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ISSN-0373-840 X PESQUISAS BOTÂNICA, N° 65 Ano 2014 HYMENOPHYLLACEAE (POLYPODIOPSIDA) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PAULO G. WINDISCH HIPPEASTRUM (AMARYLLIDOIDEAE - AMARYLLIDACEAE) DAS RESTINGAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: FLORA E CONSERVAÇÃO RENATA SUZANO CANDIDO, VANIA GONÇALVES-ESTEVES & ROSANA CONRADO LOPES OCORRÊNCIAS NOVAS DE BRIÓFITAS PARA O ESTADO DO PARANÁ, BRASIL OLGA YANO CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO DOS GÊNEROS E ESPÉCIES DE AMARANTHACEAE NO RIO GRANDE DO SUL MARIA SALETE MARCHIORETTO FLORA VASCULAR E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES POR MICRO-HABITAT EM UM MORRO TESTEMUNHO NO SUL DO BRASIL GABRIEL EMILIANO FERREIRA, TIAGO DE MARCHI & JOÃO LAROCCA FLORÍSTICA E ESTRUTURA DO ESTRATO ARBÓREO DE DOIS FRAGMENTOS FLORESTAIS NA PORÇÃO MÉDIA DA BACIA DO RIO TIBAGI, PARANÁ MIGUEL FERREIRA JUNIOR & ANA ODETE SANTOS VIEIRA FLORÍSTICA E ESTRUTURA DAS CAMPINARANAS DO BAIXO RIO TOCANTINS COMO SUBSÍDIO PARA A CRIAÇÃO DE NOVAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO PARÁ LEANDRO V. FERREIRA, PRISCILLA P. CHAVES, DENISE DE A. CUNHA & PIA PAROLIN RIQUEZA E CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA LENHOSA DA VEGETAÇÃO DE RESTINGA DE BAIA FORMOSA, RN, BRASIL DANIEL PORTELA WANDERLEY DE MEDEIROS, EDUARDO BEZERRA DE ALMEIDA JR, MARIA CAROLINA DE ABREU, FRANCISCO SOARES SANTOS-FILHO & CARMEN SILVIA ZICKEL VARIAÇÃO DA RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES DA VEGETAÇÃO ARBUSTIVA DOS CAMPOS RUPESTRES DA SERRA NORTE NA FLORESTA NACIONAL DE CARAJÁS, PARÁ PRISCILLA PRESTES CHAVES & LEANDRO VALLE FERREIRA SAMAMBAIAS EM FORMAÇÕES DE CERRADO RUPESTRE DA BACIA DO RIO DAS MORTES, MATO GROSSO, BRASIL JEFFERSON HENRY FERNANDES, CARLOS KREUTZ & FRANCISCO DE PAULA ATHAYDE FILHO SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE VEREDAS EM QUIRINÓPOLIS, GOIÁS, BRASIL ALINE DA SILVA RIBEIRO, CARLOS KREUTZ & ISA LUCIA DE MORAIS RESENDE Instituto Anchietano de Pesquisas São Leopoldo – Rio Grande do Sul – Brasil INSTITUTO ANCHIETANO DE PESQUISAS - UNISINOS Av.Unisinos, 950 - Bloco 1E 108 - Centro 1 – 93022-000 - Bairro Cristo Rei. São Leopoldo – Rio Grande do Sul, Brasil. www.anchietano.unisinos.br anchietano@unisinos.br PESQUISAS PUBLICAÇÕES DE PERMUTA INTERNACIONAL Editor: Pedro Ignácio Schmitz, S.J. Editor Assistente: Maria Salete Marchioretto Comissão Editorial Conselho Editorial Josafá Carlos de Siqueira, S.J. Pedro Ignácio Schmitz, S.J. Carlos Alberto Jahn, S.J. Maria Salete Marchioretto Marcus Vinícius Beber Rafael Carbonell De Masi, S.J. Luis Fernando Medeiros Rodrigues, S.J. Maria Gabriela Martin Ávila Ana Luiza Vietti Bitencourt Bartomeu Meliá, S.J. Paulo Günter Windisch Conselho Científico de Botânica Armando Cervi (UFPR) Jorge Luiz Waechter (UFRGS) Jairo Lizandro Schmitt (FEEVALE) Luciana Hiromi Yoshino Kamino (Inst. Prístimo) Mara Rejane Ritter (UFRGS) Maria de Lourdes A. de Oliveira (FZP-RS) Nelson Ivo Matzenbacher (UFRGS) Olga Yano (IB-SP) Pia Parolin (MAX-PLANK INSTITUTE) Rafaela Campostrini Forzza (JB-RJ) Regina Helena P. Andreata (USU-RJ) Rogério Ribeiro de Oliveira (PUC-RJ) Tânia L. Dutra (UNISINOS) Willian Rodrigues (UFPR) PESQUISAS publica trabalhos de investigação científica e documentos inéditos em línguas de uso corrente na ciência. Os autores são os únicos responsáveis pelas opiniões emitidas nos trabalhos assinados. A publicação de colaborações espontâneas depende da Comissão Editorial. Pesquisas aparece em 3 secções independentes: Antropologia, História, Botânica. PESQUISAS publishes original scientific contributions in current western languages. The autor is response for his (her) undersigned contribution. Publication of contributions not specially requested depends upon the redactorial staff. Pesquisas is divided into 3 independent series: Anthropology, History, Botany. Pesquisas / Instituto Anchietano de Pesquisas. - (2014). São Leopoldo : Unisinos, 2014. 402p (Botânica, n. 65) ISSN: 0373-840 X Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade do Vale do Rio dos Sinos PESQUISAS BOTÂNICA, N° 65 Ano 2014 APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................... 5 RONALDO ADELFO WASUM ......................................................................................................... 7 HYMENOPHYLLACEAE (POLYPODIOPSIDA) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL .............15 Paulo G. Windisch HIPPEASTRUM (AMARYLLIDOIDEAE - AMARYLLIDACEAE) DAS RESTINGAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: FLORA E CONSERVAÇÃO .............................................................................49 Renata Suzano Candido, Vania Gonçalves-Esteves & Rosana Conrado Lopes OCORRÊNCIAS NOVAS DE BRIÓFITAS PARA O ESTADO DO PARANÁ, BRASIL ....................67 Olga Yano CHAVES DE IDENTIFICAÇÃO DOS GÊNEROS E ESPÉCIES DE AMARANTHACEAE NO RIO GRANDE DO SUL ........................................................................................................................123 Maria Salete Marchioretto FLORA VASCULAR E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES POR MICRO-HABITAT EM UM MORRO TESTEMUNHO NO SUL DO BRASIL...........................................................................................129 Gabriel Emiliano Ferreira, Tiago De Marchi & João Larocca FLORÍSTICA E ESTRUTURA DO ESTRATO ARBÓREO DE DOIS FRAGMENTOS FLORESTAIS NA PORÇÃO MÉDIA DA BACIA DO RIO TIBAGI, PARANÁ ........................................................149 Miguel Ferreira Junior & Ana Odete Santos Vieira FLORÍSTICA E ESTRUTURA DAS CAMPINARANAS DO BAIXO RIO TOCANTINS COMO SUBSÍDIO PARA A CRIAÇÃO DE NOVAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO PARÁ ...........................................................................................................................................169 Leandro V. Ferreira, Priscilla P. Chaves, Denise de A. Cunha & Pia Parolin RIQUEZA E CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA LENHOSA DA VEGETAÇÃO DE RESTINGA DE BAIA FORMOSA, RN, BRASIL ...............................................................................................183 Daniel Portela Wanderley de Medeiros, Eduardo Bezerra de Almeida Jr, Maria Carolina de Abreu, Francisco Soares Santos-Filho & Carmen Silvia Zickel VARIAÇÃO DA RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES DA VEGETAÇÃO ARBUSTIVA DOS CAMPOS RUPESTRES DA SERRA NORTE NA FLORESTA NACIONAL DE CARAJÁS, PARÁ.............201 Priscilla Prestes Chaves & Leandro Valle Ferreira SAMAMBAIAS EM FORMAÇÕES DE CERRADO RUPESTRE DA BACIA DO RIO DAS MORTES, MATO GROSSO, BRASIL ............................................................................................................217 Jefferson Henry Fernandes, Carlos Kreutz & Francisco de Paula Athayde Filho SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE VEREDAS EM QUIRINÓPOLIS, GOIÁS, BRASIL....................233 Aline da Silva Ribeiro, Carlos Kreutz & Isa Lucia de Morais Resende Instituto Anchietano de Pesquisas São Leopoldo – Rio Grande do Sul – Brasil SCHIZAEALES (POLYPODIOPSIDA) DO CORREDOR DE BIODIVERSIDADE DO NORTE DO PARÁ, BRASIL .............................................................................................................................245 Luiz Armando de Araújo Góes-Neto, Marcio Roberto Pietrobon & Sebastião Maciel ESTRUTURA COMUNITÁRIA E DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE SAMAMBAIAS EPIFÍTICAS EM REMANESCENTE DE FLORESTA SEMIDECÍDUA NO SUL DO BRASIL ...................................257 Tainã Coelho Quevedo, Diego Fedrizzi Petry Becker & Jairo Lizandro Schmitt BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ADENOCALYMMA PEDUNCULATUM (VELL.) L. G. LOHMANN (BIGNONIACEAE) ........................................................................................................................273 Dayse Castro Rodrigues de Lima, Carlos Ferreira de Lima, Franciane Oliveira Costa & André Luiz Gomes da Silva SOBREVIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE CATTLEYA INTERMEDIA GRAHAM (ORCHIDACEAE) MICROPROPAGADAS E ACLIMATADAS EM SUBSTRATOS COM FIBRA DE COCO .........................................................................................................................293 Márcio Hisayuki Sasamori, Delio Endres Júnior & Annette Droste GRÃOS DE PÓLEN DE ESPÉCIES OCORRENTES NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL DO ESPINILHO, BARRA DO QUARAÍ, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL .................305 Jefferson Nunes Radaeski, Andreia Cardoso Pacheco Evaldt & Soraia Girardi Bauermann FUNDAMENTOS SOBRE OS DIREITOS DAS PLANTAS ............................................................333 Josafá Carlos de Siqueira SJ. PLANTAS DE USO MEDICINAL, RITUAL E CONDIMENTAR COMERCIALIZADAS NO MERCADO DE MADUREIRA E NA CEASA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL .................................................339 Inês Machline Silva & Ariane Luna Peixoto ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE QUINTAIS NO BAIRRO QUILOMBO, ZONA RURAL DO MUNICIPIO DE TRÊS COROAS, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. ............................................373 Vanessa Martina Ritter, Rumi Regina Kubo & Mara Rejane Ritter RESULTANTES ECOLÓGICAS, PRÁTICAS CULTURAIS E PROVISÃO DE LENHA PARA A FABRICAÇÃO DE CARVÃO NOS SÉCULOS XIX E XX NO RIO DE JANEIRO ...........................389 Gabriel Paes da Silva Sales, Alexandro Solórzano, Rúbia Graciele Patzlaff & Rogério Ribeiro de Oliveira. APRESENTAÇÃO O volume de Pesquisas, Botânica 65 homenageia o botânico Ronaldo Adelfo Wasum (05.04.1950 - 09.01.2014), que foi curador do Herbário PACA, do Instituto Anchietano de Pesquisas, de 1981 a 1993. Ele deu ao PACA a estrutura institucional definitiva após o desaparecimento dos fundadores Balduíno Rambo (1961) e Aloísio Sehnem (1981). A memória foi registrada por seus alunos, familiares e amigos. Entre os artigos colocamos em destaque o de Paulo Günter Windisch sobre as Hymenophyllaceae no Estado do Rio Grande do Sul, que representa uma síntese, resultante de longos anos de pesquisa, agora concluída, que Pesquisas, Botânica tem o privilégio de publicar. Neste número, diversos trabalhos sobre Licófitas e Samambaias, também surgiram por influência direta ou indireta do professor e pesquisador Windisch. De modo geral, o número mantém as características que lhe foram impressas já faz alguns anos, de cobrir as diferentes regiões do Brasil e de manter espaço aberto para temas variados como taxonomia, florística, biologia reprodutiva, palinologia, estrutura celular, etnobotânica e práticas culturais relacionadas com a vegetação, familiares aos botânicos brasileiros. A revista Pesquisas, Botânica também está aberta para sua colaboração. O Editor RONALDO ADELFO WASUM 05.04.1950 – 09.01.2014 “Ele não plantou flores, semeou jardins...” Prof. Dr. Ronaldo Adelfo Wasum era natural de São Leopoldo/RS, onde viveu com os pais Albano e Lucila e com o irmão Roberto Wasum, até 1985 quando mudou-se para Caxias do Sul/RS, casando-se com Valéria Dal Pont Wasum, com quem teve um filho: Guilherme Wasum. Graduou-se em Licenciatura Plena em História Natural pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) em 1972. Neste mesmo ano teve a oportunidade de estagiar no Herbário Dimitri Sucre Benjamin do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, onde trabalhou com a Drª. Graziela Maciel Barroso, uma das maiores botânicas da história do Brasil. Ao retornar a São Leopoldo, antes mesmo de formar-se já ingressou como professor da UNISINOS nas disciplinas de Botânica Geral e Botânica Sistemática, as quais ministrou até o ano 2000. Em 1973 ingressou como professor da Escola Técnica Estadual Frederico Guilherme Schmidt, em São Leopoldo, onde lecionou até 1986 para alunos de ensino médio. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 64:7-13 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2013. 8 Ronaldo Adelfo Wasum Além de ministrar as aulas de Botânica, o que fazia com grande dedicação, em 1981 com a morte inesperada do Pe. Aloysio Sehnem, assumiu a curadoria do Herbário PACA até o ano de 1993. Também foi responsável pela organização do acervo da sala Dr. João Dutra (Pai da Botânica do Rio Grande do Sul) com inúmeras peças de arte, o que o fez interessar-se pela Museologia, levando-o a fazer o curso de Especialização em Museologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, concluído em 1991. Este curso deu subsídio e inspiração para a criação e implementação do Museu de Ciências Naturais da Universidade de Caxias do Sul (MUCS) em 09 de novembro de 1984, juntamente com o Profº Gilberto Golin Grazziotin. Como pesquisador na UNISINOS atuou principalmente no levantamento dos tipos do Herbário Anchieta e na área de Educação Ambiental, participando do Projeto Camaquã, entre outros. No Parque Imperatriz Leopoldina e, em especial no Jardim Botânico, Ronaldo foi um incentivador, fornecendo os primeiros exemplares de publicações para a biblioteca; oportunizando também o empréstimo da exposição que conta a chegada de Dona Leopoldina ao Brasil e a comitiva de cientistas e artistas que a acompanharam. Em 1978 iniciou sua longa, sólida e bem sucedida carreira como professor na Universidade de Caxias do Sul (UCS) sendo responsável, juntamente com os professores Léo Seger e Gilberto Golin Grazziotin, pela criação do curso de Ciências Biológicas desta Universidade. Não foram fáceis os primeiros anos na Universidade de Caxias do Sul, pois era necessário deslocar-se semanalmente a Caxias, uma vez que ainda morava em São Leopoldo. O ônibus “pinga-pinga”, lotado e impregnado com o forte odor das bergamotas que eram comidas pelas crianças sempre barulhentas que frequentavam o mesmo ônibus, não tiravam de Ronaldo o bom humor e a alegria de estar indo fazer o trabalho que tanto amava, não deixando nunca transparecer nas suas aulas o cansaço da exaustiva viagem. Além das disciplinas de Botânica ministradas no curso de Ciências Biológicas da UCS, também foi professor nos cursos de Farmácia e Agronomia, além do curso de Medicina onde ministrava a disciplina de “Embriologia”, sendo esta considerada pelos alunos uma das melhores disciplinas do curso, apesar de Ronaldo não ter formação específica na área. Era conhecido por seu rigor científico, disciplina e exigência com seus alunos, mas também por sua excelente memória, conhecendo cada aluno por nome e sobrenome. Foi um professor muito querido, reconhecido e admirado, tendo sido paraninfo e homenageado por mais de 20 turmas de formandos do curso de Ciências Biológicas. Foi co-orientador de uma dissertação de mestrado e de diversos trabalhos de conclusão de curso. Entre os vários alunos que ele orientou, diversos seguem os seus passos na Botânica como taxonomistas de briófitas, pteridófitas, fungos e asteráceas ou em outras áreas afins, atuando como pesquisadores e/ou professores de universidades públicas e privadas ou instituições de pesquisas no Brasil e exterior. Já radicado em Caxias do Sul/RS, em 1983 fundou o Herbário da Universidade de Caxias do Sul (HUCS), hoje o 4º maior herbário do estado do Rio Grande do Sul e indexado ao Index Herbariorum desde 2013, contando “Ele não plantou flores, semeou jardins...” 9 atualmente com um acervo de 41.200 exsicatas. A coleção de musgos, uma das maiores e mais importantes do Brasil, deu início ao herbário sendo Ptychomitrium sellowianum a exsicata número 001 do HUCS, a qual serviu também como inspiração, juntamente com o apoio do professor Ronaldo, para a retomada dos estudos briológicos no Estado em 2006, os quais estavam há bastante tempo parados. Como curador do HUCS, professor Ronaldo era reconhecido pelos funcionários, técnicos e estagiários pelas horas de dedicação e cuidado minucioso em cada detalhe, com cada etiqueta e cada exsicata que era incorporada à coleção. Sempre gostou de datilografar as etiquetas das exsicatas na máquina de escrever, onde passava muitas horas, mesmo após a instalação de computadores no herbário. Também era reconhecido pela sua mesa desorganizada, na qual somente ele podia mexer, sabendo com precisão onde estava cada papel, cada documento ou livro, mesmo que tivessem sido há anos colocados sobre a mesa! Deixou um acervo de mais de 5000 amostras de plantas por ele coletadas, com duplicatas em herbários do mundo todo. Sua vasta biblioteca científica contempla exemplares raros e importantes para o estudo e a pesquisa, os quais compartilhava com alunos e colegas. Sempre na busca por conhecimento, em 2005 concluiu o Doutorado em Biologia Ambiental pela Universidad de León – Espanha, desenvolvendo um amplo estudo fitossociológico da vegetação dos municípios de São Francisco de Paula, Jaquirana e Bom Jesus, RS, Brasil. Foram anos de muita dedicação, trabalho e coletas intensivas. Os poucos estagiários que tiveram o privilégio de acompanhar Ronaldo durante o desenvolvimento de sua tese aproveitaram uma oportunidade ímpar de aprender sobre Botânica, Fitossociologia, Geologia, entre outros assuntos, uma vez que ele tinha uma formação geral e cultural impecável. Nas viagens de campo, sempre regadas à coca-cola, chocolate ou outros doces, surgiam longas conversas e discussões filosóficas, nas quais o mestre aproveitava a oportunidade para plantar sonhos no coração de seus aprendizes, regando-os com seu exemplo de trabalho, dedicação e amor à Botânica e à Ciência. Pelas inúmeras dificuldades vivenciadas e superadas durante o desenvolvimento da tese, mas também pelas inúmeras descobertas e alegrias, este período foi rico em aprendizado, tanto para ele quanto para os que o acompanharam. Além de atuação na licenciatura, outra grande paixão do professor Ronaldo foram os Jardins Botânicos. Ele dedicou parte de sua carreira incentivando e auxiliando a criação de Jardins Botânicos como forma de conhecimento, respeito e preservação da natureza e, através deles, realizava projetos de Educação Ambiental de Crianças e Jovens em cidades brasileiras e no exterior. Em 1990 foi responsável pela criação do Jardim Botânico de Caxias do Sul (JBCS), o qual sempre coordenou e onde desenvolveu importantes projetos de pesquisa e educação ambiental, como o projeto “Salvando os Cactos” dentro do Programa Internacional Investing in Nature com apoio do BGCI – Botanic Gardens Conservation Internacional; RBJB – Rede Brasileira de Jardins Botânicos; HSBC –SBC Bank Brasil S/A e JBRJ – Jardim Botânico do 10 Ronaldo Adelfo Wasum Rio de Janeiro. Este importante projeto teve como objetivo resgatar e reintroduzir as espécies do gênero Parodia (Cactaceae) ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul, além de informar a população sobre a necessidade de preservação através do programa de educação ambiental "Com Dona Parodia o Jardim vai à Escola", o qual teve grande sucesso através da peça teatral criada com este objetivo e apresentada na 14ª Reunião de Jardins Botânicos (Curitiba – 2005). Outro projeto importante no JBCS, foi “O Jardim Botânico vai à Escola”, o qual deixava-o realizado. Vários trabalhos de conclusão do curso de Ciências Biológicas da UCS foram desenvolvidos neste projeto, onde Ronaldo atuava como orientador. Ele recebia as escolas no Jardim Botânico com muita satisfação e fazia questão de trabalhar diretamente com os alunos, mostrando a importância das plantas e cada detalhe das mesmas. Em seus discursos, nunca se esquecia de dizer, “As plantas podem sobreviver sem nós, mas nós não sobrevivemos sem elas”. Sempre valorizou as atividades de Educação Ambiental, dizendo que precisávamos plantar as sementes da preservação do meio ambiente nas crianças e nos jovens, que estes são a esperança de um futuro melhor. E sempre otimista, nos dizia que, se apenas uma destas sementes que plantávamos germinava, já era suficiente. Foi presidente da Associação Latino-Americana e do Caribe de Jardins Botânicos; vice-presidente da Associação Internacional de Jardins Botânicos; membro da Comissão Nacional de Jardins Botânicos; membro fundador da Rede Brasileira de Jardins Botânicos e fundador da Rede de Jardins Botânicos da Argentina. Também foi membro e coordenador da Rede de Herbários do RS; membro e conselheiro da Comissão de Herbários do Brasil; membro da Sociedade Botânica do Brasil – SBB, fundador da Rede Brasileira de Aerobiologia; membro da Sociedade de Artistas Plásticos do RS e, junto ao Ministério da Educação, ocupava a função de avaliador de Universidades e Cursos Superiores. Reconhecido também por ser um freqüentador assíduo dos congressos de Botânica, onde atuava ativamente nas reuniões da Sociedade Brasileira de Botânica e da Rede de Herbários, auxiliando na organização de minicursos, exposições e eventos relacionados à Botânica, tendo presidido (como vicepresidente), juntamente com o Prof. Albano Backes, o 45° Congresso Nacional de Botânica, em São Leopoldo no ano de 1994. Sempre muito preocupado com o avanço, organização e difusão da ciência, não raro incentivava a vinda de pesquisadores do exterior para contribuir com o conhecimento científico. Organizou inúmeras Exposições apresentadas no Museu de Ciências Naturais da Universidade de Caxias do Sul e em outros locais. Dentre as principais exposições organizadas estão: “Ta Malakia”, “Sinfonia inacabada – Schubert”, “Bougainvíleas para o Rei”, “Retrospectiva Karl von Martius”, “Charles Darwin – 200 anos”, “ Restropectiva Prof. Dr. Padre Aloysio Sehnem S.J.”, “ Os Jardins e as Flores de Monet à Luz do Jardim Botânico de Caxias do Sul” “De Teofrasto e Linnaeus – Dois Milênios de Scientia Amabilis”, “Padre Balduíno Rambo” e “ O Trigo na Arte de Van Gogh e o Pão Nosso de Cada Dia.” “Ele não plantou flores, semeou jardins...” 11 Era um homem culto, de bom gosto, apreciador e conhecedor de música clássica, de óperas, e de arte, principalmente da pintura. Pintava muito bem, sendo seu tema principal a natureza, as flores e os frutos. Também pintou, como homenagem aos seus mestres, os bustos de alguns dos maiores botânicos do RS, como Pe. Rambo, Pe. Sehnem, e Pe. Rick, obras hoje situadas na sala histórica Pe. Balduino Rambo, no herbário PACA. Detentor de inteligência e criatividade privilegiada, sempre tinha grandes ideias, especialmente para atividades relacionadas à educação: teatros, histórias em quadrinhos, exposições, ilustrações. Um de seus últimos e importantes trabalhos foi a criação do programa de educação “O Museu de Ciências Naturais vai à escola”, através do qual alunos de escolas públicas recebem visita de professores, estagiários e pesquisadores do MUCS, com o objetivo de levar o conhecimento científico sobre as diversas áreas das Ciências Naturais, procurando desenvolver neles o gosto pela Ciência e a importância do cuidado com o meio ambiente. Amava ensinar Botânica e, por ser um educador nato, era capaz de mostrar como bem ensinar através de seu exemplo. Mais do que os conhecimentos de Botânica, Embriologia ou cultura geral, ele era mestre no ensino da paciência e da espera. Esperar pacientemente, mas sem nunca deixar de sonhar! Sonhar alto e trabalhar duro como ele sempre trabalhou para o sonho se tornar real. Desistir, não fazia parte de seus planos! Foi otimista até os últimos momentos de sua vida, sempre com um sorriso nos lábios e a esperança de que tudo daria certo. Sonhador e idealista, Ronaldo não semeou flores, ele plantou jardins! Certamente os muitos Jardins Botânicos plantados por ele pelo Brasil afora, entre eles o de Caxias do Sul, e o de Lageado e São Leopoldo, do qual foi padrinho, ou os belos jardins pintados em seus quadros, ou os perfumados jardins de sonhos plantados no coração de todos que tiveram o privilégio de conviver e aprender com ele florescerão e darão frutos. E serão lindos jardins ornamentados com belas flores de amor: amor que foi a melhor e mais inesquecível lição que ele deixou. Do querido professor Ronaldo guardaremos os sorrisos, as gargalhadas, a bondade, os gestos de gentileza e cavalheirismo, os “puxões de orelha”, as frases do tipo: “Vocês precisam lapidar este vocabulário! ou “Aprendam a elegante arte de engolir sapos!”, mas principalmente, o grande exemplo de caráter, de honestidade, de integridade, otimismo e de amor! Amor pelo seu trabalho, amor pelo próximo, amor pela natureza, amor pela Botânica, pela Educação e amor pela vida! Principais trabalhos publicados: Contribution to the phytosociological survey of the primary forests in the NE of Rio Grande do Sul (Brazil). Plant Biosystems (Firenze. Testo Stampato), v. 144, p. 53-84, 2010. Plantas da flora brasileira no mercado internacional de floricultura. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, p. 510-512, 2007. 12 Ronaldo Adelfo Wasum A família Asteraceae em São Mateus do Sul, Paraná. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, p. 249-251, 2007. Estudo do óleo essencial de algumas espécies do gênero Baccharis (Asteraceae) do sul do Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 15(3), p. 215-220, 2005. Contribuição ao estudo alelopático de Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss., Celastraceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 15(3), p. 220-223, 2005. Essential oil composition of south Brazilian populations of Cunila galioides and its relation with the geographic distribution. Biochemical Systematics and Ecology, v. 31, p. 467-475, 2003. Análise de taninos totais em plantas aromáticas e medicinais cultivadas no Nordeste do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Farmacognosia (Impresso), v. 13, p. 17-22-22, 2003. Anatomia foliar em Drosera brevifolia Pursh. Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, RS, v. 49, p. 33-37, 1997. Ocorrência geográfica de Drosera L., no Estado do Rio Grande do sul e morfologia foliar das espécies que ocorrem nos Aparados da Serra, município de Cambará do Sul. Iheringia, Série Botânica, Porto Alegre, RS, v. 49, p. 39-46, 1997. Levantamento dos Tipos do Herbário Anchieta II. Pesquisas, Botânica, v. 41, p. 85-98, 1990. Levantamento dos Tipos do Herbário Anchieta I. Pesquisas, Botânica, v. 39, p. 115-125, 1988. Livro organizado: 1. Fundamentos Ecológicos para Educação Ambiental Municípios: Mostardas, Tavares, São José do Norte, Santa Vitória do Palmar. 1. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2009. v. 1. 167p. Capítulos de livros publicados: 1. Ecossistema Restinga. In: Alois SCHÄFER, Rosane LANZER, Luciana SCUR (Org.). Atlas socioambiental dos municípios de Cidreira, Balneário Pinhal, Palmares do Sul. 1ªed. Caxias do Sul: Editora da Universidade de Caxias do Sul, 2013, v., p. 41-48. 2. Atlas socioambiental dos municípios de Cidreira, Balneário Pinhal, Palmares do Sul. 1ªed. Caxias do Sul: Editora da Universidade de Caxias do Sul, 2013, v., p. 139-142; p. 169-174; p. 187-192; p. 257-262; p. 320330. “Ele não plantou flores, semeou jardins...” 13 3. Mata de restinga seca ou arenosa. Atlas socioambiental dos municípios de Cidreira, Balneário Pinhal, Palmares do Sul. 1ªed. Caxias do Sul: Editora da Universidade de Caxias do Sul, 2013, v., p. 207-212. 4. A vegetação da região de São Mateus do Sul. In: Rosa Lia BARBIERI; Gustavo HEIDEN (Org.). Árvores de São Mateus do Sul e região. 1ª ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009, v., p. 39-60. 5. Procedimento metodológico. In: Rosa Lia BARBIERI; Gustavo HEIDEN (Org.). Árvores de São Mateus do Sul. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009, v., p. 61-68. 6. Espécies arbóreas da região de São Mateus do Sul. In: Rosa Lia BARBIERI e Gustavo HEIDEN (Org.). Árvores de São Mateus do Sul e região. 1ª ed. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2009, v., p. 69342. 7. Considerações taxonômicas. In: Rosa Lía BARBIERI (Org.). Cebola: ciência, arte e história. 1ªed. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2005, v., p. 23-26. 8. Verde te quero sempre verde. In: UNISINOS - PADCI- CIAMB/FINEP (Org.). Educação Ambiental - Teoria e Prática. 1ª ed. São Leopoldo: UNISINOS, 2002, v., p. 01-188. Texto elaborado por Juçara Bordin, aluna e bolsista do professor Ronaldo Wasum. Colaboradores: Valéria Dal Pont Wasum, Maria Beatriz Dal Pont, Felipe Gonzatti, Rosângela Carmem Molon, Janete Maria Scopel e Flora Zeltzer. HYMENOPHYLLACEAE (POLYPODIOPSIDA) NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Paulo G. Windisch1 ABSTRACT Phylogenetic studies in recent years have profoundly altered the classification of Hymenophyllaceae. The “hymenophylloid” species are considered in a single genus, Hymenophyllum L. while the “trichomanoid” species are divided into eight genera: Didymoglossum Desv., Polyphlebium Copel., Vandenboschia Copel., Trichomanes L. (sensu stricto), Abrodictyum C. Presl, Cephalomanes C. Presl, Callistopteris Copel. and Crepidomanes C. Presl (the last two without Neotropical species). In the State of Rio Grande do Sul the following genera are represented: Hymenophyllum (13 species), Didymoglossum (three), Polyphlebium (two), Vandenboschia (two), Abrodyctium (one) and Trichomanes (four). Comments on the new classification, identification keys to genera and species, as well as descriptions, illustrations of diagnostic characters, comments on the ecology and distribution are presented. Key words: ferns, floristics, Southern Brazil, biodiversity. RESUMO Estudos filogenéticos nos últimos anos alteraram profundamente a classificação dos representantes de Hymenophyllaceae. As espécies “himenofilóides” são consideradas em um único gênero, Hymenophyllum L.; enquanto que as espécies “tricomanóides” são divididas em oito gêneros: Didymoglossum Desv., Polyphlebium Copel., Vandenboschia Copel., Trichomanes L. (sensu stricto), Abrodictyum C.Presl, Cephalomanes C.Presl, Callistopteris Copel. e Crepidomanes C.Presl (os dois últimos sem representantes neotropicais). No Estado do Rio Grande do Sul, ocorrem: Hymenophyllum (13 espécies), Didymoglossum (três), Polyphlebium (duas), Vandenboschia (duas), Abrodyctium (uma) e Trichomanes (quatro). São apresentados comentários sobre a nova classificação, chaves de identificação para os gêneros e espécies ocorrentes no Estado, bem como descrições, ilustrações de caracteres diagnósticos, comentários sobre ecologia e distribuição. Palavras chave: pteridófitas, florística, sul-brasileiro, biodiversidade. 1 Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Depto. Botânica, Campus do Vale Prédio 43433. 91501-970 Porto Alegre – RS, Brasil. Bolsista de Produtividade Científica, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq Proc. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:15-48 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 16 Paulo G. Windisch INTRODUÇÃO A família Hymenophyllaceae é predominantemente tropical, formada por cerca de 550 a 600 espécies. A maioria dos representantes (cerca de 300 espécies) neotropicais carece de revisões taxonômicas que permitam clara delimitação dos taxons específicos. Atualmente estima-se que no Brasil a família esteja representada por cerca de 83 espécies, sendo 28 em Hymenophyllum (sensu lato) e 55 nos gêneros “tricomanóides” (Windisch, 2013, atualmente em revisão), sendo que gêneros Crepidomanes e Callistopteris não têm representantes neotropicais. O grupo até recentemente apresentava sua classificação genérica bastante confusa, com diferentes autores adotando sistemas substancialmente distintos. Historicamente se reconheciam dois grandes gêneros (Trichomanes L. e Hymenophyllum Sm.) conforme adotado por Tryon & Tryon (1982), apesar de que diversos autores já reconhecessem pequenos gêneros segregados. Copeland (1933, 1938, 1947) dividiu o grupo em 34 gêneros, Pichi-Sermolli (1977) em 47, enquanto que Iwatsuki (1984, 1985, 1990) reconheceu apenas oito. As inconsistências nomenclaturais levaram a uma grande confusão, especialmente em trabalhos florísticos. Um passo importante para melhor definir grupos de espécies, tratando a diversidade em subgêneros, seções e subseções, foi apresentado por Morton (1968), com base nas melhores ideias de autores clássicos como Presl, van den Bosch, Prantl, Christensen e Copeland, bem como seus 38 anos de experiência com a família. Esse estudo serviu de base para uma série de contribuições que, utilizando novas abordagens, foram melhor evidenciando as linhas evolutivas no grupo. Estudos filogenéticos moleculares permitiram uma melhor compreensão quanto às relações evolutivas entre os diferentes grupos de espécies tanto das plantas vasculares sem sementes (tradicionalmente tratadas como pteridófitas e plantas afins) em geral (Smith & al., 2006) como também na definição de famílias e gêneros em Hymenophyllaceae. No caso das himenofiláceas, Dubuisson (1997) adotou o uso da filogenia molecular para inferir as relações entre os diferentes grupos reconhecidos pelos diversos autores, especialmente para as espécies de Trichomanes (sensu lato). Como destacado por Pryer & al. (2001) os resultados disponíveis demonstravam ou revelavam dois grupos monofiléticos nas himenofiláceas com uma melhor resolução para as espécies “himenofilóides”. Um novo estudo focando as espécies neotropicais de Trichomanes foi apresentado por Dubuisson & al. (2003). Com o acréscimo de substancial volume de dados relativos à rbcL por Ebihara e colaboradores foi possível a revisão da classificação, como apresentada por Ebihara & al. (2006) que delimita de maneira bastante precisa os gêneros e define suas relações filogenéticas. Desta forma, no sistema de Ebihara e colaboradores, as espécies “himenofilóides” são colocadas em um único gênero, Hymenophyllum L. (com sua diversidade tratada em 10 subgêneros), enquanto que as espécies “trichomanóides” são divididas em oito gêneros correspondendo a clados bem Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 17 definidos: Didymoglossum Desv., Crepidomanes C.Presl, Polyphlebium Copel., Vandenboschia Copel., Trichomanes, Abrodictyum C.Presl, Cephalomanes C.Presl e Callistopteris Copel. Em um trabalho subsequente Ebihara & al. (2007) discutem a provável origem das diferentes linhas evolutivas, a origem do hábito epifítico e a distribuição sub–cosmopolita de quatro destes clados, destacando ainda a importância e a necessidade de observações de campo para complementar o conhecimento das espécies. Apesar das fortes evidências apresentadas por Ebihara e colaboradores para a maioria das delimitações genéricas, alguns autores, tal como Christenhusz & Chase (2014) preferem manter apenas dois gêneros. Alguns botânicos pioneiros, como é o caso de Sellow e Chamisso, coletaram filicíneas na região Sul do Brasil, porém nas publicações decorrentes não são indicadas localidades precisas, prejudicando um levantamento regionalizado. No trabalho pioneiro de Arsène Isabelle de 1835, mais tarde publicado no vernáculo (Isabelle, 1949), não há representantes das himenofiláceas dentre as 17 espécies de filicíneas registradas para a flora do Estado do Rio Grande do Sul com base em determinações por H.Christ. Para o sul e sudeste do Brasil destaca-se o trabalho de Schenk (1896) citando para Santa Catarina oito espécies de Trichomanes e cinco de Hymenophyllum; sendo também um dos pioneiros com informações ecológicas. Lindman (1903) apresenta resultados da Expedição Regnelliana de 1892 a 1894. Rosenstock (1904, 1905, 1907) apresentou seus trabalhos sobre a flora pteridofítica do sul-brasileiro, incluindo coletas por Jürgens & Stier na região de Santa Cruz e Bornmüller em Neu-Wüttenberg (atual região de Panambi) no Rio Grande do Sul. Dutra (1938) na sua listagem das filicíneas ocorrentes no Estado cita sete espécies do gênero Hymenophyllum e 13 de Trichomanes. Em um período mais recente, vieram as publicações de Sehnem especialmente na Flora Ilustrada Catarinense, sendo que no fascículo referente às himenofiláceas (Sehnem, 1971) foram citadas como ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul 13 espécies de Hymenophyllum e 16 de Trichomanes. Ao que tudo indica, este trabalho estava sendo preparado para uma publicação mais abrangente do ponto de vista regional, incluindo espécies de outros estados, inclusive espécies amazônicas. O trabalho de Sehnen (1971), além de incluir espécies extraterritoriais, frequentemente contrapõe em suas chaves de identificação, caracteres em uma linguagem coloquial e subjetiva (p. ex. pecíolos delgados a mais grossinhos), tornando seu uso extremamente difícil para o não especialista. Adicionalmente, o conceito de espécie adotado por Sehnem é bastante restrito quanto à grande variabilidade morfológica apresentada por este grupo vegetal, reconhecendo muitas espécies não aceitas atualmente por outros autores. Aparentemente, os conceitos de Sehnem se mantiveram mais próximos dos de Sturm (1859) em Flora Brasiliensis, e das determinações por Rosenstock em exsicatas de herbários diversos no início do século, enquanto que revisões como as de Morton (1947) para Hymenophyllum sect. Sphaerocionium e Boer (1962) para Trichomanes subg. Didymoglossum, não tiveram plena aceitação. 18 Paulo G. Windisch Em outro trabalho, Sehnem (1977) apresentou importantes informações sobre a distribuição geográfica, ecologia e rotas de migração das filicíneas do sul do Brasil, incluindo dados relativos às himenofiláceas ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul. No seu conjunto, a obra de Sehnem é de grande importância e uma interessante fonte de informações acumuladas através dos anos por aquele pesquisador, em suas observações de campo. As espécies ocorrentes no Estado do Rio Grande do Sul foram tratadas no atlas de esporos de pteridófitas, em fascículo correspondente, por Lorscheitter & al. (1999), onde foram apresentadas breves descrições de 12 espécies de Hymenophyllum e 11 de Trichomanes, acompanhadas de comentários sobre sua distribuição geográfica e habitat, porém sem chaves de identificação. Diante das alterações na classificação, dificuldades para identificação, bem como o acúmulo de novas coletas nas últimas décadas, o presente trabalho foi elaborado visando permitir determinações mais seguras do material sul-riograndense de Hymenophyllaceae, embasando estudos florísticos, ecológicos e fitogeográficos. MATERIAL E MÉTODOS Foi utilizado o material existente de Hymenophyllaceae, depositado nos herbários da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICN), Instituto Anchietano de Pesquisas (PACA), Universidade de Caxias do Sul (HUCS), Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (HAS), Universidade de Santa Cruz (UNISC), Herbarium Bradeanum (HB), Universidade Estadual Paulista – Câmpus de São José do Rio Preto (SJRP), bem como a Coleção do Pe. José Pivetta (Museu do Instituto Palotino de Santa Maria). Além disto, foi examinado material sul-riograndense existente nos herbários do Museu Nacional do Rio de Janeiro (R), Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB), Instituto de Botânica de São Paulo (SP), Jardim Botânico de Berlin (B), Museu Nacional dos Estados Unidos da América (US) e Universidade da California – Berkeley (UC). O próprio autor teve a oportunidade de reconhecer em seu habitat grande parte das espécies aqui citadas, estando suas coletas depositadas principalmente nos herbários ICN, HB, e SJRP (acrônimos de herbários segundo Thiers & al. (2011), atualização contínua). Para a delimitação das espécies foram consideradas as conceituações indicadas nas revisões publicadas por Morton (1947), Boer (1962), e pelo próprio autor (Windisch, 1992), bem como nos trabalhos de Diem & Lichtenstein (1959) e Tryon & Stolze (1989). As espécies foram delimitadas reconhecendo–se uma maior plasticidade em resposta às condições ambientais. As descrições das espécies foram mantidas uniformes dentro de cada gênero. O termo “filicíneas” está sendo utilizado no sentido de “pteridófitas”, excluindo as licófitas, correspondendo assim a “samambaias” no vernáculo. A sinonimia apresentada refere-se apenas aos nomes utilizados na literatura para material sul-riograndense, sendo também indicadas as citações Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 19 dos taxa na principal literatura pertinente às filicíneas da região. Exsicatas de material representativo são apresentadas para cada espécie, considerando uma coleta por município ou localidade. No caso de espécies com distribuição mais ampla (p.ex.: cosmopolitas, América tropical, ou estendendo-se de um país ao norte até um outro no sul) foi dada prioridade a uma apresentação mais objetiva. Um “index exsicatae” completo pode ser obtido junto ao autor. Visando maior clareza no preparo de ilustrações, algumas espécies tiveram como base coletas provenientes de Estados meridionais, em função da qualidade do material disponível. Estão sendo utilizados os termos fronde e estípite, para os correspondentes a folha e pecíolo. Falsas nervuras são espessamentos lineares no tecido laminar, em geral sem conexão com as nervuras vascularizadas. O indúsio das himenofiláceas, com sua estrutura peculiar foi tratado tal como por diversos autores sob o termo invólucro. A caracterização dos habitats foi feita em função do material sulriograndense, sendo que para muitas espécies os limites altitudinais são bastante maiores na região Sudeste do Brasil. RESULTADOS E DISCUSSÃO Hymenophyllaceae Hymenophyllaceae Gaudichaud, Freyc. Voy. Bot.: 262. 1826; Link. Hand. Erkenn. Gew. 3: 36. 1833. Tipo: Hymenophyllum J. E. Smith. Fase esporofítica representada por plantas epífitas ou terrestres, geralmente delicadas. Caule fino e reptante com frondes espaçadas ou (menos comum) rijo, ascendente a ereto, com frondes fasciculadas. Frondes férteis e estéreis isomorfas, raro dimorfas, de vernação circinada, não articuladas ao caule; lâmina flabelada ou pinatífida a decomposta, pubescência variada, sem escamas, com tecido laminar de uma camada de células em espessura (raro mais de uma), sem estômatos. Nervuras livres, raramente anastomosantes, falsas vênulas presentes ou ausentes. Soros marginais, terminais nas nervuras. Invólucro (indúsio) imerso no tecido laminar ou pedunculado, tubular, infundibuliforme ou afunilado a bivalvado em maior ou menor extensão; receptáculo curto e rudimentar ou filiforme a cilíndrico, no prolongamento da nervura, por vezes densamente coberto de esporângios e com crescimento intercalar (podendo ficar com a parte apical para fora do invólucro em frondes mais velhas). Esporângios sésseis a subsésseis, com anel transversal oblíquo não interrompido pelo pedicelo; esporos de um único tipo, providos de clorofila. Fase gametofítica representada por estruturas filamentosas ou talosas estreitas, epígeas, clorofiladas, ramificadas, por vezes apresentando gemas proliferantes. 20 Paulo G. Windisch Chave para os gêneros de Hymenophyllaceae ocorrentes no Rio Grande do Sul: 1a.Invólucro (indúsio) bivalvar (frequentemente até a base), nunca tubular, as valvas constituindo a maior parte do invólucro; receptáculo filiforme ou espessado, inserido ou raramente projetando-se um pouco para fora do invólucro; nervação anádroma (primeira ramificação voltada para a base) ................................................................................................... Hymenophyllum 1b. Invólucro (indúsio) tubular, obcônico ou infundibuliforme, às vezes bilabiado (porém neste caso a porção tubular constituindo a maior parte do invólucro; receptáculo filiforme, projetando-se um pouco ou até bastante para fora do invólucro quando maduro; nervação anádroma ou catádroma (primeira ramificação voltada para o ápice) ...................................................................... .2. 2a Frondes em geral pequenas (5 cm comp. ou menos), lâmina inteira a pinatífida mas não verdadeiramente pinada, falsas vênulas presentes no tecido laminar; sem formação de raízes verdadeiras podendo apresentar ramos caulinares tricomatosos ............................................................ Didymoglossum 2b Frondes em geral maiores que 6 cm comp., lâmina pinada a quadripinada (raro inteira), falsas vênulas no tecido laminar presentes ou ausentes; com formação de raízes verdadeiras ........................................................................ 3. 3a Plantas com poucas raízes, estas delicadas (0,2-0,4mm diam.) ........................................................................................................Polyphlebium 3b Plantas com numerosas raízes robustas (0,5mm ou mais diam.) ............... 4. 4a. Tricomas ausentes nas margens dos segmentos laminares ....................... 5. 4b. Tricomas presentes nas margens dos segmentos laminares ... Trichomanes 5a Caule reptante; frondes espaçadas, tricomas clavados presentes na estipete e raques .......................................................................................Vandenboschia 5b Caule ereto a subereto; frondes cespitosas, tricomas clavados ausentes na estipete e raque ............................................................................... Abrodictyum O gênero Hymenophyllum: Hymenophyllum J. E. Smith, Mem. Acad. Turin 5: 418. 1793. Tipo: Hymenophyllum tubridgense (L.) J. E. Smith, baseado em Trichomanes tubridgense L., escolhido por Presl, Hymen.: 31. 1843. Esporófito epifítico ou ocasionalmente terrestre. Caule reptante, geralmente provido de tricomas castanhos a avermelhados; frondes geralmente espaçadas. Frondes férteis e estéreis isomorfas, simples ou pinatissectas a decompostas, 2-60 cm compr.; estípite delicado a rijo, frequentemente alado; lâmina lanceolada a subdeltóide, nervação anádroma, sem falsas vênulas; segmentos terminais geralmente estreitos e filiformes, margens inteiras a serreadas. Invólucro parcialmente ou não imerso no tecido laminar, suborbicular a elíptico ou obovado, profundamente bivalvado, a base por vezes cônica, porém nunca tubular; receptáculo filiforme a espessado, rudimentar ou Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 21 curto, ou ainda projetando-se um pouco além da borda externa do invólucro em frondes maduras. Literatura: Copeland (1938), Morton (1947, 1968), Diem & Lichtenstein (1959), Tryon & Tryon (1982), Lorscheitter & al. (1999). Gênero com cerca de 250-300 espécies, que apesar de considerado tropical apresenta espécies em latitudes subtropicais ou mesmo em áreas temperadas. No Rio Grande do Sul ocorrem 13 espécies que podem ser distinguidas com base nos caracteres apresentados na chave abaixo. Chave para as espécies de Hymenophyllum no Estado do Rio Grande do Sul: 1a.Margem dos segmentos serreada ................................................................. 2. 1b .................Margem dos segmentos lisa, não serreada (por vezes fracamente repandida) ........................................................................................................... 4. 2a.Estípite alada em toda extensão, alas onduladas ............7. H. magellanicum 2b Estípite não alada, ou alada apenas na extremidade superior ..................... 3. 3a.Plantas 2-5 cm de alt .................................................................8. H. peltatum 3b.Plantas 10-15 cm de alt ............................................................. 6. H. fucoides 4a.Margem da lâmina glabra .............................................................................. 5. 4b.Margem da lâmina com cílios ou tricomas (simples ou estrelados) .............. 8. 5a.Frondes pinatífidas, células marginais espessadas ........... 1. H. asplenioides 5b.Frondes bipinatífidas, pinado-pinatífidas ou mais complexas, células marginais não diferenciadas das demais ........................................................... 6. 6a.Lâmina com margem fortemente ondulada, crespa ............ 12. H. undulatum 6b.Lâmina com margem plana, quando muito só reflexa .................................. 7. 7a.Estípite alada até à base, aletas 1mm (ou mais) larg ...... 2. H. caudiculatum 7b.Estípite não alada ou com aletas estreitas, com menos de 0,5mm larg .......... .................................................................................................. 9. H. polyanthos 8a Tricomas presentes nas superfícies laminares, bem como nas vênulas e margens .............................................................................................................. 9. 8b.Tricomas ausentes nas superfíces laminares, presentes apenas sobre as vênulas e margens ........................................................................................... 10. 9a Raque alado em toda sua extensão; pinas com três ou menos segmentos ... ........................................................................................................... 5. H. fragile 9b Raque alado apenas na metade superior; pinas decompostas com cinco ou mais segmentos (estes em geral também decompostos) ................ 11. H. rufum 10a Pinas (ao menos as inferiores) pecioluladas .....................10. H. pulchellum 10b Pinas sésseis ou adnadas ......................................................................... 11. 11a Tricomas marginais dos segmentos simples ou furcados na base, segmentos undulado–crispados ......................................................3. H. crispum 22 Paulo G. Windisch 11b Tricomas marginais dos segmentos estrelados, bistelados ou duas vezes furcados ............................................................................................................ 12. 12a.Estípite alada na parte apical; raque alada ........................... 13. H. vestitum 12b Estípite não alada; raque não alada na parte basal, ou apenas estreitamente alada, alada na parte apical ................................4. H. delicatulum 1. Hymenophyllum asplenioides (Sw.) Sw., Schrad. Journ. 1800 (2): 98. 1801. Tipo: Jamaica, Swartz s.n. (S-PA!). Mecodium asplenioides (Sw.) Copel. Gen. Hymen. 26. 1938. Frondes cerca 2-15cm comp., determinadas; estípite 1,5-5cm, se alado somente na parte superior; lâmina 1-2,5cm larg., linear a oblongo-deltóide, leve a irregularmente pinatissecta a pinatífida com poucos lobos, glabra; raque amplamente alado em toda extensão; margens dos segmentos inteiras e planas, glabras. Soros 1 a 5 por pina ou segmento, no plano do tecido laminar; invólucro ovado 1,6-2 x 1-2mm, imerso somente na metade basal, bordos inteiros, glabros. Fig. 1. Habitat: epífita e epipétrica em florestas úmidas de encosta e matas nebulares, cerca 100-900 m alt, na parte noroeste do Estado. Distribuição: América Tropical. No Brasil: BA, MG, RS, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Cambará do Sul, Fortaleza, 09.4.1982, Bueno s.n. (ICN 85311); trilha da cachoeira, 13.10.2012, Nervo 901 & Buzatto (ICN); 11.5.2013; Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 836 (HAS); São Francisco de Paula, Serra do Faxinal, 23.11.1951, Sehnem 5637 (PACA, ICN). 2. Hymenophyllum caudiculatum Mart., Icon. Crypt. Brasil. 102, tab. 67. Tipo: Martius s.n., Brasil. Sphaerocionium caudiculatum (Mart.) C.Presl, Hymen. 35. 1843. Mecodium caudiculatum (Mart.) Copeland. Phil. Journ. Scien. 67 (1): 27. 1938. Hymenophyllum martii Sturm, Fl. Bras. 1 (2): 187. 1859. Frondes cerca 10-28cm comp. determinadas; estípites alados em toda extensão; lâmina 4-10cm larg., ovado-lanceoladas 3-pinatífida, glabra; raque alado; margens dos segmentos inteiras e planas, glabras. Soros isolados em lacínios terminais estreitos, em geral nas pinas superiores, no plano do tecido laminar; invólucros orbiculares, 2,5-2mm diam., levemente inseridos na base, sésseis ou curto-pedunculados, bordos inteiros, glabros. Fig. 2. Habitat: epífita ou epipétrica, em locais sombreados e muito úmidos, tais como margens de regatos em florestas de encosta ou matas nebulares, cerca 300-1000m alt. Distribuição: Peru, Chile, Argentina e Brasil. No Brasil: BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bom Jesus, Potreirinhos, 15.1.1963, Camargo 3844 (PACA, ICN); Cambará do Sul, Parque Nacional Aparados da Serra Geral (face norte), 22.06.2013, Nervo 929 & Velho (ICN); Gravataí, Barro Vermelho, s.d., Dutra 70 (ICN); Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 835 (HAS); Santo Antônio da Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 23 Patrulha, Caraá, 17.1.1997, Pes s.n. (PACA 5869); São Francisco de Paula, Instituto Nacional do Pinho, 06.10.1967, Vianna & Irgang s.n. (ICN 4429); São José dos Ausentes, Aparados da Serra, 14.1.1942, Sehnem 979 (PACA); 3.2.1953; São Leopoldo, Fazenda Pedreira, 2.10.1935, Sehnem 677 (PACA); Sapiranga, Picada Verão, 04.10.1989, Silva Jr. s.n. (PACA 1043); 5.1992, Curra s.n. (PACA 1672). 3. Hymenophyllum crispum Kunth, Nov. Gen & Sp. 1: 26. 1815. Tipo: Silla de Caracas, Venezuela, Humboldt & Bonpland s.n. (B!). Hymenophyllum crispum var. brasilianum Fée, Crypt. Vasc. Brés. 1: 195. Pl. 71, f. 2. 1869. Tipo: Serra dos Orgãos, Brasil, Glaziou 3347 (P). Hymenophyllum brasilianum Rosenst. Hedwigia 46: 73. 1906. Frondes 5-20cm comp.; estípite estreitamente alado no ápice; lâmina pinado-pinatífida, hirsuta, tricomas somente nas nervuras e margens, simples ou furcados; raque alada em toda extensão, aletas conspicuamente undulado– crispadas; margens dos segmentos inteiras, crispadas; invólucros em geral da mesma largura que os segmentos, levemente imersos na base, lábilos suborbiculares, ca. 1,2-1,5mm diam., bordas ciliadas, cílios simples. Fig. 3. Habitat: epipétrica e em húmus em florestas úmidas, próximo a regatos, cerca 250-1000m alt. Distribuição: Jamaica e México, América Central e América do Sul (da Venezuela até Bolívia e Brasil). No Brasil: SP, PR, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Aparados da Serra, Arroio das Capoeiras, 16.1.1942, Sehnem 953 (PACA); Bom Jesus, 28.7.1962, Camargo 3659 (PACA); Santo Amaro, Cerro João Rodrigues, s.d., Jürgens 135 (ICN); São Francisco de Paula, Taimbé, 27.2.1959, Sehnem 7303 (PACA); Soledade, Serrinha, s.d, Jürgens 270 (ICN). 4. Hymenophyllum delicatulum Sehnem, Sellowia 7: 304. 1956. Tipo: Brasil, Rio Grande do Sul, São Francisco de Paula, 21.V.1951, Sehnem 6513 (PACA!). Hymenophyllum filmecofilicum Christenhusz, Swartzburd et Labiak, Kew Bull. 64: 175–178. 2009. Tipo: Brasil, Paraná, Ponta Grossa, Furnas Gêmeas, 16.II.2008, Christenhurz, Schwartsburd, Lehtonen & Castilho 4790 (holótipo SP!, isótipo K, MBM, NY, P, TI, TUR, UC, UPCB). Frondes 3-8cm comp., determinadas; estípite 1-1,5cm comp., não alado, tricomas simples na base e parte mediana, estrelados na superior; lâmina deltóide alongada a ovado-lanceolada, pinatipartida, segmentos bi a trifidos, segmentos terminais estreito-lineares, ondulados a subondulados, hirsutos nas nervuras e margens com tricomas longos, alvos, 2-5 furcados estrelados (tecido laminar sem indumento); raque estreitamente alada ou não, margens dos segmentos inteiras, ondulado-crispadas, pilosas, tricomas simples bifidos a estrelados. Soros no ápice de segmentos, no plano do tecido laminar, tricomas estrelados; invólucro imerso na parte basal, orbicular 0,8-1,1mm diam., com tricomas estrelados. Fig. 4. Habitat: epipétrica em geral locais úmidos, junto a cascatas, cerca de 800-900 m alt. 24 Paulo G. Windisch Distribuição: endêmica no Brasil: PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: São Francisco de Paula, 18.11.1949, Sehnem 4345 (PACA); 15.8.1965, Sehnem 8451 (PACA). 5. Hymenophyllum fragile (Hedw.) C.V.Morton, Contr. U. S. Natl. Herb. 29 (3): 172.1947. Trichomanes fragile Hedwig, Fil. Gen. pl. 18. 1802. Tipo: "America meridinonalis". Sphaerocionium fragile (Hedwig) Picchi-Sermol., Webbia 28: 471. 1973. Frondes 3-15cm comp., determinadas; estípite 0,5-2,5cm, alado até o ápice; lâmina 1-2cm larg., linear-lanceolada a ovada, bipinatífida a pinadopinatífida, pubescente nas nervuras, bordos e superfície, tricomas simples, furcados ou estrelados; raque amplamente alado em toda extensão; aletas planas; margens dos segmentos inteiras, planas, pilosas, tricomas biestrelados. Soros em pinas apicais, no plano do tecido laminar; invólucros orbiculares a arredondados cerca 1mm diam. imersos até a metade no tecido laminar, bordos com tricomas estrelados. Fig. 5. Um dos nomes amplamente utilizado para material desta espécie é Hymenophyllum hirsutum (L.) Sw., sendo a questão da identidade discutida por Morton (1947). Habitat: epífita em locais umidos e sombreados, em florestas, cerca 150800 m alt. Distribuição: Cuba, Haiti, Jamaica, e México até Bolívia e Brasil. No Brasil: RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Gravataí, Arroio dos Ferreiros, 28.11.1944, Sehnem 1237 (PACA); Novo Hamburgo, São João do Deserto, 30.10.1959, Sehnem 7568 (PACA); Rio Pardo, s.d., Jürgens 190 (PACA); São Francisco de Paula, 14.8.1965, Sehnem 8449 (PACA); São Leopoldo, Pedreira, s.d., Pivetta s.n. (PACA); Quilombo, 1.8.1935, Sehnem 670 (PACA); Sapiranga, Picada Verão, 4.10.1989, Silva Jr. s.n. (PACA 1043b). 6. Hymenophyllum fucoides Sw., Journal für die Botanik 1800(2): 99. 1801. Trichomanes fucoides Sw. Nova Genera et Species Plantarum seu Prodromus 136. 1788. Tipo: Swartz s.n.; Jamaica (S!). Frondes 2-20cm comp., determinadas; estípite não alado ou alado apenas na metade distal; lâmina 2,0-6,5cm larg., ovada a lanceolada, 2-3 pinnatifida, glabra; raque alado em toda a extensão, aletas planas; margens dos segmentos serreadas, planas, glabras. Soros 1-8 por pina, no plano do tecido laminar; invólucros lanceolado-elípticos a ovados, 2-3x1-2mm, imersos apenas na parte basal ou curto pedunculados borda em geral serrulada a laciniada, glabra. Fig. 6. Habitat: epífita e epipétrica em húmus em matas nebulares, cerca 9501000m alt., na parte noroeste do Estado. Distribuição: Cuba, Haiti, Jamaica, México até Bolívia e Brasil. No Brasil: RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: São Francisco de Paula, Serra do Faxinal, 19.12.1950, Sehnem 5100 (PACA); São José dos Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 25 Ausentes, Aparados da Serra, Serra da Rocinha, 14.1.1942, Sehnem 2764 (PACA); 19.1.1950, Sehnem 4311 (PACA); 19.1.1950, Sehnem 4355 (PACA); 17.1.1961, Sehnem 7793 (PACA). 7. Hymenophyllum magellanicum (Klotzsch) Willd. ex Kunze, Kunze Bot. Zeit. 1847: 226. 1847. Ptychophyllum magellanicum Klotzsch, Linnaea 18: 533. 1844. Tipo: Chile, Phillipi, B Herb. Willd. 20245!. Frondes 6-10cm comp., determinadas; estípite alado em toda a extensão; lâmina 5-7cm larg., deltóide a ovada, 3-4 pinatifida, glabra; raque alado em toda a extensão, aletas onduladas; margens dos segmentos planas, serreadas, glabras. Soros na parte central e superior da lâmina, no plano do tecido laminar invólucros oblongos, 1.2-1,8mm comp., 0.5-0.7 larg., imersos na metade basal, borda denticulada, glabra. Fig. 7. Habitat: epífita e epipétrica em húmus em matas nebulares a cerca 9501000m. alt., no noroeste do Estado. Distribuição: Chile, Argentina e Brasil. No Brasil: RJ, SP. PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bom Jesus, Aparados da Serra, 14.1.1942, Sehnem 911 (PACA); Cambará do Sul, Fortaleza, 09.4.1982, Bueno s.n. (ICN 85307); 13.10.12, Nervo 902 & Buzatto (ICN); São José dos Ausentes, Pico Montenegro, 28.9.2005, Nilson et al. 1170 (HAS); 06.03.2014, Nervo 913 & Buzatto (ICN). 8. Hymenophyllum peltatum (Poir.) Desv., Mem. Soc. Linn. Paris 6: 333. 1827. Trichomanes peltatum Poir., in Lam. Encycl. Meth. 8: 76. 1808. Tipo: Mauritius [Ile de France], Bory de St Vincent s.n. (prov. P). Frondes 2-6cm comp., determinadas; estípites 0,5-2,0cm comp., não aladas ou aladas apenas na parte distal; lâmina 1-2cm larg., 2-3 pinatisecta, glabra; raque não alado; margens dos segmentos serreadas, planas, glabras. Soros fortemente arcuados ficando quase perpendiculares ao plano da lâmina; invólucros sub-esferóies, 1-1,5mm diam., sésseis a levemente peduculados, ápice obtuso, bordas inteiras, glabras. Fig. 8. Habitat: epífita e epipétrica em húmus em mata nebular altomontana, local úmido e sombreado, cerca 950-1300 m alt., no nordeste do Estado. Distribuição: subcosmopolita, conhecida também na Europa, estendendo-se da Noruega até Austrália, Nova Zelândia, Ilhas do Atlântico Sul e Patagônia (vide Diem & Lichtenstein, 1959). No Brasil: RJ, PR, SC e RS. Rio de Janeiro é encontrada a ca. 2300 m alt. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Cambará do Sul, Parque Nacional Aparados da Serra Geral, 11.5.2013, Nervo 920 & Buzatto (ICN); 22.6.2013, Nervo 928 & Velho (ICN); São José dos Ausentes, Serra da Rocinha, s.d., Bueno s.n. (ICN 68657); Pico Montenegro, 6.3.2014, Nervo 914 & Buzatto (ICN); 7.3.2014, Nervo 937 & Buzatto (ICN). 9. Hymenophyllum polyanthos (Sw.) Sw., J. Bot. (Schrad.) 1800 (2): 101. 1801. Sturm, Fl. Bras. I (2): 288. 1859. Fée, Crypt. Vasc. Brés.: 195. 1869. Fée, Suppl. Crypt. Vasc. Brés.: 86. 1873. Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Himen.): 9, t. 1, f. 4. 26 Paulo G. Windisch 1971. Trichomanes polyanthos Sw., Prodr.: 137. 1788. Tipo: "Jamaica", Herb. Swartz (S!). Frondes 4-16cm comp., determinadas; estípite 1-8cm comp., alado distalmente ou estreitamente em toda extensão; lâmina 2-6cm larg., oblongolanceolada, deltóide ovada, a elíptica, 3-4 pinatifida, glabra; raque geralmente alado (aletas com menos de 0,5mm) em toda extensão; margens dos segmentos inteiras, planas a levemente ondulado-reflexas, glabras. Soros no plano do tecido laminar; invólucro ovado, ovóide a lanceolado 1,2-1,8 x 11,2mm, imerso ao menos na base, ápice ligeiramente agudo a arredondado, borda glabra. Fig. 9. Espécie extremamente polimorfa, com uma grande quantidade de sinônimos e variedades descritas, que precisam de cuidadosa revisão monográfica, caracterizada pela lâmina glabra, segmentos com margem inteira e pela morfologia do invólucro. Habitat: epífita ou epipétrica em humus e mesmo no solo, em lugares úmidos em florestas de encosta e matas nebulares, podendo apresentar as frondes secas e enroladas nos períodos de baixa pluviosidade, cerca 400-100 m alt. Distribuição: pantropical. No Brasil ampla distribuição, ainda por confirmar para PI, RN, PE, AL. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Barracão, Parque Estadual do Espigão Alto, 5.2.1988, Silveira & al. 5353 (HAS); Bom Jesus, Aparados da Serra, 3.2.1953, Sehnem 6286 (PACA), Passo da Guarda, 16.1.1952, Sehnem 5849 (PACA); Cambará do Sul, 20.1.1982, Hornung s.n. (ICN 51835); Parque Nacional Aparados da Serra, 27.1.1996, Ohlweiler 190 (PACA); Campo Bom, 4.3.2011, Nervo 653 (PACA); Canela, Cascata do Caracol, 2.1.1964, Camargo 3919 (PACA); Caxias do Sul, Horto Municipal, 8.5.1969, Selbach s.n. (PACA 74849); Vila Oliva, 23.1.1947, Sehnem 2576 (PACA); Dois Irmãos, s.d., Sehnem s.n. (ICN 15361); Faxinal, 10.4.1982, Stehman s.n. (ICN 85309); Gramado, 18.8.1986, Vianna s.n. (ICN 28844); Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 838 (HAS); Riozinho, Cascata do Chuvisco, 20.7.1994, Ohlweiler 36 (PACA 1672); São Francisco de Paula, Josafá, arredores Estação ecológica Aratinga, 25.4.2005, Senna 903 (HAS); São José dos Ausentes, Pico Montenegro, 18.3.2012, Nervo 904 & Buzatto (ICN); São Leopoldo, Quinta São Manoel, s.d., Dutra 40 (ICN); Tupandi (anteriormente São Salvador), 4.5.1947, Sehnem 2785 (PACA); estação São Salvador, 20.12.1935, Sehnem 710 (PACA); Sehnem 733 (PACA). Torres, Faxinal, 21.7.1978, Waechter 878 (ICN); Lageadinho, 16.1.1980, Waechter 1533 (ICN). 10. Hymenophyllum pulchellum Schltdl. & Cham. Linnaea 5: 618. 1830. Sphaerocionium pulchellum Presl, Hymenoph. 34. 1843. Tipo: C.J.W. Schiede & F. Deppe 807; Nov 1829; Mexico: Veracruz: "prope Jalacingo" (B-Herb. Willd. 20239!). Hymnophyllum chrysothrix Sturm, in Mart. Fl. Bras. 1 (2): 298. 1859. Tipo: Serra da Estrella, Brasil, Martius s.n. (M!). Hymenophyllum lineare var. brasiliense Rosenst. Hedwigia 46: 74. 1906. Tipo: Santa Cruz, Rio Grande do Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 27 Sul, Brazil, Juergens 137 (Rosenst. exs. 157). Isótipo: ICN! Hymenophyllum lineare var. brasiliense f. tuberosum Rosenst. Hedwigia 46: 74. Tipo: Rio Grande, São Paulo, Brasil, Wacket (Rosenst. exs. 175). Hymenophyllum lineare var. brasiliense f. pseudocarpum Rosenst. Hedwigia 46: 74. Tipo: Rio Grande, São Paulo, Brasil, Wacket (Rosenst. exs. 176) Isotipo: HB!. Frondes 10-25(50)cm comp., indeterminadas; estípite 0,5-3,5cm long. não alada em toda extensão, deciduamente pubescente, tricomas dos estípites estrelados; lâmina oblongo-linear, 1,5-4,5cm larg., pinado-pinatifida, hirsuta apenas nas nervuras e margens, tricomas estrelados, bistelados ou bifurcados; raque não alado (exceto no ápice); margens dos segmentos inteiras, planas, pilosas; soros no plano da lâmina, numerosos; involucros ovalados a suborbiculares, 1-1,5mm diam., pouco ou inteiramente imersos no tecido laminar, bordas com tricomas estrelados. Fig. 10. Habitat: epífita e epipétrica, em locais úmidos em florestas de encosta e matas nebulares, cerca 200-1000m alt. Distribuição: México, América Central e Brasil. No Brasil: BA, MG, RJ, ES, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bom Jesus, Caraúna, s.d., Dutra 245 (ICN); Cambará do Sul, Faxinal, 12.1993, Sobral & Stehmann 2774 (ICN); Parque Nacional Aparados da Serra Geral, 02.9.1958, Schultz 1944 (ICN); Campo Bom, 4.3.2011, Nervo 654 (PACA); Canela, Caracol, s.d., Dutra 670 (ICN), Faxinal, 20.10.1981, Sobral s.n. (ICN 85305); Jaquirana, Passo do rio das Antas, 18.05.2014, Gonzatti 1200 (HUCS); Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 834 (HAS); Montenegro, Morro do Cabrito, 5.10.1989, Fernandes 587 (ICN); Montenegro (antigamente parte de São Salvador), 20.12.1935, Sehnem 711 (PACA); Santa Cruz do Sul, Herval do Paredão, Jürgens 137 (ICN, Dutra 1338); São Francisco de Paula, Alpes de São Francisco, 5.7.1997, Senna s.n. (HAS 83273); Floresta Nacional do IBDF, 11.9.1980, Waechter 1693 (ICN). 11. Hymenophyllum rufum Fée, Crypt. Vasc. Brés. 198, t. 70, f.4. 1869. Tipo: Sul do Brasil, Glaziou 2467 (P!). Frondes 10-24cm comp. indeterminadas; estípite 1-7cm comp. não alada em toda extensão, hirsutos tricomas mistos de simples a biestrelados; lâmina lanceolada a linear, 2-6cm larg., pinado-pinatífida; hirsuta nas nervuras e superfícies, tricomas estrelados; raque estreitamente alado na parte distal, aletas planas; margens dos segmentos inteira, plana, tricomas estrelados. Soros numerosos, apenas nas pinas superiores, parte basal imersa; invólucro arredondado a ovado, 0,4-0,6mm compr. e 0,6-0,8mm larg., ciliado, tricomas estrelados. Fig. 11. Habitat: epífita e epipétrica em humos em matas nebulares a cerca 10001300m alt. Distribuição: Sudeste e Sul do Brasil: MG, RJ, ES, SP, PR, SC, RS. 28 Paulo G. Windisch Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: São José dos Ausentes, Pico Montenegro, 27.4.1997, Windisch 8754 (ICN, SJRP), 6.3.2014, Nervo 912 & Buzatto (ICN). 12. Hymenophyllum undulatum (Sw.) Sw., J. Bot. (Schrader) 1800(2): 101. 1801.Trichomanes undulatum Sw. Nova Genera et Species Plantarum seu Prodromus 137. 11788. Tipo: Swartz s.n., Jamaica (S!). Hymenophyllum fendlerianum Sturm in Mart., Fl. bras. 1 (2): 291. 1859. Lectótipo (designado por Lellinger, 1984): Venezuela, Edo. Aragua, Colonia Tovar, Fendler 35 (US!). Frondes 5-28(40) cm comp., determinadas; estípite 0,5-3,5cm comp., não alado; lâmina oblongo lanceolada, 1,2-5,5cm larg., 2-3 pinatissecta, glabra, raque alado na parte distal, aletas crispado-onduladas; margens dos segmentos inteiras, crispadas a onduladas, glabras. Soros 3 ou mais por segmento, no plano do tecido laminar, invólucro suborbicular, cerca 1mm diam., imerso na base, ápice arredondado, borda glabra. Fig. 12. Tryon & Stolze (1989) reconhecem duas variedades, sendo que o material do Rio Grande do Sul corresponde a Hymenophyllum undulatum Sw. var. fendlerianum (Sturm) Stolze (vide Fieldiana Bot. n.s. 20: 64.1989). Habitat: até o presente conhecida de uma única localidade, a cerca 1000 m alt., na parte noroeste do Estado, provavelmente em mata nebular. Distribuição: México, Venezuela até Peru e Brasil. Brasil: RR, BA, SP, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Cambará do Sul, 20.1.1982, Hornung s.n. (ICN 114030). 13. Hymenophyllum vestitum (C.Presl) v.d.Bosch, Ned. Kruidk, Arch. 5(3): 193. 1863. Sphaerocionium vestitum C.Presl, Hymenophyllaceaeae 58. 1844. Lectotipo: Rio de Janeiro, Brasil, Beyrich s.n. (PRC), por Morton (1947). Hymenophyllum gardenerianum Sturm, in Mart. Fl. Bras. 1 (2): 297.1859. Tipo: Gardner 213, Rio de Janeiro, Brasil (holotipo BR, isotipos K, P). Hymenophyllum caulopteron Fée, Crypt. Vasc. Brés. 1: 197. Pl. 97, f. 3. 1869. Sintipo: Brasil, Glaziou 1713, 920, 2269 e 2270 (P!). Hymenophyllum microcarpum Fée, Crypt. Vasc. Brés. 1: 245. Pl. 69, fig. 3. 1869, non Hymenophyllum microcarpum Desv. 1827. Sintipo: Rio de Janeiro, Brasil, Glaziou 2268 e 3358 (P!). Hymenophyllum ulei Christ & Giesenh. Flora 86: 85. 1899; Bull. Herb. Boiss. II.2: 320. 1902. Tipo, Santa Catarina, Brasil, Ule 4510 (P!). Hymenophyllum elatius Christ in Schwacke, Pl. Nov. Mineiras 2: 13. 1900. Bull. Herb.Boiss. II (2): 319. 1902. Tipo: Santa Catarina, Brasil, Ule 206 (P). Hymenophyllum ciliatum f. turberosum Rosenst. Hedwigia 46: 74. 1906. Baseado em Hymenophyllum ulei Christ & Giesenh. (vide acima). Hymenophyllum ciliatum var. abbreviatum Rosenst. Hedwigia 56: 360. 1915. Tipo: A. C. Brade 5169, Ribeira, São Paulo, Brasil (S, HB!). Frondes 5-20cm comp., determinadas; estípite 1,5-3,0mm comp., alado no ápice; lâmina linear a ovada, 1,5-5cm larg., pinado-pinatífida, hirsuta somente nas nervuras e margens, tricomas estrelados a biestrelados; raque alada em toda extensão, aletas ondulado-crispadas; margens dos segmentos Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 29 inteiras, ondulado-crispadas, pilosas, tricomas estrelados a biestrelados. Soros 4-5 por pina, no plano do tecido laminar; invólucro suborbicular, 1,2-1,5 diam. incompletamente imersos na base, bordos com tricomas furcados na base ou bifurcados. Fig. 13. Trata–se de espécie complexa, bastante variável em sua morfologia, sendo que uma revisão cuidadosa se torna necessária para estabelecer uma delimitação clara dos taxons infraespecíficos. Espécie incluída por Morton (1947) em Hymenophyllum hirsutum (L.) Sw. Contudo, esse autor já considerava que algumas formas do Brasil, descritas como Hymenophyllum caulopteron Fée, H. elatius Christ, H. ulei Christ & Giesenh. e Sphaerocionium vestitum C.Presl poderiam ser reconhecidas ao menos como variedades. Lellinger (1991) reconheceu H. kaieteurum Jenman (endêmica na Guiana) e H. vestitum (material do Sudeste e Sul do Brasil) como espécies próprias, ficando em H. hirsutum (sensu stricto) o material das Antilhas, México até Panamá, Colombia até Bolívia, e Venezuela até Guiana Francesa, e Norte do Brasil. Habitat: epífita ou epipétrica em locais úmidos e sombreados tais como margens de regatos e cachoeiras, em florestas de encosta e matas nebulares, cerca 100-1000 m alt. Distribuição: Sul e Sudeste do Brasil: RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Cambará do Sul, Parque Nacional Aparados da Serra Geral, 22.6.2013, Nervo 930 & Velho (ICN); Montenegro, Morro do Cabrito, 5.10.1989, Fernandes 821 (ICN); São Francisco de Paula, 19.12.1950, Sehnem 5097 (PACA); Sehenm 5098 (PACA), Sapucaia do Sul, Morro Sapucaia, 29.11.1986, Fernandes 144 (ICN); Torres, Lageadinho, 17.1.1980, Waechter 1546 (ICN). O gênero Didymoglossum: Didymoglossum Desv. Mém. Soc. Linn. Paris 6: 330. 1827. Lectótipo: Didymoglossum muscoides (Sw.) Desv. (=Didymoglossum hymenoides (Hedw.) Copel. (selecionado por Christensen (1906), como Trichomanes hymenoides Hedw.). Caule longo reptante, frequentemente ramificado, geralmente filiforme, até 0,5mm diam., densamente coberto por tricomas escuros, raízes ausentes, ramos rizoidais presentes (sensu Schneider, 2000). Estípites frequentemente reduzidos, até 1cm, distanciados entre si. Lâmina geralmente simples ou por vezes lobada a pinatífida, elíptica a estreito ovada até 6x6cm (3x2cm no subg. Microgonium); nervação catadrômica, frequentemente flabeliforme, vênulas falsas submarginais ausentes ou presentes de forma contínua (subg. Microgonium), vênulas falsas paralelas às nervuras verdadeiras presentes, paredes inteiras das células finas e retas, projeções marginais como setas e escamas por vezes presentes (margens inteiras e glabras no subg. Microgonium). Soros frequentemente imersos na lâmina; invólucros campanulados, bordos bilabiados ou por vezes truncados, frequentemente com margens escuras, receptáculos exsertos. Habitat: epífitas ou epipétricas, geralmente em locais sombreados. 30 Paulo G. Windisch Distribuição: ampla nos trópicos com cerca de 30 espécies. As espécies neotropicais do gênero Didymoglossum foram revisadas por Boer (1962). Chave para as espécies de Didymoglossum no Estado do Rio Grande do Sul: 1a Frondes inteiras, 2-6mm larg., 3-8mm compr.; geralmente um único soro na parte apical, apresentando na borda do invólucro mais de uma fileira de células com paredes mais escuras .................................................................. 2. D. ovale 1b Frondes inteiras ou lobadas na parte apical, ou pinatífidas a bipinatífidas, geralmente maiores do que o indicado acima e com mais de um soro; borda do invólucro com uma ou mais fileiras de células apresentando paredes mais escuras do que as demais .................................................................................. 2. 2a Lábios dos invólucros longos; células do tecido laminar alongadas paralalelamente às margens; muitas falsas vênulas ........................3. D. reptans 2b Lábios dos invólucros curtos e largos; células do tecido laminar isodiamétricas; poucas falsas vênulas. ....................................1. D. hymenoides 1. Didymoglossum hymenoides (Hedw.) Desv., Mém. Soc. Linn. Paris, 6: 330. 1827. Trichomanes hymenoides Hedw., Fil. Gen. Spec., t. 3, f. 3. 1799 . Tipo: ilustração de Hedwig. Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Hime): 43, t. 8, f. 3. 1971. Hemiphlebium hymenoides (Hedw.) Prantl, Hymenoph., 46. 1875. Trichomanes muscoides Sw., Schrad. J. Bot. 1800 (2): 95. 1801. Tipo: Jamaica, Herb. Swartz s.n. (S). Sturm, Fl. Bras. I (2): 278, t. 18, 1859. Didymoglossum muscoides (Sw.) Desv., Mém. Soc. Linn. Paris, 6: 330. 1827. Hemiphlebium muscoides (Sw.) Prantl, Hymenoph., 46. 1875. Trichomanes pabstianum C. Müller, Bot. Zeit., 12;7338. 1854. Tipo: Santa Catarina, Brasil, Pabst 267 (B!). Didymoglossum pabstianum (C. Müller) v. d. Bosch, Ned. Kruidk. Arch., 4: 380. 1859. Didymoglossum sociale Fée, Crypt. Vasc. Brés. 2: 85, tab. 85, f. 3. 1873. Tipo: Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil, Glaziou 5242 (P!). Trichomanes sociale (Fée) Lindman, Arch. f. Bot., 1 : 17, f. 4–6. 1903. Trichomanes hymenoides Hedwig f. pseudo–reptans Rosenst., Hedwigia, 46: 75. 1906. Tipo: Serra João Rodrigues, Rio Grande do Sul, Jürgens & Stier 140 (S–PA!). Trichomanes pseudo–reptans (Rosenst.) Sehnem, Sellowia, 7: 313. 1956. Frondes 1-3cm compr., espaçadas; estípite 0,1-0,6cm compr., glabro na parte superior; lâmina oblonga, oval ou quadrangular arredondada, pinatífida, lobos obtusos, margens com tricomas simples ou aos pares, tricomas estrelados ocorrendo ocasionalmente nos enseios entre os segmentos, nervação subflabelada, nervuras ramificadas nos lobos da lâmina e com costa distinta percorrente, falsas vênulas presentes. Soros 1-6 confinados ao ápice da lâmina; invólucro livre ou pouco imerso no tecido laminar, urceolado, com bordo bilabiado, lábios curtos, com uma única fileira de células escuras no bordo. Fig. 14. Habitat: epífita ou epipétrica, em locais sombreados e úmidos e formações florestais a 50-1000 m alt. Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 31 Distribuição: América tropical, estendendo–se até o norte da Argentina e ao Uruguai. No Brasil: AC, RO, MT, MS, GO, TO, PE, AL, BA, ES, MG, RJ, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bento Gonçalves, Povoado de Borgheto, 26.8.1962, Camargo 3743 (PACA); Bom Jesus, Passo da Guarda, 26.7.1952, Sehnem 5891 (PACA); Campo Bom, 4.3.2011, Nervo 655 (PACA); Canela, Cascata do Caracol, 2.1.1964, Camargo 3920 (PACA); Derrubadas, Salto Grande, 26.10.1971, Sehnem 12525pp (PACA); Dois Irmãos, arroio da cadeia, 1.1973, Sehnem 13244 (PACA); Santa Maria do Herval, s.d., Sehnem 9416 (PACA); Herval Seco, 14.1.1970, Sehnem 10753 (PACA); Itaúba, Arroio do Tigre, 18.4.1978, Sehnem 16041 (PACA); Lagoa Vermelha, 11.10.2009, Windisch 10396 & Nervo (PACA); Lavras do Sul, Rincão do Inferno, 18.1.1975, Sehnem 14494 (PACA); Montenegro, L. S. Pedro, 11.6.1946, Sehnem 1383 (PACA); Pareci Novo, 31.10.1945, Sehnem 1370 (PACA); Novo Hamburgo, Lomba Grande, 21.5.1966, Sehnem 8698 (PACA); Panambi, 17.1.1970, Sehnem 10751 (PACA); Santa Cruz do Sul, 19.2.2002, Windisch 9720 (PACA); São Francisco de Paula, 21.4.1947, Sehnem 2763 (PACA); rio Tainhas, 5.8.1962, Sehnem 8085 (PACA); Serra do Faxinal, 18.7.1950, Sehnem 5237 (PACA); Tainhas, 1.5.1970, Sehnem 10977 (PACA); São José dos Ausentes, Serra da Rocinha, 18.1.1950, Sehnem 4308 (PACA); São Leopoldo, Capão do Frade, 17.6.1942, Sehnem 1309 (PACA); Tapera, 12.10.2009, Windisch 10611 & Nervo (PACA); Tenente Portela, Parque Florestal do Turvo, 2.10.1979, Waechter 1382 (ICN); Terra de Areia, Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, 31.11.2013, Nervo 923 & Buzatto (ICN); Torres, 16.10.1986, Waechter 2229 (HAS); 16.9.1978, Waechter 993 (ICN); 11.2.2014, Nervo 926 & Velho (ICN); Vacaria, Fazenda do Cedro, 13.4.1975, Sehnem 14627 (PACA). 2. Didymoglossum ovale E.Fourn., Bul. Soc. Fr. 19: 240. 1872. Tipo: Colonia Tovar, Venezuela, Fendler 25 (P!). Trichomanes ovale (E.Fourn.) W.Boer, Acta Bot. Neerl. 11: 269. 1962. Trichomanes fontanum Lindm., Ark. f. Bot. I: 44. 1903. Holótipo: Santo Angelo, Rio Grande do Sul, Brazil, Lindman A 1043 (S– Pa!). Isótipo: PACA! Sehnem Fl. Il. Cat. I (Himen): 38, t. 7, f. 2. 1971. Didymoglossum fontanum (Lindm.) Copel., Philip. Jo. Sci., 67: 77. 1938. Trichomanes sphenoides var minor Rosenst., Hedwigia 46: 75. 1906. Tipo: Rio Pardo, Rio Grande do Sul, Brazil, Jürgens & Stier 207 (S–PA). Frondes, 3-8mm compr., 2-4mm larg., espaçadas; estípite l-4mm compr., glabrescente; lâmina circular-obovada a lanceolada, margens inteiras com tricomas geminados a estrelados; nervação flabelóide com as frondes férteis apresentando costa percorrente que termina num soro apical (raro dois ou três), falsas vênulas presentes. Soro com invólucro mais ou menos protruso, mas com a parte inferior do tubo imersa no tecido laminar, parte livre alada, com tricomas estrelados, abertura afunilada ou contraída, lobos com algumas fileiras de células castanho-escuras. Fig.15. 32 Paulo G. Windisch Didymoglossum ovale E. Fourn. é caracterizada pelas frondes diminutas, em geral com um único soro terminal, invólucro com mais de uma fileira de células escuras no bordo. Habitat: Epífita na base de troncos ou epipétrica, em locais úmidos e sombreados, cerca 100-150m alt. Distribuição: região tropical da América. No Brasil: AC, AM, MT, BA, PE, ES, RS, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Dois Irmãos, Morro Dois Irmãos, 27.10.1943, Sehnem 1171 (PACA); Rio Pardo, Serro Agra, s.d., Schoenwald & Deutrich s.n. (PACA); Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, 1906, Jürgens & Stier s.n. (PACA); Serro do Capão da Cruz, 19.7.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN). 3. Didymoglossum reptans (Sw.) C.Presl, Abh. böhm. Ges. Wiss., 5: 115. 1843. Trichomanes reptans Sw., Prod., 136. 1788. Tipo: Jamaica, Herb. Swartz s.n. (S–PA!). Sturm, Flora Bras., 1 (2): 2279, tab. 18, f. 3. 1859. Lindman, Ark. f. Bot., 1: 30, f. 17–19. 1903. Trichomanes quercifolium Hook. & Grev., Icon. Fil., tab. 115. 1829, Tipo: Colombia, Esmeraldas, Jameson s.n. (ED). non T. quercifolium Desv., Berl. Mag. 5: 328. 1811. Didymoglossum quercifolium (Hook. & Grev.) Presl, Abh. Bböhm. Ges. Wiss., 5: 115. 1843. Trichomanes montanum Hooker, Icon. Plant., tab. 187. 1837 Tipo: Jameson s.n., Colombia, Esmeraldas, Colombia (K!). Sehnem, Sellowia 7: 312. 1956. Frondes 3-6cm compr., espaçadas; estípite até 1cm compr., glabro na parte superior; lâmina oblonga, a lanceolar oblonga, lobada a pinatífida, lobos obtusos, margens com tricomas simples ou aos pares, tricomas estrelados ocorrendo frequentemente nos enseios entre os segmentos; nervação subflabelada, nervuras ramificadas nos lobos da lâmina e com costa distinta percorrente, falsas vênulas presentes em grande número, não paralelas às margens dos segmentos. Soros 1-6 no ápice da lâmina; invólucro livre ou um pouco imerso no tecido laminar na parte basal, urceolado, por vezes estreitamente alado, bordo bilabiado, lábios longos, com uma única fileira de células escuras no bordo. Fig. 16. Habitat: epífita e sobre rochas úmidas, locais sombrados em formações florestais desde a planície costeira até cerca 1000 m alt. Distribuição: América Central, Antilhas, norte da América do Sul, estendendo–se ao sul do Brasil e norte da Argentina. Brasil: BA, ES, MG, RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Morrinhos do Sul, 12.10.2013, Nervo 931 & Velho (ICN); Sapiranga, Picada Verão, 18.3.1996, Ohlweiler 185 (PACA). O gênero Polyphlebium: Polyphlebium Copel. Philipp. J. Sci. 67: 55. 1938. Tipo: Polyphlebium venosum (R.Br.) Copel. Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 33 Caule longo reptante, frequentemente ramificado, filiforme, 0,1-0,8mm diam., densamente coberto por tricomas castanho claros, poucas raízes filiformes. Estípites 0,3-55cm comp., distanciadas entre si. Lâmina pinada a quadripinada, ovada a estreitamente ovada, 6,5 x 30cm; nervação anádroma, por vezes em fileira única de células marginais presentes, falsas vênulas ausentes, células com paredes internas finas e retas. Soros paratáticos; invólucro tubular, bordo geralmente dilatado, receptáculo exserto. Habitat: epipétricas em locais úmidos ou epífitas em troncos de filicíneas arborescentes. Distribuição: regiões temperadas do Hemisfério Sul, florestas montanas de baixa altitude, cerca 15 espécies. Chave para as espécies de Polyphlebium no Estado do Rio Grande do Sul: 1a.Raque alado ........................................................................ 2. P. pyxidiferum 1b.Raque não alado (exceto na parte apical da lâmina) ......... .1. P. angustatum 1. Polyphlebium angustatum (Carmich.) Ebihara & Dubuisson. Blumea 51(2): 240. 2006. Trichomanes angustatum Carmich., Trans. Lin. Soc. London 12:513. 1818. Holótipo: Tristão da Cunha, Carmichael s.n. (K!). Vandenboschia angustata (Carmich.) Copel., Philipp. J. Sci. 7: 466. 1941. Trichomanes tenerum Sprengel, Syst. veg. 4: 129. 1827. Tipo: Brasil, sem dados de coleta, provavelmente destruído na Segunda Guerra Mundial (LZ). Vandenboschia tenera (Sprengel) Copel., Phillipp. J. Sci. 67: 53. 1941. Frondes 4-16cm longas, espaçadas a remotas; estípite 1-3cm comp. 0,20,3mm diam., com tricomas castanhos; lâmina 2-pinado-pinnatifida a 4pinnada, linear lanceodada a ovado-lanceolada; raque não alado ou apenas alado na extremidade do ápice, em geral undulado a crispado, 6 a mais pares de pinas; segmentos lineares, glabros, plano, sem falsas nervuras. Soro com invólucro funiliforme a salviforme, tubo 2 a 4x mais longo que largo, borda pouco expandida. Fig. 17. Habitat: epífita, por vezes epipétrica em florestas úmidas, especialmente sobre o cáudice de ciateáceas, 60-1000 m alt. Distribuição: Antilhas e desde o México até Brasil, Uruguai e noroeste da Argentina. No Atlântico Sul registros para Ilha de Tristão da Cunha. No Brasil: BA, ES, MG, RJ, SP, PR, SC, RS e Ilha da Trindade. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Augusto Pestana, 14.10.2004, Schmitt 88 (PACA); Barracão, Parque do Espigão Alto, 11.12.1988, Mondin 405 (HAS); Bom Jesus, Fazenda Caraúna, s.d., Dutra 243 (ICN); Passo da Guarda, 16.1.1952, Sehnem 5892 (PACA); Camaquã, Cascata Barbosa Lessa; 05.05.2005, Schmitt 245 (PACA); Cambará do Sul, Itaimbezinho, 28.11.1980 Bueno s.n. (ICN); Capão do Leão, Horto Botânico Irmão Teodoro Luiz, 29.9.1986, Waechter 2221 (ICN, HAS); Caraá, Nascente do Rio dos Sinos, 12.7.2004, Schmitt 194 (PACA); Derrubadas, Parque Estadual do Turvo, 17.1.2005, Schmitt 43 (PACA); Encruzilhada do Sul, Distrito Boqueirão, 28.11.2004, Schmitt 97 (PACA); Esmeralda, 15.5.1978, Arzivenco 34 Paulo G. Windisch 70 (ICN); Faxinal, 4.1.1981, Sobral s.n. (ICN); Gramado, 12.4.1975; Gravataí, Dutra 43 (ICN); Lagoa Vermelha, 11.10.2009, Windisch 10422 & Nervo (PACA); Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 5.9.2003, Bencke 569 (HAS); Marau, 18.1.2005, Schmitt 45 (PACA); Montenegro, Morro do Cabrito, 4.10.1989, Fernandes 586 (ICN); Morrinhos do Sul, 10.1.2014, Nervo 936 & Velho (ICN); Morro Reuter, São Jose do Herval, 24.5.2002, Lehn 296 (PACA); Não–me–Toque, 12.10.2009, Windisch 10535 & Nervo (PACA); Novo Hamburgo, Lomba Grande, 14.4.2004, Schmitt 147 (PACA); Rio Pardo, Serra de João Rodrigues, 16.3.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN); Riozinho, 10.6.2004, Schmitt 169 (PACA); Salto do Jacuí, Salto, s.d., Dutra 119 (ICN); Santa Maria, s.d., Pivetta s.n. (Herb.Pivetta); Boca do Monte, 6.8.2004, Schmitt 64 (PACA); Itaimbezinho, 10.1.1964, Camargo 3931 (PACA); Serra do Faxinal, 19.12.1950, Sehnem 5102 (PACA); Tainhas, 9.2.1957, Schultes 1669 (ICN); Serra do Pinto, 8.2002, Steffler s.n. (PACA 15481); São Francisco de Paula, 18.12.1949, Sehnem 4347 (PACA); São Leopoldo, Capão do Frade, 17.6.1942, Sehnem 1315 (PACA); Sapiranga, Alto Ferrabraz, 7.4.2004, Schmitt 123 (PACA); Sapucaia do Sul, Morro Sapucaia, 29.6.1986, Fernandes 146 (ICN); Soledade, 18.11.1956, Baptista s.n. (ICN); Torres, 8.7.1977, Viana s.n. (ICN); Vacaria, Passo do Socorro, 28.1.1951, Sehnem s.n (PACA); Venâncio Aires, Herval do Paredão, 20.2.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN); Veranópolis, Parque Femaçã, 18.1.2005, Schmitt 50 (PACA); Viamão, Parque St. Hilaire, s.d., Lindeman s.n. (ICN). 2. Polyphlebium pyxidiferum (L.) Ebihara & Duibuisson, Blumea 51 (2): 240. 2006. Trichomanes pyxidiferum L., Sp. pl.:1098. 1753. Tipo: prancha em Plumier, Traite foug. Amér. T 50E, 1705. Vandenboschia pyxidifera (L.) Copel. Philipp. J. Sci. 67: 53. 1938. Frondes 3-12cm longas, espaçadas a remotas; estípite 1-3cm comp., 0,4-0,5mm diam., com tricomas nigrescentes; lâmina 2-3 pinatífida; raque alado em toda extensão, em geral undulado a crispado, 4 a 10 pares de pinas; segmentos lineares, glabros, planos a ondulados, tecido laminar geralmente com estreitas dobras paralelas às nervuras (podendo ser confundidas com falsas nervuras que não ocorrem nesta espécie); nervação anadroma; invólucro cônico alargado, tubo 1-1,5x mais longo que largo, borda pouco ou apenas levemente expandida. Fig. 18. Habitat: epipétrica em rochas e pedras perto de córregos, por vezes epífita na base dos troncos, ca. 100-1000 m alt. Distribuição: pantropical. Brasil: BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Augusto Pestana, s.d., Wunder 02 (PACA); Canela, Caracol, 21.12.1949, Lutz s.n. (ICN); Derrubadas, Salto Grande, 26.10.1971, Sehnem 12524 (PACA); Ijuí, Cadeado, 9.1951, Pivetta s.n. (Herb.Pivetta); Maquiné, cascata Garapia, 20.1.1997, Senna 369 (HAS); Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 5.11.2003, Bencke 566 (HAS); São Francisco de Paula, 2.1.1954, Sehnem 6525 (PACA); Terra de Areia, 31.11.2013, Nervo 924 & Buzatto (ICN); Nervo 925 & Buzatto Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 35 (ICN); São Leopoldo, rio dos Sinos, 27.8.1941, Sehnem 950 (PACA); Tenente Portela, Parque Florestal do Turvo, 10.7.1980, Waechter 1652 (ICN). O gênero Vandenboschia: Vandenboschia Copel., Philipp. J. Sci. 67: 51. 1938. Trichomanes L. subg. Vandenboshia (Copel.) Allan, Fl. New Zealand 1: 34. 1961. Tipo: Vandenboschia radicans (Sw.) Copel. Caule subereto ou curto a longo reptante, irregularmente ramificado, espesso (até 1,7mm diam.), densamente coberto por tricomas multicelulares castanhos (partes ascendentes por vezes quase glabras); raízes numerosas e robustas (partes terrestres). Estípites 1-16cm comp., aproximados ou irregularmente distanciados. Lâmina bipinada a 5-pinatifida, ovada a linearovada, 40x20cm, nervação anadroma, falsas vênulas ausentes; lâmina frequentemente reduzida, arranjo de células alongadas em algumas espécies, paredes internas delgadas a espessas, retas ou pontuada. Soros com invólucros paratáticos, tubulares a campanulados, bordas por vezes dilatadas, receptáculos exertos. Habitat: hemiepífitas sobre troncos de árvores, ou epipétricas, por vezes terrestres. Distribuição: ampla nos trópicos, se estendendo às regiões temperadas no Hemisfério Norte, mais de 15 espécies. Chave para as espécies de Vandenboschia no Estado do Rio Grande do Sul: 1a. Pinas bi-pinatissectas ou mais decompostas; segmentos terminais lineares . ....................................................................................................... 1. V. radicans 1b. Pinas pinatífidas ou pinatissectas, por vezes pinas basais bipinatifidas; segmentos terminais levemente flabelados ................................... 2. V. rupestre 1. Vandenboschia radicans (Sw.) Copel., Phillip. J. Sci. 67: 54. 1938. Trichomanes radicans Sw., J. Bot. (Schrader) 1800 (2): 97. 1801. Tipo: Jamaica, Herb. Swartz (S!). Sehnem, Fl. Il. Cat. (Himen): 84, pl. 19. 1971. Trichomanes kunzeanum Hooker, Sp. fil. 1: 127. 1844. Síntipo: Peru, Huánuco, Pampayacu, Poeppig 1132 (K); Peru, Junin, Pangoa, Mathews 2088 (K); Venezuela, Mérida, Linden 176 (K). Trichomanes radicans var. kunzeanum (Hooker) Duek & Lell., Amer. Fern J. 68: 120. 1978. Caule ascendente, com raízes bem desenvolvidas e tricomas, emitindo eixo de crescimento indeterminado, trepador, sendo este desprovido de raízes (fixando-se sobre troncos através de tricomas rizoidais) sobre o qual se desenvolvem as frondes adultas. Frondes adultas até 50 cm compr., 10-20cm larg.; estípite 5-12cm compr., por vezes estreitamente alado próximo à base da lâmina (decorrente no estípite); lâmina lanceolada a ovada, bipinada a tripinado-pinatífida, ápice pinatífido, pinas ascendentes (em um ângulo de 4560° em relação ao raque); segmentos terminais lineares a estreitamente oblongos; nervura principal pinada, falsas vênulas ausentes. Soros numerosos, 36 Paulo G. Windisch apicais, geralmente situados nos segmentos proximais das pínulas; invólucro livre ou um pouco imerso no tecido laminar, estreito-afunilado a cilíndrico, bordo truncado ou (raro) levemente expandido. Fig. 19. Vandenboschia radicans representa Vandenboschia subgênero Vandenboschia (sensu Ebihara & al. 2006) no Rio Grande do Sul. Geralmente está representada nos herbários apenas pela parte epífitica, ocorrendo em florestas úmidas ou por vezes sobre rochas. Habitat: hemiepífita sobre troncos ou epitétrica em formações florestais fechadas, locais úmidos. No Rio Grande do Sul, em floresta ombrófila densa, cerca 100-900 m alt. Distribuição: pantropical. Na América ocorre nas Antilhas e desde o México até o Brasil e Paraguai. Brasil: RR, AM, PA, MT, BA, MG, ES, RS, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Derrubadas, Turvo, 20.12.1982, Bueno s.n. (ICN); Dom Pedro Alcântara, 2008, Grings & Seger s.n. (HAS 49846); Erechim, Estreito Marcelino Ramos, s.d., Dutra 114 (ICN); Estrela, Mussum, s.d., Dutra 141 (ICN); Maquiné, Cascata do Mundo Novo, 6.2.2002, Mansan 544 (HAS); Montenegro, L.S. Pedro, 16.6.1953, Sehnem 6476 (PACA); Tupandi, 10.11.1945, Sehnem 1364 (PACA); Morrinhos do Sul, 10.3.2000, Windisch 9581 (PACA 10558); Novo Hamburgo, São João do Desterro, 30.10.1959, Sehnem 7549 (PACA); 20.10.2000, Marciane s.n. (PACA 11507); Osório, 8.12.1934, Dutra 802 (ICN); Rio Pardo, Arroio do Pinhal, 4.1.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN); Salvador do Sul, 22.3.1983, Bueno s.n. (ICN); Santa Cruz do Sul, Parque da Gruta, 2.10.1992, Bender & Bueno s.n. (HUNISC 20216); Santa Maria, s.d., Pivetta s.n. (Herb.Pivetta); Sapiranga, Alto Ferrabraz, 17.4.2004, Schmitt 121 (PACA); São Francisco de Paula, Parque das 8 cachoeiras, 2.10.2007, Nervo 306 (ICN); Taimbé, 13.2.1956, Sehnem 6780 (PACA); 31.10.1958, Vianna s.n. (ICN); São Leopoldo, 25.1.1933, Ir. Augusto 840 (ICN); Morro das Pedras, s.d., Dutra 260 (ICN); Terra de Areia, Sanga Funda, 26.2.1990, Nunes 590 (HAS); Torres, Morro do Forno, s.d., Waechter 2406 (ICN). 2. Vandenboschia rupestris (Raddi) Ebihara & K. Iwats., Blumea 51(2): 242. 2006. Hymenophyllum rupestre Raddi, Pl. Bras. nov. gen. 1:67, ta.80. 1825. Tipo: Brasil, Raddi s.n. (Holotipo FI), isotipo K!, foto US!). Trichomanes rupestre (Raddi) v.d.Bosch, Ned. Kruid. Arch. 4: 370. 1859. Caule ascendente, com raízes bem desenvolvidas e tricomas, emitindo eixo de crescimento indeterminado, trepador, sendo este desprovido de raízes (fixando-se sobre troncos através de tricomas rizoidais) sobre o qual se desenvolvem as frondes adultas. Frondes adultas até 30cm compr., 10-20cm larg.; estípite 0,5-6,0cm compr., parcialmente alado, lâmina oblonga a elípticooblonga, pinado-pinatífida, ápice pinatífido, pinas ascendentes; segmentos terminais não lineares curtos e largos; nervura principal pinada, falsas vênulas ausentes. Soros apicais, geralmente situados nos segmentos proximais das pínulas; invólucro livre ou com estreita aleta laminar de cada lado, cônico gradualmente expandido da base para a borda. Fig. 20. Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 37 Vandenboschia rupestris representa Vandenboschia subgênero Lacosteopsis (sensu Ebihara & al. 2006) no Rio Grande do Sul. Habitat: hemiepífita ou epipétrica, em formações florestais úmidas, cerca 100-900 m alt. Geralmente encontrada estéril. Distribuição: Costa Rica, Venezuela até Bolivia, Paraguai e Brasil. Brasil: BA, MG, ES, RJ, SP, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Dois Irmãos, 21.1.1936, Sehnem 723 (PACA); Gravataí, Morro Itacolomi, 17.3.2004, Lehn 1032 (PACA 16363); Mampituba, 9.1.2014, Nervo 933 & Velho (ICN); Morrinhos do Sul, Pixirica, 17.10.2013, Nervo 908 & Velho (ICN); Osório, Morro de Osório, 21.1.2002, Lehn & Athayde Filho s.n. (PACA 13268); São Francisco de Paula, Parque das Oito cachoeiras, 2.10.2007, Nervo 307 (ICN); São Leopoldo, Quilombo, 1933, Dutra 694 (ICN); Terra de Areia, 14.12.2013, Nervo 932 & Buzatto (ICN). O gênero Abrodictyum: Abrodictyum C.Presl. Hymenophyllaceae 20–21. T. VII. 1843. Trichomanes L. sect. Abrodictyum (C.Presl) T. Moore, Index Filicum.1857. Cephalomanes C. Presl subg. Abrodictyum (C.Presl.) K.Iwats. Acta Phytotax. Geobot. 35: 176. 1984. Tipo: Abrodictyum cumingii C. Presl. Caule ereto a curto reptante, espesso (até 2mm diam.) coberto por tricomas castanhos a nigrescentes, raízes numerosas e robustas. Estípites 715cm comp., aproximadas ou mais ou menos distanciadas. Lâminas bipinadas a quadripinatífidas, linear-ovadas a subdeltóides, 30x18cm nervação anadroma, falsas vênulas ausentes, lâmina reduzida em algumas espécies, parede interna das células espessa e com pontuações. Soros paratáticos, invólucros tubulares, borda truncada, receptáculo longo-exertos (descrição aplicável ao subgênero Pachychatetum, enquanto que o subgênero Abrodictyum é paleotropical). Habitat: geralmente terrestre em locais úmidos, por vezes rupícola ou epífita. Distribuição: ampla distribuição nos trópicos, pouco mais de 10 espécies. O gênero está representado no Rio Grande do Sul por uma única espécie, a saber: Abrodictyum rigidum (Sw.) Ebihara & Dubisson, Blumea 51(2): 243. 2006. Trichomanes rigidum Sw. Prodr.: 137. 1788. Tipo: Jamaica, Herb. Swartz s.n. (S–BG!). Sturm, Fl. Bras. I (2): 267. 1859. Fée, Crypt. Vasc. Brés.: 189. 1869. Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Himen.): 88, t. 11, f. 1. 1971. Trichomanes mandiocanum Raddi, Fil. Bras., t. 79,. f. 2. 1825. Tipo: Serra da Mandioca, Rio de Janeiro, Brasil, Raddi s.n. (FI). Sturm, Fl. Bras. I (2): 267. 1859. Frondes férteis e estéreis isomorfas, 10-35cm compr., fasciculadas; estípite 2-15cm compr., glabrescente; lâmina estreito-ovada a deltóide, bipinada-pinatífida a 3-4 pinatisecta, glabrescente (exceto raque e costas) segmentos estreito-lineares, os terminais 0,3-0,5mm larg.; raque e raque das 38 Paulo G. Windisch pinas não alados ou muito estreitamente alados (aletas com menos de 0,5mm larg.); nervação acompanhando a dissecção da lâmina, sem falsas vênulas. Soros numerosos, subaxilares; invólucros livres, estreito-afunilados, comprimidos, ápice truncado, levemente bilobado. Fig. 21. Em seu aspecto geral Abrodictyum rigidum lembra plantas menores de Trichomanes elegans Rich., diferindo pelo porte, bem como raques da lâmina e pinas não alados ou com aletas muito estreitas, além do tecido laminar com uma única camada de células em espessura. T. elegans foi mantida no gênero Trichomanes (s. stricto) por Ebihara & al. (2006), no subgênero Davalliopsis (sensu Ebihara & K. Iwats.), considerado como neotropical com uma única espécie. O limite de distribuição meridional de T. elegans situa–se no Estado de Santa Catarina, não sendo impossível que venha a ser encontrado em remanescentes da Floresta Atlântica no Estado do Rio Grande do Sul. Habitat: terrestre ou epipétrica, em locais úmidos e sombreados, em formações florestais, até 100 m alt (RS). Distribuição: América tropical (ao sul do México até o sul do Brasil e Bolívia). Brasil: RO, MT, MS, GO, BA, MG, ES, RJ, SP, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Campo Bom, 4.3.2011, Nervo 657 (PACA); São Leopoldo, fazenda S. Borja, 08.10.1941, Sehnem 1264 (PACA); São Leopoldo, Feitoria, 30.9.1936, Sehnem 778 (PACA); Quilombo, Beuren s.n. (ICN). O gênero Trichomanes: Trichomanes L., Spec. Plant. 2: 1097. 