Você está na página 1de 17

ECODESIGN

Agatha Muller de Carvalho


Materiais renováveis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer os conceitos e as origens da cultura sustentável.


 Identificar os métodos e processos de obtenção de materiais renováveis.
 Desenvolver práticas sustentáveis em projetos de interiores.

Introdução
Vivemos em um mundo de constantes avanços industriais e tecnológicos,
os quais promovem o consumo em larga escala. As sociedades contem-
porâneas baseadas no consumo em massa são o pilar do crescimento
e desenvolvimento econômicos. No entanto, esse desenvolvimento
acaba causando também impactos negativos no nosso planeta e em
seus recursos, tornando-o insustentável. É necessário, com isso, utilizar
e distribuir esses recursos de forma consciente, sendo economicamente
viável e ecologicamente correto. Ou seja, é necessário encontrar formas
de produzir e consumir com sustentabilidade.
Neste capítulo, você conhecerá mais sobre a cultura sustentável,
aprenderá seus conceitos e as origens dessa cultura, bem como verá
como são os métodos e os processos para a produção de materiais
renováveis. Por fim, conferirá como é possível desenvolver práticas sus-
tentáveis no design de interiores.

A cultura sustentável
Sustentabilidade (2018) é uma palavra que remete a um tipo de sistema que tem
capacidade de se manter ou se conservar. Nesse sentido, cultura sustentável é uma
forma de viver e de se relacionar com os outros e com o nosso planeta, visando
a reduzir os impactos e conservar os recursos existentes. O entendimento de
cultura sustentável está vinculado a diversos conceitos que foram abordados e
desenvolvidos ao longo dos últimos 30 anos.
2 Materiais renováveis

A questão da sustentabilidade é abordada pela primeira vez por meio do


conceito de desenvolvimento sustentável. Esse conceito foi criado e discutido,
em 1987, pela Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento, desen-
volvida pela ONU, tendo como diretor Gro Harlem Brundtland. Essa comissão
produziu um relatório que aborda o desenvolvimento sustentável como uma
questão de a população do presente poder satisfazer as suas necessidades,
mas sem comprometer que as próximas gerações também sejam capazes de
satisfazer suas próprias necessidades (CAVALCANTI et al., 2012).
O entendimento de desenvolvimento sustentável também está relacionado
com o conceito de sustentabilidade ambiental, que diz respeito à necessidade
de não interferência das atividades humanas nos ciclos naturais do planeta
(MANZINI; VEZZOLI, 2002). Em uma sociedade sustentável em nível am-
biental, as atividades dos seres humanos não devem empobrecer os bens
naturais que serão legados para as próximas gerações.
Além das questões de caráter físico de preservação e manutenção dos recursos
naturais, a sustentabilidade ambiental também leva em consideração o fator ético,
conhecido como princípio da equidade. Ou seja, em termos de sustentabilidade,
cada pessoa das sociedades presentes e das futuras tem direito a acessar à mesma
disponibilidade de recursos naturais do planeta (MANZINI; VEZZOLI, 2002).
Nesse caso, é o direito à equidade que faz ser necessária a manutenção e a não
intervenção das atividades das pessoas nos recursos naturais.
Ao longo das décadas, os conceitos de desenvolvimento sustentável e sus-
tentabilidade ambiental foram sendo revisitados em novas discussões, gerando
novos conceitos, como o de economia verde. Esse conceito surgiu junto às
crises climática, alimentar e econômica dos últimos anos e foi abordado na
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20
(CAVALCANTI et al., 2012). No documento produzido na conferência e
intitulado “O futuro que queremos”, o conceito economia verde aparece como
ideia de crescimento econômico, porém vinculado à proteção dos recursos
naturais. Além disso, a economia verde também está focada em questões
sociais, como erradicação da pobreza e segurança alimentar (ONU, 2012).
Para Manzini e Vezzoli (2002), a sustentabilidade não pode ser encarada
apenas como uma direção a seguir. Ela deve ser um objetivo a ser atingido, pois
nem tudo que obtém melhorias ambientais é efetivamente sustentável. Nesse
sentido, ele apresenta quatro requisitos para que a sociedade seja sustentável
(MANZINI; VEZZOLI, 2002):

