Plantar bem, cuidar bem, colher bem - OpCP35

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www.revistaopinioes.com.br

ISSN: 2177-6504

FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira ano 11 - Divisão F - número 35 - mar-mai 2014

plantar bem, cuidar bem, colher bem




plantar bem, cuidar bem, colher bem

índice

Editorial:

6

Dario Grattapaglia

Pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos

Ensaio Especial:

68

Jorge Malinovski Malinovski Florestal

Manutenção de Florestas:

24 28 30 32

Susete Penteado e Edson Tadeu Iede

Pesquisadora e Chefe-geral da Embrapa Florestas

Carlos Frederico Wilcken

12

Moacir de Souza Dias Junior

Professor do Dpto. de Ciência do Solo da UF-Lavras

Tomada de decisões:

16 20

Marcelo Santos Ambrogi

38 42 44

Pesquisador da Epagri/Embrapa Florestas

Rudolf Woch

Diretor da Apoiotec

José Leonardo de Moraes Gonçalves Professor e Ciências Florestais da Esalq-USP

Pesquisador da Embrapa Florestas

Manoel Francisco Moreira

Diretor Executivo da Agência da Madeira

Rodrigo Zagonel

Gerente de Silvicultura e Viveiros ES da Fibria

46 48

Yoshio Kawakami

Consulktor em Recursos Humanos

Douglas Lazaretti e Mario Sant'Anna Jr Gerente Florestal e Diretor Florestal da Gerdau

Fabricante de Equipamentos:

52 54

Rodrigo Junqueira

Gerente Vendas da John Deere

Edson Martini

Diretor Superintendente da Komatsu Forest

Novas Tecnologias:

Vanderley Porfírio da Silva

Gestão de Pessoas:

Diretor de Operações Florestais da Weyerhaeuser

50

Professor da UNESP Botucatu

Wilson Reis Filho

Cadeia Produtiva da Madeira: Mecanização e Automação

Logistica Florestais:

56 60 62 66

Roosevelt de Paula Almado

Gerente Ambiental da AcelorMittal Bioflorestas

José Ricardo Paraíso Ferraz Diretor Florestal da Duratex

Adriano Emanuel Amaral de Almeida Gerente de P&D da International Paper

Edimar de Melo Cardoso

Gerente de Colheita e trNasporte da Aperam

Daviane Rosa Chemin Presidente da ABRH-PR

Editora WDS Ltda e Editora VRDS Brasil Ltda: Rua Jerônimo Panazollo, 350 - 14096-430, Ribeirão Preto, SP, Brasil - Pabx: +55 16 3965-4600 - e-Mail Geral: Opinioes@RevistaOpinioes.com.br Diretor de Operações: William Domingues de Souza - 16 3965-4660 - WDS@RevistaOpinioes.com.br - Gerente Nacional de Marketing: Valdirene Ribeiro Souza - Fone: 16 3965-4606 VRDS@RevistaOpinioes.com.br - Vendas: Lilian Restino - 16 3965-4696 - LR@RevistaOpinioes.com.br • Fábio Freitas - 16 3965-4616 - FF@RevistaOpinioes.com.br - Projetos Especiais: Eliane Vieira Mendes - 16 3965-4698 - EM@RevistaOpinioes.com.br • Priscila Boniceli de Souza Rolo - 16 3965-4696 - PBSR@RevistaOpinioes.com.br - Apoio a Vendas: Fernanda Aparecida da Silva e Silva - FS@RevistaOpinioes.com.br - Jornalista Responsável: William Domingues de Souza - MTb35088 - jornalismo@RevistaOpinioes.com.br - Edição Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - 16 9132-9231 - boniceli@globo.com - Projetos e Negócios Futuros: Julia Boniceli Rolo - 2604-2006 - JuliaBR@RevistaOpinioes.com.br - Projetos Avançados: Luisa Boniceli Rolo - 2304-2012 - LuisaBR@RevistaOpinioes.com.br - Freelancer da Editoria: Aline Gebrin de Castro Pereira - Consultoria Juridica: Priscilla Araujo Rocha Correspondente na Europa (Alemanha): Sonia Liepold-Mai - Fone: +49 821 48-7507 - sl-mai@T-online.de - Desenvolvimento de Mercados na Ásia: Marcelo Gonçalez - MG@RevistaOpinioes.com.br Expedição: Donizete Souza Mendonça - DSM@RevistaOpinioes.com.br - Copydesk: Roseli Aparecida de Sousa - RAS@rRevistaOpinioes.com.br - Agência de Propaganda: Agência Chat Publicom - Fone: 11 5669-2511 - 11 98470-4486 - Tratamento das Imagens: Luis Carlos Rodrigues (Careca) - Finalização: Douglas José de Almeida - Impressão: Grupo Gráfico São Francisco, Ribeirão Preto, SP Artigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões de seus autores - Foto da Capa e do Índice: Ricardo Anselmo Malinovski - 41 3049-7888 - ricardo@expoforest.com.br - Fotos das Ilustrações: Paulo Alfafin Fotografia - 19 3422-2502 - 19 8111-8887 - paulo@pauloaltafin.com.br • Ary Diesendruck Photografer - 11 3814-4644 - 11 99604-5244 - ad@arydiesendruck.com.br • Acervo Revista Opiniões e dos específicos articulistas - Fotos dos Articulistas: Acervo Pessoal - Veiculação: Comprovada pela disposição dos documentos fiscais de pagamento da Gráfica e de Postagem dos Correios - Tiragem: 8.000 exemplares - Edição online: Leia online em nosso site a revista original, tal qual como foi impressa. Estão disponíveis todos os artigos, de todos os articulistas, de todas as edições, de revistas de todas as divisões desde, os seus lançamentos - Home-Page: www.RevistaOpinioes.com.br

Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Roosevelt de Paula Almado • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Xico Graziano

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editorial

Opiniões

seleção genômica ampla:

o novo paradigma As perspectivas de implementação operacional da SGA no melhoramento florestal são muito promissoras... Tudo indica que o Brasil será pioneiro na adoção dessa nova tecnologia na área florestal. " Dario Grattapaglia Pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

É consenso hoje que o melhoramento genético florestal tornou-se um elemento competitivo chave das operações industriais de base florestal intensiva em todo o mundo, fornecendo clones e sementes geneticamente superiores que aumentam consideravelmente o valor econômico das florestas plantadas. Independentemente da espécie-alvo e dos objetivos industriais, os programas de melhoramento florestal enfrentam um desafio comum: a longa duração de um ciclo de melhoramento, que pode levar vários anos ou mesmo décadas. O intervalo de tempo prolongado, entre o investimento em melhoramento e a efetiva utilização do material selecionado na floresta e na fábrica, torna esse empreendimento suscetível a mudanças nas demandas de mercado, nos objetivos de negócios e nas políticas de gestão. Em vista disso, um esforço significativo tem sido dedicado pelos geneticistas e melhoristas florestais em entender as correlações juvenil-adulto para as principais características de impacto econômico, tais como o crescimento volumétrico, as propriedades da madeira, a resistência a doenças e os estresses ambientais. Foi na perspectiva de acelerar a prática do melhoramento via seleção precoce que as tecnologias de análise genômica despertaram a atenção dos geneticistas florestais desde o final dos anos 1980. Além de encurtar os ciclos de melhoramento, a possibilidade de praticar seleção

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precoce assistida por marcadores foi percebida como um meio de aumentar a intensidade de seleção, reduzir o esforço de testes de campo e melhorar a precisão de seleção para características de baixa herdabilidade e expressão tardia. As perspectivas de utilizar a seleção assistida por marcadores se tornaram uma das principais justificativas para a execução de projetos genoma de espécies florestais envolvendo mapeamento de QTLs (locos controladores de características quantitativas). Apesar dos avanços da pesquisa genômica nos últimos 20 anos, a determinação de QTLs efetivamente úteis na prática operacional do melhoramento tem se revelado muito mais elusiva do que inicialmente previsto, e as razões para isso foram discutidas. Essa incapacidade de determinar o número e os efeitos relativos dos vários QTLs que controlam características complexas causou uma mudança de paradigma na abordagem e nas perspectivas de utilização da genômica na prática operacional do melhoramento. Ao invés de tentar descobrir QTLs ou genes individuais, caminho este que se mostrou improdutivo devido ao grande número de genes e complexidade das suas interações, passamos, agora, a lidar com todo o conjunto de genes simultaneamente na medida em que as tecnologias de genotipagem do DNA evoluíram muito nos últimos 5 anos, ao ponto de



editorial permitir analisar milhares de marcadores em todo o genoma a custos acessíveis. Essa é a base filosófica da Seleção Genômica Ampla (SGA), por meio da qual o valor genômico de um indivíduo é estimado. Diferentemente do princípio da seleção assistida, na qual, em primeiro lugar, buscava-se descobrir associações específicas entre alguns marcadores e características fenotípicas de interesse, para, em seguida, utilizá-las na seleção, na SGA os efeitos de milhares de marcadores sobre a característica são estimados simultaneamente, e todos eles, utilizados em modelos estatísticos de predição de desempenho, concentrando a atenção na eficiência de seleção, sem a ingênua pretensão de descobrir ou manipular o efeito de genes individuais, mesmo porque o conceito do "gene" é, hoje, um alvo em movimento. Os principais aspectos que diferenciam a SGA da proposta original de seleção assistida por marcadores baseada no mapeamento de QTL foram detalhados e podem ser resumidos a seguir: • A SGA enfatiza predição de desempenho e não a dissecção de características quantitativas nos seus efeitos individuais, isto é, a descoberta de QTLs ou genes específicos; • Não utiliza limites estatísticos severos para declaração de associações marcador-fenótipo, procedimento este que sabidamente resulta na superestimativa da magnitude de efeitos de QTLs e a subestimativa do número de QTLs envolvidos no controle da característica, o conhecido "efeito Beavis"; • A descoberta de associações e estimativas de parâmetros são realizadas em amostras populacionais independentes, envolvendo centenas de indivíduos, as chamadas populações de "treinamento" e de "validação" do modelo preditivo; • A SGA se baseia no princípio de que o desequilíbrio de ligação (DL) fornecido por uma genotipagem densa de marcadores em todo o genoma captura toda ou a grande maioria da distribuição de efeitos gênicos envolvidos no controle da característica-alvo; • Na SGA, todos os efeitos dos marcadores são incluídos no modelo preditivo simultaneamente, fazendo com que grande parte da variação seja explicada pelos marcadores, o que resulta na estimativa do valor genético dos indivíduos com elevada acurácia. Diversas publicações vêm discutindo o tema da seleção genômica em revistas científicas internacionais, principalmente na área de melhoramento animal, onde a SGA já é uma tecnologia totalmente operacional em diversos programas de melhoramento no mundo. Em diversos países, mais de 40% dos touros elite utilizados em programas de inseminação artificial foram selecionados exclusivamente em base genômica, e esse número vem crescendo rapidamente. Na área de melhoramento de plantas, a seleção genômica é o tema do momento, e diversos programas avançados de melhoramento vêm incorporando essa nova tecnologia, seja para grandes culturas anuais, seja como espécies florestais. Na área florestal, os nossos estudos foram os pioneiros em demonstrar experimentalmente as excelentes perspectivas da seleção genômica no melhoramento de Eucalyptus e Pinus taeda para diversas características de crescimento e qualidade da madeira.

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Opiniões Os principais impactos esperados da implementação operacional da SGA em um programa de melhoramento florestal podem ser resumidos a seguir: • Ganho de tempo: acelerando significativamente o programa de melhoramento, na medida em que indivíduos ainda em estágio de mudas no viveiro podem ser selecionados ultraprecocemente em base genômica, induzidos a florescer e rapidamente recombinados, fornecendo a geração seguinte de melhoramento; • Ganho na precisão da seleção: principalmente para características de baixa herdabilidade e expressão tardia na vida da árvore, tais como propriedades físicas e químicas da madeira, tolerância a seca, geada, altas temperaturas, etc.; • Ganho na intensidade de seleção: uma vez que a SGA permite avaliar muito rapidamente, através da genotipagem direta, um grande número de indivíduos ainda no viveiro sem precisar levá-los ao campo. Em outras palavras, o esforço de teste de progênies pode ser drasticamente reduzido ou mesmo eliminado por completo na medida que o ganho realizado pela SGA vai se confirmando; • Ganho genético na seleção de clones elite: a SGA permite a seleção simultânea para várias características de interesse e não apenas para volume e densidade. Isso permite explorar de uma maneira muito mais eficiente toda a variabilidade genética disponível na população de melhoramento. Esse impacto será particularmente evidente na otimização de testes clonais pela concentração de esforços de testes de campo em conjuntos de clones previamente selecionados em base genômica. As perspectivas de implementação operacional da SGA no melhoramento florestal são muito promissoras. Resultados publicados em Eucalyptus e Pinus claramente apontam essa direção, e diversos projetos que estamos desenvolvendo em colaboração com empresas de base florestal no Brasil vêm confirmando, cada vez mais, essas expectativas positivas. Tudo indica que o Brasil será pioneiro na adoção dessa nova tecnologia na área florestal. Como incorporar a SGA na prática operacional de um programa de melhoramento florestal vai variar caso a caso. Aspectos técnicos e logísticos da implementação operacional da SGA serão resolvidos nos próximos anos na medida em que experimentos de validação forem sendo executados, enquanto os custos de genotipagem de DNA, elemento-chave no processo, vão se tornar cada vez menores. Um ponto importante é reconhecer o fato de que a SGA é, na verdade, uma nova ferramenta do melhoramento que permite fazer o que o melhorista já faz, porém de uma forma diferente, mais rápida e mais precisa. Além disso, trata-se de uma tecnologia open source, ou seja, acessível a todos, sem qualquer proteção patentária ou necessidade de licenciamento. É um tema em plena evolução, sujeita a constantes aprimoramentos, e cujo sucesso na sua utilização vai depender essencialmente da capacidade criativa e competência dos seus usuários, os melhoristas, em explorar o seu potencial da forma mais efetiva possível. Chegou o tempo, portanto, de reconhecer que a convergência da genética quantitativa com a genômica aplicada está efetivamente acontecendo e se tornando a maneira pela qual o melhoramento genético será conduzido pelas décadas à frente.


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mecanização e automação na silvicultura

Opiniões

impactos das operações de colheita de madeira na

compactação do solo o estudo da compressibilidade do solo pode servir como subsídio na tomada de decisão sobre executar ou não uma operação mecanizada ou até mesmo de trafegar ou não uma determinada área " Moacir de Souza Dias Junior Professor do Dpto. de Ciência do Solo da UF-Lavras

O aumento da produtividade das florestas plantadas está associado ao clima e solos favoráveis, à utilização de tecnologia silvicultural avançada e ao rápido crescimento da área de plantações florestais. Além disso, observa-se que o crescimento das exportações se deve à adoção da colheita florestal, tecnologicamente avançada, devido à importação de maquinários, resultando em um maior rendimento das operações de colheita florestal. Devido às importações desses equipamentos, as operações mecanizadas de colheita florestal intensificaram-se, promovendo compactação do solo, a qual provoca diminuição do crescimento das árvores por causa da redução na permeabilidade do solo à água, ao espaço reduzido para o desenvolvimento das raízes, à pobre aeração e ao aumento da resistência do solo à penetração, que podem limitar o crescimento e a penetração das raízes. A compactação do solo pode ser avaliada usando várias propriedades do solo, como densidade, porosidade, resistência à penetração, condutividade hidráulica e a pressão de pré-consolidação, sendo esta a única propriedade capaz de estimar as pressões a serem aplicadas aos solos para evitar que a compactação ocorra. A pressão de pré-consolidação é um indicador da sustentabilidade da estrutura do solo, pois ela divide a curva de compressão do solo em duas regiões: uma de deformações elásticas e recuperáveis (região onde não ocorre compactação adicional do solo) e outra de deformações plásticas e não recuperáveis (região onde ocorre compactação adicional do solo). Assim, a maior pressão que deve ser aplicada aos solos para evitar a sua compactação é a pressão de pré-consolidação.

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Como a umidade do solo varia ao longo do ano, para minimizar o risco de ocorrer sua compactação, o tráfego das operações de colheita florestal deve ser feito considerando os modelos de capacidade de suporte de carga que permitem determinar as variações da pressão de pré-consolidação em função da variação da umidade do solo. Modelos de Capacidade de Suporte de Carga: Nos estudos de compressibilidade do solo, utiliza-se o ensaio de compressão uniaxial. Os resultados desse ensaio permitem obter a curva de compressão do solo, possibilitando quantificar as reduções de volume do solo e estimar, portanto, a suscetibilidade do solo à compactação. O ensaio de compressão uniaxial consiste, basicamente, em aplicar sucessiva e continuamente pressões crescentes e preestabelecidas (25, 50, 100, 200, 400, 800 e 1600 kPa) a uma amostra indeformada de material de solo na condição parcialmente saturada. A curva de compressão do solo representa, graficamente, a relação entre o logaritmo da pressão aplicada e a densidade do solo ou o índice de vazios. Quando o solo não sofreu nenhuma pressão prévia, essa relação é linear, e a aplicação de qualquer pressão resultará em deformações não recuperáveis, causando, portanto, compactação do solo. Entretanto, quando o solo já experimentou pressões prévias ou ciclos de secagem e umedecimento, a variação das pressões atuando sobre o solo determinará a formação de duas regiões distintas na curva de compressão do solo: a curva de compressão secundária (região de deformações pequenas, elásticas e recuperáveis) e a curva de compressão virgem (região de deformações plásticas e não recuperáveis).



mecanização e automação na silvicultura A curva de compressão secundária representa os níveis de pressões experimentadas pelo solo no passado, sendo, portanto, função do manejo do solo, enquanto a curva de compressão virgem representa as primeiras pressões aplicadas ao solo. É na região da curva de compressão secundária que o solo deve ser cultivado ou trafegado, sem que ocorra compactação do solo. É esse componente da curva de compressão que reflete a história do manejo do solo e que tem sido quantificado através da determinação da pressão de pré-consolidação do solo. Para uma mesma condição, o fator que governa a quantidade de deformação que poderá ocorrer no solo é a umidade e sua densidade inicial que reflete o estado de compactação inicial do solo (Dias Junior & Pierce, 1995; Dias Junior & Pierce, 1996). Assim, quando os solos estão mais secos, a pressão de pré-consolidação pode ser alta, condicionando ao solo uma maior capacidade de suporte de carga, que pode ser suficiente para aguentar as pressões aplicadas, e a compactação do solo pode não ser significativa. Entretanto, quando a umidade é alta, a pressão de pré-consolidação é pequena, condicionando uma baixa capacidade de suporte de carga do solo, tornando-o mais suscetível à compactação. Dessa forma, o estudo da compressibilidade do solo pode servir como subsídio na tomada de decisão sobre executar ou não uma operação mecanizada ou até mesmo de trafegar ou não uma determinada área. Considerando esses aspectos, Dias Junior (1994) desenvolveu um modelo denominado “modelo de capacidade de suporte de carga”, para solos de clima temperado, que

Opiniões

prediz a máxima pressão que o solo pode suportar para diferentes umidades, sem causar compactação adicional, em função da pressão de pré-consolidação e da umidade solo. Modelos semelhantes a esse tem sido encontrados para diversas classes de solos brasileiros. Os modelos de capacidade de suporte de carga têm sido usados para estimar a máxima pressão que pode ser aplicada aos solos, para evitar que a compactação adicional ocorra; avaliar a suscetibilidade à compactação de diferentes classes de solo; avaliar a suscetibilidade à compactação de diferentes horizontes; avaliar o efeito do tráfego sobre a pressão de pré-consolidação; avaliar a eficiência da disposição dos resíduos na dissipação das pressões aplicadas pelo tráfego e avaliar a recuperação natural da estrutura do solo. As causas e os efeitos da compactação do solo já foram demonstrados por vários pesquisadores. Esses estudos demonstraram que a compactação do solo tem sido identificada como um dos principais processos causadores da degradação da estrutura dos solos. Os atributos físicos do solo, convencionalmente monitorados, não têm sido capazes de quantificar a capacidade de suporte de carga dos solos, não permitindo prever quais os níveis de pressões que podem ser aplicados para diferentes umidades sem que a compactação ocorra. Por esse motivo, os modelos de capacidade de suporte de carga têm sido usados para prever os níveis de pressões que podem ser aplicados aos solos para diferentes umidades, sem que a compactação ocorra, e para quantificar os efeitos das operações mecanizadas sobre a estrutura dos solos.

