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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Sabia que tontura e vertigem não são a mesma coisa? Aprenda as diferenças

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Imagem: iStock

Cecilia Felippe Nery

Colaboração para VivaBem

29/07/2022 04h00

Consideradas muitas vezes como o mesmo mal-estar, tontura e vertigem são sintomas que se confundem, mas, embora preocupantes, acabam sendo ignorados, sem que uma avaliação médica criteriosa seja realizada.

No entanto, tais sintomas podem indicar, cada qual, que algo está errado no organismo, necessitando, assim, de uma investigação mais precisa por parte de um especialista.

Antes de mais nada, vale diferenciar tontura e vertigem, para entender a causa de cada um desses sintomas e tratá-los corretamente.

O que é tontura e o que é vertigem

Pessoa desmaiando, desmaio, tontura, vertigem - iStock - iStock
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"Tontura é uma sensação alterada de equilíbrio e posicionamento, além de desmaio, ou a impressão de que a cabeça está girando", informa o otorrinolaringologista Pedro Augusto Nogueira Vieira. "É uma sensação de fraqueza, como se estivesse sendo anestesiada", ressalta Célia Roesler, médica neurologista.

A tontura pode ser incômoda, e apenas 5% dos casos são considerados graves.

Já "a vertigem é um sintoma que se apresenta como uma falsa sensação de movimento, quando este não está ocorrendo", completa Livia Nolêto, otorrinolaringologista e especialista em otoneurologia.

A vertigem é mais específica. "A pessoa sente que está rodando ou as coisas em volta dela estão rodando", reforça a neurologista Roesler.

É algo semelhante àquela sensação de estar em um brinquedo rotatório, daqueles utilizados por crianças em parques. Quando se está no brinquedo girando e, de repente, há uma parada, fica ainda a sensação de que tudo continua rodando. Esse sintoma vem acompanhado de náusea e também de alteração de equilíbrio.

Quais as possíveis causas por trás

Para diferenciar as patologias, é necessário saber as causas que desencadeiam o mal-estar. De acordo com Nolêto, a tontura e a vertigem são sintomas de diversas doenças, mas estão presentes, principalmente, nas doenças do labirinto.

Entre elas, a vertigem posicional paroxística benigna (distúrbio da orelha interna, que causa crises de vertigens desencadeadas por determinadas mudanças na posição da cabeça), migrânea vestibular (sensação de tontura com forte dor de cabeça), doença de Ménière (distúrbio no ouvido interno) e neuronite vestibular (distúrbio no sistema vestibular do ouvido interno que ajuda a controlar o equilíbrio).

"Há também outras causas que não são do labirinto, como distúrbios do metabolismo, principalmente relacionados à glicose, distúrbios vasculares, como na síndrome vaso vagal, crises de ansiedade e alterações neurológicas, como AVC e tumores cerebrais", relata Nolêto.

Vieira lembra que a tontura frequente geralmente está associada sim a problemas no ouvido, como labirintite ou doença de Menière, mas também pode ser um sinal de diabetes, anemia ou até problemas cardíacos. No caso da tontura que leva ao desmaio, a causa pode ser uma hipotensão ou hipoglicemia, ou ainda má irrigação cerebral.

Convém destacar que a tontura pode ser esporádica ou ainda crônica, e é "muito comum nas pessoas idosas, sendo responsável por cerca de 6% das consultas médicas, no entanto, pode aparecer em qualquer idade, até mesmo em crianças", adverte Roesler.

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Saber a causa da tontura e da vertigem é importante para buscar um tratamento correto
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Nos idosos, pode ser responsável por um risco maior de quedas e fraturas, tornando-os mais incapacitados a realizar suas atividades cotidianas.

Outras causas importantes de tontura são alterações da visão, como a diplopia, ou seja, a visão dupla, que provoca alteração de equilíbrio. Os remédios, como os de epilepsia e alguns tranquilizantes também podem desencadear a tontura.

Com relação à vertigem, a neurologista informa que algumas pessoas sensíveis a movimentos rotatórios, como vai e vem, ou mesmo quando estão no trânsito congestionado, ao frear o carro e dirigir repetidamente, podem sentir vertigem.

"Há ainda a vertigem por uma labirintite viral, causada pelo herpes zóster, outra por mastoidite (infecção que afeta o osso mastoide atrás da orelha), ou ainda pela coluna cervical. Além de tumores no nervo auditivo, consumo de alguns antibióticos como os aminoglicosideos e remédios, como o AAS, bem como os de tratamento do câncer, diuréticos, como a furosemida, usada no tratamento da hipertensão leve e distúrbios do coração e fígado que podem causar vertigens", assinala Roesler.

Vale destacar que a alimentação, de um modo geral, pode intensificar os sintomas de tontura e vertigem, principalmente o consumo de xantinas, como cafeína (café), teofilina (chás) e teobromina (cacau). O consumo de açúcares e carboidratos de absorção rápida e o jejum prolongado também estão relacionados com piora dos sintomas.

Como é o tratamento

Criança com enjoo na viagem de carro - Getty Images/iStockphotos - Getty Images/iStockphotos
Imagem: Getty Images/iStockphotos

O tratamento da tontura e da vertigem deve ser focado na causa dos sintomas, por isso é tão importante seu diagnóstico correto. "Em algumas doenças não é nem necessário o uso de medicamento, apenas manobras realizadas pelo próprio médico na consulta resolvem esses sintomas, como é no caso da vertigem posicional paroxística benigna", garante Nolêto.

A otoneurologista informa, ainda, que há outras doenças em que a dieta e a medicação podem se fazer necessárias como na doença de Ménière, na migrânea vestibular e neuronite vestibular. "Muitas vezes, também, contamos com uma equipe multidisciplinar com fonoaudiólogas, fisioterapeutas, psicólogas e nutricionistas", revela.

Conforme Vieira, é necessária a avaliação de um otorrinolaringologista para a correta identificação do tipo de tontura ou vertigem e seu tratamento. "Podemos utilizar medicamentos e até mesmo alguns exercícios para reabilitação labiríntica", sugere.

A neurologista garante que o melhor tratamento é a prevenção. Para os pacientes com vertigem de movimento, Roesler recomenda que viajem sempre no banco da frente do carro, não movimentem muito a cabeça, não mexam no celular e não leiam quando o carro está andando.

"Olhem sempre para o horizonte com o olhar fixo, não consumam bebidas alcoólicas e nem cigarros, porque podem piorar o quadro da vertigem", orienta.

Tanto para prevenir quanto para melhorar tonturas e labirintites, recomenda-se diminuir o consumo de doces, açúcar, cafeinado e achocolatados. "É primordial o diagnóstico correto da causa desses sintomas. Sempre lembrando que a tontura e a vertigem não são doenças e sim sintomas de diversas doenças", conclui Nolêto.

Fontes: Célia Roesler, médica neurologista, membro titular da ABN (Academia Brasileira de Neurologia), membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia e da Sociedade Internacional de Cefaleia; Lívia Nolêto, médica otorrinolaringologista, mestre em ciências, membro e especialista do departamento de otoneurologia da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial) no Recife; e Pedro Augusto Nogueira Vieira, médico otorrinolaringologista do Hospital Cema (SP).