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Economia brasileira tem perspectivas positivas para 2024

Relatório aponta para dificuldades de crescimento da economia mundial, especialmente na China, mas revela indicadores promissores para o Brasil

economia brasileira © - Shutterstock
por Redação novembro 8, 2023
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As tensões geopolíticas causadas pela guerra da Ucrânia e as taxas de inflação global causarão, de um modo geral, retração ou recuperação lenta da economia mundial em 2023 e 2024, com destaque para desaceleração do crescimento da China. A economia global deve desacelerar em 2024, com crescimento de 3%. Os Estados Unidos, a China e a Zona do Euro devem registrar crescimentos de 2,2%, 5% e 2%, respectivamente, no próximo ano. No caso da economia brasileira, as perspectivas são positivas, com expectativa de crescimento por volta dos 2,2% em 2024, impulsionado por investimentos, geração de emprego e queda da taxa de desemprego.

Estas conclusões fazem parte do e-book “Cenário Macroeconômico Global e Brasil 2024”, elaborado por Gilmar de Melo Mendes, professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC). Segundo o relatório, o Brasil se diferenciou no cenário mundial com um crescimento de 3% em 2022 e com uma projeção de 3,0% para 2023. O país deve se manter entre as dez maiores economias do mundo em 2024.

O Brasil enfrenta desafios, como a implementação das reformas econômicas e a inflação. No entanto, o país também tem oportunidades, como o reposicionamento das cadeias globais de suprimentos. Com a guerra na Ucrânia e as tensões geopolíticas, as empresas estão buscando diversificar seus fornecedores e reduzir sua dependência de países específicos. Isso abre oportunidades para o Brasil, que tem uma economia diversificada e uma força de trabalho qualificada.

Para aproveitar essas oportunidades, o Brasil precisa implementar reformas econômicas que promovam o investimento e o crescimento. De acordo com o relatório, “o desempenho da economia brasileira vem surpreendendo o mercado há algum tempo”. O cenário é impulsionado, em parte, por medidas do governo. “Veremos que medidas do atual governo – por exemplo, o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados, embora não sejam aquelas esperadas e muito ainda se tenha por fazer –, implicam mudanças que geram melhores perspectivas para as previsões de crescimento da economia brasileira”, diz o professor Gilmar de Melo Mendes, no relatório. O país também precisa avançar na agenda ambiental, para se tornar mais competitivo no mercado global. 

Guerra entre Israel e Palestina 

O conflito entre Israel e o Hamas em Gaza abre uma nova frente de tensão global. Embora seja um conflito com os palestinos que dura setenta e cinco anos, que corresponde a existência do Estado de Israel com guerras e diversos acordos de paz, 07 de outubro de 2023 se apresenta como um ponto de inflexão, seja pelas intensidades dos ataques sofridos por Israel, seja pela magnitude da resposta. O conflito tem o potencial de gerar uma nova frente de tensão global. Israel acusa o Irã de apoiar o Hamas, e o aumento da violência no Oriente Médio poderia levar à escalada do conflito entre os dois países. Além disso, o conflito poderia pressionar os preços do petróleo, o que poderia alimentar a inflação global e levar a uma recessão econômica. No entanto, é ainda cedo para avaliar o impacto da disputa. As variações dos preços do petróleo ocorreram nos primeiros momentos da contraofensiva de Israel, mas depois retornaram aos patamares anteriores.

Inflação segue em alta no planeta

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Segundo o relatório, a inflação global ainda continua elevada e os bancos centrais das principais economias permanecem determinados a combatê-la. De modo geral, a inflação global é impulsionada pelos preços das commodities – especialmente energia e alimentos – e pelas elevações de preços dos fretes marítimos. O pico inflacionário ocorreu entre os meses de maio a novembro de 2022, com tendência de queda a partir dos efeitos das políticas monetárias adotadas pelos bancos centrais.

Governos ao redor do mundo, continua o documento, têm adotado medidas de compensação de inflação de diferentes maneiras. Os EUA seguem com a alta de juros para acelerar a convergência. Portanto, os mercados entendem que os bancos centrais continuarão com a alta de juros, com propósito de convergir a inflação e continuar com a política monetária necessária. Nesse aspecto, vale observar que a economia brasileira antecipou a política monetária e o trabalho já está realizado: o mercado espera uma queda de juros para os próximos meses e para o ano de 2024.

