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ID: 89623098 13-11-2020 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1

FELÍCIA TEIXEIRA
Consultora da Ordem dos Contabilis-
tas Certificados
comunicacao@occ.pt

IVA – transportes intracomunitários de bens


Este artigo visa abordar especificamente operações designam-se por B2C (Business to existe derrogação [alínea b) do n.º 9 e 10], Para análise desta situação, será importante
as regras de localização para efeitos de Consumer) [alínea b) do n.º 6 do artigo 6.º para a segunda regra geral, prevista na alínea ter presente o conceito de transporte
tributação em sede de IVA, relativas ao do CIVA]. b) do n.º 6, ou seja, quando o adquirente do intracomunitário de bens e lugar de partida.
transporte intracomunitário de bens. Desde 1 de janeiro de 2010 que estão serviço não seja um sujeito passivo de IVA. Considera-se que o transporte
Nunca é demais abordar este assunto definidas duas regras gerais em que passa a ser Quando o adquirente do serviço em causa, intracomunitário de bens é o transporte cujos
para que todos os profissionais da área, importante não só o domicílio do prestador for um sujeito passivo de IVA, aplicar-se-á lugares de partida e de chegada se situem no
contabilistas certificados, entre outros, de serviços mas também o do adquirente a primeira regra geral, [alínea a) do n.º 6 do território de Estados Membros diferentes
estejam preparados para informar do serviço, principalmente quando este seja artigo 6.º], salvo algumas situações específicas [alínea e) do n.º 2 do artigo 1.º do CIVA],
correctamente os seus clientes/contribuintes, sujeito passivo de IVA. No entanto, existem de isenção. e lugar de partida, o lugar onde se inicia
no âmbito das relações comerciais. exceções à sua aplicação, algumas das quais Quando o adquirente não é sujeito passivo efectivamente o transporte, não considerando
A título de introdução, refira-se que a são comuns às duas regras gerais, enquanto de IVA, estas prestações de serviços são os trajetos efetuados para chegar ao lugar
Comissão Europeia apresentou em matéria que outras são específicas das operações entre tributadas no lugar de partida do transporte, onde se encontram os bens [alínea f) do n.º 2
de IVA uma iniciativa que se denominou sujeitos passivos e não sujeitos passivos. [alínea b) do n.º 9 e 10 do artigo 6.º]. do artigo 1.º do CIVA].
por “Pacote IVA”, com duas propostas de Este conceito de sujeito passivo não abrange Quando o destinatário dos serviços for um Note-se que os transportes de aproximação
Diretiva e uma proposta de regulamento, apenas os operadores económicos registados não sujeito passivo do IVA, as prestações de seguem as mesmas regras dos transportes
relativos designadamente, ao mecanismo de na União Europeia, admitindo-se que serviços em causa são tributáveis no território intracomunitários de bens (n.º 5 do art.º 1.º
reembolso do IVA, ao mecanismo do “balcão também possa contemplar operadores nacional, quando o lugar de partida do do CIVA.)
único”, ao direito à dedução e à localização económicos estabelecidos em países terceiros, respetivo transporte ocorrer em território Para se compreender as regras de localização
das prestações de serviços entre sujeitos desde que seja feita prova dessa qualidade. nacional e não são tributáveis quando o dos transportes intracomunitários,
passivos e particulares. No caso das prestações de serviços de lugar de partida do transporte ocorrer fora de apresentamos diversos quadros em jeito de
Deste pacote resultaram os seguintes transporte intracomunitário de bens, apenas Portugal. resumo.
documentos:
Quadro 1 - Transportador e adquirente são sujeitos passivos de IVA estabelecidos em Portugal
- A Diretiva 2008/08/CE, do Conselho, de Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
12 de fevereiro, contendo as novas regras de Como está relacionado com a saída de bens do T.N para outro E.M
localização das prestações de serviços; beneficia da isenção [Art.º 14, n.º 1, alínea q) do CIVA]. Tem de
Território nacional Outro Estado Membro
existir a comprovação através de declaração a emitir pelo adquirente
- A Diretiva 2008/09/CE, do Conselho, de Território Nacional – Art.º 6.º, n 6, alínea a), dos serviços.
do CIVA
12 de fevereiro, relativa ao reembolso do IVA Outro Estado Membro Território Nacional O transportador é o responsável pela liquidação do imposto.
Outro Estado Membro (que
suportado por sujeitos passivos de IVA, de Outro Estado Membro
não o do início do transporte)
O responsável pela liquidação do IVA é o transportador.
determinado Estado Membro, num Estado
Membro diferente do de estabelecimento; Quadro 2 - Transportador é sujeito passivo de IVA em Portugal e o adquirente é um sujeito passivo de IVA de outro Estado-Membro
- O Regulamento (CE) n.º 143/2008, Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
Território nacional Outro Estado Membro
de 12 de fevereiro, relativo à cooperação Outro Estado Membro Território Nacional O responsável pela liquidação do IVA é o adquirente do serviço no
administrativa e à troca de informações Estado Membro do adquirente
Outro Estado Membro (que seu E.M (“reverse charge”).
Outro Estado Membro
nos domínios a que se referem as Diretivas não o do início do transporte)
anteriores; Quadro 3 - Transportador é sujeito passivo de IVA em Portugal e o adquirente não é sujeito passivo (particular)
- Diretiva 2008/117/CE, do Conselho de 16 Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
de dezembro, relacionada com o combate Território nacional Outro Estado Membro
Território Nacional – Art.º 6.º, n.º 10, alínea b),
O responsável pela liquidação do IVA é o transportador.
do CIVA
à evasão e fraude fiscais, e novas regras Outro Estado Membro Território Nacional
comunitárias relativas à periodicidade de
