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«Motu Proprio»<br />
Introdução<br />
<strong>CATECISMO</strong><br />
DA<br />
<strong>IGREJA</strong> <strong>CATÓLICA</strong><br />
<strong>Compêndio</strong><br />
© Copyright 2005 - Libreria Editrice Vaticana<br />
PRIMEIRA PARTE - A PROFISSÃO DA FÉ<br />
Primeira Secção: «Eu Creio» – «Nós Cremos»<br />
Capítulo Primeiro: O Homem é «capaz» de Deus<br />
Capítulo Segundo: Deus vem ao encontro do homem<br />
A Revelação de Deus<br />
A transmissão da revelação divina<br />
A Sagrada Escritura<br />
Capítulo Terceiro: A resposta do homem a Deus<br />
Eu creio<br />
Nós cremos<br />
Segunda Secção: A Profissão da Fé Cristã<br />
O Credo: Símbolo dos Apóstolos: Credo Niceno-Constantinopolitano
Capítulo Primeiro: Creio em Deus Pai<br />
Os Símbolos da Fé<br />
«Creio em Deus, Pai Omnipotente, Criador do Céu e da Terra»<br />
O céu e a terra<br />
O homem<br />
A queda<br />
Capítulo Segundo: Creio em Jesus Cristo, o Filho unigénito de Deus<br />
«E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor»<br />
«Jesus Cristo foi concebido pelo poder do Espírito Santo, e nasceu da Virgem<br />
Maria»<br />
«Jesus Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado»<br />
«Jesus Cristo desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia»<br />
«Jesus subiu ao céu está sentado à direita do Pai Omnipotente»<br />
«De onde virá a julgar os vivos e os mortos»<br />
Capítulo Terceiro: Creio no Espírito Santo<br />
«Creio no Espírito Santo»<br />
«Creio na Santa Igreja Católica»<br />
A Igreja no desígnio de Deus<br />
A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo<br />
A Igreja é una, santa, católica e apostólica<br />
Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada<br />
Creio na Comunhão dos santos<br />
Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja<br />
«Creio na remissão dos pecados»<br />
«Creio na ressurreição da carne»<br />
«Creio na vida eterna»<br />
«Ámen»<br />
SEGUNDA PARTE - A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO<br />
Primeira Secção: A Economia Sacramental<br />
Capítulo Primeiro: O Mistério pascal no tempo da Igreja<br />
Liturgia – Obra da Santíssima Trindade<br />
O Mistério Pascal nos Sacramentos da Igreja<br />
Capítulo Segundo: A celebração sacramental do Mistério Pascal<br />
Celebrar a liturgia da Igreja<br />
Quem celebra?<br />
Como celebrar?<br />
Quando celebrar?<br />
Onde celebrar?<br />
Diversidade Litúrgica e Unidade do Mistério<br />
Segunda Secção: Os sete Sacramentos da Igreja<br />
Os sete Sacramentos da Igreja<br />
Capítulo Primeiro: Os sacramentos da iniciação cristã<br />
O Sacramento do Baptismo<br />
O Sacramento da Confirmação<br />
O Sacramento da Eucaristia<br />
Capítulo Segundo: Os Sacramentos da cura<br />
O sacramento da Penitência e da Reconciliação<br />
O sacramento da Unção dos Enfermos<br />
Capítulo Terceiro: Os sacramentos ao serviço da comunhão e da missão
O Sacramento da Ordem sacerdotal<br />
O Sacramento do Matrimónio<br />
Capítulo Quarto: As outras celebrações litúrgicas<br />
Os Sacramentais<br />
As Exéquias Cristãs<br />
TERCEIRA PARTE - A VIDA EM CRISTO<br />
Primeira Secção: A vocação do Homem: A Vida no Espírito<br />
Capítulo Primeiro: A dignidade da pessoa humana<br />
O homem imagem de Deus<br />
A nossa vocação à bem-aventurança<br />
A liberdade do homem<br />
A moralidade das paixões<br />
A consciência moral<br />
As virtudes<br />
O Pecado<br />
Capítulo Segundo: A comunidade humana<br />
A pessoa e a sociedade<br />
A participação na vida social<br />
A justiça social<br />
Capítulo Terceiro: A salvação de Deus: a Lei e a graça<br />
A Lei Moral<br />
Graça e Justificação<br />
A Mãe e Mestra<br />
Segunda Secção: Os Dez Mandamentos<br />
Êxodo - Deuteronómio - Fórmula da Catequese<br />
Capítulo Primeiro: «Amarás o Senhor teu Deus com todo teu Coração, com toda a tua<br />
Alma e com todas as tuas forças»<br />
O Primeiro Mandamento: Eu sou o Senhor teu Deus não terás outro Deus além de<br />
mim<br />
O Segundo Mandamento: Não invocar o Santo Nome de Deus em vão<br />
O Terceiro Mandamento: Santificar os Domingos e Festas de Guarda<br />
Capítulo Segundo: «Amarás o Teu próximo como a Ti mesmo»<br />
O Quarto Mandamento: Honrar Pai e Mãe<br />
O Quinto Mandamento: Não Matar<br />
O Sexto Mandamento: Não cometer o Adultério<br />
O Sétimo Mandamento: Não roubar<br />
O Oitavo Mandamento: Não levantar falsos testemunhos<br />
O Nono Mandamento: Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos<br />
O Décimo Mandamento: Não cobiçar as coisas alheias<br />
QUARTA PARTE - A ORAÇÃO CRISTÃ<br />
Primeira Secção: A Oração na Vida Cristã<br />
Capítulo Primeiro: A Revelação da Oração<br />
A Revelação da Oração no Antigo Testamento<br />
A Oração Plenamente revelada e realizada em Jesus<br />
A Oração no Tempo da Igreja<br />
Capítulo Segundo: A Tradição da Oração<br />
Nas Fontes da Oração<br />
O Caminho da Oração
Guias para a Oração<br />
Capítulo Terceiro: A Vida de Oração<br />
As Expressões da Oração<br />
O Combate da Oração<br />
Segunda secção: A Oração do Senhor: Pai Nosso<br />
Pai Nosso<br />
«A Síntese de todo o Evangelho»<br />
«Pai Nosso que estais nos Céus »<br />
As sete petições<br />
Apêndice<br />
A) Orações Comuns<br />
B) Fórmulas de Doutrina Católica<br />
Abreviaturas Bíblicas<br />
MOTU PROPRIO<br />
Para a aprovação e publicação<br />
do <strong>Compêndio</strong><br />
do Catecismo da Igreja Católica<br />
Aos Veneráveis Irmãos Cardeais, Patriarcas, Arcebispos, Bispos,<br />
Presbíteros, Diáconos e a todos os Membros do Povo de Deus<br />
Há já vinte anos que se iniciou a elaboração do Catecismo da Igreja Católica, pedido<br />
pela Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, por ocasião do vigésimo<br />
aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II.<br />
Agradeço muito a Deus Nosso Senhor por ter dado à Igreja tal Catecismo, promulgado,<br />
em 1992, pelo meu venerado e amado Predecessor, o Papa João Paulo II.<br />
A utilidade e preciosidade deste dom obteve confirmação, antes de mais, na positiva e<br />
larga recepção por parte do episcopado, ao qual primeiramente se dirigia, sendo aceite<br />
como texto de referência segura e autêntica em ordem ao ensino da doutrina católica e à<br />
elaboração dos catecismos locais. Foi também confirmado por todas as componentes do<br />
Povo de Deus que o puderam conhecer e apreciar nas mais de cinquenta línguas, em que<br />
até agora foi traduzido.<br />
Agora com grande alegria aprovo e promulgo o <strong>Compêndio</strong> de tal Catecismo.<br />
Ele tinha sido intensamente desejado pelos participantes no Congresso Internacional de<br />
Catequese de Outubro de 2002, que, deste modo, se fizeram intérpretes duma exigência<br />
muito difundida na Igreja. Para acolher este desejo, o meu saudoso Predecessor, em<br />
Fevereiro de 2003, decidiu a sua preparação, confiando a sua redacção a uma Comissão<br />
restrita de Cardeais, presidida por mim, apoiada pela colaboração de alguns
especialistas. No decorrer dos trabalhos, um projecto do <strong>Compêndio</strong> foi submetido à<br />
apreciação de todos os Eminentíssimos Cardeais e dos Presidentes das Conferências<br />
Episcopais, que, na sua grande maioria, o acolheram e apreciaram positivamente.<br />
O <strong>Compêndio</strong>, que agora apresento à Igreja universal, é uma síntese fiel e segura do<br />
Catecismo da Igreja Católica. Ele contém, de maneira concisa, todos os elementos<br />
essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de forma a constituir, como desejara o meu<br />
Predecessor, uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos crentes e não<br />
crentes, abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé católica.<br />
Ele espelha fielmente na estrutura, nos conteúdos e na linguagem o Catecismo da Igreja<br />
Católica, que encontrará nesta síntese uma ajuda e um estímulo para ser mais conhecido<br />
e aprofundado.<br />
Em primeiro lugar, confio esperançoso este <strong>Compêndio</strong> a toda a Igreja e a cada cristão<br />
para que, graças a ele, se encontre, neste terceiro milénio, novo impulso no renovado<br />
empenhamento de evangelização e de educação na fé, que deve caracterizar cada<br />
comunidade eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação.<br />
Mas este <strong>Compêndio</strong>, pela sua brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as<br />
pessoas, que, num mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens,<br />
desejam conhecer o Caminho da Vida, a Verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu<br />
Filho.<br />
Lendo este instrumento autorizado que é o <strong>Compêndio</strong>, possa cada um, em especial<br />
graças à intercessão de Maria Santíssima, a Mãe de Cristo e da Igreja, reconhecer e<br />
acolher cada vez mais a beleza inexaurível, a unicidade e actualidade do Dom por<br />
excelência que Deus concedeu à humanidade: o Seu único Filho, Jesus Cristo, que é «o<br />
Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6).<br />
Dado aos 28 de Junho de 2005, vigília da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, ano<br />
primeiro de Pontificado.<br />
BENEDICTUS PP XVI<br />
INTRODUÇÃO<br />
1. No dia 11 de Outubro de 1992, o Papa João Paulo II entregava aos fiéis de todo o<br />
mundo o Catecismo da Igreja Católica, apresentando-o como «texto de referência» (1)<br />
para uma catequese renovada nas fontes vivas da fé. A trinta anos da abertura do<br />
Concílio Vaticano II (1962-1965), completava-se assim o desejo expresso em 1985 pela<br />
Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, para que fosse composto um<br />
catecismo de toda a doutrina católica quer no tocante à fé quer no que se refere à moral.<br />
Cinco anos depois, a 15 de Agosto de 1997, ao promulgar a edição típica do Catecismo<br />
da Igreja Católica, o Sumo Pontífice confirmava a finalidade fundamental da obra:<br />
«Apresenta-se como exposição completa e íntegra da doutrina católica, que permite a
todos conhecer o que a mesma Igreja professa, celebra, vive, reza na sua vida<br />
quotidiana» (2).<br />
2. Para uma maior valorização do Catecismo e vir ao encontro dum pedido que surgiu<br />
no Congresso Internacional de Catequese em 2002, João Paulo II instituiu, em 2003,<br />
uma Comissão especial, presidida pelo Card. Joseph Ratzinger, Prefeito da<br />
Congregação da Doutrina da Fé, em ordem à elaboração dum <strong>Compêndio</strong> do Catecismo<br />
da Igreja Católica, como formulação sintetizada dos conteúdos da fé. Após dois anos de<br />
trabalho, foi preparado um projecto de compêndio, que foi enviado para apreciação aos<br />
Cardeais e aos Presidentes das Conferências Episcopais. O projecto recebeu, em geral,<br />
uma apreciação positiva por parte da maioria absoluta de quantos responderam. Tendo<br />
em conta as propostas de melhoramento que chegaram, a Comissão procedeu à revisão<br />
do projecto e preparou o texto final da obra.<br />
3. São três as características principais do <strong>Compêndio</strong>: a estrita dependência do<br />
Catecismo da Igreja Católica; o género dialoga]; a utilização das imagens na catequese.<br />
Antes de mais, o <strong>Compêndio</strong> não é uma obra autónoma, pois não pretende, de modo<br />
nenhum, substituir o Catecismo da Igreja Católica: pelo contrário. remete<br />
continuamente para ele, quer mediante a indicação, ponto por ponto, dos números a que<br />
se refere, quer através da contínua referência à estrutura, ao desenvolvimento e aos seus<br />
conteúdos. Além disso o <strong>Compêndio</strong> pretende despertar um renovado interesse e fervor<br />
em relação ao Catecismo, que, com a sua sábia exposição e a sua unção espiritual,<br />
permanece sempre o texto de base da catequese eclesial de hoje.<br />
Como o Catecismo, também o <strong>Compêndio</strong> se divide em quatro partes, de acordo com as<br />
leis fundamentais da vida em Cristo.<br />
A primeira parte, intitulada «A profissão da fé», é uma síntese adequada da lex<br />
credendi, isto é, da fé professada pela Igreja Católica, retirada do Símbolo Apostólico<br />
ilustrado com o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, cuja proclamação constante nas<br />
assembleias cristãs mantém viva a memória das principais verdades da fé.<br />
A segunda parte, intitulada «A celebração do mistério cristão», apresenta os elementos<br />
essenciais da lex celebrandi. O anúncio do Evangelho encontra a sua resposta<br />
privilegiada na vida sacramental. Nela os fiéis experimentam e testemunham em cada<br />
momento da sua existência a eficácia salvífica do mistério pascal, por meio do qual<br />
Cristo realizou a obra da nossa redenção.<br />
A terceira parte, intitulada «A vida em Cristo», chama a atenção para a lex vivendi, isto<br />
é, para o empenho que os baptizados têm de manifestar nas sua: atitudes e nas suas<br />
opções éticas de fidelidade à fé professada e celebrada. Os fiéis são chamados pelo<br />
Senhor Jesus a agir de acordo com a sua dignidade de filhos de Deus Pai na caridade do<br />
Espírito Santo.<br />
A quarta parte, intitulada «A oração cristã», apresenta uma síntese da lex orandi, isto é,<br />
da vida de oração. A exemplo de Jesus, o modelo perfeito do orante, também o cristão é<br />
chamado ao diálogo com Deus na oração, de cuja expressão privilegiada é o Pai-nosso,<br />
a oração que o próprio Jesus nos ensinou.
4. Uma segunda característica do <strong>Compêndio</strong> e a sua forma dialogada, que retoma um<br />
antigo género literário da catequese, constando de pergunta e resposta. Trata-se de<br />
repropor um diálogo ideal entre o mestre e o discípulo, mediante uma sequência de<br />
interrogações que envolvem o leitor convidando-o prosseguir na descoberta de aspectos<br />
novos da verdade da fé. O género dialogal concorre também para abreviar notavelmente<br />
o texto, reduzindo-o ao essencial. Isto poderia ajudar a assimilação e a eventual<br />
memorização do conteúdo.<br />
5. A terceira característica reside nas imagens, que assinalam a organização do<br />
<strong>Compêndio</strong>. Provêm do riquíssimo património da iconografia cristã. A tradição secular<br />
e conciliar diz-nos que também a imagem é pregação evangélica. Os artistas de todos os<br />
tempos apresentaram à contemplação e à admiração dos fiéis os factos salientes do<br />
mistério da salvação, no esplendor da cor e na perfeição da beleza. Indício de que, hoje<br />
mais do que nunca, na época da imagem, a imagem sagrada pode exprimir muito mais<br />
que a palavra, pois é muito mais eficaz o seu dinamismo de comunicação e de<br />
transmissão da mensagem evangélica.<br />
6. A quarenta anos da conclusão do Concílio Vaticano II e no ano da Eucaristia, o<br />
<strong>Compêndio</strong> pode constituir um ulterior subsídio para satisfazer quer a fome de verdade<br />
dos fiéis de todas as idades e condições, quer também a necessidade de quantos, não<br />
sendo fiéis, têm sede de verdade e de justiça. A sua publicação terá lugar na solenidade<br />
dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja universal e evangelizadores<br />
exemplares do Evangelho no mundo antigo. Estes apóstolos viveram o que pregaram e<br />
testemunharam a verdade de Cristo até ao martírio. Imitemo-los no seu ardor<br />
missionário e peçamos ao Senhor a fim de que a Igreja siga sempre o ensinamento dos<br />
Apóstolos, dos quais recebeu o primeiro alegre anúncio da fé.<br />
20 de Março de 2005, Domingo de Ramos.<br />
--------------------------------------------------<br />
Joseph Card. Ratzinger<br />
Presidente da Comissão especial<br />
1. João Paulo II, Const. Apost. Fidei depositum, 11 de Outubro de 1992.<br />
2. João Paulo II, Carta Apost. Laetamur magnoepre, 15 de Agosto de 1997.<br />
PRIMEIRA PARTE<br />
A PROFISSÃO DA FÉ<br />
PRIMEIRA SECÇÃO<br />
«EU CREIO» – «NÓS CREMOS»
1. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem?<br />
1 – 25<br />
Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura<br />
bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua vida bemaventurada.<br />
Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou o seu Filho, como Redentor e<br />
Salvador dos homens caídos no pecado, convocando-os à sua Igreja e tornando-os filhos<br />
adoptivos por obra do Espírito Santo e herdeiros da sua eterna bem-aventurança.<br />
30<br />
CAPÍTULO PRIMEIRO<br />
O HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS<br />
«És grande, Senhor, e digno de todo o louvor [...]. Fizeste-nos para Ti e o nosso<br />
coração não descansa enquanto não repousar em Ti» ( S. Agostinho ).<br />
2. Porque é que no homem existe o desejo de Deus?<br />
27-30<br />
44-45<br />
Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo<br />
de O ver. Mesmo que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o<br />
homem a Si, para que viva e encontre n’Ele aquela plenitude de verdade e de felicidade,<br />
que ele procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é um ser religioso,<br />
capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus que<br />
confere ao homem a sua dignidade fundamental.<br />
3. Como é que se pode conhecer Deus apenas com a luz da razão?<br />
31-36<br />
46-47<br />
A partir da criação, isto é, do mundo e da pessoa humana, o homem pode, só pela razão,<br />
conhecer com certeza a Deus como origem e fim do universo e como sumo bem,<br />
verdade e beleza infinita.<br />
4. Basta porém a exclusiva luz da razão para conhecer Deus?<br />
37-38<br />
Ao conhecer Deus só com a luz da razão, o homem experimenta muitas dificuldades.<br />
Além disso, não pode entrar só pelas suas próprias forças na intimidade do mistério<br />
divino. Por isso é que Deus o quis iluminar com a sua Revelação não apenas sobre<br />
verdades que excedem o seu entendimento, mas também sobre verdades religiosas e
morais que, apesar de serem por si acessíveis à razão, podem deste modo ser conhecidas<br />
por todos, sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro.<br />
5. Como se pode falar de Deus?<br />
39-43<br />
48-49<br />
É possível falar de Deus a todos e com todos, a partir das perfeições do homem e das<br />
outras criaturas, que são um reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de Deus. É,<br />
porém, necessário purificar continuamente a nossa linguagem de tudo o que ela contém<br />
de imaginário e imperfeito, na consciência de que nunca será possível exprimir<br />
plenamente o infinito mistério de Deus.<br />
CAPÍTULO SEGUNDO<br />
DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM<br />
6. O que é que Deus revela ao homem?<br />
50-53<br />
68-69<br />
A REVELAÇÃO DE DEUS<br />
Deus revela-se ao homem, na sua bondade e sabedoria. Mediante acontecimentos e<br />
palavras, Deus revela-se a Si mesmo e ao seu desígnio de benevolência, que Ele, desde<br />
a eternidade, preestabeleceu em Cristo a favor dos homens. Tal desígnio consiste em<br />
fazer participar, pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida divina, como<br />
seus filhos adoptivos no seu único Filho.<br />
7. Quais as primeiras etapas da Revelação de Deus?<br />
54-58<br />
70-71<br />
Deus manifesta-se desde o princípio aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, e convidaos<br />
a uma comunhão íntima com Ele. Após a sua queda, não interrompe a revelação e<br />
promete a salvação para toda a sua descendência. Após o dilúvio, estabelece com Noé<br />
uma aliança entre Ele e todos os seres vivos.<br />
8. Quais as etapas sucessivas da Revelação de Deus?<br />
59-64<br />
72<br />
Deus escolhe Abrão chamando-o a deixar a sua terra para fazer dele “o pai duma<br />
multidão de povos” (Gn 17,5), e promete abençoar nele “todas as nações da terra” (Gn
12,3). Os descendentes de Abraão serão o povo eleito, os depositários das promessas<br />
divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel como seu povo salvando-o da escravidão<br />
do Egipto; conclui com ele a Aliança do Sinai, e dá-lhe a sua Lei, por meio de Moisés.<br />
Os profetas anunciam uma redenção radical do povo e uma salvação que incluirá todas<br />
as nações numa Aliança nova e eterna, que será gravada nos corações. Do povo de<br />
Israel, da descendência do rei David, nascerá o Messias: Jesus.<br />
9. Qual é a etapa plena e definitiva da Revelação de Deus?<br />
65-66<br />
73<br />
É aquela realizada no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da<br />
Revelação. Sendo o Filho Unigénito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e<br />
definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está,<br />
finalmente, completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao<br />
longo dos séculos.<br />
«A partir do momento em que nos deu o Seu Filho,<br />
que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos<br />
tudo ao mesmo tempo e duma só vez,<br />
e nada mais tem a acrescentar» (S. João da Cruz).<br />
10. Qual o valor das revelações privadas?<br />
67<br />
Embora não pertençam ao depósito da fé, elas podem ajudar a viver esta mesma fé,<br />
desde que mantenham uma estrita orientação para Cristo. O Magistério da Igreja, ao<br />
qual compete discernir as revelações privadas, não pode, por isso, aceitar aquelas que<br />
pretendem superar ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo.<br />
A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA<br />
11. Porquê e como deve ser transmitida a Revelação?<br />
74<br />
Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade»<br />
(1 Tm 2,4), isto é, de Jesus Cristo. Por isso, é necessário que Cristo seja anunciado a<br />
todos os homens, segundo o seu mandamento: «Ide e ensinai todos os povos» (Mt 28,<br />
19). É o que se realiza com a Tradição Apostólica.<br />
12. O que é a Tradição Apostólica?
75-79, 83<br />
96.98<br />
A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as<br />
origens do cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os<br />
escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram aos seus sucessores, os Bispos, e, através<br />
deles, a todas as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que receberam de Cristo e<br />
aprenderam do Espírito Santo.<br />
13. Como se realiza a Tradição Apostólica?<br />
76<br />
A Tradição Apostólica realiza-se de duas maneiras: mediante a transmissão viva da<br />
Palavra de Deus (chamada também simplesmente a Tradição) e através da Sagrada<br />
Escritura que é o próprio anúncio da salvação transmitido por escrito.<br />
14. Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?<br />
80-82<br />
97<br />
A Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si.<br />
Com efeito, ambas tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e provêm<br />
da mesma fonte divina: constituem um só sagrado depósito da fé, do qual a Igreja<br />
recebe a certeza acerca de todas as coisas reveladas.<br />
15. A quem é confiado o depósito da fé?<br />
84, 91<br />
94, 99<br />
O depósito da fé é confiado pelos Apóstolos a toda a Igreja. Todo o povo de Deus,<br />
mediante o sentido sobrenatural da fé, conduzido pelo Espírito Santo, e guiado pelo<br />
Magistério da Igreja, acolhe a Revelação divina, compreende-a cada vez mais e aplica-a<br />
à vida.<br />
16. A quem compete interpretar autenticamente o depósito da fé?<br />
85-90<br />
100<br />
A interpretação autêntica do depósito da fé compete exclusivamente ao Magistério vivo<br />
da Igreja, isto é, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão<br />
com ele. Ao Magistério, que, no serviço da Palavra de Deus, goza do carisma certo da<br />
verdade, compete ainda definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas<br />
na Revelação divina; tal autoridade estende-se também às verdades necessariamente<br />
conexas com a Revelação.<br />
17. Que relação existe entre a Escritura, a Tradição e o Magistério?
95<br />
De tal maneira estão unidos, que nenhum deles existe sem os outros. Todos juntos<br />
contribuem eficazmente, cada um a seu modo, sob a acção do Espírito Santo, para a<br />
salvação dos homens.<br />
A SAGRADA ESCRITURA<br />
18. Porque é que a Sagrada Escritura ensina a verdade?<br />
105-108<br />
135-136<br />
Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura: por isso ela é dita inspirada e<br />
ensina sem erro aquelas verdades que são necessárias para a nossa salvação. Com efeito,<br />
o Espírito Santo inspirou os autores humanos, os quais escreveram aquilo que Ele nos<br />
quis ensinar. No entanto, a fé cristã não é «uma religião do Livro», mas da Palavra de<br />
Deus, que não é «uma palavra escrita e muda, mas o Verbo Encarnado e vivo» (S.<br />
Bernardo de Claraval).<br />
19. Como ler a Sagrada Escritura?<br />
109-119<br />
137<br />
A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a<br />
condução do Magistério da Igreja segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo e à<br />
unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura na Tradição viva da Igreja; 3)<br />
respeito pela analogia da fé, isto é, da coesão entre si das verdades da fé.<br />
20. O que é o cânone das Escrituras?<br />
120<br />
138<br />
O Cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos sagrados, que a Tradição<br />
Apostólica levou a Igreja a discernir. O Cânone compreende 46 escritos do Antigo<br />
Testamento e 27 do Novo.<br />
21. Que importância tem o Antigo Testamento para os cristãos?<br />
121-123<br />
Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus: todos os<br />
seus escritos são divinamente inspirados e conservam um valor permanente. Eles dão<br />
testemunho da divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram escritos sobretudo<br />
para preparar o advento de Cristo Salvador do universo.
22. Que importância tem o Novo Testamento para os cristãos?<br />
124-127<br />
139<br />
O Novo Testamento, cujo objecto central é Jesus Cristo, entrega-nos a verdade<br />
definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e<br />
João, enquanto são o principal testemunho da vida e da doutrina de Jesus, constituem o<br />
coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja.<br />
23. Que unidade existe entre o Antigo e o Novo Testamento?<br />
128-130<br />
140<br />
A Escritura é una, uma vez que única é a Palavra de Deus, único é o projecto salvífico<br />
de Deus, única a inspiração divina dos dois Testamentos. O Antigo Testamento prepara<br />
o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo: os dois iluminam-se mutuamente.<br />
24. Qual a função da Sagrada Escritura na vida da Igreja?<br />
131-133<br />
141<br />
A Sagrada Escritura dá sustento e vigor à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza<br />
da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral.<br />
Diz o Salmista: ela é «lâmpada para os meus passos, luz no meu caminho» (Sal<br />
119,105). Por isso, a Igreja exorta à leitura frequente da Sagrada Escritura, uma vez que<br />
«a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (S. Jerónimo).<br />
CAPÍTULO TERCEIRO<br />
A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS<br />
EU CREIO<br />
25. Como responde o homem a Deus que se revela?<br />
142- 43<br />
Sustentado pela graça divina, o homem responde a Deus com a obediência da fé, que<br />
consiste em confiar-se completamente a Deus e acolher a sua Verdade, enquanto<br />
garantida por Ele que é a própria Verdade.<br />
26. Na Sagrada Escritura, quais são os principais testemunhos de obediência da fé?
144-149<br />
Há muitos testemunhos, mas particularmente dois: Abraão, que, colocado à prova, «teve<br />
fé em Deus » (Rm 4,3) e obedeceu sempre ao seu chamamento, tornando-se por isso<br />
«pai de todos os crentes» (Rm 4,11.18 ); e a Virgem Maria, que realizou de modo mais<br />
perfeito, durante toda a sua vida, a obediência da fé: «Fiat mihi secundum Verbum tuum<br />
– Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).<br />
27. Que significa, de facto, para o homem crer em Deus?<br />
150-152<br />
176-178<br />
Significa aderir ao próprio Deus, entregando-se a Ele e dando assentimento a todas as<br />
verdades por Ele reveladas, porque Deus é a verdade. Significa crer num só Deus em<br />
três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.<br />
28. Quais as características da fé?<br />
153-165<br />
179-180<br />
183-184<br />
A Fé, dom gratuito de Deus e acessível a quantos a pedem humildemente, é uma virtude<br />
sobrenatural necessária para a salvação. O acto de fé é um acto humano, isto é, um acto<br />
da inteligência do homem que, sob decisão da vontade movida por Deus, dá livremente<br />
o seu assentimento à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada sobre a<br />
Palavra de Deus; é operante «por meio da caridade» (Gal 5,6); é em contínuo<br />
crescimento, graças, em especial, à escuta da Palavra de Deus e à oração. Ela faz-nos<br />
saborear, de antemão, a alegria celeste.<br />
29. Porque não há contradições entre a fé e a ciência?<br />
159<br />
Embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência<br />
porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da<br />
razão seja a luz da fé.<br />
«Crê para compreender: compreende para crer» (Santo Agostinho)<br />
NÓS CREMOS<br />
30. Porque é que a fé é um acto pessoal e ao mesmo tempo eclesial?<br />
166-169<br />
181
A fé é um acto pessoal, enquanto resposta livre do homem a Deus que se revela. Mas é<br />
ao mesmo tempo um acto eclesial, que se exprime na confissão: «Nós cremos». De<br />
facto, é a Igreja que crê: deste modo, ela, com a graça do Espírito Santo, precede, gera e<br />
nutre a fé do indivíduo. Por isso a Igreja é Mãe e Mestra.<br />
«Não pode ter a Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe» (S. Cipriano)<br />
31. Porque é que as fórmulas da fé são importantes?<br />
170-171<br />
As fórmulas da fé são importantes porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e<br />
partilhar, juntamente com outros, as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum.<br />
32. De que maneira a fé da Igreja é uma só?<br />
172-175<br />
182<br />
A Igreja, embora formada por pessoas de diferentes línguas, culturas e ritos, professa,<br />
unânime e a uma só voz, a única fé, recebida dum só Senhor e transmitida pela única<br />
Tradição Apostólica. Professa um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – e manifesta<br />
uma única via de salvação. Portanto, nós acreditamos, num só coração e numa só alma,<br />
tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e nos é proposto pela<br />
Igreja como divinamente revelado.<br />
Símbolo dos Apóstolos<br />
SEGUNDA SECÇÃO<br />
A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ<br />
O CREDO<br />
Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra<br />
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor<br />
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;<br />
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,<br />
foi crucificado, morto e sepultado;<br />
desceu à mansão dos mortos;<br />
ressuscitou ao terceiro dia;<br />
subiu aos Céus;<br />
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,<br />
de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.<br />
Creio no Espírito Santo;<br />
na santa Igreja Católica;<br />
na comunhão dos Santos;<br />
na remissão dos pecados;<br />
na ressurreição da carne;<br />
e na vida eterna. Amen<br />
Credo Niceno-Constantinopolitano<br />
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso<br />
Criador do Céu e da Terra,<br />
de todas as coisas visíveis e invisíveis.<br />
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,<br />
Filho Unigénito de Deus,<br />
nascido do Pai antes de todos os séculos:<br />
Deus de Deus, luz da luz,<br />
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;<br />
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.<br />
Por Ele todas as coisas foram feitas.<br />
E por nós homens e para nossa salvação<br />
desceu dos Céus.<br />
E encarnou pelo Espírito Santo,<br />
no seio da Virgem Maria,<br />
e se fez homem.<br />
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;<br />
padeceu e foi sepultado.<br />
Ressuscitou ao terceiro dia,<br />
conforme as Escrituras;<br />
e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.<br />
De novo há-de vir em sua glória<br />
para julgar os vivos e os mortos;<br />
e o seu Reino não terá fim.<br />
Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida,<br />
e procede do Pai e do Filho;<br />
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.<br />
Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.<br />
Professo um só Baptismo para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos<br />
e a vida do mundo que há-de vir. Ámen.<br />
33. O que são os Símbolos da Fé?<br />
185-188<br />
192. 197<br />
CAPÍTULO PRIMEIRO<br />
CREIO EM DEUS PAI<br />
OS SÍMBOLOS DA FÉ<br />
São fórmulas articuladas, também chamadas «profissões de fé» ou «Credo», mediante<br />
as quais a Igreja, desde as suas origens, exprimiu resumidamente e transmitiu a própria<br />
fé, numa linguagem normativa e comum a todos os fiéis.<br />
34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé?<br />
189-191<br />
São os Símbolos baptismais. Porque o Baptismo é administrado «em nome do Pai e do<br />
Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19), as verdades de fé neles professadas estão<br />
articuladas segundo a sua referência às três Pessoas da Santíssima Trindade.<br />
35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé?<br />
193-195<br />
São o Símbolo dos Apóstolos, que é o antigo Símbolo baptismal da Igreja de Roma, e o<br />
Símbolo niceno-constantinopolitano, fruto dos primeiros dois Concílios Ecuménicos de<br />
Niceia (325) e de Constantinopola (381), e que é, ainda hoje, comum a todas as grandes<br />
Igrejas do Oriente e do Ocidente.<br />
«CREIO EM DEUS, PAI OMNIPOTENTE,<br />
CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»<br />
36. Porque é que a profissão de fé começa com «Creio em Deus»?<br />
198-199<br />
Porque a afirmação «Creio em Deus» é a mais importante, a fonte das outras verdades<br />
respeitantes ao homem, ao mundo e à nossa vida de crentes n’Ele.
37. Porque professamos um só Deus?<br />
200-202<br />
228<br />
Porque Ele se revelou ao povo de Israel como o Único, quando disse: «Escuta Israel, o<br />
Senhor é um só» (Dt 6,4), «não há outros» (Is 45,22). O próprio Jesus o confirmou:<br />
Deus é «o único Senhor» (Mc 12,29). Professar que Jesus e o Espírito Santo são<br />
também eles Deus e Senhor, não introduz nenhuma divisão no Deus Uno.<br />
38. Com que nome Deus se revela?<br />
203-205<br />
230-231<br />
Deus revela-se a Moisés como o Deus vivo, «o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o<br />
Deus de Jacob» (Ex 3,6). Ao mesmo Moisés, Deus revela também o seu nome<br />
misterioso: «Eu Sou aquele que Sou (YHWH)». O nome inefável de Deus, já nos<br />
tempos do Antigo Testamento, foi substituído pela palavra Senhor. Assim, no Novo<br />
Testamento, Jesus, chamado Senhor, aparece como verdadeiro Deus.<br />
39. Só Deus «é»?<br />
212-213<br />
Enquanto as criaturas receberam d’Ele tudo o que são e têm, só Deus é em si mesmo a<br />
plenitude do ser e de toda a perfeição. Ele é «Aquele que é», sem origem e sem fim.<br />
Jesus revela que também Ele é portador do nome divino: «Eu sou» (Jo 8, 28).<br />
40. Porque é importante a revelação do nome de Deus?<br />
206-213<br />
Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas do seu mistério inefável: só Ele<br />
é, desde sempre e para sempre, Aquele que transcende o mundo e a história. Foi Ele que<br />
fez o céu e aterra. Ele é o Deus fiel, sempre próximo do seu povo para o salvar. É o<br />
Santo por excelência, «rico de misericórdia» (Ef 2,4), sempre pronto a perdoar. É o Ser<br />
espiritual, transcendente, omnipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor.<br />
«Deus é o ser infinitamente perfeito que é a<br />
Santíssima Trindade» (S. Turíbio de Mongrovejo).<br />
41. Em que sentido Deus é a verdade?<br />
214-217<br />
231
Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele «é luz e<br />
n’Ele não há trevas» (1 Jo 1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi<br />
enviado ao mundo «para dar testemunho da Verdade» (Jo 18, 37).<br />
42. De que maneira Deus revela que é amor?<br />
218-221<br />
Deus revela-se a Israel como Aquele que tem um amor mais forte que o pai ou a mãe<br />
pelos seus filhos ou o esposo pela sua esposa. Ele, em Si mesmo, «é amor» (1 Jo<br />
4,8.16), que se dá completa e gratuitamente, «que tanto amou o mundo que lhe deu o<br />
seu próprio Filho unigénito, para que o mundo seja salvo por seu intermédio» (Jo 3,16-<br />
17). Enviando o seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que Ele próprio é eterna<br />
permuta de amor.<br />
43. O que implica crer em um só Deus?<br />
222-227<br />
229<br />
Crer em Deus, o Único, implica: conhecer a sua grandeza e majestade; viver em acção<br />
de graças; confiar sempre n’Ele, até nas adversidades; reconhecer a unidade e a<br />
verdadeira dignidade de todos os homens, criados à imagem de Deus; usar rectamente<br />
as coisas por Ele criadas.<br />
44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã?<br />
232-237<br />
O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos<br />
são baptizados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.<br />
45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido só pela razão humana?<br />
237<br />
Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas<br />
a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão<br />
humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do<br />
envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos<br />
os outros mistérios.<br />
46. O que nos revela Jesus Cristo sobre o mistério do Pai?<br />
240-242<br />
Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só enquanto é Criador do universo e do<br />
homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu<br />
Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem da sua substância» (Heb1, 3).
47. Quem é o Espírito Santo que Jesus Cristo nos revelou?<br />
243-248<br />
É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho.<br />
Ele «procede do Pai» (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a<br />
vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz de<br />
Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja<br />
«ao conhecimento da Verdade total» (Jo 16, 13).<br />
48. Como é que a Igreja exprime a sua fé trinitária?<br />
249-256<br />
266<br />
A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho<br />
e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é<br />
idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas<br />
entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é<br />
gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.<br />
49. Como operam as três Pessoas divinas?<br />
257-260<br />
267<br />
Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também no<br />
seu operar: a Trindade tem uma só e mesma operação. Mas no único agir divino, cada<br />
Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio na Trindade.<br />
«Ó meu Deus, Trindade que eu adoro... pacificai a minha alma;<br />
fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar<br />
do vosso repouso. Que eu não vos deixe nunca só, mas que<br />
esteja lá, com todo o meu ser, toda vigilante na minha fé, toda<br />
em adoração, toda oferecida à vossa acção criadora»<br />
(Beata Isabel da Trindade).<br />
50. O que significa que Deus é omnipotente?<br />
268-278<br />
Deus revelou-se como «o Forte, o Potente» (Sal 24, 8-10), Aquele para quem «nada é<br />
impossível» (Lc 1,37). A sua omnipotência é universal, misteriosa, e manifesta-se na<br />
criação do mundo a partir do nada e na criação do homem por amor, mas sobretudo na<br />
Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adopção filial e no perdão dos
pecados. Por isso a Igreja dirige a sua oração ao «Deus omnipotente e eterno»<br />
(«Omipotens sempiterne Deus»).<br />
51. Porque é importante afirmar: «No princípio criou Deus o céu e a terra» (Gn<br />
1,1)?<br />
279-289<br />
315<br />
Porque a Criação é o fundamento de todos os projectos divinos de salvação; manifesta o<br />
amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do Deus único<br />
com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em Cristo; é uma<br />
primeira resposta às questões fundamentais do homem acerca da sua própria origem e<br />
do seu fim.<br />
52. Quem criou o mundo?<br />
290-292<br />
316<br />
O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do mundo, ainda<br />
que a obra da criação do mundo seja particularmente atribuída ao Pai.<br />
53. Para que foi criado o mundo?<br />
293-294<br />
319<br />
O mundo foi criado para a glória de Deus, que quis manifestar e comunicar a sua<br />
bondade, verdade e beleza. O fim último da criação é que Deus, em Cristo, possa ser<br />
«tudo em todos» (1 Cor 15,28), para a sua glória e para a nossa felicidade.<br />
«A Glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem<br />
é a visão de Deus» (Santo Ireneu).<br />
54. Como é que Deus criou o universo?<br />
295-301<br />
317-320<br />
Deus criou o universo livremente, com sabedoria e amor. O mundo não é o produto<br />
duma necessidade, dum destino cego ou do acaso. Deus criou «do nada» (ex nihilo:<br />
2Mac 7,28) um mundo ordenado e bom, que Ele transcende infinitamente. Deus<br />
conserva no ser a sua criação e sustenta-a, dando-lhe a capacidade de agir, e<br />
conduzindo-a à sua realização, por meio do seu Filho e do Espírito Santo.
