O nascimento de um bezerro com duas cabeças na Breaux Farms, uma propriedade rural da Louisiana, nos Estados Unidos, chamou atenção após os donos compartilharem a história no Facebook. O caso é extremamente raro. Acomete apenas 1 em cada 400 milhões de bezerros. Além das duas faces, o animal, batizado de Deux Face, “duas caras”, em francês, possui quatro olhos, dois narizes, duas bocas e duas orelhas. “As duas bocas se conectam na parte posterior da garganta e realizam o mesmo movimento. Ela tem dificuldade para levantar a cabeça, está ganhando força, mas não consegue mamar. Precisamos alimentá-la com mamadeira desde o início”, contou Eric Breaux, um dos proprietários. Veja Mais Assista ao vídeo Bezerro de duas cabeças viraliza. Caso é raro, explica veterinário As postagens sobre o caso acumulam milhares de visualizações. Entre os comentários, mensagens positivas e desejos de recuperação. Alguns chegaram a oferecer valores para adquirir o recém-nascido, mas Breaux deixou claro: “Não está à venda.” A expectativa era que o animal não conseguisse resistir muitas horas. No entanto, Deux Face, superou as expectativas e se aproxima do primeiro mês de vida. Na mais recente atualização, segunda-feira, 18 de março, nas redes sociais, os proprietários afirmaram que o animal segue estável, apesar das limitações. “Ele está se alimentando bem e as funções corporais são boas. Foi ao médico hoje devido a uma infecção ocular e já está sendo medicado”, garantiram. Caso é raro, explica veterinário Marcílio Nilton Lopes da Frota, médico veterinário e analista responsável pela clínica de ruminantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Caprinos e Ovinos), explica que o nascimento do bezerro nos Estados Unidos é um caso raro de teratogenia, ou seja, malformação do feto. “Não podemos dizer que há uma causa específica. São vários os fatores envolvidos, como genética, consanguinidade, uso de fármacos teratogênicos durante o terço inicial de gestação e até mesmo a ingestão de plantas tóxicas pela mãe”, afirma. Caso aconteceu nos EUA — Foto: Canva/ Creative Commoms No Brasil, onde casos semelhantes já foram registrados, além das mutações genéticas e do uso de drogas, espécies de plantas com toxicidade que podem desencadear abortos e malformação. Jurema-preta e pereiro, ambas na região da caatinga; Funcho-selvagem e cicuta, em Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina; Barbatimão e orelha-de-macaco, encontrada do Norte ao Sul do país. Por que vivem pouco tempo? Os animais com policefalia, ou seja, com mais de uma cabeça, como o caso do bezerro na fazenda americana, podem ter problemas ligados ao centro nervoso e comprometimento da respiração, coordenação e visão, situações incompatíveis com a vida. Além disso, segundo o especialista da Embrapa, espera-se que, ao nascer, os animais consigam ficar em pé e mamar o colostro. Caso isso não aconteça em até 36 horas, as chances de sobreviver ficam comprometidas. Isso porque os ruminantes possuem uma placenta que não permite a troca de anticorpos entre a mãe e o feto. Portanto, a ingestão do leite materno nas primeiras horas de vida é imprescindível para garantir a proteção ao organismo. “A absorção desses anticorpos, que são proteínas grandes, ocorre apenas por um curto período. Depois das primeiras 36h de vida, a absorção cai abruptamente. Então, podemos dizer que, se o animal não conseguir mamar o colostro, não sobreviverá na natureza”. Mais recente Próxima Arroba do boi gordo segue em desvalorização no mercado