 utilizar recursos renováveis, garantindo a renovação destes;


 otimizar o uso dos recursos não-renováveis, como a água, o ar e o território;
Materiais renováveis 3

 não acumular lixo que não seja possível o ecossistema retornar às


condições e às substâncias minerais originais;
 garantir que os indivíduos das sociedades ricas permaneçam nos limites
do seu espaço ambiental por direito, e que os indivíduos das sociedades
pobres possam ter acesso e gozar do espaço ambiental que têm direito.

Atrelados ao conceito de sustentabilidade ambiental e a partir da ideia da


sociedade sustentável como objetivo, novos conceitos e entendimentos foram sur-
gindo a respeito do tema, como, por exemplo, o conceito de biocompatibilidade,
que diz respeito à máxima integração dos processos produtivos e de consumo
aos ciclos naturais (MANZINI; VEZZOLI, 2002). Na prática, a ideia de um
sistema produtivo biocompatível acaba por limitar a quantidade e a qualidade
dos seus produtos e serviços. Nesse sentido, os caminhos para a sustentabilidade
ambiental podem ser entendidos a partir de um gráfico (Figura 1) que relaciona
a tecnologia e a cultura por meio de dois eixos perpendiculares, T e C.

Figura 1. Eco-redesign do existente e soluções sustentáveis.


Fonte: Adaptada de Manzini e Vezzoli (2002).

No gráfico TC, é possível perceber que as soluções consideradas susten-


táveis estão posicionadas acima da hipérbole, que é o limite da sustentabili-
dade. O que está posicionado abaixo dessa curva-limite de sustentabilidade é
considerado eco-redesign do existente, ou seja, são soluções insuficientes em
4 Materiais renováveis

termos de sustentabilidade, mas positivas para o ambiente. Também é possível


perceber que as soluções sustentáveis são mais fáceis de serem praticadas
quando há equilíbrio entre as inovações culturais e tecnológicas.
Para entender o equilíbrio entre inovação cultural e tecnológica, o gráfico
TC e o caminho para a sustentabilidade ambiental também podem ser compre-
endidos por meio dos conceitos de eficiência, suficiência e eficácia (Figura 2)
(MANZINI; VEZZOLI, 2002). A área da eficiência está próxima ao eixo da
tecnologia e corresponde a soluções em que é necessária maior mudança técnica
do que cultural. Já na área da suficiência, próxima ao eixo da cultura, estão
contidas as soluções de maior mudança cultural. Por fim, entre as áreas de
suficiência e eficiência, está situada a área da eficácia, ou seja, as soluções que
apresentam equilíbrio entre as inovações tecnológicas e culturais.

Figura 2. Eficiência, suficiência e eficácia.


Fonte: Adaptada de Manzini e Vezzoli (2002).

O caminho para a sustentabilidade ambiental pode, então, ser desenvol-


vido por diversos percursos, os quais levam em consideração eficiência,
suficiência e eficácia. Os percursos da eficiência são os produtos limpos
e recicláveis. Já os percursos da suficiência são os produtos biológicos e
biodegradáveis. Por fim, os percursos da eficácia são os produtos e serviços
ecoeficientes, ou seja, com desempenho econômico e ambientalmente correto
(CAVALCANTI et al., 2012).
Materiais renováveis 5

