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Project Revalida On 2019 AMENORREIA Nomenclatura do sangramento menstrual diminuído ou ausente Hipomenorreia: Redução nos dias de duração ou no fluxo. Oligomenorreia:Redução na frequência das menstruações (intervalos maiores que 35 dias). Criptomenorreia: O sangramento não se exterioriza por alterações do trajeto de saída (agenesia de colo, hímen imperfurado ou septo transverso). Amenorreia: Ausência da menarca ou ausência da menstruação por no mínimo três ciclos menstruais consecutivos ou seis meses. Atraso menstrual: ausência da menstruação por período inferior a três ciclos. AMENORREIA PRIMÁRIA 14 anos sem menstruação e sem desenvolvimento sexual secundário OU 16 anos sem menstruação com desenvolvimento sexual secundário AMENORREIA SECUNDÁRIA Sem menstruação por 6 meses ou 3 ciclos Obs.: o problema da amenorreia pode estar no compartimento IV (hipotálamo), III (hipófise), II (ovário) ou I (uterovaginal). Para que a menstruação ocorra, é fundamental que estejam presentes as seguintes características: Eixo hipotálamo-hipófise-ovário em funcionamento. Endométrio responsivo aos estímulos hormonais. Trato de saída pérvio (útero e vagina) para a exteriorização do sangramento. Desenvolvimento embriológico sexual normal consiste: • Estabelecimento do sexo cromossômico na fertilização, com XY como masculino e XX como feminino. Nos dois primeiros meses de gestação, os dois sexos se desenvolvem de maneira exatamente idêntica. • Determinação do sexo gonadal, quando as gônadas indiferenciadas se desenvolvem em ovários ou testículos a partir de oito semanas de gestação. • Desenvolvimento dos fenótipos sexuais, quando as estruturas precursoras sexuais indiferenciadas dão origem às estruturas caracteristicamente masculinas ou femininas. Este processo se completa por volta de 12 semanas nos fetos do sexo masculino e um pouco mais tarde nos do sexo feminino. DESENVOLVIMENTO GONADAL Genes essenciais para o desenvolvimento tanto dos ovários como dos testículos. São denominados Emx2, Igf1r/Irr/Ir, Lhx9, M33, Sf1e Wt1. A diferenciação das gônadas em testículos ou ovários se inicia na quinta semana de gestação, com a formação de protuberâncias denominadas crista genital, que se situam no ducto mesonéfrico (Wolff). Em torno da quarta a sexta semana, ocorre a migração das células germinativas, originadas do endoderma da vesícula vitelina, para próximo destas protuberâncias Caso não ocorra este processo de aproximação, haverá uma falha do desenvolvimento gonadal, o que se denomina disgenesia gonadal. DETERMINAÇÃO TESTICULAR O gene SRY (Sex Determining Region of the Y) ativa uma série de genes adicionais, incluindo Arx, Dax1, Dhh, Fgf9, Gata4/Fog2, Pdgfr, Sox9 e Amh, que promoven o desenvolvimento das células de Leydig e túbulos espermáticos. Três hormônios são responsáveis pelo fenótipo masculino: hormônio antimülleriano (AMH) (também denominado hormônio inibidor mülleriano – MIH), testosterona e di-hidrotestosterona. O efeito final destes três hormônios é a regressão dos ductos de Müller e promoção do desenvolvimento da genitália masculina. hormônio antimülleriano Uma glicoproteína formada pelas células de Sertoli do testículo fetal a partir de cerca de seis semanas. testosterona Secretada pelos testículos a partir de cerca de oito semanas. di-hidrotestosterona Formada pela 5-alfaredução da testosterona. CONTROLE HORMONAL DO DESENVOLVIMENTO FEMININO Na ausência de testículos (em mulheres normais ou na ausência de gônadas), o desenvolvimento fenotípico será feminino. Assim, o desenvolvimento feminino é independente dos hormônios fetais ovarianos. DESENVOLVIMENTO GONADAL E GENITAL EM AMBOS OS SEXOS Gênero Feminino Masculino Cariótipo XX XY Gônada Ovário Testículo Produtos Não influenciam na diferenciação sexual Testosterona AMH Origem embrionária Ductos de Müller Ductos de Wolff Genitália interna adulta Útero Tubas 2/3 superiores da vagina Epidídimo Ductos deferentes Vesículas seminais Origem embrionária Seio urogenital Tubérculo genital Eminências ou protuberâncias urogenitais Pregas ou dobras urogenitais Seio urogenital Tubérculo genital Eminências urogenitais Pregas urogenitais Genitália externa adulta Uretra e 1/3 inferior da vagina Clitóris Grandes lábios Pequenos lábios Próstata e Uretra prostática Glande Bolsa escrotal Corpo do pênis CONCLUSÕES (1) O sexo genético determina o sexo gonadal e este o sexo fenotípico. (2) A masculinização fetal é determinada por hormônios produzidos nos testículos em desenvolvimento. (3) Na ausência dos testículos, o desenvolvimento fenotípico é feminino, mesmo na ausência dos ovários. (4) Alterações neste desenvolvimento podem levar a quadros de amenorreia, como a síndrome de Morris, síndrome de Rokitansky, disgenesia gonadal, e outros. Project Revalida On 2019 Categorias de amenorreia com base nos níveis de gonadotrofinas e estrogênio Tipo de hipogonadismo LH/FSH Estrogênio Defeito primário Hipergonadotrofico Alto Baixo Ovário Hipogonadotrofico Baixo Baixo Hipotálamo/ hipófise Eugonadotrofico Normal Normal Vários CLASSIFICAÇÃO DAS AMENORREIAS POR COMPARTIMENTOS (1) Compartimento I – desordens do trato de saída do fluxo menstrual (uterovaginais). (2) Compartimento II – desordens gonádicas (ovarianas). (3) Compartimento III – desordens hipofisárias. (4) Compartimento IV – desordens hipotalâmicas Investigação da Amenorreia primária A principal causa de amenorreia primária sem desenvolvimento sexual