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    Ouro dispara e supera novo recorde; veja o que está por trás da valorização

    Metal chegou a ser cotado a US$ 2.135 nesta segunda (4), mas perdeu fôlego e fechou com queda de 2%

    Os preços perderam fôlego ao longo do dia e fecharam em queda acima de 2%, próximo de US$ 2.027
    Os preços perderam fôlego ao longo do dia e fecharam em queda acima de 2%, próximo de US$ 2.027 Pexels

    Anna Coobanda CNN

    Londres

    Os preços do ouro atingiram um marco histórico nesta segunda-feira (4), impulsionados pelas crescentes expectativas entre os investidores de cortes nas taxas de juro, dólar mais fraco e tensões geopolíticas.

    O metal chegou a ser cotado a US$ 2.135 (cerca de R$ 10.675) por onça (aproximadamente 30 gramas), o maior valor desde o recorde de US$ 2.072 (R$ 10.360), alcançado em agosto de 2020.

    O preço perdeu fôlego ao longo do dia e fechou com queda acima de 2%, próximo de US$ 2.027 (cerca de R$ 10.135), segundo dados da Refinity.

    Nas últimas semanas, os investidores têm ficado cada vez mais confiantes de que o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) conseguiu controlar a inflação mediante aumentos agressivos das taxas de juro e pode começar a reduzir os custos dos empréstimos já em março do próximo ano.

    Taxas de juros mais altas aumentam os rendimentos de ativos como os títulos do Tesouro dos EUA, atraindo investidores.

    Porém, quando as taxas de juros são baixas, estão caindo ou — como neste caso — se espera que caiam, a demanda por títulos do Tesouro diminui e o ouro, que não paga juros, torna-se relativamente mais atraente.

    O rendimento do título de referência de 10 anos do Tesouro dos EUA caiu de uma alta de 5% em 16 anos, atingida em meados de outubro, para 4,3% nesta segunda-feira.

    “As expectativas do fim do ciclo de aperto foram precificadas, empurrando os rendimentos de longo prazo para baixo”, escreveu Daria Efanova, chefe de pesquisa da plataforma de negociação Sucden Financial, em nota.

    “Isso criou um ambiente mais favorável para o ouro como um ativo sem rendimento”.

    John Reade, estrategista de mercado do World Gold Council, uma associação de produtores de ouro, disse à CNN que, com os investidores prevendo vários cortes nas taxas de juros ao longo do próximo ano, os preços do ouro poderiam “muito possivelmente” disparar acima do recorde de alta registrado nesta segunda-feira.

    Essas previsões de taxas também pesaram sobre o dólar americano, tornando o ouro mais atraente. Taxas de juros mais altas tendem a aumentar o valor de uma moeda, atraindo mais capital do exterior para o país, e o inverso ocorre quando as taxas caem.

    O dólar caiu 3% no mês passado em relação a uma série de seis moedas das principais economias do globo. Como o ouro é cotado em dólares americanos, a queda no valor da divisa tornou a compra do metal menos cara para os investidores de fora dos Estados Unidos, o que deveria ter impulsionado a demanda e, por sua vez, elevado os preços.

    Risco geopolítico

    Em um período mais longo, o ouro se beneficiou de outro fator: uma profunda sensação de inquietação global. O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse que este pode ser o momento mais perigoso que o mundo já viu em décadas.

    Em geral, os investidores veem o metal como um porto seguro, pois é um ativo tangível e escasso que, em teoria, mantém seu valor. Os preços do ouro subiram 10% até agora neste ano.

    “O ambiente de risco geopolítico parece ter mudado”, disse Reade. “Não apenas (por causa da) invasão da Ucrânia pela Rússia, não apenas pelas coisas terríveis que estão acontecendo em Israel e Gaza, mas pelas tensões comerciais entre os EUA e a China, preocupações sobre o que acontecerá no Mar do Sul da China, preocupações sobre o que a China fará em Taiwan.”

    Um mundo mais fragmentado e febril tem incentivado os bancos centrais dos mercados emergentes a estocar o metal precioso, observou Reade. Além disso, os formuladores de políticas desses países, assustados com o congelamento das reservas cambiais do banco central russo no Ocidente, acumularam ouro como uma reserva alternativa de valor que eles consideram mais segura, acrescentou.

    Conforme o Conselho Mundial do Ouro, os bancos centrais dos mercados emergentes compraram em média 473 toneladas métricas (521 toneladas) de ouro por ano, entre 2010 e 2021. No entanto, no ano passado, eles compraram 1.100 toneladas métricas do metal e, nos três primeiros trimestres deste ano, 800. Esse ritmo alucinante de compras “pode continuar por anos, se não décadas”, disse Reade.

    Quase um quarto de todos os bancos centrais disse, em uma pesquisa publicada em maio, que planejava aumentar suas reservas de ouro nos próximos 12 meses.

    “As preocupações com o cenário econômico global instável e o conflito entre Israel e Hamas alimentaram a demanda dos investidores por ativos portos-seguros, como o ouro”, disse Victoria Scholar, chefe de investimentos da Interactive Investor, em uma nota.

    “Além disso, as expectativas de cortes nas taxas do Fed no próximo ano pressionaram o dólar americano para baixo (…) aumentando a atratividade do ouro.”

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    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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