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CATECISMO IGREJA CATÓLICA Compêndio

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«Motu Proprio»<br />

Introdução<br />

<strong>CATECISMO</strong><br />

DA<br />

<strong>IGREJA</strong> <strong>CATÓLICA</strong><br />

<strong>Compêndio</strong><br />

© Copyright 2005 - Libreria Editrice Vaticana<br />

PRIMEIRA PARTE - A PROFISSÃO DA FÉ<br />

Primeira Secção: «Eu Creio» – «Nós Cremos»<br />

Capítulo Primeiro: O Homem é «capaz» de Deus<br />

Capítulo Segundo: Deus vem ao encontro do homem<br />

A Revelação de Deus<br />

A transmissão da revelação divina<br />

A Sagrada Escritura<br />

Capítulo Terceiro: A resposta do homem a Deus<br />

Eu creio<br />

Nós cremos<br />

Segunda Secção: A Profissão da Fé Cristã<br />

O Credo: Símbolo dos Apóstolos: Credo Niceno-Constantinopolitano


Capítulo Primeiro: Creio em Deus Pai<br />

Os Símbolos da Fé<br />

«Creio em Deus, Pai Omnipotente, Criador do Céu e da Terra»<br />

O céu e a terra<br />

O homem<br />

A queda<br />

Capítulo Segundo: Creio em Jesus Cristo, o Filho unigénito de Deus<br />

«E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor»<br />

«Jesus Cristo foi concebido pelo poder do Espírito Santo, e nasceu da Virgem<br />

Maria»<br />

«Jesus Cristo padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado»<br />

«Jesus Cristo desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia»<br />

«Jesus subiu ao céu está sentado à direita do Pai Omnipotente»<br />

«De onde virá a julgar os vivos e os mortos»<br />

Capítulo Terceiro: Creio no Espírito Santo<br />

«Creio no Espírito Santo»<br />

«Creio na Santa Igreja Católica»<br />

A Igreja no desígnio de Deus<br />

A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo<br />

A Igreja é una, santa, católica e apostólica<br />

Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada<br />

Creio na Comunhão dos santos<br />

Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja<br />

«Creio na remissão dos pecados»<br />

«Creio na ressurreição da carne»<br />

«Creio na vida eterna»<br />

«Ámen»<br />

SEGUNDA PARTE - A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO<br />

Primeira Secção: A Economia Sacramental<br />

Capítulo Primeiro: O Mistério pascal no tempo da Igreja<br />

Liturgia – Obra da Santíssima Trindade<br />

O Mistério Pascal nos Sacramentos da Igreja<br />

Capítulo Segundo: A celebração sacramental do Mistério Pascal<br />

Celebrar a liturgia da Igreja<br />

Quem celebra?<br />

Como celebrar?<br />

Quando celebrar?<br />

Onde celebrar?<br />

Diversidade Litúrgica e Unidade do Mistério<br />

Segunda Secção: Os sete Sacramentos da Igreja<br />

Os sete Sacramentos da Igreja<br />

Capítulo Primeiro: Os sacramentos da iniciação cristã<br />

O Sacramento do Baptismo<br />

O Sacramento da Confirmação<br />

O Sacramento da Eucaristia<br />

Capítulo Segundo: Os Sacramentos da cura<br />

O sacramento da Penitência e da Reconciliação<br />

O sacramento da Unção dos Enfermos<br />

Capítulo Terceiro: Os sacramentos ao serviço da comunhão e da missão


O Sacramento da Ordem sacerdotal<br />

O Sacramento do Matrimónio<br />

Capítulo Quarto: As outras celebrações litúrgicas<br />

Os Sacramentais<br />

As Exéquias Cristãs<br />

TERCEIRA PARTE - A VIDA EM CRISTO<br />

Primeira Secção: A vocação do Homem: A Vida no Espírito<br />

Capítulo Primeiro: A dignidade da pessoa humana<br />

O homem imagem de Deus<br />

A nossa vocação à bem-aventurança<br />

A liberdade do homem<br />

A moralidade das paixões<br />

A consciência moral<br />

As virtudes<br />

O Pecado<br />

Capítulo Segundo: A comunidade humana<br />

A pessoa e a sociedade<br />

A participação na vida social<br />

A justiça social<br />

Capítulo Terceiro: A salvação de Deus: a Lei e a graça<br />

A Lei Moral<br />

Graça e Justificação<br />

A Mãe e Mestra<br />

Segunda Secção: Os Dez Mandamentos<br />

Êxodo - Deuteronómio - Fórmula da Catequese<br />

Capítulo Primeiro: «Amarás o Senhor teu Deus com todo teu Coração, com toda a tua<br />

Alma e com todas as tuas forças»<br />

O Primeiro Mandamento: Eu sou o Senhor teu Deus não terás outro Deus além de<br />

mim<br />

O Segundo Mandamento: Não invocar o Santo Nome de Deus em vão<br />

O Terceiro Mandamento: Santificar os Domingos e Festas de Guarda<br />

Capítulo Segundo: «Amarás o Teu próximo como a Ti mesmo»<br />

O Quarto Mandamento: Honrar Pai e Mãe<br />

O Quinto Mandamento: Não Matar<br />

O Sexto Mandamento: Não cometer o Adultério<br />

O Sétimo Mandamento: Não roubar<br />

O Oitavo Mandamento: Não levantar falsos testemunhos<br />

O Nono Mandamento: Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos<br />

O Décimo Mandamento: Não cobiçar as coisas alheias<br />

QUARTA PARTE - A ORAÇÃO CRISTÃ<br />

Primeira Secção: A Oração na Vida Cristã<br />

Capítulo Primeiro: A Revelação da Oração<br />

A Revelação da Oração no Antigo Testamento<br />

A Oração Plenamente revelada e realizada em Jesus<br />

A Oração no Tempo da Igreja<br />

Capítulo Segundo: A Tradição da Oração<br />

Nas Fontes da Oração<br />

O Caminho da Oração


Guias para a Oração<br />

Capítulo Terceiro: A Vida de Oração<br />

As Expressões da Oração<br />

O Combate da Oração<br />

Segunda secção: A Oração do Senhor: Pai Nosso<br />

Pai Nosso<br />

«A Síntese de todo o Evangelho»<br />

«Pai Nosso que estais nos Céus »<br />

As sete petições<br />

Apêndice<br />

A) Orações Comuns<br />

B) Fórmulas de Doutrina Católica<br />

Abreviaturas Bíblicas<br />

MOTU PROPRIO<br />

Para a aprovação e publicação<br />

do <strong>Compêndio</strong><br />

do Catecismo da Igreja Católica<br />

Aos Veneráveis Irmãos Cardeais, Patriarcas, Arcebispos, Bispos,<br />

Presbíteros, Diáconos e a todos os Membros do Povo de Deus<br />

Há já vinte anos que se iniciou a elaboração do Catecismo da Igreja Católica, pedido<br />

pela Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, por ocasião do vigésimo<br />

aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II.<br />

Agradeço muito a Deus Nosso Senhor por ter dado à Igreja tal Catecismo, promulgado,<br />

em 1992, pelo meu venerado e amado Predecessor, o Papa João Paulo II.<br />

A utilidade e preciosidade deste dom obteve confirmação, antes de mais, na positiva e<br />

larga recepção por parte do episcopado, ao qual primeiramente se dirigia, sendo aceite<br />

como texto de referência segura e autêntica em ordem ao ensino da doutrina católica e à<br />

elaboração dos catecismos locais. Foi também confirmado por todas as componentes do<br />

Povo de Deus que o puderam conhecer e apreciar nas mais de cinquenta línguas, em que<br />

até agora foi traduzido.<br />

Agora com grande alegria aprovo e promulgo o <strong>Compêndio</strong> de tal Catecismo.<br />

Ele tinha sido intensamente desejado pelos participantes no Congresso Internacional de<br />

Catequese de Outubro de 2002, que, deste modo, se fizeram intérpretes duma exigência<br />

muito difundida na Igreja. Para acolher este desejo, o meu saudoso Predecessor, em<br />

Fevereiro de 2003, decidiu a sua preparação, confiando a sua redacção a uma Comissão<br />

restrita de Cardeais, presidida por mim, apoiada pela colaboração de alguns


especialistas. No decorrer dos trabalhos, um projecto do <strong>Compêndio</strong> foi submetido à<br />

apreciação de todos os Eminentíssimos Cardeais e dos Presidentes das Conferências<br />

Episcopais, que, na sua grande maioria, o acolheram e apreciaram positivamente.<br />

O <strong>Compêndio</strong>, que agora apresento à Igreja universal, é uma síntese fiel e segura do<br />

Catecismo da Igreja Católica. Ele contém, de maneira concisa, todos os elementos<br />

essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de forma a constituir, como desejara o meu<br />

Predecessor, uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos crentes e não<br />

crentes, abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé católica.<br />

Ele espelha fielmente na estrutura, nos conteúdos e na linguagem o Catecismo da Igreja<br />

Católica, que encontrará nesta síntese uma ajuda e um estímulo para ser mais conhecido<br />

e aprofundado.<br />

Em primeiro lugar, confio esperançoso este <strong>Compêndio</strong> a toda a Igreja e a cada cristão<br />

para que, graças a ele, se encontre, neste terceiro milénio, novo impulso no renovado<br />

empenhamento de evangelização e de educação na fé, que deve caracterizar cada<br />

comunidade eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação.<br />

Mas este <strong>Compêndio</strong>, pela sua brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as<br />

pessoas, que, num mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens,<br />

desejam conhecer o Caminho da Vida, a Verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu<br />

Filho.<br />

Lendo este instrumento autorizado que é o <strong>Compêndio</strong>, possa cada um, em especial<br />

graças à intercessão de Maria Santíssima, a Mãe de Cristo e da Igreja, reconhecer e<br />

acolher cada vez mais a beleza inexaurível, a unicidade e actualidade do Dom por<br />

excelência que Deus concedeu à humanidade: o Seu único Filho, Jesus Cristo, que é «o<br />

Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6).<br />

Dado aos 28 de Junho de 2005, vigília da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, ano<br />

primeiro de Pontificado.<br />

BENEDICTUS PP XVI<br />

INTRODUÇÃO<br />

1. No dia 11 de Outubro de 1992, o Papa João Paulo II entregava aos fiéis de todo o<br />

mundo o Catecismo da Igreja Católica, apresentando-o como «texto de referência» (1)<br />

para uma catequese renovada nas fontes vivas da fé. A trinta anos da abertura do<br />

Concílio Vaticano II (1962-1965), completava-se assim o desejo expresso em 1985 pela<br />

Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, para que fosse composto um<br />

catecismo de toda a doutrina católica quer no tocante à fé quer no que se refere à moral.<br />

Cinco anos depois, a 15 de Agosto de 1997, ao promulgar a edição típica do Catecismo<br />

da Igreja Católica, o Sumo Pontífice confirmava a finalidade fundamental da obra:<br />

«Apresenta-se como exposição completa e íntegra da doutrina católica, que permite a


todos conhecer o que a mesma Igreja professa, celebra, vive, reza na sua vida<br />

quotidiana» (2).<br />

2. Para uma maior valorização do Catecismo e vir ao encontro dum pedido que surgiu<br />

no Congresso Internacional de Catequese em 2002, João Paulo II instituiu, em 2003,<br />

uma Comissão especial, presidida pelo Card. Joseph Ratzinger, Prefeito da<br />

Congregação da Doutrina da Fé, em ordem à elaboração dum <strong>Compêndio</strong> do Catecismo<br />

da Igreja Católica, como formulação sintetizada dos conteúdos da fé. Após dois anos de<br />

trabalho, foi preparado um projecto de compêndio, que foi enviado para apreciação aos<br />

Cardeais e aos Presidentes das Conferências Episcopais. O projecto recebeu, em geral,<br />

uma apreciação positiva por parte da maioria absoluta de quantos responderam. Tendo<br />

em conta as propostas de melhoramento que chegaram, a Comissão procedeu à revisão<br />

do projecto e preparou o texto final da obra.<br />

3. São três as características principais do <strong>Compêndio</strong>: a estrita dependência do<br />

Catecismo da Igreja Católica; o género dialoga]; a utilização das imagens na catequese.<br />

Antes de mais, o <strong>Compêndio</strong> não é uma obra autónoma, pois não pretende, de modo<br />

nenhum, substituir o Catecismo da Igreja Católica: pelo contrário. remete<br />

continuamente para ele, quer mediante a indicação, ponto por ponto, dos números a que<br />

se refere, quer através da contínua referência à estrutura, ao desenvolvimento e aos seus<br />

conteúdos. Além disso o <strong>Compêndio</strong> pretende despertar um renovado interesse e fervor<br />

em relação ao Catecismo, que, com a sua sábia exposição e a sua unção espiritual,<br />

permanece sempre o texto de base da catequese eclesial de hoje.<br />

Como o Catecismo, também o <strong>Compêndio</strong> se divide em quatro partes, de acordo com as<br />

leis fundamentais da vida em Cristo.<br />

A primeira parte, intitulada «A profissão da fé», é uma síntese adequada da lex<br />

credendi, isto é, da fé professada pela Igreja Católica, retirada do Símbolo Apostólico<br />

ilustrado com o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, cuja proclamação constante nas<br />

assembleias cristãs mantém viva a memória das principais verdades da fé.<br />

A segunda parte, intitulada «A celebração do mistério cristão», apresenta os elementos<br />

essenciais da lex celebrandi. O anúncio do Evangelho encontra a sua resposta<br />

privilegiada na vida sacramental. Nela os fiéis experimentam e testemunham em cada<br />

momento da sua existência a eficácia salvífica do mistério pascal, por meio do qual<br />

Cristo realizou a obra da nossa redenção.<br />

A terceira parte, intitulada «A vida em Cristo», chama a atenção para a lex vivendi, isto<br />

é, para o empenho que os baptizados têm de manifestar nas sua: atitudes e nas suas<br />

opções éticas de fidelidade à fé professada e celebrada. Os fiéis são chamados pelo<br />

Senhor Jesus a agir de acordo com a sua dignidade de filhos de Deus Pai na caridade do<br />

Espírito Santo.<br />

A quarta parte, intitulada «A oração cristã», apresenta uma síntese da lex orandi, isto é,<br />

da vida de oração. A exemplo de Jesus, o modelo perfeito do orante, também o cristão é<br />

chamado ao diálogo com Deus na oração, de cuja expressão privilegiada é o Pai-nosso,<br />

a oração que o próprio Jesus nos ensinou.


4. Uma segunda característica do <strong>Compêndio</strong> e a sua forma dialogada, que retoma um<br />

antigo género literário da catequese, constando de pergunta e resposta. Trata-se de<br />

repropor um diálogo ideal entre o mestre e o discípulo, mediante uma sequência de<br />

interrogações que envolvem o leitor convidando-o prosseguir na descoberta de aspectos<br />

novos da verdade da fé. O género dialogal concorre também para abreviar notavelmente<br />

o texto, reduzindo-o ao essencial. Isto poderia ajudar a assimilação e a eventual<br />

memorização do conteúdo.<br />

5. A terceira característica reside nas imagens, que assinalam a organização do<br />

<strong>Compêndio</strong>. Provêm do riquíssimo património da iconografia cristã. A tradição secular<br />

e conciliar diz-nos que também a imagem é pregação evangélica. Os artistas de todos os<br />

tempos apresentaram à contemplação e à admiração dos fiéis os factos salientes do<br />

mistério da salvação, no esplendor da cor e na perfeição da beleza. Indício de que, hoje<br />

mais do que nunca, na época da imagem, a imagem sagrada pode exprimir muito mais<br />

que a palavra, pois é muito mais eficaz o seu dinamismo de comunicação e de<br />

transmissão da mensagem evangélica.<br />

6. A quarenta anos da conclusão do Concílio Vaticano II e no ano da Eucaristia, o<br />

<strong>Compêndio</strong> pode constituir um ulterior subsídio para satisfazer quer a fome de verdade<br />

dos fiéis de todas as idades e condições, quer também a necessidade de quantos, não<br />

sendo fiéis, têm sede de verdade e de justiça. A sua publicação terá lugar na solenidade<br />

dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja universal e evangelizadores<br />

exemplares do Evangelho no mundo antigo. Estes apóstolos viveram o que pregaram e<br />

testemunharam a verdade de Cristo até ao martírio. Imitemo-los no seu ardor<br />

missionário e peçamos ao Senhor a fim de que a Igreja siga sempre o ensinamento dos<br />

Apóstolos, dos quais recebeu o primeiro alegre anúncio da fé.<br />

20 de Março de 2005, Domingo de Ramos.<br />

--------------------------------------------------<br />

Joseph Card. Ratzinger<br />

Presidente da Comissão especial<br />

1. João Paulo II, Const. Apost. Fidei depositum, 11 de Outubro de 1992.<br />

2. João Paulo II, Carta Apost. Laetamur magnoepre, 15 de Agosto de 1997.<br />

PRIMEIRA PARTE<br />

A PROFISSÃO DA FÉ<br />

PRIMEIRA SECÇÃO<br />

«EU CREIO» – «NÓS CREMOS»


1. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem?<br />

1 – 25<br />

Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura<br />

bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua vida bemaventurada.<br />

Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou o seu Filho, como Redentor e<br />

Salvador dos homens caídos no pecado, convocando-os à sua Igreja e tornando-os filhos<br />

adoptivos por obra do Espírito Santo e herdeiros da sua eterna bem-aventurança.<br />

30<br />

CAPÍTULO PRIMEIRO<br />

O HOMEM É «CAPAZ» DE DEUS<br />

«És grande, Senhor, e digno de todo o louvor [...]. Fizeste-nos para Ti e o nosso<br />

coração não descansa enquanto não repousar em Ti» ( S. Agostinho ).<br />

2. Porque é que no homem existe o desejo de Deus?<br />

27-30<br />

44-45<br />

Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo<br />

de O ver. Mesmo que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o<br />

homem a Si, para que viva e encontre n’Ele aquela plenitude de verdade e de felicidade,<br />

que ele procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é um ser religioso,<br />

capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus que<br />

confere ao homem a sua dignidade fundamental.<br />

3. Como é que se pode conhecer Deus apenas com a luz da razão?<br />

31-36<br />

46-47<br />

A partir da criação, isto é, do mundo e da pessoa humana, o homem pode, só pela razão,<br />

conhecer com certeza a Deus como origem e fim do universo e como sumo bem,<br />

verdade e beleza infinita.<br />

4. Basta porém a exclusiva luz da razão para conhecer Deus?<br />

37-38<br />

Ao conhecer Deus só com a luz da razão, o homem experimenta muitas dificuldades.<br />

Além disso, não pode entrar só pelas suas próprias forças na intimidade do mistério<br />

divino. Por isso é que Deus o quis iluminar com a sua Revelação não apenas sobre<br />

verdades que excedem o seu entendimento, mas também sobre verdades religiosas e


morais que, apesar de serem por si acessíveis à razão, podem deste modo ser conhecidas<br />

por todos, sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro.<br />

5. Como se pode falar de Deus?<br />

39-43<br />

48-49<br />

É possível falar de Deus a todos e com todos, a partir das perfeições do homem e das<br />

outras criaturas, que são um reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de Deus. É,<br />

porém, necessário purificar continuamente a nossa linguagem de tudo o que ela contém<br />

de imaginário e imperfeito, na consciência de que nunca será possível exprimir<br />

plenamente o infinito mistério de Deus.<br />

CAPÍTULO SEGUNDO<br />

DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM<br />

6. O que é que Deus revela ao homem?<br />

50-53<br />

68-69<br />

A REVELAÇÃO DE DEUS<br />

Deus revela-se ao homem, na sua bondade e sabedoria. Mediante acontecimentos e<br />

palavras, Deus revela-se a Si mesmo e ao seu desígnio de benevolência, que Ele, desde<br />

a eternidade, preestabeleceu em Cristo a favor dos homens. Tal desígnio consiste em<br />

fazer participar, pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida divina, como<br />

seus filhos adoptivos no seu único Filho.<br />

7. Quais as primeiras etapas da Revelação de Deus?<br />

54-58<br />

70-71<br />

Deus manifesta-se desde o princípio aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, e convidaos<br />

a uma comunhão íntima com Ele. Após a sua queda, não interrompe a revelação e<br />

promete a salvação para toda a sua descendência. Após o dilúvio, estabelece com Noé<br />

uma aliança entre Ele e todos os seres vivos.<br />

8. Quais as etapas sucessivas da Revelação de Deus?<br />

59-64<br />

72<br />

Deus escolhe Abrão chamando-o a deixar a sua terra para fazer dele “o pai duma<br />

multidão de povos” (Gn 17,5), e promete abençoar nele “todas as nações da terra” (Gn


12,3). Os descendentes de Abraão serão o povo eleito, os depositários das promessas<br />

divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel como seu povo salvando-o da escravidão<br />

do Egipto; conclui com ele a Aliança do Sinai, e dá-lhe a sua Lei, por meio de Moisés.<br />

Os profetas anunciam uma redenção radical do povo e uma salvação que incluirá todas<br />

as nações numa Aliança nova e eterna, que será gravada nos corações. Do povo de<br />

Israel, da descendência do rei David, nascerá o Messias: Jesus.<br />

9. Qual é a etapa plena e definitiva da Revelação de Deus?<br />

65-66<br />

73<br />

É aquela realizada no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da<br />

Revelação. Sendo o Filho Unigénito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e<br />

definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está,<br />

finalmente, completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao<br />

longo dos séculos.<br />

«A partir do momento em que nos deu o Seu Filho,<br />

que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos<br />

tudo ao mesmo tempo e duma só vez,<br />

e nada mais tem a acrescentar» (S. João da Cruz).<br />

10. Qual o valor das revelações privadas?<br />

67<br />

Embora não pertençam ao depósito da fé, elas podem ajudar a viver esta mesma fé,<br />

desde que mantenham uma estrita orientação para Cristo. O Magistério da Igreja, ao<br />

qual compete discernir as revelações privadas, não pode, por isso, aceitar aquelas que<br />

pretendem superar ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo.<br />

A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA<br />

11. Porquê e como deve ser transmitida a Revelação?<br />

74<br />

Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade»<br />

(1 Tm 2,4), isto é, de Jesus Cristo. Por isso, é necessário que Cristo seja anunciado a<br />

todos os homens, segundo o seu mandamento: «Ide e ensinai todos os povos» (Mt 28,<br />

19). É o que se realiza com a Tradição Apostólica.<br />

12. O que é a Tradição Apostólica?


75-79, 83<br />

96.98<br />

A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as<br />

origens do cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os<br />

escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram aos seus sucessores, os Bispos, e, através<br />

deles, a todas as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que receberam de Cristo e<br />

aprenderam do Espírito Santo.<br />

13. Como se realiza a Tradição Apostólica?<br />

76<br />

A Tradição Apostólica realiza-se de duas maneiras: mediante a transmissão viva da<br />

Palavra de Deus (chamada também simplesmente a Tradição) e através da Sagrada<br />

Escritura que é o próprio anúncio da salvação transmitido por escrito.<br />

14. Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?<br />

80-82<br />

97<br />

A Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si.<br />

Com efeito, ambas tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e provêm<br />

da mesma fonte divina: constituem um só sagrado depósito da fé, do qual a Igreja<br />

recebe a certeza acerca de todas as coisas reveladas.<br />

15. A quem é confiado o depósito da fé?<br />

84, 91<br />

94, 99<br />

O depósito da fé é confiado pelos Apóstolos a toda a Igreja. Todo o povo de Deus,<br />

mediante o sentido sobrenatural da fé, conduzido pelo Espírito Santo, e guiado pelo<br />

Magistério da Igreja, acolhe a Revelação divina, compreende-a cada vez mais e aplica-a<br />

à vida.<br />

16. A quem compete interpretar autenticamente o depósito da fé?<br />

85-90<br />

100<br />

A interpretação autêntica do depósito da fé compete exclusivamente ao Magistério vivo<br />

da Igreja, isto é, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão<br />

com ele. Ao Magistério, que, no serviço da Palavra de Deus, goza do carisma certo da<br />

verdade, compete ainda definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas<br />

na Revelação divina; tal autoridade estende-se também às verdades necessariamente<br />

conexas com a Revelação.<br />

17. Que relação existe entre a Escritura, a Tradição e o Magistério?


95<br />

De tal maneira estão unidos, que nenhum deles existe sem os outros. Todos juntos<br />

contribuem eficazmente, cada um a seu modo, sob a acção do Espírito Santo, para a<br />

salvação dos homens.<br />

A SAGRADA ESCRITURA<br />

18. Porque é que a Sagrada Escritura ensina a verdade?<br />

105-108<br />

135-136<br />

Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura: por isso ela é dita inspirada e<br />

ensina sem erro aquelas verdades que são necessárias para a nossa salvação. Com efeito,<br />

o Espírito Santo inspirou os autores humanos, os quais escreveram aquilo que Ele nos<br />

quis ensinar. No entanto, a fé cristã não é «uma religião do Livro», mas da Palavra de<br />

Deus, que não é «uma palavra escrita e muda, mas o Verbo Encarnado e vivo» (S.<br />

Bernardo de Claraval).<br />

19. Como ler a Sagrada Escritura?<br />

109-119<br />

137<br />

A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a<br />

condução do Magistério da Igreja segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo e à<br />

unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura na Tradição viva da Igreja; 3)<br />

respeito pela analogia da fé, isto é, da coesão entre si das verdades da fé.<br />

20. O que é o cânone das Escrituras?<br />

120<br />

138<br />

O Cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos sagrados, que a Tradição<br />

Apostólica levou a Igreja a discernir. O Cânone compreende 46 escritos do Antigo<br />

Testamento e 27 do Novo.<br />

21. Que importância tem o Antigo Testamento para os cristãos?<br />

121-123<br />

Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus: todos os<br />

seus escritos são divinamente inspirados e conservam um valor permanente. Eles dão<br />

testemunho da divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram escritos sobretudo<br />

para preparar o advento de Cristo Salvador do universo.


22. Que importância tem o Novo Testamento para os cristãos?<br />

124-127<br />

139<br />

O Novo Testamento, cujo objecto central é Jesus Cristo, entrega-nos a verdade<br />

definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e<br />

João, enquanto são o principal testemunho da vida e da doutrina de Jesus, constituem o<br />

coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja.<br />

23. Que unidade existe entre o Antigo e o Novo Testamento?<br />

128-130<br />

140<br />

A Escritura é una, uma vez que única é a Palavra de Deus, único é o projecto salvífico<br />

de Deus, única a inspiração divina dos dois Testamentos. O Antigo Testamento prepara<br />

o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo: os dois iluminam-se mutuamente.<br />

24. Qual a função da Sagrada Escritura na vida da Igreja?<br />

131-133<br />

141<br />

A Sagrada Escritura dá sustento e vigor à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza<br />

da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral.<br />

Diz o Salmista: ela é «lâmpada para os meus passos, luz no meu caminho» (Sal<br />

119,105). Por isso, a Igreja exorta à leitura frequente da Sagrada Escritura, uma vez que<br />

«a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (S. Jerónimo).<br />

CAPÍTULO TERCEIRO<br />

A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS<br />

EU CREIO<br />

25. Como responde o homem a Deus que se revela?<br />

142- 43<br />

Sustentado pela graça divina, o homem responde a Deus com a obediência da fé, que<br />

consiste em confiar-se completamente a Deus e acolher a sua Verdade, enquanto<br />

garantida por Ele que é a própria Verdade.<br />

26. Na Sagrada Escritura, quais são os principais testemunhos de obediência da fé?


144-149<br />

Há muitos testemunhos, mas particularmente dois: Abraão, que, colocado à prova, «teve<br />

fé em Deus » (Rm 4,3) e obedeceu sempre ao seu chamamento, tornando-se por isso<br />

«pai de todos os crentes» (Rm 4,11.18 ); e a Virgem Maria, que realizou de modo mais<br />

perfeito, durante toda a sua vida, a obediência da fé: «Fiat mihi secundum Verbum tuum<br />

– Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).<br />

27. Que significa, de facto, para o homem crer em Deus?<br />

150-152<br />

176-178<br />

Significa aderir ao próprio Deus, entregando-se a Ele e dando assentimento a todas as<br />

verdades por Ele reveladas, porque Deus é a verdade. Significa crer num só Deus em<br />

três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.<br />

28. Quais as características da fé?<br />

153-165<br />

179-180<br />

183-184<br />

A Fé, dom gratuito de Deus e acessível a quantos a pedem humildemente, é uma virtude<br />

sobrenatural necessária para a salvação. O acto de fé é um acto humano, isto é, um acto<br />

da inteligência do homem que, sob decisão da vontade movida por Deus, dá livremente<br />

o seu assentimento à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada sobre a<br />

Palavra de Deus; é operante «por meio da caridade» (Gal 5,6); é em contínuo<br />

crescimento, graças, em especial, à escuta da Palavra de Deus e à oração. Ela faz-nos<br />

saborear, de antemão, a alegria celeste.<br />

29. Porque não há contradições entre a fé e a ciência?<br />

159<br />

Embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência<br />

porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da<br />

razão seja a luz da fé.<br />

«Crê para compreender: compreende para crer» (Santo Agostinho)<br />

NÓS CREMOS<br />

30. Porque é que a fé é um acto pessoal e ao mesmo tempo eclesial?<br />

166-169<br />

181


A fé é um acto pessoal, enquanto resposta livre do homem a Deus que se revela. Mas é<br />

ao mesmo tempo um acto eclesial, que se exprime na confissão: «Nós cremos». De<br />

facto, é a Igreja que crê: deste modo, ela, com a graça do Espírito Santo, precede, gera e<br />

nutre a fé do indivíduo. Por isso a Igreja é Mãe e Mestra.<br />

«Não pode ter a Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe» (S. Cipriano)<br />

31. Porque é que as fórmulas da fé são importantes?<br />

170-171<br />

As fórmulas da fé são importantes porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e<br />

partilhar, juntamente com outros, as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum.<br />

32. De que maneira a fé da Igreja é uma só?<br />

172-175<br />

182<br />

A Igreja, embora formada por pessoas de diferentes línguas, culturas e ritos, professa,<br />

unânime e a uma só voz, a única fé, recebida dum só Senhor e transmitida pela única<br />

Tradição Apostólica. Professa um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – e manifesta<br />

uma única via de salvação. Portanto, nós acreditamos, num só coração e numa só alma,<br />

tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e nos é proposto pela<br />

Igreja como divinamente revelado.<br />

Símbolo dos Apóstolos<br />

SEGUNDA SECÇÃO<br />

A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ<br />

O CREDO<br />

Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra<br />

E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor<br />

que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;<br />

nasceu da Virgem Maria;


padeceu sob Pôncio Pilatos,<br />

foi crucificado, morto e sepultado;<br />

desceu à mansão dos mortos;<br />

ressuscitou ao terceiro dia;<br />

subiu aos Céus;<br />

está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,<br />

de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.<br />

Creio no Espírito Santo;<br />

na santa Igreja Católica;<br />

na comunhão dos Santos;<br />

na remissão dos pecados;<br />

na ressurreição da carne;<br />

e na vida eterna. Amen<br />

Credo Niceno-Constantinopolitano<br />

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso<br />

Criador do Céu e da Terra,<br />

de todas as coisas visíveis e invisíveis.<br />

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,<br />

Filho Unigénito de Deus,<br />

nascido do Pai antes de todos os séculos:<br />

Deus de Deus, luz da luz,<br />

Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;<br />

gerado, não criado, consubstancial ao Pai.<br />

Por Ele todas as coisas foram feitas.<br />

E por nós homens e para nossa salvação<br />

desceu dos Céus.<br />

E encarnou pelo Espírito Santo,<br />

no seio da Virgem Maria,<br />

e se fez homem.<br />

Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;<br />

padeceu e foi sepultado.<br />

Ressuscitou ao terceiro dia,<br />

conforme as Escrituras;<br />

e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.<br />

De novo há-de vir em sua glória<br />

para julgar os vivos e os mortos;<br />

e o seu Reino não terá fim.<br />

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida,<br />

e procede do Pai e do Filho;<br />

e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.<br />

Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.<br />

Professo um só Baptismo para a remissão dos pecados.


E espero a ressurreição dos mortos<br />

e a vida do mundo que há-de vir. Ámen.<br />

33. O que são os Símbolos da Fé?<br />

185-188<br />

192. 197<br />

CAPÍTULO PRIMEIRO<br />

CREIO EM DEUS PAI<br />

OS SÍMBOLOS DA FÉ<br />

São fórmulas articuladas, também chamadas «profissões de fé» ou «Credo», mediante<br />

as quais a Igreja, desde as suas origens, exprimiu resumidamente e transmitiu a própria<br />

fé, numa linguagem normativa e comum a todos os fiéis.<br />

34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé?<br />

189-191<br />

São os Símbolos baptismais. Porque o Baptismo é administrado «em nome do Pai e do<br />

Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19), as verdades de fé neles professadas estão<br />

articuladas segundo a sua referência às três Pessoas da Santíssima Trindade.<br />

35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé?<br />

193-195<br />

São o Símbolo dos Apóstolos, que é o antigo Símbolo baptismal da Igreja de Roma, e o<br />

Símbolo niceno-constantinopolitano, fruto dos primeiros dois Concílios Ecuménicos de<br />

Niceia (325) e de Constantinopola (381), e que é, ainda hoje, comum a todas as grandes<br />

Igrejas do Oriente e do Ocidente.<br />

«CREIO EM DEUS, PAI OMNIPOTENTE,<br />

CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»<br />

36. Porque é que a profissão de fé começa com «Creio em Deus»?<br />

198-199<br />

Porque a afirmação «Creio em Deus» é a mais importante, a fonte das outras verdades<br />

respeitantes ao homem, ao mundo e à nossa vida de crentes n’Ele.


37. Porque professamos um só Deus?<br />

200-202<br />

228<br />

Porque Ele se revelou ao povo de Israel como o Único, quando disse: «Escuta Israel, o<br />

Senhor é um só» (Dt 6,4), «não há outros» (Is 45,22). O próprio Jesus o confirmou:<br />

Deus é «o único Senhor» (Mc 12,29). Professar que Jesus e o Espírito Santo são<br />

também eles Deus e Senhor, não introduz nenhuma divisão no Deus Uno.<br />

38. Com que nome Deus se revela?<br />

203-205<br />

230-231<br />

Deus revela-se a Moisés como o Deus vivo, «o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o<br />

Deus de Jacob» (Ex 3,6). Ao mesmo Moisés, Deus revela também o seu nome<br />

misterioso: «Eu Sou aquele que Sou (YHWH)». O nome inefável de Deus, já nos<br />

tempos do Antigo Testamento, foi substituído pela palavra Senhor. Assim, no Novo<br />

Testamento, Jesus, chamado Senhor, aparece como verdadeiro Deus.<br />

39. Só Deus «é»?<br />

212-213<br />

Enquanto as criaturas receberam d’Ele tudo o que são e têm, só Deus é em si mesmo a<br />

plenitude do ser e de toda a perfeição. Ele é «Aquele que é», sem origem e sem fim.<br />

Jesus revela que também Ele é portador do nome divino: «Eu sou» (Jo 8, 28).<br />

40. Porque é importante a revelação do nome de Deus?<br />

206-213<br />

Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas do seu mistério inefável: só Ele<br />

é, desde sempre e para sempre, Aquele que transcende o mundo e a história. Foi Ele que<br />

fez o céu e aterra. Ele é o Deus fiel, sempre próximo do seu povo para o salvar. É o<br />

Santo por excelência, «rico de misericórdia» (Ef 2,4), sempre pronto a perdoar. É o Ser<br />

espiritual, transcendente, omnipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor.<br />

«Deus é o ser infinitamente perfeito que é a<br />

Santíssima Trindade» (S. Turíbio de Mongrovejo).<br />

41. Em que sentido Deus é a verdade?<br />

214-217<br />

231


Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele «é luz e<br />

n’Ele não há trevas» (1 Jo 1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi<br />

enviado ao mundo «para dar testemunho da Verdade» (Jo 18, 37).<br />

42. De que maneira Deus revela que é amor?<br />

218-221<br />

Deus revela-se a Israel como Aquele que tem um amor mais forte que o pai ou a mãe<br />

pelos seus filhos ou o esposo pela sua esposa. Ele, em Si mesmo, «é amor» (1 Jo<br />

4,8.16), que se dá completa e gratuitamente, «que tanto amou o mundo que lhe deu o<br />

seu próprio Filho unigénito, para que o mundo seja salvo por seu intermédio» (Jo 3,16-<br />

17). Enviando o seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que Ele próprio é eterna<br />

permuta de amor.<br />

43. O que implica crer em um só Deus?<br />

222-227<br />

229<br />

Crer em Deus, o Único, implica: conhecer a sua grandeza e majestade; viver em acção<br />

de graças; confiar sempre n’Ele, até nas adversidades; reconhecer a unidade e a<br />

verdadeira dignidade de todos os homens, criados à imagem de Deus; usar rectamente<br />

as coisas por Ele criadas.<br />

44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã?<br />

232-237<br />

O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos<br />

são baptizados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.<br />

45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido só pela razão humana?<br />

237<br />

Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas<br />

a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão<br />

humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do<br />

envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos<br />

os outros mistérios.<br />

46. O que nos revela Jesus Cristo sobre o mistério do Pai?<br />

240-242<br />

Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só enquanto é Criador do universo e do<br />

homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu<br />

Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem da sua substância» (Heb1, 3).


47. Quem é o Espírito Santo que Jesus Cristo nos revelou?<br />

243-248<br />

É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho.<br />

Ele «procede do Pai» (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a<br />

vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz de<br />

Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja<br />

«ao conhecimento da Verdade total» (Jo 16, 13).<br />

48. Como é que a Igreja exprime a sua fé trinitária?<br />

249-256<br />

266<br />

A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho<br />

e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é<br />

idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas<br />

entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é<br />

gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.<br />

49. Como operam as três Pessoas divinas?<br />

257-260<br />

267<br />

Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também no<br />

seu operar: a Trindade tem uma só e mesma operação. Mas no único agir divino, cada<br />

Pessoa está presente segundo o modo que lhe é próprio na Trindade.<br />

«Ó meu Deus, Trindade que eu adoro... pacificai a minha alma;<br />

fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar<br />

do vosso repouso. Que eu não vos deixe nunca só, mas que<br />

esteja lá, com todo o meu ser, toda vigilante na minha fé, toda<br />

em adoração, toda oferecida à vossa acção criadora»<br />

(Beata Isabel da Trindade).<br />

50. O que significa que Deus é omnipotente?<br />

268-278<br />

Deus revelou-se como «o Forte, o Potente» (Sal 24, 8-10), Aquele para quem «nada é<br />

impossível» (Lc 1,37). A sua omnipotência é universal, misteriosa, e manifesta-se na<br />

criação do mundo a partir do nada e na criação do homem por amor, mas sobretudo na<br />

Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adopção filial e no perdão dos


pecados. Por isso a Igreja dirige a sua oração ao «Deus omnipotente e eterno»<br />

(«Omipotens sempiterne Deus»).<br />

51. Porque é importante afirmar: «No princípio criou Deus o céu e a terra» (Gn<br />

1,1)?<br />

279-289<br />

315<br />

Porque a Criação é o fundamento de todos os projectos divinos de salvação; manifesta o<br />

amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do Deus único<br />

com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em Cristo; é uma<br />

primeira resposta às questões fundamentais do homem acerca da sua própria origem e<br />

do seu fim.<br />

52. Quem criou o mundo?<br />

290-292<br />

316<br />

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do mundo, ainda<br />

que a obra da criação do mundo seja particularmente atribuída ao Pai.<br />

53. Para que foi criado o mundo?<br />

293-294<br />

319<br />

O mundo foi criado para a glória de Deus, que quis manifestar e comunicar a sua<br />

bondade, verdade e beleza. O fim último da criação é que Deus, em Cristo, possa ser<br />

«tudo em todos» (1 Cor 15,28), para a sua glória e para a nossa felicidade.<br />

«A Glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem<br />

é a visão de Deus» (Santo Ireneu).<br />

54. Como é que Deus criou o universo?<br />

295-301<br />

317-320<br />

Deus criou o universo livremente, com sabedoria e amor. O mundo não é o produto<br />

duma necessidade, dum destino cego ou do acaso. Deus criou «do nada» (ex nihilo:<br />

2Mac 7,28) um mundo ordenado e bom, que Ele transcende infinitamente. Deus<br />

conserva no ser a sua criação e sustenta-a, dando-lhe a capacidade de agir, e<br />

conduzindo-a à sua realização, por meio do seu Filho e do Espírito Santo.