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bases para uma tomada de decisões

Opiniões

indicadores para a tomada de

decisão O dinheiro investido na silvicultura deve dar retorno para que o negócio continue prosperando. Essa é uma lógica básica. Quando nos esquecemos disso, os maus resultados aparecem, e o “clima” paga a conta. "

Marcelo Santos Ambrogi Diretor de Operações Florestais da Weyerhaeuser Solutions

Para tratar deste assunto, temos que olhar a silvicultura através de diferentes aspectos, que, de forma resumida, seriam o estratégico, o econômico-financeiro e o operacional. Não se pode, é claro, esquecer-se dos aspectos ambientais, trabalhistas e sociais, mas, neste artigo, focaremos os três primeiros. O que caracteriza um bom indicador é a possibilidade de ser usado para gerenciar, aprender e melhorar. Um indicador, para ser usado em tomadas de decisão, é baseado em bons controles, e bons controles são definidos de forma a serem poucos e precisos. Isso pode requerer uma grande quantidade de dados, mas que devem ser bem tratados. Bem tratados significa que sejam bem capturados, armazenados e, principalmente, verificados. Um bom indicador pode ser mal interpretado. Daí ser bem compreendido, passa por preparar as pessoas, treinar e dar experiência. Percebo bastante, nos cursos que fazemos junto com a Fupef da Universidade Federal do Paraná, que alguns indicadores de alto nível, ou seja, os que resumem uma série de controles para serem produzidos, podem ser interpretados de diferentes formas, de acordo com a experiência do profissional. Parece lógico, mas, em algumas empresas, essa percepção não é avaliada. Silvicultura é um investimento e não uma despesa. Como investimento, é aprovado baseado em várias premissas, mas três delas são básicas: valor a ser investido, representado pelos custos de silvicultura, proteção, gerenciamento que são aplicados para desenvolver o produto (madeira), o volume que se espera produzir e por quanto se espera vender

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ou qual o maior custo esperado. Estão aí, basicamente, os três maiores indicadores de tomada de decisão da silvicultura. Poderiam ser mais precisos, como custo da tonelada de celulose por hectare, custo por volume de lâminas por hectare, e assim vai. Poucas empresas controlam os investimentos em silvicultura como um projeto de investimento. Principalmente as integradas. O controle é o do orçamento do ano. As pessoas da silvicultura olham o inventário como um número médio global, não se interessando muito por números específicos. Grande erro. O dinheiro investido na silvicultura deve dar retorno para que o negócio continue prosperando. Essa é uma lógica básica. Quando nos esquecemos disso, os maus resultados aparecem, e o “clima” paga a conta. Portanto olhar pela parte financeira a silvicultura como um projeto de investimento seria uma primeira forma de definir seus indicadores de tomada de decisão. Mas vamos lá, qual é a meta da silvicultura? Quem já trabalhou comigo sabe o que vou escrever em seguida. Recebi, muitas vezes, a resposta de um programa de silvicultura baseado no número de hectares que devem ser plantados. A minha resposta sempre foi: “Você tem a responsabilidade de entregar, daqui a 6 anos, por exemplo, 500 mil m3 no mínimo. Se conseguir plantar em 1 hectare, para mim está ótimo”. Ou seja, se planta para produzir madeira e não hectares. Sendo assim, todo silvicultor deveria ter no criado-mudo ao lado da cama um inventário florestal detalhado e um controle de investimento por talhão.



bases para uma tomada de decisões Tendo em mente que estamos trabalhando para produzir um volume definido de madeira em um certo período de tempo, é mais fácil definir outros indicadores de decisão importantes. Aqui vai uma nota. Muitos projetos de investimentos em silvicultura que não estão vinculados a uma demanda fixa de volume no tempo acabam não enxergando os benefícios de um bom controle de eficiência e eficácia operacional e até mesmo no inventário florestal. Para mim, um grande erro. Pense nisto: inventário florestal qualitativo e quantitativo não é custo, é a ferramenta básica para um gestor florestal. Ir ao campo também. Existem, hoje, vários processos e ferramentas para realizar controles operacionais, com um caminho para a silvicultura de precisão. O que eu poderia resumir é que os indicadores para decisão para a silvicultura poderiam ser resumidos em alguns grupos: • Indicadores da Produção Operacional: qual a produção em hectares esperada versus a realizada. Pode ser consolidada ou dividida em grupos de atividades. Depende do nível de delegação que existe em uma empresa. De certa forma, é um indicador de eficácia. • Indicadores relativos à Qualidade Operacional: buscam confirmar a eficiência em se aplicar o pacote tecnológico disponível, no nível operacional. Busca eficiência operacional. • Indicadores dos Processos Operacionais: indicam se a produção e a qualidade estão sendo atingidas, através dos processos de gerenciamento definidos na empresa e descritos nos seus manuais.

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Opiniões

• Indicadores de Despesas e Investimento: Previsto versus realizado no ano (orçamento) e Previsto versus Realizado em relação ao projeto florestal (análise de investimento). • Indicadores da Produção Florestal: Dentro desses indicadores, estão aqueles que indicam eficácia dos processos, tecnologia, qualidade das operações na transformação do objetivo do investimento, ou seja, um bom plantio com a produção esperada. Estão aqui incluídos os levantamentos de sobrevivência, inventários qualitativos, inventário florestal contínuo, inventário florestal pré-corte e o volume entregue para consumo ou venda. É importante dizer que não adianta ter um excelente controle de qualidade operacional se não resultar em uma boa floresta. Não adianta ter um ótimo inventário florestal se ele ficar dentro da gaveta ou computador e/ou apenas for utilizado pela equipe de planejamento. Indicadores e ferramentas são feitos para agir. Seja de imediato ou como um aprendizado para a mudança. A experiência de alguns anos trabalhando é que existem empresas bem balanceadas entre controles, indicadores e recursos para avaliar e tomar decisão. Essas empresas estão aprendendo e melhorando. Existem outras, com muita tecnologia, controles e indicadores, mas com poucos profissionais com experiência suficiente para avaliar o que têm e retirar disso decisões importantes para empresa. Essas estão rasgando dinheiro. E existem aquelas que possuem o mínimo do mínimo e consideram que quem investe nisso é louco e pouco esperto. Essas estão em voo cego.


FLORESTAS mais rentáveis eleva a produtividade, com melhor resultado econômico

METABOLISMO mais intenso amplia a taxa de conversão de água e nutrientes em madeira

MATÉRIA SECA mais abundante aumenta a produtividade de biomassa por hectare

ÁRVORES mais forte resulta em árvores mais altas e com maior diâmetro

CERNE mais pesado aumenta densidade e a resistência da planta

CRESCIMENTO mais vigoroso fortalece formação da parede celular e das fibras

RAÍZES mais eficazes ativa o crescimento radicular em profundidade e micro-raízes

SOLOS mais férteis impulsiona o arranque inicial da floresta

COLHEITA mais farta aumenta a qualidade industrial da madeira

MADEIRA mais rica aumenta a densidade e o teor de lignina

ATIVIDADE biológica mais intensa ativa a fauna e a flora do solo

REBROTA mais vigorosa potencializa a rebrota após o corte da floresta

ÁRVORES mais resistentes reduz a incidência de morte de ponteiro e quebra

FORMAÇÃO florestal mais robusta acelera o crescimento inicial das mudas

RAÍZES mais volumosas provoca crescimento e multiplicação das raízes

FLORESTAS mais produtivas melhora a produtividade das áreas florestais

RESULTADO mais sustentável incrementa de forma significativa o resultado e garante a exploração racional da área florestal

RESULTADO mais lucrativo aumenta os rendimentos da Eucaliptocultura e o lucro no bolso do silvicultor

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bases para uma tomada de decisões

Opiniões

nutrição e sustentabilidade

de plantações florestais

No Brasil, os plantios florestais comumente são estabelecidos em regiões de baixa aptidão agrícola, caracterizadas por solos pouco férteis e com pequena reserva de minerais. Em levantamento nacional recente, constatou-se que os solos mais usados para plantações de eucaliptos são os Latossolos de textura média e os Neossolos Quartzarênicos. Mesmo sendo de baixa fertilidade, elevados níveis de produtividade são alcançados (média geral de 41m3/ha-1/ano-1). Nesses solos, os resíduos florestais têm função muito relevante. Atualmente, quase todas as plantações de eucalipto são estabelecidas sob o sistema de cultivo mínimo do solo. Contudo pressões quanto à utilização dos resíduos florestais têm surgido, assim como no setor agrícola. Com as restrições para a compra de terras e as elevações dos preços dos combustíveis fósseis, esses resíduos têm sido vistos como potenciais fontes alternativas de energia para o setor industrial. Para que a produtividade seja mantida, com a remoção parcial ou integral dos resíduos florestais, há necessidade de investimentos mais elevados em fertilização, de modo a se assegurar o balanço nutricional do sítio. Mabrogide Quanto maior a remoção de resíduos, maior o potencial Diretor perda de produtividade, a qual pode chegar a 40% quando todos os resíduos são removidos, sem suplementação compensatória de nutrientes.

Representam cerca de 25% do total de resíduos florestais após a colheita, contendo cerca de 12% de N, 41% de P, 42% de K e 28% de Ca. Em um estudo conduzido na Estação Experimental de Ciências Florestais de Itatinga, Esalq/USP, foi verificado que, após a colheita da madeira sem casca de uma plantação de Eucalyptus grandis com 8 anos de idade, permaneceram sobre o solo aproximadamente 55t/ha-1 de resíduos. No sistema de colheita em que a árvore inteira foi retirada, a quantidade de serapilheira remanescente foi de aproximadamente 30t/ha-1. No tratamento em que todos os resíduos foram mantidos sobre o solo, as folhas representaram 12%, os galhos, 32%, as cascas, 45%, e a miscelânea, 11%. No tratamento em que foi mantida apenas a serapilheira, a massa de folha, galho, casca e miscelânea representaram, respectivamente, cerca de 7, 47, 10 e 36% da biomassa de resíduos total. Os resíduos florestais e as raízes são as principais fontes de matéria orgânica para o solo. No estudo mencionado, 300 dias após a colheita, 95% das folhas, 60% das cascas e 30% dos galhos haviam sido decompostos. Nesse período, foram liberados 50% do N, P, Ca, Mg e S e 80 % do K presentes nos resíduos florestais (folhas, galhos, cascas e serapilheira) mantidos sobre o solo.

Fazendo um balanço de todos esses benefícios e oportunidades, entende-se que é possível utilizar parte dos resíduos florestais sem comprometer a conservação do solo e a sustentabilidade da produção. " José Leonardo de Moraes Gonçalves e José Henrique Tertulino Rocha, respectivamente, Professor do Dpto. de Ciências Florestais e Doutorando em Recursos Florestais da Esalq-USP

Uma das principais vantagens da manutenção dos resíduos florestais no campo é a redução da exportação de nutrientes, aumentando suas disponibilidades para as rotações de cultivo subsequentes. Da biomassa total (parte aérea, raiz e serapilheira) de um povoamento de eucalipto com 7 anos (cerca de 200t/ha-1), 66% são madeira (sem casca), na qual estão contidos 35% do N, 35% do P, 45% do K, 25% do Ca e 20% do Mg extraídos pela cultura. O descascamento da madeira no campo tem grande relevância para o sistema solo-planta em termos nutricionais. As cascas contêm entre 12 e 14% da massa do tronco.

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O K apresentou liberação mais rápida que os demais nutrientes, pois esse elemento não forma nenhum composto dentro da planta, permanecendo em sua forma livre. A remoção dos resíduos da colheita teve expressivo efeito no teor e na qualidade da matéria orgânica do solo (MOS), diminuindo o teor de carbono orgânico oxidável e aumento da relação C/N na MOS. Ou seja, houve incremento em frações mais recalcitrantes, em detrimento das frações mais lábeis, com reflexos negativos na dinâmica de mineralização de nutrientes e nas características da MOS, sobretudo na camada superficial do solo.



bases para uma tomada de decisões Os resíduos florestais podem influenciar, de diversas formas, a produtividade da floresta. De modo geral, quanto mais arenoso e menos fértil for o solo, mais intensos são os efeitos dos resíduos florestais. Em povoamentos de eucalipto estabelecidos em Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico de textura média, verificamos, quando todos os resíduos florestais foram mantidos sobre o solo, uma produção de 350m3/ha-1 de madeira ao final de oito anos de cultivo. Quando só a serapilheira foi mantida (colheita das árvores inteiras), houve perda de 15% no volume de madeira, e, quando todos os resíduos foram removidos, a perda de produtividade foi de 39%. Nesse tratamento, no cultivo posterior, após a reforma florestal, houve perda de 6% de produtividade aos sete anos de idade. Para a produção de uma tonelada de madeira de eucalipto, são consumidos, em média, 4kg de macronutrientes, e, para a produção de uma tonelada de folhas, galhos, cascas e serapilheira, são consumidos, respectivamente, 37, 16, 23 e 20kg/t-1 de macronutrientes. Com exceção do S, menos de 40% dos nutrientes acumulados na biomassa aérea estão contidos no lenho. Entre os resíduos florestais (folhas, galhos, casca e serapilheira), a serapilheira merece atenção especial, pois contém cerca de 30% dos macronutrientes contidos no povoamento. A casca é uma importante fonte de Ca, K e P. Os galhos possuem baixa concentração de nutrientes. As folhas apresentam as maiores concentrações de nutrientes e baixa relação C/N, por isso se decompõem rapidamente, sendo importante fonte de nutrientes. Quando a finalidade da plantação florestal é a produção de biomassa para a geração de energia, as folhas, os galhos, as cascas e, em alguns casos, a serapilheira podem ser levados junto com a madeira. Do ponto de vista nutricional e de conservação do solo, o sistema de colheita mais adequado é aquele que remove apenas a madeira (lenho), deixando todos os resíduos sobre o solo. Em nossos estudos, verificamos que foram exportados 125t/ha-1 de biomassa e 502kg/ha-1 de macronutrientes, no tratamento em que foram mantidos todos os resíduos. No tratamento em que todos os resíduos foram removidos, exportaram-se 164t/ ha-1 de biomassa e 1.340kg/ha-1 de macronutrientes. O balanço nutricional do povoamento, indispensável à sustentabilidade da produção madeireira, foi altamente dependente do manejo silvicultural empregado. Mesmo no tratamento mais conservacionista, em que todos os resíduos florestais foram mantidos, sem a aplicação de fertilizantes, não foi

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Opiniões

sustentável do ponto de vista nutricional. Esse resultado pode ser explicado por três fatores principais: 1. baixo investimento em fertilização, sendo as entradas de nutrientes inferiores às saídas; 2. alta produtividade e, com isso, alta exportação de nutrientes; 3. baixa contribuição do solo como fonte de nutrientes, pois era de baixa fertilidade. Para que a produtividade de madeira seja sustentável, o saldo entre a quantidade de nutrientes exportada e a quantidade de nutrientes aportada deve ser próximo a zero. Constatamos que, para repor todos os macronutrientes exportados pela colheita (apenas lenho), com o uso de fertilizantes, seria necessário um investimento de aproximadamente R$ 1.800,00 por hectare em fertilizantes. Caso a madeira e todos os resíduos florestais fossem extraídos, esse custo seria de, aproximadamente, R$ 4.150,00 por hectare. Esse grande aumento (130%) no custo com fertilizantes se deve, em grande parte, à alta concentração de nutrientes nos resíduos. Assim, para repor os nutrientes contidos em uma tonelada de madeira, o custo com fertilizantes é de R$ 14,30. Os valores são muito maiores para cada tonelada de resíduos: folhas = R$ 135,00; galhos = R$ 45,00; casca = R$ 55,00 e; serapilheira = R$ 55,00. Considerando-se apenas o custo com fertilizantes, a reposição dos nutrientes contidos nos galhos, nas cascas e na serapilheira é viável economicamente. Apenas para as folhas não seria viável, devido à sua alta concentração de nutrientes. Porém essa avaliação é complexa, devido à dificuldade de valoração financeira dos outros benefícios dos resíduos, algumas com efeitos em médio e longo prazo. Para a tomada de decisão sobre a remoção de resíduos, devem-se considerar vários fatores relacionados à sua remoção: 1. ganhos ambientais decorrentes da utilização de uma fonte de energia renovável; 2. ganhos operacionais decorrentes da redução dos obstáculos para as operações silviculturais; 3. redução dos danos às máquinas e implementos; 4. facilidade de controle de algumas pragas e doenças. Por outro lado, deve-se ponderar com vários fatores relacionados à sua manutenção: 1. aumento no teor e na qualidade do C orgânico do solo; 2. redução das perdas de água por evaporação e escoamento superficial; 3. redução dos extremos térmicos do solo; 4. proteção do solo contra erosão; 5. redução da compactação do solo pelo tráfego de máquinas; 6. redução da infestação de plantas daninhas; 7. aumento da atividade biológica do solo. Fazendo um balanço de todos esses benefícios e oportunidades, entende-se que é possível utilizar parte dos resíduos florestais sem comprometer a conservação do solo e a sustentabilidade da produção. Para isso, alguns critérios devem ser considerados: 1. manter sobre o solo ao menos a serapilheira e as folhas; 2. manter, no mínimo, 70% da superfície do solo coberta com resíduos; 3. remover, preferencialmente, os resíduos lenhosos (cascas, galhos e ponteiros das árvores); 4. as quantidades de P, K, Ca e Mg contidas nos resíduos removidos devem ser repostas via fertilização, e o incremento na quantidade de N e S aplicada também deve ser considerado; 5. se o tempo de espera até o novo plantio for longo, maior quantidade de resíduos deve ser mantida sobre o solo para garantir sua cobertura, sobretudo em áreas mais suscetíveis à erosão; 6. no período de chuvas mais intensas e em áreas suscetíveis à erosão, como áreas declivosas e com solos mais erodíveis, todos os resíduos florestais devem ser mantidos sobre o solo.


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Quem somos? Somos uma empresa de consultoria e prestação de serviços florestais, especializada em processos de gestão e de suporte às decisões estratégicas, táticas e operacionais. Processos de gestão incluem: ESTRATÉGICOS: Avaliações (Due Diligences), Projetos Florestais, Manejo de Multi Produto, Planejamento de Suprimento; TÁTICOS: Inventário Florestal, Sistemas de Informações Geográficas, Sistemas de Gerenciamento Florestal, Análise de Investimentos; OPERACIONAIS: Programação, Orçamento, Controle Operacional e Qualidade Operacional.

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NOSSA BASE A experiência de nossos principais gestores, participando há mais de 20 anos da gestão de importantes empresas florestais, é um dos nossos principais diferenciais. A busca de tecnologia disponível para a aplicação na solução de problemas ou de melhoria na gestão florestal é o nosso dia a dia. O uso simultâneo da experiência e da aplicação de novas tecnologias permite a ação de integrador tecnológico, o que reflete em oferta de serviços diferenciados focados na melhoria da gestão e, portanto, eficiência, eficácia e redução de custos. A responsabilidade do que se propõem e do que se entrega é a base de nossos relacionamentos.

