Rev Saúde Pública 2014;48(1):123-133
Prática de Saúde Pública
Artigos Originais
Maria José Duarte OsisI,II
Conhecimento e atitude de
usuários do SUS sobre o HPV
e as vacinas disponíveis no
Brasil
Graciana Alves DuarteI
Maria Helena de SousaI
DOI:10.1590/S0034-8910.2014048005026
SUS users’ knowledge of and
attitude to HPV virus and vaccines
available in Brazil
RESUMO
OBJETIVO: Analisar o conhecimento de homens e mulheres acerca do HPV
e das vacinas e sua intenção de serem vacinados e de vacinarem seus filhos
adolescentes.
MÉTODOS: Estudo descritivo, de corte transversal, com 286 mulheres (18
a 49 anos) e 252 homens (18 a 60 anos), usuários de cinco unidades básicas
de saúde e duas policlínicas do Sistema Único de Saúde, em Campinas, SP,
em 2011. Foi realizada entrevista estruturada. Realizou-se análise bivariada
e regressão de Poisson para identificar variáveis associadas ao conhecimento
sobre HPV e vacinas e à intenção de vacinação.
I
Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva
de Campinas. Universidade Estadual de
Campinas. Campinas, SP, Brasil
II
Departamento de Tocoginecologia.
Faculdade de Ciências Médicas.
Universidade Estadual de Campinas.
Campinas, SP, Brasil
Correspondência | Correspondence:
Maria José Duarte Osis
Rua Vital Brasil, 200 Cidade Universitária
Zeferino Vaz
13083-888 Campinas, SP, Brasil
E-mail: mjosis@cemicamp.org.br
Recebido: 5/7/2013
Aprovado: 10/10/2013
Artigo disponível em português e inglês em:
www.scielo.br/rsp
RESULTADOS: Quase 40,0% dos entrevistados referiram ter ouvido falar
do HPV e 28,9% mencionaram informações adequadas; a principal fonte
de informação foi a mídia (41,7%); 8,6% tinham ouvido falar das vacinas.
Depois de informados da existência das vacinas, cerca de 94,0% dos
participantes disseram que se vacinariam e/ou vacinariam filhos adolescentes
se as vacinas estivessem disponíveis na rede pública de saúde. Escolaridade
> 8 anos e ser do sexo feminino estiveram independentemente associados a
ter ouvido falar do HPV e das vacinas e a ter conhecimento adequado sobre
o vírus. Maior idade associou-se a ter ouvido falar das vacinas. Não houve
variáveis associadas à intenção de vacinação.
CONCLUSÕES: Os resultados reforçam a necessidade de haver intervenções
educativas na população para prover informação adequada sobre o HPV e
sobre medidas de prevenção.
DESCRITORES: Papillomavirus Humano 6. Papillomavirus
Humano 11. Papillomavirus Humano 16. Papillomavirus Humano
18. Papillomavirus Humano 31. Vacinas contra Papillomavirus.
Conhecimentos, Atitudes e Prática em Saúde. Aceitação pelo Paciente
de Cuidados de Saúde. Sistema Único de Saúde.
124
Conhecimento e atitude sobre HPV e vacinas
Osis MJD et al
ABSTRACT
OBJECTIVE: To investigate knowledge of HPV and HPV vaccines in men and
women, users of the Unified Health System, and the intention to get themselves
and their teenage children vaccinated.
METHODS: A descriptive, cross-sectional study with 286 women (18-49 years
old) and 252 men (18-60 years old), users of five primary health units and two
polyclinics in Campinas, SP, Southeastern Brazil, was carried out. Participants
were interviewed in 2011 using a structured questionnaire. Bivariate and
Poisson regression analysis were performed to identify variables associated with
knowledge of HPV and HPV vaccines, and participants vaccination intentions.
RESULTS: Almost 40.0% of the participants reported having heard of HPV and
28.9% mentioned adequate information. The main information source was the
media (41.7%). Only 8.6% of the participants had heard of the HPV vaccines.
Once the participants were informed of the existence of HPV vaccines about
94% of them said they would get vaccinated and/or vaccinate their teenage
children, if the vaccines were available in the public health system. Schooling of
over eight years and being female were the variables independently associated
with having heard of HPV, the vaccines and having adequate knowledge of the
virus. Advanced age was associated with having heard of HPV vaccines. There
were no variables associated with the vaccination intentions.
CONCLUSIONS: These results reinforce the need for educational
activities that provide the population with adequate information on HPV
and preventive measures.
DESCRIPTORS: Human Papillomavirus 6. Human Papillomavirus
11. Human Papillomavirus 16. Human Papillomavirus 18. Human
Papillomavirus 31. Papillomavirus Vaccines. Health Knowledge, Attitudes,
Practice. Patient Acceptance of Health Care. Unified Health System.
