Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ane DR FE sous mg aee a AS a ; (gde dio e Arne entre rratocasasttaosy Eageoo DAE Aire iria mm
ga 2 | menta TIA, ay
REGRA | Ria
ma
j bb A
Wi
alho
4 ds 7 E md Gee = À
E a E "im 2 = - F =
Es Pa rir +
j
sê = al o E
,
e.
d
ATA LO
TA Ná
il
-
O
7
a
LD
smbad
mo
rx
RALO e 4
TATA AA”,
ar e et “ is lo ET À Li a bo a
o = enae E
E E E fm po E = E é ' a
e a. a Rar E
pd da A af — ee " o se sd. “ - E Ml
ia TUE DD Pe A RE PE o = = “a, ud E “nm
AA
es doa eis
E] Leo = Po!
tp - nd O = siea = * e ) e At
Rea à, so) bad E ' — É” oo e | * a ,
EE PE E RA CPOAT ROSAS)
Pl rt E e RO 10 DA Ap AE
. ar Beça A
RR SE
E pr
CrtE= hi [7 Ma rs e + gia E ! PA EE O Pre ERC E na ao pol al Certa a
Er A a A A E ul
+
E Sai PR - d a
tr E
ln
a PA
Fr Si E ds E = E À
rio Eras |
eo
Mi ra aa pa
A ç
fo
RE
ita sa E]
a
EPEEPESF CER RS O
e der pi E +
O
o) +
do =
Po A ="
AIRE SU
ai E
ACTA pt a
' ca “
A 1]
kg
aa ei Er
| O nd
TRE ET e E PR O O TES eder EE q. E... e. ah e fa
PRE MP a o) cAopiedtoo bt or PR ELA T E RE
E ENE AGR 5 27 E po POEE ER
É e 3
4 a to
te SrE A =ad 7! E
nos Sa La
=
E a
o =
SECRET O o
La
o ER SE RA ALE
DES Or a SAR
E E
ms
ES RE
=
RRRI
" É, E E
ta 7 dá E CE ER RE. HER do "ga E. E “pa Lado ET Tha a
E E or Era EPE DE pi AR SETE oil rs Ttq - A Va
APTE HR pb Pd bate Ein LP giro 7 O RR Pe A OR
is a Frf= = e, sa E oa 3 E = “= E
op trad O ea Ar nd o E +
E É a a as: E
E rea Apt
ERA EA
| RS PES SR ES a ap PRE SRA APTE
O EO Pu fais aa A Ed
AREA ea e RE
* E 3,a Re =
EE.
E
Ri dd
'
E - ha a fa - Ra
ar
dd
a
ão E
17 ro SN
di na RS To
DR
vã '
ao f mah er VA e e
e ;
= ' e e E E ma] . É
M |]
dep
1 RT À
=: E a
ps
To REM
TAM
a da
à
Pas es Li TRT
A
E
y 4
|
ESC
4h4
A
E
E
k
E4 ]
nas
mm
ue
AM.
DE di
j
(TS saio
Dre LR DD
Re | ed |
sê
Sa?
E
VR
E]
E
EP
a
=
ae
De
1
da
TX
Ca |
e
!
a]
o.
Lai
+. ER
E
o = RR
E
“Em tn
FEI
nc E pe Fay E
ELE
ah
E
Rom!
q
LA
1
Da
10
RR o
Pp"
E a.
ts
a LoO IS tr e
a FZ. =
ii “=
1
1
]
: La e
1 Dt-- nadnb bis “aas e tra
ER TS "9 + a vtd
ay
Bis
E a Tr A Es
RS
4:
a
; ! SAO "
A.
E
Eid ]
j RA a” RPE
eA
PRE
a op DP
7
o O À
4 dt ER do a O ES a
em E ie pi A PO E nho pg eia S ] ia
o? Dee DAT pé dare ms RSS Tr esa ep ad TS RELA
E Ma
pi
Ea
Gola RIR tai NT a
PAES; e)
Ly bs e 3
qa EEE EE A Et
pa Lt 225+ ESC
garera co CP e TR Hran
UOL BEAT
dr
EPRC a DO(RA PS
e o gnbde
k va, |
PR E
Da e
MAs A '
EDITE GE rr
em Sprs penis
TRES,
po
ã RE asia +
E qe A TS bet
nuit MT
a MTO
j af =
R A q À dão
do. ” 4 : À TR Mi 1 | A
y h 4 - FW , o
Ai Std IL
e
TI Uai
k
TE | ARE AJT
=
PR CT
7
hd ddtarss
a
ESTO?
Cf
POLE ERIRERE
É: ”
EX
i : E a o à [rd apl
Sr
eis Tel. Ea ia ' . a
ra spy. at Eli : | o pad E fila at : + Era
ii ad) ao
Ei did] A LA
L É q) | PL tdos
| Eh o , Es Fi i b. ; R a = a É A Ve x EA | A E - q = ” ar z + i 1 | - - AP A A =” met A T Ea,
E di
PU Ra F fo
a dA Sado mma
E a pa Pal a à aid E E = a
pol Te . à Td
=. a mM p= a E, de di
ig pe” ho :
E
e Er a Coqéaro,
- ; :
ne ce, à Saia o =
O CR E Rd Ap Pi F lt pras
P RA e a O [RR E
O MUNDO DA ARTI
-
À
al!
CRISTANDADE 2
CLASSICA E
BIZANTINA
der
à AD
JEAN LASSUS
E
dar CITS
ia
o
É
a
E
o
pr
A
="
1
à,
DR
O aa ç
a
mM
o
Ê
tj
tos E
'
a;
o
| ah
A
.
pt
=
ça |)E
md Po
Rd
RT
É
=
dE
DL
CRT
TI
TD
]
ans
ao
E
|
Ps
Pi
hat
im
[Leal
+ p=
Es
es ET
+
ja
ER
na
f
Etoze
A ad
MUNDO ANTIGO | o
Professor Giovanni Garbini, do Instituto de Estudos do Oriente Próximo,
Universidade de Roma
ANTIGUIDADE CLÁSSICA ne
Dr. Donald Strong, Diretor-Assistente do Departamento de Antigiiidades Grega
e Romana do Museu Britânico, Londres
MUNDO ISLÂMICO
Dr. Ernst J. Grube, Diretor do Departamento Islâmico, Museu
Metropolitano de Arte, Nova York
MUNDO ORIENTAL
Jeannine Auboyer, Diretora do Museu Guimet, Paris
Dr. Roger Goepper, Diretor do Museu de Antiguidades do Extremo Oriente,
Colônia
MUNDO MEDIEVAL
Peter Kidson, do Instituto Courtauld de Arte, Londres-
O RENASCIMENTO
Andrew Martindale, Catedrático da Escola de Belas Artes,
Universidade de East Anglia
O BARROCO
Michael Kitson, Catedrático de História da Arte, do
Instituto Courtauld de Arte, Londres
ARTE MODERNA
Norbert Lyton, Diretor do Departamento de Arte Histórica e Estudos
Gerais, da Escola Chelsea de Arte, Londres
Distribuição exclusiva:
Livraria José Olympio Editôra S.A. — Páginas anteriores: Os Pais da Igreja.
Rio de Janeiro
Mosaico da Capela Palatina, Palermo.
Indice
8 Introdução
9 O Despertar Os primórdios da Igreja
Dura-Europos
Funerais «dos primeiros cristãos
As pinturas das catacumbas
Sarcófagos cristãos primitivos
A arte áulica
160 O Tesouro das Têxteis
Igrejas Escultura e marfins
Trabalhos de ourivesaria
Manuscritos e ícones
Conclusão
Indice das Ilustrações a Côres
ã
] Parede oeste da sinagoga de Dura-Europos 17 47 Vista da cúpula dourada de Haghia Sophia,
3 Cubiculum “O”, Nova Catacumba, Via Latina, Roma 18 Constantinopla 63
4 O bom pastor. Pintura sôbre rebôco, catacumba 48 Capitel de Hágia Sophia. Mármore. Constantinopla 64
de Santa Friscila, Roma 19 49 Interior de S. Lorenzo, Milão 89
5 Cena pastoral. Pintura sóbre rebôco, catacumba de 50 Santo Ambrósio, Mosaico. Sto. Ambrogio, Milão 90
Domitila, Roma 19 3| Batistério de St. Jean, Poitiers 91
6 Detalhe de um sarcófago. Mármore. Santa Maria 52 Tumba de Theodochilde, Jouarre 92
Antiqua, Roma 19 53 Trono de Carlos Magno. Aachen 92
7 Orans. Pintura sôbre rebôco. Coemeterium Maius, 54 A arca da aliança. Mosaico. Germigny des Prés 93
Roma 20 55 A viagem para Belém. Pintura sôbre rebôco.
8 Ressurreição de Lázaro. Pintura sôbre rebôco. Santa Maria em Castelseprio 94
Catacumba de São Pedro e São Marcelino 20 56 Santo Estêvão ante o sumo sacerdote. St. Germain,
9 Os três hebreus na fornalha ardente. Catacumba Auxerre 95
de Priscila, Roma 21 57 O apedrejamento de Santo Estêvão. St. Germain,
10 Jonas lançado à baleia. Catacumba de São Pedro Auxerre 95
e São Marcelino, Roma 21 58,59 Livro de Durrow 96
11 Noé na arca. Catacumba de São Pedro e São 60 Página do título do Livro de Kells 97
Marcelino, Roma 21 61 São Mateus, do livro de Kells 98
I2 Cristo entre Pedro e Paulo. Catacumba de São 62 Capa dos Evangelhos de Echternach 99
Pedro e São Marcelino, Roma 22 63 Cristo abençoando 100
13 Cristo Helios. Mosaico. Basílica de São Pedro, 64 São Marcos Evangelista 101
Roma 23 65 Primeira Bíblia de Carlos, o Calvo 102
I4 Mosaico de abóbada. Santa Costanza, Roma 24 66, 67 O relicário de Pepino 103
I5 Detalhe da decoração de mosaico. Santa Costanza, 68 A Ascensão 104
Roma 24 69 O Imperador Nicéforos III Botaniatos 113
l6 Interior de Santa Costanza, Roma 25 70 Hosios Lukas 114
17 O mosaico da abside. Santa Costanza, Roma 25 71 Interior do Katholikon, Hosios Lukas 115
18,19 A história de Jonas. Mosaico, Basílica de Aquiléia 26 72 A crucificação. Mosaico. Katholikon, Hosios Lukas 115
20 Cristo ensinando aos apóstolos. Mosaico. Santa 73 Cristo Pantocrator. Mosaico. Dafne, Grécia 116
Prudenziana, Roma 21 74, 76 Pinturas murais em Santa Sofia, Trebizonda 116, 117
21 A nave de Santa Maria Maggiore, Roma 28 75 Interior da igreja escavada na pedra de Elmale
22 Abraão e Ló. Mosaico. Santa Maria Maggiore, Kilisse, Capadócia 117
Roma 29 77 A entrada de Cristo em Jerusalém. Veneza 118
23 Abraão e os anjos. Mosaico. Santa Maria 78, 79 Noé deixa a arca. Veneza 119
Maggiore, Roma 29 80 Mosaico da abside, catedral de Torcello.
24 A travessia do Mar Vermelho. Mosaico. Santa Veneza 120, 121
Maria Maggiore, Roma 30 81 Cristo ressuscita a filha de Jairo. Palermo 122
25 Á captura de Jericó. Mosaico. Santa Maria 82, 83 Mosaicos decorativos do Palazzo Reale. Palermo 123
Maggiore, Roma 30 84 Interior da igreja do mosteiro de Ravanica.
26, 27 Qalat Siman. Santuário. Síria 31 Sérvia 124
28 Planta de Jerusalém. Mosaico. Madaba, Jordão 32 85 A deposição. Nerezi, Macedônia 124
29 A Imperatriz Teodora. Mosaico. S. Vitalc, 86, 87, 88 Três cabeças de Cristo, Boiana 125
Ravena 49 89 Zevastocrator Kaloian e Zevastocratora Desislava 125
30 S. Apollinare in classe, Ravena 50 90 Cristo Emmanuel, Constantinopla 126
31 Interior de S. Apollinare Nuovo, Ravena 50 91 Detalhe do Nascimento da Virgem 126
32 A procissão dos mártires. Mosaico. S. Apolli- 92 Joaquim, Ana e Maria 127
nare Nuovo, Ravena 51 93 Anastasis “127
33 A cura do paralítico, Mosaico. S. Apollinare Nuovo, 94, 95,96 Mistra 128
Ravena 51 97 Eliezer e Rebeca 137
34 A última ceia. Mosaico, S. Apollinare Nuovo, 98 Cristo diante de Pilatos 137
Ravena 51 99 Sermões do monge Kokkinobaphos 138
35 A separação das ovelhas das cabras. S. Apollinare 100 A penitência de David 139
Nuovo, Ravena da 101 O lecionário dos Evangelhos 140
36 O fariseu e o publicano. Mosaico. S. Apollinare 102 O trono de Maximiano 141
Nuovo, Ravena 52 103 As santas mulheres no sepulcro 142
37 O mausoléu de Galla Placidia, Ravena 53 104 O tríptico de Harbaville 143
38 O bom pastor. Mosaico. Galla Placidia, Ravena 54 105 A cruz da esperança, de Beresford, esmalte 144
39 São Lourgnço. Mosaico, Galla Placidia, Ravena 54 106 O tríptico Stavelot 144
40 A abóbada do presbitério de S. Vitale, Ravena 55 107 Pala d'oro. Veneza 145
41 Vista interior de S. Vitale, Ravena 56, 57 108, 109 Tecidos coptas cristãos. 146
42, 43 A Imperatriz Teodora e sua comitiva. Mosaico. 110 Sêda bizantina tecida 147
S. Vitale, Ravena 58. 59 111 Cristo e S. Menas, ícone 148
44 O Imperador Justiniano e sua comitiva. Mosaico. 112 A Virgem, de Vladimir, ícone 149
S. Vitale, Ravena 60 113 São João Batista, ícone grego 150
45 Parte do mosaico da abóbada do batistério dos 114 O sepultamento, ícone russo 151
ortodoxos, Ravena 61 115 Ícone de mosaico 151
46 A transfiguração. Mosaico. Mosteiro de Santa 116 A Anunciação, ícone mosaico bizantino 151
Catarina, Monte Sinai 62 117 A Anunciação, ícone 152
+ E
er poAR
A
A
A a
a
E
EA
q
Obras de arte podem ser classificadas de várias formas. desenvolvimento da Igreja: desde o início manifesta-se
Podem ser agrupadas, segundo seu país de origem, como um anseio de glória que faria da arte cristã, devido às
Arte Egípcia; segundo o período, que pode tomar o nome circunstâncias históricas, uma arte triunfal paralela à arte
de um personagem, como Era de Augusto, ou, segundo da Roma Imperial.
o estilo, como Arte Gótica. Também é possível, e legítimo, A pintura, da mesma forma, encontraria novos temas.
estudar em um só grupo tôdas as obras de arte que tenham Os acontecimentos que determinaram as origens da Igreja
sido inspiradas pela mesma religião. e os grandes mistérios da fé foram representados para ins-
Naturalmente é êsse o método que orientará um traba- trução e edificação dos devotos. Naturalmente, também o
lho sôbre a arte cristã. Consideremos inicialmente a forma pintor seria submetido a outras limitações além daquelas
surpreendente pela qual surgiu essa arte. Doze trabalhado- intrínsecas ao texto que ilustraria, sob encomenda,
res da Palestina percorreram o mundo, e o mundo foi A utilização da obra de arte, definida no momento da
mudado, espiritualmente mudado, pois os homens desco- encomenda, é pouco mais que o assunto proposto: é apenas
briram um nôvo objetivo para a vida, caminhando essa um ponto de partida. Na arte cristã as exigências do clero
modificação espiritual a par de uma modificação exterior. eram rigorosas. Sobretudo no Oriente a preocupação com a
Até hoje aldeias se reúnem em tôrno às torres de sua ortodoxia levou à noção da iconografia: a representação de
igreja e as cidades em tôrno de suas catedrais. E os cada um dos temas tornava-se definitiva e seria conside-
maiores artistas, qualquer que seja seu ponto de vista rada válida apenas se realizada naquela primeira forma.
filosófico, quase sempre se voltam, vez por outra, para Havia uma forma tradicional, quase obrigatória, de re-
a criação de uma obra inspirada pelo cristianismo. Os presentar a Adoração dos Reis Magos, ou a Entrada de
modestos textos dos Evangelhos constantemente dão ori- Cristo em Jerusalém. O assunto revestia-se de um valor
gem a novas interpretações pictóricas, o Apocalipse nova- teológico quando se tratava de cenas como O Batismo
mente ilumina os céus, novamente o corpo torturado é de Cristo, a Transfiguração, ou a Descida ao Inferno —
pregado na cruz. cenas de implicações trinitárias ou escatológicas. Os retratos
Tudo isso está profundamente ligado à nossa vida. Mas de Cristo ou da Virgem — talvez inspirados nos retratos
houve um comêço, em alguma parte: a necessidade de atribuídos a São Lucas, que se supõe tenha sido pintor —
construir uma primeira igreja, a criação dos primeiros ou mesmo representações de milagres, como o lençol de
símbolos e a primeira Bíblia ilustrada. Houve uma pri- Verônica, ou de imagens enviadas pelos céus, possuem
meira Virgem e o Menino, um primeiro Crucifixo. A uma realidade mística que não pode ser esquecida. As ima-
disseminação do evangelismo, as formas da hierarquia, as gens foram dotadas dos mesmos podêres atribuídos pela
relações entre a Igreja e o Estado, o desenvolvimento da crença às relíquias; os pintores dotavam de vida os media-
teologia, o surgimento da devoção aos santos — tôda a dores, tanto em situações cotidianas quanto espirituais.
história cristã é retratada em sua arte. Reflete-se não Seus retratos exerciam sôbre os fiéis poder semelhante ao
apenas na chamada arte eclesiástica que serve às neces- poder exercido pelas estátuas dos deuses. Do ídolo ao
sidades imediatas do culto e louva a glória da própria igreja, ícone, a arte não era apenas um meio de expressar um
1 mas também na arte popular, onde é possível apontar a poder sobrenatural, mas uma maneira de fazê-lo viver entre
presença da fé na vida e na alma das criaturas. Éste livro os homens. A natureza sagrada da arte cristã e o respeito
é uma tentativa de descrever o processo de origem, desen- que lhe era votado, embora contribuindo para o seu es-
volvimento e disseminação da arte cristã durante seu pri- plendor, impediram o surgimento de qualquer inovação.
meiro milênio. Consciente ou inconscientemente, o artista seguia os ensi-
A arte religiosa é sujeita às mesmas limitações impostas namentos dos mestres. Sua liberdade era limitada até mes-
a tôda criação artística. A primeira limitação é financeira: mo em nível técnico: ficava-lhe a marca de uma determi-
o arquiteto e o pintor devem trabalhar dentro de um nada escola ou a influência de algum predecessor famoso.
orçamento — pequeno, como nas comunidades primiti- Raramente o artista fugia ao movimento geral orientado
vas, ou de acôrdo com a generosidade com que os estados pelas tradições e pelos métodos de cada período, de cada
convertidos cumulavam os bispos. A esfera de ação é tam- região, e às vêzes de cada cidade. Contudo, mesmo no
bém restrita: a arte religiosa é utilitária. A arquitetura anonimato, que reveste a arte da primitiva cristandade,
das igrejas depende naturalmente de regras impostas pela emergem personalidades individuais que se firmaram atra-
liturgia bem como de considerar o número de fiéis que vés da originalidade, pureza e esplendor de seu trabalho.
participarão das cerimônias, pois nisso também a igreja É tentador considerar a arte cristã nos seus primórdios
cristã difere dos templos pagãos. Torna-se necessário para apenas como uma coleção de documentos arqueológicos
o arquiteto um esfôrço de imaginação, funcionando dentro que fornecem provas referentes ao conteúdo dos ensina-
das formas aceitas com uma consciência das diferentes mentos, à forma da liturgia, à expansão da atividade mis-
formas de edificações, passadas e presentes, que tenham sionária e ao dia-a-dia da Igreja. Mas é necessário ir
preenchido necessidades semelhantes — em qualquer caso, além e procurar a personalidade individual, que se afirma
rigorosamente controladas pelo cliente, seja um doador ou em cada obra pela expressão da vida espiritual do artista
o chefe da comunidade, As edificações cristãs refletem o e do seu ideal de beleza,
O Despertar
OS PRIMÓRDIOS DA IGREJA
Nem é necessário lembrar as restrições que o cercavam.
Uma cidade romana era a representação física de um
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus.” sistema monolítico. O Capitólio, em Roma, dominava o
No momento em que foram enunciadas pel
a primeira vez, Forum, e o Forum era circundado por templos. Nas pra-
essas palavras eram revolucionárias. O Imperador Augu
sto ças públicas das cidades provinciais havia templos e está-
morrera há alguns anos, tornando-se objeto
de culto no tuas dos deuses e imperadores deificados: os ídolos. O
mundo romano. Durante o seu reinado, Augusto
deificara teatro era uma cerimônia dionisíaca; os jogos realizados no
César, mas tentara manter a adulação popular dentro de
anfiteatro tinham valor propiciatório. Cada oficial do
limites controláveis. Se em Roma os antigos cidadã
os da exército era ligado aos deuses através de juramentos; cada
República mantinham ainda as mesmas reservas, no
Orien- funcionário imperial ou municipal de certa forma era um
te, as tradições helenísticas ajudavam a perpetuar uma
sacerdote. Um cristão teria de ficar necessariamente ex-
confusão politicamente eficaz: e na África, o rei berber
e cluído da vida pública de sua época.
Juba II mostrava a sua gratidão ao construir um templo
Se as comunidades cristãs floresceram é porque tinham
para o aliado a quem devia o trono. a oferecer, mais que as misteriosas religiões originárias do
O cristianismo nasceria e se desenvolveria num mundo Oriente, nesse mesmo período, expressão satisfatória às
em que a religião, o império e o patriotismo estavam necessidades de fraternidade, de vida espiritual e de espe-
estreitamente ligados. Templos eram construídos honrando rança. Gradual e discretamente essas comunidades cres-
Augustus e Roma. Vênus, a mãe de César, era a deusa ciam. Eram compostas inicialmente de pessoas comuns
da família ou gens, Julia, e protegia a dinastia. Em épocas — comerciantes judeus e sírios, agrupados em distritos de
diferentes e sob diferentes dinastias, outros deuses eram cidades gregas e romanas, e vizinhos pagãos atraídos pela
convocados para preencher êste papel — Apolo, por exem- novidade do testemunho religioso. Escravos e artesãos
plo, ou Júpiter, Hércules, ou até mesmo Heliogabalus, o parecem ter sido os primeiros a se converter à nova reli-
2 deus-sol adorado em Emese, na Síria. No cerne do paga- gião, assim como mulheres. Mais tarde, e muito lenta-
nismo imperial, da religião do estado, no meio dessa ceri- mente, começaram a surgir conversões entre as classes
monial expressão de lealdade ao trono imperial, desen- mais ricas e as intelectuais. Assim, na primeira fase, não
volveu-se o cristianismo. havia meios suficientes para a criação de uma arte cristã.
Hide
1. O Bom Pastor. Séc. IV. Mosaico. Basílica Teodoriana, | 2. A Apoteose do Imperador Antonino e de sua mulher
Aquiléia, Itália. Motivos simbólicos já tradicionais da Igreja Faustina. 161/169 AD. Mármore. Cortille della Pigna,
Cristã aparecem no mosaico geométrico que reveste O piso Vaticano, Roma. Relêvo da base da coluna de Antonino Pio.
da basílica. A postura familiar do Bom Pastor, carregando O casal imperial é transportado para o céu por um
sua ovelha e flauta de Pã, é encontrada em pinturas de espírito alado, na presença da deusa Roma e de uma
catacumbas e sarcófagos do mesmo período. personificação do rio Tibre. Os imperadores mortos eram
deificados; mesmo em vida tornavam-se objeto de culto,
Havia um templo de Antonino e Faustina no forum.
em À
E 2 E
3. Vista aérea de Dura-Europos. Construída numa curva do 4. Casa da Comunidade Cristã. c. 230. Dura-Europos, Síria.
rio Eufrates por um dos generais de Alexandre, o Grande, A comunidade cristã alojava-se numa moradia que
essa cidade fortificada revelou em suas escavações apenas diferia das demais pelo batistério (em cima, à
exemplares preciosos da arte religiosa do mundo oriental, nos direita), onde foi instalada uma grande banheira sob um
primeiros séculos da nossa era. Ocupada e destruída pelos dossel; as paredes do batistério eram decoradas com
partas em 256, foram encontradas, entretanto, em suas pinturas lembrando cenas do Antigo e Nôvo Testamento.
escavações, uma sinagoga e uma igreja católica. Figura 4, à
lâminas 1 e 2.
Com a herança dos preconceitos judaicos talvez a necessi- caso, o batismo de adultos — deveria revestir-se de todo
dade de tal arte não fôsse sentida. Quando as comunidades o seu significado. Na noite de Páscoa, em cômodo espe-
começaram a incluir cidadãos ricos e influentes entre seus cialmente preparado, os catecúmenos eram imersos três
membros surgiu o problema de adaptar a nova fé a um vêzes num receptáculo para banho, adornado.
mundo que até então tinha sido mantido à parte. Era Essas primeiras igrejas eram tão modestas que por muito
atribuição do clero, da hierarquia já existente, preservar as tempo se tornou impraticável para os arqueólogos desco-
diferenças entre Igreja e mundo, enquanto cada um dos brir qualquer uma delas. Algumas foram destruídas du-
cristãos na sua vida particular tinha de aceitar determina- rante as perseguições, particularmente durante a última
dos compromissos. perseguição, a de Diocleciano, em 305. Depois do triunfo
Num mundo em que a arte era oficial, imperial e paga, do cristianismo, muitas foram demolidas, cedendo lugar
a arte cristã só poderia iniciar-se em pequena escala: o as edificações cada vez mais ambiciosas que as substituíam
que de qualquer forma seria um compromisso com o — foi o que ocorreu às paróquias da antiga Roma —
mundo. Os ídolos pagãos representavam para seus adora- as igrejas titulares. As basílicas dos séculos XI, XIII e
dores a morada dos deuses: para os cristãos êsses mesmos XVIII foram construídas nos sítios de reunião doados à
ídolos eram habitados por demônios. Como, portanto, comunidade no séc. III por Equitius, Vizans ou Aemiliana.
deveriam ser concebidas as estátuas cristãs? Imagens do Edifícios de formas muito diferentes, escavados sob
deus verdadeiro? Elementos judaicos da Igreja rejeitariam igrejas posteriores, e identificados como igrejas primitivas,
a idéia. Mas havia outros fatôres a considerar. Impedidos têm originado controvérsias — como ocorreu com a casa
inicialmente por carência e depois por prudência de cons- da comunidade cristã, chamada titulus Equitii, que alguns
truir edificações especiais para reuniões — que de qualquer estudiosos acreditam ter reconhecido ao lado da Basílica
forma nunca deveriam assemelhar-se a templos — os de S. Martino ai Monti. Em outros lugares, parece que os
cristãos reuniam-se em casas emprestadas ou doadas à co- cômodos usados pelas comunidades para reuniões situa-
munidade por um converso rico. Algumas alterações eram vam-se sempre no primeiro andar, sôbre uma série de lojas,
feitas e derrubavam-se paredes para dar lugar a cômodos como em Santa Anastásia, ou sôbre grandes depósitos escu-
maiores; mas com fregiiência a decoração romana ou ros, como em S. Clemente. Mesmo com a criação de um
helenística das casas era deixada intata. Numa fase expan- grande cômodo, como no segundo caso, a edificação não
sionista, de inúmeras conversões, tanto nas práticas cris- era modificada no seu aspecto exterior. Um santuário
tãs, como nas mitraicas, a cerimônia de iniciação — no mitraico, do outro lado da alamêda, era seu vizinho mais
[1
11. Sarcófago de Adelphia, Séc. IV. Mármore. Siracusa. Moisés recebendo a lei, Sacrifício de Abraão, Cura do cego,
Os dois registros do sarcófago são interrompidos por uma Multiplicação dos pães e dos peixes, e Ressurreição
concha com os bustos dos falecidos. Na tampa podem do filho da viúva dentre os mortos. Embaixo: Os jovens
ser identificadas cenas da vida dr. Virzem; à direita, os hebreus diante de Nabucodonosor, Milagre de Canaã,
pastóres diante da manjedoura. No registro superior, entre Adoração dos Magos, Adão e Eva, e Entrada em Jerusalém.
outras cenas bíblicas, Cristo prevendo a negação de S. Pedro Temos aqui um excelente exemplo da complexa
e Cristo curando a mulher que perdia sangue; lado direito: iconografia encontrada nos primeiros sarcófagos.
cujo busto emerge de uma arca e cujas mãos se estendem observar sua realização, pois a ajuda milagrosa que o deus
10 para segurar um pássaro; ou Jonas, no jovem adormecido do Antigo Testamento frequentemente dava a seu povo e
sob o cabaceiro; Daniel na cova dos leões parece mais a ajuda dada por Cristo àqueles que encontrava em suas
com o antigo Gilgamesh — um orans de pé, entre dois viagens eram garantias de uma salvação futura.
animais rastejantes. A alimentação dos cinco mil, uma pre- Nas catacumbas ocorrem também representações de
10a,b figuração da Eucaristia, é simbolizada por uma cesta cheia fatos da vida diária, como na arte funerária paga: existem
de pães e de peixes. Pensava-se que a escolha de tal cenas, por exemplo, de pedreiros construindo uma casa,
método de representação fôsse o resultado da tentativa de comerciantes em suas lojas e, sobretudo, coveiros, que
manutenção dos mistérios da fé. Mas mesmo quando en- se sentiam em casa nesses labirintos que êles tinham
volve várias figuras, elementos decorativos e vestes exó- escavado.
ticas, a cena representada não é mais explícita para os Os estilos de tôdas estas pinturas é fluente e descon-
não iniciados. Para quem não soubesse do castigo impôsto traído; as côres são claras e alegres, e seriam verdadeiros
por Nabucodonosor, aos três blasfemadores hebreus, ne- toques de luz se as pinturas pudessem ser vistas à luz de
9 nhum significado teria a cena dos três jovens lançados à lâmpadas. As atitudes e movimentos das figuras são de
fogueira, com os braços abertos; e em outra cena, um concepção arrojada: os rostos, geralmente, apenas esbo-
homem batendo na pedra com um bastão, fazendo jorrar cados — exceto, às vêzes, no caso de mulheres em oração,
água, jamais poderia ser reconhecido como Moisés, se o quando podem ter sido retratos. Raramente emolduradas,
observador não soubesse que Moisés deu de beber a seu essas pinturas são colocadas freqiientemente contra fundo
povo desta forma milagrosa. Imagens melhor elaboradas claro, ou às vêzes entre composições decorativas mais
aparecem mais tarde, como a adoração dos Reis Magos, complexas. Os trabalhos antigos têm mais importância do
por exemplo, ou cenas de banquete, representando talvez ponto de vista religioso e histórico do que própriamente
uma cerimônia fúnebre, a refeição eucarística, ou um artístico. O batistério de Dura-Europos mostrou que as
9- episódio na vida celestial dos bem-aventurados. casas dos cristãos, como os cemitérios subterrâneos, eram
A variedade dos assuntos é limitada, existindo grande decoradas com pinturas baseadas em temas similares e tra-
número de repetições e variações, o que não se deve à tados no mesmo espírito, podendo ser, consequentemente,
falta de imaginação, mas a uma limitação de escolha. As apenas reflexos. Não seria prudente julgar a arte cristã
cenas do Paraíso são um ponto de partida para a expli- primitiva apenas pelos exemplos que sobrevivem ao tempo.
12 cação dos outros assuntos: representam promessas que os É possível que uma arte bem diferente tenha florescido
mortos levam consigo para a vida seguinte, onde devem nas primitivas igrejas, apesar de tôdas as restrições impos-
15
| Ed Edo o
PNUD
dy aa a a“ : r E a is, nt a E E a = Mo
EE o: SRA a
E a E a
mm FS o 1 ce e SR ni e DE qa e A pon MT a aà — is 5 EE +
piCEADER
po a”
EA a F
E
da
o
À
q
i
see
1 j
À
n E
E pç
7 a
to E 1
e
k
SRO a
"
o
AACS
dom
O a ato
E a mano d
TR COUT
a
A GITA ESA
a
a ai
= n
E Ed pum am —
tas. Certas pinturas descobertas no Egito, geralmente de a aparência de Endymion adormecido. Os mortos ainda
período posterior, podem, entretanto, datar de época ante- são representados como bustos em medalhões. 11
rior à Pax Ecclesiae. Pode ser que a arqueologia ainda E através de seus motivos, portanto, que primeiro se
não tenha dado a última palavra. expressa o cristianismo. Os mesmos motivos são encon-
trados nos sarcófagos e nas catacumbas — particularmente
SARCÓFAGOS CRISTÃOS PRIMITIVOS o uso de figuras simbólicas: o Bom Pastor, com a ovelha 6,13
aos ombros e os orans. Mas êsses motivos são mesclados
O sarcófago é um esquife de luxo — um comprido reci- a um fundo tradicional de folhagens ou arquitetura.
piente escavado em pedra, geralmente mármore, para o As tradições das marmorarias demoravam a desaparecer,
corpo que iria conter e proteger, sob uma pesada tampa de tal forma que o caráter cristão de certos sarcófagos
monolítica. Os sarcófagos podem ser agrupados em um torna-se dúbio em consegiiência das dificuldades encon-
sepulcro subterrâneo, num mausoléu construído, ou no tradas para decifrar o simbolismo de alguns motivos. Mas,
solo de um cemitério ao ar livre. Frequentemente eram logo a seguir, as cenas bíblicas foram introduzidas e tra-
decorados, costume que os romanos — e cristãos — tadas como nas catacumbas de uma forma econômica. Os
herdaram dos etruscos e dos gregos. Um desenvolvimento sarcófagos mais característicos são verdadeiras coleções de
contínuo pode ser traçado dos sarcófagos pagãos do quadros, às vêzes justapostos e emoldurados, às vêzes so-
séc. II aos melhores ataúdes católicos do séc. IV: os brepondo-se a outros, de forma que os assuntos só podem
marmoristas usavam as mesmas ferramentas, a mesma téc- ser reconhecidos por olhos experimentados e atentos.
nica e seguiam as mesmas tradições. Apenas alguns motivos Esses temas são curiosamente misturados. O Antigo Tes-
eram novos. Existem sarcófagos cristãos em que as esta- tamento é bem representado: Adão e Eva na cena da ten-
ções, tal como nos séculos anteriores, são representadas tação, o sacrifício de Abraão, Jonas, os jovens hebreus e 11
por putti — figuras infantis aladas de origem pagã. Há Nabucodonosor, Moisés recebendo as Tábuas da Lei, ou
leões montando guarda — além da decoração do fundo, tirando água da pedra, Daniel entre os leões, Jó e muitos
estígeis, por exemplo, ou as colunatas. Nos detalhes das outros. O Nôvo Testamento é representado primeiro por
figuras e das vestes, por exemplo, a tradição desenvol- narrativas dos Evangelhos sôbre a infância de Cristo: a
veu-se exatamente da mesma forma que nos baixos-relevos manjedoura, os Reis Magos; depois pelos milagres: o
oficiais. Ocasionalmente, uma cena ou personagem mito- milagre dos pães e dos peixes, as bodas de Canaã, e as
lógico era tomado de empréstimo e incorporado a uma curas milagrosas: a do homem nascido cego, a do para-
cena bíblica; assim, Jonas adormecido sob o cabaceiro tem lítico, a ressurreição de Lázaro e da filha de Jairo. Final-
16
si
5400 PRE
|
hã
e
é mario
Dc 5
id,
HE
O
|
de
|
a pr. n ds
ad 2
o!
