ISSN-0373-840 X
PESQUISAS
BOTÂNICA, N° 65
Ano 2014
HYMENOPHYLLACEAE (POLYPODIOPSIDA) NO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
PAULO G. WINDISCH
HIPPEASTRUM (AMARYLLIDOIDEAE - AMARYLLIDACEAE) DAS RESTINGAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO: FLORA E CONSERVAÇÃO
RENATA SUZANO CANDIDO, VANIA GONÇALVES-ESTEVES & ROSANA CONRADO LOPES
OCORRÊNCIAS NOVAS DE BRIÓFITAS PARA O ESTADO DO PARANÁ, BRASIL
OLGA YANO
CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO DOS GÊNEROS E ESPÉCIES DE
AMARANTHACEAE NO RIO GRANDE DO SUL
MARIA SALETE MARCHIORETTO
FLORA VASCULAR E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES POR MICRO-HABITAT EM UM
MORRO TESTEMUNHO NO SUL DO BRASIL
GABRIEL EMILIANO FERREIRA, TIAGO DE MARCHI & JOÃO LAROCCA
FLORÍSTICA E ESTRUTURA DO ESTRATO ARBÓREO DE DOIS FRAGMENTOS
FLORESTAIS NA PORÇÃO MÉDIA DA BACIA DO RIO TIBAGI, PARANÁ
MIGUEL FERREIRA JUNIOR & ANA ODETE SANTOS VIEIRA
FLORÍSTICA E ESTRUTURA DAS CAMPINARANAS DO BAIXO RIO TOCANTINS
COMO SUBSÍDIO PARA A CRIAÇÃO DE NOVAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
NO ESTADO DO PARÁ
LEANDRO V. FERREIRA, PRISCILLA P. CHAVES, DENISE DE A. CUNHA & PIA PAROLIN
RIQUEZA E CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA LENHOSA DA VEGETAÇÃO DE
RESTINGA DE BAIA FORMOSA, RN, BRASIL
DANIEL PORTELA WANDERLEY DE MEDEIROS, EDUARDO BEZERRA DE ALMEIDA JR, MARIA CAROLINA
DE ABREU, FRANCISCO SOARES SANTOS-FILHO & CARMEN SILVIA ZICKEL
VARIAÇÃO DA RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES DA VEGETAÇÃO
ARBUSTIVA DOS CAMPOS RUPESTRES DA SERRA NORTE NA FLORESTA
NACIONAL DE CARAJÁS, PARÁ
PRISCILLA PRESTES CHAVES & LEANDRO VALLE FERREIRA
SAMAMBAIAS EM FORMAÇÕES DE CERRADO RUPESTRE DA BACIA DO RIO
DAS MORTES, MATO GROSSO, BRASIL
JEFFERSON HENRY FERNANDES, CARLOS KREUTZ & FRANCISCO DE PAULA ATHAYDE FILHO
SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE VEREDAS EM QUIRINÓPOLIS, GOIÁS, BRASIL
ALINE DA SILVA RIBEIRO, CARLOS KREUTZ & ISA LUCIA DE MORAIS RESENDE
Instituto Anchietano de Pesquisas
São Leopoldo – Rio Grande do Sul – Brasil
INSTITUTO ANCHIETANO DE PESQUISAS - UNISINOS
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PESQUISAS
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Olga Yano (IB-SP)
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PESQUISAS publica trabalhos de investigação científica e documentos inéditos em línguas de uso
corrente na ciência.
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Pesquisas aparece em 3 secções independentes: Antropologia, História, Botânica.
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Pesquisas / Instituto Anchietano de Pesquisas. - (2014). São
Leopoldo : Unisinos, 2014.
402p (Botânica, n. 65)
ISSN: 0373-840 X
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
PESQUISAS
BOTÂNICA, N° 65
Ano 2014
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................... 5
RONALDO ADELFO WASUM ......................................................................................................... 7
HYMENOPHYLLACEAE (POLYPODIOPSIDA) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL .............15
Paulo G. Windisch
HIPPEASTRUM (AMARYLLIDOIDEAE - AMARYLLIDACEAE) DAS RESTINGAS DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO: FLORA E CONSERVAÇÃO .............................................................................49
Renata Suzano Candido, Vania Gonçalves-Esteves & Rosana Conrado Lopes
OCORRÊNCIAS NOVAS DE BRIÓFITAS PARA O ESTADO DO PARANÁ, BRASIL ....................67
Olga Yano
CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO DOS GÊNEROS E ESPÉCIES DE AMARANTHACEAE NO RIO
GRANDE DO SUL ........................................................................................................................123
Maria Salete Marchioretto
FLORA VASCULAR E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES POR MICRO-HABITAT EM UM MORRO
TESTEMUNHO NO SUL DO BRASIL...........................................................................................129
Gabriel Emiliano Ferreira, Tiago De Marchi & João Larocca
FLORÍSTICA E ESTRUTURA DO ESTRATO ARBÓREO DE DOIS FRAGMENTOS FLORESTAIS
NA PORÇÃO MÉDIA DA BACIA DO RIO TIBAGI, PARANÁ ........................................................149
Miguel Ferreira Junior & Ana Odete Santos Vieira
FLORÍSTICA E ESTRUTURA DAS CAMPINARANAS DO BAIXO RIO TOCANTINS COMO
SUBSÍDIO PARA A CRIAÇÃO DE NOVAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO
PARÁ ...........................................................................................................................................169
Leandro V. Ferreira, Priscilla P. Chaves, Denise de A. Cunha & Pia Parolin
RIQUEZA E CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA LENHOSA DA VEGETAÇÃO DE RESTINGA
DE BAIA FORMOSA, RN, BRASIL ...............................................................................................183
Daniel Portela Wanderley de Medeiros, Eduardo Bezerra de Almeida Jr, Maria Carolina de Abreu,
Francisco Soares Santos-Filho & Carmen Silvia Zickel
VARIAÇÃO DA RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES DA VEGETAÇÃO ARBUSTIVA DOS
CAMPOS RUPESTRES DA SERRA NORTE NA FLORESTA NACIONAL DE CARAJÁS, PARÁ.............201
Priscilla Prestes Chaves & Leandro Valle Ferreira
SAMAMBAIAS EM FORMAÇÕES DE CERRADO RUPESTRE DA BACIA DO RIO DAS MORTES,
MATO GROSSO, BRASIL ............................................................................................................217
Jefferson Henry Fernandes, Carlos Kreutz & Francisco de Paula Athayde Filho
SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE VEREDAS EM QUIRINÓPOLIS, GOIÁS, BRASIL....................233
Aline da Silva Ribeiro, Carlos Kreutz & Isa Lucia de Morais Resende
Instituto Anchietano de Pesquisas
São Leopoldo – Rio Grande do Sul – Brasil
SCHIZAEALES (POLYPODIOPSIDA) DO CORREDOR DE BIODIVERSIDADE DO NORTE DO
PARÁ, BRASIL .............................................................................................................................245
Luiz Armando de Araújo Góes-Neto, Marcio Roberto Pietrobon & Sebastião Maciel
ESTRUTURA COMUNITÁRIA E DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE SAMAMBAIAS EPIFÍTICAS EM
REMANESCENTE DE FLORESTA SEMIDECÍDUA NO SUL DO BRASIL ...................................257
Tainã Coelho Quevedo, Diego Fedrizzi Petry Becker & Jairo Lizandro Schmitt
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ADENOCALYMMA PEDUNCULATUM (VELL.) L. G. LOHMANN
(BIGNONIACEAE) ........................................................................................................................273
Dayse Castro Rodrigues de Lima, Carlos Ferreira de Lima, Franciane Oliveira Costa & André Luiz
Gomes da Silva
SOBREVIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE CATTLEYA INTERMEDIA
GRAHAM (ORCHIDACEAE) MICROPROPAGADAS E ACLIMATADAS EM SUBSTRATOS COM
FIBRA DE COCO .........................................................................................................................293
Márcio Hisayuki Sasamori, Delio Endres Júnior & Annette Droste
GRÃOS DE PÓLEN DE ESPÉCIES OCORRENTES NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PARQUE
ESTADUAL DO ESPINILHO, BARRA DO QUARAÍ, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL .................305
Jefferson Nunes Radaeski, Andreia Cardoso Pacheco Evaldt & Soraia Girardi Bauermann
FUNDAMENTOS SOBRE OS DIREITOS DAS PLANTAS ............................................................333
Josafá Carlos de Siqueira SJ.
PLANTAS DE USO MEDICINAL, RITUAL E CONDIMENTAR COMERCIALIZADAS NO MERCADO
DE MADUREIRA E NA CEASA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL .................................................339
Inês Machline Silva & Ariane Luna Peixoto
ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE QUINTAIS NO BAIRRO QUILOMBO, ZONA RURAL DO
MUNICIPIO DE TRÊS COROAS, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. ............................................373
Vanessa Martina Ritter, Rumi Regina Kubo & Mara Rejane Ritter
RESULTANTES ECOLÓGICAS, PRÁTICAS CULTURAIS E PROVISÃO DE LENHA PARA A
FABRICAÇÃO DE CARVÃO NOS SÉCULOS XIX E XX NO RIO DE JANEIRO ...........................389
Gabriel Paes da Silva Sales, Alexandro Solórzano, Rúbia Graciele Patzlaff & Rogério Ribeiro de
Oliveira.
APRESENTAÇÃO
O volume de Pesquisas, Botânica 65 homenageia o botânico Ronaldo
Adelfo Wasum (05.04.1950 - 09.01.2014), que foi curador do Herbário PACA,
do Instituto Anchietano de Pesquisas, de 1981 a 1993. Ele deu ao PACA a
estrutura institucional definitiva após o desaparecimento dos fundadores
Balduíno Rambo (1961) e Aloísio Sehnem (1981). A memória foi registrada por
seus alunos, familiares e amigos.
Entre os artigos colocamos em destaque o de Paulo Günter Windisch
sobre as Hymenophyllaceae no Estado do Rio Grande do Sul, que representa
uma síntese, resultante de longos anos de pesquisa, agora concluída, que
Pesquisas, Botânica tem o privilégio de publicar. Neste número, diversos
trabalhos sobre Licófitas e Samambaias, também surgiram por influência direta
ou indireta do professor e pesquisador Windisch.
De modo geral, o número mantém as características que lhe foram
impressas já faz alguns anos, de cobrir as diferentes regiões do Brasil e de
manter espaço aberto para temas variados como taxonomia, florística, biologia
reprodutiva, palinologia, estrutura celular, etnobotânica e práticas culturais
relacionadas com a vegetação, familiares aos botânicos brasileiros.
A revista Pesquisas, Botânica também está aberta para sua colaboração.
O Editor
RONALDO ADELFO WASUM
05.04.1950 – 09.01.2014
“Ele não plantou flores, semeou jardins...”
Prof. Dr. Ronaldo Adelfo Wasum era natural de São Leopoldo/RS, onde
viveu com os pais Albano e Lucila e com o irmão Roberto Wasum, até 1985
quando mudou-se para Caxias do Sul/RS, casando-se com Valéria Dal Pont
Wasum, com quem teve um filho: Guilherme Wasum.
Graduou-se em Licenciatura Plena em História Natural pela Universidade
do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) em 1972. Neste mesmo ano teve a
oportunidade de estagiar no Herbário Dimitri Sucre Benjamin do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, onde trabalhou com a Drª. Graziela Maciel
Barroso, uma das maiores botânicas da história do Brasil. Ao retornar a São
Leopoldo, antes mesmo de formar-se já ingressou como professor da
UNISINOS nas disciplinas de Botânica Geral e Botânica Sistemática, as quais
ministrou até o ano 2000. Em 1973 ingressou como professor da Escola
Técnica Estadual Frederico Guilherme Schmidt, em São Leopoldo, onde
lecionou até 1986 para alunos de ensino médio.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 64:7-13 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2013.
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Ronaldo Adelfo Wasum
Além de ministrar as aulas de Botânica, o que fazia com grande
dedicação, em 1981 com a morte inesperada do Pe. Aloysio Sehnem, assumiu
a curadoria do Herbário PACA até o ano de 1993. Também foi responsável
pela organização do acervo da sala Dr. João Dutra (Pai da Botânica do Rio
Grande do Sul) com inúmeras peças de arte, o que o fez interessar-se pela
Museologia, levando-o a fazer o curso de Especialização em Museologia pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, concluído em 1991.
Este curso deu subsídio e inspiração para a criação e implementação do
Museu de Ciências Naturais da Universidade de Caxias do Sul (MUCS) em 09
de novembro de 1984, juntamente com o Profº Gilberto Golin Grazziotin.
Como pesquisador na UNISINOS atuou principalmente no levantamento
dos tipos do Herbário Anchieta e na área de Educação Ambiental, participando
do Projeto Camaquã, entre outros. No Parque Imperatriz Leopoldina e, em
especial no Jardim Botânico, Ronaldo foi um incentivador, fornecendo os
primeiros exemplares de publicações para a biblioteca; oportunizando também
o empréstimo da exposição que conta a chegada de Dona Leopoldina ao Brasil
e a comitiva de cientistas e artistas que a acompanharam.
Em 1978 iniciou sua longa, sólida e bem sucedida carreira como
professor na Universidade de Caxias do Sul (UCS) sendo responsável,
juntamente com os professores Léo Seger e Gilberto Golin Grazziotin, pela
criação do curso de Ciências Biológicas desta Universidade.
Não foram fáceis os primeiros anos na Universidade de Caxias do Sul,
pois era necessário deslocar-se semanalmente a Caxias, uma vez que ainda
morava em São Leopoldo. O ônibus “pinga-pinga”, lotado e impregnado com o
forte odor das bergamotas que eram comidas pelas crianças sempre
barulhentas que frequentavam o mesmo ônibus, não tiravam de Ronaldo o bom
humor e a alegria de estar indo fazer o trabalho que tanto amava, não deixando
nunca transparecer nas suas aulas o cansaço da exaustiva viagem.
Além das disciplinas de Botânica ministradas no curso de Ciências
Biológicas da UCS, também foi professor nos cursos de Farmácia e
Agronomia, além do curso de Medicina onde ministrava a disciplina de
“Embriologia”, sendo esta considerada pelos alunos uma das melhores
disciplinas do curso, apesar de Ronaldo não ter formação específica na área.
Era conhecido por seu rigor científico, disciplina e exigência com seus alunos,
mas também por sua excelente memória, conhecendo cada aluno por nome e
sobrenome. Foi um professor muito querido, reconhecido e admirado, tendo
sido paraninfo e homenageado por mais de 20 turmas de formandos do curso
de Ciências Biológicas. Foi co-orientador de uma dissertação de mestrado e de
diversos trabalhos de conclusão de curso. Entre os vários alunos que ele
orientou, diversos seguem os seus passos na Botânica como taxonomistas de
briófitas, pteridófitas, fungos e asteráceas ou em outras áreas afins, atuando
como pesquisadores e/ou professores de universidades públicas e privadas ou
instituições de pesquisas no Brasil e exterior.
Já radicado em Caxias do Sul/RS, em 1983 fundou o Herbário da
Universidade de Caxias do Sul (HUCS), hoje o 4º maior herbário do estado do
Rio Grande do Sul e indexado ao Index Herbariorum desde 2013, contando
“Ele não plantou flores, semeou jardins...”
9
atualmente com um acervo de 41.200 exsicatas. A coleção de musgos, uma
das maiores e mais importantes do Brasil, deu início ao herbário sendo
Ptychomitrium sellowianum a exsicata número 001 do HUCS, a qual serviu
também como inspiração, juntamente com o apoio do professor Ronaldo, para
a retomada dos estudos briológicos no Estado em 2006, os quais estavam há
bastante tempo parados.
Como curador do HUCS, professor Ronaldo era reconhecido pelos
funcionários, técnicos e estagiários pelas horas de dedicação e cuidado
minucioso em cada detalhe, com cada etiqueta e cada exsicata que era
incorporada à coleção. Sempre gostou de datilografar as etiquetas das
exsicatas na máquina de escrever, onde passava muitas horas, mesmo após a
instalação de computadores no herbário. Também era reconhecido pela sua
mesa desorganizada, na qual somente ele podia mexer, sabendo com precisão
onde estava cada papel, cada documento ou livro, mesmo que tivessem sido
há anos colocados sobre a mesa! Deixou um acervo de mais de 5000 amostras
de plantas por ele coletadas, com duplicatas em herbários do mundo todo. Sua
vasta biblioteca científica contempla exemplares raros e importantes para o
estudo e a pesquisa, os quais compartilhava com alunos e colegas.
Sempre na busca por conhecimento, em 2005 concluiu o Doutorado em
Biologia Ambiental pela Universidad de León – Espanha, desenvolvendo um
amplo estudo fitossociológico da vegetação dos municípios de São Francisco
de Paula, Jaquirana e Bom Jesus, RS, Brasil. Foram anos de muita dedicação,
trabalho e coletas intensivas. Os poucos estagiários que tiveram o privilégio de
acompanhar Ronaldo durante o desenvolvimento de sua tese aproveitaram
uma oportunidade ímpar de aprender sobre Botânica, Fitossociologia,
Geologia, entre outros assuntos, uma vez que ele tinha uma formação geral e
cultural impecável. Nas viagens de campo, sempre regadas à coca-cola,
chocolate ou outros doces, surgiam longas conversas e discussões filosóficas,
nas quais o mestre aproveitava a oportunidade para plantar sonhos no coração
de seus aprendizes, regando-os com seu exemplo de trabalho, dedicação e
amor à Botânica e à Ciência. Pelas inúmeras dificuldades vivenciadas e
superadas durante o desenvolvimento da tese, mas também pelas inúmeras
descobertas e alegrias, este período foi rico em aprendizado, tanto para ele
quanto para os que o acompanharam.
Além de atuação na licenciatura, outra grande paixão do professor
Ronaldo foram os Jardins Botânicos. Ele dedicou parte de sua carreira
incentivando e auxiliando a criação de Jardins Botânicos como forma de
conhecimento, respeito e preservação da natureza e, através deles, realizava
projetos de Educação Ambiental de Crianças e Jovens em cidades brasileiras e
no exterior.
Em 1990 foi responsável pela criação do Jardim Botânico de Caxias do
Sul (JBCS), o qual sempre coordenou e onde desenvolveu importantes projetos
de pesquisa e educação ambiental, como o projeto “Salvando os Cactos”
dentro do Programa Internacional Investing in Nature com apoio do BGCI –
Botanic Gardens Conservation Internacional; RBJB – Rede Brasileira de
Jardins Botânicos; HSBC –SBC Bank Brasil S/A e JBRJ – Jardim Botânico do
10
Ronaldo Adelfo Wasum
Rio de Janeiro. Este importante projeto teve como objetivo resgatar e
reintroduzir as espécies do gênero Parodia (Cactaceae) ameaçadas de
extinção no Rio Grande do Sul, além de informar a população sobre a
necessidade de preservação através do programa de educação ambiental
"Com Dona Parodia o Jardim vai à Escola", o qual teve grande sucesso através
da peça teatral criada com este objetivo e apresentada na 14ª Reunião de
Jardins Botânicos (Curitiba – 2005).
Outro projeto importante no JBCS, foi “O Jardim Botânico vai à Escola”,
o qual deixava-o realizado. Vários trabalhos de conclusão do curso de Ciências
Biológicas da UCS foram desenvolvidos neste projeto, onde Ronaldo atuava
como orientador. Ele recebia as escolas no Jardim Botânico com muita
satisfação e fazia questão de trabalhar diretamente com os alunos, mostrando
a importância das plantas e cada detalhe das mesmas. Em seus discursos,
nunca se esquecia de dizer, “As plantas podem sobreviver sem nós, mas nós
não sobrevivemos sem elas”. Sempre valorizou as atividades de Educação
Ambiental, dizendo que precisávamos plantar as sementes da preservação do
meio ambiente nas crianças e nos jovens, que estes são a esperança de um
futuro melhor. E sempre otimista, nos dizia que, se apenas uma destas
sementes que plantávamos germinava, já era suficiente.
Foi presidente da Associação Latino-Americana e do Caribe de Jardins
Botânicos; vice-presidente da Associação Internacional de Jardins Botânicos;
membro da Comissão Nacional de Jardins Botânicos; membro fundador da
Rede Brasileira de Jardins Botânicos e fundador da Rede de Jardins Botânicos
da Argentina. Também foi membro e coordenador da Rede de Herbários do
RS; membro e conselheiro da Comissão de Herbários do Brasil; membro da
Sociedade Botânica do Brasil – SBB, fundador da Rede Brasileira de
Aerobiologia; membro da Sociedade de Artistas Plásticos do RS e, junto ao
Ministério da Educação, ocupava a função de avaliador de Universidades e
Cursos Superiores.
Reconhecido também por ser um freqüentador assíduo dos congressos
de Botânica, onde atuava ativamente nas reuniões da Sociedade Brasileira de
Botânica e da Rede de Herbários, auxiliando na organização de minicursos,
exposições e eventos relacionados à Botânica, tendo presidido (como vicepresidente), juntamente com o Prof. Albano Backes, o 45° Congresso Nacional
de Botânica, em São Leopoldo no ano de 1994. Sempre muito preocupado com
o avanço, organização e difusão da ciência, não raro incentivava a vinda de
pesquisadores do exterior para contribuir com o conhecimento científico.
Organizou inúmeras Exposições apresentadas no Museu de Ciências
Naturais da Universidade de Caxias do Sul e em outros locais. Dentre as
principais exposições organizadas estão: “Ta Malakia”, “Sinfonia inacabada –
Schubert”, “Bougainvíleas para o Rei”, “Retrospectiva Karl von Martius”,
“Charles Darwin – 200 anos”, “ Restropectiva Prof. Dr. Padre Aloysio Sehnem
S.J.”, “ Os Jardins e as Flores de Monet à Luz do Jardim Botânico de Caxias
do Sul” “De Teofrasto e Linnaeus – Dois Milênios de Scientia Amabilis”, “Padre
Balduíno Rambo” e “ O Trigo na Arte de Van Gogh e o Pão Nosso de Cada
Dia.”
“Ele não plantou flores, semeou jardins...”
11
Era um homem culto, de bom gosto, apreciador e conhecedor de música
clássica, de óperas, e de arte, principalmente da pintura. Pintava muito bem,
sendo seu tema principal a natureza, as flores e os frutos. Também pintou,
como homenagem aos seus mestres, os bustos de alguns dos maiores
botânicos do RS, como Pe. Rambo, Pe. Sehnem, e Pe. Rick, obras hoje
situadas na sala histórica Pe. Balduino Rambo, no herbário PACA.
Detentor de inteligência e criatividade privilegiada, sempre tinha grandes
ideias, especialmente para atividades relacionadas à educação: teatros,
histórias em quadrinhos, exposições, ilustrações. Um de seus últimos e
importantes trabalhos foi a criação do programa de educação “O Museu de
Ciências Naturais vai à escola”, através do qual alunos de escolas públicas
recebem visita de professores, estagiários e pesquisadores do MUCS, com o
objetivo de levar o conhecimento científico sobre as diversas áreas das
Ciências Naturais, procurando desenvolver neles o gosto pela Ciência e a
importância do cuidado com o meio ambiente.
Amava ensinar Botânica e, por ser um educador nato, era capaz de
mostrar como bem ensinar através de seu exemplo. Mais do que os
conhecimentos de Botânica, Embriologia ou cultura geral, ele era mestre no
ensino da paciência e da espera. Esperar pacientemente, mas sem nunca
deixar de sonhar! Sonhar alto e trabalhar duro como ele sempre trabalhou para
o sonho se tornar real. Desistir, não fazia parte de seus planos! Foi otimista até
os últimos momentos de sua vida, sempre com um sorriso nos lábios e a
esperança de que tudo daria certo. Sonhador e idealista, Ronaldo não semeou
flores, ele plantou jardins! Certamente os muitos Jardins Botânicos plantados
por ele pelo Brasil afora, entre eles o de Caxias do Sul, e o de Lageado e São
Leopoldo, do qual foi padrinho, ou os belos jardins pintados em seus quadros,
ou os perfumados jardins de sonhos plantados no coração de todos que
tiveram o privilégio de conviver e aprender com ele florescerão e darão frutos.
E serão lindos jardins ornamentados com belas flores de amor: amor que foi a
melhor e mais inesquecível lição que ele deixou.
Do querido professor Ronaldo guardaremos os sorrisos, as gargalhadas,
a bondade, os gestos de gentileza e cavalheirismo, os “puxões de orelha”, as
frases do tipo: “Vocês precisam lapidar este vocabulário! ou “Aprendam a
elegante arte de engolir sapos!”, mas principalmente, o grande exemplo de
caráter, de honestidade, de integridade, otimismo e de amor! Amor pelo seu
trabalho, amor pelo próximo, amor pela natureza, amor pela Botânica, pela
Educação e amor pela vida!
Principais trabalhos publicados:
Contribution to the phytosociological survey of the primary forests in the NE of
Rio Grande do Sul (Brazil). Plant Biosystems (Firenze. Testo Stampato), v.
144, p. 53-84, 2010.
Plantas da flora brasileira no mercado internacional de floricultura. Revista
Brasileira de Biociências, v. 5, p. 510-512, 2007.
12
Ronaldo Adelfo Wasum
A família Asteraceae em São Mateus do Sul, Paraná. Revista Brasileira de
Biociências, v. 5, p. 249-251, 2007.
Estudo do óleo essencial de algumas espécies do gênero Baccharis
(Asteraceae) do sul do Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.
15(3), p. 215-220, 2005.
Contribuição ao estudo alelopático de Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss.,
Celastraceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 15(3), p. 220-223,
2005.
Essential oil composition of south Brazilian populations of Cunila galioides and
its relation with the geographic distribution. Biochemical Systematics and
Ecology, v. 31, p. 467-475, 2003.
Análise de taninos totais em plantas aromáticas e medicinais cultivadas no
Nordeste do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Farmacognosia
(Impresso), v. 13, p. 17-22-22, 2003.
Anatomia foliar em Drosera brevifolia Pursh. Iheringia, Série Botânica, Porto
Alegre, RS, v. 49, p. 33-37, 1997.
Ocorrência geográfica de Drosera L., no Estado do Rio Grande do sul e
morfologia foliar das espécies que ocorrem nos Aparados da Serra,
município de Cambará do Sul. Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, RS,
v. 49, p. 39-46, 1997.
Levantamento dos Tipos do Herbário Anchieta II. Pesquisas, Botânica, v. 41, p.
85-98, 1990.
Levantamento dos Tipos do Herbário Anchieta I. Pesquisas, Botânica, v. 39, p.
115-125, 1988.
Livro organizado:
1. Fundamentos Ecológicos para Educação Ambiental Municípios: Mostardas,
Tavares, São José do Norte, Santa Vitória do Palmar. 1. ed. Caxias do Sul:
EDUCS, 2009. v. 1. 167p.
Capítulos de livros publicados:
1. Ecossistema Restinga. In: Alois SCHÄFER, Rosane LANZER, Luciana
SCUR (Org.). Atlas socioambiental dos municípios de Cidreira, Balneário
Pinhal, Palmares do Sul. 1ªed. Caxias do Sul: Editora da Universidade de
Caxias do Sul, 2013, v., p. 41-48.
2. Atlas socioambiental dos municípios de Cidreira, Balneário Pinhal,
Palmares do Sul. 1ªed. Caxias do Sul: Editora da Universidade de Caxias
do Sul, 2013, v., p. 139-142; p. 169-174; p. 187-192; p. 257-262; p. 320330.
“Ele não plantou flores, semeou jardins...”
13
3. Mata de restinga seca ou arenosa. Atlas socioambiental dos municípios de
Cidreira, Balneário Pinhal, Palmares do Sul. 1ªed. Caxias do Sul: Editora
da Universidade de Caxias do Sul, 2013, v., p. 207-212.
4. A vegetação da região de São Mateus do Sul. In: Rosa Lia BARBIERI;
Gustavo HEIDEN (Org.). Árvores de São Mateus do Sul e região. 1ª ed.
Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009, v., p. 39-60.
5. Procedimento metodológico. In: Rosa Lia BARBIERI; Gustavo HEIDEN
(Org.). Árvores de São Mateus do Sul. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica, 2009, v., p. 61-68.
6. Espécies arbóreas da região de São Mateus do Sul. In: Rosa Lia
BARBIERI e Gustavo HEIDEN (Org.). Árvores de São Mateus do Sul e
região. 1ª ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009, v., p. 69342.
7. Considerações taxonômicas. In: Rosa Lía BARBIERI (Org.). Cebola:
ciência, arte e história. 1ªed. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2005, v.,
p. 23-26.
8. Verde te quero sempre verde. In: UNISINOS - PADCI- CIAMB/FINEP
(Org.). Educação Ambiental - Teoria e Prática. 1ª ed. São Leopoldo:
UNISINOS, 2002, v., p. 01-188.
Texto elaborado por Juçara Bordin, aluna e bolsista do professor
Ronaldo Wasum.
Colaboradores: Valéria Dal Pont Wasum, Maria Beatriz Dal Pont, Felipe
Gonzatti, Rosângela Carmem Molon, Janete Maria Scopel e Flora Zeltzer.
HYMENOPHYLLACEAE (POLYPODIOPSIDA) NO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
Paulo G. Windisch1
ABSTRACT
Phylogenetic studies in recent years have profoundly altered the classification
of Hymenophyllaceae. The “hymenophylloid” species are considered in a single
genus, Hymenophyllum L. while the “trichomanoid” species are divided into
eight genera: Didymoglossum Desv., Polyphlebium Copel., Vandenboschia
Copel., Trichomanes L. (sensu stricto), Abrodictyum C. Presl, Cephalomanes C.
Presl, Callistopteris Copel. and Crepidomanes C. Presl (the last two without
Neotropical species). In the State of Rio Grande do Sul the following genera are
represented: Hymenophyllum (13 species), Didymoglossum (three),
Polyphlebium (two), Vandenboschia (two), Abrodyctium (one) and Trichomanes
(four). Comments on the new classification, identification keys to genera and
species, as well as descriptions, illustrations of diagnostic characters,
comments on the ecology and distribution are presented.
Key words: ferns, floristics, Southern Brazil, biodiversity.
RESUMO
Estudos filogenéticos nos últimos anos alteraram profundamente a
classificação dos representantes de Hymenophyllaceae. As espécies
“himenofilóides” são consideradas em um único gênero, Hymenophyllum L.;
enquanto que as espécies “tricomanóides” são divididas em oito gêneros:
Didymoglossum Desv., Polyphlebium Copel., Vandenboschia Copel.,
Trichomanes L. (sensu stricto), Abrodictyum C.Presl, Cephalomanes C.Presl,
Callistopteris Copel. e Crepidomanes C.Presl (os dois últimos sem
representantes neotropicais). No Estado do Rio Grande do Sul, ocorrem:
Hymenophyllum (13 espécies), Didymoglossum (três), Polyphlebium (duas),
Vandenboschia (duas), Abrodyctium (uma) e Trichomanes (quatro). São
apresentados comentários sobre a nova classificação, chaves de identificação
para os gêneros e espécies ocorrentes no Estado, bem como descrições,
ilustrações de caracteres diagnósticos, comentários sobre ecologia e
distribuição.
Palavras chave: pteridófitas, florística, sul-brasileiro, biodiversidade.
1 Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Depto.
Botânica, Campus do Vale Prédio 43433. 91501-970 Porto Alegre – RS, Brasil. Bolsista de
Produtividade Científica, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq
Proc.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:15-48 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
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Paulo G. Windisch
INTRODUÇÃO
A família Hymenophyllaceae é predominantemente tropical, formada por
cerca de 550 a 600 espécies. A maioria dos representantes (cerca de 300
espécies) neotropicais carece de revisões taxonômicas que permitam clara
delimitação dos taxons específicos. Atualmente estima-se que no Brasil a
família esteja representada por cerca de 83 espécies, sendo 28 em
Hymenophyllum (sensu lato) e 55 nos gêneros “tricomanóides” (Windisch,
2013, atualmente em revisão), sendo que gêneros Crepidomanes e
Callistopteris não têm representantes neotropicais.
O grupo até recentemente apresentava sua classificação genérica
bastante confusa, com diferentes autores adotando sistemas substancialmente
distintos. Historicamente se reconheciam dois grandes gêneros (Trichomanes
L. e Hymenophyllum Sm.) conforme adotado por Tryon & Tryon (1982), apesar
de que diversos autores já reconhecessem pequenos gêneros segregados.
Copeland (1933, 1938, 1947) dividiu o grupo em 34 gêneros, Pichi-Sermolli
(1977) em 47, enquanto que Iwatsuki (1984, 1985, 1990) reconheceu apenas
oito. As inconsistências nomenclaturais levaram a uma grande confusão,
especialmente em trabalhos florísticos.
Um passo importante para melhor definir grupos de espécies, tratando a
diversidade em subgêneros, seções e subseções, foi apresentado por Morton
(1968), com base nas melhores ideias de autores clássicos como Presl, van
den Bosch, Prantl, Christensen e Copeland, bem como seus 38 anos de
experiência com a família. Esse estudo serviu de base para uma série de
contribuições que, utilizando novas abordagens, foram melhor evidenciando as
linhas evolutivas no grupo.
Estudos filogenéticos moleculares permitiram uma melhor compreensão
quanto às relações evolutivas entre os diferentes grupos de espécies tanto das
plantas vasculares sem sementes (tradicionalmente tratadas como pteridófitas
e plantas afins) em geral (Smith & al., 2006) como também na definição de
famílias e gêneros em Hymenophyllaceae.
No caso das himenofiláceas, Dubuisson (1997) adotou o uso da filogenia
molecular para inferir as relações entre os diferentes grupos reconhecidos
pelos diversos autores, especialmente para as espécies de Trichomanes
(sensu lato). Como destacado por Pryer & al. (2001) os resultados disponíveis
demonstravam ou revelavam dois grupos monofiléticos nas himenofiláceas
com uma melhor resolução para as espécies “himenofilóides”. Um novo estudo
focando as espécies neotropicais de Trichomanes foi apresentado por
Dubuisson & al. (2003). Com o acréscimo de substancial volume de dados
relativos à rbcL por Ebihara e colaboradores foi possível a revisão da
classificação, como apresentada por Ebihara & al. (2006) que delimita de
maneira bastante precisa os gêneros e define suas relações filogenéticas.
Desta forma, no sistema de Ebihara e colaboradores, as espécies
“himenofilóides” são colocadas em um único gênero, Hymenophyllum L. (com
sua diversidade tratada em 10 subgêneros), enquanto que as espécies
“trichomanóides” são divididas em oito gêneros correspondendo a clados bem
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
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definidos: Didymoglossum Desv., Crepidomanes C.Presl, Polyphlebium Copel.,
Vandenboschia Copel., Trichomanes, Abrodictyum C.Presl, Cephalomanes
C.Presl e Callistopteris Copel. Em um trabalho subsequente Ebihara & al.
(2007) discutem a provável origem das diferentes linhas evolutivas, a origem do
hábito epifítico e a distribuição sub–cosmopolita de quatro destes clados,
destacando ainda a importância e a necessidade de observações de campo
para complementar o conhecimento das espécies. Apesar das fortes
evidências apresentadas por Ebihara e colaboradores para a maioria das
delimitações genéricas, alguns autores, tal como Christenhusz & Chase (2014)
preferem manter apenas dois gêneros.
Alguns botânicos pioneiros, como é o caso de Sellow e Chamisso,
coletaram filicíneas na região Sul do Brasil, porém nas publicações decorrentes
não são indicadas localidades precisas, prejudicando um levantamento
regionalizado. No trabalho pioneiro de Arsène Isabelle de 1835, mais tarde
publicado no vernáculo (Isabelle, 1949), não há representantes das
himenofiláceas dentre as 17 espécies de filicíneas registradas para a flora do
Estado do Rio Grande do Sul com base em determinações por H.Christ.
Para o sul e sudeste do Brasil destaca-se o trabalho de Schenk (1896)
citando para Santa Catarina oito espécies de Trichomanes e cinco de
Hymenophyllum; sendo também um dos pioneiros com informações ecológicas.
Lindman (1903) apresenta resultados da Expedição Regnelliana de 1892 a
1894. Rosenstock (1904, 1905, 1907) apresentou seus trabalhos sobre a flora
pteridofítica do sul-brasileiro, incluindo coletas por Jürgens & Stier na região de
Santa Cruz e Bornmüller em Neu-Wüttenberg (atual região de Panambi) no Rio
Grande do Sul. Dutra (1938) na sua listagem das filicíneas ocorrentes no
Estado cita sete espécies do gênero Hymenophyllum e 13 de Trichomanes.
Em um período mais recente, vieram as publicações de Sehnem
especialmente na Flora Ilustrada Catarinense, sendo que no fascículo referente
às himenofiláceas (Sehnem, 1971) foram citadas como ocorrentes no Estado
do Rio Grande do Sul 13 espécies de Hymenophyllum e 16 de Trichomanes.
Ao que tudo indica, este trabalho estava sendo preparado para uma publicação
mais abrangente do ponto de vista regional, incluindo espécies de outros
estados, inclusive espécies amazônicas.
O trabalho de Sehnen (1971), além de incluir espécies extraterritoriais,
frequentemente contrapõe em suas chaves de identificação, caracteres em
uma linguagem coloquial e subjetiva (p. ex. pecíolos delgados a mais
grossinhos), tornando seu uso extremamente difícil para o não especialista.
Adicionalmente, o conceito de espécie adotado por Sehnem é bastante restrito
quanto à grande variabilidade morfológica apresentada por este grupo vegetal,
reconhecendo muitas espécies não aceitas atualmente por outros autores.
Aparentemente, os conceitos de Sehnem se mantiveram mais próximos dos de
Sturm (1859) em Flora Brasiliensis, e das determinações por Rosenstock em
exsicatas de herbários diversos no início do século, enquanto que revisões
como as de Morton (1947) para Hymenophyllum sect. Sphaerocionium e Boer
(1962) para Trichomanes subg. Didymoglossum, não tiveram plena aceitação.
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Paulo G. Windisch
Em outro trabalho, Sehnem (1977) apresentou importantes informações
sobre a distribuição geográfica, ecologia e rotas de migração das filicíneas do
sul do Brasil, incluindo dados relativos às himenofiláceas ocorrentes no Estado
do Rio Grande do Sul. No seu conjunto, a obra de Sehnem é de grande
importância e uma interessante fonte de informações acumuladas através dos
anos por aquele pesquisador, em suas observações de campo.
As espécies ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul foram tratadas
no atlas de esporos de pteridófitas, em fascículo correspondente, por
Lorscheitter & al. (1999), onde foram apresentadas breves descrições de 12
espécies de Hymenophyllum e 11 de Trichomanes, acompanhadas de
comentários sobre sua distribuição geográfica e habitat, porém sem chaves de
identificação.
Diante das alterações na classificação, dificuldades para identificação,
bem como o acúmulo de novas coletas nas últimas décadas, o presente
trabalho foi elaborado visando permitir determinações mais seguras do material
sul-riograndense de Hymenophyllaceae, embasando estudos florísticos,
ecológicos e fitogeográficos.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi utilizado o material existente de Hymenophyllaceae, depositado nos
herbários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICN), Instituto
Anchietano de Pesquisas (PACA), Universidade de Caxias do Sul (HUCS),
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (HAS), Universidade de Santa
Cruz (UNISC), Herbarium Bradeanum (HB), Universidade Estadual Paulista –
Câmpus de São José do Rio Preto (SJRP), bem como a Coleção do Pe. José
Pivetta (Museu do Instituto Palotino de Santa Maria). Além disto, foi examinado
material sul-riograndense existente nos herbários do Museu Nacional do Rio de
Janeiro (R), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB), Instituto de Botânica de
São Paulo (SP), Jardim Botânico de Berlin (B), Museu Nacional dos Estados
Unidos da América (US) e Universidade da California – Berkeley (UC). O
próprio autor teve a oportunidade de reconhecer em seu habitat grande parte
das espécies aqui citadas, estando suas coletas depositadas principalmente
nos herbários ICN, HB, e SJRP (acrônimos de herbários segundo Thiers & al.
(2011), atualização contínua).
Para a delimitação das espécies foram consideradas as conceituações
indicadas nas revisões publicadas por Morton (1947), Boer (1962), e pelo
próprio autor (Windisch, 1992), bem como nos trabalhos de Diem &
Lichtenstein (1959) e Tryon & Stolze (1989). As espécies foram delimitadas
reconhecendo–se uma maior plasticidade em resposta às condições
ambientais. As descrições das espécies foram mantidas uniformes dentro de
cada gênero. O termo “filicíneas” está sendo utilizado no sentido de
“pteridófitas”, excluindo as licófitas, correspondendo assim a “samambaias” no
vernáculo.
A sinonimia apresentada refere-se apenas aos nomes utilizados na
literatura para material sul-riograndense, sendo também indicadas as citações
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
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dos taxa na principal literatura pertinente às filicíneas da região. Exsicatas de
material representativo são apresentadas para cada espécie, considerando
uma coleta por município ou localidade. No caso de espécies com distribuição
mais ampla (p.ex.: cosmopolitas, América tropical, ou estendendo-se de um
país ao norte até um outro no sul) foi dada prioridade a uma apresentação mais
objetiva. Um “index exsicatae” completo pode ser obtido junto ao autor.
Visando maior clareza no preparo de ilustrações, algumas espécies tiveram
como base coletas provenientes de Estados meridionais, em função da
qualidade do material disponível.
Estão sendo utilizados os termos fronde e estípite, para os
correspondentes a folha e pecíolo. Falsas nervuras são espessamentos
lineares no tecido laminar, em geral sem conexão com as nervuras
vascularizadas. O indúsio das himenofiláceas, com sua estrutura peculiar foi
tratado tal como por diversos autores sob o termo invólucro.
A caracterização dos habitats foi feita em função do material sulriograndense, sendo que para muitas espécies os limites altitudinais são
bastante maiores na região Sudeste do Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hymenophyllaceae
Hymenophyllaceae Gaudichaud, Freyc. Voy. Bot.: 262. 1826; Link. Hand.
Erkenn. Gew. 3: 36. 1833. Tipo: Hymenophyllum J. E. Smith.
Fase esporofítica representada por plantas epífitas ou terrestres,
geralmente delicadas. Caule fino e reptante com frondes espaçadas ou (menos
comum) rijo, ascendente a ereto, com frondes fasciculadas. Frondes férteis e
estéreis isomorfas, raro dimorfas, de vernação circinada, não articuladas ao
caule; lâmina flabelada ou pinatífida a decomposta, pubescência variada, sem
escamas, com tecido laminar de uma camada de células em espessura (raro
mais de uma), sem estômatos. Nervuras livres, raramente anastomosantes,
falsas vênulas presentes ou ausentes. Soros marginais, terminais nas
nervuras. Invólucro (indúsio) imerso no tecido laminar ou pedunculado, tubular,
infundibuliforme ou afunilado a bivalvado em maior ou menor extensão;
receptáculo curto e rudimentar ou filiforme a cilíndrico, no prolongamento da
nervura, por vezes densamente coberto de esporângios e com crescimento
intercalar (podendo ficar com a parte apical para fora do invólucro em frondes
mais velhas). Esporângios sésseis a subsésseis, com anel transversal oblíquo
não interrompido pelo pedicelo; esporos de um único tipo, providos de clorofila.
Fase gametofítica representada por estruturas filamentosas ou talosas
estreitas, epígeas, clorofiladas, ramificadas, por vezes apresentando gemas
proliferantes.
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Paulo G. Windisch
Chave para os gêneros de Hymenophyllaceae ocorrentes no Rio Grande
do Sul:
1a.Invólucro (indúsio) bivalvar (frequentemente até a base), nunca tubular, as
valvas constituindo a maior parte do invólucro; receptáculo filiforme ou
espessado, inserido ou raramente projetando-se um pouco para fora do
invólucro; nervação anádroma (primeira ramificação voltada para a base)
................................................................................................... Hymenophyllum
1b. Invólucro (indúsio) tubular, obcônico ou infundibuliforme, às vezes bilabiado
(porém neste caso a porção tubular constituindo a maior parte do invólucro;
receptáculo filiforme, projetando-se um pouco ou até bastante para fora do
invólucro quando maduro; nervação anádroma ou catádroma (primeira
ramificação voltada para o ápice) ...................................................................... .2.
2a Frondes em geral pequenas (5 cm comp. ou menos), lâmina inteira a
pinatífida mas não verdadeiramente pinada, falsas vênulas presentes no tecido
laminar; sem formação de raízes verdadeiras podendo apresentar ramos
caulinares tricomatosos ............................................................ Didymoglossum
2b Frondes em geral maiores que 6 cm comp., lâmina pinada a quadripinada
(raro inteira), falsas vênulas no tecido laminar presentes ou ausentes; com
formação de raízes verdadeiras ........................................................................ 3.
3a Plantas com poucas raízes, estas delicadas (0,2-0,4mm diam.)
........................................................................................................Polyphlebium
3b Plantas com numerosas raízes robustas (0,5mm ou mais diam.) ............... 4.
4a. Tricomas ausentes nas margens dos segmentos laminares ....................... 5.
4b. Tricomas presentes nas margens dos segmentos laminares ... Trichomanes
5a Caule reptante; frondes espaçadas, tricomas clavados presentes na estipete
e raques .......................................................................................Vandenboschia
5b Caule ereto a subereto; frondes cespitosas, tricomas clavados ausentes na
estipete e raque ............................................................................... Abrodictyum
O gênero Hymenophyllum:
Hymenophyllum J. E. Smith, Mem. Acad. Turin 5: 418. 1793. Tipo:
Hymenophyllum tubridgense (L.) J. E. Smith, baseado em Trichomanes
tubridgense L., escolhido por Presl, Hymen.: 31. 1843.
Esporófito epifítico ou ocasionalmente terrestre. Caule reptante,
geralmente provido de tricomas castanhos a avermelhados; frondes geralmente
espaçadas. Frondes férteis e estéreis isomorfas, simples ou pinatissectas a
decompostas, 2-60 cm compr.; estípite delicado a rijo, frequentemente alado;
lâmina lanceolada a subdeltóide, nervação anádroma, sem falsas vênulas;
segmentos terminais geralmente estreitos e filiformes, margens inteiras a
serreadas. Invólucro parcialmente ou não imerso no tecido laminar,
suborbicular a elíptico ou obovado, profundamente bivalvado, a base por vezes
cônica, porém nunca tubular; receptáculo filiforme a espessado, rudimentar ou
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
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curto, ou ainda projetando-se um pouco além da borda externa do invólucro em
frondes maduras.
Literatura: Copeland (1938), Morton (1947, 1968), Diem & Lichtenstein (1959),
Tryon & Tryon (1982), Lorscheitter & al. (1999).
Gênero com cerca de 250-300 espécies, que apesar de considerado tropical
apresenta espécies em latitudes subtropicais ou mesmo em áreas temperadas.
No Rio Grande do Sul ocorrem 13 espécies que podem ser distinguidas com
base nos caracteres apresentados na chave abaixo.
Chave para as espécies de Hymenophyllum no Estado do Rio Grande do
Sul:
1a.Margem dos segmentos serreada ................................................................. 2.
1b .................Margem dos segmentos lisa, não serreada (por vezes fracamente
repandida) ........................................................................................................... 4.
2a.Estípite alada em toda extensão, alas onduladas ............7. H. magellanicum
2b Estípite não alada, ou alada apenas na extremidade superior ..................... 3.
3a.Plantas 2-5 cm de alt .................................................................8. H. peltatum
3b.Plantas 10-15 cm de alt ............................................................. 6. H. fucoides
4a.Margem da lâmina glabra .............................................................................. 5.
4b.Margem da lâmina com cílios ou tricomas (simples ou estrelados) .............. 8.
5a.Frondes pinatífidas, células marginais espessadas ........... 1. H. asplenioides
5b.Frondes bipinatífidas, pinado-pinatífidas ou mais complexas, células
marginais não diferenciadas das demais ........................................................... 6.
6a.Lâmina com margem fortemente ondulada, crespa ............ 12. H. undulatum
6b.Lâmina com margem plana, quando muito só reflexa .................................. 7.
7a.Estípite alada até à base, aletas 1mm (ou mais) larg ...... 2. H. caudiculatum
7b.Estípite não alada ou com aletas estreitas, com menos de 0,5mm larg ..........
.................................................................................................. 9. H. polyanthos
8a Tricomas presentes nas superfícies laminares, bem como nas vênulas e
margens .............................................................................................................. 9.
8b.Tricomas ausentes nas superfíces laminares, presentes apenas sobre as
vênulas e margens ........................................................................................... 10.
9a Raque alado em toda sua extensão; pinas com três ou menos segmentos ...
........................................................................................................... 5. H. fragile
9b Raque alado apenas na metade superior; pinas decompostas com cinco ou
mais segmentos (estes em geral também decompostos) ................ 11. H. rufum
10a Pinas (ao menos as inferiores) pecioluladas .....................10. H. pulchellum
10b Pinas sésseis ou adnadas ......................................................................... 11.
11a Tricomas marginais dos segmentos simples ou furcados na base,
segmentos undulado–crispados ......................................................3. H. crispum
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Paulo G. Windisch
11b Tricomas marginais dos segmentos estrelados, bistelados ou duas vezes
furcados ............................................................................................................ 12.
12a.Estípite alada na parte apical; raque alada ........................... 13. H. vestitum
12b Estípite não alada; raque não alada na parte basal, ou apenas
estreitamente alada, alada na parte apical ................................4. H. delicatulum
1. Hymenophyllum asplenioides (Sw.) Sw., Schrad. Journ. 1800 (2): 98.
1801. Tipo: Jamaica, Swartz s.n. (S-PA!). Mecodium asplenioides (Sw.) Copel.
Gen. Hymen. 26. 1938.
Frondes cerca 2-15cm comp., determinadas; estípite 1,5-5cm, se alado
somente na parte superior; lâmina 1-2,5cm larg., linear a oblongo-deltóide, leve
a irregularmente pinatissecta a pinatífida com poucos lobos, glabra; raque
amplamente alado em toda extensão; margens dos segmentos inteiras e
planas, glabras. Soros 1 a 5 por pina ou segmento, no plano do tecido laminar;
invólucro ovado 1,6-2 x 1-2mm, imerso somente na metade basal, bordos
inteiros, glabros. Fig. 1.
Habitat: epífita e epipétrica em florestas úmidas de encosta e matas
nebulares, cerca 100-900 m alt, na parte noroeste do Estado.
Distribuição: América Tropical. No Brasil: BA, MG, RS, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Cambará do Sul,
Fortaleza, 09.4.1982, Bueno s.n. (ICN 85311); trilha da cachoeira, 13.10.2012,
Nervo 901 & Buzatto (ICN); 11.5.2013; Maquiné, Reserva Biológica da Serra
Geral, 12.4.2005, Senna 836 (HAS); São Francisco de Paula, Serra do Faxinal,
23.11.1951, Sehnem 5637 (PACA, ICN).
2. Hymenophyllum caudiculatum Mart., Icon. Crypt. Brasil. 102, tab. 67. Tipo:
Martius s.n., Brasil. Sphaerocionium caudiculatum (Mart.) C.Presl, Hymen. 35.
1843. Mecodium caudiculatum (Mart.) Copeland. Phil. Journ. Scien. 67 (1): 27.
1938. Hymenophyllum martii Sturm, Fl. Bras. 1 (2): 187. 1859.
Frondes cerca 10-28cm comp. determinadas; estípites alados em toda
extensão; lâmina 4-10cm larg., ovado-lanceoladas 3-pinatífida, glabra; raque
alado; margens dos segmentos inteiras e planas, glabras. Soros isolados em
lacínios terminais estreitos, em geral nas pinas superiores, no plano do tecido
laminar; invólucros orbiculares, 2,5-2mm diam., levemente inseridos na base,
sésseis ou curto-pedunculados, bordos inteiros, glabros. Fig. 2.
Habitat: epífita ou epipétrica, em locais sombreados e muito úmidos, tais
como margens de regatos em florestas de encosta ou matas nebulares, cerca
300-1000m alt.
Distribuição: Peru, Chile, Argentina e Brasil. No Brasil: BA, MG, ES, RJ,
SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bom Jesus,
Potreirinhos, 15.1.1963, Camargo 3844 (PACA, ICN); Cambará do Sul, Parque
Nacional Aparados da Serra Geral (face norte), 22.06.2013, Nervo 929 & Velho
(ICN); Gravataí, Barro Vermelho, s.d., Dutra 70 (ICN); Maquiné, Reserva
Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 835 (HAS); Santo Antônio da
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
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Patrulha, Caraá, 17.1.1997, Pes s.n. (PACA 5869); São Francisco de Paula,
Instituto Nacional do Pinho, 06.10.1967, Vianna & Irgang s.n. (ICN 4429); São
José dos Ausentes, Aparados da Serra, 14.1.1942, Sehnem 979 (PACA);
3.2.1953; São Leopoldo, Fazenda Pedreira, 2.10.1935, Sehnem 677 (PACA);
Sapiranga, Picada Verão, 04.10.1989, Silva Jr. s.n. (PACA 1043); 5.1992,
Curra s.n. (PACA 1672).
3. Hymenophyllum crispum Kunth, Nov. Gen & Sp. 1: 26. 1815. Tipo: Silla de
Caracas, Venezuela, Humboldt & Bonpland s.n. (B!). Hymenophyllum crispum
var. brasilianum Fée, Crypt. Vasc. Brés. 1: 195. Pl. 71, f. 2. 1869. Tipo: Serra
dos Orgãos, Brasil, Glaziou 3347 (P). Hymenophyllum brasilianum Rosenst.
Hedwigia 46: 73. 1906.
Frondes 5-20cm comp.; estípite estreitamente alado no ápice; lâmina
pinado-pinatífida, hirsuta, tricomas somente nas nervuras e margens, simples
ou furcados; raque alada em toda extensão, aletas conspicuamente undulado–
crispadas; margens dos segmentos inteiras, crispadas; invólucros em geral da
mesma largura que os segmentos, levemente imersos na base, lábilos
suborbiculares, ca. 1,2-1,5mm diam., bordas ciliadas, cílios simples. Fig. 3.
Habitat: epipétrica e em húmus em florestas úmidas, próximo a regatos,
cerca 250-1000m alt.
Distribuição: Jamaica e México, América Central e América do Sul (da
Venezuela até Bolívia e Brasil). No Brasil: SP, PR, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Aparados da Serra,
Arroio das Capoeiras, 16.1.1942, Sehnem 953 (PACA); Bom Jesus, 28.7.1962,
Camargo 3659 (PACA); Santo Amaro, Cerro João Rodrigues, s.d., Jürgens 135
(ICN); São Francisco de Paula, Taimbé, 27.2.1959, Sehnem 7303 (PACA);
Soledade, Serrinha, s.d, Jürgens 270 (ICN).
4. Hymenophyllum delicatulum Sehnem, Sellowia 7: 304. 1956. Tipo: Brasil,
Rio Grande do Sul, São Francisco de Paula, 21.V.1951, Sehnem 6513
(PACA!). Hymenophyllum filmecofilicum Christenhusz, Swartzburd et Labiak,
Kew Bull. 64: 175–178. 2009. Tipo: Brasil, Paraná, Ponta Grossa, Furnas
Gêmeas, 16.II.2008, Christenhurz, Schwartsburd, Lehtonen & Castilho 4790
(holótipo SP!, isótipo K, MBM, NY, P, TI, TUR, UC, UPCB).
Frondes 3-8cm comp., determinadas; estípite 1-1,5cm comp., não alado,
tricomas simples na base e parte mediana, estrelados na superior; lâmina
deltóide alongada a ovado-lanceolada, pinatipartida, segmentos bi a trifidos,
segmentos terminais estreito-lineares, ondulados a subondulados, hirsutos nas
nervuras e margens com tricomas longos, alvos, 2-5 furcados estrelados
(tecido laminar sem indumento); raque estreitamente alada ou não, margens
dos segmentos inteiras, ondulado-crispadas, pilosas, tricomas simples bifidos a
estrelados. Soros no ápice de segmentos, no plano do tecido laminar, tricomas
estrelados; invólucro imerso na parte basal, orbicular 0,8-1,1mm diam., com
tricomas estrelados. Fig. 4.
Habitat: epipétrica em geral locais úmidos, junto a cascatas, cerca de
800-900 m alt.
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Paulo G. Windisch
Distribuição: endêmica no Brasil: PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: São Francisco de
Paula, 18.11.1949, Sehnem 4345 (PACA); 15.8.1965, Sehnem 8451 (PACA).
5. Hymenophyllum fragile (Hedw.) C.V.Morton, Contr. U. S. Natl. Herb. 29 (3):
172.1947. Trichomanes fragile Hedwig, Fil. Gen. pl. 18. 1802. Tipo: "America
meridinonalis". Sphaerocionium fragile (Hedwig) Picchi-Sermol., Webbia 28:
471. 1973.
Frondes 3-15cm comp., determinadas; estípite 0,5-2,5cm, alado até o
ápice; lâmina 1-2cm larg., linear-lanceolada a ovada, bipinatífida a
pinadopinatífida, pubescente nas nervuras, bordos e superfície, tricomas
simples, furcados ou estrelados; raque amplamente alado em toda extensão;
aletas planas; margens dos segmentos inteiras, planas, pilosas, tricomas
biestrelados. Soros em pinas apicais, no plano do tecido laminar; invólucros
orbiculares a arredondados cerca 1mm diam. imersos até a metade no tecido
laminar, bordos com tricomas estrelados. Fig. 5.
Um dos nomes amplamente utilizado para material desta espécie é
Hymenophyllum hirsutum (L.) Sw., sendo a questão da identidade discutida por
Morton (1947).
Habitat: epífita em locais umidos e sombreados, em florestas, cerca 150800 m alt.
Distribuição: Cuba, Haiti, Jamaica, e México até Bolívia e Brasil. No
Brasil: RJ, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Gravataí, Arroio dos
Ferreiros, 28.11.1944, Sehnem 1237 (PACA); Novo Hamburgo, São João do
Deserto, 30.10.1959, Sehnem 7568 (PACA); Rio Pardo, s.d., Jürgens 190
(PACA); São Francisco de Paula, 14.8.1965, Sehnem 8449 (PACA); São
Leopoldo, Pedreira, s.d., Pivetta s.n. (PACA); Quilombo, 1.8.1935, Sehnem 670
(PACA); Sapiranga, Picada Verão, 4.10.1989, Silva Jr. s.n. (PACA 1043b).
6. Hymenophyllum fucoides Sw., Journal für die Botanik 1800(2): 99. 1801.
Trichomanes fucoides Sw. Nova Genera et Species Plantarum seu Prodromus
136. 1788. Tipo: Swartz s.n.; Jamaica (S!).
Frondes 2-20cm comp., determinadas; estípite não alado ou alado
apenas na metade distal; lâmina 2,0-6,5cm larg., ovada a lanceolada, 2-3
pinnatifida, glabra; raque alado em toda a extensão, aletas planas; margens
dos segmentos serreadas, planas, glabras. Soros 1-8 por pina, no plano do
tecido laminar; invólucros lanceolado-elípticos a ovados, 2-3x1-2mm, imersos
apenas na parte basal ou curto pedunculados borda em geral serrulada a
laciniada, glabra. Fig. 6.
Habitat: epífita e epipétrica em húmus em matas nebulares, cerca 9501000m alt., na parte noroeste do Estado.
Distribuição: Cuba, Haiti, Jamaica, México até Bolívia e Brasil. No Brasil:
RJ, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: São Francisco de
Paula, Serra do Faxinal, 19.12.1950, Sehnem 5100 (PACA); São José dos
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
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Ausentes, Aparados da Serra, Serra da Rocinha, 14.1.1942, Sehnem 2764
(PACA); 19.1.1950, Sehnem 4311 (PACA); 19.1.1950, Sehnem 4355 (PACA);
17.1.1961, Sehnem 7793 (PACA).
7. Hymenophyllum magellanicum (Klotzsch) Willd. ex Kunze, Kunze Bot. Zeit.
1847: 226. 1847. Ptychophyllum magellanicum Klotzsch, Linnaea 18: 533.
1844. Tipo: Chile, Phillipi, B Herb. Willd. 20245!.
Frondes 6-10cm comp., determinadas; estípite alado em toda a
extensão; lâmina 5-7cm larg., deltóide a ovada, 3-4 pinatifida, glabra; raque
alado em toda a extensão, aletas onduladas; margens dos segmentos planas,
serreadas, glabras. Soros na parte central e superior da lâmina, no plano do
tecido laminar invólucros oblongos, 1.2-1,8mm comp., 0.5-0.7 larg., imersos na
metade basal, borda denticulada, glabra. Fig. 7.
Habitat: epífita e epipétrica em húmus em matas nebulares a cerca 9501000m. alt., no noroeste do Estado.
Distribuição: Chile, Argentina e Brasil. No Brasil: RJ, SP. PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bom Jesus, Aparados
da Serra, 14.1.1942, Sehnem 911 (PACA); Cambará do Sul, Fortaleza,
09.4.1982, Bueno s.n. (ICN 85307); 13.10.12, Nervo 902 & Buzatto (ICN); São
José dos Ausentes, Pico Montenegro, 28.9.2005, Nilson et al. 1170 (HAS);
06.03.2014, Nervo 913 & Buzatto (ICN).
8. Hymenophyllum peltatum (Poir.) Desv., Mem. Soc. Linn. Paris 6: 333.
1827. Trichomanes peltatum Poir., in Lam. Encycl. Meth. 8: 76. 1808. Tipo:
Mauritius [Ile de France], Bory de St Vincent s.n. (prov. P).
Frondes 2-6cm comp., determinadas; estípites 0,5-2,0cm comp., não
aladas ou aladas apenas na parte distal; lâmina 1-2cm larg., 2-3 pinatisecta,
glabra; raque não alado; margens dos segmentos serreadas, planas, glabras.
Soros fortemente arcuados ficando quase perpendiculares ao plano da lâmina;
invólucros sub-esferóies, 1-1,5mm diam., sésseis a levemente peduculados,
ápice obtuso, bordas inteiras, glabras. Fig. 8.
Habitat: epífita e epipétrica em húmus em mata nebular altomontana,
local úmido e sombreado, cerca 950-1300 m alt., no nordeste do Estado.
Distribuição: subcosmopolita, conhecida também na Europa,
estendendo-se da Noruega até Austrália, Nova Zelândia, Ilhas do Atlântico Sul
e Patagônia (vide Diem & Lichtenstein, 1959). No Brasil: RJ, PR, SC e RS. Rio
de Janeiro é encontrada a ca. 2300 m alt.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Cambará do Sul,
Parque Nacional Aparados da Serra Geral, 11.5.2013, Nervo 920 & Buzatto
(ICN); 22.6.2013, Nervo 928 & Velho (ICN); São José dos Ausentes, Serra da
Rocinha, s.d., Bueno s.n. (ICN 68657); Pico Montenegro, 6.3.2014, Nervo 914
& Buzatto (ICN); 7.3.2014, Nervo 937 & Buzatto (ICN).
9. Hymenophyllum polyanthos (Sw.) Sw., J. Bot. (Schrad.) 1800 (2): 101.
1801. Sturm, Fl. Bras. I (2): 288. 1859. Fée, Crypt. Vasc. Brés.: 195. 1869. Fée,
Suppl. Crypt. Vasc. Brés.: 86. 1873. Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Himen.): 9, t. 1, f. 4.
26
Paulo G. Windisch
1971. Trichomanes polyanthos Sw., Prodr.: 137. 1788. Tipo: "Jamaica", Herb.
Swartz (S!).
Frondes 4-16cm comp., determinadas; estípite 1-8cm comp., alado
distalmente ou estreitamente em toda extensão; lâmina 2-6cm larg., oblongolanceolada, deltóide ovada, a elíptica, 3-4 pinatifida, glabra; raque geralmente
alado (aletas com menos de 0,5mm) em toda extensão; margens dos
segmentos inteiras, planas a levemente ondulado-reflexas, glabras. Soros no
plano do tecido laminar; invólucro ovado, ovóide a lanceolado 1,2-1,8 x 11,2mm, imerso ao menos na base, ápice ligeiramente agudo a arredondado,
borda glabra. Fig. 9.
Espécie extremamente polimorfa, com uma grande quantidade de
sinônimos e variedades descritas, que precisam de cuidadosa revisão
monográfica, caracterizada pela lâmina glabra, segmentos com margem inteira
e pela morfologia do invólucro.
Habitat: epífita ou epipétrica em humus e mesmo no solo, em lugares
úmidos em florestas de encosta e matas nebulares, podendo apresentar as
frondes secas e enroladas nos períodos de baixa pluviosidade, cerca 400-100
m alt.
Distribuição: pantropical. No Brasil ampla distribuição, ainda por
confirmar para PI, RN, PE, AL.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Barracão, Parque
Estadual do Espigão Alto, 5.2.1988, Silveira & al. 5353 (HAS); Bom Jesus,
Aparados da Serra, 3.2.1953, Sehnem 6286 (PACA), Passo da Guarda,
16.1.1952, Sehnem 5849 (PACA); Cambará do Sul, 20.1.1982, Hornung s.n.
(ICN 51835); Parque Nacional Aparados da Serra, 27.1.1996, Ohlweiler 190
(PACA); Campo Bom, 4.3.2011, Nervo 653 (PACA); Canela, Cascata do
Caracol, 2.1.1964, Camargo 3919 (PACA); Caxias do Sul, Horto Municipal,
8.5.1969, Selbach s.n. (PACA 74849); Vila Oliva, 23.1.1947, Sehnem 2576
(PACA); Dois Irmãos, s.d., Sehnem s.n. (ICN 15361); Faxinal, 10.4.1982,
Stehman s.n. (ICN 85309); Gramado, 18.8.1986, Vianna s.n. (ICN 28844);
Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 838 (HAS);
Riozinho, Cascata do Chuvisco, 20.7.1994, Ohlweiler 36 (PACA 1672); São
Francisco de Paula, Josafá, arredores Estação ecológica Aratinga, 25.4.2005,
Senna 903 (HAS); São José dos Ausentes, Pico Montenegro, 18.3.2012, Nervo
904 & Buzatto (ICN); São Leopoldo, Quinta São Manoel, s.d., Dutra 40 (ICN);
Tupandi (anteriormente São Salvador), 4.5.1947, Sehnem 2785 (PACA);
estação São Salvador, 20.12.1935, Sehnem 710 (PACA); Sehnem 733 (PACA).
Torres, Faxinal, 21.7.1978, Waechter 878 (ICN); Lageadinho, 16.1.1980,
Waechter 1533 (ICN).
10. Hymenophyllum pulchellum Schltdl. & Cham. Linnaea 5: 618. 1830.
Sphaerocionium pulchellum Presl, Hymenoph. 34. 1843. Tipo: C.J.W. Schiede
& F. Deppe 807; Nov 1829; Mexico: Veracruz: "prope Jalacingo" (B-Herb. Willd.
20239!). Hymnophyllum chrysothrix Sturm, in Mart. Fl. Bras. 1 (2): 298. 1859.
Tipo: Serra da Estrella, Brasil, Martius s.n. (M!). Hymenophyllum lineare var.
brasiliense Rosenst. Hedwigia 46: 74. 1906. Tipo: Santa Cruz, Rio Grande do
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
27
Sul, Brazil, Juergens 137 (Rosenst. exs. 157). Isótipo: ICN! Hymenophyllum
lineare var. brasiliense f. tuberosum Rosenst. Hedwigia 46: 74. Tipo: Rio
Grande, São Paulo, Brasil, Wacket (Rosenst. exs. 175). Hymenophyllum lineare
var. brasiliense f. pseudocarpum Rosenst. Hedwigia 46: 74. Tipo: Rio Grande,
São Paulo, Brasil, Wacket (Rosenst. exs. 176) Isotipo: HB!.
Frondes 10-25(50)cm comp., indeterminadas; estípite 0,5-3,5cm long.
não alada em toda extensão, deciduamente pubescente, tricomas dos estípites
estrelados; lâmina oblongo-linear, 1,5-4,5cm larg., pinado-pinatifida, hirsuta
apenas nas nervuras e margens, tricomas estrelados, bistelados ou bifurcados;
raque não alado (exceto no ápice); margens dos segmentos inteiras, planas,
pilosas; soros no plano da lâmina, numerosos; involucros ovalados a
suborbiculares, 1-1,5mm diam., pouco ou inteiramente imersos no tecido
laminar, bordas com tricomas estrelados. Fig. 10.
Habitat: epífita e epipétrica, em locais úmidos em florestas de encosta e
matas nebulares, cerca 200-1000m alt.
Distribuição: México, América Central e Brasil. No Brasil: BA, MG, RJ,
ES, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bom Jesus, Caraúna,
s.d., Dutra 245 (ICN); Cambará do Sul, Faxinal, 12.1993, Sobral & Stehmann
2774 (ICN); Parque Nacional Aparados da Serra Geral, 02.9.1958, Schultz
1944 (ICN); Campo Bom, 4.3.2011, Nervo 654 (PACA); Canela, Caracol, s.d.,
Dutra 670 (ICN), Faxinal, 20.10.1981, Sobral s.n. (ICN 85305); Jaquirana,
Passo do rio das Antas, 18.05.2014, Gonzatti 1200 (HUCS); Maquiné, Reserva
Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 834 (HAS); Montenegro, Morro do
Cabrito, 5.10.1989, Fernandes 587 (ICN); Montenegro (antigamente parte de
São Salvador), 20.12.1935, Sehnem 711 (PACA); Santa Cruz do Sul, Herval do
Paredão, Jürgens 137 (ICN, Dutra 1338); São Francisco de Paula, Alpes de
São Francisco, 5.7.1997, Senna s.n. (HAS 83273); Floresta Nacional do IBDF,
11.9.1980, Waechter 1693 (ICN).
11. Hymenophyllum rufum Fée, Crypt. Vasc. Brés. 198, t. 70, f.4. 1869. Tipo:
Sul do Brasil, Glaziou 2467 (P!).
Frondes 10-24cm comp. indeterminadas; estípite 1-7cm comp. não alada
em toda extensão, hirsutos tricomas mistos de simples a biestrelados; lâmina
lanceolada a linear, 2-6cm larg., pinado-pinatífida; hirsuta nas nervuras e
superfícies, tricomas estrelados; raque estreitamente alado na parte distal,
aletas planas; margens dos segmentos inteira, plana, tricomas estrelados.
Soros numerosos, apenas nas pinas superiores, parte basal imersa; invólucro
arredondado a ovado, 0,4-0,6mm compr. e 0,6-0,8mm larg., ciliado, tricomas
estrelados. Fig. 11.
Habitat: epífita e epipétrica em humos em matas nebulares a cerca 10001300m alt.
Distribuição: Sudeste e Sul do Brasil: MG, RJ, ES, SP, PR, SC, RS.
28
Paulo G. Windisch
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: São José dos
Ausentes, Pico Montenegro, 27.4.1997, Windisch 8754 (ICN, SJRP), 6.3.2014,
Nervo 912 & Buzatto (ICN).
12. Hymenophyllum undulatum (Sw.) Sw., J. Bot. (Schrader) 1800(2): 101.
1801.Trichomanes undulatum Sw. Nova Genera et Species Plantarum seu
Prodromus 137. 11788. Tipo: Swartz s.n., Jamaica (S!). Hymenophyllum
fendlerianum Sturm in Mart., Fl. bras. 1 (2): 291. 1859. Lectótipo (designado por
Lellinger, 1984): Venezuela, Edo. Aragua, Colonia Tovar, Fendler 35 (US!).
Frondes 5-28(40) cm comp., determinadas; estípite 0,5-3,5cm comp.,
não alado; lâmina oblongo lanceolada, 1,2-5,5cm larg., 2-3 pinatissecta, glabra,
raque alado na parte distal, aletas crispado-onduladas; margens dos
segmentos inteiras, crispadas a onduladas, glabras. Soros 3 ou mais por
segmento, no plano do tecido laminar, invólucro suborbicular, cerca 1mm
diam., imerso na base, ápice arredondado, borda glabra. Fig. 12.
Tryon & Stolze (1989) reconhecem duas variedades, sendo que o
material do Rio Grande do Sul corresponde a Hymenophyllum undulatum Sw.
var. fendlerianum (Sturm) Stolze (vide Fieldiana Bot. n.s. 20: 64.1989).
Habitat: até o presente conhecida de uma única localidade, a cerca 1000
m alt., na parte noroeste do Estado, provavelmente em mata nebular.
Distribuição: México, Venezuela até Peru e Brasil. Brasil: RR, BA, SP, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Cambará do Sul,
20.1.1982, Hornung s.n. (ICN 114030).
13. Hymenophyllum vestitum (C.Presl) v.d.Bosch, Ned. Kruidk, Arch. 5(3):
193. 1863. Sphaerocionium vestitum C.Presl, Hymenophyllaceaeae 58. 1844.
Lectotipo: Rio de Janeiro, Brasil, Beyrich s.n. (PRC), por Morton (1947).
Hymenophyllum gardenerianum Sturm, in Mart. Fl. Bras. 1 (2): 297.1859. Tipo:
Gardner 213, Rio de Janeiro, Brasil (holotipo BR, isotipos K, P).
Hymenophyllum caulopteron Fée, Crypt. Vasc. Brés. 1: 197. Pl. 97, f. 3. 1869.
Sintipo: Brasil, Glaziou 1713, 920, 2269 e 2270 (P!). Hymenophyllum
microcarpum Fée, Crypt. Vasc. Brés. 1: 245. Pl. 69, fig. 3. 1869, non
Hymenophyllum microcarpum Desv. 1827. Sintipo: Rio de Janeiro, Brasil,
Glaziou 2268 e 3358 (P!). Hymenophyllum ulei Christ & Giesenh. Flora 86: 85.
1899; Bull. Herb. Boiss. II.2: 320. 1902. Tipo, Santa Catarina, Brasil, Ule 4510
(P!). Hymenophyllum elatius Christ in Schwacke, Pl. Nov. Mineiras 2: 13. 1900.
Bull. Herb.Boiss. II (2): 319. 1902. Tipo: Santa Catarina, Brasil, Ule 206 (P).
Hymenophyllum ciliatum f. turberosum Rosenst. Hedwigia 46: 74. 1906.
Baseado em Hymenophyllum ulei Christ & Giesenh. (vide acima).
Hymenophyllum ciliatum var. abbreviatum Rosenst. Hedwigia 56: 360. 1915.
Tipo: A. C. Brade 5169, Ribeira, São Paulo, Brasil (S, HB!).
Frondes 5-20cm comp., determinadas; estípite 1,5-3,0mm comp., alado
no ápice; lâmina linear a ovada, 1,5-5cm larg., pinado-pinatífida, hirsuta
somente nas nervuras e margens, tricomas estrelados a biestrelados; raque
alada em toda extensão, aletas ondulado-crispadas; margens dos segmentos
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
29
inteiras, ondulado-crispadas, pilosas, tricomas estrelados a biestrelados. Soros
4-5 por pina, no plano do tecido laminar; invólucro suborbicular, 1,2-1,5 diam.
incompletamente imersos na base, bordos com tricomas furcados na base ou
bifurcados. Fig. 13.
Trata–se de espécie complexa, bastante variável em sua morfologia,
sendo que uma revisão cuidadosa se torna necessária para estabelecer uma
delimitação clara dos taxons infraespecíficos. Espécie incluída por Morton
(1947) em Hymenophyllum hirsutum (L.) Sw. Contudo, esse autor já
considerava que algumas formas do Brasil, descritas como Hymenophyllum
caulopteron Fée, H. elatius Christ, H. ulei Christ & Giesenh. e Sphaerocionium
vestitum C.Presl poderiam ser reconhecidas ao menos como variedades.
Lellinger (1991) reconheceu H. kaieteurum Jenman (endêmica na Guiana) e H.
vestitum (material do Sudeste e Sul do Brasil) como espécies próprias, ficando
em H. hirsutum (sensu stricto) o material das Antilhas, México até Panamá,
Colombia até Bolívia, e Venezuela até Guiana Francesa, e Norte do Brasil.
Habitat: epífita ou epipétrica em locais úmidos e sombreados tais como
margens de regatos e cachoeiras, em florestas de encosta e matas nebulares,
cerca 100-1000 m alt.
Distribuição: Sul e Sudeste do Brasil: RJ, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Cambará do Sul,
Parque Nacional Aparados da Serra Geral, 22.6.2013, Nervo 930 & Velho
(ICN); Montenegro, Morro do Cabrito, 5.10.1989, Fernandes 821 (ICN); São
Francisco de Paula, 19.12.1950, Sehnem 5097 (PACA); Sehenm 5098 (PACA),
Sapucaia do Sul, Morro Sapucaia, 29.11.1986, Fernandes 144 (ICN); Torres,
Lageadinho, 17.1.1980, Waechter 1546 (ICN).
O gênero Didymoglossum:
Didymoglossum Desv. Mém. Soc. Linn. Paris 6: 330. 1827. Lectótipo:
Didymoglossum muscoides (Sw.) Desv. (=Didymoglossum hymenoides (Hedw.)
Copel. (selecionado por Christensen (1906), como Trichomanes hymenoides
Hedw.).
Caule longo reptante, frequentemente ramificado, geralmente filiforme,
até 0,5mm diam., densamente coberto por tricomas escuros, raízes ausentes,
ramos rizoidais presentes (sensu Schneider, 2000). Estípites frequentemente
reduzidos, até 1cm, distanciados entre si. Lâmina geralmente simples ou por
vezes lobada a pinatífida, elíptica a estreito ovada até 6x6cm (3x2cm no subg.
Microgonium); nervação catadrômica, frequentemente flabeliforme, vênulas
falsas submarginais ausentes ou presentes de forma contínua (subg.
Microgonium), vênulas falsas paralelas às nervuras verdadeiras presentes,
paredes inteiras das células finas e retas, projeções marginais como setas e
escamas por vezes presentes (margens inteiras e glabras no subg.
Microgonium). Soros frequentemente imersos na lâmina; invólucros
campanulados, bordos bilabiados ou por vezes truncados, frequentemente com
margens escuras, receptáculos exsertos.
Habitat: epífitas ou epipétricas, geralmente em locais sombreados.
30
Paulo G. Windisch
Distribuição: ampla nos trópicos com cerca de 30 espécies. As espécies
neotropicais do gênero Didymoglossum foram revisadas por Boer (1962).
Chave para as espécies de Didymoglossum no Estado do Rio Grande do
Sul:
1a Frondes inteiras, 2-6mm larg., 3-8mm compr.; geralmente um único soro na
parte apical, apresentando na borda do invólucro mais de uma fileira de células
com paredes mais escuras .................................................................. 2. D. ovale
1b Frondes inteiras ou lobadas na parte apical, ou pinatífidas a bipinatífidas,
geralmente maiores do que o indicado acima e com mais de um soro; borda do
invólucro com uma ou mais fileiras de células apresentando paredes mais
escuras do que as demais .................................................................................. 2.
2a Lábios dos invólucros longos; células do tecido laminar alongadas
paralalelamente às margens; muitas falsas vênulas ........................3. D. reptans
2b Lábios dos invólucros curtos e largos; células do tecido laminar
isodiamétricas; poucas falsas vênulas. ....................................1. D. hymenoides
1. Didymoglossum hymenoides (Hedw.) Desv., Mém. Soc. Linn. Paris, 6:
330. 1827. Trichomanes hymenoides Hedw., Fil. Gen. Spec., t. 3, f. 3. 1799 .
Tipo: ilustração de Hedwig. Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Hime): 43, t. 8, f. 3. 1971.
Hemiphlebium hymenoides (Hedw.) Prantl, Hymenoph., 46. 1875. Trichomanes
muscoides Sw., Schrad. J. Bot. 1800 (2): 95. 1801. Tipo: Jamaica, Herb. Swartz
s.n. (S). Sturm, Fl. Bras. I (2): 278, t. 18, 1859. Didymoglossum muscoides
(Sw.) Desv., Mém. Soc. Linn. Paris, 6: 330. 1827. Hemiphlebium muscoides
(Sw.) Prantl, Hymenoph., 46. 1875. Trichomanes pabstianum C. Müller, Bot.
Zeit., 12;7338. 1854. Tipo: Santa Catarina, Brasil, Pabst 267 (B!).
Didymoglossum pabstianum (C. Müller) v. d. Bosch, Ned. Kruidk. Arch., 4: 380.
1859. Didymoglossum sociale Fée, Crypt. Vasc. Brés. 2: 85, tab. 85, f. 3. 1873.
Tipo: Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil, Glaziou 5242 (P!). Trichomanes sociale
(Fée) Lindman, Arch. f. Bot., 1 : 17, f. 4–6. 1903. Trichomanes hymenoides
Hedwig f. pseudo–reptans Rosenst., Hedwigia, 46: 75. 1906. Tipo: Serra João
Rodrigues, Rio Grande do Sul, Jürgens & Stier 140 (S–PA!). Trichomanes
pseudo–reptans (Rosenst.) Sehnem, Sellowia, 7: 313. 1956.
Frondes 1-3cm compr., espaçadas; estípite 0,1-0,6cm compr., glabro na
parte superior; lâmina oblonga, oval ou quadrangular arredondada, pinatífida,
lobos obtusos, margens com tricomas simples ou aos pares, tricomas
estrelados ocorrendo ocasionalmente nos enseios entre os segmentos,
nervação subflabelada, nervuras ramificadas nos lobos da lâmina e com costa
distinta percorrente, falsas vênulas presentes. Soros 1-6 confinados ao ápice
da lâmina; invólucro livre ou pouco imerso no tecido laminar, urceolado, com
bordo bilabiado, lábios curtos, com uma única fileira de células escuras no
bordo. Fig. 14.
Habitat: epífita ou epipétrica, em locais sombreados e úmidos e
formações florestais a 50-1000 m alt.
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
31
Distribuição: América tropical, estendendo–se até o norte da Argentina e
ao Uruguai. No Brasil: AC, RO, MT, MS, GO, TO, PE, AL, BA, ES, MG, RJ, PR,
SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bento Gonçalves,
Povoado de Borgheto, 26.8.1962, Camargo 3743 (PACA); Bom Jesus, Passo
da Guarda, 26.7.1952, Sehnem 5891 (PACA); Campo Bom, 4.3.2011, Nervo
655 (PACA); Canela, Cascata do Caracol, 2.1.1964, Camargo 3920 (PACA);
Derrubadas, Salto Grande, 26.10.1971, Sehnem 12525pp (PACA); Dois
Irmãos, arroio da cadeia, 1.1973, Sehnem 13244 (PACA); Santa Maria do
Herval, s.d., Sehnem 9416 (PACA); Herval Seco, 14.1.1970, Sehnem 10753
(PACA); Itaúba, Arroio do Tigre, 18.4.1978, Sehnem 16041 (PACA); Lagoa
Vermelha, 11.10.2009, Windisch 10396 & Nervo (PACA); Lavras do Sul, Rincão
do Inferno, 18.1.1975, Sehnem 14494 (PACA); Montenegro, L. S. Pedro,
11.6.1946, Sehnem 1383 (PACA); Pareci Novo, 31.10.1945, Sehnem 1370
(PACA); Novo Hamburgo, Lomba Grande, 21.5.1966, Sehnem 8698 (PACA);
Panambi, 17.1.1970, Sehnem 10751 (PACA); Santa Cruz do Sul, 19.2.2002,
Windisch 9720 (PACA); São Francisco de Paula, 21.4.1947, Sehnem 2763
(PACA); rio Tainhas, 5.8.1962, Sehnem 8085 (PACA); Serra do Faxinal,
18.7.1950, Sehnem 5237 (PACA); Tainhas, 1.5.1970, Sehnem 10977 (PACA);
São José dos Ausentes, Serra da Rocinha, 18.1.1950, Sehnem 4308 (PACA);
São Leopoldo, Capão do Frade, 17.6.1942, Sehnem 1309 (PACA); Tapera,
12.10.2009, Windisch 10611 & Nervo (PACA); Tenente Portela, Parque
Florestal do Turvo, 2.10.1979, Waechter 1382 (ICN); Terra de Areia, Floresta
Ombrófila Densa de Terras Baixas, 31.11.2013, Nervo 923 & Buzatto (ICN);
Torres, 16.10.1986, Waechter 2229 (HAS); 16.9.1978, Waechter 993 (ICN);
11.2.2014, Nervo 926 & Velho (ICN); Vacaria, Fazenda do Cedro, 13.4.1975,
Sehnem 14627 (PACA).
2. Didymoglossum ovale E.Fourn., Bul. Soc. Fr. 19: 240. 1872. Tipo: Colonia
Tovar, Venezuela, Fendler 25 (P!). Trichomanes ovale (E.Fourn.) W.Boer, Acta
Bot. Neerl. 11: 269. 1962. Trichomanes fontanum Lindm., Ark. f. Bot. I: 44.
1903. Holótipo: Santo Angelo, Rio Grande do Sul, Brazil, Lindman A 1043 (S–
Pa!). Isótipo: PACA! Sehnem Fl. Il. Cat. I (Himen): 38, t. 7, f. 2. 1971.
Didymoglossum fontanum (Lindm.) Copel., Philip. Jo. Sci., 67: 77. 1938.
Trichomanes sphenoides var minor Rosenst., Hedwigia 46: 75. 1906. Tipo: Rio
Pardo, Rio Grande do Sul, Brazil, Jürgens & Stier 207 (S–PA).
Frondes, 3-8mm compr., 2-4mm larg., espaçadas; estípite l-4mm compr.,
glabrescente; lâmina circular-obovada a lanceolada, margens inteiras com
tricomas geminados a estrelados; nervação flabelóide com as frondes férteis
apresentando costa percorrente que termina num soro apical (raro dois ou
três), falsas vênulas presentes. Soro com invólucro mais ou menos protruso,
mas com a parte inferior do tubo imersa no tecido laminar, parte livre alada,
com tricomas estrelados, abertura afunilada ou contraída, lobos com algumas
fileiras de células castanho-escuras. Fig.15.
32
Paulo G. Windisch
Didymoglossum ovale E. Fourn. é caracterizada pelas frondes diminutas,
em geral com um único soro terminal, invólucro com mais de uma fileira de
células escuras no bordo.
Habitat: Epífita na base de troncos ou epipétrica, em locais úmidos e
sombreados, cerca 100-150m alt.
Distribuição: região tropical da América. No Brasil: AC, AM, MT, BA, PE,
ES, RS, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Dois Irmãos, Morro
Dois Irmãos, 27.10.1943, Sehnem 1171 (PACA); Rio Pardo, Serro Agra, s.d.,
Schoenwald & Deutrich s.n. (PACA); Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, 1906,
Jürgens & Stier s.n. (PACA); Serro do Capão da Cruz, 19.7.1904, Schoenwald
& Deutrich s.n. (ICN).
3. Didymoglossum reptans (Sw.) C.Presl, Abh. böhm. Ges. Wiss., 5: 115.
1843. Trichomanes reptans Sw., Prod., 136. 1788. Tipo: Jamaica, Herb. Swartz
s.n. (S–PA!). Sturm, Flora Bras., 1 (2): 2279, tab. 18, f. 3. 1859. Lindman, Ark. f.
Bot., 1: 30, f. 17–19. 1903. Trichomanes quercifolium Hook. & Grev., Icon. Fil.,
tab. 115. 1829, Tipo: Colombia, Esmeraldas, Jameson s.n. (ED). non T.
quercifolium Desv., Berl. Mag. 5: 328. 1811. Didymoglossum quercifolium
(Hook. & Grev.) Presl, Abh. Bböhm. Ges. Wiss., 5: 115. 1843. Trichomanes
montanum Hooker, Icon. Plant., tab. 187. 1837 Tipo: Jameson s.n., Colombia,
Esmeraldas, Colombia (K!). Sehnem, Sellowia 7: 312. 1956.
Frondes 3-6cm compr., espaçadas; estípite até 1cm compr., glabro na
parte superior; lâmina oblonga, a lanceolar oblonga, lobada a pinatífida, lobos
obtusos, margens com tricomas simples ou aos pares, tricomas estrelados
ocorrendo frequentemente nos enseios entre os segmentos; nervação
subflabelada, nervuras ramificadas nos lobos da lâmina e com costa distinta
percorrente, falsas vênulas presentes em grande número, não paralelas às
margens dos segmentos. Soros 1-6 no ápice da lâmina; invólucro livre ou um
pouco imerso no tecido laminar na parte basal, urceolado, por vezes
estreitamente alado, bordo bilabiado, lábios longos, com uma única fileira de
células escuras no bordo. Fig. 16.
Habitat: epífita e sobre rochas úmidas, locais sombrados em formações
florestais desde a planície costeira até cerca 1000 m alt.
Distribuição: América Central, Antilhas, norte da América do Sul,
estendendo–se ao sul do Brasil e norte da Argentina. Brasil: BA, ES, MG, RJ,
SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Morrinhos do Sul,
12.10.2013, Nervo 931 & Velho (ICN); Sapiranga, Picada Verão, 18.3.1996,
Ohlweiler 185 (PACA).
O gênero Polyphlebium:
Polyphlebium Copel. Philipp. J. Sci. 67: 55. 1938. Tipo: Polyphlebium venosum
(R.Br.) Copel.
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
33
Caule longo reptante, frequentemente ramificado, filiforme, 0,1-0,8mm
diam., densamente coberto por tricomas castanho claros, poucas raízes
filiformes. Estípites 0,3-55cm comp., distanciadas entre si. Lâmina pinada a
quadripinada, ovada a estreitamente ovada, 6,5 x 30cm; nervação anádroma,
por vezes em fileira única de células marginais presentes, falsas vênulas
ausentes, células com paredes internas finas e retas. Soros paratáticos;
invólucro tubular, bordo geralmente dilatado, receptáculo exserto.
Habitat: epipétricas em locais úmidos ou epífitas em troncos de filicíneas
arborescentes.
Distribuição: regiões temperadas do Hemisfério Sul, florestas montanas
de baixa altitude, cerca 15 espécies.
Chave para as espécies de Polyphlebium no Estado do Rio Grande do
Sul:
1a.Raque alado ........................................................................ 2. P. pyxidiferum
1b.Raque não alado (exceto na parte apical da lâmina) ......... .1. P. angustatum
1. Polyphlebium angustatum (Carmich.) Ebihara & Dubuisson. Blumea 51(2):
240. 2006. Trichomanes angustatum Carmich., Trans. Lin. Soc. London 12:513.
1818. Holótipo: Tristão da Cunha, Carmichael s.n. (K!). Vandenboschia
angustata (Carmich.) Copel., Philipp. J. Sci. 7: 466. 1941. Trichomanes
tenerum Sprengel, Syst. veg. 4: 129. 1827. Tipo: Brasil, sem dados de coleta,
provavelmente destruído na Segunda Guerra Mundial (LZ). Vandenboschia
tenera (Sprengel) Copel., Phillipp. J. Sci. 67: 53. 1941.
Frondes 4-16cm longas, espaçadas a remotas; estípite 1-3cm comp. 0,20,3mm diam., com tricomas castanhos; lâmina 2-pinado-pinnatifida a 4pinnada, linear lanceodada a ovado-lanceolada; raque não alado ou apenas
alado na extremidade do ápice, em geral undulado a crispado, 6 a mais pares
de pinas; segmentos lineares, glabros, plano, sem falsas nervuras. Soro com
invólucro funiliforme a salviforme, tubo 2 a 4x mais longo que largo, borda
pouco expandida. Fig. 17.
Habitat: epífita, por vezes epipétrica em florestas úmidas, especialmente
sobre o cáudice de ciateáceas, 60-1000 m alt.
Distribuição: Antilhas e desde o México até Brasil, Uruguai e noroeste da
Argentina. No Atlântico Sul registros para Ilha de Tristão da Cunha. No Brasil:
BA, ES, MG, RJ, SP, PR, SC, RS e Ilha da Trindade.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Augusto Pestana,
14.10.2004, Schmitt 88 (PACA); Barracão, Parque do Espigão Alto,
11.12.1988, Mondin 405 (HAS); Bom Jesus, Fazenda Caraúna, s.d., Dutra 243
(ICN); Passo da Guarda, 16.1.1952, Sehnem 5892 (PACA); Camaquã, Cascata
Barbosa Lessa; 05.05.2005, Schmitt 245 (PACA); Cambará do Sul,
Itaimbezinho, 28.11.1980 Bueno s.n. (ICN); Capão do Leão, Horto Botânico
Irmão Teodoro Luiz, 29.9.1986, Waechter 2221 (ICN, HAS); Caraá, Nascente
do Rio dos Sinos, 12.7.2004, Schmitt 194 (PACA); Derrubadas, Parque
Estadual do Turvo, 17.1.2005, Schmitt 43 (PACA); Encruzilhada do Sul, Distrito
Boqueirão, 28.11.2004, Schmitt 97 (PACA); Esmeralda, 15.5.1978, Arzivenco
34
Paulo G. Windisch
70 (ICN); Faxinal, 4.1.1981, Sobral s.n. (ICN); Gramado, 12.4.1975; Gravataí,
Dutra 43 (ICN); Lagoa Vermelha, 11.10.2009, Windisch 10422 & Nervo
(PACA); Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 5.9.2003, Bencke 569
(HAS); Marau, 18.1.2005, Schmitt 45 (PACA); Montenegro, Morro do Cabrito,
4.10.1989, Fernandes 586 (ICN); Morrinhos do Sul, 10.1.2014, Nervo 936 &
Velho (ICN); Morro Reuter, São Jose do Herval, 24.5.2002, Lehn 296 (PACA);
Não–me–Toque, 12.10.2009, Windisch 10535 & Nervo (PACA); Novo
Hamburgo, Lomba Grande, 14.4.2004, Schmitt 147 (PACA); Rio Pardo, Serra
de João Rodrigues, 16.3.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN); Riozinho,
10.6.2004, Schmitt 169 (PACA); Salto do Jacuí, Salto, s.d., Dutra 119 (ICN);
Santa Maria, s.d., Pivetta s.n. (Herb.Pivetta); Boca do Monte, 6.8.2004, Schmitt
64 (PACA); Itaimbezinho, 10.1.1964, Camargo 3931 (PACA); Serra do Faxinal,
19.12.1950, Sehnem 5102 (PACA); Tainhas, 9.2.1957, Schultes 1669 (ICN);
Serra do Pinto, 8.2002, Steffler s.n. (PACA 15481); São Francisco de Paula,
18.12.1949, Sehnem 4347 (PACA); São Leopoldo, Capão do Frade, 17.6.1942,
Sehnem 1315 (PACA); Sapiranga, Alto Ferrabraz, 7.4.2004, Schmitt 123
(PACA); Sapucaia do Sul, Morro Sapucaia, 29.6.1986, Fernandes 146 (ICN);
Soledade, 18.11.1956, Baptista s.n. (ICN); Torres, 8.7.1977, Viana s.n. (ICN);
Vacaria, Passo do Socorro, 28.1.1951, Sehnem s.n (PACA); Venâncio Aires,
Herval do Paredão, 20.2.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN); Veranópolis,
Parque Femaçã, 18.1.2005, Schmitt 50 (PACA); Viamão, Parque St. Hilaire,
s.d., Lindeman s.n. (ICN).
2. Polyphlebium pyxidiferum (L.) Ebihara & Duibuisson, Blumea 51 (2): 240.
2006. Trichomanes pyxidiferum L., Sp. pl.:1098. 1753. Tipo: prancha em
Plumier, Traite foug. Amér. T 50E, 1705. Vandenboschia pyxidifera (L.) Copel.
Philipp. J. Sci. 67: 53. 1938.
Frondes 3-12cm longas, espaçadas a remotas; estípite 1-3cm comp.,
0,4-0,5mm diam., com tricomas nigrescentes; lâmina 2-3 pinatífida; raque alado
em toda extensão, em geral undulado a crispado, 4 a 10 pares de pinas;
segmentos lineares, glabros, planos a ondulados, tecido laminar geralmente
com estreitas dobras paralelas às nervuras (podendo ser confundidas com
falsas nervuras que não ocorrem nesta espécie); nervação anadroma; invólucro
cônico alargado, tubo 1-1,5x mais longo que largo, borda pouco ou apenas
levemente expandida. Fig. 18.
Habitat: epipétrica em rochas e pedras perto de córregos, por vezes
epífita na base dos troncos, ca. 100-1000 m alt.
Distribuição: pantropical. Brasil: BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Augusto Pestana,
s.d., Wunder 02 (PACA); Canela, Caracol, 21.12.1949, Lutz s.n. (ICN);
Derrubadas, Salto Grande, 26.10.1971, Sehnem 12524 (PACA); Ijuí, Cadeado,
9.1951, Pivetta s.n. (Herb.Pivetta); Maquiné, cascata Garapia, 20.1.1997,
Senna 369 (HAS); Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 5.11.2003,
Bencke 566 (HAS); São Francisco de Paula, 2.1.1954, Sehnem 6525 (PACA);
Terra de Areia, 31.11.2013, Nervo 924 & Buzatto (ICN); Nervo 925 & Buzatto
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
35
(ICN); São Leopoldo, rio dos Sinos, 27.8.1941, Sehnem 950 (PACA); Tenente
Portela, Parque Florestal do Turvo, 10.7.1980, Waechter 1652 (ICN).
O gênero Vandenboschia:
Vandenboschia Copel., Philipp. J. Sci. 67: 51. 1938.
Trichomanes L. subg. Vandenboshia (Copel.) Allan, Fl. New Zealand 1: 34.
1961. Tipo: Vandenboschia radicans (Sw.) Copel.
Caule subereto ou curto a longo reptante, irregularmente ramificado,
espesso (até 1,7mm diam.), densamente coberto por tricomas multicelulares
castanhos (partes ascendentes por vezes quase glabras); raízes numerosas e
robustas (partes terrestres). Estípites 1-16cm comp., aproximados ou
irregularmente distanciados. Lâmina bipinada a 5-pinatifida, ovada a linearovada, 40x20cm, nervação anadroma, falsas vênulas ausentes; lâmina
frequentemente reduzida, arranjo de células alongadas em algumas espécies,
paredes internas delgadas a espessas, retas ou pontuada. Soros com
invólucros paratáticos, tubulares a campanulados, bordas por vezes dilatadas,
receptáculos exertos.
Habitat: hemiepífitas sobre troncos de árvores, ou epipétricas, por vezes
terrestres.
Distribuição: ampla nos trópicos, se estendendo às regiões temperadas
no Hemisfério Norte, mais de 15 espécies.
Chave para as espécies de Vandenboschia no Estado do Rio Grande do
Sul:
1a. Pinas bi-pinatissectas ou mais decompostas; segmentos terminais lineares .
....................................................................................................... 1. V. radicans
1b. Pinas pinatífidas ou pinatissectas, por vezes pinas basais bipinatifidas;
segmentos terminais levemente flabelados ................................... 2. V. rupestre
1. Vandenboschia radicans (Sw.) Copel., Phillip. J. Sci. 67: 54. 1938.
Trichomanes radicans Sw., J. Bot. (Schrader) 1800 (2): 97. 1801. Tipo:
Jamaica, Herb. Swartz (S!). Sehnem, Fl. Il. Cat. (Himen): 84, pl. 19. 1971.
Trichomanes kunzeanum Hooker, Sp. fil. 1: 127. 1844. Síntipo: Peru, Huánuco,
Pampayacu, Poeppig 1132 (K); Peru, Junin, Pangoa, Mathews 2088 (K);
Venezuela, Mérida, Linden 176 (K). Trichomanes radicans var. kunzeanum
(Hooker) Duek & Lell., Amer. Fern J. 68: 120. 1978.
Caule ascendente, com raízes bem desenvolvidas e tricomas, emitindo
eixo de crescimento indeterminado, trepador, sendo este desprovido de raízes
(fixando-se sobre troncos através de tricomas rizoidais) sobre o qual se
desenvolvem as frondes adultas. Frondes adultas até 50 cm compr., 10-20cm
larg.; estípite 5-12cm compr., por vezes estreitamente alado próximo à base da
lâmina (decorrente no estípite); lâmina lanceolada a ovada, bipinada a
tripinado-pinatífida, ápice pinatífido, pinas ascendentes (em um ângulo de 4560° em relação ao raque); segmentos terminais lineares a estreitamente
oblongos; nervura principal pinada, falsas vênulas ausentes. Soros numerosos,
36
Paulo G. Windisch
apicais, geralmente situados nos segmentos proximais das pínulas; invólucro
livre ou um pouco imerso no tecido laminar, estreito-afunilado a cilíndrico,
bordo truncado ou (raro) levemente expandido. Fig. 19.
Vandenboschia radicans representa Vandenboschia subgênero
Vandenboschia (sensu Ebihara & al. 2006) no Rio Grande do Sul. Geralmente
está representada nos herbários apenas pela parte epífitica, ocorrendo em
florestas úmidas ou por vezes sobre rochas.
Habitat: hemiepífita sobre troncos ou epitétrica em formações florestais
fechadas, locais úmidos. No Rio Grande do Sul, em floresta ombrófila densa,
cerca 100-900 m alt.
Distribuição: pantropical. Na América ocorre nas Antilhas e desde o
México até o Brasil e Paraguai. Brasil: RR, AM, PA, MT, BA, MG, ES, RS, SP,
PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Derrubadas, Turvo,
20.12.1982, Bueno s.n. (ICN); Dom Pedro Alcântara, 2008, Grings & Seger s.n.
