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Escrever a descrição de uma pessoa não precisa ser difícil. Assim que tiver dominado a escrita de descrições básicas, apresentadas nesse artigo, continue praticando. Você logo estará fazendo descrições melhores.

Parte 1
Parte 1 de 3:

Para Começar

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  1. Assim como com diálogos, você precisa observar pessoas de verdade para poder reproduzir a realidade com palavras. Então pegue uma caneta ou lápis e algo onde possa escrever e saia.
    • Observe estranhos em um local público, como num shopping, cafeteria ou até na biblioteca. O que eles estão vestindo? De que cor são seus cabelos? Como eles andam? Caminham com confiança ou estão curvados e introspectivos? Que peculiaridades você vê? Eles batem os dedos enquanto bebem café, mastigam a ponta da caneta? Riem sozinhos?
    • Você não tem que escrever uma descrição inteira enquanto observa, apenas anotar alguns pontos para te dar ideias depois. Todas essas observações nos dizem algo sobre uma pessoa e você precisará delas quando começar a descrevê-las.
    • Preste atenção na sua família e seus amigos. Todos eles têm hábitos e particularidades da personalidade com as quais você já se acostumou. Comece a anotá-las também. Descrever pessoas que você conhece bem pode ser um ótimo exercício.
  2. Você não vai copiá-los exatamente, mas observar o que funciona pra eles e por quê. É importante analisar o trabalho de outras pessoas, porque te dá ideias de como fazer algo similar no seu próprio trabalho.
    • "Crowley tinha cabelos negros e maçãs do rosto bem definidas, calçava sapatos de couro de cobra, ou pelo menos se presumia que estivesse calçando sapatos, e podia fazer coisas realmente estranhas com a língua. E sempre que se distraía, tinha uma tendência a sibilar. Também não piscava muito."[1] Essa descrição é um esboço de características físicas, mas deixa a maior parte da formação para o leitor. O que ela faz é ressaltar a "alteridade" de Crowley, pois ele é, na verdade, um demônio. Outras coisas que podem ser percebidas nessa descrição: Crowley se veste bem (os sapatos de couro de cobra), ele tenta se encaixar no perfil humano, mas sem muito sucesso, e nem sempre mantém controle sobre si mesmo.
    • "De repente Frodo percebeu que um homem de aparência estranha e marcada pelos anos, sentado num canto escuro, também estava escutando a conversa dos hobbits com muita atenção. Tinha uma caneca alta à sua frente, e fumava um cachimbo de haste longa, talhado de forma curiosa. As pernas estavam esticadas, mostrando botas altas de couro macio que lhe serviam bem, mas já bastante surradas e agora cobertas de lama. Uma capa cheia de marcas de viagem, feita de um tecido verde escuro, o cobria quase por completo, e apesar do calor da sala, ele usava um capuz que lhe ocultava o rosto em sombras; mas podia-se ver o brilho em seus olhos enquanto observava os hobbits."[2] A apresentação de Aragorn dá pistas de que ele não é o que Breefolk pensa – suas roupas são bem feitas, mas estão gastas. Ele fuma um cachimbo "talhado de forma curiosa", o que remete às suas origens estranhas. Tolkien mostra que ele está interessado nos hobbits, mas distante, deixando em dúvida suas intenções.
    • Observe que ambas as descrições são parte da história. Eles estabelecem ação futura em vez de interrompê-la para descrever cada detalhe. O exemplo de Tolkien retrata o primeiro olhar sobre Aragorn a partir da perspectiva de Frodo, que percebe o interesse do personagem por ele. Esse trecho também destaca a grande cautela do próprio Frodo.
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Parte 2
Parte 2 de 3:

