O tratamento da enterocolite necrosante: saiba mais!

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Fala, galera! Vamos falar sobre o tratamento da enterocolite necrosante (ECN), nosso primeiro texto sobre essa doença! Não deixem de conferir aqui no blog os textos referentes ao quadro clínico e diagnóstico dessa patologia que sairão depois desse aqui. A ideia é que até o final dessa leitura vocês saibam como tratar a ECN ao se depararem com ela.

Como fazer o manejo inicial?

O tratamento da enterocolite necrosante, inicialmente, se baseia em cuidados de suporte e antibioticoterapia empírica para limitar a progressão da doença e em exames seriados e monitoramento laboratorial e radiológico para monitorar o seu curso.

Radiografias simples de abdome em prematuros com enterocolite necrosante. Disponível em UpToDate

Existem alguns cuidados de suporte para o tratamento da enterocolite necrosante, como:

  • repouso intestinal com descontinuação da alimentação enteral;
  • descompressão gástrica;
  • nutrição parenteral total;
  • reposição de fluidos;
  • suporte cardiovascular e respiratório;
  • outros: correção de anormalidades hematológicas e metabólicas.

A antibioticoterapia empírica inicial deve fornecer cobertura de amplo espectro, como por exemplo ampicilina + gentamicina + metronidazol ou monotorapia com Tazocin ou meropenem. Em centros com alta prevalência de MRSA é válido acrescentar vancomicina e, na suspeita de infecção fúngica, o fluconazol. 

E o manejo cirúrgico? É necessário?

Não há um consenso claro sobre quais pacientes precisam de cirurgia, com exceção daqueles com perfuração intestinal. Lembra da classificação de Bell abordada no texto de diagnóstico?

Então, a princípio o tratamento médico de suporte é fornecido apenas para pacientes no estágio I (não comprovado) e a maioria dos casos no estágio II (doença comprovada, mas não avançada). 

Já a cirurgia é reservada a paciente no estágio III (doença avançada e perfuração intestinal) ou no estágio II que não respondem ao tratamento médico. O objetivo é remover o intestino necrótico inviável e controlar o extravasamento entérico. 

Os procedimentos cirúrgicos incluem laparotomia exploradora com ressecção intestinal ou drenagem peritoneal primária, sendo essa última reservada para bebês sem condições clínicas para serem submetidos a laparotomia. 

A abordagem geralmente consiste na ressecção intestinal do segmento afetado, colocação de enterostomia proximal e fístula mucosa distal.

Figura 2: Laparotomia evidenciando enterocolite necrosante. Disponível em UpToDate

Depois de submetida a cirurgia e apresentar melhora clínica, um enema de contraste é obtido antes de iniciar a alimentação. Em caso de resposta não satisfatória, uma nova intervenção pode ser necessária. Vale ressaltar que existem muitas complicações relacionadas ao quadro, dentre elas: 

  • agudas: infecciosas, CIVD, respiratórias e cardiovasculares, metabólicas;
  • gastrointestinais tardias: estenose intestinal e a síndrome do intestino curto;
  • raras: enterocele, fístula enterocólica e abscesso intra-abdominal.

Apesar dessas complicações, o prognóstico da NEC melhorou com o reconhecimento e tratamento precoces, com taxas de sobrevivência de aproximadamente 70 a 80 por cento das crianças afetadas. A longo prazo, aproximadamente metade dos sobreviventes não apresenta sequelas significativas.

Acompanhe a gente para saber mais sobre a enterocolite necrosante!

Então agora já discutimos sobre o tratamento da enterocolite necrosante! Mas ainda há mais conteúdo sobre essa doença para explorar, né? Então fique de olho no nosso blog para saber mais!

Continuem estudando e nos encontramos em breve! Ah, e se quiser conferir mais conteúdos de Medicina de Emergência, dê uma passada na Academia Medway. Por lá, disponibilizamos diversos e-books e minicursos completamente gratuitos.

Referências:

  1. Jae H Kim. Neonatal necrotizing enterocolitis: Management. Disponível AQUI

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MatheusCarvalho Silva

Matheus Carvalho Silva

Matheus Carvalho Silva, nascido em 1993, em Coronel Fabriciano (MG), se formou em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência em Cirurgia Geral na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).