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manutenção das florestas

manejo integrado de pragas em plantio de

pinus

O pinus no Brasil representa um importante recurso socioeconômico, face à participação que tem na cadeia produtiva da madeira, na geração de empregos e renda, servindo também para a recuperação de áreas degradadas. Entretanto os plantios de pinus no Brasil apresentam uma base restrita de espécies e procedências, oferecendo condições propícias para a adaptação de pragas nativas e para o estabelecimento e dispersão de pragas exóticas. A simplificação do ambiente tende a gerar impactos diferenciados sobre a entomofauna. O aparecimento de pragas florestais normalmente está associado à alteração climática, à abundância de material adequado para a reprodução, ao estresse das plantas, ao manejo florestal inadequado e à ausência ou diminuição/desaparecimento de inimigos naturais. Como consequência do ataque da praga, pode ocorrer o estresse das árvores, deformações, a perda total ou parcial do crescimento, até a sua morte. Isso depende da duração do ataque, da época da ocorrência e do local da árvore atingido. Esse cenário tem despertado o setor florestal para a necessidade da elaboração de programas de controle de pragas, racionais e econômicos. O complexo de pragas associado ao pinus envolve a vespa-da-madeira (Sirex noctilio), os pulgões-gigantes-do-pinus (Cinara atlantica e Cinara pinivora) e o gorgulho-do-pinus (Pissodes castaneus). Espécies de insetos nativos, como Naupactus spp. e Diloboderus abderus, aparecem em surtos fortuitos, favorecidos por práticas silviculturais inadequadas. As formigas cortadeiras, Acromyrmex e Atta, já fazem parte dos programas de manejo florestal dos produtores de pinus.

os plantios de pinus no Brasil apresentam uma base restrita de espécies e procedências, oferecendo condições propícias para a adaptação de pragas nativas e para o estabelecimento e dispersão de pragas exóticas. " Susete do Rocio Chiarello Penteado e Edson Tadeu Iede Pesquisadora e Chefe-geral da Embrapa Florestas

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AS PRAGAS DE Pinus spp. NO BRASIL: 1. Vespa-da-madeira: Com a introdução da vespa-da-madeira, Sirex noctilio, em 1988, os plantios de pinus, no Brasil, passaram a ter sua produtividade ameaçada, com registro de mortalidade de até 60%. O estabelecimento e dispersão da praga ocorreram pelas condições precárias do manejo florestal (principalmente desbastes atrasados) e pela ausência de inimigos naturais. Devido às condições favoráveis de estresse dos plantios e por ter sido a primeira praga exótica de importância do pinus, a sua introdução significou uma mudança de paradigma na silvicultura do pinus no Brasil. A vespa-da-madeira é uma praga secundária na região de origem (Europa, Ásia e norte da África), mas tornou-se importante nos países onde foi introduzida. Isso indicava que era fundamental a criação de mecanismos de resistência ambiental, para minimizar os seus efeitos daninhos. Dessa forma, logo após a identificação da sua presença no Brasil, feita pela Embrapa Florestas, em 1988, estabeleceu-se uma parceria entre órgãos públicos e privados para a criação de um programa de P&D visando dar suporte a um Programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP). Com o apoio das três associações de reflorestadores da região Sul (Apre, ACR e Ageflor), integrados à Associação Sulbrasileira de Reflorestadores, do Ministério da Agricultura, do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), das Secretarias da Agricultura e da Embrapa Florestas, foram traçadas as primeiras ações de combate à praga.


Opiniões GORGULHO-DO-PINUS

Estipularam-se também normas para o transporte de madeira de áreas atacadas para áreas indenes. Em 1989, foi instituído o Programa Nacional de Controle à Vespa-da-Madeira (PNCVM), através da Portaria 031/89 do MAPA e do Fundo Nacional de Controle à Vespa-da-Madeira (Funcema), com a devida aprovação das ações de pesquisa e desenvolvimento propostas pela Embrapa Florestas, nascendo, então, o primeiro programa de MIP para uma praga florestal no Brasil. O PNCVM contém as estratégias de manejo da praga, que envolvem: 1. mapeamento de todas as áreas de Pinus spp. na região Sul do Brasil; 2. monitoramento, através de árvores-armadilha, para detecção precoce da praga em regiões próximas ao seu limite de dispersão e em áreas de fronteira. Essa medida foi essencial para o sucesso do programa de controle biológico, que está associado diretamente à detecção precoce da praga; 3. melhoria das condições de manejo florestal, principalmente os desbastes, visto que árvores dominadas, bifurcadas ou danificadas por fatores bióticos ou abióticos são mais suscetíveis. Face ao caráter oportunista da praga, a prevenção de danos economicamente importantes é um problema de manejo, que pode ser minimizado pela vigilância dos plantios e pela adoção de tratos silviculturais, para manter o vigor das árvores; 4. controle biológico, com a introdução de inimigos naturais da praga, especialmente o nematoide Deladenus siricidicola. A introdução desse agente possibilitou que fossem atingidos níveis de parasitismo próximos a 100%; 5. monitoramento das estratégias de controle e mapeamento das áreas de ocorrência da praga. Essas atividades são

realizadas anualmente pelas empresas, Secretarias da Agricultura, Ministério da Agricultura e Embrapa Florestas, a fim de se avaliar o programa em suas várias etapas; 6. estabelecimento de medidas quarentenárias para evitar a dispersão da praga para áreas indenes, através de portaria que restringiu a movimentação de madeira atacada e de seus produtos; 7. estabelecimento de um intensivo programa de transferência de tecnologia, principalmente treinamentos para o monitoramento e o controle da praga, a elaboração de publicações, folder, vídeos e divulgação na imprensa. PULGÃO-GIGANTE-DO-PINUS


manutenção das florestas Paradoxalmente, a presença dessa praga no Brasil proporcionou uma melhoria substancial na silvicultura de pinus, devido à conscientização da importância do manejo florestal no controle da praga. Dessa forma, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) passou a ser uma ação prevista e obrigatória nos programas de manejo florestal. Pode-se afirmar que a vespa-da-madeira trouxe um benefício à silvicultura nacional, tornando-se a responsável por essa mudança de mentalidade do produtor florestal. 2. Pulgões-gigantes-do-pinus: Na década de 1990, foi registrada a presença de espécies exóticas do gênero Cinara (C. atlantica e C. pinivora), conhecidos como pulgões-gigantes-do-pinus, além dos pulgões Eulachnus rileyi e Essigella californica. A introdução, especialmente das espécies de Cinara, como quase toda praga exótica recém-introduzida, causou perdas econômicas significativas, principalmente nos dois primeiros anos de plantio, exigindo o desenvolvimento de tecnologias para a elaboração de programas de controle dessa praga. O setor florestal brasileiro, responsável pelos plantios de pinus na região Sul do País, mais uma vez demonstrou a sua maturidade, trabalhando em parceria com as instituições de pesquisa e universidades, lideradas pela Embrapa Florestas, para o desenvolvimento de um Programa de Manejo Integrado de Pragas. Estabeleceram-se ações de controle biológico, com a coleta de inimigos naturais no local de origem da praga (América do Norte) e introdução do parasitoide Xenostigmus bifasciatus, uma vespinha que parasita diferentes estágios de desenvolvimento do pulgão. Além da introdução do parasitoide, verificou-se que a manutenção de vegetação secundária entre as linhas de plantio propicia abrigo e fonte de alimentação de várias espécies de insetos predadores e também de fungos entomopatogênicos, os quais contribuem para o controle da praga. Assim, o controle biológico, novamente associado ao manejo florestal, proporciona as condições adequadas, resultando no controle efetivo da praga. 3. Gorgulho-do-pinus: O registro de Pissodes castaneus, o gorgulho-do-pinus, no Brasil, ocorreu em junho de 2001, no estado do Rio Grande do Sul. Atualmente, encontra-se distribuído por toda a região Sul. O inseto ataca o broto terminal (gema apical) de árvores do gênero pinus, resultando em perdas de crescimento. Os ramos tornam-se dominantes, e ataques repetidos resultam em multifurcação ou envassoramento e perda de crescimento em altura. O gorgulho-do-pinus está intimamente ligado à condição silvicultural do plantio, como qualidade do sítio, condição física do solo, técnica de plantio, qualidade da muda, deficiência nutricional, ocorrência de fenômenos físicos de natureza abiótica (chuvas de granizo, geadas fortes, secas prolongadas, etc.). Fatores de natureza biótica, como o ataque de pragas primárias, também podem estressar as plantas, favorecendo o aparecimento de plantas atacadas por Pissodes castaneus. Tem sido constatado que a maioria das plantas atacadas apresenta problemas de enovelamento ou encachimbamento de raízes, que ocorreram na fase de produção de mudas ou no plantio. Em muitos casos, estão sendo plantadas mudas passadas, cujas raízes já enovelaram no tubete e/ou,

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Opiniões casos de enovelamento e de encachimbamento provocados pelo espelhamento ou vitrificação do solo, impedindo o desenvolvimento normal das raízes. Também, no intuito de reduzir os custos de produção, foram reduzidas ou simplificadas algumas operações silviculturais em detrimento da qualidade. Porém isso reflete na resistência ou suscetibilidade das plantas aos fatores bióticos e abióticos a que forem expostas. Como estamos tratando de cultivos de longa rotação, é fundamental que se faça uma implantação com o menor número de inconformidades técnicas possíveis, pois os resultados são de longo prazo. A poda e o desbaste, quando realizados em época inadequada, poderão comprometer o plantio, pois os ferimentos provocados pela prática exalam compostos químicos que atraem a praga, devendo ser executada somente nos períodos de baixa densidade populacional da praga (inverno). Além disso, os restos da poda e desbaste deverão ser eliminados. A aplicação de herbicidas para o controle de ervas daninhas em plantios jovens deverá ser realizada de forma criteriosa, em horários que evitem possíveis derivas, com o uso de bicos de pulverização regulados, mantendo-se a velocidade do trator constante, para evitar o estresse das plantas e predispô-las ao ataque do gorgulho. É fundamental também que se mantenha a vegetação nativa entre linhas de plantio, visto que elas fornecerão locais de abrigo, alimentação e reprodução de inimigos naturais, que ajudarão no controle biológico de pragas, principalmente no primeiro ano. Inclusive um dos agentes muito efetivo no controle dos pulgões-gigantes-do-pinus, o fungo Lecanicillium lecanii, necessita dessa vegetação para se proteger de raios ultravioleta e se manter no ambiente. A escolha do sítio é outro fator importante para que se tenha um plantio que seja resistente ou suporte o ataque de pragas. Não adianta plantar em sítios ruins, que apresentam solos rasos com afloramento de rocha, solos mal drenados, pois esses plantios serão alvos de pragas. Durante muitos anos, isso não foi levado em consideração na silvicultura do pinus no Brasil. De modo geral, pode-se afirmar que a presença do gorgulho-do-pinus é um indicativo importante de que há algum problema silvicultural no plantio, o qual deverá ser identificado e corrigido. Dessa forma, durante a elaboração de um Programa de Manejo Florestal, na sua fase de planejamento, devem ser analisados todos os fatores bióticos e abióticos que possam favorecer o ataque de pragas. Nesse particular, somente os fatores climáticos não podem ser manipulados; porém sabe-se que a distribuição geográfica das espécies/procedências das plantas também devem ser consideradas, visando ao plantio daquelas adaptadas a cada região bioclimática, ou seja, aquelas adequadas ecologicamente na região onde será realizado o plantio. 4. Pragas nativas: Além da introdução de pragas das regiões de origem, espécies alóctones (nativas) adaptaram-se ao pinus, podendo-se citar a ocorrência de formigas cortadeiras dos gêneros Atta e Acromyrmex e três espécies de lagartas desfolhadoras do tipo mede palmo, cujos surtos ocorreram somente na década de 1980, causando pequenos prejuízos. Espécies de besouros como Diloboderus abderus e do gênero Naupactus, além de cupins do gênero Neocopritermes, em algumas situações de desequilíbrio ambiental, podem causar a morte de mudas recém-plantadas.


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manejo integrado de pragas em plantio de

eucalipto

Com o aumento expressivo da área plantada com espécies florestais no Brasil, se tem constatado aumento na ocorrência de pragas nativas e exóticas do eucalipto. A solução para resolver esse problema é o manejo integrado de pragas (MIP), uma filosofia baseada no uso de técnicas para manipulação do agroecossistema, visando manter os insetos na condição de não praga, de forma econômica e harmoniosa com o meio ambiente. Dessa forma, não é necessária a erradicação da praga no campo, o que é quase impossível, mas apenas mantê-la em níveis baixos, possibilitando a convivência com o inseto no campo. O MIP é baseado em três premissas: 1. Avaliação do ecossistema, envolvendo monitoramento de pragas e inimigos naturais; 2. Tomada de decisão (controle ou não controle); 3. Escolha do método de controle, buscando, se possível, a integração entre eles. Os principais benefícios do MIP são a manutenção da produtividade da cultura florestal e a redução no uso de inseticidas químicos, pela utilização apenas nas áreas com infestação

No caso de formigas cortadeiras, o sistema envolve o monitoramento dos ninhos de saúvas e quenquéns, considerando o tamanho e a densidade de formigueiros por hectare. Após isso, os dados são analisados, considerando as informações do plantio, como idade do povoamento, tipo de clone, espaçamento e estimativa de produção. Após essa análise, que é feita por softwares específicos, é gerada a recomendação de controle ou não controle e a forma desse controle (qual tipo de formicida, quantidade estimada e forma de aplicação). Atualmente, existem sistemas de monitoramento e manejo de formigas cortadeiras desenvolvidos nas próprias empresas florestais, como empresas prestadoras de serviços específicos para esse fim. Como resultado, o sistema de manejo de formigas cortadeiras tem possibilitado otimização na operação de controle e redução de custos, aumentando a precisão da recomendação e evitando desperdício de produto. Outro programa interessante é o monitoramento de cupins em plantios de eucalipto.

não é necessária a erradicação da praga no campo, o que é quase impossível, mas apenas mantê-la em níveis baixos, possibilitando a convivência com o inseto no campo " Carlos Frederico Wilcken Professor de Entomologia Florestal da Unesp-Botucatu e Coordenador do PROTEF/IPEF

da praga, com possibilidade de uso de métodos alternativos ou pela integração entre os métodos. O MIP em florestas foi considerado estratégia básica pelo FSC, tanto que o órgão publicou, em 2009, um guia de manejo de pragas, doenças e plantas daninhas para florestas certificadas pelo selo FSC. No caso de florestas plantadas de eucalipto, há poucos casos de MIP florestal, principalmente falta de mais pesquisas básicas, como a determinação do nível de dano econômico e de controle. Entretanto tecnologias recentes, como o sensoriamento aéreo, com uso de VANTs (veículos aéreos não tripulados), têm auxiliado na detecção de focos de pragas, como na avaliação de danos e perdas por desfolhamento. Os principais exemplos de MIP em florestas de eucalipto no Brasil são para formigas cortadeiras, cupins, lagartas desfolhadoras e pragas de viveiro.

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Os cupins são um tipo de praga de difícil previsão de ocorrência, pois são subterrâneos. Os danos principais são a destruição do sistema radicular ou o anelamento do caule das mudas novas. Na maioria dos casos, o produtor ou a empresa florestal faz controle preventivo, pela imersão das mudas em solução inseticida. O monitoramento de cupins, apesar de não ser considerado MIP, pois não há tomada de decisão baseado no grau de infestação, atinge os principais objetivos do manejo de pragas. O monitoramento avalia a presença ou ausência de cupins-praga pela instalação de iscas de papelão no solo. Após 30 dias, essas iscas são avaliadas, e é feita a recomendação baseada apenas na presença da praga. Mesmo assim, a redução do uso de cupinicidas é expressiva, sendo, em média, acima de 60%, ou seja, esse programa tem demonstrado que os cupins têm ocorrência


Opiniões pontual, com possibilidade de determinar precisamente os focos de infestação para controle. As lagartas desfolhadoras do eucalipto são um grupo importante, que causa danos em aproximadamente 50.000 ha/ano no Brasil. Algumas empresas florestais adotam um sistema de monitoramento baseado na conjunção de duas formas de amostragem: avaliação de excrementos das lagartas e uso de armadilhas luminosas, as quais avaliam a população de adultos. De acordo com a progressão da infestação, é feita a recomendação de controle, com preferência pelo uso de inseticida biológico à base de Bacillus thuringiensis. Nesse caso, é possível determinar o momento mais adequado para a aplicação do bioinseticida, além da avaliação da eficiência do controle realizado, com a redução da população de lagartas e de mariposas. Outro exemplo é o MIP da mosca do viveiro, em viveiros de eucalipto. A mosca do viveiro são várias espécies de moscas da família Sciaridae que colocam seus ovos no substrato, e suas larvas alimentam-se da estaca de eucalipto, impedindo seu enraizamento. As perdas podem passar de 90% de estacas, em viveiros com alta infestação. O controle sempre foi baseado em aplicação de inseticidas químicos, com aplicações semanais ou até mais frequentes, com resultados insatisfatórios ou extremamente caros e impactantes. O programa de MIP para a mosca do viveiro teve que ser iniciado com estudos básicos, considerando a taxonomia das espécies e a determinação de seus ciclos biológicos. Em seguida, foi desenvolvido o sistema de monitoramento da praga, para avaliar com precisão as infestações nas casas de vegetação (CV) e também determinar o nível de controle da praga.

