Biodiversidade
Publicidade

Por Jennifer Ann Thomas, para o Um Só Planeta


Incêndio na Amazônia. O desmatamento da floresta não está vinculado somente à produção direta de grãos ou de proteína animal — Foto: Brasil2/GettyImages
Incêndio na Amazônia. O desmatamento da floresta não está vinculado somente à produção direta de grãos ou de proteína animal — Foto: Brasil2/GettyImages

Nos últimos anos, tornou-se frequente a recorrência de notícias sobre o desmatamento e as queimadas na Amazônia. Enquanto diferentes países no mundo vêm se preparando para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, o Brasil se torna notícia por não conseguir controlar a devastação ambiental.

Ao mesmo tempo, é necessário focar em soluções. De que forma é possível evitar o desmatamento e as queimadas na Amazônia? O que é preciso ser feito para que diversas populações saiam da ilegalidade e se regularizem, contribuindo com uma sociedade que preza pelo desenvolvimento sustentável?

Pode parecer que essas perguntas têm respostas óbvias, mas são as questões que valem US$ 1 milhão. Para evitar queimadas na Amazônia, é necessário, antes de mais nada, reduzir o desmatamento na floresta. Por sua vez, a derrubada das árvores é uma questão que passa por dificuldades econômicas e políticas. Não há um contrassenso entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade — diversos estudos comprovam que é possível expandir a produção agropecuária no Brasil sem abrir mais nenhuma área sequer de floresta. Ao mesmo tempo, o desmatamento na Amazônia não está vinculado somente à produção direta de grãos ou de proteína animal.

As características climáticas da Amazônia fazem com que os períodos sejam bem definidos ao longo do ano e há os períodos em que o fogo é mais frequente, justamente por ser o momento de seca na região. A temporada de queimadas na Amazônia costuma começar entre maio e junho de cada ano e pode se estender até setembro e outubro.

Quando as chuvas voltam a se intensificar, o ambiente fica menos propício para a ação do fogo. Em 2021, o período de fogo na Amazônia começou com recordes: o total de focos de queimadas na Amazônia Legal em maio foi 49% maior que o número registrado no mesmo mês de 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

A Organização Mundial da Saúde alerta que a exposição à fumaça e cinzas produzidas por queimadas pode causar irritação nos olhos, nariz, garganta e pulmões; redução da função pulmonar, incluindo tosse e sibilo; inflamação pulmonar, bronquite, agravamento de asma e outras doenças pulmonares; e exacerbação de doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca.

Além disso, crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas preexistentes são mais vulneráveis aos efeitos negativos do contato com a fumaça e as cinzas geradas pelo fogo. De acordo com o relatório “O Ar é Insuportável”, elaborado em parceria entre o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e a Human Rights Watch (HRW), em todo o mundo, “a poluição do ar devido à queima de florestas e outras vegetações pode causar até 435.000 mortes prematuras a cada ano”.

Para que o desmatamento deixe de ser uma atividade economicamente atrativa para a população que vive na Amazônia, é imprescindível que essa parte da sociedade tenha outras opções de renda. É necessário que os governos e a iniciativa privada invistam em soluções para que comunidades tradicionais e ribeirinhas possam sobreviver a partir dos recursos naturais da floresta, com a perspectiva de que a floresta em pé tem mais valor do que a madeira derrubada.

De acordo com a gerente de ciências da ONG WWF Brasil, Mariana Napolitano, o primeiro passo é eliminar o desmatamento da Amazônia, endurecer as penas a quem desmata e queima ilegalmente a floresta, retomar iniciativas que deram certo no passado, como o PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), demarcar terras indígenas, quilombolas e criar unidades de conservação. ”Além disso, é necessário fortalecer os órgãos responsáveis pelo manejo e controle das queimadas e ações ambientais de forma mais ampla, como o Ibama, o ICMBio e a Funai”, afirma.

Assine aqui a nossa newsletter

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade.

Mais recente Próxima Queimadas no Pantanal: quais são as soluções possíveis
Mais do Um só Planeta

O objetivo da ACNUR é aumentar a proteção dos refugiados e das comunidades deslocadas mais ameaçados pelas mudanças climáticas

Agência das Nações Unidas para os Refugiados lança Fundo de Resiliência Climática

Parasita 'Massospora cicadina' consome cigarras que ficam debaixo da terra por até 17 anos e depois as leva a acasalar – tornando os machos infectados mais atraentes para ambos os sexos

"Cigarras zumbis": fungo controla mente de insetos que estão saindo do solo após 17 anos nos EUA

Os países participantes concordaram em realizar reuniões menores antes do encontro final, em novembro, para avançar no tema

Negociações no Canadá para tratado sobre plástico terminam sem acordo

Descoberta que indica que as líderes das colmeias são resistentes às inundações da natureza aconteceu por acaso

Abelhas rainhas são capazes de sobreviver debaixo d’água por até uma semana, revela pesquisa

Após derramamento de um duto da Petrobras, em 2020, dez pescadores fizeram replantio em área ao longo de 13 anos

Mangue na baía devastado por óleo é reflorestado e terá deque suspenso para visitantes

Nanogerador poderá ser implementado futuramente em maiores escalas, como no processo industrial, ou para alimentar dispositivos como celulares ou laptops

Pesquisadores criam nanodispositivo que consome CO2 e gera energia elétrica

Uma visita ao maior laboratório de ciência a céu aberto da América Latina

Você conhece a Estação de Pesquisa Tanguro do IPAM?

O grupo das sete maiores economias do mundo divulgará um comunicado oficial na terça-feira (30) detalhando como será o processo

G7 chega a um acordo para eliminar usinas de carvão até 2035

A meta está alinhada com o acordo de Paris, para limitar o aquecimento global a 1,5ºC

Ruanda e Peru apresentam proposta para reduzir produção global de plástico em 40% até 2040

São sete indivíduos que simbolizam o poder da ação em rede e a esperança de, juntos, escrevermos uma nova história para o planeta Terra

A mulher que desativou uma "bomba de carbono" e outras histórias: Prêmio Goldman 2024 revela heróis do meio ambiente nos seis continentes; conheça e se inspire