A transformação da cultura do consumo em uma cultura sustentável é um


processo lento, mas que permeia o campo do design. A partir da integração das
ideias de sustentabilidade ambiental com o campo do design, surgiu o conceito
de ecodesign, que teve sua primeira definição nos anos 90 por Victor Papaneck.
A ideia de ecodesign era de desenvolver processos de fabricação de produtos
considerados ecologicamente corretos, ou seja, com baixo impacto ambiental,
porém sem perder a qualidade e a funcionalidade do produto (COUTINHO,
2013). O estudo do ecodesign foca no ciclo de vida de um produto e busca a
redução dos impactos em toda a cadeia.
A sustentabilidade também pode ser abordada por meio da ideia da hierar-
quia dos 3R’s. O primeiro R diz respeito à redução, ou seja, diminuir o consumo
de bens e serviços. Já o segundo R é sobre reutilização, prolongamento da vida
útil dos produtos, atribuindo novos usos a materiais que seriam rejeitados. Por
fim, tem-se o R da reciclagem e do processo de transformação de resíduos em
novos materiais. É possível compreender os materiais renováveis sob a pers-
pectiva do segundo R, o da reutilização de materiais com outra funcionalidade.

Métodos e processos dos materiais renováveis


Após a revolução industrial e com a generalização da produção mecanizada
em larga escala, o design surge como um dos instrumentos determinantes
no impacto ambiental das várias atividades desenvolvidas para satisfazer
as necessidades humanas (GOMES, 2011, documento on-line). Desde sua
criação até sua morte, um produto efetua trocas com o meio ambiente: trocas
de energia, matérias e emissões (MANZINI; VEZZOLI, 2002).
Sabemos que, com os limites ambientais do nosso planeta, é necessário reduzir
os impactos do ciclo de vida dos produtos no meio ambiente. Apesar de vivermos
em uma sociedade de consumo, a questão ambiental também deve ser um fator
levado em consideração, e, em uma abordagem sustentável, o produto deve ser
concebido por meio do conceito de ciclo de vida (MANZINI; VEZZOLI, 2002).
Cada material e produto consumido no planeta possui um balanço ecológico.
Isso significa que são levadas em conta a quantidade de energia, de água e de
matéria necessárias para todo os seus ciclos de vida (GAUZIN-MÜLLER, 2011).
O ecobalanço leva em consideração não apenas a energia para a fabricação do
produto, mas também sua utilização, transporte, forma de aplicação ou instalação,
manutenção ou reparos, demolição, descarte e eliminação. A abordagem dos
problemas ambientais no design produzem várias metodologias com as respec-
tivas designações, tais como Design para o Ambiente (DFE, do inglês Design
6 Materiais renováveis

for Environment ), Design Verde (GD, do inglês Green Design), Design com
Consciência Ambiental (ECD, do inglês Environmentally Conscious Design) e
Ecodesign. Todas essas metodologias partilham o mesmo objetivo final, que pode
ser resumido como a minimização do impacto ambiental de um determinado
produto ou processo (GOMES, 2011, documento on-line).
As atividades do ciclo de vida de um produto podem ser agrupadas nas
cinco fases apresentadas na Figura 3.

Figura 3. Ciclo de vida do sistema-produto.


Fonte: Manzini e Vezzoli (2002, p. 92).

 Pré-produção: fase de obtenção de matéria-prima, dos recursos, do trans-


porte dos recursos e da transformação dos recursos em materiais e energia.
 Produção: etapa de transformação dos materiais, dos processos de
montagem e do acabamento.
 Distribuição: momento da embalagem do produto, do seu transporte
e, em alguns casos, do armazenamento.
Materiais renováveis 7

 Uso: período de uso ou consumo do produto que pode necessitar de


manutenção, reparo, ou substituição de partes.
 Descarte: etapa em que o produto ou suas partes podem ser reaprovei-
tados, reciclados ou descartados na forma de lixo.