(HAS 49846); Erechim, Estreito Marcelino Ramos, s.d., Dutra 114 (ICN);
Estrela, Mussum, s.d., Dutra 141 (ICN); Maquiné, Cascata do Mundo Novo,
6.2.2002, Mansan 544 (HAS); Montenegro, L.S. Pedro, 16.6.1953, Sehnem
6476 (PACA); Tupandi, 10.11.1945, Sehnem 1364 (PACA); Morrinhos do Sul,
10.3.2000, Windisch 9581 (PACA 10558); Novo Hamburgo, São João do
Desterro, 30.10.1959, Sehnem 7549 (PACA); 20.10.2000, Marciane s.n. (PACA
11507); Osório, 8.12.1934, Dutra 802 (ICN); Rio Pardo, Arroio do Pinhal,
4.1.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN); Salvador do Sul, 22.3.1983,
Bueno s.n. (ICN); Santa Cruz do Sul, Parque da Gruta, 2.10.1992, Bender &
Bueno s.n. (HUNISC 20216); Santa Maria, s.d., Pivetta s.n. (Herb.Pivetta);
Sapiranga, Alto Ferrabraz, 17.4.2004, Schmitt 121 (PACA); São Francisco de
Paula, Parque das 8 cachoeiras, 2.10.2007, Nervo 306 (ICN); Taimbé,
13.2.1956, Sehnem 6780 (PACA); 31.10.1958, Vianna s.n. (ICN); São
Leopoldo, 25.1.1933, Ir. Augusto 840 (ICN); Morro das Pedras, s.d., Dutra 260
(ICN); Terra de Areia, Sanga Funda, 26.2.1990, Nunes 590 (HAS); Torres,
Morro do Forno, s.d., Waechter 2406 (ICN).
2. Vandenboschia rupestris (Raddi) Ebihara & K. Iwats., Blumea 51(2): 242.
2006. Hymenophyllum rupestre Raddi, Pl. Bras. nov. gen. 1:67, ta.80. 1825.
Tipo: Brasil, Raddi s.n. (Holotipo FI), isotipo K!, foto US!). Trichomanes rupestre
(Raddi) v.d.Bosch, Ned. Kruid. Arch. 4: 370. 1859.
Caule ascendente, com raízes bem desenvolvidas e tricomas, emitindo
eixo de crescimento indeterminado, trepador, sendo este desprovido de raízes
(fixando-se sobre troncos através de tricomas rizoidais) sobre o qual se
desenvolvem as frondes adultas. Frondes adultas até 30cm compr., 10-20cm
larg.; estípite 0,5-6,0cm compr., parcialmente alado, lâmina oblonga a elípticooblonga, pinado-pinatífida, ápice pinatífido, pinas ascendentes; segmentos
terminais não lineares curtos e largos; nervura principal pinada, falsas vênulas
ausentes. Soros apicais, geralmente situados nos segmentos proximais das
pínulas; invólucro livre ou com estreita aleta laminar de cada lado, cônico
gradualmente expandido da base para a borda. Fig. 20.
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
37
Vandenboschia rupestris representa Vandenboschia subgênero
Lacosteopsis (sensu Ebihara & al. 2006) no Rio Grande do Sul.
Habitat: hemiepífita ou epipétrica, em formações florestais úmidas, cerca
100-900 m alt. Geralmente encontrada estéril.
Distribuição: Costa Rica, Venezuela até Bolivia, Paraguai e Brasil. Brasil:
BA, MG, ES, RJ, SP, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Dois Irmãos,
21.1.1936, Sehnem 723 (PACA); Gravataí, Morro Itacolomi, 17.3.2004, Lehn
1032 (PACA 16363); Mampituba, 9.1.2014, Nervo 933 & Velho (ICN);
Morrinhos do Sul, Pixirica, 17.10.2013, Nervo 908 & Velho (ICN); Osório, Morro
de Osório, 21.1.2002, Lehn & Athayde Filho s.n. (PACA 13268); São Francisco
de Paula, Parque das Oito cachoeiras, 2.10.2007, Nervo 307 (ICN); São
Leopoldo, Quilombo, 1933, Dutra 694 (ICN); Terra de Areia, 14.12.2013, Nervo
932 & Buzatto (ICN).
O gênero Abrodictyum:
Abrodictyum C.Presl. Hymenophyllaceae 20–21. T. VII. 1843. Trichomanes L.
sect. Abrodictyum (C.Presl) T. Moore, Index Filicum.1857. Cephalomanes C.
Presl subg. Abrodictyum (C.Presl.) K.Iwats. Acta Phytotax. Geobot. 35: 176.
1984. Tipo: Abrodictyum cumingii C. Presl.
Caule ereto a curto reptante, espesso (até 2mm diam.) coberto por
tricomas castanhos a nigrescentes, raízes numerosas e robustas. Estípites 715cm comp., aproximadas ou mais ou menos distanciadas. Lâminas bipinadas
a quadripinatífidas, linear-ovadas a subdeltóides, 30x18cm nervação
anadroma, falsas vênulas ausentes, lâmina reduzida em algumas espécies,
parede interna das células espessa e com pontuações. Soros paratáticos,
invólucros tubulares, borda truncada, receptáculo longo-exertos (descrição
aplicável ao subgênero Pachychatetum, enquanto que o subgênero
Abrodictyum é paleotropical).
Habitat: geralmente terrestre em locais úmidos, por vezes rupícola ou
epífita.
Distribuição: ampla distribuição nos trópicos, pouco mais de 10 espécies.
O gênero está representado no Rio Grande do Sul por uma única
espécie, a saber:
Abrodictyum rigidum (Sw.) Ebihara & Dubisson, Blumea 51(2): 243. 2006.
Trichomanes rigidum Sw. Prodr.: 137. 1788. Tipo: Jamaica, Herb. Swartz s.n.
(S–BG!). Sturm, Fl. Bras. I (2): 267. 1859. Fée, Crypt. Vasc. Brés.: 189. 1869.
Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Himen.): 88, t. 11, f. 1. 1971. Trichomanes mandiocanum
Raddi, Fil. Bras., t. 79,. f. 2. 1825. Tipo: Serra da Mandioca, Rio de Janeiro,
Brasil, Raddi s.n. (FI). Sturm, Fl. Bras. I (2): 267. 1859.
Frondes férteis e estéreis isomorfas, 10-35cm compr., fasciculadas;
estípite 2-15cm compr., glabrescente; lâmina estreito-ovada a deltóide,
bipinada-pinatífida a 3-4 pinatisecta, glabrescente (exceto raque e costas)
segmentos estreito-lineares, os terminais 0,3-0,5mm larg.; raque e raque das
38
Paulo G. Windisch
pinas não alados ou muito estreitamente alados (aletas com menos de 0,5mm
larg.); nervação acompanhando a dissecção da lâmina, sem falsas vênulas.
Soros numerosos, subaxilares; invólucros livres, estreito-afunilados,
comprimidos, ápice truncado, levemente bilobado. Fig. 21.
Em seu aspecto geral Abrodictyum rigidum lembra plantas menores de
Trichomanes elegans Rich., diferindo pelo porte, bem como raques da lâmina e
pinas não alados ou com aletas muito estreitas, além do tecido laminar com
uma única camada de células em espessura. T. elegans foi mantida no gênero
Trichomanes (s. stricto) por Ebihara & al. (2006), no subgênero Davalliopsis
(sensu Ebihara & K. Iwats.), considerado como neotropical com uma única
espécie. O limite de distribuição meridional de T. elegans situa–se no Estado
de Santa Catarina, não sendo impossível que venha a ser encontrado em
remanescentes da Floresta Atlântica no Estado do Rio Grande do Sul.
Habitat: terrestre ou epipétrica, em locais úmidos e sombreados, em
formações florestais, até 100 m alt (RS).
Distribuição: América tropical (ao sul do México até o sul do Brasil e
Bolívia). Brasil: RO, MT, MS, GO, BA, MG, ES, RJ, SP, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Campo Bom,
4.3.2011, Nervo 657 (PACA); São Leopoldo, fazenda S. Borja, 08.10.1941,
Sehnem 1264 (PACA); São Leopoldo, Feitoria, 30.9.1936, Sehnem 778
(PACA); Quilombo, Beuren s.n. (ICN).
O gênero Trichomanes:
Trichomanes L., Spec. Plant. 2: 1097. 1753. Tipo: Trichomanes crispum L. tipo
conserv. ICBN 2000 (vs. Trichomanes scandes L.).
Caule subereto, ereto, ou curto a longo reptante, delgado a espesso (18mm diam., 0,5 a 1,2mm no subg. Lacostea), geralmente filiforme, esparsa a
densamente coberto por tricomas castanhos a nigrescentes, raízes numerosas
e robustas. Estípites até 30cm comp., geralmente aproximados, por vezes mais
ou menos destanciados. Lâminas geralmente monomorfas (dimorfas no subg.
Feea) pinadas com pinas simétricas, geralmente simples ou mais finamente
pinadas, ovadas a linear-ovadas, até 70x25cm, nervação geralmente
catadroma ou anadroma (T. anadromum Rosenst. e representantes do subg.
Lacostea), por vezes pubescente com tricomas unicelulares a multicelulares,
vênulas falsas presentes em algumas espécies (perpendiculares às nervuras
verdadeiras), tecido laminar uniestratificado (uma célula em espessura) ou
pluriestratificado (subgêneros Feea e Davalliopsis), paredes internas das
células espessas e sinuosas, ou pontuadas (subgs. Feea e Davalliopsis),
margens por vezes pilosas com tricomas simples ou estrelados. Soros com
invólucros geralmente imersos no tecido laminar, raro pedicelados (em T.
pinnatum Hedw. e T.vittaria DC. ex Poir.), tubulares, bordos dilatados,
receptáculos geralmente exertos.
No sistema de Ebihara & al. (2006), o gênero Trichomanes constitui um
grupo com morfologia extremamente diversificada, dificultando sua definição
sem recorrer a combinações de caracteres, incluindo o invólucro do tipo
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
39
tubular, ausência de falsas vênulas paralelas às nervuras verdadeiras
(perpendiculares por vezes presentes), presença de raízes verdadeiras, além
de características do indumento. As espécies são predominantemente
neotropicais, havendo sugestão de que alguns taxa neotropicais possam fazer
parte do mesmo (Ebihara & al. 2006). Trichomanes apresenta quatro
subgêneros: Trichomanes L., Feea (Bory) Hook., Davalliopsis (Bosch) Ebihara
& K. Iwats. e Lacostea (Bosch) C.Chr, sendo que apenas o primeiro está
representado no Rio Grande do Sul.
Trichomanes subg. Trichomanes, também apresenta grande
variabilidade na morfologia de seus representantes, variando de frondes
inteiras, pinadas a tripinadas ou mais divididas, e se caracterizando por
combinação de caracteres que inclui presença de tricomas nas margens das
lâminas não denticuladas (espécies dos grupos de T. crispum L. e T.
polypodioides Raddi) ou ausências destes nas margens de lâminas
denticuladas (grupo de T. pinnatum Hedw.), falsas nervuras quando presentes
perpendiculares às nervuras verdadeiras, frondes em geral com pinas
simétricas.
Trichomanes subgen. Trichomanes contaria com cerca de 40 espécies,
das quais 23 foram tratadas na revisão do grupo de Trichomanes crispum
(Windisch, 1992). No Estado do Rio Grande do Sul ocorrem quatro espécies
deste gênero, sendo duas do grupo de T. crispum e, duas do grupo de T.
polypodioides.
Habitat: geralmente terrestre em locais úmidos, por vezes epifitica sobre
tronco, epipétrica.
Distribuição: predominantemente neotropical (uma espécie na África),
mais de 60 espécies.
Chave para as espécies de Trichomanes no Estado do Rio Grande do Sul:
1ª Superfície laminar com tricomas estrelados ou furcados na base ................ 2.
1b.Superfície laminar glabra ou com tricomas simples, unicelulares ou
multicelulares acima da célula basal .................................................................. 3.
2a.Nervação anadroma ............................................................ 1. T. anadromum
2b.Nervação catádroma ........................................................4. T. polypodioides
3a.Frondes arqueadas, deltóides a lanceoladas, 3,5-25 cm longas .....................
........................................................................................................ 3. T. pilosum
3b Frondes eretas, lineares ou estreitamente lanceoladas, l5-54 cm longas .......
..................................................................................................... 2. T. cristatum
1. Trichomanes anadromum Rosenst., Fedde Repert. 21:344. 1925. Tipo:
Brasil, Estado de São Paulo, Alto da Serra, filicum arborescentium truncos
inhabitans, Brade 884. Isótipo HB!
Frondes 4-30cm compr., 1-3 cm larg., espaçadas férteis e estéreis
isomorfas; estípite cerca 0,5cm compr.; lâmina membranácea, lobada a
pinatífida, lanceolada a linear-lanceolada, provida de tricomas estrelados;
40
Paulo G. Windisch
nervuras 1-2 vezes furcadas, livres, a primeira ramificação dirigindo-se para a
parte distal (anadroma); falsas vênulas ausentes, desprovida de nervura
marginal. Soros nos ápices dos segmentos; invólucro imerso no tecido laminar,
não subtendido pelas nervuras laterais, bordo inteiro. Fig. 22.
Habitat: epífita sobre troncos, especialente sobre cáudices de filicíneas
arborescentes, em locais úmidos e sombreados. Na região, é muito comum
sobre troncos de Dicksonia sellowiana Hook., tendo os caules crescendo sobre
capa fibrosa de raízes adventícias do hospedeiro, 500-1300 m alt.
Distribuição: Paraguai, Brasil. Brasil: GO, MG, RJ, SP, PR. SC. RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bom Jesus,
Potreirinhos, 15.1.1963, Camargo 3843 (PACA); Cambará do Sul, 23.4.2005,
Nervo 31 (ICN); Parque Aparados da Serra Geral, 22.6.1980, Waechter 1618
(ICN); Canela, Cascata do Caracol, 28.1.1941, Schultz 154 (ICN); Caraá,
Nascente do Rio dos Sinos, 12.7.2004, Schmitt 182 (PACA); Caxias do Sul,
Vila Oliva, 17.1.1947, Sehnem 2549 (PACA); Sehnem 2455 (PACA), 24.1.1947,
Sehnem 2571 (PACA); Esmeralda, Estação Ecológica de Aracuri, 21.9.1980,
Waechter 1703 (ICN); Jaquirana, 13.10.2007, Windisch & al. 10212 (PACA);
Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 837 (HAS);
Montenegro, São Salvador, 22.12.1935, Sehnem 722 (PACA); Morrinhos do
Sul, 9.4.2004, Schmitt 140 (PACA); Salto do Jacuí, Salto, s.d., Dutra 118 (ICN);
Santa Maria, s.d., Pivetta s.n. (Herb.Pivetta); São Francisco de Paula,
19.12.1949, Sehnem 900 (PACA); Itaimbezinho, 10.1.1964, Camargo 3934
(PACA); Josafá, 25.4.2005, Senna 902 (HAS); Tainhas, Serra do Pinto, 7.2002,
Steffler s.n. (PACA 15480); São José dos Ausentes, Serra da Rocinha,
18.1.1950, Sehnem 4306 (PACA); São Leopoldo, Quilombo, s.d., Pivetta s.n.
(Herb.Pivetta); Vacaria, Passo do Socorro, 27.1.1951, Sehnem 5726 (PACA).
2. Trichomanes cristatum Kaulf., Enum.: 265. 1824. Tipo: "Brasilia",
Chamisso s.n. (LE). Material de Kaulfuss provavelmente destruído na Segunda
Guerra Mundial (LZ). [Coleção de Chamisso provavelmente proveniente de
Santa Catarina]. Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Hime): 70, t. 15, f. 1. 1971. Trichomanes
sellowianum Presl, Hymen. 15.: 37. 1843. Tipo: "Brasilia", Sellow 197 (PR!).
Trichomanes sellowianum var. decrescens Rosenst., Feddes Rep. Spec. Nov.
Regni Veg. 21: 345. 1925. Tipo: Santa Anna, São Paulo, Brasil, Brade 5398
(Isotipo HB !).
Frondes férteis e estéreis isomorfas, 20-54cm compr., 2,5-6,0cm larg.
(parte mediana), 3-6mm distantes entre si; estípite 7-22cm compr., hirsuto, não
alado; lâmina linear a estreitamente lanceolada, pinatífida, margens crenadas a
ondulado-crispadas; nervação pinada, falsas vênulas ausentes. Soros no ápice
dos segmentos; invólucro imerso no tecido laminar, subtendido pelas vênulas
laterais, bordo expandido, bilobado, os lobos formados pelo tecido que
acompanha as vênulas laterais. Fig. 23.
Esta espécie é próxima de Trichomanes crispum L. e T. pilosum Raddi.
T. cristatum caracteriza–se pelas frondes lineares ou estreitamente
lanceoladas, eretas e pelo caule curto reptante. Bastante polimorfa, sendo que
no caso de espécimens férteis de pequeno porte, torna-se difícil a distinção em
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
41
relação a T. pilosum, faltando ainda um estudo detalhado da biologia destas
espécies, que seria de grande valia para uma melhor delimitação destes taxa.
Habitat: terrestre, ou em húmus em locais muito úmidos em formações
florestais na planície costeira a cerca 50–80 m alt., no nordeste do Estado.
Distribuição: parte tropical da América do Sul, exceto planície
amazônica, estendendo–se ao Paraguai e Argentina. Brasil: AP, PA, MT, MS,
GO, DF, BA, AL, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Osório, Morro Grande,
16.1.1952, Sehnem 5719 (PACA); Terra de Areia, Floresta Densa de Terras
Baixas, 31.11.2013, Nervo 939 & Buzatto (ICN); Torres, Campo Bonito,
06.5.1986, Waechter 2176 (ICN).
3. Trichomanes pilosum Raddi, Opusc. Sci. Bol. 3: 3: 296. 1819. Pl . Bras. I
(Filices): 63, t. 79, f. 2. 1825. Tipo: Rio de Janeiro, Brasil, Raddi s.n. (FI).
Sturm., Fl. Bras. I (2): 252. 1859. Fée, Crypt. Vasc. Brés.: 187. 1869. Sehnem,
Fl. Il. Cat. I (Himen.): 66. 1971. Ptilopohyllum pilosum (Raddi) Prantl, Unters.
Morph. Gefässkrypt. 1: 48. 1876. Trichomanes langsdorfii v.d.Bosch, Ned.
Kruidk. Arch. 5 (2): 150. 1861. Lectótipo (escolhido por Windisch, 1992):
Langsdorff sn., ex Herb Richard, det. Bosch, (P!, foto GH, HB).
Frondes férteis e estéreis isomorfas, 3,5-25,0cm compr., l,5-5,0cm larg.,
próximas a cespitosas; estípite 1-12cm compr., hirsuto; lâmina profundamente
pinatífida, segmentos próximos, margens inteiras ou crenadas; nervação
pinada, falsas vênulas ausentes. Soros 2-4 no ápice dos segmentos; invólucro
imerso no tecido laminar, geralmente subtendido pelas nervuras laterais (e
tecido laminar que as acompanha), bordo expandido, bilobado, lobos formados
principalmente pelo tecido ao longo das nervuras laterais. Fig. 24.
Trichomanes pilosum Raddi é muito próxima de T. crispum L. (Antilhas e
norte da América do Sul, incluindo Amazônia), sendo que sinônimos desta
última já foram aplicados a material do sul do Brasil, destacando-se: T. gardneri
Bosch, T. crispum L. var. fastigatum Hieron. Também é próxima de T. cristatum
(Andes, Guianas, Centro–Oeste, Sudeste e Sul brasileiro), porém esta é
terrestre em lugares úmidos ou sujeitos a inundação.
Habitat: geralmente epipétrica ou em solo e húmus em fendas de rocha,
frequentemente em arenito, em locais sobreados e sobre rochas próximas a
regatos, cerca 40-200 m alt. principalmente nas encostas da Serra Geral.
Distribuição: Brasil (ao sul da Amazônia), Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Brasil: MT, GO, DF, MS, BA, PE, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Gravataí, Fazenda
Fialho, s.d., Dutra 159 (ICN); Itacolomi, 12.1.1950, Sehnem 4222 (PACA);
16.1.2004; Jaguari, Gruta Linha 1, 24.10.1975, Lopes & Dellanea s.n. (SMDB);
Montenegro, Morro do Cabrito, 27.7.1987, Fernandes 347 (ICN); Portão,
Capela, 19.11.1941, Sehnem 997 (PACA); Rio Pardo, Serra de João
Rodrigues, 16.3.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN); São Francisco de
Assis, Arenito São Pedro, 17.8.209, Ott s.n. (HAS 47665); São Leopoldo,
Fazenda S. Borja, 5.5.1959, Sehnem 7475 (PACA); Sapucaia do Sul, Morro
42
Paulo G. Windisch
Sapucaia, 13.9.1982, Waechter 1895 (ICN); Taquara, Pituva, 12.1969, Sehnem
11789 (PACA); Torres, Lageadinho, 18.10.1980, Zanett 388 (ICN).
4. Trichomanes polypodioides L., Sp. Pl. 2: 1098. 1753. Tipo: neótipo
designado por Proctor (1977):Ilha de Montserat, Antilhas, Proctor 19068 (A!).
Sturm, Fl. Bras. I (2): 258, t. 18, f. 10, 11. 1859. Sehnem, Fl. Il. Cat. (Himen.):
61, t. 12, f. 2. 1971. Trichomanes sinuosum Rich. ex Willd., Sp. Pl. 5: 502.
1810. Tipo: Guadalupe, provavelmente leg. L. C. Richard, Herb. Willd. 20191
(B). Sturm, Fl. Bras. I (2): 258.
Frondes férteis e estéreis isomorfas, até 16cm compr., espaçadas;
estípite até cerca 0,5cm compr.; lâmina linear-lanceolada, profundamente
lobada a pinatífida, lobos obtusos; tricomas estrelados sobre as margens, costa
mediana e nervuras dos segmentos, nervação pinada, catadrômica, desprovida
de falsas vênulas. Soros 1-4 no ápice dos segmentos; invólucro imerso no
tecido laminar, salviforme com a parte apical expandida, sem células escuras
no bordo. Fig. 25.
Esta espécie, juntamente com T. anadromum representa na região
Trichomanes subg. Achomanes, secção Acarpacrium (sensu Morton, 1968).
Esta secção se distingue das demais do citado subgênero pelo indumento
formado por tricomas estrelados ou furcados na base.
Habitat: Epífita pendente, especialmente sobre troncos de samambaias
arborescentes, em localidades de cerca 300 até acima de 1000 m alt.
Distribuição: América tropical, estendendo-se do México ao Uruguai.
Brasil: AP, MA, PI, PE, MT, GO, DF, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS.
Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Campo Bom,
4.3.2011, Nervo 656 (PACA); Mampituba, 9.1.2014, Nervo 934 & Velho (ICN);
Morrinhos do Sul, 10.1.2014, Nervo 935 & Velho (ICN); Torres, Faxinal,
29.4.1986, Waechter 2172 (ICN); Torres, Lageadinho, 29.8.1980, Waechter
1679 (ICN); Três Cachoeiras, 23.6.1979, Waechter 1266 & al.(ICN).
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
CNPq pelas bolsas concedidas; à Universidade Estadual Paulista – UNESP,
Universidade do Vale do Rio dos Sinos e à Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, pela infraestrutura para realização dos estudos; à
Coordenadoria de Aperfeiçoamento Pessoal do Ensino Superior – CAPES
(bolsa como Professor–visitante). Ao Instituto Anchietano de Pesquias – São
Leopoldo RS, pelo apoio ao projeto. Aos curadores dos herbários do Rio
Grande do Sul e de outros no Brasil e no exterior pela gentileza e paciência
quando das consultas e empréstimos de material; aos revisores e colegas que
contribuiram com correções e sugestões no manuscrito em especial Iva Leão
Barros, Michelle H. Nervo e Francisco Athayde de Paula Filho; e a todos
coletores que, muitas vezes com sacrifício e grande esforço pessoal, reuniram
os espécimens em que se baseia o presente estudo. As ilustrações foram
preparadas pacientemente por Flávia Diniz da Silva.
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
43
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2014.
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
45
Prancha 1. Gênero Hymenophyllum, detalhe da lâmina: 1-7. 1: H. asplenioides (L. Wacket 350); 2:
H. caudiculatum (Reitz & Klein 3423); 3: H. crispum (Brade 6432); 4: H. delicatulum (Sehnem
5848); 5: H. fragile (Schmalz s.n., US 1858216); 6: H. fucoides (Brade 6436) e 7 (a e b – estípite,
detalhe): H. magellanicum (Hatschbach 7072).
46
Paulo G. Windisch
Prancha 2. Gênero Hymenophyllum, detalhe da lâmina: 8-13. 8: H. peltatum (Nervo 914); 9: H.
polyanthos (L. Wacket 343); 10: H. pulchellum (Lindmann 481); 11: H. rufum (Smith & Klein 7853);
12: H. undulatum (Hornung s.n., ICN 114030); 13: H. vestitum (Brade 8826).
Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no...
47
Prancha 3. Gêneros Didymoglossum, Polyphlebium e Vandenboschia. Didymoglossum, fronde
fértil: 14-15, 16 - detalhe da lâmina. 14: D. hymenoides (Jürgens 160, Rosenst. exs. 160); 15: D.
ovale (Jürgens 279, Rosenst. exs. 279); 16: D. reptans (Spannagel 168). Polyphlebium, segmentos
da lâmina: 17-18. 17: P. angustatum (Nervo & al. 909); 18: P. pyxidiferum (Gonzatti 848).
Vandenboschia: 19: detalhe da lâmina, V. radicans (Reitz & Klein 1139).
48
Paulo G. Windisch
Prancha 4. Gêneros Vandenboschia, Abrodictyum e Trichomanes, detalhe da lâmina:
Vandenboschia: 20: V. rupestris (Nervo & Velho 908). Abrodictyum: 21: A. rigidum (Nervo 657).
Trichomanes: 22-25. 22: T. anadromum (Smith & Klein 7901); 23: T. cristatum (Smith & Klein 5702);
24: T. pilosum (Reitz & Klein 17524) e 25: T. polypodioides (Jonsson 755a).
HIPPEASTRUM (AMARYLLIDOIDEAE - AMARYLLIDACEAE)
DAS RESTINGAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: FLORA
E CONSERVAÇÃO
Renata Suzano Candido1
Vania Gonçalves-Esteves2
Rosana Conrado Lopes3
ABSTRACT
This paper aims to contribute to the knowledge of the flora of the
Amaryllidaceae on the sandbanks of the state of Rio de Janeiro. For this
purpose the taxonomic study of the species of Hippeastrum genus most
representative in number of species, occurring in this environment was made.
The genus presents five species H. aulicum Herb., H. glaucescens (Mart.)
Herb., H. puniceum (Lam) Kuntz, H. reticulatum (L ' Hér.) Herb., H. striatum
(Lam.) Moore for sandbanks of the state. The species H. aulicum Herb. and H.
glaucescens (Mart.) Herb. were not found on the field during the course of work.
The usual methods for taxonomic studies, including analysis and evaluation of
the collections of the herbaria of Rio de Janeiro, complemented by observations
of populations in nature were used for this study. Analytical keys, descriptions,
data on habitat, time of flowering and fruiting, popular name, taxonomic
comments, geographic distribution maps and illustrations of the species are
presented.
Keywords: Amaryllidaceae, Aspargales, Hippeastrum, Taxonomy, Restinga.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo contribuir para o conhecimento da flora de
Amaryllidaceae nas restingas do estado do Rio de Janeiro. Para este propósito
foi feito o estudo taxonômico das espécies de Hippeastrum, gênero mais
representativo em número de espécies, ocorrente neste ambiente. O gênero
apresenta cinco espécies H. aulicum Herb., H. glaucescens (Mart.) Herb., H.
puniceum (Lam.) Kuntz, H. reticulatum (L‟ Hér.) Herb., H. striatum (Lam.)
Moore, para as restingas do estado. As espécies H. aulicum Herb. e H.
glaucescens (Mart.) Herb. não foram encontradas em campo durante a
realização do trabalho. Para este estudo utilizaram-se as metodologias usuais
1 Doutoranda em Ciências Biológicas (Botânica), Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristovão, CEP: 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; E-mail:
csrbio@gmail.com.
2 Professora Associada, Departamento de Botânica, Museu Nacional/Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristovão, CEP: 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; Email: esteves.vr@gmail.com.
3 Professora Adjunta, Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco s/n, CCS, CEP: 21941–490, Rio de Janeiro,
RJ,Brasil; E-mail: rosana@biologia.ufrj.br.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:49-65 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
50
Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes
em trabalhos taxonômicos, incluindo a análise e avaliação das coleções dos
herbários do Rio de Janeiro, complementadas pelas observações das
populações na natureza. São apresentadas chaves analíticas, descrições,
dados sobre habitat, época de floração e frutificação, nome popular,
comentários taxonômicos, mapas de distribuição geográfica e ilustrações das
espécies.
Palavras-chave: Amaryllidaceae, Asparagales, Hippeastrum, Taxonomia,
Restinga.
INTRODUÇÃO
Asparagales é monofilética e compreende 14 famílias, 1.122 gêneros e
aproximadamente 26.070 espécies (APGIII 2009). A ordem apresenta a maior
taxa de diversificação das monocotiledôneas (Magallón & Castillo 2009).
Dentre os caracteres que sustentam sua monofilia, incluem-se as
características das sementes, que possuem a epiderme da testa obliterada (na
maioria das espécies com fruto carnoso), ou a testa com uma crosta preta e
carbonácea de fitomelano na maior parte das espécies com fruto seco (Stevens
2001).
Entre as famílias que compõem a ordem Asparagales encontra-se
Amaryllidaceae que é amplamente distribuída nas regiões temperadas e
tropicais. Compreende três subfamílias, 73 gêneros e 1.605 espécies (APGIII
2009).
A subfamília Amaryllidoideae Burnett, à qual o gênero Hippeastrum está
subordinado, é caracterizada por possuir folhas em espiral, vernação plana ou
revoluta; brácteas equitantes, flores grandes, ovário ínfero, estigma capitado
para profundamente trífido; raiz primária bem desenvolvida, contrátil. Tem
distribuição bastante ampla, sendo encontrada nas áreas temperadas até as
tropicais, com 28 gêneros ocorrendo na América do Sul, 19 gêneros na África
do Sul e oito gêneros na região do mediterrâneo, sendo estas regiões as mais
representativas. Possui 59 gêneros com aproximadamente 800 espécies
reconhecidas no mundo, das quais 385 ocorrem na América do Sul (Meerow &
Snijman 1998). No Brasil são reconhecidos 13 gêneros, 142 espécies
ocorrendo em todas as regiões e domínios geográficos (Dutilh & Oliveira 2014).
Atualmente o gênero Hippeastrum compreende de 55 a 75 espécies. É
americano e tem distribuição do México até a Argentina. No Brasil o gênero
está representado por 38 espécies, ocorrentes em todos os tipos de vegetação,
de florestas a campos, e nos mais diferentes substratos. O Estado do Rio de
Janeiro conta com 11 espécies (Dutilh 2005a; Dutilh & Oliveira 2014), dentre
elas as cinco espécies objeto deste estudo, que também ocorrem em outros
ambientes, não sendo exclusivas de vegetação de restinga.
As restingas do Estado do Rio de Janeiro ocupam uma área de
2
aproximadamente 1200 Km , ou seja, 2,8% da área total do estado (Araujo &
Maciel 1998). O litoral do estado divide-se naturalmente em 4 regiões: Litoral
Norte (7 municípios), Região dos Lagos (5 municípios), Região da Baía de
Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas...
51
Guanabara (1 município) e Litoral Sul (1 município) (Araujo 2000), totalizando
uma abrangência de 14 municípios.
O Estado do Rio de Janeiro, em particular as restingas, vêm sofrendo
grande degradação em geral da sua flora devido a diversos fatores, sendo
urgente a realização de estudos da sua composição florística.
De acordo com o Mapa de Uso e Cobertura do Solo, elaborado pela
Fundação CIDE, apenas 31,7% do território do Estado do Rio de Janeiro são
cobertos por vegetação remanescente (florestas, mangues e restingas) e
secundária. O restante é ocupado principalmente por pastagens, áreas
cultivadas e/ou urbanizadas (CIDE 2008).
As restingas do Estado do Rio de Janeiro, cuja flora é uma das mais bem
inventariadas em toda costa brasileira, tem sido motivo de interesse de
estudiosos desde 1938 (Lutz 1938). Atualmente este levantamento florístico
ainda encontra-se incompleto, sendo necessário um contínuo trabalho neste
sentido (Araujo 2000).
O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo das espécies
de Hippeastrum das restingas do estado do Rio de Janeiro, contribuindo para o
conhecimento da flora deste tipo de vegetação, fornecendo assim, subsídios
para possíveis planos de manejo e conservação.
MATERIAL E MÉTODOS
Para coleta e conhecimento das espécies em seu habitat natural, sua
distribuição geográfica, observação do ambiente de ocorrência, o hábito e as
variações intra e interpopulacionais, foram realizadas excursões mensais às
restingas do estado do Rio de Janeiro, com duração de dois a três dias em
cada localidade, no período de 01/2008 a 01/2010. As coletas foram realizadas
utilizando o método do caminhamento.
Os espécimes coletados foram herborizados segundo as técnicas usuais
em taxonomia (Fidalgo & Bononi 1989), identificados, documentados
fotograficamente e depositados no Herbário do Instituto de Biologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA), com duplicata para o Herbário
do Museu Nacional (R). Sempre que possível foram coletados espécimes para
cultivo, a fim de observar floração e frutificação. Parte do material botânico foi
fixada em etanol 70% para análise morfológica. Para facilitar a visualização dos
caracteres morfológicos foram feitas ilustrações das espécies pelas
desenhistas Glória Gonçalves e Paula Calixto a partir de material fresco e
herborizado.
Os principais herbários do Rio de Janeiro foram consultados para análise
do material depositado (GUA, HB, R, RB, RFA, RFFP).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As excursões abrangeram 19 municípios do litoral do estado (Fig. 1),
priorizando as áreas de restingas citadas em bibliografia ou etiquetas dos
materiais de herbário. Foram encontrados, em herbários, registros de cinco
espécies para as restingas do Estado do Rio de Janeiro, a saber: Hippeastrum
52
Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes
aulicum (Ker-Gawl.) Herb., H. glaucescens (Mart.) Herb., H. puniceum (Lam.)
Kuntze, H. reticulatum (L‟ Hér) Herb. e H. striatum (Lam.) H. E. Moore. Destas
H. aulicum e H. glaucescens não foram encontradas durante as excursões, nas
áreas de ocorrências registradas nos herbários e nem nas outras localidades
visitadas, sendo assim não puderam ser recoletadas. H. puniceum foi coletada
nos municípios de Maricá, Carapebus e Campos dos Goytacazes,
caracterizando uma nova ocorrência para o Estado. H. reticulatum foi coletada
em uma única localidade no município de Saquarema, caracterizando uma
redução em sua área de ocorrência. Esta redução da área de ocorrência pode
ser explicada devido a vários fatores entre eles a especulação imobiliária. H.
striatum caracterizada como de ampla ocorrência nas restingas do estado, foi
coletada em áreas de restinga nos municípios do Rio de Janeiro, Rio das
Ostras e Macaé, com nova ocorrência em Paraty e Carapebus.
O número total de espécimes analisados, tanto os já existentes nos
herbários quanto os de coletas provenientes de trabalho em campo, alcançou
um total de 48 exemplares, onde 14 foram coletados ao longo deste estudo e
distribuídos entre as espécies H. puniceum, H. reticulatum e H. striatum. Esta
última mostrou-se mais abundante entre as outras espécies coletadas nas
restingas do Estado do Rio de Janeiro.
A partir da análise dos exemplares depositados nos herbários, observouse que o maior número de coletas ocorreu na década de 1960, sendo superada
apenas pela primeira década de 2000, como um resultado do esforço de coleta
feito durante este estudo.
Os atributos florais tais como forma, ausência ou presença de corona,
padrão de coloração das tépalas e forma do estigma foram bastante
importantes para a delimitação das espécies e confecção da chave
taxonômica.
Chave para identificação das espécies de Hippeastrum (AmaryllidoideaeAmaryllidaceae) ocorrentes nas restingas do estado do Rio de Janeiro.
1. Flores com estigma capitado a trilobado
2. Flores liláses, rosa-claros a rosa-escuros com reticulação rosa-escuro,
fauce branca, tépalas superiores levemente reflexas, corona ausente, lâmina
oblanceolada a ligeiramente lanceolada ................................. 4. H. reticulatum
2‟. Flores alaranjadas a rosadas, fauce amarelo-esverdeada a amarelada,
tépalas superiores fortemente reflexas, corona fimbriada amarelada, lâmina
loriforme a ensiforme ................................................................. 3. H. puniceum
1‟. Flores com estigma trífido
3. Flores com corona
4. Flores vermelhas, fauce esverdeada, corona anelar espessa até 5mm
larg., esverdeada, sem fímbrias, formando um orifício acima dos filetes .....
................................................................................................. 1. H. aulicum
4‟. Flores alaranjadas a vermelhas com reticulação vinácea no terço
superior das tépalas, fauce esverdeada a amarelada, corona em película
denteada, esbranquiçada ................................................ 2. H. glauscescens
Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas...
53
3‟. Flores sem corona .................................................................. 5. H. striatum
1. Hippeastrum aulicum (Ker-Gawl.) Herb., Appendix: 31.1821. (Fig. 2)
Ervas 50-60 cm. Bulbo 5 cm diam., superficial, globoso a ovado; colo 36,5 cm compr. Folhas geralmente perenes, sésseis, falcadas 50-62x3,5-4 cm,
base canaliculada, ápice agudo. Inflorescência 2(-4)-flora, escapo cilíndrico 4652x1 cm; brácteas 6-7x2-2,5 cm, lanceoladas. Flores pediceladas 3,5-4,2 cm,
vermelho-intenso 9,5-14 cm compr., fauce esverdeada, campanuladas; tépalas
9,5-14x1,5-3,5 cm, semelhantes, ou em geral as tépalas externas inferiores
mais estreitas, falcadas, com o ápice voltado para os lados, todas verdes na
base, apenas a tépala interna inferior envolve a base dos filetes; tubo
nectarífero 1-2,5 cm compr.; corona conspícua de estrutura anelar espessa
esverdeada e sem fímbrias até 5 mm larg., envolvendo a base dos estames,
formando um orifício acima dos filetes; estames inclusos, filetes 8,5-9,3 cm
avermelhados; anteras 5-7 mm; estigma profundamente trífido, lobos 4-5 mm
compr., estilete 11-15 cm compr., exserto, levemente ascendente na porção
superior; ovário 1,5-2x0,6-0,8 cm compr. Fruto 3,3 cm diam., sementes aladas,
papiráceas, comprimidas semicirculares de cor cinza-escuro a preta.
Distribuição geográfica e ecologia: A espécie é endêmica do Brasil e
encontrada em toda região sudeste e sul, desde o leste de Minas Gerais, Rio
de Janeiro, São Paulo, até o Rio Grande do Sul, como terrícola, rupícola ou
epífita, sobre galhos ou sobre rochas com bastante acúmulo de matéria
orgânica, sempre com o bulbo exposto na sua maior parte (Dutilh 1996; 2005a;
Dutilh & Oliveira 2014). No Estado do Rio de Janeiro é encontrada nos
municípios de Itatiaia (Parque Nacional do Itatiaia), Rio de Janeiro (Floresta da
Tijuca) e Teresópolis (Parque Nacional da Serra dos Órgãos) em floresta
ombrófila. Em áreas de restinga do estado do Rio de Janeiro, foi analisado um
material coletado na Praia de Ipanema em 1913, o único encontrado até agora
nas restingas do estado. O trabalho de campo realizado não revelou nova
ocorrência da espécie para as restingas do Estado do Rio de Janeiro.
Dados fenológicos: Coletada com flores no mês de agosto.
Material examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Praia de
Ipanema, VIII/1913, fl, fr, F.C. Hoehne 141 (R).
Material adicional examinado: BRASIL. Paraná: Campina Grande do
Sul, Campininha, 30.IV.1961, fl, G. Hatschbach s.n. (HB16892); Ipiranga, Serra
do Mar, 05.IV.1904, fl, P. Dusén 4368 (R). Rio de Janeiro: Teresópolis, Serra
dos Órgãos, 12.I.1960, fl, M.R. Rodrigues s.n. (R209581). São Paulo: São
Paulo, Serra da Cantareira, 21.V.1991, fl, J.B. Baitello 409 (SPSF).
Comentários: Hippeastrum aulicum (Ker-Gawl.) Herb. foi descrita para o
Rio de Janeiro e caracteriza-se principalmente pela corona muito espessa e
desenvolvida com 5 mm de compr. que se dobra para frente de modo a formar
um orifício na parte superior, pelas tépalas internas mais largas que as
externas e também pela cor vermelho forte. H. aulicum foi colocado em um
grupo do gênero caracterizado por apresentar um anel na extremidade superior
do tubo de néctar, mais ou menos membranoso e conspícuo (Ker Gawl 1820).
54
Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes
2. Hippeastrum glaucescens (Mart.) Herb., Amaryllidaceae: 139.1837.
Ervas 55-60 cm. Bulbo 6 cm diam., superficial, globoso a ovado; colo 1011 cm compr. Folhas presentes na floração, senescente, sésseis, loriformes a
falcadas 20-28(60)x2-2,5(4) cm, base canaliculada, com ápice agudo.
Inflorescência 2-flora; escapo cilíndrico 42-52x2,1 cm glauco ou não, brácteas
5-8,1x1,5 cm lanceoladas, bractéolas ca. 5 cm compr., em geral uma por flor.
Flores alaranjadas a vermelhas com reticulação vinácea no terço superior das
tépalas, fauce esverdeada a amarelada, pediceladas 5,1-8,2 cm,
campanuladas; tépala superior externa longa e mais larga 12,3-14x4-5 cm, a
tépala inferior interna curta e mais estreita, 11,5-13x2-2,5 cm, as tépalas
laterais inferiores externas falcadas com o ápice voltado uma para a outra,
amarelo esverdeado na base com retículos de coloração vinácea; tubo
nectarífero 2-2,5 cm compr.; corona em película denteada esbranquiçada;
estames inclusos, filetes 11-12 cm base esverdeada, ápice avermelhado, mais
curto ou do mesmo tamanho das tépalas, fortemente ascendente a partir do
terço médio; anteras ca. 4 mm compr.; estigma trífido, lobos 1-3 mm compr.,
estilete 12,5-13 cm incluso ou levemente exserto fortemente ascendente a
partir do terço médio, base esverdeada, ápice avermelhado; ovário 1,5-2 cm
compr. Fruto não observado.
Distribuição geográfica e ecologia: Apresenta ampla distribuição
geográfica, da Bahia e Goiás a Santa Catarina e a Argentina, em áreas mais
abertas e em terrenos pedregosos (Dutilh 2005a). É uma espécie encontrada
em Brasília em quase todas as fitofisionomias, com ênfase em áreas de campo
sujo e cerrado, como também em campo úmido e próximo a cursos d‟água,
geralmente em populações isoladas com poucos indivíduos (Amaral 2007). No
Estado do Rio de Janeiro ocorre nos municípios de Itatiaia (Parque Nacional do
Itatiaia) no planalto e campo de altitude e Teresópolis (Parque Nacional da
Serra dos Órgãos) floresta ombrófila. Nas restingas do Estado do Rio de
Janeiro as últimas coletas para a espécie datam da década de 1960 em
Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes. Esta espécie ocorre em locais com
meia sombra a áreas mais expostas, em afloramentos graníticos e com a maior
parte do bulbo exposto (Dutilh 1996).
Dados fenológicos: Coletada com flores em agosto e setembro.
Material examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Reserva
Biológica de Jacarepaguá, 24.VIII.1965, fl, H.E. Strang 659 (GUA); Recreio dos
Bandeirantes, 13.IX.1968, fl, M. Honorina 50 (R).
Material adicional examinado: BRASIL: Paraná: Rio Branco do Sul,
Santaria, 10.IX.1968, fl, G. Hatschbach s.n. (HB49721).
3. Hippeastrum puniceum (Lam.) Kuntze, Revis. Gen. PL. 2: 703. 1891. (Fig. 3)
Erva 60-80 cm. Bulbo 4,5-5,5 cm diam., subterrâneo, obclavado; colo
curto 2,5-3 cm compr. Folhas anuais, sésseis, geralmente eretas, loriformes a
ensiformes 52-76x2,8-4 cm, base canaliculada, afiladas no ápice, margem
finamente revoluta, senescente na estação seca. Inflorescência 2-4-flora;
escapo cilindrico 53-65x1,5-2 cm; brácteas 5-7,5x1,5-2 cm lanceoladas,
Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas...
55
bractéolas ca. 4 cm compr., em geral uma por flor. Flores alaranjadas a
rosadas, amarelo-esverdeadas a amarelada na fauce, pediceladas 5,3-7,8 cm,
infundibuliforme; tépalas inferiores externas 10-12,3x3,8-4,5 cm, tépalas
superiores internas 10,5-11x2,5-3 cm, tépala superior externa 12,3x4-4,5 cm
quase de mesmo comprimento que a inferior interna 10,8-12x2,2-2,5 cm ou
pouco mais curta, tépalas externas mais largas, principalmente a superior, 3
tépalas superiores fortemente reflexas (1 externa e 2 internas), formando um
ângulo quase reto em relação ao tubo, 3 inferiores (1 interna e 2 externas) mais
contínuas com o tubo; tubo nectarífero 2,2-3,5 cm; corona fimbriada 2-3 mm,
amarelada; estames inclusos, filetes 7,2-8,4 cm fortemente ascendente a
reflexos no terço superior; anteras 4-5 mm; estigma capitado a levemente 3lobado, estilete 10,4-12 cm fortemente ascendente no ápice; ovário 7-10 mm.
Fruto não observado.
Distribuição Geográfica e ecologia: A espécie distribui-se por todo o
Brasil e Américas, ocupando várias formações vegetais e ambientes (Dutilh
2005a). No Estado do Rio de Janeiro nos municípios de Mangaratiba (Reserva
Ecológica de Rio das Pedras) e Rio de Janeiro. Nas restingas do Estado do Rio
de Janeiro H. puniceum foi encontrada em Campos dos Goytacazes no Norte
do Estado e nas restingas de Carapebus, em Macaé e Itaipuaçu, em Maricá.
Dados fenológicos: Coletada com flores em maio e setembro.
Material examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Campos dos Goytacazes,
Rodovia Campos-Farol, 18.IX.2008, fl, R.S. Candido et al. 104 (RFA); Maricá,
Praia da Barra, 25.IX.2008, fl, R.S. Candido et al. 105 (R); Restinga de
Itaipuaçu, 31.V.2007, fl, R.C. Lopes 304 (RFA).
Material adicional examinado: BRASIL. São Paulo: São Paulo,
Estreito, 05.XI.1997, fl, W.M. Ferreira 1461 (SPSF). Minas Gerais: Sete
Lagoas, 10.X.1957, fl, E.P. Heringer s.n. (HB 31629).
Comentários: H. puniceum é muito utilizada como ornamental, sendo
encontrada nos jardins dos municípios visitados (Carapebus e Campos dos
Goytacazes). Conhecida popularmente como açucena, açucena-laranja,
amarílis, cebola-berrante. É uma planta de florescimento muito vistoso, é
ocasionalmente cultivada como ornamental em jardins domésticos. Seus
bulbos são empregados em várias regiões do país para fins medicinais,
embora a segurança e eficácia do seu uso não tenham sido ainda,
comprovados cientificamente. São atribuídas ao suco do bulbo propriedades
emética, catártica, purgativa, excitante, antiasmática e peitoral (Lorenzi &
Matos 2008). A espécie é caracterizada pelas tépalas superiores fortemente
reflexas, formando quase um ângulo de 90º em relação ao ovário e pela corona
fimbriada, sendo assim, facilmente diferenciada das demais espécies
estudadas e inconfundível no campo, porém pode apresentar grande variação
morfológica das folhas e da coloração das flores. Conhecida também como
Amaryllis belladonna L., (algumas exsicatas de H. puniceum foram encontradas
identificadas como Amaryllis belladonna) e citada como Amaryllis equestris
Aiton ou Hippeastrum eqüestre (Aiton) Herb. Assemelha-se com Hippeastrum
reginae (L.) Herb., que apresenta flores vermelho escuras e tubo mais curto e
56
Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes
largo (Dutilh 2005a). A distinção dessas duas espécies quando herborizadas é
dificultada pelas suas semelhanças.
4. Hippeastrum reticulatum (L‟ Hér) Herb., Bot. Mag. 51: sub PL. 2475, p. 2.
1824. (Fig. 4)
Erva 30-40 cm. Bulbo 4,5-6 cm diam., subterrâneo, globoso a
obcapitado; colo 2-4 cm compr. Folhas geralmente perenes, pseudopecioladas,
oblanceoladas a ligeiramente lanceoladas (17,5)20-38,5x4-5,5(-6) cm, afiladas
na base, muitas vezes avermelhadas ou vinosas na face abaxial, ápice agudo a
obtuso, margem finamente revoluta, com ou sem estria branca na região da
nervura central. Inflorescência 2-5-flora, escapo cilíndrico 23,5-32x1 cm;
brácteas lanceoladas 3,7-4x0,6-1,3 cm, bractéolas ca. 3cm compr., em geral
uma por flor. Flores pediceladas 1,8-2,5(-2,9) cm, lilases, rosa a rosa-escuros,
com reticulação rosa-escuro conspícua, 8,6-10,5 cm compr., diam. lateral 4,5-7
cm, campanuladas; tépalas lanceoladas 8,6-10x1,7-2,8 cm, as externas um
pouco mais largas que as internas, sendo a superior a mais larga; tubo
nectarífero 1,5-2 cm; corona ausente; estames inclusos, filetes 7,2-8 cm compr.
ascendentes a partir do terço médio; anteras 2-3 mm; estigma capitado, estilete
incluso ascendentes a partir do terço médio 8,1-9,5 cm compr.; ovário 0,6-1 cm
compr. Fruto 2,5-3,5 cm diam., com parede interna alaranjada; sementes
globosas 1-1,5 cm diam., rígidas, pretas.
Distribuição geográfica e ecologia: No Brasil ocorre na Bahia, onde foi
citada pela primeira vez para o Nordeste brasileiro, a partir de materiais
coletados no município de Alcobaça (Alves-Araújo et al. 2009). Encontrada
também no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina,
em interior de matas do litoral e do planalto (Dutilh 2005a; Dutilh & Oliveira
2014). No Estado do Rio de Janeiro ocorre em áreas de Mata Atlântica na Ilha
Grande, município de Angra dos Reis. Apresenta-se bem distribuída pelo litoral
do Rio de Janeiro, coletada em áreas de restingas dos municípios de Angra
dos Reis (Ilha Grande), Mangaratiba (Marambaia), Rio de Janeiro, Saquarema,
Arraial do Cabo e Cabo Frio. Encontrada preferencialmente em locais úmidos,
nas restingas H. reticulatum localiza-se próximo a brejos.
Dados fenológicos: Coletada em flor nos meses de fevereiro, março,
abril, junho, agosto, outubro e dezembro; e em fruto nos meses de junho e
agosto.
Material examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Angra dos Reis, Ilha
Grande, Abraão, 8.VIII.1995, fl, fr, C.A.L. de Oliveira 1042 (GUA); Ilha Grande,
trilha para Parnaióca, 20.IV.2001, fl, F. Pinheiro et al. 783 (HB); Cabo Frio,
Fazenda José Gonçalves, 22.X.1997, fl, A. Lobão 273 (RB); Estrada antiga
para Búzios, 28.VI.1995, fr, D. Araujo et al. 10313 (GUA); Mangaratiba,
Marambaia, Praia da Gaeta, 23.XII.2004, fl, L.F.T. Menezes et al. 1219 (RBR);
Sepetiba, Bahia de Sepetiba, Ilha Furtada, 10.II.1969, fl, D. Sucre 4723 (RB);
Ilha de Paquetá, Morro da Imbuca, 24.IV.1952, fl, E. Pereira 678 (RB);
Saquarema; Reserva Ecológica de Jacarepiá, 25.IV.1991, fl, D. Araujo 9386
(GUA); Jaconé, Sambaqui de Jaconé, 5.IV.2000, fl, C. Farney 4040 (RB);
Jaconé, 14.VIII.2008, fr, R.S. Candido 73 (RFA).
Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas...
57
Material adicional examinado: BRASIL. Bahia: Alcobaça, trecho
Alcobaça/Caravelas, 4.VII.1979, fr, Hage et al. s.n. (R139285). Rio de Janeiro:
Ilha Grande, Jararaca, 8.III.2002, fl, C.C. Zisco et al. 271 (HB). São Paulo:
Eldorado, Parque Estadual de Jacupiranga, 22.III.2005, fl, A. Oriani 507
(SPSF).
Comentários: Hippeastrum reticulatum se destaca das demais espécies
estudadas, por apresentar sementes rígidas e globosas e em número
relativamente pequeno (ca. 15), parede interna do fruto alaranjada, que realça
na vegetação, folhas pseudopecioladas e a coloração das flores liláses a
rosadas. O espécime coletado para plantio não floresceu na época esperada,
evidenciando certa dificuldade no cultivo desta espécie. Alguns espécimes
apresentam uma estria longitudinal branca na região central da folha, bem
evidente. Segundo Dutilh (1987) a coloração lilás é única no gênero. O fato
desta espécie apresentar sementes diferentes de todas as outras espécies do
gênero, não se deve a mudanças estruturais, mas ao menor número de
sementes na cápsula, dada a menor compressão, as sementes não ficariam
achatadas e sim arredondadas (Herbert 1837).
5. Hippeastrum striatum (Lam.) H. E. Moore, Baileya 11: 15-16. 1963. (Fig. 5)
Erva 40-110 cm. Bulbo 5,5-6(10) cm diam., subterrâneo, globoso a
subgloboso; colo 2,5-3,5 cm compr. Folhas perenes, sésseis, eretas a
declinadas, lineares a loriformes 27,5-62,5x4-6,2 cm, margem às vezes
translúcida, finamente revoluta, base canaliculada geralmente vinosa, ápice
agudo, glaucas ou não. Inflorescência 2-4-flora, escapo cilíndrico 31,5-100x0,71,2 cm, brácteas lanceoladas 4-6x0,7-1,5 cm, bractéolas 4,5-5x0,4-0,6 cm, em
geral uma por flor. Flores pediceladas 5-6,5 cm, vermelho-alaranjadas a
laranja-claro, região central amarelo-esverdeada a amarelada e com estrias
vinosas, conspícuas ou não, 10,5-12,8 cm compr., campanuladas a
infundibuliformes; tépala superior externa 10,6-12,8x2,8-3,4 cm, tépalas
superiores internas 9,6-11,3x2,2-2,5 cm, tépalas inferiores externas 10,311,2x2,2-2,8 cm, tépala inferior interna 9,6-12,1x1,3-1,9 cm, externas
geralmente pouco mais largas que as internas, tépala superior externa mais
larga e mais longa; tubo nectarífero 2,1-2,5 cm compr.; corona ausente;
estames inclusos, filetes 6,5-8,5 cm, ascendentes a partir do terço médio;
anteras reniformes, 3-5 mm compr.; estigma trífido, lobos de 3-4 mm compr.,
estilete incluso ou levemente exserto 8-10,5 cm, ascendente a partir do terço
médio; ovário 6-15 mm compr. Fruto 2,5-3,5 cm diam., sementes papiráceas,
oval-depressas, 1,2-1,5 cm compr., pretas.
Distribuição geográfica e ecologia: No Brasil é encontrada em Sergipe
e Bahia e por toda região Sudeste e Sul, sendo relativamente comum nas
matas do Estado de São Paulo (Dutilh 2005a; Dutilh & Oliveira 2014),
ocorrendo também na Argentina (Parodi 1959). No Estado do Rio de Janeiro H.
striatum encontra-se nos municípios de Niterói, Cardoso Moreira e Petrópolis
em áreas de Mata Atlântica. Apresenta-se amplamente distribuída nas
restingas do Estado do Rio de Janeiro ocorrendo desde Trindade em Paraty
até Campos dos Goytacazes. Encontrada tanto no interior da mata de restinga,
58
Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes
neste caso as flores apresentam uma coloração mais tênue alaranjada a
rosada, quanto em áreas mais abertas sob intensa insolação, onde a coloração
das flores se intensifica. Alguns espécimes apresentam uma mancha vinácea
na fauce, característica essa observada nos espécimes coletados mais ao
norte do Estado. Foi observada grande formação de bulbilhos laterais que se
soltam com facilidade. Dutilh (1987) também observou um alto índice de
reprodução vegetativa desta espécie, por bulbilhos que se destacam facilmente
da planta-mãe.
Dados fenológicos: Coletada em flor nos meses de março, junho a
outubro e dezembro; e em frutos nos meses de setembro a dezembro.
Material examinado: BRASIL. Rio De Janeiro: Angra Dos Reis, Ilha
Grande, Vila Dois Rios, 23.III.2000, fl, F. Pinheiro et al. 393 (HB); Colégio
Naval, 27.11.2008, fl, R.S. Candido 115 et al. (R); Campos Dos Goytacazes,
Rio Preto, 30.VII.1947, fl, L.A. Parma s.n. (RB60751); Carapebus, Restinga de
Carapebus, 29.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 96 (RFA); Restinga de
Carapebus, 29.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 98 (RFA); Casimiro De Abreu,
Distrito de Barra de São João, s.d., F. Segadas Vianna s.n. (R205743); Macaé,
Lagoa Comprida, 23.VIII.1982, fl, D. Araujo et al. 5151 (GUA); Mangaratiba,
Restinga da Marambaia, Praia da Gaeta, 11.VI.2004, fl, L.F.T. Menezes et al.
1141 (RBR); Paraty, Praia do Sono, 12.XII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 136
(RFA); Praia do Sono, 12.XII.2008, fl, R.S. Candido et al. 139 (R); Rio das
Ostras, Restinga da Praia das Areias Negras, 28.VIII.2008, fl, R.S. Candido et.
al. 86 (RFA); Restinga da Praia das Areias Negras, 28.VIII.2008, fl, R.S.
Candido 87 (R); Restinga da Praia Virgem, 28.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al.
88 (RFA); Restinga da Praia Virgem, 28.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 90
(R); Sepetiba, Bahia de Sepetiba, Ilha Furtada, 24.VIII.1968, fl, D. Sucre 3596
(RB); Restinga da Barra da Tijuca, 19.VII.1968, fl, D. Sucre 3256 (RB);
Restinga de Jacarepaguá, 15.X.1960, fl, H.E. Strang 214 (GUA); Restinga de
Grumari, 06.IX.2008, fl, R.S. Candido et. al. 102 (RFA); 10.X.2007, fl, R.S.
Candido s.n. (RFA33705); 01.X.2008, fl, R.S. Candido et. al. 110 (R);
29.IX.2009, fl., R.S. Candido et al. 148 (R); São João da Barra, Restinga de
São João da Barra, 03.VII.1963, fl, A.G. Andrade 1571 (R).
Material adicional examinado: BAHIA: Lençóis, 16.XI.1997, fl, L.S.
Funch 1086 (HUEFS). RIO DE JANEIRO: Maricá, Itaipuaçu, Alto Mourão,
14.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 66 (RFA); Rio de Janeiro, Leme, Morro do
Leme, 6.IX.1988, fl, P. Sena 56 (GUA).
Comentários: A espécie tem potencial valor ornamental no mercado
horticultor (Dutilh 2005b). Apresenta potencial uso farmacológico, uma vez que,
como muitas outras representantes da família Amaryllidaceae, possuem
alcaloides isolados com atividades anti-tumorais verificadas (Silva 2005).
Hippeastrum striatum é amplamente citada para o Rio de Janeiro aparecendo
em todos os trabalhos de levantamentos florísticos consultados para as
restingas do estado, porém os nomes utilizados Amaryllis rutila Ker Gawl. ou
Amaryllis restingensis Ravenna são inválidos. A espécie caracteriza-se,
principalmente, por apresentar estrias vinosas na fauce, tépala inferior mais
estreita que as demais e estigma trífido, normalmente os lobos do estigma
Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas...
59
curvam-se para baixo, estas características facilitam a identificação da espécie
em campo. Foi considerada "Em perigo" (EN) em avaliação de risco de
extinção empreendida para a flora do Estado do Paraná (SEMA/GTZ-PR 1995)
e em avaliação de risco de extinção empreendida pela Fundação Biodiversitas
(Drummond et al. 2005).
As excursões revelaram que algumas espécies como H. aulicum e H.
glaucescens não mais são encontradas nos locais em que ocorriam há
décadas e que H. reticulatum vem reduzindo sua área de ocorrência nas
restingas, pois neste trabalho só foi encontrado em uma única área de restinga,
no distrito de Jaconé no município de Saquarema. Este fato é preocupante,
pois mostra que H. reticulatum é vulnerável a extinção local (Candido et al.
2013). Este desaparecimento local pode ser explicado pela especulação
imobiliária que vem degradando aceleradamente as áreas litorâneas do
Estado. Outro fator que contribui para o desaparecimento destas espécies no
ambiente natural é o fato das mesmas possuírem um potencial ornamental
muito grande. As flores são vistosas e possuem um colorido intenso. No
ambiente são facilmente localizadas, e isto facilita ações extrativistas. Segundo
Rocha et al (2007) mesmo as áreas de restinga que se encontram em APA
(Área de Proteção Ambiental) ou UC (Unidade de Conservação) estão sofrendo
intensa pressão de degradação em seu entorno, tornando esses ambientes
muito frágeis. A retirada da cobertura vegetal, visando a utilização da área para
a agricultura, pastagem, extração de madeira e ocupação humana para
agricultura ao longo dos últimos dois séculos causou a destruição da maior
parte do bioma Mata Atlântica, onde as restingas estão inseridas, restando hoje
cerca de 7% a 8% de sua área original (SOS Mata Atlântica 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
São apresentadas ilustrações detalhadas das espécies H. aulicum, H.
puniceum, H. reticulatum e H. striatum, assim como uma chave de caracteres
morfológicos que facilitará a identificação das mesmas por outros
pesquisadores que trabalhem com o grupo.
Observou-se uma carência de exemplares recentes do gênero
Hippeastrum depositados nos herbários, para o Estado do Rio de Janeiro,
principalmente para as restingas. Este fato pode ser devido à falta de coleta ou
a crescente degradação da vegetação natural. Durante o presente trabalho
houve um significativo esforço de coleta, porém a quantidade de espécimes
coletados ficou muito abaixo do esperado, evidenciando a necessidade da
criação de planos de manejo que visem à preservação das áreas de vegetação
de restinga já que estas se encontram mais suscetíveis à ação antrópica.
AGRADECIMENTOS
À CAPES pela bolsa de mestrado concedida à primeira autora. Ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela
bolsa concedida a segunda autora. À Doutora Julie Dutilh pelos valiosos
ensinamentos sobre Hippeastrum.
60
Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes
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Figura 1. Mapa dos municípios visitados nas excursões para trabalho de campo.
62
Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes
Figura 2. Hippeastrum aulicum: A- Folha; B- Inflorescência; C- Detalhe da corona; D- Detalhe das
tépalas; E- Androceu e gineceu; F- Detalhe do estame; G- Detalhe do pistilo; H- Detalhe do
estigma; I- Fruto; J- Semente.
Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas...
63
Figura 3. Hippeastrum puniceum: A- Folha; B- Inflorescência; C- Detalhe das brácteas; DDetalhes das tépalas; E- Detalhe da corona fimbriada; F- Androceu e gineceu; G- Detalhe do
estame; H- Detalhe do pistilo; I- Detalhe do estigma.
64
Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes
Figura 4. Hippeastrum reticulatum: A- Folha; B- Inflorescência; C- Detalhe do estame; D- Detalhe
do pistilo; E- Detalhe do estigma; F- Frutos, G- Semente.
Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas...
65
Figura 5. Hippeastrum striatum: A- Folha; B- Inflorescência; C- Detalhe das tépalas; D- androceu e
gineceu; E- Detalhe do estame; F- Detalhe do pistilo; G- Detalhe do estigma; H- Bulbo; I- Corte
longitudinal do bulbo; J- Fruto; K- Semente.
OCORRÊNCIAS NOVAS DE BRIÓFITAS PARA O ESTADO DO
PARANÁ, BRASIL
Olga Yano1
ABSTRACT
New records of bryophytes from Paraná State, Brazil. This paper reports 210
taxa of bryophytes studied from Paraná State, distributed in 104 genera and 49
families. Out of the total species, 77 taxa are new records to the State, nine
taxa have their locality indicated (to mosses) and 132 taxa their geographic
distribution increased to Paraná State.
Key words: liverworts, hornworts, mosses, new record to Paraná
RESUMO
Ocorrências novas de briófitas para o Estado do Paraná, Brasil. Para o Paraná,
são referidos 210 táxons de briófitas em 104 gêneros e 49 famílias, sendo 77
táxons de ocorrências novas para o Estado (quatro táxons de antóceros, 26 de
musgos e 47 de hepáticas), nove táxons com a indicação de localidade (para
musgos) e 132 táxons com ampliação de distribuição geográfica para o Paraná.
Palavras-chave: hepáticas, antóceros, musgos, novas ocorrências para o
Paraná
INTRODUÇÃO
O trabalho de Yano (2013a) fez o levantamento de publicações de
briófitas para o Estado do Paraná catalogando 629 táxons, distribuídos em 242
gêneros e 85 famílias. Nesse trabalho, foram mencionados os locais onde
foram coletadas cada uma das espécies no Estado. Apesar disso verificando
as coletas realizadas no Paraná existentes no Herbário Maria Eneyda P.
Kauffmann Fidalgo (SP) foram encontradas várias ocorrências novas.
O objetivo do trabalho é atualizar o conhecimento sobre a diversidade
das briófitas para o Estado do Paraná.
MATERIAL E MÉTODOS
A identificação dos espécimes de briófitas foi baseada nos trabalhos de
Allen (1999), Bastos (2004), Bordin & Yano (2013), Buck (1998, 2003), Costa
(2008, 2010), Florschütz (1964), Fulford (1963, 1976), Frahm (1991), Gradstein
(1994), Gradstein & Costa (2003), Gradstein et al. (2001), Hässel de Menéndez
(1962, 1989), Hell (1969), Lemos-Michel (2001), Ochi (1980, 1981), Pursell
(2007), Reese (1993), Schuster (1980, 1992), Sharp et al. (1994), Stotler
(1970), Stotler & Crandall-Stotler (1974), Swails (1970), Vaz & Costa (2006 a,
1 Instituto de Botânica, Caixa Postal 68041, 04045-972 São Paulo, SP, Brasil.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:67-122 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
Olga Yano
68
b), Vianna (1985), Yano (1986), Yano & Luizi-Ponzo (2006), Yano & Mello
(1999), Yano & Peralta (2007, 2008, 2011).
O sistema de classificação adotado está de acordo com Crandall-Stotler
& Stotler (2000) para Marchantiophyta, Buck &Goffinet (2000) para Bryophyta e
Stotler & Crandall-Stotler (2005) para Anthocerotophyta.
A distribuição geográfica de cada táxon foi baseada na lista de Espécies
da Flora do Brasil (2013) e no catálogo de Yano (2013b).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o estado do Paraná foram encontrados 210 táxons de briófitas,
distribuídos em 104 gêneros e 49 famílias, sendo cinco de Anthocerotophyta
(em três gêneros e três famílias); 94 de Bryophyta (em 62 gêneros e 31
famílias) e 103 de Marchantiophyta (em 39 gêneros e 15 famílias). Do total de
táxons, 77 são novas ocorrências para o estado, sendo quatro de antóceros, 26
de musgos e 47 de hepáticas. Nove táxons tiveram a indicação de localidade
para o Paraná e a distribuição geográfica de 132 táxons foi ampliada no
estado.
A seguir, os táxons estão listados em ordem alfabética, considerando-se
divisão, família, gênero, espécie e, quando presentes, táxons infra-específicos.
ANTHOCEROTOPHYTA
Anthocerotaceae
Anthoceros punctatus L., Spec. Plant. 2: 1139. 1753.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo da casa de vegetação perto do capão
primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27883 (SP375376).
Brasil: AM, BA, CE, ES, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o
Paraná.
Dendrocerotaceae
Dendroceros crispus (Sw.) Nees in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 581.
1846.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23160 (SP281569).
Brasil: MG, PR, RJ, SC e SP. Paraná: Serra da Graciosa.
Nothoceros vincentianus (Lehm. & Lindenb.) J.C. Villarreal, Bryologist
113(1): 111. 2010.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedras no solo, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27852 (SP375345).Brasil: PE, RJ, SC e SP. É a
primeira referência para o Paraná.
Ocorrências novas de briófitas...
69
Notothyladaceae
Phaeoceros carolinianus (Michx.) Prosk., Bull. Torrey Bot. Club 78(4):
347. 1951.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27960 (SP375453).
Brasil: RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Phaeoceros laevis (L.) Prosk., Bull. Torrey Bot. Club 78(4): 346. 1951.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, na margem argilosa do riaho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5348 (SP181139); Foz do Chopin, ponte sobre o rio Iguaçu, no paredão
pingando água perto da ponte, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani
5423 (SP181163); cidade de Maringá, Horto Florestal, barranco úmido perto do
lago no horto, 6-X-1989, O. Yano & I. Silva 13504 (SP228429); idem, perto do
riacho, 6-X-1989, O. Yano & I. Silva 13509 (SP228434); idem, no barranco do
riacho, 6-X-1989, O. Yano & I. Silva 13519 (SP228444); Tijucas do Sul, Distrito
da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo da casa de vegetação
perto do capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27885
(SP375378).
Brasil: AM, BA, DF, ES, GO, MG, MS, PE, RJ, RS, SC, SP e TO. É a primeira
referência para o Paraná.
BRYOPHYTA
Bartramiaceae
Breutelia tomentosa (Brid.) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St. Gallischen
Naturwiss. Ges. 1873-74: 93. 1875.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Jaguariaíva, Rio Diamante, entre as
touceiras de gramíneas, 12-I-1983, O. Yano, D.F. Santos & J.R. Pirani 5238
(SP172625).
Brasil: BA, ES, MG, RS e SC. É a primeira referência para o Paraná.
Leiomela bartramioides (Hook.) Paris, Index Bryol. ed. 2, 3: 132. 1905.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28135 (SP375628); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28147 (SP375640).
Brasil: MG, RJ e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Philonotis cernua (Wilson) D. Griffin & W.R. Buck, Bryologist 92(3): 376.
1989.
Olga Yano
70
Material examinado: BRASIL. Paraná, Quedas de Iguaçu, km 21 da BR-473,
no paredão úmido perto do Rio Despedida, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos &
J.R. Pirani 5416 (SP172722).
Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MT, PB, PE, PR, RJ, RS, SE e SP.
Paraná: Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos.
Brachytheciaceae
Brachythecium ruderale (Brid.) W.R. Buck, Mem. New York Bot. Gard.
82: 240. 1998.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, 25º51‟07‟‟S,
49º14‟48‟‟W, alt. 1100 m, em tronco, 6-VI-1998, M.T. Shirata, I. Cristo & R.
Erthal 3581 (SP430878); idem, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, no solo úmido perto do lago, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28057 (SP375550).
Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, MS, PE, PR (s.loc.), RJ, RS, SC e SP. É a
primeira referência com a indicação de localidade para o Paraná.
Eurhynchium clinocarpum (Taylor) Paris, Index Bryol.: 442. 1896.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Curitiba, Parque Municipal Tingüi e
arredores, Floresta Ombrofila Mista com Araucaria e Podocarpus, alt. 950 m,
epífita do interior da mata, 12-XI-2007, P.B. Schwartsburd & H.T. Bettega 1399
(HUPCB, SP410750).
Brasil: MG, PR, RS, SC e SP. Paraná: Terras Citla.
Platyhypnidium aquaticum (A. Jaeger) M. Fleisch., Musci Buitenzorg 4:
1437. 1923.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre pedras quase submersas, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5344 (SP172677); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 27930 (SP375423).
Brasil: AC, MG, PR (s. loc.), RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência com a
indicação de localidade para o Paraná.
Rhynchostegium scariosum (Taylor) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St.
Gallischen Naturwiss. Ges. 1876-77: 374. 1878.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Sengés, sobre tronco fino de
árvore, mata de Araucaria, ca. 30 km de Sengés, 24º18‟S, 49º27‟W, 14-VII1982, D.M. Vital 10556 (SP171175); mun. Foz do Iguaçu, Parque Nacional do
Iguaçu, in forest along Rio Iguaçu, 100-200 m, ca. 25º40‟S, 54º25‟W, mesic
forest. 22-23-IX-1984, D.M. Vital & W.R. Buck 12004 (NY, SP207117); idem,
22-23-IX-1984, D.M. Vital &W.R. Buck 12038 (NY, SP207147); Tijucas do Sul,
Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28034 (SP375527).
Ocorrências novas de briófitas...
71
Brasil: GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Londrina, Horto do
Campus da Universidade Estadual de Londrina.
Rhynchostegium serrulatum (Hedw.) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St.
Gallischen Naturwiss. Ges. 1876-77: 370. 1878.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. São Mateus do Sul, minas de
xisto, sobre tronco de Mimosa scabrella, alt. 800 m, 3-V-2006, M. Sartori 81
(SP388821).
Brasil: ES, MG, PR, RS e SP. Paraná: Curitiba, Centro Politécnico.
Squamidium leucotrichum (Taylor) Broth., in Engler & Prantl, Natürl.
Pflanzenfam. 1(3): 809. 1906.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. São Mateus do Sul, ca. 10 km da
cidade, sobre tronco de árvore viva, mata secundária, 20-IV-1983, O. Yano &
J.R. Pirani 6464 (SP173330); mun. Castro, Rio Japó, epífita, margem do rio
Japó, 28-V-1990, Y.S. Kuniyoshi s.n. (SP230788); mun. Bocaiúva do Sul,
Palmital, reserva da Toca do Urso, no barranco arenoso em frente ao lago, 6VII-1991, O. Yano & M.P. Marcelli 15524 (SP240525); Tijucas do Sul, Distrito
da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27738 (SP375231); idem, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27770 (SP375263); idem, nos galhos de
arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27824
(SP375417); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27985 (SP375478); Tibagi, Fazenda Noir e Rosa, ca. 20
km de Castro, pendente nos galhos de arbusto, 18-IV-2009, O. Yano & M.
Kirizawa 31534 (SP414256).
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP.
Paraná: Ipiranga, Serra do Mar; Fernandez Pinheiro.
Squamidium nigricans (Hook.) Broth., in Engler & Prantl, Natürl.
Pflanzenfam. 1(3): 808. 1906.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata secundária, 12-VII2004, O.Yano & M.T. Shirata 27739p.p. (SP375232); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28051
(SP375544).
Associada a Meteorium nigrescens (Hedw.) Dozy & Molk.
Brasil: AL, AP, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná:
Curitiba, Centro Politécnico; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Zelometeorium ambiguum (Hornsch.) Manuel, J. Hattori Bot. Lab. 43:
113. 1977.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27808 (SP375301); idem, capão primário, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27827 (SP375320).
Olga Yano
72
Brasil: AC, AM, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Castro, Fazenda
Capão Alto; margem esquerda do Rio Paranapanema, Cataratas de Salto
Grande; Piraí.
Zelometeorium patulum (Hedw.) Manuel, J. Hattori Bot. Lab. 43: 118.
1977.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23167 (SP281575); Tijucas do Sul, Distrito da
Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário,
13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27931 (SP375424); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28048
(SP375541); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 28170 (SP377230).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO,
RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Bruchiaceae
Trematodon longicollis Michx., Flora Bor. Amer. 2: 289. 1803.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27961 (SP375454).
Brasil: AM, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RO, RS, SC e SP. Paraná: Barra
Bonita; Fazenda Tucanduva; Antonina, Cabeceira, Rio Faisqueira;
Guarapuava-Guará, Serra da Esperança; Guaraqueçaba, Fazenda Abobreira.
Bryaceae
Brachymenium hornschuchianum Mart., Icon. Plant. Cryptog.: 36, pl.
20. 1834.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., nos galhos de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23176 (SP281584); Tijucas do Sul, Distrito da
Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão
primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27840 (SP375333); idem, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27939 (SP375432); idem, na base do tronco de
Solanaceae, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28185
(SP377245).
Brasil: BA, ES, MG, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Roça Nova; Campina Grande do
Sul, Serra Capivari; Palmas, Morro da Baliza; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Brachymenium klotzschii (Schwägr.) Paris, Index Bryol.: 123. 1894.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Serra da Esperança, 2,5 km W of
Imbituva turnoff on BR-373, North-west- west of Curitiba, 25º12‟S, 50º41‟W, alt.
940 m, in rather dense shrubby woods, 11-IX-1977, D.H. Vitt 21439
Ocorrências novas de briófitas...
73
(SP170585); Castro, praça Getulio Vargas, sobre tronco vivo de Tipuana sp.,
12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5251 (SP172634).
Brasil: ES, MG, PA, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Bryum argenteum Hedw., Spec. Musc. Frond.: 181. 1801.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo perto do lago, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27882 (SP375375).
Brasil: AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e
SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Bryum pabstianum Müll. Hal., Bot. Zeitung 13: 751. 1855.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004,
O.Yano & M.T. Shirata 27963 (SP375456).
Brasil: BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campina
Grande do Sul, Jaguatirica.
Rhodobryum grandifolium (Taylor) Schimp., in Paris, Index Bryol.:
1116. 1898.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, úmido, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27825 (SP375318).
Brasil: BA, ES, GO, MT, PR, RJ, RO, SC e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e
Rosa.
Rosulabryum densifolium (Brid.) Ochyra, in Ochyra, Zarnowiec &
Bednarek-Ochyra, Biodiv. Poland 3: 162. 2003.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27962 (SP375455).
Brasil: AL, BA, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver
Yano (2013a).
Calymperaceae
1834.
Syrrhopodon gaudichaudii Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 3: 376.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Ponta Grossa, praça Barão do Rio
Branco, sobre tronco vivo de Palmae, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5265 (SP172638); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, encosta do morro, 14-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28089 (SP375582); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28150 (SP377210); idem, sobre cáudice de xaxim
verdadeiro, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28158
(SP377218).
Olga Yano
74
Brasil: AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC, SE,
SP e TO. Paraná: Guarapuava; Morretes, Rio Sagrado de Cima; Sengés.
Syrrhopodon parasiticus (Brid.) Besch., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 8, 1:
298. 1895.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Lauraceae, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27897 (SP375390).
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO,
RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: Rio Formiga; Medianeira.
Syrrhopodon prolifer Schwägr., Spec. Musc. Frond. Suppl. 2(2): 99.
1827.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27903 (SP375396).
Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PI, PR, RJ, RO, RS,
SC, SE, SP e TO. Paraná: Ponta Grossa; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Cryphaeaceae
Schoenobryum concavifolium (Griff.) Gangulee, Mosses Eastern Índia
Adj. Reg. 5: 1209. 1976.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27811 (SP375304).
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RO, RS,
SC e SP. Paraná: Curitiba, Centro Politécnico; margem esquerda do Rio
Paranapanema, Salto Grande.
Dicranaceae
Atractylocarpus brasiliensis (Müll. Hal.) R.S. Williams, Bryologist 31:
110 110 1928.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27904 (SP375397).
Associada a Telaranea nematodes (Gottsche ex Austin) M. Howe
Brasil: BA, PI e RJ. É a primeira referência para o Paraná.
Atractylocarpus longisetus (Hook.) E.B. Bartram., Bryologist 49: 110
110 1946.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28167 (SP377227).
Brasil: ES e RJ. É a primeira referência para o Paraná.
Ocorrências novas de briófitas...
75
Campylopus filifolius (Hornsch.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 76. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27791 (SP375284); idem, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27915 (SP375408); idem, na base do tronco,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28009 (SP375502); idem,
sobre tronco de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28112 (SP375605); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28121 (SP375614).
Brasil: BA, CE, ES, GO, MG, MS, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver
Yano (2013a).
Campylopus heterostachys (Hampe) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St.
Gallischen Naturwiss. Ges. 1870-71: 441. 1872.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Getúlio Vargas, sobre
tronco de árvore viva, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5249
(SP172633).
Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PE, PI, PR, RJ, RR, RS e SP. Paraná:
Guaratuba; Lapa, Pedra da Gruta do Monge; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
1869.
Campylopus lamellinervis (Müll. Hal.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 82.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27869 (SP375362); idem, no solo humoso, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28055 (SP375548).
Brasil: BA, ES, MG, PE, PI, PR, RJ, SC e SP. Paraná: Paranaguá, Sítio do
Meio; Rio Negro; Ponta Grossa, Vila Velha.
Campylopus occultus Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 86. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27864 (SP375357).
Brasil: BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PA, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná:
ver Yano (2013a).
Campylopus pilifer Brid., Mant. Musc.: 72. 1819.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, no
solo úmido próximo ao lagedo, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani
5394p.p. (SP181156).
Associado a Riccia vitalis S. Jovet-Ast.
Brasil: AL, AM, BA, CE, DF, ES, MG, MT, PA, P E, PR, RJ, RR, RS e SP.
Paraná: Jaguariaíva; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa; Castro, Parque Estadual de
Guaterlá.
Dicranella hilariana (Mont.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 31. 1869.
Olga Yano
76
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27966 (SP375459).
Brasil: AC, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO,
RR, SC e SP. Paraná: Ortigueira, Rio do Barreiro.
Dicranella vaginata (Hook.) Cardot, Wiss. Erb. Schwed. Süd. PolarExp. 1901-1903, 4(8): 60. 1908.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, no barranco argiloso junto do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos &
J.R. Pirani 5358A (SP172682).
Brasil: MG, PR (s. loc.), RJ e RS. É a primeira referência com indicação de
localidade para o Paraná.
Holomitrium crispulum Mart., Icon. Plant. Cryptog. 34. pl. 18. 1828.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27786 (SP375279); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27856
(SP375349); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27986 (SP375479).
Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano
(2013a).
Holomitrium olfersianum Hornsch., in Martius, Flora Brasil. 1(2): 18.
1840.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28039 (SP375532); idem, 13-VII-2009, O. Yano
& M.T. Shirata 28045 (SP375538); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28118 (SP375611).
Brasil: BA, ES, MG, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Imbituva;
Garamiranga; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Microcampylopus leucogaster (Müll. Hal.) B.H. Allen, Monographs Syst.
Bot. 49: 101. 1994. Microcampylopus curvisetus (Hampe) Giese & J.-P.
Frahn, Lindbergia 11(2-3): 116. 1986.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27964p.p. (SP375457).
Associada a Riccardia chamedryfolia (With.) Grolle e Fissidens flaccidus Mitt.
Brasil: AM, MG, MS, PR, RJ, RO, RR, RS e SP. Paraná: Guaratuba, Serra de
Araraquara.
Ditrichaceae
Ditrichum ulei (Müll. Hal.) Paris, Index Bryol. Suppl.: 132. 1900.
Ocorrências novas de briófitas...
77
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27875 (SP375368); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27957 (SP375450); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27965
(SP375458).
Brasil: ES, PR (s. loc.), RJ, RS e SC. É a primeira referência com a indicação
de localidade para o Paraná.
Entodontaceae
Erythrodontium squarrosum (Müll. Hal.) Paris, Index Bryol. ed. 2, 2: 159.
1904.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Clevelândia, trevo para a cidade, sobre
tronco vivo de Lauraceae perto da lagoa, 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos &
J.R. Pirani 5450 (SP172736).
Brasil: DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano
(2013a).
Fabroniaceae
Dimerodontium mendozense Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 541. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, praça da igreja matriz,
sobre tronco de Meliaceae, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5326
(SP172665); idem, sobre tronco de Ligustrum sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P.
Santos & J.R. Pirani 5330 (SP172668).
Associada a Fabronia ciliaris (Brid.) Brid. var. polycarpa (Hook.) W.R. Buck.
Brasil: MG, MS, PR (s. loc.), RJ, RS e SP. É a primeira referência com
indicação de localidade para o Paraná.
Fabronia ciliaris (Brid.) Brid. var. polycarpa (Hook.) W.R. Buck,
Brittonia 35(3): 251. 1983.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre
tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5253
(SP172635); Prudentópolis, pátio da igreja matriz, sobre tronco vivo de
Ligustrum sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5330p.p.
(SP172668).
Associada a Dimerodontium mendozense Mitt.
Brasil: AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PB, PE, PR, RJ, RS, SC,
SE e SP. Paraná: Fazenda Tucanduva; Marmeleiro, estrada MarmeleiroCampo Erê.
Fissidentaceae
Fissidens asplenioides Hedw., Spec. Musc. Frond.: 156-157. 1801.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre pedras de margem do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos &
J.R. Pirani 5357 (SP172681).
Olga Yano
78
Brasil: BA, CE, ES, MG, MT, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano
(2013a).
Esta espécie cresce sobre pedras ou no barranco na margem dos rios
encachoeirados e quando seco os filídios ficam enrolados.
Fissidens flaccidus Mitt., Trans. Linn. Soc. London 23: 56. 1860.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27964p.p. (SP375457).
Associada a Microcampylopus leucogaster (Müll. Hal.) B.H. Allen e Riccardia
chamedryfolia (With.) Grolle.
Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR,
RJ, RO, RS, SE, SP e TO. Paraná: Foz do Iguaçu, Parque Nacional do Iguaçu;
Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Maringá, Rio Pirapó, Horto Florestal.
Funariaceae
Funaria hygrometrica Hedw., Spec. Musc. Frond.: 172. 1808.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo da casa de vegetação perto do capão
primário, 12-VII-2003, O. Yano & M.T. Shirata 27886 (SP375379); idem, no
solo úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27887
(SP375380).
Brasil: BA, DF, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Antonina,
São Sebastião; Bocaiúva do Sul, Bacaitava; Guarapuava, Rio Jordão;
Laranjeiras do Sul, Campo Novo; Tijucas do Sul, Vossoroca.
Hypnaceae
1984.
Chyrso-hypnum diminutivum (Hampe) W.R. Buck, Brittonia 36: 182.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27996 (SP375489); idem, sobre tronco podre,
mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28133 (SP375626).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ,
RR, RS, SC e SP. Paraná: Campina Grande do Sul, Morro Guaricana; margem
esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Castro, Fazenda Capão Alto.
Chryso-hypnum elegantulum (Hook.) Hampe, Vidensk. Meddel. Dansk
Naturhist. Foren Kjøbenhavn. ser. 3, 2: 286. 1870
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28001 (SP375494); idem, sobre rocha úmida,
encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28080p.p. (SP375573);
idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28114 (SP375607);
idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28125 (SP375618).
Ocorrências novas de briófitas...
79
Associada a Lejeunea laetevirens Nees & Mont. e Metzgeria furcata (L.)
Dumort.
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ,
RR, RS, SC e SP. Paraná: Imbituva, Queimado, Guaramiranga; Tijucas do Sul.
Isopterygium tenerum (Sw.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 499. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da
cidade na BR-373, na base do tronco vivo, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos &
J.R. Pirani 5337 (SP172671).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE,
PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a).
Hypopterygiaceae
Hypopterygium tamarisci (Sw.) Brid. ex Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 2:
8. 1850.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27818 (SP375311); idem, na base do tronco, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28020 (SP375513); idem, sobre
tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28023
(SP375516); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28033 (SP375526);
idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28084 (SP375577); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28136 (SP375629).
Brasil: BA, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Lembophyllaceae
Orthostichella rigida (Müll. Hal.) B.H. Allen & Magill, Bryologist 110(1):
25. 2007.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano, M.T. Shirata 28050 (SP375543); idem, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28081 (SP375574); idem, sobre liana, mata
do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28111 (SP375604); idem, sobre
pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28109
(SP375602).
Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Serra do Mar;
Castro, Fazenda Capão Alto.
Pilotrichella flexilis (Hedw.) Ångstr., Öfvers. K. Svenska Vetensk.-Akad.
Handl. 33(1): 34. 1876.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da
cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano & D.P.
Santos & J.R. Pirani 5240 (SP172673); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Olga Yano
80
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27784 (SP375277).
Brasil: BA, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Castro; Capão
Grande, Fortaleza.
Leucobryaceae
Leucobryum crispum Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 1: 78. 1848.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso úmido, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28036 (SP375529).
Brasil: AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e
SP.
Paraná: ver Yano (2013a).
Leucobryum giganteum Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 1: 78. 1848.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso úmido, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 38037 (SP375530).
Brasil: AL, AM, BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Morretes,
Pilão de Pedra; Campina Grande do Sul, Pico Paraná; Tijucas do Sul,
Guaricana; Serra do Mar, Monte Alegre; Serra da Prata.
Leucobryum martianum (Hornsch.) Hampe, Linnaea 17: 317. 1843.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28078 (SP375571).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ,
RO, RR, SC, SE, SP e TO. Paraná: Morretes, Colônia Floresta; Paranaguá, Rio
Cachoeirinha.
Meteoriaceae
Floribundaria flaccida (Mitt.) Broth., in Engler & Prantl, Natürl.
Pflanzenfam. 1(3): 822. 1906.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Curitiba, Parque Estadual de Barigui,
sobre tronco vivo, mata úmida, 29-IV-1988, O. Yano & M.T. Shirata 11391
(SP222324); idem, sobre galhos de arbusto, 29-IV-1988, O. Yano & M.T.
Shirata 11397 (SP222330); Guaricana, VIII-1988, Y.S. Kuniyoshi s.n.
(SP223508); mun. Matinhos, caxetal, sobre galhos, 21-VIII-1989, Y.S.
Kuniyoshi s.n. (SP228631); mun. Ponta Grossa, Cachoeira da Mariquinha,
sobre galho de árvore na mata, 28-VI-2008, J. Cordeiro & C.B. Poliquesi 2916
(MBM, SP418869).
Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná:
Antônio Rebouças.
Meteorium deppei (Müll. Hal.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 441. 1869.
Ocorrências novas de briófitas...
81
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre lianas, encosta do morro, 14-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28102 (SP375595).
Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná:
Campos Gerais; Capão da Imbuia-CTBA; Curitiba, Centro Politécnico.
Meteorium flexicaule Wilson, in Hooker f., Fl. Nov. Zealand 2: 101.
1854.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. São João do Triunfo, on downed
log, 20-VI-1974, D.M. Vital 3327 (SP122950).
Brasil: ES, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Meteorium nigrescens (Hedw.) Dozy & Molk., Musc. Frond. Ined.
Archip. Inl.: 160. 1848.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, microsolo da rocha, 5VIII-1973, O.F. da Luz Gastão s.n. (SP90882); mun. Prudentópolis, 2 km antes
da cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P.
Santos & J.R. Pirani 5332 (SP172669); cidade de Maringá, Horto Florestal,
sobre raízes de árvore na mata do horto, 4-X-1989, O. Yano & I. Silva 13484
(SP228409); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco podre, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27739 (SP375232); idem, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27907 (SP375400); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27948
(SP375441); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27984 (SP375437);
idem, na base do tronco de Solanaceae, encosta do morro, 14-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28183 (SP377243).
Associada a Squamidium nigricans (Hook.) Broth.
Brasil: AL, BA, DF, ES, GO, MG, MS, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná:
ver Yano (2013a).
Papillaria hyalinotricha Müll. Hal., Hedwiga 40: 96. 1901.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Guaíra, sobre rochas e raízes
superficiais, junto as cachoeiras de Sete Quedas, 6-X-1978, D.M. Vital 8358
(SP147393).
Brasil: BA, MS, PE e RS. É a primeira referência para o Paraná.
Papillaria pilifolia Müll. Hal., Hedwigia 40: 96. 1901.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Imbituva, margem do rio Ribeira,
sobre tronco e galhos vivos, mata ciliar, 19-IV-1983, O. Yano & J.R. Pirani 6367
(SP173278).
Brasil: PR (s.loc.), RS, SC e SP. É a primeira referência com a indicação de
localidade para o Paraná.
Toloxis imponderosa (Taylor) W.R. Buck, Bryologist 97(4): 436. 1994.
Olga Yano
82
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28083 (SP375576).
Brasil: CE, ES, MG, RJ, RS, SC e SP. E a primeira referência para o Paraná.
Mniaceae
Plagiomnium rhynchophorum (Hook.) T. Kop., Hikobia 6(1-2): 57-58.
1971.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27819 (SP375312); idem, sobre tronco podre, capão
primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27843 (SP375336); idem, sobre
raízes tabulares, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28022
(SP375515); idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28085 (SP375578); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28128 (SP375621).
Brasil: BA, ES, GO, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Schizymenium brevicaulis (Hornsch.) J. Shaw & S.P. Churchill, in
Churchill, Tropical Bryol. 1: 111. 1989.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, no barranco arenoso junto do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos &
J.R. Pirani 5354 (SP172680).
Brasil: PR, RJ e SP. Paraná: Guarapuava, Guará, Inácio Martins; Lapa, Rio
Passa.
Myriniaceae
Helicodontium capillare (Hedw.) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St. Gallischen
Naturwiss. Ges. 1876-77: 225. 1878.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Solanaceae, encosta do
morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28182 (SP377242); idem, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28184 (SP377244).
Brasil: BA, ES, GO, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Neckeraceae
Neckera ehrenbergii Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 2: 51. 1850.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27895 (SP375388); idem, sobre cipó no alto,
encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28101 (SP375594).
Associada a Neckeropsis disticha (Hedw.) Kindb.
Brasil: RS. É a primeira referência para o Paraná.
Neckera scabridens Müll. Hal., Bot. Zeitung 5: 828. 1947.
Ocorrências novas de briófitas...
83
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27949 (SP375442).
Brasil: ES, MG, PR (s. loc.), RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência com a
indicação de localidade para o Paraná.
Neckera urnigera Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 2: 57. 1850.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27806 (SP375299).
Brasil: PR, RS e SP. Paraná: Castro.
Neckeropsis disticha (Hedw.) Kindb., Canad. Roc. Sci. 6: 21. 1894.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27809 (SP375302); idem, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28049 (SP375542); idem, sobre cipó no alto,
encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28101p.p. (SP375594).
Associada a Neckera ehrenbergii Müll. Hal.
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e
SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Neckeropsis undulata (Hedw.) Reichardt, Reise Öst. Freg. Novara Bot.
1: 181. 1870.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Perola D‟Oeste, gruta perto do rio
Feliciano, sobre tronco de árvore viva, mata ciliar, 15-I-1983, O. Yano, D.P.
Santos & J.R. Pirani 5484 (SP172755); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28092p.p. (SP375585); idem, sobre pedra
úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28160 (SP377220).
Associada a Lepidopilum brevipes Mitt.
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MS, MT, PA, PE, PR, RJ,
RO, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Porotrichum longirostre (Hook.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 461. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28129 (SP375622).
Brasil: AL, ES, GO, MG, MS, MT, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência
para o Paraná.
Porotrichum substriatum (Hampe) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 463. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27938 (SP375431).
Olga Yano
84
Brasil: AC, AL, AM, BA, MT, PA, PE, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. É a primeira
referência para o Paraná.
Orthotrichaceae
Groutiella apiculata (Hook.) H.A. Crum & Steere, Bryologist 53(2): 146.
1950.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28144 (SP375637).
Brasil: AL, BA, CE, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP.
Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas.
Macrocoma frigida (Müll. Hal.) Vitt, Revue Bryol. Lichénol. n. ser. 39(2):
209. 1973.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, praça da igreja matriz,
sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 13-I- 1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5329 (SP172667); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27744 (SP375237); idem, 12-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27745 (SP375238); idem, sobre tronco de arbusto, mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27794 (SP3752887); idem,
sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27814 (SP375307); idem, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27950 (SP375443).
Associada a Frullania brasiliensis Raddi.
Brasil: MG, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Macromitrium cirrosum (Hedw.) Brid., Bryol. Univ. 1: 316. 1826.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., sobre bloco de pedra na mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23164 (SP281573).
Brasil: AL, AP, BA, CE, ES, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Morretes,
Alto da Serra; Fazenda da Tucanduva, Serra do Mar, Marumbi.
1826.
Macromitrium punctatum (Hook. & Grev.) Brid., Bryol. Univ. 1: 739.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, praça da igreja matriz,
sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5327 (SP172666); idem, km 298 da BR-373, sobre tronco de árvore viva
junto do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5359
(SP172683); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27799 (SP375292); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27805 (SP375298); idem, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27876 (SP375369).
Ocorrências novas de briófitas...
85
Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná:
Antônio Olinto.
Schlotheimia appressifolia Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 221. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27790 (SP375283); idem, sobre tronco de
arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27801
(SP375294); idem, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27807 (SP375300); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27906
(SP375399); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27941 (SP375434);
idem, sobre liana, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28110
(SP375603).
Brasil: BA, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Fazenda Tucanduva; Fazenda
da Lageada; Serra do Mar, Monte Alegre.
Schlotheimia jamesonii (Arnott) Brid., Bryol. Univ. 1: 742. 1826.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27812 (SP375305).
Associada a Frullania brasiliensis Raddi.
Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná:
Curitiba, Centro Politécnico.
Schlotheimia rugifolia (Hook.) Schwägr., Spec. Musc. Frond. Suppl.
2(1): 150. 1824.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da
cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P.
Santos & J.R. Pirani 5341 (SP172674); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27779 (SP375272); idem, sobre tronco de
arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27783
(SP375276); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27946 (SP375439).
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RS,
SC, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a).
Schlotheimia tecta Hook. f. & Wilson, London J. Bot. 3: 157-158. 1844.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28053 (SP375546).
Brasil: BA, CE, ES, MG, PE, PR (s. loc.), RJ, RS, SC e SP. É a primeira
referência com a indicação de localidade para o Paraná.
Olga Yano
86
Schlotheimia trichomitria Schwägr., Spec. Musc. Frond. Suppl. 2(2): 55.
1826.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27785 (SP375278); idem, sobre tronco caído,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28041 (SP375534); idem,
sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28052 (SP375545); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28054
(SP375547).
Brasil: BA, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, SC e SP. Paraná: Tijucas do Sul,
Saltinho; Fazenda Tucanduva.
Phyllogoniaceae
Phyllogonium viride Brid., Bryol. Univ. 2: 673. 1827.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27796 (SP375289); idem, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27920 (SP375413); idem, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28040 p.p. (SP375533).
Associada a Radula fendleri Gottsche ex Steph.
Brasil: AL, BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano
(2013a).
Pilotrichaceae
Crossomitrium patrisiae (Brid.) Müll. Hal., Linnaea 38: 612. 1874.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27992 (SP375485).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, PA, PE, RJ, RO, RR, SC e SP. É a
primeira referência para o Paraná. Esta espécie é tipicamente epífila dentre os
musgos.
Cyclodictyon varians (Sull.) Kuntze, Revue Gen. Plant. 2: 835. 1891.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28156p.p. (SP377216).
Associada a Aneura latissima Spruce.
Brasil: AM, CE, DF, ES, GO, MG, MS, RJ, RS e SP. É a primeira referência
para o Paraná.
Lepidopilum amplirete (Sull.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 382. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo úmido da mata, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28088 (SP375581).
Ocorrências novas de briófitas...
87
Brasil: BA, CE, ES, MG e RS. É a primeira referência para o Paraná.
Lepidopilum brevipes Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 376. 1869.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28092 (SP375585).
Associada a Neckeropsis undulata (Hedw.) Reichardt.
Brasil: AM, ES, MG, PR, RO, RS, SC e SP. Paraná: Morretes perto de
Paranaguá.
Lepidopilum longifolium Hampe, Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 5, 4: 365. 1865.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, nos galhos de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28015 (SP375508).
Brasil: RJ e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Lepidopilum scabrisetum (Schwägr.) Steere, Bryologist 51(3): 140.
1948.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27914 (SP375407); idem, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28082 (SP375575).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, RJ, RO, RR, RS, SC e
SP. É a primeira referência para o Paraná.
Thamniopsis incurva (Hornsch.) W.R. Buck, Brittonia 39(2): 218. 1987.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27826 (SP375319); idem, sobre rocha úmida, encosta
do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28099 (SP375592); idem, sobre
pedra, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28106 (SP375599);
idem, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28123 (SP375616).
Associada a Thamniopsis stenodictyon (Sehnem) Oliveira e Silva & O. Yano
Brasil: AM, BA, ES, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano
(2013a).
Thamniopsis langsdorffii (Hook.) W.R. Buck, Brittonia 39(2): 218. 1987.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27908 (SP375401); idem, sobre tronco podre, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27911 (SP375404); idem, sobre
tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27929
(SP375422); idem, sobre tronco podre, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28087 (SP375580).
Brasil: CE, ES, MG, PA, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Olga Yano
88
Thamniopsis rivularis (Mitt.) B.H. Allen, Monogr. Syst. Bot. 117: 651.
2010.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, mata secundária, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27762 (SP375255).
Brasil: PE e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Thamniopsis stenodictyon (Sehnem) Oliveira e Silva & O. Yano, Bradea
8: 82. 1998.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27919 (SP375412); idem, sobre raízes, encosta do
morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28094 (SP375587); idem, sobre
rocha úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28119
(SP375612); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28143 (SP375636).
Brasil: ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Polytrichaceae
Polytrichum juniperinum Hedw., Spec. Musc. Frond.: 89. 1801.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tibagi, Fazenda Noir e Rosa, ca. 20 km
de Castro, na base da grande pedra perto do bosque, 18-IV-2009, O. Yano &
M. Kirizawa 31516 (SP414238).
Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, PR, RJ, RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver Yano
(2013a).
Pottiaceae
Hymenostylium recurvisetum (Hedw.) Dixon, Revue Bryol. Lichénol. 6:
96. 1934.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 29967 (SP375460).
Brasil: DF, GO, MG e SC. É a primeira referência para o Paraná.