55. Em que consiste a Providência divina?<br />

302-306<br />

321<br />

A Providência divina consiste nas disposições com as quais Deus conduz as suas<br />

criaturas para a perfeição última, à qual Ele as chamou. Deus é o autor soberano do seu<br />

desígnio. Mas para a realização do mesmo serve-se também da cooperação das suas<br />

criaturas. Ao mesmo tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem por si mesmas, de<br />

serem causas umas das outras.<br />

56. Como é que o homem colabora com a Providência divina?<br />

307-308<br />

323<br />

Ao homem, Deus concede e requer, respeitando a sua liberdade, a colaboração através<br />

das suas acções, das suas orações e mesmo com os seus sofrimentos, suscitando nele «o<br />

querer e o operar segundo os seus benévolos desígnios» (Filp 2,13).<br />

57. Se Deus é omnipotente e providente porque é que existe o mal?<br />

309-310<br />

324. 400<br />

A esta pergunta, tão dolorosa quanto misteriosa, só o conjunto da fé cristã pode dar<br />

resposta. Deus não é de maneira nenhuma, nem directamente nem indirectamente, a<br />

causa do mal. Ele ilumina o mistério do mal no seu Filho Jesus Cristo, que morreu e<br />

ressuscitou para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos homens e que é a<br />

raiz dos outros males.<br />

58. Porque é que Deus permite o mal?<br />

311-314<br />

324<br />

A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal se do próprio mal não extraísse<br />

o bem. Deus realizou admiravelmente isso mesmo na morte e ressurreição de Cristo:<br />

com efeito, do maior mal moral, a morte do Seu Filho, Ele retirou os bens maiores, a<br />

glorificação de Cristo e a nossa redenção.<br />

59. O que é que Deus criou?<br />

325-327<br />

O céu e a terra


A Sagrada Escritura diz: «No princípio Deus criou o céu e a terra» (Gn 1,1). A Igreja,<br />

na sua profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e<br />

invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais, isto é, dos anjos e do mundo visível,<br />

e em particular do homem.<br />

60. Quem são os anjos?<br />

328-333<br />

350-351<br />

Os anjos são criaturas puramente espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais, seres<br />

pessoais dotados de inteligência e de vontade. Estes, contemplando incessantemente a<br />

Deus face a face, glorificam-no, servem-no e são os seus mensageiros no cumprimento<br />

da missão de salvação, em prol de todos os homens.<br />

61. Como é que os anjos estão presentes na vida da Igreja?<br />

334-336<br />

352<br />

A Igreja une-se aos anjos para adorar a Deus, invoca a sua assistência e celebra<br />

liturgicamente a memória de alguns.<br />

«Cada fiel tem ao seu lado um anjo como protector e pastor,<br />

para o conduzir à vida» (S. Basílio Magno).<br />

62. Que ensina a Sagrada Escritura sobre a criação do mundo visível?<br />

337-344<br />

Ao narrar os «seis dias» da criação, a Sagrada Escritura dá-nos a conhecer o valor dos<br />

seres criados e a sua finalidade de louvor a Deus e serviço ao homem. Todas as coisas<br />

devem a sua existência a Deus, de quem recebem a sua bondade e perfeição, as suas leis<br />

e o lugar no universo.<br />

63. Qual é o lugar do homem na criação?<br />

343-344<br />

353<br />

O homem é o vértice da criação visível, pois é criado à imagem e semelhança de Deus.<br />

64. Que tipo de relação existe entre as coisas criadas?<br />

342-354


Entre as criaturas existe uma interdependência e uma hierarquia queridas por Deus. Ao<br />

mesmo tempo, existe uma unidade e solidariedade entre as criaturas, uma vez que todas<br />

têm o mesmo Criador, são por Ele amadas e estão ordenadas para a sua glória. Respeitar<br />

as leis inscritas na Criação e as relações derivantes da natureza das coisas é portanto um<br />

princípio de sabedoria e um fundamento da moral.<br />

65. Qual a relação entre a obra da criação e a da redenção?<br />

345-349<br />

A obra da criação culmina na obra ainda maior da redenção. Com efeito, esta dá início à<br />

nova criação, na qual tudo reencontrará o seu pleno sentido e o seu acabamento.<br />

O homem<br />

66. Em que sentido o homem é criado «à imagem de Deus»?<br />

355-358<br />

Afirmar que o homem é criado à imagem de Deus significa que ele é capaz de conhecer<br />

e amar, na liberdade, o próprio Criador. É a única criatura, nesta terra, que Deus quis<br />

por si mesma e que chamou a partilhar a sua vida divina, no conhecimento e no amor.<br />

Enquanto criado à imagem de Deus, o homem tem a dignidade de pessoa: não é uma<br />

coisa mas alguém, capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em<br />

comunhão com Deus e com as outras pessoas.<br />

67. Para que fim Deus criou o homem?<br />

358-359<br />

Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para conhecer, servir e amar a<br />

Deus, para Lhe oferecer neste mundo toda a criação em acção de graças e para ser<br />

elevado à vida com Deus no céu. Só no mistério do Verbo encarnado se esclarece<br />

verdadeiramente o mistério do homem, predestinado a reproduzir a imagem do Filho de<br />

Deus feito homem, que é a perfeita «imagem de Deus invisível» (Col 1, 15).<br />

68. Porque é que os homens constituem uma unidade?<br />

360-361<br />

Todos os homens formam a unidade do género humano, graças à sua comum origem em<br />

Deus. Para além disso, Deus criou «a partir de um só homem todo o género humano»<br />

(Act 17,26). Todos têm também um único Salvador e todos são chamados a partilhar a<br />

eterna felicidade de Deus.<br />

69. Como é que, no homem, a alma e o corpo formam uma unidade?


362-356<br />

382<br />

A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corpóreo e espiritual. O espírito e a<br />

matéria, no homem, formam uma única natureza. Esta unidade é tão profunda que,<br />

graças ao princípio espiritual que é a alma, o corpo, que é material, se torna um corpo<br />

humano e vivo e participa na dignidade de imagem de Deus.<br />

70. Quem dá a alma ao ser humano?<br />

366-368<br />

383<br />

A alma espiritual não vem dos pais, mas é criada directamente por Deus e é imortal.<br />

Separando-se do corpo no momento da morte, ela não perece; voltará a unir-se<br />

novamente ao corpo, no momento da ressurreição final.<br />

71. Que relação Deus estabeleceu entre o homem e a mulher?<br />

369-373<br />

383<br />

O homem e a mulher foram criados por Deus com uma igual dignidade enquanto<br />

pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa complementaridade recíproca enquanto<br />

masculino e feminino. Deus quis que fossem um para o outro, para uma comunhão de<br />

pessoas. Juntos são também chamados a transmitir a vida humana, formando no<br />

matrimónio «uma só carne» (Gn 2, 24), e a dominar a terra como «administradores» de<br />

Deus.<br />

72. Qual era a condição originária do homem segundo o projecto de Deus?<br />

374-379<br />

384<br />

Deus, criando o homem e a mulher, tinha-lhes dado uma participação especial na<br />

própria vida divina, em santidade e justiça. Segundo o projecto de Deus, o homem não<br />

deveria nem sofrer nem morrer. Além disso, reinava uma harmonia perfeita no próprio<br />

ser humano, entre a criatura e o criador, entre o homem e a mulher, bem como entre o<br />

primeiro casal humano e toda a criação.<br />

A queda<br />

73. Como se compreende a realidade do pecado?<br />

385-389


O pecado está presente na história do homem. Tal realidade só se esclarece plenamente<br />

à luz da Revelação divina, e sobretudo à luz de Cristo Salvador universal, que fez<br />

superabundar a graça onde abundou o pecado.<br />

74. O que é a queda dos anjos?<br />

391-395<br />

414<br />

Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros demónios de que falam a Sagrada<br />

Escritura e a Tradição da Igreja, de anjos criados bons por Deus, se transformaram em<br />

maus, porque, mediante uma opção livre e irrevogável, recusaram Deus e o seu Reino,<br />

dando assim origem ao inferno. Procuram associar o homem à sua rebelião contra Deus;<br />

mas Deus afirma em Cristo a Sua vitória segura sobre o Maligno.<br />

75. Em que consiste o primeiro pecado do homem?<br />

396-403<br />

415-417<br />

O homem, tentado pelo diabo, deixou apagar no seu coração a confiança em relação ao<br />

seu Criador e, desobedecendo-lhe, quis tornar-se «como Deus», sem Deus e não<br />

segundo Deus (Gn 3, 5). Assim, Adão e Eva perderam imediatamente, para si e para<br />

todos os seus descendentes, a graça da santidade e da justiça originais.<br />

76. O que é o pecado original?<br />

404<br />

419<br />

O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o estado de privação da santidade<br />

e da justiça originais. É um pecado por nós «contraído» e não «cometido»; é uma<br />

condição de nascimento e não um acto pessoal. Por causa da unidade de origem de<br />

todos os homens, ele transmite-se aos descendentes de Adão com a natureza humana,<br />

«não por imitação mas por propagação». Esta transmissão permanece um mistério que<br />

não podemos compreender plenamente.<br />

77. Que outras consequências provoca o pecado original?<br />

405-409<br />

418<br />

Em consequência do pecado original, a natureza humana, sem ser totalmente<br />

corrompida, fica ferida nas suas forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento,<br />

ao poder da morte, e inclinada ao pecado. Tal inclinação é chamada concupiscência.<br />

78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus?<br />

410-412<br />

420


Após o primeiro pecado, o mundo foi inundado por pecados, mas Deus não abandonou<br />

o homem ao poder da morte. Pelo contrário, pré-anunciou de modo misterioso – no<br />

«Proto-evangelho» (Gn 3,15) – que o mal seria vencido e o homem levantado da queda.<br />

É o primeiro anúncio do Messias redentor. Por isso a queda será mesmo chamada feliz<br />

culpa, porque «mereceu um tal e tão grande Redentor» (Liturgia da Vigília pascal).<br />

79. Qual é a Boa Nova para o homem?<br />

422-424<br />

CAPÍTULO SEGUNDO<br />

CREIO EM JESUS CRISTO,<br />

O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS<br />

É o anúncio de Jesus Cristo, «o Filho do Deus vivo» (Mt 16,16), morto e ressuscitado.<br />

No tempo do rei Herodes e do imperador César Augusto, Deus cumpriu as promessas<br />

feitas a Abraão e à sua descendência enviando «o Seu Filho, nascido de uma mulher e<br />

sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e nos tornar seus filhos<br />

adoptivos» (Gal 4, 4-5).<br />

80. Como se difunde esta Boa Nova?<br />

425-429<br />

Desde o início os primeiros discípulos tiveram um ardente desejo de anunciar Jesus<br />

Cristo, com o fim de conduzir à fé n’Ele. Também hoje, do amoroso conhecimento de<br />

Cristo nasce o desejo de evangelizar e catequizar, isto é, de revelar na sua pessoa o<br />

pleno desígnio de Deus e de colocar a humanidade em comunhão com Ele.<br />

«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»<br />

81. Que significa o nome «Jesus»?<br />

430-435<br />

452<br />

Dado pelo Anjo no momento da Anunciação, o nome «Jesus» significa «Deus salva».<br />

Exprime a sua identidade e a sua missão, «porque é Ele que salvará o seu povo dos seus<br />

pecados» (Mt 1,21). Pedro afirma que «não existe debaixo do céu outro Nome dado aos<br />

homens pelo qual possamos ser salvos» (Act 4,12).


82. Porque é que Jesus é chamado «Cristo»?<br />

436-440<br />

453<br />

«Cristo» em grego, «Messias» em hebraico, significa «ungido». Jesus é o Cristo porque<br />

é consagrado por Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o<br />

Messias esperado por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de<br />

Messias, precisando porém o seu sentido: «descido do céu» (Jo 3,13), crucificado e<br />

depois ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor «que dá a sua vida em resgate pela<br />

multidão» (Mt 20,28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome de cristãos.<br />

83. Em que sentido Jesus é o «Filho Unigénito de Deus»?<br />

441-445<br />

454<br />

No sentido único e perfeito. No momento do Baptismo e da Transfiguração, a voz do<br />

Pai designa Jesus como seu «Filho predilecto». Apresentando-se a Si mesmo como o<br />

Filho que «conhece o Pai» (Mt 11,27), Jesus afirma a Sua relação única e eterna com<br />

Deus Seu Pai. Ele é «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da<br />

Trindade. É o centro da pregação apostólica: os Apóstolos viram «a Sua glória, como de<br />

Unigénito do Pai» (Jo 1, 14).<br />

84. O que significa o título «Senhor»?<br />

446-451<br />

455<br />

Na Bíblia, este título designa habitualmente Deus Soberano. Jesus atribui-o a si mesmo<br />

e revela a sua soberania divina através do poder sobre a natureza, sobre os demónios,<br />

sobre o pecado e sobre a morte, sobretudo com a sua Ressurreição. As primeiras<br />

confissões cristãs proclamam que o poder, a honra e a glória devidas a Deus Pai são<br />

também devidas a Jesus: Deus «deu-Lhe o Nome que está acima de todos os nomes»<br />

(Fil 2,9). Ele é o Senhor do mundo e da história, o único a quem o homem deve<br />

submeter completamente a própria liberdade pessoal.<br />

«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER<br />

DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»<br />

85. Porque é que o Filho de Deus se fez homem?<br />

456-460<br />

O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por<br />

causa de nós homens e para nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós


pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso<br />

modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4).<br />

86. Que significa a palavra «Encarnação»?<br />

461-463<br />

483<br />

A Igreja chama «Encarnação» ao mistério da admirável união da natureza divina e da<br />

natureza humana na única Pessoa divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o<br />

Filho de Deus fez-se «carne» (Jo 1,14) tornando-se verdadeiramente homem. A fé na<br />

Encarnação é o sinal distintivo da fé cristã.<br />

87. De que modo Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem?<br />

464-467<br />

469<br />

Jesus é, inseparavelmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da sua<br />

Pessoa divina. Ele, o Filho de Deus, que é «gerado, não criado, consubstancial ao Pai»,<br />

fez-se verdadeiramente homem, nosso irmão, sem com isto deixar de ser Deus, nosso<br />

Senhor.<br />

88. Que ensina acerca disto o Concílio de Calcedónia (ano 451)?<br />

467<br />

O Concílio de Calcedónia ensina a confessar «um só e mesmo Filho, nosso Senhor<br />

Jesus Cristo, perfeito na sua divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e<br />

verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai pela<br />

sua divindade, consubstancial a nós pela humanidade, “em tudo semelhante a nós,<br />

excepto no pecado” (Heb 4, 15); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo a<br />

divindade e, nestes últimos tempos, por nós homens e para nossa salvação, nascido da<br />

Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade».<br />

89. Como é que a Igreja exprime do mistério da Encarnação?<br />

464-469<br />

479-481<br />

Exprime-o afirmando que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, com<br />

duas naturezas, a divina e a humana, que se não confundem, mas estão unidas na Pessoa<br />

do Verbo. Portanto, na humanidade de Jesus, tudo – milagres, sofrimento, morte – deve<br />

ser atribuído à sua Pessoa divina, que age através da natureza humana assumida.<br />

«Ó Filho Unigénito e Verbo de Deus, Tu que és imortal, para a nossa salvação<br />

dignaste-Te encarnar no seio da santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria ( ... ). Tu


que és Um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salva-nos!»<br />

(Liturgia Bizantina de S. João Crisóstomo).<br />

90. O Filho de Deus feito homem tinha uma alma com um conhecimento humano?<br />

470-474<br />

482<br />

O Filho de Deus assumiu um corpo animado por uma alma racional humana. Com a sua<br />

inteligência humana, Jesus aprendeu muitas coisas através da experiência. Mas também,<br />

como homem, o Filho de Deus tinha um conhecimento íntimo e imediato de Deus seu<br />

Pai. Penetrava igualmente os pensamentos secretos dos homens e conhecia plenamente<br />

os desígnios eternos que Ele viera revelar.<br />

91. Como se harmonizam as duas vontades do Verbo encarnado?<br />

475<br />

482<br />

Jesus tem uma vontade divina e uma vontade humana. Na sua vida terrena, o Filho de<br />

Deus quis humanamente o que divinamente decidiu com o Pai e o Espírito Santo para a<br />

nossa salvação. A vontade humana de Cristo segue, sem oposição ou relutância, a<br />

vontade divina, ou melhor, está subordinada a ela.<br />

92. Cristo tinha um verdadeiro corpo humano?<br />

476-477<br />

Cristo assumiu um verdadeiro corpo humano, através do qual Deus invisível se tornou<br />

visível. Por esta razão, Cristo pode ser representado e venerado nas santas imagens.<br />

93. O que significa o Coração de Jesus?<br />

478<br />

Jesus conheceu-nos e amou-nos com um coração humano. O Seu coração trespassado<br />

para nossa salvação é o símbolo daquele infinito amor com o qual Ele ama o Pai e cada<br />

um dos homens.<br />

94. «Concebido por obra do Espírito Santo...»: o que significa esta expressão?<br />

484-486<br />

Significa que a Virgem Maria concebeu o Filho eterno no seu seio, por obra do Espírito<br />

Santo e sem a colaboração de homem: «O Espírito Santo descerá sobre ti» (Lc 1, 35),<br />

disse-lhe o Anjo na Anunciação.


95. «…Nascido da Virgem Maria»: porque é que Maria é verdadeiramente Mãe de<br />

Deus?<br />

495<br />

509<br />

Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe de Jesus (Jo 2,1; 19,25). Com<br />

efeito, Aquele que foi concebido por obra do Espírito Santo e que se tornou<br />

verdadeiramente Filho de Maria é o Filho eterno de Deus Pai. É Ele mesmo Deus.<br />

96. O que significa «Imaculada Conceição»?<br />

487-492<br />

508<br />

Deus escolheu gratuitamente Maria desde toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu<br />

Filho: para cumprir tal missão, foi concebida imaculada. Isto significa que, pela graça<br />

de Deus e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Maria foi preservada do pecado<br />

original desde a sua concepção.<br />

97. Como colabora Maria no desígnio divino da salvação?<br />

493-494<br />

508-511<br />

Durante toda a sua existência, por graça de Deus, Maria conservou-se imune de todo o<br />

pecado pessoal. É a «cheia de graça» (Lc 1,28) e a «Toda Santa». Quando o Anjo lhe<br />

anuncia que dará à luz «o Filho do Altíssimo» (Lc 1,32), dá livremente o seu<br />

assentimento com a «obediência da fé» (Rm 1,5). Maria entrega-se totalmente à Pessoa<br />

e obra do seu Filho Jesus, abraçando com toda a alma a vontade divina de salvação.<br />

98. Que significa a conceição virginal de Jesus?<br />

496-498<br />

503<br />

Significa que Jesus foi concebido no seio da Virgem apenas pelo poder do Espírito<br />

Santo, sem intervenção de homem. Ele é o Filho do Pai celeste, segundo a natureza<br />

divina, e Filho de Maria segundo a natureza humana, mas propriamente Filho de Deus<br />

nas suas naturezas, existindo nele uma única Pessoa, a divina.<br />

99. Em que sentido Maria é «sempre Virgem»?<br />

499-507<br />

510-511<br />

No sentido de que Maria «permaneceu Virgem na concepção do seu Filho, Virgem no<br />

parto, Virgem grávida, Virgem mãe, Virgem perpétua» (Santo Agostinho). Portanto,<br />

quando os Evangelhos falam de «irmãos e irmãs de Jesus», trata-se de parentes<br />

próximos de Jesus, segundo uma expressão usual na Sagrada Escritura.


100. De que modo é que a maternidade espiritual de Maria é universal?<br />

501-507<br />

511<br />

Maria tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a<br />

todos os homens que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a<br />

Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu<br />

nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da<br />

Igreja e a sua realização mais perfeita.<br />

101. Em que sentido toda a vida de Cristo é Mistério?<br />

512-521<br />

561-562<br />

Toda a vida de Cristo é acontecimento de revelação: o que é visível na vida terrena de<br />

Jesus conduz ao seu Mistério invisível, sobretudo ao Mistério da sua filiação divina:<br />

«quem me vê, vê o Pai» (Jo 14, 19). Além disso, embora a salvação provenha<br />

plenamente da cruz e da ressurreição, toda a vida de Cristo é Mistério de salvação,<br />

porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha como objectivo salvar o homem caído<br />

e restabelece-lo na sua vocação de filho de Deus.<br />

102. Quais foram as preparações para os Mistérios de Jesus?<br />

522-524<br />

Antes de mais, houve uma longa preparação de muitos séculos, que nós revivemos na<br />

celebração litúrgica do tempo do Advento. Para além da obscura expectativa que<br />

colocou no coração dos pagãos, Deus preparou a vinda do seu Filho através da Antiga<br />

Aliança, até João Baptista que é o último e o maior dos profetas.<br />

103. Que ensina o Evangelho sobre os Mistérios do nascimento e da infância de<br />

Jesus?<br />

525-530<br />

563-564<br />

No Natal, a glória do Céu manifesta-se na debilidade dum menino; a circuncisão de<br />

Jesus é sinal da pertença ao povo hebraico e prefiguração do nosso Baptismo; a<br />

Epifania é a manifestação do Rei-Messias de Israel a todas as gentes; na sua<br />

apresentação no templo, em Simeão e Ana é toda a esperança de Israel que vem ao<br />

encontro do seu Salvador; a fuga para o Egipto e a matança dos inocentes anunciam<br />

que toda a vida de Cristo estará sob o sinal da perseguição; o seu regresso do Egipto<br />

recorda o Êxodo e apresenta Jesus como o novo Moisés: Ele é o verdadeiro e definitivo<br />

libertador.<br />

104. O que é que nos ensina a vida oculta de Jesus em Nazaré?


533-534<br />

564<br />

Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio duma vida normal.<br />

Permite-nos assim estar em comunhão com Ele, na santidade duma vida quotidiana feita<br />

de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor familiar. A sua submissão a Maria e a<br />

José, seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José, com<br />

a sua fé, acolhem o Mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam.<br />

105. Porque é que Jesus recebe de João o «baptismo de conversão para o perdão<br />

dos pecados» (Lc 3, 3)?<br />

535-537<br />

565<br />

Para dar início à sua vida pública e antecipar o «Baptismo» da Sua morte: aceita assim,<br />

embora sendo sem pecado, ser contado entre os pecadores, Ele, «o Cordeiro de Deus<br />

que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O Pai proclama-O Seu «Filho predilecto» (Mt<br />

3,17) e o Espírito desce sobre Ele. O baptismo de Jesus é a prefiguração do nosso<br />

baptismo.<br />

106. O que revelam as tentações de Jesus no deserto?<br />

538-540<br />

566<br />

As tentações de Jesus recapitulam a tentação de Adão no paraíso e as de Israel no<br />

deserto. Satanás tenta Jesus na sua obediência à missão que Lhe tinha sido confiada pelo<br />

Pai. Cristo, novo Adão, resiste, e a sua vitória anuncia a vitória da sua paixão, suprema<br />

obediência do seu amor filial. A Igreja une-se, em particular, a este Mistério, no tempo<br />

litúrgico da Quaresma.<br />

107. Quem é convidado para o Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus?<br />

541-546<br />

567<br />

Jesus convida todos os homens a tomar parte no Reino de Deus. Mesmo o pior pecador<br />

é chamado a converter-se e a aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino pertence, já<br />

aqui sobre a terra, àqueles que o acolhem com coração humilde. É a eles que são<br />

revelados os seus Mistérios.<br />

108. Porque é que Jesus anuncia o Reino com sinais e milagres?<br />

547-550<br />

567<br />

Jesus acompanha a sua palavra com sinais e milagres para atestar que o Reino está<br />

presente n’Ele, o Messias. Embora Ele cure algumas pessoas, não veio para eliminar<br />

todos os males aqui na terra, mas, antes de mais, para nos libertar da escravidão do


pecado. A expulsão dos demónios anuncia que a sua cruz será vitoriosa sobre o<br />

«príncipe deste mundo» (Jo 12,31).<br />

109. Que autoridade confere Jesus aos seus Apóstolos, no Reino?<br />

551-553<br />

567<br />

Jesus escolhe os Doze, futuras testemunhas da sua Ressurreição, e torna-os participantes<br />

da sua missão e da sua autoridade para ensinar, absolver os pecados, edificar e governar<br />

a Igreja. Neste colégio, Pedro recebe «as chaves do Reino» (Mt 16,19) e ocupa o<br />

primeiro lugar, com a missão de guardar a fé na sua integridade e de confirmar os seus<br />

irmãos.<br />

110. Qual o significado da transfiguração?<br />

554-556<br />

568<br />

Na Transfiguração aparece antes de mais a Trindade: «O Pai na voz, o Filho no homem,<br />

o Espírito na nuvem brilhante» (S. Tomás de Aquino). Evocando, com Moisés e Elias, a<br />

sua «partida» (Lc 9, 31), Jesus mostra que a sua glória passa através da cruz e antecipa a<br />

sua ressurreição e a sua vinda gloriosa, pois «transfigurará o nosso pobre corpo para<br />

transformá-lo no seu corpo glorioso» (Filp 3, 21).<br />

«Transfiguraste-Te sobre a montanha e, na medida em que disso eram capazes, os teus<br />

discípulos contemplaram a Tua glória, Cristo Deus, para que, quando te vissem<br />

crucificado, compreendessem que a Tua Paixão era voluntária, e anunciassem ao<br />

mundo que Tu és verdadeiramente a irradiação do Pai» (Liturgia Bizantina).<br />

111. Como se deu a entrada messiânica em Jerusalém?<br />

557-560<br />

569-570<br />

No tempo estabelecido, Jesus decide subir a Jerusalém para sofrer a sua paixão, morrer<br />

e ressuscitar. Como Rei Messias que manifesta a vinda do reino, Ele entra na sua cidade<br />

montado num jumento. É acolhido pelos humildes, cuja aclamação é retomada no<br />

Sanctus eucarístico: «Bendito aquele que vem no nome do Senhor! Hossana (salvanos)»<br />

(Mt 21,9). A liturgia da Igreja inicia a Semana Santa com a celebração desta<br />

entrada em Jerusalém.<br />

«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS,<br />

FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»


112. Qual é a importância do Mistério pascal de Jesus?<br />

571-573<br />

O Mistério pascal de Jesus, que compreende a sua paixão, morte, ressurreição e<br />

glorificação, está no centro da fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus se realizou<br />

uma vez por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo.<br />

113. Quais as acusações para a condenação de Jesus?<br />

574-576<br />

Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de<br />

Jerusalém, e em particular contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de<br />

Deus. Por isso, O entregaram a Pilatos, para que O condenasse à morte.<br />

114. Qual o comportamento de Jesus, em relação à Lei de Israel?<br />

577-582<br />

592<br />

Jesus não aboliu a Lei, dada por Deus a Moisés no Sinai, mas levou-a à plenitude,<br />

dando-lhe a interpretação definitiva. É o Legislador divino que cumpre integralmente<br />

esta Lei. Além disso, Ele, o Servo fiel, oferece mediante a sua morte expiadora o único<br />

sacrifício capaz de redimir todas «as faltas cometidas durante a primeira Aliança» (Heb<br />

9,15).<br />

115. Qual a atitude de Jesus em relação ao templo de Jerusalém?<br />

583-586<br />

593<br />

Jesus foi acusado de hostilidade em relação ao Templo. Contudo Ele venerou-o como<br />

«a morada do seu Pai» (Jo 2,16) e consagrou-lhe uma parte importante do seu ensino.<br />

Mas predisse também a sua destruição, em relação com a sua própria morte, e Ele<br />

mesmo se apresentou como a morada definitiva de Deus entre os homens.<br />

116. Jesus contradisse a fé de Israel no Deus único e salvador?<br />

587-591<br />

594<br />

Jesus nunca contradisse a fé num Deus único, nem sequer quando realizava a obra<br />

divina por excelência que cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a Deus:<br />

o perdão dos pecados. A exigência feita por Jesus de fé na sua pessoa e de conversão<br />

permite compreender a trágica incompreensão do Sinédrio que considerou Jesus<br />

merecedor de morte porque blasfemo.


117. Quem é responsável pela morte de Jesus?<br />

595-598<br />

A paixão e a morte de Jesus não podem ser imputadas indistintamente nem a todos os<br />

judeus então vivos, nem aos outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço.<br />

Cada pecador, isto é, cada homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos do<br />

Redentor, e culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais<br />

frequentemente caem no pecado ou se deleitam nos vícios.<br />

118. Porque é que a morte de Cristo faz parte do desígnio de Deus?<br />

599-605<br />

619<br />

Para reconciliar consigo todos os homens votados à morte por causa do pecado, Deus<br />

tomou a iniciativa amorosa de enviar o Seu Filho para que se entregasse à morte pelos<br />

pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, em particular como sacrifício do Servo<br />

sofredor, a morte de Jesus acontece «segundo as Escrituras».<br />

119. Com é que Cristo se ofereceu ao Pai?<br />

606-609<br />

620<br />

Toda a vida de Cristo é oferta livre ao Pai para realizar o seu desígnio de salvação. Ele<br />

dá «a sua vida em resgate por muitos» (Mc 10,45) e deste modo reconcilia com Deus<br />

toda a humanidade. O seu sofrimento e a sua morte manifestam como a sua humanidade<br />

é o instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a salvação de todos os<br />

homens.<br />

120. Como se manifesta na última Ceia a oferta de Jesus?<br />

610-611<br />

621<br />

Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e<br />

realiza antecipadamente a oferta voluntária de Si mesmo: «este é o meu corpo entregue<br />

por vós», «este é o meu sangue, que é derramado...» (Lc 22,19-20). Ele institui assim ao<br />

mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor 11,25) do seu sacrifício e os seus<br />

Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança.<br />

121. Que acontece na agonia do horto do Getsemani?<br />

612<br />

Apesar do horror que a morte provoca na humanidade santíssima d’Aquele que é o<br />

próprio «Autor da vida» (Act 3,15), a vontade humana do Filho de Deus adere à vontade<br />

do Pai: para nos salvar, Jesus aceita carregar sobre Si os nossos pecados no seu corpo,<br />

«fazendo-se obediente até à morte» (Fil 2,8).


122. Quais os efeitos do sacrifício de Cristo na cruz?<br />

613-617<br />

622-623<br />

Jesus ofereceu livremente a Sua vida em sacrifício de expiação, isto é, reparou as nossas<br />

culpas com a plena obediência do Seu amor até à morte. Este «amor até ao fim» (Jo<br />

13,1) do Filho de Deus reconcilia com o Pai toda a humanidade. O sacrifício pascal de<br />

Cristo resgata portanto os homens num modo único, perfeito e definitivo, e abre-lhes a<br />

comunhão com Deus.<br />

123. Porque é que Jesus convida os discípulos a tomar a sua cruz?<br />

618<br />

Chamando os discípulos a «tomar a sua cruz e a segui-Lo» (Mt 16,24), Jesus quer<br />

associar ao seu sacrifício redentor aqueles mesmos que dele sãos os primeiros<br />

beneficiários.<br />

124. Em que condições estava o corpo de Cristo no sepulcro?<br />

624-630<br />

Cristo conheceu uma verdadeira morte e uma verdadeira sepultura. Mas o poder divino<br />

preservou o seu corpo da corrupção.<br />

«JESUS CRISTO DESCEU AOS INFERNOS,<br />

RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»<br />

125. O que são «os infernos», aos quais Jesus desceu?<br />

632-637<br />

Os «infernos» (não confundir com o inferno da condenação) ou mansão dos mortos,<br />

designam o estado de todos aqueles que, justos ou maus, morreram antes de Cristo.<br />

Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus alcançou, nos infernos, os justos que<br />

esperavam o seu Redentor para acederem finalmente à visão de Deus. Depois de com a<br />

sua morte, ter vencido a morte e o diabo «que da morte tem o poder» (Heb 2,14),<br />

libertou os justos que esperavam o Redentor, e abriu-lhes as portas do Céu.<br />

126. Que lugar ocupa a ressurreição de Cristo na nossa fé?<br />

631, 638<br />

A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo e representa, com<br />

a Cruz, uma parte essencial do Mistério pascal.


