, Vatican Libeary, Citada
Versulhes 104; Scala, Florença 15, 16, 17, 22, 23, 24, 25, 29, 31, 32, 33,
55, 77, 78, 80, 107,
já 35, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 48, 49, SO,Cultural do Vatiçaoo 54; Worcester
Londres 9, Joseph Ziovlo — André Held, Parns 100, Zodiaque Press
Am Museum, Massachusetts 99, Juba Wabo,
15; E Sellerio, Palermo Relatioos with
bl, 62, 83, Society for
URSS Londres 14; David Talboi Si Leger Vaubas 67, 68, 6%, 69b, 696, linatruções du página O, Mus
Rice Edimburgo 76; Tas ama6. Hume.
Hudson, Londres 111, Tretyabov Gallery, Moscou 12; Vasari, Roma
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