INTRODUÇÃO
O HPV (vírus do papiloma humano) é reconhecido como
o causador do câncer de colo de útero e relaciona-se a
vários outros tipos de câncer.9 Recente revisão da literatura25 estimou prevalência de HPV em 32,1% entre
576.281 mulheres, variando de 42,2% nos países em
desenvolvimento a 22,6% nos desenvolvidos. Estima-se
que nove a 10 milhões de pessoas tenham o vírus e que
ocorram 700 mil novos casos por ano.a Revisão da literatura3 com estudos realizados com mulheres de diversas
regiões do País mostrou prevalência de HPV de 14,0% a
54,0% entre as mulheres em geral, e de 10,0% a 24,0%
entre mulheres assintomáticas.
Os níveis de conhecimento sobre o HPV são baixos em
diversas populações do mundo, especialmente quanto a
sua relação com resultados alterados de citologia oncológica, com câncer cervical e com verrugas genitais.5,13
Existem poucas publicações que avaliaram o conhecimento da população brasileira acerca do HPV. Os estudos
existentes foram realizados com pequenas amostras e
apontaram que a maior parte das mulheres e dos homens
tem pouco conhecimento sobre esse vírus.14,17,23
Outro aspecto bastante discutido é a aceitabilidade
das vacinas. Recomenda-se a imunização de meninas
e meninos a partir de idades que variam conforme as
normas de cada país. A imunização antes da exposição ao HPV resulta em proteção durável tanto para
mulheres quanto para homens. Essa recomendação,
porém, não é sempre bem recebida e compreendida em
vários países, tanto pelos pais quanto pelos médicos
pediatras.7,26 A vacinação de pessoas adultas também
enfrenta obstáculos, como o alto custo para a população
em locais onde não é provida pelo sistema público de
Instituto do HPV. Guia do HPV: entenda de vez os papillomavírus humanos, as doenças que causam e o que já é possível fazer para evitálo. São Paulo; 2013 [citado 2013 mai 2]. Disponível em: http://www.incthpv.org.br/upl/fckUploads/file/Guia%20do%20HPV%20Julho%20
2013_2.pdf
a
Rev Saúde Pública 2014;48(1):123-133
saúde; a necessidade de ser administrada em três doses
injetáveis; além de questionamentos sobre sua eficácia,
necessidade de serem vacinados os homens e o impacto
da vacinação na prevenção do câncer de colo uterino.7
As duas vacinas (quadrivalente, aprovada em 2006
e bivalente, aprovada em 2008) estavam, até 2013,
disponíveis apenas no setor privado de saúde no Brasil.
A Sociedade Brasileira de Imunizaçãob recomenda que
as vacinas sejam ministradas entre nove e 26 anos de
idade. Alguns municípios implementaram a vacinação
gratuita de meninas entre 11 e 13 anos em escolas
públicas e privadas, mediante autorização dos pais.
Observou-se, em um dos municípios do Estado de São
Paulo, alta aceitação dos pais em relação a vacinar as
filhas depois de receberem informações detalhadas
sobre a vacina. Quase todas as meninas, cujos pais
autorizaram a vacinação, completaram as três doses
(97,0%).10 O Ministério da Saúde estuda a inclusão
da vacinação para as meninas no Programa Nacional
de Imunização (PNI), pelo Sistema Único de Saúde
(SUS).c Não há consenso no Brasil sobre vacinar
meninos e homens. Especialistas defendem essa vacinação em vista dos efeitos benéficos para proteger os
homens das consequências da infecção pelo vírus, mas
principalmente para acelerar a proteção das mulheres.
Outros consideram que a relação custo-benefício não
recomenda a vacinação dos homens face à menor
incidência e mortalidade associadas, por exemplo, ao
câncer de pênis.
O objetivo deste estudo foi analisar o conhecimento de
homens e mulheres acerca do HPV e sua intenção de
serem vacinados e vacinarem seus filhos adolescentes.
MÉTODOS
Estudo descritivo, de corte transversal, com amostra
intencional de 538 usuários de unidades básicas de
saúde (UBS) e duas policlínicas do SUS de Campinas,
SP, em 2011, sendo 286 mulheres (18 a 49 anos) e 252
homens (18 a 60 anos). Sorteou-se uma UBS em cada
região da cidade e incluíram-se duas policlínicas nas
quais havia atendimento em várias especialidades,
portanto, com maior possibilidade de se encontrar
homens em consulta médica. Os possíveis participantes
eram convidados a participar da pesquisa enquanto
esperavam atendimento nos serviços de saúde.