127. Que «sinais» atestam a ressurreição de Jesus?<br />

639-644<br />

656-657<br />

Para além do sinal essencial constituído pelo túmulo vazio, a Ressurreição de Jesus é<br />

atestada pelas mulheres que foram as primeiras a encontrar Jesus e o anunciaram aos<br />

Apóstolos. A seguir, Jesus «apareceu a Cefas (Pedro) e depois aos Doze. Seguidamente,<br />

apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez» (1 Cor 15,5-6) e a outros ainda.<br />

Os Apóstolos não teriam podido inventar a Ressurreição, uma vez que esta lhes parecia<br />

impossível: de facto, Jesus repreendeu-os pela sua incredulidade.<br />

128. Porque é que a Ressurreição é ao mesmo tempo um acontecimento<br />

transcendente?<br />

647<br />

656-657<br />

Embora seja um acontecimento histórico, constatável e atestado através dos sinais e<br />

testemunhos, a Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de<br />

Deus, transcende e supera a história, como mistério da fé. Por este motivo, Cristo<br />

ressuscitado não se manifestou ao mundo mas aos seus discípulos, fazendo deles as suas<br />

testemunhas junto do povo.<br />

129. Qual é o estado do corpo ressuscitado de Jesus?<br />

645-646<br />

A Ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena. O Seu corpo ressuscitado é<br />

Aquele que foi crucificado e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é doravante<br />

participante da vida divina com as propriedades dum corpo glorioso. Por esta razão,<br />

Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos seus discípulos como Ele quer,<br />

onde Ele quer e sob aspectos diversos.<br />

130. De que modo a Ressurreição é obra da Santíssima Trindade?<br />

648-650<br />

A Ressurreição de Cristo é uma obra transcendente de Deus. As três Pessoas actuam<br />

conjuntamente segundo o que lhes é próprio: o Pai manifesta o Seu poder; o Filho<br />

«retoma» a vida que livremente ofereceu (Jo 10,17) reunindo a Sua alma e o Seu corpo,<br />

que o Espírito vivifica e glorifica.<br />

131. Qual o sentido e a importância da Ressurreição?<br />

651-655<br />

658<br />

A Ressurreição é o culminar da Encarnação. Ela confirma a divindade de Cristo, e<br />

também tudo o que Ele fez e ensinou, e realiza todas as promessas divinas em nosso


favor. Além disso, o Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, é o princípio da<br />

nossa justificação e da nossa Ressurreição: a partir de agora, Ele garante-nos a graça da<br />

adopção filial que é a participação real na sua vida de Filho unigénito; depois, no final<br />

dos tempos, Ele ressuscitará o nosso corpo.<br />

«JESUS SUBIU AO CÉU<br />

ESTÁ SENTADO À DIREITA DO PAI OMNIPOTENTE»<br />

132. O que é que significa a Ascensão?<br />

659-667<br />

Passados os quarenta dias em que se mostrou aos Apóstolos sob as aparências duma<br />

humanidade normal que ocultavam a sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe ao céu e<br />

senta-se à direita do Pai. Ele é o Senhor que agora reina com a sua humanidade na glória<br />

eterna de Filho de Deus e sem cessar intercede por nós junto do Pai. Envia-nos o Seu<br />

Espírito e tendo-nos preparado um lugar, dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele.<br />

«DE ONDE VIRÁ A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS»<br />

133. Como reina agora o Senhor Jesus?<br />

668-674<br />

680<br />

Senhor do cosmos e da história, Cabeça da sua Igreja, Cristo glorificado permanece<br />

misteriosamente sobre a terra, onde o Seu Reino já está presente como germe e início na<br />

Igreja. Ele um dia voltará em glória, mas não sabemos quando. Por isso, vivemos<br />

vigilantes, rezando: «Vem, Senhor» (Ap 22,20).<br />

134. Como se realizará a vinda do Senhor na glória?<br />

675-677<br />

680<br />

Após o último abalo cósmico deste mundo que passa, a vinda gloriosa de Cristo<br />

acontecerá com o triunfo definitivo de Deus na Parusia de Cristo e com o Juízo final.<br />

Assim se cumprirá o Reino de Deus.<br />

135. Como é que Cristo julgará os vivos e os mortos?


678-679<br />

681-682<br />

Cristo julgará com o poder adquirido como Redentor do mundo, vindo para salvar os<br />

homens. Os segredos dos corações serão revelados, bem como o procedimento de cada<br />

um em relação a Deus e ao próximo. Cada homem será repleto de vida ou condenado<br />

para a eternidade segundo as suas obras. Assim se realizará «a plenitude de Cristo» (Ef<br />

4,13), na qual «Deus será tudo em todos» (1 Cor 15,28).<br />

CAPÍTULO TERCEIRO<br />

CREIO NO ESPÍRITO SANTO<br />

«CREIO NO ESPÍRITO SANTO»<br />

136. Que quer dizer a Igreja quando professa: «Creio no Espírito Santo»?<br />

683-686<br />

Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que<br />

procede do Pai e do Filho, e «com o Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito<br />

foi «enviado aos nossos corações» (Gal 4,6) para recebermos a vida nova de filhos de<br />

Deus.<br />

137. Porque é que as missões do Filho e do Espírito são inseparáveis?<br />

687-690<br />

742-743<br />

Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos mas inseparáveis. De facto,<br />

desde o princípio até ao final dos tempos, quando o Pai envia o Seu Filho, envia<br />

também o Seu Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como filhos adoptivos,<br />

podermos chamar Deus «Pai» (Rm 8,15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo<br />

através da sua acção quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja.<br />

138. Quais são as designações do Espírito Santo?<br />

691-693<br />

«Espírito Santo» é o nome próprio da terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus<br />

chama-lhe também: Espírito Paráclito (Consolador, Advogado) e Espírito de Verdade.<br />

O Novo Testamento chama-o ainda: Espírito de Cristo, do Senhor, de Deus, Espírito da<br />

glória, da promessa.<br />

139. Com que símbolos se representa o Espírito Santo?


694-701<br />

São numerosos: a água viva que jorra do coração trespassado de Cristo e dessedenta os<br />

baptizados; a unção com o óleo que é o sinal sacramental da Confirmação; o fogo que<br />

transforma o que toca; a nuvem, obscura e luminosa, na qual se revela a glória divina; a<br />

imposição das mãos mediante a qual é dado o Espírito; a pomba que desce sobre Cristo<br />

e permanece sobre Ele no baptismo.<br />

140. O que significa que o Espírito «falou pelos profetas»?<br />

687-688<br />

702-706<br />

743<br />

Com o termo profetas entende-se todos os que foram inspirados pelo Espírito Santo<br />

para falar em nome de Deus. O Espírito conduz as profecias do Antigo Testamento ao<br />

seu pleno cumprimento em Cristo, de quem revela o mistério no Novo Testamento.<br />

141. O que é que o Espírito Santo realiza em João Baptista?<br />

717-720<br />

João Baptista, o último profeta do Antigo Testamento é cheio do Espírito Santo, que o<br />

envia a «preparar para o Senhor um povo bem disposto» (Lc 1,17) e a anunciar a vinda<br />

de Cristo, Filho de Deus: Aquele sobre o qual João viu o Espírito descer e permanecer,<br />

«Aquele que baptiza no Espírito» (Jo 1,33).<br />

142. Qual é a obra do Espírito em Maria?<br />

721-726<br />

744<br />

Em Maria, o Espírito Santo realiza as expectativas e a preparação do Antigo Testamento<br />

para a vinda de Cristo. De forma única enche-a de graça e torna fecunda a sua<br />

virgindade para dar à luz o Filho de Deus encarnado. Faz dela a Mãe do «Cristo total»,<br />

isto é, de Jesus Cabeça e da Igreja que é o seu corpo. Maria está com os Doze no dia de<br />

Pentecostes, quando o Espírito inaugura os «últimos tempos» com a manifestação da<br />

Igreja.<br />

143. Qual a relação entre o Espírito e Cristo Jesus, na missão terrena?<br />

727-730<br />

745-746<br />

O Filho de Deus é consagrado Messias através da unção do Espírito na sua humanidade<br />

desde a Encarnação. Ele revela-O no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos<br />

antepassados e comunica-O à Igreja nascente, soprando sobre os Apóstolos depois da<br />

Ressurreição.<br />

144. O que acontece no Pentecostes?


731-732<br />

738<br />

Cinquenta dias após a Ressurreição, no Pentecostes, Jesus Cristo glorificado infunde o<br />

Espírito em abundância e manifesta-O como Pessoa divina, de modo que a Santíssima<br />

Trindade é plenamente revelada. A Missão de Cristo e do Espírito torna-se a Missão da<br />

Igreja, enviada a anunciar e a difundir o mistério da comunhão trinitária.<br />

«Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé:<br />

adoramos a Trindade indivisível porque nos salvou» (Liturgia Bizantina, Tropário das<br />

Vésperas de Pentecostes)<br />

145. Que faz o Espírito Santo na Igreja?<br />

733-741<br />

747<br />

O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja: Espírito de Amor, Ele torna a dar aos<br />

baptizados a semelhança divina perdida por causa do pecado e fá-los viver em Cristo da<br />

própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar a Verdade de Cristo e<br />

organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem «o fruto do Espírito» (Gal<br />

5,22).<br />

146. Como actuam Cristo e o seu Espírito no coração dos fiéis?<br />

738-741<br />

Por meio dos sacramentos, Cristo comunica aos membros do Seu Corpo o Seu Espírito<br />

e a graça de Deus que produz os frutos de vida nova, segundo o Espírito. Finalmente, o<br />

Espírito Santo é o Mestre da oração.<br />

147. O que significa a palavra Igreja?<br />

751-752<br />

777-804<br />

«CREIO NA SANTA <strong>IGREJA</strong> <strong>CATÓLICA</strong>»<br />

A Igreja no desígnio de Deus


Designa o povo que Deus convoca e reúne de todos os confins da terra, para constituir a<br />

assembleia daqueles que, pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros<br />

de Cristo e templo do Espírito Santo.<br />

148. Há, na Bíblia, outros nomes e imagens para indicar a Igreja?<br />

758-766<br />

778<br />

Na Sagrada Escritura encontramos muitas imagens que põem em evidência aspectos<br />

complementares do mistério da Igreja. O Antigo Testamento privilegia as imagens<br />

ligadas ao povo de Deus; o Novo Testamento privilegia as imagens ligadas a Cristo<br />

como Cabeça deste povo que é o Seu Corpo, e as imagens retiradas da vida pastoril<br />

(redil, rebanho, ovelhas), agrícola (campo, oliveira, vinha) habitacional (morada, pedra,<br />

templo), familiar (esposa, mãe, família).<br />

149. Quais são as origens e a realização plena da Igreja?<br />

758-766<br />

778<br />

A Igreja encontra a sua origem e a sua realização plena no eterno desígnio de Deus. Foi<br />

preparada na Antiga Aliança com a eleição de Israel, sinal da reunião futura de todas as<br />

nações. Fundada pelas palavras e acções de Jesus Cristo, foi realizada sobretudo<br />

mediante a sua morte redentora e a sua ressurreição. Foi depois manifestada como<br />

mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Terá a<br />

sua realização plena no fim dos tempos, como assembleia celeste de todos os redimidos.<br />

150. Qual é a missão da Igreja?<br />

767-769<br />

A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio de todos os povos o Reino de<br />

Deus inaugurado por Jesus Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino<br />

salvífico.<br />

151. Em que sentido a Igreja é Mistério?<br />

770-773<br />

779<br />

A Igreja é Mistério enquanto na sua realidade visível está presente e operante uma<br />

realidade espiritual, divina, que se descobre unicamente com os olhos da fé.<br />

152. Que significa que a Igreja é sacramento universal de salvação?<br />

774-776<br />

780


Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da comunhão de toda a<br />

humanidade com Deus e da unidade de todo o género humano.<br />

A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo<br />

153. Porque é que a Igreja é povo de Deus?<br />

781<br />

802-804<br />

A Igreja é o povo de Deus porque aprouve a Deus santificar e salvar os homens não<br />

isoladamente mas constituindo-os num só povo, reunido pela unidade do Pai e do Filho<br />

e do Espírito Santo.<br />

154. Quais são as características do povo de Deus?<br />

782<br />

Este povo, de que nos tornamos membros mediante a fé em Cristo e o Baptismo, tem<br />

por origem Deus Pai, por cabeça Jesus Cristo, por condição a dignidade e a liberdade<br />

dos filhos de Deus, por lei o mandamento novo do amor, por missão a de ser o sal da<br />

terra e a luz do mundo, por fim o Reino de Deus, já iniciado na terra.<br />

155. Em que sentido o povo de Deus participa das três funções de Cristo:<br />

Sacerdote, Profeta e Rei?<br />

783-786<br />

O povo de Deus participa no ministério sacerdotal de Cristo, enquanto os baptizados<br />

são consagrados pelo Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa no<br />

seu ministério profético, enquanto, com o sentido sobrenatural da fé, a esta adere<br />

indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e participa no seu ministério real com o<br />

serviço, imitando Jesus Cristo, que, rei do universo, se fez servo de todos, sobretudo dos<br />

pobres e dos que sofrem.<br />

156. Como é que a Igreja é corpo de Cristo?<br />

787-791<br />

805-806<br />

Por meio do Espírito, Cristo morto e ressuscitado une intimamente a Si os seus fiéis.<br />

Deste modo, os crentes em Cristo, enquanto unidos estreitamente a Ele, sobretudo na<br />

Eucaristia, são unidos entre si na caridade, formando um só corpo, a Igreja, cuja unidade<br />

se realiza na diversidade dos membros e das funções.<br />

157. Quem é a cabeça deste corpo?


792-795<br />

807<br />

Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a Igreja (Col 1,18). A Igreja vive d’Ele, n’Ele e para<br />

Ele. Cristo e a Igreja formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e membros são,<br />

por assim dizer, uma só pessoa mística» (S. Tomás de Aquino).<br />

158. Porque é que a Igreja é chamada esposa de Cristo?<br />

796<br />

808<br />

Porque o próprio Senhor Se definiu como o «Esposo» (Mc 2,19), que amou a Igreja,<br />

unindo-a a Si por uma Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a<br />

purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de<br />

todos os filhos de Deus. Enquanto a palavra «corpo» evidencia a unidade da «cabeça»<br />

com os membros, o termo «esposa» sublinha a distinção dos dois na relação pessoal.<br />

159. Porque é que a Igreja é designada templo do Espírito Santo?<br />

797-798<br />

809-810<br />

Porque o Espírito Santo reside no corpo que é a Igreja: na sua Cabeça e nos seus<br />

membros; para além disso, Ele edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os<br />

sacramentos, as virtudes e os carismas.<br />

«O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito<br />

Santo é-o para os membros de Cristo, para o corpo de Cristo, que é a Igreja» ( S.<br />

Agostinho).<br />

160. Que são os carismas?<br />

799-801<br />

Os carismas são dons especiais do Espírito concedidos a alguém para o bem dos<br />

homens, para as necessidades do mundo e em particular para a edificação da Igreja, a<br />

cujo Magistério compete o seu discernimento.<br />

161. Porque é que a Igreja é una?<br />

A Igreja é una, santa, católica e apostólica


813-815<br />

866<br />

A Igreja é una porque tem como origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de<br />

um só Deus; porque tem como fundador e cabeça Jesus Cristo, que restabelece a<br />

unidade de todos os povos num só corpo; e porque tem como alma o Espírito Santo, que<br />

une todos os fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só vida sacramental,<br />

uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.<br />

162. Onde subsiste a única Igreja de Cristo?<br />

816<br />

870<br />

A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste<br />

(subsistit in) na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em<br />

comunhão com ele. Só por meio dela se pode obter toda a plenitude dos meios de<br />

salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio<br />

apostólico, cuja cabeça é Pedro.<br />

163. Como considerar os cristãos não católicos?<br />

817-819<br />

Nas Igrejas e comunidades eclesiais, que se desligaram da plena comunhão da Igreja<br />

católica, encontram-se muitos elementos de santificação e de verdade. Todos estes bens<br />

provêm de Cristo e conduzem para a unidade católica. Os membros destas Igrejas e<br />

comunidades são incorporados em Cristo pelo Baptismo: por isso, nós reconhecemo-los<br />

como irmãos.<br />

164. Como empenhar-se em favor da unidade dos cristãos?<br />

820-822<br />

866<br />

O desejo de restabelecer a união de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do<br />

Espírito. Ele diz respeito a toda a Igreja e realiza-se mediante a conversão do coração, a<br />

oração, o recíproco conhecimento fraterno, o diálogo teológico.<br />

165. Em que sentido a Igreja é santa?<br />

823-829<br />

867<br />

A Igreja é santa, porque Deus Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para<br />

a santificar e fazer dela santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. Nela<br />

se encontra a plenitude dos meios de salvação. A santidade é a vocação de cada um dos<br />

seus membros e o fim de cada uma das suas actividades. A Igreja inclui no seu interior a<br />

Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A santidade da


Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos<br />

pecadores, sempre necessitados de conversão e de purificação.<br />

166. Porque é que a Igreja se chama católica?<br />

830-831<br />

868<br />

A Igreja é católica, isto é, universal, porque nela está presente Cristo: «Onde está Cristo<br />

Jesus, aí está a Igreja católica» (S. Inácio de Antioquia). Ela anuncia a totalidade e a<br />

integridade da fé; leva e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada em<br />

missão a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles<br />

pertençam.<br />

167. É também católica a Igreja particular?<br />

832-835<br />

É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a eparquia), formada pela<br />

comunidade de fiéis cristãos que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o<br />

seu Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de Roma, que «preside à<br />

caridade» (S. Inácio de Antioquia).<br />

168. Quem pertence à Igreja católica?<br />

836-838<br />

Todos os homens, de diferentes modos, pertencem ou estão ordenados à unidade<br />

católica do povo de Deus. Estão plenamente incorporados na Igreja católica aqueles<br />

que, tendo o Espírito de Cristo, se encontram unidos a ela pelos vínculos da profissão de<br />

fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os baptizados que não se<br />

encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão, ainda que<br />

imperfeita, com a Igreja Católica.<br />

169. Qual a relação da Igreja católica com o povo judeu?<br />

839-840<br />

A Igreja católica reconhece a sua relação com o povo judeu no facto de Deus ter<br />

escolhido este povo entre todos, para primeiro acolher a sua Palavra. É ao povo judeu<br />

que pertencem «a adopção a filhos, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as<br />

promessas, os patriarcas; dele provém Cristo segundo a carne» (Rm 9,5).<br />

Diferentemente das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já resposta à Revelação de<br />

Deus na Antiga Aliança.<br />

170. Que ligação há entre a Igreja católica e as religiões não cristãs?<br />

846-848


Antes de mais, há o laço comum da origem e fim de todo o género humano. A Igreja<br />

católica reconhece que tudo o que de bom e de verdadeiro existe nas outras religiões<br />

vem de Deus, é reflexo da sua verdade, pode preparar para acolher o Evangelho e mover<br />

em direcção à unidade da humanidade na Igreja de Cristo.<br />

171. Que significa a afirmação: «Fora da Igreja não há salvação»?<br />

846-848<br />

Significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu<br />

corpo. Portanto não poderiam ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por<br />

Cristo e necessária à salvação, nela não entrassem e nela não perseverassem. Ao mesmo<br />

tempo, graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que,<br />

sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja mas procuram<br />

sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade,<br />

conhecida através do que a consciência lhes dita.<br />

172. Porque é que a Igreja deve anunciar o Evangelho a todo o mundo?<br />

849-851<br />

Porque Cristo ordenou: «ide e ensinai todas as nações, baptizando-as no nome do Pai e<br />

do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19). Este mandato missionário do Senhor tem a<br />

sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Espírito porque «quer<br />

que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2,<br />

4).<br />

173. Como é que a Igreja é missionária?<br />

852-856<br />

Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja continua no curso da história a missão do próprio<br />

Cristo. Os cristãos portanto devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo,<br />

seguindo o seu caminho, dispostos também ao sacrifício de si mesmos até ao martírio.<br />

174. Porque é que a Igreja é apostólica?<br />

857-869<br />

A Igreja é apostólica pela sua origem, sendo construída sobre o «fundamento dos<br />

Apóstolos» (Ef 2,20); pelo ensino, que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura,<br />

enquanto instruída, santificada e governada, até ao regresso de Cristo, pelos Apóstolos,<br />

graças aos seus sucessores, os Bispos em comunhão, com o sucessor de Pedro.<br />

175. Em que consiste a missão dos Apóstolos?<br />

858 – 861<br />

A palavra Apóstolo significa enviado. Jesus, o Enviado do Pai, chamou a Si doze entre<br />

os Seus discípulos e constituiu-os como seus Apóstolos, fazendo deles testemunhas


escolhidas da sua ressurreição e fundamentos da sua Igreja. Deu-lhes o mandato de<br />

continuarem a sua missão, dizendo: «Como o Pai me enviou, assim também Eu vos<br />

envio a vós» (Jo 20,21). E prometeu estar com eles até ao fim do mundo.<br />

176. O que é a sucessão apostólica?<br />

861- 865<br />

A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacramento da Ordem, da missão e<br />

do poder dos Apóstolos aos seus sucessores, os Bispos. Graças a esta transmissão, a<br />

Igreja permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao longo<br />

dos séculos orienta todo o seu apostolado para a difusão do Reino de Cristo na terra.<br />

177. Quem são os fiéis?<br />

871 – 872<br />

934<br />

Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada<br />

Os fiéis são aqueles que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, são constituídos<br />

membros do povo de Deus. Tornados participantes, segundo a sua condição, da função<br />

sacerdotal, profética e real de Cristo, são chamados a exercer a missão confiada por<br />

Deus à Igreja. Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade, na sua dignidade de filhos<br />

de Deus.<br />

178. Como é formado o povo de Deus?<br />

873<br />

Na Igreja, por instituição divina, existem os ministros sagrados que receberam o<br />

sacramento da Ordem e formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados leigos.<br />

De uns e de outros, provêm fiéis, que se consagram de modo especial a Deus com a<br />

profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e obediência.<br />

179. Porque é que Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica?<br />

874-877<br />

935<br />

Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica com a missão de apascentar o povo de Deus em<br />

seu nome, e para isso lhe deu autoridade. A hierarquia eclesiástica é formada por<br />

ministros sagrados: Bispos, presbíteros e diáconos. Graças ao sacramento da Ordem, os<br />

Bispos e os presbíteros agem, no exercício do seu ministério, em nome e na pessoa de<br />

Cristo cabeça; os diáconos servem o povo de Deus na diaconia (serviço) da palavra, da<br />

liturgia, da caridade.


180. Como se actua a dimensão colegial do ministério eclesial?<br />

878<br />

A exemplo dos doze Apóstolos escolhidos e enviados por Cristo, a união dos membros<br />

da hierarquia eclesiástica está ao serviço da comunhão dos fiéis. Cada Bispo exerce o<br />

ministério, como membro do colégio episcopal, em comunhão com o Papa, participando<br />

com ele na solicitude pela Igreja universal. Os sacerdotes exercem o seu ministério no<br />

presbitério da Igreja particular, em comunhão com o próprio Bispo e sob a sua<br />

condução.<br />

181. Porque é que o ministério eclesial tem um carácter pessoal?<br />

879 – 880<br />

O ministério eclesial tem também um carácter pessoal, pois, em virtude do sacramento<br />

da Ordem, cada um é responsável diante de Cristo, que pessoalmente o chamou,<br />

conferindo-lhe a missão.<br />

182. Qual é a missão do Papa?<br />

881- 882<br />

936 - 937<br />

O Papa, Bispo de Roma e Sucessor de S. Pedro, é o perpétuo e visível princípio e<br />

fundamento da unidade da Igreja. É o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos Bispos e<br />

pastor de toda a Igreja, sobre a qual, por instituição divina, tem poder, pleno, supremo,<br />

imediato e universal.<br />

183. Qual é a missão do colégio dos Bispos?<br />

883 – 885<br />

O colégio dos Bispos, em comunhão com o Papa e nunca sem ele, exerce também sobre<br />

a Igreja supremo e pleno poder.<br />

184. Como é que os Bispos exercem a sua missão de ensinar?<br />

886-890<br />

939<br />

Os Bispos, em comunhão com o Papa, têm o dever de anunciar o Evangelho a todos,<br />

fielmente e com autoridade, como autênticas testemunhas da fé apostólica e revestidos<br />

da autoridade de Cristo. Mediante o sentido sobrenatural da fé, o Povo de Deus, adere<br />

indefectivelmente à fé, sob a condução do Magistério vivo da Igreja.<br />

185. Quando se exerce a infalibilidade do Magistério?<br />

971


A infalibilidade exerce-se quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de<br />

supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio Episcopal, em comunhão com o Papa, sobretudo<br />

reunido num Concílio Ecuménico, proclamam com um acto definitivo uma doutrina<br />

respeitante à fé ou à moral, e também quando o Papa e os Bispos, no seu Magistério<br />

ordinário, concordam ao propor uma doutrina como definitiva. A tais ensinamentos<br />

cada fiel deve aderir com o obséquio da fé.<br />

186. Como é que os Bispos exercem o ministério de santificar?<br />

971<br />

Os Bispos santificam a Igreja dispensando a graça de Cristo, mediante o ministério da<br />

palavra e dos sacramentos, em particular da Eucaristia, e também com a oração e o seu<br />

exemplo e trabalho.<br />

187. Como é que os Bispos exercem a função de governar?<br />

894 – 896<br />

Cada Bispo, enquanto membro do colégio episcopal, exerce colegialmente a solicitude<br />

por todas as Igrejas particulares e por toda a Igreja, juntamente com os outros Bispos<br />

unidos ao Papa. O Bispo, a quem é confiada uma Igreja particular, governa-a com a<br />

autoridade do poder sagrado, próprio, ordinário e imediato, exercido em nome de<br />

Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a Igreja e sob a condução do sucessor de<br />

Pedro.<br />

188. Qual é a vocação dos fiéis leigos?<br />

897-900<br />

940<br />

Os fiéis leigos têm como vocação própria a de procurar o reino de Deus, iluminando e<br />

ordenando as realidades temporais segundo Deus. Correspondem assim ao chamamento<br />

à santidade e ao apostolado, dirigido a todos os baptizados.<br />

189. Como participam os fiéis leigos na função sacerdotal de Cristo?<br />

901-903<br />

Participam nela oferecendo – como sacrifício espiritual «agradável a Deus por Jesus<br />

Cristo» (1 Ped 2,5), sobretudo na Eucaristia – a sua vida com todas as obras, as orações<br />

e as iniciativas apostólicas, a vida familiar, o trabalho de cada dia, as agruras da vida<br />

suportadas com paciência e os lazeres corporais e espirituais. Deste modo, os leigos,<br />

dedicados a Cristo e consagrados pelo Espírito Santo, oferecem a Deus o próprio<br />

mundo.<br />

190. Como participam na sua função profética?<br />

904-907<br />

942


Participam nela acolhendo cada vez mais na fé a Palavra de Cristo e anunciando-a ao<br />

mundo com o testemunho da vida e da palavra, a acção evangelizadora e a catequese.<br />

Esta acção evangelizadora adquire uma particular eficácia pelo facto de ser realizada<br />

nas condições ordinárias da vida secular.<br />

191. Como participam na sua função real?<br />

908 – 913<br />

943<br />

Os leigos participam na função real de Cristo, tendo recebido d’Ele o poder de vencer o<br />

pecado em si mesmos e no mundo, mediante a abnegação de si e a santidade de vida.<br />

Exercem vários ministérios ao serviço da comunidade e impregnam de valor moral as<br />

actividades temporais do homem e as instituições da sociedade.<br />

192. O que é a vida consagrada?<br />

914 – 916<br />

944<br />

É um estado de vida reconhecido pela Igreja. É uma resposta livre a um chamamento<br />

particular de Cristo, mediante a qual os consagrados se entregam totalmente a Deus e<br />

tendem para a perfeição da caridade sob a moção do Espírito Santo. Tal consagração<br />

caracteriza-se pela prática dos conselhos evangélicos.<br />

193. O que é que a vida consagrada oferece à missão da Igreja?<br />

931-933<br />

945<br />

A vida consagrada participa na missão da Igreja mediante uma plena dedicação a Cristo<br />

e aos irmãos, testemunhando a esperança do Reino celeste.<br />

Creio na Comunhão dos santos<br />

194. O que significa a expressão comunhão dos santos?<br />

946–953<br />

960<br />

Indica, antes de mais, a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas<br />

(sancta): a fé, os sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os outros dons<br />

espirituais. Na raiz da comunhão está a caridade que «não procura o próprio interesse»<br />

(1 Cor 13, 5), mas move o fiel «a colocar tudo em comum» (Act 4, 32), mesmo os<br />

próprios bens materiais ao serviço dos pobres.


195. O que significa ainda a expressão comunhão dos santos?<br />

954–959;<br />

961–962<br />

Designa ainda a comunhão entre as pessoas santas (sancti), isto é, entre os que, pela<br />

graça, estão unidos a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra;<br />

outros, que já partiram desta vida, estão a purificar-se, ajudados também pelas nossas<br />

orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos<br />

formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade.<br />

Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja<br />

196. Em que sentido a Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja?<br />

963 – 966<br />

973<br />

A Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja na ordem da graça porque deu à luz<br />

Jesus, o Filho de Deus, Cabeça do corpo que é a Igreja. Jesus ao morrer na cruz,<br />

indicou-a como mãe ao discípulo com estas palavras: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 27). ( )<br />

197. Como é que a Virgem Maria ajuda a Igreja?<br />

967 – 970<br />

Após a Ascensão do Seu Filho, a Virgem Maria ajuda, com as suas orações, as<br />

primícias da Igreja e, mesmo depois da sua assunção ao céu, continua a interceder pelos<br />

seus filhos, a ser para todos um modelo de fé e de caridade, e a exercer sobre eles um<br />

influxo salutar, que nasce da superabundância dos méritos de Cristo. Os fiéis vêem nela<br />

uma imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera, invocando-a como<br />

advogada, auxiliadora, socorro, medianeira.<br />

198. Que tipo de culto se presta à Virgem santíssima?<br />

971<br />

É um culto singular, que difere essencialmente do culto de adoração, prestado apenas à<br />

Santíssima Trindade. Tal culto de especial veneração encontra uma particular expressão<br />

nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, como o santo<br />

Rosário, resumo de todo o Evangelho.<br />

199. Como é que a bem-aventurada Virgem Maria é ícone escatológico da Igreja?<br />

972;<br />

974–975


Dirigindo o seu olhar para Maria, santíssima e já glorificada em corpo e alma, a Igreja<br />

contempla o que ela própria é chamada a ser na terra e o que será na pátria celeste.<br />

200. Como são perdoados os pecados?<br />

976 – 980<br />

984 – 985<br />

«CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS»<br />

O primeiro e principal sacramento para o perdão dos pecados é o Baptismo. Para os<br />

pecados cometidos depois do Baptismo, Cristo instituiu o sacramento da Reconciliação<br />

ou Penitência, por meio do qual o baptizado é reconciliado com Deus e com a Igreja.<br />

201. Porque é que a Igreja tem o poder de perdoar os pecados?<br />

981–983;<br />

986–987<br />

A Igreja tem a missão e o poder de perdoar os pecados, porque o próprio Cristo lho<br />

conferiu: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão<br />

perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23).<br />

«CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE»<br />

202. Que indica a palavra carne e qual é a sua importância?<br />

990<br />

1015<br />

O termo carne designa o homem na sua condição de debilidade e de mortalidade. «A<br />

carne é o eixo da salvação» (Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus que é o<br />

Criador da carne; cremos no Verbo que se fez carne para redimir a carne; cremos na<br />

ressurreição da carne, acabamento da criação e da redenção da carne.<br />

203. O que significa a «ressurreição da carne»?<br />

990<br />

Significa que o estado definitivo do homem não será só a alma espiritual separada do<br />

corpo, mas também que os nossos corpos mortais um dia retomarão a vida.


204. Qual a relação entre a Ressurreição de Cristo e a nossa?<br />

988 – 991,<br />

1002 – 1003<br />

Como Cristo verdadeiramente ressuscitou dos mortos e vive para sempre, assim Ele<br />

próprio nos ressuscitará a todos no último dia, com um corpo incorruptível: «os que<br />

tiverem feito o bem para uma ressurreição de vida, e os que tiverem feito o mal para<br />

uma ressurreição de condenação».<br />

205. Com a morte, que sucede ao nosso corpo e à nossa alma?<br />

992 – 1004;<br />

1016 –1018<br />

Com a morte, separação da alma e do corpo, o corpo cai na corrupção, enquanto a alma,<br />

que é imortal, vai ao encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando<br />

este, transformado, ressuscitar no regresso do Senhor. Compreender como acontecerá a<br />

ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso entendimento.<br />

206. Que significa morrer em Cristo Jesus?<br />

1005-1014.<br />

1019<br />

Significa morrer na graça de Deus, sem pecado mortal. O que crê em Cristo e segue o<br />

Seu exemplo pode assim transformar a própria morte num acto de obediência e de amor<br />

ao Pai. «É certa esta palavra: se morrermos com Ele, também com Ele viveremos» (2<br />

Tim 2,11).<br />

207. O que é a vida eterna?<br />

1020 1051<br />

«CREIO NA VIDA ETERNA»<br />

A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a morte. Ela não terá fim. Será<br />

precedida para cada um por um juízo particular realizado por Cristo, juiz dos vivos e<br />

dos mortos, e será confirmada pelo juízo final.<br />

208. O que é o juízo particular?<br />

1021 – 1022<br />

1051


É o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus<br />

na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição consiste no<br />

acesso à bem-aventurança do céu, imediatamente ou depois de uma adequada<br />

purificação, ou então à condenação eterna no inferno.<br />

209. O que se entende por «céu»?<br />

1023 – 1026<br />

1053<br />

Por «céu» entende-se o estado de felicidade suprema e definitiva. Os que morrem na<br />

graça de Deus e não precisam de ulterior purificação são reunidos à volta de Jesus e de<br />

Maria, dos anjos e dos santos. Formam assim a Igreja do céu, onde vêem Deus «face a<br />

face» (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e<br />

intercedem por nós.<br />

«A vida na sua própria realidade e verdade é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo,<br />

sobre todos derrama como fonte, os seus dons celestes. E, pela sua bondade, promete<br />

verdadeiramente também a nós homens os bens divinos da vida eterna. (S. Cirilo de<br />

Jerusalém)<br />

210. O que é o purgatório?<br />

1030 – 1031<br />

1054<br />

O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da<br />

sua salvação eterna, precisam ainda de purificação para entrar na alegria de Deus.<br />

211. Como podemos ajudar a purificação das almas do purgatório?<br />

1032<br />

Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as<br />

almas do purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício<br />

eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência.<br />

212. Em que consiste o inferno?<br />

1033–1035.<br />

1056–1057<br />

Consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado<br />

mortal. A pena principal do inferno é a eterna separação de Deus, o único em quem o<br />

homem encontra a vida e a felicidade para que foi criado, e a que aspira. Cristo exprime


esta realidade com as palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt<br />

25, 41).<br />

213. Como conciliar o inferno com a bondade infinita de Deus?<br />

1036 – 1037<br />

Deus, apesar de querer «que todos tenham modo de se arrepender» (2Ped 3,9), tendo<br />

criado o homem livre e responsável, respeita as suas decisões. Portanto, é o próprio<br />

homem que, em plena autonomia, se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se,<br />

até ao momento da própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor<br />

misericordioso de Deus.<br />

214. Em que consistirá o Juízo final?<br />

1038–1041;<br />

1058–1059<br />

O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida bem-aventurada ou de<br />

condenação eterna, que o Senhor Jesus, no seu regresso como juiz dos vivos e dos<br />

mortos, pronunciará em relação aos «justos e injustos» (Act 24, 15), reunidos todos<br />

juntos diante d’Ele. A seguir a tal juízo final, o corpo ressuscitado participará na<br />

retribuição que a alma teve no juízo particular.<br />

215. Quando terá lugar este juízo final?<br />

1040<br />

O juízo final terá lugar no fim do mundo, do qual só Deus conhece o dia e a hora.<br />

216. Em que consiste a esperança dos novos céus e da nova terra?<br />

1042 – 1050<br />

1060<br />

Depois do juízo final, o próprio universo, libertado da escravidão da corrupção,<br />

participará na glória de Cristo com a inauguração dos «novos céus e da nova terra» (2<br />

Ped 3,13). Será assim alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja a realização<br />

definitiva do desígnio salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as coisas, as do<br />

céu e as da terra» (Ef 1,10). Deus será então «tudo em todos» (1 Cor 15,28), na vida<br />

eterna.<br />

«ÁMEN»<br />

217. Que significa o Ámen, que conclui a nossa profissão de fé?<br />

1064 – 1065<br />

A palavra hebraica Amen, que conclui o último livro da Sagrada Escritura, algumas<br />

orações do Novo Testamento e as orações litúrgicas da Igreja, significa o nosso «sim»


confiante e total a tudo o que professamos crer, confiando totalmente n’Aquele que é o<br />

«Ámen» (Ap 3,14) definitivo: Cristo Senhor.<br />

SEGUNDA PARTE<br />

A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO CRISTÃO<br />

218. O que é a liturgia?<br />

1066 – 1070<br />

PRIMEIRA SECÇÃO<br />

A ECONOMIA SACRAMENTAL<br />

A liturgia é a celebração do Mistério de Cristo e em particular do seu Mistério Pascal.<br />

Na liturgia, pelo exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo, a santificação dos<br />

homens é significada e realizada mediante sinais, e é exercido, pelo Corpo místico de<br />

Cristo, ou seja pela Cabeça e pelos membros, o culto público devido a Deus.<br />

219. Qual o lugar da liturgia na vida da Igreja?<br />

1071 – 1075<br />

A liturgia, acção sagrada por excelência, constitui o cume para onde tendem todas as<br />

acções da Igreja e, simultaneamente, a fonte donde provém toda a sua força vital.<br />

Através da liturgia, Cristo continua na sua Igreja, com ela e por meio dela, a obra da<br />

nossa redenção.<br />

220. Em que consiste a economia sacramental?<br />

1076<br />

A economia sacramental consiste na comunicação (ou «dispensação») dos frutos da<br />

redenção de Cristo mediante a celebração dos sacramentos da Igreja, principalmente da<br />

Eucaristia, «até que Ele venha» (1 Cor 11,26).<br />

CAPÍTULO PRIMEIRO<br />

O MISTÉRIO PASCAL NO TEMPO<br />

DA <strong>IGREJA</strong><br />

LITURGIA – OBRA DA SANTÍSSIMA TRINDADE


221. De que modo o Pai é a fonte e o fim da liturgia?<br />

1077 – 1083<br />

1110<br />

Na liturgia, o Pai enche-nos das suas bênçãos no Filho encarnado, morto e ressuscitado<br />

por nós, e derrama o Espírito Santo nos nossos corações. Ao mesmo tempo a Igreja<br />

bendiz o Pai, mediante a adoração, o louvor e a acção de graças, e implora o dom do seu<br />

Filho e do Espírito Santo.<br />

222. Qual é a obra de Cristo na liturgia?<br />

1084 – 1090<br />

Na liturgia da Igreja, Cristo significa e realiza principalmente o seu Mistério pascal.<br />

Doando o Espírito Santo aos Apóstolos, concedeu-lhes a eles e aos seus sucessores o<br />

poder de realizar a obra da salvação por meio do Sacrifício eucarístico e dos<br />

sacramentos, nos quais Ele próprio age agora para comunicar a sua graça aos fiéis de<br />

todos os tempos e em todo o mundo.<br />

223. Na liturgia, como actua o Espírito Santo em relação à Igreja?<br />

1091 – 1109<br />

1112<br />

Na liturgia, realiza-se a mais estreita cooperação entre o Espírito Santo e a Igreja. O<br />

Espírito Santo prepara a Igreja para encontrar o seu Senhor; recorda e manifesta Cristo à<br />

fé da assembleia; torna presente e actualiza o Mistério de Cristo; une a Igreja à vida e à<br />

missão de Cristo e faz frutificar nela o dom da comunhão.<br />

O MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA <strong>IGREJA</strong><br />

224. O que são e quais são os sacramentos?<br />

1113 – 1131<br />

Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e<br />

confiados à Igreja, mediante os quais nos é concedida a vida divina. Os sacramentos são<br />

sete: o Baptismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos enfermos, a<br />

Ordem e o Matrimónio.<br />

225. Qual a relação dos sacramentos com Cristo?<br />

1114-1116


Os mistérios da vida de Cristo constituem o fundamento do que, de ora em diante, pelos<br />

ministros da sua Igreja, Cristo dispensa nos sacramentos.<br />

«O que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos» (S. Leão<br />

Magno).<br />

226. Qual a ligação entre os sacramentos e a Igreja?<br />

1117 – 1119<br />

Cristo confiou os sacramentos à sua Igreja. Eles são «da Igreja» num duplo sentido:<br />

enquanto acção da Igreja, que é sacramento da acção de Cristo, e enquanto existem<br />

«para ela», ou seja, enquanto edificam a Igreja.<br />

227. O que é o carácter sacramental?<br />

1121<br />

É um selo espiritual, conferido pelos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da<br />

Ordem. Este selo é promessa e garantia da protecção divina. Em virtude de tal selo, o<br />

cristão é configurado a Cristo, participa de diversos modos no seu sacerdócio, e faz<br />

parte da Igreja segundo estados e funções diversas, sendo pois consagrado ao culto<br />

divino e ao serviço da Igreja. Dado que o carácter é indelével, os sacramentos que o<br />

imprimem recebem-se uma só vez na vida.<br />

228. Qual é a relação dos sacramentos com a fé?<br />

1122-1126<br />

1133<br />

Os sacramentos não apenas supõem a fé como também, através das palavras e<br />

elementos rituais, a alimentam, fortificam e exprimem. Ao celebrá-los, a Igreja confessa<br />

a fé apostólica. Daí o adágio antigo: «lex orandi, lex credendi», isto é, a Igreja crê no<br />

que reza.<br />

229. Porque é que os sacramentos são eficazes?<br />

1127-1128<br />

1131<br />

Os sacramentos são eficazes ex opere operato («pelo próprio facto de a acção<br />

sacramental ser realizada»), porque é Cristo que neles age e comunica a graça que<br />

significam, independentemente da santidade pessoal do ministro, ainda que os frutos<br />

dos sacramentos dependam também das disposições de quem os recebe.<br />

230. Porque motivo os sacramentos são necessários para a salvação?<br />

1129


Embora nem todos os sacramentos sejam conferidos a cada um dos fiéis, eles são<br />

necessários para a salvação dos que crêem em Cristo, porque conferem as graças<br />

sacramentais, o perdão dos pecados, a adopção de filhos de Deus, a conformação a<br />

Cristo Senhor e a pertença à Igreja. O Espírito Santo cura e transforma aqueles que os<br />

recebem.<br />

231. O que é a graça sacramental?<br />

1129; 1131;<br />

1134; 2003<br />

A graça sacramental é a graça do Espírito Santo, dada por Cristo e própria de cada<br />

sacramento. Tal graça ajuda o fiel, no seu caminho de santidade, bem como a Igreja no<br />

seu crescimento na caridade e no testemunho.<br />

232. Qual é a relação entre os sacramentos e a vida eterna?<br />

1130<br />

Nos sacramentos, a Igreja recebe já as arras da vida eterna, embora «aguardando a<br />

ditosa esperança e manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus<br />

Cristo» (Tit 2,13).<br />

CAPÍTULO SEGUNDO<br />

A CELEBRAÇÃO SACRAMENTAL DO MISTÉRIO PASCAL<br />

233. Quem age na liturgia?<br />

1135 – 1137<br />

1187<br />

CELEBRAR A LITURGIA DA <strong>IGREJA</strong><br />

Quem celebra?<br />

Na liturgia age «o Cristo todo inteiro» («Christus Totus»), Cabeça e Corpo. Como<br />

sumo-sacerdote, Ele celebra com o seu Corpo, que é a Igreja celeste e terrestre.<br />

234. Por quem é celebrada a liturgia celeste?<br />

1138 – 1139


A liturgia celeste é celebrada pelos anjos, pelos santos da Antiga e da Nova Aliança, em<br />

particular pela Mãe de Deus, pelos Apóstolos, pelos mártires e por uma «numerosa<br />

multidão, que ninguém» pode contar, «de todas as nações, tribos, povos e línguas» (Ap<br />

7,9). Quando nos sacramentos celebramos o mistério da salvação, participamos nesta<br />

liturgia eterna.<br />

235. Como é que a Igreja na terra celebra a liturgia?<br />

1140–1144<br />

1188<br />

A Igreja, na terra, celebra a liturgia, como povo sacerdotal, no qual cada um actua<br />

segundo a própria função, na unidade do Espírito Santo: os baptizados oferecem-se em<br />

sacrifício espiritual; os ministros ordenados celebram segundo a Ordem recebida para o<br />

serviço de todos os membros da Igreja; os Bispos e os presbíteros agem na pessoa de<br />

Cristo Cabeça.<br />

236. Como é celebrada a liturgia?<br />

1145<br />

Como celebrar?<br />

A celebração litúrgica é tecida de sinais e de símbolos, cujo significado, radicado na<br />

criação e nas culturas humanas, se esclarece nos acontecimentos da Antiga Aliança e se<br />

revela plenamente na Pessoa e na obra de Cristo.<br />

237. Donde provêm os sinais sacramentais?<br />

1146 - 1152 1189<br />

Alguns provêm da criação (luz, água, fogo, pão, vinho, óleo); outros da vida social<br />

(lavar, ungir, partir o pão); outros da história da salvação na Antiga Aliança (os ritos da<br />

Páscoa, os sacrifícios, a imposição das mãos, as consagrações). Estes sinais, alguns dos<br />

quais são normativos e imutáveis, assumidos por Cristo tornam-se portadores da acção<br />

salvífica e de santificação.<br />

238. Qual o nexo entre as acções e as palavras, nas celebração sacramental?<br />

1153- 1155<br />

1190<br />

Na celebração sacramental, acções e palavras estão intimamente ligadas. Mesmo que as<br />

acções simbólicas sejam já em si uma linguagem, é todavia necessário que as palavras<br />

do rito acompanhem e vivifiquem estas acções. Enquanto sinais e ensino, as palavras e<br />

os gestos são inseparáveis, uma vez que realizam aquilo que significam.