Tortella humilis (Hedw.) Jenn., Mann. Moss. W. Pennsylv. 96: 13. 1913.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, na base do tronco de árvore, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5343 (SP172676); mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt.,
sobre pedra na mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata
23162 (SP281571).
Brasil: BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver
Yano (2013a).
Prionodontaceae
Prionodon densus (Hedw.) Müll. Hal., Bot. Zeitung 2: 129. 1844.
Ocorrências novas de briófitas...
89
Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, ca. 5 km antes da cidade,
sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5324
(SP172664); Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre tronco vivo, mata próximo
a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5383 (SP172698);
Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre
tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27850
(SP375343); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27979 (SP375472); idem, sobre tronco de arbusto, mata do
morro,14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28117 (SP375610); idem, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28145 (SP375638).
Brasil: ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campina Grande do Sul,
Caminho ao Cerro Verde; Curitiba, Campos Gerais; Terras Citla.
Pterobryaceae
Orthostichidium pentastichum (Brid.) B.H. Allen & Magill, Bryologist
110(1): 41. 2007.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27797 (SP375290); idem, sobre pedra úmida,
capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27817 (SP375310); idem,
13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28046p.p. (SP375539).
Associada a Lophocolea muricata (Lehm.) Nees e Taxilejeunea pterigonia
(Lehm. & Lindenb.) Schiffn.
Brasil: BA, DF, ES, MG, PE, PR, RJ, RO, RS, SC e SP. Paraná: São Mateus do
Sul, Várzea da Olaria, Dois Irmãos.
Pterobryon densum (Schwägr.) Hornsch., in Martius, Flora Brasil. 1(2):
51. 1840.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27842 (SP375335); idem, sobre tronco podre,
capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27845 (SP375338); idem,
sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27940 (SP375433); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27995
(SP375488).
Brasil: BA, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Curitiba, Campos Gerais;
Fazenda de Lageada.
Ptychomitriaceae
Ptychomitrium sellowianum (Müll. Hal.) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St.
Gallischen Naturwiss. Ges. 1872-73: 104. 1874.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27866 (SP375359).
Olga Yano
90
Brasil: ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campina Grande do Sul, Rio
Tucum, Sítio do Belizário, Jaquatirica; Tijucas do Sul, Saltinho.
Rhizogoniaceae
Hymenodon aeruginosus (Hook. f. & Wilson) Müll. Hal., Bot. Zeitung 5:
804. 1847.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Clevelândia, perto da praça principal,
sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5454 (SP172739); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, sobre cáudice de pteridófita, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28142 (SP375635); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28149 (SP377209); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28164
(SP377224); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28179 (SP377239).
Brasil: ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Pyrrhobryum spiniforme (Hedw.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 10: 174. 1868.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27823 (SP375316).
Brasil: AM, BA, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Paraná:
ver Yano (2013a).
Rutenbergiaceae
Pseudocryphaea domingensis (Spreng.) W.R. Buck, Bryologist 83(4):
455. 1980 (1981).
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da
cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, formando tufos, 13-I-1983, O.
Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5339 (SP172672).
Brasil: AC, AL, AM, BA, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS,
SC e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; margem esquerda
do Rio Paranapanema, Salto Grande; Terras Citla.
Sematophyllaceae
Acroporim estrellae (Müll. Hal.) W.R. Buck & Schäfer-Verwimp, Bolm.
Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 7: 646. 1991 (1993).
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27839 (SP375332); idem, 12-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 27881 (SP375374).
Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP.
Paraná: ver Yano (2013a).
Sematophyllum galipense (Müll. Hal.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 480.
1869.
Ocorrências novas de briófitas...
91
Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, km 98 da BR-373, sobre
pedra no leito do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5352
(SP172679); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, no solo humoso, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27763 (SP375256); idem, sobre toco podre, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27792 (SP375285); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27879
(SP375372).
Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR (s. loc.), RJ, RO, RR,
SC, SP e TO. É a primeira referência com a indicação de localidade para o
Paraná.
Sematophyllum subfulvum (Broth.) Broth., in Engler & Prantl, Natürl.
Pflanzenfam. ed. 2, 11: 432. 1925.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Ponta Grossa, auf schattigen Sandstein
in Park von Vila Velha, ca. 900 msm, 16-X-1987, A. Schäfer-Verwimp 9213 (hb.
Schäfer-Verwimp, SP386195, como S. pectinatum).
Brasil: ES, MG, PR e RJ. Paraná: Campina Grande do Sul, Serra Virgem Maria;
São José dos Pinhais, Bordo do Campo; Ponta Grossa.
Sematophyllum subpinnatum (Brid.) E. Britton, Bryologist 21(2): 28.
1918 (1919).
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp., mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27743 (SP375236); idem, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27754 (SP375247); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27910
(SP375403); idem, sobre cipó perto do chão, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27913 (SP375406); idem, sobre tronco podre, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27935 (SP375428).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR,
RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a).
Sematophyllum swartzii (Schwägr.) Welch & H.A. Crum, Bryologist
62(3): 176. 1959.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28173 (SP377233).
Brasil: BA, ES, MG, RJ e RS. É a primeira referência para o Paraná.
Thuidiaceae
Pelekium involvens (Hedw.) Touw, J. Hattori Bot. Lab. 90: 203-204.
2001.
Olga Yano
92
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Lauraceae, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27922 (SP375415).
Associada a Lejeunea laetevirens Nees & Mont.
Brasil: AC, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, RJ, RO, RR e
SP. É a primeira referência para o Paraná.
Thuidium delicatulum (Hedw.) Bruch & Schimp., in Bruch et al., Bryol.
Eur. 5(49/51): 164. 1852.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre pedras na margem do rio, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5342 (SP172675).
Brasil: AL, AM, BA, ES, GO, MA, MG, MT, PA, RJ, RS e SP. É a primeira
referência para o Paraná.
Thuidium tomentosum Schimp., in Besch., Mém. Soc. Sci. Nat.
Cherbourg 16: 237. 1872.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27860 (SP375353); idem, sobre tronco caído, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27909 (SP375402); idem, sobre
pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28146
(SP375639).
Brasil: AL, BA, ES, GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná:
Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
MARCHANTIOPHYTA
Aneuraceae
Aneura latissima Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15: 554.
1885.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28151 (SP377211); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28156 (SP377216); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28177
(SP377237).
Associada a Cyclodictyon varians (Sull.) Kuntze e Lophocolea bidentata (L.)
Dumort.
Brasil: AM, ES e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Riccardia cataractarum (Spruce) K.G. Hell, Bolm. Fac. Filos. Univ. São
Paulo 335, Bot. 25: 97. 1969.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Jaguariaíva, no barranco úmido junto
da estrada, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5228 (SP181081).
Brasil: CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência
para o Paraná.
Ocorrências novas de briófitas...
93
Riccardia chamedryfolia (With.) Grolle, Trans. Britt. Bryol. Soc. 5: 772.
1964.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27861 (SP375354); idem, no barranco úmido, capão
primário, 13-VII-2004, O.Yano & M.T. Shirata 27964 (SP375457).
Associada a Fissidens flaccidus Mitt. e Microcampylopus leucogaster (Müll.
Hal.) B.H. Allen.
Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, RS, SC e SP. É a primeira
referência para o Paraná.
Riccardia digitiloba (Spruce) Pagán, Bryologist 42(1): 6. 1939.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27980 (SP375473).
Brasil: AC, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, RJ, RS, SC, SE e SP. É a
primeira referência para o Paraná.
Riccardia regnellii (Ångstr.) K.G. Hell, Bolm. Fac. Filos. Univ. S. Paulo
335, Bot. 25: 110. 1969.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27859 (SP375352).
Brasil: ES, MG, MT, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o
Paraná.
Aytoniaceae
Asterella venosa (Lehm. & Lindenb.) A. Evans, Contrib. U.S. Nat. Herb.
20: 286. 1920.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre pedra na margem do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5356 (SP181144); idem, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani
5358 (SP181145).
Brasil: GO, MG, MT, PR, RS, SC e SP. Paraná: Cataratas do Iguaçu; Foz do
Iguaçu.
Balantiopsidaceae
Isotachis aubertii (Schwägr.) Mitt., J. Proc. Linn. Soc. London, Bot. 22:
322. 1887.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., no barranco úmido da estrada, 27-IX-1994, O. Yano et al. 23161
(SP281570).
Brasil: AM, ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Olga Yano
94
Isotachis inflata Steph., Archos Mus. nac., Rio de Janeiro 13: 113.
1903.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Jaguariaíva, no barranco úmido junto
da estrada, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5229 (SP181082);
Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no
barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27874
(SP375367).
Brasil: DF, ES, MG e RJ. É a primeira referência para o Paraná.
Neesioscyphus homophyllus (Nees) Grolle, Österr. Bot. Zeitschr. 111(23): 188. 1964.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Jaguariaíva, na margem arenosa do
rio, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5242 (SP181084).
Brasil: BA, GO, MG, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Bryopteridaceae
Bryopteris diffusa (Sw.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 286.
1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23159 (SP281568); Tijucas do Sul, Distrito da
Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27795 (SP375288); idem,
sobre galhos de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27837 (SP375330); idem, sobre liana podre, mata do morro, 14-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28159 (SP377219).
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC, SE e SP.
Paraná: ver Yano (2013a).
Bryopteris filicina (Sw.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 284.
1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27890 (SP375383); idem, 13-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28018 (SP375511); idem, capão primário, 12-VII-2004, O.Yano
& M.T. Shirata 27848 (SP375341); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O.Yano
& M.T. Shirata 28139 (SP375632).
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RR,
RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a).
Frullaniaceae
Frullania apiculata (Reinw. et al.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.:
452. 1845.
Ocorrências novas de briófitas...
95
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27737 (SP375230); idem, na
base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27741 (SP375234).
Brasil: AL, AM, BA, DF, MS, RJ, PA, SC e SP. É a primeira referência para o
Paraná.
Frullania arecae (Spreng.) Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh
15: 20. 1884(1885).
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27954 (SP375447); idem, perto do lago de
captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28067 (SP375560).
Associada a Acrolejeunea torulosa (Lehm. & Lindenb.) Schiffn.
Brasil: AC, BA, DF, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SE e SP. Paraná:
Banhado.
1835.
Frullania atrata (Sw.) Dumort., Recueil d’Obs. Jungerm. Tournay 13:
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, pendente nos galhos de arbusto, capão primário,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27857 (SP375350).
Brasil: AM, BA, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Roça Nova.
Normalmente cresce pendente nos galhos de arbusto e de árvores na mata
úmida.
Frullania beyrichiana (Lehm. & Lindenb.) Lehm. & Lindenb., in Gottsche
et al., Syn. Hepat.: 460. 1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano &
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23171 (SP281579); Tijucas do Sul, Distrito da
Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, mata do morro,
14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28166p.p. (SP377226).
Associada a Metzgeria furcata (L.) Dumort.
Brasil: AC, BA, ES, GO, MG, M,T, PA, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira
referência para o Paraná.
Frullania brasiliensis Raddi, Soc. Ital. Atti. Sci. Mod. 19: 36. 1822.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km, antes da
cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P.
Santos & J.R. Pirani 5333 (SP181132); idem, km 298 da BR-373, sobre tronco
de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5346p.p.
(SP181137); idem, sobre tronco de árvore viva junto do riacho, 13-I-1983, O.
Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5353 (SP181142); mun. Morretes, estrada da
Graciosa, ca. 820m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O.
96
Olga Yano
Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23175 (SP281583); Tijucas do Sul, Distrito
da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus,
mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27745p.p. (SP375238);
idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27746 (SP375239); idem, no
barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27871
(SP375364); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27892 (SP375385); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27901 (SP375394); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27905
(SP375398); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28047 (SP375540);
idem, perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28065
(SP375550).
Associada a Macrocoma frigida (Müll. Hal.) Vitt e Schlotheimia jamesonii
(Arnott) Brid.
Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná:
Bocaiúva do Sul, Palmital, reserva Toca do Urso; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Frullania caulisequa (Nees) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 448.
1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani
5346 (SP181137); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27771 (SP375264); idem, sobre tronco de Lauraceae, mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27781p.p. (SP375274); idem,
sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27813 (SP375306); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27925p.p. (SP375418); idem, sobre tronco
caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27943 (SP375436);
idem, sobre tronco de arbusto perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28062p.p. (SP375555); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28064 (SP375557); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 28072 (SP375565).
Associada a Frullania brasiliensis Raddi, Lejeunea flava (Sw.) Nees e Radula
stenocalyx Mont.
Brasil: AC, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS,
SC, SE e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Frullania curvilobula Schäfer-Verwimp, D.F. Peralta & S.M. Siqueira,
Phytotaxa 57: 27, fig. 1. 2012.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Serra da Graciosa bei Curitiba,
25º20‟S, 48º54‟W, Caminho dos Jesuítas, im Nebelwald epiphytish, 850 m alt.,
10-X-1987, A. Schäfer-Verwimp & I. Verwimp 9087 (hb. Schäfer-Verwimp, JE,
PC, SP386189).
Brasil. PR, Serra da Graciosa perto de Curitiba, Caminho dos Jesuítas; SP,
Cananéia, Ilha do Cardoso, Pico do Cardoso; Ubatuba, Parque Estadual da
Serra do Mar, Núcleo Picinguaba.
Ocorrências novas de briófitas...
97
Frullania ericoides (Nees) Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 12: 51.
1839.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre
tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos, & J.R. Pirani 5254
(SP181088); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27782 (SP375275); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27788 (SP375281).
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MG, MS, MT, PB, PE, PR,
RJ, RS, SC, SE e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto
Grande; Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e
Rosa.
Frullania glomerata (Lehm. & Lindenb.) Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2,
9: 46. 1838.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre
tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano & D.P. Santos & J.R. Pirani 5255
(SP181089); Senges, praça perto da linha de ferro, sobre tronco de Tabebuia
sp., 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5222 (SP181079);
Prudentópolis, km 298 da BR0373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O.
Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5345 (SP181136); Tijucas do Sul, Distrito da
Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus, mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27750 (SP375243); idem, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27753 (SP375246); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27951
(SP375444).
Brasil: BA, CE, DF, ES, MA, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná:
margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande.
Frullania neesii Lindenb., in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 450. 1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., na mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27736 (SP375229); idem, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27740 (SP375233); idem, sobre tronco de
arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27789p.p.
(SP375282); idem, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27942
(SP375435).
Associada a Frullania caulisequa (Nees) Nees.
Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SE e
SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Guaíra,
Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Frullania riojaneirensis (Raddi) Ångstr., Öfvers. K. Vetensk.-Akad. Förh.
33(7): 88. 1876.
Olga Yano
98
Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre
tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5257
(SP181091); Imbituva, km 39 da BR-373, sobre tronco de árvore viva,
remanescente de mata, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5287
(SP181112); mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m, alt., sobre tronco
de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata
23151 (SP281561); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27880 (SP375373); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28070 (SP375563); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28071 (SP375564).
Associada a Cheilolejeunea rigidula (Mont.) R.M. Schust.
Brasil: AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RS,
SC, SE e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi,
Fazenda Noir e Rosa.
Geocalycaceae
1835.
Lophocolea bidentata (L.) Dumort., Recueil d’Observ. Jungerm.: 17.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27821 (SP375314); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28010 (SP375503); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28151p.p. (SP377211); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28153 (SP377213).
Associada a Aneura latissima Spruce e Lophocolea muricata (Lehm.) Nees.
Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e
SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas.
Lophocolea lindmannii Steph., Spec. Hepat. 3: 140. 1906.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre galho e casca podre, capão primário, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27851 (SP375344); idem, sobre tronco podre,
capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27863 (SP375356).
Brasil: AM, DF, MG, MT, PA, PE, PR, RJ e SP. Paraná: margem esquerda do
Rio Paranapanema, Salto Grande.
Lophocolea martiana Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 152. 1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27822 (SP375315); idem, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28176 (SP377236); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28178 (SP377238).
Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC, SE e
SP. Paraná: Parque Nacional do Iguaçu.
Ocorrências novas de briófitas...
99
Lophocolea muricata (Lehm.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.:
169. 1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre galho e casca podre, capão primário, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27851p.p. (SP375344); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28028p.p.
(SP375521); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28046p.p. (SP375539);
idem, sobre liana, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28132
(SP375625); idem, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 28153p.p. (SP377213).
Associada a Lejeunea raddiana Lindenb., Lophocolea bidentata (L.) Dumort.),
L. lindmannii Steph. e Taxilejeunea pterigonia (Lehm. & Lindenb.) Schiffn.
Brasil: BA, ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Lophocolea proteus Herzog, Feddes Repert. Spec. Nov. Regni Veg.
57: 164. 1955.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27862 (SP375355); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27921 (SP375414); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27978
(SP375471); idem, sobre raízes tabulares, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28032p.p. (SP375525); idem, sobre pedra úmida, mata do
morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28120 (SP375613); idem, sobre
tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28141
(SP375634).
Associada a Symphyogyna brasiliensis (Nees) Nees & Mont.
Brasil: RJ e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Herbertaceae
Herbertus bivittatus Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15:
343. 1885.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820
m, alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas
& M.T. Shirata 23152 (SP281562).
Brasil: AM, BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RR, RS e SP. Paraná: Monte Alegre.
Lejeuneaceae
Acrolejeunea emergens
Öst’Afrikas C: 65. 1895.
(Mitt.)
Steph.,
in
Engler,
Pflanzenwelt
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27766 (SP375259); idem, na
base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano &
Olga Yano
100
M.T. Shirata 27773 (SP375266); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27934 (SP375427).
Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, RJ, RO, RR, RS e
SP. É a primeira referência para o Paraná.
Acrolejeunea torulosa (Lehm. & Lindenb.) Schiffn., in Engler & Prantl,
Natürl. Pflanzenfam. ed. 1, 3(1): 128. 1893.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., na base do tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23163 (SP281572); idem, sobre bloco de pedra,
mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23173
(SP281581); idem, nos galhos de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23174 (SP281582); Tijucas do Sul, Distrito da
Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27954p.p. (SP375447); idem,
perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28061
(SP375554); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28073 (SP375566).
Associada a Frullania arecae (Spreng.) Spruce.
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PR, RJ, RO, RR,
RS, SP e TO. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande;
Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Anoplolejeunea conferta (Meissn. ex Spreng.) A. Evans, Bull. Torrey
Bot. Club 35: 175-176. 1908.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27804 (SP375297); idem, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27972 (SP375465); idem, perto do lago, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28058 (SP375551).
Associada a Radula tectiloba Steph.
Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Guaratuba;
Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Aphanolejeunea kunertiana Steph., Spec. Hepat. 5: 860. 1916.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arácea, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28172 (SP377232).
Associada a Lejeunea cancellata Nees & Mont.
Brasil: BA, CE, MG, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Archilejeunea fuscescens (Hampe ex Lehm.) Fulford, Bryologist 45(6):
174. 1942.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27888 (SP375381).
Ocorrências novas de briófitas...
101
Brasil: AC, AL, AM, BA, ES, MG, PA, PE, RJ, RR e SP. É a primeira referência
para o Paraná.
Aureolejeunea fulva R.M. Schust., Phytologia 39: 429. 1978.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., no barranco úmido na estrada, 27-IX-1994, O.Yano, M.E.G.
Ribas & M.T. Shirata 23177 (SP281585).
Brasil: MG e RJ. É a primeira referência para o Paraná.
1971.
Cheilolejeunea rigidula (Nees ex Mont.) R.M. Schust., Castanea 36: 102.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27772 (SP375265); idem, na base do tronco
de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27802
(SP375295); idem, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27803 (SP375296); idem, sobre tronco de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28007
(SP375500); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28069 (SP375562); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28122 (SP375615).
Associada a Fissidens lagenarius Mitt. e Frullania riojaneirensis (Raddi) Ångstr.
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE,
PR, RJ, RR, RS, SC, SE, SP e TO. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete
Quedas; Castro, Fazenda Noir e Rosa.
Cololejeunea cardiocarpa (Mont.) A. Evans, Mem. Torrey Bot. Club 8:
172. 1902.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, ca. 5 km antes da cidade,
epífila em Lauraceae, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5313
(SP181124); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27969 (SP375462).
Brasil: AL, AM, AP, BA, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RR,
RS, SC, SE e TO. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas.
Cololejeunea verwimpii P. Tixier, Cryptogamie, Bryol. Lichénol. 16(3):
230. 1995.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27878 (SP375371); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27916 (SP375409); epífila de pteridófita, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27975 (SP375468).
Brasil: AM, ES, GO, MG, MS, PR, RS, SC e SP. Paraná: Guarapuava.
102
Olga Yano
Diplasiolejeunea pellucida (Meissn.) Schiffn., in Engler & Prantl, Natürl.
Pflanzenfam. 1(3): 121. 1893.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de Melastomataceae, mata do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28157 (SP377217).
Brasil: AL, AM, BA, ES, PA, PE, PR, RJ, RR, SC e SP. Paraná: Serra da
Graciosa.
Drepanolejeunea crucianella (Taylor) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club
30: 33. 1903.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, encosta de morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28076 (SP375569).
Brasil: AL, AM, BA, CE e PA. É a primeira referência para o Paraná.
Drepanolejeunea lichenicola (Spruce) Steph., Spec. Hepat. 5: 335. 1913.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27994p.p. (SP375487).
Associada a Lejeunea cancellata Nees & Mont.
Brasil: BA, PR, RJ e SP. Paraná: Serra do Mar, Monte Alegre.
Drepanolejeunea mosenii (Steph.) Bischler, Revue Bryol. Lichénol.
35(1-4): 118. 1967.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., epífila de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G.
Ribas & M.T. Shirata 23170 (SP281578); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa,
Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27987 (SP375480); idem, 13-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 27988 (SP375481); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27991 (SP375484).
Associada a Lejeunea adpressa Nees.
Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Roça
Nova; Serra do Mar, Ipiranga, Monte Marumbi.
Drepanolejeunea palmifolia (Nees) Steph., Hedwigia 29: 74. 1890.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27758 (SP375251).
Brasil: AM, BA, MG, MT, PA e RJ. É a primeira referência para o Paraná.
Harpalejeunea stricta (Lindenb. & Gottsche) Steph., Hedwigia 27: 291.
1888.
Ocorrências novas de briófitas...
103
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., epífila de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G.
Ribas & M.T. Shirata 23168p.p. (SP281576).
Associada a Odontolejeunea decemdentata (Spruce) Steph.
Brasil: AL, BA, CE, PA, PE, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Lejeunea adpressa Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 380. 1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre raízes expostas, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28971 (SP375464); idem, epífila de arbusto,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27988p.p. (SP375481).
Associada a Drepanolejeunea mosenii (Steph.) Bischler.
Brasil: AM, BA, ES, MG, PE, PR, RJ e SP. Paraná: Foz do Iguaçu.
Lejeunea aphanes Spruce, Trans. & Proc. Soc. Bot. Edinburgh 15:
290. 1884 (1885).
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28152 (SP377212).
Brasil: AL, BA, CE e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Lejeunea cancellata Nees & Mont., in Montagne in Ramón de la Sagra,
Hist. Phys. Bot. Plant. Cell. Cuba 9: 472. 1842.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27834 (SP375327); idem, epífila de arbusto,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27981 (SP375474); idem,
13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shitata 27994 (SP375487); epífila de arácea,
mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28172p.p. (SP377232).
Associadaa Aphanolejeunea kunertiana Steph. e Drepanolejeunea lichenicola
(Spruce) Steph.
Brasil: AL, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, RJ, RS, SC e SP. É a primeira
referência para o Paraná.
Lejeunea capensis Gottsche, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 374. 1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Lauraceae, mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27752 (SP375245).
Brasil: CE, MG, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Castro.
Lejeunea confusa E.W. Jones, J. Bryol. 7: 24. 1972.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28005 (SP375498).
Associada a Odontolejeunea lunulata (F. Weber) Schiffn.
Brasil: SP. É a primeira referência para o Paraná.
104
Olga Yano
Lejeunea deplanata Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat. 5: 534. 1914.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre
tronco de árvore viva, mata próxima a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos &
J.R. Pirani 5379 (SP181150); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27952 (SP375445); idem, epífila de arbusto, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28004 (SP375497).
Associada a Odontolejeunea decemdentata (Spruce) Steph.
Brasil: AM, BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PB, PE, RJ, RS e SP. É a primeira
referência para o Paraná.
Lejeunea flava (Sw.) Nees, Naturgesch. Eur. Leberm. 3: 277. 1838.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820
m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas
& M.T. Shirata 23150 (SP281560); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27756 (SP375249); idem, 12-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27774 (SP375267); idem, sobre tronco de Lauraceae,
mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27781 (SP375274);
idem, na base do tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27902 (SP375395); idem, sobre tronco e raízes do coqueiro, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27891 (SP375384); idem, sobre
tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27893
(SP375386); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27918 (SP375411); idem, encosta do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28097 (SP375590); idem, na base do tronco de Pinus
sp., encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28181 (SP377241).
Associada a Frullania caulisequa (Nees) Nees e Leucolejeunea unciloba
(Lindenb.) A. Evans.
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR,
RJ, RR, RS, SC, SE, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a).
Lejeunea grossitexta (Steph.) E. Reiner & Goda, J. Hattori Bot. Lab. 89:
29. 2000.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28079 (SP375572); idem, epífila de arbusto,
mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28163 (SP377223).
Brasil: AL, BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Irati;
Adrianópolis.
Lejeunea laetevirens Nees & Mont., in Ramón de la Sagra, Hist. Phys.
Bot. Plant. Cell. Cuba 9: 469. 1842.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Lauraceae, capão
Ocorrências novas de briófitas...
105
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27922p.p. (SP375415); idem,
sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27937 (SP375430); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27970
(SP375463); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28001p.p. (SP375494);
idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28008 (SP375501); idem, sobre
tronco e galho de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28006 (SP375499); idem, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28090 (SP375583); idem, sobre pedra úmida,
encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28103 (SP375596);
idem, sobre liana, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28127
(SP375620); idem, sobre cáudice de pteridófita, mata do morro, 14-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28154p.p. (SP377214); idem, sobre tronco de Lauraceae,
mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28155 (SP377215).
Associada a Chryso-hypnum elegantulum (Hook.) Hampe, Pelekium involvens
(Hedw.) Touw e Taxilejeunea isocalycina (Nees) Steph.
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB,
PE, PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SE e SP. Paraná: margem esquerda do Rio
Paranapanema, Salto Grande.
1889.
Lejeunea oligoclada Spruce, Bull. Soc. Bot. France 36 (suppl.): 199.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, encosta do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28086 (SP375579).
Brasil: BA, ES, MG, PE, RJ, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Lejeunea phyllobola Nees & Mont., in Ramón de la Sagra, Hist. Fis.
Pol. Natur. Bot. Cuba 9: 471. 1842.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27928 (SP375421); idem, 13-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 27953 (SP375446); idem, sobre tronco podre, capão primário,
13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28003 (SP375496); idem, epífila de
arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28130
(SP375623).
Associada a Metzgeria uncigera A. Evans.
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ,
RN, RS, SC e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Lejeunea raddiana Lindenb., in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 342. 1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28028 (SP375521).
Associada a Lophocolea muricata (Lehm.) Nees.
Brasil: AL, MG, PA, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
106
Olga Yano
Leptolejeunea elliptica (Lehm. & Lindenb.) Schiffn., in Engler & Prantl,
Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 126. 1893.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27836 (SP375329); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27841 (SP375334); idem, epífila de arbusto, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28126 (SP375619).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RR,
SC, SE e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande;
Morretes.
Leptolejeunea exocellata (Spruce) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 29:
498. 1902.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27830 (SP375323); idem, sobre tronco caído, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27945 (SP375438); idem, epífila
de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28021
(SP375514).
Associada a Odontolejeunea lunulata (F. Weber) Schiffn.
Brasil: AC, AL, AM, BA, MS, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Guaíra,
Parque Nacional de Sete Quedas; margem esquerda do Rio Paranapanema,
Salto Grande.
Leucolejeunea unciloba (Lindenb.) A. Evans, Torreya 7: 228. 1907.
Cheilolejeunea unciloba (Lindenb.) Malombe, Acta Bot. Hung. 51(3-4): 325.
2009.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da
cidade na BR-373, sobre tronco vivo, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5338 (SP181135); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27755 (SP375248); idem, sobre tronco de
arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27757
(SP375250); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27759 (SP375252);
idem, na base do tronco de Podocarpus, mata secundária, 12-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27742 (SP375235); idem, sobre tronco de arbusto, mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27774p.p. (SP275267); idem,
sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirara
27889 (SP375382); idem, sobre tronco de Lauraceae, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27896 (SP375389); idem, sobre cipó caído,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27912 (SP375405); idem,
sobre tronco caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27944
(SP375437); idem, sobre tronco de Rutaceae, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27947 (SP375440).
Associada a Lejeunea flava (Sw.) Nees.
Ocorrências novas de briófitas...
107
Brasil: AC, AM, BA, CE, ES, MG, PA, PB, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná:
Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Leucolejeunea xanthocarpa (Lehm. & Lindenb.) A. Evans, Torreya 7:
229. 1907. Cheilolejeunea xanthocarpa (Lehm. & Lindenb.) Malombe, Acta
Bot. Hung. 51(3-4): 326. 2009.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de árvore, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27761 (SP375254); idem, sobre tronco de
arbusto, perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28066
(SP375559).
Brasil: AL, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RS, SC e SP. Paraná: Tibagi,
Fazenda Noir e Rosa.
Mastigolejeunea plicatiflora (Spruce) Steph., Spec. Hepat. 4: 766. 1912.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27798 (SP375291).
Brasil: AC, AM, BA, ES, GO, MG, PA, RR e SP. É a primeira referência para o
Paraná.
Microlejeunea bullata (Taylor) Steph., Hedwigia 29: 90. 1890.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27877p.p. (SP375370); idem, 13-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27990p.p. (SP375483).
Associada a Metzgeria uncigera A. Evans e Odontolejeunea lunulata (F.
Weber) Schiffn.
Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RN,
RR, RS, SC, SE e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas.
Microlejeunea globosa (Spruce) Steph., Spec. Hepat. 5: 821. 1915.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre
tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5256
(SP181090); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 28075 (SP375568).
Brasil: ES, PA, RS, SC, SE e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Neurolejeunea breutelii (Gottsche) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 34:
13. 1907.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m, alt., sobre pedra, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas &
M.T. Shirata 23172 (SP281580); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus, mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27776 (SP375269); idem, na
108
Olga Yano
base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27780 (SP375273).
Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Serra da
Graciosa.
Odontolejeunea decemdentata (Spruce) Steph., Spec. Hepat. 5: 171.
1912.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., epífila de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G.
Ribas & M.T. Shirata 23168 (SP281576); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa,
Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28004p.p. (SP375497).
Associada a Harpalejeunea stricta (Lindenb. & Gottsche) Steph. e Lejeunea
deplanata Nees.
Brasil: RJ e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Odontolejeunea lunulata (F. Weber) Schiffn., in Engler & Prantl, Natürl.
Pflanzenfam. 1(3): 128. 1893.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27829 (SP375322); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27832 (SP375325); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27854
(SP375347); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27976 (SP375469);
idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27990 (SP375483); idem, epífila de
arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27997
(SP375490); idem, epífila de pteridófita, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 27998 (SP375491); idem, epífila de Melastomataceae, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28002 (SP375495); idem, epífila
de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28005p.p.
(SP375498); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28021p.p. (SP375514).
Associada a Lejeunea confusa E.W. Jones e Microlejeunea bullata (Taylor)
Steph.
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS e SP.
Paraná: Fernandes Pinheiro; Roça Nova; Serra do Mar.
Omphalanthus filiformis (Sw.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.:
144. 1788.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da
cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P.
Santos & J.R. Pirani 5334 (SP181133); idem, km 298 da BR-373, sobre tronco
de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5351
(SP181141); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27764 (SP375257); idem, 12-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 27765 (SP375258); idem, sobre tronco de arbusto, mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27769 (SP375262); idem, no
Ocorrências novas de briófitas...
109
barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shiraa 27870
(SP375363); idem, sobre tronco de Lauraceae, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27878 (SP375391); idem, sobre tronco de arbusto, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shitata 27925 (SP375418); idem, na
base do tronco, capão primário, 13-VII-2004, O.Yano & M.T. Shirata 27927
(SP375420); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28056 (SP375549); idem, perto do lago de captação, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28060 (SP375553); idem, sobre galhos finos,
encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28077 (SP375570);
idem, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28098 (SP375591).
Associada a Frullania caulisequa (Nees) Nees.
Brasil: AM, BA, CE, ES, MG, PE, RJ, RS, SC, SE e SP. Paraná: Tibagi,
Fazenda Noir e Rosa.
Pycnolejeunea contigua (Nees) Grolle, J. Hattori Bot. Lab. 45: 179.
1979.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27810 (SP375303).
Brasil: AL, AM, BA, CE, ES, MG, MS, PA, PE, RR, RS, SC e SP. É a primeira
referência para o Paraná.
Schiffneriolejeunea polycarpa (Nees) Gradst., J. Hattori Bot. Lab. 38:
355. 1974.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27833 (SP375326).
Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, RJ, RR,
RS, SC, SE e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Symbiezidium transversale (Sw.) Trevis., Mem. Reale Ist. Lomb. Sci.
Mat. Nat. ser. 3, 4: 403. 1877.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27760 (SP375253); idem, na
base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27777 (SP375270).
Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, MG, PA, PE, RJ, SC e SP. É a primeira
referência para o Paraná.
Taxilejeunea isocalycina (Nees) Steph., Spec. Hepat. 5: 469. 1914.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27936 (SP375429); idem, sobre tronco de arbusto,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27973 (SP375466); idem,
Olga Yano
110
sobre cáudice de pteridófita, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28154 (SP377214); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28161 (SP377221); idem, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28168 (SP377228); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28169 (SP377229).
Associada a Lejeunea laetevirens Nees & Mont.
Brasil: ES, MG, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Taxilejeunea lusoria (Lindenb. & Gottsche) Schiffn., Bot. Jahrh. Syst.
23: 580. 1897.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28012 (SP375505).
Brasil: AM, AP, BA, PA, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: margem esquerda do
Rio Paranapanema.
Taxilejeunea obtusangula (Spruce) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 38:
215. 1911.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre
tronco de árvore, mata próxima a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5387 (SP181153).
Brasil: AM, BA, ES, GO, MG, PA, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Iporanga,
Desvio; margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande.
Taxilejeunea pterigonia (Lehm. & Lindenb.) Schiffn., in Engler & Prantl,
Natürl. Pflanzenfam. 6: 44. 1834.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28046 (SP375539).
Associada a Lophocolea muricata (Lehm.) Nees e Orthostichidium
pentastichum (Brid.) B.H. Allen & Magill.
Brasil: AM, BA, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campina
Grande do Sul, Pico Caratuva.
Lepidoziaceae
Bazzania heterostipa (Steph.) Fulford, Bull. Torrey Bot. Club 86: 410.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbuso, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28175 (SP377235).
Brasil: AL, BA, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Ponta Grossa, Vila
Velha.
Kurzia capillaris (Sw.) Grolle, Revue Bryol. Lichénol. 32: 178. 1963.
Ocorrências novas de briófitas...
111
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, úmido, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28035 (SP375528).
Brasil: AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, RJ, RS e SP. É a primeira referência
para o Paraná.
Paracromastigum pachyrhizum (Nees) Fulford, Mem. New York Bot.
Gard. 11(3): 390. 1968.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27873 (SP375366).
Brasil: ES, GO, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Telaranea nematodes (Gottsche ex Austin) M. Howe, Bull. Torrey Bot.
Club 29: 284. 1902.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27904p.p. (SP375397).
Associada a Metzleria brasiliensis (Broth.) Paris.
Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, RJ, RR, RS, SC, SE e
SP. É a primeira referência para o Paraná.
Marchantiaceae
Marchantia chenopoda L., Spec. Plant. 2: 1137. 1753.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., sobre bloco de pedra na mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23169 (SP281577).
Brasil: AC, AM, DF, ES, MG, MT, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Serra da
Esperança.
Metzgeriaceae
Metzgeria albinea Spruce, Bull. Soc. Bot. France 36 (suppl.): 201.
1890.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27863 (SP375360).
Brasil: AC, AL, BA, CE, DF, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver
Yano (2013a).
Metzgeria aurantiaca Steph., Spec. Hepat. 1: 286. 1899.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27900 (SP375393); idem, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28074 (SP375567).
Olga Yano
112
Brasil: AM, BA, CE, ES, MG, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: São
Mateus do Sul, Minas do Xisto; Curitiba, Parque Estadual de Barigui.
Metzgeria convoluta Steph., Spec. Hepat. 1: 288. 1899.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27982 (SP375475).
Brasil: BA, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Antonina.
1844.
Metzgeria dichotoma (Sw.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 504.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata
secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27767 (SP375260); idem, na
base do tronco de arbusto, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28068 (SP375561).
Brasil: AL, DF, GO, MG, PB, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para
o Paraná.
Metzgeria fruticola Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15:
554. 1885.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27778 (SP375271).
Brasil: AL, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Jaguariaíva, praça Vicente
Machado; Araucaria; Carlópolis.
Metzgeria furcata (L.) Dumort., Recueil d’Obs. Jungerm.: 26. 1835.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23156 (SP281566); Tijucas do Sul, Distrito da
Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus
sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27749 (SP375242);
idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27932 (SP375425); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27999 (SP375492); idem, epífila de arbusto,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28011 (SP375504); idem,
sobre tronco de arbusto, perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 28063 (SP375556); idem, sobre rocha úmida, encosta do morro,
14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28080 (SP375573); idem, mata do morro,
14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28113 (SP375606); idem, epífila de
arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28116
(SP377226).
Associada a Chryso-hypnum elegantulum (Hook.) Hampe e Frullania
beyrichiana (Lehm. & Lindenb.) Lehm. & Lindenb.
Ocorrências novas de briófitas...
113
Brasil: AC, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Curitiba,
Parque Estadual Barigui; entre Ponta Grossa e Palmeiras; Rio Tibagi; Tibagi,
Fazenda Noir e Rosa.
Metzgeria lechleri Steph., Spec. Hepat. 1: 290. 1899.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre
tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5252
(SP181087).
Brasil: CE, DF, ES, GO, MG, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano
(2013a).
Metzgeria leptoneura Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15:
555. 1885.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28107 (SP375600); idem, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28165 (SP377225).
Brasil: AC, AM, BA, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano
(2013a).
Metzgeria scyphigera A. Evans, Trans. Connecticut Acad. Arts 18:
299. 1914.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27917 (SP375410).
Brasil: BA, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Bocaiúva do Sul, Palmital,
Reserva da Toca do Urso.
Metzgeria uncigera A. Evans, Ann. Bot. 24: 276. 1910.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27877 (SP375370); idem, sobre tronco de arbusto,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27928p.p. (SP375421).
Associada a Lejeunea phyllobola Nees & Mont. e Microlejeunea bullata (Taylor)
Steph.
Brasil: ES, MG, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Pallaviciniaceae
Symphyogyna aspera Steph., in Mc Cormick, Bot. Gaz. 58: 403. 1914.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 28180 (SP377240).
Brasil: AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, RJ, RS, SC e SP. É a
primeira referência para o Paraná.
Olga Yano
114
Symphyogyna brongniartii Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 19: 265.
1843.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, na margem argilosa do riacho, 13-I-1983, O.Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5349 (SP181140).
Brasil: AC, AM, BA, MG, PE, RJ, SC e SP. É a primeira referência para o
Paraná.
Symphyogyna brasiliensis (Nees) Nees & Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér.
2, 5: 67. 1836.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, úmido, capão primário, 12-VII2004, O.Yano & M.T. Shirata 27847 (SP375340); idem, no barranco úmido,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27959 (SP375452); idem,
sobre raízes tabulares, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28032 (SP375525); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004,
O.Yano & M.T. Shirata 28131 (SP375624).
Associada a Lophocolea proteus Herzog.
Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO.
Paraná: Campina Grande do Sul, Caminho ao Cerro Verde.
Pelliaceae
Noteroclada confluens (Hook. f. & Taylor) Spruce, Trans. & Proc. Bot.
Soc. Edinburgh 15: 531. 1885.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR377, na margem arenoso do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5355 (SP181143).
Brasil: DF, ES, GO, MG, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Campina Grande do Sul.
Plagiochilaceae
Plagiochila adiantoides (Sw.) Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 2, 3: 77.
1840.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820
m alt., sobre pedra na mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T.
Shirata 23153 (SP281563); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28026 (SP375519).
Brasil: BA, ES, GO, MG, PE, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o
Paraná.
Plagiochila bifaria (Sw.) Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 5: 127. 1843.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, capão primário,
13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27924 (SP375417); idem, sobre tronco de
Ocorrências novas de briófitas...
115
arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28116
(SP375609).
Brasil: AM, BA, ES, MG, PA, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Mallet, Rio Bonito.
Plagiochila corrugata (Nees) Nees & Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 5:
52. 1836.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, km 389 da BR-373, sobre
tronco de árvore viva, remanescente de mata, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos
& J.R. Pirani 5286 (SP181111); mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m
alt., sobre cáudice de pteridófita, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G.
Ribas & M.T. Shirata 23155 (SP281565); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa,
Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp.,
mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27748 (SP375241);
idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27775 (SP375268); idem, sobre
tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27768 (SP375261); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27933 (SP375426); idem, sobre tronco de arbusto perto
do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28059 (SP375552).
Brasil: AC, BA, CE, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná:
margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Guaíra, Parque
Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa.
Plagiochila martiana (Nees) Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 1: 12. 1839.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Ponta Grossa, praça do exército, sobre
tronco vivo de Jacaranda sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani
5275 (SP181102); mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, na
base do tronco vivo, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5335
(SP181134); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27974 (SP375467); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28027 (SP375520); idem, sobre tronco de arbusto, encosta de morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28091 (SP375584); idem, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28095 (SP375588); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28100 (SP375593).
Brasil: AC, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e
SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas.
Plagiochila patentissima Lindenb., Spec. Hepat.: 64. 1840.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m alt, sobre cáudice de pteridófita, mata úmida, 27-IX-1994, O.Yano,
M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23154 (SP281564); Tijucas do Sul, Distrito da
Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28000 (SP375493); idem, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28014 (SP375507); idem, 13-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28025 (SP375518); idem, sobre pedra, mata do morro, 14-VII-
Olga Yano
116
2004, O. Yano & M.T. Shirata 28105 (SP375598); idem, sobre liana, mata do
morro, 14-VII-2004, O. Yano &M.T. Shirata 28148 (SP375641).
Brasil: BA, CE, ES, MG, PB, PE, PR, RJ, RS, SE e SP. Paraná: Campos
Gerais; margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Tibagi,
Fazenda Noir e Rosa.
Plagiochila patula (Sw.) Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 1: 21. 1839.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27855 (SP375348).
Brasil: AC, BA, CE, DF, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Tibagi,
Fazenda Noir e Rosa.
Plagiochila raddiana Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 1: 9. 1839.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, encosta do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28093 (SP375586).
Brasil: AC, AM, BA, CE, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP.
Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Rio Iguaçu;
Terras Citla.
Plagiochila rutilans Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 2-4: 47. 1841.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, capão primário,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27815 (SP375308); idem, sobre pedra
úmida, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27865
(SP375358); idem, sobre tronco de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 28138 (SP375631); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28174 (SP377234).
Brasil: AC, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MT, PA, PE, RJ, RR, RS, SC e SP.
É a primeira referência para o Paraná.
Plagiochila subplana Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 2, 4: 73. 1840.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28024 (SP375517).
Brasil: AC, AM, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, RJ, RR, RS, SC e SP. É a
primeira referência para o Paraná.
Porellaceae
Porella brasiliensis (Raddi) Schiffn., Nova Acta Acad. Caes. Leop.
Carol. German. Nat. Cur. 60: 246. 1893.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, km 39 da BR-373, sobre
tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5301
(SP181120); idem, ca. 5 km antes da cidade, sobre tronco de árvore viva, 13-I-
Ocorrências novas de briófitas...
117
1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5315 (SP181125); Guarapuava, km
389 da BR-373, sobre tronco vivo, mata próxima a lagoa, 14-I-1983, O. Yano,
D.P. Santos & J.R. Pirani 5384 (SP181152); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa,
Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, capão
primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27816 (SP375309); idem, sobre
tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27820,
(SP375313); idem, na base do tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004,
O. Yano & M.T. Shirata 27828 (SP375321); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 27846 (SP375339); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28017
(SP375510); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28019 (SP375512);
idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28140 (SP375633);
idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
28171 (SP375231).
Associada a Porella reflexa (Lehm. & Lindenb.) Trevis.
Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano
(2013a).
Porella reflexa (Lehm. & Lindenb.) Trevis., Mem. Reale Ist. Lomb. Cl.
Sci. ser. 3, 4: 408. 1877.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, ca. 5 km antes da cidade,
sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5322
(SP181128); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27820p.p. (SP375313).
Associada a Porella brasiliensis (Raddi) Schiffn.
Brasil: AM, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: margem esquerda do Rio
Paranapanema, Salto Grande.
Porella swartziana (F. Weber) Trevis., Mem. Reale Ist. Lomb. Cl. Sci.
ser. 3, 4: 407. 1877.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, ca. 5 km antes da cidade,
sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5317
(SP181126).
Brasil: BA, ES, GO, MG, PE, PR, RS, SC e SP. Paraná: Terras Citla.
Radulaceae
Radula fendleri Gottsche ex Steph., Hedwigia 23: 146. 1884.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28040 (SP375533); idem, 13-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28043 (SP375536).
Associada a Phyllogonium viride Brid.
Brasil: BA, ES, MG, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Radula javanica Gottsche, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 257. 1845.
Olga Yano
118
Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, km 39 da BR-373, sobre
tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5310
(SP181122); Realeza perto do trevo, sobre tronco de árvore, mata, 15-I-1983,
O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5474 (SP181187).
Brasil: AC, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, P A, PE, PR, RJ, RS, SC e
SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Guarapuava, Rio
Campo Real.
Radula kegelii Gottsche ex Steph., Hedwigia 23: 152. 1884.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, nos galhos de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28016 (SP375509); idem, 13-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28031 (SP375524); idem, sobre tronco de arbusto, capão
primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28030 (SP375523).
Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o
Paraná.
Radula mexicana Lindenb. & Gottsche, in Gottsche, Mexik. Leverm.:
150. 1863.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, km 39 da BR-373, sobre
tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5298
(SP181118); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas
Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano &
M.T. Shirata 27968 (SP375461); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27989 (SP375482).
Brasil: BA, ES, PE, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Radula nudicaulis Steph., Spec. Hepat. 4: 174. 1900.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Pato Branco, rio Pato Branco na BR280, sobre tronco de árvore viva, mata ciliar, 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos &
J.R. Pirani 5435 (SP181168); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27844 (SP375337); idem, no barranco úmido,
capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27868 (SP375361); idem,
epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27993
(SP375486); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28013 (SP375506);
idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T.
Shirata 28096 (SP375589); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28108 (SP375601); idem, 14-VII-2004, O. Yano
& M.T. Shirata 28115 (SP375608); idem, sobre pedra úmida, mata do morro,
14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28162 (SP377222).
Brasil: ES, MG, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Adrianópolis.
Radula quadrata Gottsche, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 255. 1844.
Ocorrências novas de briófitas...
119
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28044 (SP375537).
Brasil: BA, GO, MG, P A, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: margem esquerda
do Rio Paranapanema, Salto Grande.
Radula recubans Taylor, London J. Bot. 5: 376. 1846.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, praça da igreja matriz,
sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5328 (SP181130).
Brasil: AC, AL, BA, ES, PA, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para
o Paraná.
Radula stenocalyx Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 4, 3: 315. 1855.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat
Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto perto do lago de
captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28062 (SP375555).
Associada a Frullania caulisequa (Nees) Nees.
Brasil: BA, ES, RJ, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Radula tectiloba Steph., Hedwigia 27: 298. 1888.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Clevelândia, perto da praça principal,
sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5461 (SP181183); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta
Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária,
12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27747 (SP375240); idem, sobre tronco de
Lauraceae, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27751
(SP375244); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O.
Yano & M.T. Shirata 27804p.p. (SP375297); idem, sobre tronco de Lauraceae,
capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27894 (SP375387); idem,
sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata
27926 (SP375419); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27955
(SP375448).
Associada a Anoplolejeunea conferta (Meissn.) A. Evans.
Brasil: BA, ES, GO, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Iguaçu; Tibagi,
Fazenda Noir e Rosa.
Radula voluta Taylor ex Gottsche et al., Syn. Hepat.: 255. 1845.
Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre
tronco de árvore, mata próxima a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R.
Pirani 5390 (SP181155); idem, sobre tronco podre, mata próxima a lagoa, 14-I1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5396 (SP181157).
Brasil: ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
Ricciaceae
Riccia vitalii S. Jovet-Ast, Mem. New York Bot. Gard. 45: 283. 1987.
Olga Yano
120
Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, no
solo úmido próxima ao lageado junto com Campylopus, 14-I-1983, O. Yano,
D.P. Santos & J.R. Pirani 5394 (SP181156).
Associada a Campylopus pilifer Brid.
Brasil: AL, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MS, PB, PE, PI, RN, SE e TO. É a
primeira referência para o Paraná.
Trichocoleaceae
Trichocolea brevifissa Steph., Spec. Hepat. 4: 54. 1909.
Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa,
ca. 820 m, alt., epífila de pteridófita, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G.
Ribas & M.T. Shirata 23165 (SP281574); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa,
Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28038 (SP375531).
Brasil: BA, ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná.
CONCLUSÃO
Considerando-se o alto número de novas citações para o estado do
Paraná, pode-se concluir que os fragmentos de mata, os parques, as reservas
e as demais áreas de proteção ambiental aqui analisadas, apresentam uma
grande diversidade de espécies de briófitas e, ainda, sinalizam a necessidade
do incremento dos estudos e coletas nestas áreas. O presente estudo mostra a
real diversidade das espécies de briófitas no Paraná, a distribuição das
espécies no estado e ainda os ambientes em que elas crescem. E, também
foram preenchidas as lacunas de várias espécies que ocorriam no Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
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CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO DOS GÊNEROS E ESPÉCIES
DE AMARANTHACEAE NO RIO GRANDE DO SUL
Maria Salete Marchioretto1
ABSTRACT
This paper presents identification keys of the genera and species of the family
Amaranthaceae that occur in Rio Grande do Sul.
Key words: Amaranthaceae, southern Brazil, dichotomous keys
RESUMO
Neste trabalho são apresentadas chaves de identificação dos gêneros e
espécies da família Amaranthaceae ocorrentes no Rio Grande do Sul.
Palavras chave: Amaranthaceae, sul do Brasil, chaves dicotômicas
INTRODUÇÃO
A família Amaranthaceae é considerada tropical e subtropical, e inclui
cerca de 2.360 espécies inseridas em 169 gêneros. Para o Brasil são citados
20 gêneros nativos com aproximadamente 100 espécies (Marchioretto et al.
2010), enquanto que no Rio Grande do Sul são encontradas 43 espécies e 11
gêneros (Marchioretto et al. 2008). As Amaranthaceae são predominantemente
ervas, arbustos ou trepadeiras anuais ou perenes; folhas opostas, rosuladas ou
alternas, glabras ou pilosas; inflorescências espiciformes, capituliformes,
corimbiformes ou glomérulos axilares ou terminais, flores unissexuais ou
bissexuais; frutos do tipo cápsula monospérmica, polispérmica ou opercular
(Marchioretto et al. 2008). São encontradas principalmente em bordas de
florestas, restingas, terrenos baldios e cultivados, sendo mais comuns em
ambientes abertos, embora algumas espécies sejam encontradas no interior de
florestas, principalmente em áreas perturbadas (Siqueira, 2002, Marchioretto et
al. 2008).
O objetivo deste estudo é apresentar chaves de identificação dos
gêneros e espécies de Amaranthaceae ocorrentes no Rio Grande do Sul.
RESULTADOS
Chave de identificação para os gêneros de Amaranthaceae
1. Folhas alternas
2. Ovário pluriovular............................................................................... Celosia
2´.Ovário uniovular .......................................................................... Chamissoa
1´. Folhas opostas ou só opostas na base
1 Pesquisadora e curadora do Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, Av. Unisinos, 950
Bloco 1 E- C. Postal 275 Caixa Postal 275, 93001-970, São Leopoldo, RS.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:123-127 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
124
Maria Salete Marchioretto
3. Flores unisexuais, anteras bitecas ............................................. Amaranthus
3` Flores bisexuais, anteras monotecas .......................................................... 4
4. Sépalas soldadas quase até o ápice .......................................... Froelichia
4´ Sépalas livres ou soldadas somente na base ......................................... 5
5.Plantas com folhas crassas ................................................... Blutaparon
5´Plantas com folhas cartáceas ou membranáceas .............................. 6
6. Tubo estaminal com estaminódios intercalados com os estames
.......................................................................................................... 7
7. Flores férteis acompanhadas por 1 ou 2 flores estéreis ...............
................................................................................ Pseudoplantago
7´ Flores sempre férteis ...............................................Alternanthera
6´ Tubo estaminal sem estaminódios ............................................... 8
8 Estigma bífido .......................................................................... 9
8´ Estigma capitado ou bilobado ............................................... 10
9. Tubo estaminal com a parte livre fimbriada, ápice trilobado,
filamentos inferiormente conatados ........................Quaternella
9´Tubo estaminal com a parte livre franjada, partida ou
denteada filamentos conatados ............................. Gomphrena
10 Caule ereto, inflorescência espiciforme ou capituliforme
................................................................................... Pfaffia
10´Caule semi-escandente, inflorescência paniculada
.............................................................................. Hebanthe
Chave de identificação para as espécies de Alternanthera
1. Inflorescências sésseis .................................................................................... 2
2. Flores tetrâmeras, menores que 1,5 mm de compr. . Alternanthera reineckii
2´ Flores pentâmeras com mais de 1,5 mm de compr. .................................. 3
3. Anteras lineares .............................................. Alternanthera bettzickiana
3´Anteras globosas ou oblongas ................................................................. 4
4. Sépalas não pungentes no ápice ........................................................ 5
5. Pseudoestaminódios ligulados ou denteados, bem mais curtos que
os filamentos ........................................... Alternanthera paronychoides
5´Pseudoestaminódios fimbriados no ápice, iguais ou mais longos
que os filamentos ............................................. Alternanthera maritima
4´ Sépalas pungentes no ápice, ............................ Alterananthera tenella
1` Inflorescências pedunculadas ........................................................................ 6
6. Flores sésseis entre as bractéolas .............................................................. 7
7. Sépalas com 5-6 mm de comprimento, pseudoestaminódios maiores
que os filamentos com ápice lacinado .............. Alternanthera philoxeroides
Chaves de identificação dos gêneros e espécies de amaranthaceae...
125
7´ Sépalas 2 mm de comprimento, pseudoestaminódios menores que os
filamentos com ápice inteiro ou dentado ................. Alternanthera micrantha
6´ Flores com pedicelo evidente entre a base das sépalas e bractéoloas ..... 8
8. Inflorescências com pedúnculos de até 6 cm de comprimento,
bractéolas cristadas no dorso.................................. Alternanthera brasiliana
8´ Inflorescências com pedúnculos maiores que 6 cm de comprimento,
bractéolas sem crista evidente no dorso ..................................................... 9
9. Folhas ovalado-lanceoladas a elípticas, inflorescências rosadas a
violáceas ................................................................... Alternanthera hirtula
9´ Folhas ovaladas a suborbiculares, inflorescências amarelo-paleáceas
.............................................................................................................. 10
10. Erva prostrada com extremidades ascendentes, caules com nós
dilatados radicantes ....................................... Alternanthera praelonga
10´ Erva ou subarbusto ereto, caules roliços não radicantes ...............
....................................................................... Alternanthera malmeana
Chave de identificação para as espécies de Amaranthus
1. Plantas com flores masculinas apresentando 3 estames
2. Caule ereto, ápice das folhas acuminado, raro exciso, fruto rugoso
..............................................................................................Amaranthus viridis
2´Caule prostrado ou semi-ereto, ápice sempre exciso, fruto liso
...................................................................................Amaranthus deflexus
1´ Plantas com flores masculinas apresentando 5 estames ............................... 3
3. Plantas com um par de espinhos longos, dispostos nas axilas foliares
.........................................................................................Amaranthus spinosus
3´Planta inerme ............................................................................................... 4
4. Frutos transversalmente deiscentes, inflorescências terminais em
grandes panículas ....................................................................................... 5
5. Planta quase sempre verde, brácteas maiores que o fruto
................................................................................. Amaranthus hybridus
5´Planta vermelha ou púrpura, brácteas sempre menores que o fruto
................................................................................. Amaranthus cruentus
4´ Frutos deiscentes, inflorescências terminais em espiga simples ou
pouco ramificada ......................................................................................... 6
6. Folhas lineares a oblongo estreitas, sépalas bem separadas do
fruto, não incobrindo-o ...................................... Amaranthus muricatus
6´ Folhas ovadas ou obovadas ........................................................... 7
7. Flores femininas 5 sépalas, superpostas recobrindo o fruto
............................................................... Amaranthus rosengurtii
126
Maria Salete Marchioretto
7´ Flores femininas 3 sépalas, menores que o fruto
............................................................................. Amaranthus blitum
Chave de identificação para as espécies de Celosia
1. Erva de até 1 m de altura, sépalas brilhantes alvo-prateadas a rosadas .........
...................................................................................................... Celosia argenta
1´ Subarbusto até 3 m de altura, sépalas amarelo-claro a castanho
..................................................................................................Celosia grandifolia
Chave de identificação para as espécies de Chamissoa
1. Plantas bisexuais ou unisexuais femininas, caules escandentes até 2 m de
altura ..................................................................................... Chamissoa altissima
1´ Plantas sempre bisexuais, caules eretos a levemente prostrados com menos
de 2 m de altura ..................................................................Chamissoa acuminata
Chave de identificação para as espécies de Gomphrena
1. Inflorescência somente espiciforme .............................. Gomphrena graminea
1´ Inflorescência capituliforme ou capituliforme e espiciforme ............................ 2
2. Bractéolas com dorso liso não cristado ....................................................... 3
3. Erva ou subarbusto perene, caule sarmentoso, folhas curto-pecíoladas,
ovário ovalado ................................................................... Gomphrena vaga
3´ Erva perene, caule ereto, folhas evidentemente pecioladas, ovário
oblongo ..........................................................................Gomphrena elegans
2´ Bractéolas com dorso cristado ou cristado serrilhado ................................ 4
4. Inflorescência somente capituliforme ...................................................... 5
5. Bractéolas menores que as sépalas ................................................... 6
6. Folhas elípticas ou ovalado-lanceoladas, flores branco-amareladas
ouamarelo-rosadas ............................................. Gomphrena perennis
6´ Folhas lineares ou lanceoladas, flores intensamente rosadas .........
............................................................................. Gomphrena pulchella
5´ Bractéolas maiores ou de tamanho igual as sépalas ......................... 7
7. Inflorescência róseo sulfurina, pedúndulos curtos 3-5 cm
.......................................................... Gomphrena schlechtendaliana
7´ Inflorescência vermelho-alaranjada, pedúnculos de até 20 cm
...................................................................... Gomphrena sellowiana
4´ Inflorescência capituliforme passando a espiciforme ............................ 8
8. Erva anual, ovário ovalado .......................Gomphrena globosa
8´ Erva perene, ovário oblongo ............... Gomphrena celosioides
Chaves de identificação dos gêneros e espécies de amaranthaceae...
127
Chave de identificação para as espécies de Iresine
1. Folhas verdes a verde-amareladas, ápice agudo a acuminado .. Iresine diffusa
1` Folhas roxas, variegadas de vermelho, castanho, amarelo ou verde ao longo
das nervuras, ápice geralmente emarginado a arredondado ........ Iresine herbstii
Chave de identificação para as espécies de Pfaffia
1. Inflorescências reunidas em dicásios ..................................... Pfaffia glomerata
1`Inflorescências isoladas ou reunidas em fascículos ........................................ 2
2. Inflorescência capituliforme isolada simples .................Pfaffia gnaphaloides
2´Inflorescência capituliforme ou em espiga isolada, simples, di ou
tricotômica ................................................................................ Pfaffia tuberosa
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FLORA VASCULAR E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES POR
MICRO-HABITAT EM UM MORRO TESTEMUNHO NO SUL DO
BRASIL
Gabriel Emiliano Ferreira7
Tiago De Marchi8
João Larocca9
ABSTRACT
The vegetation that developed on hill tops is singular due to the peculiarities of
their microhabitats. These environments present a high biodiversity, a large
number of endemics and a high number of organisms adapted to survive in
extreme environments. The objective of this study was to inventory the vascular
flora occurring, and to associate the distribution of the species with the local
microhabitats. In total, 227 species of vascular plants were identified, 12 of
them threatened of extinction, and 59 families. The most abundant families
were Asteraceae (49 species), Poaceae (11 spp.) and Rubiaceae (10 spp.).
The richest genera were Baccharis and Tillandsia, with five species each. The
habitat with the greatest richness was the base, with 167 species and the most
restricted was the hillside, with 36 spp. The microhabitats with the greatest
richness were the soil of the base and the soil of the top, with 160 spp. and 131
spp., respectively.
Key words: hill tops, conservation, rare species
RESUMO
A flora ocorrente em morros testemunhos é singular devido às peculiaridades
dos micro-habitats em que ocorrem. Estes ambientes apresentam alta
biodiversidade, grande número de endemismos e muitas espécies adaptadas à
sobrevivência em ambientes extremos. O objetivo deste trabalho foi inventariar
a flora vascular ocorrente em um morro testemunho, além de relacionar a
distribuição das espécies com os micro-habitats locais. Foram identificas 227
espécies de plantas vasculares, sendo 12 ameaçadas de extinção,
pertencentes a 59 famílias. As famílias com maior riqueza foram Asteraceae
(49 espécies), Poaceae (11 spp.) e Rubiaceae (10 spp.). Os gêneros mais ricos
foram Baccharis e Tillandsia, com cinco espécies cada. O habitat de maior
riqueza foi a base, com 167 espécies e a encosta foi a mais restritiva com 36
spp. Os micro-habitats de maior riqueza foram o solo da base e o solo do topo,
com 160 spp. e 131 spp., respectivamente.
7 Doutorando no Programa de Pós Graduação em Botânica, Instituto Nacional de Pesquisa da
Amazônia - INPA, Manaus, AM, Brasil. Contato: g.emiliano.ferreira@gmail.com.
8 Professor no Curso de Ciências Biologicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS,
São Leopoldo, RS, Brasil.
9 Pesquisador e Consultor na Fundação Gaia, Pantano Grande, RS, Brasil.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:129-147 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
130
Ferreira, De Marchi & Larocca
Palavras-Chave: afloramentos rochosos, conservação, espécies raras.
INTRODUÇÃO
Morros testemunhos são relevos residuais, emergentes na superfície
plana da região geomorfológica da Depressão Central Gaúcha, muitas vezes
relacionados a Serra Geral ou aos Patamares da Serra Geral, por possuírem
uma capa basáltica no topo e uma base formada por arenito (Rambo, 1956).
Por apresentarem afloramentos rochosos, grandes inclinações e solos
pedregosos, estes ambientes são inviáveis para a agricultura, preservando
ainda sua cobertura vegetal original. Além disso, estes ambientes rochosos
possuem apenas uma camada de pouca profundidade de solo (ou mesmo
nenhuma), baixa retenção de água, alto grau de insolação e alta taxa de
evaporação. Essas condições ambientais proporcionam uma grande
heterogeneidade topográfica e ambientes peculiares, onde apenas plantas
adaptadas a essas condições conseguem se instalar e desenvolver-se nesses
locais (Gröger & Barthlott, 1996; Porembski et al., 1996).
Ambientes rochosos são citados por muitos autores como “ilhas
xéricas” (Gröger & Barthlott, 1996; Porembski et al., 1998; Parmentier, 2003),
devido à frequente formação de microclimas, podendo abrigar espécies com
exigências climáticas distintas da região circundante (Larocca, 1998). As
plantas que colonizam estes ambientes desenvolvem-se diretamente sobre a
rocha nua, em fendas, nas almofadas de solo ou em concavidades da rocha
com acúmulo de solo, gerando um mosaico de acordo com a declividade da
rocha e a profundidade do solo (Meirelles et al., 1999). As espécies pioneiras
instaladas sobre esses ambientes com condições extremas tendem a serem
facilitadoras para a colonização por espécies de maior porte (Brooker et al.,
2008).
Muitos levantamentos de flora em afloramentos rochosos foram
realizados na África (Porembski et al., 1996; Parmentier, 2003) e na América
do Sul (Ibisch et al., 1995; Gröger & Barthlott, 1996). No Brasil, a maioria dos
trabalhos concentra-se nos campos de altitude (Porembski et al., 1998;
Meirelles et al., 1999; Scarano, 2002), nos cerrados rupestres (Oliveira-Filho &
Martins, 1986) e, em especial, em inselbergs (Oliveira & Godoy, 2007; Porto et
al., 2008) e nos campos rupestres (Conceição & Giulietti, 2002; Romero, 2002;
Jacobi & Carmo, 2008; Alves & Kolbek, 2010). Especificamente no Rio Grande
do Sul, a maior parte dos estudos ocorreu em afloramentos graníticos e
areníticos (Knob, 1978; Aguiar & Martau, 1986; Fernandes, 1990; Jacques et
al., 1982; Waldemar, 1997; Backes, 1999; Fernandes & Baptista, 1999) e
poucos em afloramentos basálticos (Winkler & Irgang, 1979; Larocca, 1998;
Bauer & Larocca, 2003).
Este trabalho tem como objetivo inventariar a flora vascular ocorrente no
Morro do Chapéu, RS. Mais especificamente, buscou-se relacionar a
distribuição das espécies com os micro-habitats, de forma a proporcionar maior
conhecimento e subsídios à conservação destes ambientes.
Flora vascular e distribuição de espécies...
131
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
O Morro do Chapéu está localizado no município de Sapucaia do Sul,
Rio Grande do Sul (Fig. 1), possuindo uma área de 8,9 ha (29°49'28.29"S e 51°
4'29.16"O, 270m.s.m.), fazendo parte de um complexo de morros testemunhos,
formados pelos Morros Sapucaia, em Sapucaia do Sul, Leão e Leãozinho, em
Novo Hamburgo, Itacolomy e Morungava, em Gravataí e o Morro do Paula, em
São Leopoldo. O levantamento florístico foi realizado no morro propriamente
dito e toda a área campestre circundante deste, num raio de 500 metros ao
redor do mesmo.
Pelo sistema de Köppen-Geiger, o clima da área de estudo é temperado
do tipo Cfa, ou seja, úmido, apresentando a temperatura média do mês mais
quente acima dos 22°C e a do mais frio inferior a 18° e superior a 3°C. As
temperaturas médias mensais estão compreendidas entre 10° e 22°C (Moreno,
1961; Peel et al., 2007).
A área insere-se na região geomorfológica da Depressão Central
Gaúcha, com origem do Triássico ao Jurássico, sendo constituído por arenitos
médios, vermelhos, finos e médios (Formação Botucatu). Em alguns pontos, o
arenito é recoberto por rochas basálticas da Formação Serra Geral bastante
erodidas. Nestes locais formam-se patamares e platôs de blocos únicos de
rocha (Justus et al., 1986).
Os solos da região são Podzólicos Vermelho-Amarelo álico e distrófico,
caracterizados como solos profundos, com horizonte A moderado bastante
espesso, geralmente abrupto e com altos níveis de alumínio trocáveis no
horizonte B. Há a subdominância de solos Podzólicos Vermelho-Escuros álico,
que são solos normalmente abrúpticos, com horizonte A moderado, de textura
arenosa ou média e horizonte B argiloso. Este solo é altamente susceptível a
erosão. Ambos são solos de baixa fertilidade natural (Streck et al., 2008).
A vegetação situa-se na Área de Tensão ecológica entre a Floresta
Estacional Semidecidual com a Estepe (IBGE, 2004). A fitofisionomia
dominante é campestre, ocorrendo na região circundante ao morro, no topo e
em algumas encostas. A vegetação arbórea é representada por um fragmento
na base do morro e dois pequenos no topo.
Levantamento Florístico
As expedições de campo para coleta foram realizadas de forma sazonal,
trimestralmente, e tiveram início em setembro de 2008 até agosto de 2010.
Para determinar as preferências de micro-habitats das espécies foi preciso
subdividir a área do morro em diferentes categorias ecológicas, tendo por base
as particularidades destes ambientes, como altitude, inclinação e quantidade
do substrato. Foram formados três grupos, denominados aqui habitats: Base,
Encosta e Topo. A Base possui maior extensão, sendo caracterizada por
grandes porções de solo e blocos de rochas, despendidos da encosta do
morro. A Encosta se caracteriza pelas escarpas, abruptas em alguns pontos, e
pela formação de platôs, onde cresce vegetação típica rupestre. Com grandes
132
Ferreira, De Marchi & Larocca
áreas planas, o Topo possui extensas porções de solo como também áreas de
afloramento rochoso.
Os micro-habitats foram delimitados através das particularidades destes
grandes ambientes, descritos na Tabela 1. Com base nesta divisão foram
tomados os dados das preferências ecológicas das espécies. As informações
ecológicas foram organizadas em matrizes binárias de presença e ausência.
Para a análise destas matrizes foi utilizado o software Paleontological Statistics
Software – PAST (Hammer et al., 2001), para gerar análises de agrupamento e
análises de correlação. A similaridade entre os micro-habitats foi medida
através do índice de Sorensen.
A visualização dos espécimes em locais de difícil acesso foi realizada
através do auxílio de binóculo, marca Zenit, 50X10 m.
A listagem de espécies está classificada conforme APG III (2009), a
grafia, aceitação dos nomes científicos como também os autores seguem o
IPNI. O material coletado foi prensado em jornal e seco em estufas com
temperatura de 50°C durante 5 dias; as exsicatas foram montadas e
depositadas no Herbário Municipal João Dutra – HMJD (não indexado), do
Jardim Botânico de São Leopoldo.
As determinações foram realizadas através de bibliografia especializada
(Flora Ilustrada do Rio Grande do Sul e Flora Catarinensis), comparação com
material de herbário (ICN, HAS, PACA) e consulta a diversos especialistas.
RESULTADOS
Levantamento Florístico
Foram inventariadas 227 espécies de plantas vasculares (Tab. 2),
distribuídas em 161 gêneros e 59 famílias. As famílias com maior riqueza foram
Asteraceae (49 espécies), Poaceae (11 spp.), Rubiaceae (10 spp.), Fabaceae
e Solanaceae (nove spp.) e Bromeliaceae (sete spp.), somadas representam
42% das espécies encontradas. Os gêneros mais ricos foram Baccharis e
Tillandsia, com cinco espécies cada um. Das espécies inventariadas, 51,7%
apresentam hábito herbáceo e 27,4% hábito arbóreo.
Descrição dos Habitats
O habitat Base apresenta dois micro-habitats, as grandes porções de
solo e blocos de rochas, desprendidos da encosta do morro. O micro-habitat
solo possui vegetação campestre e florestal e o sobre blocos de rochas caídos
apresenta espécies herbáceas rupícolas. A vegetação campestre é formada
principalmente por espécies de Poaceae dos gêneros Andropogon, Briza,
Digitaria, Paspalum e Panicum, Asteraceae, como Achyrocline satureioides,
Aspilia montevidensis, Baccharis trimera, Fabaceae como Aeschynomene
falcata, Desmodium incanum, Zornia sericea, Apiaceae Eryngium
megapotamicum e Verbenaceae Glandularia peruviana e Stachytarpheta
cayennensis, entre outras. Há a presença de indivíduos arbóreos sobre a
matriz campestre, principalmente Schinus molle e S. polygamus. Ocorrem
Flora vascular e distribuição de espécies...
133
também indivíduos de Acacia mearnsii e Pinus taeda, espécies exóticas com
alto poder de invasão.
As florestas ocorrem com maior extensão ao oeste do morro. Possuem
dossel com ca. de 6m de altura, formado principalmente por espécimes de
Lithraea brasiliensis, Schinus molle, Syagrus romanzoffiana, Sebastiania
commersoniana, Gymnanthes concolor, Ocotea puberula, Luehea divaricata e
Guarea macrophylla. Esta área apresenta diversas espécies epifíticas, como
Tillandsia spp., Aechmea recurvata, Lepismium cruciforme e Rhipsalis teres. O
sub-bosque é pouco desenvolvido nesta fitofisionomia, composto
principalmente por Psychotria carthagenensis e P. leiocarpa. Sobre as rochas
caídas encontram-se espécies rupícolas, principalmente A. recurvata, Tillandsia
spp., L. cruciforme e Peperomia trineura.
Na Encosta desenvolvem-se espécies rupícolas, vivendo diretamente
sobre a rocha nua ou habitando frestas, onde se depositam pequenas camadas
de substrato. A encosta é coberta principalmente pela samambaia
Dicranopteris flexuosa, que recobre a rocha e também Pleopeltis lepidopteris,
de modo mais raro. Além destas, as espécies mais comuns são Dyckia
maritima, Aechmea recurvata, Tillandsia lorentziana e Epidendrum fulgens. Nas
faces úmidas ou pouco iluminadas, há a presença de Sinningia macrostachya.
Em fendas e patamares há uma maior colonização, sendo que as espécies
mais comuns são Gaylussacia brasiliensis, Symphyopappus reticulatus,
Weinmannia paulliniifolia e Glechon marifolia. Nas fendas verticais, onde há
grande quantidade de substrato, estabeleceu-se vegetação arbórea.
O habitat Topo abriga a maior diversidade de micro-habitats. Nos locais
de solo profundo, formam-se pequenos agrupamentos arbóreos, onde a
espécie mais comum é Guapira opposita. Encontram-se indivíduos de Cupania
vernalis, Matayba elaeagnoides, Ocotea pulchella, Cabralea canjerana e
Myrsine umbellata. As epífitas são representadas pelas espécies Peperomia
tetraphylla, P. trineura, Tillandsia usneoides e T. stricta. Os locais com solo
raso são habitados por espécies herbáceo-arbustivas, como Eryngium
eriophorum, Aspilia montevidensis, Achyrocline satureioides, Gochnatia
cordata, Gamochaeta stachydifolia, Collaea stenophylla, Cypella herbertii e
Calibrachoa excellens. Nos solos úmidos, há a presença de E. junceum,
Drosera brevifolia e Xyris jupicai var. jupicai. Nos platôs, as espécies que
conseguiram se estabelecer sobre a rocha nua foram A. recurvata, D. maritima,
T. aeranthos, Parodia ottonis, Sinningia macrostachya, Epidendrum fulgens e
Prescottia oligantha. Nas fendas e nas almofadas, o fator que delimita quais
espécies as colonizarão é a quantidade de substrato. Onde há pouco substrato,
as espécies dominantes são Axonopus siccus e Andropogon lateralis, seguido
por Calibrachoa ericifolia, A. satureioides, Hysterionica filiformis, Pyrostegia
venusta, D. maritima, Lepismium cruciforme, Agarista nummularia, Gaylussacia
brasiliensis, Erythroxylum microphyllum, Sisyrinchium vaginatum. Quando o
substrato é profundo, desenvolvem-se arbustos de maior porte até pequenas
arvoretas, como S. polygamus, Ilex brevicuspis, I. dumosa, Campovassouria
cruciata, Eupatorium subhastatum, Symphyopappus reticulatus e Buddleja
stachyoides.
134
Ferreira, De Marchi & Larocca
Riqueza específica nos Habitats
A maior riqueza de espécies encontrou-se na base, com 167 espécies. O
topo possui 159 spp. e a encosta 36 spp. Os micro-habitats mais ricos foram o
solo da base e o solo do topo, com 160 spp. e 131 spp., respectivamente. As
espécies com maior plasticidade de micro-habitats foram Epidendrum fulgens,
presente em 10 micro-habitats, Croton bresolinii e Dicranopteris flexuosa, em
nove, e Aspilia montevidensis, presente em oito. E. fulgens e D. flexuosa
especializaram-se nos habitats com a rocha exposta, C. bresolinii e A.
montevidensis foram indiferentes às condições de solo. Das espécies
inventariadas, 86 colonizavam somente um micro-habitat (Fig. 4). A grande
maioria destas espécies apresenta hábitos arbóreos, onde é necessário um
solo mais profundo para o estabelecimento dessas, como o encontrado nos
micro-habitats solo da base e do topo. As demais espécies necessitam de
condições singulares de clima, como P. ottonis e S. macrostachya, plantas
tipicamente xerófilas, ou as Ericaceae A. nummularia e G. brasiliensis que se
desenvolvem somente em locais elevados e com boa drenagem. As condições
necessárias para existência de indivíduos destes táxons só são encontradas
em morros, pois a altitude elevada, a insolação, o déficit hídrico e a inclinação
do substrato tornam o ambiente propício para o desenvolvimento de espécies
com exigências ecológicas tão distintas do entorno.
Os micro-habitats mais similares correspondem à fenda iluminada com o
patamar iluminado (0,78) da Encosta, o patamar e almofada de solo (0,70) do
Topo, a fenda sombreada com o patamar sombreado (0,66) da Encosta, e o
solo da Base com o solo do Topo (0,64). O agrupamento de similaridade
demonstrou a formação de três grupos de ambientes, que possuem condições
de substrato, umidade e iluminação semelhantes (Fig. 5), denominados
rupícola ciófilo, rupícola e terrícola heliófilo.
Espécies Raras e Ameaçadas
Segundo a Lista Final das Espécies da Flora Ameaçadas – RS, Decreto
estadual nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002, onze espécies identificadas
estão ameaçadas de extinção. A família com maior número de espécies
ameaçadas é Bromeliaceae, com três. Merece destaque a espécie
Chromolaena angusticeps, uma Asteraceae classificada como provavelmente
extinta, com grande população no habitat Topo.
As espécies Gochnatia cordata e Chromolaena angusticeps foram
encontradas somente no habitat Topo, na face norte, local de maior
luminosidade. Entretanto, esta área é o que sofre maior pressão no morro, pela
erosão, onde o carregamento de sedimentos pela água das chuvas nas trilhas
forma grandes voçorocas e também por esta área do morro sofrer grandes
queimadas, mas, mesmo nestas condições, foram localizadas populações
significativas desta espécie. Parodia ottonis é uma espécie com elevado grau
de ameaça no Morro do Chapéu, devido à raridade de indivíduos, sendo que a
maioria encontra-se com injúrias, provavelmente pelo pisoteio do gado. Além
disso, a referida espécie também é alvo de coletas para cultivo. Populações de
Dyckia maritima e P. ottonis foram localizadas somente em afloramentos
Flora vascular e distribuição de espécies...
135
rochosos na área de estudo e em outros morros testemunhos próximos. As
demais espécies ameaçadas apresentaram grandes populações tanto na área
como no entorno.
DISCUSSÃO
Fernandes (1990) e Oliveira & Godoy (2007), em estudos realizados nos
Morros do Cabrito e Sapucaia, no Rio Grande do Sul e no Morro do Forno, em
São Paulo, respectivamente, notaram que estes morros eram circundados por
florestas. Ibisch (1995), no trabalho realizado em inselbergs da Bolívia,
denominou esta formação de cinturão florestal (Florestal belt). Esta floresta
circundante também foi encontrada no morro deste estudo. A presença deste
tipo de vegetação circundante pode ser resultado das chuvas orográficas, onde
as frentes carregadas de umidade, ao deparar-se com estas formações
elevadas e com temperaturas mais baixas, precipitam, tornando este ambiente
mais úmido, permitindo a existência de florestas. Ademais, a ocorrência destes
cinturões florestais nestas áreas pode ser relacionada com inviabilidade da
área para atividades agrícolas, devido à queda de blocos de rochas
desprendidos da encosta.
As escarpas da face sul possuem maiores extensões de área coberta
por vegetação do que as da face norte. Tal fato pode ser resultante da rápida
evaporação da água que percola no arenito da face norte, devido à maior
exposição à luminosidade, e na face sul a rocha permanecer úmida por mais
tempo, proporcionando condições para o desenvolvimento da vegetação. No
estudo de Fernandes (1990), também em rocha arenítica, foi constatado que a
face sul dos morros possuía vegetação mais exuberante em relação à face
norte.
França et al. (1997) mencionaram a tendência da vegetação arbórea no
topo de inselbergs possuir extensas populações formadas por uma ou poucas
espécies. No topo do Morro do Chapéu, encontraram-se agrupamentos de
Guapira opposita, corroborando com o autor.
Morros testemunhos, por se tratarem de estruturas residuais de
paisagens passadas, tornam-se locais apropriados para abrigar populações de
plantas relictuais (Veloso et al., 1991). Como já mencionado, há a presença de
Chromolaena angusticeps, uma espécie classificada como provavelmente
extinta, que recentemente foi reencontrada somente em outros morros do
entorno de Porto Alegre (A. Scheneider, com. pes.). Tal fato apoia a afirmativa
de que os morros, por serem locais inapropriados para a agricultura, ainda
preservam espécies singulares.
De acordo com a análise de agrupamento de similaridade, fica evidente
a formação de três grupos de ambientes, que possuem condições
semelhantes. O grupo rupícola ciófilo é representado pelos micro-habitats
sombreados da Encosta, ocupados por espécies tolerantes ao sombreamento.
Já o grupo rupícola é identificado pelos micro-habitats onde os vegetais
ocupam a rocha nua. Esses ambientes tendem a apresentar condições
extremas, com alta incidência solar, evaporação elevada e ausência de solo.
136
Ferreira, De Marchi & Larocca
O grupo terrícola heliófilo é composto pelos micro-habitats com
deposição de solo e maior incidência solar. Neste grupo há a formação de três
subgrupos, conforme a disponibilidade de solo. O primeiro subgrupo é
composto pelos micro-habitats com solos profundos, onde as espécies
predominantes são arbóreas. O segundo grupo é composto por fendas e
patamar da Encosta, onde, devido à inclinação do substrato, há uma baixa
retenção de água e acúmulo mínimo de solo, pois este é movido pela água das
chuvas. Nesses ambientes, as espécies contam com sistemas radiculares
vigorosos para se manterem fixas ao substrato. São comuns as espécies
Ocotea pulchella, Dodonea viscosa e Weinmannia paulliniifolia. O terceiro
subgrupo é formado pelos micro-habitats planos do Topo, com pouca
disponibilidade de substrato e alta taxa de evaporação. São colonizados por
Symphyopappus reticulatus, Glechon marifolia, D. viscosa, Gaylussacia
brasiliensis e Dyckia maritima.
Conforme os dados levantados neste trabalho e provenientes dos
demais estudos aqui citados, acredita-se que a alta riqueza de espécies em
morros testemunhos é explicada devido ao elevado número de habitats e
micro-habitats existentes, proporcionando uma grande variabilidade de
condições ambientais em um espaço geográfico muito restrito, e também pela
exposição solar, que determina a intensidade e o tempo que a radiação solar
incidirá sobre o substrato (Gotelli & Graves, 1996; França et al., 1999).
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Sr. Abraão Aspis, proprietário do morro que permitiu a
realização deste trabalho, aos colegas de curso Dióber Lucas, Diogo Araújo,
Diogo Tobolski, Rafael Koche e Juliana Allgayer pelo grande auxilio a campo, e
aos Editores e Revisores, pelos diversos comentários construtivos neste
trabalho.
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Figura 1. Mapa de localização do Morro do Chapéu (29°49‟28.29”S e 51° 4‟29.16”O, 270 m.s.n.),
Sapucaia do Sul, RS.
Flora vascular e distribuição de espécies...
139
200
Riqueza de espécies
150
100
50
0
Micro-habitats
Figura 2. Comparação do número de espécies que ocupam cada micro-habitat. Legenda: BS –
solo da Base; BSR – sobre rochas na Base; EPSol – Patamar iluminado na Encosta; EPSom –
patamar sombreado na Encosta; EFSol – fenda horizontal iluminada na Encosta; EFSom – fenda
horizontal sombreada na Encosta; Efv – fenda vertical; Epv – parede vertical na Encosta; TS –
solo do Topo; TF; fendas no Topo; TPt – platô no Topo; TA – almofada de solo no Topo; TP –
patamar no Topo.
Figura 3. Análise de agrupamento de similaridade demonstrando a formação de três grupos de
ambientes. Legenda: BS – solo da Base; BSR – sobre rochas na Base; EPSol – Patamar iluminado
na Encosta; EPSom – patamar sombreado na Encosta; EFSol – fenda horizontal iluminada na
Encosta; EFSom – fenda horizontal sombreada na Encosta; Efv – fenda vertical; Epv – parede
vertical na Encosta; TS – solo do Topo; TF; fendas no Topo; TPl – platô no Topo; TA – almofada de
solo no Topo; TP – patamar no Topo.
Ferreira, De Marchi & Larocca
140
Tabela 1. Descrição dos micro-habitats delimitados para indicar a origem das espécies no Morro do
Chapéu, Sapucaia do Sul/RS.
Habitat
Base
Encosta
Topo
Micro-habitat
Descrição do ambiente
Solo
Extensões contínuas de solo
Rochas caídas
Blocos desprendidos da encosta
Parede Vertical
Escarpas íngremes onde a rocha está exposta
Fenda Vertical
Fissuras formadas pela erosão
Fenda Horizontal
Fissuras horizontais da rocha
Patamares
Degraus de rocha
Solo
Extensões contínuas de solo
Platôs
Afloramentos extensos e planos
Fendas
Fissuras com acúmulo de solo
Patamares
Degraus de rocha
Almofadas
Pequenas ilhas de substrato nos afloramentos rochosos
Tabela 2. Listagem das espécies encontradas no Morro do Chapéu, Rio Grande do Sul, Brasil.
Legenda: er (erva), ab (arbusto), at (arvoreta), ar (árvore), ep (epífita), li (liana), * (espécies
exóticas), VU (vulnerável), EM (em perigo), PE (Possivelmente extinta).
Família
Nome científico
Nome
popular
Hábi
to
Acanthaceae
Ruellia angustiflora (Nees) Lindau ex Rambo
junta
er
Anacardiaceae
Lithraea brasiliensis Marchand
aroeira-preta
ar
Schinus molle L.
anacauita
at
Schinus polygamus (Cav.) Cabrera
assobiadeira
ar
Annona cacans Warm.
aroeiravermelha
ariticum-cagão
Annona sylvatica A. St.-Hil.
ariticum
ar
Eryngium eriophorum Cham. & Schltdl.
caraguatá
er
Eryngium junceum Cham. & Schltdl.
caraguatá
er
Eryngium megapotamicum Malme
caraguatá
er
Schinus terebinthifolius Raddi
Annonaceae
Apiaceae
Stat
us
ar
ar
Apocynaceae
Oxypetalum wightianum Hook. & Arn.
li
Aquifoliaceae
Ilex brevicuspis Reissek
caúna
ar
Ilex dumosa Reissek
caúna
ar
Arecaceae
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
jerivá
ar
Asteraceae
Achyrocline satureioides (Lam.) DC.
marcela
er
EN
Flora vascular e distribuição de espécies...
Família
141
Acmella bellidioides (Smith in Rees) R.K.
Jansen
Nome
popular
arnica-docampo
Aspilia montevidensis (Spreng.) Kuntze
margarida
Nome científico
Austroeupatorium picturatum (Malme) R.M.
King & H. Rob.
Hábi
to
er
er
er
Baccharis linearifolia (Lam.) Pers.
er
Baccharis ochracea Spreng.
vassouracampo
ab
Baccharis psiadioides (Less.) Joch.Müll.
alecrim
ab
Baccharis riograndensis Malag. & Vidal
carqueja
er
Baccharis trimera (Less.) DC.
carqueja
er
Bidens pilosa L.
picão-preto
er
Calea pinnatifida (R. Br.) Less
quebra-tudo
Calea uniflora Less
Campovassouria cruciata (Vell.) R.M.King &
H.Rob.
ab
er
dente-de-leão
Chromolaena angusticeps (Malme) R.M. King
& H. Rob.
Chromolaena squarrulosa (Hook. & Arn.)
R.M.King & H.Rob.
Chrysolaena flexuosa (Sims) H.Rob.
er
ab
erva-decolégio
er
vassoura
ab
er
Gamochaeta americana (Mill.) Wedd.
er
Gamochaeta coarctata (Willd.) Kerguélen
er
Gamochaeta stachydifolia (Lam.) Cabrera
Gochnatia cordata Less.
er
tucurubim
ab
Grazielia serrata (Spreng.) R.M.King & H.Rob.
er
Gyptis lanigera (Hook. & Arn.) R.M. King & H.
Rob.
er
Hypochaeris chillensis (Kunth) Britton
er
Hysterionica filiformis (Spreng.) Cabrera
er
Lessingianthus hypochaeris (DC.) H.Rob
er
Lucilia 141cutifólia (Poir.) Cass.
Mikania involucrata Hook. & Arn.
PE
er
Emilia fosbergii Nicolson
Eupatorium subhastatum Hook. & Arn.
er
ab
Conyza blakei (Cabrera) Cabrera
Elephantopus mollis Kunth
li
er
Campuloclinium macrocephalum (Less.) DC.
Chaptalia integerrima (Vell.) Burkart
Stat
us
er
guaco
li
VU
Ferreira, De Marchi & Larocca
142
Família
Nome científico
Nome
popular
Hábi
to
Mutisia coccinea A. St.-Hil.
cravo-divino
li
Mutisia speciosa Aiton ex Hook.
cravo-divino
li
Noticastrum calvatum (Baker) Cuatrec.
er
Orthopappus angustifolius (Sw.) Gleason
er
Pterocaulon balansae Chodat
er
Pterocaulon polypterum (DC.) Cabrera
er
Senecio brasiliensis (Spreng.) Less.
flor-das-almas
ab
Senecio crassiflorus (Poir.) DC.
er
Senecio leptolobus DC.
er
Stevia sp.1
er
Stevia veronicae DC.
er
Symphyopappus reticulatus Baker
ab
Trixis nobilis (Vell.) Katinas
er
Vernonanthura discolor (Spreng.) H. Rob.
Vernonanthura nudiflora (Less.) H.Rob.
cambará-preto
alecrim-docampo
Viguiera anchusaefolia (DC.) Baker
Stat
us
ar
er
er
Begoniaceae
Begonia cucullata Willd.
begônia
er
Bignoniaceae
Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart.
ipê-verde
ar
Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers
cipó-de-sãojoão
li
Aechmea recurvata (Klotzsch) L. B. Sm.
bromélia
ep
Bromelia antiacantha Bertol
banana-degravatá
er
Dyckia maritima Baker
gravatá
er
Tillandsia aeranthos (Loisel.) L.B. Sm.
cravo-do-mato
ep
Tillandsia geminiflora Brongn.
cravo-do-mato
ep
VU
Tillandsia lorentziana Griseb.
cravo-do-mato
er
VU
Tillandsia stricta Sol. ex Sims
cravo-do-mato
ep
Tillandsia usneoides (L.) L.
barba-de-pau
ep
Lepismium cruciforme (Vell.) Miq.
rabo-de-rato
ep
Parodia ottonis (Lehm.) N.P.Taylor
tuna
er
Rhipsalis teres (Vell.) Steud.
rabo-de-rato
ep
Commelina platyphylla Klotzsch ex Seub.
trapoeraba
er
Tradescantia fluminensis Vell.
trapoeraba
er
Tradescantia zebrina Heynh.
trapoeraba
er
Bromeliaceae
Cactaceae
Commelinaceae
VU
VU
VU
Flora vascular e distribuição de espécies...
Família
Nome científico
143
Nome
popular
Cunoniaceae
Weinmannia paulliniifolia Pohl
Cyatheaceae
Alsophila setosa Kaulf.
Bulbostylis scabra (J.Presl & C.Presl)
C.B.Clarke
Bulbostylis sphaerocephala (Boeckeler)
C.B.Clarke
samambaiaçu
Cyperus aggregatus (Willd.) Endl.
tiririca
Cyperaceae
Hábi
to
ar
ar
er
er
Cyperus haspan L.
er
er
Rhynchospora rugosa (Vahl) Gale
tiririca
er
Droseraceae
Drosera brevifolia Pursh
drósera
er
Ericaceae
Agarista nummularia (Cham. & Schltdl.) G.Don
urze-de-vintém
er
Gaylussacia brasiliensis (Spreng.) Meisn.
camarinha
ab
Erythroxylum argentinum O.E. Schulz
cocão
ar
Erythroxylum microphyllum A. St.-Hil.
cocão
ab
Erythroxylaceae
Euphorbiaceae
Croton bresolinii L.B. Sm. & Downs
ab
Euphorbia rhabdodes Boiss.
er
Euphorbia selloi (Klotzsch & Garcke) Boiss.
Gymnanthes concolor Spreng.
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B. Sm. &
Downs
Fabaceae
Acacia mearnsii De Wild. *
er
laranjeira-domato
ar
branquilho
ar
acácia-negra
ar
Aeschynomene falcata (Poir.) DC. var. falcata
Calliandra tweediei Benth.
er
topete-decardeal
Collaea stenophylla (Hook. & Arn.) Benth.
er
Desmodium barbatum (L.) Benth.
pega-pega
er
Desmodium incanum DC.
pega-pega
er
aleluia
ar
Senna oblongifolia (Vogel) H.S. Irwin &
Barneby
Stylosanthes montevidensis Vogel
Gesneriaceae
ar
er
Zornia sericea Moric.
er
Sinningia allagophylla (Mart.) Wiehler
er
Sinningia macrostachya (Lindl.) Chautems
flor-do-abismo
er
Gleicheniaceae
Dicranopteris flexuosa (Schrad.) Underw.
Hypoxidaceae
Hypoxis decumbens L.
falsa-tiririca
er
Iridaceae
Cypella herbertii Hook.
bibi
er
Sisyrinchium vaginatum Spreng.
er
er
Stat
us
Ferreira, De Marchi & Larocca
144
Família
Lamiaceae
Nome científico
Nome
popular
Sisyrinchium micranthum Cav.
er
Glechon marifolia Benth.
ab
Hyptis floribunda Briq.
er
Hyptis mutabilis (Rich.) Briq.
Lauraceae
Hábi
to
er
Aiouea saligna Meisn.
canela
ar
Nectandra cuspidata Nees
canela
ar
Nectandra grandiflora Nees
canela fedida
canelaferrugem
ar
Ocotea puberula (Rich.) Nees
canela-guaicá
ar
Ocotea pulchella (Nees) Mez
canela-lajeana
ar
Linaceae
Linum littorale A. St.-Hil. var. littorale
linum
er
Lythraceae
Cuphea calophylla Cham. & Schltdl.
er
Cuphea urbaniana Koern.
er
Banisteriopsis muricata (Cav.) Cuatrec.
ab
Nectandra oppositifolia Nees
Malpighiaceae
Malvaceae
Melastomataceae
Meliaceae
Monimiaceae
Moraceae
Myrtaceae
Stat
us
ar
Heteropterys aenea Griseb.
li
Janusia guaranitica (A.St.-Hil.) A.Juss.
li
Luehea divaricata Mart.
açoita-cavalo
ar
Triumfetta rhomboidea Jacq
carrapichogrande
er
Leandra regnellii (Triana) Cogn.
pixirica
er
Miconia cinerascens Miq.
pixirica
ar
Miconia hyemalis A. St.-Hil. & Naudin
pixirica
ab
Miconia latecrenata (DC.) Naudin
pixirica
ar
Tibouchina gracilis( Bonpl. ) Cogn.
quaresmeira
ab
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
cangerana
ar
Cedrela fissilis Vell.
cedro
ar
Guarea macrophylla Vahl
pau-d'arco
ar
Hennecartia omphalandra J. Poiss
canema
ar
Mollinedia schottiana (Spreng.) Perkins
pimenteira
ar
Ficusadhatodifolia Schott ex Spreng.
mata-pau
ar
Ficus luschnathiana (Miq.) Miq.
mata-pau
ar
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C. Burger,
Lanjouw & Boer
coincho
ar
Eugenia handroi (Mattos) Mattos
ab
Eugenia opaca O. Berg
ab
VU
Flora vascular e distribuição de espécies...
Família
Nome científico
Eugenia uniflora L.
145
Nome
popular
pitangueira
Myrcia selloi (Spreng.) N. Silveira
Hábi
to
at
ar
Psidium cattleianum Sabine
araçazeiro
at
Psidium guajava L.*
goiabeira
ar
Nyctaginaceae
Guapira opposita (Vell.) Reitz
maria-mole
ar
Orchidaceae
Epidendrum fulgens Brongn.
orquídea
ep
Prescottia oligantha (Sw.) Lindl.
er
Agalinis communis (Cham. & Schltdl.) D'Arcy
er
Castilleja arvensis Schltdl. & Cham.
er
Esterhazya splendida J.C. Mikan
Piriqueta suborbicularis (A.St.-Hil. & Naudin)
Arbo
Phyllanthus caroliniensis (Klotzsch) G.L.
Webster
er
piriqueta
Pinaceae
Pinus taeda L. *
pinus
ar
Piperaceae
Peperomia circinnata Link
peperômia
er
Peperomia tetraphylla (G. Forst.) Hook. & Arn.
erva-de-vidro
ep
Orobanchaceae
Passifloraceae
Phyllanthaceae
Plantaginaceae
li
Peperomia trineura Miq.
er
Mecardonia tenella (Cham. & Schltdl.) Pennell
er
Plantago australis Lam.
Poaceae
er
tansagem
er
Scoparia dulcis L.
er
Scoparia montevidensis (Spreng.) R.E. Fr.
er
Andropogon lateralis Nees
capim-caninha
er
Andropogon selloanus (Hack.) Hack.
er
Axonopus siccus (Nees) Kuhlm.
er
Briza subaristata Lam.
er
Digitaria1
er
Eragrostis neesii Trin.
capim-sereno
er
Panicum1
er
Paspalum1
er
Paspalum2
er
Paspalum plicatulum Michx.
er
Poa annua L.
er
Polygalaceae
Monnina tristaniana A. St.-Hil. & Moq.
er
Polypodiaceae
Pleopeltis lepidopteris (Langsd. & Fisch.) de la
Sota
er
Stat
us
Ferreira, De Marchi & Larocca
146
Família
Primulaceae
Rubiaceae
Nome científico
Nome
popular
Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.)
A.R.Sm.
Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. ex Roem. &
Schult.
capororoquinh
a
ar
Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze
capororoca
ar
Myrsine umbellata Mart.
capororoca
ar
er
Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pav.)
Pers.
Diodella apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.)
Delprete
er
er
Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl.
Psychotria carthagenensis Jacq.
Psychotria leiocarpa Cham. & Schltdl.
Randia ferox (Cham. & Schltdl.) DC.
Rutaceae
ar
cafeeiro-domato
cafeeiro-domato
limão-bravo
ab
ar
er
Richardia humistrata (Cham. & Schltdl.) Steud.
er
Richardia stellaris (Cham. & Schltdl.) Steud.
er
Rudgea parquioides (Cham.) Müll. Arg.
ar
Citrus sp. *
laranjeira
ar
Esenbeckia grandiflora Mart.
cutia
ar
Zanthoxylum fagara (L.) Sarg.
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Casearia decandra Jacq.
mamica-decadela
mamica-decadela
mamica-decadela
guaçatunga
Casearia obliqua Spreng.
Sapindaceae
ab
Richardia brasiliensis Gomes
Zanthoxylum caribaeum Lam.
Salicaceae
Hábi
to
ar
ar
ar
ar
ar
Casearia sylvestris Sw.
chá-de-bugre
ar
Allophylus edulis (A. St.-Hil., A. Juss. &
Cambess.) Hieron. ex Niederl.
chal-chal
ar
Cupania vernalis Cambess.
Dodonea viscosa (Linn.) Jacq.
Matayba elaeagnoides Radlk.
camboatávermelho
vassouravermelha
camboatábranco
aguaívermelho
ar
ab
ar
Sapotaceae
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.)
Radlk.
Scrophulariaceae
Buddleja stachyoides Cham. & Schltdl.
ab
Buddleja thyrsoides Lam.
ab
Solanaceae
ar
Paulownia tomentosa (Thunb.) Steud. *
quiri
ar
Calibrachoa ericifolia (R.E.Fr) Wijsman
petúnia
er
Stat
us
Flora vascular e distribuição de espécies...
Família
147
Nome
popular
Nome científico
Calibrachoa excellens Wijsman
petúnia
Calibrachoa heterophylla Wijsman
Hábi
to
er
er
fumo-dejardim
er
petúnia
er
Petunia integrifolia (Hook.) Schinz & Thellung
petúnia
er
Solanum nigrescens M. Martens e Galeotti
joá
er
Nicotiana alata Link & Otto
Petunia axillaris (Lam.) Britton, Stern &
Poggenb.
Solanum pseudoquina A.St.-Hil.
ar
Solanum sisymbrifolium Lam.
joá
er
Styracaceae
Styrax leprosus Hook. & Arn.
carne-de-vaca
ar
Urticaceae
Cecropia pachystachya Trécul
embaubá
ar
Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini
mata-pau
ar
Glandularia peruviana (L.) Small
glandularia
er
Lantana camara L.
lantana
li
Lantana montevidensis (Spreng.) Briq.
lantana
ab
Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl.
gervão
ab
Verbena bonariensis L.
mucamba
er
Verbenaceae
Xyridaceae
Verbena litoralis Kunth
er
Xyris jupicai L.C. Rich. var. jupicai
Er
Stat
us
FLORÍSTICA E ESTRUTURA DO ESTRATO ARBÓREO DE
DOIS FRAGMENTOS FLORESTAIS NA PORÇÃO MÉDIA DA
BACIA DO RIO TIBAGI, PARANÁ
Miguel Ferreira Junior1
Ana Odete Santos Vieira2
ABSTRACT
It was studied the floristic composition and the structure of the arboreal
component of two forest fragments in the middle portion of the Tibagi river
basin, one located in the municipality of Mauá da Serra, PR (23º56‟19.2”S and
51°08‟43.8”W) and the other in the municipality of Tamarana, PR (23º53‟47”S
and 51º10‟03,5”W). For the completion of the work it was adopted the pointquadrat method, with ten lines, where each one had ten points and each point
four quadrats, using as inclusion criterion a minimum DBH of 15 cm. In Mauá da
Serra were sampled 52 species, in 40 genera and 23 families. The diversity
index (Shannon-Weaner) was H‟ = 3,398 and the equity index was J = 0,848.
