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EXERCÍCIOS-TAREFA - Colégio OBJETIVO

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EXERCÍCIOS-<strong>TAREFA</strong>❑MÓDULO 1 – Sintaxe (I)1. (FUVEST)CONVERSA NO ÔNIBUSSentaram-se lado a lado um jovem publicitário e um velhinhomuito religioso. O rapaz falava animadamente sobre sua profissão,mas notou que o assunto não despertava o mesmo entusiasmo noparceiro. Justificou-se, quase desafiando, com o velho chavão:— A propaganda é a alma do negócio.— Sem dúvida, respondeu o velhinho. Mas sou daqueles queacham que o sujeito dessa frase devia ser o negócio.a) A palavra alma tem o mesmo sentido para ambas as personagens?Justifique.b) Seguindo a indicação do velhinho, redija a frase na versão que aele pareceu mais coerente.2. (FUVEST) – Leia com atenção as seguintes frases, extraídas dotermo de garantia de um produto para emagrecimento:I. Esta garantia ficará automaticamente cancelada se o produto nãofor corretamente utilizado.II. Não se aceitará a devolução do produto caso ele contenha menosde 60% de seu conteúdo.III. As despesas de transporte ou quaisquer ônus decorrente do enviodo produto para troca corre por conta do usuário.a) Reescreva os trechos sublinhados nas frases I e II, substituindo asconjunções que os iniciam por outras equivalentes e fazendo asalterações necessárias.b) Reescreva a frase III, fazendo as correções neces sárias.3. (FUVEST) – Ao se discutirem as ideias expostas na assembleia,chegou-se à seguinte conclusão: pôr em confronto essas ideias comoutras menos polêmicas seria avaliar melhor o peso dessas ideias, àluz do princípio geral que vem regendo as mesmas ideias.a) Transcreva o texto, substituindo as expressões destacadas porpronomes pessoais que lhes sejam cor respondentes e efetuando asalterações necessárias.b) Reescreva a oração: Ao se discutirem as ideias expostas naassembleia..., introduzindo-a pela conjunção adequada e man ten -do a correlação entre os tempos verbais.4. (FUVEST)Muitos políticos olham com desconfiança os que se articulamcom a mídia.Não compreendem que não se faz política sem a mídia. JacquesEllul, no século passado, afirmava que um fato só se torna políticopela mediação da imprensa. Se 20 índios ianomâmis são assassi na -dos e ninguém ouve falar, o crime não se torna um fato político. Casoapareça na televisão, o que era um mistério da floresta torna-se umproblema mundial.(Adaptado de Fernando Gabeira, Folha de S. Paulo)a) Explique a distinção, explorada no texto, entre dois tipos de fatos:um, relacionado a mistério da floresta; outro, relacionado aproble ma mun dial.b) Reescreva os dois períodos finais do texto, come çando com Se 20índios fossem assassinados... e fazendo as adaptações neces sárias.5. (FUVEST) – Nas frases abaixo, há falta de para lelismo sintático.Reescreva-as, mantendo seu sentido e fazendo apenas as alteraçõesnecessárias para que se estabeleça o paralelismo.a) Funcionários cogitam uma nova greve e isolar o governador.b) Essa reforma agrária, por um lado, fixa o homem no campo, masnão lhe fornece os meios de subsistência e de produzir.❑MÓDULO 2 – Sintaxe (II)1. (UNESP) – As orações subordinadas adjetivas se identificam porse refe rirem, como os adjetivos, a um substantivo ante cedente, inte -gran do-se, deste modo, ao sintagma nominal de que tal substantivoconstitui o núcleo. De posse desta informação,a) indique as duas orações adjetivas que aparecem no período se -guinte do texto de Raimundo Correia e identifique o sintagma no -mi nal a que se inte gram: Canta um poeta, entre nós, um Partenonde Atenas, que nunca viu; outro, os costumes de um Japão, a quenunca foi.b) aponte dois termos de orações desse período que estejam ocultos,isto é, não expressos na superfície da oração, embora implícitosem sua estrutura.Leia o texto seguinte e responda as questões de números 2 e 3.Amanhã que é dia dos mortosVai ao cemitério. VaiE procura entre as sepulturasA sepultura de meu pai.Leva três rosas bem bonitas.Ajoelha e reza uma oração.Não pelo pai, mas pelo filho:O filho tem mais precisão.POEMA DE FINADOSO que resta de mim na vidaÉ a amargura do que sofri.Pois nada quero, nada espero.E em verdade estou morto ali.(Manuel Bandeira, Libertinagem)2. (UNESP) – A partir da construção do poema de Bandeira:Do ponto de vista sintático, identifique e classifique as oraçõespresen tes no período composto compreendido pelos versos 3 e 4 da2. a estrofe do poema.3. (UNESP) – De acordo com o poema, responda:a) Considerando as marcas linguísticas de pessoa lidade, quem é osujeito que enuncia no texto? A quem ele se dirige?b) No poema de Manuel Bandeira, o eu lírico sugere ao interlocutorque faça algo num determinado tempo. Indique a palavra queidentifica esse tempo em que o interlocutor deve fazer o que pedeo eu do poema e uma frase que mostre o que está sendo pedido.– 1PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS BLeia o texto seguinte, escrito em meados da década de 1970 pelomédico Mozart Tavares de Lima Filho, da Escola Paulista de Me di ci -na, e responda às questões de números 4 e 5.Com os medicamentos disponíveis é possível curar praticamentetodos os casos de tuberculose. Entre tanto, a longa duração do trata men -to, a necessidade do emprego de vários medicamentos em associa ção eo seu uso contínuo fazem com que a terapêutica seja pouco prática.As pesquisas atuais vão em dois sentidos: um, a duração, e outro,o emprego intermitente de drogas. Os resultados obtidos até agorasão animadores. (...)A elevação da resistência geral do paciente constituiu até há poucosanos a base do tratamento da tuberculose. Aconselhava-se o repousoabsoluto no leito durante as 24 horas, aliado à superalimen tação.Embora o repouso continue a ser fundamental, a ma neira deencará-lo mudou bastante. Indica-se um repou so relativo, permitindoque o paciente deixe o leito para sua toilette. Além disso, é essencialo repouso psíquico, procurando iniciar a psicoterapia e a reabili -tação do pa ciente desde o início do tratamento. A duração desterepou so dependerá do tipo de lesão e da constituição psicossomáticado pacien te, havendo tendência cada vez maior à sua redução.No que se refere à alimentação, aconselha-se uma dieta balan -ceada, de acordo com as necessidades ener géticas do paciente. Emcaso de anorexia, rara mente há necessidade de medicação especial,pois com o uso da isoniazida verifica-se rápido retorno do apetite. Aantiga superalimentação é condenada.(Atualização terapêutica)4. (UNESP) – Com respeito ao uso de medicamentos, o fragmentosustenta que há mudanças significativas, na forma de tratar a tuber -culose, nos dias atuais. Aponte uma expres são, usada no segundoparágrafo do texto, em que o adjetivo exprime claramente essa modi -ficação, esclare cendo-a convenientemente.5. (UNESP) – No fragmento, há um distanciamento do enunciador,que se traduz pelo emprego constante da voz passiva sin té tica, na qualaparece a palavra se. Com base nessa cons tatação, reescreva o últimoperíodo do texto, passando-o para esse tipo de voz passiva. Expliquepor que razão o recurso de distanciamento é usado nesse texto.❑MÓDULO 3 – Sintaxe (III)(UNESP) – A questão de número 1 se refere à se guinte charge deZiraldo (Ziraldo Alves Pinto, 1932 —):2–(In: ZIRALDO. A Últimado Brasileiro — quatroanos deHistória nas charges doJornal do Brasil.Rio de Janeiro, EditoraCodecri, 1975.)1. Toda charge, segundo os especialistas em comuni cação, tem porobjetivo a crítica humorística ime diata a um fato ou ocorrência domomento atual, em geral de natureza política. A charge de Ziraldo,embora publicada em 1974, no Jornal do Brasil, resistiu ao tempo,pois o problema que focaliza ainda persiste. Com base nesse comen -tário, responda:a) No discurso da primeira personagem da charge, as formas verbaisfecha, vê e consegue, junta mente com o pronome você, exemplificamum uso típico do portu guês coloquial brasileiro. Explique esse uso erees creva o discurso da per sonagem de acordo com a norma culta.b) Levando em consideração a natureza crítica e humo rística dascharges, interprete os elementos visuais que, no interior do balão,representam o que a segunda personagem imaginou.2. (UNICAMP-SP) – Apesar de consideradas erradas, construçõescomo No segundo turno nós conversa, A gente fomos, Subiu os preçosobedecem a regras de concordância sistemáticas, caracterís ticas, prin ci -pal mente, de dialetos de pouco prestígio social. O trecho abaixo, ex traí -do de um editorial de jornal (portanto, representativo da moda li dadeculta), contém uma construção que é de fato um erro de con cordância.Pode-se argumentar, é certo, que eram previsíveis os percalçosque enfrentariam qualquer programa de estabilização (...) necessáriono Brasil. (Folha de S. Paulo, 7/11/90)a) Transcreva o trecho em que ocorre um erro de concordância.b) Lendo atentamente o texto, você descobrirá que existe uma ex pli -cação para esse erro. Qual é?c) Reescreva o trecho de forma a adequá-lo à moda lidade escrita culta.3. (FUVEST) – Responda ao que se pede:Noticiando o lançamento de um dicionário de filmes bra sileiros, umjornal fez o seguinte comentário a propósito do filme Aluga-se moças,de 1981: O título traz um dos maiores erros ortográficos já vistos nocinema bra si leiro. O título correto do longa seria Alugam-se moças.O comentário e a correção feitos pelo jornal são justifi cáveis do pontode vista gramatical? Por quê?Para responder às questões de números 4 a 6, tenha como referênciao texto Romance de uma Caveira.ROMANCE DE UMA CAVEIRA(Alvarenga e Ranchinho)Eram duas caveiras que se amavamE à meia-noite se encontravamPelo cemitério os dois passeavamE juras de amor então trocavam.Sentados os dois em riba da lousa friaA caveira apaixonada assim diziaQue pelo caveiro de amor morriaE ele de amores por ela vivia.(...)Mas um dia chegou de pé juntoUm cadáver, um vudu, um defunto.E a caveira por ele se apaixonouE o caveiro antigo abandonou.O caveiro tomou uma bebedeiraE matou-se de um modo romanescoPor causa dessa ingrata caveiraQue trocou ele por um defunto fresco.


4. (UFSCar) – O texto é uma música da dupla humorístico-sertanejaAlvarenga e Ranchinho, que fez muito sucesso por cerca de quatrodécadas.a) Quanto ao tema, o que garante à música o seu romantismo?b) Há elementos no texto que quebram o espírito do romantismo,tornando a história cômica. Que ele men tos são esses?5. (UFSCar) – Para alcançar certos efeitos expressivos, os autoresservem-se de vários recursos, entre eles, a manipulação da gramática.Com base nessa informação, responda:a) Por uma questão de ritmo ou estilo, os autores da música podemter optado pelo uso do verbo ser no trecho Eram duas caveirasque se amavam. Reescreva esse trecho, substituindo o verbo serpelo verbo haver.b) Como é sabido, a palavra caveira pertence ao gê nero feminino.Todavia, no texto, encontra-se a for ma o caveiro. Qual é a fun çãodesse uso no texto?6. (UFSCar) – O emprego de pronomes, além de garantir a coesãotextual, pois organiza as informações, permite que se entendam asreferências, o que é um auxílio na compreensão do texto.a) Explique a diferença de uso do pronome se em cada um dos versos:Eram duas caveiras que se amavamE matou-se de um modo romanescob) No verso Que trocou ele por um defunto fresco, o referente dopronome é facilmente identificável. Contudo, nota-se que oemprego do pronome foge à norma padrão. Reescreva o versosegundo as convenções da linguagem culta.❑MÓDULO 4 – Sintaxe (IV)1. (FUVEST-SP) – ...Uma forte massa de ar polar veio junto com afrente fria e causou acentuada queda da tem peratura. As lavouras detrigo da Região Sul foram dani fi cadas. Isso, associado ao longoperíodo com regis tro de pouca chuva, deve reduzir o potencialprodutivo da cultura.(Adaptado de O Estado de S. Paulo, Suplemento Agrícola)Reescreva o texto acima, reunindo em um só, composto por subor -dinação, os três períodos que o compõem, mantendo as relaçõeslógicas existentes entre eles e fazendo as adaptações necessárias.Texto para a questão 2.O diretor-geral de um Banco estava preocupado com um jovem ebrilhante diretor que depois de ter traba lha do durante algum tempocom ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se aomeio-dia. Então, o diretor-geral do Banco chamou um detetive e lhedisse:— Siga o diretor Lopes durante uma semana no horário dealmoço.O detetive, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou einformou:— O diretor Lopes sai normalmente ao meio-dia, pega seu carro,vai a sua casa almoçar, faz amor com sua mulher, fuma um dos seusexcelentes cubanos e regressa ao trabalho.Responde o diretor-geral:— Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.Logo em seguida, o detetive pergunta:— Desculpe-me, senhor. Posso tratá-lo por tu?— Sim, claro! Respondeu o diretor, surpreso!— Bom, então vou repetir: o diretor Lopes sai normalmente aomeio-dia, pega teu carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com a tuamulher, fuma um dos teus excelentes cubanos, e regressa ao trabalho.(Piada em circulação na Internet)2. Comente os aspectos do sistema pronominal da língua portuguesaresponsáveis pelo humor da anedota acima.3. (UNICAMP-SP) – Os trechos que se seguem mostram que certasconstruções típicas do Português falado, consideradas incorretas pelasgramáticas normativas da língua, já estão sendo utilizadas na moda -lidade escrita.• “Concentre sua atenção nas matérias que você tem maior dificul -dade...” (FOVEST)• “Uma casa, onde na frente funcionava um bar, foi totalmentedestruída por um incêndio, na madrugada de ontem.” (O Liberal,Be lém)a) Transcreva as marcas típicas da linguagem oral presentes nostrechos acima.b) Reescreva-as de modo a adequá-las às exigências da gramáticanormativa.4. (UNICAMP-SP) – No texto abaixo, ocorre uma forma que éinadequada em contextos formais, especialmente na escrita.Lula e Meneguelli divergem sobre o pacto. Concordam em nego -ciar, mas Lula só aprova um acordo se o governo retirar a medidaprovisória dos salários, suspender os vetos à lei da Previdência erepor perdas salariais.(“Painel”, Folha de S. Paulo, 21/9/ 90)a) Identifique essa forma e reescreva o trecho em que ocorre, demodo a adequá-lo à modalidade escrita.b) Como se poderia explicar a ocorrência de tal forma (e outras se -me lhantes), dado que os falantes não inventam formas linguísticassem alguma motivação?Observe o texto seguinte, um fragmento de Festival de abóborasgeladas.Modo de PreparoNuma panela funda, colocar a água, o adoçante, o suco de laran -ja, o cravo, a canela e o anis-estrelado. Deixar ferver por 15 minutos.Juntar os pedaços de abóbora na calda e cozinhar por 20 minutos.Desligar o fogo e deixar na panela por 12 horas. Depois, colocar emuma compoteira. Levar à geladeira por aproximadamente 1 hora,antes de servir.(Lucília Diniz, Doces Light, texto adaptado)5. (UFSCar) – O texto está redigido no infinitivo, visando a não iden -tificar, individualmente, as pessoas que devem praticar essas ações.a) Redija esse texto, utilizando o imperativo, para o mesmo efeito.b) Redija novamente o texto, utilizando, agora, o pronome se, para omesmo efeito.– 3PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS BTexto e imagem para a questão 6.BR. CONTRIBUINDO PARA O CINEMA BRASILEIRO RODARCADA VEZ MELHOR.A Petrobras Distribuidora sempre investiu na cultura do País eacreditou no potencial do cinema brasileiro. E a Mostra BR deCinema é um exemplo disso. Sucesso de público e crítica, hoje aMostra já está na sua 26. a edição e sua qualidade é reconhecida porcineastas do mundo todo. E você tem um papel muito importante nes -ta história: toda vez que abastecer em um Posto BR estarácontribuindo também para o cinema brasi lei ro rodar cada vez mais.(Adaptado do Catálogo da 26. a Mostra BR de Cinema, out. de 2002)6. (FUVEST) – Considerando os elementos visuais e verbais queconstituem este anúncio, identifique no texto:a) A palavra que estabelece de modo mais eficaz uma relação entrepatrocinado e patrocinador. Justifique sua resposta.b) Duas possíveis leituras da frase: E você tem um pa pel muitoimportante nesta história...❑MÓDULO 5 – Sintaxe (V)Para responder à questão 1, leia os quadrinhos a seguir:1. (UFSCar) – Para que um ato de comunicação obtenha sucesso, émuito importante que haja um conhecimento comum, partilhado entreas pessoas. A graça nos quadrinhos apresentados reside no fato dehaver informações não partilhadas entre as personagens.a) Considerando todas as informações da história, explicite o que apersonagem Susanita quis dizer, com sua frase no quarto qua dri -nho, e o que a personagem Manolito entendeu.b) Percebe-se, no quarto quadrinho, uma oscilação no emprego depessoas gramaticais. Reescreva a frase da personagem, utilizandouma única pessoa gramatical.2. (ITA) – Considere o texto abaixo.VOCÊ SE ENCONTRA DENTRO DE UM PARQUENACIONAL, POR ISSO EVITE:FAZERfogo e fogueiras; barulho, bu zinar esom alto; não saia das tri lhas ou dospontos de visi tação; pichar, escrever,riscar, danificar imó veis, pla cas, pe drase árvores; lavar utensílios e roupas nosrios.(Folheto do Parque Nacional de Itatiaia)a) Identifique a inadequação sintática.b) Rescreva o texto, eliminando tal inadequação. Faça as modi fi -cações necessárias.❑MÓDULO 6 – Sintaxe (VI)Texto para a questão 1.Foi no tempo em que a Bandeirantes recém-inaugurara suasnovas instalações no Morumbi. Não havia transporte público até onosso local de trabalho, e a direção da casa organizou um serviçocom viaturas próprias. (...) Paraná era um dos motoristas. (...)Numa das subidas para o Morumbi “fechou” sem nenhumamaldade um automóvel. O cidadão que o dirigia estava com os filhos,era diretor do São Paulo F.C., e largou o verbo em cima do pobre doParaná. Que respondeu à altura. Logo depois que a perua chegou aoMorumbi, todo mundo de ponto batido, o automóvel para em frenteda porta dos funcionários, e o seu condutor desce bufando: “Ondeestá o motorista dessa perua? (e lá vinha chegando o Paraná). Vocême ofendeu na frente dos meus filhos. Não tem o direito de agir dessaforma, me chamar do nome que me chamou. Vou falar ao João Saad,que é meu amigo!”E o Paraná, já fuzilando, dedo em riste, tonitruou em seu sotaquemais que explícito: “Le” chamei e “le” chamo de novo... veado ...veado ...Não houve reação da parte ofendida.(ARAÚJO, Flávio. O rádio, o futebol e a vida.São Paulo: Editora Senac, 2001. pp. 50-1.)4–(QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 264.)1. (UNICAMP)a) Na sequência: “(...) e largou o verbo em cima do pobre do Paraná.Que respondeu à altura”, se trocarmos o ponto final que aparecedepois de ‘Paraná’ por uma vírgula, ocorrem mudanças na leitura?Justifique.b) Substitua tonitruou por outra palavra ou expressão.