Nesse caso, a amostragem é baseada na instalação de armadilhas adesivas amarelas nas CVs. Quanto à escolha da forma de controle, recomenda-se a escolha criteriosa da fonte de matéria orgânica do substrato para as mudas, pois o substrato é a mais provável fonte das infestações, e a aplicação do inseticida biológico à base de Bacillus thuringiensis var. israelensis, específico no controle de moscas e mosquitos. Novamente, teve-se redução de custos e praticamente a eliminação da necessidade de uso de inseticidas químicos, reduzindo impactos ambientais no viveiro e risco de exposição dos trabalhadores dos viveiros. Para as pragas exóticas do eucalipto, como o psilídeo-de-concha, percevejo bronzeado e vespa-de-galha, os estudos para o desenvolvimento de sistemas de manejo ainda estão em andamento. Entretanto as estratégias principais de controle são o controle biológico clássico, com a importação de inimigos naturais da Austrália, e substituição gradativa de material genético suscetível por clones resistentes. Para o psilídeo-de-concha, o parasitoide Psyllaephagus bliteus se estabeleceu no Brasil e, após 9 anos das primeiras liberações, o inimigo natural se encontra estabelecido no País, com redução evidente das infestações e danos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Esses resultados demonstram que é possível realizar o manejo integrado das pragas do eucalipto, apesar das dificuldades por ser uma cultura florestal, com redução significativa no uso de produtos químicos e atendendo às exigências dos sistemas de certificações florestais, sem comprometer a produtividade das plantações florestais de eucalipto.


manutenção das florestas

formigas cortadeiras em plantio de pinus As formigas cortadeiras dos gêneros Atta (saúvas) e Acromyrmex (quenquéns) destacam-se pela importância econômica por cortarem e carregarem folhas e outras partes vegetais para os seus ninhos. As espécies de Acromyrmex são reconhecidas por apresentarem de quatro a cinco pares de espinhos na parte dorsal do tórax, enquanto as saúvas possuem somente três pares. A aparência externa dos ninhos de Atta e Acromyrmex também serve para diferenciar os dois gêneros e auxilia na identificação das espécies. O exterior dos ninhos das saúvas é constituído por um monte de terra solta, enquanto o interior é composto por várias câmaras resultantes da escavação do solo. No caso das quenquéns, os ninhos são mais difíceis de serem encontrados, porque são pequenos, geralmente formados por uma só câmara, e a terra solta pode aparecer ou não na superfície do solo. Em algumas espécies de Acromyrmex, os ninhos são superficialmente cobertos de palha, fragmentos e outros resíduos vegetais, além de terra, enquanto em outras os ninhos são subterrâneos, sem que se perceba a terra escavada. Em florestas plantadas, encontram-se relatos de que as formigas cortadeiras podem, devido à sua alta capacidade de proliferação e voracidade, causar prejuízos de até 30% do custo da floresta no final do terceiro ciclo. O cultivo de espécies do gênero Pinus no Brasil está particularmente mais concentrado na região Sul, onde o clima é mais ameno, registrando-se temperatura abaixo de zero durante o inverno. A ocorrência de espécies de formigas cortadeiras de importância econômica para o cultivo florestal nessa região é mais restrita do que nas demais regiões do País. Entre as espécies de ocorrência mais frequentes estão Atta sexdens piriventris, Acromyrmex aspersus, Acromyrmex crassispinus, A. subterraneus subterraneus, entre outras, mas a predominância de Acromyrmex crassispinus (quenquém-de-cisco) é altamente relevante, chegando, em alguns plantios de Pinus na região norte catarinense, a alcançar 95% de prevalência em relação às outras espécies. O ataque da espécie A. crassispinus pode ocasionar diferentes níveis de desfolha em mudas de Pinus recém-plantadas, podendo desfolhar até 100% e cortar o meristema apical, o que pode causar a morte das plantas. A porcentagem de plantas atacadas diminui nos meses subsequentes ao plantio, provavelmente devido ao aparecimento da vegetação nativa, que fornece mais opções para o forrageamento dessas formigas. Desse modo, o ataque de A. crassispinus que pode causar prejuízos às plantas de P. taeda ocorre nos primeiros meses de idade do plantio, com maior impacto nos primeiros 30 dias. Em média, 7,5% das mudas recém-plantadas morrem por ataques de formigas em áreas de reforma do plantio sem combate às formigas, onde,

antes do corte raso, tenha sofrido poda e desbastes. Caso contrário, em floresta de Pinus sem poda nem desbaste, quando colhida, não há ocorrência de A. crassispinus, não justificando o seu controle em momento algum do novo ciclo florestal, a não ser nas áreas fronteiriças com os vizinhos, com áreas de APP e/ou de RL. Após o primeiro ano de idade do plantio, se instalam novos ninhos de formigas cortadeiras nessas áreas, e a eliminação total da vegetal nativa, mesmo quando a floresta já estiver com três anos de idade, pode acarretar em ataque de formigas às plantas de Pinus. No entanto os ataques a partir dos 24 meses não são significativamente prejudiciais ao desenvolvimento das plantas. Em plantios de Pinus que se aproximam dos seis anos de idade, observa-se que os ninhos de A. crassispinus começam a definhar devido às condições impostas pelo fechamento do dossel da floresta, deixando, além das árvores de Pinus, somente um “colchão” de acículas secas. Isso explica porque não são encontrados formigueiros dessa espécie em florestas de Pinus próxima da colheita, quando o plantio não sofreu poda nem desbaste. Nesse caso, se, entre a colheita e o novo plantio, não ocorrer revoada dos reprodutores dessas formigas, o que, em maior quantidade, ocorre na primavera, o combate poderá ser amenizado e realizado de maneira localizada somente nas faixas fronteiriças com as áreas vizinhas. Em plantios que sofreram poda e desbaste, há ocorrência de alguns ninhos de A. crassispinus, havendo necessidade do combate das formigas cortadeiras entre a colheita dessa área e o novo plantio, realizando-se um repasse para o controle localizado dentro de 30 dias do plantio. Após o plantio, o controle de formigas só deve ser feito quando realmente necessário. Assim, existe uma tendência atual, em reflorestamentos do Sul do Brasil, de conviver com formigas cortadeiras durante a fase de crescimento e maturação da floresta de Pinus. O monitoramento baseado na presença de ninhos de formigas cortadeiras e/ou plantas cortadas indica a necessidade ou não de controle. A utilização de isca granulada é recomendada na quantidade de 5 gramas por ninho de Acromyrmex ou de 8 a 10 gramas por m2 de terra solta, no caso de Atta (saúva). A redução dos custos no combate às formigas cortadeiras em plantios de Pinus deverá levar em conta o manejo florestal e a duração do período entre o corte raso e o novo plantio, podendo haver casos, em determinados talhões, em que o combate não seja economicamente justificável. A utilização de isca granulada continua a ser o meio mais empregado para combater essas pragas, mas o uso sem levar em conta os aspectos já mencionados certamente levará a superdimensionar o problema e elevará os custos para combatê-las.

A utilização de isca granulada continua a ser o meio mais empregado para combater essas pragas, mas o uso (inadequado) levará a superdimensionar o problema e elevará os custos para combatê-las. " Wilson Reis Filho

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Pesquisador da Epagri/Embrapa Florestas Colaboração: Mariane Aparecida Nickele, da UF-PR



manutenção das florestas

Opiniões

manejo de plantas daninhas em

florestas plantadas

O ganho de competitividade do setor passa pelo incremento de produtividade, com avanço de novos conceitos, de tecnologia e de conhecimento no manejo de plantas daninhas na produção florestal no Brasil. "

Rudolf Woch Diretor da Apoiotec

Diferentes trabalhos demonstram a interferência das plantas daninhas na produção florestal. As interferências ocorrem por competição, alelopatia, dificuldades na colheita, hospedagem de pragas e doenças, entre outros. Em função do material genético, da comunidade infestante, do clima e da região, os períodos críticos de convivência das florestas com as plantas daninhas podem variar muito. Alguns trabalhos apontam o início do período crítico aos 14 dias, outros, aos 120 dias após o transplante das mudas, ao passo que o final do período varia entre 107 e 360 dias. Como a quantidade de variáveis é muito grande, de modo geral, os melhores resultados de produtividade estão nas áreas onde as florestas são conduzidas sem a interferência de plantas daninhas. Segundo a Abraf, em seu relatório 2013, com base no ano de 2012, a inflação no setor florestal brasileiro foi três vezes superior ao IPCA e quatro vezes superior à inflação média internacional. Isso contribuiu para a perda de competitividade do setor, que, no início da década, era líder mundial, com o menor custo de produção florestal, e, hoje, ocupa o 4° lugar, atrás de Rússia, Indonésia e EUA. O controle de plantas daninhas em eucalipto consome cerca de 25% dos custos totais com implantação florestal. Assim, a redução de custos nessa área pode trazer resultados substanciais para o setor.

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EVOLUÇÃO DO MANEJO: No sistema atual, a maior parte do mercado trabalha com a seguinte sequência operacional: 1. Dessecação em área total com glyphosate; 2. Preparo de solo; 3. Plantio manual ou mecanizado; 4. Aplicação de pré-emergente em faixa de 0,5 m para cada linha de plantio; 5. Segunda aplicação de pré-emergente na faixa de plantio, em alguns casos, precedida ou conjugada com uma operação de lâmina mecanizada; 6. Duas a três aplicações de glyphosate nas entrelinhas, dependendo da época do ano e da região; 7. Uso de operações manuais – mecânicas ou químicas – em parte das áreas para solucionar deficiências de controle ou logísticas. O uso de mão de obra está cada vez mais restrito e de qualidade limitada, ficando recluso às áreas não mecanizáveis. O uso de operações manuais em áreas mecanizáveis acontece, na maior parte das vezes, por questões operacionais, quando as equipes não entraram nas áreas no tempo correto, quer seja por questões ambientais, como chuvas por períodos prolongados concomitantes ao período das operações, quer seja por questões gerenciais e de monitoramento.


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manutenção das florestas A evolução do sistema de manejo deve passar pelo sistema integrado. Nesse caso, faz-se uso de todas as ferramentas e tecnologias disponíveis. As ferramentas para o manejo integrado são: • Controle cultural, ou cobertura viva: todos os fundamentos de preparo de solo, adubação e nutrição, produção e seleção de mudas para plantio e qualidade do plantio devem ser bem executados para que o desenvolvimento da floresta seja pleno e rápido. Quanto maior a área sombreada em torno das mudas, menor a germinação e incidência de plantas daninhas ao seu redor; • Cobertura morta – mulch: restos da rotação anterior em casos de reforma de áreas ou cobertura referente à dessecação criam um sombreamento e reduzem a amplitude de variação térmica no perfil dos solos, prejudicando a quebra de dormência de muitas plantas daninhas. Assim, quanto maior a quantidade e melhor a distribuição de material ao longo das áreas de plantio, menor a incidência de plantas daninhas; • Controle mecânico: em algumas regiões do País, o período seco é muito pronunciado, como no MS, por exemplo. Como o período de plantio das grandes empresas se estende durante todo o ano, partes das áreas são liberadas sem que haja condições para a execução de uma dessecação de boa qualidade antes do plantio. Em alguns casos, o uso de implementos que permitam a ruptura do sistema radicular de plantas daninhas, associados à seca, pode proporcionar a redução da comunidade infestante, principalmente nas linhas de plantio, diminuindo os problemas com a chegada das chuvas – normalmente a partir de outubro. • Controle químico: nesse caso, entram os herbicidas, cujo uso deve levar em conta os custos, a longevidade e a seletividade dos tratamentos. HERBICIDAS: Entre os critérios para seleção dos herbicidas, princípios ativos e dosagens no manejo de plantas daninhas, estão: • Características das áreas: nesse grupo, destacam-se o tipo de solo, comunidade infestante, sistemas de plantio manual ou mecanizado –, sequência e intervalo entre operações; • Condições climáticas: função da região geográfica e da época do ano em que se deseja fazer o plantio e o controle. A seguir, uma relação dos herbicidas registrados no Brasil, de acordo com seu posicionamento: ► Pós-emergentes: glyphosate, amônio glufosinato, ambos pós-emergentes não seletivos, e carfentrazone, pós-emergente para plantas de folha larga; ► Pré-emergentes: sulfentrazone, isoxaflutole, fluomizin, pendimenthalin, oxyfluorfen; • Conjugação de ação pré-emergente e pós-emergente: clomazone associado ao carfentrazone. A longevidade e a seletividade dos tratamentos dependem dos princípios ativos e de sua formulação e das doses aplicadas. O equilíbrio dessas variáveis com os custos determina os melhores manejos. CONHECER PARA DECIDIR: Existem pesquisas em andamento em nossas universidades que contribuem para o setor na busca de melhores respostas para o campo. Na Esalq, o Grupo de Experimentação em Biologia de Plantas Daninhas (GEBPD), sob coordenação do Prof. Dr. Pedro J. Christoffoleti, tem desenvolvido pesquisas na área de resistência de plantas daninhas a herbicidas.

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Opiniões Plantas resistentes a glyphosate são comuns em áreas agrícolas, por causa das aplicações consecutivas desse produto, e, agora, começam a aparecer em plantios florestais. Talvez um dos melhores exemplos seja a Buva, com sua rápida dispersão pelo vento. Segundo o doutorando Marcel S. C. de Melo, a realização do manejo de plantas daninhas sempre com o mesmo modo de ação aumenta o risco de seleção de plantas resistentes ou biótipos tolerantes. A longo prazo, isso pode significar a implosão do sistema. Sendo assim, o uso de ativos e de manejos diferentes deve ser adotado para evitar esse tipo de ocorrência. Na Unesp, o grupo do Professor Dr. Caio A. Carbonari, dentro do NUPAM (Núcleo de Pesquisas Avançadas em Matologia), tem laboratórios que permitem analisar o comportamento dos diferentes herbicidas no solo e nas plantas, bem como sua estabilidade e comportamento nas diferentes condições ambientais. Esses estudos permitem indicar melhor as diferentes alternativas para o campo. Carbonari tem realizado trabalhos com o uso de herbicidas pré-emergentes em área total. Algumas empresas que acompanhamos têm áreas comerciais com reduções significativas no número de atividades e custos. A seguir, a inovação na sequência operacional: 1. Dessecação em pré-plantio em área total: associação de herbicidas para amplo controle de plantas de folhas estreitas e largas, visando obter o máximo de desinfestação das áreas; 2. Preparo de solo; 3. Aplicação de pré-emergentes em área total; 4. Plantio; 5. Aplicação de barra protegida: associação de herbicidas dessecantes e pré-emergentes. Note que, em comparação ao sistema usual, ocorre uma significativa redução de operações para manter a floresta livre de interferência pelo primeiro ano da implantação. Além da redução de custos, a gestão e a logística ficam simplificadas. INOVAÇÃO E TECNOLOGIA: Os ganhos possíveis em manejo são interessantes, contudo, quando se encontra o equilíbrio das recomendações de dosagem, produtos, épocas de tratamento, longevidade e seletividade dos tratamentos, a tecnologia utilizada para a pulverização deve ser atualizada. Aplicações de pós-emergentes com resultados insuficientes, muitas vezes, são compensadas com incrementos de doses. No caso de pré-emergentes, esse aumento pode significar uma interferência ainda maior nas mudas do que as próprias plantas daninhas. Com isso, a adequação da tecnologia de aplicação, como pontas de pulverização, sistemas de filtragem, sistema de estabilidade de barras e, em alguns casos, uso de controladores eletrônicos e GPS, é fundamental, mas continua sendo negligenciada. Outro fator limitante à implantação de novos sistemas de manejo é a necessidade de especialização dos profissionais de silvicultura ligados à área de produção florestal. A associação com universidades para a criação de cursos de especialização na área deve ser considerada. O ganho de competitividade do setor passa pelo incremento de produtividade, com avanço de novos conceitos, de tecnologia e de conhecimento no manejo de plantas daninhas na produção florestal no Brasil.


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cadeia produtiva da madeira

Opiniões

a integração

lavoura-pecuária-floresta

O agronegócio brasileiro tem representado 25% do PIB nacional, gerado em torno de 37% dos empregos, respondido por cerca de 40% das exportações e sustentado, de certa forma, o saldo comercial. Ampliou, nos últimos anos, a área de produção de grãos em 123% e aumentou a produção em 225%. A produção de carne bovina cresceu 55%, a suína, 76%, e a de frango, 75%. A produção de celulose cresceu, em média, 5,7% ao ano desde 2002, e o Brasil é, atualmente, o 3º maior produtor mundial. A produção de madeira proveniente de plantios florestais no ano de 2012 foi estimada em 183 milhões de m³, que foram utilizados em celulose, painéis de madeira industrializada, serrados, compensados, carvão vegetal, lenha e outros produtos florestais; 76,5% desse montante foram destinados para o mercado interno brasileiro. Notadamente no segmento de madeira serrada, menos da metade do volume consumido é proveniente de plantios florestais, 55% de toda a madeira serrada consumida no mercado interno brasileiro (cerca de 14 milhões de m³) ainda é de origem de florestas nativas. Estudos apontam que, até o ano de 2030, o consumo mundial de madeira em toras atingirá 2,4 bilhões de m³, e, no mercado brasileiro, a demanda de madeira poderá atingir 300 milhões de m³. Segundo esses estudos, a pergunta fundamental não é se haverá madeira no futuro, mas sim de onde deverá vir, quem a produzirá e como deverá ser produzida? Assim, o Brasil, enquanto se firma como principal contribuinte para o atendimento da demanda de uma população mundial, que, em 2030, deverá ser de 8 bilhões de pessoas (60% nas áreas urbanas), também acumula um expressivo passivo ambiental.

Tem uma área desflorestada, em seus três maiores biomas, que alcança 2,7 milhões de km2, ou 31,7% do território nacional. Um desses biomas sofreu, nos últimos 25 anos, a destruição de 15% ou 551 mil km2; outro perdeu 93% da cobertura florestal original, e o terceiro, de acordo com estimativas de instituições importantes, deverá desaparecer até 2030. Essa discrepância poderá justificar ações preventivas de grandes potências agrícolas, mesmo aquelas que, sabidamente, destruíram suas florestas em maior proporção que o Brasil, na forma de barreiras não tarifárias. As barreiras ambientais, por terem um imenso poder de sensibilizar a opinião pública mundial, serão, certamente, preferenciais para utilização pelos competidores do agronegócio brasileiro. Afinal de contas, o mundo moderno estabeleceu, na Rio 92, que a sustentabilidade do planeta depende de nossa decisão de “atender às necessidades das presentes gerações sem comprometer a capacidade das futuras gerações em atender às suas próprias necessidades”. Em função disso, o agronegócio brasileiro necessita preocupar-se com o atendimento à legislação ambiental interna e mesmo continental. A maior parte das pressões recebidas, hoje, pelo agronegócio diz respeito ao cumprimento do Código Florestal, principalmente, em relação à reabilitação ou à manutenção de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL). Depois delas, aparecem as relacionadas ao mau uso agropecuário, dentre as quais se destacam a degradação de milhões de hectares de pastagens, o crescimento exagerado das monoculturas e o pouco caso com o uso e conservação da biodiversidade.

o Brasil, enquanto se firma como principal contribuinte para o atendimento da demanda de uma população mundial, que, em 2030, deverá ser de 8 bilhões de pessoas (60% nas áreas urbanas), também acumula um expressivo passivo ambiental " Vanderley Porfírio-da-Silva Pesquisador da Embrapa Florestas

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cadeia produtiva da madeira Apesar de os principais agentes de pressão, na atualidade, serem o Ministério Público e as Organizações Não Governamentais (ONGs) ambientalistas, é de se esperar a incorporação de movimento de consumidores. Estes passarão a demandar produtos gerados de forma social e ambientalmente correta para eximirem-se da responsabilidade indireta sobre as ocorrências de catástrofes climáticas e sociais. Preventivamente, muitas empresas e cooperativas do agronegócio brasileiro têm adotado posturas socialmente corretas e ambientalmente adequadas, visando assegurar sua permanência, com sucesso, no mercado. Elas estão conscientes de que não há saída diferente senão a de diferenciar-se no mercado, adequando-se à legislação ambiental e utilizando-se dos chamados sistemas de gestão ambiental, certificados ou não. Assim, poderão qualificar-se para faixas especiais de preço e para assegurar ao agronegócio brasileiro a condição de protagonista mundial. Em função desse quadro, cresce a importância do estabelecimento de uma estratégia nacional para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do século XXI. Com pesquisas iniciadas na década de 1980, a Embrapa, tem a estratégia de integração lavoura-pecuária-floresta – iLPF – como uma alternativa importante. A integração lavoura-pecuária-floresta associa, obrigatoriamente, o componente arbóreo às atividades agrícolas e/ou pastoris. Áreas ou parcelas onde a combinação é de cultivos agrícolas com árvores constituem uma integração “lavoura-floresta”, ou silviagrícola, enquanto aquelas onde se combinam pastagem com animais e árvores são conhecidas como integração “pecuária-floresta”, ou silvipastoril. Em uma área onde essas combinações se alternam no tempo, se configura o sistema agrossilvipastoril. O agrossilvipastoril é uma opção diferente de uso da terra, comparado com sistemas tradicionais de cultivos anuais (grãos e forrageiras), de pastagens e de plantios florestais comerciais, que são fundamentados em arranjos monoespecíficos e monousuário da terra. A área com sistema agrossilvipastoril continua gerando receitas no curto prazo, o que não ocorre quando o uso da terra é modificado de lavouras e/ou pastagem para plantio florestal exclusivamente. Por outro lado, o uso da terra somente com lavouras e/ou pastagem não proporciona os rendimentos