secundário (hipogonadismo) com elevação das gonadotrofinas é a disgenesia gonadal. E dos casos de disgenesia gonadal, a síndrome de Turner é a causa mais comum. Já na amenorreia primária com hipogonadismo hipogonadotrófico, a principal causa é o hipogonadismo hipogonadotrófico idiopático. Investigação da Amenorreia secundária Nas amenorreias secundárias, a primeira conduta é a exclusão de gravidez. Depois a dosagem de prolactina e do hormônio tireotrófico (TSH) PROLACTINA É um hormônio sintetizado pela adeno-hipófise em células denominadas lactotrofos ou mamotrofos. Funções fisiológicas: indução e manutenção da lactação, inibição da função reprodutiva e inibição do impulso sexual. É secretada de forma pulsátil, com uma frequência de pulso que varia de aproximadamente 14 pulsos por 24 horas na fase folicular avançada a aproximadamente nove pulsos por 24 horas na fase lútea avançada. Os níveis normais situam-se entre 5 e 20 ng/ml. São fatores liberadores de prolactina Hormônio de liberação da tireotrofina (TRH), hormônio de liberação da gonadotrofina (GnRH), 17 b-estradiol, serotonina, histamina, peptídio intestinal vasoativo, substância P, encefalinas, b-endorfinas e opioides. São fatores inibidores da prolactina Ácido gama- aminobutírico, ácido piroglutâmico, dopamina e somatostatina. Causas de Hiperprolactinemia Condições Fisiológicas 1-Anestesia 2- Cirurgias torácicas de grande porte 3-Distúrbios da parede torácica (traumas, queimaduras, herpes, percussão). 4-Coito 5- Estimulação da papila mamária 6-Gestação 7-Lactação 8-Estresse 9-Sono 10-Pós-parto Causas de Hiperprolactinemia Distúrbios Hipotalâmicos 1-Cisticercose 2-Cisto aracnoide 3-Cisto dermoide 4-Cistos suprasselares 5- Glioma cístico 6-Craniofaringioma (pelos seus sintomas compressivos) 7-Histiocitose 8-Neurotuberculose 9-Pseudotumor cerebral (pseudoprolactinomas) 10- Sarcoidose 11-Tuberculose 12- Tumores da Pineal Causas de Hiperprolactinemia Distúrbios Hipofisários 1-Acromegalia 2-Adenoma hipofisário (microadenoma ou macroadenoma) 3-Administração de hormônio de liberação da tireotrofina 4-Craniofaringioma 5-Doença de Addison 6-Hipofisite linfoide 7-Hipotireoidismo 8-Histiocitose 9-Neoplasia endócrina múltipla 10-Pós-contracepção oral 11-Sarcoidose12- Síndrome de Cushing 13- Síndrome de Nelson 14-Traumatismo da haste hipofisária 15-Tuberculose 16-Tumores metastáticos (principalmente pulmões e mama) 17-Síndrome da sela vazia Causas de Hiperprolactinemia Uso de Fármacos 1-Antagonistas da dopamina (fenotiazinas, tioxantenos, butirofenonas, difenilbutilpiperidina, dibenzoxazepina, di-hidroindolona, procainamida, metoclopramida) 2-Neurolépticos (fufenazina, haloperidol, penfluridol, pimozida, pipotiazina) 3-Antidepressivos tricíclicos (amoxapina, imipramina, amitriptilina, clomipramina, nortriptilina) 4-Fluoxetina 5-Cimetidina 6-Ranitidina 7-Estrogenioterapia 8-Metildopa 9-Opiáceos 10- Reserpina 11-Sulpirida 12-Verapamil 13-Anticoncepcionais orais Causas de Hiperprolactinemia Disfunção Metabólica 1-Cirrose hepática 2-Insuficiência renal 3-Produção ectópica (hipernefroma, sarcoma broncogênico) 4-Retroalimentação na inanição Amenorreia isolada ou associada a galactorreia Em caso de níveis de prolactina elevados, deve ser solicitada Ressonância Magnética (RM) ou TC de hipófise visando identificar um possível prolactinoma, após a exclusão de outras causas secundárias de hiperprolactinemia. Project Revalida On 2019 Microprolactinomas – São tumores com dimensões inferiores a 10 mm. Acometem mais frequentemente o sexo feminino do que o masculino. Na amenorreia está indicado tratamento com agonista dopaminérgico, já que a dopamina inibe a síntese de prolactina. Os fármacos mais utilizados são a: bromocriptina iniciada dose mais baixa possível (2,5 mg por dia), com aumentos progressivos até a dose efetiva. cabergolina é considerada atualmente a droga de escolha para tratamento da hiperprolactinemia. Dose de 0,25 mg, duas vezes por semana, com aumento progressivo até a dose efetiva. Macroprolacinomas (tumores > 10 mm) – Inicialmente o tratamento é clínico com a menor dose possível de bromocriptina ou cabergolina. Na ausência de resposta está indicada cirurgia transesfenoidal. Cerca de 2/3 dos macroprolactinomas regridem com o tratamento clínico. Disfunção Metabólica Ocasionalmente pacientes com hipotireoidismo exibem hiperprolactinemia com aumento da hipófise, causado por hiperplasia dos tireotrofos (o TR desencadeia o aumento dos níveis de prolactina). Estas pacientes respondem à reposição de hormônios tireoidianos, com diminuição das dimensões hipofisárias e normalização dos níveis de prolactina. A hiperprolactinemia ocorre em 20 a 75% das pacientes com insuficiência renal crônica. AMENORREIA SECUNDÁRIA INVESTIGAÇÃO: 1º.) Excluir gestação βHCG 2º.) Dosar TSH e PROLACTINA *hipotireoidismo e hiperprolactinemia são causas de amenorreia (lembrar que hipotireoidismo é causa de hiperprolactinemia) – os dois exames sempre devem ser solicitados juntos HIPERPROLACTINEMIA *excluindo gravidez e hipotireoidismo* Medicamentosa (várias medicações interferem com a prolactina por interferirem com a dopamina): metoclopramida, neurolépticos, tricíclicos, ranitidina, ACHO Adenomas: diagnóstico – solicitar RNM / tratamento inicial: clínico (agonista dopaminérgico: cabergolina e bromocriptina) – a cabergolina tem vantagem posológica e possui menos efeitos colaterais (a cabergolina também é utilizada em casos de pacientes HIV+ após o parto para inibir a lactação) Outras: gestação, lactação, estimulação mamária, lesão torácica, insuficiência renal, 3º.) TESTE DA PROGESTERONA: avalia os níveis de estrogênio e trato de saída Medroxiprogesterona 10mg por 5-10 dias Houve sangramento Sem sangramento Anovulação (não tem progesterona suficiente para estabilizar o endométrio) – ex.: SOP Falta de estrogênio (?) Lesão de endométrio (?) Obstrução ao fluxo (?) 