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pedem a transmissão do som. Observem, em qualquer dos fe- nômenos, a ação toda se dá no plano físico, não ocorrem visão de Espíritos desencarnados, tampou- co a audição dos mesmos. Sim- plesmente o sensitivo vê ou ouve além das capacidades naturais do ser humano encarnado, portanto, no plano físico, apenas. Vamos compreender como es- se fenômeno se dá em relação ao corpo físico. Sabemos que os olhos e os ouvidos são meros ins- trumentos do cérebro que, na ver- dade, é quem “vê" e “ouve". Os olhos transmitem, por assim dizer, as informações, mas é o cérebro que as decodifica, ocorrendo o s vocábulos clarividência e clariaudiência são empre-Ogados na literatura espíri- ta, normalmente, como sinônimos de vidência e audição mediúnicas. Todavia, essa colocação se encon- tra equivocada. São fenômenos distintos que, mesmo semelhantes em alguns pontos, não o são em essência e é dever nosso delimitar bem o sentido de cada palavra, vi- sando sempre a uma melhor com- preensão do tema. O insigne mes- tre lionês, Allan Kardec, já nos alertava: Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de lin- guagem, para evitarmos a confu- são inerente aos múltiplos senti- dos dos próprios vocábulos. Qual o real significado dos ter- mos, clarividência e clariaudiên- cia? E o que os diferencia da vi- dência e audição mediúnicas? Vale frisar que sabemos não ser pacífica a diferenciação, pois, Julho 200310 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP como já nos referimos, os termos são confundidos constantemente pelos escritores espíritas. Temos em mente, ainda, que Allan Kar- dec talhou alguns neologismos com a Codificação, como Espiri- tismo, perispírito, agênere, dentre outros; entretanto, clarividência e clariaudiência, são terminologias pré-existentes à Doutrina Espírita, já existiam com sentido específi- co, que diferem da vidência e da audição mediúnicas. Atribuir-lhes uma nova significação não seria lícito, além de ensejar motivos pa- ra incontáveis confusões. Assim, podemos conceituar clarividência e clariaudiência: Clarividência é a visão à dis- tância, mesmo através de corpos opacos, permitindo enxergar, no plano material, coisas, cenas, pes- soas que os olhos físicos não po- dem alcançar. Clariaudiência é o fenômeno em que se ouvem sons que ocor- rem fora do alcance dos ouvidos físicos, por se darem à distância ou através de obstáculos que im- Armando dos Santos - Valinhos/SP MEDIUNIDADE Clarividência e Conceituação 2 Explicação O Estudo abaixo transcrito foi elaborado, princi- palmente, com fulcro nas informações do livro ci- tado na bibliografia de autoria da professora The- rezinha Oliveira. Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Ed. LAKE. 20ª edição, p. 24. 1 2 A mediunidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos Espíritos, não se podendo ter como ato mediúnico o que alguém faz por si mesmo 1 Julho 2003 11FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP dizem os clarividentes e clariaudi- entes. Ora, sabemos da necessida- de do bom-senso nos recomen- dando analisar tudo o que nos chegue às mãos, os próprios Espí- ritos na Codificação afirmam isso. Com os clarividentes e clariaudi- entes não será diferente. São seres humanos, portanto, falíveis, po- dendo ver um ambiente, mas não tudo o que tem no ambiente, co- mo nós quando olhamos um cô- modo, não conseguimos detalhá- lo com precisão. Às vezes, pode- rão ver objetos e cenas que não conseguem interpretar, como um leigo que aprecia aparelhos cirúr- gicos, ele vê, mas não consegue transmitir o que é cada coisa, qual sua utilidade etc. Daí a importân- cia da análise em tudo. Verificar- mos se o que o clarividente vê é bom, ajuda ou prejudica alguém? O que está vendo? Para que está vendo? São indagações necessá- rias na análise dos fenômenos em comento. Em oposição ao conceito ex- posto de clarividência, podemos afirmar que a vidência é a facul- dade mediúnica que permite ver seres, ambientes, formas, luzes, mesmo com a audição. Somos cientes da capacidade de expansão do perispírito, o que nos permite compreender o fato de certas pessoas, por suas pró- prias condições físicas consegui- rem certa expansão perispiritual, caminhando para o próprio des- dobramento, podendo ver as ce- nas ou ouvir os sons à distância no plano físico, pois o perispírito, ligado ao corpo, transmite as in- formações ao cérebro, que é o ins- trumento da visão e audição, à se- melhança dos olhos e ouvidos. Portanto, estamos frente a um fenômeno anímico e não mediú- nico, ou seja, produzido pelos pró- prios recursos do encarnado. Assim, o clarividente ou clariau- diente, não é um médium ostensi- vo por esses fenômenos, é sim, um sensitivo, se bem que, poderá, além das faculdades anímicas, possuir as mediúnicas, sendo mé- dium ostensivo por conseqüência. Urge, agora, elencarmos algu- mas características do clarividen- te: Em linhas gerais, os porta- dores dessa faculdade anímica, a) não percebem que o são, pois ela se