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Opiniões

cumulativos possíveis da produção de madeira. Enquanto a agricultura e a pecuária cobrem o fluxo de caixa negativo proporcionado pelo período de maturação do investimento florestal, este, por sua vez, incorpora ao sistema benefícios ambientais importantes do ponto de vista da sustentabilidade ambiental (e.g. ambiência animal e fixação de carbono), da sustentabilidade econômica (poupança verde) e da sustentabilidade social, por promover entradas de recursos distribuídas ao longo do tempo (desbastes e colheita final) que permitem a transferência de recursos para os seus sucessores. Embora existam evidências científicas e exemplos de aplicação, a diversidade de condição regional do País evidencia a necessidade de estudos regionalizados sobre a viabilidade da combinação de diferentes espécies que podem compor a integração lavoura-pecuária-floresta. Em especial, com respeito a espécies/cultivares forrageiras e de lavouras tolerantes ao sombreamento; ao arranjo espacial, à densidade de plantio e de manejo do componente arbóreo; à mecanização e aos tratos culturais, no sentido de otimizar a eficiência da produção de grãos, carne/leite e madeira. Atualmente, o conceito de iLPF está sendo ampliado, ultrapassando os limites do sistema agrossilvipastoril e passando a considerar a propriedade como um todo. Desse modo, ao contrário do que muitos escrevem e propagam, a estratégia iLPF indicada pela Embrapa, atualmente, não se reduz ao uso de sistema agrossilvipastoril. Este se constitui uma das ferramentas utilizadas, mas são muitas as outras, com destaque para a recuperação e a valorização das Áreas de Preservação Permanente; o manejo sustentável das áreas de Reserva Legal; a silvicultura comercial em mosaicos; e as inúmeras formas de introdução do componente florestal na propriedade rural. Portanto a iLPF requer uma estratégia inovadora na gestão do espaço rural para o novo século, cujo aperfeiçoamento passará, obrigatoriamente, pelo trabalho complementar de todas as Unidades do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária – SNPA - e da assistência técnica e extensão rural oficial e privada.



cadeia produtiva da madeira

Opiniões

formação de

cluster florestal

A palavra cluster, oriunda do inglês, poderia ser traduzida como “arranjo produtivo local”, pois, na prática, é um conglomerado de empresas voltadas ao mesmo segmento e que cooperam entre si de várias formas. No ramo madeireiro, a expressão cooperação entre empresas soa como utopia. É um segmento industrial altamente desunido, desde seus primórdios. Uma exceção é o setor celulósico/papeleiro, no qual ocorre uma forte cooperação, especialmente na área florestal. Um exemplo vivo é a Abraf, que conhecemos pela sua força, que advém muito menos do poderio econômico de seus associados do que pelo poder associativo que contem. Os arranjos produtivos deveriam ser mais usados pela área florestal, dada a fragilidade do setor, especialmente no que se refere à indústria da madeira sólida. Setores governamentais sempre olham com boa vontade para os arranjos produtivos, todavia, quando se trata de traduzir isso na prática, a máquina burocrática emperra. O cluster florestal do Médio Tibagi: A região florestal do médio rio Tibagi tem algumas características que devem ser destacadas para sua contextualização. A região nasceu, a rigor, pelo surgimento da indústria celulósico-papeleira, que teve na Klabin sua pioneira e mais importante unidade,

parcial. Vejamos como estão distribuídos os maciços na região do médio rio Tibagi e na região florestal de Jaguariaíva. O Quadro 1 mostra a distribuição de indústrias de processamento de madeira sólida da região compreendida pelos treze municípios abrangidos pela atuação da Agência da Madeira. É visível, pois, a superioridade de indústrias voltadas à industrialização da madeira nas suas várias formas, desde celulose até aproveitamento de resíduos de madeira, passando pela simples secagem de serragem para venda até produção de pellets. Com isso, o emprego também é favorecido, especialmente naquelas camadas de mão de obra nem tanto especializada, ainda que certas indústrias já possuam centros de treinamento, voltadas à sua especialidade (volto a insistir que estamos falando de madeira processada sólida). Existe, por exemplo, uma empresa voltada à exportação de produtos acabados, de alto valor agregado, que emprega cerca de mil pessoas. Vejamos a distribuição dos empregos no Quadro 2, conforme levantamento feito pela FIEP, através da RAIS. Vemos que a maioria dos empregos vem das indústrias de base florestal; nesse caso, somando produtos de madeira com celulose e papel. Note-se que não estão incluídos aqui os trabalhadores florestais.

a “teimosia” dos empresários e a sua posição visionária têm feito acontecer vários clusters, dos quais o do médio rio Tibagi é um exemplo a ser seguido "

Manoel Francisco Moreira Diretor executivo da Agência da Madeira do Médio Rio Tibagi

seguida pela fábrica de Jaguariaíva (hoje Norske Skog) e a de Arapoti (hoje Arauco). O preço das terras e o crescimento privilegiado, tanto das coníferas como das folhosas, ajudaram o desenvolvimento da silvicultura praticada não só pelas papeleiras, como também por investidores menores, assim como indústrias de chapas (compensados, laminados, MDF, OSB, etc.). No passado, a prática do manejo (desbastes) propiciou o surgimento da indústria da madeira sólida. Por razões que não cabem aqui discutir, as grandes indústrias, nos últimos quatorze anos, deixaram de manejar seus maciços, e, hoje, o cluster florestal corre riscos de colapso

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Facilidades e vantagens do cluster da madeira: Essa não é uma tarefa fácil, já que a análise pode levar também à discussão, pois o que pode ser facilidade para uns também pode representar dificuldade a outros. No geral, tentaremos ser tão pragmáticos quanto possível. Na teoria, temos uma disponibilidade florestal (matéria-prima) associada a uma demanda industrial (madeira mecanicamente processada). Essas indústrias interagem entre si para produzir diferentes tipos de madeira, evitando a concorrência acirrada pelo mesmo produto. Por outro lado, os fornecedores de toras procuram se adaptar ao mercado consumidor, provendo madeira adequada aos


Opiniões QUADRO 1

Produtos de madeira

Município

Produtos de minerais não metálicos

Produtos alimentícios

Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos

Cândido de Abreu

4

17

1

Congonhinhas

4

3

1

0

12

5

3

1

Imbaú

7

5

1

2

Ipiranga

5

2

2

2

Ortigueira

2

21

5

2

41

4

4

3

Curiúva

Reserva

1

Rio Branco do Ivaí

4

0

1

0

São Jerônimo da Serra

0

2

0

0

Sapopema

5

7

3

1

66

10

10

20

Tibagi

9

1

5

4

Ventania

8

0

2

1

167

77

38

37

Telêmaco Borba

Total

produtos do mercado. Claro está que, na teoria, é muito bonito, porém o funcionamento não é exatamente assim. O que, na verdade, acontece é que a grande vantagem do cluster é a disponibilidade de matéria-prima (toras), a qual atraiu as indústrias. Essas se abastecem da madeira e desenvolvem seus clientes a partir de uma “garantia” de suprimento de médio prazo. Vejam que não estamos analisando a questão de preços, porque esse é um assunto que, no nosso entendimento, poderia “tumultuar” o artigo, cujo objetivo é a descrição sintética do cluster da madeira como exemplo e não como ator de mercado. Uma vantagem explícita reside na proximidade dos maciços florestais, com o consequente reflexo no frete da matéria-prima. A formação da cultura florestal na região, criando facilidades de mão de obra para colheita e empresas especializadas nessa tarefa, é outra vantagem, assim como na área industrial, onde operários passam a entender de seleção de madeira e outras atividades mais especializadas dentro da indústria. Do ponto de vista empresarial, formam-se empresas de outros segmentos correlatos: empresas de material de segurança, consultoria na área florestal (inventário, marcação, silvicultura), viveiristas, oficinas especializadas em máquinas florestais, além das oficinas normais de caminhões e veículos em geral e etc. Um pequeno segmento dedica-se à certificação, com todas as implicações que essa decisão traz. Dessa forma, algumas empresas também certificam-se por cadeia de custódia, abrindo-se-lhes as portas do mercado europeu, exigente quanto a essa prática. A cooperação com órgãos governamentais e de desenvolvimento fica facilitada pela aglomeração tanto de empresários como de silvicultores, e a atração de ensino especializado nas respectivas áreas fica igualmente factível. Dificuldades e conclusão: Consideramos que uma das maiores dificuldades para o cluster da madeira do médio Rio Tibagi é a falta de informação do real estoque de florestas disponíveis para a atividade industrial da madeira sólida. Em que pesem gigantes como Klabin estarem envolvidas, e, no caso, a Klabin ser detentora da maior área, sabe-se, com relativa exatidão, a área dessa empresa. Todavia essa é o que consideramos uma madeira cativa, ou seja, não estará disponível em sua totalidade por motivos óbvios. A mesma ideia se repete com relação às demais empresas que possuem seus maciços e são verticalizadas, restando aos industriais madeireiros investirem em reflorestamento próprio ou de terceiros, ou ainda apostar que estes continuarão plantando. É sabido que o planejamento florestal encontra grande dificuldade no meio empresarial em geral e no madeireiro

em particular, por algumas razões até de origem antropológica. Senão, vejamos: os serradores têm sua origem no extrativismo, 3 26 no tempo em que a floresta de clima tempe4 12 rado da região Sul ainda era abundante; as 7 28 serrarias, verdadeiras indústrias nômades, 3 18 4 15 caminhavam pelos estados do Sul à medida 4 34 que elas iam escasseando. Nos dias de hoje, 8 60 essa prática já não mais é possível, pois os 1 6 maciços florestais são “fixos”. A evolução 1 3 da agricultura, função da demanda por ali1 17 mentos, comprime as áreas com vocação 57 163 florestal ainda mais, permitindo apenas a 7 26 5 16 pulverização de florestas plantadas pelo 105 424 aproveitamento de pequenas áreas das propriedades agrícolas. Longe de ser uma crítica, essa é uma constatação. Dessa forma, o empresário madeireiro, hoje, espera por um fato novo que possa garantir a continuidade do seu negócio nos próximos anos. A pergunta é quantos anos o cluster madeireiro do médio rio Tibagi sobreviverá em sua integridade? Terá a mesma sorte do cluster da acácia negra no Rio Grande do Sul, que não acabou, mas minguou? Só para ilustrar, a acácia negra como carro-chefe do cluster da madeira/tanino no Rio Grande do Sul está drasticamente reduzida em função da quebra de uma das pernas: o cliente principal do consumo da madeira, que é o Japão, reduziu a compra em cerca de 2/3 dos volumes mensais. Como foi dito, as autoridades olham a formação de cluster com bons olhos, mas ajudam pouco. Um grande auxílio seria a existência de uma inventário florestal contínuo por parte do governo (estadual ou Federal, tanto faz), que possibilitasse o planejamento das indústrias existentes e a vinda de outras, de acordo com as disponibilidades de estoque. Hoje, é uma temeridade assinar embaixo de qualquer número da área plantada real. Imagine-se, então, projetar crescimento e sortimento. Apesar de, se consultado, verificarmos que existem linhas de financiamento e incentivo tanto para o plantio de florestas como para a modernização de indústrias, quando partimos para a realidade, encontramos um mar burocrático tão tempestuoso que raros são os excelsos que conseguem e têm paciência para alcançar tais programas. Uma grande ajuda seria a real desburocratização desse sistema. Apesar de tudo, a “teimosia” dos empresários e a sua posição visionária têm feito acontecer vários clusters, dos quais o do médio rio Tibagi é um exemplo a ser seguido.

Outras atividades

Total

QUADRO 2

Produtos de madeira

Município

Celulose, papel e produtos de papel

Produtos de minerais não metálicos

Outras atividades

Total

Cândido de Abreu

13

0

221

49

283

Congonhinhas

30

0

27

54

111

252

0

78

27

357

45

0

69

35

149

129

0

5

32

166

Curiúva Imbaú Ipiranga Ortigueira Reserva Rio Branco do Ivaí São Jerônimo da Serra Sapopema Telêmaco Borba Tibagi Ventania Total

1

0

219

19

239

410

0

10

79

499

35

0

0

23

58

0

0

19

0

19

74

0

175

11

260

2.293

2.654

70

699

5.716

53

50

3

65

171

580

0

0

50

630

3.915

2.704

896

1.143

8.658

43


cadeia produtiva da madeira

Opiniões

colheita para áreas fomentadas Para entender os desafios das atividades de silvicultura e colheita, precisamos voltar um pouco no tempo e entender o início dos programas de fomento no Brasil, na década de 1980. Os programas, em sua maioria, surgiram com ações de extensão rural, tanto na área privada quanto na governamental, e tinham como objetivo principal diversificar a cultura agrícola e difundir o plantio florestal em pequenas propriedades, aumentando a cobertura florestal, gerando renda e, em alguns casos, desmistificando o uso de espécies exóticas para produção de madeira. Ao longo do tempo, os programas evoluíram e tornaram-se negócios que, hoje, movimentam milhões de reais em investimentos na formação de florestas, através de programas de Fomento e/ou Poupança Florestal. Atualmente, o Brasil possui 6,6 milhões de hectares de florestas plantadas, um número expressivo que, quando comparado a um país de base territorial parecida com a nossa, como Estados Unidos (25,3 milhões de hectares plantados), revela uma excelente oportunidade de ampliação da indústria florestal brasileira. Ainda na linha da comparação, o modelo de parceria e/ou fomento é extremamente consolidado no território americano hoje, são poucas as áreas de florestas que possuem como proprietários as indústrias de transformação. Entendendo o potencial dessa modalidade, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas - Abraf, a evolução de área plantada através dos programas de fomento foi superior a 30 mil hectares/ano (espécie Eucalyptus) entre os anos de 2010 e 2012, confirmando a tendência de crescimento. Com base nisso, é possível compreender o desafio que existe nas atividades de silvicultura e colheita florestal, em que há necessidade de capital intensivo e mão de obra especializada para sua execução. As atividades de silvicultura, hoje, têm enfrentado a escassez de mão de obra: à medida que o País cresce e vive um período de pleno emprego, a atividade de silvicultura não dispõe da mesma oferta de trabalhadores que obtinha no passado, forçando a uma mudança rápida nas atividades e caminhando para um processo de mecanização acelerado. Esse processo de mudança tem sido lento nas atividades de fomento, pois alguns fatores impactam adicionalmente, como necessidade de homologação de fornecedores pelas contratantes e órgãos de certificação, dispersão de áreas,

estamos em um momento em que muitos paradigmas serão quebrados ou, no mínimo, questionados, mas a mudança vai ocorrer por uma simples questão: competitividade produtiva e financeira "

Rodrigo Zagonel Gerente de Silvicultura e Viveiros da Fibria no ES e BA

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dificuldade de acessos e monitoramento da aplicação dos pacotes tecnológicos contratados entre empresas e produtores. Nas atividades de colheita, o desafio é na mesma proporção: diferente da silvicultura, a tecnologia já existe há muito tempo e será empregada em maior escala a cada dia; os produtores de madeira e/ou prestadores de serviço irão necessitar investir cada vez mais em maquinário pesado para compensar os aumentos de custo da mão de obra, através de uma maior produtividade, elevando, assim, sua rentabilidade. Um fato adicional é que, apesar de inúmeras linhas de crédito terem sido disponibilizadas, o acesso a elas tem sido um dificultador apresentado pelos produtores, em face do grau de exigências de documentação e garantias para liberação do crédito, que, consequentemente, geram atraso na mecanização. As operações florestais em áreas de fomento devem ser encaradas como um mercado crescente nos próximos anos que demandará um modelo específico para atendimento, com módulos dedicados e multitarefas, em que várias atividades possam ser executadas por uma mesma equipe ou equipamento, gerando menores deslocamentos e maior produtividade. O momento necessita de uma rápida adaptação, pois os programas de fomento têm uma vantagem adicional a qualquer outro modelo: contam com a transferência tecnológica integral e apoio técnico das empresas, e isso deverá servir como incentivo à evolução tecnológica, que, neste momento, ocorre nas atividades de silvicultura e na colheita, principalmente nas áreas declivosas. A oportunidade que existe em fazer diferente e desenvolver novas regiões com vocação florestal é imensa e vem sendo bem explorada pelas empresas e novos fundos de investimentos, que observam no Brasil uma excelente oportunidade de negócio. Por fim, os desafios das operações florestais em áreas de fomento não são diferentes das enfrentadas pelos grandes produtores de madeira no Brasil ou no mundo, estamos em um momento em que muitos paradigmas serão quebrados ou, no mínimo, questionados, mas a mudança vai ocorrer por uma simples questão: competitividade produtiva e financeira. Foi isso que norteou, ao longo dos anos, a indústria florestal brasileira, e nada melhor que um novo ciclo evolutivo para nos manter na liderança do setor.


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gestão de pessoas

plantar bem, cuidar bem,

colher bem

A abrangência do tema cobre com propriedade um dos assuntos recorrentes mais significativos de todos os setores de atividade da nossa sociedade, o fator humano. Esse aspecto fundamental pode ter designações distintas, que, com as suas sutilezas, preconizam a real importância e, muitas vezes, as diferentes abordagens atribuídas. Por exemplo, há uma diferença implícita quando chamamos a atividade de “mão de obra”, de “recursos humanos” ou de “fator humano”. “Mão de obra” tem a clara conotação de um recurso destinado às atividades operacionais, enquanto “recursos humanos” se apresenta com maior alcance sobre todos os setores da organização, e “fator humano” nos indica uma visão mais nobre e ampla da questão humana nas organizações. Hoje, sentimos as dificuldades nos diversos níveis do relacionamento entre a organização e o seu corpo de colaboradores.

É através de investimentos na valorização da intervenção humana, com uso de tecnologia para agregar valor, e através de treinamentos constantes que se forma um caminho sustentável. " Yoshio Kawakami Consultor em Recursos Humanos

No nível operacional, as empresas se acostumaram, ao longo dos anos, a contar com uma disponibilidade fácil de “mão de obra” a custos convenientes. Mas a principal causa dessa facilidade nada tem a ver com investimentos em educação ou treinamentos propiciados pelos setores econômicos. A grande fonte de mão de obra tem sido as condições econômicas que afetam uma grande parte da população. Sem muitas alternativas e sem acesso a uma formação melhor, uma grande parcela da população colocava-se no piso do mercado para aprender um ofício qualquer.