Para o design, projetar o ciclo de vida significa projetar um sistema, e não apenas
um produto. Essa forma sistêmica de conceber um produto pode parecer mais
complexa, porém pode ser a maneira futura de otimizar as reduções de impactos
ambientais (MANZINI; VEZZOLI, 2002). É importante destacar que o designer
ou projetista não é o único responsável pela garantida do sistema do ciclo de vida.
Os impactos ambientais também estão relacionados com consumidores e usuários,
fornecedores de matéria-prima, distribuidores, entidades públicas, entre outros.
No projeto do ciclo de vida do produto, algumas estratégias podem ser
integradas visando à redução dos impactos ambientais. Essas estratégias estão
relacionadas com as fases do ciclo de vida e são apresentadas na Figura 4.

Figura 4. Estratégias e fases do ciclo de vida.


Fonte: Manzini e Vezzoli (2002, p. 106).
8 Materiais renováveis

As estratégias da Figura 4 podem ser descritas conforme os itens elencados


a seguir:

 Minimização e redução dos recursos e energia utilizados. Essa estratégia


está voltada para todas as fases do ciclo de vida.
 Seleção de processos, materiais e fontes de energia com maior eco-
compatibilidade, o que pode ser adotado em todos os cinco ciclos de
vida do produto.
 Otimização da vida dos produtos, ou seja, projetar produtos que durem
mais tempo, reduzindo a distribuição e o descarte.
 Extensão da vida dos materiais que compõem o produto, valorizando
e promovendo o reuso e reaproveitamento após o descarte.
 Facilidade de desmontagem e separação das partes do produto, auxi-
liando o reuso após o descarte.

A partir do entendimento do ciclo de vida do produto e das estratégias


de redução de impactos ambientais, podemos relacionar a extensão da vida
dos produtos com o segundo R de reutilização da hierarquia sustentável. São
estratégias que visam a reduzir o descarte e a produção de lixo. Uma das formas
de se alcançar essa estratégia é com a utilização dos materiais renováveis, ou
seja, materiais desenvolvidos a partir de produtos descartados, porém com
nova funcionalidade e sem passar por processos de transformação, como a
reciclagem.
Os processos e métodos dos materiais renováveis partem do descarte de
um material ou de partes de um produto. Quanto mais fácil for a desmontagem
e a extensão de vida desses materiais, maiores são as possibilidades de reno-
vação de novos materiais. O material descartado perdeu sua funcionalidade,
ou porque está quebrado, ou avariado, ou porque não consegue mais cumprir
sua função. Contudo, um novo sentido de uso é atribuído a ele: um uso que
comporte as condições de descarte do material.
Os materiais renováveis são uma boa forma de exercer as práticas sus-
tentáveis no design de interiores. São materiais que promovem a extensão
do ciclo de vida de outros produtos, porém com pouco consumo energético
e de forma simples e prática, visto que não contempla processos industriais
e de transformações.
Materiais renováveis 9

Projetos de interiores e as práticas sustentáveis


Pensando em termos de uma sociedade sustentável, como o design de interiores
pode se estabelecer em direção favorável ao ambiente? Por meio da redução
dos impactos ambientais de produção, mas não apenas isso: por meio da uti-
lização de materiais reciclados, recicláveis, de tecnologia limpa, produzindo
produtos limpos e, através da reeducação da sociedade (BRANDÃO, 2007).
A criação de uma sociedade sustentável é um processo que deve englobar
diversos fatores e sistemas econômicos, de consumo e culturais. A sustenta-
bilidade ambiental é uma questão que deve ser abordada por diversas frentes,
sendo uma delas o design de interiores. Assim como em outros campos do
pensamento, o designer de interiores é um profissional que também tem um
papel importante para o desenvolvimento de uma cultura sustentável.
O designer, ao desenvolver um projeto de interiores, pode apresentar práticas
criativas que vão além das questões estéticas e funcionais, em prol de uma
cultura projetual sustentável. Com isso, as práticas sustentáveis em um projeto
de interiores podem impulsionar novos serviços e produtos mais sustentáveis
(BRANDÃO, 2007).
As práticas sustentáveis que um designer de interiores pode adotar em
seus projetos são diversas e de abordagens variadas. Uma delas é a escolha
dos materiais, revestimentos e mobiliários utilizados no projeto. É importante
a busca por materiais e produtos que não comprometam negativamente o
meio ambiente, que não sejam oriundos de fontes não renováveis e não
sejam tóxicos e prejudiciais à saúde das pessoas e para o meio ambiente
(LINHARES, 2017).
Ainda em relação aos materiais utilizados em um projeto, outra possi-
bilidade de exercer práticas sustentáveis no design de interiores é optar por
produtos de melhor qualidade e de maior duração (LINHARES, 2017). Quanto
maior a duração de um produto, menor são as necessidades de substituição
e de eliminação de resíduos. Essa prática evita a produção excessiva de lixo.
Além disso, uma forma de reduzir a produção de lixo é utilizando-se
produtos recicláveis, retornáveis e oriundos de materiais reciclados. É impor-
tante estar ciente dos produtos que possuem uma lógica econômica circular
e renovável, em relação aos produtos de economia linear e do descarte
(Figura 5).
10 Materiais renováveis

