Perfil

A casa às costas

“Fiquei abandonado num centro de estágio na Turquia durante cinco dias, com outro jogador, no deserto. Só tínhamos iogurte e pão para comer”

Aos 34 anos, Hugo Seco recorda o percurso cheio de obstáculos que o levou de volta ao clube do coração, a Académica. O extremo direito conta como foi enganado no início da carreira e prejudicado por guerras que não lhe diziam respeito diretamente. Esteve com um pé no FC Porto, mas só conseguiu fazer a estreia na I Liga aos 27 anos, já após ter vivido algumas aventuras além-fronteiras, cheias de episódios caricatos que nos conta nesta primeira parte do Casa às Costas

Alexandra Simões de Abreu

RUI DUARTE SILVA

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Nasceu na Lousã. Filho de quem?
O meu pai, Jorge Seco, é natural de Penacova, sempre trabalhou como segurança, mas quando eu tinha 17/18 anos, a minha mãe, Alice Rodrigues, que sempre trabalhou na restauração, teve um problema de saúde grave e o meu pai teve de mudar de emprego, foi para os transportes internacionais, onde permanece até hoje.

Pode revelar que problema teve a sua mãe?
A determinada altura, detetaram-lhe alguns problemas nos ossos, esteve internada durante muito tempo. Depois teve um cancro que conseguiu ultrapassar e agora está em casa, estável. Felizmente está tudo bem.

Tem irmãos?
Tenho uma irmã, Helena, mais velha quatro anos.

Cresceu onde?
Eu vivi em Coimbra até aos sete anos. Depois fomos viver para a Lousã, por isso, basicamente, fui criado na Lousã.

O que dizia querer ser quando fosse grande?
Até aos cinco, seis anos, sempre disse que queria ir para o motocrosse, porque tinha um vizinho que pegava em mim e íamos dar umas voltas de mota e eu era apaixonado pela mota dele. O meu passatempo era pegar numa bicicleta, meter uma tábua em cima de tijolos e andar a fazer saltos. Aos seis, sete anos, não sei porquê, comecei a dizer que queria ser jogador de futebol e o meu passatempo passou a ser jogar futebol na rua. Eu era o rapaz que levava a bola, marcava o campo, fazia as balizas. Chegava a levar farinha de casa, a minha mãe ficava doida, para ir marcar o campo [risos].

Torcia por que clube?
Pela Académica e pelo Benfica.

Quem eram os seus ídolos?
Era o Figo. Depois, na transição de júnior para sénior, apareceu o Cristiano Ronaldo, o Quaresma, mas desde criança sempre foi o Figo.

Da escola, gostava?
É estranho porque nunca fui um bom aluno, mas adorava a escola. Era sempre o primeiro a chegar à escola, havia alturas em que os portões ainda estavam fechados. Ia mais cedo para jogar à bola e nunca faltava às aulas; só mais tarde, na fase dos 16, 17 anos, é que por vezes faltava. Nunca tive boas notas, era muito distraído, nunca estudei, não conseguia. Quando precisava melhorar notas, metia na cabeça que ia estudar, chegava a casa e não durava dois minutos à frente dos livros. Mas sempre adorei a escola, muitas vezes saía à uma da tarde e ficava na escola até às cinco ou seis da tarde. Dizia à minha mãe que tinha mais uma aula ou duas, e não tinha, só porque gostava de estar ali.

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