Bulla striata

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaBulla striata
Quatro conchas de B. striata. Espécimes coletados no sudeste do Brasil, em Ubatuba, São Paulo.
Quatro conchas de B. striata. Espécimes coletados no sudeste do Brasil, em Ubatuba, São Paulo.
Cinco vistas da concha de B. striata; de espécime vindo da península de Giens, França.
Cinco vistas da concha de B. striata; de espécime vindo da península de Giens, França.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Subclasse: Heterobranchia
Ordem: Cephalaspidea
Superfamília: Bulloidea
Família: Bullidae
Género: Bulla
Linnaeus, 1758[1]
Espécie: B. striata
Nome binomial
Bulla striata
Bruguière, 1792[1]
Distribuição geográfica
A espécie B. striata está bem distribuída nos dois hemisférios, norte e sul, do Atlântico; em costas do leste e do oeste.
A espécie B. striata está bem distribuída nos dois hemisférios, norte e sul, do Atlântico; em costas do leste e do oeste.
Sinónimos
Bulla amygdalus Dillwyn, 1817
Bulla alba W. Turton, 1825
Bulla columnae Delle Chiaje, 1827
Bulla adansonii Philippi, 1847
Bullaria adansoni (Philippi, 1847)
Bulla dactylis Menke, 1853
Bulla omphalodes Menke, 1853
Bulla perdicinia Menke, 1853
Bulla roperiana Pilsbry, 1895
Retusa mariateresae Parenzan, 1970
Bulla amygdala (sic)
(WoRMS)[1]

Bulla striata (nomeada, em inglês, striate bubble[2][3], Atlantic bubble shell[4], common Atlantic bubble[2][5][6][7] ou simplesmente common bubble)[2] é uma espécie de molusco marinho, hermafrodita e não operculada[6], das costas do oceano Atlântico[8]; pertencente à classe Gastropoda e à família Bullidae da subclasse Heterobranchia. Foi classificada por Jean Guillaume Bruguière com esta denominação, em 1792, na obra Encyclopédie Méthodique.[1]

Descrição da concha[editar | editar código-fonte]

Concha váriavel em sua coloração e padronagem de manchas irregulares brancas, castanho-escuras, cinzentas ou cor de avelã[7], sob um frágil perióstraco.[9] Ela é cilíndrico-ovalada e moderadamente frágil, leve, lisa e brilhosa[6][9][10], com até 4.5 centímetros em seu comprimento total[2], mas geralmente entre 1.5 e 3.3 centímetros de comprimento[11]; com sua espiral formando um furo central, como se fosse um umbílico (espiral umbilicada ou rebaixada)ː suas voltas anteriores sendo escondidas pela volta corporal. Sua abertura é alargada em sua parte anterior e estreita ao se aproximar da região de sua espiral, ocupando todo o comprimento da concha, arredondada em ambas as extremidades e apresentando lábio externo fino, ligeiramente contraído no centro de sua extensão; com lábio interno bem destacado e na mesma coloração do interior da concha. Em sua base, no lado oposto ao de sua espiral decrescente, podem estar visíveis ranhuras espiraladas.[4][6][9][11][10][12][13]

Descrição do animal e ovos[editar | editar código-fonte]

O animal de Bulla striata não possui opérculo. Seu é bem desenvolvido e, junto com o seu manto, é ligeiramente translúcido; ambos podendo envolver completamente a concha, mas também podendo se retrair completamente para dentro dela. Não há parápodes (protuberâncias carnudas, em forma de asas). A cabeça é alargada e não tem tentáculos. Os olhos são pequenos e estão posicionados na superfície dorsal do seu escudo cefálico.[4][6] A fêmea deposita cordas de ovos gelatinosos sobre a vegetação submarina.[9]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

Bulla striata é encontrada em ambos os lados do Atlântico. No oeste a sua distribuição geográfica se extende da Carolina do Norte até Flórida e Texas, nos Estados Unidos, indo em direção ao leste do México e mar do Caribe, incluindo Antilhas, até o norte da América do Sul, no leste da Colômbia e na Venezuela, e descendo ao sul, por todo o litoral do Brasil, até o Uruguai. No leste a sua distribuição geográfica se extende de Açores e Portugal ao mar Mediterrâneo e África Ocidental e Central; do Marrocos ao golfo da Guiné, Gabão, Angola e Santa Helena.[5][7][8][9] Esta espécie pode ser encontrada nos sambaquis brasileiros, tendo importância arqueológica desconhecida.[10]