4º.) TESTE DO ESTROGÊNIO + PROGESTERONA: Avalia a resposta endometrial e a patência do trato de saída. Estrogênios conjugados 1,25 mg/dia ou Estradiol 2 mg/dia oral por 21 dias+ Acetato de medroxiprogesterona 10 mg/dia por cinco dias Estrogênio + progesterona por 21 dias • Houve dangramento: excluidas causas uterovaginais/falta de estrogênio problema no compartimento II ou III ou IV. • Semsangramento:alteraçãouterovaginal(problemano compartimentoI)–avaliar:USG,histeroscopia,RNM,. 5º.) DOSAGEM DO FSH: Define se a falta de estrogênio é causa ovariana ou causa central • FSH ↑ (>20 U/L): causa ovariana (compartimento II) • FSH normal ou ↓ (<5 U/L): hipófise (compartimento III) ou hipotálamo (compartimento IV) IMPORTANTE Os valores normais do FSH e LH situam-se, para uma mulher normal adulta, entre cinco e 20 UI/L, com o pico ovulatório aproximadamente duas vezes superior ao valor basal para o FSH e três vezes superior para o LH. Os valores são inferiores a 5UI/L nos estados hipogonadotróficos (pré-puberal, disfunções hipofisárias e hipotalâmicas). Níveis de FSH maiores que 20 UI/L e de LH maiores que 40 UI/L indicam estados hipergonadotróficos (falência ovariana). 6º.) TESTE DO GnRH: adminitrar GnRH LH e/ou FSH: hipotalâmica Não LH e/ou FSH: hipofisária EXAME FISICO Estigmas de Turner Hímen imperfurado CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS PRESENTES? NÃO SIM (não tem ação do estrogênio) – causa ovariana x central ↑LH/FSH: solicitar cariótipo = disgenesia gonadal (o cariótipo é fundamental para diagnóstico e para terapêutica retirar ou não a gônada) ↓ LH/FSH: teste GnRH (problema na hipófise ou hipotálamo) AVALIAÇÃO UTEROVAGINAL Anormalidade Mülleriana (?) Project Revalida On 2019 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS HIPOTALÂMICAS (COMPARTIMENTO IV) Psicogênica – Estados de grande tensão – Pseudociese – Distúrbios alimentares – Exercício físico Neurogênica – Sind. Kallman 50% – Sind. Lawrence-Moon-Biedl – Sind. Morgani-Stewart-Morel – Sind. Froechilich Iatrogênica – Anticoncepcionais hormonais– Hormônios em altas doses – Drogas (metoclopramida, metildopa, sulpiride, reserpina, clorpromazina) Tumores -A traso Constitucional da Puberdade HIPOFISÁRIA (COMPARTIMENTO III) Tumores: Prolactinoma Síndrome de Sheehan: necrose hipofisária pós-parto (hemorragia puerperal significativa – ex.: DPP, atonia uterina) – pode causar hipopituitarismo OVARIANAS (COMPARTIMENTO II) Falência ovariana precoce (<40ª) (FSH>20) Síndrome de Savage: folículo resistente às gonadotrofinas (pode ser causa de amenorreia primária ou secundária) – o diagnóstico diferencial entre falência ovariana precoce e Sd Savage é feita através de biópsia ovariana (na prática não é feita pois o tratamento das duas condições é o mesmo – reposição hormonal) Disgenesia gonadal: maior causa de amenorreia primária DISGENESIA COM Y RETIRAR GÔNADA ! (ex.: Síndrome de Swyer 46XY: o fator determinante testicular está no Y a gônada será o testículo testículo fibrosado – não funciona = fenótipo feminino – genitália interna e externa feminina) Síndrome de Turner (45XO) é a mais comum: pescoço alado, tórax em escudo, baixa estatura,.. (estigmas de Turner) UTEROVAGINAIS (COMPARTIMENTO I) Malformações Müllerianas – ex.: Roktansky (amenorreia primária, dor na relação sexual, e com caracteres sexuais secundários presentes, sem útero e sem a parte superior da vagina) Sindrome de Asherman – lesão endometrial Hiperplasia adrenal congênita: diagnóstico diferencial com SOP (lembrar que SOP é diagnóstico de exclusão) – maior causa de genitália ambígua na mulher (obs.: maior causa de HAC: deficiência de 21-hidroxilase) CAUSAS DE AMENORREIAS HIPOTALÂMICAS Estados de Grande Tensão estresse causa alterações cortico- hipotalâmicas que se manifestam por distúrbios no mecanismo de retroalimentação do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, culminando com a amenorreia. Pseudociese o medo e o anseio demasiado de gestar podem levar mulheres com alto grau de neurose à amenorreia. Distúrbios A bulimia e a anorexia nervosa podem ser responsáveispor amenorreia. Exercícios Físicos Comum em mulheres dedicadas a um treinamento exaustivo, como por exemplo, maratonistas, triatletas e bailarinas. Alterações de neurotransmissores: estas alterações interferem na produção de gonadotrofinas e impõem uma mudança no padrão de liberação do GnRH, o que provoca amenorreia. Peso crítico Qualquer perda de peso pode provocar parada das menstruações, como o provocado por dietas ou exercícios. Gasto energético: se houver mais necessidade ou menor ganho de energia, o organismo irá poupar a energia que despenderia para manter ciclos menstruais e a paciente entra em anovulação. Estresse e liberação de endorfinas Atraso Constitucional da Puberdade: Manifesta-se por hipogonadismo hipogonadotrófico. Apesar de frequente em meninos, não é causa muito frequente de amenorreia em meninas. É a causa mais comum de puberdade tardia Neuropatias: Síndrome de Kallman: comum neuropatia determinante de amenorreia hipotalâmica. Está presente