Figura 5. Economia circular e renovável.


Fonte: Adaptada de Elnur/Shuttestock.com.

Os objetos decorativos e o mobiliário de um projeto de interiores também


podem ser pensados a partir da lógica da sustentabilidade. Como mostra a
Figura 6, é possível criar e decorar ambientes a partir de peças do artesanato
local, com produtos manufaturados (COUTINHO, 2013). São formas de reduzir
o impacto com o transporte de mercadorias, impulsionando o comércio e a
economia local, tornando-os também sustentáveis.

Figura 6. Mobiliário e decoração com reutilização de materiais.


Fonte: Photographee.eu/Shuttestock.com.
Materiais renováveis 11

A redução de impacto também é possível com a reutilização de produtos


descartados. Em uma reforma de interiores, muito material acaba sendo subs-
tituído, e o descarte, muitas vezes, é considerável. Os materiais renováveis
são uma forma simples e criativa de dar novos usos e funções a esses objetos
descartados, como garrafas de vidro que se transformam em luminárias,
ou esquadrias que foram substituídas e podem ter novas funções, como se
transformar em móveis (Figura 7).

Figura 7. Exemplos de materiais renováveis.


Fonte: a)Africa Studio/Shutterstock.com; b) Roman Babakin/Shutterstock.com.

O desenvolvimento de um projeto de interiores sustentável também deve


levar em consideração o uso de recursos renováveis e não renováveis. Essa
prática se inicia na concepção do projeto de interiores, sendo possível reduzir
o consumo energético de uma edificação por meio de recursos de iluminação
e ventilação naturais eficientes (Figura 8). Por isso, a escolha do tipo de
esquadria a ser utilizada pode favorecer o conforto térmico de um ambiente,
reduzindo o uso de condicionadores de ar.
A redução do consumo de energia elétrica também pode ser eficiente por
meio da utilização de produtos de baixo consumo. Um deles é a iluminação tipo
LED, que possui alta eficiência de iluminação, com baixa potência energética.
Além disso, com uma economia energética de até 80% e com uma iluminação
funcional e variada (COUTINHO, 2013), as lâmpadas LED emitem baixa
quantidade de calor no ambiente.
12 Materiais renováveis

Figura 8. Restaurante na Indonésia com iluminação e ventilação natural.


Fonte: Broewnis Photo/Shutterstock.com.