239. Quais os critérios do canto e da música na celebração litúrgica?<br />

1156 – 1158<br />

1191<br />

Uma vez que o canto e a música estão intimamente conexos com a acção litúrgica, eles<br />

devem respeitar os seguintes critérios: a conformidade à doutrina católica dos textos,<br />

tomados de preferência da Escritura e das fontes litúrgicas; a beleza expressiva da<br />

oração; a qualidade da música; a participação da assembleia; a riqueza cultural do Povo<br />

de Deus e o carácter sacro e solene da celebração. «Quem canta reza duas vezes» (S.<br />

Agostinho).<br />

240. Qual a finalidade das imagens sagradas?<br />

1159 – 1161<br />

1192<br />

A imagem de Cristo é o ícone litúrgico por excelência. As outras, que representam<br />

Nossa Senhora e os santos, significam Cristo, que nelas é glorificado. Elas proclamam a<br />

mesma mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite através da palavra e<br />

ajudam a despertar e a alimentar a fé dos fiéis.<br />

241. Qual é o centro do tempo litúrgico?<br />

1163-1167<br />

1193<br />

Quando celebrar?<br />

O centro do tempo litúrgico é o Domingo, fundamento e núcleo de todo o ano litúrgico,<br />

que tem o seu cume na Páscoa anual, a festa das festas.<br />

242. Qual é a função do ano litúrgico?<br />

1168–1173.<br />

1194–1195<br />

No ano litúrgico, a Igreja celebra todo o Mistério de Cristo, da Encarnação até à sua<br />

vinda gloriosa. Nos dias estabelecidos, a Igreja venera com especial amor a bemaventurada<br />

Virgem Maria Mãe de Deus e também faz memória Santos, que por Cristo<br />

viveram, com Ele sofreram e com Ele são glorificados.<br />

243. O que é a liturgia das horas?<br />

1174 – 1178<br />

1196


A liturgia das horas, oração pública e comum da Igreja, é a oração de Cristo com o seu<br />

Corpo, a Igreja. Por ela, o Mistério de Cristo, que celebramos na Eucaristia, santifica e<br />

transfigura o tempo de cada dia. Ela compõe-se principalmente de Salmos e de outros<br />

textos bíblicos, e também de leituras dos Padres e dos mestres espirituais.<br />

Onde celebrar?<br />

244. A Igreja tem necessidade de lugares para celebrar a liturgia?<br />

1179–1181.<br />

1197–1198<br />

O culto «em espírito e verdade» (Jo 4,24) da Nova Aliança não está ligado a nenhum<br />

lugar exclusivo, porque Cristo é o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual também<br />

os cristãos e toda a Igreja se tornam, sob a acção do Espírito Santo, templos do Deus<br />

vivo. Todavia o Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necessidade de lugares nos<br />

quais a comunidade se possa reunir para celebrar a liturgia.<br />

245. O que são os edifícios sagrados?<br />

1181 .<br />

1198-1199<br />

São as casas de Deus, símbolo da Igreja que vive num lugar e também da morada<br />

celeste. São lugares de oração, nos quais a Igreja celebra sobretudo a Eucaristia e adora<br />

Cristo realmente presente no tabernáculo.<br />

246. Quais são os lugares privilegiados no interior dos edifícios sagrados?<br />

1182 – 1186<br />

São: o altar, o tabernáculo, o lugar onde se guarda o santo crisma e os outros óleos<br />

sagrados, a cadeira do Bispo (cátedra) ou do presbítero, o ambão, a fonte baptismal, o<br />

confessionário.<br />

DIVERSIDADE LITÚRGICA E UNIDADE DO MISTÉRIO<br />

247. Porque é que a Igreja celebra o único Mistério de Cristo segundo tradições<br />

litúrgicas diferentes?<br />

1200-1204<br />

1207-1209


Porque a insondável riqueza do Mistério de Cristo não pode ser esgotada por uma única<br />

tradição litúrgica. Desde as origens, esta riqueza encontrou, nos vários povos e culturas,<br />

expressões caracterizadas por uma admirável variedade e complementaridade.<br />

248. Qual é o critério, que assegura a unidade na diversidade?<br />

1209<br />

É a fidelidade à Tradição Apostólica, isto é, à comunhão na fé e nos sacramentos<br />

recebidos dos Apóstolos, comunhão que é significada e garantida pela sucessão<br />

apostólica. A Igreja é católica: pode, portanto, integrar na sua unidade todas as<br />

verdadeiras riquezas das culturas.<br />

249. Na liturgia, tudo é imutável?<br />

1205 – 1206<br />

Na liturgia, sobretudo na dos sacramentos, existem elementos imutáveis, porque de<br />

instituição divina, e dos quais a Igreja é guardiã. Existem depois elementos susceptíveis<br />

de mudança, que a Igreja tem o poder, e, muitas vezes o dever, de adaptar às culturas<br />

dos diferentes povos.<br />

Os sete Sacramentos da Igreja<br />

O Baptismo<br />

a Confirmação<br />

a Eucaristia<br />

a Penitência,<br />

a Unção dos Enfermos<br />

a Ordem o Matrimónio.<br />

SEGUNDA SECÇÃO<br />

OS SETE SACRAMENTOS DA <strong>IGREJA</strong><br />

250. Como agrupar os sacramentos da Igreja?<br />

1210-1211<br />

Em: sacramentos da iniciação cristã (Baptismo, Confirmação e Eucaristia); sacramentos<br />

da cura (Penitência e Unção dos enfermos); sacramentos ao serviço da comunhão e da<br />

missão (Ordem e Matrimónio). Os sacramentos tocam todas as etapas e momentos<br />

importantes da vida cristã. Todos os sacramentos estão ordenados para a Eucaristia<br />

«como para o seu fim» (S. Tomás de Aquino).


CAPÍTULO PRIMEIRO<br />

OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ<br />

251. Como se realiza a iniciação cristã?<br />

1210 – 1211<br />

Realiza-se mediante os sacramentos que lançam os alicerces da vida cristã: os fiéis,<br />

renascidos pelo Baptismo, são fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela<br />

Eucaristia.<br />

O SACRAMENTO DO BAPTISMO<br />

252. Quais os nomes do primeiro sacramento da iniciação?<br />

1213 – 1216<br />

1276 – 1277<br />

Antes de mais, chama-se Baptismo por causa do rito central com que é celebrado:<br />

baptizar significa «imergir» na água. O que é baptizado é imerso na morte de Cristo e<br />

ressurge com Ele como «nova criatura» (2 Cor 5,17). Chama-se também «banho da<br />

regeneração e da renovação no Espírito Santo» (Tit 3,5) e «iluminação», porque o<br />

baptizado se torna «filho da luz» (Ef 5, 8).<br />

253. Como é prefigurado o Baptismo na Antiga Aliança?<br />

1217-1222<br />

Na Antiga Aliança encontram-se várias prefigurações do Baptismo: a água, fonte de<br />

vida e de morte; a arca de Noé, que salva por meio da água; a passagem do Mar<br />

Vermelho, que liberta Israel da escravidão do Egipto; a travessia do Jordão, que<br />

introduz Israel na terra prometida, imagem da vida eterna.<br />

254. Quem conduz ao cumprimento tais prefigurações?<br />

1223-1224<br />

É Jesus Cristo, o qual, no início da sua vida pública, se fez baptizar por João Baptista,<br />

no Jordão: na cruz, do seu lado trespassado, derramou sangue e água, sinais do<br />

Baptismo e da Eucaristia, e depois da Ressurreição confia aos Apóstolos esta missão:<br />

«Ide e ensinai todos os povos, baptizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito<br />

Santo» (Mt 28, 19-20).


255. Desde quando e a quem é que a Igreja administra o Baptismo?<br />

1226 – 1228<br />

Desde o dia de Pentecostes que a Igreja administra o Baptismo a quem crê em Jesus<br />

Cristo.<br />

256. Em que consiste o rito essencial do Baptismo?<br />

1229-1245<br />

1278<br />

O rito essencial deste sacramento consiste em imergir na água o candidato ou em<br />

derramar a água sobre a sua cabeça, enquanto é invocado o Nome do Pai e do Filho e do<br />

Espírito Santo.<br />

257. Quem pode receber o Baptismo?<br />

1246 - 1252<br />

É capaz para receber o Baptismo toda a pessoa ainda não baptizada.<br />

258. Porque é que a Igreja baptiza as crianças?<br />

1250<br />

Porque tendo nascido com o pecado original, elas têm necessidade de ser libertadas do<br />

poder do Maligno e de ser transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus.<br />

259. O que se requer dum baptizando?<br />

1253-1255<br />

Ao baptizando é exigida a profissão de fé, expressa pessoalmente no caso do adulto, ou<br />

então por parte dos pais e da Igreja no caso da criança. Também o padrinho ou<br />

madrinha e toda a comunidade eclesial têm uma parte de responsabilidade na<br />

preparação para o Baptismo (catecumenado), bem como no desenvolvimento da fé e da<br />

graça baptismal.<br />

260. Quem pode baptizar?<br />

1266.<br />

1284<br />

Os ministros ordinários do Baptismo são o Bispo e o presbítero; na Igreja latina,<br />

também o diácono. Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde que<br />

entenda fazer o que faz a Igreja e derrame água sobre a cabeça do candidato, dizendo a<br />

fórmula trinitária baptismal: «Eu te baptizo em Nome do Pai e do Filho e do Espírito<br />

Santo».


261. É necessário o Baptismo para a salvação?<br />

1257<br />

O Baptismo é necessário para a salvação daqueles a quem foi anunciado o Evangelho e<br />

que têm a possibilidade de pedir este sacramento.<br />

262. É possível ser salvo sem o Baptismo?<br />

1258-1261<br />

1281-1283<br />

Porque Cristo morreu para a salvação de todos, podem ser salvos mesmo sem o<br />

Baptismo os que morrem por causa da fé (Baptismo de sangue), os catecúmenos, e<br />

todos os que sob o impulso da graça, sem conhecer Cristo e a Igreja, procuram<br />

sinceramente a Deus e se esforçam por cumprir a sua vontade (Baptismo de desejo).<br />

Quanto às crianças, mortas sem Baptismo, a Igreja na sua liturgia confia-as à<br />

misericórdia de Deus.<br />

263. Quais são os efeitos do Baptismo?<br />

1262-1274<br />

1279-1280<br />

O Baptismo perdoa o pecado original, todos os pecados pessoais e as penas devidas ao<br />

pecado; faz participar na vida divina trinitária mediante a graça santificante, a graça da<br />

justificação que incorpora em Cristo e na Igreja; faz participar no sacerdócio de Cristo e<br />

constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos; confere as virtudes<br />

teologais e os dons do Espírito Santo. O baptizado pertence para sempre a Cristo: com<br />

efeito, é assinalado com o selo indelével de Cristo (carácter).<br />

264. Que significado assume o nome cristão recebido no Baptismo?<br />

2156-2159<br />

2167<br />

O nome é importante, porque Deus conhece cada um pelo nome, isto é, na sua<br />

unicidade. Com o Baptismo, o cristão recebe na Igreja o próprio nome, de preferência o<br />

de um santo, de maneira que este ofereça ao baptizado um modelo de santidade e lhe<br />

assegure a sua intercessão junto de Deus.<br />

O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO<br />

265. Qual é o lugar da Confirmação no desígnio divino da salvação?


1285- 1288<br />

1315<br />

Na Antiga Aliança, os profetas anunciaram a comunicação do Espírito do Senhor ao<br />

Messias esperado e a todo o povo messiânico. Toda a vida e missão de Jesus se<br />

desenvolvem numa total comunhão com o Espírito Santo. Os Apóstolos recebem o<br />

Espírito Santo no Pentecostes e anunciam «as grandes obras de Deus» (Act 2,11).<br />

Comunicam aos neófitos, através da imposição das mãos, o dom do mesmo Espírito. Ao<br />

longo dos séculos, a Igreja continuou a viver do Espírito e a comunicá-lo aos seus<br />

filhos.<br />

266. Porque se chama Crisma ou Confirmação?<br />

1289<br />

Chama-se Crisma (nas Igrejas Orientais: Crismação com o Santo Myron) por causa do<br />

rito essencial que é a unção. Chama-se Confirmação, porque confirma e reforça a graça<br />

baptismal.<br />

267. Qual o rito essencial da Confirmação?<br />

1290-1301<br />

1318<br />

1320-1321<br />

O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo crisma (óleo misturado com<br />

bálsamo, consagrado pelo Bispo), feita com a imposição da mão por parte do ministro<br />

que pronuncia as palavras sacramentais próprias do rito. No Ocidente, tal unção é feita<br />

sobre a fronte do baptizado com as palavras: «Recebe por este sinal, o Espírito Santo, o<br />

Dom de Deus». Nas Igrejas Orientais de rito bizantino, a unção faz-se também noutras<br />

partes do corpo, com a fórmula: « Selo do dom do Espírito Santo».<br />

268. Qual é o efeito da Confirmação?<br />

1302-1305<br />

1316 – 1317<br />

O efeito da Confirmação é a efusão especial do Espírito Santo, como no Pentecostes.<br />

Tal efusão imprime na alma um carácter indelével e traz consigo um crescimento da<br />

graça baptismal: enraíza mais profundamente na filiação divina; une mais firmemente a<br />

Cristo e à sua Igreja; revigora na alma os dons do Espírito Santo; dá uma força especial<br />

para testemunhar a fé cristã.<br />

269. Quem pode receber este sacramento?<br />

1306–1311<br />

1319<br />

Pode e deve recebê-lo, uma só vez, quem já foi baptizado, o qual, para o receber<br />

eficazmente, deve estar em estado de graça.


270. Quem é o ministro da Confirmação?<br />

1312 – 1314<br />

O ministro originário é o Bispo. Assim se manifesta o laço do crismado com a Igreja na<br />

sua dimensão apostólica. Quando o presbítero confere este sacramento – como acontece<br />

ordinariamente no Oriente e em casos especiais no Ocidente – o laço com o Bispo e<br />

com a Igreja é expresso pelo presbítero, colaborador do Bispo, e pelo santo crisma,<br />

consagrado pelo Bispo.<br />

271. O que é a Eucaristia?<br />

1322-1323<br />

1409<br />

O SACRAMENTO DA EUCARISTIA<br />

É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para<br />

perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até ao seu regresso, confiando<br />

assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o<br />

vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de<br />

graça e nos é dado o penhor da vida eterna.<br />

272. Quando é que Jesus Cristo instituiu a Eucaristia?<br />

1323<br />

1337-1340<br />

Instituiu-a na Quinta Feira Santa, «na noite em que foi entregue» (1 Cor 11,23), ao<br />

celebrar a Última Ceia com os seus Apóstolos.<br />

273. Como é que a instituiu?<br />

1337-1340<br />

1365, 1406<br />

Depois de reunir os Apóstolos no Cenáculo, Jesus tomou nas suas mãos o pão, partiu-o<br />

e deu-lho dizendo: «Tomai e comei todos: isto é o meu corpo entregue por vós». Depois<br />

tomou nas suas mãos o cálice do vinho e disse-lhes: «tomai e bebei todos: este é o cálice<br />

do meu sangue para a nova e eterna aliança, derramado por vós e por todos para a<br />

remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim».<br />

274. O que significa a Eucaristia na vida da Igreja?<br />

1324-1327<br />

1407


É fonte e cume da vida cristã. Na Eucaristia, atingem o auge a acção santificadora de<br />

Deus em nosso favor e o nosso culto para com Ele. Nela está contido todo o tesouro<br />

espiritual da Igreja: o próprio Cristo, nossa Páscoa. A comunhão da vida divina e a<br />

unidade do Povo de Deus são significadas e realizadas na Eucaristia. Pela celebração<br />

eucarística unimo-nos desde já à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna.<br />

275. Como é chamado este sacramento?<br />

1328 – 1332<br />

A insondável riqueza deste sacramento exprime-se com diferentes nomes que evocam<br />

alguns dos seus aspectos particulares. Os mais comuns são: Eucaristia, Santa Missa,<br />

Ceia do Senhor, Fracção do pão, Celebração Eucarística, Memorial da paixão, da morte<br />

e da ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício, Santa e Divina Liturgia, Santos Mistérios,<br />

Santíssimo Sacramento do altar, Santa Comunhão.<br />

276. Qual o lugar da Eucaristia no desígnio da salvação?<br />

1333 – 1344<br />

Na Antiga Aliança, a Eucaristia é preanunciada sobretudo na ceia pascal anual,<br />

celebrada cada ano pelos judeus com os pães ázimos, para recordar a imprevista e<br />

libertadora partida do Egipto. Jesus anuncia-a no seu ensino e institui-a, celebrando com<br />

os seus Apóstolos a última Ceia, durante um banquete pascal. A Igreja, fiel ao<br />

mandamento do Senhor: «Fazei isto em memória de mim» (1 Cor 11, 24), sempre<br />

celebrou a Eucaristia, sobretudo ao Domingo, dia da ressurreição de Jesus.<br />

277. Como se desenrola a celebração da Eucaristia?<br />

1345 – 1355<br />

1408<br />

Desenrola-se em dois grandes momentos que formam um só acto de culto: a liturgia da<br />

Palavra, que compreende a proclamação e escuta da Palavra de Deus; e a liturgia<br />

eucarística, que compreende a apresentação do pão e do vinho, a oração ou anáfora, que<br />

contém as palavras da consagração, e a comunhão.<br />

278. Quem é o ministro da celebração da Eucaristia?<br />

1348<br />

1411<br />

É o sacerdote (Bispo ou presbítero), validamente ordenado, que age na Pessoa de Cristo<br />

Cabeça e em nome da Igreja.<br />

279. Quais os elementos essenciais e necessários para realizar a Eucaristia?<br />

1412<br />

São o pão de trigo e o vinho da videira.


280. Como é que a Eucaristia é memorial do sacrifício de Cristo?<br />

1362– 1367<br />

A eucaristia é memorial no sentido que torna presente e actual o sacrifício que Cristo<br />

ofereceu ao Pai, uma vez por todas, na cruz, em favor da humanidade. O carácter<br />

sacrificial da Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição: «Isto é o meu<br />

corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice é a nova aliança no meu sangue, que<br />

vai ser derramado por vós» (Lc 22,19-20). O sacrifício da cruz e o sacrifício da<br />

Eucaristia são um único sacrifício. Idênticos são a vítima e Aquele que oferece, diverso<br />

é só o modo de oferecer-se: cruento na cruz, incruento na Eucaristia.<br />

281. Como é que a Igreja participa no sacrifício eucarístico?<br />

1368 – 1372<br />

1414<br />

Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do seu<br />

Corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho são<br />

unidos aos de Cristo. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida por todos os<br />

fiéis vivos e defuntos, em reparação dos pecados de todos os homens e para obter de<br />

Deus benefícios espirituais e temporais. A Igreja do céu está unida também à oferta de<br />

Cristo.<br />

282. Como é que Jesus está presente na Eucaristia?<br />

1373 – 1375<br />

1413<br />

Jesus Cristo está presente na Eucaristia dum modo único e incomparável. De facto, está<br />

presente de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a<br />

sua Alma e a sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as<br />

espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem.<br />

283. Que significa transubstanciação?<br />

1376 – 1377<br />

1413<br />

Transubstanciação significa a conversão de toda a substância do pão na substância do<br />

Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue. Esta<br />

conversão realiza-se na oração eucarística mediante a eficácia da palavra de Cristo e a<br />

acção do Espírito Santo. Todavia as características sensíveis do pão e do vinho, isto é as<br />

«espécies eucarísticas», permanecem inalteradas.<br />

284. A fracção do pão divide Cristo?<br />

1377


A fracção do pão não divide Cristo: Ele está presente todo inteiro em cada uma das<br />

espécies eucarísticas e em cada uma das suas partes.<br />

285. Até quando continua a presença eucarística de Cristo?<br />

1377<br />

Ela continua enquanto subsistem as espécies eucarísticas.<br />

286. Que tipo de culto é devido ao sacramento da Eucaristia?<br />

1378 – 1381<br />

1418<br />

É devido o culto de latria, isto é, de adoração reservado só a Deus quer durante a<br />

celebração eucarística quer fora dela. De facto, a Igreja conserva com a maior diligência<br />

as Hóstias consagradas, leva-as aos enfermos e às pessoas impossibilitadas de participar<br />

na Santa Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as em procissão e convida<br />

à visita frequente e à adoração do Santíssimo Sacramento conservado no tabernáculo.<br />

287. Porque é que a Eucaristia é banquete pascal?<br />

1382 – 1384<br />

1391 – 1396<br />

A Eucaristia é o banquete pascal, porque Cristo, pela realização sacramental da sua<br />

Páscoa, nos dá o seu Corpo e o seu Sangue, oferecidos como alimento e bebida, e nos<br />

une a si e entre nós no seu sacrifício.<br />

288. Que significa o altar?<br />

1383<br />

1410<br />

O altar é o símbolo do próprio Cristo, presente como vítima sacrificial (altar- sacrifício<br />

da cruz) e como alimento celeste que se nos dá (altar-mesa eucarística).<br />

289. Quando é que a Igreja obriga a participar na santa Missa?<br />

1389<br />

1417<br />

A Igreja obriga os fiéis a participar na santa Missa cada Domingo e nas festas de<br />

preceito, e recomenda a participação nela também nos outros dias.<br />

290. Quando se deve comungar?<br />

1389


A Igreja recomenda aos fiéis que participam na santa Missa que também recebam, com<br />

as devidas disposições, a sagrada Comunhão, prescrevendo a obrigação de a receber ao<br />

menos pela Páscoa.<br />

291. Que se requer para receber a sagrada Comunhão?<br />

1385–1389;<br />

1415<br />

Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja<br />

católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem<br />

consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação<br />

antes da Comunhão. São também importante o espírito de recolhimento e de oração, a<br />

observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes),<br />

como sinal de respeito para com Cristo.<br />

292. Quais são os frutos da sagrada Comunhão?<br />

1391 – 1397<br />

1416<br />

A sagrada Comunhão aumenta a nossa união com Cristo e com a sua Igreja, conserva e<br />

renova a vida da graça recebida no Baptismo e no Crisma, e faz-nos crescer no amor<br />

para com o próximo. Fortalecendo-nos na caridade, perdoa os pecados veniais e<br />

preserva-nos dos pecados mortais, no futuro.<br />

293. Quando é possível administrar a sagrada Comunhão aos outros cristãos?<br />

1398-1401<br />

Os ministros católicos administram licitamente a sagrada comunhão aos membros das<br />

Igrejas orientais que não têm plena comunhão com a Igreja católica, sempre que estes<br />

espontaneamente a peçam e com as devidas disposições.<br />

No que se refere aos membros doutras Comunidades eclesiais, os ministros católicos<br />

administram licitamente a sagrada comunhão aos fiéis, que, por motivos graves, a<br />

peçam espontaneamente, tenham as devidas disposições e manifestem a fé católica<br />

acerca do sacramento.<br />

294. Porque é que a Eucaristia é «penhor da futura glória»?<br />

1402 – 1405<br />

Porque a Eucaristia nos enche das graças e bênçãos do Céu, fortalece-nos para a<br />

peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna, unindo-nos desde já a Cristo,<br />

sentado à direita do Pai, à Igreja do Céu, à santíssima Virgem e a todos os santos.


Na Eucaristia, partimos «o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para<br />

não morrer, mas para viver eternamente em Jesus Cristo» (S. Inácio de Antioquia).<br />

CAPÍTULO SEGUNDO<br />

OS SACRAMENTOS DA CURA<br />

295. Porque é que Cristo instituiu os sacramentos da Penitência e da Unção dos<br />

enfermos?<br />

1420 – 1421<br />

1426<br />

Cristo, médico da alma e do corpo, instituiu-os porque a vida nova, que Ele nos deu nos<br />

sacramentos da iniciação cristã, pode ser enfraquecida e até perdida por causa do<br />

pecado. Por isso, Cristo quis que a Igreja continuasse a sua obra de cura e de salvação<br />

mediante estes dois sacramentos.<br />

O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA RECONCILIAÇÃO<br />

296. Como é chamado este sacramento?<br />

1422 – 1424<br />

É chamado sacramento da Penitência, da Reconciliação, do Perdão, da Confissão, da<br />

Conversão.<br />

297. Porque existe um sacramento da Reconciliação depois do Baptismo?<br />

1425 – 1426<br />

1484<br />

Porque a nova vida da graça, recebida no Baptismo, não suprimiu a fragilidade da<br />

natureza humana nem a inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência), Cristo<br />

instituiu este sacramento para a conversão dos baptizados que pelo pecado d’Ele se<br />

afastaram.<br />

298. Quando foi instituído este sacramento?<br />

1485


O Senhor ressuscitado instituiu este sacramento quando, na tarde de Páscoa, se mostrou<br />

aos Apóstolos e lhes disse: «Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os<br />

pecados serão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23).<br />

299. Os baptizados têm ainda necessidade de conversão?<br />

1427 – 1429<br />

O apelo à conversão ressoa continuamente na vida dos baptizados. Esta conversão é um<br />

empenho contínuo para toda a Igreja, que é santa mas contém pecadores no seu seio.<br />

300. O que é a penitência interior?<br />

1430 – 1433<br />

1490<br />

É o dinamismo do «coração contrito» (Sal 51,19), movido pela graça divina a responder<br />

ao amor misericordioso de Deus. Implica a dor e a repulsa pelos pecados cometidos, o<br />

propósito firme de não mais pecar e a confiança na ajuda de Deus. Alimenta-se da<br />

esperança na misericórdia divina.<br />

301. Como se manifesta a penitência na vida cristã?<br />

1434 – 1439<br />

A penitência manifesta-se de muitas maneiras, em especial pelo jejum, a oração e a<br />

esmola. Estas e muitas outras formas de penitência podem ser praticadas na vida<br />

quotidiana do cristão, especialmente no tempo da Quaresma e no dia penitencial de<br />

Sexta-feira.<br />

302. Quais os elementos essenciais do sacramento da Reconciliação?<br />

1440 – 1449<br />

São dois: os actos realizados pelo homem que se converte sob a acção do Espírito Santo<br />

e a absolvição do sacerdote, que em Nome de Cristo concede o perdão e estabelece a<br />

modalidade da satisfação.<br />

303. Quais são os actos do penitente?<br />

1450 – 1460.<br />

1487 – 1492<br />

São: um diligente exame de consciência; a contrição (ou arrependimento), que é<br />

perfeita, quando é motivada pelo amor a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros<br />

motivos, e que inclui o propósito de não mais pecar; a confissão, que consiste na<br />

acusação dos pecados feita diante do sacerdote; a satisfação, ou seja, o cumprimento de<br />

certos actos de penitência, que o confessor impõe ao penitente para reparar o dano<br />

causado pelo pecado.


304. Que pecados se devem confessar?<br />

1456<br />

Devem-se confessar todos os pecados graves ainda não confessados, dos quais nos<br />

recordamos depois dum diligente exame de consciência. A confissão dos pecados<br />

graves é o único modo ordinário para obter o perdão.<br />

305. Quando se é obrigado a confessar os pecados graves?<br />

1457<br />

Todo o fiel, obtida a idade da razão, é obrigado a confessar os seus pecados graves ao<br />

menos uma vez por ano e antes de receber a Sagrada Comunhão.<br />

306. Porque é que os pecados veniais podem ser também objecto da confissão<br />

sacramental?<br />

1458<br />

A confissão dos pecados veniais é muito recomendada pela Igreja, embora não<br />

estritamente necessária, porque nos ajuda a formar uma consciência recta e a lutar<br />

contra as más inclinações, para nos deixarmos curar por Cristo e progredirmos na vida<br />

do Espírito.<br />

307. Quem é o ministro deste sacramento?<br />

1461 – 1466<br />

1495<br />

Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus Apóstolos, aos Bispos seus<br />

sucessores e aos presbíteros seus colaboradores, os quais portanto se convertem em<br />

instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os<br />

pecados no Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.<br />

308. A quem é reservada a absolvição de alguns pecados?<br />

1463<br />

A absolvição de alguns pecados particularmente graves (como os punidos com a<br />

excomunhão) é reservada à Sé Apostólica ou ao Bispo do lugar ou aos presbíteros por<br />

ele autorizados, embora todo o sacerdote possa absolver de qualquer pecado e<br />

excomunhão a quem se encontra em perigo de morte.<br />

309. O Confessor é obrigado ao segredo?<br />

1467<br />

Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, todo o<br />

confessor está obrigado a manter o sigilo sacramental, isto é, o absoluto segredo acerca


dos pecados conhecidos em confissão, sem nenhuma excepção e sob penas<br />

severíssimas.<br />

310. Quais são os efeitos deste sacramento?<br />

1468 – 1470<br />

1496<br />

Os efeitos do sacramento da Penitência são: a reconciliação com Deus e portanto o<br />

perdão dos pecados; a reconciliação com a Igreja; a recuperação, se perdida, do estado<br />

de graça; a remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, ao<br />

menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado; a paz e a<br />

serenidade da consciência, e a consolação do espírito; o acréscimo das forças espirituais<br />

para o combate cristão.<br />

311. Quando se pode celebrar este sacramento com confissão genérica e absolvição<br />

colectiva?<br />

1480 – 1484<br />

Em casos de grave necessidade (como o perigo iminente de morte), pode-se recorrer à<br />

celebração comunitária da Reconciliação com confissão genérica e absolvição colectiva,<br />

respeitando as normas da Igreja e com o propósito de confessar individualmente os<br />

pecados graves no tempo oportuno.<br />

312. O que são as indulgências?<br />

1471-1479<br />

1498<br />

As indulgências são a remissão diante de Deus da pena temporal devida aos pecados, já<br />

perdoados quanto à culpa, que, em determinadas condições, o fiel adquire para si ou<br />

para os defuntos mediante o ministério da Igreja, a qual, como dispensadora da<br />

redenção, distribui o tesouro dos méritos de Cristo e dos Santos.<br />

O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS<br />

313. Como é vivida a doença no Antigo Testamento?<br />

1499-1502<br />

No Antigo Testamento, o homem doente experimenta os seus limites e ao mesmo tempo<br />

percebe que a doença está ligada misteriosamente ao pecado. Os profetas intuíram que a<br />

doença podia ter também um valor redentor em relação aos próprios pecados e aos dos<br />

outros. Assim, a doença era vivida perante Deus, da qual o homem implorava a cura.


314. Que sentido tem a compaixão de Jesus pelos doentes?<br />

1503-1505<br />

A compaixão de Jesus pelos doentes e as numerosas curas de enfermos são um claro<br />

sinal de que, com Ele, chegou o Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o sofrimento<br />

e a morte. Com a sua paixão e morte, Ele dá um novo sentido ao sofrimento, o qual, se<br />

unido ao seu, pode ser meio de purificação e de salvação para nós e para os outros.<br />

315. Qual é o comportamento da Igreja em relação aos doentes?<br />

1506-1513;<br />

1526-1527<br />

A Igreja, tendo recebido do Senhor a ordem de curar os enfermos, procura pô-la em<br />

prática com os cuidados para com os doentes, acompanhados da oração de intercessão.<br />

Ela possui sobretudo um sacramento específico em favor dos enfermos, instituído pelo<br />

próprio Cristo e atestado por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os presbíteros<br />

da Igreja e rezem por ele, depois de o ter ungido com óleo no nome do Senhor» (Tg<br />

5,14-15).<br />

316. Quem pode receber o sacramento da Unção dos enfermos?<br />

1514 –1515<br />

1528- 1529<br />

Este sacramento pode ser recebido pelo fiel que começa a encontrar-se em perigo de<br />

morte por doença ou velhice. O mesmo fiel pode recebê-lo também outras vezes se a<br />

doença se agrava ou então no caso doutra doença grave. A celebração deste sacramento,<br />

se possível, deve ser precedida pela confissão individual do doente.<br />

317. Quem administra este sacramento?<br />

1516. 1530<br />

Só pode ser administrado pelos sacerdotes (Bispos ou presbíteros).<br />

318. Como se celebra este sacramento?<br />

1520 – 1523<br />

1532<br />

A celebração deste sacramento consiste essencialmente na unção com óleo benzido, se<br />

possível, pelo Bispo, na fronte e nas mãos do doente (no rito romano, ou também<br />

noutras partes do corpo segundo outros ritos), acompanhada da oração do sacerdote,<br />

que implora a graça especial deste sacramento.<br />

319. Quais são os efeitos deste sacramento?


15120 – 1523<br />

1532<br />

Ele confere uma graça especial que une mais intimamente o doente à Paixão de Cristo,<br />

para o seu bem e de toda a Igreja, dando-lhe conforto, paz, coragem, e também o perdão<br />

dos pecados, se o doente não se pode confessar. Este sacramento consente por vezes, se<br />

for a vontade de Deus, também a recuperação da saúde física. Em todo o caso, esta<br />

Unção prepara o doente para a passagem à Casa do Pai.<br />

320. O que é o Viático?<br />

1524 – 1525<br />

É a Eucaristia recebida por aqueles que estão para deixar esta vida terrena e se preparam<br />

para a passagem à vida eterna. Recebida no momento da passagem deste mundo ao Pai,<br />

a Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo morto e ressuscitado é semente de vida eterna<br />

e potência de ressurreição.<br />

CAPÍTULO TERCEIRO<br />

OS SACRAMENTOS AO SERVIÇO<br />

DA COMUNHÃO E DA MISSÃO<br />

321. Quais são os sacramentos ao serviço da comunhão e da missão?<br />

1533–1535<br />

Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimónio, conferem uma graça especial para uma<br />

missão particular na Igreja em ordem à edificação do povo de Deus. Eles contribuem<br />

em especial para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros.<br />

O SACRAMENTO DA ORDEM SACERDOTAL<br />

322. O que é o sacramento da Ordem?<br />

1536<br />

É o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos continua<br />

a ser exercida na Igreja, até ao fim dos tempos.<br />

323. Porque se chama sacramento da Ordem?


1537 – 1538<br />

Ordem indica um corpo eclesial, do qual se passa a fazer parte, mediante uma especial<br />

consagração (Ordenação), a qual, por um particular dom do Espírito Santo, permite<br />

exercer um poder sagrado em nome e com a autoridade de Cristo para o serviço do<br />

povo de Deus.<br />

324. Qual o lugar do sacramento da Ordem no desígnio divino da salvação?<br />

1539 – 1546<br />

1590 - 1591<br />

Na Antiga Aliança, este sacramento é prefigurado no serviço dos Levitas, no sacerdócio<br />

de Aarão e na instituição dos setenta «Anciãos» (Num 11,25). Estas prefigurações<br />

encontraram realização em Cristo Jesus, o qual, com o sacrifício da sua cruz, é o «único<br />

(...) mediador entre Deus e os homens» (1 Tim 2,5), o Sumo-sacerdote à maneira de<br />

Melquisedec» (Heb 5,10). O único sacerdócio de Cristo é tornado presente pelo<br />

sacerdócio ministerial.<br />

«Só Cristo é o verdadeiro sacerdote, os outros são seus ministros» (S. Tomás de<br />

Aquino)<br />

325. De quantos graus se compõe o sacramento da Ordem?<br />

1554<br />

1593<br />

Compõe-se de três graus, que são insubstituíveis para a estrutura orgânica da Igreja: o<br />

episcopado, o presbiterado e o diaconado.<br />

326. Qual é o efeito da Ordenação episcopal?<br />

1557 – 1558<br />

A Ordenação episcopal confere a plenitude do sacramento da Ordem, faz do Bispo o<br />

legítimo sucessor dos Apóstolos, insere-o no Colégio episcopal, partilhando com o Papa<br />

e os outros Bispos a solicitude por todas as Igrejas, e confere-lhe a missão de ensinar,<br />

santificar e governar.<br />

327. Qual é a missão do Bispo na Igreja particular que lhe foi confiada?<br />

1560 – 1561<br />

O Bispo, ao qual é confiada uma Igreja particular, é o princípio visível e o fundamento<br />

da unidade dessa Igreja, a favor da qual exerce, como vigário de Cristo, o ministério<br />

pastoral, coadjuvado pelos presbíteros e diáconos.