em 50% dos hipogonadismo hipogonadotrófico sem causa aparente, cursam com amenorreia primária. Na mulher, caracteriza-se por amenorreia primária por secreção deficiente de GnRH, infantilismo sexual e anosmia ou hiposmia. Ao exame físico, apresentam infantilismo sexual e biotipo eunucoide, embora possa haver algum grau de desenvolvimento mamário. Os ovários são pequenos, com folículos pouco desenvolvidos. Essas pacientes respondem de forma excelente à administração pulsátil de GnRH exógeno, tratamento de primeira escolha. Caso não deseje gravidez, se opta por reposição com estrogênios e progestógenos exógenos. Síndrome de Lawrence-Moon-Biedl: é hereditária e caracterizada por amenorreia primária, retardo mental, obesidade, baixa estatura, polidactilia e braquidactilia. Síndrome de Morgani-Stewart-Morel: é também hereditária. Define-se como amenorreia primária, hirsutismo e hiperosteose congênita interna do frontal (alargamento da camada externa do osso). Síndrome de Froechilich: caracteriza-se por hipogonadismo hipotalâmico e obesidade, com deposição típica de gordura nas mamas, monte de vênus e cintura. Amenorreia Pós-pílula: Os anticoncepcionais hormonais, combinados ou não, em altas doses, são capazes de levar à amenorreia, mediante um mecanismo de feedback negativo com os neuro-hormônios. A amenorreia “pós-pílula” pode persistir por até 6 meses após a suspensão do anticoncepcional combinado ou 12 meses após a última aplicação intramuscular do acetato de medroxiprogesterona. Drogas: Androgênios, tranquilizantes e outras substâncias são capazes de, por mecanismo de feedback negativo com os neuro-hormônios, levar à amenorreia. Outras drogas podem levar à amenorreia através do aumento dos níveis de prolactina, causando também galactorreia. É o caso da metoclopramida, metildopa, sulpiride Os tumores hipotalâmicos Os craniofaringiomas (mais comuns), os germinomas, os granulomas tuberculares ou sarcoides e os cistos dermoides alteram a produção de GnRH e levam ao hipogonadismo hipogonadotrófico, provocam ↑ da secreção de gonadotrofinas. Project Revalida On 2019 Causas de Amenorreias Hipofisárias Tumores Adenoma hipofisário -Macro - Micro (< 1 cm) -Não funcionante -Secretor (PRL, TSH, ACTH, GH) Outros Craniofaringioma, meningioma, Glioma, metástases Doenças Degenerativas ou Inflamatórias Síndrome de Sheehan Síndrome de Simmonds Síndrome da Sela vazia AMENORREIAS HIPOFISÁRIAS Hipopituitarismo representa a minoria das amenorreias secundárias. Tumores (os mesmos tipos histológicos referidos para o hipotálamo), infartos, lesões infiltrativas ou granulomatosas, ablações cirúrgicas ou radioterapia e hiperprolactinemia podem determinar esta entidade Conforme a produção endócrina das células tumorais, os tumores também podem apresentar acromegalia (secreção de GH), doença de Cushing (secreção de ACTH) ou hipertireoidismo secundário (mais raro). Tumores Podem acarretar amenorreia primária ou secundária de acordo com a época de seu surgimento. O adenoma hipofisário é a causa mais frequente de amenorreia. O prolactinoma é o mais comum (50%) Os outros adenomas funcionantes de hipófise, produtores de GH, ACTH e TSH, possuem indicação cirúrgica. Os adenomas não funcionantes da hipófise são comumente achados incidentais (incidentalomas). Doenças Degenerativas ou Inflamatórias: Meningite, encefalite, esclerose múltipla ou alterações isquêmicas, quando comprometem a hipófise, causam disfunção consequentemente produz amenorreia. Síndrome de Sheehan resulta da necrose hipofisária secundária à isquemia local, que pode ocorrer em hemorragias com instabilidade hemodinâmica no parto. Clinicamente, se expressa semanas a meses após o parto, a síndrome de Sheehan define a insuficiência pituitária por hipóxia, em função do espasmo das artérias pituitárias no choque hipovolêmico no parto. Síndrome de Simmonds apresenta a mesma etiologia da síndrome de Sheehan. No entanto, não possui relação com o parto. Corresponde a uma desordem da hipófise que decorre de um trauma, de lesões vasculares ou de tumores que resultam em um quadro de pan-hipopituitarismo. Sintomas que podem acompanhar esta condição incluem perda de função tireoidiana e dos ovários, com envelhecimento prematuro, redução do metabolismo e sintomas psíquicos. Outros sintomas são: perda de peso, perda de pelos, redução da resistência às infecções, entre outros. Síndrome da Sela Vazia Corresponde a um defeito congênito no qual a hipófise está deslocada para o espaço subaracnóideo em função da ausência de diafragma selar. Normalmente não apresenta maiores consequências. AMENORREIAS GONADAIS O desenvolvimento embriológico anormal dos ovários acarreta a disgenesia ou agenesia gonádica. Resistência à ação das gonadotrofinas, falência ovariana precoce, alterações genotípicas, tumores e iatrogenias representam outras causas de amenorreia gonadal A produção ovariana de estrogênios é insuficiente ou ausente para a ocorrência da ovulação e da estimulação endometrial, mesmo com uma produção hipofisária adequada de gonadotrofinas. Na pré-puberdade, o hipoestrogenismo é responsável pela ausência ou hipodesenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (pelos pubianos e axilares, desenvolvimento das mamas) e amenorreia primária. ANOVULAÇÃO CRÔNICA Todas as situações em que ocorrem falhas repetidas da ovulação. A disfunção anovulatória é causada por uma assincronia entre a secreção das gonadotrofinas e a produção de estrogênio, com alteração dos