E
ã
a
Ê a a +
= E mi nd a Dt sm
- E E o ja O O io E
Ei
= el A
1 AP E a - k E
a sei
et tal na CO EN du RA ME O E SM PV
pd er E
ai a pe
La Ra,
Ls
3 (página anterior). Cubiculum “0”,
Meados do século IV. Pintura sóbre
rebôco. Nova Catacumba da Via
Latina, Roma. Nesta vista, o efeito total
da pintura das catacumbas em suas
partes mais elaboradas, com os motivos
individuais isolados contra um fundo
simples, dentro de uma moldura
pintada. Grinaldas, pássaros e decoração
geométrica circundam cenas dos
Fvangelhos e da vida diária. Os nichos
à direita e à esquerda são os loculi,
ou sepulturas, e no arcosolium, ao fundo,
está um sarcófago sob um arco
escavado na rocha.
da E ai E LA Ta, a
- a E a
A
ar E E ra ri
E
i
E.
e - E
PE F o
APLE tar
"
to aid
sp praro
dah
= Pt bra
= ei a a = a k
! 2 E '
a - e
j
1
8 sr PS RR
ct
ad pg o
E
= é «À aA
pap e 4 E Pa Ra tem,
éE E
a,
al nie ET Eça Tg À
ri Tre . Rar E o o l a ES Tl E]
; Mia
= =
Fa
Rae E a 4
E pe a
E é
L Pan é “nd
Ra e maio
et ra
e
E ah
-"
CE;
O
LA
E
v,
DUZ A ES ee A
12 (página anterior). Cristo entre Pedro 13. Cristo Helios. Início do sec. IV.
e Paulo. Fins do séc. IV. 2,13 x 2,43 m. Mosaico. Teto de uma câmara da
Cripta dos Santos, Catacumba de necrópole pré-constantiniana sob a
São Pedro e São Marcellinus, Roma. Basílica de São Pedro. Aqu! Cristo
Esta pintura, mais recente, representa aparece em seu papel glorioso — como
abertamente um motivo cristão: o sol em seu carro, o Apolo dos antigos.
Cristo entre os dois Apóstolos, sôbre o
Cordeiro Divino, de pé sôbre um
outeiro de onde nascem os quatro TIOS
celestes. Do lado esquerdo, São
Gorgônio e São Pedro; do lado direito,
São Marcelo e São Tibúrcio. Esta
decoração tem caráter monumental.
14 (à esquerda). Mosaico de abóbada.
Séc. IV. Santa Costanza, Roma.
Primeiros mosaicos em larga escala de
abóbada que sobreviveram; combinam
motivos cristãos e pagãos, e estão
circunscristos numa moldura geométrica,
Este detalhe mostra uma cena báquica,
com bacchi colhendo uvas e bois
transportando a colheita.
j RE ? VIA 7
LP O! p: doaei +5 Eon, ha
e | h ço i Fr ni DT ;
R
Sa |
SERRA ANE ANA ot ENha RE
pia Nr
m q di Uia ame
eEe | I Ud A ad 5 | Tr
a je RA
hnal 150) ou 4 A AM |
E pá I À im
MA Load " LÃ
"1
by ano Es
dia AA E li Ef
parta! AM nr tte o
F ty) cs dr, CAE di Lc
ra A PA dao:
PA aÃ
NA + A »
por
Ee É MA!
t E
a and" pe Fr É d
f É E Da E di | F 11 E E E E F f Ea”
4 ne qe 1) dA say + ai
N P
pç ummo ai À
Epp RO
Ea
PRETO:
o NM imata nes $$)! extenso fundo similar ao de muitos
E mosaicos pagãos desta época. O mar
está cheio de peixes de tódas as
espécies realisticamente representados.
|
TA a
E
o
=
MA
E
e
| ae
Ea EE
E
Sb no =
E
o] --
Et
e bio
nd jr!
Ritos
idea
E cd
1
aÍ
E:
A
si
ir
A
a
“Ino P
o E
y É
pa
AERei
O
Aa
h
ms
K
s A =erv
E E
a
S k:
O: 7 +
“ dTm
e id
a u
a
E
ao
S
ES er
E
Y io Ra
1
ES
z
E h Edi El dé =" en
e
IVA O
À = tt. J 7 ug
x |
j É TE om Ai LOAD |
: al À l 4] l
E: j hs Mmat
o na doa A LR
Aa er
E RA 4 ap PY
"7
el, Ui r
i
F dd DA
f
yÀ riPE i é
” p E
E dd ne é
Pe
Axeciisto
d.
ar be
à
ao É ! Lá RPI, E
p o ro
po , Fal hi “a F
12
PM PMPA Ds 1H 4 DA a A eoia dd
] É E IA ETA TLM aa i RR) hds [| i /
prercrfoCreoreregçrr”
a “a Ri LA
E PEC TOTO TT CCC Tr A.
iris rm = a E bo
= q e,
CIA Yo
“te » ] - gas
Mali,À
a,Ti E
da
“a
ho
E E ul il do a sela >
aii ni ed ae do
* Pr Ma
]
TRL ahi ”
” RPE Per JA Pa
o
PA NEAR
Araras
qbFiporerio FOINT. E
Sora
O A pet pg pç
Orr
e RE
É e
7a fd
DR a e e |
a PRE", pi
DO
Da a
RR A
a Di
À
a
ASAE
ALSihassAASAAAEASO
te e
A TAS
EE POP ES -
A
É Ed E
A ig
O iii ie ai
DADA
wa
a,
a
is
PR
ai
AGA
z
e
!
1]
1 Lá
no fy
Ps
mi,
tm
ve
E
E
o.
1.48 pao
q: :
== ="s
E tamo i E DO Eq
ae que + mpi
E er pace
er ” a
= e E = sito
DR o Et ei dis a
o
Er ger
a E
a
gpa De, E a
ae ee mm a e E E
O Oa
O
21 (página anterior). A nave de Santa
Maria Maggiore. 432/440 (o
' E
teto é de
|
E fas i
rs
drte aa sa ER OP pruralõeos ATT)
] + a ee i À DS pI Ser
NERO
mg
di
Mi
so
Et.
“E
;
24. A travessia do Mar Vermelho.
a
me
Comêço do séc. V. Mosaico. Santa Maria
a
Maggiore, Roma. Composição
magnífica, apesar das limitações da
de
moldura. Do lado esquerdo, os Filhos
dem
=
de Israel, levados a salvo através do
E
Mar Vermelho por Moisés; o exército
egípcio e seus carros, deixando a
dm
a
cidadela, à direita, são envolvidos pelas
a
ag me
ata
de
águas do mar que volta a seu leito.
SladeRg
da
e
E -
RR ts
EE
EA
a
Er
AAA
EA caes REIPAOD%
A
=
ti Ra HOY EN NR ;BR ns -— N
o NEAR
A
.
E E ER
E sa e SEE SE M E A N E E = AN SR
% [E à P k e kg pe y EO US
a repeRN AS ERRAS anta
E à a 4 FERAS '
sã
aSm
o
A a
MRI
RE
vi A UE ENA e Rs
Ep NR RARE
Had ANA
RENA REED o pit! ADE
sat CLP E
pa! ho
PU
a" 41 X Das PLA sa MALA
A
d
NUAS at PP BA.
ps , ] ,
o Es a BS
ER
herda SRAdsRd
ha RPE RR
io Ra ida E
3 PA
Ap 4 er SEA
dia ca a
|
acanaladas do pórtico de entrada e os
magníficos capitéis de pontudas fólhas 1)!
de acanto.
'
i
|
|
E RE
1)
Ed
REZA I7
É : E, Era 3 7 7 a FE »
ao | aca Tê = rms E?
Pa | o er fa AE ida
Cal piTEsl
Ra ARE
ER UR
Nara
)
O si
& e
MA
a]
a DA
e
A
pager /
CAI TÃ)]
FÊ,
neo pa
rapa
RM)
p'
pedi
A IGREJA TRIUNFANTE
zâncio, destinada a ser a nova Roma — mas o centro de
Constantinopla era o túmulo do imperador e êsse túmulo
Apesar da maciça e retórica narrativa feita por Eusébio era uma igreja, dedicada aos doze apóstolos e destinada a
de Cesaréia, e apesar do vingativo clamor de Lactâncio,
conter suas relíquias. Através do mundo, Constantino cons-
torna-se dificil imaginar a convulsão social causada no
truíia santuários cristãos.
mundo romano com o triunfo do cristianismo. Nossa
Naturalmente alguns dêsses, como a basílica de Latrão,
época familiarizou-nos com revolucionários que abando-
a catedral do bispo de Roma, ou a igreja octogonal de
navam a clandestinidade, com prisioneiros repentinamente
Antioquia, provavelmente uma capela palaciana, não re-
postos em liberdade, e exilados retornando à pátria para
presentavam mais do que a nova aliança — a ajuda que
ocupar os mais altos postos da administração do Estado o império dava à hierarquia e o auxílio que por sua vez
— suas idéias, pouco antes consideradas subversivas, tor-
êle esperava de Deus. Muitas dessas edificações, porém,
naram-se repentinamente a lei do país. Em 305, Diocle-
adquirem caráter diferente, expressivo da atitude de Cons-
ciano queimara as Escrituras, destruindo igrejas e exe-
tantino em relação à verdade do cristianismo.
cutando bispos numa inútil tentativa de preservar a uni-
Em Jerusalém, em resposta ao apêlo do bispo Macário
dade do império em tôrno dos imperadores, que tomavam e seguindo o conselho de um de seus conselheiros, Eu-
como seus modelos Júpiter e Hércules. Repentinamente, sébio, bispo de Cesaréia, da Palestina, Constantino permite
plenos direitos civis tiveram de ser garantidos àquela co- que se iniciem escavações arqueológicas. O objetivo era
munidade antes ilegal. Foi-lhe até mesmo assegurada uma descobrir o sepulcro de Cristo — não para lamentar a 15
espécie de primazia. E para garantir a unidade do império morte do Salvador, mas glorificar a Ressurreição. O mo-
foi também necessário aumentar a unidade dos próprios numento a ser construído no local seria chamado Anas-
cristãos. Em 325, em Nicéia, Constantino presidiu ao pri- tasis, a Ressurreição; a basílica adjunta chamar-se-ia Mar-
meiro Concílio Ecumênico — entre os mesmos bispos que tyrion, ou Testemunho. Tanto a Igreja Triunfante quanto
tinham escapado às perseguições de seu predecessor. Êle o imperador procuravam a prova histórica da Ressurrei-
mesmo, vitorioso graças a um milagre de Cristo, encon- ção — sem a qual, segundo São Paulo, nossa fé seria
trou-se envolvido por razões políticas, e talvez também va. Durante um segundo estágio é que a Verdadeira Cruz
por razões intelectuais e emocionais, num debate teológico. foi descoberta em escavações atribuídas a Helena, mãe do
Antes hesitara entre o paganismo e o cristianismo; agora imperador, de forma que o Calvário foi incluído em posi-
vacilava entre os pontos de vista de seus conselheiros: ção secundária no grupo de edificações: a Paixão tinha
a ortodoxia e o arianismo. Mesmo em seu leito de morte seu valor na Ressurreição. Em Belém, o lugar do nasci-
ainda não fôra batizado na fé que proclamara em Nicéia. mento de Cristo foi procurado e encontrado na caverna
Os negócios da Igreja tinham-se tornado negócios do Es- de uma pedreira. 17,18
tado e as disputas teológicas uma questão de consciência No cume do Monte das Oliveiras foi construído um
para o imperador. monumento em tôrno da pedra encontrada com marcas
A princípio os imperadores cristãos não se dedicaram de pés, que, segundo a tradição, foram deixadas por Cristo,
a perseguir o paganismo; não atacavam nem os deuses antes de iniciar a Ascensão. Outros episódios da vida do 16
que haviam abandonado, nem seus fiéis. Nos meados do Salvador foram ilustrados com a construção de santuários;
século IV houve um renascimento de esperança entre os os arqueólogos descobriram recentemente, nas margens do
pagãos quando Juliano, um sobrinho de Constantino, e Lago Tiberíades, o santuário construído para comemorar
filósofo grego, se tornou imperador. Até o fim do século o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. 10b
havia senadores em Roma, liderados por Símaco, que man- Em Roma foram feitas buscas em três locais para des-
tinham a estátua da Vitória nas salas de assembléia — cobrir vestígios de São Pedro e de São Paulo. O resultado,
50 contra a vontade do imperador Teodósio e de Ambrósio, ad catacumbas, foi uma basílica, agora dedicada a São Se-
o formidável bispo de Milão. Mas desde o princípio a bastião, provavelmente uma edícula (aediculum) funerária
sorte estava lançada. Nada demonstra isso melhor do do século III. Na colina do Vaticano, depois de conside-
que o programa de construções associado a Constantino. rável nivelamento do solo, foi construída uma grande ba- 19a,b
Havia, é verdade, a basílica civil de Maxêncio no Forum sílica em tôrno de um monumento simples, descoberto no
em Roma e as termas de Constantino. Havia a nova ca- altar da Igreja de São Pedro. Com San Paolo fuori le
pital, Constantinopla, construída no local da antiga Bi- mura ocorreu caso semelhante,
ie IE en
I 1
L
2 m
Ê
O
HUH. e o
a
Are lbheid
SgmuiAL
e 1
& "o. | Í
O]
É oo oo oo.
m à mw 0 0 PM
js + | to € 20 — q
16. Planta de Anastasis. Séc. IV. 17. Planta do Santuário da Natividade. Séc. IV. Belém.
O Santuário comemorativo da A gruta da Natividade foi coberta por um octógono, e poderia
Ascensão no Monte das Oliveiras em ser vista pelos peregrinos através de um oculus (Óculo) aberto
Jerusalém era um octógono, circundando no centro da construção. A edificação era completada por
a pedra onde, segundo a tradição, uma basílica, que foi preservada. O octógono foi
Cristo, ao subir aos céus, deixou a marca substituído, no século VI, por um côro de três absides em
de um dos pés. forma de trevo.
1 N ; O on Pa !
|
ENO 1
e
[ ii
' h
à W q
a
bispo por Constantino; próxima a ela estava a igreja de
Nano
qa
os.
Santa Croce in Gerusalemme. No Oriente, as igrejas es-
ECON
o
tavam destinadas a expressar seu próprio triunfo. Em
sa Ea...
Tao,
Constantinopla, a igreja dos Santos Apóstolos, a igreja da
ea
“sa
20. Catedral Aquiléia. Séc. IV. Veneto, Itália. Ao mesmo catedrais para substituir as igrejas mais modestas destruídas
tempo em que eram erigidos com ajuda do imperador durante a perseguição movida por Diocleciano. A igreja
grandes monumentos para celebrar as grandes lembranças da dupla anterior de Aquiléia foi substituída por uma basílica
Cristandade, em tôdas as partes estavam sendo construídas com uma nave e duas colaterais com um clerestório.
tranhos à simbologia cristã estão dispostos em composições nografia cristã, visto como pode ver-se em Sta. Costanza,
geométricas que formam uma moldura em tôrno a pás- nas conchas da capela da abside, onde Cristo é avistado no
saros, bustos humanos, peixes, cenas como o Bom Pastor, céu, sentado sôbre o globo, ou de pé sôbre a rocha da qual 17
e outras, de difícil interpretação: a luta, descrita duas nascem os quatro rios do Paraíso, entregando a Lei aos
vêzes entre o galo e a tartaruga — o galo, segundo dizem, apóstolos Pedro e Paulo. Cenas maiores do mesmo período
simboliza Cristo e a tartaruga representa o arianismo. — são encontradas nas pinturas das catacumbas ou nos lados
Outro momento do piso representa o mar cheio de peixes, dos sarcófagos, representando assuntos semelhantes, mas 12
característica dos mosaicos alexandrinos. Aqui, enfre as das quais participam todos os apóstolos. Contudo, os
tradicionais cenas de pesca, nas quais cupidos seguram monumentos em Jerusalém parecem ter uma grande va-
linhas ou jogam rêdes de suas barcas, o observador pode riedade de temas, a julgar por algumas pequenas ampullae
18,19 descobrir repentinamente Jonas sendo lançado fora do de prata lavrada, trazidas da Terra Santa no séc. VII e
seu barco e engolido pelo monstro marinho. Em outra que costumavam conter o Óleo santificado pelo contato
parte do piso pode ser visto o profeta adormecido sob com a madeira da Cruz, ou com o solo dos Lugares Sa-
o cabaceiro. O motivo cristão é tratado da mesma forma grados. Apresentam tôda uma série nova de cenas, às
que nas catacumbas, embora mais intimamente ligado aos vêzes isoladas, ou agrupadas. A iconografia é estável, dei-
10 temas decorativos tradicionais com os quais está entre- xando supor a existência de modelos conhecidos, prova-
meado. velmente as próprias pinturas e mosaicos que decoravam
Ao mesmo tempo parece que foi desenvolvida uma ico- os Lugares Sagrados. Essas cenas incluem a Ressurreição,
39
Pi A a Ta]
Er
- o o
de
RE nd
da
+
ELITE]
E Pan
E
Ri, F a ES EA a k
ie
a dy
- E + s = ba
PP
DO ros
+ Mor a Ea
AA
4
RE od e ES a ro
r E E Pp x
==. k a mod De
ar » lg 1 La
aaa, E ds Te à
À É E e ia dis es E a 4º.
- - E
! 3 mg ah
o
1
a?
Me a 3
) | res H o
o
Ts
- “o
22. Mosaico da Abside, Sta. Pudenziana. Fins do séc. IV, personificações das Igrejas da Circuncisão e dos Gentios.
Roma. Apesar da grande quantidade de reparos, êste Ao fundo, o Gólgota com a cruz colocada por Constantino
mosaico é um exemplo da decoração de uma abside romana ou Teodósio e os símbolos dos evangelistas. A vista de
do fim o séc. IV. Cristo (vide lâmina 20) está Jerusalém evoca a cidade celestial; já foi sugerido que a
entronizado entre os Apóstolos, acompanhado por rotunda à esquerda lembra o Santuário do Santo Sepulcro.
com as santas mulheres chegando ao sepulcro, recebidas rusalém — os santuários colocados em tôrno dos lugares
pelo anjo. O sepulcro era fregientemente representado sagrados anteriormente mencionados, e que aqui sugerem
pela edícula, erigida pelos arquitetos de Constantino à a Jerusalém celestial. No céu aparecem os símbolos apo-
volta do Santo Sepulcro. Há a Ascensão, a Crucificação, calípticos dos evangelistas.
a Anunciação, a Visitação, a Natividade e Batismo de Tal obra, relacionada com os trabalhos mais simples de
Cristo. Alguns dêstes quadros foram provavelmente intro- Sta. Costanza e com as cenas representadas nos sarcófagos e 17
duzidos nos monumentos da Terra Santa em data poste- catacumbas, revela uma iconografia já estabelecida, na qual
rior; é possível reconhecer, em alguns dêles pelo menos, a vida terrestre e a vida celestial de Cristo estão inter-re-
um reflexo de sua decoração original. lacionadas como significação da união de duas naturezas
O mosaico dos fins do século IV na abside de Sta. numa mesma pessoa. A segunda pessoa da Santíssima
Pudenziana auxilia a interpretação das imagens das am- Trindade viveu na Palestina sob o reinado do imperador
20 pullae. Cristo está entronizado no centro, cercado dos Tibério. Sua vida terrestre logo seria descrita, assim como
apóstolos e de duas figuras femininas, interpretadas como a história dos patriarcas, nas paredes de Santa Maria 22,23,24
alegorias. Uma pedra está atrás do trono — a pedra do Maggiore, em Roma. A partir daí, sua soberania era re-
Calvário — na qual uma cruz está cravada, colocada ali conhecida e representada em cenas nas quais o Salvador
por Constantino, ou por Teodósio II; no caso de se tratar está entronizado em meio aos apóstolos como um im-
da cruz colocada por Teodósio II, o mosaico é de data perador em sua côrte. E a cruz do martírio tornou-se
pouco posterior. Ao fundo, estão os monumentos de Je- através dos tempos o símbolo de seu triunfo.
Basílicas e Santuários
A BASÍLICA CRISTÃ
Esta fidelidade à tradição é muito mais curiosa con- parada dela por uma cortina antes de ser definitivamente
siderando-se que a basílica não era, mesmo desde o co- separada pela introdução do compartimento conhecido
mêço, necessária para a realização da liturgia. A missa como iconóstase (iconostasis).
não era apresentada como um espetáculo que se efetuasse. Em vista destas variações, a congregação ocupava
na abside, assistida pela congregação sentada na nave € diferentes partes da basílica — especialmente no Oriente,
nas duas colaterais. A abside era mais uma tribuna pre- onde o costume semita de manter os homens e mulheres
sidencial, com o trono do bispo colocado no centro, cer- separados na sinagoga foi mantido. Às vêzes, como em
46
24 cado por um banco semicircular destinado ao clero. Se- Filipos na Macedônia, tôda a nave era reservada aos mo-
a reg ião , e às vêz es na mes ma reg ião , o alt ar vimentos do clero; chegava-se ao extremo de construir
gun do
diferentes lugares na edificação. Na Síria, é galerias sôbre as colaterais, o matroneum, para manter as
ocupava
mulheres separadas.
encontrado às vêzes contra a parede de trás da abside
hav er nes te cas o, nat ura lme nte , O syn - A abside era geralmente isolada, projetando-se além da 29a
— não pod end o
Em outras vêzes, é colocado na frente da abside, extremidade leste, mas com frequência também era en-
thronon.
degraus. Na África do Norte, ou nã cerrada na parede oriental da igreja. Nesse ponto duas
pouco acima dos
en- salas retangulares foram criadas nos lados direito e es-
Grécia, fregientemente o altar fica na nave, imediatam
deg rau s da abs ide , ou mes mo no méi o da querdo, que serviam como sacristias. Na Síria, a partir
te antes dos
A col oca ção do gra dea do que mar cav a à do comêço do século V, a sacristia do lado sul tornou-se
nave central.
destas uma capela dedicada às relíquias dos mártires. Mais tarde,
área reservada para o clero fornece maiores provas
e ser- na liturgia bizantina, vieram a chamar-se prothesis e dia-
25 diferenças. O ambom (ambo), destinado a leituras
vár ias for mas : às vêz es fic ava lig ado ao gra- conicon (diacônico), desempenhando importante papel na
mõe s, tin ha
ia realização da synaxis eucarística.
deado, ou colocado mais para dentro da nave. Na Sír
Numa época em que a liturgia não tinha forma estrita
26 ele era substituído por uma tribuna (bema) — estrado
ici rcu lar , for man do uma con tra -ab sid e no mei o da — mesmo dentro de cada província — a edificação toi
sem
e no qua l o cle ro sen tav a-s e, em vol ta de uma est an- adaptada a necessidades diferentes, simultânea e sucessi-
nav e,
te, para a primeira parte do synaxis. No Oriente, a abside,
vamente. A basílica não era o molde que decidia a forma
ocasionalmente aberta para a nave, geralmente ficava se- a ser tomada pelas cerimônias, mas uma sala adaptável,
25. O Ambom. Séc. V. Leptis Magna, Homs, Tripolitania. alterada pelo clero, segundo suas preferências ou necessi-
O ambom da basílica cristã de Leptis Magna foi dades. É o que acontece ainda hoje: de acôrdo com o
construído com capitéis e lajes de mármore de monumentos recente Concílio do Vaticano, por exemplo, as velhas
pagãos, no eixo da nave da basílica civil erigida pelo basílicas estão mais uma vez sendo submetidas a mudan-
imperador Septimius Severus, em sua cidade natal, e
ças de origem litúrgica.
transformada em igreja durante o reinado de Justiniano.
Deve ser acrescentado que a basílica não se tornou tóda
a igreja, imediatamente. Durante muito tempo a comuni-
26. O “Bema”, Séc. V. Igreja Ocidental em Behyo, Síria
dade cristã utilizara casas de muitos cômodos diferentes.
Setentrional. Visto claramente no centro da nave, o bema
A basílica substituiu apenas o salão de reuniões, sendo cir-
é uma tribuna semicircular, usada na liturgia síria pelo
clero, durante a primeira parte da missa, para leituras e cundada geralmente por uma série de outras edificações,
pregação. dispostas à volta de um pátio, às vêzes em frente à fa-
chada ocidental e tratado como um elemento decorativo
— o átrio (atrium) — e às vêzes ao lado sul, tratado sim-
plesmente como um acréscimo utilitário. Entre essas edi-
ficações devotadas aos vários serviços episcopais estavam
o batistério, a sala de catecismo (o cathecumeneum), ca-
pelas dedicadas aos mártires, capelas funerárias e salas
que devem ter sido usadas como escola, escritórios e aco-
modações para o bispo, o clero e convidados. Novamen- 28
te aqui, havia uma grande série de variações; às vêzes as
plantas parecem ter sido concebidas pelo arquiteto como
um todo: em outras, percebe-se que o edifício cresceu
segundo as necessidades e meios da comunidade.
A forma tanto exterior como interior da basílica era
belíssima. Permitia interpretações tais como as magjestosas
colunatas de Santa Maria Maggiore, em Roma, e da 21
Igreja da Natividade em Belém, ou colunatas mais deli- IS
cadas e graciosas como as de Santa Sabina em Roma €
de S. Apollinare em Ravena. Existe a complexa edificação 27
de Jerash, na Jordânia, com seu propileu (propylaea),
suas duas igrejas uma depois da outra, separadas por um
27. A Nave de Sta. Sabina, 422/432 d.C. Roma. A planta colunas e capitéis, talvez de algum outro edifício mais antigo,
da basílica é tipica das basílicas romanas do séc, V. Belas contribuem para a graça e elegância da igreja.
do A he !
a E ] ' + ed
a
bo.
—ned
kr DAT
Ega
A
Se ms
E
RE o Cd
EP
RA a A TMER TOS Boa
: “e
E A o.
a 4 Pod a a ada ds na +. IS
29 a, b. Qalb Louzeh. c. 500. Síria. Exterior da igreja visto OS SANTUÁRIOS DOS MÁRTIRES
do lado norte (a) sólida construção da parede entre
a nave e a colateral, os arcos regulares das janelas do A frequente presença de abóbadas e, aqui, de domos, pro-
clerestório, e a abside arredondada a leste. A porta do
porciona aos monumentos construídos para glorificar os
sudoeste, vista através do arco da extrema direita, é mostrada
mártires uma particular importância arquitetônica. Antes
aqui (b) para apresentar a típica decoração, elaboradamente
da Pax Ecclesiae, os ritos com que se honravam os márti-
esculpida, no portal (vide lâmina 27).
res nos cemitérios eram discretos, sendo êles venerados
pela comunidade da mesma forma com que as famílias
honravam seus mortos. Mas com o triunfo da Igreja
houve uma transformação evidente. Cada igreja orgulha-
va-se de seus mártires: acreditando, com alguma justifica-
tiva, que seu número não progrediria, foi elaborado um
calendário litúrgico, e cada santo passou a ser comemo-
rado no aniversário de sua morte. A Igreja também
começou a honrá-los com santuários que cresciam em ta-
manho e riqueza para receber as multidões que vinham
em peregrinação.
Especialmente em Salona, mas também em Trier em
Gaul, ou em Tipasa na Mauritânia, o desenvolvimento
dos monumentos pode ser traçado desde o simples túmulo,
mais ou menos decorado e ampliado, ao mausoléu ou
santuário. Mesmo em Roma, no sítio que se supõe ad
catacumbas, existia no século III apenas um simples mo-
numento cercado por um pátio para o qual dava uma
sala destinada às festas funerárias. Sabemos que essas edi-
ficações estavam ligadas ao culto de São Pedro e de São
Paulo. Depois da Pax Ecclesiae êsses edifícios foram de-
molidos e no seu lugar foi construída uma grande ba-
sílica semelhante a um circo romano, com uma nave que
provavelmente não era coberta. Em Roma as basílicas
eram construídas sôbre as catacumbas para permitir às
multidões glorificar os mártires sepultados ali, nas ga-
E
Ms
a
E
Pa
a
=
EA
"
4
E
de um mausoléu em
E ou não, partindo
ã
cobertas
a
sílicas,
e
É
'
andares€
»
E
de
CE
forma
z
E!
z
o
P
má
A!
a
ja
en
,
1
*
á
E
7
+
a
e
=.
E
a
À
h
=
E
'
FE
y
MS
E
Es
a,
=
l
É
da
À
a
a"
ad
1
Rute
=
=
le
F
.
"
io
+
o
ad
1
,
nã,
;
k
gt,
5
Apa, E No
4
a
,
od
É
abside lateral tríplice é encontrada em Corinto e Tebessa: mente do mausoléu de Galla Placídia em Ravena, que
isolada, em Jerusalém, ela forma o martyrion de São João tem um esquema análogo em miniatura. Esta planta seria
Batista. No Monte Nebo vamos encontrá-la sôbre o Tú- desenvolvida primeiro em Éfeso; sôbre o túmulo de São
mulo de Moisés; no Mosteiro Branco de Sohag, no Egito, João, em volta de um monumento quadrado com quatro
ela substitui a abside. Na Armênia, o quadrifólio (com arcos, similares ao de Antioquia-Kaoussié, foram construí-
quatro absides) é encontrado em vários lugares, em Ba- das quatro basílicas para formar uma cruz. O monumento,
garan e Vagarshapat, a moderna Echmiadzin, mas há planejado, parecia de alguma forma com uma basílica
também uma em Tsaritchingrad, na Sérvia. com o transepto projetado. Por outro lado, em Qalat
O quadrifólio também pode se tornar um baldaquino Siman, norte da Síria, em tôrno da coluna no tôpo da 26,27
aberto, ou dossel, com pilares e colunas circundando as qual S. Simeão Stilitas viveu durante trinta anos, foi eri-
absides. Do lado de fora, o monumento que a contém gido um octógono com oito arcos e, neste octógono, fo-
pode reproduzir seu formato, ou manter uma linha mais ram construídas quatro basílicas radiais, cada qual com 32a,b
simples, uma rotunda, por exemplo. Monumentos em tri- uma nave central e duas laterais. Não se sabe se o octógo-
fólio são encontrados na Síria, em Seleucia Pieria, Apa- no era coberto ou não: foi até sugerido que havia um
mea, Bosra e mais tarde em S. Sergio em R'safah. Há quadrifólio. Em tôrno dêste vasto e complexo monumen-
também um em Atenas, no pórtico de Adriano e outro to, de concepção brilhante, foram erigidos alguns edi-
em Perústica, na Bulgária. Talvez o exemplo mais antigo fícios monásticos, um batistério e igrejas adjuntas. Ao
49 da série seja encontrado em Milão, em S. Lorenzo. É longo de um caminho triunfal, saindo do vale e entre-
o mais monumental e o mais fiel ao método de construção cortado de arcos, ficava uma cidade de peregrinação com
romanos, tornando-se evidente que derivou dos mausoléus hospedarias e mosteiros. Este magnífico grupo de edifícios,
da Roma Imperial, apesar do nôvo desenvolvimento das ainda notâvelmente preservado, é o exemplo mais am-
plantas. Mas todos êstes edifícios tinham de enfrentar o bicioso e bem sucedido de arquitetura cristã anterior a
problema muito delicado da junção das abóbadas — pen- Hagia Sophia, em Constantinopla. S. Simeão Stilitas fa-
sadas em têrmos diferentes, segundo a forma da concha lecera em 459 e a construção do santuário foi iniciada
exterior. Mais do que o balanço da cúpula, às vêzes muito logo depois. Essa edificação é indicativa das honras pres-
leve, ou frequentemente substituído por um fôrro circular tadas aos ascetas, que agora recebiam em parte a venera-
de madeira, ou piramidal, era o trabalho dêstes -comple- ção antes tributada pelo povo aos mártires. O corpo de
xos secundários, quase sempre repetidos nos andares mais S. Simeão foi trazido de volta para Antioquia para pro-
altos, que forçava os arquitetos às inovações. teger a cidade, cujos muros tinham sido destruídos por
O desenvolvimento de formas mais simples é também um terremoto em 458. É possível que o Imperador Zenão
evidente. Em 381, em Kaoussié, nos arrabaldes de Antio-
tenha encorajado a construção do santuário em tôrno da
mandou construir um grande coluna numa tentativa de restabelecer a união entre os
31 quia, o Bispo Melécio
martyrion em honra de seu predecessor, S. Babilas, mar- cristãos, o que tentava ao mesmo tempo através de seu
tirizado sob o Imperador Décio. Constava de um qua- Henotikon, ou Édito da Paz.
drado com lados de quinze metros de comprimento, for- BATISTÉRIOS
mados por quatro arcos, um tetrápilo, semelhante áqueles
que eram construídos em encruzilhadas de estradas. Atrás Com exceção dos martyria, um estudo dos edifícios com
dêsses arcos estavam quatro recintos, cada um com vinte planta centralizada deveria incluir os batistérios, que
e quatro metros de comprimento, formando uma cruz nunca se desenvolveram de forma tão monumental. O ba-
livre, com os braços orientados para norte, sul, leste € tistério permaneceu o centro de uma das cerimônias fun-
oeste. Êiste monumento não era abobadado, diferente- damentais da Igreja em expansão. Na noite de Páscoa os
46
32 a, b. Qalat-Siman, 459/480. Síria. Santuário e convento os edifícios pórticos do mosteiro. Abaixo, cúpula do
de S. Simeão Stilitas. (a) Vista reconstruída do complexo batistério flanqueada por basílica lateral e prédios para
por volta do ano 500 segundo desenho de Georges Tchalenko. hóspedes. Os portões monumentais marcam o início do
Ácima, as pedreiras, depois o grande monumento caminho sagrado que desce para o vale, onde se desenvolveu
cruciforme irradiando de um octógono (bh) erigido em tôrno uma cidade de peregrinação com mosteiros e hospedarias
à coluna onde o santo viveu por trinta anos. À direita, lâminas 26 e 27).
catecúmenos adultos davam provas de sua preparação re- recimento da diferença entre os dois tipos de edificação,
ligiosa, recitavam os símbolos da fé e eram trazidos pe- que nunca tinham sido completamente divorciados. A
rante o bispo para a cerimônia de iniciação: mergulha- igreja tornou-se um martyrion e o martyrion tornou-se
dos nus três vêzes, e depois, ungidos e vestidos de branco, uma igreja, tendendo ambos a uma semelhança. Em
eram admitidos ao rito da Eucaristia. Em tôrno do re- Antioquia-Kaoussié não existe uma abside a leste, ao 31
ceptáculo de banho usado para imersão, coberto geral- passo que existe uma tanto em Éfeso como em Qalat 26.32a,b
mente por um dossel de pedra, os batistérios eram qua- Siman.
drados ou circulares, com uma planta em trifólio ou cru- O segundo fator foi a descoberta da planta cruciforme.
ciforme. Como os martyria êles introduziram o uso de Os santuários sempre tinham sido construídos em forma
cúpulas, as quais, como pode ser visto em Djemila na de cruz, quer os braços aparecessem do lado exterior da
Argélia ou em Salona na Dalmácia, quebram a unifor- edificação, ou ficassem no interior do prédio. Os braços
midade linear dos tetos das basílicas, pórticos e edifícios naturalmente resultavam das vigas necessárias aos pila-
externos. Dentro de um programa definido e com as res que sustentavam um domo. Da mesma forma, o tran-
formas tradicionais encontradas em tôda parte, os pri- septo de São Pedro formava uma cruz. Mas não se pode 19a,b
meiros arquitetos cristãos ainda eram capazes de expri- afirmar que a adoção dessa forma fôsse intencional. Na ar-
mir sua própria personalidade. quitetura pagã existiram muitos edifícios, termas e mauso-
Em todos êstes monumentos, a cúpula e a planta cen- léus, baseados numa planta cruciforme, para os quais não
tralizada por um lado, ou a basílica de outro, são justa- se dava um valor simbólico. Foi no fim do séc. IV que os
postos ou combinados, mas nunca mesclados. Cada ele- bispos — Santo Ambrósio talvez tenha sido o primeiro 50
mento mantém seu próprio sistema de construção. Mesmo — pensaram no símbolo: Forma Crucis templum est. O
nas basílicas com transepto, a existência de naves laterais templo é na forma de uma cruz: o templo é o Sinal da
perpendiculares não apresenta O problema da cobertura Cruz. Assim, à expansão do transepto ea introdução da
de um quadrado central: o teto retilíneo do transepto cúpula para 0 centro da basílica foram dados razão €
é perpendicular âquele da nave que se apóia contra êle. valor religioso, A basílica foi mantida, embora já não
Dois fatôres não-arquitetônicos levariam os arquitetos terminasse na abside, mas em um quadrado que precedia
do fim do século V a enfrentar o problema da cúpula. a abside, com os braços projetados e perpendiculares para
O primeiro dêstes foi a introdução do culto dos már- o norte e para O “sul, pronto para receber o domo bi-
tires na igreja paroquial e mesmo na catedral. Durante zantino. E foi o domo bizantino com o seu pêso e im-
muito tempo, a missa tinha sido rezada nos martyria dos pulso que modificou completamente os métodos e formas
cemitérios. A fusão dos dois cultos resultou no desapa- da arquitetura cristã no Oriente.