The most important species were Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan,
Lonchocarpus campestres Mart. ex Benth. and Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
The families with the highest number of individuals sampled were Fabaceae
(135), Euphorbiaceae (49) and Lauraceae (18). In Tamarana, 56 species, 45
genera and 31 families were registered. The diversity index of Shannon-Weaner
was H‟ = 3,448 and the equity index J = 0,846. The most important species
were Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg., Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan and Eugenia neoverrucosa Sobral. The families with the highest
number of sampled individuals were Myrtaceae (144), Euphorbiaceae (49) and
Lauraceae (29). The floristic, community structure, and successional categories
classification results confirm that the vegetation of the fragments would be one
Araucaria Forest (FOM) with elements of semideciduous forest (FES) and the
fragment Recanto do Pinhão is better conservated.
Key words: Phytosociology, Mauá da Serra, Tamarana.
RESUMO
Foi estudada a composição florística e estrutura do estrato arbóreo de dois
fragmentos florestais na porção média da bacia do rio Tibagi, um localizado no
município de Mauá da Serra, PR (23º56‟19.2”S e 51°08‟43.8”W) e outro em
Tamarana, PR (23º53‟47”S e 51º10‟03,5”W). Para a realização do trabalho foi
adotado o método de ponto-quadrante, com dez linhas, onde cada uma
possuía dez pontos, totalizando 100 pontos, utilizando como critério de inclusão
PAP mínimo de 15 cm. Em Mauá da Serra foram amostradas 52 espécies, em
40 gêneros e 23 famílias. O índice de diversidade (Shannon-Weaner) foi de H‟
1 Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina.
2 Departamento de Biologia Animal e Vegetal, CCB, Universidade Estadual de Londrina. Caixa
Postal 10011, CEP: 86051-970, Londrina, Paraná. aovieira@uel.br.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:149-168 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
150
Ferreira Jr. & Vieira
= 3,398 e equidade de J = 0,848. As espécies mais importantes foram
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Lonchocarpus campestres Mart. ex
Benth. e Cabralea canjerana (Vell.) Mart. As famílias com maior número de
indivíduos amostrados foram Fabaceae (135), Euphorbiaceae (49) e Lauraceae
(18). Em Tamarana foram registradas 56 espécies, 45 gêneros e 31 famílias. O
índice de diversidade de Shannon-Weaner foi de H‟ = 3,448 e equidade de J =
0,846. As espécies mais importantes foram Alchornea triplinervia (Spreng.)
Müll.Arg., Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan e Eugenia neoverrucosa
Sobral. As famílias com maior número de indivíduos amostrados foram
Myrtaceae (144), Euphorbiaceae (49) e Lauraceae (29). Os resultados de
florística, estrutura da comunidade e a classificação em categorias
sucessionais confirmam que os fragmentos apresentam vegetação de Floresta
Ombrófila Mista (FOM) com elementos de Floresta Estacional Semidecidual
(FES) e que o fragmento do Recanto do Pinhão encontra-se em melhores
condições de conservação.
Palavras-chaves: Fitossociologia, Mauá da Serra, Tamarana.
INTRODUÇÃO
A paisagem da Mata Atlântica foi transformada ao longo do tempo, pela
sua fragmentação, causada por ações antrópicas como a ocupação agrícola e
as atividades madeireiras, alterando significativamente as condições físicas,
químicas e biológicas desta vegetação (Medri et al., 2002), contribuindo direta
e indiretamente para a perda da diversidade biológica (Costa et al., 2011),
reduzindo a quantidade de vegetação arbórea disponível para a fauna
comprometendo a biodiversidade da região (Volpato & Barros, 2011). Segundo
Campanili & Schäffer (2010), este tipo de vegetação possui apenas 7,91% de
sua formação original. A manutenção destes fragmentos, realizada com
estudos e experimentos de campo conduzidos com embasamento teórico
consistente, permite, em longo prazo, promover a recuperação funcional de
determinadas unidades ecológicas, atualmente ilhadas (Zaú, 1998).
O Estado do Paraná possuía uma cobertura florestal nativa de apenas
23,54% de sua área total, em 2006, (Campanili & Schäffer, 2010) com
predomínios de fragmentos florestais isolados e degradados. Desta mesma
forma encontra-se a bacia do rio Tibagi, onde a cobertura florestal foi reduzida
em aproximadamente 96%, devido à agricultura bastante intensiva, restando
poucos remanescentes preservados (Viani & Vieira, 2007; Zapparoli, 2013).
A bacia hidrográfica do rio Tibagi, localizada na porção centro-leste do
2
Estado do Paraná, possui uma área de aproximadamente 25.000 km , o que
totaliza 13% da superfície do Estado, e percorre 551 km, e atravessa por
diferentes tipos de vegetação, além de possuir uma rica rede hidrográfica com
65 afluentes e centenas de subafluentes (Nakajima et al., 1996; Melo et al.,
2007; Gonçalves & Barros, 2010). As variações de tipos vegetacionais, ao
longo do curso deste rio, correspondem a numerosas características físicoambientais, que ocorrem nesta bacia, e pode ser dividida em três subregiões: o
alto, médio e baixo curso do rio Tibagi (Danni-Oliveira & Mendonça, 2002;
Medri et al., 2002) (Figura 1).
Florística e estrutura do estrato arbóreo...
151
Uma descrição geral destas subregiões considera que o alto Tibagi
localiza-se na região mais ao sul da bacia, com uma vegetação,
predominantemente, dominada pelos Campos Gerais em áreas de solos mais
rasos e pela Floresta Ombrófila Mista (FOM), conhecida por Floresta de
Araucária. A subregião do médio Tibagi está localizada no centro da bacia, com
vegetação caracterizada por manchas de campos naturais, enclaves savânicos
e uma área de transição entre Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional
Semidecidual (FES). Ao norte da bacia está localizada a subregião do baixo
Tibagi, com vegetação predominante de Floresta Estacional Semidecidual
(FES) (Torezan, 2002).
A vegetação atual, remanescente na região da bacia do Tibagi faz parte
de propriedades particulares – Reservas Particulares do Patrimônio Natural
(RPPNs) – ou unidades de conservação. Na porção média da bacia do rio
Tibagi é onde se encontram os maiores e mais bem conservados fragmentos
florestais, e onde há importantes espécies animais e vegetais, pois devido ao
seu terreno escarpado, a ação antrópica foi menos intensa (Torezan, 2002). De
acordo com o subprojeto de Avaliação e Ação Prioritárias para a Conservação
do Bioma Floresta Atlântica e Campos Sulinos, esta região foi indicada como
sendo uma área de extrema importância biológica (MMA/SBF, 2002). Sendo
assim, estudos que possam contribuir para o conhecimento, conservação e/ou
recuperação das áreas degradadas na região média da bacia do rio Tibagi são
muito importantes e necessários ainda mais quando os fragmentos estão
inseridos em Unidades de Conservação (Dall‟Agnol et al., 2009), Esta área
ainda tem como agravante os riscos dos impactos ambientais que podem ser
causados pela construção da Usina Mauá, localizada nos municípios de
Telêmaco Borba e Ortigueira (Abrantes et al., 2009).
Estudos sobre vegetação já foram realizados na região do médio Tibagi.
Dados sobre a composição florística e fitossociológica de florestas ripárias às
margens do rio Tibagi estão apresentados para os municípios de Sapopema
(Silva et al.,1995), Telêmaco Borba (Nakajima et al.,1996) e Tibagi (Dias et al.,
1998). Estevan (2006) realizou um trabalho sobre a diversidade e a estrutura
de uma comunidade arbórea de um remanescente de Floresta Ombrófila Mista
no município de Ventania.
Cada fragmento conserva parte da diversidade original, o que o torna
único em relação ao seu estado de conservação. Devido a isso, é de
fundamental importância que se aumente o conhecimento sobre as florestas
remanescentes, como os fragmentos encontrados na RPPN Fazenda Monte
Sinai e Recanto do Pinhão, pois o maior objetivo da conservação não é manter
um ideal de floresta intocada, mas sim conservar a biodiversidade do
ecossistema como um todo (Santos & Kinoshita, 2003; Christoffoli &
Christoffoli, 2006).
O objetivo deste trabalho foi conhecer a estrutura do estrato arbóreo
presente na RPPN Fazenda Monte Sinai e no Recanto do Pinhão, comparando
os resultados encontrados com o observado em outros trabalhos desenvolvidos
na região média da bacia do rio Tibagi.
152
Ferreira Jr. & Vieira
MATERIAL E MÉTODOS
Dois fragmentos de floresta nativa desta região foram escolhidos para a
realização deste estudo. Eles estão localizados em propriedades particulares e
situados dentro dos limites da Serra do Cadeado, que faz parte da formação do
Terceiro Planalto, dentro da cobertura sedimentar da bacia do Paraná. A
cobertura vegetacional de ambos é de Floresta Ombrófila Mista (FOM)
permeada com alguns elementos em comum com a Floresta Estacional
Semidecidual (FES).
O primeiro é na RPPN Fazenda Monte Sinai, (processo 162/07) que se
encontra no Planalto de Apucarana, município de Mauá da Serra, Km 302 da
Rodovia do Café, BR 376 (23º56‟19.2”S e 51°08‟43.8”W), com uma área de
193 ha em fragmentos de florestas descontínuos e altitude de 1005 m.
Christoffoli & Christoffoli (2006) descreveram o clima como Tropical Original
modificado pela altitude, com temperatura anual média de 21ºC e precipitação
anual média de 1500 mm e o solo é classificado como Latossolo VermelhoEscuro (LE), com afloramentos de basalto, e Podzólico Vermelho/Amarelo.
O outro fragmento encontra-se na propriedade denominada Recanto do
Pinhão, que dista cerca de 20 quilômetros da RPPN Fazenda Monte Sinai, no
município de Tamarana, na Estrada Rio Branco, Bairro Rio Branco (23º53‟47”S
e 51º10‟03,5”W), possui uma área de 52,4 ha e altitude média de 1030 m.
O estudo da estrutura arbórea foi realizado através do método de pontoquadrantes, sendo que em cada ponto foram estabelecidos quatro quadrantes,
onde um indivíduo de cada quadrante que estava mais próximo ao ponto foi
amostrado (Felfili & Rezende, 2003). Os indivíduos amostrados eram de hábito
arbóreo, com o perímetro a altura do peito (PAP) igual ou superior a 15
centímetros, sendo esta altura fixada em 1,50m. Em cada fragmento foram
estabelecidas 10 linhas com 10 pontos em cada uma (total 100 pontos),
distando 10 metros uma da outra, a partir de 50m da borda da mata para o
interior.
Os parâmetros para análise da estrutura, calculados conforme Felfili &
Rezende (2003), são: Densidade Absoluta (DA), Densidade Relativa (DR),
Freqüência Absoluta (FA), Freqüência Relativa (FR), Dominância Absoluta
(DoA), Dominância Relativa (DoR), Índice de Valor de Importância (IVI) e Índice
de Diversidade de Shannon-Weaver (H’). A obtenção dos parâmetros para a
análise de estrutura foi realizada com auxílio do programa estatístico FITOPAC
(Shepherd, 1996).
Visitas periódicas foram realizadas às propriedades nos meses de março
a outubro de 2009 para realização das coletas das espécies. As amostras
foram coletadas, prensadas e secas na estufa de acordo com a metodologia
citada por Judd et al. (2009). Exemplares de cada espécie foram incluídos no
herbário da Universidade Estadual de Londrina (FUEL) como material
testemunho, dando preferência para material em estado reprodutivo. Suas
identificações foram feitas com o auxílio de chaves de identificação e consulta
à bibliografia especializada e pela comparação com material já existente neste
herbário.
Os nomes botânicos das espécies amostradas foram conferidos pela
Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2013). Para as famílias de
Florística e estrutura do estrato arbóreo...
153
angiospermas foi usada a circunscrição de acordo com APG III (2009) e para a
espécie de samambaia seguiu-se a classificação de Smith et al. (2006).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O levantamento resultou em um total de 89 espécies de plantas
vasculares (Tabela 1). Na RPPN Fazenda Monte Sinai (FMS) foram
amostradas 52 espécies, sendo 32 registradas somente para este local. No
Recanto do Pinhão (RP) foram amostradas 56 espécies, das quais 38 foram
exclusivas. Em comum entre os dois fragmentos foram observadas 19
espécies. As curvas de coletor para os dois fragmentos (FMS e RP) estão
apresentadas na Figura 2, onde uma tendência para a estabilização pode ser
observada, desta forma esta amostragem parece ter sido suficiente para avaliar
a estrutura dos fragmentos.
Na FMS, as árvores vivas encontravam-se distribuídas em 52 espécies,
40 gêneros e 23 famílias de angiospermas arbóreas. No RP, as árvores vivas
estavam distribuídas em 56 espécies, 45 gêneros e 31 famílias, sendo uma
delas uma samambaia arborescente (Dicksoniaceae) da espécie Dicksonia
sellowiana, representada por dois indivíduos.
No levantamento realizado na FMS (Mauá da Serra), os indivíduos
mortos representam 5,65% do número total, ocupando assim o sétimo lugar em
Índice de Valor de Importância (IVI). Na propriedade RP foram amostradas 381
árvores vivas, dois indivíduos de D. sellowiana e 17 encontravam-se mortas em
pé. Os indivíduos mortos apresentaram uma porcentagem de 4,25% do total,
ocupando assim o quinto lugar em Índice de Valor de Importância (IVI). Em
outros trabalhos feitos na porção média da bacia, as porcentagens, para
indivíduos mortos, também foram ao redor de 5%: Silva et al. (1995)
apresentou 4,57% ocupando o primeiro lugar na tabela de IVI; Nakajima et al.
(1996) 7,55%, e segundo lugar; Dias et al. (1998) 6,34%, e segundo lugar e
Estevan (2006) 6,20%, e terceiro lugar. Segundo Scariot (2003) diversos
estudos ressaltam que uma maior intensidade do efeito de borda em áreas
fragmentadas pode causar aumento na mortalidade de árvores e nas taxas de
substituição, modificação nas taxas de recrutamento, além de alterações
microclimáticas severas exibidas na temperatura e intensidade dos ventos.
Na FMS, as quatro famílias com maior valor de IVI são aquelas que
também acumulam o maior número de indivíduos: Fabaceae, Euphorbiaceae,
Lauraceae, Meliaceae (Tabela 2). Apesar de Meliaceae possuir um número alto
de indivíduos foi representada por Cabralea canjerana, considerada como uma
espécie indicada de pioneira a clímax (Carvalho, 2003), ou seja, que pode se
desenvolver em fragmentos com diferentes graus de conservação. Fabaceae,
Euphorbiaceae, Lauraceae, mais a família Myrtaceae são aquelas com maior
número de espécies.
No RP, as quatro famílias que apresentaram os maiores valores IVI são:
Myrtaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Lauraceae (Tabela 2). As famílias que
possuem os maiores números de indivíduos são: Myrtaceae, Euphorbiaceae,
Lauraceae e Salicaceae, nesta última concentrados em apenas duas espécies
(C. gossypiosperma e C. sylvestris). As famílias que apresentaram o maior
154
Ferreira Jr. & Vieira
número de espécies são Myrtaceae e Lauraceae, sendo que a maioria de tais
espécies foram classificadas como secundárias tardias ou clímax em estagio
de sucessão (Dall‟Agnol, 2009).
Através da classificação em categorias sucessionais, proposta por
Carvalho (2003) e Dall‟Agnol (2009), as espécies melhor posicionadas em IVI
na FMS foram classificadas como pioneiras a secundárias iniciais,
pertencendo, em sua maioria, à família Fabaceae. Já no RP as espécies
melhor posicionadas em IVI, com exceção de Alchornea triplinervia e
Anadenanthera colubrina, foram classificadas como secundárias tardias a
clímax e pertencem às famílias Myrtaceae e Lauraceae. Reforçando a idéia de
que os fragmentos estão em estágios diferentes, sendo o RP mais conservado.
Em ambos os fragmentos deste estudo Fabaceae, Euphorbiaceae e
Lauraceae aparecem entre as cinco primeiras em IVI. Fabaceae também
posiciona-se entre as cinco famílias mais importantes nos trabalhos de Silva et
al. (1995), Nakajima et al. (1996), Dias et al.(1998) e Estevan (2006).
Euphorbiaceae aparece como uma das famílias mais importantes nos trabalhos
de Nakajima et al. (1996) e Dias et al. (1998). Lauraceae apresenta-se como
uma das famílias mais importantes nos trabalhos de Nakajima et al. (1996),
Dias et al. (1998) e Estevan (2006). Myrtaceae, embora não apareça entre as
cinco mais importantes na FMS (sétimo em IVI), é uma das famílias mais
importantes para o RP e nos trabalhos de Silva et al. (1995), Nakajima et al.
(1996), Dias et al.(1998) e Estevan (2006). De acordo com Venzke & Martins
(2013) as famílias Lauraceae e Myrtaceae, independentemente da região
geográfica, proximidade ou altitude são importantes em áreas primárias ou em
estágios avançados da sucessão. Estas famílias podem constituir um indicador
de estádio de regeneração ou de degradação, não só relativo a riqueza, mas
também a disponibilidade de recursos para frugívoros de médio e grande porte
e composição de guildas (Tabarelli & Mantovani, 1999) e segundo Gasper
(2013) estas duas famílias sempre se destacaram em estudos de florística e
fitossociologia em trabalhos na FOM. Além de Lauraceae e Myrtaceae,
Fabaceae e Euphorbiaceae, são importantes, em conjunto para a
caracterização das florestas da porção média da bacia do rio Tibagi (PR), onde
ocorre o limite norte de FOM, penetrado por elementos de FES, na bacia do rio
Tibagi (PR).
O fragmento FMS apresentou 14 espécies representadas por apenas um
indivíduo, o que equivale a 27% do total de espécies amostradas, já no RP,
este número foi de 18 espécies (32,1% do total de espécies). Este número de
espécies com apenas um individuo pode se dar pela baixa ocorrência da
espécie nos fragmentos e conhecer estas espécies é importante não só para a
intensificação de ações conservacionistas para este conjunto de espécies,
como para o planejamento de unidades de conservação. Espécies raras,
vulneráveis e sujeitas à extinção foram encontradas nos fragmentos estudados.
Em Mauá da Serra foram amostradas duas espécies consideradas raras
(SEMA, 1995) Lonchocarpus subglaucescens, que é a décima primeira em IVI
(8,84), com 16 indivíduos amostrados, também aparecendo nos trabalhos de
Silva et al. (1995) (trigésima quinta em IVI, 18 indivíduos), Nakajima et al.
(1996) (décima terceira em IVI, 24 indivíduos), Dias et al. (1998) (octogésima
quarta em IVI, um indivíduo) e Estevan (2006) (septuagésima terceira em IVI,
Florística e estrutura do estrato arbóreo...
155
três indivíduos). A outra espécie rara observada foi Casearia gossypiosperma,
na posição 51 em IVI (0,60), com um individuo amostrado, aparecendo no
trabalho de Silva et al. (1995) (centésima segunda em IVI, um indivíduo).
Em Tamarana foram amostradas duas espécies consideradas raras:
Aspidosperma polyneuron, ocupando o trigésimo terceiro lugar em IVI (1,9),
representada por três indivíduos, aparecendo também nos trabalhos de Silva et
al. (1995) (décima sexta em IVI, 36 indivíduos), Nakajima et al. (1996) (nona
em IVI, oito indivíduos) e Dias et al. (1998) (centésima sétima em IVI, um
indivíduo) e C. gossypiosperma, é a décima primeira em IVI (7,62), com 13
indivíduos amostrados, aparece no trabalho de Silva et al. (1995) (centésima
primeira em IVI, um indivíduo).
Dicksonia sellowiana apresenta um tronco que abriga espécies epifíticas
que ocorrem exclusivamente ou preferencialmente sobre este forófito; a
extração do xaxim compromete a disponibilidade de habitat, especialmente
para holoepífitos habituais, que completam todo o seu ciclo de vida neste
ambiente (Schmitt et al., 2005; Fraga et al., 2008). Para a FOM de Santa
Catarina, a espécie pode ser considerada com maior número de indivíduos nas
áreas estudadas e a diminuição da sua densidade atribuída ao histórico de
exploração (Meyer et al., 2013). Mantovani (2004) observou que há uma maior
ocorrência da espécie em ambientes com a estrutura florestal conservada e
afirma, também, que o estádio sucessional da área, a presença de gado e
efeitos antrópicos como, retirada da cobertura florestal, exploração de xaxim,
prejudicam o desenvolvimento das populações. Para fragmento de floresta
ripária de Ventania (PR), Estevan (2006) indicou esta espécie ocupando a
sétima posição em IVI com 49 indivíduos amostrados e a quarta maior DoR
(5,54%) e relatou que foi amostrada somente nas parcelas próximas ao
córrego. No estudo feito por Sakagami (2006), no Parque Ecológico da Klabin
(Telêmaco Borba, PR), a autora descreve a espécie como formando grandes
populações no interior da floresta e que D. sellowiana foi encontrada no interior
da floresta principalmente ao longo da trilha ecológica e na porção mediana do
rio, ou seja crescendo preferencialmente em lugares pantanosos, em encostas
serranas e em banhados das baixadas como relatado por Azevedo & Vieira
(2008). Esta é uma espécie considerada ameaçada de extinção (MMA, 2008);
foi encontrada somente em RP, o fragmento que pode ser considerado mais
úmido e conservado.
Do total de indivíduos amostrados em FMS, 59,42% encontravam-se
concentrados nas 10 primeiras espécies mais bem posicionadas em relação ao
valor do IVI. Em RP 55,75% dos indivíduos encontravam-se entre as 10
primeiras espécies, valores aproximados aos apresentados por Dias et al.
(2002) com 60% das espécies inventariadas estão concentradas em dez
famílias. Anadenanthera colubrina (Fabaceae) apresentou valor alto de IVI nas
duas áreas, como no trabalho realizado por Silva et al. (1995), no município de
Sapopema, onde a espécie também apresenta-se ocupando a segunda
posição. Nos trabalhos de Nakajima et al. (1996), Dias et al.(1998) e Estevan
(2006) a espécie também foi amostrada, indicando sua importância nos
fragmentos da porção média do rio Tibagi. Esta é uma espécie considerada
pioneira a secundária inicial (Dall‟Agnol, 2009) e produz anualmente grande
156
Ferreira Jr. & Vieira
quantidade de sementes viáveis e de dispersão autocórica, auxiliando na
recomposição de áreas degradadas (Carvalho, 2003).
Na FMS, entre as espécies amostradas em ordem decrescente de Índice
de Valor de Importância (tabela 3), Anadenanthera colubrina foi a primeira
espécie, apresentando uma maior dominância relativa (65,5%) em relação à
das outras espécies. Isso se deve ao fato dos indivíduos desta espécie
alcançarem porte avantajado e com média de altura de 28 metros. Porém, seu
número de indivíduos, densidade relativa e frequência relativa foram menores
do que os das três outras espécies posicionadas na sequência da tabela
(Lonchocarpus campestris, Cabralea canjerana e Croton floribundus). L.
campestris, segunda em IVI, foi a espécie que apresentou um maior número de
indivíduos (38) e maior densidade relativa (10,2%). As outras espécies com
maior IVI também se destacaram por apresentar altos números de indivíduos
como C. canjerana (32) e C. floribundus (29).
No RP, Alchornea triplinervia apresentou um maior IVI (Tabela 4) e é a
segunda espécie com maior número de indivíduos, e a primeira em Dominância
Relativa e Frequência Relativa. Eugenia neoverrucosa, com o maior número de
indivíduos (48), posiciona-se em terceiro lugar em IVI. A segunda posição é
ocupada pela espécie Anadenanthera colubrina, representada por 11
indivíduos de grande porte, o que faz com que tenha uma Dominância Relativa
bastante considerável, menor somente que a da A. triplinervia, que neste local,
também apresentou indivíduos de porte avantajado. As demais espécies com
os maiores IVI foram Eugenia oeidocarpa e Curitiba prismatica, ambas da
família Myrtaceae.
Além de Dicksonia sellowiana, são apontadas para FOM as espécies
Myrcia hebepetala e M. venulosa (Greiner et al., 2011; Rossetto et al., 2011;
Forzza et al., 2013), já Aspidosperma polyneuron, Vernonanthura divaricata,
Cordia trichotoma e Ocotea diospyrifolia são consideradas típicas de FES
(Ramos et al. 2008; Forzza et al., 2013; Rossetto & Vieira, 2013). Desta forma,
a presença de indivíduos destes dois conjuntos de espécies nos fragmentos
avaliados reforça a caracterização como uma área de vegetação mista, de
FOM com elementos de FES.
Existe um contraste entre os fragmentos quando as espécies são
separadas nos diferentes estágios sucessionais. Na FMS 65,4% foram
classificadas como pioneiras e secundárias iniciais, já no fragmento RP 71,4%
das espécies amostradas são consideradas secundárias tardias e climácicas.
Dias et al. (1998) apresentaram, para um fragmento no município de Tibagi,
porcentagens maiores para espécies secundárias tardias e iniciais e menores
para pioneiras. Estes autores destacam que estes padrões de porcentagens
são semelhantes aos encontrados por Leitão Filho et al. (1993) para uma área
de Floresta Atlântica, considerada madura.
As espécies Anadenathera colubrina, Lonchocarpus campestris, Croton
floribundus possuem dispersão autocórica ou anemocórica (Dall‟Agnol, 2009),
característica que junto dos dados dariam ao fragmento da FMS características
de estágios iniciais ou médios de regeneração. As espécies da família
Myrtaceae, que se encontram melhor posicionadas em IVI para o RP possuem
dispersão zoocórica e classificação sucessional de secundárias tardias a
clímax; junto com os valores obtidos para a estrutura das comunidades
Florística e estrutura do estrato arbóreo...
157
arbóreas dos fragmentos confirmariam a diferença já constatada por Dall‟Agnol
(2009) que classificou o fragmento RP como uma floresta secundária de
estágio clímax e a FMS como em estágio médio de regeneração, porém com
características de estágio inicial.
O índice de diversidade de Shannon-Weaver (H‟), para a FMS, foi de
3,398, enquanto no RP foi de 3,448. Tais valores são próximos a outros quatro
trabalhos realizados na região do médio Tibagi (Tabela 5). Segundo Nakajima
et al. (1996) o índice H‟ para as florestas da região variam de H‟ = 2,45 a 4,33,
indicando que há um elevado índice de diversidade nas áreas estudadas. Na
FMS, a equidade (J) foi de 0,848, no RP, foi de 0,846; este valor indica que nas
áreas onde foram feitos os levantamentos não existe predomínio de uma ou
poucas espécies, valores muito semelhante ao dos fragmentos estudados
pelos autores citados acima, exceto o de Nakajima et al. (1996) (J = 0,34), que
explica este fato pela existência de um gradiente ambiental entre duas
situações extremas no trabalho realizado em Telêmaco Borba, uma de planície
aluvial e solo hidromórfico e outra de relevo acidentado e solo rochoso. Estas
particularidades do ambiente estudado poderiam elevar o número de espécies
e o índice de diversidade, e ao mesmo tempo condicionariam a ocorrência de
poucas espécies preferenciais a estes ambientes. De acordo com os valores
apresentados, a região da porção média da bacia do Tibagi possui uma alta
diversidade de espécies arbóreas, e não existe um predomínio de uma ou
poucas espécies sobre as outras.
Por abrigar espécies consideradas raras, vulneráveis e sujeitas a
extinção, se faz necessário o conhecimento e a conservação dos fragmentos
localizados na porção média da bacia do rio Tibagi. A FMS e o RP possuem
fragmentos florestais, que de acordo com os estudos realizados netas áreas,
possuem um alto índice de diversidade, além de abrigarem espécies de valor
de importância considerável para a região, e também espécies raras,
vulneráveis e sujeitas a extinção. Espera-se que trabalhos que envolvam
florística e estrutura de comunidade contribuam para o conhecimento,
conservação e/ou recuperação das áreas degradadas, mantendo-se assim a
integridade da flora na região do médio Tibagi, que, como foi citado, é uma
área de extrema importância ecológica.
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160
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Florística e estrutura do estrato arbóreo...
161
Tabela 1: Famílias, espécies, nomes vulgares e número de registro no herbário FUEL das espécies
vasculares amostradas na RPPN Fazenda Monte Sinai, Mauá da Serra – PR (FMS) e Recanto do
Pinhão, Tamarana – PR (RP).
Registro
Família / Espécie
Nome vulgar
FMS RP
FUEL
Acanthaceae
Junta-de-cobraJusticia brasiliana Roth
46.364
X
vermelha
Annonaceae
Annona neosalicifolia H.Rainer
Annona sylvatica A.St.-Hil.
Araticum-falso
Araticum
46.401
46.421
Apocynaceae
Aspidosperma polyneuron Müll.Arg.
Peroba-rosa
46.395
X
Arecaceae
Geonoma schottiana Mart.
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Aricanga-do-brejo
Jerivá
46.359
46.177
X
X
Asteraceae
Dasyphyllum spinescens (Less.) Cabrera
Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob.
Cambará-de-espinho
Vassourão-preto
48.239
46.455
X
X
X
Bignoniaceae
Handroanthus albus (Cham.) Mattos
Jacaranda puberula Cham.
Ipê-da-serra
Caroba
46.392
46.447
X
X
X
Boraginaceae
Cordia ecalyculata Vell.
Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.
Café-de-bugre
Louro-pardo
46.418
46.432
X
X
Cannabaceae
Trema micrantha (L.) Blume
Crindiúva
46.436
X
Caricaceae
Vasconcellea quercifolia A.St.-Hil.
Mamão-do-mato
46.442
X
Celastraceae
Maytenus salicifolia Reissek
X
X
X
46.400
X
46.351
X
Cunoniaceae
Lamanonia ternata Vell.
Guaperê
Dicksoniaceae
Dicksonia sellowiana Hook.
Xaxim
*
X
Elaeocarpaceae
Sloanea hirsuta (Schott) Planch. ex Benth.
Ouriço
46.365
X
Folha-redonda
46.428
X
X
Tapiá-mirim
Tapiá
Capixingui
Pau-de-leite
46.449
46.410
46.440
46.441
X
X
X
X
X
X
Euphorbiaceae
Alchornea glandulosa subsp. iricurana (Casar.)
Secco
Alchornea sidifolia Müll.Arg.
Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg.
Croton floribundus Spreng.
Sapium glandulosum (L.) Morong
Ferreira Jr. & Vieira
162
Registro
FUEL
Família / Espécie
Nome vulgar
Fabaceae
Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
Bauhinia forficata Link
Dalbergia brasiliensis Vogel
Erythrina falcata Benth.
Inga marginata Willd.
Inga sessilis (Vell.) Mart.
Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth.
Lonchocarpus subglaucescens Mart. ex Benth.
Machaerium nyctitans (Vell.) Benth.
Farinha-seca
Angico-branco
Pata-de-vaca
Caroba-brava
Corticeira
Ingá-mirim
Ingá-ferradura
Angelim-bravo
Feijão-cru
Bico-de-pato
46.412
46.411
46.429
46.416
46.456
46.453
46.393
46.423
46.426
46.425
Lamiaceae
Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke
Tamanqueiro
46.356
Canela-papagaio
Canela-frade
Canela-branca
Canela-amarela
Canela-gosmenta
Canela-lageana
Canela-lageana
46.389
46.422
46.439
46.397
46.452
46.385
46.431
46.398
46390
Laxmanniaceae
Cordyline spectabilis Kunth & Bouché
Guaraíva
46.445
Lythraceae
Lafoensia pacari A.St.-Hil.
Dedaleiro
46.357
Malvaceae
Luehea divaricata Mart. & Zucc.
Açoita-cavalo
46.435
X
Pixirica
46.459
46.458
46.406
X
X
Meliaceae
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Cedrela fissilis Vell.
Canjarana
Cedro-rosa
46.408
46.407
X
Monimiaceae
Mollinedia triflora (Spreng.) Tul.
Capixim
46.178
X
Falsa-espinheirasanta
46.362
X
Guamirim-ferro
46.382
Sete-capote
46.448
Guabirobeira
46.405
46.387
Lauraceae
Cinnamomum cf. glaziovii (Mez) Kosterm.
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr.
Nectandra lanceolata Nees
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez
Ocotea indecora (Schott) Mez
Ocotea nutans (Nees) Mez
Ocotea puberula (Rich.) Nees
Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez
Ocotea silvestris Vattimo-Gil
Melastomataceae
Miconia cinerascens Miq.
Miconia pusilliflora (DC.) Naudin
Miconia sp.
Moraceae
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger. et al.
Myrtaceae
Calyptranthes concinna DC.
Campomanesia
guazumifolia
(Cambess.)
O.Berg
Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg
Curitiba prismatica (D.Legrand) Salywon &
FMS
X
X
X
X
X
X
X
X
X
RP
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Florística e estrutura do estrato arbóreo...
Família / Espécie
Landrum
Eugenia handroana D.Legrand
Eugenia longipedunculata Nied.
Eugenia neoverrucosa Sobral
Eugenia oeidocarpa O.Berg
Eugenia pyriformis Cambess.
Eugenia ramboi D.Legrand
Myrceugenia miersiana (Gardner) D.Legrand &
Kausel
Myrcia hebepetala DC.
Myrcia venulosa DC.
Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg
163
Nome vulgar
Registro
FUEL
Uvaia
Batinga-branca
46.446
46.383
46.380
46.374
46.457
46.386
Guamirim
46.394
Grumixama-miúda
FMS
RP
X
X
X
X
X
X
X
46.438
46.444
46.378
X
X
Nyctaginaceae
Guapira opposita (Vell.) Reitz
Maria-mole
46.450
X
Primulaceae
Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult.
Myrsine umbellata Mart.
Capororoca
Capororoca
46.437
46.350
X
Carvalho-brasileiro
46.451
X
Pessegueiro-bravo
46.434
X
Proteaceae
Roupala montana var. brasiliensis (Klotzsch)
K.S.Edwards
Rosaceae
Prunus myrtifolia (L.) Urb.
Rubiaceae
Psychotria suterella Müll.Arg.
46.360
Pau-de-cutia
Mamica-de-porca
46.371
46.414
X
Salicaceae
Casearia gossypiosperma Briq.
Casearia lasiophylla Eichler
Casearia obliqua Spreng.
Casearia sylvestris Sw.
Pau-de-espeto
Cambrué
Guassatunga
Café-de-bugre
46.430
46.419
46.424
46.409
X
X
X
X
Vacum
46.433
X
Cuvatã
Miguel-pintado
46.417
46.427
X
X
Guatambu-de-leite
46.358
Joá-manso
Fumo-bravo
Quina-de-são-paulo
46.179
46.420
46.413
Sapotaceae
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex
Miq.) Engl.
Solanaceae
Solanum argenteum Dunal
Solanum granulosoleprosum Dunal
Solanum pseudoquina A.St.-Hil.
Theaceae
X
X
X
X
X
Rutaceae
Esenbeckia grandiflora Mart.
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Sapindaceae
Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex
Niederl.
Cupania vernalis Cambess.
Matayba elaeagnoides Radlk.
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Ferreira Jr. & Vieira
164
Registro
FUEL
*
Família / Espécie
Nome vulgar
Laplacea fructicosa (Schrad.) Kobuski
Santa-rita
Thymelaeaceae
Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling
Embira
46.363
X
Lixeira
46.454
X
Verbenaceae
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss.
*Espécies não incorporadas na acervo.
FMS
RP
X
Tabela 2: Famílias amostradas na RPPN Fazenda Monte Sinai, Mauá da Serra – PR (FMS) e
Recanto do Pinhão, Tamarana – PR (RP) e seus parâmetros fitossociológicos. NI = Número de
Indivíduos; N.sp = Número de Espécies; DR = Densidade Relativa; DoR = Dominância Relativa;
FR = Frequência Relativa; IVI = Índice de valor de importância; IVI (%) = Porcentagem de IVI, *
família entre as cinco com maiores valores de IVI (%).
Família
Acanthaceae
Apocynaceae
Annonaceae
Arecaceae
Asteraceae
Bignoniaceae
Boraginaceae
Cannabaceae
Caricaceae
Celastraceae
Cunoniaceae
Dicksoniaceae
Elaeocarpaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Lamiaceae
Lauraceae
Laxmanniaceae
Lythraceae
Malvaceae
Melastomataceae
Meliaceae
Monimiaceae
Moraceae
Myrtaceae
Nyctaginaceae
Primulaceae
Proteaceae
Rosaceae
Rubiaceae
Rutaceae
Salicaceae
Sapindaceae
Sapotaceae
Solanaceae
Theaceae
Thymelaeaceae
Verbenaceae
FMS
NI N.sp DR
DoR
FR
IVI
IVI(%)
01
01
0,27 0,02 0,36
0,65
0,22
04
02
08
03
01
02
01
02
01
01
1,08
0,54
1,88
0,81
0,27
2,73
1,70
4,68
2,02
0,66
0,91
0,57
1,56
0,67
0,22
0,21
0,44
0,27
0,13
0,03
1,44
0,72
2,53
1,08
0,36
49 05 13,17 6,08 11,91 31,17 10,39*
135 09 36,29 72,77 27,80 136,86 45,62*
18
02
05
01
5,11 11,25 6,14 22,49 7,50*
0,54 0,10 0,72 1,36 0,45
01
02
32
01
02
01
0,27 0,14 0,36 0,77 0,26
0,54 0,10 0,72 1,36 0,45
8,60 2,25 10,47 21,32 7,11*
17
05
09
02
01
05
01
01
01
01
4,57
1,34
2,42
0,54
0,27
08
18
15
01
04
03
2,15 0,29 2,89 5,33
4,84 0,54 5,78 11,16
4,03 0,74 4,69 9,47
1,78
3,72
3,16
16
02
4,30 1,51 5,42 11,22
3,74
01
01
0,27 0,01 0,36
0,21
0,65
0,12
0,43
0,19
0,03
5,05 10,28 3,43*
1,81 3,27 1,09
2,17 5,02 1,67
0,72 1,45 0,48
0,36 0,66 0,22
0,64
RP
NI
04
03
07
06
02
06
01
N.sp
01
01
01
02
01
02
01
DR
1,00
0,75
1,75
1,50
0,50
1,50
0,25
DoR
0,13
0,31
0,23
1,05
0,25
0,50
0,02
FR
1,28
0,96
1,92
1,92
0,64
1,92
0,32
IVI
2,41
2,02
3,90
4,47
1,39
3,92
0,59
IVI(%)
0,80
0,67
1,30
1,49
0,46
1,31
0,20
03
01
02
06
49
17
04
29
01 0,75 0,28 0,96 1,99
01 0,25 1,89 0,32 2,46
01 0,50 0,13 0,32 0,95
01 1,50 5,53 1,92 8,95
03 12,25 31,55 12,82 56,62
03 4,25 27,27 5,13 36,65
01 1,00 0,32 0,96 2,28
06 7,25 4,92 8,65 20,83
0,66
0,82
0,32
2,98
18,87*
12,22*
0,76
6,94*
01
01
14
11
17
02
145
02 3,50
02 2,75
01 4,25
01 0,50
11 36,00
01
01
0,25 0,01 0,32 0,58
06
01
12
25
02
01
02
01
01
01
01
01
02
01
01
02
01
01
1,50
0,25
2,75
6,25
0,50
0,25
0,50
0,25
0,25
0,25 0,01 0,32 0,58
0,40
1,98
0,46
0,17
10,48
1,91
0,01
0,74
1,79
0,54
0,04
0,10
3,25
0,01
4,49
3,53
4,81
0,64
25,64
1,92
0,32
2,88
7,05
0,64
0,32
0,64
0,32
0,32
8,39
8,26
9,52
1,31
72,12
5,33
0,58
6,37
15,09
1,68
0,61
1,24
3,82
0,59
0,19
2,80
2,75
3,17
0,44
24,04*
0,19
1,78
0,19
2,12
5,03 *
0,56
0,20
0,41
1,27
0,20
Florística e estrutura do estrato arbóreo...
165
Tabela 3: Espécies amostradas na RPPN Fazenda Monte Sinai, Mauá da Serra – PR e seus
parâmetros fitossociológico em ordem decrescente de IVI. NI = Número de Indivíduos; DR =
Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); FR = Frequência Relativa (%); IVI =
Índice de Valor de Importância.
Espécie
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth.
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Croton floribundus Spreng.
Ocotea puberula (Rich.) Nees
Dalbergia brasiliensis Vogel
Morta
Bauhinia forficata Link
Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart
Solanum granulosoleprosum Dunal
Lonchocarpus subglaucescens Mart. ex Benth.
Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg.
Cupania vernalis Cambess.
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Eugenia handroana D.Legrand
Casearia sylvestris Sw.
Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult.
Casearia lasiophylla Eichler
Cordia ecalyculata Vell.
Guapira opposita (Vell.) Reitz
Matayba elaeagnoides Radlk.
Alchornea glandulosa subsp. iricurana (Casar.) Secco
Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg
Sapium glandulosum (L.) Morong
Nectandra lanceolata Nees
Trema micrantha (L.) Blume
Inga marginata Willd.
Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.
Jacaranda puberula Cham.
Roupala montana var. brasiliensis (Klotzsch) K.S.Edwards
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr.
Solanum pseudoquina A.St.-Hil.
Dasyphyllum spinescens (Less.) Cabrera
Cordyline spectabilis Kunth & Bouché
Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob.
Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl.
Alchornea sidifolia Müll.Arg.
Myrcia venulosa DC.
Ocotea silvestris Vattimo-Gill
Eugenia pyriformis Cambess.
Erythrina falcata Benth.
Luehea divaricata Mart. & Zucc.
Miconia pusilliflora (DC.) Naudin
Miconia cinerascens Miq
Myrcia hebepetala DC.
Vasconcellea quercifolia A.St.-Hil.
Casearia obliqua Spreng.
Prunus myrtifolia (L.) Urb.
Machaerium nyctitans (Vell.) Benth.
Casearia gossypiosperma Briq.
Ocotea indecora (Schott) Mez
Annona sylvatica A.St.-Hil.
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss.
NI
19
38
32
29
11
24
21
19
14
14
16
11
08
08
08
08
09
08
05
05
05
04
04
03
03
03
03
03
02
02
02
02
02
02
02
02
02
02
01
02
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
01
DR
5,11
10,22
8,60
7,80
2,96
6,45
5,65
5,11
3,76
3,76
4,30
2,96
2,15
2,15
2,15
2,15
2,42
2,15
1,34
1,34
1,34
1,08
1,08
0,81
0,81
0,81
0,81
0,81
0,54
0,54
0,54
0,54
0,54
0,54
0,54
0,54
0,54
0,54
0,27
0,54
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
DoR
65,45
2,58
2,25
3,66
10,25
1,18
1,67
5,11
1,26
1,36
0,82
1,41
0,38
0,29
0,26
0,21
0,43
0,28
0,20
0,12
0,27
0,25
0,23
0,70
0,19
0,13
0,06
0,06
0,44
0,19
0,17
0,14
0,11
0,10
0,10
0,09
0,06
0,04
0,59
0,09
0,33
0,14
0,06
0,04
0,04
0,03
0,03
0,03
0,03
0,02
0,02
0,02
0,01
FR
5,59
8,39
9,01
5,90
3,11
5,90
4,97
5,59
4,35
4,04
3,73
3,42
2,48
2,48
2,48
2,48
1,86
1,86
1,55
1,55
1,24
1,24
1,24
0,62
0,93
0,93
0,93
0,93
0,62
0,62
0,62
0,62
0,62
0,62
0,62
0,62
0,62
0,62
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
IVI
76,15
21,18
19,86
17,36
16,32
13,53
12,28
11,77
9,37
9,16
8,84
7,79
5,02
4,93
4,89
4,85
4,72
4,29
3,10
3,02
2,86
2,57
2,55
2,12
1,93
1,87
1,80
1,80
1,60
1,35
1,32
1,30
1,27
1,26
1,26
1,25
1,22
1,19
1,17
0,94
0,91
0,72
0,64
0,62
0,62
0,61
0,61
0,61
0,60
0,60
0,60
0,60
0,59
Ferreira Jr. & Vieira
166
Tabela 4: Espécies amostradas no Recanto do Pinhão, Tamarana – PR e seus parâmetros
fitossociológico em ordem decrescente de IVI. NI = Número de Indivíduos; DR = Densidade
Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); FR = Frequência Relativa (%); IVI = Índice de Valor
de Importância.
Espécie
Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg.
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
Eugenia neoverrucosa Sobral
Eugenia oeidocarpa O.Berg
Morta
Curitiba prismatica (D.Legrand) Salywon &
Landrum
Ocotea indecora (Schott) Mez
Myrcia hebepetala DC.
Mollinedia triflora (Spreng.) Tul.
Sloanea hirsuta (Schott) Planch. ex Benth.
Casearia gossypiosperma Briq.
Cabralea canjerana (Vell.) Mart.
Casearia sylvestris Sw.
Miconia pusilliflora (DC.) Naudin
Esenbeckia grandiflora Mart.
Myrceugenia miersiana (Gardner) D.Legrand &
Kausel
Prunus myrtifolia (L.) Urb.
Eugenia handroana D.Legrand
Laplacea fructicosa (Schrad.) Kobuski
Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman
Annona neosalicifolia H.Rainer
Ocotea silvestris Vattimo-Gil
Eugenia longipedunculata Nied.
Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez
Jacaranda puberula Cham.
Croton floribundus Spreng.
Lamanonia ternata Vell.
Justicia brasiliana Roth
Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke
Aspidosperma polyneuron Müll.Arg.
Maytenus salicifolia Reissek
Dalbergia brasiliensis Vogel
Inga sessilis (Vell.) Mart.
Miconia sp.
Matayba elaeagnoides Radlk.
Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob.
Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger. et al.
Alchornea glandulosa subsp. iricurana (Casar.)
Secco
Cedrela fissilis Vell.
Dicksonia sellowiana Hook.
Calyptranthes concinna DC.
Ocotea nutans (Nees) Mez
Campomanesia xanthocarpa O.Berg
Eugenia ramboi D.Legrand
Solanum pseudoquina A.St.-Hil.
Solanum argenteum Dunal
Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex
Miq.) Engl.
NI
43
11
48
28
17
DR
10,75
2,75
12,00
6,75
4,25
DoR
30,68
27,01
3,52
1,51
3,66
FR
10,64
2,80
10,36
6,44
4,48
IVI
52,07
32,56
25,88
14,70
12,39
22
5,50
1,09
5,04
11,63
17
15
17
06
13
09
12
11
12
4,25
3,75
4,25
1,50
3,25
2,25
3,00
2,75
2,75
2,67
1,72
0,46
5,53
1,29
1,94
0,50
0,32
0,74
4,48
3,92
4,20
1,68
3,08
2,52
3,08
3,08
2,52
11,40
9,39
8,91
8,71
7,62
6,71
6,58
6,15
6,01
10
2,50
0,97
1,68
5,15
06
07
01
05
07
05
06
06
04
05
04
01
04
04
03
03
03
03
03
02
02
02
1,50
1,75
0,25
1,25
1,75
1,25
1,50
1,50
1,00
1,25
1,00
0,25
1,00
1,00
0,75
0,75
0,75
0,75
0,75
0,50
0,50
0,50
1,91
0,52
3,25
1,03
0,23
0,98
0,40
0,32
1,09
0,48
0,80
1,89
0,13
0,32
0,31
0,28
0,17
0,09
0,08
0,54
0,25
0,17
1,68
1,96
0,28
1,40
1,68
1,40
1,68
1,68
1,12
1,40
1,12
0,28
1,12
0,84
0,84
0,84
0,84
0,84
0,84
0,56
0,56
0,56
5,09
4,23
3,78
3,68
3,66
3,63
3,58
3,50
3,21
3,13
2,92
2,42
2,25
2,16
1,90
1,87
1,76
1,69
1,67
1,60
1,31
1,23
02
0,50
0,08
0,56
1,14
02
02
01
01
01
01
01
01
01
0,50
0,50
0,25
0,25
0,25
0,25
0,25
0,25
0,25
0,05
0,13
0,06
0,13
0,08
0,06
0,05
0,04
0,04
0,56
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
1,11
0,91
0,82
0,66
0,61
0,59
0,58
0,57
0,57
01
0,25
0,04
0,28
0,57
Florística e estrutura do estrato arbóreo...
167
Espécie
Cinnamomum cf. glaziovii (Mez) Kosterm.
Handroanthus albus (Cham.) Mattos
Geonoma schottiana Mart.
Psychotria suterella Müll.Arg.
Cordia ecalyculata Vell.
Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling
Lafoensia pacari A.St.-Hil.
Myrsine umbellata Mart.
NI
01
01
01
01
01
01
01
01
DR
0,25
0,25
0,25
0,25
0,25
0,25
0,25
0,25
DoR
0,02
0,02
0,02
0,02
0,02
0,01
0,01
0,01
FR
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
0,28
IVI
0,55
0,55
0,55
0,55
0,55
0,55
0,54
0,54
Tabela 5: Comparação entre os Índices de Diversidade de Shannon-Weaver e Equidade dos
trabalhos realizados na porção média da bacia do Tibagi, PR.
Índice de Diversidade de
Shannon-Weaver (H‟)
Equabilidade ou Equidade (J‟)
3,398
0,848
Tamarana
Este estudo
3,448
0,846
Telêmaco Borba
Nakajima, J.N. et al. (1996)
3,61
0,34
Tibagi
Dias, M.C. et al. (1998)
3,67
-----
Ventania
Estevan, D.A. (2006)
3,91
0,83
4,2
-----
Referências bibliográficas
Mauá da Serra
Este estudo
Sapopema
Silva, F.C. et al. (1995)
168
Ferreira Jr. & Vieira
Figura 1: Bacia do rio Tibagi, Paraná, Brasil, com suas subdivisões em AT: alto Tibagi, MT: médio
Tibagi e BT: baixo Tibagi (adaptado de Viani & Vieira, 2007). Os números indicam as áreas
amostradas para este trabalho e outros fragmentos já estudados citados no texto.
Figura 2: Curvas de coletor para os fragmentos RPPN Fazenda Monte Sinai – FMS (Mauá da
Serra – PR) e recanto do Pinhão - RP (Tamarana – PR).
FLORÍSTICA E ESTRUTURA DAS CAMPINARANAS DO BAIXO
RIO TOCANTINS COMO SUBSÍDIO PARA A CRIAÇÃO DE
NOVAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO
PARÁ
Leandro V. Ferreira1
Priscilla P. Chaves2
2
Denise de A. Cunha
3
Pia Parolin
ABSTRACT
The habitat loss has been reported as a major cause of biodiversity loss in the
Brazilian Amazonia, especially in open vegetation types. Two of these types are
very endangered, the white sand open vegetation (campina) and the white sand
shrubby vegetation (campinarana), due to the extraction of sand for
constructions, and the use of the soil for agriculture and cattle raising. These
vegetation types have very small extent in Amazonia, and are distributed in
small isolated patches. There conservation is very important due to the large
number of endemic and rare species, some endangered. The study was
conducted in 4 areas of white sand shrubby vegetation in the lower Tocantins
River, in the Pará state. The areas are represented by patches of shrubby
vegetation with different sizes and degrees of isolation, surrounded by
herbaceous vegetation. In the study there were sampled 88 patches,
representing 60 species divided in life forms as trees, shrubs, palms, hemiparasites, lianas and herbaceous plants. The number of species per patches
2
ranged from 3 to 26 and the size of the patches from 1 to 246 m . The number
of species was directly proportional to the size of the patches. There is higher
similarity in the species of the same river interfluves, 60 % and 62 % as in the
comparison of species of different interfluves, 44 % to 50 %, demonstrating a
great variation in species composition between the interfluves and restricted
species in each sampled area. In order to promote the conservation of white
sand shrubby vegetation of the lower Rio Xingu region, the study proposes the
creation of new protected areas in some campinaramas fragments, located on
the left and the right margins of the Tocantins River, with surfaces ranging from
7.2 to 33.5 thousand hectares. The creation of these protected areas will allow
the preservation of fragments of white sand shrubby vegetation threatened by
human activities in a region where no exist protected areas.
Key words: Amazonia, biodiversity, campinaranas, conservation
1 Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Botânica, email: lvferreira@museu-goeldi.br
2 Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Botânica
3 Universidade de Hamburgo, Alemanha, e Instituto Nacional de Pesquisa Agronomica da França
(INRA), Theoretical and Applied Ecology in Protected Environments and Agrosystems (TEAPEA),
1355, BP 167, 06903 Sophia Antipolis, France
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:169-182 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
170
Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin
RESUMO
A perda de hábitats tem sido apontada como uma das maiores causas de
perda de biodiversidade na Amazônia brasileira, principalmente relacionada a
vegetações abertas. Destas, dois tipos estão muito ameaçados, sendo
denominados de campinas e campinaranas amazônicas, devido a extração de
areia usada na construção civil, agricultura e pecuária. Esses tipos de
vegetação têm extensão muito reduzida na Amazônia, sendo distribuídos em
pequenas manchas isoladas, caracterizadas pelo pequeno porte.
São
importantes para a conservação, pois possuem grande número de espécies
endêmicas e raras, algumas ameaçadas de extinção. Esse estudo foi realizado
em 4 áreas de campinarana gramíneo-lenhosa em diferentes trechos do baixo
rio Tocantins, no estado do Pará. Nessas áreas a estrutura da vegetação das
campinaranas está representada por moitas de diferentes tamanhos e graus de
isolamento, rodeadas por vegetação herbácea. Foram inventariadas 88 moitas
que apresentaram 60 espécies com formas de vida arbórea, arbustiva, estipes,
hemiparasita, liana e herbácea. O número de espécies por moita variou de 3 a
2
26 e o tamanho das moitas variou de 1 a 246 m , sendo o número de espécies
diretamente proporcional ao tamanho da moita. A similaridade de espécies é
maior entre as campinaranas de um mesmo interflúvio, 60% e 62%, em
comparação às campinaranas em interflúvios diferentes, 44% a 50%,
demonstrando uma nítida variação na composição de espécies entre os
interflúvios e espécies restritas em cada área amostrada. A fim de promover a
conservação das campinaranas da região do baixo rio Xingu, esse estudo
propõe a criação de novas unidades de conservação em alguns fragmentos de
campinaranas, localizados na margem esquerda e direita do rio Tocantins, com
áreas variando de 7.2 a 33.5 mil hectares. A criação dessas unidades de
conservação permitirá a preservação de parte das campirananas, ameaçadas
por atividades humanas, em uma região onde não existem unidades de
conservação.
Palavras-chave: Amazônia, biodiversidade, campinaranas e conservação.
INTRODUÇÃO.
Atualmente a perda de hábitats tem sido apontada como uma das
maiores causas de perda da biodiversidade na Amazônia brasileira (Laurance
et al., 2002), que já perdeu 26% de sua área original (INPE, 2013).
O Pará é o campeão em desmatamento na Amazônia brasileira nos
últimos três anos (INPE, 2013) e algumas regiões do estado do Pará já
perderam mais de 60% de sua cobertura florestal original (Ferreira et al., 2005).
Apesar de ser reconhecida como uma das florestas tropicais mais diversas do
mundo, o bioma Amazônia também é representado por diversos tipos de
vegetações não florestais, tais como campos rupestres, formações pioneiras,
savanas e campinaranas (Veloso et al., 1991). Ao contrário das áreas
recobertas por floresta, as vegetações abertas do bioma Amazônia não têm um
acompanhamento sistemático de seu estado de conservação, portanto, não
Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins...
171
sabemos qual a proporção desses tipos de vegetação já convertidos para
outros usos.
Campinarana é um termo regional brasileiro, empregado pela primeira
vez para descrever um tipo de vegetação localizado no Bioma Amazônia na
região do alto rio Negro, nos estados do Amazonas e Roraima, adaptado a
solos arenosos extremamente pobres em nutrientes, tais como podzois
hidromórficos ou areias quartzosas (Veloso et al., 1991).
Esse tipo de vegetação tem extensão reduzida no Bioma Amazônia,
2
ocupando 64.000 km , distribuída em pequenas manchas isoladas (Prance &
Schubart, 1978; Braga, 1979), representada por comunidades bióticas
extremamente especializadas, ricas em espécies raras e endêmicas (Prance &
Schubart, 1978) e bastante frágeis à ação humana (Ferreira, 2009).
No estado do Pará, as campinaranas estão distribuídas irregularmente,
em encraves de diferentes tamanhos e graus de isolamento, sendo,
atualmente, um dos tipos de vegetação mais ameaçados pela perda de
hábitats, devido à extração ilegal de areia, usada na construção civil, a
atividades agropastoris e, recentemente, à expansão da monocultura do dendê
(Ferreira et al., 2013).
Na região do baixo rio Tocantins, no estado do Pará, essas formações
estão distribuídas em manchas de diferentes tamanhos, situadas em
depressões fechadas, sujeitas à inundação anual no período chuvoso e com
influência dos grandes rios da Amazônia (Ferreira, 2009).
As campinaranas dessa região foram classificadas como “zonas
ambientalmente sensíveis” no Zoneamento Ecológico do Estado do Pará (ZEEPA), devido à importância de sua biota, com muitas espécies endêmicas, à
grande fragilidade dos solos, formados principalmente por areias quatzosas,
que uma vez alterados, não têm condições de recuperação, portanto, não
comportando atividades econômicas que ameacem sua integridade (Ferreira et
al., 2010).
Apesar da limitação das atividades econômicas impostas pelo ZEE-PA
na região do baixo rio Tocantins, o crescimento urbano desordenado das
cidades tem causado uma perda significativa dos fragmentos de campinaranas,
devido à extração de areia (Ferreira et al., 2010). Essa situação é muito grave,
pois as campinaranas dessa região estão localizadas nos Centros de
Endemismo de Belém e do Xingu, pois são consideradas as menores unidades
geográficas de distribuição de conjuntos de espécies únicas e insubstituíveis
(Cardoso, 2005).
Ferreira et al. (2010), em inventário botânico realizado nos fragmentos
de campinaranas no município de Cametá, cerca de 140 km da cidade de
Belém, no âmbito do ZEE-PA, constataram a destruição de diversos
fragmentos de campinaranas, suprimidas para a extração de areia.
Esse problema foi apresentado na audiência pública do ZEE-PA em
Cametá, realizada em 2010, por algumas lideranças locais que relataram a
exploração mineral em diversas localidades do município, iniciadas em 2000,
resultando em graves problemas ambientais nas campinaranas exploradas.
Para tentar ordenar a exploração de algumas áreas, as comunidades
172
Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin
resolveram limitar a atividade, permitindo apenas a extração para a utilização
no distrito e não mais para a venda a outros municípios. Ferreira et al. (2013)
relatam a mesma situação nas campirananas do município do Acará a 15 km
da cidade de Belém, onde a extração de areia já destruiu quase toda a
vegetação da área. Desta forma, ações urgentes são necessárias para a
preservação das campinaranas da região do baixo rio Tocantins, sendo uma
das mais eficazes a criação de novas unidades de conservação.
Diversos autores têm mostrado a importância das unidades de
conservação e terras indígenas na contenção do desmatamento na Amazônia,
demonstrando que o mesmo é sempre menor no interior do que no exterior das
mesmas (Aaron et al., 2001; Nepstad et al., 2001; Ferreira et al., 2005 e
Soares-Filho et al., 2005). Ferreira et al. (2010) mostraram que a região do
baixo rio Tocantins não tem unidades de conservação e terras indígenas, que
poderiam conter a expansão das atividades ilegais que ameaçam a
conservação da biota.
Atualmente, o governo do Pará dispõe do Programa “Extinção Zero”,
uma iniciativa pioneira no Brasil para implantar ferramentas de gestão que
permitam ao governo mobilizar as instituições de pesquisa e a sociedade para
proteger espécies ameaçadas. O Programa reconhece oficialmente a
existência das 181 espécies ameaçadas de extinção no estado do Pará, sendo
13 espécies criticamente ameaçadas, algumas com ocorrência exclusiva na
região do baixo rio Tocantins, uma das regiões mais desmatadas do Estado,
conhecida como Centro de Endemismo Belém (Cardoso, 2005).
Apesar do estado do Pará ter 65% de seu território dentro de áreas
protegidas, a região do baixo rio Tocantins está sob forte pressão antrópica
neste momento e não dispõe de nenhuma unidade de conservação que proteja
as campinaranas.
Este estudo tem como objetivo usar o conhecimento florístico das
campinaranas da região do baixo rio Tocantins como subsídio para apoiar a
criação de novas unidades de conservação para proteger esse importante tipo
de vegetação no estado do Pará.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo. Esse estudo foi realizado em quatro áreas de
campinaranas gramíneo-lenhosas (Veloso et al., 1991) do baixo rio Tocantins,
no estado do Pará, chamadas localmente de campos de natureza. Foram
amostradas duas áreas no interflúvio do rio Tocantins-Moju, nos municípios de
Mocajuba (2º38‟23”S; 49º29‟26”W) e Igarapé-Miri (2º15‟38”S; 49º11‟59”W) e
duas áreas no interflúvio do Rio Moju-Acará, no município de Moju,
denominadas de Moju 1 (2º15‟44”S; 48º49‟49”W) e Moju 2 (2º37‟56”S;
48º59‟26”W) na margem direita do rio Xingu (Figura 1).
Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins...
173
Figura 1 – Localização das quatro campinaranas amostradas na região do baixo rio Tocantins nos
interflúvios do Tocantins-Moju e Moju-Acará no estado do Pará.
Veloso et al. (1991) dividem as campinarananas em três grupos: (1)
florestada; (2) arborizada e (3) formação gramínio-lenhosa, que crescem sob
solos de areia branca, classificados como areias quatzosas, muito
intemperizadas, com lençol freático próximo à superfície e sujeitos a
inundações anuais dos rios no período chuvoso (EMBRAPA, 2009).
As campinaranas florestadas assemelham-se a uma "floresta ripária" e
em sua composição florística predominam os gêneros Clusia, Aldina, Hevea,
Henriquesia, Caraipa e outros tipicamente amazônicos, mas com espécies
endêmicas (Figura 2A).
As campinaranas arborizadas são dominadas por plantas raquíticas,
normalmente das mesmas espécies que ocorrem nas campinaranas
florestadas. Nesse tipo também ocorrem espécies xerofíticas e tufos do líquen
Cladonia spp. nas áreas sombreadas e diversas espécies de bromélias e
orquídeas (Figura 2B).
As campinaranas gramíneo-lenhosas surgem nas planícies encharcadas
próximas aos rios e lagos da região, representadas por moitas de arbustos e
árvores, rodeadas por uma camada contínua de plantas herbáceas de ampla
distribuição geográfica das famílias Cyperaceae, Lentibulariaceae, Poaceae,
Xyridaceae entre outras, e algumas espécies endêmicas do gênero
Paepalanthus (Figura 2C).
174
Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin
Figura 2 – Estrutura da vegetação das campinaranas da região do baixo rio Tocantins,
caracterizadas pela distribuição de moitas de vegetação com comunidades arbóreas (A) e
arbustivas (B) e gramíneo-lenhosas (C) (Foto: Leandro V. Ferreira, Museu Paraense Emilio Goeldi,
2011).
Coleta de dados. Em cada área de campinarana gramíneo-lenhosa
foram amostradas 22 moitas de vegetação, totalizando 88 moitas. O tamanho
das moitas foi calculado pela relação do comprimento e da largura da moita. A
escolha das moitas foi aleatória e a distância mínima entre as moitas foi de 50
metros, a fim de obtermos uma independência entre as mesmas.
Dentro de cada moita todos os indivíduos foram identificados ao nível
mais específico. Todo o material botânico fértil coletado está sendo incorporado
ao Herbário João Murça Pires, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Os
nomes científicos foram checados na Lista de Espécies da Flora do Brasil
(www.floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/). O sistema de classificação botânica
utilizado é APG III (2009).
Análise de dados. Os dados de florística e estrutura foram gerados no
programa mata nativa 2 (cientec v. 2.0 2006) e a estimativa de riqueza de
espécies no programa estimates 8 (colwell & coddington, 1994).
Foi utilizado o estimador não-paramétrico Jackknife de 1ª ordem (Colwell
1997), baseado na presença de espécies com somente um indivíduo ou
espécies que ocorrem em somente uma amostra, um padrão botânico comum
na maioria das fisionomias de vegetação em regiões tropicais (Gentry, 1982). A
Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins...
175
relação da riqueza de espécies em relação ao tamanho da moita foi calculada
com regressão logaritma, sendo a normalidade dos dados testada com o teste
Spiro-Wilk (Zar, 2010). A similaridade de espécies entre as quatro áreas de
campinarana foi calculada com o índice de similaridade de Jaccard (Krebs,
1999).
RESULTADOS
Nas 88 moitas inventariadas foram identificadas 60 espécies. Destas, 12
têm forma de vida arbórea, 20 arbustivas, três estipes, uma hemiparasita, cinco
lianas e 19 herbáceas (Apêndice 1).
As curvas da riqueza de espécies observada (60 espécies) e estimada
(67 espécies) tenderam a uma assíntota, indicando que o levantamento
botânico foi satisfatório na estimativa da riqueza de espécies das campinaranas
(Figura 3).
30
y = 2.9071Ln(x) + 4.0752
r2 = 0.60
Número de espécies
25
20
15
10
5
0
0
50
100
150
200
250
Tamanho da moita (m2)
Figura 3 – Número de espécies em relação ao tamanho das moitas arbustivas da vegetação das
campinaranas gramíneo-lenhosas amostradas nesse estudo.
As cinco espécies com as maiores densidades relativas, Macrolobium
campestris (Fabaceae), Humiria balsamifera (Humiriaceae), Scleria macrogine
(Cyperaceae), Doliocarpus spraguei (Dilleniaceae) e Distictella cuneifolia
(Bignoniaceae) representam somente 34.7% do total de indivíduos amostrados,
indicando uma grande quantidade de espécies com baixa densidade entre as
campinaranas amostradas (Apêndice 1).
176
Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin
O número de espécies por moita variou de 3 a 26 e o tamanho das
2
moitas variou de 1 a 246 m . O número de espécies é diretamente proporcional
2
ao tamanho da moita (r =0.68; F[1,84]=102.3; p=0.0001) (Figura 3).
A similaridade de espécies é maior entre as campinaranas de um mesmo
interflúvio, Tocantins-Moju (62%) e Moju-Acará (60%), em comparação com as
campinaranas de interflúvios diferentes que variam de 44% a 50% (Figura 4). O
número de espécies restritas nas duas áreas amostradas no interflúvio
Tocantins-Moju variou de nove e oito espécies e 1 a 3 espécies nas duas áreas
do interflúvio Moju-Acará (Figura 4).
Figura 4 – Proporção da similaridade (%) de espécies das quatro áreas amostradas nos
interflúvios do Rio Tocantins-Moju e Moju-Acará e o número de espécies restritas a cada uma das
quatro áreas.
Esse estudo propõe a criação de novas unidades de conservação em
alguns fragmentos de campinaranas na região do baixo rio Tocantins. Esses
fragmentos localizam-se nas margens esquerda (quatro fragmentos) e direita
(quatro fragmentos) do rio Tocantins, com áreas variando de 7.2 a 33.5 mil
hectares (Figura 5 e Tabela 1).
Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins...
177
Figura 5 - Mapa do Zoneamento Ecológico-Econômico do estado do Pará, mostrando a localização
dos oito fragmentos identificados como áreas potenciais para a criação de novas unidades de
conservação nas campinaranas da margem direita (A a D) e margem esquerda (E a H) no baixo rio
Tocantins (Mapa: Leandro V. Ferreira, 2013).
Tabela 1 – Tamanho e localização dos fragmentos de campinaranas da margem esquerda e direita
do baixo rio Tocantins no estado do Pará
Nome do
fragmento
Margem do rio
Tocantins
Município
Fragmento
(hectares)
A
Direita
Igarapé-Miri
7,255
B
Direita
Cametá
25,948
C
Direita
Mocajuba
31,900
D
Direita
Mocajuba
13,000
E
Esquerda
Cametá
15,486
F
Esquerda
Cametá
33,535
G
Esquerda
Oeiras do Pará
19,491
H
Esquerda
Oeiras do Pará
8,518
A categoria sugerida para a criação das unidades de conservação é a de
Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) para pelo menos quatro
fragmentos de campinarana nas margens esquerda e direita do rio Tocantins.
178
Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin
As ARIEs são definidas como uma região de pequena extensão, com pouca
ocupação humana, podendo ser constituídas por terras públicas ou privadas.
A justificativa de inclusão dos quatro fragmentos na margem esquerda
do rio Tocantins é subsidiada pelo estudo de Ferreira et al. (2010) que
determinaram que a composição das espécies de plantas nas moitas de
campinaranas entre as margens do rio Tocantins na região desse estudo são
bem distintas, justificando a proposta de criação de novas unidades de
conservação nas campinaranas em ambas as margens desse rio.
DISCUSSÃO
O número de 60 espécies identificadas nas campinaranas gramíneolenhosas desse estudo está dentro do intervalo de 26 a 60 espécies obtido por
Ferreira (2009), que comparou a estrutura e florística de nove campinaranas na
Amazônia brasileira e Ferreira et al. (2010) e (2013) que identificaram 35 e 40
espécies nas campinaranas dos municípios de Cameté e Acará, a cerca de 60
e 30 km do local desse estudo, respectivamente.
O aumento da riqueza de espécies em relação ao tamanho da moita de
vegetação provavelmente está associado a mudanças no micro-clima, ou seja,
maior umidade no ar e no solo e também, maior disponibilidade de nutrientes
no solo dentro das moitas, resultantes do acúmulo de liteira (Ferreira et al.,
2010). É importante relatar que muitas moitas de vegetação começam a se
estabelecer no entorno de ninhos de cupins, sendo esse processo de início de
sucessão associado à maior quantidade de nutrientes próximo ao solo no
entorno dos ninhos, resultante do transporte dos mesmos, usados para a
construção dos ninhos (Ferreira et. al., 2010). .
A baixa similaridade de espécies entre as quatro áreas de campinaranas
amostradas nesse estudo, demonstra que o número de espécies raras é alto,
sendo este um dos critérios mais importantes na escolha de novas áreas para
a criação de unidades de conservação.
Esse padrão também foi relatado por Ferreira (2009), que encontrou 252
espécies em uma análise comparativa da vegetação lenhosa das campinas na
Amazônia brasileira, onde 73% das espécies ocorreram em somente uma das
nove áreas de campinas.
A criação de novas unidades de conservação em parte dos oito
fragmentos de campinaranas na região do baixo rio Tocantins é fundamental
devido à grande quantidade de espécies com baixa densidade de indivíduos e
algumas espécies únicas entre os fragmentos. Essa estratégia permitiria
maximizar o maior número de espécies protegidas na menor proporção de área
possível, evitando redundâncias, visando preencher uma grande lacuna na
proteção da flora das campinaranas, cuja preservação vai contribuir na
manutenção dos ecossistemas naturais de importância regional ou local e
contribuir para regulamentar o uso econômico dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação.
Ferreira et al. (2010) relatam a destruição das campinaranas do
município de Cametá onde diversas comunidades informaram que a
Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins...
179
exploração de areia iniciou-se em 2000, deixando, quando abandonada,
enormes buracos nos locais explorados. Algumas comunidades só permitem a
extração de areia para o uso exclusivo destas, não sendo permitida a
comercialização em outros municípios. Contudo, em uma recente visita ao
município, constatou-se que a exploração de areia continua intensa e é levada
para outros municípios da região.
Recentemente, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA) e outras instituições encaminharam moção ao
Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas, solicitando medidas para
a proteção das campinas no estado do Amazonas. A maior preocupação dos
pesquisadores está relacionada à Resolução Estadual Nº 15/2013, aprovada
em abril, que permite a implantação de projetos agrícolas, de silvicultura ou
extrativismo de até 10 hectares nesse frágil ecossistema.
No macro-zoneamento elaborado pelo governo do Amazonas e
aprovado pela Assembleia Legislativa em 2010 as campinas tiveram
enquadramento mais adequado do que o concedido na Resolução No 15/2013,
sendo incluídas na zona de “uso especial” (categoria 3) e, dentro dela,
consideradas “ecossistemas frágeis” (subcategoria 3.4). A Secretaria de
Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) relata que os “campos
naturais” são “passíveis de serem considerados como paisagens notáveis de
grande relevância para a proteção da biodiversidade” e que a referida moção
“pode ser um indutor para novos estudos que possibilitem estudar a
modificação da Resolução”.
No estado do Pará, a classificação legal das campinas e campinaranas
no Zoneamento Ecológico-Econônico do estado são definidas como “zonas
ambientalmente sensíveis”, pois as mesmas são ecossistemas ricos e muito
suscetíveis à degradação, o que impede as atividades econômicas de grande
impacto (Ferreira et al., 2010).
O destino das campinaranas da região do baixo rio Tocantins e sua rica
e endêmica fauna e flora dependem de como será feito o ordenamento
territorial das áreas cobertas por vegetações não alteradas e as áreas que
estão atualmente sendo utilizadas extensivamente por atividades econômicas.
O estado do Pará sofrerá um empobrecimento enorme e permanente se ações
de políticas públicas não forem implantadas para conciliar os objetivos de
preservação da biodiversidade e o uso econômico racional dos recursos
naturais.
AGRADECIMENTOS
Ao Museu Paraense Emílio Goeldi pela liberação do técnico Luiz Carlos
Batista Lobato da Coordenação de Botânica e do motorista Lucivaldo Santana,
fundamentais no auxílio da coleta e identificação das espécies.
180
Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin
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Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins...
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Apêndice 1 – Lista de espécies divididas em formas de vida nas campinaranas
do baixo Rio Tocantins no estado do Pará.
N
Nome Científico
Família
Formas de vida
1
Astrocaryum minor
Arecaceae
Estipes
2
Axonopus pulbivaginatus
Poaceae
Herbáceas
3
Bactris gynnacantum
Arecaceae
Estipes
4
Banisteriopsis nervosa
Bignoniaceae
Lianas
5
Borreria tenella
Rubiaceae
Herbáceas
6
Cassytha filiformis
Lauraceae
Lianas
7
Cephalostemon gracilis
Rapateaceae
Herbáceas
8
Chamaecrista diphylla
Fabaceae
Herbáceas
9
Coccoloba pichuna
Polygonaceae
Arbustiva
10
Comolia lythrarioides
Melastomataceae
Arbustiva
11
Coutoubea ramosa
Gentianaceae
Arbustiva
12
Cuphea sp.
Lythraceae
Arbustiva
13
Cybianthus sp.
Myrsinaceae
Arbustiva
14
Distictella cuneifolia
Bignoniaceae
Lianas
15
Doliocarpus spraguei
Dilleniaceae
Lianas
16
Emmotum nitens
Icacinaceae
Arbórea
17
Guapira sp.
Nyctaginaceae
Arbustiva
18
Heliconia psittacorum
Heliconiaceae
Herbáceas
19
Humiria apressa
Humiriaceae
Arbórea
20
Humiria balsamifera
Humiriaceae
Arbórea
21
Ilex inundata
Aquifoliaceae
Arbórea
22
Iridaceae sp.
Iridaceae
Herbáceas
23
Lagenocarpus rigidus
Cyperaceae
Herbáceas
24
Laplacea semiserrata
Cyperaceae
Arbustiva
25
Licania gracilis
Chrysobalanaceae
Arbustiva
26
Lisianthus sp.
Gentianaceae
Herbáceas
27
Mabea angustifolia
Chrysobalanaceae
Arbustiva
28
Macairea sp.
Melastomataceae
Arbustiva
29
Macrolobium campestris
Fabaceae
Arbustiva
30
Malouetia sp.
Apocynaceae
Arbustiva
31
Mandevilla sp.
Apocynaceae
Herbáceas
32
Mauritiella armata
Arecaceae
Estipes
Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin
182
N
Nome Científico
Família
Formas de vida
33
Miconia ciliata
Melastomataceae
Arbustiva
34
Micropholis venulosa
Sapotaceae
Arbórea
35
Myrcia fallax
Myrtaceae
Arbórea
36
Myrcia multiflora
Myrtaceae
Arbustiva
37
Myrcia silvatica
Myrtaceae
Arbustiva
38
Myrcia spectabilis
Myrtaceae
Arbustiva
39
Ouratea microdonta
Ochnaceae
Arbustiva
40
Paepalanthus fertilis
Eriocaulaceae
Herbáceas
41
Pagamea guianensis
Rubiaceae
Arbustiva
42
Paspalum sp.
Poaceae
Herbáceas
43
Perama hisurta
Rubiaceae
Herbáceas
44
Phthirusa paniculata
Loranthaceae
Hemi-parasita
45
Polygala apressa
Polygalaceae
Herbáceas
46
Pouteria ramiflora
Sapotaceae
Arbórea
47
Protium heptaphyllum
Burseraceae
Arbórea
48
Protium ovatum
Burseraceae
Arbórea
49
Protium trifoliolatum
Burseraceae
Arbórea
50
Psidium gneensis
Myrtaceae
Arbórea
51
Rhynchospora barbata
Cyperaceae
Herbáceas
52
Salvagesia erecta
Cyperaceae
Herbáceas
53
Scleria macrogine
Cyperaceae
Herbáceas
54
Smilax campestris
Smilacaceae
Lianas
55
Syngonanthus tenuis
Eriocaulaceae
Herbáceas
56
Tapirira guianensis
Anacardiaceae
Arbórea
57
Tibouchina sp.
Melastomataceae
Arbustiva
58
Tococa sp.
Melastomataceae
Arbustiva
59
Utricularia sp.
Lentibulariaceae
Herbáceas
60
Xyris sp.
Xyridaceae
Herbáceas
RIQUEZA E CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA LENHOSA
DA VEGETAÇÃO DE RESTINGA DE BAIA FORMOSA, RN,
BRASIL
Daniel Portela Wanderley de Medeiros1
Eduardo Bezerra de Almeida Jr2
Maria Carolina de Abreu3
Francisco Soares Santos-Filho4
Carmen Silvia Zickel5
ABSTRACT
In this paper we describe the flora and structure of restinga vegetation of Baia
Formosa, Rio Grande do Norte State. Sampling points with PSL 10 cm were
used for phytosociological survey. Also structural parameters H‟ and J‟ have
been analyzed. All plants have been collected only if they were blooming or
fruiting, for floristic survey. There were sampled 40 species from 20 families.
The species Maytenus distichophylla, Eugenia excelsa, Myrcia guianensis,
Eugenia punicifolia, Guettarda platypoda, Mimosa axillaris, and Chloroleucon
foliolosum show higher VI, accounting for 49% of total VI. The Shannon index
-1
(H‟) was 3.269 nat.ind , and the Pielou index (J‟) 0.886, these can be
considered high values if we have in mind the limiting conditions of restinga.
The greater richness has been given by Fabaceae, Myrtaceae, Poaceae,
Rubiaceae and Cyperaceae, among the final result of 159 species belonging to
53 families. The life forms were distributed like this: nanophanerophytes
(34,59%), microphanerophytes (16,35%), camephytes (11,94%), therophytes
(11,32%). Non-flooded forest physiognomy had a predominance of
nanophanerophytes and microphanerophytes. Camephytes, therophytes,
cryptophytes and hemicryptophytes characterized the non-flooded grassland
physiognomy. Both floristic and structural data showed Fabaceae, Myrtaceae,
and Rubiaceae as the richest and most abundant families. Studies on restinga
vegetation contribute to the knowledge of the richness and diversity, supporting
data for conservation of this ecosystem.
Key words: biological spectrum, phytosociology, floristic, restinga vegetation
1 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Fazenda
Saco, s/n, CEP 56900-000, Serra Talhada – PE, Brasil
2 Universidade Federal do Maranhão, Av. dos Portugueses, s/n, Dep. Biologia, Bacanga, CEP
65085-580, São Luís – MA, Brasil - ebaj25@yahoo.com.br
3 Universidade Federal do Piauí, Campus Sen. Helvídio Nunes de Barros, Ciências Biológicas,
CEP 64600-000, Picos – PI, Brasil
4 Universidade Estadual do Piauí, Campus Poeta Torquato Neto, Rua João Cabral, 2231, Pirajá,
CEP 64002-150, Teresina – PI, Brasil
5 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, CEP
52171-900, Recife – PE, Brasil
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:183-199 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
184
Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel
RESUMO
Neste trabalho descrevem-se a florística e a estrutura da vegetação de restinga
de Baia Formosa, RN. Para a fitossociologia foram utilizados pontos
quadrantes, com PAS 10cm, e analisados os parâmetros estruturais, H‟ e J‟.
Na florística foram coletadas todas as plantas em estágio reprodutivo. Foram
encontradas 40 espécies, em 20 famílias. Maytenus distichophylla, Eugenia
excelsa, Myrcia guianensis, Eugenia punicifolia, Guettarda platypoda, Mimosa
axillaris e Chloroleucon foliolosum apresentaram maior VI, perfazendo 49% do
-1
VI total. O H' foi de 3,269nat.ind e o J‟ 0,886, considerados altos diante das
condições limitantes das restingas. Na florística, foram identificadas 159
espécies, em 53 famílias, destacando-se Fabaceae, Myrtaceae, Poaceae,
Rubiaceae e Cyperaceae por seu maior número de espécies. Nanofanerófitas
(34,59%), microfanerófitas (16,35%), caméfitas (11,94%) e terófitas (11,32%)
predominam na área. As nanofanerófitas e microfanerófitas, caracterizaram a
fisionomia floresta não inundável. As caméfitas, terófitas, criptófitas e
hemicriptófitas caracterizam o campo não inundável. Tanto os dados florísticos
quanto os estruturais mostraram Fabaceae, Myrtaceae e Rubiaceae como as
famílias mais ricas e abundantes. Estudos sobre vegetação de restinga
contribuem para o conhecimento da riqueza e diversidade, podendo gerar
dados para conservação desse ecossistema.
Palavras-chave: espectro biológico, fitossociologia, florística, vegetação de
restinga
INTRODUÇÃO
Os padrões estruturais de espécies podem ser consequência de diversos
processos históricos e ecológicos que atuam ou atuaram em diferentes escalas
de espaço e tempo (Schluter & Ricklefs, 1993). Entre os fatores históricos,
destaca-se a localização dos centros de riqueza ou distribuição de espécies
(Gentry, 1982). Apesar dessa importância, as insuficientes caracterizações
fisionômicas e a ausência de dados ecológicos de diversos trechos do litoral
brasileiro dificultam maiores análises quanto a esse ecossistema na região
Nordeste (Medeiros et al., 2007).
A alta diversidade e a existência de ameaças relacionadas à perda de
habitats com o avanço da exploração imobiliária, fragmentação e extração
desordenada de recursos naturais, justificam o aumento de pesquisas
botânicas para que este patrimônio não seja perdido (Queiroz et al., 2012).
Araújo (1984), já havia sugerido que a região litorânea do Norte e Nordeste
brasileiro deveria apresentar alta riqueza de espécies vegetais devido a
extensão da costa, porém o número pequeno de estudos, impedia maiores
análises sobre essas espécies. Anos depois, Zickel et al. (2004), reforçaram a
afirmação de Araujo (1984), confirmando o baixo registro de publicações sobre
a estrutura e composição vegetacional das restingas do Nordeste do país, e
destacaram a necessidade de mais estudos por causa da acelerada
degradação da vegetação litorânea.
Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa...
185
Atualmente, os estudos realizados na costa litorânea nordestina vêm
contribuindo com dados florísticos (Silva et al., 2008; Almeida Jr. et al., 2009;
Cantarelli et al., 2012a) e estruturais (Medeiros et al., 2010; Almeida Jr. et al.,
2011; Cantarelli et al., 2012b) para diferenciar as feições fisionômicas, ampliar
o conhecimento sobre a riqueza e confirmar a diversidade das restingas da
Região Nordeste. Existindo, contudo, a necessidade de análises conjuntas dos
dados estruturais para definir ou padronizar as informações sobre a distribuição
das espécies (Santos, 2006).
Apesar dos estudos fitossociológicos estarem em pleno desenvolvimento
no Nordeste ainda são considerados pontuais (Santos-Filho & Zickel, 2013),
principalmente nos estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, e
ainda estando ausente de dados nos estados de Sergipe e Maranhão. Dessa
forma, mais pesquisas devem ser desenvolvidas para que se possa,
futuramente, caracterizar as restingas do Nordeste como um todo,
considerando toda a extensão litorânea, o que possibilitará uma listagem
ampliada e mais próxima da riqueza real. Assim, o presente estudo tem por
objetivo analisar a estrutura vegetal lenhosa e elaborar uma lista florística de
uma restinga no litoral do Rio Grande do Norte, destacando a riqueza e a
diversidade dos ecossistemas costeiros do litoral oriental do Nordeste do Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A restinga situa-se no município de Baia Formosa (6º22‟25‟‟S e
35º00‟54‟‟W), litoral sul do Rio Grande do Norte (Figura 1); possui clima do tipo
As‟ (Köppen, 1948), tropical chuvoso com verão seco e estação chuvosa se
adiantando para o outono, com uma média pluviométrica variando entre 800 e
1200 mm anuais (CPTEC, 2007). No Estado do Rio Grande do Norte, o
domínio da Mata Atlântica abrange as formações vegetais de floresta ombrófila
densa/rala, manguezal, restinga, tabuleiro litorâneo, e as matas ciliares
(IDEMA, 2000).
A vegetação desenvolve-se sobre o trecho litorâneo que compõe o
depósito mais antigo que aflora entre Natal e Baía Formosa, com altitude
máxima de 7m, sendo constituído por arenitos quartzosos mais ou menos
argilosos a conglomeráticos (Barreto et al., 2004).
Coleta e análise dos dados fitossociológicos
A amostragem fitossociológica foi realizada em 2008 através do método
de pontos quadrantes (Cottam & Curtis, 1956). Para amostragem foram
instalados na área cinco transectos paralelos de 100m, em cada transecto
foram alocados 10 pontos, com 10m de distância entre eles, perfazendo 50
pontos, considerando como critério de inclusão, espécies lenhosas com
perímetro a altura do solo (PAS) > 10 cm. Indivíduos perfilhados (ramificados
ao nível do solo) foram considerados na amostragem quando, pelo menos, um
dos seus perfilhos atendesse ao critério de inclusão estabelecido (PAS > 10
186
Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel
cm), assim todas as ramificações eram medidas e somadas para se obter o
diâmetro final da planta.
Para caracterização estrutural foram considerados os parâmetros: área
basal (AB), densidade relativa (DR), frequência relativa (FR), dominância
relativa (DoR), valor de importância (VI), índice de diversidade de Shannon (H‟)
e o índice de equabilidade de Pielou (J‟), calculados utilizando o software
FITOPAC 2.0 (Shepherd, 1995). Para a caracterização da arquitetura da
comunidade amostrada foram elaborados histogramas do número de
indivíduos por intervalos de altura (amplitude de um metro) e diâmetro
(amplitude de 10 cm).
Coleta e análise dos dados florísticos
A amostragem florística foi realizada através do somatório das espécies
inseridas no estudo fitossociológico juntamente com as espécies coletadas
através de caminhadas aleatórias na área, durante as excursões de campo.
Dessa forma, foram coletados espécimes em estádio reprodutivo, para
posteriormente serem herborizados seguindo a metodologia usual em
taxonomia (Mori et al., 1989).
O material botânico processado e identificado foi incorporado ao acervo
do Herbário PEUFR (Universidade Federal Rural de Pernambuco). As espécies
foram listadas seguindo a classificação do APG III (2009) e as identificações
foram realizadas com o auxílio de literatura especializada e das bibliografias:
Irwin & Barneby (1977), Lorenzi (1992; 1998; 2009), Souza & Sales (2004),
Pontes et al. (2004) e Pereira & Barbosa (2004); além da comparação com
material do acervo e envio para especialistas. A nomenclatura dos táxons foi
conferida no site do MOBOT (2013) (http://www.tropicos.org/Name) e da Lista
de Espécies da Flora do Brasil (2014) (http://floradobrasil.jbrj.gov.br).
Para classificar as formas de vida foi utilizado o sistema de classificação
de Raunkiaer (1934), adaptadas por Mueller-Dombois & Ellenberg (1974). Para
a classificação fisionômica foi adotada a proposta de Silva & Britez (2005) que
já foi utilizada em diferentes estudos de restinga do Nordeste (Silva et al., 2008;
Almeida Jr. et al., 2009; Medeiros et al., 2010; entre outros), possibilitando,
dessa forma, uma padronização quanto à descrição fisionômica das restingas
da região Nordeste.
RESULTADOS
Na amostragem fitossociológica, foram obtidas 40 espécies, distribuídas
em 26 gêneros e 20 famílias (Tabela 1). Destas espécies, seis permaneceram
como morfoespécies. As famílias com maior riqueza específica foram
Myrtaceae
(nove
espécies),
Fabaceae
(4),
Polygonaceae
(3),
Chrysobalanaceae, Erythroxylaceae e Rubiaceae (2 espécies cada). Em
relação ao número de indivíduos, as famílias Myrtaceae (54), Fabaceae (27),
Celastraceae (20), Rubiaceae (20) e Polygonaceae (13) destacaram-se no
arranjo estrutural da restinga, perfazendo 67% dos indivíduos amostrados.
Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa...
187
Tabela 1: Espécies registradas na amostragem estrutural da vegetação de restinga de Baía
Formosa, RN, ordenadas a partir da maior dominância relativa (DoR). N= Número de indivíduos,
DR = densidade relativa, AB = área basal.
ESPÉCIES
FAMÍLIA
Maytenus distichophylla
Celastraceae
Mart.
Eugenia excelsa O. Berg. Myrtaceae
Myrcia guianensis
(Aubl.) DC.
Myrtaceae
Eugenia punicifolia (Kunth)
Myrtaceae
DC.
Guettarda platypoda DC Rubiaceae
Mimosa axillaris Benth.
Fabaceae
Chloroleucon foliolosum
Fabaceae
(Benth.) G.P.Lewis
Sloanea garckeana
K.Schum
Elaeocarpaceae
Clusia nemorosa G.
Mey.
Clusiaceae
Protium heptaphyllum
Burseraceae
(Aubl.) Marchand
Myrtaceae 1
Myrtaceae
Byrsonima gardneriana
Malpighiaceae
A. Juss.
Coccoloba confusa
Polygonaceae
R.A.Howard
Erythroxylum
columbinum Mart.
Erythroxylaceae
Ouratea fieldingiana
Ochnaceae
Engl.
Inga capitata Desv.
Fabaceae
Erythroxylum
Erythroxylaceae
passerinum Mart
Eugenia hirta O. Berg
Myrtaceae
Cupania racemosa
Sapindaceae
(Vell.) Radlk.
Indeterminada 3
Eugenia rotundifolia
Myrtaceae
Casar.
Duguetia moricandiana
Mart.
Annonaceae
Coccoloba laevis Casar. Polygonaceae
Guapira laxa (Netto)
Furlan.
Nyctaginaceae
Licania octandra
(Hoffmgg. ex R.& B.)
Chrysobalanace
Kuntze
ae
Campomanesia
dichotoma (O.Berg)
Mattos
Myrtaceae
Guatteria pogonopus
Annonaceae
Mart.
Marlierea regeliana O.
Berg.
Myrtaceae
N
DR
(%)
DoR
%)
FR
AB
(m2ha-1)
VI
20
12
10
6,0
29,33
13,90
5,43
5,43
1,4592
0,6916
44,76
25,33
14
7,0
12,23
3,26
0,6086
22,49
14
18
6
7,5
9,0
3,0
5,48
0,97
6,67
3,26
5,43
2,17
0,2729
0,0483
0,3317
15,75
15,41
11,84
13
6,5
0,40
4,35
0,0198
11,25
1
0,5
8,91
1,09
0,4432
10,49
11
5,5
0,59
3,26
0,0293
9,35
5
3
2,5
1,5
2,37
6,45
4,35
1,09
0,1178
0,3211
9,21
9,04
6
3,0
0,28
5,43
0,0141
8,72
8
4,0
0,59
3,26
0,0293
7,85
7
3,5
0,39
3,26
0,0194
7,15
5
7
2,5
3,5
0,22
0,69
4,35
2,17
0,0108
0,0344
7,07
6,36
4
3
2,0
1,5
0,76
1,10
3,26
3,26
0,0378
0,0550
6,02
5,87
4
1
2,0
0,5
0,28
3,36
3,26
1,09
0,0138
0,1673
5,54
4,95
3
1,5
0,14
3,26
0,0069
4,90
4
4
2,0
2,0
0,54
0,35
2,17
2,17
0,0268
0,0174
4,71
4,52
3
1,5
0,35
2,17
0,0175
4,03
5
2,5
0,22
1,09
0,0108
3,80
2
1,0
0,40
2,17
0,0199
3,57
2
1,0
0,14
2,17
0,0068
3,31
2
1,0
0,13
2,17
0,0067
3,31
Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel
188
Pouteria grandiflora (A.
DC.) Baehni
Indeterminada 1
Eugenia ligustrina (Sw.)
Willd.
Bowdichia virgilioides
Kunth.
Hymenaea courbaril L.
Indeterminada 5
Ocotea gardneri
(Meisn.) Mez
Coccoloba alnifolia
Casar.
Indeterminada 2
Schoepfia brasiliensis
A.DC.
Licania littoralis Warm.
Indeterminada 4
Sapotaceae
-
2
1
1,0
1,0
0,09
1,00
2,17
2,17
0,0046
0,0436
3,27
4,17
Myrtaceae
1
0,5
0,76
1,09
0,0379
2,35
Fabaceae
Fabaceae
-
1
1
1
0,5
0,5
0,5
0,68
0,02
0,06
1,09
1,09
1,09
0,0336
0,0062
0,0032
2,26
1,71
1,65
Lauraceae
1
0,5
0,05
1,09
0,0026
1,64
Polygonaceae
-
1
1
0,5
0,5
0,04
0,02
1,09
1,09
0,0020
0,0011
1,63
1,61
Schoepfiaceae
Chrysobalanace
ae
-
1
0,5
0,02
1,09
0,0011
1,61
1
1
0,5
0,5
0,02
0,02
1,09
1,09
0,0008
0,0008
1,60
1,60
No arranjo estrutural da área, as espécies com maior VI foram Maytenus
distichophylla, Eugenia excelsa, Myrcia guianensis, Eugenia punicifolia,
Guettarda platypoda, Mimosa axillaris e Chloroleucon foliolosum que, somadas,
perfizeram cerca de 49% do VI total. Entre as espécies de maior frequência,
além de Maytenus distichophylla, Eugenia excelsa, Myrcia guianensis, Eugenia
punicifolia, Guettarda platypoda e Chloroleucon foliolosum, também se
destacaram Byrsonima gardneriana, Protium heptaphyllum, Ouratea
fieldingiana.
A altura média registrada foi de 3,05m, com máxima de 8m e mínima de
1m. Em relação à distribuição de indivíduos por classe de altura (Figura 2), foi
registrada maior quantidade de plantas na segunda classe de altura, variando
de 2-3 (53,5%), cujas espécies Eugenia punicifolia, Maytenus distichophylla,
Eugenia excelsa, Chloroleucon foliolosum e Clusia nemorosa representaram a
composição mais baixa dessa restinga. As maiores alturas, 7 a 8 m, foram
observadas em Bowdichia virgilioides (um indivíduo), Protium heptaphyllum
(cinco indivíduos) e Sloanea garckeana (um indivíduo), consideradas como
emergentes. O diâmetro médio foi de 10,83cm, com máximo de 89,76cm e
mínimo de 3,05cm. A primeira classe de diâmetro, que apresentou indivíduos
variando de 3-13 cm (Figura 3), teve maior representatividade (78,5%), com
registro de Eugenia excelsa, Maytenus distichophylla, Erythroxylum
colombinum, Erythroxylum passerinum, Eugenia punicifolia, Mimosa axillaris,
Clusia nemorosa, entre outras.
Destaca-se com relevância o registro de 53,5% das espécies com
perfilhos, sendo Myrtaceae, Polygonaceae e Celastraceae as famílias com
mais espécies apresentando esta característica. Quanto ao Índice de
diversidade de Shannon (H'), o valor encontrado foi de 3,269 nat/ind e quanto
ao Índice de equabilidade de Pielou (J‟) foi de 0,886.
Quanto ao levantamento florístico, foram listadas 159 espécies,
distribuídas em 128 gêneros e 53 famílias. As famílias Fabaceae (16 espécies),
Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa...
189
Myrtaceae (12 spp), Poaceae (11), Rubiaceae e Cyperaceae (8 spp cada),
Euphorbiaceae (6), Annonaceae e Bromeliaceae (5 spp cada) e
Chrysobalanaceae, Malpighiaceae, Malvaceae, Orchidaceae e Polygonaceae
(4 spp cada), obtiveram maior registro quanto ao número de espécies,
correspondendo a 57,23% da riqueza da área.
Tabela 2: Listagem florística e classificação das formas de vida das espécies coletadas na
vegetação de restinga de Baia Formosa, RN.
Famílias/ Espécies
Acanthaceae
Justicia comata (L.) Lam.
Ruellia asperula (Mart. ex Ness) Lindau
Anacardiaceae
Anacardium occidentale L.
Tapirira guianensis Aubl.
Annonaceae
Duguetia gardneriana Mart.
Duguetia moricandiana Mart.
Guatteria pogonopus Mart.
Xylopia frutescens Aubl.
Xylopia laevigata (Mart.) R.E. Fr.
Apocynaceae
Allamanda sp.
Hancornia speciosa Gomes
Matelea maritima (Jacq.) Woodson
Asteraceae
Emilia sonchifolia (L.) DC.
Mikania sp.
Stilpnopappus cearensis Huber
Tilesia baccata (L.) Pruski
Bignoniaceae
Lundia cordata (Vell.) A. DC.
Boraginaceae
Cordia superba Cham.
Heliotropium polyphyllum Lehm.
Tournefortia candidula (Miers) I.M. Johnst.
Bromeliaceae
Aechmea sp.
Aechmea muricata (Arruda da Camara) L.B. Sm.
Bromelia karatas L.
Cryptanthus burle-marxii Leme
Hohenbergia ramageana Mez
Burseraceae
Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand
Cactaceae
Cereus fernambucensis Lem.
Cereus jamacaru DC.
Melocactus violaceus Pfeiff.
Pilosocereus sp.
Cannabaceae
Trema micrantha (L.) Blume
Celastraceae
Maytenus distichophylla Mart.
Chrysobalanaceae
Chrysobalanus icaco L.
Formas de Vida
Caméfita
Nanofanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Microfanerófita
Liana
Terófita
Terófita
Terófita
Terófita
Liana
Nanofanerófita
Hemicriptófita
Nanofanerófita
Hemicriptófita
Hemicriptófita
Hemicriptófita
Hemicriptófita
Hemicriptófita
Microfanerófita
Nanofanerófita suculenta
Nanofanerófita suculenta
Nanofanerófita suculenta
Nanofanerófita suculenta
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
190
Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel
Hirtella racemosa Lam.
Licania littoralis Warm.
Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) Kuntze
Clusiaceae
Clusia nemorosa G. Mey.
Clusia paralicola G. Mariz
Commelinaceae
Commelina erecta L.
Convolvulaceae
Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Schult.
Ipomoea imperati (Vahl) Griseb.
Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br.
Cyperaceae
Bulbostylis scabra (J. Presl & C. Presl) C.B. Clarke .
Cyperus aggregatus (Willd.) Endl.
Cyperus laetus J. Presl & C. Presl
Cyperus maritimus Poir.
Eleocharis geniculata (L.) Roem. & Schult.
Fimbristylis cymosa R. Br.
Remirea maritima Aubl.
Rhynchospora riparia (Nees) Boeckeler
Dilleniaceae
Tetracera breyniana Schltdl.
Dioscoreaceae
Dioscorea leptostachya Gardner
Dioscorea piperifolia Humb. & Bonpl. ex Willd.
Elaeocarpaceae
Sloanea garckeana K. Schum.
Eriocaulaceae
Paepalanthus bifidus (Schrad.) Kunth
Erythroxylaceae
Erythroxylum columbinum Mart.
Erythroxylum passerinum Mart.
Euphorbiaceae
Cnidoscolus urens (L.) Arthur
Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small
Croton sellowii Baill.
Dalechampia ipomoeifolia Benth.
Dalechampia pernambucensis Baill.
Microstachys corniculata (Vahl) Griseb.
Fabaceae
Abarema filamentosa (Benth.) Pittier
Andira nitida Mart. ex Benth.
Bauhinia forficata Link
Bowdichia virgilioides Kunth
Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg.
Cassia sp.
Centrosema brasilianum (L.) Benth.
Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin & Barneby
Chamaecrista flexuosa (L.) Greene
Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene
Chloroleucon foliolosum (Benth.) G.P. Lewis
Hymenaea courbaril L.
Inga capitata Desv.
Mimosa axillaris Benth.
Mimosa somnians Humb. & Bonpl. ex Willd.
Stylosanthes viscosa (L.) Sw.