2. (FUVEST) – No início da tarde, ela foi comunicada da demissãopelo assessor do presidente.Embora já frequente, a construção passiva que se observa na frasedada contraria a norma gramatical culta. Sabendo que tal norma regis -tra para o verbo, na voz ativa, apenas a construção comunicar algumacoisa a alguém,a) redija novamente a frase, dando-lhe a forma da voz ativa, de acor -do com a referida norma;b) passe para a voz passiva a frase obtida.3. (UNICAMP-SP)Matte a vontade. Matte Leão.Este enunciado faz parte de uma propaganda afixada em lugares nosquais se vende o chá Matte Leão. Observe as construções abaixo,feitas a partir do enunciado em questão:Matte à vontade.Mate a vontade.Mate à vontade.a) Complete cada uma das construções acima com palavras ou ex -pres sões que explicitem as leituras possíveis relacionadas à pro -paganda.b) Retome a propaganda e explique o seu funcionamento, explici -tando as relações morfológicas, sintáticas e semânticas envol -vidas.❑MÓDULO 7 – Literatura e Análisede Textos Literários (I)Texto para as questões de 1 a 4.Fid.A estoutra barca me vou.Hou da barca! Para onde is?Ah, barqueiros! Não me ouvis?Respondei-me! Houlá! Hou!...(Par Deos, aviado estou!Quant’a isto é já pior...Que giricocins, salvanor!Cuidam que sou eu grou?) 1estou arranjado!quanto ao silêncio do Anjoburros – com o devido respeitoAnj. Que quereis?Fid. Que me digais,pois parti tão sem aviso,se a barca do Paraísoé esta em que navegais.Anj. Esta é; que demandais? buscaisFid. Que me leixeis embarcar.Sou fidalgo de solar,casa nobre (família importante)é bem que me recolhais.Anj.Fid.Não se embarca tiranianeste batel divinal.Não sei por que haveis por malque entre a minha senhoria...Anj. Pera vossa fantesia presunção, vaidademui estreita é esta barca.Fid. Pera senhor de tal marcanão há aqui mais cortesia?Anj.Fid.Dia.Venha a prancha e atavio!Levai-me desta ribeira!Não vindes vós de maneirapera ir neste navio.Essoutro vai mais vazio:a cadeira entraráe o rabo caberáe todo vosso senhorio.Vós ireis mais espaçoso,com fumosa senhoria,cuidando na tiraniado pobre povo queixoso;e porque, de generoso,desprezastes os pequenos,achar-vos-eis tanto menosquanto mais fostes fumoso.(...)Ao Inferno, todavia!Inferno há i pera mi?Ó triste! Enquanto vivinão cuidei que o i havia:Tive que era fantesia;folgava ser adorado;confiei em meu estadoe não vi que me perdia.aparelhagema longa cauda da capaarroganteplanejando a opressãopor serdes de família nobreexiste aípenseigostava desituação socialVenha essa prancha! Veremosesta barca de tristura.Embarque a vossa doçura,que cá nos entenderemos...(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno)1 – O Fidalgo inquieta-se, porque ninguém responde, e pergunta se o tomampor grou (uma ave); hoje nós diríamos, em vez de grou, papagaio.1. Segundo se depreende do que diz ao Anjo, o Fidalgo tinha-se pre -pa rado para morrer, como, em princípio, deveria fazer todo bom cris -tão? Justifique sua resposta.2. O Anjo recusa a entrada do Fidalgo na Barca do Paraíso. Que argu -mento é apresentado pelo Anjo?3. Aponte alguns comportamentos do Fidalgo que justifiquem a res -trição feita pelo Anjo.4. (FGV-SP) – Na obra de onde se extraiu esse excerto, o autor faza) crítica restrita a um fidalgo que queria embarcar num batel.b) crítica indireta ao comportamento do povo português mais sim ples.c) crítica direta à classe média portuguesa.d) crítica ironizada à crença nos destinos da alma, após a morte.e) sátira social: por meio do cômico, critica setores da sociedade.– 5PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS B❑MÓDULO 8 – Literatura e Análisede Textos Literários (II)Texto para os testes 1 e 2.Meu ser evaporei na lida insanaDo tropel de paixões que me arrastava;Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava,Em mim quase imortal a essência humana.Observação – lida: esforço, trabalho.(Manuel Maria Barbosa du Bocage)1. (MACKENZIE-SP-2011) – Nesta estrofe, o eu líricoa) critica o fato de na mocidade os homens se entregarem a uma vidade luxúria, vícios, crimes e amores efêmeros.b) expressa sua mágoa com relação à vida passada, por ele caracte -rizada como de dissipação e marcadamente passional.c) censura a atitude ingênua dos poetas que, quando jovens, se dei -xam seduzir cegamente pela poesia sentimental.d) valoriza exageradamente as paixões humanas, considerando-ascomo as únicas experiências que realmente dão sentido à vida.e) reconhece o caráter imortal do espírito humano, predestinado aoamor incondicional e inevitável.2. (MACKENZIE-SP-2011) – Considerado o contexto de produ -ção, os aspectos estilísticos presentes na estrofea) apontam para um padrão fundamentalmente árcade, o que con -firma a adesão do poeta a princípios estéticos neoclássicos.b) diferem do cânone clássico, na medida em que a linguagemexpres sionista e o uso de versos livres e brancos já prenunciamum novo estilo.c) revelam inovações estéticas, como, por exemplo, a presença delinguagem confessional, com marcas da função emotiva.d) provam que a poesia do autor é caracteristicamente barroca, comevidências do estilo conceptista e cultista.e) assinalam um estilo de transição que caracteriza a poesia deBocage, oscilando entre o padrão clássico e o padrão neoclássico.Texto para as questões de 3 a 5.6–Já Bocage não sou!... À cova escuraMeu estro vai parar desfeito em vento...Eu aos Céus ultrajei! O meu tormentoLeve me torne sempre a terra dura.Conheço agora já quão vã figuraEm prosa e verso fez meu louco intento.Musa! Tivera algum merecimento,Se um raio da razão seguisse pura 1 !Eu me arrependo; a língua quase friaBrade em alto pregão à mocidade,Que atrás do som fantástico corria:gênio criadorofendi gravementeprojeto, objetivogrite – divulgação,[geralmente aos gritosOutro Aretino 2 fui!... A santidadeManchei! Oh, se me creste, gente impia 3 ,Rasga meus versos, crê na eternidade!(Bocage)1 – Ordem direta: Se seguisse um raio da pura razão. Em outras palavras:minha obra poderia ter algum mérito, se eu não tivesse sido tão desvairado,tão irracional.2 – Pietro Aretino foi um poeta italiano do século XVI, célebre por suas obraslibertinas e obscenas.3–Impia aqui é o mesmo que ímpia, com acento na primeira sílaba. Significa“não pia”, “sem fé”, “herege”.3. Quais os motivos do arrependimento expresso por Bocage nopoema?4. O eu poemático utiliza algumas expressões ligadas à ideia demorte, exceto ema) “cova escura”. b) “desfeito em vento”.c) “terra dura”. d) “vã figura”.e) “língua quase fria”.5. “(...) O meu tormento / leve me torne sempre a terra dura.” –Explique esse trecho.❑MÓDULO 9 – Literatura e Análisede Textos Literários (III)1. (FUVEST-SP – adaptada)O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra dapátria. Havia aí a predestinação de uma raça?(José de Alencar, Iracema)a) Quem é o “primeiro cearense” a que o trecho faz alusão?b) A que se refere o narrador, no interior da obra, ao lançar apergunta final?Texto para os testes de 2 a 4.123456789101112131415161718Os encantos da gentil cantora eram ainda realçados pelasingeleza, e diremos quase pobreza do modesto trajar. Um ves -tido de chita ordinária azul-clara desenhava-lhe perfei tamentecom encantadora simplicidade o porte esbelto e a cintura de li ca -da, e, desdobrando-se-lhe em roda em amplas ondulações, pare -cia uma nuvem, do seio da qual se erguia a cantora como Vênusnascendo da espuma do mar, ou como um anjo surgindo dentrebrumas vaporosas. (...)Entretanto, abre-se sutilmente a cortina de cassa de uma dasportas interiores, e uma nova personagem penetra no salão. Eratambém uma formosa dama ainda no viço da mocidade, bonita,bem feita e elegante. (...) Mas, com todo esse luxo e donaire 1 degrande senhora, nem por isso sua beleza deixava de ficar algumtanto eclipsada em presença das formas puras e corretas, danobre singeleza (...) da cantora. Todavia Malvina era linda,encantadora mesmo, e, posto que vaidosa de sua formosura ealta posição, transluzia-lhe nos grandes e meigos olhos azuistoda a nativa bondade de seu coração.(Bernardo Guimarães, A Escrava Isaura)1 – Donaire: graça no manejo do corpo, no andar; distinção.


2. (MACKENZIE-SP) – Assinale a alternativa correta acerca dotexto.a) Com pleno domínio da situação narrada, o narrador oniscientedesvenda até mesmo o pensamento das personagens — “a nativabondade de seu coração” (linha 18) — para revelar suas virtudes.b) No trecho “e diremos quase pobreza do modesto trajar” (linha 2),o uso de diremos relativiza o juízo de valor expresso pelo narradorde primeira pessoa.c) Pelos detalhes descritivos e julgamentos explícitos acerca dasmulheres aristocráticas — “luxo e donaire de grande senhora”,por exemplo (linhas 12 e 13) —, o narrador-personagem deixaevidente que participou efetivamente da situação narrada.d) O narrador onisciente apresenta personagens femininas de umponto de vista crítico, acentuando-lhes o contraste — “nem porisso sua beleza deixava de ficar algum tanto eclipsada” (linhas 13e 14) —, a fim de provar sua tese: a mulher do campo é mais belaque a da cidade.e) Valendo-se de um ponto de vista irônico — “posto que vaidosa desua formosura e alta posição” (linhas 16 e 17) —, o narradorobservador desqualifica a formosa dama requintada, que fre -quentava os salões da alta sociedade carioca.3. (MACKENZIE-SP – modificado) – Assinale a alternativa queapresenta expressão equivalente, quanto ao sentido, à indicada.a) “modesto trajar” (linha 2) = modo anacrônico de se vestir.b) “porte esbelto” (linha 4) = atitude orgulhosa.c) “ainda no viço da mocidade” (linha 11) = na iminência da ma tu -ridade.d) “algum tanto eclipsada” (linhas 13 e 14) = um pouco ofuscada.e) “a nativa bondade” (linha 18) = a bondade típica do indígenabrasileiro.4. (MACKENZIE-SP) – Assinale a alternativa que apresenta signi -ficativo traço do estilo romântico comprovado com passagem dotexto.a) A contenção emotiva, que caracteriza a descrição panorâmica,aliada ao uso de clichê da tradição mitológica: — “Vênus nas cen -do da espuma do mar” (linhas 6 e 7).b) A associação de características da figura feminina a imagensfluidas e voláteis — “nuvem”, “espuma do mar”, “brumas vapo -ro sas” (linhas 6, 7 e 8) —, criando atmosfera de envolventedevaneio.c) O contraste que se estabelece entre “matéria” e “espírito”: aidealização do esplendor físico da mulher aristocrática, emoposição à frivolidade de seu caráter — “vaidosa de suaformosura e alta posição” (linhas 16 e 17).d) A opção pela prosa descritiva, que permite as divagações ego -cêntricas — “em amplas ondulações, parecia uma nuvem” (linhas5 e 6) —, em detrimento do registro de aspectos do mundo social.e) A descrição pormenorizada e crítica de um universo feminino,caracterizado por personagens que se deixam dominar pelosinstintos e valores materialistas da sociedade burguesa: osrequintes da beleza física, por exemplo — “formosa dama (...),bonita, bem feita e elegante” (linhas 11 e 12).❑MÓDULO 10 – Literatura e Análisede Textos Literários (IV)Texto para as questões de 1 a 5.NAMORO A CAVALOEu moro em Catumbi. Mas a desgraçaQue rege minha vida malfadadaPôs lá no fim da rua do CateteA minha Dulcineia 1 namorada.Alugo (três mil-réis) por uma tardeUm cavalo de trote (que esparrela!)Só para erguer meus olhos suspirandoÀ minha namorada na janela...Todo o meu ordenado vai-se em floresE em lindas folhas de papel bordadoOnde eu escrevo trêmulo, amoroso,Algum verso bonito... mas furtado.Morro pela menina, junto delaNem ouso suspirar de acanhamento...Se ela quisesse eu acabava a históriaComo toda a comédia — em casamento.Ontem tinha chovido... Que desgraça!Eu ia a trote inglês ardendo em chama,Mas lá vai senão quando uma carroçaMinhas roupas tafuis encheu de lama...Eu não desanimei. Se Dom QuixoteNo Rocinante 2 erguendo a larga espadaNunca voltou de medo, eu, mais valente,Fui mesmo sujo ver a namorada...Mas eis que, ao passar pelo sobradoOnde habita nas lojas minha bela,Por ver-me tão lodoso ela, irritada,Bateu-me sobre as ventas a janela...O cavalo, ignorante de namoros,Entre dentes tomou a bofetada,Arrepia-se, pula, e dá-me um tomboCom pernas para o ar, sobre a calçada...Dei ao diabo os namoros. EscovadoMeu chapéu que sofrera no pagodeDei de pernas corrido e cabisbaixoE berrando de raiva como um bode.Circunstância agravante: a calça inglesaRasgou-se no cair, de meio a meio,O sangue pelas ventas me corriaEm paga do amoroso devaneio!...logro, enganoelegantes, janotasno andar térreonarizzombaria, caçoada,[cena engraçada(Álvares de Azevedo)1 – Dulcineia: a amada idealizada de D. Quixote, no livro Dom Quixote de laMancha, de Miguel de Cervantes.2 – Rocinante: cavalo de D. Quixote.– 7PORTUGUÊS B


Uma hora trovejou-lhe à boca, em sanguínea eloquên cia 9 , o gê -nio do anúncio. Miramo-lo na inteira expansão oral, como, por oca -sião das festas, na plenitude da sua viva ci dade prática. Contem -plávamos (eu com aterrado 10 espanto) distendido 11 em grandezaépica — o homem-sanduíche da educação nacio nal, lardeado 12 entredois monstruosos cartazes. Às costas, o seu passado incalculável detrabalhos; sobre o ventre, para a frente, o seu futuro: a réclame 13 dosimortais projetos.(Raul Pompeia, O Ateneu, cap. I)1 – Tribuno: orador que defende os direitos do povo.2 – Meeting (inglês): reunião para dis cu tir questões políticas e sociais; co -mício.3 – Clamar: gritar.4 – Opu len to: rico.5 – Fatura: nota fiscal, lista de merca dorias.6 – Benemerência: qualidade do que é benemérito, ou seja, digno de aplau so.7 – Supressão: eliminação.8 – Perspicaz: esperto, sagaz.9 – Eloquência: capacidade de falar bem.10 – Aterrado: aterrorizado, espantado.11 – Distendido: espichado, inchado.12 – Lardear: embutir (recheio numa carne).13 – Réclame (francês; pronúncia: reclám): anúncio, propaganda.3. Quais expressões do texto sugerem a personalidade megaloma nía -ca e o estilo exaltado de Aristarco? (Megalo ma nia: super va lorizaçãodoentia de si.)4. Quais expressões sugerem liberalismo da parte do diretor?5. O que ocorre no presente: autoritarismo ou liberalismo? E o que éprometido para o futuro: autoritarismo ou libe ra lismo? O que issoevidencia do caráter das propostas pedagógicas do diretor?❑MÓDULO 13 – Literatura e Análisede Textos Literários (VII)1. (FUVEST-SP – adaptada) – Leia o trecho de O Primo Basílio,de Eça de Queirós, e responda ao que se pede.Havia cinco anos que D. Felicidade o amava. (...) Acácio torna -ra-se a sua mania: admirava a sua figura e a sua gravidade, arrega -lava grandes olhos para a sua eloquência, achava-o numa “lindaposição”. O Conselheiro era a sua ambição e o seu vício! Havia so -bre tudo nele uma beleza, cuja contemplação demorada a estonteavacomo um vinho forte; era a calva. Sempre tivera o gosto perverso decertas mulheres pela calva dos homens, e aquele apetite insatisfeitoinflamara-se com a idade. Quando se punha a olhar para a calva doConselheiro, larga, redonda, polida, brilhante às luzes, uma trans pi -ração ansiosa umedecia-lhe as costas, os olhos dardejavam-lhe, tinhauma vontade absurda, ávida de lhe deitar as mãos, palpá-la, sentirlheas formas, amassá-la, penetrar-se dela! Mas disfarçava, punha-sea falar alto com um sorriso parvo, abanava-se convulsi vamente, e osuor gotejava-lhe nas roscas anafadas 1 do pescoço. Ia para casarezar estações, impunha-se penitências de muitas coroas à Virgem;mas apenas as orações findavam, começava o temperamento alatejar. E a boa, a pobre D. Felicidade tinha agora pesadelos lascivose as melancolias do histerismo velho.(Eça de Queirós, O Primo Basílio)1 – Anafadas: gordas.a) Por que se pode dizer que o texto transcrito é realista?b) Considere a seguinte afirmação: “Em Eça de Queirós, a sátira e acaricatura tornam-se, com frequência, cruéis e sombrias, por issomesmo incompatíveis com o riso e o humor.” Essa afirmação seaplica ao trecho transcrito? Justifique sucintamente sua resposta.Texto para a questão 2.No entanto Jacinto, desesperado com tantos desastres humi lha do -res — as torneiras que dessoldavam, os eleva do res que emperravam,o vapor que se encolhia, a eletri cidade que se sumia —, decidiu valo -ro samente vencer as resis tên cias finais da matéria e da força pornovas e mais poderosas acumulações de mecanismos. E nessas se -manas de abril 1 , enquanto as rosas desabrochavam, a nossa agitadacasa, entre aquelas quietas casas dos Campos Elísios, que pregui -çavam ao sol, incessantemente tremeu, envolta num pó de caliça 2 e deempreitada, com o bruto picar de pedra, o reti ninte 3 martelar deferro. Nos silenciosos corredores, onde me era doce fumar antes doalmoço um pensativo cigarro, circulavam agora, desde madrugada,os ranchos 4 de operá rios, de blusas brancas, assobiando o Petit-Bleu 5 , e intimi dando meus passos quando eu atravessava em fralda 6e chinelas para o banho ou para outros retiros...(Eça de Queirós, A Cidade e as Serras)1 – No mês de abril é primavera na Europa.2 – Pó de caliça: argamassa res sequida.3 – Retininte: ruidoso.4 – Rancho: grupo (de pessoas).5 – Petit-Bleu (francês; pronúncia aproximada: peti blö – ö = som e com lá -bios arredondados de o): canção popular francesa.6 – Em fralda: vestido somente de camisa comprida.2. Todo o romance A Cidade e as Serras obedece a um esquema emque se opõem civilização (“a cidade”), artificial, inútil e até nociva aohomem saudável, e natureza (“as ser ras”), sempre benéfica e revi go -ran te. Mesmo fora do con tras te cidade-campo, pode-se notar no livroa contraposição do natu ral com o artificial, da natureza com a civi li za -ção (ou cultura, em sentido amplo). No texto transcrito, en contra-seum trecho em que se observa tal contraposição. Aponte-o.Texto para as questões 3 e 4.A campainha embaixo, então, retiniu fortemente.— Há de ser a pequena — disse a São-Joaneira. — Abre, Ruça!A porta bateu, sentiram-se vozes, risinhos.— És tu, Amélia?Uma voz disse adeusinho 1 ! Adeusinho! E apareceu, subindoquase a correr, com os vestidos um pouco apanhados adiante, umabela rapariga, forte, alta, bem feita, com uma manta branca pelacabeça e na mão um ramo de alecrim.— Sobe, filha. Aqui está o senhor pároco. Chegou agora ànoitinha, sobe!Amélia tinha parado um pouco embaraçada, olhando para osdegraus de cima, onde o pároco ficara, encos tado ao corrimão.Respirava fortemente de ter corrido; vinha corada; os seus olhosvivos e negros luziam; e saía dela uma sensação de frescura e deprados atravessados.O pároco desceu, cingido ao corrimão, para a deixar passar,mur murando boas noites, com a cabeça baixa. O cônego 2 , que desciaatrás, pesadamente, tomou o meio da escada, diante de Amélia:– 9PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS B— Então isto são horas, sua brejeira 3 ?Ela teve um risinho, encolheu-se.— Ora vá-se encomendar a Deus, vá! — disse batendo-lhe norosto devagarinho com sua mão grossa e cabeluda. Ela subiu acorrer, enquanto o cônego, depois de ir buscar o guarda-sol à saleta,saía, dizendo à criada, que erguia o candeeiro 4 sobre a escada:— Está bem, eu vejo, não apanhes frio, rapariga. Então às oito,Amaro! Esteja a pé! Vai-te, rapariga, adeus! Reza à Senhora daPiedade que te segue essa catarreira.O pároco fechou a porta do quarto. A roupa da cama entreaberta,alva, tinha um bom cheiro de linho lavado. Por cima da cabeceirapendia a gravura antiga de um Cristo crucificado. Amaro abriu oBreviário, ajoelhou aos pés da cama, persignou-se 5 ; mas estavafatigado, vinham-lhe gran des bocejos; e então por cima, sobre o teto,através das orações rituais que maquinalmente ia lendo, come çou asentir o tique-taque das botinhas de Amélia e o ruído das saiasengomadas que ela sacudia ao despir-se.(Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro)1 – Adeusinho: de adeus; expressão usada em Portugal também como sau -dação inicial.2 – Cônego: padre que goza de benefício eclesiástico ou trabalha em setoradmi nistrativo da Igreja.3 – Brejeira: levada, travessa.4 – Candeeiro: lampião.5 – Persignar-se: benzer-se, fazendo o sinal da cruz.3. Na obra O Crime do Padre Amaro, narra-se a história de Amaro,sacerdote sem vocação, e Amélia, moça educada no ambiente pro vin -cia no de Leiria, repleto de hipocrisia moral, religiosidade supersti -ciosa e corrupção clerical. Que passagem do texto demonstra:a) a falta de vocação de Amaro?b) o ambiente de hipocrisia moral e religiosidade supersticiosa emque Amélia está inserida?4. Como Amélia é caracterizada pelo narrador?❑10 –MÓDULOS 14 e 15 – Literatura e Análisede Textos Literários(VIII e IX)Sobre a obra Dom Casmurro, responda ao que se pede:1. (FUVEST-SP – adaptada) – Defina a condição social da perso -nagem José Dias, situando-a no meio em que vive.2. (FUVEST-SP – adaptada) – Indique duas carac te rísticas da mes mapersonagem que se devam a essa sua condição social, explicando-assucintamente.Texto para a questão 3.AS LEIS SÃO BELAS(...) Por que não há de ir estudar leis fora daqui? Melhor é ir logopara alguma universidade, e, ao mesmo tempo que estuda, viaja.Podemos ir juntos; veremos as terras estran gei ras, ouviremos inglês,francês, italiano, espanhol, russo e até sueco. Dona Glória provavel -mente não poderá acompanhá-lo; ainda que possa e vá, não quereráguiar os negócios, papéis, matrículas, e cuidar de hospedarias, eandar com você de um lado para outro... Oh! as leis são belíssimas!— Está dito, pede a mamãe que me não meta no seminário?— Pedir, peço, mas pedir não é alcançar. Anjo do meu coração,se vontade de servir é poder de mandar, estamos aqui, estamos abordo! Ah! você não imagina o que é a Europa! Oh! a Europa...Levantou a perna e fez uma pirueta.(Machado de Assis, Dom Casmurro, cap. XXVI)3. Por que José Dias acata o pedido de Bentinho para convencerD. Glória a desistir do seminário? Sua atitude exem plifica o com por -ta mento cordial interesseiro?Texto para a questão 4.AO PORTÃONo portão do Passeio, um mendigo estendeu-nos a mão. JoséDias passou adiante, mas eu pensei em Capitu e no semi nário, tireidous vinténs do bolso e dei-os ao mendigo. Este beijou a moeda; eupedi-lhe que rogasse a Deus por mim, a fim de que eu pudesse satis -fazer todos os meus desejos.— Sim, meu devoto!— Chamo-me Bento — acrescentei para esclarecê-lo.(Machado de Assis, Dom Casmurro, cap. XXVII)4. Machado de Assis enfoca a religiosidade informal do brasileiro,que suprime distâncias, ao apresentar traços de estreita familia ridadecom o divino: o apadrinhamento, o jeitinho, o acordo, a barganha, apromessa... D. Glória, por exemplo, fez a promessa de que seu filhoseria padre, caso ele sobrevivesse. A partir do texto, analise ocomportamento religioso de Bentinho.Texto para as questões de 5 a 7.UMA ÉGUAFicando só, refleti algum tempo, e tive uma fantasia. Já conheceisas minhas fantasias. Contei-vos a da visita imperial; disse-vos a destacasa do Engenho Novo, repro duzindo a de Matacavalos... A imagi na -ção foi a compa nhei ra de toda a minha existência, viva, rápida, in -quie ta, algu ma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas capazde engolir campanhas e campanhas, correndo. Creio haver lido emTácito 1 que as éguas iberas concebiam pelo vento; se não foi nele, foinoutro autor antigo, que entendeu guardar essa crendice nos seus li -vros. Neste particular, a minha imaginação era uma grande égua ibe -ra; a menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Ale xan -dre 2 ; mas deixemos metáforas atrevidas e impró prias dos meus quin -ze anos. Digamos o caso simples mente. A fantasia daquela hora foiconfessar a minha mãe os meus amores para lhe dizer que não tinhavocação eclesiástica. A conversa sobre vocação tornava-me agoratoda inteira, e, ao passo que me assusta va, abria-me uma porta desaída. “Sim, é isto”, pensei; “vou dizer a mamãe que não tenho voca -ção, e confesso o nosso namoro; se ela duvidar, conto-lhe o que sepassou outro dia, o penteado e o resto...”(Machado de Assis, Dom Casmurro, cap. XL)1 – Historiador romano (55-120 d. C.).2 – Alexandre, o Grande (356-323 a. C.), rei da Macedônia.5. Analise as seguintes afirmações.I. A fértil imaginação de Bentinho assemelha-se, meta fo ricamente,às éguas iberas: ao simples sopro de uma brisa, eram capazes deconceber um potro que logo se transformava em cavalo fogoso.