55. Em que consiste a Providência divina?<br />
302-306<br />
321<br />
A Providência divina consiste nas disposições com as quais Deus conduz as suas<br />
criaturas para a perfeição última, à qual Ele as chamou. Deus é o autor soberano do seu<br />
desígnio. Mas para a realização do mesmo serve-se também da cooperação das suas<br />
criaturas. Ao mesmo tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem por si mesmas, de<br />
serem causas umas das outras.<br />
56. Como é que o homem colabora com a Providência divina?<br />
307-308<br />
323<br />
Ao homem, Deus concede e requer, respeitando a sua liberdade, a colaboração através<br />
das suas acções, das suas orações e mesmo com os seus sofrimentos, suscitando nele «o<br />
querer e o operar segundo os seus benévolos desígnios» (Filp 2,13).<br />
57. Se Deus é omnipotente e providente porque é que existe o mal?<br />
309-310<br />
324. 400<br />
A esta pergunta, tão dolorosa quanto misteriosa, só o conjunto da fé cristã pode dar<br />
resposta. Deus não é de maneira nenhuma, nem directamente nem indirectamente, a<br />
causa do mal. Ele ilumina o mistério do mal no seu Filho Jesus Cristo, que morreu e<br />
ressuscitou para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos homens e que é a<br />
raiz dos outros males.<br />
58. Porque é que Deus permite o mal?<br />
311-314<br />
324<br />
A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal se do próprio mal não extraísse<br />
o bem. Deus realizou admiravelmente isso mesmo na morte e ressurreição de Cristo:<br />
com efeito, do maior mal moral, a morte do Seu Filho, Ele retirou os bens maiores, a<br />
glorificação de Cristo e a nossa redenção.<br />
59. O que é que Deus criou?<br />
325-327<br />
O céu e a terra
A Sagrada Escritura diz: «No princípio Deus criou o céu e a terra» (Gn 1,1). A Igreja,<br />
na sua profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e<br />
invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais, isto é, dos anjos e do mundo visível,<br />
e em particular do homem.<br />
60. Quem são os anjos?<br />
328-333<br />
350-351<br />
Os anjos são criaturas puramente espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais, seres<br />
pessoais dotados de inteligência e de vontade. Estes, contemplando incessantemente a<br />
Deus face a face, glorificam-no, servem-no e são os seus mensageiros no cumprimento<br />
da missão de salvação, em prol de todos os homens.<br />
61. Como é que os anjos estão presentes na vida da Igreja?<br />
334-336<br />
352<br />
A Igreja une-se aos anjos para adorar a Deus, invoca a sua assistência e celebra<br />
liturgicamente a memória de alguns.<br />
«Cada fiel tem ao seu lado um anjo como protector e pastor,<br />
para o conduzir à vida» (S. Basílio Magno).<br />
62. Que ensina a Sagrada Escritura sobre a criação do mundo visível?<br />
337-344<br />
Ao narrar os «seis dias» da criação, a Sagrada Escritura dá-nos a conhecer o valor dos<br />
seres criados e a sua finalidade de louvor a Deus e serviço ao homem. Todas as coisas<br />
devem a sua existência a Deus, de quem recebem a sua bondade e perfeição, as suas leis<br />
e o lugar no universo.<br />
63. Qual é o lugar do homem na criação?<br />
343-344<br />
353<br />
O homem é o vértice da criação visível, pois é criado à imagem e semelhança de Deus.<br />
64. Que tipo de relação existe entre as coisas criadas?<br />
342-354
Entre as criaturas existe uma interdependência e uma hierarquia queridas por Deus. Ao<br />
mesmo tempo, existe uma unidade e solidariedade entre as criaturas, uma vez que todas<br />
têm o mesmo Criador, são por Ele amadas e estão ordenadas para a sua glória. Respeitar<br />
as leis inscritas na Criação e as relações derivantes da natureza das coisas é portanto um<br />
princípio de sabedoria e um fundamento da moral.<br />
65. Qual a relação entre a obra da criação e a da redenção?<br />
345-349<br />
A obra da criação culmina na obra ainda maior da redenção. Com efeito, esta dá início à<br />
nova criação, na qual tudo reencontrará o seu pleno sentido e o seu acabamento.<br />
O homem<br />
66. Em que sentido o homem é criado «à imagem de Deus»?<br />
355-358<br />
Afirmar que o homem é criado à imagem de Deus significa que ele é capaz de conhecer<br />
e amar, na liberdade, o próprio Criador. É a única criatura, nesta terra, que Deus quis<br />
por si mesma e que chamou a partilhar a sua vida divina, no conhecimento e no amor.<br />
Enquanto criado à imagem de Deus, o homem tem a dignidade de pessoa: não é uma<br />
coisa mas alguém, capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em<br />
comunhão com Deus e com as outras pessoas.<br />
67. Para que fim Deus criou o homem?<br />
358-359<br />
Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para conhecer, servir e amar a<br />
Deus, para Lhe oferecer neste mundo toda a criação em acção de graças e para ser<br />
elevado à vida com Deus no céu. Só no mistério do Verbo encarnado se esclarece<br />
verdadeiramente o mistério do homem, predestinado a reproduzir a imagem do Filho de<br />
Deus feito homem, que é a perfeita «imagem de Deus invisível» (Col 1, 15).<br />
68. Porque é que os homens constituem uma unidade?<br />
360-361<br />
Todos os homens formam a unidade do género humano, graças à sua comum origem em<br />
Deus. Para além disso, Deus criou «a partir de um só homem todo o género humano»<br />
(Act 17,26). Todos têm também um único Salvador e todos são chamados a partilhar a<br />
eterna felicidade de Deus.<br />
69. Como é que, no homem, a alma e o corpo formam uma unidade?
362-356<br />
382<br />
A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corpóreo e espiritual. O espírito e a<br />
matéria, no homem, formam uma única natureza. Esta unidade é tão profunda que,<br />
graças ao princípio espiritual que é a alma, o corpo, que é material, se torna um corpo<br />
humano e vivo e participa na dignidade de imagem de Deus.<br />
70. Quem dá a alma ao ser humano?<br />
366-368<br />
383<br />
A alma espiritual não vem dos pais, mas é criada directamente por Deus e é imortal.<br />
Separando-se do corpo no momento da morte, ela não perece; voltará a unir-se<br />
novamente ao corpo, no momento da ressurreição final.<br />
71. Que relação Deus estabeleceu entre o homem e a mulher?<br />
369-373<br />
383<br />
O homem e a mulher foram criados por Deus com uma igual dignidade enquanto<br />
pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa complementaridade recíproca enquanto<br />
masculino e feminino. Deus quis que fossem um para o outro, para uma comunhão de<br />
pessoas. Juntos são também chamados a transmitir a vida humana, formando no<br />
matrimónio «uma só carne» (Gn 2, 24), e a dominar a terra como «administradores» de<br />
Deus.<br />
72. Qual era a condição originária do homem segundo o projecto de Deus?<br />
374-379<br />
384<br />
Deus, criando o homem e a mulher, tinha-lhes dado uma participação especial na<br />
própria vida divina, em santidade e justiça. Segundo o projecto de Deus, o homem não<br />
deveria nem sofrer nem morrer. Além disso, reinava uma harmonia perfeita no próprio<br />
ser humano, entre a criatura e o criador, entre o homem e a mulher, bem como entre o<br />
primeiro casal humano e toda a criação.<br />
A queda<br />
73. Como se compreende a realidade do pecado?<br />
385-389
O pecado está presente na história do homem. Tal realidade só se esclarece plenamente<br />
à luz da Revelação divina, e sobretudo à luz de Cristo Salvador universal, que fez<br />
superabundar a graça onde abundou o pecado.<br />
74. O que é a queda dos anjos?<br />
391-395<br />
414<br />
Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros demónios de que falam a Sagrada<br />
Escritura e a Tradição da Igreja, de anjos criados bons por Deus, se transformaram em<br />
maus, porque, mediante uma opção livre e irrevogável, recusaram Deus e o seu Reino,<br />
dando assim origem ao inferno. Procuram associar o homem à sua rebelião contra Deus;<br />
mas Deus afirma em Cristo a Sua vitória segura sobre o Maligno.<br />
75. Em que consiste o primeiro pecado do homem?<br />
396-403<br />
415-417<br />
O homem, tentado pelo diabo, deixou apagar no seu coração a confiança em relação ao<br />
seu Criador e, desobedecendo-lhe, quis tornar-se «como Deus», sem Deus e não<br />
segundo Deus (Gn 3, 5). Assim, Adão e Eva perderam imediatamente, para si e para<br />
todos os seus descendentes, a graça da santidade e da justiça originais.<br />
76. O que é o pecado original?<br />
404<br />
419<br />
O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o estado de privação da santidade<br />
e da justiça originais. É um pecado por nós «contraído» e não «cometido»; é uma<br />
condição de nascimento e não um acto pessoal. Por causa da unidade de origem de<br />
todos os homens, ele transmite-se aos descendentes de Adão com a natureza humana,<br />
«não por imitação mas por propagação». Esta transmissão permanece um mistério que<br />
não podemos compreender plenamente.<br />
77. Que outras consequências provoca o pecado original?<br />
405-409<br />
418<br />
Em consequência do pecado original, a natureza humana, sem ser totalmente<br />
corrompida, fica ferida nas suas forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento,<br />
ao poder da morte, e inclinada ao pecado. Tal inclinação é chamada concupiscência.<br />
78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus?<br />
410-412<br />
420
Após o primeiro pecado, o mundo foi inundado por pecados, mas Deus não abandonou<br />
o homem ao poder da morte. Pelo contrário, pré-anunciou de modo misterioso – no<br />
«Proto-evangelho» (Gn 3,15) – que o mal seria vencido e o homem levantado da queda.<br />
É o primeiro anúncio do Messias redentor. Por isso a queda será mesmo chamada feliz<br />
culpa, porque «mereceu um tal e tão grande Redentor» (Liturgia da Vigília pascal).<br />
79. Qual é a Boa Nova para o homem?<br />
422-424<br />
CAPÍTULO SEGUNDO<br />
CREIO EM JESUS CRISTO,<br />
O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS<br />
É o anúncio de Jesus Cristo, «o Filho do Deus vivo» (Mt 16,16), morto e ressuscitado.<br />
No tempo do rei Herodes e do imperador César Augusto, Deus cumpriu as promessas<br />
feitas a Abraão e à sua descendência enviando «o Seu Filho, nascido de uma mulher e<br />
sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e nos tornar seus filhos<br />
adoptivos» (Gal 4, 4-5).<br />
80. Como se difunde esta Boa Nova?<br />
425-429<br />
Desde o início os primeiros discípulos tiveram um ardente desejo de anunciar Jesus<br />
Cristo, com o fim de conduzir à fé n’Ele. Também hoje, do amoroso conhecimento de<br />
Cristo nasce o desejo de evangelizar e catequizar, isto é, de revelar na sua pessoa o<br />
pleno desígnio de Deus e de colocar a humanidade em comunhão com Ele.<br />
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»<br />
81. Que significa o nome «Jesus»?<br />
430-435<br />
452<br />
Dado pelo Anjo no momento da Anunciação, o nome «Jesus» significa «Deus salva».<br />
Exprime a sua identidade e a sua missão, «porque é Ele que salvará o seu povo dos seus<br />
pecados» (Mt 1,21). Pedro afirma que «não existe debaixo do céu outro Nome dado aos<br />
homens pelo qual possamos ser salvos» (Act 4,12).
82. Porque é que Jesus é chamado «Cristo»?<br />
436-440<br />
453<br />
«Cristo» em grego, «Messias» em hebraico, significa «ungido». Jesus é o Cristo porque<br />
é consagrado por Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o<br />
Messias esperado por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de<br />
Messias, precisando porém o seu sentido: «descido do céu» (Jo 3,13), crucificado e<br />
depois ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor «que dá a sua vida em resgate pela<br />
multidão» (Mt 20,28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome de cristãos.<br />
83. Em que sentido Jesus é o «Filho Unigénito de Deus»?<br />
441-445<br />
454<br />
No sentido único e perfeito. No momento do Baptismo e da Transfiguração, a voz do<br />
Pai designa Jesus como seu «Filho predilecto». Apresentando-se a Si mesmo como o<br />
Filho que «conhece o Pai» (Mt 11,27), Jesus afirma a Sua relação única e eterna com<br />
Deus Seu Pai. Ele é «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da<br />
Trindade. É o centro da pregação apostólica: os Apóstolos viram «a Sua glória, como de<br />
Unigénito do Pai» (Jo 1, 14).<br />
84. O que significa o título «Senhor»?<br />
446-451<br />
455<br />
Na Bíblia, este título designa habitualmente Deus Soberano. Jesus atribui-o a si mesmo<br />
e revela a sua soberania divina através do poder sobre a natureza, sobre os demónios,<br />
sobre o pecado e sobre a morte, sobretudo com a sua Ressurreição. As primeiras<br />
confissões cristãs proclamam que o poder, a honra e a glória devidas a Deus Pai são<br />
também devidas a Jesus: Deus «deu-Lhe o Nome que está acima de todos os nomes»<br />
(Fil 2,9). Ele é o Senhor do mundo e da história, o único a quem o homem deve<br />
submeter completamente a própria liberdade pessoal.<br />
«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER<br />
DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»<br />
85. Porque é que o Filho de Deus se fez homem?<br />
456-460<br />
O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por<br />
causa de nós homens e para nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós
pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso<br />
modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4).<br />
86. Que significa a palavra «Encarnação»?<br />
461-463<br />
483<br />
A Igreja chama «Encarnação» ao mistério da admirável união da natureza divina e da<br />
natureza humana na única Pessoa divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o<br />
Filho de Deus fez-se «carne» (Jo 1,14) tornando-se verdadeiramente homem. A fé na<br />
Encarnação é o sinal distintivo da fé cristã.<br />
87. De que modo Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem?<br />
464-467<br />
469<br />
Jesus é, inseparavelmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da sua<br />
Pessoa divina. Ele, o Filho de Deus, que é «gerado, não criado, consubstancial ao Pai»,<br />
fez-se verdadeiramente homem, nosso irmão, sem com isto deixar de ser Deus, nosso<br />
Senhor.<br />
88. Que ensina acerca disto o Concílio de Calcedónia (ano 451)?<br />
467<br />
O Concílio de Calcedónia ensina a confessar «um só e mesmo Filho, nosso Senhor<br />
Jesus Cristo, perfeito na sua divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e<br />
verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai pela<br />
sua divindade, consubstancial a nós pela humanidade, “em tudo semelhante a nós,<br />
excepto no pecado” (Heb 4, 15); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a<br />
divindade e, nestes últimos tempos, por nós homens e para nossa salvação, nascido da<br />
Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade».<br />
89. Como é que a Igreja exprime do mistério da Encarnação?<br />
464-469<br />
479-481<br />
Exprime-o afirmando que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, com<br />
duas naturezas, a divina e a humana, que se não confundem, mas estão unidas na Pessoa<br />
do Verbo. Portanto, na humanidade de Jesus, tudo – milagres, sofrimento, morte – deve<br />
ser atribuído à sua Pessoa divina, que age através da natureza humana assumida.<br />
«Ó Filho Unigénito e Verbo de Deus, Tu que és imortal, para a nossa salvação<br />
dignaste-Te encarnar no seio da santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria ( ... ). Tu
que és Um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salva-nos!»<br />
(Liturgia Bizantina de S. João Crisóstomo).<br />
90. O Filho de Deus feito homem tinha uma alma com um conhecimento humano?<br />
470-474<br />
482<br />
O Filho de Deus assumiu um corpo animado por uma alma racional humana. Com a sua<br />
inteligência humana, Jesus aprendeu muitas coisas através da experiência. Mas também,<br />
como homem, o Filho de Deus tinha um conhecimento íntimo e imediato de Deus seu<br />
Pai. Penetrava igualmente os pensamentos secretos dos homens e conhecia plenamente<br />
os desígnios eternos que Ele viera revelar.<br />
91. Como se harmonizam as duas vontades do Verbo encarnado?<br />
475<br />
482<br />
Jesus tem uma vontade divina e uma vontade humana. Na sua vida terrena, o Filho de<br />
Deus quis humanamente o que divinamente decidiu com o Pai e o Espírito Santo para a<br />
nossa salvação. A vontade humana de Cristo segue, sem oposição ou relutância, a<br />
vontade divina, ou melhor, está subordinada a ela.<br />
92. Cristo tinha um verdadeiro corpo humano?<br />
476-477<br />
Cristo assumiu um verdadeiro corpo humano, através do qual Deus invisível se tornou<br />
visível. Por esta razão, Cristo pode ser representado e venerado nas santas imagens.<br />
93. O que significa o Coração de Jesus?<br />
478<br />
Jesus conheceu-nos e amou-nos com um coração humano. O Seu coração trespassado<br />
para nossa salvação é o símbolo daquele infinito amor com o qual Ele ama o Pai e cada<br />
um dos homens.<br />
94. «Concebido por obra do Espírito Santo...»: o que significa esta expressão?<br />
484-486<br />
Significa que a Virgem Maria concebeu o Filho eterno no seu seio, por obra do Espírito<br />
Santo e sem a colaboração de homem: «O Espírito Santo descerá sobre ti» (Lc 1, 35),<br />
disse-lhe o Anjo na Anunciação.
95. «…Nascido da Virgem Maria»: porque é que Maria é verdadeiramente Mãe de<br />
Deus?<br />
495<br />
509<br />
Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe de Jesus (Jo 2,1; 19,25). Com<br />
efeito, Aquele que foi concebido por obra do Espírito Santo e que se tornou<br />
verdadeiramente Filho de Maria é o Filho eterno de Deus Pai. É Ele mesmo Deus.<br />
96. O que significa «Imaculada Conceição»?<br />
487-492<br />
508<br />
Deus escolheu gratuitamente Maria desde toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu<br />
Filho: para cumprir tal missão, foi concebida imaculada. Isto significa que, pela graça<br />
de Deus e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Maria foi preservada do pecado<br />
original desde a sua concepção.<br />
97. Como colabora Maria no desígnio divino da salvação?<br />
493-494<br />
508-511<br />
Durante toda a sua existência, por graça de Deus, Maria conservou-se imune de todo o<br />
pecado pessoal. É a «cheia de graça» (Lc 1,28) e a «Toda Santa». Quando o Anjo lhe<br />
anuncia que dará à luz «o Filho do Altíssimo» (Lc 1,32), dá livremente o seu<br />
assentimento com a «obediência da fé» (Rm 1,5). Maria entrega-se totalmente à Pessoa<br />
e obra do seu Filho Jesus, abraçando com toda a alma a vontade divina de salvação.<br />
98. Que significa a conceição virginal de Jesus?<br />
496-498<br />
503<br />
Significa que Jesus foi concebido no seio da Virgem apenas pelo poder do Espírito<br />
Santo, sem intervenção de homem. Ele é o Filho do Pai celeste, segundo a natureza<br />
divina, e Filho de Maria segundo a natureza humana, mas propriamente Filho de Deus<br />
nas suas naturezas, existindo nele uma única Pessoa, a divina.<br />
99. Em que sentido Maria é «sempre Virgem»?<br />
499-507<br />
510-511<br />
No sentido de que Maria «permaneceu Virgem na concepção do seu Filho, Virgem no<br />
parto, Virgem grávida, Virgem mãe, Virgem perpétua» (Santo Agostinho). Portanto,<br />
quando os Evangelhos falam de «irmãos e irmãs de Jesus», trata-se de parentes<br />
próximos de Jesus, segundo uma expressão usual na Sagrada Escritura.
100. De que modo é que a maternidade espiritual de Maria é universal?<br />
501-507<br />
511<br />
Maria tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a<br />
todos os homens que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a<br />
Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu<br />
nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da<br />
Igreja e a sua realização mais perfeita.<br />
101. Em que sentido toda a vida de Cristo é Mistério?<br />
512-521<br />
561-562<br />
Toda a vida de Cristo é acontecimento de revelação: o que é visível na vida terrena de<br />
Jesus conduz ao seu Mistério invisível, sobretudo ao Mistério da sua filiação divina:<br />
«quem me vê, vê o Pai» (Jo 14, 19). Além disso, embora a salvação provenha<br />
plenamente da cruz e da ressurreição, toda a vida de Cristo é Mistério de salvação,<br />
porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha como objectivo salvar o homem caído<br />
e restabelece-lo na sua vocação de filho de Deus.<br />
102. Quais foram as preparações para os Mistérios de Jesus?<br />
522-524<br />
Antes de mais, houve uma longa preparação de muitos séculos, que nós revivemos na<br />
celebração litúrgica do tempo do Advento. Para além da obscura expectativa que<br />
colocou no coração dos pagãos, Deus preparou a vinda do seu Filho através da Antiga<br />
Aliança, até João Baptista que é o último e o maior dos profetas.<br />
103. Que ensina o Evangelho sobre os Mistérios do nascimento e da infância de<br />
Jesus?<br />
525-530<br />
563-564<br />
No Natal, a glória do Céu manifesta-se na debilidade dum menino; a circuncisão de<br />
Jesus é sinal da pertença ao povo hebraico e prefiguração do nosso Baptismo; a<br />
Epifania é a manifestação do Rei-Messias de Israel a todas as gentes; na sua<br />
apresentação no templo, em Simeão e Ana é toda a esperança de Israel que vem ao<br />
encontro do seu Salvador; a fuga para o Egipto e a matança dos inocentes anunciam<br />
que toda a vida de Cristo estará sob o sinal da perseguição; o seu regresso do Egipto<br />
recorda o Êxodo e apresenta Jesus como o novo Moisés: Ele é o verdadeiro e definitivo<br />
libertador.<br />
104. O que é que nos ensina a vida oculta de Jesus em Nazaré?
533-534<br />
564<br />
Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio duma vida normal.<br />
Permite-nos assim estar em comunhão com Ele, na santidade duma vida quotidiana feita<br />
de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor familiar. A sua submissão a Maria e a<br />
José, seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José, com<br />
a sua fé, acolhem o Mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam.<br />
105. Porque é que Jesus recebe de João o «baptismo de conversão para o perdão<br />
dos pecados» (Lc 3, 3)?<br />
535-537<br />
565<br />
Para dar início à sua vida pública e antecipar o «Baptismo» da Sua morte: aceita assim,<br />
embora sendo sem pecado, ser contado entre os pecadores, Ele, «o Cordeiro de Deus<br />
que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O Pai proclama-O Seu «Filho predilecto» (Mt<br />
3,17) e o Espírito desce sobre Ele. O baptismo de Jesus é a prefiguração do nosso<br />
baptismo.<br />
106. O que revelam as tentações de Jesus no deserto?<br />
538-540<br />
566<br />
As tentações de Jesus recapitulam a tentação de Adão no paraíso e as de Israel no<br />
deserto. Satanás tenta Jesus na sua obediência à missão que Lhe tinha sido confiada pelo<br />
Pai. Cristo, novo Adão, resiste, e a sua vitória anuncia a vitória da sua paixão, suprema<br />
obediência do seu amor filial. A Igreja une-se, em particular, a este Mistério, no tempo<br />
litúrgico da Quaresma.<br />
107. Quem é convidado para o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus?<br />
541-546<br />
567<br />
Jesus convida todos os homens a tomar parte no Reino de Deus. Mesmo o pior pecador<br />
é chamado a converter-se e a aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino pertence, já<br />
aqui sobre a terra, àqueles que o acolhem com coração humilde. É a eles que são<br />
revelados os seus Mistérios.<br />
108. Porque é que Jesus anuncia o Reino com sinais e milagres?<br />
547-550<br />
567<br />
Jesus acompanha a sua palavra com sinais e milagres para atestar que o Reino está<br />
presente n’Ele, o Messias. Embora Ele cure algumas pessoas, não veio para eliminar<br />
todos os males aqui na terra, mas, antes de mais, para nos libertar da escravidão do
pecado. A expulsão dos demónios anuncia que a sua cruz será vitoriosa sobre o<br />
«príncipe deste mundo» (Jo 12,31).<br />
109. Que autoridade confere Jesus aos seus Apóstolos, no Reino?<br />
551-553<br />
567<br />
Jesus escolhe os Doze, futuras testemunhas da sua Ressurreição, e torna-os participantes<br />
da sua missão e da sua autoridade para ensinar, absolver os pecados, edificar e governar<br />
a Igreja. Neste colégio, Pedro recebe «as chaves do Reino» (Mt 16,19) e ocupa o<br />
primeiro lugar, com a missão de guardar a fé na sua integridade e de confirmar os seus<br />
irmãos.<br />
110. Qual o significado da transfiguração?<br />
554-556<br />
568<br />
Na Transfiguração aparece antes de mais a Trindade: «O Pai na voz, o Filho no homem,<br />
o Espírito na nuvem brilhante» (S. Tomás de Aquino). Evocando, com Moisés e Elias, a<br />
sua «partida» (Lc 9, 31), Jesus mostra que a sua glória passa através da cruz e antecipa a<br />
sua ressurreição e a sua vinda gloriosa, pois «transfigurará o nosso pobre corpo para<br />
transformá-lo no seu corpo glorioso» (Filp 3, 21).<br />
«Transfiguraste-Te sobre a montanha e, na medida em que disso eram capazes, os teus<br />
discípulos contemplaram a Tua glória, Cristo Deus, para que, quando te vissem<br />
crucificado, compreendessem que a Tua Paixão era voluntária, e anunciassem ao<br />
mundo que Tu és verdadeiramente a irradiação do Pai» (Liturgia Bizantina).<br />
111. Como se deu a entrada messiânica em Jerusalém?<br />
557-560<br />
569-570<br />
No tempo estabelecido, Jesus decide subir a Jerusalém para sofrer a sua paixão, morrer<br />
e ressuscitar. Como Rei Messias que manifesta a vinda do reino, Ele entra na sua cidade<br />
montado num jumento. É acolhido pelos humildes, cuja aclamação é retomada no<br />
Sanctus eucarístico: «Bendito aquele que vem no nome do Senhor! Hossana (salvanos)»<br />
(Mt 21,9). A liturgia da Igreja inicia a Semana Santa com a celebração desta<br />
entrada em Jerusalém.<br />
«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS,<br />
FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»
112. Qual é a importância do Mistério pascal de Jesus?<br />
571-573<br />
O Mistério pascal de Jesus, que compreende a sua paixão, morte, ressurreição e<br />
glorificação, está no centro da fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus se realizou<br />
uma vez por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo.<br />
113. Quais as acusações para a condenação de Jesus?<br />
574-576<br />
Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de<br />
Jerusalém, e em particular contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de<br />
Deus. Por isso, O entregaram a Pilatos, para que O condenasse à morte.<br />
114. Qual o comportamento de Jesus, em relação à Lei de Israel?<br />
577-582<br />
592<br />
Jesus não aboliu a Lei, dada por Deus a Moisés no Sinai, mas levou-a à plenitude,<br />
dando-lhe a interpretação definitiva. É o Legislador divino que cumpre integralmente<br />
esta Lei. Além disso, Ele, o Servo fiel, oferece mediante a sua morte expiadora o único<br />
sacrifício capaz de redimir todas «as faltas cometidas durante a primeira Aliança» (Heb<br />
9,15).<br />
115. Qual a atitude de Jesus em relação ao templo de Jerusalém?<br />
583-586<br />
593<br />
Jesus foi acusado de hostilidade em relação ao Templo. Contudo Ele venerou-o como<br />
«a morada do seu Pai» (Jo 2,16) e consagrou-lhe uma parte importante do seu ensino.<br />
Mas predisse também a sua destruição, em relação com a sua própria morte, e Ele<br />
mesmo se apresentou como a morada definitiva de Deus entre os homens.<br />
116. Jesus contradisse a fé de Israel no Deus único e salvador?<br />
587-591<br />
594<br />
Jesus nunca contradisse a fé num Deus único, nem sequer quando realizava a obra<br />
divina por excelência que cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a Deus:<br />
o perdão dos pecados. A exigência feita por Jesus de fé na sua pessoa e de conversão<br />
permite compreender a trágica incompreensão do Sinédrio que considerou Jesus<br />
merecedor de morte porque blasfemo.
117. Quem é responsável pela morte de Jesus?<br />
595-598<br />
A paixão e a morte de Jesus não podem ser imputadas indistintamente nem a todos os<br />
judeus então vivos, nem aos outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço.<br />
Cada pecador, isto é, cada homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos do<br />
Redentor, e culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais<br />
frequentemente caem no pecado ou se deleitam nos vícios.<br />
118. Porque é que a morte de Cristo faz parte do desígnio de Deus?<br />
599-605<br />
619<br />
Para reconciliar consigo todos os homens votados à morte por causa do pecado, Deus<br />
tomou a iniciativa amorosa de enviar o Seu Filho para que se entregasse à morte pelos<br />
pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, em particular como sacrifício do Servo<br />
sofredor, a morte de Jesus acontece «segundo as Escrituras».<br />
119. Com é que Cristo se ofereceu ao Pai?<br />
606-609<br />
620<br />
Toda a vida de Cristo é oferta livre ao Pai para realizar o seu desígnio de salvação. Ele<br />
dá «a sua vida em resgate por muitos» (Mc 10,45) e deste modo reconcilia com Deus<br />
toda a humanidade. O seu sofrimento e a sua morte manifestam como a sua humanidade<br />
é o instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a salvação de todos os<br />
homens.<br />
120. Como se manifesta na última Ceia a oferta de Jesus?<br />
610-611<br />
621<br />
Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e<br />
realiza antecipadamente a oferta voluntária de Si mesmo: «este é o meu corpo entregue<br />
por vós», «este é o meu sangue, que é derramado...» (Lc 22,19-20). Ele institui assim ao<br />
mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor 11,25) do seu sacrifício e os seus<br />
Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança.<br />
121. Que acontece na agonia do horto do Getsemani?<br />
612<br />
Apesar do horror que a morte provoca na humanidade santíssima d’Aquele que é o<br />
próprio «Autor da vida» (Act 3,15), a vontade humana do Filho de Deus adere à vontade<br />
do Pai: para nos salvar, Jesus aceita carregar sobre Si os nossos pecados no seu corpo,<br />
«fazendo-se obediente até à morte» (Fil 2,8).
122. Quais os efeitos do sacrifício de Cristo na cruz?<br />
613-617<br />
622-623<br />
Jesus ofereceu livremente a Sua vida em sacrifício de expiação, isto é, reparou as nossas<br />
culpas com a plena obediência do Seu amor até à morte. Este «amor até ao fim» (Jo<br />
13,1) do Filho de Deus reconcilia com o Pai toda a humanidade. O sacrifício pascal de<br />
Cristo resgata portanto os homens num modo único, perfeito e definitivo, e abre-lhes a<br />
comunhão com Deus.<br />
123. Porque é que Jesus convida os discípulos a tomar a sua cruz?<br />
618<br />
Chamando os discípulos a «tomar a sua cruz e a segui-Lo» (Mt 16,24), Jesus quer<br />
associar ao seu sacrifício redentor aqueles mesmos que dele sãos os primeiros<br />
beneficiários.<br />
124. Em que condições estava o corpo de Cristo no sepulcro?<br />
624-630<br />
Cristo conheceu uma verdadeira morte e uma verdadeira sepultura. Mas o poder divino<br />
preservou o seu corpo da corrupção.<br />
«JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS,<br />
RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»<br />
125. O que são «os infernos», aos quais Jesus desceu?<br />
632-637<br />
Os «infernos» (não confundir com o inferno da condenação) ou mansão dos mortos,<br />
designam o estado de todos aqueles que, justos ou maus, morreram antes de Cristo.<br />
Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus alcançou, nos infernos, os justos que<br />
esperavam o seu Redentor para acederem finalmente à visão de Deus. Depois de com a<br />
sua morte, ter vencido a morte e o diabo «que da morte tem o poder» (Heb 2,14),<br />
libertou os justos que esperavam o Redentor, e abriu-lhes as portas do Céu.<br />
126. Que lugar ocupa a ressurreição de Cristo na nossa fé?<br />
631, 638<br />
A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo e representa, com<br />
a Cruz, uma parte essencial do Mistério pascal.