328. Qual é o efeito da Ordenação presbiteral?<br />

1562 – 1567<br />

1595<br />

A unção do Espírito assinala o presbítero com um carácter espiritual indelével,<br />

configura-o a Cristo sacerdote e torna-o capaz de agir em nome de Cristo Cabeça.<br />

Sendo cooperador da Ordem episcopal, ele é consagrado para pregar o Evangelho, para<br />

celebrar o culto divino, sobretudo a Eucaristia, da qual o seu ministério recebe a força, e<br />

para ser o pastor dos fiéis.<br />

329. Como é que o presbítero exerce o seu ministério?<br />

1568<br />

Embora seja ordenado para uma missão universal, ele exerce-a numa Igreja particular,<br />

em fraternidade sacramental com os outros presbíteros que formam o «presbitério» e<br />

que, em comunhão com o Bispo, e, em dependência dele, têm a responsabilidade da<br />

Igreja particular.<br />

330. Qual é o efeito da Ordenação diaconal?<br />

1569 – 1571<br />

1596<br />

O diácono, configurado a Cristo servo de todos, é ordenado para o serviço da Igreja sob<br />

a autoridade do Bispo, em relação ao ministério da Palavra, do culto divino, da<br />

condução pastoral e da caridade.<br />

331. Como se celebra o sacramento da Ordem?<br />

1572 – 1574<br />

1597<br />

Para cada um dos três graus, o sacramento da Ordem é conferido pela imposição das<br />

mãos sobre a cabeça do ordinando por parte do Bispo, que pronuncia a solene oração<br />

consecratória. Com ela, o Bispo invoca de Deus, para o ordinando, a especial efusão do<br />

Espírito Santo e dos seus dons, em ordem ao ministério.<br />

332. Quem pode conferir este sacramento?<br />

1575 - 1576.<br />

1600<br />

Compete aos Bispos validamente ordenados, enquanto sucessores dos Apóstolos,<br />

conferir os três graus do sacramento da Ordem.<br />

333. Quem pode receber este sacramento?<br />

1577 – 1578 1598


Só o baptizado de sexo masculino o pode receber validamente: a Igreja reconhece-se<br />

vinculada a esta escolha feita pelo próprio Senhor. Ninguém pode exigir a recepção do<br />

sacramento da Ordem, antes deve ser considerado apto para o ministério pela autoridade<br />

da Igreja.<br />

334. É requerido o celibato a quem recebe o sacramento da Ordem?<br />

1579 – 1580<br />

1599<br />

Para o episcopado é sempre requerido o celibato. Na Igreja latina, para o presbiterado,<br />

são normalmente escolhidos homens crentes que vivem celibatários e têm vontade de<br />

guardar o celibato «pelo reino dos céus» (Mt 19,12). Nas Igrejas Orientais, não é<br />

consentido casar depois da Ordenação. O diaconado permanente pode ser conferido a<br />

homens já casados.<br />

335. Quais são os efeitos do sacramento da Ordem?<br />

1547 – 1553<br />

Este sacramento dá uma especial efusão do Espírito Santo, que configura o ordenado a<br />

Cristo na sua tríplice função de Sacerdote, Profeta e Rei, segundo os respectivos graus<br />

do sacramento. A ordenação confere um carácter espiritual indelével: por isso não pode<br />

ser repetida nem conferida por um tempo limitado.<br />

336. Com que autoridade é exercido o sacerdócio ministerial?<br />

1547 – 1553<br />

1592<br />

Os sacerdotes ordenados, no exercício do ministério sagrado, falam e agem não por<br />

autoridade própria, e nem sequer por mandato ou delegação da comunidade, mas na<br />

Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja. Portanto o sacerdócio ministerial difere<br />

essencialmente, e não apenas em grau, do sacerdócio comum dos fiéis, para o serviço do<br />

qual Cristo o instituiu.<br />

O SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO<br />

337. Qual é o desígnio de Deus acerca do homem e da mulher?<br />

1601 – 1605<br />

Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a<br />

mulher, chamou-os, no Matrimónio, a uma íntima comunhão de vida e de amor entre<br />

eles, «de modo que já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19,6). Abençoando-os, Deus<br />

disse-lhes: «sede fecundos e multiplicai-vos» (Gn 1,28).


338. Para que fins instituiu Deus o Matrimónio?<br />

1659-1660<br />

A união matrimonial do homem e da mulher, fundada e dotada de leis próprias pelo<br />

Criador, está por sua natureza ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração<br />

e bem dos filhos. Segundo o desígnio originário de Deus, a união matrimonial é<br />

indissolúvel, como afirma Jesus Cristo: «O que Deus uniu não o separe o homem» (Mc<br />

10,9).<br />

339. Como é que o pecado ameaça o Matrimónio?<br />

1606-1608<br />

Por causa do primeiro pecado, que provocou também a ruptura da comunhão do homem<br />

e da mulher, dada pelo Criador, a união matrimonial é muitas vezes ameaçada pela<br />

discórdia e pela infidelidade. Todavia Deus, na sua infinita misericórdia, dá ao homem e<br />

à mulher a sua graça para que possam realizar a união das suas vidas segundo o desígnio<br />

originário de Deus.<br />

340. O que é que o Antigo Testamento ensina sobre o Matrimónio?<br />

1609-1611<br />

Deus, sobretudo através da pedagogia da Lei e dos profetas, ajuda o seu povo a<br />

amadurecer progressivamente a consciência da unicidade e da indissolubilidade do<br />

Matrimónio. A aliança nupcial de Deus com Israel prepara e prefigura a Aliança nova<br />

realizada pelo Filho de Deus com a sua esposa, a Igreja.<br />

341. Qual a novidade dada por Cristo ao Matrimónio?<br />

1612-1617<br />

1661<br />

Jesus Cristo não só restabelece a ordem inicial querida por Deus, mas dá a graça para<br />

viver o Matrimónio na nova dignidade de sacramento, que é o sinal do seu amor<br />

esponsal pela Igreja: «Vós maridos amai as vossas mulheres, como Cristo amou a<br />

Igreja» (Ef 5,25).<br />

342. O Matrimónio é uma obrigação para todos?<br />

1618-1620<br />

O Matrimónio não é uma obrigação para todos. Deus chama alguns homens e mulheres<br />

a seguir o Senhor Jesus na vida da virgindade ou do celibato pelo Reino dos céus,<br />

renunciando ao grande bem do Matrimónio para se preocuparem com as coisas do<br />

Senhor e para procurar agradar-Lhe, tornando-se assim sinal do absoluto primado do<br />

amor de Cristo e da ardente esperança da sua vinda gloriosa.<br />

343. Como se celebra o sacramento do Matrimónio?


1621-1624<br />

Uma vez que o Matrimónio coloca os cônjuges num estado público de vida na Igreja, a<br />

sua celebração litúrgica é pública, na presença do sacerdote (ou da testemunha<br />

qualificada da Igreja) e das outras testemunhas.<br />

344. O que é o consentimento matrimonial?<br />

1625-1632<br />

1662-1663<br />

O consentimento matrimonial é a vontade, expressa por um homem e por uma mulher,<br />

de se entregarem mutua e definitivamente, com o fim de viver uma aliança de amor fiel<br />

e fecundo. Dado que o consentimento faz o Matrimónio, ele é indispensável e<br />

insubstituível. Para que o Matrimónio seja válido, o consentimento deve ter como<br />

objecto o verdadeiro Matrimónio e ser um acto humano, consciente e livre, não<br />

determinado pela violência ou por constrições.<br />

345. Que se requer quando um dos esposos não é católico?<br />

1633-1637<br />

Para serem lícitos, os matrimónios mistos (entre católico e baptizado não católico)<br />

requerem a permissão da autoridade eclesiástica. Aqueles com disparidade de culto<br />

(entre católico e não baptizado) para serem válidos precisam duma dispensa. Em todo o<br />

caso, é essencial que os cônjuges não excluam a aceitação dos fins e das propriedades<br />

essenciais do Matrimónio e que o cônjuge católico confirme o empenho, conhecido<br />

também do outro cônjuge, de conservar a fé e de assegurar o Baptismo e a educação<br />

católica dos filhos.<br />

346. Quais são os efeitos do sacramento do Matrimónio?<br />

1638-1642<br />

O sacramento do Matrimónio gera entre os cônjuges um vínculo perpétuo e exclusivo.<br />

O próprio Deus sela o consentimento dos esposos. Portanto o Matrimónio concluído e<br />

consumado entre baptizados não pode ser nunca dissolvido. Este sacramento confere<br />

também aos esposos a graça necessária para alcançar a santidade na vida conjugal e para<br />

o acolhimento responsável dos filhos e a sua educação.<br />

347. Quais são os pecados gravemente contrários ao sacramento do Matrimónio?<br />

1645-1648<br />

São: o adultério; a poligamia, porque em contradição com a igual dignidade do homem<br />

e da mulher e com a unicidade e exclusividade do amor conjugal; a rejeição da<br />

fecundidade, que priva a vida conjugal do dom dos filhos; e o divórcio, que se opõe à<br />

indissolubilidade.<br />

348. Quando é que a Igreja admite a separação física dos esposos?


1629<br />

1649<br />

A Igreja admite a separação física dos esposos quando, por motivos graves, a sua<br />

coabitação se tornou praticamente impossível, embora se deseje uma sua reconciliação.<br />

Mas eles, enquanto vive o cônjuge, não estão livres para contrair uma nova união, a<br />

menos que o Matrimónio seja nulo e como tal seja declarado pela autoridade<br />

eclesiástica.<br />

349. Qual é a atitude da Igreja para com os divorciados recasados?<br />

1655-1558<br />

1666<br />

Fiel ao Senhor, a Igreja não pode reconhecer como Matrimónio a união dos divorciados<br />

recasados civilmente. «Quem repudia a própria mulher e casa com outra comete<br />

adultério contra ela; se a mulher repudia o marido e casa com outro, comete adultério»<br />

(Mc 10, 11-12). Para com eles, a Igreja desenvolve uma atenta solicitude, convidandoos<br />

a uma vida de fé, à oração, às obras de caridade e à educação cristã dos filhos. Mas<br />

eles não podem receber a absolvição sacramental nem abeirar-se da comunhão<br />

eucarística, nem exercer certas responsabilidades eclesiais enquanto perdurar esta<br />

situação, que objectivamente contrasta com a lei de Deus.<br />

350. Porque é que a família cristã é chamada Igreja doméstica?<br />

1655-1658;<br />

1666<br />

Porque a família manifesta e realiza a natureza de comunhão e familiar da Igreja como<br />

família de Deus. Cada membro, a seu modo, exerce o sacerdócio baptismal,<br />

contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça e de oração, escola das<br />

virtudes humanas e cristãs, lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos.<br />

CAPÍTULO QUARTO<br />

AS OUTRAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS<br />

351. O que são os sacramentais?<br />

1667-1672<br />

1677-1678<br />

OS SACRAMENTAIS


São sinais sagrados instituídos pela Igreja, por meio dos quais são santificadas algumas<br />

circunstâncias da vida. Incluem sempre uma oração, muitas vezes acompanhada do sinal<br />

da cruz e de outros sinais. Entre os sacramentais, figuram, em primeiro lugar, as<br />

bênçãos, que são um louvor a Deus e uma oração para obter os seus dons, as<br />

consagrações de pessoas e as dedicações de coisas para o culto de Deus.<br />

352. O que é o exorcismo?<br />

1673<br />

Fala-se de exorcismo, quando a Igreja pede com a sua autoridade, em nome de Jesus,<br />

que uma pessoa ou um objecto seja protegido contra a acção do Maligno e subtraído ao<br />

seu domínio. É praticado de modo ordinário no rito do Baptismo. O exorcismo solene,<br />

chamado o grande exorcismo, pode ser feito só por um sacerdote autorizado pelo Bispo.<br />

353. Que formas de piedade popular acompanham a vida sacramental da Igreja?<br />

1674-1676<br />

1679<br />

O sentido religioso do povo cristão encontrou sempre diversas expressões nas várias<br />

formas de piedade que acompanham a vida sacramental da Igreja, como a veneração das<br />

relíquias, as visitas aos santuários, as peregrinações, as procissões, a «via-sacra», o<br />

Rosário. As formas autênticas de piedade popular são favorecidas e iluminadas pela luz<br />

da fé da Igreja.<br />

AS EXÉQUIAS CRISTÃS<br />

354. Que relação existe entre os sacramentais e a morte do cristão?<br />

1680<br />

1683<br />

O cristão que morre em Cristo chega, no termo da sua existência terrena, à consumação<br />

da nova vida iniciada com o Baptismo, revigorada pela Confirmação e alimentada pela<br />

Eucaristia, antecipação do banquete celeste. O sentido da morte do cristão manifesta-se<br />

à luz da Morte e da Ressurreição de Cristo, nossa única esperança; o cristão que morre<br />

em Cristo Jesus, vai «habitar junto do Senhor» (2 Cor 5,8).<br />

355. O que exprimem as exéquias?<br />

1684 – 1685<br />

As exéquias, embora celebradas segundo diferentes ritos correspondentes às situações e<br />

às tradições de cada uma das regiões, exprimem o carácter pascal da morte cristã na


esperança da ressurreição e o sentido da comunhão com o defunto particularmente<br />

mediante a oração pela purificação da sua alma.<br />

356. Quais os momentos principais das exéquias?<br />

1686 – 1690<br />

Habitualmente as exéquias compreendem quatro momentos principais: o acolhimento<br />

da urna pela comunidade, com palavras de conforto e de esperança; a liturgia da<br />

Palavra; o sacrifício eucarístico; e «a encomendação», com o qual a alma do defunto é<br />

confiada a Deus, fonte de vida eterna, enquanto o seu corpo é sepultado na expectativa<br />

da ressurreição.<br />

TERCEIRA PARTE<br />

A VIDA EM CRISTO<br />

PRIMEIRA SECÇÃO<br />

A VOCAÇÃO DO HOMEM:<br />

A VIDA NO ESPÍRITO<br />

357. Como é que a vida moral cristã está ligada à fé e aos sacramentos?<br />

1691 – 1698<br />

O que o Símbolo da fé professa, os sacramentos o comunicam. De facto, neles os fiéis<br />

recebem a graça de Cristo e os dons do Espírito Santo, que os tornam capazes de viver a<br />

vida nova de filhos de Deus em Cristo acolhido com a fé.<br />

«Reconhece, ó cristão, a tua dignidade» (S. Leão Magno)<br />

CAPÍTULO PRIMEIRO<br />

A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA<br />

O HOMEM IMAGEM DE DEUS


358. Qual é a raiz da dignidade humana?<br />

1699 – 1715<br />

A dignidade da pessoa humana radica na criação à imagem e semelhança de Deus.<br />

Dotada de uma alma espiritual e imortal, de inteligência e de vontade livre, a pessoa<br />

humana está ordenada para Deus e chamada, com a sua alma e o seu corpo, à bemaventurança<br />

eterna.<br />

A NOSSA VOCAÇÃO À BEM-AVENTURANÇA<br />

359. Como é que o homem alcança a bem-aventurança?<br />

1716<br />

O homem alcança a bem-aventurança em virtude da graça de Cristo, que o torna<br />

participante da vida divina. Cristo no Evangelho indica aos seus o caminho que conduz<br />

à felicidade sem fim: as Bem-aventuranças. A graça de Cristo opera também em cada<br />

ser humano que, seguindo a recta consciência, procura e ama o verdadeiro e o bem e<br />

evita o mal.<br />

360. Porque é que as Bem-aventuranças são importantes para nós?<br />

1716-1717<br />

1725-1726<br />

As Bem-aventuranças estão no centro da pregação de Jesus, retomam e aperfeiçoam as<br />

promessas de Deus, feitas a partir de Abraão. Mostram o próprio rosto de Jesus,<br />

caracterizam a autêntica vida cristã e revelam ao homem o fim último do seu agir: a<br />

bem-aventurança eterna.<br />

361. Que relação há entre as Bem-aventuranças e o desejo humano de felicidade?<br />

1718-1719<br />

As Bem-aventuranças respondem ao desejo inato de felicidade que Deus colocou no<br />

coração do homem para o atrair a Si, e que só Ele pode saciar.<br />

362. O que é a bem-aventurança eterna?<br />

1720-1724<br />

1727-1729


É a visão de Deus na vida eterna, em que seremos plenamente «participantes da<br />

natureza divina» (2 Ped 1,4), da glória de Cristo e da felicidade da vida trinitária. A<br />

bem-aventurança ultrapassa as capacidades humanas: é um dom sobrenatural e gratuito<br />

de Deus, como a graça que a ela conduz. A bem-aventurança prometida coloca-nos<br />

perante escolhas morais decisivas em relação aos bens terrenos, estimulando-nos a amar<br />

a Deus acima de tudo.<br />

363. O que é a liberdade?<br />

1730-1733<br />

1743-1744<br />

A LIBERDADE DO HOMEM<br />

É o poder, dado por Deus ao homem, de agir e não agir, de fazer isto ou aquilo,<br />

praticando assim por si mesmo acções deliberadas. A liberdade caracteriza os actos<br />

propriamente humanos. Quanto mais faz o bem, mais alguém se torna livre. A liberdade<br />

atinge a perfeição quando é ordenada para Deus, sumo Bem e nossa Bem-aventurança.<br />

A liberdade implica também a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A escolha<br />

do mal é um abuso da liberdade, que conduz à escravatura do pecado.<br />

364. Que relação existe entre liberdade e responsabilidade?<br />

1734 –1737<br />

1745-1746<br />

A liberdade torna o homem responsável pelos seus actos, na medida em que são<br />

voluntários, embora a imputabilidade e a responsabilidade de um acto possam ser<br />

diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência suportada, o<br />

medo, as afeições desordenadas e os hábitos.<br />

365. Porque é que o homem tem direito ao exercício da liberdade?<br />

1738<br />

1747<br />

O direito ao exercício da liberdade é próprio de cada homem enquanto é inseparável da<br />

sua dignidade de pessoa humana. Portanto, tal direito deve ser sempre respeitado,<br />

principalmente em matéria moral e religiosa, e deve ser reconhecido civilmente, e<br />

tutelado nos termos do bem comum e da justa ordem pública.<br />

366. Qual é o lugar da liberdade humana na ordem da salvação?<br />

1739-1742<br />

1748


O primeiro pecado enfraqueceu a liberdade humana. Os pecados sucessivos vieram<br />

acentuar esta debilidade. Mas «foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5,1).<br />

Com a sua graça, o Espírito Santo conduz-nos para a liberdade espiritual, para fazer de<br />

nós colaboradores livres da sua obra na Igreja e no mundo.<br />

367. Quais são as fontes da moralidade dos actos humanos?<br />

1749-1754<br />

1757-1758<br />

A moralidade dos actos humanos depende de três fontes: do objecto escolhido, ou seja,<br />

dum bem verdadeiro ou aparente; da intenção do sujeito que age, isto é, do fim que ele<br />

tem em vista ao fazer a acção; das circunstâncias da acção, onde se incluem as suas<br />

consequências.<br />

368. Quando é que o acto é moralmente bom?<br />

1755-1756<br />

1759-1760<br />

O acto é moralmente bom quando supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objecto, do<br />

[N63]fim em vista e das circunstâncias. O objecto escolhido pode, por si só, viciar toda<br />

a acção, mesmo se a sua intenção for boa. Não é lícito fazer o mal para que dele derive<br />

um bem. Um fim mau pode corromper a acção, mesmo que, em si, o seu objecto seja<br />

bom. Pelo contrário, um fim bom não torna bom um comportamento que for mau pelo<br />

seu objecto, uma vez que o fim não justifica os meios. As circunstâncias podem atenuar<br />

ou aumentar a responsabilidade de quem age, mas não podem modificar a qualidade<br />

moral dos próprios actos, não tornam nunca boa uma acção que, em si, é má.<br />

369. Há actos que são sempre ilícitos?<br />

1756<br />

1761<br />

Há actos, cuja escolha é sempre ilícita, por causa do seu objecto (por exemplo, a<br />

blasfémia, o homicídio, o adultério). A sua escolha comporta uma desordem da vontade,<br />

isto é, um mal moral, que não pode ser justificado com os bens que eventualmente daí<br />

pudessem derivar.<br />

370. O que são as paixões?<br />

1762-1766<br />

1771-1772<br />

A MORALIDADE DAS PAIXÕES


São os afectos, as emoções ou os movimentos da sensibilidade – componentes naturais<br />

da psicologia humana – que inclinam a agir ou a não agir em vista do que se percebeu<br />

como bom ou como mau. As principais são o amor e o ódio, o desejo e o medo, a<br />

alegria, a tristeza e a cólera. A paixão fundamental é o amor, provocado pela atracção<br />

do bem. Não se ama se não o bem, verdadeiro ou aparente.<br />

371. As paixões são moralmente boas ou más?<br />

1767-1770;<br />

1773-1775<br />

Enquanto movimentos da sensibilidade, as paixões não são nem boas nem más em si<br />

mesmas: são boas quando contribuem para uma acção boa; são más, no caso contrário.<br />

Elas podem ser assumidas pelas virtudes ou pervertidas nos vícios.<br />

372. O que é a consciência moral?<br />

1776–1780;<br />

1795–1797<br />

A CONSCIÊNCIA MORAL<br />

A consciência moral, presente no íntimo da pessoa, é um juízo da razão, que, no<br />

momento oportuno, ordena ao homem que pratique o bem e evite o mal. Graças a ela, a<br />

pessoa humana percebe a qualidade moral dum acto a realizar ou já realizado,<br />

permitindo-lhe assumir a responsabilidade. Quando escuta consciência moral, o homem<br />

prudente pode ouvir a voz de Deus que lhe fala.<br />

373. Que implica a dignidade da pessoa perante a consciência moral?<br />

1780 – 1782<br />

1798<br />

A dignidade da pessoa humana implica rectidão da consciência moral (ou seja, estar de<br />

acordo com o que é justo e bom, segundo a razão e a Lei divina). Por causa da sua<br />

dignidade pessoal, o homem não deve ser obrigado a agir contra a consciência e, dentro<br />

dos limites do bem comum, nem sequer deve ser impedido de agir em conformidade<br />

com ela, sobretudo em matéria religiosa.<br />

374. Como formar a recta e verdadeira consciência moral?<br />

1783-1788<br />

1799<br />

1800


A consciência moral recta e verdadeira forma-se com a educação e com a assimilação<br />

da Palavra de Deus e do ensino da Igreja. É amparada com os dons do Espírito Santo e<br />

ajudada com os conselhos de pessoas sábias. Além disso, ajudam muito na formação<br />

moral a oração e o exame de consciência.<br />

375. Quais as normas que a consciência deve sempre seguir?<br />

1789<br />

Há três mais gerais: 1) nunca é permitido fazer o mal porque daí derive um bem; 2) a<br />

chamada regra de ouro: «tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós<br />

também» (Mt 7, 12); 3) a caridade passa sempre pelo respeito do próximo e da sua<br />

consciência, embora isto não signifique aceitar como um bem aquilo que é<br />

objectivamente um mal.<br />

376. A consciência moral pode emitir juízos erróneos?<br />

1790–1794;<br />

1801–1802<br />

A pessoa deve obedecer sempre ao juízo certo da sua consciência, mas esta também<br />

pode emitir juízos erróneos, por causas nem sempre isentas de culpabilidade pessoal.<br />

Não é porém imputável à pessoa o mal realizado por ignorância involuntária, mesmo<br />

que objectivamente não deixe de ser um mal. É preciso, pois, trabalhar para corrigir os<br />

erros da consciência moral.<br />

377. O que é a virtude?<br />

1803, 1833<br />

AS VIRTUDES<br />

A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. «O fim de uma vida<br />

virtuosa é tornar-se semelhante a Deus» (S. Gregório de Nissa). Há virtudes humanas e<br />

virtudes teologais.<br />

378. O que são as virtudes humanas?<br />

1804;<br />

1810-1811:<br />

1834, 1839<br />

As virtudes humanas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade,<br />

que regulam os nossos actos, ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta<br />

segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por actos moralmente bons e repetidos,<br />

são purificadas e elevadas pela graça divina.


379. Quais são as virtudes humanas principais?<br />

1805;1834<br />

São as virtudes, chamadas cardeais, que reagrupam todas as outras e que constituem a<br />

charneira da vida virtuosa. São elas: prudência, justiça, fortaleza e temperança.<br />

380. O que é a prudência?<br />

1806<br />

1835<br />

A prudência dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o nosso verdadeiro<br />

bem e a escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz as outras virtudes,<br />

indicando-lhes a regra e a medida.<br />

381. O que é a justiça?<br />

1807<br />

1836<br />

A justiça consiste na constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A<br />

justiça para com Deus é chamada «virtude da religião».<br />

382. O que é a fortaleza?<br />

1808; 1837<br />

A fortaleza assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem,<br />

chegando até à capacidade do eventual sacrifício da própria vida por uma causa justa.<br />

383. O que é a temperança?<br />

1809<br />

1838<br />

A temperança modera a atracção dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os<br />

instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados.<br />

384. O que são as virtudes teologais?<br />

1812-1813<br />

1840-1841<br />

São as virtudes que têm como origem, motivo e objecto imediato o próprio Deus. São<br />

infundidas no homem com a graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação<br />

com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as<br />

virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da acção do Espírito Santo nas<br />

faculdades do ser humano.


385. Quais são as virtudes teologais?<br />

1813<br />

As virtudes teologais são: fé, esperança e caridade.<br />

386. O que é a fé?<br />

1814-1816<br />

1842<br />

A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e<br />

que a Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria Verdade. Pela fé, o<br />

homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a<br />

vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6).<br />

387. O que é a esperança?<br />

1817-1821;<br />

1843<br />

A esperança é a virtude teologal por meio da qual desejamos e esperamos de Deus a<br />

vida eterna como nossa felicidade, colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo<br />

e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao<br />

fim da vida terrena.<br />

388. O que é a caridade?<br />

1822-1829<br />

1844<br />

A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao<br />

próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a<br />

plenitude da lei. A caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14) e o fundamento das<br />

outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada me<br />

aproveita» (1 Cor 13,1-3).<br />

389. O que são os dons do Espírito Santo?<br />

1830 – 1831<br />

1845<br />

Os dons do Espírito Santo são disposições permanentes que tornam o homem dócil para<br />

seguir as inspirações divinas. São sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza,<br />

ciência, piedade e temor de Deus.<br />

390. O que são os frutos do Espírito Santo?<br />

1832


Os frutos do Espírito Santo são perfeições plasmadas por Ele em nós como primícias da<br />

glória eterna. A tradição da Igreja enumera doze: «Amor, alegria, paz, paciência,<br />

longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência,<br />

castidade» (Gal 5,22-23 vulgata).<br />

O PECADO<br />

391. O que exige de nós o acolhimento da misericórdia de Deus?<br />

1846-1848<br />

1870<br />

Exige o reconhecimento das nossas culpas e o arrependimento dos nossos pecados. Pela<br />

sua Palavra e pelo seu Espírito, o próprio Deus nos revela os nossos pecados, dá-nos a<br />

verdade da consciência e a esperança do perdão.<br />

392. O que é o pecado?<br />

1849 – 1851<br />

1871-1872<br />

É «uma palavra, um acto ou um desejo contrários à Lei eterna» (S. Agostinho). É uma<br />

ofensa a Deus, na desobediência ao seu amor. Fere a natureza do homem e atenta contra<br />

a solidariedade humana. Cristo, na sua Paixão, revela plenamente a gravidade do pecado<br />

e vence-o com a sua misericórdia.<br />

393. Existe uma variedade de pecados?<br />

1852–1853;<br />

1873<br />

A variedade dos pecados é grande. Distinguem-se segundo o seu objecto, ou segundo as<br />

virtudes ou os mandamentos a que se opõem. Podem ser directamente contra Deus,<br />

contra o próximo e contra nós mesmos. Podemos ainda distinguir entre pecados por<br />

pensamentos, por palavras, por acções e por omissões.<br />

394. Como se distingue o pecado quanto à gravidade?<br />

1854<br />

Distingue-se entre pecado mortal e venial.<br />

395. Quando se comete o pecado mortal?<br />

1855-1861<br />

1874


Comete-se pecado mortal quando, ao mesmo tempo, há matéria grave, plena<br />

consciência e deliberado consentimento. Este pecado destrói a caridade, priva-nos da<br />

graça santificante e conduz-nos à morte eterna do inferno, se dele não nos<br />

arrependermos. É perdoado ordinariamente mediante os sacramentos do Baptismo e da<br />

Penitência ou Reconciliação.<br />

396. Quando se comete o pecado venial?<br />

1862-1864<br />

1875<br />

O pecado venial, que difere essencialmente do pecado mortal, comete-se quando se trata<br />

de matéria leve, ou mesmo grave, mas sem pleno conhecimento ou sem total<br />

consentimento. Não quebra a aliança com Deus, mas enfraquece a caridade; manifesta<br />

um afecto desordenado pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das<br />

virtudes e na prática do bem moral; merece penas purificatórias temporais.<br />

397. Como prolifera em nós o pecado?<br />

1865, 1876<br />

O pecado arrasta ao pecado e a sua repetição gera o vício.<br />

398. O que são os vícios?<br />

1866-1867<br />

Os vícios, sendo contrários às virtudes, são hábitos perversos que obscurecem a<br />

consciência e inclinam ao mal. Os vícios podem estar ligados aos chamados sete<br />

pecados capitais, que são: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça ou<br />

negligência.<br />

399. Temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros?<br />

1868<br />

Existe esta responsabilidade, quando culpavelmente neles cooperamos.<br />

400. O que são as estruturas de pecado?<br />

1869<br />

São situações sociais ou instituições contrárias à lei divina, expressão e efeito de<br />

pecados pessoais.<br />

CAPÍTULO SEGUNDO<br />

A COMUNIDADE HUMANA


A PESSOA E A SOCIEDADE<br />

401. Em que consiste a dimensão social do homem?<br />

1877-1880;<br />

1890-1891<br />

Juntamente com o chamamento pessoal à bem-aventurança, o homem tem a dimensão<br />

social como componente essencial da sua natureza e da sua vocação. De facto, todos os<br />

homens são chamados ao mesmo fim, que é o próprio Deus; existe uma certa<br />

semelhança entre a comunhão das Pessoas divinas e a fraternidade que os homens<br />

devem instaurar entre si na verdade e na caridade; o amor ao próximo é inseparável do<br />

amor a Deus.<br />

402. Qual é a relação entre pessoa e sociedade?<br />

1881-1882<br />

1892-1893<br />

Princípio, sujeito e fim de todas as instituições sociais é e deve ser a pessoa. Certas<br />

sociedades, como a família e a sociedade civil, são necessárias para ela. São úteis ainda<br />

outras associações, tanto no interior das comunidades políticas como a nível<br />

internacional, no respeito do princípio de subsidiariedade.<br />

403. O que indica o princípio de subsidiariedade?<br />

1883-1885<br />

1894<br />

Este princípio indica que uma sociedade de ordem superior não deve assumir uma tarefa<br />

que diga respeito a uma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências,<br />

mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade.<br />

404. Que outras coisas requer uma autêntica convivência humana?<br />

1886-1889<br />

1895-1896<br />

Requer o respeito da justiça, a justa hierarquia de valores e a subordinação das<br />

dimensões materiais e instintivas às superiores e espirituais. Em especial, onde o pecado<br />

perverte o clima social, é necessário apelar à conversão dos corações e à graça de Deus,<br />

para obter mudanças sociais que estejam realmente ao serviço de cada pessoa e de toda<br />

a pessoa. A caridade, que exige e torna capaz da prática da justiça, é o maior<br />

mandamento social.


A PARTICIPAÇÃO NA VIDA SOCIAL<br />

405. Em que se funda a autoridade na sociedade?<br />

1897-1902<br />

1918-1920<br />

Toda a comunidade humana tem necessidade duma autoridade legítima, que assegure a<br />

ordem e contribua para a realização do bem comum. Tal autoridade encontra o seu<br />

fundamento na natureza humana, porque corresponde à ordem estabelecida por Deus.<br />

406. Quando é que a autoridade é exercida legitimamente?<br />

1903-1904-<br />

1921-1922<br />

A autoridade é exercida legitimamente quando procura o bem comum e emprega meios<br />

moralmente lícitos para o conseguir. Por isso, os regimes políticos devem ser<br />

determinados pela decisão livre dos cidadãos e devem respeitar o princípio do «Estado<br />

de direito», no qual é soberana a lei e não a vontade arbitrária dos homens. As leis<br />

injustas e as medidas contrárias à ordem moral não obrigam as consciências.<br />

407. O que é o bem comum?<br />

1905-1906<br />

1924<br />

Por bem comum entende-se o conjunto das condições de vida social que permitem aos<br />

grupos e aos indivíduos atingir a sua perfeição.<br />

408. O que é que comporta o bem comum?<br />

1907-1909<br />

1925<br />

O bem comum comporta: o respeito e a promoção dos direitos fundamentais da pessoa;<br />

o desenvolvimento dos bens espirituais e temporais das pessoas e da sociedade; a paz e<br />

a segurança de todos.<br />

409. Onde é que se realiza dum modo mais relevante o bem comum?<br />

1910-1912<br />

1927<br />

A realização mais completa do bem comum encontra-se nas comunidades políticas, que<br />

defendem e promovem o bem dos cidadãos e dos corpos intermédios, sem esquecer o<br />

bem universal da família humana.


410. Como é que o homem participa na promoção do bem comum?<br />

1913-1917<br />

1926<br />

Cada ser humano, segundo o lugar que ocupa e o papel que desempenha, participa na<br />

promoção do bem comum respeitando as leis justas e encarregando-se de sectores de<br />

que assume a responsabilidade pessoal, como o cuidado da própria família e o empenho<br />

no seu trabalho. Para além disso, os cidadãos, na medida do possível, devem tomar<br />

parte activa na vida pública.<br />

A JUSTIÇA SOCIAL<br />

411. Como é que a sociedade assegura a justiça social?<br />

1928-133<br />

1943-1944<br />

A sociedade assegura a justiça social quando respeita a dignidade e os direitos da<br />

pessoa, que constituem o seu próprio fim. Além disso, a sociedade procura a justiça<br />

social, que está conexa ao bem comum e ao exercício da autoridade, quando realiza as<br />

condições que permitam às associações e ao indivíduo obter aquilo a que têm direito.<br />

412. Em que se funda a igualdade entre os homens?<br />

1934-1935<br />

1945<br />

Todos os homens gozam de igual dignidade e direitos fundamentais, uma vez que,<br />

criados à imagem do Deus único e dotados duma alma racional, têm a mesma natureza e<br />

origem e são chamados, em Cristo único salvador, à mesma bem-aventurança divina.<br />

413. Como avaliar a desigualdade entre os homens?<br />

1936-1938<br />

1946-1947<br />

Há iníquas desigualdades económicas e sociais, que ferem milhões de seres humanos;<br />

elas estão em contradição aberta com o Evangelho, são contrárias à justiça, à dignidade<br />

das pessoas e à paz. Mas há também diferenças entre os homens, causadas por factores<br />

que fazem parte do plano de Deus. Com efeito, Ele quer que cada um receba dos outros<br />

aquilo de que precisa, e quer que os que dispõem de «talentos» particulares os partilhem<br />

com os outros. Tais diferenças estimulam e obrigam, muitas vezes, as pessoas à<br />

magnanimidade, à benevolência e à partilha, e incitam as culturas a enriquecerem-se<br />

umas às outras.


414. Como se manifesta a solidariedade humana?<br />

1939 – 1942<br />

1948<br />

A solidariedade, exigência da fraternidade humana e cristã, manifesta-se, em primeiro<br />

lugar, na justa repartição dos bens, équa na remuneração do trabalho e no esforço por<br />

uma ordem social mais justa. A virtude da solidariedade pratica também a repartição<br />

dos bens espirituais da fé, ainda mais importantes que os materiais.<br />

415. O que é a lei moral?<br />

1950<br />

CAPÍTULO TERCEIRO<br />

A SALVAÇÃO DE DEUS: A LEI E A GRAÇA<br />

A LEI MORAL<br />

A lei moral é obra da Sabedoria divina. Prescreve-nos caminhos e normas de conduta<br />

que levam à bem-aventurança prometida, proibindo-nos os caminhos que nos desviam<br />

de Deus.<br />

416. Em que consiste a lei moral natural?<br />

1954-1959<br />

1978-1979<br />

A lei natural, escrita pelo Criador no coração de cada ser humano, consiste numa<br />

participação na sabedoria e bondade de Deus, e manifesta o sentido moral originário que<br />

permite ao homem discernir, pela razão, o bem e o mal. Ela é universal e imutável, e<br />

constitui a base dos deveres e dos direitos fundamentais da pessoa, bem como da<br />

comunidade humana e da própria lei civil.<br />

417. Esta lei é percebida por todos?<br />

1960<br />

Por causa do pecado, a lei natural nem sempre é percebida por todos com igual clarerza<br />

e imediatez.