complexos mecanismos de feedback entre o hipotálamo, a hipófise e o ovário. Nestas situações, não há hipogonadismo, pois a produção estrogênica é normal. Os sinais e sintomas clínicos dependem do nível de preservação da função gonadal. Podem incluir: amenorreia, o hirsutismo, a hiperplasia endometrial, a doença mamária, a hemorragia uterina disfuncional, a infertilidade e a síndrome dos ovários policísticos. A síndrome dos ovários policísticos é também conhecida como anovulação hiperestrogênica hipe randrogênica crônica. O quadro clínico clássico se caracteriza pela irregularidade menstrual, hirsutismo, acne, obesidade central, resistência à insulina e infertilidade, que são as manifestações do desequilíbrio endógeno da produção de estrogênios e androgênios, que perpetuam a disfunção do eixo neuroendócrino. O tratamento da anovulação, caso a paciente deseje gestar, pode ser feito com indução da ovulação com o citrato de clomifeno (primeira escolha), hMG/hCG e o GnRH. Em caso de desejo contraceptivo se recomenda anticoncepcionais orais combinados (estrogênio + progestágeno) ou o acetato de medroxiprogesterona, visando induzir a decidualização do endométrio, impedindo a progressão para hiperplasia endometrial. CAUSAS DE AMENORREIAS GONADAIS 1-Disgenesia Gonádica 2-Menopausa Precoce 3-Síndrome deSavage (Ovários resistentes) 4-Tumores Ovarianos Funcionantes 5-Anovulacão Crônica e SOP 6-Deficiência de 5 Alfa-redutase 7-Deficiência de 17 Alfa-hidroxilase 8-Galactosemia DISGENESIA GONADAL Corresponde à importante causa de amenorreia primária. É definida como a ausência de células germinativas nas gônadas, as quais ficam destituídas de atividade endócrina. A disgenesia gonadal está na maioria dos casos associada às alterações cromossômicas. Toda paciente com amenorreia primária é essencial a realização de cariótipo. O diagnóstico definitivo da disgenesia gonadal é realizado pela biópsia das gônadas. Disgenesia Gonadossomática ou síndrome de Turner 50% (Síndrome de Bonnevie-Ullrich; Disgenesia Gonadal 45 X; Disgenesia Gonadal XO) A maioria das mulheres afetadas possui cariótipo 45, XO (50%). Outras apresentam cariótipo em mosaico (25%), isto é, 45,X / 46, XX; 45,X / 46, XY. O mais comum dos cariótipos em mosaico é o 45,X / 46, XX. Aproximadamente 30 a 40% das mulheres com amenorreia primária apresentam ovários em fita(disgenesia). A genitália é feminina e pré-púbere; útero, vagina e trompas estão presentes, mas infantilizados. Algumas comorbidades se associam à síndrome de Turner, como: diabetes mellitus, distúrbios da tireoide (tireoidite de Hashimoto), hipertensão essencial e distúrbios autoimunes como a doença de Addison e o vitiligo, também possuem algum deficit cognitivo. Tratamento com Hormônio do Crescimento (GH) exógeno são para aumentar a altura final na vida adulta. Ainda não é conhecida a dose de GH ideal. No entanto, doses 25% maiores de GH do que a preconizadapara a deficiência de GH demonstram segurança e efetividade. Project Revalida On 2019 DISGENESIA GONADAL PURA Refere-se a indivíduos 46, XX ou 46, XY com fenótipo feminino que possuem gônadas em fita (ovários ou testículos). Este distúrbio pode ocorrer esporadicamente, pode ser herdado como um traço autossômico recessivo ou como um traço ligado ao X na disgenesia gonadal XY. As meninas afetadas não possuem nenhum dos estigmas da síndrome de Turner, mas têm níveis elevados de FSH porque as gônadas em fita não produzem hormônios esteroides nem inibina. Em indivíduos 46, XY é denominada de síndrome de Swyer. Nesta síndrome, são observados anéis fibrosos no lugar dos testículos, são incapazes de produzir testosterona ou Fator Antimülleriano (MIF). Estes pacientes apresentam amenorreia primária, crescimento eunucoide, trompas e útero normais ou rudimentares, gônadas em fita, ausência de caracteres sexuais secundários e infantilismo genital. A remoção cirúrgica dos testículos em indivíduos com cariótipo 46, XY está indicada para evitar o desenvolvimento de neoplasias de células germinativas. FALÊNCIA OVARIANA PRECOCE Antes dos 40 anos de idade. Pode ser adquirida, resultante de irradiação pélvica, quimioterapia (ex.: uso de ciclofosfamida), processos infecciosos autoimunes, cirurgias, tumores, resistência ovariana às gonadotrofinas (síndrome de Savage) ou idiopática. Dependendo da época em que se manifesta pode determinar amenorreia primária ou secundária. Pré-puberdade, a deficiência estrogênica causa hipodesenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Em idades mais tardias, aparecem sintomas climatéricos, como fogachos e ressecamento vaginal. O risco aumentado de osteoporose se impõe nas pacientes com falência ovariana precoce, seja por causa conhecida ou idiopática. A reposição hormonal está indicada na ausência de contraindicações. SÍNDROME DE SAVAGE É rara e determinada pela resistência ou ausência dos receptores ovarianos à ação das gonadotrofinas. Pode ser primária ou adquirida. Nos casos primários da síndrome, não há desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Nos casos adquiridos, o desenvolvimento é normal ou infantil dependendo da época de manifestação do quadro. É importante lembrar que nesta síndrome os folículos estão presentes, mas não amadurecem em resposta ao FSH, porque os receptores do FSH estão ausentes ou porque existe um defeito pós-receptor. Recomenda-se a terapia de reposição hormonal estroprogestínica. TUMORES OVARIANOS COM ATIVIDADE ENDÓCRINA Correspondem a 5% das