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Mas o crescimento econômico dos últimos anos esgotou rapidamente a disponibilidade fácil desses trabalhadores. Tanto as dificuldades de contratar trabalhadores na velocidade necessária como a queda do interesse em trabalhos mais penosos indicam que se faz necessário revisar o modelo baseado na pobreza como fonte de “mão de obra barata”. É através de investimentos na valorização da intervenção humana, com uso de tecnologia para agregar valor, e através de treinamentos constantes que se forma um caminho sustentável. No nível técnico, a limitação de oportunidades e as variações da situação econômica proporcionavam às empresas uma rotatividade limitada destes que, muitas vezes, são chamados de “recursos humanos”, com uma valorização significativa sobre aqueles designados com o termo “mão de obra”. Nesse campo, o impacto das melhorias das condições econômicas resultou numa


Opiniões rotatividade inesperada, demandando das organizações uma análise mais profunda para compreender os jovens que representam a maioria dessa camada nas organizações. A disponibilidade inédita de opções de trabalho no mercado criou uma mobilidade inesperada para os técnicos de diversos setores. No nível das chamadas lideranças, o investimento na capacitação dos gestores para compreenderem as relações humanas no trabalho e adquirirem as habilidades necessárias para estabelecer ambientes colaborativos de trabalho é fundamental para gerar competitividade através do fator humano. E no nível estratégico das organizações, daqueles que projetam a visão do futuro e determinam as estratégias das organizações, a crescente complexidade do mundo globalizado criou desafios novos e oportunidades inéditas. Nem sempre o grau de desprendimento dos profissionais é suficiente para acolher inovações e alianças, resultando em desaceleração das oportunidades globais. O momento requer também uma renovação de profissionais dos boardrooms para lidar com o ambiente de negócios globalizado e com a maior complexidade dos novos modelos de negócios. O desenvolvimento necessário do fator humano, no sentido mais abrangente e amplo, incorporando o papel de liderança nas organizações, deverá observar os três níveis de relacionamento, que podem ser definidos como: a. “Eu comigo mesmo”, numa referência ao desenvolvimento pessoal, que aprimora o auto conhecimento e pro-

picia uma formação adequada da ética, dos valores e dos princípios do profissional, tornando o indivíduo capaz de liderar a si próprio. A base da qualidade individual é fundamental para estabelecer liderança com legitimidade. b. “Eu com a minha equipe”, num processo de alinhamento das crenças pessoais com a nova realidade do relacionamento mais transparente e colaborativo com a sua equipe de trabalho, para desempenhar o papel de liderança do fator humano no coletivo. c. “Eu com a minha organização e com a sociedade”, num alinhamento do propósito individual e da organização com as questões mais críticas da sociedade, como a sustentabilidade ambiental e a contribuição social. Esses níveis de relacionamento constituem os campos de oportunidades de desenvolvimento de capacidade competitiva das organizações através do fator humano. A complexidade da integração entre a tecnologia, os processos e o fator humano é, sem dúvida, o grande desafio e, ao mesmo tempo, a grande oportunidade para aqueles que, conscientemente, substituem o modelo cartesiano das antigas relações por uma visão sistêmica em que o fator humano ganha papel preponderante no desenvolvimento do diferencial sustentável para as organizações. A prática do “plantar bem, cuidar bem, colher bem”, quando aplicada ao desenvolvimento do fator humano nas organizações, o transformará em fator de competitividade, num mundo cada vez mais similar nas tecnologias e nos processos adotados pelas empresas.


gestão de pessoas

Opiniões

a verdadeira

educação

Plantar bem, cuidar bem, colher bem. Esse é o círculo virtuoso do bom plantio. Contudo a arte implícita nesse processo pede muito mais das organizações e das pessoas do que a competência de plantar propriamente dita. O ato de plantar impacta diretamente em todo o ciclo da vida, dada a sua dimensão. Interferir na terra boa e na floresta nativa, sem causar danos a ela, requer responsabilidade, sensibilidade e muita inteligência. Acima de tudo, requer consciência. Somente nessa consciência é possível – antes de preparar a terra para o plantio – compreender que existe um propósito maior, que é a perenidade da natureza, do mundo e da vida. Nessa perspectiva, é possível que todos os stakeholders da arte de plantar, replantar e colher criem as melhores condições para o florescimento sustentável, capaz de gerar riqueza, satisfação humana, beleza, prosperidade para muitos, sempre no respeito à natureza e a todo o meio ambiente. Essa aprendizagem com um plantio e uma colheita sustentável é fundamental para a compreensão de que o mundo, urgentemente, precisa ter em relação ao cuidado das pessoas, que, essencialmente, se constituem como boa terra. Nesse entendimento, é preciso abrir mão da ilusão que separa o homem de todo aparato tecnológico, processual e de gestão que criamos até aqui.

Os grandes problemas e as grandes engenhosidades humanas não brotam da terra espontaneamente. É só pararmos para contemplar as diversas criações tecnológicas, das ciências, da arte e da filosofia, ao longo da história, e constataremos a potência que é o ser humano. Convictos e confiantes de que todos os caminhos e as respostas estão nas pessoas – talentosas e criativas por natureza –, precisamos, então – assim como no plantio e na colheita –, criar as melhores condições para que o ser humano possa atuar em sua plenitude. Se, para o bom plantio, contamos com diversos stakeholders – pesquisadores, empresas de máquinas agrícolas e colheitas florestais, profissionais especializados e lideranças – no desafio de deixar florescer o melhor das pessoas, também precisamos de muitas e competentes mãos. Assim, as escolas, as universidades, as empresas, as entidades de classe, as esferas governamentais precisam abraçar juntas essa causa, não só pensando na qualificação técnica que neutralizará o grande vilão desse segmento e das organizações de modo geral, que é o apagão da mão de obra qualificada. Essa é a parte do iceberg que está mais visível. O problema é muito maior. Essas partes interessadas e influentes precisam abraçar o desafio de

Essa aprendizagem com um plantio e uma colheita sustentável é fundamental para a compreensão de que o mundo, urgentemente, precisa ter em relação ao cuidado das pessoas, que, essencialmente, se constituem como boa terra. " Daviane Rosa Chemin Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - PR

preparar as pessoas para a vida, para produzir resultados responsáveis que se manifestem no médio e no longo prazo. Essa é a verdadeira educação, que as pessoas reduzem muitas vezes à formação ou à informação. E, quando as pessoas estão preparadas a contribuir com o seu melhor para transformar uma realidade, com benefício para muitos, elas se doam verdadeiramente e encontram, aqui, o seu propósito de felicidade e realização.

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logística em operações florestais

Opiniões

a eficiente logística na cadeia do gusa a

biorredutor

O desenvolvimento de um país esteve sempre relacionado ao seu nível de industrialização, tendo a indústria do aço como uma importante contribuinte para a economia, por ser o alicerce de diversas cadeias produtivas, como a construção civil, a indústria automotiva e a agroindústria. O aço é um produto essencial para o progresso da sociedade e carrega consigo diversas oportunidades de geração de um desenvolvimento sustentável, desde a reciclagem da sucata-ferrosa até o uso de matérias-primas renováveis. Uma dessas oportunidades é o uso do biorredutor na redução do minério de ferro para produção do ferro-gusa, principal matéria-prima do aço. A produção de gusa utilizando biorredutor é uma peculiaridade da siderurgia brasileira, apresentando diferencial de custo e sustentabilidade. Por ser de origem vegetal, ou seja, sua matéria-prima é a madeira de florestas plantadas, o biorredutor é caracterizado como uma fonte renovável e de grande interessante para a indústria. O processo produtivo do biorredutor, que antigamente era relacionado a carvoarias artesanais com condições de trabalho desfavoráveis, tem mudado de patamar, passando para a indústria de produção do biorredutor.

dos produtos. Isso demonstra uma necessidade de mudanças estruturais na logística brasileira, com um potencial de captura de ganhos. Modificar o modelo de distribuição logística exige grandes investimentos de longo prazo, principalmente em estrutura. Entretanto, através da busca incessante pela eficiência (produzir e entregar mais com menos recursos), é possível tornar os custos logísticos mais atraentes e competitivos. O primeiro passo para o alcance do diferencial de custo logístico está relacionado à eficiência dos processos de transporte, distribuição e estocagem. A eficiência logística envolve três itens principais: 1. Evolução tecnológica: migração de processos artesanais para processos industriais; 2. Aumentos de produtividade: substituição de processos manuais por processos mecanizados; e, 3. Evolução na gestão do processo: uso de tecnologia de gestão no planejamento e no controle logístico. O setor de produção de biorredutor para siderurgia tem apresentado evoluções significativas em eficiência, tanto na logística inbound (entrada de matéria-prima) quanto na logística outbound (saída de produto acabado).

A evolução tecnológica e a produtividade ... tornaram a logística florestal mais eficiente. Os resultados alçados vão muito além de vantagem competitiva em custo, mas também resultam em segurança, entrega, qualidade e moral. " Douglas Seibert Lazaretti Gerente Florestal da Gerdau em Minas Gerais Colaboração: Mario Sant'Anna Junior, Diretor Florestal da Gerdau

As grandes transformações nesse processo se devem à evolução dos processos industriais dessa cadeia, principalmente no que se refere à eficiência logística. A logística trata do processo de planejar, implementar e controlar, de forma eficiente e eficaz, a gestão do fluxo de informações e o fluxo de custo, para que os materiais necessários a um processo sejam disponibilizados e transportados, desde o ponto de origem até o ponto de consumo. Os custos logísticos no Brasil ainda têm participação bastante significativa na composição dos custos

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A logística da madeira (inbound) passou por inúmeros avanços em tecnologia e ganhos expressivos de produtividade com a implantação da mecanização da colheita e do transporte. O modelo de colheita florestal, outrora feito com motosserra e baldeio manual da madeira, foi substituído por máquinas com a mais alta tecnologia em colheita florestal. O transporte feito em tratores ou caminhões de pequeno porte passa a ser realizado em caminhões próprios para transporte de madeira. Por fim, a descarga da madeira e


Opiniões enchimento de fornos, que eram manuais, são substituídos por gruas mecanizadas de alta produtividade. Em relação à logística outbound, que envolve os processos de expedição, transporte e entrega do biorredutor às unidades industriais, também houve avanços significativos em tecnologia e produtividade. A descarga dos fornos, que era realizada manualmente, com garfos e “carrinhos rede”, foi substituída pela descarga mecanizada com pás carregadeiras. A expedição, que era realizada manualmente por “chapas” carregando sacaria, passa a ser realizada por máquinas pá-carregadeira. O transporte, que era realizado em caminhões com sacaria, passa a ser realizado por veículos com gaiola para biorredutor e, recentemente, por veículos de piso-móvel (descarga automática). A evolução tecnológica de máquinas e equipamentos bem como a busca por aumento de produtividade certamente tornaram a logística florestal mais eficiente. Os resultados alçados vão muito além de vantagem competitiva em custo, mas também resultam em segurança, entrega, qualidade e moral. Os resultados de segurança alcançados são impressionantes, pois diversos riscos do trabalho manual são minimizados ou, muitas vezes, eliminados com mecanização e tecnologia. Quanto à entrega, é indiscutível que a produtividade logística resulta em volumes disponibilizados no tempo e na quantidade correta. Em relação à qualidade, os processos podem ser menos dependentes do conhecimento tácito, pois podem ser padronizados. E, por fim, os resultados de moral são diferenciados,

pois colocam o negócio em um novo patamar sob o ponto de vista da sustentabilidade social e ambiental. O setor de florestas plantadas se destaca por exemplos concretos de responsabilidade social empresarial e programas autênticos de criação de valor compartilhado na cadeia produtiva, como os programas de fomento florestal. Essas evoluções representam o respeito ao ser humano e a busca legítima pelo desenvolvimento sustentável. Os avanços são expressivos, entretanto ainda há muitas oportunidades de inovação tecnológica a serem exploradas. No âmbito da siderurgia mundial, há um crescente investimento direcionado à evolução da produção de aço via redução direta (DRI - Direct Reduced Iron), principalmente nos processos com uso de gases ricos em hidrogênio, como o gás de xisto, concorrendo diretamente com a produção de aço via gusa. Esse cenário coloca um novo desafio de busca por competitividade e sustentabilidade na produção de aço a partir do gusa. Para isso, o setor demanda a retomada de investimentos em silvicultura, de forma a garantir o abastecimento de madeira, e a busca de um novo salto tecnológico, que sucederá na mesma proporção o que foi a mecanização na última década. Essa nova onda passa por uma gestão com visão industrial do processo, focada na eficiência energética, objetivando ganhos através do uso da energia térmica para secagem da madeira, na cogeração de energia e no aumento do rendimento gravimétrico. Este último, com os avanços em termografia e automação, que resultarão também em novos e expressivos ganhos para o meio ambiente e para a sociedade.


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Opiniões

a tecnologia na silvicultura A silvicultura passa por um dos momentos mais desafiadores na história do mercado florestal brasileiro, e pode ser nossa grande oportunidade para retomarmos a posição de liderança no mercado mundial de base florestal. Os mesmos desafios que foram impostos aos profissionais de colheita há algumas décadas agora rondam os departamentos de silvicultura das empresas florestais. Nossa grande vantagem está na capacidade que nossos profissionais têm em reinventar soluções e desafiar os processos existentes. Aliados a isso, temos dois grandes parceiros – solo e clima – que permitem analisarmos os resultados de nossas ações em um curto ciclo de rotação. Somadas às vantagens citadas, os plantios clonais, disponibilidade de terras para o cultivo, sustentabilidade e tecnologia continuam sendo, sim, importantes pilares competitivos, mantendo a posição de destaque do Brasil no mercado mundial. Isso é comprovado pelo aumento das exportações e do consumo interno de produtos florestais, conforme último relatório anual da Abraf. Porém esse mesmo anuário aponta também uma leve redução na produção de celulose, nosso principal produto, pelo segundo ano consecutivo. É aqui que o assunto custo pesa e no qual os esforços devem se concentrar, justamente para mantermos nossa competitividade. Analisando outros mercados de máquinas, como o agrícola e o de construção, e até mesmo o segmento de equipamentos florestais, podemos enxergar um futuro promissor para nossa silvicultura.

Outro ponto importante está no fato de que o custo de manutenção desses profissionais está crescendo a níveis superiores aos ganhos de produtividade gerados pela operação manual. Por esse motivo, o uso de máquinas para essas atividades é um caminho sem volta, e, além de impulsionar a produtividade, também contribui consideravelmente para a melhoria das condições de trabalho do operador, oferecendo maior segurança e ergonomia. Nesse sentido, um consequente desafio é a capacitação dessa mão de obra, e o uso de simuladores de realidade virtual garante melhor conhecimento do equipamento e consequente evolução dos processos da operação diária. Um portfólio completo de máquinas, tecnologias e serviços torna-se cada vez mais essencial para que o cliente realize seu trabalho com produtividade, disponibilidade e baixo custo operacional. Observamos, dia após dia, que o produtor tem buscado equipamentos com tecnologia embarcada, que facilite e barateie sua operação, porém que façam o “feijão com arroz” bem feitinho, com confiabilidade, e é nessa demanda que focamos nossos esforços. Todas essas evoluções, além de simplificarem a gestão dos processos de silvicultura, também impactam de maneira positiva em dois temas fundamentais: a melhor utilização de insumos e a produtividade das lavouras. Desse modo, tem-se um sensível ganho de produção na mesma área, com menores gastos, garantindo custos competitivos.

A silvicultura passa por um dos momentos mais desafiadores na história do mercado florestal brasileiro, e pode ser nossa grande oportunidade para retomarmos a posição de liderança no mercado mundial de base florestal. " Rodrigo Junqueira Gerente de Vendas da Divisão Florestal da John Deere Brasil

A robustez das máquinas de construção e florestal é vital para suportar operações em ambientes hostis às quais são submetidas, justamente um grande desafio para os tratores agrícolas que operam hoje na silvicultura de florestas. Contudo essas máquinas (construção e florestal) não possuem toda a tecnologia que a agricultura de precisão requer e que é essencial para o sucesso do setor agrícola em nosso produto interno. A tecnologia é o grande diferencial, e não temos como fugir dela. Atualmente, a mão de obra tem um grande peso nas atividades de silvicultura, e o nível de mecanização ainda é baixo se comparado a outros segmentos.

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Por meio de tecnologias remotas já utilizadas, o gestor florestal tem à mão soluções para prever alterações climáticas em sua região, por exemplo, podendo antecipar ações, evitando, assim, alocar uma equipe de irrigação após o plantio em um local com alta probabilidade de chuva, ou até combater formigas em situações similares. O uso de tais tecnologias estabelece uma ferramenta estratégica para o gerenciamento de suas florestas. Isso tudo nos mostra o potencial que a tecnologia tem para impactar positivamente a silvicultura hoje e, num futuro próximo, tanto no aumento da produtividade quanto para a sustentabilidade das áreas florestadas.



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Opiniões

cuidados com os

princípios

Plantar bem, cuidar bem e colher bem: receita simples e desejo de todos que pretendem investir em plantações florestais. Mais difícil do que falar, é realizar tal proeza. As dificuldades advêm da quantidade de variáveis envolvidas nesse tipo de atividade e nas decisões que são tomadas ao longo do projeto florestal. O setor florestal brasileiro, depois de passar por várias etapas de desenvolvimento ao longo dos últimos 50 anos, encontra-se num ponto de inflexão, em que uma nova onda deve mudar o patamar tecnológico atual. O aumento expressivo dos custos florestais ao longo dos últimos 5 anos, citado por Mendes (Opiniões, set. 2013), tem na mão de obra o seu principal fator. Atividade de uso intensivo de mão de obra, invariavelmente de baixa qualificação, em que a maioria tem rendimento de até 2 salários mínimos, teve seus custos aumentados pela valorização no salário mínimo de 21,4% acima da inflação, medida pelo IPCA, sem a contrapartida de aumento equivalente de produtividade. Resultado: aumento de custos e perda de competitividade, padecendo do mesmo mal que sofre quase toda a indústria brasileira. A crescente indisponibilidade de mão de obra e o aumento dos seus custos exigem ações que resultem em diminuição das atividades manuais, seja através da mecanização, seja através de práticas diferentes das que estão em uso. Muito já foi feito, mas é preciso fazer mais, sair do convencional, criar, aprimorar, avançar. Apesar de estarmos novamente diante de um grande desafio, é preciso enfatizar que alguns desacertos podem ser irreversíveis e, com certeza, irão afetar o resultado esperado do investimento florestal. Para alinhavar alguns pontos, agrupamo-los sob a óptica de 5 perspectivas para melhor entendimento: acionistas, clientes, processos internos, sociedade e aprendizado e crescimento.

Muito já foi feito, mas é preciso fazer mais, sair do convencional, criar, aprimorar, avançar. "

Edson Leonardo Martini Diretor-superintendente da Komatsu Forest

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ACIONISTAS Nessa perspectiva, estaremos, invariavelmente, tratando de objetivos financeiros. Ou seja, o investidor espera retorno, de preferência muito bom. Algumas variáveis são decisivas para que esse objetivo seja atendido: a. Localização das plantações próximas de centros consumidores ou atrelada a projetos industriais. Sem mercado, não há demanda. Sem demanda, não há preço. Como madeira é uma commodity, se a distância for longa, o frete corrói o valor do produto. b. Região com aptidão para plantações florestais. Estamos falando de déficit hídrico, material genético adaptado e solo adequado. Arriscar o dinheiro dos outros não é considerado muito ético. c. Custo baixo. Madeira é um produto de baixo valor agregado. Custos altos de implantação, manutenção ou colheita jamais serão cobertos pelo valor de mercado. Produtividade não é tudo, mas quase tudo. d. Tecnologia. Produzir madeira e ter resultado financeiro é assunto para profissionais. Os detalhes fazem a diferença. Silvicultura de ponta, material genético e manejo adequados resultam em florestas mais produtivas. O custo de colheita é inversamente proporcional à qualidade da floresta. Lembrando que a colheita custa praticamente o mesmo valor que o custo de produção da madeira. e. Gestão do Risco. Controlar o risco de incêndio e de pragas aborda apenas parte do assunto. Invasões e roubo de madeira também devem entrar na pauta. f. Rentabilidade. Não prometer o que não se pode cumprir. Produção florestal é atividade de longo prazo e, na maioria das regiões do País, de baixa rentabilidade. Onde a terra é barata geralmente não há mercado e nem preço. Plantar nessas regiões é uma aposta, não um investimento.