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Microfanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Terófita
Caméfita reptante
Caméfita reptante
Caméfita reptante
Terófita
Criptófita
Criptófita
Criptófita
Criptófita
Criptófita
Criptófita
Criptófita
Nanofanerófita
Liana
Liana
Microfanerófita
Criptófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Terófita
Terófita
Nanofanerófita
Liana
Liana
Caméfita
Microfanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Liana
Microfanerófita
Terófita
Terófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Caméfita
Caméfita
Caméfita
Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa...
Lamiaceae
Vitex polygama Cham.
Lauraceae
Cassytha filiformis L.
Ocotea gardneri (Meisn.) Mez
Ocotea notata (Nees & Mart.) Mez
Lecythidaceae
Eschweilera ovata (Cambess.) Miers
Loranthaceae
Psittacanthus dichrous Mart.
Lythraceae
Cuphea flava Spreng.
Malpighiaceae
Byrsonima gardneriana A. Juss.
Byrsonima sericea DC.
Byrsonima vacciniifolia A. Juss.
Stigmaphyllon paralias A. Juss.
Malvaceae
Guazuma ulmifolia Lam.
Pavonia cancellata (L.) Cav.
Sida cordifolia L.
Waltheria indica L.
Marcgraviaceae
Norantea guianensis Aubl.
Melastomataceae
Miconia albicans (Sw.) Steud.
Molluginaceae
Mollugo verticillata L.
Myrtaceae
Campomanesia dichotoma (O. Berg) Mattos
Eugenia excelsa O. Berg
Eugenia hirta O. Berg
Eugenia ligustrina (Sw.) Willd.
Eugenia punicifolia (Kunth) DC.
Eugenia rotundifolia Casar.
Marlierea regeliana O. Berg
Myrcia bergiana O. Berg
Myrcia guianensis (Aubl.) DC.
Myrcia sp.
Myrciaria tenella (DC.) O. Berg
Psidium oligospermum DC.
Nyctaginaceae
Guapira laxa (Netto) Furlan
Ochnaceae
Ouratea fieldingiana Engl.
Ouratea hexasperma (A. St.-Hil.) Baill.
Orchidaceae
Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.
Oncidium cebolleta (Jacq.) Sw.
Sarcoglottis schwackei (Cogn.) Schltr.
Vanilla sp.
Primulaceae
Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze
Poaceae
Andropogon virgatus Desv. ex Ham.
Cenchrus echinatus L.
Digitaria insularis (L.) Fedde.
191
Nanofanerófita
Parasita
Microfanerófita
Microfanerófita
Nanofanerófita
Hemiparasita
Caméfita
Microfanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Caméfita
Nanofanerófita
Terófita
Caméfita
Caméfita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Hemicriptófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Microfanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Caméfita
Epífita
Caméfita
Liana
Nanofanerófita
Criptófita
Hemicriptófita
Hemicriptófita
192
Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel
Eleusine indica (L.) Gaertn.
Eragrostis ciliaris (L.) R. Br.
Schenckochloa barbata (Hack.) J.J. Ortíz
Panicum trichoides Sw.
Paspalum arenarium Schrad.
Pappophorum pappiferum (Lam.) Kuntze
Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen
Streptostachys asperifolia Desv.
Polygalaceae
Asemeia martiana (A.W. Benn.) J.F.B. Pastore & J.R. Abbott
Asemeia violacea (Aubl.) J.F.B. Pastore & J.R. Abbott
Polygonaceae
Coccoloba alnifolia Casar.
Coccoloba confusa R.A. Howard
Coccoloba laevis Casar.
Coccoloba ramosissima Wedd.
Rubiaceae
Borreria verticillata (L.) G. Mey.
Chiococca alba (L.) Hitchc.
Guettarda platypoda DC.
Mitracarpus frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.) K.Schum.
Psychotria bahiensis DC.
Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud.
Staelia virgata (Link ex Roem. & Schult.) K. Schum.
Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K. Schum.
Salicaceae
Casearia javitensis Kunth
Sapotaceae
Manilkara salzmannii (A. DC.) H.J. Lam
Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni
Sapindaceae
Cupania racemosa (Vell.) Radlk.
Serjania salzmanniana Schltr.
Schoepfiaceae
Schoepfia brasiliensis A.DC.
Simaroubaceae
Simaba cuneata A. St.-Hil. & Tul.
Solanaceae
Cestrum sp.
Schwenckia americana D. Royen ex L.
Solanum paludosum Moric.
Trigoniaceae
Trigonia nivea Cambess.
Turneraceae
Turnera ulmifolia L.
Urticaceae
Cecropia pachystachya Trécul
Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd.
Verbenaceae
Lantana camara L.
Lippia gracilis Schauer
Stachytarpheta elatior Schrad. ex Schult.
Terófita
Terófita
Hemicriptófita
Hemicriptófita
Hemicriptófita
Terófita
Hemicriptófita
Caméfita
Terófita
Terófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Caméfita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Caméfita
Caméfita
Caméfita
Caméfita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Microfanerófita
Liana
Nanofanerófita
Microfanerófita
Terófita
Terófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Caméfita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Nanofanerófita
Caméfita
A classificação das espécies quanto à forma de vida permitiu distinguir a
presença de 12 diferentes categorias (Figura 4). A forma de vida predominante
foi Nanofanerófita (34,59%), seguida pelas Microfanerófitas (16,35%),
Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa...
193
Caméfitas (11,94%), Terófitas (11,32%) e Hemicriptófitas (8,17%). Cabe
destacar que as formas de vida Nanofanerófitas e Microfanerófitas somadas,
correspondem a cerca de 60% das espécies do estrato lenhoso. Essa
proporção reflete a fisionomia Floresta não-inundável da área, representado
por Anacardium occidentale, Xylopia frutescens, Protium heptaphyllum, Hirtella
racemosa, Byrsonima gardneriana, Ouratea fieldingiana.
Quanto ao estrato herbáceo, representado pelas formas de vida
Caméfita, Terófita, Criptófita, Hemicriptófita e Caméfita reptante, corresponde a
39% da composição herbácea. A predominância desse conjunto de formas de
vida contribui para categorizar a fisionomia Campo; por não ocorrer inundação
proveniente do lençol freático, a fisionomia classifica-se como Campo nãoinundável, podendo ser registradas moitas apresentando indivíduos
Nanofanerófitas (Hirtella racemosa, Guettarda platypoda, Eugenia punicifolia,
Maytenus distichophylla).
DISCUSSÃO
Nos estudos fitossociológicos realizados nas restingas do Nordeste
(Medeiros et al., 2010; Almeida Jr. et al., 2011; Almeida Jr. & Zickel, 2012;
Cantarelli et al., 2012b; Santos-Filho et al., 2013a) também foram registradas
as famílias Myrtaceae, Fabaceae e Polygonaceae como as mais
representativas, contudo, Celastraceae e Rubiaceae foram observadas apenas
no presente estudo.
A riqueza de espécies em restinga pode ser considerada baixa quando
comparada, por exemplo, com a Floresta Atlântica (Scarano, 2002), no entanto,
essa comparação deve ser interpretada com cautela diante dos fatores
extremos que atuam sobre as espécies que colonizam as restingas. Com isso,
o registro de 40 espécies em uma restinga deve ter um peso importante
quando se compara com outras restingas do Nordeste, que registraram de 15 a
30 espécies (Santos-Filho et al., 2013a) no estudos estruturais.
O número de espécies encontrado no presente estudo foi semelhante ao
das restingas de Marechal Deodoro-AL (Medeiros et al., 2010), Maracaipe-PE
(Almeida Jr. et al., 2011) e Cabedelo-PB (Vicente et al., 2013), que registraram
valores entre 40 e 51 espécies. Todavia, quando comparada a outras restingas
pode ser considerada alta, ex.: Pipa - RN (Almeida Jr. & Zickel, 2012);
Guadalupe - PE (Cantarelli et al., 2012b); Ilha Grande - PI, Parnaíba - PI e Luiz
Correia - PI (Santos-Filho et al., 2013a). Medeiros (2009) destacou que as
diferenças quanto à riqueza estão relacionadas aos distintos níveis de impacto
antrópico e diferentes interferências, como corte seletivo de espécies,
incidência de fogo, acúmulo de serapilheira, entre outros, particulares a cada
área, podendo influenciar diretamente na população de determinadas espécies.
Comparando com os estudos estruturais realizados na região Nordeste,
apenas Eugenia punicifolia, Maytenus distichophylla e Guettarda platypoda
também foram registradas em Pipa-RN (Almeida Jr. & Zickel, 2012) como as
espécies de maior VI. Em Alagoas (Medeiros et al., 2010) e em Pernambuco
194
Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel
(Almeida Jr. et al., 2011; Cantarelli et al., 2012b), o registro das espécies
citadas anteriormente não foram catalogadas entre as dez de maior VI.
A maior frequência e abundância das espécies Eugenia punicifolia,
Maytenus distichophylla e Guettarda platypoda, contribuiu para uma
semelhança entre as fisionomias do presente estudo e a área de Pipa (Almeida
Jr. & Zickel, 2012) por também apresentarem um porte mais baixo. Segundo
Damaso (2009), espécies de pequeno porte, como Maytenus distichophylla,
Guettarda platypoda, além de espécies de Myrtaceae, desenvolvem-se em
pequenas moitas (Almeida Jr. & Zickel, 2012), e contribuem para o
estabelecimento de espécies dos estratos menores.
O padrão vertical encontrado sugere uma maior concentração de
indivíduos jovens, devido a relação altura/diâmetro. Fato comumente
observado nos estudos estruturais (Almeida Jr. & Zickel, 2012; Cantarelli et al.,
2012b; Santos-Filho et al., 2013a) da vegetação lenhosa das restingas do
Nordeste. Contudo, o padrão de distribuição dos indivíduos em classes
diamétricas pode indicar uma boa regeneração das populações, devido ao
maior número de indivíduos, o que pode sugerir o avanço do estabelecimento
destas populações.
A presença de perfilhos no presente estudo, assim como nas restingas
do Nordeste (Medeiros et al., 2010; Almeida Jr. et al., 2011; Almeida Jr. &
Zickel, 2012; Cantarelli et al., 2012b; Vicente et al., 2013), pode ser
considerado como um mecanismo para que as espécies consigam se
desenvolver em solos pobres (Sá, 2002), tornando-se comum às áreas do
litoral nordestino.
Frente a essas características, e considerando as condições limitantes
das áreas de restinga (Assis et al., 2004), a diversidade e a equitabilidade
encontrada podem ser consideradas altas diante das particularidades abióticas
(Borém & Oliveira-Filho, 2002; Sztutman & Rodrigues, 2002; Assis et al., 2004).
Esses valores reforçam a necessidade de conservação dos ecossistemas
litorâneos do Nordeste do Brasil.
Os dados florísticos também estão em concordância com os dados da
fitossociologia quanto às espécies lenhosas, representadas nas famílias
Fabaceae, Myrtaceae e Rubiaceae. Essas famílias se destacaram quanto a
riqueza e número de indivíduos, contribuindo para que essas espécies fossem
observadas em toda a restinga. Além disso, a composição florística também é
fortemente influenciada pela biota das áreas circunvizinhas, como a floresta
atlântica, tabuleiros arenosos e caatinga. Nesse caso, a colonização pode ter
sido afetada por processos de dispersão, influenciando na distribuição de
espécies em escala regional (Medeiros, 2009).
Com exceção de Myrtaceae, as famílias com maior riqueza de plantas
lenhosas nas florestas neotropicais, têm seus principais centros de riqueza fora
da região costeira brasileira (Tabarelli & Mantovani, 1999). Entretanto, o
número de espécies de Fabaceae, Annonaceae e Chrysobalanaceae pode ser
considerado alto para as restingas, diante das restrições quanto à
disponibilidade de agua e nutrientes do solo dos ecossistemas litorâneos. Os
resultados apresentados indicam a existência de particularidade quanto a
Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa...
195
diversidade e riqueza florística (Almeida Jr. et al., 2011; Santos-Filho et al.,
2013b). Essas particularidades podem ser provenientes de diferentes estágios
sucessionais ou da distância dos ecossistemas adjacentes e que atuariam
como “fontes de sementes” (Scherer et al., 2005) para a colonização das
restingas.
Dessa forma, as áreas de restinga, que estão entre os mais impactados
ecossistemas brasileiros, com diferentes pressões, quanto aos indícios de corte
ou presença de muitos indivíduos com baixa altura e diâmetro pequeno, por
exemplo, pode influenciar na composição vegetal e interferir nas análises dos
dados. Sendo, portanto, necessária cautela quanto às interpretações e
comparações realizadas, visto que fatores naturais (menor precipitação,
temperaturas mais elevadas etc) também contribuem para essas diferentes
pressões. Nesse caso, o fato das áreas estarem mais próximas da população
local pode facilitar o acesso, e a área ser utilizada como fonte de subsistência
ou para uso econômico (Dunphy et al., 2000; Hitimana et al., 2004).
De forma geral, pode-se concluir que os estudos descritivos sobre
vegetação de restinga contribuem para o conhecimento da riqueza e
diversidade da área, subsidiando projetos futuros para a conservação dos
ecossistemas litorâneos, além de auxiliar na escolha de espécies cujas
populações mereçam estudos mais detalhados.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a CAPES pela concessão da bolsa de doutorado do
primeiro autor que possibilitou a execução da pesquisa. Aos pesquisadores do
Herbário Dárdano de Andrade Lima do IPA (Instituto de Pesquisas
Agropecuárias) em nome da Dra. Rita de Cássia Pereira pela atenção e
disponibilidade no Herbário.
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Figura 1: Mapa de localização do município de Baia Formosa, litoral sul do Rio Grande do Norte.
Figura 2: Distribuição de indivíduos por classe de altura (m) na restinga de Baia Formosa, RN.
Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa...
199
Número de espécies
Figura 3: Distribuição de indivíduos por classe de diâmetro (cm) na restinga de Baia Formosa, RN.
60
50
40
30
20
10
0
Nf Mf Ca Te Hc Li Cr Ns Cr Pa Ep Hp
Formas de vida
Figura 4: Distribuição de número de espécies por formas de vida na restinga de Baia Formosa,
RN. Legendas: Nf: Nanofanerófita, Mf: Microfanerófita, Ca: Caméfita, Te: Terófita, Hc:
Hemicriptófita, Li: Lisna, Cr: Criptófita, Ns: Nanofanerófita suculenta, Cr: Caméfita reptante, Pa:
Parasita, Ep: Epífita, Hp: Hemiparasita.
VARIAÇÃO DA RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES DA
VEGETAÇÃO ARBUSTIVA DOS CAMPOS RUPESTRES DA
SERRA NORTE NA FLORESTA NACIONAL DE CARAJÁS,
PARÁ
Priscilla Prestes Chaves
Leandro Valle Ferreira
ABSTRACT
Rupestrian fields are linked to high altitude rocky outcrops. This vegetation has
a disrupted distribution located on a small Amazonia area with endemic and
threatened species. Rupestrian fields located on ironstone outcrops are the
most threatened vegetation due to human extraction activities. This chapter
aims to characterize rupestrian fields flora, structure and species composition
from Carajás as a support for planning conservation strategies. The study was
performed in five Carajás North Range locations (N2, N4, N5, N6 and N8).
Botanical inventories were performed based on 5 x 20m plots where every
individual with > 1 cm diameter and 30 cm height from the ground were
identified. Thirty five species from five North Range rupestrian fields locations
were identified. Shannon-Weaver diversity index was 2,35 ranging from 1,86 to
2,51 among the locations. No significant species richness difference among the
five locations was observed. However, N2 have the greatest species diversity
compared to N4 and N6 locations. Species similarity and local distance
demonstrated no correlation. The most important issue related to rupestrian
fields was the presence of rare species. Thus, we suggest that part of
rupestrian fields localities must be preserved to reach a significant sample of
richness and diversity of this peculiar vegetation.
Key-words: conservation, diversity, vegetation of canga
RESUMO
Os campos rupestres são formações vegetais associadas a afloramentos
rochosos localizados em altitudes elevadas. Essa vegetação tem uma
distribuição disjunta e ocupa uma pequena área na Amazônia, sendo comum a
ocorrência de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Dos campos
rupestres da Amazônia, os localizados em afloramentos de minério de ferro
estão entre os mais ameaçados devido às atividades mineradoras. O objetivo
desse estudo é caracterizar a florística, estrutura e composição de espécies
dos campos rupestres da Serra dos Carajás no estado do Pará, como um
subsídio para o planejamento de estratégias de conservação. Este estudo foi
realizado em cinco encraves de campos rupestres da serra norte de Carajás,
denominados de N2, N4, N5, N6 e N8. Os levantamentos botânicos foram
realizados pelo método de parcelas de 5 x 20m, através do qual todos os
indivíduos com diâmetro ≥ 1 cm, medido a 30 cm do solo, foram identificados.
Foram identificadas 35 espécies em cinco encraves de campos rupestres da
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:201-215 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
202
Chaves & Ferreira
Serra norte. O índice de diversidade de Shannon-Weaver foi de 2,35, variando
de 1,86 a 2,51 entre os encraves. Cinco espécies tiveram as maiores
densidades relativas, variando de 64% a 84% do total de indivíduos. Somente
Callisthene microphylla Warm. e Byrsonima eugeniifolia Sandwith ocorreram
em todos os encraves. Não houve diferença significativa da riqueza de
espécies entre os encraves. Contudo, a diversidade de espécies foi maior no
N2, quando comparado com os encraves N4 e N6. Não houve relação entre a
similaridade de espécies em relação à distância dos encraves. No caso dos
campos rupestres o atributo mais importante para a complementaridade é a
presença de espécies raras. Dessa forma, sugerimos que parte de cada
encrave de vegetação de campos rupestres deve ser preservado, a fim de
termos conservada uma amostragem significativa da riqueza e diversidade de
espécies nesse tipo de vegetação.
Palavra-chave: conservação, diversidade, vegetação de canga
INTRODUÇÃO
Os campos rupestres são formações vegetais associadas a afloramentos
rochosos ou a solos geralmente rasos formados pela decomposição de rochas
(Nunes 2009). Esse tipo de vegetação normalmente está associado a
substratos com elevado teor de metais, carência de nutrientes e insignificantes
capacidades de retenção de água, além de apresentarem temperaturas
elevadas e alta concentração luminosa (Porto & Silva 1989; Silva & Rosa 1990;
Teixeira & Lemos-Filho 2002; Vincent et al. 2002).
Esse tipo de vegetação, associado a afloramentos rochosos
ferruginosos, é conhecido por diversos nomes, entre os quais, vegetação de
canga (Morelato & Rosa 1991; Secco & Mesquita 1983; Silva 1991; Silva
1996), campos ferruginosos ou savanas metalófilas (Rizzini 1979; Vincent et al.
2004; Vincent 2002).
As espécies de plantas desse tipo de vegetação são adaptadas às
condições edáficas específicas (Teixeira & Lemos Filho 2002) e apresentam
adaptações fisiológicas, morfológicas e reprodutivas de afloramentos rochosos,
tais como esclerofilia, capacidade de resistir a ciclos de dessecação e
hidratação (Gaff 1987; Giulietti et al. 1987). Possuem ainda adaptações
morfológicas e fisiológicas para suportar os altos níveis de metais presentes no
solo, que resultam em nanismo ou gigantismo (Porto & Silva 1989; Silva &
Rosa 1990).
Em virtude das características abióticas extremas, o campo rupestre é
um tipo de vegetação adversa ao estabelecimento de plantas não adaptadas a
essas condições, portanto, normalmente tem baixa riqueza de espécies, mas
associada a um alto grau de endemismo (Silva & Rosa 1990).
A vegetação “xerofítica” é caracterizada por formação arbustiva, com
espécies apresentando casca espessa e fissurada, caules tortuosos, folhas
coriáceas e decíduas, modificações de órgãos em estruturas de reserva e
presença de pilosidade densa nas folhas e ramos (Larcher 1995; Silva et al.
1996), sendo conhecida localmente por canga.
Variação da riqueza e composição de espécies...
203
Os campos rupestres da Serra de Carajás são representados por
diversas fisionomias, tais como capão florestal, vegetação xerofítica e os
campos naturais (Silva 1991).
Os “capões florestais” se caracterizam por formar ilhas florestais isoladas
de vegetação arbórea, onde as características do relevo permitem o acúmulo
de matéria orgânica (Silva et al. 1996).
Os “campos naturais” são formados basicamente por uma comunidade
de plantas herbáceas, onde o relevo permite o acúmulo de água na estação
chuvosa, favorecendo o desenvolvimento de várias espécies de ciclo curto
(Silva et al. 1996).
A maior parte dos campos rupestres associados a afloramentos
rochosos ferruginosos no estado do Pará localizam-se na Floresta Nacional de
Carajás, uma unidade de conservação de uso sustentável (SNUC 2000),
ocupando cerca de 3% do total da unidade, sendo encontrados nos topos
quase planos em serras isoladas de diferentes tamanhos e altitudes variando
de 620 a 660 metros (Secco & Mesquita 1983).
Segundo a Lei nº 9.985 de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC), a exploração mineral é permitida dentro de
algumas categorias de unidades de conservação de uso sustentável, dentre
elas a categoria de Floresta Nacional.
Na Floresta Nacional de Carajás a exploração de minério de ferro ocorre
a diversas décadas, sendo realizada pela empresa privada Vale, antiga estatal
Companhia Vale do Rio Doce. O processo de mineração começa com a
remoção total da vegetação primária, composta principalmente pelos campos
rupestres, formando imensas cavas com profundidades que podem chegar a
100 metros.
Atualmente, alguns encraves de campos rupestres na Floresta Nacional
de Carajás, localizados na serra norte, já foram removidos para a exploração
de minério de ferro. Contudo, ainda existem diversos encraves de campos
rupestres na serra norte em ótimo estado de conservação e ainda outros
localizados na Serra Sul, também em excelente estado.
Essa forte pressão antrópica nos campos rupestres de Carajás decorre
do alto valor econômico das jazidas de minério de ferro nos mercados
nacionais e internacionais, que aumenta a importância e a necessidade de
estudos detalhados do meio biótico e físico desse importante e raro tipo de
vegetação, a fim de traçar estratégias de conservação baseadas em
informações técnicas de qualidade.
Os campos rupestres da Serra dos Carajás já foram objeto de diversos
estudos com o objetivo de caracterizar sua florística e estrutura (Secco &
Mesquita 1983; Silva et al. 1986, Porto & Silva 1989; Cleef & Silva 1994; Silva
et al. 1996; Santos et al. 1999). Contudo, com exceção de Rayol (2006), que
comparou a riqueza, diversidade e composição de espécies nos campos
rupestres entre as serras norte e sul de Carajás, não há registro de outro
estudo que compare a florística e estrutura dos encraves de campos rupestres
dentro de uma mesma serra (norte ou sul).
204
Chaves & Ferreira
O objetivo desse estudo é comparar a florística e estrutura de cinco
campos rupestres da serra norte de Carajás, para definir áreas prioritárias para
a preservação desses tipos de vegetação, mitigando os impactos da
mineração.
MATERIAL E MÉTODOS
A Floresta Nacional de Carajás está localizada no sudeste do Estado do
Pará, Brasil, entre as coordenadas geográficas de 05°52‟ e 06°33` S; 49°53 e
50°45` W, ocupando 395 mil hectares, nos municípios de Parauapebas, Canaã
dos Carajás e Água Azul do Norte. São encontrados dois grandes grupos de
vegetação decorrentes das variações do substrato, teor de umidade e
topografia: floresta ombrófila densa, aberta e aluvial e um tipo de vegetação
aberta denominada de campos rupestres, que crescem sob substrato de
minério de ferro chamado localmente de canga (Secco & Mesquita 1983; Silva
1986; Porto & Silva 1989; Cleef & Silva 1994; Silva et al. 1996).
Para o presente estudo, foram sorteados 5 encraves de campos
rupestres na serra norte da Floresta Nacional de Carajás, denominados de
encraves N2, N4, N5, N6 e N8. (Figura 1).
Figura 1 - Distribuição espacial dos encraves de campos rupestres nas Serras Norte e Sul da
Floresta Nacional de Carajás, Pará.
Para o levantamento de dados da vegetação dos campos rupestres,
também definidos como vegetação “xerofítica” (Larcher 1995; Silva et al. 1996),
foram estabelecidas 108 parcelas de 5 x 20 metros, conforme protocolo
Variação da riqueza e composição de espécies...
205
definido por Silva (1991) para esse tipo de vegetação, variando de 15 parcelas
no encrave N8 a 24 parcelas nos encraves N2 e N4.
As parcelas foram distribuídas aleatoriamente, usando uma imagem de
satélite de alta resolução da área de estudo. Dentro de cada parcela todos os
indivíduos com diâmetro ≥ 3 cm foram medidos a 30 cm do solo e identificados
ao nível mais específico possível.
O sistema de classificação botânico adotado foi o APG III (2009). Todo o
material botânico fértil coletado foi incorporado ao acervo do Herbário João
Murça Pires do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Os dados florístico e fitossociológicos foram analisados no programa
Mata Nativa 2 (Cientec 2006).
As diferenças entre riqueza, diversidade de espécies e densidade de
indivíduos nas parcelas (variáveis dependentes) entre os cinco encraves de
campos rupestres amostrados na serra norte, denominados de N2, N4, N5, N6
e N8 (fatores) foram testadas usando análise de variância simples, sendo
usado também o teste de Tukey para determinar a ocorrência de diferenças
entre as variáveis dependentes em relação aos fatores (Zar 2010).
A similaridade de espécies entre os cinco encraves analisados foi
determinada pelo índice de similaridade de Sorensen (Krebs 1999).
A matriz de distância entre os 5 encraves foi gerada pelo programa
Arcview 3.3, usando o programa “Distance Matrix of Point Features” (Esri
2006).
Foi utilizada uma adaptação da curva de Lorenz para a análise da
distribuição de abundância dos cinco encraves (Pinho & Vasconcelos 1997).
RESULTADOS
No levantamento botânico realizado nos cinco encraves de campos
rupestres da Serra Norte de Carajás, foram identificadas 37 espécies
(Apêndice 1), variando de 17 a 23 espécies entre os locais (Tabela 1). O índice
diversidade de Shannon-Weaver foi de 2,35, variando de 1,86 a 2,51 entre os
locais, e a densidade de indivíduos variou de 399 a 782 entre os locais
(Tabela1).
Tabela 1 - Densidade de indivíduos, número e diversidade de espécies nos 5 campos rupestres da
Serra Norte de Carajás, Pará
N2
Densidade
de indivíduos
563
Número de
espécies
23
Diversidade de
espécies
2.51
N4
725
20
1.96
N5
782
22
2.23
N6
467
18
1.98
N8
399
17
1.86
Total
2.936
35
2.35
Local
Chaves & Ferreira
206
O estimador de riqueza Jackknife de 1ª ordem variou de 21,8 a 25,9
espécies entre os 5 encraves de campos rupestres amostrados, e a relação
entre o número de espécies observado e a riqueza de espécies estimada
variou de 75,2 no encrave N8 a 88,9% no encrave N2 do número de espécies
observado (Tabela 2).
Tabela 2 – Número total de espécies observadas (NEO), riqueza de espécies estimada (REE) e
relação entre NEO e REE nos 5 encraves de campos rupestres da Serra Norte de Carajás, Pará.
Local
Número de espécies
observado (NEO)
Riqueza de espécies
estimada (REE)
Relação entre
NEO/REE
N2
23
25.9
88.9
N4
20
25.8
77.7
N5
22
27.8
79.2
N6
18
21.8
82.6
N8
17
22.6
75.2
Média e desvio padrão
20 (2.3)
24. (2.2)
80.7 (4.7)
Esses valores relativos indicam que os levantamentos florísticos
realizados em cada encrave e o valor total dos cinco encraves foram
adequados na determinação da riqueza de espécies local (cada encrave) e
regional (todos os encraves).
A comunidade de plantas arbustivo-lenhosas dos campos rupestres da
Serra norte de Carajás é caracterizada pela dominância de poucas espécies,
com alta densidade relativa. Por outro lado, de 70% a 80% das espécies têm
somente cerca de 10% a 40 %, respectivamente, do total de indivíduos
amostrados, indicando uma grande desigualdade na distribuição de
abundância das espécies (Figura 2).
100
90
80
Abundância (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Espécies (%)
N2
N4
N5
N6
N8
Figura 2 - Curva de Lorenz mostrando a distribuição de abundância dos campos rupestres da
Serra Norte de Carajás, Pará.
Variação da riqueza e composição de espécies...
207
Das 37 espécies identificadas, 14 espécies (40% do total) foram comuns
aos cinco encraves de campos rupestres, representando somente 5,4% dos
indivíduos amostrados, enquanto as espécies exclusivas aos cinco encraves
representam 91% do total de indivíduos.
Os encraves N2 e N5 apresentaram maior proporção de espécies
restritas, ambos com 35,7%, seguidos pelos encraves N4 com 14,3%, e os
encraves N6 e N8, cada um com 7,1%.
As cinco espécies com maiores densidades relativas representam 64% a
84% dos indivíduos amostrados nos cinco encraves de campos rupestres, e
destas, somente Callisthene microphylla Warm. e Byrsonima eugeniifolia
Sandwith ocorreram em todos os encraves amostrados.
Não houve correlação significativa entre similaridade de espécies e a
distância dos cinco encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte
de Carajás (r=-0,66; p= 0,070) (Figura 3).
Figura 3 - Índice de similaridade de Sorensen em relação à distância dos encraves de campos
rupestres da Serra Norte de Carajás
Não houve diferença significativa na riqueza de espécies entre cinco
encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás
2
(r =0,070; F[4,108]= 1,939; p=0,110 (Figura 4).
208
Chaves & Ferreira
Figura 4 - Média e erro padrão da riqueza de espécies, diversidade de espécies e densidade de
indivíduos entre encraves (locais) de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás,
Pará
Houve diferença significativa na diversidade de espécies entre os três
2
encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás (r =0,
101; F[4, 108]= 2,900; p=0,026), sendo a diversidade de espécies do encrave N2
significativamente maior quando comparada com os encraves N4 e N6. Os
demais locais não apresentaram diferenças significativas entre si (Figura 4).
Houve diferença significativa na densidade de indivíduos entre os cinco
encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás
2
(r =0,094; F[4,108]= 2,661; p=0,037), sendo a densidade de indivíduos do
encrave N2 significativamente menor quando comparada com a do encrave N4.
Os demais locais não apresentaram diferenças significativas entre si (Figura 4).
DISCUSSÃO
Na região de Carajás, em estudo sobre a florística e a estrutura da
vegetação de campos rupestres realizado por Rayol (2006), a riqueza
encontrada foi superior (54 espécies) à deste estudo (37 espécies). Essa
Variação da riqueza e composição de espécies...
209
diferença resulta da abrangência dos estudos, pois este autor estendeu sua
área de estudo além da serra norte até a serra sul. Entretanto, quando
comparados os dados para diversidade, ambos, Rayol (2006) e este trabalho,
apresentaram o mesmo padrão, onde os valores foram (H‟) 2,38 e (H‟) 2,35,
respectivamente.
A baixa riqueza de espécies registrada por este estudo a princípio
parece indicar uma baixa heterogeneidade da vegetação, embora isto também
indique que essa fitofisionomia é influenciada por fatores limitantes bastante
severos, o que a torna uma vegetação altamente especializada. Fatores
abióticos, tais como solos pobres em nutrientes, baixa capacidade de retenção
de água e alta exposição ao sol, agem diretamente nos organismos, podendo
levar à seleção dos mesmos (Silva 1989). Adicionalmente, a alta concentração
de metais pesados no substrato dos campos rupestres, na Serra de Carajás, é
um fator de forte pressão ambiental na seleção natural das espécies que
colonizam esse tipo de vegetação (Silva 1992).
Ao serem comparados os dados encontrados para riqueza e diversidade
dos campos rupestres que ocorrem na Serra dos Carajás com os de estudos
realizados no quadrilátero ferrífero em Minas Gerais, observa-se uma grande
distinção entre os resultados. Um exemplo é o estudo de Mourão & Stehmann
(2007), no levantamento da flora do campo rupestre sobre canga hematítica
couraçada em remanescente da mina do Brucutu, Barão de Cocais, onde os
autores relataram uma maior riqueza e uma grande dissimilaridade florística em
relação a outros trabalhos realizados na região de Carajás, tais como Secco &
Mesquita (1983); Silva & Rosa (1990) e Silva et al. (1996).
As particularidades geológicas, edáficas e topográficas da vegetação
aberta de Carajás, que proporcionaram altos índices de similaridade e ainda as
adaptações e modificações morfológicas dos indivíduos (Rayol 2006), podem
ser as responsáveis pela baixa similaridade da mesma com outras áreas
abertas do Brasil. Além disso, esses fatores ambientais podem estar
influenciando a distribuição de espécies nas cinco áreas estudadas na serra
norte de Carajás, onde poucas espécies dominam a comunidade, ou seja, são
mais abundantes.
As espécies Mimosa acutistipula (Mart.) Benth, Vellozia glochidea Pohl
destacaram-se neste estudo, porque são mais abundantes. Levando em
consideração que a porção do nicho ocupado por cada espécie é proporcional
à sua abundância (Sugihara 1890), as mais abundantes são aquelas que
exploram com mais eficácia os recursos disponíveis e tendem a ter maior
competitividade; assim, se tornam as espécies que determinam a estrutura da
comunidade (Janzen 1986). Por outro lado, as “espécies raras”, que ocorrem
no estudo com poucos indivíduos, apresentaram maior riqueza de espécies.
Essa baixa abundância pode ser reflexo da especificidade no uso dos recursos
disponíveis por essas espécies. Dessa forma o habitat não supre a demanda
de recursos necessários às mesmas, o que as torna fracas no quesito
competição levando a uma diminuição na abundância, tornando escassas
essas espécies (Noy-Meir & Maarel 1987).
210
Chaves & Ferreira
Outro fator que pode estar interferindo nessa distribuição de espécies
nas áreas amostradas na serra norte de Carajás são os mecanismos de
dispersão das espécies. Os frutos e sementes das plantas apresentam
adaptações que permitem a dispersão pelo vento (Silva et al. 1986), como é o
caso dos frutos de Mimosa acutistipula e Vellozia glochidea, espécies com uma
das maiores densidades relativas registradas (15, 7%), que
apresentam
propágulos propícios à dispersão pelo vento. Outra espécie importante e de
maior densidade relativa na área de estudo (24, 8%) Callisthene microphylla
Warm., possui frutos e sementes dispersos por pássaros, como Poecilurus sp.
(Furnariidae) e Zonotrichia sp. (Emberizidae), que são comumente encontrados
nos campos rupestres e que possuem grande capacidade de voo, sendo,
portanto, capazes de alcançar os encraves de campos rupestres da Serra
Norte (Secco & Lobo 1988).
Cada um dos encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte
de Carajás tem um conjunto próprio de espécies raras, o que torna a
conservação dessa vegetação, nessa Serra, bastante delicada. Isto porque,
para conseguir preservar o maior número de espécies possível, a melhor
estratégia seria conservar não somente um ou dois encraves isolados, mas
uma área representativa de campos rupestres na Serra Norte.
Os encraves de campos rupestres amostrados da Serra Norte de
Carajás apresentam uma alta diversidade beta, também conhecida como
diversidade de habitats. Uma alta diversidade beta também foi reportada para
campos rupestres em afloramentos ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero no
bioma Mata Atlântica em Minas Gerais por Jacobi & Carmo (2008). A alta
diversidade beta em campos rupestres em afloramentos ferruginosos é
decorrente do isolamento e provavelmente de variações climáticas e
mineralógicas do substrato ferruginoso.
Os vegetais avasculares Rhodobryum subverticillatum Brotherus,
Fissidens diplodus Mitt., Sematophyllum lonchophyllum (Mont.) J. Florsch. e
Entodontopsis leucostega (Brid.) WR Buck & Ireland, na Serra dos Carajás,
ocorreram exclusivamente nos campos rupestres e foram considerados
espécies indicadoras da qualidade ambiental desse tipo de vegetação por
Moraes & Lisboa (2006).
Os encraves N4 e N5 nos campos rupestres da Serra dos Carajás
apresentaram respectivamente 14,3% e 35,7% do total de espécies restritas e
a exploração mineradora já ocorre nestes locais, o que pode resultar na
extinção local dessas espécies já que perda de habitat é a maior causa de
perda de biodiversidade. No caso dos campos rupestres em solos hematíticos
essa perda é ainda mais grave, pois esse tipo de vegetação tem uma
distribuição restrita a poucas áreas na Amazônia e no Quadrilátero Ferrífero
(Jacobi & Carmo 2008).
Muitas espécies da fauna dependem da vegetação dos campos
rupestres para abrigo e forrageio, atuando como polinizadores de flores e
dispersores de frutos e sementes (Silva et al. 1996). A eliminação dos habitats
dos campos rupestres da Serra dos Carajás pelo processo de mineração
Variação da riqueza e composição de espécies...
211
poderá resultar na diminuição das populações de diversas espécies da fauna
associadas a essa vegetação.
Quando iniciado o processo de mineração, o campo rupestre é
totalmente removido e por isso os impactos causados nessa fisionomia por
esse tipo de atividade é totalmente irreversível (Vincent et al. 2002). Estudos na
região do quadrilátero ferrífero relatam a importância de se preservar o maior
número de remanescentes desse tipo de vegetação (Mourão & Stehmann
2007), reforçando a importância da preservação dessa vegetação já apontada
por Silva (1996).
Contudo, a seleção de locais de campos rupestres para conservação da
biota deve levar em consideração o princípio da complementaridade, que
procura aumentar a conservação do máximo de espécies com o mínimo de
redundância (Vane-Wright et al. 1991; Pressey et al. 1993). Este princípio ainda
preconiza que no processo de escolha de áreas para a conservação é melhor
escolher áreas que complementem os atributos que se pretende conservar
(espécies, habitats e paisagens, entre outros), em vez de duplicar atributos
desnecessários (Anacleto et al. 2005).
A ausência de diferença na riqueza local (diversidade alfa) entre os
encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás
demonstra a importância destes para a conservação. Portanto, com base nos
resultados, concluiu-se que na área de estudo o atributo mais importante para
a complementaridade é a presença de espécies raras. Dessa forma, sugerimos
que parte de cada encrave de vegetação de campos rupestres deve ser
preservada, a fim de termos uma amostragem significativa da riqueza e
diversidade de espécies nesse tipo de vegetação.
AGRADECIMENTOS
Ao Projeto Áreas Abertas da Amazônia do Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG), pelo apoio logístico. E à Coordenadoria de Aperfeiçoamento
de Pesquisa de Ensino Superior (CAPES), pela bolsa concedida no decorrer
desse estudo.
Ao técnico em botânica, Luiz Carlos Batista Lobato, da Coordenação de
Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi, pelo incentivo e paciência
dispensados durante a coleta de dados.
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Variação da riqueza e composição de espécies...
215
Apêndice 1-Densidade de espécies da comunidade de plantas amostradas nos campos rupestres
da Serra norte de Carajás.
Espécie
Família
N2
N4
N5
N6
N8
Alchornea discolor Poepp.
Alchornea schomburgkii Klotzsch
Alibertia myrciifolia Spruce ex
K.Schum.
Anacardium occidentale L.
Anemopaegma scabriusculum Mart. ex
DC.
Banisteriopsis malifolia (Nees & Mart.)
B.Gates
Banisteriopsis malifolia var. appressa
B.Gates
Bauhinia puchella Benth.
Byrsonima chrysophylla Kunth
Byrsonima eugeniifolia Sandwith
Callisthene microphylla Warm.
Copaifera martii Hayne
Croton glandularis L.
Dalbergia subcymosa Ducke
Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns
Erythroxylum ligunustrinum DC
Erythroxylum ligustrinum var.
carajasense Plowman
Erythroxylum nelson-rosae Plowman
Eugenia flavescens DC.
Eugenia punicifolia (Kunth) DC.
Ficus guianensis Desv.
Guapira sp Aubl.
Heisteria ovata Benth.
Lippia grandis Schum.
Mimosa acutistipula (Mart.) Benth.
Myrcia cuprea (O.Berg) Kiaersk.
Myrcia guianensis (Aubl.) DC.
Myrcia multiflora (Lam.) DC.
Myrciaria tenella (DC.) O.Berg
Norantea guianensis Aubl.
Ouratea castaneifolia (DC.) Engl.
Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk.
Sapium marginatum Müll.Arg.
Simarouba amara Aubl.
Tibouchina aspera Aubl.
Tibouchina sp.1 Aubl.
Vellozia glochidea Pohl
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
8
1
1
Rubiaceae
6
4
12
Anacardiaceae
7
Bignoniaceae
25
7
5
4
Malpighiaceae
7
1
Malpighiaceae
2
3
3
8
14
14
2
57
134
61
243
1
17
7
48
108
1
1
92
2
68
155
3
26
88
Erythroxylaceae
9
6
17
5
Erythroxylaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Moraceae
Nyctagynaceae
Olacaceae
Verbenaceae
Fabaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Marcgraviaceae
Ochnaceae
Sapotaceae
Euphorbiaceae
Simarubaceae
Melastomataceae
Melastomataceae
Velloziaceae
2
6
8
14
1
6
4
2
178
2
1
103
Fabaceae
Malpighiaceae
Malpighiaceae
Vochysiaceae
Fabaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Bombacaceae
Erythroxylaceae
18
1
18
21
1
63
2
197
2
4
1
17
7
4
3
48
3
51
5
1
20
12
57
5
61
4
26
1
36
1
27
25
3
41
45
1
20
1
48
16
8
1
30
186
26
158
SAMAMBAIAS EM FORMAÇÕES DE CERRADO RUPESTRE
DA BACIA DO RIO DAS MORTES, MATO GROSSO, BRASIL
Jefferson Henry Fernandes1
Carlos Kreutz2
Francisco de Paula Athayde Filho3
ABSTRACT
The fern flora of areas of “cerrado” with rock outcrops in the municipality of the
State of Mato Grosso, Brazil is presented. Ten hills with reduced signs of
human interference were studied. The environmental and substrate
preferences, life forms and habit of the ferns were evaluated, as well as their
altitudinal range. A floristic proximity analysis was performed, using the
Sørensen Index, comparing the study areas with others in the region. A total of
14 species, of five genera and four families was registered. Anemiaceae with
the genus Anemia were the most representative (eight species). Anemia
oblongifolia was recorded in nine of the 10 hills. The occurrence of a
considerable fern flora in areas of “cerrado” with rock outcrops, that present
hidric restrictions, is discussed; with the indication of microhabitats where the
species occur with greater frequency. The highest richness was observed in the
base environments and first altitudinal range (308 to 350m s.n.m.) of the hills
and cluster analysis showed greater floristic similarity between geographically
closer hills or with similar environmental characteristics.
Key words: floristics, ferns, Brazilian Savanna (“cerrado”), ecology.
RESUMO
É apresentada a flora de samambaias ocorrente em formações de cerrado
rupestre no município de Nova Xavantina, Estado de Mato Grosso, Brasil.
Foram estudados dez morros com reduzidos indícios de ações antrópicas.
Foram avaliadas as preferências ambientais e por substrato, formas de vida e
hábito das espécies, bem como a faixa altitudinal de ocorrência. Uma análise
de proximidade florística foi realizada, através do índice de Sørensen, entre as
áreas deste trabalho e outras da região. Foram registradas 14 espécies
pertencentes a cinco gêneros e quatro famílias. Anemiaceae com o gênero
Anemia foram os táxons mais representativos (oito espécies). Anemia
oblongifolia foi registrada em nove dos 10 morros analisados. É discutida a
ocorrência de uma considerável flora de samambaias em áreas de cerrado
1 Biólogo, Faculdade de Ciências Agrárias, Biológicas e Sociais Aplicadas, campus de Nova
Xavantina, UNEMAT, Av. Prof. Dr. Renato Figueiro Varella - Caixa Postal 08.
2 Mestre em Ecologia e Conservação, campus de Nova Xavantina, UNEMAT. E-mail:
carlos.kreutz@hotmail.com
3 Docente, Faculdade de Ciências Agrárias, Biológicas e Sociais Aplicadas, campus de Nova
Xavantina, UNEMAT. E-mail: fpafilho@terra.com.br
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:217-231 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
218
Fernandes, Kreutz & Athayde Filho
rupestre, que apresentam restrição hídrica, sendo elencados os
microambientes onde as espécies ocorrem com maior frequência. A maior
riqueza florística foi observada nos ambientes de base e na primeira faixa
altitudinal (308 a 350m s.n.m) dos morros e a análise de agrupamento mostrou
maior semelhança florística entre morros mais próximos geograficamente ou
com características ambientais semelhantes.
Palavras-chave: florística, filicíneas, cerrado, ecologia.
INTRODUÇÃO
As samambaias constituem um grupo importante de plantas
criptógamas, com a ocorrência aproximada de 9000 espécies no mundo,
distribuídas em 37 famílias (Smith et al., 2006), onde cerca de 30% das
espécies do continente americano são observadas no Brasil (Windisch, 1992),
totalizando 1224 espécies para o país, segundo a Lista de Espécies da Flora
do Brasil (Prado & Sylvestre, 2014), sendo a maioria encontrada na floresta
tropical úmida (Jermy, 1990). Ocupam uma enorme diversidade de habitats ao
redor do planeta e para suportar esta vasta gama de habitats, apresentam um
grande número de adaptações, incluindo plantas terrícolas, aquáticas,
rupícolas e hemiepífitas, variando desde plantas minúsculas até formas
subarborescentes (Windisch, 1992). São plantas que precisam de ambientes
dotados de certo grau de umidade, e disponibilidade de água para o sucesso
reprodutivo durante a fase gametofítica. Apesar disso, apresentam forte
capacidade de adaptar seu ciclo de vida a condições de estresse hídrico, como
discutido entre outros por Barros et al. (1989).
Dentre os biomas brasileiros, o Cerrado localiza-se basicamente no
Planalto Central do Brasil, ocupando uma extensa área constituída de
diferentes formações fitofisionômicas. Dentre essas formações vegetais está o
cerrado rupestre, ocorrendo sempre abaixo dos 900m de altitude, uma
fisionomia savânica caracterizada por portar um estrato predominantemente
arbustivo-herbáceo que se desenvolve em substratos litolíticos ou rochosos,
podendo ocorrer continuamente, mas, geralmente associada a outros tipos de
vegetação do Bioma. Uma característica relevante desta fitofisionomia é o solo
quase sempre resultante da decomposição de arenitos e quartzitos, portanto
pobre em nutrientes, ácido e com baixos teores de matéria orgânica (Ribeiro &
Walter, 2008).
No cerrado rupestre os indivíduos arbóreos concentram-se em fendas e
entre as rochas, tornando a densidade variável de acordo com a quantidade de
solo disponível, podendo apresentar paisagens com muitas árvores ou com
muitas herbáceas e algumas espécies arbóreas. Meirelles et al. (1999)
discutem que em afloramentos rochosos, as plantas se estabelecem sobre a
rocha exposta ou em ilhas de vegetação. Estudos brasileiros com vegetação de
ambientes similares ao cerrado rupestre têm sido realizados principalmente em
campos rupestres (em elevações maiores do que aquelas observadas para a
formação savânica em questão), fornecendo informações relevantes sobre os
aspectos ecológicos e biogeográficos da flora, mostrando forte endemismo e
Samambaias em formações de cerrado rupestre...
219
amplo espectro de adaptações morfofisiológicas à sua sobrevivência nesses
ambientes (Oliveira & Godoy, 2007).
Athayde Filho & Felizardo (2010) ressaltam a deficiência de estudos
sobre a biologia e ecologia de samambaias neotropicais, os quais concentramse, em geral na área taxônomica e descritiva das espécies que ocorrem
principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Da mesma forma,
Mendonça et al. (2008) afirmam que a flora de samambaias nativas do Cerrado
ainda é pouco conhecida, ainda mais no que se refere à flora em questão
(Athayde Filho & Windisch, 2003), destacando-se para o Estado de Mato
Grosso os estudos de Windisch (1975, 1985, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998),
Windisch & Nonato (1999), Windisch & Tryon (2001), Athayde Filho & Windisch
(2003), Athayde Filho & Agostinho (2005), Athayde Filho & Felizardo (2007,
2010), Ponce et al. (2010, 2013), Forsthofer & Athayde Filho (2012), Kreutz
(2012), Miguez et al. (2013) e Silva et al. (2013).
Sobre a flora de samambaias de cerrado rupestre, observa-se que há um
conhecimento ainda menor, ou pela dificuldade da realização das pesquisas,
ou pelo baixo interesse dos pesquisadores em trabalhar com um grupo
eminentemente herbáceo, normalmente associado a formações florestais
úmidas. Diante deste fato, a realização do presente trabalho visa contribuir
para um maior conhecimento dessa flora, à medida que apresenta as espécies
encontradas em áreas de cerrado rupestre do leste matogrossense,
enfatizando os aspectos ecológicos relacionados a seus ambientes e
substratos preferenciais, formas de vida e hábito, em uma região integrante da
bacia do Rio das Mortes.
MATERIAL E MÉTODOS
As áreas de cerrado rupestre estudadas, pertencentes a 10 morros
distintos (Tabela 1), localizam-se no município de Nova Xavantina, região leste
do Estado de Mato Grosso (Ferreira, 2001). O clima da região é do tipo tropical
de savana “Aw” de acordo com a classificação de Köppen, com duas estações
bem definidas: inverno seco, de maio a setembro, e verão chuvoso, de outubro
a abril. A precipitação anual é de 1.300 a 1.500 mm, com intensidade máxima
de dezembro a fevereiro, e temperatura média de 25ºC (Marimon et al., 2003).
O material biológico foi coletado e herborizado de acordo com
metodologia usual proposta por Windisch (1992) e as exsicatas, incorporadas
ao acervo do Herbário NX, da UNEMAT, campus de Nova Xavantina, com
duplicatas distribuídas para outros herbários brasileiros. Para a identificação
foram realizadas consultas à bibliografia especializada, bem como ao acervo
do Herbário NX e a especialistas, quando necessário. Adotou-se o sistema
proposto por Smith et al. (2006) e a nomenclatura botânica foi conferida e
atualizada segundo a Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014).
Quanto à caracterização dos aspectos ecológicos, adotou-se: para a
preferência por tipos de substratos o proposto por Mynssen & Windisch (2004)
e Athayde Filho & Windisch (2006); para as formas de vida, o apresentado por
Raunkiaer (1934), com adaptações de Müeller-Dombois & Ellemberg (1974) e,
Fernandes, Kreutz & Athayde Filho
220
especificamente para samambaias, por Senna & Waechter (1997); e do hábito
das espécies, baseado em Silva (2000) e Athayde Filho & Windisch (2006). As
espécies foram ainda avaliadas quanto a seus ambientes preferenciais de
ocorrência (base, meio e topo), a presença ou não de cobertura vegetal, e a
presença das espécies em mais de um ambiente.
Os morros foram divididos em faixas altitudinais para analisar a
ocorrência das espécies. Partindo-se do princípio de que a altitude média, no
centro da sede do município de Nova Xavantina, é de 280m, e a altitude média
dos morros analisados é de 356m, eles foram divididos em faixas a partir de
suas bases. Desta forma, a primeira faixa apresentou elevação de até 350m; a
segunda, elevação variando entre 351 e 400m; e a terceira, elevação acima de
401m (Tabela 1). Esperou-se conseguir observar a ocorrência de algum padrão
de preferência de espécies por faixas altitudinais maiores (ou menores) nos
morros analisados. Entretanto, não foi realizada análise quantitativa a fim de
averiguar o nível de significância das mesmas.
Tabela 1: Lista de morros considerados no presente estudo, localizados na região leste
matogrossense. Morros I a X: analisados no presente estudo; Morros XI e XII: analisados por
Felizardo et al. (em preparação).
Morro
Latitude (S)
Longitude (W)
Altitude (m)
Faixas altitudinais
I
14°41‟27.2‟‟
52°28‟55.9‟‟
367
1ª e 2ª
II
14°41‟26.2‟‟
52°28‟51.9‟‟
349
1ª
III
14°41‟30.1‟‟
52°29‟32.4‟‟
344
1ª
IV
14°31‟16.6‟‟
52°23‟47.9‟‟
375
1ª e 2ª
V
14°32‟13‟‟
52°22‟18.7‟‟
308
1ª
VI
14°38‟33‟‟
52°28‟09.2‟‟
370
1ª e 2ª
VII
14°38‟18.3‟‟
52°28‟01.5‟‟
407
1ª, 2ª e 3ª
VIII
14°32‟36.4‟‟
52°23‟33.8‟‟
323
1ª
IX
14°32‟34.3‟‟
52°23‟26.9‟‟
331
1ª
X
14°32‟18.6‟‟
52°24‟12‟‟
352
1ª e 2ª
XI
14°42‟47.6‟‟
52°21‟06.6‟‟
396
1ª e 2ª
XII
14º42‟40.9‟‟
52º20‟49.3‟‟
357
1ª e 2ª
A proximidade florística entre as áreas do presente estudo e outras
analisadas por outros autores foi determinada por Análise de Agrupamento
(cluster). Foi utilizado o coeficiente de similaridade de Sørensen
(presença/ausência) e o método de ligação UPGMA. A matriz de similaridade
foi comparada com a matriz cofenética, por meio do teste de Mantel (10.000
permutações de Monte Carlo), a fim de avaliar o grau de distorção
proporcionado pelo método sobre os dados originais, considerando o
Coeficiente de Correlação Cofenético mínimo de 0,8. Em geral, valores de
Samambaias em formações de cerrado rupestre...
221
similaridades maiores que 0,5 são considerados altos (Fonseca & Silva-Junior,
2004). Para esta análise utilizou-se o programa NTSYSpc 2.10 (Rohlf, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Riqueza Florística
Foram registradas 14 espécies de samambaias, distribuídas em cinco
gêneros e quatro famílias, sendo oito espécies (57,14% do total) pertencentes
a Anemiaceae, quatro espécies (28,57%) a Pteridaceae, uma espécie cada a
Lygodiaceae e Polypodiaceae (7,14%) (Tabela 2).
A predominância de Anemiaceae também foi verificada por Barros et al.
(1989) e Xavier et al. (2012), em áreas de Caatinga, e por Felizardo et al. (em
preparação), também em cerrado rupestre. Além disso, Anemiaceae foi
registrada em todos os dez morros analisados, indicando que pode haver uma
estreita relação entre a umidade aparentemente reduzida dos ambientes
citados e esta família, implicando em sua predominância, que possui boa
tolerância a esta condição de estresse hídrico e de acordo com Tryon & Stolze
(1989), apresenta uma alta diversidade em relação ao hábito e forma.
Segundo Tryon & Tryon (1982), o gênero Anemia é primariamente
encontrado em ambientes abertos, bem drenados e entre rochas, condições
estas frequentemente observadas nas áreas de cerrado rupestre estudadas.
Windisch & Tryon (2001) explicam que Anemia oblongifolia é típica de cerrado
e/ou campos rupestres, fato também observado no presente trabalho, pois foi
registrada a sua presença em nove dos dez morros pesquisados, denotando
uma ampla distribuição da espécie na região, bem como sua grande adaptação
a condições extremas.
Pteridaceae é uma família bastante expressiva de Polypodiales, com
cerca de 50 gêneros e 950 espécies, considerada subcosmopolita e com
expressiva presença nos trópicos e regiões áridas (Smith et al., 2006). O
gênero Adiantum foi registrado em quatro dos dez morros analisados. Este
gênero tem grande distribuição, sendo típico de ambientes úmidos e
sombreados, encontrado com frequência em áreas florestais, sendo comum em
matas de galeria e no cerradão (Tryon & Tryon, 1982). A ocorrência de quatro
espécies do referido gênero é um fato interessante em áreas de cerrado
rupestre, devendo estar ligado à existência de microhabitats com microclimas
próprios decorrentes da presença de rochas e cobertura arbórea peculiar para
cada ambiente.
Fernandes, Kreutz & Athayde Filho
222
Tabela 2: Samambaias registradas em dez áreas de cerrado rupestre analisadas na região leste
de Mato Grosso. AP: Ambiente preferencial; PS: Preferência por substrato; FV: Formas de vida;
HB: Hábito; BEV: Base encoberta de vegetação; BDV: Base descoberta de vegetação; MEV: Meio
encoberto de vegetação; MDV: Meio descoberto de vegetação; TEV: Topo encoberto de
vegetação; TDV: Topo descoberto de vegetação; RU: Rupícola; TE: Terrícola; SA: Saxícola; HEP:
Hemiepífita escandente; HRO: Hemicriptófita rosulada; HRE: Hemicriptófita reptante; H: Herbáceo;
HS: Herbáceo escandente. Presença (X); Ausência (-);
Morros
Observações Ecológicas
Espécies
I
II
III
IV
V
VI
VII
VII
IX
X
Anemiaceae
Anemia buniifolia (Gardner)
T.Moore
Anemia elegans (Gardner)
C.Presl.
Anemia ferruginea Humb. &
Bonpl. ex Kunth
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
X
X
-
-
-
-
-
-
-
X
-
-
X
-
-
-
-
Anemia hirta (L.) Sw.
Anemia oblongifolia (Cav.)
Sw.
Anemia pastinacaria Moritz
ex Prantl
-
-
-
X
X
-
X
X
X
X
X
-
-
-
X
Anemia phyllitidis (L.) Sw.
Anemia tomentosa (Sav.)
Sw.
-
-
-
-
-
Lygodiaceae
-
Lygodium venustum Sw.
AP
PS
FV
HB
-
BEV
RU
HRO
H
-
-
TDV
RU
HRO
H
-
-
-
BEV
SA
HRE
H
X
X
-
-
BEV
H
X
-
X
X
X
BEV
-
X
X
-
-
-
MEV
TE/RU HRE
TE/RU/S
HRO
A
TE/RU/S
A
HRO
-
-
-
-
X
-
-
BEV
TE
HRE
H
X
-
-
X
-
-
-
-
BDV
TE
HRE
H
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
X
-
-
-
-
-
MEV
TE
HEP
HS
Polypodiaceae
Phlebodium decumanum
(Willd.) J.Sm.
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
X
-
-
BEV
SA
HRE
H
Pteridaceae
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Adiantum deflectens Mart.
Adiantum serratodentatum
Willd.
-
-
-
X
-
-
-
-
-
-
TEV
RU
HRE
H
-
-
-
-
-
X
X
X
-
-
MDV
TE
HRE
H
Adiantum sinuosum Gardner
-
-
-
-
-
-
X
-
-
-
MEV
TE
HRE
H
Cheilanthes pohliana Mett.
-
-
-
-
-
-
-
X
X
-
TDV
RU
HRE
H
H
H
Merecem destaque certas estratégias adaptativas comumente
apresentadas por plantas deste gênero, como o que ocorre em Adiantum
deflectens e A. sinuosum que, geralmente no pico da estação seca, perdem
suas frondes (minimizando a perda de água), restando apenas seus rizomas
protegidos por escamas. Com a chegada da nova estação chuvosa, novas
frondes são produzidas.
Uma ocorrência importante para Pteridaceae foi a do gênero
Cheilanthes, o qual registra espécies de regiões semi-áridas e com secas
sazonais (Tryon & Tryon, 1982). C. pohliana foi encontrada somente em dois
morros, restrita a poucos indivíduos ocorrendo em sombras de grandes rochas.
Samambaias em formações de cerrado rupestre...
223
Tryon & Tryon (1982) ao discutirem a ecologia do gênero, afirmam que o
mesmo é encontrado em áreas de vegetação esparsa, árida e sítios rochosos;
quando presente em florestas está associada a áreas mais secas próximas a
rochas. Uma característica marcante das samambaias deste gênero é a densa
cobertura pilosa que se forma sobre suas pinas, pecíolo e raques, auxiliando
assim na restrição a perda de água.
Ambientes Preferenciais
O maior número de espécies de samambaias foi encontrado nos
ambientes localizados na base dos morros, representados por sete espécies
(50% do total), das quais 85,7% ocorreram em áreas encobertas pela
vegetação e apenas uma (14,3%) em áreas descobertas. Os ambientes das
regiões medianas dos morros analisados estiveram representados por quatro
espécies (28,57%), sendo que destas, três (75%) ocorreram em áreas
encobertas pela vegetação e somente uma (25%) em área descoberta. O
menor grupo de espécies foi verificado nos ambientes de topo dos morros, com
três espécies (21,43%), sendo duas (66,7%) em áreas descobertas e uma
(33,3%) em área encoberta pela vegetação (Tabela 2).
Conforme Ribeiro & Walter (2008), a disponibilidade de água nos solos
que compõem o cerrado rupestre é restrita, pois as águas pluviais escoam
rapidamente para os rios, devido a pouca profundidade e a reduzida
capacidade de retenção pelo solo. E com isso, uma maior quantidade de
nutrientes acaba sendo carreada para a base dos morros, aumentando a
disponibilidade de recursos na base do morro e, consequentemente,
favorecendo a fixação de uma maior quantidade de espécies vegetais que, por
sua vez, criam condições para outras espécies se fixarem.
Com isso, a vegetação arbórea nestas áreas apresentava maior
adensamento, proporcionando para metade das espécies de samambaias
encontradas, a preferência por este tipo de ambiente que conta, além da maior
umidade do solo e maiores teores de nutrientes, também com um maior
sombreamento e consequentemente, menores temperaturas e maior umidade
do ar. Tais condições microambientais são notadamente melhores para o ciclo
de vida deste grupo vegetal.
As regiões medianas dos morros apresentaram um mosaico de vários
tipos de microhabitats em um estrato arbóreo não tão denso quanto o presente
nas áreas basais, mas que apresentou boa densidade, que pode ser
correlacionada com a disponibilidade de solo e umidade. Assim, por vezes
ocorreram populações consideráveis das quatro espécies registradas para esta
faixa do ambiente rupestre. Por outro lado, o topo dos morros observados
apresentou uma vegetação mais rala, e em sua grande maioria marcada por
áreas atingidas por grande incidência de luz solar e, consequentemente, baixa
umidade, aliada a grande quantidade de afloramentos rochosos. Tais
condições limitaram a ocorrência de populações numerosas de samambaias,
onde os poucos indivíduos encontrados ocorreram de forma esparsa, sempre
associados a rochas.
224
Fernandes, Kreutz & Athayde Filho
Aspectos Ecológicos
A preferência por substrato mais comumente observada foi a terrícola
(cinco espécies, 35,71% do total), seguida pela rupícola (quatro espécies,
28,57%)
e
saxícola
(duas
espécies,
14,29%).
A
combinação
terrícola/rupícola/saxícola foi observada em duas espécies (14,29%), enquanto
a terrícola/rupícola, em uma (7,14%) (Tabela 2). Os substratos com mais de
uma preferência indicam que as espécies ocuparam, alternadamente,
diferentes substratos durante as observações em campo.
As espécies exclusivamente terrícolas e aquelas que, além de terrícolas
também foram encontradas como rupícolas e saxícolas chegaram ao total de
oito espécies (57,14%). Apesar de ocorrerem em um ambiente
predominantemente rupestre, onde a disponibilidade hídrica e de nutrientes é
restrita, estas espécies garantem sua sobrevivência por estarem em contato
direto com o solo ou por possuírem alguma estratégia adaptativa como meios
para acúmulo de matéria orgânica, ou adaptações para o período de estresse
hídrico, como perda ou enrolamento de frondes, dentre outras. E o mesmo já
foi observado em estudos realizados em outros biomas, como por exemplo, o
apresentado por Mynssen & Windisch (2004), em Floresta Atlântica, onde
observaram o predomínio de espécies exclusivamente terrícolas e apenas 13%
das espécies, exclusivamente rupícolas. Da mesma forma Athayde Filho
(2002), em mata de restinga, e Santiago et al. (2004), em brejos de altitude,
também observaram o predomínio das espécies exclusivamente terrícolas.
As formas de vida observadas foram: hemicriptófita reptante (nove
espécies, 64,29% do total), hemicriptófita rosulada (quatro espécies, 28,57%) e
epífita escandente com uma única espécie (7,14%) (Tabela 2). Entre as formas
de vida observadas, a hemicriptófita com suas variações reptante e rosulada foi
a maioria (13 espécies, 92,86%) e isto provavelmente se deve às adaptações
necessárias para a sobrevivência em ambientes rupestres com notável
estresse hídrico em boa parte do ano. Kornás (1985), em um estudo sobre as
estratégias adaptativas de samambaias africanas frisa que as formas de vida
com gema vegetativa enterrada são mais protegidas da dessecação
(hemicriptófitas e geófitas).
Assim, as samambaias com essas formas de vida cujas gemas
permanecem protegidas da dessecação foram as mais numerosas nas regiões
com deficiência de água, sendo este fator o principal limitante para sua
ocorrência em áreas tropicais. As espécies hemicriptófitas também foram mais
numerosas em outros trabalhos realizados em Mato Grosso, em áreas
próximas do presente estudo, mas com outras fitofisionomias (Athayde Filho &
Windisch, 2003; Athayde Filho & Agostinho, 2005; Athayde Filho & Felizardo,
2007, 2010; Kreutz, 2012; Miguez et al., 2012).Também outros trabalhos não
relacionados ao bioma Cerrado fizeram as mesmas observações, como os de
Kornás (1977), Mynssen & Windisch (2004) e Athayde Filho & Windisch (2006).
Todos esses dados demonstram que as samambaias hemicriptófitas são as
mais frequentes, independentemente do bioma, em relação a outras formas de
vida.
Samambaias em formações de cerrado rupestre...
225
As espécies com hábito herbáceo formaram quase a totalidade
encontrada (13 espécies, 92,86% do total) com apenas uma espécie com
hábito herbáceo escandente (7,14%) (Tabela 2). A predominância do hábito
herbáceo também foi observada por Athayde Filho & Agostinho (2005),
Athayde Filho & Felizardo (2007, 2010), Miguez et al. (2012). Segundo Silva
(2000), o hábito herbáceo é observado no mundo inteiro, independentemente
dos ambientes onde ocorrem as espécies.
O mesmo padrão de hábito foi constatado nas dez áreas de cerrado
rupestre pesquisadas, mas também foi constatado em campo que, além das
samambaias, há um predomínio de espécies herbáceas de outros grupos
vegetais. Este fator pode estar ligado a um substrato eminentemente rochoso
com intervalos de solo variáveis, trazendo dificuldade no enraizamento e
desenvolvimento de plantas de grande porte. Sendo assim, samambaias com
outros hábitos (escandente e subarborescente) dificilmente conseguiriam
estabelecer-se em áreas com características como as encontradas neste
estudo. A exceção foi Lygodium venustum, que possui hábito herbáceo
escandente, sendo encontrada somente em um morro (base) e apresentandose sobre o solo apoiada em uma árvore.
Distribuição Altitudinal
A primeira faixa altitudinal apresentou a maior riqueza florística (11
espécies), e isto se deve, possivelmente, ao fato de três das cinco áreas (III, V
e VIII) apresentarem características mais favoráveis às samambaias, estando
localizadas nas proximidades de córregos, sendo o morro VIII (maior riqueza
florística) localizado próximo do Córrego Cachoeira (distante cerca de 500m).
Assim, fatores como maior umidade no ar, vegetação mais densa e maior
sombreamento, associados à influência do córrego citado, favoreceram a
elevada riqueza de samambaias nestas áreas.
A segunda faixa altitudinal apresentou o maior número de áreas, porém
com um número menor de famílias e espécies (duas e sete, respectivamente)
do que a faixa anterior, e isto se deve, possivelmente, à faixa em questão
apresentar três das seis áreas contando com somente uma espécie (Anemia
oblongifolia) e as demais, com poucas espécies. Essa baixa riqueza específica
está associada à baixa umidade observada na maioria dos morros analisados.
O morro VII, devido à sua altitude, apresenta também a terceira faixa
altitudinal (acima de 400m). Apesar de ser o mais alto entre os levantados no
presente trabalho, apresentou somente quatro espécies, contudo, a referida
flora é interessante por ter sido registrada a ocorrência de duas espécies de
Pteridaceae (Adiantum sinuosum e A. serratodentatum) em condições de
aparente baixa umidade e sombreamento, que, como se sabe, são muito
importantes para este gênero de plantas sensíveis a variações ambientais.
Além disso, a primeira espécie foi encontrada exclusivamente naquela área,
todavia, admite-se que tais ocorrências estejam condicionadas à
disponibilidade hídrica específica do substrato.
Windisch & Tryon (2001), em trabalho realizado na Serra de Ricardo
Franco-MT, explicam que não há relação entre as espécies de samambaias
226
Fernandes, Kreutz & Athayde Filho
ocorrentes em áreas montanhosas muito altas (acima de 2000m), cujas
fitofisionomias são conhecidas como campos de altitude e áreas mais baixas
de cerrado e/ou campo rupestre. Ainda segundo Windisch & Tryon (2001),
alguns aspectos devem ser levados em consideração sobre as espécies
adaptadas a grandes altitudes (acima de 750m), como a presença de chuvas
mais frequentes que minimizam os efeitos da estação seca, proporcionando um
aumento significativo da umidade, além da presença de grandes desfiladeiros,
onde os declives oferecem condições de abrigo e os afloramentos rochosos,
um mosaico de microhabitats.
Levando-se em consideração que as áreas de presente estudo
encontravam-se em altitudes bem menores que as descritas acima, e
observando as famílias e espécies encontradas nos dez morros levantados,
conjuntamente com outros dois (XI e XII) amostrados por Felizardo et al. (em
preparação), o fator altitude não foi considerado como preponderante para a
riqueza florística de samambaias ocorrentes na região, pois a maioria das
espécies apresentou uma distribuição comum entre os morros pesquisados.
Outros fatores já mencionados, tais como: cobertura vegetal e consequente
sombreamento, substrato e a inerente relação entre a quantidade de solo e os
afloramentos rochosos, e evidentemente a disponibilidade de umidade em cada
área, podem ser considerados mais significativos.
Análise de Similaridade Florística
Na análise de agrupamento, pode-se observar a formação de três grupos
com alta similaridade. O primeiro grupo foi formado pelos morros I, II, IX, X, XI
e XII, apresentando 0,5 de similaridade entre si. O segundo grupo foi formado
pelos morros IV e V; e o terceiro grupo, pelos morros III e VI, ambos com
similaridade maior que 0,55. Os outros agrupamentos observados no
dendograma (Figura 1) apresentaram similaridade menor que 0,5. A fidelidade
do dendograma em relação aos dados originais foi considerada alta,
considerando o valor do Coeficiente de Correlação Cofenético de 0,85 e
p<0,001. A similaridade alta do primeiro grupo certamente está relacionada às
espécies comuns aos morros que se agruparam, tendo sido registrada uma
espécie comum a todos (Anemia oblongifolia), uma espécie comum a três
morros (A. buniifolia) e uma espécie comum a dois morros (Adiantum
deflectens). O segundo grupo apresentou duas espécies comuns de Anemia
(A. hirta e A. oblongifolia) e o terceiro grupo também apresentou duas espécies
comuns de Anemia (A. oblongifolia e A. tomentosa).
A proximidade geográfica entre ambientes gera elevada similaridade em
estudos de composição florística (Watkins Jr. et al., 2006; Ruokolainen et al.,
2007; Silva et al., 2014). Sob o prisma da proximidade geográfica,
primeiramente considerando-se que quase a totalidade das áreas localiza-se
no município de Nova Xavantina, porém em locais diferentes, pode-se agrupar
vários morros próximos entre si, considerando assim um grupo formado pelos
morros I e II, um segundo grupo formado pelos morros IX e X, e um terceiro,
pelo morros XI e XII. Assim, a proximidade geográfica, estabelecendo padrões
semelhantes entre ambientes de mesma natureza, deve ser considerada.
Samambaias em formações de cerrado rupestre...
227
O fator fitofisionomia (áreas de cerrado rupestre) é bastante evidenciado
devido sua formação vegetal (arbórea-arbustiva) característica, ligada a um
substrato eminentemente rochoso, impõe condições extremas, porém com uma
uniformidade considerável de ocorrência de espécies em uma região. Dessa
forma, o número de espécies adaptadas a tais condições, principalmente
relacionadas à restrição hídrica e exposição à intensa irradiação é reduzido, e
entre as áreas do agrupamento em questão, quatro apresentaram somente
uma espécie, validando assim o fator riqueza florística na análise das áreas
agrupadas. Podem-se destacar os pares de morros I e II, X e XI, que
apresentaram as maiores similaridades. Isto, possivelmente, deve-se a todos
os fatores ambientais conjuntamente, sendo que a ocorrência exclusiva de A.
oblongifolia nestas áreas é o fator indicador preponderante.
A baixa similaridade apresentada pelos morros VII e VIII se deve,
principalmente, pela flora singular dessas áreas e também pela última ter
apresentado a maior riqueza de espécies (oito). As áreas em questão possuem
características muito peculiares: o morro VIII está nas proximidades do Córrego
Cachoeira e possivelmente sofre influência da umidade do ar aparentemente
mais elevada naquelas cercanias, fato observado no local, pois o lado do morro
que recebia tal umidade apresentava vegetação lenhosa mais exuberante. Do
outro lado foi encontrado estrato mais ralo, notadamente mais seco. O
estabelecimento de uma flora rica de samambaias com características pouco
similares em cada um desses morros é possivelmente resultante de um
microclima favorável, proveniente dos fatores elencados, além de outros
fatores edafo-climáticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, as observações ecológicas demonstraram que metade das
espécies prefere a base dos morros, a outra parte é constituída pelas espécies
que ocorrem no meio e no topo, porém a maioria prefere ambientes cobertos
por vegetação arbórea. Verificou-se que as samambaias seguiram o padrão
mais comum (terrícolas), porém devido à heterogeneidade dos ambientes
analisados, foi registrado um número expressivo de rupícolas, saxícolas e
aquelas que fazem o uso de mais de um substrato. De acordo com os dados
de riqueza e através de observações em campo e consulta a bibliografias
especializadas, concluiu-se que dentre os fatores mais importantes para a
distribuição das samambaias, o fator altitude para os morros pesquisados não
foi considerado relevante.
Ações no sentido de aumentar as áreas de conservação que abranjam o
cerrado rupestre, fazem-se necessárias, e este trabalho visa despertar a
atenção da comunidade cientifica envolvida, e dos setores públicos de
planejamento, para que, ao criar tais áreas, leve-se em consideração a
manutenção da flora de samambaias. Para isto, trabalhos como o presente
devem ser feitos a fim de selecionar áreas que contemplem toda a flora e fauna
conhecida do bioma.
228
Fernandes, Kreutz & Athayde Filho
AGRADECIMENTOS
Os autores registram seus agradecimentos à Universidade do Estado de
Mato Grosso (UNEMAT), campus de Nova Xavantina-MT pelo apoio
necessário para a execução do presente trabalho; aos colegas que auxiliaram
nas atividades de campo; e principalmente aos proprietários das fazendas e
terrenos atravessados pelos morros analisados, por permitirem a execução do
estudo em suas terras.
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Samambaias em formações de cerrado rupestre...
231
Figura 1: Similaridade da assembleia de samambaias entre os 12 morros comparados, pelo
método UPGMA. Morros I a X: analisados pelos autores; Morros XI e XII: analisados por Felizardo
et al. (em preparação).
SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE VEREDAS EM
QUIRINÓPOLIS, GOIÁS, BRASIL
Aline da Silva Ribeiro1
Carlos Kreutz2
Isa Lucia de Morais Resende3
ABSTRACT
Ferns and lycophytes of “veredas” of the Quirinópolis municipality, Goiás,
Brazil. This paper objects to know the composition of ferns and licophytes in two
“veredas” of Quirinópolis, Goiás, and their ecological aspects. The floristic
survey was accomplished from May to October 2011, through collections of
fertile specimens during unsystematic walks. There were found four families
distributed in six genera and ten species. Among the families are Blechnaceae,
Pteridaceae, Lycopodiaceae, Thelypteridaceae and the species Adiantum sp.,
Blechnum serrulatum, Lycopodiella alopecuroides, Palhinhaea camporum,
Pityrogramma calomelanos, P. trifoliata, Thelypteris dentata, T. interrupta, T.
maxoniana and T. serrata. There was higher occurrence in the middle and
bottom compared to edge. All the species were sampled at terrestrial substrate.
Key words: Cerrado, seedless vascular plants, wetlands.
RESUMO
O presente estudo objetivou conhecer a riqueza de samambaias e licófitas em
duas veredas de Quirinópolis, Goiás, Brasil, e aspectos ecológicos associados.
O levantamento florístico foi realizado de maio a outubro de 2011, por meio de
coletas de exemplares férteis durante caminhadas assistemáticas. Foram
encontradas quatro famílias distribuídas em seis gêneros e dez espécies. Entre
as famílias estão Blechnaceae, Pteridaceae, Lycopodiaceae, Thelypteridaceae.
As espécies registradas foram Adiantum sp., Blechnum serrulatum,
Lycopodiella
alopecuroides,
Palhinhaea
camporum,
Pityrogramma
calomelanos, P. trifoliata, Thelypteris dentata, T. interrupta, T. maxoniana e T.
serrata. Houve maior ocorrência nas zonas de meio e fundo. Todas as
espécies amostradas foram registradas no substrato terrícola.
Palavras-chave: Cerrado, plantas vasculares sem sementes, áreas úmidas.
1 Bióloga, Universidade Estadual de Goiás, Campus Quirinópolis, Departamento de Ciências
Biológicas, Avenida Brasil, Quadra 3, Conjunto Hélio Leão, Quirin.
2 Mestre em Ecologia e Conservação, Campus de Nova Xavantina, UNEMAT, Av. Prof. Dr. Renato
Figueiro Varella - Caixa Postal 08. carlos.kreutz@hotmail.com.
3 Doutora em Ciências Ambientais, pós-doutoranda pela Universidade Federal de Uberlândia e
docente da Universidade Estadual de Goiás, Campus Quirinópolis, Departamento de Ciências
Biológicas, Avenida Brasil, Quadra 3, Conjunto Hélio Leão. E-mail: <isamorais1@gmail.com>.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:233-244 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
234
Ribeiro, Kreutz & Rezende
INTRODUÇÃO
No Cerrado ocorrem diversos tipos fisionômicos de vegetação, dentre
eles as veredas, as quais ocorrem ao longo de cursos d‟água e áreas planas
com linha de drenagem pouco definida, em áreas de nascentes, com elevado
nível de umidade no solo (Felfili & Silva Júnior, 2001). As veredas são
constituídas por dois tipos de vegetação: uma herbácea-graminosa que ocupa
a maior parte de sua área e outra arbórea-arbustiva com predominância de
Mauritia flexuosa L.f. (Arecaceae) (Ribeiro & Walter, 2008). As famílias mais
representativas desses ambientes são Poaceae, Cyperaceae, Asteraceae,
Eriocaulaceae, Xyridaceae, Lentibulariaceae, Melastomataceae, Rubiaceae e
Fabaceae (Araújo et al., 2002; Oliveira et al., 2009; Resende et al., 2013). Nas
veredas distinguem-se três zonas de acordo com a declividade e a drenagem
do solo: borda, local de solo mais seco; meio, com o solo medianamente
úmido; e fundo, local saturado com água. Estas zonas interferem na ocorrência
e distribuição das plantas (Oliveira et al., 2009; Munhoz et al., 2011). Os solos
presentes nas veredas são os Gleissolos Háplicos ou Melânicos,
frequentemente turfosos (Brandão et al., 1991), e em toda a extensão o lençol
freático aflora ou está muito próximo da superfície. Estes ambientes são,
portanto, áreas de nascentes muito suscetíveis de se degradarem sob
intervenção humana predatória (Guimarães et al., 2002).
Por serem áreas de nascentes, as veredas representam um ecossistema
de grande relevância (Carvalho, 1991), uma vez que a vegetação destas áreas
assegura a manutenção das nascentes e da qualidade da água dos cursos
d‟água em formação, funcionando como um filtro quantitativo e qualitativo de
matéria orgânica e poluentes, entre o sistema terrestre e o aquático (Araújo et
al., 2002). A vegetação nativa nas veredas é um importante fator de contenção
de erosão nos solos hidromórficos com elevado teor de matéria orgânica (Felfili
& Silva Júnior, 2001). Mas, mesmo diante de sua importância, ao longo da
história de ocupação do Cerrado estas áreas têm sido reduzidas e/ou
convertidas em áreas para o uso agropecuário.
Diante da realidade de degradação das veredas, faz-se necessário
ampliar o conhecimento quanto à diversidade vegetal destes ambientes,
objetivando subsidiar políticas públicas de conservação e manejo sustentável
para estas áreas. Os estudos voltados para a compreensão da dinâmica e da
biodiversidade vegetal em veredas ainda são escassos (Araújo et al., 2002;
Guimarães et al., 2002; Ramos, 2004; Oliveira et al., 2009). E em Goiás foi
realizado um único estudo acerca da biodiversidade vegetal em veredas, o qual
abrangeu briófitas, samambaias, licófitas e angiospermas (Resende et al.,
2013). Vale ressaltar que a insuficiência no conhecimento da flora desta
fitofisionomia é maior quando se refere à flora de samambaias e licófitas.
Tais plantas desempenham uma importante contribuição para a
diversidade vegetal do planeta, formando o segundo maior grupo de plantas
vasculares e sendo um significante, e às vezes dominante componente de
muitas comunidades de plantas (Dyer, 1994). Ocorrem em uma enorme
diversidade de hábitats e para ocupar essa gama de ambientes apresentam
Samambaias e licófitas de veredas...
235
inúmeras adaptações e diferentes formas de crescimento (Windisch, 1992).
Entretanto, há uma lacuna no conhecimento sobre essa flora no Centro-Oeste
brasileiro (Athayde Filho & Windisch, 2003) e o conhecimento já existente
restringe-se principalmente às áreas de Cerrado com formações florestais,
sendo as formações savânicas e campestres menos conhecidas (Athayde Filho
& Felizardo, 2007). Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo
conhecer a flora de samambaias e licófitas presente em duas veredas do
município de Quirinópolis, Estado de Goiás, buscando avaliar os aspectos
florísticos e ecológicos, bem como a apresentação de caracteres distintivos das
espécies encontradas.
MATERIAL E MÉTODOS
As veredas analisadas estão situadas no município de Quirinópolis, que
se localiza na Mesorregião Sul Goiano. O clima da região, de acordo com a
classificação de Köppen, é do tipo Aw megatérmico, com chuvas no verão e
estação relativamente seca no inverno, com temperatura média anual de 21°C
(Galinkin, 2003). A vereda 1 (18°21'26.61”S; 50°17'44,88”W) dista cerca de
2km do distrito de Denislópolis e a vereda 2 (18°14'35,60”S; 50°15'42,47”W)
dista cerca de 17km do mesmo distrito (Fig. 1). As veredas são circundadas por
pastagem, com o pisoteio e pastejo do gado, principalmente na borda destas
fitofisionomias.
Cada uma das veredas foi subdividida em três zonas: borda, meio e
fundo, de acordo com Almeida et al. (1983) e o levantamento florístico foi
realizado de maio a outubro, seguindo o método proposto por Windisch (1992)
para trabalhos de campo. O material coletado foi herborizado conforme os
procedimentos usuais e as exsicatas incorporadas ao acervo do Herbário José
Ângelo Rizzo (HerbJAR), da UEG, Unidade de Quirinópolis. As identificações
foram feitas mediante consultas a bibliografia especializada, ao acervo dos
herbários HerbJAR, UFG e NX, com siglas segundo Holmgren et al. (1990),
bem como mediante consultas a especialistas. A circunscrição para as famílias
e gêneros das samambaias seguiu o proposto por Smith et al. (2006), enquanto
que para as licófitas, seguiu-se o apresentado por Kramer & Green (1990) para
Selaginellaceae e Windisch et al. (2014), para Lycopodiaceae. A nomenclatura
botânica foi conferida e atualizada segundo a Lista de Espécies da Flora do
Brasil (2014).
Para cada uma das espécies registradas são apresentadas
características que permitem mais facilmente sua identificação e diferenciação,
baseadas em Silva & Rosário (2008) para Blechnaceae, Arantes et al. (2010a)
para Lycopodiaceae, Arantes et al. (2010b) para Pteridaceae e Ponce et al.
(2010, 2013) para Thelypteridaceae.
Para todos os espécimes coletados foram registrados dados referentes à
zona de ocorrência e os aspectos ecológicos. A avaliação da preferência por
substrato foi baseada em Mynssen & Windisch (2004) e Athayde Filho &
Windisch (2006); as formas de vida foram baseadas no sistema de
classificação proposto por Raunkiaer (1934), com adaptações de Müller-
236
Ribeiro, Kreutz & Rezende
Dombois & Ellenberg (1974) e Senna & Waechter (1997); e a avaliação quanto
ao hábito foi baseada em Silva (2000) e Athayde Filho & Windisch (2006).
São expostas ainda a distribuição das espécies pelos domínios
fitogeográficos brasileiros de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil
(2014) e as fitofisionomias do Cerrado de ocorrência das espécies, baseado
em Sano et al. (2008). Para Palhinhaea camporum a distribuição fitogeográfica
está baseada em Assis & Labiak (2009).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Florística
Nas veredas estudadas foram registradas 10 espécies de samambaias e
licófitas, distribuídas em cinco gêneros e quatro famílias: Thelypteridaceae
(quatro espécies), Pteridaceae (três espécies), Lycopodiaceae (duas espécies)
e Blechnaceae (uma espécie) (Tab. 1). Thelypteridaceae apresentou a maior
riqueza específica, igualmente ao observado por Athayde Filho & Agostinho
(2005), onde registraram 36% das espécies pertencentes a esta família; e por
Resende et al. (2013), que registraram 26% das espécies de samambaias e
licófitas amostradas, pertencentes a Thelypteridaceae. Já Athayde Filho &
Windisch (2003) registraram Polypodiaceae com a maior riqueza, Athayde Filho
& Felizardo (2010) registraram Hymenophyllaceae e Lycopodiaceae com as
maiores riquezas e Araújo et al. (2002) também registraram Lycopodiaceae
com mais espécies.
A maior representatividade de Thelypteridaceae em muitos estudos
florísticos, tanto de veredas quanto de outras formações vegetacionais pode
ser devido à grande riqueza de espécies, em torno de 1.000 (Ponce, 1995). As
espécies de Thelypteridaceae são terrestres, palustres ou epipétricas e
crescem nos trópicos e subtrópicos, com poucas espécies ocorrendo em
regiões temperadas (Smith, 1992).
Essa variação nas famílias mais ricas nos referidos estudos deve estar
relacionada com características ambientais das veredas estudadas. As
espécies de Thelypteridaceae são muito abundantes em locais úmidos como
barrancos sombreados e nas margens de cursos d‟água (Ponce et al., 2010),
características observadas nas veredas do presente estudo.
Já a vereda analisada por Athayde Filho & Windisch (2003) possui maior
cobertura de dossel por ser adjacente a uma mata de galeria, o que favoreceu
o aparecimento maior de espécies de Polypodiaceae, pouco presentes ou até
ausentes nas veredas supracitadas, uma vez que espécies dessa família são
em grande parte epífitas (Moran 1995) e necessitam de maior disponibilidade
de substratos para se estabelecer. E veredas, nas quais há predominância de
Lycopodiaceae, certamente apresentam-se mais abertas, com grande
incidência luminosa, característica preferida para essa família (Arantes et al.,
2010b).
De maneira geral, as quatro famílias registradas no presente estudo
frequentemente são registradas em outros estudos com veredas. Igualmente,
as espécies Blechnum serrulatum, L. alopecuroides, Palhinhaea camporum,
Samambaias e licófitas de veredas...
237
Pityrogramma calomelanos, Thelypteris dentata e T. serrata já foram
registradas em mais de um estudo florístico de veredas (ver Araújo et al., 2002;
Athayde Filho & Windisch, 2003; Athayde Filho & Agostinho, 2005; Resende et
al., 2013). Isso sugere que tais espécies apresentam adaptações
morfofisiológicas para se desenvolver em tais ambientes, porém estudos mais
aprofundados são necessários para confirmar tal sugestão.
Caracterização das espécies
São apresentadas a seguir características morfológicas que facilitam a
identificação e diferenciação das espécies registradas.
Blechnaceae
Blechnum serrulatum apresenta caule longo-reptante; frondes eretas,
monomorfas a levemente dimorfas, com 0,40 a 0,90m de comprimento; pinas
com margens serreadas e com a raque, abaxialmente com escamas castanhoclaras na costa; soros lineares, paralelos, adjacentes à costa (Silva & Rosário,
2008).
Lycopodiaceae
Lycopodiella alopecuroides apresenta caule parcialmente prostrado e o
restante ereto, mas não ramificado; indivíduos com até 0,54m de comprimento;
pedúnculos e estróbilos longos; micrófilos isofilos e espaçados no caule
(Arantes et al., 2010a).
Palhinhaea camporum possui caule ereto e ramificado; indivíduos com
0,45 a 0,75m de comprimento; estróbilos sésseis, pendentes; ramos de
primeira ordem eretos, rígidos e ramos de segunda ordem alternos, rígidos e
ascendentes; pedúnculos e estróbilos curtos e eretos; micrófilos densamente
agregados (Arantes et al., 2010a).
Ambas espécies de Lycopodiaceae podem ser diferenciadas pelo caule
ramificado com estróbilos pendentes em P. camporum e caule não ramificado
com estróbilos pedunculados em L. alopecuroides (Arantes et al., 2010a).
Pteridaceae
Adiantum, de maneira geral, possui esporângios formados sobre a
margem da lâmina recurvada e modificada em pseudo-indúsio e, este, com
nervuras e pinas dimidiadas (Arantes et al., 2010b).
Pityrogramma calomelanos apresenta caule ereto; frondes monomorfas
com 0,30 a 0,90m de comprimento; superfície abaxial laminar com tricomas
glandulares e geralmente coberta com cera amarelada ou branca; soros
dispostos ao longo das nervuras (Arantes et al., 2010b).
Pityrogramma trifoliata tem caule ereto; frondes monomorfas com 0,70 a
1,10m de comprimento; superfície abaxial da lâmina apresentando camada
farinácea branca ou amarelada; soros dispostos ao longo das nervuras
(Arantes et al., 2010b).
As duas espécies de Pityrogramma podem ser facilmente diferenciadas
a partir da morfologia da lâmina e pinas. Pityrogramma trifoliata possui lâminas
238
Ribeiro, Kreutz & Rezende
pinadas, sendo as pinas apicais inteiras e as basais trifoliadas; enquanto que
P. calomelanos possui geralmente a lâmina 1-pinado-pinatífida, com pinas
apicais e basais 1-pinado-pinatífidas (Arantes et al., 2010b).
Thelypteridaceae
Thelypteris dentata apresenta rizoma reptante; frondes subdimórficas
com 0,50 a 1,50m de comprimento; pinas linear-triangulares com ápice
acuminado, incisas mais que 2/3 entre a margem e a nervura central, com 2-4
pares de pinas basais reduzidas; par de vênulas basais unidas formando uma
veia excurrente de até 4mm de comprimento, com pelos curtos e uniformes na
superfície abaxial (Ponce et al., 2013).
Thelypteris interrupta possui caule longo-reptante, preto; frondes
espaçadas com 0,70 a 1,40m de comprimento; pinas linear-subelípticas com
ápice agudo, incisas até 1/2 entre a margem e a nervura central, com escamas
ovais sobre a nervura central; tricomas glandulares e sésseis sobre a superfície
abaxial e veias (Ponce et al., 2013).
Thelypteris maxoniana tem caule curto-reptante; frondes monomorfas
com até 1,50m de comprimento; pinas com margens crenuladas, estreitamente
elípticas, sésseis; face abaxial com tricomas glandulares unicelulares,
capitados, hialinos a amarelados nas costas, nervuras e entre as nervuras;
soros lineares dispostos apenas nas nervuras secundárias (Ponce et al., 2010).
Thelypteris serrata apresenta caule longo-reptante; frondes monomorfas
a levemente dimorfas com 0,70 a 1,50m de comprimento, as férteis com pinas
estreitas; pinas com margens serreadas a uncinado-serreadas, pelo menos no
terço superior; superfície adaxial glabra exceto a costa, face abaxial pilosa na
costa, nervuras e margem, e às vezes entre nervuras; soros oblongos a
lineares (Ponce et al., 2010).
As quatro espécies de Thelypteris podem ser distinguidas utilizando-se a
morfologia das pinas: Thelypteris dentata possui pinas pinatífidas a
pinatissectas, T. interrupta apresenta pinas pinatilobadas, T. serrata possui
pinas inteiras com margens uncino-serreadas e T. maxoniana tem pinas
inteiras sésseis com margens inteiras a crenuladas (Ponce et al., 2010, 2013).
Preferências ambientais e ecológicas
Entre as espécies registradas, cinco (50% do total) ocorreram no
ambiente de borda das veredas, sete (70%) no meio e sete (70%) no fundo.
Apenas três espécies foram exclusivas a uma zona das veredas: Thelypteris
serrata, a qual foi registrada no fundo de uma das veredas, Adiantum sp. e
Pityrogramma trifoliata, as quais foram amostradas na borda (Tab.1). Essa
maior preferência de samambaias pelas zonas intermediária e de fundo,
também foi observada por Resende et al. (2013), que registraram 13 espécies
nas zonas de meio e 10 no fundo, e apenas uma na borda; e por Araújo et al.
(2002), que registrou sete no meio, cinco no fundo e quatro na borda. A maior
ocorrência de samambaias nas zonas de meio e fundo pode ser explicada pela
maior umidade em direção ao fundo das veredas. A preferência por
determinado ambiente para estabelecimento está relacionada à biologia de
Samambaias e licófitas de veredas...
239
cada espécie e já foi observada em vários estudos: espécies de Lycopodiella,
Palhinhaea e Pityrogramma tendem a ser mais registradas em ambientes com
maior incidência luminosa (Melo & Salino, 2007; Arantes et al., 2010b); já as
espécies de gêneros como Thelypteris e Blechnum são mais abundantes em
ambientes mais florestados, com menor luminosidade (Paciência & Prado,
2005), os quais, nas veredas, ocorrem principalmente nas pequenas ilhas de
mata de galeria. Esta vegetação está em estágio inicial de formação, com
pequenos grupos de Mauritia flexuosa L.f., Miconia chamissois Naudin, entre
outras espécies arbóreo-arbustivas, proporcionando um sombreamento para as
samambaias.
Quanto à preferência por substratos, todas as espécies amostradas
neste estudo são terrícolas (Tab. 1). Essa preferência foi corroborada em
outros estudos em veredas que demonstram a mesma preferencia. Athayde
Filho & Agostinho (2005), observaram que, em duas veredas de Mato Grosso,
90% das plantas eram terrícolas. Athayde Filho & Felizardo (2010) também
registraram ampla maioria das espécies no substrato terrícola em uma vereda.
Essa preferência pelo substrato terrícola também é relatada em estudos com
mata de galeria (Colli et al., 2004; Forsthofer & Athayde Filho, 2012; Kreutz,
2012; Miguez et al., 2013), e pode estar relacionada com a maior
disponibilidade de nutrientes (Miguez et al., 2013), bem como com a
impossibilidade de ocorrência das preferências rupícola e saxícola devido à
ausência desses subtratos, e da corticícola, pela pequena quantidade
disponível.
Com relação às formas de vida, nove espécies apresentaram a forma
hemicriptófita, sendo seis de crescimento reptante e três de rosulado, e uma
espécie apresentou-se como geófita rizomatosa (Tab. 1). Essa predominância
de espécies hemicriptófitas também é amplamente registrada na literatura,
tanto em veredas (Athayde Filho & Agostinho, 2005) quanto em outras
fisionomias vegetais (Athayde Filho & Felizardo, 2010; Kreutz, 2012; Miguez et
al., 2013). Kornás (1985) discute que as formas hemicriptófita e geófita são
mais encontradas devido às gemas vegetativas estarem posicionadas abaixo
da superfície do solo, estando protegidas de fatores que levam à dessecação
das mesmas, diferentes de outras formas de vida. A presença apenas dessas
duas formas no presente estudo, pode estar relacionada à grande incidência
luminosa presente em veredas que favorece o estabelecimento dessas formas,
a ausência de substrato corticícola adequado que dificultou o desenvolvimento
de epífitas, fatores edáficos que podem ter inibido as espécies fanerófitas.
Quanto ao hábito, todas as espécies registradas são herbáceas (Tab. 1).
A preferência das samambaias e licófitas pelo hábito herbáceo é amplamente
discutida e registrada em bibliografia especializada (por exemplo, Athayde Filho
& Agostinho, 2005; Athayde Filho & Felizardo, 2010; Kreutz, 2012; Miguez et
al., 2013).
Distribuição fitogeográfica
De acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014), quanto à
distribuição nos domínios fitogeográficos brasileiros, sete espécies
240
Ribeiro, Kreutz & Rezende
provenientes das veredas estudadas ocorrem em dois ou três domínios
fitogeográficos. Logo, do total de nove espécies encontradas (a espécie de
Adiantum, identificada até o nível de gênero, não foi incluída), todas ocorrem
no Cerrado, oito espécies ocorrem na Mata Atlântica; seis ocorrem na
Amazônia e duas têm ocorrência no Pantanal (Tab. 1). Thelypteris maxoniana
foi a única espécie de ocorrência exclusiva no Cerrado, podendo-se inferir que
as demais espécies são de ampla distribuição nos principais domínios
fitogeográficos brasileiros. Tal fato está relacionado, principalmente, à
capacidade de dispersão a longa distância das espécies de samambaias e
licófitas (Macedo et al., 2013), embora alguns autores afirmem que a
distribuição de samambaias e licófitas é mais fortemente determinada pela
disponibilidade de habitat do que pela sua elevada capacidade de dispersão
(Tuomisto et al., 2003; Moran, 2008; Kessler, 2010).
Quanto à ocorrência das nove espécies nas fitofisionomias do Cerrado,
todas foram amostradas em ambientes florestais (mata, mata de galeria, mata
ciliar) e cinco delas em veredas (Tab. 1). O fato de algumas espécies não
terem sido citadas como de ocorrência em veredas, pode ser devido à
escassez de estudos realizados nestes ambientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da lacuna no conhecimento dos aspectos ecológicos e
biogeográficos da flora em questão em ambientes de veredas, estudos como
este auxiliam no preenchimento dessa lacuna, uma vez que apresentam
informações importantes sobre samambaias e licófitas associadas a uma
fitofisionomia do Bioma Cerrado pouco estudada e extremamente vulnerável.
Aliado a isso, o presente estudo foi desenvolvido no estado de Goiás que,
apesar de sua riqueza vegetal, ainda possui escasso conhecimento de sua
flora pteridofítica.
AGRADECIMENTOS
Aos proprietários rurais pela permissão para desenvolver este estudo
nas veredas localizadas em suas fazendas. Aos herbários HerbJAR, da UEG,
Unidade de Quirinópolis, e NX, da UNEMAT, Campus de Nova Xavantina, por
ter disponibilizado as condições necessárias para subsidiar esta pesquisa.
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Figura 1: Localização das duas áreas de estudo no município de Quirinópolis, GO.
Ribeiro, Kreutz & Rezende
244
Tabela 1: Espécies de samambaias e licófitas registradas nas zonas de borda (B), meio (M) e
fundo (F) nas veredas analisadas em Quirinópolis, Goiás. PS= preferência pelo substrato: Ter=
terrícola. FV= formas de vida: Geo= geófita; Hcp= hemicriptófita; re= reptante; ri= rizomatosa; ro=
rosulado. Hab= hábito: Herb= herbáceo. FC = fitofisionomias nas quais a espécie foi amostrada no
Cerrado.
Hab
F
B
M
F
B
M
Espécies
Aspectos
ecológicos
FV
Vereda
2
PS
Vereda
1
Domínios
Fitogeográficos
FC/habitat
Mata de galeria, cerrado
(lato sensu), vereda,
campo úmido, brejo
Mata, cerrado (lato
sensu), campo úmido,
campo rupestre (lato
sensu), brejo
Borda de mata de galeria,
cerrado (lato sensu),
vereda, campo úmido
Mata de galeria, cerrado
(lato sensu), vereda,
brejo, capoeira, margem
de córrego
Mata ciliar, mata de
galeria, cerrado (lato
sensu)
Mata ciliar, mata de
galeria, mata seca
decídua, cerrado (lato
sensu), vereda
Mata ciliar, mata de
galeria, brejo, margem de
lagoa
Mata de galeria
Mata ciliar, mata de
galeria, vereda, brejo
-
-
-
Her
Amazônia,
Cerrado, Mata
Atlântica
Lycopodiella
alopecuroides (L.)
Cranfill
x
x
-
-
x
-
Her
Amazônia,
Cerrado, Mata
Atlântica
Palhinhaea
camporum (B. Øllg. &
P.G. Windisch) Holub
-
x
-
x x x
Ter
Geo/ri
Her
Amazônia,
Cerrado, Mata
Atlântica,
Pantanal
Adiantum sp.
x
-
-
x
Ter
Hcp/ro
Her
-
Pityrogramma
calomelanos (L.) Link
x
x
-
x x x
Her
Amazônia,
Cerrado, Mata
Atlântica
Pityrogramma
trifoliata (L.)
R.M.Tryon
x
-
-
-
-
Her
Cerrado, Mata
Atlântica
Thelypteris dentata
(Forssk.) E.P.St.John
-
x x
-
x x
Her
Cerrado, Mata
Atlântica,
Pantanal
Thelypteris interrupta
(Willd.) K.Iwats.
-
x x
-
-
-
Ter
Hcp/re
Her
Amazônia,
Cerrado, Mata
Atlântica
Thelypteris
maxoniana A.R.Sm.