II. Há intertextualidade no trecho: o narrador refere-se à obra de outrosautores, na elaboração de seu próprio texto literário (“Creio haverlido em Tácito (...) se não foi nele, foi noutro autor an ti go...”).III. O narrador dirige-se diretamente aos leitores, por meio da se gun -da pessoa do plural, e menciona fatos já narrados em outra pas -sagem.IV. O trecho “A fantasia daquela hora...” alude ao deva neio que onarrador teve com as éguas iberas.Está correto o que se afirma em:a) II e III, apenas. b) I, II e III. c) II, III e IV.d) I, II e IV. e) III e IV, apenas.6. “...mas deixemos metáforas atrevidas e impróprias dos meusquinze anos.” – Considere Dom Casmurro em sua totali dade e res -ponda por que o narrador, no momento da narrativa, julga inadequadoseu discurso para um menino de quinze anos.7. O texto é uma confissão de Bentinho a respeito de sua gigantescacapacidade de imaginar. De que modo essa infor mação pode reforçar adúvida ou a ambiguidade que permeia a narrativa de Dom Casmurro?❑MÓDULO 16 – Literatura e Análisede Textos Literários (X)Texto para as questões de 1 a 4.Jerônimo alheou-se 1 de sua guitarra e ficou com as mãos esque -cidas sobre as cordas, todo atento para aquela música estranha, quevinha dentro dele continuar uma revolução começada desde aprimeira vez em que lhe bateu em cheio no rosto, como uma bofetadade desafio, a luz deste sol orgulhoso e selvagem, e lhe cantou noouvido o estribi lho 2 da primeira cigarra, e lhe acidulou 3 a gargantao suco da pri meira fruta provada nestas terras de brasa, e lheentonteceu a alma o aroma do primeiro bogari 4 , e lhe transtornou osangue o cheiro animal da primeira mulher, da primeira mestiça, quejunto dele sacudiu as saias e os cabelos.— Que tens tu, Jeromo?... perguntou-lhe a companheira, estra -nhando-o.— Espera, respondeu ele, em voz baixa: deixa ouvir!(...)Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e seguido porPiedade, aproximou-se da grande roda que se formara. (...)E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgirde ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se 5 nesse mo -men to, envolvendo-a na sua coma 6 de prata, a cujo refulgir os me -neios 7 da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graçairresis tível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso,com muito de serpente e muito de mulher.(...)Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impres -sões que ele [Jerônimo] recebeu chegando aqui: ela era a luz ardentedo meio-dia; (...) era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti 8mais doce que o mel e era a castanha de caju, que abre feridas como seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagartaviscosa 9 , a muriçoca 10 doida, que esvoaçava havia muito tempo emtorno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe asfibras embambecidas 11 pela saudade da terra, picando-lhe as arté -rias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amorsetentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer,uma larva daquela nuvem de cantáridas 12 que zumbiam em torno daRita Baiana e espalhavam-se pelo ar (...).(Aluísio Azevedo, O Cortiço, cap. VII)1 – Alhear-se: distrair-se.2 – Estribilho: refrão.3 – Acidular: formar ácido.4 – Bogari: planta perfumada.5 – Destoldar-se: descobrir-se.6 – Coma: cabeleira.7 – Meneio: movimento do corpo.8 – Sapoti: fruto doce.9 – Viscoso: pegajoso.10 – Muriçoca: mosquito.11 – Embambecido: amolecido.12 – Cantárida: inseto usado pela medicina como afrodisíaco.1. Caracterize brevemente as personagens Jerônimo e Piedade.2. Caracterize brevemente a personagem Rita Baiana.3. Durante o desenvolvimento do romance, o narrador diz, de RitaBaiana, que ela era “volúvel [= leviana] como toda mestiça”. Aquitemos a expressão de um preconceito determinista que era tomadocomo verdade científica pelos naturalistas. De que preconceito edeterminismo se trata?4. Jerônimo encontra em Rita Baiana uma síntese do que, desde asua chegada ao Brasil, era para ele a nova terra, a terra americana.Quais são os elementos do país que, para o português, Rita Baianaresume em si, de forma intensa e concentrada?❑MÓDULO 17 – Literatura e Análisede Textos Literários (XI)Texto para as questões 1 e 2.Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchasverdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam can sadose famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviamrepousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem trêsléguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dosjuazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho maisnovo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça; Fabianosombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correiapresa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O meninomais velho e a cachorra Baleia iam atrás.(...)Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio.Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beirade uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali nãoexistia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça e os ossos doamigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava,dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava nãover sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibravamal.(Graciliano Ramos, Vidas Secas)– 11PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS B1. (FAMECA-SP – adaptada) – Em um ensaio dedicado ao ro man -ce, o crítico literário Antonio Candido afirma que “o drama de VidasSecas é justamente esse entrosamento da dor humana na tortura dapaisagem”.a) Com base no trecho transcrito, aponte, no primeiro parágrafo,duas expressões em que o autor apresenta a paisagem agrestecomo uma paisagem torturada.b) O autor do romance estabelece uma relação entre a condição devida dos retirantes e o destino do papagaio. Utilizando infor -mações do texto, explique essa relação.2. (FAMECA-SP) – Considere o trecho: “Agora, enquanto parava,dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não versobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal”.a) Percebe-se que a perspectiva narrativa se centra na cachorraBaleia. Como o autor apresenta essa personagem, considerandoque ela tem consciência sobre os fatos que a circundam?b) Os verbos estão todos no pretérito imperfeito do indicativo. Co -men te esse emprego dos verbos no trecho, associando-o ao em -pre go da conjunção enquanto.3. O chamado “ciclo nordestino” da moderna ficção brasileira compre -ende obras inspiradas em motivos sociais, entre os quais o flage lo dassecas. Explique, com base em elementos do trecho do capítu lo “Mu -dança”, por que Vidas Secas é considerado um romance regionalista.4. No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fa bia -no encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena:Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estri bos. Passar avida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada!Estava direito aquilo? Traba lhar como negro e nunca arranjar cartade alforria?O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que ovaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não erapreciso barulho não.(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro, Record, 2003.)a) Extraia do texto duas passagens em que haja discurso indireto livre.b) Extraia do texto expressões em que se verifiquem marcas deregionalismo.5. (FGV-SP-Direito) – Leia atentamente os dois fragmentos abaixo,extraídos de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e desenvolva aquestão que se segue:A expressividade do discurso de Vidas Secas ocorre por meio daforma singular com que são trabalhados todos os níveis gramaticais,mas encontra nos nomes (substan ti vos e adjetivos) e nos temposverbais lugar especial na cons trução dos sentidos. Analise essaafirmação relacio nando comparativamente os dois fragmentosselecio nados.Texto para as questões 6 e 7.(...) Uma, duas, três, havia mais de cinco estrelas no céu. A luaestava cercada de um halo cor de leite. Ia chover. Bem. A catingaressuscitaria, a semente do gado voltaria ao curral, ele, Fabiano, seriao vaqueiro daquela fazenda morta. Chocalhos de badalos de ossosanimariam a solidão. Os meninos, gordos, vermelhos, brincariam nochiqueiro das cabras, sinha Vitória vestiria saias de ramagens vistosas.As vacas povoariam o curral. E a catinga ficaria toda verde.Lembrou-se dos filhos, da mulher e da cachorra, que estavam láem cima, debaixo de um juazeiro, com sede. Lembrou-se do preámorto. Encheu a cuia, ergueu-se, afastou-se, lento, para nãoderramar a água salobra. (...)Chegou. Pôs a cuia no chão, escorou-a com pedras, matou a sededa família. Em seguida, acocorou-se, remexeu o aió, tirou o fuzil,acendeu as raízes de macambira, soprou-as, inchando as bochechascavadas. Uma labareda tremeu, elevou-se, tingiu-lhe o rostoqueimado, a barba ruiva, os olhos azuis. Minutos depois o preátorcia-se e chiava no espeto de alecrim.Eram todos felizes. Sinha Vitória vestiria uma saia larga deramagens. (...)A fazenda renasceria — e ele, Fabiano, seria o vaqueiro, parabem dizer seria dono daquele mundo.Os troços minguados ajuntavam-se no chão: a espingarda depederneira, o aió, a cuia de água e o baú de folha pintada. A fogueiraestalava. O preá chiava em cima das brasas.Uma ressurreição. As cores da saúde voltariam à cara triste desinha Vitória. (...) A catinga ficaria verde.(Graciliano Ramos, Vidas Secas)6. Nos parágrafos transcritos, nota-se o predomínio do futuro dopretérito nos parágrafos 1, 4, 5 e 7, ao passo que o pretérito perfeito eimperfeito predominam nos demais. Quanto ao teor do que é narrado,explique a que se deve essa diferença de emprego dos tempos verbais.7. “Uma labareda tremeu, elevou-se, tingiu-lhe o rosto queimado,a barba ruiva, os olhos azuis.” – No trecho destacado em negrito,empregou-se o pronome lhe com valor possessivo. Reescreva apassagem explicitando esse valor possessivo.Texto 1: “Alcançou o pátio, enxergou a casa baixa e escura, de telhaspretas, deixou atrás os juazeiros, as pedras onde jogavam cobrasmortas, o carro de bois. As alpercatas dos pequenos batiam no chãobranco e liso. A cachorra Baleia trotava arquejando, a boca aberta.”(“Fabiano”, in RAMOS, Graciliano. Vidas Secas.Rio de Janeiro, José Olympio, 1947.)Texto 2: “Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio depreás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As criançasse espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, numchiqueiro enor me. O mundo ficaria cheio de preás, gordos, enormes.”(“Baleia”, in RAMOS, Graciliano. Vidas Secas.Rio de Janeiro, José Olympio, 1947.)12 –❑MÓDULO 18 – Literatura e Análisede Textos Literários (XII)Texto para as questões de 1 a 5.ROSÁRIOE eu que era um menino puroNão fui perder minha infânciaNo mangue daquela carne!Dizia que era morenaSabendo que era mulata


Dizia que era donzelaNem isso não era ela(...)Era minha namoradaPrimeiro nome de amadaPrimeiro chamar de filha...Grande filha de uma vaca!Como não me seduziaComo não me alucinavaComo deixava, fingindoFingindo que não deixava!(...)Lembro dos seus anos vinteJunto aos meus quinze deitadosSob a luz verde da lua.(...)Era uma dança morenaEra uma dança mulataEra o cheiro de amarugemgosto amargo, desgostoEra a lua cor de prataMas foi só naquela noite!Passava dando risadaCarregando os peitos loucosQuem sabe para quem, quem sabe?Mas como me seduziaA negra visão escravaDaquele feixe de águasQue sabia ela guardavaNo fundo das coxas frias!Mas como me desbragavalevava à loucuraNa areia mole e macia!A areia me recebiaE eu baixinho me entregavaCom medo que Deus ouvisseOs gemidos que não dava!Os gemidos que não dava...Por amor do que ela davaAos outros de mais idadeQue a carregaram da ilhaPara as ruas da cidadeMeu grande sonho da infânciaAngústia da mocidade.(Vinicius de Moraes, in Antologia Poética)1. Nestes versos, a figura feminina tem o mesmo destino da figurafeminina de “Balada do Mangue”, outro poema de Vinicius deMoraes. Em ambos os poemas, as mulheres caem na prostituição.Transcreva, do poema “Rosário”, os versos em que esse fato éevidenciado.2. Em “Como não me seduzia / Como não me alucinava / Comodeixava, fingindo / Fingindo que não deixava”, o que as negaçõesrevelam do comportamento sexual de Rosário?3. Assumindo-se a possibilidade de que “Rosário” seja um textoautobiográfico, à época em que a história narrada se desenrolou (porvolta de 1928) não havia mais escravidão. O que pode revelar, então,o verso “A negra visão escrava”?4. Como, em “Rosário”, a diferença entre tempo do enunciado etempo da enunciação afeta a maneira como as experiências foramvivenciadas e como elas são, anos mais tarde, interpretadas?5. Diferentes etapas de maturidade, como as que vimos na respostaà questão anterior, também podem ser notadas em Dom Casmurro. Deque modo esse fato contribui para a caracterização do narrador e doprotagonista de Dom Casmurro?❑MÓDULO 19 – Análise de Texto (I)1. (UNIFESP-SP-2011) – Leia os textos:Texto AOutrora uma novela romântica, em lugar de estudar o homem,inventava-o. Hoje, o romance estuda-o na sua realidade social.Outrora, no drama, no romance, concebia-se o jogo das paixões apriori; hoje analisa-se a posteriori, por processos tão exatos como osda própria fisiologia. Desde que se descobriu que a lei que rege oscorpos brutos é a mesma que rege os seres vivos, que a constituiçãointrínseca de uma pedra obedeceu às mesmas leis que a constituiçãodo espírito duma donzela, que há no mundo uma fenomenalidadeúnica, que a lei que rege os movimentos dos mundos não difere da leique rege as paixões humanas, o romance, em lugar de imaginar, tinhasimplesmente de observar. O verdadeiro autor do naturalismo não é,pois, Zola — é Claude Bernard*. A arte tornou-se o estudo dosfenômenos vivos e não a idealização das imaginações inatas...(Eça de Queirós, Idealismo e Realismo)* Claude Bernard (1813-1878) foi importante médico e fisiologista francês.Texto BTinham passado três anos quando [Luísa] conheceu Jorge. Aoprincípio não lhe agradou. Não gostava dos homens barbados;depois percebeu que era a primeira barba, fina, rente, muito maciadecerto; começou a admirar os seus olhos, a sua frescura. E sem oamar, sentia ao pé dele como uma fraqueza, uma dependência e umaquebreira, uma vontade de adormecer encostada ao seu ombro e deficar assim muitos anos, confortável, sem receio de nada. Que sensa -ção quando ele lhe disse: Vamos casar, hem! Viu de repente o rostobarbado, com os olhos muito luzidios, sobre o mesmo travesseiro, aopé do seu! Fez-se escarlate. Jorge tinha-lhe tomado a mão; ela sentiao calor daquela palma larga penetrá-la, tomar posse dela; disse quesim; ficou como idiota e sentia debaixo do vestido de merino dilata -rem-se docemente os seus seios. Estava noiva, enfim! Que alegria,que descanso para a mamã!(Eça de Queirós, O Primo Basílio)a) Vistas à luz dos princípios teóricos expostos no texto A, qual osentido das reações de Luísa diante de Jorge e de seu pedido decasamento (texto B)?b) Reescreva as seguintes frases do texto B, substituindo os termosdestacados por outros que não alterem o sentido que possuem notexto original:Ao princípio não lhe agradou.Que sensação quando ele lhe disse: (...)PORTUGUÊS B– 13


PORTUGUÊS B2. (UNIFESP-SP-2011) – Leia o poema:14 –De linho e rosas brancas vais vestido,sonho virgem que cantas no meu peito!...És do Luar o claro deus eleito,das estrelas puríssimas nascido.Por caminho aromal, enflorescido,alvo, sereno, límpido, direito,segues radiante, no esplendor perfeito,no perfeito esplendor indefinido...As aves sonorizam-te o caminho...E as vestes frescas, do mais puro linho,e as rosas brancas dão-te um ar nevado...No entanto, ó Sonho branco de quermesse!Nessa alegria em que tu vais, pareceque vais infantilmente amortalhado!(Cruz e Sousa, Sonho Branco)a) Identifique o movimento literário ao qual está associado o poema,apontando uma característica típica dessa tendência. Transcrevaum verso ou fragmento do poema que exemplifique sua resposta.b) Liste, de um lado, dois substantivos e, de outro, quatro adjetivos,dispersos ao longo do poema para criar sua atmosfera luminosa eetérea, ao gosto do movimento literário em que se insere. Iden -tifique os versos que, em certo momento, criam uma tensão emrelação à trajetória pura e vivificante do poema, introduzindo umanota sombria em sua atmosfera.3. (UNIFESP-SP-2011) – Leia o texto:A nossa instrução pública, cada vez que é reformada, reserva parao observador surpresas admiráveis. Não há oito dias, fui apre sen tadoa um moço, aí dos seus vinte e poucos anos, bem posto em rou pas,anéis, gravatas, bengalas, etc. O meu amigo Seráfico Falcote, estu -dante, disse-me o amigo comum que nos pôs em relações mútuas.O Senhor Falcote logo nos convidou a tomar qualquer coisa efomos os três a uma confeitaria. Ao sentar-se, assim falou o anfitrião:— Caxero traz aí quarqué cosa de bebê e comê.Pensei de mim para mim: esse moço foi criado na roça, por issoadquiriu esse modo feio de falar. Vieram as bebidas e ele disse aonosso amigo:— Não sabe Cunugunde: o véio tá i.O nosso amigo comum respondeu:— Deves então andar bem de dinheiros.— Quá ele tá i nós não arranja nada. Quando escrevo é aquelacerteza. De boca, não se cava... O véio óia, óia e dá o fora.(...)Esse estudante era a coisa mais preciosa que tinha encontrado naminha vida. Como era ilustrado! Como falava bem! Que magníficodeputado não iria dar? Um figurão para o partido da Rapadura.O nosso amigo indagou dele em certo momento:— Quando te formas?— No ano que vem.Caí das nuvens. Este homem já tinha passado tantos exames efalava daquela forma e tinha tão firmes conhecimentos!O nosso amigo indagou ainda:— Tens tido boas notas?— Tudo. Espero tirá a medáia.(Lima Barreto, Quase Doutor)a) Tendo em vista o conceito contemporâneo de variação linguística,que ensina a considerar de maneira equânime as diferentes formasdo discurso, avalie a atitude do narrador em relação à personagemFalcote, expressa na seguinte frase: (...) esse moço foi criado naroça, por isso adquiriu esse modo feio de falar.b) Reescreva na norma-padrão: — Caxero traz aí quarqué cosa debebê e comê e, em seguida, transcreva um trecho da crônica emque se manifesta a atitude irônica do narrador.4. (UNIFESP-SP-2011) – Leia o texto:Fazia um mês que eu chegara ao colégio. Um mês de um duroaprendizado que me custara suores frios. Tinha também ganho o meuapelido: chamavam-me de Doidinho. O meu nervoso, a minhaimpaciência mórbida de não parar em um lugar, de fazer tudo àscarreiras, os meus recolhimentos, os meus choros inexplicáveis, mebatizaram assim pela segunda vez. Só me chamavam de Doidinho. Ea verdade é que eu não repelia o apelido. Todos tinham o seu. Haviao Coruja, o Pão-Duro, o Papa-Figo. Este era o pobre do Aurélio, umamarelo inchado não sei de que doença, que dormia junto de mim.Vinha um parente levá-lo e trazê-lo todos os anos. Em S. João não iapara casa, e só voltava no fim do ano porque não havia outro jeito. Afamília tinha vergonha dele em casa. Nunca vi uma pessoa tão feia,com aquele corpanzil bambo de papangu. Apanhava dos outrossomente com o grito: — Vou dizer a Seu Maciel! — Mas não ia,coitado. Nem esta coragem de enredo, ele tinha. Dormia com umronco de gente morrendo e a boca aberta, babando. Às vezes, quandoeu acordava de noite, ficava com medo do pobre do Aurélio. Ouviafalar que era de amarelos assim que saíam os lobisomens. Certasocasiões não podia se levantar, e dias inteiros ficava na cama, comum lenço amarrado na cabeça. E o seu Maciel não respeitava nemesta enfermidade ambulante: dava no pobre também.(José Lins do Rego, Doidinho)a) Doidinho, cuja primeira edição é de 1933, é obra inserida no “Regio -nalismo de 30”. Transcreva um fragmento do texto que apresentealgum aspecto ligado a essa tendência, justificando sua escolha.b) Levante três características da personagem Papa-Figo e, alémdisso, transcreva um trecho do texto em que fique patente que elaera vítima de intolerância no colégio.5. (UNIFESP-SP-2011) – Leia o texto:Quando chega o dia da casa cair — que, com ou sem terremotos,é um dia de chegada infalível —, o dono pode estar: de dentro, ou defora. É melhor de fora. E é a só coisa que um qualquer-um está nopoder de fazer. Mesmo estando de dentro, mais vale todo vestido eperto da porta da rua. Mas, Nhô Augusto, não: estava deitado nacama — o pior lugar que há para se receber uma surpresa má.E o camarada Quim sabia disso, tanto que foi se encostando demedo que ele entrou. Tinha poeira até na boca. Tossiu.— Levanta e veste a roupa, meu patrão Nhô Augusto, que eutenho uma novidade meia ruim pra lhe contar.E tremeu mais, porque Nhô Augusto se erguia de um pulo e numátimo se vestia. Só depois de meter na cintura o revólver, foi queinterpelou, dente em dente:— Fala tudo!Quim Recadeiro gaguejou suas palavras poucas, e ainda pôdeacrescentar:— ...Eu podia ter arresistido, mas era negócio de honra, comsangue só pra o dono, e pensei que o senhor podia não gostar...