1753. Tipo: Trichomanes crispum L. tipo conserv. ICBN 2000 (vs. Trichomanes scandes L.). Caule subereto, ereto, ou curto a longo reptante, delgado a espesso (18mm diam., 0,5 a 1,2mm no subg. Lacostea), geralmente filiforme, esparsa a densamente coberto por tricomas castanhos a nigrescentes, raízes numerosas e robustas. Estípites até 30cm comp., geralmente aproximados, por vezes mais ou menos destanciados. Lâminas geralmente monomorfas (dimorfas no subg. Feea) pinadas com pinas simétricas, geralmente simples ou mais finamente pinadas, ovadas a linear-ovadas, até 70x25cm, nervação geralmente catadroma ou anadroma (T. anadromum Rosenst. e representantes do subg. Lacostea), por vezes pubescente com tricomas unicelulares a multicelulares, vênulas falsas presentes em algumas espécies (perpendiculares às nervuras verdadeiras), tecido laminar uniestratificado (uma célula em espessura) ou pluriestratificado (subgêneros Feea e Davalliopsis), paredes internas das células espessas e sinuosas, ou pontuadas (subgs. Feea e Davalliopsis), margens por vezes pilosas com tricomas simples ou estrelados. Soros com invólucros geralmente imersos no tecido laminar, raro pedicelados (em T. pinnatum Hedw. e T.vittaria DC. ex Poir.), tubulares, bordos dilatados, receptáculos geralmente exertos. No sistema de Ebihara & al. (2006), o gênero Trichomanes constitui um grupo com morfologia extremamente diversificada, dificultando sua definição sem recorrer a combinações de caracteres, incluindo o invólucro do tipo Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 39 tubular, ausência de falsas vênulas paralelas às nervuras verdadeiras (perpendiculares por vezes presentes), presença de raízes verdadeiras, além de características do indumento. As espécies são predominantemente neotropicais, havendo sugestão de que alguns taxa neotropicais possam fazer parte do mesmo (Ebihara & al. 2006). Trichomanes apresenta quatro subgêneros: Trichomanes L., Feea (Bory) Hook., Davalliopsis (Bosch) Ebihara & K. Iwats. e Lacostea (Bosch) C.Chr, sendo que apenas o primeiro está representado no Rio Grande do Sul. Trichomanes subg. Trichomanes, também apresenta grande variabilidade na morfologia de seus representantes, variando de frondes inteiras, pinadas a tripinadas ou mais divididas, e se caracterizando por combinação de caracteres que inclui presença de tricomas nas margens das lâminas não denticuladas (espécies dos grupos de T. crispum L. e T. polypodioides Raddi) ou ausências destes nas margens de lâminas denticuladas (grupo de T. pinnatum Hedw.), falsas nervuras quando presentes perpendiculares às nervuras verdadeiras, frondes em geral com pinas simétricas. Trichomanes subgen. Trichomanes contaria com cerca de 40 espécies, das quais 23 foram tratadas na revisão do grupo de Trichomanes crispum (Windisch, 1992). No Estado do Rio Grande do Sul ocorrem quatro espécies deste gênero, sendo duas do grupo de T. crispum e, duas do grupo de T. polypodioides. Habitat: geralmente terrestre em locais úmidos, por vezes epifitica sobre tronco, epipétrica. Distribuição: predominantemente neotropical (uma espécie na África), mais de 60 espécies. Chave para as espécies de Trichomanes no Estado do Rio Grande do Sul: 1ª Superfície laminar com tricomas estrelados ou furcados na base ................ 2. 1b.Superfície laminar glabra ou com tricomas simples, unicelulares ou multicelulares acima da célula basal .................................................................. 3. 2a.Nervação anadroma ............................................................ 1. T. anadromum 2b.Nervação catádroma ........................................................4. T. polypodioides 3a.Frondes arqueadas, deltóides a lanceoladas, 3,5-25 cm longas ..................... ........................................................................................................ 3. T. pilosum 3b Frondes eretas, lineares ou estreitamente lanceoladas, l5-54 cm longas ....... ..................................................................................................... 2. T. cristatum 1. Trichomanes anadromum Rosenst., Fedde Repert. 21:344. 1925. Tipo: Brasil, Estado de São Paulo, Alto da Serra, filicum arborescentium truncos inhabitans, Brade 884. Isótipo HB! Frondes 4-30cm compr., 1-3 cm larg., espaçadas férteis e estéreis isomorfas; estípite cerca 0,5cm compr.; lâmina membranácea, lobada a pinatífida, lanceolada a linear-lanceolada, provida de tricomas estrelados; 40 Paulo G. Windisch nervuras 1-2 vezes furcadas, livres, a primeira ramificação dirigindo-se para a parte distal (anadroma); falsas vênulas ausentes, desprovida de nervura marginal. Soros nos ápices dos segmentos; invólucro imerso no tecido laminar, não subtendido pelas nervuras laterais, bordo inteiro. Fig. 22. Habitat: epífita sobre troncos, especialente sobre cáudices de filicíneas arborescentes, em locais úmidos e sombreados. Na região, é muito comum sobre troncos de Dicksonia sellowiana Hook., tendo os caules crescendo sobre capa fibrosa de raízes adventícias do hospedeiro, 500-1300 m alt. Distribuição: Paraguai, Brasil. Brasil: GO, MG, RJ, SP, PR. SC. RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Bom Jesus, Potreirinhos, 15.1.1963, Camargo 3843 (PACA); Cambará do Sul, 23.4.2005, Nervo 31 (ICN); Parque Aparados da Serra Geral, 22.6.1980, Waechter 1618 (ICN); Canela, Cascata do Caracol, 28.1.1941, Schultz 154 (ICN); Caraá, Nascente do Rio dos Sinos, 12.7.2004, Schmitt 182 (PACA); Caxias do Sul, Vila Oliva, 17.1.1947, Sehnem 2549 (PACA); Sehnem 2455 (PACA), 24.1.1947, Sehnem 2571 (PACA); Esmeralda, Estação Ecológica de Aracuri, 21.9.1980, Waechter 1703 (ICN); Jaquirana, 13.10.2007, Windisch & al. 10212 (PACA); Maquiné, Reserva Biológica da Serra Geral, 12.4.2005, Senna 837 (HAS); Montenegro, São Salvador, 22.12.1935, Sehnem 722 (PACA); Morrinhos do Sul, 9.4.2004, Schmitt 140 (PACA); Salto do Jacuí, Salto, s.d., Dutra 118 (ICN); Santa Maria, s.d., Pivetta s.n. (Herb.Pivetta); São Francisco de Paula, 19.12.1949, Sehnem 900 (PACA); Itaimbezinho, 10.1.1964, Camargo 3934 (PACA); Josafá, 25.4.2005, Senna 902 (HAS); Tainhas, Serra do Pinto, 7.2002, Steffler s.n. (PACA 15480); São José dos Ausentes, Serra da Rocinha, 18.1.1950, Sehnem 4306 (PACA); São Leopoldo, Quilombo, s.d., Pivetta s.n. (Herb.Pivetta); Vacaria, Passo do Socorro, 27.1.1951, Sehnem 5726 (PACA). 2. Trichomanes cristatum Kaulf., Enum.: 265. 1824. Tipo: "Brasilia", Chamisso s.n. (LE). Material de Kaulfuss provavelmente destruído na Segunda Guerra Mundial (LZ). [Coleção de Chamisso provavelmente proveniente de Santa Catarina]. Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Hime): 70, t. 15, f. 1. 1971. Trichomanes sellowianum Presl, Hymen. 15.: 37. 1843. Tipo: "Brasilia", Sellow 197 (PR!). Trichomanes sellowianum var. decrescens Rosenst., Feddes Rep. Spec. Nov. Regni Veg. 21: 345. 1925. Tipo: Santa Anna, São Paulo, Brasil, Brade 5398 (Isotipo HB !). Frondes férteis e estéreis isomorfas, 20-54cm compr., 2,5-6,0cm larg. (parte mediana), 3-6mm distantes entre si; estípite 7-22cm compr., hirsuto, não alado; lâmina linear a estreitamente lanceolada, pinatífida, margens crenadas a ondulado-crispadas; nervação pinada, falsas vênulas ausentes. Soros no ápice dos segmentos; invólucro imerso no tecido laminar, subtendido pelas vênulas laterais, bordo expandido, bilobado, os lobos formados pelo tecido que acompanha as vênulas laterais. Fig. 23. Esta espécie é próxima de Trichomanes crispum L. e T. pilosum Raddi. T. cristatum caracteriza–se pelas frondes lineares ou estreitamente lanceoladas, eretas e pelo caule curto reptante. Bastante polimorfa, sendo que no caso de espécimens férteis de pequeno porte, torna-se difícil a distinção em Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 41 relação a T. pilosum, faltando ainda um estudo detalhado da biologia destas espécies, que seria de grande valia para uma melhor delimitação destes taxa. Habitat: terrestre, ou em húmus em locais muito úmidos em formações florestais na planície costeira a cerca 50–80 m alt., no nordeste do Estado. Distribuição: parte tropical da América do Sul, exceto planície amazônica, estendendo–se ao Paraguai e Argentina. Brasil: AP, PA, MT, MS, GO, DF, BA, AL, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Osório, Morro Grande, 16.1.1952, Sehnem 5719 (PACA); Terra de Areia, Floresta Densa de Terras Baixas, 31.11.2013, Nervo 939 & Buzatto (ICN); Torres, Campo Bonito, 06.5.1986, Waechter 2176 (ICN). 3. Trichomanes pilosum Raddi, Opusc. Sci. Bol. 3: 3: 296. 1819. Pl . Bras. I (Filices): 63, t. 79, f. 2. 1825. Tipo: Rio de Janeiro, Brasil, Raddi s.n. (FI). Sturm., Fl. Bras. I (2): 252. 1859. Fée, Crypt. Vasc. Brés.: 187. 1869. Sehnem, Fl. Il. Cat. I (Himen.): 66. 1971. Ptilopohyllum pilosum (Raddi) Prantl, Unters. Morph. Gefässkrypt. 1: 48. 1876. Trichomanes langsdorfii v.d.Bosch, Ned. Kruidk. Arch. 5 (2): 150. 1861. Lectótipo (escolhido por Windisch, 1992): Langsdorff sn., ex Herb Richard, det. Bosch, (P!, foto GH, HB). Frondes férteis e estéreis isomorfas, 3,5-25,0cm compr., l,5-5,0cm larg., próximas a cespitosas; estípite 1-12cm compr., hirsuto; lâmina profundamente pinatífida, segmentos próximos, margens inteiras ou crenadas; nervação pinada, falsas vênulas ausentes. Soros 2-4 no ápice dos segmentos; invólucro imerso no tecido laminar, geralmente subtendido pelas nervuras laterais (e tecido laminar que as acompanha), bordo expandido, bilobado, lobos formados principalmente pelo tecido ao longo das nervuras laterais. Fig. 24. Trichomanes pilosum Raddi é muito próxima de T. crispum L. (Antilhas e norte da América do Sul, incluindo Amazônia), sendo que sinônimos desta última já foram aplicados a material do sul do Brasil, destacando-se: T. gardneri Bosch, T. crispum L. var. fastigatum Hieron. Também é próxima de T. cristatum (Andes, Guianas, Centro–Oeste, Sudeste e Sul brasileiro), porém esta é terrestre em lugares úmidos ou sujeitos a inundação. Habitat: geralmente epipétrica ou em solo e húmus em fendas de rocha, frequentemente em arenito, em locais sobreados e sobre rochas próximas a regatos, cerca 40-200 m alt. principalmente nas encostas da Serra Geral. Distribuição: Brasil (ao sul da Amazônia), Bolívia, Paraguai e Uruguai. Brasil: MT, GO, DF, MS, BA, PE, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Gravataí, Fazenda Fialho, s.d., Dutra 159 (ICN); Itacolomi, 12.1.1950, Sehnem 4222 (PACA); 16.1.2004; Jaguari, Gruta Linha 1, 24.10.1975, Lopes & Dellanea s.n. (SMDB); Montenegro, Morro do Cabrito, 27.7.1987, Fernandes 347 (ICN); Portão, Capela, 19.11.1941, Sehnem 997 (PACA); Rio Pardo, Serra de João Rodrigues, 16.3.1904, Schoenwald & Deutrich s.n. (ICN); São Francisco de Assis, Arenito São Pedro, 17.8.209, Ott s.n. (HAS 47665); São Leopoldo, Fazenda S. Borja, 5.5.1959, Sehnem 7475 (PACA); Sapucaia do Sul, Morro 42 Paulo G. Windisch Sapucaia, 13.9.1982, Waechter 1895 (ICN); Taquara, Pituva, 12.1969, Sehnem 11789 (PACA); Torres, Lageadinho, 18.10.1980, Zanett 388 (ICN). 4. Trichomanes polypodioides L., Sp. Pl. 2: 1098. 1753. Tipo: neótipo designado por Proctor (1977):Ilha de Montserat, Antilhas, Proctor 19068 (A!). Sturm, Fl. Bras. I (2): 258, t. 18, f. 10, 11. 1859. Sehnem, Fl. Il. Cat. (Himen.): 61, t. 12, f. 2. 1971. Trichomanes sinuosum Rich. ex Willd., Sp. Pl. 5: 502. 1810. Tipo: Guadalupe, provavelmente leg. L. C. Richard, Herb. Willd. 20191 (B). Sturm, Fl. Bras. I (2): 258. Frondes férteis e estéreis isomorfas, até 16cm compr., espaçadas; estípite até cerca 0,5cm compr.; lâmina linear-lanceolada, profundamente lobada a pinatífida, lobos obtusos; tricomas estrelados sobre as margens, costa mediana e nervuras dos segmentos, nervação pinada, catadrômica, desprovida de falsas vênulas. Soros 1-4 no ápice dos segmentos; invólucro imerso no tecido laminar, salviforme com a parte apical expandida, sem células escuras no bordo. Fig. 25. Esta espécie, juntamente com T. anadromum representa na região Trichomanes subg. Achomanes, secção Acarpacrium (sensu Morton, 1968). Esta secção se distingue das demais do citado subgênero pelo indumento formado por tricomas estrelados ou furcados na base. Habitat: Epífita pendente, especialmente sobre troncos de samambaias arborescentes, em localidades de cerca 300 até acima de 1000 m alt. Distribuição: América tropical, estendendo-se do México ao Uruguai. Brasil: AP, MA, PI, PE, MT, GO, DF, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS. Material representativo: Brasil. Rio Grande do Sul: Campo Bom, 4.3.2011, Nervo 656 (PACA); Mampituba, 9.1.2014, Nervo 934 & Velho (ICN); Morrinhos do Sul, 10.1.2014, Nervo 935 & Velho (ICN); Torres, Faxinal, 29.4.1986, Waechter 2172 (ICN); Torres, Lageadinho, 29.8.1980, Waechter 1679 (ICN); Três Cachoeiras, 23.6.1979, Waechter 1266 & al.(ICN). AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelas bolsas concedidas; à Universidade Estadual Paulista – UNESP, Universidade do Vale do Rio dos Sinos e à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela infraestrutura para realização dos estudos; à Coordenadoria de Aperfeiçoamento Pessoal do Ensino Superior – CAPES (bolsa como Professor–visitante). Ao Instituto Anchietano de Pesquias – São Leopoldo RS, pelo apoio ao projeto. Aos curadores dos herbários do Rio Grande do Sul e de outros no Brasil e no exterior pela gentileza e paciência quando das consultas e empréstimos de material; aos revisores e colegas que contribuiram com correções e sugestões no manuscrito em especial Iva Leão Barros, Michelle H. Nervo e Francisco Athayde de Paula Filho; e a todos coletores que, muitas vezes com sacrifício e grande esforço pessoal, reuniram os espécimens em que se baseia o presente estudo. As ilustrações foram preparadas pacientemente por Flávia Diniz da Silva. Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOER, J.G.W. 1962. The New World species of Trichomanes sect. Didymoglossum and Microgonium. Acta Botanica Neerlandica II: 277-330. CHRISTENHUSZ, M.J.M. & CHASE, M.W. 2014. Trends and concepts in fern classification. Annals of Botany 113: 571-594. CHRISTENSEN, C. 1906. Index Filicum, apud H. Hagerup, Hafniae. Pp LIX + 745. COPELAND, EB. 1933. Trichomanes. Philippine Journal of. 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Wacket 350); 2: H. caudiculatum (Reitz & Klein 3423); 3: H. crispum (Brade 6432); 4: H. delicatulum (Sehnem 5848); 5: H. fragile (Schmalz s.n., US 1858216); 6: H. fucoides (Brade 6436) e 7 (a e b – estípite, detalhe): H. magellanicum (Hatschbach 7072). 46 Paulo G. Windisch Prancha 2. Gênero Hymenophyllum, detalhe da lâmina: 8-13. 8: H. peltatum (Nervo 914); 9: H. polyanthos (L. Wacket 343); 10: H. pulchellum (Lindmann 481); 11: H. rufum (Smith & Klein 7853); 12: H. undulatum (Hornung s.n., ICN 114030); 13: H. vestitum (Brade 8826). Hymenophyllaceae (polypodiopsida) no... 47 Prancha 3. Gêneros Didymoglossum, Polyphlebium e Vandenboschia. Didymoglossum, fronde fértil: 14-15, 16 - detalhe da lâmina. 14: D. hymenoides (Jürgens 160, Rosenst. exs. 160); 15: D. ovale (Jürgens 279, Rosenst. exs. 279); 16: D. reptans (Spannagel 168). Polyphlebium, segmentos da lâmina: 17-18. 17: P. angustatum (Nervo & al. 909); 18: P. pyxidiferum (Gonzatti 848). Vandenboschia: 19: detalhe da lâmina, V. radicans (Reitz & Klein 1139). 48 Paulo G. Windisch Prancha 4. Gêneros Vandenboschia, Abrodictyum e Trichomanes, detalhe da lâmina: Vandenboschia: 20: V. rupestris (Nervo & Velho 908). Abrodictyum: 21: A. rigidum (Nervo 657). Trichomanes: 22-25. 22: T. anadromum (Smith & Klein 7901); 23: T. cristatum (Smith & Klein 5702); 24: T. pilosum (Reitz & Klein 17524) e 25: T. polypodioides (Jonsson 755a). HIPPEASTRUM (AMARYLLIDOIDEAE - AMARYLLIDACEAE) DAS RESTINGAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: FLORA E CONSERVAÇÃO Renata Suzano Candido1 Vania Gonçalves-Esteves2 Rosana Conrado Lopes3 ABSTRACT This paper aims to contribute to the knowledge of the flora of the Amaryllidaceae on the sandbanks of the state of Rio de Janeiro. For this purpose the taxonomic study of the species of Hippeastrum genus most representative in number of species, occurring in this environment was made. The genus presents five species H. aulicum Herb., H. glaucescens (Mart.) Herb., H. puniceum (Lam) Kuntz, H. reticulatum (L ' Hér.) Herb., H. striatum (Lam.) Moore for sandbanks of the state. The species H. aulicum Herb. and H. glaucescens (Mart.) Herb. were not found on the field during the course of work. The usual methods for taxonomic studies, including analysis and evaluation of the collections of the herbaria of Rio de Janeiro, complemented by observations of populations in nature were used for this study. Analytical keys, descriptions, data on habitat, time of flowering and fruiting, popular name, taxonomic comments, geographic distribution maps and illustrations of the species are presented. Keywords: Amaryllidaceae, Aspargales, Hippeastrum, Taxonomy, Restinga. RESUMO Este trabalho tem como objetivo contribuir para o conhecimento da flora de Amaryllidaceae nas restingas do estado do Rio de Janeiro. Para este propósito foi feito o estudo taxonômico das espécies de Hippeastrum, gênero mais representativo em número de espécies, ocorrente neste ambiente. O gênero apresenta cinco espécies H. aulicum Herb., H. glaucescens (Mart.) Herb., H. puniceum (Lam.) Kuntz, H. reticulatum (L‟ Hér.) Herb., H. striatum (Lam.) Moore, para as restingas do estado. As espécies H. aulicum Herb. e H. glaucescens (Mart.) Herb. não foram encontradas em campo durante a realização do trabalho. Para este estudo utilizaram-se as metodologias usuais 1 Doutoranda em Ciências Biológicas (Botânica), Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristovão, CEP: 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; E-mail: csrbio@gmail.com. 2 Professora Associada, Departamento de Botânica, Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristovão, CEP: 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; Email: esteves.vr@gmail.com. 3 Professora Adjunta, Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco s/n, CCS, CEP: 21941–490, Rio de Janeiro, RJ,Brasil; E-mail: rosana@biologia.ufrj.br. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:49-65 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 50 Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes em trabalhos taxonômicos, incluindo a análise e avaliação das coleções dos herbários do Rio de Janeiro, complementadas pelas observações das populações na natureza. São apresentadas chaves analíticas, descrições, dados sobre habitat, época de floração e frutificação, nome popular, comentários taxonômicos, mapas de distribuição geográfica e ilustrações das espécies. Palavras-chave: Amaryllidaceae, Asparagales, Hippeastrum, Taxonomia, Restinga. INTRODUÇÃO Asparagales é monofilética e compreende 14 famílias, 1.122 gêneros e aproximadamente 26.070 espécies (APGIII 2009). A ordem apresenta a maior taxa de diversificação das monocotiledôneas (Magallón & Castillo 2009). Dentre os caracteres que sustentam sua monofilia, incluem-se as características das sementes, que possuem a epiderme da testa obliterada (na maioria das espécies com fruto carnoso), ou a testa com uma crosta preta e carbonácea de fitomelano na maior parte das espécies com fruto seco (Stevens 2001). Entre as famílias que compõem a ordem Asparagales encontra-se Amaryllidaceae que é amplamente distribuída nas regiões temperadas e tropicais. Compreende três subfamílias, 73 gêneros e 1.605 espécies (APGIII 2009). A subfamília Amaryllidoideae Burnett, à qual o gênero Hippeastrum está subordinado, é caracterizada por possuir folhas em espiral, vernação plana ou revoluta; brácteas equitantes, flores grandes, ovário ínfero, estigma capitado para profundamente trífido; raiz primária bem desenvolvida, contrátil. Tem distribuição bastante ampla, sendo encontrada nas áreas temperadas até as tropicais, com 28 gêneros ocorrendo na América do Sul, 19 gêneros na África do Sul e oito gêneros na região do mediterrâneo, sendo estas regiões as mais representativas. Possui 59 gêneros com aproximadamente 800 espécies reconhecidas no mundo, das quais 385 ocorrem na América do Sul (Meerow & Snijman 1998). No Brasil são reconhecidos 13 gêneros, 142 espécies ocorrendo em todas as regiões e domínios geográficos (Dutilh & Oliveira 2014). Atualmente o gênero Hippeastrum compreende de 55 a 75 espécies. É americano e tem distribuição do México até a Argentina. No Brasil o gênero está representado por 38 espécies, ocorrentes em todos os tipos de vegetação, de florestas a campos, e nos mais diferentes substratos. O Estado do Rio de Janeiro conta com 11 espécies (Dutilh 2005a; Dutilh & Oliveira 2014), dentre elas as cinco espécies objeto deste estudo, que também ocorrem em outros ambientes, não sendo exclusivas de vegetação de restinga. As restingas do Estado do Rio de Janeiro ocupam uma área de 2 aproximadamente 1200 Km , ou seja, 2,8% da área total do estado (Araujo & Maciel 1998). O litoral do estado divide-se naturalmente em 4 regiões: Litoral Norte (7 municípios), Região dos Lagos (5 municípios), Região da Baía de Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas... 51 Guanabara (1 município) e Litoral Sul (1 município) (Araujo 2000), totalizando uma abrangência de 14 municípios. O Estado do Rio de Janeiro, em particular as restingas, vêm sofrendo grande degradação em geral da sua flora devido a diversos fatores, sendo urgente a realização de estudos da sua composição florística. De acordo com o Mapa de Uso e Cobertura do Solo, elaborado pela Fundação CIDE, apenas 31,7% do território do Estado do Rio de Janeiro são cobertos por vegetação remanescente (florestas, mangues e restingas) e secundária. O restante é ocupado principalmente por pastagens, áreas cultivadas e/ou urbanizadas (CIDE 2008). As restingas do Estado do Rio de Janeiro, cuja flora é uma das mais bem inventariadas em toda costa brasileira, tem sido motivo de interesse de estudiosos desde 1938 (Lutz 1938). Atualmente este levantamento florístico ainda encontra-se incompleto, sendo necessário um contínuo trabalho neste sentido (Araujo 2000). O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo das espécies de Hippeastrum das restingas do estado do Rio de Janeiro, contribuindo para o conhecimento da flora deste tipo de vegetação, fornecendo assim, subsídios para possíveis planos de manejo e conservação. MATERIAL E MÉTODOS Para coleta e conhecimento das espécies em seu habitat natural, sua distribuição geográfica, observação do ambiente de ocorrência, o hábito e as variações intra e interpopulacionais, foram realizadas excursões mensais às restingas do estado do Rio de Janeiro, com duração de dois a três dias em cada localidade, no período de 01/2008 a 01/2010. As coletas foram realizadas utilizando o método do caminhamento. Os espécimes coletados foram herborizados segundo as técnicas usuais em taxonomia (Fidalgo & Bononi 1989), identificados, documentados fotograficamente e depositados no Herbário do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA), com duplicata para o Herbário do Museu Nacional (R). Sempre que possível foram coletados espécimes para cultivo, a fim de observar floração e frutificação. Parte do material botânico foi fixada em etanol 70% para análise morfológica. Para facilitar a visualização dos caracteres morfológicos foram feitas ilustrações das espécies pelas desenhistas Glória Gonçalves e Paula Calixto a partir de material fresco e herborizado. Os principais herbários do Rio de Janeiro foram consultados para análise do material depositado (GUA, HB, R, RB, RFA, RFFP). RESULTADOS E DISCUSSÃO As excursões abrangeram 19 municípios do litoral do estado (Fig. 1), priorizando as áreas de restingas citadas em bibliografia ou etiquetas dos materiais de herbário. Foram encontrados, em herbários, registros de cinco espécies para as restingas do Estado do Rio de Janeiro, a saber: Hippeastrum 52 Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes aulicum (Ker-Gawl.) Herb., H. glaucescens (Mart.) Herb., H. puniceum (Lam.) Kuntze, H. reticulatum (L‟ Hér) Herb. e H. striatum (Lam.) H. E. Moore. Destas H. aulicum e H. glaucescens não foram encontradas durante as excursões, nas áreas de ocorrências registradas nos herbários e nem nas outras localidades visitadas, sendo assim não puderam ser recoletadas. H. puniceum foi coletada nos municípios de Maricá, Carapebus e Campos dos Goytacazes, caracterizando uma nova ocorrência para o Estado. H. reticulatum foi coletada em uma única localidade no município de Saquarema, caracterizando uma redução em sua área de ocorrência. Esta redução da área de ocorrência pode ser explicada devido a vários fatores entre eles a especulação imobiliária. H. striatum caracterizada como de ampla ocorrência nas restingas do estado, foi coletada em áreas de restinga nos municípios do Rio de Janeiro, Rio das Ostras e Macaé, com nova ocorrência em Paraty e Carapebus. O número total de espécimes analisados, tanto os já existentes nos herbários quanto os de coletas provenientes de trabalho em campo, alcançou um total de 48 exemplares, onde 14 foram coletados ao longo deste estudo e distribuídos entre as espécies H. puniceum, H. reticulatum e H. striatum. Esta última mostrou-se mais abundante entre as outras espécies coletadas nas restingas do Estado do Rio de Janeiro. A partir da análise dos exemplares depositados nos herbários, observouse que o maior número de coletas ocorreu na década de 1960, sendo superada apenas pela primeira década de 2000, como um resultado do esforço de coleta feito durante este estudo. Os atributos florais tais como forma, ausência ou presença de corona, padrão de coloração das tépalas e forma do estigma foram bastante importantes para a delimitação das espécies e confecção da chave taxonômica. Chave para identificação das espécies de Hippeastrum (AmaryllidoideaeAmaryllidaceae) ocorrentes nas restingas do estado do Rio de Janeiro. 1. Flores com estigma capitado a trilobado 2. Flores liláses, rosa-claros a rosa-escuros com reticulação rosa-escuro, fauce branca, tépalas superiores levemente reflexas, corona ausente, lâmina oblanceolada a ligeiramente lanceolada ................................. 4. H. reticulatum 2‟. Flores alaranjadas a rosadas, fauce amarelo-esverdeada a amarelada, tépalas superiores fortemente reflexas, corona fimbriada amarelada, lâmina loriforme a ensiforme ................................................................. 3. H. puniceum 1‟. Flores com estigma trífido 3. Flores com corona 4. Flores vermelhas, fauce esverdeada, corona anelar espessa até 5mm larg., esverdeada, sem fímbrias, formando um orifício acima dos filetes ..... ................................................................................................. 1. H. aulicum 4‟. Flores alaranjadas a vermelhas com reticulação vinácea no terço superior das tépalas, fauce esverdeada a amarelada, corona em película denteada, esbranquiçada ................................................ 2. H. glauscescens Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas... 53 3‟. Flores sem corona .................................................................. 5. H. striatum 1. Hippeastrum aulicum (Ker-Gawl.) Herb., Appendix: 31.1821. (Fig. 2) Ervas 50-60 cm. Bulbo 5 cm diam., superficial, globoso a ovado; colo 36,5 cm compr. Folhas geralmente perenes, sésseis, falcadas 50-62x3,5-4 cm, base canaliculada, ápice agudo. Inflorescência 2(-4)-flora, escapo cilíndrico 4652x1 cm; brácteas 6-7x2-2,5 cm, lanceoladas. Flores pediceladas 3,5-4,2 cm, vermelho-intenso 9,5-14 cm compr., fauce esverdeada, campanuladas; tépalas 9,5-14x1,5-3,5 cm, semelhantes, ou em geral as tépalas externas inferiores mais estreitas, falcadas, com o ápice voltado para os lados, todas verdes na base, apenas a tépala interna inferior envolve a base dos filetes; tubo nectarífero 1-2,5 cm compr.; corona conspícua de estrutura anelar espessa esverdeada e sem fímbrias até 5 mm larg., envolvendo a base dos estames, formando um orifício acima dos filetes; estames inclusos, filetes 8,5-9,3 cm avermelhados; anteras 5-7 mm; estigma profundamente trífido, lobos 4-5 mm compr., estilete 11-15 cm compr., exserto, levemente ascendente na porção superior; ovário 1,5-2x0,6-0,8 cm compr. Fruto 3,3 cm diam., sementes aladas, papiráceas, comprimidas semicirculares de cor cinza-escuro a preta. Distribuição geográfica e ecologia: A espécie é endêmica do Brasil e encontrada em toda região sudeste e sul, desde o leste de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, até o Rio Grande do Sul, como terrícola, rupícola ou epífita, sobre galhos ou sobre rochas com bastante acúmulo de matéria orgânica, sempre com o bulbo exposto na sua maior parte (Dutilh 1996; 2005a; Dutilh & Oliveira 2014). No Estado do Rio de Janeiro é encontrada nos municípios de Itatiaia (Parque Nacional do Itatiaia), Rio de Janeiro (Floresta da Tijuca) e Teresópolis (Parque Nacional da Serra dos Órgãos) em floresta ombrófila. Em áreas de restinga do estado do Rio de Janeiro, foi analisado um material coletado na Praia de Ipanema em 1913, o único encontrado até agora nas restingas do estado. O trabalho de campo realizado não revelou nova ocorrência da espécie para as restingas do Estado do Rio de Janeiro. Dados fenológicos: Coletada com flores no mês de agosto. Material examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Praia de Ipanema, VIII/1913, fl, fr, F.C. Hoehne 141 (R). Material adicional examinado: BRASIL. Paraná: Campina Grande do Sul, Campininha, 30.IV.1961, fl, G. Hatschbach s.n. (HB16892); Ipiranga, Serra do Mar, 05.IV.1904, fl, P. Dusén 4368 (R). Rio de Janeiro: Teresópolis, Serra dos Órgãos, 12.I.1960, fl, M.R. Rodrigues s.n. (R209581). São Paulo: São Paulo, Serra da Cantareira, 21.V.1991, fl, J.B. Baitello 409 (SPSF). Comentários: Hippeastrum aulicum (Ker-Gawl.) Herb. foi descrita para o Rio de Janeiro e caracteriza-se principalmente pela corona muito espessa e desenvolvida com 5 mm de compr. que se dobra para frente de modo a formar um orifício na parte superior, pelas tépalas internas mais largas que as externas e também pela cor vermelho forte. H. aulicum foi colocado em um grupo do gênero caracterizado por apresentar um anel na extremidade superior do tubo de néctar, mais ou menos membranoso e conspícuo (Ker Gawl 1820). 54 Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes 2. Hippeastrum glaucescens (Mart.) Herb., Amaryllidaceae: 139.1837. Ervas 55-60 cm. Bulbo 6 cm diam., superficial, globoso a ovado; colo 1011 cm compr. Folhas presentes na floração, senescente, sésseis, loriformes a falcadas 20-28(60)x2-2,5(4) cm, base canaliculada, com ápice agudo. Inflorescência 2-flora; escapo cilíndrico 42-52x2,1 cm glauco ou não, brácteas 5-8,1x1,5 cm lanceoladas, bractéolas ca. 5 cm compr., em geral uma por flor. Flores alaranjadas a vermelhas com reticulação vinácea no terço superior das tépalas, fauce esverdeada a amarelada, pediceladas 5,1-8,2 cm, campanuladas; tépala superior externa longa e mais larga 12,3-14x4-5 cm, a tépala inferior interna curta e mais estreita, 11,5-13x2-2,5 cm, as tépalas laterais inferiores externas falcadas com o ápice voltado uma para a outra, amarelo esverdeado na base com retículos de coloração vinácea; tubo nectarífero 2-2,5 cm compr.; corona em película denteada esbranquiçada; estames inclusos, filetes 11-12 cm base esverdeada, ápice avermelhado, mais curto ou do mesmo tamanho das tépalas, fortemente ascendente a partir do terço médio; anteras ca. 4 mm compr.; estigma trífido, lobos 1-3 mm compr., estilete 12,5-13 cm incluso ou levemente exserto fortemente ascendente a partir do terço médio, base esverdeada, ápice avermelhado; ovário 1,5-2 cm compr. Fruto não observado. Distribuição geográfica e ecologia: Apresenta ampla distribuição geográfica, da Bahia e Goiás a Santa Catarina e a Argentina, em áreas mais abertas e em terrenos pedregosos (Dutilh 2005a). É uma espécie encontrada em Brasília em quase todas as fitofisionomias, com ênfase em áreas de campo sujo e cerrado, como também em campo úmido e próximo a cursos d‟água, geralmente em populações isoladas com poucos indivíduos (Amaral 2007). No Estado do Rio de Janeiro ocorre nos municípios de Itatiaia (Parque Nacional do Itatiaia) no planalto e campo de altitude e Teresópolis (Parque Nacional da Serra dos Órgãos) floresta ombrófila. Nas restingas do Estado do Rio de Janeiro as últimas coletas para a espécie datam da década de 1960 em Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes. Esta espécie ocorre em locais com meia sombra a áreas mais expostas, em afloramentos graníticos e com a maior parte do bulbo exposto (Dutilh 1996). Dados fenológicos: Coletada com flores em agosto e setembro. Material examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Reserva Biológica de Jacarepaguá, 24.VIII.1965, fl, H.E. Strang 659 (GUA); Recreio dos Bandeirantes, 13.IX.1968, fl, M. Honorina 50 (R). Material adicional examinado: BRASIL: Paraná: Rio Branco do Sul, Santaria, 10.IX.1968, fl, G. Hatschbach s.n. (HB49721). 3. Hippeastrum puniceum (Lam.) Kuntze, Revis. Gen. PL. 2: 703. 1891. (Fig. 3) Erva 60-80 cm. Bulbo 4,5-5,5 cm diam., subterrâneo, obclavado; colo curto 2,5-3 cm compr. Folhas anuais, sésseis, geralmente eretas, loriformes a ensiformes 52-76x2,8-4 cm, base canaliculada, afiladas no ápice, margem finamente revoluta, senescente na estação seca. Inflorescência 2-4-flora; escapo cilindrico 53-65x1,5-2 cm; brácteas 5-7,5x1,5-2 cm lanceoladas, Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas... 55 bractéolas ca. 4 cm compr., em geral uma por flor. Flores alaranjadas a rosadas, amarelo-esverdeadas a amarelada na fauce, pediceladas 5,3-7,8 cm, infundibuliforme; tépalas inferiores externas 10-12,3x3,8-4,5 cm, tépalas superiores internas 10,5-11x2,5-3 cm, tépala superior externa 12,3x4-4,5 cm quase de mesmo comprimento que a inferior interna 10,8-12x2,2-2,5 cm ou pouco mais curta, tépalas externas mais largas, principalmente a superior, 3 tépalas superiores fortemente reflexas (1 externa e 2 internas), formando um ângulo quase reto em relação ao tubo, 3 inferiores (1 interna e 2 externas) mais contínuas com o tubo; tubo nectarífero 2,2-3,5 cm; corona fimbriada 2-3 mm, amarelada; estames inclusos, filetes 7,2-8,4 cm fortemente ascendente a reflexos no terço superior; anteras 4-5 mm; estigma capitado a levemente 3lobado, estilete 10,4-12 cm fortemente ascendente no ápice; ovário 7-10 mm. Fruto não observado. Distribuição Geográfica e ecologia: A espécie distribui-se por todo o Brasil e Américas, ocupando várias formações vegetais e ambientes (Dutilh 2005a). No Estado do Rio de Janeiro nos municípios de Mangaratiba (Reserva Ecológica de Rio das Pedras) e Rio de Janeiro. Nas restingas do Estado do Rio de Janeiro H. puniceum foi encontrada em Campos dos Goytacazes no Norte do Estado e nas restingas de Carapebus, em Macaé e Itaipuaçu, em Maricá. Dados fenológicos: Coletada com flores em maio e setembro. Material examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Campos dos Goytacazes, Rodovia Campos-Farol, 18.IX.2008, fl, R.S. Candido et al. 104 (RFA); Maricá, Praia da Barra, 25.IX.2008, fl, R.S. Candido et al. 105 (R); Restinga de Itaipuaçu, 31.V.2007, fl, R.C. Lopes 304 (RFA). Material adicional examinado: BRASIL. São Paulo: São Paulo, Estreito, 05.XI.1997, fl, W.M. Ferreira 1461 (SPSF). Minas Gerais: Sete Lagoas, 10.X.1957, fl, E.P. Heringer s.n. (HB 31629). Comentários: H. puniceum é muito utilizada como ornamental, sendo encontrada nos jardins dos municípios visitados (Carapebus e Campos dos Goytacazes). Conhecida popularmente como açucena, açucena-laranja, amarílis, cebola-berrante. É uma planta de florescimento muito vistoso, é ocasionalmente cultivada como ornamental em jardins domésticos. Seus bulbos são empregados em várias regiões do país para fins medicinais, embora a segurança e eficácia do seu uso não tenham sido ainda, comprovados cientificamente. São atribuídas ao suco do bulbo propriedades emética, catártica, purgativa, excitante, antiasmática e peitoral (Lorenzi & Matos 2008). A espécie é caracterizada pelas tépalas superiores fortemente reflexas, formando quase um ângulo de 90º em relação ao ovário e pela corona fimbriada, sendo assim, facilmente diferenciada das demais espécies estudadas e inconfundível no campo, porém pode apresentar grande variação morfológica das folhas e da coloração das flores. Conhecida também como Amaryllis belladonna L., (algumas exsicatas de H. puniceum foram encontradas identificadas como Amaryllis belladonna) e citada como Amaryllis equestris Aiton ou Hippeastrum eqüestre (Aiton) Herb. Assemelha-se com Hippeastrum reginae (L.) Herb., que apresenta flores vermelho escuras e tubo mais curto e 56 Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes largo (Dutilh 2005a). A distinção dessas duas espécies quando herborizadas é dificultada pelas suas semelhanças. 4. Hippeastrum reticulatum (L‟ Hér) Herb., Bot. Mag. 51: sub PL. 2475, p. 2. 1824. (Fig. 4) Erva 30-40 cm. Bulbo 4,5-6 cm diam., subterrâneo, globoso a obcapitado; colo 2-4 cm compr. Folhas geralmente perenes, pseudopecioladas, oblanceoladas a ligeiramente lanceoladas (17,5)20-38,5x4-5,5(-6) cm, afiladas na base, muitas vezes avermelhadas ou vinosas na face abaxial, ápice agudo a obtuso, margem finamente revoluta, com ou sem estria branca na região da nervura central. Inflorescência 2-5-flora, escapo cilíndrico 23,5-32x1 cm; brácteas lanceoladas 3,7-4x0,6-1,3 cm, bractéolas ca. 3cm compr., em geral uma por flor. Flores pediceladas 1,8-2,5(-2,9) cm, lilases, rosa a rosa-escuros, com reticulação rosa-escuro conspícua, 8,6-10,5 cm compr., diam. lateral 4,5-7 cm, campanuladas; tépalas lanceoladas 8,6-10x1,7-2,8 cm, as externas um pouco mais largas que as internas, sendo a superior a mais larga; tubo nectarífero 1,5-2 cm; corona ausente; estames inclusos, filetes 7,2-8 cm compr. ascendentes a partir do terço médio; anteras 2-3 mm; estigma capitado, estilete incluso ascendentes a partir do terço médio 8,1-9,5 cm compr.; ovário 0,6-1 cm compr. Fruto 2,5-3,5 cm diam., com parede interna alaranjada; sementes globosas 1-1,5 cm diam., rígidas, pretas. Distribuição geográfica e ecologia: No Brasil ocorre na Bahia, onde foi citada pela primeira vez para o Nordeste brasileiro, a partir de materiais coletados no município de Alcobaça (Alves-Araújo et al. 2009). Encontrada também no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, em interior de matas do litoral e do planalto (Dutilh 2005a; Dutilh & Oliveira 2014). No Estado do Rio de Janeiro ocorre em áreas de Mata Atlântica na Ilha Grande, município de Angra dos Reis. Apresenta-se bem distribuída pelo litoral do Rio de Janeiro, coletada em áreas de restingas dos municípios de Angra dos Reis (Ilha Grande), Mangaratiba (Marambaia), Rio de Janeiro, Saquarema, Arraial do Cabo e Cabo Frio. Encontrada preferencialmente em locais úmidos, nas restingas H. reticulatum localiza-se próximo a brejos. Dados fenológicos: Coletada em flor nos meses de fevereiro, março, abril, junho, agosto, outubro e dezembro; e em fruto nos meses de junho e agosto. Material examinado: BRASIL. Rio de Janeiro: Angra dos Reis, Ilha Grande, Abraão, 8.VIII.1995, fl, fr, C.A.L. de Oliveira 1042 (GUA); Ilha Grande, trilha para Parnaióca, 20.IV.2001, fl, F. Pinheiro et al. 783 (HB); Cabo Frio, Fazenda José Gonçalves, 22.X.1997, fl, A. Lobão 273 (RB); Estrada antiga para Búzios, 28.VI.1995, fr, D. Araujo et al. 10313 (GUA); Mangaratiba, Marambaia, Praia da Gaeta, 23.XII.2004, fl, L.F.T. Menezes et al. 1219 (RBR); Sepetiba, Bahia de Sepetiba, Ilha Furtada, 10.II.1969, fl, D. Sucre 4723 (RB); Ilha de Paquetá, Morro da Imbuca, 24.IV.1952, fl, E. Pereira 678 (RB); Saquarema; Reserva Ecológica de Jacarepiá, 25.IV.1991, fl, D. Araujo 9386 (GUA); Jaconé, Sambaqui de Jaconé, 5.IV.2000, fl, C. Farney 4040 (RB); Jaconé, 14.VIII.2008, fr, R.S. Candido 73 (RFA). Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas... 57 Material adicional examinado: BRASIL. Bahia: Alcobaça, trecho Alcobaça/Caravelas, 4.VII.1979, fr, Hage et al. s.n. (R139285). Rio de Janeiro: Ilha Grande, Jararaca, 8.III.2002, fl, C.C. Zisco et al. 271 (HB). São Paulo: Eldorado, Parque Estadual de Jacupiranga, 22.III.2005, fl, A. Oriani 507 (SPSF). Comentários: Hippeastrum reticulatum se destaca das demais espécies estudadas, por apresentar sementes rígidas e globosas e em número relativamente pequeno (ca. 15), parede interna do fruto alaranjada, que realça na vegetação, folhas pseudopecioladas e a coloração das flores liláses a rosadas. O espécime coletado para plantio não floresceu na época esperada, evidenciando certa dificuldade no cultivo desta espécie. Alguns espécimes apresentam uma estria longitudinal branca na região central da folha, bem evidente. Segundo Dutilh (1987) a coloração lilás é única no gênero. O fato desta espécie apresentar sementes diferentes de todas as outras espécies do gênero, não se deve a mudanças estruturais, mas ao menor número de sementes na cápsula, dada a menor compressão, as sementes não ficariam achatadas e sim arredondadas (Herbert 1837). 5. Hippeastrum striatum (Lam.) H. E. Moore, Baileya 11: 15-16. 1963. (Fig. 5) Erva 40-110 cm. Bulbo 5,5-6(10) cm diam., subterrâneo, globoso a subgloboso; colo 2,5-3,5 cm compr. Folhas perenes, sésseis, eretas a declinadas, lineares a loriformes 27,5-62,5x4-6,2 cm, margem às vezes translúcida, finamente revoluta, base canaliculada geralmente vinosa, ápice agudo, glaucas ou não. Inflorescência 2-4-flora, escapo cilíndrico 31,5-100x0,71,2 cm, brácteas lanceoladas 4-6x0,7-1,5 cm, bractéolas 4,5-5x0,4-0,6 cm, em geral uma por flor. Flores pediceladas 5-6,5 cm, vermelho-alaranjadas a laranja-claro, região central amarelo-esverdeada a amarelada e com estrias vinosas, conspícuas ou não, 10,5-12,8 cm compr., campanuladas a infundibuliformes; tépala superior externa 10,6-12,8x2,8-3,4 cm, tépalas superiores internas 9,6-11,3x2,2-2,5 cm, tépalas inferiores externas 10,311,2x2,2-2,8 cm, tépala inferior interna 9,6-12,1x1,3-1,9 cm, externas geralmente pouco mais largas que as internas, tépala superior externa mais larga e mais longa; tubo nectarífero 2,1-2,5 cm compr.; corona ausente; estames inclusos, filetes 6,5-8,5 cm, ascendentes a partir do terço médio; anteras reniformes, 3-5 mm compr.; estigma trífido, lobos de 3-4 mm compr., estilete incluso ou levemente exserto 8-10,5 cm, ascendente a partir do terço médio; ovário 6-15 mm compr. Fruto 2,5-3,5 cm diam., sementes papiráceas, oval-depressas, 1,2-1,5 cm compr., pretas. Distribuição geográfica e ecologia: No Brasil é encontrada em Sergipe e Bahia e por toda região Sudeste e Sul, sendo relativamente comum nas matas do Estado de São Paulo (Dutilh 2005a; Dutilh & Oliveira 2014), ocorrendo também na Argentina (Parodi 1959). No Estado do Rio de Janeiro H. striatum encontra-se nos municípios de Niterói, Cardoso Moreira e Petrópolis em áreas de Mata Atlântica. Apresenta-se amplamente distribuída nas restingas do Estado do Rio de Janeiro ocorrendo desde Trindade em Paraty até Campos dos Goytacazes. Encontrada tanto no interior da mata de restinga, 58 Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes neste caso as flores apresentam uma coloração mais tênue alaranjada a rosada, quanto em áreas mais abertas sob intensa insolação, onde a coloração das flores se intensifica. Alguns espécimes apresentam uma mancha vinácea na fauce, característica essa observada nos espécimes coletados mais ao norte do Estado. Foi observada grande formação de bulbilhos laterais que se soltam com facilidade. Dutilh (1987) também observou um alto índice de reprodução vegetativa desta espécie, por bulbilhos que se destacam facilmente da planta-mãe. Dados fenológicos: Coletada em flor nos meses de março, junho a outubro e dezembro; e em frutos nos meses de setembro a dezembro. Material examinado: BRASIL. Rio De Janeiro: Angra Dos Reis, Ilha Grande, Vila Dois Rios, 23.III.2000, fl, F. Pinheiro et al. 393 (HB); Colégio Naval, 27.11.2008, fl, R.S. Candido 115 et al. (R); Campos Dos Goytacazes, Rio Preto, 30.VII.1947, fl, L.A. Parma s.n. (RB60751); Carapebus, Restinga de Carapebus, 29.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 96 (RFA); Restinga de Carapebus, 29.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 98 (RFA); Casimiro De Abreu, Distrito de Barra de São João, s.d., F. Segadas Vianna s.n. (R205743); Macaé, Lagoa Comprida, 23.VIII.1982, fl, D. Araujo et al. 5151 (GUA); Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Gaeta, 11.VI.2004, fl, L.F.T. Menezes et al. 1141 (RBR); Paraty, Praia do Sono, 12.XII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 136 (RFA); Praia do Sono, 12.XII.2008, fl, R.S. Candido et al. 139 (R); Rio das Ostras, Restinga da Praia das Areias Negras, 28.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 86 (RFA); Restinga da Praia das Areias Negras, 28.VIII.2008, fl, R.S. Candido 87 (R); Restinga da Praia Virgem, 28.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 88 (RFA); Restinga da Praia Virgem, 28.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 90 (R); Sepetiba, Bahia de Sepetiba, Ilha Furtada, 24.VIII.1968, fl, D. Sucre 3596 (RB); Restinga da Barra da Tijuca, 19.VII.1968, fl, D. Sucre 3256 (RB); Restinga de Jacarepaguá, 15.X.1960, fl, H.E. Strang 214 (GUA); Restinga de Grumari, 06.IX.2008, fl, R.S. Candido et. al. 102 (RFA); 10.X.2007, fl, R.S. Candido s.n. (RFA33705); 01.X.2008, fl, R.S. Candido et. al. 110 (R); 29.IX.2009, fl., R.S. Candido et al. 148 (R); São João da Barra, Restinga de São João da Barra, 03.VII.1963, fl, A.G. Andrade 1571 (R). Material adicional examinado: BAHIA: Lençóis, 16.XI.1997, fl, L.S. Funch 1086 (HUEFS). RIO DE JANEIRO: Maricá, Itaipuaçu, Alto Mourão, 14.VIII.2008, fl, R.S. Candido et. al. 66 (RFA); Rio de Janeiro, Leme, Morro do Leme, 6.IX.1988, fl, P. Sena 56 (GUA). Comentários: A espécie tem potencial valor ornamental no mercado horticultor (Dutilh 2005b). Apresenta potencial uso farmacológico, uma vez que, como muitas outras representantes da família Amaryllidaceae, possuem alcaloides isolados com atividades anti-tumorais verificadas (Silva 2005). Hippeastrum striatum é amplamente citada para o Rio de Janeiro aparecendo em todos os trabalhos de levantamentos florísticos consultados para as restingas do estado, porém os nomes utilizados Amaryllis rutila Ker Gawl. ou Amaryllis restingensis Ravenna são inválidos. A espécie caracteriza-se, principalmente, por apresentar estrias vinosas na fauce, tépala inferior mais estreita que as demais e estigma trífido, normalmente os lobos do estigma Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas... 59 curvam-se para baixo, estas características facilitam a identificação da espécie em campo. Foi considerada "Em perigo" (EN) em avaliação de risco de extinção empreendida para a flora do Estado do Paraná (SEMA/GTZ-PR 1995) e em avaliação de risco de extinção empreendida pela Fundação Biodiversitas (Drummond et al. 2005). As excursões revelaram que algumas espécies como H. aulicum e H. glaucescens não mais são encontradas nos locais em que ocorriam há décadas e que H. reticulatum vem reduzindo sua área de ocorrência nas restingas, pois neste trabalho só foi encontrado em uma única área de restinga, no distrito de Jaconé no município de Saquarema. Este fato é preocupante, pois mostra que H. reticulatum é vulnerável a extinção local (Candido et al. 2013). Este desaparecimento local pode ser explicado pela especulação imobiliária que vem degradando aceleradamente as áreas litorâneas do Estado. Outro fator que contribui para o desaparecimento destas espécies no ambiente natural é o fato das mesmas possuírem um potencial ornamental muito grande. As flores são vistosas e possuem um colorido intenso. No ambiente são facilmente localizadas, e isto facilita ações extrativistas. Segundo Rocha et al (2007) mesmo as áreas de restinga que se encontram em APA (Área de Proteção Ambiental) ou UC (Unidade de Conservação) estão sofrendo intensa pressão de degradação em seu entorno, tornando esses ambientes muito frágeis. A retirada da cobertura vegetal, visando a utilização da área para a agricultura, pastagem, extração de madeira e ocupação humana para agricultura ao longo dos últimos dois séculos causou a destruição da maior parte do bioma Mata Atlântica, onde as restingas estão inseridas, restando hoje cerca de 7% a 8% de sua área original (SOS Mata Atlântica 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS São apresentadas ilustrações detalhadas das espécies H. aulicum, H. puniceum, H. reticulatum e H. striatum, assim como uma chave de caracteres morfológicos que facilitará a identificação das mesmas por outros pesquisadores que trabalhem com o grupo. Observou-se uma carência de exemplares recentes do gênero Hippeastrum depositados nos herbários, para o Estado do Rio de Janeiro, principalmente para as restingas. Este fato pode ser devido à falta de coleta ou a crescente degradação da vegetação natural. Durante o presente trabalho houve um significativo esforço de coleta, porém a quantidade de espécimes coletados ficou muito abaixo do esperado, evidenciando a necessidade da criação de planos de manejo que visem à preservação das áreas de vegetação de restinga já que estas se encontram mais suscetíveis à ação antrópica. AGRADECIMENTOS À CAPES pela bolsa de mestrado concedida à primeira autora. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa concedida a segunda autora. À Doutora Julie Dutilh pelos valiosos ensinamentos sobre Hippeastrum. 60 Candido, Gonçalves-Esteves & Lopes REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES-ARAÚJO, A., DUTILH, J.A.H. & ALVES, M. 2009. Amaryllidaceae s.s. e Alliaceae s.s. no Nordeste brasileiro. Rodriguésia 60 (2): 311-331. AMARAL, A.C. 2007. Amaryllidaceae Jaume St.-Hil.: levantamento das espécies do Distrito Federal, Brasil, e estudos de multiplicação in vitro. Brasília, Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília. 115p. 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Hippeastrum (amaryllidoideae - amaryllidaceae) das restingas... 65 Figura 5. Hippeastrum striatum: A- Folha; B- Inflorescência; C- Detalhe das tépalas; D- androceu e gineceu; E- Detalhe do estame; F- Detalhe do pistilo; G- Detalhe do estigma; H- Bulbo; I- Corte longitudinal do bulbo; J- Fruto; K- Semente. OCORRÊNCIAS NOVAS DE BRIÓFITAS PARA O ESTADO DO PARANÁ, BRASIL Olga Yano1 ABSTRACT New records of bryophytes from Paraná State, Brazil. This paper reports 210 taxa of bryophytes studied from Paraná State, distributed in 104 genera and 49 families. Out of the total species, 77 taxa are new records to the State, nine taxa have their locality indicated (to mosses) and 132 taxa their geographic distribution increased to Paraná State. Key words: liverworts, hornworts, mosses, new record to Paraná RESUMO Ocorrências novas de briófitas para o Estado do Paraná, Brasil. Para o Paraná, são referidos 210 táxons de briófitas em 104 gêneros e 49 famílias, sendo 77 táxons de ocorrências novas para o Estado (quatro táxons de antóceros, 26 de musgos e 47 de hepáticas), nove táxons com a indicação de localidade (para musgos) e 132 táxons com ampliação de distribuição geográfica para o Paraná. Palavras-chave: hepáticas, antóceros, musgos, novas ocorrências para o Paraná INTRODUÇÃO O trabalho de Yano (2013a) fez o levantamento de publicações de briófitas para o Estado do Paraná catalogando 629 táxons, distribuídos em 242 gêneros e 85 famílias. Nesse trabalho, foram mencionados os locais onde foram coletadas cada uma das espécies no Estado. Apesar disso verificando as coletas realizadas no Paraná existentes no Herbário Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo (SP) foram encontradas várias ocorrências novas. O objetivo do trabalho é atualizar o conhecimento sobre a diversidade das briófitas para o Estado do Paraná. MATERIAL E MÉTODOS A identificação dos espécimes de briófitas foi baseada nos trabalhos de Allen (1999), Bastos (2004), Bordin & Yano (2013), Buck (1998, 2003), Costa (2008, 2010), Florschütz (1964), Fulford (1963, 1976), Frahm (1991), Gradstein (1994), Gradstein & Costa (2003), Gradstein et al. (2001), Hässel de Menéndez (1962, 1989), Hell (1969), Lemos-Michel (2001), Ochi (1980, 1981), Pursell (2007), Reese (1993), Schuster (1980, 1992), Sharp et al. (1994), Stotler (1970), Stotler & Crandall-Stotler (1974), Swails (1970), Vaz & Costa (2006 a, 1 Instituto de Botânica, Caixa Postal 68041, 04045-972 São Paulo, SP, Brasil. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:67-122 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. Olga Yano 68 b), Vianna (1985), Yano (1986), Yano & Luizi-Ponzo (2006), Yano & Mello (1999), Yano & Peralta (2007, 2008, 2011). O sistema de classificação adotado está de acordo com Crandall-Stotler & Stotler (2000) para Marchantiophyta, Buck &Goffinet (2000) para Bryophyta e Stotler & Crandall-Stotler (2005) para Anthocerotophyta. A distribuição geográfica de cada táxon foi baseada na lista de Espécies da Flora do Brasil (2013) e no catálogo de Yano (2013b). RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o estado do Paraná foram encontrados 210 táxons de briófitas, distribuídos em 104 gêneros e 49 famílias, sendo cinco de Anthocerotophyta (em três gêneros e três famílias); 94 de Bryophyta (em 62 gêneros e 31 famílias) e 103 de Marchantiophyta (em 39 gêneros e 15 famílias). Do total de táxons, 77 são novas ocorrências para o estado, sendo quatro de antóceros, 26 de musgos e 47 de hepáticas. Nove táxons tiveram a indicação de localidade para o Paraná e a distribuição geográfica de 132 táxons foi ampliada no estado. A seguir, os táxons estão listados em ordem alfabética, considerando-se divisão, família, gênero, espécie e, quando presentes, táxons infra-específicos. ANTHOCEROTOPHYTA Anthocerotaceae Anthoceros punctatus L., Spec. Plant. 2: 1139. 1753. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo da casa de vegetação perto do capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27883 (SP375376). Brasil: AM, BA, CE, ES, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Dendrocerotaceae Dendroceros crispus (Sw.) Nees in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 581. 1846. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23160 (SP281569). Brasil: MG, PR, RJ, SC e SP. Paraná: Serra da Graciosa. Nothoceros vincentianus (Lehm. & Lindenb.) J.C. Villarreal, Bryologist 113(1): 111. 2010. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedras no solo, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27852 (SP375345).Brasil: PE, RJ, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Ocorrências novas de briófitas... 69 Notothyladaceae Phaeoceros carolinianus (Michx.) Prosk., Bull. Torrey Bot. Club 78(4): 347. 1951. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27960 (SP375453). Brasil: RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Phaeoceros laevis (L.) Prosk., Bull. Torrey Bot. Club 78(4): 346. 1951. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, na margem argilosa do riaho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5348 (SP181139); Foz do Chopin, ponte sobre o rio Iguaçu, no paredão pingando água perto da ponte, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5423 (SP181163); cidade de Maringá, Horto Florestal, barranco úmido perto do lago no horto, 6-X-1989, O. Yano & I. Silva 13504 (SP228429); idem, perto do riacho, 6-X-1989, O. Yano & I. Silva 13509 (SP228434); idem, no barranco do riacho, 6-X-1989, O. Yano & I. Silva 13519 (SP228444); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo da casa de vegetação perto do capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27885 (SP375378). Brasil: AM, BA, DF, ES, GO, MG, MS, PE, RJ, RS, SC, SP e TO. É a primeira referência para o Paraná. BRYOPHYTA Bartramiaceae Breutelia tomentosa (Brid.) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St. Gallischen Naturwiss. Ges. 1873-74: 93. 1875. Material examinado: BRASIL. Paraná, Jaguariaíva, Rio Diamante, entre as touceiras de gramíneas, 12-I-1983, O. Yano, D.F. Santos & J.R. Pirani 5238 (SP172625). Brasil: BA, ES, MG, RS e SC. É a primeira referência para o Paraná. Leiomela bartramioides (Hook.) Paris, Index Bryol. ed. 2, 3: 132. 1905. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28135 (SP375628); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28147 (SP375640). Brasil: MG, RJ e SP. É a primeira referência para o Paraná. Philonotis cernua (Wilson) D. Griffin & W.R. Buck, Bryologist 92(3): 376. 1989. Olga Yano 70 Material examinado: BRASIL. Paraná, Quedas de Iguaçu, km 21 da BR-473, no paredão úmido perto do Rio Despedida, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5416 (SP172722). Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MT, PB, PE, PR, RJ, RS, SE e SP. Paraná: Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos. Brachytheciaceae Brachythecium ruderale (Brid.) W.R. Buck, Mem. New York Bot. Gard. 82: 240. 1998. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, 25º51‟07‟‟S, 49º14‟48‟‟W, alt. 1100 m, em tronco, 6-VI-1998, M.T. Shirata, I. Cristo & R. Erthal 3581 (SP430878); idem, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo úmido perto do lago, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28057 (SP375550). Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, MS, PE, PR (s.loc.), RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência com a indicação de localidade para o Paraná. Eurhynchium clinocarpum (Taylor) Paris, Index Bryol.: 442. 1896. Material examinado: BRASIL. Paraná, Curitiba, Parque Municipal Tingüi e arredores, Floresta Ombrofila Mista com Araucaria e Podocarpus, alt. 950 m, epífita do interior da mata, 12-XI-2007, P.B. Schwartsburd & H.T. Bettega 1399 (HUPCB, SP410750). Brasil: MG, PR, RS, SC e SP. Paraná: Terras Citla. Platyhypnidium aquaticum (A. Jaeger) M. Fleisch., Musci Buitenzorg 4: 1437. 1923. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre pedras quase submersas, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5344 (SP172677); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27930 (SP375423). Brasil: AC, MG, PR (s. loc.), RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência com a indicação de localidade para o Paraná. Rhynchostegium scariosum (Taylor) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St. Gallischen Naturwiss. Ges. 1876-77: 374. 1878. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Sengés, sobre tronco fino de árvore, mata de Araucaria, ca. 30 km de Sengés, 24º18‟S, 49º27‟W, 14-VII1982, D.M. Vital 10556 (SP171175); mun. Foz do Iguaçu, Parque Nacional do Iguaçu, in forest along Rio Iguaçu, 100-200 m, ca. 25º40‟S, 54º25‟W, mesic forest. 22-23-IX-1984, D.M. Vital & W.R. Buck 12004 (NY, SP207117); idem, 22-23-IX-1984, D.M. Vital &W.R. Buck 12038 (NY, SP207147); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28034 (SP375527). Ocorrências novas de briófitas... 71 Brasil: GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Londrina, Horto do Campus da Universidade Estadual de Londrina. Rhynchostegium serrulatum (Hedw.) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St. Gallischen Naturwiss. Ges. 1876-77: 370. 1878. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. São Mateus do Sul, minas de xisto, sobre tronco de Mimosa scabrella, alt. 800 m, 3-V-2006, M. Sartori 81 (SP388821). Brasil: ES, MG, PR, RS e SP. Paraná: Curitiba, Centro Politécnico. Squamidium leucotrichum (Taylor) Broth., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 809. 1906. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. São Mateus do Sul, ca. 10 km da cidade, sobre tronco de árvore viva, mata secundária, 20-IV-1983, O. Yano & J.R. Pirani 6464 (SP173330); mun. Castro, Rio Japó, epífita, margem do rio Japó, 28-V-1990, Y.S. Kuniyoshi s.n. (SP230788); mun. Bocaiúva do Sul, Palmital, reserva da Toca do Urso, no barranco arenoso em frente ao lago, 6VII-1991, O. Yano & M.P. Marcelli 15524 (SP240525); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27738 (SP375231); idem, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27770 (SP375263); idem, nos galhos de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27824 (SP375417); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27985 (SP375478); Tibagi, Fazenda Noir e Rosa, ca. 20 km de Castro, pendente nos galhos de arbusto, 18-IV-2009, O. Yano & M. Kirizawa 31534 (SP414256). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Ipiranga, Serra do Mar; Fernandez Pinheiro. Squamidium nigricans (Hook.) Broth., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 808. 1906. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata secundária, 12-VII2004, O.Yano & M.T. Shirata 27739p.p. (SP375232); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28051 (SP375544). Associada a Meteorium nigrescens (Hedw.) Dozy & Molk. Brasil: AL, AP, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Curitiba, Centro Politécnico; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Zelometeorium ambiguum (Hornsch.) Manuel, J. Hattori Bot. Lab. 43: 113. 1977. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27808 (SP375301); idem, capão primário, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27827 (SP375320). Olga Yano 72 Brasil: AC, AM, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Castro, Fazenda Capão Alto; margem esquerda do Rio Paranapanema, Cataratas de Salto Grande; Piraí. Zelometeorium patulum (Hedw.) Manuel, J. Hattori Bot. Lab. 43: 118. 1977. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23167 (SP281575); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27931 (SP375424); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28048 (SP375541); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28170 (SP377230). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Bruchiaceae Trematodon longicollis Michx., Flora Bor. Amer. 2: 289. 1803. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27961 (SP375454). Brasil: AM, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RO, RS, SC e SP. Paraná: Barra Bonita; Fazenda Tucanduva; Antonina, Cabeceira, Rio Faisqueira; Guarapuava-Guará, Serra da Esperança; Guaraqueçaba, Fazenda Abobreira. Bryaceae Brachymenium hornschuchianum Mart., Icon. Plant. Cryptog.: 36, pl. 20. 1834. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., nos galhos de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23176 (SP281584); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27840 (SP375333); idem, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27939 (SP375432); idem, na base do tronco de Solanaceae, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28185 (SP377245). Brasil: BA, ES, MG, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Roça Nova; Campina Grande do Sul, Serra Capivari; Palmas, Morro da Baliza; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Brachymenium klotzschii (Schwägr.) Paris, Index Bryol.: 123. 1894. Material examinado: BRASIL. Paraná, Serra da Esperança, 2,5 km W of Imbituva turnoff on BR-373, North-west- west of Curitiba, 25º12‟S, 50º41‟W, alt. 940 m, in rather dense shrubby woods, 11-IX-1977, D.H. Vitt 21439 Ocorrências novas de briófitas... 73 (SP170585); Castro, praça Getulio Vargas, sobre tronco vivo de Tipuana sp., 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5251 (SP172634). Brasil: ES, MG, PA, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Bryum argenteum Hedw., Spec. Musc. Frond.: 181. 1801. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo perto do lago, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27882 (SP375375). Brasil: AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Bryum pabstianum Müll. Hal., Bot. Zeitung 13: 751. 1855. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O.Yano & M.T. Shirata 27963 (SP375456). Brasil: BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campina Grande do Sul, Jaguatirica. Rhodobryum grandifolium (Taylor) Schimp., in Paris, Index Bryol.: 1116. 1898. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, úmido, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27825 (SP375318). Brasil: BA, ES, GO, MT, PR, RJ, RO, SC e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Rosulabryum densifolium (Brid.) Ochyra, in Ochyra, Zarnowiec & Bednarek-Ochyra, Biodiv. Poland 3: 162. 2003. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27962 (SP375455). Brasil: AL, BA, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a). Calymperaceae 1834. Syrrhopodon gaudichaudii Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 3: 376. Material examinado: BRASIL. Paraná, Ponta Grossa, praça Barão do Rio Branco, sobre tronco vivo de Palmae, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5265 (SP172638); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28089 (SP375582); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28150 (SP377210); idem, sobre cáudice de xaxim verdadeiro, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28158 (SP377218). Olga Yano 74 Brasil: AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC, SE, SP e TO. Paraná: Guarapuava; Morretes, Rio Sagrado de Cima; Sengés. Syrrhopodon parasiticus (Brid.) Besch., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 8, 1: 298. 1895. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Lauraceae, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27897 (SP375390). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: Rio Formiga; Medianeira. Syrrhopodon prolifer Schwägr., Spec. Musc. Frond. Suppl. 2(2): 99. 1827. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27903 (SP375396). Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PI, PR, RJ, RO, RS, SC, SE, SP e TO. Paraná: Ponta Grossa; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Cryphaeaceae Schoenobryum concavifolium (Griff.) Gangulee, Mosses Eastern Índia Adj. Reg. 5: 1209. 1976. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27811 (SP375304). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RO, RS, SC e SP. Paraná: Curitiba, Centro Politécnico; margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande. Dicranaceae Atractylocarpus brasiliensis (Müll. Hal.) R.S. Williams, Bryologist 31: 110 110 1928. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27904 (SP375397). Associada a Telaranea nematodes (Gottsche ex Austin) M. Howe Brasil: BA, PI e RJ. É a primeira referência para o Paraná. Atractylocarpus longisetus (Hook.) E.B. Bartram., Bryologist 49: 110 110 1946. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28167 (SP377227). Brasil: ES e RJ. É a primeira referência para o Paraná. Ocorrências novas de briófitas... 75 Campylopus filifolius (Hornsch.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 76. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27791 (SP375284); idem, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27915 (SP375408); idem, na base do tronco, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28009 (SP375502); idem, sobre tronco de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28112 (SP375605); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28121 (SP375614). Brasil: BA, CE, ES, GO, MG, MS, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Campylopus heterostachys (Hampe) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St. Gallischen Naturwiss. Ges. 1870-71: 441. 1872. Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Getúlio Vargas, sobre tronco de árvore viva, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5249 (SP172633). Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PE, PI, PR, RJ, RR, RS e SP. Paraná: Guaratuba; Lapa, Pedra da Gruta do Monge; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. 1869. Campylopus lamellinervis (Müll. Hal.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 82. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27869 (SP375362); idem, no solo humoso, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28055 (SP375548). Brasil: BA, ES, MG, PE, PI, PR, RJ, SC e SP. Paraná: Paranaguá, Sítio do Meio; Rio Negro; Ponta Grossa, Vila Velha. Campylopus occultus Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 86. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27864 (SP375357). Brasil: BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PA, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Campylopus pilifer Brid., Mant. Musc.: 72. 1819. Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, no solo úmido próximo ao lagedo, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5394p.p. (SP181156). Associado a Riccia vitalis S. Jovet-Ast. Brasil: AL, AM, BA, CE, DF, ES, MG, MT, PA, P E, PR, RJ, RR, RS e SP. Paraná: Jaguariaíva; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa; Castro, Parque Estadual de Guaterlá. Dicranella hilariana (Mont.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 31. 1869. Olga Yano 76 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27966 (SP375459). Brasil: AC, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RR, SC e SP. Paraná: Ortigueira, Rio do Barreiro. Dicranella vaginata (Hook.) Cardot, Wiss. Erb. Schwed. Süd. PolarExp. 1901-1903, 4(8): 60. 1908. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, no barranco argiloso junto do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5358A (SP172682). Brasil: MG, PR (s. loc.), RJ e RS. É a primeira referência com indicação de localidade para o Paraná. Holomitrium crispulum Mart., Icon. Plant. Cryptog. 34. pl. 18. 1828. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27786 (SP375279); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27856 (SP375349); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27986 (SP375479). Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Holomitrium olfersianum Hornsch., in Martius, Flora Brasil. 1(2): 18. 1840. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28039 (SP375532); idem, 13-VII-2009, O. Yano & M.T. Shirata 28045 (SP375538); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28118 (SP375611). Brasil: BA, ES, MG, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Imbituva; Garamiranga; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Microcampylopus leucogaster (Müll. Hal.) B.H. Allen, Monographs Syst. Bot. 49: 101. 1994. Microcampylopus curvisetus (Hampe) Giese & J.-P. Frahn, Lindbergia 11(2-3): 116. 1986. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27964p.p. (SP375457). Associada a Riccardia chamedryfolia (With.) Grolle e Fissidens flaccidus Mitt. Brasil: AM, MG, MS, PR, RJ, RO, RR, RS e SP. Paraná: Guaratuba, Serra de Araraquara. Ditrichaceae Ditrichum ulei (Müll. Hal.) Paris, Index Bryol. Suppl.: 132. 1900. Ocorrências novas de briófitas... 77 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27875 (SP375368); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27957 (SP375450); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27965 (SP375458). Brasil: ES, PR (s. loc.), RJ, RS e SC. É a primeira referência com a indicação de localidade para o Paraná. Entodontaceae Erythrodontium squarrosum (Müll. Hal.) Paris, Index Bryol. ed. 2, 2: 159. 1904. Material examinado: BRASIL. Paraná, Clevelândia, trevo para a cidade, sobre tronco vivo de Lauraceae perto da lagoa, 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5450 (SP172736). Brasil: DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Fabroniaceae Dimerodontium mendozense Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 541. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, praça da igreja matriz, sobre tronco de Meliaceae, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5326 (SP172665); idem, sobre tronco de Ligustrum sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5330 (SP172668). Associada a Fabronia ciliaris (Brid.) Brid. var. polycarpa (Hook.) W.R. Buck. Brasil: MG, MS, PR (s. loc.), RJ, RS e SP. É a primeira referência com indicação de localidade para o Paraná. Fabronia ciliaris (Brid.) Brid. var. polycarpa (Hook.) W.R. Buck, Brittonia 35(3): 251. 1983. Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5253 (SP172635); Prudentópolis, pátio da igreja matriz, sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5330p.p. (SP172668). Associada a Dimerodontium mendozense Mitt. Brasil: AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PB, PE, PR, RJ, RS, SC, SE e SP. Paraná: Fazenda Tucanduva; Marmeleiro, estrada MarmeleiroCampo Erê. Fissidentaceae Fissidens asplenioides Hedw., Spec. Musc. Frond.: 156-157. 1801. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre pedras de margem do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5357 (SP172681). Olga Yano 78 Brasil: BA, CE, ES, MG, MT, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Esta espécie cresce sobre pedras ou no barranco na margem dos rios encachoeirados e quando seco os filídios ficam enrolados. Fissidens flaccidus Mitt., Trans. Linn. Soc. London 23: 56. 1860. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27964p.p. (SP375457). Associada a Microcampylopus leucogaster (Müll. Hal.) B.H. Allen e Riccardia chamedryfolia (With.) Grolle. Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RS, SE, SP e TO. Paraná: Foz do Iguaçu, Parque Nacional do Iguaçu; Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Maringá, Rio Pirapó, Horto Florestal. Funariaceae Funaria hygrometrica Hedw., Spec. Musc. Frond.: 172. 1808. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo da casa de vegetação perto do capão primário, 12-VII-2003, O. Yano & M.T. Shirata 27886 (SP375379); idem, no solo úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27887 (SP375380). Brasil: BA, DF, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Antonina, São Sebastião; Bocaiúva do Sul, Bacaitava; Guarapuava, Rio Jordão; Laranjeiras do Sul, Campo Novo; Tijucas do Sul, Vossoroca. Hypnaceae 1984. Chyrso-hypnum diminutivum (Hampe) W.R. Buck, Brittonia 36: 182. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27996 (SP375489); idem, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28133 (SP375626). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Campina Grande do Sul, Morro Guaricana; margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Castro, Fazenda Capão Alto. Chryso-hypnum elegantulum (Hook.) Hampe, Vidensk. Meddel. Dansk Naturhist. Foren Kjøbenhavn. ser. 3, 2: 286. 1870 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28001 (SP375494); idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28080p.p. (SP375573); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28114 (SP375607); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28125 (SP375618). Ocorrências novas de briófitas... 79 Associada a Lejeunea laetevirens Nees & Mont. e Metzgeria furcata (L.) Dumort. Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Imbituva, Queimado, Guaramiranga; Tijucas do Sul. Isopterygium tenerum (Sw.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 499. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, na base do tronco vivo, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5337 (SP172671). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a). Hypopterygiaceae Hypopterygium tamarisci (Sw.) Brid. ex Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 2: 8. 1850. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27818 (SP375311); idem, na base do tronco, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28020 (SP375513); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28023 (SP375516); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28033 (SP375526); idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28084 (SP375577); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28136 (SP375629). Brasil: BA, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Lembophyllaceae Orthostichella rigida (Müll. Hal.) B.H. Allen & Magill, Bryologist 110(1): 25. 2007. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano, M.T. Shirata 28050 (SP375543); idem, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28081 (SP375574); idem, sobre liana, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28111 (SP375604); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28109 (SP375602). Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Serra do Mar; Castro, Fazenda Capão Alto. Pilotrichella flexilis (Hedw.) Ångstr., Öfvers. K. Svenska Vetensk.-Akad. Handl. 33(1): 34. 1876. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano & D.P. Santos & J.R. Pirani 5240 (SP172673); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Olga Yano 80 Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27784 (SP375277). Brasil: BA, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Castro; Capão Grande, Fortaleza. Leucobryaceae Leucobryum crispum Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 1: 78. 1848. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso úmido, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28036 (SP375529). Brasil: AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Leucobryum giganteum Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 1: 78. 1848. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso úmido, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 38037 (SP375530). Brasil: AL, AM, BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Morretes, Pilão de Pedra; Campina Grande do Sul, Pico Paraná; Tijucas do Sul, Guaricana; Serra do Mar, Monte Alegre; Serra da Prata. Leucobryum martianum (Hornsch.) Hampe, Linnaea 17: 317. 1843. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28078 (SP375571). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, SC, SE, SP e TO. Paraná: Morretes, Colônia Floresta; Paranaguá, Rio Cachoeirinha. Meteoriaceae Floribundaria flaccida (Mitt.) Broth., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 822. 1906. Material examinado: BRASIL. Paraná, Curitiba, Parque Estadual de Barigui, sobre tronco vivo, mata úmida, 29-IV-1988, O. Yano & M.T. Shirata 11391 (SP222324); idem, sobre galhos de arbusto, 29-IV-1988, O. Yano & M.T. Shirata 11397 (SP222330); Guaricana, VIII-1988, Y.S. Kuniyoshi s.n. (SP223508); mun. Matinhos, caxetal, sobre galhos, 21-VIII-1989, Y.S. Kuniyoshi s.n. (SP228631); mun. Ponta Grossa, Cachoeira da Mariquinha, sobre galho de árvore na mata, 28-VI-2008, J. Cordeiro & C.B. Poliquesi 2916 (MBM, SP418869). Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Antônio Rebouças. Meteorium deppei (Müll. Hal.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 441. 1869. Ocorrências novas de briófitas... 81 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre lianas, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28102 (SP375595). Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campos Gerais; Capão da Imbuia-CTBA; Curitiba, Centro Politécnico. Meteorium flexicaule Wilson, in Hooker f., Fl. Nov. Zealand 2: 101. 1854. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. São João do Triunfo, on downed log, 20-VI-1974, D.M. Vital 3327 (SP122950). Brasil: ES, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Meteorium nigrescens (Hedw.) Dozy & Molk., Musc. Frond. Ined. Archip. Inl.: 160. 1848. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, microsolo da rocha, 5VIII-1973, O.F. da Luz Gastão s.n. (SP90882); mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5332 (SP172669); cidade de Maringá, Horto Florestal, sobre raízes de árvore na mata do horto, 4-X-1989, O. Yano & I. Silva 13484 (SP228409); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27739 (SP375232); idem, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27907 (SP375400); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27948 (SP375441); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27984 (SP375437); idem, na base do tronco de Solanaceae, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28183 (SP377243). Associada a Squamidium nigricans (Hook.) Broth. Brasil: AL, BA, DF, ES, GO, MG, MS, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Papillaria hyalinotricha Müll. Hal., Hedwiga 40: 96. 1901. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Guaíra, sobre rochas e raízes superficiais, junto as cachoeiras de Sete Quedas, 6-X-1978, D.M. Vital 8358 (SP147393). Brasil: BA, MS, PE e RS. É a primeira referência para o Paraná. Papillaria pilifolia Müll. Hal., Hedwigia 40: 96. 1901. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Imbituva, margem do rio Ribeira, sobre tronco e galhos vivos, mata ciliar, 19-IV-1983, O. Yano & J.R. Pirani 6367 (SP173278). Brasil: PR (s.loc.), RS, SC e SP. É a primeira referência com a indicação de localidade para o Paraná. Toloxis imponderosa (Taylor) W.R. Buck, Bryologist 97(4): 436. 1994. Olga Yano 82 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28083 (SP375576). Brasil: CE, ES, MG, RJ, RS, SC e SP. E a primeira referência para o Paraná. Mniaceae Plagiomnium rhynchophorum (Hook.) T. Kop., Hikobia 6(1-2): 57-58. 1971. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27819 (SP375312); idem, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27843 (SP375336); idem, sobre raízes tabulares, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28022 (SP375515); idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28085 (SP375578); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28128 (SP375621). Brasil: BA, ES, GO, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Schizymenium brevicaulis (Hornsch.) J. Shaw & S.P. Churchill, in Churchill, Tropical Bryol. 1: 111. 1989. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, no barranco arenoso junto do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5354 (SP172680). Brasil: PR, RJ e SP. Paraná: Guarapuava, Guará, Inácio Martins; Lapa, Rio Passa. Myriniaceae Helicodontium capillare (Hedw.) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St. Gallischen Naturwiss. Ges. 1876-77: 225. 1878. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Solanaceae, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28182 (SP377242); idem, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28184 (SP377244). Brasil: BA, ES, GO, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Neckeraceae Neckera ehrenbergii Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 2: 51. 1850. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27895 (SP375388); idem, sobre cipó no alto, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28101 (SP375594). Associada a Neckeropsis disticha (Hedw.) Kindb. Brasil: RS. É a primeira referência para o Paraná. Neckera scabridens Müll. Hal., Bot. Zeitung 5: 828. 1947. Ocorrências novas de briófitas... 83 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27949 (SP375442). Brasil: ES, MG, PR (s. loc.), RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência com a indicação de localidade para o Paraná. Neckera urnigera Müll. Hal., Syn. Musc. Frond. 2: 57. 1850. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27806 (SP375299). Brasil: PR, RS e SP. Paraná: Castro. Neckeropsis disticha (Hedw.) Kindb., Canad. Roc. Sci. 6: 21. 1894. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27809 (SP375302); idem, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28049 (SP375542); idem, sobre cipó no alto, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28101p.p. (SP375594). Associada a Neckera ehrenbergii Müll. Hal. Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Neckeropsis undulata (Hedw.) Reichardt, Reise Öst. Freg. Novara Bot. 1: 181. 1870. Material examinado: BRASIL. Paraná, Perola D‟Oeste, gruta perto do rio Feliciano, sobre tronco de árvore viva, mata ciliar, 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5484 (SP172755); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28092p.p. (SP375585); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28160 (SP377220). Associada a Lepidopilum brevipes Mitt. Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Porotrichum longirostre (Hook.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 461. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28129 (SP375622). Brasil: AL, ES, GO, MG, MS, MT, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Porotrichum substriatum (Hampe) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 463. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27938 (SP375431). Olga Yano 84 Brasil: AC, AL, AM, BA, MT, PA, PE, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Orthotrichaceae Groutiella apiculata (Hook.) H.A. Crum & Steere, Bryologist 53(2): 146. 1950. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28144 (SP375637). Brasil: AL, BA, CE, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas. Macrocoma frigida (Müll. Hal.) Vitt, Revue Bryol. Lichénol. n. ser. 39(2): 209. 1973. Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, praça da igreja matriz, sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 13-I- 1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5329 (SP172667); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27744 (SP375237); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27745 (SP375238); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27794 (SP3752887); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27814 (SP375307); idem, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27950 (SP375443). Associada a Frullania brasiliensis Raddi. Brasil: MG, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Macromitrium cirrosum (Hedw.) Brid., Bryol. Univ. 1: 316. 1826. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre bloco de pedra na mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23164 (SP281573). Brasil: AL, AP, BA, CE, ES, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Morretes, Alto da Serra; Fazenda da Tucanduva, Serra do Mar, Marumbi. 1826. Macromitrium punctatum (Hook. & Grev.) Brid., Bryol. Univ. 1: 739. Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, praça da igreja matriz, sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5327 (SP172666); idem, km 298 da BR-373, sobre tronco de árvore viva junto do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5359 (SP172683); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27799 (SP375292); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27805 (SP375298); idem, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27876 (SP375369). Ocorrências novas de briófitas... 85 Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Antônio Olinto. Schlotheimia appressifolia Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 221. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27790 (SP375283); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27801 (SP375294); idem, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27807 (SP375300); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27906 (SP375399); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27941 (SP375434); idem, sobre liana, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28110 (SP375603). Brasil: BA, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Fazenda Tucanduva; Fazenda da Lageada; Serra do Mar, Monte Alegre. Schlotheimia jamesonii (Arnott) Brid., Bryol. Univ. 1: 742. 1826. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27812 (SP375305). Associada a Frullania brasiliensis Raddi. Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Curitiba, Centro Politécnico. Schlotheimia rugifolia (Hook.) Schwägr., Spec. Musc. Frond. Suppl. 2(1): 150. 1824. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5341 (SP172674); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27779 (SP375272); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27783 (SP375276); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27946 (SP375439). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a). Schlotheimia tecta Hook. f. & Wilson, London J. Bot. 3: 157-158. 1844. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28053 (SP375546). Brasil: BA, CE, ES, MG, PE, PR (s. loc.), RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência com a indicação de localidade para o Paraná. Olga Yano 86 Schlotheimia trichomitria Schwägr., Spec. Musc. Frond. Suppl. 2(2): 55. 1826. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27785 (SP375278); idem, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28041 (SP375534); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28052 (SP375545); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28054 (SP375547). Brasil: BA, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, SC e SP. Paraná: Tijucas do Sul, Saltinho; Fazenda Tucanduva. Phyllogoniaceae Phyllogonium viride Brid., Bryol. Univ. 2: 673. 1827. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27796 (SP375289); idem, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27920 (SP375413); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28040 p.p. (SP375533). Associada a Radula fendleri Gottsche ex Steph. Brasil: AL, BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Pilotrichaceae Crossomitrium patrisiae (Brid.) Müll. Hal., Linnaea 38: 612. 1874. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27992 (SP375485). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, PA, PE, RJ, RO, RR, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Esta espécie é tipicamente epífila dentre os musgos. Cyclodictyon varians (Sull.) Kuntze, Revue Gen. Plant. 2: 835. 1891. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28156p.p. (SP377216). Associada a Aneura latissima Spruce. Brasil: AM, CE, DF, ES, GO, MG, MS, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Lepidopilum amplirete (Sull.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 382. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo úmido da mata, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28088 (SP375581). Ocorrências novas de briófitas... 87 Brasil: BA, CE, ES, MG e RS. É a primeira referência para o Paraná. Lepidopilum brevipes Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 376. 1869. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28092 (SP375585). Associada a Neckeropsis undulata (Hedw.) Reichardt. Brasil: AM, ES, MG, PR, RO, RS, SC e SP. Paraná: Morretes perto de Paranaguá. Lepidopilum longifolium Hampe, Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 5, 4: 365. 1865. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, nos galhos de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28015 (SP375508). Brasil: RJ e SP. É a primeira referência para o Paraná. Lepidopilum scabrisetum (Schwägr.) Steere, Bryologist 51(3): 140. 1948. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27914 (SP375407); idem, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28082 (SP375575). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Thamniopsis incurva (Hornsch.) W.R. Buck, Brittonia 39(2): 218. 1987. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27826 (SP375319); idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28099 (SP375592); idem, sobre pedra, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28106 (SP375599); idem, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28123 (SP375616). Associada a Thamniopsis stenodictyon (Sehnem) Oliveira e Silva & O. Yano Brasil: AM, BA, ES, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Thamniopsis langsdorffii (Hook.) W.R. Buck, Brittonia 39(2): 218. 1987. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27908 (SP375401); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27911 (SP375404); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27929 (SP375422); idem, sobre tronco podre, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28087 (SP375580). Brasil: CE, ES, MG, PA, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Olga Yano 88 Thamniopsis rivularis (Mitt.) B.H. Allen, Monogr. Syst. Bot. 117: 651. 2010. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27762 (SP375255). Brasil: PE e SP. É a primeira referência para o Paraná. Thamniopsis stenodictyon (Sehnem) Oliveira e Silva & O. Yano, Bradea 8: 82. 1998. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27919 (SP375412); idem, sobre raízes, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28094 (SP375587); idem, sobre rocha úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28119 (SP375612); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28143 (SP375636). Brasil: ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Polytrichaceae Polytrichum juniperinum Hedw., Spec. Musc. Frond.: 89. 1801. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tibagi, Fazenda Noir e Rosa, ca. 20 km de Castro, na base da grande pedra perto do bosque, 18-IV-2009, O. Yano & M. Kirizawa 31516 (SP414238). Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, PR, RJ, RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a). Pottiaceae Hymenostylium recurvisetum (Hedw.) Dixon, Revue Bryol. Lichénol. 6: 96. 1934. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 29967 (SP375460). Brasil: DF, GO, MG e SC. É a primeira referência para o Paraná. Tortella humilis (Hedw.) Jenn., Mann. Moss. W. Pennsylv. 96: 13. 1913. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, na base do tronco de árvore, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5343 (SP172676); mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre pedra na mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23162 (SP281571). Brasil: BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Prionodontaceae Prionodon densus (Hedw.) Müll. Hal., Bot. Zeitung 2: 129. 1844. Ocorrências novas de briófitas... 89 Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, ca. 5 km antes da cidade, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5324 (SP172664); Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre tronco vivo, mata próximo a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5383 (SP172698); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27850 (SP375343); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27979 (SP375472); idem, sobre tronco de arbusto, mata do morro,14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28117 (SP375610); idem, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28145 (SP375638). Brasil: ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campina Grande do Sul, Caminho ao Cerro Verde; Curitiba, Campos Gerais; Terras Citla. Pterobryaceae Orthostichidium pentastichum (Brid.) B.H. Allen & Magill, Bryologist 110(1): 41. 2007. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27797 (SP375290); idem, sobre pedra úmida, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27817 (SP375310); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28046p.p. (SP375539). Associada a Lophocolea muricata (Lehm.) Nees e Taxilejeunea pterigonia (Lehm. & Lindenb.) Schiffn. Brasil: BA, DF, ES, MG, PE, PR, RJ, RO, RS, SC e SP. Paraná: São Mateus do Sul, Várzea da Olaria, Dois Irmãos. Pterobryon densum (Schwägr.) Hornsch., in Martius, Flora Brasil. 1(2): 51. 1840. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27842 (SP375335); idem, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27845 (SP375338); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27940 (SP375433); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27995 (SP375488). Brasil: BA, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Curitiba, Campos Gerais; Fazenda de Lageada. Ptychomitriaceae Ptychomitrium sellowianum (Müll. Hal.) A. Jaeger, Ber. Thätigk. St. Gallischen Naturwiss. Ges. 1872-73: 104. 1874. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27866 (SP375359). Olga Yano 90 Brasil: ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campina Grande do Sul, Rio Tucum, Sítio do Belizário, Jaquatirica; Tijucas do Sul, Saltinho. Rhizogoniaceae Hymenodon aeruginosus (Hook. f. & Wilson) Müll. Hal., Bot. Zeitung 5: 804. 1847. Material examinado: BRASIL. Paraná, Clevelândia, perto da praça principal, sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5454 (SP172739); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre cáudice de pteridófita, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28142 (SP375635); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28149 (SP377209); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28164 (SP377224); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28179 (SP377239). Brasil: ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Pyrrhobryum spiniforme (Hedw.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 10: 174. 1868. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27823 (SP375316). Brasil: AM, BA, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Rutenbergiaceae Pseudocryphaea domingensis (Spreng.) W.R. Buck, Bryologist 83(4): 455. 1980 (1981). Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, formando tufos, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5339 (SP172672). Brasil: AC, AL, AM, BA, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Terras Citla. Sematophyllaceae Acroporim estrellae (Müll. Hal.) W.R. Buck & Schäfer-Verwimp, Bolm. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot. 7: 646. 1991 (1993). Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27839 (SP375332); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27881 (SP375374). Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Sematophyllum galipense (Müll. Hal.) Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 480. 1869. Ocorrências novas de briófitas... 91 Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, km 98 da BR-373, sobre pedra no leito do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5352 (SP172679); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27763 (SP375256); idem, sobre toco podre, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27792 (SP375285); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27879 (SP375372). Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR (s. loc.), RJ, RO, RR, SC, SP e TO. É a primeira referência com a indicação de localidade para o Paraná. Sematophyllum subfulvum (Broth.) Broth., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. ed. 2, 11: 432. 1925. Material examinado: BRASIL. Paraná, Ponta Grossa, auf schattigen Sandstein in Park von Vila Velha, ca. 900 msm, 16-X-1987, A. Schäfer-Verwimp 9213 (hb. Schäfer-Verwimp, SP386195, como S. pectinatum). Brasil: ES, MG, PR e RJ. Paraná: Campina Grande do Sul, Serra Virgem Maria; São José dos Pinhais, Bordo do Campo; Ponta Grossa. Sematophyllum subpinnatum (Brid.) E. Britton, Bryologist 21(2): 28. 1918 (1919). Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27743 (SP375236); idem, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27754 (SP375247); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27910 (SP375403); idem, sobre cipó perto do chão, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27913 (SP375406); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27935 (SP375428). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a). Sematophyllum swartzii (Schwägr.) Welch & H.A. Crum, Bryologist 62(3): 176. 1959. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28173 (SP377233). Brasil: BA, ES, MG, RJ e RS. É a primeira referência para o Paraná. Thuidiaceae Pelekium involvens (Hedw.) Touw, J. Hattori Bot. Lab. 90: 203-204. 