A coleta de dados foi feita por meio de questionários
estruturados, apropriados ao sexo do entrevistado, aplicados por entrevistadoras capacitadas. Os questionários
foram desenvolvidos com base na literatura e com
125
assessoria de dois especialistas em questões relativas
ao HPV e às vacinas disponíveis no Brasil. Os questionários foram pré-testados em pequenas amostras de
usuários do SUS semelhantes aos que seriam sujeitos do
estudo. O questionário foi revisado conforme surgiam
eventuais problemas de compreensão e de fluxo das
perguntas. Esse processo repetiu-se até a obtenção da
versão considerada adequada. Os questionários tinham
quatro seções: características sociodemográficas, reprodutivas e sexuais, conhecimentos sobre HPV e vacinas,
e estrato socioeconômico.d
Os questionários foram revisados e duplamente digitados. A seguir foram realizados procedimentos para a
limpeza e consistência do banco de dados. O tamanho
da amostra foi calculado em 432 sujeitos, considerando
a prevalência estimada de pessoas (homens e mulheres)
que tinham ouvido falar sobre o HPV de 23,5%,6 com
diferença absoluta entre as proporções amostral e populacional de 4,0% e probabilidade do erro tipo I fixada
em 5%. Durante a coleta de dados houve 13 pessoas
que se recusaram a participar da pesquisa.
O teste de Qui-quadrado foi utilizado para análise bivariada e foram consideradas as variáveis independentes:
idade no momento da entrevista, sexo, escolaridade,
estado marital, cor da pele, religião, número e sexo dos
filhos, trabalho remunerado e estrato socioeconômico.
As variáveis dependentes foram: ter ouvido falar do
HPV, informações sobre o HPV, ter ouvido falar das
vacinas, intenção de se vacinar, intenção de vacinar
os filhos. As perguntas sobre as vacinas foram feitas a
todas as pessoas que referiram ter ouvido falar do HPV.
As pessoas que afirmaram nunca ter ouvido falar da
vacina foram informadas sobre a sua existência antes
de serem questionadas sobre a intenção de se vacinar.
A variável “Informações sobre o HPV” foi categorizada
como “informações adequadas” se o participante referiu
pelo menos uma das alternativas de resposta: “Que é
uma doença sexualmente transmissível (DST)”, “Que
provoca câncer de colo de útero/de pênis/ que pode virar
câncer”, “Que provoca verrugas/doença/infecção”. As
demais respostas foram consideradas como “informações não adequadas”.
Foram desenvolvidos seis modelos de regressão de
Poisson4 referentes às seis variáveis dependentes. As
variáveis independentes consideradas nos modelos,
com suas correspondentes categorias, foram oito: idade
(em anos), sexo (masculino; feminino), estado marital
(unido; não unido), cor da pele (branca; não branca),
escolaridade (até 8 anos; 9 anos ou mais), trabalho
b
SBIm/Febrasgo. Consenso 2012. Vacinação da Mulher. [citado 2014 fev 5]. Disponível em http://www.sbim.org.br/wp-content/
uploads/2012/06/consenso-sbim-febrasgo_vac-mulher_120604_bx.pdf
c
Ministério da Saúde. Portal Brasil/Saúde. Cobertura da vacina HPV será ampliada a partir de 2014. Brasília (DF); 2013 [citado 2014 fev 5].
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/saude/2013/09/cobertura-da-vacina-hpv-sera-ampliada-a-partir-de-2014
d
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de Classificação Econômica Brasil 2011. São Paulo; 2011 [citado 2013 jun 4].
Disponível em: http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=302
126
remunerado (sim; não), estrato socioeconômico (A/B;
C/D) e filhos (algum; nenhum).
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade
Estadual de Campinas (Parecer 545/2008). A participação na pesquisa foi voluntária, mediante assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido.
Assegurou-se o anonimato das pessoas que responderam o questionário, pois não havia informações que
as identificassem.
RESULTADOS
Quase metade da população estudada (46,0%) tinha 35
anos ou mais; 53,0% eram do sexo feminino, 54,0%
tinham nove ou mais anos de escolaridade e 59,0%
referiram cor da pele não branca. A maioria vivia em
união (71,0%), possuía trabalho remunerado (71,0%)
e pertencia aos estratos econômicos C e D (62,0%).
Pouco mais da metade (54,0%) tinha de um a dois filhos
vivos; entre as pessoas que tinham algum filho vivo,
71,0% tinham ao menos um filho e 67,0% ao menos
uma filha. A maioria (86,0%) dos (as) entrevistados (as)
obteve escore de conhecimento acerca de DST baixo/
médio (dados não apresentados em tabela).
Pouco menos de 2/5 dos entrevistados referiram ter
ouvido falar sobre o HPV. As fontes de informações
mais citadas foram: a mídia (42,0%), escola/faculdade
(26,0%) e os serviços de saúde (21,0%). Ginecologistas
e amigos/parentes foram citados por 13,0% dos participantes (dados não apresentados em tabela).
Ter ouvido falar sobre o HPV associou-se na análise
bivariada a: ser do sexo feminino (45,5%), ter maior
nível de escolaridade (49,3% entre as pessoas com nove
anos ou mais), pertencer aos estratos socioeconômicos
A e B (46,0%) (Tabela 1).