neoplasias malignas ovarianas. Geralmente, originam-se do estroma formado a partir do cordão sexual. O arrenoblastoma é o tipo histológico mais associado à amenorreia. Corresponde a um tumor das células de Sertoli--Leydig, produtor de androgênios, que causa um quadro de virilização súbita. É raramente encontrado, com incidência nas terceira e quarta décadas de vida. DEFICIÊNCIA DE 5 ALFA-REDUTASE As pacientes com genótipo XY e apresentam testículos, apresentam desenvolvimento de genitália externa feminina ou ambígua. A diferenciação masculina normal do seio urogenital e da genitália externa não ocorre devido a ausência da di-hidrotestosterona, que seria convertida a partir da testosterona pela 5 alfa-redutase. Entretanto, a genitália masculina interna derivada dos ductos de Wolff está presente e normal, pois este desenvolvimento requer apenas testosterona. Na puberdade, a elevação da produção de testosterona irá produzir alterações no timbre da voz, ereção, libido masculina, aumento do pênis e desenvolvimento normal das mamas para o sexo masculino, o que torna o manejo extremamente difícil, na dependência do sexo de criação do indivíduo. O diagnóstico é estabelecido pela relação testosterona/ DHT, que se apresenta alta, principalmente após estimulação com hCG. Obs: Pacientes com deficiência de 5 alfa-redutase diferem de pacientes com insensibilidade aos androgênios pela ausência de desenvolvimento de mamas na puberdade e pelos normais. Além disso, possuem níveis baixos de gonadotrofinas em virtude dos níveis suficientes de testosterona para suprimir o desenvolvimento mamário e para permitir que os mecanismos normais de feedback permaneçam intactos. DEFICIÊNCIA DE 17 ALFA-HIDROXILASE (CY P17) É uma rara desordem de transmissão genética autossômica recessiva, que afeta as suprarrenais e gônadas. Esta deficiência enzimática acarreta baixa produção de cortisol, 17- hidroxiprogesterona e de esteroides sexuais. Devido à interrupção da esteroidogênese, não há retroação efetiva pelo cortisol, que ocasiona elevação dos Hormônios Adrenocorticotrófico (ACTH), da 11- deoxicorticosterona e corticosterona, que são hipertensivos, e da progesterona. As pacientes com esta deficiência enzimática apresentam amenorreia primária e ausência de características sexuais secundárias, além de hipernatremia, hipertensão, elevação de ACTH e hipocalemia. Pode estar associada a cariótipos 46, XX ou 46, XY. Indivíduos com cariótipo 46, XY não têm útero, uma característica que os distingue de indivíduos com cariótipo 46, XX, uma vez que a produção de hormônio antimülleriano não é afetada. GALACTOSEMIA Causada pela ausência funcional de galactose- 1-fosfato uridiltransferase. Os metabólitos da galactose parecem ter efeitos tóxicos sobre os folículos ovarianos, causando sua destruição prematura. A mudança alimentar precoce pode retardar a insuficiência ovariana. Outros distúrbios associados ao hipogonadismo hipergonadotrófico incluem alterações estruturais do cromossomo X, irradiação dos ovários, quimioterapia, falência ovariana devida a processos infecciosos e infiltrativos. Tumores, principalmente os de pulmão, podem ser produtores de gonadotrofinas; mutações nas subunidades beta do LH e do FSH também podem levar a esse quadro. Amenorreias Uterovaginais As causas de amenorreia uterovaginais podem ser decorrentes da falha da resposta endometrial e de malformações uterinas ou do trajeto de saída, por agenesia ou simples obstrução Anomalias Uterovaginais 1-Malformações Müllerianas 2-Insensibilidade completa aos androgênios (segundo Novak e Speroff) 3-Insensibilidade incompleta aos androgênios 4-Síndrome de Asherman 5-Atrofia endometrial6-Tuberculose genital 7-Hiperplasia suprarrenal congênita 8-Hermafroditismo verdadeiro Project Revalida On 2019 Hiperplasia Suprarrenal Congênita (HSRC) A HSRC é um distúrbio autossômico recessivo. Várias enzimas do córtex adrenal necessárias para a biossíntese de cortisol podem ser afetadas, como a 21-hidroxilase, 11-beta-hidroxilase e 3-beta- hidroxiesteroide desidrogenase. Clinica – Diminuição relativa da produção de cortisol. – Aumento compensatório dos níveis de ACTH. – Hiperplasia da zona reticular do córtex da adrenal. – Acúmulo dos precursores da enzima afetada na corrente sanguínea. *Nos casos mais graves, a deficiência compromete também a produção de mineralocorticoides. A deficiência de 21-hidroxilase é responsável por mais de 90% dos casos de HSRC Forma perdedora de sal: Forma mais grave, afeta 75% das pacientes, durante as primeiras duas semanas de vida, há uma crise hipovolêmica com perda de sal, acompanhada por hiponatremia, hipercalemia e acidose. A forma perdedora de sal resulta da síntese ineficaz da tanto de cortisol como de aldosterona. O distúrbio é diagnosticado mais precocemente nas mulheres do que nos homens porque causa virilização genital (clitoromegalia, fusão labioescrotal e trajeto anormal da uretra). Forma virilizante simples As pacientes são diagnosticadas como recém-nascidas virilizadas, podendo ocorrer em diferentes intensidades, a depender da época e grau de deficiência enzimática. Forma não clássica (tardia) A síndrome se manifestar de forma tardia em qualquer idade pela ocorrência de um bloqueio mais suave da enzima, levando ao aparecimento de acne, puberdade precoce, amenorreia ou oligomenorreia, clitoromegalia, infertilidade e hirsutismo, o que a torna semelhante à SOP. Diagnóstico da HSRC 1- A 17-OHP* folicular basal < 200 ng/dl (ou < 2,0 ng/ml) praticamente exclui o diagnóstico; não é preciso realizar teste adicional. 