Habitat e hábitos[editar | editar código-fonte]

Esta espécie chega a ser localmente abundante, em determinadas regiões, ocupando a zona entremarés e zona nerítica até os 25 metros de profundidade, em habitats próximos de costões rochosos e tapetes de ervas marinhas, com o animal se enterrando em bentos com areia lamacenta, frequentemente entre algas.[3][5][7][9][14] Os moluscos da ordem Cephalaspidea são carnívoros e herbívoros, sendo Bulla striata uma espécie herbívora.[1][15] Também são capazes de liberar substâncias químicas em secreções defensivas que inibem sua predação por peixes.[16]

Subespécies[editar | editar código-fonte]

Bulla striata possui duas subespécies:

  • Bulla striata striata - descrita por Bruguière, em 1792.
  • Bulla striata frankovichi - descrita por Petuch & Sargent, em 2012[1]; uma subespécie endêmica da Flórida e caracteristicamente marcada com um padrão de cor em quatro faixas marrom-escuras.[17]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f «Bulla striata Bruguière, 1792» (em inglês). WoRMS. 1 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  2. a b c d «Bulla ((striata group)) striata» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods (Wayback Machine). 1 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  3. a b «Bulla striata Bruguière, 1792 - striate bubble» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  4. a b c «Bulla striata Bruguière, 1792» (em inglês). Indian River Lagoon Species Inventory. 1 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  5. a b c ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 279. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  6. a b c d e SABELLI, Bruno; FEINBERG, Harold S. (1980). Simon & Schuster's Guide to Shells. An Easy-to-Use Field Guide, With More Than 1230 Illustrations (em inglês). New York: Simon & Schuster. p. 408. 512 páginas. ISBN 0-671-25320-4 
  7. a b c d Conchas. Guia Prático. São Paulo: Nobel. 1998. p. 57. 64 páginas. ISBN 85-213-1035-8 
  8. a b «Bulla striata Bruguière, 1792 - distribution» (em inglês). WoRMS. 1 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  9. a b c d e f RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 197. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  10. a b c SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 230. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3 
  11. a b «Bulla striata Bruguière, 1792». Conquiliologistas do Brasil. 1 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  12. França, Antonio (26 de fevereiro de 2011). «Bulla striata Bruguière, 1792» (em inglês). BioLib.cz. 1 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2021. Portugal, Ilha da Armona Olhão, Agosto de 2001, 29,00mm 
  13. Flora, Fauna y Paisajes de Andalucía (19 de julho de 2012). «Bulla striata (Bruguiere, 1792) - BULLIDAE - Faro de Calaburras - Mijas (Málaga) (3)» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  14. CAMPBELL, Andrew C.; NICHOLLS, James (1980). The Hamlyn Guide to the Seashore and Shallow Seas of Britain and Europe (em inglês). England: The Hamlyn Publishing Group. p. 162. 320 páginas. ISBN 0-600-34019-8 
  15. Lobo-da-Cunha, Alexandre; Oliveira, Elsa; Ferreira, Íris; Coelho, Rita; Calado, Gonçalo (outubro de 2010). «Histochemical and Ultrastructural Characterization of the Posterior Esophagus of Bulla striata (Mollusca, Opisthobranchia)» (em inglês). Microscopy and Microanalysis 16(6) (ResearchGate). pp. 688–698. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  16. Marín, Arnaldo; Alvarez, L.A.; Cimino, Guido; Spinella, A. (1999). «Chemical Defence in Cephalaspidean Gastropods: Origin, Anatomical Location and Ecological Roles» (em inglês). Journal of Molluscan Studies, 65 (ResearchGate). pp. 121–131. Consultado em 22 de outubro de 2021 
  17. PETUCH, Edward J. (2013). Biogeography and Biodiversity of Western Atlantic Mollusks (em inglês). Boca Raton / Florida: CRC Press / Taylor & Francis Group - Google Books. p. 50. 252 páginas. ISBN 978-1-4665-7979-8. Consultado em 22 de outubro de 2021