— Fez na regra, e feito! Chama os meus homens!Dali a pouco, porém, tornava o Quim, com nova desolação: osbate-paus não vinham... Não queriam ficar mais com Nhô Augusto...O Major Consilva tinha ajustado, um e mais um, os quatro, paraseus capangas, pagando bem. Não vinham, mesmo. O mais merecido,o cabeça, até mandara dizer, faltando ao respeito: — Fala com NhôAugusto que sol de cima é dinheiro!... Pra ele pagar o que está nosdevendo... E é mandar por portador calado, que nós não podemosescutar prosa de outro, que seu major disse que não quer.— Cachorrada!... Só de pique... Onde é que eles estão?— Indo de mudados, pra a chácara do Major...— Major de borra! Só de pique, porque era inimigo do meu pai!...Vou lá!(João Guimarães Rosa, A Hora e Vez de Augusto Matraga)a) No sertão de Guimarães Rosa, frequentemente se faz referência aaspectos de um código de ética, de caráter tradicional, que rege avida das personagens. Transcreva as duas falas do diálogo em quese menciona uma situação em que esse código não é quebrado.b) Indique duas palavras ou expressões presentes nos diálogos entreas personagens que não correspondem à norma-padrão da língua.Compare o modo como o autor emprega a língua nos diálogos e nodiscurso do narrador, explicando as diferenças entre os dois usos.❑MÓDULO 20 – Análise de Texto (II)Texto para os testes de 1 a 3.01020304050607080910111213141516171819202122Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisãodo trabalho.Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram deboa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letrasnacionais.(...)O resultado foi um desastre. Quinze dias depois do nossoprimeiro encontro, o redator do Cruzeiro apre sentou-me doiscapítulos datilografados, tão cheios de besteiras que mezanguei:— Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço.Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que faledessa forma!Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco,apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuadoque um artista não pode escrever como fala.— Não pode? Perguntei com assombro. E por quê?Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura,seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negóciosnaturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Seeu fosse escrever como falo, ninguém me lia.(Graciliano Ramos, São Bernardo)1. (MACKENZIE-SP-2011) – Considerado o excerto em questãono contexto da obra do escritor Graciliano Ramos, afirma-se que:I. O narrador Paulo Honório expõe seu espírito pragmático dehomem de negócios, ao decidir escrever o livro “pela divisão dotrabalho” (linhas 01 e 02).II. O narrador Paulo Honório apresenta um com portamento rústico emostra-se refratário a uma linguagem literária mais elaborada.III. Na avaliação de Paulo Honório acerca da redação de Gondim,insinua-se ponto de vista do autor Graciliano Ramos sobre aquestão do estilo literário.Das afirmações dadas,a) está correta apenas a I.b) está correta apenas a III.c) estão corretas apenas a II e a III.d) estão corretas apenas a I e a II.e) todas estão corretas.2. (MACKENZIE-SP-2011) – Considerando que a fala de Gondimse baseia no pressuposto de que, por tradição, a literatura brasileiraesteve associada a uma linguagem acadêmica, rebuscada, de precio -sismo vocabular e sintático, assinale a alternativa que, apresentandoversos parnasianos, exemplifica essa tradição.a) Quando Ismália enlouqueceu, / Pôs-se na torre a sonhar... / Viuuma lua no céu. / Viu outra lua no mar.b) Eu canto porque o instante existe / e a minha vida está completa./ Não sou alegre nem sou triste: / sou poeta.c) Que alegre, que suave, que sonora, / Aquela fontezinha aquimurmura! / E nestes campos cheios de verdura / Que avultado oprazer tanto melhora?d) Olho-te fixamente para que permaneças em mim. / Toda estaternura é feita de elementos opostos / Que eu concilio na sínteseda poesia.e) Esta de áureos relevos trabalhada / De divas mãos, brilhantecopa, um dia, / Já de aos deuses servir como cansada, / Vinda doOlimpo, a um novo deus servia.3. (MACKENZIE-SP-2011) – Uma das características da lin gua -gem literária é a expressividade, que pode resultar, por exemplo, douso metafórico de imagens concretas para a representação de aspectosabstratos da realidade. É o que se verifica em:a) “Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão dotrabalho.” (linhas 01 e 02)b) “Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou oscacos da sua pequenina vaidade.” (linhas 14 e 15)c) “Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boavontade em contribuir para o desenvolvimento das letrasnacionais.” (linhas 03, 04 e 05)d) “Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode.”(linha 18)e) “— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a litera tura, seuPaulo.” (linhas 19 e 20)Para responder aos testes de números 4 a 6, leia os dois trechos.Trecho 1No dia seguinte, encontrei Madalena escrevendo. Avizinhei-menas pontas dos pés e li o endereço de Azevedo Gondim.— Faz favor de mostrar isso?Madalena agarrou uma folha que ainda não havia sido dobrada.(...)— Vá para o inferno, trate da sua vida.Aquela resistência enfureceu-me:— Deixa ver a carta, galinha.Madalena desprendeu-se e entrou a correr pelo quarto, gritando:— Canalha!D. Glória chegou à porta, assustada:— Pelo amor de Deus! Estão ouvindo lá fora.Perdi a cabeça:— Vá amolar a p.q.p. Está mouca, aí com a sua carinha de santa?É isto: p.q.p. E se achar ruim, rua. A senhora e a boa de sua sobrinha,compreende? P.q.p. as duas.– 15PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS BTrecho 2Penso em Madalena com insistência. Se fosse possível recome -çarmos... Para que enganar-me? Se fosse possível recomeçarmos,aconteceria exatamente o que aconteceu. Não consigo modificar-me,é o que mais me aflige.4. (UNIFESP-SP) – No trecho 1, o narrador pediu a Madalena que lhemostrasse o que estava escrevendo. Frente à recusa, sua reação revelaa) incômodo, por não identificar o destinatário.b) ciúme, expresso nos insultos a ela lançados.c) descaso, ocasionado pela má conduta da mulher.d) medo, na forma contida de se expressar.e) resignação, por pressupor-se traído.5. (UNIFESP-SP) – No trecho 2, o narradora) almeja viver de outra forma para deixar de enganar a si próprio.b) atribui a Madalena a impossibilidade de viver plenamente sua vida.c) sabe que tudo aconteceria da mesma forma por conta de Ma dalena.d) reconhece, incomodado, a impossibilidade de mudar e viver deoutro jeito.e) acredita que não pode mudar pelo fato de não ter Madalena a seu lado.Texto para o teste 6.Paulo Honório cresceu e afirmou-se no clima da posse, mas a suaunião com a professorinha idealista da cidade vem a ser o único edecisivo malogro daquela posição de propriedade estendida a um serhumano. (...) romance do desencontro fatal entre o universo do ter eo universo do ser, [a obra] ficará, na economia extrema de seus meiosexpressivos, como paradigma do romance psicológico e social danossa literatura. Também aqui vira escritor o herói decaído a antiheróidepois do suicídio da mulher que a sua violência destruíra.(Alfredo Bosi, História Concisa da Literatura Brasileira)6. (UNIFESP-SP) – Os trechos 1 e 2 e as informações de AlfredoBosi remetem aa) Senhora, de José de Alencar.b) Dom Casmurro, de Machado de Assis.c) São Bernardo, de Graciliano Ramos.d) Fogo Morto, de José Lins do Rego.e) Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.❑16 –MÓDULO 21 – Análise de Texto (III)As questões de números 1 a 6 tomam por base um trecho de Os Ser -tões, de Euclides da Cunha (1866-1909).A Serra do Mar tem um notável perfil em nossa história. A prumosobre o Atlântico desdobra-se como a cortina de baluarte desmedido.De encontro às suas escarpas embatia, fragílima, a ânsia guerreira dosCavendish e dos Fenton. No alto, volvendo o olhar em cheio para oschapadões, o forasteiro sentia-se em segurança. Estava sobre ameiasintransponíveis que o punham do mesmo passo a cavaleiro do invasore da metrópole. Transposta a montanha — arqueada como a precintade pedra de um continente — era um isolador étnico e um isoladorhistórico. Anulava o apego irreprimível ao litoral, que se exercia aonorte; reduzia-o a estreita faixa de mangues e restingas, ante a qual seamorteciam todas as cobiças, e alteava, sobranceira às frotas,intangível no recesso das matas, a atração misteriosa das minas...Ainda mais — o seu relevo especial torna-a um condensador deprimeira ordem, no precipitar a evaporação oceânica.Os rios que se derivam pelas suas vertentes nascem de algummodo no mar. Rolam as águas num sentido oposto à costa. Entra -nham-se no interior, correndo em cheio para os sertões. Dão aoforasteiro a sugestão irresistível das entradas.A terra atrai o homem; chama-o para o seio fecundo; encanta-opelo aspecto formosíssimo; arrebata-o, afinal, irresistivelmente, nacorrenteza dos rios.Daí o traçado eloquentíssimo do Tietê, diretriz preponderantenesse domínio do solo. Enquanto no S. Francisco, no Parnaíba, noAmazonas, e em todos os cursos d’água da borda oriental, o acessopara o interior seguia ao arrepio das correntes, ou embatia nas ca -choei ras que tom bam dos socalcos dos planaltos, ele levava ossertanistas, sem uma remada, para o rio Grande e daí ao Paraná eao Paranaíba. Era a penetração em Minas, em Goiás, em SantaCatarina, no Rio Grande do Sul, no Mato Grosso, no Brasil inteiro.Segundo estas linhas de menor resistência, que definem os linea -mentos mais claros da expansão colonial, não se opunham, como aonorte, renteando o passo às bandeiras, a esterili dade da terra, abarreira intangível dos descampados brutos.Assim é fácil mostrar como esta distinção de ordem física escla -rece as anomalias e contrastes entre os sucessos nos dois pontos dopaís, sobretudo no período agudo da crise colonial, no século XVII.Enquanto o domínio holandês, centralizando-se em Pernambuco,reagia por toda a costa oriental, da Bahia ao Maranhão, e se trava -vam recontros memoráveis em que, solidárias, enterreiravam oinimigo comum as nossas três raças formadoras, o sulista, abso lu -tamente alheio àquela agitação, revelava, na rebeldia aos decretos dametrópole, completo divórcio com aqueles lutadores. Era quase uminimigo tão perigoso quanto o batavo. Um povo estranho de mestiçoslevantadiços, expandindo outras tendências, norteado por outrosdestinos, pisando, resoluto, em demanda de outros rumos, bulas ealvarás entibiadores. Volvia-se em luta aberta com a corte por tugue -sa, numa reação tenaz contra os jesuítas. Estes, olvidando o holandêse dirigindo-se, com Ruiz de Montoya a Madri e Díaz Taño a Roma,apontavam-no como inimigo mais sério.De feito, enquanto em Pernambuco as tropas de van Schkoppepreparavam o governo de Nassau, em São Paulo se arquitetava odrama sombrio de Guaíra. E quando a restauração em Portugal veioalentar em toda a linha a repulsa ao invasor, congregando de novo oscombatentes exaustos, os sulistas frisaram ainda mais esta separaçãode destinos, aproveitando-se do mesmo fato para estadearem aautonomia franca, no reinado de um minuto de Amador Bueno.Não temos contraste maior na nossa história. Está nele a suafeição verdadeiramente nacional. Fora disto mal a vislumbramos nascortes espetaculosas dos governadores, na Bahia, onde imperava aCom panhia de Jesus com o privilégio da conquista das almas, eufe -mismo casuístico disfarçando o monopólio do braço indígena.(CUNHA, Euclides da. Os Sertões.Edição crítica de Walnice Nogueira Galvão.2. a ed. São Paulo, Editora Ática, 2001, p. 81-82.)1. (VUNESP-SP) – Representante do Pré-Modernismo brasileiro eum dos maiores nomes de nossa literatura, Euclides da Cunha nosencanta pelo vigor e variedade de seus procedimentos de estilo. Nessesentido, um dos recursos notáveis de Os Sertões é o das personi fi ca -ções na descrição de acidentes geográficos, que em seu texto parecemdotados de vontade e atitude própria, o que confere bastante dramati -ci dade a passagens como a apresentada. Tomando por base esse co -mentário, releia o período que constitui o quarto parágrafo e expliqueo procedimento da personificação ou prosopopeia que nele ocorre.


2. (VUNESP-SP) – O escritor se serve, no fragmento apresentado, daalternância de dois tempos verbais, conforme queira diferençar aspec -tos propriamente físicos, descritivos, de aspectos de ordem narrativa ouhistórica. Releia o primeiro parágrafo do fragmento e identifique osdois tempos verbais que o escritor utiliza com essa finalidade.3. (VUNESP-SP) – Um dos aspectos em que Euclides da Cunhabusca alguns de seus melhores efeitos é o da adjetivação, que torna seudiscurso ao mesmo tempo vário e expressivo, razão pela qual alguns oconsideram, comparando-o com poetas ainda ativos em sua época, um“prosador parnasiano”. Releia com atenção o último parágrafo do textoapresentado e, a seguir, aponte três dos adjetivos que nele ocorrem.4. (VUNESP-SP) – Dentro das linhas de força do Pré-Modernismo,que levavam os escritores a uma nova e mais objetiva interpretação dopaís e de seus problemas, Euclides da Cunha, no último parágrafo dotexto, levanta crítica à Companhia de Jesus, atribuindo-lhe, porexemplo, com ironia brotada do conhecimento histórico, a “conquistadas almas”, isto é, a catequese dos indígenas brasileiros. Releia essepará grafo e, a seguir, explique o que quer significar o autor na se -quência com a expressão “monopólio do braço indígena”.5. (VUNESP-SP) – A retomada de um mesmo vocábulo, com amesma flexão ou com variação de flexão, denominada poliptoto pelaretórica tradicional, é um recurso comumente usado para conferir ênfaseà expressão de determinados conteúdos num período, como nestapassagem de Os Lusíadas: “No mar, tanta tormenta e tanto dano, / Tantasvezes a morte apercebida; / Na terra, tanta guerra, tanto en ga no, / Tantanecessidade aborrecida” (I, 106). Demonstre que Euclides da Cunha seserve desse recurso no terceiro período do sétimo parágrafo do texto.6. (VUNESP-SP) – Os escritores utilizam, por vezes, expressõesque, à primeira vista, parecem exageradas, mas que carregam aintenção de tornar mais concreto um argumento para o leitor. Combase nessa observação, releia o segundo período do quinto parágrafoe demonstre que Euclides da Cunha se serviu desse recurso ao empre -gar a expressão “sem uma remada”.❑MÓDULO 22 – Análise de Texto (IV)Textos para as questões de 1 a 7.Texto 1Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte,nasceu Iracema.Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos maisnegros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.O favo da jati não era doce como seu sorriso, nem a baunilharecendia no bosque como seu hálito perfumado.Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o ser -tão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grandenação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas averde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta.Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalhoda noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidoscabelos. Escondidos na folhagem, os pássaros ameigavam o canto. (...)Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgemos olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se.Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, seé guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces obran co das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águasprofundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebidano arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; maslogo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde amulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu.Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para oguerreiro, sentida da mágoa que causara.A mão que rápida ferira estancou mais rápida e compassiva osangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deua haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.(Iracema, cap. II)1. Existe um traço da descrição física de Martim que já indicia osaudosismo da pátria que caracterizará seu comportamento durantetodo o livro. Indique-o.2. Qual o principal procedimento estilístico utilizado por Alencar nadescrição da virgem Iracema?Texto 2Peri tinha falado com o tom inspirado que dão as crenças profun -das; com o entusiasmo das almas ricas de poesia e sentimento.Cecília o ouvia sorrindo e bebia uma a uma as suas palavras,como se fossem as partículas do ar que respirava; parecia-lhe que aalma de seu amigo, essa alma nobre e bela, se desprendia do seucorpo em cada uma das frases solenes e vinha embeber-se no seucoração, que se abria para recebê-la.A água subindo molhou as pontas das largas folhas da palmeira,e uma gota, resvalando pelo leque, foi embeber-se na alva cambraiadas roupas de Cecília.A menina, por um movimento instintivo de terror, conchegou-seao seu amigo, e nesse momento supremo, em que a inundação abriaa fauce enorme para tragá-los, murmurou docemente:— Meu Deus!... Peri!...Então passou-se sobre esse vasto deserto de água e céu uma cenaestupenda, heroica, sobre-humana; um espetáculo grandioso, umasublime loucura.Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelosramos das árvores já cobertas de água e com esforço desesperado,cingindo o tronco da palmeira nos seus braços hirtos, abalou-o até asraízes.Três vezes os seus músculos de aço, estorcendo-se, inclinaram ahaste robusta, e três vezes o seu corpo vergou, cedendo à retraçãoviolenta da árvore, que voltava ao lugar que a natureza lhe haviamarcado.Luta terrível, espantosa, louca, esvairada; luta do homem contraa terra; luta da força contra a imobilidade.Houve um momento de repouso em que o homem, concentrado todoo seu poder, estorceu-se de novo contra a árvore; o ímpeto foi terrível,e pareceu que o corpo ia despedaçar-se nessa distensão horrível.Ambos, árvore e homem, embalançaram-se no seio das águas: ahaste oscilou; as raízes desprenderam-se da terra já minadaprofundamente pela torrente.A cúpula da palmeira, embalançando-se graciosa mente, resvaloupela flor da água como um ninho de garças ou alguma ilha flutuante,formada pelas vegetações aquáticas.– 17PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS BPeri estava de novo sentado junto de sua senhora quase inani madae, tomando-a nos braços, disse-lhe com um acento de ventura suprema:— Tu viverás!...Cecília abriu os olhos e, vendo seu amigo junto dela, ouvindo aindasuas palavras, sentiu o enlevo que deve ser o gozo da vida eterna.— Sim?... murmurou ela, viveremos!... lá no céu, no seio de Deus,junto daqueles que amamos!...O anjo espanejava-se para remontar ao berço.— Sobre aquele azul que tu vês, continuou ela, Deus mora no seutrono, rodeado dos que o adoram. Nós iremos lá, Peri! Tu viveráscom tua irmã, sempre...!Ela embebeu os olhos nos olhos do seu amigo e lânguida recli noua loura fronte.O hálito ardente de Peri bafejou-lhe a face.Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores elímpidos sorrisos: os lábios abriram como as asas purpúreas de umbeijo soltando o voo.A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia...E sumiu-se no horizonte.(O Guarani, Epílogo)3. Nos textos transcritos, nota-se uma estreita relação do homemcom a Natureza, característica típica do Roman tismo. De que maneirao tratamento dado ao tema apare ce diferenciado nos dois excertos?Respon da com base em trechos dos dois textos, citando-os em suaresposta.Texto 2Há pouco leite no país,é preciso entregá-lo cedo.Há muita sede no país,é preciso entregá-lo cedo.Há no país uma legenda,que ladrão se mata com tiro.Então o moço que é leiteirode madrugada com sua latasai correndo e distribuindoleite bom pra gente ruim.(...)MORTE DO LEITEIROMeu leiteiro tão sutil,de passo maneiro e leve,antes desliza que marcha.É certo que algum rumorsempre se faz: passo errado,vaso de flor no caminho,cão latindo por princípio,ou um gato quizilento.E há sempre um senhor que acorda,resmunga e torna a dormir.4. Quais são os aspectos convergentes e divergentes na carac teri -zação de Martim e Peri? E entre Iracema e Cecília?5. Há, nos dois textos, momentos em que se evidenciam diferençasculturais, de crenças e costumes, entre os protagonistas. Indique-os,comentando.6. Considerando ambas as obras, compare o tratamento dado àfigura do indígena e a linguagem empregada.7.I. “Diante dela e todo a contemplá-la, está um guer reiro estranho...”II. “O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe...”a) Nos trechos acima, a palavra guerreiro pertence a classes grama -ticais diferentes. Explique.b) Construa uma oração em que as palavras estranho e moço sejam,respectivamente, substantivo e adjetivo.❑18 –MÓDULO 23 – Análise de Texto (V)Textos para as questões 1 e 2.Texto 1POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNALJoão Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da[Babilônia num barracão sem número.Uma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.(Manuel Bandeira, in Libertinagem)Mas este acordou em pânico(ladrões infestam o bairro),não quis saber de mais nada.O revólver da gavetasaltou para sua mão.Ladrão? se pega com tiro.Os tiros na madrugadaliquidaram meu leiteiro.(...)Mas o homem perdeu o sonoe todo, e foge pra rua.Meu Deus, matei um inocente.Bala que mata gatunotambém serve pra furtara vida de nosso irmão.(...)Da garrafa estilhaçada,no ladrilho já serenoescorre uma coisa espessaque é leite, sangue... não sei.Por entre objetos confusos,mal redimidos da noite,duas cores se procuram,suavemente se tocam,amorosamente se enlaçam,formando um terceiro toma que chamamos aurora.(Carlos Drummond de Andrade, in A Rosa do Povo)1. Em que se assemelham os títulos dos poemas de Bandeira e deDrummond?2. De que modo é tratada a morte no poema de Bandeira? E no deDrummond?


(UNICAMP-SP – prova para vagas remanescentes) – Leia opoema abaixo, de Carlos Drummond de Andrade. Após a leitura, vocêdeverá responder às questões de 3 a 5.A RUA DIFERENTENa minha rua estão cortando árvoresbotando trilhosconstruindo casas.Minha rua acordou mudada.Os vizinhos não se conformam.Eles não sabem que a vidatem dessas exigências brutas.Só minha filha goza o espetáculoe se diverte com os andaimes,a luz da solda autógena*e o cimento escorrendo nas formas.*Autógeno: que parece autoproduzido, sem influência externa.3. a) Aponte duas características da lírica modernista pre sentesneste poema.b) Identifique o processo de transformação profunda des critopelo poema.c) Qual é a relação entre o título do poema e tal proces so detransfor mação?4. a) O poema apresenta duas atitudes diante dessa transformação.Quais são elas?b) Explique como o eu lírico se comporta diante dessas duas ati tudes.5. a) A pontuação e a conjunção aditiva foram inten cio nalmentesupri midas em alguns versos do poema. Iden tifi que quais sãoesses ver sos e justifique por que essa supres são contraria anorma-padrão.b) Explique qual é o sentido visado pelo poeta com essa supressão.c) Por que a forma verbal empregada em tais versos tambémcon tribui para reforçar esse sentido?❑MÓDULO 24 – Análise de Texto (VI)Texto para a questão 1.Mas Manuel Baptista ficou bravo: vissem lá se ele era homempara andar pregando em árvore bobagens sem assinatura! E comtantos erros! Ele entendia de gramática, e seus pasquins, muito bemcaprichados, sempre numa meia folha de papel almaço, só eram lidospor pessoas capazes de apreciá-los e, mesmo assim, tendo cada umde solicitar a sua vez, com muito empenho! E, como prova, exibiu eleu, muito digno e neurastênico, a sua última produção, quedebochava de muitas atualidades, terminando, como sempre, com oseu nome, bem rimado, no verso final:“Essa história de phoneticaeu nunca pude entendê!É tão feio se assignáManuel Batista, sem P!…”João do Quintiliano ouviu, respeitoso, humilhado pelo poder daarte e da ciência. Pediu desculpas e veio reproduzindo, em sentidocontrário, a peregrinação suburbana, dando pancada em todopessoal com quem antipatizava. (…)1. Nesta passagem do conto “Corpo Fechado”, revela-se uma visãodo poder da linguagem no universo do sertão que é recorrente em todaa obra de Guimarães Rosa. Identifique-a e comente.Texto para as questões de 2 a 4.O BURRINHO PEDRÊSAs ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros,batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, comatritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berroqueixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza,saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...“Um boi preto, um boi pintado,cada um tem sua cor.Cada coração um jeitode mostrar o seu amor.”Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando... Dançadoido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem navara, vai não volta, vai varando...“Todo passarinh’ do matotem seu pio diferente,cantiga de amor doídonão carece ter rompante...”Pouco a pouco, porém, os rostos se desempanam e os homenstomam gesto de repouso nas selas, satisfeitos. Que de trinta, trezentosou três mil, só está quase pronta a boiada quando as alimárias seaglutinam em bicho inteiro — centopeia, — mesmo prestes assimpara surpresas más.— Tchou!... Tchou!... Eh, booô!...E, agora, pronta de todo está ela ficando, cá que cada vaqueiropega o balanço de busto, sem-querer e imita tivo, e que os cavalosgingam bovinamente. Devagar, mal percebido, vão sugados todos peloreba nho trovejante — pata a pata, casco a casco, soca soca, fastavento, rola e trota, cabisbaixos, mexe lama, pela estrada, chifres no ar...A boiada vai, como um navio.(Guimarães Rosa, in Sagarana)2. O que caracteriza o texto acima como descritivo?3. Que sensações e percepções estão presentes no texto? Exempli fique.4. Que tipo de descrição (dinâmica ou estática, objetiva ou subje -tiva) predomina no texto? Justi fique.O fragmento abaixo é da novela Campo Geral (Miguilim), de JoãoGuimarães Rosa.E o Dito mesmo gostava, pedia: “Conta mais, conta mais...”Miguilim contava, sem carecer de esforço, estórias compridas,que ninguém nunca tinha sabido, não esbarrava de contar, estava tãoalegre nervoso, aquilo para ele era o entendimento maior.5. (FUVEST-SP) – As qualidades aqui atribuídas ao Miguilimcontador de “estórias” aproximam-no ou distanciam-no do modo denarrar que celebrizou Guimarães Rosa? Justifique sua resposta.– 19PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS B❑MÓDULO 25 – Redação e Morfologia (I)Leia o texto seguinte e responda às questões de números 1 e 2.Há 2400 anos morria Sócrates. Filho de um escultor e de umaparteira, ele foi muito mais do que um filósofo, na época em que aGrécia era o centro do universo. Nas ruas de Atenas, dedicava-se aensinar a virtude e a sabedoria. Revolucionário, rejeitava o modelovigente, segundo o qual o conhecimento devia ser transmitido “decima para baixo”. Seu método era dialogar com pequenos grupos empraças e mercados. Usava a consciência da própria ignorância (“Sósei que nada sei”) para mostrar que todos nós construímos conceitos.Acreditava que é preciso levar em conta o que a criança já sabe paraajudá-la a crescer intelectualmente. Na época, essas práticasrepresentavam uma ameaça, porque tiravam o mestre do pedestalpara aproximá-lo dos discípulos – exatamente o contrário do quefaziam os sofistas, estudiosos e viajantes profissionais que cobravamcaro por uma educação obviamente elitizada. Por isso, Sócrates foilevado a julgamento e punido com a condenação à morte bebendocicuta, veneno extraído dessa planta.Vários séculos se passaram até que suas ideias fossem colocadasem seu devido lugar, o de primeiro professor da civilização ocidental.Professor, palavra de origem latina, é aquele que professa ou ensinauma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina. É o mestre.Como tal, deve dar o exemplo, ser respeitado e imitado. Infeliz mente,essa imagem nem sempre correspondeu à realidade. E, mais tristeainda, não acompanha o professorado nacional – tanto na sociedadequanto entre os próprios colegas. (...)No mundo todo, vem crescendo a consciência de que a educaçãoé o único jeito de garantir o crescimento econômico das nações epropiciar a construção de uma sociedade mais justa. Em discursos,entrevistas e artigos, o tom é sempre o mesmo: não há outra saída.Por que, então, o docente não é valorizado como deveria?(Paola Gentile, Nova Escola, edição n.º 146, outubro de 2001)1. (UNESP) – Certas expressões servem para retomar o que já foimencionado, em um texto. Assim, na frase “Por isso, Sócrates foilevado a julgamento e punido...”, nomeie a classe gramatical dapalavra em destaque e resuma as informações do texto a que ela serefere.2. (UNESP) – É comum encontrar, em um texto, marcas linguísticasque evidenciam a opinião de seu enunciador, mesmo que se trate deum texto, como o de Nova Escola, pretensamente mais “neutro”.Retire do fragmento duas expressões que sirvam para demonstrar queo enunciador inclui seu ponto de vista na abordagem dos fatos.a) Reescreva o quinto e o sexto versos, colocando os termos emordem direta.b) Justifique o uso do pronome pessoal tu, levando em conta seusreferentes.2. (FUVEST) – Um jornal era isso, o sobressalto da novidade e agarantia de que a nossa rotina conti nuava. Simultaneamente umespa lhafato – um espa lha fatos – e um repetidor das nossas confor -táveis bana lidades municipais.(L. F. Verissimo, O Estado de S. Paulo, 18/10/98, D7.)a) Interprete o jogo de palavras entre espalhafato e espalha fatos,considerando-o no contexto do trecho acima.b) A qual dos termos do primeiro período se refere a expressão“confortáveis banalidades municipais”?3. (UEL) – Está usada em sentido denotativo a palavra destacada em:a) Embriagava-se daquela paisagem de intensas cores e cheiros.b) A cauda batendo com violência na anca, o animal se aproximavagarbosamente.c) Era a brisa do amanhecer que lhe afagava no peito uma tênueesperança.d) A menção à sua beleza e encantos próprios iluminou-lhe osorriso.e) A freada fez o pneu assobiar no asfalto, mas nada houve alémdisso.4. (FUVEST) – Leia com atenção os versos finais do poema Jardimda Praça da Liberdade, de Carlos Drummond de Andrade:De repente uma banda pretavermelha retinta suandobate um dobrado batutana doçurado jardim.Repuxos espavoridos fugindo.a) Identifique um dos recursos sonoros empregados nesses versos,explicando qual é o efeito expres sivo obtido.b) Interprete o último verso do poema, indicando o sentido da pa la -vra repuxos e explicando por que os repuxos estão “espavoridosfugindo”.5. (UNESP)❑MÓDULO 26 – Redação e Morfologia (II)RELÂMPAGO1. (FUVEST)Auriverde pendão de minha terra,Que a brisa do Brasil beija e balança,Estandarte que a luz do sol encerraE as promessas divinas da esperança...Tu, que da liberdade após a guerra,Foste hasteado dos heróis na lança,Antes te houvessem roto na batalha,Que servires a um povo de mortalha!...20 –(Castro Alves)A onça pintada saltou tronco acima que nem umrelâmpago de rabo comprido e cabeça amarela:Zás!Mas uma flecha ainda mais rápida que o relâmpagofez rolar ali mesmoaquele matinal gatão elétrico e bigodudoque ficou estendido no chão feito um fruto decor que tivesse caído de uma árvore!(In: RICARDO, Cassiano. Martim Cererê. 6. a ed.,São Paulo: Comp. Ed. Nacional, 1938.)