-
-
-
-
x x
Hcp/r
e
Her
Cerrado
Thelypteris serrata
(Cav.) Alston
-
-
x
-
-
Her
Amazônia,
Cerrado, Mata
Atlântica
Hcp/re
x x
Blechnum serrulatum
Rich.
Ter
-
Ter
BLECHNACEAE
Hcp/re
Ter
LYCOPODIACEAE
Hcp/re
-
Hcp/re
-
Ter
-
Ter
PTERIDACEAE
Hcp/ro
Hcp/ro
Ter
-
Ter
THELYPTERIDACEAE
SCHIZAEALES (POLYPODIOPSIDA) DO CORREDOR DE
BIODIVERSIDADE DO NORTE DO PARÁ, BRASIL
Luiz Armando de Araújo Góes-Neto1
Marcio Roberto Pietrobon2
Sebastião Maciel3
ABSTRACT
This paper is part of a series where are treated the lycophytes and ferns
species in North Pará Biodiversity Corridor, and is part of the project
“Diagnóstico da Biodiversidade das Unidades de Conservação Estaduais do
Mosaico Calha Norte, Estado do Pará”. In this paper we present the taxonomic
treatment of Schizaeales occurring in five Conservation Units in North Pará
Biodiversity Corridor. The Calha Norte Paraense – how it is locally know – is
located in Amazon River‟s northern watershed and is inserted in the biggest
endemism center of Amazonia, the Guyana Endemism Center. The area is also
inserted in the biggest ecological corridor of the world, with protected areas in
Brazil, Guyana, French Guyana, Surinam and Venezuela; this region was
defined as a priority conservation area. The specimens were collected during
seven excursions lasting 15 days each. We present identification keys,
geographic distribution, brief descriptions, illustrations, and comments to the
species. Schizaeales is represented by three families, four genera, and six
species, corresponding to 40% of all Schizaeales known in Brazilian Amazonia.
Actinostachys pennula, Schizaea elegans and S. incurvata were presented as
terrestrial, Anemia mandioccana as rupicolous and Lygodium venustum and L.
volubile as terrestrial scandent.
Keywords: Fern, Amazonia, Taxonomy.
RESUMO
Este artigo é parte de uma série onde são tratadas as espécies de licófitas e
samambaias do Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará e faz parte do
projeto “Diagnóstico da Biodiversidade das Unidades de Conservação
Estaduais do Mosaico Calha Norte, Estado do Pará”. Neste artigo é
apresentado o tratamento taxonômico das espécies de Schizaeales ocorrentes
em cinco Unidades de Conservação do Corredor de Biodiversidade do Norte do
Pará. A Calha Norte Paraense - como é localmente conhecida - situa-se na
margem norte do Rio Amazonas e está inserida no maior centro de endemismo
1 Universidade Federal de Minas Gerais - Instituto de Ciências Biológicas, Avenida Antônio Carlos
6627, Pampulha, CEP: 31270-901. Belo Horizonte-MG (lgoes-neto@hotmail.com).
2 Universidade Federal do Pará - Instituto de Estudos Costeiros, Alameda Leandro Ribeiro s/n,
Aldeia, CEP: 68.000-000. Bragança-PA (pietrobomsilva@yahoo.com).
3 Museu Paraense Emílio Goeldi - Coordenação de Botânica, Av. Perimetral 1901, Terra Firme,
CEP: 66.077-530. Belém-PA (macielbio@yahoo.com.br).
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:245-256 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
246
Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel
amazônico, o Centro de Endemismo Guiana. A área estudada também está
inserida no maior corredor ecológico do mundo, englobando terras protegidas
no Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela, definida como
área prioritária à conservação. Os espécimes foram coletados durante sete
excursões com duração média de 15 dias cada. São apresentadas chaves de
identificação, distribuição geográfica, breves descrições, ilustrações e
comentários para as espécies. Schizaeales está representada por três famílias,
quatro gêneros e seis espécies, o que corresponde a 40% das espécies desta
ordem conhecidas na Amazônia brasileira. Actinostachys pennula, Schizaea
elegans e S. incurvata apresentaram-se como terrícolas, Anemia mandioccana
como rupícola e Lygodium venustum e L. volubile como terrícolas escandentes.
Palavras-chave: Samambaia, Amazônia, Taxonomia.
INTRODUÇÃO
A ordem Schizaeales é monofilética, compreende três famílias
(Lygodiaceae M. Roem., Anemiaceae Link e Schizaeaceae Kaulf.), quatro
gêneros (Lygodium Sw., Anemia Sw., Actinostachys Wall. e Schizaea Sm.) e
cerca de 155 espécies (Smith et al., 2006). No Brasil são conhecidas 79
espécies, distribuídas em todas as regiões do país, das quais 15 ocorrem no
Bioma Amazônia (Barros et al., 2013a,b,c).
São plantas predominantemente neotropicais, com algumas espécies
habitando a África, Índia e ilhas no Oceano Índico (Smith et al., 2006),
ocorrendo essencialmente em ambientes tropicais e temperados meridionais
(Casarino et al., 2009). Caracterizam-se pelo dimorfismo entre as lâminas
férteis e estéreis, ausência de soros bem definidos e esporângio com ânulo
transversal, subapical e contínuo (Smith et al., 2006).
O estado do Pará destaca-se por sua grande área territorial incluída na
Amazônia (Coelho et al., 2003), entretanto, em relação à dimensão do Estado,
o conhecimento sobre as plantas vasculares sem sementes ainda é
subestimado. Mesmo com os avanços obtidos no estudo destes vegetais desde
o ano de 2003 no Pará (Costa & Pietrobom, 2010), não existem trabalhos com
enfoque florístico-taxonômico tratando exclusivamente os representantes desta
ordem.
Na Amazônia brasileira são conhecidos os estudos de Takeuchi (1960),
que tratou o gênero Schizaea na Amazônia e Prado (2005), que tratou as
espécies de Schizaeaceae ocorrentes na Reserva Adolpho Ducke, no estado
do Amazonas.
A maioria dos dados disponíveis sobre a vegetação do Escudo
Guianense refere-se à Guiana Francesa, Guiana e Suriname (Davis & Richard,
1934; Steege, 1998; Steege et al., 2000), estando as florestas brasileiras desta
região entre as menos conhecidas da bacia amazônica, principalmente pelo
difícil acesso (Fearnside, 2005).
As plantas vasculares sem sementes constituem um componente
importante da flora tropical (Ricci, 1996), sendo assim, o crescente aumento do
desmatamento florestal, bem como a necessidade de se conhecer a
Schizaeales (polypodiopsida) do corredor...
247
distribuição das espécies de Schizaeales na Amazônia brasileira, exaltam a
relevância deste trabalho.
Este estudo é parte do projeto “Diagnóstico da Biodiversidade das
Unidades de Conservação Estaduais do Mosaico Calha Norte, Estado do Pará”
e objetivou inventariar as espécies de licófitas e samambaias em cinco
Unidades de Conservação no Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará.
Este manuscrito faz parte de uma série iniciada em Góes-Neto & Pietrobom
(2012a), onde são tratados os representantes das licófitas e samambaias da
referida área. No presente artigo são apresentadas chaves de identificação,
ilustrações, distribuição geográfica, breves descrições e comentários sobre as
espécies de Schizaeales, aumentando o conhecimento sobre tais vegetais na
Amazônia brasileira.
MATERIAL E MÉTODOS
O Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará (CBNP) situa-se na
margem norte do Rio Amazonas e engloba 23 Unidades de Conservação
federais e estaduais, sendo estas terras indígenas, unidades de uso
sustentável, unidades de proteção integral, além de remanescentes
quilombolas (Pará, 2008). As unidades escolhidas para a realização deste
estudo foram: Floresta Estadual de Faro, Floresta Estadual do Paru, Floresta
Estadual do Trombetas, Reserva Biológica do Maicuru e Estação Ecológica do
Grão-Pará (Figura 1), todas criadas em 2006 pelo governo do estado do Pará
(Góes-Neto & Pietrobom, 2012a). Estas cinco unidades juntas abrangem mais
de 13 milhões de hectares (Góes-Neto & Pietrobom, 2012a) e estão inseridas
no maior dentre os oito centros de endemismo amazônicos, o Centro de
Endemismo Guiana (Silva et al., 2005; Avila-Pires et al., 2010). Maiores
informações sobre a localização e a caracterização do CBNP estão disponíveis
em Huber (2006), Rossetti & Toledo (2007), Funk et al. (2007), Avila-Pires et al.
(2010) e Aleixo et al. (2011).
A metodologia utilizada na coleta, herborização e identificação do
material estudado encontra-se descrita em Góes-Neto & Pietrobom (2012a).
Os espécimes testemunho encontram-se depositados no acervo do
herbário MG com duplicatas doadas ao RB, acrônimos de acordo com Thiers
(2012).
O sistema de classificação segue Smith et al. (2006). Os nomes dos
autores dos táxons estão abreviados de acordo com Pichi Sermolli (1996).
A representatividade dos gêneros no Brasil, bem como a distribuição
geográfica das espécies no país, foi extraída de Barros et al. (2013a,b,c), por
vezes complementada por outra bibliografia indicada no texto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram registrados no CBNP todas as famílias e gêneros de Schizeales,
representados por seis espécies, correspondendo a 40% do total conhecido
para a Amazônia brasileira. Dentre estas espécies, três apresentaram-se como
terrícolas (Actinostachys pennula, Schizaea elegans e S. incurvata), uma como
248
Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel
rupícola (Anemia mandioccana) e duas como terrícolas escandentes (Lygodium
venustum, L. volubile).
Chave de identificação para as famílias da ordem Schizaeales
ocorrentes no CBNP
1. Planta escandente, 2-3-pinada, com crescimento indeterminado; fronde com
gemas axilares dormentes; esporângios protegidos pela margem da lâmina
modificada.......................................................................................... Lygodiaceae
1‟. Planta nunca escandente, pinatífida a 1-pinada, com crescimento
determinado; fronde sem gemas axilares; esporângios sem proteção.
2. Lâmina estéril 1-pinada com tecido laminar sempre expandido, nunca
flabelar; pina fértil originada do par de pinas basais modificadas em panícula ....
........................................................................................................... Anemiaceae
2‟. Lâmina estéril linear ou flabeliforme com tecido laminar muito reduzido ou
flabelar; pina fértil não originada de pinas basais modificadas .......Schizaeaceae
Anemiaceae Link., Fil. Spec. 23. 1841.
A família possui um gênero e cerca de 100 espécies (Prado & Hirai, 2010)
predominantemente neotropicais, com algumas ocorrendo na África, Índia e
ilhas do Oceano Índico (Skog et al., 2002; Smith et al., 2006), sendo o Brasil o
maior centro de concentração destas espécies (Mickel, 1982). Caracteriza-se
pelo caule reptante a subereto, com tricomas; frondes subdimorfas a dimorfas;
venação livre, ocasionalmente anastomosada; esporângios geralmente
reunidos no par de pinas basais, ereto e fortemente modificado (Tryon &
Lugardon, 1991).
Anemia Sw., Syn. Fil. 6: 155. 1806.
Gênero nativo possuindo registros em todas as regiões do país, com 70
espécies ocorrentes no Brasil. Na área estudada ocorreu uma espécie.
Anemia mandioccana Raddi, Opusc. Sci. 3: 282. 1819.
Figura 2A
Planta rupícola. Caule revestido por tricomas alaranjados a marrons.
Lâmina 1-pinada, dimorfa, as férteis modificadas em forma de panícula,
originárias do par de pinas basais, pinas inteiras com tricomas filiformes
principalmente na face abaxial. Soros agrupados em esporofilo modificado.
Material testemunho. BRASIL. Pará, Oriximiná, Estação Ecológica do
Grão-Pará, 01°16‟52,8‟‟N-058°41‟03,3‟‟W, 07.IX.2008, S. Maciel & M.R.
Pietrobom 1117 (MG, RB).
Espécie endêmica do Brasil (PA, BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC), com sua
ocorrência recentemente registrada na Amazônia (Góes-Neto & Pietrobom,
2012b).
Anemia mandioccana distingue-se pela lâmina 1-pinada com a fronde
fértil ereta, surgindo do par de pinas basais modificado. Esta espécie só havia
sido registrada no bioma Mata Atlântica, em fragmentos florestais distribuídos
Schizaeales (polypodiopsida) do corredor...
249
nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país. Espécie coletada como rupícola
na margem de igarapé em floresta ombrófila aberta, ca. 460 m de altitude.
Lygodiaceae M. Roem., Handb. Allg. Bot. 3: 520. 1840.
A família possui um gênero e cerca de 25 espécies (Prado & Hirai, 2010)
com distribuição pantropical, estendendo-se até as zonas temperadas no oeste
dos Estados Unidos da América, sul da África, Japão e Nova Zelândia (Mickel
& Smith, 2004). Caracteriza-se pelo caule reptante, delgado, com tricomas;
folhas com crescimento indeterminado, escandentes, com pseudo-dicotomia e
com gemas axilares dormentes; venação livre ou anastomosada; esporângio
abaxial, solitário, coberto por indúsio antrorso (Smith et al., 2006).
Lygodium Sw., J. Bot. (Schrader) 1800(2): 7, 106. 1801.
Gênero nativo possuindo registros em todas as regiões do país, com
duas espécies ocorrentes no Brasil. Na área estudada ocorreram ambas as
espécies.
Chave de identificação para as espécies de Lygodium ocorrentes no
CBNP
1. Pínulas de 2ª ordem com base hastada reduzindo gradualmente em direção
ao ápice, as distais mais curtas que as proximais .........................1. L. venustum
1‟. Pínulas de 2ª ordem com base lobada, truncada a arredondada ou aguda,
não reduzindo gradualmente em direção ao ápice, todas aproximadamente do
mesmo tamanho ................................................................................ 2. L. volubile
1. Lygodium venustum Sw., J. Bot. (Schrader) 1801(2): 303. 1803.
Figura 2B
Planta terrestre, escandente. Frondes com crescimento indeterminado,
geralmente atingindo muitos metros de comprimento; lâmina 2-3-pinada,
pubescente, pínulas de segunda ordem com a base hastada. Venação livre,
furcada, vênulas cobertas por tricomas principalmente na face adaxial.
Soróforos com tricomas principalmente na face abaxial.
Material testemunho. BRASIL. Pará, Alenquer, Floresta Estadual do
Paru, 00°56‟48,1‟‟S-053°14‟34,8‟‟W, 11.XII.2008, S. Maciel 1550 (MG).
Espécie com registros no México, Guatemala, Belize, Honduras, El
Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Grandes Antilhas, Colômbia,
Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia,
Paraguai (Mickel & Smith, 2004); com registros em todas as regiões do Brasil
(RR, AP, AM, PA, TO, AC, RO, MT, GO, DF, MS, MA, PI, CE, RN, PB, PE, BA,
AL, SE, MG, RJ, SP, PR, SC, RS) (Tryon & Conant, 1975).
Lygodium venustum está intimamente relacionado com L. volubile,
geralmente ocorrendo nos mesmos ambientes. As espécies podem ser
distinguidas por L. venustum possuir a base das pínulas hastada, pínulas
reduzindo-se gradualmente em direção ao ápice, sendo as distais mais curtas
que as proximais, enquanto que em L. volubile a base das pínulas é inteira,
truncada a arredondada sem redução das pinas, sendo quase todas do mesmo
tamanho. Espécie coletada em clareira, em floresta ombrófila aberta de terra
firme, ca. 50 m de altitude.
250
Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel
2. Lygodium volubile Sw., J. Bot. (Schrader) 1801(1): 304. 1803.
Figura 2C
Planta terrestre, escandente. Frondes possuindo crescimento
indeterminado, podendo atingir vários metros de comprimento; lâmina 2pinada, pínulas de segunda ordem com base lobada, truncada a arredondada
ou aguda, com tricomas em ambas as faces. Venação livre, furcada. Soróforos
marginais.
Material testemunho. BRASIL. Pará, Alenquer, Estação Ecológica do
Grão-Pará, 13.VI.2008, J.M. Costa 702 (MG).
Espécie com registros no México, Belize, Guatemala, Honduras,
Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Cuba, Jamaica, Trinidad e Tobago, Colômbia,
Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia,
Argentina (Mickel & Smith, 2004); com registros em todas as regiões do Brasil
(RR, AP, AM, PA, AC, RO, GO, MS, MA, CE, RN, PB, PE, BA, AL, SE, MG,
ES, RJ, SP, PR, SC, RS) (Tryon e Conant, 1975).
Segundo Boldrin & Prado (2007) mesmo pertencendo a famílias
diferentes, Lygodium volubile e Salpichlaena volubilis (Kaulf.) J. Sm.
(Blechnaceae) assemelham-se quando estéreis, por apresentarem o mesmo
hábito de crescimento e frondes com morfologia semelhante (2-pinada e
volúveis). Podem ser diferenciadas pelas nervuras livres a 1-furcada (no
máximo 2-furcada) em L. volubile, enquanto que Salpichlaena apresenta
nervuras 3-furcada (raramente 2-furcada). Além disso, Lygodium possui os
eixos pilosos e Salpichlaena apresenta escamas na costa das pínulas, no lado
abaxial, e muito raramente tricomas escassos na raque (Boldrin & Prado,
2007). Espécie coletada em clareira, em floresta ombrófila aberta de terra
firme, entre 50-100 m de altitude.
Schizaeaceae Kaulf., Wesen Farrenkr. 119. 1827.
A família possui dois gêneros e cerca de 30 espécies (Prado & Hirai,
2010) com distribuição pantropical (Smith et al., 2006). Caracteriza-se pela
lâmina simples (linear) ou flabeliforme, variadamente fendida e com venação
dicotômica livre; esporângios sobre projeções marginais ramificadas ou não,
com ou sem tecido laminar, exindusiados (Smith et al., 2006).
Chave de identificação para os gêneros de Schizaeaceae ocorrentes no
CBNP
1. Esporangióforos digitados, eretos; esporângios dispostos em 2-4 fileiras em
cada lado da costa; lâmina estéril filiforme ...................................... Actinostachys
1‟. Esporangióforos pinatífidos a pinados, tortuosos; esporângios dispostos em
1 fileira em cada lado da costa; lâmina estéril ausente ou flabeliforme . Schizaea
Actinostachys Wall., Numer. List. 1. 1829.
Gênero nativo possuindo registros em todas as regiões do país, com
duas espécies ocorrentes no Brasil. Na área estudada ocorreu uma espécie.
Actinostachys pennula (Sw.) Hook., Gen. Fil. t. 111A. 1842.
Schizaeales (polypodiopsida) do corredor...
251
Figura 3A
Planta terrestre. Caule com tricomas alaranjados a castanhos. Lâmina
muito reduzida. Esporangióforo digitado, ereto, maior que 2 cm, com tricomas
tortuosos e castanhos entre os esporângios; esporângios dispostos em 2-4
fileiras em cada lado da costa.
Material testemunho. BRASIL. Pará, Faro, Floresta Estadual de Faro,
margem esquerda do Rio Nhamundá, 1º41‟23”S-57º15‟09,5”W, 26.I.2008, M.R.
Pietrobom & G. Teixeira 7532 (MG).
Espécie com registros na Costa Rica, Porto Rico, Guadalupe, Trinidad e
Tobago, Colômbia, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Peru, Uruguai (Smith,
1995); com registros em todas as regiões do Brasil (RR, AM, PA, RO, MT, CE,
RN, PB, PE, BA, SE, ES, RJ, SP, PR, SC).
Actinostachys pennula, quando estéril, pode ser confundida com
gramíneas e ciperáceas. De acordo com Prado (2005), esta espécie, que já foi
tratada por diversos autores dentro do gênero Schizaea, caracteriza-se pelos
esporangióforos com 6-10(14) segmentos, estes variando de 1- 3(4) cm
comprimento. Espécie coletada como terrícola em floresta ombrófila aberta de
terra firme, entre 100-250 m de altitude.
Schizaea Sm., Mém. Acad. Roy. Sci. (Turin) 5: 419, pl. 9, f. 9. 1793.
Gênero nativo com registros em todas as regiões do país, com cinco
espécies ocorrentes no Brasil. Na área estudada ocorreram duas espécies.
Chave de identificação para as espécies de Schizaea ocorrentes no
CBNP
1. Tecido laminar expandido, flabeliforme, lacerado, com segmentos oblongos
a obovados; esporangióforos pinados .............................................. 1. S. elegans
1‟. Tecido laminar reduzido ou ausente, filiforme, nunca lacerado, com
segmentos lineares; esporangióforos pinatífidos ........................... 2. S. incurvata
1. Schizaea elegans (Vahl) Sw., J. Bot. (Schrader) 1800(2): 103. 1801.
Figura 3B
Planta terrestre. Caule com tricomas septados, transparentes a
castanhos. Tecido laminar expandido, flabeliforme, furcado, com os segmentos
lacerados. Esporofilo pinado terminando em esporangióforos, estes com
tricomas tortuosos, castanho-alaranjados entre os esporângios, esporângios
dispostos em uma fileira de cada lado da costa.
Material testemunho. BRASIL. Pará, Faro, Floresta Estadual de Faro,
margem esquerda do Rio Nhamundá, 1º42‟11,7”S-57º12‟07,7”W, 21.I.2008,
M.R. Pietrobom & G. Teixeira 7400 (MG).
Espécie com registros no México, América Central, Grandes Antilhas,
Trinidad e Tobago, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru,
Bolívia (Smith, 1995); com registros em todas as regiões do Brasil (RR, AM,
PA, AC, RO, MT, PE, BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC) (Windisch & Tryon, 2001).
Schizaea elegans difere das demais espécies do gênero pelo tecido
laminar desenvolvido, flabelar e amplamente furcado, além de ser uma espécie
de porte muito maior, com exemplares atingindo mais de 1 m de comprimento.
252
Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel
Espécie coletada como terrícola em floresta de terra firme, entre 100-200 m de
altitude.
2. Schizaea incurvata Schkuhr, Vier Zwan. Kl. Linn. Pfl. Krypto. Gew.
1: 138, t. 137. 1809.
Figura 3C
Planta terrestre. Caule com tricomas septados, transparentes a
castanhos. Tecido laminar reduzido ou ausente, filiforme, nunca lacerado;
esporofilo pinatífido terminando em esporangióforos, estes com tricomas
tortuosos, castanho-alaranjados entre os esporângios. Esporângios dispostos
em uma fileira em cada lado da costa.
Material testemunho. BRASIL. Pará, Faro, Floresta Estadual de Faro,
margem esquerda do Rio Nhamundá, 1º41‟23”S-57º15‟09,5”W, 26.I.2008, M.R.
Pietrobom & G. Teixeira 7533 (MG).
Espécie com registros na Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana
Francesa, Peru (Vareschi, 1968; Smith, 1995; León et al., 2005); no Brasil é
conhecida apenas na região Norte (AP, AM, PA, RO).
Schizaea incurvata pode ser confundida em campo com Actinostachys
pennula, porém, esta última possui o esporofilo digitado e 2-4 fileiras de
esporângios em cada lado da costa, enquanto que S. incurvata possui o
esporofilo pinatífido a pinado e uma fileira de esporângios de cada lado da
costa. Espécie coletada como terrícola, em ambiente de campinarana, ca. 300
m de altitude.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao CNPq pela bolsa de Mestrado concedida ao primeiro
autor; a bolsa de Fixação de Recursos Humanos ao terceiro autor (processo
556866/2009-6); à Conservação Internacional – Brasil pelo financiamento do
projeto, à Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia pelo apoio
logístico, à Secretaria de Estado de Meio Ambiente - PA pela concessão da
licença para coleta, ao Museu Paraense Emílio Goeldi pela infraestrutura
disponibilizada e ao ilustrador Carlos Alvarez pela confecção das pranchas.
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Figura 1. Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará, evidenciando as cinco Unidades de
Conservação inventariadas. Adaptado de Avila-Pires et al. (2010).
256
Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel
Figura 2. A. Anemia mandioccana: hábito (S. Maciel & Pietrobom 1117 (MG)). B. Lygodium
venustum: pínula estéril e fértil (S. Maciel 1550 (MG)). C. Lygodium volubile: pínula estéril e fértil
(J.M. Costa 702 (MG)).
Figura 3. A. Actinostachys pennula: detalhe do esporangióforo (M.R. Pietrobom & G. Teixeira 7532
(MG)). B. Schizaea elegans: hábito (M.R. Pietrobom & G. Teixeira 7400 (MG)). C. Schizaea
incurvata: detalhe do esporangióforo (M.R. Pietrobom & G. Teixeira 7533 (MG)).
ESTRUTURA COMUNITÁRIA E DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE
SAMAMBAIAS EPIFÍTICAS EM REMANESCENTE DE
FLORESTA SEMIDECÍDUA NO SUL DO BRASIL
Tainã Coelho Quevedo1
Diego Fedrizzi Petry Becker2
Jairo Lizandro Schmitt3
ABSTRACT
Epiphytes are important structural elements, influencing positively forest
ecosystems. However, studies with epiphytes do not present a standard
sampling method, making it difficult to compare communities. The aim of the
study was to analyze the community structure and vertical distribution of
epiphytic ferns in semideciduous forest fragment, in Campo Bom municipality,
state of Rio Grande do Sul; and evaluate the effectiveness of applying the
"Rapid and Representative Sampling of Vascular and Non-vascular Epiphyte
Diversity of Tropical Rain Forests" protocol (RRED) for the specific inventory of
this group of plants in the studied area. A rarefaction curve was constructed for
the eight phorophytes, and also estimated the number of expected species for
the total area. The specific importance value was estimated through the
arithmetic mean of the sum of frequencies on the phorophytes and height
intervals and the relative cover. Fourteen species were recorded in the
sampling units and, additionally, eight species considering other phorophytes in
the total area. The RRED adapted obtained an efficiency of 64% compared to
the total number of species. The rarefaction curve did not reach an asymptote
with an estimate of only 17 species for the area. The species with the highest
importance value was Microgramma squamulosa, which occurred in all height
intervals. The principal coordinates analysis (PCoA) showed a floristic
heterogeneity in height intervals.
Keywords: epiphytes, phytosociology, richness estimators.
RESUMO
Epífitos são importantes elementos estruturais e influenciam de forma positiva
os ecossistemas florestais. No entanto, estudos com epífitos não apresentam
uma padronização no método de amostragem, o que dificulta a comparação
entre comunidades. O objetivo do estudo foi analisar a estrutura comunitária e
distribuição vertical de samambaias epifíticas em remanescente de Floresta
1 Bolsista de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, CNPq, Curso de Ciências
Biológicas, Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil. Contato: tainacq@gmail.com
2 Biólogo, Mestrando em Qualidade Ambiental, Bolsista CAPES, Programa de Pós-Graduação em
Qualidade Ambiental, Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil
3 Biólogo, Doutor, Professor titular do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental,
Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:257-271 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
258
Quevedo, Becker & Schmitt
Estacional Semidecídua, Campo Bom, RS; e avaliar a eficiência da aplicação
do “Protocolo de Amostragem Rápida de Epífitos Vasculares e NãoVasculares” (RRED) para o inventário específico desse grupo de plantas no
local estudado. Uma curva de rarefação foi construída para os oito forófitos
selecionados, sendo também estimado o número de espécies esperadas para
a área. O valor de importância (VIe) resultou da média aritmética da soma das
frequências relativa nos forófitos e nos intervalos e da cobertura relativa. Foram
registradas 14 espécies nas unidades amostrais e, adicionalmente, oito
espécies considerando outros forófitos não selecionados. O RRED adaptado
obteve uma eficiência de 64% em relação ao número total de espécies. A curva
de rarefação não assumiu a assíntota, sendo estimadas apenas 17 espécies
para a área. A espécie com maior VIe foi Microgramma squamulosa, que
ocorreu em todos intervalos de altura. A análise de coordenadas principais
(PCoA) evidenciou uma heterogeneidade florística nos intervalos de altura.
Palavras-chave: epífitos, fitossociologia, estimadores de riqueza.
INTRODUÇÃO
Os epífitos são importantes elementos estruturais das florestas e
influenciam de forma positiva os ecossistemas por meio da manutenção da
diversidade biológica (Lugo & Scatena, 1992; Waechter, 1992; Kelly et al.,
1994). Eles são constituídos por espécies que vivem todo seu ciclo de vida, ou
apenas parte dele, sobre outras plantas, denominadas forófitos. As relações
dos epífitos com seus hospedeiros podem ocorrer de forma acidental ou por
uma necessidade fisiológica (Madison, 1977; Benzing, 1987, 1990), mas, no
entanto, não causam danos ao forófito, já que retiram seus nutrientes
diretamente da umidade atmosférica (Bennet, 1986; Kress, 1986; Wallace,
1989). Plantas epifíticas possuem a capacidade de formar abrigos e
microambientes para a fauna (Nadkarni, 1985; Benzing, 1995), elaboram
quantidades consideráveis de biomassa suspensa e influenciam na
produtividade primária e na ciclagem de nutrientes, sendo assim caracterizados
como ampliadores da biodiversidade local (Nadkarni, 1984, 1988; Gentry &
Dodson, 1987; Lugo & Scatena, 1992; Waechter, 1992; Rocha et al., 2004).
A flora epifítica é utilizada como indicadora da qualidade ambiental, uma
vez que é sensível às modificações de origem antrópica ou natural (Cortines et
al., 2010), inclusive permitindo uma avaliação da perturbação em formações
florestais por meio do seu monitoramento (Turner et al., 1994; Hickey, 1994;
Hietz, 1999). Além disso, podem servir como indicadores de estágio
sucessional da floresta, visto que comunidades secundárias apresentam
diversidade epifítica menor do que comunidades primárias (Resolução
CONAMA nº 392/2007). Esse grupo de plantas é responsável por cerca de
10% a 50% da diversidade das florestas tropicais (Kress, 1986; Kersten &
Silva, 2005), constituindo um componente importante da biodiversidade, porém,
de acordo com Mucunguzi (2007), ainda pouco conhecido.
Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias...
259
No Brasil, ocorrem 1.085 espécies de samambaias e no estado do Rio
Grande do Sul existem 315 espécies, das quais cerca de 10% são epifíticas
(Prado & Sylvestre, 2014). O bioma Floresta Atlântica possui condições
favoráveis ao desenvolvimento de espécies de samambaias, pois, por se tratar
de um ambiente florestal caracteristicamente denso e úmido, esse sistema
abriga os mais variados nichos, propiciando uma grande riqueza de espécies
(Sehnem, 1977; Windisch, 1992). No Rio Grande do Sul restam
aproximadamente 4,7% da cobertura original desse Bioma, sendo que a área
da bacia do Rio dos Sinos está dentro desta mesma realidade, possuindo
menos de 10% de sua abrangência natural (SEMMAM, 1998; MMA, 2002).
Samambaias são sensíveis ao ressecamento e dependem da água para
o sucesso reprodutivo (Tryon, 1989). Devido a isso, são abundantes em locais
úmidos, mas possuem condições estruturais e fisiológicas para suportar o
déficit hídrico, sendo amplamente adaptadas ao ambiente epifítico (Jones,
1987; Dubuisson et al., 2009). Além das estratégias adaptativas, a distribuição
vertical das espécies é estabelecida pela complexidade de microhabitats
oferecidos pelos forófitos (Benzing, 1995). Essa multiplicidade é devida à
luminosidade que decresce e à umidade que aumenta do dossel ao solo da
floresta (Parker, 1995), formando gradientes microclimáticos (Mucunguzi,
2007).
Apesar de o epifitismo destacar-se dentre as plantas vasculares sem
sementes, poucos trabalhos abordam especificamente samambaias epifíticas.
No Rio Grande do Sul os estudos se restringem aos de Schmitt et al. (2005),
Fraga et al. (2008), Schmitt & Windisch (2010) e Schneider & Schmitt (2011)
sobre samambaias arborescentes; Mallmann & Schmitt (2014) na mata ciliar do
rio Cadeia; Rocha et al. (2012, 2013a) e Becker et al. (2014) na bacia do Rio
dos Sinos. Nessa mesma bacia hidrográfica, analisando o efeito de borda
sobre plantas terrícolas e que ocupavam até 2 m de altura dos forófitos, Nervo
(2012) verificou uma riqueza significativamente maior de samambaias e
licófitas no interior de floresta estacional semidecidual e registrou um total de
72 espécies. De uma maneira geral, estudos com epífitos não apresentam uma
padronização no método de amostragem, o que dificulta a comparação entre
comunidades. Diante disso, uma metodologia de padronização de amostragem
da flora epifítica foi proposta por Gradstein et al. (2003) no “Protocolo para
Amostragem Rápida e Representativa da Diversidade de Epífitos Vasculares e
Não Vasculares” (RRED), tendo como base levantamentos florísticos em
países tropicais, desconsiderando o Brasil.
O objetivo do estudo foi analisar a estrutura comunitária e distribuição
vertical de samambaias epifíticas em remanescente de Floresta Estacional
Semidecídua, na bacia do Rio dos Sinos, RS; e avaliar a eficiência da
aplicação do RRED para o inventário específico desse grupo de plantas no
local estudado.
260
Quevedo, Becker & Schmitt
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
O trabalho foi realizado na encosta inferior do nordeste do estado do Rio
Grande do Sul, em uma área de 60 ha (29°40‟23.37”S e 51°0‟56.65”O, 45 m de
altitude) localizada no trecho inferior da bacia do Rio dos Sinos (Fig.1). A
vegetação pertence ao bioma Floresta Atlântica e está classificada como
Floresta Estacional Semidecídua Submontana (Teixeira et al., 1986).
O clima da região é do tipo Cfa, isto é, mesotérmico úmido, sem estação
seca definida segundo a classificação de Köppen (Moreno, 1961). De acordo
com os dados da Estação Climatológica de Campo Bom, mais próxima do local
estudado, em 2013 a temperatura média anual foi de 18,9 °C e a pluviosidade
acumulada foi de 1875 mm.
Amostragem
O estudo se deu pela aplicação do Protocolo para Amostragem Rápida e
Representativa da Diversidade de Epífitos Vasculares e não Vasculares
(RRED) adaptado de Gradstein et al. (2003). Foram selecionados oito forófitos
arbóreos, dentro de uma parcela de um hectare no centro do fragmento e,
adicionalmente, as arvoretas presentes em uma subparcela de 20 m X 20 m ao
redor de cada uma das árvores. Este protocolo considera como um dos
critérios de seleção dos forófitos a altura maior de 10 m, no entanto, devido às
características das árvores da região, que geralmente não atingem este
tamanho, foi estabelecido o diâmetro a altura do peito (DAP) maior que 20 cm
como parâmetro de escolha, priorizando as mais antigas. Os forófitos não
apresentaram copas sobrepostas, já que estas tendem a possuir uma flora
epífita semelhante. O critério de seleção das arvoretas também foi adaptado,
sendo consideradas aquelas com DAP menor que 20 cm.
Inventário Florístico
Foram registradas as espécies de samambaias nos oito forófitos
selecionados pelo RRED. O registro das plantas se deu por meio de
observação direta e escalada dos forófitos. Posteriormente, o fragmento foi
percorrido para verificar quais as espécies que não ocorreram nas unidades
amostrais. Indivíduos representativos e, quando possível, férteis, foram
coletados, identificados e herborizados seguindo as técnicas propostas por
Guedes-Bruni et al. (2002). A identificação das espécies foi baseada na
literatura taxonômica especializada, na consulta a especialistas, bem como
comparação de material de herbários, sendo classificadas em famílias de
acordo com Smith et al. (2006, 2008). Os espécimes testemunho das coletas
foram depositados na coleção botânica da Universidade Feevale e as
duplicatas na coleção do Herbarium Anchieta – PACA (Instituto Anchietano de
Pesquisas).
Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias...
261
Riqueza
Uma curva de rarefação para os oito forófitos foi construída com o
objetivo de verificar a relação entre o aumento da riqueza específica e o
número de unidades amostrais, adotando-se intervalos de confiança de 95% de
probabilidade, no programa estatístico EstimateS 8.2. A estabilização da curva
é considerada quando a mesma assume uma assíntota. O mesmo programa foi
utilizado para estimar o número de espécies da área, por meio de 50
reamostragens aleatórias dos dados com o estimador não paramétrico
Jackknife 1, que utilizou dados de presença ou ausência de espécies nos oito
forófitos.
Para a análise da composição de epífitos nos intervalos de altura dos
forófitos, os dados de presença ou ausência de espécies foram utilizados na
Análise de Coordenadas Principais (PCoA), com o índice de Dice-Sorensen, no
programa Paleontological Statistics software package for education and data
analysis (PAST), versão 3.0 (Hammer et al., 2001).
Parâmetros fitossociológicos
Para verificar a distribuição vertical dos epífitos, os oito forófitos foram
divididos verticalmente em cinco intervalos de altura no sentido base - copa
externa, conforme Johansson (1974). As frequências absoluta e relativa das
espécies nos oito forófitos e nos intervalos de altura foram calculadas
baseadas em Waechter (1998).
Para cada espécie epifítica registrada foi atribuída uma nota de cobertura
no respectivo intervalo de altura, segundo Kersten (2006), de acordo com a
biomassa da espécie em questão, sendo nota 1 para indivíduos muito
pequenos e isolados; 3 quando poucos indivíduos pequenos ou um indivíduo
maior; 5 aos indivíduos médios ou muitos indivíduos pequenos; 7 para
indivíduos de grande porte ou muitos indivíduos de médio porte; e nota 10 ao
existirem indivíduos muito grandes ou muitos indivíduos de grande porte. A
partir do somatório das notas de cobertura, foi calculada a cobertura relativa
por intervalo de altura de cada espécie. O valor de importância resultou da
média aritmética da soma das frequências relativa nos forófitos e nos intervalos
de altura e da cobertura relativa. A diversidade específica foi determinada pelo
índice de Shannon (H‟), usando logaritmo natural com dados de frequência, e a
equitabilidade, pelo índice de Pielou (J‟) (Magurran, 1988).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a aplicação do RRED foram registradas 14 espécies, pertencentes
a 11 gêneros e distribuídas em cinco famílias. Adicionalmente, oito espécies
foram registradas em forófitos não selecionados, sendo elas: Asplenium
gastonis Fée, Asplenium mucronatum C. Presl e Asplenium serra Langsd. &
Fisch.
(Aspleniaceae);
Rumohra
adiantiformis
(G.
Forst.)
Ching
(Dryopteridaceae); Trichomanes polypodioides Raddi (Hymenophyllaceae);
Nephrolepis pendula (Raddi) J. Sm. (Lomariopsidaceae); Pecluma recurvata
(Kaulf.) M.G. Price e Pecluma singeri (de la Sota) M.G. Price (Polypodiaceae).
262
Quevedo, Becker & Schmitt
A família de maior representatividade foi Polypodiaceae, com oito
espécies, correspondendo a 57% do total registrado nas árvores amostradas
no hectare. A maior representatividade de Polypodiaceae é comum em outros
estudos realizados no Rio Grande do Sul, tal como de Senna & Waechter
(1997), de Blume et al. (2010), Schmitt & Goetz (2010), Goetz et al. (2012),
Rocha et al. (2012), Mallmann & Schmitt (2014) e Becker et al. (2014), bem
como em outros Estados (Labiak & Prado, 1998; Kersten & Silva, 2002).
Polypodiaceae possui distribuição cosmopolita, contendo cerca de 40 gêneros
e 1.000 espécies (Smith et al., 2006), sendo abundantes principalmente em
florestas e áreas úmidas, mas devido às suas adaptações, ocorrem desde
zonas do deserto a florestas chuvosas e dos trópicos ao ártico ou antártico.
Adaptações como suculência caulinar (Waechter, 1992), poiquiloidria (Benzing,
1990), tricomas foliares (Müller et al., 1981), e altos índices de densidade
estomática (Rocha et al., 2013b), favorecem espécies dessa família, evitando o
estresse hídrico e possibilitando a ocupação do ambiente epifítico.
Esse levantamento considerando oito forófitos obteve uma eficiência de
64% em relação ao número total (22 espécies). A eficácia foi semelhante aos
63% encontrado por Becker et al. (2013), por meio da aplicação do mesmo
método de amostragem de todos epífitos vasculares, em floresta de restinga no
litoral norte do Rio Grande do Sul. Um grande número de espécies em poucos
forófitos é uma característica da comunidade de epífitos (Nieder et al., 1999), o
que contribui para a adoção do método RRED, já que se utiliza de uma área
amostral relativamente pequena quando comparado à necessidade de outros
grupos taxonômicos (Gradstein et al., 2003). Tal como Becker et al. (2013), não
ocorreram espécies exclusivas sobre as arvoretas, evidenciando a importância
das árvores de grande porte para a ocupação da flora epifítica no local
estudado. No entanto, em regiões mais tropicais, Krömer (2003) registrou cerca
de 20% das espécies epifíticas em Floresta Montana exclusivamente sobre
arbustos e arvoretas, o que indicou a influência do sombreamento na ocupação
das espécies.
A curva de rarefação não assumiu a assíntota, sugerindo que mais
espécies podem ser inventariadas a partir do aumento no número de unidades
amostrais (Gotelli & Colwell, 2001) (Fig.2). O estimador de riqueza (Jackknife 1)
apontou que seriam esperadas, no mínimo, 17 espécies. Considerando isso,
82% das espécies teriam sido inventariadas, no entanto, o inventário total do
fragmento registrou 22 espécies. De acordo com Colwell et al. (2004), a
diferença do número encontrado no total da área para o número estimado
deve-se ao fato do estimador não prever o número exato de espécies, mas
apontar valores mínimos esperados. Krömer (2003) registrou 80% do total de
epífitos estimados para Floresta Montanhosa na Bolívia, e Becker et al. (2013)
registraram 89% do valor estimado, ambos utilizando o RRED.
A riqueza de samambaias epifíticas no presente estudo foi maior que o
encontrado por Becker et al. (2013) sobre o mesmo número de forófitos (quatro
espécies). Em fragmentos de mata ciliar, nos municípios de Taquara e Campo
Bom, Rocha et al. (2012) inventariaram apenas seis e oito espécies,
respectivamente, utilizando 40 forófitos. A riqueza apenas foi menor que as 30
Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias...
263
espécies registradas por Becker et al. (2014), em área de nascente do Rio dos
Sinos, no município de Caraá, considerando também um número cinco vezes
maior de forófitos.
A riqueza média foi de 4,5 ± 2,67 espécies por forófito, sendo registradas
no mínimo uma e no máximo oito espécies por árvore. Rocha et al. (2013a)
encontraram uma média de 4,65 espécies por forófito em Caraá, 1,65 espécies
em Taquara e 1,73 espécies em Campo Bom. Apesar de estarem inseridas em
uma matriz urbana no mesmo município, a área do presente estudo não
apresentou semelhança com a média de riqueza encontrada por Rocha et al.
(2013a) em Campo Bom, possuindo uma proximidade de valores com a área
de nascente do Rio dos Sinos em Caraá, o que aponta para um alto grau de
conservação do remanescente. Florestas secundárias iniciais apresentam
redução na riqueza de epífitos (Resolução CONAMA nº 392/2007), portanto a
alta média de riqueza sugere que a área está bem preservada há mais tempo,
provavelmente, devido ao seu baixo grau de antropização.
A PCoA apresentou 94,55% de explicação e evidenciou que a
composição florística das zonas é bastante heterogênea (Fig.3). Os intervalos
de altura apresentaram variações quanto à composição de espécies, sendo
que ela se deve em parte a fatores microclimáticos como umidade, que tende a
diminuir do solo ao ápice, e luminosidade, que aumenta neste mesmo sentido
(Lüttge, 1989; Steege & Cornelissen, 1989). Além disso, a estrutura física dos
forófitos e o tempo de disponibilidade do substrato para colonização (Yeaton &
Galdstone, 1982; Nieder et al., 1999) influenciam a composição da flora
epifítica. Essas variações criam microambientes que, associadas às
necessidades, estratégias e tolerâncias de cada espécie, são determinantes na
distribuição dos epífitos (Johansson, 1974; Benzing, 1995).
Destaca-se a ocorrência de Elaphoglossum macrophyllum apenas no
intervalo 1, demonstrando uma preferência pelo microhabitat mais úmido e com
pouca luz. Na área de estudo essa espécie é encontrada comumente como
terrícola no sub-bosque florestal. Blechnum binervatum e Polyphlebium
angustatum ocorreram exclusivamente nos intervalos 1 e 2. B. binervatum é
uma espécie que germina no solo e completa seu ciclo de vida no ambiente
epifítico, sendo classificada, de acordo com Benzing (1995), como um
hemiepífito secundário. P. angustatum apresenta ponto de saturação luminosa
baixo (Benzing, 1987) e folhas finas, aumentando a perda de água e limitando
a ocupação nos estratos superiores. Salienta-se que Microgramma squamulosa
foi a única espécie que ocorreu em todos os intervalos de altura, evidenciando
sua plasticidade para diferentes condições microclimáticas.
Microgramma squamulosa apresentou o maior VIe (20,76%), sendo
registrada em 17 intervalos e apresentando a maior nota de cobertura total
(33). Sua ocorrência é comum nos levantamentos de epífitos vasculares,
algumas vezes ocupando também a primeira posição do VIe, como encontrado
por Kersten & Silva (2002) no estado do Paraná; e em diferentes trechos da
bacia do Rio dos Sinos (Rocha et al., 2012; Barbosa et al., 2014). A segunda
espécie mais importante foi Microgramma vacciniifolia, seguida de Serpocaulon
catharinae. Pleopeltis pleopeltifolia e Campyloneurum nitidum foram registradas
264
Quevedo, Becker & Schmitt
em apenas um forófito, apresentando assim os menores valores de importância
(Tab.2). Gonçalves & Waechter (2002) registraram M. vacciniifolia como
espécie mais importante em figueiras isoladas no litoral norte do Rio Grande do
Sul. Segundo esses autores, M. squamulosa e M. vacciniifolia são espécies
que possuem rizoma longo-reptante que usualmente recobre grandes áreas
dos forófitos, formando um emaranhado sobre os ramos, exceto nos extremos
apicais da copa externa.
O índice de diversidade de Shannon (H‟) foi de 2,37 e Pielou (J‟), que
avalia a participação proporcional das espécies presentes, de 0,89. Índices
aproximados foram encontrados por Becker et al. (2014), o qual encontrou o
valor de 2,89 para o índice de Shannon e 0,85 para o índice de Pielou.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para samambaias, a adição de arvoretas no inventário não contribuiu
para aumentar a riqueza amostrada deste grupo de plantas, embora previsto
no RRED. Fato também observado por Becker et al. (2013) e Reis & Fontoura
(2009) que não registraram espécies exclusivas sobre as arvoretas, utilizando o
mesmo método.
A área se mostra bem conservada, possuindo parâmetros semelhantes
com a área da nascente do Rio dos Sinos em Caraá, RS, tais como a família
de maior representatividade, número de espécies e índices de Shannon e
Pielou (Becker et al., 2014). Além disso, os resultados de riqueza indicam um
baixo grau de antropização em comparação ao encontrado por Rocha et al.
(2012), em uma área de mata ciliar, no mesmo município do presente estudo.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Universidade FEEVALE pela infraestrutura
disponibilizada, ao CNPQ pela concessão de bolsa ao primeiro autor e ao
apoio financeiro concedido pela CAPES ao segundo autor. Aos colegas e
amigos do Laboratório de Botânica pela ajuda e companheirismo, e ao
proprietário da área que autorizou a realização da pesquisa no local.
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Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias...
269
Figura 1: Localização da área de estudo no município de Campo Bom, Rio Grande do Sul, Brasil.
Figura 2: Curva de rarefação e estimativa de riqueza de samambaias epifíticas nos oito forófitos,
em fragmento de Floresta Estacional Semidecídua, Campo Bom, RS, Brasil. O último ponto
representa o número de espécies previstas pelo estimador Jackknife 1. As barras verticais indicam
o intervalo de confiança.
Quevedo, Becker & Schmitt
270
Figura 3: Análise de Coordenadas Principais (PCoA) da composição de espécies nos intervalos de
altura dos forófitos, em fragmento de Floresta Estacional Semidecídua, Campo Bom, RS, Brasil.
Tabela 1: Famílias e espécies de samambaias registradas pelo RRED em fragmento de Floresta
Estacional Semidecídua, Campo Bom, RS, Brasil; e frequência das ocorrências de espécie por
intervalo de altura.
Família/Espécie
BLECHNACEAE
Blechnum binervatum (Poir.) C.V. Morton &
Lellinger
DRYOPTERIDACEAE
Elaphoglossum macrophyllum (Mett. ex Kuhn)
Christ
Polybotrya cylindrica Kaulf.
HYMENOPHYLLACEAE
Hymenophyllum polyanthos (Sw.) Sw.
Polyphlebium angustatum (Carmich.) Ebihara &
Dubuisson
POLYPODIACEAE
Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C. Presl
Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota
Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.)
Copel.
Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G. Price
Pecluma sicca (Lindm.) M.G. Price
Pleopeltis hirsutissima (Raddi) de la Sota
Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston
Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R.
Sm.
PTERIDACEAE
Vittaria lineata (L.) Sm.
Frequência por Intervalo
de Altura (%)
1
2
3
4
5
50
50
0
0
0
100
0
0
0
0
50
25
25
0
0
25
50
50
50
25
0
0
0
0
0
0
6
0
0
17
20
0
30
30
100
30
20
0
17
30
0
25
0
0
0
0
25
16
0
40
50
25
33
50
20
0
25
33
50
40
50
0
16
0
0
0
20
40
40
0
Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias...
271
Tabela 2: Estrutura comunitária de samambaias epifíticas em fragmento de Floresta Estacional
Semidecídua, Campo Bom, RS, Brasil, em ordem decrescente do valor de importância específico
(VIe). (Nf= número de forófitos com ocorrência da espécie; Ni= número de intervalos de altura com
ocorrência da espécie; FAf= frequência absoluta da espécie sobre os forófitos; FRf= frequência
relativa da espécie sobre os forófitos; FAi= frequência absoluta da espécie nos intervalos de altura;
FRi= frequência relativa da espécie nos intervalos de altura; NCt= soma das notas de cobertura da
espécie; NCr= nota de cobertura relativa da espécie; VIe= valor de importância da espécie.)
Espécies
Nf
Ni
FAf%
FRf%
FAi%
FRi%
NCt
NCr%
VIe
Microgramma squamulosa
6
17
75,00
16,67
42,50
25,00
33
20,63
20,76
Microgramma vacciniifolia
4
10
50,00
11,11
25,00
14,71
24
15,00
13,61
Serpocaulon catharinae
4
5
50,00
11,11
12,50
7,35
11
6,88
8,45
Polybotrya cylindrica
2
4
25,00
5,56
10,00
5,88
20
12,50
7,98
Vittaria lineata
3
5
37,50
8,33
12,50
7,35
13
8,13
7,94
Pleopeltis hirsutissima
3
6
37,50
8,33
15,00
8,82
10
6,25
7,80
Pecluma sicca
3
4
37,50
8,33
10,00
5,88
6
3,75
5,99
Polyphlebium angustatum
2
4
25,00
5,56
10,00
5,88
8
5,00
5,48
Hymenophyllum polyanthos
2
4
25,00
5,56
10,00
5,88
4
2,50
4,65
Blechnum binervatum
1
2
12,50
2,78
5,00
2,94
12
7,50
4,41
Elaphoglossum macrophyllum
2
2
25,00
5,56
5,00
2,94
6
3,75
4,08
Pecluma pectinatiformis
2
2
25,00
5,56
5,00
2,94
6
3,75
4,08
Pleopeltis pleopeltifolia
1
2
12,50
2,78
5,00
2,94
6
3,75
3,16
Campyloneurum nitidum
1
1
12,50
2,78
2,50
1,47
1
0,63
1,62
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ADENOCALYMMA
PEDUNCULATUM (VELL.) L. G. LOHMANN (BIGNONIACEAE)
Dayse Castro Rodrigues de Lima1
Carlos Ferreira de Lima2
Franciane Oliveira Costa1
André Luiz Gomes da Silva3
ABSTRACT
Adenocalymma pedunculatum is a subshrubby species which can have the
liana habitus when it is close to other plants. It is widely distributed in the
Brazilian cerrado. It flowers from June to September and bears fruit from July to
October. Its flowers, gathered in paniculate inflorescences, are tubular with four
didynamous stamens and a staminodes and have bilabiate sensory stigma. The
diurnal anthesis starts before dawn and the flowers last one day. Nectar is a
floral resource. The floral attributes of A. pedunculatum are related to
melittophily and ornithophily syndromes. The pollinators Euglossa (Euglossa)
sp., Epicharis bicolor and Chlorostilbon mellisugus were recorded. A large
number of species nectar and pollen grains pillagers was recorded and
Xylocopa (neoxylocopa) sp. was the most frequent one. In the hand selfpollination test there was no fruit production although there was 41.8% fruit
production in the xenogamy test, indicating that A. pedunculatum is selfincompatible and compulsory xenogamic. The control test presented a rate of
fruit yield of 2%. Under natural conditions, the ratio seed/ovule was 0.86 and the
resulting fertility rate was 0.017 while in the xenogamy test the seed/ovule ratio
was 0.81 and the resulting fertility rate was 0.33, indicating that this species has
a limitation in its rate of natural pollination.
Keywords: reproductive biology, Adenocalymma pedunculatum, pollination
RESUMO
Adenocalymma pedunculatum é uma espécie subarbustiva quando ocorre
isolada e de habitus liana quando ocorre próximo a outras plantas. É de ampla
distribuição no cerrado brasileiro. Floresce de junho a setembro e frutifica de
julho a outubro. Suas flores, reunidas em inflorescências do tipo panícula, são
tubulares com quatro estames didínamos e um estaminódio e apresentam
estigma bilabiado sensitivo.
A antese é diurna, iniciando-se antes do
1 Bióloga, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal do Maranhão, BR-222,
km 04, 65500-000, Boa Vista, Chapadinha, Maranhão, Brasil. Autor para correspondência. E-mail:
daysecastrolima@homail.com.
2 Agrônomo, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal do Maranhão, BR222, km 04, 65500-000, Boa Vista, Chapadinha, Maranhão, Brasil.
3 Professor Adjunto, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal do
Maranhão, BR-222, km 04, 65500-000, Boa Vista, Chapadinha, Maranhão, Brasil.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:273-291 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
274
Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva
amanhecer, e as flores duram um dia. Apresentam o néctar como recurso
floral. Os atributos florais de A. pedunculatum estão relacionados com as
síndromes de melitofilia e ornitofilia. Os polinizadores registrados foram as
Euglossa (Euglossa) sp, Epicharis bicolor e Chlorostilbon mellisugus. Foi
registrado um grande número de espécies pilhadoras de néctar e grãos de
pólen e Xylocopa (neoxylocopa) sp foi a espécie mais frequente. No teste de
autopolinização manual não houve produção de frutos e no teste de
xenogamia, a taxa de produção de frutos foi de 41,8%. Estes dados indicam
que A. pedunculatum é autoincompativel e xenogâmica obrigatória. O teste
controle apresentou uma taxa de produção de frutos de 2%. Em condições
naturais, a razão semente/óvulo foi 0,86 e a taxa de fecundidade resultante foi
de 0,017 - enquanto que, no teste de xenogamia, a razão semente/óvulo foi de
0,81 e a taxa de fecundidade resultante foi de 0,33, indicando que esta espécie
apresenta limitação em sua taxa de polinização natural.
Palavras-chave: biologia reprodutiva, Adenocalymma pedunculatum,
polinização
INTRODUÇÃO
A família Bignoniaceae compreende 82 gêneros e 827 espécies, com
ampla distribuição nas regiões tropicais e caracteriza-se por apresentar plantas
lenhosas, arbustivas ou arbóreas como também lianas (Lohmann & Ulloa,
2007). Diversas espécies dessa família são utilizadas na arborização de ruas,
praças, parques e avenidas. A madeira é muito utilizada pelo homem como
matéria prima de diversos artigos de carpintaria e marcenaria, sendo também
muito utilizada na construção civil e na medicina popular (Rizzini & Mors, 1995;
Gandolphi & Nelson, 2010).
Segundo Olmstead et al. (2009), a família Bignoniaceae possui oito
tribos: Bignonieae, Catalpeae, Colleae, Crescentieae, Jacarandaeae,
Oroxyleae, Tourrettieae e Tecomeae. A tribo Bignonieae contém 21 gêneros e
aproximadamente 380 espécies compostas principalmente de lianas
neotropicais, incluindo também algumas espécies arbustivas ocorrentes no
cerrado brasileiro (Lohmann, 2006). As espécies dessa tribo são conhecidas
pelas folhas compostas e opostas que, frequentemente, apresentam o folíolo
terminal modificado em uma gavinha, além de flores vistosas, que atraem uma
ampla variedade de polinizadores como abelhas, borboletas, mariposas,
pássaros e morcegos (Alcantara & Lohmann, 2010).
O gênero Adenocalymma pertence à tribo Bignonieae e, atualmente,
está representado por 79 espécies, cujos domínios fitogeográficos abrangem
Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, tendo como centro de
diversidade a região Amazônica e, apesar de possuir alguns representantes
subarbustivos no Cerrado brasileiro, é constituído principalmente por lianas
(Fonseca, 2013). Segundo Alcantara & Lohmann) as características florais das
espécies representantes de Bignonieae sugerem que as interações entre as
flores e seus polinizadores desempenham um papel muito importante na
diversificação do grupo como um todo. Além disso, as lianas têm um papel de
Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum...
275
destaque na dinâmica das comunidades florestais, contribuindo tanto com a
diversidade biológica como também participando de uma série de processos
e/ou funções vitais à manutenção da estrutura florestal (Udulutsch et al.
2010).Os padrões fenológicos das lianas podem ser complementares aos das
árvores, resultando em constante suplemento de néctar, pólen e fruto para a
fauna (Souza et al., 2010).
O estudo da biologia reprodutiva de plantas constitui um elemento chave
no esclarecimento dos padrões de distribuição e abundância das espécies
(Dalling, 2002), envolvendo a análise de dados referentes a aspectos
fenológicos, a biologia floral, o mecanismo de polinização, o sistema
reprodutivo e o sucesso reprodutivo. A fenologia reprodutiva das plantas não
afeta somente as próprias espécies, mas também os animais que dependem
de seus recursos (Souza et al., 2012). Assim, as plantas apresentam
estratégias fenológicas de floração que desempenham importante papel na
atração de polinizadores, podendo ajustar o padrão de forrageamento dos
mesmos de tal forma que a eficiência de polinização de qualquer visitante floral
esteja intimamente relacionada com a biologia floral da planta (D‟Avila, 2006),
uma vez que as plantas dependem dos animais para garantir seu sucesso
reprodutivo e os animais necessitam das plantas como fonte de recursos
(Borges, 2000). Nesse sentido, a polinização é um processo ecológico muito
importante nos ecossistemas terrestres, pois determina o sucesso reprodutivo
dos constituintes da flora e, portanto, sua capacidade de autorregeneracão
natural (Ramalho & Batista, 2005).
Gentry (1973), estudando representantes da família Bignoniaceae no
Panamá, estabeleceu várias síndromes de polinização, ressaltando a
predominância de espécies melitófilas. No entanto, Gentry (1974) relatou que
representantes de Bignoniae apresentam características de melitofilia e
também de ornitofilia. Sampaio (2010) estudou espécies subarbustivas de
Adenocalymma que exibem flores amarelas e tubulares, de odor adocicado e
são polinizadas principalmente por abelhas. Almeida-Soares et al. (2010),
trabalhando com a espécie Adenocalymma bracteatum, relatou a ocorrência da
síndrome de melitofilia. Encontra-se disponível na literatura um grande número
de trabalhos sobre taxonomia da família Bignoniaceae, no entanto, trabalhos
que se referem à biologia floral, reprodutiva ou a polinização de espécies dessa
família são raros. Segundo Alcantara & Lohmann (2010), apenas 46 espécies
da tribo Bignoniae tem o sistema reprodutivo determinado de forma conclusiva.
Este trabalho teve como objetivos avaliar a biologia floral, o sucesso
reprodutivo e a biologia de polinização de Adenocalymma pedunculatum (Vell.)
L. H. Lohmann em uma área de Cerrado no município de Chapadinha, MA.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O presente estudo foi conduzido na região Nordeste do Brasil, no
município de Chapadinha, que integra a microrregião Chapadinha, também
conhecida como microrregião do Alto Munim, na porção Leste do estado do
276
Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva
Maranhão (Costa et al., 2011), cujas coordenadas geográficas são: 3° 44‟ 45”
de latitude Sul e 43° 18‟ 41” de longitude Oeste.
A região é caracterizada por um cerrado lato sensu, que é um bioma
extenso e complexo apresentando um mosaico de tipos vegetacionais (Ibama,
2006). O clima predominante da região de Chapadinha é do tipo tropical úmido,
com uma época chuvosa que vai de novembro a maio e temperatura média de
29°C (Ribeiro & Walter, 1998).
Espécie de estudo
A. pedunculatum é uma espécie de ocorrência no Cerrado (stricto sensu)
e campo sujo (Medeiros, 2011). Na área de estudo apresenta hábito
subarbusto (Figura 1A) e, quando próxima a outras plantas, comporta-se como
liana, podendo atingir cerca de 15 metros de altura sobre árvores (Figura 1B).
Fenologia
As observações referentes à fenologia de floração e de frutificação foram
realizadas nos anos de 2011 e 2012, onde foram averiguados, semanalmente,
dez indivíduos previamente marcados quanto à emissão de flores e ao período
de frutificação.
Biologia floral
As observações sobre a biologia floral de A. pedunculatum foram
realizadas em condições naturais, além de terem sido coletadas flores para
análise sob microscópio estereoscópico, em laboratório. Foram registrados
dados sobre o horário de abertura dos botões, a longevidade da flor, o
processo de deiscência das anteras e o processo de abertura/fechamento do
estigma. Utilizou-se paquímetro digital para medir o comprimento e diâmetro do
cálice, comprimento e diâmetro da corola, comprimento do estilete e dos filetes.
O néctar foi coletado para análise da concentração de açúcares com
refratômetro de resolução 50% Brix. A coleta foi conduzida em populações
naturais no campo. Para a obtenção das concentrações, 390 botões florais
foram ensacados com sacos tecidos em organza, com a finalidade de impedir o
contato dos visitantes florais com o néctar. As coletas foram realizadas a cada
hora, sendo 30 flores para cada horário, a partir das 6:00h até às 18:00h.
O néctar produzido entre 6:00h e 8:00h foi coletado com auxilio de
microcapilares. O tamanho da coluna do néctar dentro do microcapilar foi
3
medido com auxilio de paquímetro digital. Em seguida, o volume em mm foi
calculado utilizando a fórmula do volume de um cilindro, V = π r² x h, onde:
V = volume;
π = constante ( 3,14)
r² = raio do microcapilar;
h = tamanho da coluna do fluido dentro do microcapilar (mm).
Posteriormente, os valores foram convertidos em mililitros (ml) por regra
de três simples. Utilizou-se também, nos horários das 9:00h às 18:00h, seringa
de 1,0 ml para coleta de néctar, devido ao maior volume deste.
Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum...
277
Nos casos em que o volume de néctar foi suficiente para medir a
concentração de açúcares, inclusive quando coletado com microcapilar,
utilizou-se o refratômetro portátil com escala de 0 a 50% Brix para determinar
as concentrações de açúcares, sendo que as médias e o desvio padrão foram
®
calculados com o auxílio do software Microsoft Excel 2010.
Material botânico de testemunha foi coletado e herborizado e encontrase depositado no Herbário do Instituto de Botânica de São Paulo, cujo número
SPF é 203416.
Visitantes florais
Para averiguação dos visitantes florais de A. pedunculatum foram
realizadas observações durante 14 dias consecutivos no ano de 2011, nos
períodos da manhã e da tarde, em oito indivíduos previamente marcados,
totalizando 56 horas de observação. Averiguou-se o comportamento dos
visitantes florais e realizaram-se registros fotográficos e filmagens, além das
observações visuais, anotando-se o horário das visitas, frequência dos
visitantes, comportamento intrafloral e tipos de recursos coletados.
Exemplares dos visitantes florais foram coletados diretamente das flores,
com auxílio de saco plástico ou rede entomológica, colocados em câmara
mortífera e acondicionados em frascos devidamente etiquetados com data e
hora de coleta. A diferenciação entre polinizadores e pilhadores baseou-se no
comportamento de intrafloral apresentado pelos visitantes, sendo considerados
polinizadores aqueles visitantes que, ao entrarem na flor, tocavam os órgãos
reprodutivos, e pilhadores aqueles visitantes que não tocaram os órgãos
reprodutivos da flor. Os visitantes florais coletados foram medidos utilizando-se
paquímetro digital e analisados quanto à presença de grãos de pólen no corpo,
usando-se microscópio estereoscópio e, posteriormente, encaminhados a
especialista para identificação taxonômica.
Sistema reprodutivo
Para o estudo do sistema reprodutivo de A. pedunculatum, fez-se o
isolamento de flores ainda em botão (exceto das amostras para controle), em
nove indivíduos e realizaram-se os seguintes testes:
1) Teste Controle, botões florais (N=50) foram marcados com fita
vermelha próxima a base, apenas para identificação do tratamento. As flores
foram observadas até a senescência ou maturação dos frutos em condições
naturais;
2) Autopolinização passiva, botões florais ensacados (N=25) não
foram manipulados, para se verificar a ocorrência ou não da formação do fruto;
3) Autopolinização manual, desenvolvida através da fertilização do
estigma com pólen proveniente da mesma flor (N=25) após a antese, com
manutenção do isolamento;
4) Apomixia, realizada através da retirada, ainda em botão, das anteras
e do estigma, e as flores (N=25) foram acompanhadas quanto o
desenvolvimento de frutos;
278
Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva
5) Geitonogamia, realizada através da fertilização do estigma com pólen
de outra flor, porém da mesma planta (N=25) após a antese, com manutenção
do isolamento;
6) Xenogamia - consistiu na transferência de grãos de pólen entre flores
de plantas diferentes (N=43), com manutenção do isolamento.
Com exceção do teste controle e da autopolinização passiva, todos os
demais testes reprodutivos tiveram suas flores emasculadas após a realização
dos testes, ou seja, tiveram as anteras removidas. Para todos os testes, houve
acompanhamento da produção ou não de frutos e, quando a produção ocorreu,
os frutos foram contados e coletados para fazer a relação fruto/flor. Para
estimar o índice de fecundidade (sucesso reprodutivo) foi utilizada a
metodologia proposta por Cruden (1972), que é o produto das razões
semente/óvulo e fruto/flor.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fenologia
A floração de A. pedunculatum possui padrão anual, ocorrendo nos
meses de junho a setembro, com pico em agosto. A frutificação ocorre de julho
a outubro, coincidindo com o período seco do ano, aspecto que também foi
observado por Almeida-Soares et al. (2010) em A. bracteatum numa área de
transição em uma floresta secundária em estágio médio de regeneração, no
estado de Mato Grosso do Sul. Quanto ao padrão de floração, esta espécie
pode ser considerada como do tipo cornucópia, por apresentar produção diária
de muitas flores por planta, em uma única estação do ano, ocorrendo durante
muitas semanas ou até meses (Gentry, 1974). Ainda de acordo com esse
mesmo autor, esse tipo de padrão fenológico é muito comum nas espécies de
Bignoniaceae; padrão semelhante foi descrito para outras espécies de
Bignoniaceae, como Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. e Tabebuia
ochracea (Cham.) Standl. (Barros, 2001).
Biologia floral
A. pedunculatum possui flores reunidas em inflorescências do tipo
panícula com 44,29 (±17,32; N=25) botões por inflorescência e 2,64 (± 2,80;
N=25) flores abertas por dia. As flores são pentâmeras, zigomorfas e
hermafroditas; o cálice é gamossépalo, de cor verde com corola gamopétala de
cor amarela intensa (Figura 2A). Internamente, a corola apresenta duas dobras
longitudinais que formam um sulco longitudinal interno em direção ao nectário
(Figura 2B), podendo funcionar como guia de néctar e por onde as abelhas
caminham até o interior da corola para a coleta de néctar. Essas
características, associadas ao estreitamento gradual do tubo floral, promove
uma pressão física dos órgãos sexuais da flor contra a região dorsal dos
visitantes (Vieira et al., 1992). Em A. pedunculatum, a corola tubular, o guia de
néctar e a simetria zigomorfa foram atributos florais que provavelmente
orientaram como os visitantes teriam acesso ao néctar, aspecto que também
foi observado por Amaral (1992) em outras espécies da tribo Bignoniae.
Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum...
279
O desenvolvimento das flores de uma inflorescência ocorre numa
sequência da base para o ápice no eixo da inflorescência. Em uma única
inflorescência podem ser encontrados botões florais, flores abertas, flores em
senescência e, ocasionalmente, frutos (Figura 3), características que podem
ser comuns ao gênero, já que são semelhantes às observadas por AlmeidaSoares et al. (2010) em estudo de A. bracteatum.
As flores de A. pedunculatum iniciam o processo de abertura por volta
das 3:00 horas, com a distensão dos lacínios se completando por volta das
7:00 horas. As flores duram um dia e, no período da tarde, a corola torna-se
marrom e cai, com persistência apenas do cálice e do gineceu, caracterizando
o fim da antese.
As flores de A. pedunculatum apresentam características relacionadas à
síndrome de polinização por abelhas, tais como antese diurna e elevada
concentração de açucares no néctar (Araujo et al., 2011). Segundo Alves et al.
(2010), a melitofilia em Bignoniaceae está, em geral, associada a flores
vistosas, relativamente grandes, com corola tubular e achatada
dorsoventralmente, e ao néctar disponível como recurso floral. Ainda de acordo
com esses autores, flores tubulares geralmente restringem a guilda de
polinizadores, haja vista que o acesso ao néctar é dificultado e, para tanto, os
polinizadores devem possuir estruturas especializadas que permitam o acesso
ao néctar.
O gineceu é constituído por um ovário súpero, bilocular com média de
12,72 óvulos (±2,11; N=25). O estilete mede 40,68 mm de comprimento
(Tabela 1). O estigma é bífido, permanecendo aberto quando receptivo e fechase quando ocorre a deposição de pólen na área estigmática. Foi acompanhado
o momento de abertura do estigma em 25 flores previamente selecionadas. A
abertura do estigma inicia-se por volta das 7:00h, com poucos estigmas
abertos, com pico entre às 8:00 e 9:00h, coincidindo com o horário de maior
intensidade de visitantes florais (Figura 4). Para Bittencourt Júnior (2003), o
fechamento do estigma é um indício de que a flor foi visitada e polinizada.
O androceu é epipétalo com quatro estames didínamos, sendo dois
maiores com 31,18 mm de comprimento (±3,30; N=25) e dois menores, com
23,37 mm de comprimento (±2,43; N=25) (Tabela 1), além de um estaminódio
de tamanho reduzido (Figura 5); as anteras apresentam deiscência longitudinal.
Essas características são semelhantes às encontradas por outros autores para
representantes da família Bignoniaceae (Correia et al., 2005; Almeida-Soares
et al., 2010).
O estaminódio é pouco desenvolvido na espécie sob análise e sua
função não foi elucidada neste estudo. No entanto, Alves et al. (2010) relataram
que, em Jacaranda mimosifolia, o estaminódio é uma das estruturas
responsáveis pela produção de odor. Vieira et al. (1992) destacaram um papel
triplo para o estaminódio: orientação visual, devido a cor contrastante do
estaminódio com a entrada do tubo da corola; guia olfativo, por meio da
liberação de odor pelos tricomas glandulares; e auxílio no contato do
polinizador com os órgãos sexuais, pela diminuição do diâmetro útil da abertura
280
Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva
da corola. Os dados morfométricos das flores de A. pedunculatum encontramse na Tabela 1.
Tabela 1. Morfometria das estruturas florais de Adenocalymma pedunculatum.
Variáveis avaliadas
Comprimento do cálice (mm)
Diâmetro do cálice (mm)
Comprimento da corola (mm)
Diâmetro da corola (mm)
Comprimento do estilete (mm)
Comprimento dos filetes maiores (mm)
Comprimento dos filetes menores (mm)
Comprimento do estaminódio (mm)
Média, desvio padrão e número da amostra
11,85 ± 1,05; N=25
6,89 ± 0,52; N=25
47,26 ± 6,07; N=25
16,22 ± 1,3; N=25
40,68 ± 3,99; N=25
31,18 ± 3,30; N=25
23,36 ± 2,43; N=25
4,94 ± 1,09; N=25
Adenocalymma pedunculatum também oferece néctar aos seus
visitantes, como recurso floral, estando este disponível durante todo o dia.
Durante o período de antese, o volume médio produzido foi de 0,042 ml
(N=390), havendo aumento constante da produção de néctar até por volta das
12:00h (Figura 6). Contudo, após esse horário, ocorreram pequenas variações
de volume em flores ensacadas, que podem ter sido em decorrência das
condições do ambiente. Em flores controle, não ensacadas, não foi constatada
a presença de néctar após o meio-dia, possivelmente devido às intensas visitas
de polinizadores e pilhadores no período da manhã. A concentração média de
açucares no néctar foi de 26,58%, em escala Brix, variando de 11,60% a
29,55% ao longo do dia. Segundo Guedes et al. (2009), a produção de néctar
e, consequentemente, o aumento da sua concentração de açúcares estão
associados a fatores climáticos, como a temperatura e umidade.
O fruto de A. pedunculatum é uma síliqua deiscente, bicarpelar, que
apresenta coloração verde durante o desenvolvimento (Figura 7A) e marrom
quando maduro (Figura 7B). As sementes são aladas, achatadas e liberadas
por anemocoria (Figura 7C).
Visitantes florais
As visitas em flores de Adenocalymma pedunculatum iniciaram-se por
volta das 7:00 horas e estenderam-se até o meio-dia, sendo mais frequentes às
9:00 (Figura 4). Foram registrados 92 visitantes, sendo 10 espécies de abelhas,
duas de beija-flores e uma de gafanhoto (Tabela 2). As abelhas do gênero
Euglossa (Euglossa) sp. corresponderam a 19,56% das visitas e Epicharis
bicolor foi responsável por 17,39% das visitas (Tabela 2), podendo estas serem
consideradas as possíveis polinizadoras de A. pedunculatum, devido seu
comportamento intrafloral.
Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum...
281
Tabela 2. Frequência, recurso e comportamento dos visitantes de Adenocalymma pedunculatum.
Espécie
Insetos
Centris (ptilotopus) sponsa Smith, 1854
Centris (Centris) sp.
Centris (Trachina) grupo fuscata
Lepeletier, 1841
Epicharis (Epicharis) bicolor Smith, 1874
Euglossa (Euglossa) sp.
Eulaema nigrita Lepeletier, 1842
Oxaea flavescens Klug, 1807
Tetragona sp.
Xylocopa (neoxylocopa) sp.
Schistocerca flavofasciata, Degeer, 1773
Aves
Chlorostilbon mellisugus Linnaeus, 1758
Beija-flor – gênero não identificado
Total
Recurso: N: néctar; P: pólen.
Frequência
N
%
Recurso
Comportamento
3
1
5
3,26
1,09
5,43
N
N
N
Pilhador
Pilhador
Pilhador
16
18
17,39
N
N
Polinizador
Polinizador
N
N
N
N
P
Pilhador
Pilhador
Pilhador
Pilhador
Predador
N
N
Polinizador
Polinizador
1
1
1
6
1
19,56
1,09
1,09
1,09
6,52
1,09
33
6
92
35,87
6,52
100
As espécies do gênero Euglossa realizaram visitas legítimas, assim
consideradas porque estas abelhas sobrevoam as flores e se direcionam pelo
sulco longitudinal em direção ao nectário para coletarem néctar e, neste
percurso, contatam as anteras com a parte dorsal do tórax, onde os grãos de
pólen se aderem passivamente (Figura 8A); em seguida, regressam pelo tubo
floral e alçam vôo. Em análise auxiliada por microscópio estereoscópico,
constatou-se a presença de grãos de pólen de Adenocalymma pedunculatum
no corpo e nas pernas de indivíduos de Euglossa spp., gênero de abelha
considerado
importante polinizador para outras espécies da família
Bignoniaceae (Yanagizawa, 1983; Bittencourt Júnior, 2003; Correia et al.,
2005).
Epicharis bicolor também apresentou comportamento semelhante às
abelhas do gênero Euglossa, pois se direcionam até a parte basal da corola
para coletarem o néctar e, nesse percurso, tocam com a parte dorsal do tórax
tanto no androceu quanto no estigma (Figura 8B).
A. pedunculatum foi visitada por duas espécies de beija-flores que
apresentaram comportamento de polinizador. A espécie Chlorostilbon
mellisugus (Figura 8C) realizou visitas legítimas para coletar néctar (Figura 8D),
quando então tocava nas partes reprodutivas da flor com o bico ou a cabeça
(Figura 9), onde grãos de pólen ficavam depositados, facilitando a transferência
dos grãos de pólen para outra flor visitada. Contrariamente, Sampaio (2010)
relatou que um espécime de beija-flor foi observado pilhando néctar em
Adenocalymma campícola, assim como Amaral (1992), que também descreveu
um espécime de beija-flor como sendo pilhador de néctar de Adenocalymma
bracteatum e Adenocalymma marginatum, já que a ave perfurava a corola na
região próxima ao ápice do cálice.
282
Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva
Dentre as espécies de abelhas pilhadoras, Xylocopa (neoxylocopa) sp.
(Figura 10A), apresentou frequência de 6,52%; Centris (Trachina) grupo
fuscata - 5,43%; Centris (ptilotopus) sponsa - 3,26%; Centris (Centris) sp.,
Eulaema nigrita, Oxaea flavescens e Tetragona sp. apresentaram 1,09% da
frequência de visitas, respectivamente (Tabela 2). As visitas de pilhagem
dessas abelhas iniciaram-se por volta das 7:00h, quando as flores ainda
dispunham de pouco néctar, estendendo-se até o meio-dia. Todas elas
apresentaram comportamento de pilhadores de recurso, pois essas abelhas
não adentraram nas flores pelo tubo da corola, mas pousaram do lado de fora
da corola e introduziram o aparelho bucal na base da corola ou do cálice,
realizando a pilhagem do néctar. As espécies Melipona michmelia (Figura 10B),
Trigona sp, Trigona pallens, Trigona branneri podem ser consideradas
pilhadoras de néctar, pois realizam a coleta através de perfurações no cálice. A
espécie Schistocerca flavofasciata foi considerada como predador da espécie
em estudo devido ao seu comportamento intrafloral, pois, ao adentrar na flor,
alimenta-se dos grãos de pólen (Figura 10C) e, logo em seguida, das anteras,
dessa forma inviabilizando a polinização (Figura 10D).
Enquanto Polatto et al. (2007) mencionaram espécies do gênero
Xylocopa, além de Oxaea flavescens, como pilhadoras de néctar de Pyrostegia
venusta, outros autores citam Centris spp como polinizadores eficientes (Dutra
& Machado, 2001; Silva et al., 2007), uma vez que tratando-se de abelhas de
grande porte, ao penetrarem nas flores, fazem contato com suas partes
reprodutivas (Dutra & Machado, 2001), fato que não foi observado em A.
pedunculatum. De modo adverso, Almeida-Soares et al. (2010) registraram a
espécie Eulaema nigrita como polinizador efetivo de Adenocalymma
bracteatum, pois recolhia grãos de pólen por vibração e tocava o estigma ao
visitar outras flores. No entanto, Correia et al. (2005) consideraram Eulaema
nigrita como pilhador primário de Arrabidaea conjugata.
Ressalte-se que em flores de Bignoniaceae, de acordo com Yanagizawa
(1983) e Barros (2001), intensas visitas de pilhadores reduzem a
disponibilidade de néctar, forçando o polinizador a buscar recursos em outras
plantas havendo, em consequência, um aumento do fluxo de pólen entre as
plantas que favorece a polinização cruzada, indispensável à formação de
frutos. Porém, Carvalho et al. (2007) relatam que existe discordância na
avaliação do efeito da pilhagem no sucesso reprodutivo nessa família. Todavia,
Correia et al. (2006), estudando a espécie Anemopaegma chamberlaynii Bur,
concluíram que outros fatores, como a disponibilidade de recursos maternos,
atração de polinizadores e a fertilidade masculina, mais do que o número de
flores polinizadas, determinam a maior produção de frutos.
Polinizadores e pilhadores de néctar realizam visitas conjuntas, não
ocorrendo comportamento agressivo entre eles. As visitas dos polinizadores e
pilhadores de néctar às flores de A. pedunculatum concentraram-se pela
manhã, sendo raras as visitas no período da tarde.
Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum...
283
Sistema reprodutivo
Os testes reprodutivos indicam que A. pedunculatum é autoincompatível,
pois os testes de autopolinização passiva, autopolinização manual, apomixia e
geitonogamia não produziram frutos (Tabela 3). Resultado semelhante foi
obtido por Correia et al. (2005) durante estudo em Arrabidae conjugata e por
Carvalho et al. (2007), com Anemopaegma laeve . Além disso, Bittencourt
Júnior (2003), realizando pesquisas sobre o desenvolvimento de tubos
polínicos utilizando microscopia de fluorescência, relataram que, entre as
Bignoniaceae, predomina o sistema de incompatibilidade de ação tardia. No
entanto, Dutra & Machado (2001) obtiveram resultados de autocompatibilidade
com Stenolobium stans (Juss.) Seem (Bignoniaceae), que justifica a
distribuição desta espécie em todo o Brasil.
No teste de xenogamia, a taxa de produção de frutos foi de 41,8%,
enquanto no teste controle foi de 2% (Tabela 3), indicando que a polinização
natural não é eficiente, podendo estar relacionado com a grande quantidade de
pilhadores de néctar. Polatto & Alves Júnior (2009), de modo semelhante,
obtiveram maior taxa de polinização nas flores de Sparattosperma leucanthum
(Vell.) K. Schum. (Bignoniaceae) também por xenogamia.
Tabela 3. Sistema de reprodução de Adenocalymma pedunculatum.
Testes reprodutivos
Flores (n°)
Controle
Autopolinização passiva
Autopolinização manual
Apomixia
Geitonogamia
Xenogamia
50
25
25
25
25
43
Frutos
(n°)
1
0
0
0
0
18
% de frutos
2
0
0
0
0
41,8
Sucesso reprodutivo
Em condições naturais, obteve-se o número de 11 sementes por fruto. A
razão semente/óvulo foi de 0,86 e a taxa de fecundidade resultante (Cruden,
1972) foi de 0,017 (Tabela 4). No teste de xenogamia, o número de sementes
foi de 10,33 (± 0,77, N=18), a razão semente/óvulo foi de 0,81 e a taxa de
fecundidade resultante foi de 0,33 (Tabela 4). Estes resultados mostram que A.
pedunculatum é xenogâmica obrigatória, característica comum entre muitas
espécies de Bignoniaceae (Correia et al., 2005; Correia et al., 2006; Polatto &
Alves Júnior, 2009; Almeida-Soares et al., 2010) e que a produção de frutos em
condições naturais é muito baixa.
284
Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva
Tabela 4. Sucesso reprodutivo de Adenocalymma pedunculatum.
Óvulo/flor
Fruto/flor
Semente/fruto
Semente/óvulo
Taxa de fecundidade
Controle
12,72 ± 2,11 N=25
0,02
11 N=1
0,86
0,017
Xenogamia
0,41
10,33 ± 0,77 N =18
0,81
0,33
CONCLUSÃO
A. pedunculatum é uma espécie de reprodução estritamente sexuada
que possui uma ampla diversidade de visitantes florais, tanto de polinizadores
quanto de pilhadores de recursos. No entanto, a alta taxa de visitas inter-planta
dos polinizadores favorece a polinização geitonogâmica, o que está
diretamente ligado à baixa taxa de fecundidade pela polinização natural em
comparação à taxa de fecundidade no teste de xenogamia. Estudos de
dinâmica populacional desta espécie ajudariam a compreender melhor sua
distribuição com uma taxa baixa de fecundidade.
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Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum...
A
287
B
Figura1. Adenocalymma pedunculatum em área de Cerrado de Chapadinha-MA, comportando-se
como (A) subarbusto e (B) como liana.
A
B
Figura 2. (A) Aspecto geral das flores; (B) dobra longitudinal da flor evidenciando o guia de néctar
(seta).
288
Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva
b
a
c
d
Figura 3. (a) Botões florais, (b) flores abertas, (c) flores em senescência e (d) fruto.
a
b
Visitantes florais
Estigmas
d
Figura 4. Em Adenocalymma pedunculatum. Número de estigmas abertos e fechados por horário
de observação, relacionando-os com a quantidade de visitantes florais.
Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum...
a
b
c
289
d
e
f
g
Figura 5. Corte longitudinal da flor demostrando a disposição dos órgãos reprodutivos: (a) estigma,
(b) antera, (c) filete, (d) estilete, (e) estaminódio, (g) câmara nectarífera e (f) ovário.
Figura 6. Variação da concentração de açúcares e do volume do néctar em flores previamente
ensacadas de Adenocalymma pedunculatum.
Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva
290
A
B
C
Figura 7. (A) Fruto em desenvolvimento, (B) fruto maduro e (C) semente. Barra equivale a 3 cm (AB) e 1 cm (C).
A
B
C
D
Figura 8. (A) Euglossa (Euglossa) sp.; (B) Epicharis bicolor adentrando a flor em direção ao
nectário; (C) Chlorostilbon mellisugus visitando flor; (D) Chlorostilbon mellisugus realizando coleta
de néctar.
Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum...
291
Figura 9. Desenho esquemático da flor de A. pedunculatum para demonstrar o contato das
estruturas reprodutivas com a região da cabeça de Chlorostilbon mellisugus.
A
B
C
D
Figura 10. (A) Xylocopa (neoxylocopa) sp. realizando a coleta de néctar; (B) Melipona (michmelia)
sp. pilhando néctar; (C-D) Schistocerca flavofasciata alimentando-se de pólen e anteras.
SOBREVIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE
CATTLEYA INTERMEDIA GRAHAM (ORCHIDACEAE)
MICROPROPAGADAS E ACLIMATADAS EM SUBSTRATOS
COM FIBRA DE COCO
Márcio Hisayuki Sasamori1
Delio Endres Júnior2
Annette Droste3
ABSTRACT
The orchid Cattleya intermedia Graham is endemic to Brazil and has been
included among the endangered species for the state of Rio Grande do Sul. In
nature, only 5% of the orchid seeds germinate. Seedlings produced in vitro may
be used in reintroduction programs, since the ex vitro acclimatization is efficient.
The aim of this study was to evaluate the survival and the initial development of
C. intermedia seedlings obtained from in vitro culture and acclimatized in the
following substrates: coconut fiber; coconut fiber and pine bark; coconut fiber
and carbonized rice hulls; coconut fiber and broken stone, as well as coconut
fiber, pine bark, carbonized rice hulls and broken stone. For each substrate
thirty six seedlings were evaluated for survive and 20 to 22 seedlings were
evaluated for development parameters. After five months of acclimatization,
survival percentage, rates of absolute and relative increase of shoot growth and
fresh mass, mean length of the longest root, and mean number of roots per
seedling in each substrate were calculated. Survival percentages between 80
and 100% were observed. Seedlings acclimatized in the substrate containing
coconut fiber, pine bark, carbonized rice hulls and broken stone showed a mean
of 8.5 roots with the longest root measuring about 6.13 cm. This combination of
compounds also stood out among the substrates which promote the highest
rates of relative increase of shoot growth (69.7%) and fresh mass (414.1%),
and may be recommended for the acclimatization of in vitro propagated C.
intermedia seedlings.
Key-words: Orchid. Acclimatization. Conservation. Reproduction.
1 Bolsista de Iniciação Científica CNPq, Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Biotecnologia
Vegetal, Universidade Feevale, ERS 239, 2755, CEP 93352-000, Novo Hamburgo, RS, Brasil. Email: marcio_sasamori@yahoo.com.br.
2 Bolsista de Iniciação Científica FAPERGS, Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de
Biotecnologia Vegetal, Universidade Feevale, ERS 239, 2755, CEP 93352-000, Novo Hamburgo,
RS, Brasil. E-mail: deliojendres@hotmail.com.
3 Doutora e Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental,
Laboratório de Biotecnologia Vegetal, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Feevale, ERS
239, 2755, CEP 93352-000, Novo Hamburgo, RS, Brasil. E-mail: annette@feevale.br.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:293-303 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
294
Sasamori, Endres Jr. & Droste
RESUMO
A orquidácea Cattleya intermedia Graham é endêmica do Brasil e está entre as
espécies ameaçadas no estado do Rio Grande do Sul. Na natureza, somente
em torno de 5% das sementes de orquídeas germinam. Plântulas produzidas a
partir de sementes in vitro podem ser utilizadas em programas de reintrodução,
desde que a aclimatação ex vitro seja eficiente. O objetivo do estudo foi avaliar
a sobrevivência e o desenvolvimento inicial de plântulas de C. intermedia
provindas da cultura in vitro, aclimatadas nos seguintes substratos: fibra de
coco (FC), fibra de coco e casca de pínus (FC + CP), fibra de coco e casca de
arroz carbonizada (FC + CAC), fibra de coco e brita (FC + B), bem como fibra
de coco, casca de pínus, casca de arroz carbonizada e brita (FC + CP + CAC +
B). Para cada substrato, foram avaliadas 36 plântulas quanto à sobrevivência e
20 a 22 plântulas quanto aos parâmetros de desenvolvimento. Ao final de cinco
meses de aclimatação, foram calculadas a porcentagem de sobrevivência, as
taxas absoluta e relativa de crescimento da parte aérea e de aumento da
massa fresca, a média do comprimento da raiz maior e a média do número de
raízes por plântula em cada substrato. Porcentagens de sobrevivência entre 80
e 100% foram observadas. Plântulas aclimatadas no substrato contendo fibra
de coco, casca de pinus, casca de arroz carbonizada e brita apresentaram em
média 8,5 raízes e raiz maior com 6,13 cm. Essa combinação de componentes
também se destacou entre os substratos que propiciaram maiores taxas de
aumento relativo da parte aérea (69,7%) e da massa fresca (414,1%), podendo
ser recomendada para a aclimatação de plântulas de Cattleya intermedia
propagadas in vitro.
Palavras-chave: Orquídea. Aclimatação. Conservação. Reprodução.
INTRODUÇÃO
Cattleya intermedia Graham é uma orquidácea epifítica endêmica do
Brasil que ocorre na Floresta Atlântica, nas regiões Sul e Sudeste (Barros et
al., 2013). O elevado valor ornamental da espécie a torna alvo de coletas
irregulares, o que, aliado à redução de hábitats, contribui para a diminuição das
populações naturais (Cruz et al., 2003). Atualmente, C. intermedia é registrada
como vulnerável na Lista das Espécies da Flora Ameaçadas do Rio Grande do
Sul (Rio Grande do Sul, 2003).
A preocupação com a conservação dos genótipos de orquídeas nativas
leva à busca por estratégias para diminuir o impacto negativo das pressões
antrópicas sobre as espécies em perigo (Corrie & Tandon, 1993). Na natureza,
apesar do grande número de sementes produzidas, somente 5% destas
germinam e se desenvolvem mediante uma relação simbiótica com fungos
micorrízicos, os quais fornecem os nutrientes necessários ao crescimento das
plantas (Corrie & Tandon, 1993; Colombo et al., 2005). A germinação de
sementes de orquídeas in vitro é uma eficiente ferramenta para a produção de
plântulas que podem ser utilizadas em programas de reintrodução de espécies
aos hábitats originais devido à manutenção da variabilidade genética,
restaurando as populações nativas (Wochok, 1981; Schneiders et al., 2012).
Sobrevivência e desenvolvimento de plântulas de...
295
A transferência das plântulas da condição in vitro para o ambiente
natural exige uma etapa intermediária de aclimatação (Grattapaglia &
Machado, 1998), muitas vezes considerada limitante para a sobrevivência dos
indivíduos, devido às significativas mudanças das condições abióticas,
principalmente de umidade, luminosidade e disponibilidade de nutrientes (Assis
et al., 2009; Lakso et al., 1986), bem como devido à possibilidade de contato
das plântulas com microrganismos patogênicos (Tombolato & Costa, 1998).
Em ambiente florestal, as orquídeas epifíticas utilizam o forófito como
suporte, obtendo a maior parte de seus nutrientes por meio da lixiviação de
materiais ao longo do tronco junto à água da chuva (Moreira & Isaias, 2008;
Benzing et al., 1982). Substratos usados para aclimatação ex vitro, portanto,
devem apresentar características que facilitem a aeração, a drenagem e o
acesso à luz por parte das raízes das plântulas cuja morfoanatomia está
adaptada ao epifitismo (Bicalho, 1969). Além disso, um substrato eficiente deve
apresentar capacidade de retenção de nutrientes, durabilidade, consistência
para suporte e capacidade de tamponamento para pH (Kämpf, 2000).
O xaxim, formado pelas raízes adventícias de algumas samambaias das
famílias Dicksoniaceae e Cyatheaceae, é comumente utilizado como substrato
para cultivar orquídeas (Demattê & Demattê, 1996). Dicksonia sellowiana
Hook., uma das espécies mais exploradas no passado, está na Lista Oficial das
Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2013a) e tem sua
exploração proibida no Brasil (Resolução Conama 278/2001) (MMA, 2013b). A
partir das restrições ao uso desta espécie, principalmente, tornou-se
necessária a avaliação de novos compostos que permitissem a sobrevivência e
o estabelecimento das plântulas de orquídea após a cultura in vitro.
A fibra de coco é um resíduo da exploração comercial do fruto da
palmácea Cocos nucifera L. (Jasmim et al., 2006) que vem sendo empregado
de forma crescente como substrato para a produção de orquídeas (Assis et al.,
2005, 2008; Colombo et al., 2005; Silva et al., 2006; Yamakami et al., 2006,
2009; Lone et al., 2008; Stefanello et al., 2009; Macedo et al., 2011).
Especificamente, para Cattleya intermedia, um estudo avaliou o
desenvolvimento de plântulas usando fibra de coco além de outros substratos,
de forma separada (Lone et al., 2008).
Considerando que o uso combinado de diferentes materiais pode
agregar características desejáveis ao substrato (Kämpf, 2000), o estudo teve
como objetivo avaliar a sobrevivência e o desenvolvimento de plântulas de
Cattleya intermedia obtidas a partir da propagação in vitro e aclimatadas em
fibra de coco e outros componentes.
MATERIAL E MÉTODOS
Plântulas de Cattleya intermedia obtidas a partir de sementes
germinadas in vitro e medindo 2,0 ± 0,5 cm de altura foram numeradas. A
altura da parte aérea e a massa fresca de cada plântula foram registradas com
o auxílio de um paquímetro e de uma balança de precisão, respectivamente.
296
Sasamori, Endres Jr. & Droste
Bandejas de plástico transparente (24 cm x 18 cm, 5 cm de altura) com
dez furos laterais (0,5 cm de diâmetro, a 2 cm da base da bandeja) foram
utilizadas como recipientes. Uma camada de pedra britada (granito rosa) foi
colocada no fundo de cada bandeja para facilitar a drenagem e a aeração do
sistema radicular (Santos & Teixeira, 2010). Após, foram colocados diferentes
tipos e combinações de substratos nas bandejas: fibra de coco (FC); fibra de
coco e casca de pínus (FC + CP, 2:3 v/v); fibra de coco e casca de arroz
carbonizada (FC + CAC, 3,5:1,5 v/v); fibra de coco e brita basáltica n. 1 (FC +
B, 3:2 v/v); fibra de coco, casca de pínus, casca de arroz carbonizada e brita
basáltica n. 1 (FC + CP + CAC + B, 1:2:1:1 v/v). A fibra de coco utilizada em
®
todos os substratos foi do tipo Padrão 80 – Amafibra .
Para cada substrato avaliado, foram utilizadas 36 plântulas, 12 em cada
o
bandeja. As plântulas foram mantidas em laboratório, a 26±1 C e com
retenção de 70% da luz natural por meio de tela de polipropileno. Adubações
®
foliares com o fertilizante comercial Peters nas concentrações de 0,5 g/L
durante os primeiros 30 dias e de 1 g/L no restante do experimento foram
realizadas com periodicidade quinzenal. As bandejas foram mantidas cobertas
por tampas plásticas transparentes durante 15 dias, para a manutenção de
maior umidade junto às plântulas, sendo que após este período as tampas
começaram a ser removidas, expondo os indivíduos de forma gradual ao ar
atmosférico.
A irrigação foi realizada manualmente a cada dois dias, mantendo-o
sempre úmido. Após cinco meses, foi realizado o levantamento da
sobrevivência, altura da parte aérea, massa fresca, número de raízes e
comprimento da raiz maior das plântulas. Para cada substrato, foram avaliadas
36 plântulas quanto à sobrevivência e 20 a 22 plântulas quanto aos parâmetros
de desenvolvimento. Para altura da parte aérea, foram calculadas as taxas de
crescimento absoluto e relativo, respectivamente pelas fórmulas e [APA2APA1] e [(APA2-APA1x100)/APA1], em que APA1 foi a altura da parte aérea
ao início do experimento e APA2 foi a altura da parte aérea ao término do
experimento. Para massa fresca, foram calculados os aumentos de massa
absoluto e relativo, respectivamente pelas fórmulas [MF2-MF1] e [(MF2MF1x100)/MF1], em que MF1 foi a massa fresca ao início do experimento e
MF2 foi a massa fresca ao término do experimento.
A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk, com o
uso do programa estatístico SPSS versão 20. Para sobrevivência, os dados
foram submetidos ao teste de Kruskal-Wallis, seguido pelo teste de StudentNewman-Keuls, a 5% de probabilidade. Diferenças entre altura da parte aérea
e entre massa fresca ao início e após cinco meses de aclimatação foram
testadas pelo teste de Wilcoxon. A taxa de crescimento relativo de altura da
parte aérea e o aumento relativo de massa fresca foram transformados em
√(x+1) e os dados dos parâmetros taxa de crescimento absoluto de altura da
parte aérea, aumento absoluto de massa fresca, comprimento da raiz maior e
número de raízes foram transformados em log (x+1). Os dados transformados
foram submetidos à análise de variância (ANOVA), sendo as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Sobrevivência e desenvolvimento de plântulas de...
297
RESULTADOS
Foram observadas altas porcentagens de sobrevivência das plântulas de
Cattleya intermedia em todos os substratos avaliados, que variaram de 80 a
100%, (Figura 1) e que não diferiram significativamente entre si (H=76.230;
p=0,2670). A parte aérea e a massa fresca das plântulas apresentaram
aumento significativo em todos os substratos avaliados após cinco meses de
aclimatação (Figura 2).
Figura 1. Porcentagens de plântulas de Cattleya intermedia sobreviventes após cinco meses de
aclimatação em diferentes substratos. FC: fibra de coco; CP: casca de pínus; CAC: casca de arroz
carbonizada; B: brita. Barras de erro indicam desvio padrão.
Figura 2: Altura da parte aérea (A) e massa fresca (B) de plântulas de Cattleya intermedia ao início
(barras pretas) e após cinco meses (barra cinza) de aclimatação em diferentes substratos. FC: fibra
de coco; CP: casca de pínus; CAC: casca de arroz carbonizada; B: brita. Barras de erro indicam
desvio padrão. Asteriscos indicam diferenças altamente significativas (p<0,001) de acordo com o
teste de Wilcoxon.
Sasamori, Endres Jr. & Droste
298
A taxa de crescimento absoluto das plântulas foi significativamente
superior no tratamento contendo fibra de coco, casca de pínus, casca de arroz
carbonizada e brita (FC + CP + CAC + B; 1,44 cm), em relação aos demais
tratamentos (F=9,567; p<0,001) (Tabela 1), com exceção do tratamento com
fibra de coco e casca de arroz carbonizada (FC + CAC; 1,26 cm).
Referente à massa fresca das plântulas, o tratamento com FC + CP +
CAC + B apresentou o maior aumento absoluto (1,436 g), seguido do substrato
composto por FC + CAC (1,064 g), os quais foram estatisticamente superiores
ao uso de fibra de coco como único material (FC; 0,582 g), bem como quando
esta foi acrescida de brita (FC + B; 0,532 g) (F=16,859; p<0,001).
O uso dos substratos FC + CAC, FC + CP + CAC + B e FC + CP permitiu
maior aumento relativo da parte aérea das plântulas (72,7, 69,7 e 48,4%,
respectivamente) e da massa fresca (417,5, 414,1 e 403,8%, respectivamente)
em relação ao tratamento com FC + B (26,0% para parte aérea e 238,13%
para massa fresca). As plântulas aclimatadas com uso de fibra de coco como
substrato único apresentaram taxas de crescimento relativo intermediários para
altura da parte aérea (45,2%) e de massa fresca (303,9%).
Tabela 1. Taxas de crescimento da altura da parte aérea e de aumento da massa fresca (média ±
desvio padrão) em Cattleya intermedia após cinco meses de aclimatação em diferentes substratos.
Altura da Parte Aérea
Substratos1
Massa Fresca
Taxa de crescimento
absoluto (cm)
Taxa de
crescimento
relativo (%)
Taxa de aumento
absoluto (g)
Taxa de
aumento
relativo (%)
FC
0,86 ± 0,46bc2
45,2 ± 25,6ab
0,582 ± 0,417c
303,9 ± 162,9ab
FC + CP
0,93 ± 0,488bc
48,4 ± 27,8a
0,746 ± 0,434bc
403,8 ± 187,3a
FC + CAC
1,26 ± 0,69ab
72,7 ± 50,0a
1,064 ± 0,362ab
417,5 ± 140,2a
FC + B
0,55 ± 0,48c
26,0 ± 24,4b
0,532 ± 0,356c
238,3 ± 185,2b
FC+CP+CAC+B
1,44 ± 0,63a
69,7 ± 34,9a
1,436 ± 0,495a
414,1 ± 140,9a
F
9,567
8,646
16,859
6,523
p
< 0,001
< 0,001
< 0,001
< 0,001
1FC: fibra de coco; CP: casca de pínus; CAC: casca de arroz carbonizada; B: brita.
2Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey
(p<0,05).
O melhor desenvolvimento do sistema radicular das plântulas foi
observado com uso de maior número de materiais na composição do substrato,
sendo observada a maior média do comprimento de raízes em FC + CP + CAC
+ B (6,13 cm) em relação à FC + CP, FC + B e FC (4,18, 3,59 e 3,32cm,
respectivamente) (F=7,439; p<0,001). Para o número de raízes das plântulas,
FC + CP + CAC + B se mostrou superior em relação a FC + CAC, FC + B e FC
(8,5, 5,7, 5,5 e 4,3, respectivamente) (F=7,782; p<0,001) (Tabela 2).
Sobrevivência e desenvolvimento de plântulas de...
299
Tabela 2. Comprimento da raiz maior e número raízes (média ± desvio padrão) em Cattleya
intermedia após cinco meses de aclimatação em diferentes substratos.
Substratos1
Comprimento da raiz maior
(cm)
Número de raízes
FC
FC + CP
FC + CAC
FC + B
FC + CP + CAC + B
F
p
3,32 ± 1,82 b2
4,18 ± 2,31 b
4,61 ± 1,76 ab
3,59 ± 1,19 b
6,13 ± 1,45 a
7,439
< 0,001
4,3 ± 2,1 c
6,0 ± 2,3 ab
5,7 ± 2,2 bc
5,5 ± 2,0 bc
8,5 ± 3,2 a
7,782
< 0,001
1
FC: fibra de coco; CP: casca de pínus; CAC: casca de arroz carbonizada; B: brita.
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey
(p<0,05).
2
DISCUSSÃO
O sucesso da aclimatação de Cattleya intermedia alcançado no presente
estudo foi evidenciado pelas altas porcentagens de sobrevivência de plântulas
observadas em todos os substratos avaliados, o que em parte foi alcançado
pela irrigação manual periódica que permitiu o controle da umidade do
substrato, uma vez que a evaporação da água ocorre de modo diferente
conforme a textura dos componentes (Demattê & Demattê, 1996). A
aclimatação das plântulas deve ocorrer de forma gradual para que as mesmas
possam desenvolver tecidos e mecanismos fisiológicos de adaptação à nova
condição atmosférica. Durante o cultivo in vitro, as plântulas são mantidas em
ambiente com alta umidade relativa do ar, baixa luminosidade, e trocas
gasosas restritas (Shackel et al., 1990), resultando em estômatos não
funcionais, cutícula delgada e parênquima paliçádico pouco desenvolvido, que
são fatores de mortalidade de plântulas (Díaz-Péres et al., 1995). A utilização
de tampas plásticas transparentes nas bandejas e sua abertura gradativa foram
essenciais para a manutenção da alta umidade relativa do ar no microambiente
das plântulas nas primeiras semanas da aclimatação, que, segundo
Grattapaglia e Machado (1990), é um requisito importante para a sobrevivência
nesse período, reduzindo o estresse hídrico, que é uma das principais causas
da necrose de plântulas.
Comparativamente a outros estudos desenvolvidos com orquídeas
epifíticas, a sobrevivência de plântulas observada no presente estudo,
independente do substrato testado, foi alta. Cattleya intermedia aclimatada com
esfagno ou casca de pínus pelo período de 90 dias apresentou 53 e 27% de
sobrevivência, respectivamente (Dorneles & Trevelin, 2011). Silva et al. (2006)
observaram a sobrevivência de plântulas de Cattleya tigrina A. Rich. Ex Beer
de 4% quando aclimatadas em fibra de coco por 120 dias. Para plântulas de
Miltonia flavescens Lindl., Stefanello et al. (2009) registraram sobrevivência
entre 5 e 30% após 90 dias de aclimatação em substratos com fibra de coco,
Plantmax®, casca de pínus, pó de coco (fibra de coco triturada) e mistura entre
300
Sasamori, Endres Jr. & Droste
casca de pínus e pó de coco. Por outro lado, porcentagens de sobrevivência
próximas às observadas no presente estudo foram obtidas para plântulas de
Dendrobium nobile Lindl. aclimatadas por 180 dias em vermiculita (77,8%),
casca de arroz carbonizada com vermiculita (81,8%), Plantmax® com
vermiculita (87,5%), carvão vegetal com Plantmax® e isopor moído (83,3%) e
xaxim desfibrado (95,2%) (Moraes et al., 2002).
O aumento da altura da parte aérea das plântulas de Cattleya intermedia
após cinco meses de aclimatação foi significativo em todos os substratos
avaliados, mas especialmente evidente nas combinações FC + CAC e FC + CP
+ CAC + B. O uso simultâneo de diversos componentes do substrato contribuiu
para o desenvolvimento das plântulas devido a fatores como boa aeração (fibra
de coco e casca de pínus), boa disponibilidade de minerais (casca de arroz
carbonizada) e baixa retenção de água (brita), ou pela interação destes fatores
(Araujo et al., 2007). Resultados semelhantes foram obtidos em plântulas de
Dendrobium nobile, as quais apresentaram aumento superior a 100% da altura
da parte aérea após 180 dias de aclimatação em substrato composto por três
componentes (Plantamax®, carvão vegetal e isopor moído) (Moraes et al.,
2002).
O número de raízes por plântula observado no presente trabalho quando
do uso de fibra de coco como substrato único foi semelhante àquele registrado
anteriormente para Cattleya intermedia (Lone et al., 2008). No entanto, o uso
combinado de diferentes materiais incrementou o desenvolvimento do sistema
radicular das plântulas no presente estudo, uma vez que o substrato com a
combinação de FC + CP + CAC + B proporcionou um desenvolvimento
radicular significativamente superior aos demais substratos avaliados, o que
ainda se refletiu em um importante aumento da massa fresca. Por outro lado,
dados da literatura indicam que com o uso de esfagno e casca de pínus de
forma separada, o número e o comprimento de raízes por plântula dessa
espécie é inferior, tendo sido observadas, em média, entre duas a três raízes,
variando de 1,05 a 1,86 cm, após 90 dias de aclimatação (Dorneles & Trevelin,
2011). O crescimento e o desenvolvimento de raízes durante a aclimatação é
um importante quesito para o estabelecimento dos indivíduos, devido à sua
função de absorção e reserva de água e minerais (Benzing et al., 1982).
A fibra de coco tem sido apontada como um substrato eficiente para o
cultivo de orquídeas (Assis et al., 2005, 2008), apresentando alta porosidade e
capacidade de aeração, pH levemente ácido, longa durabilidade e baixa
capacidade de troca de cátions (CTC) (Carrijo et al., 2002; Lone et al., 2008). A
casca de pínus, extraída de Pinus taeda L., é composta basicamente de
celulose e permite alta drenagem e baixa absorção de água (Martin et al.,
2006). A casca de arroz carbonizada, extraída das sementes de Oryza sativa
L., possui pH próximo à neutralidade, é rica em minerais, apresenta baixa
capacidade de troca de cátions, disponibilizando maior quantidade de
nutrientes em solução, baixa retenção de água devido à alta porosidade e boa
relação entre água e ar (Araujo et al., 2007). A brita, em baixas proporções,
auxilia na drenagem da água e contribui para a estabilidade mecânica das
plântulas. Segundo Demattê & Demattê (1996), a baixa retenção de água
Sobrevivência e desenvolvimento de plântulas de...
301
propiciada pelos substratos em função de sua alta porosidade impede a
necrose das raízes, devido ao acesso facilitado ao ar. Além disso, o pH do
substrato exerce uma influência importante sobre o desenvolvimento do
sistema radicular, sendo que, para Cattleya intermedia, valores de pH
levemente ácidos (5,0 a 5,5) são considerados ideais (Kämpf, 2000).
O uso combinado de fibra de coco, casca de pínus, casca de arroz
carbonizada e brita pode ser recomendado para a aclimatação de Cattleya
intermedia, permitindo que plântulas obtidas por meio da micropropagação in
vitro sejam utilizadas em programas de reintrodução em ambiente natural.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Universidade Feevale pela infraestrutura e pelo
apoio financeiro, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pela Bolsa de Iniciação Científica PIBIC, e à Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pela Bolsa
de Iniciação Científica PROBIC.
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GRÃOS DE PÓLEN DE ESPÉCIES OCORRENTES NA
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL DO
ESPINILHO, BARRA DO QUARAÍ, RIO GRANDE DO SUL,
BRASIL
Jefferson Nunes Radaeski1
1
Andreia Cardoso Pacheco Evaldt
1
Soraia Girardi Bauermann
ABSTRACT
The vegetation “Savana Estépica Parque” in “Parque Estadual do Espinilho”
have its only remaining in Brazil, at the westernmost portion of the Rio Grande
do Sul, in the Barra Quaraí municipality. This study is aimed to analyze the
pollen morphology of angiosperm species present in the study area of the
“Unidade de Conservação Parque Estadual do Espinilho”. Botanical material
was collected, and herbaria were consulted to obtain pollen material, processed
by acetolysis technique. Pollen grains of the 45 species are presented (one
magnoliid, five monocots and 39 eudicots). Among the species are Prosopis
affinis Spreng., Prosopis nigra Hieron., Vachellia caven (Molina) Seigler &
Ebinger and Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl that characterize the
formation “Savana Estépica Parque”. The results of this work contribute to
studies of Quaternary palynology under development in “Savana Estépica
Parque” vegetation, besides enabling the determination of the areas once
covered by the “Savana Estépica Parque” in the past, in Rio Grande do Sul,
since it is estimated that the area of occurrence of this vegetation decreased
significantly from the beginning of Holocene.
Keywords: Pollen morphology, “Savana Estépica Parque”, “Pampa” Biome.
RESUMO
O Parque Estadual do Espinilho abriga vegetação caracterizada como Savana
Estépica Parque que tem seu único remanescente no país localizado no
extremo oeste do Rio Grande do Sul, em Barra do Quaraí. Este estudo
objetivou analisar a morfologia polínica das espécies de angiospermas que
vivem na Unidade de Conservação Parque Estadual do Espinilho. Para isto
foram realizadas coletas botânicas, além de consultas a herbários para
obtenção de material polínico que foi processado pela técnica de acetólise. São
descritos os grãos de pólen de 45 espécies (uma magnoliídea, cinco
monocotiledôneas e 39 eudicotiledôneas). Entre as espécies estão incluidas
Prosopis affinis Spreng., Prosopis nigra Hieron., Vachellia caven (Molina)
Seigler & Ebinger e Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl que caracterizam
a formação Savana Estépica Parque. Os resultados obtidos neste trabalho irão
1 Laboratório de Palinologia, Universidade Luterana do Brasil, Av. Farroupilha, 8001, São José,
Canoas, RS. CEP 92.425-900 Canoas, RS, Brasil. (lab.palinologia@ulbra.br)
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:305-332 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
306
Radaeski, Evaldt & Bauermann
contribuir para estudos em palinologia do Quaternário que apresentem
elementos característicos desse tipo de vegetação, além de possibilitar a
determinação das áreas de ocorrência da Savana Estépica Parque no
passado, no Rio Grande do Sul, uma vez que se estima que a área de
ocorrência desta vegetação diminuiu significativamente desde o início do
Holoceno.
Palavras-chave: Morfologia polínica, Savana Estépica Parque, Bioma Pampa.
INTRODUÇÃO
No extremo oeste do Rio Grande do Sul, município de Barra do Quaraí, e
fazendo fronteira com Argentina e Uruguai, localiza-se a Unidade de
Conservação Parque Estadual do Espinilho (PESP), onde ocorre a formação
vegetacional Savana Estépica Parque, incluída no Bioma Pampa (Oliveira,
2009), que tem sua ocorrência restrita a uma pequena porção no extremo
oeste do Rio Grande do Sul. Sua composição vegetacional caracteriza-se por
um estrato herbáceo e outro arbóreo representado principalmente por Prosopis
affinis Spreng., P. nigra Hieron., Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger e
Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl vivendo associadas (Figuras 1 e 2)
(Evaldt, 2013). A vegetação de Savana Estépica Parque é caracterizada por
um estrato arbóreo representado pela associação de Prosopis affinis, P. nigra,
Vachellia caven e Aspidosperma quebracho-blanco, sendo P. affinis a espécie
de maior abundância e que confere a fitofisionomia à região. No estrato
herbáceo vivem principalmente espécies da família Poaceae e Asteraceae,
incluindo ainda táxons das famílias Cyperaceae, Amaranthaceae,
Plantaginaceae e Lamiaceae. Para a família Poaceae destaca-se o gênero
Paspalum, com grande representação na área do PESP, enquanto Eupatorium
e Baccharis são os gêneros de Asteraceae com maior número de espécies na
vegetação herbácea (Marchiori et al., 1985; Galvani & Baptista, 2003; Alves &
Marchiori, 2011).
Diversos estudos sobre a representatividade vegetacional do PESP já
foram realizados (Rambo, 1956; Marchiori et al., 1985; Simas et al., 2002;
Galvani & Baptista, 2003; Marchiori, 2002; Marchiori, 2004; Hasenack et al.,
2010; Watzlawick et al., 2010; Oliveira, 2009; Alves & Marchiori, 2011; Redin et
al., 2011). Rambo (1956) foi o primeiro autor a mencionar a vegetação
encontrada no PESP e sua flora característica representada pela associação
de Prosopis e Acacia, fazendo observações sobre sua pequena área de
ocorrência e importância. De acordo com propostas fitogeográficas mais
recentes a Savana Estépica Parque com ocorrência no Brasil (RS), Argentina e
Uruguai é considerada província do Espinhal em decorrência das
particularidades de sua flora que mantém relação com planícies sedimentares
de uma faixa próximas ao Rio Uruguai, entre os rios Quarai e Ibicuí no Estado
brasileiro. Estima-se que a área de distribuição desta vegetação era maior no
final do Pleistoceno e que diminuiu a partir do início do Holoceno com a
expansão das matas ciliares. Atualmente, esta dinâmica vegetacional aliada à
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
307
atividade antrópica mantém de forma fragmentada a Savana Estépica Parque
no Rio Grande do Sul (Alves & Marchiori, 2011).
Criada em 1975 e ampliada em 2002, a Unidade de Conservação
Parque Estadual do Espinilho abrange área de 1.617,14 ha (Secretaria do Meio
Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, 2013). Quanto à variação climática
da área estudada as temperaturas médias mínimas e máximas estão em torno
de 8 ºC e 34 ºC respectivamente, enquanto a temperatura média anual está em
torno de 20 ºC (Rio Grande do Sul, 2013). A área do PESP registra um total de
254 espécies distribuídas em formas de vida arbóreas, arbustivas, lianas,
epífitas, herbáceas e macrófitas aquáticas sobre solo Gleissolo Melânico
Carbonático Solódico (Galvani & Baptista, 2003) assentados sobre duas
distintas unidades litológicas quaternárias denominadas Aloformação Guterres
e Formação Touro Passo (Da-Rosa, 2009). No PESP são registradas as
formações vegetacionais Savana Estépica Parque e Mata Ciliar, sendo a
Savana Estépica Parque com maior representatividade na região central do
PESP, enquanto a Mata Ciliar está melhor representada nas margens de
arroios e rios do entorno do Parque, assim como em banhados e áreas mais
alagadas do interior do PESP (Evaldt, 2013).
A Mata Ciliar apresenta maior riqueza de espécies arbóreas,
predominando principalmente representantes das famílias Fabaceae (Erythrina
crista-galli),
Myrtaceae
(Eugenia)
e
Euphorbiaceae
(Sebastiania
commersoniana) (Galvani & Baptista, 2003). Além da representação arbórea
vivem muitos táxons aquáticos herbáceos como Echinodorus grandiflorus
(Alismataceae), Sagittaria montevidensis (Alismataceae) e Polygonum
hydropiperoides (Polygonaceae).
Estudos de reconstituição vegetacional utilizando pólen atual para
comparação proporcionam informações acerca das dinâmicas da vegetação ao
longo do tempo, podendo indicar respostas sobre as pequenas populações da
Savana Estépica Parque no Rio Grande do Sul. Neste sentido, estudos já
realizados de amostras quaternárias e de superfície no PESP (Evaldt, 2013;
Evaldt et al., 2013) necessitam que seus palinomorfos sejam confrontados com
o pólen atual pertinente à vegetação local.
Somente a partir do reconhecimento polínico das espécies da flora atual,
estabelecendo-se uma relação da planta com seu pólen correspondente, é
possível fazer comparações entre os grãos de pólen modernos e seus
análogos, propiciando uma base fidedigna de resolução taxonômica para
estudos em amostras quaternárias ou de superfície. Sendo a descrição
morfológica polínica atual integrante de um grande projeto para caracterização
da dinâmica da Savana Estépica Parque no Rio Grande do sul ao longo do
tempo (Evaldt 2013; Evaldt et al. 2013).
Este estudo objetivou analisar a morfologia polínica das espécies de
angiospermas que vivem no PESP contemplando espécies das duas
formações vegetacionais (Savana Estépica Parque e Mata Ciliar) com o intuito
de trazer informações sobre as morfologias polínicas assim como propor a
diferenciação polínica através das descrições palinológicas aqui apresentadas.
308
Radaeski, Evaldt & Bauermann
MATERIAL E MÉTODOS
Através de saídas a campo, plantas férteis que caracterizam a vegetação
do PESP foram coletadas pelo método de caminhamento (Filgueiras et al.,
1994), posteriormente desidratadas, catalogadas e identificadas. As exsicatas
foram depositadas no Herbário do Museu de Ciências Naturais da Ulbra
(MCN/HERULBRA). Espécies características da área de estudo que durante as
saídas de campo não estavam em floração, tiveram seu material polínico
coletado nos herbários do Instituto de Biociências da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (ICN/UFRGS) e Departamento de Ciências Florestais da
Universidade Federal de Santa Maria (HDCF/UFSM) com o intuito de
representar as principais espécies da flora local.
O material polínico foi coletado a partir das exsicatas, macerado e
processado pela técnica de acetólise segundo Erdtman (1952), que consiste no
procedimento químico no qual as amostras são submetidas a uma sequência
de ácidos. Este tratamento é necessário para a ideal observação dos grãos de
pólen sob microscopia óptica, já que permite a clarificação da exina (camada
mais externa do grão de pólen, onde são realizadas as análises morfológicas)
por consequência da destruição da intina (camada interna do grão de pólen).
Utilizando-se gelatina glicerinada foram confeccionadas cinco lâminas
permanentes para cada amostra, que estão depositadas na Palinoteca do
Laboratório de Palinologia da ULBRA.
Os grãos de pólen foram descritos em microscópio óptico através da
observação das características morfológicas, além da realização de
fotomicrografias para ilustrações polínicas. Mensurou-se o diâmetro polar (P), o
diâmetro equatorial (E) ou somente o diâmetro (D) no caso de grãos de pólen
esféricos, a espessura da exina (Ex) e a altura da ornamentação (Or) na vista
equatorial, em aumento de 1000 x. Foram medidos 25 grãos de pólen
selecionados ao acaso em no máximo uma semana após a acetólise (SalgadoLabouriau, 1973). No caso dos grãos monossulcados, devido à tendência
destes a cair em vista polar como ocorre em algumas espécies da família
Arecaceae (Bauermann et al., 2010), foram medidos 25 grãos em vista polar
mensurando os diâmetros equatorial maior (DEM) e menor (Dem), além da
mensuração de 10 grãos em vista equatorial para a obtenção do diâmetro polar
(P).
Os grãos de pólen foram descritos quanto ao tipo de ornamentação,
tamanho, âmbito, tipo e quantidade de aberturas utilizando-se critérios e
terminologias propostos por Barth & Melhem (1988) e Punt et al. (2007), além
de consulta a bibliografia especializada (Salgado-Labouriau, 1973; Kroeff et
al., 2002; Cancelli et al., 2010; Côrrea et al., 2006; Côrrea et al., 2008; Evaldt et
al., 2009; Evaldt et al., 2011; Bastos et al., 2009/2010, Radaeski et al., 2011,
Bauermann et al., 2013). As descrições estão elencadas conforme Angiosperm
Phylogeny Group III System (APG III, 2009). A nomenclatura das espécies com
suas autoridades, respectivas famílias e ordens foram realizadas de acordo
com bibliografias consultadas (Souza & Lorenzi, 2008; Judd et al., 2009; The
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
309
International Plant Name Index, 2012; Lista de espécies da flora do Brasil,
2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram descritas as morfologias polínicas de 45 espécies
correspondentes a 38 gêneros, que estão distribuídas em 27 famílias. São
apresentadas as descrições polínicas de uma magnoliídea, cinco grãos de
pólen de monocotiledôneas e 39 grãos de pólen de eudicotiledôneas que estão
organizadas em ordem evolutiva.
Magnoliídeas
Laurales
Lauraceae
Nectandra angustifolia Ness & Mart. ex Ness
Figura 3A-B.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, esférico, inaperturado,
exina microequinada, espículos regularmente distribuídos sobre a superfície
lisa. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 27 µm (23-30); Ex: 1,2 µm; Or: <
1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4318).
Observações ecológicas: Árvore, podendo alcançar 12 metros de
altura, pouco comum no Estado, onde ocorre principalmente na Campanha e
Depressão Central (Backes & Nardino, 2003; Sobral et al., 2013).
Monocotiledôneas
Alismatales
Alismataceae
Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli
Figura 3C-D.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito circular, esférico, pantoporado
com 12 poros circulares distribuídos por todo o grão de pólen, poros com 3 µm
de diâmetro e 5 µm de distância entre eles, exina microequinada com espículos
regularmente distribuídos sobre a superfície que apresenta escabras entre
eles. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 23 µm (22-24); Ex: 1,1 µm; Or:
< 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4461).
Observações ecológicas: Macrófita aquática com enraizamento ao
substrato e partes vegetativas podendo ser inteiramente submersa ou
emergente, além de ser tolerante a seca, popularmente conhecida como ervado-brejo (Galvani & Baptista, 2003).
Sagittaria montevidensis Cham. & Schltdl.
Figura 3E-F.
310
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, esférico, pantoporado
com 12 a 14 poros distribuídos por todo o grão de pólen, poros com 5 µm de
diâmetro e aproximadamente 13 µm de distância entre eles, exina
microequinada com espículos regularmente distribuídos sobre a superfície que
apresenta escabras entre eles. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 38
µm (32-44); Ex: 1,2 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4322).
Observações ecológicas: Macrófita aquática com enraizamento ao
substrato e partes vegetativas podendo ser inteiramente submersa ou
emergente, além de ser tolerante a seca, popularmente conhecida como ervado-brejo (Galvani & Baptista 2003).
Poales
Bromeliaceae
Tillandsia sp. L.
Figura 3G.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito elíptico, oblato-esferoidal,
monossulcado, sulco largo e longo com margem irregular, exina reticuladoheterobrocada, retículos de menores tamanhos próximos à abertura. Sexina e
nexina com a mesma espessura. P: 33 µm (24-44); DEM: 56 µm (47-63); Dem:
36 µm (29-41); Ex: 1,9 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4661).
Observações ecológicas: Epífita vascular com ocorrência no campo,
beira de mata e mata no PESP, popularmente conhecida como cravo-do-mato
(Galvani & Baptista, 2003).
Tillandsia duratii Vis.
Figura 3H.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito elíptico, prolato-esferoidal,
monossulcado, sulco largo e longo com margem irregular, exina reticuladoheterobrocada, retículos de menores tamanhos próximos à abertura, lúmens
entre 1 a 2 µm. Sexina e nexina com a mesma espessura. P: 26 µm (24-29);
DEM: 37 µm (34-42); Dem: 25 µm (18-29); Ex: 2 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
10-IX-1984, J.N.C. Marchiori s.n. (HDCF 1557).
Observações ecológicas: Epífita vascular com distribuição restrita ao
PESP e ao Cerro do Jarau. No PESP ocorre no campo, beira de mata e mata,
popularmente conhecida como cravo-do-mato (Galvani & Baptista, 2003).
Poaceae
Eragrostis neesii Trin.
Figura 3I.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito circular, esférico, monoporado,
poro com ânulo, poro medindo 2,5 µm de diâmetro (5 µm quando somado com
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
311
o ânulo), exina microrreticulada. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 22
µm (19-26); Ex: 1 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4517).
Observações ecológicas: Herbácea com ocorrência no campo do
PESP (Galvani & Baptista, 2003).
Eudicotiledôneas
Celastrales
Celastraceae
Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek
Figura 3J-L.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos com margo, endoabertura lalongada com
extremidades arredondadas, exina reticulado-homobrocada, lúmens com 1 µm
de diâmetro. Sexina com o dobro de espessura da nexina. P: 23 µm (20-26); E:
21 µm (15-24); Ex: 1,7 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4339).
Observações ecológicas: Árvore que no PESP ocorre no campo e na
beira de mata, popularmente conhecida como cancorosa (Galvani & Baptista,
2003).
Malpighiales
Euphorbiaceae
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & R.J.Downs
Figura 3M-O.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular a quadrangular,
prolato-esferoidal, tricolporado a tetracolporado, colpos longos, endoabertura
lalongada, exina microrreticulado-homobrocada. Sexina e nexina de mesma
espessura. P: 35 µm (33-39); E: 32 µm (28-34); Ex: 1,9 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4342).
Observações ecológicas: Árvore que no PESP ocorre na Mata Ciliar
ou em banhados que juntamente com outras espécies que apresentam
espinhos ou acúleos torna difícil o acesso ao interior da Mata. Em banhados
são plantas com partes vegetativas emergentes e tolerantes a seca,
popularmente conhecida como branquilho (Galvani & Baptista, 2003).
Sebastiania schottiana Müll. Arg.
Figura 3P-R.
Mônade, grão de pólen pequeno a médio, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina
microrreticulado-homobrocada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 26
µm (23-31); E: 24 µm (21-25); Ex: 1,7 µm; Or: < 1 µm.
312
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4320).
Observações ecológicas: Arbusto que pode alcançar até 3,5 metros de
altura com ocorrência em todo o Estado nas margens de rios e lagoas,
popularmente conhecido como sarandi (Backes & Nardino, 2003; Sobral et al.,
2013).
Malpighiaceae
Janusia guaranitica A. Juss.
Figura 3S-T.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito quadrangular, esférico,
pantoporado apresentando, nas flores casmógamas, seis poros com colpoides
em todo o grão de pólen, poros circulares com 5 µm de diâmetro e distância
entre eles de 15 a 25 µm, colpoides de tamanhos médios apresentando
superfície granulosa de difícil visualização, 1 colpóide sem poro totalizando 7
colpóides em todo o grão de pólen, exina psilada. Sexina 4 vezes maior que a
nexina. D: 48 µm (40-60); Ex: 8 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
07-III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4332).
Observações ecológicas: Liana que no PESP ocorre no campo e na
beira de mata (Galvani & Baptista, 2003).
Passifloraceae
Passiflora caerulea L.
Figura 4A-B.
Mônade, grão de pólen grande, âmbito circular, esférico, 6 sincolpado,
colpos longos e estreitos distribuidos aos pares, exina reticulado-heterobrocada
apresentando lúmens grandes de diferentes tamanhos distribuidos
regularmente por toda a superfície do grão de pólen. D: 68 µm (60-80); Ex: 5,9
µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4323).
Observações ecológicas: Liana que no PESP ocorre no campo e na
beira de mata, popularmente conhecida como maracujá-do-mato (Galvani &
Baptista, 2003).
Salicaceae
Casearia sylvestris Sw.
Figura 4C-D.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato, tricolporado,
colpos longos, endoabertura lalongada com costa, exina microrreticulada.
Sexina mais espessa que nexina. P: 31 µm (27-34); E: 22 µm (18-26); Ex: 1,7
µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4460).
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
313
Observações ecológicas: Arvoreta que pode alcançar até 6 metros de
altura com distribuição em todas as regiões do Estado principalmente em
formações florestais, popularmente conhecida como chá-de-bugre (Backes &
Nardino, 2003; Sobral et al., 2013).
Fabales
Fabaceae
Desmodium incanum DC.
Figura 4E-G.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, subprolato,
tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada apresentando constrição
na região mediana da endoabertura, exina areolada. Sexina mais espessa que
nexina. P: 32 µm (28-38); E: 27 µm (22-29); Ex: 1,5 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4343).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo e
na beira de mata (Galvani & Baptista, 2003).
Prosopis affinis Spreng.
Figura 4H-I.
Mônade, grão de pólen pequeno a médio, âmbito subtriangular, prolato,
tricolporado, colpos longos com endoabertura lalongada, exina microrreticulada
melhor observada a partir de 1000 x. Sexina e nexina de mesma espessura. P:
28 µm (24-37); E: 20 µm (15-27); Ex: 1,4 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
18-XI-1984, J.L. Waechter 2037 (ICN 61608).
Observações ecológicas: Árvore distribuída no campo que juntamente
com outras espécies caracterizam a fisionomia da vegetação do parque,
popularmente conhecida como Inhanduvaí (Galvani & Baptista, 2003).
Prosopis nigra Hieron.
Figura 4J-K.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato, tricolporado,
colpos longos com endoabertura lalongada, exina microrreticulada melhor
observada a partir de 1000 x. Sexina com o dobro do espessamento da nexina
no apocolpo e mesma espessura no mesocolpo. P: 35 µm (28-39); E: 25 µm
(21-29); Ex: 1,7 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
01-X-1982, J.N.C Marchiori & S.J. Longhi s.n. (HDCF 729).
Observações ecológicas: Árvore distribuída no campo que juntamente
com outras espécies caracterizam a fisionomia da vegetação do parque,
popularmente conhecida como algarrobo-negro (Galvani & Baptista, 2003).
Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger
Figura 4L.
314
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Políade, esférico, coaperturada, sincolpado onde cada grão apresenta
uma marca em forma de “x” devido ao sincolpo, políade formada por 32 grãos
de pólen, cada mônade que forma a políade mede 15,6 µm em VE, exina
microrreticulada melhor observada em 1000x. D: 55 µm (49-63); Ex: 1,5 µm;
Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4334).
Observações ecológicas: Árvore que no PESP está distribuída no
campo e na beira de mata. Juntamente com as espécies do gênero Prosopis
caracterizam a fisionomia da vegetação do parque, popularmente conhecida
como espinilho (Galvani & Baptista, 2003).
Polygalaceae
Monnina tristaniana A.St.-Hil.
Figura 4M-N.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, prolato, 13 a 15
zonocolporado, colpos longos e estreitos, endoabertura lalongada,
endocingulada, exina microrreticulada. Nexina mais espessa que sexina. P: 45
µm (37-52); E: 31 µm (27-36); Ex: 2,7 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4335).
Observações ecológicas: Subarbusto ou arbusto podendo alcançar
2,20 metros de altura com ocorrência comum no sul do Brasil. Apresenta
distribuição em beira de mata, beira de estrada, campos, banhados, além de
ocorrer em turfeiras (Ludtke, 2008).
Polygala brasiliensis L.
Figura 4O-P.
Mônade, grão de pólen pequeno a médio, âmbito circular, prolato, 10
zonocolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, endocingulado, exina
psilada mais espessa no mesocolpo. Nexina mais espessa que sexina. P: 29
µm (26-32); E: 18 µm (15-21); Ex: 1,4 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4326).
Observações ecológicas: Herbácea podendo alcançar 72 cm de altura
com ocorrência comum nos estados da região sul do Brasil, dentre as espécies
da família Polygalaceae (Ludtke, 2008).
Myrtales
Lythraceae
Cuphea sp. P.Browne
Figura 4Q-R.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito triangular, suboblato,
tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada apresentando
extermidades arredondadas com aproximadamente 8 µm, grande em relação
ao tamanho do grão de pólen, angulaperturado com fastígio, exina estriada.
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
315
Nexina mais espessa que sexina. P: 19 µm (14-22); E: 23 µm (20-26); Ex: 1,2
µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4344).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo e
na beira de mata (Galvani & Baptista, 2003).
Myrtaceae
Eugenia myrcianthes Nied.
Figura 4S-T.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito triangular, oblato, tricolporado,
brevicolpado com colpos estreitos de margens não delimitadas, endoabertura
lalongada, anguloaperturado com fastígio, exina escabrada. Sexina e nexina de
mesma espessura. P: 15 µm (12-19); E: 23 µm (20-26); Ex: 1,3 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4349).
Observações ecológicas: Árvore com ocorrência na metade sul do
Estado, popularmente conhecida como pessegueiro-do-mato (Sobral et al.,
2013).
Sapindales
Sapindaceae
Allophylus guaraniticus Radlk.
Figura 5A-B.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito triangular a quadrangular,
oblato, triporado a tetraporado e mais raramente pentaporado, poros circulares
de 4 µm de diâmetro, anguloaperturado, exina reticulado-heterobrocada,
retículos menores próximos às aberturas, lúmens medem aproximadamente
1,5 µm. Nexina levemente mais espessa que sexina. P: 15 µm (14-17); E: 21
µm (17-23); Ex: 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4348).
Observações ecológicas: Árvore podendo chegar até 8 metros de
altura distribuída em florestas da metade norte do Estado, popularmente
conhecida como chal-chal (Backes & Nardino, 2003; Sobral et al., 2013).
Malvales
Malvaceae
Sida rhombifolia L.
Figura 5C.
Mônade, grão de pólen grande, âmbito circular, esférico, pantoporado
com poros circulares, exina equinada com espinhos regularmente distribuídos
pela superfície do grão, espinhos cônicos de bases largas e ápices afilados
com superfície semitectada entre os espinhos. Sexina mais espessa que a
nexina. D: 82 µm (51-102); Ex: 4,5 µm; Or: 6,1 µm.
316
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4328).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo e
beira de mata (Galvani & Baptista, 2003).
Santalales
Loranthaceae
Struthanthus uraguensis G.Don
Figura 5D-E.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito triangular, oblato, tricolpado,
sincolpado, exina reticulado-heterobrocada, retículos maiores no mesocolpo
que diminuem de tamanho próximo ao apocolpo. Sexina levemente mais
espessa que nexina. P: 24 µm (19-28); E: 34 µm (29-39); Ex: 2,9 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4457).
Observações ecológicas: Liana com ocorrência no Brasil, Uruguai e
Paraguai. No Brasil está distribuída em estados do sul e sudeste (MG, SP, RJ,
PR, SC, RS), popularmente conhecida como erva-de-passarinho (Reif &
Andreata, 2011).
Caryophyllales
Amaranthaceae
Pfaffia gnaphaloides Mart.
Figura 5F-G.
Mônade, grão de pólen pequeno, isopolar, âmbito circular, esférico,
pantoporado, poros circulares, 12 poros observados em uma face, exina
reticulado-homobrocada. Sexina mais espessa que nexina. D: 14 µm (12-16);
Ex: 1,8 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4321).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo
(Galvani & Baptista, 2003).
Pfaffia tuberora (Moq. ex DC.) Hicken
Figura 5H-I.
Mônade, grão de pólen pequeno, isopolar, âmbito circular, esférico,
pantoporado, poros circulares, 12 poros obeservados em uma face, exina
reticulado-homobrocada. Sexina com o dobro de espessura da nexina. D: 18
µm (15-23); Ex: 2 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4347).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo
(Galvani & Baptista, 2003).
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
317
Polygonaceae
Polygonum hydropiperoides Michx.
Figura 5J-K.
Mônade, grão de pólen grande, âmbito circular, esférico, pantoporado,
poros circulares com 3 µm de diâmetro, exina reticulado-heterobrocada, lúmens
grandes com aproximadamente 6 µm. Sexina mais espessa que nexina. D: 51
µm (42-60); Ex: 5,5 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
06-XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4327).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre em banhado
e beira de mata. Plantas enraizadas ao substrato com partes vegetativas
emergentes e tolerantes a seca, popularmente conhecida como erva-de-bicho
(Galvani & Baptista 2003).
Gentianales
Apocynaceae
Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl
Figura 5L-M.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, oblato-esferoidal,
heterocolpado sendo quatro colporos longos e estreitos e quatro pseudocolpos,
endoabertura lalongada, exina microrreticulada. Sexina e nexina de mesma
espessura. P: 31 µm (27-35); E: 32 µm (29-36); Ex: 2,7 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
17-XII-2009, M. Grings & R. Paniz 931 (ICN 163169).
Observações ecológicas: Árvore que no PESP ocorre no campo,
popularmente conhecida como quebracho-branco (Galvani & Baptista, 2003).
Lamiales
Acanthaceae
Justicia laevilinguis Lindau
Figura 5N-O.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito circular, prolato, dicolporado,
colpos longos e estreitos, endoabertura lalongada de extremidades
arredondadas com 4 µm, exina microrreticulado-homobrocada. Sexina e nexina
de mesma espessura. P: 24 µm (17-29); E: 17 µm (12-23); Ex: 1,9 µm; Or: < 1
µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4462).
Observações ecológicas: Herbácea podendo alcançar até 60 cm de
altura que ocorre em áreas alagadiças com ampla distribuição no Brasil (Cortês
& Rapini, 2013).
Lamiaceae
Hyptis mutabilis Briq.
Figura 5P-Q.
318
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, suboblato, hexacolpado,
colpos longos e largos de superfície lisa, exina reticulado-heterobrocada,
retículos menores próximos à margem das aberturas, lúmens entre 1 a 2 µm.
Sexina levemente mais espessa que nexina. P: 27 µm (22-32); E: 31 µm (2336); Ex: 2,1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4459).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo
(Galvani & Baptista, 2003).
Scutellaria racemosa Pers.
Figura 5R-T.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos e estreitos, endoabertura lalongada de
difícil visualização, exina microrreticulado-homobrocada. Sexina e nexina de
mesma espessura. P: 23 µm (21-25); E: 21 µm (20-24); Ex: 1,2 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4319).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo
(Galvani & Baptista, 2003).
Orobanchaceae
Buchnera longifolia Kunth
Figura 6A-B.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolato,
tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina reticuladoheterobrocada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 20 µm (17-23); E: 15
µm (13-18); Ex: 1,2 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4519).
Observações ecológicas: Subarbusto que ocorre em campos rochosos
(Cervi et al., 2007).
Plantaginaceae
Plantago cf. brasiliensis Sims
Figura 6C.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito circular, esférico, pantoporado
apresentando aproximadamente 10 poros em todo o grão de pólen, poros
circulares com 3 µm de diâmetro e 9 µm de distância entre os mesmos, exina
verrucada. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 24 µm (22-27); Ex: 1,1
µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4458).
Observações ecológicas: Herbácea ou subarbusto podendo alcançar
26 cm de altura com distribuição no Rio Grande do Sul e raramente no extremo
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
319
sul de Santa Catarina da região sul do Brasil. Ocorre principalmente em
vegetação herbácea de solo arenoso ou pedregoso (Hefler et al., 2011).
Verbenaceae
Aloysia gratissima (Gillies & Hook) Tronc.
Figura 6D-E.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito triangular, suboblato, tricolporado,
colpos longos, endoabertura lalongada, exina microrreticulada. Sexina
levemente mais espessa que nexina. P: 24 µm (21-31); E: 28 µm (25-34); Ex:
2,2 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4324).
Observações ecológicas: Árvore que no PESP ocorre no campo e na
beira de mata, popularmente conhecida como garupa (Galvani & Baptista,
2003).
Verbena cf. bonariensis L.
Figura 6F-G.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito quadrangular a circular, oblatoesferoidal, tetracolporado a pentacolporado, colpos longos, endoabertura
lalongada, exina microrreticulada. Sexina mais espessa que nexina. P: 27 µm
(22-33); E: 30 µm (26-38); Ex: 2,2 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4340).
Observações ecológicas: Herbácea com ocorrência em campo
(Martínez & Ferrucci, 2005).
Solanales
Solanaceae
Nicotiana longiflora G.Been.
Figura 6H-J.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato-esferoidal,
tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada apresentando membrana
granular sobre os colpos constrictos, exina estriado-microrreticulada. Sexina e
nexina de mesma espessura. P: 41 µm (35-50); E: 36 µm (30-43); Ex: 1,9 µm;
Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4336).
Observações ecológicas: Herbácea com ocorrência em beira de
estrada, solos arenosos, margens de áreas úmidas, além de áreas alteradas do
Estado (Vignoli-Silva & Mentz, 2005),
Solanum americanum Mill.
Figura 6K-L.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina psilada.
320
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Sexina e nexina de mesma espessura. P: 18 µm (16-20); E: 16 µm (14-18); Ex:
1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4325).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo e
beira de mata (Galvani & Baptista, 2003).
Solanum laxum Spreng.
Figura 6M-N.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina
microrreticulada somente visível a partir de 1000x. Sexina e nexina de mesma
espessura. P: 22 µm (19-24); E: 20 µm (17-22); Ex: 1 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4337).
Observações ecológicas: Liana que ocorre sobre arvoretas em bordas
de mata do Estado, popularmente conhecida como joá-cipó (Soares et al.,
2008).
Solanum pseudocapsicum L.
Figura 6O-P.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular a quadrangular,
oblato-esferoidal, tricolporado a tetracolporado, colpos longos, endoabertura
lalongada, presença de fastígio, exina psilada. Sexina e nexina de masma
espessura. P: 17 µm (15-20); E: 18 µm (16-19); Ex: 1,1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4331).
Observações ecológicas: Arbusto podendo alcançar 1 metro de altura
com distribuição em todo o Brasil, popularmente conhecido como peloteira
(Backes & Nardino, 2003).
Boraginales
Boraginaceae
Echium plantagineum L.
Figura 6Q-R.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, heteropolar,
prolato, tricolporado, colpos longos com margo, endoabertura circular, exina
microrreticulada melhor observada a partir de 1000x. Sexina e nexina de
mesma espessura. P: 19 µm (16-21); E: 13 µm (11-20); Ex: 1 µm; Or: < 1 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4330).
Observações ecológicas: Herbácea subespontânea originária do
continente europeu, popularmente conhecida como borrago-do-campo
(Schneider, 2007).
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
321
Asterales
Asteraceae
Baccharis spicata Hieron.
Figura 6S-T.
Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, oblato-esferoidal,
tricolporado, colpos médios, endoabertura lalongada, exina equinada, caveada
com espinhos de ápices afilados. Sexina mais espessa que nexina, presença
de 15 espinhos em vista polar. P: 22 µm (16-29); E: 22 µm (18-30); Ex: 1,3 µm;
Or: 3,4 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4329).
Observações ecológicas: Arbusto podendo alcançar até 1,5 metros de
altura com ocorrência em florestas do Estado, popularmente conhecida como
vassoura (Backes & Nardino, 2003).
Pluchea sagittalis Less.
Figura 7A-B.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, esférico,
tricolporado, endoabertura lalongada, colpos longos, exina equinada, caveada
com espinhos de ápices levemente arredondados e com uma perfuração
próxima ao ápice. Sexina mais espessa que nexina, presença de 12 espinhos
em vista polar. P: 29 µm (25-36); E: 29 µm (25-34); Ex: 1,7 µm; Or: 4,2 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4345).
Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo
(Galvani & Baptista, 2003).
Pterocaulon virgatum (L.) DC.
Figura 7C-D.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato-esferoidal,
tricolporado, colpos médios, endoabertura lalongada, exina equinada, caveada
com espinhos de ápices arredondados, bases largas e com perfuração próxima
ao ápice do espinho. Sexina mais espessa que nexina, presença de 15
espinhos em vista polar. P: 27 µm (23-34); E: 27 µm (22-33); Ex: 1,9 µm; Or:
3,4 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4338).
Observações ecológicas: Herbácea podendo alcançar até 78 cm de
altura com ocorrência nas regiões da Campanha, Serra do Sudeste, Depressão
Central, Planalto Médio e Alto Uruguai do Estado (Lima, 2006).
Senecio cisplatinus Cabrera
Figura 7E-F.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, oblato-esferoidal,
tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina equinada, caveada
com espinhos com ápices afilados e bases largas, superfície do grão de pólen
322
Radaeski, Evaldt & Bauermann
semitectada entre os espinhos, presença de 15 espinhos em vista polar. P: 35
µm (33-38); E: 36 µm (32-39); Ex: 2,1 µm; Or: 3,6 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4341).
Observações ecológicas: Subarbusto com ocorrênncia nas regiões da
Depressão Central, Missões, Campanha e Planalto Médio do Estado,
principalmente em áreas com areais (Matzenbacher, 1998).
Senecio madagascariensis Poir.
Figura 7G-H.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato-esferoidal,
tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina equinada, caveada
com espinhos com ápices afilados e bases largas, superfície do grão de pólen
semitectada entre os espinhos. Sexina mais espessa que nexina, presença de
18 espinhos em vista polar. P: 26 µm (23-29); E: 25 µm (21-29); Ex: 1,4 µm; Or:
2,4 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí,
22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4346).
Observações ecológicas: Subarbusto adventício de origem africana e
distribuição na Depressão Central, Campanha e Planície Costeira do Estado
ocorrendo em beira de estrada e campos (Matzenbacher & Schneider, 2008).
Verbesina sordescens DC.
Figura 7I-J.
Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, oblato-esferoidal,
tricolporado, colpos médios, endoabertura lalongada bem evidente, exina
equinada, caveada com espinhos de ápices afilados e bases estreitas. Sexina
mais espessa que nexina, presença de 15 espinhos em vista polar. P: 32 µm
(27-38); E: 33 µm (28-38); Ex: 2,2 µm; Or: 4,8 µm.
Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4333).
Observações ecológicas: Subarbusto com distribuição em todas as
regiões do Estado, com ocorrência em campos, capoeiras, locais rochosos e
beira de estradas (Mondin, 2004).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho aqui apresentado com descrições de 45 espécies do PESP
integra um projeto de palinologia maior que incluiu também a palinologia do
Quaternário (amostras fósseis e de superfície) (Evaldt et al., 2013).
Os resultados deste trabalho possibilitaram melhor identificação
taxonômica polínica para estudos palinológicos do Quaternário em
desenvolvimento na região. A partir da descrição da morfologia polínica dos
grãos de pólen que caracterizam esta vegetação, será possível ampliar o
conhecimento sobre sua área de ocorrência no Holoceno.
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
323
Os resultados das descrições polínicas indicaram a possibilidade de
diferenciar Prosopis affinis e Prosopis nigra, já que estas são as duas espécies
do gênero Prosopis com ocorrência no Estado e a diferenciação entre seus
grãos de pólen através de particularidades do espessamento do apocolpo
proporcionam identificação polínica em nível de espécie.
Além da descrição de grãos de pólen das vegetações com ocorrência na
área do PESP de um total de 45 descrições e ilustrações morfológicas
polínicas apresentadas, 13 das espécies estudadas têm sua descrição inédita
para o Rio Grande do Sul, sendo elas: Aloysia gratissima, Allophylus
guaraniticus, Buchnera longifolia, Eragrostis neesii, Eugenia myrcianthes,
Justicia laevilinguis, Prosopis affinis, Prosopis nigra, Scutellaria racemosa,
Sebastiania schottiana, Solanum laxum, Solanum pseudocapsicum e Verbena
cf. bonariensis. Contribuindo, desta forma, para o conhecimento da diversidade
polínica regional.
AGRADECIMENTOS
À Fapergs pela concessão da bolsa (processo 1001238) e financiamento
do projeto (processo 12/2171-6). À Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação
da Ulbra (protocolo 220). Ao Prof. Dr. Sergio Augusto de Loreto Bordignon e
Prof. Dr. Luis Fernando Paiva Lima pelos auxílios nas identificações botânicas.
Aos Herbários ICN/UFRGS e HDCF/UFSM pela consulta às excicatas e em
especial a seus respectivos curadores Profª. Drª. Mara Rejane Ritter e Prof. Dr.
Solon Jonas Longhi.
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Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
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Figura 1. Mapa de localização da área de estudo no oeste do Rio Grande do Sul e representantes
arbóreos da Savana Estépica Parque. A: Prosopis affinis, B: Prosopis nigra, C: Vachellia caven, D:
Aspidosperma quebracho-blanco.
328
Figura 2. Aspecto geral do Parque Estadual do Espinilho.
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
329
Figura 3. Grãos de pólen de Lauraceae, Alismataceae, Bromeliaceae, Poaceae, Celastraceae,
Euphorbiaceae e Malpighiaceae. A-B. Lauraceae: Nectandra angustifolia, vista em primeiro plano
(A) e vista em segundo plano (B); C-F. Alismataceae: Echinodorus grandiflorus, vista em primeiro
plano (C) e vista em segundo plano (D); Sagittaria montevidensis, vista em primeiro plano (E) e
vista em segundo plano (F); G-H. Bromeliaceae: Tillandsia sp., VP (G); Tillandsia duratii, VP (H); I.
Poaceae: Eragrostis neesii (I); J-L. Celastraceae: Maytenus ilicifolia, VP (J), VE em primeiro plano
(K) e VE em segundo plano (L); M-R. Euphorbiaceae: Sebastiania commersoniana, VP (M), VE em
primeiro plano (N) e VE em segundo plano (O); Sebastiania schottiana, VP (P), VE em primeiro
plano (Q), VE em segundo plano (R); S-T. Malpighiaceae: Janusia guaranitica, VP (S) e VE (T).
330
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Figura 4. Grãos de pólen de Passifloraceae, Salicaceae, Fabaceae, Polygalaceae, Lythraceae e
Myrtaceae. A-B. Passifloraceae: Passiflora caerulea, VP (A) e VE (B); C-D. Salicaceae: Casearia
sylvestris, VP (C) e VE (D); E-L. Fabaceae: Desmodium incanum, VP (E), VE em primeiro plano (F)
e VE em segundo plano (G); Prosopis affinis, VP (H) e VE (I); Prosopis nigra, VP (J) e VE (K);
Vachellia caven (L); M-P. Polygalaceae: Monnina tristaniana, VP (M) e VE (N); Polygala
brasiliensis, VP (O) e VE (P); Q-R. Lythraceae: Cuphea sp., VP (Q) e VE (R); S-T. Myrtaceae:
Eugenia myrcianthes, VP (S) e VE (T).
Grãos de pólen de espécies ocorrentes...
331
Figura 5. Grãos de pólen de Sapindaceae, Malvaceae, Loranthaceae, Amaranthaceae,
Polygonaceae, Apocynaceae, Acanthaceae e Lamiaceae. A-B. Sapindaceae: Allophylus
guaraniticus, VP (A) e VE (B); C. Malvaceae: Sida rhombifolia, (C); D-E. Loranthaceae:
Struthanthus uraguensis, VP (D), VE (E); F-I. Amaranthaceae: Pfaffia gnaphaloides, vista em
primeiro plano (F) e vista em segundo plano (G); Pfaffia tuberosa, vista em primeiro plano (H) e
vista em segundo plano (I); J-K. Polygonaceae: Polygonum hydropiperoides, vista em primeiro
plano (J) e vista em segundo plano (K); L-M. Apocynaceae: Aspidosperma quebracho-blanco, VP
(L) e VE (M); N-O. Acanthaceae: Justicia laevilinguis, VE (N) e detalhe da abertura (O); P-T.
Lamiaceae: Hyptis mutabilis, VP (P) e VE (Q); Scutelaria racemosa, VP (R), VE em primeiro plano
(S) e VE em segundo plano (T).
332
Radaeski, Evaldt & Bauermann
Figura 6. Grãos de pólen de Orobanchaceae, Plantaginaceae, Verbenaceae, Solanaceae,
Boraginaceae e Asteraceae. A-B. Orobanchaceae: Buchnera longifolia, VP (A) e VE (B); C.
Plantaginaceae: Plantago cf. brasiliensis (C); D-G. Verbenaceae: Aloysia gratissima, VP (D), VE
(E); Verbena cf. bonariensis, VP (F) e VE (G); H-P. Solanaceae: Nicotiana longiflora, VP (H), VE
em primeiro plano (I) e VE em segundo plano (J); Solanum americanum, VP (K) e VE (L); Solanum
laxum, VP (M) e VE (N); Solanum pseudocapsicum, VP (O) e VE (P); Q-R. Boraginaceae: Echium
plantagineum, VP (Q) e VE (R); S-T. Asteraceae: Baccharis spicata, VP (S) e VE (T
)
Figura 7. Grãos de pólen de Asteraceae. A-J: Pluchea sagittalis, VP (A) e VE (B); Pterocaulon
virgatum, VP (C) e VE (D); Senecio cisplatinus, VP (E), VE (F); Senecio madagascariensis, VP (G)
e VE (H); Verbesina sordescens, VP (I) e VE (J).
FUNDAMENTOS SOBRE OS DIREITOS DAS PLANTAS
Josafá Carlos de Siqueira SJ1
ABSTRACT
The author‟s objective is to present briefly fundamental ideas about the rights of
plants, especially in the global context where the number of plant species
threatened with extinction is growing progressively, providing a reflection that
may awaken people to a greater interest for these living beings which have
historically provided a relevant service for humanity on the planet Earth.
Kew words: Rights, plants, species, extinction.
RESUMO
O objetivo do autor é apresentar breves fundamentos sobre os direitos das
plantas, sobretudo neste cenário mundial onde cresce progressivamente o
número de espécies vegetais ameaçadas de extinção, oferecendo uma
reflexão que possa despertar nas pessoas um interesse maior por estes seres
vivos que historicamente tem prestado um serviço relevante para a
humanidade e o planeta Terra.
Palavras-chave: Direito, plantas, espécies, extinção.
Prescindindo do valor e da importância dada aos seres vivos pelas
populações tradicionais, pelos naturalistas, cientistas, poetas e alguns filósofos,
percebe-se que não existia na sociedade do passado uma preocupação
institucional com os direitos dos seres vivos. A falta de uma visão mais
sistêmica do mundo, o predomínio de uma concepção fragmentada da criação,
a hegemonia do antropocentrismo ensimesmado que não atribuía aos seres
não humanos uma categoria de sujeito de direito e deveres, a visão utilitarista
sobre os animais e as plantas, a falta de uma consciência ecológica mais
planetária e ecossistêmica, entre outros, são fatores que não permitiam colocar
em pauta a questão do direito dos seres vivos. Hoje, pelo resgate de uma
concepção mais holística do mundo, a crise da visão da pessoa humana
desconectada com os demais seres que integram o planeta, o reconhecimento
de que os seres vivos não humanos são sujeitos de valores e deveres, o
crescimento da ética ambiental e da consciência ecológica, e a acelerada
extinção das espécies, as temáticas relacionadas com os direitos dos seres
vivos ganham cada vez mais espaço na reflexão acadêmica e nas práticas de
diversas organizações da sociedade civil e religiosa. O crescimento de tais
preocupações foi tão importante que, em 1978, as duas organizações
internacionais, ONU e UNESCO, aprovaram uma Declaração Universal de
Direitos dos Animais, mostrando o direito desses seres vivos de serem
protegidos, garantindo-lhes uma melhor qualidade de vida e condenando os
1 Doutor em Botânica. Professor e pesquisador do Departamento de Biologia da PUC-Rio.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:333-337 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
334
Josafá Carlos de Siqueira SJ.
maus tratos, a crueldade, a violência e outras aberrações de humilhação e
morte indigna.
Se a partir da década de 1970, cresceram consideravelmente a
consciência e as conquistas pelos direitos dos animais, por outro lado, não se
pode dizer o mesmo no que diz respeito aos direitos das plantas.
Martin Krieger (1973), preocupado com o respeito pela vida vegetal
apresentou três fundamentos relacionados com a preservação da natureza. O
primeiro se refere a razão de luxo, mostrando que não há motivo para devastar
e dominar a natureza vegetal, um luxo privilegiado e exclusivo do planeta
Terra. O segundo por razão da necessidade dos vegetais para a sobrevivência
dos seres humanos e animais no planeta Terra, motivo pelo qual se deve lutar
pela preservação da vida vegetal, isto porque, segundo Velayos Castelo
(2000), as espécies vegetais estão em situações mais perigosas na agricultura,
no turismo, na urbanização, no desmatamento, nos incêndios, na
desertificação, na contaminação dos solos, entre outras. O terceiro por razão
de mérito, tanto pela beleza como pelo seu valor intrínseco. Para Velayos
Castelo (2000), o valor estético da vida vegetal se fundamenta em
propriedades como complexidade natural, elegância, riqueza natural e raridade,
além da beleza exclusiva diante de outras belezas das criações artificiais
realizadas pelos homens.
Na América Latina houve por parte de ONGs e iniciativas pessoais,
algumas tentativas de declarações a favor dos direitos das plantas, com regras
e princípios. Na Venezuela, a AVEPALMAS Centro da UNESCO (2004),
divulgou uma Declaração Universal dos Direitos das Plantas com 22 artigos.
No Brasil, tivemos duas declarações conhecidas e divulgadas na internet. A
primeira, concebida pelo professor universitário Adalberto Bello de Andrade,
com 14 artigos, publicada no Jornal do Brasil em novembro de 1988. A
segunda, por um grupo denominado Juventude do PT no Ceará (2010), com 9
artigos.
Siqueira (2008), ao fazer alusão aos princípios inspiradores do reino
vegetal, mostra que os mesmos estão apoiados em valores fundamentais que
sempre acompanharam a trajetória histórica, biológica e espiritual dos seres
humanos. Para o autor, os sete princípios mais importantes são:
1) Anterioridade histórica. As plantas devem ser respeitadas, admiradas,
estudadas e contempladas pela anterioridade na história geológica da vida,
pois antes do surgimento e evolução do homem, as mesmas já ocupavam
espaços nos diferentes ecossistemas da Terra, permitindo a expansão e
evolução de diversos grupos animais, e servindo de substrato para o
surgimento de outros seres vivos. No passado remoto, com as suas estruturas
morfológicas primitivas, muitas plantas coevoluiram com os animais, permitindo
benefícios que ainda hoje são desfrutados pela sociedade humana.
2) Solidariedade planetária. As plantas, desde os primórdios, vêm
exercendo uma solidariedade com a vida no planeta Terra, pois além de
consumidoras, elas são produtoras biológicas do oxigênio que respiramos, da
absorção do gás carbônico na atmosfera, do sequestro do carbono, da
melhoria climática e são fonte de alimentos, de cura de doenças, de
Fundamentos sobre os direitos das planta.
335
ornamentação dos ambientes públicos e domésticos, de composição estética e
contemplativa dos espaços e cenários, de sobrevivência dos seres humanos e
animais.
3) Sobrevivência criativa. As plantas possuem uma dinâmica
extremamente criativa e multiforme, com mecanismos adaptativos e
reprodutivos que não podem ser comparados com nenhum outro reino de seres
vivos. A capacidade de desenvolver processos de adaptações fisiológicas,
morfológicas e ambientais é algo extremamente rico e admirável, assim como
os mecanismos de reprodução sexuada e assexuada. As inúmeras síndromes
de polinização e dispersão desenvolvidas pelas plantas são objeto de fascínio
e estudo de pesquisadores, tanto pela complexidade, como pela interatividade
com os animais e o meio ambiente.
4) Amplitude e limite. As plantas possuem uma escala que se estende
desde a amplitude de áreas geográficas e territoriais, até o limite dos espaços
endêmicos. Os padrões de distribuição geográfica das plantas vão desde os
cosmopolitas que rompem barreiras físicas, climáticas, edáficas e biológicas,
até mesmo nos refúgios limitados dos endemismos regionais, locais e pontuais.
5) Revelação contemplativa. As plantas mostram em suas estruturas
vegetativas, florais e frutíferas uma diversidade de formas e cores, contribuindo
com a beleza contemplativa do mundo. A manifestação desta pluriversa beleza
tem sido um cenário histórico de contemplação para as pessoas de diferentes
raças, culturas e religiões. As plantas sempre estiveram próximas dos seres
humanos desde os primórdios da humanidade, sendo uma presença de vida,
beleza, utilidade e contemplação.
6) Paternidade comum. Teologicamente, todas as criaturas, plantas,
animais e seres humanos, são filhos e filhas de um mesmo Pai. A aliança que
Deus fez entre o ser humano e os demais seres viventes, segundo o Livro dos
Gênesis (Gn.9), tem um caráter definitivo e universal. Daí, não se pode falar
em exclusão de nenhuma forma de vida, mas, ao contrário, temos que garantir
a todos os direitos necessários para manter a dignidade criacional, e a
continuidade na trajetória evolutiva da vida.
7) Longevidade e vulnerabilidade. Pesquisas recentes têm mostrado que
no planeta Terra existem espécies de plantas arbóreas com uma longevidade
biológica jamais encontrada em outros seres vivos. Pinus longeva (ca. 4.700
anos), Cupressus sempervirens (ca. 4.000-4.500 anos), Fitzroya cupressoides
(ca. 2.600-3.000 anos), Sequoia sempervirens (ca. 2.100 anos) entre outras,
são alguns dos exemplos desta vida longa, e do testemunho vivo de plantas
que vão rompendo a barreira dos anos. O direito de viver e a proteção destas
espécies é algo fundamental, não só pelos inúmeros serviços que as mesmas
vêm prestando à história humana e planetária, mas também como fonte de
inúmeros estudos anatômicos, taxonômicos, fitogeográficos, ecológicos etc. Ao
lado desta extraordinária longevidade de algumas plantas, existe a
vulnerabilidade de inúmeras espécies que hoje são consideradas ameaçadas
de extinção pela destruição dos ecossistemas, pela mercantilização predatória,
pela carência de estudos que possam garantir os processos biológicos de
336
Josafá Carlos de Siqueira SJ.
reprodução e propagação, pelas mudanças climáticas, pela introdução de
espécies exóticas, entre outras.
Com o objetivo de garantir o direito de sobrevivência e a preservação
das espécies vegetais mais vulneráveis, vários países do mundo estão
colocando em prática os compromissos assumidos com a Convenção sobre a
Diversidade Biológica (CDB) da ONU, levantando, divulgando e publicando os
chamados Livros Vermelhos da Flora, onde aparecem as diferentes categorias
das espécies ameaçadas de extinção. Sobre este assunto, faremos a seguir
um breve comentário referente ao Brasil.
Acostumados a conviver com uma exuberante natureza, onde a riqueza
e a diversidade de plantas é algo admirável e notório nos diferentes biomas e
ecossistemas, dificilmente a temática do direito das plantas encontraria eco
mais significativo na sociedade brasileira. Talvez por este motivo é que
ignoramos, ou não demos um relevo maior a este assunto, sem a preocupação
de fazermos uma reflexão ética, embora no mundo científico tivéssemos a
consciência e o cuidado em levantar e estudar as espécies de plantas nativas
que historicamente foram se tornando cada vez mais raras e vulneráveis.
Somente em 1968 é que a Fundação Brasileira para a Conservação da
Natureza (FBCN) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF)
elaboraram uma primeira lista com apenas 12 espécies ameaçadas de
extinção. Em 1984, a parceria entre a FBCN, a Internacional Union for
Conservation of Nature (IUCN) e a World Wildlife Fund (WWF) permitiu a
elaboração de um projeto de pesquisa com objetivo de inventariar as espécies
da flora brasileira ameaçadas de extinção. Com a colaboração de vários
botânicos, sob a coordenação do saudoso Prof. Luiz Emygdio de Mello Filho, o
projeto foi sendo gradativamente executado, resultando em 1992 na
publicação, pela Sociedade Botânica do Brasil, do livro “Centuria Plantarum
Brasiliensium Exstinctionis Minitata”.
Perplexos naquele momento pela presença de 107 espécies de plantas
da flora brasileira ameaçadas de extinção, não imaginávamos que 21 anos
depois, em 2013, fossemos surpreendidos com a publicação do Livro
Vermelho da Flora do Brasil (MARTINELLI & MORAES, Orgs), com
participação de 302 pesquisadores brasileiros e estrangeiros, e com o apoio do
Ministério do Meio Ambiente (MMA), Banco Mundial, IUCN, SSC, GEF e
PROBIO II. No presente livro, coordenado pelo Instituto Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, estão registradas um total de 2.118 espécies nas categorias de
vulneráveis (VU), em perigo (EM) ou criticamente em perigo (CR). Desta forma,
a lista até então oficial, elaborada em 2008, onde constavam apenas 470
espécies brasileiras ameaçadas de extinção, ficou desatualizada com esta
nova fonte de pesquisa e informação. As grandes causas que condicionam o
risco de extinção, consideradas pelos pesquisadores que colaboraram nestes
recentes estudos, são: a perda de habitat, a degradação das espécies pela
expansão da fronteira agrícola, a destruição de populações pela ampliação e
execução de obras de infraestrutura, as queimadas e o uso intensivo dos
recursos naturais, entre outras.
Fundamentos sobre os direitos das planta.
337
O crescimento numérico das espécies ameaçadas, numa escala de
tempo tão pequena, para não dizer quase insignificante na história geológica
da vida, nos dias atuais vem sendo agravado pelas mudanças climáticas,
justificando assim a importância e o aprofundamento do tema dos direitos das
plantas, sobretudo daquelas que se encontram nos limites de sobrevivência.
Garantir o direito dos seres vivos, que historicamente vêm prestando um
serviço à humanidade, ao equilíbrio planetário e as inter-relações entre clima,
solo e ecossistema, é um dever de todos os que usufruem gratuitamente dos
benefícios das plantas. Lutar pelos direitos das plantas é reconhecer a
dignidade criacional das mesmas, é ser solidário com quem historicamente nos
precedeu, garantindo-nos a nossa sobrevivência, a contemplação da beleza, a
saúde, o bem estar e uma melhor qualidade de vida. Independente de sua
escala evolutiva, e de outros atributos próprios do mundo animal e humano, as
plantas são seres vivos que devem ser tratados com respeito, cuidado e
carinho, não merecendo maus tratos, violências e morte indigna. Como parte
da história geológica e antropológica, as plantas continuarão nos
acompanhando, protegendo e embelezando os nossos espaços, e nos
possibilitando desfrutar da beleza e da delicadeza da obra do Criador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dignidad de la Naturaleza. Granada, Espanha: Ecorama, pp.165-185.
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SIQUEIRA, J.C. de 2008. Espiritualidade e meio ambiente. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, p.77-81.
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PLANTAS DE USO MEDICINAL, RITUAL E CONDIMENTAR
COMERCIALIZADAS NO MERCADO DE MADUREIRA E NA
CEASA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL
1
Inês Machline Silva
2
Ariane Luna Peixoto
ABSTRACT
We did the inventory during 2005 and 2006 of plants commercialized in the
Madureira Market and CEASA at Rio de Janeiro, using semi-structured
interviews and the “free-listing” technique.
We calculated the Relative
Importance and Salience indices for the medicinal plants. We found 263
species in 83 families, and 50% of them had a probable American origin.
Asteraceae (30), Lamiaceae (23) and Solanaceae (15) are the most numerous
in number of species. Madureira Market has 187 exclusive species, while there
are nine exclusive species at CEASA. The highest number of species cited was
for diseases affecting circulatory system (Madureira Market) and respiratory
system (CEASA). Madureira market stands out by products used in afrobrazilian rituals which explains the number of traded species for ritual use
(43,3%), out of a total of 254. In CEASA plants for ritualistic use are 14.4% of
76 species. The free listing showed the most traded species in Madureira
Market (97) and in CEASA (53). Some species have their barks, aerial stems
and subterranean organs (vines) sold and may represent a vector of decline of
native populations.
Key-words: popular markets, ethnobotany, economic botany
RESUMO
Nos anos de 2005 e 2006 foram inventariadas as espécies comercializadas no
Mercado de Madureira (bairro de Madureira) e na CEASA (bairro de Irajá), na
cidade do Rio de Janeiro, utilizando-se entrevistas semi-estruturadas e
listagem livre. Para as plantas de uso medicinal, foram calculados a
Importância Relativa e a Saliência das espécies. Foram encontradas 263
espécies, em 83 famílias, sendo 50% das espécies de provável origem
americana. Asteraceae (30), Lamiaceae (23) e Solanaceae (15) são as mais
numerosas em espécies. O mercado de Madureira detém 187 espécies
exclusivas, enquanto que na CEASA são nove as espécies exclusivas.
Doenças do aparelho circulatório (Mercado de Madureira) e do aparelho
respiratório (CEASA) concentram o maior número de espécies citadas. O
mercado de Madureira destaca-se em produtos utilizados em rituais afro1
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rod. BR465, km 7, CEP:23890-00, Seropédica, Rio
de Janeiro, Brasil. Autor para correspndência:inesmachline@gmail.com
2
Instituto de Pesquisas, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão 915, Jardim Botânico
CEP: 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:339-372 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
340
Silva & Peixoto
brasileiros, o que explica o número de espécies comercializadas para este uso
(43,3%) de um total de 254. Na CEASA, para uso ritualístico são 14,4% de um
total de 76 espécies. A listagem livre apontou as espécies mais
comercializadas no Mercado de Madureira (97) e na CEASA (53). Algumas
espécies têm suas cascas, órgãos subterrâneos e caules aéreos (cipós)
comercializados, o que pode representar um vetor de decréscimo das
populações nativas.
Palavras-chave: mercados populares, etnobotânica, botânica econômica
INTRODUÇÃO
As feiras livres e os mercados constituem um espaço privilegiado de
expressão da cultura de um povo, uma vez que um grande número de espécies
de plantas e informações a elas associadas encontra-se lá disponível de forma
centralizada, subjacente a um ambiente de trocas culturais intensas. Em 1983,
Bye & Linares chamaram a atenção para o fato de que os mercados são locais
organizados onde as pessoas encontram as espécies necessárias às suas
necessidades biológicas, culturais e econômicas, uma vez que vêm perdendo o
contato direto com as plantas. A presença de certas espécies vegetais pode
revelar comportamentos locais e necessidades da população que procuram
esses mercados. Tornam-se, por exemplo, passagem obrigatória para
seguidores de cultos de origem africana, uma vez que lá podem ser
encontrados elementos que fazem parte de rituais, como as espécies vegetais
usadas em banhos, incensos e bebidas (Albuquerque et al., 2006).
O comércio favorece a realização de estudos sistemáticos e constitui
rica fonte de informação para programas de conservação, desenvolvimento
rural e administração de recursos (Cunningham, 2001). A etnobotânica procura,
através de diferentes análises, investigar as relações reveladas pela
ocorrência, ou ausência, de determinadas espécies. Assim, foram realizadas
pesquisas desenvolvidas em várias partes do mundo tais como as de Betti
(2002) na África; Handilou et al. (2004) na Europa; Delang (2005) na Ásia. Na
América podem ser citados, entre outros, os artigos de Bye & Linares (1987,
1990); Martin (1992); Nicholson & Arzeni (1993); Ugent (2000) e Macía et al.
(2005).
Estudos em mercados, de modo geral, apontam as espécies mais
frequentes, com número de usos consistentes (e limitados) e com grande
volume de venda (Trotter & Logan, 1986). Tal padrão pode indicar, por
exemplo, espécies merecedoras de pesquisas farmacológicas detalhadas e
também as que necessitam cuidados conservacionistas.
No Brasil, um dos primeiros estudos em mercados, com enfoque
etnobotânico, foi realizado por Van den Berg (1984), que tratou das espécies
no mercado de Ver-o-Peso, em Belém, Pará. Seguiram-se pesquisas em quase
todas as regiões brasileiras, notadamente na região Nordeste (Almeida &
Albuquerque, 2002; Nunes et al., 2003; Pinto & Maduro, 2003; Ramos et al.,
2005; Tresvenzol et al., 2006; Alves et al., 2007; Albuquerque et al., 2007; Lima
et al., 2011; Monteiro et al., 2011; Freitas et al., 2012). Para o estado do Rio de
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
341
Janeiro, estudos em mercados e feiras foram realizados por Santos & Sylvestre
(2000); Parente & Rosa (2001); Azevedo & Silva (2006); Maioli-Azevedo &
Fonseca-Kruel (2007), Silva (2008) e Leitão et al. (2009).
No município do Rio de Janeiro, principalmente nas Zonas Oeste e
Norte, são encontrados bolsões de populações excluídas de serviços primários
do Estado, como saúde e educação. Por seu baixo custo, as plantas medicinais
representam, em muitos casos, a única alternativa de tratamento possível para
esta parcela da população. Poucas são as informações sobre as pessoas
envolvidas no contexto urbano do comércio de espécies que, na maioria das
vezes, é clandestino e ocorre nas madrugadas das grandes cidades brasileiras
(Silva & Peixoto, 2011a).
O Mercado de Madureira e a CEASA, localizados nos bairros de
Madureira e em Irajá, respectivamente, mostraram-se importantes pontos
distribuidores de espécies vegetais para feiras livres e pequenos mercados na
cidade do Rio de Janeiro (Silva & Peixoto, 2011b). Neste trabalho, objetivou-se
inventariar as espécies vegetais comercializadas nesses mercados,
principalmente para uso medicinal, ritual e/ou condimentar e discutir aspectos
relacionados àquelas de maior valor cultural bem como problemas relativos ao
comércio de espécies vegetais nativas.
MATERIAL E MÉTODOS
A Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro SA
(CEASA/RJ) e o Mercado de Madureira, localizados nos bairros de Irajá e
Madureira respectivamente, foram escolhidos para a pesquisa etnobotânica
pela importância desses locais no cenário carioca de comercialização de
plantas úteis (Azevedo & Silva, 2006). Silva & Peixoto (2011b) descreveram
estes mercados, a partir de uma perspectiva histórica dos bairros onde se
encontram, e contextualizaram os atores sociais envolvidos na dinâmica de
comercialização das espécies vegetais. Nos dois locais estudados, os
comerciantes de plantas são reconhecidos, pela população, como erveiros e
assim se autodenominam.
Para a escolha dos informantes, utilizou-se a técnica conhecida como
“bola de neve” indicada para uma população altamente especializada e de
pequeno número de integrantes (Bernard, 1995). Para tal, um informantechave, previamente conhecido, indicou outra pessoa a ser entrevistada e assim
sucessivamente. Foram entrevistados aqueles que se propuseram a participar
da pesquisa. Os informantes foram, em determinados casos, entrevistados
mais de uma vez -em dias diferentes- para a complementação de dados.
Nos anos de 2005 e 2006, foram aplicadas 52 entrevistas semiestruturadas (Bernard, 1995) para levantamento de dados etnobotânicos a 15
erveiros (em um total de 28) que comercializam principalmente plantas
medicinais, rituais e/ou condimentares no Mercado de Madureira, bem como 12
entrevistas a sete erveiros, na CEASA.
Utilizou-se a técnica de listagem-livre (free_listing) (Smith, 1993; Martin,
1995; Sutrop, 2001) para se determinar as espécies consideradas mais
342
Silva & Peixoto
vendidas, pelos erveiros, durante o período da pesquisa. Cada informante foi
estimulado a citar, pelo menos, dez espécies consideradas como mais
comercializadas. A pergunta inicial foi: “Quais são as plantas, no momento,
que você mais vende? Cite pelo menos 10.” Uma vez listadas as espécies,
para cada uma delas, buscou-se identificar as categorias de uso, seguindo-se
para a parte das entrevistas semi-estruturadas (Bernard 1995).
Como reúnem os dados rapidamente, as listagens são usadas,
frequentemente, em pesquisas etnobotânicas (Trotter & Logan, 1986; Borgatti,
1994; Cotton, 1996; Heirinch et al., 1998; Thompson & Juan, 2006). É uma
técnica usada para o cálculo da saliência cultural das espécies (isto é,
proeminência, importância, familiaridade ou representatividade) ou outras
inferências (Ryan et al., 2000). Assim, plantas culturalmente importantes são
aquelas usadas por um grande número de pessoas, para a mesma categoria
de uso, enquanto que plantas que são usadas por somente um ou dois
informantes são consideradas como tendo uma baixa importância cultural
(Trotter & Logan, 1986). O Índice de Saliência” foi calculado utilizando-se o
software Visual Anthropac-Freelists 4.0 (Borgatti, 1996).
Para a contagem das citações considerou-se apenas uma citação por
informante mesmo que este tenha repetido a mesma informação várias vezes,
para o mesmo uso.
Adquiriu-se material botânico através de compra (molhos, pacotes,
unidades como sementes, etc...). Para a identificação botânica, utilizou-se
bibliografia especializada, comparação com coleções de herbários e, quando
necessário, valeu-se do auxílio de especialistas. A classificação adotada para
as Angiospermas foi o Angiosperm Phylogeny Group – APG III (2009); para
Gimnospermas utilizou-se o trabalho de Page (1990); para as Pteridófitas, o de
Smith et al. (2006) e para Fungos seguiu-se Kirk et al. (2001). As atualizações
dos táxons bem como as abreviaturas dos seus autores seguiram a Lista de
espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2013), bem como The International
Plant Names Index (IPNI, 2013).
O material botânico encontra-se depositado no Herbário do Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) ou no Herbário da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR).
As indicações terapêuticas, citadas pelos informantes, foram
organizadas em categorias seguindo-se a Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), da
Organização Mundial da Saúde (OMS, 2008). As categorias de doenças
utilizadas foram: Algumas doenças infecciosas e parasitárias (Cap. I);
Neoplasias (Cap. II); Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos (Cap.
III); Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (Cap. IV); Transtornos
mentais e comportamentais (Cap. V); Doenças dos olhos e anexos (Cap. VII);
Doenças do aparelho circulatório (Cap. IX); Doenças do aparelho respiratório
(Cap. X); Doenças do aparelho digestivo (Cap. XI); Doenças da pele e do
tecido subcutâneo (Cap. XII); Doenças do sistema osteomuscular e do tecido
conjuntivo (Cap. XIII); Doenças do aparelho geniturinário (Cap. XIV); Sintomas,
sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
343
classificados em outra parte (Cap. XVIII); Lesões, envenenamento e algumas
outras consequências de causas externas (Cap. XIX).
Foram consultadas obras relacionadas à taxonomia, floras e
farmacopéias para a determinação da provável origem das espécies. As
regiões foram assim consideradas: “América” (norte ao sul do continente
americano, bem como as Antilhas), “Europa”, “Ásia”, “África”, “Oceania” (Ilhas
do Pacífico e Austrália) e “Cosmopolita” (ocorrendo nas regiões Neotropical,
Paleotropical, Holártica e Oceania). As “indefinidas” foram aquelas que ainda
não tiveram sua origem esclarecida e/ou que apresentam informações
conflitantes. Quando as espécies foram consideradas originárias de duas
regiões distintas, cada região foi pontuada como 0,5 (e não um), seguindo-se
Bennett & Prance (2000).
O cálculo da Importância Relativa das espécies baseou-se na
metodologia proposta por Bennett & Prance (2000), que leva em consideração
o número de propriedades farmacológicas (ou usos) atribuídas a cada planta
pelos informantes e o número de sistemas corporais (categorias de doenças)
tratados, sendo 2 o valor máximo obtido por uma espécie. Aplicou-se a fórmula:
IR= (NSC + NP), onde: IR= Importância Relativa; NSC= corresponde ao
número de sistemas corporais tratados por uma determinada espécie (NSCE),
dividido pelo número total de sistemas corporais tratados pela espécie mais
versátil (NSCEV) e NP= corresponde ao número de propriedades
farmacológicas (usos) atribuídas a uma determinada espécie (NPE), dividido
pelo número total de propriedades atribuídas à espécie mais versátil (NPEV).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram inventariadas 263 táxons, sendo 76 na CEASA (nove exclusivas)
e 254 no Mercado de Madureira (187 exclusivas). Esse fato pode ser resultado
do número maior de erveiros entrevistados neste mercado (15) em relação aos
entrevistados na CEASA (7). Neste último, foram entrevistados todos aqueles
que trabalhavam no local, que aí permanecem por poucas horas, sendo as
vendas concentradas durante as madrugadas, até o amanhecer, enquanto que
no Mercado de Madureira 53,5% dos erveiros foram entrevistados, os quais
permanecem no mercado durante todo o dia. Como consequência, foram 52
entrevistas em Madureira (503 citações) e 12 na CEASA (134 citações).
As espécies inventariadas (260 espécies vasculares e um fungo), nos
dois mercados, estão distribuídas em 83 famílias botânicas e listadas na
Tabela 1. Para dois táxons as famílias não foram identificadas, mas optou-se
por registrá-los por tratar-se de um levantamento em que cada planta tem seu
valor cultural e seu comércio deve (ou merece) ser sinalisado.
O número de espécies encontrado no mercado de Madureira, no
presente trabalho, é superior aos resultados de outras pesquisas em
etnobotânica desenvolvidas, nos últimos anos, no Brasil. Segundo Monteiro et
al. (2010), inventários com mais de 200 espécies reforçam o papel dos
mercados na manutenção do conhecimento tradicional sobre plantas
medicinais. No documento intitulado “Plantas medicinais do Brasil: aspectos
344
Silva & Peixoto
gerais sobre legislação e comércio” elaborado por TRAFFIC América do Sul
(Silva et al., 2001), foram registradas 88 espécies de plantas nativas
comercializadas por todo o Brasil das quais 17 (correspondendo a 19,3%)
foram também encontradas nos dois mercados estudados.
As famílias que mais se destacaram em número de espécies foram
Asteraceae (30), Lamiaceae (23), Solanaceae (15), Fabaceae (13), Myrtaceae
(9), Euphorbiaceae e Malvaceae (8), Bignoniaceae e Piperaceae (7) e ainda
Asparagaceae e Poaceae (6). Estas 11 famílias concentram 57,8% do total de
espécies inventariadas. Em relação aos gêneros, foram as famílias Asteraceae
(23), Lamiaceae (13), Fabaceae (10), Euphorbiaceae (7), seguidos de
Solanaceae, Malvaceae e Bignoniaceae (6) que sobressaíram. Estas famílias
têm sido relevantes em outras pesquisas etnobotânicas desenvolvidas em
feiras e mercados (Almeida & Albuquerque, 2002; Pinto & Maduro, 2003; Macía
et al., 2005; Albuquerque et al., 2006; Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel, 2007;
Leitão et al., 2009; Monteiro et al., 2010; Monteiro et al., 2011). As famílias
Lamiaceae e Asteraceae têm um número grande de espécies e são
encontradas tanto em regiões temperadas como nas tropicais e, além disso,
são ricas em óleos voláteis e muito utilizadas na medicina popular, ao redor do
mundo (Menezes & Kaplan,1992; Simões & Spitzer, 2004).
Nos dois mercados estudados, as espécies são utilizadas, em sua
maioria, como medicinais, ritualísticas e/ou condimentares. Essas categorias
de uso estão, neste estudo, refletindo a etnoclassificação empregada pelos
informantes que separam “plantas para chá”, “plantas para banho” e “plantas
para tempero”. Observou-se que, de forma geral, as plantas para chá incluíram
as utilizadas para cura de doenças e/ou sintomas culturalmente bem definidos
explicitados pelos informantes (e com correspondência na medicina
convencional). As espécies para “banho” relacionaram-se principalmente
àquelas utilizadas em uso ritual no combate às doenças físicas e/ou espirituais
(usadas, de acordo com os informantes, na forma de defumadores, simpatias,
banhos, sacodimentos nas casas e feitiços). Nas condimentares estão
incluídas as plantas aromáticas, usadas como temperos.
Por apresentarem outros usos, além dos já citados, algumas espécies
foram incluídas também na categoria “alimentar” já que são utilizadas na dieta
popular, ou ainda nas categorias “cosmético” (usadas como preparados para
os cabelos) ou ainda “outros usos” incluindo as ornamentais e de uso
veterinário. Quando houve relutância por parte dos informantes, as espécies
foram consideradas como tendo “Usos não informados”. Apesar de todos os
informantes terem incluído as plantas usadas como abortivas na categoria
“plantas para chá”, optou-se por criar a categoria “abortiva”, por não haver
correspondência com doenças, sinais e/ou sintomas citados para as espécies
submetidas à categoria “medicinal”. O fungo orelha-de-pau (Pycnoporus
sanguineus (F.ex Fr.) Murril) e o café (Coffea arabica L.) foram citados como
abortivos exclusivamente no Mercado de Madureira e na CEASA,
respectivamente.
Embora o Mercado de Madureira apresente um número muito maior de
espécies medicinais e rituais comparado à CEASA, existe certa
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
345
proporcionalidade entre os dois mercados quando se refere ao percentual de
espécies comercializadas em cada categoria, com exceção das ritualísticas
que, em Madureira, são mais significativas (Tab. 2).
Grande parte das espécies foi citada em apenas uma categoria,
principalmente na CEASA. Somente o Mercado de Madureira apresentou
espécies com múltiplos usos (7,42%), o que pode expressar maior versatilidade
de indicação de usos, por parte dos erveiros. Em relação às condimentares,
por exemplo, com exceção das pimentas, orégano e cravo-da-índia, as
espécies tiveram também citações de uso como ritualístico (9 citações),
medicinal (8 citações), cosmética (1 citação) e abortiva (1 citação). Por outro
lado, a CEASA apresenta maior percentual de espécies exclusivas nas
categorias medicinal (91,5%), ritualística (72,7%) e condimentar (87,5%)
indicando, ao contrário do Mercado de Madureira, a tendência a uma menor
versatilidade de uso das espécies. Neste mercado, 93,4% das espécies estão
incluídas em apenas uma categoria de uso.
Das nove plantas vendidas somente na CEASA, na ocasião da pesquisa,
seis são de uso exclusivamente medicinal e, ainda segundo as informações,
não são cultivadas. São elas: macota (Hedyosmum brasiliense); cipó-cabeludo
(Mikania hirsutissima); pata–de-vaca (Phanera microstachya); aperta-ruã (Piper
mollicomum); panacéia (Solanum cernuum) e a avenca (Adiantum raddianum).
Essas espécies são endêmicas da flora do Brasil (Lista de Espécies da Flora
do Brasil 2014). Em relação às espécies condimentares predominam, na
CEASA, as pimentas, que só são usadas para tal e que são revendidas aos
erveiros do Mercado de Madureira.
O Mercado de Madureira é popular e muito frequentado para compras a
varejo, o que explica, em parte, a versatilidade de usos atribuídos às espécies.
A CEASA é voltada predominantemente à comercialização de produtos
hortigranjeiros, ao nível de atacado, o mesmo acontecendo com as plantas de
uso medicinal, ritual e condimentar que são compradas, de forma geral, para a
revenda. O varejo também ocorre, mas, em menor escala. O Mercado de
Madureira, nas últimas décadas, visando melhorar as vendas, buscou
especializar-se em produtos ligados a rituais afro-brasileiros, o que gerou
também uma demanda para a venda de espécies vegetais com essa finalidade.
Nesse sentido, a maior riqueza foi encontrada no gênero Ocimum (Lamiaceae)
que, das seis espécies vendidas no Mercado de Madureira, cinco são de uso
ritualístico. Barros (1993); Verger (1995); Albuquerque & Chiappeta (1996);
Camargo (1998); Trindade et al. (2000), Albuquerque (2001), Almeida (2003)
entre outros, discutiram questões relacionadas ao uso de espécies em rituais
afro-brasileiros e auxiliaram na elucidação de um universo ainda pouco
estudado.
Buscou-se, na literatura, o(s) provável(eis) continente(s) de origem das
plantas para se verificar se há alguma correlação com as espécies citadas
pelos informantes. Verificou-se que a metade das plantas vendidas é
americana (50%), seguidas pelas asiáticas (14%), africanas (10%) e europeias
(6%). Por último aparecem as da Oceania e as Cosmopolitas (2% cada). As de
origem indeterminada representaram 16% do total. Quando se levam em
346
Silva & Peixoto
consideração apenas as espécies que apresentam uso ritual, vendidas no
Mercado de Madureira, esta mesma proporcionalidade se mantém, ao contrário
do que se esperava. As espécies de origem africana (15) encontram-se em
menor número que as americanas (50) e asiáticas (17,5), apesar da
singularidade desse mercado, que apresenta, em suas práticas, um universo
tipicamente afro-brasileiro. Tal fato pode estar relacionado ao processo de
aculturação, sugerindo que a adaptação para um novo lugar levou a uma
mudança de significados e, com isso, espécies originárias de locais fora da
África fizeram parte do universo etnobotânico afro-brasileiro. Segundo Almeida
(2003), ao incorporarem-se ao novo habitat e às novas condições sociais,
algumas plantas indispensáveis aos rituais de saúde foram substituídas por
outras de morfologia externa semelhante.
As plantas e suas aplicações terapêuticas
A listagem livre, utilizada nessa pesquisa, é considerada um método bem
estabelecido, relacionado às fronteiras de domínios culturais, que parte do
pressuposto de que quando as pessoas listam livremente elas tendem a citar
os termos em ordem de familiaridade - os indivíduos que sabem mais sobre o
conteúdo solicitado listam mais do que aqueles que sabem menos - e os
termos que são mais lembrados indicam que são localmente mais
proeminentes (Quinlan, 2005). Considera-se que as espécies mencionadas
com frequência indicam um conhecimento comum entre os indivíduos, ou
consenso, dentro de uma determinada cultura. Para se avaliar as espécies que
se sobressaíram, foram levadas em consideração apenas aquelas relacionadas
nas listagens livres (as mais comercializadas).
A Importância Relativa foi calculada apenas para as espécies mais
vendidas que tiveram indicação popular de uso medicinal, nas listagens livres.
Deve-se considerar que entre as espécies mais comercializadas nos mercados
(53 na CEASA e 97 no Mercado de Madureira), algumas não foram citadas por
seu uso medicinal (12 na CEASA e 32 no Mercado de Madureira) e, para elas,
não se calculou o referido índice. Essa metodologia (IR) assume que uma
planta é mais importante quanto mais versátil se apresenta, ou seja, quantos
mais usos apresentar, mas também leva em consideração o número de
sistemas corporais envolvidos.
No Mercado de Madureira, o maior número de espécies (15) foi indicado
para doenças do aparelho circulatório (cap. IX do CID-10, OMS) bem como
para doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (15) (cap. IV) em
decorrência da indicação de plantas para pressão alta, problemas cardíacos e
ainda para controlar o colesterol e o diabetes. Talvez esse resultado reflita a
procura pela população, por plantas para o controle de males que sabidamente
tornaram-se comuns na população urbana do Brasil e de outros países
(Sartorelli et al., 2006; Freitas & Garcia, 2012). Em seguida, vêm os sintomas
ou sinais anormais de exames clínicos e de laboratório (14) (Cap. XVIII),
provavelmente pelo fato de muitas plantas terem sido indicadas como
antinflamatórias em geral, e ainda as doenças do aparelho respiratório (14),
que são amplamente utilizadas para minimizar os efeitos da gripe e resfriados.
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
347
Estas duas últimas categorias também foram as mais proeminentes na CEASA
com 11 e 12 espécies, respectivamente. Os sistemas corporais para os quais
se têm mais indicação de espécies, nos dois mercados, foram também aqueles
encontrados em outras pesquisas (Silva-Almeida & Amorozo, 1998; Bennet &
Prance, 2000; Almeida & Albuquerque, 2002; Amorozo, 2002; Handilou et al.,
2004; Christo et al., 2006; Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel, 2007).
A análise da Importância Relativa das espécies vendidas na CEASA
revelou que 15 apresentam alta versatilidade, no que diz respeito aos seus
usos (ou propriedades farmacológicas atribuídas pelos informantes), pois
apresentaram o valor da IR maior do que 1 (Albuquerque et al., 2006), e
apenas quatro, no Mercado de Madureira (Tab. 3 e Tab. 4). Esse resultado
pode ser explicado pelo fato de Sorocea cf. bonplandii (espinheira-santa) e
Ruta graveolens (arruda), no Mercado de Madureira, terem muitos usos
atribuídos, reduzindo assim proporcionalmente o IR das outras espécies.
Leonurus sibiricus (erva-macaé) e Aloe vera (babosa), que obtiveram os
maiores IR na CEASA, foram citadas como mais vendidas apenas nesse
mercado. Ambas são comercializadas em feiras livres e mercados, tanto no
Brasil (Parente & Rosa, 2001; Almeida & Albuquerque, 2002; Azevedo & Silva,
2006) como em outros países (Handilou et al., 2004; Macia et al., 2005).
Plantago major (tanchagem) foi a planta que apresentou, na CEASA, o maior
número de propriedades farmacológicas atribuídas pelos erveiros. Esta espécie
foi encontrada também em outros mercados, como por exemplo, na Grécia
(Handilou et al., 2004), na Bolívia (Macia et al., 2005), na Argentina (Martinez,
2005) e no Brasil (Albuquerque et al., 2006). Estudando a farmacopeia de
espécies utilizadas na Amazônia, Bennet & Prance (2000) encontraram para P.
major o maior valor de IR e, para Aloe vera, o quarto maior valor. Ruta
graveolens (arruda), no Mercado de Madureira, apareceu como altamente
versátil (Tab. 4). É importante salientar que a Secretaria Estadual de Saúde
(2002) através da Resolução N° 1757, contraindica durante a gestação e
lactação, o uso na forma oral, de algumas espécies, entre elas, Aloe vera,
Leonurus sibiricus, Plantago major e Ruta graveolens, por apresentarem
potencial tóxico, teratogênico e abortivo.
Sorocea cf. bonplandii (espinheira-santa), tem amplo uso na região
sudeste. Coulaud-Cunha et al. (2004) chamam a atenção para o perigo do
consumo dessa espécie, uma vez que é utilizada contra úlceras e gastrites e
de não existirem estudos conclusivos para o uso sem risco para a população.
Além desses usos, essa planta foi indicada, no Mercado de Madureira também
para emagrecer, para problemas na coluna, estomacais, fígado, vesícula e
como antinflamatória.
A Saliência é a expressão tanto da frequência como da ordem (ou média) de
citação em que os itens apareceram (Quinlan, 2005). Dentre as 15 primeiras
espécies que obtiveram maior saliência em cada mercado, oito são comuns,
significando que foram frequentemente lembradas e listadas nas primeiras
posições (Tab. 3 e Tab. 4). São elas, Baccharis cf. crispa (carqueja), Cuphea
carthagenensis (sete-sangrias), Echinodorus grandiflorus (chapéu-de-couro),
Sorocea cf. bonplandii (espinheira-santa) e Kalanchoe crenata (saião), Mentha
348
Silva & Peixoto
piperita L. var. citrata (elevante), Lygodium volubile (abre-caminho) e Piper
arboreum Aubl. var. arboreum (vence-demanda), estas duas últimas são de
uso exclusivamente ritualístico e não constam nas Tabelas 3 e 4.
As outras espécies (que não apareceram concomitantemente nos dois
mercados) foram: Bidens pilosa, Cymbopogon citratus, Equisetum hiemale,
Eugenia astringens, Leonurus sibiricus, Lippia alba, Mikania glomerata,
Plantago major, Vernonanthura beyrichii, Vernonanthura paludosa, Mentha
pulegium, Aeollanthus suaveolens, Ocimum basilicum e Laurus nobilis (as
quatro últimas são de uso ritualístico e não constam nas Tabelas 3 e 4.
Essas espécies, excetuando Eugenia astringens (nome atual de E.
rotundifolia Casar.), são recorrentemente citadas em estudos etnobotânicos
desenvolvidos em feiras livres e mercados, significando um uso amplamente
difundido entre a população (Santos & Sylvestre, 2000; Parente & Rosa, 2001;
Almeida & Albuquerque, 2002; Handilou et al., 2004; Azevedo & Silva, 2006;
Albuquerque et al., 2006; Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel, 2007). No Mercado
de Madureira, E. astringens (abajurú) apareceu em terceiro lugar na Saliência e
não foram encontradas referências, na literatura, de sua venda, atual ou
pretérita, em feiras livres e mercados o que significa a entrada de uma nova
espécie no comércio. Por isso, mereceu uma análise mais aprofundada por
Silva & Peixoto (2011a).
Das 15 primeiras espécies de cada mercado, três (Baccharis cf. crispa,
Cuphea carthagenensis e Echinodorus grandiflorus) se destacaram em ambos,
tanto em valores de IR quanto de Saliência; as nove restantes destacaram-se
em apenas um dos mercados.
Dentre as espécies encontradas nos dois mercados estudados, 29
aparecem no anexo da Resolução de Diretoria Colegiada RDC-10 (ANVISA
2010) e estão assinaladas, na Tabela 1 com um asterisco. Esta Resolução
dispõe sobre a notificação de drogas vegetais no âmbito da ANVISA e
considera as plantas medicinais, ou suas partes, que contenham as
substâncias, ou classes de substâncias responsáveis pela ação terapêutica,
após processo de coleta ou colheita, estabilização e secagem, íntegras,
rasuradas, trituradas ou pulverizadas. Nesse sentido, vale ressaltar que, dentre
as espécies com maiores valores de Saliência e de Importância Relativa,
Baccharis cf. crispa (carqueja), Bidens pilosa (picão), Cymbopogon citratus
(capim-limão) e Plantago major (tanchagem), estão listadas na RDC-10
(ANVISA 2010). Portanto, têm a chancela oficial do órgão governamental
regulador como ressaltado por Ming et al. (2012).
Ao se verificar as formas de uso (ou de administração) das espécies
mais comercializadas, a forma oral foi a de maior destaque com 84,9% e 87,3%
das indicações para a CEASA e para o Mercado de Madureira,
respectivamente. O percentual elevado de uso oral aponta para o risco a que a
população pode estar submetida pela ingestão de plantas, principalmente pelas
potencialmente tóxicas ou incorretamente identificadas.
Em relação à forma de preparo, entre as mais comercializadas, os chás
(infusão ou decocto) sobressaíram com 68,2% das indicações na CEASA e
75,5% no Mercado de Madureira.
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
349
Levando-se em consideração todas as espécies vendidas nos dois
mercados estudados, verificou-se que as ervas são predominantes (44,4%),
seguidas das árvores (23,6%), arbustos (20,4%), trepadeiras (9,0%), epífitas e
hemiepífitas (1,18%) bem como parasitas e hemiparasitas (0,78%). A análise
dessas espécies aponta um número expressivo de táxons considerados na
literatura como invasores de pastagens ou áreas perturbadas e poucos
crescendo exclusivamente em ambientes florestais.
Aspectos da comercialização de espécies nativas
Os dois mercados estudados são centralizadores e distribuidores de
plantas para a revenda, em muitos pontos da cidade (Azevedo & Silva, 2006;
Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel, 2007; Silva, 2008). Para algumas espécies,
a quantidade média de molhos vendidos foi informada pelos erveiros, podendose ter uma ideia de quantificação de vendas. Deve-se levar em consideração,
nesse tipo de avaliação, a sazonalidade entre os meses do ano. Por exemplo,
plantas que são vendidas mais no inverno, em função das gripes e resfriados
ou em épocas festivas relacionadas a rituais específicos (flores para Iemanjá,
semana do preto-velho).
Verificou-se que, entre as plantas mais comercializadas, as partes
aéreas (folhas ou ramos com folhas) receberam as maiores indicações de uso
na CEASA (79,2%) e em Madureira (82%). Na CEASA, os caules aéreos dos
cipós (13,2%), as cascas (3,7%), a planta inteira (toda a planta) e as flores
(1,8% cada) foram menos indicados. No Mercado de Madureira foram menos
indicados a planta inteira (5%), os caules aéreos dos cipós e as cascas (4%
cada), raízes, bulbos e tubérculos (3%) e as flores (1%).
Algumas espécies cujas cascas, órgãos subterrâneos, frutos e caules
aéreos (cipós) originados de práticas extrativistas de acordo com as
informações obtidas nos mercados merecem destaque. As Aristolochias,
amplamente utilizadas no país, já foram estudadas sob o ponto de vista
químico e apresentam diversos metabólitos secundários (Leitão & Kaplan,
1992). São vendidos, na CEASA, aproximadamente 80 molhos diários do cipó,
com ou sem as folhas. A salsaparrilha (Herreria glaziovii), de acordo com um
informante “é proveniente das matas de encostas, principalmente de
Jacarepaguá (bairro da zona oeste da cidade do Rio de janeiro), sendo
atualmente difícil de se conseguir partes subterrâneas e caules aéreos para o
comércio; uma única “planta” de salsaparrilha fornece até 50 kg de raiz”. Já, as
cascas do barbatimão (provavelmente Stryphnodendron adstringens (Mart.)
Coville) e do caju (provavelmente Anacardium occidentale L.) são, segundo os
informantes, provenientes do nordeste. Essas plantas são nativas e estão entre
as listadas nas feiras livres e mercados, principalmente, do norte e nordeste do
país (Albuquerque et al., 2007; Santos et al., 2009; Lima et al., 2011; Monteiro
et al., 2011).
Algumas espécies de Dorstenia (carapiás) constam como “Vulneráveis”
em listas de espécies da flora ameaçadas (Mendonça & Lins, 2000; MMA,
2008) bem como o jatobá (Hymenaea courbaril), que se encontra na categoria
“Em perigo” no Paraná (SEMA/GTZ, 1995).
350
Silva & Peixoto
A pressão de coleta de caules e folhas não costuma ser um problema
mas, certamente, o é para algumas herbáceas como por exemplo Baccharis cf.
crispa (pela venda de 70 molhos semanais, em média, na CEASA). A espécie é
cultivada, mas também há coleta extrativista, fato igualmente apontado por
Batalha & Ming (2003) para o estado de São Paulo.
Entre as arbóreas, cujos ramos (ou somente folhas) são vendidos, estão
a carobinha (Jacaranda cf. puberula) com 30 a 40 molhos diários e a
espinheira-santa (Sorocea cf. bonplandii) com cerca de 150 molhos, só no
mercado de Madureira. No caso do abajurú, dois táxons distintos
(Chrysobalanus icaco e Eugenia astringens) vêm sendo comercializados como
tal e usados como hipoglicemiantes. Silva & Peixoto (2011a) discutem
questões envolvidas na venda dessas espécies. O montante médio de venda,
que pode alcançar 1000 molhos semanais, aliado a problemas que envolvem
seu uso, são preocupantes.