Ravena e Mosaicos
A HERANÇA DA ANTIGUIDADE
Eperea
pra
a
Reed PARE
a 4 tá -
SD REDCI
Meà prE pa
À
LAI
Eai
Ê gu
WO
y ny
RR O
r
na,
na,= À
uia
pao
E m É n
Hm | nel
a -
o a am
- = =
a = E
EPE
E E =
- Ea - ge
er Po EA:
ez
ma
op
ia
Ss o
« ae
=] ar a pl
RR
Ri | pi
REA
!
[e
fel Cá fpt 7l
“
am
8 Sea
AP
dl
t
À bE |
td
Ea
; are
CR
DN
ga ga
- Õ o e".
Pa
j
A sd
R É
ERO : CREa AaTre
; Ea a
a md J A Lo “ze
aa
É
E -
E
RA
a Ma
-
WE a Cgi a
a. A. E
35. Exterior de S. Vitale. 546/548. Ravena. Octógono da abside, cercada por suas complexas e simétricas capelas
exterior claramente identificável nesta ilustração; erigido sôbre dependentes. Não há embelezamento externo, sendo as
êle, o octógono central que circunda a cúpula. Do lado paredes de tijolos separadas apenas por ligeiros contrafortes.
direito a nave lateral é interrompida pelo teto perpendicular (vide lâminas 40 e 41),
do presbitério. A janela de arcada tríplice está acima
murais. Os fundos feitos de pedra calcária ou mármore bitério, tôda a decoração em mosaicos. Havia não só pa- 40,41
foram substituídos primeiro pelos azuis; depois pelos dou- redes inteiras a decorar mas também paredes interrompi-
rados, proporcionando às composições um brilho esplêndi- das por janelas e arcadas cegas, tímpanos semicirculares
do, e a mesma luminosidade dos interiores das igrejas e absides hemisféricas, cúpulas e abóbadas oferecendo tô-
bizantinas, encontrados pela primeira vez em Ravena. O das problemas complexos, mas excitantes para a imagina-
37,38,39 efeito azul do mausoléu de Galla Placídia, enriquecido ção dos decoradores.
pelo brilho dourado das placas de alabastro das janelas, As soluções básicas para os diferentes problemas não fo-
revela uma nova sensibilidade e sentimento de côr. Os ram necessâriamente encontradas nas oficinas de Ravena.
34 monumentos romanos com sua plástica decoração em pai- Muitas já existiam, bem como os motivos correspondentes
néis, cercando motivos pintados com profundas molda- escolhidos, nas pinturas das catacumbas cristãs ou sarcóta-
gens, não poderiam ter produzido nada que se assemelhas- gos, na arte monumental romana e mesmo em épocas an-
ce a êstes mosaicos. Nessa arquitetura de tijolos e re- teriores. Desde os assírios, ou mesmo antes, o motivo da
bôco são quase sempre as tiras de mosaicos e não as mol- procissão tinha sido adaptado pelos artistas numa compo-
dagens que são usadas para acentuar a estrutura das edi- sição retangular onde as figuras de igual altura seguiam
umas às outras em direção determinada pelo eixo do
ficações.
Os mosaicistas agora se defrontavam com superfícies a monumento. O tema da procissão militar foi seguido pelo
ser decoradas — ou melhor, com tôdas as áreas sólidas da procissão triunfal com um movimento em direção a
do interior, no meio das quais ficavam os espectadores. um deus ou um rei sentado ao trono, cercado às vêzes
(Continua na pág. 65)
Já em Ravena pareciam comprazer-se nas variações dessas
superfícies e massas. Havia basílicas cristãs do tipo normal, 29 (página seguinte). A Imperatriz Teodora. Séc. VI. Mosaico.
col una s, cle res tór io, teto s com vig as e abs ide aboba-
30,31, 42 com S. Vitale, Ravena. A pálida face atenta de Teodora, com
dada em forma de meia cúpula, e monumentos com uma seus enormes olhos fixos, aparece cercada com as pedras
planta centralizada — os batistérios poligonais abobadados preciosas de seu diadema, brincos e colarzs trabal
hados em
os
37 e o mausoléu cruciforme de Galla Placídia. Mas de tod madrepérola. A representação total está imbuída de um
espírito da
35 esses é o octógono de S. Vitale, monumento plenamente hierarquismo imperial. A glória de Ravena e O
ato da
bizantino, que alcança a culminância do estilo; incom- era biza ntin a estã o cap tad os nest e maj est oso retr
=
30 (em cima). S. Apollinare in Classe, 31 (embaixo). Interior de S. Apollinare
Classe, perto de Ravena. À igreja Nuovo. c. 490. Ravena. A Basílica
foi consagrada em 549 por Maximiano, de S. Apollinare Nuovo foi construída
o primeiro Arcebispo de Ravena, por Teodorico. No interior, uma nave,
depois da reconquista bizantina. Esta duas colaterais e uma abside. As
vista mostra a projeção quadrada no colunas suportam arcos sóbre os quais
fim no nártex, o simples exterior da ala está o clerestório. Os painéis escondem
norte com seu clerestório e o as vigas do teto.
campanário construído mais tarde.
:
UE
1 cad TEA |!
E aa RE A
“ta”
ES. ;
o: Ei Pe Be Ds É R r ne E
E ne k , a É 1 ; ç o É f
+ ad h h o E “ Pd ] |
hd a = = Dil |
Y Ea JESSE |
à ES E E E À
A EEpiagEST er) RO E ARO
RA 1 // RE — LT Ap
ei RH
RAR
aa”
in Ae
de
O '
f . r : k E E a 4
; | 1 | A “ Re É
PR : Wal P A / À
a , | A E sl |] ê H À
P A f E , j | à Ci 1
a ' a E ua |
q 4 Z Es 5 m 1 q a o
Lai ad
à EA ' A
34 (embaixo à direita). A Última Ceia.
É j P 1 PA |
4 a E RN 1 1 z a q et
a E,
7 , k É: E, ,1 P i j r » P E a RÊ aÉ É
a Bd , | l 0 FR | 1 ]
EO É f | ; E " o Cr A - ;
Cristo, com Pedro ao lado, Judas do
, a Rê 1 k | j É A R F 7
nA h ) x / -
hd o!
o = lá | Fo Ea E |] "o! a]
4 E] gor q
Esta iconografia” teria longa duração.
TES ' E |
i F, ndo MA E] 2 a É = 4 É 7 = 7 E q 1
pe E d A , na: a o E ! | F| É Fo
ud de Ka ék q e
] ErTA
]
|
l a
= tm ,
- A
5
- o
By
E AÊ k 4 a 1
k q El 4 E
RM | E + 4 r Ds , RA | 1
n | “pr.
nr 1 À i plo E ” Fr E z ' 1 : |
reclinados em volta de uma mesa
LO! 1 E d
costumavam sentar treze romanos.
1 E e a x | . ' " No 1 a E
É O Rs
m xa F '
|z o, E - "|
lado oposto, e os outros apóstolos
|] T ORA à bl F a” p p e - N É E 1 ] J 4
semicircular, da espécie a que se
| P » [ É Io imo . | ER a ] l " ” 4! bi 4
qu
E ET K a | a a] ,
AM RA t ta= - 4 ” El.: E pe a 4 A = à ' 1 E , | "
= ; h ] | E U 1] 4 |
A so. 2 F sd o 1 ras E 5 , 7
e” f É [E 1 a F Ê Q E d [: " 1 ' = | a] E i
hr ] E te 7 ' is ' F e Ro e à Fa E % À sl q
ad! aa 4%] ' ac i 7 Rd a - À “ Edo! E é £ ,
O
E bd .
A 1 1
E
o NE
a
A “a ]
1
au *
o
E a
” é
o o 1
Fr
A
.
x A Pa , 0
| 1
ja ,
) Led
E] aa) | n
aê o!4 A ]
N
,
:
7 n ] , Ê E] "E 1 E - a
F Ê | ' À ha . + É ú E,
, '- Pri |
!
O
a
tur)
<
Mártires.
das
ir + 1 bh 1) + na 1) E o E h
A E d , 1 [E AM re Ei am 4 o
& à E ; A im ED [! A - Fi º NE = A e A o 4 r F, a]
W i à A À + hd " dar o E = ema | a E á q TM =
" Mo . k = a ) z k E
à P ! n E Tha pa + Rana a 70 ai q R |
ne ALA a k] E As - E ) 1
dr ns! e k A o CR. z e “1 ko a + - “E as u A |
" , nã A t Y o rop E ma “' ú o as O
1 e a Ea 1
dos
narrativo
ISSsão
proc
ciclo
A
Paixão.
do
cima).
mosaico
cg
1 Rs AR
da
ASA
(em
Pra |
cenas
um
32
1:
T m
RE =
<qdh
ed-
)
35 (em cima). A separação das ovelhas 36 (embaixo). O fariseu e o publicano. narrativas ao lado, a decoração em
das cabras. Comêço do séc. VI. Comêço do séc. VI. Mosaico. S. mosaico do mausoléu em forma de cruz,
Mosaico. S. Apollinare Nuovo, Apollinare Nuovo, Ravena. Como na continua sem interrupção sôbre tôda a
Ravena. Outra cena da parede norte, parábola os dois homens rezam no superfície superior. As divisões
uma composição monumental com um templo: ao lado direito, o fariseu; ao arquitetônicas são indicadas pelas orlas
Cristo imberbe, entronizado entre dois lado esquerdo, o humilde publicano de mosaicos compondo grinaldas e
anjos. Esta cena é uma prefiguração do pedindo perdão. A apresentação simples motivcs geométricos. Dedicado a S.
Juízo Final. não desmerece a poderosa expressão, Lourenço, continha os sarcófagos de
Honório, Galla Placidia e seu marido
37 (página seguinte). O mausoléu de Constâncio III. A parte inferior das
Galla Placidia. Meados do séc. V. paredes é revestida de mármore
Ravena. Em contraste com as cenas cinzento.
=, Ac
e a
1
Lj E
epaRE q o rs [A
os
E
TA
é |
o LE hm,
: [
+ 24 ROMPE, É Ê 1e Ea É
Tate: ; e O
”,
o a Po RA E titia o DT RR pr O A SS DOe O A LA
EH TES AR
* ai Lad EE
ALLALob di
CU !
eta tg
TE
E ra * RT TRE
AT END E Ae di a MORRE
ed=
A :+ PEEO
CEttads baste
TA LTP LAO rr tr EPA tr ME LO ORAle É PPTERA
a
Ra DP ear Ma da
NR ra
dida ata Re. Ta éÀ rr ad E na à
RT ag SO a
E! x nd Lisa 1 E”
pr
Tg
A E pao
E
: AU aa » : SG
:
PaER
; de N E
PILL EA
a
”
> SÍ aa ne
[oa des obese ato
Wiie
à
a q
To)
ea
rede
4
ja
epi
riÉ ne
pos ma
EA
E
O
=
é
sl
=
ED
Ed
e
4
os Fi DN 4
E]
ARTE ra ReEI [!
p
Í
Cri
pi NR:
:
o
Las+
Ri sé sem 0 did
a
1
=
” o 1
nn -
q
!
PA
is
a
[|
EA
Tio
Ef emraria
+
“1
ad
T
o
RR
6
[e
a
a Na
J
O
4 [Ao
e
o
E]
tm
Ea
ko
Ri
A
Ear,
E
dp
é
JE
Aga é
a
|
í
E
a
FX PE
]
A
47
ne
NE LATE
A
Pta
ar
aST
a
de cr
E)
EL
a
7
pr
H teodudos
A
a
[Sr
o
a
dASp d EE
e? AT e
E
sa
á
Pp CORRE
=.
PE
erga aa AT RR RT en NT | À RT A E
à
Le im A ST L TT pm . TEL
m rm l E
ei E : dr
F q Aa Rá Lil a 7 f = E] a" id [| = : ] P Ê, Rd | Ê [a É, 3 ds E: É
et ME do k ut a DO O j = , j À j É » La
E FERA
4a a , RR Ir, dd , 7] or a! tg a, Tu z
Io ORNE o bo 1 NM TE 4a EN |
ERA, E dh E a
j É - : F.
|E '
E o PR) Tea, Fil tr di dal O ha De TOO Ê
Pr:
d
Ar iRa
'
e Ui e
E E b
h
218. ç Ure Ra or,
|
Fê
F +
E
ie
sd
DO aa Bo es WS, "RM RE, ro Er É, À AA
o Ei a a a
oa ut dá MR A A
a afjdicto
NL A
ç+
uni
| te Dor | pe
F LN CE] dr h
à
-
e
as
r
Fa
AA
i
a
E
E)
Â
a
,-
a”)
d
a
a
Ea
=E
=
prhi
=
e
E”ipa E
F
P
ei
E
M
oe
=
a
Fo
a
PE
a
q
E
”
ao
fm
t
J
P
r
| ipê
PC
PF
a
E
a
l sEá ,
3
>
:
e
k,
es
o
2h
d
a!
LEA
hot
o
o
tia
A
A
]
À
no
Didi
E g
A
o
Ea
E TR
ml
ar
ad IS
Diga
| e ind
F
plotodebo
Mica,
ae
Lobo dolabo! ARDE ASR VERSO
Mena2
a
dm
CAES
Sus rr
E ADO:Va
Ga, =
| Ee [
Tr: A
PR o
R
Cca
erra rien!
ho! E
x
= “E
mm
ul
=
so aE E A q Ea
Th. ' Nm pe ano
a fo E nl
a E
E De Susa
É f - E a É
bra ) À
e ad a E Ro a ne
ER RL pa
! ig]? RE A Mota Lto Rad e EE
ra ag PRIo aE RAF
PRA ci
Fa e Pi ar
ig SALES = nº DO ne A E
É
a ast TA E a od A Ea
= pira De a EE
pod EMP
Ee a a AR SE a a, à ago fa Naide:
ga Si
E = = 5 a TO
ed ag ella
+ ai ore A fand
É
a,
In
ú
4
-
3
,
k
7
1"
E
o
Pu;
p
,
do
R
a
Rc.
j
dd ço WiFi. deco - E
jo
Ea pe E Pei : : e pt Pa !
ar
o. : A DaPa A A >ddá 2" E E R Ã Li ++ ESAa?
as
RMT ES RE UR
Esta O mano Re hoÉ o DO ada SS DT TP DO etdad E saio Edi ERE ER = e) Er E
E pe
ah Ne [oralÉ a ss
Ear
RE
'
a ; Y
ER am RO AA
a Ee!
e
ge,
dm Ts AEE FAO Pr E a = E oi
fem SA rr
am A
= “q ER r
= “1 as x -á
E a SR | a. lp E SE r
mw Red ea
E —. Ri
RE rr
e eo AI A
A
a e rar ae E mogdha
ae e Pe e E
Ja
q!
Rr
af
A
É
E
e
E
25
“RO.
E
pr
E
E
a
e
E
rn
q
;
a
es
o do diet
dE
q
ai
Em a
“Lp
'
RA
'
.
pie
'
oo
EC
sta
E jr
]
E
à
=
À
2
a
a
E
=
&
e ar
EA
De
a.
a
E Is
E
tua
ok a
Éa
|
P
E A
ne
em | = a A o| A E o]
E Si E E] EE — — LL”
ri Do qu peça E ni, FaE
Tres E e N ERRA mr A DO a)
a ; Erico O a =] = |
e acho nJ To dr gica
neo Pa F, Er 5
5 -—— ae Ro E ad 5
+
p dam
-
NA
=
=
z
RS
ho
ad
-
RE
lê SA
a
=
=.
Dn
ESA
NS
Des uh14d
RA
Peel
EE
pd
E de;
ER
E le: É
ax
e
»
FS A
Fo:
meia
REM AI NRado
Ref
a
a
É
: To eh, !
” Pr o pt + 4 F” E id E Pai.
e def, CORE a ed ,
PR A
j x
deEra uéE! o
E . ú o f Ps EE Mr F,
GS E gi o
40 (em cima). A abóbada do presbitério 41 (páginas seguintes). Vista interior de lhas de Mármara; a planta de edificação
de S. Vitale. 546/548. Ravena. S. Vitale. 546/548. Ravena. Os c os meios de construção também
Quatro arcos, um déles, decorado com magníficos arcos da igreja circundam as foram, provavelmente, importados de
medalhões de Cristo e dos Apóstolos, arcadas mais leves do deambulatório Constantinopla.
suportam uma abóbada de arestas; e do presbitério (em primeiro plano)
os unjos em meio à decoração foliácea dando ao monumento um efeito de
seguram em triunfo o festão central espaço e leveza. Os cupitéis € as colunas
do Cordeiro Abençoado. foram importados das oficinas das
e “> ENT.
a
Ri
e
|
E) =.
ea
Zs
*
4
- = TRES
Bai ErRs
: E F mar ” q E F 4 E R PE * o
4 ah ERA O o ES Do E E USAS Ei 1
EM
ul
a
ART ato
ea Lai Memes
a
ERRO | ip n ] . E + Aqua rs
Se
E a a A = r ' Ear Sat Rae O ]
a
x
SUpris Rope DG SN PL tA
TESS |
F
RT RU SEE
E, - a
& 1 Ra E dy ' a NAS
À À É
j qe E go e, 4 E PAP .
- =. E . n
Etr da Madi aa
-A
Ar
a
E a) A
AgrTea, ai ação
É = o)
m “A
= o a E: md er od a dad
me E. dr e Ee 1, gaga
a * 4
- Fa
= j
E A
E d
o r
“ao - j Ez! e mai” Hd i Aa cobre nd = f o
- nr o
a E k i o dm Ps A aid Ba PE q + ESANCT Ce ras Je, na 1 Fa
ja ) De ' M 7 z k L é i = + E E aj ps E 4 pm Eira Es ae ars
a ar ' hi ER --. ha Pp J Fis E Era a e, E us E
7
VA
Las al peie am E. e
io
E ] z E e
pl
Ea
do
O o
o o
mi std
a
= Lis E = o pesa
AC a Es vio onal dr j
mriE o. pe, : pÉ o Es Seo » Ae = Ada E
É 2 * f E o ES " a 2] 1 ed a ” g A ame k
= ei De E mm
;
'
e 1
go
-
E
7 ai -
ha
|
p
ho
'
,
8
Ly
- e
”
Ee
o
eai
E
x NA »
O
5 da
- a
MR
a
p
Ma
Ee
ER e e e Mila. a “o À E:
pi A a
Lo
À
o
[
E
“0
A
!
|
wa!
RR
É
did
nr
d
ua RD A
PM
ig À
d
E
x
PR
PE
cosSP
dai
PES
O
A
e
ATT
E]
pa
]
a
RR
,
'
2 Ega
à
Pa
ã
]
= od D “RUTts cioe
Rs e ta e.
E
re = :
e sa: RE = + SETA e ES = a
” ú hs E e a face ES
E a una Rae abas SA o =
E
ai
-
AD
FERE A
.Ed
E1NSa
Cd;
a
Rd
É] h
AR
-
em
É qa
ai 11 =
1
Ti me aiii
|
VEM CA
A a]
RD
7
2) drama dy
Abd
(ta ao
ct
da in Si ra E ED
Hi. jo =—s
] x» RR E
IPEP ÁS SEER doço dna f
7
E] é r
spt fa E
as i ”
q +
27Pa = E P
Pi
LA
E E
a, i
Ee
É de A AA a
Es
5 Ék E
- dl ad E a
E
44)
TO Pia
np ia go.
ADM Ne Pigs
' - = a x E dy E a put A | j E, r AM e á E EL] dn L ] 4 E A ! ! f e É [] F Y
1
Em
=
3 a
O
x Lola
à
RR
e 4 | n
dE
o.
LR
o
Pr
Ra
cs
babá
tai
Mala Aa Tui Ta
pa,
tido vin s
ra
q
p
cast
|
et Ei
E
E k
“um
P
J
E
1
Rs = A 1a
a a
E peteca
= a" a RR] ho É | F = E a Lu ar a a a PR ds t A o Petas = K Ra] De A = F a O E e [E a Pg 4 O A a!
,
[Ra e O i Fi ni ' i a) , É : 1 ! i. o Ut mA JF é A
ko
a
:
a
a
a
E
a
“e
o
á
+
"4
a
Papá
]
Re
od dr
'
am,
pe
Ea ei
o =
a
ao A
4
%
+
E
[E
hs
“na
no
Fo
od
om
qa
á
mm
)
º
"
FÊ
o.
1.
Es
a
-
"
U
E
+
ba!
É
X
FA
E
+
air
da
:
Lo
A
e
d
+
A
!
a
Rai
à
o
“
FAR
ind
=
ka
E
pe
em o Ena
=
4 da
-
DR
-
[a
E
f,
Erê
[
>
o
rd
m Pr
Ê
E
e
no RP
r
SD
o
Ma
ar
=
pr
a] it
E
ge
as E
o
[Ra
Ls
E]
p
É
e,
ps
ra
Ens
pa"
M
FE
e
SE
-s
=
E
ai
F
.
E
Ra
mê,
quo
EH
E
=
”s
E
!
are
e
E dg
o AJA
E
-
”
Fre
a
Ea
ai
.
Ei
E
mL,
a
:
-
]
-
Pp
E e
é
oh
my
EF
r
a
7]
)
a
+
Ed
nm
Fa
E:
E
Em
E
E
, ni
R
É
Eus
AP
:
Ef
*
Res
E
asd UR
=
E
Ds)
=
|
eo WE
ia
!
ge
- Md a
té
“E
'
é
|
Fra
E
E
DRE
A
=
=)
*d
=
ae
td
é aan
l
ni
|
ao
to
E
do
E
F
a
E
]
a
aa
Les
”,
io
I PA
Ximarda
pe
ado
4 a
ni
a
a
pie,
F
ANO
i
2
es
do
ei
”-
ari eae
eia
nd
EEd,
er
ps
=
RR
=
E
e
=
A
Ra
=»
is Pega
Et?
r
=
Ma
E
TE
Bs
da
e
Pa
F
=
|
+,
-
ss
Tu
a
cas
e
egq
a
.
E Cria
e)
sa
s
E
ed
a
LER
Pr
te
DL
ei
Peri.
"a
Re
+
1
Ss
F
A o
PA
E
o
E
Ps
nt”
E
pr
n
ei
a
e ca fe a
;
a
EPE d
:
Reino
a
SA
E
=
ne
ROSA
Ps
a
EE MS
=À
o)
a
A
a
crie
pasa
E
E
PE
im,
PR E
A
e
Es
:
OE
mi
EP
pel
poa
dr
tm
“
ni “e
E
a
Fi
+.
J
id
=
DA
SENSE
e
=
ne
|
E
Petg
do
!
cond Reply
4
o, a
om
as
Medir.
RR
E
mo
-
dig
al cre
se
dir
ua
- pi
PA A oo
E
o
25
:
od
d
Eai
-
ps
ini
=
mo=
a
tm
-
om
qe
b,
Ea
em
Ma
ho
nu
o
ag
E
a
PA.
Code
pat
=
a
+=
a
4
F,
a
-
ê
Ra dd
SE
E
E
eras
TI, aj
Tao
E
E
E
do a
e!
a
am
E
O Ke
q
E
e
Ta
Hi
Ea
o
o
u
di A
E
E
a
Eta
A
EL
a = Cep;
da
a
re
E
a
ENT) »
=
si
4
ia
na
dragao
”, Ro kó
E
E
;
mu
RR |
| Bos
rica =
1
im
ã
ã
4
a
em
qr
3
LET
a
O
. E]
2
J
Ir
e qe
E
“
A
pero
F
É
"o
ho
2 np tg
j
fa
sa,
at
ci
. ia Ba
AP
! esa”
A
é
EE re
és Feito EL
ca AM Tours Er
PRETA LR
42 (página anterior). Detalhe das vestes 43. A imperatriz Teodora e sua comitiva.
de uma aja de Teodora, 546/548. 546/548. Mosaico. Parede sudoeste do
Mosaico. Parede sudoeste do presbitério presbitério de S. Vitale, Ravena.
de S. Vitale, Ravena. O manto é tecido Teodora e suas aias avançam em
com motivos geométricos e, sob o manto, procissão em direção ao Cristo,
O vestido simples tem suas bordas representado na abside. Carrega um cálice
ornadas de flôres. As côres e a habilidosa incrustado de jóias e está ataviada de
colocação das tésseras podem ser adereços majestosos. Dois dignitários a
vistas aqui em seu efeito total. precedem na igreja, na frente da qual
está uma requintada fonte. Os rostos
nobres de grandes olhos e côres
magníficas são a essência da arte
gloriosa de Bizâncio.
No : Ep * Mia ho A as ad! Rosi bo Le E i + ” nd Eid ipi des o A
1
COR] a! e
0 Ma,nO
: Ts À
TS np
EoneDE DS E TUR ! -
E
"a
Ra r
dh Mg
UR: Za e UP RT
-— dA Ma! , a k
Na Vice E) prer
1 k
da pm apra
tpadgo y e Ta + Fab ! ] AE BRTrss O E puro cmg dra
dai : 4 Eneas NS as ; e: 1 . dio É 1h : 4 n 5
« 1 e Cristo no medalh ão
de Ap óstolos. A frontalidade
, a o F a a
aico
Ortodoxos.
! a es Ed asi nd e E n a É ' y
= » A r: a] e d nr
I fra RD 1 go
- | k 7 Re Veia
s E 1 k *
%g F E tb Mg 1 a E
z
a a = AL 7 o A d E a ri F f ao | qi É: É
e ri
F À IT n “q
e
sã
"E
d a abóbada
el
Fa
mm IE Re
a Ear A
a
É r
”
LE Ba CRIE
movimentos
iso pise! t Lim Ldap Ls A /
mos
E Daio (ado
p
pda
r
E ET
.s
Esta
s pés
r
la
=
F | aa ao A
UR PERO AO
do
RIA,Prpld A h i E | ice au É
Er
es
“ud
dos
Pa] ooo
is
Ra
Es
do
ap==
Ravena.
Parte
de dd
a.
dA 1 bz p ME
Aa k E) E. '
a PV]
Es a at er caia
o NOÉ
Ca NA pa Rae a ft Naa
mos a ico
Fr
daPE:
batis tério
Bos
vestes E a colocaç ão
Paso
EL atas
1
ug
É
a edem
A
e
“A
ca
Bro
a Ph da la É A Ele Mem E
E
E
n
)
EA
segu inte).
e Ra
ra
sr [=
S a
T
ISmMo
Mosaico
do
E
do
apóstolos.
mostra o Bat
parte central
abóbada
(p ágina
centro
prociss É LO
a
é
V.
=
am >,
Séc.
das
dos
dos
iu MS A
do
da
45
E aid ca da
A IE LEEca
1 ipica da arte da
supõe- se que atr as déle esteja o pr Óspero
d igni ar I0s €C les jasticos altos of icia IS €
sua comitiva. 546/5468. Mosa ICO . Parede
o RAR NS
nd Es
=
. '
a PAR :
-
np
Lo
eaÉ A dedo TSRoo ; DO PD E TE a Ee ' ck É
do conjunto.
ET DEP ea AR E !
€ notavelmente
e o efeito decorativo
»
sê
*
tá
cena
Ê
e bm ma | ?
Ene
à de emo Tp Coma dias ad Lat E
empata O "pa Ee q ii E
eliminam
dg Seia Fria byh Ea Lud E
ah
!
de
“ Crie
iu tá 4
Las id,
E to Tica mito ul dh mo ih, | ate =2aui = ep im a caly E df ro ie
j "o tlm
el a ph
- do + nm E o qa x e paÀ ads corta, dd teh FE dba cade dt
| sos
ra ala à a j eÊ
,
É au e e Petliaheiad 14 4 dia inda, A Lai po l 4 i Arte A ' . É
| tbihd ! a À b pd" * gt
NET
7 a Fis A
E ds
+ qm
> Es
Ty
e
Ta
rs
a bi OA DO Pt
É psy LU A LR
A
] í
e
PRE
Ee AO
AM V) Hj
E e
Cd)
E
b E n
Lê ã : ai ke b
| a RR 41 . Rd E “ mM pe Va LrvA a], AA Ve co t oh Aida Pracai ELA
E é e + AA x “ Ea : ] | , b ira TA CN ia à id Ea
pos ET a
o] mM x rr. y Wo! ; »
- - ne
SET
' ki d A”
LR RD
t e , : ESA,
EO
E MAIRA E UT
ad RISO
A RE
my ALE TDR PUTTA AR O DA tá eres RR
61
-
tiã
]
ERRO
Ts
[=
e po
pa
Tn
a SD À
"
=
El
E
o
a
HA
St
boa,
aaa EeLa
falta Ji =F
Eh
A Es
“am
a
Em
de dignitários. A frisa do Parthenon era uma variação piscopal, nos batistérios, ou no presbitério de S. Vitale, é 41
livre dêste tema: os deuses no lado oeste recebiam uma
possível perceber uma decoração completa que parece ter
procissão de Panathenaeas, duas colunas de fiéis que uma maior unidade com as demarcações integradas num
depois de se reagruparem a leste, avançavam em direção todo, as faixas em tôrno dos arcos, e janelas com suas
a eles pelo norte e pelo sul. Êste tema tradicional foi colunas e moldagens. Agora as figuras tratadas individual-
3132 usado com magnífico resultado em S. Apollinare Nuovo: mente tendem a desaparecer. Certas figuras, integradas
partindo das cidades de Ravena e Classe, os mártires numa folhagem dourada, como em Galla Placídia, per- 37
saem do pórtico em direção à abside para oferecer suas deram qualquer identidade que poderiam ter apresentado.
coroas a Cristo e à Virgem. É curioso que o artista bi- Outras, cujos traços visuais estavam fixados pela tradição,
zantino do séc. VI tenha redescoberto o gôsto pela estrita são apenas notadas e reconhecidas numa segunda observa-
repetição e pela côr evidente na procissão de arqueiros ção; pois parecem à primeira wista apenas manchas de
em Persépolis. Sua técnica e o efeito produzido são cer- côr, cujo valor é dependente do esquema total. As pa-
tamente pessoais, embora o tema básico seja tradicional. As redes laterais dos presbitérios de S. Vitale são decoradas 41
procissões circulares dos zodíacos egípcios parecem ser as quase inteiramente com um fundo de pedras estilizadas,
| precursoras da procissão de apóstolos disposta em tôrno folhagens, flôres e animais, todos primorosamente dese-
de um medalhão central da cúpula do batistério. nhados. Sôbre êste fundo estão colocadas as figuras de
33,34,35 Em S. Apollinare Nuovo quadros históricos foram profetas, tão integrados nesta decoração profusa que di-
36,22,23 colocados em painéis sôbre o clerestório, da mesma forma ficilmente são notados, apesar de representarem episódios
2425 que em Santa Maria Maggiore, meio século antes; talvez específicos, tais como Moisés amarrando as sandálias. Da
os cristãos tenham revivido a tradição da decoração das mesma forma, na abóbada, os anjos segurando a grinalda
basílicas onde a forma arquitetônica determinava o es- que circunda o triunfante Cordeiro de Deus tornam-se 40
quema decorativo. Os apóstolos e profetas entre as jane- os elementos focais da decoração de folhagens que os
las, com magníficas conchas vermelhas e douradas sôbre circundam. A própria arquitetura é não só acentuada
as cabeças, são reminiscentes da disposição clássica das pelas côres que a cobrem, mas parece ter sido reinterpre-
estátuas em nichos. O todo dêste arranjo parece ser uma tada.
tentativa de reproduzir uma decoração em relêvo em OSAI CS
or jái$ estava deli-
5 . A decoração; das absides
| ensões OR MAS EM, MOS
RO STUS (HoROR AEO
duas dim
20 neada também, como pode ser vista em Santa Pudenziana, Contudo, logo que o observador deixa de olhá-las as fi-
e para as quais deve haver provas na Palestina. Em 5. guras assumem sua importância real mais uma vez. O pe-
42 Vitale e em S. Apollinare in Classe consiste a decoração ríodo coberto pelos monumentos de Ravena é particular-
em uma cena triunfal desenrolada no céu — o triunfo de mente instrutivo no desenvolvimento da representação da
Cristo ou de um santo numa cena simbólica ou figurativa figura humana. Comparando os dois grupos de apóstolos
do Paraíso. Êste tipo de representação, envolvendo uma ou os dois medalhões representando o Batismo de Cristo
vista frontal da figura principal, e a simetria das figuras nos batistérios dos arianos e dos ortodoxos, e comparando 45,37
de apoio e da decoração, apresenta uma visão global, até os profetas entre as janelas, e a procissão de mártires em
à extremidade da igreja, de uma imagem de devoção, S. Apollinare Nuovo, o observador defronta-se com a 31
portadora de notável efeito dramático. Através de tôda mesma profunda mudança. Desde o século V a estilização
das vestes vinha sendo muito acentuada, mas os rostos
a arte bizantina êste tipo de representação é encontrado:
mesmo quando a pintura apresenta uma cena definida, a ainda eram tratados como se fôssem retratos pintados,
com extrema sutileza na forma e arranjo das tesseras, nos 42
46 Transfiguração, na abside da igreja do mosteiro do Monte
Sinai, por exemplo, a frontalidade e a simetria são man- tons, no sombreado e na colocação de luminosidades.
tidas. Longe de ter havido uma tendência para a simplifica-
ção, ou decadente falta de graça no século VI, havia um
A DECORAÇÃO DA ABÓBADA nôvo estilo, mais bem adaptado à decoração monumental,
A composição da basílica com a distribuição de espaços € e que procedia de um espírito nôvo. Nas vestes, por exem-
massas e a existência de um teto independente do es- plo, não há prâticamente nenhuma tentativa de modelar
quema decorativo significa que a decoração é normal- ou sombrear as côres; elas são simplesmente indicadas por
um jôgo de linhas destinado a sugerir tanto o movimento
mente fragmentária. Mas com a construção das abóbadas
os mosaicos ganham domínio e a edificação recebe uma do material quanto os músculos que cobrem. Este uso de
arquie- contrastes de motivos escuros contra um fundo claro é
36,37,38 nova unidade. Seja em Galla Placídia, na capela
um efeito de côr. Isso é visto mais claramente quando a
48 (página anterior). Capitel de Hagia Sophia. Séc. VI. toga é substituída pelas clâmides (chlamys) e os tecidos
Éste belo exemplo de capitel e brocados. A indi-
brancos lisos pelos debruns coloridos mais
Mármore. Constantinopla. cação das dobras se torna cada apenas esboços;
vez
bizantino, com o monograma de Justiniano, o desenho
rendilhado e aberto das fôlhas de acanto, os rolos de de outra forma elas se afastariam da harmonia e con-
O À as.”
aminho e o motivo floral do ábaco, é um requintado
din: típico da magnificência de tôda a basílica. O mármore tinuidade dos esplêndidos e fielmente reproduzidos tecidos
bizantinos. É isto, em Ravena, que cria O surpreendente cá
veio provavelmente das pedreiras das Ilhas Mármara, de 5. Apollinare Nuovo
os capitéis e colunas de S. Vitale, Ravena contraste entre as duas procissões
assim como
(lâminas 40 e 41, figura 97). na qual as magnificentes vestes da côrte de santos são
36. Abóbada central de Galla Placídia,
Séc. V. Mosaico. Ravena. A cruz em
céu estrelado e os simbolos dos
evangelistas nos pendentes é uma simples
evocação do Apocalipse. Abaixo, os
Apóstolos erguem a cabeça em aclamação
(vide lâmina 37).