Em Relâmpago há um vocábulo onomatopaico que sugere movi mentorápido, com decisão.a) Identifique esse vocábulo.b) Explique as relações semânticas que tal vocábulo apresenta nocontexto do poema.Considere a tirinha para responder às questões 6 a 8.8. (UNIFESP-SP) – Em — E correr uns bons 20 km! — o termo unsassume valor dea) posse. b) exatidão. c) definição.d) especificação. e) aproximação.❑MÓDULO 27 – Redação e Morfologia (III)Para responder às questões de números 1 e 2, leia os dois sonetos deOlavo Bilac, que fazem parte de um conjunto de poemas chamadoVia Láctea.XIISonhei que me esperavas. E, sonhando,Saí, ansioso por te ver: corria...E tudo, ao ver-me tão depressa andando,Soube logo o lugar para onde eu ia.PORTUGUÊS BE tudo me falou, tudo! EscutandoMeus passos, através da ramaria,Dos despertados pássaros o bando:“Vai mais depressa! Parabéns!” dizia.Disse o luar: “Espera! Que eu te sigo:Quero também beijar as faces dela!”E disse o aroma: “Vai que eu vou contigo!”E cheguei. E, ao chegar, disse uma estrela:“Como és feliz! como és feliz, amigo,Que de tão perto vais ouvi-la e vê-la!”XIII(O Estado de S. Paulo, 1. o /5/2003. Adaptado.)6. (UNIFESP-SP) – O termo hedonismo, na fala do pai de Calvin,está relacionadoa) à sua busca por valores mais humanos.b) ao seu novo ritmo de vida.c) à sua busca por prazer pessoal e imediato.d) à sua forma convencional de viver.e) ao seu medo de enfrentar a realidade.7. (UNIFESP-SP) – Assinale a alternativa correta, tendo como refe -rência todas as falas do menino Calvin.a) O emprego de termos como gente e tem é inadequado, uma vezque estão carregados de marcas da linguagem coloquial desa jus -tadas à situação de comunicação apresentada.b) Calvin emprega o pronome você não necessariamente para marcara interlocução: antes, trata-se de um recurso da linguagem colo -quial utilizado como forma de expressar ideias genéricas.c) O emprego de termos de significação ampla — como noção, tudo,normal — prejudica a compreensão do texto, pois o leitor nãoconsegue entender, com clareza, o que se pretende dizer.d) O pronome eles é empregado duas vezes, sendo impossível, nocontexto, recuperar-lhe as referências.e) O termo bem é empregado com valor de confirmação das in for -mações precedentes.“Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-las, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...E conversamos toda a noite, enquantoA via láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.Direis agora: “Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?”E eu vos direi: “Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas”.1. (UFSCar) – Em qual deles predomina o tipo textual denominadonarração? Por quê?2. (UFSCar) – Na segunda estrofe do primeiro poema, há um trechoescrito em ordem inversa e discurso direto.a) Reescreva esse trecho na ordem direta.b) Reescreva outra vez esse trecho, agora já posto na ordem direta,em discurso indireto.– 21


3. (FUVEST) – Observe este anúncio, com foto que retrata umdepósito de lixo.a) Passe para o discurso indireto a frase: Filho, um dia isso tudo será seu.b) Considere a seguinte afirmação:Da associação entre a frase: Filho, um dia isso tudo será seu e aimagem fotográfica decorre um sentido irônico. A afirmação aplicaseao anúncio? Justifique resumidamente sua resposta.PORTUGUÊS BLeia estes textos:(Adaptado de campanha publicitária – Instituto Ethos)Texto 1 Texto 2(www.placasridiculas.com.br) (Caderno “Economia”, Correio da Bahia, Salvador, 2/10/98, p. 9.)Texto 3(Fragmento de propaganda do Honda Civic, veiculado em Época, 15/3/04, p. 17.)4. (UFMG) – Com base na leitura das ilustrações, explicite, numpequeno texto, os recursos textuais que geram a duplicidade desentido em cada uma das frases que se seguem.I. Corto cabelo e pinto.II. Candidato limpo respeita a cidade.III. A vida é curta. Curta.22 –


5. (UNICAMP) – O seguinte enunciado está presente em uma cam -panha publicitária de provedor de Internet:Finalmente um líder mundial de Internet que sabe a diferençaentre acabar em pizza e acabar em pizza. Terra. A Internet do Brasile do mundo.a) A propaganda joga com um duplo sentido da expressão “acabarem pizza”. Qual é o duplo sentido?b) A propaganda trabalha com esse duplo sentido para construir aimagem de um provedor que se insere em âmbitos internacional enacional. De que modo a expressão acabar em pizza ajuda naconstrução dessa imagem?a candida ta ao vestibular. Entre os motivos que a ligaram à carreiraestão o gosto por literatura e inglês, que estuda há oito anos.(Adaptado da Folha de S. Paulo, 22/10/00)a) As aspas assinalam, no texto acima, a fala de uma pessoa entre -vistada pelo jornal. Identifique duas marcas de coloquialidadepresentes nessa fala.b) No trecho que não está entre aspas ocorre um desvio em relaçãoà norma culta. Reescreva o tre cho, fazendo a correção necessária.❑MÓDULO 29 – Redação e Morfologia (V)Leia o texto a seguir para responder às questões de números 1 a 3.PORTUGUÊS B6. (FUVEST)Irene pretaIrene boaIrene sempre de bom humor.Imagino Irene entrando no céu:— Licença, meu branco!E São Pedro bonachão:— Entra, Irene, você não precisa pedir licença.Tome-se por um bom conhecedor de gramática e reescreva o poemapontuando-o e corrigindo-o sempre que necessário.❑MÓDULO 28 – Redação e Morfologia (IV)1. (FGV-Adaptada) – No ano de 2008, o mundo se viu às voltascom uma crise econômica de graves proporções. Observe o que umapessoa disse sobre esse assunto:Pelo que se tem visto no cenário mundial, os Estados Unidos vãoacabar com essa crise.a) Quais são as duas possíveis interpretações para essa frase?b) Reescreva a frase, de modo a garantir, sem ambigui dade, cadauma das interpretações indicadas.2. (UNICAMP) – O trecho seguinte dá a entender algo diferente doque seu autor certamente quis dizer:Malcolm Browne, também da Associated Press, deveria ter impe -dido que o monge budista em Saigon não se imolasse, sentado e ereto,impedindo o mundo de ver o protesto em cuja foto encontrou seumaior impacto?(Caio Túlio Costa, Folha de S. Paulo, 17/3/91)a) Se tomado ao pé da letra, o que significa exatamente o trecho...deveria ter impedido que o monge...não se imolasse?b) Se não foi isso que o autor quis dizer, que sentido pretendeu dar aesse trecho?3. (FUVEST) – “As pessoas ficam zoando, falando que a gente nãoconseguiria entrar em mais nada, por isso vamos prestar Letras”, dizEu tinha o medo imediato. E tanta claridade do dia. O arrojo dorio e só aquele estrape*, e o risco extenso d’água, de parte a parte.Alto rio, fechei os olhos. Mas eu tinha até ali agarrado uma esperan -ça. Tinha ouvido dizer que, quando canoa vira, fica boiando, e ébastante a gente se apoiar nela, encostar um dedo que seja, para seter tenência, a constância de não afundar, e aí ir seguindo, até sobrese sair no seco. Eu disse isso. E o canoeiro me contradisse: — “Estaé das que afundam inteiras. É canoa de peroba. Canoa de peroba ede pau-d’óleo não sobrenadam...” Me deu uma tontura. O ódio queeu quis: ah, tantas canoas no porto, boas canoas boiantes, de faveiraou tamboril, de imburana, vinhático ou cedro, e a gente tinha esco -lhido aquela... Até fosse crime, fabricar dessas, de madeira burra!(Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, pp. 88-89.)* instrumento de tortura1. (UFSCar) – Diz Alfredo Bosi a respeito de Guimarães Rosa:Grande Sertão: Veredas e as novelas de Corpo de Baile incluem erevitalizam recursos da expressão poética: células rítmicas, alitera -ções, onomatopeias, rimas internas, ousadias mórficas, elipses,cortes e deslocamentos de sintaxe, vocabulário insólito, arcaico ou detodo neológico, associações raras, metáforas, anáforas, metonímias,fusão de estilos, coralidade.(Alfredo Bosi, História Concisa da Literatura Brasileira, p. 430.)a) De qual dos recursos enumerados Guimarães Rosa faz uso notrecho: Eu disse isso. E o canoeiro me contradisse? Explique.b) Com qual desses recursos pode ser associada a frase: Até fossecrime, fabricar dessas, de madeira burra!?2. (UFSCar) – Levando em conta as associações raras, mencio na -das por Bosi,a) explique o significado da expressão alto rio, logo no início dotexto.b) qual a base analógica para a criação dessa expressão?3. (UFSCar) – Levando em conta a norma padrão do português doBrasil,a) como você caracteriza a variação linguística que aparece em: Medeu uma tontura?b) como você redigiria essa frase de acordo com a norma padrão?– 23


PORTUGUÊS B❑MÓDULO 30 – Redação e Morfologia (VI)Texto para a questão 1.DeliveryAté pra telepizzaÉ um exagero.Há quem negue?Um povo com vergonhaDa própria línguaJá está entregue.CAPITULAÇÃO(Luis Fernando Verissimo)1. (FUVEST)a) O título dado pelo autor está adequado, tendo em vista o conteúdodo poema? Justifique sua resposta.b) O exagero que o autor vê no emprego da palavra delivery seaplicaria também a telepizza? Jus tifique sua resposta.Quadrinho para a questão 2.3. (FUVEST)Diálogo ultrarrápido— Eu queria propor-lhe uma troca de ideias ...— Deus me livre!(Mário Quintana)No diálogo acima, a personagem que responde: — Deus me livre! criaum efeito de humor com o sentido implícito de sua frase fulminante.a) Continue a frase — Deus me livre!, de modo que a personagemexplicite o que estava implícito nessa frase.b) Transforme o diálogo acima em um único período, utilizando ape -nas o discurso indireto e conservando o sentido do texto.❑MÓDULO 31 – Interpretação de Textos (I)Considere o trecho do conto “O Alienista”, de Machado de Assis, pararesponder às questões de 1 a 3.Mas o ilustre médico, com os olhos acesos da convicção científica,trancou os ouvidos à saudade da mulher, e bran damente a repeliu.Fechada a porta da Casa Verde, entregou-se ao estudo e à cura de simesmo. Dizem os cronistas que ele morreu dali a dezessete meses, nomesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada. Algunschegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco, alémdele, em Itaguaí; mas esta opinião, fundada em um boato que correudesde que o alienista expirou, não tem outra prova, senão o boato; eboato duvidoso, pois é atribuído ao padre Lopes, que com tanto fogorealçara as qualidades do grande homem. Seja como for, efetuou-seo enterro com muita e rara solenidade.1. (CÁSPER LÍBERO) – Pode-se afirmar que o des fecho dopersonagem Simão Bacamarte, como mostra o trecho acima, ilustracaracterís tica machadiana:a) A morte como recompensa diante das injustiças sofridas peloshomens de bem.b) Fórmula salvacionista fracassada para a redenção dos males dahumanidade.c) Castigo merecido por todos os que demonstram um compor -tamento narcísico.d) Desventura humana decorrente de um meio social agressivo eaniquilador.e) Contraponto entre corrosão dos sentimentos e benevolência dohomem.2. (UNICAMP) – Jogos de imagens e palavras são característicosda linguagem de história em quadrinhos. Alguns desses jogos podemremeter a domínios específicos da linguagem a que temos acesso emnosso cotidiano, tais como a linguagem dos médicos, a linguagem doseconomistas, a linguagem dos locutores de futebol, a linguagem dossurfistas, dentre outras. É o que ocorre na tira de Laerte, acima apre -sentada.a) Transcreva as passagens da tira que remetem a domínios espe -cíficos e explicite que domínios são esses.b) Levando em consideração as relações entre ima gens e palavras,identifique um momento de humor na tira e explique como éprodu zido.24 –2. (CÁSPER LÍBERO) – As conjunções destacadas no trecho intro -duzem, respectivamente, ideia dea) tempo, modo, fim.b) contradição, tempo, causa.c) alternância, modo, explicação.d) contradição, tempo, explicação.e) finalidade, condição, conclusão.3. (CÁSPER LÍBERO) – Assinale a alternativa em que a palavrasenão tem o mesmo sentido que o da frase – “...não tem outra prova,senão o boato;...”.a) Esperamos que as coisas mudem, senão estamos em perigo.b) Fale mais baixo, senão todos vão nos ouvir.c) Não fiz tudo isso com a intenção de prejudicá-lo, senão de ajudá-lo.d) Não tome essas atitudes, senão vão desconfiar de você.e) Eles não fizeram outra coisa, senão duvidar de nós.


4. (UNESP) – A economia argentina já está respirando sem apa -relhos. Um dado eloquente dessa recupe ração: o Brasil aumentou em100% suas exporta ções para lá em março, em comparação com omesmo período do ano passado.(Revista Veja, 2/4/2003.)Nas tempestades de areia do nosso destino, nas cavernas maisprofundas da nossa ancestralidade, nos subterrâneos da nossa aven -tu ra, escondem-se delatores e terroristas, carcereiros e tortura dores,cassandras* e patriotas, usurpadores e fanáticos, predadores ecorrup tos, sequestradores e socio patas. As guerras são a hora da suaplena liberação.*Cassandra era uma profetiza troiana que anunciava desgraças eera desacreditada por todos.(Rodolfo Konder, Folha de S.Paulo, 7/4/2003.)Os dois textos foram escritos com o emprego de linguagem figurada.Para efetivamente compreendê-los, é necessário “decodificar” asfigu ras que são, nesse caso, metáforas.Depois de fazer isso, explique:a) Qual o sentido da frase:A economia argentina está respirando sem apa relhos.b) Qual a tese defendida pelo autor no segundo texto?❑MÓDULO 32 – Interpretação de Textos (II)2. (UNESP) – Na construção de um texto, é quase sempre neces sárioretomar aquilo que se disse antes e, geralmente, com outras palavras.a) Transcreva uma palavra que realiza essa função em relação àpalavra picanha, no primeiro parágrafo do texto.b) Transcreva duas palavras ou expressões que rea lizam essa funçãoem relação à expressão pedaço de músculo, no segundo parágrafo.3. (UNICAMP) – Na embalagem de um aparelho eletrônico, vocêen contra um “Termo de Garantia” no qual se leem, entre outras, asinformações abaixo:Este produto é garantido pela Amelco S.A. Indústria Eletrônicadentro das seguintes condições:1. Fica garantida, por um período de 6 (seis) meses a contar da datada emissão da nota fiscal de venda ao consumidor, a substituição depeças, partes ou com ponentes que apresentarem defeitos de fabrica -ção, exceto aqueles decorrentes de instalação e uso inadequado e emdesacordo com as especificações contidas no “Manual de Instru -ções”.2. A Amelco não se responsabiliza pelos produtos agregados aosseus pelos consumidores, e ainda por defeitos que esses causarem.(...)3. Essa garantia será extinta caso:• O defeito for causado pelo consumidor ou por terceirosestranhos ao fabricante;• O produto tiver sido violado, alterado, adulterado ou consertadopor pessoas ou empresas não auto rizadas pelo fabricante;• Sejam interligados ao produto elementos não recomendadospelo fabricante;• Não sejam seguidas as instruções constantes do manual, prin -cipalmente quanto à correta instalação e voltagem elétrica.PORTUGUÊS BTexto para as questões de números 1 e 2.A faca desce macia, cortando sem esforço o pedaço de picanha.Dourada e crocante nas bordas, tenra e úmida no centro. Você põe acarne na boca e mastiga devagar, sentindo o tempero, a maciez, atemperatura. O sumo que escorre dela enche a boca e, com ele, osabor incomparável. Carne é bom.Mas que tal assistir à mesma cena sob outra perspectiva? Noprato jaz um pedaço de músculo, amputado da região pélvica de umanimal bem maior que você. Com a faca, você serra os feixesmusculares. A seguir, coloca o tecido morto na boca e começa adilacerá-lo com os dentes. As fibras musculares, células com pridas –de até 4 centímetros – e resistentes, são picadas em pedaços. Na suaboca, a água (que ocupa até 75% da célula) se espalha, carregandoorganelas celulares e todas as vitaminas, os minerais e a abundantegordura que tornavam o músculo capaz de realizar suas funções,inclusive a de se contrair. Sim, meu caro, por mais que você odeiepensar que a comida no seu prato tenha sido um animal um dia, vocêestá comendo um cadáver.(Revista Superinteressante, abril de 2002)1. (UNESP) – No texto, há duas versões que tratam do uso da carnebovina como alimento humano.a) A segunda versão apresenta o consumo de carne de uma maneiradepreciativa. Transcreva duas palavras ou expressões responsáveispor essa visão.b) Pode-se considerar uma dessas versões como ver dadeira e a outrafalsa? Por quê?a) Aponte uma contradição na cláusula 1.b) Considerando o uso corrente, o pronome esses (cláusula 2) podeser interpretado como referindo-se a mais de um antecedente.Aponte dois.c) A terceira cláusula é em grande parte repetitiva em relação àscláusulas 1 e 2, mas sempre acrescenta algum dado novo. Apontedois desses dados novos.❑MÓDULO 33 – Interpretação de Textos (III)As questões de números 1 a 3 tomam por base uma crônica de Fer -nando Pessoa (1888-1935).CRÔNICA DA VIDA QUE PASSAÀs vezes, quando penso nos homens célebres, sinto por eles toda atristeza da celebridade.A celebridade é um plebeísmo. Por isso deve ferir uma almadelicada. É um plebeísmo porque estar em evidência, ser olhado portodos inflige a uma criatura delicada uma sensação de parentescoexterior com as criaturas que armam escândalo nas ruas, que gesti -cu lam e falam alto nas praças. O homem que se torna célebre ficasem vida íntima: tornam-se de vidro as paredes de sua vida domés -tica; é sempre como se fosse excessivo o seu traje; e aquelas suasmínimas ações — ridiculamente humanas às vezes — que ele quereriainvisíveis, coa-as a lente da celebridade para espetaculosaspequenezes, com cuja evidência a sua alma se estraga ou se enfastia.É preciso ser muito grosseiro para se poder ser célebre à vontade.– 25