Pouco mais de 1/4 dos participantes referiram
informações adequadas sobre o HPV, e as variáveis
associadas na análise bivariada foram: ser do sexo
feminino (37,2%), ter maior nível de escolaridade
(39,9% entre as pessoas com nove anos ou mais) e
pertencer aos estratos socioeconômicos A e B (35,7%)
(Tabela 2).
Menos de 9,0% dos participantes referiram ter ouvido
falar das vacinas contra o HPV. A principal fonte de
informação citada foi a mídia (mencionada por 29
pessoas); médico ginecologista (cinco participantes)
e uma pessoa referiu posto/centro de saúde. Quando
questionados acerca do que ouviram sobre as vacinas,
11 dos participantes que sabiam de sua existência
referiram: que elas protegem e/ou previnem contra
o HPV, que estão em fase de testes e que só existem
na rede privada e que, portanto, seu custo é alto. Seis
entrevistados referiram que as vacinas estão indicadas
Conhecimento e atitude sobre HPV e vacinas
Osis MJD et al
Tabela 1. Conhecimento acerca do HPV por usuários
de serviços públicos de saúde, segundo características
sociodemográficas. Campinas, SP, 2012. (N = 538)
Ouviram falar do
HPV
Variável
Sim
n
Não
%
n
%
Idade (anos)
0,058
18 a 24
36
30,5
82
69,5
25 a 34
76
44,2
96
55,8
35 ou mais
92
37,1 156 62,9
Masculino
74
29,4 178 70,6
Feminino
130 45,5 156 54,5
Sexo
< 0,001
Escolaridade (anos)
< 0,001
0a8
60
24,4 186 75,6
9 ou mais
144 49,3 148 50,7
Estado marital
0,512
Unido
141 36,9 241 63,1
Não unido
63
40,4
93
59,6
Cor da pele
0,272
Branca
90
Não branca
114 35,8 204 64,2
40,9 130 59,1
Religião
0,480
Alguma
183 37,4 306 62,6
Nenhuma
21
43,8
27
56,2
Total de filhos vivos
0,433
Nenhum
52
De 1 a 2
103 35,6 186 64,4
≥3
49
39,8
74
60,2
41,9
72
58,1
47
34,1
91
65,9
Sexo dos filhos
Masculino
p
0,685
Feminino
46
39,0
72
61,0
Ambos
59
37,8
97
62,2
Trabalho remunerado
> 0,999
Sim
142 37,8 234 62,2
Não
59
37,6
98
62,4
Estrato socioeconômico
0,004
A, B
93
C, D
111 33,1 224 66,9
46,0 109 54,0
Faltou informação de dois participantes para total
de filhos vivos, de dois sobre existência de filhas, de
cinco sobre trabalho remunerado e de um sobre estrato
socioeconômico, devido às pessoas não responderam as
perguntas correspondentes.
só para adolescentes; dezenove consideravam que
essas vacinas devem ser recebidas pelas pessoas que já
tiveram relações sexuais; nove referiram que deveriam
ser ministradas a todas as mulheres, independentemente
da idade, e o mesmo número de participantes referiu
127
Rev Saúde Pública 2014;48(1):123-133
Tabela 2. Conhecimento acerca do HPV de usuários de serviços públicos de saúde, segundo características sociodemográficas
e adequação do conhecimento. Campinas, SP, 2012.
Conhecimento sobre HPV
Variável
Adequado
Não adequado
p
n
%
n
%
18 a 24
31
27,0
84
73,0
25 a 34
54
34,4
103
65,6
35 ou mais
58
26,1
164
73,9
Masculino
47
19,9
189
80,1
Feminino
96
37,2
162
62,8
Idade (anos)
0,188
Sexo
< 0,001
Escolaridade (anos)
< 0,001
0a8
36
15,9
190
84,1
9 ou mais
107
39,9
161
60,1
Estado marital
0,673
Unido
98
28,2
249
71,8
Não unido
45
30,6
102
69,4
Cor da pele
0,078
Branca
68
33,5
135
66,5
Não branca
75
25,8
216
74,2
Religião
0,341
Alguma
127
28,3
322
71,7
Nenhuma
16
36,4
127
63,6
Nenhum
44
36,1
78
63,9
1 ou mais
99
26,8
271
73,2
Masculino
29
23,2
96
76,8
Feminino
29
27,4
77
72,6
Ambos
41
29,5
98
70,5
Total de filhos vivos
0,064
Sexo dos filhos
0,507
Trabalho remunerado
0,829
Sim
97
28,2
247
71,8
Não
43
29,7
102
70,3
Estrato socioeconômico
0,015
A, B
66
35,7
119
64,3
C, D
77
25,0
231
75,0
que todos os homens deveriam receber essas vacinas.