127. Que «sinais» atestam a ressurreição de Jesus?<br />
639-644<br />
656-657<br />
Para além do sinal essencial constituído pelo túmulo vazio, a Ressurreição de Jesus é<br />
atestada pelas mulheres que foram as primeiras a encontrar Jesus e o anunciaram aos<br />
Apóstolos. A seguir, Jesus «apareceu a Cefas (Pedro) e depois aos Doze. Seguidamente,<br />
apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez» (1 Cor 15,5-6) e a outros ainda.<br />
Os Apóstolos não teriam podido inventar a Ressurreição, uma vez que esta lhes parecia<br />
impossível: de facto, Jesus repreendeu-os pela sua incredulidade.<br />
128. Porque é que a Ressurreição é ao mesmo tempo um acontecimento<br />
transcendente?<br />
647<br />
656-657<br />
Embora seja um acontecimento histórico, constatável e atestado através dos sinais e<br />
testemunhos, a Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de<br />
Deus, transcende e supera a história, como mistério da fé. Por este motivo, Cristo<br />
ressuscitado não se manifestou ao mundo mas aos seus discípulos, fazendo deles as suas<br />
testemunhas junto do povo.<br />
129. Qual é o estado do corpo ressuscitado de Jesus?<br />
645-646<br />
A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena. O Seu corpo ressuscitado é<br />
Aquele que foi crucificado e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é doravante<br />
participante da vida divina com as propriedades dum corpo glorioso. Por esta razão,<br />
Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos seus discípulos como Ele quer,<br />
onde Ele quer e sob aspectos diversos.<br />
130. De que modo a Ressurreição é obra da Santíssima Trindade?<br />
648-650<br />
A Ressurreição de Cristo é uma obra transcendente de Deus. As três Pessoas actuam<br />
conjuntamente segundo o que lhes é próprio: o Pai manifesta o Seu poder; o Filho<br />
«retoma» a vida que livremente ofereceu (Jo 10,17) reunindo a Sua alma e o Seu corpo,<br />
que o Espírito vivifica e glorifica.<br />
131. Qual o sentido e a importância da Ressurreição?<br />
651-655<br />
658<br />
A Ressurreição é o culminar da Encarnação. Ela confirma a divindade de Cristo, e<br />
também tudo o que Ele fez e ensinou, e realiza todas as promessas divinas em nosso
favor. Além disso, o Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, é o princípio da<br />
nossa justificação e da nossa Ressurreição: a partir de agora, Ele garante-nos a graça da<br />
adopção filial que é a participação real na sua vida de Filho unigénito; depois, no final<br />
dos tempos, Ele ressuscitará o nosso corpo.<br />
«JESUS SUBIU AO CÉU<br />
ESTÁ SENTADO À DIREITA DO PAI OMNIPOTENTE»<br />
132. O que é que significa a Ascensão?<br />
659-667<br />
Passados os quarenta dias em que se mostrou aos Apóstolos sob as aparências duma<br />
humanidade normal que ocultavam a sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe ao céu e<br />
senta-se à direita do Pai. Ele é o Senhor que agora reina com a sua humanidade na glória<br />
eterna de Filho de Deus e sem cessar intercede por nós junto do Pai. Envia-nos o Seu<br />
Espírito e tendo-nos preparado um lugar, dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele.<br />
«DE ONDE VIRÁ A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS»<br />
133. Como reina agora o Senhor Jesus?<br />
668-674<br />
680<br />
Senhor do cosmos e da história, Cabeça da sua Igreja, Cristo glorificado permanece<br />
misteriosamente sobre a terra, onde o Seu Reino já está presente como germe e início na<br />
Igreja. Ele um dia voltará em glória, mas não sabemos quando. Por isso, vivemos<br />
vigilantes, rezando: «Vem, Senhor» (Ap 22,20).<br />
134. Como se realizará a vinda do Senhor na glória?<br />
675-677<br />
680<br />
Após o último abalo cósmico deste mundo que passa, a vinda gloriosa de Cristo<br />
acontecerá com o triunfo definitivo de Deus na Parusia de Cristo e com o Juízo final.<br />
Assim se cumprirá o Reino de Deus.<br />
135. Como é que Cristo julgará os vivos e os mortos?
678-679<br />
681-682<br />
Cristo julgará com o poder adquirido como Redentor do mundo, vindo para salvar os<br />
homens. Os segredos dos corações serão revelados, bem como o procedimento de cada<br />
um em relação a Deus e ao próximo. Cada homem será repleto de vida ou condenado<br />
para a eternidade segundo as suas obras. Assim se realizará «a plenitude de Cristo» (Ef<br />
4,13), na qual «Deus será tudo em todos» (1 Cor 15,28).<br />
CAPÍTULO TERCEIRO<br />
CREIO NO ESPÍRITO SANTO<br />
«CREIO NO ESPÍRITO SANTO»<br />
136. Que quer dizer a Igreja quando professa: «Creio no Espírito Santo»?<br />
683-686<br />
Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que<br />
procede do Pai e do Filho, e «com o Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito<br />
foi «enviado aos nossos corações» (Gal 4,6) para recebermos a vida nova de filhos de<br />
Deus.<br />
137. Porque é que as missões do Filho e do Espírito são inseparáveis?<br />
687-690<br />
742-743<br />
Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos mas inseparáveis. De facto,<br />
desde o princípio até ao final dos tempos, quando o Pai envia o Seu Filho, envia<br />
também o Seu Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como filhos adoptivos,<br />
podermos chamar Deus «Pai» (Rm 8,15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo<br />
através da sua acção quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja.<br />
138. Quais são as designações do Espírito Santo?<br />
691-693<br />
«Espírito Santo» é o nome próprio da terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus<br />
chama-lhe também: Espírito Paráclito (Consolador, Advogado) e Espírito de Verdade.<br />
O Novo Testamento chama-o ainda: Espírito de Cristo, do Senhor, de Deus, Espírito da<br />
glória, da promessa.<br />
139. Com que símbolos se representa o Espírito Santo?
694-701<br />
São numerosos: a água viva que jorra do coração trespassado de Cristo e dessedenta os<br />
baptizados; a unção com o óleo que é o sinal sacramental da Confirmação; o fogo que<br />
transforma o que toca; a nuvem, obscura e luminosa, na qual se revela a glória divina; a<br />
imposição das mãos mediante a qual é dado o Espírito; a pomba que desce sobre Cristo<br />
e permanece sobre Ele no baptismo.<br />
140. O que significa que o Espírito «falou pelos profetas»?<br />
687-688<br />
702-706<br />
743<br />
Com o termo profetas entende-se todos os que foram inspirados pelo Espírito Santo<br />
para falar em nome de Deus. O Espírito conduz as profecias do Antigo Testamento ao<br />
seu pleno cumprimento em Cristo, de quem revela o mistério no Novo Testamento.<br />
141. O que é que o Espírito Santo realiza em João Baptista?<br />
717-720<br />
João Baptista, o último profeta do Antigo Testamento é cheio do Espírito Santo, que o<br />
envia a «preparar para o Senhor um povo bem disposto» (Lc 1,17) e a anunciar a vinda<br />
de Cristo, Filho de Deus: Aquele sobre o qual João viu o Espírito descer e permanecer,<br />
«Aquele que baptiza no Espírito» (Jo 1,33).<br />
142. Qual é a obra do Espírito em Maria?<br />
721-726<br />
744<br />
Em Maria, o Espírito Santo realiza as expectativas e a preparação do Antigo Testamento<br />
para a vinda de Cristo. De forma única enche-a de graça e torna fecunda a sua<br />
virgindade para dar à luz o Filho de Deus encarnado. Faz dela a Mãe do «Cristo total»,<br />
isto é, de Jesus Cabeça e da Igreja que é o seu corpo. Maria está com os Doze no dia de<br />
Pentecostes, quando o Espírito inaugura os «últimos tempos» com a manifestação da<br />
Igreja.<br />
143. Qual a relação entre o Espírito e Cristo Jesus, na missão terrena?<br />
727-730<br />
745-746<br />
O Filho de Deus é consagrado Messias através da unção do Espírito na sua humanidade<br />
desde a Encarnação. Ele revela-O no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos<br />
antepassados e comunica-O à Igreja nascente, soprando sobre os Apóstolos depois da<br />
Ressurreição.<br />
144. O que acontece no Pentecostes?
731-732<br />
738<br />
Cinquenta dias após a Ressurreição, no Pentecostes, Jesus Cristo glorificado infunde o<br />
Espírito em abundância e manifesta-O como Pessoa divina, de modo que a Santíssima<br />
Trindade é plenamente revelada. A Missão de Cristo e do Espírito torna-se a Missão da<br />
Igreja, enviada a anunciar e a difundir o mistério da comunhão trinitária.<br />
«Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé:<br />
adoramos a Trindade indivisível porque nos salvou» (Liturgia Bizantina, Tropário das<br />
Vésperas de Pentecostes)<br />
145. Que faz o Espírito Santo na Igreja?<br />
733-741<br />
747<br />
O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja: Espírito de Amor, Ele torna a dar aos<br />
baptizados a semelhança divina perdida por causa do pecado e fá-los viver em Cristo da<br />
própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar a Verdade de Cristo e<br />
organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem «o fruto do Espírito» (Gal<br />
5,22).<br />
146. Como actuam Cristo e o seu Espírito no coração dos fiéis?<br />
738-741<br />
Por meio dos sacramentos, Cristo comunica aos membros do Seu Corpo o Seu Espírito<br />
e a graça de Deus que produz os frutos de vida nova, segundo o Espírito. Finalmente, o<br />
Espírito Santo é o Mestre da oração.<br />
147. O que significa a palavra Igreja?<br />
751-752<br />
777-804<br />
«CREIO NA SANTA <strong>IGREJA</strong> <strong>CATÓLICA</strong>»<br />
A Igreja no desígnio de Deus
Designa o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da terra, para constituir a<br />
assembleia daqueles que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros<br />
de Cristo e templo do Espírito Santo.<br />
148. Há, na Bíblia, outros nomes e imagens para indicar a Igreja?<br />
758-766<br />
778<br />
Na Sagrada Escritura encontramos muitas imagens que põem em evidência aspectos<br />
complementares do mistério da Igreja. O Antigo Testamento privilegia as imagens<br />
ligadas ao povo de Deus; o Novo Testamento privilegia as imagens ligadas a Cristo<br />
como Cabeça deste povo que é o Seu Corpo, e as imagens retiradas da vida pastoril<br />
(redil, rebanho, ovelhas), agrícola (campo, oliveira, vinha) habitacional (morada, pedra,<br />
templo), familiar (esposa, mãe, família).<br />
149. Quais são as origens e a realização plena da Igreja?<br />
758-766<br />
778<br />
A Igreja encontra a sua origem e a sua realização plena no eterno desígnio de Deus. Foi<br />
preparada na Antiga Aliança com a eleição de Israel, sinal da reunião futura de todas as<br />
nações. Fundada pelas palavras e acções de Jesus Cristo, foi realizada sobretudo<br />
mediante a sua morte redentora e a sua ressurreição. Foi depois manifestada como<br />
mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Terá a<br />
sua realização plena no fim dos tempos, como assembleia celeste de todos os redimidos.<br />
150. Qual é a missão da Igreja?<br />
767-769<br />
A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio de todos os povos o Reino de<br />
Deus inaugurado por Jesus Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino<br />
salvífico.<br />
151. Em que sentido a Igreja é Mistério?<br />
770-773<br />
779<br />
A Igreja é Mistério enquanto na sua realidade visível está presente e operante uma<br />
realidade espiritual, divina, que se descobre unicamente com os olhos da fé.<br />
152. Que significa que a Igreja é sacramento universal de salvação?<br />
774-776<br />
780
Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da comunhão de toda a<br />
humanidade com Deus e da unidade de todo o género humano.<br />
A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo<br />
153. Porque é que a Igreja é povo de Deus?<br />
781<br />
802-804<br />
A Igreja é o povo de Deus porque aprouve a Deus santificar e salvar os homens não<br />
isoladamente mas constituindo-os num só povo, reunido pela unidade do Pai e do Filho<br />
e do Espírito Santo.<br />
154. Quais são as características do povo de Deus?<br />
782<br />
Este povo, de que nos tornamos membros mediante a fé em Cristo e o Baptismo, tem<br />
por origem Deus Pai, por cabeça Jesus Cristo, por condição a dignidade e a liberdade<br />
dos filhos de Deus, por lei o mandamento novo do amor, por missão a de ser o sal da<br />
terra e a luz do mundo, por fim o Reino de Deus, já iniciado na terra.<br />
155. Em que sentido o povo de Deus participa das três funções de Cristo:<br />
Sacerdote, Profeta e Rei?<br />
783-786<br />
O povo de Deus participa no ministério sacerdotal de Cristo, enquanto os baptizados<br />
são consagrados pelo Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa no<br />
seu ministério profético, enquanto, com o sentido sobrenatural da fé, a esta adere<br />
indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e participa no seu ministério real com o<br />
serviço, imitando Jesus Cristo, que, rei do universo, se fez servo de todos, sobretudo dos<br />
pobres e dos que sofrem.<br />
156. Como é que a Igreja é corpo de Cristo?<br />
787-791<br />
805-806<br />
Por meio do Espírito, Cristo morto e ressuscitado une intimamente a Si os seus fiéis.<br />
Deste modo, os crentes em Cristo, enquanto unidos estreitamente a Ele, sobretudo na<br />
Eucaristia, são unidos entre si na caridade, formando um só corpo, a Igreja, cuja unidade<br />
se realiza na diversidade dos membros e das funções.<br />
157. Quem é a cabeça deste corpo?
792-795<br />
807<br />
Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a Igreja (Col 1,18). A Igreja vive d’Ele, n’Ele e para<br />
Ele. Cristo e a Igreja formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e membros são,<br />
por assim dizer, uma só pessoa mística» (S. Tomás de Aquino).<br />
158. Porque é que a Igreja é chamada esposa de Cristo?<br />
796<br />
808<br />
Porque o próprio Senhor Se definiu como o «Esposo» (Mc 2,19), que amou a Igreja,<br />
unindo-a a Si por uma Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a<br />
purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de<br />
todos os filhos de Deus. Enquanto a palavra «corpo» evidencia a unidade da «cabeça»<br />
com os membros, o termo «esposa» sublinha a distinção dos dois na relação pessoal.<br />
159. Porque é que a Igreja é designada templo do Espírito Santo?<br />
797-798<br />
809-810<br />
Porque o Espírito Santo reside no corpo que é a Igreja: na sua Cabeça e nos seus<br />
membros; para além disso, Ele edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os<br />
sacramentos, as virtudes e os carismas.<br />
«O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito<br />
Santo é-o para os membros de Cristo, para o corpo de Cristo, que é a Igreja» ( S.<br />
Agostinho).<br />
160. Que são os carismas?<br />
799-801<br />
Os carismas são dons especiais do Espírito concedidos a alguém para o bem dos<br />
homens, para as necessidades do mundo e em particular para a edificação da Igreja, a<br />
cujo Magistério compete o seu discernimento.<br />
161. Porque é que a Igreja é una?<br />
A Igreja é una, santa, católica e apostólica
813-815<br />
866<br />
A Igreja é una porque tem como origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de<br />
um só Deus; porque tem como fundador e cabeça Jesus Cristo, que restabelece a<br />
unidade de todos os povos num só corpo; e porque tem como alma o Espírito Santo, que<br />
une todos os fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só vida sacramental,<br />
uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.<br />
162. Onde subsiste a única Igreja de Cristo?<br />
816<br />
870<br />
A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste<br />
(subsistit in) na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em<br />
comunhão com ele. Só por meio dela se pode obter toda a plenitude dos meios de<br />
salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio<br />
apostólico, cuja cabeça é Pedro.<br />
163. Como considerar os cristãos não católicos?<br />
817-819<br />
Nas Igrejas e comunidades eclesiais, que se desligaram da plena comunhão da Igreja<br />
católica, encontram-se muitos elementos de santificação e de verdade. Todos estes bens<br />
provêm de Cristo e conduzem para a unidade católica. Os membros destas Igrejas e<br />
comunidades são incorporados em Cristo pelo Baptismo: por isso, nós reconhecemo-los<br />
como irmãos.<br />
164. Como empenhar-se em favor da unidade dos cristãos?<br />
820-822<br />
866<br />
O desejo de restabelecer a união de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do<br />
Espírito. Ele diz respeito a toda a Igreja e realiza-se mediante a conversão do coração, a<br />
oração, o recíproco conhecimento fraterno, o diálogo teológico.<br />
165. Em que sentido a Igreja é santa?<br />
823-829<br />
867<br />
A Igreja é santa, porque Deus Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para<br />
a santificar e fazer dela santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. Nela<br />
se encontra a plenitude dos meios de salvação. A santidade é a vocação de cada um dos<br />
seus membros e o fim de cada uma das suas actividades. A Igreja inclui no seu interior a<br />
Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A santidade da
Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos<br />
pecadores, sempre necessitados de conversão e de purificação.<br />
166. Porque é que a Igreja se chama católica?<br />
830-831<br />
868<br />
A Igreja é católica, isto é, universal, porque nela está presente Cristo: «Onde está Cristo<br />
Jesus, aí está a Igreja católica» (S. Inácio de Antioquia). Ela anuncia a totalidade e a<br />
integridade da fé; leva e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada em<br />
missão a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles<br />
pertençam.<br />
167. É também católica a Igreja particular?<br />
832-835<br />
É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a eparquia), formada pela<br />
comunidade de fiéis cristãos que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o<br />
seu Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de Roma, que «preside à<br />
caridade» (S. Inácio de Antioquia).<br />
168. Quem pertence à Igreja católica?<br />
836-838<br />
Todos os homens, de diferentes modos, pertencem ou estão ordenados à unidade<br />
católica do povo de Deus. Estão plenamente incorporados na Igreja católica aqueles<br />
que, tendo o Espírito de Cristo, se encontram unidos a ela pelos vínculos da profissão de<br />
fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os baptizados que não se<br />
encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão, ainda que<br />
imperfeita, com a Igreja Católica.<br />
169. Qual a relação da Igreja católica com o povo judeu?<br />
839-840<br />
A Igreja católica reconhece a sua relação com o povo judeu no facto de Deus ter<br />
escolhido este povo entre todos, para primeiro acolher a sua Palavra. É ao povo judeu<br />
que pertencem «a adopção a filhos, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as<br />
promessas, os patriarcas; dele provém Cristo segundo a carne» (Rm 9,5).<br />
Diferentemente das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já resposta à Revelação de<br />
Deus na Antiga Aliança.<br />
170. Que ligação há entre a Igreja católica e as religiões não cristãs?<br />
846-848
Antes de mais, há o laço comum da origem e fim de todo o género humano. A Igreja<br />
católica reconhece que tudo o que de bom e de verdadeiro existe nas outras religiões<br />
vem de Deus, é reflexo da sua verdade, pode preparar para acolher o Evangelho e mover<br />
em direcção à unidade da humanidade na Igreja de Cristo.<br />
171. Que significa a afirmação: «Fora da Igreja não há salvação»?<br />
846-848<br />
Significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu<br />
corpo. Portanto não poderiam ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por<br />
Cristo e necessária à salvação, nela não entrassem e nela não perseverassem. Ao mesmo<br />
tempo, graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que,<br />
sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja mas procuram<br />
sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade,<br />
conhecida através do que a consciência lhes dita.<br />
172. Porque é que a Igreja deve anunciar o Evangelho a todo o mundo?<br />
849-851<br />
Porque Cristo ordenou: «ide e ensinai todas as nações, baptizando-as no nome do Pai e<br />
do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19). Este mandato missionário do Senhor tem a<br />
sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Espírito porque «quer<br />
que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2,<br />
4).<br />
173. Como é que a Igreja é missionária?<br />
852-856<br />
Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja continua no curso da história a missão do próprio<br />
Cristo. Os cristãos portanto devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo,<br />
seguindo o seu caminho, dispostos também ao sacrifício de si mesmos até ao martírio.<br />
174. Porque é que a Igreja é apostólica?<br />
857-869<br />
A Igreja é apostólica pela sua origem, sendo construída sobre o «fundamento dos<br />
Apóstolos» (Ef 2,20); pelo ensino, que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura,<br />
enquanto instruída, santificada e governada, até ao regresso de Cristo, pelos Apóstolos,<br />
graças aos seus sucessores, os Bispos em comunhão, com o sucessor de Pedro.<br />
175. Em que consiste a missão dos Apóstolos?<br />
858 – 861<br />
A palavra Apóstolo significa enviado. Jesus, o Enviado do Pai, chamou a Si doze entre<br />
os Seus discípulos e constituiu-os como seus Apóstolos, fazendo deles testemunhas
escolhidas da sua ressurreição e fundamentos da sua Igreja. Deu-lhes o mandato de<br />
continuarem a sua missão, dizendo: «Como o Pai me enviou, assim também Eu vos<br />
envio a vós» (Jo 20,21). E prometeu estar com eles até ao fim do mundo.<br />
176. O que é a sucessão apostólica?<br />
861- 865<br />
A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacramento da Ordem, da missão e<br />
do poder dos Apóstolos aos seus sucessores, os Bispos. Graças a esta transmissão, a<br />
Igreja permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao longo<br />
dos séculos orienta todo o seu apostolado para a difusão do Reino de Cristo na terra.<br />
177. Quem são os fiéis?<br />
871 – 872<br />
934<br />
Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada<br />
Os fiéis são aqueles que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, são constituídos<br />
membros do povo de Deus. Tornados participantes, segundo a sua condição, da função<br />
sacerdotal, profética e real de Cristo, são chamados a exercer a missão confiada por<br />
Deus à Igreja. Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade, na sua dignidade de filhos<br />
de Deus.<br />
178. Como é formado o povo de Deus?<br />
873<br />
Na Igreja, por instituição divina, existem os ministros sagrados que receberam o<br />
sacramento da Ordem e formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados leigos.<br />
De uns e de outros, provêm fiéis, que se consagram de modo especial a Deus com a<br />
profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e obediência.<br />
179. Porque é que Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica?<br />
874-877<br />
935<br />
Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica com a missão de apascentar o povo de Deus em<br />
seu nome, e para isso lhe deu autoridade. A hierarquia eclesiástica é formada por<br />
ministros sagrados: Bispos, presbíteros e diáconos. Graças ao sacramento da Ordem, os<br />
Bispos e os presbíteros agem, no exercício do seu ministério, em nome e na pessoa de<br />
Cristo cabeça; os diáconos servem o povo de Deus na diaconia (serviço) da palavra, da<br />
liturgia, da caridade.
180. Como se actua a dimensão colegial do ministério eclesial?<br />
878<br />
A exemplo dos doze Apóstolos escolhidos e enviados por Cristo, a união dos membros<br />
da hierarquia eclesiástica está ao serviço da comunhão dos fiéis. Cada Bispo exerce o<br />
ministério, como membro do colégio episcopal, em comunhão com o Papa, participando<br />
com ele na solicitude pela Igreja universal. Os sacerdotes exercem o seu ministério no<br />
presbitério da Igreja particular, em comunhão com o próprio Bispo e sob a sua<br />
condução.<br />
181. Porque é que o ministério eclesial tem um carácter pessoal?<br />
879 – 880<br />
O ministério eclesial tem também um carácter pessoal, pois, em virtude do sacramento<br />
da Ordem, cada um é responsável diante de Cristo, que pessoalmente o chamou,<br />
conferindo-lhe a missão.<br />
182. Qual é a missão do Papa?<br />
881- 882<br />
936 - 937<br />
O Papa, Bispo de Roma e Sucessor de S. Pedro, é o perpétuo e visível princípio e<br />
fundamento da unidade da Igreja. É o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos Bispos e<br />
pastor de toda a Igreja, sobre a qual, por instituição divina, tem poder, pleno, supremo,<br />
imediato e universal.<br />
183. Qual é a missão do colégio dos Bispos?<br />
883 – 885<br />
O colégio dos Bispos, em comunhão com o Papa e nunca sem ele, exerce também sobre<br />
a Igreja supremo e pleno poder.<br />
184. Como é que os Bispos exercem a sua missão de ensinar?<br />
886-890<br />
939<br />
Os Bispos, em comunhão com o Papa, têm o dever de anunciar o Evangelho a todos,<br />
fielmente e com autoridade, como autênticas testemunhas da fé apostólica e revestidos<br />
da autoridade de Cristo. Mediante o sentido sobrenatural da fé, o Povo de Deus, adere<br />
indefectivelmente à fé, sob a condução do Magistério vivo da Igreja.<br />
185. Quando se exerce a infalibilidade do Magistério?<br />
971
A infalibilidade exerce-se quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de<br />
supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio Episcopal, em comunhão com o Papa, sobretudo<br />
reunido num Concílio Ecuménico, proclamam com um acto definitivo uma doutrina<br />
respeitante à fé ou à moral, e também quando o Papa e os Bispos, no seu Magistério<br />
ordinário, concordam ao propor uma doutrina como definitiva. A tais ensinamentos<br />
cada fiel deve aderir com o obséquio da fé.<br />
186. Como é que os Bispos exercem o ministério de santificar?<br />
971<br />
Os Bispos santificam a Igreja dispensando a graça de Cristo, mediante o ministério da<br />
palavra e dos sacramentos, em particular da Eucaristia, e também com a oração e o seu<br />
exemplo e trabalho.<br />
187. Como é que os Bispos exercem a função de governar?<br />
894 – 896<br />
Cada Bispo, enquanto membro do colégio episcopal, exerce colegialmente a solicitude<br />
por todas as Igrejas particulares e por toda a Igreja, juntamente com os outros Bispos<br />
unidos ao Papa. O Bispo, a quem é confiada uma Igreja particular, governa-a com a<br />
autoridade do poder sagrado, próprio, ordinário e imediato, exercido em nome de<br />
Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a Igreja e sob a condução do sucessor de<br />
Pedro.<br />
188. Qual é a vocação dos fiéis leigos?<br />
897-900<br />
940<br />
Os fiéis leigos têm como vocação própria a de procurar o reino de Deus, iluminando e<br />
ordenando as realidades temporais segundo Deus. Correspondem assim ao chamamento<br />
à santidade e ao apostolado, dirigido a todos os baptizados.<br />
189. Como participam os fiéis leigos na função sacerdotal de Cristo?<br />
901-903<br />
Participam nela oferecendo – como sacrifício espiritual «agradável a Deus por Jesus<br />
Cristo» (1 Ped 2,5), sobretudo na Eucaristia – a sua vida com todas as obras, as orações<br />
e as iniciativas apostólicas, a vida familiar, o trabalho de cada dia, as agruras da vida<br />
suportadas com paciência e os lazeres corporais e espirituais. Deste modo, os leigos,<br />
dedicados a Cristo e consagrados pelo Espírito Santo, oferecem a Deus o próprio<br />
mundo.<br />
190. Como participam na sua função profética?<br />
904-907<br />
942
Participam nela acolhendo cada vez mais na fé a Palavra de Cristo e anunciando-a ao<br />
mundo com o testemunho da vida e da palavra, a acção evangelizadora e a catequese.<br />
Esta acção evangelizadora adquire uma particular eficácia pelo facto de ser realizada<br />
nas condições ordinárias da vida secular.<br />
191. Como participam na sua função real?<br />
908 – 913<br />
943<br />
Os leigos participam na função real de Cristo, tendo recebido d’Ele o poder de vencer o<br />
pecado em si mesmos e no mundo, mediante a abnegação de si e a santidade de vida.<br />
Exercem vários ministérios ao serviço da comunidade e impregnam de valor moral as<br />
actividades temporais do homem e as instituições da sociedade.<br />
192. O que é a vida consagrada?<br />
914 – 916<br />
944<br />
É um estado de vida reconhecido pela Igreja. É uma resposta livre a um chamamento<br />
particular de Cristo, mediante a qual os consagrados se entregam totalmente a Deus e<br />
tendem para a perfeição da caridade sob a moção do Espírito Santo. Tal consagração<br />
caracteriza-se pela prática dos conselhos evangélicos.<br />
193. O que é que a vida consagrada oferece à missão da Igreja?<br />
931-933<br />
945<br />
A vida consagrada participa na missão da Igreja mediante uma plena dedicação a Cristo<br />
e aos irmãos, testemunhando a esperança do Reino celeste.<br />
Creio na Comunhão dos santos<br />
194. O que significa a expressão comunhão dos santos?<br />
946–953<br />
960<br />
Indica, antes de mais, a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas<br />
(sancta): a fé, os sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os outros dons<br />
espirituais. Na raiz da comunhão está a caridade que «não procura o próprio interesse»<br />
(1 Cor 13, 5), mas move o fiel «a colocar tudo em comum» (Act 4, 32), mesmo os<br />
próprios bens materiais ao serviço dos pobres.
195. O que significa ainda a expressão comunhão dos santos?<br />
954–959;<br />
961–962<br />
Designa ainda a comunhão entre as pessoas santas (sancti), isto é, entre os que, pela<br />
graça, estão unidos a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra;<br />
outros, que já partiram desta vida, estão a purificar-se, ajudados também pelas nossas<br />
orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos<br />
formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade.<br />
Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja<br />
196. Em que sentido a Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja?<br />
963 – 966<br />
973<br />
A Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja na ordem da graça porque deu à luz<br />
Jesus, o Filho de Deus, Cabeça do corpo que é a Igreja. Jesus ao morrer na cruz,<br />
indicou-a como mãe ao discípulo com estas palavras: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 27). ( )<br />
197. Como é que a Virgem Maria ajuda a Igreja?<br />
967 – 970<br />
Após a Ascensão do Seu Filho, a Virgem Maria ajuda, com as suas orações, as<br />
primícias da Igreja e, mesmo depois da sua assunção ao céu, continua a interceder pelos<br />
seus filhos, a ser para todos um modelo de fé e de caridade, e a exercer sobre eles um<br />
influxo salutar, que nasce da superabundância dos méritos de Cristo. Os fiéis vêem nela<br />
uma imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera, invocando-a como<br />
advogada, auxiliadora, socorro, medianeira.<br />
198. Que tipo de culto se presta à Virgem santíssima?<br />
971<br />
É um culto singular, que difere essencialmente do culto de adoração, prestado apenas à<br />
Santíssima Trindade. Tal culto de especial veneração encontra uma particular expressão<br />
nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, como o santo<br />
Rosário, resumo de todo o Evangelho.<br />
199. Como é que a bem-aventurada Virgem Maria é ícone escatológico da Igreja?<br />
972;<br />
974–975
Dirigindo o seu olhar para Maria, santíssima e já glorificada em corpo e alma, a Igreja<br />
contempla o que ela própria é chamada a ser na terra e o que será na pátria celeste.<br />
200. Como são perdoados os pecados?<br />
976 – 980<br />
984 – 985<br />
«CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS»<br />
O primeiro e principal sacramento para o perdão dos pecados é o Baptismo. Para os<br />
pecados cometidos depois do Baptismo, Cristo instituiu o sacramento da Reconciliação<br />
ou Penitência, por meio do qual o baptizado é reconciliado com Deus e com a Igreja.<br />
201. Porque é que a Igreja tem o poder de perdoar os pecados?<br />
981–983;<br />
986–987<br />
A Igreja tem a missão e o poder de perdoar os pecados, porque o próprio Cristo lho<br />
conferiu: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão<br />
perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23).<br />
«CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE»<br />
202. Que indica a palavra carne e qual é a sua importância?<br />
990<br />
1015<br />
O termo carne designa o homem na sua condição de debilidade e de mortalidade. «A<br />
carne é o eixo da salvação» (Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus que é o<br />
Criador da carne; cremos no Verbo que se fez carne para redimir a carne; cremos na<br />
ressurreição da carne, acabamento da criação e da redenção da carne.<br />
203. O que significa a «ressurreição da carne»?<br />
990<br />
Significa que o estado definitivo do homem não será só a alma espiritual separada do<br />
corpo, mas também que os nossos corpos mortais um dia retomarão a vida.
204. Qual a relação entre a Ressurreição de Cristo e a nossa?<br />
988 – 991,<br />
1002 – 1003<br />
Como Cristo verdadeiramente ressuscitou dos mortos e vive para sempre, assim Ele<br />
próprio nos ressuscitará a todos no último dia, com um corpo incorruptível: «os que<br />
tiverem feito o bem para uma ressurreição de vida, e os que tiverem feito o mal para<br />
uma ressurreição de condenação».<br />
205. Com a morte, que sucede ao nosso corpo e à nossa alma?<br />
992 – 1004;<br />
1016 –1018<br />
Com a morte, separação da alma e do corpo, o corpo cai na corrupção, enquanto a alma,<br />
que é imortal, vai ao encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando<br />
este, transformado, ressuscitar no regresso do Senhor. Compreender como acontecerá a<br />
ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso entendimento.<br />
206. Que significa morrer em Cristo Jesus?<br />
1005-1014.<br />
1019<br />
Significa morrer na graça de Deus, sem pecado mortal. O que crê em Cristo e segue o<br />
Seu exemplo pode assim transformar a própria morte num acto de obediência e de amor<br />
ao Pai. «É certa esta palavra: se morrermos com Ele, também com Ele viveremos» (2<br />
Tim 2,11).<br />
207. O que é a vida eterna?<br />
1020 1051<br />
«CREIO NA VIDA ETERNA»<br />
A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a morte. Ela não terá fim. Será<br />
precedida para cada um por um juízo particular realizado por Cristo, juiz dos vivos e<br />
dos mortos, e será confirmada pelo juízo final.<br />
208. O que é o juízo particular?<br />
1021 – 1022<br />
1051
É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus<br />
na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição consiste no<br />
acesso à bem-aventurança do céu, imediatamente ou depois de uma adequada<br />
purificação, ou então à condenação eterna no inferno.<br />
209. O que se entende por «céu»?<br />
1023 – 1026<br />
1053<br />
Por «céu» entende-se o estado de felicidade suprema e definitiva. Os que morrem na<br />
graça de Deus e não precisam de ulterior purificação são reunidos à volta de Jesus e de<br />
Maria, dos anjos e dos santos. Formam assim a Igreja do céu, onde vêem Deus «face a<br />
face» (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e<br />
intercedem por nós.<br />
«A vida na sua própria realidade e verdade é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo,<br />
sobre todos derrama como fonte, os seus dons celestes. E, pela sua bondade, promete<br />
verdadeiramente também a nós homens os bens divinos da vida eterna. (S. Cirilo de<br />
Jerusalém)<br />
210. O que é o purgatório?<br />
1030 – 1031<br />
1054<br />
O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da<br />
sua salvação eterna, precisam ainda de purificação para entrar na alegria de Deus.<br />
211. Como podemos ajudar a purificação das almas do purgatório?<br />
1032<br />
Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as<br />
almas do purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício<br />
eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência.<br />
212. Em que consiste o inferno?<br />
1033–1035.<br />
1056–1057<br />
Consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado<br />
mortal. A pena principal do inferno é a eterna separação de Deus, o único em quem o<br />
homem encontra a vida e a felicidade para que foi criado, e a que aspira. Cristo exprime
esta realidade com as palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt<br />
25, 41).<br />
213. Como conciliar o inferno com a bondade infinita de Deus?<br />
1036 – 1037<br />
Deus, apesar de querer «que todos tenham modo de se arrepender» (2Ped 3,9), tendo<br />
criado o homem livre e responsável, respeita as suas decisões. Portanto, é o próprio<br />
homem que, em plena autonomia, se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se,<br />
até ao momento da própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor<br />
misericordioso de Deus.<br />
214. Em que consistirá o Juízo final?<br />
1038–1041;<br />
1058–1059<br />
O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida bem-aventurada ou de<br />
condenação eterna, que o Senhor Jesus, no seu regresso como juiz dos vivos e dos<br />
mortos, pronunciará em relação aos «justos e injustos» (Act 24, 15), reunidos todos<br />
juntos diante d’Ele. A seguir a tal juízo final, o corpo ressuscitado participará na<br />
retribuição que a alma teve no juízo particular.<br />
215. Quando terá lugar este juízo final?<br />
1040<br />
O juízo final terá lugar no fim do mundo, do qual só Deus conhece o dia e a hora.<br />
216. Em que consiste a esperança dos novos céus e da nova terra?<br />
1042 – 1050<br />
1060<br />
Depois do juízo final, o próprio universo, libertado da escravidão da corrupção,<br />
participará na glória de Cristo com a inauguração dos «novos céus e da nova terra» (2<br />
Ped 3,13). Será assim alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja a realização<br />
definitiva do desígnio salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as coisas, as do<br />
céu e as da terra» (Ef 1,10). Deus será então «tudo em todos» (1 Cor 15,28), na vida<br />
eterna.<br />
«ÁMEN»<br />
217. Que significa o Ámen, que conclui a nossa profissão de fé?<br />
1064 – 1065<br />
A palavra hebraica Amen, que conclui o último livro da Sagrada Escritura, algumas<br />
orações do Novo Testamento e as orações litúrgicas da Igreja, significa o nosso «sim»
confiante e total a tudo o que professamos crer, confiando totalmente n’Aquele que é o<br />
«Ámen» (Ap 3,14) definitivo: Cristo Senhor.<br />
SEGUNDA PARTE<br />
A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO<br />
218. O que é a liturgia?<br />
1066 – 1070<br />
PRIMEIRA SECÇÃO<br />
A ECONOMIA SACRAMENTAL<br />
A liturgia é a celebração do Mistério de Cristo e em particular do seu Mistério Pascal.<br />
Na liturgia, pelo exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo, a santificação dos<br />
homens é significada e realizada mediante sinais, e é exercido, pelo Corpo místico de<br />
Cristo, ou seja pela Cabeça e pelos membros, o culto público devido a Deus.<br />
219. Qual o lugar da liturgia na vida da Igreja?<br />
1071 – 1075<br />
A liturgia, acção sagrada por excelência, constitui o cume para onde tendem todas as<br />
acções da Igreja e, simultaneamente, a fonte donde provém toda a sua força vital.<br />
Através da liturgia, Cristo continua na sua Igreja, com ela e por meio dela, a obra da<br />
nossa redenção.<br />
220. Em que consiste a economia sacramental?<br />
1076<br />
A economia sacramental consiste na comunicação (ou «dispensação») dos frutos da<br />
redenção de Cristo mediante a celebração dos sacramentos da Igreja, principalmente da<br />
Eucaristia, «até que Ele venha» (1 Cor 11,26).<br />
CAPÍTULO PRIMEIRO<br />
O MISTÉRIO PASCAL NO TEMPO<br />
DA <strong>IGREJA</strong><br />
LITURGIA – OBRA DA SANTÍSSIMA TRINDADE
221. De que modo o Pai é a fonte e o fim da liturgia?<br />
1077 – 1083<br />
1110<br />
Na liturgia, o Pai enche-nos das suas bênçãos no Filho encarnado, morto e ressuscitado<br />
por nós, e derrama o Espírito Santo nos nossos corações. Ao mesmo tempo a Igreja<br />
bendiz o Pai, mediante a adoração, o louvor e a acção de graças, e implora o dom do seu<br />
Filho e do Espírito Santo.<br />
222. Qual é a obra de Cristo na liturgia?<br />
1084 – 1090<br />
Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente o seu Mistério pascal.<br />
Doando o Espírito Santo aos Apóstolos, concedeu-lhes a eles e aos seus sucessores o<br />
poder de realizar a obra da salvação por meio do Sacrifício eucarístico e dos<br />
sacramentos, nos quais Ele próprio age agora para comunicar a sua graça aos fiéis de<br />
todos os tempos e em todo o mundo.<br />
223. Na liturgia, como actua o Espírito Santo em relação à Igreja?<br />
1091 – 1109<br />
1112<br />
Na liturgia, realiza-se a mais estreita cooperação entre o Espírito Santo e a Igreja. O<br />
Espírito Santo prepara a Igreja para encontrar o seu Senhor; recorda e manifesta Cristo à<br />
fé da assembleia; torna presente e actualiza o Mistério de Cristo; une a Igreja à vida e à<br />
missão de Cristo e faz frutificar nela o dom da comunhão.<br />
O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA <strong>IGREJA</strong><br />
224. O que são e quais são os sacramentos?<br />
1113 – 1131<br />
Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e<br />
confiados à Igreja, mediante os quais nos é concedida a vida divina. Os sacramentos são<br />
sete: o Baptismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos enfermos, a<br />
Ordem e o Matrimónio.<br />
225. Qual a relação dos sacramentos com Cristo?<br />
1114-1116
Os mistérios da vida de Cristo constituem o fundamento do que, de ora em diante, pelos<br />
ministros da sua Igreja, Cristo dispensa nos sacramentos.<br />
«O que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos» (S. Leão<br />
Magno).<br />
226. Qual a ligação entre os sacramentos e a Igreja?<br />
1117 – 1119<br />
Cristo confiou os sacramentos à sua Igreja. Eles são «da Igreja» num duplo sentido:<br />
enquanto acção da Igreja, que é sacramento da acção de Cristo, e enquanto existem<br />
«para ela», ou seja, enquanto edificam a Igreja.<br />
227. O que é o carácter sacramental?<br />
1121<br />
É um selo espiritual, conferido pelos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da<br />
Ordem. Este selo é promessa e garantia da protecção divina. Em virtude de tal selo, o<br />
cristão é configurado a Cristo, participa de diversos modos no seu sacerdócio, e faz<br />
parte da Igreja segundo estados e funções diversas, sendo pois consagrado ao culto<br />
divino e ao serviço da Igreja. Dado que o carácter é indelével, os sacramentos que o<br />
imprimem recebem-se uma só vez na vida.<br />
228. Qual é a relação dos sacramentos com a fé?<br />
1122-1126<br />
1133<br />
Os sacramentos não apenas supõem a fé como também, através das palavras e<br />
elementos rituais, a alimentam, fortificam e exprimem. Ao celebrá-los, a Igreja confessa<br />
a fé apostólica. Daí o adágio antigo: «lex orandi, lex credendi», isto é, a Igreja crê no<br />
que reza.<br />
229. Porque é que os sacramentos são eficazes?<br />
1127-1128<br />
1131<br />
Os sacramentos são eficazes ex opere operato («pelo próprio facto de a acção<br />
sacramental ser realizada»), porque é Cristo que neles age e comunica a graça que<br />
significam, independentemente da santidade pessoal do ministro, ainda que os frutos<br />
dos sacramentos dependam também das disposições de quem os recebe.<br />
230. Porque motivo os sacramentos são necessários para a salvação?<br />
1129
Embora nem todos os sacramentos sejam conferidos a cada um dos fiéis, eles são<br />
necessários para a salvação dos que crêem em Cristo, porque conferem as graças<br />
sacramentais, o perdão dos pecados, a adopção de filhos de Deus, a conformação a<br />
Cristo Senhor e a pertença à Igreja. O Espírito Santo cura e transforma aqueles que os<br />
recebem.<br />
231. O que é a graça sacramental?<br />
1129; 1131;<br />
1134; 2003<br />
A graça sacramental é a graça do Espírito Santo, dada por Cristo e própria de cada<br />
sacramento. Tal graça ajuda o fiel, no seu caminho de santidade, bem como a Igreja no<br />
seu crescimento na caridade e no testemunho.<br />
232. Qual é a relação entre os sacramentos e a vida eterna?<br />
1130<br />
Nos sacramentos, a Igreja recebe já as arras da vida eterna, embora «aguardando a<br />
ditosa esperança e manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus<br />
Cristo» (Tit 2,13).<br />
CAPÍTULO SEGUNDO<br />
A CELEBRAÇÃO SACRAMENTAL DO MISTÉRIO PASCAL<br />
233. Quem age na liturgia?<br />
1135 – 1137<br />
1187<br />
CELEBRAR A LITURGIA DA <strong>IGREJA</strong><br />
Quem celebra?<br />
Na liturgia age «o Cristo todo inteiro» («Christus Totus»), Cabeça e Corpo. Como<br />
sumo-sacerdote, Ele celebra com o seu Corpo, que é a Igreja celeste e terrestre.<br />
234. Por quem é celebrada a liturgia celeste?<br />
1138 – 1139
A liturgia celeste é celebrada pelos anjos, pelos santos da Antiga e da Nova Aliança, em<br />
particular pela Mãe de Deus, pelos Apóstolos, pelos mártires e por uma «numerosa<br />
multidão, que ninguém» pode contar, «de todas as nações, tribos, povos e línguas» (Ap<br />
7,9). Quando nos sacramentos celebramos o mistério da salvação, participamos nesta<br />
liturgia eterna.<br />
235. Como é que a Igreja na terra celebra a liturgia?<br />
1140–1144<br />
1188<br />
A Igreja, na terra, celebra a liturgia, como povo sacerdotal, no qual cada um actua<br />
segundo a própria função, na unidade do Espírito Santo: os baptizados oferecem-se em<br />
sacrifício espiritual; os ministros ordenados celebram segundo a Ordem recebida para o<br />
serviço de todos os membros da Igreja; os Bispos e os presbíteros agem na pessoa de<br />
Cristo Cabeça.<br />
236. Como é celebrada a liturgia?<br />
1145<br />
Como celebrar?<br />
A celebração litúrgica é tecida de sinais e de símbolos, cujo significado, radicado na<br />
criação e nas culturas humanas, se esclarece nos acontecimentos da Antiga Aliança e se<br />
revela plenamente na Pessoa e na obra de Cristo.<br />
237. Donde provêm os sinais sacramentais?<br />
1146 - 1152 1189<br />
Alguns provêm da criação (luz, água, fogo, pão, vinho, óleo); outros da vida social<br />
(lavar, ungir, partir o pão); outros da história da salvação na Antiga Aliança (os ritos da<br />
Páscoa, os sacrifícios, a imposição das mãos, as consagrações). Estes sinais, alguns dos<br />
quais são normativos e imutáveis, assumidos por Cristo tornam-se portadores da acção<br />
salvífica e de santificação.<br />
238. Qual o nexo entre as acções e as palavras, nas celebração sacramental?<br />
1153- 1155<br />
1190<br />
Na celebração sacramental, acções e palavras estão intimamente ligadas. Mesmo que as<br />
acções simbólicas sejam já em si uma linguagem, é todavia necessário que as palavras<br />
do rito acompanhem e vivifiquem estas acções. Enquanto sinais e ensino, as palavras e<br />
os gestos são inseparáveis, uma vez que realizam aquilo que significam.