PORTUGUÊS BDepois, além dum plebeísmo, a celebridade é uma contradição.Parecendo que dá valor e força às criaturas, apenas as desvaloriza eas enfraquece. Um homem de gênio desconhecido pode gozar avolúpia suave do contraste entre a sua obscuridade e o seu gênio; epode, pensando que seria célebre se quisesse, medir o seu valor coma sua melhor medida, que é ele próprio. Mas, uma vez conhecido, nãoestá mais na sua mão reverter à obscuridade. A celebridade éirreparável. Dela como do tempo, ninguém torna atrás ou se desdiz.E é por isto que a celebridade é uma fraqueza também. Todo ohomem que merece ser célebre sabe que não vale a pena sê-lo. Dei -xar-se ser célebre é uma fraqueza, uma concessão ao baixo-instinto,feminino ou selvagem, de querer dar nas vistas e nos ouvidos.Penso às vezes nisto coloridamente. E aquela frase de que“homem de gênio desconhecido” é o mais belo de todos os destinos,torna-se-me inegável; parece-me que esse é não só o mais belo, maso maior dos destinos.(PESSOA, Fernando. Páginas íntimas e de autointerpretação.Lisboa: Edições Ática, [s.d.], pp. 66-67.)juventude e virilidade, posando com fêmeas muito mais jovens. Fin -gem acreditar que elas estão aí por amá-los. São poucas vezes atraí -das pelo seu intelecto, e muitas pela fama, poder e dinheiro. A dura -bilidade de tais ligações, no geral, termina quando tal fêmea atingeseu objetivo. Pior ainda, quando essa fêmea mostra também in te lectoe capacidade de sobrevivência sem seu protetor. Duro, triste, real.(Laércio Zanini, Garça, SP)a) O texto usa, em relação às mulheres, um termo for te menteconotado, e lhes atribui um compor ta men to que as desqualifica.Transcreva uma frase em que o termo ocorre, associado àdescrição de com por tamentos que desqualificariam as mulhe res.Su blinhe o termo em questão na sua frase.b) Quais os traços de caráter das mulheres em relação aos quais oshomens deveriam se precaver, se gundo o autor dessa carta?c) A quem se refere o autor da carta, na frase "o ho mem não aprende"?2. (UNICAMP) – Leia o seguinte soneto de Camões:1. (UNESP) – Na crônica apresentada, Fernando Pessoa atribui trêscaracterísticas negativas à celebridade, descrevendo-as no segundo,terceiro e quarto parágrafos. Releia esses parágrafos e aponte os trêssubstantivos empregados pelo poeta que sintetizam essas caracte rís -ticas negativas da celebridade.2. (UNESP) – Considerando que os dicionários apontam diversasacepções para obscuridade, nem todas limitadas ao plano sensorial,verifique atentamente os empregos dessa palavra que FernandoPessoa faz no terceiro parágrafo de sua crônica e, em seguida,identifique a acepção mobilizada pelo autor.3. (UNESP) – Explique, com base no texto como um todo, a imagemempregada por Pessoa no segundo parágrafo: “...tornam-se de vidroas paredes de sua vida doméstica...”.4. (UNESP) – As duas frases a seguir apresentam incoerências:“Nós não temos censura. O que temos é uma limitação do que os jor -nais podem publicar.”(Louis Net, ex-vice-ministro da Informação da África do Sul)“Um homem não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, amenos que ele seja uma ave.”(Sir Boy Roche, deputado do Parlamento Britânico)Oh! Como se me alonga, de ano em ano,a peregrinação cansada minha.Como se encurta, e como ao fim caminhaeste meu breve e vão discurso humano.Vai-se gastando a idade e cresce o dano;perde-se-me um remédio, que inda tinha.Se por experiência se adivinha,qualquer grande esperança é grande engano.Corro após este bem que não se alcança;no meio do caminho me falece,mil vezes caio, e perco a confiança.Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança,se os olhos ergo a ver se inda parece,da vista se me perde e da esperança.a) Na primeira estrofe, há uma contraposição expressa pelos verbosalongar e encurtar. A qual deles está associado o cansaço da vidae qual deles se associa à proximidade da morte?b) Por que se pode afirmar que existe também uma contraposição nointerior do primeiro verso da se gunda estrofe?c) A que termo se refere o pronome “ele” da última estrofe?a) Explique a razão da incoerência da primeira frase.b) Explique a razão da incoerência da segunda frase.❑MÓDULO 35 – Interpretação de Textos (V)❑26 –MÓDULO 34 – Interpretação de Textos (IV)1. (UNICAMP) – O texto abaixo foi publicado na seção "Cartas doleitor" da Folha de S. Paulo de 30/8/00. Referida a um crime que teverepercussão na im pren sa escrita e falada, esta carta dá uma notáveldemons tração de machismo e desprezo pelas mulheres.A recente morte violenta de uma jornalista choca a todos porque,nesse fato, o assassino foge ao perfil comum de tais tipos, mas certassituações que levam a isso estão aí, nos círculos milionários, meiosartís ti cos, esportivos e de poder. Tudo porque o homem não aprende.Há milênios, gosta de passar aos de mais uma imagem de eterna1. (FUVEST) – Leia as seguintes frases:I. “A globalização pode ser negativa se a inter nacionalização eco -nômica beneficiar uns graças à exploração de outros.”II. “Educação, saúde, saneamento básico, rede elé trica, telecomu -nicações e transporte são bens que, graças à globalização, atingemum número maior de indivíduos.”a) Em qual das frases seria mais adequado o emprego da locuçãodestacada, caso fosse levado em conta o significado do substantivograças? Justifique sua resposta.b) Reescreva os trechos “graças à exploração” e “graças à globalização”,substituindo a locução destacada por outra equivalente quan -to ao sentido. Procure usar uma locução diferente para cada tre cho.


2. (FUVEST) – Cultivar amizades, semear empregos e preservara cultura fazem parte da nossa natureza.a) Explique o efeito expressivo que, por meio da sele ção lexical, seobteve nesta frase.b) Reescreva a frase, substituindo por substantivos cognatos osverbos cultivar, semear e preservar, fazendo também as adaptaçõesneces sárias.a) A tira apresenta duas formas opostas pelas quais a mulher pode serrepresentada na sociedade. Quais são essas representações?b) A qual delas a personagem Mãe realmente cor responde?c) Justifique sua resposta anterior, com base na tira.Leia a propaganda abaixo, veiculada logo após a seleção portuguesaperder as quartas de final da Copa do Mundo em julho de 2006.❑MÓDULO 36 – Interpretação de Textos (VI)1. (UNICAMP-SP – prova para vagas remanes centes) – Não énova a discussão sobre a forma como a mulher é representada nasociedade. A tira a seguir faz referência a essa discussão.PARABÉNS À SELEÇÃO PORTUGUESAPOR LEVAR 190 MILHÕES A SONHAR_______O BNP parabeniza todo o time português por ter feitosonhar duas nações inteiras: Portugal e BrasilPORTUGUÊS B2. (UNICAMP-SP – prova para vagas remanescentes – adaptada) –A propaganda do BNP refere-se a duas nações: Portugal e Brasil,como se explicita no final do texto. Além dessa explicitação, há, naprimeira parte da propaganda, um recurso que nos leva a pensar nasduas nações. De que recurso se trata?3. (UNICAMP-SP – prova para vagas remanescentes – adaptada) –Que palavras ou expressões contidas na primeira parte da propagandaapresentam equivalentes na segunda parte?RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS-<strong>TAREFA</strong>❑ MÓDULO 11) a) Alma, no contexto, pode significar “essência” ou “fatorfun damental”. O sentido, portanto, é o mesmo para ambasas personagens.b) “O negócio é a alma da propaganda.”2) a) Descrevendo-se os trechos sublinha dos nas frases I e II,tem-se:I. “… caso (contanto que, desde que, a não ser que) opro duto não seja correta mente utilizado”.II. “… se ele contiver…” ou “...desde que (con tanto que,a não ser que) ele contenha…”.b) Fazendo-se as correções necessárias, tem-se: “As despesasde transporte ou quaisquer ônus decorrentes (ou qualquerônus decorrente) do envio do produto para troca corrempor conta do usuário”.3) a) Ao se discutirem as ideias expostas na assembleia, chegouseà seguinte conclu são: pô-las em confronto com outrasmenos polêmicas seria avaliar-lhes melhor o peso (ou seriaavaliar melhor o peso delas), à luz do princípio geral queas vem regendo. (Note-se que a questão pedia que se subs -ti tuíssem as expres sões sublinhadas por pro nomes pes -soais; portanto, não seria correto o uso do pronomeposses sivo seu em seu peso.)b) Quando se discutiram as ideias expos tas na assembleia...(O infinitivo flexionado da oração reduzida, dis cutirem,deve ser substituído pelo preté ri to perfeito, discutiram, porcausa da correla ção com o verbo da oração principal,chegou-se.)4) a) O mesmo fato pode não passar de “um mistério da flo res -ta”, ou seja, não ter nenhuma repercussão, nem merecerqual quer atenção, quando ignorado pela mídia, ou sertransfor mado em “um problema mundial”, se veiculadopelos meios de comunicação de massas. O sentido políticode que o fato possa revestir-se depende, portanto, da “me-diação da imprensa”.b) Se 20 índios ianomâmis fossem assassinados e ninguémouvisse falar, o crime não se tornaria um fato político. Ca -so aparecesse na televisão, o que seria um mistério dafloresta tornar-se-ia um problema mundial.5) a) Funcionários cogitam iniciar uma nova greve e isolar o go -ver nador. Funcio ná rios cogitam uma nova greve e oisolamento do governador.b) Essa reforma agrária, por um lado, fixa o homem no cam -po, mas por outro não lhe fornece os meios de subsistênciae produção. Ou: meios de subsistir e produzir.– 27


❑ MÓDULO 2❑ MÓDULO 3PORTUGUÊS B1) a) As duas orações adjetivas que apa recem no período são“...que nunca viu...” e “...a que nunca foi”. Na primeira, osintagma nominal que antecede o pronome relativo é“Partenon de Atenas”, sendo Partenon o núcleo substan -tivo do sintagma; na segunda, é Japão que constitui opróprio núcleo do sintagma.b) Tem-se zeugma na omissão dos termos canta e poeta pre -sentes no texto. Os tre chos em que aparecem implícitos são“...que o poeta nunca viu...” e “...outro poeta canta oscostumes de um Japão...”2) Nas orações: “Não pelo pai, mas pelo filho”, os verbos ajoelhae reza, que aparecem na oração anterior, foram omitidos, con -fi gurando zeugma. A oração “mas pelo filho” expressa ideiade oposição em relação à oração anterior “Não pelo pai,”.Assim, tem-se oração independente coordenada à seguinte(“Não pelo pai”) e oração coordenada sindética adversativa(“mas pelo filho”). No quarto verso, a oração “O filho temmais precisão” justifica o pedido expresso nas oraçõesanteriores, sendo, portanto, coordenada explicativa.3) a) O eu lírico apresenta-se no texto por meio das mar cas lin -guís ticas de primeira pessoa, como os pronomes meu emim, e pelos verbos sofri, quero, es pero e morto. Ele dirigesea um leitor hi po té tico por meio de verbos no imperativo(vai, pro cura, leva, entre outros).b) A palavra que identifica o tempo é o advérbio Ama nhã,indi cando o dia de finados (“dia dos mortos”). O que estásendo pedido pelo eu do poema é evidenciado pelos verbosno imperativo diri gidos ao interlocutor, pedindo a ele quevá ao cemitério e pro cu re a sepultura do pai do eu lírico:“Vai ao cemi té rio. Vai / E procura entre as sepulturas / Asepultura de meu pai”. A sequência do pedido continua nasegunda estrofe: “Leva três rosas bem bonitas. / Ajoelha ere za uma oração”, com verbos também no im pe ra tivo.4) O autor informa, no primeiro parágrafo transcrito, que osmedicamentos empregados contra a tuberculose eram vários ede uso contínuo. Uma das “mudanças signi ficativas” mencio -na das no segundo parágrafo diz respeito ao “uso intermitentede drogas”, expressão em que o adjetivo intermitente esclarecea modificação ocorrida.Intermitente: em que ocorreu interrupções; que cessa e reco -meça por intervalos; descontínuo.5) Passando-se o último período para a voz passiva sin tética,tem-se: Condena-se a antiga superali men tação.O enunciador optou pelo distanciamento porque o teor dotexto — puramente referencial, informativo, objetivo — nãose coa du na com nenhuma forma de intromissão pessoal. Aimpessoali dade é expressa de várias formas, sendo uma delasa voz passiva prono minal.1) a) É típico do português coloquial do Brasil a mistura deformas verbais da 2.ª pessoa, no caso do imperativo (fechae vê), com prono mes e formas verbais da 3.ª pessoa (“vocêconse gue”). Isto se deve ao uso, muito generalizado noBra sil, do pronome de tratamento você, correspondente à3.ª pessoa, mas designativo do interlocutor (2.ª pessoa).De acordo com a norma culta, poder-se-ia usar somente a2.ª pessoa: “Fecha os olhos e vê se tu consegues imaginaros países ricos, pobres, e os países pobres, ricos ...” ouapenas a 3.ª: “Feche os olhos e veja se você consegue imagi -nar os países ricos, pobres, e os países pobres, ricos…”b) A personagem imagina-se como um cidadão dos Es tadosUnidos, país rico, com as carac terísticas pró prias dessasituação: a indumen tária que retrata a fi gura do “TioSam”, símbolo da civilização norte-americana.2) a) O erro ocorre em: “(...) os percalços que en fren ta riamqual quer programa de estabilização (...)”.b) O redator da notícia fez a concordância do verbo com oan tecedente do pronome relativo (percalços), que é objetodireto, e não com o sujeito (qualquer programa de esta bili -zação). Como o sujeito vem posposto e o antece dente do re -la tivo está no plural, houve a confusão e, consequen te -mente, o erro.c) “(...) os percalços que enfrentaria qualquer programa deestabilização (...).”3) O comentário do jornal qualifica impro pria mente como “erroortográfico” o solecismo, corrente no Brasil, que consiste emnão fazer a concordância do verbo com o sujeito na cons -trução da voz pas siva sintética ou prono minal. Trata-se,portanto, de problema de sintaxe, não de ortografia.4) a) O texto de Alvarenga e Ranchinho é uma paródia humo -rís tica de um dos mais populares poemas do ultrarroman -tismo português, O Noivado no Sepul cro, de Soares Passos(“Vai alta a lua na mansão da morte, / já meia-noite comvagar soou, / que paz tranquila dos vaivéns da sorte!/ sótem des can so quem ali baixou”). A dupla sertaneja re to -ma, pelo avesso, o gosto romântico por am bientes fúne -bres, paisagens noturnas além da imaginação delirante,muitas vezes atraída pela morte, por seus ritos e pelassugestões escapistas e sobrenaturais.b) Entre os elementos humorísticos que parodiam o senti men -talismo mórbido dos românticos, um dos mais eficazes é aflexão de gênero do sobrecomum “caveira”, flexionado nomasculino como “caveiro”. Outro efeito humorístico é o jogoantitético “de amor morria” e “de amores por ela vivia”.Também a utilização do “dialeto caipira” (“em riba”, “che-gou de pé junto”) modula o humor com que os artistas po -pu lares prolongam, além-túmulo, o tema do amanterejeitado, do “caveiro” preterido que se embriaga e se mata.28 –


5) a) “Havia duas caveiras que se amavam”.O verbo “haver”, no sentido de existir, é impessoal e ficana 3.ª pessoa do singular.b) Como já foi observado na resposta da questão 21, o uso daforma o caveiro, no lugar de a caveira, con fere maior comi -ci dade ao texto e quebra o próprio espírito do romantismo.6) a) No primeiro verso “Eram duas caveiras que se amavam”,o se é empregado com valor de pronome reflexivo recí -proco, ou seja, “amavam-se uma à ou tra”. Já no segundoverso “E matou-se de um modo romanesco”, o pronome seé ape nas reflexivo, equi valendo a “matou a si mesmo”.b) “Que o trocou por um defunto fresco.”❑ MÓDULO 41) As lavouras de trigo da Região Sul foram dani ficadas, já queuma forte massa de ar polar veio junto com a frente fria ecausou acen tuada queda de temperatura que, associada aolongo período com registro de pouca chuva, deve reduzir opotencial produtivo da cultura.A questão admite variação na estrutura da resposta. O impor -tante é que sejam mantidas as relações de causa e efeitocontidas nos períodos simples originais.2) O diretor-geral não entendeu a referência a si próprio,quando o detetive empregou os pronomes de terceira pessoalhe, seu, sua. Ocorre que, em Português, tais pronomes tantopodem referir-se à terceira pessoa ele, ela, quanto ao pronomede tratamento você, indicando a pessoa com quem se fala. Porisso, para que o diretor-geral entendesse a informação, odetetive trocou os pronomes pelos de segunda pessoa tu.3) a) ... nas matérias que você tem maior dificuldade... A ausênciada preposição em, regida pelo substantivo dificul dade, étípica da linguagem oral.“Uma casa, onde na frente funcionava um bar...” Ondeestá empregado em lugar de em cuja, numa construçãotípica da linguagem coloquial.b) De acordo com a norma culta escrita, dever-se-ia ter:“Con centre sua atenção nas matérias em que você temmaior dificuldade...”; “Uma casa, em cuja frentefuncionava um bar, foi totalmente destruída por umincêndio na madrugada de ontem”.4) a) A forma inadequada é repor e, corrigindo-a, teríamos: “...erepuser perdas...”.b) Tal ocorrência pode ser explicada pelo fato de os verbosregulares (amar, vender, partir) apresentarem formasiguais para o infinitivo pessoal e futuro do subjuntivo: ven -der eu, venderes tu... quando eu vender, quando tu venderes.Porém, repor é um verbo irregular: repor eu, repores tu...(infinitivo pessoal) e quando eu repuser, quando turepuseres... (futuro do subjuntivo). Daí, podemos afirmarque o autor do texto citado partiu da hipótese – falsa – deque o verbo pôr fosse regular e acabou conjugandoerroneamente, seguindo o modelo dos verbos regulares.5) a) Empregando-se o pronome vocês, segundo o há bito brasi -leiro, o imperativo corresponderia a for mas do subjuntivo:“Numa panela funda, colo quem a água, o adoçante, o sucode laranja, o cravo, a ca nela e o anis-estrelado. Deixemferver por 15 minutos. Juntem os pedaços de abóbora nacalda e cozinhem por 20 minutos. Desliguem o fogo edeixem na panela por 12 horas. Depois, colo quem em umacompoteira. Levem à geladeira por aproximada mente 1hora, antes de servir”. Caso se optasse por formas doimperativo propria mente dito, que postulam o tratamentoem segun da pes soa, os verbos seriam: colocai, deixai,juntai, cozinhai, desligai, deixai, colocai, levai, respec tiva -mente.b) “Numa panela funda, colocam-se a água, o ado çante, osuco de laranja, o cravo, a canela e o anis-estrelado. Deixaseferver por 15 minutos. Juntam-se os pedaços de abóborana calda e cozinha-se por 20 minutos. Desliga-se o fogo edeixa-se na pa nela por 12 horas. Depois, coloca-se em umacom poteira. Leva-se à geladeira por aproximada mente1 hora, antes de servir.”6) a) A palavra em questão é o verbo rodar, que tanto podesignificar filmar (“rodar um filme”) quanto “mover-sesobre rodas”, “andar ou dirigir-se de automóvel”.b) As duas leituras dão à palavra um sentido cono tativo.Papel pode-se referir tanto a “papel de cinema”, ou seja, auma personagem de um filme, quanto à fun ção da queleque adquire um dos produtos da Pe trobras.❑ MÓDULO 51) a) A personagem Susanita pretendeu acentuar a incapa ci da -de da personagem Manolito; contudo sua observação ares peito da nota zero atribuída pela professora foierronea mente interpretada pelo amigo como um atoinjusto.b) Primeiramente, a personagem faz uso da segunda pessoado singular (te), para, em seguida, utilizar a terceirapessoa do singular (sua). Rees critas possíveis:1. a ) “Imagina só te dar zero! Tua professora está louca!”2. a ) “Imagine só lhe dar zero! Sua professora está louca!”2) a) A inadequação sintática se deve ao fato de este bloco nãoser homogêneo, pois contém sintagmas nominais e verbaiscomo complemento do verbo fazer, desta cado tipogra -ficamente. Adequado seria compor o bloco apenas comtermos que pudes sem funcionar como objetos de fazer.PORTUGUÊS B– 29


PORTUGUÊS Bb) O correto seria:(...) por isso evite: fazer fogo, fogueiras, barulho e somalto; buzinar; sair das trilhas ou dos pontos de visitação;pichar, escrever, riscar; danificar imóveis, placas, pedras eárvores; lavar utensílios e roupas no rio. (Note-se que overbo destacado deveria ser evite, não fazer.)❑ MÓDULO 61) a) A vírgula, no caso, seria mais adequada que o ponto final,pois na verdade não ocorre o encer ramento do período,vis to que a última palavra da frase limitada pelo ponto(Pa raná) é retomada pelo pronome relativo que, intro -dutor de uma oração adjetiva explicativa subordinada àoração anterior.b) Vociferou, gritou, clamou em altos brados, ou, em sentidofigurado, trovejou.2) a) No início da tarde, o assessor do presidente comunicou ademissão a ela.b) No início da tarde, a demissão foi comunicada a ela peloassessor do presidente.3) a) Beba chá Matte (Leão) à vontade.Mate a vontade de tomar chá Matte (Leão).Beba (chá) mate à vontade. / Mate à vontade sua sede.b) A propaganda explora justamente as diferentes possibilidadesapresenta das no item a:• “Matte à vontade.” – O sentido é de haver chá da marcaanunciada em grande quantidade, de forma a satisfazerquem desejar tomá-lo. Nessa frase, “à vontade” é locuçãoadverbial e “Matte”, por seu duplo t, faz alusão à marcaem questão.• “Mate a vontade.” – A frase, de teor conativo — impera -tivo ou exortativo —, conclama o receptor a satisfazer seudesejo. Aqui, “mate” é forma verbal do imperativo dematar, verbo usado como catacrese procedente de metá -fora (matar = “satisfazer”); “a vontade” é um sintagmanominal que complementa o verbo (objeto direto).• “Mate à vontade”. Aqui a palavra “mate” é substantivocomum, e não se refere, portanto, à marca de chá. Poderse-iatambém entender “mate” como a forma verbal doimperativo do verbo matar (Mate sua sede à vontade comchá mate). Em ambas as interpretações, “à vontade” élocução adverbial.❑ MÓDULO 71) Não. O Fidalgo não estava preparado para morrer, pois partiu“tão sem aviso”.2) Para o Anjo, o Fidalgo é tirano. O Anjo diz: “Não se embarcatirania / neste batel divinal.”30 –3) O Fidalgo, com grande arrogância, refere-se a si mesmo deforma solene (“minha senhoria”) e espanta-se de que não sedê tratamento mais cortês a um homem de tal importância(“senhor de tal marca”). Outro sinal de vaidade está na longacauda do casaco que veste, além da cadeira que faz um servolevar, para quando ele quiser sentar-se.4) Trata-se de sátira social virulenta, dirigida contra amplossetores da sociedade portuguesa.Resposta: E❑ MÓDULO 81) A resposta consiste num resumo adequado da estrofe la -mentativa de Bocage.Resposta: B2) A resposta refere-se ao elemento pré-romântico dos versos deBocage, que nisso foi inovador no quadro do neoclassicismoportuguês.Resposta: C3) Os motivos são o “ultraje” aos Céus (à religião, ao sagrado) ea falta de “razão” em sua obra.4) Deve considerar-se o contexto.Resposta: D5) O eu lírico exprime o desejo de que seu sofrimento (“tor-mento”) faça que a morte (“a terra dura”) seja menos terrível(seja “leve”) para ele.❑ MÓDULO 91) a) Trata-se de Moacir, “o filho da dor”, fruto da união doportuguês Martim com a índia tabajara, Iracema.b) Após a morte de Iracema, Martim regressa, com o filho Moa -cir, a Portugal e, depois de quatro anos, volta para o Ceará.2) No contexto, o emprego do verbo dizer denota hesitação donarrador quanto à expressão empregada — é como se eledissesse “por assim dizer”, “à falta de melhor expressão”.Resposta: B3) Erros: a) modesto significa “simples”; b) porte esbelto, “talheesguio”; c) viço da mocidade, “vigor da juventude”; e) nativabondade, “bondade inata”.Resposta: D4) “Os encantos da gentil cantora” são expressos por meio deimagens de volatilidade e fluidez. A beleza da mulher cria umaatmosfera de sonho que impregna o ambiente. Observe-se,porém, que a associação da figura feminina a tais “imagensfluidas e voláteis” não é exclusiva do Romantismo, pois ocorreno Simbolismo e até na literatura modernista e posterior,como, por exemplo, os poemas “Mulher Sentada” e “Imitaçãoda Água”, de João Cabral de Melo Neto.Resposta: B