Opiniões CLIENTES Conhecer o mercado é indispensável. a. Produto. O tipo de produto e requerimentos de qualidade definem qual manejo florestal deve ser adotado. Madeira de maior valor agregado requer mais investimento, então é preciso conhecer bem a demanda para evitar custos que não serão recuperados na hora da venda. b. Demanda e Preço. Histórico dos volumes consumidos, oferta regional e dinâmica dos preços indicam se a tendência dos preços será favorável ou não. Sem demanda, não há preço bom, e demanda estável com preço bom não dura para sempre, pois boas margens atraem concorrência. c. Concentração do mercado e informações do tipo de cliente com os quais a madeira será negociada são estratégicos para se ter segurança nos preços futuros. PROCESSOS INTERNOS Os processos internos de uma empresa florestal, grande ou pequena, são semelhantes aos demais tipos de negócios em geral. Alguns princípios vinculados a questões técnicas são de fundamental importância para se plantar bem, cuidar bem e manter bem uma floresta: a. Planejamento. Um planejamento bem feito é o fator crítico de sucesso para se ter custo baixo. A sequência de atividades, a disponibilidade de recursos e de insumos deve estar alinhada para que seu uso seja otimizado. Evitar qualquer retrabalho, pois ele gera custos desnecessários, e nem sempre a floresta responde bem aos desacertos operacionais. b. Controle. Hoje há que se controlar uma montanha de dados. É impossível sem um software especializado. Planilhas resolvem, mas só para pequenos empreendimentos. Controlar informações na atividade florestal nem sempre é fácil, pois as pessoas fazem aquilo que lhes é cobrado e não aquilo que se espera delas. Por isso é preciso ter processos robustos. c. Qualidade. Na cadeia de produção florestal também existem clientes internos. A próxima atividade sempre depende da anterior. Se a floresta for ruim, a colheita será cara, e o resultado econômico, sofrível, nulo ou com prejuízo. d. Manejo. Para um manejo adequado e para a maximização da produção, é necessário tomar decisões corretas na escolha do material genético, na definição da idade de corte e do espaçamento para o uso total do potencial do site, do programa de fertilizações (formulação, dosagens e parcelamento), do controle da matocompetição, dos tratos culturais e das medidas de proteção. É simples, mas não é fácil. SOCIEDADE Cumprir os compromissos de responsabilidade social é imprescindível para garantir a sustentabilidade do negócio no longo prazo. A empresa cidadã reconhece seu papel na sociedade e deve usar sua atividade para contribuir conscientemente para o desenvolvimento social. Como, cada vez mais, é necessária a anuência das comunidades locais (stakeholders) para se exercerem atividades no meio rural, a aceitação e o respeito da sociedade local pela organização são capitais para sua existência. a. Pessoas: As pessoas passam a maior parte do seu tempo no local de trabalho. Em tempos de emprego urbano fácil, está cada vez mais difícil encontrar pessoas dispostas a trabalhar nas atividades braçais do meio rural.

Um ambiente em que se valorize o respeito, as boas maneiras e o conhecimento é muito mais atrativo do que aqueles em que há ausência de tais valores. Usar a criatividade para minimizar ou compensar a severidade do ambiente de trabalho da atividade florestal também ajuda a construir um local atrativo para se trabalhar. b. Meio Ambiente. Cumprir os preceitos legais é o mínimo aceitável. É possível fazer mais. c. Certificação. Para grandes corporações, é indispensável para se manter no mercado. De uma forma ou de outra, os processos de certificação ajudam a organizar a empresa. Muitas vezes é difícil e caro, mas, em geral, o resultado é bom. d. Desenvolvimento social: convivência harmoniosa com as comunidades locais assegura tranquilidade e estabilidade social. É preciso assumir responsabilidades no que diz respeito à criação de empregos formais, auxílio no desenvolvimento profissional e econômico daquelas comunidades, principalmente quando se substituem atividades que outrora geravam emprego e renda para os habitantes e para o comércio local. APRENDIZADO E CRESCIMENTO Desenvolver a capacidade de inovar e melhorar é fator crítico de sucesso nos tempos atuais. Irá sobreviver no mercado não o maior, nem o mais rápido ou o mais eficiente, mas aquele que tiver a maior capacidade de adaptação. O mundo vive numa dinâmica frenética, com a evolução do conhecimento e da tecnologia numa velocidade fantástica, difícil de acompanhar. É indispensável desenvolver práticas que motivem todos a estarem antenados, dispostos a entender os efeitos sistêmicos das decisões. Dessa forma, os gestores ficarão mais aptos a tomar decisões de forma racional para alcançar os objetivos da empresa. O objetivo dessa perspectiva é buscar a construção da infraestrutura de que a organização precisa para crescer e melhorar continuamente no longo prazo e se baseia na qualificação dos funcionários, na melhoria dos sistemas de informação e no alinhamento de procedimentos e rotinas. a. Qualificação: Segundo Peter Senge (2001), a competição deixou de ser baseada em recursos para ser fundamentada em informações e no conhecimento. A tecnologia mais moderna e os melhores processos podem ser comprados, mas é nas pessoas que reside o conhecimento e a chave do sucesso. Quanto melhor for a equipe, melhor será a floresta. b. Sistemas de Informação: A evolução da tecnologia computacional permitiu um avanço formidável nos softwares e também naqueles de gestão empresarial (ERPs). O uso de sistemas estruturados permite o acesso rápido a uma impressionante base de dados que podem ser inter-relacionados. Isso muda o rol de informações para a tomada de decisão, tornando-a muito menos intuitiva, porém mais precisa, de maior qualidade e de menor risco. c. Procedimentos: Processos internos adequados estão intimamente ligados à qualidade da gestão, e os principais devem estar associados com os resultados do negócio. Mudança na estrutura de gestão, passando do modelo funcional para o de gestão por processos, é uma alternativa promissora e que pode resultar em fazer melhor, mais rápido e mais barato.

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novas tecnologias

Opiniões

para aumentar as chances de

sucesso A ciência e a tecnologia no âmbito nacional de florestas plantadas têm dois fenômenos atuais os quais estão intimamente ligados com os desafios futuros: o primeiro deles é a globalização, e o segundo, que considero crítico, são as mudanças climáticas. " Roosevelt de Paula Almado Gerente de Pesquisa Florestal e Meio Ambiente da ArcelorMittal BioFlorestas

Nunca me esqueço de um professor na universidade que me disse que todo processo que não está ligado a um avanço tecnológico está fadado a desaparecer. E, realmente, ao longo dos anos, vários exemplos do nosso dia a dia nos mostram tal realidade; um dos que eu cito e que marcou toda uma indústria foi a transição da máquina fotográfica convencional a filme para a tecnologia digital. A própria criadora da máquina convencional desenvolveu a tecnologia digital, mas não acreditou que ela pudesse ter sucesso, então a concorrente encarou trocar o “velho” pelo “novo” e emplacou a tecnologia que utilizamos hoje. Esse processo de substituição do “velho” para o “novo” é conhecido como processo de “destruição criadora”, em que a figura do empreendedor é de fundamental importância para a concretização do processo de inovação (Schumpeter; Jacobson). Ainda bem que o setor florestal tem muitos exemplos positivos de inovação e de melhorias para citar: o avanço no controle de pragas e doenças; a definição e a

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novas tecnologias diversificação de material genético e domínio nas práticas de clonagem; a elevação da produtividade – em poucas décadas –, a produtividade passou de 12m3t/ha para 40 m3t/ha, assim como a redução dos custos de implantação, em mais de 50% nesse mesmo período; a adoção de práticas silviculturais ambientalmente corretas; a incorporação da variável “impacto social” nos projetos, contribuindo para o desenvolvimento regional; a disseminação da importância do bom manejo florestal; a gestão de áreas de preservação de florestas nativas (Preservação Permanente e Reserva Legal) da ordem de 2 milhões de hectares; e um banco genético bastante completo das espécies de eucalipto e pinus existentes no mundo, contando, inclusive, com material já extinto em suas áreas de origem. Os exemplos citados são o resultado de um grande investimento público e privado nos últimos trinta anos na indústria de base florestal, inicialmente com os recursos advindos dos incentivos fiscais. Com o fim dos incentivos fiscais ao reflorestamento/florestamento, em especial a partir de 1989, uma nova tendência na evolução tecnológica da silvicultura brasileira surgiu. Antonangelo e Bacha relatam que, a partir do final da década de 1980, houve uma melhor distribuição dos trabalhos entre todas as áreas de pesquisa (manejo, melhoramento genético, produção de mudas, controle de pragas e doenças, adubação, mecanização e controle gerencial). Além dessa melhor distribuição dos trabalhos, teve início também uma maior preocupação com pesquisas que proporcionassem eficiência, isto é, diminuição de custos, aumento da produtividade, maior qualidade e maior competitividade. Destaco dois grandes exemplos de parceria universidade pública-empresa no Brasil: a Sociedade de Investigações Florestais (SIF), na Universidade Federal de Viçosa, que completa, em 2014, 40 anos de serviços prestados ao setor florestal, e o Instituto de Pesquisas Florestais (IPEF), na Esalq/USP. De acordo com Labate, a parceria universidade pública-empresa é o grande diferencial para o futuro dos estudos científicos no Brasil, colocando o País em vantagem no cenário mundial. Ao longo desses anos, as empresas investiram em sistemas de gestão integrada, aperfeiçoaram seu planejamento estratégico, realizaram inovações tecnológicas, porém ainda há muito a ser desenvolvido para que possamos ampliar nossa participação no mercado mundial, no qual, diga-se de passagem, temos a melhor produtividade florestal e o menor custo de madeira posto fábrica. É interessante destacar que esse avanço tecnológico não ficou restrito às grandes empresas florestais, as quais, através, principalmente, de seus programas de fomento florestal, transferiram suas práticas para os produtores florestais como sendo um produto final entregue à sociedade, no momento em que ele se torna um instrumento facilitador de desenvolvimento econômico regional. Por que falar de ciência, tecnologia e inovação? As tendências globais nos mostram um aumento da população, até 2050, em 9 bilhões de pessoas, uma competição acirrada pelo uso da terra e um aumento da pressão sobre os recursos naturais; estima-se que, em 2050, serão necessários 250 milhões de ha de florestas plantadas para atender à demanda mundial. Plantações bem manejadas serão uma alternativa para superar desafios: a ciência e a tecnologia serão o grande diferencial competitivo entre os países em um curto intervalo de tempo.

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Opiniões A ciência e a tecnologia no âmbito nacional de florestas plantadas têm dois fenômenos atuais os quais estão intimamente ligados com os desafios futuros que necessitarão de respostas técnico-científicas: o primeiro deles é a globalização, e o segundo, que considero crítico, são as mudanças climáticas. Ocorrências de doenças emergentes e insetos exóticos cada vez mais ameaçam a produtividade e a sustentabilidade das plantações comerciais de eucalipto, isto é devido ao crescente movimento global de pessoas e produtos – às vezes, sem intenção, pessoas sem conhecimento do assunto transportam sementes, mudas ou outros propágulos vegetativos contendo tais vetores. Conforme detalharam Paine e Daane (Accumulation of Pest Insects on Eucalyptus in California: Random Process or Smoking Gun): “Entre 1983 e 2008, mais de 16 pragas de insetos australianas de eucalipto se estabeleceram no Estado da Califórnia. Os modos ou vias de introdução nunca foram determinados, no entanto, exames de diferentes padrões temporais e espaciais sugerem que as ocorrências foram processos não aleatórios. É possível que eles ocorreram por causa do aumento do comércio e dos movimentos de pessoas, mas também há a hipótese de que houve introdução intencional”. Em termos de mudanças climáticas, nossos melhoristas e ecofisiologistas terão que se empenhar no desenvolvimento de materiais genéticos tolerantes à seca, ao frio e aos ventos; para isso, novos cruzamentos deverão ser realizados com espécies muitas vezes não tradicionais na eucaliptocultura nacional. A quantidade de variabilidade genética que ainda existe para ser testada é imensa, e, em tempos de discussão sobre OGM’S, é sempre importante lembrar que a transformação genética pode ser uma alternativa, mas não substitui o melhoramento genético clássico. Além de pragas, doenças e melhoramento, outros temas na produção de florestas plantadas ainda precisarão de muito desenvolvimento tecnológico, os quais destaco: formação de plantios e regeneração, biotecnologia, hidrologia, sistemas agroflorestais e tecnologia da madeira. Outros desafios tecnológicos, como a redução dos gases de efeito estufa, a melhoria na eficiência de uso dos recursos, a redução na perda de habitats e o aumento de área e produção, também deverão constar na agenda dos pesquisadores. Aliado a tudo isso, o setor ainda precisará se fortalecer no desenvolvimento de novos modelos de negócios, assim como aperfeiçoar o rastreamento de cadeias de valores, buscando critérios de sustentabilidade. As demandas e as prioridades de ciência e tecnologia florestal estão cada vez mais complexas e requerem soluções inter e transdisciplinares. Para aumentar as chances de sucesso, devemos implementar projetos em redes de pesquisa, integrando os esforços de várias instituições nacionais e internacionais; avaliar os efeitos na árvore, ao nível da paisagem e à escala local e regional; priorizar a solução dos problemas alinhados às demandas econômicas e sociais; investir na formação profissional, sendo urgente a inserção de novos pesquisadores e silvicultores nos desafios técnico-científicos presentes e futuros da silvicultura nacional.


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Opiniões

controle de máquinas e equipamentos

florestais

Grande parte dos ganhos de produtividade dos povoamentos florestais é atribuída à seleção de variedades adaptadas às características edafoclimáticas de cada região, à adoção de boas práticas de manejo silviculturais e ao nível de gerenciamento das operações. A seleção e o melhoramento genético de variedades do gênero Eucalyptus para fins de obtenção de florestas de rápido crescimento, com características físico-químicas adequadas aos diferentes usos e que sejam resistentes ou tolerantes a determinadas pragas e doenças, é demasiadamente demorada, devido, principalmente, ao ciclo de formação, o que caracteriza altos investimentos em pesquisa e retornos em longo prazo. Já os ganhos advindos com a adoção de boas práticas de manejo e o assertivo gerenciamento das operações geram um menor dispêndio econômico e retornos de curto a médio prazo. Nota-se, portanto, que o sucesso dos empreendimentos florestais está intimamente ligado ao nível de gerenciamento que é dado no planejamento, execução e controle de suas operações. Nesse contexto, ao longo dos últimos anos, a Duratex Florestal vem investindo em ferramentas que auxiliem e embasem a tomada de decisão por parte dos gestores. Um sistema de produção amplamente difundido no meio agrícola, e que cada vez mais ganha força no meio florestal, é a Agricultura de Precisão. Esse sistema utiliza as tecnologias de software e hardware existentes para garantir padrões e níveis elevados nas atividades de campo, além de gerar informações confiáveis. Com o advento da Agricultura de Precisão, novas ferramentas tornaram a mensuração do desempenho de máquinas a campo mais

o sucesso dos empreendimentos florestais está intimamente ligado ao nível de gerenciamento que é dado no planejamento, execução e controle de suas operações "

José Ricardo Paraiso Ferraz Diretor Florestal da Duratex

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fácil e precisa, por exemplo, através da utilização de computadores de bordo conectados a receptores de GPS (Global Positioning System) e sensores que quantificam os tempos de efetivo trabalho, manobras, paradas para abastecimento ou manutenção, bem como a qualidade da operação, definindo, assim, todos os parâmetros de forma georreferenciada. Nessa linha, a Duratex firmou parceria com uma empresa de tecnologia agrícola do interior de São Paulo para desenvolver um sistema de gestão baseado na utilização de computadores de bordo em máquinas de colheita de uma Unidade Florestal, visando aumentar a confiabilidade das informações de campo, além de qualificar os apontamentos e ampliar as ações com relação à melhoria da qualidade e identificar as reais ineficiências operacionais. Durante o desenvolvimento do sistema computadorizado, que é baseado no uso de computadores de bordo e seus periféricos para o monitoramento das máquinas, foi realizado um teste comparativo em relação ao atual sistema manual de registro (anotações em fichas de campo). Os dados foram comparados em relação à confiabilidade da informação e à qualificação dos apontamentos.


Opiniões

COMPUTADOR DE BORDO E SEUS PERIFÉRICOS

As funcionalidades do sistema estão no sensoriamento das máquinas em campo, que permite a quantificação da produção, a parametrização dos apontamentos operacionais produtivos e de paradas (manutenção, abastecimento, refeição, etc.), a telemetria das informações e a visualização geográfica espacial através de um Sistema de Informações Geográficas. O sistema computadorizado mostrou resultados mais confiáveis e apresentou nível de detalhamento muito superior quando comparado ao sistema convencional, possibilitando a observação de distorções e evidenciando restrições operacionais. Quando observado o tempo para validação dos dados no sistema manual, o tempo transcorrido do apontamento à sua validação é de até 7 dias. Já no sistema computadorizado, esse tempo passa a ser de até 2 dias. Outras vantagens demonstradas pela telemetria das informações são possibilitar a mensuração de dados de interesse em tempo real nas áreas com cobertura GPRS e a rastreabilidade dos equipamentos. As etapas de instalação e configuração da ferramenta em campo foram concluídas, no entanto ajustes pontuais ainda são necessários. As próximas fases de desenvolvimento contemplarão a integração da nova ferramenta com o sistema de gestão integrada da empresa (SAP). Todo o conceito atualmente existente de tecnologia embarcada para maquinários, que atuam em operações florestais, é derivado de equipamentos conhecidos de longa data, os quais são utilizados para monitorar o funcionamento de motores, principalmente de frotas que transportam cargas e pessoas. Florestas plantadas para produção de madeira de uso industrial, apesar de possuírem conceitos técnicos similares aos de qualquer cultura agrícola (preparo de solo, pulveriza-

ções, adubações, etc.), possuem particularidades em seu manejo, que justificam a adoção de ferramentas que auxiliem no gerenciamento eficaz de sistemas mecanizados. Com isso, é preciso identificar as ferramentas tecnológicas que podem ser utilizadas em ritmo operacional e que melhorem a assertividade das informações. A correta interpretação das informações geradas é um fator de diferenciação competitiva. Nota-se, portanto, a importância de capacitar os profissionais envolvidos com as operações de campo, pois eles serão os usuários das ferramentas e contribuirão de forma decisiva para seu desenvolvimento e operacionalização. O layout básico de monitoramento que todos os fornecedores de tecnologia embarcada possuem é composto por computador de bordo e receptor de GPS. A partir dessa configuração, o restante do sistema pode ser configurado de diferentes maneiras e com diferentes ferramentas da tecnologia, a exemplo: 1. Sensores para medir a profundidade do preparo de solo; 2. Sensores para quantificar os tempos operacionais; 3. Sensores e atuadores para trabalhar a taxa fixa ou variável de insumos; 4. Transmissores (Wi-fi, GPRS, Rádio e Satelital) para telemetria. Portanto esses recursos de tecnologia necessitam ser desenvolvidos para atender às necessidades do setor, já que os produtos básicos (monitor e dispositivos de rastreamento) que oferecem boa qualidade estão prontos. Somente assim o nível de desenvolvimento tecnológico será alcançado, atendendo às aspirações de excelência no gerenciamento de sistemas mecanizados do segmento florestal.

RASTREAMENTO PELO SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

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novas tecnologias

Opiniões

resíduos como fonte de

energia

É crescente o interesse por fontes de energia que substituam os combustíveis fósseis, seja por razões ambientais ou financeiras, sendo que a biomassa atende a ambos os propósitos, por ser renovável e de baixo custo, principalmente quando é proveniente do aproveitamento de resíduos. Nos últimos 10 anos, houve um crescimento de 32% do uso de biomassa para produção de energia no Brasil, entretanto essa fonte de energia representa menos de 6% da matriz energética brasileira, apesar do grande potencial do País na produção de biomassa, devido tanto às condições edafoclimáticas quanto ao desenvolvimento tecnológico acumulado ao longo de décadas de produção agrícola e florestal. A indústria de celulose e papel tem como premissa a utilização de biomassa como sua principal fonte de geração de energia, por meio das caldeiras de recuperação que queimam licor negro, rico em lignina e fibras, proveniente do processo de cozimento da madeira para produção de celulose, e pela queima de casca e cavacos de madeira em suas caldeiras de biomassa.