Por isso Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os homens não conseguiam ler nos<br />

seus corações» (S. Agostinho)<br />

418. Qual é a relação entre a Lei Natural e a Antiga Lei?<br />

1961-1964<br />

1980-1982<br />

A Antiga Lei é o primeiro estádio da Lei revelada. Ela exprime muitas verdades que são<br />

naturalmente acessíveis à razão e que se encontram assim declaradas e autenticadas nas<br />

Alianças da salvação. As suas prescrições morais estão compendiadas nos Dez<br />

Mandamentos do Decálogo, colocam os alicerces da vocação do homem, proíbem o que<br />

é contrário ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial.<br />

419. Qual o lugar da antiga Lei, no plano da salvação?<br />

1963-1964<br />

1982<br />

A Antiga Lei permite conhecer muitas verdades acessíveis à razão, indica o que se deve<br />

e o que se não deve fazer, e sobretudo, como um sábio pedagogo, prepara e dispõe à<br />

conversão e ao acolhimento do Evangelho. Todavia, embora santa, espiritual e boa, a<br />

Lei antiga é ainda imperfeita, pois, por si, não dá a força e a graça do Espírito para a<br />

cumprir.<br />

420. O que é a Nova Lei ou Lei evangélica?<br />

1965-1972;<br />

1983-1985<br />

A Nova Lei ou Lei evangélica, proclamada e realizada por Cristo, é a perfeição e<br />

cumprimento da Lei divina, natural e revelada. Resume-se no mandamento do amor a<br />

Deus e ao próximo, e de nos amarmos como Cristo nos amou; é também uma realidade<br />

interior dada ao homem: a graça do Espírito Santo que torna possível um tal amor. É a<br />

«lei da liberdade» (Tg 1,25), porque nos inclina a agir espontaneamente sob o impulso<br />

da caridade.<br />

«A Lei nova é sobretudo a própria graça do Espírito Santo, dada aos crentes em<br />

Cristo» (S. Tomás de Aquino).<br />

421. Onde se encontra a Lei nova?<br />

1971-1974<br />

1986


A Lei nova encontra-se em toda a vida e pregação de Cristo e na catequese moral dos<br />

Apóstolos: o Sermão do Senhor na Montanha é a sua principal expressão.<br />

422. O que é a justificação?<br />

1987-1995;<br />

2017-2020<br />

GRAÇA E JUSTIFICAÇÃO<br />

A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus. É a acção misericordiosa e<br />

gratuita de Deus, que perdoa os nossos pecados e nos torna justos e santos em todo o<br />

nosso ser. Isto tem lugar por meio da graça do Espírito Santo, que nos foi merecida pela<br />

paixão de Cristo e nos foi dada no Baptismo. A justificação inicia a resposta livre do<br />

homem, ou seja, a fé em Cristo e a colaboração com a graça do Espírito Santo.<br />

423. O que é a graça que justifica?<br />

1996-1998<br />

2005 201<br />

A graça é o dom gratuito que Deus nos dá para nos tornar participantes da sua vida<br />

trinitária e capaz de agir por amor d’Ele. É chamada graça habitual ou santificante ou<br />

deificante, pois nos santifica e diviniza. É sobrenatural, porque depende inteiramente da<br />

iniciativa gratuita de Deus e ultrapassa as capacidades da inteligência e das forças do<br />

homem. Escapa, portanto, à nossa experiência.<br />

424. Que outros tipos de graça existem?<br />

1999-2000<br />

2003-2004<br />

2023-2024<br />

Para além da graça habitual, existem: as graças actuais (dons circunstanciais); as graças<br />

sacramentais (dons próprios de cada sacramento); as graças especiais ou carismas (que<br />

têm como fim o bem comum da Igreja), entre as quais as graças de estado, que<br />

acompanham o exercício dos ministérios eclesiais e das responsabilidades da vida.<br />

425. Qual é a relação entre a graça e a liberdade do homem?<br />

2001-2002<br />

A graça precede, prepara e suscita a resposta livre do homem. Responde às aspirações<br />

profundas da liberdade humana, convida-a à colaboração e leva-a à sua perfeição.<br />

426. O que é o mérito?


2006-2009;<br />

2025-2027<br />

O mérito é o que dá direito à recompensa por uma acção boa. Em relação a Deus, o<br />

homem, de si, não pode merecer nada, tendo recebido gratuitamente tudo d’Ele.<br />

Todavia, Deus dá-lhe a possibilidade de adquirir méritos pela união à caridade de<br />

Cristo, fonte dos nossos méritos diante de Deus. Os méritos das obras boas devem por<br />

isso ser atribuídos antes de mais à graça de Deus e depois à vontade livre do homem.<br />

427. Que bens podemos merecer?<br />

2006-2009<br />

2025-2027<br />

Sob a moção do Espírito Santo, podemos merecer, para nós mesmos e para os outros, as<br />

graças úteis para nos santificarmos e para alcançar a vida eterna, bem como os bens<br />

temporais necessários segundo os desígnios de Deus. Ninguém pode merecer a graça<br />

primeira, que está na origem da conversão e da justificação.<br />

428. Somos todos chamados à santidade cristã?<br />

2012–2016<br />

2028–2029<br />

Todos os fiéis são chamados à santidade. Esta é a plenitude da vida cristã e a perfeição<br />

da caridade, que se obtém mediante a íntima união com Cristo e, n’Ele, com a<br />

Santíssima Trindade. O caminho de santificação do cristão, depois de ter passado pela<br />

cruz, terá o seu acabamento na ressurreição final dos justos, na qual Deus será tudo em<br />

todas as coisas.<br />

A <strong>IGREJA</strong> MÃE E MESTRA<br />

429. Como é que a Igreja alimenta a vida moral do cristão?<br />

2030-2031;<br />

2047<br />

A Igreja é a comunidade onde o cristão acolhe a Palavra de Deus que contém os<br />

ensinamentos da «Lei de Cristo» (Gal 6,2); recebe a graça dos sacramentos; une-se à<br />

oferta eucarística de Cristo de modo que a sua vida moral seja um culto espiritual; e<br />

aprende o exemplo da santidade da Virgem Maria e dos Santos.<br />

430. Porque é que o Magistério da Igreja intervém no campo moral?<br />

2032-2040<br />

2049-2051


Porque é missão do Magistério da Igreja pregar a fé que deve ser acreditada e aplicada<br />

na vida prática. Essa missão estende-se também aos preceitos específicos da lei natural,<br />

porque a sua observância é necessária para a salvação.<br />

431. Qual a finalidade dos preceitos da Igreja?<br />

2041<br />

2048<br />

Os cinco preceitos da Igreja têm por fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável do<br />

espírito de oração, da vida sacramental, do empenho moral e do crescimento do amor de<br />

Deus e do próximo.<br />

432. Quais são os preceitos da Igreja?<br />

2042 – 2043<br />

São: 1) participar na missa do Domingo e Dias Santos de Guarda e abster-se de<br />

trabalhos e actividades que impeçam a santificação desses dias; 2) confessar os pecados<br />

recebendo o sacramento da Reconciliação ao menos uma vez cada ano; 3) comungar ao<br />

menos pela Páscoa da Ressurreição; 4) guardar a abstinência e jejuar nos dias marcados<br />

pela Igreja; 5) contribuir para as necessidades materiais da Igreja, cada um segundo as<br />

próprias possibilidades.<br />

433. Porque é que a vida moral dos cristãos é indispensável para o anúncio do<br />

Evangelho?<br />

2044-2046<br />

Porque, com a sua vida conforme ao Senhor Jesus, os cristãos atraem os homens à fé no<br />

verdadeiro Deus, edificam a Igreja, modelam o mundo com o espírito do Evangelho e<br />

apressam a vinda do Reino de Deus.<br />

Êxodo 20, 2-17<br />

SEGUNDA SECÇÃO<br />

OS DEZ MANDAMENTOS<br />

Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão.<br />

Não terás outros deuses perante Mim. Não farás para ti nenhuma imagem esculpida,<br />

nem figura que existe lá no alto do céu, ou cá em baixo, na terra, ou nas águas debaixo<br />

da terra. Não te prostrarás diante delas nem lhes prestarás culto, porque Eu, o Senhor teu<br />

Deus, sou um Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e quarta<br />

geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima geração<br />

com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.


Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem<br />

castigo quem invocar o seu Nome em vão.<br />

Recorda-te do dia do Sábado para o santificar. Durante seis dias trabalharás e farás<br />

todos os trabalhos. Mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus. Não farás nele<br />

nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho ou tua filha, nem o teu servo nem a tua serva,<br />

nem teu gado, nem o estrangeiro que vive em tua cidade. Porque em seis dias o Senhor<br />

fez o Céu e a Terra, o mar e o que eles contêm: mas ao sétimo descansou. Por isso o<br />

Senhor abençoou o dia de Sábado e o consagrou .<br />

Honra pai e mãe, a fim de prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai<br />

dar.<br />

Não matarás.<br />

Não cometerás adultério.<br />

Não roubarás.<br />

Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.<br />

Não cobiçarás a casa do teu próximo.<br />

Não desejarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o<br />

seu jumento, nem nada do que lhe pertença.<br />

Deuteronómio 5, 6-21<br />

Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão.<br />

Não terás outros deuses diante de Mim....<br />

Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus....<br />

Guarda o dia do Sábado para o santificar<br />

Honra teu pai e tua mãe...<br />

Não matarás.<br />

Não cometerás adultério.<br />

Não roubarás.<br />

Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.


Não desejarás a mulher do teu próximo; Não cobiçarás… nada que pertença ao teu<br />

próximo.<br />

Fórmula da Catequese<br />

Eu sou o Senhor teu Deus:<br />

Primeiro: Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.<br />

Segundo: Não invocar o santo nome de Deus em vão.<br />

Terceiro: Santificar os Domingos e festas de guarda.<br />

Quarto: Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores).<br />

Quinto: Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao<br />

próximo).<br />

Sexto: Guardar castidade nas palavras e nas obras.<br />

Sétimo: Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo).<br />

Oitavo: Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade<br />

ou difamar o próximo)<br />

Nono: Guardar castidade nos pensamentos e desejos.<br />

Décimo: Não cobiçar as coisas alheias.<br />

Estes dez mandamentos<br />

resumem-se em dois que são:<br />

Amar a Deus sobre todas as coisas<br />

E ao próximo como a nós mesmos.<br />

434. «Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?» (Mt 19,16)<br />

2052-2054;<br />

2075-2076<br />

Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde: «Se queres entrar na vida, observa<br />

os mandamentos», e acrescenta: «Vem e segue-me» (Mt 19,16-21). Seguir Jesus implica<br />

observar os mandamentos. A Lei não é abolida, mas o homem é convidado a encontrá-la<br />

na pessoa do divino Mestre, que em si mesmo a cumpre perfeitamente, lhe revela o<br />

pleno significado e atesta a sua perenidade.<br />

435. Como é que Jesus interpreta a Lei?<br />

2055


Jesus interpreta a Lei, à luz do duplo e único mandamento da caridade, que é a plenitude<br />

da Lei: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com<br />

toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro dos mandamentos. E o segundo é<br />

semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois<br />

mandamentos depende toda a Lei e os Profetas» (Mt 22,37-40).<br />

436. O que significa o «Decálogo»?<br />

2056-2057<br />

Decálogo significa «dez palavras» (Ex 34,28). Estas palavras resumem a Lei, dada por<br />

Deus ao povo de Israel, no contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar<br />

os mandamentos do amor a Deus (os três primeiros) e ao próximo (os outros sete), traça,<br />

para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida liberta da<br />

escravidão do pecado.<br />

437. Qual a relação do Decálogo com a Aliança?<br />

2058-2063<br />

2077<br />

O Decálogo compreende-se à luz da Aliança, na qual Deus se revela, dando a conhecer<br />

a sua vontade. Na observância dos mandamentos, o povo mostra a sua pertença a Deus e<br />

responde com gratidão à sua iniciativa de amor.<br />

438. Que importância dá a Igreja ao Decálogo?<br />

2064-2068<br />

Fiel à Escritura e ao exemplo de Jesus, a Igreja reconhece ao Decálogo uma importância<br />

e um significado basilares. Os cristãos estão obrigados a observá-lo.<br />

439. Porque é que o Decálogo constitui uma unidade orgânica?<br />

2069<br />

2079<br />

O Decálogo constitui um conjunto orgânico e indissociável, porque cada mandamento<br />

remete para os outros e para o todo do Decálogo. Por isso, transgredir um mandamento<br />

é infringir toda a Lei.<br />

440. Porque é que o Decálogo obriga gravemente?<br />

2072 - 2073<br />

2081<br />

Porque enuncia deveres fundamentais do homem para com Deus e para com o próximo.<br />

441. É possível observar o Decálogo?


2074<br />

2082<br />

Sim, porque Cristo, sem o qual nada podemos fazer, nos torna capazes de observá-lo,<br />

com o dom do seu Espírito e da sua graça.<br />

CAPÍTULO PRIMEIRO<br />

« AMARÁS O SENHOR TEU DEUS COM<br />

TODO TEU CORAÇÃO, COM TODA TUA ALMA<br />

E COM TODAS AS TUAS FORÇAS »<br />

O PRIMEIRO MANDAMENTO:<br />

EU SOU O SENHOR TEU DEUS NÃO TERÁS<br />

OUTRO DEUS ALÉM DE MIM<br />

442. Que implica a afirmação: «Eu sou o Senhor teu Deus» (Ex 20,2)?<br />

2083-2094<br />

2133-2134<br />

Implica, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes teologais e evitar os pecados que<br />

se lhes opõem. A fé crê em Deus e rejeita o que lhe é contrário, como, por exemplo, a<br />

dúvida voluntária, a incredulidade, a heresia, a apostasia e o cisma. A esperança é a<br />

expectativa confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua ajuda, evitando o<br />

desespero e a presunção. A caridade ama a Deus sobre todas as coisas: são rejeitadas<br />

portanto a indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acédia ou preguiça espiritual e o ódio a<br />

Deus, que nasce do orgulho.<br />

443. Que implica a Palavra do Senhor: «Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele<br />

prestarás culto» (Mt 4,10)?<br />

2095-2105<br />

2135-2136<br />

Implica adorar a Deus como Senhor de tudo o que existe; prestar-lhe o culto devido<br />

individual e comunitariamente; rezar-lhe com expressões de louvor, de acção de graças,<br />

de intercessão e de súplica; oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício espiritual da<br />

nossa vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo; e manter as promessas e os<br />

votos que Lhe fizermos.<br />

444. Como é que a pessoa realiza o próprio direito de prestar culto a Deus na<br />

verdade e na liberdade?


2104-2109<br />

2137<br />

Todo o homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade, em especial no que<br />

se refere a Deus e à sua Igreja, e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar fielmente,<br />

prestando a Deus um culto autêntico. Ao mesmo tempo, a dignidade da pessoa humana<br />

requer que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria<br />

consciência nem seja impedido de agir em conformidade com ela, dentro dos limites da<br />

ordem pública, privada ou publicamente, de forma individual ou associada.<br />

445. Que proíbe Deus ao ordenar: «Não terás outros deuses perante Mim» (Ex<br />

20,2)?<br />

2110-2128<br />

2138-2140<br />

Este mandamento proíbe:<br />

- o politeísmo e a idolatria, que diviniza uma criatura, o poder, o dinheiro, e até mesmo<br />

o demónio;<br />

- a superstição, que é um desvio do culto devido ao verdadeiro Deus, e que se expressa<br />

nas várias formas de adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;<br />

- a irreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou actos, no sacrilégio, que<br />

profana pessoas ou coisas sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende<br />

comprar ou vender realidades espirituais;<br />

- o ateísmo, que nega a existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa<br />

concepção de autonomia humana;<br />

- o agnosticismo, segundo o qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o<br />

indiferentismo e o ateísmo prático.<br />

446. Ao dizer: «não farás para ti qualquer imagem esculpida» (Ex 20,3) proíbe-se o<br />

culto das imagens?<br />

2129-2132<br />

2141<br />

No Antigo Testamento, este mandamento proíbe representar o Deus absolutamente<br />

transcendente. Porém, a partir da Encarnação do Filho de Deus, o culto cristão das<br />

imagens sagradas é justificado (como afirma o segundo Concílio de Niceia, de 787),<br />

porque se funda no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus transcendente<br />

se torna visível. Não se trata duma adoração da imagem, mas de uma veneração de<br />

quem nela é representado: Cristo, a Virgem, os Anjos e os Santos.


O SEGUNDO MANDAMENTO:<br />

NÃO INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO<br />

447. Como respeitar a santidade do Nome de Deus?<br />

2142-2149<br />

2160-2162<br />

Invocando, bendizendo, louvando e glorificando o santo Nome de Deus. Deve pois ser<br />

evitado o abuso de invocar o Nome de Deus para justificar um crime, e ainda todo o uso<br />

inconveniente do seu Nome, como a blasfémia, que por sua natureza é um pecado<br />

grave, as imprecações e a infidelidade às promessas feitas em Nome de Deus.<br />

448. Porque se proíbe o juramento falso?<br />

2150-2151<br />

2163-2164<br />

Porque, assim, se chama a Deus, que é a própria Verdade, como testemunha da mentira.<br />

«Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, senão com verdade, por necessidade e<br />

com reverência» (S. Inácio de Loiola).<br />

449. O que é o perjúrio?<br />

2152-2155<br />

É fazer, sob juramento, uma promessa com intenção de a não manter ou de violar a<br />

promessa feita sob juramento. É um pecado grave contra Deus, que é sempre fiel às suas<br />

promessas.<br />

O TERCEIRO MANDAMENTO:<br />

SANTIFICAR OS DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA<br />

450. Porque é que Deus «abençoou o dia de Sábado e o declarou sagrado» (Ex<br />

20,11)?<br />

2168-2172<br />

2189


Porque o dia de Sábado recorda o repouso de Deus no sétimo dia da criação e também a<br />

libertação de Israel da escravidão do Egipto e a Aliança que Deus estabeleceu com o<br />

povo.<br />

451. Qual a atitude de Jesus em relação ao Sábado?<br />

2173<br />

Jesus reconhece a santidade do Sábado e, com a sua autoridade divina, dá-lhe a sua<br />

interpretação autêntica: «O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o<br />

Sábado» (Mc 2,27).<br />

452. Porque motivo, para os cristãos, o Sábado é substituído pelo Domingo?<br />

2174-2176<br />

2190-2191<br />

Porque o Domingo é o dia da ressurreição de Cristo. Como «primeiro dia da semana»<br />

(Mc 16,2) ele evoca a primeira criação; como «oitavo dia», que segue o Sábado,<br />

significa a nova criação, inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Tornou-se assim<br />

para os cristãos o primeiro de todos os dias e de todas as festas: o dia do Senhor, no<br />

qual Ele, com a sua Páscoa, leva à realização a verdade espiritual do Sábado judaico e<br />

anuncia o repouso eterno do homem em Deus.<br />

453. Como santificar o Domingo?<br />

2177-2185<br />

2192-2193<br />

Os cristãos santificam o Domingo e as festas de preceito participando na Eucaristia do<br />

Senhor e abstendo-se também das actividades que o impedem de prestar culto a Deus e<br />

perturbam a alegria própria do dia do Senhor ou o devido descanso da mente e do corpo.<br />

São permitidas as actividades ligadas a necessidades familiares ou a serviços de grande<br />

utilidade social, desde que não criem hábitos prejudiciais à santificação do Domingo, à<br />

vida de família e à saúde.<br />

454. Porque é importante reconhecer civilmente o Domingo como dia festivo?<br />

2186-2188<br />

2194-2195<br />

Para que todos possam gozar de repouso suficiente e de tempo livre, que lhes permitam<br />

cuidar da vida religiosa, familiar, cultural e social; para dispor de tempo propício à<br />

meditação, reflexão, silêncio e estudo; e para fazer boas obras, servir os doentes e os<br />

anciãos.<br />

CAPÍTULO SEGUNDO


«AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO»<br />

O QUARTO MANDAMENTO:<br />

HONRAR PAI E MÃE<br />

455. O que nos manda o quarto mandamento?<br />

2196 –2200<br />

2247 – 2248<br />

Manda honrar e respeitar os nossos pais e aqueles que Deus, para o nosso bem, revestiu<br />

com a sua autoridade.<br />

456. Qual é a natureza da família no plano de Deus?<br />

2201-2205<br />

2249<br />

Um homem e uma mulher, unidos em matrimónio, formam com os filhos uma família.<br />

Deus instituiu a família e dotou-a da sua constituição fundamental. O matrimónio e a<br />

família são ordenados ao bem dos esposos e à procriação e educação dos filhos. Entre os<br />

membros da família estabelecem-se relações pessoais e responsabilidades primárias. Em<br />

Cristo, a família torna-se igreja doméstica, porque ela é comunidade de fé, de esperança<br />

e de amor.<br />

457. Que lugar ocupa a família na sociedade?<br />

2207-2208<br />

A família é a célula originária da sociedade humana e precede qualquer reconhecimento<br />

da autoridade pública. Os princípios e os valores familiares constituem o fundamento da<br />

vida social. A vida de família é uma iniciação à vida da sociedade.<br />

458. Quais os deveres da sociedade em relação à família?<br />

2209-2213<br />

2250<br />

A sociedade tem o dever de sustentar e consolidar o matrimónio e a família, no respeito<br />

também do princípio de subsidiariedade. Os poderes públicos devem respeitar, proteger<br />

e favorecer a verdadeira natureza do matrimónio e da família, a moral pública, os<br />

direitos dos pais e a prosperidade doméstica.<br />

459. Quais os deveres dos filhos para com os pais?


2214-2220<br />

2251<br />

Em relação aos pais, os filhos devem respeito (piedade filial), reconhecimento,<br />

docilidade e obediência, contribuindo assim, também com as boas relações entre irmãos<br />

e irmãs, para o crescimento da harmonia e da santidade de toda a vida familiar. Se os<br />

pais se encontrarem em situação de indigência, de doença, de solidão ou de velhice, os<br />

filhos adultos devem-lhes ajuda moral e material.<br />

460. Quais os deveres dos pais para com os filhos?<br />

2252 – 2253<br />

Os pais, participantes da paternidade divina, são os primeiros responsáveis da educação<br />

dos filhos e os primeiros anunciadores da fé. Têm o dever de amar e respeitar os filhos<br />

como pessoas e filhos de Deus e, dentro do possível, de prover às suas necessidades<br />

materiais e espirituais, escolhendo para eles uma escola adequada e ajudando-os com<br />

prudentes conselhos na escolha da profissão e do estado de vida. Em particular, têm a<br />

missão de educá-los na fé cristã.<br />

461. Como é que os pais educam os filhos na fé cristã?<br />

2252-2253<br />

Principalmente com o exemplo, a oração, a catequese familiar e a participação na vida<br />

eclesial.<br />

462. Os laços familiares são um bem absoluto?<br />

2232-2233<br />

Os laços familiares são importantes mas não absolutos, porque a primeira vocação do<br />

cristão é seguir Jesus, amando-o: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é<br />

digno de Mim; quem ama a filha ou o filho mais do que a Mim não é digno de Mim»<br />

(Mt 10,37). Os pais devem, com alegria, ajudar os filhos no seguimento de Jesus, em<br />

todos os estados de vida, mesmo na vida consagrada ou no ministério sacerdotal.<br />

463. Como exercer a autoridade nos diferentes âmbitos da sociedade civil?<br />

2234-2237<br />

2254<br />

A autoridade deve ser exercida, como um serviço, respeitando os direitos fundamentais<br />

da pessoa humana, uma justa hierarquia de valores, as leis, a justiça distributiva, e o<br />

princípio de subsidiariedade. No exercício da autoridade, cada um deve procurar o<br />

interesse da comunidade em vez do próprio e deve inspirar as suas decisões na verdade<br />

acerca de Deus, do homem e do mundo.<br />

464. Quais os deveres dos cidadãos em relação às autoridades civis?


2238-2241<br />

2255<br />

Os que estão submetidos à autoridade vejam os superiores como representantes de Deus<br />

e colaborem lealmente no bom funcionamento da vida pública e social. Isto comporta o<br />

amor e o serviço da pátria, o direito e o dever de votar, o pagamento dos impostos, a<br />

defesa do país e o direito a uma crítica construtiva.<br />

465. Quando é que o cidadão não deve obedecer à autoridade civil?<br />

2242-2243<br />

2256<br />

Em consciência, o cidadão não deve obedecer quando os mandamentos das autoridades<br />

civis se opõem às exigências da ordem moral: «É necessário obedecer mais a Deus do<br />

que aos homens» (Act 5,29).<br />

466. Porque respeitar a vida humana?<br />

2258-2262<br />

2318-2320<br />

O QUINTO MANDAMENTO:<br />

NÃO MATAR<br />

Porque é sagrada. Desde o seu início ela supõe a acção criadora de Deus e mantém-se<br />

para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. A ninguém é lícito<br />

destruir directamente um ser humano inocente, pois é um acto gravemente contrário à<br />

dignidade da pessoa e à santidade do Criador. «Não causarás a morte do inocente e do<br />

justo» (Ex 23, 7).<br />

467. Porque é que a legítima defesa das pessoas e das sociedades não vai contra tal<br />

norma?<br />

2263-2265<br />

Porque com a legítima defesa se exerce a escolha de defender e valorizar o direito à<br />

própria vida e à dos outros, e não a escolha de matar. Para quem tem responsabilidade<br />

pela vida do outro, a legítima defesa pode até ser um dever grave. Todavia ela não deve<br />

comportar um uso da violência maior que o necessário.<br />

468. Para que serve uma pena?<br />

2266


A pena, infligida por uma legítima autoridade pública, tem como objectivo compensar a<br />

desordem introduzida pela culpa, preservar a ordem pública e a segurança das pessoas, e<br />

contribuir para a emenda dos culpados.<br />

469. Que pena se pode aplicar?<br />

2267<br />

A pena infligida deve ser proporcionada à gravidade do delito. Hoje, na sequência das<br />

possibilidades do Estado para reprimir o crime tornando inofensivo o culpado, os casos<br />

de absoluta necessidade da pena de morte «são agora muito raros, se não mesmo<br />

praticamente inexistentes» (Evangelium vitae). Quando forem suficientes os meios<br />

incruentos, a autoridade deve limitar-se ao seu uso, porque correspondem melhor às<br />

condições concretas do bem comum, são mais conformes à dignidade da pessoa humana<br />

e não retiram definitivamente ao culpado a possibilidade de se redimir.<br />

470. Que proíbe o quinto mandamento?<br />

2268-2283<br />

2321-2326<br />

O quinto mandamento proíbe como gravemente contrários à lei moral:<br />

O homicídio directo e voluntário e a cooperação nele;<br />

O aborto directo, querido como fim ou como meio, e também a cooperação nele, crime<br />

que leva consigo a pena de excomunhão, porque o ser humano, desde a sua concepção,<br />

deve ser, em modo absoluto, respeitado e protegido totalmente;<br />

A eutanásia directa, que consiste em pôr fim à vida de pessoas com deficiências,<br />

doentes ou moribundas, mediante um acto ou omissão duma acção devida;<br />

O suicídio e a cooperação voluntária nele, enquanto ofensa grave ao justo amor de<br />

Deus, de si e do próximo: a responsabilidade pode ser ainda agravada por causa do<br />

escândalo ou atenuada por especiais perturbações psíquicas ou temores graves.<br />

471. O que é consentido, medicamente, quando a morte é tida como iminente?<br />

2278-2279<br />

Os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente<br />

interrompidos. São legítimos o uso de analgésicos, que não têm como fim a morte, e<br />

também a renúncia ao «excesso terapêutico», isto é, à utilização de tratamentos médicos<br />

desproporcionados e sem esperança razoável de êxito positivo.<br />

472. Porque é que a sociedade deve proteger o embrião?<br />

2274


O direito inalienável à vida de cada ser humano, desde a sua concepção, é um elemento<br />

constitutivo da sociedade civil e da sua legislação. Quando o Estado não coloca a sua<br />

força ao serviço dos direitos de todos e em particular dos mais fracos, e entre eles dos<br />

concebidos ainda não nascidos, passam a ser minados os próprios fundamentos do<br />

Estado de direito.<br />

473. Como se evita o escândalo?<br />

2284-2287<br />

O escândalo, que consiste em levar alguém a fazer o mal, evita-se respeitando a alma e<br />

o corpo da pessoa. Se alguém induz deliberadamente outro a pecar gravemente, comete<br />

uma culpa grave.<br />

474. Que deveres temos em relação ao corpo?<br />

2288-2291<br />

O dever dum razoável cuidado da saúde física, da nossa e da dos outros, evitando<br />

todavia o culto do corpo e toda a espécie de excessos. Evitar o uso de estupefacientes,<br />

com gravíssimos danos para a saúde e a vida humana e também o abuso dos alimentos,<br />

do álcool, do tabaco e dos remédios.<br />

475. Quando são moralmente legítimas as experiências científicas, médicas ou<br />

psicológicas, sobre pessoas ou grupos humanos?<br />

2292-2295<br />

São moralmente legítimas se estão ao serviço do bem integral da pessoa e da sociedade<br />

e não trazem riscos desproporcionados à vida e à integridade física e psíquica dos<br />

indivíduos, que devem ser oportunamente esclarecidos e dar o seu consentimento.<br />

476. São consentidos a transplantação e doação de órgãos, antes e depois da morte?<br />

2296<br />

A transplantação de órgãos é moralmente aceitável com o consentimento do doador e<br />

sem riscos excessivos para ele. Para o acto nobre da doação de órgãos depois da morte,<br />

deve acertar-se plenamente a morte real do doador.<br />

477. Quais as práticas contra o respeito à integridade corpórea da pessoa humana?<br />

2297-2298<br />

São: os raptos e sequestros de pessoas, o terrorismo, a tortura, as violências, a<br />

esterilização directa. As amputações e as mutilações duma pessoa só são moralmente<br />

consentidas para indispensáveis fins terapêuticos da mesma.<br />

478. Que cuidado ter com os moribundos?


2299<br />

Os moribundos têm direito a viver com dignidade os últimos momentos da sua vida<br />

terrena, sobretudo com a ajuda da oração e dos sacramentos que preparam para o<br />

encontro com o Deus vivo.<br />

479. Como tratar os corpos dos defuntos?<br />

2300 – 2301<br />

Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade. A sua cremação é<br />

permitida, se não puser em causa a fé na ressurreição dos corpos.<br />

480. Que pede o Senhor a cada um em ordem à paz?<br />

2302 – 2303<br />

O Senhor, que proclama «bem-aventurados os obreiros da paz» (Mt 5, 9), pede a paz do<br />

coração e denuncia a imoralidade da ira, que é desejo de vingança pelo mal recebido, e<br />

do ódio, que leva a desejar o mal ao próximo. Estas atitudes, se voluntárias e<br />

consentidas em matéria de grande importância, são pecados graves contra a caridade.<br />

481. O que é a paz no mundo?<br />

2304-2305<br />

A paz no mundo, a qual é exigida para o respeito e desenvolvimento da vida humana,<br />

não é a simples ausência de guerra ou equilíbrio entre as forças em contraste, mas é «a<br />

tranquilidade da ordem» (S. Agostinho), «fruto da justiça» (Is 32, 17) e efeito da<br />

caridade. A paz terrena é imagem e fruto da paz de Cristo.<br />

482. O que exige a paz no mundo?<br />

2304;<br />

2307–2308<br />

Exige a distribuição equitativa e a tutela dos bens das pessoas, a livre comunicação<br />

entre os seres humanos, o respeito da dignidade das pessoas e dos povos, a assídua<br />

prática da justiça e da fraternidade.<br />

483. Quando é moralmente consentido o uso da força militar?<br />

2307-2310<br />

O uso da força militar é moralmente justificado pela presença contemporânea das<br />

seguintes condições: certeza de um dano permanente e grave; ineficácia doutras<br />

alternativas pacíficas; fundadas possibilidades de êxito; ausência de males piores,<br />

considerado o poder actual dos meios de destruição.<br />

484. A quem compete a avaliação rigorosa dessas condições, em caso de guerra?


2309<br />

Compete ao juízo prudente dos governantes, aos quais compete também o direito de<br />

impor aos cidadãos a obrigação da defesa nacional, salvo o direito pessoal à objecção de<br />

consciência, a realizar-se com outra forma de serviço à comunidade humana.<br />

485. O que exige a lei moral, em caso de guerra?<br />

2312-2314<br />

2328<br />

A lei moral permanece sempre válida, mesmo em caso de guerra. Devem tratar-se com<br />

humanidade os não combatentes, os soldados feridos e os prisioneiros. As acções<br />

deliberadamente contrárias ao direito dos povos e as disposições que as impõem são<br />

crimes que a obediência cega não pode desculpar. Devem-se condenar as destruições<br />

em massa, bem como o extermínio de um povo ou duma minoria étnica, que são<br />

pecados gravíssimos e obrigam moralmente a resistir às ordens de quem os ordena.<br />

486. O que se deve fazer para evitar a guerra?<br />

2315-2317<br />

2327-2330<br />

Devemos fazer tudo o que é razoavelmente possível para evitar de qualquer modo a<br />

guerra, devido aos males e injustiças que ela provoca. É necessário, em especial, evitar a<br />

acumulação e comércio de armas não devidamente regulamentadas pelos poderes<br />

legítimos; as injustiças sobretudo económicas e sociais; as discriminações étnicas e<br />

religiosas; a inveja, a desconfiança, o orgulho e o espírito de vingança. Tudo quanto se<br />

fizer para eliminar estas e outras desordens ajudará a construir a paz e a evitar a guerra.<br />

SEXTO MANDAMENTO:<br />

NÃO COMETER O ADULTÉRIO<br />

487. Qual a missão da pessoa humana em relação à própria a identidade sexual?<br />

2331-2336.<br />

2392-2393<br />

Deus criou o ser humano como homem e mulher, com igual dignidade pessoal, e<br />

inscreveu nele a vocação ao amor e à comunhão. Compete a cada um aceitar a sua<br />

identidade sexual, reconhecendo a sua importância para a pessoa toda, bem como o<br />

valor da especificidade e da complementaridade.<br />

488. O que é a castidade?<br />

2337-2338


A castidade é a integração positiva da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se<br />

verdadeiramente humana quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A<br />

castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto do Espírito.<br />

489. O que supõe a virtude da castidade?<br />

2339-2341<br />

Supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana<br />

aberta ao dom de si. Para tal fim, é necessária uma educação integral e permanente,<br />

através de etapas graduais de crescimento.<br />

490. Quais os meios que ajudam a viver a castidade?<br />

2340-2347<br />

São numerosos os meios à disposição: a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a<br />

oração, o conhecimento de si, a prática duma ascese adaptada às situações, o exercício<br />

das virtudes morais, em particular da virtude da temperança, que procura fazer com que<br />

as paixões sejam guiadas pela razão.<br />

491. Como é que todos são chamados a viver a castidade?<br />

2348 – 2350<br />

2394<br />

Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta,<br />

segundo o próprio estado de vida: uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma<br />

eminente de uma mais fácil entrega a Deus com um coração indiviso; os outros, se<br />

casados, vivendo a castidade conjugal; os não casados vivem a castidade na continência.<br />

492. Quais os principais pecados contra a castidade?<br />

2351 – 2359<br />

2396<br />

São pecados gravemente contrários à castidade, cada um segundo a natureza do objecto:<br />

o adultério, a masturbação, a fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro, os<br />

actos homossexuais. Estes pecados são expressão do vício da luxúria. Cometidos contra<br />

os menores, são atentados ainda mais graves contra a sua integridade física e moral.<br />

493. Porque é que o sexto mandamento, que diz «não cometerás adultério», proíbe<br />

todos os pecados contra a castidade?<br />

2336<br />

Embora no texto bíblico se leia «não cometerás adultério» (Ex 20,14), a Tradição da<br />

Igreja segue complexivamente todos os ensinamentos morais do Antigo e Novo<br />

Testamento, e considera o sexto mandamento como englobando todos os pecados contra<br />

a castidade.


494. Qual a missão das autoridades civis em relação à castidade?<br />

2354<br />

As autoridades civis, obrigadas a promover o respeito pela dignidade da pessoa, devem<br />

contribuir para criar um ambiente favorável à castidade, mesmo impedindo, com leis<br />

apropriadas, a difusão de algumas das chamadas graves ofensas à castidade, para<br />

proteger sobretudo os menores e os mais débeis.<br />

495. Quais os bens do amor conjugal a que a sexualidade se ordena?<br />

2360-2361;<br />

2397-2398<br />

Os bens do amor conjugal, que para os baptizados é santificado pelo sacramento do<br />

matrimónio, são: a unidade, a fidelidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade.<br />

496. Qual o significado do acto conjugal?<br />

2362-2367<br />

O acto conjugal tem um duplo significado: unitivo (a mútua doação dos esposos) e<br />

procriador (a abertura à transmissão da vida). Ninguém deve quebrar a conexão<br />

inquebrável que Deus quis entre os dois significados do acto conjugal, excluindo um<br />

deles.<br />

497. Quando é que a regulação dos nascimentos é moral?<br />

2368-2369<br />

2399<br />

A regulação dos nascimentos, que é uma componente da paternidade e maternidade<br />

responsáveis, é objectivamente conforme à moralidade quando é realizada pelos esposos<br />

sem imposições externas, nem por egoísmo, mas com base em motivos sérios e o<br />

recurso a métodos conformes aos critérios objectivos da moralidade, isto é, com a<br />

continência periódica e o recurso aos períodos infecundos.<br />

498. Quais os meios imorais na regulação dos nascimentos?<br />

2370 – 2372<br />

É intrinsecamente imoral toda a acção – como, por exemplo, a esterilização directa ou a<br />

contracepção – que, na previsão do acto conjugal ou na sua realização ou no<br />

desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como objectivo ou<br />

como meio, impedir a procriação.<br />

499. Porque é que a inseminação e a fecundação artificiais são imorais?<br />

2373-2377


São imorais porque dissociam a procriação do acto com que os esposos se entregam<br />

mutuamente, instaurando assim um domínio da técnica sobre a origem e o destino da<br />

pessoa humana. Além disso, a inseminação e a fecundação heteróloga, com o recurso a<br />

técnicas que envolvem uma pessoa estranha ao casal dos esposos, prejudicam o direito<br />

do filho a nascer dum pai e duma mãe conhecidos por ele, ligados entre si pelo<br />

matrimónio e tendo o direito exclusivo a tornarem-se pais, só um através do outro.<br />

500. Como deve ser considerado um filho?<br />

2378<br />

O filho é um dom de Deus, o maior dom do matrimónio. Não existe um direito a ter<br />

filhos («o filho exigido, a todo o custo»). Existe, ao contrário, o direito do filho a ser o<br />

fruto do acto conjugal dos seus progenitores e o direito a ser respeitado como pessoa<br />

desde o momento da sua concepção.<br />

501. Que devem fazer os esposos sem filhos?<br />

2379<br />

No caso em que o dom do filho não lhes tivesse sido concedido, os esposos, esgotados<br />

os recursos médicos legítimos, podem mostrar a sua generosidade, mediante o cuidado<br />

ou a adopção, ou então realizando serviços significativos em favor do próximo. Deste<br />

modo, realizarão uma preciosa fecundidade espiritual.<br />

502. Quais são as ofensas contra a dignidade do matrimónio?<br />

2380-2391<br />

2400<br />

São: o adultério, o divórcio, a poligamia, o incesto, a união de facto (convivência,<br />

concubinato) e o acto sexual antes ou fora do matrimónio.<br />

503. Que diz o sétimo mandamento?<br />

2401-2402<br />

O SÉTIMO MANDAMENTO:<br />

NÃO ROUBAR<br />

Ele enuncia o destino, a distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda<br />

o respeito das pessoas, dos seus bens e da integridade da criação. A Igreja encontra<br />

fundada neste mandamento também a sua doutrina social, que compreende o recto agir<br />

na actividade económica e na vida social e política, o direito e o dever do trabalho<br />

humano, a justiça e a solidariedade entre as nações, o amor aos pobres.