Um projeto de interiores sustentável, além do consumo energético, tam-


bém deve estudar soluções para a redução do consumo de água. Uma forma
prática é a escolha por equipamentos hidrossanitários, que reduzem o volume
de passagem de água por acionamento (p. ex., as torneiras com aerador, com
temporizador ou sensor de presença, ou as válvulas de descarga com limitação
de acionamento). Outra maneira está relacionada com o momento da reforma,
ou seja, escolhendo revestimentos e materiais de acabamento de colocação e
instalação seca, sem uso de água (GAUZIN-MÜLLER, 2011).
No sentido de estimular o design e a construção sustentável, entidades
que pesquisam e promovem essa causa produzem diretrizes e certificações.
Como é o caso do LEED (Leadership in Energy and Environmental Design
[Liderança em Energia e Design Ambiental]), a certificação mais difundida no
Brasil, dividida em quatro tipologias: novas construções, design de interiores,
edifícios existentes e bairros. Os critérios da certificação LEED dizem respeito
ao ciclo de vida dos materiais, ao consumo energético e de água. Os projetos
são analisados por critérios e recomendações em um esquema de pontuação
que garante certificados Silver, Gold e Platinum.
Materiais renováveis 13

Para saber mais sobre a certificação LEED no Brasil, acesse o link a seguir:

https://qrgo.page.link/wpxx

Como foi possível perceber, a sustentabilidade do design de interiores


envolve muitos fatores, o que pode ser interpretado como uma tarefa árdua.
No entanto, o design sustentável é viável e precisa ser estudado, discutido e
praticado. A transformação da sociedade em um modelo sustentável já está
acontecendo, e qualquer esforço nesta direção é muito bem-vindo.

BRANDÃO, M. L. F. Design sustentável: o uso da matéria prima renovável: um estudo de


caso da produção do couro vegetal no norte do Brasil. 136 f. 2007. Dissertação (Mestrado)
– Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.teses.usp.
br/teses/disponiveis/16/16134/tde-28052010-150924/pt-br.php. Acesso em: 6 abr. 2019.
CAVALCANTI, A. L. B. L. et al. Design para a sustentabilidade: um conceito interdisciplinar
em construção. Revista Científica de Design Projética, v. 3, n. 1, 2012. Disponível em: http://
www.uel.br/revistas/uel/index.php/projetica/article/view/12384. Acesso em: 6 abr. 2019.
COUTINHO, E. Conceito sustentável na decoração de interiores. Revista Especialize, v. 1, n.
5, jul., 2013. Disponível em: https://www.ipog.edu.br/revista-especialize-online/edicao-
-n5-2013/conceito-sustentavel-na-decoracao-de-interiores/. Acesso em: 6 abr. 2019
GAUZIN-MÜLLER, D. Arquitetura ecológica. São Paulo: Senac, 2011.
GOMES, D. D. T. de C. O R em design: a reutilização aplicada ao design. 105 f. 2011. Disser-
tação (Mestrado) - Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, Porto, 2011. Dispo-
nível em: https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/66370. Acesso em: 6 abr. 2019
LINHARES, T. Práticas de design de interiores sustentáveis aliadas a edificações ver-
des. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA, PÓS GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO, 2., 2018. Anais
[...]. Belo Horizonte: UFMG, 2018. Disponível em: https://www.even3.com.br/anais/
papcsseminario/76859-praticas-de-design-de-interiores-sustentaveis-aliadas-a-edi-
ficacoes-verdes/. Acesso em: 6 abr. 2019
14 Materiais renováveis

MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis. São Paulo: EDUSP,


2002.
ONU. Rio+20. The future we want. Rio de Janeiro: ONU, 2012. Disponível em: http://
www.rio20.gov.br/documentos/documentos-da-conferencia/o-futuro-que-queremos/
at_download/the-future-we-want.pdf. Acesso em: 6 abr. 2019.
SUSTENTABILIDADE. In: DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa. [S.l.: s.n.], 2018.
Disponível em: https://dicionario.priberam.org/sustentabilidade. Acesso em: 6 abr. 2019.

Leitura recomendada
CERTIFICAÇÃO LEED. In: GBCBrasil. Construindo um futuro sustentável. [S.l.: s.n.], 2014.
Disponível em: http://www.gbcbrasil.org.br/sobre-certificado.php#prettyPhoto. Acesso
em: 6 abr. 2019.

Você também pode gostar