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Por Eliane Sobral — Para o Prática ESG, de São Paulo


UTI do Hospital do M’Boi Mirim, região carente na zona sul, é uma das unidades geridas pelo Einstein em São Paulo — Foto: Veridiana Brandão Gregório Pires
UTI do Hospital do M’Boi Mirim, região carente na zona sul, é uma das unidades geridas pelo Einstein em São Paulo — Foto: Veridiana Brandão Gregório Pires

Seja por meio da filantropia ou de convênios com o poder público, a participação da iniciativa privada tem feito a diferença em algumas frentes da saúde no Brasil.

O Hospital Albert Einstein, por exemplo, administra 28 unidades de saúde no Estado de São Paulo, entre unidades básicas, ambulatório de especialidades pediátricas, Centros de Atenção Psicossocial e três hospitais - um em Aparecida de Goiânia (GO) e dois em bairros de baixa renda da capital.

Desde o início da parceria do Einstein com a Prefeitura de São Paulo, em 2001, foram mais de 53 milhões de atendimentos - só em 2021 5,2 milhões de pessoas foram atendidas. Um dos hospitais, o Hospital Municipal M’Boi Mirim, na zona sul da capital, faz 25 mil atendimentos por mês. Um terço dos funcionários mora na região. Na pandemia, ele ganhou uma ala anexa construída às pressas com ajuda do setor privado - além de Einstein, Ambev e Gerdau, com mais 100 leitos.

Boa parte das ações estão sob o guarda-chuvas do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), que envolve o Ministério da Saúde e os Conselhos Nacional de Secretários da Saúde (Conass) e das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Além do Albert Einstein, outros cinco hospitais participam: BP, a Beneficência de São Paulo, HCor, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Sírio Libanês e o Hospital Moinhos de Vento, do Rio Grande do Sul.

O diretor superintendente do Instituto Israelita de Responsabilidade Social do Einstein, Guilherme Schettino, explica que, para atuar com o setor público, os hospitais precisam ser reconhecidamente de excelência e ter acreditações - que são certificados internacionais de qualidade em várias frentes nas instituições de saúde, como segurança do paciente. “Não é apenas assumir uma unidade pública. É preciso implantar o alto padrão de atendimento que oferecemos em nossas instalações.”

No Einstein, os projetos que envolvem o Proadi-SUS chegam a investimentos de R$ 300 milhões por ano, de acordo com o presidente do hospital, Sidney Klajner. Mas os recursos envolvidos não saem em forma de pagamento direto ao SUS, nem estão nos orçamentos públicos da saúde. Os recursos são das próprias instituições privadas e o dinheiro investido é compensado com abatimento fiscal de tributos como PIS, Cofins e cota patronal do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

“O impacto desse modelo de atuação é imenso e faz muita diferença na vida das pessoas”, resume Klajner. Não só por terem o atendimento garantido, mas por contarem com os mais avançados recursos em medicina. Ele lembra que, durante a pandemia da covid-19, conseguiram atender mais de 500 leitos por telemedicina em todo o país. “Isso fez diferença na vida dos pacientes, porque estávamos atendendo em lugares onde não havia especialistas, como pneumologistas e infectologistas”, afirma Klajner. A experiência deu tão certo que agora outros hospitais que fazem parte do Proadi-SUS estão levando o teleatendimento para as regiões Centro-Oeste e Nordeste.

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O Hospital Sírio Libanês está no Priadi desde o início do programa, em 2009, e contabiliza mais de 18 ações. Uma delas é a que aplica a metodologia Lean Manufacturing, desenvolvida no Japão para otimizar a produção da indústria automobilística. “No nosso caso, aplicamos a metodologia para reduzir a superlotação dos hospitais”, explica o gerente de Programas Governamentais do Sírio, Alex Ricardo Marins.

Segundo ele, são nada menos que 50 profissionais do hospital paulistano dedicados a este trabalho. “Cada equipe tem um médico, que é quem tem o olhar do cuidado, e um especialista em processos”, completa Marins. O Hospital de Base, de Brasília, um dos maiores da região Centro-Oeste, está passando agora pelo processo, batizado internamente de Lean nas Emergências.

O maior problema de saúde em todo o mundo, e não apenas por aqui, é o conjunto chamado de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), que englobam desde infarto agudo do miocárdio à diabetes, acidente vascular encefálico (o popular derrame), os vários tipos de câncer, entre outros. De acordo com o último levantamento publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no início deste ano, as DCNTs fazem mais de 40 milhões de vítimas todos os anos no mundo. No Brasil, ainda de acordo com a OMS, elas respondem por nada menos que 75% dos óbitos. E é exatamente aí que o Instituto Umane atua.

Associação de caráter filantrópico, a Umane surgiu após a venda do Hospital Samaritano de São Paulo para a norte-americana UnitedHealth, em 2015. Até 2020 a comissão formada por médicos do hospital se chamava Associação Samaritano. No ano passado, a marca mudou para Umane, mas o propósito continua o mesmo: administrar os recursos da venda do hospital, investindo em projetos de combate às DCNTs. “Nosso foco é muito claro. Não estamos na medicina de média e alta complexidade. Nossa atuação é na porta de entrada, na atenção básica e na promoção de saúde”, resume a CEO da entidade, Thaís Junqueira. Ela diz que algo entre 65% e 70% dos custos de saúde são gastos com DCNTs. Estudo da Universidade Federal Fluminense estima que, em 2019, as DCNTs ocasionaram um custo de cerca de R$ 1,68 bilhão em internações no SUS.

Junqueira não revela qual o montante que o fundo dispõe, mas, segundo levantamento realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento Social (IDS) e publicado com exclusividade pelo Valor, em maio passado, a entidade tem um patrimônio de R$ 1,9 bilhão. Ao todo, apoia 13 projetos, todos voltados ao combate e prevenção das DCNTs. Um exemplo é o desenvolvido em parceria com o Instituto Desiderata, do Rio, que combate a obesidade infanto-juvenil. Só neste projeto foram impactadas 8 milhões de pessoas. Em outra iniciativa, em parceria com o Hospital Sírio Libanês, foram realizados 16,8 mil atendimentos em dez diferentes especialidades médicas ano passado, com a participação de 31 subprefeituras.

Junqueira chama a atenção das empresas para que tenham em sua cultura a promoção da saúde de seus empregados. “Não é só oferecer plano de saúde. Empregado doente é custo para a empresa e a pandemia mostrou isso”, diz. Além de apoiar ações diretas com a população, a instituição também patrocina estudos e pesquisas em inovação, recursos humanos e cuidados em saúde. “A filantropia em saúde no Brasil ainda é muito incipiente, mas já começou. A meta é estar no mesmo patamar da educação, que é uma área mais consolidada por aqui”, finaliza.

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