2- A 17-OHP > 500 ng/dl estabelece o diagnóstico. 3- A 17-OHP basal > 200 ng/dl e < 500 ng/dl requer teste de estímulo com ACTH. 4- No teste de estímulo com ACTH, os níveis plasmáticos de 17-OHP são avaliados uma hora após a administração intravenosa de um bolo de 0,25 mg de ACTH. Os níveis de 17-OHP após estimulação com ACTH na hiperplasia suprarrenal com aparecimento no adulto são geralmente > 1.000 ng/dl. 5- Indivíduos heterozigotos (portadores) para hiperplasia adrenal e HSRC de aparecimento no adulto revelam valores de 17-OHP pós- estímulo < 1.000 ng/dl. Em muitos casos, é observada superposição com os valores observados na população normal. * 17-OHP = 17-hidroxiprogesterona Hermafroditismo Verdadeiro O hermafroditismo verdadeiro é uma condição muito rara. Caracteriza- se pela presença de ovário e testículo separadamente, em gônadas opostas, ou mais comumente na mesma gônada (ovotéstis). O cariótipo pode ser 46 XX (70%), 46 XY ou mosaico. Possui útero, incluindo estruturas Wolffianas e Müllerianas. Por esta razão, cerca de 2/3 menstruam, mas nunca as que apresentam genótipo XY. A genitália externa apresenta aspecto variável, o que irá depender da gônada dominante. O exame histopatológico da gônada é necessário para se estabelecer o diagnóstico. É necessária uma secção no sentido longitudinal de ambas as gônadas. Em pacientes criados como mulher, o tecido gonadal testicular deve ser removido, pelo risco de malignização. Malformações dos Ductos de Müller Os ductos de Müller originam a genitália interna feminina (útero, trompas e dois terços superiores da vagina). As malformações müllerianas associadas à amenorreia podem corresponder à agenesia, à hipoplasia uterina ou a causas obstrutivas como septo vaginal. -Principais malformações müllerianas: Síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser: útero rudimentar sólido associado à agenesia de vagina. Inclui uma série de malformações relacionadas ao desenvolvimento e fusão dos ductos paramesonéfricos. O cariótipo é feminino (46 XX). Os ovários são normais e, portanto, o desenvolvimento sexual secundário é completo. Os ciclos são geralmente ovulatórios, não ocorrendo apenas o sangramento menstrual. Sua frequência é de 1/5000 mulheres. Um exame ginecológico minucioso pode revelar o diagnóstico, sendo identificada a vagina curta e em fundo cego. A associação com anomalias renais e das vias urinárias é frequente, se recomenda após o diagnostico clinico uma (USG ou RM). Cerca de 5% a 12% apresentam anormalidades ósseas. As principais malformações urinárias associadas são agenesia renal, rim pélvico ou em ferradura, sendo que 40% apresentam um sistema coletor duplicado e 15% possuem rim único. A amenorreia primária é o aspecto mais marcante. O tratamento consiste na confecção de uma neovagina com técnicas, laparoscopia ou laparotomia. O diagnóstico diferencial é síndrome de Morris. Hímen imperfurado e septo vaginal transversal: Obstruem o trajeto uterovaginal e constituem-se em causas de criptomenorreia. A apresentação habitual: dor pélvica cíclica associada à ausência da menarca em menina com caracteres sexuais secundários presentes. O diagnóstico é clínico, com a visualização direta da malformação e, quando há sangue retido, pela presença de hematocolpo, hematométrio e até mesmo hematoperitônio. O diagnóstico é confirmado por ultrassonografia e o tratamento cirúrgico deve ser imediato. Útero unicorno: corresponde à falha de desenvolvimento de um dos ductos paramesonéfricos ou do desenvolvimento deficiente de um corno. Dessa forma, é possível encontrar o útero unicorno sem corno rudimentar, ou ainda um corno rudimentar (comunicante ou não, coberto por endométrio ou não). Se cobertos por endométrio devem ser retirados. Útero septado: representa a reabsorção incompleta das paredes adjacentes dos ductos de Muller, podendo variar de uma divisão completa da cavidade até a persistência de um pequeno septo na região fúndica uterina. Útero bicorno: corresponde à fusão incompleta dos ductos de Müller. Apresenta-se como um útero com único colo, mas que pode ser apresentar com diversos graus de separação entre os dois cornos. Útero didelfo: representa a falha completa da fusão dos ductos paramesonéfricos, resultando em dois corpos e dois colos uterinos. Septo vaginal longitudinal: corresponde à fusão incompleta dos ductos paramesonéfricos na porção vaginal superior. Em homens com deficiência de hormônio antimülleriano, é possível a persistência de ductos de Müller, assim como presença de útero e trompas que se localizam, por vezes, num saco herniário: é a “hérnia uterina”. Estes pacientes são geralmente inférteis. Project Revalida On 2019 SÍNDROME DE MORRIS OU INSENSIBILIDADE COMPLETA AOS ANDROGÊNIOS Representa o pseudo-hermafroditismo masculino. Anteriormente denominada síndrome dos testículos feminilizantes. Atualmente denominada insensibilidade completa aos androgênios. Insensibilidade periférica aos androgênios em indivíduo com genótipo 46 XY. Genotipicamente são homens (XY), pacientes que desenvolvem características sexuais secundárias femininas, mas não apresentam menstruação. Como se trata de paciente 46XY, os testículos estão presentes e funcionantes, o que implica na produção de hormônio antimülleriano e, portanto, não há estruturas femininas internas (müllerianas) como útero, dois terços superiores da vagina e trompas. Também