504. Em que condições existe o direito à propriedade privada?<br />

2403<br />

O direito à propriedade privada existe se ela for adquirida ou recebida de modo justo e<br />

desde que seja respeitado o destino universal dos bens para a satisfação das<br />

necessidades fundamentais de todos os homens.<br />

505. Qual é o fim da propriedade privada?<br />

2404-2406<br />

O fim da propriedade privada é a garantia da liberdade e da dignidade de cada uma das<br />

pessoas, ajudando-as a satisfazer as necessidades fundamentais próprias daqueles por<br />

quem se tem a responsabilidade e dos outros que vivem em necessidade.<br />

506. O que prescreve o sétimo mandamento?<br />

2407<br />

2450-2451<br />

O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da<br />

justiça e da caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito<br />

das promessas e dos contractos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a<br />

restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente<br />

e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial<br />

atenção para com as espécies ameaçadas de extinção.<br />

507. Como é que o homem se deve comportar com os animais?<br />

2416-2418<br />

257<br />

O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o<br />

amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para<br />

experimentações científicas efectuadas para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos<br />

inúteis para os próprios animais. ( )<br />

508. Que proíbe o sétimo mandamento?<br />

2408-2413 2453-2455<br />

O sétimo mandamento, antes de mais, proíbe o furto que é a usurpação do bem alheio<br />

contra a razoável vontade do seu proprietário. É o que também sucede no pagamento de<br />

salários injustos; na especulação sobre o valor dos bens para obter vantagens com<br />

prejuízo para os outros; na falsificação de cheques ou facturas. Proíbe, além disso,<br />

cometer fraudes fiscais ou comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou<br />

públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o abuso privado dos bens sociais, os<br />

trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento. ( )


509. Qual é o conteúdo da doutrina social da Igreja?<br />

2419-2423<br />

A doutrina social da Igreja, como desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho<br />

sobre a dignidade da pessoa humana e sobre a sua dimensão social, contém princípios<br />

de reflexão, formula critérios de juízo, oferece normas e orientações para a acção.<br />

510. Quando é que a Igreja intervém em matéria social?<br />

2420; 2458<br />

A Igreja emite um juízo moral em matéria económica e social quando isto é exigido<br />

pelos direitos fundamentais da pessoa, do bem comum ou da salvação das almas.<br />

511. Como se deve exercer a vida social e económica?<br />

2459<br />

Segundo os seus próprios métodos, no âmbito da ordem moral, ao serviço da pessoa<br />

humana na sua integridade e de toda a comunidade humana, no respeito da justiça<br />

social. Ela deve ter o homem como seu autor, centro e fim.<br />

512. O que é que se opõe à doutrina social da Igreja?<br />

2424 – 2425<br />

Opõem-se à doutrina social da Igreja os sistemas económicos e sociais que sacrificam<br />

os direitos fundamentais das pessoas ou que fazem do lucro a sua regra exclusiva ou o<br />

seu fim último. Por isso, a Igreja rejeita as ideologias associadas, nos tempos modernos,<br />

ao «comunismo» ou às formas ateias e totalitárias de «socialismo». Rejeita, além disso,<br />

na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado<br />

sobre o trabalho humano.<br />

513. Qual é o significado do trabalho para o homem?<br />

2426-2428 2460 – 2461<br />

O trabalho é para o homem um dever e um direito, mediante o qual ele colabora com<br />

Deus criador. Com efeito, trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em<br />

acção capacidades inscritas na sua natureza, exalta os dons do Criador e os talentos<br />

recebidos, sustenta-se a si e aos seus familiares, serve a comunidade humana. Além<br />

disso, com a graça de Deus, o trabalho pode ser meio de santificação e de colaboração<br />

com Cristo para a salvação dos outros.<br />

514. A que tipo de trabalho tem direito a pessoa humana?<br />

2429;<br />

2433-2434


A todos deve ser possível obter um trabalho seguro e honesto, sem discriminações<br />

injustas, respeitando a livre iniciativa económica e uma justa retribuição.<br />

515. Qual a responsabilidade do Estado acerca do trabalho?<br />

2431<br />

Compete ao Estado fornecer a segurança das garantias das liberdades individuais e da<br />

propriedade, para além duma moeda estável e de serviços públicos eficientes; competelhe<br />

ainda zelar e orientar o exercício dos direitos humanos no sector económico. A<br />

sociedade deve ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as circunstâncias.<br />

516. Qual a missão dos responsáveis das empresas?<br />

2432<br />

Os responsáveis das empresas têm a responsabilidade económica e ecológica das suas<br />

operações. Estão obrigados a ter em conta o bem das pessoas e não apenas o aumento<br />

dos lucros, embora estes sejam necessários para assegurar os investimentos, o futuro das<br />

empresas, o emprego e o bom andamento da vida económica.<br />

517. Quais os deveres dos trabalhadores?<br />

2435<br />

Devem realizar o seu trabalho, com consciência, competência e dedicação, procurando<br />

resolver, com o diálogo, eventuais controvérsias. O recurso à greve não violenta é<br />

moralmente legítimo quando se apresenta como instrumento necessário, em vista dum<br />

benefício proporcionado e tendo em conta o bem comum.<br />

518. Como realizar a justiça e a solidariedade entre as nações?<br />

2437-2441<br />

No plano internacional, todas as nações e instituições devem actuar na solidariedade e<br />

na subsidiariedade, com vista a eliminar, ou pelo menos reduzir, a miséria, a<br />

desigualdade dos recursos e dos meios económicos, as injustiças económicas e sociais, a<br />

exploração das pessoas, a acumulação da dívida dos países pobres, os mecanismos<br />

perversos que criam obstáculos ao progresso dos países menos desenvolvidos.<br />

519. Como é que os cristãos participam na vida política e social?<br />

2442<br />

Os fiéis leigos intervêm directamente na vida política e social animando, com espírito<br />

cristão, as realidades temporais e colaborando com todos, como autênticas testemunhas<br />

do Evangelho e promotores da paz e da justiça.<br />

520. Em que se inspira o amor aos pobres?


2443 – 2449<br />

2462 – 2463<br />

O amor aos pobres inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças e no exemplo de<br />

Jesus com a sua constante atenção aos pobres. Jesus disse: «Todas as vezes que fizerdes<br />

isto a um só destes irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt 25,40). O amor aos<br />

pobres manifesta-se na acção contra a pobreza material e contra as numerosas formas de<br />

pobreza cultural, moral e religiosa. As obras de misericórdia, espirituais e corporais e as<br />

numerosas instituições de beneficência que surgiram ao longo dos séculos, constituem<br />

um concreto testemunho do amor preferencial pelos pobres que caracteriza os discípulos<br />

de Jesus.<br />

OITAVO MANDAMENTO:<br />

NÃO LEVANTAR FALSOS TESTEMUNHOS<br />

521. Qual o dever do homem em relação à verdade?<br />

2464 – 2470<br />

2504<br />

Toda a pessoa é chamada à sinceridade e à veracidade no agir e no falar. Cada um tem o<br />

dever de procurar a verdade e de aderir a ela, organizando toda a sua vida segundo as<br />

exigências da verdade. Em Jesus Cristo, a verdade de Deus manifestou-se na sua<br />

totalidade: Ele é a Verdade. Seguir Jesus é viver do «Espírito de verdade» (Jo 14,17) e<br />

evitar a duplicidade, a simulação e a hipocrisia.<br />

522. Como dar testemunho da verdade?<br />

2471-2474<br />

2505-2506<br />

O cristão deve testemunhar a verdade evangélica em todos os campos da actividade<br />

pública e privada, mesmo com o sacrifício da própria vida, se necessário. O martírio é o<br />

supremo testemunho dado em favor da verdade da fé.<br />

523. O que proíbe o oitavo mandamento?<br />

2475-2487;<br />

2507-2509<br />

O oitavo mandamento proíbe:<br />

O falso testemunho, o perjúrio e a mentira, cuja gravidade se mede pela natureza da<br />

verdade que ela deforma, das circunstâncias, das intenções do mentiroso e dos danos<br />

causados às vítimas;


O juízo temerário, a maledicência, a difamação, a calúnia, que lesam ou destroem a boa<br />

reputação e a honra a que a pessoa tem direito;<br />

A lisonja, a adulação ou complacência, sobretudo se finalizadas à realização de pecados<br />

graves ou à obtenção de vantagens ilícitas;<br />

Uma culpa contra a verdade exige a reparação, quando se ocasionou dano a outrem.<br />

524. Que requer o oitavo mandamento?<br />

2488-2492<br />

2510-2511<br />

O oitavo mandamento requer o respeito da verdade, acompanhado pela discrição da<br />

caridade: na comunicação e na informação, que devem assegurar o bem pessoal e<br />

comum, a defesa da vida particular e o perigo de escândalo; na reserva dos segredos<br />

profissionais, que se devem sempre manter, salvo em casos excepcionais, por motivos<br />

graves e proporcionados. Exige-se também o respeito pelas confidências feitas sob o<br />

sigilo do segredo.<br />

525. Como usar os meios de comunicação social?<br />

2493-2499<br />

2512<br />

A informação mediática deve estar ao serviço do bem comum, ser sempre verdadeira no<br />

conteúdo e, salva a justiça e a caridade, deve ser também íntegra. Além disso deve<br />

expressar-se em modo honesto e conveniente, respeitando escrupulosamente as leis<br />

morais, os direitos legítimos e a dignidade da pessoa.<br />

526. Qual a relação entre a verdade, a beleza e a arte sacra?<br />

2500-2503<br />

2513<br />

A verdade é bela por si mesma. Ela comporta o esplendor da beleza espiritual. Além da<br />

palavra, existem numerosas formas de expressão da verdade, em especial as obras<br />

artísticas. São o fruto do talento dado por Deus e do esforço do homem. A arte sacra,<br />

para ser verdadeira e bela, deve evocar e glorificar o Mistério de Deus revelado em<br />

Cristo e conduzir à adoração e ao amor de Deus Criador e Salvador, Beleza excelsa de<br />

Verdade e de Amor.<br />

NONO MANDAMENTO:<br />

GUARDAR CASTIDADE NOS PENSAMENTOS E NOS DESEJOS<br />

527. O que exige o nono mandamento?


2514-2516;<br />

2528-2530<br />

O nono mandamento exige vencer a concupiscência carnal nos pensamentos e nos<br />

desejos. A luta contra a concupiscência passa pela purificação do coração e pela prática<br />

da virtude da temperança.<br />

528. Que proíbe o nono mandamento?<br />

2517-2519;<br />

2531-2532<br />

O nono mandamento proíbe cultivar pensamentos e desejos relativos às acções<br />

proibidas pelo sexto mandamento.<br />

529. Como chegar à pureza do coração?<br />

2520<br />

O baptizado, com a graça de Deus, em luta contra os desejos desordenados, chega à<br />

pureza do coração mediante a virtude e o dom da castidade, a pureza de intenção e do<br />

olhar exterior e interior, com a disciplina dos sentidos e da imaginação e pela oração.<br />

530. Quais as outras exigências da pureza?<br />

2521- 2527<br />

2533<br />

A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza<br />

da castidade e orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das<br />

pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e afasta de tudo aquilo que<br />

favorece a curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante<br />

uma luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa concepção<br />

errónea da liberdade humana.<br />

DÉCIMO MANDAMENTO:<br />

NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS<br />

531. Que exige e que proíbe o décimo mandamento?<br />

2534-2540<br />

2551-2554<br />

Este mandamento completa o precedente e exige uma atitude interior de respeito em<br />

relação à propriedade alheia. Proíbe a avidez, a cupidez desregrada dos bens dos outros


e a inveja, que consiste na tristeza que se experimenta perante os bens alheios e o desejo<br />

imoderado de deles se apoderar.<br />

532. Que pede Jesus com a pobreza de coração?<br />

2544-2547<br />

2556<br />

Jesus requer aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos. O desprendimento das<br />

riquezas – segundo o espírito da pobreza evangélica – e o abandono à providência de<br />

Deus, que nos liberta da preocupação pelo amanhã, preparam-nos para a bemaventurança<br />

dos «pobres em espírito, porque deles é já o reino dos céus» (Mt 5, 3).<br />

533. Qual é o maior desejo do homem?<br />

2548 - 2550<br />

2557<br />

O maior desejo do homem é ver a Deus. Este é o grito de todo o seu ser: «Quero ver a<br />

Deus!». De facto, o homem realiza a verdadeira e perfeita felicidade na visão e na bemaventurança<br />

d’Aquele que o criou por amor e o atrai a Si no seu infinito amor.<br />

«Aquele que vê a Deus, obteve todos os bens que se podem imaginar» (S. Gregório de<br />

Nisa)<br />

534. O que é a oração?<br />

2558-2565<br />

2590<br />

QUARTA PARTE<br />

A ORAÇÃO CRISTÃ<br />

PRIMEIRA SECÇÃO<br />

A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ<br />

A oração consiste em elevar a alma a Deus ou em pedir a Deus bens conformes à sua<br />

vontade. Ela é sempre um dom de Deus que vem ao encontro do homem. A oração<br />

cristã é relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o<br />

seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles.


CAPÍTULO PRIMEIRO<br />

A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO<br />

535. Porque é que existe um chamamento universal à oração?<br />

2566-2567<br />

Porque primeiramente Deus, através da criação, chama do nada todos os seres e ainda<br />

porque, mesmo depois da queda, o homem continua a ser capaz de reconhecer o seu<br />

Criador, conservando o desejo d’Aquele que o chamou à existência. Todas as religiões<br />

e, em especial, toda a história da salvação, testemunham este desejo de Deus por parte<br />

do homem, se bem que é sempre Deus que primeiro e incessantemente atrai cada uma<br />

das pessoas para o encontro misterioso da oração.<br />

A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO<br />

536. Como é que Abraão é um modelo de oração?<br />

2570-2573<br />

2592<br />

Abraão é um modelo de oração porque caminha na presença de Deus, O escuta e Lhe<br />

obedece. A sua oração é um combate da fé, porque ele continua a crer na fidelidade de<br />

Deus mesmo nos momentos de provação. Além disso, depois de receber na sua tenda a<br />

visita do Senhor, que lhe confia os seus desígnios, Abraão ousa interceder pelos<br />

pecadores, com audaciosa confiança.<br />

537. Como rezava Moisés?<br />

2574-2577<br />

2593<br />

A oração de Moisés é o tipo da oração contemplativa: Deus, que, da Sarça ardente,<br />

chama Moisés, conversa muitas vezes e longamente com ele «face a face, como um<br />

homem com o seu amigo» (Ex 33,11). Nesta intimidade com Deus, Moisés recebe a<br />

força para interceder tenazmente em favor do povo: a sua oração prefigura assim a<br />

intercessão do único mediador, Cristo Jesus.<br />

538. Quais as relações do templo e do rei com a oração, no Antigo Testamento?


2578-2580;<br />

2594<br />

À sombra da morada de Deus – a Arca da Aliança e mais tarde o templo – cresce a<br />

oração do Povo de Deus, sob a orientação dos seus pastores. Entre eles, David é o rei<br />

«segundo o coração de Deus», o pastor que reza pelo seu povo. A sua oração é um<br />

modelo da oração do povo pois é adesão à promessa divina e confiança cheia de amor<br />

n’Aquele que é o único Rei e Senhor.<br />

539. Qual a importância da oração na missão dos profetas?<br />

2581-2584<br />

Os profetas recebem da oração luz e força para exortar o povo à fé e à conversão do<br />

coração. Entram numa grande intimidade com Deus e intercedem pelos irmãos, aos<br />

quais anunciam tudo o que viram e ouviram da parte do Senhor. Elias é o pai dos<br />

profetas, isto é, dos que procuram o Rosto de Deus. No Monte Carmelo, obtém o<br />

regresso do povo à fé, graças à intervenção de Deus, a quem suplica: «Responde-me<br />

Senhor, responde-me!» (1 Re 18,37).<br />

540. Qual é a importância da oração dos salmos?<br />

2579;<br />

2585-2589<br />

2596-2597<br />

Os Salmos são o vértice da oração no Antigo Testamento: a Palavra de Deus torna-se<br />

oração do homem. Inseparavelmente pessoal e comunitária, esta oração, inspirada pelo<br />

Espírito Santo, canta as maravilhas de Deus na criação e na história da salvação. Cristo<br />

rezou os Salmos, e deu-lhes pleno cumprimento. E é por isso que eles permanecem um<br />

elemento essencial e permanente da oração da Igreja, adaptados aos homens de todas as<br />

condições e de todos os tempos.<br />

541. Quem ensinou Jesus a rezar?<br />

2599<br />

2620<br />

A ORAÇÃO PLENAMENTE REVELADA<br />

E REALIZADA EM JESUS<br />

Jesus, segundo o seu coração de homem, foi ensinado a rezar por sua Mãe e pela<br />

tradição judaica. Mas a sua oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno<br />

de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a seu Pai a oração filial perfeita.<br />

542. Quando Jesus rezava?


2600-2604<br />

2620<br />

O Evangelho apresenta muitas vezes Jesus em oração. Ele retira-se para a solidão,<br />

mesmo de noite. Jesus reza antes dos momentos decisivos da sua missão ou da missão<br />

dos Apóstolos. De facto, toda a sua vida é oração, porque Ele existe numa comunhão<br />

constante de amor com o Pai.<br />

543. Como rezou Jesus na sua paixão?<br />

2605-2606<br />

2620<br />

A oração de Jesus durante a agonia no Jardim de Getsemani e nas últimas palavras<br />

sobre a cruz revelam a profundidade da sua oração filial: Jesus conduz à sua realização<br />

o desígnio de amor do Pai e toma sobre si todas as angústias da humanidade, todas as<br />

interrogações e intercessões da história da salvação. Ele apresenta-as ao Pai que as<br />

acolhe e escuta, para lá de toda a esperança, ressuscitando-O dos mortos.<br />

544. Como Jesus nos ensina a rezar?<br />

2608 – 2614<br />

2621<br />

Jesus ensina-nos a rezar, não só com a oração do Pai nosso, mas também com a sua<br />

própria oração. Assim, para além do conteúdo, ensina-nos as disposições requeridas<br />

para uma verdadeira oração: a pureza do coração que procura o Reino e perdoa aos<br />

inimigos; a confiança audaz e filial que se estende para além do que sentimos e<br />

compreendemos; a vigilância que protege o discípulo da tentação; a oração no Nome de<br />

Jesus, nosso Mediador junto do Pai.<br />

545. Porque é eficaz a nossa oração?<br />

2615-2616<br />

A nossa oração é eficaz porque está unida à de Jesus mediante a fé. N’Ele, a oração<br />

cristã torna-se comunhão de amor com o Pai. Podemos, neste caso, apresentar os nossos<br />

pedidos a Deus e ser atendidos: «Pedi e recebereis, assim a vossa alegria será completa»<br />

(Jo 16,24).<br />

546. Como é que a Virgem Maria rezava?<br />

2617; 2622;<br />

2618;2674;<br />

2679<br />

A oração de Maria caracteriza-se pela fé e pela oferta generosa de todo o seu ser a Deus.<br />

A Mãe de Jesus é a Nova Eva, a «Mãe dos viventes»: ela pede a Jesus, seu Filho, pelas<br />

necessidades de todos os homens.


547. Existe no Evangelho uma oração de Maria?<br />

2619<br />

Para além da intercessão de Maria em Caná da Galileia, o Evangelho apresenta-nos o<br />

Magnificat (Lc 1,46-55), cântico da Mãe de Deus e da Igreja, jubilosa acção de graças<br />

que se eleva do coração dos pobres porque a sua esperança foi realizada pelo<br />

cumprimento das promessas divinas.<br />

A ORAÇÃO NO TEMPO DA <strong>IGREJA</strong><br />

548. Como rezava a primeira comunidade cristã de Jerusalém?<br />

2623 - 2624<br />

No início dos Actos dos Apóstolos está escrito que na primeira comunidade de<br />

Jerusalém, educada pelo Espírito Santo na vida de oração, os crentes «eram assíduos ao<br />

ensino dos Apóstolos, fiéis à união fraterna, à fracção do pão e às orações» (Act 2, 42).<br />

549. Como intervém o Espírito Santo na oração da Igreja?<br />

2623; 2625<br />

O Espírito Santo, Mestre interior da oração cristã, forma a Igreja para a vida de oração e<br />

a faz entrar cada vez mais profundamente na contemplação e na união com o insondável<br />

mistério de Cristo. As formas de oração, tais como as revelam os Escritos apostólicos e<br />

canónicos, permanecerão sempre normativas para a oração cristã.<br />

550. Quais são as formas essenciais da oração cristã?<br />

2643 – 2644<br />

São a bênção e a adoração, a oração de petição e a intercessão, a acção de graças e o<br />

louvor. A Eucaristia contém e exprime todas as formas de oração.<br />

551. O que é a bênção?<br />

2626-2627;<br />

2645<br />

A bênção é a resposta do homem aos dons de Deus: nós bendizemos o Omnipotente que<br />

primeiramente nos abençoa e enche dos seus dons.<br />

552. Como se pode definir a adoração?<br />

2628


A adoração é a prostração do homem que se reconhece criatura diante do seu Criador<br />

três vezes santo.<br />

553. Quais são as diversas formas da oração de petição?<br />

2629- 2633<br />

2646<br />

Pode ser um pedido de perdão ou mesmo uma súplica humilde e confiante em relação a<br />

todas as nossas necessidades espirituais ou materiais. Mas a primeira realidade a desejar<br />

é a vinda do Reino.<br />

554. Em que consiste a intercessão?<br />

2634 – 2636<br />

2647<br />

A intercessão consiste no pedir em favor doutro. Ela conforma-nos e une-nos à oração<br />

de Jesus que intercede junto do Pai por todos os homens, em especial pelos pecadores.<br />

A intercessão deve estender-se também aos inimigos.<br />

555. Quando se dá a Deus acção de graças?<br />

A Igreja dá graças a Deus incessantemente, sobretudo ao celebrar a Eucaristia, na qual<br />

Cristo a faz participar na sua acção de graças ao Pai. Todos os acontecimentos se<br />

convertem para o cristão em motivo de acção de graças. ( 2637-2638; 2648 )<br />

556. O que é a oração de louvor?<br />

2639 – 2643<br />

2649<br />

O louvor é a forma de oração que mais imediatamente reconhece que Deus é Deus. É<br />

completamente desinteressada: canta Deus por Ele ser quem é e glorifica-O porque Ele<br />

é.<br />

CAPÍTULO SEGUNDO<br />

A TRADIÇÃO DA ORAÇÃO<br />

557. Qual a importância da Tradição em relação à oração?<br />

2650-2651


Na Igreja, é através duma Tradição viva que o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a<br />

orar. A oração não se reduz, com efeito, ao brotar espontâneo dum impulso interior, mas<br />

implica contemplação, estudo e compreensão das realidades espirituais que se<br />

experimentam.<br />

558. Quais as fontes da oração cristã?<br />

2652 – 2662<br />

NAS FONTES DA ORAÇÃO<br />

São: a Palavra de Deus, que nos dá a «sublime ciência de Cristo» (Filp 3,8); a Liturgia<br />

da Igreja que anuncia, actualiza e comunica o mistério da salvação; as virtudes<br />

teologais; as situações quotidianas, porque nelas podemos encontrar Deus.<br />

«Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de Vos amar eternamente. Meu<br />

Deus, se a minha língua não pode repetir, a todo o momento, que Vos amo, quero que o<br />

meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro» (S. João Maria Vianney).<br />

O CAMINHO DA ORAÇÃO<br />

559. Na Igreja existem diferentes caminhos de oração?<br />

2663<br />

Na Igreja existem diferentes caminhos de oração, segundo os diferentes contextos<br />

históricos, sociais e culturais. Pertence ao Magistério discernir a sua fidelidade à<br />

tradição da fé apostólica e aos pastores e catequistas o explicar-lhe o sentido, que é<br />

sempre referido a Jesus Cristo.<br />

560. Qual é o caminho da nossa oração?<br />

2664;<br />

2680 – 2681<br />

O caminho da nossa oração é Cristo, porque ela se dirige a Deus nosso Pai, mas aquela<br />

só chega até Ele, se, ao menos implicitamente, rezamos no Nome de Jesus. A sua<br />

humanidade é, pois, o único caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a rezar a<br />

Deus nosso Pai. Por isso as orações litúrgicas concluem-se com a fórmula: «Por nosso<br />

Senhor Jesus Cristo».


561. Qual o papel do Espírito Santo na oração?<br />

2670-2672<br />

2680 – 2681<br />

Uma vez que o Espírito Santo é o Mestre interior da oração cristã e «nós não sabemos o<br />

que devemos pedir» (Rm 8,26), a Igreja exorta-nos a invocá-lo e a implorá-lo em todas<br />

as ocasiões: «Vinde, Espírito Santo!».<br />

562. Em que é que a oração cristã é mariana?<br />

2673-2679<br />

2682<br />

Em virtude da sua singular cooperação com a acção do Espírito Santo, a Igreja gosta de<br />

orar a Maria e de orar com Maria, a Orante perfeita, para com Ela engrandecer e invocar<br />

o Senhor. De facto, Maria, «mostra-nos o caminho» que é o Seu Filho, o único<br />

Mediador.<br />

563. Como é que a Igreja reza a Maria?<br />

2676-2678<br />

2682<br />

Antes de mais com a Ave Maria, oração mediante a qual a Igreja pede a intercessão da<br />

Virgem. Outras orações marianas são o Rosário o hino Acatistos, a Paraclisis, os hinos<br />

e os cânticos das diversas tradições cristãs.<br />

GUIAS PARA A ORAÇÃO<br />

564. Como é que os Santos são guias de oração?<br />

2683 - 2684<br />

2692 - 2693<br />

Os santos são modelos de oração e a eles pedimos para, junto da Santíssima Trindade,<br />

intercederem por nós e pelo mundo inteiro. A sua intercessão é o mais alto serviço que<br />

prestam ao desígnio de Deus. Na comunhão dos santos, desenvolveram-se, ao longo da<br />

história da Igreja, diversos tipos de espiritualidade, que ensinam a viver e a pôr em<br />

prática a oração.<br />

565. Quem pode educar na oração?<br />

2685-2690<br />

2694-2695


A família cristã é o primeiro lugar da educação na oração. A oração familiar quotidiana<br />

é especialmente recomendada porque é o primeiro testemunho da vida de oração da<br />

Igreja. A catequese, os grupos de oração, a «direcção espiritual» constituem uma ajuda e<br />

uma escola de oração.<br />

566. Quais os lugares favoráveis à oração?<br />

2691; 2696<br />

Em toda a parte se pode rezar, mas a escolha de um lugar apropriado não é indiferente<br />

para a oração. A igreja é o lugar próprio da oração litúrgica e da adoração eucarística.<br />

Também outros lugares ajudam a rezar, como um «recanto de oração» em casa; um<br />

mosteiro; um santuário.<br />

CAPÍTULO TERCEIRO<br />

A VIDA DE ORAÇÃO<br />

567. Quais os momentos mais indicados para a oração?<br />

2697-2698<br />

2720<br />

Todos os momentos são indicados para a oração, mas a Igreja propõe aos fiéis ritmos<br />

destinados a alimentar a oração contínua: orações da manhã e da noite, antes e depois<br />

das refeições, liturgia das Horas; Eucaristia dominical; Santo Rosário; festas do ano<br />

litúrgico.<br />

«Devemos lembrar-nos de Deus, com mais frequência do que respiramos» (S. Gregório<br />

de Nazianzo).<br />

568. Quais as expressões da vida de oração?<br />

2697 – 2699<br />

A tradição cristã conservou três modos para expressar e viver a oração: a oração vocal, a<br />

meditação e a oração contemplativa. Têm em comum o recolhimento do coração.<br />

AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO


569. Como se caracteriza a oração vocal?<br />

2700-2704<br />

2722<br />

A oração vocal associa o corpo à oração interior do coração. Mesmo a mais interior das<br />

orações não poderia prescindir da oração vocal. Em todo o caso, ela deve brotar duma fé<br />

pessoal. Com o Pai Nosso, Jesus ensinou-nos uma fórmula perfeita de oração vocal.<br />

570. O que é a meditação?<br />

2705-2708<br />

2723<br />

A meditação é uma reflexão orante, que parte sobretudo da Palavra de Deus na Bíblia.<br />

Mobiliza a inteligência, a imaginação, a emoção, o desejo, para aprofundar a nossa fé,<br />

suscitar a conversão do nosso coração e fortalecer a nossa vontade de seguir a Cristo. É<br />

uma etapa preliminar em direcção à união de amor com o Senhor.<br />

571. O que é a oração contemplativa?<br />

2709-2719;<br />

2724;<br />

2739-2741<br />

A oração contemplativa é um simples olhar sobre Deus no silêncio e no amor. É um<br />

dom de Deus, um momento de fé pura durante o qual o orante procura Cristo, se entrega<br />

à vontade amorosa do Pai e concentra o seu ser sob a acção do Espírito. Santa Teresa de<br />

Ávila define-a como uma íntima relação de amizade, «em que muitas vezes dialogamos<br />

a sós com Deus, por Quem sabemos ser amados».<br />

O COMBATE DA ORAÇÃO<br />

572. Porque é que a oração é um combate?<br />

2725<br />

A oração é um dom da graça, mas pressupõe sempre uma resposta decidida da nossa<br />

parte, porque o que reza combate contra si mesmo, contra o ambiente e sobretudo contra<br />

o Tentador, que faz tudo para retirá-lo da oração. O combate da oração é inseparável do<br />

progresso da vida espiritual. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza.<br />

573. Quais as objecções à oração?


2726-2728<br />

2752-2753<br />

Para lá das formas erróneas de conceber a oração, muitos pensam que não têm tempo<br />

para rezar ou então que seja inútil. Os que rezam podem desanimar perante as<br />

dificuldades e os insucessos aparentes. Para vencer estes obstáculos são necessárias a<br />

humildade, a confiança e a perseverança.<br />

574. Quais as dificuldades da oração?<br />

2729-2733;<br />

2754-2755<br />

A distracção é a dificuldade habitual da nossa oração. Ela afasta da atenção a Deus e<br />

pode também revelar aquilo a que estamos apegados. O nosso coração deve então<br />

regressar humildemente ao Senhor. A oração é muitas vezes insidiada pela aridez, cuja<br />

superação, na fé, permite aderir ao Senhor, mesmo sem uma consolação sensível. A<br />

acédia é uma forma de preguiça espiritual devida ao relaxamento da vigilância e à<br />

negligência na guarda do coração.<br />

575. Como fortalecer a nossa confiança filial?<br />

2734-2741<br />

2756<br />

A confiança filial é posta à prova quando pensamos que não somos atendidos. Devemos<br />

interrogar-nos, então, se Deus é para nós um Pai do qual procuramos cumprir a vontade,<br />

ou não será antes um simples meio para obter o que queremos. Se a nossa oração se une<br />

à de Jesus, sabemos que Ele nos concede muito mais do que este ou aquele dom:<br />

recebemos o Espírito Santo que transforma o nosso coração.<br />

576. É possível rezar a todo o momento?<br />

2742-2745 2757<br />

Orar é sempre possível porque o tempo do cristão é o tempo de Cristo ressuscitado, o<br />

qual «permanece connosco todos os dias» (Mt 28,20). Oração e vida cristã são por isso<br />

inseparáveis.<br />

«É possível, mesmo no mercado ou durante um passeio sozinho, fazer oração frequente<br />

e fervorosa. É possível mesmo sentados na vossa loja, a tratar de compras e vendas, ou<br />

até mesmo a cozinhar»(S. João Crisóstomo).<br />

577. O que é a oração da Hora de Jesus?


2604;<br />

2746-275;<br />

2758<br />

É a chamada oração sacerdotal de Jesus na Última Ceia. Jesus, o Sumo Sacerdote da<br />

Nova Aliança, dirige-a ao Pai quando chega a Hora da sua «passagem» para Ele, a Hora<br />

do seu sacrifício.<br />

Pai Nosso<br />

Pai Nosso que estais nos Céus,<br />

santificado seja o vosso Nome,<br />

venha a nós o vosso Reino,<br />

seja feita a vossa vontade<br />

assim na terra como no Céu.<br />

O pão nosso de cada dia nos dai hoje,<br />

perdoai-nos as nossas ofensas<br />

assim como nós perdoamos<br />

a quem nos tem ofendido,<br />

e não nos deixeis cair em tentação,<br />

mas livrai-nos do Mal.<br />

Pater Noster<br />

Pater noster, qui es in cælis:<br />

sanctificétur Nomen Tuum:<br />

advéniat Regnum Tuum:<br />

fiat volúntas Tua,<br />

sicut in cælo, et in terra.<br />

Panem nostrum<br />

cotidiánum da nobis hódie,<br />

et dimítte nobis débita nostra,<br />

sicut et nos<br />

dimíttimus debitóribus nostris.<br />

et ne nos indúcas in tentatiónem;<br />

sed líbera nos a Malo.<br />

SEGUNDA SECÇÃO<br />

A ORAÇÃO DO SENHOR:<br />

PAI NOSSO<br />

578. Qual é a origem da oração do Pai Nosso?<br />

2759-2760 2773


Jesus ensinou-nos esta oração cristã insubstituível, o Pai Nosso, um dia quando um dos<br />

discípulos, vendo-O rezar, lhe pediu: «Ensina-nos a rezar» (Lc 11, 1). A tradição<br />

litúrgica da Igreja usou sempre o texto de S. Mateus (6, 9-13).<br />

«A SÍNTESE DE TODO O EVANGELHO»<br />

579. Qual é o lugar do Pai Nosso nas Escrituras?<br />

2761-2764<br />

2774<br />

O Pai Nosso é a «síntese de todo o Evangelho» (Tertuliano), «a oração perfeitíssima»<br />

(S. Tomás de Aquino). Situado no centro do Discurso da Montanha (Mt 5-7), retoma,<br />

sob a forma de oração, o conteúdo essencial do Evangelho.<br />

580. Porque se chama «a oração do Senhor»?<br />

2765-2766<br />

2775<br />

O Pai Nosso é a «Oração dominical», ou seja «a oração do Senhor», porque nos foi<br />

ensinado pelo próprio Senhor Jesus.<br />

581. Que lugar ocupa o Pai Nosso na oração da Igreja?<br />

2767-2772<br />

2776<br />

O Pai Nosso é a oração da Igreja por excelência e é «entregue» no Baptismo para<br />

manifestar o novo nascimento para a vida divina dos filhos de Deus. A Eucaristia<br />

mostra-lhe o sentido pleno, visto que as suas petições, fundadas no mistério da salvação<br />

já realizada, e que serão plenamente atendidas na vinda do Senhor. O Pai Nosso é<br />

também parte integrante da liturgia das Horas.<br />

«PAI NOSSO, QUE ESTAIS NOS CÉUS»<br />

582. Porque podemos «ousar aproximar-nos com toda a confiança» do Pai?<br />

2777-2778<br />

2797


Porque Jesus, nosso Redentor, nos apresenta diante do Rosto do Pai, e o seu Espírito faz<br />

de nós filhos. Podemos assim rezar o Pai Nosso com uma confiança simples e filial,<br />

com uma alegre segurança e uma audácia humilde, com a certeza de ser amados e<br />

atendidos.<br />

583. Como é possível invocar a Deus como «Pai»?<br />

2779-2785;<br />

2789;<br />

2798-2800<br />

Podemos invocar o «Pai», porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e<br />

porque o seu Espírito no-Lo faz conhecer. A invocação do Pai introduz-nos no seu<br />

mistério com uma admiração sempre nova e suscita em nós o desejo dum<br />

comportamento filial. Ao rezar a oração do Senhor estamos conscientes de sermos<br />

filhos no Filho do eterno Pai.<br />

584. Porque dizemos «Pai Nosso»?<br />

2786-2790<br />

2801<br />

«Nosso» exprime uma relação totalmente nova com Deus. Sempre que rezamos ao Pai,<br />

adoramo-Lo e glorificamo-Lo com o Filho e o Espírito. Em Cristo, somos o «seu» Povo<br />

e Ele é o «nosso» Deus, desde agora e para a eternidade. Dizemos, com efeito, Pai<br />

«nosso», porque a Igreja de Cristo é a comunhão duma multidão de irmãos que têm<br />

«um só coração e uma só alma» (Act 4,32).<br />

585. Com que espírito de comunhão e missão dizemos ao rezar a Deus Pai «nosso»?<br />

2791-2793<br />

2801<br />

Dado que rezar o Pai «nosso» é um bem comum de todos os baptizados, estes sentem o<br />

apelo urgente a participar na oração de Jesus pela unidade dos seus discípulos. Rezar o<br />

«Pai Nosso» é rezar com e por todos os homens, para que conheçam o único e<br />

verdadeiro Deus e sejam reunidos na unidade.<br />

586. Que significa a expressão «que estais nos céus»?<br />

2794-2796<br />

2802<br />

Esta expressão bíblica não indica um lugar mas uma maneira de ser: Deus está para lá e<br />

acima de tudo. Designa a majestade, a santidade de Deus, e também a sua presença no<br />

coração dos justos. O céu, ou a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para a qual<br />

tendemos na esperança, enquanto estamos ainda na terra. Nós vivemos já nela<br />

«escondidos com Cristo em Deus» (Col 3, 3).


AS SETE PETIÇÕES<br />

587. Como é composta a oração do Senhor?<br />

2803-2806;<br />

2857<br />

A oração do Senhor contém sete petições a Deus Pai. As primeiras três, mais teologais,<br />

aproximam-nos d’Ele, para a sua glória: pois é próprio do amor pensar antes de mais<br />

n’Aquele que amamos. Elas sugerem o que em especial devemos pedir-Lhe: a<br />

santificação do seu Nome, a vinda do seu Reino, a realização da sua Vontade. As<br />

últimas quatro apresentam ao Pai de misericórdia as nossas misérias e as nossas<br />

expectativas. Pedimos que nos alimente, nos perdoe, nos defenda nas tentações e nos<br />

livre do Maligno.<br />

588. O que quer dizer «santificado seja o Vosso nome»?<br />

2807-2812<br />

2858<br />

Santificar o Nome de Deus é, antes de mais, um louvor que reconhece Deus como<br />

Santo. De facto, Deus revelou o seu santo Nome a Moisés e quis que o seu povo lhe<br />

fosse consagrado como uma nação santa na qual Ele habita.<br />

589. Como é santificado o Nome de Deus em nós e no mundo?<br />

2813-2815<br />

Santificar o Nome de Deus que nos chama «à santificação» (1 Tes 4,7) é desejar que a<br />

consagração baptismal vivifique toda a nossa vida. É pedir, além disso, com a nossa<br />

vida e a nossa oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os<br />

homens.<br />

590. Que pede a Igreja rezando: «Venha a nós o vosso Reino»?<br />

2816-2821<br />

2859<br />

A Igreja pede a vinda final do Reino de Deus mediante o regresso de Cristo na glória.<br />

Mas a Igreja reza, também, para que o Reino de Deus cresça, já hoje, graças à<br />

santificação dos homens no Espírito e graças ao seu empenho ao serviço da justiça e da<br />

paz, segundo as Bem-aventuranças. Este pedido é o grito do Espírito e da Esposa: «Vem<br />

Senhor Jesus» (Ap 22,20).<br />

591. Porque pedir: «Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu»?<br />

2822-2827<br />

2860


A vontade do Pai é que «todos os homens sejam salvos» (1 Tim 2,3). Para isso é que<br />

Jesus veio: para realizar perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus<br />

Pai que una a nossa vontade à do seu Filho, a exemplo de Maria Santíssima e dos<br />

Santos. Pedimos que o seu desígnio de benevolência se realize plenamente na terra<br />

como no céu. É mediante a oração que podemos «discernir a vontade de Deus» (Rm<br />

12,2) e obter a «perseverança para a cumprir» (Heb 10, 36).<br />

592. Que significa o pedido: «O pão nosso de cada dia nos dai hoje»?<br />

2828-2834<br />

2861<br />

Ao pedir a Deus, com o confiante abandono dos filhos, o alimento quotidiano<br />

necessário a todos para a subsistência, reconhecemos o quanto Deus nosso Pai é bom e<br />

está acima de toda a bondade. Pedimos também a graça de saber agir de modo que a<br />

justiça e a partilha façam com que a abundância de uns possa prover às necessidades<br />

dos outros.<br />

593. Qual é o específico sentido cristão deste pedido?<br />

2835-2837<br />

2861<br />

Porque «o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus»<br />

(Mt 4,4), este pedido refere-se igualmente à fome da Palavra de Deus e à do Corpo de<br />

Cristo recebido na Eucaristia, bem como à fome do Espírito Santo. Pedimo-Lo, com<br />

uma confiança absoluta, para hoje, o hoje de Deus, o qual nos é dado sobretudo na<br />

Eucaristia que antecipa o banquete do reino que há-de vir.<br />

594. Porque dizer: «Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a<br />

quem nos tem ofendido»?<br />

2838-2839<br />

2862<br />

Ao pedir a Deus Pai para nos perdoar, reconhecemo-nos pecadores diante d’Ele. E, ao<br />

mesmo tempo, confessamos a sua misericórdia, porque, no seu Filho e através dos<br />

sacramentos, «recebemos a redenção, o perdão dos pecados» (Col 1,14). Porém, o nosso<br />

pedido só será atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam.<br />

595. Como é que é possível o perdão?<br />

2840-2845<br />

2862<br />

A misericórdia penetra no nosso coração só se também nós soubermos perdoar, até aos<br />

nossos inimigos. Ora, mesmo que ao homem pareça impossível satisfazer esta<br />

exigência, o coração que se oferece ao Espírito Santo pode, como Cristo, amar até ao<br />

extremo do amor, mudar a ferida em compaixão, transformar a ofensa em intercessão. O<br />

perdão participa da misericórdia divina e é um vértice da oração cristã.