O mn hs
Diabo Da
Ea e ] one aa
pi O a SP
39. Presbitér IO de S. Vitale 546/548, a
a »
representações.
e
aa
Er
-
qa
RI,
.
+
LO
AS
apresentadas como superfícies vermelhas, ao passo que como Júlio Argentário, que fôra encarregado da constru.
as figuras dos mártires mantêm um certo relêvo, apesar ção da igreja, e as faces mais anônimas das mulheres e
da simplicidade com a qual as dobras de suas togas bran- guardas é uma boa indicação dos graus de estilização que
cas são desenhadas. É a isso que os dois famosos quadros ainda eram possíveis. Não é apenas devido ao corte e à
43,44 em 5. Vitale, representando Justiniano e Teodora trazendo côr das barbas que São Pedro e São Paulo sobressaem 40a,b
seus presentes à igreja, devem sua singularidade e magni- dentre os outros apóstolos e entre si. O mosaicista bizan- 4ab
ticência. Por mais característicos que sejam os rostos do tino ainda pode retratar individualidades dentro das limi- 4d í
29 Imperador, da Imperatriz, do bispo e seus seguidores, o tações do tipo estilizado. É
que primeiro surpreende o observador é o brilho incom- Também há muitas ocasiões em que as figuras deixam
parável da superfície colorida na qual o esplendor das de ser fixadas numa posição frontal por causa da simetria
vestimentas eclesiásticas e a riqueza dos costumes da côrte seja nas procissões ou em uma das cenas mais ativas. Eh:
mesclam-se a uma espécie de maravilhosa tapeçaria. contram-se alguns rostos completamente de perfil; entre-
Mas isto não é tudo. Contrariamente às aparências, os tanto, mesmo antes do séc. VI havia uma tendência para
personagens dêstes quadros não são estáticos. Longe de a adoção da atitude frontal em muitas faces. Os mártires
ser a representação de grupos de figuras sem movimento de S. Apollinare Nuovo, por exemplo, cujo movimento 32
que porventura tenham posado para o artista, os quadros de andar está sutilmente indicado pela inclinação nas bai-
compõem procissões, grupos de figuras caminhando, em nhas dos seus mantos ou roupagens, são mostrados quase
cenários diferentes, em direção a um Cristo Triunfante no totalmente de frente com suas auréolas criando o efeito
tim da abside, apesar dêste movimento quase desaparecer de medalhões, de tal forma que é o ângulo dos olhos o
na rigidez das vestes e na frontalidade das figuras. Esta que dá movimento à cabeça e mesmo ao corpo,
tradição artística é estranha ao Ocidente Romano, ori- Com o triunfo destas tendências penetramos numa nova
ginando-se no Oriente helenizado, onde as tradições que estética, na qual o realismo e o respeito por volumes e
Alexandre levou quase às fronteiras da Índia desenvolve- formas cede lugar à côr e à visão. É um mundo bidimen-
ram-se segundo suas próprias regras e resultaram em sional que se presta à expressão e ao simbolismo. Estas
formas artísticas bem diferentes de suas fontes européias. figuras hieráticas cercavam os fiéis, cujos olhares eram
Estas formas — que nos são mais familiares desde as vencidos por aquêles olhos que pareciam pertencer a pre-
escavações realizadas em Dura-Europos na Mesopotâmia senças sobrenaturais.
— têm sido desde então reconhecidas e analisadas. For- Em Ravena a contribuição oriental não chegou em solo
mam o que Michael Rostovtzeff chamou de arte parta virgem, sendo modificada e superposta às tradições oci-
e exerceram uma influência decisiva sôbre a pintura bi- dentais, que a arte cristã já havia adaptado: o que pro-
zantina. porcionou à arte de Ravena um sabor particular — sob
Naturalmente, os rostos são transformados — e é isso os auspícios do Estado Imperial e das necessidades da
que causa uma impressão mais significativa. A frontalida- Igreja.
de cria geralmente uma simetria total nas figuras: a cabeça,
| Aquas NAS NARRATIVAS siaCRISTÃS
vista completamente de frente, é dividida em duas partes CE
por um nariz que às vêzes ainda é apresentado com uma Foi dentro destas edificações monumentais e segundo esta
sombra lateral mas é no mais das vêzes sombreado dos nova estética que os artistas de Ravena trataram os assun-
dois lados. O nariz tende a desaparecer completamente tos cristãos que lhes foram encomendados.
e o rosto não é mais visto em relêvo, o que não é o mais É curioso observar que em Ravena a história religiosa
importante. Os olhos agora desempenham um papel es- — o Antigo e o Nôvo Testamento — parece ter sido re-
29 sencial: olhando fixamente, acentuados por uma espêssa legada a um segundo plano. Encontra entretanto sua ex-
arcada dos cílios fortemente sombreados, êles encaram pressão essencial nas duas séries de pequenas cenas co-
o espectador impiedosamente, criando a impressão de uma locadas no alto, entre as janelas de S. Apollinare Nuovo. 32,34
presença viva, sobrenatural. É fácil compreender como Esta decoração data da época de Teodorico e não nos
estas figuras tornaram-se objeto de devoção e ícones. surpreende descobrir em uma das séries de cenas a in-
Talvez no início isso fôsse apenas o resultado de uma téc- fluência direta da arte cristã primitiva, que sabemos ter
nica de representação, como nos retratos funerários de existido em Roma, nas pinturas de catacumbas e sarcóta-
Faiyum que no segundo século substituíram as máscaras gos. Nas representações dos milagres de Cristo; 0 para- 33
em relêvo nas múmias. Mas o efeito obtido é o que mais lítico, a mulher com hemorragia, a ressurreição de Lá-
tarde foi àvidamente procurado — e do qual a espiritua- zaro — as composições são as mesmas encontradas nos
lidade bizantina faria uso pleno. sarcófagos. Aqui também o Salvador, sem barba, está
Contudo, êstes rostos fixos, de olhos imensos, nada per- isolado, a meio perfil, seguido apenas por um discípulo,
deram de seu caráter. A forma oriental de representação tendo à sua frente os personagens do milagre, identifica-
certamente capta suas personalidades de uma forma di- dos por suas atitudes. Aqui e ali a composição varia: para
ferente, espiritualizando-as de certo modo. O rosto de o milagre da multiplicação dos pães, a perfiguração da
Eucaristia, e para a sepa raçã o das ovel has e das cabr as, 35
44 Justiniano, redondo, avermelhado e que mada tem de belo,
adquire uma certa majestade, mas permanece dêste mundo, um sinal do Juízo Final; a composição toma inesperada-
mente uma form a simé tric a e uma gran deza inte iram ente
E a diferença entre os retratos do Bispo Maximiniano e
o da figura que alguns estudiosos tentaram reconhecer nova,
*
69
Na outra parede, entre as cenas da Paixão, passa-se à cena estão ali como testemunhas bem conhecidas. Da
diretamente da traição de Judas para a Ressurreição: mesma forma em outras partes, os profetas e mártires,
como na arte mais antiga não há por que representar Cris- Reis Magos e anjos que nos transportam para além de
to humilhado, açoitado, crucificado e sendo descido da nosso mundo estão na cidade celestial. Os cordeiros de
cruz. As santas mulheres chegam imediatamente ao se- S. Apollinare in Classe são mostrados deixando seu re- 42
procura no corpo de Cristo a prova banho assim como os santos deixam o palácio de Teo-
pulcro; São Tomé
tangível da Ressurreição, e no mesmo momento comunica
dorico e o pôrto de Classe em seu caminho para o Paraíso.
O próprio Paraíso às vêzes é representado como um jar-
o resultado. Duas cenas desta série têm um encanto par-
36 ticular; a parábola do fariseu e do publicano e à negação dim de delícias, como aquêle do Pastor de Hermas, ou
como uma visão da Virgem e de Cristo guardados pelos
de São Pedro, às quais o artista concede subitamente
anjos, recebendo Cristo os fiéis como um imperador em
uma vitalidade pessoal e um gôsto pela vida, só encontra-
seu palácio. Em Galla Placídia os símbolos apocalípticos
dos nas outras cenas, entre os personagens secundários, Jó
com o estã o por um Cris to des uma niz ado e hie- dos quatro Evangelistas estão reunidos em tôrno de uma
ecli psad as
cruz de jóias colocada no céu: o boi (Mateus), a águia
rático. o homem (João). E na
(Lucas), o leão (Marcos) e
SIMBOLISMO. abside de S. Vitale, Cristo está sentado sôbre o globo
o, terrestre.
Mesmo quando ilustram algum outro episódio bíblic
Esta evocação de um mundo melhor, envôlto pelo azul
as pinturas com personagens nos outros edifícios de Ra-
o do céu e o dourado do sol, é encontrada em tôdas as
vena parecem ter um valor simbólico. Assim, o Batism
obras — e confere à decoração seu real valor. Profetas,
45,37 de Cristo, cena central na cúpula dos dois batistérios, as-
santos, apóstolos, mártires, estão em tôdas as partes pro-
sume ao mesmo tempo o valor de uma epifania, uma
sto -De us. Os apó sto los que assistem clamando e aclamando a divindade de Cristo e a verdade
procla ma çã o do Cri
Ro ein ORA
RE O Lag] o PORCO Eds DS RA
RENO ANE ND O COTA CRERpeer”R ITZ
A
Pu
e ..-
) ld
, !
F | h
e A = ú E
1 “sms =. =
E “a r
, E
a, 1
'
z
a : cj || pj
+
F
1
| o 7
+
i ala
' ema
=
DR
- ua
A
a ma a à : 9
À | E, bio * : HM E is é R-1 |
A)
dO
E
TERA | 4,
a
Rr
E
a al pl
E H
= )
Ei
: FE E ]
nim, à) dis ER F as É
CB DAE
= nho
1
«p
io
dr/ di NO REL
josY As — Ma, e
mw
4
:
tas
Ns
1
dj [=
a
E
42. A abside, S. Apollinare in Classe. Séc. VI. Ravena. de cima, Cristo abençoando entre os símbolos dos
A paisagem encantadora e as ovelhas representam uma cena evangelistas. As doze ovelhas subindo em sua direção, partindo
do paraíso com S. Apolinário adorando uma cruz colocada das cidades de Belém e Jerusalém, representam as
em um medalhão estrelado, flanqueado pelos bustos dz almas salvas de fiéis. À direita e à esquerda, os arcanjos
Moisés e Elias numa evocação da Transfiguração. Na parte Gabriel e Miguel; figuras de santos aparecem entre as janelas.
de sua promessa. Em seus símbolos, como em suas córes, resplandecem como palácios e nos quais não há trevas,
a decoração das igrejas de Ravena revive a esperança de tristeza nem penitência. A traição de Judas e a negação
salvação. Alguns estudiosos têm observado a serenidade de Pedro são episódios do passado: aconteceram para
com que as pinturas das catacumbas representavam O des- consumar as profecias. Cristo veio e ocupa seu lugar real
tino dos pecadores; ali não há demônios, pecados, julga- no mundo onde mesmo os imperadores devem servi-lo.
mentos ou inferno: estamos muito longe dos Cristos ater- Cercado por seus anjos e santos, êle espera os fiéis no
rorizadores, demônios saltitantes e as multidões de amal- Paraíso. Até mesmo o Apocalipse se torna uma promessa
diçoados lançados ao inferno que por muito tempo man- e não uma causa de temor. Em Ravena o observador é
teriam o temor nos homens. Essas imagens estão igual- levado mesmo a indagar sôbre a eventual existência de
mente ausentes nestes santuários destinados aos vivos, que amaldiçoados.
43. Hagia Sophia. 532/537. Constantinopla. Entre os meias-cúpulas dos dois lados da cúpula central, e os
minaretes turcos a magnífica basílica desenhada por Antêmio contrafortes de suporte para o arco lateral.
de Trale e Isidoro de Mileto, é vista aqui mostrando as
= duga
|
od
à
F
e
RE
1
i
À
a
=”
q cm a
r
»
o
o O
“s
À
geh-
ao
Em
|
H
dd
ne
'
do “votei
j
IA AS Ca SO DA |,
as pag AP á 4 Eq ta miga Rice
sopotâmia, onde os tijolos tinham sido usados para a
3.
= E = = »
O O
Ed
a
im e OO
E E
Ban!
TO Toe ET
Ojo
46 a, b, c, d. Filipos. Macedônia. (a) A igreja do séc. V é não afetam o plano básico da basílica. (c) As colunatas do
uma basílica com colunatas com abside projetada e séc. V suportavam teto de madeira de altura limitada
um transepto. (b) Uma planta análoga foi reinterpretada no enquanto a cúpula do séc. VI (d) domina tôda a construção
sexto século, onde a cúpula central e os apoios necessários da basílica, dando-lhe uma majestade inteiramente nova.
através dos arcos e dos pendentes, para os quatro pilares a estrutura básica estiver dentro de quatro paredes. No
do baldaquim. Assim, êstes pilares e arcos tinham de ser último caso haveria salas em cada um dos quatro cantos,
reforçados para que não caíssem com o pêso. As soluções que poderiam ser ligadas a um grande recinto cruciforme
eram em número limitado: de uma combinação destas se fôsse necessário, por aberturas de qualquer tamanho
soluções surgiriam os princípios básicos da arquitetura desejado e cujas abóbadas contribuiriam para o equilíbrio
bizantina. de todo o edifício. Estes esquemas teóricos, na verdade,
A primeira e mais simples destas soluções era conside- são plantas reais que foram usadas nas igrejas talvez com
rar cada pilar do baldaquim como o ângulo de duas pare- a adição de uma abside a leste e um vestíbulo — um
des: assim haveria quatro naves, em forma de uma cruz, nártex — a oeste.
procedente de um quadrado central. Naturalmente elas É igualmente possível, segundo os lados do quadrado,
seriam abobadadas: as paredes reforçariam os pilares e fornecer diferentes tipos de sustentação que na planta
a abóbada reforçaria os arcos, controlando assim a pres- e na elevação criariam dissimetrias. Por exemplo, poderia
são da cúpula. Estas naves abobadadas poderiam ser subs- haver uma abside com três abóbadas cilíndricas — de
tituídas por absides, cujas aberturas iriam fundir-se nos berço —, três absides e uma abóbada cilíndrica ou uma
arcos da cúpula e lançar seu pêso nas paredes que os abside, duas abóbadas cilíndricas e uma segunda cúpula.
apoiavam; e uma abóbada: poderia ser colocada entre o Estas complexas soluções seriam particularmente po-
arco e a abside. Finalmente os arcos da cúpula central pulares pela originalidade da igreja de planta basilical.
poderiam ser justapostos com quatro cúpulas secundárias, Esta planta constiste de um retângulo, que tem um eixo
de caráter semelhante ou não, que suportariam a primeira. dominante — e não quatro ou mesmo oito, como numa
Essas cúpulas, por sua vez, teriam de ser reforçadas do construção baseada no quadrado. Para que êste eixo
lado de fora. Portanto, temos três esquemas que automã- leste-oeste fôsse estendido podiam ser empregados vários
ticamente produzem plantas cruciformes — seja como recursos: simples acréscimos — uma abside no extremo
uma cruz livre, se os elementos de apoio são deixados se- leste, uma nave mais comprida a oeste. Mas as próprias
parados, ou como uma cruz encerrada num quadrado, se estruturas também podiam ser adaptadas. Assim, a partir
de um princípio técnico aparentemente rígido desenvol- Macedônia, uma do séc. V e outra do séc. VI. Suas plan-
veram-se vários esquemas distintos, dos quais surgiram tas, segundo os trabalhos de P. Lemerle, são muito seme-
algumas edificações perfeitamente originais. São êstes edi- lhantes. Parece evidente que o cliente, isto é, o clero,
fícios excepcionais que geralmente representam a arte bi- impôs ao segundo arquiteto uma planta-baixa que se
zantina nos livros: como todos os estilos também esta arte tornara necessária pelo costume. Mas os próprios prin-
é representada por suas obras-primas. Entretanto parece- cípios de construção tinham mudado — e quando erigi-
nos mais útil examinar primeiro a planta que era usada dos, os dois edifícios pareciam completamente diferentes.
mais comumente e que resultou da aplicação normal de Deixando de lado os exteriores — os pátios monumen-
princípios básicos. tais que davam para a velha basílica, o batistério que
continuava sua fachada e os dois anexos das absides la-
UMA PLANTA TÍPICA DE IGREJAS BIZANTINAS
deando a abside principal da basílica abobadada — os
A planta da cruz inscrita, com um domo central e abó- dois edifícios principais, incluindo o nártex, tinham 55 e
badas internas de sustentação, iria tornar-se depois do S4 metros de comprimento, respectivamente. Eram por-
primeiro período a planta típica de uma igreja bizantina, tanto de tamanho comparável; mas a fachada do mais
desempenhando o mesmo papel que a basílica com uma antigo tinha apenas 29 metros de frente, e 39 metros no
nave, duas colaterais e teto inclinado no período anterior. transepto, enquanto a outra atingia uma largura uniforme
O domo é o centro, assim como o tôpo, dêste tipo de de 33 metros.
edifício. Repousa na interseção de quatro naves de lar- A igreja do séc. V era uma basílica com três colaterais 46a,c
gura igual e geralmente muito curtas. O extremo da nave e galerias; tinha uma transepto projetado, 14 metros pelo
leste abre-se para uma abside projetada. A cruz está ins- lado de dentro, e uma única abside separada, A colunata
crita num quadrado, quatro recintos ligando as paredes continuava em tôrno do transepto, mantendo assim uma
das naves e as paredes externas. Êstes recintos são mais nave colateral da, mesma largura: uma balaustrada, co-
ou menos ligados com a cruz central dependendo do nú- locada entre as colunas, parece ter vedado o acesso da
mero de aberturas entre elas. Suas paredes podem ser congregação à nave central, assim como ao côro. O
perfuradas por várias portas, ou podem ser substituídas nártex, que também tinha uma galeria, era coberto por
por arcos apoiados em pilares nos quatro cantos do qua- um teto inclinado; a nave tinha um teto inclinado duplo
drado central. Os recintos adjacentes são abobadados, de que se elevava a 17 metros sôbre um clerestório; as ga-
forma a contribuir para a sustentação do prédio e as abó- lerias das colaterais tinham tetos inclinados simétricos. O
badas desempenham um papel mais importante quando edifício guardava algumas características originais, mas
as paredes são abertas. Podem ser achatadas, e podem era construído segundo a planta normal de seu período.
estar ocultas do lado de fora do prédio sob telhados com A basílica do séc. VI é baseada no mesmo esquema. É 46b,!
inclinação única, ou podem tornar-se domos — colocados uma basílica com transepto mas seus braços não se pro-
não nos braços da cruz mas entre êles — domos menores jetam para o exterior. Tem o mesmo nártex, a mesma
que se acrescentam à altivez do domo central. abside e também a mesma disposição litúrgica no côro:
As igrejas da Grécia, dos Balcãs e da Rússia geralmen- o synthronon, o altar colocado entre os dois tronos la-
te são baseadas neste tipo que, tratado às vêzes em grande terais, a balaustrada e o ambom estão em posições quase
escala, foi com certas variações o tipo de construção mais idênticas. Eram as exigências litúrgicas que tinham de
comum nos sécs. XI, XII e XIII, e mesmo posteriormente. ser atendidas no primeiro exemplo. Mas desta vez a in-
Entre os muitos exemplos em Constantinopla está Zeirek terseção da nave e transepto é coberta por uma cúpula,
Cami (Igreja de Cristo Pantocrator) e na Grécia, a igreja apoiada em pilares a cada lado da abside e no extremo
45 menor em Hosios Lukas em Fócida e a pequena Metro- da colunata da nave. A sustentação por trás da abside e
polis em Atenas. Também é encontrado entre as igrejas as paredes mais grossas nos ângulos das colaterais mos-
monásticas do Monte Athos e mesmo tão longe quanto tram uma preocupação no sentido de uma maior estabili-
50 em Trebizonda em Santa Sophia. dade.
Quando uma dessas igrejas tem suportes suficientemen- As colunatas terminam nos pilares: não continuam no
te leves e arcos abertos, o espectador encontra-se num transepto, formando, assim uma grande área de espaço,
recinto de aspecto quase basilical, com nave central e com altas abóbadas de berço — cilíndricas — nos braços
colaterais, não importando a forma do teto. Às vêzes do transepto e o domo central, que alcançava uma altura
tem-se a impressão de estar num único recinto sustentado, de 34 metros. A intenção é clara: a abside e os braços do
mas não dividido pelas colunas, e terminando muma transepto controlavam em três lados a pressão da cúpula.
abside. Poder-se-ia esperar uma outra solução simples no lado
ocidental quadrado central: mas aqui surge a necessidade
BASÍLICAS DE FILIPOS
de manter a forma da basílica — a exigência de cola-
O problema é diferente quando o arquiteto realmente terais separadas da nave central por uma colunata, e
quer preservar um tipo de planta já consagrado. Um também a necessidade de preservar uma galeria. Neste
exemplo particular ajuda-nos a compreender as profundas ponto o arquiteto teve de fazer inovações e considerou
mudanças na estrutura trazidas pelas novas técnicas e o todo de sua nave central, a área dentro das colunas,
o esfôrço imaginativo consegientemente exigido do en- como um recinto retangular, que cobriu com uma abó-
genheiro. Foram descobertas duas basílicas em Filipos na bada de arestas com 18 metros de largura e 26 metros de
vo
ss
=
JO
ll
14
ch
“4
sy
e,
ri
—
=
=
À
d
47 a,b,c, d. A Planta de(a) S. Vitale, Ravena, é praticamente de S. Vitale (c) dotou o monumento de elegância e
idêntica à da construção contemporânea de H. Serpgius leveza no alto das aberturas do octógono, efeito não obtido
e Bacchus (b), do séc. V. Os cortes indicam como o arquiteto na igreja de H. Sergius e Bacchus (d).
altura, que permanecia dominada pela cúpula principal examinar mais de perto um edifício do mesmo período:
mas ajudava a equilibrá-la, tendo sua própria estabilidade S. Vitale, em Ravena. S. Vitale, como Hagia Sergius e 41,39,48
mantida pelas abóbadas superpostas do nártex e das co- Bacchus em Constantinopla, é um caso especial. O domo
laterais. é sustentado não por um quadrado, mas por um octógono,
4bc,d A comparação das seções mostra o contraste completo marcado por oito pilares de canto, paralelos às paredes ex-
entre os dois edifícios. A basílica anterior com sua longa ternas, que suportam oito arcos elevados. ÉÊstes oito arcos
colunata de dois andares deve ter sido de aspecto agra- são as aberturas de oito meias-cúpulas, que assim su-
dável, e talvez até majestoso. Mas nada tinha de com- portam a cúpula central. Os arcos, por sua vez, não são
parável à área de espaço obtida no segundo edifício pela formados por paredes sólidas, mas por duas filas de co-
sucessão no eixo da abóbada de arestas e a cúpula. Esta lunas muito finas e arcos muito leves que proporcionam
solução, completamente nova e bem sucedida, parece, da a tôda estrutura uma aparência arejada, transparente. Estas
mesma forma, um recurso destinado a resolver um pro- meias-cúpulas são necessàriamente sustentadas por colunas,
blema particular: fidelidade à tradicional planta-baixa, em duas filas, unindo-as às fortes paredes externas. Na
que o clero certamente exigia. colateral circular formada desta forma, a colocação das
Os arquitetos de Justiniano usariam método semelhante colunas é tão complexa que tôda a planta parece estar
na igreja de Hagia Irene em Constantinopla. Haveria duas oculta; pitorescas perspectivas são criadas acrescentando
cúpulas sucessivas, a primeira mais baixa do que a se- um encanto inesperado a uma estrutura puramente ló-
gunda e oval em seu formato. Não haveria um transepto, gica. As diferenças entre S. Vitale e Hagia Sergius e 47a,b,c,d
e as colunatas das colaterais continuariam em direção à Bacchus mostram o quanto o arquiteto ganhou com a
abside, a cada lado da cúpula principal. Era um outro tipo acentuação da altura e pela substituição das cornijas ho-
de basílica que, por meios semelhantes, foi reinterpretado rizontais por arcadas para sustentar a galeria, e ao fazer
em um nôvo estilo. seus módulos mais delgados. Mesmo dentro de um esque-
ma exigente e altamente técnico o talento individual pode
SAN VITALE E HAGIA SOPHIA
contribuir com alguma inovação.
Podemos agora estudar a planta da obra-prima da arqui- O problema que se deparava a Antêmio de Trala e
43 tetura bizantina, Hagia Sophia (Santa Sofia) em Cons- Isidoro de Mileto, os arquitetos de Hagia Sophia, era de
tantinopla. Precisamos, para compreender sua estrutura, ordem muito maior. A tarefa que Justiniano lhes con-
48. Interior de H. Sergius e Bacchus. Constantinopla. 525.
Os robustos arcos do interior desta basílica dão a
impressão de uma vasta área, mas faltam-lhes a leveza e
a delicadeza da arquitetura de S. Vitale, em Ravena.
ferira era da maior importância. Durante a revolta Nika da cúpula do Pantheon em Roma) a 23 metros do solo e 49b
que se seguira à sua ascensão ao trono, vários edifícios colocá-la sôbre quatro arcos: o que seria o ponto mais
construídos por Constantino em sua nova capital tinham alto de uma série de abóbadas, cobrindo uma área quatro
sido destruídos e queimados pelos rebeldes: como acon- ou cinco vêzes maior.
teceu com diversas igrejas, particularmente as da Sabedo- Decidiram adotar uma planta de simetria simples. De- 49a
ria Divina (Hagia Sophia) e a da Paz Divina (Hagia sejavam construir uma basílica retangular, na qual o com-
Irene). Hagia Sophia era tanto uma catedral quanto igre- primento fôsse o dôbro da largura. Portanto, o compri-
ja do palácio, que estava situado entre a igreja e o hi- mento era suficiente para estabilizar o domo por inter-
pódromo. Era preciso que o imperador declarasse seu médio de meias-cúpulas colocadas entre os arcos laterais
poder e sua glória com um monumento que fôsse mais e consequentemente com o mesmo diâmetro da cúpula
deslumbrante do que qualquer um já visto pelos homens. principal. Cada uma destas meias-cúpulas era sustentada
Segundo a lenda, o imperador, ao entrar na catedral fi- por três outras, ao passo que em S. Vitale o apoio é feito
nalmente concluída, exclamou: “Salomão, triunfei sôbre por quatro. Duas destas eram sustentadas por duas filei-
vós”. ras de pequenas colunas. A oriental era fechada para for-
O problema técnico que se deparava aos construtores mar a abside da basílica. No lado oeste, era substituída
era de uma escala semelhante. Tinham de levantar uma por um pórtico interno. Assim o eixo principal do edi-
47 cúpula com 23 metros de diâmetro (o mesmo tamanho fício tinha cêrca de 75 metros de comprimento.
Tt
ni
y
4
e PE
a À AR
P
E ERA
En x NR
NNE
NX
ASS
ERVA
fi
a
(|
E=
ni [| n
PXENLIIO) Em OS)
ap E fl
E
:
q
[er ç
e Ê 8 e dE “E
& ZE Eai A E 3a
49 a, b. H. Sophia. 532/537. Constantinopla. E possível ver (b) A cúpula principal foi reconstruída em 588 por um
imediatamente na planta a grande área de espaço criada sobrinho de Isidoro de Mileto após um terremoto que destruiu
pela decisão dos arquitetos de manter a cúpula em seu eixo a original, de silhuêta mais achatada. A cúpula foi
principal com duas meias-cúpulas do mesmo diâmetro. reconstruída uma terceira vez depois de 989.
Os arcos dos lados esquerdo e direito da cúpula tam- | das outras. É um espaço único, não dividido por uma
bém tinham de ser sustentados: foram preenchidos por sucessão de curvas nas áreas superiores. Quando a luz 50
uma parede lateral de uma basílica, composta de uma inunda o esplêndido interior as magníficas paredes de 48
fileira de cinco colunas de pórfiro, suportando uma ga- mármore, as colunas de pórfiro e o ouro dos mosaicos
leria com mais cinco colunas que sustentavam uma cor- realçam sua majestade.
nija sob uma parede semicircular trespassada de janelas. a:
A EXTENSÃO DA INFLUÊNCIA BIZANTINA PRIMITIVA
50 Esta parede trespassada, forte como era, não suportava
completamente o pêso do grande domo: assim, enormes A arquitetura bizantina começou — ou quase — com sua
vigas internas foram colocadas contra a parede, por trás obra-prima. As edificações requeriam meios que já se
dos pilares, o que constituía apenas uma resistência es- encontravam à disposição dos arquitetos: mas os prin-
tática; quando mais tarde a cúpula foi superada, o pêso cípios utilizados de maneira tão magistral seriam usados
teve de ser aumentado e assim continuamente através da por muito tempo depois. Desde o primeiro período, e
história. Abóbadas de aresta superpostas entre os fortes dentro do domínio de influência de Constantinopla, gran-
arcos cobriam as duas naves colaterais de dois andares. de quantidade de igrejas mostraria uma excepcional ri-
Em S. Vitale as perspectivas são maravilhosas com as queza de imaginação.
abóbadas douradas aparecendo entre colunas com o céu Foi durante o renascimento macedônico que paralela-
através das árvores. Mas a impressão principal é da pró- mente à planta de cruz-no-quadrado, que já examinamos,
pria nave: quando se caminha do nártex através da porta se tornou comum um outro tipo de edificação que havia
central, vê-se a magnífica abside oriental e a cúpula prin- aparecido anteriormente na Macedônia e revivia a antiga
cipal brilhando com suas várias janelas. O observador é técnica de colocar a cúpula sôbre arcos. Foi formado um
levado a imaginar, com Paulo, o Taciturno, autor do recinto quadrado no qual a cúpula era sustentada por
sermão de inauguração, se ela não estaria suspensa aos oito pontos ao invés de quatro: os arcos das estruturas
céus por uma corrente de ouro. arcadas transformando o quadrado num octógono sôbre
Ao contrário das catedrais do Ocidente êste vasto re- os arcos principais. O desenvolvimento dos suportes in-
cinto aparentemente não é interrompido por reentrâncias, troduziu entre o recinto central e a parede externa, que
nem por colaterais; nem a surpreendente altura das abó- também era um quadrado, uma série de anexos de formas
badas parece deslocada da largura. Os anexos laterais pa- diferentes.
recem desaparecer. A largura é preservada em tôda a ex- Algumas das igrejas mais conhecidas do mundo grego
tensão do edifício; a cúpula e as duas meias-cúpulas pa- são dêste tipo, inclusive aquelas famosas por sua decora-
recem afastar as paredes ao invés de aproximá-las umas ção de mosaicos, que serão discutidas mais tarde.
de
pe
14
=
|
Mg =
Rá
|
|
N po
Led
o A
|
Ê
E
a
mo E E recria
| REST Teo na,
alça a
S0. Interior de Hagia Sophia. 532/537. Constantinopla. perfuradas dos arcos laterais são claramente visíveis
A elevada cúpula e a espaçosa abside da grande obra-prima nesta fotografia. Os medalhões árabes datam da época em que
bizantina parecem repousar numa sucessão de arcos. o prédio foi usado como mesquita.
Os pendentes sustentando a cúpula e as arcadas, e as paredes
st. A Catedral de Aghf'amar. 915/9721 Lago Van. Armênia.
A fachada oriental da igreja mostra a decoração
esculpida original, as volutas ornadas de folhagens e as
figuras em baixo-relévo. Construída para o Rei Gagik pelo
arquiteto Manuel, é um plano quadrado sustentado DOI quatro
absides, compreendidas no plano de uma cruz livre.
n
partes, o Antigo e o Nôvo Testamento, a Bíblia Cristã n
z
-
à
se k Ro ' Eis ; ) '
pp
o
|
à É =e !