Para as espécies que ocorrem espontaneamente no estado do Rio de
Janeiro há que se verificar se a extração de cascas, rizomas e outras partes
redunda em ameaça às suas populações. Para tal, a correta identificação
botânica torna-se fundamental podendo-se apontar, com segurança, que
espécies estão sendo intensamente exploradas. Por exemplo, a correta
identificação de Simira glaziovii, utilizando inclusive caracteres anatômicas de
cascas, possibilitou a Silva (2008) concluir que esta espécie não apresenta
forte risco, uma vez que não está entre as mais comercializadas, tem ampla
distribuição nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro, e além disso, ocorre em diversas unidades de conservação como
Parques Nacionais (RJ), Estação Experimental (MG), Reservas Biológicas (RJ,
ES) e Reserva Natural (ES).
Os dados obtidos com os informantes, para o conjunto de espécies,
indicam que o extrativismo ocorre em áreas de serranias do município do Rio
de Janeiro como já apontado por Azevedo & Silva (2006), bem como em
municípios vizinhos. As áreas de coleta, muitas vezes, fazem parte ou
circundam unidades de conservação, tais como o Parque Estadual da Pedra
Branca, Parque Nacional da Tijuca, Parque Natural Municipal da Serra do
Mendanha e Reserva Biológica do Tinguá, entre outras. São ambientes que
sofreram exploração no passado, e que atualmente vêm sendo protegidos por
dispositivos legais, mas que na prática não conseguem controlar o impacto do
crescimento da malha urbana que os rodeiam.
A análise das informações obtidas demonstra uma tendência de coleta,
por parte dos erveiros da CEASA, ou de extratores a eles associados, na
região serrana do estado (Municípios de Friburgo, Miguel Pereira, Paty do
Alferes, Petrópolis e Teresópolis) uma vez que lá residem (em sua maioria). As
informações obtidas com os erveiros do Mercado de Madureira apontam o
extrativismo ocorrendo em regiões de baixada, encostas e topos de morros,
bem como em restingas da “Região dos Lagos”.
Batalha & Ming (2003), tratando do comércio de plantas medicinais e
aromáticas no estado de São Paulo, apontam que a maioria das plantas
comercializadas é proveniente de extrativismo, apesar da presença de grandes
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
351
empresas atacadistas na distribuição dos produtos, mas que não trabalham de
forma efetiva com o cultivo das espécies exploradas. Para os mercados e feiras
livres do Rio de Janeiro há uma cadeia de coleta de espécies, mantida por
extratores (às vezes especializados em cascas e/ou determinadas espécies)
que vendem diretamente aos feirantes (erveiros) ou então a intermediários.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dois mercados apresentam especificidades no que se refere à
clientela que os frequenta, o que acarreta em diferenças na disponibilidade de
plantas vendidas. A CEASA é voltada basicamente para a comercialização de
produtos hortigranjeiros ao nível de atacado no estado do Rio de Janeiro. Já o
Mercado de Madureira, a par de ser um importante centro de distribuição de
ervas medicinais e ritualísticas no município do Rio de Janeiro, tem parte
substantiva de seu movimento comercial representado pelas vendas a varejo.
Esse fato per si determina que este mercado seja um local onde se dá um
intenso movimento de relações e de trocas culturais voltadas ao conhecimento
das ervas, sejam aquelas voltadas para o plano físico-medicinal, seja para o
espiritual. Assim se explica que a riqueza de espécies (254) no Mercado de
Madureira seja mais do que o triplo da CEASA (com 76 espécies).
Apesar de algumas discussões sobre questões relacionadas à
conservação de espécies usadas como medicinais no Brasil, há uma enorme
dificuldade em se avançar em práticas eficientes e duradouras que contemplem
as diferentes vertentes envolvidas no processo de conservação. Durante a
realização desse trabalho, várias tentativas de obtenção de informações com
os extratores não foram bem sucedidas, provavelmente por saberem da
existência de legislação/fiscalização referente à coleta de plantas nativas. Além
disso, algumas espécies não cultivadas pelos erveiros têm suas cascas, órgãos
subterrâneos e caules aéreos (cipós) comercializados no mercado de
Madureira e na CEASA, o que pode representar um vetor de decréscimo das
populações nativas.
Espera-se que a implantação efetiva, no Brasil, da Política de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos, pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2006) possibilite
avanços no enfrentamento de questões relacionadas ao comércio e ao
consumo seguro de plantas utilizadas pela população para o tratamento de
doenças/sintomas.
AGRADECIMENTOS
As autoras agradecem aos erveiros por disporem do seu tempo durante
o horário de trabalho e pela confiança em compartilhar seus saberes; aos
profissionais que auxiliaram na identificação das espécies; a Alexandre Gabriel
Christo (in memorian) e Rogério Ribeiro de Oliveira pelas sugestões e revisão
do texto.
352
Silva & Peixoto
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Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
357
Tabela 1 - Relação de espécies comercializadas no Mercado de Madureira e na CEASA, Rio de
Janeiro, RJ, nos anos 2005/2006, em ordem alfabética das famílias, seguidas dos nomes
populares, usos e partes comercializadas (Part. comer.). Mad=Madureira; CEA=CEASA (Medicinal
- 1; Ritualístico - 2; Condimentar - 3; Alimentar - 4; Cosmético - 5; Abortiva - 6; Outros usos:
ornamental, veterinário - 7; Usos não informados – 8). Raíz (rz); caule aéreo (cau); bulbo (bul);
rizoma (riz); tubérculo (tub); folha (fo); ramo (ram); flor (fl); inflorescência (inf); fruto (fr); semente
(sem); casca (cas); corpo de frutificação (cf). Um asterisco (*)=espécies listadas na RDC-10
(ANVISA 2010).
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
vence-tudo
2
1
ram
sabugueiro
1
1
ram
chapeú-de-couro
1
1
fo
Allium cepa L.
cebola
1, 2
bul
Allium sativum L.*
casca-de-alho
2
bul
Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze
anador; penicilina
1
ram
Alternanthera sp.
novalgina
1
ram
Amaranthus viridis L.
caruru-sem-espinho,
caruru-preto
2, 4
ram
Celosia argentea L.
crista-de-galo
2
inf
Chenopodium ambrosioides L.
erva-de-santa-maria,
santa-maria
1, 7
ram
Anacardium occidentale L.*
cajueiro
1
cas
Mangifera indica L.
mangueira
2
ram
Schinus terebinthifolius Raddi*
aroeira
1, 2
guiné-preto
2
erva-doce, funcho
1
Famílias/ Espécies
Nome popular
ACANTHACEAE
Justicia gendarussa Burm. f.
ADOXACEAE
Sambucus nigra L.*
ALISMATACEAE
Echinodorus grandiflorus (Cham. &
Schltdl.) Micheli
ALLIACEAE
AMARANTHACEAE
ANACARDIACEAE
1
ram; cas
ANNONACEAE
Annona acutiflora Mart.
cau
APIACEAE
Foeniculum vulgare Mill.
APOCYNACEAE
1
ram
Silva & Peixoto
358
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
oficial-de-sala
2
2
ram
Geissospermum laeve (Vell.) Miers
pau-pereira
1
1
cas
Thevetia peruviana (Pers.) K. Schum.
chapéu-de-napoleão
1
sem
Apocynaceae indet.
agoniada
1
cas
comigo-ninguém-pode
2, 7
fo
Epipremnum aureum (Linden & André)
jibóia
G.S. Bunting
2
fo
Pistia stratiotes L.
erva-de-santa-luzia
1
fo
Xanthosoma appendiculatum Schott
patioba
2
fo
abebê, vintém, abebêde-oxum
2
ram
conchinha-de-oxum
2
fo
dendê
2
fo
Famílias/ Espécies
Nome popular
Asclepias curassavica L.
ARACEAE
Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott
ARALIACEAE
Hydrocotyle umbellata L.
Polyscias cf. balfouriana (André) L.H.
Bailey
ARECACEAE
Elaeis guineensis Jacq.
ARISTOLOCHIACEAE
Aristolochia triangularis Cham.
mil-homem, cipó mil1, 2
homem, bem-com-deus
Aristolochia sp.
papo-de-perú
1, 2
2
ram
ram
ASPARAGACEAE
Cordyline fruticosa (L.) A. Chev.
Dracaena fragrans (L.) Ker Gawl.
pelegum-roxo, pelegum2, 7
de-ogum-roxo
pelegum, pelegumamarelo, pau-d'agua,
2, 7
pelegum verde
ram
ram
Fourcraea foetida L.
pita
1
1
rz; fo
Herreria glaziovii Lecomte
salsaparrilha
1
Sansevieria cylindrica Bojer
lança-de-iansã, espada2
de-iansã
fo
Sansevieria trifasciata Hort. Ex Pain
espada-de-são-jorge
2
fo
pena-de-xangô
2
fo
rz; cau
ASPLENIACEAE
Asplenium serratum L.
ASTERACEAE
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
359
Usos / mercados
Part.
comer.
Famílias/ Espécies
Nome popular
Achillea millefolium L.*
macelinha
1
ram; inf
Achyrocline satureioides (Lam.) DC.*
macela
1
ram; inf
1, 2, 3
ram; inf
Acmella uliginosa (Sw.) Cass.
Ageratum conyzoides L.*
oripepê, jambú, agriãodo-pará
erva-de-são-joão,
mentrasto
Mad.
1, 6
CEA
1
ram; inf
Artemisia verlotorum Lamotte
losna
1, 6
ram
Artemisia sp.
cânfora
1
ram
Baccharis dracunculifolia DC.
alecrim-do-campo,
alecrim
2
1
ram; inf
Baccharis cf. crispa Sprengel*
carqueja, carquejo
1
1
ram
1
ram; inf
picão-preto, picão-doBidens pilosa L.*
mato, picão-roxo, picão, 1
picão-branco
balainho-de- velho,
Centratherum punctatum Cass.
2
balauê
Chromolaena odorata (L.) R.M. King & arnica-do-mato, arnica1
H. Rob.
do-campo
ram; inf
1, 2
ram
Coreopsis grandiflora Hogg ex. Sweet camomila
1
ram; inf
Cyanthillium cinereum (L.) H. Rob.
vassourinha-preta
1
ram
Cynara scolymus L.*
alcachofra
1
Emilia sonchifolia (L.) DC.
dente-de-leão
1
fo
Helianthus annuus L.
girassól
1, 2
fo; inf
Melampodium divaricatum (Rich.) DC
botão-de-ouro
2
fo; inf
Mikania glomerata Spreng.*
guaco, guapo
1
Mikania hirsutissima DC.
cipó-cabeludo
Mikania sp.
guaco
1
ram
Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera
quitoco
1
ram
2
ram
1
tub
erva-da-lua, nevePterocaulon alopecurioides (Lam.) DC.
branca
Smallanthus sonchifolius (Poepp.) H.
batata-yacon
Rob.
1
fo
1
ram
1
ram
Solidago chilensis Meyen
arnica, arnica-da-horta
1
1
ram; inf
Sonchus oleraceus L.
serralha
1
1
ram; inf
Tagetes sp.
cravo-de-defunto
1, 2, 6
assa-peixe
1
assa-peixe
1
Vernonanthura beyrichii (Less.) H.
Rob.
Vernonanthura paludosa (Gardner)
H.Rob.
ram; inf
1
ram
ram
Silva & Peixoto
360
Usos / mercados
Part.
comer.
Famílias/ Espécies
Nome popular
Vernonanthura sp.
assa-peixe
1
ram
Asteraceae indet.
erva-grossa
1
ram
Impatiens balsamina L.
beijo-branco
1
ram
Impatiens sultanii Hook f.
maravilha
1
ram
Crescentia cujete L.
cuitê
1, 2
fr
Handroanthus sp.1
ipê-amarelo
1
cas
Handroanthus sp.2
ipê-roxo
1
cas
Jacaranda cf. puberula Cham.
carobinha
1
Mad.
CEA
BALSAMINACEAE
BIGNONIACEAE
Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.
Schum.
akokô, erva-dafelicidade
cinco-chagas, cinco
folhas
Tynanthus labiatus (Cham.) Miers
Newbouldia laevis (P. Beauv.) Seem.
1
ram
2
ram
1, 2
ram
cipó-cravo
1
cau
urucum
1
fo
Varronia curassavica Jacq.*
erva-balieira
1
ram
Symphytum officinale L.
confrei
1
1
fo
mastruz
1
1
ram
barba-de-velho
1, 2
1
cau
Cereus fernambucensis Lem.
mandacaru
1
cau
Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw.
dama-da-noite
2
cau
1, 2
cau
5
ram
BIXACEAE
Bixa orellana L.
BORAGINACEAE
BRASSICACEAE
Lepidium pseudodidymum Thell. ex
Druce
BROMELIACEAE
Tillandsia usneoides (L.)
L.
CACTACEAE
Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck palmatória
CANNABACEAE
Trema micrantha (L.) Blume
CHLORANTHACEAE
mutamba, curindiba
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
Famílias/ Espécies
Nome popular
Hedyosmum brasiliense Miq.
macota
361
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
1
fo
CHRYSOBALANACEAE
Chrysobalanus icaco L.
abajurú, bajurú
1
ram; fo
trapoeraba
2
ram
Cuscuta racemosa Mart.
cipó-chumbo, cuscuta
1
Ipomoea batatas (L.) Lam.
batata-doce
1
cana-do-brejo
1
1
fo
Kalanchoe crenata (Andrews) Haw.
saião
1
1
fo
Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers.
fortuna
2
fo
Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn.
abóbora-d'anta
8
ram
Luffa cylindrica M. Roem.
bucha
1
fr
Luffa operculata (L.) Cogn.
buchinha
1, 6
fr
Momordica charantia L.*
melão-de-são-caetano
1, 6, 7
Cyperus odoratus L.
dandá-da-costa
2
ram
Cyperus rotundus L.
batata-de-tiririca
1
bul; ram
cipó-caboclo
1, 2
cará
2, 4
cavalinha
1
parietária
1
COMMELINACEAE
Tradescantia zebrina Heynh.
CONVOLVULACEAE
1
ram
fo
COSTACEAE
Costus spiralis (Jacq.) Roscoe
CRASSULACEAE
CUCURBITACEAE
1
ram
CYPERACEAE
DILLENIACEAE
Davilla rugosa Poir.
8
ram
DIOSCOREACEAE
Dioscorea alata L.
fr
EQUISETACEAE
Equisetum hiemale L.
1
cau
EUPHORBIACEAE
Acalypha communis Müll. Arg.
ram
Silva & Peixoto
362
Famílias/ Espécies
Nome popular
Cnidoscolus urens (L.) Arthur
cansanção
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
2
fo
Codiaeum variegatum (L.) Rumph. ex.
folha-da-independência 2
A. Juss.
fo
Euphorbia prostrata Aiton
quebra-pedra
1
ram
Euphorbia tirucalli L.
velame
1
cau
Jatropha gossypiifolia L.
pinhão-roxo, pinhãobranco
2
fo
Joannesia princeps Vell.
cutieira
1
fr
Manihot esculenta Crantz
mandioca
1
fo
Amburana cearensis (Allemão) A.C.
Sm.
amburana-de-cheiro
1
cas
Bauhinia cf. variegata L.
pata-de-vaca
1
Bauhinia sp.
escada-de-macaco
1
cau
Bowdichia cf. virgilioides Kunth
batata-de-sucupira
1
rz
Cajanus cajan (L.) Huth
guando
1
ram
Desmodium adscendens (Sw.) DC.
amor-do-campo
1, 2
Libidibia ferrea (Mart. ex.Tul.) L.P.
Queiroz*
jucá; fava-de-jucá
1
cas; fr
Erythrina speciosa Andrews
mulungú
1
fo
Phanera microstachya (Raddi) L.P.
Queiroz.
pata-de-vaca
Pterodon cf. emarginatus Vogel
sucupira
1
fr
Senna occidentalis (L.) Link
fedegoso
1, 6
fo
Senna alexandrina Mill.*
sene
1
fo
Stryphnodendron cf. adstringens
(Mart.) Coville)
barbatimão
1
cas
ginko
1
fo
bico-de-papagaio
1
fo
Aeollanthus suaveolens Mart. ex
Spreng.
macassá, catinga-demulata
1, 2
Leonotis nepetifolia (L.) R. Br.
cordão-de-frade
1
Leonurus sibiricus L.
erva-macaé, macaé
1
FABACEAE
1
1
1
ram
ram
ram
GINKGOACEAE
Ginkgo biloba L.
HELICONIACEAE
Heliconia rostrata Ruiz & Pav.
LAMIACEAE
2
ram
ram
1
ram
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
363
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
poejo
1
1
ram
hortelã-da-horta,
hortelã-miúdo, menta
1, 3
Famílias/ Espécies
Nome popular
Mentha pulegium L.*
Mentha spicata L.
Mentha x piperita L. var. citrata (Ehrh.)
elevante
Briq.
manjericão, manjericãoOcimum basilicum L.
roxo
alfavaca, alfavaca-daOcimum campechianum Mill.
horta , alfavaquinha
Ocimum carnosum (Spreng.)Link. &
anis
Otto ex Benth.
ram
1, 2, 3
1, 2
ram
1, 2, 3
3
ram
1, 2, 3
3
ram
2
ram
Ocimum cf. americanum L.
manjericão
2, 3
ram
Ocimum gratissimum L.
alfavacão
1, 2, 3
ram
Ocimum sp.
manjericão-roxo
1
ram
Origanum vulgare L.
manjerona, orégano
3
ram
Plectranthus amboinicus (Lour.)
Spreng.
hortelã-pimenta, hortelã1, 3
doce
Plectranthus barbatus Andr.*
boldo
1
Plectranthus neochilus Schltr.
boldo-japonês
1
ram
Plectranthus nummularius Briq.
dólar
2
ram
Pogostemon cablin (Blanco) Benth.
patchouli
2
ram
Rosmarinus officinalis L.*
alecrim
1, 2, 3
Salvia officinalis L.*
salvia
1, 2, 3
ram
Tetradenia riparia (Hochst.) Codd
sândalo
2, 3, 5
ram
Thymus vulgaris L.
tomilho
2, 3
ram
Vitex agnus-castus L.
erva-de-jurema
2
ram
Cinnamomum camphora (L.) J. Presl
vick-do-mato
8
ram
Cinnamomum verum J. Presl*
canela
1,2,4,6
cas
Laurus nobilis L.
louro
1, 2
Persea americana Mill.
abacate
1
fo
sapucaia
1, 2, 4
fr
linhaça
1
sem
ram
1
1, 3
ram
ram
LAURACEAE
3
fo
LECYTHIDACEAE
Lecythis pisonis Cambess.
LINACEAE
Linum cf. usitatissimum L.
Silva & Peixoto
364
Famílias/ Espécies
Nome popular
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
LINDERNIACEAE
Torenia fournieri Lind.
amor-perfeito
2
ram; fl
erva-de-passarinho
1
1
cau
abre-caminho
2
2
fo
Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.F.
Macbr.
sete-sangrias
1
1
ram
Punica granatum L.*
romã
1
fr
akossí, murici
2
ram
Abutilon striatum Dicks. ex Lindl.
brinco-de-princesa
2
ram; fl
Cola acuminata (P. Beauv.) Schott &
Endl.
obi
2
sem
Gossypium herbaceum L.
algodão
1, 2
fo
Hibiscus rosa-sinensis L.
papoula-vermelha,
brinco-de-princesa
2
ram; fl
Hibiscus sabdariffa L.
vinagreira
1
ram, fl
Luehea conwentsi K. Schum.
açoita-cavalo
8
ram
Malva parviflora L.
malva-branca
1
ram; fl
Malva sp.
malva-cheirosa
1,2
ram
trevo-de-quatro-folhas
2
fo
abranda-fogo
2
ram
LORANTHACEAE
Struthanthus marginatus (Desr.)
Blume
LYGODIACEAE
Lygodium volubile Sw.
LYTHRACEAE
MALPIGHIACEAE
Byrsonima sericea DC.
MALVACEAE
MARSILEACEAE
Marsilea polycarpa Hook. & Brév.
MELASTOMATACEAE
Clidemia biserrata DC.
Miconia albicans (Sw.) Triana
Miconia calvescens Schrank & Mart.
ex DC.
canela-de-velho, vence1, 2, 7
demanda, café-do-mato
capa-de-xangô, erva2
de-xangô
ram
ram
MELIACEAE
Guarea guidonea (L.) Sleumer
berreiro
2
ram
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
Famílias/ Espécies
Nome popular
Melia azedarach L.
para-raio, berreiro,
carrapeta
365
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
2
2
ram
MENISPERMACEAE
Chondrodendron platiphyllum (A. St.buta
Hil.) Miers
1
cau
MORACEAE
Artocarpus altilis (Parkinson) Fosberg
fruta-pão
1
fo
Dorstenia sp.
carapiá
1
riz
Morus alba L.
amora
1
fo
Sorocea cf. bonplandii (Baill.)Burger,
Lanjou & W. Boer
espinheira-santa
1
coração-de-bananeira
1
inf
Campomanesia guaviroba (DC.)
Kiaersk.
guariroba
1
ram
Eucalyptus torelliana F. Muell.
eucalipto
Eucalyptus sp.1
eucalipto
Eucalyptus sp. 2
eucalipto-cheiroso
Eugenia astringens Cambess.
abajirú, bajurú, abajurú
1
Myrcia guianensis (Aublet) DC.
pedra-ume-caá
1
ram
Pimenta dioica (L.) Merr.
cravo-da-índia
2
ram
cravo-da-índia
3
fr
jambolão, jamelão
1
ram
erva-tostão, pega-pinto
1, 2
ram
ochibatá
2
fo
Cyrtopodium gigas (Vell.) Hoehne
sumaré
1
cau
Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl.
cantaria
1
fo
maracujá-assú
1
ram
1
ram
MUSACEAE
Musa x paradisiaca L.
MYRTACEAE
Syzygium aromaticum (L.) Merr. &
L.M. Perry
Syzygium malaccense (L.) Merr. &
L.M. Perry
1
1
ram
ram
1
ram
1
ram
NYCTAGINACEAE
Boerhavia diffusa L.
NYMPHAEACEAE
Nymphaea cf. rubra Roxb. ex Salisb.
ORCHIDACEAE
PASSIFLORACEAE
Passiflora alata Dryand*
Silva & Peixoto
366
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
erva-pombinha
1
1
ram
Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms
pau-d'alho
1, 2
Petiveria alliacea L.
guiné pi-piu
1, 2
Famílias/ Espécies
Nome popular
PHYLLANTHACEAE
Phyllanthus tenellus Roxb.
PHYTOLACCACEAE
cas
2
ram
1
ram
PIPERACEAE
Peperomia pellucida (L.)Humb., Bonp. oriri, oripepê, parietária,
1, 2
& Kunth
língua-de-sapo
tira-teima, betePiper amalago var. medium(Jacq.)
cheirosa, corta2
Yunck
mandinga, cortamironga, corta-feitiço
ram
Piper anisum (Spreng.) Angely
desata-nó, jaborandi
2
1, 5
ram
Piper arboreum Aubl. var. arboreum
vence-demanda, joãobarandi, desata--nó,
abranda-fogo, vencetudo
2
2
ram
desata-nó, jaborandí
1, 2, 5
2
ram
1
ram
Piper hoffmanseggianum Roem. &
Sch.
Piper mollicomum Kunth
aperta-ruã
Piper umbellatum L.
capeba
1
1
fo
Plantago major L.*
tanchagem, transagem
1
1
fo
Scoparia dulcis L.
vassourinha
1, 2
ram
Coix lacryma-jobi L.
lágrima-de-nossasenhora
1
fo
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf*
capim-limão
1
Cymbopogon densiflorus (Steud.)
Stapf
saco-saco, capim-de1, 2
angola, capim-são-josé
ram
Imperata cf. brasiliensis Trin.
raíz-de-sapê
rz
Melinis minutiflora P. Beauv.
capim-gordura
Saccharum officinarum L.
cana-de-açúcar
2
erva-de-bicho
1
PLANTAGINACEAE
POACEAE
1
1
1
fo
fo
cau
POLYGONACEAE
Polygonum punctatum Elliot*
POLYPORACEAE
1
fo
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
367
Usos / mercados
Part.
comer.
Famílias/ Espécies
Nome popular
Pycnoporus sanguineus (F. ex Fr.)
Murril
orelha-de-pau
6
cf
Portulaca oleracea L.
beldroega, erva-deobaluaiê
1, 2, 4
ram
Talinum racemosum (L.) Rohrb.
bredo-de-santo-antônio 1, 2, 4
ram
Mad.
CEA
PORTULACACEAE
PTERIDACEAE
Adiantum raddianum C.Presl
avenca
1
fo
ROSACEAE
Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.
ameixa
1
ram
Rosa cf. chinensis Jacq.
rosa-branca
1, 2
1
ram; fl
Coffea arabica L.
café
1, 2, 6
6
ram
Genipa americana L.
jenipapo
1
fr
Pentodon pentandrus (Schumach. &
Thonn.) Vatke
trapoeraba-branca
1
ram
Simira glaziovii (K. Schum.) Steyerm.
quina- rosa
1
cas
Spermacoce laevis Lam.
corredeira
2
ram
Hortia brasiliana Vand. ex DC.
cáscara-sagrada, casca
1
d'anta, pau-para-tudo
cas
Citrus aurantium L.*
laranja-da-terra
ram
RUBIACEAE
RUTACEAE
Ruta graveolens L.
Zanthoxylum caribaeum Lam.
Zanthoxylum cf. caribaeum Lam.
1
arruda, arruda-fêmea,
1, 2, 6
arruda-macho
espinho-cheiroso, erva2
de-oxóssi
2
ram
ram
mamica-de-porca
1
cas
Casearia commersoniana Camb.
chá-de-bugre,
porangaba
1
ram
Casearia sylvestris Sw.*
são-gonçalinho
1, 2
ram
cipó-cabeludo, uva-domato
1
ram
abiu
2
ram
SALICACEAE
SAPINDACEAE
Serjania cuspidata Cambess.
SAPOTACEAE
Chrysophyllum oliviforme L. subsp.
oliviforme
Silva & Peixoto
368
Famílias/ Espécies
Nome popular
Usos / mercados
Mad.
CEA
Part.
comer.
SIPARUNACEAE
Siparuna guianensis Aubl.
negramina, negramina1, 2
fêmea
ram
trombeta
fo
SOLANACEAE
Brugmansia suaveolens (H.&B. ex.
Willd.) Bercht. & Presl.
2
Capsicum annuum L.
pimenta-caiana,
pimenta-rabo-demacaco, pimenta dedo3
de-moça, pimentacambuci, pimenta-reino,
pimenta-de-cheiro
3
fr
Capsicum frutescens L.
pimenta- malagueta
3
3
fr
Capsicum sp.1
pimenta-baiana
3
3
fr
Capsicum sp.2
pimenta- fogo
3
3
fr
Cestrum axillare Vell.
coerana
2
ram
Datura aff. metel L.
beladona
1
fo
Nicotiana tabacum L.
fumo
1, 2
fo
Solanum alternatopinnatum Steud.
jiquiri
1
ram
Solanum americanum Mill.
erva-moura
1
ram
Solanum argenteum Dun.
erva-prata, erva-deiansã
2
ram
Solanum cernuum Vell.
panacéia
Solanum hirtellum (Spreng.) Hassl.
arrebenta-cavalo
2
fo
Solanum pachinatum Dun.
panacéia, milho-decobra
1
fo
Solanum torvum Sw.
jurubeba
1
fo
Cecropia pachystachya Tréc.
embauba, folha-dapreguiça; embaúbabranca
1,2,8
fo
Pilea nummularifolia (Sw.) Wedd.
dinheiro-em-penca
2
ram
sementes de alfazema
1, 2
sem
alfazema
1, 2, 3
ram
Lantana camara L.
cambará
2
ram
Lippia alba N.E. Br.ex P. Wilson*
erva-cidreira, melissa,
cidreira
1
1
fo
URTICACEAE
VERBENACEAE
Aloysia cf. gratissima (Gilties & Hook)
Tronc.
Aloysia gratissima (Gilties & Hook)
Tronc.
1
ram
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
369
Usos / mercados
Part.
comer.
Famílias/ Espécies
Nome popular
Stachytarpheta cayennensis (Rich.)
Vahl
gervão
1
ram
suma-roxa
1
cau
insulina
1
ram
babosa
1, 5
1
fo
Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt & Smith colônia
1, 2
1
fo
Hedichium coronarium J. König
lírio-do-brejo
2
Zingiber officinale Roscoe*
gengibre
1
INDETERMINADA
catuaba
1
cas
INDETERMINADA
nó-de-cachorro
1
cas
Mad.
CEA
VIOLACEAE
Anchietea pyrifolia (Mart.) G. Don
VITACEAE
Cissus verticillata (L.) Nicholson &
E.Jarvis
XANTHORRHOEACEAE
Aloe vera (L.) Burm. f.
ZINGIBERACEAE
fo
1
riz
Tabela 2 - Número total de espécies citadas por categorias (independentemente das espécies
aparecerem em mais de uma categoria), no Mercado de Madureira e na CEASA, Rio de Janeiro,
RJ. Em cada célula o número de espécies é seguido pela percentagem entre parênteses
(medi=medicinal;
ritu=ritualística;
cond=condimentar;
alim=alimentar;
cosm=cosmética;
abor=abortiva; outros usos=ornamental e veterinário).
Mercados
medi.
ritu.
cond.
alim.
cosm.
abor.
outros
usos
usos não
informados
Madureira
178
(69,5%)
111
(43,3%)
19
(7,4%)
6
(2,3%)
5
(1,9%)
10
(3,9%)
6
(2,3%)
3
(1,1%)
CEASA
59
(77,6%)
11
(14,4%)
8
(10,5%)
__
1
(1,3%)
1
(1,3%)
__
1
(1,3%)
Silva & Peixoto
370
Tabela 3 - Saliência e Importância Relativa (IR) das espécies medicinais indicadas como mais
comercializadas pelos informantes da CEASA, Rio de Janeiro. Os usos foram indicados pelos
informantes e os sistemas corporais estão baseados na classificação de doenças da Organização
Mundial de Saúde (CID-10). A ordenação da tabela seguiu a Importância Relativa das espécies.
Nome científico
Leonurus sibiricus
Aloe vera
Bidens pilosa
Plantago major
Adiantum raddianum
Echinodorus grandiflorus
Cuphea carthagenensis
Baccharis cf. crispa
Baccharis dracunculifolia
Cymbopogon citratus
Equisetum hiemale
Ageratum conyzoides
Foeniculum vulgare
Mikania hirsutissima
Solanum cernuum
Sorocea cf. bonplandii
Struthanthus marginatus
Eucalyptus sp. 2
Kalanchoe crenata
Vernonanthura beyrichii
Alpinia zerumbet
Phanera microstachya
Cuscuta racemosa
Cynara scolymus
Desmodium adscendens
Eucalyptus torelliana
Geissospermum laeve
Jacaranda cf. puberula
Lippia alba
Melinis minutiflora
Mentha pulegium
Mentha x piperita var. citrata
Mikania glomerata
Peperomia pellucida
Piper anisum
Plectranthus barbatus
Polygonum punctatum
Rosa cf. chinensis
Schinus terebenthifolius
Symphytum officinale
Saliência
0.39
0.18
0.14
0.23
0.11
0.24
0.29
0.39
0.12
0.22
0.26
0.07
0.07
0.16
0.13
0.33
0.02
0.17
0.23
0.31
0.10
0.08
0.13
0.01
0.08
0.01
0.02
0.06
0.17
0.01
0.08
0.19
0.29
0.01
0.07
0.05
0.09
0.02
0.02
0.13
Usos
4
3
3
5
3
3
4
4
3
3
3
2
2
2
2
3
3
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Sistema corporal
IX, XI, XVIII
II, IV, XVIII
I, II, XI
XIV, XVIII
I, IV, X
III, XIV, XVIII
IX, XI
IV, XI
IX, XVIII
V, X
XIII, XIV
IV, V
V, X
XI, XIV
XIV, XVIII
XI
X
X
X
X
IX
IV
X
IV
XVIII
X
IV
XIX
V
XVIII
X
X
X
VII
XVIII
XI
XVIII
VII
I
XVIII
IR
1,8
1,66
1,66
1,66
1,6
1,6
1,46
1,46
1,26
1,26
1,26
1,06
1,06
1,06
1,06
0,93
0,93
0,73
0,73
0,73
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
0,53
Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar...
371
Tabela 4 - Saliência e Importância Relativa (IR) das espécies medicinais consideradas como mais
comercializadas pelos informantes do Mercado de Madureira, Rio de Janleiro. Os usos foram
indicados pelos informantes e os sistemas corporais estão baseados na classificação de doenças
da Organização Mundial de Saúde (CID-10). A ordenação da tabela seguiu a Importância Relativa
das espécies.
Nome científico
Ruta graveolens
Sorocea cf. bonplandii
Baccharis cf. crispa
Polygonum punctatum
Alpinia zerumbet
Bidens pilosa
Mentha x piperita L. var.citrata
Sparattosperma leucanthum
Echinodorus grandiflorus
Cuphea carthagenensis
Davilla rugosa
Equisetum hiemale
Kalanchoe crenata
Petiveria alliacea
Casearia commersoniana
Jacaranda cf. puberula
Ocimum basilicum
Ocimum campechianum
Rosmarinus officinalis
Scoparia dulcis
Symphytum officinale
Vernonanthura paludosa
Acalypha communis
Eugenia astringens
Lepidium pseudodidymum
Starchytarpheta cayennensis
Aeollanthus suaveolens
Anchietea pyrifolia
Bauhinia variegata
Boerhavia diffusa
Campomanesia guaviroba
Euphorbia prostrata
Chromolaena odorata
Chrysobalanus icaco
Cissus verticillata
Coreopsis grandiflora
Costus spiralis
Cymbopogon densiflorus
Datura aff. metel
Desmodium adscendens
Saliência
Usos
Sistema corporal
IR
0,13
0,34
0,21
0,06
0,12
0,17
0,38
0,13
0,15
0,13
0
0,10
0,32
0,07
0,04
0,09
0,36
0,06
0,09
0,01
0,11
0,22
0,05
0,35
0,08
0,04
0,29
0,01
0,06
0,03
0,03
0,09
0,05
0,07
0,06
0,07
0,05
0,05
0,02
0,07
6
7
5
4
3
3
3
3
4
3
3
3
3
3
2
2
2
2
2
2
3
3
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
I, III, IV, VII, IX, XVIII
IV, XI, XIII, XVIII
I, IV, IX
I, IX, XII
V, IX, XII
I, X, XI
X, XIII, XVIII
III, XII, XVIII
IX, XIV
III, IX
XIII, XVIII
XIV, XVIII
X, XVIII
IX, XVIII
IV, XVIII
IX, XII
V, IX
IX, X
IV, IX
IV, XVIII
IX
X
XIV
IX
X
XI
XVIII
III
IV
XVIII
IV
XIV
XIX
IV
IV
V
XIV
X
XIX
XIV
1,86
1,67
1,21
1,07
0,93
0,93
0,93
0,93
0,90
0,76
0,76
0,76
0,76
0,76
0,62
0,62
0,62
0,62
0,62
0,62
0,60
0,60
0,45
0,45
0,45
0,45
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
Silva & Peixoto
372
Nome científico
Chenopodium ambrosioides
Foeniculum vulgare
Geissospermum laeve
Imperata cf. brasiliensis
Lecythis pisonis
Lippia alba
Malva sp.
Miconia albicans
Mikania glomerata
Myrcia guianensis
Ocimum gratissimum
Oeceoclades maculatum
Peperomia pellucida
Plantago major
Plectranthus amboinicus
Schinus terebinthifolius
Senna alexandrina
Senna occidentalis
Simira glaziovii
Smallanthus sonchifolius
Handroanthus sp. 2
Vernonanthura sp.
Herreria glaziovii
Chondodendron platyphyllum
Saliência
0,09
0,02
0,01
0,05
0,01
0,16
0,04
0,08
0,11
0,06
0,05
0,04
0,12
0,06
0,06
0,02
0,03
0,03
0,04
0,07
0,01
0,01
0,02
0,01
Usos
Sistema corporal
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
uso não informado
uso não informado
I
V
I
IV
XI
V
X
XIII
X
IV
X
V
XIV
X
X
XVIII
XI
I
IX
V
II
X
IR
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
0,31
ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE QUINTAIS NO BAIRRO
QUILOMBO, ZONA RURAL DO MUNICIPIO DE TRÊS
COROAS, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.
1
Vanessa Martina Ritter
2
Rumi Regina Kubo
1
Mara Rejane Ritter
ABSTRACT
This work‟s objective was to perform an ethnobotanical survey of the species
grown on the backyards of a rural district of the town of Três Coroas, linking
their uses, handling and importance for the families‟ everyday lives. Thirteen
backyards were visited and thirteen informers were interviewed through semistructured questionnaires. Also, the guided tour technique was used, with
questions about the plants that have importance to the families, present on the
backyards. The reported taxa were classified in categories of use, being
reported 152 taxa, distributed in 57 families. The most reported botanical family
was Lamiaceae with 17 species, followed by Asteraceae with 13. It
predominates the use of exotic species (73%), many of them traditionally used
by European descendants. The use categories which were most reported were
food and medicinal. The found results highlight the importance the community
gives to the cultivation and use of plant species in their residence‟s backyard,
which incorporates the everyday life of the families.
Keywords: Ethnobotany, food plants, medicinal plants.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento etnobotânico sobre
espécies cultivadas nos quintais de um bairro rural do município de Três
Coroas, associando seus usos, manejos e importância para o cotidiano das
famílias. Foram visitados 13 quintais e 13 informantes foram entrevistados
através de questionários semiestruturados. Também foi utilizada a técnica da
turnê guiada, com perguntas acerca das plantas presentes nos quintais que
têm importância para os entrevistados. Foram citados 152 taxa, distribuídos
em 57 famílias, que foram classificados em categorias de uso. A família
botânica mais citada foi Lamiaceae com 17 espécies, seguida de Asteraceae
com 13. Predomina o uso de espécies exóticas (73%), muitas delas
tradicionalmente utilizadas por descendentes de europeus. As categorias de
uso mais citadas foram alimentícia e medicinal. Os resultados encontrados
destacam a importância que a comunidade dá ao cultivo e ao uso de espécies
1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Biociências. Departamento de Botânica.
Av. Bento Gonçalves, 9500. Bairro Agronomia, Porto Alegre, RS. CEP 91501-970. Brasil.
2 Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Av. João Pessoa, 31, Centro, Porto Alegre, RS. 90040-000, Brasil.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:373-388 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.
374
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
vegetais nos quintais das suas residências, as quais fazem parte do cotidiano
das famílias.
Palavras-chave: etnobotânica, plantas alimentícias, plantas medicinais.
INTRODUÇÃO
A etnobiologia estuda a relação homem natureza e tem como um dos
enfoques contemporâneos a possibilidade de gerar um modelo de ciência da
conservação envolvendo o resgate, o estudo e a valorização do conhecimento
ecológico local (Hanazaki, 2003). Para Carniello (2007), a etnobotânica, uma
seção da etnobiologia, constitui-se na área de conhecimento que visa
compreender as relações estabelecidas entre comunidades humanas e as
plantas, nos diversos aspectos em que o componente vegetal perpassa a vida
das populações.
O termo etnobotânica, referindo-se especificamente a esta relação ser
humano e planta, foi cunhado por Harshberger em 1895, há pouco mais de um
século, sendo originalmente o estudo das plantas usadas por povos de cultura
oral. A definição de etnobotânica, atualmente, corresponde ao estudo das interrelações diretas entre humanos e plantas em sistemas dinâmicos (Alcorn,
1995; Albuquerque & Andrade, 2002; Hanazaki, 2004; Albuquerque, 2005).
Estudos etnobotânicos foram desenvolvidos no Brasil principalmente a
partir de 1990 (Oliveira et al., 2009). Vários autores constataram o aumento na
produção de artigos em etnobotânica por pesquisadores brasileiros (FonsecaKruel et al., 2005; Oliveira et al., 2009), sendo que uma das abordagens que
têm crescido consideravelmente refere-se ao estudo de quintais urbanos e
rurais. O estudo desses espaços é importante para a conservação da
diversidade local, além da importância cultural dos mesmos.
Segundo Brito & Coelho (2000), no Brasil quintal é o termo utilizado para
se referir ao terreno situado ao redor da casa, definido, na maioria das vezes,
como a porção de terra próxima à residência, na qual se cultivam ou se
mantêm múltiplas espécies que fornecem parte das necessidades nutricionais
da família, como hortaliças e frutas, bem como outros produtos, como lenha e
plantas medicinais. De acordo com Nair (1993), estes quintais normalmente
consistem em uma combinação de árvores, arbustos, trepadeiras, herbáceas,
algumas vezes em associação com a criação de animais domésticos,
adjacentes à residência. Kumar & Nair (2004) destacam a tradição destes
sistemas nos países tropicais.
Os quintais funcionam como sistemas alternativos de complementação à
demanda alimentar e unidade agrícola de uso tradicional do solo (Florentino et
al., 2007). Também mantêm alta diversidade inter e intraespecífica, resultantes
de experimentação e seleção local, assim como de trocas e circulação de
espécies levadas de um ambiente para outro (Williams, 1997), além de serem
fonte de subsistência, segurança alimentar e recursos financeiros,
encontrando-se espécies incomuns e de diferentes variedades de plantas
(Padoch & de Jong, 1991; Kumar & Nair, 2004; Oakley, 2004). Em uma
abordagem ecológica e genética, os quintais podem representar um espaço de
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
375
resistência aos sistemas caracterizados por cultivos monoespecíficos que
foram amplamente disseminados com o processo de modernização da
agricultura (Amorozo, 2004).
Oakley (2004) enfatiza a função dos quintais domésticos como
reservatórios de biodiversidade sob o recorte de gênero. Em muitas culturas,
as mulheres são as responsáveis pela manutenção desse sistema. Essa tarefa
cotidiana garante o acesso das famílias a uma dieta saudável e adequada ao
gosto e às tradições locais. O mesmo autor afirma, ainda, que as mulheres
preservam a biodiversidade por meio de plantações com alta densidade de
espécies subutilizadas, transformando seus quintais em laboratório de
experiências para a adaptação de variedades locais e não domesticadas.
A sustentabilidade dos quintais é justificada por Amaral & Guarim Neto
(2008), que argumentam que este sistema é uma das formas mais antigas de
manejo da terra e que esse sistema de produção de múltiplas espécies tem
sustentado milhões de pessoas. Apesar disso, consideram que ainda pouca
atenção científica tem sido destinada ao assunto, fato corroborado por
Florentino et al. (2007), que destacam que essa pouca atenção a esse tema
ocorre especialmente no Brasil. Na Ásia até a década de 1990, os quintais
foram objeto de estudo em aproximadamente 40% das publicações sobre
sistemas agroecológicos, sendo a maioria de cunho qualitativo, descrevendo o
ambiente, sua composição florística e função. Além da Ásia, destacam-se
México, América Central e Oeste da África, com grande número de publicações
sobre quintais (Kumar & Nair, 2004).
No Brasil, parte dos trabalhos etnobotânicos em quintais é feita em
comunidades indígenas, principalmente na Amazônia, e pouco se sabe sobre
esses sistemas de cultivo em outros tipos de comunidades fora da região
Amazônica (Winklerprins, 2002; Vogl et al., 2004). No entanto, outros estudos
tem sido realizados em várias regiões do Brasil, principalmente sobre estrutura
e florística de quintais em comunidades rurais (como os de Albuquerque &
Andrade, 2002; Amorozo, 2004; Albuquerque et al., 2005; Florentino et al.
2007; Lacerda, 2008; Freitas et al., 2012) e em zonas urbanas (como os de
Amaral & Guarim Neto, 2008; Eichemberg et al., 2009; Carniello et al., 2010;
Althaus-Ottmann et al., 2011; Siviero et al., 2011; Lobo & Sena, 2012;
Eichemberg & Amorozo, 2013).
Assim, torna-se necessária a realização de estudos etnobiológicos
mostrando a grande importância dos quintais e sistemas agroflorestais, como
alternativas às monoculturas e por servir de fonte de sustentabilidade local e de
recursos genéticos, além de oferecerem proteção ao solo. Neste contexto, a
presente pesquisa foi realizada com o propósito de registrar e valorizar o
conhecimento associado ao cultivo de plantas, a composição florística e as
relações estabelecidas pela população com as espécies vegetais presentes em
quintais.
376
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O município de Três Coroas, situa-se no Vale do rio Paranhana, na
encosta inferior nordeste do Planalto, a 92 Km de Porto Alegre, junto à Rodovia
RS-115. O município é delineado por planícies, vales, montanhas ricas e férteis
e tem uma área total de 166 Km² (PMTC, 2012). Sua população é de cerca de
23.848 habitantes (IBGE, 2012) e a indústria do calçado responde por 90% da
economia do município (PMTC, 2012).
Os primeiros colonizadores do município foram os imigrantes alemães
que chegaram em meados do século XIX. Desde então, instalaram-se no
município imigrantes de outras etnias como italianos e lusos, e o município se
desenvolveu preservando as diferenças étnico-culturais e os recursos naturais
que hoje lhe rendem a alcunha de Cidade Verde.
A cidade já foi reconhecida por vários nomes – Linha dos Últimos
Alemães, Vale ou Colônia de Santa Maria de Cima e Santa Maria do Mundo
Novo – e, com a criação do 4° Distrito de Taquara, em 1904, simplesmente
Mundo Novo. Foi um imponente pinheiro de três copas, ou coroas, que deu
origem ao título do município, instituído oficialmente em 12 de maio de 1959
(PMTC, 2012).
O presente estudo foi realizado no bairro Quilombo, situado ao norte do
centro do município, a uma distância de 4 km na entrada do vale do mesmo
nome. Rodeado por morros, o bairro situa-se à margem esquerda do arroio
Angabeí. A origem do nome vem de um quilombo que existiu no vale, fundado
por escravos negros que fugiram da cidade de Vacaria e ali se instalaram no
século XIX. O povoamento do bairro por imigrantes alemães iniciou no ano de
1856. Na época, os moradores viviam exclusivamente da agricultura, sendo
que as principais culturas eram feijão, trigo, milho e cevada. O produto mais
cultivado foi o feijão, sendo produzidas em média 300 sacas por safra (Moeller
& Deecken, 2001).
Seleção dos informantes
Os informantes foram selecionados através da indicação dos alunos de
1ª a 4ª série do ensino fundamental do PATI - Programa de Atendimento ao
Turno Inverso da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Pedro II, que
desenvolve atividades de Educação Ambiental no Centro de Estudos
Ambientais de Três Coroas (CMEA). Os alunos foram os primeiros informantes
e desencadearam o processo de acesso aos informantes-chave.
No CMEA foram realizadas atividades de Educação Ambiental, onde os
alunos indicaram informantes do seu círculo familiar e comunitário, que eles
julgavam manter e cultivar um quintal. Posteriormente as pessoas citadas
foram visitadas, sempre que possível com a presença do aluno que as indicou,
para que o mesmo pudesse participar da entrevista e perceber a diversidade
presente neste espaço e a sua importância na vida da família. Estes
informantes visitados indicaram outros moradores do bairro que possuíam um
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
377
quintal interessante ao estudo. Foram adicionados novos informantes à
pesquisa até que os informantes indicados se repetiam.
Todos os informantes-chave assinaram o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética/UFRGS.
Coleta de dados
A coleta dos dados etnobotânicos foi realizada de março a novembro de
2012, através de entrevistas semiestruturadas com questões norteadoras do
tipo abertas e fechadas (Viertler, 2002), aplicadas através de visitas
domiciliares, priorizando amostras intencionais. As informações foram obtidas
por meio de um roteiro que continha questões relacionadas ao perfil
socioeconômico do informante e outras sobre o conhecimento e uso das
plantas presentes nos quintais que têm importância para os entrevistados, além
de questões sobre o manejo dos quintais. Utilizou-se a técnica da turnê guiada
(Albuquerque et al., 2008) com todos os informantes. As plantas citadas foram
coletadas e/ou fotografadas para posterior identificação. Utilizou-se também
diário de campo, observação direta, gravação das entrevistas e registros
fotográficos, todos previamente autorizados pelos informantes.
As espécies que não puderam ser identificadas no local foram coletadas
durante as entrevistas, herborizadas e processadas seguindo procedimento em
pesquisas indicado em Given & Harris (1994) e Alexiades (1996). A
identificação foi realizada no Departamento de Botânica da UFRGS, utilizandose literatura especializada. O material coletado foi depositado no herbário ICN
do Instituto de Biociências/UFRGS. O sistema de classificação utilizado foi o
APG III (Stevens, 2012). As espécies foram classificadas de acordo com a
origem e o hábito.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os entrevistados
Foram visitados 13 quintais e entrevistados 13 informantes-chave. Em
relação à ocupação, alguns são aposentados e muitas vezes seguem
trabalhando em casa, tanto com oficina de calçados como na agricultura.
Outros são trabalhadores da indústria do calçado, trabalho este muitas vezes
realizado em casa.
As residências geralmente são habitadas por pais e filhos, e estes,
quando possível, constroem suas casas no mesmo terreno dos pais. Os filhos
em idade escolar estudam e os mais velhos trabalham fora. São as mulheres
que geralmente mantêm o quintal, salvo quando, por motivo de saúde ou idade
avançada não podem realizar tal tarefa, mas em geral, toda a família participa.
Uma das informantes relatou que por falta de disposição, dada sua idade
avançada, quem cuidava do quintal era seu filho, que também trabalhava fora.
Mesmo os que trabalham fora, usam suas folgas e finais de semana para
ajudar no manejo do quintal.
Entre estes quintais, somente um é de imóvel alugado, os outros todos
são propriedade dos informantes. Todos os entrevistados possuem alguma
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
378
fonte de renda, ou oriunda da aposentadoria ou de trabalho nas fábricas de
calçados. Alguns poucos comercializam a parte excedente da produção de seu
quintal, mas a maioria dá ou troca.
Todos os entrevistados realizam o manejo do quintal com o auxílio de
enxada e alguns citaram o uso de outras ferramentas, associadas ao cultivo da
terra. Quando perguntados se lhes faltava alguma coisa no quintal, a maioria
respondeu que não faltava nada. No entanto, alguns relataram que perderam
plantas com a geada e sentiam falta destas e outros gostariam de ter mais
plantas medicinais e/ou de mais espaço para cultivá-las.
Os quintais e as espécies
Foram citados um total de 152 taxa, distribuídos em 57 famílias (Tab. 1).
A família botânica mais citada foi Lamiaceae, com 17 espécies, usadas como
alimento, condimento, medicinal e ornamental, seguida de Asteraceae, com 13,
usadas como alimento, medicinal e ornamental.
Tabela 1: Famílias botânicas, espécies, nomes populares, número de citações, usos e origem das
espécies cultivadas nos quintais do Bairro Quilombo, Três Coroas, RS, Brasil. Alguns nomes
populares das plantas estão no dialeto alemão Hunsrik, comumente falado na região. Usos - ali:
alimentícia; con: condimentar; med: medicinal; orn: ornamental; mis: mística; som: sombra. Origem
- N: nativa do Brasil; E: exótica.
FAMÍLIA
ALLIACEAE
AMARANTACEAE
ANACARDIACEAE
ANNONACEAE
ESPÉCIE /
NOME POPULAR
Nº DE
CITAÇÕES
USOS
Allium cepa L. / Cebola
5
con\ali
E
Allium sativum L./ Alho
Allium
schoenoprasum
Cebolinha, “Crinstria”
Spinacea
oleracea
Espinafre
3
con\ali
E
7
con
5
ali
E
Beta vulgaris L. /Beterraba
4
ali
E
Mangifera indica L./ Manga
1
ali
E
1
Spondias mombin L./ Cajá
Schinus terebinthifolius Raddi /
1
Aroeira-vermelha
ali
N
Annona squamosa L. / Fruto- 2
do-conde
ali
1
ali
L./
L./
Annona muricata L. / Graviola
Petroselinum crispum
Fuss/ Salsa, Salsinha
APIACEAE
ARACEAE
(Mill.) 12
1
Anethum graveolens L./ Endro
Foeniculum vulgare Mill. /
1
Funcho
Daucus carota L./ Cenoura
Colocasia esculenta
L.
Inhame
/
som
con
con \
med
con\
med
2
ali
1
ali
ORIGEM
E
N
E
E
E
E
E
E
E
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
379
Dieffenbachia seguine (Jacq.)
1
Schott / Comigo-ninguem-pode
Spathiphyllum wallisii Regel/
2
Lirio-da-paz
Zantedeschia
aethiopica
1
(L.)Spreng. / copo-de-leite
ARAUCARIACEAE
Araucaria angustifolia (Bertol.) 1
Kuntze / Pinheiro
ARECACEAE
Butia capitata (Mart.) Becc./ 4
Butiá
Sansevieria trifasciata Prain/
4
Espada-de-são-Jorge
ASPARAGACEAE
ASPHODELACEAE
ASTERACEAE
BRASSICACEAE
orn/mis
orn
orn
ali \
som
ali\orn
orn\mis
N
E
E
N
N
E
5
med
Achillea
millefolium
L./
Milefolium
Artemisia absinthium L./ Losna,
“Pitrivermuth”
Artemisia alba Turra / Cânfora,
“Câmpfor”
Baccharis trimera (Less.)DC./
Carqueja
Leucanthemum vulgare Lam. /
Margarida
Chicoria endivia L. / Chicoria,
Radite
Cynara
scolymus
L./
Alcachofra
Gerbera
jamesonii
Adlam/
Gerbera
1
med
4
med
1
med
1
med
2
orn
2
ali
2
med
E
1
orn
E
Lactuca sativa L./ Alface
7
ali
E
Helianthus annuus L./ Girassol
Chamomilla
recutita
L.
Rauschert/ Camomila
Mikania glomerata Spreng./
Guaco
Taraxacum
officinale
F.H.
Wigg./Dente-de-leão
2
orn
E
2
med
1
med
1
med
Nasturtium officinale R. Br./
Agrião
Brassica
oleracea
var.
acephala DC./ Couve
Brassica oleracea var. botrytis
L./ Couve-flor
Brassica oleracea var. italica
Plenck/ Brócolis
Brassica oleracea var. capitata
L./ Repolho
Brassica
campestris
var.
chinensis (L.)Prain/ Couvechinesa
1
ali
10
ali
3
ali
1
ali
7
ali
2
ali
Aloe arborescens Mill. / Babosa
E
E
E
E
N
E
E
E
N
E
E
E
E
E
E
E
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
380
1
Brassica rapa L. / Nabo
Coronopus didymus (L.) Sm /
3
Menstruz
ali
E
med
N
4
ali
E
Eruca sativa Mill. / Rúcula
BIXACEAE
BROMELIACEAE
1
Bixa orellana L./ Urucum
Ananas cosmosus (L.)Merr./
1
Abacaxi
N
orn\ ali
N
orn \ ali
N
E
CACTACEAE
Opuntia sp. /Tuna
CARICACEAE
2
Carica papaya L. / Mamão
Maytenus muelleri Schwacke /
1
Cancorosa
Ipomoea batatas (L.)Lam. /
5
Batata-doce
ali
ali\med
E
1
Kalanchoe sp. / Saião
Citrullus
lanatus
(Thunb.)
2
Matsum. & Nakai / Melancia
Cucumis melo L. / Melão,
2
Melão-neve
med
E
ali
E
11
Cucumis sativus L. / Pepino
Cucurbita máxima Duchesne /
3
Moranga
ali
E
CELASTRACEAE
CONVOLVULACEAE
CRASSULACEAE
CUCURBITACEAE
1
orn
EBENACEAE
EQUISETACEAE
EUPHORBIACEAE
ERICACEAE
FABACEAE
IRIDACEAE
JUGLANDACEAE
LAMIACEAE
ali
ali
N
E
E
1
ali
E
1
Cucurbita sp. / Abóbora
Sechium edule (Jacq.) Swartz /
5
Chuchu
ali
E
ali
E
Cucurbita pepo L. / Abobrinha
CYCADACEAE
med
Cycas revoluta Thunb. / Cica
1
orn
E
Diospyros kaki L.f./ Caqui
Equisetum hyemale L.
Cavalinha
Manihot esculenta Crantz
Aipim
Vaccinium corymbosum L.
Mirtilo
Arachis
hypogaea
L.
Amendoim
9
ali
E
2
med
E
6
ali
N
1
ali
E
1
ali
E
Inga marginata Willd. / Ingá
1
som
N
Pisum sativum L./ Ervilha
1
ali
E
Vicia faba L. / Fava
Vigna unguiculata (L. Walp.) /
Feijão-de-vagem
Gladiolus
hortulanus
L.H.
Bailey/ Palma
Carya illinoinensis (Wang.)
K.Koch/ Noz-pecã
Cunila microcephala Benth. /
Poejo
Lavandula angustifolia Mill. /
Lavanda
1
ali
E
5
ali
1
orn
1
ali
8
med
N
1
med
E
/
/
/
/
E
E
E
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
Melissa officinalis L./ Melissa
Mentha x vilosa
Huds /
Hortelã-branca
Mentha sp.1 / Menta-de-folha grande
Mentha sp.2 / Menta-folhaescura-pequena
381
6
med
E
3
med
E
2
med
E
6
med
1
med
E
med
E
con\mis
E
con
E
2
con
E
1
med
3
med
Mentha sp.3 / Vique
Ocimum selloi Benth. / Anis-de2
folha
Ocimum americanum L. /
4
Mangericão
Origanum
majorana
L./
7
Mangerona
Origanum vulgare L. / Orégano
Plectranthus
barbatus
Andrews/ Boldo-folha-grande
Plectranthus ornatus Codd. /
Boldo-de-folha-pequena
Rosmarinus officinalis L. /
Alecrim, “Rosmaraine”
5
4
Salvia officinalis L. / Sálvia
Stachys
lanata
Moench/
3
Pulmonária, “Lung-tee”
LAURACEAE
1
Thymus vulgaris L. / Tomilho
Persea americana Mill. /
3
Abacate
Cinnamomum verum J. Presl./
4
Canela
MALPIGHIACEAE
MALVACEAE
MELASTOMATACEAE
MORACEAE
MUSACEAE
MYRTACEAE
med\ali
E
E
E
E
E
con
E
ali\som
E
som
E
com\so
m
E
3
Punica granatum L. / Romã
Malpighia emarginata DC. /
2
Acerola
ali\orn
E
ali\orn
E
1
Malva sylvestris L. / Malva
Tibouchina sp. / Vassoura-da1
serra
Artocarpus heterophyllus Lam./
1
Jaca
med
E
orn
N
ali
E
Laurus nobilis L. / Louro
LYTHRACEAE
med\co
n\mis
med\co
n
E
1
Ficus carica L./ Figo
7
ali
E
Morus nigra L. / Amora
1
ali
E
ali\orn
E
Musa x paradisiaca L. / Banana 5
Campomanesia guazumifolia
(Cambess.) O. Berg /Sete- 1
capotes
Myrcianthes pungens (O.Berg)
1
D. Legrand / Guabiju
Eugenia involucrata DC. /
2
Cereja-do-Rio-Grande-do-Sul
ali
ali\som
ali\som
N
N
N
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
382
NYCTAGINACEAE
ONAGRACEAE
OXALIDACEAE
PASSIFLORACEAE
PHYLLANTHACEAE
PHYTOLACCACEAE
PIPERACEAE
PLANTAGINACEAE
POACEAE
PORTULACACEAE
PTERIDACEAE
ROSACEAE
RUTACEAE
Eugenia uniflora L./ Pitanga
Eugenia pyriformis Cambess. /
Uvaia
Plinia glomerata (O. Berg)
Amshoff / Cabeludinha
Plinia trunciflora (O. Berg)
Kausel / Jaboticaba
Psidium cattleyanum Sabine /
Araçá-vermelho
5
ali\som
1
ali\som
1
ali\som
7
ali\som
3
ali\som
Psidium guajava L. / Goiaba
Bougainvillea spectabilis Willd.
/ Três-marias
Fuchsia regia (Vell.) Munz /
Brinco-de-princesa
Averrhoa carambola L. /
Carambola
Passiflora
edulis
Sims
/
Maracujá
Phyllanthus tenellus Roxb. /
Quebra-pedra
3
ali\som
2
orn
1
orn
N
2
ali
E
2
ali
N
1
med
N
2
med\mi
s
N
Piper sp. / Pariparoba
Plantago sp. / Tansagem,
“Veshpray”
Cymbopogon
citratus
(DC.)Stapf / Capim-cidreira,
“Croos-tee”
Saccharum officinarum L. /
Cana-de-açucar
1
med
N
2
med
N
7
med
2
ali
E
Zea mayz L. / Milho
Portulaca grandiflora Hook. /
Onze-horas
Adiantum raddianum C. Presl/
Avenca
Eriobotrya japonica (Thunb.)
Lindl. / Ameixa-amarela
Fragaria vesca L. / Morango,
Moranguinho
6
ali
E
1
orn
2
orn\med N
4
ali\som
8
ali
1
ali
E
ali\som
E
Petiveria alliacea L. / Guiné
Malus domestica Borkh. / Maçã
Prunus persica (L.) Batsch /
7
Pêssego
Prunus salicina Lindl. / Ameixa4
vermelha
ali\som
N
N
N
N
N
E
N
E
N
E
E
E
Pyrus communis L./ Pêra
3
ali\som
E
Rosa spp. / Rosa
3
orn
E
Rubus sp. / Amora
2
ali
N
ali\som
E
Citrus deliciosa L. / Bergamota 9
Citrus
reticulata
Blanco
1
/Bergamota-pocan
ali\som
E
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
383
Citrus sinensis L./ Laranja,
Laranja-do-céu e Laranja-deumbigo
Citrus araundifolia (Christm.)
Swingle / Limão
Citrus limonia Osbeck /Limãobergamota
Citrus limettioides (Christm.)
Swingle / Lima
SAXIFRAGACEAE
SOLANACEAE
STERCULIACEAE
THEACEAE
TROPAEOLACEAE
VERBENACEAE
VITACEAE
ZINGIBERACEAE
Ruta graveolens L. / Arruda
Hydrangea
macrophylla
(Thunb.) Ser./ Hortência
Brunfelsia australis Benth. /
Primavera, Manacá
Capsicum frutescens L. /
Pimenta-vermelha
Capsicum
annuum
L.
/
Pimentão
Lycopersicon esculenta L. /
Tomate
Solanum melongena L. /
Berinjela
Solanum paniculatum L. /
Jurubeba
Physalis pubescens L. /
Physalis, Tomatinho-de-capote,
capotinho
Waltheria douradinha A. St.Hil./ Douradinha
Camellia japonica L. / Camélia
Tropaeolum pentaphyllum Lam.
/ Batata-crem
Aloysia
citrodora
Palau/
Cidreira, Cidró
Aloysia gratissima (Gillies &
Hook.) Tronc. / Chá
Lippia alba (Mill.) N.E.Br. /
Sálvia-da-gripe
Stachytarpheta
cayennensis
(Rich.) Vahl / Gervão
Vitis sp. / Uva
Hedychium
coronarium
Koenig / Gengibre
J.
11
ali\som
5
ali\som
2
ali\som\
med
1
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3
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1
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1
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3
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1
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1
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1
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2
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1
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1
med
1
med
7
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orn
1
con
E
E
E
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N
N
N
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N
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N
N
N
E
E
O número de espécies cultivadas nos quintais do bairro Quilombo, Três
Coroas, é consideravelmente maior que o encontrado por outros pesquisadores
em outros locais do país. Valadão et al. (2006) identificaram 92 espécies de
plantas alimentícias pertencentes a 40 famílias botânicas em um estudo
realizado em um assentamento rural no Estado de São Paulo. Em outro
estudo, efetuado na Caatinga, Florentino et al. (2007) apresentaram 84
espécies e 35 famílias em 25 quintais amostrados.
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
384
Outro aspecto que se destaca foi que as espécies cultivadas nestes
quintais são em sua grande maioria exóticas (73%) e um número menor de
espécies nativas do Brasil (27%). Este fato pode estar relacionado ao elevado
número de espécies utilizadas como alimentícias, sendo que os imigrantes
alemães que se estabeleceram no local viviam basicamente da agricultura.
Estas espécies geralmente são originárias da Europa e da Ásia. Provavelmente
estas espécies continuaram a ser utilizadas pela comunidade por já fazerem
parte da cultura dos seus antepassados. No entanto, também foram
incorporados elementos da flora nativa, como espécies da família Myrtaceae, o
que é importante para manter a biodiversidade local.
A categoria de uso de plantas mais citada foi alimentícia, seguida de
medicinal e ornamental (figura 1). As plantas utilizadas como místicas (ou
protetoras) foram citadas em um quintal, onde se faziam presentes perto da
porta compondo um vaso de sete ervas.
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Figura 1: Categorias de uso das espécies cultivadas nos quintais no bairro rural de Quilombo, Três
Coroas, Rio Grande do Sul.
Entre as plantas citadas, destaca-se o milho (Zea mays L.), com três
variedades crioulas cultivadas nos quintais: o colorido indígena, o branco doce
e o cunha. Todas são mantidas pelos informantes e obtidas por troca ou
herança familiar.
Algumas plantas apresentam múltiplos usos, como por exemplo, a
pimenta vermelha (Capsicum frutescens L.), utilizada como medicinal,
condimentar e mística, a uva (Vitis sp.), utilizada como alimentícia, ornamental
e para sombra, o limão-bergamota (Citrus limonia Osbeck) que também tem
potencial alimentício, medicinal e para sombra. Muitas plantas, principalmente
as arbóreas, foram citadas como provedoras de sombra, algo considerado
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
385
importante no contexto do quintal como local de convivência, além de uma
função ecológica no sistema.
A planta mais citada foi a salsinha (Petroselinum crispum (Mill.) Fuss),
presente em 12 dos 13 quintais. Geralmente a espécie é “deixada para dar
sementes” e acaba crescendo no mesmo espaço, sendo de fácil manejo e de
obtenção de sementes além do uso diário como tempero. A seguir destacamse a laranja (Citrus sinensis L.), com suas variedades comum, do céu, doce e
de umbigo, a couve (Brassica oleraceae var. acephala DC.) e o pepino
(Cucumis sativus L.), citados em 11 dos 13 quintais. A época das entrevistas foi
importante para a configuração dos resultados, podendo–se citar o caso do
pepino, citado em 11 quintais, na época do plantio (primavera). Provavelmente
se as entrevistas fossem realizadas em outra época do ano os resultados
poderiam ser diferentes, principalmente em relação às hortaliças.
Todos os entrevistados consideram o quintal importante: “se não
achasse importante não teria feito”, alguns pelo lado econômico: “é algo que tu
não precisa comprar”, outros pela importância de se estar comendo algo
fresco, que se sabe de onde vem, livre de agroquímicos: “é importante, quer
um tempero, uma folha, têm, eu sei de onde veio e sei que não tem produto
químico” e ainda pela educação de seus filhos: “onde começa tudo, a gente vai
aprendendo, depois é uma extensão”, “é bom as crianças saberem que existe
outra coisa, não é só mercado”.
Como o quintal é um espaço usado para o cultivo de plantas, ano após
ano, em um espaço limitado, este passa por intenso manejo, com a rotação de
culturas e a compostagem de resíduos orgânicos, onde acabam nascendo
sementes e propágulos ali colocados. Em alguns quintais criam-se animais
como galinhas, patos e peixes, e algumas vezes o esterco das galinhas é
usado como adubo. A presença de outros animais domésticos como cães e
gatos ocorre em todos os quintais.
Os quintais estão sujeitos às variações climáticas e em todas as
residências visitadas foi citada a ocorrência da geada: “que foi muito forte esse
ano (2012), queimando e matando diversas plantas”. Os mantenedores dos
quintais buscam recuperar as espécies perdidas.
Algumas pessoas mantêm seu quintal com a intenção de cultivar
alimentos, a fim de complementar a dieta da família. Quando sobram são
vendidos, trocados ou dados: “eu planto e dou para os outros, a gente não
precisa muito”. Outros quintais possuem plantas medicinais e aromáticas, que
são trocadas com outras pessoas da comunidade: “para não perder as
variedades das plantas”. Também ocorre uma troca de conhecimento dos seus
usos e saberes.
Em todos os quintais foi observado o valor ornamental das plantas
(“flores e folhagens”) para os moradores, pois são cultivadas: “parece que não
é vida se não tenho minhas folhagens, meus temperos”.
Os informantes oriundos de outros Estados cultivam algumas espécies
não citadas em outros quintais. Um dos entrevistados morava anteriormente no
Rio de Janeiro, e em seu quintal foi encontrada uma grande variedade de
plantas, como a graviola (Annona muricata L.) e o inhame (Colocasia esculenta
386
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
L.). Outra informante é oriunda de Itapiranga, Santa Catarina, e cultiva em seu
quintal uma variedade considerável de espécies de Myrtaceae e outras plantas,
medicinais e alimentícias não citadas em outros quintais. Provavelmente estes
informantes cultivam em seus quintais espécies culturalmente importantes para
eles, tradicionalmente presentes nos quintais de seus municípios de origem.
Os resultados apresentados neste trabalho demonstram que as plantas
representam um papel importante no cotidiano dos moradores desta localidade.
A cultura dos antepassados é preservada, mas o uso de plantas nativas
também foi incorporado no dia a dia, que é um fato importante para a
manutenção da biodiversidade local.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos alunos do PATI (Programa de Atendimento
ao Turno Inverso) e aos professores da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Dom Pedro II de Três Coroas, ao CMEA (Centro de Estudos
Ambientais de Três Coroas) e aos informantes-chave do bairro Quilombo. Este
é o artigo número 12 financiado pela CAPES/PNADB através do projeto
“Conhecimento, uso e conservação da biodiversidade de plantas da Mata
Atlântica e Caatinga” (UFSC/UFRPE/UFRGS).
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RESULTANTES ECOLÓGICAS, PRÁTICAS CULTURAIS E
PROVISÃO DE LENHA PARA A FABRICAÇÃO DE CARVÃO
NOS SÉCULOS XIX E XX NO RIO DE JANEIRO
Gabriel Paes da Silva Sales44
Alexandro Solórzano¹
Rúbia Graciele Patzlaff45
Rogério Ribeiro de Oliveira¹
ABSTRACT
Since the nineteenth and early twentieth centuries the Pedra Branca Massif
forest (RJ) has been intensively exploited for charcoal production. This
represented the city‟s energy matrix and its production was generally done by
former slave populations. Currently amid the secondary forest, hundreds of
ancient charcoal kilns platforms have been found. In the present work we
estimated the total potential volume of wood available in areas of different
successional ages. Taking into account large trees, the results indicated that
areas with 20 years of regeneration can provide on average 417 m³/ha of wood;
the area with 60 years, 385 m³/ha; the area with 150 years, 712 m³/ha and the
climax site 2188 m³/ha. This variability relates to the volume of firewood
including large trees, which were actually preserved from cutting due to greater
labor expenditure. Taking into account this cultural practice and excluding from
the estimation individuals greater than 35 cm of diameter the results are closer
to each other, with an average of 260.4 m³ of wood per hectare for the different
successional stages. The preservation of large trees facilitates ecological
succession. It is also a cultural practice and a labor technique, which reduces
biomass variability and allows a relative homogenization of the Pedra Branca
Massif charcoal workers.
Key-words: Historical Ecology, Atlantic Coastal Forest, Environmental History,
Landscape Ecology.
RESUMO
A floresta que recobre o Maciço da Pedra Branca (RJ) foi intensamente
explorada para fabricação do carvão entre o século XIX e início do século XX.
Este representava a matriz energética da cidade e a sua produção era feita
geralmente por escravos alforriados e quilombolas. Atualmente, em meio à
floresta secundária são encontradas centenas de plataformas de antigas
carvoarias. Foi estimado o volume total de lenha potencial disponível em áreas
com diferentes idades sucessionais. Considerando as árvores de grande porte,
44Departamento de Geografia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rua Marquês de
São Vicente, 225. CEP 22 453-900. Rio de Janeiro RJ. Autor para correspondência: rro@puc-rio.br
45Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem, Departamento de Antropologia, Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
390
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
os resultados indicaram que áreas com 20 anos de regeneração podem
fornecer em média 417 m³/ha de lenha; as de 60 anos, 385 m³/ha; as de 150
anos, 712 m³/ha e a área clímax local, 2.188 m³/ha. Esta variabilidade diz
respeito ao volume potencial de lenha. Árvores de grande porte, no entanto,
eram preservadas do corte em função do maior dispêndio de trabalho.
Levando-se em consideração esta prática cultural e excluindo-se da estimativa
os indivíduos com diâmetro superior a 35 cm, os resultados acima se
aproximam, com uma provisão média de 260,4 m³ de lenha por hectare para os
diferentes estágios sucessionais. A preservação das árvores de maior porte
facilita a sucessão ecológica e constitui uma prática cultural e uma técnica de
trabalho que reduz a variabilidade de biomassa e permitia uma relativa
homogeneização do trabalho dos grupos de carvoeiros que atuavam no
maciço.
Palavras-chave: Ecologia Histórica, Mata Atlântica, História Ambiental,
Ecologia da Paisagem.
INTRODUÇÃO
Muito do que hoje se entende por natureza “primitiva” pode se tratar na
verdade de um mosaico vegetacional composto por usos pretéritos das
florestas para a subsistência de populações. O território da Mata Atlântica foi e em parte ainda é - habitado por muitos destes grupos, hoje denominados
genericamente de populações tradicionais, como as comunidades
descendentes de etnias indígenas, populações miscigenadas, remanescentes
de quilombolas, roceiros ou grupos descendentes de imigração mais recente
(Arruda, 2000; Oliveira, 2008).
Geralmente considera-se que a intervenção humana mais acentuada no
território da Mata Atlântica teve início com a chegada do colonizador ao
continente e sua continuidade se deu de acordo com os diferentes complexos
socioecológicos implantados (Pádua, 2013). A paisagem gerada (ou seja,
deixada de herança) pelas grandes monoculturas como a cana de açúcar e o
café constitui um verdadeiro clichê da região sudeste brasileira: extensas áreas
desmatadas, encostas desnudas e rios assoreados. Para se ter ideia do
impacto da atividade açucareira sobre a Mata Atlântica deve-se ter em conta
que, somente na Capitania do Rio de Janeiro no início do século XVIII, existiam
131 engenhos em funcionamento (Abreu, 2010), cuja demanda individual por
lenha levava à derrubada de até 15 ha por safra (Engemann et al., 2005).
O uso e a conversão das florestas em terreno agrícola não eram
voltados somente para as grandes monoculturas. Além do espaço reservado
para o café e a cana, muitas áreas florestadas eram utilizadas para outros
usos, como a implantação de roças de subsistência ou a extração de lenha.
Historicamente a lenha sempre acompanhou a trajetória humana como
fonte energética de primeira necessidade. A sua transformação em carvão via
combustão abafada (os fornos de carvão) possibilita um aumento do seu poder
calórico com uma redução de massa, o que o torna uma fonte energética que
permite ser transportada a longas distâncias. O poder calorífico do carvão
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
391
vegetal por unidade do peso é 3,1 vezes maior do que o da lenha (Genovese et
al. 2006). Ao contrário do petróleo, o carvão pode ser produzido localmente e
trata-se de uma fonte energética cujo custo de produção é composto quase
que exclusivamente do trabalho braçal investido nele (Olson, 1991).
Em meados do século XIX inicia-se um intenso processo de produção de
carvão vegetal nas encostas no Maciço da Pedra Branca, localizado na Zona
Oeste da cidade do Rio de Janeiro. O carvão constituía a matriz energética da
cidade (Fraga e Oliveira, 2012). Quanto ao volume demandado à época para a
vida da cidade a partir do século XVIII, basta lembrar que para se produzir uma
tonelada de ferro eram necessárias para fusão e redução do minério de ferro
de 2,8 a 3,8 toneladas de carvão vegetal (Paradis-Grenouillet, 2013). Outro
item de grande demanda era a construção civil, particularmente as atividades
em pedra talhada como paralelepípedos, portais, fachadas e calçadas (Fraga e
Oliveira, 2012). Em todo o trabalho em que se usavam rochas havia a
necessidade de se afiar as ferramentas, como ponteiros, talhadeiras e cinzéis.
Elas eram levadas à forja para serem malhadas ao rubro na bigorna. Essas
forjas, alimentadas a carvão, se multiplicaram para dar conta do exponencial
crescimento da cidade na virada dos séculos XIX e XX (Abreu, 2010). Assim, a
cidade do Rio de Janeiro tinha no carvão vegetal a sua principal matriz
energética, cuja produção demandava o uso de vastas áreas de florestas.
Muito pouco se sabe sobre este processo, cujos atores – os carvoeiros –
estavam submetidos a um intenso processo de invisibilidade social (Fraga e
Oliveira, 2012).
Pelo ponto de vista da paisagem, os remanescentes de carvoarias
históricas hoje são reconhecidos em meio à floresta apenas pelas plataformas
construídas pelos carvoeiros nas encostas e pelos restos de carvão presentes
no solo, caracteristicamente negro. Estudos experimentais têm demonstrado
que os resultados de análises antracológicas de carvoarias históricas são
representativos da floresta explorada, sendo capazes de fornecer uma imagem
clara da dinâmica da vegetação (Fabre & Auffray, 2002; Lüdemann, 2002) e,
ainda, informações sobre a atividade humana e seu impacto sobre a floresta
(Chabal et al., 1999).
Dentro deste quadro, a presente contribuição objetiva reconstruir etapas
ligadas ao processo de provisão de lenha, como técnicas de trabalho, o volume
requerido por unidade de produção, a forma de exploração e de abate das
árvores, visando entender os processos socioecológicos decorrentes da
atividade de produção de carvão do Rio de Janeiro do século XIX e início do
século XX e as consequentes alterações na vegetação florestal do entorno.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
História Ambiental da área de estudos
O Maciço da Pedra Branca está localizado na Zona Oeste do município
do Rio de Janeiro. Com cerca de 12.000 ha, é todo revestido por uma formação
quase contínua de florestas secundárias que forneceram lenha aos engenhos
de cana da região desde o século XVII (Engemann et al., 2005). De forma mais
392
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
acentuada a partir de meados do século XIX, iniciou-se um intenso processo de
produção de carvão vegetal nas encostas desse Maciço. Isto se deveu à
conjunção dos seguintes fatores: a) demanda por energia do carvão; b)
disponibilidade do recurso florestal para exploração; c) baixo custo de produção
em função da oferta de mão de obra representada pelo contingente
desempregado após a abolição da escravidão, em 1888 (Fraga e Oliveira,
2012).
O carvão era fabricado no interior da floresta. Para isso, tudo o que se
precisava era de uma enxada, um machado e uma pederneira (tipo de
isqueiro). Com esses três objetos era possível fabricar o carvão. A primeira
condição era estar próximo a uma fonte de lenha. O Maciço da Pedra Branca,
com uma vasta floresta, garantia o suprimento de lenha. Era ainda necessária
a abertura de uma área plana na encosta, onde a carvoaria era instalada, já
que a produção era feita na própria floresta. Toda a lenha que seria utilizada
para encher o forno de carvão era concentrada sobre esta plataforma. Acreditase que apenas as árvores que estavam próximas às plataformas é que eram
utilizadas para encher o forno. Patzlaff et al. (2013) propõem que a área
efetivamente explorada pelos carvoeiros tinha a forma aproximada de um
semicírculo com raio de 60 metros (o que representa uma área de 0,5 ha),
tendo a carvoaria como centro. A superfície explorada seria a montante da
carvoaria, de forma a facilitar a descida da lenha na encosta. Quando as
árvores disponíveis encontravam-se distantes do platô, os carvoeiros
construiriam outro e reiniciavam o trabalho. O cenário de centenas de platôs
distribuídos ao longo das encostas é o que se encontra no interior da floresta
atual do Maciço da Pedra Branca. A figura 1 apresenta o esquema de uma
plataforma de fabricação de carvão.
O balão de carvão consistia em um cone de lenha empilhada com cerca
de 3,5 metros de altura e revestido de barro ou capim. Assim, a queima da
lenha é abafada, permitindo que se transforme em carvão por meio da
pirolização, em um processo de cerca de 25 dias (figura 2). Como a exploração
era feita em locais ermos das encostas do Maciço da Pedra Branca, era
preciso que os carvoeiros morassem por perto. É muito comum encontrar
baldrames (fundações feitas de pedras) de antigos casebres próximos às
carvoarias, hoje todos recobertos pela floresta que posteriormente recolonizou
praticamente toda a área explorada pelos carvoeiros.
Com relação à formação deste paleoterritório dos carvoeiros no Maciço
da Pedra Branca, considera-se que a paisagem florestal gerada constitui um
verdadeiro documento que permite, em alguma medida, entender a forma de
exploração de recursos. Apesar do pouco conhecimento que se dispõe sobre a
sua atividade, constata-se que os mesmos foram responsáveis pela exploração
de uma área de mais de 12.000 hectares. Em meio à densa floresta atlântica
que posteriormente recobriu esta área, foram encontrados vestígios de mais de
1.000 antigas carvoarias, em pesquisa ainda em andamento. Os aspectos mais
gerais desta pesquisa se encontram em Oliveira et al. (2011). No entanto,
estima-se que o número total de plataformas de carvão deva ser
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
393
significativamente superior, dada a dificuldade de serem encontradas na
floresta densa.
Materiais e métodos
A pesquisa foi desenvolvida no Maciço da Pedra Branca, localizado na
Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, em trechos de Floresta Ombrófila
Densa Submontana em estágios secundários de sucessão. A partir de
explorações preliminares da vertente meridional deste maciço (encostas a
montante dos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena, Camorim e
Curicica), foram selecionadas sete distintas áreas florestadas para o
levantamento de sua estrutura (Figura 3). Estas foram escolhidas a partir dos
critérios de idade sucessional e de posição topográfica na encosta (fundo de
vale, divisor de drenagem ou meia encosta). As idades sucessionais das áreas
foram estimadas a partir de informações de antigos moradores, pela presença
de vestígios arqueológicos ou por características da vegetação arbórea.
O cálculo da quantidade de lenha necessária para encher um balão de
carvão foi feito pela fórmula do volume do cone:
V = (π. R². h)/3
onde: V = volume; R = raio; π = 3,1416 e h = altura.
Os espaços vazios entre as toras de madeira foram considerados como
37,5% do volume total, de acordo Schnieder (1990). As medidas relativas à
altura e diâmetros dos balões de carvão foram obtidas em Oliveira et al. (2011).
Em cada uma das áreas selecionadas foram realizados transectos
estabelecidos das seguintes maneiras: 1) onde existiam remanescentes de
carvoarias os mesmos foram estabelecidos em forma de cruz com as
dimensões de cada “braço” de 200 m x 10 m, totalizando 2.000 m² em cada e
2) onde os mesmos não estavam presentes, os transectos foram feitos em uma
linha transversal à encosta de 400 x 10 m. Ao total foram inventariados 14.500
m² (1,45 ha). O critério de inclusão foi o perímetro à altura do peito (PAP) igual
ou superior a 15 cm, sendo obtidos dados de altura total e perímetro de cada.
Indivíduos de qualquer espécie, com troncos múltiplos foram amostrados
somente quando pelo menos uma das ramificações possuía PAP ≥ 15,0 cm, e
a área basal total do indivíduo foi calculada pelo somatório das áreas basais de
cada ramo. Ao volume de cada fuste, acrescentou-se a estimativa do volume
dos galhos com diâmetro superior a 20 cm. Para tanto, foi acrescido 46,5% ao
volume de cada fuste (Oliveira et al., 1995). Este valor foi considerado
adequado face à similaridade da floresta estudada por aqueles autores com a
do Maciço da Pedra Branca. Para cada área amostral foram calculados os
seguintes parâmetros: densidade total, área basal total, volumes potenciais do
fuste, dos galhos e total. O volume global existente foi calculado a partir da
fórmula:
Vglo = ((π/4) * (dap)² * h * Ff) + vgal
onde:
Vglo = volume global
dap = diâmetro à altura do peito
h = altura total
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
394
Ff = fator de forma = 0,65
vgal = volume dos galhos (diâmetro ≥ 20 cm) = 0,465
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos estruturais das florestas estudadas
A tabela 1 apresenta os dados estruturais das áreas amostrais,
localizadas na vertente meridional do Maciço da Pedra Branca.
Tabela 1 – Características gerais das áreas amostradas, área basal dos troncos e densidade de
indivíduos florestais por hectare no Maciço da Pedra Branca, RJ.
idade
estimada
20 anos
60 anos
60 anos
60 anos
150 anos
150 anos
clímax local
posição
topográfica
meia encosta
meia encosta
fundo de vale
divisor de
drenagem
meia encosta
fundo de vale
fundo de vale
área amostral
(m²)
2.000
2.500
2.500
área basal
(m²/ha)
28,5
34,2
25,3
densidade total
(ind./ha)
770
1.244
1.016
2.500
26,2
1.800
2.000
2.000
1.000
42,8
37,8
90,1
1.320
1.325
1.820
No total foram amostrados 14.500 m² (1,45 ha) localizados em diversas
posições topográficas e com usos pretéritos distintos, tais como roças e
exploração de madeira. Em todas as áreas amostradas (exceto na área de
clímax local) foram encontradas plataformas de antigas carvoarias e/ou ruínas
de baldrames de casas de carvoeiros. Considera-se que as áreas amostrais,
em seu conjunto, sejam representativas da variabilidade estrutural e florística
do Maciço da Pedra Branca apresentada pelos trabalhos de Freire (2010) e
Solórzano et al. (2012). Os valores de densidade oscilaram entre 870 e 1.820
indivíduos arbóreos por hectare. Considerada como um parâmetro que se
correlaciona com a biomassa viva acima do solo, a área basal constitui um
dado confiável e de fácil obtenção (Moro e Martins, 2010). Os valores
encontrados apresentaram uma reduzida variabilidade entre as áreas com
idade igual ou inferior a 150 anos e se diferenciaram acentuadamente da área
de clímax local. As primeiras tiveram como média de área basal 32,5 m²/ha
(desvio padrão = 7,0 m²/ha e coeficiente de variação = 2,5%).
Já a área de clímax local apresentou uma área basal de 90,1 m²/ha,
quase 2,8 vezes superior à média das demais, que é de 32,5 m²/ha. Esta
similaridade entre os valores de área basal das formações menos maduras
pode estar ligada ao conceito de clímax antrópico. Segundo Sastre (1982), a
evolução muito lenta de formações secundárias com uma estrutura e cortejo
florístico particulares permite se falar de clímax antrópico ou antropogênico.
Aceitando-se esta definição, o estabelecimento de um clímax antrópico parece
ser a principal marca na estrutura e composição da vegetação que a atividade
dos carvoeiros deixou sobre a paisagem florestada e que deve permanecer
longo tempo após o término da intervenção do homem sobre o meio.
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
395
A figura 4 apresenta o volume potencial de lenha de cada área. Existe
uma desproporção entre o volume da área de clímax local em relação às
demais. Desconsiderando-se esta área clímax, existe ainda uma grande
heterogeneidade na potencial provisão de lenha entre as demais áreas. O
menor valor alcançado foi 344 m³/ha (área de 60 anos fundo de vale) e o maior
728 m³/ha (150 anos, meia encosta), ou seja, uma é 2,1 vezes maior do que a
outra. Diversos fatores devem estar operando no sentido de gerar estas
diferenças como, por exemplo, idade sucessional, uso anterior, orientação e
posição nas encostas.
Considerando-se as frações do sortimento de lenha (fuste e galhos), a
variabilidade dos valores encontrados permanece, principalmente no que ser
refere ao volume do fuste. Este variou entre 1.494 m³/ha na mata climáxica
local e 235 m³/ha (60 anos, fundo de vale) (fig. 5).
Provisão de lenha e a heterogeneidade estrutural da floresta
Em termos de provisão de lenha, a variabilidade no volume de lenha
existente entre as sete áreas estudadas induz a uma substantiva variação na
forma de exploração da floresta pelos carvoeiros. O trabalho de fabricação do
carvão era feito por diferentes grupos de cerca de cinco pessoas, trabalhando
ao mesmo tempo em distintas áreas.
Existem indicações de que os balões de carvão tinham medidas
aproximadamente similares (Oliveira et al., 2011). Segundo estes autores, o
seu diâmetro médio seria de 5,5 m, com uma altura de 3,3 metros. Por meio da
fórmula do cone, deduz-se que o seu volume é de 26,13 m³. Levando-se em
consideração os espaços vazios entre as toras como 37,5% do volume total
(Schnieder, 1990), pode-se considerar que cada balão seria preenchido, em
média, com 16,3 m³ de lenha. Complementando, Paradis-Grenouillet (2013)
afirma que são necessários 12,4 m³ de lenha para se produzir uma tonelada de
carvão.
Com estas premissas é possível calcular o volume de lenha e o número
de vezes que cada carvoaria foi potencialmente utilizada em cada uma das
áreas estudadas (tabela 2).
Tabela 2: Provisão total de lenha, lenha disponível em 0,5 ha e número de vezes que cada
carvoaria poderia ter sido utilizada (me: meia encosta; fv: fundo de vale; dd: divisor de drenagem).
área amostral
20 anos (me)
60 anos (me)
60 anos (fv)
60 anos (dd)
150 anos (me)
150 anos (fv)
clímax local (fv)
volume de lenha
(m³/ha)
416,9
457,2
343,6
354,6
728,3
695,5
2.188,3
lenha em 0,5 ha
(m³)
208,5
228,6
171,8
177,3
364,2
347,8
1.094,1
n. de vezes a utilizar
a mesma carvoaria
12,8
14,0
10,5
10,9
22,3
21,3
67,1
396
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
A grande variabilidade estrutural existente na floresta que recobre o
Maciço da Pedra Branca acarreta em uma grande diferenciação no rendimento
de lenha entre as diversas áreas. O número potencial de vezes que uma
carvoaria poderia ser abastecida com a lenha de 0,5 ha apresenta grande
variação entre as áreas (média = 22,7 vezes, desvio padrão = 20,1 e
coeficiente de variação de 88,8%). A distribuição do trabalho dos carvoeiros
(fornecimento de lenha para abastecer as carvoarias) ficaria potencialmente
muito desigual de acordo com a área trabalhada.
Esta variabilidade na provisão de lenha é bastante influenciada pela
presença de indivíduos arbóreos de grande porte, que impõem um aumento
substancial de biomassa. No caso de áreas sucessionais menos avançadas,
como a de 20 e as de 60 anos há que se levar em consideração a presença de
indivíduos remanescentes de outras épocas, que por motivos diversos, não
foram derrubados.
O elevado valor do volume de lenha que a área de 20 anos virtualmente
é capaz de fornecer é maior do que os valores de duas das áreas de 60 anos
(fundo de vale e divisor de drenagem) (Figura 3). Nesta área há a ocorrência
de indivíduos que não são característicos desta idade sucessional, indicando
que provavelmente tratam-se de exemplares remanescentes. Estes são de
grande importância para a sucessão ecológica, pois provêm proteção e
alimento para animais (principalmente avifauna) de fragmentos próximos
(Guevara et al., 1986). Carrière et al. (2002) destacam que as árvores
remanescentes podem facilitar a regeneração de áreas em pousio, pois atraem
os dispersores de sementes e, assim, proporcionam as condições adequadas
para o estabelecimento das plantas.
Observando como os indivíduos remanescentes contribuem de forma
significativa nos potenciais valores de um trecho de floresta, cabem as
seguintes indagações acerca do processo empregado pelos carvoeiros: a) os
carvoeiros derrubavam todas as árvores (corte raso) de um determinado trecho
da floresta quando eles iam obter lenha para fabricação de carvão? b) seria
compensatório o trabalho dispendido na derrubada das árvores de grande
porte, no corte do seu fuste em pedaços menores e, posteriormente na
abertura dos segmentos do fuste em achas? A resposta é: muito
provavelmente não.
No livro de Magalhães Corrêa (1933, O Sertão Carioca) é possível
identificar em suas ilustrações e texto que os carvoeiros apresentavam
preferência por troncos menores em relação aos maiores, ou seja, os
carvoeiros priorizavam troncos de reduzidas dimensões - entre 0,30 ou 0,40 m
de diâmetro, no máximo. Justifica-se trabalhar com troncos menores do que
essa faixa de diâmetro, pois o trabalho e o gasto energético investido são
menores, assim como o número de ferramentas necessárias. A figura 6,
desenhada por este autor, mostra claramente o uso de troncos de diâmetro
reduzido (inferior a 30 cm) em uma carvoaria em processo de implantação.
Por outro lado, segundo um informante local, as árvores de maior porte
(algo em torno de dap > 1m) não eram derrubadas para “deixar para a terra”
(Solórzano, 2006). Quais seriam os motivos para esta prática? Muito
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
397
provavelmente justifica-se não explorar as árvores de maior porte, pois as
menores são mais fáceis de manejar. Cabe ainda destacar que algumas
árvores são ainda poupadas do corte por razões culturais, como é o caso das
figueiras centenárias da Mata Atlântica. Por razões religiosas (uma confluência
da tradição judaico-cristã com a afro-brasileira) estes exemplares não são
derrubados quando é feito o abate da floresta (Svorc e Oliveira, 2012). Assim, a
preservação das árvores de maior porte durante o corte para obtenção de
lenha constitui uma relevante prática cultural e uma técnica de trabalho, que
contribui para reduzir a variabilidade de biomassa da Mata Atlântica e permite
uma melhor estimativa da lenha, em tamanho manejável, disponível na mata e
a relativa homogeneização do trabalho dos diferentes grupos de carvoeiros que
atuavam no maciço.
Ao se adotar o valor de árvores menores de 0,35 m de diâmetro como
sendo o corte preferencial dos carvoeiros encontram-se valores próximos para
o potencial volume de lenha que a floresta poderia fornecer, conforme a tabela
abaixo.
Tabela 3 – Valores desconsiderando-se as árvores maiores que 0,35 m de diâmetro das áreas
estudadas no Maciço da Pedra Branca, RJ. (me: meia encosta; fv: fundo de vale; dd: divisor de
drenagem).
área amostral
20 anos (me)
60 anos (me)
60 anos (fv)
60 anos (dd)
150 anos (me)
150 anos (fv)
clímax local (fv)
lenha do
fuste
(m³/ha)
152,6
121,0
166,1
211,0
188,5
177,4
227,7
lenha dos galhos
(m³/ha)
total de lenha
(m³/ha)
71,0
56,3
77,2
98,1
87,7
82,5
105,9
223,6
177,2
243,3
309,1
276,2
259,9
333,6
n. de vezes a
utilizar a mesma
carvoaria
6.9
5,4
7,5
9,5
8,5
8,0
10,2
A preservação das árvores com diâmetro superior a 0,35 cm permite, em
certa medida, uniformizar o heterogêneo espaço florestal no que se refere ao
volume de lenha disponível. Desconsideradas as árvores de maior porte, na
média estas florestas, de idades diferentes, provêm 260,4 m³ de lenha por
hectare (desvio padrão = 52,5 m³/ha e coeficiente de variação = 20,2%). Com
relação ao potencial número de vezes que uma carvoaria pode ser preenchida
por lenha, os resultados para todas as áreas são muito próximos (média = 8,0
vezes, desvio padrão = 1,6 e coeficiente de variação de 20,2%). Esta prática
cultural tem uma relação direta com o trabalho de abate das árvores e permite
uma redistribuição espacial mais homogênea da exploração de recursos. Desta
forma, a quantidade de lenha fica mais equânime entre as diversas situações
ecológicas encontradas no Maciço da Pedra Branca, permitindo assim um
trabalho mais regular por parte dos grupos de carvoeiros que o exploravam.
CONCLUSÕES
Os carvoeiros do Maciço da Pedra Branca tinham como planejar a sua
atividade produtiva valendo-se do conhecimento da quantidade mínima que
398
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
uma floresta pode prover de lenha, tanto em florestas previamente exploradas
como nas áreas mais avançadas sucessionalmente. Assim, poderiam ter uma
avaliação prévia da quantidade média de lenha que as florestas, independente
de sua idade, poderiam prover.
Assim, independente da área da floresta do Maciço da Pedra Branca que
os carvoeiros fossem explorar para obter a lenha para a fabricação, eles seriam
virtualmente capazes de produzir, em média, quantidades similares de carvão.
Trata-se de uma importante prática cultural e uma relativa homogeneização do
trabalho, que vai influenciar de maneira direta a posterior recomposição da
floresta.
As árvores remanescentes – ou seja, aquelas preservadas do corte –
têm significativo papel na regeneração das florestas exploradas para o carvão.
Esta prática de preservar árvores maiores facilita o trabalho e manejo da lenha
e acaba sendo uma atividade que leva à sustentabilidade ecológica, na medida
em que facilita a regeneração posterior e favorece uma nova extração de lenha
no futuro.
Evidencia-se assim que as paisagens florestais em grande parte são
resultantes de múltiplas relações das populações passadas com o seu
ambiente, isto é, são sobreusos temporais e espaciais que se sobrepõem e
formam a atual floresta.
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400
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
Figura 1: Esquema de uma plataforma para fabricação de carvão e seu balão, evidenciando o
corte do talude.
Figura 2: O final da combustão da lenha, com cerca de 25 dias. Fonte: Correa, O Sertão Carioca
(1933).
Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo...
401
Figura 3: Localização das sete distintas áreas florestadas do Maciço da Pedra Branca, RJ
selecionadas para o estudo.
2.188
2.250
2.000
1.750
m³/ha
1.500
1.250
1.000
728
750
500
417
696
457
344
355
250
0
20 anos 60 anos 60 anos 60 anos 150 anos 150 anos clímax
(me)
(me)
(fv)
(dd)
(me)
(fv)
local (fv)
Figura 4 - Volume potencial de lenha das florestas do Maciço da Pedra Branca, RJ (me: meia
encosta; fv: fundo de vale; dd: divisor de drenagem).
M. Ritter, Kubo & R.Ritter
402
1494
1400
1200
galhos
m³/ha
1000
fuste
800
600
400
497
285
312
235
475
242
200
0
20 anos 60 anos 60 anos 60 anos 150 anos 150 anos clímax
(me)
(me)
(fv)
(dd)
(me)
(fv) local (fv)
Figura 5 - Volume potencial de lenha (fuste e galhos) das florestas do Maciço da Pedra Branca, RJ
(me: meia encosta; fv: fundo de vale; dd: divisor de drenagem).
Figura 6: Um balão de carvão ainda em construção. Fonte: Correa, O Sertão Carioca (1933).
SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE VEREDAS EM QUIRINÓPOLIS, GOIÁS, BRASIL
ALINE DA SILVA RIBEIRO, CARLOS KREUTZ & ISA LUCIA DE MORAIS RESENDE
SCHIZAEALES (POLYPODIOPSIDA) DO CORREDOR DE BIODIVERSIDADE
DO NORTE DO PARÁ, BRASIL
LUIZ ARMANDO DE ARAÚJO GÓES-NETO, MARCIO ROBERTO PIETROBON & SEBASTIÃO
MACIEL
ESTRUTURA COMUNITÁRIA E DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE SAMAMBAIAS
EPIFÍTICAS EM REMANESCENTE DE FLORESTA SEMIDECÍDUA NO SUL
DO BRASIL
TAINÃ COELHO QUEVEDO, DIEGO FEDRIZZI PETRY BECKER & JAIRO LIZANDRO SCHMITT
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ADENOCALYMMA PEDUNCULATUM (VELL.)
L. G. LOHMANN (BIGNONIACEAE)
DAYSE CASTRO RODRIGUES DE LIMA, CARLOS FERREIRA DE LIMA, FRANCIANE OLIVEIRA
COSTA & ANDRÉ LUIZ GOMES DA SILVA
SOBREVIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE CATTLEYA
INTERMEDIA GRAHAM (ORCHIDACEAE) MICROPROPAGADAS E
ACLIMATADAS EM SUBSTRATOS COM FIBRA DE COCO
MÁRCIO HISAYUKI SASAMORI, DELIO ENDRES JÚNIOR & ANNETTE DROSTE
GRÃOS DE PÓLEN DE ESPÉCIES OCORRENTES NA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL DO ESPINILHO, BARRA DO QUARAÍ,
RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
JEFFERSON NUNES RADAESKI, ANDREIA CARDOSO PACHECO EVALDT & SORAIA GIRARDI
BAUERMANN
FUNDAMENTOS SOBRE OS DIREITOS DAS PLANTAS
JOSAFÁ CARLOS DE SIQUEIRA SJ.
PLANTAS DE USO MEDICINAL, RITUAL E CONDIMENTAR
COMERCIALIZADAS NO MERCADO DE MADUREIRA E NA CEASA, RIO DE
JANEIRO, RJ, BRASIL
INÊS MACHLINE SILVA & ARIANE LUNA PEIXOTO
ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE QUINTAIS NO BAIRRO QUILOMBO, ZONA
RURAL DO MUNICIPIO DE TRÊS COROAS, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.
VANESSA MARTINA RITTER, RUMI REGINA KUBO & MARA REJANE RITTER
RESULTANTES ECOLÓGICAS, PRÁTICAS CULTURAIS E PROVISÃO DE
LENHA PARA A FABRICAÇÃO DE CARVÃO NOS SÉCULOS XIX E XX NO
RIO DE JANEIRO
GABRIEL PAES DA SILVA SALES, ALEXANDRO SOLÓRZANO, RÚBIA GRACIELE PATZLAFF &
ROGÉRIO RIBEIRO DE OLIVEIRA.