Oito participantes opinaram que todas as pessoas que
não tiveram relações sexuais deveriam ser vacinadas
e seis referiram que elas se destinam às mulheres
adolescentes. Vinte e cinco entrevistados referiram
que as vacinas devem ser aplicadas entre os nove e
14 anos; 19 acreditavam que elas estão indicadas para
as idades entre 15 e 18 anos. Um entrevistado referiu
que as vacinas devem ser aplicadas logo nos primeiros
meses de vida, e outro afirmou que deveriam ser dadas
quando a criança tem um ano de idade (dados não
apresentados em tabela).
A escolaridade e o estrato socioeconômico foram as
variáveis associadas a ter ouvido falar das vacinas
contra o HPV na análise bivariada. Os participantes
com nove anos ou mais de estudo e os pertencentes aos
estratos A/B foram os que mais referiram ter ouvido
falar da vacina (Tabela 3).
A maioria das pessoas que tinham ouvido falar das vacinas,
disse que se vacinaria caso a vacina estivesse disponível
na rede pública de saúde (94,0%) e vacinaria o filho
(95,0%). Entre as 12 que referiram que não se vacinariam, os motivos citados foram: cinco acreditavam que
128
Conhecimento e atitude sobre HPV e vacinas
Osis MJD et al
Tabela 3. Conhecimento acerca das vacinas contra o HPV disponíveis no Brasil por usuários de serviços públicos de saúde,
segundo características sociodemográficas e conhecimento de HPV. Campinas, SP, 2012. (N = 538)
Ouviram falar sobre a vacina
Variável
Sim
Não
p
n
%
n
%
18 a24
6
5,1
112
94,9
25 a 34
16
9,3
156
90,7
35 ou mais
24
9,7
224
90,3
Masculino
15
6,0
237
94,0
Feminino
31
10,8
255
89,2
Idade (anos)
0,310
Sexo
0,062
Escolaridade (anos)
< 0,001
0a8
10
4,1
236
95,9
9 a 11
36
12,3
256
87,7
Estado marital
0,157
Unido
28
7,5
354
92,7
Não unido
18
11,5
138
88,5
Branca
24
10,9
196
89,1
Não branca
22
6,9
296
93,1
Cor da pele
0,141
Religião
0,590
Alguma
41
8,4
448
91,6
Nenhuma
5
10,5
43
89,6
Nenhum
14
11,3
110
88,7
1 ou mais
32
7,8
380
92,2
Masculino
6
4,3
132
95,7
Feminino
13
11,0
105
89,0
Ambos
13
8,3
143
91,7
Sim
34
9,0
342
91,0
Não
11
7,0
146
93,0
Total de filhos vivos
0,296
Sexo dos filhos
0,131
Trabalho remunerado
0,549
Estrato socioeconômico
0,049
A, B
24
11,9
178
88,1
C, D
22
6,6
313
93,4
Faltou informação de três participantes sobre trabalho, por não responderam as perguntas correspondentes.
não tinham risco de contrair uma DST, duas não tinham
múltiplos parceiros, duas tinham necessidade de maiores
informações sobre a vacina; e uma, por ser algo novo. O
motivo mais citado para não vacinar um filho adolescente
foi que a decisão caberia ao filho (sete pessoas). Dois
participantes referiram que vacinariam uma filha e uma
pessoa disse que vacinaria um filho somente se houvesse
indicação médica (dados não apresentados em tabela).
Não se observaram variáveis associadas à intenção de se
vacinar e de vacinar o filho na análise bivariada (Tabela 4).
O modelo de regressão de Poisson mostrou a associação
entre ter ouvido falar sobre o HPV e maior escolaridade
( > 8 anos) e ser do sexo feminino. Essas variáveis também
associaram-se com possuir informações adequadas acerca
do HPV. Escolaridade (> 8 anos), idade (maior) e sexo
(feminino) associaram-se independentemente a ter ouvido
falar das vacinas, mas não se identificaram variáveis
independentemente associadas à intenção de vacinar-se
e/ou de vacinar um filho (Tabela 5).
129
Rev Saúde Pública 2014;48(1):123-133
Tabela 4. Intenção de usuários de serviços públicos de saúde de se vacinarem e vacinarem filhos adolescentes contra o HPV
se as vacinas estiverem disponíveis nesses serviços segundo características sociodemográficas. Campinas, SP, 2012.