4 RSRS
Cd
E Pd ninaja
a
E . : E a
E + ' Et DE Res , ad, E o alo + toe UAM
És fire a por fd Fo E oh Ega da sm E do A pd md ras TORTAS Pe Cetro nahTo AAA a
mind) cer
Ro E GRE j covers MAN BacyDuroRnB nEmênáte
Air os MAR Ad mecSARA
IRAN
Dr) ê DAREI
Tan] ERAS fa ia € aa Va
ENCERRA AA srt FF CO “eira
: Do pin idp rs Tein estes
1] = a] pras+ 52 DE mein.
AV!
Res te o a faia CAS raia ca mala o DA : RA macete À rtuada vb To cd + E TEUS A AC do mg cos AT hsEm Teen pd nani Pd me Rs eh Po A: deve aaa )
Í O asarl
Lã podas sat * UE dA GAÃ,
is e rd ae Far do
Enero pa dei fr E
ar ) :
E
nc a sam
Ha Tdr es Este
PENA
Resa atá
ENA,
A
a E ro aãs de ds dat pen DE Rema o Rea tato Targa Re os Ta veto e rã, nie PESAR AERUIO 26 ED Fa ppa g |
mia E e O PO RTAÇÃO A TÃO e o AE2 ali “el É |
E: = sd = à Lit ae TE ita a a : J
54. O Pergaminho de Josué. Séc. X. Biblioteca do Vaticano, cenas recebendo os enviados da cidade de Gibeon, por
Roma. Exemplo da ilustração de texto com figuras justapostas êle vencida, que lhe pedem ajuda contra o Rei de Jerusalém
dando impressão de continuidade. Josué é visto em duas e seus aliados. Observem-se as personificações em estilo clássico.
55. A Ascensão. 586. Miniatura dos Evangelhos de Rabula. 56. A Ascensão. Séc. XV. S7 x 38 cm. Coleção Hann,
Biblioteca Laurenziana, Florença. O efeito monumental da Pensilvânia, Novecentos anos mais tarde, a mesma composição
composição lembra a iconografia das ampullae da Terra ainda é utilizada. Comparem-se especialmente os Apóstolos
Santa. A mesma disposição é encontrada em tôda a arte e os anjos, e a postura da Virgem Maria,
cristã ocidental (vide lâmina 115), exceto quanto ao
carro de Ezequiel, aqui transportando Cristo, anunciando
sua segunda vinda.
83
PINTURAS-MURAIS
di
muito maior.
lua
da '
.
hd
:
'
ht
'
&
”
E
É
i
=
- :.
o
4
á
monumental de sua técnica. A Virgem' na abside de Tor- 80
cello, uma delgada forma azul contra um céu dourado,
deve muito de seu esplendor ao próprio material de que
é feita; e o Pantocrator em Dafne também deve seu efeito 73
esmagadoramente majestoso ao material. Muitos ícones e
miniaturas extraem um efeito de magnificência de seus
fundos em ouro, o que é surpreendente em obras tão
pequenas, mas que de nenhuma forma prejudica a deli-
cadeza da expressão. Mas os mosaicistas são quase inca-
pazes de captar a vivacidade e atmosfera que chega natu-
ralmente ao pintor de afrescos e pode ser vista no traba-
lho de alguns miniaturistas.
Todo artista deve usar sua própria técnica, ser guiado
pelas qualidades de seu material e escolher o efeito que
deseja obter com os meios à sua disposição. Mas pode
também abusar dêstes meios, ou traí-los. Há muitos mo-
saicistas que tentavam esconder o fato de estarem justa-
pondo cubos e procuravam pintar com os cubos. Também
há pintores de afrescos que cobriam suas paredes com
falsos mosaicos, como se a escolha de seu método esti-
vesse simplesmente ligada a um desejo de economia.
É possível que as diferenças de estilo que estamos ten-
tando estabelecer coincidam com uma diferença de téc-
nica: que o mosaico e o ícone fôssem naturalmente uma
forma mais oriental, o afrêsco e a miniatura mais helenis-
ticos. O gôsto pessoal de um artista é afetado não neces-
sariamente pela escolha de algo que apresente maior faci-
lidade mas por sua escola e período e pelos próprios sen-
timentos religiosos e artísticos que êle deseja expressar.
Este conflito, e alternação, esta mistura de duas corren-
om , tes estilísticas é universal — o que só recentem ente foi
S8. S. Sérgio. Séc. VI. Mosaico. Igreja de S. Demétrio, seslvel tercobe d fot ar ae forrar
Salonica. Os pilares da igreja foram decorados com ex-votos, P j ER É quam o as ENCEATIAS: GH POLE ai gs
doados pelos fiéis, retratando S. Demétrio e outros santos. possíveis comparações válidas entre obras que, distantes
Os mosaicos são em estilo oriental, estritamente frontais, pelo lugar de origem, são de impressionante semelhança
excluindo assim todo relêvo. em seus esquemas.
À
A
A
:
A
E]
o!
E.
Ê
k
a
E E
”
sá
Fr
= SREaRE
d
E
q
si
-
E ASS
ki
=
d:
J
ba
(O
Lg
ir
Ea bed
Ema
E a E
À
Pa)
da
=
é
das
É
Teo
e
EA
e
E
mil
ê
E
-R
La
po
Ra SAP :
E.
=
o
a
Da
4
E
e
ndo
Eu
eq
ae
Ea
+
id:"3
=
d
a
E]
|
mia,
E ql sm
EA
ú
tara t
a
o
Dr
a
Ã,
e)
EA
Er
E
a
At
Es
nor
p
era Te
nte
aid
E
[|
+
=
mi
E
ha
diques
mal
"
ed
PRF?
F
=
o
N
ph
qr e]
rs
a
=
3
A
>
rr
ias NR
É
a
mm
Pu
E
met
a
1:
- go
St,
as
Ls
RPA
“
=
q
=
A,
o
PPT
MTE:
aa
pn
59. Os Três Pais da Igreja. Séc. XII. Mosaico. Cappella séc. XII com os traços faciais estabelecidos pela tradição
Palatina, Palermo. Sicília. S. Gregório, S. Basílio e S. João (vide S. João Crisóstomo, lâmina 69).
Crisóstomo estão representados neste mosaico siciliano do
Neste campo os julgamentos de valor são perigosamen- sições mais simples como a cena da fileira de apóstolos
te subjetivos: um crítico sensível à arte decorativa, e que no Apocalipse de Kahrie Cami.
tente considerar as obras no cenário para o qual foram No meio de tantas obras, abrangendo nada menos de
concebidas, olhando-as da distância e ângulo certo, terá setecentos anos, estas observações ajudam-nos a sentir as
uma preferência natural por um estilo vigoroso, simplifi- ' semelhanças e as diferenças: a reconhecer em cada ocasião
cado e contudo sutil, que se mescle à arquitetura; êle se o que deriva de uma tradição e o que deriva de outra,
À 70,81 sentirá bem em Hosios Lukas (Mosteiro de S. Lucas) e a discernir em que momento intervieram a própria per-
ou mesmo em Monreale. Tratando-se de um crítico que sonalidade do artista, a expressão de seu próprio gôsto
seja atraído pela atmosfera, que julga cada composição e de sua sensibilidade.
por seus próprios méritos absorvendo o encanto das pai- ICONOCLASMO
sagens e os sentimentos expressos pelas figuras, sua pre-
Para explicar qualquer pintura bizantina é preciso consi-
ferência se inclinará para as obras helenísticas — os afres-
85,86 cos em Nerezi ou Boiana, onde será influenciado pelos
derar antes de mais nada a iconografia e a dualidade da
costumes estéticos adquiridos em contato com as pintu- inspiração do pintor. Finalmente, um importante fato his-
| | tórico não deve ser esquecido: durante uns cem anos a
ras de Pompéia, da Renascença Italiana.
as página s de um livro sóbre pintura bizan- arte figurativa foi declarada um anátema. Esta época é
Ao folhear
conhecida como a crise da iconoclastia. .
tina, o observador é atingido por êste intercâmbio de
estáticas Poucas provas artísticas desta crise foram conservadas.
59 estilo. As fileiras de santos ou de anjos e as cenas
Foram destruídos não só os textos oficiais dos impera-
da coroação do Imperador ou da Crucificação são alter-
os vastos movim entos da Trans figur ação ou da dores iconoclastas, mas também tôdas as obras de arte
nadas com
ao Limbo . Um exame mais detido mostra a orga- que tinham sido produzidas segundo os princípios do ico-
Descida
assumindo o contrôle das noclasmo. Pelo que sabemos, o iconoclasmo começou com
nização do estilo monumental
como na Natividade de Martorana, em uma intervenção de Leão III, o Isauriano, em 726, orde-
cenas complexas,
Palermo, ou infiltrando uma vibração de vida em compo- nando que fôsse destruída a imagem de Cristo em frente
0
E |
!
PTE
TI” pps
pr cast upa
ps pI
seas Tg aja TO
pau mbpeTr e ds fas
Bope e
fo TDT Er | per Has prto p ND nonp Rafs dany:
o Mir NI ea FO Aa TICO Pa pá MOL Me a
TATA ATT ULh, fe pe wasou pump de: Meta
Topo, naus [ese Kuouytupop
SUR Dasp de Tetra Ava
eme cru pd fauno imita ei
h ER certa dar ramedas erro fuer
eps, LC AGA Rive fu Tua
Poerprrude oxirp Ace:
RE 10 dP Ba ques ausreay
MENTES meu Tap po oO pá cuia
Test Te TRETU ri aada | Rg
Mespé murro Depop Lupo: xou
l é Du po CTNCAPYME OU Ke
fo apo uare
k dire
pépu: apa
evo ja puxesagas
| Tisp eySummaGPFa e aires
«au tono) Jertrosperp murpabjcs
“o. ER
60. Agonia no Jardim. 1295. Pintura sóbre rebôco. Igreja 1. Destruição dos Ícones. Séc. XI. Saltério de Chludov,
de Santa Maria Peribleptos, Ochrid, Macedônia. Museu Histórico do Estado, Moscou. Livro de salmos,
Composição tradicional, mostrando Cristo três vêzes: duas contém ilustrações marginais, onde as miniaturas livremente
rezando, na presença dos anjos, e uma terceira vez, vindo desenhadas não estão emolduradas. A crucificação é
despertar os Apóstolos. O grupo de Apóstolos é apresentada com dois iconoclastas (à esquerda) cobrindo.
surpreendentemente variado e expressivo, Afrêsco assinado um ícone de Cristo com cal.
por Michael e Eutychios.
do Portão de Bronze do palácio imperial substituindo-a dos Concílios da Igreja, que naturalmente apoiavam as
por uma cruz. À inscrição colocada sob a cruz explicava decisões dos imperadores. A principal fonte de conflito
que o Imperador preferia um símbolo que representasse residia nas diferenças entre os imperadores e os diversos
Cristo ao invés de uma imagem muda e sem vida. Esta candidatos à sucessão. O restabelecimento final das ima-
luta entre os que apoiavam o simbolismo e os favoráveis gens, em 843, foi obra da espôsa do Imperador iconoclasta
ao antropomorfismo nas imagens já ocorrera na Igreja, Teófilo, a Imperatriz Teodora, agindo por seu filho Mi-
retornando neste período com uma violência não conhe- guel III. A nova fase se inicia com a restauração da
cida anteriormente, talvez por influência judaica ou, mais imagem de Cristo nos portões do palácio. A crise termi-
provavelmente, pelo exemplo dos muçulmanos. A relu- nava onde começara: tudo que restava era alterar mais
tância muçulmana de criar representações de sêres vivos uma vez a decoração das igrejas — Hagia Sophia em
nos lugares de oração, por mêdo da idolatria, trouxe como Constantinopla, por exemplo. O acontecimento ainda é
resultado a criação de uma arte decorativa, à qual edifí- celebrado na Igreja Oriental como um triunfo da orto-
cios como o Domo da Pedra, construído pelo califa omía- doxia. As miniaturas do Saltério (Livro de Salmos) de
da Abd al-Malik em Jerusalém, em 691, devem sua ex- Chludov faz uma série de alusões pitorescas aos aconte- 61
traordinária beleza. O édito iconoclasta de Yazid II, em cimentos dêste período.
721, causara a destruição em grande escala de imagens, Êste intervalo dramático e o desaparecimento de duas
inclusive de símbolos cristãos, nas igrejas da Palestina. séries de obras de arte não interromperam o desenvolvi-
E nem todos os cristãos, nem mesmo os bispos, eram mento da arte bizantina, como seria de esperar. Nota-se
insensíveis à acusação de idolatria. Muitos sentiam-se infe- contudo uma renovação nas relações entre a arte religiosa
riorizados diante daquela busca de pureza, particularmente e a arte imperial, cujo desenvolvimento até ali tivera
nas províncias orientais da Ásia Menor, onde 1esidia o rumos próprios com empréstimos ocasionais de uma a
apoio principal da dinastia isauriana, outra arte mas sem que houvesse uma mescla sistemática
A crise que se prolongaria com dramáticos altos e das duas. Mas os soberanos posteriores ao iconoclasmo
baixos, por mais de cem anos, causou a destruição de insistiriam em relacionar o Imperador a Cristo e seus
inumeráveis obras de arte, tanto em igrejas quanto em santos. O resultado foi tôda uma série de imagens que
outros edifícios. Isto explica os lapsos de nossa informa- expressavam claramente a natureza de uma monarquia
ção quanto à arte cristã oriental, anterior ao século IX. teocrática cuja autoridade procedia diretamente de Deus
O apoio dado pelos papas aos bispos favoráveis às ima- — que a havia investido, ao passo que a própria arte reli-
gens trouxe finalmente uma nova mudança na política giosa parece ter voltado às suas antigas tradições.
O Oadente
dd
Li É
] 'A O F
io
0. a O qo o um (er) Q
> as E oa
5 22 E S io “o
o E mos 02.3
ÚM a
vs
OU ma
Eum pe :
Los
q ds
o
w ST.
Cc É
sgsE
"U
cf2) Me
“og
Po 3
So
O 0
E
Sw o
7 Õ
Os oe o
o qo. o “o = a
n
O As EE
Ug
os
mt
os
“a
EO
ma no
ga
om Ts UI ko Siga O 2 o & E hm à TE esa
SD ETVoO ESTO > ESDOTVISE XE Si
EE SEDOUNoEEE TEDOOELE
GOA «gas
<LcES orTENDBO OS Ês sou oo, “ud o
esspesSich,ãão
ay = "5 RL qu” Glogicsa
= v E GEsEEgOLS pd - 8 ama
- = y Sa w U pese “ú v ,. O cas fls 49 a
ADE — scoshasakh ESo LBELEUE
e EDOT
STLLsSAS Sa ane
g É
So
E
Lo.
SS
E
GEsgo
Pa
Estilo
2 o E É Es
dj n Eis Sa o
PBSEESS
vo Soo v AE
brleçõia
O E Se da o E
uv qossêTDOoOSsS é os “3 “300202753
SE gets tSos ss Los Ecêsso ESDLLoçs
ES 3 EESMESA
SSSEgRSgSSL
Saga
EE
ESA VET Dis
PRESS
To Sa
Eq Do.
DOLPSAHUS
AS.
O
LTAS
a
1 6G“ESoEETCaDAD. “O gauOAa CSSIDEEXS
Ss ISS
Alcool ECEVETECLO
dhRaAEDOEET nora
ATORES DIAS qÊs
nasSs OT |
ESE
de
a des al
Pci ;
pia Ben Eiao, aaa : tc haja Ee A O à
PS SUR a es
E > Rev
Ed
pr e glad dr
Eee bp Eee 17
PR: a
f e Ei
F a t Ei É ! , o E Ds mi df oil q !
a = : " ni i o É , i 4 , =
=. + E
Ê Es | »
2 :
E
nes
a
Voasi
ad, + " m Msa; Po tm
1 ga E”
z Ê a
ARA “a Sp PR FE RSS nr, AU cade pot, PT e padre dj Rs Sa
Tor AS j AD =p Ro rei - A a + dp A re ' t + TELA
pe os - e il Ti + o om ge Ea La og pt nt SR = re, a dis E
mia ]
a ps Pasht) ; ali o E E
pa ê + 4
a q
+ debirtriol + it i
vê Ed DE aaa Aga ria
de Teo Lodo
: tm mg ee rage Pd a aero ar
iate SE ' h , F | " For E DM di E ) 4 PER EA Mera ê TETE SA
7 ES ema E ALI
T k 1 bei ab q Da
r À R de
= a E hi ê rio i
po MS toa
, Lar a à P - 1 Tt “ma is -
“me EE Et aaee E ” pe Maite Pepe a p= is =
E +
, o De ago Tm. O o
Ei ,* h À um | 1 om
'
a
Y = A
- * » E : l Pr a dr
a
=”
iz Edy
E =» cp = qa = dá
apl TALE gre
Pe qua Er lei pe
. - atm lg,
AaChpes
Ep pa
WE (e k
Erê poha,
ep ph TER er
rd Oa Edo
E te
Pao
r
<s qsrt ad À Mo À po,
Pro a
A a K Sai É
=, e h nm
Ri ER ay a
É
nb! “
MN a o o
E
O|
IR
a pasa, fanep o o 0] ppp -
"Nhj 41 udÉ
”
+ E f E A »
j ” *
er jd
“>
E
Rs & +
r,
a
: ol a
1 Í
od
Bl:
e res
MDA e ERAS « rh
A terei TP TRE
ep O o a
ia mm
|
Dre 07]
h
ul in
e “e Rr: ,
ERR SS Th DD di] o | el o
a FE o ú = as e) a
NORTE Ri
E E E e
CS
Enom
caro da vdraddoPaao À E
= d
a
E
|
ia
1
na
n
e ie] las sp e Dis ond
E" : &
a
ma o MM A Ni
MDA dr
do 0d
E
4 e DD a
E ju a o
É pm a
a
a o
ERR
p=
4 ; a a E tal ia E ni =
NA aà ) A
PRADR PRN A
Pa A SS.
SAAP E 4
q c
eoq cao ir “qua
m
di e
]
ap E 4 A
ER Dr pr be fe e
hz do RA wa
go E E É a dr a] E
Si? Ts
RT
'
S3 (página anterior). Trono de Carlos 54 (em cima). A Arca da Aliança,
Magno. Séc. IX. Placas de mármore. 799/818. Mosaico. Abside do Oratório
Aachen (Aix la Chapelle), Alemanha. O em Germigny des Prés. Um dos
trono está situado na tribuna, ou poucos mosaicos sobreviventes da época
galeria, no extremo oeste da capela de Carlos Magno; nêle há traços do
octogonal do palácio, construído para espírito bizantino, especialmente nos
celebrar a grandeza do Imperador do anjos maiores, o que pode ser um
Ocidente. De frente para o altar, o resultado da influência italiana. O
trono foi usado para as coroações pequeno oratório foi construído por
imperiais durante a Idade Média. Theodulf, Bispo de Orleans e Abade de
St. Benoit-sur-Loire, uma das figuras
mais notáveis da côrte de Carlos Magno.
art Ric
a 47 = rd mts
uz A do EE
O ao
Erro
RR
e
A
po. Re,
es
E
— es a a É. Rara
55 (página anterior). A Viagem para 56 (em cima). Santo Estêvão ante o 57 (embaixo). O apedrejamento de Santo
Belém. Séc. X. Pintura sôbre rebôco. Sumo Sacerdote. Séc. IX. Pintura sôbre Estêvão. Terceira cena na capela
Santa Maria em Castelseprio, Norte da rebôco. Cripta da Igreja de St. Germain lateral de St. Germain, Auxerre. O
Itália. Êstes afrescos parecem ser o em Auxerre, França. Os afrescos na Diácono volta-se para rezar em direção
trabalho de pintores gregos de pequena capela lateral dedicada a Santo à Mão de Deus enquanto é apedrejado
Constantinopla, e parecem pertencer à Estêvão representam três cenas da por dois hebreus. A porta de Jerusalém
arte da renascença macedônica. Contudo, vida do santo, Foram comparadas a é representada do lado esquerdo.
os italianos que os descobriram manuscritos mas devem ser derivações A cena é cheia de movimento e já
datam-nos do século VII. As graciosas da pintura de catacumbas ou antigos anuncia a pintura românica.
cenas cobrem as paredes de uma mosaicos de Roma.
pequena capela.
S&8 (à esquerda). Livro de Durrow,
Séc. VII. 24 x 16,5 cm. Trinity College
Library, Dublim. Esta página espiral
(fo. 3v, Codex Dumarchensis) mostra o
quanto êste motivo favorito dos
miniaturistas irlandeses pôde ser
entrelaçado e desenvolvido. Aqui o
desenvolvimento é altamente original e
mostra vínculos com a arte céltica
da Irlanda do período pré-romano,
me
e
to
a: ho
BL
E
a
a
a.
E
1
O
ea
LF
E
a
-
Es
à
E
o
DO
,
jo
oo a
di
-
i
a
Fr
”
a ne
| , hd e EV E o a o O
+: 37. pira dg o a “Sa a
z
os
7
+
e E o ]
NPR (ei
a EA E Pa o tato E =<0
no
[ à a N FL NE a
ú
E aê RR A me ' e ad
R a Mmead A ta Si e Ma o it
! “A ea is cai Es
Pt sad
to
Lo
;
f ia in mamm
| Ea gg
1
]
RR al
a
pi 1 cio dr.
a
2
Ê Fi | DR) pato o Da + Et La
Dea DR fg DO a DR EM
|
4
eai
a
E
-
dna
“Tag
api
?
IA.
|
Ni
ESEC
ul
o
Fe
sy E»
id
a dá
(página anterior). São Mateus. Fins do 62 (em cima). Capa dos Evangelhos de os outros painéis representam os
61
Echternach. c. 990. Marfim, ouro símbolos dos Evangelistas e vários santos.
séc. VIII, comêço do séc. IX. 33 x 24 em.
lavrado, esmalte e pedras preciosas. O painel de marfim, primorosamente
Livro de Kells (fo. 28v), Trinity
Germanisches Nationalmuseum, esculpido, representa a Crucifixão, com
College Library, Dublim. A figura do
Nuremberg. Os manuscritos dêste e dos a cruz sustentada pela figura agachada
Apóstolo parece estar de pé, embora
ços períodos anteriores (vide figura 76) da Terra, enquanto, na parte de cima, O
esteja sentado numa cadeira de bra
geralmente tinham capas de magnífico Sol e a Lua lamentam o Cristo
que se mescla à moldura decorativa,
artesanato, O exemplo mostrado crucificado,
Da mesma forma, as dobras de suas
vado provavelmente foi feito por encomenda
vestes formam parte do desenho avi
padrões entrelaçados da viúva Rainha Theophanu,
pelos típicos
irlandeses, e as formas de animais
representada na parte de baixo, à direita;
espiralados em volta das margens,
Seu filho, Otto III, está à sua frente;
PN TEAnf,
| IRS kh FA
Ed A 4 “Y y
Pa LA Pa li
À»
a
a
mo
ni t e
E A E sf
Tl dl
ipi
, (hide a E qd E nd a
)|
|
id
63 (em cima). Cristo Abençoando, bizantinas, e o motivo do entrelaçado Magno. Biblioteca Nacional, Paris.
c. 781. Biblioteca Nacional, Paris. De um da arte irlandesa. Este manuscrito, caracteristicamente
Evangelistário encomendado ao escriba carolíngio, foi dado ao mosteiro por Luis,
Godescalc, da escola da córte de Carlos 64 (página seguinte). São Marcos o Pio, em 827. Os motivos partem
Magno. Esta página contém elementos Evangelista. Comêço do séc. IX. basicamente de fontes bizantinas, mas
derivados das antigas tradições Evangelho de St. Médard de Soissons interpretados num estilo muito livre.
romano-cristãs (vide ilustração 12) e (fo. 180v.) Escola do Palácio de Carlos
E
ea
ep k a, R
e cr ddr a A
no
E
=
Ea
|
ab
a
-
Ev
cm
"a ,
a
:
E de di
ma
mm mes
Ma e
pa o Roi
PT E
NS De É
] ig mae iatÊ E
4
ds qo o
RO
ed,
103
L qc
A
Pe
E “ k “a E '
a PAC
AAA
rd
65 (página anterior). Primeira Bíblia de
TE
ur
a
2)
Carlos, o Calvo. 851. Biblioteca Nacional.
:
e
Paris. O frontispício da Bíblia do Conde
E
“a
ESTARICA
Vivian mostra o Conde, o Abade
leigo de St. Martin de Tours (ao centro,
as
PST
E C& As
em primeiro plano), dedicando ao
Rei Carlos, o Calvo, neto de Carlos
:
DA
Magno, a Bíblia, que é carregada pelos
ds (2
monges à esquerda. A maneira solícita
| e,
e formal pela qual a Bíblia é oferecida
indica a preciosa natureza do presente.
Os detalhes arquitetônicos da moldura
são típicos das tendências clássicas
em Tours.
”
”
E
=
a
ad
-
E—
a
- F de é
o”
am
Mir
a - = ds - J a E e,
ii,
“dio r
TES TOR SORT A)
= — a e
o ad
do
68 (página anterior). A Ascensão (fragmento). Comêço
mstadt.
séc. IX. Marfim. 14 x 9,3 cm. Landesmuseum, Dar
Este fragmento de marfim, pertencente a um tríptico, foi
Carlos
executado provavelmente nas oficinas da côrte de
Magno. A Virgem e os Apóstolos formam um BIUPO
compacto apontando em direção aos céus. O Cristo,
em
transportado pelos anjos, estava sem dúvida representado
outro painel. A intensa graça e movimento dêste
trabalho transformam o esquema bizantino.
67. Bainha Céltica. Lisnacroghera
(Antrim), Irlanda. Numerosos objetos
célticos em bronze foram encontrados
na Irlanda, datando de época anterior
à conquista da Inglaterra pelos romanos,
e nos quais se encontram motivos que
mais tarde foram retomados pela arte
cristã irlandesa.
sepulcro do apóstolo da Gália foi construída no período Escócia, colonizada pelos irlandeses no século V: o que
merovíngio e redesenhada pelo Abade Fulrad sob o rei- parece ter sido resultado de um desejo de romper com
nado de Pepino, o Breve. Antes de ser concluída por tudo que lhe era caro; os monges irlandeses continuariam
Carlos Magno em 775, tinha uma planta baseada na ba- no mesmo espírito, emigrando em grupos para regiões
sílica de São Pedro, em Roma, uma basílica com uma distantes e às vêzes desoladas. Em 590, um monge cha-
nave central e duas colaterais, um transepto e uma abside mado Columban, da abadia em Bangor, partiu com doze
projetada. A capela da Abadia de Fulda tem uma planta companheiros para a Gália, estabelecendo-se finalmente
semelhante, mas com uma contra-abside, e o santuário de em Luxeuil, nos Vosges. Depois de muitas tentativas, e
São Bonifácio, o apóstolo dos germanos, desempenhava deixando na Suíça um de seus discípulos, Gall (cujo
o mesmo papel nacional. A introdução do monasticismo sepulcro iria tornar-se o local da famosa abadia), fixou-se
por St. Martin no século V criaria uma necessidade de em Bobbio, ao sul de Milão, onde morreu em 615. Pouco
esquemas mais complicados, que seriam tratados segundo depois, outro dos seus discípulos, St. Aidan, partiria de
os métodos tradicionais. Iona, estabelecendo-se em Lindisfarne, ao norte de Nor-
No que diz respeito à arquitetura, a Renascença Caro- túmbria, na costa leste, onde fundaria comunidades, tanto
língia não chegou a representar um nôvo ponto de par- ao sul como em Essex.
tida mas um florescimento de tradições. O monasticismo irlandês assim parece ter se espalhado
rapidamente pela Europa ocidental. Tinha suas próprias
A ARTE “INSULAR” regras particularmente severas e tendências teológicas pró-
prias que eram consideradas arcaicas pela cristandade ro-
No século VII a arte das Ilhas Britânicas contribuiria com mana e levaria a vários conflitos. Representava uma con-
um repertório nôvo de formas e um nôvo conceito de siderável realização intelectual; manuscritos latinos assim
decoração para tôda a Europa ocidental, o que alcançaria como irlandeses eram copiados e entre os monges havia
seu ponto mais alto na ilustração de manuscritos — que poetas, historiadores e cronistas. Logo começaram a escre-
desempenhou a maior influência no exterior. S. Columba, ver a vida de seus santos — começando com S. Columba.
nascido na Irlanda cêrca de 521, foi o fundador de um A partir de sua base em Lindisfarne, os irlandeses se
movimento cristão de grande intensidade espiritual. Agru- lançariam à conversão da Inglaterra saxônia, para onde
pando seus discípulos em mosteiros ou eremitérios, cons- já tinham ido missionários enviados por Roma. No século
tituídos de um grupo de cabanas em tôrno a uma pobre VI, por ordem de Gregório, o Grande, Agostinho esta-
capela, em Derry e em Durrow, tentava instruí-los, am- belecera-se em Canterbury (Cantuária); no séc. VII, um
pliando-lhes o conhecimento e tornando-os mais piedosos. asiático, Teodoro de Tarso, introduziu a cultura mediter-
69a,b,c Ele mesmo copiava manuscritos — e um dêles, o Cathach, rânea na Inglaterra. A êles devemos a construção das pri-
um fragmento de um livro de salmos, escrito na forma meiras igrejas de pedra na Inglaterra e, com a segunda
arcaica irlandesa de letras maiúsculas, e um dos poucos missão, todo um florescimento da arte romana, sem pa-
que sobreviveram, provavelmente é obra sua. ralelo no mundo germânico ou mesmo, naquela época,
S. Columba criou outros mosteiros na Irlanda antes de no reino franco. Essa influência é particularmente notável
se estabelecer em Iona, uma ilha distante da costa da na decoração de certas cruzes de pedra e na cópia de certos 70
manuscritos de inspiração italiana, tais como o Codex zida pela missão romana em Nortúmbria, foi que os
Amuatinus. irlandeses e seus discípulos nortumbrianos voltaram aos
O conflito entre as duas missões, que teve seu ponto de temas célticos para opor uma arte à outra.
crise com a fixação da data da Páscoa, terminaria com É certo que esta arte insular (usando-se o têrmo inten-
a nítida ascendência da organização romana sôbre a irlan- cionalmente para evitar controvérsias) está ligada, apesar
desa. Mas a atividade evangelística dos monges irlandeses de uma grande lacuna, dentro do que conhecemos a êsse
não perderia sua fôrça nem a sua originalidade. Assim, respeito, à primitiva arte céltica. Têm sido feitas várias.
em 678, Wilfred de York empreendeu a conversão da tentativas de preencher esta lacuna. Nils Aberg e Françoise
Friesland e foi seguido por Willibrord, que fundou a Henry têm enumerado esculturas ou objetos religiosos
abadia de Echternach no Luxemburgo. E foi de Friesland feitos de ouro, encontrados na Irlanda e que datam dos
que Wynfrith Boniface partiu como legado papal para sécs. VII, VI ou mesmo do séc. V — e cujos motivos
converter os germânicos. formam parte do vocabulário decorativo das armas e jóias
Na Grã-Bretanha, nos fins do século VIII, as invasões do período La Têne, isto é, anterior à chegada dos roma-
vikings tinham forçado os monges à abandonar primeiro nos na costa norte do Canal da Mancha. Incluem o escudo
em seguida lona, e depois dos terríveis mas- Battersea, ou as bainhas de espada encontradas em Lisna-
Lindisfarne,
croghera Grannog. As espirais com que estão decoradas 67
sacres a ordem retirou-se para Kells; mas logo os próprios
um também são encontradas no broche Arkakillen Grannog,
mosteiros irlandeses seriam ameaçados e destruídos, 68
ou no excelente cálice Ardagh, do século VIII. Curiosa-
após outro.
ociden- mente combinados com outros relacionados à arte copta,
Este movimento monástico difundira na Europa
das êstes motivos formam a própria base da iluminura insular.
tal uma arte da mais alta qualidade e bem diversa
Sua orig em ofer ece cont rové rsia s. Pare ce natural Parece notável que já possam ser encontrados em forma
outr as.
a arte embrionária em tôrno de algumas iniciais do Cathach. O 69a,b,c
que os monges irlandeses tivessem levado consigo
provar que que é mais surpreendente nos manuscritos mais decora-
irlandesa: contudo, certos estudiosos tentaram
s manu scri tos orig inár ios da Irla nda — o pri- dos é que, apesar de alusões à arte cristã do Egito, há
os prim eiro
o Cath ach de S. Col umb a — são carentes de uma ausência da própria tradição romana. Essa arte,
meir o foi
poucas concebida fora da influência das comunidades roma-
decoração mais preciosa, consistindo apenas de
grá- nizadas da Grã-Bretanha, decora a grande maioria dos
694,b,c iniciais em maiúsculas, levando a desenvolvimentos
o manuscritos escritos em irlandês; e mesmo se sua origem
ficos muito simples. Acreditam que a austeridade do sant
is- não fôsse de todo irlandesa era a arte dos mosteiros da
se opunha ao luxo da decoração, e que só em Lind
quando entraram em contato com à arte introdu- Irlanda.
farne,
| Li
F
Ê ' e
e Aú "
e f a
E: nd F O
E ND ME
E
de EN: , , : =
PD o MAS PA A a a e e dr
o pa E Pç
E. dyfe rod É =.
EEN ) at4 ça E
' » à
69 a, b, c. Iniciais do Cathach de St. Columba. Séc. VI. 70. A cruz de Bewcastle, Sécs. VII e VIII.
A fusão de
Academia Real Irlandesa, Irlanda. As iniciais dêste figuras ornamentais bárbaras e do tema dos
rolos de vinhas
manuscrito são de esplêndida qualidade gráfica. Procedem pode ser vista nesta antiga cruz nortumbr
iana. Motivos
das tradições célticas e anunciam as miniaturas irlandesas. similares são encontrados nos manuscri
tos irlandeses.
ae, e
Ea 1,
E
E. Mio
“q
| NO 7
me
| Qdidmad
k
»
| 1
im
E
qm: ai
a na [O]
1 EA
E :
Eis,
a
Ne EN.
7 í Falo!
Es
LF
71. St. Matthew. Séc. VII. 24 x 16,5 cm. Biblioteca do 72. Os Quatro Evangelistas. Fins do séc. VIII. 32 x 24 cm.
Trinity College, Dublim. O trabalho em faixas pode ser Livro de Kells. Biblioteca do Trinity College, Dublim. Os
visto novamente nesta página do Livro de Durrow, e o símbolos dos evangelistas são tratados como motivos
símbolo simplificado do Evangelista está ornamentado com heráldicos numa interpretação gráfica completamente
um motivo do tipo de mosaico também encontrado em livre. A moldura dividida em faixas permite grande variação
algumas das páginas alfombradas dêste manuscrito de motivos em espiral e entrelaçados. Os motivos não são
(vide lâminas 58 e 59). | sempre repetições exatas.