2001. Olga Yano 92 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Lauraceae, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27922 (SP375415). Associada a Lejeunea laetevirens Nees & Mont. Brasil: AC, AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, RJ, RO, RR e SP. É a primeira referência para o Paraná. Thuidium delicatulum (Hedw.) Bruch & Schimp., in Bruch et al., Bryol. Eur. 5(49/51): 164. 1852. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre pedras na margem do rio, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5342 (SP172675). Brasil: AL, AM, BA, ES, GO, MA, MG, MT, PA, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Thuidium tomentosum Schimp., in Besch., Mém. Soc. Sci. Nat. Cherbourg 16: 237. 1872. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27860 (SP375353); idem, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27909 (SP375402); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28146 (SP375639). Brasil: AL, BA, ES, GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. MARCHANTIOPHYTA Aneuraceae Aneura latissima Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15: 554. 1885. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28151 (SP377211); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28156 (SP377216); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28177 (SP377237). Associada a Cyclodictyon varians (Sull.) Kuntze e Lophocolea bidentata (L.) Dumort. Brasil: AM, ES e SP. É a primeira referência para o Paraná. Riccardia cataractarum (Spruce) K.G. Hell, Bolm. Fac. Filos. Univ. São Paulo 335, Bot. 25: 97. 1969. Material examinado: BRASIL. Paraná, Jaguariaíva, no barranco úmido junto da estrada, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5228 (SP181081). Brasil: CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Ocorrências novas de briófitas... 93 Riccardia chamedryfolia (With.) Grolle, Trans. Britt. Bryol. Soc. 5: 772. 1964. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27861 (SP375354); idem, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O.Yano & M.T. Shirata 27964 (SP375457). Associada a Fissidens flaccidus Mitt. e Microcampylopus leucogaster (Müll. Hal.) B.H. Allen. Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Riccardia digitiloba (Spruce) Pagán, Bryologist 42(1): 6. 1939. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27980 (SP375473). Brasil: AC, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, RJ, RS, SC, SE e SP. É a primeira referência para o Paraná. Riccardia regnellii (Ångstr.) K.G. Hell, Bolm. Fac. Filos. Univ. S. Paulo 335, Bot. 25: 110. 1969. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27859 (SP375352). Brasil: ES, MG, MT, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Aytoniaceae Asterella venosa (Lehm. & Lindenb.) A. Evans, Contrib. U.S. Nat. Herb. 20: 286. 1920. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre pedra na margem do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5356 (SP181144); idem, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5358 (SP181145). Brasil: GO, MG, MT, PR, RS, SC e SP. Paraná: Cataratas do Iguaçu; Foz do Iguaçu. Balantiopsidaceae Isotachis aubertii (Schwägr.) Mitt., J. Proc. Linn. Soc. London, Bot. 22: 322. 1887. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., no barranco úmido da estrada, 27-IX-1994, O. Yano et al. 23161 (SP281570). Brasil: AM, ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Olga Yano 94 Isotachis inflata Steph., Archos Mus. nac., Rio de Janeiro 13: 113. 1903. Material examinado: BRASIL. Paraná, Jaguariaíva, no barranco úmido junto da estrada, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5229 (SP181082); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27874 (SP375367). Brasil: DF, ES, MG e RJ. É a primeira referência para o Paraná. Neesioscyphus homophyllus (Nees) Grolle, Österr. Bot. Zeitschr. 111(23): 188. 1964. Material examinado: BRASIL. Paraná, Jaguariaíva, na margem arenosa do rio, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5242 (SP181084). Brasil: BA, GO, MG, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Bryopteridaceae Bryopteris diffusa (Sw.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 286. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23159 (SP281568); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27795 (SP375288); idem, sobre galhos de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27837 (SP375330); idem, sobre liana podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28159 (SP377219). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC, SE e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Bryopteris filicina (Sw.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 284. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27890 (SP375383); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28018 (SP375511); idem, capão primário, 12-VII-2004, O.Yano & M.T. Shirata 27848 (SP375341); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O.Yano & M.T. Shirata 28139 (SP375632). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Frullaniaceae Frullania apiculata (Reinw. et al.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 452. 1845. Ocorrências novas de briófitas... 95 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27737 (SP375230); idem, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27741 (SP375234). Brasil: AL, AM, BA, DF, MS, RJ, PA, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Frullania arecae (Spreng.) Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15: 20. 1884(1885). Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27954 (SP375447); idem, perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28067 (SP375560). Associada a Acrolejeunea torulosa (Lehm. & Lindenb.) Schiffn. Brasil: AC, BA, DF, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SE e SP. Paraná: Banhado. 1835. Frullania atrata (Sw.) Dumort., Recueil d’Obs. Jungerm. Tournay 13: Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, pendente nos galhos de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27857 (SP375350). Brasil: AM, BA, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Roça Nova. Normalmente cresce pendente nos galhos de arbusto e de árvores na mata úmida. Frullania beyrichiana (Lehm. & Lindenb.) Lehm. & Lindenb., in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 460. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano & M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23171 (SP281579); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28166p.p. (SP377226). Associada a Metzgeria furcata (L.) Dumort. Brasil: AC, BA, ES, GO, MG, M,T, PA, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Frullania brasiliensis Raddi, Soc. Ital. Atti. Sci. Mod. 19: 36. 1822. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km, antes da cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5333 (SP181132); idem, km 298 da BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5346p.p. (SP181137); idem, sobre tronco de árvore viva junto do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5353 (SP181142); mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. 96 Olga Yano Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23175 (SP281583); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27745p.p. (SP375238); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27746 (SP375239); idem, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27871 (SP375364); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27892 (SP375385); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27901 (SP375394); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27905 (SP375398); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28047 (SP375540); idem, perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28065 (SP375550). Associada a Macrocoma frigida (Müll. Hal.) Vitt e Schlotheimia jamesonii (Arnott) Brid. Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Bocaiúva do Sul, Palmital, reserva Toca do Urso; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Frullania caulisequa (Nees) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 448. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5346 (SP181137); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27771 (SP375264); idem, sobre tronco de Lauraceae, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27781p.p. (SP375274); idem, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27813 (SP375306); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27925p.p. (SP375418); idem, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27943 (SP375436); idem, sobre tronco de arbusto perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28062p.p. (SP375555); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28064 (SP375557); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28072 (SP375565). Associada a Frullania brasiliensis Raddi, Lejeunea flava (Sw.) Nees e Radula stenocalyx Mont. Brasil: AC, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SE e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Frullania curvilobula Schäfer-Verwimp, D.F. Peralta & S.M. Siqueira, Phytotaxa 57: 27, fig. 1. 2012. Material examinado: BRASIL. Paraná, Serra da Graciosa bei Curitiba, 25º20‟S, 48º54‟W, Caminho dos Jesuítas, im Nebelwald epiphytish, 850 m alt., 10-X-1987, A. Schäfer-Verwimp & I. Verwimp 9087 (hb. Schäfer-Verwimp, JE, PC, SP386189). Brasil. PR, Serra da Graciosa perto de Curitiba, Caminho dos Jesuítas; SP, Cananéia, Ilha do Cardoso, Pico do Cardoso; Ubatuba, Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba. Ocorrências novas de briófitas... 97 Frullania ericoides (Nees) Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 12: 51. 1839. Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos, & J.R. Pirani 5254 (SP181088); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27782 (SP375275); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27788 (SP375281). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MG, MS, MT, PB, PE, PR, RJ, RS, SC, SE e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Frullania glomerata (Lehm. & Lindenb.) Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 9: 46. 1838. Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano & D.P. Santos & J.R. Pirani 5255 (SP181089); Senges, praça perto da linha de ferro, sobre tronco de Tabebuia sp., 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5222 (SP181079); Prudentópolis, km 298 da BR0373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5345 (SP181136); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27750 (SP375243); idem, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27753 (SP375246); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27951 (SP375444). Brasil: BA, CE, DF, ES, MA, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande. Frullania neesii Lindenb., in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 450. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., na mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27736 (SP375229); idem, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27740 (SP375233); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27789p.p. (SP375282); idem, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27942 (SP375435). Associada a Frullania caulisequa (Nees) Nees. Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SE e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Frullania riojaneirensis (Raddi) Ångstr., Öfvers. K. Vetensk.-Akad. Förh. 33(7): 88. 1876. Olga Yano 98 Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5257 (SP181091); Imbituva, km 39 da BR-373, sobre tronco de árvore viva, remanescente de mata, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5287 (SP181112); mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m, alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23151 (SP281561); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27880 (SP375373); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28070 (SP375563); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28071 (SP375564). Associada a Cheilolejeunea rigidula (Mont.) R.M. Schust. Brasil: AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC, SE e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Geocalycaceae 1835. Lophocolea bidentata (L.) Dumort., Recueil d’Observ. Jungerm.: 17. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27821 (SP375314); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28010 (SP375503); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28151p.p. (SP377211); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28153 (SP377213). Associada a Aneura latissima Spruce e Lophocolea muricata (Lehm.) Nees. Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas. Lophocolea lindmannii Steph., Spec. Hepat. 3: 140. 1906. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre galho e casca podre, capão primário, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27851 (SP375344); idem, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27863 (SP375356). Brasil: AM, DF, MG, MT, PA, PE, PR, RJ e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande. Lophocolea martiana Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 152. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27822 (SP375315); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28176 (SP377236); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28178 (SP377238). Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC, SE e SP. Paraná: Parque Nacional do Iguaçu. Ocorrências novas de briófitas... 99 Lophocolea muricata (Lehm.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 169. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre galho e casca podre, capão primário, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27851p.p. (SP375344); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28028p.p. (SP375521); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28046p.p. (SP375539); idem, sobre liana, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28132 (SP375625); idem, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28153p.p. (SP377213). Associada a Lejeunea raddiana Lindenb., Lophocolea bidentata (L.) Dumort.), L. lindmannii Steph. e Taxilejeunea pterigonia (Lehm. & Lindenb.) Schiffn. Brasil: BA, ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Lophocolea proteus Herzog, Feddes Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 57: 164. 1955. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27862 (SP375355); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27921 (SP375414); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27978 (SP375471); idem, sobre raízes tabulares, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28032p.p. (SP375525); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28120 (SP375613); idem, sobre tronco podre, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28141 (SP375634). Associada a Symphyogyna brasiliensis (Nees) Nees & Mont. Brasil: RJ e SP. É a primeira referência para o Paraná. Herbertaceae Herbertus bivittatus Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15: 343. 1885. Material examinado: BRASIL. Paraná, Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m, alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23152 (SP281562). Brasil: AM, BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RR, RS e SP. Paraná: Monte Alegre. Lejeuneaceae Acrolejeunea emergens Öst’Afrikas C: 65. 1895. (Mitt.) Steph., in Engler, Pflanzenwelt Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27766 (SP375259); idem, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & Olga Yano 100 M.T. Shirata 27773 (SP375266); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27934 (SP375427). Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, RJ, RO, RR, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Acrolejeunea torulosa (Lehm. & Lindenb.) Schiffn., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. ed. 1, 3(1): 128. 1893. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., na base do tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23163 (SP281572); idem, sobre bloco de pedra, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23173 (SP281581); idem, nos galhos de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23174 (SP281582); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27954p.p. (SP375447); idem, perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28061 (SP375554); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28073 (SP375566). Associada a Frullania arecae (Spreng.) Spruce. Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PR, RJ, RO, RR, RS, SP e TO. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Anoplolejeunea conferta (Meissn. ex Spreng.) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 35: 175-176. 1908. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27804 (SP375297); idem, capão primário, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27972 (SP375465); idem, perto do lago, 13VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28058 (SP375551). Associada a Radula tectiloba Steph. Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Guaratuba; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Aphanolejeunea kunertiana Steph., Spec. Hepat. 5: 860. 1916. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arácea, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28172 (SP377232). Associada a Lejeunea cancellata Nees & Mont. Brasil: BA, CE, MG, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Archilejeunea fuscescens (Hampe ex Lehm.) Fulford, Bryologist 45(6): 174. 1942. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27888 (SP375381). Ocorrências novas de briófitas... 101 Brasil: AC, AL, AM, BA, ES, MG, PA, PE, RJ, RR e SP. É a primeira referência para o Paraná. Aureolejeunea fulva R.M. Schust., Phytologia 39: 429. 1978. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., no barranco úmido na estrada, 27-IX-1994, O.Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23177 (SP281585). Brasil: MG e RJ. É a primeira referência para o Paraná. 1971. Cheilolejeunea rigidula (Nees ex Mont.) R.M. Schust., Castanea 36: 102. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27772 (SP375265); idem, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27802 (SP375295); idem, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27803 (SP375296); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28007 (SP375500); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28069 (SP375562); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28122 (SP375615). Associada a Fissidens lagenarius Mitt. e Frullania riojaneirensis (Raddi) Ångstr. Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SE, SP e TO. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Castro, Fazenda Noir e Rosa. Cololejeunea cardiocarpa (Mont.) A. Evans, Mem. Torrey Bot. Club 8: 172. 1902. Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, ca. 5 km antes da cidade, epífila em Lauraceae, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5313 (SP181124); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27969 (SP375462). Brasil: AL, AM, AP, BA, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SE e TO. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas. Cololejeunea verwimpii P. Tixier, Cryptogamie, Bryol. Lichénol. 16(3): 230. 1995. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27878 (SP375371); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27916 (SP375409); epífila de pteridófita, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27975 (SP375468). Brasil: AM, ES, GO, MG, MS, PR, RS, SC e SP. Paraná: Guarapuava. 102 Olga Yano Diplasiolejeunea pellucida (Meissn.) Schiffn., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 121. 1893. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de Melastomataceae, mata do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28157 (SP377217). Brasil: AL, AM, BA, ES, PA, PE, PR, RJ, RR, SC e SP. Paraná: Serra da Graciosa. Drepanolejeunea crucianella (Taylor) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 30: 33. 1903. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, encosta de morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28076 (SP375569). Brasil: AL, AM, BA, CE e PA. É a primeira referência para o Paraná. Drepanolejeunea lichenicola (Spruce) Steph., Spec. Hepat. 5: 335. 1913. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27994p.p. (SP375487). Associada a Lejeunea cancellata Nees & Mont. Brasil: BA, PR, RJ e SP. Paraná: Serra do Mar, Monte Alegre. Drepanolejeunea mosenii (Steph.) Bischler, Revue Bryol. Lichénol. 35(1-4): 118. 1967. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., epífila de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23170 (SP281578); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27987 (SP375480); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27988 (SP375481); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27991 (SP375484). Associada a Lejeunea adpressa Nees. Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Roça Nova; Serra do Mar, Ipiranga, Monte Marumbi. Drepanolejeunea palmifolia (Nees) Steph., Hedwigia 29: 74. 1890. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27758 (SP375251). Brasil: AM, BA, MG, MT, PA e RJ. É a primeira referência para o Paraná. Harpalejeunea stricta (Lindenb. & Gottsche) Steph., Hedwigia 27: 291. 1888. Ocorrências novas de briófitas... 103 Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., epífila de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23168p.p. (SP281576). Associada a Odontolejeunea decemdentata (Spruce) Steph. Brasil: AL, BA, CE, PA, PE, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Lejeunea adpressa Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 380. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre raízes expostas, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28971 (SP375464); idem, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27988p.p. (SP375481). Associada a Drepanolejeunea mosenii (Steph.) Bischler. Brasil: AM, BA, ES, MG, PE, PR, RJ e SP. Paraná: Foz do Iguaçu. Lejeunea aphanes Spruce, Trans. & Proc. Soc. Bot. Edinburgh 15: 290. 1884 (1885). Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28152 (SP377212). Brasil: AL, BA, CE e SP. É a primeira referência para o Paraná. Lejeunea cancellata Nees & Mont., in Montagne in Ramón de la Sagra, Hist. Phys. Bot. Plant. Cell. Cuba 9: 472. 1842. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27834 (SP375327); idem, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27981 (SP375474); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shitata 27994 (SP375487); epífila de arácea, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28172p.p. (SP377232). Associadaa Aphanolejeunea kunertiana Steph. e Drepanolejeunea lichenicola (Spruce) Steph. Brasil: AL, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Lejeunea capensis Gottsche, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 374. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Lauraceae, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27752 (SP375245). Brasil: CE, MG, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Castro. Lejeunea confusa E.W. Jones, J. Bryol. 7: 24. 1972. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28005 (SP375498). Associada a Odontolejeunea lunulata (F. Weber) Schiffn. Brasil: SP. É a primeira referência para o Paraná. 104 Olga Yano Lejeunea deplanata Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat. 5: 534. 1914. Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre tronco de árvore viva, mata próxima a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5379 (SP181150); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27952 (SP375445); idem, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28004 (SP375497). Associada a Odontolejeunea decemdentata (Spruce) Steph. Brasil: AM, BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PB, PE, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Lejeunea flava (Sw.) Nees, Naturgesch. Eur. Leberm. 3: 277. 1838. Material examinado: BRASIL. Paraná, Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23150 (SP281560); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27756 (SP375249); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27774 (SP375267); idem, sobre tronco de Lauraceae, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27781 (SP375274); idem, na base do tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27902 (SP375395); idem, sobre tronco e raízes do coqueiro, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27891 (SP375384); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27893 (SP375386); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27918 (SP375411); idem, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28097 (SP375590); idem, na base do tronco de Pinus sp., encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28181 (SP377241). Associada a Frullania caulisequa (Nees) Nees e Leucolejeunea unciloba (Lindenb.) A. Evans. Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SE, SP e TO. Paraná: ver Yano (2013a). Lejeunea grossitexta (Steph.) E. Reiner & Goda, J. Hattori Bot. Lab. 89: 29. 2000. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28079 (SP375572); idem, epífila de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28163 (SP377223). Brasil: AL, BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Irati; Adrianópolis. Lejeunea laetevirens Nees & Mont., in Ramón de la Sagra, Hist. Phys. Bot. Plant. Cell. Cuba 9: 469. 1842. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Lauraceae, capão Ocorrências novas de briófitas... 105 primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27922p.p. (SP375415); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27937 (SP375430); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27970 (SP375463); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28001p.p. (SP375494); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28008 (SP375501); idem, sobre tronco e galho de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28006 (SP375499); idem, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28090 (SP375583); idem, sobre pedra úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28103 (SP375596); idem, sobre liana, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28127 (SP375620); idem, sobre cáudice de pteridófita, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28154p.p. (SP377214); idem, sobre tronco de Lauraceae, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28155 (SP377215). Associada a Chryso-hypnum elegantulum (Hook.) Hampe, Pelekium involvens (Hedw.) Touw e Taxilejeunea isocalycina (Nees) Steph. Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SE e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande. 1889. Lejeunea oligoclada Spruce, Bull. Soc. Bot. France 36 (suppl.): 199. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, encosta do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28086 (SP375579). Brasil: BA, ES, MG, PE, RJ, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Lejeunea phyllobola Nees & Mont., in Ramón de la Sagra, Hist. Fis. Pol. Natur. Bot. Cuba 9: 471. 1842. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27928 (SP375421); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27953 (SP375446); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28003 (SP375496); idem, epífila de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28130 (SP375623). Associada a Metzgeria uncigera A. Evans. Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Lejeunea raddiana Lindenb., in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 342. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28028 (SP375521). Associada a Lophocolea muricata (Lehm.) Nees. Brasil: AL, MG, PA, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. 106 Olga Yano Leptolejeunea elliptica (Lehm. & Lindenb.) Schiffn., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 126. 1893. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27836 (SP375329); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27841 (SP375334); idem, epífila de arbusto, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28126 (SP375619). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, SC, SE e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Morretes. Leptolejeunea exocellata (Spruce) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 29: 498. 1902. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27830 (SP375323); idem, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27945 (SP375438); idem, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28021 (SP375514). Associada a Odontolejeunea lunulata (F. Weber) Schiffn. Brasil: AC, AL, AM, BA, MS, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande. Leucolejeunea unciloba (Lindenb.) A. Evans, Torreya 7: 228. 1907. Cheilolejeunea unciloba (Lindenb.) Malombe, Acta Bot. Hung. 51(3-4): 325. 2009. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, sobre tronco vivo, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5338 (SP181135); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27755 (SP375248); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27757 (SP375250); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27759 (SP375252); idem, na base do tronco de Podocarpus, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27742 (SP375235); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27774p.p. (SP275267); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirara 27889 (SP375382); idem, sobre tronco de Lauraceae, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27896 (SP375389); idem, sobre cipó caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27912 (SP375405); idem, sobre tronco caído, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27944 (SP375437); idem, sobre tronco de Rutaceae, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27947 (SP375440). Associada a Lejeunea flava (Sw.) Nees. Ocorrências novas de briófitas... 107 Brasil: AC, AM, BA, CE, ES, MG, PA, PB, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Leucolejeunea xanthocarpa (Lehm. & Lindenb.) A. Evans, Torreya 7: 229. 1907. Cheilolejeunea xanthocarpa (Lehm. & Lindenb.) Malombe, Acta Bot. Hung. 51(3-4): 326. 2009. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de árvore, mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27761 (SP375254); idem, sobre tronco de arbusto, perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28066 (SP375559). Brasil: AL, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RS, SC e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Mastigolejeunea plicatiflora (Spruce) Steph., Spec. Hepat. 4: 766. 1912. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27798 (SP375291). Brasil: AC, AM, BA, ES, GO, MG, PA, RR e SP. É a primeira referência para o Paraná. Microlejeunea bullata (Taylor) Steph., Hedwigia 29: 90. 1890. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27877p.p. (SP375370); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27990p.p. (SP375483). Associada a Metzgeria uncigera A. Evans e Odontolejeunea lunulata (F. Weber) Schiffn. Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SE e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas. Microlejeunea globosa (Spruce) Steph., Spec. Hepat. 5: 821. 1915. Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5256 (SP181090); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28075 (SP375568). Brasil: ES, PA, RS, SC, SE e SP. É a primeira referência para o Paraná. Neurolejeunea breutelii (Gottsche) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 34: 13. 1907. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m, alt., sobre pedra, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23172 (SP281580); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27776 (SP375269); idem, na 108 Olga Yano base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27780 (SP375273). Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Serra da Graciosa. Odontolejeunea decemdentata (Spruce) Steph., Spec. Hepat. 5: 171. 1912. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., epífila de arbusto, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23168 (SP281576); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28004p.p. (SP375497). Associada a Harpalejeunea stricta (Lindenb. & Gottsche) Steph. e Lejeunea deplanata Nees. Brasil: RJ e SP. É a primeira referência para o Paraná. Odontolejeunea lunulata (F. Weber) Schiffn., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 128. 1893. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27829 (SP375322); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27832 (SP375325); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27854 (SP375347); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27976 (SP375469); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27990 (SP375483); idem, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27997 (SP375490); idem, epífila de pteridófita, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27998 (SP375491); idem, epífila de Melastomataceae, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28002 (SP375495); idem, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28005p.p. (SP375498); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28021p.p. (SP375514). Associada a Lejeunea confusa E.W. Jones e Microlejeunea bullata (Taylor) Steph. Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS e SP. Paraná: Fernandes Pinheiro; Roça Nova; Serra do Mar. Omphalanthus filiformis (Sw.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 144. 1788. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5334 (SP181133); idem, km 298 da BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5351 (SP181141); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27764 (SP375257); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27765 (SP375258); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27769 (SP375262); idem, no Ocorrências novas de briófitas... 109 barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shiraa 27870 (SP375363); idem, sobre tronco de Lauraceae, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27878 (SP375391); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shitata 27925 (SP375418); idem, na base do tronco, capão primário, 13-VII-2004, O.Yano & M.T. Shirata 27927 (SP375420); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28056 (SP375549); idem, perto do lago de captação, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28060 (SP375553); idem, sobre galhos finos, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28077 (SP375570); idem, sobre tronco de arbusto, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28098 (SP375591). Associada a Frullania caulisequa (Nees) Nees. Brasil: AM, BA, CE, ES, MG, PE, RJ, RS, SC, SE e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Pycnolejeunea contigua (Nees) Grolle, J. Hattori Bot. Lab. 45: 179. 1979. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27810 (SP375303). Brasil: AL, AM, BA, CE, ES, MG, MS, PA, PE, RR, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Schiffneriolejeunea polycarpa (Nees) Gradst., J. Hattori Bot. Lab. 38: 355. 1974. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27833 (SP375326). Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PB, PE, RJ, RR, RS, SC, SE e SP. É a primeira referência para o Paraná. Symbiezidium transversale (Sw.) Trevis., Mem. Reale Ist. Lomb. Sci. Mat. Nat. ser. 3, 4: 403. 1877. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27760 (SP375253); idem, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27777 (SP375270). Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, MG, PA, PE, RJ, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Taxilejeunea isocalycina (Nees) Steph., Spec. Hepat. 5: 469. 1914. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27936 (SP375429); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27973 (SP375466); idem, Olga Yano 110 sobre cáudice de pteridófita, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28154 (SP377214); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28161 (SP377221); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28168 (SP377228); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28169 (SP377229). Associada a Lejeunea laetevirens Nees & Mont. Brasil: ES, MG, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Taxilejeunea lusoria (Lindenb. & Gottsche) Schiffn., Bot. Jahrh. Syst. 23: 580. 1897. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28012 (SP375505). Brasil: AM, AP, BA, PA, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema. Taxilejeunea obtusangula (Spruce) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 38: 215. 1911. Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre tronco de árvore, mata próxima a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5387 (SP181153). Brasil: AM, BA, ES, GO, MG, PA, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Paraná: Iporanga, Desvio; margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande. Taxilejeunea pterigonia (Lehm. & Lindenb.) Schiffn., in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 6: 44. 1834. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28046 (SP375539). Associada a Lophocolea muricata (Lehm.) Nees e Orthostichidium pentastichum (Brid.) B.H. Allen & Magill. Brasil: AM, BA, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Campina Grande do Sul, Pico Caratuva. Lepidoziaceae Bazzania heterostipa (Steph.) Fulford, Bull. Torrey Bot. Club 86: 410. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbuso, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28175 (SP377235). Brasil: AL, BA, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Ponta Grossa, Vila Velha. Kurzia capillaris (Sw.) Grolle, Revue Bryol. Lichénol. 32: 178. 1963. Ocorrências novas de briófitas... 111 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, úmido, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28035 (SP375528). Brasil: AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Paracromastigum pachyrhizum (Nees) Fulford, Mem. New York Bot. Gard. 11(3): 390. 1968. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27873 (SP375366). Brasil: ES, GO, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Telaranea nematodes (Gottsche ex Austin) M. Howe, Bull. Torrey Bot. Club 29: 284. 1902. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27904p.p. (SP375397). Associada a Metzleria brasiliensis (Broth.) Paris. Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, RJ, RR, RS, SC, SE e SP. É a primeira referência para o Paraná. Marchantiaceae Marchantia chenopoda L., Spec. Plant. 2: 1137. 1753. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre bloco de pedra na mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23169 (SP281577). Brasil: AC, AM, DF, ES, MG, MT, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Serra da Esperança. Metzgeriaceae Metzgeria albinea Spruce, Bull. Soc. Bot. France 36 (suppl.): 201. 1890. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27863 (SP375360). Brasil: AC, AL, BA, CE, DF, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Metzgeria aurantiaca Steph., Spec. Hepat. 1: 286. 1899. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27900 (SP375393); idem, encosta do morro, 14VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28074 (SP375567). Olga Yano 112 Brasil: AM, BA, CE, ES, MG, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: São Mateus do Sul, Minas do Xisto; Curitiba, Parque Estadual de Barigui. Metzgeria convoluta Steph., Spec. Hepat. 1: 288. 1899. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27982 (SP375475). Brasil: BA, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Antonina. 1844. Metzgeria dichotoma (Sw.) Nees, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 504. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27767 (SP375260); idem, na base do tronco de arbusto, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28068 (SP375561). Brasil: AL, DF, GO, MG, PB, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Metzgeria fruticola Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15: 554. 1885. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27778 (SP375271). Brasil: AL, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Jaguariaíva, praça Vicente Machado; Araucaria; Carlópolis. Metzgeria furcata (L.) Dumort., Recueil d’Obs. Jungerm.: 26. 1835. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre tronco de árvore, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23156 (SP281566); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27749 (SP375242); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27932 (SP375425); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27999 (SP375492); idem, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28011 (SP375504); idem, sobre tronco de arbusto, perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28063 (SP375556); idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28080 (SP375573); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28113 (SP375606); idem, epífila de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28116 (SP377226). Associada a Chryso-hypnum elegantulum (Hook.) Hampe e Frullania beyrichiana (Lehm. & Lindenb.) Lehm. & Lindenb. Ocorrências novas de briófitas... 113 Brasil: AC, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Curitiba, Parque Estadual Barigui; entre Ponta Grossa e Palmeiras; Rio Tibagi; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Metzgeria lechleri Steph., Spec. Hepat. 1: 290. 1899. Material examinado: BRASIL. Paraná, Castro, praça Manuel Ribas, sobre tronco vivo de Meliaceae, 12-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5252 (SP181087). Brasil: CE, DF, ES, GO, MG, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Metzgeria leptoneura Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15: 555. 1885. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28107 (SP375600); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28165 (SP377225). Brasil: AC, AM, BA, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Metzgeria scyphigera A. Evans, Trans. Connecticut Acad. Arts 18: 299. 1914. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27917 (SP375410). Brasil: BA, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Bocaiúva do Sul, Palmital, Reserva da Toca do Urso. Metzgeria uncigera A. Evans, Ann. Bot. 24: 276. 1910. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, epífila de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27877 (SP375370); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27928p.p. (SP375421). Associada a Lejeunea phyllobola Nees & Mont. e Microlejeunea bullata (Taylor) Steph. Brasil: ES, MG, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Pallaviciniaceae Symphyogyna aspera Steph., in Mc Cormick, Bot. Gaz. 58: 403. 1914. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28180 (SP377240). Brasil: AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Olga Yano 114 Symphyogyna brongniartii Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 19: 265. 1843. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR373, na margem argilosa do riacho, 13-I-1983, O.Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5349 (SP181140). Brasil: AC, AM, BA, MG, PE, RJ, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Symphyogyna brasiliensis (Nees) Nees & Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 5: 67. 1836. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, no solo humoso, úmido, capão primário, 12-VII2004, O.Yano & M.T. Shirata 27847 (SP375340); idem, no barranco úmido, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27959 (SP375452); idem, sobre raízes tabulares, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28032 (SP375525); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O.Yano & M.T. Shirata 28131 (SP375624). Associada a Lophocolea proteus Herzog. Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Paraná: Campina Grande do Sul, Caminho ao Cerro Verde. Pelliaceae Noteroclada confluens (Hook. f. & Taylor) Spruce, Trans. & Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15: 531. 1885. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Prudentópolis, km 298 da BR377, na margem arenoso do riacho, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5355 (SP181143). Brasil: DF, ES, GO, MG, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Campina Grande do Sul. Plagiochilaceae Plagiochila adiantoides (Sw.) Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 2, 3: 77. 1840. Material examinado: BRASIL. Paraná, Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre pedra na mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23153 (SP281563); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28026 (SP375519). Brasil: BA, ES, GO, MG, PE, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Plagiochila bifaria (Sw.) Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 5: 127. 1843. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27924 (SP375417); idem, sobre tronco de Ocorrências novas de briófitas... 115 arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28116 (SP375609). Brasil: AM, BA, ES, MG, PA, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Mallet, Rio Bonito. Plagiochila corrugata (Nees) Nees & Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 5: 52. 1836. Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, km 389 da BR-373, sobre tronco de árvore viva, remanescente de mata, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5286 (SP181111); mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt., sobre cáudice de pteridófita, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23155 (SP281565); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27748 (SP375241); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27775 (SP375268); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27768 (SP375261); idem, sobre tronco podre, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27933 (SP375426); idem, sobre tronco de arbusto perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28059 (SP375552). Brasil: AC, BA, CE, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Plagiochila martiana (Nees) Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 1: 12. 1839. Material examinado: BRASIL. Paraná, Ponta Grossa, praça do exército, sobre tronco vivo de Jacaranda sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5275 (SP181102); mun. Prudentópolis, 2 km antes da cidade na BR-373, na base do tronco vivo, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5335 (SP181134); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27974 (SP375467); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28027 (SP375520); idem, sobre tronco de arbusto, encosta de morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28091 (SP375584); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28095 (SP375588); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28100 (SP375593). Brasil: AC, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas. Plagiochila patentissima Lindenb., Spec. Hepat.: 64. 1840. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m alt, sobre cáudice de pteridófita, mata úmida, 27-IX-1994, O.Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23154 (SP281564); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28000 (SP375493); idem, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28014 (SP375507); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28025 (SP375518); idem, sobre pedra, mata do morro, 14-VII- Olga Yano 116 2004, O. Yano & M.T. Shirata 28105 (SP375598); idem, sobre liana, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano &M.T. Shirata 28148 (SP375641). Brasil: BA, CE, ES, MG, PB, PE, PR, RJ, RS, SE e SP. Paraná: Campos Gerais; margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Plagiochila patula (Sw.) Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 1: 21. 1839. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27855 (SP375348). Brasil: AC, BA, CE, DF, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Plagiochila raddiana Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 1: 9. 1839. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco podre, encosta do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28093 (SP375586). Brasil: AC, AM, BA, CE, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande; Rio Iguaçu; Terras Citla. Plagiochila rutilans Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 2-4: 47. 1841. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27815 (SP375308); idem, sobre pedra úmida, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27865 (SP375358); idem, sobre tronco de arbusto, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28138 (SP375631); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28174 (SP377234). Brasil: AC, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MT, PA, PE, RJ, RR, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Plagiochila subplana Lindenb., Spec. Hepat. fasc. 2, 4: 73. 1840. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28024 (SP375517). Brasil: AC, AM, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, RJ, RR, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Porellaceae Porella brasiliensis (Raddi) Schiffn., Nova Acta Acad. Caes. Leop. Carol. German. Nat. Cur. 60: 246. 1893. Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, km 39 da BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5301 (SP181120); idem, ca. 5 km antes da cidade, sobre tronco de árvore viva, 13-I- Ocorrências novas de briófitas... 117 1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5315 (SP181125); Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre tronco vivo, mata próxima a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5384 (SP181152); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27816 (SP375309); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27820, (SP375313); idem, na base do tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27828 (SP375321); idem, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27846 (SP375339); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28017 (SP375510); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28019 (SP375512); idem, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28140 (SP375633); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28171 (SP375231). Associada a Porella reflexa (Lehm. & Lindenb.) Trevis. Brasil: BA, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: ver Yano (2013a). Porella reflexa (Lehm. & Lindenb.) Trevis., Mem. Reale Ist. Lomb. Cl. Sci. ser. 3, 4: 408. 1877. Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, ca. 5 km antes da cidade, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5322 (SP181128); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27820p.p. (SP375313). Associada a Porella brasiliensis (Raddi) Schiffn. Brasil: AM, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande. Porella swartziana (F. Weber) Trevis., Mem. Reale Ist. Lomb. Cl. Sci. ser. 3, 4: 407. 1877. Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, ca. 5 km antes da cidade, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5317 (SP181126). Brasil: BA, ES, GO, MG, PE, PR, RS, SC e SP. Paraná: Terras Citla. Radulaceae Radula fendleri Gottsche ex Steph., Hedwigia 23: 146. 1884. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28040 (SP375533); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28043 (SP375536). Associada a Phyllogonium viride Brid. Brasil: BA, ES, MG, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Radula javanica Gottsche, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 257. 1845. Olga Yano 118 Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, km 39 da BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5310 (SP181122); Realeza perto do trevo, sobre tronco de árvore, mata, 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5474 (SP181187). Brasil: AC, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, P A, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Guaíra, Parque Nacional de Sete Quedas; Guarapuava, Rio Campo Real. Radula kegelii Gottsche ex Steph., Hedwigia 23: 152. 1884. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, nos galhos de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28016 (SP375509); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28031 (SP375524); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28030 (SP375523). Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Radula mexicana Lindenb. & Gottsche, in Gottsche, Mexik. Leverm.: 150. 1863. Material examinado: BRASIL. Paraná, Imbituva, km 39 da BR-373, sobre tronco de árvore viva, 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5298 (SP181118); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27968 (SP375461); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27989 (SP375482). Brasil: BA, ES, PE, RJ, RS e SP. É a primeira referência para o Paraná. Radula nudicaulis Steph., Spec. Hepat. 4: 174. 1900. Material examinado: BRASIL. Paraná, Pato Branco, rio Pato Branco na BR280, sobre tronco de árvore viva, mata ciliar, 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5435 (SP181168); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de arbusto, capão primário, 12-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 27844 (SP375337); idem, no barranco úmido, capão primário, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27868 (SP375361); idem, epífila de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27993 (SP375486); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28013 (SP375506); idem, sobre rocha úmida, encosta do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28096 (SP375589); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28108 (SP375601); idem, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28115 (SP375608); idem, sobre pedra úmida, mata do morro, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28162 (SP377222). Brasil: ES, MG, PE, PR, RJ, RS e SP. Paraná: Adrianópolis. Radula quadrata Gottsche, in Gottsche et al., Syn. Hepat.: 255. 1844. Ocorrências novas de briófitas... 119 Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28044 (SP375537). Brasil: BA, GO, MG, P A, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: margem esquerda do Rio Paranapanema, Salto Grande. Radula recubans Taylor, London J. Bot. 5: 376. 1846. Material examinado: BRASIL. Paraná, Prudentópolis, praça da igreja matriz, sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 13-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5328 (SP181130). Brasil: AC, AL, BA, ES, PA, PE, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Radula stenocalyx Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 4, 3: 315. 1855. Material examinado: BRASIL. Paraná, Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, sobre tronco de arbusto perto do lago de captação, 14-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 28062 (SP375555). Associada a Frullania caulisequa (Nees) Nees. Brasil: BA, ES, RJ, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Radula tectiloba Steph., Hedwigia 27: 298. 1888. Material examinado: BRASIL. Paraná, Clevelândia, perto da praça principal, sobre tronco vivo de Ligustrum sp., 15-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5461 (SP181183); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco de Podocarpus sp., mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27747 (SP375240); idem, sobre tronco de Lauraceae, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27751 (SP375244); idem, sobre tronco de arbusto, mata secundária, 12-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27804p.p. (SP375297); idem, sobre tronco de Lauraceae, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27894 (SP375387); idem, sobre tronco de arbusto, capão primário, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27926 (SP375419); idem, 13-VII-2004, O. Yano & M.T. Shirata 27955 (SP375448). Associada a Anoplolejeunea conferta (Meissn.) A. Evans. Brasil: BA, ES, GO, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP. Paraná: Iguaçu; Tibagi, Fazenda Noir e Rosa. Radula voluta Taylor ex Gottsche et al., Syn. Hepat.: 255. 1845. Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, sobre tronco de árvore, mata próxima a lagoa, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5390 (SP181155); idem, sobre tronco podre, mata próxima a lagoa, 14-I1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5396 (SP181157). Brasil: ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. Ricciaceae Riccia vitalii S. Jovet-Ast, Mem. New York Bot. Gard. 45: 283. 1987. Olga Yano 120 Material examinado: BRASIL. Paraná, Guarapuava, km 389 da BR-373, no solo úmido próxima ao lageado junto com Campylopus, 14-I-1983, O. Yano, D.P. Santos & J.R. Pirani 5394 (SP181156). Associada a Campylopus pilifer Brid. Brasil: AL, AM, BA, CE, ES, GO, MA, MS, PB, PE, PI, RN, SE e TO. É a primeira referência para o Paraná. Trichocoleaceae Trichocolea brevifissa Steph., Spec. Hepat. 4: 54. 1909. Material examinado: BRASIL. Paraná, mun. Morretes, estrada da Graciosa, ca. 820 m, alt., epífila de pteridófita, mata úmida, 27-IX-1994, O. Yano, M.E.G. Ribas & M.T. Shirata 23165 (SP281574); Tijucas do Sul, Distrito da Lagoa, Vivat Floresta Sistemas Ecológicos, na base do tronco, capão primário, 13-VII2004, O. Yano & M.T. Shirata 28038 (SP375531). Brasil: BA, ES, MG, RJ, RS, SC e SP. É a primeira referência para o Paraná. CONCLUSÃO Considerando-se o alto número de novas citações para o estado do Paraná, pode-se concluir que os fragmentos de mata, os parques, as reservas e as demais áreas de proteção ambiental aqui analisadas, apresentam uma grande diversidade de espécies de briófitas e, ainda, sinalizam a necessidade do incremento dos estudos e coletas nestas áreas. O presente estudo mostra a real diversidade das espécies de briófitas no Paraná, a distribuição das espécies no estado e ainda os ambientes em que elas crescem. E, também foram preenchidas as lacunas de várias espécies que ocorriam no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN, B. 1999. The genus Philonotis (Bartramiaceae, Musci) in Central America. Haussknechtia Beiheft 9: 19-36. BASTOS, C.J.P. 2004. Lejeuneaceae (Marchantiophyta) no Estado da Bahia, Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo. BORDIN, J. & YANO, O. 2013. Fissidentaceae (Bryophyta) do Brasil. Boletim do Instituto de Botânica 22: 1-168. BUCK, W.R. 1998. Pleurocarpous Mosses of the West Indies. Memoirs of the New York Botanical Garden 82: 1-400. BUCK, W.R. 2003. Guide to the plants of Central French Guiana. Part 3. Mosses. Memoirs of the New York Botanical Garden 76(3): 1-167. BUCK, W.R. & GOFFINET, B. 2000. Morphology and classification of Mosses. In: A.J. Shaw & B. Goffinet (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge University Press, Cambridge. p.p. 71-123. COSTA, D.P. 2008. Metzgeriaceae (Hepaticae). 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Para o Brasil são citados 20 gêneros nativos com aproximadamente 100 espécies (Marchioretto et al. 2010), enquanto que no Rio Grande do Sul são encontradas 43 espécies e 11 gêneros (Marchioretto et al. 2008). As Amaranthaceae são predominantemente ervas, arbustos ou trepadeiras anuais ou perenes; folhas opostas, rosuladas ou alternas, glabras ou pilosas; inflorescências espiciformes, capituliformes, corimbiformes ou glomérulos axilares ou terminais, flores unissexuais ou bissexuais; frutos do tipo cápsula monospérmica, polispérmica ou opercular (Marchioretto et al. 2008). São encontradas principalmente em bordas de florestas, restingas, terrenos baldios e cultivados, sendo mais comuns em ambientes abertos, embora algumas espécies sejam encontradas no interior de florestas, principalmente em áreas perturbadas (Siqueira, 2002, Marchioretto et al. 2008). O objetivo deste estudo é apresentar chaves de identificação dos gêneros e espécies de Amaranthaceae ocorrentes no Rio Grande do Sul. RESULTADOS Chave de identificação para os gêneros de Amaranthaceae 1. Folhas alternas 2. Ovário pluriovular............................................................................... Celosia 2´.Ovário uniovular .......................................................................... Chamissoa 1´. Folhas opostas ou só opostas na base 1 Pesquisadora e curadora do Instituto Anchietano de Pesquisas/UNISINOS, Av. Unisinos, 950 Bloco 1 E- C. Postal 275 Caixa Postal 275, 93001-970, São Leopoldo, RS. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:123-127 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 124 Maria Salete Marchioretto 3. Flores unisexuais, anteras bitecas ............................................. Amaranthus 3` Flores bisexuais, anteras monotecas .......................................................... 4 4. Sépalas soldadas quase até o ápice .......................................... Froelichia 4´ Sépalas livres ou soldadas somente na base ......................................... 5 5.Plantas com folhas crassas ................................................... Blutaparon 5´Plantas com folhas cartáceas ou membranáceas .............................. 6 6. Tubo estaminal com estaminódios intercalados com os estames .......................................................................................................... 7 7. Flores férteis acompanhadas por 1 ou 2 flores estéreis ............... ................................................................................ Pseudoplantago 7´ Flores sempre férteis ...............................................Alternanthera 6´ Tubo estaminal sem estaminódios ............................................... 8 8 Estigma bífido .......................................................................... 9 8´ Estigma capitado ou bilobado ............................................... 10 9. Tubo estaminal com a parte livre fimbriada, ápice trilobado, filamentos inferiormente conatados ........................Quaternella 9´Tubo estaminal com a parte livre franjada, partida ou denteada filamentos conatados ............................. Gomphrena 10 Caule ereto, inflorescência espiciforme ou capituliforme ................................................................................... Pfaffia 10´Caule semi-escandente, inflorescência paniculada .............................................................................. Hebanthe Chave de identificação para as espécies de Alternanthera 1. Inflorescências sésseis .................................................................................... 2 2. Flores tetrâmeras, menores que 1,5 mm de compr. . Alternanthera reineckii 2´ Flores pentâmeras com mais de 1,5 mm de compr. .................................. 3 3. Anteras lineares .............................................. Alternanthera bettzickiana 3´Anteras globosas ou oblongas ................................................................. 4 4. Sépalas não pungentes no ápice ........................................................ 5 5. Pseudoestaminódios ligulados ou denteados, bem mais curtos que os filamentos ........................................... Alternanthera paronychoides 5´Pseudoestaminódios fimbriados no ápice, iguais ou mais longos que os filamentos ............................................. Alternanthera maritima 4´ Sépalas pungentes no ápice, ............................ Alterananthera tenella 1` Inflorescências pedunculadas ........................................................................ 6 6. Flores sésseis entre as bractéolas .............................................................. 7 7. Sépalas com 5-6 mm de comprimento, pseudoestaminódios maiores que os filamentos com ápice lacinado .............. Alternanthera philoxeroides Chaves de identificação dos gêneros e espécies de amaranthaceae... 125 7´ Sépalas 2 mm de comprimento, pseudoestaminódios menores que os filamentos com ápice inteiro ou dentado ................. Alternanthera micrantha 6´ Flores com pedicelo evidente entre a base das sépalas e bractéoloas ..... 8 8. Inflorescências com pedúnculos de até 6 cm de comprimento, bractéolas cristadas no dorso.................................. Alternanthera brasiliana 8´ Inflorescências com pedúnculos maiores que 6 cm de comprimento, bractéolas sem crista evidente no dorso ..................................................... 9 9. Folhas ovalado-lanceoladas a elípticas, inflorescências rosadas a violáceas ................................................................... Alternanthera hirtula 9´ Folhas ovaladas a suborbiculares, inflorescências amarelo-paleáceas .............................................................................................................. 10 10. Erva prostrada com extremidades ascendentes, caules com nós dilatados radicantes ....................................... Alternanthera praelonga 10´ Erva ou subarbusto ereto, caules roliços não radicantes ............... ....................................................................... Alternanthera malmeana Chave de identificação para as espécies de Amaranthus 1. Plantas com flores masculinas apresentando 3 estames 2. Caule ereto, ápice das folhas acuminado, raro exciso, fruto rugoso ..............................................................................................Amaranthus viridis 2´Caule prostrado ou semi-ereto, ápice sempre exciso, fruto liso ...................................................................................Amaranthus deflexus 1´ Plantas com flores masculinas apresentando 5 estames ............................... 3 3. Plantas com um par de espinhos longos, dispostos nas axilas foliares .........................................................................................Amaranthus spinosus 3´Planta inerme ............................................................................................... 4 4. Frutos transversalmente deiscentes, inflorescências terminais em grandes panículas ....................................................................................... 5 5. Planta quase sempre verde, brácteas maiores que o fruto ................................................................................. Amaranthus hybridus 5´Planta vermelha ou púrpura, brácteas sempre menores que o fruto ................................................................................. Amaranthus cruentus 4´ Frutos deiscentes, inflorescências terminais em espiga simples ou pouco ramificada ......................................................................................... 6 6. Folhas lineares a oblongo estreitas, sépalas bem separadas do fruto, não incobrindo-o ...................................... Amaranthus muricatus 6´ Folhas ovadas ou obovadas ........................................................... 7 7. Flores femininas 5 sépalas, superpostas recobrindo o fruto ............................................................... Amaranthus rosengurtii 126 Maria Salete Marchioretto 7´ Flores femininas 3 sépalas, menores que o fruto ............................................................................. Amaranthus blitum Chave de identificação para as espécies de Celosia 1. Erva de até 1 m de altura, sépalas brilhantes alvo-prateadas a rosadas ......... ...................................................................................................... Celosia argenta 1´ Subarbusto até 3 m de altura, sépalas amarelo-claro a castanho ..................................................................................................Celosia grandifolia Chave de identificação para as espécies de Chamissoa 1. Plantas bisexuais ou unisexuais femininas, caules escandentes até 2 m de altura ..................................................................................... Chamissoa altissima 1´ Plantas sempre bisexuais, caules eretos a levemente prostrados com menos de 2 m de altura ..................................................................Chamissoa acuminata Chave de identificação para as espécies de Gomphrena 1. Inflorescência somente espiciforme .............................. Gomphrena graminea 1´ Inflorescência capituliforme ou capituliforme e espiciforme ............................ 2 2. Bractéolas com dorso liso não cristado ....................................................... 3 3. Erva ou subarbusto perene, caule sarmentoso, folhas curto-pecíoladas, ovário ovalado ................................................................... Gomphrena vaga 3´ Erva perene, caule ereto, folhas evidentemente pecioladas, ovário oblongo ..........................................................................Gomphrena elegans 2´ Bractéolas com dorso cristado ou cristado serrilhado ................................ 4 4. Inflorescência somente capituliforme ...................................................... 5 5. Bractéolas menores que as sépalas ................................................... 6 6. Folhas elípticas ou ovalado-lanceoladas, flores branco-amareladas ouamarelo-rosadas ............................................. Gomphrena perennis 6´ Folhas lineares ou lanceoladas, flores intensamente rosadas ......... ............................................................................. Gomphrena pulchella 5´ Bractéolas maiores ou de tamanho igual as sépalas ......................... 7 7. Inflorescência róseo sulfurina, pedúndulos curtos 3-5 cm .......................................................... Gomphrena schlechtendaliana 7´ Inflorescência vermelho-alaranjada, pedúnculos de até 20 cm ...................................................................... Gomphrena sellowiana 4´ Inflorescência capituliforme passando a espiciforme ............................ 8 8. Erva anual, ovário ovalado .......................Gomphrena globosa 8´ Erva perene, ovário oblongo ............... Gomphrena celosioides Chaves de identificação dos gêneros e espécies de amaranthaceae... 127 Chave de identificação para as espécies de Iresine 1. Folhas verdes a verde-amareladas, ápice agudo a acuminado .. Iresine diffusa 1` Folhas roxas, variegadas de vermelho, castanho, amarelo ou verde ao longo das nervuras, ápice geralmente emarginado a arredondado ........ Iresine herbstii Chave de identificação para as espécies de Pfaffia 1. Inflorescências reunidas em dicásios ..................................... Pfaffia glomerata 1`Inflorescências isoladas ou reunidas em fascículos ........................................ 2 2. Inflorescência capituliforme isolada simples .................Pfaffia gnaphaloides 2´Inflorescência capituliforme ou em espiga isolada, simples, di ou tricotômica ................................................................................ Pfaffia tuberosa REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARCHIORETTO, M.S., MIOTTO, S.T.S. & SIQUEIRA, J.C. de 2010. O gênero Pfaffia Mart. (Amaranthaceae) no Brasil. Hoehnea 37(3):461-511. MARCHIORETTO, M.S; AZEVEDO, F.; JOSENDE, M.V.F & SCHNORR, D.M.. 2008. Biogeografia da família Amaranthaceae no Rio Grande do Sul. Pesquisas, Botânica 59: 171-190. SIQUEIRA, J.C. 2002. Amaranthaceae in Wanderley, M.G.L., Shepherd, G. & Giulietti, A.M. Flora Fanerpgâmica do estado de São Paulo: FAPESP-HUCITEC. P. 11-30. FLORA VASCULAR E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES POR MICRO-HABITAT EM UM MORRO TESTEMUNHO NO SUL DO BRASIL Gabriel Emiliano Ferreira7 Tiago De Marchi8 João Larocca9 ABSTRACT The vegetation that developed on hill tops is singular due to the peculiarities of their microhabitats. These environments present a high biodiversity, a large number of endemics and a high number of organisms adapted to survive in extreme environments. The objective of this study was to inventory the vascular flora occurring, and to associate the distribution of the species with the local microhabitats. In total, 227 species of vascular plants were identified, 12 of them threatened of extinction, and 59 families. The most abundant families were Asteraceae (49 species), Poaceae (11 spp.) and Rubiaceae (10 spp.). The richest genera were Baccharis and Tillandsia, with five species each. The habitat with the greatest richness was the base, with 167 species and the most restricted was the hillside, with 36 spp. The microhabitats with the greatest richness were the soil of the base and the soil of the top, with 160 spp. and 131 spp., respectively. Key words: hill tops, conservation, rare species RESUMO A flora ocorrente em morros testemunhos é singular devido às peculiaridades dos micro-habitats em que ocorrem. Estes ambientes apresentam alta biodiversidade, grande número de endemismos e muitas espécies adaptadas à sobrevivência em ambientes extremos. O objetivo deste trabalho foi inventariar a flora vascular ocorrente em um morro testemunho, além de relacionar a distribuição das espécies com os micro-habitats locais. Foram identificas 227 espécies de plantas vasculares, sendo 12 ameaçadas de extinção, pertencentes a 59 famílias. As famílias com maior riqueza foram Asteraceae (49 espécies), Poaceae (11 spp.) e Rubiaceae (10 spp.). Os gêneros mais ricos foram Baccharis e Tillandsia, com cinco espécies cada. O habitat de maior riqueza foi a base, com 167 espécies e a encosta foi a mais restritiva com 36 spp. Os micro-habitats de maior riqueza foram o solo da base e o solo do topo, com 160 spp. e 131 spp., respectivamente. 7 Doutorando no Programa de Pós Graduação em Botânica, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA, Manaus, AM, Brasil. Contato: g.emiliano.ferreira@gmail.com. 8 Professor no Curso de Ciências Biologicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil. 9 Pesquisador e Consultor na Fundação Gaia, Pantano Grande, RS, Brasil. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:129-147 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 130 Ferreira, De Marchi & Larocca Palavras-Chave: afloramentos rochosos, conservação, espécies raras. INTRODUÇÃO Morros testemunhos são relevos residuais, emergentes na superfície plana da região geomorfológica da Depressão Central Gaúcha, muitas vezes relacionados a Serra Geral ou aos Patamares da Serra Geral, por possuírem uma capa basáltica no topo e uma base formada por arenito (Rambo, 1956). Por apresentarem afloramentos rochosos, grandes inclinações e solos pedregosos, estes ambientes são inviáveis para a agricultura, preservando ainda sua cobertura vegetal original. Além disso, estes ambientes rochosos possuem apenas uma camada de pouca profundidade de solo (ou mesmo nenhuma), baixa retenção de água, alto grau de insolação e alta taxa de evaporação. Essas condições ambientais proporcionam uma grande heterogeneidade topográfica e ambientes peculiares, onde apenas plantas adaptadas a essas condições conseguem se instalar e desenvolver-se nesses locais (Gröger & Barthlott, 1996; Porembski et al., 1996). Ambientes rochosos são citados por muitos autores como “ilhas xéricas” (Gröger & Barthlott, 1996; Porembski et al., 1998; Parmentier, 2003), devido à frequente formação de microclimas, podendo abrigar espécies com exigências climáticas distintas da região circundante (Larocca, 1998). As plantas que colonizam estes ambientes desenvolvem-se diretamente sobre a rocha nua, em fendas, nas almofadas de solo ou em concavidades da rocha com acúmulo de solo, gerando um mosaico de acordo com a declividade da rocha e a profundidade do solo (Meirelles et al., 1999). As espécies pioneiras instaladas sobre esses ambientes com condições extremas tendem a serem facilitadoras para a colonização por espécies de maior porte (Brooker et al., 2008). Muitos levantamentos de flora em afloramentos rochosos foram realizados na África (Porembski et al., 1996; Parmentier, 2003) e na América do Sul (Ibisch et al., 1995; Gröger & Barthlott, 1996). No Brasil, a maioria dos trabalhos concentra-se nos campos de altitude (Porembski et al., 1998; Meirelles et al., 1999; Scarano, 2002), nos cerrados rupestres (Oliveira-Filho & Martins, 1986) e, em especial, em inselbergs (Oliveira & Godoy, 2007; Porto et al., 2008) e nos campos rupestres (Conceição & Giulietti, 2002; Romero, 2002; Jacobi & Carmo, 2008; Alves & Kolbek, 2010). Especificamente no Rio Grande do Sul, a maior parte dos estudos ocorreu em afloramentos graníticos e areníticos (Knob, 1978; Aguiar & Martau, 1986; Fernandes, 1990; Jacques et al., 1982; Waldemar, 1997; Backes, 1999; Fernandes & Baptista, 1999) e poucos em afloramentos basálticos (Winkler & Irgang, 1979; Larocca, 1998; Bauer & Larocca, 2003). Este trabalho tem como objetivo inventariar a flora vascular ocorrente no Morro do Chapéu, RS. Mais especificamente, buscou-se relacionar a distribuição das espécies com os micro-habitats, de forma a proporcionar maior conhecimento e subsídios à conservação destes ambientes. Flora vascular e distribuição de espécies... 131 MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo O Morro do Chapéu está localizado no município de Sapucaia do Sul, Rio Grande do Sul (Fig. 1), possuindo uma área de 8,9 ha (29°49'28.29"S e 51° 4'29.16"O, 270m.s.m.), fazendo parte de um complexo de morros testemunhos, formados pelos Morros Sapucaia, em Sapucaia do Sul, Leão e Leãozinho, em Novo Hamburgo, Itacolomy e Morungava, em Gravataí e o Morro do Paula, em São Leopoldo. O levantamento florístico foi realizado no morro propriamente dito e toda a área campestre circundante deste, num raio de 500 metros ao redor do mesmo. Pelo sistema de Köppen-Geiger, o clima da área de estudo é temperado do tipo Cfa, ou seja, úmido, apresentando a temperatura média do mês mais quente acima dos 22°C e a do mais frio inferior a 18° e superior a 3°C. As temperaturas médias mensais estão compreendidas entre 10° e 22°C (Moreno, 1961; Peel et al., 2007). A área insere-se na região geomorfológica da Depressão Central Gaúcha, com origem do Triássico ao Jurássico, sendo constituído por arenitos médios, vermelhos, finos e médios (Formação Botucatu). Em alguns pontos, o arenito é recoberto por rochas basálticas da Formação Serra Geral bastante erodidas. Nestes locais formam-se patamares e platôs de blocos únicos de rocha (Justus et al., 1986). Os solos da região são Podzólicos Vermelho-Amarelo álico e distrófico, caracterizados como solos profundos, com horizonte A moderado bastante espesso, geralmente abrupto e com altos níveis de alumínio trocáveis no horizonte B. Há a subdominância de solos Podzólicos Vermelho-Escuros álico, que são solos normalmente abrúpticos, com horizonte A moderado, de textura arenosa ou média e horizonte B argiloso. Este solo é altamente susceptível a erosão. Ambos são solos de baixa fertilidade natural (Streck et al., 2008). A vegetação situa-se na Área de Tensão ecológica entre a Floresta Estacional Semidecidual com a Estepe (IBGE, 2004). A fitofisionomia dominante é campestre, ocorrendo na região circundante ao morro, no topo e em algumas encostas. A vegetação arbórea é representada por um fragmento na base do morro e dois pequenos no topo. Levantamento Florístico As expedições de campo para coleta foram realizadas de forma sazonal, trimestralmente, e tiveram início em setembro de 2008 até agosto de 2010. Para determinar as preferências de micro-habitats das espécies foi preciso subdividir a área do morro em diferentes categorias ecológicas, tendo por base as particularidades destes ambientes, como altitude, inclinação e quantidade do substrato. Foram formados três grupos, denominados aqui habitats: Base, Encosta e Topo. A Base possui maior extensão, sendo caracterizada por grandes porções de solo e blocos de rochas, despendidos da encosta do morro. A Encosta se caracteriza pelas escarpas, abruptas em alguns pontos, e pela formação de platôs, onde cresce vegetação típica rupestre. Com grandes 132 Ferreira, De Marchi & Larocca áreas planas, o Topo possui extensas porções de solo como também áreas de afloramento rochoso. Os micro-habitats foram delimitados através das particularidades destes grandes ambientes, descritos na Tabela 1. Com base nesta divisão foram tomados os dados das preferências ecológicas das espécies. As informações ecológicas foram organizadas em matrizes binárias de presença e ausência. Para a análise destas matrizes foi utilizado o software Paleontological Statistics Software – PAST (Hammer et al., 2001), para gerar análises de agrupamento e análises de correlação. A similaridade entre os micro-habitats foi medida através do índice de Sorensen. A visualização dos espécimes em locais de difícil acesso foi realizada através do auxílio de binóculo, marca Zenit, 50X10 m. A listagem de espécies está classificada conforme APG III (2009), a grafia, aceitação dos nomes científicos como também os autores seguem o IPNI. O material coletado foi prensado em jornal e seco em estufas com temperatura de 50°C durante 5 dias; as exsicatas foram montadas e depositadas no Herbário Municipal João Dutra – HMJD (não indexado), do Jardim Botânico de São Leopoldo. As determinações foram realizadas através de bibliografia especializada (Flora Ilustrada do Rio Grande do Sul e Flora Catarinensis), comparação com material de herbário (ICN, HAS, PACA) e consulta a diversos especialistas. RESULTADOS Levantamento Florístico Foram inventariadas 227 espécies de plantas vasculares (Tab. 2), distribuídas em 161 gêneros e 59 famílias. As famílias com maior riqueza foram Asteraceae (49 espécies), Poaceae (11 spp.), Rubiaceae (10 spp.), Fabaceae e Solanaceae (nove spp.) e Bromeliaceae (sete spp.), somadas representam 42% das espécies encontradas. Os gêneros mais ricos foram Baccharis e Tillandsia, com cinco espécies cada um. Das espécies inventariadas, 51,7% apresentam hábito herbáceo e 27,4% hábito arbóreo. Descrição dos Habitats O habitat Base apresenta dois micro-habitats, as grandes porções de solo e blocos de rochas, desprendidos da encosta do morro. O micro-habitat solo possui vegetação campestre e florestal e o sobre blocos de rochas caídos apresenta espécies herbáceas rupícolas. A vegetação campestre é formada principalmente por espécies de Poaceae dos gêneros Andropogon, Briza, Digitaria, Paspalum e Panicum, Asteraceae, como Achyrocline satureioides, Aspilia montevidensis, Baccharis trimera, Fabaceae como Aeschynomene falcata, Desmodium incanum, Zornia sericea, Apiaceae Eryngium megapotamicum e Verbenaceae Glandularia peruviana e Stachytarpheta cayennensis, entre outras. Há a presença de indivíduos arbóreos sobre a matriz campestre, principalmente Schinus molle e S. polygamus. Ocorrem Flora vascular e distribuição de espécies... 133 também indivíduos de Acacia mearnsii e Pinus taeda, espécies exóticas com alto poder de invasão. As florestas ocorrem com maior extensão ao oeste do morro. Possuem dossel com ca. de 6m de altura, formado principalmente por espécimes de Lithraea brasiliensis, Schinus molle, Syagrus romanzoffiana, Sebastiania commersoniana, Gymnanthes concolor, Ocotea puberula, Luehea divaricata e Guarea macrophylla. Esta área apresenta diversas espécies epifíticas, como Tillandsia spp., Aechmea recurvata, Lepismium cruciforme e Rhipsalis teres. O sub-bosque é pouco desenvolvido nesta fitofisionomia, composto principalmente por Psychotria carthagenensis e P. leiocarpa. Sobre as rochas caídas encontram-se espécies rupícolas, principalmente A. recurvata, Tillandsia spp., L. cruciforme e Peperomia trineura. Na Encosta desenvolvem-se espécies rupícolas, vivendo diretamente sobre a rocha nua ou habitando frestas, onde se depositam pequenas camadas de substrato. A encosta é coberta principalmente pela samambaia Dicranopteris flexuosa, que recobre a rocha e também Pleopeltis lepidopteris, de modo mais raro. Além destas, as espécies mais comuns são Dyckia maritima, Aechmea recurvata, Tillandsia lorentziana e Epidendrum fulgens. Nas faces úmidas ou pouco iluminadas, há a presença de Sinningia macrostachya. Em fendas e patamares há uma maior colonização, sendo que as espécies mais comuns são Gaylussacia brasiliensis, Symphyopappus reticulatus, Weinmannia paulliniifolia e Glechon marifolia. Nas fendas verticais, onde há grande quantidade de substrato, estabeleceu-se vegetação arbórea. O habitat Topo abriga a maior diversidade de micro-habitats. Nos locais de solo profundo, formam-se pequenos agrupamentos arbóreos, onde a espécie mais comum é Guapira opposita. Encontram-se indivíduos de Cupania vernalis, Matayba elaeagnoides, Ocotea pulchella, Cabralea canjerana e Myrsine umbellata. As epífitas são representadas pelas espécies Peperomia tetraphylla, P. trineura, Tillandsia usneoides e T. stricta. Os locais com solo raso são habitados por espécies herbáceo-arbustivas, como Eryngium eriophorum, Aspilia montevidensis, Achyrocline satureioides, Gochnatia cordata, Gamochaeta stachydifolia, Collaea stenophylla, Cypella herbertii e Calibrachoa excellens. Nos solos úmidos, há a presença de E. junceum, Drosera brevifolia e Xyris jupicai var. jupicai. Nos platôs, as espécies que conseguiram se estabelecer sobre a rocha nua foram A. recurvata, D. maritima, T. aeranthos, Parodia ottonis, Sinningia macrostachya, Epidendrum fulgens e Prescottia oligantha. Nas fendas e nas almofadas, o fator que delimita quais espécies as colonizarão é a quantidade de substrato. Onde há pouco substrato, as espécies dominantes são Axonopus siccus e Andropogon lateralis, seguido por Calibrachoa ericifolia, A. satureioides, Hysterionica filiformis, Pyrostegia venusta, D. maritima, Lepismium cruciforme, Agarista nummularia, Gaylussacia brasiliensis, Erythroxylum microphyllum, Sisyrinchium vaginatum. Quando o substrato é profundo, desenvolvem-se arbustos de maior porte até pequenas arvoretas, como S. polygamus, Ilex brevicuspis, I. dumosa, Campovassouria cruciata, Eupatorium subhastatum, Symphyopappus reticulatus e Buddleja stachyoides. 134 Ferreira, De Marchi & Larocca Riqueza específica nos Habitats A maior riqueza de espécies encontrou-se na base, com 167 espécies. O topo possui 159 spp. e a encosta 36 spp. Os micro-habitats mais ricos foram o solo da base e o solo do topo, com 160 spp. e 131 spp., respectivamente. As espécies com maior plasticidade de micro-habitats foram Epidendrum fulgens, presente em 10 micro-habitats, Croton bresolinii e Dicranopteris flexuosa, em nove, e Aspilia montevidensis, presente em oito. E. fulgens e D. flexuosa especializaram-se nos habitats com a rocha exposta, C. bresolinii e A. montevidensis foram indiferentes às condições de solo. Das espécies inventariadas, 86 colonizavam somente um micro-habitat (Fig. 4). A grande maioria destas espécies apresenta hábitos arbóreos, onde é necessário um solo mais profundo para o estabelecimento dessas, como o encontrado nos micro-habitats solo da base e do topo. As demais espécies necessitam de condições singulares de clima, como P. ottonis e S. macrostachya, plantas tipicamente xerófilas, ou as Ericaceae A. nummularia e G. brasiliensis que se desenvolvem somente em locais elevados e com boa drenagem. As condições necessárias para existência de indivíduos destes táxons só são encontradas em morros, pois a altitude elevada, a insolação, o déficit hídrico e a inclinação do substrato tornam o ambiente propício para o desenvolvimento de espécies com exigências ecológicas tão distintas do entorno. Os micro-habitats mais similares correspondem à fenda iluminada com o patamar iluminado (0,78) da Encosta, o patamar e almofada de solo (0,70) do Topo, a fenda sombreada com o patamar sombreado (0,66) da Encosta, e o solo da Base com o solo do Topo (0,64). O agrupamento de similaridade demonstrou a formação de três grupos de ambientes, que possuem condições de substrato, umidade e iluminação semelhantes (Fig. 5), denominados rupícola ciófilo, rupícola e terrícola heliófilo. Espécies Raras e Ameaçadas Segundo a Lista Final das Espécies da Flora Ameaçadas – RS, Decreto estadual nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002, onze espécies identificadas estão ameaçadas de extinção. A família com maior número de espécies ameaçadas é Bromeliaceae, com três. Merece destaque a espécie Chromolaena angusticeps, uma Asteraceae classificada como provavelmente extinta, com grande população no habitat Topo. As espécies Gochnatia cordata e Chromolaena angusticeps foram encontradas somente no habitat Topo, na face norte, local de maior luminosidade. Entretanto, esta área é o que sofre maior pressão no morro, pela erosão, onde o carregamento de sedimentos pela água das chuvas nas trilhas forma grandes voçorocas e também por esta área do morro sofrer grandes queimadas, mas, mesmo nestas condições, foram localizadas populações significativas desta espécie. Parodia ottonis é uma espécie com elevado grau de ameaça no Morro do Chapéu, devido à raridade de indivíduos, sendo que a maioria encontra-se com injúrias, provavelmente pelo pisoteio do gado. Além disso, a referida espécie também é alvo de coletas para cultivo. Populações de Dyckia maritima e P. ottonis foram localizadas somente em afloramentos Flora vascular e distribuição de espécies... 135 rochosos na área de estudo e em outros morros testemunhos próximos. As demais espécies ameaçadas apresentaram grandes populações tanto na área como no entorno. DISCUSSÃO Fernandes (1990) e Oliveira & Godoy (2007), em estudos realizados nos Morros do Cabrito e Sapucaia, no Rio Grande do Sul e no Morro do Forno, em São Paulo, respectivamente, notaram que estes morros eram circundados por florestas. Ibisch (1995), no trabalho realizado em inselbergs da Bolívia, denominou esta formação de cinturão florestal (Florestal belt). Esta floresta circundante também foi encontrada no morro deste estudo. A presença deste tipo de vegetação circundante pode ser resultado das chuvas orográficas, onde as frentes carregadas de umidade, ao deparar-se com estas formações elevadas e com temperaturas mais baixas, precipitam, tornando este ambiente mais úmido, permitindo a existência de florestas. Ademais, a ocorrência destes cinturões florestais nestas áreas pode ser relacionada com inviabilidade da área para atividades agrícolas, devido à queda de blocos de rochas desprendidos da encosta. As escarpas da face sul possuem maiores extensões de área coberta por vegetação do que as da face norte. Tal fato pode ser resultante da rápida evaporação da água que percola no arenito da face norte, devido à maior exposição à luminosidade, e na face sul a rocha permanecer úmida por mais tempo, proporcionando condições para o desenvolvimento da vegetação. No estudo de Fernandes (1990), também em rocha arenítica, foi constatado que a face sul dos morros possuía vegetação mais exuberante em relação à face norte. França et al. (1997) mencionaram a tendência da vegetação arbórea no topo de inselbergs possuir extensas populações formadas por uma ou poucas espécies. No topo do Morro do Chapéu, encontraram-se agrupamentos de Guapira opposita, corroborando com o autor. Morros testemunhos, por se tratarem de estruturas residuais de paisagens passadas, tornam-se locais apropriados para abrigar populações de plantas relictuais (Veloso et al., 1991). Como já mencionado, há a presença de Chromolaena angusticeps, uma espécie classificada como provavelmente extinta, que recentemente foi reencontrada somente em outros morros do entorno de Porto Alegre (A. Scheneider, com. pes.). Tal fato apoia a afirmativa de que os morros, por serem locais inapropriados para a agricultura, ainda preservam espécies singulares. De acordo com a análise de agrupamento de similaridade, fica evidente a formação de três grupos de ambientes, que possuem condições semelhantes. O grupo rupícola ciófilo é representado pelos micro-habitats sombreados da Encosta, ocupados por espécies tolerantes ao sombreamento. Já o grupo rupícola é identificado pelos micro-habitats onde os vegetais ocupam a rocha nua. Esses ambientes tendem a apresentar condições extremas, com alta incidência solar, evaporação elevada e ausência de solo. 136 Ferreira, De Marchi & Larocca O grupo terrícola heliófilo é composto pelos micro-habitats com deposição de solo e maior incidência solar. Neste grupo há a formação de três subgrupos, conforme a disponibilidade de solo. O primeiro subgrupo é composto pelos micro-habitats com solos profundos, onde as espécies predominantes são arbóreas. O segundo grupo é composto por fendas e patamar da Encosta, onde, devido à inclinação do substrato, há uma baixa retenção de água e acúmulo mínimo de solo, pois este é movido pela água das chuvas. Nesses ambientes, as espécies contam com sistemas radiculares vigorosos para se manterem fixas ao substrato. São comuns as espécies Ocotea pulchella, Dodonea viscosa e Weinmannia paulliniifolia. O terceiro subgrupo é formado pelos micro-habitats planos do Topo, com pouca disponibilidade de substrato e alta taxa de evaporação. São colonizados por Symphyopappus reticulatus, Glechon marifolia, D. viscosa, Gaylussacia brasiliensis e Dyckia maritima. Conforme os dados levantados neste trabalho e provenientes dos demais estudos aqui citados, acredita-se que a alta riqueza de espécies em morros testemunhos é explicada devido ao elevado número de habitats e micro-habitats existentes, proporcionando uma grande variabilidade de condições ambientais em um espaço geográfico muito restrito, e também pela exposição solar, que determina a intensidade e o tempo que a radiação solar incidirá sobre o substrato (Gotelli & Graves, 1996; França et al., 1999). AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Sr. Abraão Aspis, proprietário do morro que permitiu a realização deste trabalho, aos colegas de curso Dióber Lucas, Diogo Araújo, Diogo Tobolski, Rafael Koche e Juliana Allgayer pelo grande auxilio a campo, e aos Editores e Revisores, pelos diversos comentários construtivos neste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R.J.V. & KOLBEK, J. 2009. Summit vascular flora of Serra de São José, Minas Gerais, Brazil. Check List 5: 35–73. 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Flora vascular e distribuição de espécies... 137 CONCEIÇÃO, A.A.; PIRANI, J.R. & MEIRELLES, S.T. 2007. Floristics, structure and soil of insular vegetation in four quartzite-sandstone outcrops of “Chapada Diamantina”, Northeast Brazil. Revista Brasileira de Botânica 30: 641–656. FERNANDES, I. & BAPTISTA, L.R.M. 1999. Inventário da Flora Rupestre e Para-Rupestre de “Casa de Pedra”, Bagé, Rio Grande do Sul. Pesquisas, Botânica 49: 53–70. FERNANDES, I. 1990. Levantamento da Flora Vascular Rupestre do Morro do Cabrito e Sapucaia, Rio Grande do Sul, Brasil. Porto Alegre, UFRGS, Pós Graduação em Botânica, 181p. (Dissertação de Mestrado) FRANÇA, F., MELO, E. & SANTOS, C.C. 1997. Flora de Inselbergs da Região de Milagres, Bahia, Brasil. Sitientibus 17: 163–184. GOTELLI, N.J. & GRAVES, G.R. 1996. Null models in ecology. Smithsonian Washington. Institution Press, GRÖGER, A. & BARTHLOTT, W. 1996.Biogeography and diversity of the inselberg (Laja) vegetation of southern Venezuela. 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Legenda: BS – solo da Base; BSR – sobre rochas na Base; EPSol – Patamar iluminado na Encosta; EPSom – patamar sombreado na Encosta; EFSol – fenda horizontal iluminada na Encosta; EFSom – fenda horizontal sombreada na Encosta; Efv – fenda vertical; Epv – parede vertical na Encosta; TS – solo do Topo; TF; fendas no Topo; TPt – platô no Topo; TA – almofada de solo no Topo; TP – patamar no Topo. Figura 3. Análise de agrupamento de similaridade demonstrando a formação de três grupos de ambientes. Legenda: BS – solo da Base; BSR – sobre rochas na Base; EPSol – Patamar iluminado na Encosta; EPSom – patamar sombreado na Encosta; EFSol – fenda horizontal iluminada na Encosta; EFSom – fenda horizontal sombreada na Encosta; Efv – fenda vertical; Epv – parede vertical na Encosta; TS – solo do Topo; TF; fendas no Topo; TPl – platô no Topo; TA – almofada de solo no Topo; TP – patamar no Topo. Ferreira, De Marchi & Larocca 140 Tabela 1. Descrição dos micro-habitats delimitados para indicar a origem das espécies no Morro do Chapéu, Sapucaia do Sul/RS. Habitat Base Encosta Topo Micro-habitat Descrição do ambiente Solo Extensões contínuas de solo Rochas caídas Blocos desprendidos da encosta Parede Vertical Escarpas íngremes onde a rocha está exposta Fenda Vertical Fissuras formadas pela erosão Fenda Horizontal Fissuras horizontais da rocha Patamares Degraus de rocha Solo Extensões contínuas de solo Platôs Afloramentos extensos e planos Fendas Fissuras com acúmulo de solo Patamares Degraus de rocha Almofadas Pequenas ilhas de substrato nos afloramentos rochosos Tabela 2. Listagem das espécies encontradas no Morro do Chapéu, Rio Grande do Sul, Brasil. Legenda: er (erva), ab (arbusto), at (arvoreta), ar (árvore), ep (epífita), li (liana), * (espécies exóticas), VU (vulnerável), EM (em perigo), PE (Possivelmente extinta). Família Nome científico Nome popular Hábi to Acanthaceae Ruellia angustiflora (Nees) Lindau ex Rambo junta er Anacardiaceae Lithraea brasiliensis Marchand aroeira-preta ar Schinus molle L. anacauita at Schinus polygamus (Cav.) Cabrera assobiadeira ar Annona cacans Warm. aroeiravermelha ariticum-cagão Annona sylvatica A. St.