239. Quais os critérios do canto e da música na celebração litúrgica?<br />
1156 – 1158<br />
1191<br />
Uma vez que o canto e a música estão intimamente conexos com a acção litúrgica, eles<br />
devem respeitar os seguintes critérios: a conformidade à doutrina católica dos textos,<br />
tomados de preferência da Escritura e das fontes litúrgicas; a beleza expressiva da<br />
oração; a qualidade da música; a participação da assembleia; a riqueza cultural do Povo<br />
de Deus e o carácter sacro e solene da celebração. «Quem canta reza duas vezes» (S.<br />
Agostinho).<br />
240. Qual a finalidade das imagens sagradas?<br />
1159 – 1161<br />
1192<br />
A imagem de Cristo é o ícone litúrgico por excelência. As outras, que representam<br />
Nossa Senhora e os santos, significam Cristo, que nelas é glorificado. Elas proclamam a<br />
mesma mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite através da palavra e<br />
ajudam a despertar e a alimentar a fé dos fiéis.<br />
241. Qual é o centro do tempo litúrgico?<br />
1163-1167<br />
1193<br />
Quando celebrar?<br />
O centro do tempo litúrgico é o Domingo, fundamento e núcleo de todo o ano litúrgico,<br />
que tem o seu cume na Páscoa anual, a festa das festas.<br />
242. Qual é a função do ano litúrgico?<br />
1168–1173.<br />
1194–1195<br />
No ano litúrgico, a Igreja celebra todo o Mistério de Cristo, da Encarnação até à sua<br />
vinda gloriosa. Nos dias estabelecidos, a Igreja venera com especial amor a bemaventurada<br />
Virgem Maria Mãe de Deus e também faz memória Santos, que por Cristo<br />
viveram, com Ele sofreram e com Ele são glorificados.<br />
243. O que é a liturgia das horas?<br />
1174 – 1178<br />
1196
A liturgia das horas, oração pública e comum da Igreja, é a oração de Cristo com o seu<br />
Corpo, a Igreja. Por ela, o Mistério de Cristo, que celebramos na Eucaristia, santifica e<br />
transfigura o tempo de cada dia. Ela compõe-se principalmente de Salmos e de outros<br />
textos bíblicos, e também de leituras dos Padres e dos mestres espirituais.<br />
Onde celebrar?<br />
244. A Igreja tem necessidade de lugares para celebrar a liturgia?<br />
1179–1181.<br />
1197–1198<br />
O culto «em espírito e verdade» (Jo 4,24) da Nova Aliança não está ligado a nenhum<br />
lugar exclusivo, porque Cristo é o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual também<br />
os cristãos e toda a Igreja se tornam, sob a acção do Espírito Santo, templos do Deus<br />
vivo. Todavia o Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necessidade de lugares nos<br />
quais a comunidade se possa reunir para celebrar a liturgia.<br />
245. O que são os edifícios sagrados?<br />
1181 .<br />
1198-1199<br />
São as casas de Deus, símbolo da Igreja que vive num lugar e também da morada<br />
celeste. São lugares de oração, nos quais a Igreja celebra sobretudo a Eucaristia e adora<br />
Cristo realmente presente no tabernáculo.<br />
246. Quais são os lugares privilegiados no interior dos edifícios sagrados?<br />
1182 – 1186<br />
São: o altar, o tabernáculo, o lugar onde se guarda o santo crisma e os outros óleos<br />
sagrados, a cadeira do Bispo (cátedra) ou do presbítero, o ambão, a fonte baptismal, o<br />
confessionário.<br />
DIVERSIDADE LITÚRGICA E UNIDADE DO MISTÉRIO<br />
247. Porque é que a Igreja celebra o único Mistério de Cristo segundo tradições<br />
litúrgicas diferentes?<br />
1200-1204<br />
1207-1209
Porque a insondável riqueza do Mistério de Cristo não pode ser esgotada por uma única<br />
tradição litúrgica. Desde as origens, esta riqueza encontrou, nos vários povos e culturas,<br />
expressões caracterizadas por uma admirável variedade e complementaridade.<br />
248. Qual é o critério, que assegura a unidade na diversidade?<br />
1209<br />
É a fidelidade à Tradição Apostólica, isto é, à comunhão na fé e nos sacramentos<br />
recebidos dos Apóstolos, comunhão que é significada e garantida pela sucessão<br />
apostólica. A Igreja é católica: pode, portanto, integrar na sua unidade todas as<br />
verdadeiras riquezas das culturas.<br />
249. Na liturgia, tudo é imutável?<br />
1205 – 1206<br />
Na liturgia, sobretudo na dos sacramentos, existem elementos imutáveis, porque de<br />
instituição divina, e dos quais a Igreja é guardiã. Existem depois elementos susceptíveis<br />
de mudança, que a Igreja tem o poder, e, muitas vezes o dever, de adaptar às culturas<br />
dos diferentes povos.<br />
Os sete Sacramentos da Igreja<br />
O Baptismo<br />
a Confirmação<br />
a Eucaristia<br />
a Penitência,<br />
a Unção dos Enfermos<br />
a Ordem o Matrimónio.<br />
SEGUNDA SECÇÃO<br />
OS SETE SACRAMENTOS DA <strong>IGREJA</strong><br />
250. Como agrupar os sacramentos da Igreja?<br />
1210-1211<br />
Em: sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Eucaristia); sacramentos<br />
da cura (Penitência e Unção dos enfermos); sacramentos ao serviço da comunhão e da<br />
missão (Ordem e Matrimónio). Os sacramentos tocam todas as etapas e momentos<br />
importantes da vida cristã. Todos os sacramentos estão ordenados para a Eucaristia<br />
«como para o seu fim» (S. Tomás de Aquino).
CAPÍTULO PRIMEIRO<br />
OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ<br />
251. Como se realiza a iniciação cristã?<br />
1210 – 1211<br />
Realiza-se mediante os sacramentos que lançam os alicerces da vida cristã: os fiéis,<br />
renascidos pelo Baptismo, são fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela<br />
Eucaristia.<br />
O SACRAMENTO DO BAPTISMO<br />
252. Quais os nomes do primeiro sacramento da iniciação?<br />
1213 – 1216<br />
1276 – 1277<br />
Antes de mais, chama-se Baptismo por causa do rito central com que é celebrado:<br />
baptizar significa «imergir» na água. O que é baptizado é imerso na morte de Cristo e<br />
ressurge com Ele como «nova criatura» (2 Cor 5,17). Chama-se também «banho da<br />
regeneração e da renovação no Espírito Santo» (Tit 3,5) e «iluminação», porque o<br />
baptizado se torna «filho da luz» (Ef 5, 8).<br />
253. Como é prefigurado o Baptismo na Antiga Aliança?<br />
1217-1222<br />
Na Antiga Aliança encontram-se várias prefigurações do Baptismo: a água, fonte de<br />
vida e de morte; a arca de Noé, que salva por meio da água; a passagem do Mar<br />
Vermelho, que liberta Israel da escravidão do Egipto; a travessia do Jordão, que<br />
introduz Israel na terra prometida, imagem da vida eterna.<br />
254. Quem conduz ao cumprimento tais prefigurações?<br />
1223-1224<br />
É Jesus Cristo, o qual, no início da sua vida pública, se fez baptizar por João Baptista,<br />
no Jordão: na cruz, do seu lado trespassado, derramou sangue e água, sinais do<br />
Baptismo e da Eucaristia, e depois da Ressurreição confia aos Apóstolos esta missão:<br />
«Ide e ensinai todos os povos, baptizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito<br />
Santo» (Mt 28, 19-20).
255. Desde quando e a quem é que a Igreja administra o Baptismo?<br />
1226 – 1228<br />
Desde o dia de Pentecostes que a Igreja administra o Baptismo a quem crê em Jesus<br />
Cristo.<br />
256. Em que consiste o rito essencial do Baptismo?<br />
1229-1245<br />
1278<br />
O rito essencial deste sacramento consiste em imergir na água o candidato ou em<br />
derramar a água sobre a sua cabeça, enquanto é invocado o Nome do Pai e do Filho e do<br />
Espírito Santo.<br />
257. Quem pode receber o Baptismo?<br />
1246 - 1252<br />
É capaz para receber o Baptismo toda a pessoa ainda não baptizada.<br />
258. Porque é que a Igreja baptiza as crianças?<br />
1250<br />
Porque tendo nascido com o pecado original, elas têm necessidade de ser libertadas do<br />
poder do Maligno e de ser transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus.<br />
259. O que se requer dum baptizando?<br />
1253-1255<br />
Ao baptizando é exigida a profissão de fé, expressa pessoalmente no caso do adulto, ou<br />
então por parte dos pais e da Igreja no caso da criança. Também o padrinho ou<br />
madrinha e toda a comunidade eclesial têm uma parte de responsabilidade na<br />
preparação para o Baptismo (catecumenado), bem como no desenvolvimento da fé e da<br />
graça baptismal.<br />
260. Quem pode baptizar?<br />
1266.<br />
1284<br />
Os ministros ordinários do Baptismo são o Bispo e o presbítero; na Igreja latina,<br />
também o diácono. Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde que<br />
entenda fazer o que faz a Igreja e derrame água sobre a cabeça do candidato, dizendo a<br />
fórmula trinitária baptismal: «Eu te baptizo em Nome do Pai e do Filho e do Espírito<br />
Santo».
261. É necessário o Baptismo para a salvação?<br />
1257<br />
O Baptismo é necessário para a salvação daqueles a quem foi anunciado o Evangelho e<br />
que têm a possibilidade de pedir este sacramento.<br />
262. É possível ser salvo sem o Baptismo?<br />
1258-1261<br />
1281-1283<br />
Porque Cristo morreu para a salvação de todos, podem ser salvos mesmo sem o<br />
Baptismo os que morrem por causa da fé (Baptismo de sangue), os catecúmenos, e<br />
todos os que sob o impulso da graça, sem conhecer Cristo e a Igreja, procuram<br />
sinceramente a Deus e se esforçam por cumprir a sua vontade (Baptismo de desejo).<br />
Quanto às crianças, mortas sem Baptismo, a Igreja na sua liturgia confia-as à<br />
misericórdia de Deus.<br />
263. Quais são os efeitos do Baptismo?<br />
1262-1274<br />
1279-1280<br />
O Baptismo perdoa o pecado original, todos os pecados pessoais e as penas devidas ao<br />
pecado; faz participar na vida divina trinitária mediante a graça santificante, a graça da<br />
justificação que incorpora em Cristo e na Igreja; faz participar no sacerdócio de Cristo e<br />
constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos; confere as virtudes<br />
teologais e os dons do Espírito Santo. O baptizado pertence para sempre a Cristo: com<br />
efeito, é assinalado com o selo indelével de Cristo (carácter).<br />
264. Que significado assume o nome cristão recebido no Baptismo?<br />
2156-2159<br />
2167<br />
O nome é importante, porque Deus conhece cada um pelo nome, isto é, na sua<br />
unicidade. Com o Baptismo, o cristão recebe na Igreja o próprio nome, de preferência o<br />
de um santo, de maneira que este ofereça ao baptizado um modelo de santidade e lhe<br />
assegure a sua intercessão junto de Deus.<br />
O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO<br />
265. Qual é o lugar da Confirmação no desígnio divino da salvação?
1285- 1288<br />
1315<br />
Na Antiga Aliança, os profetas anunciaram a comunicação do Espírito do Senhor ao<br />
Messias esperado e a todo o povo messiânico. Toda a vida e missão de Jesus se<br />
desenvolvem numa total comunhão com o Espírito Santo. Os Apóstolos recebem o<br />
Espírito Santo no Pentecostes e anunciam «as grandes obras de Deus» (Act 2,11).<br />
Comunicam aos neófitos, através da imposição das mãos, o dom do mesmo Espírito. Ao<br />
longo dos séculos, a Igreja continuou a viver do Espírito e a comunicá-lo aos seus<br />
filhos.<br />
266. Porque se chama Crisma ou Confirmação?<br />
1289<br />
Chama-se Crisma (nas Igrejas Orientais: Crismação com o Santo Myron) por causa do<br />
rito essencial que é a unção. Chama-se Confirmação, porque confirma e reforça a graça<br />
baptismal.<br />
267. Qual o rito essencial da Confirmação?<br />
1290-1301<br />
1318<br />
1320-1321<br />
O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo crisma (óleo misturado com<br />
bálsamo, consagrado pelo Bispo), feita com a imposição da mão por parte do ministro<br />
que pronuncia as palavras sacramentais próprias do rito. No Ocidente, tal unção é feita<br />
sobre a fronte do baptizado com as palavras: «Recebe por este sinal, o Espírito Santo, o<br />
Dom de Deus». Nas Igrejas Orientais de rito bizantino, a unção faz-se também noutras<br />
partes do corpo, com a fórmula: « Selo do dom do Espírito Santo».<br />
268. Qual é o efeito da Confirmação?<br />
1302-1305<br />
1316 – 1317<br />
O efeito da Confirmação é a efusão especial do Espírito Santo, como no Pentecostes.<br />
Tal efusão imprime na alma um carácter indelével e traz consigo um crescimento da<br />
graça baptismal: enraíza mais profundamente na filiação divina; une mais firmemente a<br />
Cristo e à sua Igreja; revigora na alma os dons do Espírito Santo; dá uma força especial<br />
para testemunhar a fé cristã.<br />
269. Quem pode receber este sacramento?<br />
1306–1311<br />
1319<br />
Pode e deve recebê-lo, uma só vez, quem já foi baptizado, o qual, para o receber<br />
eficazmente, deve estar em estado de graça.
270. Quem é o ministro da Confirmação?<br />
1312 – 1314<br />
O ministro originário é o Bispo. Assim se manifesta o laço do crismado com a Igreja na<br />
sua dimensão apostólica. Quando o presbítero confere este sacramento – como acontece<br />
ordinariamente no Oriente e em casos especiais no Ocidente – o laço com o Bispo e<br />
com a Igreja é expresso pelo presbítero, colaborador do Bispo, e pelo santo crisma,<br />
consagrado pelo Bispo.<br />
271. O que é a Eucaristia?<br />
1322-1323<br />
1409<br />
O SACRAMENTO DA EUCARISTIA<br />
É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para<br />
perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até ao seu regresso, confiando<br />
assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o<br />
vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de<br />
graça e nos é dado o penhor da vida eterna.<br />
272. Quando é que Jesus Cristo instituiu a Eucaristia?<br />
1323<br />
1337-1340<br />
Instituiu-a na Quinta Feira Santa, «na noite em que foi entregue» (1 Cor 11,23), ao<br />
celebrar a Última Ceia com os seus Apóstolos.<br />
273. Como é que a instituiu?<br />
1337-1340<br />
1365, 1406<br />
Depois de reunir os Apóstolos no Cenáculo, Jesus tomou nas suas mãos o pão, partiu-o<br />
e deu-lho dizendo: «Tomai e comei todos: isto é o meu corpo entregue por vós». Depois<br />
tomou nas suas mãos o cálice do vinho e disse-lhes: «tomai e bebei todos: este é o cálice<br />
do meu sangue para a nova e eterna aliança, derramado por vós e por todos para a<br />
remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim».<br />
274. O que significa a Eucaristia na vida da Igreja?<br />
1324-1327<br />
1407
É fonte e cume da vida cristã. Na Eucaristia, atingem o auge a acção santificadora de<br />
Deus em nosso favor e o nosso culto para com Ele. Nela está contido todo o tesouro<br />
espiritual da Igreja: o próprio Cristo, nossa Páscoa. A comunhão da vida divina e a<br />
unidade do Povo de Deus são significadas e realizadas na Eucaristia. Pela celebração<br />
eucarística unimo-nos desde já à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna.<br />
275. Como é chamado este sacramento?<br />
1328 – 1332<br />
A insondável riqueza deste sacramento exprime-se com diferentes nomes que evocam<br />
alguns dos seus aspectos particulares. Os mais comuns são: Eucaristia, Santa Missa,<br />
Ceia do Senhor, Fracção do pão, Celebração Eucarística, Memorial da paixão, da morte<br />
e da ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício, Santa e Divina Liturgia, Santos Mistérios,<br />
Santíssimo Sacramento do altar, Santa Comunhão.<br />
276. Qual o lugar da Eucaristia no desígnio da salvação?<br />
1333 – 1344<br />
Na Antiga Aliança, a Eucaristia é preanunciada sobretudo na ceia pascal anual,<br />
celebrada cada ano pelos judeus com os pães ázimos, para recordar a imprevista e<br />
libertadora partida do Egipto. Jesus anuncia-a no seu ensino e institui-a, celebrando com<br />
os seus Apóstolos a última Ceia, durante um banquete pascal. A Igreja, fiel ao<br />
mandamento do Senhor: «Fazei isto em memória de mim» (1 Cor 11, 24), sempre<br />
celebrou a Eucaristia, sobretudo ao Domingo, dia da ressurreição de Jesus.<br />
277. Como se desenrola a celebração da Eucaristia?<br />
1345 – 1355<br />
1408<br />
Desenrola-se em dois grandes momentos que formam um só acto de culto: a liturgia da<br />
Palavra, que compreende a proclamação e escuta da Palavra de Deus; e a liturgia<br />
eucarística, que compreende a apresentação do pão e do vinho, a oração ou anáfora, que<br />
contém as palavras da consagração, e a comunhão.<br />
278. Quem é o ministro da celebração da Eucaristia?<br />
1348<br />
1411<br />
É o sacerdote (Bispo ou presbítero), validamente ordenado, que age na Pessoa de Cristo<br />
Cabeça e em nome da Igreja.<br />
279. Quais os elementos essenciais e necessários para realizar a Eucaristia?<br />
1412<br />
São o pão de trigo e o vinho da videira.
280. Como é que a Eucaristia é memorial do sacrifício de Cristo?<br />
1362– 1367<br />
A eucaristia é memorial no sentido que torna presente e actual o sacrifício que Cristo<br />
ofereceu ao Pai, uma vez por todas, na cruz, em favor da humanidade. O carácter<br />
sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição: «Isto é o meu<br />
corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice é a nova aliança no meu sangue, que<br />
vai ser derramado por vós» (Lc 22,19-20). O sacrifício da cruz e o sacrifício da<br />
Eucaristia são um único sacrifício. Idênticos são a vítima e Aquele que oferece, diverso<br />
é só o modo de oferecer-se: cruento na cruz, incruento na Eucaristia.<br />
281. Como é que a Igreja participa no sacrifício eucarístico?<br />
1368 – 1372<br />
1414<br />
Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do seu<br />
Corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho são<br />
unidos aos de Cristo. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida por todos os<br />
fiéis vivos e defuntos, em reparação dos pecados de todos os homens e para obter de<br />
Deus benefícios espirituais e temporais. A Igreja do céu está unida também à oferta de<br />
Cristo.<br />
282. Como é que Jesus está presente na Eucaristia?<br />
1373 – 1375<br />
1413<br />
Jesus Cristo está presente na Eucaristia dum modo único e incomparável. De facto, está<br />
presente de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a<br />
sua Alma e a sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as<br />
espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem.<br />
283. Que significa transubstanciação?<br />
1376 – 1377<br />
1413<br />
Transubstanciação significa a conversão de toda a substância do pão na substância do<br />
Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue. Esta<br />
conversão realiza-se na oração eucarística mediante a eficácia da palavra de Cristo e a<br />
acção do Espírito Santo. Todavia as características sensíveis do pão e do vinho, isto é as<br />
«espécies eucarísticas», permanecem inalteradas.<br />
284. A fracção do pão divide Cristo?<br />
1377
A fracção do pão não divide Cristo: Ele está presente todo inteiro em cada uma das<br />
espécies eucarísticas e em cada uma das suas partes.<br />
285. Até quando continua a presença eucarística de Cristo?<br />
1377<br />
Ela continua enquanto subsistem as espécies eucarísticas.<br />
286. Que tipo de culto é devido ao sacramento da Eucaristia?<br />
1378 – 1381<br />
1418<br />
É devido o culto de latria, isto é, de adoração reservado só a Deus quer durante a<br />
celebração eucarística quer fora dela. De facto, a Igreja conserva com a maior diligência<br />
as Hóstias consagradas, leva-as aos enfermos e às pessoas impossibilitadas de participar<br />
na Santa Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as em procissão e convida<br />
à visita frequente e à adoração do Santíssimo Sacramento conservado no tabernáculo.<br />
287. Porque é que a Eucaristia é banquete pascal?<br />
1382 – 1384<br />
1391 – 1396<br />
A Eucaristia é o banquete pascal, porque Cristo, pela realização sacramental da sua<br />
Páscoa, nos dá o seu Corpo e o seu Sangue, oferecidos como alimento e bebida, e nos<br />
une a si e entre nós no seu sacrifício.<br />
288. Que significa o altar?<br />
1383<br />
1410<br />
O altar é o símbolo do próprio Cristo, presente como vítima sacrificial (altar- sacrifício<br />
da cruz) e como alimento celeste que se nos dá (altar-mesa eucarística).<br />
289. Quando é que a Igreja obriga a participar na santa Missa?<br />
1389<br />
1417<br />
A Igreja obriga os fiéis a participar na santa Missa cada Domingo e nas festas de<br />
preceito, e recomenda a participação nela também nos outros dias.<br />
290. Quando se deve comungar?<br />
1389
A Igreja recomenda aos fiéis que participam na santa Missa que também recebam, com<br />
as devidas disposições, a sagrada Comunhão, prescrevendo a obrigação de a receber ao<br />
menos pela Páscoa.<br />
291. Que se requer para receber a sagrada Comunhão?<br />
1385–1389;<br />
1415<br />
Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja<br />
católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem<br />
consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação<br />
antes da Comunhão. São também importante o espírito de recolhimento e de oração, a<br />
observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes),<br />
como sinal de respeito para com Cristo.<br />
292. Quais são os frutos da sagrada Comunhão?<br />
1391 – 1397<br />
1416<br />
A sagrada Comunhão aumenta a nossa união com Cristo e com a sua Igreja, conserva e<br />
renova a vida da graça recebida no Baptismo e no Crisma, e faz-nos crescer no amor<br />
para com o próximo. Fortalecendo-nos na caridade, perdoa os pecados veniais e<br />
preserva-nos dos pecados mortais, no futuro.<br />
293. Quando é possível administrar a sagrada Comunhão aos outros cristãos?<br />
1398-1401<br />
Os ministros católicos administram licitamente a sagrada comunhão aos membros das<br />
Igrejas orientais que não têm plena comunhão com a Igreja católica, sempre que estes<br />
espontaneamente a peçam e com as devidas disposições.<br />
No que se refere aos membros doutras Comunidades eclesiais, os ministros católicos<br />
administram licitamente a sagrada comunhão aos fiéis, que, por motivos graves, a<br />
peçam espontaneamente, tenham as devidas disposições e manifestem a fé católica<br />
acerca do sacramento.<br />
294. Porque é que a Eucaristia é «penhor da futura glória»?<br />
1402 – 1405<br />
Porque a Eucaristia nos enche das graças e bênçãos do Céu, fortalece-nos para a<br />
peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna, unindo-nos desde já a Cristo,<br />
sentado à direita do Pai, à Igreja do Céu, à santíssima Virgem e a todos os santos.
Na Eucaristia, partimos «o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para<br />
não morrer, mas para viver eternamente em Jesus Cristo» (S. Inácio de Antioquia).<br />
CAPÍTULO SEGUNDO<br />
OS SACRAMENTOS DA CURA<br />
295. Porque é que Cristo instituiu os sacramentos da Penitência e da Unção dos<br />
enfermos?<br />
1420 – 1421<br />
1426<br />
Cristo, médico da alma e do corpo, instituiu-os porque a vida nova, que Ele nos deu nos<br />
sacramentos da iniciação cristã, pode ser enfraquecida e até perdida por causa do<br />
pecado. Por isso, Cristo quis que a Igreja continuasse a sua obra de cura e de salvação<br />
mediante estes dois sacramentos.<br />
O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA RECONCILIAÇÃO<br />
296. Como é chamado este sacramento?<br />
1422 – 1424<br />
É chamado sacramento da Penitência, da Reconciliação, do Perdão, da Confissão, da<br />
Conversão.<br />
297. Porque existe um sacramento da Reconciliação depois do Baptismo?<br />
1425 – 1426<br />
1484<br />
Porque a nova vida da graça, recebida no Baptismo, não suprimiu a fragilidade da<br />
natureza humana nem a inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência), Cristo<br />
instituiu este sacramento para a conversão dos baptizados que pelo pecado d’Ele se<br />
afastaram.<br />
298. Quando foi instituído este sacramento?<br />
1485
O Senhor ressuscitado instituiu este sacramento quando, na tarde de Páscoa, se mostrou<br />
aos Apóstolos e lhes disse: «Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os<br />
pecados serão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23).<br />
299. Os baptizados têm ainda necessidade de conversão?<br />
1427 – 1429<br />
O apelo à conversão ressoa continuamente na vida dos baptizados. Esta conversão é um<br />
empenho contínuo para toda a Igreja, que é santa mas contém pecadores no seu seio.<br />
300. O que é a penitência interior?<br />
1430 – 1433<br />
1490<br />
É o dinamismo do «coração contrito» (Sal 51,19), movido pela graça divina a responder<br />
ao amor misericordioso de Deus. Implica a dor e a repulsa pelos pecados cometidos, o<br />
propósito firme de não mais pecar e a confiança na ajuda de Deus. Alimenta-se da<br />
esperança na misericórdia divina.<br />
301. Como se manifesta a penitência na vida cristã?<br />
1434 – 1439<br />
A penitência manifesta-se de muitas maneiras, em especial pelo jejum, a oração e a<br />
esmola. Estas e muitas outras formas de penitência podem ser praticadas na vida<br />
quotidiana do cristão, especialmente no tempo da Quaresma e no dia penitencial de<br />
Sexta-feira.<br />
302. Quais os elementos essenciais do sacramento da Reconciliação?<br />
1440 – 1449<br />
São dois: os actos realizados pelo homem que se converte sob a acção do Espírito Santo<br />
e a absolvição do sacerdote, que em Nome de Cristo concede o perdão e estabelece a<br />
modalidade da satisfação.<br />
303. Quais são os actos do penitente?<br />
1450 – 1460.<br />
1487 – 1492<br />
São: um diligente exame de consciência; a contrição (ou arrependimento), que é<br />
perfeita, quando é motivada pelo amor a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros<br />
motivos, e que inclui o propósito de não mais pecar; a confissão, que consiste na<br />
acusação dos pecados feita diante do sacerdote; a satisfação, ou seja, o cumprimento de<br />
certos actos de penitência, que o confessor impõe ao penitente para reparar o dano<br />
causado pelo pecado.
304. Que pecados se devem confessar?<br />
1456<br />
Devem-se confessar todos os pecados graves ainda não confessados, dos quais nos<br />
recordamos depois dum diligente exame de consciência. A confissão dos pecados<br />
graves é o único modo ordinário para obter o perdão.<br />
305. Quando se é obrigado a confessar os pecados graves?<br />
1457<br />
Todo o fiel, obtida a idade da razão, é obrigado a confessar os seus pecados graves ao<br />
menos uma vez por ano e antes de receber a Sagrada Comunhão.<br />
306. Porque é que os pecados veniais podem ser também objecto da confissão<br />
sacramental?<br />
1458<br />
A confissão dos pecados veniais é muito recomendada pela Igreja, embora não<br />
estritamente necessária, porque nos ajuda a formar uma consciência recta e a lutar<br />
contra as más inclinações, para nos deixarmos curar por Cristo e progredirmos na vida<br />
do Espírito.<br />
307. Quem é o ministro deste sacramento?<br />
1461 – 1466<br />
1495<br />
Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus Apóstolos, aos Bispos seus<br />
sucessores e aos presbíteros seus colaboradores, os quais portanto se convertem em<br />
instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os<br />
pecados no Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.<br />
308. A quem é reservada a absolvição de alguns pecados?<br />
1463<br />
A absolvição de alguns pecados particularmente graves (como os punidos com a<br />
excomunhão) é reservada à Sé Apostólica ou ao Bispo do lugar ou aos presbíteros por<br />
ele autorizados, embora todo o sacerdote possa absolver de qualquer pecado e<br />
excomunhão a quem se encontra em perigo de morte.<br />
309. O Confessor é obrigado ao segredo?<br />
1467<br />
Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, todo o<br />
confessor está obrigado a manter o sigilo sacramental, isto é, o absoluto segredo acerca
dos pecados conhecidos em confissão, sem nenhuma excepção e sob penas<br />
severíssimas.<br />
310. Quais são os efeitos deste sacramento?<br />
1468 – 1470<br />
1496<br />
Os efeitos do sacramento da Penitência são: a reconciliação com Deus e portanto o<br />
perdão dos pecados; a reconciliação com a Igreja; a recuperação, se perdida, do estado<br />
de graça; a remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, ao<br />
menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado; a paz e a<br />
serenidade da consciência, e a consolação do espírito; o acréscimo das forças espirituais<br />
para o combate cristão.<br />
311. Quando se pode celebrar este sacramento com confissão genérica e absolvição<br />
colectiva?<br />
1480 – 1484<br />
Em casos de grave necessidade (como o perigo iminente de morte), pode-se recorrer à<br />
celebração comunitária da Reconciliação com confissão genérica e absolvição colectiva,<br />
respeitando as normas da Igreja e com o propósito de confessar individualmente os<br />
pecados graves no tempo oportuno.<br />
312. O que são as indulgências?<br />
1471-1479<br />
1498<br />
As indulgências são a remissão diante de Deus da pena temporal devida aos pecados, já<br />
perdoados quanto à culpa, que, em determinadas condições, o fiel adquire para si ou<br />
para os defuntos mediante o ministério da Igreja, a qual, como dispensadora da<br />
redenção, distribui o tesouro dos méritos de Cristo e dos Santos.<br />
O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS<br />
313. Como é vivida a doença no Antigo Testamento?<br />
1499-1502<br />
No Antigo Testamento, o homem doente experimenta os seus limites e ao mesmo tempo<br />
percebe que a doença está ligada misteriosamente ao pecado. Os profetas intuíram que a<br />
doença podia ter também um valor redentor em relação aos próprios pecados e aos dos<br />
outros. Assim, a doença era vivida perante Deus, da qual o homem implorava a cura.
314. Que sentido tem a compaixão de Jesus pelos doentes?<br />
1503-1505<br />
A compaixão de Jesus pelos doentes e as numerosas curas de enfermos são um claro<br />
sinal de que, com Ele, chegou o Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o sofrimento<br />
e a morte. Com a sua paixão e morte, Ele dá um novo sentido ao sofrimento, o qual, se<br />
unido ao seu, pode ser meio de purificação e de salvação para nós e para os outros.<br />
315. Qual é o comportamento da Igreja em relação aos doentes?<br />
1506-1513;<br />
1526-1527<br />
A Igreja, tendo recebido do Senhor a ordem de curar os enfermos, procura pô-la em<br />
prática com os cuidados para com os doentes, acompanhados da oração de intercessão.<br />
Ela possui sobretudo um sacramento específico em favor dos enfermos, instituído pelo<br />
próprio Cristo e atestado por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os presbíteros<br />
da Igreja e rezem por ele, depois de o ter ungido com óleo no nome do Senhor» (Tg<br />
5,14-15).<br />
316. Quem pode receber o sacramento da Unção dos enfermos?<br />
1514 –1515<br />
1528- 1529<br />
Este sacramento pode ser recebido pelo fiel que começa a encontrar-se em perigo de<br />
morte por doença ou velhice. O mesmo fiel pode recebê-lo também outras vezes se a<br />
doença se agrava ou então no caso doutra doença grave. A celebração deste sacramento,<br />
se possível, deve ser precedida pela confissão individual do doente.<br />
317. Quem administra este sacramento?<br />
1516. 1530<br />
Só pode ser administrado pelos sacerdotes (Bispos ou presbíteros).<br />
318. Como se celebra este sacramento?<br />
1520 – 1523<br />
1532<br />
A celebração deste sacramento consiste essencialmente na unção com óleo benzido, se<br />
possível, pelo Bispo, na fronte e nas mãos do doente (no rito romano, ou também<br />
noutras partes do corpo segundo outros ritos), acompanhada da oração do sacerdote,<br />
que implora a graça especial deste sacramento.<br />
319. Quais são os efeitos deste sacramento?
15120 – 1523<br />
1532<br />
Ele confere uma graça especial que une mais intimamente o doente à Paixão de Cristo,<br />
para o seu bem e de toda a Igreja, dando-lhe conforto, paz, coragem, e também o perdão<br />
dos pecados, se o doente não se pode confessar. Este sacramento consente por vezes, se<br />
for a vontade de Deus, também a recuperação da saúde física. Em todo o caso, esta<br />
Unção prepara o doente para a passagem à Casa do Pai.<br />
320. O que é o Viático?<br />
1524 – 1525<br />
É a Eucaristia recebida por aqueles que estão para deixar esta vida terrena e se preparam<br />
para a passagem à vida eterna. Recebida no momento da passagem deste mundo ao Pai,<br />
a Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo morto e ressuscitado é semente de vida eterna<br />
e potência de ressurreição.<br />
CAPÍTULO TERCEIRO<br />
OS SACRAMENTOS AO SERVIÇO<br />
DA COMUNHÃO E DA MISSÃO<br />
321. Quais são os sacramentos ao serviço da comunhão e da missão?<br />
1533–1535<br />
Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimónio, conferem uma graça especial para uma<br />
missão particular na Igreja em ordem à edificação do povo de Deus. Eles contribuem<br />
em especial para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros.<br />
O SACRAMENTO DA ORDEM SACERDOTAL<br />
322. O que é o sacramento da Ordem?<br />
1536<br />
É o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos continua<br />
a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos.<br />
323. Porque se chama sacramento da Ordem?
1537 – 1538<br />
Ordem indica um corpo eclesial, do qual se passa a fazer parte, mediante uma especial<br />
consagração (Ordenação), a qual, por um particular dom do Espírito Santo, permite<br />
exercer um poder sagrado em nome e com a autoridade de Cristo para o serviço do<br />
povo de Deus.<br />
324. Qual o lugar do sacramento da Ordem no desígnio divino da salvação?<br />
1539 – 1546<br />
1590 - 1591<br />
Na Antiga Aliança, este sacramento é prefigurado no serviço dos Levitas, no sacerdócio<br />
de Aarão e na instituição dos setenta «Anciãos» (Num 11,25). Estas prefigurações<br />
encontraram realização em Cristo Jesus, o qual, com o sacrifício da sua cruz, é o «único<br />
(...) mediador entre Deus e os homens» (1 Tim 2,5), o Sumo-sacerdote à maneira de<br />
Melquisedec» (Heb 5,10). O único sacerdócio de Cristo é tornado presente pelo<br />
sacerdócio ministerial.<br />
«Só Cristo é o verdadeiro sacerdote, os outros são seus ministros» (S. Tomás de<br />
Aquino)<br />
325. De quantos graus se compõe o sacramento da Ordem?<br />
1554<br />
1593<br />
Compõe-se de três graus, que são insubstituíveis para a estrutura orgânica da Igreja: o<br />
episcopado, o presbiterado e o diaconado.<br />
326. Qual é o efeito da Ordenação episcopal?<br />
1557 – 1558<br />
A Ordenação episcopal confere a plenitude do sacramento da Ordem, faz do Bispo o<br />
legítimo sucessor dos Apóstolos, insere-o no Colégio episcopal, partilhando com o Papa<br />
e os outros Bispos a solicitude por todas as Igrejas, e confere-lhe a missão de ensinar,<br />
santificar e governar.<br />
327. Qual é a missão do Bispo na Igreja particular que lhe foi confiada?<br />
1560 – 1561<br />
O Bispo, ao qual é confiada uma Igreja particular, é o princípio visível e o fundamento<br />
da unidade dessa Igreja, a favor da qual exerce, como vigário de Cristo, o ministério<br />
pastoral, coadjuvado pelos presbíteros e diáconos.