MANUSCRITOS IRLANDESES no, tão inexpressivo, tão prêso dentro de sua moldura,
simbolizando São Mateus no livro de Evangelhos de 71
Esta arte se constitui de elementos geométricos e temas Durrow, seria tomado no movimento do desenho no Livro
não figurativos — a decoração geométrica existia na de Kells. Não há apenas uma rejeição do espaço, mas o 60,61
arte mediterrânea dos períodos romano e cristão, mas era desenho gráfico substitui a forma externa. 72
uma decoração que emoldurava figuras, cenas ou fazia Mas as páginas manuscritas, apesar de completamente
parte de um mosaico de piso: nunca elaborada por si. Na dominadas por estas volutas, são extremamente variadas.
arte insular, por outro lado, o motivo domina tôda uma A forma das iniciais maiúsculas, a importância dada às
página: como prova disto, basta ver a primeira página linhas da escrita, as molduras que repentinamente surgem
do Livro de Durrow, que é de um intrincádo elaborado, na decoração, as formas decorativas às vêzes simétricas,
estranho à arte mediterrânea. A supressão quase total da às vêzes espontâneas, a magnificência das côres, que são
linha reta e do ângulo reto dentre os motivos dá às faixas tão ricas e arbitrárias quanto nos esmaltes, tudo isto
e margens a aparência de fitas que tendem a invadir todo contribui para uma impressão de exuberante imaginação
o espaço disponível, o que pode ser visto imediatamente — algo por demais vertiginoso para um artista mediter-
nas grandes iniciais. | râneo. Essa arte da Irlanda, que há apenas cingiienta anos
Quando motivos tomados do mundo animal são introdu- atrás era considerada como obra de bárbaros, é agora
zidos nesta decoração, parecem ser completamente envol- apreciada como uma surpreendente expressão da fé
vidos na dinâmica geral. Como foi visto, essa tendência cristã.
existia na arte dos povos nômades; e aparecera também
A RENASCENÇA CAROLÍNGIA
58,59 nas iniciais italianas. Em uma página do Livro de Durrow,
dificilmente é possível identificar cabeças ou patas no fim A Renascença Carolíngia não é mais considerada como
ou comêço das volutas; ou mesmo quando o rosto huma- uma iluminação repentina causada pelo gênio e autori-
i
|
|
J
I
|
|
I
JE -
pi ' at YA
a ema TOIT=— uam
dade de Carlos Magno, apesar de ser tentadora a idéia origem de sua planta: um octógono muito alto, com um
de atribuir ao imperador franco um papel no Ocidente deambulatório. Pela planta octogonal e também por suas 73a
comparável aquele de Constantino ou Justiniano. Carlos colunas superpostas, lembra S. Vitale em Ravena. Mas é 39
Magno fôra a Ravena em 786 e a Roma no ano 800, e preciso examiná-la mais detidamente. A planta é bâsica-
certamente sonhava com gloriosos precedentes como Roma, mente simples e, como sua construção de grandes pedras, 73b
Bizâncio e Ravena quando decidiu criar uma residência é romana. Particularmente surpreendente é a firmeza, espa-
permanente para si em Aachen, uma pequena estação de ço e “altura do octógono interior — não apenas uma
águas numa região agrícola. Cercava-se de germanos que ambiciosa e hábil articulação de uma complexa e sutil
sempre ocupavam os postos de comando militar ou, como construção de pilastras. É uma questão de fôrça, não de
Eginhard, estavam encarregados da administração, mas leveza: em cima os arcos possuem um vão curto; os
capi-
tinha também assessóres estrangeiros. Alcuim, nascido em téis parecem romanos e não são coroados pela imposta
Yorkshire em 786, adquirira tal reputação por seus conhe- bizantina — uma almofada piramidal muito característi
ca
cimentos que o Imperador convidou-o para Aachen con- — mas por partes de uma arquitrave no estil
o romano.
fiando-lhe a tarefa de fazer reviver.a arte e as ciências. A interação das abóbadas parece uma série de
improvi-
Seu papel na organização das escolas, a Academia e a sações, particularmente a descaída da
abóbada de berço
capela do palácio, onde os manuscritos eram copiados, da galeria. Fundamentado em uma tradição
romana, com
foi de importância decisiva; graças à sua ação vigorosa alguma idéia talvez da compartimentização
bizantina, o
as influências artísticas insulares foram mantidas vivas na arquiteto teve de inventar suas próprias
fórmulas, sempre
côrte. Permaneceram estranhamente subordinadas, porque que sua experiência não lhe fornecia uma
solução: uma
em Aachen também havia provençais, Iombardos, roma- altura considerável, que de alguma forma
é oculta exte-
nos, sicilianos, gregos e gregos bizantinos — além de ára- riormente pela expansão do telhado da
galeria sob a lan- 73c
bes e judeus. Nesta córte cosmopolita, à qual o monarca terna da cúpula mas que parece surpre
endentemente ma-
confiava a proteção à cultura, arte e educação, foi dada jJestosa no interior.
a certos homens a tarefa de transcrever os textos litúrgi- A capela do palácio em Aachen lembra-nos mai
cos e sagrados em um nôvo estilo de escrita, a minúscula s S. Lo-
renzo em Milão — e os desenvolvimentos ma
carolíngia, e de ilustrá-los. Havia ourives e construtores —
is estrita- 49
e era necessário fundir tôdas as diferentes tradições.
53 Além de sua própria beleza, a capela do palácio em certa austeridade majestosa, que se devem à
Aachen tem importância fundamental pelo problema da altura e soli-
dez das juntas, e ao caráter mais decorativo
do que cons-
Il nE
E
E
E gi -
SS sp ITA] im a e E SA rir
Je Ve TADANE diasRD RS RT NT
-
ata Peg E e TSE Ds dd
o
NR PA
74. Pavilhão de entrada para o mosteiro de Lorsch. 75. Tôrre da igreja paroquial de Earl's Barton. Séc. X.
c. 830, Alemanha. Encantadora decoração composta Northamptonshire. Tipo pouco usual de decoração; as
de uma série de colunatas, uma sôbre a outra, e uma tradições locais interpretam a arte carolíngia de
fachada policrômica. forma original.
trutivo da colunata interior. Em Aachen não há suporte Earl's Barton, com a decoração dos arcos angulares — 75
externo definido, mas um desenvolvimento original basea- êstes exemplos mostram que com respeito a elevações e
do em formas tradicionais, bem conhecidas no Ocidente. fachadas havia arquitetos de vigorosa imaginação.
Basta o exemplo do Domo da Pedra, construído em Jeru- PINTURAS MURAIS E MOSAICOS
salém, em 691, pelo califa Abd al-Malik, e baseado numa
[6 planta similar copiada da igreja da Ascensão no Monte As construções ocidentais do século V, como aquelas do
das Oliveiras, para sentirmos o abismo que separa os dois século IX, tinham sido decoradas em côres — por afrescos
mundos: a diferença entre o quiosque — todo aera- e mosaicos. Infelizmente êstes sofreram mais do que os
ção, côr e luz — e esta tórre -alta, ambiciosa e sombria. edifícios, e os poucos fragmentos autênticos que sobrevi-
Em nenhuma outra edificação carolíngia é encontrada veram em cada província tornaram-se por essa razão muito
a mesma ousadia: mas seus arquitetos mostrariam a mes- mais valiosos. Nota-se com alguma surprêsa que perten-
ma mestria. Jean Hubert descobriu as simples regras geo- cem a tradições diversas, tanto que às vêzes é difícil acre-
métricas nas quais êsse trabalho foi baseado: o triângulo ditar que pertençam ao mesmo período. Na Itália, natu-
equilátero. O palácio de Carlos Magno em Aachen, os ralmente, a tradição romana ainda era dominante. Suas
mosteiros como St. Gall (820) ou St. Riquier
(890) tendências iconográficas e técnica pictórica podem derivar
davam oportunidade a vastas € ordenadas concepções ar- dos mosaicos de Sta. Maria Maggiore, que data de 432-40.
Estas tendências e técnicas reaparecem mais tarde, por 22,23
quitetônicas, nas quais havia perspectivas de desenvolvi-
para volta de 470, em Milão, nas capelas ligadas a S. Lorenzo 24,25
mento de novas técnicas e novas formas. Voltavam-se
quando havia necessid ade de modelos. Depois da ou St. Ambrogio. Um gôsto pelo movimento, pelo grande
Roma
de São Pedro, número de figuras e cenas complicadas dá a êstes quadros 49,50
grande igreja da abadia de Fulda, a planta
de Roma, nada perdeu do seu prestígio. Reaparece, com uma certa vitalidade divertida, quase popular. As figuras
variações, em Hersfeld (980), Tours (995) e em St. Remi individuais perderam seu pêso e relévo, mas contrária-
Rheims (1000). As edificações dos séculos IX e X mente ao que frequentemente acontece na arte bizantina,
em
muito há em suas atitudes e traços faciais uma liberdade de
que sobreviveram até nossa época são certamente
diferentes entre si. A surpreendente fachada da abadia expressão que lhes confere personalidade. Estas tendências
de Corvey, na Alemanha (822), esbelta, achatada, avivada permanecem dominantes do século VI ao VIII nos peque-
tórres e altas galerias estreitas e marcheta das, a nos santuários romanos.
por suas
requintada fachada policrômica do portal do mosteiro de Contudo, numa pequena capela do século IX, em Castel-
74 Lorsch (princípio do séc. VIII); a tôrre quadrada de seprio, na Lombardia, descobrem-se afrescos que são ver- 55
dadeiramente bizantinos. Mostram grande encanto no jeito
pelo qual representam, através da côr, os caracteres da
tradição iconográfica. Podem ter sido pintados por um
ocidental, mas certamente por alguém que aprendeu dire-
tamente no Oriente. As influências bizantinas também são
encontradas em Cividale; mas muito mais ao norte, entre
Milão e o Tirol, mais uma vez encontram-se tradições
romanas: o surpreendente ciclo que cobre as paredes da
capela em Mustair, nos Grisons, com uma série de cenas
FIG? EST)
do Antigo e do Nôvo Testamento e um Juízo Final,
ec
mantém a aparência de uma obra ocidental tanto em seu
colorido (rosa e ocre) quanto na composição da cena.
qa
Rê
Aa
As duas decorações em Mustair e em Castelseprio são
E
quase contemporâneas e datam de período imediatamente
posterior à Renascença Carolíngia.
Entre as obras produzidas por esta renascença encon-
tram-se as mesmas disparidades entre as diversas edifi-
cações, quer seja dentro de uma mesma região ou de uma
região para outra. Como no Oriente, havia uma tendência
para a hostilidade aos ícones entre o clero franco dos
sécs. VIII e IX que resultou em Lorsch, na Alemanha,
76. Cristo e os Símbolos dos Evangelistas. Séc. VII. Os e em Oviedo, na Espanha, em uma decoração arquitetôni-
Evangelhos de Echternach (Cod. 61, fo. IV). Tesouro ca, por exemplo, em que as paredes eram divididas em
da Catedral. Trier, Alemanha. Os motivos em faixas dos painéis geométricos, ou pintadas em cenas de arquitetura
manuscritos irlandeses são evidentes nesta miniatura do fantástica. Subjacente a estas obras estava a forte tradição
famoso livro de Evangellhos do séc. VII, trazido para romana da decoração mural em mármore esculpido.
a Abadia de Echternach por monges irlandeses. Os símbolos
Em outros lugares os mosaicos permanecem figurativos:
estão pintados de maneira simplificada e estilizada,
na cúpula da capela em Aachen os velhos do Apocalipse
andam em procissão em tôrno ao Cristo triunfante —
77. St. Matthew. c. 750, 39 x 32 cm. Codex Aureus
um motivo criado no século IV em S. Paolo fuori le
(Evangelho) fo. 9v, Kungl-Biblioteka, Estocolmo. Esta
miniatura é uma obra-prima da arte monástica anglo-saxônica Mura, em Roma. Em Germigny des Prés, não muito dis-
de inspiração clássica. Em outras páginas do manuscrito, tante de sua abadia de Saint-Benoit-sur-Loire, Theodulf, 54
pintado em Canterbury, há um arranjo de ornatos em faixas bispo de Orléans, e amigo de Carlos Magno, escolheu
em estilo tipicamente insular. uma complicada decoração numa tradição clássica. Sabe-
mos, pelos textos, que representava personificações das
sete artes liberais e das quatro estações. Restam poucos
fragmentos da decoração floral — palmas e volutas foliá-
ceas — que parece ter sido afetada por influências islã-
micas, talvez procedentes dos castelos omíadas da Espa-
nha. Também há dois anjos alados sôbre uma arca deco-
rada com querubins. Talvez o grupo todo estivesse des-
tinado a representar o Paraíso.
Os afrescos de St. Germain d'Auxerre representam de
forma surpreendentemente intensa o apedrejamento de
S. Estêvão e outras cenas tiradas dos Atos dos Apóstolos. 56,57
Também havia figuras de bispos e papas de pé sôbre pe-
(Continqa na pág. 129)
|
al
—
7 io
VALIA
|
r ns
a
4 a
UU
E
FLIP
E Es
o
p
a
À
[
VV
a
(|
h
a a a = E, k
il tm ha
pie E 1) 44 r “ | É E Elo f k 1 “e ! É ' A Sã a
) J E 1 = do POTE o ; 1% ee E ED = ” E om E es ae P E É
É = E ' N.a E = te ST] Pei ; S & - , = a E - ki = :
E vg, & Mt j at at É = Ú ne
: E É
- F
-
E %
:-
E 4 q Ca
E
x 1 à te
A »
a À
E
. + . 3]
- ni - E z “A pe Emf : , *= oA j ; 4 :e ei : Na - gelE RÃ pm po
: +
EXO!
d
Ca sa
, É
SE
E
ra d
paia
- RR 2.
i r
F
É é:
eis EpE
RR dd
+ ,
a no
“Ee =
E É É
= rs
PRC LES ME
ur
Ss ar
-
eo fit a
am no
à - dps
Dia
a ev a ai O
g
& E
as GA q TS SE ra A gb Dias
,
ER NÇE 4
- “ a a - i 1 - or
DPS
A RSS É SO =
Po Fr E 3
ia e
e Pr ã ”
»
AE
A
À
í
Rr
y
e
á
p!
EIA
&
Rr
a.
ETA
TI
f
al
TF
b
VON
ur
Pê agiad,
PE
ty
à TITYF
“1
E
o
Jd
E
(o
IAIYUOÓOTI
Rd
Rs “ataato
1
”
E cal 4 z
4
ei
“=
>
A.
hu
Ps
:
"
TUA
D
“4
1
+.
/
b
MF /. porn
&; (ey
À,
k
O e
Rg
l
a
“a
*
ei
FERA NAEne:
UV)
f 14
E
Pr)
E Cab
ng:
“e
dispondo
EEN ps ea ESTA A mA
esp Par DS o Se
Capa EA pi er Ao E. Tia AF
114
pá mil
Ef NE
E
"2" =rr -—
rr
= == -
A —
1) arara er ifadimei
.
*
E
oeo
be jo dr)!
a. sos.
ris
NE
EM
[esses.
N U ip Eid
PR
0]
esco
N
Ml
fe
|
EI
EHT
LATE
1
4
A o+ sm
=
|1H
o
Mm
E
Ee PEGAR 1
70. Hosios Lukas. Séc. XI. Fócida,
Grécia. O Katholikon (à esquerda) foi
construído cêrca de 1020, e o Theotokos
(à direita), cêérca de 1040. Estas
magníficas igrejas do mosteiro de
Hosios Lukas (São Lucas em Stiris)
defrontam-se com um grande vale
ondulante, ao sul da estrada de Atenas a
Delfos. O Katholikon é um dos mais
belos exemplos de planta octogonal em
cruz grega. Esta vista de leste mostra a
cúpula poligonal sôbre a abside. O
Theotokos é típico da planta da
cruz-no-quadrado (vide figura 45). A
disposição decorativa dos tijolos, os
frisos, as janelas duplas, com seus arcos,
e a lanterna do domo de telhas da
igreja menor são elementos típicos das
igrejas bizantinas na parte continental
da Grécia,
71. Interior do Katholikon, Hosios
Lukas. c. 1020. Fócida, Grécia. O
espaçoso interior do octógono abobadado
e da cruz-no-quadrado é decorado em
tôdas as superfícies disponíveis. Nas
absides, a Virgem e o Menino; na cúpula,
a cena do Pentecostes, com os apóstolos
parcialmente visíveis recebendo o
Espírito Santo de um trono central
simbólico. As figuras nos pendentes são
as nações que êles evangelizaram.
eq EfsSSs eEX
ses ses
- : =. ”
- E a Da pa
ua
= E a =
Fr
CanrboSsAdgUL
'ê Õ
v DS
2, Tr Q
a
cd S q s a
MXSSHO O po
EE
ma
da SEE
S
ECOo E MS
E
o
sé & pe Ss Ega
es st
Ti o Pa
O Rea
SAGESS S s D E S E S
TRE a AN DL
SO S 30 S O E Ê S
E. >DO 8s
0 o "o
do Na a,
m 6) O 2
u E EO s o ed
Ss
Õs-
.sa
a
Ê /
S Ss SEbgal
O o be
Se BETE ÇP
A OL2E NSEESO
SR SAS. 8SoBEÊS
add un
sBES
DSG o E As
Ta
R ]
SR
Ca ED
+ ETA nais
o ASS
EESC
AUV E BeE s E Dadoss
PsELE A & pr Rim. mt a
DD IRy AR
d>
TR rt
Soo
RR
pn
mi = ni) u go)
y. =|
Esc
fa
d
dd
B
qu n
SaAss
E
RO V
Oca
sa RsEÊ SS SE
OQ
N
a] cc O
ARO ASEA
qu = a
8
oo
ESA Ot
pdoe ddx id ! ESS. E, DSO D
> SR
Bu 2
DgEg4so SEsSs A.
e
doo se[e
si Ns dE GLS
by
.nsT fem So
ES
pode
ECA or ESNSE S A S S L o E S C E
ãs Ca Sa
C a D
CdSB
ml SES SA
D ORS ES qu
"O q a
o oo
e o
s Cosas q
SG S C E R a E SE q
v
E> osã
q Õ F
deu
a r a DIST g
» ng a a n «2
E
OZ oo À E va
QU Lu Le q
ED a Bu SERS
a
Q > sz tc à
Rep C
bi
e
o
o
ec E
n n
Pale AED A TIP o Mc]
o N o SOS a a
FÃ,
|
O DL
£ 1 Ro. Ss
EV ÊE S É
Da
S8 pg
E
ao
Eu
o
Ou
5 E
E
“a
E
ga
o
a
e
eq "S
q
A 3
s
ms
SE
rm
E
ESA
MO.
ss soa. Oo so + >aa X
E ;
H mi z o ” S % n 2
SERES ni E
a a o
a Q sm 20 FA
Re; 4 RA E Op
É] E q a] "O q «Lo po are,
v)
vw Tn Õ
< a E E
Ei E a
GÊ rr
STRES
Q bp
S
sm E Q es * E Pinga
= o 4
EE
ma
SLoOST
da
AO M o RES E
A,
“E y
S q
Nero
a A Ê y
'
Rr!) AbdDAo PAS
PA TV O po
Mia ,
Ro
É
AS EA Nr R Ne ai
Ene
4
COF
eo
F
3
Ê iah
ny
nad
E
ah
E
Ao
À Eomdia
a
iv ca TEA la k É = ty eq ! mo F) 1 j A+ dee te 1 perto pn a = om on
df e o E E L Ea t ds ME
| e RAID
a = DEpd mis,
drtato
meo
1 aa
ENEPEDO DA a À r
Er E 7 F) EF k E
aa
Pato pe me o
E
FTA
É
Eos E
1
E abr!
E
ui
ve
mg
ad
É
, PA
Es
Phpeis
a
ge E
akano
q
rd
— Êo
Ea Eni Ni
dio
Ei Tor
iq
E
=
dr
Ai
ai q
"5
mi pros
Ds
À mas
ng
FÊSa
ria FR
ms
E Sem
am
'
%
TEA
vd
=
iai pu
E
,
um
E
ã
L
i F
ap
, 7 ;
ne a aero Ee
Dra o Ed
E
Pes a pe
E dela, 1 Mi
EE To RE ASen x: a oo gi
LA cj De a Mada = e E La
Pç a pe Mi E
a
t
Ê
N RR1, Ed Ca qu E 4
* po AMA
, “lute far a) d e
EE IA PE + sr
ú
NBR A e Ty
á
bis u
Cad ETA7 ÇÃ
A tio E a
"
k ET £ ) E 1 E : ; u i 4 E E o Ç f. k
a SIRI pr o a ; is pri o lo a Pi e E
E pi E) 1] My LE E Paço ago
- : r
aÃ. seja e - id da AE RT ni
A Dt
E
o k
Ls a E
Erê DR ami
do Ph, a
ai o
Ed
rã r
E
o a ani a O E af = Em
Ed RS e
pe CR
dardo
o Pi A
1 ae
pn
a! ar RT
e fon 4
cem oldé oe | ; med ' RD a E DRE EM
a e?
] A E E dA
E Ls ão EMT E
Par A dad ais
| 2
80 - Mosaico da abside,
Catedral de
Peas nie «é ra é
Torcello. Séc. XII. Torcello, Veneza. O
tema da Virgem de pé na ab 51 de dourada
conhecido de exemplos anteriores nas
igrejas de Nic éia € Salonica (atualmente
destruída) , é usado aqui com e feito
magnífico. A alta e elegante figura da
Qt
po
&
L
E
Há
o
ÕUo
És!
El
EÉs
<ES
EE
vv
O im
E
Es=
“as
Ss
O:
AR
S <EE
bs
a a
v E A o >
o
q É
cm
s
Tr
Ro
aa WU
ap
as
Ss
o
zo
DU
3
=
SA
O ag
EO o
ae]
cs
-
Ce
as
mo
og
a
TR
pa
os
E
ou
E
o
U
Ss
É
Os
Ty
> 2
Eo
EE
E
a e
ESO
S O “E
Vá
gq
a
o
E a5
E)
=
tai
as
E
OQ
Ea
U
E)
os
e
RA
E DRA
EAN
[EA ri P Fte
E
BPM
4
e PA
ARA
Pe
E
)
A a:
a
E
eta fes
aoEpi,
Las
A
A
fo
Ls
ata
SEA SER
a RE = E ade É
DO e
' a , 1 e . a e
a A , a a z a e FÊ F a s “
a 4
dg dA Hs o, Pd ma - E q1 E CM MP O O e
k j À o PER TErso DE PS RA OT o nto
DAS Ne atos nm ii
, PRE , à
e
mn
du
E
A
[
e!
a
.
B
1]
Rio. a
E
o]
CÊ
nm”
E
lo
rr
nm.
di
IT TTEP
H
:
o
Ta
dd
a
E
aa lh
E
ir yr
ad
la
“e
cai
f
=
(A
Sp
E
Ad
ma
i
É
Es
Er,A a
de
a=ti- Rd
Ad
E.
A
TRL.
E
“
q
=
do
F
oue E EaAS SARA TE Era
1%
Ea
Ee E]
Al
E]
.
|
TE
É
ESPE retas PERA GS PME :
a [e ” or o di is [a f “>
nto Deo Ly Sofa ALA, af fo E! DAS A” . |! |
er o ni ae ho e a, Fls gt
no id Mm E Es - : Tra TD A an a
a RUE
- Td Vi a ge A O Lg h Raça E o * Pg bi A LC
a x my e, mau =» a be 1 io 6 DO PT go
t TE E E te | E Pos
- Ta e bo is ,
NT DS o RS A
pd pu: k S ns CGE
TDI
ESTGpIO eaLts
a RR
VM a
PAS) ta or, . -, al o
EA Se P a
ag - Ê e axa
ARS
pa
|
" pl
ERAS
7 f
A
E
EE Ps
op TE TAM Eli aa =
ed
a da
as NHL TE O RA DElayRESO Cr! CR FP
ARE A to. a
E RPE AA
| tg '
RE e
al mg = e
NE Ra
. E
miqua;
t a à na La a. a RA
e ui L
RAÇAS o ni ph, ! ad pr da
HE Dado A a Ma RR E E
[= + Et
ea aa
diet
ap TS
aire unia
E eai
cuisine E me apro
ESTAIS ADO 2 a FE PED IT
AR
be [9
dd
mm
aa!
ad
Er gd Eu
ú
'
e
Pd RU TT e pd k
calça
o e Mies FA | ed bs RS e
ms
h ME
pd
l E NR O
a
* a
[Ti
k | Li I
ES CTLR Mp SM GITA
ap o
b
|
epa
a
'
Ae
a RA
= -
ae
Trad
Ri
cm
=
Card EE
ú u o a ei
am
.e
E
é
qa
or
A 4
Pd
P
E
*
proa
Ni
r
' b FA
em
LR
!
ds
pp,
Mi
)
e LE
a
j
a
E
k
]
CP]E
e
ug RR
rs
fd Ra
DEÉ
o
'
CP
F mecinio Ml rare ea
Ea
oE a DESSES dao
o É tp mama m e e
aa : o a = pes Aé
pi -—
a ta Es
a ai o e "ou
as a
E + A, Mi
Em ,
-— o
a
eng = - a) q
E dA
; à F ' e
Ed
f +
ao original.
ae
e Er
ço
aO ip
ae
à
que
17 EI
a
bg,
ig
DO
TES, SR 207
ESPN II RAR RR de mosaicos conservada em Kahrie
dSO a RENAS dd DEAD Cami. A riqueza dos detalhes
arquitetônicos, a mobília e a atividade
das figuras dão um efeito dramático
às cenas. Éste detalhe é particularmente
realista, com o berço preparado ao lado
esquerdo, o pai ansioso olhando, à |
direita, e a preparação para o banho
da Virgem, na extrema direita.
92. Joaquim, Ana e Maria. c. 1300 ou
1320. Mosaico. Kahrie Cami (Igreja
de Chora), Constantinopla. Os
mosaicos da abóbada mostram a mesma
preocupação com detalhes arquitetônicos.
Pela primeira vezjna arte cristã êstes
mosaicos mostram uma cena de ternura
familiar: os pais da Virgem acariciam
a pequena criança que será a
Theotokos — a mãe de Deus.
ve =
7d Ao F de +
=
Ei a
si
A
a
ae
ra
> |
” E,
]
Ad
E
[a
i
o E + o:
r E : ms x A
Rd a
= =. bi
RA
129
“o E
Eur;
had
O SLi
Assim, foi reconstituído um poderoso império: com a pro-
JM
RR
F
-
ou
Se
A fel
gressão de sua glória, sua arte teria naturalmente poderosa
a
Er,
5
o
— aE =
têm afirmado que alguns dos edifícios datam de época papel que o quadro deve desempenhar no conjunto do
anterior à crise. Entretanto, é do período macedônio que edifício.
as igrejas, talvez elas mesmas de um período anterior, Nas cúpulas descobre-se o Pantocrator, ou o Cristo da
foram decoradas com as pinturas figurativas que as tor- Ascensão, sendo carregado em sua mandorla pelos anjos
naram famosas. Há inscrições suficientes para nos permi- e, embaixo, o círculo dos apóstolos, com as cabeças ergui-
tir distinguir as datas de várias séries de obras e classi- das para o alto. Nos nichos, a Virgem e o Menino, ds
ficá-las de acôrdo: do século XI ao XIII e talvez até mais pé ou sentados. Nas lunetas — aberturas — é possível
tarde. A mais antiga consagração, em Tavchanle Kilisse, ver uma Natividade ou uma Crucificação, e depois, em lc
menciona Constantino Porfirogeneta e parece datar de margens superpostas, ciclos completos, tais como a vida da
913/20. Em tôrno dêste exemplo foi agrupada tôda uma Virgem, a Infância de Cristo, os Milagres de Cristo ou a
série de construções, particularmente entre as igrejas do Paixão. Também há vidas de santos — de S. Simeão
vale do Goreme (Qalecar Kilisse, Toqale Kilisse etc.). Stilitas em Zilve, ou Sta. Bárbara em Soghanle, os patro-
Um outro grupo, do século XI, compreende as igrejas nos das respectivas igrejas — ou séries de retratos de
colunadas do Goreme, e mostra uma crescente influência apóstolos, profetas ou bispos, também encontrados no fecho
bizantina. Com a invasão seldjuque, no século XII, as de uma abóbada, como bustos em medalhões.
pinturas diminuem em número e qualidade: na interpre- Dentro de cada grupo de igrejas a iconografia não
tação dos modelos, prêviamente vindos de Bizâncio, houve parece variar muito, talvez por ter sido feita a decoração
uma volta à tradição popular. No século XIII houve um pelo mesmo pintor ou pela mesma oficina, ou talvez por
nôvo período de grande atividade: várias igrejas magni- causa da imitação local. Detalhes como a forma da água
ficamente decoradas datam de 1222 (Souvasa) e 1293 do Jordão na cena do Batismo ou a disposição dos após-
(Ortakeuy). tolos na Ascensão tornam mais evidentes estas conexões.
Ao examinar de perto estas pinturas da Capadócia, o Certas cenas são tratadas com uma plenitude particular,
observador talvez se sinta menos surpreendido pelas dife- como a Bênção aos Apóstolos, mostrados em duas filas
renças do que pelas características de que partilham em encarando o espectador ou de pé ao longo dos lados de
comum. Os temas e modelos adotados em Constantinopla uma abóbada, com Cristo avançando ao meio. Os Qua-
são identificáveis, e êste ou aquêle detalhe de Qaraback renta Mártires de Sebaste, na igreja que tem seus nomes,
Kilisse, por exemplo, é particularmente próximo a êles. estão dispostos da mesma forma,
Mas, na ousadia e rapidez de execução e brilho das côres, Mas é a impressão total que causa um maior impacto,
o observador geralmente sente-se diante de uma interpre- deixando uma maior surprêsa: decoração cobrindo tudo,
tação que é não só local mas também popular em tradi- às vêzes hâbilmente separada segundo os componentes
ção. Os modelos estão presentes, mas os artistas utili- arquitetônicos — arcos, tímpanos, abóbadas e cúpulas —
zam-nos à sua própria maneira, dentro dos limites de um acentuados por molduras, ou às vêzes, ao contrário, sem
estilo comum: as figuras são muito altas e ocupam tôda a qualquer interrupção entre as cenas. Até mesmo mais do
área pictórica. Novamente a arquitetura preenche as pou- que em Monreale ou em Kahrie Cami, a iconografia
cas lacunas existentes. Não há problemas de refinamentos domina o fiel com sua multidão de santos e sua acumu-
artísticos, de efeitos delicados de luz e sombra ou de lação de quadros.
originalidade em expressão. São pinturas simples, auda-
ITÁLIA
ciosas, e às vêzes, em período posterior, como em Balleq
Kilisse, quase infantis; cada uma trata seu assunto tanto Sob os macedônios a Itália passou por dois episódios em
poderosamente quanto com restrição e nunca esquece o suas relações com o Império Bizantino que seriam da
AZ
Da
| !
Do
SIS É E
Dei
É.
4 43
po a
4 e f
EE E W q
— dit Eur” |
maior importância em sua história. Não há dúvida de que a tradição bizantina, representa-
Os bizantinos assistiram primeiro à formação e depois da para o Gênesis do nártex, por exemplo, pela Bíblia
à expansão do poder de Veneza. O império ainda possuía Cotton do século VI, fôra a partir do século XII inter-
a Dalmácia e sua presença era um freio à expansão vene- pretada pelos venezianos à sua própria maneira, embora
ziana. Mas os carolíngios e seus sucessores representavam desejassem permanecer fiéis a ela. Mas parece que seria
um perigo muito mais imediato: tanto que os Doges geral- melhor dizer que há uma escola veneziana de mosaicos
mente preferiam uma aliança com Bizâncio, que abria as bizantinos.
rotas do comércio para o Oriente. Em cada episódio nas Percebe-se que as cenas mais antigas dentro da igreja
lutas dos macedônios e Comnenos contra os búlgaros, os foram distribuídas entre diferentes oficinas. Na Tentação
árabes e os normandos, Veneza desempenhava um papel de Cristo ou na Entrada em Jerusalém o estilo é cheio 77
frequentemente determinante. Mas quer fôsse protegida, de simplicidade e nobreza, enquanto na Ascensão, na
em aliança, ou hostil, Veneza era entretanto afetada por cúpula central, revive com movimento e vigor o tema
suas relações com a metrópole do Bósforo. ilustrado em Sta. Sofia de Salonica: os apóstolos correm
Isto explica como começou, por volta de. 1100, a cons- em tórno, gesticulando, enquanto assistem à subida do
trução da catedral de São Marcos e os primeiros estágios Senhor aos céus, e abaixo dêles, entre as janelas, as Vir-
da sua decoração em mosaicos. tudes e Beatitudes lembram dançarinas, enquanto os tran-
83 São Marcos em Veneza é uma igreja com cinco cúpulas quilos evangelistas, nos pendentes, são obra de outras
dispostas em forma de cruz, cercada por uma colateral, mãos.
com colunas entre os pilares. No extremo leste esta cola- O Gênesis do século XIII nas cúpulas do nártex ainda
teral é transformada em capelas laterais, de tal forma que é uma série encantadora, apesar de ter sido considerâvel-
assim a igreja fica com três absides. Um pórtico exterior, mente retocada. A Criação, a Queda e o Dilúvio têm 78,79
coberto por uma série de pequenas cúpulas, circunda o uma expressão aparentemente ingênua, mas efetiva, devido
lado oeste para criar cinco entradas profundas na facha- à precisão do desenho e à técnica na colocação dos cubos:
da, cobertas com pequenas colunas: na planta-baixa elas os animais na arca, a chuva caindo sôbre os afogados e
formam a scenae frons de um teatro romano — nichos o tôpo dos edifícios surgindo das águas, enquanto Noé
alternados, quadrados e semicirculares. Esta estrutura, cuja solta a pomba, são inesquecíveis. |
disposição geral deriva da Igreja dos Santos Apóstolos, | A escola veneziana também foi ativa em Torcello, uma 80
em Constantinopla, conforme reconstrução por Justiniano, ilha da laguna, onde duas obras-primas estão frente a
cria um belo efeito, realçado no extérior pela elevação frente: a abside dourada, datando do século XII, na qual
posterior das cúpulas principais e no interior, como no está representada uma esbelta Virgem azul mostrando o
82 nártex, pelo brilho dos mosaicos. Menino, acima de uma série de apóstolos, dá para
Naturalmente os mosaicos foram colocados em épocas a parede interna da fachada, dominada por um extraordi-
diferentes, e com acréscimos, consertos € redistribuições. nário Juízo Final, com cinco registros de alturas crescen-
Aqui e ali é possível descobrir um santo barroco, com tes, onde sobressai a tradicional cena da Ressurreição
as vestes revôltas, mas os fundos dourados foram dei- — a descida de Cristo ao Limbo, ladeado por dois anjos
xados intatos e o efeito permanece. As cúpulas, “brilhando vestidos como dignitários imperiais. Em cima, Cristo,
com sua própria luz não-terrestre” (Marcel Proust), são entronizado entre os apóstolos: embaixo, a separação entre
melhor vistas das galerias interiores. Então as questões os bem-aventurados e os condenados pelos anjos: uma
de iconografia e cronologia são esquecidas; a arquitetura disposição de cenas já tratadas, mas ligadas pela primeira
bizantina é equilíbrio, mas é também côr. vez e compondo um impressionante conjunto.