Escrever Sua Descrição

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  1. Elas podem ser tanto longas quanto curtas desde que cumpram seu objetivo, mas estes são diferentes para cada escritor. Ambos os exemplos acima estão apresentando a pessoa, mas nem sempre esse é o caso.
    • A escolha de palavras é importante. Ela será diferente dependendo da pessoa. Na descrição de Tolkien acima, o cachimbo e o "tecido verde escuro" são indicações de que o personagem não é o cara malvado como pode ser apresentado. Pense naquilo que deseja invocar com sua descrição.
    • Outro exemplo de escolha de palavras: "Rose esperava em um banco na sala de estar, e por uma fração de segundo Laurel a viu como alguém veria um estranho. Ela estava enrolada em um xale de crochê roxo cujas pontas se uniam na frente em um laço rosa, e seu cabelo selvagem, agora grisalho, estava preso em uma trança lateral sobre o ombro. Laurel sentiu uma pontada de afeto quase insuportável quando notou o arame para embalagem de pão que prendia a trança da irmã."[3] Esse trecho descreve tanto Rose quanto Laurel, mas mostra ao leitor os pensamentos de Laurel. Ele demonstra o quanto Laurel ama sua irmã (e não apenas isso, mas que uma certa característica da irmã destaca esse amor) e mostra que ela se sente distante da família. Também retrata Rose como distraída e feminina. Ela usa um arame no cabelo e um xale de crochê roxo. As palavras escolhidas evocam essa descrição.
  2. Não pense que você deve descrever cada mínimo detalhe da pessoa. Você quer ser específico o suficiente para dar ao leitor algo para imaginar, mas ao mesmo tempo deixando a cargo dele boa parte dessa imaginação.
    • Neste exemplo, a breve descrição escrita por Hemingway serve tanto para descrever Catherine quanto o interesse do narrador nela: "Ela tinha cabelos belíssimos. Às vezes eu me deitava e ficava assistindo-a enrolá-los e arrumá-los, à luz que penetrava pela porta e, mesmo no escuro, seus cabelos brilhavam como a água brilha antes do romper da aurora."[4]
    • Uma regra de ouro para escrever descrições é não usar mais do que três dos cinco sentidos. Então, se você fez referência à visão, audição e olfato, não é necessário mencionar tato e paladar. Isso é apenas uma orientação, claro, mas é algo a ser levado em consideração.[5]
  3. Embora dizer nem sempre seja ruim, mostrar sempre ajuda a dar vida à descrição. Nos exemplos acima, Tolkien não diz "Aragon era sujo e não queria ser parte da multidão." Ele chama atenção para o desgaste de suas roupas, a lama nas botas e a maneira como ele está sentado em um canto com seu capuz sobre o rosto.
    • Um exemplo de dizer: "Margaret era ruiva e muito alta. Ela não gostava disso e desejava que não a notassem, então estava comprando tintura para o cabelo." O problema aqui é que a descrição já entrega tudo, sem evocar nada. Além disso, não varia suas frases. Ambas têm um ritmo similar.
    • Agora um exemplo de mostrar: "Margaret se sobressaía aos demais. Ela se recusava a usar salto alto e, quando caminhava, curvava os ombros e abaixava a cabeça. Sua cabeleira vermelho-fogo também não ajudava. Agora ela encarava as opções de tintura para cabelo na prateleira em frente a ela, enquanto mordia a pele em volta das unhas." O que acontece aqui é que o leitor sente o desconforto de Margaret consigo mesma, sem que ele esteja explícito. Palavras ativas são usadas: "curvava", "abaixava", "sobressaía", "encarava", "mordia". Suas ações são descritas. Ela não usa saltos porque odeia ser notada, o que é impossível por conta de sua altura e seu cabelo. A descrição dá ao leitor uma ideia de sua aparência, assim como de sua personalidade.
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Parte 3
Parte 3 de 3:

Editar Suas Descrições

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  1. O primeiro não será perfeito. Na verdade, ele provavelmente não será muito bom. Tudo bem! Reescreva-o várias vezes.
    • Tente evitar advérbios. Essas palavrinhas incômodas geralmente são usadas quando se diz em vez de mostrar. Sua escrita terá mais força se você encontrar outras maneiras de mostrar a emoção, ou descrição, que o advérbio indica. Exemplos de advérbios: graciosamente, lentamente, rapidamente, colericamente, agradavelmente.
    • Leia sua descrição em voz alta. Ouvir seu texto ajuda a entender o ritmo da sua escrita e a eliminar trechos inadequados ou mal-escritos.
    • Peça a um parente ou amigo de confiança que leia e dê sugestões. Seu cérebro muitas vezes deixa passar erros, porque já sabe como a descrição deve ser. Pedir que outra pessoa leia seu texto ajuda a saber se você evocou o personagem suficientemente bem.
  2. Um leitor geralmente abandona a leitura se a descrição continua e continua sem seguir com a história. Certifique-se de que você está dando informações sobre o personagem ou sobre a história na sua descrição. Existem três coisas nas quais você deve se concentrar para que sua descrição mantenha o interesse do leitor. Preste atenção nelas ao editar seu texto.
    • Motivação do personagem: isso dá ao leitor algo para imaginar junto com a descrição e ver como essa pessoa se encaixa na trama. A motivação de Margaret, por exemplo, é fazer tudo que puder para evitar ser notada, como pintar o cabelo.
    • Detalhes específicos: mais uma vez, deve haver um equilíbrio entre detalhes demais e quase nenhum. Margaret, no exemplo, se curva, se sobressai, abaixa a cabeça e tem cabeleira vermelho-fogo.
    • Informações sobre o personagem: o que a descrição revela sobre a pessoa? Para Margaret, é o fato de que ela detesta ser alta, não quer que as pessoas a notem e que é ansiosa.
  3. Quanto mais você escreve, melhor fica. Então leia, analise e escreva sempre. É preciso praticar para ser bom em qualquer coisa, então pratique, pratique e pratique suas descrições.
    • Olhe seus trabalhos antigos. Você ficará impressionado com quão longe chegou e pode aproveitar a oportunidade para avaliar o que funciona ou não nos seus textos antigos.
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Dicas

  • Leve consigo um caderno aonde for. Assim você pode tomar notas sobre pessoas no ônibus, no avião, ou na sua livraria favorita. Você terá uma boa prática prestando atenção e descrevendo as pessoas ao seu redor.
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Avisos

  • Não desanime caso suas descrições não fiquem ótimas quando você começar. Elas melhoram com a prática, desde que você não deixe de trabalhar nelas.
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Referências

  1. Neil Gaiman e Terry Pratchett. Belas maldições. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. Impresso.
  2. Tolkien, J R. R. O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Impresso.
  3. Morton, Kate. The Secret Keeper: A Novel. , 2013. Print.
  4. Hemingway, Ernest. Adeus às Armas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. Impresso.
  5. http://deniserobbins.com/articles_description_in_fiction.html

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