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Artigo: Tenho um negócio de sucesso. Devo franquear?

Segundo a colunista Marina Nascimbem Bechtejew Richter, é preciso se atentar a muitos fatores antes de tomar essa decisão.

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Ter um negócio de sucesso é uma conquista para qualquer empreendedor. Mas o que fazer quando o empreendedor quer, além de expandir seus negócios e sua área de atuação, conseguir mais lucros e fortalecer sua marca? Talvez seja a hora de pensar em se tornar uma franquia, certo? É um caminho, sem dúvida. No entanto, é preciso se atentar a muitos fatores antes de tomar essa decisão.

Franquear um negócio de sucesso traz uma série de vantagens para o empreendedor. Porém, para tirar a dúvida entre expandir a loja por conta própria ou torná-la uma franquia, é preciso analisar alguns fatores que vão do tipo de loja que será franqueada até o mercado onde ela está inserida.

O primeiro conhecimento que se deve ter é que o Brasil é uma força crescente quando se trata de franquias: segundo a Associação Brasileira de Franchising, o mercado de franquias faturou R$211 bilhões só em 2022 — um crescimento de 14,3% em comparação ao faturamento do ano anterior. Com as franquias se tornando cada vez mais um modelo de negócios lucrativo para o mercado, é possível notar também um aumento no número de empregos diretos criados — calcula-se que, em média, nove novas vagas são criadas com a abertura de uma unidade franqueada — impactando diretamente na economia e empregabilidade da população brasileira. Ou seja, existem oportunidades de sobra tanto para quem quer franquear seu negócio como se tornar um franqueado.

Também é imprescindível saber que há uma lei que rege o sistema de franchising brasileiro.  Faz três anos que a Lei 13.996/19 entrou em vigor. Ela deixa bem claro como deve se estabelecer a relação entre franqueador e franqueado e trouxe mais transparência ao investidor interessado em adquirir uma franquia. 

Para aderir ao franchising, é necessário ter um profundo conhecimento do seu próprio negócio e da área onde ele está inserido. Isso porque, antes de começar o processo, é necessário criar um estudo de mercado. Essa análise deve fornecer dados que ajudem a mensurar qual tipo de negócio faz sucesso em qual região, qual a possibilidade de sucesso em diferentes lugares — o chamado geomarketing - como funciona a produção do seu negócio, o que é esperado do público do local e do público.

Com o estudo de mercado, é possível ter uma ideia não apenas de quais áreas são mais favoráveis para abrir suas franquias — por exemplo, uma franquia de produtos praianos poderia não iria bem no centro de uma cidade afastada da praia —, mas também de fatores essenciais para o funcionamento de uma empresa como seu público alvo, capacidade de produção e até mesmo gestão do negócio.

Entender todos esses aspectos é apenas o primeiro passo, afinal, é impossível expandir suas atividades sem entendê-las primeiro. Começar uma franquia é sinônimo de oferecer o seu modelo de negócio para outros empresários que querem investir em você, pois confiam no seu know how. Se você não está pronto para compartilhar o seu conhecimento, você não está pronto para ser um franqueador. No mais, se você não conhece a fundo o que você oferece, você está vendendo um modelo incerto para seu franqueado. 

O segundo passo é padronizar seu negócio. Franquias são baseadas em padronizações: seja do logotipo e do nome, nas cores da decoração, dos pontos de venda, da gestão comercial ou dos produtos ou serviços. Tudo dentro de uma loja franqueada deve seguir um padrão pré-estabelecido pelo franqueador. Por isso, você precisa criar regras e padrões sobre os aspectos físicos das lojas, os treinamentos dos funcionários, os produtos oferecidos, a forma de suporte, os fornecedores, etc. Afinal, além de criar esse padrão, você também deve segui-lo e terá a responsabilidade de oferecer treinamentos e manuais para que os franqueados possam se guiar — o que faz com que documentar esse processo seja necessário.

A criação dos padrões e das regras, além de garantir a padronização da rede, é fundamental para mensurar algo que fará com que os investidores vejam sua franquia como uma opção de negócio: o investimento inicial. Mas, essa mensuração não depende apenas do empresário que está transformando seu negócio em franquia. Arquitetos, consultores especializados e, principalmente, advogados especializados em franquias têm papéis fundamentais nesse passo.

O investimento inicial deve ser disponibilizado na Circular de Oferta de Franquia (COF), um documento por meio do qual o franqueador compartilha informações comerciais, jurídicas e financeiras do negócio para interessados em adquirir uma franquia. A COF é apenas um dos documentos necessários e obrigatórios para iniciar uma franquia: além dos manuais, também são necessários outros instrumentos legais, como o Contrato de Franquia — que também é elaborado por um advogado especializado. 

Como é possível perceber, transformar seu negócio de sucesso em uma franquia não é um processo fácil: é sistemático, exigente e requer dedicação. Desta forma, franquear está longe de ser uma simples decisão que é tomada de repente, sem base alguma. É preciso ter uma ideia que cativará tanto investidores quanto o público alvo, entender a fundo essa ideia, criar regras e métodos que sejam efetivos - já que serão seguidos por muitos franqueados - e se envolver com uma série de trâmites jurídicos que são indispensáveis.

O universo das franquias não é um lugar para amadores ou pessoas que pensam que esse é um lucro fácil e que não é necessário trabalho: tanto empreendedores experientes quanto inexperientes estão sujeitos a sofrer com seus riscos internos e externos. Entender esse processo a fundo e saber o passo a passo como entrar e se manter no sistema é um dos conhecimentos mais importantes que se pode ter antes de decidir começar uma franquia.***

Marina Nascimbem Bechtejew Richter

*Por Marina Nascimbem Bechtejew Richter que é advogada, sócia fundadora do escritório NB Advogados. É especialista em direito Societário, Contratos e Contencioso Cível. A advogada tem especialização em Direito Societário pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e também em Direito dos Contratos pelo LL. M IBMEC/INSPER-SP. Membro da Ordem dos Advogados do Brasil, de São Paulo; da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP); e da Associação Brasileira de Franchising (ABF) é autora do livro “A Relação de Franquia no Mundo Empresarial e as Tendências da Jurisprudência Brasileira”. 

 

 

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