-Hil. ariticum ar Eryngium eriophorum Cham. & Schltdl. caraguatá er Eryngium junceum Cham. & Schltdl. caraguatá er Eryngium megapotamicum Malme caraguatá er Schinus terebinthifolius Raddi Annonaceae Apiaceae Stat us ar ar Apocynaceae Oxypetalum wightianum Hook. & Arn. li Aquifoliaceae Ilex brevicuspis Reissek caúna ar Ilex dumosa Reissek caúna ar Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman jerivá ar Asteraceae Achyrocline satureioides (Lam.) DC. marcela er EN Flora vascular e distribuição de espécies... Família 141 Acmella bellidioides (Smith in Rees) R.K. Jansen Nome popular arnica-docampo Aspilia montevidensis (Spreng.) Kuntze margarida Nome científico Austroeupatorium picturatum (Malme) R.M. King & H. Rob. Hábi to er er er Baccharis linearifolia (Lam.) Pers. er Baccharis ochracea Spreng. vassouracampo ab Baccharis psiadioides (Less.) Joch.Müll. alecrim ab Baccharis riograndensis Malag. & Vidal carqueja er Baccharis trimera (Less.) DC. carqueja er Bidens pilosa L. picão-preto er Calea pinnatifida (R. Br.) Less quebra-tudo Calea uniflora Less Campovassouria cruciata (Vell.) R.M.King & H.Rob. ab er dente-de-leão Chromolaena angusticeps (Malme) R.M. King & H. Rob. Chromolaena squarrulosa (Hook. & Arn.) R.M.King & H.Rob. Chrysolaena flexuosa (Sims) H.Rob. er ab erva-decolégio er vassoura ab er Gamochaeta americana (Mill.) Wedd. er Gamochaeta coarctata (Willd.) Kerguélen er Gamochaeta stachydifolia (Lam.) Cabrera Gochnatia cordata Less. er tucurubim ab Grazielia serrata (Spreng.) R.M.King & H.Rob. er Gyptis lanigera (Hook. & Arn.) R.M. King & H. Rob. er Hypochaeris chillensis (Kunth) Britton er Hysterionica filiformis (Spreng.) Cabrera er Lessingianthus hypochaeris (DC.) H.Rob er Lucilia 141cutifólia (Poir.) Cass. Mikania involucrata Hook. & Arn. PE er Emilia fosbergii Nicolson Eupatorium subhastatum Hook. & Arn. er ab Conyza blakei (Cabrera) Cabrera Elephantopus mollis Kunth li er Campuloclinium macrocephalum (Less.) DC. Chaptalia integerrima (Vell.) Burkart Stat us er guaco li VU Ferreira, De Marchi & Larocca 142 Família Nome científico Nome popular Hábi to Mutisia coccinea A. St.-Hil. cravo-divino li Mutisia speciosa Aiton ex Hook. cravo-divino li Noticastrum calvatum (Baker) Cuatrec. er Orthopappus angustifolius (Sw.) Gleason er Pterocaulon balansae Chodat er Pterocaulon polypterum (DC.) Cabrera er Senecio brasiliensis (Spreng.) Less. flor-das-almas ab Senecio crassiflorus (Poir.) DC. er Senecio leptolobus DC. er Stevia sp.1 er Stevia veronicae DC. er Symphyopappus reticulatus Baker ab Trixis nobilis (Vell.) Katinas er Vernonanthura discolor (Spreng.) H. Rob. Vernonanthura nudiflora (Less.) H.Rob. cambará-preto alecrim-docampo Viguiera anchusaefolia (DC.) Baker Stat us ar er er Begoniaceae Begonia cucullata Willd. begônia er Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. ipê-verde ar Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers cipó-de-sãojoão li Aechmea recurvata (Klotzsch) L. B. Sm. bromélia ep Bromelia antiacantha Bertol banana-degravatá er Dyckia maritima Baker gravatá er Tillandsia aeranthos (Loisel.) L.B. Sm. cravo-do-mato ep Tillandsia geminiflora Brongn. cravo-do-mato ep VU Tillandsia lorentziana Griseb. cravo-do-mato er VU Tillandsia stricta Sol. ex Sims cravo-do-mato ep Tillandsia usneoides (L.) L. barba-de-pau ep Lepismium cruciforme (Vell.) Miq. rabo-de-rato ep Parodia ottonis (Lehm.) N.P.Taylor tuna er Rhipsalis teres (Vell.) Steud. rabo-de-rato ep Commelina platyphylla Klotzsch ex Seub. trapoeraba er Tradescantia fluminensis Vell. trapoeraba er Tradescantia zebrina Heynh. trapoeraba er Bromeliaceae Cactaceae Commelinaceae VU VU VU Flora vascular e distribuição de espécies... Família Nome científico 143 Nome popular Cunoniaceae Weinmannia paulliniifolia Pohl Cyatheaceae Alsophila setosa Kaulf. Bulbostylis scabra (J.Presl & C.Presl) C.B.Clarke Bulbostylis sphaerocephala (Boeckeler) C.B.Clarke samambaiaçu Cyperus aggregatus (Willd.) Endl. tiririca Cyperaceae Hábi to ar ar er er Cyperus haspan L. er er Rhynchospora rugosa (Vahl) Gale tiririca er Droseraceae Drosera brevifolia Pursh drósera er Ericaceae Agarista nummularia (Cham. & Schltdl.) G.Don urze-de-vintém er Gaylussacia brasiliensis (Spreng.) Meisn. camarinha ab Erythroxylum argentinum O.E. Schulz cocão ar Erythroxylum microphyllum A. St.-Hil. cocão ab Erythroxylaceae Euphorbiaceae Croton bresolinii L.B. Sm. & Downs ab Euphorbia rhabdodes Boiss. er Euphorbia selloi (Klotzsch & Garcke) Boiss. Gymnanthes concolor Spreng. Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B. Sm. & Downs Fabaceae Acacia mearnsii De Wild. * er laranjeira-domato ar branquilho ar acácia-negra ar Aeschynomene falcata (Poir.) DC. var. falcata Calliandra tweediei Benth. er topete-decardeal Collaea stenophylla (Hook. & Arn.) Benth. er Desmodium barbatum (L.) Benth. pega-pega er Desmodium incanum DC. pega-pega er aleluia ar Senna oblongifolia (Vogel) H.S. Irwin & Barneby Stylosanthes montevidensis Vogel Gesneriaceae ar er Zornia sericea Moric. er Sinningia allagophylla (Mart.) Wiehler er Sinningia macrostachya (Lindl.) Chautems flor-do-abismo er Gleicheniaceae Dicranopteris flexuosa (Schrad.) Underw. Hypoxidaceae Hypoxis decumbens L. falsa-tiririca er Iridaceae Cypella herbertii Hook. bibi er Sisyrinchium vaginatum Spreng. er er Stat us Ferreira, De Marchi & Larocca 144 Família Lamiaceae Nome científico Nome popular Sisyrinchium micranthum Cav. er Glechon marifolia Benth. ab Hyptis floribunda Briq. er Hyptis mutabilis (Rich.) Briq. Lauraceae Hábi to er Aiouea saligna Meisn. canela ar Nectandra cuspidata Nees canela ar Nectandra grandiflora Nees canela fedida canelaferrugem ar Ocotea puberula (Rich.) Nees canela-guaicá ar Ocotea pulchella (Nees) Mez canela-lajeana ar Linaceae Linum littorale A. St.-Hil. var. littorale linum er Lythraceae Cuphea calophylla Cham. & Schltdl. er Cuphea urbaniana Koern. er Banisteriopsis muricata (Cav.) Cuatrec. ab Nectandra oppositifolia Nees Malpighiaceae Malvaceae Melastomataceae Meliaceae Monimiaceae Moraceae Myrtaceae Stat us ar Heteropterys aenea Griseb. li Janusia guaranitica (A.St.-Hil.) A.Juss. li Luehea divaricata Mart. açoita-cavalo ar Triumfetta rhomboidea Jacq carrapichogrande er Leandra regnellii (Triana) Cogn. pixirica er Miconia cinerascens Miq. pixirica ar Miconia hyemalis A. St.-Hil. & Naudin pixirica ab Miconia latecrenata (DC.) Naudin pixirica ar Tibouchina gracilis( Bonpl. ) Cogn. quaresmeira ab Cabralea canjerana (Vell.) Mart. cangerana ar Cedrela fissilis Vell. cedro ar Guarea macrophylla Vahl pau-d'arco ar Hennecartia omphalandra J. Poiss canema ar Mollinedia schottiana (Spreng.) Perkins pimenteira ar Ficusadhatodifolia Schott ex Spreng. mata-pau ar Ficus luschnathiana (Miq.) Miq. mata-pau ar Sorocea bonplandii (Baill.) W.C. Burger, Lanjouw & Boer coincho ar Eugenia handroi (Mattos) Mattos ab Eugenia opaca O. Berg ab VU Flora vascular e distribuição de espécies... Família Nome científico Eugenia uniflora L. 145 Nome popular pitangueira Myrcia selloi (Spreng.) N. Silveira Hábi to at ar Psidium cattleianum Sabine araçazeiro at Psidium guajava L.* goiabeira ar Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz maria-mole ar Orchidaceae Epidendrum fulgens Brongn. orquídea ep Prescottia oligantha (Sw.) Lindl. er Agalinis communis (Cham. & Schltdl.) D'Arcy er Castilleja arvensis Schltdl. & Cham. er Esterhazya splendida J.C. Mikan Piriqueta suborbicularis (A.St.-Hil. & Naudin) Arbo Phyllanthus caroliniensis (Klotzsch) G.L. Webster er piriqueta Pinaceae Pinus taeda L. * pinus ar Piperaceae Peperomia circinnata Link peperômia er Peperomia tetraphylla (G. Forst.) Hook. & Arn. erva-de-vidro ep Orobanchaceae Passifloraceae Phyllanthaceae Plantaginaceae li Peperomia trineura Miq. er Mecardonia tenella (Cham. & Schltdl.) Pennell er Plantago australis Lam. Poaceae er tansagem er Scoparia dulcis L. er Scoparia montevidensis (Spreng.) R.E. Fr. er Andropogon lateralis Nees capim-caninha er Andropogon selloanus (Hack.) Hack. er Axonopus siccus (Nees) Kuhlm. er Briza subaristata Lam. er Digitaria1 er Eragrostis neesii Trin. capim-sereno er Panicum1 er Paspalum1 er Paspalum2 er Paspalum plicatulum Michx. er Poa annua L. er Polygalaceae Monnina tristaniana A. St.-Hil. & Moq. er Polypodiaceae Pleopeltis lepidopteris (Langsd. & Fisch.) de la Sota er Stat us Ferreira, De Marchi & Larocca 146 Família Primulaceae Rubiaceae Nome científico Nome popular Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R.Sm. Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. ex Roem. & Schult. capororoquinh a ar Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze capororoca ar Myrsine umbellata Mart. capororoca ar er Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pav.) Pers. Diodella apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.) Delprete er er Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl. Psychotria carthagenensis Jacq. Psychotria leiocarpa Cham. & Schltdl. Randia ferox (Cham. & Schltdl.) DC. Rutaceae ar cafeeiro-domato cafeeiro-domato limão-bravo ab ar er Richardia humistrata (Cham. & Schltdl.) Steud. er Richardia stellaris (Cham. & Schltdl.) Steud. er Rudgea parquioides (Cham.) Müll. Arg. ar Citrus sp. * laranjeira ar Esenbeckia grandiflora Mart. cutia ar Zanthoxylum fagara (L.) Sarg. Zanthoxylum rhoifolium Lam. Casearia decandra Jacq. mamica-decadela mamica-decadela mamica-decadela guaçatunga Casearia obliqua Spreng. Sapindaceae ab Richardia brasiliensis Gomes Zanthoxylum caribaeum Lam. Salicaceae Hábi to ar ar ar ar ar Casearia sylvestris Sw. chá-de-bugre ar Allophylus edulis (A. St.-Hil., A. Juss. & Cambess.) Hieron. ex Niederl. chal-chal ar Cupania vernalis Cambess. Dodonea viscosa (Linn.) Jacq. Matayba elaeagnoides Radlk. camboatávermelho vassouravermelha camboatábranco aguaívermelho ar ab ar Sapotaceae Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. Scrophulariaceae Buddleja stachyoides Cham. & Schltdl. ab Buddleja thyrsoides Lam. ab Solanaceae ar Paulownia tomentosa (Thunb.) Steud. * quiri ar Calibrachoa ericifolia (R.E.Fr) Wijsman petúnia er Stat us Flora vascular e distribuição de espécies... Família 147 Nome popular Nome científico Calibrachoa excellens Wijsman petúnia Calibrachoa heterophylla Wijsman Hábi to er er fumo-dejardim er petúnia er Petunia integrifolia (Hook.) Schinz & Thellung petúnia er Solanum nigrescens M. Martens e Galeotti joá er Nicotiana alata Link & Otto Petunia axillaris (Lam.) Britton, Stern & Poggenb. Solanum pseudoquina A.St.-Hil. ar Solanum sisymbrifolium Lam. joá er Styracaceae Styrax leprosus Hook. & Arn. carne-de-vaca ar Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul embaubá ar Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini mata-pau ar Glandularia peruviana (L.) Small glandularia er Lantana camara L. lantana li Lantana montevidensis (Spreng.) Briq. lantana ab Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl. gervão ab Verbena bonariensis L. mucamba er Verbenaceae Xyridaceae Verbena litoralis Kunth er Xyris jupicai L.C. Rich. var. jupicai Er Stat us FLORÍSTICA E ESTRUTURA DO ESTRATO ARBÓREO DE DOIS FRAGMENTOS FLORESTAIS NA PORÇÃO MÉDIA DA BACIA DO RIO TIBAGI, PARANÁ Miguel Ferreira Junior1 Ana Odete Santos Vieira2 ABSTRACT It was studied the floristic composition and the structure of the arboreal component of two forest fragments in the middle portion of the Tibagi river basin, one located in the municipality of Mauá da Serra, PR (23º56‟19.2”S and 51°08‟43.8”W) and the other in the municipality of Tamarana, PR (23º53‟47”S and 51º10‟03,5”W). For the completion of the work it was adopted the pointquadrat method, with ten lines, where each one had ten points and each point four quadrats, using as inclusion criterion a minimum DBH of 15 cm. In Mauá da Serra were sampled 52 species, in 40 genera and 23 families. The diversity index (Shannon-Weaner) was H‟ = 3,398 and the equity index was J = 0,848. The most important species were Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Lonchocarpus campestres Mart. ex Benth. and Cabralea canjerana (Vell.) Mart. The families with the highest number of individuals sampled were Fabaceae (135), Euphorbiaceae (49) and Lauraceae (18). In Tamarana, 56 species, 45 genera and 31 families were registered. The diversity index of Shannon-Weaner was H‟ = 3,448 and the equity index J = 0,846. The most important species were Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg., Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan and Eugenia neoverrucosa Sobral. The families with the highest number of sampled individuals were Myrtaceae (144), Euphorbiaceae (49) and Lauraceae (29). The floristic, community structure, and successional categories classification results confirm that the vegetation of the fragments would be one Araucaria Forest (FOM) with elements of semideciduous forest (FES) and the fragment Recanto do Pinhão is better conservated. Key words: Phytosociology, Mauá da Serra, Tamarana. RESUMO Foi estudada a composição florística e estrutura do estrato arbóreo de dois fragmentos florestais na porção média da bacia do rio Tibagi, um localizado no município de Mauá da Serra, PR (23º56‟19.2”S e 51°08‟43.8”W) e outro em Tamarana, PR (23º53‟47”S e 51º10‟03,5”W). Para a realização do trabalho foi adotado o método de ponto-quadrante, com dez linhas, onde cada uma possuía dez pontos, totalizando 100 pontos, utilizando como critério de inclusão PAP mínimo de 15 cm. Em Mauá da Serra foram amostradas 52 espécies, em 40 gêneros e 23 famílias. O índice de diversidade (Shannon-Weaner) foi de H‟ 1 Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina. 2 Departamento de Biologia Animal e Vegetal, CCB, Universidade Estadual de Londrina. Caixa Postal 10011, CEP: 86051-970, Londrina, Paraná. aovieira@uel.br. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:149-168 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 150 Ferreira Jr. & Vieira = 3,398 e equidade de J = 0,848. As espécies mais importantes foram Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Lonchocarpus campestres Mart. ex Benth. e Cabralea canjerana (Vell.) Mart. As famílias com maior número de indivíduos amostrados foram Fabaceae (135), Euphorbiaceae (49) e Lauraceae (18). Em Tamarana foram registradas 56 espécies, 45 gêneros e 31 famílias. O índice de diversidade de Shannon-Weaner foi de H‟ = 3,448 e equidade de J = 0,846. As espécies mais importantes foram Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg., Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan e Eugenia neoverrucosa Sobral. As famílias com maior número de indivíduos amostrados foram Myrtaceae (144), Euphorbiaceae (49) e Lauraceae (29). Os resultados de florística, estrutura da comunidade e a classificação em categorias sucessionais confirmam que os fragmentos apresentam vegetação de Floresta Ombrófila Mista (FOM) com elementos de Floresta Estacional Semidecidual (FES) e que o fragmento do Recanto do Pinhão encontra-se em melhores condições de conservação. Palavras-chaves: Fitossociologia, Mauá da Serra, Tamarana. INTRODUÇÃO A paisagem da Mata Atlântica foi transformada ao longo do tempo, pela sua fragmentação, causada por ações antrópicas como a ocupação agrícola e as atividades madeireiras, alterando significativamente as condições físicas, químicas e biológicas desta vegetação (Medri et al., 2002), contribuindo direta e indiretamente para a perda da diversidade biológica (Costa et al., 2011), reduzindo a quantidade de vegetação arbórea disponível para a fauna comprometendo a biodiversidade da região (Volpato & Barros, 2011). Segundo Campanili & Schäffer (2010), este tipo de vegetação possui apenas 7,91% de sua formação original. A manutenção destes fragmentos, realizada com estudos e experimentos de campo conduzidos com embasamento teórico consistente, permite, em longo prazo, promover a recuperação funcional de determinadas unidades ecológicas, atualmente ilhadas (Zaú, 1998). O Estado do Paraná possuía uma cobertura florestal nativa de apenas 23,54% de sua área total, em 2006, (Campanili & Schäffer, 2010) com predomínios de fragmentos florestais isolados e degradados. Desta mesma forma encontra-se a bacia do rio Tibagi, onde a cobertura florestal foi reduzida em aproximadamente 96%, devido à agricultura bastante intensiva, restando poucos remanescentes preservados (Viani & Vieira, 2007; Zapparoli, 2013). A bacia hidrográfica do rio Tibagi, localizada na porção centro-leste do 2 Estado do Paraná, possui uma área de aproximadamente 25.000 km , o que totaliza 13% da superfície do Estado, e percorre 551 km, e atravessa por diferentes tipos de vegetação, além de possuir uma rica rede hidrográfica com 65 afluentes e centenas de subafluentes (Nakajima et al., 1996; Melo et al., 2007; Gonçalves & Barros, 2010). As variações de tipos vegetacionais, ao longo do curso deste rio, correspondem a numerosas características físicoambientais, que ocorrem nesta bacia, e pode ser dividida em três subregiões: o alto, médio e baixo curso do rio Tibagi (Danni-Oliveira & Mendonça, 2002; Medri et al., 2002) (Figura 1). Florística e estrutura do estrato arbóreo... 151 Uma descrição geral destas subregiões considera que o alto Tibagi localiza-se na região mais ao sul da bacia, com uma vegetação, predominantemente, dominada pelos Campos Gerais em áreas de solos mais rasos e pela Floresta Ombrófila Mista (FOM), conhecida por Floresta de Araucária. A subregião do médio Tibagi está localizada no centro da bacia, com vegetação caracterizada por manchas de campos naturais, enclaves savânicos e uma área de transição entre Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Semidecidual (FES). Ao norte da bacia está localizada a subregião do baixo Tibagi, com vegetação predominante de Floresta Estacional Semidecidual (FES) (Torezan, 2002). A vegetação atual, remanescente na região da bacia do Tibagi faz parte de propriedades particulares – Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) – ou unidades de conservação. Na porção média da bacia do rio Tibagi é onde se encontram os maiores e mais bem conservados fragmentos florestais, e onde há importantes espécies animais e vegetais, pois devido ao seu terreno escarpado, a ação antrópica foi menos intensa (Torezan, 2002). De acordo com o subprojeto de Avaliação e Ação Prioritárias para a Conservação do Bioma Floresta Atlântica e Campos Sulinos, esta região foi indicada como sendo uma área de extrema importância biológica (MMA/SBF, 2002). Sendo assim, estudos que possam contribuir para o conhecimento, conservação e/ou recuperação das áreas degradadas na região média da bacia do rio Tibagi são muito importantes e necessários ainda mais quando os fragmentos estão inseridos em Unidades de Conservação (Dall‟Agnol et al., 2009), Esta área ainda tem como agravante os riscos dos impactos ambientais que podem ser causados pela construção da Usina Mauá, localizada nos municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira (Abrantes et al., 2009). Estudos sobre vegetação já foram realizados na região do médio Tibagi. Dados sobre a composição florística e fitossociológica de florestas ripárias às margens do rio Tibagi estão apresentados para os municípios de Sapopema (Silva et al.,1995), Telêmaco Borba (Nakajima et al.,1996) e Tibagi (Dias et al., 1998). Estevan (2006) realizou um trabalho sobre a diversidade e a estrutura de uma comunidade arbórea de um remanescente de Floresta Ombrófila Mista no município de Ventania. Cada fragmento conserva parte da diversidade original, o que o torna único em relação ao seu estado de conservação. Devido a isso, é de fundamental importância que se aumente o conhecimento sobre as florestas remanescentes, como os fragmentos encontrados na RPPN Fazenda Monte Sinai e Recanto do Pinhão, pois o maior objetivo da conservação não é manter um ideal de floresta intocada, mas sim conservar a biodiversidade do ecossistema como um todo (Santos & Kinoshita, 2003; Christoffoli & Christoffoli, 2006). O objetivo deste trabalho foi conhecer a estrutura do estrato arbóreo presente na RPPN Fazenda Monte Sinai e no Recanto do Pinhão, comparando os resultados encontrados com o observado em outros trabalhos desenvolvidos na região média da bacia do rio Tibagi. 152 Ferreira Jr. & Vieira MATERIAL E MÉTODOS Dois fragmentos de floresta nativa desta região foram escolhidos para a realização deste estudo. Eles estão localizados em propriedades particulares e situados dentro dos limites da Serra do Cadeado, que faz parte da formação do Terceiro Planalto, dentro da cobertura sedimentar da bacia do Paraná. A cobertura vegetacional de ambos é de Floresta Ombrófila Mista (FOM) permeada com alguns elementos em comum com a Floresta Estacional Semidecidual (FES). O primeiro é na RPPN Fazenda Monte Sinai, (processo 162/07) que se encontra no Planalto de Apucarana, município de Mauá da Serra, Km 302 da Rodovia do Café, BR 376 (23º56‟19.2”S e 51°08‟43.8”W), com uma área de 193 ha em fragmentos de florestas descontínuos e altitude de 1005 m. Christoffoli & Christoffoli (2006) descreveram o clima como Tropical Original modificado pela altitude, com temperatura anual média de 21ºC e precipitação anual média de 1500 mm e o solo é classificado como Latossolo VermelhoEscuro (LE), com afloramentos de basalto, e Podzólico Vermelho/Amarelo. O outro fragmento encontra-se na propriedade denominada Recanto do Pinhão, que dista cerca de 20 quilômetros da RPPN Fazenda Monte Sinai, no município de Tamarana, na Estrada Rio Branco, Bairro Rio Branco (23º53‟47”S e 51º10‟03,5”W), possui uma área de 52,4 ha e altitude média de 1030 m. O estudo da estrutura arbórea foi realizado através do método de pontoquadrantes, sendo que em cada ponto foram estabelecidos quatro quadrantes, onde um indivíduo de cada quadrante que estava mais próximo ao ponto foi amostrado (Felfili & Rezende, 2003). Os indivíduos amostrados eram de hábito arbóreo, com o perímetro a altura do peito (PAP) igual ou superior a 15 centímetros, sendo esta altura fixada em 1,50m. Em cada fragmento foram estabelecidas 10 linhas com 10 pontos em cada uma (total 100 pontos), distando 10 metros uma da outra, a partir de 50m da borda da mata para o interior. Os parâmetros para análise da estrutura, calculados conforme Felfili & Rezende (2003), são: Densidade Absoluta (DA), Densidade Relativa (DR), Freqüência Absoluta (FA), Freqüência Relativa (FR), Dominância Absoluta (DoA), Dominância Relativa (DoR), Índice de Valor de Importância (IVI) e Índice de Diversidade de Shannon-Weaver (H’). A obtenção dos parâmetros para a análise de estrutura foi realizada com auxílio do programa estatístico FITOPAC (Shepherd, 1996). Visitas periódicas foram realizadas às propriedades nos meses de março a outubro de 2009 para realização das coletas das espécies. As amostras foram coletadas, prensadas e secas na estufa de acordo com a metodologia citada por Judd et al. (2009). Exemplares de cada espécie foram incluídos no herbário da Universidade Estadual de Londrina (FUEL) como material testemunho, dando preferência para material em estado reprodutivo. Suas identificações foram feitas com o auxílio de chaves de identificação e consulta à bibliografia especializada e pela comparação com material já existente neste herbário. Os nomes botânicos das espécies amostradas foram conferidos pela Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2013). Para as famílias de Florística e estrutura do estrato arbóreo... 153 angiospermas foi usada a circunscrição de acordo com APG III (2009) e para a espécie de samambaia seguiu-se a classificação de Smith et al. (2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO O levantamento resultou em um total de 89 espécies de plantas vasculares (Tabela 1). Na RPPN Fazenda Monte Sinai (FMS) foram amostradas 52 espécies, sendo 32 registradas somente para este local. No Recanto do Pinhão (RP) foram amostradas 56 espécies, das quais 38 foram exclusivas. Em comum entre os dois fragmentos foram observadas 19 espécies. As curvas de coletor para os dois fragmentos (FMS e RP) estão apresentadas na Figura 2, onde uma tendência para a estabilização pode ser observada, desta forma esta amostragem parece ter sido suficiente para avaliar a estrutura dos fragmentos. Na FMS, as árvores vivas encontravam-se distribuídas em 52 espécies, 40 gêneros e 23 famílias de angiospermas arbóreas. No RP, as árvores vivas estavam distribuídas em 56 espécies, 45 gêneros e 31 famílias, sendo uma delas uma samambaia arborescente (Dicksoniaceae) da espécie Dicksonia sellowiana, representada por dois indivíduos. No levantamento realizado na FMS (Mauá da Serra), os indivíduos mortos representam 5,65% do número total, ocupando assim o sétimo lugar em Índice de Valor de Importância (IVI). Na propriedade RP foram amostradas 381 árvores vivas, dois indivíduos de D. sellowiana e 17 encontravam-se mortas em pé. Os indivíduos mortos apresentaram uma porcentagem de 4,25% do total, ocupando assim o quinto lugar em Índice de Valor de Importância (IVI). Em outros trabalhos feitos na porção média da bacia, as porcentagens, para indivíduos mortos, também foram ao redor de 5%: Silva et al. (1995) apresentou 4,57% ocupando o primeiro lugar na tabela de IVI; Nakajima et al. (1996) 7,55%, e segundo lugar; Dias et al. (1998) 6,34%, e segundo lugar e Estevan (2006) 6,20%, e terceiro lugar. Segundo Scariot (2003) diversos estudos ressaltam que uma maior intensidade do efeito de borda em áreas fragmentadas pode causar aumento na mortalidade de árvores e nas taxas de substituição, modificação nas taxas de recrutamento, além de alterações microclimáticas severas exibidas na temperatura e intensidade dos ventos. Na FMS, as quatro famílias com maior valor de IVI são aquelas que também acumulam o maior número de indivíduos: Fabaceae, Euphorbiaceae, Lauraceae, Meliaceae (Tabela 2). Apesar de Meliaceae possuir um número alto de indivíduos foi representada por Cabralea canjerana, considerada como uma espécie indicada de pioneira a clímax (Carvalho, 2003), ou seja, que pode se desenvolver em fragmentos com diferentes graus de conservação. Fabaceae, Euphorbiaceae, Lauraceae, mais a família Myrtaceae são aquelas com maior número de espécies. No RP, as quatro famílias que apresentaram os maiores valores IVI são: Myrtaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Lauraceae (Tabela 2). As famílias que possuem os maiores números de indivíduos são: Myrtaceae, Euphorbiaceae, Lauraceae e Salicaceae, nesta última concentrados em apenas duas espécies (C. gossypiosperma e C. sylvestris). As famílias que apresentaram o maior 154 Ferreira Jr. & Vieira número de espécies são Myrtaceae e Lauraceae, sendo que a maioria de tais espécies foram classificadas como secundárias tardias ou clímax em estagio de sucessão (Dall‟Agnol, 2009). Através da classificação em categorias sucessionais, proposta por Carvalho (2003) e Dall‟Agnol (2009), as espécies melhor posicionadas em IVI na FMS foram classificadas como pioneiras a secundárias iniciais, pertencendo, em sua maioria, à família Fabaceae. Já no RP as espécies melhor posicionadas em IVI, com exceção de Alchornea triplinervia e Anadenanthera colubrina, foram classificadas como secundárias tardias a clímax e pertencem às famílias Myrtaceae e Lauraceae. Reforçando a idéia de que os fragmentos estão em estágios diferentes, sendo o RP mais conservado. Em ambos os fragmentos deste estudo Fabaceae, Euphorbiaceae e Lauraceae aparecem entre as cinco primeiras em IVI. Fabaceae também posiciona-se entre as cinco famílias mais importantes nos trabalhos de Silva et al. (1995), Nakajima et al. (1996), Dias et al.(1998) e Estevan (2006). Euphorbiaceae aparece como uma das famílias mais importantes nos trabalhos de Nakajima et al. (1996) e Dias et al. (1998). Lauraceae apresenta-se como uma das famílias mais importantes nos trabalhos de Nakajima et al. (1996), Dias et al. (1998) e Estevan (2006). Myrtaceae, embora não apareça entre as cinco mais importantes na FMS (sétimo em IVI), é uma das famílias mais importantes para o RP e nos trabalhos de Silva et al. (1995), Nakajima et al. (1996), Dias et al.(1998) e Estevan (2006). De acordo com Venzke & Martins (2013) as famílias Lauraceae e Myrtaceae, independentemente da região geográfica, proximidade ou altitude são importantes em áreas primárias ou em estágios avançados da sucessão. Estas famílias podem constituir um indicador de estádio de regeneração ou de degradação, não só relativo a riqueza, mas também a disponibilidade de recursos para frugívoros de médio e grande porte e composição de guildas (Tabarelli & Mantovani, 1999) e segundo Gasper (2013) estas duas famílias sempre se destacaram em estudos de florística e fitossociologia em trabalhos na FOM. Além de Lauraceae e Myrtaceae, Fabaceae e Euphorbiaceae, são importantes, em conjunto para a caracterização das florestas da porção média da bacia do rio Tibagi (PR), onde ocorre o limite norte de FOM, penetrado por elementos de FES, na bacia do rio Tibagi (PR). O fragmento FMS apresentou 14 espécies representadas por apenas um indivíduo, o que equivale a 27% do total de espécies amostradas, já no RP, este número foi de 18 espécies (32,1% do total de espécies). Este número de espécies com apenas um individuo pode se dar pela baixa ocorrência da espécie nos fragmentos e conhecer estas espécies é importante não só para a intensificação de ações conservacionistas para este conjunto de espécies, como para o planejamento de unidades de conservação. Espécies raras, vulneráveis e sujeitas à extinção foram encontradas nos fragmentos estudados. Em Mauá da Serra foram amostradas duas espécies consideradas raras (SEMA, 1995) Lonchocarpus subglaucescens, que é a décima primeira em IVI (8,84), com 16 indivíduos amostrados, também aparecendo nos trabalhos de Silva et al. (1995) (trigésima quinta em IVI, 18 indivíduos), Nakajima et al. (1996) (décima terceira em IVI, 24 indivíduos), Dias et al. (1998) (octogésima quarta em IVI, um indivíduo) e Estevan (2006) (septuagésima terceira em IVI, Florística e estrutura do estrato arbóreo... 155 três indivíduos). A outra espécie rara observada foi Casearia gossypiosperma, na posição 51 em IVI (0,60), com um individuo amostrado, aparecendo no trabalho de Silva et al. (1995) (centésima segunda em IVI, um indivíduo). Em Tamarana foram amostradas duas espécies consideradas raras: Aspidosperma polyneuron, ocupando o trigésimo terceiro lugar em IVI (1,9), representada por três indivíduos, aparecendo também nos trabalhos de Silva et al. (1995) (décima sexta em IVI, 36 indivíduos), Nakajima et al. (1996) (nona em IVI, oito indivíduos) e Dias et al. (1998) (centésima sétima em IVI, um indivíduo) e C. gossypiosperma, é a décima primeira em IVI (7,62), com 13 indivíduos amostrados, aparece no trabalho de Silva et al. (1995) (centésima primeira em IVI, um indivíduo). Dicksonia sellowiana apresenta um tronco que abriga espécies epifíticas que ocorrem exclusivamente ou preferencialmente sobre este forófito; a extração do xaxim compromete a disponibilidade de habitat, especialmente para holoepífitos habituais, que completam todo o seu ciclo de vida neste ambiente (Schmitt et al., 2005; Fraga et al., 2008). Para a FOM de Santa Catarina, a espécie pode ser considerada com maior número de indivíduos nas áreas estudadas e a diminuição da sua densidade atribuída ao histórico de exploração (Meyer et al., 2013). Mantovani (2004) observou que há uma maior ocorrência da espécie em ambientes com a estrutura florestal conservada e afirma, também, que o estádio sucessional da área, a presença de gado e efeitos antrópicos como, retirada da cobertura florestal, exploração de xaxim, prejudicam o desenvolvimento das populações. Para fragmento de floresta ripária de Ventania (PR), Estevan (2006) indicou esta espécie ocupando a sétima posição em IVI com 49 indivíduos amostrados e a quarta maior DoR (5,54%) e relatou que foi amostrada somente nas parcelas próximas ao córrego. No estudo feito por Sakagami (2006), no Parque Ecológico da Klabin (Telêmaco Borba, PR), a autora descreve a espécie como formando grandes populações no interior da floresta e que D. sellowiana foi encontrada no interior da floresta principalmente ao longo da trilha ecológica e na porção mediana do rio, ou seja crescendo preferencialmente em lugares pantanosos, em encostas serranas e em banhados das baixadas como relatado por Azevedo & Vieira (2008). Esta é uma espécie considerada ameaçada de extinção (MMA, 2008); foi encontrada somente em RP, o fragmento que pode ser considerado mais úmido e conservado. Do total de indivíduos amostrados em FMS, 59,42% encontravam-se concentrados nas 10 primeiras espécies mais bem posicionadas em relação ao valor do IVI. Em RP 55,75% dos indivíduos encontravam-se entre as 10 primeiras espécies, valores aproximados aos apresentados por Dias et al. (2002) com 60% das espécies inventariadas estão concentradas em dez famílias. Anadenanthera colubrina (Fabaceae) apresentou valor alto de IVI nas duas áreas, como no trabalho realizado por Silva et al. (1995), no município de Sapopema, onde a espécie também apresenta-se ocupando a segunda posição. Nos trabalhos de Nakajima et al. (1996), Dias et al.(1998) e Estevan (2006) a espécie também foi amostrada, indicando sua importância nos fragmentos da porção média do rio Tibagi. Esta é uma espécie considerada pioneira a secundária inicial (Dall‟Agnol, 2009) e produz anualmente grande 156 Ferreira Jr. & Vieira quantidade de sementes viáveis e de dispersão autocórica, auxiliando na recomposição de áreas degradadas (Carvalho, 2003). Na FMS, entre as espécies amostradas em ordem decrescente de Índice de Valor de Importância (tabela 3), Anadenanthera colubrina foi a primeira espécie, apresentando uma maior dominância relativa (65,5%) em relação à das outras espécies. Isso se deve ao fato dos indivíduos desta espécie alcançarem porte avantajado e com média de altura de 28 metros. Porém, seu número de indivíduos, densidade relativa e frequência relativa foram menores do que os das três outras espécies posicionadas na sequência da tabela (Lonchocarpus campestris, Cabralea canjerana e Croton floribundus). L. campestris, segunda em IVI, foi a espécie que apresentou um maior número de indivíduos (38) e maior densidade relativa (10,2%). As outras espécies com maior IVI também se destacaram por apresentar altos números de indivíduos como C. canjerana (32) e C. floribundus (29). No RP, Alchornea triplinervia apresentou um maior IVI (Tabela 4) e é a segunda espécie com maior número de indivíduos, e a primeira em Dominância Relativa e Frequência Relativa. Eugenia neoverrucosa, com o maior número de indivíduos (48), posiciona-se em terceiro lugar em IVI. A segunda posição é ocupada pela espécie Anadenanthera colubrina, representada por 11 indivíduos de grande porte, o que faz com que tenha uma Dominância Relativa bastante considerável, menor somente que a da A. triplinervia, que neste local, também apresentou indivíduos de porte avantajado. As demais espécies com os maiores IVI foram Eugenia oeidocarpa e Curitiba prismatica, ambas da família Myrtaceae. Além de Dicksonia sellowiana, são apontadas para FOM as espécies Myrcia hebepetala e M. venulosa (Greiner et al., 2011; Rossetto et al., 2011; Forzza et al., 2013), já Aspidosperma polyneuron, Vernonanthura divaricata, Cordia trichotoma e Ocotea diospyrifolia são consideradas típicas de FES (Ramos et al. 2008; Forzza et al., 2013; Rossetto & Vieira, 2013). Desta forma, a presença de indivíduos destes dois conjuntos de espécies nos fragmentos avaliados reforça a caracterização como uma área de vegetação mista, de FOM com elementos de FES. Existe um contraste entre os fragmentos quando as espécies são separadas nos diferentes estágios sucessionais. Na FMS 65,4% foram classificadas como pioneiras e secundárias iniciais, já no fragmento RP 71,4% das espécies amostradas são consideradas secundárias tardias e climácicas. Dias et al. (1998) apresentaram, para um fragmento no município de Tibagi, porcentagens maiores para espécies secundárias tardias e iniciais e menores para pioneiras. Estes autores destacam que estes padrões de porcentagens são semelhantes aos encontrados por Leitão Filho et al. (1993) para uma área de Floresta Atlântica, considerada madura. As espécies Anadenathera colubrina, Lonchocarpus campestris, Croton floribundus possuem dispersão autocórica ou anemocórica (Dall‟Agnol, 2009), característica que junto dos dados dariam ao fragmento da FMS características de estágios iniciais ou médios de regeneração. As espécies da família Myrtaceae, que se encontram melhor posicionadas em IVI para o RP possuem dispersão zoocórica e classificação sucessional de secundárias tardias a clímax; junto com os valores obtidos para a estrutura das comunidades Florística e estrutura do estrato arbóreo... 157 arbóreas dos fragmentos confirmariam a diferença já constatada por Dall‟Agnol (2009) que classificou o fragmento RP como uma floresta secundária de estágio clímax e a FMS como em estágio médio de regeneração, porém com características de estágio inicial. O índice de diversidade de Shannon-Weaver (H‟), para a FMS, foi de 3,398, enquanto no RP foi de 3,448. Tais valores são próximos a outros quatro trabalhos realizados na região do médio Tibagi (Tabela 5). Segundo Nakajima et al. (1996) o índice H‟ para as florestas da região variam de H‟ = 2,45 a 4,33, indicando que há um elevado índice de diversidade nas áreas estudadas. Na FMS, a equidade (J) foi de 0,848, no RP, foi de 0,846; este valor indica que nas áreas onde foram feitos os levantamentos não existe predomínio de uma ou poucas espécies, valores muito semelhante ao dos fragmentos estudados pelos autores citados acima, exceto o de Nakajima et al. (1996) (J = 0,34), que explica este fato pela existência de um gradiente ambiental entre duas situações extremas no trabalho realizado em Telêmaco Borba, uma de planície aluvial e solo hidromórfico e outra de relevo acidentado e solo rochoso. Estas particularidades do ambiente estudado poderiam elevar o número de espécies e o índice de diversidade, e ao mesmo tempo condicionariam a ocorrência de poucas espécies preferenciais a estes ambientes. De acordo com os valores apresentados, a região da porção média da bacia do Tibagi possui uma alta diversidade de espécies arbóreas, e não existe um predomínio de uma ou poucas espécies sobre as outras. Por abrigar espécies consideradas raras, vulneráveis e sujeitas a extinção, se faz necessário o conhecimento e a conservação dos fragmentos localizados na porção média da bacia do rio Tibagi. A FMS e o RP possuem fragmentos florestais, que de acordo com os estudos realizados netas áreas, possuem um alto índice de diversidade, além de abrigarem espécies de valor de importância considerável para a região, e também espécies raras, vulneráveis e sujeitas a extinção. Espera-se que trabalhos que envolvam florística e estrutura de comunidade contribuam para o conhecimento, conservação e/ou recuperação das áreas degradadas, mantendo-se assim a integridade da flora na região do médio Tibagi, que, como foi citado, é uma área de extrema importância ecológica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRANTES, T.; TONIN, J.F. & MELO, A.R. 2009. A construção de usinas hidrelétricas e os impactos socioambientais. Bacia do rio Tibagi – uma abordagem de estudo. Anais do XVIII Encontro Anual de Iniciação Científica. Londrina, PR. APG (Angiosperm Phylogeny Group) III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161 (2): 105-121. AZEVEDO, T.I.N. & VIEIRA, A.O.S. 2008. As plantas herbáceas e arbustivas da bacia do Ribeirão Varanal. In: Bennemann, S.T.; Shibatta, O.A. & Vieira, A.O.S. (org.). 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Florística e estrutura do estrato arbóreo... 161 Tabela 1: Famílias, espécies, nomes vulgares e número de registro no herbário FUEL das espécies vasculares amostradas na RPPN Fazenda Monte Sinai, Mauá da Serra – PR (FMS) e Recanto do Pinhão, Tamarana – PR (RP). Registro Família / Espécie Nome vulgar FMS RP FUEL Acanthaceae Junta-de-cobraJusticia brasiliana Roth 46.364 X vermelha Annonaceae Annona neosalicifolia H.Rainer Annona sylvatica A.St.-Hil. Araticum-falso Araticum 46.401 46.421 Apocynaceae Aspidosperma polyneuron Müll.Arg. Peroba-rosa 46.395 X Arecaceae Geonoma schottiana Mart. Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Aricanga-do-brejo Jerivá 46.359 46.177 X X Asteraceae Dasyphyllum spinescens (Less.) Cabrera Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob. Cambará-de-espinho Vassourão-preto 48.239 46.455 X X X Bignoniaceae Handroanthus albus (Cham.) Mattos Jacaranda puberula Cham. Ipê-da-serra Caroba 46.392 46.447 X X X Boraginaceae Cordia ecalyculata Vell. Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Café-de-bugre Louro-pardo 46.418 46.432 X X Cannabaceae Trema micrantha (L.) Blume Crindiúva 46.436 X Caricaceae Vasconcellea quercifolia A.St.-Hil. Mamão-do-mato 46.442 X Celastraceae Maytenus salicifolia Reissek X X X 46.400 X 46.351 X Cunoniaceae Lamanonia ternata Vell. Guaperê Dicksoniaceae Dicksonia sellowiana Hook. Xaxim * X Elaeocarpaceae Sloanea hirsuta (Schott) Planch. ex Benth. Ouriço 46.365 X Folha-redonda 46.428 X X Tapiá-mirim Tapiá Capixingui Pau-de-leite 46.449 46.410 46.440 46.441 X X X X X X Euphorbiaceae Alchornea glandulosa subsp. iricurana (Casar.) Secco Alchornea sidifolia Müll.Arg. Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Croton floribundus Spreng. Sapium glandulosum (L.) Morong Ferreira Jr. & Vieira 162 Registro FUEL Família / Espécie Nome vulgar Fabaceae Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Bauhinia forficata Link Dalbergia brasiliensis Vogel Erythrina falcata Benth. Inga marginata Willd. Inga sessilis (Vell.) Mart. Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth. Lonchocarpus subglaucescens Mart. ex Benth. Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. Farinha-seca Angico-branco Pata-de-vaca Caroba-brava Corticeira Ingá-mirim Ingá-ferradura Angelim-bravo Feijão-cru Bico-de-pato 46.412 46.411 46.429 46.416 46.456 46.453 46.393 46.423 46.426 46.425 Lamiaceae Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke Tamanqueiro 46.356 Canela-papagaio Canela-frade Canela-branca Canela-amarela Canela-gosmenta Canela-lageana Canela-lageana 46.389 46.422 46.439 46.397 46.452 46.385 46.431 46.398 46390 Laxmanniaceae Cordyline spectabilis Kunth & Bouché Guaraíva 46.445 Lythraceae Lafoensia pacari A.St.-Hil. Dedaleiro 46.357 Malvaceae Luehea divaricata Mart. & Zucc. Açoita-cavalo 46.435 X Pixirica 46.459 46.458 46.406 X X Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Cedrela fissilis Vell. Canjarana Cedro-rosa 46.408 46.407 X Monimiaceae Mollinedia triflora (Spreng.) Tul. Capixim 46.178 X Falsa-espinheirasanta 46.362 X Guamirim-ferro 46.382 Sete-capote 46.448 Guabirobeira 46.405 46.387 Lauraceae Cinnamomum cf. glaziovii (Mez) Kosterm. Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. Nectandra lanceolata Nees Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez Ocotea indecora (Schott) Mez Ocotea nutans (Nees) Mez Ocotea puberula (Rich.) Nees Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez Ocotea silvestris Vattimo-Gil Melastomataceae Miconia cinerascens Miq. Miconia pusilliflora (DC.) Naudin Miconia sp. Moraceae Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger. et al. Myrtaceae Calyptranthes concinna DC. Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg Curitiba prismatica (D.Legrand) Salywon & FMS X X X X X X X X X RP X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Florística e estrutura do estrato arbóreo... Família / Espécie Landrum Eugenia handroana D.Legrand Eugenia longipedunculata Nied. Eugenia neoverrucosa Sobral Eugenia oeidocarpa O.Berg Eugenia pyriformis Cambess. Eugenia ramboi D.Legrand Myrceugenia miersiana (Gardner) D.Legrand & Kausel Myrcia hebepetala DC. Myrcia venulosa DC. Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg 163 Nome vulgar Registro FUEL Uvaia Batinga-branca 46.446 46.383 46.380 46.374 46.457 46.386 Guamirim 46.394 Grumixama-miúda FMS RP X X X X X X X 46.438 46.444 46.378 X X Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz Maria-mole 46.450 X Primulaceae Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. Myrsine umbellata Mart. Capororoca Capororoca 46.437 46.350 X Carvalho-brasileiro 46.451 X Pessegueiro-bravo 46.434 X Proteaceae Roupala montana var. brasiliensis (Klotzsch) K.S.Edwards Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Urb. Rubiaceae Psychotria suterella Müll.Arg. 46.360 Pau-de-cutia Mamica-de-porca 46.371 46.414 X Salicaceae Casearia gossypiosperma Briq. Casearia lasiophylla Eichler Casearia obliqua Spreng. Casearia sylvestris Sw. Pau-de-espeto Cambrué Guassatunga Café-de-bugre 46.430 46.419 46.424 46.409 X X X X Vacum 46.433 X Cuvatã Miguel-pintado 46.417 46.427 X X Guatambu-de-leite 46.358 Joá-manso Fumo-bravo Quina-de-são-paulo 46.179 46.420 46.413 Sapotaceae Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl. Solanaceae Solanum argenteum Dunal Solanum granulosoleprosum Dunal Solanum pseudoquina A.St.-Hil. Theaceae X X X X X Rutaceae Esenbeckia grandiflora Mart. Zanthoxylum rhoifolium Lam. Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. Cupania vernalis Cambess. Matayba elaeagnoides Radlk. X X X X X X X X X X Ferreira Jr. & Vieira 164 Registro FUEL * Família / Espécie Nome vulgar Laplacea fructicosa (Schrad.) Kobuski Santa-rita Thymelaeaceae Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling Embira 46.363 X Lixeira 46.454 X Verbenaceae Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. *Espécies não incorporadas na acervo. FMS RP X Tabela 2: Famílias amostradas na RPPN Fazenda Monte Sinai, Mauá da Serra – PR (FMS) e Recanto do Pinhão, Tamarana – PR (RP) e seus parâmetros fitossociológicos. NI = Número de Indivíduos; N.sp = Número de Espécies; DR = Densidade Relativa; DoR = Dominância Relativa; FR = Frequência Relativa; IVI = Índice de valor de importância; IVI (%) = Porcentagem de IVI, * família entre as cinco com maiores valores de IVI (%). Família Acanthaceae Apocynaceae Annonaceae Arecaceae Asteraceae Bignoniaceae Boraginaceae Cannabaceae Caricaceae Celastraceae Cunoniaceae Dicksoniaceae Elaeocarpaceae Euphorbiaceae Fabaceae Lamiaceae Lauraceae Laxmanniaceae Lythraceae Malvaceae Melastomataceae Meliaceae Monimiaceae Moraceae Myrtaceae Nyctaginaceae Primulaceae Proteaceae Rosaceae Rubiaceae Rutaceae Salicaceae Sapindaceae Sapotaceae Solanaceae Theaceae Thymelaeaceae Verbenaceae FMS NI N.sp DR DoR FR IVI IVI(%) 01 01 0,27 0,02 0,36 0,65 0,22 04 02 08 03 01 02 01 02 01 01 1,08 0,54 1,88 0,81 0,27 2,73 1,70 4,68 2,02 0,66 0,91 0,57 1,56 0,67 0,22 0,21 0,44 0,27 0,13 0,03 1,44 0,72 2,53 1,08 0,36 49 05 13,17 6,08 11,91 31,17 10,39* 135 09 36,29 72,77 27,80 136,86 45,62* 18 02 05 01 5,11 11,25 6,14 22,49 7,50* 0,54 0,10 0,72 1,36 0,45 01 02 32 01 02 01 0,27 0,14 0,36 0,77 0,26 0,54 0,10 0,72 1,36 0,45 8,60 2,25 10,47 21,32 7,11* 17 05 09 02 01 05 01 01 01 01 4,57 1,34 2,42 0,54 0,27 08 18 15 01 04 03 2,15 0,29 2,89 5,33 4,84 0,54 5,78 11,16 4,03 0,74 4,69 9,47 1,78 3,72 3,16 16 02 4,30 1,51 5,42 11,22 3,74 01 01 0,27 0,01 0,36 0,21 0,65 0,12 0,43 0,19 0,03 5,05 10,28 3,43* 1,81 3,27 1,09 2,17 5,02 1,67 0,72 1,45 0,48 0,36 0,66 0,22 0,64 RP NI 04 03 07 06 02 06 01 N.sp 01 01 01 02 01 02 01 DR 1,00 0,75 1,75 1,50 0,50 1,50 0,25 DoR 0,13 0,31 0,23 1,05 0,25 0,50 0,02 FR 1,28 0,96 1,92 1,92 0,64 1,92 0,32 IVI 2,41 2,02 3,90 4,47 1,39 3,92 0,59 IVI(%) 0,80 0,67 1,30 1,49 0,46 1,31 0,20 03 01 02 06 49 17 04 29 01 0,75 0,28 0,96 1,99 01 0,25 1,89 0,32 2,46 01 0,50 0,13 0,32 0,95 01 1,50 5,53 1,92 8,95 03 12,25 31,55 12,82 56,62 03 4,25 27,27 5,13 36,65 01 1,00 0,32 0,96 2,28 06 7,25 4,92 8,65 20,83 0,66 0,82 0,32 2,98 18,87* 12,22* 0,76 6,94* 01 01 14 11 17 02 145 02 3,50 02 2,75 01 4,25 01 0,50 11 36,00 01 01 0,25 0,01 0,32 0,58 06 01 12 25 02 01 02 01 01 01 01 01 02 01 01 02 01 01 1,50 0,25 2,75 6,25 0,50 0,25 0,50 0,25 0,25 0,25 0,01 0,32 0,58 0,40 1,98 0,46 0,17 10,48 1,91 0,01 0,74 1,79 0,54 0,04 0,10 3,25 0,01 4,49 3,53 4,81 0,64 25,64 1,92 0,32 2,88 7,05 0,64 0,32 0,64 0,32 0,32 8,39 8,26 9,52 1,31 72,12 5,33 0,58 6,37 15,09 1,68 0,61 1,24 3,82 0,59 0,19 2,80 2,75 3,17 0,44 24,04* 0,19 1,78 0,19 2,12 5,03 * 0,56 0,20 0,41 1,27 0,20 Florística e estrutura do estrato arbóreo... 165 Tabela 3: Espécies amostradas na RPPN Fazenda Monte Sinai, Mauá da Serra – PR e seus parâmetros fitossociológico em ordem decrescente de IVI. NI = Número de Indivíduos; DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); FR = Frequência Relativa (%); IVI = Índice de Valor de Importância. Espécie Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth. Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Croton floribundus Spreng. Ocotea puberula (Rich.) Nees Dalbergia brasiliensis Vogel Morta Bauhinia forficata Link Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart Solanum granulosoleprosum Dunal Lonchocarpus subglaucescens Mart. ex Benth. Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Cupania vernalis Cambess. Zanthoxylum rhoifolium Lam. Eugenia handroana D.Legrand Casearia sylvestris Sw. Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. Casearia lasiophylla Eichler Cordia ecalyculata Vell. Guapira opposita (Vell.) Reitz Matayba elaeagnoides Radlk. Alchornea glandulosa subsp. iricurana (Casar.) Secco Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg Sapium glandulosum (L.) Morong Nectandra lanceolata Nees Trema micrantha (L.) Blume Inga marginata Willd. Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Jacaranda puberula Cham. Roupala montana var. brasiliensis (Klotzsch) K.S.Edwards Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. Solanum pseudoquina A.St.-Hil. Dasyphyllum spinescens (Less.) Cabrera Cordyline spectabilis Kunth & Bouché Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob. Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. Alchornea sidifolia Müll.Arg. Myrcia venulosa DC. Ocotea silvestris Vattimo-Gill Eugenia pyriformis Cambess. Erythrina falcata Benth. Luehea divaricata Mart. & Zucc. Miconia pusilliflora (DC.) Naudin Miconia cinerascens Miq Myrcia hebepetala DC. Vasconcellea quercifolia A.St.-Hil. Casearia obliqua Spreng. Prunus myrtifolia (L.) Urb. Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. Casearia gossypiosperma Briq. Ocotea indecora (Schott) Mez Annona sylvatica A.St.-Hil. Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) Juss. NI 19 38 32 29 11 24 21 19 14 14 16 11 08 08 08 08 09 08 05 05 05 04 04 03 03 03 03 03 02 02 02 02 02 02 02 02 02 02 01 02 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 DR 5,11 10,22 8,60 7,80 2,96 6,45 5,65 5,11 3,76 3,76 4,30 2,96 2,15 2,15 2,15 2,15 2,42 2,15 1,34 1,34 1,34 1,08 1,08 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,27 0,54 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 0,27 DoR 65,45 2,58 2,25 3,66 10,25 1,18 1,67 5,11 1,26 1,36 0,82 1,41 0,38 0,29 0,26 0,21 0,43 0,28 0,20 0,12 0,27 0,25 0,23 0,70 0,19 0,13 0,06 0,06 0,44 0,19 0,17 0,14 0,11 0,10 0,10 0,09 0,06 0,04 0,59 0,09 0,33 0,14 0,06 0,04 0,04 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02 0,01 FR 5,59 8,39 9,01 5,90 3,11 5,90 4,97 5,59 4,35 4,04 3,73 3,42 2,48 2,48 2,48 2,48 1,86 1,86 1,55 1,55 1,24 1,24 1,24 0,62 0,93 0,93 0,93 0,93 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 IVI 76,15 21,18 19,86 17,36 16,32 13,53 12,28 11,77 9,37 9,16 8,84 7,79 5,02 4,93 4,89 4,85 4,72 4,29 3,10 3,02 2,86 2,57 2,55 2,12 1,93 1,87 1,80 1,80 1,60 1,35 1,32 1,30 1,27 1,26 1,26 1,25 1,22 1,19 1,17 0,94 0,91 0,72 0,64 0,62 0,62 0,61 0,61 0,61 0,60 0,60 0,60 0,60 0,59 Ferreira Jr. & Vieira 166 Tabela 4: Espécies amostradas no Recanto do Pinhão, Tamarana – PR e seus parâmetros fitossociológico em ordem decrescente de IVI. NI = Número de Indivíduos; DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); FR = Frequência Relativa (%); IVI = Índice de Valor de Importância. Espécie Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Eugenia neoverrucosa Sobral Eugenia oeidocarpa O.Berg Morta Curitiba prismatica (D.Legrand) Salywon & Landrum Ocotea indecora (Schott) Mez Myrcia hebepetala DC. Mollinedia triflora (Spreng.) Tul. Sloanea hirsuta (Schott) Planch. ex Benth. Casearia gossypiosperma Briq. Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Casearia sylvestris Sw. Miconia pusilliflora (DC.) Naudin Esenbeckia grandiflora Mart. Myrceugenia miersiana (Gardner) D.Legrand & Kausel Prunus myrtifolia (L.) Urb. Eugenia handroana D.Legrand Laplacea fructicosa (Schrad.) Kobuski Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Annona neosalicifolia H.Rainer Ocotea silvestris Vattimo-Gil Eugenia longipedunculata Nied. Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez Jacaranda puberula Cham. Croton floribundus Spreng. Lamanonia ternata Vell. Justicia brasiliana Roth Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke Aspidosperma polyneuron Müll.Arg. Maytenus salicifolia Reissek Dalbergia brasiliensis Vogel Inga sessilis (Vell.) Mart. Miconia sp. Matayba elaeagnoides Radlk. Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob. Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger. et al. Alchornea glandulosa subsp. iricurana (Casar.) Secco Cedrela fissilis Vell. Dicksonia sellowiana Hook. Calyptranthes concinna DC. Ocotea nutans (Nees) Mez Campomanesia xanthocarpa O.Berg Eugenia ramboi D.Legrand Solanum pseudoquina A.St.-Hil. Solanum argenteum Dunal Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl. NI 43 11 48 28 17 DR 10,75 2,75 12,00 6,75 4,25 DoR 30,68 27,01 3,52 1,51 3,66 FR 10,64 2,80 10,36 6,44 4,48 IVI 52,07 32,56 25,88 14,70 12,39 22 5,50 1,09 5,04 11,63 17 15 17 06 13 09 12 11 12 4,25 3,75 4,25 1,50 3,25 2,25 3,00 2,75 2,75 2,67 1,72 0,46 5,53 1,29 1,94 0,50 0,32 0,74 4,48 3,92 4,20 1,68 3,08 2,52 3,08 3,08 2,52 11,40 9,39 8,91 8,71 7,62 6,71 6,58 6,15 6,01 10 2,50 0,97 1,68 5,15 06 07 01 05 07 05 06 06 04 05 04 01 04 04 03 03 03 03 03 02 02 02 1,50 1,75 0,25 1,25 1,75 1,25 1,50 1,50 1,00 1,25 1,00 0,25 1,00 1,00 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,50 0,50 0,50 1,91 0,52 3,25 1,03 0,23 0,98 0,40 0,32 1,09 0,48 0,80 1,89 0,13 0,32 0,31 0,28 0,17 0,09 0,08 0,54 0,25 0,17 1,68 1,96 0,28 1,40 1,68 1,40 1,68 1,68 1,12 1,40 1,12 0,28 1,12 0,84 0,84 0,84 0,84 0,84 0,84 0,56 0,56 0,56 5,09 4,23 3,78 3,68 3,66 3,63 3,58 3,50 3,21 3,13 2,92 2,42 2,25 2,16 1,90 1,87 1,76 1,69 1,67 1,60 1,31 1,23 02 0,50 0,08 0,56 1,14 02 02 01 01 01 01 01 01 01 0,50 0,50 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,05 0,13 0,06 0,13 0,08 0,06 0,05 0,04 0,04 0,56 0,28 0,28 0,28 0,28 0,28 0,28 0,28 0,28 1,11 0,91 0,82 0,66 0,61 0,59 0,58 0,57 0,57 01 0,25 0,04 0,28 0,57 Florística e estrutura do estrato arbóreo... 167 Espécie Cinnamomum cf. glaziovii (Mez) Kosterm. Handroanthus albus (Cham.) Mattos Geonoma schottiana Mart. Psychotria suterella Müll.Arg. Cordia ecalyculata Vell. Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling Lafoensia pacari A.St.-Hil. Myrsine umbellata Mart. NI 01 01 01 01 01 01 01 01 DR 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 DoR 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,01 0,01 0,01 FR 0,28 0,28 0,28 0,28 0,28 0,28 0,28 0,28 IVI 0,55 0,55 0,55 0,55 0,55 0,55 0,54 0,54 Tabela 5: Comparação entre os Índices de Diversidade de Shannon-Weaver e Equidade dos trabalhos realizados na porção média da bacia do Tibagi, PR. Índice de Diversidade de Shannon-Weaver (H‟) Equabilidade ou Equidade (J‟) 3,398 0,848 Tamarana Este estudo 3,448 0,846 Telêmaco Borba Nakajima, J.N. et al. (1996) 3,61 0,34 Tibagi Dias, M.C. et al. (1998) 3,67 ----- Ventania Estevan, D.A. (2006) 3,91 0,83 4,2 ----- Referências bibliográficas Mauá da Serra Este estudo Sapopema Silva, F.C. et al. (1995) 168 Ferreira Jr. & Vieira Figura 1: Bacia do rio Tibagi, Paraná, Brasil, com suas subdivisões em AT: alto Tibagi, MT: médio Tibagi e BT: baixo Tibagi (adaptado de Viani & Vieira, 2007). Os números indicam as áreas amostradas para este trabalho e outros fragmentos já estudados citados no texto. Figura 2: Curvas de coletor para os fragmentos RPPN Fazenda Monte Sinai – FMS (Mauá da Serra – PR) e recanto do Pinhão - RP (Tamarana – PR). FLORÍSTICA E ESTRUTURA DAS CAMPINARANAS DO BAIXO RIO TOCANTINS COMO SUBSÍDIO PARA A CRIAÇÃO DE NOVAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO ESTADO DO PARÁ Leandro V. Ferreira1 Priscilla P. Chaves2 2 Denise de A. Cunha 3 Pia Parolin ABSTRACT The habitat loss has been reported as a major cause of biodiversity loss in the Brazilian Amazonia, especially in open vegetation types. Two of these types are very endangered, the white sand open vegetation (campina) and the white sand shrubby vegetation (campinarana), due to the extraction of sand for constructions, and the use of the soil for agriculture and cattle raising. These vegetation types have very small extent in Amazonia, and are distributed in small isolated patches. There conservation is very important due to the large number of endemic and rare species, some endangered. The study was conducted in 4 areas of white sand shrubby vegetation in the lower Tocantins River, in the Pará state. The areas are represented by patches of shrubby vegetation with different sizes and degrees of isolation, surrounded by herbaceous vegetation. In the study there were sampled 88 patches, representing 60 species divided in life forms as trees, shrubs, palms, hemiparasites, lianas and herbaceous plants. The number of species per patches 2 ranged from 3 to 26 and the size of the patches from 1 to 246 m . The number of species was directly proportional to the size of the patches. There is higher similarity in the species of the same river interfluves, 60 % and 62 % as in the comparison of species of different interfluves, 44 % to 50 %, demonstrating a great variation in species composition between the interfluves and restricted species in each sampled area. In order to promote the conservation of white sand shrubby vegetation of the lower Rio Xingu region, the study proposes the creation of new protected areas in some campinaramas fragments, located on the left and the right margins of the Tocantins River, with surfaces ranging from 7.2 to 33.5 thousand hectares. The creation of these protected areas will allow the preservation of fragments of white sand shrubby vegetation threatened by human activities in a region where no exist protected areas. Key words: Amazonia, biodiversity, campinaranas, conservation 1 Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Botânica, email: lvferreira@museu-goeldi.br 2 Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Botânica 3 Universidade de Hamburgo, Alemanha, e Instituto Nacional de Pesquisa Agronomica da França (INRA), Theoretical and Applied Ecology in Protected Environments and Agrosystems (TEAPEA), 1355, BP 167, 06903 Sophia Antipolis, France PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:169-182 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 170 Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin RESUMO A perda de hábitats tem sido apontada como uma das maiores causas de perda de biodiversidade na Amazônia brasileira, principalmente relacionada a vegetações abertas. Destas, dois tipos estão muito ameaçados, sendo denominados de campinas e campinaranas amazônicas, devido a extração de areia usada na construção civil, agricultura e pecuária. Esses tipos de vegetação têm extensão muito reduzida na Amazônia, sendo distribuídos em pequenas manchas isoladas, caracterizadas pelo pequeno porte. São importantes para a conservação, pois possuem grande número de espécies endêmicas e raras, algumas ameaçadas de extinção. Esse estudo foi realizado em 4 áreas de campinarana gramíneo-lenhosa em diferentes trechos do baixo rio Tocantins, no estado do Pará. Nessas áreas a estrutura da vegetação das campinaranas está representada por moitas de diferentes tamanhos e graus de isolamento, rodeadas por vegetação herbácea. Foram inventariadas 88 moitas que apresentaram 60 espécies com formas de vida arbórea, arbustiva, estipes, hemiparasita, liana e herbácea. O número de espécies por moita variou de 3 a 2 26 e o tamanho das moitas variou de 1 a 246 m , sendo o número de espécies diretamente proporcional ao tamanho da moita. A similaridade de espécies é maior entre as campinaranas de um mesmo interflúvio, 60% e 62%, em comparação às campinaranas em interflúvios diferentes, 44% a 50%, demonstrando uma nítida variação na composição de espécies entre os interflúvios e espécies restritas em cada área amostrada. A fim de promover a conservação das campinaranas da região do baixo rio Xingu, esse estudo propõe a criação de novas unidades de conservação em alguns fragmentos de campinaranas, localizados na margem esquerda e direita do rio Tocantins, com áreas variando de 7.2 a 33.5 mil hectares. A criação dessas unidades de conservação permitirá a preservação de parte das campirananas, ameaçadas por atividades humanas, em uma região onde não existem unidades de conservação. Palavras-chave: Amazônia, biodiversidade, campinaranas e conservação. INTRODUÇÃO. Atualmente a perda de hábitats tem sido apontada como uma das maiores causas de perda da biodiversidade na Amazônia brasileira (Laurance et al., 2002), que já perdeu 26% de sua área original (INPE, 2013). O Pará é o campeão em desmatamento na Amazônia brasileira nos últimos três anos (INPE, 2013) e algumas regiões do estado do Pará já perderam mais de 60% de sua cobertura florestal original (Ferreira et al., 2005). Apesar de ser reconhecida como uma das florestas tropicais mais diversas do mundo, o bioma Amazônia também é representado por diversos tipos de vegetações não florestais, tais como campos rupestres, formações pioneiras, savanas e campinaranas (Veloso et al., 1991). Ao contrário das áreas recobertas por floresta, as vegetações abertas do bioma Amazônia não têm um acompanhamento sistemático de seu estado de conservação, portanto, não Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins... 171 sabemos qual a proporção desses tipos de vegetação já convertidos para outros usos. Campinarana é um termo regional brasileiro, empregado pela primeira vez para descrever um tipo de vegetação localizado no Bioma Amazônia na região do alto rio Negro, nos estados do Amazonas e Roraima, adaptado a solos arenosos extremamente pobres em nutrientes, tais como podzois hidromórficos ou areias quartzosas (Veloso et al., 1991). Esse tipo de vegetação tem extensão reduzida no Bioma Amazônia, 2 ocupando 64.000 km , distribuída em pequenas manchas isoladas (Prance & Schubart, 1978; Braga, 1979), representada por comunidades bióticas extremamente especializadas, ricas em espécies raras e endêmicas (Prance & Schubart, 1978) e bastante frágeis à ação humana (Ferreira, 2009). No estado do Pará, as campinaranas estão distribuídas irregularmente, em encraves de diferentes tamanhos e graus de isolamento, sendo, atualmente, um dos tipos de vegetação mais ameaçados pela perda de hábitats, devido à extração ilegal de areia, usada na construção civil, a atividades agropastoris e, recentemente, à expansão da monocultura do dendê (Ferreira et al., 2013). Na região do baixo rio Tocantins, no estado do Pará, essas formações estão distribuídas em manchas de diferentes tamanhos, situadas em depressões fechadas, sujeitas à inundação anual no período chuvoso e com influência dos grandes rios da Amazônia (Ferreira, 2009). As campinaranas dessa região foram classificadas como “zonas ambientalmente sensíveis” no Zoneamento Ecológico do Estado do Pará (ZEEPA), devido à importância de sua biota, com muitas espécies endêmicas, à grande fragilidade dos solos, formados principalmente por areias quatzosas, que uma vez alterados, não têm condições de recuperação, portanto, não comportando atividades econômicas que ameacem sua integridade (Ferreira et al., 2010). Apesar da limitação das atividades econômicas impostas pelo ZEE-PA na região do baixo rio Tocantins, o crescimento urbano desordenado das cidades tem causado uma perda significativa dos fragmentos de campinaranas, devido à extração de areia (Ferreira et al., 2010). Essa situação é muito grave, pois as campinaranas dessa região estão localizadas nos Centros de Endemismo de Belém e do Xingu, pois são consideradas as menores unidades geográficas de distribuição de conjuntos de espécies únicas e insubstituíveis (Cardoso, 2005). Ferreira et al. (2010), em inventário botânico realizado nos fragmentos de campinaranas no município de Cametá, cerca de 140 km da cidade de Belém, no âmbito do ZEE-PA, constataram a destruição de diversos fragmentos de campinaranas, suprimidas para a extração de areia. Esse problema foi apresentado na audiência pública do ZEE-PA em Cametá, realizada em 2010, por algumas lideranças locais que relataram a exploração mineral em diversas localidades do município, iniciadas em 2000, resultando em graves problemas ambientais nas campinaranas exploradas. Para tentar ordenar a exploração de algumas áreas, as comunidades 172 Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin resolveram limitar a atividade, permitindo apenas a extração para a utilização no distrito e não mais para a venda a outros municípios. Ferreira et al. (2013) relatam a mesma situação nas campirananas do município do Acará a 15 km da cidade de Belém, onde a extração de areia já destruiu quase toda a vegetação da área. Desta forma, ações urgentes são necessárias para a preservação das campinaranas da região do baixo rio Tocantins, sendo uma das mais eficazes a criação de novas unidades de conservação. Diversos autores têm mostrado a importância das unidades de conservação e terras indígenas na contenção do desmatamento na Amazônia, demonstrando que o mesmo é sempre menor no interior do que no exterior das mesmas (Aaron et al., 2001; Nepstad et al., 2001; Ferreira et al., 2005 e Soares-Filho et al., 2005). Ferreira et al. (2010) mostraram que a região do baixo rio Tocantins não tem unidades de conservação e terras indígenas, que poderiam conter a expansão das atividades ilegais que ameaçam a conservação da biota. Atualmente, o governo do Pará dispõe do Programa “Extinção Zero”, uma iniciativa pioneira no Brasil para implantar ferramentas de gestão que permitam ao governo mobilizar as instituições de pesquisa e a sociedade para proteger espécies ameaçadas. O Programa reconhece oficialmente a existência das 181 espécies ameaçadas de extinção no estado do Pará, sendo 13 espécies criticamente ameaçadas, algumas com ocorrência exclusiva na região do baixo rio Tocantins, uma das regiões mais desmatadas do Estado, conhecida como Centro de Endemismo Belém (Cardoso, 2005). Apesar do estado do Pará ter 65% de seu território dentro de áreas protegidas, a região do baixo rio Tocantins está sob forte pressão antrópica neste momento e não dispõe de nenhuma unidade de conservação que proteja as campinaranas. Este estudo tem como objetivo usar o conhecimento florístico das campinaranas da região do baixo rio Tocantins como subsídio para apoiar a criação de novas unidades de conservação para proteger esse importante tipo de vegetação no estado do Pará. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo. Esse estudo foi realizado em quatro áreas de campinaranas gramíneo-lenhosas (Veloso et al., 1991) do baixo rio Tocantins, no estado do Pará, chamadas localmente de campos de natureza. Foram amostradas duas áreas no interflúvio do rio Tocantins-Moju, nos municípios de Mocajuba (2º38‟23”S; 49º29‟26”W) e Igarapé-Miri (2º15‟38”S; 49º11‟59”W) e duas áreas no interflúvio do Rio Moju-Acará, no município de Moju, denominadas de Moju 1 (2º15‟44”S; 48º49‟49”W) e Moju 2 (2º37‟56”S; 48º59‟26”W) na margem direita do rio Xingu (Figura 1). Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins... 173 Figura 1 – Localização das quatro campinaranas amostradas na região do baixo rio Tocantins nos interflúvios do Tocantins-Moju e Moju-Acará no estado do Pará. Veloso et al. (1991) dividem as campinarananas em três grupos: (1) florestada; (2) arborizada e (3) formação gramínio-lenhosa, que crescem sob solos de areia branca, classificados como areias quatzosas, muito intemperizadas, com lençol freático próximo à superfície e sujeitos a inundações anuais dos rios no período chuvoso (EMBRAPA, 2009). As campinaranas florestadas assemelham-se a uma "floresta ripária" e em sua composição florística predominam os gêneros Clusia, Aldina, Hevea, Henriquesia, Caraipa e outros tipicamente amazônicos, mas com espécies endêmicas (Figura 2A). As campinaranas arborizadas são dominadas por plantas raquíticas, normalmente das mesmas espécies que ocorrem nas campinaranas florestadas. Nesse tipo também ocorrem espécies xerofíticas e tufos do líquen Cladonia spp. nas áreas sombreadas e diversas espécies de bromélias e orquídeas (Figura 2B). As campinaranas gramíneo-lenhosas surgem nas planícies encharcadas próximas aos rios e lagos da região, representadas por moitas de arbustos e árvores, rodeadas por uma camada contínua de plantas herbáceas de ampla distribuição geográfica das famílias Cyperaceae, Lentibulariaceae, Poaceae, Xyridaceae entre outras, e algumas espécies endêmicas do gênero Paepalanthus (Figura 2C). 174 Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin Figura 2 – Estrutura da vegetação das campinaranas da região do baixo rio Tocantins, caracterizadas pela distribuição de moitas de vegetação com comunidades arbóreas (A) e arbustivas (B) e gramíneo-lenhosas (C) (Foto: Leandro V. Ferreira, Museu Paraense Emilio Goeldi, 2011). Coleta de dados. Em cada área de campinarana gramíneo-lenhosa foram amostradas 22 moitas de vegetação, totalizando 88 moitas. O tamanho das moitas foi calculado pela relação do comprimento e da largura da moita. A escolha das moitas foi aleatória e a distância mínima entre as moitas foi de 50 metros, a fim de obtermos uma independência entre as mesmas. Dentro de cada moita todos os indivíduos foram identificados ao nível mais específico. Todo o material botânico fértil coletado está sendo incorporado ao Herbário João Murça Pires, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Os nomes científicos foram checados na Lista de Espécies da Flora do Brasil (www.floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/). O sistema de classificação botânica utilizado é APG III (2009). Análise de dados. Os dados de florística e estrutura foram gerados no programa mata nativa 2 (cientec v. 2.0 2006) e a estimativa de riqueza de espécies no programa estimates 8 (colwell & coddington, 1994). Foi utilizado o estimador não-paramétrico Jackknife de 1ª ordem (Colwell 1997), baseado na presença de espécies com somente um indivíduo ou espécies que ocorrem em somente uma amostra, um padrão botânico comum na maioria das fisionomias de vegetação em regiões tropicais (Gentry, 1982). A Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins... 175 relação da riqueza de espécies em relação ao tamanho da moita foi calculada com regressão logaritma, sendo a normalidade dos dados testada com o teste Spiro-Wilk (Zar, 2010). A similaridade de espécies entre as quatro áreas de campinarana foi calculada com o índice de similaridade de Jaccard (Krebs, 1999). RESULTADOS Nas 88 moitas inventariadas foram identificadas 60 espécies. Destas, 12 têm forma de vida arbórea, 20 arbustivas, três estipes, uma hemiparasita, cinco lianas e 19 herbáceas (Apêndice 1). As curvas da riqueza de espécies observada (60 espécies) e estimada (67 espécies) tenderam a uma assíntota, indicando que o levantamento botânico foi satisfatório na estimativa da riqueza de espécies das campinaranas (Figura 3). 30 y = 2.9071Ln(x) + 4.0752 r2 = 0.60 Número de espécies 25 20 15 10 5 0 0 50 100 150 200 250 Tamanho da moita (m2) Figura 3 – Número de espécies em relação ao tamanho das moitas arbustivas da vegetação das campinaranas gramíneo-lenhosas amostradas nesse estudo. As cinco espécies com as maiores densidades relativas, Macrolobium campestris (Fabaceae), Humiria balsamifera (Humiriaceae), Scleria macrogine (Cyperaceae), Doliocarpus spraguei (Dilleniaceae) e Distictella cuneifolia (Bignoniaceae) representam somente 34.7% do total de indivíduos amostrados, indicando uma grande quantidade de espécies com baixa densidade entre as campinaranas amostradas (Apêndice 1). 176 Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin O número de espécies por moita variou de 3 a 26 e o tamanho das 2 moitas variou de 1 a 246 m . O número de espécies é diretamente proporcional 2 ao tamanho da moita (r =0.68; F[1,84]=102.3; p=0.0001) (Figura 3). A similaridade de espécies é maior entre as campinaranas de um mesmo interflúvio, Tocantins-Moju (62%) e Moju-Acará (60%), em comparação com as campinaranas de interflúvios diferentes que variam de 44% a 50% (Figura 4). O número de espécies restritas nas duas áreas amostradas no interflúvio Tocantins-Moju variou de nove e oito espécies e 1 a 3 espécies nas duas áreas do interflúvio Moju-Acará (Figura 4). Figura 4 – Proporção da similaridade (%) de espécies das quatro áreas amostradas nos interflúvios do Rio Tocantins-Moju e Moju-Acará e o número de espécies restritas a cada uma das quatro áreas. Esse estudo propõe a criação de novas unidades de conservação em alguns fragmentos de campinaranas na região do baixo rio Tocantins. Esses fragmentos localizam-se nas margens esquerda (quatro fragmentos) e direita (quatro fragmentos) do rio Tocantins, com áreas variando de 7.2 a 33.5 mil hectares (Figura 5 e Tabela 1). Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins... 177 Figura 5 - Mapa do Zoneamento Ecológico-Econômico do estado do Pará, mostrando a localização dos oito fragmentos identificados como áreas potenciais para a criação de novas unidades de conservação nas campinaranas da margem direita (A a D) e margem esquerda (E a H) no baixo rio Tocantins (Mapa: Leandro V. Ferreira, 2013). Tabela 1 – Tamanho e localização dos fragmentos de campinaranas da margem esquerda e direita do baixo rio Tocantins no estado do Pará Nome do fragmento Margem do rio Tocantins Município Fragmento (hectares) A Direita Igarapé-Miri 7,255 B Direita Cametá 25,948 C Direita Mocajuba 31,900 D Direita Mocajuba 13,000 E Esquerda Cametá 15,486 F Esquerda Cametá 33,535 G Esquerda Oeiras do Pará 19,491 H Esquerda Oeiras do Pará 8,518 A categoria sugerida para a criação das unidades de conservação é a de Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) para pelo menos quatro fragmentos de campinarana nas margens esquerda e direita do rio Tocantins. 178 Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin As ARIEs são definidas como uma região de pequena extensão, com pouca ocupação humana, podendo ser constituídas por terras públicas ou privadas. A justificativa de inclusão dos quatro fragmentos na margem esquerda do rio Tocantins é subsidiada pelo estudo de Ferreira et al. (2010) que determinaram que a composição das espécies de plantas nas moitas de campinaranas entre as margens do rio Tocantins na região desse estudo são bem distintas, justificando a proposta de criação de novas unidades de conservação nas campinaranas em ambas as margens desse rio. DISCUSSÃO O número de 60 espécies identificadas nas campinaranas gramíneolenhosas desse estudo está dentro do intervalo de 26 a 60 espécies obtido por Ferreira (2009), que comparou a estrutura e florística de nove campinaranas na Amazônia brasileira e Ferreira et al. (2010) e (2013) que identificaram 35 e 40 espécies nas campinaranas dos municípios de Cameté e Acará, a cerca de 60 e 30 km do local desse estudo, respectivamente. O aumento da riqueza de espécies em relação ao tamanho da moita de vegetação provavelmente está associado a mudanças no micro-clima, ou seja, maior umidade no ar e no solo e também, maior disponibilidade de nutrientes no solo dentro das moitas, resultantes do acúmulo de liteira (Ferreira et al., 2010). É importante relatar que muitas moitas de vegetação começam a se estabelecer no entorno de ninhos de cupins, sendo esse processo de início de sucessão associado à maior quantidade de nutrientes próximo ao solo no entorno dos ninhos, resultante do transporte dos mesmos, usados para a construção dos ninhos (Ferreira et. al., 2010). . A baixa similaridade de espécies entre as quatro áreas de campinaranas amostradas nesse estudo, demonstra que o número de espécies raras é alto, sendo este um dos critérios mais importantes na escolha de novas áreas para a criação de unidades de conservação. Esse padrão também foi relatado por Ferreira (2009), que encontrou 252 espécies em uma análise comparativa da vegetação lenhosa das campinas na Amazônia brasileira, onde 73% das espécies ocorreram em somente uma das nove áreas de campinas. A criação de novas unidades de conservação em parte dos oito fragmentos de campinaranas na região do baixo rio Tocantins é fundamental devido à grande quantidade de espécies com baixa densidade de indivíduos e algumas espécies únicas entre os fragmentos. Essa estratégia permitiria maximizar o maior número de espécies protegidas na menor proporção de área possível, evitando redundâncias, visando preencher uma grande lacuna na proteção da flora das campinaranas, cuja preservação vai contribuir na manutenção dos ecossistemas naturais de importância regional ou local e contribuir para regulamentar o uso econômico dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação. Ferreira et al. (2010) relatam a destruição das campinaranas do município de Cametá onde diversas comunidades informaram que a Florística e estrutura das campinaranas do Baixo Rio Tocantins... 179 exploração de areia iniciou-se em 2000, deixando, quando abandonada, enormes buracos nos locais explorados. Algumas comunidades só permitem a extração de areia para o uso exclusivo destas, não sendo permitida a comercialização em outros municípios. Contudo, em uma recente visita ao município, constatou-se que a exploração de areia continua intensa e é levada para outros municípios da região. Recentemente, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e outras instituições encaminharam moção ao Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas, solicitando medidas para a proteção das campinas no estado do Amazonas. A maior preocupação dos pesquisadores está relacionada à Resolução Estadual Nº 15/2013, aprovada em abril, que permite a implantação de projetos agrícolas, de silvicultura ou extrativismo de até 10 hectares nesse frágil ecossistema. No macro-zoneamento elaborado pelo governo do Amazonas e aprovado pela Assembleia Legislativa em 2010 as campinas tiveram enquadramento mais adequado do que o concedido na Resolução No 15/2013, sendo incluídas na zona de “uso especial” (categoria 3) e, dentro dela, consideradas “ecossistemas frágeis” (subcategoria 3.4). A Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) relata que os “campos naturais” são “passíveis de serem considerados como paisagens notáveis de grande relevância para a proteção da biodiversidade” e que a referida moção “pode ser um indutor para novos estudos que possibilitem estudar a modificação da Resolução”. No estado do Pará, a classificação legal das campinas e campinaranas no Zoneamento Ecológico-Econônico do estado são definidas como “zonas ambientalmente sensíveis”, pois as mesmas são ecossistemas ricos e muito suscetíveis à degradação, o que impede as atividades econômicas de grande impacto (Ferreira et al., 2010). O destino das campinaranas da região do baixo rio Tocantins e sua rica e endêmica fauna e flora dependem de como será feito o ordenamento territorial das áreas cobertas por vegetações não alteradas e as áreas que estão atualmente sendo utilizadas extensivamente por atividades econômicas. O estado do Pará sofrerá um empobrecimento enorme e permanente se ações de políticas públicas não forem implantadas para conciliar os objetivos de preservação da biodiversidade e o uso econômico racional dos recursos naturais. AGRADECIMENTOS Ao Museu Paraense Emílio Goeldi pela liberação do técnico Luiz Carlos Batista Lobato da Coordenação de Botânica e do motorista Lucivaldo Santana, fundamentais no auxílio da coleta e identificação das espécies. 180 Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AARON, G.B; RAYMOND, E.G.; RICE, R.E. & FONSECA, G.A. 2001. Effectiveness of Parks in Protecting Tropical Biodiversity. Science 291: 125-128. APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group: Classification for the orders and families of flowering plants: Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121. BRAGA, P.I.S. 1979. Subdivisão fitogeográfica, tipos de vegetação, conservação e inventário florístico da floresta Amazônica. Supl. Acta Amazonica 9: 53-80. CARDOSO, J.M.; RYLANDS, A.B. & FONSECA, G.A.B. 2005. O destino das áreas de endemismo da Amazônia. Megadiversidade 1(1): 125-131. CIENTEC – Consultoria e Desenvolvimento de Sistemas. 2006. Mata nativa 2: Manual do usuário. 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Apêndice 1 – Lista de espécies divididas em formas de vida nas campinaranas do baixo Rio Tocantins no estado do Pará. N Nome Científico Família Formas de vida 1 Astrocaryum minor Arecaceae Estipes 2 Axonopus pulbivaginatus Poaceae Herbáceas 3 Bactris gynnacantum Arecaceae Estipes 4 Banisteriopsis nervosa Bignoniaceae Lianas 5 Borreria tenella Rubiaceae Herbáceas 6 Cassytha filiformis Lauraceae Lianas 7 Cephalostemon gracilis Rapateaceae Herbáceas 8 Chamaecrista diphylla Fabaceae Herbáceas 9 Coccoloba pichuna Polygonaceae Arbustiva 10 Comolia lythrarioides Melastomataceae Arbustiva 11 Coutoubea ramosa Gentianaceae Arbustiva 12 Cuphea sp. Lythraceae Arbustiva 13 Cybianthus sp. Myrsinaceae Arbustiva 14 Distictella cuneifolia Bignoniaceae Lianas 15 Doliocarpus spraguei Dilleniaceae Lianas 16 Emmotum nitens Icacinaceae Arbórea 17 Guapira sp. Nyctaginaceae Arbustiva 18 Heliconia psittacorum Heliconiaceae Herbáceas 19 Humiria apressa Humiriaceae Arbórea 20 Humiria balsamifera Humiriaceae Arbórea 21 Ilex inundata Aquifoliaceae Arbórea 22 Iridaceae sp. Iridaceae Herbáceas 23 Lagenocarpus rigidus Cyperaceae Herbáceas 24 Laplacea semiserrata Cyperaceae Arbustiva 25 Licania gracilis Chrysobalanaceae Arbustiva 26 Lisianthus sp. Gentianaceae Herbáceas 27 Mabea angustifolia Chrysobalanaceae Arbustiva 28 Macairea sp. Melastomataceae Arbustiva 29 Macrolobium campestris Fabaceae Arbustiva 30 Malouetia sp. Apocynaceae Arbustiva 31 Mandevilla sp. Apocynaceae Herbáceas 32 Mauritiella armata Arecaceae Estipes Ferreira, Chaves, Cunha & Parolin 182 N Nome Científico Família Formas de vida 33 Miconia ciliata Melastomataceae Arbustiva 34 Micropholis venulosa Sapotaceae Arbórea 35 Myrcia fallax Myrtaceae Arbórea 36 Myrcia multiflora Myrtaceae Arbustiva 37 Myrcia silvatica Myrtaceae Arbustiva 38 Myrcia spectabilis Myrtaceae Arbustiva 39 Ouratea microdonta Ochnaceae Arbustiva 40 Paepalanthus fertilis Eriocaulaceae Herbáceas 41 Pagamea guianensis Rubiaceae Arbustiva 42 Paspalum sp. Poaceae Herbáceas 43 Perama hisurta Rubiaceae Herbáceas 44 Phthirusa paniculata Loranthaceae Hemi-parasita 45 Polygala apressa Polygalaceae Herbáceas 46 Pouteria ramiflora Sapotaceae Arbórea 47 Protium heptaphyllum Burseraceae Arbórea 48 Protium ovatum Burseraceae Arbórea 49 Protium trifoliolatum Burseraceae Arbórea 50 Psidium gneensis Myrtaceae Arbórea 51 Rhynchospora barbata Cyperaceae Herbáceas 52 Salvagesia erecta Cyperaceae Herbáceas 53 Scleria macrogine Cyperaceae Herbáceas 54 Smilax campestris Smilacaceae Lianas 55 Syngonanthus tenuis Eriocaulaceae Herbáceas 56 Tapirira guianensis Anacardiaceae Arbórea 57 Tibouchina sp. Melastomataceae Arbustiva 58 Tococa sp. Melastomataceae Arbustiva 59 Utricularia sp. Lentibulariaceae Herbáceas 60 Xyris sp. Xyridaceae Herbáceas RIQUEZA E CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA LENHOSA DA VEGETAÇÃO DE RESTINGA DE BAIA FORMOSA, RN, BRASIL Daniel Portela Wanderley de Medeiros1 Eduardo Bezerra de Almeida Jr2 Maria Carolina de Abreu3 Francisco Soares Santos-Filho4 Carmen Silvia Zickel5 ABSTRACT In this paper we describe the flora and structure of restinga vegetation of Baia Formosa, Rio Grande do Norte State. Sampling points with PSL 10 cm were used for phytosociological survey. Also structural parameters H‟ and J‟ have been analyzed. All plants have been collected only if they were blooming or fruiting, for floristic survey. There were sampled 40 species from 20 families. The species Maytenus distichophylla, Eugenia excelsa, Myrcia guianensis, Eugenia punicifolia, Guettarda platypoda, Mimosa axillaris, and Chloroleucon foliolosum show higher VI, accounting for 49% of total VI. The Shannon index -1 (H‟) was 3.269 nat.ind , and the Pielou index (J‟) 0.886, these can be considered high values if we have in mind the limiting conditions of restinga. The greater richness has been given by Fabaceae, Myrtaceae, Poaceae, Rubiaceae and Cyperaceae, among the final result of 159 species belonging to 53 families. The life forms were distributed like this: nanophanerophytes (34,59%), microphanerophytes (16,35%), camephytes (11,94%), therophytes (11,32%). Non-flooded forest physiognomy had a predominance of nanophanerophytes and microphanerophytes. Camephytes, therophytes, cryptophytes and hemicryptophytes characterized the non-flooded grassland physiognomy. Both floristic and structural data showed Fabaceae, Myrtaceae, and Rubiaceae as the richest and most abundant families. Studies on restinga vegetation contribute to the knowledge of the richness and diversity, supporting data for conservation of this ecosystem. Key words: biological spectrum, phytosociology, floristic, restinga vegetation 1 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Fazenda Saco, s/n, CEP 56900-000, Serra Talhada – PE, Brasil 2 Universidade Federal do Maranhão, Av. dos Portugueses, s/n, Dep. Biologia, Bacanga, CEP 65085-580, São Luís – MA, Brasil - ebaj25@yahoo.com.br 3 Universidade Federal do Piauí, Campus Sen. Helvídio Nunes de Barros, Ciências Biológicas, CEP 64600-000, Picos – PI, Brasil 4 Universidade Estadual do Piauí, Campus Poeta Torquato Neto, Rua João Cabral, 2231, Pirajá, CEP 64002-150, Teresina – PI, Brasil 5 Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, CEP 52171-900, Recife – PE, Brasil PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:183-199 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 184 Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel RESUMO Neste trabalho descrevem-se a florística e a estrutura da vegetação de restinga de Baia Formosa, RN. Para a fitossociologia foram utilizados pontos quadrantes, com PAS 10cm, e analisados os parâmetros estruturais, H‟ e J‟. Na florística foram coletadas todas as plantas em estágio reprodutivo. Foram encontradas 40 espécies, em 20 famílias. Maytenus distichophylla, Eugenia excelsa, Myrcia guianensis, Eugenia punicifolia, Guettarda platypoda, Mimosa axillaris e Chloroleucon foliolosum apresentaram maior VI, perfazendo 49% do -1 VI total. O H' foi de 3,269nat.ind e o J‟ 0,886, considerados altos diante das condições limitantes das restingas. Na florística, foram identificadas 159 espécies, em 53 famílias, destacando-se Fabaceae, Myrtaceae, Poaceae, Rubiaceae e Cyperaceae por seu maior número de espécies. Nanofanerófitas (34,59%), microfanerófitas (16,35%), caméfitas (11,94%) e terófitas (11,32%) predominam na área. As nanofanerófitas e microfanerófitas, caracterizaram a fisionomia floresta não inundável. As caméfitas, terófitas, criptófitas e hemicriptófitas caracterizam o campo não inundável. Tanto os dados florísticos quanto os estruturais mostraram Fabaceae, Myrtaceae e Rubiaceae como as famílias mais ricas e abundantes. Estudos sobre vegetação de restinga contribuem para o conhecimento da riqueza e diversidade, podendo gerar dados para conservação desse ecossistema. Palavras-chave: espectro biológico, fitossociologia, florística, vegetação de restinga INTRODUÇÃO Os padrões estruturais de espécies podem ser consequência de diversos processos históricos e ecológicos que atuam ou atuaram em diferentes escalas de espaço e tempo (Schluter & Ricklefs, 1993). Entre os fatores históricos, destaca-se a localização dos centros de riqueza ou distribuição de espécies (Gentry, 1982). Apesar dessa importância, as insuficientes caracterizações fisionômicas e a ausência de dados ecológicos de diversos trechos do litoral brasileiro dificultam maiores análises quanto a esse ecossistema na região Nordeste (Medeiros et al., 2007). A alta diversidade e a existência de ameaças relacionadas à perda de habitats com o avanço da exploração imobiliária, fragmentação e extração desordenada de recursos naturais, justificam o aumento de pesquisas botânicas para que este patrimônio não seja perdido (Queiroz et al., 2012). Araújo (1984), já havia sugerido que a região litorânea do Norte e Nordeste brasileiro deveria apresentar alta riqueza de espécies vegetais devido a extensão da costa, porém o número pequeno de estudos, impedia maiores análises sobre essas espécies. Anos depois, Zickel et al. (2004), reforçaram a afirmação de Araujo (1984), confirmando o baixo registro de publicações sobre a estrutura e composição vegetacional das restingas do Nordeste do país, e destacaram a necessidade de mais estudos por causa da acelerada degradação da vegetação litorânea. Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa... 185 Atualmente, os estudos realizados na costa litorânea nordestina vêm contribuindo com dados florísticos (Silva et al., 2008; Almeida Jr. et al., 2009; Cantarelli et al., 2012a) e estruturais (Medeiros et al., 2010; Almeida Jr. et al., 2011; Cantarelli et al., 2012b) para diferenciar as feições fisionômicas, ampliar o conhecimento sobre a riqueza e confirmar a diversidade das restingas da Região Nordeste. Existindo, contudo, a necessidade de análises conjuntas dos dados estruturais para definir ou padronizar as informações sobre a distribuição das espécies (Santos, 2006). Apesar dos estudos fitossociológicos estarem em pleno desenvolvimento no Nordeste ainda são considerados pontuais (Santos-Filho & Zickel, 2013), principalmente nos estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, e ainda estando ausente de dados nos estados de Sergipe e Maranhão. Dessa forma, mais pesquisas devem ser desenvolvidas para que se possa, futuramente, caracterizar as restingas do Nordeste como um todo, considerando toda a extensão litorânea, o que possibilitará uma listagem ampliada e mais próxima da riqueza real. Assim, o presente estudo tem por objetivo analisar a estrutura vegetal lenhosa e elaborar uma lista florística de uma restinga no litoral do Rio Grande do Norte, destacando a riqueza e a diversidade dos ecossistemas costeiros do litoral oriental do Nordeste do Brasil. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo A restinga situa-se no município de Baia Formosa (6º22‟25‟‟S e 35º00‟54‟‟W), litoral sul do Rio Grande do Norte (Figura 1); possui clima do tipo As‟ (Köppen, 1948), tropical chuvoso com verão seco e estação chuvosa se adiantando para o outono, com uma média pluviométrica variando entre 800 e 1200 mm anuais (CPTEC, 2007). No Estado do Rio Grande do Norte, o domínio da Mata Atlântica abrange as formações vegetais de floresta ombrófila densa/rala, manguezal, restinga, tabuleiro litorâneo, e as matas ciliares (IDEMA, 2000). A vegetação desenvolve-se sobre o trecho litorâneo que compõe o depósito mais antigo que aflora entre Natal e Baía Formosa, com altitude máxima de 7m, sendo constituído por arenitos quartzosos mais ou menos argilosos a conglomeráticos (Barreto et al., 2004). Coleta e análise dos dados fitossociológicos A amostragem fitossociológica foi realizada em 2008 através do método de pontos quadrantes (Cottam & Curtis, 1956). Para amostragem foram instalados na área cinco transectos paralelos de 100m, em cada transecto foram alocados 10 pontos, com 10m de distância entre eles, perfazendo 50 pontos, considerando como critério de inclusão, espécies lenhosas com perímetro a altura do solo (PAS) > 10 cm. Indivíduos perfilhados (ramificados ao nível do solo) foram considerados na amostragem quando, pelo menos, um dos seus perfilhos atendesse ao critério de inclusão estabelecido (PAS > 10 186 Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel cm), assim todas as ramificações eram medidas e somadas para se obter o diâmetro final da planta. Para caracterização estrutural foram considerados os parâmetros: área basal (AB), densidade relativa (DR), frequência relativa (FR), dominância relativa (DoR), valor de importância (VI), índice de diversidade de Shannon (H‟) e o índice de equabilidade de Pielou (J‟), calculados utilizando o software FITOPAC 2.0 (Shepherd, 1995). Para a caracterização da arquitetura da comunidade amostrada foram elaborados histogramas do número de indivíduos por intervalos de altura (amplitude de um metro) e diâmetro (amplitude de 10 cm). Coleta e análise dos dados florísticos A amostragem florística foi realizada através do somatório das espécies inseridas no estudo fitossociológico juntamente com as espécies coletadas através de caminhadas aleatórias na área, durante as excursões de campo. Dessa forma, foram coletados espécimes em estádio reprodutivo, para posteriormente serem herborizados seguindo a metodologia usual em taxonomia (Mori et al., 1989). O material botânico processado e identificado foi incorporado ao acervo do Herbário PEUFR (Universidade Federal Rural de Pernambuco). As espécies foram listadas seguindo a classificação do APG III (2009) e as identificações foram realizadas com o auxílio de literatura especializada e das bibliografias: Irwin & Barneby (1977), Lorenzi (1992; 1998; 2009), Souza & Sales (2004), Pontes et al. (2004) e Pereira & Barbosa (2004); além da comparação com material do acervo e envio para especialistas. A nomenclatura dos táxons foi conferida no site do MOBOT (2013) (http://www.tropicos.org/Name) e da Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014) (http://floradobrasil.jbrj.gov.br). Para classificar as formas de vida foi utilizado o sistema de classificação de Raunkiaer (1934), adaptadas por Mueller-Dombois & Ellenberg (1974). Para a classificação fisionômica foi adotada a proposta de Silva & Britez (2005) que já foi utilizada em diferentes estudos de restinga do Nordeste (Silva et al., 2008; Almeida Jr. et al., 2009; Medeiros et al., 2010; entre outros), possibilitando, dessa forma, uma padronização quanto à descrição fisionômica das restingas da região Nordeste. RESULTADOS Na amostragem fitossociológica, foram obtidas 40 espécies, distribuídas em 26 gêneros e 20 famílias (Tabela 1). Destas espécies, seis permaneceram como morfoespécies. As famílias com maior riqueza específica foram Myrtaceae (nove espécies), Fabaceae (4), Polygonaceae (3), Chrysobalanaceae, Erythroxylaceae e Rubiaceae (2 espécies cada). Em relação ao número de indivíduos, as famílias Myrtaceae (54), Fabaceae (27), Celastraceae (20), Rubiaceae (20) e Polygonaceae (13) destacaram-se no arranjo estrutural da restinga, perfazendo 67% dos indivíduos amostrados. Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa... 187 Tabela 1: Espécies registradas na amostragem estrutural da vegetação de restinga de Baía Formosa, RN, ordenadas a partir da maior dominância relativa (DoR). N= Número de indivíduos, DR = densidade relativa, AB = área basal. ESPÉCIES FAMÍLIA Maytenus distichophylla Celastraceae Mart. Eugenia excelsa O. Berg. Myrtaceae Myrcia guianensis (Aubl.) DC. Myrtaceae Eugenia punicifolia (Kunth) Myrtaceae DC. Guettarda platypoda DC Rubiaceae Mimosa axillaris Benth. Fabaceae Chloroleucon foliolosum Fabaceae (Benth.) G.P.Lewis Sloanea garckeana K.Schum Elaeocarpaceae Clusia nemorosa G. Mey. Clusiaceae Protium heptaphyllum Burseraceae (Aubl.) Marchand Myrtaceae 1 Myrtaceae Byrsonima gardneriana Malpighiaceae A. Juss. Coccoloba confusa Polygonaceae R.A.Howard Erythroxylum columbinum Mart. Erythroxylaceae Ouratea fieldingiana Ochnaceae Engl. Inga capitata Desv. Fabaceae Erythroxylum Erythroxylaceae passerinum Mart Eugenia hirta O. Berg Myrtaceae Cupania racemosa Sapindaceae (Vell.) Radlk. Indeterminada 3 Eugenia rotundifolia Myrtaceae Casar. Duguetia moricandiana Mart. Annonaceae Coccoloba laevis Casar. Polygonaceae Guapira laxa (Netto) Furlan. Nyctaginaceae Licania octandra (Hoffmgg. ex R.