328. Qual é o efeito da Ordenação presbiteral?<br />
1562 – 1567<br />
1595<br />
A unção do Espírito assinala o presbítero com um carácter espiritual indelével,<br />
configura-o a Cristo sacerdote e torna-o capaz de agir em nome de Cristo Cabeça.<br />
Sendo cooperador da Ordem episcopal, ele é consagrado para pregar o Evangelho, para<br />
celebrar o culto divino, sobretudo a Eucaristia, da qual o seu ministério recebe a força, e<br />
para ser o pastor dos fiéis.<br />
329. Como é que o presbítero exerce o seu ministério?<br />
1568<br />
Embora seja ordenado para uma missão universal, ele exerce-a numa Igreja particular,<br />
em fraternidade sacramental com os outros presbíteros que formam o «presbitério» e<br />
que, em comunhão com o Bispo, e, em dependência dele, têm a responsabilidade da<br />
Igreja particular.<br />
330. Qual é o efeito da Ordenação diaconal?<br />
1569 – 1571<br />
1596<br />
O diácono, configurado a Cristo servo de todos, é ordenado para o serviço da Igreja sob<br />
a autoridade do Bispo, em relação ao ministério da Palavra, do culto divino, da<br />
condução pastoral e da caridade.<br />
331. Como se celebra o sacramento da Ordem?<br />
1572 – 1574<br />
1597<br />
Para cada um dos três graus, o sacramento da Ordem é conferido pela imposição das<br />
mãos sobre a cabeça do ordinando por parte do Bispo, que pronuncia a solene oração<br />
consecratória. Com ela, o Bispo invoca de Deus, para o ordinando, a especial efusão do<br />
Espírito Santo e dos seus dons, em ordem ao ministério.<br />
332. Quem pode conferir este sacramento?<br />
1575 - 1576.<br />
1600<br />
Compete aos Bispos validamente ordenados, enquanto sucessores dos Apóstolos,<br />
conferir os três graus do sacramento da Ordem.<br />
333. Quem pode receber este sacramento?<br />
1577 – 1578 1598
Só o baptizado de sexo masculino o pode receber validamente: a Igreja reconhece-se<br />
vinculada a esta escolha feita pelo próprio Senhor. Ninguém pode exigir a recepção do<br />
sacramento da Ordem, antes deve ser considerado apto para o ministério pela autoridade<br />
da Igreja.<br />
334. É requerido o celibato a quem recebe o sacramento da Ordem?<br />
1579 – 1580<br />
1599<br />
Para o episcopado é sempre requerido o celibato. Na Igreja latina, para o presbiterado,<br />
são normalmente escolhidos homens crentes que vivem celibatários e têm vontade de<br />
guardar o celibato «pelo reino dos céus» (Mt 19,12). Nas Igrejas Orientais, não é<br />
consentido casar depois da Ordenação. O diaconado permanente pode ser conferido a<br />
homens já casados.<br />
335. Quais são os efeitos do sacramento da Ordem?<br />
1547 – 1553<br />
Este sacramento dá uma especial efusão do Espírito Santo, que configura o ordenado a<br />
Cristo na sua tríplice função de Sacerdote, Profeta e Rei, segundo os respectivos graus<br />
do sacramento. A ordenação confere um carácter espiritual indelével: por isso não pode<br />
ser repetida nem conferida por um tempo limitado.<br />
336. Com que autoridade é exercido o sacerdócio ministerial?<br />
1547 – 1553<br />
1592<br />
Os sacerdotes ordenados, no exercício do ministério sagrado, falam e agem não por<br />
autoridade própria, e nem sequer por mandato ou delegação da comunidade, mas na<br />
Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja. Portanto o sacerdócio ministerial difere<br />
essencialmente, e não apenas em grau, do sacerdócio comum dos fiéis, para o serviço do<br />
qual Cristo o instituiu.<br />
O SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO<br />
337. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem e da mulher?<br />
1601 – 1605<br />
Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a<br />
mulher, chamou-os, no Matrimónio, a uma íntima comunhão de vida e de amor entre<br />
eles, «de modo que já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19,6). Abençoando-os, Deus<br />
disse-lhes: «sede fecundos e multiplicai-vos» (Gn 1,28).
338. Para que fins instituiu Deus o Matrimónio?<br />
1659-1660<br />
A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e dotada de leis próprias pelo<br />
Criador, está por sua natureza ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração<br />
e bem dos filhos. Segundo o desígnio originário de Deus, a união matrimonial é<br />
indissolúvel, como afirma Jesus Cristo: «O que Deus uniu não o separe o homem» (Mc<br />
10,9).<br />
339. Como é que o pecado ameaça o Matrimónio?<br />
1606-1608<br />
Por causa do primeiro pecado, que provocou também a ruptura da comunhão do homem<br />
e da mulher, dada pelo Criador, a união matrimonial é muitas vezes ameaçada pela<br />
discórdia e pela infidelidade. Todavia Deus, na sua infinita misericórdia, dá ao homem e<br />
à mulher a sua graça para que possam realizar a união das suas vidas segundo o desígnio<br />
originário de Deus.<br />
340. O que é que o Antigo Testamento ensina sobre o Matrimónio?<br />
1609-1611<br />
Deus, sobretudo através da pedagogia da Lei e dos profetas, ajuda o seu povo a<br />
amadurecer progressivamente a consciência da unicidade e da indissolubilidade do<br />
Matrimónio. A aliança nupcial de Deus com Israel prepara e prefigura a Aliança nova<br />
realizada pelo Filho de Deus com a sua esposa, a Igreja.<br />
341. Qual a novidade dada por Cristo ao Matrimónio?<br />
1612-1617<br />
1661<br />
Jesus Cristo não só restabelece a ordem inicial querida por Deus, mas dá a graça para<br />
viver o Matrimónio na nova dignidade de sacramento, que é o sinal do seu amor<br />
esponsal pela Igreja: «Vós maridos amai as vossas mulheres, como Cristo amou a<br />
Igreja» (Ef 5,25).<br />
342. O Matrimónio é uma obrigação para todos?<br />
1618-1620<br />
O Matrimónio não é uma obrigação para todos. Deus chama alguns homens e mulheres<br />
a seguir o Senhor Jesus na vida da virgindade ou do celibato pelo Reino dos céus,<br />
renunciando ao grande bem do Matrimónio para se preocuparem com as coisas do<br />
Senhor e para procurar agradar-Lhe, tornando-se assim sinal do absoluto primado do<br />
amor de Cristo e da ardente esperança da sua vinda gloriosa.<br />
343. Como se celebra o sacramento do Matrimónio?
1621-1624<br />
Uma vez que o Matrimónio coloca os cônjuges num estado público de vida na Igreja, a<br />
sua celebração litúrgica é pública, na presença do sacerdote (ou da testemunha<br />
qualificada da Igreja) e das outras testemunhas.<br />
344. O que é o consentimento matrimonial?<br />
1625-1632<br />
1662-1663<br />
O consentimento matrimonial é a vontade, expressa por um homem e por uma mulher,<br />
de se entregarem mutua e definitivamente, com o fim de viver uma aliança de amor fiel<br />
e fecundo. Dado que o consentimento faz o Matrimónio, ele é indispensável e<br />
insubstituível. Para que o Matrimónio seja válido, o consentimento deve ter como<br />
objecto o verdadeiro Matrimónio e ser um acto humano, consciente e livre, não<br />
determinado pela violência ou por constrições.<br />
345. Que se requer quando um dos esposos não é católico?<br />
1633-1637<br />
Para serem lícitos, os matrimónios mistos (entre católico e baptizado não católico)<br />
requerem a permissão da autoridade eclesiástica. Aqueles com disparidade de culto<br />
(entre católico e não baptizado) para serem válidos precisam duma dispensa. Em todo o<br />
caso, é essencial que os cônjuges não excluam a aceitação dos fins e das propriedades<br />
essenciais do Matrimónio e que o cônjuge católico confirme o empenho, conhecido<br />
também do outro cônjuge, de conservar a fé e de assegurar o Baptismo e a educação<br />
católica dos filhos.<br />
346. Quais são os efeitos do sacramento do Matrimónio?<br />
1638-1642<br />
O sacramento do Matrimónio gera entre os cônjuges um vínculo perpétuo e exclusivo.<br />
O próprio Deus sela o consentimento dos esposos. Portanto o Matrimónio concluído e<br />
consumado entre baptizados não pode ser nunca dissolvido. Este sacramento confere<br />
também aos esposos a graça necessária para alcançar a santidade na vida conjugal e para<br />
o acolhimento responsável dos filhos e a sua educação.<br />
347. Quais são os pecados gravemente contrários ao sacramento do Matrimónio?<br />
1645-1648<br />
São: o adultério; a poligamia, porque em contradição com a igual dignidade do homem<br />
e da mulher e com a unicidade e exclusividade do amor conjugal; a rejeição da<br />
fecundidade, que priva a vida conjugal do dom dos filhos; e o divórcio, que se opõe à<br />
indissolubilidade.<br />
348. Quando é que a Igreja admite a separação física dos esposos?
1629<br />
1649<br />
A Igreja admite a separação física dos esposos quando, por motivos graves, a sua<br />
coabitação se tornou praticamente impossível, embora se deseje uma sua reconciliação.<br />
Mas eles, enquanto vive o cônjuge, não estão livres para contrair uma nova união, a<br />
menos que o Matrimónio seja nulo e como tal seja declarado pela autoridade<br />
eclesiástica.<br />
349. Qual é a atitude da Igreja para com os divorciados recasados?<br />
1655-1558<br />
1666<br />
Fiel ao Senhor, a Igreja não pode reconhecer como Matrimónio a união dos divorciados<br />
recasados civilmente. «Quem repudia a própria mulher e casa com outra comete<br />
adultério contra ela; se a mulher repudia o marido e casa com outro, comete adultério»<br />
(Mc 10, 11-12). Para com eles, a Igreja desenvolve uma atenta solicitude, convidandoos<br />
a uma vida de fé, à oração, às obras de caridade e à educação cristã dos filhos. Mas<br />
eles não podem receber a absolvição sacramental nem abeirar-se da comunhão<br />
eucarística, nem exercer certas responsabilidades eclesiais enquanto perdurar esta<br />
situação, que objectivamente contrasta com a lei de Deus.<br />
350. Porque é que a família cristã é chamada Igreja doméstica?<br />
1655-1658;<br />
1666<br />
Porque a família manifesta e realiza a natureza de comunhão e familiar da Igreja como<br />
família de Deus. Cada membro, a seu modo, exerce o sacerdócio baptismal,<br />
contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça e de oração, escola das<br />
virtudes humanas e cristãs, lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos.<br />
CAPÍTULO QUARTO<br />
AS OUTRAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS<br />
351. O que são os sacramentais?<br />
1667-1672<br />
1677-1678<br />
OS SACRAMENTAIS
São sinais sagrados instituídos pela Igreja, por meio dos quais são santificadas algumas<br />
circunstâncias da vida. Incluem sempre uma oração, muitas vezes acompanhada do sinal<br />
da cruz e de outros sinais. Entre os sacramentais, figuram, em primeiro lugar, as<br />
bênçãos, que são um louvor a Deus e uma oração para obter os seus dons, as<br />
consagrações de pessoas e as dedicações de coisas para o culto de Deus.<br />
352. O que é o exorcismo?<br />
1673<br />
Fala-se de exorcismo, quando a Igreja pede com a sua autoridade, em nome de Jesus,<br />
que uma pessoa ou um objecto seja protegido contra a acção do Maligno e subtraído ao<br />
seu domínio. É praticado de modo ordinário no rito do Baptismo. O exorcismo solene,<br />
chamado o grande exorcismo, pode ser feito só por um sacerdote autorizado pelo Bispo.<br />
353. Que formas de piedade popular acompanham a vida sacramental da Igreja?<br />
1674-1676<br />
1679<br />
O sentido religioso do povo cristão encontrou sempre diversas expressões nas várias<br />
formas de piedade que acompanham a vida sacramental da Igreja, como a veneração das<br />
relíquias, as visitas aos santuários, as peregrinações, as procissões, a «via-sacra», o<br />
Rosário. As formas autênticas de piedade popular são favorecidas e iluminadas pela luz<br />
da fé da Igreja.<br />
AS EXÉQUIAS CRISTÃS<br />
354. Que relação existe entre os sacramentais e a morte do cristão?<br />
1680<br />
1683<br />
O cristão que morre em Cristo chega, no termo da sua existência terrena, à consumação<br />
da nova vida iniciada com o Baptismo, revigorada pela Confirmação e alimentada pela<br />
Eucaristia, antecipação do banquete celeste. O sentido da morte do cristão manifesta-se<br />
à luz da Morte e da Ressurreição de Cristo, nossa única esperança; o cristão que morre<br />
em Cristo Jesus, vai «habitar junto do Senhor» (2 Cor 5,8).<br />
355. O que exprimem as exéquias?<br />
1684 – 1685<br />
As exéquias, embora celebradas segundo diferentes ritos correspondentes às situações e<br />
às tradições de cada uma das regiões, exprimem o carácter pascal da morte cristã na
esperança da ressurreição e o sentido da comunhão com o defunto particularmente<br />
mediante a oração pela purificação da sua alma.<br />
356. Quais os momentos principais das exéquias?<br />
1686 – 1690<br />
Habitualmente as exéquias compreendem quatro momentos principais: o acolhimento<br />
da urna pela comunidade, com palavras de conforto e de esperança; a liturgia da<br />
Palavra; o sacrifício eucarístico; e «a encomendação», com o qual a alma do defunto é<br />
confiada a Deus, fonte de vida eterna, enquanto o seu corpo é sepultado na expectativa<br />
da ressurreição.<br />
TERCEIRA PARTE<br />
A VIDA EM CRISTO<br />
PRIMEIRA SECÇÃO<br />
A VOCAÇÃO DO HOMEM:<br />
A VIDA NO ESPÍRITO<br />
357. Como é que a vida moral cristã está ligada à fé e aos sacramentos?<br />
1691 – 1698<br />
O que o Símbolo da fé professa, os sacramentos o comunicam. De facto, neles os fiéis<br />
recebem a graça de Cristo e os dons do Espírito Santo, que os tornam capazes de viver a<br />
vida nova de filhos de Deus em Cristo acolhido com a fé.<br />
«Reconhece, ó cristão, a tua dignidade» (S. Leão Magno)<br />
CAPÍTULO PRIMEIRO<br />
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA<br />
O HOMEM IMAGEM DE DEUS
358. Qual é a raiz da dignidade humana?<br />
1699 – 1715<br />
A dignidade da pessoa humana radica na criação à imagem e semelhança de Deus.<br />
Dotada de uma alma espiritual e imortal, de inteligência e de vontade livre, a pessoa<br />
humana está ordenada para Deus e chamada, com a sua alma e o seu corpo, à bemaventurança<br />
eterna.<br />
A NOSSA VOCAÇÃO À BEM-AVENTURANÇA<br />
359. Como é que o homem alcança a bem-aventurança?<br />
1716<br />
O homem alcança a bem-aventurança em virtude da graça de Cristo, que o torna<br />
participante da vida divina. Cristo no Evangelho indica aos seus o caminho que conduz<br />
à felicidade sem fim: as Bem-aventuranças. A graça de Cristo opera também em cada<br />
ser humano que, seguindo a recta consciência, procura e ama o verdadeiro e o bem e<br />
evita o mal.<br />
360. Porque é que as Bem-aventuranças são importantes para nós?<br />
1716-1717<br />
1725-1726<br />
As Bem-aventuranças estão no centro da pregação de Jesus, retomam e aperfeiçoam as<br />
promessas de Deus, feitas a partir de Abraão. Mostram o próprio rosto de Jesus,<br />
caracterizam a autêntica vida cristã e revelam ao homem o fim último do seu agir: a<br />
bem-aventurança eterna.<br />
361. Que relação há entre as Bem-aventuranças e o desejo humano de felicidade?<br />
1718-1719<br />
As Bem-aventuranças respondem ao desejo inato de felicidade que Deus colocou no<br />
coração do homem para o atrair a Si, e que só Ele pode saciar.<br />
362. O que é a bem-aventurança eterna?<br />
1720-1724<br />
1727-1729
É a visão de Deus na vida eterna, em que seremos plenamente «participantes da<br />
natureza divina» (2 Ped 1,4), da glória de Cristo e da felicidade da vida trinitária. A<br />
bem-aventurança ultrapassa as capacidades humanas: é um dom sobrenatural e gratuito<br />
de Deus, como a graça que a ela conduz. A bem-aventurança prometida coloca-nos<br />
perante escolhas morais decisivas em relação aos bens terrenos, estimulando-nos a amar<br />
a Deus acima de tudo.<br />
363. O que é a liberdade?<br />
1730-1733<br />
1743-1744<br />
A LIBERDADE DO HOMEM<br />
É o poder, dado por Deus ao homem, de agir e não agir, de fazer isto ou aquilo,<br />
praticando assim por si mesmo acções deliberadas. A liberdade caracteriza os actos<br />
propriamente humanos. Quanto mais faz o bem, mais alguém se torna livre. A liberdade<br />
atinge a perfeição quando é ordenada para Deus, sumo Bem e nossa Bem-aventurança.<br />
A liberdade implica também a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A escolha<br />
do mal é um abuso da liberdade, que conduz à escravatura do pecado.<br />
364. Que relação existe entre liberdade e responsabilidade?<br />
1734 –1737<br />
1745-1746<br />
A liberdade torna o homem responsável pelos seus actos, na medida em que são<br />
voluntários, embora a imputabilidade e a responsabilidade de um acto possam ser<br />
diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência suportada, o<br />
medo, as afeições desordenadas e os hábitos.<br />
365. Porque é que o homem tem direito ao exercício da liberdade?<br />
1738<br />
1747<br />
O direito ao exercício da liberdade é próprio de cada homem enquanto é inseparável da<br />
sua dignidade de pessoa humana. Portanto, tal direito deve ser sempre respeitado,<br />
principalmente em matéria moral e religiosa, e deve ser reconhecido civilmente, e<br />
tutelado nos termos do bem comum e da justa ordem pública.<br />
366. Qual é o lugar da liberdade humana na ordem da salvação?<br />
1739-1742<br />
1748
O primeiro pecado enfraqueceu a liberdade humana. Os pecados sucessivos vieram<br />
acentuar esta debilidade. Mas «foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5,1).<br />
Com a sua graça, o Espírito Santo conduz-nos para a liberdade espiritual, para fazer de<br />
nós colaboradores livres da sua obra na Igreja e no mundo.<br />
367. Quais são as fontes da moralidade dos actos humanos?<br />
1749-1754<br />
1757-1758<br />
A moralidade dos actos humanos depende de três fontes: do objecto escolhido, ou seja,<br />
dum bem verdadeiro ou aparente; da intenção do sujeito que age, isto é, do fim que ele<br />
tem em vista ao fazer a acção; das circunstâncias da acção, onde se incluem as suas<br />
consequências.<br />
368. Quando é que o acto é moralmente bom?<br />
1755-1756<br />
1759-1760<br />
O acto é moralmente bom quando supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objecto, do<br />
[N63]fim em vista e das circunstâncias. O objecto escolhido pode, por si só, viciar toda<br />
a acção, mesmo se a sua intenção for boa. Não é lícito fazer o mal para que dele derive<br />
um bem. Um fim mau pode corromper a acção, mesmo que, em si, o seu objecto seja<br />
bom. Pelo contrário, um fim bom não torna bom um comportamento que for mau pelo<br />
seu objecto, uma vez que o fim não justifica os meios. As circunstâncias podem atenuar<br />
ou aumentar a responsabilidade de quem age, mas não podem modificar a qualidade<br />
moral dos próprios actos, não tornam nunca boa uma acção que, em si, é má.<br />
369. Há actos que são sempre ilícitos?<br />
1756<br />
1761<br />
Há actos, cuja escolha é sempre ilícita, por causa do seu objecto (por exemplo, a<br />
blasfémia, o homicídio, o adultério). A sua escolha comporta uma desordem da vontade,<br />
isto é, um mal moral, que não pode ser justificado com os bens que eventualmente daí<br />
pudessem derivar.<br />
370. O que são as paixões?<br />
1762-1766<br />
1771-1772<br />
A MORALIDADE DAS PAIXÕES
São os afectos, as emoções ou os movimentos da sensibilidade – componentes naturais<br />
da psicologia humana – que inclinam a agir ou a não agir em vista do que se percebeu<br />
como bom ou como mau. As principais são o amor e o ódio, o desejo e o medo, a<br />
alegria, a tristeza e a cólera. A paixão fundamental é o amor, provocado pela atracção<br />
do bem. Não se ama se não o bem, verdadeiro ou aparente.<br />
371. As paixões são moralmente boas ou más?<br />
1767-1770;<br />
1773-1775<br />
Enquanto movimentos da sensibilidade, as paixões não são nem boas nem más em si<br />
mesmas: são boas quando contribuem para uma acção boa; são más, no caso contrário.<br />
Elas podem ser assumidas pelas virtudes ou pervertidas nos vícios.<br />
372. O que é a consciência moral?<br />
1776–1780;<br />
1795–1797<br />
A CONSCIÊNCIA MORAL<br />
A consciência moral, presente no íntimo da pessoa, é um juízo da razão, que, no<br />
momento oportuno, ordena ao homem que pratique o bem e evite o mal. Graças a ela, a<br />
pessoa humana percebe a qualidade moral dum acto a realizar ou já realizado,<br />
permitindo-lhe assumir a responsabilidade. Quando escuta consciência moral, o homem<br />
prudente pode ouvir a voz de Deus que lhe fala.<br />
373. Que implica a dignidade da pessoa perante a consciência moral?<br />
1780 – 1782<br />
1798<br />
A dignidade da pessoa humana implica rectidão da consciência moral (ou seja, estar de<br />
acordo com o que é justo e bom, segundo a razão e a Lei divina). Por causa da sua<br />
dignidade pessoal, o homem não deve ser obrigado a agir contra a consciência e, dentro<br />
dos limites do bem comum, nem sequer deve ser impedido de agir em conformidade<br />
com ela, sobretudo em matéria religiosa.<br />
374. Como formar a recta e verdadeira consciência moral?<br />
1783-1788<br />
1799<br />
1800
A consciência moral recta e verdadeira forma-se com a educação e com a assimilação<br />
da Palavra de Deus e do ensino da Igreja. É amparada com os dons do Espírito Santo e<br />
ajudada com os conselhos de pessoas sábias. Além disso, ajudam muito na formação<br />
moral a oração e o exame de consciência.<br />
375. Quais as normas que a consciência deve sempre seguir?<br />
1789<br />
Há três mais gerais: 1) nunca é permitido fazer o mal porque daí derive um bem; 2) a<br />
chamada regra de ouro: «tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós<br />
também» (Mt 7, 12); 3) a caridade passa sempre pelo respeito do próximo e da sua<br />
consciência, embora isto não signifique aceitar como um bem aquilo que é<br />
objectivamente um mal.<br />
376. A consciência moral pode emitir juízos erróneos?<br />
1790–1794;<br />
1801–1802<br />
A pessoa deve obedecer sempre ao juízo certo da sua consciência, mas esta também<br />
pode emitir juízos erróneos, por causas nem sempre isentas de culpabilidade pessoal.<br />
Não é porém imputável à pessoa o mal realizado por ignorância involuntária, mesmo<br />
que objectivamente não deixe de ser um mal. É preciso, pois, trabalhar para corrigir os<br />
erros da consciência moral.<br />
377. O que é a virtude?<br />
1803, 1833<br />
AS VIRTUDES<br />
A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. «O fim de uma vida<br />
virtuosa é tornar-se semelhante a Deus» (S. Gregório de Nissa). Há virtudes humanas e<br />
virtudes teologais.<br />
378. O que são as virtudes humanas?<br />
1804;<br />
1810-1811:<br />
1834, 1839<br />
As virtudes humanas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade,<br />
que regulam os nossos actos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta<br />
segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por actos moralmente bons e repetidos,<br />
são purificadas e elevadas pela graça divina.
379. Quais são as virtudes humanas principais?<br />
1805;1834<br />
São as virtudes, chamadas cardeais, que reagrupam todas as outras e que constituem a<br />
charneira da vida virtuosa. São elas: prudência, justiça, fortaleza e temperança.<br />
380. O que é a prudência?<br />
1806<br />
1835<br />
A prudência dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o nosso verdadeiro<br />
bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz as outras virtudes,<br />
indicando-lhes a regra e a medida.<br />
381. O que é a justiça?<br />
1807<br />
1836<br />
A justiça consiste na constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A<br />
justiça para com Deus é chamada «virtude da religião».<br />
382. O que é a fortaleza?<br />
1808; 1837<br />
A fortaleza assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem,<br />
chegando até à capacidade do eventual sacrifício da própria vida por uma causa justa.<br />
383. O que é a temperança?<br />
1809<br />
1838<br />
A temperança modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os<br />
instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados.<br />
384. O que são as virtudes teologais?<br />
1812-1813<br />
1840-1841<br />
São as virtudes que têm como origem, motivo e objecto imediato o próprio Deus. São<br />
infundidas no homem com a graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação<br />
com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as<br />
virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da acção do Espírito Santo nas<br />
faculdades do ser humano.
385. Quais são as virtudes teologais?<br />
1813<br />
As virtudes teologais são: fé, esperança e caridade.<br />
386. O que é a fé?<br />
1814-1816<br />
1842<br />
A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e<br />
que a Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria Verdade. Pela fé, o<br />
homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a<br />
vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6).<br />
387. O que é a esperança?<br />
1817-1821;<br />
1843<br />
A esperança é a virtude teologal por meio da qual desejamos e esperamos de Deus a<br />
vida eterna como nossa felicidade, colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo<br />
e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao<br />
fim da vida terrena.<br />
388. O que é a caridade?<br />
1822-1829<br />
1844<br />
A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao<br />
próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a<br />
plenitude da lei. A caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14) e o fundamento das<br />
outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada me<br />
aproveita» (1 Cor 13,1-3).<br />
389. O que são os dons do Espírito Santo?<br />
1830 – 1831<br />
1845<br />
Os dons do Espírito Santo são disposições permanentes que tornam o homem dócil para<br />
seguir as inspirações divinas. São sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza,<br />
ciência, piedade e temor de Deus.<br />
390. O que são os frutos do Espírito Santo?<br />
1832
Os frutos do Espírito Santo são perfeições plasmadas por Ele em nós como primícias da<br />
glória eterna. A tradição da Igreja enumera doze: «Amor, alegria, paz, paciência,<br />
longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência,<br />
castidade» (Gal 5,22-23 vulgata).<br />
O PECADO<br />
391. O que exige de nós o acolhimento da misericórdia de Deus?<br />
1846-1848<br />
1870<br />
Exige o reconhecimento das nossas culpas e o arrependimento dos nossos pecados. Pela<br />
sua Palavra e pelo seu Espírito, o próprio Deus nos revela os nossos pecados, dá-nos a<br />
verdade da consciência e a esperança do perdão.<br />
392. O que é o pecado?<br />
1849 – 1851<br />
1871-1872<br />
É «uma palavra, um acto ou um desejo contrários à Lei eterna» (S. Agostinho). É uma<br />
ofensa a Deus, na desobediência ao seu amor. Fere a natureza do homem e atenta contra<br />
a solidariedade humana. Cristo, na sua Paixão, revela plenamente a gravidade do pecado<br />
e vence-o com a sua misericórdia.<br />
393. Existe uma variedade de pecados?<br />
1852–1853;<br />
1873<br />
A variedade dos pecados é grande. Distinguem-se segundo o seu objecto, ou segundo as<br />
virtudes ou os mandamentos a que se opõem. Podem ser directamente contra Deus,<br />
contra o próximo e contra nós mesmos. Podemos ainda distinguir entre pecados por<br />
pensamentos, por palavras, por acções e por omissões.<br />
394. Como se distingue o pecado quanto à gravidade?<br />
1854<br />
Distingue-se entre pecado mortal e venial.<br />
395. Quando se comete o pecado mortal?<br />
1855-1861<br />
1874
Comete-se pecado mortal quando, ao mesmo tempo, há matéria grave, plena<br />
consciência e deliberado consentimento. Este pecado destrói a caridade, priva-nos da<br />
graça santificante e conduz-nos à morte eterna do inferno, se dele não nos<br />
arrependermos. É perdoado ordinariamente mediante os sacramentos do Baptismo e da<br />
Penitência ou Reconciliação.<br />
396. Quando se comete o pecado venial?<br />
1862-1864<br />
1875<br />
O pecado venial, que difere essencialmente do pecado mortal, comete-se quando se trata<br />
de matéria leve, ou mesmo grave, mas sem pleno conhecimento ou sem total<br />
consentimento. Não quebra a aliança com Deus, mas enfraquece a caridade; manifesta<br />
um afecto desordenado pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das<br />
virtudes e na prática do bem moral; merece penas purificatórias temporais.<br />
397. Como prolifera em nós o pecado?<br />
1865, 1876<br />
O pecado arrasta ao pecado e a sua repetição gera o vício.<br />
398. O que são os vícios?<br />
1866-1867<br />
Os vícios, sendo contrários às virtudes, são hábitos perversos que obscurecem a<br />
consciência e inclinam ao mal. Os vícios podem estar ligados aos chamados sete<br />
pecados capitais, que são: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça ou<br />
negligência.<br />
399. Temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros?<br />
1868<br />
Existe esta responsabilidade, quando culpavelmente neles cooperamos.<br />
400. O que são as estruturas de pecado?<br />
1869<br />
São situações sociais ou instituições contrárias à lei divina, expressão e efeito de<br />
pecados pessoais.<br />
CAPÍTULO SEGUNDO<br />
A COMUNIDADE HUMANA
A PESSOA E A SOCIEDADE<br />
401. Em que consiste a dimensão social do homem?<br />
1877-1880;<br />
1890-1891<br />
Juntamente com o chamamento pessoal à bem-aventurança, o homem tem a dimensão<br />
social como componente essencial da sua natureza e da sua vocação. De facto, todos os<br />
homens são chamados ao mesmo fim, que é o próprio Deus; existe uma certa<br />
semelhança entre a comunhão das Pessoas divinas e a fraternidade que os homens<br />
devem instaurar entre si na verdade e na caridade; o amor ao próximo é inseparável do<br />
amor a Deus.<br />
402. Qual é a relação entre pessoa e sociedade?<br />
1881-1882<br />
1892-1893<br />
Princípio, sujeito e fim de todas as instituições sociais é e deve ser a pessoa. Certas<br />
sociedades, como a família e a sociedade civil, são necessárias para ela. São úteis ainda<br />
outras associações, tanto no interior das comunidades políticas como a nível<br />
internacional, no respeito do princípio de subsidiariedade.<br />
403. O que indica o princípio de subsidiariedade?<br />
1883-1885<br />
1894<br />
Este princípio indica que uma sociedade de ordem superior não deve assumir uma tarefa<br />
que diga respeito a uma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências,<br />
mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade.<br />
404. Que outras coisas requer uma autêntica convivência humana?<br />
1886-1889<br />
1895-1896<br />
Requer o respeito da justiça, a justa hierarquia de valores e a subordinação das<br />
dimensões materiais e instintivas às superiores e espirituais. Em especial, onde o pecado<br />
perverte o clima social, é necessário apelar à conversão dos corações e à graça de Deus,<br />
para obter mudanças sociais que estejam realmente ao serviço de cada pessoa e de toda<br />
a pessoa. A caridade, que exige e torna capaz da prática da justiça, é o maior<br />
mandamento social.
A PARTICIPAÇÃO NA VIDA SOCIAL<br />
405. Em que se funda a autoridade na sociedade?<br />
1897-1902<br />
1918-1920<br />
Toda a comunidade humana tem necessidade duma autoridade legítima, que assegure a<br />
ordem e contribua para a realização do bem comum. Tal autoridade encontra o seu<br />
fundamento na natureza humana, porque corresponde à ordem estabelecida por Deus.<br />
406. Quando é que a autoridade é exercida legitimamente?<br />
1903-1904-<br />
1921-1922<br />
A autoridade é exercida legitimamente quando procura o bem comum e emprega meios<br />
moralmente lícitos para o conseguir. Por isso, os regimes políticos devem ser<br />
determinados pela decisão livre dos cidadãos e devem respeitar o princípio do «Estado<br />
de direito», no qual é soberana a lei e não a vontade arbitrária dos homens. As leis<br />
injustas e as medidas contrárias à ordem moral não obrigam as consciências.<br />
407. O que é o bem comum?<br />
1905-1906<br />
1924<br />
Por bem comum entende-se o conjunto das condições de vida social que permitem aos<br />
grupos e aos indivíduos atingir a sua perfeição.<br />
408. O que é que comporta o bem comum?<br />
1907-1909<br />
1925<br />
O bem comum comporta: o respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa;<br />
o desenvolvimento dos bens espirituais e temporais das pessoas e da sociedade; a paz e<br />
a segurança de todos.<br />
409. Onde é que se realiza dum modo mais relevante o bem comum?<br />
1910-1912<br />
1927<br />
A realização mais completa do bem comum encontra-se nas comunidades políticas, que<br />
defendem e promovem o bem dos cidadãos e dos corpos intermédios, sem esquecer o<br />
bem universal da família humana.
410. Como é que o homem participa na promoção do bem comum?<br />
1913-1917<br />
1926<br />
Cada ser humano, segundo o lugar que ocupa e o papel que desempenha, participa na<br />
promoção do bem comum respeitando as leis justas e encarregando-se de sectores de<br />
que assume a responsabilidade pessoal, como o cuidado da própria família e o empenho<br />
no seu trabalho. Para além disso, os cidadãos, na medida do possível, devem tomar<br />
parte activa na vida pública.<br />
A JUSTIÇA SOCIAL<br />
411. Como é que a sociedade assegura a justiça social?<br />
1928-133<br />
1943-1944<br />
A sociedade assegura a justiça social quando respeita a dignidade e os direitos da<br />
pessoa, que constituem o seu próprio fim. Além disso, a sociedade procura a justiça<br />
social, que está conexa ao bem comum e ao exercício da autoridade, quando realiza as<br />
condições que permitam às associações e ao indivíduo obter aquilo a que têm direito.<br />
412. Em que se funda a igualdade entre os homens?<br />
1934-1935<br />
1945<br />
Todos os homens gozam de igual dignidade e direitos fundamentais, uma vez que,<br />
criados à imagem do Deus único e dotados duma alma racional, têm a mesma natureza e<br />
origem e são chamados, em Cristo único salvador, à mesma bem-aventurança divina.<br />
413. Como avaliar a desigualdade entre os homens?<br />
1936-1938<br />
1946-1947<br />
Há iníquas desigualdades económicas e sociais, que ferem milhões de seres humanos;<br />
elas estão em contradição aberta com o Evangelho, são contrárias à justiça, à dignidade<br />
das pessoas e à paz. Mas há também diferenças entre os homens, causadas por factores<br />
que fazem parte do plano de Deus. Com efeito, Ele quer que cada um receba dos outros<br />
aquilo de que precisa, e quer que os que dispõem de «talentos» particulares os partilhem<br />
com os outros. Tais diferenças estimulam e obrigam, muitas vezes, as pessoas à<br />
magnanimidade, à benevolência e à partilha, e incitam as culturas a enriquecerem-se<br />
umas às outras.
414. Como se manifesta a solidariedade humana?<br />
1939 – 1942<br />
1948<br />
A solidariedade, exigência da fraternidade humana e cristã, manifesta-se, em primeiro<br />
lugar, na justa repartição dos bens, équa na remuneração do trabalho e no esforço por<br />
uma ordem social mais justa. A virtude da solidariedade pratica também a repartição<br />
dos bens espirituais da fé, ainda mais importantes que os materiais.<br />
415. O que é a lei moral?<br />
1950<br />
CAPÍTULO TERCEIRO<br />
A SALVAÇÃO DE DEUS: A LEI E A GRAÇA<br />
A LEI MORAL<br />
A lei moral é obra da Sabedoria divina. Prescreve-nos caminhos e normas de conduta<br />
que levam à bem-aventurança prometida, proibindo-nos os caminhos que nos desviam<br />
de Deus.<br />
416. Em que consiste a lei moral natural?<br />
1954-1959<br />
1978-1979<br />
A lei natural, escrita pelo Criador no coração de cada ser humano, consiste numa<br />
participação na sabedoria e bondade de Deus, e manifesta o sentido moral originário que<br />
permite ao homem discernir, pela razão, o bem e o mal. Ela é universal e imutável, e<br />
constitui a base dos deveres e dos direitos fundamentais da pessoa, bem como da<br />
comunidade humana e da própria lei civil.<br />
417. Esta lei é percebida por todos?<br />
1960<br />
Por causa do pecado, a lei natural nem sempre é percebida por todos com igual clarerza<br />
e imediatez.