596. O que significa: «Não nos deixeis cair em tentação»?<br />

2846-2849<br />

2863<br />

Pedimos a Deus Pai que não nos deixe sozinhos e à mercê da tentação. Pedimos ao<br />

Espírito para sabermos discernir entre a provação que ajuda a crescer no bem e a<br />

tentação que conduz ao pecado e à morte, e, ainda, entre ser tentados e consentir na<br />

tentação. Esta petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua oração, venceu a<br />

tentação e solicita a graça da vigilância e da perseverança final.<br />

597. Porque concluímos pedindo: «Mas livra-nos do Mal»?<br />

2850-2854<br />

2864<br />

O Mal indica a pessoa de Satanás que se opõe a Deus e que é «o sedutor de toda a terra»<br />

(Ap 12, 9). A vitória sobre o diabo já foi alcançada por Cristo. Mas nós pedimos para<br />

que a família humana seja libertada de Satanás e das suas obras. Pedimos também o<br />

dom precioso da paz e a graça da esperança perseverante da vinda de Cristo, que nos<br />

libertará definitivamente do Maligno.<br />

598. O que significa o Ámen final?<br />

2855 - 2856<br />

2865<br />

«Depois, acabada a oração, tu dizes: Ámen, corroborando com o Ámen, que significa<br />

“Assim seja, que isso se faça”, tudo o que está contido na «oração que Deus nos<br />

ensinou»(S. Cirilo de Jerusalém).<br />

Sinal da Cruz<br />

Em nome do Pai e do Filho<br />

e do Espírito Santo. Ámen.<br />

Glória ao Pai<br />

Glória ao Pai e ao Filho<br />

e ao Espírito Santo.<br />

APÊNDICE<br />

A) ORAÇÕES COMUNS<br />

B) FÓRMULAS DE DOUTRINA <strong>CATÓLICA</strong><br />

A) ORAÇÕES COMUNS


Como era, no princípio,<br />

agora e sempre.<br />

Ámen.<br />

Avé Maria<br />

Avé Maria, cheia de graça,<br />

o Senhor é convosco,<br />

bendita sois vós entre as mulheres<br />

e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.<br />

Santa Maria, Mãe de Deus,<br />

rogai por nós pecadores,<br />

agora e na hora da nossa morte. Ámen<br />

Ao Anjo da Guarda<br />

Santo Anjo do Senhor,<br />

meu zeloso guardador,<br />

pois que a ti me confiou a Piedade divina,<br />

hoje e sempre<br />

me governa, rege, guarda e ilumina.<br />

Ámen.<br />

Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso<br />

Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso<br />

Entre os esplendores da luz perpétua.<br />

Descansem em paz. Ámen.<br />

Angelus (A Trindades)<br />

V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria<br />

R. E Ela concebeu pelo Espírito Santo<br />

Avé Maria...<br />

V. Eis a escrava do Senhor.<br />

R. Faça-se em mim,<br />

segundo a Vossa palavra.<br />

Avé Maria....<br />

V. E o Verbo Divino encarnou.<br />

R. E habitou entre nós.<br />

Avé Maria.......<br />

V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.<br />

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo


Oremos:<br />

Infundi, Senhor, a vossa graça, em nossas almas,<br />

para que nós, que, pela anunciação do Anjo,<br />

conhecemos a encarnação de Cristo,<br />

vosso Filho,<br />

pela sua paixão e morte na cruz,<br />

sejamos conduzidos à glória da Ressurreição.<br />

Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Ámen.<br />

Rainha do Céu<br />

(no Tempo Pascal)<br />

Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!<br />

Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!<br />

Ressuscitou como disse. Aleluia!<br />

Rogai por nós a Deus. Aleluia!<br />

D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!<br />

C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!<br />

Oremos.<br />

Ó Deus, que enchestes o mundo de alegria<br />

com a ressurreição do Vosso Filho, nosso<br />

Senhor Jesus Cristo,<br />

concedei, nós vo-lo pedimos,<br />

que pela intercessão da Virgem Maria,<br />

Sua Mãe,<br />

alcancemos as alegrias da vida eterna.<br />

Por Cristo, Senhor nosso.<br />

Salvé Rainha<br />

Salvé, Rainha,<br />

mãe de misericórdia,<br />

vida, doçura, esperança nossa, salve!<br />

A Vós bradamos,<br />

os degredados filhos de Eva.<br />

A Vós suspiramos, gemendo e chorando<br />

neste vale de lágrimas.<br />

Eia, pois, advogada nossa,<br />

esses Vossos olhos misericordiosos<br />

a nós volvei.<br />

E, depois deste desterro,<br />

nos mostrai Jesus, bendito fruto<br />

do Vosso ventre.<br />

Ó clemente, ó piedosa,<br />

ó doce Virgem Maria.<br />

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,<br />

para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


Magnificat<br />

A minha alma glorifica ao Senhor<br />

e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.<br />

Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:<br />

de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.<br />

O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:<br />

Santo é o seu nome.<br />

A sua misericórdia se estende de geração em geração<br />

sobre aqueles que O temem.<br />

Manifestou o poder do seu braço<br />

e dispersou os soberbos.<br />

Derrubou os poderosos de seus tronos<br />

e exaltou os humildes.<br />

Aos famintos encheu de bens<br />

e aos ricos despediu de mãos vazias.<br />

Acolheu Israel seu servo,<br />

lembrado da sua misericórdia,<br />

como tinha prometido a nossos pais,<br />

a Abraão e à sua descendência<br />

para sempre.<br />

Glória ao Pai e ao Filho<br />

e ao Espírito Santo.<br />

Como era no princípio, agora e sempre.<br />

Ámen.<br />

Sob a Tua Protecção<br />

À Vossa protecção, recorremos,<br />

Santa Mãe de Deus;<br />

não desprezeis as nossas súplicas<br />

em nossas necessidades;<br />

mas livrai-nos<br />

de todos os perigos,<br />

ó Virgem gloriosa e bendita.<br />

Benedictus<br />

Bendito o Senhor Deus de Israel<br />

que visitou e redimiu o seu povo,<br />

e nos deu um Salvador poderoso<br />

na casa de David, seu servo,<br />

conforme prometeu pela boca<br />

dos seus santos,<br />

os profetas dos tempos antigos,<br />

para nos libertar dos nossos inimigos,<br />

e das mãos daqueles que nos odeiam.<br />

Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,<br />

recordando a sua sagrada aliança,<br />

e o juramento que fizera a Abraão,


nosso pai,<br />

que nos havia de conceder esta graça:<br />

de O servirmos um dia, sem temor,<br />

livres das mãos dos nossos inimigos,<br />

em santidade e justiça, na sua presença,<br />

todos os dias da nossa vida.<br />

E tu, menino, serás chamado profeta<br />

do Altíssimo,<br />

porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,<br />

para dar a conhecer ao seu povo a salvação<br />

pela remissão dos seus pecados,<br />

graças ao coração misericordioso<br />

do nosso Deus,<br />

que das alturas nos visita<br />

como sol nascente,<br />

para iluminar os que jazem nas trevas<br />

e na sombra da morte<br />

e dirigir os nossos passos no caminho da paz.<br />

Glória ao Pai e ao Filho<br />

e ao Espírito Santo.<br />

Como era no princípio,<br />

agora e sempre. Ámen.<br />

Te Deum<br />

Nós Vos louvamos, ó Deus,<br />

nós Vos bendizemos, Senhor.<br />

Toda a terra Vos adora,<br />

Pai eterno e omnipotente.<br />

Os Anjos, os Céus<br />

e todas as Potestades,<br />

os Querubins e os Serafins<br />

Vos aclamam sem cessar:<br />

Santo, Santo, Santo,<br />

Senhor Deus do Universo,<br />

o céu e a terra proclamam a vossa glória.<br />

O coro glorioso dos Apóstolos,<br />

a falange venerável dos Profetas,<br />

o exército resplandecente dos Mártires<br />

cantam os vossos louvores.<br />

A santa Igreja anuncia por toda a terra<br />

a glória do vosso nome:<br />

Deus de infinita majestade,<br />

Pai, Filho e Espírito Santo.<br />

Senhor Jesus Cristo, Rei da glória,<br />

Filho do Eterno Pai,<br />

para salvar o homem, tomastes<br />

a condição humana no seio da Virgem Maria.<br />

Vós despedaçastes as cadeias da morte<br />

e abristes as portas do céu.


Vós estais sentado à direita de Deus,<br />

na glória do Pai,<br />

e de novo haveis de vir para julgar<br />

os vivos e os mortos.<br />

Socorrei os vossos servos, Senhor,<br />

que remistes com vosso Sangue precioso;<br />

e recebei-os na luz da glória,<br />

na assembleia dos vossos Santos.<br />

Salvai o vosso povo, Senhor,<br />

e abençoai a vossa herança;<br />

sede o seu pastor e guia através dos tempos<br />

e conduzi-o às fontes da vida eterna.<br />

Nós Vos bendiremos todos os dias da nossa vida<br />

e louvaremos para sempre o vosso nome.<br />

Dignai-Vos, Senhor, neste dia, livrar-nos do pecado.<br />

Tende piedade de nós,<br />

Senhor, tende piedade de nós.<br />

Desça sobre nós a vossa misericórdia,<br />

Porque em Vós esperamos.<br />

Em Vós espero, meu Deus,<br />

não serei confundido eternamente.<br />

Veni Creator Spiritus<br />

Vem, ó Espírito Santo,<br />

E da tua luz celeste<br />

Soltando raios piedosos<br />

Nossos ânimos reveste.<br />

Pai carinhoso dos pobres.<br />

Distribuidor da riqueza,<br />

Vem, ó luz dos corações,<br />

Amparar a natureza.<br />

Vem, Consolador supremo,<br />

Das almas hóspede amável,<br />

Suavíssimo refrigério<br />

Do mortal insaciável.<br />

És no trabalho descanso,<br />

Refresco na calma ardente;<br />

És no pranto doce alívio<br />

De um ânimo penitente.<br />

Suave origem do bem,<br />

Ó fonte da luz divina,<br />

Enche nossos corações,<br />

Nossas almas ilumina.<br />

Sem o teu celeste influxo,<br />

No mortal nada há perfeito;


A tudo quanto é nocivo<br />

Está o homem sujeito.<br />

Lava o que nele há de impuro,<br />

Quanto há de árido humedece;<br />

Sara-lhe quanto é moléstia,<br />

Quanto na vida padece.<br />

O que há de dureza abranda,<br />

O que há de mais frio aquece;<br />

Endireita o desvairado<br />

Que o caminho desconhece.<br />

Os sete dons com que alentas<br />

Os que humildes te confessam,<br />

Aos teus devotos concede<br />

Sempre fiéis to mereçam.<br />

Por virtudes merecidas,<br />

Dá-lhes fim que leve aos Céus;<br />

Dá-lhes eternas delícias<br />

Que aos bons prometes, meu Deus.<br />

Vem, Espírito Santo<br />

(Sequência de Pentecostes)<br />

Vinde, ó santo Espírito,<br />

vinde Amor ardente,<br />

acendei na terra vossa luz fulgente.<br />

Vinde, Pai dos pobres:<br />

na dor e aflições,<br />

vinde encher de gozo<br />

nossos corações.<br />

Benfeitor supremo<br />

em todo o momento,<br />

habitando em nós<br />

sois o nosso alento.<br />

Descanso na luta<br />

e na paz encanto,<br />

no calor sois brisa,<br />

conforto no pranto.<br />

Luz de santidade,<br />

que no Céu ardeis,<br />

abrasai as almas<br />

dos vossos fiéis,<br />

Sem a vossa força<br />

e favor clemente,<br />

nada há no homem<br />

que seja inocente.<br />

Lavai nossas manchas,


a aridez regai,<br />

sarai os enfermos<br />

e a todos salvai.<br />

Abrandai durezas<br />

para os caminhantes,<br />

animai os tristes,<br />

guiai os errantes.<br />

Vossos sete dons<br />

concedei à alma<br />

do que em Vós confia:<br />

Virtude na vida,<br />

amparo na morte,<br />

no Céu alegria.<br />

Alma de Cristo<br />

Alma de Cristo, santificai-me.<br />

Corpo de Cristo, salvai-me.<br />

Sangue de Cristo, inebriai-me.<br />

Água do lado de Cristo, lavai-me<br />

Paixão de Cristo, confortai-me.<br />

Ó bom Jesus, ouvi-me.<br />

Dentro das Vossas chagas, escondei-me.<br />

Não permitais que eu me separe de Vós.<br />

Do inimigo maligno defendei-me.<br />

Na hora da minha morte, chamai-me.<br />

Mandai-me ir para Vós,<br />

Para que Vos louve com os Vossos Santos<br />

Pelos séculos dos séculos. Ámen.<br />

Lembrai-vos<br />

Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria,<br />

que nunca se ouviu dizer que algum<br />

daqueles que tenha recorrido à Vossa protecção,<br />

implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso socorro,<br />

fosse por Vós desamparado.<br />

Animado eu, pois, de igual confiança,<br />

a Vós, Virgem entre todas singular,<br />

como a Mãe recorro, de Vós me valho,<br />

e, gemendo sob o peso dos meus pecados,<br />

me prostro aos Vossos pés.<br />

Não desprezeis as minhas súplicas,<br />

ó Mãe do Filho de Deus humanado,<br />

mas dignai- Vos de as ouvir propícia<br />

e de me alcançar o que Vos rogo. Ámen.<br />

Rosário


Mistérios Gozosos<br />

(Segundas e Sábados)<br />

A anunciação do Anjo à Virgem Maria.<br />

A visita de Maria a Santa Isabel.<br />

O nascimento de Jesus em Belém.<br />

A apresentação de Jesus no Templo.<br />

A perda e encontro de Jesus no Templo.<br />

Mistérios da Luz<br />

(Quintas Feiras)<br />

O baptismo de Jesus no Jordão.<br />

A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná.<br />

O anúncio do Reino e o convite à conversão.<br />

A transfiguração de Jesus no Tabor.<br />

A instituição da Eucaristia.<br />

Mistérios Dolorosos<br />

(Terças e Sextas)<br />

Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras.<br />

Flagelação de Jesus, preso à coluna.<br />

Coroação de espinhos.<br />

Jesus carrega a cruz a caminho do Calvário.<br />

Jesus é crucificado e morre na cruz.<br />

Mistérios Gloriosos<br />

(Quartas e Domingo )<br />

A ressurreição de Jesus.<br />

A ascensão de Jesus ao céu.<br />

A descida do Espírito Santo.<br />

A assunção da Santíssima Virgem ao céu.<br />

A coroação de Nossa Senhora,<br />

como Rainha do céu e da terra.<br />

Oração no fim do Santo Rosário<br />

D./ Rogai por nós, santa Mãe de Deus.<br />

C./ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.<br />

Oremos:<br />

Ó Deus, que, pela vida, morte e ressurreição do Vosso Filho Unigénito, nos adquiristes<br />

o prémio da salvação eterna: concedei-nos, Vos pedimos, que venerando os mistérios do<br />

santíssimo Rosário da Virgem Maria, imitemos o que eles contêm e alcancemos o que<br />

eles prometem. Por Cristo Senhor nosso. Ámen.


Oração do Incenso<br />

(Tradição Copta)<br />

Ó Rei da paz, concedei-nos a Vossa paz e perdoai os nossos pecados. Afugentai os<br />

inimigos da Igreja e defendei-a, para que não pereça. O Emanuel, nosso Deus, está no<br />

meio de nós na glória do Pai e do Espírito Santo. Ele nos abençoe, purifique o nosso<br />

coração e cure as doenças da alma e do corpo. Nós Vos adoramos, ó Cristo, com o<br />

Vosso Pai misericordioso e o Espírito Santo, porque viestes até junto de nós e nos<br />

salvastes.<br />

Oração de «Adeus ao Altar», antes de deixar a Igreja após a liturgia<br />

(Tradição Siro-Maronita)<br />

Permanece em paz, ó Altar de Deus. A oblação que de ti recebi me sirva para remissão<br />

das ofensas e perdão dos pecados, e me obtenha a graça de comparecer diante do<br />

tribunal de Cristo sem condenação e sem confusão. Não sei se me será concedido voltar<br />

e oferecer sobre ti um outro Sacrifício. Protegei-me, Senhor, e conservai a Vossa Igreja,<br />

como caminho de verdade e salvação. Ámen.<br />

Oração pelos Defuntos<br />

(Tradição bizantina)<br />

Ó Deus dos espíritos e de toda a carne, que vencestes a morte, aniquilastes o diabo e<br />

destes a vida ao mundo; Vós, ó Senhor, concedei à alma do Vosso servo N. defunto o<br />

descanso num lugar luminoso, num lugar verdejante, num lugar de frescura, onde não<br />

há sofrimento, dor e gemidos.<br />

Porque sois um Deus bom e misericordioso, perdoai toda a culpa por ele cometida em<br />

palavras, obras ou pensamentos, uma vez que não há homem que não peque, que só Vós<br />

sois sem pecado, a Vossa justiça é justiça eterna e a Vossa palavra é a verdade.<br />

Vós que sois a ressurreição, a vida e o repouso do Vosso servo N. defunto, ó Cristo<br />

nosso Deus, nós Vos damos glória, em comunhão com o Vosso Pai ingénito e com o<br />

Vosso santíssimo bom e vivificante Espírito, agora e sempre e pelos séculos dos<br />

séculos. Descanse em paz. Ámen.<br />

Acto de Fé<br />

Meu Deus, eu creio tudo o que Vós revelastes e a Santa Igreja nos ensina, porque não<br />

podeis enganar-Vos nem enganar-nos.<br />

E, expressamente, creio em Vós, único e verdadeiro Deus em três pessoas iguais e<br />

distintas: Pai, Filho e Espírito Santo; e creio em Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado,<br />

morto e ressuscitado por nós, e que a cada um dará, segundo as suas obras, o prémio ou<br />

o castigo eterno. Nesta fé quero viver e morrer.<br />

Senhor, aumentai a minha fé. Ámen.<br />

Acto de Esperança


Meu Deus, porque sois omnipotente, infinitamente misericordioso e fidelíssimo às<br />

Vossas promessas, eu espero da Vossa bondade que, em atenção aos méritos de Jesus<br />

Cristo, nosso Salvador, me dareis a vida eterna e as graças necessárias para a alcançar,<br />

como prometestes aos que praticassem as boas obras, que eu me proponho realizar<br />

ajudado com o auxílio da Vossa divina graça. Senhor, minha esperança, na qual quero<br />

viver e morrer: jamais serei confundido. Ámen.<br />

Acto de Caridade<br />

Meu Deus, porque sois infinitamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas,<br />

eu Vos amo de todo o meu coração, a exemplo de Jesus; e, por Vosso amor, amo<br />

também o meu próximo como a mim mesmo. Senhor, fazei que eu Vos ame cada vez<br />

mais. Ámen.<br />

Acto de Contrição<br />

Meu Deus, porque sois infinitamente bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me<br />

de Vos ter ofendido e, com o auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente<br />

emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Peço e espero o perdão das minhas<br />

culpas pela Vossa infinita misericórdia. Ámen.<br />

Signum Crucis<br />

In nómine Patris<br />

et Filii<br />

et Spíritus Sancii. Amen.<br />

Gloria Patri<br />

Glória Patri<br />

et Fílio<br />

et Spirítui Sancto.<br />

Sicut erat in princípio,<br />

et nunc et semper<br />

et in sǽcula sæculórum. Amen.<br />

Ave, Maria<br />

Ave, Maria, grátia plena,<br />

Dóminus tecum.<br />

Benedícta tu in muliéribus,<br />

et benedíctus fructus ventris tui, Iesus.<br />

Sancta María, Mater Dei,<br />

ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostræ.<br />

Amen.


Angele Dei<br />

Ángele Dei,<br />

qui custos es mei,<br />

me, tibi commíssum pietáte supérna,<br />

illúmina, custódi,<br />

rege et gubérna.<br />

Amen.<br />

Requiem Æternam<br />

Réquiem ætérnam dona eis, Dómine,<br />

et lux perpétua lúceat eis.<br />

Requiéscant in pace. Amen.<br />

Angelus Domini<br />

Ángelus Dómini<br />

nuntiávit Mariæ.<br />

Et concépit<br />

de Spíritu Sancto.<br />

Ave, María...<br />

Ecce ancílla Dómini.<br />

Fiat mihi secúndum<br />

verbum tuum.<br />

Ave, María...<br />

Et Verbum caro factum est.<br />

Et habitávit in nobis.<br />

Ave, Maria...<br />

Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.<br />

Ut digni efficiámur<br />

promissiónibus Christi.<br />

Orémus.<br />

Grátiam tuam, quǽsumus,<br />

Dómine, méntibus nostris infunde;<br />

ut qui, Ángelo nuntiánte,<br />

Christi Fílii tui incarnatiónem<br />

cognóvimus,<br />

per passiónem eius et crucem,<br />

ad resurrectiónis glóriam perducámur.<br />

Per eúndem Christum<br />

Dóminum nostrum. Amen.<br />

Glória Patri...<br />

Regina Cæli


Regína cæli lætáre,<br />

allelúia.<br />

Quia quelli merúisti portáre,<br />

allelúia.<br />

Resurréxit, sicut dixit,<br />

allelúia.<br />

Ora pro nobis Deum,<br />

allelúia.<br />

Gaude et lætáre, Virgo María,<br />

allelúia.<br />

Quia surréxit Dominus vere,<br />

allelúia.<br />

Orémus.<br />

Deus, qui per resurrectiónem Filii tui Dómini nostri Iesu Christi mundum lætificáre<br />

dignátus es, præsta, quǽsumus, ut per eius Genetrícem Virginem Maríam perpétuæ<br />

capiámus gáudia vitæ.<br />

Per Christum Dóminum nostrum. Amen.<br />

Salve, Regina<br />

Salve, Regína,<br />

Mater misericórdiæ,<br />

vita, dulcédo et spes nostra, salve.<br />

Ad te clamámus,<br />

éxsules filii Evæ.<br />

Ad te suspirámus geméntes et flentes<br />

in hac lacrimárum valle.<br />

Eia ergo, advocáta nostra,<br />

illos tuos misericórdes óculos<br />

ad nos convérte.<br />

Et Iesum benedíctum fructum<br />

ventris tui,<br />

nobis, posi hoc exsílium, osténde.<br />

O clemens, o pia, o dulcis Virgo María!<br />

Magnificat<br />

Magníficat ánima mea Dóminum,<br />

et exsultávit spíritus meus<br />

in Deo salvatóre meo,<br />

quia respéxit humilitátem<br />

ancíllæ suæ.<br />

Ecce enim ex hoc beátam<br />

me dicent omnes generatiónes,<br />

quia fecit mihi magna,<br />

qui potens est,<br />

et sanctum nomen eius,


et misericórdia eius in progénies<br />

et progénies timéntibus eum.<br />

Fecit poténtiam in bráchio suo,<br />

dispérsit supérbos mente cordis sui;<br />

depósuit poténtes de sede<br />

et exaltávit húmiles.<br />

Esuriéntes implévit bonis<br />

et divites dimisit inanes.<br />

Suscépit Ísrael púerum suum,<br />

recordátus misericórdiæ,<br />

sicut locútus est ad patres nostros,<br />

Àbraham et sémini eius in sǽcula.<br />

Glória Patri et Fílio<br />

et Spirítui Sancto.<br />

Sicut erat in princípio,<br />

et nunc et semper,<br />

et in sǽcula sæculórum.<br />

Amen.<br />

Sub tuum præsidium<br />

Sub tuum præsídium confúgimus,<br />

sancta Dei Génetrix;<br />

nostras deprecatiónes ne despícias<br />

in necessitátibus;<br />

sed a perículis cunctis<br />

líbera nos semper,<br />

Virgo gloriósa et benedícta.<br />

Benedictus<br />

Benedíctus Dóminus, Deus Ísrael,<br />

quia visitávit<br />

et fecit redemptiónem plebi suæ,<br />

et eréxit cornu salútis nobis<br />

in domo David púeri sui,<br />

sieut locútus est per os sanctórum,<br />

qui a sæculo sunt, prophetárum eius,<br />

salútem ex inimícis nostris<br />

et de manu ómnium,<br />

qui odérunt nos;<br />

ad faciéndam misericórdiam<br />

eum pátribus nostris<br />

et memorári testaménti sui sancti,<br />

iusiurándum, quod iurávit<br />

ad Ábraham patrem nostrum,<br />

datúrum se nobis,


ut sine timóre,<br />

de manu inimicórum liberáti,<br />

serviámus illi<br />

in sanetitáte et iustítia coram ipso<br />

omnibus diébus nostris.<br />

Et tu, puer,<br />

prophéta Altíssimi vocáberis:<br />

præíbis enim ante fáciem Dómini<br />

paráre vias eius,<br />

ad dandam sciéntiam salútis<br />

plebi eius<br />

in remissiònem peccatòrum eòrum,<br />

per víscera misericòrdiæ Dei nostri,<br />

in quibus visitábit nos óriens ex alto,<br />

illumináre his, qui in ténebris<br />

et in umbra mortis sedent,<br />

ad dirigéndos pedes nostros<br />

in viam pacis.<br />

Glória Patri et Fílio<br />

et Spirítui Sancto.<br />

Sicut erat in princípio,<br />

et nunc<br />

et semper,<br />

et in sǽcula sæculòrum. Amen.<br />

Te Deum<br />

Te Deum laudámus:<br />

te Dóminum confitémur.<br />

Te ætérnum Patrem,<br />

omnis terra venerátur.<br />

tibi omnes ángeli,<br />

tibi cæli<br />

et univérsæ potestátes:<br />

tibi chérubim et séraphim<br />

incessábili voce proclámant:<br />

Sanctus, Sanctus, Sanctus,<br />

Dòminus Deus Sábaoth.<br />

Pleni sunt cæli et terra<br />

maiestátis glóriæ tuæ.<br />

Te gloriòsus<br />

apostolòrum chorus,<br />

te prophetárum<br />

laudábilis númerus,<br />

te mártyrum candidátus<br />

laudat exércitus.<br />

Te per orbem terrarum<br />

sancta confitétur Ecclésia,<br />

Patrem imménsæ maiestátis;


venerándum tuum verum<br />

et únicum Filium;<br />

Sanctum quoque<br />

Paráclitum Spíritum.<br />

Tu rex glòriæ, Christe.<br />

Tu Patris sempitérnus es Filius.<br />

Tu, ad liberándum susceptúrus<br />

hóminem,<br />

non horrúisti Virginis úterum.<br />

Tu, devícto mortis acúleo,<br />

aperuísti credéntibus regna cælórum.<br />

Tu ad déxteram Dei sedes,<br />

in glória Patris.<br />

Iudex créderis esse ventúrus.<br />

Te ergo quǽsumus,<br />

tuis famulis súbveni,<br />

quos pretiòso sanguine redemísti.<br />

Ætérna fac curo sanctis tuis<br />

in glória numerári.<br />

Salvum fac pópulum tuum, Dómine,<br />

et bénedic hereditáti tuæ.<br />

Et rege eos, et extólle illos<br />

usque in ætérnum.<br />

Per síngulos dies benedícimus te;<br />

et laudámus nomen tuum<br />

in sǽculum, et in sǽculum sǽculi.<br />

Dignáre, Dòmine,<br />

die isto sine peccáto nos custodíre.<br />

Miserére nostri, Dómine, miserére nostri.<br />

Fiat misericórdia tua,<br />

Dómine, super nos,<br />

quemádmodum sperávimus in te.<br />

In te, Dómine, sperávi:<br />

non confúndar in ætérnum.<br />

Veni, Creator Spiritus<br />

Veni, creátor Spíritus,<br />

mentes tuòrum vísita,<br />

imple supérna grátia,<br />

quæ tu creásti péctora.<br />

Qui díceris Paráclitus,<br />

altíssimi donum Dei,<br />

fons vivus, ignis, cáritas,<br />

et spiritális únctio.<br />

Tu septifòrmis múnere,<br />

dígitus patérnæ déxteræ,


tu rite promíssum Patris,<br />

sermóne ditans gúttura.<br />

Accénde lumen sénsibus,<br />

infúnde amórem córdibus,<br />

infírma nostri córporis<br />

virtúte firmans pérpeti.<br />

Hostem repéllas lóngius<br />

pacémque dones prótinus;<br />

ductóre sic te prævio<br />

vitémus omne nóxium.<br />

Per Te sciámus da Patrem<br />

noscámus atque Fílium,<br />

teque utriúsque Spíritum<br />

credámus omni témpore.<br />

Deo Patri sit glória,<br />

et Fílio, qui a mórtuis<br />

surréxit, ac Parác1ito,<br />

in sæculórum sǽcula. Amen.<br />

Veni, Sancte Spiritus<br />

Veni, Sancte Spíritus,<br />

et emítte cǽlitus<br />

lucis tuæ rádium.<br />

Veni, pater páuperum,<br />

veni, dator múnerum,<br />

veni, lumen córdium.<br />

Consolátor óptime,<br />

dulcis hospes ánimæ,<br />

dulce refrigérium.<br />

In labóre réquies,<br />

in æstu tempéries,<br />

in fletu solácium.<br />

O lux beatíssima,<br />

reple cordis íntima<br />

tuórum fidélium.<br />

Sine tuo númine,<br />

nihil est in hómine<br />

nihil est innóxium.


Lava quod est sórdidum,<br />

riga quod est áridum,<br />

sana quod est sáueium.<br />

Flecte quod est rígidum,<br />

fove quod est frígidum,<br />

rege quod est dévium.<br />

Da tuis fidélibus,<br />

in te confidéntibus,<br />

sacrum septenárium.<br />

Da virtútis méritum,<br />

da salútis éxitum,<br />

da perénne gáudium.<br />

Amen.<br />

Anima Christi<br />

Ánima Christi, sanctífica me.<br />

Corpus Christi, salva me.<br />

Sanguis Christi, inébria me,<br />

Aqua láteris Christi, lava me.<br />

Pássio Christi, confórta me,<br />

O bone Iesu, exáudi me.<br />

Intra tua vúlnera abscónde me.<br />

Ne permíttas me separári a te.<br />

Ab hoste malígno defénde me.<br />

In hora mortis meæ voca me.<br />

Et iube me veníre ad te,<br />

ut cum Sanctis tuis laudem te<br />

in sǽcula sæculórum.<br />

Amen.<br />

Memorare<br />

Memoráre, o piíssima Virgo María, non esse auditum a sǽculo, quemquam ad tua<br />

curréntem præsidia, tua implorántem auxilia, tua peténtem suffrágia, esse derelíctum.<br />

Ego tali animátus confidéntia, ad te, Virgo Virginum, Mater, curro, ad te vénio, coram<br />

te gemens peccator assisto. Noli, Mater Verbi, verba mea despícere; sed áudi propitia et<br />

exáudi.<br />

Amen.<br />

Rosarium<br />

Mystéria gaudiosa<br />

(in feria secunda et sabbato)


Annuntiátio.<br />

Visitátio.<br />

Natívitas.<br />

Præsentátio.<br />

Invéntio in Tempio.<br />

(in feria quinta)<br />

Baptísma apud Iordánem.<br />

Autorevelátio apud Cananénse<br />

matrimónium.<br />

Regni Dei proclamátio<br />

coniúcta cum invitaménto<br />

ad conversiónem.<br />

Transfigurátio.<br />

Eucharístiæ Institútio.<br />

Mystéria dolorósa<br />

(in feria tertia et feria sexta)<br />

Agonía in Hortu.<br />

Flagellátio.<br />

Coronátio Spinis.<br />

Baiulátio Crucis.<br />

Crucifíxio et Mors.<br />

Mystéria gloriósa<br />

(in feria quarta et Dorninica)<br />

Resurréctio.<br />

Ascénsio.<br />

Descénsus Spíritus Sancti.<br />

Assúmptio.<br />

Coronátio in Cælo.<br />

Oratio ad finem Rosarii dicenda<br />

Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.<br />

Ut digni efficiámur<br />

promissiónibus Christi.<br />

Orémus.<br />

Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et resurrectiónem suam nobis salútis ætérnæ<br />

prǽmia comparávit, concéde, quǽsumus: ut hæc mystéria sacratíssimo beátæ Maríæ<br />

Virginis Rosário recoléntes, et imitémur quod cóntinent, et quod promíttunt<br />

assequámur. Per Christum Dóminum nostrum. Amen.<br />

Actus fidei<br />

Dómine Deus, firma fide credo et confíteor ómnia et síngula quæ sancta Ecclésia


Cathólica propónit, quia tu, Deus, ea ómnia revelásti, qui es ætérna véritas et sapiéntia<br />

quæ nec fállere nec falli potest.<br />

In hac fíde vívere et mori státuo. Amen.<br />

Actus spei<br />

Dómine Deus, spero per grátiam tuam remissiónem ómnium peccatórum, et post hanc<br />

vitam ætérnam felicitátem me esse consecutúrum: quia tu promisísti, qui es infiníte<br />

potens, fidélis, benígnus, et miséricors.<br />

In hac spe vívere et mori státuo.<br />

Amen.<br />

Actus caritatis<br />

Dómine Deus, amo te super ómnia et próximum meum propter te, quia tu es summum,<br />

infinítum, et perfectíssimum bonum, omni dilectióne dignum. In hac caritáte vívere et<br />

mori státuo. Amen.<br />

Actus contritionis<br />

Deus meus, ex toto corde pǽnitet me ómnium meórum peccatórum, éaque detéstor, quia<br />

peccándo, non solum pœnas a te iuste statútas proméritus sum, sed præsértim quia<br />

offéndi te, summum bonum, ac dignum qui super ómnia diligáris. Ideo fírmiter<br />

propóno, adiuvánte grátia tua, de cétero me non peccatúrum peccandíque occasiónes<br />

próximas fugitúrum. Amen.<br />

Os dois mandamentos de caridade<br />

1. Amarás o Senhor teu Deus,<br />

com todo o teu coração,<br />

com toda a tua alma<br />

e com toda a tua mente.<br />

B) FÓRMULAS DE DOUTRINA <strong>CATÓLICA</strong><br />

2. Amarás ao próximo como a ti mesmo.<br />

A regra de ouro (Mt 7, 12)<br />

Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também.<br />

As Bem-aventuranças (Mt 5, 3-12)


Bem-aventurados os pobres em espírito,<br />

porque deles é o reino dos céus.<br />

Bem-aventurados os que choram,<br />

porque serão consolados.<br />

Bem-aventurados os mansos,<br />

porque possuirão a terra.<br />

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,<br />

porque serão saciados.<br />

Bem-aventurados os misericordiosos,<br />

porque alcançarão misericórdia.<br />

Bem-aventurados os puros de coração,<br />

porque verão a Deus.<br />

Bem-aventurados os pacificadores,<br />

porque serão chamados filhos de Deus.<br />

Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça,<br />

porque deles é o reino dos céus.<br />

Bem-aventurados sereis quando vos insultarem,<br />

vos perseguirem e, mentindo,<br />

disserem toda a espécie de calúnias contra vós.<br />

Alegrai-vos e exultai,<br />

porque será grande a vossa recompensa nos céus.<br />

As três virtudes teologais:<br />

1. Fé<br />

2. Esperança<br />

3. Caridade.<br />

As quatro virtudes cardeais:<br />

1. Prudência<br />

2. Justiça<br />

3. Fortaleza<br />

4. Temperança.<br />

Os sete dons do Espírito Santo:<br />

1. Sabedoria<br />

2. Entendimento<br />

3. Conselho<br />

4. Fortaleza<br />

5. Ciência<br />

6. Piedade<br />

7. Temor de Deus.<br />

Os doze frutos do Espírito Santo:<br />

1. Amor<br />

2. Alegria<br />

3. Paz


4. Paciência<br />

5. Longanimidade<br />

6. Benignidade<br />

7. Bondade<br />

8. Mansidão<br />

9. Fé<br />

10. Modéstia<br />

11. Continência<br />

12. Castidade.<br />

Os cinco preceitos da Igreja:<br />

1. Participar na Missa, aos domingos e festas de guarda e abster-se de trabalhos e<br />

actividades que impeçam a santificação desses dias.<br />

2. Confessar os pecados ao menos uma vez cada ano.<br />

3. Comungar o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa.<br />

4. Guardar a abstinência e jejuar nos dias determinados pela Igreja.<br />

5. Contribuir para as necessidades materiais da Igreja, segundo as possibilidades.<br />

As sete obras de misericórdia corporais:<br />

1. Dar de comer a quem tem fome<br />

2. Dar de beber a quem tem sede<br />

3. Vestir os nus<br />

4. Dar pousada aos peregrinos<br />

5. Visitar os enfermos<br />

6. Visitar os presos<br />

7. Enterrar os mortos.<br />

As sete obras de misericórdia espirituais:<br />

1. Dar bons conselhos<br />

2. Ensinar os ignorantes<br />

3. Corrigir os que erram<br />

4. Consolar os tristes<br />

5. Perdoar as injúrias<br />

6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo<br />

7. Rezar a Deus por vivos e defuntos.<br />

Os sete pecados capitais:<br />

1. Soberba<br />

2. Avareza<br />

3. Luxúria<br />

4. Ira<br />

5. Gula<br />

6. Inveja<br />

7. Preguiça.<br />

Os quatro novíssimos:


1. Morte<br />

2. Juízo<br />

3. Inferno<br />

4. Paraíso.<br />

Ap<br />

Apocalipse de João<br />

Act<br />

Actos dos Apóstolos<br />

Cl<br />

Epístola aos Colossenses<br />

1 Cor<br />

1ª Epístola aos Coríntios<br />

2 Cor<br />

2ª Epístola aos Coríntios<br />

Dt<br />

Livro do Deuteronómio<br />

Ef<br />

Epístola aos Efésios<br />

Ex<br />

Livro do Êxodo<br />

Ez<br />

Profecia de Ezequiel<br />

Fl<br />

Epístola aos Filipenses<br />

Gl<br />

Epístola aos Gálatas<br />

Gn<br />

Livro do Génesis<br />

Heb<br />

Epístola aos Hebreus<br />

Is<br />

Livro de Isaías<br />

Jo<br />

Evangelho segundo S. João<br />

1 Jo<br />

1ª Epístola de S. João<br />

Lc<br />

Evangelho segundo S. Lucas<br />

2 Mac<br />

2º Livro dos Macabeus<br />

Mc<br />

Evangelho segundo S. Marcos<br />

Mt<br />

ABREVIATURAS BÍBLICAS


Evangelho segundo S. Mateus<br />

1 Pe<br />

1ª Epístola de S. Pedro<br />

2 Pe<br />

2ª Epístola de S. Pedro<br />

1 Rs<br />

1º Livro dos Reis<br />

Rm<br />

Epístola aos Romanos<br />

Sl<br />

Livro dos Salmos<br />

Tg<br />

Epístola de S. Tiago<br />

1 Ts<br />

1ª Epístola aos Tessalonicenses<br />

1 Tm<br />

1ª Epístola a Timóteo<br />

2 Tm<br />

2ª Epístola a Timóteo<br />

Tt<br />

Epístola a Tito

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