SICÍLIA fícios: foi iniciada em 1131. Na abside, um Cristo Pan-
tocrator de rosto sereno segura uma bíblia para os fiéis,
O segundo acontecimento de grande importância para a na qual está escrito “Eu sou a luz do mundo”, de um
Itália foi a conquista da Sicília, primeiro pelos árabes, lado em latim e do outro em grego. Mas nada há de
depois pelos normandos. Foi em 827, enquanto os mu- latino em seus traços ou atitudes. Abaixo dêle, a Virgem
çulmanos do Egito estavam ocupando Creta, que os mu- entronizada entre os arcanjos e depois os bispos e os
çulmanos da África realizaram seu ataque vitorioso à santos — um arranjo tradicional. Na catedral em Mon-
Sicília. Apesar de sucessivos contra-ataques, as posições reale, construída por volta de 1190, descobrimos o Pan-
bizantinas pouco a pouco tornavam-se insustentáveis. 'Os tocrator na abside, e depois a Virgem circundada por
normandos, trazidos pela primeira vez a esta luta, como anjos e santos. Mas a nave, o transepto em cima dos
mercenários, logo estabeleceram seu domínio sôbre a Apu- arcos, entre as janelas do clerestório, as paredes das naves
lia e a Sicília. Os Comnenos foram forçados a negociar laterais e, finalmente, a parede da fachada estão cobertas
com êles em 1073 e em 1172, oferecendo Porfirogenetes com quadros históricos em mosaicos, narrando detalhada-
em casamento. Rogério II, rei das duas Sicílias de 1130 a mente o Antigo e o Nôvo Testamento. A iconografia 81
1154, negociou. em condição de igualdade tanto com o é tradicional; a execução é forte e mantém um caráter
Império Bizantino quanto com o Império do Ocidente. de imagística narrativa, sem qualquer preocupação ex-
Os contatos criados por tal sucessão de crises deram pressiva. Os fundos, arquitetura e paisagens, as atitudes
origem, na Sicília, a uma arte muito complexa. Sua arqui- das figuras e as vestes, tudo parece conforme as normas.
tetura é às vêzes de tipo ocidental, como nas basílicas de A côr é brilhante, e ocasionalmente aparece uma cena
Cefalu e Monreale. Por outro lado, a Martorana em mais viva e uma figura mais Interessante.
Palermo, uma encantadora igreja de cúpula, é muito bi- Os mosaicos da Martorana em Palermo são de melhor
zantina em seu interior, mas toma uma forma islâmica qualidade e sua posição na estrutura de uma igreja bizan-
no exterior. tina lhes permite maior variedade e encanto. A capela
Grande quantidade de mosaicos da região de Palermo palatina, a jóia do palácio de Rogério II, é decorada sob
foi conservada, o que se deve em parte ao fato de os tetos mouriscos e uma cúpula sustentada por arcos, com
mosaitistas bizantinos terem sido seguidos quase que ime- evangelistas, filas de santos com rostos semelhantes aos
diatamente por mosaicistas locais. Como resultado há dis- originais de Constantinopla e cenas ao longo das paredes.
paridades e desigualdades de estilo, evidentes a um exame Têm um frescor muito mais atraente do que os mosaicos
mais detido, mas que diminuem em muito pouco o efeito de Monreale. O Cristo bizantino é mostrado coroando
geral. A catedral em Cefalu é o mais antigo dêstes edi- Rogério II no nártex da Martorana e Guilherme II em 84
Monreale. Os reis normandos aparecem com a mesma
veste usada pelos imperadores nas cenas de coroação em
Constantinopla. Mostravam sua grandeza ao tomar não só
as roupas dos imperadores, mas também seus artistas.
A influência árabe também se faz sentir: em uma das
salas do palácio em Palermo o observador é surpreendido
ao encontrar cenas completas de caçadas e cenas de ani-
mais, colocadas entre árvores, que lembram certas com- 82,83
posições de piso em Antioquia, tomadas dos sassânidas
sob Justiniano, mas em sua versão islâmica. O gôsto dos
príncipes normandos por ricos tecidos resultou sem dúvida
no estabelecimento de tecelagens, sendo também respon-
sável, certamente, pela importação de sêdas não só de
Bizâncio mas também da Pérsia.
Este ecletismo dos príncipes normandos, que é como
RE
+
E]
"
|
Fi
E
SS
“aa
To
e di o
aE
ma a
ni
gl
Er
tom
“Es
4
e.
eo baia»E ad
de culturas.
Me
e
r
[RR
ê
=
E
-
E
OS ESLAVOS
ma
E)
El
À
o
;
MP
|
|
==
e
a
dom
a
AD
dp
Is
ad 7 Pg
"
(72
has
NEN
A e
EM!
Bed
b is
+
t
x
rtr
dad
Ro Le
E
Ro as
ei
ho
pa
b
E,
" Fa
ESA
ni
E
a
|
EA,
, A E iz Ss TO q
'
E : E ui e a
il
taiad fe per
=
eDa e E.
E E
ad “ça
p VÊ
ms A dd es E
DU Es, Br el ts
serio o ai
Re pe
Aut
E Eça
AÍ
E
Rc
|
qn
qe 4
k
Pa r
to Qua Ud pe asa ra
TER
Eyrs
, i AsÃoU PT PA EP ação =
“Pão. ="f
a - r io a
A e
99 (ao lado). Sermões do Monge Tiago tratadas da mesma forma espontânea imperiais de Constantinopla, foram
Kokkinobaphos. Séc. XI. 23 x 16,5 em e magistral, Sua importância reside na evidentemente copiadas de um manuscrito
Biblioteca Nacional, Paris (MS Grec completa originalidade da iconografia. anterior; como muitos manuscritos do
1208 fo, 47). A expulsão de Adão e mesmo período, parece uma continuação
do Paraíso é aqui representada de 100 (em cima). A penitência de David, direta da arte clássica. Nesta cena,
Eva
Séc. X. Manuscrito, 36 x 26 cm.
maneira deliciosamente original, Os David, repreendido pelo profeta Nathan,
Sermões sóbre a Virgem, por Tiago Biblioteca Nacional, Paris (MS Grec. arrepende-se de ter raptado Betsabá.
Kokkinobaphos, são uma série de
139). As miniaturas do famoso Livro de À direita, uma personificação da
os e do Salmos, Paris, que provêm das oficinas penitência: uma tradição alexandrina.
discussões tiradas dos Evangelh
Tódas as ilustrações são
Apocrypha.
Cdnçes ED o Me
De a .. À dios a si a EE A e mina Ca E E ai 1 o DO sisal ai Ls a os r a CT e gm TE a Quids E o o ho aci
o Pe qq,
pp RT cao j
— a
a
Ctautucaa
é ae to+ x ) Y
E
A Er Ur, E p: " DER , E E =
E “+
a Â
E Mm
hs, i 7 CS E a A AAA Era SSIS
a gui E NA E "
+ k ' -
xa No o | 74 e!
A aa ac cl Uh a aa
À NA e b roi e
Mi, ] ' , 1 Uia "o er
, y 4 , + ; a "a e at
E
equi
em ea
OI
ta Fe É o E
i ris s ,
Cfdem
h A
cul
ed s, 1 i am
e
E 4 h + a E
a
do +
: e
8
£
—
à
a . nº iu = ai
Cao " Ç. IA E ” A = =
” * q Px '
ss
E]
se
7
néso. ZE
é Es ls
Rr) ; ; =
Es E O re Ta o R po a A E AF APRE o! 0 , 4 | r
vá
à Disa. sá
= =
' pe PD f me | e Fu O O E be a DE f EE a Ta E E - ay o É E Bos E ol A ] a da ; pI a, -
E 1 ! + E) ç + W F SRI , é A be CR E Rd E e + E e ÃO SE ã K ; e
E,
q
a
=.
>
ÉLa Epp
E
ge
4
Ge
Reu
AU
ar:
está A
nd
EA
HUO
= reu
Ms
-
à
a
]
E
Poa th NE
AS iscy ] j -
; o
LA- + — Dn
a eis q,
ASAS SE E TAC a
a,
45
?
e KA
«o Tuas ml, y | 4
"
in S
nad
RE A
qPM 1 el
qm
)
o
Pies Ud
2
o
= co
RA
Pat E
1 ST
quo
area queCilergce
o
ra
dE
o,
ET
RM DS be
of Artis PRI
ENq
ES
EE k
BG
JA
vis
ni NDA ps?
|
di DA in
Es
O
'
|
(
en
e
taW
dif
al
E
"
cá q Das
yVitosd
Es
ri
Ea fio
pf
s
)2
soTa
a
dv O st
dio
Sia
» ia
A
a
q ai
Ds
qa
o
ND
fif
pe
E
Ee |rs
E.
e co]
E
1)
ue
ad
a
FE
“a
Aà E
[|
Fr
da
Ci
EOTDS
E
sn
Ç ro
|]
REV 8%,
a
EX tu =
Ç
"siri
m
O
e
li
e
di
E
ds
k
b
ala U
Ê
3AGoRAÇS: SCBGACIGIC
j Br NE My! | 5 7 a Wy
FREI
preciosos bizantinos. A Virgem, de braços abertos, está
entre São Pedro e Santo André; São João Batista, em
1
uai
'
nt:
cima, e São Paulo. O outro lado mostra Cristo na cruz entre
a Virgem e São João.
E A
106 (embaixo) . O Tríptico Stavelot. do artesanato ocidental. Juntamente com postura de Legislador. Nos discos que
c. 1150, Cobre, prata dourada, esmaltes os manuscritos e ícones, os relicários a cercam, os quatro Evangelistas;
champlevé — em relêvo negativo. — portáteis em ouro e marfim tiveram em cima, cenas de O Batismo, a Última
31 x 63 cm. Biblioteca Pierpont parte importante na difusão da Ceia, a Crucifixão e a Ressurreição,
Morgan, Nova York. Éste altar portátil arte bizantina. e o símbolo do Espírito Santo.
foi feito por Godefroid de Claire para Santos e mártires ocupam os nichos
o Abade de Stavelot. Os pequenos 107 (página seguinte). Pala D'Oro. circundantes. Os esmaltes foram trazidos
trípticos de esmalte colocados no centro Sécs. X a XIV. Esmaltes montados de Constantinopla, no séc. X, e mais
foram feitos provavelmente em em moldura gótica de ouro e prata, tarde, no séc. XIII, depois da captura
Constantinopla para relíquias da decorada com pedras preciosas. Basílica da cidade. A atual montagem data de
Verdadeira Cruz. O pequeno tríptico, na de São Marcos, Veneza. Êste detalhe 1345 e inclui elementos muito
parte de cima, mede 6 x 11 cm; e o do glorioso retábulo de São Marcos anteriores, em sua moldura gótica,
que está mais abaixo, 11 x 20 cm. mostra o centro do elaborado painel segundo o gôsto pela magnificência que
Os esmaltes das duas portas são e a magnífica placa de Cristo entronado os venezianos adquiriram com
posteriores; provavelmente, trabalhos do último período bizantino na familiar os bizantinos.
AA pe A TO DM AE RS REe SR
DREEssa SR Enc Sa Ea dA tua dee ade po RS
PRE ço Sd E A
as
nanunanaa
e
k
banana NnDEDEER
E
o
Pã
REM
ss
pt
mo
ad
4
e
1
a
a
cê
e. e Er nã O SD “)
CPC Jr
de
TRIER A A Sd,
e .
e,
a 2; EM
poa E 44] ]
E)
= :
ANN.
ia ; al à da nd de 4
PR DEAD PLC
a qm
o
FE: Arte E FE
PER ANRs Ay 7 re TS
E | bz tj MAD R VE ER RO “W'
PRIMA HUT
RE
DI TO SILAS Haro | NA ME É RP ENO TP IE e
Ea ria dor io ETHES ; À a | i | n o e ' ! a ASI aA ; EO A eles “3 x nd
E dE Aa Ga: - À LAT) a ] 5 RE
| 4 pPOIos POVENR |
DE TAIS
uni
ça
108, 109. Tecidos Coptas Cristãos.
Séc. VI. Linho bordado a sêda. Museu
Vitória e Alberto, Londres. O belíssimo
disco da Anunciação e da Visitação (em
cima) pertence à mesma série da cena
da Última Ceia (fragmento embaixo):
o motivo da moldura é o mesmo.
A iconografia, os grandes olhos e o
uso de côres brilhantes são típicos dos
tecidos religiosos feitos e bordados no
Feito, no séc. VI. Mostram que o gôsto
por têxteis narrativos apareceu muito
cedo no mundo cristão e iria
desenvolver-se em Constantinopla num
estilo menos espontâneo sob influência
imperial. Aqui, a iconografia das
cenas é familiar, especialmente na
Última Ceia, que pode ser comparada
ao mosaico do séc. VI em Ravena,
ilustração 33,
ai
sr, De
Ea
À
E-
Pi d
és
+
|
o
i
E
OA
an]
oa
E
a
PRATA
E
ne
'
ak
WEAR
MFA
P
E
Fm
ns
ta
no:
Ar
NF
ir
E
7
e
A
a
f
a
E
Fi
-
RP
[]
Er
rd! j
TA
DEU o
ma o PD
ENIO
na TE
E”
“
RL
Apae
iê
F
«bd “+ tecidas u outros exleis d Jeixol mortalha 4 mp E ado Es, * amntos LI] 4
ad] 4
ÚUIlaAs ha pi JUROS eAcInpis
1
pull PE cl bispos. Este belo ue na ento mostra
HEATOGÓPOE = É Ê
Á fi hi a
4 F
]
q
[Ed o amais ne
Nok | = Dor a e
, Fis sp a
A fo ça
co.
-—
am
=
A A Pa ue ia TO
AM EATG
a ae dp
JN) [a
TS
o
1Le
ui
o
e
a
a pm
a
A
É
e
DaE
mr -— TR"
o ap e
Aa
a
E A
Eq
a a
= adia Th
AAA
Cas
o
do séc. XIV.
116 (à direita). A Anunciação. Comêço É
Mu se u Vi tó ri a e Alberto, Londres.
d 7]
Mosa ic o. 13 x 8 cm . E
áv ei s íc on es bi za nt in os mi ni at ur a é este y
Um dos mais ador
íc on e da An un ci aç ão . Le mb ra os mosaicos das
pequeno en to , as
mi em seu ex pr es si vo se nt im |
paredes de Kahrie Ca NR
ga da s e Os de ta lh es ar qu it et ôn ic os do fundo. Ê
figuras alon
di ta va -s e qu e êst e íc on e fô ss e de data anterior
Antes, acre
za pr ec io sa ; ês se s ic on es , en tr etanto, por
pela sua nature
ilo , fo ra m da ta do s do re na sc im ento paleólogo.
seu est
) , nes
ia pod
*
a aj
EE
de Fac a TE, k
: ; pa não ea js
ae " sema sa
153
uma nova, e às vêzes muito comovente intensidade, que dêste período. Mas as cerâmicas de Patleina, particular-
realça seu valor religioso. mente um surpreendente retrato de S. Teodoro, pintado
Em época próxima à invasão turca, uma última série antes do cozimento em uma série de ladrilhos, são prova
de pinturas, no vale do Morava, voltou às figuras alon- da presença de técnicas tomadas da arte iraniana.
gadas, esbeltas e algo preciosas, agrupadas diante de com- Foi o segundo reino búlgaro que, depois de 1185, de-
plicados segundos-planos arquiteturais. O professor Tal- senvolveria sua própria escola de pintura sob a influência
bot Rice salientou o contraste entre a terrível situação mi- bizantina: a forma das igrejas de tijolos e a extensão e
litar e esta arte plena de encanto recusando-se a considerar composição dos ciclos de pinturas mostram as conexões
isso como um sinal de decadência: “A mansidão é uma com a metrópole, que sem dúvida enviava artistas acom-
virtude cristã”. panhando seus missionários, ou treinava os próprios artis-
tas búlgaros. A capital do reino era em Tirnovo, onde
BULGÁRIA no séc. XIII e especialmente no séc. XIV desenvolveu-se
Na Bulgária a situação era diferente: os búlgaros de uma escola na qual o predomínio bizantino não impediu
Asparukh — turco-tártaros — se estabeleceram em Do- a expressão de temperamentos originais.
broudja, com a permissão de Basileus Constantino II, a Os afrescos em Boiana, uma pequena cidade perto de 87
partir da metade do séc. VII. Às custas dos ávaros, ti- Tirnovo, datam de 1259. Foram pintados a pedido do
nham aumentado seu território consideravelmente, fundin- Sevastocrator Kaloian, que foi representado com sua es- 89
do-se à população eslava. Em 870, o Rei Bóris foi ba- pôsa, a Sevastocratissa Desislava, em magníficos retratos
tizado e recebido na Igreja Grega: seu padrinho foi o nos quais a serenidade muito humana das faces contrasta
imperador, Miguel III; e os discípulos de Metódio re- com o esplendor e rigidez das vestes. A jovem mulher,
ceberam permissão para evangelizar o país em dialeto es- sorrindo ligeiramente, tem uma graça muito real que con-
lavo. Os elementos da civilização búlgara estavam agora trasta com a grande, mas irreal beleza das outras figuras
unidos. Infelizmente sobreviveram poucos documentos das pinturas. Há grande quantidade destas figuras, por
87. A Igreja de Boiana. Sécs. XI e XIIL Bulgár
ia. As
três partes da igreja foram construídas em épocas difere
ntes.
A igreja original dedicada a S. Nicolau é o setor mais
oriental cuja abside pode ser vista aqui. A parte central
toi construída em 1259 pelo Sevastocrator Kaloian e tem
dois andares. Na lâmina 86 êle é visto ao lado de sua
esposa apresentando sua igreja. O anexo foi acrescentado
no século XIX.
a o a
ese 7 ;
o
de
RPA e
ds SR RR sa
DRE Dabo DIR
nt
a E a r é + a
NA
a al er 4º a Ca br à + + a,
Mac E PR
p
Aa findo
ir Ml
dh. =
e ' ) Es
Li a p À
PA Ega
ar M E
os e! 14
AA dg o
o Too
tai ta
a
Ts
=
O ma
E
exemplo, os santos como S. Estêvão, S. Lourenço e S.
om
—
—
—
Efrêm que são mais pessoais, mais individuais do que de
a
a
—o— o
qu
costume, ou as figuras mescladas em cenas, como no an-
sioso grupo agitado dos doutôres em tôrno de Cristo.
Mas o observador é mais surpreendido ainda com as
representações do próprio Cristo; primeiro, Cristo como
criança, depois Cristo ensinando e, finalmente, o formidá-
vel Cristo em triunfo, da Transfiguração. Foi preciso pou-
co mais do que o endurecimento das sombras, uma mu-
dança de côres para que a expressão fôsse recriada. Mais
tarde, a pintura búlgara desenvolveu-se em duas direções.
No meio do séc. XIV, os afrescos em Ivanovo foram
executados com grande flexibilidade, virtuosismo e córes
vibrantes. Quase ao mesmo tempo, em Zemen, uma arte 88 a, b. Sta. Sofia. 1037-46. Kiev, Rússia.
mais popular levou ao desenvolvimento de um desenho (a) A planta básica de cruz-no-quadrado da igreja foi
sucessivamente ampliada por duas naves colaterais ao longo
que era enfático e mesmo abrupto, mas expressivo e es-
dos três lados a partir das absides orientais. (b) O número
pontâneo, como no extraordinário grupo de apóstolos dor- de cúpulas foi assim aumentado; sua altura e formato
mindo no Jardim das Oliveiras, enquanto Cristo está em são caracteristicamente russos.
oração.
A existência destas duas correntes na pintura búlgara
é prova suficiente de que a arte búlgara não representava
de forma alguma apenas uma cópia da arte bizantina mas
uma arte na qual as diferentes tradições e temperamentos
entravam em contínuo confronto, entremeando-se, para
formar uma escola individual.
OS RUSSOS
dai a ! ]
mem |
o a a” a
2] A mo E
DT,
Tae E a
j E: É ' a ks E e) a
ui tag nd Dede A e
ioE a
ai; k = É
a o
do
À é é a á
+ ae = a
+ “ É
rn o
4 , , e ear o des
queda de 1453. De início era um império bem
que antes, com os seldjuques na Anatólia, os
menor do
armênios
XA ] o) NU EE do ET ; na Cilícia, os búlgaros e os sérvios independentes nos
y ASF Ô 1.8. Balcãs, enquanto o império de Trebizonda e a autocracia
-
É,
4 tr ” a ba a Li 1 ú z
92. O Mosteiro de Lavra. 903. Monte Athos, Grécia, são claramente visíveis, assim como os domos do Katholikon;
O complexo do mosteiro fortificado visto do sudoeste. no centro, a igreja principal.
A história das edificações é complicada, mas as fortificações
pela Entrada em Jerusalém com uma colorida multidão Estamos muito longe da definição com a qual começa-
de espectadores acotovelando-se em frente aos edifícios mos. Seria interessante levar a comparação mais longe,
de vários andares. Na cúpula está o Cristo Pantocrator estudar lado a lado, página por página, as realizações
em um medalhão sôbre os apóstolos sentados em círculo. dos pintores no Ocidente e no Oriente, começando com
91 Nos outros braços da cruz, a Natividade, o Batismo, a Giotto e o mosaicista de Kahrie Cami. As grandes co-
Transfiguração e a Descida do Espírito Santo sôbre os leções de obras na história da arte são obrigadas a con-
Apóstolos, são tratados com a mesma exuberância plena servar classificações geográficas assim como cronológicas.
de alegria. Mas seria fascinante ver que lugar seria ocupado pelos
Um bom meio de apreciar esta transformação na pin- pintores de Mistra se fôssem repentinamente confrontados
tura bizantina é através de uma comparação teatral. Nor- no mesmo livro com os pintores de Siena, Florença ou
malmente as figuras são tradicionalmente colocadas em Pádua. É provável que êles apareceriam, como êstes, tão
palco estreito em uma parede simples. A representação é livres, tão imaginativos e tão profundamente humanos.
solene e convencional. O cenário é preparado pela co- A existência desta arte bizantina se prolongaria bem
locação de alguns apoios no palco. No século XIII o além da revolução da época dos Paleólogos, o que não
fundo simples é substituído por fundos variáveis apresen- se deve apenas aos princípios por ela lançados e aos quais
tando várias complicadas cenas arquiteturais, mas os per- a arte dos eslavos continuaria fiel; mas também porque
sonagens permanecem isolados dêstes cenários por um na própria região de Constantinopla, mesmo durante as
muro que os confina em suas estreitas plataformas e que vicissitudes da conquista turca, os mosteiros agiram como
lhes permite ficar contra superfícies sêmples e brilhantes. conservatórios nos quais as obras do passado eram piamen-
No séc. XIV o fundo é substituído por andares. A parede te preservadas e onde as novas obras continuavam a ser
é rompida e disposta em várias profundidades, o palco produzidas segundo formas imutáveis. O mais famoso dês-
tes mosteiros era o do Monte Athos. Na Montanha Sa- 92
torna-se mais profundo e repleto. Os atôres, também,
são dispostos em profundidades diferentes, separados por grada, isolados em sua península, os mosteiros aumenta-
ram em número, pelo menos a partir do séc. IX. Separadas
elementos arquitetônicos ou por pedras nas cenas cam-
umas das outras, fechada dentro de suas paredes, cada
pestres. Ao mesmo tempo OS atôres se movem e gesticulam
livrem ente e os figura ntes, até ali algum as raras fi- comunidade possuía várias igrejas. Havia, como em Va-
mais
topedi e Chilandari, grupos de pinturas tradicionais. Os
guras que permaneciam imóveis nos lados do palco, agora
aumentam em número e tomam uma parte mais animada
iconóstases mantinham seus ícones, fregiientemente repin-
na ação. A superfície bidimensional foi quebrada. Agora
tados, infelizmente, e as bibliotecas preservaram manus-
e con- critos preciosos, Evangelhos, Livros de Salmos, livros de
a ação se desdobra dentro de estruturas complexas
flitantes, com perspectivas contraditórias: pode não ser o orações e vários tipos de obras devocionais. Desta forma
espaço ocidental, organizado em perspectiva, mas é es- o mundo religioso de Bizâncio sobreviveu até hoje através
paço. do monasticismo.
O Tesouro das Igrejas
iii
e
TER A E
a
AGR A
SOrçO
AP AE
DC R
] T A
É
S e, ' : ” =x pi
; E! ' |
A
a
Au
do o
a Ç. x Aa A ROCIIN
A Ea De AS LO =
E,
h -
A
4 Ah A
J
PÁ
Ca
a
u
ad
R ii
NSa.
1
4
aa
m=
Eos
.
,
E ho E
-.
E
re
-
SER
TEA
E
E
f
SR
e
4
E
1
E AA
”
,
Tr
o pda
Es
ui
E
Er o
a
a
E kz E:
a
RÃ
da
ef!
2
%
+
E)
| UA a pair E AA E a,
a
Fria
;
%
E)
; : o da ;
2)
Ad mad
o a,
E
rr
CLIMA
TR
H a
ria
boa o a
mm sl big; x O da
É E dus de
E maes x es E E aa aa E = É = a
a
je
Aja
']
:
nO
xPrrespno
a. 7
+ 4a
“a 4
V/x
»
vrop jalicõa-
a“
a
Ram
Ladapamp
je
"
Ofal
-&
=
a
a
'
Essa arte é,
uma afirmação
fantástico.
Mas esta arte
portanto, uma
de poder e a
áulica também
arte áulica: assim, como
revelação de um poderio
é uma
ricos tecidos eram destinados não só aos palácios mas
arte cristã. Os
pra Dr afrppestesop psuSapkaisrosa PN cpeurCAT É também às igrejas; vestiam não só os imperadores mas
= “am *” a A % da a . a ”
pour dy Ereppynmpmsopó|Daçar Kastrop Capaurrqueda E também os patriarcas e serviam de mortalha aos corpos
«Papicdrerppro: "rop
* * it Í $ +
aspa.
um. e
ope
“
dr
“
ripar
» aa
j
a)
dos príncipes e dos santos. Os manuscritos, escritos e
apisada tan * apa jp ETLupVe rop paginas - >
acre tvê ppa
á
Croprey
=
ope a,
' ilustrados nos estúdios imperiais, eram sagradas escrituras
emp dy Ermo
% ã
pa
epapaso Er Tre paras ué . 0024 rtp rep as und ou coleções de homilias de São João Crisóstomo ou São
E ERsuepona cum Pyy PD PER Top rosa - idoraabr trip e
Gregório de Nazianzo. Os marfins são relicários assim 69
prot rop Ses D opere = dim êr repre rop rep € como os objetos de uso pessoal — e nos dois casos são de-
LAB uma alii “erro” roe eupsou
corados com retratos de santos ou cenas piedosas, de tal
“ cursa pd rapper em mp pousa eu
Ê
tesouros das igrejas, foram criados na maioria dos casos
94. O Evangelho de São João (acima). Séc. VIII. Pergaminho.
30 x 22,5 cm. Biblioteca da Divinity School, Duke University, para as igrejas — cálices de ouro e pátenas de Ônix, re-
Carolina do Norte. Detalhe típico das margens e iniciais licários esmaltados e cruzes peitorais cobertas de pedras
decorativas de um manuscrito bizantino. preciosas. O imperador colocou o luxo de uma civilização
refinada a serviço da fé e da Igreja.
93. Epitaphios de Salonica (ao lado). Sêda bordada. Museu
Contudo êste luxo em objetos acrescentou sômente uma
Bizantino, Atenas. O painel central mostra Cristo velado
nota final ao surpreendente concêrto de córes de uma
pelos anjos; à esquerda e à direita, duas cenas da Comunhão
igreja bizantina. As brilhantes cúpulas de mosaicos são 47
dos Apóstolos; a moldura consiste numa série de cruzes
gregas dentro de medalhões. peças gigantescas de ourivesaria; os santos ficam ao longo
das absides como figuras em tôrno de um vaso; o ico-
95. Séda Bizantina. Séc. VIII. Catedral de Sens, França. nóstase talvez só seja menos impressionante do que a
Sudário de São Vitor; êste tecido mostra o motivo do Pala d'Oro, e seus ícones dourados menos esplendorosos 107
estrangulador de leões, de origem mesopotâmica. Traduzido
do que o brilho dos esmaltes. O Cristo e a Virgem nas
para os temas cristãos, o herói Gilgamesh foi identificado com
cúpulas estão vestidos como imperadores, os anjos como
Sansão. Neste exemplo o efeito decorativo é
particularmente notável. alto dignitários ou soldados da guarda imperial. E a li-
turgia que tem lugar na nave e no côro é reminiscente
do esplendor das cerimônias imperiais,
A unidade de civilização bizantina emerge dessa iden-
tidade.
TÊXTEIS
RS EE
quadrado, fregúentemente repetido, torna-se um motivo
di eat Ms E a PRE = eo Ter MM
uma particular qualidade oriental em suas vestes enquanto Não existe uma escultura religiosa bizantina nem tam-
as fileiras de pequenas igrejas, tôdas iguais, representadas pouco uma escultura imperial, depois dos primeiros sé-
nas bordas, são reminiscentes de Antioquia, a capital síria. culos. Êste desaparecimento se deve ao temor da idolatria.
Os mesmos materiais são encontráveis em documentos Mesmo em marfim existe apenas uma Virgem (atualmen-
ilustrados, usados tanto por imperadores quanto santos, te no Museu Victoria e Albert, em Londres), tratada em
anjos e Cristo. Assim os dignitários que no decorrer das pleno-relêvo: não tem mais de 30 centímetros de altura
cerimônias caminhavam em procissão ao longo das fi- e não se diferencia muito das outras Virgens tratadas em
guras em mosaicos nos palácios e igrejas, estavam ves- alto-relêvo sôbre placa. Da mesma forma, as figuras es-
tidos em tecidos igualmente suntuosos que resplandeciam culpidas nos sarcófagos, que tinham sido a glória dos
com a luz da mesma forma que os mosaicos. As aias da primórdios da arte cristã, desapareceram rapidamente.
42,43 imperatriz usam roupas decoradas com motivos geomé- Em consegiiência, a escultura limitou-se quase exclusiva-
tricos ou florais, e o manto de Teodora tem um painel mente aos capitéis, placas de santuários e relevos decora- 96,97a,t
bordado representando a Adoração dos Reis Magos. tivos. A característica da decoração bizantina esculpida, p
Uma série de tecidos ou vestes litúrgicas ricamente bor- que ao renunciar às três dimensões torna-se semelhante a
dadas, geralmente de períodos posteriores, também sobre- trabalho em vime ou renda — contrastando motivos bran-
viveu até nossos dias. Como já foi dito, existem tecidos cos contra um fundo prêto — é frequentemente ressal-
iconográficos coptas, que devem ter sido usados pelo tada por uma surpreendente perfeição técnica. Mais uma
clero para seus serviços; o bordado permite que as cenas vez a impressão de grandeza e luxo surpreende o observa-
mais complexas sejam transferidas para tecidos — em dor no acabamento do trabalho. Os capitéis das marmora- 97a,b
qualquer escala que se torne necessária, Aqui novamente rias das Ilhas Mármara ou das oficinas da capital frequen-
as liturgias cristã e imperial se unem; se é um imperador temente eram exportados e copiados, adaptando-se per-
E jtnii
97 a, b. Capitéis Bizantinos. (a) A semelhança entre êste Constantinopla, são alguns dos melhores exemplos da
capitel de S. Apollinare Nuovo, em Ravena, com o da escultura bizantina do século VI, de motivo finamente
direita é notável; provavelmente os dois saíram das mesmas vazado de fôlhas de acanto, estilizadas.
oficinas. (b) Os capitéis de H. Sergius e Bacchus, em
feitamente na arquitetura entre as paredes de mármore e todos os períodos. Atribuído ao séc. IV, o Marfim de
os mosaicos. Trivulzio representa a Ressurreição de Cristo. 103
A transição tornava-se fácil com os marfins, que são Um grande cofre com tampa plana, do séc. XI ou XII, 98
numerosos e de grande beleza; muitos dos objetos nesta atualmente no Museu de Arte de Cleveland mostra uma
categoria são de uma riqueza e perfeição surpreendentes. Ilustração da queda de Adão e Eva em uma moldura de
Geralmente constituem painéis pequenos — a maioria dos rosetas justapostas — um motivo muito comum neste
quais com menos de 30 centímetros de altura. As repro- período. As figuras estão isoladas, o desenho e o relêvo
duções dão a impressão de que os originais tinham sido são executados de forma algo sumária, mas a composição
muito maiores —- mas os detalhes são tão bem trabalhados é muito expressiva em seu todo. Há cenas que são apre-
que o conjunto não é prejudicado pela mudança de es- sentadas de forma muito mais dramática como a Morte 99
cala. Estas placas às vêzes eram usadas como ícones: da Virgem, datada do séc. XI, atualmente no Museu de
tratadas como objetos de devoção e colocadas nos iconós- Arte de Worcester. A iconografia desta peça é tradicional,
tases. Também eram usadas como partes de pequenos mas o escultor tentou muito mais do que outros artistas
cofres, relicários, capas de manuscritos e até mesmo em mostrar a tristeza dos Apóstolos, na variedade de suas
peças de mobiliário — como o trono luxuosamente tra- atitudes e expressões, e fazer aparecer os movimentos do
102 balhado do Bispo Maximiano em Ravena (datado do Cristo.
séc. VI). Naturalmente as cenas ilustradas nos marfins obede-
Contrastes semelhantes são encontrados em séculos pos- cem às regras gerais da iconografia. Mas as mudanças
teriores entre obras de grande nobreza na discrição e qua- na técnica permitiram talvez ao artista uma melhor ex-
lidade hierática de suas composições e estilo, e em outras pressão: geralmente, êstes quadros em baixo-relêvo, avi-
mais livres e cheias de vida. O tríptico de Harbaville, do vados pelo jôgo de sombras assumem um valor emocio-
104 séc. X, atualmente no Louvre, mostra Cristo entronizado nal muito maior do que o das pinturas.
entre a Virgem e o Anunciador, cercado por cinco filei-
TRABALHOS DE OURIVESARIA
ras de santos. A perfeição da técnica concede uma su-
prema elegância a essa obra, apesar da simplicidade, para O trabalho em metal da arte cristã parece ter existido
não se dizer monotonia, da composição. desde muito cedo, É natural que as comunidades dese-
Em contraste com estas representações um tanto rígidas, jassem celebrar suas missas com taças e pratos, cálices e
também existem cenas animadas ilustrando as sagradas pátenas mais ricas possíveis. Eram usados vidro dourado
escrituras; delas podem ser encontrados exemplos em e vidros com retratos de santos ou cenas narrativas gra-
98. Cofre bizantino em marfim. Sécs. XI e XIL Severance e J. H. Wade. As placas de marfim aplicadas
c. 13 x 46,5 x 19,5 cm. Museu de Arte de Cleveland, sôbre o cofre de madeira representam cenas da vida de Adão
Ohio. Doação de W. G. Mather, F. F. Prentiss, John L. e Eva. As faixas de rosetas são características do período.