Por isso Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os homens não conseguiam ler nos<br />
seus corações» (S. Agostinho)<br />
418. Qual é a relação entre a Lei Natural e a Antiga Lei?<br />
1961-1964<br />
1980-1982<br />
A Antiga Lei é o primeiro estádio da Lei revelada. Ela exprime muitas verdades que são<br />
naturalmente acessíveis à razão e que se encontram assim declaradas e autenticadas nas<br />
Alianças da salvação. As suas prescrições morais estão compendiadas nos Dez<br />
Mandamentos do Decálogo, colocam os alicerces da vocação do homem, proíbem o que<br />
é contrário ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial.<br />
419. Qual o lugar da antiga Lei, no plano da salvação?<br />
1963-1964<br />
1982<br />
A Antiga Lei permite conhecer muitas verdades acessíveis à razão, indica o que se deve<br />
e o que se não deve fazer, e sobretudo, como um sábio pedagogo, prepara e dispõe à<br />
conversão e ao acolhimento do Evangelho. Todavia, embora santa, espiritual e boa, a<br />
Lei antiga é ainda imperfeita, pois, por si, não dá a força e a graça do Espírito para a<br />
cumprir.<br />
420. O que é a Nova Lei ou Lei evangélica?<br />
1965-1972;<br />
1983-1985<br />
A Nova Lei ou Lei evangélica, proclamada e realizada por Cristo, é a perfeição e<br />
cumprimento da Lei divina, natural e revelada. Resume-se no mandamento do amor a<br />
Deus e ao próximo, e de nos amarmos como Cristo nos amou; é também uma realidade<br />
interior dada ao homem: a graça do Espírito Santo que torna possível um tal amor. É a<br />
«lei da liberdade» (Tg 1,25), porque nos inclina a agir espontaneamente sob o impulso<br />
da caridade.<br />
«A Lei nova é sobretudo a própria graça do Espírito Santo, dada aos crentes em<br />
Cristo» (S. Tomás de Aquino).<br />
421. Onde se encontra a Lei nova?<br />
1971-1974<br />
1986
A Lei nova encontra-se em toda a vida e pregação de Cristo e na catequese moral dos<br />
Apóstolos: o Sermão do Senhor na Montanha é a sua principal expressão.<br />
422. O que é a justificação?<br />
1987-1995;<br />
2017-2020<br />
GRAÇA E JUSTIFICAÇÃO<br />
A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus. É a acção misericordiosa e<br />
gratuita de Deus, que perdoa os nossos pecados e nos torna justos e santos em todo o<br />
nosso ser. Isto tem lugar por meio da graça do Espírito Santo, que nos foi merecida pela<br />
paixão de Cristo e nos foi dada no Baptismo. A justificação inicia a resposta livre do<br />
homem, ou seja, a fé em Cristo e a colaboração com a graça do Espírito Santo.<br />
423. O que é a graça que justifica?<br />
1996-1998<br />
2005 201<br />
A graça é o dom gratuito que Deus nos dá para nos tornar participantes da sua vida<br />
trinitária e capaz de agir por amor d’Ele. É chamada graça habitual ou santificante ou<br />
deificante, pois nos santifica e diviniza. É sobrenatural, porque depende inteiramente da<br />
iniciativa gratuita de Deus e ultrapassa as capacidades da inteligência e das forças do<br />
homem. Escapa, portanto, à nossa experiência.<br />
424. Que outros tipos de graça existem?<br />
1999-2000<br />
2003-2004<br />
2023-2024<br />
Para além da graça habitual, existem: as graças actuais (dons circunstanciais); as graças<br />
sacramentais (dons próprios de cada sacramento); as graças especiais ou carismas (que<br />
têm como fim o bem comum da Igreja), entre as quais as graças de estado, que<br />
acompanham o exercício dos ministérios eclesiais e das responsabilidades da vida.<br />
425. Qual é a relação entre a graça e a liberdade do homem?<br />
2001-2002<br />
A graça precede, prepara e suscita a resposta livre do homem. Responde às aspirações<br />
profundas da liberdade humana, convida-a à colaboração e leva-a à sua perfeição.<br />
426. O que é o mérito?
2006-2009;<br />
2025-2027<br />
O mérito é o que dá direito à recompensa por uma acção boa. Em relação a Deus, o<br />
homem, de si, não pode merecer nada, tendo recebido gratuitamente tudo d’Ele.<br />
Todavia, Deus dá-lhe a possibilidade de adquirir méritos pela união à caridade de<br />
Cristo, fonte dos nossos méritos diante de Deus. Os méritos das obras boas devem por<br />
isso ser atribuídos antes de mais à graça de Deus e depois à vontade livre do homem.<br />
427. Que bens podemos merecer?<br />
2006-2009<br />
2025-2027<br />
Sob a moção do Espírito Santo, podemos merecer, para nós mesmos e para os outros, as<br />
graças úteis para nos santificarmos e para alcançar a vida eterna, bem como os bens<br />
temporais necessários segundo os desígnios de Deus. Ninguém pode merecer a graça<br />
primeira, que está na origem da conversão e da justificação.<br />
428. Somos todos chamados à santidade cristã?<br />
2012–2016<br />
2028–2029<br />
Todos os fiéis são chamados à santidade. Esta é a plenitude da vida cristã e a perfeição<br />
da caridade, que se obtém mediante a íntima união com Cristo e, n’Ele, com a<br />
Santíssima Trindade. O caminho de santificação do cristão, depois de ter passado pela<br />
cruz, terá o seu acabamento na ressurreição final dos justos, na qual Deus será tudo em<br />
todas as coisas.<br />
A <strong>IGREJA</strong> MÃE E MESTRA<br />
429. Como é que a Igreja alimenta a vida moral do cristão?<br />
2030-2031;<br />
2047<br />
A Igreja é a comunidade onde o cristão acolhe a Palavra de Deus que contém os<br />
ensinamentos da «Lei de Cristo» (Gal 6,2); recebe a graça dos sacramentos; une-se à<br />
oferta eucarística de Cristo de modo que a sua vida moral seja um culto espiritual; e<br />
aprende o exemplo da santidade da Virgem Maria e dos Santos.<br />
430. Porque é que o Magistério da Igreja intervém no campo moral?<br />
2032-2040<br />
2049-2051
Porque é missão do Magistério da Igreja pregar a fé que deve ser acreditada e aplicada<br />
na vida prática. Essa missão estende-se também aos preceitos específicos da lei natural,<br />
porque a sua observância é necessária para a salvação.<br />
431. Qual a finalidade dos preceitos da Igreja?<br />
2041<br />
2048<br />
Os cinco preceitos da Igreja têm por fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável do<br />
espírito de oração, da vida sacramental, do empenho moral e do crescimento do amor de<br />
Deus e do próximo.<br />
432. Quais são os preceitos da Igreja?<br />
2042 – 2043<br />
São: 1) participar na missa do Domingo e Dias Santos de Guarda e abster-se de<br />
trabalhos e actividades que impeçam a santificação desses dias; 2) confessar os pecados<br />
recebendo o sacramento da Reconciliação ao menos uma vez cada ano; 3) comungar ao<br />
menos pela Páscoa da Ressurreição; 4) guardar a abstinência e jejuar nos dias marcados<br />
pela Igreja; 5) contribuir para as necessidades materiais da Igreja, cada um segundo as<br />
próprias possibilidades.<br />
433. Porque é que a vida moral dos cristãos é indispensável para o anúncio do<br />
Evangelho?<br />
2044-2046<br />
Porque, com a sua vida conforme ao Senhor Jesus, os cristãos atraem os homens à fé no<br />
verdadeiro Deus, edificam a Igreja, modelam o mundo com o espírito do Evangelho e<br />
apressam a vinda do Reino de Deus.<br />
Êxodo 20, 2-17<br />
SEGUNDA SECÇÃO<br />
OS DEZ MANDAMENTOS<br />
Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão.<br />
Não terás outros deuses perante Mim. Não farás para ti nenhuma imagem esculpida,<br />
nem figura que existe lá no alto do céu, ou cá em baixo, na terra, ou nas águas debaixo<br />
da terra. Não te prostrarás diante delas nem lhes prestarás culto, porque Eu, o Senhor teu<br />
Deus, sou um Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e quarta<br />
geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima geração<br />
com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem<br />
castigo quem invocar o seu Nome em vão.<br />
Recorda-te do dia do Sábado para o santificar. Durante seis dias trabalharás e farás<br />
todos os trabalhos. Mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus. Não farás nele<br />
nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho ou tua filha, nem o teu servo nem a tua serva,<br />
nem teu gado, nem o estrangeiro que vive em tua cidade. Porque em seis dias o Senhor<br />
fez o Céu e a Terra, o mar e o que eles contêm: mas ao sétimo descansou. Por isso o<br />
Senhor abençoou o dia de Sábado e o consagrou .<br />
Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai<br />
dar.<br />
Não matarás.<br />
Não cometerás adultério.<br />
Não roubarás.<br />
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.<br />
Não cobiçarás a casa do teu próximo.<br />
Não desejarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o<br />
seu jumento, nem nada do que lhe pertença.<br />
Deuteronómio 5, 6-21<br />
Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão.<br />
Não terás outros deuses diante de Mim....<br />
Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus....<br />
Guarda o dia do Sábado para o santificar<br />
Honra teu pai e tua mãe...<br />
Não matarás.<br />
Não cometerás adultério.<br />
Não roubarás.<br />
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.
Não desejarás a mulher do teu próximo; Não cobiçarás… nada que pertença ao teu<br />
próximo.<br />
Fórmula da Catequese<br />
Eu sou o Senhor teu Deus:<br />
Primeiro: Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.<br />
Segundo: Não invocar o santo nome de Deus em vão.<br />
Terceiro: Santificar os Domingos e festas de guarda.<br />
Quarto: Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores).<br />
Quinto: Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao<br />
próximo).<br />
Sexto: Guardar castidade nas palavras e nas obras.<br />
Sétimo: Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo).<br />
Oitavo: Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade<br />
ou difamar o próximo)<br />
Nono: Guardar castidade nos pensamentos e desejos.<br />
Décimo: Não cobiçar as coisas alheias.<br />
Estes dez mandamentos<br />
resumem-se em dois que são:<br />
Amar a Deus sobre todas as coisas<br />
E ao próximo como a nós mesmos.<br />
434. «Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?» (Mt 19,16)<br />
2052-2054;<br />
2075-2076<br />
Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde: «Se queres entrar na vida, observa<br />
os mandamentos», e acrescenta: «Vem e segue-me» (Mt 19,16-21). Seguir Jesus implica<br />
observar os mandamentos. A Lei não é abolida, mas o homem é convidado a encontrá-la<br />
na pessoa do divino Mestre, que em si mesmo a cumpre perfeitamente, lhe revela o<br />
pleno significado e atesta a sua perenidade.<br />
435. Como é que Jesus interpreta a Lei?<br />
2055
Jesus interpreta a Lei, à luz do duplo e único mandamento da caridade, que é a plenitude<br />
da Lei: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com<br />
toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro dos mandamentos. E o segundo é<br />
semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois<br />
mandamentos depende toda a Lei e os Profetas» (Mt 22,37-40).<br />
436. O que significa o «Decálogo»?<br />
2056-2057<br />
Decálogo significa «dez palavras» (Ex 34,28). Estas palavras resumem a Lei, dada por<br />
Deus ao povo de Israel, no contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar<br />
os mandamentos do amor a Deus (os três primeiros) e ao próximo (os outros sete), traça,<br />
para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida liberta da<br />
escravidão do pecado.<br />
437. Qual a relação do Decálogo com a Aliança?<br />
2058-2063<br />
2077<br />
O Decálogo compreende-se à luz da Aliança, na qual Deus se revela, dando a conhecer<br />
a sua vontade. Na observância dos mandamentos, o povo mostra a sua pertença a Deus e<br />
responde com gratidão à sua iniciativa de amor.<br />
438. Que importância dá a Igreja ao Decálogo?<br />
2064-2068<br />
Fiel à Escritura e ao exemplo de Jesus, a Igreja reconhece ao Decálogo uma importância<br />
e um significado basilares. Os cristãos estão obrigados a observá-lo.<br />
439. Porque é que o Decálogo constitui uma unidade orgânica?<br />
2069<br />
2079<br />
O Decálogo constitui um conjunto orgânico e indissociável, porque cada mandamento<br />
remete para os outros e para o todo do Decálogo. Por isso, transgredir um mandamento<br />
é infringir toda a Lei.<br />
440. Porque é que o Decálogo obriga gravemente?<br />
2072 - 2073<br />
2081<br />
Porque enuncia deveres fundamentais do homem para com Deus e para com o próximo.<br />
441. É possível observar o Decálogo?
2074<br />
2082<br />
Sim, porque Cristo, sem o qual nada podemos fazer, nos torna capazes de observá-lo,<br />
com o dom do seu Espírito e da sua graça.<br />
CAPÍTULO PRIMEIRO<br />
« AMARÁS O SENHOR TEU DEUS COM<br />
TODO TEU CORAÇÃO, COM TODA TUA ALMA<br />
E COM TODAS AS TUAS FORÇAS »<br />
O PRIMEIRO MANDAMENTO:<br />
EU SOU O SENHOR TEU DEUS NÃO TERÁS<br />
OUTRO DEUS ALÉM DE MIM<br />
442. Que implica a afirmação: «Eu sou o Senhor teu Deus» (Ex 20,2)?<br />
2083-2094<br />
2133-2134<br />
Implica, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes teologais e evitar os pecados que<br />
se lhes opõem. A fé crê em Deus e rejeita o que lhe é contrário, como, por exemplo, a<br />
dúvida voluntária, a incredulidade, a heresia, a apostasia e o cisma. A esperança é a<br />
expectativa confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua ajuda, evitando o<br />
desespero e a presunção. A caridade ama a Deus sobre todas as coisas: são rejeitadas<br />
portanto a indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acédia ou preguiça espiritual e o ódio a<br />
Deus, que nasce do orgulho.<br />
443. Que implica a Palavra do Senhor: «Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele<br />
prestarás culto» (Mt 4,10)?<br />
2095-2105<br />
2135-2136<br />
Implica adorar a Deus como Senhor de tudo o que existe; prestar-lhe o culto devido<br />
individual e comunitariamente; rezar-lhe com expressões de louvor, de acção de graças,<br />
de intercessão e de súplica; oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício espiritual da<br />
nossa vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo; e manter as promessas e os<br />
votos que Lhe fizermos.<br />
444. Como é que a pessoa realiza o próprio direito de prestar culto a Deus na<br />
verdade e na liberdade?
2104-2109<br />
2137<br />
Todo o homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade, em especial no que<br />
se refere a Deus e à sua Igreja, e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar fielmente,<br />
prestando a Deus um culto autêntico. Ao mesmo tempo, a dignidade da pessoa humana<br />
requer que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria<br />
consciência nem seja impedido de agir em conformidade com ela, dentro dos limites da<br />
ordem pública, privada ou publicamente, de forma individual ou associada.<br />
445. Que proíbe Deus ao ordenar: «Não terás outros deuses perante Mim» (Ex<br />
20,2)?<br />
2110-2128<br />
2138-2140<br />
Este mandamento proíbe:<br />
- o politeísmo e a idolatria, que diviniza uma criatura, o poder, o dinheiro, e até mesmo<br />
o demónio;<br />
- a superstição, que é um desvio do culto devido ao verdadeiro Deus, e que se expressa<br />
nas várias formas de adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;<br />
- a irreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou actos, no sacrilégio, que<br />
profana pessoas ou coisas sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende<br />
comprar ou vender realidades espirituais;<br />
- o ateísmo, que nega a existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa<br />
concepção de autonomia humana;<br />
- o agnosticismo, segundo o qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o<br />
indiferentismo e o ateísmo prático.<br />
446. Ao dizer: «não farás para ti qualquer imagem esculpida» (Ex 20,3) proíbe-se o<br />
culto das imagens?<br />
2129-2132<br />
2141<br />
No Antigo Testamento, este mandamento proíbe representar o Deus absolutamente<br />
transcendente. Porém, a partir da Encarnação do Filho de Deus, o culto cristão das<br />
imagens sagradas é justificado (como afirma o segundo Concílio de Niceia, de 787),<br />
porque se funda no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus transcendente<br />
se torna visível. Não se trata duma adoração da imagem, mas de uma veneração de<br />
quem nela é representado: Cristo, a Virgem, os Anjos e os Santos.
O SEGUNDO MANDAMENTO:<br />
NÃO INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO<br />
447. Como respeitar a santidade do Nome de Deus?<br />
2142-2149<br />
2160-2162<br />
Invocando, bendizendo, louvando e glorificando o santo Nome de Deus. Deve pois ser<br />
evitado o abuso de invocar o Nome de Deus para justificar um crime, e ainda todo o uso<br />
inconveniente do seu Nome, como a blasfémia, que por sua natureza é um pecado<br />
grave, as imprecações e a infidelidade às promessas feitas em Nome de Deus.<br />
448. Porque se proíbe o juramento falso?<br />
2150-2151<br />
2163-2164<br />
Porque, assim, se chama a Deus, que é a própria Verdade, como testemunha da mentira.<br />
«Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, senão com verdade, por necessidade e<br />
com reverência» (S. Inácio de Loiola).<br />
449. O que é o perjúrio?<br />
2152-2155<br />
É fazer, sob juramento, uma promessa com intenção de a não manter ou de violar a<br />
promessa feita sob juramento. É um pecado grave contra Deus, que é sempre fiel às suas<br />
promessas.<br />
O TERCEIRO MANDAMENTO:<br />
SANTIFICAR OS DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA<br />
450. Porque é que Deus «abençoou o dia de Sábado e o declarou sagrado» (Ex<br />
20,11)?<br />
2168-2172<br />
2189
Porque o dia de Sábado recorda o repouso de Deus no sétimo dia da criação e também a<br />
libertação de Israel da escravidão do Egipto e a Aliança que Deus estabeleceu com o<br />
povo.<br />
451. Qual a atitude de Jesus em relação ao Sábado?<br />
2173<br />
Jesus reconhece a santidade do Sábado e, com a sua autoridade divina, dá-lhe a sua<br />
interpretação autêntica: «O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o<br />
Sábado» (Mc 2,27).<br />
452. Porque motivo, para os cristãos, o Sábado é substituído pelo Domingo?<br />
2174-2176<br />
2190-2191<br />
Porque o Domingo é o dia da ressurreição de Cristo. Como «primeiro dia da semana»<br />
(Mc 16,2) ele evoca a primeira criação; como «oitavo dia», que segue o Sábado,<br />
significa a nova criação, inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Tornou-se assim<br />
para os cristãos o primeiro de todos os dias e de todas as festas: o dia do Senhor, no<br />
qual Ele, com a sua Páscoa, leva à realização a verdade espiritual do Sábado judaico e<br />
anuncia o repouso eterno do homem em Deus.<br />
453. Como santificar o Domingo?<br />
2177-2185<br />
2192-2193<br />
Os cristãos santificam o Domingo e as festas de preceito participando na Eucaristia do<br />
Senhor e abstendo-se também das actividades que o impedem de prestar culto a Deus e<br />
perturbam a alegria própria do dia do Senhor ou o devido descanso da mente e do corpo.<br />
São permitidas as actividades ligadas a necessidades familiares ou a serviços de grande<br />
utilidade social, desde que não criem hábitos prejudiciais à santificação do Domingo, à<br />
vida de família e à saúde.<br />
454. Porque é importante reconhecer civilmente o Domingo como dia festivo?<br />
2186-2188<br />
2194-2195<br />
Para que todos possam gozar de repouso suficiente e de tempo livre, que lhes permitam<br />
cuidar da vida religiosa, familiar, cultural e social; para dispor de tempo propício à<br />
meditação, reflexão, silêncio e estudo; e para fazer boas obras, servir os doentes e os<br />
anciãos.<br />
CAPÍTULO SEGUNDO
«AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO»<br />
O QUARTO MANDAMENTO:<br />
HONRAR PAI E MÃE<br />
455. O que nos manda o quarto mandamento?<br />
2196 –2200<br />
2247 – 2248<br />
Manda honrar e respeitar os nossos pais e aqueles que Deus, para o nosso bem, revestiu<br />
com a sua autoridade.<br />
456. Qual é a natureza da família no plano de Deus?<br />
2201-2205<br />
2249<br />
Um homem e uma mulher, unidos em matrimónio, formam com os filhos uma família.<br />
Deus instituiu a família e dotou-a da sua constituição fundamental. O matrimónio e a<br />
família são ordenados ao bem dos esposos e à procriação e educação dos filhos. Entre os<br />
membros da família estabelecem-se relações pessoais e responsabilidades primárias. Em<br />
Cristo, a família torna-se igreja doméstica, porque ela é comunidade de fé, de esperança<br />
e de amor.<br />
457. Que lugar ocupa a família na sociedade?<br />
2207-2208<br />
A família é a célula originária da sociedade humana e precede qualquer reconhecimento<br />
da autoridade pública. Os princípios e os valores familiares constituem o fundamento da<br />
vida social. A vida de família é uma iniciação à vida da sociedade.<br />
458. Quais os deveres da sociedade em relação à família?<br />
2209-2213<br />
2250<br />
A sociedade tem o dever de sustentar e consolidar o matrimónio e a família, no respeito<br />
também do princípio de subsidiariedade. Os poderes públicos devem respeitar, proteger<br />
e favorecer a verdadeira natureza do matrimónio e da família, a moral pública, os<br />
direitos dos pais e a prosperidade doméstica.<br />
459. Quais os deveres dos filhos para com os pais?
2214-2220<br />
2251<br />
Em relação aos pais, os filhos devem respeito (piedade filial), reconhecimento,<br />
docilidade e obediência, contribuindo assim, também com as boas relações entre irmãos<br />
e irmãs, para o crescimento da harmonia e da santidade de toda a vida familiar. Se os<br />
pais se encontrarem em situação de indigência, de doença, de solidão ou de velhice, os<br />
filhos adultos devem-lhes ajuda moral e material.<br />
460. Quais os deveres dos pais para com os filhos?<br />
2252 – 2253<br />
Os pais, participantes da paternidade divina, são os primeiros responsáveis da educação<br />
dos filhos e os primeiros anunciadores da fé. Têm o dever de amar e respeitar os filhos<br />
como pessoas e filhos de Deus e, dentro do possível, de prover às suas necessidades<br />
materiais e espirituais, escolhendo para eles uma escola adequada e ajudando-os com<br />
prudentes conselhos na escolha da profissão e do estado de vida. Em particular, têm a<br />
missão de educá-los na fé cristã.<br />
461. Como é que os pais educam os filhos na fé cristã?<br />
2252-2253<br />
Principalmente com o exemplo, a oração, a catequese familiar e a participação na vida<br />
eclesial.<br />
462. Os laços familiares são um bem absoluto?<br />
2232-2233<br />
Os laços familiares são importantes mas não absolutos, porque a primeira vocação do<br />
cristão é seguir Jesus, amando-o: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é<br />
digno de Mim; quem ama a filha ou o filho mais do que a Mim não é digno de Mim»<br />
(Mt 10,37). Os pais devem, com alegria, ajudar os filhos no seguimento de Jesus, em<br />
todos os estados de vida, mesmo na vida consagrada ou no ministério sacerdotal.<br />
463. Como exercer a autoridade nos diferentes âmbitos da sociedade civil?<br />
2234-2237<br />
2254<br />
A autoridade deve ser exercida, como um serviço, respeitando os direitos fundamentais<br />
da pessoa humana, uma justa hierarquia de valores, as leis, a justiça distributiva, e o<br />
princípio de subsidiariedade. No exercício da autoridade, cada um deve procurar o<br />
interesse da comunidade em vez do próprio e deve inspirar as suas decisões na verdade<br />
acerca de Deus, do homem e do mundo.<br />
464. Quais os deveres dos cidadãos em relação às autoridades civis?
2238-2241<br />
2255<br />
Os que estão submetidos à autoridade vejam os superiores como representantes de Deus<br />
e colaborem lealmente no bom funcionamento da vida pública e social. Isto comporta o<br />
amor e o serviço da pátria, o direito e o dever de votar, o pagamento dos impostos, a<br />
defesa do país e o direito a uma crítica construtiva.<br />
465. Quando é que o cidadão não deve obedecer à autoridade civil?<br />
2242-2243<br />
2256<br />
Em consciência, o cidadão não deve obedecer quando os mandamentos das autoridades<br />
civis se opõem às exigências da ordem moral: «É necessário obedecer mais a Deus do<br />
que aos homens» (Act 5,29).<br />
466. Porque respeitar a vida humana?<br />
2258-2262<br />
2318-2320<br />
O QUINTO MANDAMENTO:<br />
NÃO MATAR<br />
Porque é sagrada. Desde o seu início ela supõe a acção criadora de Deus e mantém-se<br />
para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. A ninguém é lícito<br />
destruir directamente um ser humano inocente, pois é um acto gravemente contrário à<br />
dignidade da pessoa e à santidade do Criador. «Não causarás a morte do inocente e do<br />
justo» (Ex 23, 7).<br />
467. Porque é que a legítima defesa das pessoas e das sociedades não vai contra tal<br />
norma?<br />
2263-2265<br />
Porque com a legítima defesa se exerce a escolha de defender e valorizar o direito à<br />
própria vida e à dos outros, e não a escolha de matar. Para quem tem responsabilidade<br />
pela vida do outro, a legítima defesa pode até ser um dever grave. Todavia ela não deve<br />
comportar um uso da violência maior que o necessário.<br />
468. Para que serve uma pena?<br />
2266
A pena, infligida por uma legítima autoridade pública, tem como objectivo compensar a<br />
desordem introduzida pela culpa, preservar a ordem pública e a segurança das pessoas, e<br />
contribuir para a emenda dos culpados.<br />
469. Que pena se pode aplicar?<br />
2267<br />
A pena infligida deve ser proporcionada à gravidade do delito. Hoje, na sequência das<br />
possibilidades do Estado para reprimir o crime tornando inofensivo o culpado, os casos<br />
de absoluta necessidade da pena de morte «são agora muito raros, se não mesmo<br />
praticamente inexistentes» (Evangelium vitae). Quando forem suficientes os meios<br />
incruentos, a autoridade deve limitar-se ao seu uso, porque correspondem melhor às<br />
condições concretas do bem comum, são mais conformes à dignidade da pessoa humana<br />
e não retiram definitivamente ao culpado a possibilidade de se redimir.<br />
470. Que proíbe o quinto mandamento?<br />
2268-2283<br />
2321-2326<br />
O quinto mandamento proíbe como gravemente contrários à lei moral:<br />
O homicídio directo e voluntário e a cooperação nele;<br />
O aborto directo, querido como fim ou como meio, e também a cooperação nele, crime<br />
que leva consigo a pena de excomunhão, porque o ser humano, desde a sua concepção,<br />
deve ser, em modo absoluto, respeitado e protegido totalmente;<br />
A eutanásia directa, que consiste em pôr fim à vida de pessoas com deficiências,<br />
doentes ou moribundas, mediante um acto ou omissão duma acção devida;<br />
O suicídio e a cooperação voluntária nele, enquanto ofensa grave ao justo amor de<br />
Deus, de si e do próximo: a responsabilidade pode ser ainda agravada por causa do<br />
escândalo ou atenuada por especiais perturbações psíquicas ou temores graves.<br />
471. O que é consentido, medicamente, quando a morte é tida como iminente?<br />
2278-2279<br />
Os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente<br />
interrompidos. São legítimos o uso de analgésicos, que não têm como fim a morte, e<br />
também a renúncia ao «excesso terapêutico», isto é, à utilização de tratamentos médicos<br />
desproporcionados e sem esperança razoável de êxito positivo.<br />
472. Porque é que a sociedade deve proteger o embrião?<br />
2274
O direito inalienável à vida de cada ser humano, desde a sua concepção, é um elemento<br />
constitutivo da sociedade civil e da sua legislação. Quando o Estado não coloca a sua<br />
força ao serviço dos direitos de todos e em particular dos mais fracos, e entre eles dos<br />
concebidos ainda não nascidos, passam a ser minados os próprios fundamentos do<br />
Estado de direito.<br />
473. Como se evita o escândalo?<br />
2284-2287<br />
O escândalo, que consiste em levar alguém a fazer o mal, evita-se respeitando a alma e<br />
o corpo da pessoa. Se alguém induz deliberadamente outro a pecar gravemente, comete<br />
uma culpa grave.<br />
474. Que deveres temos em relação ao corpo?<br />
2288-2291<br />
O dever dum razoável cuidado da saúde física, da nossa e da dos outros, evitando<br />
todavia o culto do corpo e toda a espécie de excessos. Evitar o uso de estupefacientes,<br />
com gravíssimos danos para a saúde e a vida humana e também o abuso dos alimentos,<br />
do álcool, do tabaco e dos remédios.<br />
475. Quando são moralmente legítimas as experiências científicas, médicas ou<br />
psicológicas, sobre pessoas ou grupos humanos?<br />
2292-2295<br />
São moralmente legítimas se estão ao serviço do bem integral da pessoa e da sociedade<br />
e não trazem riscos desproporcionados à vida e à integridade física e psíquica dos<br />
indivíduos, que devem ser oportunamente esclarecidos e dar o seu consentimento.<br />
476. São consentidos a transplantação e doação de órgãos, antes e depois da morte?<br />
2296<br />
A transplantação de órgãos é moralmente aceitável com o consentimento do doador e<br />
sem riscos excessivos para ele. Para o acto nobre da doação de órgãos depois da morte,<br />
deve acertar-se plenamente a morte real do doador.<br />
477. Quais as práticas contra o respeito à integridade corpórea da pessoa humana?<br />
2297-2298<br />
São: os raptos e sequestros de pessoas, o terrorismo, a tortura, as violências, a<br />
esterilização directa. As amputações e as mutilações duma pessoa só são moralmente<br />
consentidas para indispensáveis fins terapêuticos da mesma.<br />
478. Que cuidado ter com os moribundos?
2299<br />
Os moribundos têm direito a viver com dignidade os últimos momentos da sua vida<br />
terrena, sobretudo com a ajuda da oração e dos sacramentos que preparam para o<br />
encontro com o Deus vivo.<br />
479. Como tratar os corpos dos defuntos?<br />
2300 – 2301<br />
Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade. A sua cremação é<br />
permitida, se não puser em causa a fé na ressurreição dos corpos.<br />
480. Que pede o Senhor a cada um em ordem à paz?<br />
2302 – 2303<br />
O Senhor, que proclama «bem-aventurados os obreiros da paz» (Mt 5, 9), pede a paz do<br />
coração e denuncia a imoralidade da ira, que é desejo de vingança pelo mal recebido, e<br />
do ódio, que leva a desejar o mal ao próximo. Estas atitudes, se voluntárias e<br />
consentidas em matéria de grande importância, são pecados graves contra a caridade.<br />
481. O que é a paz no mundo?<br />
2304-2305<br />
A paz no mundo, a qual é exigida para o respeito e desenvolvimento da vida humana,<br />
não é a simples ausência de guerra ou equilíbrio entre as forças em contraste, mas é «a<br />
tranquilidade da ordem» (S. Agostinho), «fruto da justiça» (Is 32, 17) e efeito da<br />
caridade. A paz terrena é imagem e fruto da paz de Cristo.<br />
482. O que exige a paz no mundo?<br />
2304;<br />
2307–2308<br />
Exige a distribuição equitativa e a tutela dos bens das pessoas, a livre comunicação<br />
entre os seres humanos, o respeito da dignidade das pessoas e dos povos, a assídua<br />
prática da justiça e da fraternidade.<br />
483. Quando é moralmente consentido o uso da força militar?<br />
2307-2310<br />
O uso da força militar é moralmente justificado pela presença contemporânea das<br />
seguintes condições: certeza de um dano permanente e grave; ineficácia doutras<br />
alternativas pacíficas; fundadas possibilidades de êxito; ausência de males piores,<br />
considerado o poder actual dos meios de destruição.<br />
484. A quem compete a avaliação rigorosa dessas condições, em caso de guerra?
2309<br />
Compete ao juízo prudente dos governantes, aos quais compete também o direito de<br />
impor aos cidadãos a obrigação da defesa nacional, salvo o direito pessoal à objecção de<br />
consciência, a realizar-se com outra forma de serviço à comunidade humana.<br />
485. O que exige a lei moral, em caso de guerra?<br />
2312-2314<br />
2328<br />
A lei moral permanece sempre válida, mesmo em caso de guerra. Devem tratar-se com<br />
humanidade os não combatentes, os soldados feridos e os prisioneiros. As acções<br />
deliberadamente contrárias ao direito dos povos e as disposições que as impõem são<br />
crimes que a obediência cega não pode desculpar. Devem-se condenar as destruições<br />
em massa, bem como o extermínio de um povo ou duma minoria étnica, que são<br />
pecados gravíssimos e obrigam moralmente a resistir às ordens de quem os ordena.<br />
486. O que se deve fazer para evitar a guerra?<br />
2315-2317<br />
2327-2330<br />
Devemos fazer tudo o que é razoavelmente possível para evitar de qualquer modo a<br />
guerra, devido aos males e injustiças que ela provoca. É necessário, em especial, evitar a<br />
acumulação e comércio de armas não devidamente regulamentadas pelos poderes<br />
legítimos; as injustiças sobretudo económicas e sociais; as discriminações étnicas e<br />
religiosas; a inveja, a desconfiança, o orgulho e o espírito de vingança. Tudo quanto se<br />
fizer para eliminar estas e outras desordens ajudará a construir a paz e a evitar a guerra.<br />
SEXTO MANDAMENTO:<br />
NÃO COMETER O ADULTÉRIO<br />
487. Qual a missão da pessoa humana em relação à própria a identidade sexual?<br />
2331-2336.<br />
2392-2393<br />
Deus criou o ser humano como homem e mulher, com igual dignidade pessoal, e<br />
inscreveu nele a vocação ao amor e à comunhão. Compete a cada um aceitar a sua<br />
identidade sexual, reconhecendo a sua importância para a pessoa toda, bem como o<br />
valor da especificidade e da complementaridade.<br />
488. O que é a castidade?<br />
2337-2338
A castidade é a integração positiva da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se<br />
verdadeiramente humana quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A<br />
castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto do Espírito.<br />
489. O que supõe a virtude da castidade?<br />
2339-2341<br />
Supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana<br />
aberta ao dom de si. Para tal fim, é necessária uma educação integral e permanente,<br />
através de etapas graduais de crescimento.<br />
490. Quais os meios que ajudam a viver a castidade?<br />
2340-2347<br />
São numerosos os meios à disposição: a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a<br />
oração, o conhecimento de si, a prática duma ascese adaptada às situações, o exercício<br />
das virtudes morais, em particular da virtude da temperança, que procura fazer com que<br />
as paixões sejam guiadas pela razão.<br />
491. Como é que todos são chamados a viver a castidade?<br />
2348 – 2350<br />
2394<br />
Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta,<br />
segundo o próprio estado de vida: uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma<br />
eminente de uma mais fácil entrega a Deus com um coração indiviso; os outros, se<br />
casados, vivendo a castidade conjugal; os não casados vivem a castidade na continência.<br />
492. Quais os principais pecados contra a castidade?<br />
2351 – 2359<br />
2396<br />
São pecados gravemente contrários à castidade, cada um segundo a natureza do objecto:<br />
o adultério, a masturbação, a fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro, os<br />
actos homossexuais. Estes pecados são expressão do vício da luxúria. Cometidos contra<br />
os menores, são atentados ainda mais graves contra a sua integridade física e moral.<br />
493. Porque é que o sexto mandamento, que diz «não cometerás adultério», proíbe<br />
todos os pecados contra a castidade?<br />
2336<br />
Embora no texto bíblico se leia «não cometerás adultério» (Ex 20,14), a Tradição da<br />
Igreja segue complexivamente todos os ensinamentos morais do Antigo e Novo<br />
Testamento, e considera o sexto mandamento como englobando todos os pecados contra<br />
a castidade.
494. Qual a missão das autoridades civis em relação à castidade?<br />
2354<br />
As autoridades civis, obrigadas a promover o respeito pela dignidade da pessoa, devem<br />
contribuir para criar um ambiente favorável à castidade, mesmo impedindo, com leis<br />
apropriadas, a difusão de algumas das chamadas graves ofensas à castidade, para<br />
proteger sobretudo os menores e os mais débeis.<br />
495. Quais os bens do amor conjugal a que a sexualidade se ordena?<br />
2360-2361;<br />
2397-2398<br />
Os bens do amor conjugal, que para os baptizados é santificado pelo sacramento do<br />
matrimónio, são: a unidade, a fidelidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade.<br />
496. Qual o significado do acto conjugal?<br />
2362-2367<br />
O acto conjugal tem um duplo significado: unitivo (a mútua doação dos esposos) e<br />
procriador (a abertura à transmissão da vida). Ninguém deve quebrar a conexão<br />
inquebrável que Deus quis entre os dois significados do acto conjugal, excluindo um<br />
deles.<br />
497. Quando é que a regulação dos nascimentos é moral?<br />
2368-2369<br />
2399<br />
A regulação dos nascimentos, que é uma componente da paternidade e maternidade<br />
responsáveis, é objectivamente conforme à moralidade quando é realizada pelos esposos<br />
sem imposições externas, nem por egoísmo, mas com base em motivos sérios e o<br />
recurso a métodos conformes aos critérios objectivos da moralidade, isto é, com a<br />
continência periódica e o recurso aos períodos infecundos.<br />
498. Quais os meios imorais na regulação dos nascimentos?<br />
2370 – 2372<br />
É intrinsecamente imoral toda a acção – como, por exemplo, a esterilização directa ou a<br />
contracepção – que, na previsão do acto conjugal ou na sua realização ou no<br />
desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como objectivo ou<br />
como meio, impedir a procriação.<br />
499. Porque é que a inseminação e a fecundação artificiais são imorais?<br />
2373-2377
São imorais porque dissociam a procriação do acto com que os esposos se entregam<br />
mutuamente, instaurando assim um domínio da técnica sobre a origem e o destino da<br />
pessoa humana. Além disso, a inseminação e a fecundação heteróloga, com o recurso a<br />
técnicas que envolvem uma pessoa estranha ao casal dos esposos, prejudicam o direito<br />
do filho a nascer dum pai e duma mãe conhecidos por ele, ligados entre si pelo<br />
matrimónio e tendo o direito exclusivo a tornarem-se pais, só um através do outro.<br />
500. Como deve ser considerado um filho?<br />
2378<br />
O filho é um dom de Deus, o maior dom do matrimónio. Não existe um direito a ter<br />
filhos («o filho exigido, a todo o custo»). Existe, ao contrário, o direito do filho a ser o<br />
fruto do acto conjugal dos seus progenitores e o direito a ser respeitado como pessoa<br />
desde o momento da sua concepção.<br />
501. Que devem fazer os esposos sem filhos?<br />
2379<br />
No caso em que o dom do filho não lhes tivesse sido concedido, os esposos, esgotados<br />
os recursos médicos legítimos, podem mostrar a sua generosidade, mediante o cuidado<br />
ou a adopção, ou então realizando serviços significativos em favor do próximo. Deste<br />
modo, realizarão uma preciosa fecundidade espiritual.<br />
502. Quais são as ofensas contra a dignidade do matrimónio?<br />
2380-2391<br />
2400<br />
São: o adultério, o divórcio, a poligamia, o incesto, a união de facto (convivência,<br />
concubinato) e o acto sexual antes ou fora do matrimónio.<br />
503. Que diz o sétimo mandamento?<br />
2401-2402<br />
O SÉTIMO MANDAMENTO:<br />
NÃO ROUBAR<br />
Ele enuncia o destino, a distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda<br />
o respeito das pessoas, dos seus bens e da integridade da criação. A Igreja encontra<br />
fundada neste mandamento também a sua doutrina social, que compreende o recto agir<br />
na actividade económica e na vida social e política, o direito e o dever do trabalho<br />
humano, a justiça e a solidariedade entre as nações, o amor aos pobres.