Se vacinariam
Variável
Sim
n
Não
%
n
%
Idade (anos)
p
n
Não
%
n
%
a
Vacinaria um filho
Sim
p
n
Não
%
n
%
a
32
91,4
3
8,6
33
94,3
2
5,7
33
91,7
3
8,3
25 a 34
74
97,4
2
2,6
73
97,3
2
2,7
73
97,3
2
2,7
35 ou mais
85
92,4
7
7,6
86
93,5
6
6,5
86
93,5
6
6,5
0,750b
0,543b
0,534b
Masculino
70
95,9
3
4,1
69
94,5
4
5,5
69
93,2
5
6,8
Feminino
121 93,1
9
6,9
123
95,3
6
4,7
123
95,3
6
4,7
Escolaridade (anos)
0,752
1,000
1,000
0a8
56
93,3
4
6,7
57
95,0
3
5,0
57
95,0
3
5,0
9 ou mais
135 94,4
8
5,6
135
95,1
7
4,9
135
94,4
8
5,6
Estado marital
0,180
0,758
b
Unido
131 93,6
9
6,4
Não unido
60
3
4,8
95,2
Cor da pele
135
96,4
5
3,6
57
91,9
5
8,1
0,914
0,316b
b
135
95,7
6
4,3
57
91,9
5
8,1
0,346
0,543b
Branca
84
93,3
6
6,7
84
93,3
6
6,7
84
93,3
6
6,7
Não branca
107 94,7
6
5,3
108
96,4
4
3,6
108
95,6
5
4,4
Alguma
171 94,0
11
6,0
171
94,5
10
5,5
171
94,0
11
6,0
Nenhuma
20
1
5,8
21
100,0
0
0
21
100,0
0
0
Religião
1,000
95,2
Total de filhos vivos
0,603
a
0,609
a
a
Nenhum
50
98,0
1
2,0
47
94,0
3
6,0
48
94,1
3
5,9
De 1 a 2
95
92,2
8
7,8
98
95,1
5
4,9
97
94,2
6
5,8
≥3
46
93,9
3
6,1
47
95,9
2
4,1
47
95,9
2
4,1
45
95,7
2
4,3
45
95,7
2
4,3
44
93,6
3
6,4
Sexo dos filhos
Masculino
0,637
0,531
0,530
Feminino
42
91,3
4
8,7
45
97,8
1
2,2
45
97,8
1
2,2
Ambos
54
91,5
5
8,5
55
93,2
4
6,8
55
93,2
4
6,8
Trabalho remunerado
0,487
0,342
b
Sim
134 95,0
7
5,0
Não
54
5
8,5
91,5
Estrato socioeconômico
134
95,7
6
4,3
55
93,2
4
6,8
0,073
0,306b
b
135
95,7
6
4,3
54
91,5
5
8,5
0,116b
0,115b
A, B
91
97,8
2
2,2
90
97,8
2
2,2
90
97,8
2
2,2
C, D
100 90,9
10
9,1
102
92,7
8
7,3
102
91,9
9
8,1
Escore de conhecimento HPV
Baixo
9
a
a
a
81,8
2
18,2
10
90,9
1
9,1
11
91,7
1
8,3
Médio
103 97,2
3
2,8
101
96,2
4
3,8
101
96,2
4
3,8
Alto
76
7
8,4
79
95,2
4
4,8
78
94,0
5
6,0
91,6
Escore de conhecimento DST
0,240b
0,736b
0,274b
Baixo/Médio
148 94,3
9
5,7
150
96,2
6
3,8
150
95,5
7
4,5
Alto
43
3
6,5
42
91,3
4
8,7
42
91,3
4
8,7
93,5
DST: doença sexualmente transmissível
Não foi possível calcular o teste Qui-quadrado
b
Teste exato de Fisher
p
a
18 a 24
Sexo
a
Vacinaria uma filha
Sim
130
Conhecimento e atitude sobre HPV e vacinas
Osis MJD et al
Tabela 5. Variáveis associadas ao conhecimento sobre HPV, a adequação do conhecimento, ao conhecimento acerca das
vacinas e à intenção de se vacinar e de vacinar filhos (análise múltipla por regressão de Poisson). Campinas, SP, 2012.
Modelo/Variável
RP
IC95%
p
Escolaridade (> 8 anos)
2,04
1,51;2,75
< 0,001
Sexo Feminino
1,57
1,18;2,08
0,002
Escolaridade (> 8 anos)
2,52
1,73;3,67
< 0,001
Sexo Feminino
1,88
1,33;2,67
< 0,001
Escolaridade (> 8 anos)
3,56
1,75;7,23
< 0,001
Idade (anos)
1,04
1,01;1,07
0,011
Sexo: feminino
2,16
1,14;4,08
0,017
Modelo 1: Ouviu falar do HPV (N = 538)
Modelo 2: Conhecimento adequado sobre o HPV (DST e/ou câncer e/ou verruga) (N = 494)
Modelo 3: Conhece ou já ouviu falar em vacinas para proteger do HPV (N = 538)
Modelo 4: Intenção de se vacinar
Sem variáveis associadas
Modelo 5: Intenção de vacinara filha
Sem variáveis associadas
Modelo 6: Intenção de vacinar o filho
Sem variáveis associadas
DISCUSSÃO
A maior parte das pessoas entrevistadas nunca tinha
ouvido falar do HPV e nem das vacinas hoje disponíveis
no Brasil, sendo menor a proporção de pessoas com informações adequadas acerca do vírus e das consequências
da infecção. Isso confirma a literatura, mostrando que o
conhecimento sobre o HPV é inadequado para diversas
populações.1,5,6,13,17 Como em outros estudos,6,16 mulheres
e pessoas com maior escolaridade referiram com maior
frequência ter ouvido falar do HPV e apresentavam
conhecimento mais adequado a respeito dele.