ALE SR q RENNES
erigida no Gólgota foi coberta com pedras preciosas. E
Pyie Bes firs, eA A
suas reproduções, feitas por tôda parte antes e partic
ular-
mente durante o período iconoclasta, foram realiz
adas
por ourives: a cruz aparece, por exemplo, nos mosaicos
ad ca
20,22 de Sta. Prudenziana em Roma, dela se originando uma
série de cruzes de altar e cruzes de procissão ricamente
decoradas. Os cálices e pátenas brilhavam e refulgiam.
Chegaram até a ser esculpidos em pedras duras — ônix
A
ou jaspe — com elaboradas montagens de ouro, e decora-
pI
dos com motivos cinzelados ou gravados. Relicários e ca-
E al
ya
pas de manuscritos eram enriquecidos com pedras pre-
É e
ciosas. Através da arte do esmalte alveolado — cloisonné
— os quadros coloridos, tão essenciais aos devotos, po- E)
g E
102 cam Cro E sil Procon bus- 101. Relicário de S. Simeão Stilitas. Séc. VI. Prata lavrada,
guravam vestígios de douração. Louvre, Paris. O santo visto em cima
tanto a clareza do desenho quanto a limitação das côres, de sua coluna, assediado por uma serpente.
105,106 eram encerrados em placas de ouro para formar ícones,
retábulos, relicários e crucifixos; também são encontrados sôltas da coleção de homilias de São João Crisóstomo, da 69
entre as jóias particulares e as eclesiásticas. Esta técnica Biblioteca Nacional de Paris, o santo está entregando seu
refinada apesar de ser de origem bárbara produziu algu- trabalho ao Imperador Nicéforo Botoniato (1078-81).
107 mas obras-primas surpreendentes: o Pala d'Oro, no te- Os ícones geralmente são retratos: representam em ta-
souro da Catedral de São Marcos em Veneza, apresenta manho natural, ou mais frequentemente como bustos,
uma coleção sem rival. Cristo, a Virgem, e os santos, segundo certos tipos bem 111
O trabalho de ouriversaria podia ser usado eventual- definidos. O retrato imaginário de Cristo é relacionado tão
mente para emoldurar ícones: chegava às vêzes a invadir próximo a um protótipo como o teria sido se fôsse pos-
mesmo os próprios ícones, ao substituir um fundo pin- sível ao artista referir-se a um original autêntico: é exa-
tado em ouro por rendilhados de ouro ou prata também tamente o que fizeram, identificando seu modêlo por sua
com incrustações. Atribuem-se êstes embelezamentos a origem miraculosa. Examinando certo número de ícones, o
período muito posterior. Tornaram-se muito comuns nos observador percebe que os retratos de Cristo mantêm
países eslavos; contêm às vêzes elementos de grande es- uma maior semelhança entre si do que diferentes retratos
tilo, que frequentemente eram repetidos. de um mesmo homem: quase tanto quanto cópias dife-
Este gôsto pelo luxo na decoração do altar e sua al- rentes de uma mesma fotografia.
faia chegou ao Ocidente através da arte carolíngia. Desta Esta semelhança transformou o ícone num objeto de
forma, as cerimônias eclesiásticas ocidentais também devoção, conferiu-lhe uma presença, acontecendo o mes-
mantiveram algo dos esplendores da côrte imperial de Bi- mo no caso da Virgem, seja a Virgem da Anunciação, ou
zâncio. a Virgem com o Menino, com a diferença de que os
pintores poderiam escolher entre modelos igualmente au-
MANUSCRITOS E ÍCONES tênticos indo do modêlo mais hierático de uma Virgem
Devemos voltar aqui aos manuscritos e ícones, também com o Menino até as representações mais humanas e
objetos de luxo. Experimenta-se um curioso sentimento maternais: chega-se desta forma à Virgem de Vladimir, e 112
de respeito quando a Biblioteca do Vaticano entrega ao à Virgem da arte russa.
visitante, com cuidado extremo, um dos brilhantes códices, Os santos também tiveram sua iconografia fixada, que
101,94 nos quais entre as colunas de uma caligrafia impecável, pode muito bem ter sido baseada em retratos autênticos; 113
sob as bordas de folhagem estilizada enriquecida com de fato, havia nas paredes das igrejas uma boa quan-
belos fios de ouro, estão ilustrações, brilhantes como es- tidade de retratos de doadores de forma que os protótipos
maltes. Mesmo quando muito pequenas, nada falta às podem ser encontrados algumas vêzes. Embora as faces
complexas cenas representadas; às vêzes é possível mesmo sejam frequentemente tratadas simplesmente com algu-
perceber os diferentes estágios de uma narrativa contínua; mas diferenças entre si, devido talvez aos caprichos do
a imagem muitas vêzes toma tôda uma página e é apresen- pintor, encontra-se, na Macedônia, por exemplo, retratos
tada como uma pintura em escala total, Como nas fólhas de S. Nicolau com o cabelo branco encaracolado, ampla
102. São Pedro. Séc. XI. Esmalte sôbre ouro. Metropolitan
Museum of Art, New York. Doação de J. Pierpont Morgan
em 1917. Medalhão bizantino pertencente ao conjunto
de um ícone de São Gabriel, antes numa velha igreja
do Mosteiro de Jumati na Geórgia; mostra como a aparência
e a atitude tradicional do santo foram conservadas mesmo
na difícil técnica do esmalte alveolado (cloisonné).
testa, barba arredondada, e uma expressão bondosa em com a volta das figuras em pequena escala, a mesma
tôrno de uma bôca levemente sorridente: mas o mesmo vitalidade e verve das miniaturas, embora às vêzes, tam-
rosto é encontrado em vários ícones, e as ligeiras difen- bém, paradoxalmente, com o objetivo das composições mo-
ças que se devem naturalmente aos diferentes autores têm numentais. Como nos manuscritos, as cenas tiradas das
menos importância do que a certeza da identificação. vidas dos santos são particularmente vívidas; estas cenas
A identificação é ajudada naturalmente pela igualdade de milagres ou martírios permitem uma liberdade mais
das vestes. No caso da Virgem isto é levado muito longe ampla e às vêzes tendem quase à caricatura.
— há a mesma borda do véu escuro sôbre a testa, as Não devemos esquecer que muitos ícones são pintados
mesmas belas bordas douradas, o manto é traspassado e de ambos os lados: ficavam dentro de uma moldura no
ajustado da mesma forma sôbre o ombro e freqientemen- iconóstase, oferecendo ao fiel a ajuda de intercessores que
te há as mesmas cruzes pequenas bordadas no eixo do estariam prontos a vir em sua ajuda. É como se a piedade
rosto e sob os ombros. dos cristãos ortodoxos, que vinham beijar as imagens, fôs-
Nas cenas mais complexas descobre-se os mesmos es- se justificada pela gravidade, nobreza e espiritualidade das
quemas iconográficos que governam tais representações serenas figuras — Cristo, a Virgem, anjos e santos — 104
em manuscritos e na pintura monumental. Novamente, que recebem seu fervor. O luxo que cerca a expressão
há variantes mas estas se devem mais às diferenças entre artística dos sentimentos religiosos dos bizantinos sem
116,117 os modelos do que ao capricho dos artistas. A Anuncia- dúvida é desconcertante para algumas almas, mas devia
ção, por exemplo, frequentemente é representada num ser assegurada a outros crentes a sua necessidade de con-
único painel ou em dois painéis idênticos destinados, tal- sagrar ao serviço de Deus suas possessões mais belas e
vez, a formar a porta de um iconóstase. mais preciosas. Contrâriamente ao que pode ter aconte-
A Virgem, sentada ou de pé, em frente a uma ca- cido em outras épocas e em outros países do mundo cris-
deira, dá as costas para sua casa, enquanto o anjo, colo- tão, a influência da arte imperial e o luxo de tantos aces-
cado contra um céu dourado, acaba de descer. Pode-se sórios empregados nos serviços nunca prejudicaram a dig-
compreender que a Virgem está algo surprêsa com 'a nidade, a reserva ou a piedade da decoração bizantina.
chegada dêste visitante celestial; deixa cair seu fuso e le-
CONCLUSÃO
vanta a mão direita num gesto de defesa.
Representa sempre uma surprêsa oferecer uma descri- Ão emergir das tentativas iniciais do período das catacum-
ção, quer seja técnica ou subjetiva, de diversos quadros bas — com exceção das brilhantes manifestações das minia-
ao mesmo tempo — reafirmando-se, de cada vez, a exis- turas irlandesas — não há dúvida que a arte cristã foi
tência de uma expressão pessoal em cada um dêles. Mas dominada durante um longo período de sua história pela
esta expressão pessoal está suficientemente definida, dei- iconografia bizantina. Mesmo quando o nascimento da
xando que o observador possa reconhecer em diversos arte românica interrompeu êste domínio tudo continuou
ícones a mão do mesmo pintor. em grande parte do Ocidente e do Oriente: a iconografia
Finalmente, há grupos de ícones que apresentam uma bizantina foi repetida no tempo e no espaço; e a Trans-
série de quadros inter-relacionados. Dispostos como uma figuração pintada na Rússia por Rublev no séc. XIV era
moldura em tôrno a um quadro central êles podem re- a mesma Transfiguração que, no séc. VI, foi feita em mo-
latar episódios da vida do santo representado, ou podem saicos na abside do Mosteiro de Santa Catarina, no Monte 46
consistir de seis ou nove quadros agrupados em um re- Sinai, O mesmo Cristo de aparência terrível ameaça o es-
115 tângulo, representando, por exemplo, as principais festas pectador do alto das cúpulas e, nas absides, a mesma Vir-
da Igreja segundo a iconografia usual. Descobre-se aqui, gem de rosto grave oferece sua intercessão. Milhares de
a DT: TE TR +
Té
AS sad 1 z trad a à Sr E
pra É
da reed sy A at e
Ê VM ap = E. 4
; detusage arts 2 Am
a Sh as du p=
N
na da ca FD = j cce. k ça mj cleo =”
! r e; aa.
di “
to A :
= 4” PRE E cod da
ge
; A “|
a Fã, É fx. | '
era E
Di 8 ” a
re
re: = Li Ê - e
P
vu Ca
À ha i Es E É =
Le k
-E ' q 4 '
jo
dl T =
Er
LS TILL
ro ie,
ils
a
l:
NR
1
Dl
E
SE
Er ey
a eg
“
dk 1 dp a
O ra
e 6 Teodósio Il ee Heráclios as É
O Missões cristãs na Armênia e Henótikon de Zenão €—S Mavrice ]
O Fundação de Constantinopla OM. de 5. Simeão Estilita o A
O Cost
Pri
—o——u—o——Oo—o—
oo o—O o
Santuário da Natividade, 69 S. Vitale, Ravena
do
Jerusalém
€ Martyrion de Antioquia-Kaoussié
co Gênesis de Viena
IS
o——————— ———o——O—o—Oo—o—Oo—=E
o —Oo—
Santa Constanza, Roma 99 Hagia Sophia, Constantinopla
OFicos
meme
=== Catedral de Aquiléia O Hagia Sophia, Constantinopla, reconstrução da
O Batalha de Manzikert
St mm mm mm ----—— Saltério de Chludov e-—s Hosios Lukas O Virgem de Vladimir O Afrescos em Boiana
(Mosteiro de S. Lucas)
O Mosteiro de Lavra, Athos C.6 Nea Moni O Afrescos em Nerezi — mto Mistra
(Nôvo Mosteiro)
e - Rôlo de Josué co Dafne -—-- Anunciação de Ochrid
; O S. Sofia, Ochrid
cO Sermões de S. Gregório Nazianzeno
a -———— Cividale
Glossário
Ábaco — laje lisa colocada no tópo de um Basileus — (plural, basileis) — Termo grego Cruciforme -—- Em formato de cruz. Designa-
capitel. que significa rei ou imperador. ção de uma igreja cuja planta forma uma cruz,
Uma igreja cujas naves, abside e transepto,
Abóbada — Fórro curvo de pedra ou teto Basílica — Na arquitetura cristã primitiva, gran- formam uma cruz pode ser chamada de cruci-
curvo. A, de berço: teto contínuo, geralmente de edifício retangular, com uma nave central e forme mesmo que o todo seja contido numa
de seção semicircular, que repousa sôbre mu- colaterais, iluminado por um clerestório ce ter- parede exterior retangular (cruz no quadrado)
ros de sustentação, A. de arestas: abóbada minado geralmente por uma abside. (ver figuras 45, 5l, 88a),
gerada pela interseção de duas abóbadas de
berço iguais, o pêso dessa abóbada repousa Batistério — Local onde se situa uma pia ba- Cúpula — Domo sustentado por uma parede
apenas nos cantos, tismal; podia ser um edifício separado ou um repouse sôbre quatro arcos
circular ou que
recinto dentro do corpo principal de uma igreja. (ver lâmina
formando um quadrado na planta
Abside — Recinto semicircular ou poligonal
em que termina uma Bema — Têrmo prego que significa tribuna; 71).
igreja, uma capela ou,
mais raramente, um transepto. Quando situada plataforma elevada reservada para o clero, ge-
na extremidade Jeste de uma igreja, ecra origi- ralmente situado na abside, ou, como na Síria, Deambulatório — Galeria curva ou poligonal,
nalmente reservada ao clero; mais tarde, o no meio da nave (ver figura 26). geralmente contornando o santuário de uma
altar passou a ser normalmente colocado na igreja
abside (ver figura 42, lâmina 46). Caldário (de caldarium; plural, caldaria) —
Sala para banhos quentes nas termas romanas. Deesis — Esquema iconográfico representando
Ad catacumbas — Frase originalmente restrita Cristo entre a Virgem e São João
ao cemitério cristão-primitivo, situado nas pro- Capitel — Bloco de pedra, geralmente moldado
ximidades de Roma, e hoje denominado “di ou esculpido, colocado no tôpo de uma coluna Diacônico — Nas igrejas bizantinas, recinto ao
San Sebastiano"; mais tarde, a expressão pas- e que sustenta o ábaco (ver figuras 66, 97, sul do santuário que servia como sacristia e
sou a designar qualquer lugar de sepultamen-
lâmina 48). vestiário. Estava a cargo dos diáconos e nela
tos com galerias subterrâneas. Ver catacumba,
se guardava os livros, os paramentos e os
Catacumba — Recinto funerário subterrâneo vasos litúrgicos necessários ao altar. Hoje, sa-
Aduelas — Blocos de pedra em forma de
usado pelos cristãos primitivos, formado por cristia (ver figura 23).
cunha que constituem as partes de um arco. longos túneis ao longo dos quais se alinhavam
nichos cavados nas paredes de rocha; por vêzes Diáspora — A dispersão dos judeus; original-
Ambom — Tribuna situada sôbre um ou dois
havia capelas e pequenas câmaras funerárias mente restrita a certas partes do Egito, Ásia
degraus, da qual se liam a Epístola e o Evan-
gelho; pode ter
(ver figura 8, lâmina 3). Menor e Ásia, por fim espalhou-se a todo o
aspecto semelhante zo púlpito
(ver figura 25). Império Romano,
Chrismon — Monograma de Cristo BR Ou
Anastasis — Téêrmo
P). formado pelas duas primeiras letras de Dórica — Uma das ordens da arquitetura gre-
prego que significa
ressurreição
XPISTOL, reproduzido por Constantino nos ga; caracterizada pela ausência de uma base
(ver figura 16, lâmina 93),
estandartes (labarum) de seus soldados. para a coluna, proporções pesadas, capitel sim-
Arcada — Fileira de colunas ou pilares que ples e, no entablamento, a alternância de mé-
Circo — Pista de corridas romana. Cada uma
suportam arcos, frequentemente usada para se- topas e tríglifos,
das equipes do circo de Constantinopla, co-
parar a nave das colaterais; nesse caso, pode
nhecidas por suas côres (vermelhos, verdes Edícula — Moldura de janela ou nicho, for-
designar uma colunata que sustente um enta-
etc.), era apoiada por grupos de desordeiros mada por duas colunas sustentando um enta-
blamento (ver figura 29a). A. falsa: arcada
que provocavam constantes distúrbios. blamento ou frontão.
em miniatura simulada, construída sôbre uma
parede com fins decorativos (ver figura 66). Clâmide — Manto curto ou capa, prêso por
Empena -—- Face inclinada dos frontões, de
um broche ao ombro direito e que cobria todo
Arcossólio — Antiga forma de túmulo, muito seção triangular.
o ombro e o braço esquerdos (ver lâmina
comum nas catacumbas; cortava-se a rocha, em
44). Emposta ou Imposta — Na arte bizantina, bloco
forma de arco, e escavava-se a parte inferior,
uma espécie de sarcófago natural (ver lâmina em forma de pirâmide truncada invertida, co-
Clerestório — Parte da parede da nave de
1). locado sôbre o capitel em lugar de um ábaco.
uma igreja que se eleva sôbre o nível das
colaterais, e na qual se abrem janelas (ver
Arquitrave — Unidade horizontal sustentada Epifania — Cena em que se manifesta a di-
figura 66, lâmina 32).
por colunas; originalmente, a primeira, de bai- vindade de Cristo (Adoração dos Magos, Ba-
xo para cima, das três partes principais do Codex ou Códice — Têrmo latino que significa tismo, Bodas de Canaã etc).
entablamento clássico (ver figura 18). livro (ver figura 77).
Epitaphios — Pano litúrgico bizantino, usado
Arlanos — MHeréticos que sustentavam não ser Colateral — Numa igreja em forma de basílica, para cobrir o ataúde de Cristo na procissão
eterno o Filho de Deus, tendo sido criado as colaterais são as áreas paralelas a cada da Sexta-Feira da Paixão (ver figura 93).
pelo Pai a partir do nada. O arianismo — de lado da nave (ver figuras 19b, 23).
Arius, asceta alexandrino (270-336) — foi a Estuque — Revestimento de gêsso ou cimento
principal heresia da igreja primitiva, e o pri- Columbário — Tumba com pequenos nichos sôbre pedra ou tijolo; o melhor estuque era
meiro Concílio Geral de Nicéia, em 325, con- destinados às urnas contendo cinzas de cre- feito de pó de mármore.
denou-o, afirmando a consubstancialidade do mações.
Pai e do Filho. Exarcado — A jurisdição (distante de Cons-
Comnenos — Dinastia de imperadores bizan- tantinopla) governada por um exarca que pres-
Átrio — Pátio fregientemente com arcadas, tinos (1071-1185). Depois que a dinastia Ma- tava vassalagem ao imperador bizantino.
situado defronte da entrada principal de algu- cedônia chegou ao fim, os Comnenos ascen-
mas das primeiras igrejas cristãs (ver figura deram ao poder após longo período de agita- Exedra — Recinto aberto, de planta retangular
15). ções; restauraram a estabilidade política e pro- ou curva,
Jongaram a influência de Bizâncio e de sua
Ávaros — Povo mongolóide, cujos últimos re- arte, Exonártex — Nas igrejas de dois nártexes, O
manescentes ocupam a parte oriental do Cáu- primeiro a partir da entrada.
caso. Islamizados. Originários da Ásia Central Concha — Tôpo de um nicho semicircular; um
fundaram um reino nas estepes da alta Ásia, quarto de esfera, em forma de concha, com Extradorso (extrados) — Curva exterior das
de 407 a 553, Ameaçaram Constantinopla no nervuras salientes, aduelas de um arco, normalmente concêntrica
início do século VII, penetraram em Panônia em relação ao intradorso; superfície superior,
e alcançaram a Itália, depois Basiléia, detidos Coríntia — última das três ordens principais quando visível, de um arco ou abóbada.
por Carlos Magno em 796, que os converteu da arquitetura grega. A coluna apresenta pe-
em parte, fixando-os nas regiões da atual Áus- destal alto e capitel baseado na fôlha de acan- Fiada — Fileiras de pedras ou tijolos, for-
tria, Hungria e Bélgica, Desde então, desapa- to. Foi a ordem mais popular na arquitetura mando padrões regulares de textura ou côr,
receram sem deixar vestígios, salvo os rema- romana e continua a ser utilizada, com modi-
nescentes do Cáucaso, ficações, durante todo o período cristão-primi- Frigldário — Sala de banhos frios nas termas
tivo e bizantino, romanas,
Baldagulm ou Baldaquino — Dossel ou co-
bertura ornamental, sustentado por colunas, sô- Cosmas Indicopleustes — Primeiro geógrafo Herotikon — Fórmula teológica promulgada em
bre um altar, fonte batismal, túmulo ou reli. bizantino; como mercador fêz grandes viagens 482, sob o Imperador Zeno, para assegurar &
cário. até se retirar para um mosteiro do Sinai, união entre os monofisitas e os ortodoxos.
|
171
Hetimasis — Representação do trono do Sal outra humana, em contraste com a concepção Propileu — Entrada
vador, substituindo a imagem de Cristo como monumental de um ta
ortodoxa da unicidade do Cristo, que é ao
rei (ver figura 37), mesmo tempo Deus e homem. cinto religioso.
Nártex — Vestíbulo de uma igreja, que Se dado a todos os membros das famílias dos
fi- imperadores bizantinos nascidos num determi- Tufo — Pedra de construção comum na arqui-
estende ao longo de tôda a fachada (ver
nado aposento palaciano revestido de púrpura. tetura romana, de origem vulcânica, de textura
gura 45, lâmina 72). porosa, e na qual se escavavam as catacum-
central de uma basílica, Pórtico — Colunata ligada por um teto à pa- bas.
Nave — A longa área
colaterais e iluminada pelo cle- rede externa de um edifício, No caso de uma
ladeada pelas Volumen (plural volumina) — Rôlo de perga-
27, lâminas 21, 31). igreja, também chamado nártex; em tôrno de
restório (ver figura minho no qual, antes do aparecimento dos livros
um pátio, chama-se átrio ou claustro,
manuscritos — ou códices — tôda comunica-
Nestorianos — Adeptos da doutrina de Nestor
rnado Presbitério — Parte da igreja situada a leste ção escrita de qualquer extensão devia ser ins-
(— 451), segundo a qual no Cristo enca
e do côro e reservada ao clero (ver figura 35) crita,
havia duas pessoas separadas, uma divina
Bibhografia
Der Nessessian, S. Armenia and the Byzantine Empire, Alpatov, M. Trésors de Part Russe, 1966 (Paris)
1945 (Harvard) Ebersolt, J. Les Arts somptuaires de Byzance, 1923 (Édi.
Lemerle, P. Phillippes et la Macédoine orientale à Pépo- tions Ernest Leroux)
que chrétienne et byzantine, 1945 (E, de Boccard) Rice, T, Talbot Russian icons, 1963 (Spring Books)
Indice
Aachen 109, 110, 111, 112, 162, 73, 53 Cesaréia 132 Galla Placídia 47; mausoléu de,
Adelphia, Sarcófago de Siracusa 1] Ravena 45, 48,
Champagne 111 65, 69, 36, dla, 379
Altares (portáteis) 106 Chilandari 159 Galo-romanos 87
Ambo 41, 74, 25
China 160 Geórgia RB
ET
Ampullace 38-9, 2] Chios, Nea Moni 130, 131 Germigny des Prés 105, 112, 54
Anastasis 33, 158, 93 Chlamys 65, 157
Anastasis, Monte das Oliveiras de 16 Giotto 159, 167
Clóvis, rei dos Francos 87 Godefroid de Claire 106
Anglo-saxônica, Arte 77 Codex Amiatinus 106
Antropomorfismo R6 Godescale, Evanpeliário de 129, 63
Codex Aureus 129, 77
Antioquia 33, 35, 36, 79, 83, 136, Godos 87, 156
162, 33: Cordices 81
cálice 164; igreja de 80 Gólpota 165
Coemeterium Maius, Roma 7
Antonino, Imperador 2 Goreme, Vale do 134, 81, 75
Columbaria 12 Gótica, Arte 40, 157
Árabes 11, 79, 87, 110, 130, 132, 135, 136, 156 Como 87
Árca 14 . Grabar, André 36
Constantino, Imperador 33, 36, 37, 39, 40, 44, Gracanica 153
Arquitetura: 75, 109, 130; arco de 16, thermae 33 Grécia 11, 15, 41, 74, 88, 130-2, 167
— armênia 79-80, 5] Constantino 1I, Imperador 154, 78 Greco-romana, Arte 88
— búlgara 87 Constantinopla 33, 36, 47, 77, 79, 80, 83, 129, Gregório, o Grande 106
— bizantina 46, 71-7, 110, 158, 43, 45, 47-50, 150, 131, 132, 136, 153, 156, 157, 158, 159, Grenoble 105, 66
79-80, 90, 30, 31, 41, 70, 71, 95 160, 164; igreja dos Santos Apóstolos 35, Grisões 112
— carolíngia 105-6, 110, 66, 73 36, 135; igreja do Santo Sepulcro 36; H. Ire- Gruta da Natividade, Belém 36, 17
— cristã primitiva 9-11, 35-7, 40-6, 87, 4, ne 35, 75, 76; H. Sérgio e Baco 75, 47b, d, Grúnewald, M. 167
15, 16, 42, 19,:20, 23, 27; 28, 48, 97b; H. Sophia 35, 45, 75-7, 86, 130, 156,
29, 63, 26, 27, 49 167, 43, 49, 50, 78, 47, 48; Kahrie Cami 85,
— egípcia 79 134, 158, 159, 89, 90, 90-3; Nea 130; Zirak H. Irene, Constantinopla 35, 75, 76
— franca 87, 51 Cami 74 H. Sérgio e Baco, Constantinopla 75, 47b, d,
— peórpica 80, 52 Corintiano, Estilo 105 48, 97b
-— romana 33, 40, 87, 88, 110 Corinto 45 H. Sophia, Constantinopla 35, 45, 75-7, 86, 130,
— russa 74, 156, 88 Creta 136, 153 156, 167, 43, 49, 50, 78, 47, 48
— siciliana 136 Cristo, túmulo de 33, 36 Harbaville, Tríptico de 163, 104
— bizantino-veneziana 135, 82, 83 Crucifixos 165 Helena, Imperatriz (Sta. Helena) 33; sarcófago
Arquitraves 18 Cruzes: de Jd
drcosolia 12, 7 — de altar 165 Heliogábalo 9
Arianismo 33, 38, 156 — da Esperança, de Beresford 105 Helenístico 9, 10, 83, 84, 85, 132, 162, 164
Ásia Menor 43, 132 — peitoral 161 Henotikon 45
Assírios 48 — processional 165 Henry, Françoise 107
Atenas 45, 74 — de pedra 106, 70 Hércules 9, 33
Atrium 42, 15 Cubiciula 13 Hersfeld 111
Augusto, Imperador 9, 47, 71 Hippo Regius 28
Auxerre 87, 162, 56, 57 Homilias de S. Gregório Nazianzeno 132, 161
Agzarael, rei de Damasco 160 Dalmácia 46, 135 Homilias de S. João Crisóstomo 130, 161, 69
Dafne 84, 130, 131, 79, 73 Hosios Lukas na Fócida 74, 85, 130-1, 45, 70,
Daurade, Toulouse 87 TVL, :TÊ
Baparan 45 David Comnenus, Imperador 132 Hubert, Jean 111
Bagrat IV, da Geórgia 80 Dentelle 165
Baldaquim 45, 72, 73 Diaconicon 41
Balcãs, 74, 130, 157 Diaspora 11 Iconoclástica, Crise 85-6, 130, 134, 165
Batismo 10 Diocleciano, Imperador 33, 35, 47 Iconographie de VEvangile (G. Millet) 81
Batistério dos Arianos, Ravena 65, 37, 40a, 4lc Dionisíaco 9, 38 ícones 8, 68, 84, 112, 130, 156-7, 159, 161, 163,
Batistério dos Ortodoxos, Ravena 65 40b, 41b, Domo do Rochedo, Jerusalém 165-6, 167, 104, 111-17
45 Domitila, Catacumba de, Roma 5 Idolatria 86, 162
Bárbaros 87, 156, 165 Dora 136 Igor, Príncipe 155
Basílio I, Imperador 130, 132
Dura-Europos 11, 15, 68, 83, 3, 4,5,1,2 índia 68
Durrow 106; livro de 107, 109, 129, 71, 58, 59 Iona 106, 107
Basílio II, Imperador 79, 130, 155
Dypeve, M. M. 15 Irã 11, 79, 80, 83, 88, 136
Behyo 26
Belisário 47 Irlanda, arte irlandesa 106-7, 109, 129, 166, 68,
69, 71, 72, 76, 58-62
Bema 41, 26 Echternach, Abadia de 107, 129; evangeliário
Irene, Imperatriz 130
Beresford, Cruz da Esperança de 105 129, 76, 62
Isauriana, Dinastia 86
Bobbio 106 Ecumênico, Concílio, Primeiro 33
Edicto de Paz 45 Isidoro de Mileto 75, 153, 43
Boiana 85, 154, 156, 87, 86-9
Egito 15, 45, 79, 132, 136 Islâmica, Arte 71, 112; conquista 79
Bosra 45
Elmale Kilisse 75 Ístria 43
Brad 79
Epitaphios 162 Itália 88, 111, 130, 134-6
Bronze, Trabalhos de 88
153, 154-5, 156, Escultura: armênia 80, 51; bizantina 162-3, 96-9, Ivanovo 155
Bulgária, Búlgaros 45, 130, 135,
157, 167, 87, 86-9 48; cristã primitiva 15, 16, 162, JI-I4; grega
Bizâncio 33, 87, 109, 134, 135, 136, 153, 155, (clássica) 131
Esmalte 88, 109, 160, 161, 165, 102, 105, 106, Jasper 165
156, 165
107 Jerusalém 15, 33, 35, 36, 38, 39, 80, 28: Domo
Etiópia 156 do Rochedo 86, 110; Santo Sepulcro 36, 37,
Eufrates, Rio 1], 132, 161 39, 71, 15; Martyrion de São João Batista 45
Calathos 105
Eusébio de Cesaréia 33, 35 Joalheria 88, 160, 165
Caldaria 71]
de, Roma 9, I0a Evangelismo 8, 79 Judeus 9, 10, 81, 86, 110
Calixto, Catacumba
Extrados 72 Juliano, Imperador 33
Calvário 33, 36, 39
Júlio César 9
Cantuária 106, 129
Julius Argentarius 68
Capitéis:
48 Faustina, Imperatriz 2 Jumati 102
— bizantino 97,
105, 66 Florença 159 Júpiter 9, 33
— pirenaico
Roma 9 “Forma crucis templum est" 46 Justiniano, Imperador 36, 47, 68, 71, 75, 79,
Capitólio,
Magno 105, 109, 111, 112, 129; sudário Forum, Roma 9, 33, 36 109, 130, 135, 136, 156, 162, 44
Carlos
162; trono 53 Francos, Franco 87, 106, 129, 132, 153, 156,
Catacumbas 11, 12, 13, 44, 166, 8; pintura 11, 157, 158
Kahrie Cami, Constantinopla 85, 134, 158, 159,
13-15, 16, 38, 39, 48, 68, 70, 88, 9, 10, Friesland 107
89, 90, 90-3
3-5, 7-12 Frigidarium 36
Fulda 106, 111 Kaoussié 45, 46, 71, 31
Cathecumeneum 42
Fulrad, Abade de 105 Kells 107; livro de 109, 72, 60, 61
Cáucaso, Montanhas do 80
Funerárias, Capelas 42 Kent 87
Cefali 136
Kharab Shems 23
Celtas, Céltico 88, 107, 67, 69
Kiev 155, 16); igreja de S. Miguel 156; Sta.
Cemitérios: Sofia 156, 88
— cristão primitivo 12-13, 46, 7 Gália 44, 87, 88, 105, 106
Gall 106 Kokkinobaphos, James 99
-— pagão 12, 36
| 74
Agradecimentos
desenhos déste volume basearam-se em ilustrações das publicações 20, 21; Victoria and Albert Muscum, Londres Ll6, John Webb, Londres
Os
108, 109, 110; Roger Wood, Londres 46, JP, Ziolo/ André Held, Paris
abaixo relacionadas:
3, 4, 95,7, 8, 9, M, &1, IA 15
pau SM Gn
9
f O,
/ MY GS
“cá o lh
A 2
lona z F
a
d
al Lindsfarne
|
ê eo de
NORTÚMBRIA o 4 24
apdendetoy O ado
PT ts
Kelis
ISIA
IRLANDA pb Z ag
o
e Durrow á
Faris Barton E o
eia
QU 'g, o Ersfeld
Aachen e az e Fulda
Lorsch
e Wingles
se Rio Danúbio
Echternach ee Trier
o uorre /
E
Paris e Jo
Luxeuil
Le Germigny des Prés E
e a
Auxerre se
AQU 4 E
- Tours e = ;
LR =
É > |» ç Ee
mi o SE Ta MhontZa pPA enez o PAo
Toulouse END.
9
Marselha
e...
Oviedo Pirineus
lassan
Tarrasa é
Monreale
=
O)
ÚPring
SICÍLIA
“te
Cherchel
te DI
Cáucaso |
-
GEÓRGIA e Bolnisi
E
ARMÊNIA
Ani & E iiienásia
bt
|
izondda
Trebizon Mana ikert
er a
MAR NEGRO
lo So
0
| À v
Qg
Aghtamar
| o Re
Patleina
Sé
Cc à à Tirnovo «8
EBlacanica L Ravanica qo Cesaoréia MESOPOTÂMIA
O.
pdenicá a” o : Constantinopla À CAPADÓCIA
ar
ladvo à Boiana q
opocani à
e o
4 Zamen
.
ILHAS DE MÁR NA
a Niceia
da Vale
O Yap.
do Goreme on Alepo á
on Decani Philipi ES
Ss 2 R'safah Dura-Europos
in à Nerezi Ruweha
o Binbirkilisse s Qalb- [ojzeh e
S nO 3/0 ao“ “g n 7 o Sele ucia 7 a Giasia ibn-Warden
Sae O e eônica Apam éia º*Palmira
My E Pieria “%:º
O
S Monte A o O
Do < ê “23
” SS e Emese
“o
o Chesd 3 Efeso
EPIR
UNÇÃO róc Z
OR DS 4
ao? es” o D 4
a<L «qe
Monte Nebo
rúerina
Mor Mediterrâneo
Alexandria We
Natroun
2
FAIYUM
Leptis Mogna
e É
TS E
bj) ||
Fa
M i*
e tê am
Pi
a F,
EAR
ri
e
N
a
a
—
E
E
ho!
di
EA
“A
di
o
b
*
e
i
nu
ERA o a
de a
k
ma np
f
om
ET
n
qem
E
aa
it
E
As
“o
fi
—
dire
4
md
fre
, E instesc de ] Pa aço
adro Tr ] Em
|
MAR
|!
|
a
E AR
+
At |
Í
E
DE Cem te
ao a o o
Fr:
si
FÊ
di
=
lo
o
1]
[|
=