504. Em que condições existe o direito à propriedade privada?<br />
2403<br />
O direito à propriedade privada existe se ela for adquirida ou recebida de modo justo e<br />
desde que seja respeitado o destino universal dos bens para a satisfação das<br />
necessidades fundamentais de todos os homens.<br />
505. Qual é o fim da propriedade privada?<br />
2404-2406<br />
O fim da propriedade privada é a garantia da liberdade e da dignidade de cada uma das<br />
pessoas, ajudando-as a satisfazer as necessidades fundamentais próprias daqueles por<br />
quem se tem a responsabilidade e dos outros que vivem em necessidade.<br />
506. O que prescreve o sétimo mandamento?<br />
2407<br />
2450-2451<br />
O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da<br />
justiça e da caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito<br />
das promessas e dos contractos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a<br />
restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente<br />
e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial<br />
atenção para com as espécies ameaçadas de extinção.<br />
507. Como é que o homem se deve comportar com os animais?<br />
2416-2418<br />
257<br />
O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o<br />
amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para<br />
experimentações científicas efectuadas para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos<br />
inúteis para os próprios animais. ( )<br />
508. Que proíbe o sétimo mandamento?<br />
2408-2413 2453-2455<br />
O sétimo mandamento, antes de mais, proíbe o furto que é a usurpação do bem alheio<br />
contra a razoável vontade do seu proprietário. É o que também sucede no pagamento de<br />
salários injustos; na especulação sobre o valor dos bens para obter vantagens com<br />
prejuízo para os outros; na falsificação de cheques ou facturas. Proíbe, além disso,<br />
cometer fraudes fiscais ou comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou<br />
públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o abuso privado dos bens sociais, os<br />
trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento. ( )
509. Qual é o conteúdo da doutrina social da Igreja?<br />
2419-2423<br />
A doutrina social da Igreja, como desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho<br />
sobre a dignidade da pessoa humana e sobre a sua dimensão social, contém princípios<br />
de reflexão, formula critérios de juízo, oferece normas e orientações para a acção.<br />
510. Quando é que a Igreja intervém em matéria social?<br />
2420; 2458<br />
A Igreja emite um juízo moral em matéria económica e social quando isto é exigido<br />
pelos direitos fundamentais da pessoa, do bem comum ou da salvação das almas.<br />
511. Como se deve exercer a vida social e económica?<br />
2459<br />
Segundo os seus próprios métodos, no âmbito da ordem moral, ao serviço da pessoa<br />
humana na sua integridade e de toda a comunidade humana, no respeito da justiça<br />
social. Ela deve ter o homem como seu autor, centro e fim.<br />
512. O que é que se opõe à doutrina social da Igreja?<br />
2424 – 2425<br />
Opõem-se à doutrina social da Igreja os sistemas económicos e sociais que sacrificam<br />
os direitos fundamentais das pessoas ou que fazem do lucro a sua regra exclusiva ou o<br />
seu fim último. Por isso, a Igreja rejeita as ideologias associadas, nos tempos modernos,<br />
ao «comunismo» ou às formas ateias e totalitárias de «socialismo». Rejeita, além disso,<br />
na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado<br />
sobre o trabalho humano.<br />
513. Qual é o significado do trabalho para o homem?<br />
2426-2428 2460 – 2461<br />
O trabalho é para o homem um dever e um direito, mediante o qual ele colabora com<br />
Deus criador. Com efeito, trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em<br />
acção capacidades inscritas na sua natureza, exalta os dons do Criador e os talentos<br />
recebidos, sustenta-se a si e aos seus familiares, serve a comunidade humana. Além<br />
disso, com a graça de Deus, o trabalho pode ser meio de santificação e de colaboração<br />
com Cristo para a salvação dos outros.<br />
514. A que tipo de trabalho tem direito a pessoa humana?<br />
2429;<br />
2433-2434
A todos deve ser possível obter um trabalho seguro e honesto, sem discriminações<br />
injustas, respeitando a livre iniciativa económica e uma justa retribuição.<br />
515. Qual a responsabilidade do Estado acerca do trabalho?<br />
2431<br />
Compete ao Estado fornecer a segurança das garantias das liberdades individuais e da<br />
propriedade, para além duma moeda estável e de serviços públicos eficientes; competelhe<br />
ainda zelar e orientar o exercício dos direitos humanos no sector económico. A<br />
sociedade deve ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as circunstâncias.<br />
516. Qual a missão dos responsáveis das empresas?<br />
2432<br />
Os responsáveis das empresas têm a responsabilidade económica e ecológica das suas<br />
operações. Estão obrigados a ter em conta o bem das pessoas e não apenas o aumento<br />
dos lucros, embora estes sejam necessários para assegurar os investimentos, o futuro das<br />
empresas, o emprego e o bom andamento da vida económica.<br />
517. Quais os deveres dos trabalhadores?<br />
2435<br />
Devem realizar o seu trabalho, com consciência, competência e dedicação, procurando<br />
resolver, com o diálogo, eventuais controvérsias. O recurso à greve não violenta é<br />
moralmente legítimo quando se apresenta como instrumento necessário, em vista dum<br />
benefício proporcionado e tendo em conta o bem comum.<br />
518. Como realizar a justiça e a solidariedade entre as nações?<br />
2437-2441<br />
No plano internacional, todas as nações e instituições devem actuar na solidariedade e<br />
na subsidiariedade, com vista a eliminar, ou pelo menos reduzir, a miséria, a<br />
desigualdade dos recursos e dos meios económicos, as injustiças económicas e sociais, a<br />
exploração das pessoas, a acumulação da dívida dos países pobres, os mecanismos<br />
perversos que criam obstáculos ao progresso dos países menos desenvolvidos.<br />
519. Como é que os cristãos participam na vida política e social?<br />
2442<br />
Os fiéis leigos intervêm directamente na vida política e social animando, com espírito<br />
cristão, as realidades temporais e colaborando com todos, como autênticas testemunhas<br />
do Evangelho e promotores da paz e da justiça.<br />
520. Em que se inspira o amor aos pobres?
2443 – 2449<br />
2462 – 2463<br />
O amor aos pobres inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças e no exemplo de<br />
Jesus com a sua constante atenção aos pobres. Jesus disse: «Todas as vezes que fizerdes<br />
isto a um só destes irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt 25,40). O amor aos<br />
pobres manifesta-se na acção contra a pobreza material e contra as numerosas formas de<br />
pobreza cultural, moral e religiosa. As obras de misericórdia, espirituais e corporais e as<br />
numerosas instituições de beneficência que surgiram ao longo dos séculos, constituem<br />
um concreto testemunho do amor preferencial pelos pobres que caracteriza os discípulos<br />
de Jesus.<br />
OITAVO MANDAMENTO:<br />
NÃO LEVANTAR FALSOS TESTEMUNHOS<br />
521. Qual o dever do homem em relação à verdade?<br />
2464 – 2470<br />
2504<br />
Toda a pessoa é chamada à sinceridade e à veracidade no agir e no falar. Cada um tem o<br />
dever de procurar a verdade e de aderir a ela, organizando toda a sua vida segundo as<br />
exigências da verdade. Em Jesus Cristo, a verdade de Deus manifestou-se na sua<br />
totalidade: Ele é a Verdade. Seguir Jesus é viver do «Espírito de verdade» (Jo 14,17) e<br />
evitar a duplicidade, a simulação e a hipocrisia.<br />
522. Como dar testemunho da verdade?<br />
2471-2474<br />
2505-2506<br />
O cristão deve testemunhar a verdade evangélica em todos os campos da actividade<br />
pública e privada, mesmo com o sacrifício da própria vida, se necessário. O martírio é o<br />
supremo testemunho dado em favor da verdade da fé.<br />
523. O que proíbe o oitavo mandamento?<br />
2475-2487;<br />
2507-2509<br />
O oitavo mandamento proíbe:<br />
O falso testemunho, o perjúrio e a mentira, cuja gravidade se mede pela natureza da<br />
verdade que ela deforma, das circunstâncias, das intenções do mentiroso e dos danos<br />
causados às vítimas;
O juízo temerário, a maledicência, a difamação, a calúnia, que lesam ou destroem a boa<br />
reputação e a honra a que a pessoa tem direito;<br />
A lisonja, a adulação ou complacência, sobretudo se finalizadas à realização de pecados<br />
graves ou à obtenção de vantagens ilícitas;<br />
Uma culpa contra a verdade exige a reparação, quando se ocasionou dano a outrem.<br />
524. Que requer o oitavo mandamento?<br />
2488-2492<br />
2510-2511<br />
O oitavo mandamento requer o respeito da verdade, acompanhado pela discrição da<br />
caridade: na comunicação e na informação, que devem assegurar o bem pessoal e<br />
comum, a defesa da vida particular e o perigo de escândalo; na reserva dos segredos<br />
profissionais, que se devem sempre manter, salvo em casos excepcionais, por motivos<br />
graves e proporcionados. Exige-se também o respeito pelas confidências feitas sob o<br />
sigilo do segredo.<br />
525. Como usar os meios de comunicação social?<br />
2493-2499<br />
2512<br />
A informação mediática deve estar ao serviço do bem comum, ser sempre verdadeira no<br />
conteúdo e, salva a justiça e a caridade, deve ser também íntegra. Além disso deve<br />
expressar-se em modo honesto e conveniente, respeitando escrupulosamente as leis<br />
morais, os direitos legítimos e a dignidade da pessoa.<br />
526. Qual a relação entre a verdade, a beleza e a arte sacra?<br />
2500-2503<br />
2513<br />
A verdade é bela por si mesma. Ela comporta o esplendor da beleza espiritual. Além da<br />
palavra, existem numerosas formas de expressão da verdade, em especial as obras<br />
artísticas. São o fruto do talento dado por Deus e do esforço do homem. A arte sacra,<br />
para ser verdadeira e bela, deve evocar e glorificar o Mistério de Deus revelado em<br />
Cristo e conduzir à adoração e ao amor de Deus Criador e Salvador, Beleza excelsa de<br />
Verdade e de Amor.<br />
NONO MANDAMENTO:<br />
GUARDAR CASTIDADE NOS PENSAMENTOS E NOS DESEJOS<br />
527. O que exige o nono mandamento?
2514-2516;<br />
2528-2530<br />
O nono mandamento exige vencer a concupiscência carnal nos pensamentos e nos<br />
desejos. A luta contra a concupiscência passa pela purificação do coração e pela prática<br />
da virtude da temperança.<br />
528. Que proíbe o nono mandamento?<br />
2517-2519;<br />
2531-2532<br />
O nono mandamento proíbe cultivar pensamentos e desejos relativos às acções<br />
proibidas pelo sexto mandamento.<br />
529. Como chegar à pureza do coração?<br />
2520<br />
O baptizado, com a graça de Deus, em luta contra os desejos desordenados, chega à<br />
pureza do coração mediante a virtude e o dom da castidade, a pureza de intenção e do<br />
olhar exterior e interior, com a disciplina dos sentidos e da imaginação e pela oração.<br />
530. Quais as outras exigências da pureza?<br />
2521- 2527<br />
2533<br />
A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza<br />
da castidade e orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das<br />
pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e afasta de tudo aquilo que<br />
favorece a curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante<br />
uma luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa concepção<br />
errónea da liberdade humana.<br />
DÉCIMO MANDAMENTO:<br />
NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS<br />
531. Que exige e que proíbe o décimo mandamento?<br />
2534-2540<br />
2551-2554<br />
Este mandamento completa o precedente e exige uma atitude interior de respeito em<br />
relação à propriedade alheia. Proíbe a avidez, a cupidez desregrada dos bens dos outros
e a inveja, que consiste na tristeza que se experimenta perante os bens alheios e o desejo<br />
imoderado de deles se apoderar.<br />
532. Que pede Jesus com a pobreza de coração?<br />
2544-2547<br />
2556<br />
Jesus requer aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos. O desprendimento das<br />
riquezas – segundo o espírito da pobreza evangélica – e o abandono à providência de<br />
Deus, que nos liberta da preocupação pelo amanhã, preparam-nos para a bemaventurança<br />
dos «pobres em espírito, porque deles é já o reino dos céus» (Mt 5, 3).<br />
533. Qual é o maior desejo do homem?<br />
2548 - 2550<br />
2557<br />
O maior desejo do homem é ver a Deus. Este é o grito de todo o seu ser: «Quero ver a<br />
Deus!». De facto, o homem realiza a verdadeira e perfeita felicidade na visão e na bemaventurança<br />
d’Aquele que o criou por amor e o atrai a Si no seu infinito amor.<br />
«Aquele que vê a Deus, obteve todos os bens que se podem imaginar» (S. Gregório de<br />
Nisa)<br />
534. O que é a oração?<br />
2558-2565<br />
2590<br />
QUARTA PARTE<br />
A ORAÇÃO CRISTÃ<br />
PRIMEIRA SECÇÃO<br />
A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ<br />
A oração consiste em elevar a alma a Deus ou em pedir a Deus bens conformes à sua<br />
vontade. Ela é sempre um dom de Deus que vem ao encontro do homem. A oração<br />
cristã é relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o<br />
seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles.
CAPÍTULO PRIMEIRO<br />
A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO<br />
535. Porque é que existe um chamamento universal à oração?<br />
2566-2567<br />
Porque primeiramente Deus, através da criação, chama do nada todos os seres e ainda<br />
porque, mesmo depois da queda, o homem continua a ser capaz de reconhecer o seu<br />
Criador, conservando o desejo d’Aquele que o chamou à existência. Todas as religiões<br />
e, em especial, toda a história da salvação, testemunham este desejo de Deus por parte<br />
do homem, se bem que é sempre Deus que primeiro e incessantemente atrai cada uma<br />
das pessoas para o encontro misterioso da oração.<br />
A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO<br />
536. Como é que Abraão é um modelo de oração?<br />
2570-2573<br />
2592<br />
Abraão é um modelo de oração porque caminha na presença de Deus, O escuta e Lhe<br />
obedece. A sua oração é um combate da fé, porque ele continua a crer na fidelidade de<br />
Deus mesmo nos momentos de provação. Além disso, depois de receber na sua tenda a<br />
visita do Senhor, que lhe confia os seus desígnios, Abraão ousa interceder pelos<br />
pecadores, com audaciosa confiança.<br />
537. Como rezava Moisés?<br />
2574-2577<br />
2593<br />
A oração de Moisés é o tipo da oração contemplativa: Deus, que, da Sarça ardente,<br />
chama Moisés, conversa muitas vezes e longamente com ele «face a face, como um<br />
homem com o seu amigo» (Ex 33,11). Nesta intimidade com Deus, Moisés recebe a<br />
força para interceder tenazmente em favor do povo: a sua oração prefigura assim a<br />
intercessão do único mediador, Cristo Jesus.<br />
538. Quais as relações do templo e do rei com a oração, no Antigo Testamento?
2578-2580;<br />
2594<br />
À sombra da morada de Deus – a Arca da Aliança e mais tarde o templo – cresce a<br />
oração do Povo de Deus, sob a orientação dos seus pastores. Entre eles, David é o rei<br />
«segundo o coração de Deus», o pastor que reza pelo seu povo. A sua oração é um<br />
modelo da oração do povo pois é adesão à promessa divina e confiança cheia de amor<br />
n’Aquele que é o único Rei e Senhor.<br />
539. Qual a importância da oração na missão dos profetas?<br />
2581-2584<br />
Os profetas recebem da oração luz e força para exortar o povo à fé e à conversão do<br />
coração. Entram numa grande intimidade com Deus e intercedem pelos irmãos, aos<br />
quais anunciam tudo o que viram e ouviram da parte do Senhor. Elias é o pai dos<br />
profetas, isto é, dos que procuram o Rosto de Deus. No Monte Carmelo, obtém o<br />
regresso do povo à fé, graças à intervenção de Deus, a quem suplica: «Responde-me<br />
Senhor, responde-me!» (1 Re 18,37).<br />
540. Qual é a importância da oração dos salmos?<br />
2579;<br />
2585-2589<br />
2596-2597<br />
Os Salmos são o vértice da oração no Antigo Testamento: a Palavra de Deus torna-se<br />
oração do homem. Inseparavelmente pessoal e comunitária, esta oração, inspirada pelo<br />
Espírito Santo, canta as maravilhas de Deus na criação e na história da salvação. Cristo<br />
rezou os Salmos, e deu-lhes pleno cumprimento. E é por isso que eles permanecem um<br />
elemento essencial e permanente da oração da Igreja, adaptados aos homens de todas as<br />
condições e de todos os tempos.<br />
541. Quem ensinou Jesus a rezar?<br />
2599<br />
2620<br />
A ORAÇÃO PLENAMENTE REVELADA<br />
E REALIZADA EM JESUS<br />
Jesus, segundo o seu coração de homem, foi ensinado a rezar por sua Mãe e pela<br />
tradição judaica. Mas a sua oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno<br />
de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a seu Pai a oração filial perfeita.<br />
542. Quando Jesus rezava?
2600-2604<br />
2620<br />
O Evangelho apresenta muitas vezes Jesus em oração. Ele retira-se para a solidão,<br />
mesmo de noite. Jesus reza antes dos momentos decisivos da sua missão ou da missão<br />
dos Apóstolos. De facto, toda a sua vida é oração, porque Ele existe numa comunhão<br />
constante de amor com o Pai.<br />
543. Como rezou Jesus na sua paixão?<br />
2605-2606<br />
2620<br />
A oração de Jesus durante a agonia no Jardim de Getsemani e nas últimas palavras<br />
sobre a cruz revelam a profundidade da sua oração filial: Jesus conduz à sua realização<br />
o desígnio de amor do Pai e toma sobre si todas as angústias da humanidade, todas as<br />
interrogações e intercessões da história da salvação. Ele apresenta-as ao Pai que as<br />
acolhe e escuta, para lá de toda a esperança, ressuscitando-O dos mortos.<br />
544. Como Jesus nos ensina a rezar?<br />
2608 – 2614<br />
2621<br />
Jesus ensina-nos a rezar, não só com a oração do Pai nosso, mas também com a sua<br />
própria oração. Assim, para além do conteúdo, ensina-nos as disposições requeridas<br />
para uma verdadeira oração: a pureza do coração que procura o Reino e perdoa aos<br />
inimigos; a confiança audaz e filial que se estende para além do que sentimos e<br />
compreendemos; a vigilância que protege o discípulo da tentação; a oração no Nome de<br />
Jesus, nosso Mediador junto do Pai.<br />
545. Porque é eficaz a nossa oração?<br />
2615-2616<br />
A nossa oração é eficaz porque está unida à de Jesus mediante a fé. N’Ele, a oração<br />
cristã torna-se comunhão de amor com o Pai. Podemos, neste caso, apresentar os nossos<br />
pedidos a Deus e ser atendidos: «Pedi e recebereis, assim a vossa alegria será completa»<br />
(Jo 16,24).<br />
546. Como é que a Virgem Maria rezava?<br />
2617; 2622;<br />
2618;2674;<br />
2679<br />
A oração de Maria caracteriza-se pela fé e pela oferta generosa de todo o seu ser a Deus.<br />
A Mãe de Jesus é a Nova Eva, a «Mãe dos viventes»: ela pede a Jesus, seu Filho, pelas<br />
necessidades de todos os homens.
547. Existe no Evangelho uma oração de Maria?<br />
2619<br />
Para além da intercessão de Maria em Caná da Galileia, o Evangelho apresenta-nos o<br />
Magnificat (Lc 1,46-55), cântico da Mãe de Deus e da Igreja, jubilosa acção de graças<br />
que se eleva do coração dos pobres porque a sua esperança foi realizada pelo<br />
cumprimento das promessas divinas.<br />
A ORAÇÃO NO TEMPO DA <strong>IGREJA</strong><br />
548. Como rezava a primeira comunidade cristã de Jerusalém?<br />
2623 - 2624<br />
No início dos Actos dos Apóstolos está escrito que na primeira comunidade de<br />
Jerusalém, educada pelo Espírito Santo na vida de oração, os crentes «eram assíduos ao<br />
ensino dos Apóstolos, fiéis à união fraterna, à fracção do pão e às orações» (Act 2, 42).<br />
549. Como intervém o Espírito Santo na oração da Igreja?<br />
2623; 2625<br />
O Espírito Santo, Mestre interior da oração cristã, forma a Igreja para a vida de oração e<br />
a faz entrar cada vez mais profundamente na contemplação e na união com o insondável<br />
mistério de Cristo. As formas de oração, tais como as revelam os Escritos apostólicos e<br />
canónicos, permanecerão sempre normativas para a oração cristã.<br />
550. Quais são as formas essenciais da oração cristã?<br />
2643 – 2644<br />
São a bênção e a adoração, a oração de petição e a intercessão, a acção de graças e o<br />
louvor. A Eucaristia contém e exprime todas as formas de oração.<br />
551. O que é a bênção?<br />
2626-2627;<br />
2645<br />
A bênção é a resposta do homem aos dons de Deus: nós bendizemos o Omnipotente que<br />
primeiramente nos abençoa e enche dos seus dons.<br />
552. Como se pode definir a adoração?<br />
2628
A adoração é a prostração do homem que se reconhece criatura diante do seu Criador<br />
três vezes santo.<br />
553. Quais são as diversas formas da oração de petição?<br />
2629- 2633<br />
2646<br />
Pode ser um pedido de perdão ou mesmo uma súplica humilde e confiante em relação a<br />
todas as nossas necessidades espirituais ou materiais. Mas a primeira realidade a desejar<br />
é a vinda do Reino.<br />
554. Em que consiste a intercessão?<br />
2634 – 2636<br />
2647<br />
A intercessão consiste no pedir em favor doutro. Ela conforma-nos e une-nos à oração<br />
de Jesus que intercede junto do Pai por todos os homens, em especial pelos pecadores.<br />
A intercessão deve estender-se também aos inimigos.<br />
555. Quando se dá a Deus acção de graças?<br />
A Igreja dá graças a Deus incessantemente, sobretudo ao celebrar a Eucaristia, na qual<br />
Cristo a faz participar na sua acção de graças ao Pai. Todos os acontecimentos se<br />
convertem para o cristão em motivo de acção de graças. ( 2637-2638; 2648 )<br />
556. O que é a oração de louvor?<br />
2639 – 2643<br />
2649<br />
O louvor é a forma de oração que mais imediatamente reconhece que Deus é Deus. É<br />
completamente desinteressada: canta Deus por Ele ser quem é e glorifica-O porque Ele<br />
é.<br />
CAPÍTULO SEGUNDO<br />
A TRADIÇÃO DA ORAÇÃO<br />
557. Qual a importância da Tradição em relação à oração?<br />
2650-2651
Na Igreja, é através duma Tradição viva que o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a<br />
orar. A oração não se reduz, com efeito, ao brotar espontâneo dum impulso interior, mas<br />
implica contemplação, estudo e compreensão das realidades espirituais que se<br />
experimentam.<br />
558. Quais as fontes da oração cristã?<br />
2652 – 2662<br />
NAS FONTES DA ORAÇÃO<br />
São: a Palavra de Deus, que nos dá a «sublime ciência de Cristo» (Filp 3,8); a Liturgia<br />
da Igreja que anuncia, actualiza e comunica o mistério da salvação; as virtudes<br />
teologais; as situações quotidianas, porque nelas podemos encontrar Deus.<br />
«Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de Vos amar eternamente. Meu<br />
Deus, se a minha língua não pode repetir, a todo o momento, que Vos amo, quero que o<br />
meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro» (S. João Maria Vianney).<br />
O CAMINHO DA ORAÇÃO<br />
559. Na Igreja existem diferentes caminhos de oração?<br />
2663<br />
Na Igreja existem diferentes caminhos de oração, segundo os diferentes contextos<br />
históricos, sociais e culturais. Pertence ao Magistério discernir a sua fidelidade à<br />
tradição da fé apostólica e aos pastores e catequistas o explicar-lhe o sentido, que é<br />
sempre referido a Jesus Cristo.<br />
560. Qual é o caminho da nossa oração?<br />
2664;<br />
2680 – 2681<br />
O caminho da nossa oração é Cristo, porque ela se dirige a Deus nosso Pai, mas aquela<br />
só chega até Ele, se, ao menos implicitamente, rezamos no Nome de Jesus. A sua<br />
humanidade é, pois, o único caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a rezar a<br />
Deus nosso Pai. Por isso as orações litúrgicas concluem-se com a fórmula: «Por nosso<br />
Senhor Jesus Cristo».
561. Qual o papel do Espírito Santo na oração?<br />
2670-2672<br />
2680 – 2681<br />
Uma vez que o Espírito Santo é o Mestre interior da oração cristã e «nós não sabemos o<br />
que devemos pedir» (Rm 8,26), a Igreja exorta-nos a invocá-lo e a implorá-lo em todas<br />
as ocasiões: «Vinde, Espírito Santo!».<br />
562. Em que é que a oração cristã é mariana?<br />
2673-2679<br />
2682<br />
Em virtude da sua singular cooperação com a acção do Espírito Santo, a Igreja gosta de<br />
orar a Maria e de orar com Maria, a Orante perfeita, para com Ela engrandecer e invocar<br />
o Senhor. De facto, Maria, «mostra-nos o caminho» que é o Seu Filho, o único<br />
Mediador.<br />
563. Como é que a Igreja reza a Maria?<br />
2676-2678<br />
2682<br />
Antes de mais com a Ave Maria, oração mediante a qual a Igreja pede a intercessão da<br />
Virgem. Outras orações marianas são o Rosário o hino Acatistos, a Paraclisis, os hinos<br />
e os cânticos das diversas tradições cristãs.<br />
GUIAS PARA A ORAÇÃO<br />
564. Como é que os Santos são guias de oração?<br />
2683 - 2684<br />
2692 - 2693<br />
Os santos são modelos de oração e a eles pedimos para, junto da Santíssima Trindade,<br />
intercederem por nós e pelo mundo inteiro. A sua intercessão é o mais alto serviço que<br />
prestam ao desígnio de Deus. Na comunhão dos santos, desenvolveram-se, ao longo da<br />
história da Igreja, diversos tipos de espiritualidade, que ensinam a viver e a pôr em<br />
prática a oração.<br />
565. Quem pode educar na oração?<br />
2685-2690<br />
2694-2695
A família cristã é o primeiro lugar da educação na oração. A oração familiar quotidiana<br />
é especialmente recomendada porque é o primeiro testemunho da vida de oração da<br />
Igreja. A catequese, os grupos de oração, a «direcção espiritual» constituem uma ajuda e<br />
uma escola de oração.<br />
566. Quais os lugares favoráveis à oração?<br />
2691; 2696<br />
Em toda a parte se pode rezar, mas a escolha de um lugar apropriado não é indiferente<br />
para a oração. A igreja é o lugar próprio da oração litúrgica e da adoração eucarística.<br />
Também outros lugares ajudam a rezar, como um «recanto de oração» em casa; um<br />
mosteiro; um santuário.<br />
CAPÍTULO TERCEIRO<br />
A VIDA DE ORAÇÃO<br />
567. Quais os momentos mais indicados para a oração?<br />
2697-2698<br />
2720<br />
Todos os momentos são indicados para a oração, mas a Igreja propõe aos fiéis ritmos<br />
destinados a alimentar a oração contínua: orações da manhã e da noite, antes e depois<br />
das refeições, liturgia das Horas; Eucaristia dominical; Santo Rosário; festas do ano<br />
litúrgico.<br />
«Devemos lembrar-nos de Deus, com mais frequência do que respiramos» (S. Gregório<br />
de Nazianzo).<br />
568. Quais as expressões da vida de oração?<br />
2697 – 2699<br />
A tradição cristã conservou três modos para expressar e viver a oração: a oração vocal, a<br />
meditação e a oração contemplativa. Têm em comum o recolhimento do coração.<br />
AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO
569. Como se caracteriza a oração vocal?<br />
2700-2704<br />
2722<br />
A oração vocal associa o corpo à oração interior do coração. Mesmo a mais interior das<br />
orações não poderia prescindir da oração vocal. Em todo o caso, ela deve brotar duma fé<br />
pessoal. Com o Pai Nosso, Jesus ensinou-nos uma fórmula perfeita de oração vocal.<br />
570. O que é a meditação?<br />
2705-2708<br />
2723<br />
A meditação é uma reflexão orante, que parte sobretudo da Palavra de Deus na Bíblia.<br />
Mobiliza a inteligência, a imaginação, a emoção, o desejo, para aprofundar a nossa fé,<br />
suscitar a conversão do nosso coração e fortalecer a nossa vontade de seguir a Cristo. É<br />
uma etapa preliminar em direcção à união de amor com o Senhor.<br />
571. O que é a oração contemplativa?<br />
2709-2719;<br />
2724;<br />
2739-2741<br />
A oração contemplativa é um simples olhar sobre Deus no silêncio e no amor. É um<br />
dom de Deus, um momento de fé pura durante o qual o orante procura Cristo, se entrega<br />
à vontade amorosa do Pai e concentra o seu ser sob a acção do Espírito. Santa Teresa de<br />
Ávila define-a como uma íntima relação de amizade, «em que muitas vezes dialogamos<br />
a sós com Deus, por Quem sabemos ser amados».<br />
O COMBATE DA ORAÇÃO<br />
572. Porque é que a oração é um combate?<br />
2725<br />
A oração é um dom da graça, mas pressupõe sempre uma resposta decidida da nossa<br />
parte, porque o que reza combate contra si mesmo, contra o ambiente e sobretudo contra<br />
o Tentador, que faz tudo para retirá-lo da oração. O combate da oração é inseparável do<br />
progresso da vida espiritual. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza.<br />
573. Quais as objecções à oração?
2726-2728<br />
2752-2753<br />
Para lá das formas erróneas de conceber a oração, muitos pensam que não têm tempo<br />
para rezar ou então que seja inútil. Os que rezam podem desanimar perante as<br />
dificuldades e os insucessos aparentes. Para vencer estes obstáculos são necessárias a<br />
humildade, a confiança e a perseverança.<br />
574. Quais as dificuldades da oração?<br />
2729-2733;<br />
2754-2755<br />
A distracção é a dificuldade habitual da nossa oração. Ela afasta da atenção a Deus e<br />
pode também revelar aquilo a que estamos apegados. O nosso coração deve então<br />
regressar humildemente ao Senhor. A oração é muitas vezes insidiada pela aridez, cuja<br />
superação, na fé, permite aderir ao Senhor, mesmo sem uma consolação sensível. A<br />
acédia é uma forma de preguiça espiritual devida ao relaxamento da vigilância e à<br />
negligência na guarda do coração.<br />
575. Como fortalecer a nossa confiança filial?<br />
2734-2741<br />
2756<br />
A confiança filial é posta à prova quando pensamos que não somos atendidos. Devemos<br />
interrogar-nos, então, se Deus é para nós um Pai do qual procuramos cumprir a vontade,<br />
ou não será antes um simples meio para obter o que queremos. Se a nossa oração se une<br />
à de Jesus, sabemos que Ele nos concede muito mais do que este ou aquele dom:<br />
recebemos o Espírito Santo que transforma o nosso coração.<br />
576. É possível rezar a todo o momento?<br />
2742-2745 2757<br />
Orar é sempre possível porque o tempo do cristão é o tempo de Cristo ressuscitado, o<br />
qual «permanece connosco todos os dias» (Mt 28,20). Oração e vida cristã são por isso<br />
inseparáveis.<br />
«É possível, mesmo no mercado ou durante um passeio sozinho, fazer oração frequente<br />
e fervorosa. É possível mesmo sentados na vossa loja, a tratar de compras e vendas, ou<br />
até mesmo a cozinhar»(S. João Crisóstomo).<br />
577. O que é a oração da Hora de Jesus?
2604;<br />
2746-275;<br />
2758<br />
É a chamada oração sacerdotal de Jesus na Última Ceia. Jesus, o Sumo Sacerdote da<br />
Nova Aliança, dirige-a ao Pai quando chega a Hora da sua «passagem» para Ele, a Hora<br />
do seu sacrifício.<br />
Pai Nosso<br />
Pai Nosso que estais nos Céus,<br />
santificado seja o vosso Nome,<br />
venha a nós o vosso Reino,<br />
seja feita a vossa vontade<br />
assim na terra como no Céu.<br />
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,<br />
perdoai-nos as nossas ofensas<br />
assim como nós perdoamos<br />
a quem nos tem ofendido,<br />
e não nos deixeis cair em tentação,<br />
mas livrai-nos do Mal.<br />
Pater Noster<br />
Pater noster, qui es in cælis:<br />
sanctificétur Nomen Tuum:<br />
advéniat Regnum Tuum:<br />
fiat volúntas Tua,<br />
sicut in cælo, et in terra.<br />
Panem nostrum<br />
cotidiánum da nobis hódie,<br />
et dimítte nobis débita nostra,<br />
sicut et nos<br />
dimíttimus debitóribus nostris.<br />
et ne nos indúcas in tentatiónem;<br />
sed líbera nos a Malo.<br />
SEGUNDA SECÇÃO<br />
A ORAÇÃO DO SENHOR:<br />
PAI NOSSO<br />
578. Qual é a origem da oração do Pai Nosso?<br />
2759-2760 2773
Jesus ensinou-nos esta oração cristã insubstituível, o Pai Nosso, um dia quando um dos<br />
discípulos, vendo-O rezar, lhe pediu: «Ensina-nos a rezar» (Lc 11, 1). A tradição<br />
litúrgica da Igreja usou sempre o texto de S. Mateus (6, 9-13).<br />
«A SÍNTESE DE TODO O EVANGELHO»<br />
579. Qual é o lugar do Pai Nosso nas Escrituras?<br />
2761-2764<br />
2774<br />
O Pai Nosso é a «síntese de todo o Evangelho» (Tertuliano), «a oração perfeitíssima»<br />
(S. Tomás de Aquino). Situado no centro do Discurso da Montanha (Mt 5-7), retoma,<br />
sob a forma de oração, o conteúdo essencial do Evangelho.<br />
580. Porque se chama «a oração do Senhor»?<br />
2765-2766<br />
2775<br />
O Pai Nosso é a «Oração dominical», ou seja «a oração do Senhor», porque nos foi<br />
ensinado pelo próprio Senhor Jesus.<br />
581. Que lugar ocupa o Pai Nosso na oração da Igreja?<br />
2767-2772<br />
2776<br />
O Pai Nosso é a oração da Igreja por excelência e é «entregue» no Baptismo para<br />
manifestar o novo nascimento para a vida divina dos filhos de Deus. A Eucaristia<br />
mostra-lhe o sentido pleno, visto que as suas petições, fundadas no mistério da salvação<br />
já realizada, e que serão plenamente atendidas na vinda do Senhor. O Pai Nosso é<br />
também parte integrante da liturgia das Horas.<br />
«PAI NOSSO, QUE ESTAIS NOS CÉUS»<br />
582. Porque podemos «ousar aproximar-nos com toda a confiança» do Pai?<br />
2777-2778<br />
2797
Porque Jesus, nosso Redentor, nos apresenta diante do Rosto do Pai, e o seu Espírito faz<br />
de nós filhos. Podemos assim rezar o Pai Nosso com uma confiança simples e filial,<br />
com uma alegre segurança e uma audácia humilde, com a certeza de ser amados e<br />
atendidos.<br />
583. Como é possível invocar a Deus como «Pai»?<br />
2779-2785;<br />
2789;<br />
2798-2800<br />
Podemos invocar o «Pai», porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e<br />
porque o seu Espírito no-Lo faz conhecer. A invocação do Pai introduz-nos no seu<br />
mistério com uma admiração sempre nova e suscita em nós o desejo dum<br />
comportamento filial. Ao rezar a oração do Senhor estamos conscientes de sermos<br />
filhos no Filho do eterno Pai.<br />
584. Porque dizemos «Pai Nosso»?<br />
2786-2790<br />
2801<br />
«Nosso» exprime uma relação totalmente nova com Deus. Sempre que rezamos ao Pai,<br />
adoramo-Lo e glorificamo-Lo com o Filho e o Espírito. Em Cristo, somos o «seu» Povo<br />
e Ele é o «nosso» Deus, desde agora e para a eternidade. Dizemos, com efeito, Pai<br />
«nosso», porque a Igreja de Cristo é a comunhão duma multidão de irmãos que têm<br />
«um só coração e uma só alma» (Act 4,32).<br />
585. Com que espírito de comunhão e missão dizemos ao rezar a Deus Pai «nosso»?<br />
2791-2793<br />
2801<br />
Dado que rezar o Pai «nosso» é um bem comum de todos os baptizados, estes sentem o<br />
apelo urgente a participar na oração de Jesus pela unidade dos seus discípulos. Rezar o<br />
«Pai Nosso» é rezar com e por todos os homens, para que conheçam o único e<br />
verdadeiro Deus e sejam reunidos na unidade.<br />
586. Que significa a expressão «que estais nos céus»?<br />
2794-2796<br />
2802<br />
Esta expressão bíblica não indica um lugar mas uma maneira de ser: Deus está para lá e<br />
acima de tudo. Designa a majestade, a santidade de Deus, e também a sua presença no<br />
coração dos justos. O céu, ou a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para a qual<br />
tendemos na esperança, enquanto estamos ainda na terra. Nós vivemos já nela<br />
«escondidos com Cristo em Deus» (Col 3, 3).
AS SETE PETIÇÕES<br />
587. Como é composta a oração do Senhor?<br />
2803-2806;<br />
2857<br />
A oração do Senhor contém sete petições a Deus Pai. As primeiras três, mais teologais,<br />
aproximam-nos d’Ele, para a sua glória: pois é próprio do amor pensar antes de mais<br />
n’Aquele que amamos. Elas sugerem o que em especial devemos pedir-Lhe: a<br />
santificação do seu Nome, a vinda do seu Reino, a realização da sua Vontade. As<br />
últimas quatro apresentam ao Pai de misericórdia as nossas misérias e as nossas<br />
expectativas. Pedimos que nos alimente, nos perdoe, nos defenda nas tentações e nos<br />
livre do Maligno.<br />
588. O que quer dizer «santificado seja o Vosso nome»?<br />
2807-2812<br />
2858<br />
Santificar o Nome de Deus é, antes de mais, um louvor que reconhece Deus como<br />
Santo. De facto, Deus revelou o seu santo Nome a Moisés e quis que o seu povo lhe<br />
fosse consagrado como uma nação santa na qual Ele habita.<br />
589. Como é santificado o Nome de Deus em nós e no mundo?<br />
2813-2815<br />
Santificar o Nome de Deus que nos chama «à santificação» (1 Tes 4,7) é desejar que a<br />
consagração baptismal vivifique toda a nossa vida. É pedir, além disso, com a nossa<br />
vida e a nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os<br />
homens.<br />
590. Que pede a Igreja rezando: «Venha a nós o vosso Reino»?<br />
2816-2821<br />
2859<br />
A Igreja pede a vinda final do Reino de Deus mediante o regresso de Cristo na glória.<br />
Mas a Igreja reza, também, para que o Reino de Deus cresça, já hoje, graças à<br />
santificação dos homens no Espírito e graças ao seu empenho ao serviço da justiça e da<br />
paz, segundo as Bem-aventuranças. Este pedido é o grito do Espírito e da Esposa: «Vem<br />
Senhor Jesus» (Ap 22,20).<br />
591. Porque pedir: «Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu»?<br />
2822-2827<br />
2860
A vontade do Pai é que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2,3). Para isso é que<br />
Jesus veio: para realizar perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus<br />
Pai que una a nossa vontade à do seu Filho, a exemplo de Maria Santíssima e dos<br />
Santos. Pedimos que o seu desígnio de benevolência se realize plenamente na terra<br />
como no céu. É mediante a oração que podemos «discernir a vontade de Deus» (Rm<br />
12,2) e obter a «perseverança para a cumprir» (Heb 10, 36).<br />
592. Que significa o pedido: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje»?<br />
2828-2834<br />
2861<br />
Ao pedir a Deus, com o confiante abandono dos filhos, o alimento quotidiano<br />
necessário a todos para a subsistência, reconhecemos o quanto Deus nosso Pai é bom e<br />
está acima de toda a bondade. Pedimos também a graça de saber agir de modo que a<br />
justiça e a partilha façam com que a abundância de uns possa prover às necessidades<br />
dos outros.<br />
593. Qual é o específico sentido cristão deste pedido?<br />
2835-2837<br />
2861<br />
Porque «o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus»<br />
(Mt 4,4), este pedido refere-se igualmente à fome da Palavra de Deus e à do Corpo de<br />
Cristo recebido na Eucaristia, bem como à fome do Espírito Santo. Pedimo-Lo, com<br />
uma confiança absoluta, para hoje, o hoje de Deus, o qual nos é dado sobretudo na<br />
Eucaristia que antecipa o banquete do reino que há-de vir.<br />
594. Porque dizer: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a<br />
quem nos tem ofendido»?<br />
2838-2839<br />
2862<br />
Ao pedir a Deus Pai para nos perdoar, reconhecemo-nos pecadores diante d’Ele. E, ao<br />
mesmo tempo, confessamos a sua misericórdia, porque, no seu Filho e através dos<br />
sacramentos, «recebemos a redenção, o perdão dos pecados» (Col 1,14). Porém, o nosso<br />
pedido só será atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam.<br />
595. Como é que é possível o perdão?<br />
2840-2845<br />
2862<br />
A misericórdia penetra no nosso coração só se também nós soubermos perdoar, até aos<br />
nossos inimigos. Ora, mesmo que ao homem pareça impossível satisfazer esta<br />
exigência, o coração que se oferece ao Espírito Santo pode, como Cristo, amar até ao<br />
extremo do amor, mudar a ferida em compaixão, transformar a ofensa em intercessão. O<br />
perdão participa da misericórdia divina e é um vértice da oração cristã.