& B.) Chrysobalanace Kuntze ae Campomanesia dichotoma (O.Berg) Mattos Myrtaceae Guatteria pogonopus Annonaceae Mart. Marlierea regeliana O. Berg. Myrtaceae N DR (%) DoR %) FR AB (m2ha-1) VI 20 12 10 6,0 29,33 13,90 5,43 5,43 1,4592 0,6916 44,76 25,33 14 7,0 12,23 3,26 0,6086 22,49 14 18 6 7,5 9,0 3,0 5,48 0,97 6,67 3,26 5,43 2,17 0,2729 0,0483 0,3317 15,75 15,41 11,84 13 6,5 0,40 4,35 0,0198 11,25 1 0,5 8,91 1,09 0,4432 10,49 11 5,5 0,59 3,26 0,0293 9,35 5 3 2,5 1,5 2,37 6,45 4,35 1,09 0,1178 0,3211 9,21 9,04 6 3,0 0,28 5,43 0,0141 8,72 8 4,0 0,59 3,26 0,0293 7,85 7 3,5 0,39 3,26 0,0194 7,15 5 7 2,5 3,5 0,22 0,69 4,35 2,17 0,0108 0,0344 7,07 6,36 4 3 2,0 1,5 0,76 1,10 3,26 3,26 0,0378 0,0550 6,02 5,87 4 1 2,0 0,5 0,28 3,36 3,26 1,09 0,0138 0,1673 5,54 4,95 3 1,5 0,14 3,26 0,0069 4,90 4 4 2,0 2,0 0,54 0,35 2,17 2,17 0,0268 0,0174 4,71 4,52 3 1,5 0,35 2,17 0,0175 4,03 5 2,5 0,22 1,09 0,0108 3,80 2 1,0 0,40 2,17 0,0199 3,57 2 1,0 0,14 2,17 0,0068 3,31 2 1,0 0,13 2,17 0,0067 3,31 Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel 188 Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni Indeterminada 1 Eugenia ligustrina (Sw.) Willd. Bowdichia virgilioides Kunth. Hymenaea courbaril L. Indeterminada 5 Ocotea gardneri (Meisn.) Mez Coccoloba alnifolia Casar. Indeterminada 2 Schoepfia brasiliensis A.DC. Licania littoralis Warm. Indeterminada 4 Sapotaceae - 2 1 1,0 1,0 0,09 1,00 2,17 2,17 0,0046 0,0436 3,27 4,17 Myrtaceae 1 0,5 0,76 1,09 0,0379 2,35 Fabaceae Fabaceae - 1 1 1 0,5 0,5 0,5 0,68 0,02 0,06 1,09 1,09 1,09 0,0336 0,0062 0,0032 2,26 1,71 1,65 Lauraceae 1 0,5 0,05 1,09 0,0026 1,64 Polygonaceae - 1 1 0,5 0,5 0,04 0,02 1,09 1,09 0,0020 0,0011 1,63 1,61 Schoepfiaceae Chrysobalanace ae - 1 0,5 0,02 1,09 0,0011 1,61 1 1 0,5 0,5 0,02 0,02 1,09 1,09 0,0008 0,0008 1,60 1,60 No arranjo estrutural da área, as espécies com maior VI foram Maytenus distichophylla, Eugenia excelsa, Myrcia guianensis, Eugenia punicifolia, Guettarda platypoda, Mimosa axillaris e Chloroleucon foliolosum que, somadas, perfizeram cerca de 49% do VI total. Entre as espécies de maior frequência, além de Maytenus distichophylla, Eugenia excelsa, Myrcia guianensis, Eugenia punicifolia, Guettarda platypoda e Chloroleucon foliolosum, também se destacaram Byrsonima gardneriana, Protium heptaphyllum, Ouratea fieldingiana. A altura média registrada foi de 3,05m, com máxima de 8m e mínima de 1m. Em relação à distribuição de indivíduos por classe de altura (Figura 2), foi registrada maior quantidade de plantas na segunda classe de altura, variando de 2-3 (53,5%), cujas espécies Eugenia punicifolia, Maytenus distichophylla, Eugenia excelsa, Chloroleucon foliolosum e Clusia nemorosa representaram a composição mais baixa dessa restinga. As maiores alturas, 7 a 8 m, foram observadas em Bowdichia virgilioides (um indivíduo), Protium heptaphyllum (cinco indivíduos) e Sloanea garckeana (um indivíduo), consideradas como emergentes. O diâmetro médio foi de 10,83cm, com máximo de 89,76cm e mínimo de 3,05cm. A primeira classe de diâmetro, que apresentou indivíduos variando de 3-13 cm (Figura 3), teve maior representatividade (78,5%), com registro de Eugenia excelsa, Maytenus distichophylla, Erythroxylum colombinum, Erythroxylum passerinum, Eugenia punicifolia, Mimosa axillaris, Clusia nemorosa, entre outras. Destaca-se com relevância o registro de 53,5% das espécies com perfilhos, sendo Myrtaceae, Polygonaceae e Celastraceae as famílias com mais espécies apresentando esta característica. Quanto ao Índice de diversidade de Shannon (H'), o valor encontrado foi de 3,269 nat/ind e quanto ao Índice de equabilidade de Pielou (J‟) foi de 0,886. Quanto ao levantamento florístico, foram listadas 159 espécies, distribuídas em 128 gêneros e 53 famílias. As famílias Fabaceae (16 espécies), Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa... 189 Myrtaceae (12 spp), Poaceae (11), Rubiaceae e Cyperaceae (8 spp cada), Euphorbiaceae (6), Annonaceae e Bromeliaceae (5 spp cada) e Chrysobalanaceae, Malpighiaceae, Malvaceae, Orchidaceae e Polygonaceae (4 spp cada), obtiveram maior registro quanto ao número de espécies, correspondendo a 57,23% da riqueza da área. Tabela 2: Listagem florística e classificação das formas de vida das espécies coletadas na vegetação de restinga de Baia Formosa, RN. Famílias/ Espécies Acanthaceae Justicia comata (L.) Lam. Ruellia asperula (Mart. ex Ness) Lindau Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Tapirira guianensis Aubl. Annonaceae Duguetia gardneriana Mart. Duguetia moricandiana Mart. Guatteria pogonopus Mart. Xylopia frutescens Aubl. Xylopia laevigata (Mart.) R.E. Fr. Apocynaceae Allamanda sp. Hancornia speciosa Gomes Matelea maritima (Jacq.) Woodson Asteraceae Emilia sonchifolia (L.) DC. Mikania sp. Stilpnopappus cearensis Huber Tilesia baccata (L.) Pruski Bignoniaceae Lundia cordata (Vell.) A. DC. Boraginaceae Cordia superba Cham. Heliotropium polyphyllum Lehm. Tournefortia candidula (Miers) I.M. Johnst. Bromeliaceae Aechmea sp. Aechmea muricata (Arruda da Camara) L.B. Sm. Bromelia karatas L. Cryptanthus burle-marxii Leme Hohenbergia ramageana Mez Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Cactaceae Cereus fernambucensis Lem. Cereus jamacaru DC. Melocactus violaceus Pfeiff. Pilosocereus sp. Cannabaceae Trema micrantha (L.) Blume Celastraceae Maytenus distichophylla Mart. Chrysobalanaceae Chrysobalanus icaco L. Formas de Vida Caméfita Nanofanerófita Microfanerófita Microfanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Microfanerófita Liana Terófita Terófita Terófita Terófita Liana Nanofanerófita Hemicriptófita Nanofanerófita Hemicriptófita Hemicriptófita Hemicriptófita Hemicriptófita Hemicriptófita Microfanerófita Nanofanerófita suculenta Nanofanerófita suculenta Nanofanerófita suculenta Nanofanerófita suculenta Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita 190 Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel Hirtella racemosa Lam. Licania littoralis Warm. Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) Kuntze Clusiaceae Clusia nemorosa G. Mey. Clusia paralicola G. Mariz Commelinaceae Commelina erecta L. Convolvulaceae Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Schult. Ipomoea imperati (Vahl) Griseb. Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br. Cyperaceae Bulbostylis scabra (J. Presl & C. Presl) C.B. Clarke . Cyperus aggregatus (Willd.) Endl. Cyperus laetus J. Presl & C. Presl Cyperus maritimus Poir. Eleocharis geniculata (L.) Roem. & Schult. Fimbristylis cymosa R. Br. Remirea maritima Aubl. Rhynchospora riparia (Nees) Boeckeler Dilleniaceae Tetracera breyniana Schltdl. Dioscoreaceae Dioscorea leptostachya Gardner Dioscorea piperifolia Humb. & Bonpl. ex Willd. Elaeocarpaceae Sloanea garckeana K. Schum. Eriocaulaceae Paepalanthus bifidus (Schrad.) Kunth Erythroxylaceae Erythroxylum columbinum Mart. Erythroxylum passerinum Mart. Euphorbiaceae Cnidoscolus urens (L.) Arthur Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small Croton sellowii Baill. Dalechampia ipomoeifolia Benth. Dalechampia pernambucensis Baill. Microstachys corniculata (Vahl) Griseb. Fabaceae Abarema filamentosa (Benth.) Pittier Andira nitida Mart. ex Benth. Bauhinia forficata Link Bowdichia virgilioides Kunth Calliandra parvifolia (Hook. & Arn.) Speg. Cassia sp. Centrosema brasilianum (L.) Benth. Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S. Irwin & Barneby Chamaecrista flexuosa (L.) Greene Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene Chloroleucon foliolosum (Benth.) G.P. Lewis Hymenaea courbaril L. Inga capitata Desv. Mimosa axillaris Benth. Mimosa somnians Humb. & Bonpl. ex Willd. Stylosanthes viscosa (L.) Sw. Nanofanerófita Nanofanerófita Microfanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Terófita Caméfita reptante Caméfita reptante Caméfita reptante Terófita Criptófita Criptófita Criptófita Criptófita Criptófita Criptófita Criptófita Nanofanerófita Liana Liana Microfanerófita Criptófita Nanofanerófita Nanofanerófita Terófita Terófita Nanofanerófita Liana Liana Caméfita Microfanerófita Microfanerófita Microfanerófita Microfanerófita Microfanerófita Microfanerófita Liana Microfanerófita Terófita Terófita Microfanerófita Microfanerófita Microfanerófita Caméfita Caméfita Caméfita Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa... Lamiaceae Vitex polygama Cham. Lauraceae Cassytha filiformis L. Ocotea gardneri (Meisn.) Mez Ocotea notata (Nees & Mart.) Mez Lecythidaceae Eschweilera ovata (Cambess.) Miers Loranthaceae Psittacanthus dichrous Mart. Lythraceae Cuphea flava Spreng. Malpighiaceae Byrsonima gardneriana A. Juss. Byrsonima sericea DC. Byrsonima vacciniifolia A. Juss. Stigmaphyllon paralias A. Juss. Malvaceae Guazuma ulmifolia Lam. Pavonia cancellata (L.) Cav. Sida cordifolia L. Waltheria indica L. Marcgraviaceae Norantea guianensis Aubl. Melastomataceae Miconia albicans (Sw.) Steud. Molluginaceae Mollugo verticillata L. Myrtaceae Campomanesia dichotoma (O. Berg) Mattos Eugenia excelsa O. Berg Eugenia hirta O. Berg Eugenia ligustrina (Sw.) Willd. Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Eugenia rotundifolia Casar. Marlierea regeliana O. Berg Myrcia bergiana O. Berg Myrcia guianensis (Aubl.) DC. Myrcia sp. Myrciaria tenella (DC.) O. Berg Psidium oligospermum DC. Nyctaginaceae Guapira laxa (Netto) Furlan Ochnaceae Ouratea fieldingiana Engl. Ouratea hexasperma (A. St.-Hil.) Baill. Orchidaceae Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. Oncidium cebolleta (Jacq.) Sw. Sarcoglottis schwackei (Cogn.) Schltr. Vanilla sp. Primulaceae Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze Poaceae Andropogon virgatus Desv. ex Ham. Cenchrus echinatus L. Digitaria insularis (L.) Fedde. 191 Nanofanerófita Parasita Microfanerófita Microfanerófita Nanofanerófita Hemiparasita Caméfita Microfanerófita Microfanerófita Microfanerófita Caméfita Nanofanerófita Terófita Caméfita Caméfita Nanofanerófita Nanofanerófita Hemicriptófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Microfanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Caméfita Epífita Caméfita Liana Nanofanerófita Criptófita Hemicriptófita Hemicriptófita 192 Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel Eleusine indica (L.) Gaertn. Eragrostis ciliaris (L.) R. Br. Schenckochloa barbata (Hack.) J.J. Ortíz Panicum trichoides Sw. Paspalum arenarium Schrad. Pappophorum pappiferum (Lam.) Kuntze Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen Streptostachys asperifolia Desv. Polygalaceae Asemeia martiana (A.W. Benn.) J.F.B. Pastore & J.R. Abbott Asemeia violacea (Aubl.) J.F.B. Pastore & J.R. Abbott Polygonaceae Coccoloba alnifolia Casar. Coccoloba confusa R.A. Howard Coccoloba laevis Casar. Coccoloba ramosissima Wedd. Rubiaceae Borreria verticillata (L.) G. Mey. Chiococca alba (L.) Hitchc. Guettarda platypoda DC. Mitracarpus frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.) K.Schum. Psychotria bahiensis DC. Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud. Staelia virgata (Link ex Roem. & Schult.) K. Schum. Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K. Schum. Salicaceae Casearia javitensis Kunth Sapotaceae Manilkara salzmannii (A. DC.) H.J. Lam Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni Sapindaceae Cupania racemosa (Vell.) Radlk. Serjania salzmanniana Schltr. Schoepfiaceae Schoepfia brasiliensis A.DC. Simaroubaceae Simaba cuneata A. St.-Hil. & Tul. Solanaceae Cestrum sp. Schwenckia americana D. Royen ex L. Solanum paludosum Moric. Trigoniaceae Trigonia nivea Cambess. Turneraceae Turnera ulmifolia L. Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd. Verbenaceae Lantana camara L. Lippia gracilis Schauer Stachytarpheta elatior Schrad. ex Schult. Terófita Terófita Hemicriptófita Hemicriptófita Hemicriptófita Terófita Hemicriptófita Caméfita Terófita Terófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Caméfita Nanofanerófita Nanofanerófita Caméfita Caméfita Caméfita Caméfita Nanofanerófita Nanofanerófita Microfanerófita Microfanerófita Microfanerófita Liana Nanofanerófita Microfanerófita Terófita Terófita Nanofanerófita Nanofanerófita Caméfita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Nanofanerófita Caméfita A classificação das espécies quanto à forma de vida permitiu distinguir a presença de 12 diferentes categorias (Figura 4). A forma de vida predominante foi Nanofanerófita (34,59%), seguida pelas Microfanerófitas (16,35%), Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa... 193 Caméfitas (11,94%), Terófitas (11,32%) e Hemicriptófitas (8,17%). Cabe destacar que as formas de vida Nanofanerófitas e Microfanerófitas somadas, correspondem a cerca de 60% das espécies do estrato lenhoso. Essa proporção reflete a fisionomia Floresta não-inundável da área, representado por Anacardium occidentale, Xylopia frutescens, Protium heptaphyllum, Hirtella racemosa, Byrsonima gardneriana, Ouratea fieldingiana. Quanto ao estrato herbáceo, representado pelas formas de vida Caméfita, Terófita, Criptófita, Hemicriptófita e Caméfita reptante, corresponde a 39% da composição herbácea. A predominância desse conjunto de formas de vida contribui para categorizar a fisionomia Campo; por não ocorrer inundação proveniente do lençol freático, a fisionomia classifica-se como Campo nãoinundável, podendo ser registradas moitas apresentando indivíduos Nanofanerófitas (Hirtella racemosa, Guettarda platypoda, Eugenia punicifolia, Maytenus distichophylla). DISCUSSÃO Nos estudos fitossociológicos realizados nas restingas do Nordeste (Medeiros et al., 2010; Almeida Jr. et al., 2011; Almeida Jr. & Zickel, 2012; Cantarelli et al., 2012b; Santos-Filho et al., 2013a) também foram registradas as famílias Myrtaceae, Fabaceae e Polygonaceae como as mais representativas, contudo, Celastraceae e Rubiaceae foram observadas apenas no presente estudo. A riqueza de espécies em restinga pode ser considerada baixa quando comparada, por exemplo, com a Floresta Atlântica (Scarano, 2002), no entanto, essa comparação deve ser interpretada com cautela diante dos fatores extremos que atuam sobre as espécies que colonizam as restingas. Com isso, o registro de 40 espécies em uma restinga deve ter um peso importante quando se compara com outras restingas do Nordeste, que registraram de 15 a 30 espécies (Santos-Filho et al., 2013a) no estudos estruturais. O número de espécies encontrado no presente estudo foi semelhante ao das restingas de Marechal Deodoro-AL (Medeiros et al., 2010), Maracaipe-PE (Almeida Jr. et al., 2011) e Cabedelo-PB (Vicente et al., 2013), que registraram valores entre 40 e 51 espécies. Todavia, quando comparada a outras restingas pode ser considerada alta, ex.: Pipa - RN (Almeida Jr. & Zickel, 2012); Guadalupe - PE (Cantarelli et al., 2012b); Ilha Grande - PI, Parnaíba - PI e Luiz Correia - PI (Santos-Filho et al., 2013a). Medeiros (2009) destacou que as diferenças quanto à riqueza estão relacionadas aos distintos níveis de impacto antrópico e diferentes interferências, como corte seletivo de espécies, incidência de fogo, acúmulo de serapilheira, entre outros, particulares a cada área, podendo influenciar diretamente na população de determinadas espécies. Comparando com os estudos estruturais realizados na região Nordeste, apenas Eugenia punicifolia, Maytenus distichophylla e Guettarda platypoda também foram registradas em Pipa-RN (Almeida Jr. & Zickel, 2012) como as espécies de maior VI. Em Alagoas (Medeiros et al., 2010) e em Pernambuco 194 Medeiros, Almeida Jr, Abreu, Santos-Filho & Zickel (Almeida Jr. et al., 2011; Cantarelli et al., 2012b), o registro das espécies citadas anteriormente não foram catalogadas entre as dez de maior VI. A maior frequência e abundância das espécies Eugenia punicifolia, Maytenus distichophylla e Guettarda platypoda, contribuiu para uma semelhança entre as fisionomias do presente estudo e a área de Pipa (Almeida Jr. & Zickel, 2012) por também apresentarem um porte mais baixo. Segundo Damaso (2009), espécies de pequeno porte, como Maytenus distichophylla, Guettarda platypoda, além de espécies de Myrtaceae, desenvolvem-se em pequenas moitas (Almeida Jr. & Zickel, 2012), e contribuem para o estabelecimento de espécies dos estratos menores. O padrão vertical encontrado sugere uma maior concentração de indivíduos jovens, devido a relação altura/diâmetro. Fato comumente observado nos estudos estruturais (Almeida Jr. & Zickel, 2012; Cantarelli et al., 2012b; Santos-Filho et al., 2013a) da vegetação lenhosa das restingas do Nordeste. Contudo, o padrão de distribuição dos indivíduos em classes diamétricas pode indicar uma boa regeneração das populações, devido ao maior número de indivíduos, o que pode sugerir o avanço do estabelecimento destas populações. A presença de perfilhos no presente estudo, assim como nas restingas do Nordeste (Medeiros et al., 2010; Almeida Jr. et al., 2011; Almeida Jr. & Zickel, 2012; Cantarelli et al., 2012b; Vicente et al., 2013), pode ser considerado como um mecanismo para que as espécies consigam se desenvolver em solos pobres (Sá, 2002), tornando-se comum às áreas do litoral nordestino. Frente a essas características, e considerando as condições limitantes das áreas de restinga (Assis et al., 2004), a diversidade e a equitabilidade encontrada podem ser consideradas altas diante das particularidades abióticas (Borém & Oliveira-Filho, 2002; Sztutman & Rodrigues, 2002; Assis et al., 2004). Esses valores reforçam a necessidade de conservação dos ecossistemas litorâneos do Nordeste do Brasil. Os dados florísticos também estão em concordância com os dados da fitossociologia quanto às espécies lenhosas, representadas nas famílias Fabaceae, Myrtaceae e Rubiaceae. Essas famílias se destacaram quanto a riqueza e número de indivíduos, contribuindo para que essas espécies fossem observadas em toda a restinga. Além disso, a composição florística também é fortemente influenciada pela biota das áreas circunvizinhas, como a floresta atlântica, tabuleiros arenosos e caatinga. Nesse caso, a colonização pode ter sido afetada por processos de dispersão, influenciando na distribuição de espécies em escala regional (Medeiros, 2009). Com exceção de Myrtaceae, as famílias com maior riqueza de plantas lenhosas nas florestas neotropicais, têm seus principais centros de riqueza fora da região costeira brasileira (Tabarelli & Mantovani, 1999). Entretanto, o número de espécies de Fabaceae, Annonaceae e Chrysobalanaceae pode ser considerado alto para as restingas, diante das restrições quanto à disponibilidade de agua e nutrientes do solo dos ecossistemas litorâneos. Os resultados apresentados indicam a existência de particularidade quanto a Riqueza e caracterização da estrutura lenhosa... 195 diversidade e riqueza florística (Almeida Jr. et al., 2011; Santos-Filho et al., 2013b). Essas particularidades podem ser provenientes de diferentes estágios sucessionais ou da distância dos ecossistemas adjacentes e que atuariam como “fontes de sementes” (Scherer et al., 2005) para a colonização das restingas. Dessa forma, as áreas de restinga, que estão entre os mais impactados ecossistemas brasileiros, com diferentes pressões, quanto aos indícios de corte ou presença de muitos indivíduos com baixa altura e diâmetro pequeno, por exemplo, pode influenciar na composição vegetal e interferir nas análises dos dados. Sendo, portanto, necessária cautela quanto às interpretações e comparações realizadas, visto que fatores naturais (menor precipitação, temperaturas mais elevadas etc) também contribuem para essas diferentes pressões. Nesse caso, o fato das áreas estarem mais próximas da população local pode facilitar o acesso, e a área ser utilizada como fonte de subsistência ou para uso econômico (Dunphy et al., 2000; Hitimana et al., 2004). De forma geral, pode-se concluir que os estudos descritivos sobre vegetação de restinga contribuem para o conhecimento da riqueza e diversidade da área, subsidiando projetos futuros para a conservação dos ecossistemas litorâneos, além de auxiliar na escolha de espécies cujas populações mereçam estudos mais detalhados. AGRADECIMENTOS Agradecemos a CAPES pela concessão da bolsa de doutorado do primeiro autor que possibilitou a execução da pesquisa. Aos pesquisadores do Herbário Dárdano de Andrade Lima do IPA (Instituto de Pesquisas Agropecuárias) em nome da Dra. Rita de Cássia Pereira pela atenção e disponibilidade no Herbário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, D.S.D. 1992. Vegetation types of sandy coastal plains of tropical Brazil: a first approximation. In: SEELIGER, U. (Ed.). Coastal plant communities of Latin America. New York: Academic Press. ALMEIDA JR., E.B.; SANTOS-FILHO, F.S.; ARAÚJO, E.L. & ZICKEL, C.S. 2011. Structural characterization of the woody plants in restinga of Brazil. J. Ecol. Nat. Environ 3(3): 95-103. ALMEIDA JR., E.B. & ZICKEL, C.S. 2012. Análise fitossociológica do estrato arbustivo-arbóreo de uma floresta de restinga no Rio Grande do Norte. Agrária 7(2): 286-291. APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Bot. J. Linn. Soc. 161(2): 105-121. ASSIS, A.M.; PEREIRA, O.J. & THOMAZ, L.D. 2004. Fitossociologia de uma floresta de restinga no Parque Estadual Paulo César Vinha, Setiba, município de Guarapari (ES). 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Legendas: Nf: Nanofanerófita, Mf: Microfanerófita, Ca: Caméfita, Te: Terófita, Hc: Hemicriptófita, Li: Lisna, Cr: Criptófita, Ns: Nanofanerófita suculenta, Cr: Caméfita reptante, Pa: Parasita, Ep: Epífita, Hp: Hemiparasita. VARIAÇÃO DA RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES DA VEGETAÇÃO ARBUSTIVA DOS CAMPOS RUPESTRES DA SERRA NORTE NA FLORESTA NACIONAL DE CARAJÁS, PARÁ Priscilla Prestes Chaves Leandro Valle Ferreira ABSTRACT Rupestrian fields are linked to high altitude rocky outcrops. This vegetation has a disrupted distribution located on a small Amazonia area with endemic and threatened species. Rupestrian fields located on ironstone outcrops are the most threatened vegetation due to human extraction activities. This chapter aims to characterize rupestrian fields flora, structure and species composition from Carajás as a support for planning conservation strategies. The study was performed in five Carajás North Range locations (N2, N4, N5, N6 and N8). Botanical inventories were performed based on 5 x 20m plots where every individual with > 1 cm diameter and 30 cm height from the ground were identified. Thirty five species from five North Range rupestrian fields locations were identified. Shannon-Weaver diversity index was 2,35 ranging from 1,86 to 2,51 among the locations. No significant species richness difference among the five locations was observed. However, N2 have the greatest species diversity compared to N4 and N6 locations. Species similarity and local distance demonstrated no correlation. The most important issue related to rupestrian fields was the presence of rare species. Thus, we suggest that part of rupestrian fields localities must be preserved to reach a significant sample of richness and diversity of this peculiar vegetation. Key-words: conservation, diversity, vegetation of canga RESUMO Os campos rupestres são formações vegetais associadas a afloramentos rochosos localizados em altitudes elevadas. Essa vegetação tem uma distribuição disjunta e ocupa uma pequena área na Amazônia, sendo comum a ocorrência de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Dos campos rupestres da Amazônia, os localizados em afloramentos de minério de ferro estão entre os mais ameaçados devido às atividades mineradoras. O objetivo desse estudo é caracterizar a florística, estrutura e composição de espécies dos campos rupestres da Serra dos Carajás no estado do Pará, como um subsídio para o planejamento de estratégias de conservação. Este estudo foi realizado em cinco encraves de campos rupestres da serra norte de Carajás, denominados de N2, N4, N5, N6 e N8. Os levantamentos botânicos foram realizados pelo método de parcelas de 5 x 20m, através do qual todos os indivíduos com diâmetro ≥ 1 cm, medido a 30 cm do solo, foram identificados. Foram identificadas 35 espécies em cinco encraves de campos rupestres da PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:201-215 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 202 Chaves & Ferreira Serra norte. O índice de diversidade de Shannon-Weaver foi de 2,35, variando de 1,86 a 2,51 entre os encraves. Cinco espécies tiveram as maiores densidades relativas, variando de 64% a 84% do total de indivíduos. Somente Callisthene microphylla Warm. e Byrsonima eugeniifolia Sandwith ocorreram em todos os encraves. Não houve diferença significativa da riqueza de espécies entre os encraves. Contudo, a diversidade de espécies foi maior no N2, quando comparado com os encraves N4 e N6. Não houve relação entre a similaridade de espécies em relação à distância dos encraves. No caso dos campos rupestres o atributo mais importante para a complementaridade é a presença de espécies raras. Dessa forma, sugerimos que parte de cada encrave de vegetação de campos rupestres deve ser preservado, a fim de termos conservada uma amostragem significativa da riqueza e diversidade de espécies nesse tipo de vegetação. Palavra-chave: conservação, diversidade, vegetação de canga INTRODUÇÃO Os campos rupestres são formações vegetais associadas a afloramentos rochosos ou a solos geralmente rasos formados pela decomposição de rochas (Nunes 2009). Esse tipo de vegetação normalmente está associado a substratos com elevado teor de metais, carência de nutrientes e insignificantes capacidades de retenção de água, além de apresentarem temperaturas elevadas e alta concentração luminosa (Porto & Silva 1989; Silva & Rosa 1990; Teixeira & Lemos-Filho 2002; Vincent et al. 2002). Esse tipo de vegetação, associado a afloramentos rochosos ferruginosos, é conhecido por diversos nomes, entre os quais, vegetação de canga (Morelato & Rosa 1991; Secco & Mesquita 1983; Silva 1991; Silva 1996), campos ferruginosos ou savanas metalófilas (Rizzini 1979; Vincent et al. 2004; Vincent 2002). As espécies de plantas desse tipo de vegetação são adaptadas às condições edáficas específicas (Teixeira & Lemos Filho 2002) e apresentam adaptações fisiológicas, morfológicas e reprodutivas de afloramentos rochosos, tais como esclerofilia, capacidade de resistir a ciclos de dessecação e hidratação (Gaff 1987; Giulietti et al. 1987). Possuem ainda adaptações morfológicas e fisiológicas para suportar os altos níveis de metais presentes no solo, que resultam em nanismo ou gigantismo (Porto & Silva 1989; Silva & Rosa 1990). Em virtude das características abióticas extremas, o campo rupestre é um tipo de vegetação adversa ao estabelecimento de plantas não adaptadas a essas condições, portanto, normalmente tem baixa riqueza de espécies, mas associada a um alto grau de endemismo (Silva & Rosa 1990). A vegetação “xerofítica” é caracterizada por formação arbustiva, com espécies apresentando casca espessa e fissurada, caules tortuosos, folhas coriáceas e decíduas, modificações de órgãos em estruturas de reserva e presença de pilosidade densa nas folhas e ramos (Larcher 1995; Silva et al. 1996), sendo conhecida localmente por canga. Variação da riqueza e composição de espécies... 203 Os campos rupestres da Serra de Carajás são representados por diversas fisionomias, tais como capão florestal, vegetação xerofítica e os campos naturais (Silva 1991). Os “capões florestais” se caracterizam por formar ilhas florestais isoladas de vegetação arbórea, onde as características do relevo permitem o acúmulo de matéria orgânica (Silva et al. 1996). Os “campos naturais” são formados basicamente por uma comunidade de plantas herbáceas, onde o relevo permite o acúmulo de água na estação chuvosa, favorecendo o desenvolvimento de várias espécies de ciclo curto (Silva et al. 1996). A maior parte dos campos rupestres associados a afloramentos rochosos ferruginosos no estado do Pará localizam-se na Floresta Nacional de Carajás, uma unidade de conservação de uso sustentável (SNUC 2000), ocupando cerca de 3% do total da unidade, sendo encontrados nos topos quase planos em serras isoladas de diferentes tamanhos e altitudes variando de 620 a 660 metros (Secco & Mesquita 1983). Segundo a Lei nº 9.985 de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a exploração mineral é permitida dentro de algumas categorias de unidades de conservação de uso sustentável, dentre elas a categoria de Floresta Nacional. Na Floresta Nacional de Carajás a exploração de minério de ferro ocorre a diversas décadas, sendo realizada pela empresa privada Vale, antiga estatal Companhia Vale do Rio Doce. O processo de mineração começa com a remoção total da vegetação primária, composta principalmente pelos campos rupestres, formando imensas cavas com profundidades que podem chegar a 100 metros. Atualmente, alguns encraves de campos rupestres na Floresta Nacional de Carajás, localizados na serra norte, já foram removidos para a exploração de minério de ferro. Contudo, ainda existem diversos encraves de campos rupestres na serra norte em ótimo estado de conservação e ainda outros localizados na Serra Sul, também em excelente estado. Essa forte pressão antrópica nos campos rupestres de Carajás decorre do alto valor econômico das jazidas de minério de ferro nos mercados nacionais e internacionais, que aumenta a importância e a necessidade de estudos detalhados do meio biótico e físico desse importante e raro tipo de vegetação, a fim de traçar estratégias de conservação baseadas em informações técnicas de qualidade. Os campos rupestres da Serra dos Carajás já foram objeto de diversos estudos com o objetivo de caracterizar sua florística e estrutura (Secco & Mesquita 1983; Silva et al. 1986, Porto & Silva 1989; Cleef & Silva 1994; Silva et al. 1996; Santos et al. 1999). Contudo, com exceção de Rayol (2006), que comparou a riqueza, diversidade e composição de espécies nos campos rupestres entre as serras norte e sul de Carajás, não há registro de outro estudo que compare a florística e estrutura dos encraves de campos rupestres dentro de uma mesma serra (norte ou sul). 204 Chaves & Ferreira O objetivo desse estudo é comparar a florística e estrutura de cinco campos rupestres da serra norte de Carajás, para definir áreas prioritárias para a preservação desses tipos de vegetação, mitigando os impactos da mineração. MATERIAL E MÉTODOS A Floresta Nacional de Carajás está localizada no sudeste do Estado do Pará, Brasil, entre as coordenadas geográficas de 05°52‟ e 06°33` S; 49°53 e 50°45` W, ocupando 395 mil hectares, nos municípios de Parauapebas, Canaã dos Carajás e Água Azul do Norte. São encontrados dois grandes grupos de vegetação decorrentes das variações do substrato, teor de umidade e topografia: floresta ombrófila densa, aberta e aluvial e um tipo de vegetação aberta denominada de campos rupestres, que crescem sob substrato de minério de ferro chamado localmente de canga (Secco & Mesquita 1983; Silva 1986; Porto & Silva 1989; Cleef & Silva 1994; Silva et al. 1996). Para o presente estudo, foram sorteados 5 encraves de campos rupestres na serra norte da Floresta Nacional de Carajás, denominados de encraves N2, N4, N5, N6 e N8. (Figura 1). Figura 1 - Distribuição espacial dos encraves de campos rupestres nas Serras Norte e Sul da Floresta Nacional de Carajás, Pará. Para o levantamento de dados da vegetação dos campos rupestres, também definidos como vegetação “xerofítica” (Larcher 1995; Silva et al. 1996), foram estabelecidas 108 parcelas de 5 x 20 metros, conforme protocolo Variação da riqueza e composição de espécies... 205 definido por Silva (1991) para esse tipo de vegetação, variando de 15 parcelas no encrave N8 a 24 parcelas nos encraves N2 e N4. As parcelas foram distribuídas aleatoriamente, usando uma imagem de satélite de alta resolução da área de estudo. Dentro de cada parcela todos os indivíduos com diâmetro ≥ 3 cm foram medidos a 30 cm do solo e identificados ao nível mais específico possível. O sistema de classificação botânico adotado foi o APG III (2009). Todo o material botânico fértil coletado foi incorporado ao acervo do Herbário João Murça Pires do Museu Paraense Emílio Goeldi. Os dados florístico e fitossociológicos foram analisados no programa Mata Nativa 2 (Cientec 2006). As diferenças entre riqueza, diversidade de espécies e densidade de indivíduos nas parcelas (variáveis dependentes) entre os cinco encraves de campos rupestres amostrados na serra norte, denominados de N2, N4, N5, N6 e N8 (fatores) foram testadas usando análise de variância simples, sendo usado também o teste de Tukey para determinar a ocorrência de diferenças entre as variáveis dependentes em relação aos fatores (Zar 2010). A similaridade de espécies entre os cinco encraves analisados foi determinada pelo índice de similaridade de Sorensen (Krebs 1999). A matriz de distância entre os 5 encraves foi gerada pelo programa Arcview 3.3, usando o programa “Distance Matrix of Point Features” (Esri 2006). Foi utilizada uma adaptação da curva de Lorenz para a análise da distribuição de abundância dos cinco encraves (Pinho & Vasconcelos 1997). RESULTADOS No levantamento botânico realizado nos cinco encraves de campos rupestres da Serra Norte de Carajás, foram identificadas 37 espécies (Apêndice 1), variando de 17 a 23 espécies entre os locais (Tabela 1). O índice diversidade de Shannon-Weaver foi de 2,35, variando de 1,86 a 2,51 entre os locais, e a densidade de indivíduos variou de 399 a 782 entre os locais (Tabela1). Tabela 1 - Densidade de indivíduos, número e diversidade de espécies nos 5 campos rupestres da Serra Norte de Carajás, Pará N2 Densidade de indivíduos 563 Número de espécies 23 Diversidade de espécies 2.51 N4 725 20 1.96 N5 782 22 2.23 N6 467 18 1.98 N8 399 17 1.86 Total 2.936 35 2.35 Local Chaves & Ferreira 206 O estimador de riqueza Jackknife de 1ª ordem variou de 21,8 a 25,9 espécies entre os 5 encraves de campos rupestres amostrados, e a relação entre o número de espécies observado e a riqueza de espécies estimada variou de 75,2 no encrave N8 a 88,9% no encrave N2 do número de espécies observado (Tabela 2). Tabela 2 – Número total de espécies observadas (NEO), riqueza de espécies estimada (REE) e relação entre NEO e REE nos 5 encraves de campos rupestres da Serra Norte de Carajás, Pará. Local Número de espécies observado (NEO) Riqueza de espécies estimada (REE) Relação entre NEO/REE N2 23 25.9 88.9 N4 20 25.8 77.7 N5 22 27.8 79.2 N6 18 21.8 82.6 N8 17 22.6 75.2 Média e desvio padrão 20 (2.3) 24. (2.2) 80.7 (4.7) Esses valores relativos indicam que os levantamentos florísticos realizados em cada encrave e o valor total dos cinco encraves foram adequados na determinação da riqueza de espécies local (cada encrave) e regional (todos os encraves). A comunidade de plantas arbustivo-lenhosas dos campos rupestres da Serra norte de Carajás é caracterizada pela dominância de poucas espécies, com alta densidade relativa. Por outro lado, de 70% a 80% das espécies têm somente cerca de 10% a 40 %, respectivamente, do total de indivíduos amostrados, indicando uma grande desigualdade na distribuição de abundância das espécies (Figura 2). 100 90 80 Abundância (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Espécies (%) N2 N4 N5 N6 N8 Figura 2 - Curva de Lorenz mostrando a distribuição de abundância dos campos rupestres da Serra Norte de Carajás, Pará. Variação da riqueza e composição de espécies... 207 Das 37 espécies identificadas, 14 espécies (40% do total) foram comuns aos cinco encraves de campos rupestres, representando somente 5,4% dos indivíduos amostrados, enquanto as espécies exclusivas aos cinco encraves representam 91% do total de indivíduos. Os encraves N2 e N5 apresentaram maior proporção de espécies restritas, ambos com 35,7%, seguidos pelos encraves N4 com 14,3%, e os encraves N6 e N8, cada um com 7,1%. As cinco espécies com maiores densidades relativas representam 64% a 84% dos indivíduos amostrados nos cinco encraves de campos rupestres, e destas, somente Callisthene microphylla Warm. e Byrsonima eugeniifolia Sandwith ocorreram em todos os encraves amostrados. Não houve correlação significativa entre similaridade de espécies e a distância dos cinco encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás (r=-0,66; p= 0,070) (Figura 3). Figura 3 - Índice de similaridade de Sorensen em relação à distância dos encraves de campos rupestres da Serra Norte de Carajás Não houve diferença significativa na riqueza de espécies entre cinco encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás 2 (r =0,070; F[4,108]= 1,939; p=0,110 (Figura 4). 208 Chaves & Ferreira Figura 4 - Média e erro padrão da riqueza de espécies, diversidade de espécies e densidade de indivíduos entre encraves (locais) de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás, Pará Houve diferença significativa na diversidade de espécies entre os três 2 encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás (r =0, 101; F[4, 108]= 2,900; p=0,026), sendo a diversidade de espécies do encrave N2 significativamente maior quando comparada com os encraves N4 e N6. Os demais locais não apresentaram diferenças significativas entre si (Figura 4). Houve diferença significativa na densidade de indivíduos entre os cinco encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás 2 (r =0,094; F[4,108]= 2,661; p=0,037), sendo a densidade de indivíduos do encrave N2 significativamente menor quando comparada com a do encrave N4. Os demais locais não apresentaram diferenças significativas entre si (Figura 4). DISCUSSÃO Na região de Carajás, em estudo sobre a florística e a estrutura da vegetação de campos rupestres realizado por Rayol (2006), a riqueza encontrada foi superior (54 espécies) à deste estudo (37 espécies). Essa Variação da riqueza e composição de espécies... 209 diferença resulta da abrangência dos estudos, pois este autor estendeu sua área de estudo além da serra norte até a serra sul. Entretanto, quando comparados os dados para diversidade, ambos, Rayol (2006) e este trabalho, apresentaram o mesmo padrão, onde os valores foram (H‟) 2,38 e (H‟) 2,35, respectivamente. A baixa riqueza de espécies registrada por este estudo a princípio parece indicar uma baixa heterogeneidade da vegetação, embora isto também indique que essa fitofisionomia é influenciada por fatores limitantes bastante severos, o que a torna uma vegetação altamente especializada. Fatores abióticos, tais como solos pobres em nutrientes, baixa capacidade de retenção de água e alta exposição ao sol, agem diretamente nos organismos, podendo levar à seleção dos mesmos (Silva 1989). Adicionalmente, a alta concentração de metais pesados no substrato dos campos rupestres, na Serra de Carajás, é um fator de forte pressão ambiental na seleção natural das espécies que colonizam esse tipo de vegetação (Silva 1992). Ao serem comparados os dados encontrados para riqueza e diversidade dos campos rupestres que ocorrem na Serra dos Carajás com os de estudos realizados no quadrilátero ferrífero em Minas Gerais, observa-se uma grande distinção entre os resultados. Um exemplo é o estudo de Mourão & Stehmann (2007), no levantamento da flora do campo rupestre sobre canga hematítica couraçada em remanescente da mina do Brucutu, Barão de Cocais, onde os autores relataram uma maior riqueza e uma grande dissimilaridade florística em relação a outros trabalhos realizados na região de Carajás, tais como Secco & Mesquita (1983); Silva & Rosa (1990) e Silva et al. (1996). As particularidades geológicas, edáficas e topográficas da vegetação aberta de Carajás, que proporcionaram altos índices de similaridade e ainda as adaptações e modificações morfológicas dos indivíduos (Rayol 2006), podem ser as responsáveis pela baixa similaridade da mesma com outras áreas abertas do Brasil. Além disso, esses fatores ambientais podem estar influenciando a distribuição de espécies nas cinco áreas estudadas na serra norte de Carajás, onde poucas espécies dominam a comunidade, ou seja, são mais abundantes. As espécies Mimosa acutistipula (Mart.) Benth, Vellozia glochidea Pohl destacaram-se neste estudo, porque são mais abundantes. Levando em consideração que a porção do nicho ocupado por cada espécie é proporcional à sua abundância (Sugihara 1890), as mais abundantes são aquelas que exploram com mais eficácia os recursos disponíveis e tendem a ter maior competitividade; assim, se tornam as espécies que determinam a estrutura da comunidade (Janzen 1986). Por outro lado, as “espécies raras”, que ocorrem no estudo com poucos indivíduos, apresentaram maior riqueza de espécies. Essa baixa abundância pode ser reflexo da especificidade no uso dos recursos disponíveis por essas espécies. Dessa forma o habitat não supre a demanda de recursos necessários às mesmas, o que as torna fracas no quesito competição levando a uma diminuição na abundância, tornando escassas essas espécies (Noy-Meir & Maarel 1987). 210 Chaves & Ferreira Outro fator que pode estar interferindo nessa distribuição de espécies nas áreas amostradas na serra norte de Carajás são os mecanismos de dispersão das espécies. Os frutos e sementes das plantas apresentam adaptações que permitem a dispersão pelo vento (Silva et al. 1986), como é o caso dos frutos de Mimosa acutistipula e Vellozia glochidea, espécies com uma das maiores densidades relativas registradas (15, 7%), que apresentam propágulos propícios à dispersão pelo vento. Outra espécie importante e de maior densidade relativa na área de estudo (24, 8%) Callisthene microphylla Warm., possui frutos e sementes dispersos por pássaros, como Poecilurus sp. (Furnariidae) e Zonotrichia sp. (Emberizidae), que são comumente encontrados nos campos rupestres e que possuem grande capacidade de voo, sendo, portanto, capazes de alcançar os encraves de campos rupestres da Serra Norte (Secco & Lobo 1988). Cada um dos encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás tem um conjunto próprio de espécies raras, o que torna a conservação dessa vegetação, nessa Serra, bastante delicada. Isto porque, para conseguir preservar o maior número de espécies possível, a melhor estratégia seria conservar não somente um ou dois encraves isolados, mas uma área representativa de campos rupestres na Serra Norte. Os encraves de campos rupestres amostrados da Serra Norte de Carajás apresentam uma alta diversidade beta, também conhecida como diversidade de habitats. Uma alta diversidade beta também foi reportada para campos rupestres em afloramentos ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero no bioma Mata Atlântica em Minas Gerais por Jacobi & Carmo (2008). A alta diversidade beta em campos rupestres em afloramentos ferruginosos é decorrente do isolamento e provavelmente de variações climáticas e mineralógicas do substrato ferruginoso. Os vegetais avasculares Rhodobryum subverticillatum Brotherus, Fissidens diplodus Mitt., Sematophyllum lonchophyllum (Mont.) J. Florsch. e Entodontopsis leucostega (Brid.) WR Buck & Ireland, na Serra dos Carajás, ocorreram exclusivamente nos campos rupestres e foram considerados espécies indicadoras da qualidade ambiental desse tipo de vegetação por Moraes & Lisboa (2006). Os encraves N4 e N5 nos campos rupestres da Serra dos Carajás apresentaram respectivamente 14,3% e 35,7% do total de espécies restritas e a exploração mineradora já ocorre nestes locais, o que pode resultar na extinção local dessas espécies já que perda de habitat é a maior causa de perda de biodiversidade. No caso dos campos rupestres em solos hematíticos essa perda é ainda mais grave, pois esse tipo de vegetação tem uma distribuição restrita a poucas áreas na Amazônia e no Quadrilátero Ferrífero (Jacobi & Carmo 2008). Muitas espécies da fauna dependem da vegetação dos campos rupestres para abrigo e forrageio, atuando como polinizadores de flores e dispersores de frutos e sementes (Silva et al. 1996). A eliminação dos habitats dos campos rupestres da Serra dos Carajás pelo processo de mineração Variação da riqueza e composição de espécies... 211 poderá resultar na diminuição das populações de diversas espécies da fauna associadas a essa vegetação. Quando iniciado o processo de mineração, o campo rupestre é totalmente removido e por isso os impactos causados nessa fisionomia por esse tipo de atividade é totalmente irreversível (Vincent et al. 2002). Estudos na região do quadrilátero ferrífero relatam a importância de se preservar o maior número de remanescentes desse tipo de vegetação (Mourão & Stehmann 2007), reforçando a importância da preservação dessa vegetação já apontada por Silva (1996). Contudo, a seleção de locais de campos rupestres para conservação da biota deve levar em consideração o princípio da complementaridade, que procura aumentar a conservação do máximo de espécies com o mínimo de redundância (Vane-Wright et al. 1991; Pressey et al. 1993). Este princípio ainda preconiza que no processo de escolha de áreas para a conservação é melhor escolher áreas que complementem os atributos que se pretende conservar (espécies, habitats e paisagens, entre outros), em vez de duplicar atributos desnecessários (Anacleto et al. 2005). A ausência de diferença na riqueza local (diversidade alfa) entre os encraves de campos rupestres amostrados na Serra Norte de Carajás demonstra a importância destes para a conservação. Portanto, com base nos resultados, concluiu-se que na área de estudo o atributo mais importante para a complementaridade é a presença de espécies raras. Dessa forma, sugerimos que parte de cada encrave de vegetação de campos rupestres deve ser preservada, a fim de termos uma amostragem significativa da riqueza e diversidade de espécies nesse tipo de vegetação. AGRADECIMENTOS Ao Projeto Áreas Abertas da Amazônia do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), pelo apoio logístico. E à Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pesquisa de Ensino Superior (CAPES), pela bolsa concedida no decorrer desse estudo. Ao técnico em botânica, Luiz Carlos Batista Lobato, da Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi, pelo incentivo e paciência dispensados durante a coleta de dados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANACLETO, T.S.C.; FERREIRA, A.A. & FILHO, J.A.F.D. 2005. 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Byrsonima chrysophylla Kunth Byrsonima eugeniifolia Sandwith Callisthene microphylla Warm. Copaifera martii Hayne Croton glandularis L. Dalbergia subcymosa Ducke Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns Erythroxylum ligunustrinum DC Erythroxylum ligustrinum var. carajasense Plowman Erythroxylum nelson-rosae Plowman Eugenia flavescens DC. Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Ficus guianensis Desv. Guapira sp Aubl. Heisteria ovata Benth. Lippia grandis Schum. Mimosa acutistipula (Mart.) Benth. Myrcia cuprea (O.Berg) Kiaersk. Myrcia guianensis (Aubl.) DC. Myrcia multiflora (Lam.) DC. Myrciaria tenella (DC.) O.Berg Norantea guianensis Aubl. Ouratea castaneifolia (DC.) Engl. Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Sapium marginatum Müll.Arg. Simarouba amara Aubl. Tibouchina aspera Aubl. Tibouchina sp.1 Aubl. Vellozia glochidea Pohl Euphorbiaceae Euphorbiaceae 8 1 1 Rubiaceae 6 4 12 Anacardiaceae 7 Bignoniaceae 25 7 5 4 Malpighiaceae 7 1 Malpighiaceae 2 3 3 8 14 14 2 57 134 61 243 1 17 7 48 108 1 1 92 2 68 155 3 26 88 Erythroxylaceae 9 6 17 5 Erythroxylaceae Myrtaceae Myrtaceae Moraceae Nyctagynaceae Olacaceae Verbenaceae Fabaceae Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Marcgraviaceae Ochnaceae Sapotaceae Euphorbiaceae Simarubaceae Melastomataceae Melastomataceae Velloziaceae 2 6 8 14 1 6 4 2 178 2 1 103 Fabaceae Malpighiaceae Malpighiaceae Vochysiaceae Fabaceae Euphorbiaceae Fabaceae Bombacaceae Erythroxylaceae 18 1 18 21 1 63 2 197 2 4 1 17 7 4 3 48 3 51 5 1 20 12 57 5 61 4 26 1 36 1 27 25 3 41 45 1 20 1 48 16 8 1 30 186 26 158 SAMAMBAIAS EM FORMAÇÕES DE CERRADO RUPESTRE DA BACIA DO RIO DAS MORTES, MATO GROSSO, BRASIL Jefferson Henry Fernandes1 Carlos Kreutz2 Francisco de Paula Athayde Filho3 ABSTRACT The fern flora of areas of “cerrado” with rock outcrops in the municipality of the State of Mato Grosso, Brazil is presented. Ten hills with reduced signs of human interference were studied. The environmental and substrate preferences, life forms and habit of the ferns were evaluated, as well as their altitudinal range. A floristic proximity analysis was performed, using the Sørensen Index, comparing the study areas with others in the region. A total of 14 species, of five genera and four families was registered. Anemiaceae with the genus Anemia were the most representative (eight species). Anemia oblongifolia was recorded in nine of the 10 hills. The occurrence of a considerable fern flora in areas of “cerrado” with rock outcrops, that present hidric restrictions, is discussed; with the indication of microhabitats where the species occur with greater frequency. The highest richness was observed in the base environments and first altitudinal range (308 to 350m s.n.m.) of the hills and cluster analysis showed greater floristic similarity between geographically closer hills or with similar environmental characteristics. Key words: floristics, ferns, Brazilian Savanna (“cerrado”), ecology. RESUMO É apresentada a flora de samambaias ocorrente em formações de cerrado rupestre no município de Nova Xavantina, Estado de Mato Grosso, Brasil. Foram estudados dez morros com reduzidos indícios de ações antrópicas. Foram avaliadas as preferências ambientais e por substrato, formas de vida e hábito das espécies, bem como a faixa altitudinal de ocorrência. Uma análise de proximidade florística foi realizada, através do índice de Sørensen, entre as áreas deste trabalho e outras da região. Foram registradas 14 espécies pertencentes a cinco gêneros e quatro famílias. Anemiaceae com o gênero Anemia foram os táxons mais representativos (oito espécies). Anemia oblongifolia foi registrada em nove dos 10 morros analisados. É discutida a ocorrência de uma considerável flora de samambaias em áreas de cerrado 1 Biólogo, Faculdade de Ciências Agrárias, Biológicas e Sociais Aplicadas, campus de Nova Xavantina, UNEMAT, Av. Prof. Dr. Renato Figueiro Varella - Caixa Postal 08. 2 Mestre em Ecologia e Conservação, campus de Nova Xavantina, UNEMAT. E-mail: carlos.kreutz@hotmail.com 3 Docente, Faculdade de Ciências Agrárias, Biológicas e Sociais Aplicadas, campus de Nova Xavantina, UNEMAT. E-mail: fpafilho@terra.com.br PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:217-231 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 218 Fernandes, Kreutz & Athayde Filho rupestre, que apresentam restrição hídrica, sendo elencados os microambientes onde as espécies ocorrem com maior frequência. A maior riqueza florística foi observada nos ambientes de base e na primeira faixa altitudinal (308 a 350m s.n.m) dos morros e a análise de agrupamento mostrou maior semelhança florística entre morros mais próximos geograficamente ou com características ambientais semelhantes. Palavras-chave: florística, filicíneas, cerrado, ecologia. INTRODUÇÃO As samambaias constituem um grupo importante de plantas criptógamas, com a ocorrência aproximada de 9000 espécies no mundo, distribuídas em 37 famílias (Smith et al., 2006), onde cerca de 30% das espécies do continente americano são observadas no Brasil (Windisch, 1992), totalizando 1224 espécies para o país, segundo a Lista de Espécies da Flora do Brasil (Prado & Sylvestre, 2014), sendo a maioria encontrada na floresta tropical úmida (Jermy, 1990). Ocupam uma enorme diversidade de habitats ao redor do planeta e para suportar esta vasta gama de habitats, apresentam um grande número de adaptações, incluindo plantas terrícolas, aquáticas, rupícolas e hemiepífitas, variando desde plantas minúsculas até formas subarborescentes (Windisch, 1992). São plantas que precisam de ambientes dotados de certo grau de umidade, e disponibilidade de água para o sucesso reprodutivo durante a fase gametofítica. Apesar disso, apresentam forte capacidade de adaptar seu ciclo de vida a condições de estresse hídrico, como discutido entre outros por Barros et al. (1989). Dentre os biomas brasileiros, o Cerrado localiza-se basicamente no Planalto Central do Brasil, ocupando uma extensa área constituída de diferentes formações fitofisionômicas. Dentre essas formações vegetais está o cerrado rupestre, ocorrendo sempre abaixo dos 900m de altitude, uma fisionomia savânica caracterizada por portar um estrato predominantemente arbustivo-herbáceo que se desenvolve em substratos litolíticos ou rochosos, podendo ocorrer continuamente, mas, geralmente associada a outros tipos de vegetação do Bioma. Uma característica relevante desta fitofisionomia é o solo quase sempre resultante da decomposição de arenitos e quartzitos, portanto pobre em nutrientes, ácido e com baixos teores de matéria orgânica (Ribeiro & Walter, 2008). No cerrado rupestre os indivíduos arbóreos concentram-se em fendas e entre as rochas, tornando a densidade variável de acordo com a quantidade de solo disponível, podendo apresentar paisagens com muitas árvores ou com muitas herbáceas e algumas espécies arbóreas. Meirelles et al. (1999) discutem que em afloramentos rochosos, as plantas se estabelecem sobre a rocha exposta ou em ilhas de vegetação. Estudos brasileiros com vegetação de ambientes similares ao cerrado rupestre têm sido realizados principalmente em campos rupestres (em elevações maiores do que aquelas observadas para a formação savânica em questão), fornecendo informações relevantes sobre os aspectos ecológicos e biogeográficos da flora, mostrando forte endemismo e Samambaias em formações de cerrado rupestre... 219 amplo espectro de adaptações morfofisiológicas à sua sobrevivência nesses ambientes (Oliveira & Godoy, 2007). Athayde Filho & Felizardo (2010) ressaltam a deficiência de estudos sobre a biologia e ecologia de samambaias neotropicais, os quais concentramse, em geral na área taxônomica e descritiva das espécies que ocorrem principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Da mesma forma, Mendonça et al. (2008) afirmam que a flora de samambaias nativas do Cerrado ainda é pouco conhecida, ainda mais no que se refere à flora em questão (Athayde Filho & Windisch, 2003), destacando-se para o Estado de Mato Grosso os estudos de Windisch (1975, 1985, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998), Windisch & Nonato (1999), Windisch & Tryon (2001), Athayde Filho & Windisch (2003), Athayde Filho & Agostinho (2005), Athayde Filho & Felizardo (2007, 2010), Ponce et al. (2010, 2013), Forsthofer & Athayde Filho (2012), Kreutz (2012), Miguez et al. (2013) e Silva et al. (2013). Sobre a flora de samambaias de cerrado rupestre, observa-se que há um conhecimento ainda menor, ou pela dificuldade da realização das pesquisas, ou pelo baixo interesse dos pesquisadores em trabalhar com um grupo eminentemente herbáceo, normalmente associado a formações florestais úmidas. Diante deste fato, a realização do presente trabalho visa contribuir para um maior conhecimento dessa flora, à medida que apresenta as espécies encontradas em áreas de cerrado rupestre do leste matogrossense, enfatizando os aspectos ecológicos relacionados a seus ambientes e substratos preferenciais, formas de vida e hábito, em uma região integrante da bacia do Rio das Mortes. MATERIAL E MÉTODOS As áreas de cerrado rupestre estudadas, pertencentes a 10 morros distintos (Tabela 1), localizam-se no município de Nova Xavantina, região leste do Estado de Mato Grosso (Ferreira, 2001). O clima da região é do tipo tropical de savana “Aw” de acordo com a classificação de Köppen, com duas estações bem definidas: inverno seco, de maio a setembro, e verão chuvoso, de outubro a abril. A precipitação anual é de 1.300 a 1.500 mm, com intensidade máxima de dezembro a fevereiro, e temperatura média de 25ºC (Marimon et al., 2003). O material biológico foi coletado e herborizado de acordo com metodologia usual proposta por Windisch (1992) e as exsicatas, incorporadas ao acervo do Herbário NX, da UNEMAT, campus de Nova Xavantina, com duplicatas distribuídas para outros herbários brasileiros. Para a identificação foram realizadas consultas à bibliografia especializada, bem como ao acervo do Herbário NX e a especialistas, quando necessário. Adotou-se o sistema proposto por Smith et al. (2006) e a nomenclatura botânica foi conferida e atualizada segundo a Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014). Quanto à caracterização dos aspectos ecológicos, adotou-se: para a preferência por tipos de substratos o proposto por Mynssen & Windisch (2004) e Athayde Filho & Windisch (2006); para as formas de vida, o apresentado por Raunkiaer (1934), com adaptações de Müeller-Dombois & Ellemberg (1974) e, Fernandes, Kreutz & Athayde Filho 220 especificamente para samambaias, por Senna & Waechter (1997); e do hábito das espécies, baseado em Silva (2000) e Athayde Filho & Windisch (2006). As espécies foram ainda avaliadas quanto a seus ambientes preferenciais de ocorrência (base, meio e topo), a presença ou não de cobertura vegetal, e a presença das espécies em mais de um ambiente. Os morros foram divididos em faixas altitudinais para analisar a ocorrência das espécies. Partindo-se do princípio de que a altitude média, no centro da sede do município de Nova Xavantina, é de 280m, e a altitude média dos morros analisados é de 356m, eles foram divididos em faixas a partir de suas bases. Desta forma, a primeira faixa apresentou elevação de até 350m; a segunda, elevação variando entre 351 e 400m; e a terceira, elevação acima de 401m (Tabela 1). Esperou-se conseguir observar a ocorrência de algum padrão de preferência de espécies por faixas altitudinais maiores (ou menores) nos morros analisados. Entretanto, não foi realizada análise quantitativa a fim de averiguar o nível de significância das mesmas. Tabela 1: Lista de morros considerados no presente estudo, localizados na região leste matogrossense. Morros I a X: analisados no presente estudo; Morros XI e XII: analisados por Felizardo et al. (em preparação). Morro Latitude (S) Longitude (W) Altitude (m) Faixas altitudinais I 14°41‟27.2‟‟ 52°28‟55.9‟‟ 367 1ª e 2ª II 14°41‟26.2‟‟ 52°28‟51.9‟‟ 349 1ª III 14°41‟30.1‟‟ 52°29‟32.4‟‟ 344 1ª IV 14°31‟16.6‟‟ 52°23‟47.9‟‟ 375 1ª e 2ª V 14°32‟13‟‟ 52°22‟18.7‟‟ 308 1ª VI 14°38‟33‟‟ 52°28‟09.2‟‟ 370 1ª e 2ª VII 14°38‟18.3‟‟ 52°28‟01.5‟‟ 407 1ª, 2ª e 3ª VIII 14°32‟36.4‟‟ 52°23‟33.8‟‟ 323 1ª IX 14°32‟34.3‟‟ 52°23‟26.9‟‟ 331 1ª X 14°32‟18.6‟‟ 52°24‟12‟‟ 352 1ª e 2ª XI 14°42‟47.6‟‟ 52°21‟06.6‟‟ 396 1ª e 2ª XII 14º42‟40.9‟‟ 52º20‟49.3‟‟ 357 1ª e 2ª A proximidade florística entre as áreas do presente estudo e outras analisadas por outros autores foi determinada por Análise de Agrupamento (cluster). Foi utilizado o coeficiente de similaridade de Sørensen (presença/ausência) e o método de ligação UPGMA. A matriz de similaridade foi comparada com a matriz cofenética, por meio do teste de Mantel (10.000 permutações de Monte Carlo), a fim de avaliar o grau de distorção proporcionado pelo método sobre os dados originais, considerando o Coeficiente de Correlação Cofenético mínimo de 0,8. Em geral, valores de Samambaias em formações de cerrado rupestre... 221 similaridades maiores que 0,5 são considerados altos (Fonseca & Silva-Junior, 2004). Para esta análise utilizou-se o programa NTSYSpc 2.10 (Rohlf, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Riqueza Florística Foram registradas 14 espécies de samambaias, distribuídas em cinco gêneros e quatro famílias, sendo oito espécies (57,14% do total) pertencentes a Anemiaceae, quatro espécies (28,57%) a Pteridaceae, uma espécie cada a Lygodiaceae e Polypodiaceae (7,14%) (Tabela 2). A predominância de Anemiaceae também foi verificada por Barros et al. (1989) e Xavier et al. (2012), em áreas de Caatinga, e por Felizardo et al. (em preparação), também em cerrado rupestre. Além disso, Anemiaceae foi registrada em todos os dez morros analisados, indicando que pode haver uma estreita relação entre a umidade aparentemente reduzida dos ambientes citados e esta família, implicando em sua predominância, que possui boa tolerância a esta condição de estresse hídrico e de acordo com Tryon & Stolze (1989), apresenta uma alta diversidade em relação ao hábito e forma. Segundo Tryon & Tryon (1982), o gênero Anemia é primariamente encontrado em ambientes abertos, bem drenados e entre rochas, condições estas frequentemente observadas nas áreas de cerrado rupestre estudadas. Windisch & Tryon (2001) explicam que Anemia oblongifolia é típica de cerrado e/ou campos rupestres, fato também observado no presente trabalho, pois foi registrada a sua presença em nove dos dez morros pesquisados, denotando uma ampla distribuição da espécie na região, bem como sua grande adaptação a condições extremas. Pteridaceae é uma família bastante expressiva de Polypodiales, com cerca de 50 gêneros e 950 espécies, considerada subcosmopolita e com expressiva presença nos trópicos e regiões áridas (Smith et al., 2006). O gênero Adiantum foi registrado em quatro dos dez morros analisados. Este gênero tem grande distribuição, sendo típico de ambientes úmidos e sombreados, encontrado com frequência em áreas florestais, sendo comum em matas de galeria e no cerradão (Tryon & Tryon, 1982). A ocorrência de quatro espécies do referido gênero é um fato interessante em áreas de cerrado rupestre, devendo estar ligado à existência de microhabitats com microclimas próprios decorrentes da presença de rochas e cobertura arbórea peculiar para cada ambiente. Fernandes, Kreutz & Athayde Filho 222 Tabela 2: Samambaias registradas em dez áreas de cerrado rupestre analisadas na região leste de Mato Grosso. AP: Ambiente preferencial; PS: Preferência por substrato; FV: Formas de vida; HB: Hábito; BEV: Base encoberta de vegetação; BDV: Base descoberta de vegetação; MEV: Meio encoberto de vegetação; MDV: Meio descoberto de vegetação; TEV: Topo encoberto de vegetação; TDV: Topo descoberto de vegetação; RU: Rupícola; TE: Terrícola; SA: Saxícola; HEP: Hemiepífita escandente; HRO: Hemicriptófita rosulada; HRE: Hemicriptófita reptante; H: Herbáceo; HS: Herbáceo escandente. Presença (X); Ausência (-); Morros Observações Ecológicas Espécies I II III IV V VI VII VII IX X Anemiaceae Anemia buniifolia (Gardner) T.Moore Anemia elegans (Gardner) C.Presl. Anemia ferruginea Humb. & Bonpl. ex Kunth - - - - - - - - - - - - - - - - - X X - - - - - - - X - - X - - - - Anemia hirta (L.) Sw. Anemia oblongifolia (Cav.) Sw. Anemia pastinacaria Moritz ex Prantl - - - X X - X X X X X - - - X Anemia phyllitidis (L.) Sw. Anemia tomentosa (Sav.) Sw. - - - - - Lygodiaceae - Lygodium venustum Sw. AP PS FV HB - BEV RU HRO H - - TDV RU HRO H - - - BEV SA HRE H X X - - BEV H X - X X X BEV - X X - - - MEV TE/RU HRE TE/RU/S HRO A TE/RU/S A HRO - - - - X - - BEV TE HRE H X - - X - - - - BDV TE HRE H - - - - - - - - - - - - - X - - - - - MEV TE HEP HS Polypodiaceae Phlebodium decumanum (Willd.) J.Sm. - - - - - - - - - - - - - - - - - X - - BEV SA HRE H Pteridaceae - - - - - - - - - - Adiantum deflectens Mart. Adiantum serratodentatum Willd. - - - X - - - - - - TEV RU HRE H - - - - - X X X - - MDV TE HRE H Adiantum sinuosum Gardner - - - - - - X - - - MEV TE HRE H Cheilanthes pohliana Mett. - - - - - - - X X - TDV RU HRE H H H Merecem destaque certas estratégias adaptativas comumente apresentadas por plantas deste gênero, como o que ocorre em Adiantum deflectens e A. sinuosum que, geralmente no pico da estação seca, perdem suas frondes (minimizando a perda de água), restando apenas seus rizomas protegidos por escamas. Com a chegada da nova estação chuvosa, novas frondes são produzidas. Uma ocorrência importante para Pteridaceae foi a do gênero Cheilanthes, o qual registra espécies de regiões semi-áridas e com secas sazonais (Tryon & Tryon, 1982). C. pohliana foi encontrada somente em dois morros, restrita a poucos indivíduos ocorrendo em sombras de grandes rochas. Samambaias em formações de cerrado rupestre... 223 Tryon & Tryon (1982) ao discutirem a ecologia do gênero, afirmam que o mesmo é encontrado em áreas de vegetação esparsa, árida e sítios rochosos; quando presente em florestas está associada a áreas mais secas próximas a rochas. Uma característica marcante das samambaias deste gênero é a densa cobertura pilosa que se forma sobre suas pinas, pecíolo e raques, auxiliando assim na restrição a perda de água. Ambientes Preferenciais O maior número de espécies de samambaias foi encontrado nos ambientes localizados na base dos morros, representados por sete espécies (50% do total), das quais 85,7% ocorreram em áreas encobertas pela vegetação e apenas uma (14,3%) em áreas descobertas. Os ambientes das regiões medianas dos morros analisados estiveram representados por quatro espécies (28,57%), sendo que destas, três (75%) ocorreram em áreas encobertas pela vegetação e somente uma (25%) em área descoberta. O menor grupo de espécies foi verificado nos ambientes de topo dos morros, com três espécies (21,43%), sendo duas (66,7%) em áreas descobertas e uma (33,3%) em área encoberta pela vegetação (Tabela 2). Conforme Ribeiro & Walter (2008), a disponibilidade de água nos solos que compõem o cerrado rupestre é restrita, pois as águas pluviais escoam rapidamente para os rios, devido a pouca profundidade e a reduzida capacidade de retenção pelo solo. E com isso, uma maior quantidade de nutrientes acaba sendo carreada para a base dos morros, aumentando a disponibilidade de recursos na base do morro e, consequentemente, favorecendo a fixação de uma maior quantidade de espécies vegetais que, por sua vez, criam condições para outras espécies se fixarem. Com isso, a vegetação arbórea nestas áreas apresentava maior adensamento, proporcionando para metade das espécies de samambaias encontradas, a preferência por este tipo de ambiente que conta, além da maior umidade do solo e maiores teores de nutrientes, também com um maior sombreamento e consequentemente, menores temperaturas e maior umidade do ar. Tais condições microambientais são notadamente melhores para o ciclo de vida deste grupo vegetal. As regiões medianas dos morros apresentaram um mosaico de vários tipos de microhabitats em um estrato arbóreo não tão denso quanto o presente nas áreas basais, mas que apresentou boa densidade, que pode ser correlacionada com a disponibilidade de solo e umidade. Assim, por vezes ocorreram populações consideráveis das quatro espécies registradas para esta faixa do ambiente rupestre. Por outro lado, o topo dos morros observados apresentou uma vegetação mais rala, e em sua grande maioria marcada por áreas atingidas por grande incidência de luz solar e, consequentemente, baixa umidade, aliada a grande quantidade de afloramentos rochosos. Tais condições limitaram a ocorrência de populações numerosas de samambaias, onde os poucos indivíduos encontrados ocorreram de forma esparsa, sempre associados a rochas. 224 Fernandes, Kreutz & Athayde Filho Aspectos Ecológicos A preferência por substrato mais comumente observada foi a terrícola (cinco espécies, 35,71% do total), seguida pela rupícola (quatro espécies, 28,57%) e saxícola (duas espécies, 14,29%). A combinação terrícola/rupícola/saxícola foi observada em duas espécies (14,29%), enquanto a terrícola/rupícola, em uma (7,14%) (Tabela 2). Os substratos com mais de uma preferência indicam que as espécies ocuparam, alternadamente, diferentes substratos durante as observações em campo. As espécies exclusivamente terrícolas e aquelas que, além de terrícolas também foram encontradas como rupícolas e saxícolas chegaram ao total de oito espécies (57,14%). Apesar de ocorrerem em um ambiente predominantemente rupestre, onde a disponibilidade hídrica e de nutrientes é restrita, estas espécies garantem sua sobrevivência por estarem em contato direto com o solo ou por possuírem alguma estratégia adaptativa como meios para acúmulo de matéria orgânica, ou adaptações para o período de estresse hídrico, como perda ou enrolamento de frondes, dentre outras. E o mesmo já foi observado em estudos realizados em outros biomas, como por exemplo, o apresentado por Mynssen & Windisch (2004), em Floresta Atlântica, onde observaram o predomínio de espécies exclusivamente terrícolas e apenas 13% das espécies, exclusivamente rupícolas. Da mesma forma Athayde Filho (2002), em mata de restinga, e Santiago et al. (2004), em brejos de altitude, também observaram o predomínio das espécies exclusivamente terrícolas. As formas de vida observadas foram: hemicriptófita reptante (nove espécies, 64,29% do total), hemicriptófita rosulada (quatro espécies, 28,57%) e epífita escandente com uma única espécie (7,14%) (Tabela 2). Entre as formas de vida observadas, a hemicriptófita com suas variações reptante e rosulada foi a maioria (13 espécies, 92,86%) e isto provavelmente se deve às adaptações necessárias para a sobrevivência em ambientes rupestres com notável estresse hídrico em boa parte do ano. Kornás (1985), em um estudo sobre as estratégias adaptativas de samambaias africanas frisa que as formas de vida com gema vegetativa enterrada são mais protegidas da dessecação (hemicriptófitas e geófitas). Assim, as samambaias com essas formas de vida cujas gemas permanecem protegidas da dessecação foram as mais numerosas nas regiões com deficiência de água, sendo este fator o principal limitante para sua ocorrência em áreas tropicais. As espécies hemicriptófitas também foram mais numerosas em outros trabalhos realizados em Mato Grosso, em áreas próximas do presente estudo, mas com outras fitofisionomias (Athayde Filho & Windisch, 2003; Athayde Filho & Agostinho, 2005; Athayde Filho & Felizardo, 2007, 2010; Kreutz, 2012; Miguez et al., 2012).Também outros trabalhos não relacionados ao bioma Cerrado fizeram as mesmas observações, como os de Kornás (1977), Mynssen & Windisch (2004) e Athayde Filho & Windisch (2006). Todos esses dados demonstram que as samambaias hemicriptófitas são as mais frequentes, independentemente do bioma, em relação a outras formas de vida. Samambaias em formações de cerrado rupestre... 225 As espécies com hábito herbáceo formaram quase a totalidade encontrada (13 espécies, 92,86% do total) com apenas uma espécie com hábito herbáceo escandente (7,14%) (Tabela 2). A predominância do hábito herbáceo também foi observada por Athayde Filho & Agostinho (2005), Athayde Filho & Felizardo (2007, 2010), Miguez et al. (2012). Segundo Silva (2000), o hábito herbáceo é observado no mundo inteiro, independentemente dos ambientes onde ocorrem as espécies. O mesmo padrão de hábito foi constatado nas dez áreas de cerrado rupestre pesquisadas, mas também foi constatado em campo que, além das samambaias, há um predomínio de espécies herbáceas de outros grupos vegetais. Este fator pode estar ligado a um substrato eminentemente rochoso com intervalos de solo variáveis, trazendo dificuldade no enraizamento e desenvolvimento de plantas de grande porte. Sendo assim, samambaias com outros hábitos (escandente e subarborescente) dificilmente conseguiriam estabelecer-se em áreas com características como as encontradas neste estudo. A exceção foi Lygodium venustum, que possui hábito herbáceo escandente, sendo encontrada somente em um morro (base) e apresentandose sobre o solo apoiada em uma árvore. Distribuição Altitudinal A primeira faixa altitudinal apresentou a maior riqueza florística (11 espécies), e isto se deve, possivelmente, ao fato de três das cinco áreas (III, V e VIII) apresentarem características mais favoráveis às samambaias, estando localizadas nas proximidades de córregos, sendo o morro VIII (maior riqueza florística) localizado próximo do Córrego Cachoeira (distante cerca de 500m). Assim, fatores como maior umidade no ar, vegetação mais densa e maior sombreamento, associados à influência do córrego citado, favoreceram a elevada riqueza de samambaias nestas áreas. A segunda faixa altitudinal apresentou o maior número de áreas, porém com um número menor de famílias e espécies (duas e sete, respectivamente) do que a faixa anterior, e isto se deve, possivelmente, à faixa em questão apresentar três das seis áreas contando com somente uma espécie (Anemia oblongifolia) e as demais, com poucas espécies. Essa baixa riqueza específica está associada à baixa umidade observada na maioria dos morros analisados. O morro VII, devido à sua altitude, apresenta também a terceira faixa altitudinal (acima de 400m). Apesar de ser o mais alto entre os levantados no presente trabalho, apresentou somente quatro espécies, contudo, a referida flora é interessante por ter sido registrada a ocorrência de duas espécies de Pteridaceae (Adiantum sinuosum e A. serratodentatum) em condições de aparente baixa umidade e sombreamento, que, como se sabe, são muito importantes para este gênero de plantas sensíveis a variações ambientais. Além disso, a primeira espécie foi encontrada exclusivamente naquela área, todavia, admite-se que tais ocorrências estejam condicionadas à disponibilidade hídrica específica do substrato. Windisch & Tryon (2001), em trabalho realizado na Serra de Ricardo Franco-MT, explicam que não há relação entre as espécies de samambaias 226 Fernandes, Kreutz & Athayde Filho ocorrentes em áreas montanhosas muito altas (acima de 2000m), cujas fitofisionomias são conhecidas como campos de altitude e áreas mais baixas de cerrado e/ou campo rupestre. Ainda segundo Windisch & Tryon (2001), alguns aspectos devem ser levados em consideração sobre as espécies adaptadas a grandes altitudes (acima de 750m), como a presença de chuvas mais frequentes que minimizam os efeitos da estação seca, proporcionando um aumento significativo da umidade, além da presença de grandes desfiladeiros, onde os declives oferecem condições de abrigo e os afloramentos rochosos, um mosaico de microhabitats. Levando-se em consideração que as áreas de presente estudo encontravam-se em altitudes bem menores que as descritas acima, e observando as famílias e espécies encontradas nos dez morros levantados, conjuntamente com outros dois (XI e XII) amostrados por Felizardo et al. (em preparação), o fator altitude não foi considerado como preponderante para a riqueza florística de samambaias ocorrentes na região, pois a maioria das espécies apresentou uma distribuição comum entre os morros pesquisados. Outros fatores já mencionados, tais como: cobertura vegetal e consequente sombreamento, substrato e a inerente relação entre a quantidade de solo e os afloramentos rochosos, e evidentemente a disponibilidade de umidade em cada área, podem ser considerados mais significativos. Análise de Similaridade Florística Na análise de agrupamento, pode-se observar a formação de três grupos com alta similaridade. O primeiro grupo foi formado pelos morros I, II, IX, X, XI e XII, apresentando 0,5 de similaridade entre si. O segundo grupo foi formado pelos morros IV e V; e o terceiro grupo, pelos morros III e VI, ambos com similaridade maior que 0,55. Os outros agrupamentos observados no dendograma (Figura 1) apresentaram similaridade menor que 0,5. A fidelidade do dendograma em relação aos dados originais foi considerada alta, considerando o valor do Coeficiente de Correlação Cofenético de 0,85 e p<0,001. A similaridade alta do primeiro grupo certamente está relacionada às espécies comuns aos morros que se agruparam, tendo sido registrada uma espécie comum a todos (Anemia oblongifolia), uma espécie comum a três morros (A. buniifolia) e uma espécie comum a dois morros (Adiantum deflectens). O segundo grupo apresentou duas espécies comuns de Anemia (A. hirta e A. oblongifolia) e o terceiro grupo também apresentou duas espécies comuns de Anemia (A. oblongifolia e A. tomentosa). A proximidade geográfica entre ambientes gera elevada similaridade em estudos de composição florística (Watkins Jr. et al., 2006; Ruokolainen et al., 2007; Silva et al., 2014). Sob o prisma da proximidade geográfica, primeiramente considerando-se que quase a totalidade das áreas localiza-se no município de Nova Xavantina, porém em locais diferentes, pode-se agrupar vários morros próximos entre si, considerando assim um grupo formado pelos morros I e II, um segundo grupo formado pelos morros IX e X, e um terceiro, pelo morros XI e XII. Assim, a proximidade geográfica, estabelecendo padrões semelhantes entre ambientes de mesma natureza, deve ser considerada. Samambaias em formações de cerrado rupestre... 227 O fator fitofisionomia (áreas de cerrado rupestre) é bastante evidenciado devido sua formação vegetal (arbórea-arbustiva) característica, ligada a um substrato eminentemente rochoso, impõe condições extremas, porém com uma uniformidade considerável de ocorrência de espécies em uma região. Dessa forma, o número de espécies adaptadas a tais condições, principalmente relacionadas à restrição hídrica e exposição à intensa irradiação é reduzido, e entre as áreas do agrupamento em questão, quatro apresentaram somente uma espécie, validando assim o fator riqueza florística na análise das áreas agrupadas. Podem-se destacar os pares de morros I e II, X e XI, que apresentaram as maiores similaridades. Isto, possivelmente, deve-se a todos os fatores ambientais conjuntamente, sendo que a ocorrência exclusiva de A. oblongifolia nestas áreas é o fator indicador preponderante. A baixa similaridade apresentada pelos morros VII e VIII se deve, principalmente, pela flora singular dessas áreas e também pela última ter apresentado a maior riqueza de espécies (oito). As áreas em questão possuem características muito peculiares: o morro VIII está nas proximidades do Córrego Cachoeira e possivelmente sofre influência da umidade do ar aparentemente mais elevada naquelas cercanias, fato observado no local, pois o lado do morro que recebia tal umidade apresentava vegetação lenhosa mais exuberante. Do outro lado foi encontrado estrato mais ralo, notadamente mais seco. O estabelecimento de uma flora rica de samambaias com características pouco similares em cada um desses morros é possivelmente resultante de um microclima favorável, proveniente dos fatores elencados, além de outros fatores edafo-climáticos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em suma, as observações ecológicas demonstraram que metade das espécies prefere a base dos morros, a outra parte é constituída pelas espécies que ocorrem no meio e no topo, porém a maioria prefere ambientes cobertos por vegetação arbórea. Verificou-se que as samambaias seguiram o padrão mais comum (terrícolas), porém devido à heterogeneidade dos ambientes analisados, foi registrado um número expressivo de rupícolas, saxícolas e aquelas que fazem o uso de mais de um substrato. De acordo com os dados de riqueza e através de observações em campo e consulta a bibliografias especializadas, concluiu-se que dentre os fatores mais importantes para a distribuição das samambaias, o fator altitude para os morros pesquisados não foi considerado relevante. Ações no sentido de aumentar as áreas de conservação que abranjam o cerrado rupestre, fazem-se necessárias, e este trabalho visa despertar a atenção da comunidade cientifica envolvida, e dos setores públicos de planejamento, para que, ao criar tais áreas, leve-se em consideração a manutenção da flora de samambaias. Para isto, trabalhos como o presente devem ser feitos a fim de selecionar áreas que contemplem toda a flora e fauna conhecida do bioma. 228 Fernandes, Kreutz & Athayde Filho AGRADECIMENTOS Os autores registram seus agradecimentos à Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus de Nova Xavantina-MT pelo apoio necessário para a execução do presente trabalho; aos colegas que auxiliaram nas atividades de campo; e principalmente aos proprietários das fazendas e terrenos atravessados pelos morros analisados, por permitirem a execução do estudo em suas terras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATHAYDE FILHO, F.P. 2002. 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Morros I a X: analisados pelos autores; Morros XI e XII: analisados por Felizardo et al. (em preparação). SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE VEREDAS EM QUIRINÓPOLIS, GOIÁS, BRASIL Aline da Silva Ribeiro1 Carlos Kreutz2 Isa Lucia de Morais Resende3 ABSTRACT Ferns and lycophytes of “veredas” of the Quirinópolis municipality, Goiás, Brazil. This paper objects to know the composition of ferns and licophytes in two “veredas” of Quirinópolis, Goiás, and their ecological aspects. The floristic survey was accomplished from May to October 2011, through collections of fertile specimens during unsystematic walks. There were found four families distributed in six genera and ten species. Among the families are Blechnaceae, Pteridaceae, Lycopodiaceae, Thelypteridaceae and the species Adiantum sp., Blechnum serrulatum, Lycopodiella alopecuroides, Palhinhaea camporum, Pityrogramma calomelanos, P. trifoliata, Thelypteris dentata, T. interrupta, T. maxoniana and T. serrata. There was higher occurrence in the middle and bottom compared to edge. All the species were sampled at terrestrial substrate. Key words: Cerrado, seedless vascular plants, wetlands. RESUMO O presente estudo objetivou conhecer a riqueza de samambaias e licófitas em duas veredas de Quirinópolis, Goiás, Brasil, e aspectos ecológicos associados. O levantamento florístico foi realizado de maio a outubro de 2011, por meio de coletas de exemplares férteis durante caminhadas assistemáticas. Foram encontradas quatro famílias distribuídas em seis gêneros e dez espécies. Entre as famílias estão Blechnaceae, Pteridaceae, Lycopodiaceae, Thelypteridaceae. As espécies registradas foram Adiantum sp., Blechnum serrulatum, Lycopodiella alopecuroides, Palhinhaea camporum, Pityrogramma calomelanos, P. trifoliata, Thelypteris dentata, T. interrupta, T. maxoniana e T. serrata. Houve maior ocorrência nas zonas de meio e fundo. Todas as espécies amostradas foram registradas no substrato terrícola. Palavras-chave: Cerrado, plantas vasculares sem sementes, áreas úmidas. 1 Bióloga, Universidade Estadual de Goiás, Campus Quirinópolis, Departamento de Ciências Biológicas, Avenida Brasil, Quadra 3, Conjunto Hélio Leão, Quirin. 2 Mestre em Ecologia e Conservação, Campus de Nova Xavantina, UNEMAT, Av. Prof. Dr. Renato Figueiro Varella - Caixa Postal 08. carlos.kreutz@hotmail.com. 3 Doutora em Ciências Ambientais, pós-doutoranda pela Universidade Federal de Uberlândia e docente da Universidade Estadual de Goiás, Campus Quirinópolis, Departamento de Ciências Biológicas, Avenida Brasil, Quadra 3, Conjunto Hélio Leão. E-mail: <isamorais1@gmail.com>. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:233-244 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 234 Ribeiro, Kreutz & Rezende INTRODUÇÃO No Cerrado ocorrem diversos tipos fisionômicos de vegetação, dentre eles as veredas, as quais ocorrem ao longo de cursos d‟água e áreas planas com linha de drenagem pouco definida, em áreas de nascentes, com elevado nível de umidade no solo (Felfili & Silva Júnior, 2001). As veredas são constituídas por dois tipos de vegetação: uma herbácea-graminosa que ocupa a maior parte de sua área e outra arbórea-arbustiva com predominância de Mauritia flexuosa L.f. (Arecaceae) (Ribeiro & Walter, 2008). As famílias mais representativas desses ambientes são Poaceae, Cyperaceae, Asteraceae, Eriocaulaceae, Xyridaceae, Lentibulariaceae, Melastomataceae, Rubiaceae e Fabaceae (Araújo et al., 2002; Oliveira et al., 2009; Resende et al., 2013). Nas veredas distinguem-se três zonas de acordo com a declividade e a drenagem do solo: borda, local de solo mais seco; meio, com o solo medianamente úmido; e fundo, local saturado com água. Estas zonas interferem na ocorrência e distribuição das plantas (Oliveira et al., 2009; Munhoz et al., 2011). Os solos presentes nas veredas são os Gleissolos Háplicos ou Melânicos, frequentemente turfosos (Brandão et al., 1991), e em toda a extensão o lençol freático aflora ou está muito próximo da superfície. Estes ambientes são, portanto, áreas de nascentes muito suscetíveis de se degradarem sob intervenção humana predatória (Guimarães et al., 2002). Por serem áreas de nascentes, as veredas representam um ecossistema de grande relevância (Carvalho, 1991), uma vez que a vegetação destas áreas assegura a manutenção das nascentes e da qualidade da água dos cursos d‟água em formação, funcionando como um filtro quantitativo e qualitativo de matéria orgânica e poluentes, entre o sistema terrestre e o aquático (Araújo et al., 2002). A vegetação nativa nas veredas é um importante fator de contenção de erosão nos solos hidromórficos com elevado teor de matéria orgânica (Felfili & Silva Júnior, 2001). Mas, mesmo diante de sua importância, ao longo da história de ocupação do Cerrado estas áreas têm sido reduzidas e/ou convertidas em áreas para o uso agropecuário. Diante da realidade de degradação das veredas, faz-se necessário ampliar o conhecimento quanto à diversidade vegetal destes ambientes, objetivando subsidiar políticas públicas de conservação e manejo sustentável para estas áreas. Os estudos voltados para a compreensão da dinâmica e da biodiversidade vegetal em veredas ainda são escassos (Araújo et al., 2002; Guimarães et al., 2002; Ramos, 2004; Oliveira et al., 2009). E em Goiás foi realizado um único estudo acerca da biodiversidade vegetal em veredas, o qual abrangeu briófitas, samambaias, licófitas e angiospermas (Resende et al., 2013). Vale ressaltar que a insuficiência no conhecimento da flora desta fitofisionomia é maior quando se refere à flora de samambaias e licófitas. Tais plantas desempenham uma importante contribuição para a diversidade vegetal do planeta, formando o segundo maior grupo de plantas vasculares e sendo um significante, e às vezes dominante componente de muitas comunidades de plantas (Dyer, 1994). Ocorrem em uma enorme diversidade de hábitats e para ocupar essa gama de ambientes apresentam Samambaias e licófitas de veredas... 235 inúmeras adaptações e diferentes formas de crescimento (Windisch, 1992). Entretanto, há uma lacuna no conhecimento sobre essa flora no Centro-Oeste brasileiro (Athayde Filho & Windisch, 2003) e o conhecimento já existente restringe-se principalmente às áreas de Cerrado com formações florestais, sendo as formações savânicas e campestres menos conhecidas (Athayde Filho & Felizardo, 2007). Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo conhecer a flora de samambaias e licófitas presente em duas veredas do município de Quirinópolis, Estado de Goiás, buscando avaliar os aspectos florísticos e ecológicos, bem como a apresentação de caracteres distintivos das espécies encontradas. MATERIAL E MÉTODOS As veredas analisadas estão situadas no município de Quirinópolis, que se localiza na Mesorregião Sul Goiano. O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo Aw megatérmico, com chuvas no verão e estação relativamente seca no inverno, com temperatura média anual de 21°C (Galinkin, 2003). A vereda 1 (18°21'26.61”S; 50°17'44,88”W) dista cerca de 2km do distrito de Denislópolis e a vereda 2 (18°14'35,60”S; 50°15'42,47”W) dista cerca de 17km do mesmo distrito (Fig. 1). As veredas são circundadas por pastagem, com o pisoteio e pastejo do gado, principalmente na borda destas fitofisionomias. Cada uma das veredas foi subdividida em três zonas: borda, meio e fundo, de acordo com Almeida et al. (1983) e o levantamento florístico foi realizado de maio a outubro, seguindo o método proposto por Windisch (1992) para trabalhos de campo. O material coletado foi herborizado conforme os procedimentos usuais e as exsicatas incorporadas ao acervo do Herbário José Ângelo Rizzo (HerbJAR), da UEG, Unidade de Quirinópolis. As identificações foram feitas mediante consultas a bibliografia especializada, ao acervo dos herbários HerbJAR, UFG e NX, com siglas segundo Holmgren et al. (1990), bem como mediante consultas a especialistas. A circunscrição para as famílias e gêneros das samambaias seguiu o proposto por Smith et al. (2006), enquanto que para as licófitas, seguiu-se o apresentado por Kramer & Green (1990) para Selaginellaceae e Windisch et al. (2014), para Lycopodiaceae. A nomenclatura botânica foi conferida e atualizada segundo a Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014). Para cada uma das espécies registradas são apresentadas características que permitem mais facilmente sua identificação e diferenciação, baseadas em Silva & Rosário (2008) para Blechnaceae, Arantes et al. (2010a) para Lycopodiaceae, Arantes et al. (2010b) para Pteridaceae e Ponce et al. (2010, 2013) para Thelypteridaceae. Para todos os espécimes coletados foram registrados dados referentes à zona de ocorrência e os aspectos ecológicos. A avaliação da preferência por substrato foi baseada em Mynssen & Windisch (2004) e Athayde Filho & Windisch (2006); as formas de vida foram baseadas no sistema de classificação proposto por Raunkiaer (1934), com adaptações de Müller- 236 Ribeiro, Kreutz & Rezende Dombois & Ellenberg (1974) e Senna & Waechter (1997); e a avaliação quanto ao hábito foi baseada em Silva (2000) e Athayde Filho & Windisch (2006). São expostas ainda a distribuição das espécies pelos domínios fitogeográficos brasileiros de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014) e as fitofisionomias do Cerrado de ocorrência das espécies, baseado em Sano et al. (2008). Para Palhinhaea camporum a distribuição fitogeográfica está baseada em Assis & Labiak (2009). RESULTADOS E DISCUSSÃO Florística Nas veredas estudadas foram registradas 10 espécies de samambaias e licófitas, distribuídas em cinco gêneros e quatro famílias: Thelypteridaceae (quatro espécies), Pteridaceae (três espécies), Lycopodiaceae (duas espécies) e Blechnaceae (uma espécie) (Tab. 1). Thelypteridaceae apresentou a maior riqueza específica, igualmente ao observado por Athayde Filho & Agostinho (2005), onde registraram 36% das espécies pertencentes a esta família; e por Resende et al. (2013), que registraram 26% das espécies de samambaias e licófitas amostradas, pertencentes a Thelypteridaceae. Já Athayde Filho & Windisch (2003) registraram Polypodiaceae com a maior riqueza, Athayde Filho & Felizardo (2010) registraram Hymenophyllaceae e Lycopodiaceae com as maiores riquezas e Araújo et al. (2002) também registraram Lycopodiaceae com mais espécies. A maior representatividade de Thelypteridaceae em muitos estudos florísticos, tanto de veredas quanto de outras formações vegetacionais pode ser devido à grande riqueza de espécies, em torno de 1.000 (Ponce, 1995). As espécies de Thelypteridaceae são terrestres, palustres ou epipétricas e crescem nos trópicos e subtrópicos, com poucas espécies ocorrendo em regiões temperadas (Smith, 1992). Essa variação nas famílias mais ricas nos referidos estudos deve estar relacionada com características ambientais das veredas estudadas. As espécies de Thelypteridaceae são muito abundantes em locais úmidos como barrancos sombreados e nas margens de cursos d‟água (Ponce et al., 2010), características observadas nas veredas do presente estudo. Já a vereda analisada por Athayde Filho & Windisch (2003) possui maior cobertura de dossel por ser adjacente a uma mata de galeria, o que favoreceu o aparecimento maior de espécies de Polypodiaceae, pouco presentes ou até ausentes nas veredas supracitadas, uma vez que espécies dessa família são em grande parte epífitas (Moran 1995) e necessitam de maior disponibilidade de substratos para se estabelecer. E veredas, nas quais há predominância de Lycopodiaceae, certamente apresentam-se mais abertas, com grande incidência luminosa, característica preferida para essa família (Arantes et al., 2010b). De maneira geral, as quatro famílias registradas no presente estudo frequentemente são registradas em outros estudos com veredas. Igualmente, as espécies Blechnum serrulatum, L. alopecuroides, Palhinhaea camporum, Samambaias e licófitas de veredas... 237 Pityrogramma calomelanos, Thelypteris dentata e T. serrata já foram registradas em mais de um estudo florístico de veredas (ver Araújo et al., 2002; Athayde Filho & Windisch, 2003; Athayde Filho & Agostinho, 2005; Resende et al., 2013). Isso sugere que tais espécies apresentam adaptações morfofisiológicas para se desenvolver em tais ambientes, porém estudos mais aprofundados são necessários para confirmar tal sugestão. Caracterização das espécies São apresentadas a seguir características morfológicas que facilitam a identificação e diferenciação das espécies registradas. Blechnaceae Blechnum serrulatum apresenta caule longo-reptante; frondes eretas, monomorfas a levemente dimorfas, com 0,40 a 0,90m de comprimento; pinas com margens serreadas e com a raque, abaxialmente com escamas castanhoclaras na costa; soros lineares, paralelos, adjacentes à costa (Silva & Rosário, 2008). Lycopodiaceae Lycopodiella alopecuroides apresenta caule parcialmente prostrado e o restante ereto, mas não ramificado; indivíduos com até 0,54m de comprimento; pedúnculos e estróbilos longos; micrófilos isofilos e espaçados no caule (Arantes et al., 2010a). Palhinhaea camporum possui caule ereto e ramificado; indivíduos com 0,45 a 0,75m de comprimento; estróbilos sésseis, pendentes; ramos de primeira ordem eretos, rígidos e ramos de segunda ordem alternos, rígidos e ascendentes; pedúnculos e estróbilos curtos e eretos; micrófilos densamente agregados (Arantes et al., 2010a). Ambas espécies de Lycopodiaceae podem ser diferenciadas pelo caule ramificado com estróbilos pendentes em P. camporum e caule não ramificado com estróbilos pedunculados em L. alopecuroides (Arantes et al., 2010a). Pteridaceae Adiantum, de maneira geral, possui esporângios formados sobre a margem da lâmina recurvada e modificada em pseudo-indúsio e, este, com nervuras e pinas dimidiadas (Arantes et al., 2010b). Pityrogramma calomelanos apresenta caule ereto; frondes monomorfas com 0,30 a 0,90m de comprimento; superfície abaxial laminar com tricomas glandulares e geralmente coberta com cera amarelada ou branca; soros dispostos ao longo das nervuras (Arantes et al., 2010b). Pityrogramma trifoliata tem caule ereto; frondes monomorfas com 0,70 a 1,10m de comprimento; superfície abaxial da lâmina apresentando camada farinácea branca ou amarelada; soros dispostos ao longo das nervuras (Arantes et al., 2010b). As duas espécies de Pityrogramma podem ser facilmente diferenciadas a partir da morfologia da lâmina e pinas. Pityrogramma trifoliata possui lâminas 238 Ribeiro, Kreutz & Rezende pinadas, sendo as pinas apicais inteiras e as basais trifoliadas; enquanto que P. calomelanos possui geralmente a lâmina 1-pinado-pinatífida, com pinas apicais e basais 1-pinado-pinatífidas (Arantes et al., 2010b). Thelypteridaceae Thelypteris dentata apresenta rizoma reptante; frondes subdimórficas com 0,50 a 1,50m de comprimento; pinas linear-triangulares com ápice acuminado, incisas mais que 2/3 entre a margem e a nervura central, com 2-4 pares de pinas basais reduzidas; par de vênulas basais unidas formando uma veia excurrente de até 4mm de comprimento, com pelos curtos e uniformes na superfície abaxial (Ponce et al., 2013). Thelypteris interrupta possui caule longo-reptante, preto; frondes espaçadas com 0,70 a 1,40m de comprimento; pinas linear-subelípticas com ápice agudo, incisas até 1/2 entre a margem e a nervura central, com escamas ovais sobre a nervura central; tricomas glandulares e sésseis sobre a superfície abaxial e veias (Ponce et al., 2013). Thelypteris maxoniana tem caule curto-reptante; frondes monomorfas com até 1,50m de comprimento; pinas com margens crenuladas, estreitamente elípticas, sésseis; face abaxial com tricomas glandulares unicelulares, capitados, hialinos a amarelados nas costas, nervuras e entre as nervuras; soros lineares dispostos apenas nas nervuras secundárias (Ponce et al., 2010). Thelypteris serrata apresenta caule longo-reptante; frondes monomorfas a levemente dimorfas com 0,70 a 1,50m de comprimento, as férteis com pinas estreitas; pinas com margens serreadas a uncinado-serreadas, pelo menos no terço superior; superfície adaxial glabra exceto a costa, face abaxial pilosa na costa, nervuras e margem, e às vezes entre nervuras; soros oblongos a lineares (Ponce et al., 2010). As quatro espécies de Thelypteris podem ser distinguidas utilizando-se a morfologia das pinas: Thelypteris dentata possui pinas pinatífidas a pinatissectas, T. interrupta apresenta pinas pinatilobadas, T. serrata possui pinas inteiras com margens uncino-serreadas e T. maxoniana tem pinas inteiras sésseis com margens inteiras a crenuladas (Ponce et al., 2010, 2013). Preferências ambientais e ecológicas Entre as espécies registradas, cinco (50% do total) ocorreram no ambiente de borda das veredas, sete (70%) no meio e sete (70%) no fundo. Apenas três espécies foram exclusivas a uma zona das veredas: Thelypteris serrata, a qual foi registrada no fundo de uma das veredas, Adiantum sp. e Pityrogramma trifoliata, as quais foram amostradas na borda (Tab.1). Essa maior preferência de samambaias pelas zonas intermediária e de fundo, também foi observada por Resende et al. (2013), que registraram 13 espécies nas zonas de meio e 10 no fundo, e apenas uma na borda; e por Araújo et al. (2002), que registrou sete no meio, cinco no fundo e quatro na borda. A maior ocorrência de samambaias nas zonas de meio e fundo pode ser explicada pela maior umidade em direção ao fundo das veredas. A preferência por determinado ambiente para estabelecimento está relacionada à biologia de Samambaias e licófitas de veredas... 239 cada espécie e já foi observada em vários estudos: espécies de Lycopodiella, Palhinhaea e Pityrogramma tendem a ser mais registradas em ambientes com maior incidência luminosa (Melo & Salino, 2007; Arantes et al., 2010b); já as espécies de gêneros como Thelypteris e Blechnum são mais abundantes em ambientes mais florestados, com menor luminosidade (Paciência & Prado, 2005), os quais, nas veredas, ocorrem principalmente nas pequenas ilhas de mata de galeria. Esta vegetação está em estágio inicial de formação, com pequenos grupos de Mauritia flexuosa L.f., Miconia chamissois Naudin, entre outras espécies arbóreo-arbustivas, proporcionando um sombreamento para as samambaias. Quanto à preferência por substratos, todas as espécies amostradas neste estudo são terrícolas (Tab. 1). Essa preferência foi corroborada em outros estudos em veredas que demonstram a mesma preferencia. Athayde Filho & Agostinho (2005), observaram que, em duas veredas de Mato Grosso, 90% das plantas eram terrícolas. Athayde Filho & Felizardo (2010) também registraram ampla maioria das espécies no substrato terrícola em uma vereda. Essa preferência pelo substrato terrícola também é relatada em estudos com mata de galeria (Colli et al., 2004; Forsthofer & Athayde Filho, 2012; Kreutz, 2012; Miguez et al., 2013), e pode estar relacionada com a maior disponibilidade de nutrientes (Miguez et al., 2013), bem como com a impossibilidade de ocorrência das preferências rupícola e saxícola devido à ausência desses subtratos, e da corticícola, pela pequena quantidade disponível. Com relação às formas de vida, nove espécies apresentaram a forma hemicriptófita, sendo seis de crescimento reptante e três de rosulado, e uma espécie apresentou-se como geófita rizomatosa (Tab. 1). Essa predominância de espécies hemicriptófitas também é amplamente registrada na literatura, tanto em veredas (Athayde Filho & Agostinho, 2005) quanto em outras fisionomias vegetais (Athayde Filho & Felizardo, 2010; Kreutz, 2012; Miguez et al., 2013). Kornás (1985) discute que as formas hemicriptófita e geófita são mais encontradas devido às gemas vegetativas estarem posicionadas abaixo da superfície do solo, estando protegidas de fatores que levam à dessecação das mesmas, diferentes de outras formas de vida. A presença apenas dessas duas formas no presente estudo, pode estar relacionada à grande incidência luminosa presente em veredas que favorece o estabelecimento dessas formas, a ausência de substrato corticícola adequado que dificultou o desenvolvimento de epífitas, fatores edáficos que podem ter inibido as espécies fanerófitas. Quanto ao hábito, todas as espécies registradas são herbáceas (Tab. 1). A preferência das samambaias e licófitas pelo hábito herbáceo é amplamente discutida e registrada em bibliografia especializada (por exemplo, Athayde Filho & Agostinho, 2005; Athayde Filho & Felizardo, 2010; Kreutz, 2012; Miguez et al., 2013). Distribuição fitogeográfica De acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014), quanto à distribuição nos domínios fitogeográficos brasileiros, sete espécies 240 Ribeiro, Kreutz & Rezende provenientes das veredas estudadas ocorrem em dois ou três domínios fitogeográficos. Logo, do total de nove espécies encontradas (a espécie de Adiantum, identificada até o nível de gênero, não foi incluída), todas ocorrem no Cerrado, oito espécies ocorrem na Mata Atlântica; seis ocorrem na Amazônia e duas têm ocorrência no Pantanal (Tab. 1). Thelypteris maxoniana foi a única espécie de ocorrência exclusiva no Cerrado, podendo-se inferir que as demais espécies são de ampla distribuição nos principais domínios fitogeográficos brasileiros. Tal fato está relacionado, principalmente, à capacidade de dispersão a longa distância das espécies de samambaias e licófitas (Macedo et al., 2013), embora alguns autores afirmem que a distribuição de samambaias e licófitas é mais fortemente determinada pela disponibilidade de habitat do que pela sua elevada capacidade de dispersão (Tuomisto et al., 2003; Moran, 2008; Kessler, 2010). Quanto à ocorrência das nove espécies nas fitofisionomias do Cerrado, todas foram amostradas em ambientes florestais (mata, mata de galeria, mata ciliar) e cinco delas em veredas (Tab. 1). O fato de algumas espécies não terem sido citadas como de ocorrência em veredas, pode ser devido à escassez de estudos realizados nestes ambientes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar da lacuna no conhecimento dos aspectos ecológicos e biogeográficos da flora em questão em ambientes de veredas, estudos como este auxiliam no preenchimento dessa lacuna, uma vez que apresentam informações importantes sobre samambaias e licófitas associadas a uma fitofisionomia do Bioma Cerrado pouco estudada e extremamente vulnerável. Aliado a isso, o presente estudo foi desenvolvido no estado de Goiás que, apesar de sua riqueza vegetal, ainda possui escasso conhecimento de sua flora pteridofítica. AGRADECIMENTOS Aos proprietários rurais pela permissão para desenvolver este estudo nas veredas localizadas em suas fazendas. Aos herbários HerbJAR, da UEG, Unidade de Quirinópolis, e NX, da UNEMAT, Campus de Nova Xavantina, por ter disponibilizado as condições necessárias para subsidiar esta pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, J.R.; BARUQUI, F.M.; BARUQUI, A.M. & MOTTA, P.E.F. 1983. 