No caso de fábricas de celulose e papel, a utilização dessas fontes de energia é essencial para se obter um equilíbrio da matriz energética, tanto em termos de geração quanto de custos. Por outro lado, nas fábricas de produção exclusiva de celulose, as caldeiras de recuperação que queimam o licor negro são suficientes para atender a toda a demanda de energia, ficando o consumo dessas biomassas atrelado à estratégia da empresa na produção excedente de energia e na sua venda no mercado. Além do setor de celulose e papel, outros segmentos da indústria vêm convertendo suas matrizes energéticas baseadas em combustíveis fósseis para combustíveis renováveis, como é o caso da biomassa, buscando reduções de custos e adequações ambientais. Com isso, a demanda por biomassa vem crescendo e inflacionando o mercado de madeira, o que contribui para o aumento de custo da matéria-prima, seja para a própria produção de energia, celulose e papel, lenha, carvão, painéis, entre outros. Essa maior demanda de biomassa pelo setor industrial em geral, aliada à expansão do setor de celulose e papel,

a busca por fontes alternativas de biomassa se faz necessária (...) o aproveitamento de resíduos não é mais uma alternativa, e sim uma necessidade "

Adriano Emanuel Amaral de Almeida Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da International Paper

A casca é um resíduo proveniente do processo de descascamento da madeira, que pode ter dois destinos e usos: mantida no campo como forma de enriquecer o solo em matéria orgânica, ou transportada juntamente com a madeira até a fábrica, onde é realizado o descascamento, e a casca, utilizada como biomassa para geração de energia. O cavaco de madeira utilizado para queima e produção de energia, em sua grande parte, é proveniente do aproveitamento da ponteira da árvore, que, por restrições de processamento, não pode ser utilizada para o processo de produção de celulose. Da mesma forma que a casca, essa biomassa pode ser deixada no campo para ser incorporada ao solo como matéria orgânica, ou pode ser transportada para a fábrica, para ser picada e queimada em caldeiras de biomassa. A decisão pela utilização da casca e do cavaco da ponteira da árvore como fonte de biomassa para produção de energia passa pela demanda de energia das unidades fabris.

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altamente demandante por biomassa, e a queda de produtividade dos maciços florestais atuais, devido a períodos de seca aliados a danos por pragas florestais, levam a um cenário de escassez de madeira em determinadas regiões e ao aumento do valor de mercado da madeira, de forma generalizada. Em virtude desse cenário, a busca por fontes alternativas de biomassa se faz necessária, como forma de manter a competitividade das empresas de base florestal e de evitar um possível desabastecimento, levando-nos a uma situação, na qual o aproveitamento de resíduos não é mais uma alternativa, e sim uma necessidade. Nesse contexto, o aproveitamento de tocos passa a ser objeto de estudos, visando avaliar a sua viabilidade técnica e financeira, como fonte de biomassa para produção de energia. Esse tema não é novo, especialmente em países como a Finlândia, que possui longa experiência no aproveitamento de tocos para geração de energia; esse tipo de biomassa


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novas tecnologias representou 14% do consumo total de cavacos de origem florestal, em 2005, nesse país. Entretanto poucos trabalhos caracterizam a viabilidade dos tocos para fornecimento de biomassa para produção de energia no Brasil, o que pode ser explicado pela falta de tecnologias eficientes de extração e processamento de tipo de material, tornando essa operação extremamente onerosa, inviabilizando o aproveitamento do toco como fonte de biomassa para produção de energia. Em estudos recentes realizados pela International Paper em parceria com a empresa Columbia/Operflora, esforços foram somados no sentido de revisitar esse assunto, analisando toda a cadeia, desde a caracterização da biomassa proveniente de tocos, o desenvolvimento de equipamentos e máquinas envolvidos nos processos de extração e processamento dos tocos, até a eficiência de queima desse material em caldeiras de biomassas. Do ponto de vista da qualidade da madeira, as análises de amostras de madeira provenientes de tocos demonstram características muito similares à madeira do fuste, em termos de densidade básica, teor de lignina, poder calorífico e extrativo, não havendo nenhuma restrição na sua utilização como fonte de biomassa para geração de energia. Em relação ao processo de extração de tocos, o grande desafio é conciliar a eficiência de extração (n° tocos/minuto) com o impacto no solo, que, dependendo do seu revolvimento, poderia prejudicar a eficiência e a qualidade das operações subsequentes de preparo do solo para plantio e também comprometer a conservação do solo e qualidade do sítio.

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Opiniões Pode-se dizer que tais barreiras foram vencidas, por meio do desenvolvimento de pinças adequadas, escolha correta da máquina base e treinamento dos operadores. Em relação ao processo de processamento dos tocos, a tarefa foi bem mais fácil, por já haver tecnologias de picadores e de peneiras rotativas bem avançadas no mercado, que conseguem produzir cavacos dentro da granulometria exigida pelas caldeiras de biomassa, bem como com o nível de impurezas adequado (basicamente sílica), de forma a não comprometer a vida útil das caldeiras. Em testes de queima em caldeiras de biomassa, não foi observada nenhuma variação nos indicadores do processo de queima e geração de vapor, confirmando os resultados de laboratório, o que indica não haver nenhuma restrição na utilização do cavaco de tocos como fonte de biomassa para geração de energia. Não há dúvidas de que a madeira proveniente de tocos apresenta grande potencial como fonte alternativa de biomassa para geração de energia, por contribuir para o aumento de produtividade florestal, diminuir o gap de madeira de mercado, eliminar operações onerosas, como o controle de brotações, o realinhamento de plantio e o rebaixamento de tocos, além de aumentar o rendimento da operação de preparo de solo. Entretanto, para finalizar o estudo da viabilidade técnica e financeira da exploração desse recurso, precisa-se analisar a questão da sustentabilidade, ou seja, o efeito a longo prazo da extração de nutrientes e matéria orgânica na qualidade do sítio.


OpiniĂľes


novas tecnologias

Opiniões

produção de

carvão Ao longo do tempo, o setor vem conquistando leis mais adequadas e credibilidade, além de quebrar preconceitos. Aos poucos, a sociedade entende qual é o negócio do setor florestal e a importância das atividades. " Edimar de Melo Cardoso Gerente de Colheita e Transporte de Madeira da Aperam Bioenergia

Florestas plantadas, eucalipto e crédito de carbono são termos cada vez mais estudados, comentados e com mais espaço na mídia. Ao longo do tempo, o setor vem conquistando leis mais adequadas e credibilidade, além de quebrar preconceitos. Aos poucos, a sociedade entende qual é o negócio do setor florestal e a importância das atividades. A metalurgia a carvão vegetal brasileira é única no mundo e com inúmeros ganhos socioeconômicos, seja pela geração de emprego e renda, seja por se tratar de um biocombustível sólido renovável que proporciona às indústrias a carvão vegetal produzirem com sustentabilidade. Vale salientar que o carvão vegetal é utilizado como redutor nos altos fornos para produção de gusa, e é importante destacar que temos outros produtos/tecnologias que podem substituí-lo, como carvão mineral (coque) e o processo de redução direta nos altos fornos com utilização de gás de xisto. Esses produtos/tecnologias competem com o carvão vegetal, e, diante disso, é necessário, cada vez mais, ter competitividade econômica, social e ambiental, proporcionando sustentabilidade a toda a cadeia de produção, uma vez que, atualmente, o carvão vegetal demonstra um custo bastante competitivo, com inúmeros benefícios ambientais e sociais quando comparado ao coque e a outras tecnologias. Nesse contexto, o desenvolvimento de novas tecnologias e a busca pela excelência operacional através da interação de todos os processos que compõem e sustentam a cadeia de produção de carvão vegetal necessitam convergir para um mesmo objetivo, que é garantir a competitividade dele. O processo de Colheita Florestal é de suma importância para colaborar com esse objetivo, e, no intuito de assegurar competitividade ao carvão vegetal, foi desenvolvido pela Aperam Bioenergia um método de preparação da madeira com objetivo de reduzir a variabilidade das características da madeira a ser enfornada.

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Como é de conhecimento, a árvore possui uma grande variação físico-química em diversas partes do fuste, o que também é influenciado por diversos fatores que interagem com a mesma, como ambiente, microorganismos, material genético, manejo e etc. Essa variabilidade da madeira dentro dos fornos de carbonização prejudica a padronização e o controle do processo, assim sendo, esse método consiste em estratificar a árvore em 2 sessões, que serão chamadas de pé (pilha externa) e ponta (pilha interna) para simplificarmos o entendimento. Vale salientar que, se fôssemos considerar toda a variabilidade que existe ao longo do fuste da árvore, teríamos que realizar a estratificação em várias seções/pilhas, o que, operacionalmente, se torna inviável quando analisamos o custo da operação de traçamento e transporte, sobrevivência das brotações e outros parâmetros inerentes ao processo. Derrubada/Baldeio: Atualmente, a Aperam Bioenergia trabalha com o modelo de colheita florestal utilizando Feller Buncher ► Skidder ► Garra Traçadora: essa operação é realizada da mesma forma que no modelo convencional (sem estratificação da madeira), porém vale a pena destacar a importância de controlar a quantidade de árvores por feixe derrubado e a qualidade do encabeçamento delas, pois isso será fundamental para assegurar a qualidade da pilha de madeira na borda do talhão. Desgalha mecanizada: A desgalha acontece acima de 40 dias após a derrubada, pois as árvores necessitam estar bem secas para que a produtividade da desgalha seja compatível e, principalmente, proporcione um melhor nível de retirada dos galhos nas árvores. A Aperam Bioenergia desenvolveu, recentemente, um desgalhador que permite que a operação seja 100% mecanizada. Vale a pena lembrar que a operação de desgalha manual com utilização de motosserras e outros implementos foi, por muitos anos, e ainda é, em algumas


Opiniões empresas, a operação com maior índice de acidentes; com a utilização do desgalhador mecanizado, temos apenas um operador que opera uma pá carregadeira com desgalhador, que possui cabine climatizada e condições ergonômicas, porporcionando ao operador maior segurança e comodidade na operação. Essa nova tecnologia ocasionou uma redução expressiva no custo da desgalha e uma melhor qualidade na preparação das árvores para carbonização. Traçamento da madeira: É realizado separando a parte de maior diâmetro da árvore (pé) pela de menor diâmetro (ponta); utilizamos bitola (comprimento da peça) de 3 metros, e, normalmente, as 3 primeiras peças cortadas são colocadas na pilha externa na borda do talhão e as outras 5 peças são colocadas na pilha interna. Essa proporção pode sofrer modificação conforme o material genético, altura das árvores e/ou produtividade do talhão. Essa estratificação em 2 pilhas, conforme relatado, foi realizada em relação ao material genético da empresa e às condições edafoclimáticas da região, porém, para outros clones e regiões, seria importante realizar a caracterização da variabilidade de cada clone e definir a melhor opção. Na constituição das pilhas de madeira, separando pé e ponta, devemos atentar para os principais fatores: • Bitola; • Altura e homogeneidade da pilha; • Distância entre a pilha externa (pé) e interna (ponta); • Distância de segurança (prevenção de incêndios). Transporte da madeira: No transporte da madeira, as pilhas de pé e ponta devem ser levadas separadamente, devido, principalmente, à umidade, na qual pé e ponta atingem a umidade ideal (<30%), com 150 e 120 dias, respectivamente, dependendo do clone e da região; após o transporte da madeira, a carga dos fornos deve ocorrer somente com uma das partes, pois, assim, será enfornada uma madeira mais uniforme e homogênea. Impactos negativos: • Redução na produtividade no traçamento (início dos testes); • Maior deslocamento da máquina no transporte da madeira. Impactos positivos: • Maior homogeneidade da madeira; • Maior qualidade na carga dos rodotrens e carga dos fornos. É importante destacar que essa mudança no processo de colheita florestal trouxe, a priori, um impacto negativo direto, que foi a redução na produtividade e, consequentemente, aumento do custo, porém, no período de 12 meses

após a implantação do novo sistema de traçamento, a produtividade retornou ao mesmo patamar. Podemos caracterizar como uma curva de aprendizado sobre o novo sistema, na maioria das vezes considerado um efeito normal na adoção de novas tecnologias. Vale destacar a importância do gestor de cada processo alcançar uma visão global e sistêmica do negócio, pois, muitas vezes, boas ideias e boas alternativas são abandonadas pelo fato de que a análise do projeto foi simplificada ao nível de processo e resultado local, quando, na verdade, o importante é o resultado global da empresa. Uma ferramenta que auxilia nesse contexto seria o Job Rotation que permite o gestor realizar deslocamento horizontal dentro da empresa. Resultados na produção de carvão vegetal: O carvão siderúrgico demanda algumas características para operação dos altos fornos, tais como em média: • Carbono Fixo (75 a 77%); • Tamanho Médio (> 27,2mm); • Percentual de finos (< 9,52mm), etc. Em geral, tais características impactam em produtividade e aumento no custo de produção dos altos fornos. Isso pode ocorrer quando seus respectivos valores ficam fora da faixa de exigência, ou quando possuem alta variabilidade (desvio padrão) dentro do mesmo indicador. O teste realizado com a estratificação da madeira (separação do pé e da ponta das árvores) comparado com o modelo misto (sem separação/estratificação), obtendo os seguintes resultados: ► Redução no desvio padrão do carbono fixo; ► Aumento do tamanho médio do carvão em 2,8 mm e redução no desvio padrão; ► Redução na geração e no desvio padrão do parâmetro de finos; ► Aumento no rendimento gravimétrico em 0,73% (< 3,8% consumo de madeira). Enfim, diante dos resultados que foram apresentados nos testes com estratificação da madeira, a Aperam Bioenergia consolidou o seu processo de colheita florestal e, há vários anos, trabalha com essa tecnologia, e o fato de a madeira dentro dos fornos de carbonização estar com menor variabilidade permitiu uma melhor padronização no controle de carbonização e possibilitou entender características inerentes ao processo, sendo, atualmente, um facilitador para o desenvolvimento de novas tecnologias no processo de produção de carvão. Pilha Externa (pé)

Separação das pilhas em pé e ponta na operação de traçamento

Pilha Interna (ponta)

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ensaio especial

Opiniões

a evolução do conhecimento do setor florestal brasileiro a expectativa de público para a Expoforest é superior a 10 mil pessoas e 195 expositores. Para os eventos técnicos, são esperados em torno de 1.200 participantes "

Jorge Roberto Malinovski Diretor-geral da Semana Florestal Brasileira – Malinovski Florestal

O conhecimento se dá pelo estudo, pela pesquisa, pela informação e, basicamente, pela transferência de tecnologia. No Brasil, o segmento florestal, principalmente o que está relacionado com plantações florestais, teve início nos idos de 1960, quando se fundou a primeira Escola de Florestas, por meio de uma cooperação com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Mas a história mostra que o grande conhecimento na área realmente se fortaleceu com o acordo de cooperação firmado com a Universidade de Freiburg - Alemanha e a UFPR (Universidade Federal do Paraná), o qual perdurou por mais de uma década. Foi nesse período que se iniciaram os cursos de pós-graduação, incentivos às pesquisas, criação de centros de pesquisas nas universidades e empresas e a criação da Embrapa Florestas. Também nessa fase, várias empresas organizaram seus departamentos de pesquisas. No início, era pouca a relação de troca de informações entre as empresas, mas, com o passar dos anos, iniciaram-se os encontros de atualização de diversas áreas. A busca do conhecimento se deu pelas áreas mais básicas do

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segmento: sementes, viveiro, plantio, inventário e manejo. Com a maturação das florestas plantadas, se iniciou a fase da “colheita”, que, na época, chamava-se “exploração”, e também o fator “custo” das operações, item preponderante nas decisões de trabalho. Foi nessa época, mais especificamente em 1977, que se iniciou o evento de colheita e transporte de madeira – de lá para cá, já ocorreram 16 edições. Esse evento sempre teve cunho técnico-prático-científico, pois, desde o primeiro evento, contou com palestras técnicas e um dia de campo, onde se apresentavam, in loco e de forma dinâmica, máquinas e equipamentos destinados à colheita e transporte de madeira. O evento cresceu, se modernizou e, na última edição, contou com mais de 550 participantes. Pode-se dizer que ele é um dos poucos que têm longevidade e edições ininterruptas no Brasil. A evolução do conhecimento florestal no Brasil está acontecendo de acordo com as necessidades de mercado interno e externo, pois, à medida que ocorre a globalização de mercados, mais fácil fica o benchmarking entre empresas e, consequentemente, a internacionalização de



ensaio especial produtos para exportação. Anteriormente, dizia-se que “o Brasil tem solo, água e mão de obra altamente competitivos em relação aos mercados externos”; hoje, já não se pode dizer o mesmo. O Custo Brasil está correndo contra nós. Daí vem a pergunta: como podemos manter nossa competitividade? A resposta só pode ser: pela evolução tecnológica. Essa alavanca é aquela que mantém o Brasil competitivo. Mas como poderemos manter a hegemonia na produção de florestas plantadas, principalmente na produção de eucalipto? Uma das alternativas é evoluir cada vez mais nos conhecimentos que norteiam a produção de madeira, ou seja, deter tecnologia de silvicultura e colheita de precisão. Dessa forma, estaremos falando em plantar cada vez mais volume por hectare – e não, simplesmente, hectares plantados – e com sustentabilidade de produção. Essa reflexão direciona o foco de discussão dos Eventos Técnicos da Semana Florestal Brasileira, assim como a grade de palestras do Seminário de Atualização em Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal e também do Encontro Brasileiro de Silvicultura. As palestras têm cunho técnico-prático-científico e abordam temas relevantes, que norteiam as empresas em seus direcionamentos de trabalho. Os blocos de assuntos sempre foram cuidadosamente organizados, sempre buscando, no mercado, o que há de novo em tecnologia estudada e aplicada.

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Opiniões A abordagem dos temas conduz para a formação de opinião e network dos participantes, facilitando o conhecimento e a integração de técnicos que labutam no setor. O que faltava para integrar o segmento produtivo florestal? Uma feira que pudesse apresentar ao mercado as tecnologias disponíveis para se produzir madeira proveniente de florestas plantadas. Assim nasceu a Expoforest - Feira Florestal Brasileira, que, pela sua forma de organização, apresenta máquinas, equipamentos, insumos e tecnologia para a produção de madeira, de forma estática e dinâmica. Dessa maneira, os visitantes têm a oportunidade de presenciar, de forma real, o trabalho de cada uma delas. A expectativa de público para a edição que será realizada de 21 a 23 de maio, em Mogi Guaçu (SP), é superior a 10 mil pessoas. Mais de 195 expositores, das principais empresas de máquinas e equipamentos do Brasil e de países que detêm tecnologia desse segmento estarão presentes no evento. Já para os eventos técnicos, que acontecem nos dias 19 e 20 de maio, em Campinas-SP, são esperados em torno de 1.200 participantes. Os temas que serão abordados nos eventos técnicos e a tecnologia apresentada na Expoforest, com certeza, contribuirão para a evolução do conhecimento técnico dos profissionais do setor florestal e, como consequência, nas plantações florestais brasileiras.


Harvester 500H / 500C A TMO em parceria com as empresas Sany e Nisula apresenta em sua nova linha de equipamentos a escavadeira SY135C com cabeçote Harvester. Dentro da fábrica TMO a escavadeira Sany recebe diversas adaptações e se transforma em uma escavadeira florestal. O conjunto é destinado ao corte, desgalhe e processamento da madeira. Além disso é capaz de medir o volume cúbico produzido de madeira e também o volume e a quantidade de madeira produzida por sortimento através do seu sistema de controle inteligente.

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