Na economia brasileira, a inflação é descendente

Na economia brasileira, ao problema da inflação registrado globalmente, somam-se várias pressões relacionadas com os preços de alimentos e energia. Mas a inflação acumulada em 12 meses continua recuando. A expectativa de inflação descendente para 2023, em torno de 5,12%, estendida para uma expectativa mais decrescente para 2024 e 2025, demonstra a eficiência das medidas adotadas até agora.

O Banco Central, no Relatório de Inflação de junho de 2023, observa que a melhoria da expectativa do mercado em relação à economia brasileira pode estar associada a incertezas menores em relação à situação fiscal e à percepção de que ficou menos provável uma possível elevação da meta de inflação para os próximos anos.

Momento é de retomada do emprego no Brasil

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Segundo o Banco Central, no Relatório de Inflação de junho de 2023, a taxa de desocupação tradicional está no menor nível desde 2015, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). No entanto, precisa ser considerado que a queda da desocupação resultou, em grande medida, da retração da força de trabalho.

Já o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) voltou a registrar geração elevada de empregos formais nos últimos meses, após arrefecimento no fim de 2022. Alguma recuperação do emprego com carteira também foi verificada na série dessazonalizada correspondente da PNAD Contínua. Ainda segundo o Banco Central, no mesmo relatório de inflação, os resultados positivos do Novo Caged refletiram forte retomada das contratações.

Por outro lado, essa geração de empregos mais concentrada em serviços implica redução do rendimento médio na economia brasileira, a partir de setembro de 2020. Mas, a partir de fevereiro de 2022, ocorre uma inflexão no rendimento médio com tendência crescente. Isso implica que o crescimento econômico de 2022, com continuidade nos primeiros meses de 2023, incorpora postos de trabalho mais qualificados, seja no setor de serviços, seja no industrial.

Economia desacelera no mundo

Em relação ao planeta, o relatório mostra que a economia mundial desacelera, embora apresente uma recuperação no primeiro trimestre de 2023 com um crescimento de 2,6%.

A Zona do Euro continua em desaceleração, com crescimento de 1% no primeiro trimestre de 2023. Segundo o relatório Summer Economic Forecast da Comissão Europeia, o crescimento deverá ser menor do que se esperava tanto para 2023 quanto para 2024. A inflação persiste em alta: em agosto de 2023, a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) do bloco foi a mesma do mês anterior, 5,3 %, contrariando as expectativas de baixa da inflação.

Os EUA cresceram 1,6% no primeiro trimestre de 2023. Mas a economia norte-americana segue com inflação ainda muito alta, o que implica altas taxas de juros, e o desafio para o Banco Central americano de arrefecer a economia o suficiente para baixar os preços sem desencadear uma ampla contração econômica.

Cenário na China é complexo

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De forma especial, a economia da China, que, desde a entrada na pandemia, vem apresentando diversos problemas, embora recupere o crescimento padrão, ainda permanece abaixo daqueles registrados na última década. Embora a projeção de crescimento da China para 2023 seja em torno de 5%, isso não significa que o cenário está bom no país.  Após alcançar crescimento superior a 10% a.a. nas décadas entre 1991 e 2010, a China reduziu o ritmo e apresentou um crescimento de 2,9% em 2022.

Essa situação preocupa o Brasil, uma vez que a China é o principal destino de suas exportações. Com o carro-chefe no agronegócio e no minério de ferro, as exportações brasileiras para China representam 31,3 % do valor total exportado, considerando-se os valores acumulados de 2017 até maio de 2023.

Apesar disso, segundo o relatório, especialistas afirmam que as exportações brasileiras podem seguir estáveis. No âmbito dos alimentos, a China continuará com forte demanda, porque, embora desacelere, permanecerá em crescimento com aumento da renda per capita. A China teve um PIB per capita de US$ 11,56 mil em 2022, ou seja, 40% maior que o do Brasil. Segundo previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), chegará a US$ 20 mil em 2028. Outra boa notícia para a economia brasileira é que, em relação ao minério de ferro, embora o preço tenha caído 9%, o volume exportado pelo Brasil aumentou 8%, o que implica baixo impacto sobre esse produto.




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