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Hab F B M F B M Espécies Aspectos ecológicos FV Vereda 2 PS Vereda 1 Domínios Fitogeográficos FC/habitat Mata de galeria, cerrado (lato sensu), vereda, campo úmido, brejo Mata, cerrado (lato sensu), campo úmido, campo rupestre (lato sensu), brejo Borda de mata de galeria, cerrado (lato sensu), vereda, campo úmido Mata de galeria, cerrado (lato sensu), vereda, brejo, capoeira, margem de córrego Mata ciliar, mata de galeria, cerrado (lato sensu) Mata ciliar, mata de galeria, mata seca decídua, cerrado (lato sensu), vereda Mata ciliar, mata de galeria, brejo, margem de lagoa Mata de galeria Mata ciliar, mata de galeria, vereda, brejo - - - Her Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Lycopodiella alopecuroides (L.) Cranfill x x - - x - Her Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Palhinhaea camporum (B. Øllg. & P.G. Windisch) Holub - x - x x x Ter Geo/ri Her Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal Adiantum sp. x - - x Ter Hcp/ro Her - Pityrogramma calomelanos (L.) Link x x - x x x Her Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Pityrogramma trifoliata (L.) R.M.Tryon x - - - - Her Cerrado, Mata Atlântica Thelypteris dentata (Forssk.) E.P.St.John - x x - x x Her Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal Thelypteris interrupta (Willd.) K.Iwats. - x x - - - Ter Hcp/re Her Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Thelypteris maxoniana A.R.Sm. - - - - x x Hcp/r e Her Cerrado Thelypteris serrata (Cav.) Alston - - x - - Her Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica Hcp/re x x Blechnum serrulatum Rich. Ter - Ter BLECHNACEAE Hcp/re Ter LYCOPODIACEAE Hcp/re - Hcp/re - Ter - Ter PTERIDACEAE Hcp/ro Hcp/ro Ter - Ter THELYPTERIDACEAE SCHIZAEALES (POLYPODIOPSIDA) DO CORREDOR DE BIODIVERSIDADE DO NORTE DO PARÁ, BRASIL Luiz Armando de Araújo Góes-Neto1 Marcio Roberto Pietrobon2 Sebastião Maciel3 ABSTRACT This paper is part of a series where are treated the lycophytes and ferns species in North Pará Biodiversity Corridor, and is part of the project “Diagnóstico da Biodiversidade das Unidades de Conservação Estaduais do Mosaico Calha Norte, Estado do Pará”. In this paper we present the taxonomic treatment of Schizaeales occurring in five Conservation Units in North Pará Biodiversity Corridor. The Calha Norte Paraense – how it is locally know – is located in Amazon River‟s northern watershed and is inserted in the biggest endemism center of Amazonia, the Guyana Endemism Center. The area is also inserted in the biggest ecological corridor of the world, with protected areas in Brazil, Guyana, French Guyana, Surinam and Venezuela; this region was defined as a priority conservation area. The specimens were collected during seven excursions lasting 15 days each. We present identification keys, geographic distribution, brief descriptions, illustrations, and comments to the species. Schizaeales is represented by three families, four genera, and six species, corresponding to 40% of all Schizaeales known in Brazilian Amazonia. Actinostachys pennula, Schizaea elegans and S. incurvata were presented as terrestrial, Anemia mandioccana as rupicolous and Lygodium venustum and L. volubile as terrestrial scandent. Keywords: Fern, Amazonia, Taxonomy. RESUMO Este artigo é parte de uma série onde são tratadas as espécies de licófitas e samambaias do Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará e faz parte do projeto “Diagnóstico da Biodiversidade das Unidades de Conservação Estaduais do Mosaico Calha Norte, Estado do Pará”. Neste artigo é apresentado o tratamento taxonômico das espécies de Schizaeales ocorrentes em cinco Unidades de Conservação do Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará. A Calha Norte Paraense - como é localmente conhecida - situa-se na margem norte do Rio Amazonas e está inserida no maior centro de endemismo 1 Universidade Federal de Minas Gerais - Instituto de Ciências Biológicas, Avenida Antônio Carlos 6627, Pampulha, CEP: 31270-901. Belo Horizonte-MG (lgoes-neto@hotmail.com). 2 Universidade Federal do Pará - Instituto de Estudos Costeiros, Alameda Leandro Ribeiro s/n, Aldeia, CEP: 68.000-000. Bragança-PA (pietrobomsilva@yahoo.com). 3 Museu Paraense Emílio Goeldi - Coordenação de Botânica, Av. Perimetral 1901, Terra Firme, CEP: 66.077-530. Belém-PA (macielbio@yahoo.com.br). PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:245-256 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 246 Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel amazônico, o Centro de Endemismo Guiana. A área estudada também está inserida no maior corredor ecológico do mundo, englobando terras protegidas no Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela, definida como área prioritária à conservação. Os espécimes foram coletados durante sete excursões com duração média de 15 dias cada. São apresentadas chaves de identificação, distribuição geográfica, breves descrições, ilustrações e comentários para as espécies. Schizaeales está representada por três famílias, quatro gêneros e seis espécies, o que corresponde a 40% das espécies desta ordem conhecidas na Amazônia brasileira. Actinostachys pennula, Schizaea elegans e S. incurvata apresentaram-se como terrícolas, Anemia mandioccana como rupícola e Lygodium venustum e L. volubile como terrícolas escandentes. Palavras-chave: Samambaia, Amazônia, Taxonomia. INTRODUÇÃO A ordem Schizaeales é monofilética, compreende três famílias (Lygodiaceae M. Roem., Anemiaceae Link e Schizaeaceae Kaulf.), quatro gêneros (Lygodium Sw., Anemia Sw., Actinostachys Wall. e Schizaea Sm.) e cerca de 155 espécies (Smith et al., 2006). No Brasil são conhecidas 79 espécies, distribuídas em todas as regiões do país, das quais 15 ocorrem no Bioma Amazônia (Barros et al., 2013a,b,c). São plantas predominantemente neotropicais, com algumas espécies habitando a África, Índia e ilhas no Oceano Índico (Smith et al., 2006), ocorrendo essencialmente em ambientes tropicais e temperados meridionais (Casarino et al., 2009). Caracterizam-se pelo dimorfismo entre as lâminas férteis e estéreis, ausência de soros bem definidos e esporângio com ânulo transversal, subapical e contínuo (Smith et al., 2006). O estado do Pará destaca-se por sua grande área territorial incluída na Amazônia (Coelho et al., 2003), entretanto, em relação à dimensão do Estado, o conhecimento sobre as plantas vasculares sem sementes ainda é subestimado. Mesmo com os avanços obtidos no estudo destes vegetais desde o ano de 2003 no Pará (Costa & Pietrobom, 2010), não existem trabalhos com enfoque florístico-taxonômico tratando exclusivamente os representantes desta ordem. Na Amazônia brasileira são conhecidos os estudos de Takeuchi (1960), que tratou o gênero Schizaea na Amazônia e Prado (2005), que tratou as espécies de Schizaeaceae ocorrentes na Reserva Adolpho Ducke, no estado do Amazonas. A maioria dos dados disponíveis sobre a vegetação do Escudo Guianense refere-se à Guiana Francesa, Guiana e Suriname (Davis & Richard, 1934; Steege, 1998; Steege et al., 2000), estando as florestas brasileiras desta região entre as menos conhecidas da bacia amazônica, principalmente pelo difícil acesso (Fearnside, 2005). As plantas vasculares sem sementes constituem um componente importante da flora tropical (Ricci, 1996), sendo assim, o crescente aumento do desmatamento florestal, bem como a necessidade de se conhecer a Schizaeales (polypodiopsida) do corredor... 247 distribuição das espécies de Schizaeales na Amazônia brasileira, exaltam a relevância deste trabalho. Este estudo é parte do projeto “Diagnóstico da Biodiversidade das Unidades de Conservação Estaduais do Mosaico Calha Norte, Estado do Pará” e objetivou inventariar as espécies de licófitas e samambaias em cinco Unidades de Conservação no Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará. Este manuscrito faz parte de uma série iniciada em Góes-Neto & Pietrobom (2012a), onde são tratados os representantes das licófitas e samambaias da referida área. No presente artigo são apresentadas chaves de identificação, ilustrações, distribuição geográfica, breves descrições e comentários sobre as espécies de Schizaeales, aumentando o conhecimento sobre tais vegetais na Amazônia brasileira. MATERIAL E MÉTODOS O Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará (CBNP) situa-se na margem norte do Rio Amazonas e engloba 23 Unidades de Conservação federais e estaduais, sendo estas terras indígenas, unidades de uso sustentável, unidades de proteção integral, além de remanescentes quilombolas (Pará, 2008). As unidades escolhidas para a realização deste estudo foram: Floresta Estadual de Faro, Floresta Estadual do Paru, Floresta Estadual do Trombetas, Reserva Biológica do Maicuru e Estação Ecológica do Grão-Pará (Figura 1), todas criadas em 2006 pelo governo do estado do Pará (Góes-Neto & Pietrobom, 2012a). Estas cinco unidades juntas abrangem mais de 13 milhões de hectares (Góes-Neto & Pietrobom, 2012a) e estão inseridas no maior dentre os oito centros de endemismo amazônicos, o Centro de Endemismo Guiana (Silva et al., 2005; Avila-Pires et al., 2010). Maiores informações sobre a localização e a caracterização do CBNP estão disponíveis em Huber (2006), Rossetti & Toledo (2007), Funk et al. (2007), Avila-Pires et al. (2010) e Aleixo et al. (2011). A metodologia utilizada na coleta, herborização e identificação do material estudado encontra-se descrita em Góes-Neto & Pietrobom (2012a). Os espécimes testemunho encontram-se depositados no acervo do herbário MG com duplicatas doadas ao RB, acrônimos de acordo com Thiers (2012). O sistema de classificação segue Smith et al. (2006). Os nomes dos autores dos táxons estão abreviados de acordo com Pichi Sermolli (1996). A representatividade dos gêneros no Brasil, bem como a distribuição geográfica das espécies no país, foi extraída de Barros et al. (2013a,b,c), por vezes complementada por outra bibliografia indicada no texto. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram registrados no CBNP todas as famílias e gêneros de Schizeales, representados por seis espécies, correspondendo a 40% do total conhecido para a Amazônia brasileira. Dentre estas espécies, três apresentaram-se como terrícolas (Actinostachys pennula, Schizaea elegans e S. incurvata), uma como 248 Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel rupícola (Anemia mandioccana) e duas como terrícolas escandentes (Lygodium venustum, L. volubile). Chave de identificação para as famílias da ordem Schizaeales ocorrentes no CBNP 1. Planta escandente, 2-3-pinada, com crescimento indeterminado; fronde com gemas axilares dormentes; esporângios protegidos pela margem da lâmina modificada.......................................................................................... Lygodiaceae 1‟. Planta nunca escandente, pinatífida a 1-pinada, com crescimento determinado; fronde sem gemas axilares; esporângios sem proteção. 2. Lâmina estéril 1-pinada com tecido laminar sempre expandido, nunca flabelar; pina fértil originada do par de pinas basais modificadas em panícula .... ........................................................................................................... Anemiaceae 2‟. Lâmina estéril linear ou flabeliforme com tecido laminar muito reduzido ou flabelar; pina fértil não originada de pinas basais modificadas .......Schizaeaceae Anemiaceae Link., Fil. Spec. 23. 1841. A família possui um gênero e cerca de 100 espécies (Prado & Hirai, 2010) predominantemente neotropicais, com algumas ocorrendo na África, Índia e ilhas do Oceano Índico (Skog et al., 2002; Smith et al., 2006), sendo o Brasil o maior centro de concentração destas espécies (Mickel, 1982). Caracteriza-se pelo caule reptante a subereto, com tricomas; frondes subdimorfas a dimorfas; venação livre, ocasionalmente anastomosada; esporângios geralmente reunidos no par de pinas basais, ereto e fortemente modificado (Tryon & Lugardon, 1991). Anemia Sw., Syn. Fil. 6: 155. 1806. Gênero nativo possuindo registros em todas as regiões do país, com 70 espécies ocorrentes no Brasil. Na área estudada ocorreu uma espécie. Anemia mandioccana Raddi, Opusc. Sci. 3: 282. 1819. Figura 2A Planta rupícola. Caule revestido por tricomas alaranjados a marrons. Lâmina 1-pinada, dimorfa, as férteis modificadas em forma de panícula, originárias do par de pinas basais, pinas inteiras com tricomas filiformes principalmente na face abaxial. Soros agrupados em esporofilo modificado. Material testemunho. BRASIL. Pará, Oriximiná, Estação Ecológica do Grão-Pará, 01°16‟52,8‟‟N-058°41‟03,3‟‟W, 07.IX.2008, S. Maciel & M.R. Pietrobom 1117 (MG, RB). Espécie endêmica do Brasil (PA, BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC), com sua ocorrência recentemente registrada na Amazônia (Góes-Neto & Pietrobom, 2012b). Anemia mandioccana distingue-se pela lâmina 1-pinada com a fronde fértil ereta, surgindo do par de pinas basais modificado. Esta espécie só havia sido registrada no bioma Mata Atlântica, em fragmentos florestais distribuídos Schizaeales (polypodiopsida) do corredor... 249 nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país. Espécie coletada como rupícola na margem de igarapé em floresta ombrófila aberta, ca. 460 m de altitude. Lygodiaceae M. Roem., Handb. Allg. Bot. 3: 520. 1840. A família possui um gênero e cerca de 25 espécies (Prado & Hirai, 2010) com distribuição pantropical, estendendo-se até as zonas temperadas no oeste dos Estados Unidos da América, sul da África, Japão e Nova Zelândia (Mickel & Smith, 2004). Caracteriza-se pelo caule reptante, delgado, com tricomas; folhas com crescimento indeterminado, escandentes, com pseudo-dicotomia e com gemas axilares dormentes; venação livre ou anastomosada; esporângio abaxial, solitário, coberto por indúsio antrorso (Smith et al., 2006). Lygodium Sw., J. Bot. (Schrader) 1800(2): 7, 106. 1801. Gênero nativo possuindo registros em todas as regiões do país, com duas espécies ocorrentes no Brasil. Na área estudada ocorreram ambas as espécies. Chave de identificação para as espécies de Lygodium ocorrentes no CBNP 1. Pínulas de 2ª ordem com base hastada reduzindo gradualmente em direção ao ápice, as distais mais curtas que as proximais .........................1. L. venustum 1‟. Pínulas de 2ª ordem com base lobada, truncada a arredondada ou aguda, não reduzindo gradualmente em direção ao ápice, todas aproximadamente do mesmo tamanho ................................................................................ 2. L. volubile 1. Lygodium venustum Sw., J. Bot. (Schrader) 1801(2): 303. 1803. Figura 2B Planta terrestre, escandente. Frondes com crescimento indeterminado, geralmente atingindo muitos metros de comprimento; lâmina 2-3-pinada, pubescente, pínulas de segunda ordem com a base hastada. Venação livre, furcada, vênulas cobertas por tricomas principalmente na face adaxial. Soróforos com tricomas principalmente na face abaxial. Material testemunho. BRASIL. Pará, Alenquer, Floresta Estadual do Paru, 00°56‟48,1‟‟S-053°14‟34,8‟‟W, 11.XII.2008, S. Maciel 1550 (MG). Espécie com registros no México, Guatemala, Belize, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Grandes Antilhas, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai (Mickel & Smith, 2004); com registros em todas as regiões do Brasil (RR, AP, AM, PA, TO, AC, RO, MT, GO, DF, MS, MA, PI, CE, RN, PB, PE, BA, AL, SE, MG, RJ, SP, PR, SC, RS) (Tryon & Conant, 1975). Lygodium venustum está intimamente relacionado com L. volubile, geralmente ocorrendo nos mesmos ambientes. As espécies podem ser distinguidas por L. venustum possuir a base das pínulas hastada, pínulas reduzindo-se gradualmente em direção ao ápice, sendo as distais mais curtas que as proximais, enquanto que em L. volubile a base das pínulas é inteira, truncada a arredondada sem redução das pinas, sendo quase todas do mesmo tamanho. Espécie coletada em clareira, em floresta ombrófila aberta de terra firme, ca. 50 m de altitude. 250 Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel 2. Lygodium volubile Sw., J. Bot. (Schrader) 1801(1): 304. 1803. Figura 2C Planta terrestre, escandente. Frondes possuindo crescimento indeterminado, podendo atingir vários metros de comprimento; lâmina 2pinada, pínulas de segunda ordem com base lobada, truncada a arredondada ou aguda, com tricomas em ambas as faces. Venação livre, furcada. Soróforos marginais. Material testemunho. BRASIL. Pará, Alenquer, Estação Ecológica do Grão-Pará, 13.VI.2008, J.M. Costa 702 (MG). Espécie com registros no México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Cuba, Jamaica, Trinidad e Tobago, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia, Argentina (Mickel & Smith, 2004); com registros em todas as regiões do Brasil (RR, AP, AM, PA, AC, RO, GO, MS, MA, CE, RN, PB, PE, BA, AL, SE, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS) (Tryon e Conant, 1975). Segundo Boldrin & Prado (2007) mesmo pertencendo a famílias diferentes, Lygodium volubile e Salpichlaena volubilis (Kaulf.) J. Sm. (Blechnaceae) assemelham-se quando estéreis, por apresentarem o mesmo hábito de crescimento e frondes com morfologia semelhante (2-pinada e volúveis). Podem ser diferenciadas pelas nervuras livres a 1-furcada (no máximo 2-furcada) em L. volubile, enquanto que Salpichlaena apresenta nervuras 3-furcada (raramente 2-furcada). Além disso, Lygodium possui os eixos pilosos e Salpichlaena apresenta escamas na costa das pínulas, no lado abaxial, e muito raramente tricomas escassos na raque (Boldrin & Prado, 2007). Espécie coletada em clareira, em floresta ombrófila aberta de terra firme, entre 50-100 m de altitude. Schizaeaceae Kaulf., Wesen Farrenkr. 119. 1827. A família possui dois gêneros e cerca de 30 espécies (Prado & Hirai, 2010) com distribuição pantropical (Smith et al., 2006). Caracteriza-se pela lâmina simples (linear) ou flabeliforme, variadamente fendida e com venação dicotômica livre; esporângios sobre projeções marginais ramificadas ou não, com ou sem tecido laminar, exindusiados (Smith et al., 2006). Chave de identificação para os gêneros de Schizaeaceae ocorrentes no CBNP 1. Esporangióforos digitados, eretos; esporângios dispostos em 2-4 fileiras em cada lado da costa; lâmina estéril filiforme ...................................... Actinostachys 1‟. Esporangióforos pinatífidos a pinados, tortuosos; esporângios dispostos em 1 fileira em cada lado da costa; lâmina estéril ausente ou flabeliforme . Schizaea Actinostachys Wall., Numer. List. 1. 1829. Gênero nativo possuindo registros em todas as regiões do país, com duas espécies ocorrentes no Brasil. Na área estudada ocorreu uma espécie. Actinostachys pennula (Sw.) Hook., Gen. Fil. t. 111A. 1842. Schizaeales (polypodiopsida) do corredor... 251 Figura 3A Planta terrestre. Caule com tricomas alaranjados a castanhos. Lâmina muito reduzida. Esporangióforo digitado, ereto, maior que 2 cm, com tricomas tortuosos e castanhos entre os esporângios; esporângios dispostos em 2-4 fileiras em cada lado da costa. Material testemunho. BRASIL. Pará, Faro, Floresta Estadual de Faro, margem esquerda do Rio Nhamundá, 1º41‟23”S-57º15‟09,5”W, 26.I.2008, M.R. Pietrobom & G. Teixeira 7532 (MG). Espécie com registros na Costa Rica, Porto Rico, Guadalupe, Trinidad e Tobago, Colômbia, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Peru, Uruguai (Smith, 1995); com registros em todas as regiões do Brasil (RR, AM, PA, RO, MT, CE, RN, PB, PE, BA, SE, ES, RJ, SP, PR, SC). Actinostachys pennula, quando estéril, pode ser confundida com gramíneas e ciperáceas. De acordo com Prado (2005), esta espécie, que já foi tratada por diversos autores dentro do gênero Schizaea, caracteriza-se pelos esporangióforos com 6-10(14) segmentos, estes variando de 1- 3(4) cm comprimento. Espécie coletada como terrícola em floresta ombrófila aberta de terra firme, entre 100-250 m de altitude. Schizaea Sm., Mém. Acad. Roy. Sci. (Turin) 5: 419, pl. 9, f. 9. 1793. Gênero nativo com registros em todas as regiões do país, com cinco espécies ocorrentes no Brasil. Na área estudada ocorreram duas espécies. Chave de identificação para as espécies de Schizaea ocorrentes no CBNP 1. Tecido laminar expandido, flabeliforme, lacerado, com segmentos oblongos a obovados; esporangióforos pinados .............................................. 1. S. elegans 1‟. Tecido laminar reduzido ou ausente, filiforme, nunca lacerado, com segmentos lineares; esporangióforos pinatífidos ........................... 2. S. incurvata 1. Schizaea elegans (Vahl) Sw., J. Bot. (Schrader) 1800(2): 103. 1801. Figura 3B Planta terrestre. Caule com tricomas septados, transparentes a castanhos. Tecido laminar expandido, flabeliforme, furcado, com os segmentos lacerados. Esporofilo pinado terminando em esporangióforos, estes com tricomas tortuosos, castanho-alaranjados entre os esporângios, esporângios dispostos em uma fileira de cada lado da costa. Material testemunho. BRASIL. Pará, Faro, Floresta Estadual de Faro, margem esquerda do Rio Nhamundá, 1º42‟11,7”S-57º12‟07,7”W, 21.I.2008, M.R. Pietrobom & G. Teixeira 7400 (MG). Espécie com registros no México, América Central, Grandes Antilhas, Trinidad e Tobago, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia (Smith, 1995); com registros em todas as regiões do Brasil (RR, AM, PA, AC, RO, MT, PE, BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC) (Windisch & Tryon, 2001). Schizaea elegans difere das demais espécies do gênero pelo tecido laminar desenvolvido, flabelar e amplamente furcado, além de ser uma espécie de porte muito maior, com exemplares atingindo mais de 1 m de comprimento. 252 Góes-Neto, Pietrobon & Sebastião Maciel Espécie coletada como terrícola em floresta de terra firme, entre 100-200 m de altitude. 2. Schizaea incurvata Schkuhr, Vier Zwan. Kl. Linn. Pfl. Krypto. Gew. 1: 138, t. 137. 1809. Figura 3C Planta terrestre. Caule com tricomas septados, transparentes a castanhos. Tecido laminar reduzido ou ausente, filiforme, nunca lacerado; esporofilo pinatífido terminando em esporangióforos, estes com tricomas tortuosos, castanho-alaranjados entre os esporângios. Esporângios dispostos em uma fileira em cada lado da costa. Material testemunho. BRASIL. Pará, Faro, Floresta Estadual de Faro, margem esquerda do Rio Nhamundá, 1º41‟23”S-57º15‟09,5”W, 26.I.2008, M.R. Pietrobom & G. Teixeira 7533 (MG). Espécie com registros na Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Peru (Vareschi, 1968; Smith, 1995; León et al., 2005); no Brasil é conhecida apenas na região Norte (AP, AM, PA, RO). Schizaea incurvata pode ser confundida em campo com Actinostachys pennula, porém, esta última possui o esporofilo digitado e 2-4 fileiras de esporângios em cada lado da costa, enquanto que S. incurvata possui o esporofilo pinatífido a pinado e uma fileira de esporângios de cada lado da costa. Espécie coletada como terrícola, em ambiente de campinarana, ca. 300 m de altitude. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao CNPq pela bolsa de Mestrado concedida ao primeiro autor; a bolsa de Fixação de Recursos Humanos ao terceiro autor (processo 556866/2009-6); à Conservação Internacional – Brasil pelo financiamento do projeto, à Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia pelo apoio logístico, à Secretaria de Estado de Meio Ambiente - PA pela concessão da licença para coleta, ao Museu Paraense Emílio Goeldi pela infraestrutura disponibilizada e ao ilustrador Carlos Alvarez pela confecção das pranchas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEIXO, A.; POLETTO, F.; LIMA, M.F.C.; CASTRO, M.; PORTES, E. & MIRANDA, L.S. 2011. Notes on the vertebrates of northern Pará, Brazil: a forgotten part of the Guianan Region, II. Avifauna. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi - Ciências Naturais 6(1): 11-65. AVILA-PIRES, T.C.S.; HOOGMOED, M.S. & ROCHA, W.A. 2010. Notes on the vertebrates of northern Pará, Brazil: a forgotten part of the Guianan Region, I. Herpetofauna. 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ESTRUTURA COMUNITÁRIA E DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE SAMAMBAIAS EPIFÍTICAS EM REMANESCENTE DE FLORESTA SEMIDECÍDUA NO SUL DO BRASIL Tainã Coelho Quevedo1 Diego Fedrizzi Petry Becker2 Jairo Lizandro Schmitt3 ABSTRACT Epiphytes are important structural elements, influencing positively forest ecosystems. However, studies with epiphytes do not present a standard sampling method, making it difficult to compare communities. The aim of the study was to analyze the community structure and vertical distribution of epiphytic ferns in semideciduous forest fragment, in Campo Bom municipality, state of Rio Grande do Sul; and evaluate the effectiveness of applying the "Rapid and Representative Sampling of Vascular and Non-vascular Epiphyte Diversity of Tropical Rain Forests" protocol (RRED) for the specific inventory of this group of plants in the studied area. A rarefaction curve was constructed for the eight phorophytes, and also estimated the number of expected species for the total area. The specific importance value was estimated through the arithmetic mean of the sum of frequencies on the phorophytes and height intervals and the relative cover. Fourteen species were recorded in the sampling units and, additionally, eight species considering other phorophytes in the total area. The RRED adapted obtained an efficiency of 64% compared to the total number of species. The rarefaction curve did not reach an asymptote with an estimate of only 17 species for the area. The species with the highest importance value was Microgramma squamulosa, which occurred in all height intervals. The principal coordinates analysis (PCoA) showed a floristic heterogeneity in height intervals. Keywords: epiphytes, phytosociology, richness estimators. RESUMO Epífitos são importantes elementos estruturais e influenciam de forma positiva os ecossistemas florestais. No entanto, estudos com epífitos não apresentam uma padronização no método de amostragem, o que dificulta a comparação entre comunidades. O objetivo do estudo foi analisar a estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias epifíticas em remanescente de Floresta 1 Bolsista de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, CNPq, Curso de Ciências Biológicas, Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil. Contato: tainacq@gmail.com 2 Biólogo, Mestrando em Qualidade Ambiental, Bolsista CAPES, Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental, Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil 3 Biólogo, Doutor, Professor titular do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental, Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:257-271 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 258 Quevedo, Becker & Schmitt Estacional Semidecídua, Campo Bom, RS; e avaliar a eficiência da aplicação do “Protocolo de Amostragem Rápida de Epífitos Vasculares e NãoVasculares” (RRED) para o inventário específico desse grupo de plantas no local estudado. Uma curva de rarefação foi construída para os oito forófitos selecionados, sendo também estimado o número de espécies esperadas para a área. O valor de importância (VIe) resultou da média aritmética da soma das frequências relativa nos forófitos e nos intervalos e da cobertura relativa. Foram registradas 14 espécies nas unidades amostrais e, adicionalmente, oito espécies considerando outros forófitos não selecionados. O RRED adaptado obteve uma eficiência de 64% em relação ao número total de espécies. A curva de rarefação não assumiu a assíntota, sendo estimadas apenas 17 espécies para a área. A espécie com maior VIe foi Microgramma squamulosa, que ocorreu em todos intervalos de altura. A análise de coordenadas principais (PCoA) evidenciou uma heterogeneidade florística nos intervalos de altura. Palavras-chave: epífitos, fitossociologia, estimadores de riqueza. INTRODUÇÃO Os epífitos são importantes elementos estruturais das florestas e influenciam de forma positiva os ecossistemas por meio da manutenção da diversidade biológica (Lugo & Scatena, 1992; Waechter, 1992; Kelly et al., 1994). Eles são constituídos por espécies que vivem todo seu ciclo de vida, ou apenas parte dele, sobre outras plantas, denominadas forófitos. As relações dos epífitos com seus hospedeiros podem ocorrer de forma acidental ou por uma necessidade fisiológica (Madison, 1977; Benzing, 1987, 1990), mas, no entanto, não causam danos ao forófito, já que retiram seus nutrientes diretamente da umidade atmosférica (Bennet, 1986; Kress, 1986; Wallace, 1989). Plantas epifíticas possuem a capacidade de formar abrigos e microambientes para a fauna (Nadkarni, 1985; Benzing, 1995), elaboram quantidades consideráveis de biomassa suspensa e influenciam na produtividade primária e na ciclagem de nutrientes, sendo assim caracterizados como ampliadores da biodiversidade local (Nadkarni, 1984, 1988; Gentry & Dodson, 1987; Lugo & Scatena, 1992; Waechter, 1992; Rocha et al., 2004). A flora epifítica é utilizada como indicadora da qualidade ambiental, uma vez que é sensível às modificações de origem antrópica ou natural (Cortines et al., 2010), inclusive permitindo uma avaliação da perturbação em formações florestais por meio do seu monitoramento (Turner et al., 1994; Hickey, 1994; Hietz, 1999). Além disso, podem servir como indicadores de estágio sucessional da floresta, visto que comunidades secundárias apresentam diversidade epifítica menor do que comunidades primárias (Resolução CONAMA nº 392/2007). Esse grupo de plantas é responsável por cerca de 10% a 50% da diversidade das florestas tropicais (Kress, 1986; Kersten & Silva, 2005), constituindo um componente importante da biodiversidade, porém, de acordo com Mucunguzi (2007), ainda pouco conhecido. Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias... 259 No Brasil, ocorrem 1.085 espécies de samambaias e no estado do Rio Grande do Sul existem 315 espécies, das quais cerca de 10% são epifíticas (Prado & Sylvestre, 2014). O bioma Floresta Atlântica possui condições favoráveis ao desenvolvimento de espécies de samambaias, pois, por se tratar de um ambiente florestal caracteristicamente denso e úmido, esse sistema abriga os mais variados nichos, propiciando uma grande riqueza de espécies (Sehnem, 1977; Windisch, 1992). No Rio Grande do Sul restam aproximadamente 4,7% da cobertura original desse Bioma, sendo que a área da bacia do Rio dos Sinos está dentro desta mesma realidade, possuindo menos de 10% de sua abrangência natural (SEMMAM, 1998; MMA, 2002). Samambaias são sensíveis ao ressecamento e dependem da água para o sucesso reprodutivo (Tryon, 1989). Devido a isso, são abundantes em locais úmidos, mas possuem condições estruturais e fisiológicas para suportar o déficit hídrico, sendo amplamente adaptadas ao ambiente epifítico (Jones, 1987; Dubuisson et al., 2009). Além das estratégias adaptativas, a distribuição vertical das espécies é estabelecida pela complexidade de microhabitats oferecidos pelos forófitos (Benzing, 1995). Essa multiplicidade é devida à luminosidade que decresce e à umidade que aumenta do dossel ao solo da floresta (Parker, 1995), formando gradientes microclimáticos (Mucunguzi, 2007). Apesar de o epifitismo destacar-se dentre as plantas vasculares sem sementes, poucos trabalhos abordam especificamente samambaias epifíticas. No Rio Grande do Sul os estudos se restringem aos de Schmitt et al. (2005), Fraga et al. (2008), Schmitt & Windisch (2010) e Schneider & Schmitt (2011) sobre samambaias arborescentes; Mallmann & Schmitt (2014) na mata ciliar do rio Cadeia; Rocha et al. (2012, 2013a) e Becker et al. (2014) na bacia do Rio dos Sinos. Nessa mesma bacia hidrográfica, analisando o efeito de borda sobre plantas terrícolas e que ocupavam até 2 m de altura dos forófitos, Nervo (2012) verificou uma riqueza significativamente maior de samambaias e licófitas no interior de floresta estacional semidecidual e registrou um total de 72 espécies. De uma maneira geral, estudos com epífitos não apresentam uma padronização no método de amostragem, o que dificulta a comparação entre comunidades. Diante disso, uma metodologia de padronização de amostragem da flora epifítica foi proposta por Gradstein et al. (2003) no “Protocolo para Amostragem Rápida e Representativa da Diversidade de Epífitos Vasculares e Não Vasculares” (RRED), tendo como base levantamentos florísticos em países tropicais, desconsiderando o Brasil. O objetivo do estudo foi analisar a estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias epifíticas em remanescente de Floresta Estacional Semidecídua, na bacia do Rio dos Sinos, RS; e avaliar a eficiência da aplicação do RRED para o inventário específico desse grupo de plantas no local estudado. 260 Quevedo, Becker & Schmitt MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo O trabalho foi realizado na encosta inferior do nordeste do estado do Rio Grande do Sul, em uma área de 60 ha (29°40‟23.37”S e 51°0‟56.65”O, 45 m de altitude) localizada no trecho inferior da bacia do Rio dos Sinos (Fig.1). A vegetação pertence ao bioma Floresta Atlântica e está classificada como Floresta Estacional Semidecídua Submontana (Teixeira et al., 1986). O clima da região é do tipo Cfa, isto é, mesotérmico úmido, sem estação seca definida segundo a classificação de Köppen (Moreno, 1961). De acordo com os dados da Estação Climatológica de Campo Bom, mais próxima do local estudado, em 2013 a temperatura média anual foi de 18,9 °C e a pluviosidade acumulada foi de 1875 mm. Amostragem O estudo se deu pela aplicação do Protocolo para Amostragem Rápida e Representativa da Diversidade de Epífitos Vasculares e não Vasculares (RRED) adaptado de Gradstein et al. (2003). Foram selecionados oito forófitos arbóreos, dentro de uma parcela de um hectare no centro do fragmento e, adicionalmente, as arvoretas presentes em uma subparcela de 20 m X 20 m ao redor de cada uma das árvores. Este protocolo considera como um dos critérios de seleção dos forófitos a altura maior de 10 m, no entanto, devido às características das árvores da região, que geralmente não atingem este tamanho, foi estabelecido o diâmetro a altura do peito (DAP) maior que 20 cm como parâmetro de escolha, priorizando as mais antigas. Os forófitos não apresentaram copas sobrepostas, já que estas tendem a possuir uma flora epífita semelhante. O critério de seleção das arvoretas também foi adaptado, sendo consideradas aquelas com DAP menor que 20 cm. Inventário Florístico Foram registradas as espécies de samambaias nos oito forófitos selecionados pelo RRED. O registro das plantas se deu por meio de observação direta e escalada dos forófitos. Posteriormente, o fragmento foi percorrido para verificar quais as espécies que não ocorreram nas unidades amostrais. Indivíduos representativos e, quando possível, férteis, foram coletados, identificados e herborizados seguindo as técnicas propostas por Guedes-Bruni et al. (2002). A identificação das espécies foi baseada na literatura taxonômica especializada, na consulta a especialistas, bem como comparação de material de herbários, sendo classificadas em famílias de acordo com Smith et al. (2006, 2008). Os espécimes testemunho das coletas foram depositados na coleção botânica da Universidade Feevale e as duplicatas na coleção do Herbarium Anchieta – PACA (Instituto Anchietano de Pesquisas). Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias... 261 Riqueza Uma curva de rarefação para os oito forófitos foi construída com o objetivo de verificar a relação entre o aumento da riqueza específica e o número de unidades amostrais, adotando-se intervalos de confiança de 95% de probabilidade, no programa estatístico EstimateS 8.2. A estabilização da curva é considerada quando a mesma assume uma assíntota. O mesmo programa foi utilizado para estimar o número de espécies da área, por meio de 50 reamostragens aleatórias dos dados com o estimador não paramétrico Jackknife 1, que utilizou dados de presença ou ausência de espécies nos oito forófitos. Para a análise da composição de epífitos nos intervalos de altura dos forófitos, os dados de presença ou ausência de espécies foram utilizados na Análise de Coordenadas Principais (PCoA), com o índice de Dice-Sorensen, no programa Paleontological Statistics software package for education and data analysis (PAST), versão 3.0 (Hammer et al., 2001). Parâmetros fitossociológicos Para verificar a distribuição vertical dos epífitos, os oito forófitos foram divididos verticalmente em cinco intervalos de altura no sentido base - copa externa, conforme Johansson (1974). As frequências absoluta e relativa das espécies nos oito forófitos e nos intervalos de altura foram calculadas baseadas em Waechter (1998). Para cada espécie epifítica registrada foi atribuída uma nota de cobertura no respectivo intervalo de altura, segundo Kersten (2006), de acordo com a biomassa da espécie em questão, sendo nota 1 para indivíduos muito pequenos e isolados; 3 quando poucos indivíduos pequenos ou um indivíduo maior; 5 aos indivíduos médios ou muitos indivíduos pequenos; 7 para indivíduos de grande porte ou muitos indivíduos de médio porte; e nota 10 ao existirem indivíduos muito grandes ou muitos indivíduos de grande porte. A partir do somatório das notas de cobertura, foi calculada a cobertura relativa por intervalo de altura de cada espécie. O valor de importância resultou da média aritmética da soma das frequências relativa nos forófitos e nos intervalos de altura e da cobertura relativa. A diversidade específica foi determinada pelo índice de Shannon (H‟), usando logaritmo natural com dados de frequência, e a equitabilidade, pelo índice de Pielou (J‟) (Magurran, 1988). RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a aplicação do RRED foram registradas 14 espécies, pertencentes a 11 gêneros e distribuídas em cinco famílias. Adicionalmente, oito espécies foram registradas em forófitos não selecionados, sendo elas: Asplenium gastonis Fée, Asplenium mucronatum C. Presl e Asplenium serra Langsd. & Fisch. (Aspleniaceae); Rumohra adiantiformis (G. Forst.) Ching (Dryopteridaceae); Trichomanes polypodioides Raddi (Hymenophyllaceae); Nephrolepis pendula (Raddi) J. Sm. (Lomariopsidaceae); Pecluma recurvata (Kaulf.) M.G. Price e Pecluma singeri (de la Sota) M.G. Price (Polypodiaceae). 262 Quevedo, Becker & Schmitt A família de maior representatividade foi Polypodiaceae, com oito espécies, correspondendo a 57% do total registrado nas árvores amostradas no hectare. A maior representatividade de Polypodiaceae é comum em outros estudos realizados no Rio Grande do Sul, tal como de Senna & Waechter (1997), de Blume et al. (2010), Schmitt & Goetz (2010), Goetz et al. (2012), Rocha et al. (2012), Mallmann & Schmitt (2014) e Becker et al. (2014), bem como em outros Estados (Labiak & Prado, 1998; Kersten & Silva, 2002). Polypodiaceae possui distribuição cosmopolita, contendo cerca de 40 gêneros e 1.000 espécies (Smith et al., 2006), sendo abundantes principalmente em florestas e áreas úmidas, mas devido às suas adaptações, ocorrem desde zonas do deserto a florestas chuvosas e dos trópicos ao ártico ou antártico. Adaptações como suculência caulinar (Waechter, 1992), poiquiloidria (Benzing, 1990), tricomas foliares (Müller et al., 1981), e altos índices de densidade estomática (Rocha et al., 2013b), favorecem espécies dessa família, evitando o estresse hídrico e possibilitando a ocupação do ambiente epifítico. Esse levantamento considerando oito forófitos obteve uma eficiência de 64% em relação ao número total (22 espécies). A eficácia foi semelhante aos 63% encontrado por Becker et al. (2013), por meio da aplicação do mesmo método de amostragem de todos epífitos vasculares, em floresta de restinga no litoral norte do Rio Grande do Sul. Um grande número de espécies em poucos forófitos é uma característica da comunidade de epífitos (Nieder et al., 1999), o que contribui para a adoção do método RRED, já que se utiliza de uma área amostral relativamente pequena quando comparado à necessidade de outros grupos taxonômicos (Gradstein et al., 2003). Tal como Becker et al. (2013), não ocorreram espécies exclusivas sobre as arvoretas, evidenciando a importância das árvores de grande porte para a ocupação da flora epifítica no local estudado. No entanto, em regiões mais tropicais, Krömer (2003) registrou cerca de 20% das espécies epifíticas em Floresta Montana exclusivamente sobre arbustos e arvoretas, o que indicou a influência do sombreamento na ocupação das espécies. A curva de rarefação não assumiu a assíntota, sugerindo que mais espécies podem ser inventariadas a partir do aumento no número de unidades amostrais (Gotelli & Colwell, 2001) (Fig.2). O estimador de riqueza (Jackknife 1) apontou que seriam esperadas, no mínimo, 17 espécies. Considerando isso, 82% das espécies teriam sido inventariadas, no entanto, o inventário total do fragmento registrou 22 espécies. De acordo com Colwell et al. (2004), a diferença do número encontrado no total da área para o número estimado deve-se ao fato do estimador não prever o número exato de espécies, mas apontar valores mínimos esperados. Krömer (2003) registrou 80% do total de epífitos estimados para Floresta Montanhosa na Bolívia, e Becker et al. (2013) registraram 89% do valor estimado, ambos utilizando o RRED. A riqueza de samambaias epifíticas no presente estudo foi maior que o encontrado por Becker et al. (2013) sobre o mesmo número de forófitos (quatro espécies). Em fragmentos de mata ciliar, nos municípios de Taquara e Campo Bom, Rocha et al. (2012) inventariaram apenas seis e oito espécies, respectivamente, utilizando 40 forófitos. A riqueza apenas foi menor que as 30 Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias... 263 espécies registradas por Becker et al. (2014), em área de nascente do Rio dos Sinos, no município de Caraá, considerando também um número cinco vezes maior de forófitos. A riqueza média foi de 4,5 ± 2,67 espécies por forófito, sendo registradas no mínimo uma e no máximo oito espécies por árvore. Rocha et al. (2013a) encontraram uma média de 4,65 espécies por forófito em Caraá, 1,65 espécies em Taquara e 1,73 espécies em Campo Bom. Apesar de estarem inseridas em uma matriz urbana no mesmo município, a área do presente estudo não apresentou semelhança com a média de riqueza encontrada por Rocha et al. (2013a) em Campo Bom, possuindo uma proximidade de valores com a área de nascente do Rio dos Sinos em Caraá, o que aponta para um alto grau de conservação do remanescente. Florestas secundárias iniciais apresentam redução na riqueza de epífitos (Resolução CONAMA nº 392/2007), portanto a alta média de riqueza sugere que a área está bem preservada há mais tempo, provavelmente, devido ao seu baixo grau de antropização. A PCoA apresentou 94,55% de explicação e evidenciou que a composição florística das zonas é bastante heterogênea (Fig.3). Os intervalos de altura apresentaram variações quanto à composição de espécies, sendo que ela se deve em parte a fatores microclimáticos como umidade, que tende a diminuir do solo ao ápice, e luminosidade, que aumenta neste mesmo sentido (Lüttge, 1989; Steege & Cornelissen, 1989). Além disso, a estrutura física dos forófitos e o tempo de disponibilidade do substrato para colonização (Yeaton & Galdstone, 1982; Nieder et al., 1999) influenciam a composição da flora epifítica. Essas variações criam microambientes que, associadas às necessidades, estratégias e tolerâncias de cada espécie, são determinantes na distribuição dos epífitos (Johansson, 1974; Benzing, 1995). Destaca-se a ocorrência de Elaphoglossum macrophyllum apenas no intervalo 1, demonstrando uma preferência pelo microhabitat mais úmido e com pouca luz. Na área de estudo essa espécie é encontrada comumente como terrícola no sub-bosque florestal. Blechnum binervatum e Polyphlebium angustatum ocorreram exclusivamente nos intervalos 1 e 2. B. binervatum é uma espécie que germina no solo e completa seu ciclo de vida no ambiente epifítico, sendo classificada, de acordo com Benzing (1995), como um hemiepífito secundário. P. angustatum apresenta ponto de saturação luminosa baixo (Benzing, 1987) e folhas finas, aumentando a perda de água e limitando a ocupação nos estratos superiores. Salienta-se que Microgramma squamulosa foi a única espécie que ocorreu em todos os intervalos de altura, evidenciando sua plasticidade para diferentes condições microclimáticas. Microgramma squamulosa apresentou o maior VIe (20,76%), sendo registrada em 17 intervalos e apresentando a maior nota de cobertura total (33). Sua ocorrência é comum nos levantamentos de epífitos vasculares, algumas vezes ocupando também a primeira posição do VIe, como encontrado por Kersten & Silva (2002) no estado do Paraná; e em diferentes trechos da bacia do Rio dos Sinos (Rocha et al., 2012; Barbosa et al., 2014). A segunda espécie mais importante foi Microgramma vacciniifolia, seguida de Serpocaulon catharinae. Pleopeltis pleopeltifolia e Campyloneurum nitidum foram registradas 264 Quevedo, Becker & Schmitt em apenas um forófito, apresentando assim os menores valores de importância (Tab.2). Gonçalves & Waechter (2002) registraram M. vacciniifolia como espécie mais importante em figueiras isoladas no litoral norte do Rio Grande do Sul. Segundo esses autores, M. squamulosa e M. vacciniifolia são espécies que possuem rizoma longo-reptante que usualmente recobre grandes áreas dos forófitos, formando um emaranhado sobre os ramos, exceto nos extremos apicais da copa externa. O índice de diversidade de Shannon (H‟) foi de 2,37 e Pielou (J‟), que avalia a participação proporcional das espécies presentes, de 0,89. Índices aproximados foram encontrados por Becker et al. (2014), o qual encontrou o valor de 2,89 para o índice de Shannon e 0,85 para o índice de Pielou. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para samambaias, a adição de arvoretas no inventário não contribuiu para aumentar a riqueza amostrada deste grupo de plantas, embora previsto no RRED. Fato também observado por Becker et al. (2013) e Reis & Fontoura (2009) que não registraram espécies exclusivas sobre as arvoretas, utilizando o mesmo método. A área se mostra bem conservada, possuindo parâmetros semelhantes com a área da nascente do Rio dos Sinos em Caraá, RS, tais como a família de maior representatividade, número de espécies e índices de Shannon e Pielou (Becker et al., 2014). Além disso, os resultados de riqueza indicam um baixo grau de antropização em comparação ao encontrado por Rocha et al. (2012), em uma área de mata ciliar, no mesmo município do presente estudo. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Universidade FEEVALE pela infraestrutura disponibilizada, ao CNPQ pela concessão de bolsa ao primeiro autor e ao apoio financeiro concedido pela CAPES ao segundo autor. Aos colegas e amigos do Laboratório de Botânica pela ajuda e companheirismo, e ao proprietário da área que autorizou a realização da pesquisa no local. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, M.D.; BECKER, D.F.P.; CUNHA, S.; DROSTE, A. & SCHMITT, J.L. 2014. Vascular epiphytes in two fragments of the Atlantic Forest in the Sinos River Basin, State of Rio Grande do Sul, Brazil: richness, floristic composition and community structure. Brazilian Journal of Biology: In press. BECKER, D.F.P.; ROCHA-URIARTT, L.; JUNGES, F.; GRAEFF, V. & SCHMITT, J.L. 2014. Diagnóstico florístico e fitossociológico de samambaias e licófitas epifíticas em mata ciliar do Rio dos Sinos, RS, Brasil. Livro de Destaques da Feira de Iniciação Científica 2013, Universidade Feevale: In press. BECKER, D.F.P.; CUNHA, S.; MARCHIORETTO, M.S. & SCHMITT, J.L. 2013. Riqueza, estrutura comunitária e distribuição vertical de epífitos vasculares do Parque Natural Municipal Tupancy, Arroio do Sal, RS, Brasil. 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Quevedo, Becker & Schmitt 270 Figura 3: Análise de Coordenadas Principais (PCoA) da composição de espécies nos intervalos de altura dos forófitos, em fragmento de Floresta Estacional Semidecídua, Campo Bom, RS, Brasil. Tabela 1: Famílias e espécies de samambaias registradas pelo RRED em fragmento de Floresta Estacional Semidecídua, Campo Bom, RS, Brasil; e frequência das ocorrências de espécie por intervalo de altura. Família/Espécie BLECHNACEAE Blechnum binervatum (Poir.) C.V. Morton & Lellinger DRYOPTERIDACEAE Elaphoglossum macrophyllum (Mett. ex Kuhn) Christ Polybotrya cylindrica Kaulf. HYMENOPHYLLACEAE Hymenophyllum polyanthos (Sw.) Sw. Polyphlebium angustatum (Carmich.) Ebihara & Dubuisson POLYPODIACEAE Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C. Presl Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G. Price Pecluma sicca (Lindm.) M.G. Price Pleopeltis hirsutissima (Raddi) de la Sota Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R. Sm. PTERIDACEAE Vittaria lineata (L.) Sm. Frequência por Intervalo de Altura (%) 1 2 3 4 5 50 50 0 0 0 100 0 0 0 0 50 25 25 0 0 25 50 50 50 25 0 0 0 0 0 0 6 0 0 17 20 0 30 30 100 30 20 0 17 30 0 25 0 0 0 0 25 16 0 40 50 25 33 50 20 0 25 33 50 40 50 0 16 0 0 0 20 40 40 0 Estrutura comunitária e distribuição vertical de samambaias... 271 Tabela 2: Estrutura comunitária de samambaias epifíticas em fragmento de Floresta Estacional Semidecídua, Campo Bom, RS, Brasil, em ordem decrescente do valor de importância específico (VIe). (Nf= número de forófitos com ocorrência da espécie; Ni= número de intervalos de altura com ocorrência da espécie; FAf= frequência absoluta da espécie sobre os forófitos; FRf= frequência relativa da espécie sobre os forófitos; FAi= frequência absoluta da espécie nos intervalos de altura; FRi= frequência relativa da espécie nos intervalos de altura; NCt= soma das notas de cobertura da espécie; NCr= nota de cobertura relativa da espécie; VIe= valor de importância da espécie.) Espécies Nf Ni FAf% FRf% FAi% FRi% NCt NCr% VIe Microgramma squamulosa 6 17 75,00 16,67 42,50 25,00 33 20,63 20,76 Microgramma vacciniifolia 4 10 50,00 11,11 25,00 14,71 24 15,00 13,61 Serpocaulon catharinae 4 5 50,00 11,11 12,50 7,35 11 6,88 8,45 Polybotrya cylindrica 2 4 25,00 5,56 10,00 5,88 20 12,50 7,98 Vittaria lineata 3 5 37,50 8,33 12,50 7,35 13 8,13 7,94 Pleopeltis hirsutissima 3 6 37,50 8,33 15,00 8,82 10 6,25 7,80 Pecluma sicca 3 4 37,50 8,33 10,00 5,88 6 3,75 5,99 Polyphlebium angustatum 2 4 25,00 5,56 10,00 5,88 8 5,00 5,48 Hymenophyllum polyanthos 2 4 25,00 5,56 10,00 5,88 4 2,50 4,65 Blechnum binervatum 1 2 12,50 2,78 5,00 2,94 12 7,50 4,41 Elaphoglossum macrophyllum 2 2 25,00 5,56 5,00 2,94 6 3,75 4,08 Pecluma pectinatiformis 2 2 25,00 5,56 5,00 2,94 6 3,75 4,08 Pleopeltis pleopeltifolia 1 2 12,50 2,78 5,00 2,94 6 3,75 3,16 Campyloneurum nitidum 1 1 12,50 2,78 2,50 1,47 1 0,63 1,62 BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ADENOCALYMMA PEDUNCULATUM (VELL.) L. G. LOHMANN (BIGNONIACEAE) Dayse Castro Rodrigues de Lima1 Carlos Ferreira de Lima2 Franciane Oliveira Costa1 André Luiz Gomes da Silva3 ABSTRACT Adenocalymma pedunculatum is a subshrubby species which can have the liana habitus when it is close to other plants. It is widely distributed in the Brazilian cerrado. It flowers from June to September and bears fruit from July to October. Its flowers, gathered in paniculate inflorescences, are tubular with four didynamous stamens and a staminodes and have bilabiate sensory stigma. The diurnal anthesis starts before dawn and the flowers last one day. Nectar is a floral resource. The floral attributes of A. pedunculatum are related to melittophily and ornithophily syndromes. The pollinators Euglossa (Euglossa) sp., Epicharis bicolor and Chlorostilbon mellisugus were recorded. A large number of species nectar and pollen grains pillagers was recorded and Xylocopa (neoxylocopa) sp. was the most frequent one. In the hand selfpollination test there was no fruit production although there was 41.8% fruit production in the xenogamy test, indicating that A. pedunculatum is selfincompatible and compulsory xenogamic. The control test presented a rate of fruit yield of 2%. Under natural conditions, the ratio seed/ovule was 0.86 and the resulting fertility rate was 0.017 while in the xenogamy test the seed/ovule ratio was 0.81 and the resulting fertility rate was 0.33, indicating that this species has a limitation in its rate of natural pollination. Keywords: reproductive biology, Adenocalymma pedunculatum, pollination RESUMO Adenocalymma pedunculatum é uma espécie subarbustiva quando ocorre isolada e de habitus liana quando ocorre próximo a outras plantas. É de ampla distribuição no cerrado brasileiro. Floresce de junho a setembro e frutifica de julho a outubro. Suas flores, reunidas em inflorescências do tipo panícula, são tubulares com quatro estames didínamos e um estaminódio e apresentam estigma bilabiado sensitivo. A antese é diurna, iniciando-se antes do 1 Bióloga, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal do Maranhão, BR-222, km 04, 65500-000, Boa Vista, Chapadinha, Maranhão, Brasil. Autor para correspondência. E-mail: daysecastrolima@homail.com. 2 Agrônomo, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal do Maranhão, BR222, km 04, 65500-000, Boa Vista, Chapadinha, Maranhão, Brasil. 3 Professor Adjunto, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal do Maranhão, BR-222, km 04, 65500-000, Boa Vista, Chapadinha, Maranhão, Brasil. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:273-291 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 274 Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva amanhecer, e as flores duram um dia. Apresentam o néctar como recurso floral. Os atributos florais de A. pedunculatum estão relacionados com as síndromes de melitofilia e ornitofilia. Os polinizadores registrados foram as Euglossa (Euglossa) sp, Epicharis bicolor e Chlorostilbon mellisugus. Foi registrado um grande número de espécies pilhadoras de néctar e grãos de pólen e Xylocopa (neoxylocopa) sp foi a espécie mais frequente. No teste de autopolinização manual não houve produção de frutos e no teste de xenogamia, a taxa de produção de frutos foi de 41,8%. Estes dados indicam que A. pedunculatum é autoincompativel e xenogâmica obrigatória. O teste controle apresentou uma taxa de produção de frutos de 2%. Em condições naturais, a razão semente/óvulo foi 0,86 e a taxa de fecundidade resultante foi de 0,017 - enquanto que, no teste de xenogamia, a razão semente/óvulo foi de 0,81 e a taxa de fecundidade resultante foi de 0,33, indicando que esta espécie apresenta limitação em sua taxa de polinização natural. Palavras-chave: biologia reprodutiva, Adenocalymma pedunculatum, polinização INTRODUÇÃO A família Bignoniaceae compreende 82 gêneros e 827 espécies, com ampla distribuição nas regiões tropicais e caracteriza-se por apresentar plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas como também lianas (Lohmann & Ulloa, 2007). Diversas espécies dessa família são utilizadas na arborização de ruas, praças, parques e avenidas. A madeira é muito utilizada pelo homem como matéria prima de diversos artigos de carpintaria e marcenaria, sendo também muito utilizada na construção civil e na medicina popular (Rizzini & Mors, 1995; Gandolphi & Nelson, 2010). Segundo Olmstead et al. (2009), a família Bignoniaceae possui oito tribos: Bignonieae, Catalpeae, Colleae, Crescentieae, Jacarandaeae, Oroxyleae, Tourrettieae e Tecomeae. A tribo Bignonieae contém 21 gêneros e aproximadamente 380 espécies compostas principalmente de lianas neotropicais, incluindo também algumas espécies arbustivas ocorrentes no cerrado brasileiro (Lohmann, 2006). As espécies dessa tribo são conhecidas pelas folhas compostas e opostas que, frequentemente, apresentam o folíolo terminal modificado em uma gavinha, além de flores vistosas, que atraem uma ampla variedade de polinizadores como abelhas, borboletas, mariposas, pássaros e morcegos (Alcantara & Lohmann, 2010). O gênero Adenocalymma pertence à tribo Bignonieae e, atualmente, está representado por 79 espécies, cujos domínios fitogeográficos abrangem Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, tendo como centro de diversidade a região Amazônica e, apesar de possuir alguns representantes subarbustivos no Cerrado brasileiro, é constituído principalmente por lianas (Fonseca, 2013). Segundo Alcantara & Lohmann) as características florais das espécies representantes de Bignonieae sugerem que as interações entre as flores e seus polinizadores desempenham um papel muito importante na diversificação do grupo como um todo. Além disso, as lianas têm um papel de Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum... 275 destaque na dinâmica das comunidades florestais, contribuindo tanto com a diversidade biológica como também participando de uma série de processos e/ou funções vitais à manutenção da estrutura florestal (Udulutsch et al. 2010).Os padrões fenológicos das lianas podem ser complementares aos das árvores, resultando em constante suplemento de néctar, pólen e fruto para a fauna (Souza et al., 2010). O estudo da biologia reprodutiva de plantas constitui um elemento chave no esclarecimento dos padrões de distribuição e abundância das espécies (Dalling, 2002), envolvendo a análise de dados referentes a aspectos fenológicos, a biologia floral, o mecanismo de polinização, o sistema reprodutivo e o sucesso reprodutivo. A fenologia reprodutiva das plantas não afeta somente as próprias espécies, mas também os animais que dependem de seus recursos (Souza et al., 2012). Assim, as plantas apresentam estratégias fenológicas de floração que desempenham importante papel na atração de polinizadores, podendo ajustar o padrão de forrageamento dos mesmos de tal forma que a eficiência de polinização de qualquer visitante floral esteja intimamente relacionada com a biologia floral da planta (D‟Avila, 2006), uma vez que as plantas dependem dos animais para garantir seu sucesso reprodutivo e os animais necessitam das plantas como fonte de recursos (Borges, 2000). Nesse sentido, a polinização é um processo ecológico muito importante nos ecossistemas terrestres, pois determina o sucesso reprodutivo dos constituintes da flora e, portanto, sua capacidade de autorregeneracão natural (Ramalho & Batista, 2005). Gentry (1973), estudando representantes da família Bignoniaceae no Panamá, estabeleceu várias síndromes de polinização, ressaltando a predominância de espécies melitófilas. No entanto, Gentry (1974) relatou que representantes de Bignoniae apresentam características de melitofilia e também de ornitofilia. Sampaio (2010) estudou espécies subarbustivas de Adenocalymma que exibem flores amarelas e tubulares, de odor adocicado e são polinizadas principalmente por abelhas. Almeida-Soares et al. (2010), trabalhando com a espécie Adenocalymma bracteatum, relatou a ocorrência da síndrome de melitofilia. Encontra-se disponível na literatura um grande número de trabalhos sobre taxonomia da família Bignoniaceae, no entanto, trabalhos que se referem à biologia floral, reprodutiva ou a polinização de espécies dessa família são raros. Segundo Alcantara & Lohmann (2010), apenas 46 espécies da tribo Bignoniae tem o sistema reprodutivo determinado de forma conclusiva. Este trabalho teve como objetivos avaliar a biologia floral, o sucesso reprodutivo e a biologia de polinização de Adenocalymma pedunculatum (Vell.) L. H. Lohmann em uma área de Cerrado no município de Chapadinha, MA. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O presente estudo foi conduzido na região Nordeste do Brasil, no município de Chapadinha, que integra a microrregião Chapadinha, também conhecida como microrregião do Alto Munim, na porção Leste do estado do 276 Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva Maranhão (Costa et al., 2011), cujas coordenadas geográficas são: 3° 44‟ 45” de latitude Sul e 43° 18‟ 41” de longitude Oeste. A região é caracterizada por um cerrado lato sensu, que é um bioma extenso e complexo apresentando um mosaico de tipos vegetacionais (Ibama, 2006). O clima predominante da região de Chapadinha é do tipo tropical úmido, com uma época chuvosa que vai de novembro a maio e temperatura média de 29°C (Ribeiro & Walter, 1998). Espécie de estudo A. pedunculatum é uma espécie de ocorrência no Cerrado (stricto sensu) e campo sujo (Medeiros, 2011). Na área de estudo apresenta hábito subarbusto (Figura 1A) e, quando próxima a outras plantas, comporta-se como liana, podendo atingir cerca de 15 metros de altura sobre árvores (Figura 1B). Fenologia As observações referentes à fenologia de floração e de frutificação foram realizadas nos anos de 2011 e 2012, onde foram averiguados, semanalmente, dez indivíduos previamente marcados quanto à emissão de flores e ao período de frutificação. Biologia floral As observações sobre a biologia floral de A. pedunculatum foram realizadas em condições naturais, além de terem sido coletadas flores para análise sob microscópio estereoscópico, em laboratório. Foram registrados dados sobre o horário de abertura dos botões, a longevidade da flor, o processo de deiscência das anteras e o processo de abertura/fechamento do estigma. Utilizou-se paquímetro digital para medir o comprimento e diâmetro do cálice, comprimento e diâmetro da corola, comprimento do estilete e dos filetes. O néctar foi coletado para análise da concentração de açúcares com refratômetro de resolução 50% Brix. A coleta foi conduzida em populações naturais no campo. Para a obtenção das concentrações, 390 botões florais foram ensacados com sacos tecidos em organza, com a finalidade de impedir o contato dos visitantes florais com o néctar. As coletas foram realizadas a cada hora, sendo 30 flores para cada horário, a partir das 6:00h até às 18:00h. O néctar produzido entre 6:00h e 8:00h foi coletado com auxilio de microcapilares. O tamanho da coluna do néctar dentro do microcapilar foi 3 medido com auxilio de paquímetro digital. Em seguida, o volume em mm foi calculado utilizando a fórmula do volume de um cilindro, V = π r² x h, onde: V = volume; π = constante ( 3,14) r² = raio do microcapilar; h = tamanho da coluna do fluido dentro do microcapilar (mm). Posteriormente, os valores foram convertidos em mililitros (ml) por regra de três simples. Utilizou-se também, nos horários das 9:00h às 18:00h, seringa de 1,0 ml para coleta de néctar, devido ao maior volume deste. Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum... 277 Nos casos em que o volume de néctar foi suficiente para medir a concentração de açúcares, inclusive quando coletado com microcapilar, utilizou-se o refratômetro portátil com escala de 0 a 50% Brix para determinar as concentrações de açúcares, sendo que as médias e o desvio padrão foram ® calculados com o auxílio do software Microsoft Excel 2010. Material botânico de testemunha foi coletado e herborizado e encontrase depositado no Herbário do Instituto de Botânica de São Paulo, cujo número SPF é 203416. Visitantes florais Para averiguação dos visitantes florais de A. pedunculatum foram realizadas observações durante 14 dias consecutivos no ano de 2011, nos períodos da manhã e da tarde, em oito indivíduos previamente marcados, totalizando 56 horas de observação. Averiguou-se o comportamento dos visitantes florais e realizaram-se registros fotográficos e filmagens, além das observações visuais, anotando-se o horário das visitas, frequência dos visitantes, comportamento intrafloral e tipos de recursos coletados. Exemplares dos visitantes florais foram coletados diretamente das flores, com auxílio de saco plástico ou rede entomológica, colocados em câmara mortífera e acondicionados em frascos devidamente etiquetados com data e hora de coleta. A diferenciação entre polinizadores e pilhadores baseou-se no comportamento de intrafloral apresentado pelos visitantes, sendo considerados polinizadores aqueles visitantes que, ao entrarem na flor, tocavam os órgãos reprodutivos, e pilhadores aqueles visitantes que não tocaram os órgãos reprodutivos da flor. Os visitantes florais coletados foram medidos utilizando-se paquímetro digital e analisados quanto à presença de grãos de pólen no corpo, usando-se microscópio estereoscópio e, posteriormente, encaminhados a especialista para identificação taxonômica. Sistema reprodutivo Para o estudo do sistema reprodutivo de A. pedunculatum, fez-se o isolamento de flores ainda em botão (exceto das amostras para controle), em nove indivíduos e realizaram-se os seguintes testes: 1) Teste Controle, botões florais (N=50) foram marcados com fita vermelha próxima a base, apenas para identificação do tratamento. As flores foram observadas até a senescência ou maturação dos frutos em condições naturais; 2) Autopolinização passiva, botões florais ensacados (N=25) não foram manipulados, para se verificar a ocorrência ou não da formação do fruto; 3) Autopolinização manual, desenvolvida através da fertilização do estigma com pólen proveniente da mesma flor (N=25) após a antese, com manutenção do isolamento; 4) Apomixia, realizada através da retirada, ainda em botão, das anteras e do estigma, e as flores (N=25) foram acompanhadas quanto o desenvolvimento de frutos; 278 Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva 5) Geitonogamia, realizada através da fertilização do estigma com pólen de outra flor, porém da mesma planta (N=25) após a antese, com manutenção do isolamento; 6) Xenogamia - consistiu na transferência de grãos de pólen entre flores de plantas diferentes (N=43), com manutenção do isolamento. Com exceção do teste controle e da autopolinização passiva, todos os demais testes reprodutivos tiveram suas flores emasculadas após a realização dos testes, ou seja, tiveram as anteras removidas. Para todos os testes, houve acompanhamento da produção ou não de frutos e, quando a produção ocorreu, os frutos foram contados e coletados para fazer a relação fruto/flor. Para estimar o índice de fecundidade (sucesso reprodutivo) foi utilizada a metodologia proposta por Cruden (1972), que é o produto das razões semente/óvulo e fruto/flor. RESULTADOS E DISCUSSÃO Fenologia A floração de A. pedunculatum possui padrão anual, ocorrendo nos meses de junho a setembro, com pico em agosto. A frutificação ocorre de julho a outubro, coincidindo com o período seco do ano, aspecto que também foi observado por Almeida-Soares et al. (2010) em A. bracteatum numa área de transição em uma floresta secundária em estágio médio de regeneração, no estado de Mato Grosso do Sul. Quanto ao padrão de floração, esta espécie pode ser considerada como do tipo cornucópia, por apresentar produção diária de muitas flores por planta, em uma única estação do ano, ocorrendo durante muitas semanas ou até meses (Gentry, 1974). Ainda de acordo com esse mesmo autor, esse tipo de padrão fenológico é muito comum nas espécies de Bignoniaceae; padrão semelhante foi descrito para outras espécies de Bignoniaceae, como Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. e Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. (Barros, 2001). Biologia floral A. pedunculatum possui flores reunidas em inflorescências do tipo panícula com 44,29 (±17,32; N=25) botões por inflorescência e 2,64 (± 2,80; N=25) flores abertas por dia. As flores são pentâmeras, zigomorfas e hermafroditas; o cálice é gamossépalo, de cor verde com corola gamopétala de cor amarela intensa (Figura 2A). Internamente, a corola apresenta duas dobras longitudinais que formam um sulco longitudinal interno em direção ao nectário (Figura 2B), podendo funcionar como guia de néctar e por onde as abelhas caminham até o interior da corola para a coleta de néctar. Essas características, associadas ao estreitamento gradual do tubo floral, promove uma pressão física dos órgãos sexuais da flor contra a região dorsal dos visitantes (Vieira et al., 1992). Em A. pedunculatum, a corola tubular, o guia de néctar e a simetria zigomorfa foram atributos florais que provavelmente orientaram como os visitantes teriam acesso ao néctar, aspecto que também foi observado por Amaral (1992) em outras espécies da tribo Bignoniae. Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum... 279 O desenvolvimento das flores de uma inflorescência ocorre numa sequência da base para o ápice no eixo da inflorescência. Em uma única inflorescência podem ser encontrados botões florais, flores abertas, flores em senescência e, ocasionalmente, frutos (Figura 3), características que podem ser comuns ao gênero, já que são semelhantes às observadas por AlmeidaSoares et al. (2010) em estudo de A. bracteatum. As flores de A. pedunculatum iniciam o processo de abertura por volta das 3:00 horas, com a distensão dos lacínios se completando por volta das 7:00 horas. As flores duram um dia e, no período da tarde, a corola torna-se marrom e cai, com persistência apenas do cálice e do gineceu, caracterizando o fim da antese. As flores de A. pedunculatum apresentam características relacionadas à síndrome de polinização por abelhas, tais como antese diurna e elevada concentração de açucares no néctar (Araujo et al., 2011). Segundo Alves et al. (2010), a melitofilia em Bignoniaceae está, em geral, associada a flores vistosas, relativamente grandes, com corola tubular e achatada dorsoventralmente, e ao néctar disponível como recurso floral. Ainda de acordo com esses autores, flores tubulares geralmente restringem a guilda de polinizadores, haja vista que o acesso ao néctar é dificultado e, para tanto, os polinizadores devem possuir estruturas especializadas que permitam o acesso ao néctar. O gineceu é constituído por um ovário súpero, bilocular com média de 12,72 óvulos (±2,11; N=25). O estilete mede 40,68 mm de comprimento (Tabela 1). O estigma é bífido, permanecendo aberto quando receptivo e fechase quando ocorre a deposição de pólen na área estigmática. Foi acompanhado o momento de abertura do estigma em 25 flores previamente selecionadas. A abertura do estigma inicia-se por volta das 7:00h, com poucos estigmas abertos, com pico entre às 8:00 e 9:00h, coincidindo com o horário de maior intensidade de visitantes florais (Figura 4). Para Bittencourt Júnior (2003), o fechamento do estigma é um indício de que a flor foi visitada e polinizada. O androceu é epipétalo com quatro estames didínamos, sendo dois maiores com 31,18 mm de comprimento (±3,30; N=25) e dois menores, com 23,37 mm de comprimento (±2,43; N=25) (Tabela 1), além de um estaminódio de tamanho reduzido (Figura 5); as anteras apresentam deiscência longitudinal. Essas características são semelhantes às encontradas por outros autores para representantes da família Bignoniaceae (Correia et al., 2005; Almeida-Soares et al., 2010). O estaminódio é pouco desenvolvido na espécie sob análise e sua função não foi elucidada neste estudo. No entanto, Alves et al. (2010) relataram que, em Jacaranda mimosifolia, o estaminódio é uma das estruturas responsáveis pela produção de odor. Vieira et al. (1992) destacaram um papel triplo para o estaminódio: orientação visual, devido a cor contrastante do estaminódio com a entrada do tubo da corola; guia olfativo, por meio da liberação de odor pelos tricomas glandulares; e auxílio no contato do polinizador com os órgãos sexuais, pela diminuição do diâmetro útil da abertura 280 Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva da corola. Os dados morfométricos das flores de A. pedunculatum encontramse na Tabela 1. Tabela 1. Morfometria das estruturas florais de Adenocalymma pedunculatum. Variáveis avaliadas Comprimento do cálice (mm) Diâmetro do cálice (mm) Comprimento da corola (mm) Diâmetro da corola (mm) Comprimento do estilete (mm) Comprimento dos filetes maiores (mm) Comprimento dos filetes menores (mm) Comprimento do estaminódio (mm) Média, desvio padrão e número da amostra 11,85 ± 1,05; N=25 6,89 ± 0,52; N=25 47,26 ± 6,07; N=25 16,22 ± 1,3; N=25 40,68 ± 3,99; N=25 31,18 ± 3,30; N=25 23,36 ± 2,43; N=25 4,94 ± 1,09; N=25 Adenocalymma pedunculatum também oferece néctar aos seus visitantes, como recurso floral, estando este disponível durante todo o dia. Durante o período de antese, o volume médio produzido foi de 0,042 ml (N=390), havendo aumento constante da produção de néctar até por volta das 12:00h (Figura 6). Contudo, após esse horário, ocorreram pequenas variações de volume em flores ensacadas, que podem ter sido em decorrência das condições do ambiente. Em flores controle, não ensacadas, não foi constatada a presença de néctar após o meio-dia, possivelmente devido às intensas visitas de polinizadores e pilhadores no período da manhã. A concentração média de açucares no néctar foi de 26,58%, em escala Brix, variando de 11,60% a 29,55% ao longo do dia. Segundo Guedes et al. (2009), a produção de néctar e, consequentemente, o aumento da sua concentração de açúcares estão associados a fatores climáticos, como a temperatura e umidade. O fruto de A. pedunculatum é uma síliqua deiscente, bicarpelar, que apresenta coloração verde durante o desenvolvimento (Figura 7A) e marrom quando maduro (Figura 7B). As sementes são aladas, achatadas e liberadas por anemocoria (Figura 7C). Visitantes florais As visitas em flores de Adenocalymma pedunculatum iniciaram-se por volta das 7:00 horas e estenderam-se até o meio-dia, sendo mais frequentes às 9:00 (Figura 4). Foram registrados 92 visitantes, sendo 10 espécies de abelhas, duas de beija-flores e uma de gafanhoto (Tabela 2). As abelhas do gênero Euglossa (Euglossa) sp. corresponderam a 19,56% das visitas e Epicharis bicolor foi responsável por 17,39% das visitas (Tabela 2), podendo estas serem consideradas as possíveis polinizadoras de A. pedunculatum, devido seu comportamento intrafloral. Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum... 281 Tabela 2. Frequência, recurso e comportamento dos visitantes de Adenocalymma pedunculatum. Espécie Insetos Centris (ptilotopus) sponsa Smith, 1854 Centris (Centris) sp. Centris (Trachina) grupo fuscata Lepeletier, 1841 Epicharis (Epicharis) bicolor Smith, 1874 Euglossa (Euglossa) sp. Eulaema nigrita Lepeletier, 1842 Oxaea flavescens Klug, 1807 Tetragona sp. Xylocopa (neoxylocopa) sp. Schistocerca flavofasciata, Degeer, 1773 Aves Chlorostilbon mellisugus Linnaeus, 1758 Beija-flor – gênero não identificado Total Recurso: N: néctar; P: pólen. Frequência N % Recurso Comportamento 3 1 5 3,26 1,09 5,43 N N N Pilhador Pilhador Pilhador 16 18 17,39 N N Polinizador Polinizador N N N N P Pilhador Pilhador Pilhador Pilhador Predador N N Polinizador Polinizador 1 1 1 6 1 19,56 1,09 1,09 1,09 6,52 1,09 33 6 92 35,87 6,52 100 As espécies do gênero Euglossa realizaram visitas legítimas, assim consideradas porque estas abelhas sobrevoam as flores e se direcionam pelo sulco longitudinal em direção ao nectário para coletarem néctar e, neste percurso, contatam as anteras com a parte dorsal do tórax, onde os grãos de pólen se aderem passivamente (Figura 8A); em seguida, regressam pelo tubo floral e alçam vôo. Em análise auxiliada por microscópio estereoscópico, constatou-se a presença de grãos de pólen de Adenocalymma pedunculatum no corpo e nas pernas de indivíduos de Euglossa spp., gênero de abelha considerado importante polinizador para outras espécies da família Bignoniaceae (Yanagizawa, 1983; Bittencourt Júnior, 2003; Correia et al., 2005). Epicharis bicolor também apresentou comportamento semelhante às abelhas do gênero Euglossa, pois se direcionam até a parte basal da corola para coletarem o néctar e, nesse percurso, tocam com a parte dorsal do tórax tanto no androceu quanto no estigma (Figura 8B). A. pedunculatum foi visitada por duas espécies de beija-flores que apresentaram comportamento de polinizador. A espécie Chlorostilbon mellisugus (Figura 8C) realizou visitas legítimas para coletar néctar (Figura 8D), quando então tocava nas partes reprodutivas da flor com o bico ou a cabeça (Figura 9), onde grãos de pólen ficavam depositados, facilitando a transferência dos grãos de pólen para outra flor visitada. Contrariamente, Sampaio (2010) relatou que um espécime de beija-flor foi observado pilhando néctar em Adenocalymma campícola, assim como Amaral (1992), que também descreveu um espécime de beija-flor como sendo pilhador de néctar de Adenocalymma bracteatum e Adenocalymma marginatum, já que a ave perfurava a corola na região próxima ao ápice do cálice. 282 Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva Dentre as espécies de abelhas pilhadoras, Xylocopa (neoxylocopa) sp. (Figura 10A), apresentou frequência de 6,52%; Centris (Trachina) grupo fuscata - 5,43%; Centris (ptilotopus) sponsa - 3,26%; Centris (Centris) sp., Eulaema nigrita, Oxaea flavescens e Tetragona sp. apresentaram 1,09% da frequência de visitas, respectivamente (Tabela 2). As visitas de pilhagem dessas abelhas iniciaram-se por volta das 7:00h, quando as flores ainda dispunham de pouco néctar, estendendo-se até o meio-dia. Todas elas apresentaram comportamento de pilhadores de recurso, pois essas abelhas não adentraram nas flores pelo tubo da corola, mas pousaram do lado de fora da corola e introduziram o aparelho bucal na base da corola ou do cálice, realizando a pilhagem do néctar. As espécies Melipona michmelia (Figura 10B), Trigona sp, Trigona pallens, Trigona branneri podem ser consideradas pilhadoras de néctar, pois realizam a coleta através de perfurações no cálice. A espécie Schistocerca flavofasciata foi considerada como predador da espécie em estudo devido ao seu comportamento intrafloral, pois, ao adentrar na flor, alimenta-se dos grãos de pólen (Figura 10C) e, logo em seguida, das anteras, dessa forma inviabilizando a polinização (Figura 10D). Enquanto Polatto et al. (2007) mencionaram espécies do gênero Xylocopa, além de Oxaea flavescens, como pilhadoras de néctar de Pyrostegia venusta, outros autores citam Centris spp como polinizadores eficientes (Dutra & Machado, 2001; Silva et al., 2007), uma vez que tratando-se de abelhas de grande porte, ao penetrarem nas flores, fazem contato com suas partes reprodutivas (Dutra & Machado, 2001), fato que não foi observado em A. pedunculatum. De modo adverso, Almeida-Soares et al. (2010) registraram a espécie Eulaema nigrita como polinizador efetivo de Adenocalymma bracteatum, pois recolhia grãos de pólen por vibração e tocava o estigma ao visitar outras flores. No entanto, Correia et al. (2005) consideraram Eulaema nigrita como pilhador primário de Arrabidaea conjugata. Ressalte-se que em flores de Bignoniaceae, de acordo com Yanagizawa (1983) e Barros (2001), intensas visitas de pilhadores reduzem a disponibilidade de néctar, forçando o polinizador a buscar recursos em outras plantas havendo, em consequência, um aumento do fluxo de pólen entre as plantas que favorece a polinização cruzada, indispensável à formação de frutos. Porém, Carvalho et al. (2007) relatam que existe discordância na avaliação do efeito da pilhagem no sucesso reprodutivo nessa família. Todavia, Correia et al. (2006), estudando a espécie Anemopaegma chamberlaynii Bur, concluíram que outros fatores, como a disponibilidade de recursos maternos, atração de polinizadores e a fertilidade masculina, mais do que o número de flores polinizadas, determinam a maior produção de frutos. Polinizadores e pilhadores de néctar realizam visitas conjuntas, não ocorrendo comportamento agressivo entre eles. As visitas dos polinizadores e pilhadores de néctar às flores de A. pedunculatum concentraram-se pela manhã, sendo raras as visitas no período da tarde. Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum... 283 Sistema reprodutivo Os testes reprodutivos indicam que A. pedunculatum é autoincompatível, pois os testes de autopolinização passiva, autopolinização manual, apomixia e geitonogamia não produziram frutos (Tabela 3). Resultado semelhante foi obtido por Correia et al. (2005) durante estudo em Arrabidae conjugata e por Carvalho et al. (2007), com Anemopaegma laeve . Além disso, Bittencourt Júnior (2003), realizando pesquisas sobre o desenvolvimento de tubos polínicos utilizando microscopia de fluorescência, relataram que, entre as Bignoniaceae, predomina o sistema de incompatibilidade de ação tardia. No entanto, Dutra & Machado (2001) obtiveram resultados de autocompatibilidade com Stenolobium stans (Juss.) Seem (Bignoniaceae), que justifica a distribuição desta espécie em todo o Brasil. No teste de xenogamia, a taxa de produção de frutos foi de 41,8%, enquanto no teste controle foi de 2% (Tabela 3), indicando que a polinização natural não é eficiente, podendo estar relacionado com a grande quantidade de pilhadores de néctar. Polatto & Alves Júnior (2009), de modo semelhante, obtiveram maior taxa de polinização nas flores de Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum. (Bignoniaceae) também por xenogamia. Tabela 3. Sistema de reprodução de Adenocalymma pedunculatum. Testes reprodutivos Flores (n°) Controle Autopolinização passiva Autopolinização manual Apomixia Geitonogamia Xenogamia 50 25 25 25 25 43 Frutos (n°) 1 0 0 0 0 18 % de frutos 2 0 0 0 0 41,8 Sucesso reprodutivo Em condições naturais, obteve-se o número de 11 sementes por fruto. A razão semente/óvulo foi de 0,86 e a taxa de fecundidade resultante (Cruden, 1972) foi de 0,017 (Tabela 4). No teste de xenogamia, o número de sementes foi de 10,33 (± 0,77, N=18), a razão semente/óvulo foi de 0,81 e a taxa de fecundidade resultante foi de 0,33 (Tabela 4). Estes resultados mostram que A. pedunculatum é xenogâmica obrigatória, característica comum entre muitas espécies de Bignoniaceae (Correia et al., 2005; Correia et al., 2006; Polatto & Alves Júnior, 2009; Almeida-Soares et al., 2010) e que a produção de frutos em condições naturais é muito baixa. 284 Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva Tabela 4. Sucesso reprodutivo de Adenocalymma pedunculatum. Óvulo/flor Fruto/flor Semente/fruto Semente/óvulo Taxa de fecundidade Controle 12,72 ± 2,11 N=25 0,02 11 N=1 0,86 0,017 Xenogamia 0,41 10,33 ± 0,77 N =18 0,81 0,33 CONCLUSÃO A. pedunculatum é uma espécie de reprodução estritamente sexuada que possui uma ampla diversidade de visitantes florais, tanto de polinizadores quanto de pilhadores de recursos. No entanto, a alta taxa de visitas inter-planta dos polinizadores favorece a polinização geitonogâmica, o que está diretamente ligado à baixa taxa de fecundidade pela polinização natural em comparação à taxa de fecundidade no teste de xenogamia. Estudos de dinâmica populacional desta espécie ajudariam a compreender melhor sua distribuição com uma taxa baixa de fecundidade. REFERÊNCIAS ALCANTARA, S. & LOHMANN, L. 2010. Evolution of floral morphology and pollination system in Bignonieae (Bignoniaceae). American Journal of Botany 97(5):782–796. ALMEIDA-SOARES, S.; POLATTO, L.P.; DUTRA, J. & TOREZAN-SILINGARDI, H.M. 2010. Pollination of Adenocalymma bracteatum (Bignoniaceae): floral biology and visitors. Neotropical Entomology 39(6):941-948. ALVES, G.R.; PERUCHI, A. & AGOSTINI, K. 2010. Polinização em área urbana: o estudo de caso de Jacaranda mimosifolia D. Don (Bignoniaceae). Bioikos 24(1):31-41. AMARAL, M.E.C. 1992. 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Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum... a b c 289 d e f g Figura 5. Corte longitudinal da flor demostrando a disposição dos órgãos reprodutivos: (a) estigma, (b) antera, (c) filete, (d) estilete, (e) estaminódio, (g) câmara nectarífera e (f) ovário. Figura 6. Variação da concentração de açúcares e do volume do néctar em flores previamente ensacadas de Adenocalymma pedunculatum. Rodrigues de Lima, Ferreira de Lima, Costa & Silva 290 A B C Figura 7. (A) Fruto em desenvolvimento, (B) fruto maduro e (C) semente. Barra equivale a 3 cm (AB) e 1 cm (C). A B C D Figura 8. (A) Euglossa (Euglossa) sp.; (B) Epicharis bicolor adentrando a flor em direção ao nectário; (C) Chlorostilbon mellisugus visitando flor; (D) Chlorostilbon mellisugus realizando coleta de néctar. Biologia reprodutiva de adenocalymma pedunculatum... 291 Figura 9. Desenho esquemático da flor de A. pedunculatum para demonstrar o contato das estruturas reprodutivas com a região da cabeça de Chlorostilbon mellisugus. A B C D Figura 10. (A) Xylocopa (neoxylocopa) sp. realizando a coleta de néctar; (B) Melipona (michmelia) sp. pilhando néctar; (C-D) Schistocerca flavofasciata alimentando-se de pólen e anteras. SOBREVIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE CATTLEYA INTERMEDIA GRAHAM (ORCHIDACEAE) MICROPROPAGADAS E ACLIMATADAS EM SUBSTRATOS COM FIBRA DE COCO Márcio Hisayuki Sasamori1 Delio Endres Júnior2 Annette Droste3 ABSTRACT The orchid Cattleya intermedia Graham is endemic to Brazil and has been included among the endangered species for the state of Rio Grande do Sul. In nature, only 5% of the orchid seeds germinate. Seedlings produced in vitro may be used in reintroduction programs, since the ex vitro acclimatization is efficient. The aim of this study was to evaluate the survival and the initial development of C. intermedia seedlings obtained from in vitro culture and acclimatized in the following substrates: coconut fiber; coconut fiber and pine bark; coconut fiber and carbonized rice hulls; coconut fiber and broken stone, as well as coconut fiber, pine bark, carbonized rice hulls and broken stone. For each substrate thirty six seedlings were evaluated for survive and 20 to 22 seedlings were evaluated for development parameters. After five months of acclimatization, survival percentage, rates of absolute and relative increase of shoot growth and fresh mass, mean length of the longest root, and mean number of roots per seedling in each substrate were calculated. Survival percentages between 80 and 100% were observed. Seedlings acclimatized in the substrate containing coconut fiber, pine bark, carbonized rice hulls and broken stone showed a mean of 8.5 roots with the longest root measuring about 6.13 cm. This combination of compounds also stood out among the substrates which promote the highest rates of relative increase of shoot growth (69.7%) and fresh mass (414.1%), and may be recommended for the acclimatization of in vitro propagated C. intermedia seedlings. Key-words: Orchid. Acclimatization. Conservation. Reproduction. 1 Bolsista de Iniciação Científica CNPq, Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Biotecnologia Vegetal, Universidade Feevale, ERS 239, 2755, CEP 93352-000, Novo Hamburgo, RS, Brasil. Email: marcio_sasamori@yahoo.com.br. 2 Bolsista de Iniciação Científica FAPERGS, Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Biotecnologia Vegetal, Universidade Feevale, ERS 239, 2755, CEP 93352-000, Novo Hamburgo, RS, Brasil. E-mail: deliojendres@hotmail.com. 3 Doutora e Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental, Laboratório de Biotecnologia Vegetal, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Feevale, ERS 239, 2755, CEP 93352-000, Novo Hamburgo, RS, Brasil. E-mail: annette@feevale.br. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:293-303 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 294 Sasamori, Endres Jr. & Droste RESUMO A orquidácea Cattleya intermedia Graham é endêmica do Brasil e está entre as espécies ameaçadas no estado do Rio Grande do Sul. Na natureza, somente em torno de 5% das sementes de orquídeas germinam. Plântulas produzidas a partir de sementes in vitro podem ser utilizadas em programas de reintrodução, desde que a aclimatação ex vitro seja eficiente. O objetivo do estudo foi avaliar a sobrevivência e o desenvolvimento inicial de plântulas de C. intermedia provindas da cultura in vitro, aclimatadas nos seguintes substratos: fibra de coco (FC), fibra de coco e casca de pínus (FC + CP), fibra de coco e casca de arroz carbonizada (FC + CAC), fibra de coco e brita (FC + B), bem como fibra de coco, casca de pínus, casca de arroz carbonizada e brita (FC + CP + CAC + B). Para cada substrato, foram avaliadas 36 plântulas quanto à sobrevivência e 20 a 22 plântulas quanto aos parâmetros de desenvolvimento. Ao final de cinco meses de aclimatação, foram calculadas a porcentagem de sobrevivência, as taxas absoluta e relativa de crescimento da parte aérea e de aumento da massa fresca, a média do comprimento da raiz maior e a média do número de raízes por plântula em cada substrato. Porcentagens de sobrevivência entre 80 e 100% foram observadas. Plântulas aclimatadas no substrato contendo fibra de coco, casca de pinus, casca de arroz carbonizada e brita apresentaram em média 8,5 raízes e raiz maior com 6,13 cm. Essa combinação de componentes também se destacou entre os substratos que propiciaram maiores taxas de aumento relativo da parte aérea (69,7%) e da massa fresca (414,1%), podendo ser recomendada para a aclimatação de plântulas de Cattleya intermedia propagadas in vitro. Palavras-chave: Orquídea. Aclimatação. Conservação. Reprodução. INTRODUÇÃO Cattleya intermedia Graham é uma orquidácea epifítica endêmica do Brasil que ocorre na Floresta Atlântica, nas regiões Sul e Sudeste (Barros et al., 2013). O elevado valor ornamental da espécie a torna alvo de coletas irregulares, o que, aliado à redução de hábitats, contribui para a diminuição das populações naturais (Cruz et al., 2003). Atualmente, C. intermedia é registrada como vulnerável na Lista das Espécies da Flora Ameaçadas do Rio Grande do Sul (Rio Grande do Sul, 2003). A preocupação com a conservação dos genótipos de orquídeas nativas leva à busca por estratégias para diminuir o impacto negativo das pressões antrópicas sobre as espécies em perigo (Corrie & Tandon, 1993). Na natureza, apesar do grande número de sementes produzidas, somente 5% destas germinam e se desenvolvem mediante uma relação simbiótica com fungos micorrízicos, os quais fornecem os nutrientes necessários ao crescimento das plantas (Corrie & Tandon, 1993; Colombo et al., 2005). A germinação de sementes de orquídeas in vitro é uma eficiente ferramenta para a produção de plântulas que podem ser utilizadas em programas de reintrodução de espécies aos hábitats originais devido à manutenção da variabilidade genética, restaurando as populações nativas (Wochok, 1981; Schneiders et al., 2012). Sobrevivência e desenvolvimento de plântulas de... 295 A transferência das plântulas da condição in vitro para o ambiente natural exige uma etapa intermediária de aclimatação (Grattapaglia & Machado, 1998), muitas vezes considerada limitante para a sobrevivência dos indivíduos, devido às significativas mudanças das condições abióticas, principalmente de umidade, luminosidade e disponibilidade de nutrientes (Assis et al., 2009; Lakso et al., 1986), bem como devido à possibilidade de contato das plântulas com microrganismos patogênicos (Tombolato & Costa, 1998). Em ambiente florestal, as orquídeas epifíticas utilizam o forófito como suporte, obtendo a maior parte de seus nutrientes por meio da lixiviação de materiais ao longo do tronco junto à água da chuva (Moreira & Isaias, 2008; Benzing et al., 1982). Substratos usados para aclimatação ex vitro, portanto, devem apresentar características que facilitem a aeração, a drenagem e o acesso à luz por parte das raízes das plântulas cuja morfoanatomia está adaptada ao epifitismo (Bicalho, 1969). Além disso, um substrato eficiente deve apresentar capacidade de retenção de nutrientes, durabilidade, consistência para suporte e capacidade de tamponamento para pH (Kämpf, 2000). O xaxim, formado pelas raízes adventícias de algumas samambaias das famílias Dicksoniaceae e Cyatheaceae, é comumente utilizado como substrato para cultivar orquídeas (Demattê & Demattê, 1996). Dicksonia sellowiana Hook., uma das espécies mais exploradas no passado, está na Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2013a) e tem sua exploração proibida no Brasil (Resolução Conama 278/2001) (MMA, 2013b). A partir das restrições ao uso desta espécie, principalmente, tornou-se necessária a avaliação de novos compostos que permitissem a sobrevivência e o estabelecimento das plântulas de orquídea após a cultura in vitro. A fibra de coco é um resíduo da exploração comercial do fruto da palmácea Cocos nucifera L. (Jasmim et al., 2006) que vem sendo empregado de forma crescente como substrato para a produção de orquídeas (Assis et al., 2005, 2008; Colombo et al., 2005; Silva et al., 2006; Yamakami et al., 2006, 2009; Lone et al., 2008; Stefanello et al., 2009; Macedo et al., 2011). Especificamente, para Cattleya intermedia, um estudo avaliou o desenvolvimento de plântulas usando fibra de coco além de outros substratos, de forma separada (Lone et al., 2008). Considerando que o uso combinado de diferentes materiais pode agregar características desejáveis ao substrato (Kämpf, 2000), o estudo teve como objetivo avaliar a sobrevivência e o desenvolvimento de plântulas de Cattleya intermedia obtidas a partir da propagação in vitro e aclimatadas em fibra de coco e outros componentes. MATERIAL E MÉTODOS Plântulas de Cattleya intermedia obtidas a partir de sementes germinadas in vitro e medindo 2,0 ± 0,5 cm de altura foram numeradas. A altura da parte aérea e a massa fresca de cada plântula foram registradas com o auxílio de um paquímetro e de uma balança de precisão, respectivamente. 296 Sasamori, Endres Jr. & Droste Bandejas de plástico transparente (24 cm x 18 cm, 5 cm de altura) com dez furos laterais (0,5 cm de diâmetro, a 2 cm da base da bandeja) foram utilizadas como recipientes. Uma camada de pedra britada (granito rosa) foi colocada no fundo de cada bandeja para facilitar a drenagem e a aeração do sistema radicular (Santos & Teixeira, 2010). Após, foram colocados diferentes tipos e combinações de substratos nas bandejas: fibra de coco (FC); fibra de coco e casca de pínus (FC + CP, 2:3 v/v); fibra de coco e casca de arroz carbonizada (FC + CAC, 3,5:1,5 v/v); fibra de coco e brita basáltica n. 1 (FC + B, 3:2 v/v); fibra de coco, casca de pínus, casca de arroz carbonizada e brita basáltica n. 1 (FC + CP + CAC + B, 1:2:1:1 v/v). A fibra de coco utilizada em ® todos os substratos foi do tipo Padrão 80 – Amafibra . Para cada substrato avaliado, foram utilizadas 36 plântulas, 12 em cada o bandeja. As plântulas foram mantidas em laboratório, a 26±1 C e com retenção de 70% da luz natural por meio de tela de polipropileno. Adubações ® foliares com o fertilizante comercial Peters nas concentrações de 0,5 g/L durante os primeiros 30 dias e de 1 g/L no restante do experimento foram realizadas com periodicidade quinzenal. As bandejas foram mantidas cobertas por tampas plásticas transparentes durante 15 dias, para a manutenção de maior umidade junto às plântulas, sendo que após este período as tampas começaram a ser removidas, expondo os indivíduos de forma gradual ao ar atmosférico. A irrigação foi realizada manualmente a cada dois dias, mantendo-o sempre úmido. Após cinco meses, foi realizado o levantamento da sobrevivência, altura da parte aérea, massa fresca, número de raízes e comprimento da raiz maior das plântulas. Para cada substrato, foram avaliadas 36 plântulas quanto à sobrevivência e 20 a 22 plântulas quanto aos parâmetros de desenvolvimento. Para altura da parte aérea, foram calculadas as taxas de crescimento absoluto e relativo, respectivamente pelas fórmulas e [APA2APA1] e [(APA2-APA1x100)/APA1], em que APA1 foi a altura da parte aérea ao início do experimento e APA2 foi a altura da parte aérea ao término do experimento. Para massa fresca, foram calculados os aumentos de massa absoluto e relativo, respectivamente pelas fórmulas [MF2-MF1] e [(MF2MF1x100)/MF1], em que MF1 foi a massa fresca ao início do experimento e MF2 foi a massa fresca ao término do experimento. A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk, com o uso do programa estatístico SPSS versão 20. Para sobrevivência, os dados foram submetidos ao teste de Kruskal-Wallis, seguido pelo teste de StudentNewman-Keuls, a 5% de probabilidade. Diferenças entre altura da parte aérea e entre massa fresca ao início e após cinco meses de aclimatação foram testadas pelo teste de Wilcoxon. A taxa de crescimento relativo de altura da parte aérea e o aumento relativo de massa fresca foram transformados em √(x+1) e os dados dos parâmetros taxa de crescimento absoluto de altura da parte aérea, aumento absoluto de massa fresca, comprimento da raiz maior e número de raízes foram transformados em log (x+1). Os dados transformados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Sobrevivência e desenvolvimento de plântulas de... 297 RESULTADOS Foram observadas altas porcentagens de sobrevivência das plântulas de Cattleya intermedia em todos os substratos avaliados, que variaram de 80 a 100%, (Figura 1) e que não diferiram significativamente entre si (H=76.230; p=0,2670). A parte aérea e a massa fresca das plântulas apresentaram aumento significativo em todos os substratos avaliados após cinco meses de aclimatação (Figura 2). Figura 1. Porcentagens de plântulas de Cattleya intermedia sobreviventes após cinco meses de aclimatação em diferentes substratos. FC: fibra de coco; CP: casca de pínus; CAC: casca de arroz carbonizada; B: brita. Barras de erro indicam desvio padrão. Figura 2: Altura da parte aérea (A) e massa fresca (B) de plântulas de Cattleya intermedia ao início (barras pretas) e após cinco meses (barra cinza) de aclimatação em diferentes substratos. FC: fibra de coco; CP: casca de pínus; CAC: casca de arroz carbonizada; B: brita. Barras de erro indicam desvio padrão. Asteriscos indicam diferenças altamente significativas (p<0,001) de acordo com o teste de Wilcoxon. Sasamori, Endres Jr. & Droste 298 A taxa de crescimento absoluto das plântulas foi significativamente superior no tratamento contendo fibra de coco, casca de pínus, casca de arroz carbonizada e brita (FC + CP + CAC + B; 1,44 cm), em relação aos demais tratamentos (F=9,567; p<0,001) (Tabela 1), com exceção do tratamento com fibra de coco e casca de arroz carbonizada (FC + CAC; 1,26 cm). Referente à massa fresca das plântulas, o tratamento com FC + CP + CAC + B apresentou o maior aumento absoluto (1,436 g), seguido do substrato composto por FC + CAC (1,064 g), os quais foram estatisticamente superiores ao uso de fibra de coco como único material (FC; 0,582 g), bem como quando esta foi acrescida de brita (FC + B; 0,532 g) (F=16,859; p<0,001). O uso dos substratos FC + CAC, FC + CP + CAC + B e FC + CP permitiu maior aumento relativo da parte aérea das plântulas (72,7, 69,7 e 48,4%, respectivamente) e da massa fresca (417,5, 414,1 e 403,8%, respectivamente) em relação ao tratamento com FC + B (26,0% para parte aérea e 238,13% para massa fresca). As plântulas aclimatadas com uso de fibra de coco como substrato único apresentaram taxas de crescimento relativo intermediários para altura da parte aérea (45,2%) e de massa fresca (303,9%). Tabela 1. Taxas de crescimento da altura da parte aérea e de aumento da massa fresca (média ± desvio padrão) em Cattleya intermedia após cinco meses de aclimatação em diferentes substratos. Altura da Parte Aérea Substratos1 Massa Fresca Taxa de crescimento absoluto (cm) Taxa de crescimento relativo (%) Taxa de aumento absoluto (g) Taxa de aumento relativo (%) FC 0,86 ± 0,46bc2 45,2 ± 25,6ab 0,582 ± 0,417c 303,9 ± 162,9ab FC + CP 0,93 ± 0,488bc 48,4 ± 27,8a 0,746 ± 0,434bc 403,8 ± 187,3a FC + CAC 1,26 ± 0,69ab 72,7 ± 50,0a 1,064 ± 0,362ab 417,5 ± 140,2a FC + B 0,55 ± 0,48c 26,0 ± 24,4b 0,532 ± 0,356c 238,3 ± 185,2b FC+CP+CAC+B 1,44 ± 0,63a 69,7 ± 34,9a 1,436 ± 0,495a 414,1 ± 140,9a F 9,567 8,646 16,859 6,523 p < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 1FC: fibra de coco; CP: casca de pínus; CAC: casca de arroz carbonizada; B: brita. 2Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p<0,05). O melhor desenvolvimento do sistema radicular das plântulas foi observado com uso de maior número de materiais na composição do substrato, sendo observada a maior média do comprimento de raízes em FC + CP + CAC + B (6,13 cm) em relação à FC + CP, FC + B e FC (4,18, 3,59 e 3,32cm, respectivamente) (F=7,439; p<0,001). Para o número de raízes das plântulas, FC + CP + CAC + B se mostrou superior em relação a FC + CAC, FC + B e FC (8,5, 5,7, 5,5 e 4,3, respectivamente) (F=7,782; p<0,001) (Tabela 2). Sobrevivência e desenvolvimento de plântulas de... 299 Tabela 2. Comprimento da raiz maior e número raízes (média ± desvio padrão) em Cattleya intermedia após cinco meses de aclimatação em diferentes substratos. Substratos1 Comprimento da raiz maior (cm) Número de raízes FC FC + CP FC + CAC FC + B FC + CP + CAC + B F p 3,32 ± 1,82 b2 4,18 ± 2,31 b 4,61 ± 1,76 ab 3,59 ± 1,19 b 6,13 ± 1,45 a 7,439 < 0,001 4,3 ± 2,1 c 6,0 ± 2,3 ab 5,7 ± 2,2 bc 5,5 ± 2,0 bc 8,5 ± 3,2 a 7,782 < 0,001 1 FC: fibra de coco; CP: casca de pínus; CAC: casca de arroz carbonizada; B: brita. Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p<0,05). 2 DISCUSSÃO O sucesso da aclimatação de Cattleya intermedia alcançado no presente estudo foi evidenciado pelas altas porcentagens de sobrevivência de plântulas observadas em todos os substratos avaliados, o que em parte foi alcançado pela irrigação manual periódica que permitiu o controle da umidade do substrato, uma vez que a evaporação da água ocorre de modo diferente conforme a textura dos componentes (Demattê & Demattê, 1996). A aclimatação das plântulas deve ocorrer de forma gradual para que as mesmas possam desenvolver tecidos e mecanismos fisiológicos de adaptação à nova condição atmosférica. Durante o cultivo in vitro, as plântulas são mantidas em ambiente com alta umidade relativa do ar, baixa luminosidade, e trocas gasosas restritas (Shackel et al., 1990), resultando em estômatos não funcionais, cutícula delgada e parênquima paliçádico pouco desenvolvido, que são fatores de mortalidade de plântulas (Díaz-Péres et al., 1995). A utilização de tampas plásticas transparentes nas bandejas e sua abertura gradativa foram essenciais para a manutenção da alta umidade relativa do ar no microambiente das plântulas nas primeiras semanas da aclimatação, que, segundo Grattapaglia e Machado (1990), é um requisito importante para a sobrevivência nesse período, reduzindo o estresse hídrico, que é uma das principais causas da necrose de plântulas. Comparativamente a outros estudos desenvolvidos com orquídeas epifíticas, a sobrevivência de plântulas observada no presente estudo, independente do substrato testado, foi alta. Cattleya intermedia aclimatada com esfagno ou casca de pínus pelo período de 90 dias apresentou 53 e 27% de sobrevivência, respectivamente (Dorneles & Trevelin, 2011). Silva et al. (2006) observaram a sobrevivência de plântulas de Cattleya tigrina A. Rich. Ex Beer de 4% quando aclimatadas em fibra de coco por 120 dias. Para plântulas de Miltonia flavescens Lindl., Stefanello et al. (2009) registraram sobrevivência entre 5 e 30% após 90 dias de aclimatação em substratos com fibra de coco, Plantmax®, casca de pínus, pó de coco (fibra de coco triturada) e mistura entre 300 Sasamori, Endres Jr. & Droste casca de pínus e pó de coco. Por outro lado, porcentagens de sobrevivência próximas às observadas no presente estudo foram obtidas para plântulas de Dendrobium nobile Lindl. aclimatadas por 180 dias em vermiculita (77,8%), casca de arroz carbonizada com vermiculita (81,8%), Plantmax® com vermiculita (87,5%), carvão vegetal com Plantmax® e isopor moído (83,3%) e xaxim desfibrado (95,2%) (Moraes et al., 2002). O aumento da altura da parte aérea das plântulas de Cattleya intermedia após cinco meses de aclimatação foi significativo em todos os substratos avaliados, mas especialmente evidente nas combinações FC + CAC e FC + CP + CAC + B. O uso simultâneo de diversos componentes do substrato contribuiu para o desenvolvimento das plântulas devido a fatores como boa aeração (fibra de coco e casca de pínus), boa disponibilidade de minerais (casca de arroz carbonizada) e baixa retenção de água (brita), ou pela interação destes fatores (Araujo et al., 2007). Resultados semelhantes foram obtidos em plântulas de Dendrobium nobile, as quais apresentaram aumento superior a 100% da altura da parte aérea após 180 dias de aclimatação em substrato composto por três componentes (Plantamax®, carvão vegetal e isopor moído) (Moraes et al., 2002). O número de raízes por plântula observado no presente trabalho quando do uso de fibra de coco como substrato único foi semelhante àquele registrado anteriormente para Cattleya intermedia (Lone et al., 2008). No entanto, o uso combinado de diferentes materiais incrementou o desenvolvimento do sistema radicular das plântulas no presente estudo, uma vez que o substrato com a combinação de FC + CP + CAC + B proporcionou um desenvolvimento radicular significativamente superior aos demais substratos avaliados, o que ainda se refletiu em um importante aumento da massa fresca. Por outro lado, dados da literatura indicam que com o uso de esfagno e casca de pínus de forma separada, o número e o comprimento de raízes por plântula dessa espécie é inferior, tendo sido observadas, em média, entre duas a três raízes, variando de 1,05 a 1,86 cm, após 90 dias de aclimatação (Dorneles & Trevelin, 2011). O crescimento e o desenvolvimento de raízes durante a aclimatação é um importante quesito para o estabelecimento dos indivíduos, devido à sua função de absorção e reserva de água e minerais (Benzing et al., 1982). A fibra de coco tem sido apontada como um substrato eficiente para o cultivo de orquídeas (Assis et al., 2005, 2008), apresentando alta porosidade e capacidade de aeração, pH levemente ácido, longa durabilidade e baixa capacidade de troca de cátions (CTC) (Carrijo et al., 2002; Lone et al., 2008). A casca de pínus, extraída de Pinus taeda L., é composta basicamente de celulose e permite alta drenagem e baixa absorção de água (Martin et al., 2006). A casca de arroz carbonizada, extraída das sementes de Oryza sativa L., possui pH próximo à neutralidade, é rica em minerais, apresenta baixa capacidade de troca de cátions, disponibilizando maior quantidade de nutrientes em solução, baixa retenção de água devido à alta porosidade e boa relação entre água e ar (Araujo et al., 2007). A brita, em baixas proporções, auxilia na drenagem da água e contribui para a estabilidade mecânica das plântulas. Segundo Demattê & Demattê (1996), a baixa retenção de água Sobrevivência e desenvolvimento de plântulas de... 301 propiciada pelos substratos em função de sua alta porosidade impede a necrose das raízes, devido ao acesso facilitado ao ar. Além disso, o pH do substrato exerce uma influência importante sobre o desenvolvimento do sistema radicular, sendo que, para Cattleya intermedia, valores de pH levemente ácidos (5,0 a 5,5) são considerados ideais (Kämpf, 2000). O uso combinado de fibra de coco, casca de pínus, casca de arroz carbonizada e brita pode ser recomendado para a aclimatação de Cattleya intermedia, permitindo que plântulas obtidas por meio da micropropagação in vitro sejam utilizadas em programas de reintrodução em ambiente natural. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Universidade Feevale pela infraestrutura e pelo apoio financeiro, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela Bolsa de Iniciação Científica PIBIC, e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pela Bolsa de Iniciação Científica PROBIC. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, A.G.; PASQUAL, M.; DUTRA, L.F.; CARVALHO, J.G. & SOARES, G.A. 2007. Substratos alternativos ao xaxim e adubação de plantas de orquídeas na fase de aclimatação. Ciência Rural 37: 569-571. ASSIS, A.M.; FARIA, R.T.; COLOMBO, L.A. & CARVALHO, J.F.R.P. 2005. Utilização de substratos à base de coco no cultivo de Dendrobium nobile Lindl. 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Decreto n° 42.099, de 31 de dezembro 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. LexDiário Oficial do Rio Grande do Sul, ano LXII, nº1, 1-6p, 2003. SANTOS, M.N. & TEIXEIRA, M.L.F. 2010. Sementes de amendoeira (Terminalia catappa L.) (Combretaceae) como substrato para o cultivo de orquídeas epífitas. Acta Scientiarum, Agronomy 32: 339-343. SHACKEL, K.A.; NOVELLO, V. & SUTTER, E.G. 1990. Stomatal function and cuticular conductance in whole tissue-cultured apple shoots. Journal of the American Society for Horticultural Science 115: 468-472. SCHNEIDERS, D.; PESCADOR, R.; BOOZ, M.R. & SUZUKI, R.M. 2012. Germinação, crescimento e desenvolvimento in vitro de orquídeas (Cattleya spp.,Orchidaceae). Revista Ceres 59: 185-191. SILVA, A.L.L.; FRANCO, E.T.H.; HORBACH, M.A. & WALTER, J.M. 2006. Aclimatização de mudas de Cattleya tigrina A. Rich. Ex Beer (Orchidaceae) em sistema hidropônico. 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GRÃOS DE PÓLEN DE ESPÉCIES OCORRENTES NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL DO ESPINILHO, BARRA DO QUARAÍ, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL Jefferson Nunes Radaeski1 1 Andreia Cardoso Pacheco Evaldt 1 Soraia Girardi Bauermann ABSTRACT The vegetation “Savana Estépica Parque” in “Parque Estadual do Espinilho” have its only remaining in Brazil, at the westernmost portion of the Rio Grande do Sul, in the Barra Quaraí municipality. This study is aimed to analyze the pollen morphology of angiosperm species present in the study area of the “Unidade de Conservação Parque Estadual do Espinilho”. Botanical material was collected, and herbaria were consulted to obtain pollen material, processed by acetolysis technique. Pollen grains of the 45 species are presented (one magnoliid, five monocots and 39 eudicots). Among the species are Prosopis affinis Spreng., Prosopis nigra Hieron., Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger and Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl that characterize the formation “Savana Estépica Parque”. The results of this work contribute to studies of Quaternary palynology under development in “Savana Estépica Parque” vegetation, besides enabling the determination of the areas once covered by the “Savana Estépica Parque” in the past, in Rio Grande do Sul, since it is estimated that the area of occurrence of this vegetation decreased significantly from the beginning of Holocene. Keywords: Pollen morphology, “Savana Estépica Parque”, “Pampa” Biome. RESUMO O Parque Estadual do Espinilho abriga vegetação caracterizada como Savana Estépica Parque que tem seu único remanescente no país localizado no extremo oeste do Rio Grande do Sul, em Barra do Quaraí. Este estudo objetivou analisar a morfologia polínica das espécies de angiospermas que vivem na Unidade de Conservação Parque Estadual do Espinilho. Para isto foram realizadas coletas botânicas, além de consultas a herbários para obtenção de material polínico que foi processado pela técnica de acetólise. São descritos os grãos de pólen de 45 espécies (uma magnoliídea, cinco monocotiledôneas e 39 eudicotiledôneas). Entre as espécies estão incluidas Prosopis affinis Spreng., Prosopis nigra Hieron., Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger e Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl que caracterizam a formação Savana Estépica Parque. Os resultados obtidos neste trabalho irão 1 Laboratório de Palinologia, Universidade Luterana do Brasil, Av. Farroupilha, 8001, São José, Canoas, RS. CEP 92.425-900 Canoas, RS, Brasil. (lab.palinologia@ulbra.br) PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:305-332 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 306 Radaeski, Evaldt & Bauermann contribuir para estudos em palinologia do Quaternário que apresentem elementos característicos desse tipo de vegetação, além de possibilitar a determinação das áreas de ocorrência da Savana Estépica Parque no passado, no Rio Grande do Sul, uma vez que se estima que a área de ocorrência desta vegetação diminuiu significativamente desde o início do Holoceno. Palavras-chave: Morfologia polínica, Savana Estépica Parque, Bioma Pampa. INTRODUÇÃO No extremo oeste do Rio Grande do Sul, município de Barra do Quaraí, e fazendo fronteira com Argentina e Uruguai, localiza-se a Unidade de Conservação Parque Estadual do Espinilho (PESP), onde ocorre a formação vegetacional Savana Estépica Parque, incluída no Bioma Pampa (Oliveira, 2009), que tem sua ocorrência restrita a uma pequena porção no extremo oeste do Rio Grande do Sul. Sua composição vegetacional caracteriza-se por um estrato herbáceo e outro arbóreo representado principalmente por Prosopis affinis Spreng., P. nigra Hieron., Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger e Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl vivendo associadas (Figuras 1 e 2) (Evaldt, 2013). A vegetação de Savana Estépica Parque é caracterizada por um estrato arbóreo representado pela associação de Prosopis affinis, P. nigra, Vachellia caven e Aspidosperma quebracho-blanco, sendo P. affinis a espécie de maior abundância e que confere a fitofisionomia à região. No estrato herbáceo vivem principalmente espécies da família Poaceae e Asteraceae, incluindo ainda táxons das famílias Cyperaceae, Amaranthaceae, Plantaginaceae e Lamiaceae. Para a família Poaceae destaca-se o gênero Paspalum, com grande representação na área do PESP, enquanto Eupatorium e Baccharis são os gêneros de Asteraceae com maior número de espécies na vegetação herbácea (Marchiori et al., 1985; Galvani & Baptista, 2003; Alves & Marchiori, 2011). Diversos estudos sobre a representatividade vegetacional do PESP já foram realizados (Rambo, 1956; Marchiori et al., 1985; Simas et al., 2002; Galvani & Baptista, 2003; Marchiori, 2002; Marchiori, 2004; Hasenack et al., 2010; Watzlawick et al., 2010; Oliveira, 2009; Alves & Marchiori, 2011; Redin et al., 2011). Rambo (1956) foi o primeiro autor a mencionar a vegetação encontrada no PESP e sua flora característica representada pela associação de Prosopis e Acacia, fazendo observações sobre sua pequena área de ocorrência e importância. De acordo com propostas fitogeográficas mais recentes a Savana Estépica Parque com ocorrência no Brasil (RS), Argentina e Uruguai é considerada província do Espinhal em decorrência das particularidades de sua flora que mantém relação com planícies sedimentares de uma faixa próximas ao Rio Uruguai, entre os rios Quarai e Ibicuí no Estado brasileiro. Estima-se que a área de distribuição desta vegetação era maior no final do Pleistoceno e que diminuiu a partir do início do Holoceno com a expansão das matas ciliares. Atualmente, esta dinâmica vegetacional aliada à Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 307 atividade antrópica mantém de forma fragmentada a Savana Estépica Parque no Rio Grande do Sul (Alves & Marchiori, 2011). Criada em 1975 e ampliada em 2002, a Unidade de Conservação Parque Estadual do Espinilho abrange área de 1.617,14 ha (Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul, 2013). Quanto à variação climática da área estudada as temperaturas médias mínimas e máximas estão em torno de 8 ºC e 34 ºC respectivamente, enquanto a temperatura média anual está em torno de 20 ºC (Rio Grande do Sul, 2013). A área do PESP registra um total de 254 espécies distribuídas em formas de vida arbóreas, arbustivas, lianas, epífitas, herbáceas e macrófitas aquáticas sobre solo Gleissolo Melânico Carbonático Solódico (Galvani & Baptista, 2003) assentados sobre duas distintas unidades litológicas quaternárias denominadas Aloformação Guterres e Formação Touro Passo (Da-Rosa, 2009). No PESP são registradas as formações vegetacionais Savana Estépica Parque e Mata Ciliar, sendo a Savana Estépica Parque com maior representatividade na região central do PESP, enquanto a Mata Ciliar está melhor representada nas margens de arroios e rios do entorno do Parque, assim como em banhados e áreas mais alagadas do interior do PESP (Evaldt, 2013). A Mata Ciliar apresenta maior riqueza de espécies arbóreas, predominando principalmente representantes das famílias Fabaceae (Erythrina crista-galli), Myrtaceae (Eugenia) e Euphorbiaceae (Sebastiania commersoniana) (Galvani & Baptista, 2003). Além da representação arbórea vivem muitos táxons aquáticos herbáceos como Echinodorus grandiflorus (Alismataceae), Sagittaria montevidensis (Alismataceae) e Polygonum hydropiperoides (Polygonaceae). Estudos de reconstituição vegetacional utilizando pólen atual para comparação proporcionam informações acerca das dinâmicas da vegetação ao longo do tempo, podendo indicar respostas sobre as pequenas populações da Savana Estépica Parque no Rio Grande do Sul. Neste sentido, estudos já realizados de amostras quaternárias e de superfície no PESP (Evaldt, 2013; Evaldt et al., 2013) necessitam que seus palinomorfos sejam confrontados com o pólen atual pertinente à vegetação local. Somente a partir do reconhecimento polínico das espécies da flora atual, estabelecendo-se uma relação da planta com seu pólen correspondente, é possível fazer comparações entre os grãos de pólen modernos e seus análogos, propiciando uma base fidedigna de resolução taxonômica para estudos em amostras quaternárias ou de superfície. Sendo a descrição morfológica polínica atual integrante de um grande projeto para caracterização da dinâmica da Savana Estépica Parque no Rio Grande do sul ao longo do tempo (Evaldt 2013; Evaldt et al. 2013). Este estudo objetivou analisar a morfologia polínica das espécies de angiospermas que vivem no PESP contemplando espécies das duas formações vegetacionais (Savana Estépica Parque e Mata Ciliar) com o intuito de trazer informações sobre as morfologias polínicas assim como propor a diferenciação polínica através das descrições palinológicas aqui apresentadas. 308 Radaeski, Evaldt & Bauermann MATERIAL E MÉTODOS Através de saídas a campo, plantas férteis que caracterizam a vegetação do PESP foram coletadas pelo método de caminhamento (Filgueiras et al., 1994), posteriormente desidratadas, catalogadas e identificadas. As exsicatas foram depositadas no Herbário do Museu de Ciências Naturais da Ulbra (MCN/HERULBRA). Espécies características da área de estudo que durante as saídas de campo não estavam em floração, tiveram seu material polínico coletado nos herbários do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ICN/UFRGS) e Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria (HDCF/UFSM) com o intuito de representar as principais espécies da flora local. O material polínico foi coletado a partir das exsicatas, macerado e processado pela técnica de acetólise segundo Erdtman (1952), que consiste no procedimento químico no qual as amostras são submetidas a uma sequência de ácidos. Este tratamento é necessário para a ideal observação dos grãos de pólen sob microscopia óptica, já que permite a clarificação da exina (camada mais externa do grão de pólen, onde são realizadas as análises morfológicas) por consequência da destruição da intina (camada interna do grão de pólen). Utilizando-se gelatina glicerinada foram confeccionadas cinco lâminas permanentes para cada amostra, que estão depositadas na Palinoteca do Laboratório de Palinologia da ULBRA. Os grãos de pólen foram descritos em microscópio óptico através da observação das características morfológicas, além da realização de fotomicrografias para ilustrações polínicas. Mensurou-se o diâmetro polar (P), o diâmetro equatorial (E) ou somente o diâmetro (D) no caso de grãos de pólen esféricos, a espessura da exina (Ex) e a altura da ornamentação (Or) na vista equatorial, em aumento de 1000 x. Foram medidos 25 grãos de pólen selecionados ao acaso em no máximo uma semana após a acetólise (SalgadoLabouriau, 1973). No caso dos grãos monossulcados, devido à tendência destes a cair em vista polar como ocorre em algumas espécies da família Arecaceae (Bauermann et al., 2010), foram medidos 25 grãos em vista polar mensurando os diâmetros equatorial maior (DEM) e menor (Dem), além da mensuração de 10 grãos em vista equatorial para a obtenção do diâmetro polar (P). Os grãos de pólen foram descritos quanto ao tipo de ornamentação, tamanho, âmbito, tipo e quantidade de aberturas utilizando-se critérios e terminologias propostos por Barth & Melhem (1988) e Punt et al. (2007), além de consulta a bibliografia especializada (Salgado-Labouriau, 1973; Kroeff et al., 2002; Cancelli et al., 2010; Côrrea et al., 2006; Côrrea et al., 2008; Evaldt et al., 2009; Evaldt et al., 2011; Bastos et al., 2009/2010, Radaeski et al., 2011, Bauermann et al., 2013). As descrições estão elencadas conforme Angiosperm Phylogeny Group III System (APG III, 2009). A nomenclatura das espécies com suas autoridades, respectivas famílias e ordens foram realizadas de acordo com bibliografias consultadas (Souza & Lorenzi, 2008; Judd et al., 2009; The Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 309 International Plant Name Index, 2012; Lista de espécies da flora do Brasil, 2013). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram descritas as morfologias polínicas de 45 espécies correspondentes a 38 gêneros, que estão distribuídas em 27 famílias. São apresentadas as descrições polínicas de uma magnoliídea, cinco grãos de pólen de monocotiledôneas e 39 grãos de pólen de eudicotiledôneas que estão organizadas em ordem evolutiva. Magnoliídeas Laurales Lauraceae Nectandra angustifolia Ness & Mart. ex Ness Figura 3A-B. Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, esférico, inaperturado, exina microequinada, espículos regularmente distribuídos sobre a superfície lisa. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 27 µm (23-30); Ex: 1,2 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4318). Observações ecológicas: Árvore, podendo alcançar 12 metros de altura, pouco comum no Estado, onde ocorre principalmente na Campanha e Depressão Central (Backes & Nardino, 2003; Sobral et al., 2013). Monocotiledôneas Alismatales Alismataceae Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli Figura 3C-D. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito circular, esférico, pantoporado com 12 poros circulares distribuídos por todo o grão de pólen, poros com 3 µm de diâmetro e 5 µm de distância entre eles, exina microequinada com espículos regularmente distribuídos sobre a superfície que apresenta escabras entre eles. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 23 µm (22-24); Ex: 1,1 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4461). Observações ecológicas: Macrófita aquática com enraizamento ao substrato e partes vegetativas podendo ser inteiramente submersa ou emergente, além de ser tolerante a seca, popularmente conhecida como ervado-brejo (Galvani & Baptista, 2003). Sagittaria montevidensis Cham. & Schltdl. Figura 3E-F. 310 Radaeski, Evaldt & Bauermann Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, esférico, pantoporado com 12 a 14 poros distribuídos por todo o grão de pólen, poros com 5 µm de diâmetro e aproximadamente 13 µm de distância entre eles, exina microequinada com espículos regularmente distribuídos sobre a superfície que apresenta escabras entre eles. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 38 µm (32-44); Ex: 1,2 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4322). Observações ecológicas: Macrófita aquática com enraizamento ao substrato e partes vegetativas podendo ser inteiramente submersa ou emergente, além de ser tolerante a seca, popularmente conhecida como ervado-brejo (Galvani & Baptista 2003). Poales Bromeliaceae Tillandsia sp. L. Figura 3G. Mônade, grão de pólen médio, âmbito elíptico, oblato-esferoidal, monossulcado, sulco largo e longo com margem irregular, exina reticuladoheterobrocada, retículos de menores tamanhos próximos à abertura. Sexina e nexina com a mesma espessura. P: 33 µm (24-44); DEM: 56 µm (47-63); Dem: 36 µm (29-41); Ex: 1,9 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4661). Observações ecológicas: Epífita vascular com ocorrência no campo, beira de mata e mata no PESP, popularmente conhecida como cravo-do-mato (Galvani & Baptista, 2003). Tillandsia duratii Vis. Figura 3H. Mônade, grão de pólen médio, âmbito elíptico, prolato-esferoidal, monossulcado, sulco largo e longo com margem irregular, exina reticuladoheterobrocada, retículos de menores tamanhos próximos à abertura, lúmens entre 1 a 2 µm. Sexina e nexina com a mesma espessura. P: 26 µm (24-29); DEM: 37 µm (34-42); Dem: 25 µm (18-29); Ex: 2 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 10-IX-1984, J.N.C. Marchiori s.n. (HDCF 1557). Observações ecológicas: Epífita vascular com distribuição restrita ao PESP e ao Cerro do Jarau. No PESP ocorre no campo, beira de mata e mata, popularmente conhecida como cravo-do-mato (Galvani & Baptista, 2003). Poaceae Eragrostis neesii Trin. Figura 3I. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito circular, esférico, monoporado, poro com ânulo, poro medindo 2,5 µm de diâmetro (5 µm quando somado com Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 311 o ânulo), exina microrreticulada. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 22 µm (19-26); Ex: 1 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4517). Observações ecológicas: Herbácea com ocorrência no campo do PESP (Galvani & Baptista, 2003). Eudicotiledôneas Celastrales Celastraceae Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek Figura 3J-L. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos com margo, endoabertura lalongada com extremidades arredondadas, exina reticulado-homobrocada, lúmens com 1 µm de diâmetro. Sexina com o dobro de espessura da nexina. P: 23 µm (20-26); E: 21 µm (15-24); Ex: 1,7 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4339). Observações ecológicas: Árvore que no PESP ocorre no campo e na beira de mata, popularmente conhecida como cancorosa (Galvani & Baptista, 2003). Malpighiales Euphorbiaceae Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & R.J.Downs Figura 3M-O. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular a quadrangular, prolato-esferoidal, tricolporado a tetracolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina microrreticulado-homobrocada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 35 µm (33-39); E: 32 µm (28-34); Ex: 1,9 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4342). Observações ecológicas: Árvore que no PESP ocorre na Mata Ciliar ou em banhados que juntamente com outras espécies que apresentam espinhos ou acúleos torna difícil o acesso ao interior da Mata. Em banhados são plantas com partes vegetativas emergentes e tolerantes a seca, popularmente conhecida como branquilho (Galvani & Baptista, 2003). Sebastiania schottiana Müll. Arg. Figura 3P-R. Mônade, grão de pólen pequeno a médio, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina microrreticulado-homobrocada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 26 µm (23-31); E: 24 µm (21-25); Ex: 1,7 µm; Or: < 1 µm. 312 Radaeski, Evaldt & Bauermann Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4320). Observações ecológicas: Arbusto que pode alcançar até 3,5 metros de altura com ocorrência em todo o Estado nas margens de rios e lagoas, popularmente conhecido como sarandi (Backes & Nardino, 2003; Sobral et al., 2013). Malpighiaceae Janusia guaranitica A. Juss. Figura 3S-T. Mônade, grão de pólen médio, âmbito quadrangular, esférico, pantoporado apresentando, nas flores casmógamas, seis poros com colpoides em todo o grão de pólen, poros circulares com 5 µm de diâmetro e distância entre eles de 15 a 25 µm, colpoides de tamanhos médios apresentando superfície granulosa de difícil visualização, 1 colpóide sem poro totalizando 7 colpóides em todo o grão de pólen, exina psilada. Sexina 4 vezes maior que a nexina. D: 48 µm (40-60); Ex: 8 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 07-III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4332). Observações ecológicas: Liana que no PESP ocorre no campo e na beira de mata (Galvani & Baptista, 2003). Passifloraceae Passiflora caerulea L. Figura 4A-B. Mônade, grão de pólen grande, âmbito circular, esférico, 6 sincolpado, colpos longos e estreitos distribuidos aos pares, exina reticulado-heterobrocada apresentando lúmens grandes de diferentes tamanhos distribuidos regularmente por toda a superfície do grão de pólen. D: 68 µm (60-80); Ex: 5,9 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4323). Observações ecológicas: Liana que no PESP ocorre no campo e na beira de mata, popularmente conhecida como maracujá-do-mato (Galvani & Baptista, 2003). Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Figura 4C-D. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada com costa, exina microrreticulada. Sexina mais espessa que nexina. P: 31 µm (27-34); E: 22 µm (18-26); Ex: 1,7 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4460). Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 313 Observações ecológicas: Arvoreta que pode alcançar até 6 metros de altura com distribuição em todas as regiões do Estado principalmente em formações florestais, popularmente conhecida como chá-de-bugre (Backes & Nardino, 2003; Sobral et al., 2013). Fabales Fabaceae Desmodium incanum DC. Figura 4E-G. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, subprolato, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada apresentando constrição na região mediana da endoabertura, exina areolada. Sexina mais espessa que nexina. P: 32 µm (28-38); E: 27 µm (22-29); Ex: 1,5 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4343). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo e na beira de mata (Galvani & Baptista, 2003). Prosopis affinis Spreng. Figura 4H-I. Mônade, grão de pólen pequeno a médio, âmbito subtriangular, prolato, tricolporado, colpos longos com endoabertura lalongada, exina microrreticulada melhor observada a partir de 1000 x. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 28 µm (24-37); E: 20 µm (15-27); Ex: 1,4 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 18-XI-1984, J.L. Waechter 2037 (ICN 61608). Observações ecológicas: Árvore distribuída no campo que juntamente com outras espécies caracterizam a fisionomia da vegetação do parque, popularmente conhecida como Inhanduvaí (Galvani & Baptista, 2003). Prosopis nigra Hieron. Figura 4J-K. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato, tricolporado, colpos longos com endoabertura lalongada, exina microrreticulada melhor observada a partir de 1000 x. Sexina com o dobro do espessamento da nexina no apocolpo e mesma espessura no mesocolpo. P: 35 µm (28-39); E: 25 µm (21-29); Ex: 1,7 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 01-X-1982, J.N.C Marchiori & S.J. Longhi s.n. (HDCF 729). Observações ecológicas: Árvore distribuída no campo que juntamente com outras espécies caracterizam a fisionomia da vegetação do parque, popularmente conhecida como algarrobo-negro (Galvani & Baptista, 2003). Vachellia caven (Molina) Seigler & Ebinger Figura 4L. 314 Radaeski, Evaldt & Bauermann Políade, esférico, coaperturada, sincolpado onde cada grão apresenta uma marca em forma de “x” devido ao sincolpo, políade formada por 32 grãos de pólen, cada mônade que forma a políade mede 15,6 µm em VE, exina microrreticulada melhor observada em 1000x. D: 55 µm (49-63); Ex: 1,5 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4334). Observações ecológicas: Árvore que no PESP está distribuída no campo e na beira de mata. Juntamente com as espécies do gênero Prosopis caracterizam a fisionomia da vegetação do parque, popularmente conhecida como espinilho (Galvani & Baptista, 2003). Polygalaceae Monnina tristaniana A.St.-Hil. Figura 4M-N. Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, prolato, 13 a 15 zonocolporado, colpos longos e estreitos, endoabertura lalongada, endocingulada, exina microrreticulada. Nexina mais espessa que sexina. P: 45 µm (37-52); E: 31 µm (27-36); Ex: 2,7 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4335). Observações ecológicas: Subarbusto ou arbusto podendo alcançar 2,20 metros de altura com ocorrência comum no sul do Brasil. Apresenta distribuição em beira de mata, beira de estrada, campos, banhados, além de ocorrer em turfeiras (Ludtke, 2008). Polygala brasiliensis L. Figura 4O-P. Mônade, grão de pólen pequeno a médio, âmbito circular, prolato, 10 zonocolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, endocingulado, exina psilada mais espessa no mesocolpo. Nexina mais espessa que sexina. P: 29 µm (26-32); E: 18 µm (15-21); Ex: 1,4 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4326). Observações ecológicas: Herbácea podendo alcançar 72 cm de altura com ocorrência comum nos estados da região sul do Brasil, dentre as espécies da família Polygalaceae (Ludtke, 2008). Myrtales Lythraceae Cuphea sp. P.Browne Figura 4Q-R. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito triangular, suboblato, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada apresentando extermidades arredondadas com aproximadamente 8 µm, grande em relação ao tamanho do grão de pólen, angulaperturado com fastígio, exina estriada. Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 315 Nexina mais espessa que sexina. P: 19 µm (14-22); E: 23 µm (20-26); Ex: 1,2 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4344). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo e na beira de mata (Galvani & Baptista, 2003). Myrtaceae Eugenia myrcianthes Nied. Figura 4S-T. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito triangular, oblato, tricolporado, brevicolpado com colpos estreitos de margens não delimitadas, endoabertura lalongada, anguloaperturado com fastígio, exina escabrada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 15 µm (12-19); E: 23 µm (20-26); Ex: 1,3 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4349). Observações ecológicas: Árvore com ocorrência na metade sul do Estado, popularmente conhecida como pessegueiro-do-mato (Sobral et al., 2013). Sapindales Sapindaceae Allophylus guaraniticus Radlk. Figura 5A-B. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito triangular a quadrangular, oblato, triporado a tetraporado e mais raramente pentaporado, poros circulares de 4 µm de diâmetro, anguloaperturado, exina reticulado-heterobrocada, retículos menores próximos às aberturas, lúmens medem aproximadamente 1,5 µm. Nexina levemente mais espessa que sexina. P: 15 µm (14-17); E: 21 µm (17-23); Ex: 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4348). Observações ecológicas: Árvore podendo chegar até 8 metros de altura distribuída em florestas da metade norte do Estado, popularmente conhecida como chal-chal (Backes & Nardino, 2003; Sobral et al., 2013). Malvales Malvaceae Sida rhombifolia L. Figura 5C. Mônade, grão de pólen grande, âmbito circular, esférico, pantoporado com poros circulares, exina equinada com espinhos regularmente distribuídos pela superfície do grão, espinhos cônicos de bases largas e ápices afilados com superfície semitectada entre os espinhos. Sexina mais espessa que a nexina. D: 82 µm (51-102); Ex: 4,5 µm; Or: 6,1 µm. 316 Radaeski, Evaldt & Bauermann Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4328). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo e beira de mata (Galvani & Baptista, 2003). Santalales Loranthaceae Struthanthus uraguensis G.Don Figura 5D-E. Mônade, grão de pólen médio, âmbito triangular, oblato, tricolpado, sincolpado, exina reticulado-heterobrocada, retículos maiores no mesocolpo que diminuem de tamanho próximo ao apocolpo. Sexina levemente mais espessa que nexina. P: 24 µm (19-28); E: 34 µm (29-39); Ex: 2,9 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4457). Observações ecológicas: Liana com ocorrência no Brasil, Uruguai e Paraguai. No Brasil está distribuída em estados do sul e sudeste (MG, SP, RJ, PR, SC, RS), popularmente conhecida como erva-de-passarinho (Reif & Andreata, 2011). Caryophyllales Amaranthaceae Pfaffia gnaphaloides Mart. Figura 5F-G. Mônade, grão de pólen pequeno, isopolar, âmbito circular, esférico, pantoporado, poros circulares, 12 poros observados em uma face, exina reticulado-homobrocada. Sexina mais espessa que nexina. D: 14 µm (12-16); Ex: 1,8 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4321). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo (Galvani & Baptista, 2003). Pfaffia tuberora (Moq. ex DC.) Hicken Figura 5H-I. Mônade, grão de pólen pequeno, isopolar, âmbito circular, esférico, pantoporado, poros circulares, 12 poros obeservados em uma face, exina reticulado-homobrocada. Sexina com o dobro de espessura da nexina. D: 18 µm (15-23); Ex: 2 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4347). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo (Galvani & Baptista, 2003). Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 317 Polygonaceae Polygonum hydropiperoides Michx. Figura 5J-K. Mônade, grão de pólen grande, âmbito circular, esférico, pantoporado, poros circulares com 3 µm de diâmetro, exina reticulado-heterobrocada, lúmens grandes com aproximadamente 6 µm. Sexina mais espessa que nexina. D: 51 µm (42-60); Ex: 5,5 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 06-XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4327). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre em banhado e beira de mata. Plantas enraizadas ao substrato com partes vegetativas emergentes e tolerantes a seca, popularmente conhecida como erva-de-bicho (Galvani & Baptista 2003). Gentianales Apocynaceae Aspidosperma quebracho-blanco Schltdl Figura 5L-M. Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, oblato-esferoidal, heterocolpado sendo quatro colporos longos e estreitos e quatro pseudocolpos, endoabertura lalongada, exina microrreticulada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 31 µm (27-35); E: 32 µm (29-36); Ex: 2,7 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 17-XII-2009, M. Grings & R. Paniz 931 (ICN 163169). Observações ecológicas: Árvore que no PESP ocorre no campo, popularmente conhecida como quebracho-branco (Galvani & Baptista, 2003). Lamiales Acanthaceae Justicia laevilinguis Lindau Figura 5N-O. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito circular, prolato, dicolporado, colpos longos e estreitos, endoabertura lalongada de extremidades arredondadas com 4 µm, exina microrreticulado-homobrocada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 24 µm (17-29); E: 17 µm (12-23); Ex: 1,9 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4462). Observações ecológicas: Herbácea podendo alcançar até 60 cm de altura que ocorre em áreas alagadiças com ampla distribuição no Brasil (Cortês & Rapini, 2013). Lamiaceae Hyptis mutabilis Briq. Figura 5P-Q. 318 Radaeski, Evaldt & Bauermann Mônade, grão de pólen médio, âmbito circular, suboblato, hexacolpado, colpos longos e largos de superfície lisa, exina reticulado-heterobrocada, retículos menores próximos à margem das aberturas, lúmens entre 1 a 2 µm. Sexina levemente mais espessa que nexina. P: 27 µm (22-32); E: 31 µm (2336); Ex: 2,1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4459). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo (Galvani & Baptista, 2003). Scutellaria racemosa Pers. Figura 5R-T. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos e estreitos, endoabertura lalongada de difícil visualização, exina microrreticulado-homobrocada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 23 µm (21-25); E: 21 µm (20-24); Ex: 1,2 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4319). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo (Galvani & Baptista, 2003). Orobanchaceae Buchnera longifolia Kunth Figura 6A-B. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolato, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina reticuladoheterobrocada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 20 µm (17-23); E: 15 µm (13-18); Ex: 1,2 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 19-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4519). Observações ecológicas: Subarbusto que ocorre em campos rochosos (Cervi et al., 2007). Plantaginaceae Plantago cf. brasiliensis Sims Figura 6C. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito circular, esférico, pantoporado apresentando aproximadamente 10 poros em todo o grão de pólen, poros circulares com 3 µm de diâmetro e 9 µm de distância entre os mesmos, exina verrucada. Sexina e nexina de mesma espessura. D: 24 µm (22-27); Ex: 1,1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4458). Observações ecológicas: Herbácea ou subarbusto podendo alcançar 26 cm de altura com distribuição no Rio Grande do Sul e raramente no extremo Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 319 sul de Santa Catarina da região sul do Brasil. Ocorre principalmente em vegetação herbácea de solo arenoso ou pedregoso (Hefler et al., 2011). Verbenaceae Aloysia gratissima (Gillies & Hook) Tronc. Figura 6D-E. Mônade, grão de pólen médio, âmbito triangular, suboblato, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina microrreticulada. Sexina levemente mais espessa que nexina. P: 24 µm (21-31); E: 28 µm (25-34); Ex: 2,2 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4324). Observações ecológicas: Árvore que no PESP ocorre no campo e na beira de mata, popularmente conhecida como garupa (Galvani & Baptista, 2003). Verbena cf. bonariensis L. Figura 6F-G. Mônade, grão de pólen médio, âmbito quadrangular a circular, oblatoesferoidal, tetracolporado a pentacolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina microrreticulada. Sexina mais espessa que nexina. P: 27 µm (22-33); E: 30 µm (26-38); Ex: 2,2 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4340). Observações ecológicas: Herbácea com ocorrência em campo (Martínez & Ferrucci, 2005). Solanales Solanaceae Nicotiana longiflora G.Been. Figura 6H-J. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato-esferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada apresentando membrana granular sobre os colpos constrictos, exina estriado-microrreticulada. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 41 µm (35-50); E: 36 µm (30-43); Ex: 1,9 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4336). Observações ecológicas: Herbácea com ocorrência em beira de estrada, solos arenosos, margens de áreas úmidas, além de áreas alteradas do Estado (Vignoli-Silva & Mentz, 2005), Solanum americanum Mill. Figura 6K-L. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina psilada. 320 Radaeski, Evaldt & Bauermann Sexina e nexina de mesma espessura. P: 18 µm (16-20); E: 16 µm (14-18); Ex: 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4325). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo e beira de mata (Galvani & Baptista, 2003). Solanum laxum Spreng. Figura 6M-N. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, prolatoesferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina microrreticulada somente visível a partir de 1000x. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 22 µm (19-24); E: 20 µm (17-22); Ex: 1 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4337). Observações ecológicas: Liana que ocorre sobre arvoretas em bordas de mata do Estado, popularmente conhecida como joá-cipó (Soares et al., 2008). Solanum pseudocapsicum L. Figura 6O-P. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular a quadrangular, oblato-esferoidal, tricolporado a tetracolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, presença de fastígio, exina psilada. Sexina e nexina de masma espessura. P: 17 µm (15-20); E: 18 µm (16-19); Ex: 1,1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4331). Observações ecológicas: Arbusto podendo alcançar 1 metro de altura com distribuição em todo o Brasil, popularmente conhecido como peloteira (Backes & Nardino, 2003). Boraginales Boraginaceae Echium plantagineum L. Figura 6Q-R. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, heteropolar, prolato, tricolporado, colpos longos com margo, endoabertura circular, exina microrreticulada melhor observada a partir de 1000x. Sexina e nexina de mesma espessura. P: 19 µm (16-21); E: 13 µm (11-20); Ex: 1 µm; Or: < 1 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 6XII-2009, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4330). Observações ecológicas: Herbácea subespontânea originária do continente europeu, popularmente conhecida como borrago-do-campo (Schneider, 2007). Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 321 Asterales Asteraceae Baccharis spicata Hieron. Figura 6S-T. Mônade, grão de pólen pequeno, âmbito subtriangular, oblato-esferoidal, tricolporado, colpos médios, endoabertura lalongada, exina equinada, caveada com espinhos de ápices afilados. Sexina mais espessa que nexina, presença de 15 espinhos em vista polar. P: 22 µm (16-29); E: 22 µm (18-30); Ex: 1,3 µm; Or: 3,4 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4329). Observações ecológicas: Arbusto podendo alcançar até 1,5 metros de altura com ocorrência em florestas do Estado, popularmente conhecida como vassoura (Backes & Nardino, 2003). Pluchea sagittalis Less. Figura 7A-B. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, esférico, tricolporado, endoabertura lalongada, colpos longos, exina equinada, caveada com espinhos de ápices levemente arredondados e com uma perfuração próxima ao ápice. Sexina mais espessa que nexina, presença de 12 espinhos em vista polar. P: 29 µm (25-36); E: 29 µm (25-34); Ex: 1,7 µm; Or: 4,2 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4345). Observações ecológicas: Herbácea que no PESP ocorre no campo (Galvani & Baptista, 2003). Pterocaulon virgatum (L.) DC. Figura 7C-D. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato-esferoidal, tricolporado, colpos médios, endoabertura lalongada, exina equinada, caveada com espinhos de ápices arredondados, bases largas e com perfuração próxima ao ápice do espinho. Sexina mais espessa que nexina, presença de 15 espinhos em vista polar. P: 27 µm (23-34); E: 27 µm (22-33); Ex: 1,9 µm; Or: 3,4 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4338). Observações ecológicas: Herbácea podendo alcançar até 78 cm de altura com ocorrência nas regiões da Campanha, Serra do Sudeste, Depressão Central, Planalto Médio e Alto Uruguai do Estado (Lima, 2006). Senecio cisplatinus Cabrera Figura 7E-F. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, oblato-esferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina equinada, caveada com espinhos com ápices afilados e bases largas, superfície do grão de pólen 322 Radaeski, Evaldt & Bauermann semitectada entre os espinhos, presença de 15 espinhos em vista polar. P: 35 µm (33-38); E: 36 µm (32-39); Ex: 2,1 µm; Or: 3,6 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4341). Observações ecológicas: Subarbusto com ocorrênncia nas regiões da Depressão Central, Missões, Campanha e Planalto Médio do Estado, principalmente em áreas com areais (Matzenbacher, 1998). Senecio madagascariensis Poir. Figura 7G-H. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, prolato-esferoidal, tricolporado, colpos longos, endoabertura lalongada, exina equinada, caveada com espinhos com ápices afilados e bases largas, superfície do grão de pólen semitectada entre os espinhos. Sexina mais espessa que nexina, presença de 18 espinhos em vista polar. P: 26 µm (23-29); E: 25 µm (21-29); Ex: 1,4 µm; Or: 2,4 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 22-IX-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4346). Observações ecológicas: Subarbusto adventício de origem africana e distribuição na Depressão Central, Campanha e Planície Costeira do Estado ocorrendo em beira de estrada e campos (Matzenbacher & Schneider, 2008). Verbesina sordescens DC. Figura 7I-J. Mônade, grão de pólen médio, âmbito subtriangular, oblato-esferoidal, tricolporado, colpos médios, endoabertura lalongada bem evidente, exina equinada, caveada com espinhos de ápices afilados e bases estreitas. Sexina mais espessa que nexina, presença de 15 espinhos em vista polar. P: 32 µm (27-38); E: 33 µm (28-38); Ex: 2,2 µm; Or: 4,8 µm. Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul: Barra do Quaraí, 7III-2010, S.G. Bauermann et al. s.n. (HERULBRA 4333). Observações ecológicas: Subarbusto com distribuição em todas as regiões do Estado, com ocorrência em campos, capoeiras, locais rochosos e beira de estradas (Mondin, 2004). CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho aqui apresentado com descrições de 45 espécies do PESP integra um projeto de palinologia maior que incluiu também a palinologia do Quaternário (amostras fósseis e de superfície) (Evaldt et al., 2013). Os resultados deste trabalho possibilitaram melhor identificação taxonômica polínica para estudos palinológicos do Quaternário em desenvolvimento na região. A partir da descrição da morfologia polínica dos grãos de pólen que caracterizam esta vegetação, será possível ampliar o conhecimento sobre sua área de ocorrência no Holoceno. Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 323 Os resultados das descrições polínicas indicaram a possibilidade de diferenciar Prosopis affinis e Prosopis nigra, já que estas são as duas espécies do gênero Prosopis com ocorrência no Estado e a diferenciação entre seus grãos de pólen através de particularidades do espessamento do apocolpo proporcionam identificação polínica em nível de espécie. Além da descrição de grãos de pólen das vegetações com ocorrência na área do PESP de um total de 45 descrições e ilustrações morfológicas polínicas apresentadas, 13 das espécies estudadas têm sua descrição inédita para o Rio Grande do Sul, sendo elas: Aloysia gratissima, Allophylus guaraniticus, Buchnera longifolia, Eragrostis neesii, Eugenia myrcianthes, Justicia laevilinguis, Prosopis affinis, Prosopis nigra, Scutellaria racemosa, Sebastiania schottiana, Solanum laxum, Solanum pseudocapsicum e Verbena cf. bonariensis. Contribuindo, desta forma, para o conhecimento da diversidade polínica regional. AGRADECIMENTOS À Fapergs pela concessão da bolsa (processo 1001238) e financiamento do projeto (processo 12/2171-6). À Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da Ulbra (protocolo 220). Ao Prof. Dr. Sergio Augusto de Loreto Bordignon e Prof. Dr. Luis Fernando Paiva Lima pelos auxílios nas identificações botânicas. Aos Herbários ICN/UFRGS e HDCF/UFSM pela consulta às excicatas e em especial a seus respectivos curadores Profª. Drª. Mara Rejane Ritter e Prof. Dr. Solon Jonas Longhi. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, F.S. & MARCHIORI, J.N.C. 2011. O Inhanduvá no Rio Grande do Sul: Enfoque Fitogeográfico. Ciência e Ambiente 42: 39-70. APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of Linnean Society 161 (2): 105-121. BACKES, A. & NARDINO, M. 2003. 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Catálogo palinológico de táxons da família Asteraceae Martinov, no Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica 65 (2): 201-280. 324 Radaeski, Evaldt & Bauermann CERVI, A.C; LINSINGEN, L.V.; HATSCHBACH, G, & RIBAS, O.S. 2007. A Vegetação do Parque Estadual de Vila Velha, Município de Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Curitiba, Boletim do Museu Botânico Municipal, 52p. CORRÊA, M.V.G.; BAUERMANN, S.G. & LIMA, L.F.P. 2006. Palinotaxonomia de indicadores polínicos: Família Asteraceae. Canoas, Revista de Iniciação Científica da ULBRA (5): 39-48. CORRÊA, M.V.G.; LIMA, L.F.P. & BAUERMANN, S.G. 2008. Morfologia polínica das espécies brasileiras de Pterocaulon Ell. Instituto Anchietano de Pesquisas, São Leopoldo, Pesquisas, Botânica 59: 263-276. CÔRTES, A.L.A. & RAPINI, A. 2013. Justicieae (Acanthaceae) do Semiárido do Estado da Bahia, Brasil. Hoehnea 40 (2): 253-292. DA-ROSA, A.A.S. 2009. Geologia do Quaternário continental do RS: estado da arte e perspectivas de trabalho. 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Lauraceae: Nectandra angustifolia, vista em primeiro plano (A) e vista em segundo plano (B); C-F. Alismataceae: Echinodorus grandiflorus, vista em primeiro plano (C) e vista em segundo plano (D); Sagittaria montevidensis, vista em primeiro plano (E) e vista em segundo plano (F); G-H. Bromeliaceae: Tillandsia sp., VP (G); Tillandsia duratii, VP (H); I. Poaceae: Eragrostis neesii (I); J-L. Celastraceae: Maytenus ilicifolia, VP (J), VE em primeiro plano (K) e VE em segundo plano (L); M-R. Euphorbiaceae: Sebastiania commersoniana, VP (M), VE em primeiro plano (N) e VE em segundo plano (O); Sebastiania schottiana, VP (P), VE em primeiro plano (Q), VE em segundo plano (R); S-T. Malpighiaceae: Janusia guaranitica, VP (S) e VE (T). 330 Radaeski, Evaldt & Bauermann Figura 4. Grãos de pólen de Passifloraceae, Salicaceae, Fabaceae, Polygalaceae, Lythraceae e Myrtaceae. A-B. Passifloraceae: Passiflora caerulea, VP (A) e VE (B); C-D. Salicaceae: Casearia sylvestris, VP (C) e VE (D); E-L. Fabaceae: Desmodium incanum, VP (E), VE em primeiro plano (F) e VE em segundo plano (G); Prosopis affinis, VP (H) e VE (I); Prosopis nigra, VP (J) e VE (K); Vachellia caven (L); M-P. Polygalaceae: Monnina tristaniana, VP (M) e VE (N); Polygala brasiliensis, VP (O) e VE (P); Q-R. Lythraceae: Cuphea sp., VP (Q) e VE (R); S-T. Myrtaceae: Eugenia myrcianthes, VP (S) e VE (T). Grãos de pólen de espécies ocorrentes... 331 Figura 5. Grãos de pólen de Sapindaceae, Malvaceae, Loranthaceae, Amaranthaceae, Polygonaceae, Apocynaceae, Acanthaceae e Lamiaceae. A-B. Sapindaceae: Allophylus guaraniticus, VP (A) e VE (B); C. Malvaceae: Sida rhombifolia, (C); D-E. Loranthaceae: Struthanthus uraguensis, VP (D), VE (E); F-I. Amaranthaceae: Pfaffia gnaphaloides, vista em primeiro plano (F) e vista em segundo plano (G); Pfaffia tuberosa, vista em primeiro plano (H) e vista em segundo plano (I); J-K. Polygonaceae: Polygonum hydropiperoides, vista em primeiro plano (J) e vista em segundo plano (K); L-M. Apocynaceae: Aspidosperma quebracho-blanco, VP (L) e VE (M); N-O. Acanthaceae: Justicia laevilinguis, VE (N) e detalhe da abertura (O); P-T. Lamiaceae: Hyptis mutabilis, VP (P) e VE (Q); Scutelaria racemosa, VP (R), VE em primeiro plano (S) e VE em segundo plano (T). 332 Radaeski, Evaldt & Bauermann Figura 6. Grãos de pólen de Orobanchaceae, Plantaginaceae, Verbenaceae, Solanaceae, Boraginaceae e Asteraceae. A-B. Orobanchaceae: Buchnera longifolia, VP (A) e VE (B); C. Plantaginaceae: Plantago cf. brasiliensis (C); D-G. Verbenaceae: Aloysia gratissima, VP (D), VE (E); Verbena cf. bonariensis, VP (F) e VE (G); H-P. Solanaceae: Nicotiana longiflora, VP (H), VE em primeiro plano (I) e VE em segundo plano (J); Solanum americanum, VP (K) e VE (L); Solanum laxum, VP (M) e VE (N); Solanum pseudocapsicum, VP (O) e VE (P); Q-R. Boraginaceae: Echium plantagineum, VP (Q) e VE (R); S-T. Asteraceae: Baccharis spicata, VP (S) e VE (T ) Figura 7. Grãos de pólen de Asteraceae. A-J: Pluchea sagittalis, VP (A) e VE (B); Pterocaulon virgatum, VP (C) e VE (D); Senecio cisplatinus, VP (E), VE (F); Senecio madagascariensis, VP (G) e VE (H); Verbesina sordescens, VP (I) e VE (J). FUNDAMENTOS SOBRE OS DIREITOS DAS PLANTAS Josafá Carlos de Siqueira SJ1 ABSTRACT The author‟s objective is to present briefly fundamental ideas about the rights of plants, especially in the global context where the number of plant species threatened with extinction is growing progressively, providing a reflection that may awaken people to a greater interest for these living beings which have historically provided a relevant service for humanity on the planet Earth. Kew words: Rights, plants, species, extinction. RESUMO O objetivo do autor é apresentar breves fundamentos sobre os direitos das plantas, sobretudo neste cenário mundial onde cresce progressivamente o número de espécies vegetais ameaçadas de extinção, oferecendo uma reflexão que possa despertar nas pessoas um interesse maior por estes seres vivos que historicamente tem prestado um serviço relevante para a humanidade e o planeta Terra. Palavras-chave: Direito, plantas, espécies, extinção. Prescindindo do valor e da importância dada aos seres vivos pelas populações tradicionais, pelos naturalistas, cientistas, poetas e alguns filósofos, percebe-se que não existia na sociedade do passado uma preocupação institucional com os direitos dos seres vivos. A falta de uma visão mais sistêmica do mundo, o predomínio de uma concepção fragmentada da criação, a hegemonia do antropocentrismo ensimesmado que não atribuía aos seres não humanos uma categoria de sujeito de direito e deveres, a visão utilitarista sobre os animais e as plantas, a falta de uma consciência ecológica mais planetária e ecossistêmica, entre outros, são fatores que não permitiam colocar em pauta a questão do direito dos seres vivos. Hoje, pelo resgate de uma concepção mais holística do mundo, a crise da visão da pessoa humana desconectada com os demais seres que integram o planeta, o reconhecimento de que os seres vivos não humanos são sujeitos de valores e deveres, o crescimento da ética ambiental e da consciência ecológica, e a acelerada extinção das espécies, as temáticas relacionadas com os direitos dos seres vivos ganham cada vez mais espaço na reflexão acadêmica e nas práticas de diversas organizações da sociedade civil e religiosa. O crescimento de tais preocupações foi tão importante que, em 1978, as duas organizações internacionais, ONU e UNESCO, aprovaram uma Declaração Universal de Direitos dos Animais, mostrando o direito desses seres vivos de serem protegidos, garantindo-lhes uma melhor qualidade de vida e condenando os 1 Doutor em Botânica. Professor e pesquisador do Departamento de Biologia da PUC-Rio. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:333-337 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 334 Josafá Carlos de Siqueira SJ. maus tratos, a crueldade, a violência e outras aberrações de humilhação e morte indigna. Se a partir da década de 1970, cresceram consideravelmente a consciência e as conquistas pelos direitos dos animais, por outro lado, não se pode dizer o mesmo no que diz respeito aos direitos das plantas. Martin Krieger (1973), preocupado com o respeito pela vida vegetal apresentou três fundamentos relacionados com a preservação da natureza. O primeiro se refere a razão de luxo, mostrando que não há motivo para devastar e dominar a natureza vegetal, um luxo privilegiado e exclusivo do planeta Terra. O segundo por razão da necessidade dos vegetais para a sobrevivência dos seres humanos e animais no planeta Terra, motivo pelo qual se deve lutar pela preservação da vida vegetal, isto porque, segundo Velayos Castelo (2000), as espécies vegetais estão em situações mais perigosas na agricultura, no turismo, na urbanização, no desmatamento, nos incêndios, na desertificação, na contaminação dos solos, entre outras. O terceiro por razão de mérito, tanto pela beleza como pelo seu valor intrínseco. Para Velayos Castelo (2000), o valor estético da vida vegetal se fundamenta em propriedades como complexidade natural, elegância, riqueza natural e raridade, além da beleza exclusiva diante de outras belezas das criações artificiais realizadas pelos homens. Na América Latina houve por parte de ONGs e iniciativas pessoais, algumas tentativas de declarações a favor dos direitos das plantas, com regras e princípios. Na Venezuela, a AVEPALMAS Centro da UNESCO (2004), divulgou uma Declaração Universal dos Direitos das Plantas com 22 artigos. No Brasil, tivemos duas declarações conhecidas e divulgadas na internet. A primeira, concebida pelo professor universitário Adalberto Bello de Andrade, com 14 artigos, publicada no Jornal do Brasil em novembro de 1988. A segunda, por um grupo denominado Juventude do PT no Ceará (2010), com 9 artigos. Siqueira (2008), ao fazer alusão aos princípios inspiradores do reino vegetal, mostra que os mesmos estão apoiados em valores fundamentais que sempre acompanharam a trajetória histórica, biológica e espiritual dos seres humanos. Para o autor, os sete princípios mais importantes são: 1) Anterioridade histórica. As plantas devem ser respeitadas, admiradas, estudadas e contempladas pela anterioridade na história geológica da vida, pois antes do surgimento e evolução do homem, as mesmas já ocupavam espaços nos diferentes ecossistemas da Terra, permitindo a expansão e evolução de diversos grupos animais, e servindo de substrato para o surgimento de outros seres vivos. No passado remoto, com as suas estruturas morfológicas primitivas, muitas plantas coevoluiram com os animais, permitindo benefícios que ainda hoje são desfrutados pela sociedade humana. 2) Solidariedade planetária. As plantas, desde os primórdios, vêm exercendo uma solidariedade com a vida no planeta Terra, pois além de consumidoras, elas são produtoras biológicas do oxigênio que respiramos, da absorção do gás carbônico na atmosfera, do sequestro do carbono, da melhoria climática e são fonte de alimentos, de cura de doenças, de Fundamentos sobre os direitos das planta. 335 ornamentação dos ambientes públicos e domésticos, de composição estética e contemplativa dos espaços e cenários, de sobrevivência dos seres humanos e animais. 3) Sobrevivência criativa. As plantas possuem uma dinâmica extremamente criativa e multiforme, com mecanismos adaptativos e reprodutivos que não podem ser comparados com nenhum outro reino de seres vivos. A capacidade de desenvolver processos de adaptações fisiológicas, morfológicas e ambientais é algo extremamente rico e admirável, assim como os mecanismos de reprodução sexuada e assexuada. As inúmeras síndromes de polinização e dispersão desenvolvidas pelas plantas são objeto de fascínio e estudo de pesquisadores, tanto pela complexidade, como pela interatividade com os animais e o meio ambiente. 4) Amplitude e limite. As plantas possuem uma escala que se estende desde a amplitude de áreas geográficas e territoriais, até o limite dos espaços endêmicos. Os padrões de distribuição geográfica das plantas vão desde os cosmopolitas que rompem barreiras físicas, climáticas, edáficas e biológicas, até mesmo nos refúgios limitados dos endemismos regionais, locais e pontuais. 5) Revelação contemplativa. As plantas mostram em suas estruturas vegetativas, florais e frutíferas uma diversidade de formas e cores, contribuindo com a beleza contemplativa do mundo. A manifestação desta pluriversa beleza tem sido um cenário histórico de contemplação para as pessoas de diferentes raças, culturas e religiões. As plantas sempre estiveram próximas dos seres humanos desde os primórdios da humanidade, sendo uma presença de vida, beleza, utilidade e contemplação. 6) Paternidade comum. Teologicamente, todas as criaturas, plantas, animais e seres humanos, são filhos e filhas de um mesmo Pai. A aliança que Deus fez entre o ser humano e os demais seres viventes, segundo o Livro dos Gênesis (Gn.9), tem um caráter definitivo e universal. Daí, não se pode falar em exclusão de nenhuma forma de vida, mas, ao contrário, temos que garantir a todos os direitos necessários para manter a dignidade criacional, e a continuidade na trajetória evolutiva da vida. 7) Longevidade e vulnerabilidade. Pesquisas recentes têm mostrado que no planeta Terra existem espécies de plantas arbóreas com uma longevidade biológica jamais encontrada em outros seres vivos. Pinus longeva (ca. 4.700 anos), Cupressus sempervirens (ca. 4.000-4.500 anos), Fitzroya cupressoides (ca. 2.600-3.000 anos), Sequoia sempervirens (ca. 2.100 anos) entre outras, são alguns dos exemplos desta vida longa, e do testemunho vivo de plantas que vão rompendo a barreira dos anos. O direito de viver e a proteção destas espécies é algo fundamental, não só pelos inúmeros serviços que as mesmas vêm prestando à história humana e planetária, mas também como fonte de inúmeros estudos anatômicos, taxonômicos, fitogeográficos, ecológicos etc. Ao lado desta extraordinária longevidade de algumas plantas, existe a vulnerabilidade de inúmeras espécies que hoje são consideradas ameaçadas de extinção pela destruição dos ecossistemas, pela mercantilização predatória, pela carência de estudos que possam garantir os processos biológicos de 336 Josafá Carlos de Siqueira SJ. reprodução e propagação, pelas mudanças climáticas, pela introdução de espécies exóticas, entre outras. Com o objetivo de garantir o direito de sobrevivência e a preservação das espécies vegetais mais vulneráveis, vários países do mundo estão colocando em prática os compromissos assumidos com a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) da ONU, levantando, divulgando e publicando os chamados Livros Vermelhos da Flora, onde aparecem as diferentes categorias das espécies ameaçadas de extinção. Sobre este assunto, faremos a seguir um breve comentário referente ao Brasil. Acostumados a conviver com uma exuberante natureza, onde a riqueza e a diversidade de plantas é algo admirável e notório nos diferentes biomas e ecossistemas, dificilmente a temática do direito das plantas encontraria eco mais significativo na sociedade brasileira. Talvez por este motivo é que ignoramos, ou não demos um relevo maior a este assunto, sem a preocupação de fazermos uma reflexão ética, embora no mundo científico tivéssemos a consciência e o cuidado em levantar e estudar as espécies de plantas nativas que historicamente foram se tornando cada vez mais raras e vulneráveis. Somente em 1968 é que a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) elaboraram uma primeira lista com apenas 12 espécies ameaçadas de extinção. Em 1984, a parceria entre a FBCN, a Internacional Union for Conservation of Nature (IUCN) e a World Wildlife Fund (WWF) permitiu a elaboração de um projeto de pesquisa com objetivo de inventariar as espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. Com a colaboração de vários botânicos, sob a coordenação do saudoso Prof. Luiz Emygdio de Mello Filho, o projeto foi sendo gradativamente executado, resultando em 1992 na publicação, pela Sociedade Botânica do Brasil, do livro “Centuria Plantarum Brasiliensium Exstinctionis Minitata”. Perplexos naquele momento pela presença de 107 espécies de plantas da flora brasileira ameaçadas de extinção, não imaginávamos que 21 anos depois, em 2013, fossemos surpreendidos com a publicação do Livro Vermelho da Flora do Brasil (MARTINELLI & MORAES, Orgs), com participação de 302 pesquisadores brasileiros e estrangeiros, e com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Banco Mundial, IUCN, SSC, GEF e PROBIO II. No presente livro, coordenado pelo Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro, estão registradas um total de 2.118 espécies nas categorias de vulneráveis (VU), em perigo (EM) ou criticamente em perigo (CR). Desta forma, a lista até então oficial, elaborada em 2008, onde constavam apenas 470 espécies brasileiras ameaçadas de extinção, ficou desatualizada com esta nova fonte de pesquisa e informação. As grandes causas que condicionam o risco de extinção, consideradas pelos pesquisadores que colaboraram nestes recentes estudos, são: a perda de habitat, a degradação das espécies pela expansão da fronteira agrícola, a destruição de populações pela ampliação e execução de obras de infraestrutura, as queimadas e o uso intensivo dos recursos naturais, entre outras. Fundamentos sobre os direitos das planta. 337 O crescimento numérico das espécies ameaçadas, numa escala de tempo tão pequena, para não dizer quase insignificante na história geológica da vida, nos dias atuais vem sendo agravado pelas mudanças climáticas, justificando assim a importância e o aprofundamento do tema dos direitos das plantas, sobretudo daquelas que se encontram nos limites de sobrevivência. Garantir o direito dos seres vivos, que historicamente vêm prestando um serviço à humanidade, ao equilíbrio planetário e as inter-relações entre clima, solo e ecossistema, é um dever de todos os que usufruem gratuitamente dos benefícios das plantas. Lutar pelos direitos das plantas é reconhecer a dignidade criacional das mesmas, é ser solidário com quem historicamente nos precedeu, garantindo-nos a nossa sobrevivência, a contemplação da beleza, a saúde, o bem estar e uma melhor qualidade de vida. Independente de sua escala evolutiva, e de outros atributos próprios do mundo animal e humano, as plantas são seres vivos que devem ser tratados com respeito, cuidado e carinho, não merecendo maus tratos, violências e morte indigna. Como parte da história geológica e antropológica, as plantas continuarão nos acompanhando, protegendo e embelezando os nossos espaços, e nos possibilitando desfrutar da beleza e da delicadeza da obra do Criador. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTELO, C.V. 2000. El respeto por la vida vegetal. In: J.M.Garcia Gómez-Heras (Coord.): La dignidad de la Naturaleza. Granada, Espanha: Ecorama, pp.165-185. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DAS PLANTAS (2004). http://www.avepalmas.org DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS http://www.juventudept.webnode.com.br DIREITOS DAS PLANTAS (2010). JORNAL DO BRASIL. 1988. Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1988. KRIEGER, M.H. 1973. What‟s wrong with plastic trees. Science 179:446-453. MARTINELLI, G. & MORAES, M.A. (Orgs.) 2013. Livro Vermelho da Flora do Brasil. CNCFLORA, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Estúdio Andrea Jakobsson, 1.100 p. SIQUEIRA, J.C. de 2008. Espiritualidade e meio ambiente. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, p.77-81. SOCIEDADE BOTANICA DO BRASIL. 1992. Centuria Plantarum Brasiliensium Exstinctionis Minitata. Brasilia, DF. 177 p. PLANTAS DE USO MEDICINAL, RITUAL E CONDIMENTAR COMERCIALIZADAS NO MERCADO DE MADUREIRA E NA CEASA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL 1 Inês Machline Silva 2 Ariane Luna Peixoto ABSTRACT We did the inventory during 2005 and 2006 of plants commercialized in the Madureira Market and CEASA at Rio de Janeiro, using semi-structured interviews and the “free-listing” technique. We calculated the Relative Importance and Salience indices for the medicinal plants. We found 263 species in 83 families, and 50% of them had a probable American origin. Asteraceae (30), Lamiaceae (23) and Solanaceae (15) are the most numerous in number of species. Madureira Market has 187 exclusive species, while there are nine exclusive species at CEASA. The highest number of species cited was for diseases affecting circulatory system (Madureira Market) and respiratory system (CEASA). Madureira market stands out by products used in afrobrazilian rituals which explains the number of traded species for ritual use (43,3%), out of a total of 254. In CEASA plants for ritualistic use are 14.4% of 76 species. The free listing showed the most traded species in Madureira Market (97) and in CEASA (53). Some species have their barks, aerial stems and subterranean organs (vines) sold and may represent a vector of decline of native populations. Key-words: popular markets, ethnobotany, economic botany RESUMO Nos anos de 2005 e 2006 foram inventariadas as espécies comercializadas no Mercado de Madureira (bairro de Madureira) e na CEASA (bairro de Irajá), na cidade do Rio de Janeiro, utilizando-se entrevistas semi-estruturadas e listagem livre. Para as plantas de uso medicinal, foram calculados a Importância Relativa e a Saliência das espécies. Foram encontradas 263 espécies, em 83 famílias, sendo 50% das espécies de provável origem americana. Asteraceae (30), Lamiaceae (23) e Solanaceae (15) são as mais numerosas em espécies. O mercado de Madureira detém 187 espécies exclusivas, enquanto que na CEASA são nove as espécies exclusivas. Doenças do aparelho circulatório (Mercado de Madureira) e do aparelho respiratório (CEASA) concentram o maior número de espécies citadas. O mercado de Madureira destaca-se em produtos utilizados em rituais afro1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rod. BR465, km 7, CEP:23890-00, Seropédica, Rio de Janeiro, Brasil. Autor para correspndência:inesmachline@gmail.com 2 Instituto de Pesquisas, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão 915, Jardim Botânico CEP: 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:339-372 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 340 Silva & Peixoto brasileiros, o que explica o número de espécies comercializadas para este uso (43,3%) de um total de 254. Na CEASA, para uso ritualístico são 14,4% de um total de 76 espécies. A listagem livre apontou as espécies mais comercializadas no Mercado de Madureira (97) e na CEASA (53). Algumas espécies têm suas cascas, órgãos subterrâneos e caules aéreos (cipós) comercializados, o que pode representar um vetor de decréscimo das populações nativas. Palavras-chave: mercados populares, etnobotânica, botânica econômica INTRODUÇÃO As feiras livres e os mercados constituem um espaço privilegiado de expressão da cultura de um povo, uma vez que um grande número de espécies de plantas e informações a elas associadas encontra-se lá disponível de forma centralizada, subjacente a um ambiente de trocas culturais intensas. Em 1983, Bye & Linares chamaram a atenção para o fato de que os mercados são locais organizados onde as pessoas encontram as espécies necessárias às suas necessidades biológicas, culturais e econômicas, uma vez que vêm perdendo o contato direto com as plantas. A presença de certas espécies vegetais pode revelar comportamentos locais e necessidades da população que procuram esses mercados. Tornam-se, por exemplo, passagem obrigatória para seguidores de cultos de origem africana, uma vez que lá podem ser encontrados elementos que fazem parte de rituais, como as espécies vegetais usadas em banhos, incensos e bebidas (Albuquerque et al., 2006). O comércio favorece a realização de estudos sistemáticos e constitui rica fonte de informação para programas de conservação, desenvolvimento rural e administração de recursos (Cunningham, 2001). A etnobotânica procura, através de diferentes análises, investigar as relações reveladas pela ocorrência, ou ausência, de determinadas espécies. Assim, foram realizadas pesquisas desenvolvidas em várias partes do mundo tais como as de Betti (2002) na África; Handilou et al. (2004) na Europa; Delang (2005) na Ásia. Na América podem ser citados, entre outros, os artigos de Bye & Linares (1987, 1990); Martin (1992); Nicholson & Arzeni (1993); Ugent (2000) e Macía et al. (2005). Estudos em mercados, de modo geral, apontam as espécies mais frequentes, com número de usos consistentes (e limitados) e com grande volume de venda (Trotter & Logan, 1986). Tal padrão pode indicar, por exemplo, espécies merecedoras de pesquisas farmacológicas detalhadas e também as que necessitam cuidados conservacionistas. No Brasil, um dos primeiros estudos em mercados, com enfoque etnobotânico, foi realizado por Van den Berg (1984), que tratou das espécies no mercado de Ver-o-Peso, em Belém, Pará. Seguiram-se pesquisas em quase todas as regiões brasileiras, notadamente na região Nordeste (Almeida & Albuquerque, 2002; Nunes et al., 2003; Pinto & Maduro, 2003; Ramos et al., 2005; Tresvenzol et al., 2006; Alves et al., 2007; Albuquerque et al., 2007; Lima et al., 2011; Monteiro et al., 2011; Freitas et al., 2012). Para o estado do Rio de Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 341 Janeiro, estudos em mercados e feiras foram realizados por Santos & Sylvestre (2000); Parente & Rosa (2001); Azevedo & Silva (2006); Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel (2007), Silva (2008) e Leitão et al. (2009). No município do Rio de Janeiro, principalmente nas Zonas Oeste e Norte, são encontrados bolsões de populações excluídas de serviços primários do Estado, como saúde e educação. Por seu baixo custo, as plantas medicinais representam, em muitos casos, a única alternativa de tratamento possível para esta parcela da população. Poucas são as informações sobre as pessoas envolvidas no contexto urbano do comércio de espécies que, na maioria das vezes, é clandestino e ocorre nas madrugadas das grandes cidades brasileiras (Silva & Peixoto, 2011a). O Mercado de Madureira e a CEASA, localizados nos bairros de Madureira e em Irajá, respectivamente, mostraram-se importantes pontos distribuidores de espécies vegetais para feiras livres e pequenos mercados na cidade do Rio de Janeiro (Silva & Peixoto, 2011b). Neste trabalho, objetivou-se inventariar as espécies vegetais comercializadas nesses mercados, principalmente para uso medicinal, ritual e/ou condimentar e discutir aspectos relacionados àquelas de maior valor cultural bem como problemas relativos ao comércio de espécies vegetais nativas. MATERIAL E MÉTODOS A Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro SA (CEASA/RJ) e o Mercado de Madureira, localizados nos bairros de Irajá e Madureira respectivamente, foram escolhidos para a pesquisa etnobotânica pela importância desses locais no cenário carioca de comercialização de plantas úteis (Azevedo & Silva, 2006). Silva & Peixoto (2011b) descreveram estes mercados, a partir de uma perspectiva histórica dos bairros onde se encontram, e contextualizaram os atores sociais envolvidos na dinâmica de comercialização das espécies vegetais. Nos dois locais estudados, os comerciantes de plantas são reconhecidos, pela população, como erveiros e assim se autodenominam. Para a escolha dos informantes, utilizou-se a técnica conhecida como “bola de neve” indicada para uma população altamente especializada e de pequeno número de integrantes (Bernard, 1995). Para tal, um informantechave, previamente conhecido, indicou outra pessoa a ser entrevistada e assim sucessivamente. Foram entrevistados aqueles que se propuseram a participar da pesquisa. Os informantes foram, em determinados casos, entrevistados mais de uma vez -em dias diferentes- para a complementação de dados. Nos anos de 2005 e 2006, foram aplicadas 52 entrevistas semiestruturadas (Bernard, 1995) para levantamento de dados etnobotânicos a 15 erveiros (em um total de 28) que comercializam principalmente plantas medicinais, rituais e/ou condimentares no Mercado de Madureira, bem como 12 entrevistas a sete erveiros, na CEASA. Utilizou-se a técnica de listagem-livre (free_listing) (Smith, 1993; Martin, 1995; Sutrop, 2001) para se determinar as espécies consideradas mais 342 Silva & Peixoto vendidas, pelos erveiros, durante o período da pesquisa. Cada informante foi estimulado a citar, pelo menos, dez espécies consideradas como mais comercializadas. A pergunta inicial foi: “Quais são as plantas, no momento, que você mais vende? Cite pelo menos 10.” Uma vez listadas as espécies, para cada uma delas, buscou-se identificar as categorias de uso, seguindo-se para a parte das entrevistas semi-estruturadas (Bernard 1995). Como reúnem os dados rapidamente, as listagens são usadas, frequentemente, em pesquisas etnobotânicas (Trotter & Logan, 1986; Borgatti, 1994; Cotton, 1996; Heirinch et al., 1998; Thompson & Juan, 2006). É uma técnica usada para o cálculo da saliência cultural das espécies (isto é, proeminência, importância, familiaridade ou representatividade) ou outras inferências (Ryan et al., 2000). Assim, plantas culturalmente importantes são aquelas usadas por um grande número de pessoas, para a mesma categoria de uso, enquanto que plantas que são usadas por somente um ou dois informantes são consideradas como tendo uma baixa importância cultural (Trotter & Logan, 1986). O Índice de Saliência” foi calculado utilizando-se o software Visual Anthropac-Freelists 4.0 (Borgatti, 1996). Para a contagem das citações considerou-se apenas uma citação por informante mesmo que este tenha repetido a mesma informação várias vezes, para o mesmo uso. Adquiriu-se material botânico através de compra (molhos, pacotes, unidades como sementes, etc...). Para a identificação botânica, utilizou-se bibliografia especializada, comparação com coleções de herbários e, quando necessário, valeu-se do auxílio de especialistas. A classificação adotada para as Angiospermas foi o Angiosperm Phylogeny Group – APG III (2009); para Gimnospermas utilizou-se o trabalho de Page (1990); para as Pteridófitas, o de Smith et al. (2006) e para Fungos seguiu-se Kirk et al. (2001). As atualizações dos táxons bem como as abreviaturas dos seus autores seguiram a Lista de espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2013), bem como The International Plant Names Index (IPNI, 2013). O material botânico encontra-se depositado no Herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) ou no Herbário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR). As indicações terapêuticas, citadas pelos informantes, foram organizadas em categorias seguindo-se a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2008). As categorias de doenças utilizadas foram: Algumas doenças infecciosas e parasitárias (Cap. I); Neoplasias (Cap. II); Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos (Cap. III); Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (Cap. IV); Transtornos mentais e comportamentais (Cap. V); Doenças dos olhos e anexos (Cap. VII); Doenças do aparelho circulatório (Cap. IX); Doenças do aparelho respiratório (Cap. X); Doenças do aparelho digestivo (Cap. XI); Doenças da pele e do tecido subcutâneo (Cap. XII); Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (Cap. XIII); Doenças do aparelho geniturinário (Cap. XIV); Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 343 classificados em outra parte (Cap. XVIII); Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas (Cap. XIX). Foram consultadas obras relacionadas à taxonomia, floras e farmacopéias para a determinação da provável origem das espécies. As regiões foram assim consideradas: “América” (norte ao sul do continente americano, bem como as Antilhas), “Europa”, “Ásia”, “África”, “Oceania” (Ilhas do Pacífico e Austrália) e “Cosmopolita” (ocorrendo nas regiões Neotropical, Paleotropical, Holártica e Oceania). As “indefinidas” foram aquelas que ainda não tiveram sua origem esclarecida e/ou que apresentam informações conflitantes. Quando as espécies foram consideradas originárias de duas regiões distintas, cada região foi pontuada como 0,5 (e não um), seguindo-se Bennett & Prance (2000). O cálculo da Importância Relativa das espécies baseou-se na metodologia proposta por Bennett & Prance (2000), que leva em consideração o número de propriedades farmacológicas (ou usos) atribuídas a cada planta pelos informantes e o número de sistemas corporais (categorias de doenças) tratados, sendo 2 o valor máximo obtido por uma espécie. Aplicou-se a fórmula: IR= (NSC + NP), onde: IR= Importância Relativa; NSC= corresponde ao número de sistemas corporais tratados por uma determinada espécie (NSCE), dividido pelo número total de sistemas corporais tratados pela espécie mais versátil (NSCEV) e NP= corresponde ao número de propriedades farmacológicas (usos) atribuídas a uma determinada espécie (NPE), dividido pelo número total de propriedades atribuídas à espécie mais versátil (NPEV). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram inventariadas 263 táxons, sendo 76 na CEASA (nove exclusivas) e 254 no Mercado de Madureira (187 exclusivas). Esse fato pode ser resultado do número maior de erveiros entrevistados neste mercado (15) em relação aos entrevistados na CEASA (7). Neste último, foram entrevistados todos aqueles que trabalhavam no local, que aí permanecem por poucas horas, sendo as vendas concentradas durante as madrugadas, até o amanhecer, enquanto que no Mercado de Madureira 53,5% dos erveiros foram entrevistados, os quais permanecem no mercado durante todo o dia. Como consequência, foram 52 entrevistas em Madureira (503 citações) e 12 na CEASA (134 citações). As espécies inventariadas (260 espécies vasculares e um fungo), nos dois mercados, estão distribuídas em 83 famílias botânicas e listadas na Tabela 1. Para dois táxons as famílias não foram identificadas, mas optou-se por registrá-los por tratar-se de um levantamento em que cada planta tem seu valor cultural e seu comércio deve (ou merece) ser sinalisado. O número de espécies encontrado no mercado de Madureira, no presente trabalho, é superior aos resultados de outras pesquisas em etnobotânica desenvolvidas, nos últimos anos, no Brasil. Segundo Monteiro et al. (2010), inventários com mais de 200 espécies reforçam o papel dos mercados na manutenção do conhecimento tradicional sobre plantas medicinais. No documento intitulado “Plantas medicinais do Brasil: aspectos 344 Silva & Peixoto gerais sobre legislação e comércio” elaborado por TRAFFIC América do Sul (Silva et al., 2001), foram registradas 88 espécies de plantas nativas comercializadas por todo o Brasil das quais 17 (correspondendo a 19,3%) foram também encontradas nos dois mercados estudados. As famílias que mais se destacaram em número de espécies foram Asteraceae (30), Lamiaceae (23), Solanaceae (15), Fabaceae (13), Myrtaceae (9), Euphorbiaceae e Malvaceae (8), Bignoniaceae e Piperaceae (7) e ainda Asparagaceae e Poaceae (6). Estas 11 famílias concentram 57,8% do total de espécies inventariadas. Em relação aos gêneros, foram as famílias Asteraceae (23), Lamiaceae (13), Fabaceae (10), Euphorbiaceae (7), seguidos de Solanaceae, Malvaceae e Bignoniaceae (6) que sobressaíram. Estas famílias têm sido relevantes em outras pesquisas etnobotânicas desenvolvidas em feiras e mercados (Almeida & Albuquerque, 2002; Pinto & Maduro, 2003; Macía et al., 2005; Albuquerque et al., 2006; Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel, 2007; Leitão et al., 2009; Monteiro et al., 2010; Monteiro et al., 2011). As famílias Lamiaceae e Asteraceae têm um número grande de espécies e são encontradas tanto em regiões temperadas como nas tropicais e, além disso, são ricas em óleos voláteis e muito utilizadas na medicina popular, ao redor do mundo (Menezes & Kaplan,1992; Simões & Spitzer, 2004). Nos dois mercados estudados, as espécies são utilizadas, em sua maioria, como medicinais, ritualísticas e/ou condimentares. Essas categorias de uso estão, neste estudo, refletindo a etnoclassificação empregada pelos informantes que separam “plantas para chá”, “plantas para banho” e “plantas para tempero”. Observou-se que, de forma geral, as plantas para chá incluíram as utilizadas para cura de doenças e/ou sintomas culturalmente bem definidos explicitados pelos informantes (e com correspondência na medicina convencional). As espécies para “banho” relacionaram-se principalmente àquelas utilizadas em uso ritual no combate às doenças físicas e/ou espirituais (usadas, de acordo com os informantes, na forma de defumadores, simpatias, banhos, sacodimentos nas casas e feitiços). Nas condimentares estão incluídas as plantas aromáticas, usadas como temperos. Por apresentarem outros usos, além dos já citados, algumas espécies foram incluídas também na categoria “alimentar” já que são utilizadas na dieta popular, ou ainda nas categorias “cosmético” (usadas como preparados para os cabelos) ou ainda “outros usos” incluindo as ornamentais e de uso veterinário. Quando houve relutância por parte dos informantes, as espécies foram consideradas como tendo “Usos não informados”. Apesar de todos os informantes terem incluído as plantas usadas como abortivas na categoria “plantas para chá”, optou-se por criar a categoria “abortiva”, por não haver correspondência com doenças, sinais e/ou sintomas citados para as espécies submetidas à categoria “medicinal”. O fungo orelha-de-pau (Pycnoporus sanguineus (F.ex Fr.) Murril) e o café (Coffea arabica L.) foram citados como abortivos exclusivamente no Mercado de Madureira e na CEASA, respectivamente. Embora o Mercado de Madureira apresente um número muito maior de espécies medicinais e rituais comparado à CEASA, existe certa Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 345 proporcionalidade entre os dois mercados quando se refere ao percentual de espécies comercializadas em cada categoria, com exceção das ritualísticas que, em Madureira, são mais significativas (Tab. 2). Grande parte das espécies foi citada em apenas uma categoria, principalmente na CEASA. Somente o Mercado de Madureira apresentou espécies com múltiplos usos (7,42%), o que pode expressar maior versatilidade de indicação de usos, por parte dos erveiros. Em relação às condimentares, por exemplo, com exceção das pimentas, orégano e cravo-da-índia, as espécies tiveram também citações de uso como ritualístico (9 citações), medicinal (8 citações), cosmética (1 citação) e abortiva (1 citação). Por outro lado, a CEASA apresenta maior percentual de espécies exclusivas nas categorias medicinal (91,5%), ritualística (72,7%) e condimentar (87,5%) indicando, ao contrário do Mercado de Madureira, a tendência a uma menor versatilidade de uso das espécies. Neste mercado, 93,4% das espécies estão incluídas em apenas uma categoria de uso. Das nove plantas vendidas somente na CEASA, na ocasião da pesquisa, seis são de uso exclusivamente medicinal e, ainda segundo as informações, não são cultivadas. São elas: macota (Hedyosmum brasiliense); cipó-cabeludo (Mikania hirsutissima); pata–de-vaca (Phanera microstachya); aperta-ruã (Piper mollicomum); panacéia (Solanum cernuum) e a avenca (Adiantum raddianum). Essas espécies são endêmicas da flora do Brasil (Lista de Espécies da Flora do Brasil 2014). Em relação às espécies condimentares predominam, na CEASA, as pimentas, que só são usadas para tal e que são revendidas aos erveiros do Mercado de Madureira. O Mercado de Madureira é popular e muito frequentado para compras a varejo, o que explica, em parte, a versatilidade de usos atribuídos às espécies. A CEASA é voltada predominantemente à comercialização de produtos hortigranjeiros, ao nível de atacado, o mesmo acontecendo com as plantas de uso medicinal, ritual e condimentar que são compradas, de forma geral, para a revenda. O varejo também ocorre, mas, em menor escala. O Mercado de Madureira, nas últimas décadas, visando melhorar as vendas, buscou especializar-se em produtos ligados a rituais afro-brasileiros, o que gerou também uma demanda para a venda de espécies vegetais com essa finalidade. Nesse sentido, a maior riqueza foi encontrada no gênero Ocimum (Lamiaceae) que, das seis espécies vendidas no Mercado de Madureira, cinco são de uso ritualístico. Barros (1993); Verger (1995); Albuquerque & Chiappeta (1996); Camargo (1998); Trindade et al. (2000), Albuquerque (2001), Almeida (2003) entre outros, discutiram questões relacionadas ao uso de espécies em rituais afro-brasileiros e auxiliaram na elucidação de um universo ainda pouco estudado. Buscou-se, na literatura, o(s) provável(eis) continente(s) de origem das plantas para se verificar se há alguma correlação com as espécies citadas pelos informantes. Verificou-se que a metade das plantas vendidas é americana (50%), seguidas pelas asiáticas (14%), africanas (10%) e europeias (6%). Por último aparecem as da Oceania e as Cosmopolitas (2% cada). As de origem indeterminada representaram 16% do total. Quando se levam em 346 Silva & Peixoto consideração apenas as espécies que apresentam uso ritual, vendidas no Mercado de Madureira, esta mesma proporcionalidade se mantém, ao contrário do que se esperava. As espécies de origem africana (15) encontram-se em menor número que as americanas (50) e asiáticas (17,5), apesar da singularidade desse mercado, que apresenta, em suas práticas, um universo tipicamente afro-brasileiro. Tal fato pode estar relacionado ao processo de aculturação, sugerindo que a adaptação para um novo lugar levou a uma mudança de significados e, com isso, espécies originárias de locais fora da África fizeram parte do universo etnobotânico afro-brasileiro. Segundo Almeida (2003), ao incorporarem-se ao novo habitat e às novas condições sociais, algumas plantas indispensáveis aos rituais de saúde foram substituídas por outras de morfologia externa semelhante. As plantas e suas aplicações terapêuticas A listagem livre, utilizada nessa pesquisa, é considerada um método bem estabelecido, relacionado às fronteiras de domínios culturais, que parte do pressuposto de que quando as pessoas listam livremente elas tendem a citar os termos em ordem de familiaridade - os indivíduos que sabem mais sobre o conteúdo solicitado listam mais do que aqueles que sabem menos - e os termos que são mais lembrados indicam que são localmente mais proeminentes (Quinlan, 2005). Considera-se que as espécies mencionadas com frequência indicam um conhecimento comum entre os indivíduos, ou consenso, dentro de uma determinada cultura. Para se avaliar as espécies que se sobressaíram, foram levadas em consideração apenas aquelas relacionadas nas listagens livres (as mais comercializadas). A Importância Relativa foi calculada apenas para as espécies mais vendidas que tiveram indicação popular de uso medicinal, nas listagens livres. Deve-se considerar que entre as espécies mais comercializadas nos mercados (53 na CEASA e 97 no Mercado de Madureira), algumas não foram citadas por seu uso medicinal (12 na CEASA e 32 no Mercado de Madureira) e, para elas, não se calculou o referido índice. Essa metodologia (IR) assume que uma planta é mais importante quanto mais versátil se apresenta, ou seja, quantos mais usos apresentar, mas também leva em consideração o número de sistemas corporais envolvidos. No Mercado de Madureira, o maior número de espécies (15) foi indicado para doenças do aparelho circulatório (cap. IX do CID-10, OMS) bem como para doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (15) (cap. IV) em decorrência da indicação de plantas para pressão alta, problemas cardíacos e ainda para controlar o colesterol e o diabetes. Talvez esse resultado reflita a procura pela população, por plantas para o controle de males que sabidamente tornaram-se comuns na população urbana do Brasil e de outros países (Sartorelli et al., 2006; Freitas & Garcia, 2012). Em seguida, vêm os sintomas ou sinais anormais de exames clínicos e de laboratório (14) (Cap. XVIII), provavelmente pelo fato de muitas plantas terem sido indicadas como antinflamatórias em geral, e ainda as doenças do aparelho respiratório (14), que são amplamente utilizadas para minimizar os efeitos da gripe e resfriados. Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 347 Estas duas últimas categorias também foram as mais proeminentes na CEASA com 11 e 12 espécies, respectivamente. Os sistemas corporais para os quais se têm mais indicação de espécies, nos dois mercados, foram também aqueles encontrados em outras pesquisas (Silva-Almeida & Amorozo, 1998; Bennet & Prance, 2000; Almeida & Albuquerque, 2002; Amorozo, 2002; Handilou et al., 2004; Christo et al., 2006; Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel, 2007). A análise da Importância Relativa das espécies vendidas na CEASA revelou que 15 apresentam alta versatilidade, no que diz respeito aos seus usos (ou propriedades farmacológicas atribuídas pelos informantes), pois apresentaram o valor da IR maior do que 1 (Albuquerque et al., 2006), e apenas quatro, no Mercado de Madureira (Tab. 3 e Tab. 4). Esse resultado pode ser explicado pelo fato de Sorocea cf. bonplandii (espinheira-santa) e Ruta graveolens (arruda), no Mercado de Madureira, terem muitos usos atribuídos, reduzindo assim proporcionalmente o IR das outras espécies. Leonurus sibiricus (erva-macaé) e Aloe vera (babosa), que obtiveram os maiores IR na CEASA, foram citadas como mais vendidas apenas nesse mercado. Ambas são comercializadas em feiras livres e mercados, tanto no Brasil (Parente & Rosa, 2001; Almeida & Albuquerque, 2002; Azevedo & Silva, 2006) como em outros países (Handilou et al., 2004; Macia et al., 2005). Plantago major (tanchagem) foi a planta que apresentou, na CEASA, o maior número de propriedades farmacológicas atribuídas pelos erveiros. Esta espécie foi encontrada também em outros mercados, como por exemplo, na Grécia (Handilou et al., 2004), na Bolívia (Macia et al., 2005), na Argentina (Martinez, 2005) e no Brasil (Albuquerque et al., 2006). Estudando a farmacopeia de espécies utilizadas na Amazônia, Bennet & Prance (2000) encontraram para P. major o maior valor de IR e, para Aloe vera, o quarto maior valor. Ruta graveolens (arruda), no Mercado de Madureira, apareceu como altamente versátil (Tab. 4). É importante salientar que a Secretaria Estadual de Saúde (2002) através da Resolução N° 1757, contraindica durante a gestação e lactação, o uso na forma oral, de algumas espécies, entre elas, Aloe vera, Leonurus sibiricus, Plantago major e Ruta graveolens, por apresentarem potencial tóxico, teratogênico e abortivo. Sorocea cf. bonplandii (espinheira-santa), tem amplo uso na região sudeste. Coulaud-Cunha et al. (2004) chamam a atenção para o perigo do consumo dessa espécie, uma vez que é utilizada contra úlceras e gastrites e de não existirem estudos conclusivos para o uso sem risco para a população. Além desses usos, essa planta foi indicada, no Mercado de Madureira também para emagrecer, para problemas na coluna, estomacais, fígado, vesícula e como antinflamatória. A Saliência é a expressão tanto da frequência como da ordem (ou média) de citação em que os itens apareceram (Quinlan, 2005). Dentre as 15 primeiras espécies que obtiveram maior saliência em cada mercado, oito são comuns, significando que foram frequentemente lembradas e listadas nas primeiras posições (Tab. 3 e Tab. 4). São elas, Baccharis cf. crispa (carqueja), Cuphea carthagenensis (sete-sangrias), Echinodorus grandiflorus (chapéu-de-couro), Sorocea cf. bonplandii (espinheira-santa) e Kalanchoe crenata (saião), Mentha 348 Silva & Peixoto piperita L. var. citrata (elevante), Lygodium volubile (abre-caminho) e Piper arboreum Aubl. var. arboreum (vence-demanda), estas duas últimas são de uso exclusivamente ritualístico e não constam nas Tabelas 3 e 4. As outras espécies (que não apareceram concomitantemente nos dois mercados) foram: Bidens pilosa, Cymbopogon citratus, Equisetum hiemale, Eugenia astringens, Leonurus sibiricus, Lippia alba, Mikania glomerata, Plantago major, Vernonanthura beyrichii, Vernonanthura paludosa, Mentha pulegium, Aeollanthus suaveolens, Ocimum basilicum e Laurus nobilis (as quatro últimas são de uso ritualístico e não constam nas Tabelas 3 e 4. Essas espécies, excetuando Eugenia astringens (nome atual de E. rotundifolia Casar.), são recorrentemente citadas em estudos etnobotânicos desenvolvidos em feiras livres e mercados, significando um uso amplamente difundido entre a população (Santos & Sylvestre, 2000; Parente & Rosa, 2001; Almeida & Albuquerque, 2002; Handilou et al., 2004; Azevedo & Silva, 2006; Albuquerque et al., 2006; Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel, 2007). No Mercado de Madureira, E. astringens (abajurú) apareceu em terceiro lugar na Saliência e não foram encontradas referências, na literatura, de sua venda, atual ou pretérita, em feiras livres e mercados o que significa a entrada de uma nova espécie no comércio. Por isso, mereceu uma análise mais aprofundada por Silva & Peixoto (2011a). Das 15 primeiras espécies de cada mercado, três (Baccharis cf. crispa, Cuphea carthagenensis e Echinodorus grandiflorus) se destacaram em ambos, tanto em valores de IR quanto de Saliência; as nove restantes destacaram-se em apenas um dos mercados. Dentre as espécies encontradas nos dois mercados estudados, 29 aparecem no anexo da Resolução de Diretoria Colegiada RDC-10 (ANVISA 2010) e estão assinaladas, na Tabela 1 com um asterisco. Esta Resolução dispõe sobre a notificação de drogas vegetais no âmbito da ANVISA e considera as plantas medicinais, ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de substâncias responsáveis pela ação terapêutica, após processo de coleta ou colheita, estabilização e secagem, íntegras, rasuradas, trituradas ou pulverizadas. Nesse sentido, vale ressaltar que, dentre as espécies com maiores valores de Saliência e de Importância Relativa, Baccharis cf. crispa (carqueja), Bidens pilosa (picão), Cymbopogon citratus (capim-limão) e Plantago major (tanchagem), estão listadas na RDC-10 (ANVISA 2010). Portanto, têm a chancela oficial do órgão governamental regulador como ressaltado por Ming et al. (2012). Ao se verificar as formas de uso (ou de administração) das espécies mais comercializadas, a forma oral foi a de maior destaque com 84,9% e 87,3% das indicações para a CEASA e para o Mercado de Madureira, respectivamente. O percentual elevado de uso oral aponta para o risco a que a população pode estar submetida pela ingestão de plantas, principalmente pelas potencialmente tóxicas ou incorretamente identificadas. Em relação à forma de preparo, entre as mais comercializadas, os chás (infusão ou decocto) sobressaíram com 68,2% das indicações na CEASA e 75,5% no Mercado de Madureira. Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 349 Levando-se em consideração todas as espécies vendidas nos dois mercados estudados, verificou-se que as ervas são predominantes (44,4%), seguidas das árvores (23,6%), arbustos (20,4%), trepadeiras (9,0%), epífitas e hemiepífitas (1,18%) bem como parasitas e hemiparasitas (0,78%). A análise dessas espécies aponta um número expressivo de táxons considerados na literatura como invasores de pastagens ou áreas perturbadas e poucos crescendo exclusivamente em ambientes florestais. Aspectos da comercialização de espécies nativas Os dois mercados estudados são centralizadores e distribuidores de plantas para a revenda, em muitos pontos da cidade (Azevedo & Silva, 2006; Maioli-Azevedo & Fonseca-Kruel, 2007; Silva, 2008). Para algumas espécies, a quantidade média de molhos vendidos foi informada pelos erveiros, podendose ter uma ideia de quantificação de vendas. Deve-se levar em consideração, nesse tipo de avaliação, a sazonalidade entre os meses do ano. Por exemplo, plantas que são vendidas mais no inverno, em função das gripes e resfriados ou em épocas festivas relacionadas a rituais específicos (flores para Iemanjá, semana do preto-velho). Verificou-se que, entre as plantas mais comercializadas, as partes aéreas (folhas ou ramos com folhas) receberam as maiores indicações de uso na CEASA (79,2%) e em Madureira (82%). Na CEASA, os caules aéreos dos cipós (13,2%), as cascas (3,7%), a planta inteira (toda a planta) e as flores (1,8% cada) foram menos indicados. No Mercado de Madureira foram menos indicados a planta inteira (5%), os caules aéreos dos cipós e as cascas (4% cada), raízes, bulbos e tubérculos (3%) e as flores (1%). Algumas espécies cujas cascas, órgãos subterrâneos, frutos e caules aéreos (cipós) originados de práticas extrativistas de acordo com as informações obtidas nos mercados merecem destaque. As Aristolochias, amplamente utilizadas no país, já foram estudadas sob o ponto de vista químico e apresentam diversos metabólitos secundários (Leitão & Kaplan, 1992). São vendidos, na CEASA, aproximadamente 80 molhos diários do cipó, com ou sem as folhas. A salsaparrilha (Herreria glaziovii), de acordo com um informante “é proveniente das matas de encostas, principalmente de Jacarepaguá (bairro da zona oeste da cidade do Rio de janeiro), sendo atualmente difícil de se conseguir partes subterrâneas e caules aéreos para o comércio; uma única “planta” de salsaparrilha fornece até 50 kg de raiz”. Já, as cascas do barbatimão (provavelmente Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville) e do caju (provavelmente Anacardium occidentale L.) são, segundo os informantes, provenientes do nordeste. Essas plantas são nativas e estão entre as listadas nas feiras livres e mercados, principalmente, do norte e nordeste do país (Albuquerque et al., 2007; Santos et al., 2009; Lima et al., 2011; Monteiro et al., 2011). Algumas espécies de Dorstenia (carapiás) constam como “Vulneráveis” em listas de espécies da flora ameaçadas (Mendonça & Lins, 2000; MMA, 2008) bem como o jatobá (Hymenaea courbaril), que se encontra na categoria “Em perigo” no Paraná (SEMA/GTZ, 1995). 350 Silva & Peixoto A pressão de coleta de caules e folhas não costuma ser um problema mas, certamente, o é para algumas herbáceas como por exemplo Baccharis cf. crispa (pela venda de 70 molhos semanais, em média, na CEASA). A espécie é cultivada, mas também há coleta extrativista, fato igualmente apontado por Batalha & Ming (2003) para o estado de São Paulo. Entre as arbóreas, cujos ramos (ou somente folhas) são vendidos, estão a carobinha (Jacaranda cf. puberula) com 30 a 40 molhos diários e a espinheira-santa (Sorocea cf. bonplandii) com cerca de 150 molhos, só no mercado de Madureira. No caso do abajurú, dois táxons distintos (Chrysobalanus icaco e Eugenia astringens) vêm sendo comercializados como tal e usados como hipoglicemiantes. Silva & Peixoto (2011a) discutem questões envolvidas na venda dessas espécies. O montante médio de venda, que pode alcançar 1000 molhos semanais, aliado a problemas que envolvem seu uso, são preocupantes. Para as espécies que ocorrem espontaneamente no estado do Rio de Janeiro há que se verificar se a extração de cascas, rizomas e outras partes redunda em ameaça às suas populações. Para tal, a correta identificação botânica torna-se fundamental podendo-se apontar, com segurança, que espécies estão sendo intensamente exploradas. Por exemplo, a correta identificação de Simira glaziovii, utilizando inclusive caracteres anatômicas de cascas, possibilitou a Silva (2008) concluir que esta espécie não apresenta forte risco, uma vez que não está entre as mais comercializadas, tem ampla distribuição nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e além disso, ocorre em diversas unidades de conservação como Parques Nacionais (RJ), Estação Experimental (MG), Reservas Biológicas (RJ, ES) e Reserva Natural (ES). Os dados obtidos com os informantes, para o conjunto de espécies, indicam que o extrativismo ocorre em áreas de serranias do município do Rio de Janeiro como já apontado por Azevedo & Silva (2006), bem como em municípios vizinhos. As áreas de coleta, muitas vezes, fazem parte ou circundam unidades de conservação, tais como o Parque Estadual da Pedra Branca, Parque Nacional da Tijuca, Parque Natural Municipal da Serra do Mendanha e Reserva Biológica do Tinguá, entre outras. São ambientes que sofreram exploração no passado, e que atualmente vêm sendo protegidos por dispositivos legais, mas que na prática não conseguem controlar o impacto do crescimento da malha urbana que os rodeiam. A análise das informações obtidas demonstra uma tendência de coleta, por parte dos erveiros da CEASA, ou de extratores a eles associados, na região serrana do estado (Municípios de Friburgo, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Petrópolis e Teresópolis) uma vez que lá residem (em sua maioria). As informações obtidas com os erveiros do Mercado de Madureira apontam o extrativismo ocorrendo em regiões de baixada, encostas e topos de morros, bem como em restingas da “Região dos Lagos”. Batalha & Ming (2003), tratando do comércio de plantas medicinais e aromáticas no estado de São Paulo, apontam que a maioria das plantas comercializadas é proveniente de extrativismo, apesar da presença de grandes Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 351 empresas atacadistas na distribuição dos produtos, mas que não trabalham de forma efetiva com o cultivo das espécies exploradas. Para os mercados e feiras livres do Rio de Janeiro há uma cadeia de coleta de espécies, mantida por extratores (às vezes especializados em cascas e/ou determinadas espécies) que vendem diretamente aos feirantes (erveiros) ou então a intermediários. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dois mercados apresentam especificidades no que se refere à clientela que os frequenta, o que acarreta em diferenças na disponibilidade de plantas vendidas. A CEASA é voltada basicamente para a comercialização de produtos hortigranjeiros ao nível de atacado no estado do Rio de Janeiro. Já o Mercado de Madureira, a par de ser um importante centro de distribuição de ervas medicinais e ritualísticas no município do Rio de Janeiro, tem parte substantiva de seu movimento comercial representado pelas vendas a varejo. Esse fato per si determina que este mercado seja um local onde se dá um intenso movimento de relações e de trocas culturais voltadas ao conhecimento das ervas, sejam aquelas voltadas para o plano físico-medicinal, seja para o espiritual. Assim se explica que a riqueza de espécies (254) no Mercado de Madureira seja mais do que o triplo da CEASA (com 76 espécies). Apesar de algumas discussões sobre questões relacionadas à conservação de espécies usadas como medicinais no Brasil, há uma enorme dificuldade em se avançar em práticas eficientes e duradouras que contemplem as diferentes vertentes envolvidas no processo de conservação. Durante a realização desse trabalho, várias tentativas de obtenção de informações com os extratores não foram bem sucedidas, provavelmente por saberem da existência de legislação/fiscalização referente à coleta de plantas nativas. Além disso, algumas espécies não cultivadas pelos erveiros têm suas cascas, órgãos subterrâneos e caules aéreos (cipós) comercializados no mercado de Madureira e na CEASA, o que pode representar um vetor de decréscimo das populações nativas. Espera-se que a implantação efetiva, no Brasil, da Política de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2006) possibilite avanços no enfrentamento de questões relacionadas ao comércio e ao consumo seguro de plantas utilizadas pela população para o tratamento de doenças/sintomas. AGRADECIMENTOS As autoras agradecem aos erveiros por disporem do seu tempo durante o horário de trabalho e pela confiança em compartilhar seus saberes; aos profissionais que auxiliaram na identificação das espécies; a Alexandre Gabriel Christo (in memorian) e Rogério Ribeiro de Oliveira pelas sugestões e revisão do texto. 352 Silva & Peixoto REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, U.P. 2001. The Use of Medicinal Plants by the Cultural Descendants of African people in Brazil. Acta Farmaceutica Bonaerense 20: 139-144. ALBUQUERQUE, U.P & CHIAPPETA, A. de A. 1996. Contribuição etnobotânica para o universo ritual dos cultos afro-brasileiros. In: LIMA, T. (Org.). Sincretismo religioso: o ritual afro. Massangana, Recife. Pp. 188-197. ALBUQUERQUE, U.P; LUCENA, R.F.P.; MONTEIRO, J.M.; FLORENTINO A.T.N & ALMEIDA, C.F.C.B.R. 2006. Evaluating Two Quantitative Ethnobotanical Techniques. Ethnobotany Research & Applications 4: 51-60. 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CEA Part. comer. vence-tudo 2 1 ram sabugueiro 1 1 ram chapeú-de-couro 1 1 fo Allium cepa L. cebola 1, 2 bul Allium sativum L.* casca-de-alho 2 bul Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze anador; penicilina 1 ram Alternanthera sp. novalgina 1 ram Amaranthus viridis L. caruru-sem-espinho, caruru-preto 2, 4 ram Celosia argentea L. crista-de-galo 2 inf Chenopodium ambrosioides L. erva-de-santa-maria, santa-maria 1, 7 ram Anacardium occidentale L.* cajueiro 1 cas Mangifera indica L. mangueira 2 ram Schinus terebinthifolius Raddi* aroeira 1, 2 guiné-preto 2 erva-doce, funcho 1 Famílias/ Espécies Nome popular ACANTHACEAE Justicia gendarussa Burm. f. ADOXACEAE Sambucus nigra L.* ALISMATACEAE Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli ALLIACEAE AMARANTHACEAE ANACARDIACEAE 1 ram; cas ANNONACEAE Annona acutiflora Mart. cau APIACEAE Foeniculum vulgare Mill. APOCYNACEAE 1 ram Silva & Peixoto 358 Usos / mercados Mad. CEA Part. comer. oficial-de-sala 2 2 ram Geissospermum laeve (Vell.) Miers pau-pereira 1 1 cas Thevetia peruviana (Pers.) K. Schum. chapéu-de-napoleão 1 sem Apocynaceae indet. agoniada 1 cas comigo-ninguém-pode 2, 7 fo Epipremnum aureum (Linden & André) jibóia G.S. Bunting 2 fo Pistia stratiotes L. erva-de-santa-luzia 1 fo Xanthosoma appendiculatum Schott patioba 2 fo abebê, vintém, abebêde-oxum 2 ram conchinha-de-oxum 2 fo dendê 2 fo Famílias/ Espécies Nome popular Asclepias curassavica L. ARACEAE Dieffenbachia seguine (Jacq.) Schott ARALIACEAE Hydrocotyle umbellata L. Polyscias cf. balfouriana (André) L.H. Bailey ARECACEAE Elaeis guineensis Jacq. ARISTOLOCHIACEAE Aristolochia triangularis Cham. mil-homem, cipó mil1, 2 homem, bem-com-deus Aristolochia sp. papo-de-perú 1, 2 2 ram ram ASPARAGACEAE Cordyline fruticosa (L.) A. Chev. Dracaena fragrans (L.) Ker Gawl. pelegum-roxo, pelegum2, 7 de-ogum-roxo pelegum, pelegumamarelo, pau-d'agua, 2, 7 pelegum verde ram ram Fourcraea foetida L. pita 1 1 rz; fo Herreria glaziovii Lecomte salsaparrilha 1 Sansevieria cylindrica Bojer lança-de-iansã, espada2 de-iansã fo Sansevieria trifasciata Hort. Ex Pain espada-de-são-jorge 2 fo pena-de-xangô 2 fo rz; cau ASPLENIACEAE Asplenium serratum L. ASTERACEAE Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 359 Usos / mercados Part. comer. Famílias/ Espécies Nome popular Achillea millefolium L.* macelinha 1 ram; inf Achyrocline satureioides (Lam.) DC.* macela 1 ram; inf 1, 2, 3 ram; inf Acmella uliginosa (Sw.) Cass. Ageratum conyzoides L.* oripepê, jambú, agriãodo-pará erva-de-são-joão, mentrasto Mad. 1, 6 CEA 1 ram; inf Artemisia verlotorum Lamotte losna 1, 6 ram Artemisia sp. cânfora 1 ram Baccharis dracunculifolia DC. alecrim-do-campo, alecrim 2 1 ram; inf Baccharis cf. crispa Sprengel* carqueja, carquejo 1 1 ram 1 ram; inf picão-preto, picão-doBidens pilosa L.* mato, picão-roxo, picão, 1 picão-branco balainho-de- velho, Centratherum punctatum Cass. 2 balauê Chromolaena odorata (L.) R.M. King & arnica-do-mato, arnica1 H. Rob. do-campo ram; inf 1, 2 ram Coreopsis grandiflora Hogg ex. Sweet camomila 1 ram; inf Cyanthillium cinereum (L.) H. Rob. vassourinha-preta 1 ram Cynara scolymus L.* alcachofra 1 Emilia sonchifolia (L.) DC. dente-de-leão 1 fo Helianthus annuus L. girassól 1, 2 fo; inf Melampodium divaricatum (Rich.) DC botão-de-ouro 2 fo; inf Mikania glomerata Spreng.* guaco, guapo 1 Mikania hirsutissima DC. cipó-cabeludo Mikania sp. guaco 1 ram Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera quitoco 1 ram 2 ram 1 tub erva-da-lua, nevePterocaulon alopecurioides (Lam.) DC. branca Smallanthus sonchifolius (Poepp.) H. batata-yacon Rob. 1 fo 1 ram 1 ram Solidago chilensis Meyen arnica, arnica-da-horta 1 1 ram; inf Sonchus oleraceus L. serralha 1 1 ram; inf Tagetes sp. cravo-de-defunto 1, 2, 6 assa-peixe 1 assa-peixe 1 Vernonanthura beyrichii (Less.) H. Rob. Vernonanthura paludosa (Gardner) H.Rob. ram; inf 1 ram ram Silva & Peixoto 360 Usos / mercados Part. comer. Famílias/ Espécies Nome popular Vernonanthura sp. assa-peixe 1 ram Asteraceae indet. erva-grossa 1 ram Impatiens balsamina L. beijo-branco 1 ram Impatiens sultanii Hook f. maravilha 1 ram Crescentia cujete L. cuitê 1, 2 fr Handroanthus sp.1 ipê-amarelo 1 cas Handroanthus sp.2 ipê-roxo 1 cas Jacaranda cf. puberula Cham. carobinha 1 Mad. CEA BALSAMINACEAE BIGNONIACEAE Sparattosperma leucanthum (Vell.) K. Schum. akokô, erva-dafelicidade cinco-chagas, cinco folhas Tynanthus labiatus (Cham.) Miers Newbouldia laevis (P. Beauv.) Seem. 1 ram 2 ram 1, 2 ram cipó-cravo 1 cau urucum 1 fo Varronia curassavica Jacq.* erva-balieira 1 ram Symphytum officinale L. confrei 1 1 fo mastruz 1 1 ram barba-de-velho 1, 2 1 cau Cereus fernambucensis Lem. mandacaru 1 cau Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw. dama-da-noite 2 cau 1, 2 cau 5 ram BIXACEAE Bixa orellana L. BORAGINACEAE BRASSICACEAE Lepidium pseudodidymum Thell. ex Druce BROMELIACEAE Tillandsia usneoides (L.) L. CACTACEAE Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck palmatória CANNABACEAE Trema micrantha (L.) Blume CHLORANTHACEAE mutamba, curindiba Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... Famílias/ Espécies Nome popular Hedyosmum brasiliense Miq. macota 361 Usos / mercados Mad. CEA Part. comer. 1 fo CHRYSOBALANACEAE Chrysobalanus icaco L. abajurú, bajurú 1 ram; fo trapoeraba 2 ram Cuscuta racemosa Mart. cipó-chumbo, cuscuta 1 Ipomoea batatas (L.) Lam. batata-doce 1 cana-do-brejo 1 1 fo Kalanchoe crenata (Andrews) Haw. saião 1 1 fo Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers. fortuna 2 fo Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn. abóbora-d'anta 8 ram Luffa cylindrica M. Roem. bucha 1 fr Luffa operculata (L.) Cogn. buchinha 1, 6 fr Momordica charantia L.* melão-de-são-caetano 1, 6, 7 Cyperus odoratus L. dandá-da-costa 2 ram Cyperus rotundus L. batata-de-tiririca 1 bul; ram cipó-caboclo 1, 2 cará 2, 4 cavalinha 1 parietária 1 COMMELINACEAE Tradescantia zebrina Heynh. CONVOLVULACEAE 1 ram fo COSTACEAE Costus spiralis (Jacq.) Roscoe CRASSULACEAE CUCURBITACEAE 1 ram CYPERACEAE DILLENIACEAE Davilla rugosa Poir. 8 ram DIOSCOREACEAE Dioscorea alata L. fr EQUISETACEAE Equisetum hiemale L. 1 cau EUPHORBIACEAE Acalypha communis Müll. Arg. ram Silva & Peixoto 362 Famílias/ Espécies Nome popular Cnidoscolus urens (L.) Arthur cansanção Usos / mercados Mad. CEA Part. comer. 2 fo Codiaeum variegatum (L.) Rumph. ex. folha-da-independência 2 A. Juss. fo Euphorbia prostrata Aiton quebra-pedra 1 ram Euphorbia tirucalli L. velame 1 cau Jatropha gossypiifolia L. pinhão-roxo, pinhãobranco 2 fo Joannesia princeps Vell. cutieira 1 fr Manihot esculenta Crantz mandioca 1 fo Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm. amburana-de-cheiro 1 cas Bauhinia cf. variegata L. pata-de-vaca 1 Bauhinia sp. escada-de-macaco 1 cau Bowdichia cf. virgilioides Kunth batata-de-sucupira 1 rz Cajanus cajan (L.) Huth guando 1 ram Desmodium adscendens (Sw.) DC. amor-do-campo 1, 2 Libidibia ferrea (Mart. ex.Tul.) L.P. Queiroz* jucá; fava-de-jucá 1 cas; fr Erythrina speciosa Andrews mulungú 1 fo Phanera microstachya (Raddi) L.P. Queiroz. pata-de-vaca Pterodon cf. emarginatus Vogel sucupira 1 fr Senna occidentalis (L.) Link fedegoso 1, 6 fo Senna alexandrina Mill.* sene 1 fo Stryphnodendron cf. adstringens (Mart.) Coville) barbatimão 1 cas ginko 1 fo bico-de-papagaio 1 fo Aeollanthus suaveolens Mart. ex Spreng. macassá, catinga-demulata 1, 2 Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. cordão-de-frade 1 Leonurus sibiricus L. erva-macaé, macaé 1 FABACEAE 1 1 1 ram ram ram GINKGOACEAE Ginkgo biloba L. HELICONIACEAE Heliconia rostrata Ruiz & Pav. LAMIACEAE 2 ram ram 1 ram Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 363 Usos / mercados Mad. CEA Part. comer. poejo 1 1 ram hortelã-da-horta, hortelã-miúdo, menta 1, 3 Famílias/ Espécies Nome popular Mentha pulegium L.* Mentha spicata L. Mentha x piperita L. var. citrata (Ehrh.) elevante Briq. manjericão, manjericãoOcimum basilicum L. roxo alfavaca, alfavaca-daOcimum campechianum Mill. horta , alfavaquinha Ocimum carnosum (Spreng.)Link. & anis Otto ex Benth. ram 1, 2, 3 1, 2 ram 1, 2, 3 3 ram 1, 2, 3 3 ram 2 ram Ocimum cf. americanum L. manjericão 2, 3 ram Ocimum gratissimum L. alfavacão 1, 2, 3 ram Ocimum sp. manjericão-roxo 1 ram Origanum vulgare L. manjerona, orégano 3 ram Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. hortelã-pimenta, hortelã1, 3 doce Plectranthus barbatus Andr.* boldo 1 Plectranthus neochilus Schltr. boldo-japonês 1 ram Plectranthus nummularius Briq. dólar 2 ram Pogostemon cablin (Blanco) Benth. patchouli 2 ram Rosmarinus officinalis L.* alecrim 1, 2, 3 Salvia officinalis L.* salvia 1, 2, 3 ram Tetradenia riparia (Hochst.) Codd sândalo 2, 3, 5 ram Thymus vulgaris L. tomilho 2, 3 ram Vitex agnus-castus L. erva-de-jurema 2 ram Cinnamomum camphora (L.) J. Presl vick-do-mato 8 ram Cinnamomum verum J. Presl* canela 1,2,4,6 cas Laurus nobilis L. louro 1, 2 Persea americana Mill. abacate 1 fo sapucaia 1, 2, 4 fr linhaça 1 sem ram 1 1, 3 ram ram LAURACEAE 3 fo LECYTHIDACEAE Lecythis pisonis Cambess. LINACEAE Linum cf. usitatissimum L. Silva & Peixoto 364 Famílias/ Espécies Nome popular Usos / mercados Mad. CEA Part. comer. LINDERNIACEAE Torenia fournieri Lind. amor-perfeito 2 ram; fl erva-de-passarinho 1 1 cau abre-caminho 2 2 fo Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.F. Macbr. sete-sangrias 1 1 ram Punica granatum L.* romã 1 fr akossí, murici 2 ram Abutilon striatum Dicks. ex Lindl. brinco-de-princesa 2 ram; fl Cola acuminata (P. Beauv.) Schott & Endl. obi 2 sem Gossypium herbaceum L. algodão 1, 2 fo Hibiscus rosa-sinensis L. papoula-vermelha, brinco-de-princesa 2 ram; fl Hibiscus sabdariffa L. vinagreira 1 ram, fl Luehea conwentsi K. Schum. açoita-cavalo 8 ram Malva parviflora L. malva-branca 1 ram; fl Malva sp. malva-cheirosa 1,2 ram trevo-de-quatro-folhas 2 fo abranda-fogo 2 ram LORANTHACEAE Struthanthus marginatus (Desr.) Blume LYGODIACEAE Lygodium volubile Sw. LYTHRACEAE MALPIGHIACEAE Byrsonima sericea DC. MALVACEAE MARSILEACEAE Marsilea polycarpa Hook. & Brév. MELASTOMATACEAE Clidemia biserrata DC. Miconia albicans (Sw.) Triana Miconia calvescens Schrank & Mart. ex DC. canela-de-velho, vence1, 2, 7 demanda, café-do-mato capa-de-xangô, erva2 de-xangô ram ram MELIACEAE Guarea guidonea (L.) Sleumer berreiro 2 ram Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... Famílias/ Espécies Nome popular Melia azedarach L. para-raio, berreiro, carrapeta 365 Usos / mercados Mad. CEA Part. comer. 2 2 ram MENISPERMACEAE Chondrodendron platiphyllum (A. St.buta Hil.) Miers 1 cau MORACEAE Artocarpus altilis (Parkinson) Fosberg fruta-pão 1 fo Dorstenia sp. carapiá 1 riz Morus alba L. amora 1 fo Sorocea cf. bonplandii (Baill.)Burger, Lanjou & W. Boer espinheira-santa 1 coração-de-bananeira 1 inf Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk. guariroba 1 ram Eucalyptus torelliana F. Muell. eucalipto Eucalyptus sp.1 eucalipto Eucalyptus sp. 2 eucalipto-cheiroso Eugenia astringens Cambess. abajirú, bajurú, abajurú 1 Myrcia guianensis (Aublet) DC. pedra-ume-caá 1 ram Pimenta dioica (L.) Merr. cravo-da-índia 2 ram cravo-da-índia 3 fr jambolão, jamelão 1 ram erva-tostão, pega-pinto 1, 2 ram ochibatá 2 fo Cyrtopodium gigas (Vell.) Hoehne sumaré 1 cau Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. cantaria 1 fo maracujá-assú 1 ram 1 ram MUSACEAE Musa x paradisiaca L. MYRTACEAE Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M. Perry Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.M. Perry 1 1 ram ram 1 ram 1 ram NYCTAGINACEAE Boerhavia diffusa L. NYMPHAEACEAE Nymphaea cf. rubra Roxb. ex Salisb. ORCHIDACEAE PASSIFLORACEAE Passiflora alata Dryand* Silva & Peixoto 366 Usos / mercados Mad. CEA Part. comer. erva-pombinha 1 1 ram Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms pau-d'alho 1, 2 Petiveria alliacea L. guiné pi-piu 1, 2 Famílias/ Espécies Nome popular PHYLLANTHACEAE Phyllanthus tenellus Roxb. PHYTOLACCACEAE cas 2 ram 1 ram PIPERACEAE Peperomia pellucida (L.)Humb., Bonp. oriri, oripepê, parietária, 1, 2 & Kunth língua-de-sapo tira-teima, betePiper amalago var. medium(Jacq.) cheirosa, corta2 Yunck mandinga, cortamironga, corta-feitiço ram Piper anisum (Spreng.) Angely desata-nó, jaborandi 2 1, 5 ram Piper arboreum Aubl. var. arboreum vence-demanda, joãobarandi, desata--nó, abranda-fogo, vencetudo 2 2 ram desata-nó, jaborandí 1, 2, 5 2 ram 1 ram Piper hoffmanseggianum Roem. & Sch. Piper mollicomum Kunth aperta-ruã Piper umbellatum L. capeba 1 1 fo Plantago major L.* tanchagem, transagem 1 1 fo Scoparia dulcis L. vassourinha 1, 2 ram Coix lacryma-jobi L. lágrima-de-nossasenhora 1 fo Cymbopogon citratus (DC.) Stapf* capim-limão 1 Cymbopogon densiflorus (Steud.) Stapf saco-saco, capim-de1, 2 angola, capim-são-josé ram Imperata cf. brasiliensis Trin. raíz-de-sapê rz Melinis minutiflora P. Beauv. capim-gordura Saccharum officinarum L. cana-de-açúcar 2 erva-de-bicho 1 PLANTAGINACEAE POACEAE 1 1 1 fo fo cau POLYGONACEAE Polygonum punctatum Elliot* POLYPORACEAE 1 fo Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 367 Usos / mercados Part. comer. Famílias/ Espécies Nome popular Pycnoporus sanguineus (F. ex Fr.) Murril orelha-de-pau 6 cf Portulaca oleracea L. beldroega, erva-deobaluaiê 1, 2, 4 ram Talinum racemosum (L.) Rohrb. bredo-de-santo-antônio 1, 2, 4 ram Mad. CEA PORTULACACEAE PTERIDACEAE Adiantum raddianum C.Presl avenca 1 fo ROSACEAE Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. ameixa 1 ram Rosa cf. chinensis Jacq. rosa-branca 1, 2 1 ram; fl Coffea arabica L. café 1, 2, 6 6 ram Genipa americana L. jenipapo 1 fr Pentodon pentandrus (Schumach. & Thonn.) Vatke trapoeraba-branca 1 ram Simira glaziovii (K. Schum.) Steyerm. quina- rosa 1 cas Spermacoce laevis Lam. corredeira 2 ram Hortia brasiliana Vand. ex DC. cáscara-sagrada, casca 1 d'anta, pau-para-tudo cas Citrus aurantium L.* laranja-da-terra ram RUBIACEAE RUTACEAE Ruta graveolens L. Zanthoxylum caribaeum Lam. Zanthoxylum cf. caribaeum Lam. 1 arruda, arruda-fêmea, 1, 2, 6 arruda-macho espinho-cheiroso, erva2 de-oxóssi 2 ram ram mamica-de-porca 1 cas Casearia commersoniana Camb. chá-de-bugre, porangaba 1 ram Casearia sylvestris Sw.* são-gonçalinho 1, 2 ram cipó-cabeludo, uva-domato 1 ram abiu 2 ram SALICACEAE SAPINDACEAE Serjania cuspidata Cambess. SAPOTACEAE Chrysophyllum oliviforme L. subsp. oliviforme Silva & Peixoto 368 Famílias/ Espécies Nome popular Usos / mercados Mad. CEA Part. comer. SIPARUNACEAE Siparuna guianensis Aubl. negramina, negramina1, 2 fêmea ram trombeta fo SOLANACEAE Brugmansia suaveolens (H.&B. ex. Willd.) Bercht. & Presl. 2 Capsicum annuum L. pimenta-caiana, pimenta-rabo-demacaco, pimenta dedo3 de-moça, pimentacambuci, pimenta-reino, pimenta-de-cheiro 3 fr Capsicum frutescens L. pimenta- malagueta 3 3 fr Capsicum sp.1 pimenta-baiana 3 3 fr Capsicum sp.2 pimenta- fogo 3 3 fr Cestrum axillare Vell. coerana 2 ram Datura aff. metel L. beladona 1 fo Nicotiana tabacum L. fumo 1, 2 fo Solanum alternatopinnatum Steud. jiquiri 1 ram Solanum americanum Mill. erva-moura 1 ram Solanum argenteum Dun. erva-prata, erva-deiansã 2 ram Solanum cernuum Vell. panacéia Solanum hirtellum (Spreng.) Hassl. arrebenta-cavalo 2 fo Solanum pachinatum Dun. panacéia, milho-decobra 1 fo Solanum torvum Sw. jurubeba 1 fo Cecropia pachystachya Tréc. embauba, folha-dapreguiça; embaúbabranca 1,2,8 fo Pilea nummularifolia (Sw.) Wedd. dinheiro-em-penca 2 ram sementes de alfazema 1, 2 sem alfazema 1, 2, 3 ram Lantana camara L. cambará 2 ram Lippia alba N.E. Br.ex P. Wilson* erva-cidreira, melissa, cidreira 1 1 fo URTICACEAE VERBENACEAE Aloysia cf. gratissima (Gilties & Hook) Tronc. Aloysia gratissima (Gilties & Hook) Tronc. 1 ram Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 369 Usos / mercados Part. comer. Famílias/ Espécies Nome popular Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl gervão 1 ram suma-roxa 1 cau insulina 1 ram babosa 1, 5 1 fo Alpinia zerumbet (Pers.) Burtt & Smith colônia 1, 2 1 fo Hedichium coronarium J. König lírio-do-brejo 2 Zingiber officinale Roscoe* gengibre 1 INDETERMINADA catuaba 1 cas INDETERMINADA nó-de-cachorro 1 cas Mad. CEA VIOLACEAE Anchietea pyrifolia (Mart.) G. Don VITACEAE Cissus verticillata (L.) Nicholson & E.Jarvis XANTHORRHOEACEAE Aloe vera (L.) Burm. f. ZINGIBERACEAE fo 1 riz Tabela 2 - Número total de espécies citadas por categorias (independentemente das espécies aparecerem em mais de uma categoria), no Mercado de Madureira e na CEASA, Rio de Janeiro, RJ. Em cada célula o número de espécies é seguido pela percentagem entre parênteses (medi=medicinal; ritu=ritualística; cond=condimentar; alim=alimentar; cosm=cosmética; abor=abortiva; outros usos=ornamental e veterinário). Mercados medi. ritu. cond. alim. cosm. abor. outros usos usos não informados Madureira 178 (69,5%) 111 (43,3%) 19 (7,4%) 6 (2,3%) 5 (1,9%) 10 (3,9%) 6 (2,3%) 3 (1,1%) CEASA 59 (77,6%) 11 (14,4%) 8 (10,5%) __ 1 (1,3%) 1 (1,3%) __ 1 (1,3%) Silva & Peixoto 370 Tabela 3 - Saliência e Importância Relativa (IR) das espécies medicinais indicadas como mais comercializadas pelos informantes da CEASA, Rio de Janeiro. Os usos foram indicados pelos informantes e os sistemas corporais estão baseados na classificação de doenças da Organização Mundial de Saúde (CID-10). A ordenação da tabela seguiu a Importância Relativa das espécies. Nome científico Leonurus sibiricus Aloe vera Bidens pilosa Plantago major Adiantum raddianum Echinodorus grandiflorus Cuphea carthagenensis Baccharis cf. crispa Baccharis dracunculifolia Cymbopogon citratus Equisetum hiemale Ageratum conyzoides Foeniculum vulgare Mikania hirsutissima Solanum cernuum Sorocea cf. bonplandii Struthanthus marginatus Eucalyptus sp. 2 Kalanchoe crenata Vernonanthura beyrichii Alpinia zerumbet Phanera microstachya Cuscuta racemosa Cynara scolymus Desmodium adscendens Eucalyptus torelliana Geissospermum laeve Jacaranda cf. puberula Lippia alba Melinis minutiflora Mentha pulegium Mentha x piperita var. citrata Mikania glomerata Peperomia pellucida Piper anisum Plectranthus barbatus Polygonum punctatum Rosa cf. chinensis Schinus terebenthifolius Symphytum officinale Saliência 0.39 0.18 0.14 0.23 0.11 0.24 0.29 0.39 0.12 0.22 0.26 0.07 0.07 0.16 0.13 0.33 0.02 0.17 0.23 0.31 0.10 0.08 0.13 0.01 0.08 0.01 0.02 0.06 0.17 0.01 0.08 0.19 0.29 0.01 0.07 0.05 0.09 0.02 0.02 0.13 Usos 4 3 3 5 3 3 4 4 3 3 3 2 2 2 2 3 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Sistema corporal IX, XI, XVIII II, IV, XVIII I, II, XI XIV, XVIII I, IV, X III, XIV, XVIII IX, XI IV, XI IX, XVIII V, X XIII, XIV IV, V V, X XI, XIV XIV, XVIII XI X X X X IX IV X IV XVIII X IV XIX V XVIII X X X VII XVIII XI XVIII VII I XVIII IR 1,8 1,66 1,66 1,66 1,6 1,6 1,46 1,46 1,26 1,26 1,26 1,06 1,06 1,06 1,06 0,93 0,93 0,73 0,73 0,73 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 0,53 Plantas de uso medicinal, ritual e condimentar... 371 Tabela 4 - Saliência e Importância Relativa (IR) das espécies medicinais consideradas como mais comercializadas pelos informantes do Mercado de Madureira, Rio de Janleiro. Os usos foram indicados pelos informantes e os sistemas corporais estão baseados na classificação de doenças da Organização Mundial de Saúde (CID-10). A ordenação da tabela seguiu a Importância Relativa das espécies. Nome científico Ruta graveolens Sorocea cf. bonplandii Baccharis cf. crispa Polygonum punctatum Alpinia zerumbet Bidens pilosa Mentha x piperita L. var.citrata Sparattosperma leucanthum Echinodorus grandiflorus Cuphea carthagenensis Davilla rugosa Equisetum hiemale Kalanchoe crenata Petiveria alliacea Casearia commersoniana Jacaranda cf. puberula Ocimum basilicum Ocimum campechianum Rosmarinus officinalis Scoparia dulcis Symphytum officinale Vernonanthura paludosa Acalypha communis Eugenia astringens Lepidium pseudodidymum Starchytarpheta cayennensis Aeollanthus suaveolens Anchietea pyrifolia Bauhinia variegata Boerhavia diffusa Campomanesia guaviroba Euphorbia prostrata Chromolaena odorata Chrysobalanus icaco Cissus verticillata Coreopsis grandiflora Costus spiralis Cymbopogon densiflorus Datura aff. metel Desmodium adscendens Saliência Usos Sistema corporal IR 0,13 0,34 0,21 0,06 0,12 0,17 0,38 0,13 0,15 0,13 0 0,10 0,32 0,07 0,04 0,09 0,36 0,06 0,09 0,01 0,11 0,22 0,05 0,35 0,08 0,04 0,29 0,01 0,06 0,03 0,03 0,09 0,05 0,07 0,06 0,07 0,05 0,05 0,02 0,07 6 7 5 4 3 3 3 3 4 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 3 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I, III, IV, VII, IX, XVIII IV, XI, XIII, XVIII I, IV, IX I, IX, XII V, IX, XII I, X, XI X, XIII, XVIII III, XII, XVIII IX, XIV III, IX XIII, XVIII XIV, XVIII X, XVIII IX, XVIII IV, XVIII IX, XII V, IX IX, X IV, IX IV, XVIII IX X XIV IX X XI XVIII III IV XVIII IV XIV XIX IV IV V XIV X XIX XIV 1,86 1,67 1,21 1,07 0,93 0,93 0,93 0,93 0,90 0,76 0,76 0,76 0,76 0,76 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,62 0,60 0,60 0,45 0,45 0,45 0,45 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 Silva & Peixoto 372 Nome científico Chenopodium ambrosioides Foeniculum vulgare Geissospermum laeve Imperata cf. brasiliensis Lecythis pisonis Lippia alba Malva sp. Miconia albicans Mikania glomerata Myrcia guianensis Ocimum gratissimum Oeceoclades maculatum Peperomia pellucida Plantago major Plectranthus amboinicus Schinus terebinthifolius Senna alexandrina Senna occidentalis Simira glaziovii Smallanthus sonchifolius Handroanthus sp. 2 Vernonanthura sp. Herreria glaziovii Chondodendron platyphyllum Saliência 0,09 0,02 0,01 0,05 0,01 0,16 0,04 0,08 0,11 0,06 0,05 0,04 0,12 0,06 0,06 0,02 0,03 0,03 0,04 0,07 0,01 0,01 0,02 0,01 Usos Sistema corporal 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 uso não informado uso não informado I V I IV XI V X XIII X IV X V XIV X X XVIII XI I IX V II X IR 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31 ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE QUINTAIS NO BAIRRO QUILOMBO, ZONA RURAL DO MUNICIPIO DE TRÊS COROAS, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. 1 Vanessa Martina Ritter 2 Rumi Regina Kubo 1 Mara Rejane Ritter ABSTRACT This work‟s objective was to perform an ethnobotanical survey of the species grown on the backyards of a rural district of the town of Três Coroas, linking their uses, handling and importance for the families‟ everyday lives. Thirteen backyards were visited and thirteen informers were interviewed through semistructured questionnaires. Also, the guided tour technique was used, with questions about the plants that have importance to the families, present on the backyards. The reported taxa were classified in categories of use, being reported 152 taxa, distributed in 57 families. The most reported botanical family was Lamiaceae with 17 species, followed by Asteraceae with 13. It predominates the use of exotic species (73%), many of them traditionally used by European descendants. The use categories which were most reported were food and medicinal. The found results highlight the importance the community gives to the cultivation and use of plant species in their residence‟s backyard, which incorporates the everyday life of the families. Keywords: Ethnobotany, food plants, medicinal plants. RESUMO O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento etnobotânico sobre espécies cultivadas nos quintais de um bairro rural do município de Três Coroas, associando seus usos, manejos e importância para o cotidiano das famílias. Foram visitados 13 quintais e 13 informantes foram entrevistados através de questionários semiestruturados. Também foi utilizada a técnica da turnê guiada, com perguntas acerca das plantas presentes nos quintais que têm importância para os entrevistados. Foram citados 152 taxa, distribuídos em 57 famílias, que foram classificados em categorias de uso. A família botânica mais citada foi Lamiaceae com 17 espécies, seguida de Asteraceae com 13. Predomina o uso de espécies exóticas (73%), muitas delas tradicionalmente utilizadas por descendentes de europeus. As categorias de uso mais citadas foram alimentícia e medicinal. Os resultados encontrados destacam a importância que a comunidade dá ao cultivo e ao uso de espécies 1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Biociências. Departamento de Botânica. Av. Bento Gonçalves, 9500. Bairro Agronomia, Porto Alegre, RS. CEP 91501-970. Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. João Pessoa, 31, Centro, Porto Alegre, RS. 90040-000, Brasil. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:373-388 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014. 374 M. Ritter, Kubo & R.Ritter vegetais nos quintais das suas residências, as quais fazem parte do cotidiano das famílias. Palavras-chave: etnobotânica, plantas alimentícias, plantas medicinais. INTRODUÇÃO A etnobiologia estuda a relação homem natureza e tem como um dos enfoques contemporâneos a possibilidade de gerar um modelo de ciência da conservação envolvendo o resgate, o estudo e a valorização do conhecimento ecológico local (Hanazaki, 2003). Para Carniello (2007), a etnobotânica, uma seção da etnobiologia, constitui-se na área de conhecimento que visa compreender as relações estabelecidas entre comunidades humanas e as plantas, nos diversos aspectos em que o componente vegetal perpassa a vida das populações. O termo etnobotânica, referindo-se especificamente a esta relação ser humano e planta, foi cunhado por Harshberger em 1895, há pouco mais de um século, sendo originalmente o estudo das plantas usadas por povos de cultura oral. A definição de etnobotânica, atualmente, corresponde ao estudo das interrelações diretas entre humanos e plantas em sistemas dinâmicos (Alcorn, 1995; Albuquerque & Andrade, 2002; Hanazaki, 2004; Albuquerque, 2005). Estudos etnobotânicos foram desenvolvidos no Brasil principalmente a partir de 1990 (Oliveira et al., 2009). Vários autores constataram o aumento na produção de artigos em etnobotânica por pesquisadores brasileiros (FonsecaKruel et al., 2005; Oliveira et al., 2009), sendo que uma das abordagens que têm crescido consideravelmente refere-se ao estudo de quintais urbanos e rurais. O estudo desses espaços é importante para a conservação da diversidade local, além da importância cultural dos mesmos. Segundo Brito & Coelho (2000), no Brasil quintal é o termo utilizado para se referir ao terreno situado ao redor da casa, definido, na maioria das vezes, como a porção de terra próxima à residência, na qual se cultivam ou se mantêm múltiplas espécies que fornecem parte das necessidades nutricionais da família, como hortaliças e frutas, bem como outros produtos, como lenha e plantas medicinais. De acordo com Nair (1993), estes quintais normalmente consistem em uma combinação de árvores, arbustos, trepadeiras, herbáceas, algumas vezes em associação com a criação de animais domésticos, adjacentes à residência. Kumar & Nair (2004) destacam a tradição destes sistemas nos países tropicais. Os quintais funcionam como sistemas alternativos de complementação à demanda alimentar e unidade agrícola de uso tradicional do solo (Florentino et al., 2007). Também mantêm alta diversidade inter e intraespecífica, resultantes de experimentação e seleção local, assim como de trocas e circulação de espécies levadas de um ambiente para outro (Williams, 1997), além de serem fonte de subsistência, segurança alimentar e recursos financeiros, encontrando-se espécies incomuns e de diferentes variedades de plantas (Padoch & de Jong, 1991; Kumar & Nair, 2004; Oakley, 2004). Em uma abordagem ecológica e genética, os quintais podem representar um espaço de Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 375 resistência aos sistemas caracterizados por cultivos monoespecíficos que foram amplamente disseminados com o processo de modernização da agricultura (Amorozo, 2004). Oakley (2004) enfatiza a função dos quintais domésticos como reservatórios de biodiversidade sob o recorte de gênero. Em muitas culturas, as mulheres são as responsáveis pela manutenção desse sistema. Essa tarefa cotidiana garante o acesso das famílias a uma dieta saudável e adequada ao gosto e às tradições locais. O mesmo autor afirma, ainda, que as mulheres preservam a biodiversidade por meio de plantações com alta densidade de espécies subutilizadas, transformando seus quintais em laboratório de experiências para a adaptação de variedades locais e não domesticadas. A sustentabilidade dos quintais é justificada por Amaral & Guarim Neto (2008), que argumentam que este sistema é uma das formas mais antigas de manejo da terra e que esse sistema de produção de múltiplas espécies tem sustentado milhões de pessoas. Apesar disso, consideram que ainda pouca atenção científica tem sido destinada ao assunto, fato corroborado por Florentino et al. (2007), que destacam que essa pouca atenção a esse tema ocorre especialmente no Brasil. Na Ásia até a década de 1990, os quintais foram objeto de estudo em aproximadamente 40% das publicações sobre sistemas agroecológicos, sendo a maioria de cunho qualitativo, descrevendo o ambiente, sua composição florística e função. Além da Ásia, destacam-se México, América Central e Oeste da África, com grande número de publicações sobre quintais (Kumar & Nair, 2004). No Brasil, parte dos trabalhos etnobotânicos em quintais é feita em comunidades indígenas, principalmente na Amazônia, e pouco se sabe sobre esses sistemas de cultivo em outros tipos de comunidades fora da região Amazônica (Winklerprins, 2002; Vogl et al., 2004). No entanto, outros estudos tem sido realizados em várias regiões do Brasil, principalmente sobre estrutura e florística de quintais em comunidades rurais (como os de Albuquerque & Andrade, 2002; Amorozo, 2004; Albuquerque et al., 2005; Florentino et al. 2007; Lacerda, 2008; Freitas et al., 2012) e em zonas urbanas (como os de Amaral & Guarim Neto, 2008; Eichemberg et al., 2009; Carniello et al., 2010; Althaus-Ottmann et al., 2011; Siviero et al., 2011; Lobo & Sena, 2012; Eichemberg & Amorozo, 2013). Assim, torna-se necessária a realização de estudos etnobiológicos mostrando a grande importância dos quintais e sistemas agroflorestais, como alternativas às monoculturas e por servir de fonte de sustentabilidade local e de recursos genéticos, além de oferecerem proteção ao solo. Neste contexto, a presente pesquisa foi realizada com o propósito de registrar e valorizar o conhecimento associado ao cultivo de plantas, a composição florística e as relações estabelecidas pela população com as espécies vegetais presentes em quintais. 376 M. Ritter, Kubo & R.Ritter MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O município de Três Coroas, situa-se no Vale do rio Paranhana, na encosta inferior nordeste do Planalto, a 92 Km de Porto Alegre, junto à Rodovia RS-115. O município é delineado por planícies, vales, montanhas ricas e férteis e tem uma área total de 166 Km² (PMTC, 2012). Sua população é de cerca de 23.848 habitantes (IBGE, 2012) e a indústria do calçado responde por 90% da economia do município (PMTC, 2012). Os primeiros colonizadores do município foram os imigrantes alemães que chegaram em meados do século XIX. Desde então, instalaram-se no município imigrantes de outras etnias como italianos e lusos, e o município se desenvolveu preservando as diferenças étnico-culturais e os recursos naturais que hoje lhe rendem a alcunha de Cidade Verde. A cidade já foi reconhecida por vários nomes – Linha dos Últimos Alemães, Vale ou Colônia de Santa Maria de Cima e Santa Maria do Mundo Novo – e, com a criação do 4° Distrito de Taquara, em 1904, simplesmente Mundo Novo. Foi um imponente pinheiro de três copas, ou coroas, que deu origem ao título do município, instituído oficialmente em 12 de maio de 1959 (PMTC, 2012). O presente estudo foi realizado no bairro Quilombo, situado ao norte do centro do município, a uma distância de 4 km na entrada do vale do mesmo nome. Rodeado por morros, o bairro situa-se à margem esquerda do arroio Angabeí. A origem do nome vem de um quilombo que existiu no vale, fundado por escravos negros que fugiram da cidade de Vacaria e ali se instalaram no século XIX. O povoamento do bairro por imigrantes alemães iniciou no ano de 1856. Na época, os moradores viviam exclusivamente da agricultura, sendo que as principais culturas eram feijão, trigo, milho e cevada. O produto mais cultivado foi o feijão, sendo produzidas em média 300 sacas por safra (Moeller & Deecken, 2001). Seleção dos informantes Os informantes foram selecionados através da indicação dos alunos de 1ª a 4ª série do ensino fundamental do PATI - Programa de Atendimento ao Turno Inverso da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Pedro II, que desenvolve atividades de Educação Ambiental no Centro de Estudos Ambientais de Três Coroas (CMEA). Os alunos foram os primeiros informantes e desencadearam o processo de acesso aos informantes-chave. No CMEA foram realizadas atividades de Educação Ambiental, onde os alunos indicaram informantes do seu círculo familiar e comunitário, que eles julgavam manter e cultivar um quintal. Posteriormente as pessoas citadas foram visitadas, sempre que possível com a presença do aluno que as indicou, para que o mesmo pudesse participar da entrevista e perceber a diversidade presente neste espaço e a sua importância na vida da família. Estes informantes visitados indicaram outros moradores do bairro que possuíam um Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 377 quintal interessante ao estudo. Foram adicionados novos informantes à pesquisa até que os informantes indicados se repetiam. Todos os informantes-chave assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética/UFRGS. Coleta de dados A coleta dos dados etnobotânicos foi realizada de março a novembro de 2012, através de entrevistas semiestruturadas com questões norteadoras do tipo abertas e fechadas (Viertler, 2002), aplicadas através de visitas domiciliares, priorizando amostras intencionais. As informações foram obtidas por meio de um roteiro que continha questões relacionadas ao perfil socioeconômico do informante e outras sobre o conhecimento e uso das plantas presentes nos quintais que têm importância para os entrevistados, além de questões sobre o manejo dos quintais. Utilizou-se a técnica da turnê guiada (Albuquerque et al., 2008) com todos os informantes. As plantas citadas foram coletadas e/ou fotografadas para posterior identificação. Utilizou-se também diário de campo, observação direta, gravação das entrevistas e registros fotográficos, todos previamente autorizados pelos informantes. As espécies que não puderam ser identificadas no local foram coletadas durante as entrevistas, herborizadas e processadas seguindo procedimento em pesquisas indicado em Given & Harris (1994) e Alexiades (1996). A identificação foi realizada no Departamento de Botânica da UFRGS, utilizandose literatura especializada. O material coletado foi depositado no herbário ICN do Instituto de Biociências/UFRGS. O sistema de classificação utilizado foi o APG III (Stevens, 2012). As espécies foram classificadas de acordo com a origem e o hábito. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os entrevistados Foram visitados 13 quintais e entrevistados 13 informantes-chave. Em relação à ocupação, alguns são aposentados e muitas vezes seguem trabalhando em casa, tanto com oficina de calçados como na agricultura. Outros são trabalhadores da indústria do calçado, trabalho este muitas vezes realizado em casa. As residências geralmente são habitadas por pais e filhos, e estes, quando possível, constroem suas casas no mesmo terreno dos pais. Os filhos em idade escolar estudam e os mais velhos trabalham fora. São as mulheres que geralmente mantêm o quintal, salvo quando, por motivo de saúde ou idade avançada não podem realizar tal tarefa, mas em geral, toda a família participa. Uma das informantes relatou que por falta de disposição, dada sua idade avançada, quem cuidava do quintal era seu filho, que também trabalhava fora. Mesmo os que trabalham fora, usam suas folgas e finais de semana para ajudar no manejo do quintal. Entre estes quintais, somente um é de imóvel alugado, os outros todos são propriedade dos informantes. Todos os entrevistados possuem alguma M. Ritter, Kubo & R.Ritter 378 fonte de renda, ou oriunda da aposentadoria ou de trabalho nas fábricas de calçados. Alguns poucos comercializam a parte excedente da produção de seu quintal, mas a maioria dá ou troca. Todos os entrevistados realizam o manejo do quintal com o auxílio de enxada e alguns citaram o uso de outras ferramentas, associadas ao cultivo da terra. Quando perguntados se lhes faltava alguma coisa no quintal, a maioria respondeu que não faltava nada. No entanto, alguns relataram que perderam plantas com a geada e sentiam falta destas e outros gostariam de ter mais plantas medicinais e/ou de mais espaço para cultivá-las. Os quintais e as espécies Foram citados um total de 152 taxa, distribuídos em 57 famílias (Tab. 1). A família botânica mais citada foi Lamiaceae, com 17 espécies, usadas como alimento, condimento, medicinal e ornamental, seguida de Asteraceae, com 13, usadas como alimento, medicinal e ornamental. Tabela 1: Famílias botânicas, espécies, nomes populares, número de citações, usos e origem das espécies cultivadas nos quintais do Bairro Quilombo, Três Coroas, RS, Brasil. Alguns nomes populares das plantas estão no dialeto alemão Hunsrik, comumente falado na região. Usos - ali: alimentícia; con: condimentar; med: medicinal; orn: ornamental; mis: mística; som: sombra. Origem - N: nativa do Brasil; E: exótica. FAMÍLIA ALLIACEAE AMARANTACEAE ANACARDIACEAE ANNONACEAE ESPÉCIE / NOME POPULAR Nº DE CITAÇÕES USOS Allium cepa L. / Cebola 5 con\ali E Allium sativum L./ Alho Allium schoenoprasum Cebolinha, “Crinstria” Spinacea oleracea Espinafre 3 con\ali E 7 con 5 ali E Beta vulgaris L. /Beterraba 4 ali E Mangifera indica L./ Manga 1 ali E 1 Spondias mombin L./ Cajá Schinus terebinthifolius Raddi / 1 Aroeira-vermelha ali N Annona squamosa L. / Fruto- 2 do-conde ali 1 ali L./ L./ Annona muricata L. / Graviola Petroselinum crispum Fuss/ Salsa, Salsinha APIACEAE ARACEAE (Mill.) 12 1 Anethum graveolens L./ Endro Foeniculum vulgare Mill. / 1 Funcho Daucus carota L./ Cenoura Colocasia esculenta L. Inhame / som con con \ med con\ med 2 ali 1 ali ORIGEM E N E E E E E E E Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 379 Dieffenbachia seguine (Jacq.) 1 Schott / Comigo-ninguem-pode Spathiphyllum wallisii Regel/ 2 Lirio-da-paz Zantedeschia aethiopica 1 (L.)Spreng. / copo-de-leite ARAUCARIACEAE Araucaria angustifolia (Bertol.) 1 Kuntze / Pinheiro ARECACEAE Butia capitata (Mart.) Becc./ 4 Butiá Sansevieria trifasciata Prain/ 4 Espada-de-são-Jorge ASPARAGACEAE ASPHODELACEAE ASTERACEAE BRASSICACEAE orn/mis orn orn ali \ som ali\orn orn\mis N E E N N E 5 med Achillea millefolium L./ Milefolium Artemisia absinthium L./ Losna, “Pitrivermuth” Artemisia alba Turra / Cânfora, “Câmpfor” Baccharis trimera (Less.)DC./ Carqueja Leucanthemum vulgare Lam. / Margarida Chicoria endivia L. / Chicoria, Radite Cynara scolymus L./ Alcachofra Gerbera jamesonii Adlam/ Gerbera 1 med 4 med 1 med 1 med 2 orn 2 ali 2 med E 1 orn E Lactuca sativa L./ Alface 7 ali E Helianthus annuus L./ Girassol Chamomilla recutita L. Rauschert/ Camomila Mikania glomerata Spreng./ Guaco Taraxacum officinale F.H. Wigg./Dente-de-leão 2 orn E 2 med 1 med 1 med Nasturtium officinale R. Br./ Agrião Brassica oleracea var. acephala DC./ Couve Brassica oleracea var. botrytis L./ Couve-flor Brassica oleracea var. italica Plenck/ Brócolis Brassica oleracea var. capitata L./ Repolho Brassica campestris var. chinensis (L.)Prain/ Couvechinesa 1 ali 10 ali 3 ali 1 ali 7 ali 2 ali Aloe arborescens Mill. / Babosa E E E E N E E E N E E E E E E E M. Ritter, Kubo & R.Ritter 380 1 Brassica rapa L. / Nabo Coronopus didymus (L.) Sm / 3 Menstruz ali E med N 4 ali E Eruca sativa Mill. / Rúcula BIXACEAE BROMELIACEAE 1 Bixa orellana L./ Urucum Ananas cosmosus (L.)Merr./ 1 Abacaxi N orn\ ali N orn \ ali N E CACTACEAE Opuntia sp. /Tuna CARICACEAE 2 Carica papaya L. / Mamão Maytenus muelleri Schwacke / 1 Cancorosa Ipomoea batatas (L.)Lam. / 5 Batata-doce ali ali\med E 1 Kalanchoe sp. / Saião Citrullus lanatus (Thunb.) 2 Matsum. & Nakai / Melancia Cucumis melo L. / Melão, 2 Melão-neve med E ali E 11 Cucumis sativus L. / Pepino Cucurbita máxima Duchesne / 3 Moranga ali E CELASTRACEAE CONVOLVULACEAE CRASSULACEAE CUCURBITACEAE 1 orn EBENACEAE EQUISETACEAE EUPHORBIACEAE ERICACEAE FABACEAE IRIDACEAE JUGLANDACEAE LAMIACEAE ali ali N E E 1 ali E 1 Cucurbita sp. / Abóbora Sechium edule (Jacq.) Swartz / 5 Chuchu ali E ali E Cucurbita pepo L. / Abobrinha CYCADACEAE med Cycas revoluta Thunb. / Cica 1 orn E Diospyros kaki L.f./ Caqui Equisetum hyemale L. Cavalinha Manihot esculenta Crantz Aipim Vaccinium corymbosum L. Mirtilo Arachis hypogaea L. Amendoim 9 ali E 2 med E 6 ali N 1 ali E 1 ali E Inga marginata Willd. / Ingá 1 som N Pisum sativum L./ Ervilha 1 ali E Vicia faba L. / Fava Vigna unguiculata (L. Walp.) / Feijão-de-vagem Gladiolus hortulanus L.H. Bailey/ Palma Carya illinoinensis (Wang.) K.Koch/ Noz-pecã Cunila microcephala Benth. / Poejo Lavandula angustifolia Mill. / Lavanda 1 ali E 5 ali 1 orn 1 ali 8 med N 1 med E / / / / E E E Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... Melissa officinalis L./ Melissa Mentha x vilosa Huds / Hortelã-branca Mentha sp.1 / Menta-de-folha grande Mentha sp.2 / Menta-folhaescura-pequena 381 6 med E 3 med E 2 med E 6 med 1 med E med E con\mis E con E 2 con E 1 med 3 med Mentha sp.3 / Vique Ocimum selloi Benth. / Anis-de2 folha Ocimum americanum L. / 4 Mangericão Origanum majorana L./ 7 Mangerona Origanum vulgare L. / Orégano Plectranthus barbatus Andrews/ Boldo-folha-grande Plectranthus ornatus Codd. / Boldo-de-folha-pequena Rosmarinus officinalis L. / Alecrim, “Rosmaraine” 5 4 Salvia officinalis L. / Sálvia Stachys lanata Moench/ 3 Pulmonária, “Lung-tee” LAURACEAE 1 Thymus vulgaris L. / Tomilho Persea americana Mill. / 3 Abacate Cinnamomum verum J. Presl./ 4 Canela MALPIGHIACEAE MALVACEAE MELASTOMATACEAE MORACEAE MUSACEAE MYRTACEAE med\ali E E E E E con E ali\som E som E com\so m E 3 Punica granatum L. / Romã Malpighia emarginata DC. / 2 Acerola ali\orn E ali\orn E 1 Malva sylvestris L. / Malva Tibouchina sp. / Vassoura-da1 serra Artocarpus heterophyllus Lam./ 1 Jaca med E orn N ali E Laurus nobilis L. / Louro LYTHRACEAE med\co n\mis med\co n E 1 Ficus carica L./ Figo 7 ali E Morus nigra L. / Amora 1 ali E ali\orn E Musa x paradisiaca L. / Banana 5 Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg /Sete- 1 capotes Myrcianthes pungens (O.Berg) 1 D. Legrand / Guabiju Eugenia involucrata DC. / 2 Cereja-do-Rio-Grande-do-Sul ali ali\som ali\som N N N M. Ritter, Kubo & R.Ritter 382 NYCTAGINACEAE ONAGRACEAE OXALIDACEAE PASSIFLORACEAE PHYLLANTHACEAE PHYTOLACCACEAE PIPERACEAE PLANTAGINACEAE POACEAE PORTULACACEAE PTERIDACEAE ROSACEAE RUTACEAE Eugenia uniflora L./ Pitanga Eugenia pyriformis Cambess. / Uvaia Plinia glomerata (O. Berg) Amshoff / Cabeludinha Plinia trunciflora (O. Berg) Kausel / Jaboticaba Psidium cattleyanum Sabine / Araçá-vermelho 5 ali\som 1 ali\som 1 ali\som 7 ali\som 3 ali\som Psidium guajava L. / Goiaba Bougainvillea spectabilis Willd. / Três-marias Fuchsia regia (Vell.) Munz / Brinco-de-princesa Averrhoa carambola L. / Carambola Passiflora edulis Sims / Maracujá Phyllanthus tenellus Roxb. / Quebra-pedra 3 ali\som 2 orn 1 orn N 2 ali E 2 ali N 1 med N 2 med\mi s N Piper sp. / Pariparoba Plantago sp. / Tansagem, “Veshpray” Cymbopogon citratus (DC.)Stapf / Capim-cidreira, “Croos-tee” Saccharum officinarum L. / Cana-de-açucar 1 med N 2 med N 7 med 2 ali E Zea mayz L. / Milho Portulaca grandiflora Hook. / Onze-horas Adiantum raddianum C. Presl/ Avenca Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. / Ameixa-amarela Fragaria vesca L. / Morango, Moranguinho 6 ali E 1 orn 2 orn\med N 4 ali\som 8 ali 1 ali E ali\som E Petiveria alliacea L. / Guiné Malus domestica Borkh. / Maçã Prunus persica (L.) Batsch / 7 Pêssego Prunus salicina Lindl. / Ameixa4 vermelha ali\som N N N N N E N E N E E E Pyrus communis L./ Pêra 3 ali\som E Rosa spp. / Rosa 3 orn E Rubus sp. / Amora 2 ali N ali\som E Citrus deliciosa L. / Bergamota 9 Citrus reticulata Blanco 1 /Bergamota-pocan ali\som E Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 383 Citrus sinensis L./ Laranja, Laranja-do-céu e Laranja-deumbigo Citrus araundifolia (Christm.) Swingle / Limão Citrus limonia Osbeck /Limãobergamota Citrus limettioides (Christm.) Swingle / Lima SAXIFRAGACEAE SOLANACEAE STERCULIACEAE THEACEAE TROPAEOLACEAE VERBENACEAE VITACEAE ZINGIBERACEAE Ruta graveolens L. / Arruda Hydrangea macrophylla (Thunb.) Ser./ Hortência Brunfelsia australis Benth. / Primavera, Manacá Capsicum frutescens L. / Pimenta-vermelha Capsicum annuum L. / Pimentão Lycopersicon esculenta L. / Tomate Solanum melongena L. / Berinjela Solanum paniculatum L. / Jurubeba Physalis pubescens L. / Physalis, Tomatinho-de-capote, capotinho Waltheria douradinha A. St.Hil./ Douradinha Camellia japonica L. / Camélia Tropaeolum pentaphyllum Lam. / Batata-crem Aloysia citrodora Palau/ Cidreira, Cidró Aloysia gratissima (Gillies & Hook.) Tronc. / Chá Lippia alba (Mill.) N.E.Br. / Sálvia-da-gripe Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl / Gervão Vitis sp. / Uva Hedychium coronarium Koenig / Gengibre J. 11 ali\som 5 ali\som 2 ali\som\ med 1 ali\som 3 med\mi s 1 orn 1 orn 1 med\co n\mis E 1 ali E 8 ali E 1 ali E 1 med N 3 ali 1 med 1 orn 1 con\orn 2 med 1 med 1 med 1 med 7 ali\som\ orn 1 con E E E E E E N N N E N E N N N E E O número de espécies cultivadas nos quintais do bairro Quilombo, Três Coroas, é consideravelmente maior que o encontrado por outros pesquisadores em outros locais do país. Valadão et al. (2006) identificaram 92 espécies de plantas alimentícias pertencentes a 40 famílias botânicas em um estudo realizado em um assentamento rural no Estado de São Paulo. Em outro estudo, efetuado na Caatinga, Florentino et al. (2007) apresentaram 84 espécies e 35 famílias em 25 quintais amostrados. M. Ritter, Kubo & R.Ritter 384 Outro aspecto que se destaca foi que as espécies cultivadas nestes quintais são em sua grande maioria exóticas (73%) e um número menor de espécies nativas do Brasil (27%). Este fato pode estar relacionado ao elevado número de espécies utilizadas como alimentícias, sendo que os imigrantes alemães que se estabeleceram no local viviam basicamente da agricultura. Estas espécies geralmente são originárias da Europa e da Ásia. Provavelmente estas espécies continuaram a ser utilizadas pela comunidade por já fazerem parte da cultura dos seus antepassados. No entanto, também foram incorporados elementos da flora nativa, como espécies da família Myrtaceae, o que é importante para manter a biodiversidade local. A categoria de uso de plantas mais citada foi alimentícia, seguida de medicinal e ornamental (figura 1). As plantas utilizadas como místicas (ou protetoras) foram citadas em um quintal, onde se faziam presentes perto da porta compondo um vaso de sete ervas. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Figura 1: Categorias de uso das espécies cultivadas nos quintais no bairro rural de Quilombo, Três Coroas, Rio Grande do Sul. Entre as plantas citadas, destaca-se o milho (Zea mays L.), com três variedades crioulas cultivadas nos quintais: o colorido indígena, o branco doce e o cunha. Todas são mantidas pelos informantes e obtidas por troca ou herança familiar. Algumas plantas apresentam múltiplos usos, como por exemplo, a pimenta vermelha (Capsicum frutescens L.), utilizada como medicinal, condimentar e mística, a uva (Vitis sp.), utilizada como alimentícia, ornamental e para sombra, o limão-bergamota (Citrus limonia Osbeck) que também tem potencial alimentício, medicinal e para sombra. Muitas plantas, principalmente as arbóreas, foram citadas como provedoras de sombra, algo considerado Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 385 importante no contexto do quintal como local de convivência, além de uma função ecológica no sistema. A planta mais citada foi a salsinha (Petroselinum crispum (Mill.) Fuss), presente em 12 dos 13 quintais. Geralmente a espécie é “deixada para dar sementes” e acaba crescendo no mesmo espaço, sendo de fácil manejo e de obtenção de sementes além do uso diário como tempero. A seguir destacamse a laranja (Citrus sinensis L.), com suas variedades comum, do céu, doce e de umbigo, a couve (Brassica oleraceae var. acephala DC.) e o pepino (Cucumis sativus L.), citados em 11 dos 13 quintais. A época das entrevistas foi importante para a configuração dos resultados, podendo–se citar o caso do pepino, citado em 11 quintais, na época do plantio (primavera). Provavelmente se as entrevistas fossem realizadas em outra época do ano os resultados poderiam ser diferentes, principalmente em relação às hortaliças. Todos os entrevistados consideram o quintal importante: “se não achasse importante não teria feito”, alguns pelo lado econômico: “é algo que tu não precisa comprar”, outros pela importância de se estar comendo algo fresco, que se sabe de onde vem, livre de agroquímicos: “é importante, quer um tempero, uma folha, têm, eu sei de onde veio e sei que não tem produto químico” e ainda pela educação de seus filhos: “onde começa tudo, a gente vai aprendendo, depois é uma extensão”, “é bom as crianças saberem que existe outra coisa, não é só mercado”. Como o quintal é um espaço usado para o cultivo de plantas, ano após ano, em um espaço limitado, este passa por intenso manejo, com a rotação de culturas e a compostagem de resíduos orgânicos, onde acabam nascendo sementes e propágulos ali colocados. Em alguns quintais criam-se animais como galinhas, patos e peixes, e algumas vezes o esterco das galinhas é usado como adubo. A presença de outros animais domésticos como cães e gatos ocorre em todos os quintais. Os quintais estão sujeitos às variações climáticas e em todas as residências visitadas foi citada a ocorrência da geada: “que foi muito forte esse ano (2012), queimando e matando diversas plantas”. Os mantenedores dos quintais buscam recuperar as espécies perdidas. Algumas pessoas mantêm seu quintal com a intenção de cultivar alimentos, a fim de complementar a dieta da família. Quando sobram são vendidos, trocados ou dados: “eu planto e dou para os outros, a gente não precisa muito”. Outros quintais possuem plantas medicinais e aromáticas, que são trocadas com outras pessoas da comunidade: “para não perder as variedades das plantas”. Também ocorre uma troca de conhecimento dos seus usos e saberes. Em todos os quintais foi observado o valor ornamental das plantas (“flores e folhagens”) para os moradores, pois são cultivadas: “parece que não é vida se não tenho minhas folhagens, meus temperos”. Os informantes oriundos de outros Estados cultivam algumas espécies não citadas em outros quintais. Um dos entrevistados morava anteriormente no Rio de Janeiro, e em seu quintal foi encontrada uma grande variedade de plantas, como a graviola (Annona muricata L.) e o inhame (Colocasia esculenta 386 M. Ritter, Kubo & R.Ritter L.). Outra informante é oriunda de Itapiranga, Santa Catarina, e cultiva em seu quintal uma variedade considerável de espécies de Myrtaceae e outras plantas, medicinais e alimentícias não citadas em outros quintais. Provavelmente estes informantes cultivam em seus quintais espécies culturalmente importantes para eles, tradicionalmente presentes nos quintais de seus municípios de origem. Os resultados apresentados neste trabalho demonstram que as plantas representam um papel importante no cotidiano dos moradores desta localidade. A cultura dos antepassados é preservada, mas o uso de plantas nativas também foi incorporado no dia a dia, que é um fato importante para a manutenção da biodiversidade local. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos alunos do PATI (Programa de Atendimento ao Turno Inverso) e aos professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Pedro II de Três Coroas, ao CMEA (Centro de Estudos Ambientais de Três Coroas) e aos informantes-chave do bairro Quilombo. Este é o artigo número 12 financiado pela CAPES/PNADB através do projeto “Conhecimento, uso e conservação da biodiversidade de plantas da Mata Atlântica e Caatinga” (UFSC/UFRPE/UFRGS). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, U.P. & ANDRADE, L.H.C. 2002. Conhecimento botânico tradicional e conservação em uma área de caatinga no estado de Pernambuco. Acta Botanica Brasilica 16(3): 273-285. ALBUQUERQUE, U.P.; ANDRADE, L.H.C. & CABALLERO, J. 2005. Structure and floristics of homegardens in Northeastern Brazil. 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In the present work we estimated the total potential volume of wood available in areas of different successional ages. Taking into account large trees, the results indicated that areas with 20 years of regeneration can provide on average 417 m³/ha of wood; the area with 60 years, 385 m³/ha; the area with 150 years, 712 m³/ha and the climax site 2188 m³/ha. This variability relates to the volume of firewood including large trees, which were actually preserved from cutting due to greater labor expenditure. Taking into account this cultural practice and excluding from the estimation individuals greater than 35 cm of diameter the results are closer to each other, with an average of 260.4 m³ of wood per hectare for the different successional stages. The preservation of large trees facilitates ecological succession. It is also a cultural practice and a labor technique, which reduces biomass variability and allows a relative homogenization of the Pedra Branca Massif charcoal workers. Key-words: Historical Ecology, Atlantic Coastal Forest, Environmental History, Landscape Ecology. RESUMO A floresta que recobre o Maciço da Pedra Branca (RJ) foi intensamente explorada para fabricação do carvão entre o século XIX e início do século XX. Este representava a matriz energética da cidade e a sua produção era feita geralmente por escravos alforriados e quilombolas. Atualmente, em meio à floresta secundária são encontradas centenas de plataformas de antigas carvoarias. Foi estimado o volume total de lenha potencial disponível em áreas com diferentes idades sucessionais. Considerando as árvores de grande porte, 44Departamento de Geografia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rua Marquês de São Vicente, 225. CEP 22 453-900. Rio de Janeiro RJ. Autor para correspondência: rro@puc-rio.br 45Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem, Departamento de Antropologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 390 M. Ritter, Kubo & R.Ritter os resultados indicaram que áreas com 20 anos de regeneração podem fornecer em média 417 m³/ha de lenha; as de 60 anos, 385 m³/ha; as de 150 anos, 712 m³/ha e a área clímax local, 2.188 m³/ha. Esta variabilidade diz respeito ao volume potencial de lenha. Árvores de grande porte, no entanto, eram preservadas do corte em função do maior dispêndio de trabalho. Levando-se em consideração esta prática cultural e excluindo-se da estimativa os indivíduos com diâmetro superior a 35 cm, os resultados acima se aproximam, com uma provisão média de 260,4 m³ de lenha por hectare para os diferentes estágios sucessionais. A preservação das árvores de maior porte facilita a sucessão ecológica e constitui uma prática cultural e uma técnica de trabalho que reduz a variabilidade de biomassa e permitia uma relativa homogeneização do trabalho dos grupos de carvoeiros que atuavam no maciço. Palavras-chave: Ecologia Histórica, Mata Atlântica, História Ambiental, Ecologia da Paisagem. INTRODUÇÃO Muito do que hoje se entende por natureza “primitiva” pode se tratar na verdade de um mosaico vegetacional composto por usos pretéritos das florestas para a subsistência de populações. O território da Mata Atlântica foi e em parte ainda é - habitado por muitos destes grupos, hoje denominados genericamente de populações tradicionais, como as comunidades descendentes de etnias indígenas, populações miscigenadas, remanescentes de quilombolas, roceiros ou grupos descendentes de imigração mais recente (Arruda, 2000; Oliveira, 2008). Geralmente considera-se que a intervenção humana mais acentuada no território da Mata Atlântica teve início com a chegada do colonizador ao continente e sua continuidade se deu de acordo com os diferentes complexos socioecológicos implantados (Pádua, 2013). A paisagem gerada (ou seja, deixada de herança) pelas grandes monoculturas como a cana de açúcar e o café constitui um verdadeiro clichê da região sudeste brasileira: extensas áreas desmatadas, encostas desnudas e rios assoreados. Para se ter ideia do impacto da atividade açucareira sobre a Mata Atlântica deve-se ter em conta que, somente na Capitania do Rio de Janeiro no início do século XVIII, existiam 131 engenhos em funcionamento (Abreu, 2010), cuja demanda individual por lenha levava à derrubada de até 15 ha por safra (Engemann et al., 2005). O uso e a conversão das florestas em terreno agrícola não eram voltados somente para as grandes monoculturas. Além do espaço reservado para o café e a cana, muitas áreas florestadas eram utilizadas para outros usos, como a implantação de roças de subsistência ou a extração de lenha. Historicamente a lenha sempre acompanhou a trajetória humana como fonte energética de primeira necessidade. A sua transformação em carvão via combustão abafada (os fornos de carvão) possibilita um aumento do seu poder calórico com uma redução de massa, o que o torna uma fonte energética que permite ser transportada a longas distâncias. O poder calorífico do carvão Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 391 vegetal por unidade do peso é 3,1 vezes maior do que o da lenha (Genovese et al. 2006). Ao contrário do petróleo, o carvão pode ser produzido localmente e trata-se de uma fonte energética cujo custo de produção é composto quase que exclusivamente do trabalho braçal investido nele (Olson, 1991). Em meados do século XIX inicia-se um intenso processo de produção de carvão vegetal nas encostas no Maciço da Pedra Branca, localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. O carvão constituía a matriz energética da cidade (Fraga e Oliveira, 2012). Quanto ao volume demandado à época para a vida da cidade a partir do século XVIII, basta lembrar que para se produzir uma tonelada de ferro eram necessárias para fusão e redução do minério de ferro de 2,8 a 3,8 toneladas de carvão vegetal (Paradis-Grenouillet, 2013). Outro item de grande demanda era a construção civil, particularmente as atividades em pedra talhada como paralelepípedos, portais, fachadas e calçadas (Fraga e Oliveira, 2012). Em todo o trabalho em que se usavam rochas havia a necessidade de se afiar as ferramentas, como ponteiros, talhadeiras e cinzéis. Elas eram levadas à forja para serem malhadas ao rubro na bigorna. Essas forjas, alimentadas a carvão, se multiplicaram para dar conta do exponencial crescimento da cidade na virada dos séculos XIX e XX (Abreu, 2010). Assim, a cidade do Rio de Janeiro tinha no carvão vegetal a sua principal matriz energética, cuja produção demandava o uso de vastas áreas de florestas. Muito pouco se sabe sobre este processo, cujos atores – os carvoeiros – estavam submetidos a um intenso processo de invisibilidade social (Fraga e Oliveira, 2012). Pelo ponto de vista da paisagem, os remanescentes de carvoarias históricas hoje são reconhecidos em meio à floresta apenas pelas plataformas construídas pelos carvoeiros nas encostas e pelos restos de carvão presentes no solo, caracteristicamente negro. Estudos experimentais têm demonstrado que os resultados de análises antracológicas de carvoarias históricas são representativos da floresta explorada, sendo capazes de fornecer uma imagem clara da dinâmica da vegetação (Fabre & Auffray, 2002; Lüdemann, 2002) e, ainda, informações sobre a atividade humana e seu impacto sobre a floresta (Chabal et al., 1999). Dentro deste quadro, a presente contribuição objetiva reconstruir etapas ligadas ao processo de provisão de lenha, como técnicas de trabalho, o volume requerido por unidade de produção, a forma de exploração e de abate das árvores, visando entender os processos socioecológicos decorrentes da atividade de produção de carvão do Rio de Janeiro do século XIX e início do século XX e as consequentes alterações na vegetação florestal do entorno. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS História Ambiental da área de estudos O Maciço da Pedra Branca está localizado na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro. Com cerca de 12.000 ha, é todo revestido por uma formação quase contínua de florestas secundárias que forneceram lenha aos engenhos de cana da região desde o século XVII (Engemann et al., 2005). De forma mais 392 M. Ritter, Kubo & R.Ritter acentuada a partir de meados do século XIX, iniciou-se um intenso processo de produção de carvão vegetal nas encostas desse Maciço. Isto se deveu à conjunção dos seguintes fatores: a) demanda por energia do carvão; b) disponibilidade do recurso florestal para exploração; c) baixo custo de produção em função da oferta de mão de obra representada pelo contingente desempregado após a abolição da escravidão, em 1888 (Fraga e Oliveira, 2012). O carvão era fabricado no interior da floresta. Para isso, tudo o que se precisava era de uma enxada, um machado e uma pederneira (tipo de isqueiro). Com esses três objetos era possível fabricar o carvão. A primeira condição era estar próximo a uma fonte de lenha. O Maciço da Pedra Branca, com uma vasta floresta, garantia o suprimento de lenha. Era ainda necessária a abertura de uma área plana na encosta, onde a carvoaria era instalada, já que a produção era feita na própria floresta. Toda a lenha que seria utilizada para encher o forno de carvão era concentrada sobre esta plataforma. Acreditase que apenas as árvores que estavam próximas às plataformas é que eram utilizadas para encher o forno. Patzlaff et al. (2013) propõem que a área efetivamente explorada pelos carvoeiros tinha a forma aproximada de um semicírculo com raio de 60 metros (o que representa uma área de 0,5 ha), tendo a carvoaria como centro. A superfície explorada seria a montante da carvoaria, de forma a facilitar a descida da lenha na encosta. Quando as árvores disponíveis encontravam-se distantes do platô, os carvoeiros construiriam outro e reiniciavam o trabalho. O cenário de centenas de platôs distribuídos ao longo das encostas é o que se encontra no interior da floresta atual do Maciço da Pedra Branca. A figura 1 apresenta o esquema de uma plataforma de fabricação de carvão. O balão de carvão consistia em um cone de lenha empilhada com cerca de 3,5 metros de altura e revestido de barro ou capim. Assim, a queima da lenha é abafada, permitindo que se transforme em carvão por meio da pirolização, em um processo de cerca de 25 dias (figura 2). Como a exploração era feita em locais ermos das encostas do Maciço da Pedra Branca, era preciso que os carvoeiros morassem por perto. É muito comum encontrar baldrames (fundações feitas de pedras) de antigos casebres próximos às carvoarias, hoje todos recobertos pela floresta que posteriormente recolonizou praticamente toda a área explorada pelos carvoeiros. Com relação à formação deste paleoterritório dos carvoeiros no Maciço da Pedra Branca, considera-se que a paisagem florestal gerada constitui um verdadeiro documento que permite, em alguma medida, entender a forma de exploração de recursos. Apesar do pouco conhecimento que se dispõe sobre a sua atividade, constata-se que os mesmos foram responsáveis pela exploração de uma área de mais de 12.000 hectares. Em meio à densa floresta atlântica que posteriormente recobriu esta área, foram encontrados vestígios de mais de 1.000 antigas carvoarias, em pesquisa ainda em andamento. Os aspectos mais gerais desta pesquisa se encontram em Oliveira et al. (2011). No entanto, estima-se que o número total de plataformas de carvão deva ser Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 393 significativamente superior, dada a dificuldade de serem encontradas na floresta densa. Materiais e métodos A pesquisa foi desenvolvida no Maciço da Pedra Branca, localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, em trechos de Floresta Ombrófila Densa Submontana em estágios secundários de sucessão. A partir de explorações preliminares da vertente meridional deste maciço (encostas a montante dos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena, Camorim e Curicica), foram selecionadas sete distintas áreas florestadas para o levantamento de sua estrutura (Figura 3). Estas foram escolhidas a partir dos critérios de idade sucessional e de posição topográfica na encosta (fundo de vale, divisor de drenagem ou meia encosta). As idades sucessionais das áreas foram estimadas a partir de informações de antigos moradores, pela presença de vestígios arqueológicos ou por características da vegetação arbórea. O cálculo da quantidade de lenha necessária para encher um balão de carvão foi feito pela fórmula do volume do cone: V = (π. R². h)/3 onde: V = volume; R = raio; π = 3,1416 e h = altura. Os espaços vazios entre as toras de madeira foram considerados como 37,5% do volume total, de acordo Schnieder (1990). As medidas relativas à altura e diâmetros dos balões de carvão foram obtidas em Oliveira et al. (2011). Em cada uma das áreas selecionadas foram realizados transectos estabelecidos das seguintes maneiras: 1) onde existiam remanescentes de carvoarias os mesmos foram estabelecidos em forma de cruz com as dimensões de cada “braço” de 200 m x 10 m, totalizando 2.000 m² em cada e 2) onde os mesmos não estavam presentes, os transectos foram feitos em uma linha transversal à encosta de 400 x 10 m. Ao total foram inventariados 14.500 m² (1,45 ha). O critério de inclusão foi o perímetro à altura do peito (PAP) igual ou superior a 15 cm, sendo obtidos dados de altura total e perímetro de cada. Indivíduos de qualquer espécie, com troncos múltiplos foram amostrados somente quando pelo menos uma das ramificações possuía PAP ≥ 15,0 cm, e a área basal total do indivíduo foi calculada pelo somatório das áreas basais de cada ramo. Ao volume de cada fuste, acrescentou-se a estimativa do volume dos galhos com diâmetro superior a 20 cm. Para tanto, foi acrescido 46,5% ao volume de cada fuste (Oliveira et al., 1995). Este valor foi considerado adequado face à similaridade da floresta estudada por aqueles autores com a do Maciço da Pedra Branca. Para cada área amostral foram calculados os seguintes parâmetros: densidade total, área basal total, volumes potenciais do fuste, dos galhos e total. O volume global existente foi calculado a partir da fórmula: Vglo = ((π/4) * (dap)² * h * Ff) + vgal onde: Vglo = volume global dap = diâmetro à altura do peito h = altura total M. Ritter, Kubo & R.Ritter 394 Ff = fator de forma = 0,65 vgal = volume dos galhos (diâmetro ≥ 20 cm) = 0,465 RESULTADOS E DISCUSSÃO Aspectos estruturais das florestas estudadas A tabela 1 apresenta os dados estruturais das áreas amostrais, localizadas na vertente meridional do Maciço da Pedra Branca. Tabela 1 – Características gerais das áreas amostradas, área basal dos troncos e densidade de indivíduos florestais por hectare no Maciço da Pedra Branca, RJ. idade estimada 20 anos 60 anos 60 anos 60 anos 150 anos 150 anos clímax local posição topográfica meia encosta meia encosta fundo de vale divisor de drenagem meia encosta fundo de vale fundo de vale área amostral (m²) 2.000 2.500 2.500 área basal (m²/ha) 28,5 34,2 25,3 densidade total (ind./ha) 770 1.244 1.016 2.500 26,2 1.800 2.000 2.000 1.000 42,8 37,8 90,1 1.320 1.325 1.820 No total foram amostrados 14.500 m² (1,45 ha) localizados em diversas posições topográficas e com usos pretéritos distintos, tais como roças e exploração de madeira. Em todas as áreas amostradas (exceto na área de clímax local) foram encontradas plataformas de antigas carvoarias e/ou ruínas de baldrames de casas de carvoeiros. Considera-se que as áreas amostrais, em seu conjunto, sejam representativas da variabilidade estrutural e florística do Maciço da Pedra Branca apresentada pelos trabalhos de Freire (2010) e Solórzano et al. (2012). Os valores de densidade oscilaram entre 870 e 1.820 indivíduos arbóreos por hectare. Considerada como um parâmetro que se correlaciona com a biomassa viva acima do solo, a área basal constitui um dado confiável e de fácil obtenção (Moro e Martins, 2010). Os valores encontrados apresentaram uma reduzida variabilidade entre as áreas com idade igual ou inferior a 150 anos e se diferenciaram acentuadamente da área de clímax local. As primeiras tiveram como média de área basal 32,5 m²/ha (desvio padrão = 7,0 m²/ha e coeficiente de variação = 2,5%). Já a área de clímax local apresentou uma área basal de 90,1 m²/ha, quase 2,8 vezes superior à média das demais, que é de 32,5 m²/ha. Esta similaridade entre os valores de área basal das formações menos maduras pode estar ligada ao conceito de clímax antrópico. Segundo Sastre (1982), a evolução muito lenta de formações secundárias com uma estrutura e cortejo florístico particulares permite se falar de clímax antrópico ou antropogênico. Aceitando-se esta definição, o estabelecimento de um clímax antrópico parece ser a principal marca na estrutura e composição da vegetação que a atividade dos carvoeiros deixou sobre a paisagem florestada e que deve permanecer longo tempo após o término da intervenção do homem sobre o meio. Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 395 A figura 4 apresenta o volume potencial de lenha de cada área. Existe uma desproporção entre o volume da área de clímax local em relação às demais. Desconsiderando-se esta área clímax, existe ainda uma grande heterogeneidade na potencial provisão de lenha entre as demais áreas. O menor valor alcançado foi 344 m³/ha (área de 60 anos fundo de vale) e o maior 728 m³/ha (150 anos, meia encosta), ou seja, uma é 2,1 vezes maior do que a outra. Diversos fatores devem estar operando no sentido de gerar estas diferenças como, por exemplo, idade sucessional, uso anterior, orientação e posição nas encostas. Considerando-se as frações do sortimento de lenha (fuste e galhos), a variabilidade dos valores encontrados permanece, principalmente no que ser refere ao volume do fuste. Este variou entre 1.494 m³/ha na mata climáxica local e 235 m³/ha (60 anos, fundo de vale) (fig. 5). Provisão de lenha e a heterogeneidade estrutural da floresta Em termos de provisão de lenha, a variabilidade no volume de lenha existente entre as sete áreas estudadas induz a uma substantiva variação na forma de exploração da floresta pelos carvoeiros. O trabalho de fabricação do carvão era feito por diferentes grupos de cerca de cinco pessoas, trabalhando ao mesmo tempo em distintas áreas. Existem indicações de que os balões de carvão tinham medidas aproximadamente similares (Oliveira et al., 2011). Segundo estes autores, o seu diâmetro médio seria de 5,5 m, com uma altura de 3,3 metros. Por meio da fórmula do cone, deduz-se que o seu volume é de 26,13 m³. Levando-se em consideração os espaços vazios entre as toras como 37,5% do volume total (Schnieder, 1990), pode-se considerar que cada balão seria preenchido, em média, com 16,3 m³ de lenha. Complementando, Paradis-Grenouillet (2013) afirma que são necessários 12,4 m³ de lenha para se produzir uma tonelada de carvão. Com estas premissas é possível calcular o volume de lenha e o número de vezes que cada carvoaria foi potencialmente utilizada em cada uma das áreas estudadas (tabela 2). Tabela 2: Provisão total de lenha, lenha disponível em 0,5 ha e número de vezes que cada carvoaria poderia ter sido utilizada (me: meia encosta; fv: fundo de vale; dd: divisor de drenagem). área amostral 20 anos (me) 60 anos (me) 60 anos (fv) 60 anos (dd) 150 anos (me) 150 anos (fv) clímax local (fv) volume de lenha (m³/ha) 416,9 457,2 343,6 354,6 728,3 695,5 2.188,3 lenha em 0,5 ha (m³) 208,5 228,6 171,8 177,3 364,2 347,8 1.094,1 n. de vezes a utilizar a mesma carvoaria 12,8 14,0 10,5 10,9 22,3 21,3 67,1 396 M. Ritter, Kubo & R.Ritter A grande variabilidade estrutural existente na floresta que recobre o Maciço da Pedra Branca acarreta em uma grande diferenciação no rendimento de lenha entre as diversas áreas. O número potencial de vezes que uma carvoaria poderia ser abastecida com a lenha de 0,5 ha apresenta grande variação entre as áreas (média = 22,7 vezes, desvio padrão = 20,1 e coeficiente de variação de 88,8%). A distribuição do trabalho dos carvoeiros (fornecimento de lenha para abastecer as carvoarias) ficaria potencialmente muito desigual de acordo com a área trabalhada. Esta variabilidade na provisão de lenha é bastante influenciada pela presença de indivíduos arbóreos de grande porte, que impõem um aumento substancial de biomassa. No caso de áreas sucessionais menos avançadas, como a de 20 e as de 60 anos há que se levar em consideração a presença de indivíduos remanescentes de outras épocas, que por motivos diversos, não foram derrubados. O elevado valor do volume de lenha que a área de 20 anos virtualmente é capaz de fornecer é maior do que os valores de duas das áreas de 60 anos (fundo de vale e divisor de drenagem) (Figura 3). Nesta área há a ocorrência de indivíduos que não são característicos desta idade sucessional, indicando que provavelmente tratam-se de exemplares remanescentes. Estes são de grande importância para a sucessão ecológica, pois provêm proteção e alimento para animais (principalmente avifauna) de fragmentos próximos (Guevara et al., 1986). Carrière et al. (2002) destacam que as árvores remanescentes podem facilitar a regeneração de áreas em pousio, pois atraem os dispersores de sementes e, assim, proporcionam as condições adequadas para o estabelecimento das plantas. Observando como os indivíduos remanescentes contribuem de forma significativa nos potenciais valores de um trecho de floresta, cabem as seguintes indagações acerca do processo empregado pelos carvoeiros: a) os carvoeiros derrubavam todas as árvores (corte raso) de um determinado trecho da floresta quando eles iam obter lenha para fabricação de carvão? b) seria compensatório o trabalho dispendido na derrubada das árvores de grande porte, no corte do seu fuste em pedaços menores e, posteriormente na abertura dos segmentos do fuste em achas? A resposta é: muito provavelmente não. No livro de Magalhães Corrêa (1933, O Sertão Carioca) é possível identificar em suas ilustrações e texto que os carvoeiros apresentavam preferência por troncos menores em relação aos maiores, ou seja, os carvoeiros priorizavam troncos de reduzidas dimensões - entre 0,30 ou 0,40 m de diâmetro, no máximo. Justifica-se trabalhar com troncos menores do que essa faixa de diâmetro, pois o trabalho e o gasto energético investido são menores, assim como o número de ferramentas necessárias. A figura 6, desenhada por este autor, mostra claramente o uso de troncos de diâmetro reduzido (inferior a 30 cm) em uma carvoaria em processo de implantação. Por outro lado, segundo um informante local, as árvores de maior porte (algo em torno de dap > 1m) não eram derrubadas para “deixar para a terra” (Solórzano, 2006). Quais seriam os motivos para esta prática? Muito Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 397 provavelmente justifica-se não explorar as árvores de maior porte, pois as menores são mais fáceis de manejar. Cabe ainda destacar que algumas árvores são ainda poupadas do corte por razões culturais, como é o caso das figueiras centenárias da Mata Atlântica. Por razões religiosas (uma confluência da tradição judaico-cristã com a afro-brasileira) estes exemplares não são derrubados quando é feito o abate da floresta (Svorc e Oliveira, 2012). Assim, a preservação das árvores de maior porte durante o corte para obtenção de lenha constitui uma relevante prática cultural e uma técnica de trabalho, que contribui para reduzir a variabilidade de biomassa da Mata Atlântica e permite uma melhor estimativa da lenha, em tamanho manejável, disponível na mata e a relativa homogeneização do trabalho dos diferentes grupos de carvoeiros que atuavam no maciço. Ao se adotar o valor de árvores menores de 0,35 m de diâmetro como sendo o corte preferencial dos carvoeiros encontram-se valores próximos para o potencial volume de lenha que a floresta poderia fornecer, conforme a tabela abaixo. Tabela 3 – Valores desconsiderando-se as árvores maiores que 0,35 m de diâmetro das áreas estudadas no Maciço da Pedra Branca, RJ. (me: meia encosta; fv: fundo de vale; dd: divisor de drenagem). área amostral 20 anos (me) 60 anos (me) 60 anos (fv) 60 anos (dd) 150 anos (me) 150 anos (fv) clímax local (fv) lenha do fuste (m³/ha) 152,6 121,0 166,1 211,0 188,5 177,4 227,7 lenha dos galhos (m³/ha) total de lenha (m³/ha) 71,0 56,3 77,2 98,1 87,7 82,5 105,9 223,6 177,2 243,3 309,1 276,2 259,9 333,6 n. de vezes a utilizar a mesma carvoaria 6.9 5,4 7,5 9,5 8,5 8,0 10,2 A preservação das árvores com diâmetro superior a 0,35 cm permite, em certa medida, uniformizar o heterogêneo espaço florestal no que se refere ao volume de lenha disponível. Desconsideradas as árvores de maior porte, na média estas florestas, de idades diferentes, provêm 260,4 m³ de lenha por hectare (desvio padrão = 52,5 m³/ha e coeficiente de variação = 20,2%). Com relação ao potencial número de vezes que uma carvoaria pode ser preenchida por lenha, os resultados para todas as áreas são muito próximos (média = 8,0 vezes, desvio padrão = 1,6 e coeficiente de variação de 20,2%). Esta prática cultural tem uma relação direta com o trabalho de abate das árvores e permite uma redistribuição espacial mais homogênea da exploração de recursos. Desta forma, a quantidade de lenha fica mais equânime entre as diversas situações ecológicas encontradas no Maciço da Pedra Branca, permitindo assim um trabalho mais regular por parte dos grupos de carvoeiros que o exploravam. CONCLUSÕES Os carvoeiros do Maciço da Pedra Branca tinham como planejar a sua atividade produtiva valendo-se do conhecimento da quantidade mínima que 398 M. Ritter, Kubo & R.Ritter uma floresta pode prover de lenha, tanto em florestas previamente exploradas como nas áreas mais avançadas sucessionalmente. Assim, poderiam ter uma avaliação prévia da quantidade média de lenha que as florestas, independente de sua idade, poderiam prover. Assim, independente da área da floresta do Maciço da Pedra Branca que os carvoeiros fossem explorar para obter a lenha para a fabricação, eles seriam virtualmente capazes de produzir, em média, quantidades similares de carvão. Trata-se de uma importante prática cultural e uma relativa homogeneização do trabalho, que vai influenciar de maneira direta a posterior recomposição da floresta. As árvores remanescentes – ou seja, aquelas preservadas do corte – têm significativo papel na regeneração das florestas exploradas para o carvão. Esta prática de preservar árvores maiores facilita o trabalho e manejo da lenha e acaba sendo uma atividade que leva à sustentabilidade ecológica, na medida em que facilita a regeneração posterior e favorece uma nova extração de lenha no futuro. Evidencia-se assim que as paisagens florestais em grande parte são resultantes de múltiplas relações das populações passadas com o seu ambiente, isto é, são sobreusos temporais e espaciais que se sobrepõem e formam a atual floresta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, M.A. 2010. Geografia Histórica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Studio. ARRUDA, R.S.V. 2000. Populações tradicionais e a proteção dos recursos naturais em unidades de conservação. In: DIEGUES, A. C. (org.). Etnoconservação: novos rumos para a proteção da natureza dos trópicos. São Paulo: Ed. Hucitec. NUPAUB-USP. 290 p. CARRIÈRE, S.M.; LETOURMY, P. & MCKEY, D.B. 2002. 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Estudo etnobotânico de quintais no bairro quilombo... 401 Figura 3: Localização das sete distintas áreas florestadas do Maciço da Pedra Branca, RJ selecionadas para o estudo. 2.188 2.250 2.000 1.750 m³/ha 1.500 1.250 1.000 728 750 500 417 696 457 344 355 250 0 20 anos 60 anos 60 anos 60 anos 150 anos 150 anos clímax (me) (me) (fv) (dd) (me) (fv) local (fv) Figura 4 - Volume potencial de lenha das florestas do Maciço da Pedra Branca, RJ (me: meia encosta; fv: fundo de vale; dd: divisor de drenagem). M. Ritter, Kubo & R.Ritter 402 1494 1400 1200 galhos m³/ha 1000 fuste 800 600 400 497 285 312 235 475 242 200 0 20 anos 60 anos 60 anos 60 anos 150 anos 150 anos clímax (me) (me) (fv) (dd) (me) (fv) local (fv) Figura 5 - Volume potencial de lenha (fuste e galhos) das florestas do Maciço da Pedra Branca, RJ (me: meia encosta; fv: fundo de vale; dd: divisor de drenagem). Figura 6: Um balão de carvão ainda em construção. Fonte: Correa, O Sertão Carioca (1933). SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DE VEREDAS EM QUIRINÓPOLIS, GOIÁS, BRASIL ALINE DA SILVA RIBEIRO, CARLOS KREUTZ & ISA LUCIA DE MORAIS RESENDE SCHIZAEALES (POLYPODIOPSIDA) DO CORREDOR DE BIODIVERSIDADE DO NORTE DO PARÁ, BRASIL LUIZ ARMANDO DE ARAÚJO GÓES-NETO, MARCIO ROBERTO PIETROBON & SEBASTIÃO MACIEL ESTRUTURA COMUNITÁRIA E DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE SAMAMBAIAS EPIFÍTICAS EM REMANESCENTE DE FLORESTA SEMIDECÍDUA NO SUL DO BRASIL TAINÃ COELHO QUEVEDO, DIEGO FEDRIZZI PETRY BECKER & JAIRO LIZANDRO SCHMITT BIOLOGIA REPRODUTIVA DE ADENOCALYMMA PEDUNCULATUM (VELL.) L. G. LOHMANN (BIGNONIACEAE) DAYSE CASTRO RODRIGUES DE LIMA, CARLOS FERREIRA DE LIMA, FRANCIANE OLIVEIRA COSTA & ANDRÉ LUIZ GOMES DA SILVA SOBREVIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE CATTLEYA INTERMEDIA GRAHAM (ORCHIDACEAE) MICROPROPAGADAS E ACLIMATADAS EM SUBSTRATOS COM FIBRA DE COCO MÁRCIO HISAYUKI SASAMORI, DELIO ENDRES JÚNIOR & ANNETTE DROSTE GRÃOS DE PÓLEN DE ESPÉCIES OCORRENTES NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL DO ESPINILHO, BARRA DO QUARAÍ, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL JEFFERSON NUNES RADAESKI, ANDREIA CARDOSO PACHECO EVALDT & SORAIA GIRARDI BAUERMANN FUNDAMENTOS SOBRE OS DIREITOS DAS PLANTAS JOSAFÁ CARLOS DE SIQUEIRA SJ. PLANTAS DE USO MEDICINAL, RITUAL E CONDIMENTAR COMERCIALIZADAS NO MERCADO DE MADUREIRA E NA CEASA, RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL INÊS MACHLINE SILVA & ARIANE LUNA PEIXOTO ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE QUINTAIS NO BAIRRO QUILOMBO, ZONA RURAL DO MUNICIPIO DE TRÊS COROAS, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. VANESSA MARTINA RITTER, RUMI REGINA KUBO & MARA REJANE RITTER RESULTANTES ECOLÓGICAS, PRÁTICAS CULTURAIS E PROVISÃO DE LENHA PARA A FABRICAÇÃO DE CARVÃO NOS SÉCULOS XIX E XX NO RIO DE JANEIRO GABRIEL PAES DA SILVA SALES, ALEXANDRO SOLÓRZANO, RÚBIA GRACIELE PATZLAFF & ROGÉRIO RIBEIRO DE OLIVEIRA.