596. O que significa: «Não nos deixeis cair em tentação»?<br />
2846-2849<br />
2863<br />
Pedimos a Deus Pai que não nos deixe sozinhos e à mercê da tentação. Pedimos ao<br />
Espírito para sabermos discernir entre a provação que ajuda a crescer no bem e a<br />
tentação que conduz ao pecado e à morte, e, ainda, entre ser tentados e consentir na<br />
tentação. Esta petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua oração, venceu a<br />
tentação e solicita a graça da vigilância e da perseverança final.<br />
597. Porque concluímos pedindo: «Mas livra-nos do Mal»?<br />
2850-2854<br />
2864<br />
O Mal indica a pessoa de Satanás que se opõe a Deus e que é «o sedutor de toda a terra»<br />
(Ap 12, 9). A vitória sobre o diabo já foi alcançada por Cristo. Mas nós pedimos para<br />
que a família humana seja libertada de Satanás e das suas obras. Pedimos também o<br />
dom precioso da paz e a graça da esperança perseverante da vinda de Cristo, que nos<br />
libertará definitivamente do Maligno.<br />
598. O que significa o Ámen final?<br />
2855 - 2856<br />
2865<br />
«Depois, acabada a oração, tu dizes: Ámen, corroborando com o Ámen, que significa<br />
“Assim seja, que isso se faça”, tudo o que está contido na «oração que Deus nos<br />
ensinou»(S. Cirilo de Jerusalém).<br />
Sinal da Cruz<br />
Em nome do Pai e do Filho<br />
e do Espírito Santo. Ámen.<br />
Glória ao Pai<br />
Glória ao Pai e ao Filho<br />
e ao Espírito Santo.<br />
APÊNDICE<br />
A) ORAÇÕES COMUNS<br />
B) FÓRMULAS DE DOUTRINA <strong>CATÓLICA</strong><br />
A) ORAÇÕES COMUNS
Como era, no princípio,<br />
agora e sempre.<br />
Ámen.<br />
Avé Maria<br />
Avé Maria, cheia de graça,<br />
o Senhor é convosco,<br />
bendita sois vós entre as mulheres<br />
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.<br />
Santa Maria, Mãe de Deus,<br />
rogai por nós pecadores,<br />
agora e na hora da nossa morte. Ámen<br />
Ao Anjo da Guarda<br />
Santo Anjo do Senhor,<br />
meu zeloso guardador,<br />
pois que a ti me confiou a Piedade divina,<br />
hoje e sempre<br />
me governa, rege, guarda e ilumina.<br />
Ámen.<br />
Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso<br />
Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso<br />
Entre os esplendores da luz perpétua.<br />
Descansem em paz. Ámen.<br />
Angelus (A Trindades)<br />
V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria<br />
R. E Ela concebeu pelo Espírito Santo<br />
Avé Maria...<br />
V. Eis a escrava do Senhor.<br />
R. Faça-se em mim,<br />
segundo a Vossa palavra.<br />
Avé Maria....<br />
V. E o Verbo Divino encarnou.<br />
R. E habitou entre nós.<br />
Avé Maria.......<br />
V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.<br />
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo
Oremos:<br />
Infundi, Senhor, a vossa graça, em nossas almas,<br />
para que nós, que, pela anunciação do Anjo,<br />
conhecemos a encarnação de Cristo,<br />
vosso Filho,<br />
pela sua paixão e morte na cruz,<br />
sejamos conduzidos à glória da Ressurreição.<br />
Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Ámen.<br />
Rainha do Céu<br />
(no Tempo Pascal)<br />
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!<br />
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!<br />
Ressuscitou como disse. Aleluia!<br />
Rogai por nós a Deus. Aleluia!<br />
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!<br />
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!<br />
Oremos.<br />
Ó Deus, que enchestes o mundo de alegria<br />
com a ressurreição do Vosso Filho, nosso<br />
Senhor Jesus Cristo,<br />
concedei, nós vo-lo pedimos,<br />
que pela intercessão da Virgem Maria,<br />
Sua Mãe,<br />
alcancemos as alegrias da vida eterna.<br />
Por Cristo, Senhor nosso.<br />
Salvé Rainha<br />
Salvé, Rainha,<br />
mãe de misericórdia,<br />
vida, doçura, esperança nossa, salve!<br />
A Vós bradamos,<br />
os degredados filhos de Eva.<br />
A Vós suspiramos, gemendo e chorando<br />
neste vale de lágrimas.<br />
Eia, pois, advogada nossa,<br />
esses Vossos olhos misericordiosos<br />
a nós volvei.<br />
E, depois deste desterro,<br />
nos mostrai Jesus, bendito fruto<br />
do Vosso ventre.<br />
Ó clemente, ó piedosa,<br />
ó doce Virgem Maria.<br />
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,<br />
para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Magnificat<br />
A minha alma glorifica ao Senhor<br />
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.<br />
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:<br />
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.<br />
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:<br />
Santo é o seu nome.<br />
A sua misericórdia se estende de geração em geração<br />
sobre aqueles que O temem.<br />
Manifestou o poder do seu braço<br />
e dispersou os soberbos.<br />
Derrubou os poderosos de seus tronos<br />
e exaltou os humildes.<br />
Aos famintos encheu de bens<br />
e aos ricos despediu de mãos vazias.<br />
Acolheu Israel seu servo,<br />
lembrado da sua misericórdia,<br />
como tinha prometido a nossos pais,<br />
a Abraão e à sua descendência<br />
para sempre.<br />
Glória ao Pai e ao Filho<br />
e ao Espírito Santo.<br />
Como era no princípio, agora e sempre.<br />
Ámen.<br />
Sob a Tua Protecção<br />
À Vossa protecção, recorremos,<br />
Santa Mãe de Deus;<br />
não desprezeis as nossas súplicas<br />
em nossas necessidades;<br />
mas livrai-nos<br />
de todos os perigos,<br />
ó Virgem gloriosa e bendita.<br />
Benedictus<br />
Bendito o Senhor Deus de Israel<br />
que visitou e redimiu o seu povo,<br />
e nos deu um Salvador poderoso<br />
na casa de David, seu servo,<br />
conforme prometeu pela boca<br />
dos seus santos,<br />
os profetas dos tempos antigos,<br />
para nos libertar dos nossos inimigos,<br />
e das mãos daqueles que nos odeiam.<br />
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,<br />
recordando a sua sagrada aliança,<br />
e o juramento que fizera a Abraão,
nosso pai,<br />
que nos havia de conceder esta graça:<br />
de O servirmos um dia, sem temor,<br />
livres das mãos dos nossos inimigos,<br />
em santidade e justiça, na sua presença,<br />
todos os dias da nossa vida.<br />
E tu, menino, serás chamado profeta<br />
do Altíssimo,<br />
porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,<br />
para dar a conhecer ao seu povo a salvação<br />
pela remissão dos seus pecados,<br />
graças ao coração misericordioso<br />
do nosso Deus,<br />
que das alturas nos visita<br />
como sol nascente,<br />
para iluminar os que jazem nas trevas<br />
e na sombra da morte<br />
e dirigir os nossos passos no caminho da paz.<br />
Glória ao Pai e ao Filho<br />
e ao Espírito Santo.<br />
Como era no princípio,<br />
agora e sempre. Ámen.<br />
Te Deum<br />
Nós Vos louvamos, ó Deus,<br />
nós Vos bendizemos, Senhor.<br />
Toda a terra Vos adora,<br />
Pai eterno e omnipotente.<br />
Os Anjos, os Céus<br />
e todas as Potestades,<br />
os Querubins e os Serafins<br />
Vos aclamam sem cessar:<br />
Santo, Santo, Santo,<br />
Senhor Deus do Universo,<br />
o céu e a terra proclamam a vossa glória.<br />
O coro glorioso dos Apóstolos,<br />
a falange venerável dos Profetas,<br />
o exército resplandecente dos Mártires<br />
cantam os vossos louvores.<br />
A santa Igreja anuncia por toda a terra<br />
a glória do vosso nome:<br />
Deus de infinita majestade,<br />
Pai, Filho e Espírito Santo.<br />
Senhor Jesus Cristo, Rei da glória,<br />
Filho do Eterno Pai,<br />
para salvar o homem, tomastes<br />
a condição humana no seio da Virgem Maria.<br />
Vós despedaçastes as cadeias da morte<br />
e abristes as portas do céu.
Vós estais sentado à direita de Deus,<br />
na glória do Pai,<br />
e de novo haveis de vir para julgar<br />
os vivos e os mortos.<br />
Socorrei os vossos servos, Senhor,<br />
que remistes com vosso Sangue precioso;<br />
e recebei-os na luz da glória,<br />
na assembleia dos vossos Santos.<br />
Salvai o vosso povo, Senhor,<br />
e abençoai a vossa herança;<br />
sede o seu pastor e guia através dos tempos<br />
e conduzi-o às fontes da vida eterna.<br />
Nós Vos bendiremos todos os dias da nossa vida<br />
e louvaremos para sempre o vosso nome.<br />
Dignai-Vos, Senhor, neste dia, livrar-nos do pecado.<br />
Tende piedade de nós,<br />
Senhor, tende piedade de nós.<br />
Desça sobre nós a vossa misericórdia,<br />
Porque em Vós esperamos.<br />
Em Vós espero, meu Deus,<br />
não serei confundido eternamente.<br />
Veni Creator Spiritus<br />
Vem, ó Espírito Santo,<br />
E da tua luz celeste<br />
Soltando raios piedosos<br />
Nossos ânimos reveste.<br />
Pai carinhoso dos pobres.<br />
Distribuidor da riqueza,<br />
Vem, ó luz dos corações,<br />
Amparar a natureza.<br />
Vem, Consolador supremo,<br />
Das almas hóspede amável,<br />
Suavíssimo refrigério<br />
Do mortal insaciável.<br />
És no trabalho descanso,<br />
Refresco na calma ardente;<br />
És no pranto doce alívio<br />
De um ânimo penitente.<br />
Suave origem do bem,<br />
Ó fonte da luz divina,<br />
Enche nossos corações,<br />
Nossas almas ilumina.<br />
Sem o teu celeste influxo,<br />
No mortal nada há perfeito;
A tudo quanto é nocivo<br />
Está o homem sujeito.<br />
Lava o que nele há de impuro,<br />
Quanto há de árido humedece;<br />
Sara-lhe quanto é moléstia,<br />
Quanto na vida padece.<br />
O que há de dureza abranda,<br />
O que há de mais frio aquece;<br />
Endireita o desvairado<br />
Que o caminho desconhece.<br />
Os sete dons com que alentas<br />
Os que humildes te confessam,<br />
Aos teus devotos concede<br />
Sempre fiéis to mereçam.<br />
Por virtudes merecidas,<br />
Dá-lhes fim que leve aos Céus;<br />
Dá-lhes eternas delícias<br />
Que aos bons prometes, meu Deus.<br />
Vem, Espírito Santo<br />
(Sequência de Pentecostes)<br />
Vinde, ó santo Espírito,<br />
vinde Amor ardente,<br />
acendei na terra vossa luz fulgente.<br />
Vinde, Pai dos pobres:<br />
na dor e aflições,<br />
vinde encher de gozo<br />
nossos corações.<br />
Benfeitor supremo<br />
em todo o momento,<br />
habitando em nós<br />
sois o nosso alento.<br />
Descanso na luta<br />
e na paz encanto,<br />
no calor sois brisa,<br />
conforto no pranto.<br />
Luz de santidade,<br />
que no Céu ardeis,<br />
abrasai as almas<br />
dos vossos fiéis,<br />
Sem a vossa força<br />
e favor clemente,<br />
nada há no homem<br />
que seja inocente.<br />
Lavai nossas manchas,
a aridez regai,<br />
sarai os enfermos<br />
e a todos salvai.<br />
Abrandai durezas<br />
para os caminhantes,<br />
animai os tristes,<br />
guiai os errantes.<br />
Vossos sete dons<br />
concedei à alma<br />
do que em Vós confia:<br />
Virtude na vida,<br />
amparo na morte,<br />
no Céu alegria.<br />
Alma de Cristo<br />
Alma de Cristo, santificai-me.<br />
Corpo de Cristo, salvai-me.<br />
Sangue de Cristo, inebriai-me.<br />
Água do lado de Cristo, lavai-me<br />
Paixão de Cristo, confortai-me.<br />
Ó bom Jesus, ouvi-me.<br />
Dentro das Vossas chagas, escondei-me.<br />
Não permitais que eu me separe de Vós.<br />
Do inimigo maligno defendei-me.<br />
Na hora da minha morte, chamai-me.<br />
Mandai-me ir para Vós,<br />
Para que Vos louve com os Vossos Santos<br />
Pelos séculos dos séculos. Ámen.<br />
Lembrai-vos<br />
Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria,<br />
que nunca se ouviu dizer que algum<br />
daqueles que tenha recorrido à Vossa protecção,<br />
implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso socorro,<br />
fosse por Vós desamparado.<br />
Animado eu, pois, de igual confiança,<br />
a Vós, Virgem entre todas singular,<br />
como a Mãe recorro, de Vós me valho,<br />
e, gemendo sob o peso dos meus pecados,<br />
me prostro aos Vossos pés.<br />
Não desprezeis as minhas súplicas,<br />
ó Mãe do Filho de Deus humanado,<br />
mas dignai- Vos de as ouvir propícia<br />
e de me alcançar o que Vos rogo. Ámen.<br />
Rosário
Mistérios Gozosos<br />
(Segundas e Sábados)<br />
A anunciação do Anjo à Virgem Maria.<br />
A visita de Maria a Santa Isabel.<br />
O nascimento de Jesus em Belém.<br />
A apresentação de Jesus no Templo.<br />
A perda e encontro de Jesus no Templo.<br />
Mistérios da Luz<br />
(Quintas Feiras)<br />
O baptismo de Jesus no Jordão.<br />
A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná.<br />
O anúncio do Reino e o convite à conversão.<br />
A transfiguração de Jesus no Tabor.<br />
A instituição da Eucaristia.<br />
Mistérios Dolorosos<br />
(Terças e Sextas)<br />
Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras.<br />
Flagelação de Jesus, preso à coluna.<br />
Coroação de espinhos.<br />
Jesus carrega a cruz a caminho do Calvário.<br />
Jesus é crucificado e morre na cruz.<br />
Mistérios Gloriosos<br />
(Quartas e Domingo )<br />
A ressurreição de Jesus.<br />
A ascensão de Jesus ao céu.<br />
A descida do Espírito Santo.<br />
A assunção da Santíssima Virgem ao céu.<br />
A coroação de Nossa Senhora,<br />
como Rainha do céu e da terra.<br />
Oração no fim do Santo Rosário<br />
D./ Rogai por nós, santa Mãe de Deus.<br />
C./ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.<br />
Oremos:<br />
Ó Deus, que, pela vida, morte e ressurreição do Vosso Filho Unigénito, nos adquiristes<br />
o prémio da salvação eterna: concedei-nos, Vos pedimos, que venerando os mistérios do<br />
santíssimo Rosário da Virgem Maria, imitemos o que eles contêm e alcancemos o que<br />
eles prometem. Por Cristo Senhor nosso. Ámen.
Oração do Incenso<br />
(Tradição Copta)<br />
Ó Rei da paz, concedei-nos a Vossa paz e perdoai os nossos pecados. Afugentai os<br />
inimigos da Igreja e defendei-a, para que não pereça. O Emanuel, nosso Deus, está no<br />
meio de nós na glória do Pai e do Espírito Santo. Ele nos abençoe, purifique o nosso<br />
coração e cure as doenças da alma e do corpo. Nós Vos adoramos, ó Cristo, com o<br />
Vosso Pai misericordioso e o Espírito Santo, porque viestes até junto de nós e nos<br />
salvastes.<br />
Oração de «Adeus ao Altar», antes de deixar a Igreja após a liturgia<br />
(Tradição Siro-Maronita)<br />
Permanece em paz, ó Altar de Deus. A oblação que de ti recebi me sirva para remissão<br />
das ofensas e perdão dos pecados, e me obtenha a graça de comparecer diante do<br />
tribunal de Cristo sem condenação e sem confusão. Não sei se me será concedido voltar<br />
e oferecer sobre ti um outro Sacrifício. Protegei-me, Senhor, e conservai a Vossa Igreja,<br />
como caminho de verdade e salvação. Ámen.<br />
Oração pelos Defuntos<br />
(Tradição bizantina)<br />
Ó Deus dos espíritos e de toda a carne, que vencestes a morte, aniquilastes o diabo e<br />
destes a vida ao mundo; Vós, ó Senhor, concedei à alma do Vosso servo N. defunto o<br />
descanso num lugar luminoso, num lugar verdejante, num lugar de frescura, onde não<br />
há sofrimento, dor e gemidos.<br />
Porque sois um Deus bom e misericordioso, perdoai toda a culpa por ele cometida em<br />
palavras, obras ou pensamentos, uma vez que não há homem que não peque, que só Vós<br />
sois sem pecado, a Vossa justiça é justiça eterna e a Vossa palavra é a verdade.<br />
Vós que sois a ressurreição, a vida e o repouso do Vosso servo N. defunto, ó Cristo<br />
nosso Deus, nós Vos damos glória, em comunhão com o Vosso Pai ingénito e com o<br />
Vosso santíssimo bom e vivificante Espírito, agora e sempre e pelos séculos dos<br />
séculos. Descanse em paz. Ámen.<br />
Acto de Fé<br />
Meu Deus, eu creio tudo o que Vós revelastes e a Santa Igreja nos ensina, porque não<br />
podeis enganar-Vos nem enganar-nos.<br />
E, expressamente, creio em Vós, único e verdadeiro Deus em três pessoas iguais e<br />
distintas: Pai, Filho e Espírito Santo; e creio em Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado,<br />
morto e ressuscitado por nós, e que a cada um dará, segundo as suas obras, o prémio ou<br />
o castigo eterno. Nesta fé quero viver e morrer.<br />
Senhor, aumentai a minha fé. Ámen.<br />
Acto de Esperança
Meu Deus, porque sois omnipotente, infinitamente misericordioso e fidelíssimo às<br />
Vossas promessas, eu espero da Vossa bondade que, em atenção aos méritos de Jesus<br />
Cristo, nosso Salvador, me dareis a vida eterna e as graças necessárias para a alcançar,<br />
como prometestes aos que praticassem as boas obras, que eu me proponho realizar<br />
ajudado com o auxílio da Vossa divina graça. Senhor, minha esperança, na qual quero<br />
viver e morrer: jamais serei confundido. Ámen.<br />
Acto de Caridade<br />
Meu Deus, porque sois infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas,<br />
eu Vos amo de todo o meu coração, a exemplo de Jesus; e, por Vosso amor, amo<br />
também o meu próximo como a mim mesmo. Senhor, fazei que eu Vos ame cada vez<br />
mais. Ámen.<br />
Acto de Contrição<br />
Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me<br />
de Vos ter ofendido e, com o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente<br />
emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão das minhas<br />
culpas pela Vossa infinita misericórdia. Ámen.<br />
Signum Crucis<br />
In nómine Patris<br />
et Filii<br />
et Spíritus Sancii. Amen.<br />
Gloria Patri<br />
Glória Patri<br />
et Fílio<br />
et Spirítui Sancto.<br />
Sicut erat in princípio,<br />
et nunc et semper<br />
et in sǽcula sæculórum. Amen.<br />
Ave, Maria<br />
Ave, Maria, grátia plena,<br />
Dóminus tecum.<br />
Benedícta tu in muliéribus,<br />
et benedíctus fructus ventris tui, Iesus.<br />
Sancta María, Mater Dei,<br />
ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostræ.<br />
Amen.
Angele Dei<br />
Ángele Dei,<br />
qui custos es mei,<br />
me, tibi commíssum pietáte supérna,<br />
illúmina, custódi,<br />
rege et gubérna.<br />
Amen.<br />
Requiem Æternam<br />
Réquiem ætérnam dona eis, Dómine,<br />
et lux perpétua lúceat eis.<br />
Requiéscant in pace. Amen.<br />
Angelus Domini<br />
Ángelus Dómini<br />
nuntiávit Mariæ.<br />
Et concépit<br />
de Spíritu Sancto.<br />
Ave, María...<br />
Ecce ancílla Dómini.<br />
Fiat mihi secúndum<br />
verbum tuum.<br />
Ave, María...<br />
Et Verbum caro factum est.<br />
Et habitávit in nobis.<br />
Ave, Maria...<br />
Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.<br />
Ut digni efficiámur<br />
promissiónibus Christi.<br />
Orémus.<br />
Grátiam tuam, quǽsumus,<br />
Dómine, méntibus nostris infunde;<br />
ut qui, Ángelo nuntiánte,<br />
Christi Fílii tui incarnatiónem<br />
cognóvimus,<br />
per passiónem eius et crucem,<br />
ad resurrectiónis glóriam perducámur.<br />
Per eúndem Christum<br />
Dóminum nostrum. Amen.<br />
Glória Patri...<br />
Regina Cæli
Regína cæli lætáre,<br />
allelúia.<br />
Quia quelli merúisti portáre,<br />
allelúia.<br />
Resurréxit, sicut dixit,<br />
allelúia.<br />
Ora pro nobis Deum,<br />
allelúia.<br />
Gaude et lætáre, Virgo María,<br />
allelúia.<br />
Quia surréxit Dominus vere,<br />
allelúia.<br />
Orémus.<br />
Deus, qui per resurrectiónem Filii tui Dómini nostri Iesu Christi mundum lætificáre<br />
dignátus es, præsta, quǽsumus, ut per eius Genetrícem Virginem Maríam perpétuæ<br />
capiámus gáudia vitæ.<br />
Per Christum Dóminum nostrum. Amen.<br />
Salve, Regina<br />
Salve, Regína,<br />
Mater misericórdiæ,<br />
vita, dulcédo et spes nostra, salve.<br />
Ad te clamámus,<br />
éxsules filii Evæ.<br />
Ad te suspirámus geméntes et flentes<br />
in hac lacrimárum valle.<br />
Eia ergo, advocáta nostra,<br />
illos tuos misericórdes óculos<br />
ad nos convérte.<br />
Et Iesum benedíctum fructum<br />
ventris tui,<br />
nobis, posi hoc exsílium, osténde.<br />
O clemens, o pia, o dulcis Virgo María!<br />
Magnificat<br />
Magníficat ánima mea Dóminum,<br />
et exsultávit spíritus meus<br />
in Deo salvatóre meo,<br />
quia respéxit humilitátem<br />
ancíllæ suæ.<br />
Ecce enim ex hoc beátam<br />
me dicent omnes generatiónes,<br />
quia fecit mihi magna,<br />
qui potens est,<br />
et sanctum nomen eius,
et misericórdia eius in progénies<br />
et progénies timéntibus eum.<br />
Fecit poténtiam in bráchio suo,<br />
dispérsit supérbos mente cordis sui;<br />
depósuit poténtes de sede<br />
et exaltávit húmiles.<br />
Esuriéntes implévit bonis<br />
et divites dimisit inanes.<br />
Suscépit Ísrael púerum suum,<br />
recordátus misericórdiæ,<br />
sicut locútus est ad patres nostros,<br />
Àbraham et sémini eius in sǽcula.<br />
Glória Patri et Fílio<br />
et Spirítui Sancto.<br />
Sicut erat in princípio,<br />
et nunc et semper,<br />
et in sǽcula sæculórum.<br />
Amen.<br />
Sub tuum præsidium<br />
Sub tuum præsídium confúgimus,<br />
sancta Dei Génetrix;<br />
nostras deprecatiónes ne despícias<br />
in necessitátibus;<br />
sed a perículis cunctis<br />
líbera nos semper,<br />
Virgo gloriósa et benedícta.<br />
Benedictus<br />
Benedíctus Dóminus, Deus Ísrael,<br />
quia visitávit<br />
et fecit redemptiónem plebi suæ,<br />
et eréxit cornu salútis nobis<br />
in domo David púeri sui,<br />
sieut locútus est per os sanctórum,<br />
qui a sæculo sunt, prophetárum eius,<br />
salútem ex inimícis nostris<br />
et de manu ómnium,<br />
qui odérunt nos;<br />
ad faciéndam misericórdiam<br />
eum pátribus nostris<br />
et memorári testaménti sui sancti,<br />
iusiurándum, quod iurávit<br />
ad Ábraham patrem nostrum,<br />
datúrum se nobis,
ut sine timóre,<br />
de manu inimicórum liberáti,<br />
serviámus illi<br />
in sanetitáte et iustítia coram ipso<br />
omnibus diébus nostris.<br />
Et tu, puer,<br />
prophéta Altíssimi vocáberis:<br />
præíbis enim ante fáciem Dómini<br />
paráre vias eius,<br />
ad dandam sciéntiam salútis<br />
plebi eius<br />
in remissiònem peccatòrum eòrum,<br />
per víscera misericòrdiæ Dei nostri,<br />
in quibus visitábit nos óriens ex alto,<br />
illumináre his, qui in ténebris<br />
et in umbra mortis sedent,<br />
ad dirigéndos pedes nostros<br />
in viam pacis.<br />
Glória Patri et Fílio<br />
et Spirítui Sancto.<br />
Sicut erat in princípio,<br />
et nunc<br />
et semper,<br />
et in sǽcula sæculòrum. Amen.<br />
Te Deum<br />
Te Deum laudámus:<br />
te Dóminum confitémur.<br />
Te ætérnum Patrem,<br />
omnis terra venerátur.<br />
tibi omnes ángeli,<br />
tibi cæli<br />
et univérsæ potestátes:<br />
tibi chérubim et séraphim<br />
incessábili voce proclámant:<br />
Sanctus, Sanctus, Sanctus,<br />
Dòminus Deus Sábaoth.<br />
Pleni sunt cæli et terra<br />
maiestátis glóriæ tuæ.<br />
Te gloriòsus<br />
apostolòrum chorus,<br />
te prophetárum<br />
laudábilis númerus,<br />
te mártyrum candidátus<br />
laudat exércitus.<br />
Te per orbem terrarum<br />
sancta confitétur Ecclésia,<br />
Patrem imménsæ maiestátis;
venerándum tuum verum<br />
et únicum Filium;<br />
Sanctum quoque<br />
Paráclitum Spíritum.<br />
Tu rex glòriæ, Christe.<br />
Tu Patris sempitérnus es Filius.<br />
Tu, ad liberándum susceptúrus<br />
hóminem,<br />
non horrúisti Virginis úterum.<br />
Tu, devícto mortis acúleo,<br />
aperuísti credéntibus regna cælórum.<br />
Tu ad déxteram Dei sedes,<br />
in glória Patris.<br />
Iudex créderis esse ventúrus.<br />
Te ergo quǽsumus,<br />
tuis famulis súbveni,<br />
quos pretiòso sanguine redemísti.<br />
Ætérna fac curo sanctis tuis<br />
in glória numerári.<br />
Salvum fac pópulum tuum, Dómine,<br />
et bénedic hereditáti tuæ.<br />
Et rege eos, et extólle illos<br />
usque in ætérnum.<br />
Per síngulos dies benedícimus te;<br />
et laudámus nomen tuum<br />
in sǽculum, et in sǽculum sǽculi.<br />
Dignáre, Dòmine,<br />
die isto sine peccáto nos custodíre.<br />
Miserére nostri, Dómine, miserére nostri.<br />
Fiat misericórdia tua,<br />
Dómine, super nos,<br />
quemádmodum sperávimus in te.<br />
In te, Dómine, sperávi:<br />
non confúndar in ætérnum.<br />
Veni, Creator Spiritus<br />
Veni, creátor Spíritus,<br />
mentes tuòrum vísita,<br />
imple supérna grátia,<br />
quæ tu creásti péctora.<br />
Qui díceris Paráclitus,<br />
altíssimi donum Dei,<br />
fons vivus, ignis, cáritas,<br />
et spiritális únctio.<br />
Tu septifòrmis múnere,<br />
dígitus patérnæ déxteræ,
tu rite promíssum Patris,<br />
sermóne ditans gúttura.<br />
Accénde lumen sénsibus,<br />
infúnde amórem córdibus,<br />
infírma nostri córporis<br />
virtúte firmans pérpeti.<br />
Hostem repéllas lóngius<br />
pacémque dones prótinus;<br />
ductóre sic te prævio<br />
vitémus omne nóxium.<br />
Per Te sciámus da Patrem<br />
noscámus atque Fílium,<br />
teque utriúsque Spíritum<br />
credámus omni témpore.<br />
Deo Patri sit glória,<br />
et Fílio, qui a mórtuis<br />
surréxit, ac Parác1ito,<br />
in sæculórum sǽcula. Amen.<br />
Veni, Sancte Spiritus<br />
Veni, Sancte Spíritus,<br />
et emítte cǽlitus<br />
lucis tuæ rádium.<br />
Veni, pater páuperum,<br />
veni, dator múnerum,<br />
veni, lumen córdium.<br />
Consolátor óptime,<br />
dulcis hospes ánimæ,<br />
dulce refrigérium.<br />
In labóre réquies,<br />
in æstu tempéries,<br />
in fletu solácium.<br />
O lux beatíssima,<br />
reple cordis íntima<br />
tuórum fidélium.<br />
Sine tuo númine,<br />
nihil est in hómine<br />
nihil est innóxium.
Lava quod est sórdidum,<br />
riga quod est áridum,<br />
sana quod est sáueium.<br />
Flecte quod est rígidum,<br />
fove quod est frígidum,<br />
rege quod est dévium.<br />
Da tuis fidélibus,<br />
in te confidéntibus,<br />
sacrum septenárium.<br />
Da virtútis méritum,<br />
da salútis éxitum,<br />
da perénne gáudium.<br />
Amen.<br />
Anima Christi<br />
Ánima Christi, sanctífica me.<br />
Corpus Christi, salva me.<br />
Sanguis Christi, inébria me,<br />
Aqua láteris Christi, lava me.<br />
Pássio Christi, confórta me,<br />
O bone Iesu, exáudi me.<br />
Intra tua vúlnera abscónde me.<br />
Ne permíttas me separári a te.<br />
Ab hoste malígno defénde me.<br />
In hora mortis meæ voca me.<br />
Et iube me veníre ad te,<br />
ut cum Sanctis tuis laudem te<br />
in sǽcula sæculórum.<br />
Amen.<br />
Memorare<br />
Memoráre, o piíssima Virgo María, non esse auditum a sǽculo, quemquam ad tua<br />
curréntem præsidia, tua implorántem auxilia, tua peténtem suffrágia, esse derelíctum.<br />
Ego tali animátus confidéntia, ad te, Virgo Virginum, Mater, curro, ad te vénio, coram<br />
te gemens peccator assisto. Noli, Mater Verbi, verba mea despícere; sed áudi propitia et<br />
exáudi.<br />
Amen.<br />
Rosarium<br />
Mystéria gaudiosa<br />
(in feria secunda et sabbato)
Annuntiátio.<br />
Visitátio.<br />
Natívitas.<br />
Præsentátio.<br />
Invéntio in Tempio.<br />
(in feria quinta)<br />
Baptísma apud Iordánem.<br />
Autorevelátio apud Cananénse<br />
matrimónium.<br />
Regni Dei proclamátio<br />
coniúcta cum invitaménto<br />
ad conversiónem.<br />
Transfigurátio.<br />
Eucharístiæ Institútio.<br />
Mystéria dolorósa<br />
(in feria tertia et feria sexta)<br />
Agonía in Hortu.<br />
Flagellátio.<br />
Coronátio Spinis.<br />
Baiulátio Crucis.<br />
Crucifíxio et Mors.<br />
Mystéria gloriósa<br />
(in feria quarta et Dorninica)<br />
Resurréctio.<br />
Ascénsio.<br />
Descénsus Spíritus Sancti.<br />
Assúmptio.<br />
Coronátio in Cælo.<br />
Oratio ad finem Rosarii dicenda<br />
Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.<br />
Ut digni efficiámur<br />
promissiónibus Christi.<br />
Orémus.<br />
Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et resurrectiónem suam nobis salútis ætérnæ<br />
prǽmia comparávit, concéde, quǽsumus: ut hæc mystéria sacratíssimo beátæ Maríæ<br />
Virginis Rosário recoléntes, et imitémur quod cóntinent, et quod promíttunt<br />
assequámur. Per Christum Dóminum nostrum. Amen.<br />
Actus fidei<br />
Dómine Deus, firma fide credo et confíteor ómnia et síngula quæ sancta Ecclésia
Cathólica propónit, quia tu, Deus, ea ómnia revelásti, qui es ætérna véritas et sapiéntia<br />
quæ nec fállere nec falli potest.<br />
In hac fíde vívere et mori státuo. Amen.<br />
Actus spei<br />
Dómine Deus, spero per grátiam tuam remissiónem ómnium peccatórum, et post hanc<br />
vitam ætérnam felicitátem me esse consecutúrum: quia tu promisísti, qui es infiníte<br />
potens, fidélis, benígnus, et miséricors.<br />
In hac spe vívere et mori státuo.<br />
Amen.<br />
Actus caritatis<br />
Dómine Deus, amo te super ómnia et próximum meum propter te, quia tu es summum,<br />
infinítum, et perfectíssimum bonum, omni dilectióne dignum. In hac caritáte vívere et<br />
mori státuo. Amen.<br />
Actus contritionis<br />
Deus meus, ex toto corde pǽnitet me ómnium meórum peccatórum, éaque detéstor, quia<br />
peccándo, non solum pœnas a te iuste statútas proméritus sum, sed præsértim quia<br />
offéndi te, summum bonum, ac dignum qui super ómnia diligáris. Ideo fírmiter<br />
propóno, adiuvánte grátia tua, de cétero me non peccatúrum peccandíque occasiónes<br />
próximas fugitúrum. Amen.<br />
Os dois mandamentos de caridade<br />
1. Amarás o Senhor teu Deus,<br />
com todo o teu coração,<br />
com toda a tua alma<br />
e com toda a tua mente.<br />
B) FÓRMULAS DE DOUTRINA <strong>CATÓLICA</strong><br />
2. Amarás ao próximo como a ti mesmo.<br />
A regra de ouro (Mt 7, 12)<br />
Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também.<br />
As Bem-aventuranças (Mt 5, 3-12)
Bem-aventurados os pobres em espírito,<br />
porque deles é o reino dos céus.<br />
Bem-aventurados os que choram,<br />
porque serão consolados.<br />
Bem-aventurados os mansos,<br />
porque possuirão a terra.<br />
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,<br />
porque serão saciados.<br />
Bem-aventurados os misericordiosos,<br />
porque alcançarão misericórdia.<br />
Bem-aventurados os puros de coração,<br />
porque verão a Deus.<br />
Bem-aventurados os pacificadores,<br />
porque serão chamados filhos de Deus.<br />
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça,<br />
porque deles é o reino dos céus.<br />
Bem-aventurados sereis quando vos insultarem,<br />
vos perseguirem e, mentindo,<br />
disserem toda a espécie de calúnias contra vós.<br />
Alegrai-vos e exultai,<br />
porque será grande a vossa recompensa nos céus.<br />
As três virtudes teologais:<br />
1. Fé<br />
2. Esperança<br />
3. Caridade.<br />
As quatro virtudes cardeais:<br />
1. Prudência<br />
2. Justiça<br />
3. Fortaleza<br />
4. Temperança.<br />
Os sete dons do Espírito Santo:<br />
1. Sabedoria<br />
2. Entendimento<br />
3. Conselho<br />
4. Fortaleza<br />
5. Ciência<br />
6. Piedade<br />
7. Temor de Deus.<br />
Os doze frutos do Espírito Santo:<br />
1. Amor<br />
2. Alegria<br />
3. Paz
4. Paciência<br />
5. Longanimidade<br />
6. Benignidade<br />
7. Bondade<br />
8. Mansidão<br />
9. Fé<br />
10. Modéstia<br />
11. Continência<br />
12. Castidade.<br />
Os cinco preceitos da Igreja:<br />
1. Participar na Missa, aos domingos e festas de guarda e abster-se de trabalhos e<br />
actividades que impeçam a santificação desses dias.<br />
2. Confessar os pecados ao menos uma vez cada ano.<br />
3. Comungar o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa.<br />
4. Guardar a abstinência e jejuar nos dias determinados pela Igreja.<br />
5. Contribuir para as necessidades materiais da Igreja, segundo as possibilidades.<br />
As sete obras de misericórdia corporais:<br />
1. Dar de comer a quem tem fome<br />
2. Dar de beber a quem tem sede<br />
3. Vestir os nus<br />
4. Dar pousada aos peregrinos<br />
5. Visitar os enfermos<br />
6. Visitar os presos<br />
7. Enterrar os mortos.<br />
As sete obras de misericórdia espirituais:<br />
1. Dar bons conselhos<br />
2. Ensinar os ignorantes<br />
3. Corrigir os que erram<br />
4. Consolar os tristes<br />
5. Perdoar as injúrias<br />
6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo<br />
7. Rezar a Deus por vivos e defuntos.<br />
Os sete pecados capitais:<br />
1. Soberba<br />
2. Avareza<br />
3. Luxúria<br />
4. Ira<br />
5. Gula<br />
6. Inveja<br />
7. Preguiça.<br />
Os quatro novíssimos:
1. Morte<br />
2. Juízo<br />
3. Inferno<br />
4. Paraíso.<br />
Ap<br />
Apocalipse de João<br />
Act<br />
Actos dos Apóstolos<br />
Cl<br />
Epístola aos Colossenses<br />
1 Cor<br />
1ª Epístola aos Coríntios<br />
2 Cor<br />
2ª Epístola aos Coríntios<br />
Dt<br />
Livro do Deuteronómio<br />
Ef<br />
Epístola aos Efésios<br />
Ex<br />
Livro do Êxodo<br />
Ez<br />
Profecia de Ezequiel<br />
Fl<br />
Epístola aos Filipenses<br />
Gl<br />
Epístola aos Gálatas<br />
Gn<br />
Livro do Génesis<br />
Heb<br />
Epístola aos Hebreus<br />
Is<br />
Livro de Isaías<br />
Jo<br />
Evangelho segundo S. João<br />
1 Jo<br />
1ª Epístola de S. João<br />
Lc<br />
Evangelho segundo S. Lucas<br />
2 Mac<br />
2º Livro dos Macabeus<br />
Mc<br />
Evangelho segundo S. Marcos<br />
Mt<br />
ABREVIATURAS BÍBLICAS
Evangelho segundo S. Mateus<br />
1 Pe<br />
1ª Epístola de S. Pedro<br />
2 Pe<br />
2ª Epístola de S. Pedro<br />
1 Rs<br />
1º Livro dos Reis<br />
Rm<br />
Epístola aos Romanos<br />
Sl<br />
Livro dos Salmos<br />
Tg<br />
Epístola de S. Tiago<br />
1 Ts<br />
1ª Epístola aos Tessalonicenses<br />
1 Tm<br />
1ª Epístola a Timóteo<br />
2 Tm<br />
2ª Epístola a Timóteo<br />
Tt<br />
Epístola a Tito