mostra de maneira muito natu- ral; Normalmente, esse fenôme- no ocorre quando a pessoa está em um estado especial; Não se confunde com os fe- nômenos telepáticos, muito em- bora a telepatia também seja uma faculdade anímica, essa é o fenô- meno de conseguir captar ima- gens mentais e pensamentos de outras pessoas e aquela é ver à distância no plano físico; Seu alcance vai até aonde a alma estende sua ação, ou seja, a distância que o sensitivo conse- guirá ver será variável de indiví- duo para indivíduo, uns verão a- penas a poucos metros, outros a milhares de quilômetros, é variá- vel de pessoa para pessoa. Vale frisar que as característi- cas expostas da clarividência, são perfeitamente adequadas à clari- audiência, guardadas as devidas proporções. Questão de relevância se dá quanto a aceitarmos ou não o que b) c) d) Clariaudiência Características Análise Diferenciação si, toda a função. Viu o sacerdote celebrante, as irmãs, os frades, os fiéis que rezavam, o presépio pre- parado na igreja... Clara olhava e escutava toda a missa, relatando posteriormente às suas irmãs, com as seguintes palavras: “Irmãs, agradecei ao Senhor, que não me abandonou, ouvi os vossos can- tos, participei da missa, vi o presé- pio com a Virgem e São José, as- sisti ao nascimento de Jesus!". Por esse fenômeno se tornou a Padroeira da Televisão. Tele (dis- tância)-visão. Visão à distância. Ela possuía faculdades que a per- mitiam, em certas situações, “ver" e “ouvir" à distância, no ambiente físico. cores, cenas do plano espiritual. Observem, no plano espiritual e não no físico. A audiência é a fa- culdade mediúnica que permite ouvir sons no plano espiritual. Kardec compartilha dessas idéias quando afirma que para de- signar as pessoas de dupla vista tem-se empregado a palavra vi- dente, que, embora não exprima com exatidão a idéia, adotaremos até nova ordem, em falta de outra melhor. E, adiante, o Codificador es- clarece: Podem, pois, os médiuns videntes serem identificados às pessoas que gozam da vista espi- ritual; mas, seria porventura de- masiado considerar essas pessoas como médiuns, porquanto a medi- unidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos Espíritos, não se podendo ter como ato medi- único o que alguém faz por si mes- mo. Aquele que possui a vista espiritual vê pelo seu próprio Es- pírito, não sendo de necessidade, para o surto de sua faculdade, o concurso de um Espírito estranho (grifos nossos). Mas haverá um momento em que o fenômeno se torna mediú- nico: Se Espíritos provocarem es- se desdobramento; ou Quando o sensitivo vê Espí- ritos desencarnados ou participa de eventos em que há envolvi- mento de tais Espíritos, então, o fenômeno é mediúnico, ainda que também precedido pelo desdobra- mento. Encontramos no livro Nos Do- A) B) mínios da Mediunidadede André Luiz, casos de clarividência e cla- riaudiência como fenômenos me- diúnicos e Martins Peralva em seu livro Estudando a Mediunidade também analisa essas passagens, procurando fazer uma tradução popular da obra, mas, são casos em que ocorreram a interferência de Espíritos desencarnados, daí o fenômeno deixar de ser anímico e passar a ser mediúnico, ou me- lhor, o fenômeno era inicialmente anímico, mas com a interferência dos benfeitores passou a ser medi- único, casos comuns em pessoas portadoras das faculdades aními- cas e mediúnicas. Finalizando, gostaríamos de trazer a lume um exemplo clássico de clarividência e clariaudiência. O fato se deu com uma das mais extraordinárias médiuns da Igreja Romana, Santa Clara. Era noite de Natal e essa data significava mui- to para Clara. Entretanto, naquela noite, Cla- ra se encontrava gravemente do- ente, não podendo ir à missa, mas suas irmãs foram, deixando-a em seu quarto escuro e frio. Clara estava estendida sobre o pobre leito e desejava ardente- mente participar das sacras fun- ções e dizia, consigo mesma: “Tu nascestes, ó meu Senhor, e eu es- tou só, longe de ti", quando subi- tamente, com alegre espanto, per- cebeu que ouvia o canto e o sal- modiar (o cantar uniforme) dos hi- nos; depois, como que em uma te- levisão, viu diretamente, diante de Para saber mais, consulte: 1) Lamartine Palhano Júnior - Dicionário de Filosofia Espírita. 1ª edição. Ed. Celd; 2) Therezinha Oliveira - Mediunidade. 10ª edição. Cap. 17, pp. 107/114. Ed. CEAK; 3) Allan Kardec - O Livro dos Espíritos. 2ª Parte, cap. VIII, questões 425 à 433 e 447 à 453. Ed. LAKE; 4) Allan Kardec - O Livro dos Médiuns. 2ª Parte, cap. XIV, item 167. Ed. LAKE; 5) Allan Kardec - Obras Póstumas. 1ª Parte, “A Segunda Vista". Ed. LAKE; 6) Léon Dénis - No Invisível. 2ª Parte, caps. XIII e XIV. Ed. FEB; 7) André Luiz/Francisco C. Xavier - Nos Do- mínios da Mediunidade. 27ª edição. Cap. XII. Ed. FEB; 8) Hermínio C. Miranda - Diversidade dos Carismas. Vol. I, cap. VIII. Ed. Lachâtre. 3 Obras Póstumas, 1ª Parte, "A Segunda Vista". 3 Julho 200312 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” - Campinas/SP Exemplificação
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