Esses resultados reforçam a necessidade de intervenções educativas na população para prover informação adequada sobre o HPV e sobre medidas de
prevenção.17 Isso significa não apenas selecionar e
transmitir informações cientificamente corretas sobre
o HPV, mas fazê-lo de acordo com a capacidade dos
diferentes estratos sociais acessarem e processarem
tais informações. Esta tem sido uma crescente preocupação no âmbito da saúde pública, inclusive nos
países desenvolvidos.22 Não há dúvida, porém, de
que essa tarefa representa um grande desafio em
vista das desigualdades sociais que prevalecem em
nosso meio, especialmente no âmbito da educação. A
média de escolaridade da população não atinge sequer
os oito anos do nível fundamentale e existe enorme
proporção de analfabetos funcionais.f No âmbito do
SUS, a educação em saúde é uma tarefa atribuída
principalmente ao nível da atenção básica. Espera-se
que se faça a promoção da saúde de acordo com o
princípio da integralidade da atenção. Isso implica
trabalhar com toda a população e não apenas com as
pessoas em risco de adoecer ou que estão doentes.
Entretanto, essa abordagem enfrenta obstáculos para
se concretizar, tanto por falhas na formação dos
profissionais de saúde quanto pelas expectativas da
população de que as unidades de saúde atuem como
centros de atendimento à doença em seu cotidiano.15
A mídia exerce papel preponderante em comparação
com a atuação dos serviços e dos profissionais de
saúde como fonte de informação acerca do HPV e das
vacinas. A proporção de pessoas que apontou a mídia
como fonte de informação sobre o HPV foi o dobro
dos que mencionaram posto/centro de saúde. A diferença foi ainda maior em relação às vacinas. O SUS
encontra dificuldades para cumprir sua missão quanto
à educação em saúde e às ações de prevenção. Embora
um dos pilares da concepção do SUS seja o conceito
de integralidade da atenção, as ações preventivas não
se desenvolvem consistentemente em todas as suas
áreas de atuação.21 Porém, mesmo com o amplo acesso
à mídia nos dias atuais, nem sempre as mensagens
transmitidas são adequadas e/ou suficientes para levar
as pessoas a adotarem condutas de prevenção. Isso
pode ocorrer por desinformação dos próprios meios
de comunicação ou por dificuldades de interpretação
das pessoas que recebem as mensagens midiáticas.22
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010: resultados gerais da amostra. [citado 2013 mai 21]. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/resultados_gerais_amostra/default_resultados_gerais_amostra.shtm
f
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21]. Disponível em: http://www.ipm.org.br/download/informe_resultados_inaf2011_versao%20final_12072012b.pdf
e
131
Rev Saúde Pública 2014;48(1):123-133
Este estudo aponta para diferenças de gênero sobre a
saúde sexual. Embora se tenha enfatizado a necessidade
de incluir os homens nas iniciativas em saúde sexual
e reprodutiva, especialmente nas últimas décadas, as
mulheres tendem a ser as que mais buscam informações
sobre os diversos temas nessa área. Os homens mantêm
postura mais distante e resistente a comportamentos
preventivos.18 Em países como o Brasil, onde prevalecem relações de gênero mais tradicionais, a educação
dos homens em relação aos temas inerentes à saúde
sexual e reprodutiva continua a ser um desafio. Não
raro, tende-se a focar as iniciativas quase que exclusivamente sobre as mulheres.19 Em relação à prevenção
da contaminação pelo HPV, isso representa um risco
para os homens, mas também, e com maior intensidade,
para as mulheres.8,11
A proporção de homens e mulheres que tinham ouvido
falar das vacinas contra o HPV foi baixa. Talvez
porque, embora duas vacinas estejam aprovadas no
Brasil, por ocasião da pesquisa, só estavam disponíveis na rede privada.