❑ MÓDULO 10❑ MÓDULO 121) “Namoro a Cavalo” pertence ao segundo grupo: a linguagemé coloquial, o tom é de deboche e a atitude romântica é com -ple tamente ironizada, diferentemente do poema “Lembrançade Morrer”, por exemplo, que apresenta linguagem e tomelevados, expres são romanticamente séria de emoções.2) Ocorre na estrofe 3, em que ele fala do verso “furtado” queescrevia para a namorada.3) Sim, pois o casamento é dado como o fim de “toda a comédia”.Essa associação parece sugerir algum aspecto cômico docasamento.4) A diferença é que a figura feminina mais frequente na poesiaromântica é vaga, inatingível, etérea, apesar de muitas vezesaparecer tingida de sensualidade. A mulher de “Namoro aCavalo” é uma moça algo truculenta, de “maus bofes”, quebate violen tamente a janela no nariz do namorado porestarem as roupas dele enlameadas.5) Momentos ridículos em que se ironizam elementos român -ticos: “ela, irritada, / Bateu-me sobre as ventas a janela...”(aqui o clássico encontro dos namorados na janela, como emRomeu e Julieta, é invertido e tornado cômico, pois a mulhernão é uma jovem etérea e delicada, mas uma moça agressivae mal-humorada). A estrofe seguinte apresenta o “herói”sendo derrubado do cavalo, em outro momento ridículo eantirromântico. Também no verso em que o namorado sedescreve a sair “berrando como um bode” há zombaria, sejana maneira como o poeta representa a expressão do que onamorado sentia, seja na linguagem empregada, bastantesugestiva e vulgar.❑ MÓDULO 111) O verbo haver deveria concordar com o sujeito plural: haviampodido. Nas locuções verbais, a flexão de número recai sobreo verbo auxiliar e, no trecho dado, o verbo haver foi em pre ga -do como auxiliar do verbo poder. Não se deve, portanto, con -fundir esse emprego com o caso em que tal verbo é usado naacepção de “existir”, o que obrigaria a concordância exclusivacom a terceira pessoa do singular.2) O verbo haver, no sentido de “existir”, é im pes soal, devendopermanecer na terceira pessoa do singular: “...quando haviano mundo...”.3) No início do livro, o narrador refere-se à honra e à respei -tabilidade dos meirinhos, negando-as poste rior mente comfatos e atitudes que marcam a perso nagem de Leonardo-Pa ta -ca.4) O posicio namento do narrador, a respeito da influência dosmeirinhos, é clara mente irônico.1) “Aves inteiras saltavam das travessas; os leitões, à unha,hesitavam entre dois reclamos igualmente enérgicos, dos doislados da mesa”; “Moderação! moderação! clamavam osinspetores, afundando a boca em aterros de farofa (...)”;“Cerqueira, ratazana, curvado, redobrado, sobre o prato,comia como um restaurante, comia, comia, comia como assarnas, como um cancro.”2) Essa técnica é expressionista, exatamente porque a distorçãoé grotesca, tendendo ao doentio e mórbido: “(...) comia, comia,comia como as sarnas, como um cancro.”3) “Terríveis passadas”, “repentes inesperados”, “clamando...majestoso”, “trovejou”.4) “Abolição dos castigos corporais”, “introdução de métodosnovos”, “supressão absoluta dos vexames de punição”,“modalidades aperfeiçoadas no sistema de recompensas”,“ajeitação dos trabalhos”, “paraíso”.5) No presente ocorre autoritarismo, e o liberalismo é uma pro -mes sa para o futuro. Isso evidencia inconsistência, incoerên -cia, falta de verdade mesmo nas propostas pedagógicas dodiretor.❑ MÓDULO 131) a) O trecho evidencia o Realismo-Naturalismo em quase to -dos os seus aspectos. Estão presentes: a descrição objetivae minuciosa; a desidea lização do ser humano, captado emseus aspectos ridículos e grotescos; o “determinismo bioló -gico”, na prevalência do instinto e da sexualidade (“ospesadelos lascivos”, “as melancolias do histerismo velho”);a crítica social na retratação da hipocrisia moral de quemdissimu lava no ritualismo das rezas e penitências os apelosda libido; a ironia que beira o sarcasmo; o cuidado estilís -tico.b) A maneira como Eça de Queirós articula a caracterizaçãode D. Felicidade e de sua paixão serôdia e não correspon -dida pelo Conselheiro Acácio pode, efetivamente, esconderum “drama humano” e uma “tragédia” existencial. Nadatem de alegre a situação de quem, condicionada porvalores sociais equivocados, reprimiu dolorosamente umimpulso essencial à vida. Contudo, não é esse o viés peloqual o narrador pretende conduzir o leitor. Seria negaruma das virtudes do estilo queirosiano — fazer rir, mesmoquando sob o riso se escondem as misérias da condiçãohumana. Não deixa de ser risível, no trecho, a caracteri -zação da velhota a tentar sufocar com a beatice parva as“melancolias do histerismo velho”, os “pesadelos lascivos”ressuscitados na “calva” afrodisíaca do ConselheiroAcácio, “ambição”, “vício” e “mania” de D. Felicidade.PORTUGUÊS B– 31


PORTUGUÊS B2) Depois de referir-se aos “desastres humilhadores”, o narradorafirma: “enquanto as rosas desabrochavam, a nossa agitadacasa (...) incessantemente tremeu, envolta num pó de caliça ede empreitada, com o bruto picar de pedra, o retinintemartelar de ferro.” Aqui se contrapõem uma das belezas quea natureza oferece sem nenhum alarde e toda a agitação, obarulho e a sujeira que marcariam a construção do mundoartificial da civilização e da cultura.3) a) “orações rituais que maquinalmente ia lendo”;b) “— Ora vá-se encomendar a Deus, vá! — disse batendolheno rosto devagarinho com sua mão grossa e cabeluda.”4) Amélia é caracterizada como uma linda moça, “forte”, “alta”e “bem feita”, de olhos “vivos” e “negros”. O ambiente pro -vin ciano e religioso em que vive é sugerido pela manta brancasobre a cabeça e o ramo de alecrim.6) No momento em que escreve, o narrador é um ho mem velhoque tenta recompor sua vida, desde a infância, atra vés damemória. Naquele instante, menciona sua grande capaci dadede imagi nação e lembra um fato ocorrido aos quinze anos;porém, a metáfora das éguas iberas supunha o raciocínio e oco nhecimento do adulto que narra os fatos, e não do meninoque os viveu.7) No trecho transcrito, o narrador fala que sua capa cidade deimaginar é gigantesca (“a imaginação foi a com pa nheira detoda a minha existência…”). Portanto, o que ele dá comorealidade poderia não ser mais do que a sua percepçãoequivocada dos acontecimentos: Capitu poderia ter sido fiel eele, uma vítima infeliz da “égua ibera” de sua fantasia.❑ MÓDULO 16❑ MÓDULOS 14 e 151) Não tendo nenhuma relação consanguínea com a família deBento, a condição de José Dias é de agregado, que vive defavor, sendo uma espécie de parasita social subs erviente, queprocura agradar para não perder seu lugar dentro da casa.2) Entre outras características, podemos destacar em José Dias:– o homem adulador que, por meio de suas ações, pro curadar-se ares de importância para justificar sua pre sença eperma nência no meio familiar;– a utilização de superlativos, que servem para esticar afrase e compensar as ideias e linguagem diminutas.3) José Dias acata o pedido de Bentinho quando vislumbra apos sibi lidade de levar vantagem com isso, pois, se o meninofosse estu dar na Europa, ele certamente seria designado pelamãe do garoto para acompanhá-lo. O agregado adora ossuperlativos, faz-se de homem culto, agradável e é bajulador,visando a conquistar vanta gens, como morar de graça, ir àEuropa...4) A religiosidade de Bentinho espelha o com por tamento social,pois ele ajuda o mendigo por interesse, para ser agradável aDeus e conseguir satisfazer os seus desejos. Após dar doisvinténs ao pobre coitado, pede-lhe que rogue a Deus por ele, efrisa muito bem seu nome para não haver engano na hora daoração (política de troca de favores). [No entanto, embora asquestões sociais refletidas no livro remetam à sociedade brasi -leira da época (e, em parte, ainda de hoje), os temas existen -ciais (a incerteza da vida e o problema de representá-la numanarrativa; a relação homem-mulher; o ciúme) desvinculam aobra de sua época, tornando-a universal.]5) B1) Jerônimo é um homem de força notável, tanto fisicamentequanto de caráter, trabalhador e competente, suportougrandes privações ao estabelecer-se no Brasil. Piedade é omodelo de mulher forte e honesta, esposa devotada, inteira -mente dedicada ao marido e à casa. É, ao que parece, ocomplemento ideal de um homem como Jerônimo.2) Rita Baiana é uma jovem mulata, bela e sensual, alegre ecomunicativa. Ela é popular entre muitas mulheres, de quemé íntima amiga, popular entre os homens, por causa de seusatrativos, e popular também entre as crianças, por seuespírito generoso e brincalhão. Tem a fama de namoradeira,embora no momento diga estar numa relação séria com oFirmo. Preza, acima de tudo, a sua liberdade, recusando-sepor isso ao casa mento.3) Trata-se do determinismo de raça, que era tomado como ver -dade científica e que degenerou em simples preconceito racial,como se vê no trecho citado.4) Rita representa para Jerônimo toda a sensualidade, toda aexuberância da nova terra: a abundância da natureza, oscheiros, as cores, os sabores, o calor, os ritmos, a tontura queisso lhe ocasiona — tudo carregado de forte apelo sexual.❑ MÓDULO 171) a) “rio seco”; “galhos pelados da catinga rala”.b) Como os retirantes já não tinham o que comer, resolveu-sema tar o papagaio, que serviu de alimento à família e àcachorra Baleia.2) a) Enquanto os retirantes vão sofrendo um processo debruta lização, a cachorra Baleia é apresentada como quedotada de um olhar e sensibilidade “humanos”.32 –


) O pretérito imperfeito é empregado para expressar açõesem curso no passado. O emprego da conjunção enquantoindica que as ações eram concomitantes, simultâneas:Baleia, en quanto (ao mesmo tempo em que) parava, dirigiaas pupilas..., estranhava não ver...3) A presença da paisagem semiárida do sertão nordestino e asalusões a aspectos da caatinga e do xerofitismo permitemlocalizar a ação num espaço geográfico determinado, cujauni dade é evidenciada por “juazeiros”, “planície aver -melhada”, “areia do rio seco”, “galhos pelados da catinga [=caatinga] rala”. O Nordeste também se evidencia pelo aspectosociocultural, na descrição dos hábitos e utensílios da famíliade Fabiano: “baú de folha”, “aió”, “cuia”, “espingarda depederneira”; além, naturalmente, da imprecação de Fabiano,que reproduz a fala nordestina.4) a) “Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que eradele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalharcomo negro e nunca arranjar carta de alforria?”; “Bem,bem. Não era preciso barulho não.”b) “Passar a vida inteira assim no toco”; “perdeu osestribos”; “Fabiano baixou a pancada e amunhecou”.5) A construção em períodos curtos, justapostos por coordena -ção assindética, confere às imagens um dinamismo “cinemato-gráfico”, compondo-se, com grande eficácia, duas situaçõesdistintas no universo da cachorra Baleia. Na primeira, quepoderíamos chamar “plano da realidade”, avultam os aspec -tos de pobreza e desolação: “a casa baixa e escura, de telhaspretas”, “cobras mortas”, além da sugestão do climasemiárido: “chão branco e liso” e “A cachorra Baleia…arque jando, a boca aberta”. Os verbos, todos no pretérito(perfeito ou imperfeito) do indi cativo, contribuem para afixação dessas imagens. No segundo fragmento, quechamaremos “plano onírico”, os verbos no futuro do pretérito(“acordaria”, “lam be ria”, “se espojariam”, “rolariam”,“ficaria”), que as gramáticas antigas denominavam “condi-cional”, indiciam as ima gens positivas do sonho da cachorra:“Acordaria feliz, num mundo cheio de preás.” A reiteração doadjetivo enorme enfatiza a intensi dade com que esse universoimaginário se projeta no devaneio de Baleia.6) Nos parágrafos em que ocorre o emprego do futuro dopretérito, Fabiano coloca-se num tempo “irreal”, numasituação apenas ima ginada, em que ele e sua família viveriamem melhores condiç ões materiais, diferentemente da situaçãona qual se encontravam naquele momento da narrativa. Nosdemais pará grafos, o emprego do pretérito perfeito e doimperfeito cor responde a ações de fato ocorridas, e nãoapenas imaginadas por Fabiano.7) “Uma labareda tremeu, elevou-se, tingiu seu rosto quei -mado...” / “Uma labareda tremeu, elevou-se, tingiu o rostoqueimado de Fabiano...” / “Uma labareda tremeu, elevou-se,tingiu o rosto queimado dele...”❑ MÓDULO 181) “Por amor do que ela dava / Aos outros de mais idade / Que acarregaram da ilha / Para as ruas da cidade.”2) As negações revelam o jogo de sedução de Rosário, que, cheiode negaceios, fingia não querer o ato sexual, o que atiçavamais ainda o eu lírico, um garoto de quinze anos.3) Vinicius de Moraes expressa uma visão de mundo que revelaresíduos escravistas, já que Rosário — e esse nome é costu -mei ramente associado aos negros cristianizados — é vistacomo um objeto sexual, a mulher negra que inicia sexual -mente um branco. O fato de Rosário cair na prostituiçãoreforça a ideia de que ela ocupava um lugar à margem dasociedade.4) No tempo do enunciado, tempo em que ocorreram os fatosnarrados no poema, o eu lírico, menino ingênuo, mostra-seprisioneiro, submisso às vontades de Rosário. No tempo daenunciação, momento em que a história é narrada, o eu lírico,homem amadurecido, refere-se crítica e sarcasticamente aRosário, revelando o jogo de sedução em que outrora haviasido envolvido.5) Em Dom Casmurro, o narrador, homem maduro, é crítico,amargo e irônico, inclusive em relação a si mesmo; já oprotagonista Bentinho é um jovem ingênuo e mais facilmenteconduzido por uma figura feminina.❑ MÓDULO 191) a) As reações de Luísa, no texto B, ilustram as ideias ex -postas por Eça de Queirós no texto A, pois a personagem,diferentemente das heroínas românticas, não se mostraarrebatada de amor por Jorge, mas, antes, bastante ana -lí tica, levando em conta aspectos como segurança eexigências sociais (“Que alegria, que descanso para amamã!”). Além disso, a descrição de sua reação física, aoser pedida em casamento, é de ordem eminentementesensual (“sentia o calor daquela palma larga penetrá-la,tomar posse dela”, “sentia debaixo do vestido...dilatarem-se docemente os seus seios”).b) Ao princípio não agradou a ela / a Luísa.Que sensação quando Jorge lhe disse.2) a) O poema associa-se ao Simbolismo, poética que dá ênfase,entre outros elementos, à exploração dos recursos sonoroscomo elementos significativos do poema. A aliteração desibilantes, por exemplo, em versos como “das estrelaspuríssimas nascido” ou “E as vestes frescas, do mais purolinho”, “as aves sonorizam-te” serve a esse propósito,sugerindo uma sonoridade que ajuda a compor aatmosfera descrita. Outra característica da poesia– 33PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS Bsimbolista consiste no emprego das chamadas maiúsculasalegorizantes (“Luar”, “Sonho”), de modo a tornarabsolutos os termos assim grafados. O cromatismo e,especialmente no caso de Cruz e Sousa, a recorrência dacor branca e de elementos que brilham ou que se associama elementos brilhantes ou luminosos também configuramcaracterísticas da poesia simbolista (“rosas brancas”, “Ésdo Luar o claro deus”, “estrelas”, “alvo”, “radiante”,“esplen dor”, “ar nevado”, “Sonho branco”).b) Dois substantivos: “Luar” e “Sonho”, entre outros (“es-tre las”, “esplendor”). Entre os adjetivos, podem-se citar:“brancas”, “claro”, “límpido”, “radiante”, “nevado”,“branco”. Os três últimos versos, como já sugere alocução no entanto, introduzem uma nota que destoa dosversos anteriores.3) a) A atitude do narrador é preconceituosa, pois para eleFalcote, um sujeito “da roça”, fala de um modo “feio” enão condizente com a linguagem esperada de um estu -dante prestes a se formar.b) — Caixeiro, traga / traz / traze aqui qualquer coisa parabeber e comer.A atitude irônica do narrador pode ser ilustrada com aseguinte passagem: “Esse estudante era a coisa mais pre -cio sa que tinha encontrado na minha vida. Como erailustrado! Como falava bem! Que magnífico deputadonão iria dar? Um figurão para o partido da Rapadura.”4) a) “Nunca vi uma pessoa tão feia, com aquele corpanzilbambo de papangu.” Nessa passagem, observa-se o em -pre go de termo regional do Nordeste: papangu, quesignifica, no contexto, “indivíduo tolo, apalermado”(Dicionário Houaiss). Essa é uma das características doRegionalismo de 30, além do emprego de uma linguagemmais ao sabor popular, com seus traços peculiares, como ocoloquialismo e as marcas próprias dos grupos que sevalem desse registro. Nessa vertente também se encontrao enfoque do choque sofrido pelo indivíduo em seucontato com o meio físico ou social, como se observa nasituação de Papa-Figo (“Nunca vi uma pessoa tão feia,com aquele corpanzil bambo de papangu. Apanhava dosoutros somente com o grito”, “E o seu Maciel nãorespeitava nem esta enfermidade ambulante: dava nopobre também.”). A descrição das personagens, com tin -tas naturalistas, também constitui traço da chamada lite -ra tura neorrealista, outra forma de nomear o Regio -nalismo de 30 (“Este era o pobre do Aurélio, um amareloinchado não sei de que doença...”, “Dormia com um roncode gente morrendo e a boca aberta, babando.”). Por fim,a referência a “S. João” (“Em S. João não ia paracasa...”), a festa popular, situa espacial e culturalmente anarrativa, tendo em vista a importância dada a essa festano Nordeste brasileiro.34 –b) Papa-Figo era fraco fisicamente e faltava-lhe coragem,pois, além de “amarelo inchado não sei de que doença”,apanhava dos colegas e não reagia, nem mesmo indoqueixar-se ao “Seu Maciel”. Além disso, era rejeitado atémesmo pela própria família (“A família tinha vergonhadele em casa.”)As passagens em que se notam intolerância e violência emrelação a Papa-Figo são: “Apanhava dos outros somentecom o grito...” e “E o seu Maciel não respeitava nem estaenfermidade ambulante: dava no pobre também.”5) a) — ...Eu podia ter arresistido, mas era negócio de honra,com sangue só pra o dono, e pensei que o senhor podianão gostar...— Fez na regra, e feito! Chama os meus homens!b) Nas seguintes falas, observam-se termos que nãocorrespondem à norma-padrão da língua portuguesa: “—Levanta e veste a roupa, meu patrão Nhô Augusto, que eutenho uma novidade meia ruim pra lhe contar” e “— ...Eupodia ter arresistido, mas era negócio de honra, com san -gue só pra o dono, e pensei que o senhor podia nãogostar...”. Note-se que, nas falas de Quim Recadeiro, hámistura no emprego de formas verbais de segunda pessoa(levanta e veste) e de pronome de terceira pessoa (lhe).Embora o registro seja coloquial tanto na linguagem donarrador como na das personagens, pode-se afirmar que,para dar voz às últimas, o autor recorre a construções eexpressões mais propriamente populares e regionais(“meia ruim”, “arresistido”, “fez na regra”, “cachor-rada”, “indo de mudados”, “de borra”, “de pique”).❑ MÓDULO 201) Apenas a afirmação III poderia causar dúvidas aoscandidatos — dúvida que se desfaz quando se considera arejeição de Graciliano Ramos à “ornamentação” literária eseu gosto da linguagem direta e econômica.Resposta: E2) O poema cujos versos iniciais se transcrevem na alternativae é o célebre “Vaso Grego”, de Alberto de Oliveira, exemploantológico das inversões sintáticas e do rebuscamentoparnasianos. Nas demais alternativas, os versos são dosimbolista Alphonsus de Guimaraens (a), da modernistaCecília Meireles (b), do árcade Cláudio Manuel da Costa (c)e do modernista Murilo Mendes (d).Resposta: E3) As imagens metafóricas são “apagou o sorriso, engoliu emseco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade”, quesugerem o estado de ânimo da personagem, depois de serhumilhada por Paulo Honório.Resposta: B


4) No trecho 1, a personagem (Paulo Honório), tendo visto o no -me do destinatário da carta que Madalena escrevia, protago -niza uma típica cena de ciúme, com insultos e palavrões.Resposta: B5) O narrador declara seu desejo de poder “recomeçar” comMadalena, mas imediatamente reconhece sua própria limi -tação e sua incapacidade de mudança.Resposta: D6) A partir dos trechos transcritos — em que se menciona onome da personagem Madalena e são evidentes elementos doenredo do romance — e com base no comentário de AlfredoBosi — em que se oferecem outras informações, tais como acitação dos nomes das personagens e a referência ao gênero“romance psicológico” —, é fácil identificar, entre as opçõesapresentadas, a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos.Resposta: C❑ MÓDULO 211) No parágrafo em questão, a personificação consiste em tratara terra como uma mulher atraente (“A terra atrai o homem”),receptiva (“chama-o para o seio fecundo”), de beleza sedutora(“encanta-o pelo aspecto formosíssimo”) e irresistivelmentearrebatadora (“arrebata-o, afinal, irresistivelmente”). Tratase,pois, de prosopopeia (figura de natureza metafórica) cons -ti tuída por alegoria, pois as diversas metáforas personi -ficantes se encadeiam numa pequena narrativa.2) A alternância de tempos verbais ocorre entre o presente e opretérito imperfeito do indicativo. O presente, nesse caso, éatemporal e foi empregado na descrição da paisagem. O pre -té rito imperfeito (“embatia”, “sentia-se”, “estava”, “pu-nham”, “era”, “anulava”, “exercia”, “reduzia”, “amorte-ciam” e “altea va”) é empregado na narração e expressa açõesem decurso no passado.3) Os adjetivos que apresentam maior função descritiva ouespecificadora são: espetaculosas, sugestivo do aparatobarroco que cercava os dirigentes portugueses no Brasil deentão; casuístico, definidor do caráter perverso daquilo que,eufemis ti camente, era concedido à Companhia de Jesus como“privi légio da conquista das almas”, e indígena, especificadorda sinédoque “braço” (parte pelo todo), que representa oíndio na condição de força de trabalho. (Os adjetivos apon -tados con ferem vivacidade e precisão ao texto, mas não se vêpor que, nesse caso, eles possam ser relacionados, se gundo aBanca Examinadora, com o estilo precioso dos parnasianos.)4) A expressão “monopólio do braço indígena” é a “tradução” doautor para o que se concedia aos jesuítas sob o eufemismo“privilégio da conquista das almas”. O que Euclides da Cunhadá a entender é que a função “espiritual” assumida pelaCompanhia de Jesus tinha, na verdade, finalidade bem poucoespiritual, pois correspondia à concessão de monopólio sobrea força de trabalho dos indígenas, vivamente representada nasinédoque “braço indígena”.5) No trecho apontado, a alteridade, ou seja, a diferença do“sulista” — “povo estranho de mestiços levantadiços” — érealçada pela reiteração do pronome adjetivo outro: “...outrastendências... outros destinos... outros rumos, bulas e alvarás”.6) Segundo o narrador, quem navegava pelo rio Tietê tinha acorrente a seu favor e era levado pela correnteza “sem umaremada”, o que indica, de maneira hiperbólica, o pouco ounenhum esforço despendido pelos remadores.❑ MÓDULO 221) O “azul triste das águas profundas” que há nos olhos deMartim já é uma indicação da saudade que sentia de seu país,de sua sociedade, da vida civilizada.2) Alencar vale-se principalmente de imagens que servem de me -tá foras ou comparações: “virgem dos lábios de mel”, “cabelosmais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhede palmeira”.3) Em Iracema, a Natureza é amável e oferece imagens de beleza eamenidade (“a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiraságuas”, “a sombra da oiticica, mais fresca que o orvalho danoite”), servindo como símile para a descrição da beleza sublimeda índia. Já em O Guarani, a Natureza aparece de formaterrível, ameaçadora, desafiando o homem (“luta do homemcontra a terra; luta da força contra a imobilidade”) e sópodendo ser contida por um herói tão extraordinário como Peri.4) Martim e Peri são guerreiros, mas o primeiro é civilizado e osegundo, selvagem. Porém, o primeiro aterroriza a mulher,en quanto o segundo lhe oferece poderosa proteção. Cecília eIracema são ambas mulheres sublimes, idealizadas, mas aprimeira é inde fesa, enquanto a segunda se apresenta aguer -rida, oferecendo amea ça ao guerreiro que a surpreende.5) Martim estranha o gesto agressivo de Iracema, pois tinhaaprendido “na religião de sua mãe” (o cristianismo, natural men -te) que “a mulher é símbolo de ternura e amor”. Aí está presenteuma grande diferença cultural na concepção da mulher, poisMartim não podia imaginar que uma bela jovem fosse tambémguerreira. Entre Peri e Cecília, uma importante diferençacultural, que envolve crença religiosa, manifesta-se no momentoem que ele lhe diz que ela viverá, ou seja, que eles conseguirãovencer a inundação que os ameaça, e ela entende que ele estejafazendo referência à “vida lá no céu, no seio de Deus”.6) Em ambas as obras há idealização da figura do índio, comoelemento basilar na formação do povo brasileiro, juntamentecom o português. A linguagem, tanto em Iracema como em OGuarani, tem tom épico, elevado, embora em Iracema oesmero com a linguagem chegue a ocupar papel central naconfiguração da obra, pois o que o autor constrói é uma prosapoética.– 35PORTUGUÊS B