O responsável pela liquidação do IVA é o transportador, que deverá
entrega das declarações recapitulativas das Outro Estado Membro (que
Estado Membro de partida – Art.º 6, n.º 9,
nomear representante no Estado Membro onde se inicia o transporte
operações intracomunitárias. Outro Estado Membro alínea b), do CIVA
não o do início do transporte) e cumprir as obrigações fiscais.
As Diretivas anteriormente referenciadas
foram transpostas para o direito interno
português, pelo Decreto-Lei n.º 186/2009, Quadro 4 - Transportador é sujeito passivo de IVA noutro Estado Membro e o adquirente é sujeito passivo de IVA em Portugal
de 12 de agosto, alterando, desde 1 Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
Como está relacionado com a saída de bens do T.N para outro E.M
de janeiro de 2010, o Código do IVA beneficia da isenção [Art.º 14.º, n.º 1, alínea q) do CIVA]. Tem de
Território nacional Outro Estado Membro
(CIVA), o Regime do IVA nas Transações existir a comprovação através de declaração a emitir pelo adquirente
Território Nacional – Art.º 6.º, n 6, alínea a), dos serviços
Intracomunitárias (RITI) e alguma legislação do CIVA O responsável pela liquidação do IVA é o adquirente do serviço em
Outro Estado Membro Território Nacional
complementar relativa a este imposto. T.N (“reverse charge”)
Este regime também se aplica às operações Outro Estado Membro (que
Outro Estado Membro O responsável pela liquidação do IVA é o adquirente do serviço.
não o do início do transporte)
realizadas entre o Continente e as Regiões
Autónomas dos Açores e Madeira – (Decreto Quadro 5 - Transportador e adquirente são sujeitos passivos de IVA estabelecidos noutro Estado Membro
Lei 347/85, de 23 de agosto), por serem Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
O responsável pela liquidação do IVA é o adquirente do serviço no
espaços fiscais distintos, em IVA. Território nacional Outro Estado Membro seu E.M (“reverse charge”), caso esteja estabelecido num Estado
A Direcção de Serviços do IVA já sancionou Membro diferente do transportador
Estado Membro do adquirente O responsável pela liquidação do IVA é o transportador, caso este
o entendimento da administração tributária e o adquirente estejam estabelecidos no mesmo E.M. Será o
relativamente às regras de localização das Outro Estado Membro Território Nacional
adquirente do serviço (“reverse charge”) no respectivo E.M, caso
prestações de serviços. esteja estabelecido num E.M diferente do transportador
Após este enquadramento inicial, irá então Quadro 6 - Transportador é sujeito passivo de IVA noutro Estado Membro e o adquirente não é sujeito passivo (particular)
abordar-se o enquadramento em sede de Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
IVA, das prestações de serviços de transportes Território nacional Outro Estado Membro
Território Nacional – Art.º 6.º, n.º 10, alínea b), O responsável pela liquidação do IVA é o transportador, que deverá
do CIVA nomear representante fiscal no T.N (n.º 1 do art.º 30.º do CIVA).
intracomunitários de bens. Estado Membro de início do transporte – Art.º
Outro Estado Membro Território Nacional O responsável pela liquidação do IVA é o transportador.
Como regra geral é definido que são 6, n.º 9, alínea b), do CIVA
tributáveis em território nacional as
prestações de serviços a: Quadro 7 -Transportador é sujeito passivo em país terceiro e o adquirente sujeito passivo de IVA em Portugal
Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
- Sujeitos passivos de IVA em território Como está relacionado com a saída de bens do T.N para outro E.M
português, cuja sede, estabelecimento estável Território nacional Outro Estado Membro
Território Nacional – Art.º 6.º, n 6, alínea a), beneficia da isenção [Art.º 14, n.º 1, alínea q) do CIVA]. Tem de
do CIVA existir a comprovação através de declaração a emitir pelo adquirente
ou, na sua falta, o domicílio, para o qual os dos serviços.
serviços são prestados, se situe no território Outro Estado Membro Território Nacional
O transportador é o responsável pela liquidação do imposto ou
adquirente [Art.º 2.º, n.º 1, alínea e) do CIVA.]
nacional, onde quer que se situe a sede,
estabelecimento estável ou, na sua falta, o Quadro 8 - Transportador é sujeito passivo em país terceiro e o adquirente não é sujeito passivo
domicílio do prestador – estas operações são Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
designadas por B2B (business to business) - Território nacional Outro Estado Membro
Território Nacional – Art.º 6.º, n.º 10, alínea b), O responsável pela liquidação do IVA é o transportador, que deverá
do CIVA nomear representante fiscal no T.N (Art.º 30.º, n.º 2, do CIVA).
[alínea a) do n.º 6 do artigo 6.º do CIVA]; Fora do território nacional (no lugar onde é
- Pessoas que não sejam sujeitos passivos Outro Estado Membro Território Nacional percorrida a distância) - Art.º 6.º, n.º 9, alínea O responsável pela liquidação do IVA é o transportador.
b), do CIVA
de imposto (consumidores finais), quando
o prestador tenha no território nacional a Quadro 9 - Transportador é sujeito passivo em país terceiro e o adquirente é sujeito passivo IVA noutro Estado Membro
sede da sua atividade, um estabelecimento Início do transp. Chegada do transp. Localização/tributação da operação Aspectos a considerar
estável ou, na sua falta, o domicílio, a partir Território nacional Outro Estado Membro O responsável pela liquidação do IVA é o adquirente do serviço
no seu E.M (“reverse charge”), caso esteja estabelecido num país
do qual os serviços são prestados – Estas Outro Estado Membro Território Nacional
Estado Membro do adquirente
diferente do transportador

INFORMAÇÃO ELABORADA PELA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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