Os resultados deste estudo indicaram que a maioria
dos entrevistados se vacinaria e vacinaria um filho
ou uma filha se a vacina estivesse disponível na rede
pública de saúde. Isso é coerente ao observado por
Fregnani et al10 em estudo realizado em outra cidade
do interior do Estado de São Paulo, no qual a vacina
quadrivalente foi oferecida a alunas da rede pública
e privada de educação que frequentavam a sexta e
sétima série do ensino fundamental. Cerca de 92,0%
dos pais autorizaram a vacinação das filhas depois de
serem esclarecidos a respeito da vacina. Disposição
semelhante de vacinar os filhos foi observada entre
mulheres da Argentina, em estudo realizado antes
que a vacina fosse incluída no programa público de
imunização daquele país, em 2011.2 Recente revisão
da literatura24 apontou que, logo após a aprovação das
vacinas pela Food and Drug Administration (FDAUSA) em 2006, os estudos realizados principalmente
na Europa e nos Estados Unidos indicaram que houve
crescimento na intenção dos pais vacinarem seus filhos
chegando a 80,0% em 2008. Porém, essa proporção
diminuiu e chegou a 41,0% em 2011. Nessa mesma
revisão da literatura, os autores apontaram que se
evidenciou receio dos pais em relação à segurança das
vacinas e o desejo de obter mais informações antes
de tomarem uma decisão sobre vacinar ou não os
filhos. Pitts & Tufts20 encontraram esse mesmo tipo de
preocupação em estudo realizado no estado da Virgínia
(USA), o primeiro estado norte-americano a tornar
obrigatória a vacina contra o HPV nas escolas públicas
em 2009. Neste estudo, porém, não se identificaram
variáveis associadas à intenção de se vacinar e de
vacinar os filhos. Talvez isso tenha ocorrido porque o
tamanho da amostra não foi calculado com o objetivo
de avaliar essa possível associação.
Os resultados do presente estudo não podem ser
generalizados para homens e mulheres adultos, pois
a amostra não foi probabilística, tampouco de base
populacional, mas, sim, específica de usuários de
serviços públicos de saúde em uma grande cidade do
Estado de São Paulo, região sudeste, a mais desenvolvida do País. Entretanto, uma vez que mais de 70,0%
da população brasileira depende do SUS para os
cuidados com saúde,12 acreditamos que os resultados
deste estudo sejam úteis para indicar a necessidade de
ações educativas sobre o HPV com mulheres e homens
e usuários das unidades básicas de saúde, justamente
a maior parcela da população.
Os resultados desta pesquisa sugerem que há boa
receptividade para as vacinas contra o HPV na
população usuária do SUS, porém, essa potencial
aceitabilidade convive com a falta de informação e/
ou com informações inadequadas. Uma vez que o
Ministério da Saúde vai incluir a vacina quadrivalente
no Programa Nacional de Imunização a partir de
2014, para meninas de dez e onze anos, é necessário
melhorar o acesso da população em geral a informações adequadas e significativas sobre o HPV, as
consequências da infecção e sobre as vacinas.
AGRADECIMENTO
As autoras agradecem aos profissionais do Hospital
da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti –
CAISM/UNICAMP: Janaína Rodrigues Nunes, pela
contribuição na concepção do projeto de pesquisa e
parte da coleta dos dados; Helaine MB Pires Mayer
Milanez e Júlio César Teixeira, pela assessoria na
construção dos questionários. Também agradecem a
Ellen Hardy (in memoriam), que iniciou a preparação
do projeto de pesquisa, mas, que, infelizmente, não
pode concluí-lo.
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Estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP – Processo 2010/11663-2 – Auxílio
regular à pesquisa).
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
Rev Saúde Pública 2014;48(1):123-133
133
DESTAQUES
O vírus do Papiloma Humano (HPV) é reconhecido como o causador do câncer de colo de útero e tem sido relacionado a vários outros tipos de câncer. Estudos com mulheres de diversas regiões do Brasil apontam significativa
prevalência de HPV, mesmo entre mulheres assintomáticas. Entretanto, poucos estudos, realizados com pequenas
amostras, indicam que a maior parte das mulheres e dos homens tem pouco conhecimento sobre o HPV e suas
consequências, o que dificulta a adoção de medidas preventivas. Adicionalmente, as vacinas (bivalente e quadrivalente) contra esse vírus estão disponíveis no Brasil há poucos anos e, até então, somente no setor privado de saúde.
Em 2014, o Ministério da Saúde do Brasil incluirá a vacina quadrivalente no Programa Nacional de Imunização
para meninas de 10 e 11 anos. Nesse cenário, é importante conhecer o que a população sabe sobre o HPV, sobre as
consequências da infecção e qual a possível aceitabilidade da vacina pelos pais. Essas informações são úteis para
desenhar estratégias de educação em saúde e estímulo à vacinação.
Os resultados da pesquisa mostram que a maior parte das pessoas entrevistadas nunca tinha ouvido falar do HPV e
nem das vacinas disponíveis no Brasil. Menor ainda foi a proporção das que tinham informações adequadas acerca
do HPV e das consequências da infecção. Entretanto, a grande maioria dos entrevistados disse que vacinaria uma
filha adolescente se a vacina estivesse disponível no sistema público de saúde.
Os resultados reforçam a necessidade de haver intervenções educativas na população para prover informação
adequada sobre o HPV e medidas de prevenção.
Profa. Rita de Cássia Barradas Barata
Editora Científica