não há desenvolvimento dos ductos de Wolff, visto que não há resposta à testosterona. Há testículos, e não ovários, no abdome ou em hérnias inguinais, devido à presença do cromossomo Y. As pacientes têm uma vagina em fundo cego e pelos axilares e pubianos escassos ou ausentes. Estas pacientes apresentam algum desenvolvimento mamário na puberdade; entretanto os mamilos são imaturos e as aréolas são pálidas. Não há testosterona durante o desenvolvimento para suprimir a formação de tecidos mamários. Tratamento reposição hormonal com estrogênios conjugados na dosede 0,625 mg. A retirada dos testículos é obrigatória, pela incidência aumentada de tumores malignos nessas pacientes, principalmente o disgerminoma. INSENSIBILIDADE INCOMPLETA AOS ANDROGÊNIOS Representa a variação entre um homem normal e a insensibilidade completa aos androgênios (síndrome de Morris). A denominação atual que engloba todos estes fenótipos é a Síndrome de Reifeinstein. Múltiplos epônimos foram instituídos para caracterizar os diferentes fenótipos desta síndrome. Estes ainda são mencionados como a síndrome de Lubs (caracteriza um testículo na região inguinal), a síndrome de Gilbert-Dreyfus e a síndrome de Rosewater, entre outros. O fenótipo inclui ambiguidade genital, com pênis de tamanhos variados, hipospádia, vagina rudimentar, desenvolvimento mamário variável e crescimento anormal de pelos. O tratamento é complexo, alguns respondem a andrógenos exógenos e outros não. A decisão do tratamento depende do sexo de criação. SÍNDROME DE ASHERMAN É definida pela presença de sinéquias intrauterinas decorrentes de agressão endometrial prévia, causando amenorreia secundária. As curetagens uterinas excessivas ou repetidas, processos inflamatórios (doença inflamatória pélvica grave ou endometrite tuberculosa), substâncias cáusticas e outras cirurgias uterinas (partos laboriosos, extração manual da placenta) podem causar a síndrome, que também é causa de infertilidade. A ultrassonografia sugere o diagnóstico, este é diagnosticado pela histerossalpingografia (defeitos de enchimento em várias regiões do útero) e pela vídeo-histeroscopia, sendo esta também terapêutica, realizando a lise das aderências. ATROFIA DO ENDOMÉTRIO Pode ser secundária ao uso de anticoncepcionais hormonais. A etiologia está possivelmente relacionada a receptores endometriais. TUBERCULOSE GENITAL Na Histerossalpingografia (HSG), caracteriza-se por tubas rígidas em forma de canudo ou em haste de cachimbo, em chifre (pela fibrose local), rosário (devido a estenoses) ou em bolsa de tabaco. O trato geniturinário é o local mais comum extrapulmonar (30%). Atinge os órgãos genitais por via hematogênica ou pelo líquido peritoneal. Geralmente, trompas e útero são atingidos. Em 50% dos casos há acometimento do endométrio, 20% das pacientes desenvolvam amenorreia. O outro sintoma característico é a dor pélvica crônica associada à infertilidade. O diagnóstico é feito pelo exame de mamas, abdome, genitália interna e externa, assim como a evidência de bacilos ácido-resistentes pela técnica de Zielh-Nielsen. Deve-se fazer radiografia de tórax, PPD, ultrassonografia transvaginal (pode mostrar massas anexiais), histeroscopia (a biópsia dirigida do endométrio, feita na fase pré- menstrual pela melhor visualização dos tubérculos) e HSG. O tratamento é medicamentoso. A cirurgia só está indicada se houver manutenção das massas anexiais durante o tratamento, ou em casos de recidiva de BK peritoneal um ano após o início do tratamento, em pacientes acima de 40 anos que não continuan o tratamento (que não o fazem adequadamente) ou fístulas que não cicatrizam. AMENORREIAS CAUSADAS POR DOENÇAS SISTÊMICAS A ausência ou irregularidade menstrual pode estar relacionada a distúrbios sistêmicos, geralmente por interferência hipotalâmica. Amenorreias Causadas por Doenças Sistêmicas 1. Distúrbios da Tireoide 2. Síndrome de Cushing 3. Hiperandrogenismo 4. Hipercortisolismo 5. Hepatopatias 6. Diabetes mellitus descompensado DISTÚRBIOS DA TIREOIDE Estão relacionados às alterações da regularidade e fluxo menstruais. O hipotireoidismo, sobretudo a tireoidite de Hashimoto, é o distúrbio da tireoide mais associado à queixa de amenorreia. O aumento do TSH resulta em hiperprolactinemia, que inibe a secreção hipotalâmica de GnRH e a esteroidogênese ovariana, acarretando anovulação e amenorreia associadas à galactorreia. O tratamento do hipotireoidismo é geralmente suficiente para restituir a regularidade menstrual. SÍNDROME DE CUSHING, HIPERCORTISOLISMO E HIPERANDROGENISMO São responsáveis pela alteração na retroalimentação do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, levando à amenorreia. O mesmo acontece nos quadros de hiperandrogenismo de origem suprarrenal como a deficiência de 21-hidroxilase, em que há desvio na esteroidogênese suprarrenal para a produção de cortisol e androgênios. HEPATOPATIAS, DIABETES MELLITUS DESCOMPENSADO E OUTROS DISTÚRBIOS METABÓLICOS Também podem apresentar amenorreia, que normalmente é reversível com o tratamento da doença de base. Síndrome de Roktansky Síndrome de Morris Agenesia Mülleriana 46 XX (feminino) Clínica: amenorreia primária com caracteres sexuais 2 ovários, sem útero, vagina curta e pelo normal Tem ovários normais Defeito no receptor de androgênio 46 XY (masculino) Clínica: amenorreia primária , mama pequena, sem útero, vagina curta, mas sem pelos Tem testículo (pode herniar)
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