PORTUGUÊS B7) a) Em I, a palavra guerreiro é substantivo; em II, é adjetivo.b) • A casa vinha sendo observada por um estranho.• O atleta era ainda muito moço quando abandonou acarreira.❑ MÓDULO 231) Ambos os títulos nos remetem a fatos extraídos do cotidiano.2) Em “Poema Tirado de uma Notícia de Jornal”, a morte é tra -tada como algo banal ou, antes, banalizado. No poema “Mortedo Lei teiro”, a morte é tratada em tom solene, épico (a mortedo leiteiro, que conjuga o leite e o sangue, culmina na imagemde um novo alvorecer).3) a) O uso do verso livre, a ausência de rima, o emprego de ter -mos prosaicos (“botar”) e/ou a representação de imagensdo cotidiano.b) A transformação descrita compreende o processo demoder nização ou urbanização.c) O processo de modernização é descrito atrás das modi -ficações radicais trazidas pela urbanização da rua ondemora o eu lírico, levando ao estranhamento (por isso a ruadiferente) e a reações contrárias dos moradores.4) a) O poema apresenta duas atitudes contrárias: a dos vizi -nhos, que não se conformam com as mudan ças radicaistra zidas pela urbanização da rua onde moram, e a da filhado eu lírico, que se diverte e sente imenso prazer com o“espetáculo” (atente-se ao termo) representado pelas má -quinas.b) O eu lírico não chega a assumir uma posição clara, apesarde distanciar-se, implicitamente, da visão ingênua dosvizinhos, que não sabem que “a vida tem dessas exigênciasbrutas”, e, ao mesmo tempo, olhar com simpatia e encantoo fascínio com que a filha assiste ao espetáculo da moder -nização.5) a) A passagem em questão compreende a 1.ª estrofe. Deacordo com a gramática, usa-se vírgula para separar entresi elementos coordenados, dispostos em enumeração,sendo que, antes do último elemento enumerado, deve-sesubstituir a vírgula pela conjunção aditiva e.b) A intenção, finalidade ou sentido visado pela supres são davírgula (e da pausa por ela repre sen ta da) é reiterar o ritmoacelerado do processo de urba nização e modernizaçãobrutal descrito pelo poema.c) O poeta emprega uma forma nominal, o gerúndio, queexprime a ideia de duração das ações des critas, refor çan -do, assim, nos referidos versos, a conti nuidade das trans -formações operadas pela urbanização.36 –❑ MÓDULO 241) No trecho transcrito, a linguagem revela-se como instru mentode poder, porque quanto mais se domina a palavra e se sabeusá-la, mais poder e prestígio se possui em relação aos outros,sobretudo numa realidade em que o analfabetismo e a falta deacesso à cultura letrada predominam. Dessa forma, no sertãorosiano, a palavra tem poder encantatório sobre o outro, sen -do o seu domínio um privilégio quase “divino” que poucospossuem.2) O registro das impressões físicas e psicológicas captadas pelonarrador em seu contato com a viagem de uma boiada.3) Há predomínio de sensações visuais e auditivas, sobretudo no1.° parágrafo. Exemplos: auditivas – “mugindo no meio”,“atritos de couros”, “estralos de guampas”, “berro queixoso”,“rebanho queixoso”, “rebanho trovejante”, “boi berrando”,“estrondos e baques”; visuais – “ancas balançam”, “batendocom as caudas”, “homens tomam gesto de repouso nas selas”,“os cavalos gingam bovinamente” etc.4) Predomina a descrição dinâmica, pois o narrador carac terizaa boiada em movimento. Há também subjetividade, regis -trada por meio de impressões conotativas, por exemplo: “oberro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, commuita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos delá do sertão...”5) Para Guimarães Rosa e para Miguilim, contar é uma forma decompreender, um “entendimento maior”, como diz o texto,guardadas as diferenças entre a escrita artística e a narrativaoral. Um dos grandes atributos da ficção rosiana é atransfiguração da realidade pela linguagem, que instaura umuniverso a um só tempo lírico e épico, regional e universal, reale transreal, primitivo e arquetípico. Esse trabalho (“umarigorosa poética da forma”, nas palavras de Alfredo Bosi)envolve tanto a erudição linguística, “reinvenção” das palavras,quanto o aproveitamento da cadência e sonoridade da falaregional. É artesanato, construção paciente e exaus tiva, mastambém intuição, senso de beleza e de mistério, atitude lúdicado artista que, sob a “máscara” do contador de “estórias”,amplia, deforma e inventa todo um universo, como Miguilim.❑ MÓDULO 251) Isso é pronome demonstrativo empregado no texto em funçãoanafórica, ou seja, para indicar algo presente no texto, e nãocomo dêitico, como seria o caso se indicasse algo exterior aotexto (Como anafórico esse, essa, isso referem-se a algo an te -rior; este, esta, isto a algo posterior). No texto, isso refere-se aotrecho “Na época, essas práticas representavam uma amea -ça...”. Tais práticas eram as ações pedagógicas de Sócrates,que colocavam em questão os valores aceitos e o “modelovigente” de transmis são do conhecimento.


2) Há no texto diversas expressões valorativas, que exprimem aopinião da autora sobre aquilo que relata de forma aparente -mente “neutra”. Em “ele foi muito mais do que um filósofo”,fica evidente a opinião de que o educador “revolucionário” émuito superior ao filósofo. Em “os sofistas... cobravam caropor uma educação obviamente elitizada”, a autora confere aoconceito de elite uma carga de sentido negativa, assim comoantes situa a qualificação “revolucionário” num contextoclara mente positivo. Expressões como “infelizmente” e “maistriste ainda” deixam clara a opinião da autora sobre ostópicos tratados.❑ MÓDULO 261) a) Tu, que foste hasteado na lança dos heróis após a guerrada liberdade.b) O pronome tu, nesses versos de Castro Alves, refere-se aoauriverde pendão, ao estandarte, ou seja, à bandeira doBrasil. Trata-se de uma apóstrofe (figura frequente nestepoeta), na qual a bandeira, tratada como inter locu tora doeu lírico, é personificada. O emprego do pronome tu, alémda personi ficação, sugere proxi midade afetiva.2) a) O jogo de palavras (paronomásia) sugere a identificaçãoentre o ato de divulgar notícias (espalhar fatos) e o de pro -mover estardalhaço (espalhafato). Espa lhafato correspon -de, nos termos do texto, ao “sobres salto da novidade”, en -quanto espalhar fatos cor respon de ao seu oposto: “a ga -ran tia de que a nossa rotina con ti nua va”. Portanto, aosugerir a identifi cação (ou, pelo menos, a proximidade)antes mencionada, a paronomásia em ques tão está tam -bém sugerindo que se trata de um paradoxo (ou, pelomenos, um quase-paradoxo).b) A expressão refere-se a “a garantia de que a nossa rotinacontinuava”.3) B4) a) Há uma forte aliteração (reiteração de consoantes demesma área de articulação) das oclusivas labiais (b/p) edentais (d/t): “De rePenTe uma BanDa PreTa / vermelhareTinTa suanDo / baTe um DoBraDo BaTuTa / na Doçura/ Do jarDim. // rePuxos esPavoriDos fuginDo”. O som dabanda e a agitação da cena são sugeridos por essa cadeiade consoantes.b) Repuxos são os jatos de água que brotam do chafariz quehá no jardim. As expressões metafóricas espavoridos efugindo (que formam uma prosopopeia, pela animizaçãodo inani mado) sugerem que até os repuxos se espantam ese afastam, com pavor, à chegada da banda preta, que, comsua azáfama, perturba aquela paisagem plácida.5) a) O vocábulo onomatopaico é zás, cuja sibilância sugerevelocidade.b) A palavra onomatopaica zás refere-se tanto ao movi men torápido e decidido da onça quanto à velocidade do raio comque a onça é comparada. Zás associa-se também, porproxi mi dade semân tica, ao movimento da flecha, que émencio nada em seguida.6) Hedonismo é uma doutrina que prega o prazer como bem su -premo e finalidade da vida. Portanto, o emprego do termopelo pai de Calvin se justifica devido à satisfação demons -trada em suas atividades de final de semana (“Ahh, isso é queé vida!”).Resposta: C7) O pronome você foi empregado de forma genérica, referindosea toda e qualquer pessoa.Resposta: B8) O artigo indefinido uns, no texto, sugere a ideia de cálculoaproximado.Resposta: E❑ MÓDULO 271) No primeiro poema, o eu lírico é um narrador que conta umsonho – uma narrativa constituída por alguns episódios rela -ta dos em sequência temporal. No segundo, tem-se um diálogoentre o eu lírico e os outros, numa estrutura dramática, nãonar rativa, já que nem sequer está presente a figura de umnarrador (elemento essencial da narração).2) a) Escutando meus passos, o bando dos pássaros despertadosdizia, através da ramaria: “Vai mais depressa! Parabéns!”b) Escutando meus passos, o bando dos pássaros despertadosdizia, através da ramaria, que eu fosse mais depressa, e medava parabéns.3) a) “Ele disse que um dia tudo aquilo seria do filho” (aqui,perde-se a indicação do interlocutor, contida no vocativo),ou “Ele disse ao filho que um dia tudo aquilo seria seu(dele)” (agora, o problema é a ambiguidade de seu (dele),que tanto pode referir-se a filho quanto a ele).b) Sim, a afirmação se aplica ao anúncio. A ironia decorre deque isso tudo, em vez de indicar os bens a serem herdados,indica os males da devastação ambiental que a atualgeração está legando à próxima.4) I. “Corto cabelo e pinto.”:O termo pinto provoca ambiguidade porque tanto podeser substantivo quanto verbo. Como substantivo, é umdos nú cleos do objeto direto ("cabelo e pinto”) do verbocortar e significa que ambos, “cabelo e pinto”, podem sercortados. Como verbo, está na segunda oração doperíodo, que é coordenada aditiva, com objeto diretoelíptico: e pinto cabelo.PORTUGUÊS B– 37


PORTUGUÊS BII. “Candidato limpo respeita a cidade.”:A palavra ambígua é limpo, que tanto pode se referir aocandidato que não suja a cidade com propaganda elei to ral,como se referir, conotativamente, ao candidato ho nesto.III. “A vida é curta. Curta.”:O duplo sentido é provocado pelo termo curta, que, comoadjetivo, significa breve e como verbo, aproveitar, usu -fruir, fruir os prazeres.Assim, o significado da frase é: A vida é breve, aproveiteo que ela lhe oferece.5) a) Em sentido literal, a expressão significa terminar em con -fra ternização ou celebração na qual se come pizza. Em sen -tido figurado, significa terminar em acertos escusos eespúrios, em conchavos ilícitos.b) O jogo de ambiguidade estabelecido pela expressão acabarem pizza põe em foco a eficiência do provedor, capaz de darconta do âmbito internacional, porque tem um bom conhe -ci mento sobre o Brasil, entendendo inclusive o sentidopejorativo da expressão “acabar em pizza”.6) Tomando-se por um bom conhecedor de gramática, o textodeveria ser escrito assim:Irene preta,Irene boa,Irene, sempre de bom humor.Imagino Irene entrando no céu:— Licença, meu branco!E São Pedro, bonachão:— Entre, Irene, você não precisa pedir licença.”Observe-se que a “correção” em Entra se faz necessária paraque se tenha a uniformidade de tratamento. Mantendo-seEntra, deve-se trocar o pronome você por tu. No último verso,também cabe um ponto após a palavra Irene. Assim, ter-se-ia:— Entre, Irene. Você não precisa pedir licença.❑ MÓDULO 281) a) A frase apresentada pode ser entendida em dois sentidos:(1) Os Estados Unidos eliminarão a crise; (2) Os EstadosUnidos serão destruídos pela crise. Na interpretação (1), overbo acabar é entendido como transitivo indireto, nosentido de “destruir”, re gendo a preposição com (com acrise seria, por tanto, objeto indireto). Na interpretação (2),o verbo acabar é tomado como intransitivo, funcio nan doo sintagma com a crise como adjunto adver bial de causa.b) Para se eliminar a ambiguidade da frase apresen tada,pode-se reescrevê-la das seguintes formas (entre outras):para corresponder à interpretação (1) – “Pelo que se temvisto no cenário mundial, os Estados Unidos vão sanearessa crise” ou “(...) os Estados Unidos vão extinguir essacrise”, ou, para corresponder à interpretação (2) – “(...) osEstados Unidos vão ser destruídos por essa crise”.2) a) Tomado ao pé da letra, indica que Malcolm Brownedeveria ter impedido (não ter deixado) que o monge não sematasse. O advérbio de negação "não" usado antes doverbo imolar provoca esse sentido.b) O autor quis dizer que Malcolm Browne deveria ter impe -dido o monge de se imolar (se matar, se sacrificar, tirar aprópria vida).3) a) Marcas de coloquialidade observam-se em:1) o emprego do verbo zoar no sentido de zombar e dover bo “entrar em mais nada” equivalendo a “ingressarnuma faculdade”;2) o emprego da expressão a gente, que poderia sersubsti tuída por nós (não conseguiría mos) concordandocom vamos, numa silepse de pessoa e número.b) Entre os motivos que a ligaram à carreira está o gosto porliteratura e inglês, que estuda há oito anos (O verbo estarfica no singular, concor dan do com o núcleo do sujeito, ogosto.)❑ MÓDULO 291) a) O fragmento apresenta, entre os elementos relacionadosno enunciado, rima interna, quase consoante: isso /contradisse. Há, ainda, uma forte aliteração da sibilantesurda represen ta da na língua portuguesa por s, além daconstrução antité tica (disse, contradisse) e da pontuaçãoafetiva, sincopada, modulando o monólogo de RiobaldoTatarana.b) Além da presença de figuras sonoras, aliterações eassonân cias, e além da sintaxe não canônica, a construção“madeira burra” configura uma prosopopeia baseada emassociação rara, imprevista, em que se atribui à madeirauma qualidade ou limitação personificante.2) a) A expressão alto rio significa “rio fundo ou de águas pro -fundas”.b) A base analógica de alto rio é alto mar ou, como é maiscomum, mar alto. Já em latim o adjetivo alto, aplicado aconcentrações de água, tinha o sentido de profundo.3) a) “Me deu uma tontura” é uma variante popular, pois anorma culta não admite o emprego do pronome oblíquoem início de oração.b) Passando a frase para a norma padrão, tem-se: Deu-meuma tontura.38 –


❑ MÓDULO 301) a) O título “Capitulação” é inteiramente adequado aoconteúdo do poema, que se refere à “invasão” de angli cis -mos (americanismos) na língua portuguesa corrente noBrasil.b) “Telepizza” é um neologismo formado com um emprés -timo linguístico já há muito incorporado ao português(italiano pizza) e o prefixo (grego) tele-, corrente na língua.Portanto, não se trata do mesmo fenômeno de “capitu la -ção” que se vê em delivery, pois aqui se substituiu uma pa -lavra corrente na língua (“entrega”) por um es tran gei -rismo da moda.2) a) As passagens são “perda total”, “reconstruíram meu cor -po a partir do DNA” e “molar cariado”. O primeiro seg -men to refere-se à linguagem usada por companhias desegu ros, o segundo, à bioge nética, e o terceiro, à odon to -logia.b) O momento de humor instaura-se no último qua drinho,em que se estabelece uma relação de se me lhança entrecárie e pedaços que faltam no corpo da personagem.3) a) Deus me livre de trocar minhas ideias pelas suas.b) Disse-lhe que queria propor-lhe uma troca de ideias, aoque ele respondeu (pediu) que Deus o livrasse (daquilo).❑ MÓDULO 31que, no segundo parágrafo do texto transcrito, apresentama in gestão de carne de forma negativa, desagradável, depre -ciativa.b) Não se pode considerar nenhuma das duas versões comofalsas, pois ambas descrevem o ato de comer carne de formaadequada, em razão da perspectiva adotada em cada caso:na primeira versão, trata-se da perspectiva de quem come esaboreia a carne; na segunda, da perspectiva de um obser -va dor infor mado sobre aspectos do produto e do ato de ocon sumir que geralmente escapam à consciência do con su -midor.2) a) Carne e dela, no primeiro parágrafo, retomam a palavrapicanha.b) Tecido morto e lo, no segundo parágrafo, reto mam a expres -são pedaço de músculo.3) a) A contradição resulta do uso impreciso do pronomedemons tra tivo aqueles, que, no contexto, tem de referir-se àexpres são contígua “defeitos de fabri cação”. Assim sendo,in cluem-se no conjunto dos “defeitos de fabricação” osdefeitos “decorrentes de instalação e uso inadequado”.b) Esses pode referir-se a “produtos agregados” ou a “con su -midores”.c) São dados novos: “terceiros estranhos ao fa bri can te” e“pro duto (...) consertado por pessoas ou em pre sas não auto -ri za das pelo fabricante”. No caso de de sobediência ao“Manual de Instruções”, especi fica-se um ponto antes nãomencio nado: a voltagem elé tri ca.PORTUGUÊS B1) B 2) D3) Tanto no enunciado quanto na alternativa e senão significa anão ser; em a, b e d, do contrário; em c, mas sim.Resposta: E4) a) A frase indica que a economia argentina superou a situa çãogravíssima em que se encontrava.b) A tese defendida por Rodolfo Konder é a de que “há umchacal adormecido em cada homem” (na ex pressão deCharles Darwin), isto é, a maldade é inerente ao homem,tornando-o capaz de produzir tragédias e sofrimentos, co -mo a guerra. Os dela to res, torturadores, fanáticos, preda -do res etc., apon tados pelo autor, representam a metáforadessa maldade. Ou seja, segundo o autor, a guerra é o mo -mento em que se manifestam livremente as figurassocialmente patológicas que, habitualmente, ficam recolhi -das, ocultas, nas situações normais da vida.❑ MÓDULO 321) a) Jaz, pedaço de músculo, amputado, serra, tecido morto,dilace rá-lo, cadáver – estas e algumas outras são expressões❑ MÓDULO 331) As três características negativas comentadas nos parágrafosapontados podem ser sintetizadas nos três substantivos quesão os núcleos dos “tópicos frasais” ou frases introdutórias decada um desses parágrafos: plebeísmo, contradição e fraqueza.2) Fernando Pessoa emprega o substantivo obscuridade em sen ti -do figurado, como antônimo de celebridade, fama, designandocom ele a condição de quem é desconhecido, ignorado.3) A imagem das paredes de vidro sugere a ausência de priva -cidade a que a celebridade condena os seus eleitos, que devemsuportar que mesmo os aspectos mais íntimos de sua vida – eespecialmente estes – se tornem objeto de interesse geral esejam esquadrinhados de forma vulgar e rebaixante.4) a) A incoerência da primeira frase ocorre entre as palavrascensura e limitação, que, no contexto, têm signifi cados seme -lhantes, mas foram empregadas pelo autor como se seussentidos nada tivessem em comum.b) A incoerência consiste em atribuir às aves a absurda capa -cidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo.– 39


PORTUGUÊS B❑ MÓDULO 341) a) “A durabilidade de tais ligações, no geral, termina quandotal fêmea atinge seu objetivo.” — O termo fêmea realçaapenas o aspecto sexual, sugerindo que a mulher faz uso desua sexualidade de forma interesseira.b) Segundo o autor da carta, os homens deveriam precaver-secontra o comportamento oportunista e interesseiro das mu -lheres, que seriam atraídas “pela fama, poder e dinhei ro”muito mais do que pelo “intelecto” masculino.c) O autor emprega um singular generalizante: “o homem nãoaprende” refere-se a todo homem, qualquer homem, equi -valendo a “os homens não aprendem”. Trata-se de si né -doque (singular pelo plural).2) a) Ao cansaço da vida associa-se “como se me alonga”, e àproximidade da morte associa-se “como se encurta”.b) Há contraposição entre o tempo restante da vida, que dimi -nui (“vai-se gastando a idade”), e o “dano” (o mal, o sofri -mento), que cresce.c) O pronome ele refere-se a este bem, na terceira estrofe.❑ MÓDULO 351) a) É a frase II. Graças remete ao campo semântico de bom.Quem está “nas graças de alguém” está bem com essa pes -soa. Ora, na frase II, diz-se que as coisas boas – educação,saúde, saneamento básico, rede elétrica, telecomunicações etrans portes –, advindas da globalização, melhoram a vidade mais pessoas.b) “Graças à exploração”: como decorrência da exploração.“Graças à globalização”: em virtude da globalização.2) a) Cultivar e semear são metáforas de sentido agrícola. Seuefeito expressivo consiste, por um lado, em sugerir que osobjetos desses dois verbos, que são amizades e empregos,estejam sendo tratados co mo elementos vivos da natureza e,por outro lado, em ativar, em cultura, o sentido “natural”,reforçado pela palavra final do período. Portanto, pelaseleção lexical, associaram-se, metafo ricamente, a elemen -tos da cultura (ou seja, a objetos artificiais, não naturais)sen tidos que dizem respeito a elementos da natureza.b) O cultivo de amizades, a semeadura de empregos e a preser -vação da cultura fazem parte da nossa na tureza.❑ MÓDULO 361) a) A mulher pode ser representada como alguém inde pen dent e,com vontade própria, que não se preocupa com o julga mentodos outros e como alguém dependente da opinião do marido.b) A personagem Mãe corresponde à segunda representação.c) Na fala “Mas não conte pro seu pai”, a personagem mostrapreocupação com a opinião do marido.2) O recurso é a expressão “190 milhões”, número que somava,em 2006, a população de Portugal (apro xima da mente 10 mi -lhões) e a do Brasil (na casa dos 180 milhões).3)Primeira parte: Segunda parte:ParabénsparabenizaSeleção portuguesa time portuguêsLevar a sonhar por ter feito sonhar190 milhões duas nações inteiras: Portugal e Brasil40 –

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